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Acadêmica
Marcelo Gomes Bacha
são abordadas de forma aplicadas ao ensino de Física e Astronomia. O construtor
Anderson Alexandre Andriatto
Cultura
habilidoso tem como resultado final um instrumento com qualidade óptica suficiente
para iniciar a prática observacional do céu noturno. Além da construção da luneta,
os conceitos básicos de Astronomia também são explorados, incentivando estudantes
de qualquer nível de ensino a conhecer mais sobre essa ciência. CONSTRUÇÃO E UTILIZAÇÃO DE
LUNETAS NO ENSINO DE ASTRONOMIA
C O N S T R U Ç Ã O E U T I L I Z A Ç Ã O D E L U N E TA S N O E N S I N O D E A S T R O N O M I A
Unesp, mestre em Física Aplicada pela Universidade de São Paulo/USP -IFSC e doutora
em Ciência e Engenharia de Materiais pela Universidade de São Paulo /USP-IFSC. É
professora assistente doutora do Departamento de Física e orientadora do Programa de
Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Materiais da Faculdade de Ciências/Unesp/
Bauru, com experiência na área de Física da Matéria Condensada, com ênfase em
Propriedades elétricas e ópticas de minerais. Atua também na área de ensino de astronomia,
coordenando o Observatório Didático de Astronomia no Câmpus da Unesp-Bauru.
ISBN 978-85-7983-270-3
9 788579 832703
Gustavo Iachel
Marcelo Gomes Bacha
Cultura
CONSTRUÇÃO E UTILIZAÇÃO DE
LUNETAS NO ENSINO DE ASTRONOMIA
São Paulo
2012
C758
Construção e utilização de lunetas no ensino da astronomia / Rosa Maria
Fernandes Scalvi ... [et al]. – São Paulo : Cultura Acadêmica : Universidade
Estadual Paulista, Pró-Reitoria de Graduação, 2012.
78 p.
ISBN 978-85-7983-270-3
CDD 522.2
equipe
Introdução 9
3. instrumentos ópticos 47
3.1. Olho humano, lupa, binóculos e telescópios 47
3.2. Luneta 49
4. construção de lunetas 53
4.8. Montagem 66
4.9. Alinhamento 67
Bibiografia 77
Figura 1.3 Raios paraxiais incidentes em uma lente convergente, com F sendo o foco
da lente.
Objeto
muito
distante
F
Figura 1.4 Raios paraxiais incidentes em uma lente divergente, com F’ sendo o foco
da lente.
Objeto
muito
distante
Superfície polida
Superfície rugosa
Superfície polida
Espelho plano
’
’
’ ’
’
Espelho convexo
(a)
Luz incidente
(b)
Luz incidente
Espelho côncavo
objeto
imagem
Espelho convexo
1.3. ABERRAÇÕES
De maneira geral, diz-se que não existe uma lente esférica opticamente
perfeita. Invariavelmente, todas apresentam defeitos ópticos, chamados de
aberrações, inerentes à sua estrutura. Entre as aberrações, existem as esféricas
e as cromáticas, quase inevitáveis nas lunetas construídas artesanalmente.
A aberração esférica ocorre porque os raios de luz incidentes próximos à
borda das lentes são muito mais refratados que os raios que incidem próximos
ao eixo óptico. Em vez de se refratar no ponto focal, os raios se refratam na frente
ou atrás dele, formando ao redor do ponto focal um halo luminoso concêntrico,
que altera a qualidade da imagem. Isso explica o motivo do usuário de lentes
corretivas ter uma visão melhor através do centro da lente do que de sua perife-
ria. A Figura 1.12 traz o fenômeno de aberração esférica em uma lente.
Sendo o funcionamento de lentes baseado na mudança de direção da luz
devido aos diferentes índices de refração, cada cor do espectro luminoso tem
um desvio diferente. Assim, como a luz branca é composta por todas as cores,
ao atravessar uma lente cada cor apresenta um desvio diferente, não se dirigin-
do exatamente para um mesmo ponto.6 O fenômeno leva o nome de aberração
cromática e uma maneira de se evitar ou se minimizar seus efeitos é o uso de
uma lente composta,7 formada, por exemplo, por uma lente convergente e uma
divergente, como ilustrado na Figura 1.13.
