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ESTÁGIO PRÁTICO 1 (EP1) - 40936/43917 - 3ª - 10h às 12h Professor: Thiago Rangel

Curso: Direito Data: 17/04/2021


Aluno: JAIRO DE OLIVEIRA Matrícula: 201603287833 Campus: Ilha

RESENHA: RECURSO DE APELAÇÃO

A apelação é o recurso que cabe contra sentença, definida como o


pronunciamento que, proferido com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do
procedimento comum, bem como extingue a execução. Como bem disse o Prof. Diego Langone,
momento em que o juíz se livra definitivamente do processo. Cabe contra qualquer tipo de
sentença; que julga processo de conhecimento (condenatório, constitutivo ou declaratório; de
jurisdição contenciosa ou voluntária) e que extingue as execuções. Serve tanto para as sentenças
terminativas ou definitivas, respectivamente, sem ou com resolução de mérito.

O conhecimento da apelação está condicionado ao preenchimento dos requisitos


gerais de admissibilidade. Sobre isso, ressalto que o prazo para interposição é de 15 (quinze) dias,
conforme redação dada pelo art. 1.003, § 5°, do Código de Processo Civil de 2015, observado o
disposto nos arts. 180, 183, 186 e 229 do CPC. O apelante deve recolher o preparo, observadas as
disposições da Lei Estadual de Custas.

Conforme discorrido pelo Prof. Diego Langone, quanto à sua forma, para a
elaboração da peça prático-profissional do recurso de Apelação, deve-se ficar atento à regra contida
no art. 1.010 do CPC. A petição deve ser endereçada ao juiz da causa, e não ao Tribunal. As razões,
no entanto, são dirigidas ao Tribunal, pois competirá a ele examiná-las. O recurso deverá conter os
nomes e a qualificação das partes. Na verdade, a qualificação só será necessária em caso de recurso
de terceiro prejudicado, pois, nos demais, já deverá constar dos autos, sendo desnecessário repeti-la.
Deverá ainda apresentar a exposição do fato e do direito e as razões do pedido de reforma ou de
decretação de nulidade, com o pedido de nova decisão. As razões devem acompanhar o recurso no
ato de interposição, não podendo ser apresentadas posteriormente. Não há necessidade de
indicação do Tribunal, pois após o magistrado intimar o apelado para oferecer as contrarrazões em
15 dias (art. 1.010, § 1°, do CPC), o processo seguirá para o tribunal onde será julgado.

O CPC/15, quando sancionada, apresentou uma novidade no que tange ao recurso


de apelação (art. 1.009, § 1°, do CPC): o legislador, ao reduzir as hipóteses de cabimento do recurso
de agravo de instrumento, possibilitou que as questões resolvidas na fase de conhecimento cuja
decisão a seu respeito não comportar tal recurso não sejam cobertas pela preclusão temporal do
recurso de agravo de instrumento (uma vez que o mesmo não é cabível) e dessa forma possam ser
suscitadas (entenda-se, impugnadas) em preliminar de apelação ou ainda em contrarrazões, quando,
sim, estarão cobertas pela preclusão.

A reapreciação dessas decisões pode ser postulada como preliminar de apelação


ou nas contrarrazões. Só então, se não forem suscitadas nesse momento, é que se tornarão
preclusas, não podendo mais ser rediscutidas. A apelação pode ser apresentada pela parte que foi
prejudicada pela decisão interlocutória anterior, ou por seu adversário. Caso o apelante pretenda
que o tribunal reexamine a questão agravada, deve suscitá-la como preliminar, nas razões de
apelação; caso seja o apelado quem pretenda o reexame, deverá suscitá-la nas contrarrazões.

Como todos os recursos, a apelação é dotada de efeito devolutivo, que, deve ser
examinado nos planos de extensão e profundidade, cuja amplitude vem tratada no art. 1.013, §§ 1º a
3º do CPC. Em regra, a apelação é dotada de efeito suspensivo. Mas há casos, enumerados no art.
1.012, § 1º, do CPC, em que a lei lhe retira esse efeito, como no caso a que condena a pagar
alimentos, que servem à subsistência do alimentando, e pressupõe urgência, que não se coaduna
com a suspensividade do recurso. Há grande controvérsia a respeito da sentença que os reduz ou
que exonera o devedor de os pagar. Parece-nos que, como a regra é o efeito suspensivo, e o art.
1.012, § 1º, II, só o afasta em caso de condenação em alimentos, se a sentença se limita a reduzi-los
ou a exonerar o devedor o recurso terá efeito suspensivo.

O efeito suspensivo só ficará excluído em relação àquela parte da sentença que foi
objeto da tutela provisória. Se nela o juiz decidiu inúmeras pretensões, das quais apenas uma tenha
sido antecipada, só em relação a ela o recurso não será recebido no efeito suspensivo.
A apelação só será dotada de efeito regressivo quando interposta contra a
sentença de extinção sem resolução de mérito (art. 485, § 7º, do CPC) ou de improcedência liminar
(art. 332, § 3º).
Outro detalhe importante é que em regra, não é possível inovar na apelação, uma
vez que o art. 1.013, § 1º, limita o objeto da apreciação e julgamento pelo tribunal às questões
suscitadas e discutidas, com exceção de situações dispostas no art. 493 do CPC, quando, depois da
propositura da ação, fato constitutivo, modificativo ou extintivo do direito do autor influir no
julgamento do mérito.
O processamento da apelação poderá ocorrer em duas etapas, perante o órgão a
quo, e nos tribunais. Ela é interposta originariamente no juízo de origem que, oportunamente,
determinará a remessa dos autos ao tribunal, para exame do recurso. Quando ocorre em primeira
instância seu prazo será de quinze dias e apenas processada perante o juízo a quo, que não fará
nenhum juízo de admissibilidade. O processamento do recurso não poderá ser indeferido pelo juízo
a quo, ainda que se verifique o não preenchimento de algum dos requisitos de admissibilidade.

Cumpridas as formalidades, os autos serão remetidos ao Tribunal, a quem caberá


receber ou não o recurso, verificando o preenchimento dos requisitos de admissibilidade. Os autos
serão registrados, distribuídos de acordo com o regimento interno e encaminhados ao relator, que,
em 30 dias, depois de elaborar o voto, os devolverá à Secretaria, com o relatório (CPC, art. 931).

Diante de todo exposto acima discorrido, merece ainda observação quanto a


afirmação contida na redação do art. 1.009, caput, do CPC de que deve ser vista com reserva, pois
nem toda sentença terá como recurso a Apelação, sob o jugo da Lei nº 9.099, de 1995, que dispõe
sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais. O art. 41 da citada norma deixa cristalino que da
sentença caberá recurso, contudo, este recurso não será o de Apelação, mas, sim, o que se
denomina Recurso Inominado.

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