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Amur Abi
Amur Abi
Amurabi Oliveira
amurabi_cs@hotmail.com
Abstract: This paper aims to contribute to the discussion of educational anthropology, field
of studies still little explored in Brazil, exploring the possibilities opened up by ethnographic
research in education. Much educational research has used the ethnographic method, as well
as anthropological theories, without proper epistemological reflection around this method.
The discussion involves both a broader analysis of the ethnographic method, as and specific
reflection on the interpretive anthropology proposed by Geertz. It seeks, thereby, to advance
the methodological discussion of educational research, by narrowing the discussion between
anthropology and education in the scientific debate.
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Ariès (1981) indica que, com o advento da escola, houve a criação do primeiro espaço de socialização próprio para as crianças, o que aponta para
a relevância de se compreender este ambiente para se entender não apenas a criança, como a nossa sociedade como um todo.
Amurabi Oliveira
uma concepção alargada de educa- para a forma como a educação repro- etnografia para a investigação edu-
ção, indo para além do processo de duz as relações sociais e de poder de cacional, destacando a perspectiva
escolarização. Neste sentido, a obra uma dada sociedade, aprofundando de uma “descrição densa da cultura”,
de Mead mostra-se especialmente as desigualdades existentes, como tal qual proposta por Geertz (1989),
emblemática. Em Sexo e tempera- também outros que têm questionado para apreender esta realidade.
mento (2002), a antropóloga ame- algumas das premissas adotadas por
ricana nos aponta para os processos esse conjunto de autores e de teorias O guru, o educador
educacionais que ocorrem entre os (Apple, 2002, 2006; Lahire, 1997), e outras variações
Arapesh, por exemplo, demonstrando ainda que não refutem completa- antropológicas
como estes se dão de forma dissipada mente os argumentos desenvolvidos.
entre as práticas sociais; nesta cultura, No entanto, para além da repro- O processo metodológico no qual
em outras palavras, mesmo nesta obra dução social, a escola também é o se assenta a pesquisa de caráter an-
que não é lida primordialmente como espaço da inventividade, da criação tropológico apresentou uma guinada
um trabalho no campo da educação, e da produção de novas práticas. em termos epistemológicos a partir
temos uma contribuição significativa Constitui-se neste universo a cria- dos anos 20 do século XX, quando,
para pensarmos os processos educa- ção de uma “cultura escolar”, que em 1922, Bronislow Malinowski
tivos não escolares2. possui uma dinâmica singular, a qual publicou Os argonautas do Pacífico
Se compreendermos a premissa se entrecruza com outras culturas Ocidental, no qual houve a primeira
culturalista em torno da constituição presentes na sociedade envolvente. sistematização do método etnográ-
dos chamados “padrões de cultura” fico, articulada a um trabalho de
(Benedict, 1983), que remetem ao No mesmo tempo e espaço da cultura campo sistemático.