Este capítulo traz os principais conceitos necessários para uma boa prática
observacional utilizando a luneta proposta e outros tipos de instrumentos,
como binóculos e telescópios refletores.
O conteúdo aqui abordado é explorado tanto nas oficinas, para professores
do ensino fundamental e médio, quanto na disciplina de Astronomia, para
alunos do curso de licenciatura de Física.
ZÊNITE
eclíptica
Leste
Norte Sul
horizonte
Oeste Equador Celeste
NADIR
Além dos pontos cardeais, outros elementos na esfera celeste também são
muito importantes para a localização de um objeto no céu e como referência
de orientação na superfície da Terra, entre eles:2
• Horizonte: plano formado pelo observador e o limite de sua visão.
• Zênite: ponto situado acima da cabeça do observador.
• Nadir: ponto situado a 180° do zênite, abaixo do observador e não visível.
• Equador celeste: projeção do Equador terrestre na esfera celeste.
• Polo celeste Norte: prolongamento do polo Norte terrestre na esfera
celeste.
• Polo celeste Sul: prolongamento do polo Sul terrestre na esfera celeste.
• Eclíptica: plano contendo o Sol e os planetas. Caminho aparente do Sol
no céu.
É importante, ainda, conhecer as coordenadas terrestres e celestes, apro-
veitando a oportunidade para abordar assuntos discutidos na Geografia, de
forma interdisciplinar, relacionando a Astronomia com outras ciências. Este é
um fator bastante importante nas oficinas propostas, uma vez que são dirigi-
das também para professores em exercício nas três grandes áreas de conheci-
mento: exatas, humanas e biológicas.
norte e atrás o sul. Porém, é preciso observar que o Sol não surge sempre no
mesmo ponto do horizonte, ou seja, o ele não “nasce” sempre no ponto leste,
mas sim no lado leste. Tal fato se dá devido ao eixo de inclinação da Terra em
relação à eclíptica, em torno de 23,5°. Portanto, o método de apontar o braço
para o Sol nascente para se detectar o leste pode indicar um ponto distante
até 23,5° para a esquerda ou direita do verdadeiro leste geográfico, depen-
dendo da época do ano.5
Para uma localização precisa deste ponto geográfico e dos outros pontos
cardeais sugere-se a utilização de um gnomon, cujos métodos para construção
são bastante simples e divulgados na literatura.6 Outra maneira, ainda mais
simples, de se obter os pontos cardeais é o uso de uma bússola, que pode ser
facilmente construída em sala de aula.7 Neste texto, tais objetos (gnomon e
bússola) não são abordados, mas podem ser incorporados na prática pedagó-
gica em sala de aula durante a utilização das lunetas construídas. A sua confec-
ção pode, por exemplo, ser proposta para os alunos do curso de licenciatura,
futuros professores.
2.2.1. Mercúrio
2.2.2. Vênus
o Sol e a Lua. Sua atmosfera é composta, em sua essência, por gás carbônico
e é tão espessa que se torna muito difícil observar sua superfície com o te-
lescópio. A densa atmosfera produz um forte efeito estufa que aumenta a
temperatura do planeta. A pressão atmosférica é cerca de 90 vezes maior do
que a da Terra.
A observação de Vênus pode ser feita com telescópio, luneta, binóculo e à
vista desarmada. O planeta, muitas vezes, é chamado de estrela d’Alva ou estre-
la da manhã. Quando visto ao telescópio, é possível verificar suas fases, assim
como a Lua.
2.2.3. Marte
2.2.4. Júpiter
2.2.5. Saturno
2.2.6. Urano
2.2.7. Netuno
Massa
(vezes a massa 0,0558 0,815 0,107 318 95,18 14,5 17,2
da Terra)
Diâmetro
4.880 12.100 6.790 143.000 120.000 51.800 49.500
equatorial (km)
Densidade
5,43 5,25 3,93 1,314 0,71 1,21 1,67
média (g/cm3)
Período de
rotação (em dias 58,7 243 1,03 0,409 0,426 0,451 0,658
terrestres)
Período orbital
(em dias 87,969 224,701 1,88 11,86 29,46 84 164
terrestres)
Distância média
0,387 0,723 1,52 5,203 9,54 19,2 30
ao Sol (U.A.)
Satélites Não possui Não possui 2 18(?) 30(?) 21 13
2.2.8. Os asteroides
2.2.9. Planetas-anões
Mercúrio
Distância até o Sol: 57.900.000 km
Translação: 0,241 anos terrestres
Rotação: 58,7 dias terrestres
Velocidade Orbital: 47,9 km/s
Inclinação: <28o
Diâmetro Equatorial: 4.880 km
Massa: 0,0558 x a massa terrestre
Gravidade na superfície: 3,78 m/s2
Velocidade de escape: 4,3 km/s
Satélites conhecidos: 0
tância entre os corpos,12 a Lua exerce uma força maior no lado da Terra que
está mais próximo dela e como a água flui com facilidade, ela se move em di-
reção à Lua. Assim, o lado da Terra voltado para a Lua apresenta maré alta e,
como o movimento de rotação da Terra é maior do que o da Lua, seis horas
mais tarde, a maré alta se encontra em outra região, separada da primeira por
um ângulo de 90°. No entanto, a maré alta ocorre também no lado da Terra que
está no sentido oposto à Lua. Isso se deve ao fato da Terra girar, “jogando” a
água para fora. Sugere-se, outra vez, um estudo mais detalhado das referências
ao final do livro e em outras publicações pertinentes.
A Lua reflete a luz solar, não possuindo luz própria. A face iluminada da
Lua é a que está voltada para o Sol. Dependendo das posições dos astros do
sistema Sol–Terra–Lua, parte da face iluminada da Lua é visível da Terra.
A Lua (Figura 2.3) realiza seu movimento em torno da Terra em aproximados
27 dias e 8 horas, levando o mesmo tempo para girar em torno de seu próprio
eixo, em um movimento de rotação. Por essa razão, a face lunar voltada para
a Terra é sempre a mesma.
Cada fase da Lua representa, por consequência, o quanto da face ilumina-
da também se encontra voltada para a Terra. O aspecto das fases não é o mes-
mo ao longo dos dias, mudando gradualmente até iniciar uma próxima fase.
Assim, o ciclo lunar é dividido em quatro fases principais, nos quais a Lua é
chamada de nova, quarto crescente, cheia e quarto minguante.
• Lua nova: a face iluminada não pode ser vista na Terra. Ainda assim, é
possível observá-la durante o dia, pois a Lua “nasce” perto das 6 horas
da manhã e “se põe” perto das 18 horas, encontrando-se na mesma di-
reção do Sol.
• Lua quarto crescente: metade da face iluminada pode ser vista da Terra.
Quando observada do hemisfério Sul terrestre apresenta a forma de um
“C”, mas quando vista do hemisfério Norte tem a forma de um “D”. É
possível observá-la durante o dia, pois “nasce” por volta das 12 horas e “se
põe” próximo das 24 horas. Por estar separada do Sol por um ângulo de
90°, quando o Sol se encontra no zênite, a Lua deve estar surgindo a leste.
• Lua cheia: a face iluminada pelo Sol está inteiramente voltada para a
Terra. É possível observá-la durante toda a noite, já que “nasce” próxi-
mo das 18 horas e “se põe” perto das 6 horas da manhã seguinte. Está
na direção oposta ao Sol, separados por um ângulo de 180°. Assim,
quando o Sol se põe no oeste a Lua surge no Leste.
• Lua quarto minguante: apenas metade da face iluminada pelo Sol é vis-
ta da Terra, configurando o lado oposto visto na fase quarto crescente.
Se observada do hemisfério Sul terrestre tem a forma de um “D” e de
um “C”, se vista do hemisfério Norte. “Nasce” por volta das 24 horas e
“se põe” perto das 12 horas do dia seguinte.
Quarto Crescente
Lua Nova
TERRA Lua Cheia
Órbita da Lua
2.2.12. Eclipses
Eclipse solar: dá-se quando a Lua eclipsa o Sol, ou seja, a Terra é atingida
pela sombra da Lua, conforme ilustrado na Figura 2.5, que se refere a uma
animação multimídia criada por membro da equipe do Observatório Didático
de Astronomia, Lionel José Andriatto.
Terra
Sol
Lua
Começar
Eclipse lunar:15 ocorre quando a Terra eclipsa a Lua, ou seja, a Lua entra
na sombra da Terra, como ilustrado na Figura 2.6 e, em astrofotografia, na
Figura 2.7.