processo de modelamento social, da escola, outras tantas cores podem Alguns de seus preceitos soam
por meio de normas e valores prin- ser vistas e apreciadas: processos estranhos aos ouvidos de um pesqui-
cipalmente, que constitui os próprios mais particulares e contingentes sador do século XXI, como a neces-
sujeitos, perceberemos que cultura das diversas culturas presentes no sidade de se afastar da “companhia
e educação não se encontram em cotidiano da escola, nas interações de outros homens brancos”. Uma
polos opostos, muito pelo contrário, e nas redes de sociabilidade que ali antropologia baseada unicamente
são trançadas. E que, multicoloridas,
uma vez que a educação também é no estudo de sociedades “tribais”,
carregam tons e variações de outros
constituída por determinado padrão tempos e lugares ou de bricolagem
“afastadas”, “selvagens”, não se
de cultura, ao mesmo tempo em desses outros tempos e lugares, faz mais possível, em um “mundo
que o constitui, ou seja, a educação oferecendo outras tessituras que tra- em pedaços” (Geertz, 2001), no
é uma forma de cultura, e a cultura duzem as experiências dos diferentes qual a modernidade chega aos mais
só pode ser compreendida enquanto sujeitos e participantes das dinâmicas diversos lugares, alterando o próprio
processo educativo, pois, afinal, educacionais na escola (Rocha e status do objeto antropológico (Gid-
como nos aponta Candau (2011, Tosta, 2008, p. 131). dens, 2001). Cada vez mais a antro-
p. 13), “[...] não há educação que não pologia se volta para a sociedade dos
esteja imersa nos processos culturais Desse modo, encontra-se no próprios antropólogos, as sociedades
do contexto em que se situa”. universo escolar uma miríade de dis- ditas “complexas”, criando-se a
No terreno da sociologia, pos- cursos, identidades, representações necessidade de não apenas familia-
suímos um vasto repertório de que se entremeiam na constituição rizar o distante, como também de
autores que buscam compreender de uma realidade idiossincrática. estranhar o próximo (Velho, 2003).
os processos sociais envolvidos na Devemos compreender que a escola, No entanto, algumas de suas
realidade educacional, destacando- mais que um espaço de socialização, premissas ainda são basilares na
se neste conjunto as perspectivas é um espaço de sociabilidades; ela pesquisa antropológica. Na proposta
reprodutivistas3, como Baudelot e seria por excelência um espaço metodológica presente na obra de
Establet (1971), Bowles e Gintns sociocultural (Gusmão, 2003). Pro- Malinowski, o pesquisador é con-
(1976) Althusser (1998), Bourdieu e pomo-nos, neste trabalho, apontar vidado a articular tanto os conhe-
Passeron (2006, 2008), que apontam para as possibilidades trazidas pela cimentos teóricos que possui, que
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Devem-se destacar outras obras da autora, que dialogam mais diretamente com o campo educacional, como Coming of Age in Samoa (Mead, 2001a
[1928]), e Growing up in New Guinea (Mead, 2001b [1930]).
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Para um melhor exame sobre a emergência das teorias da reprodução no campo da educação vide Nogueira (1990).
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Este modo de se realizar a pesquisa antropológica foi emblemática na passagem do século XIX para o XX, na chamada escola evolucionista, formada
principalmente por antropólogos de origem britânica, destacando-se os nomes de Edward Burnett Tylor, Lewis Henry Morgan e James Frazer.
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Para Windelband (1949 [1894]), a distinção realizada por Dilthey mostra-se infundada ao opor “natureza” e “espírito”; em seu lugar, Windelband
contrapõe a distinção ontológica de Dilthey a uma metodológica, classificando as ciências em nomotéticas, aquelas que procurariam determinar leis
gerais que expressem as regularidades dos fenômenos, e em idiográficas, que voltam sua atenção para o fenômeno singular, para suas idiossincrasias.
Rickert (1987 [1896]) nos chama a atenção para o fato de que qualquer ciência e o estudo de qualquer fenômeno são em algum grau nomotéticos,
e em algum grau idiográficos, de modo que estes autores opõem-se fortemente à distinção objetual proposta por Dilthey, centrando suas questões
no método. Podemos resumir a oposição entre as abordagens de Dilthey e de Windelband da seguinte forma: para o primeiro, as diferenças
metodológicas entre as ciências derivam de uma distinção ontológica, ao passo que, para o segundo, são as diferenças metodológicas que nos levam
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a concepções de ciências distintas.
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Remete ao conceito de empatia, que movimenta um grande debate dentro da hermenêutica, uma vez que não chega a ser um consenso a necessidade
ou não da empatia no processo de compreensão das ações humanas.
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nos ainda mais fortes, uma vez que, Considerando o fato de que as
em qualquer realidade educacional, escolas se situam nas sociedades [...] o fato de que há posicionamentos
estaremos lidando com políticas ditas complexas, devemos encarar e de que todas as visões são parciais
públicas, agentes sociais dotados alguns fatores que se implicam não tem tais implicações para a episte-
mologia da antropologia como ciência
de interesses próprios, estratégias na pesquisa antropológica nestas
empírica. Isso de forma alguma dimi-
políticas, sociais e culturais, e esta- sociedades. No que tange à cultura nui a primazia a ser dada às realidades
remos lidando com uma realidade e tais sociedades, Barth (2000) nos que as pessoas constroem, aos eventos
perpassada de relações de poder que chama a atenção para o fato de que elas ocasionam, e às experiências
condicionam a ação dos agentes e que o significado é uma relação que elas obtêm. Essas constatações,
suas possibilidades de ação, reverbe- entre um signo e um observador; porém, forçam-nos a reconhecer
radas tanto nas práticas pedagógicas desvendar os significados cons- que vivemos nossas vidas com uma
quanto na realidade curricular. truídos em determinada realidade consciência e um horizonte que não
A etnografia se apresenta, desse cultural (escolar) pressupõe “[...] abrigam a totalidade da sociedade,
das instituições e das forças que nos
modo, como uma possibilidade de ligar um fragmento de cultura e um
atingem. De alguma maneira, os vá-
apreensão da realidade escolar, que determinado ator(a) à constelação rios horizontes limitados das pessoas
necessita de uma melhor reflexão particular de experiências, conhe- se ligam e se sobrepõem, produzindo
em torno de seus usos e de suas cimentos e orientações desse/dessa um mundo maior que o agregado de
possibilidades, ainda que deva- ator(a)” (Barth, 2000, p. 128). Esta suas respectivas práxis gera, mas que
mos destacar a necessidade desta ligação é viabilizada, justamente, ninguém consegue visualizar. A tarefa
imersão no universo escolar para pela apreensão da conjuntura cultu- do antropólogo ainda é mostrar como
a construção de um conhecimento ral de determinado grupo, tal como isso se dá, e mapear esse mundo maior
profundo em torno do que ocorre proposto por Malinowski; afinal, a que surge (Barth, 2000, p. 137).
naquela dimensão cultural. Não à dimensão da totalidade, e a relação
toa, um dos marcos da revolução que o pesquisador estabelece com A escola é este mundo maior
produzida pela chamada “Nova So- as ações dos sujeitos investigados, que surge, que vai para além dos
ciologia da Educação”, nos anos de é o que possibilita que a etnografia horizontes traçados pelos agentes
1970, foi justamente a utilização da não seja uma mera descrição da individuais. Suas posições no arranjo
etnometodologia, do interacionismo realidade (Laplantine, 2011). Como cultural mais amplo – mas também
simbólico, da fenomenologia e da compreender os significados das no mais restrito, em determinada
etnografia, para se compreender, práticas constituídas entre os sujei- cultura escolar – são o lugar a partir
justamente, os processos que ocor- tos que estão envolvidos na cultura do qual os sujeitos constroem uma
riam no interior do espaço escolar escolar sem inseri-los em contextos determinada realidade social; o
(Forquin, 1993). próprios? A etnografia nos possibi- universo escolar é composto, justa-
Uma das vantagens que vem lita responder a pergunta: quem são mente, a partir desta multiplicidade
sendo apontada para a utilização da estes sujeitos? Estes alunos? Estes de construções e de horizontes que
etnografia em outros campos é a sua professores? Estes gestores? confluem. No método investiga-
suposta flexibilidade metodológica, Barth ainda nos chama a atenção tivo, aproximamo-nos à posição
e certamente parte do que se espera para o fato de que os atores sociais defendida por Gadamer (1997), que
é verdade, ainda que expandir o estão sempre posicionados e é a traz uma nova interpretação herme-
escopo das etnografias não seja uma partir destas posições que eles pro- nêutica, para quem o intérprete traz
tarefa fácil. Entretanto, deve-se reco- duzem seus discursos e suas práticas. também um horizonte, de modo que