Eclipse Lunar
Repetir
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
Data: 09/11/03
Local: Adamantina - SP
Eclipse Total da Lua Filme: Fuji 400
Este tipo de eclipse ocorre quando a Lua atravessa a sombra Tempo exp.: 1 s
da Terra projetada no espaço, devido a um alinhamento Método: Foco primário
Instrumentos:
periódico entre estes dois astros e o Sol. Por isso, tais eclipses
Telescópio refletor Meade LX 10;
só podem ocorrer se a Lua estiver em sua fase cheia. f/D=10; f=2.000 mm
Câmera Canon EOS 5000
2.4. AS ESTRELAS
São corpos gasosos em cujo interior ocorrem reações nucleares, dando ori-
gem a elementos mais pesados. Essas reações liberam uma grande quantidade de
energia. Observando o céu noturno, com facilidade, nota-se que as estrelas apre-
sentam diferentes brilhos e colorações. Algumas características são exploradas
no capítulo, a fim de aplicá-las na prática observacional. Inúmeras referências
podem ser consultadas para o aprofundamento dos conteúdos.19
19. OLIVEIRA FILHO, K. S. & SARAIVA, M. F. O., 2004; HORVATH, J. E., 2008; BOCZKO, R., 1984;
RIDPATH, I., 2007.
O céu noturno apresenta estrelas com diferentes brilhos. O fato já era ob-
servado desde a antiguidade. Hiparco de Niceia, astrônomo grego, no século II
a.C. atribuiu seis grandezas (magnitudes) para as estrelas. Os números esta-
vam relacionados com o brilho da estrela, sendo a magnitude 1 para a estrela
mais brilhante do céu e 6 para a menos brilhante.
Diversos outros astrônomos contribuíram para a classificação das magni-
tudes, que se distinguem, nos dias atuais, em dois tipos:
Tabela 2.2 Relação entre o tipo espectral, a temperatura e a cor das estrelas.
Temperatura superficial
Classe espectral Cor
aproximada (K)
O 30.000 Azul
B 21.000 Branco-azulada
A 10.000 Branca
F 7.200 Branco-amarelada
G 6.000 Amarela
K 4.700 Alaranjada
M 3.000 Vermelha
Sol
Fomalhaut Sirius A
Castor
Voltar
Sol
Betelgeuse Voltar
Os sistemas estelares podem ser formados por duas, três, quatro, centenas
ou milhares de estrelas. Um exemplo de sistema múltiplo é Castor, a estrela
mais brilhante da constelação de Gêmeos, que apresenta três estrelas visuais,
cada uma delas um sistema binário. Assim, Castor é um sistema com seis es-
trelas, das quais quatro são maiores do que o Sol.
As estrelas podem se agrupar, ainda, em sistemas com centenas ou milha-
res de estrelas, formando os aglomerados estelares, que interagem gravitacio-
nalmente entre si e podem ser de dois tipos:
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
Data: 17/12/01
Omega Centauri (NGC 5139) Hora (T.U.): 08h00m
Aglomerado globular contendo cerca de um milhão de Local: Adamantina - SP
Filme: Kodak 800
estrelas, localizado a uma distância de 17.000 anos-luz de Tempo exp.: 20 min
nós, na direção da constelação do Centaurus. Até Halley Método: Foco primário
Instrumentos:
descobrir a sua natureza, em 1677, Omega Centauri era Telescópio refletor Meade LX 10;
catalogada como apenas uma estrela. f/D=10; f=2.000 mm
Câmera Canon EOS 5000
2.4.8. Constelações
Para poder observar o céu e seus inúmeros objetos celestes, como plane-
tas, estrelas, galáxias, nebulosas, dentre outros, é necessário reconhecê-lo. A
observação à vista desarmada, quando realizada com frequência, auxilia a
reconhecer cada vez mais os pontos cardeais, as estrelas mais brilhantes, as
Para identificar outras estrelas, o observador pode utilizar uma carta ce-
leste ou um software astronômico. Para o uso da carta celeste, sugere-se o uso
de uma lanterna com papel celofane vermelho sobre a lâmpada, pois a luz
avermelhada é a que menos afeta a sensibilidade do olho humano, não inco-
modando tanto na observação do céu noturno.
As cartas celestes impressas em papel, em geral, apresentam o céu estrela-
do planificado. Ao redor do mapa celeste, encontram-se os pontos cardeais. O
observador deve levantar o mapa sobre sua cabeça e alinhar o ponto cardeal da
carta com o geográfico. Fazendo isso, ele pode perceber semelhanças entre o
céu real e o céu impresso em sua carta e se localizar com facilidade. Para com-
pleta abordagem do uso de um mapa do céu e o reconhecimento do céu notur-
no, sugere-se a leitura do livro Aprendendo a Ler o Céu, de Rodolfo Langhi.22
da atmosfera, que refratam inúmeras vezes a luz emitida por esses objetos,
antes de chegar aos olhos do observador. Quanto mais próximo do horizonte
o objeto celeste estiver, maior será a perturbação causada pela atmosfera, devi-
do a maior quantidade de gases que a luz atravessa.
Os planetas não apresentam tanta variação no brilho quanto as estrelas,
deslocam-se em relação às estrelas fixas e são sempre, ao mesmo tempo, visí-
veis próximos da eclíptica e parte das constelações zodiacais.
Mercúrio e Vênus, chamados de interiores, não se afastam muito do Sol, e
sendo sempre visíveis perto do nascer e do pôr desse astro. Mercúrio, sempre
muito próximo do Sol, é um planeta de difícil observação, por se encontrar vi-
sível perto do horizonte, região, de hábito, tomada pelas nuvens. Vênus é muito
brilhante e pode ser localizado com facilidade ao amanhecer ou ao entardecer.
Marte é facilmente observado no céu noturno, aparentando ter o brilho
de uma estrela avermelhada. Júpiter se apresenta com coloração branca prate-
ada e possui brilho superior a muitas das estrelas, sendo, portanto, de fácil
localização.
Saturno, apesar de possuir brilho esbranquiçado, é de difícil localização.
O observador deve recorrer a cartas celestes até se habituar a reconhecê-lo.
Urano e Netuno são de mais fácil observação com binóculos e muito difíceis
de ser localizados à vista desarmada (as condições devem ser perfeitas para
uma tentativa).
Em noites escuras, é possível perceber uma grande quantidade de aglome-
rados estelares, como os aglomerados M6 e M7, na constelação de Escorpião,
e as Plêiades, na constelação de Touro. Com sorte, pode-se detectar o fraco
brilho de algumas galáxias, como a Pequena e a Grande Nuvem de Magalhães e
Andrômeda.
Ao aprender a identificar os objetos apresentados a olho nu tem-se grande
vantagem, pois para a observação detalhada, basta apontar os equipamentos
para lá.
Espelho Primário
Suporte do Secundário
Foco
Focalizador
Suporte do
Secundário Espelho Secundário Espelho
Primário
Suporte do Primário
Espelho
Secundário Lente Ocular
Convexo
3.2. LUNETA
8 2
6 4
7 5 1
3
Objetiva Ocular
Imagem 1
Imagem 2
Figura 4.1 Luneta astronômica com observação ao longo do corpo. 1) Lente ocular
(3 lupas); 2) Arruela para ocular; 3) Tubo da ocular; 4) Tubo intermediário;
5) Tubo principal da luneta; 6) Arruela para a objetiva; 7) Lente objetiva;
8) Luva para acoplar lente objetiva.
8
2
6 4
5 1
7
Figura 4.3 Conjunto para se obter a lente objetiva da luneta. Para maiores detalhes,
um filme do sistema em operação pode ser obtido com os autores.
vai e vem
circulares
(a) (b)
II. Utilizando duas lentes, uma é colocada sobre a outra, sendo unidas
com fita isolante enrolada nas bordas, conforme a Figura 4.6 (item b).
Figura 4.6 Confecção da lente ocular, com pequenas lupas, em (a), (b), (c) e (d).
(a) (b)
(c) (d)
anel travador
lupa
anel separador
lupa
lupa
arruela colada
F1 F2
F
F1 F2 d12 3
FT (1)
F1 F2
F3 d 23
F1 F2 d12
Onde:
F1 : foco da lente 1;
F2 : foco da lente 2;
F3 : foco da lente 3;
d12: distância entre as lentes 1 e 2;
d23: distância entre as lentes 2 e 3.
A Figura 4.8 traz outro arranjo das lupas para a confecção da ocular.
2,0 cm
2
0,7 cm
3
Figura 4.10 Corte, limpeza e preparação dos tubos de PVC, em (a), (b) e (c).