nhecer a necessidade de se articular à Compreender o que os sujeitos pro- o exercício interpretativo se baseia
prática etnográfica o próprio escopo duzem e fazem pressupõe uma apre- na “fusão de horizontes”; o horizonte
teórico ao qual ela se encontra atrela- ensão “de onde” eles falam. Mais do intérprete mostra-se fundamental
da, uma vez que a mesma não pode que isso, leva-nos a reconhecer que neste processo, que é, ao mesmo
ser compreendida como simples todos os pontos de vista colhidos, tempo, um ato de compreensão,
“técnica” de coleta de dados, já que no trabalho etnográfico, são sempre interpretação e aplicação. É por isso
a tal coleta não existe; os dados são parciais, incompletos, de modo que que Oliveira (2006) nos aponta que
construídos no processo interativo a etnografia não se limita a uma des- estes múltiplos horizontes devem
com os sujeitos, com os lugares, com crição da realidade, mas é também ser captados e contextualizados, 275
as experiências vividas por parte do uma interpretação da mesma. Ainda para que se possa compreender a
“nativo” e do pesquisador. segundo o autor: dinâmica da realidade educacional.
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Deve-se destacar que Geertz parte aqui da tradição hermenêutica para elaborar seu conceito de descrição densa da cultura. Na esteira desta
tradição, Dilthey aponta que a realidade social constitui um conjunto de significados, Lebenszusammenhang, e a vida, como uma totalidade, teria
sua essência no significado ou sentido, Sinn, e sua expressão na experiência vivida, Erlebnis. Reapropriando-se destes elementos, Weber propõe uma
ciência compreensiva, cujo intento maior seria a captação do sentido da ação social. Geertz, ao trazer esta elaboração para o campo da antropologia,
276 preocupa-se em afirmar a etnografia não como mera descrição da realidade, mas sim uma descrição densa, preocupada com a captação dos sentidos
construídos socialmente, ou seja, trata-se da elaboração de uma descrição de uma dada realidade cultural realizada de forma interpretativa, ainda
que o autor reconheça que apenas o “nativo” pode realizar a interpretação em “primeira mão”, pois apenas esse tem acesso direto aos significados
presentes na cultura nativa, cabendo assim ao antropólogo realizar uma outra de “segunda e terceira mão”, uma vez que se trata da interpretação
sobre a interpretação do próprio nativo sobre sua cultura.
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a análise microscópica da antropolo- também como uma realidade a se incontestável, pois, como já exposto,
gia nos permite realizar articulações constituir, a partir deste entrecruza- há uma necessidade de interpretar
mais amplas e abrangentes. Volte- mento das apresentações dos agentes estas interpretações.
mos às palavras do autor: sobre seu cotidiano escolar com a O processo interpretativo pres-
interpretação do pesquisador sobre supõe a capacidade de adentrar em
O problema metodológico que a tais interpretações. outras subjetividades, o que não im-
natureza microscópica da etnografia O ato investigativo na antropo- plica, necessariamente a existência
apresenta é tanto real como crítico. logia nos convida a uma dispersão de capacidades extraordinárias por
Mas ele não será resolvido obser-
epistemológica, pois não nos basta parte do pesquisador. Para Geertz
vando uma localidade remota como
o mundo numa chávena ou como
focar e centrar no que estamos (1997, p. 107):
o equivalente sociológico de uma procurando, mas também devemos
câmara de nuvens. Deverá ser solu- nos centrar no que não procuramos. Mas seja qual for nossa compreensão
cionado – ou tentar sê-lo de qualquer Pouco adianta pesquisar sobre as – correta ou semicorreta – daquilo
maneira – através da compreensão relações étnicas numa escola as- que nossos informantes, por assim
de que as ações sociais são comen- sentando a pesquisa unicamente em dizer, realmente são, esta não depen-
tários a respeito de mais do que elas de de que tenhamos, nós mesmos, a
relatos, entrevistas e observações
mesmas; de que, de onde vem uma experiência ou sensação de estarmos
pontuais. Não podemos olvidar que a
interpretação não determina para sendo aceitos, pois esta sensação tem
cultura é fluxo denso, um mar aberto que ver com nossa própria biografia,
onde ela poderá ser impelida a ir.
Fatos pequenos podem relacionar-se de significados, e, como tal, arrisca não com a deles. Porém, a compreen-
a grandes temas, as piscadelas à epis- sempre nos afogar. são depende de uma habilidade para
temologia, ou incursões aos carneiros Barth (2000) nos chama a atenção analisar seus modos de expressão,
à revolução, por que eles são levados para o fato de que os antropólogos aquilo que chamo de sistemas sim-
a isso (Geertz, 1989, p. 17). dão uma demasiada importância bólicos, e o sermos aceitos contribui
às conversas que os “nativos” têm para o desenvolvimento desta habi-
O que se encontra nas práticas lidade. Entender a forma e a força da
com o pesquisador, relegando a um
vida interior de nativos – para usar,
cotidianas dos sujeitos envoltos no segundo plano as conversas estabe- uma vez mais, esta palavra perigosa
universo educacional está para além lecidas entre os próprios “nativos”. – parece-se mais com compreender
do que se pode apreender numa É nos diálogos não direcionados ao o sentido de um provérbio, captar
instância mais imediata, pois os pesquisador, nas produções simbó- uma alusão, entender uma piada – ou,
significados que estes constroem se licas dispersas pelo pátio da escola, como sugeri acima – interpretar um
constituem em espaços simbólicos pelos corredores, que as represen- poema, do que com conseguir uma
mais amplos. tações sociais são construídas, que comunhão de espíritos.
O desafio para a apreensão dos as imagens em torno da diferença,
significados construídos demonstra- da alteridade, se constroem e se Este desafio interpretativo se
se não só complexo, como também animam. coloca o tempo todo em qualquer
leva o pesquisador a outro nível Ao adentrar no universo sim- campo de pesquisa; no caso da edu-
de abstração, ao reconhecer o seu bólico do outro, nós nos lançamos cacional, nossa preocupação tam-
trabalho científico como menos numa atividade perigosa, em que bém vai no sentido de reconhecer a
objetivo que o esperado, uma vez nos arriscamos. A subjetividade é episteme própria desta. Gatti (2001)
que a própria etnografia se constitui um risco, inegavelmente, mas tam- aponta justamente tal preocupação,
como construção do antropólogo bém é um meio. É por meio dela em não haver uma simples trans-
(Geertz, 2004). que abrimos novas possibilidades e posição ingênua de categorias de
Aquele que se arrisca a realizar nos abrimos para elas. Subjetivida- outras áreas de estudo, mas sim a
uma pesquisa educacional a partir de des não só nossas, mas também as elaboração de categorias próprias a
um olhar antropológico, utilizando- do “outro”, daquele que é o nosso este universo, que abarquem a com-
se do método etnográfico, deve estar objeto de investigação, e tal feito plexidade das questões educacionais
ciente de que a sua subjetividade está demanda um esforço metodológico em seu contexto social.
presente na construção do objeto e que não pode ser confundido com A abordagem etnográfica nos
dos próprios resultados da pesquisa. uma saída da objetividade científica possibilita, em especial na sua
A escola, com todas as suas contra- por completo; adentrar na subjetivi- proposta de uma descrição densa, a 277
dições e tensões, se apresenta como dade não implica uma reprodução possibilidade de elaborar no campo
um universo a ser explorado, mas da fala nativa como uma verdade as categorias de análise, a partir dos
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Universidade Federal de Alagoas
Centro de Educação (CEDU)
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