(a)
(b)
(c)
4.8. MONTAGEM
4.9. ALINHAMENTO
(a)
(b)
Figura 4.16 Componentes necessários para a montagem de um tripé, em (a), (b), (c) e (d).
(a) (b)
(c) (d)
Figura 4.17 Componentes para obtenção de um inversor de posição, em (a), (b) e (c).
(a)
(b)
(c)
Outro item que pode ser acoplado à luneta construída é uma buscadora,
espécie de mira que auxilia na identificação dos objetos observados. Sua
construção envolve habilidade, sendo necessários pedaços de tubos de PVC,
pedaços de madeira, parafusos e cola para cano plástico. Tanto na execução
quanto na utilização podem ser discutidos temas como o campo visual e
a localização de objetos no céu. Os itens a, b e c da Figura 4.18 mostram o
dispositivo e maiores detalhes para sua elaboração devem ser obtidos junto
aos autores deste livro.
(a)
(b)
(c)
FT
A (2)
FO
Onde:
A: aumento (quantas vezes aumenta a imagem);
FT: foco do espelho principal ou objetiva (em cm);
FO: foco da ocular (em cm).
D2
L (3)
0,36
Onde:
D: diâmetro do espelho principal ou objetiva (em cm);
L: luminosidade que a luneta capta.
Onde:
M: magnitude-limite;
r: raio da objetiva – metade do diâmetro (em cm).
Poder separador: capacidade que a luneta possui para separar pontos lumi-
nosos (por exemplo, estrelas duplas), dado por:
24 "
PS (5)
D
Onde:
Ps: poder separador do instrumento (“);
D: diâmetro do espelho principal ou lente objetiva (em cm).
Característica Valor
Aumento 40 vezes
Luminosidade 70
Magnitude-limite 9,5
• Planetas;
• Lua;
• Ocultações de planetas ou estrelas pela Lua;
• Aglomerados de estrelas;
• Nebulosas;
• Eclipses.
A Figura 5.1 (itens a e b) mostra duas das lunetas construídas nas oficinas
já realizadas1 e que também devem ser obtidas na disciplina Astronomia para
os alunos de licenciatura em Física.
(a)
(b)
ABDALLA, M. C. & VILLELA NETO, T. Novas janelas para o Universo. São Paulo:
Unesp, 2005.
BARTHEM, R. Temas atuais de Física: A Luz. São Paulo: Livraria da Física; Sociedade
Brasileira de Física, 2005.
BOCZKO, R. Conceitos de Astronomia. São Paulo: Edgard Blucher, 1984.
CANALLE, J. B. C. A luneta com lente de óculos. Caderno Catarinense de Ensino de
Física, v. 11, n. 3, p. 212-20, 1994.
. Simplificando a luneta com lente de óculos. Caderno Catarinense de Ensino de
Física, v. 22, n. 1, p. 121-30, 2005.
CANALLE, J. B. G. O Sistema Solar numa apresentação teatral. Caderno Catarinense
de Ensino de Física, v. 11, n. 1, p. 27-32, 1994.
CANIATO, R. O que é Astronomia. São Paulo: Brasiliense, 1994.
Disponível em: <http://astro.if.ufrgs.br/coord.htm>. Acesso em: 25 jul. 2012.
Disponível em: <http://astro.if.ufrgs.br/esf.htm>. Acesso em: 25 jul. 2012.
Disponível em: <http://astro.if.ufrgs.br/telesc/node2.htm>. Acesso em: 25 jul. 2012.
Disponível em: <http://cdcc.sc.usp.br/cda/producao/sbpc93/index.html#r000>. Acesso:
em 25 jul. 2012.
Disponível em: <http://educar.sc.usp.br/otica/>. Acesso em: 25 jul. 2012.
Disponível em: <http://educar.sc.usp.br/otica/refracao.htm>. Acesso em: 25 jul. 2012.
Disponível em: <http://observatoriophoenix.astrodatabase.net/n_telesc/24_N01.htm>.
Acesso em: 25 jul. 2012.
Disponível em: <http://sites.google.com/site/proflanghi/astrofotografia/astrofotografias>.
Acesso em: 25 jul. 2012.
Disponível em: <http://www.astro.iag.usp.br/~gastao/PlanetasEstrelas/>. Acesso: em 25
jul. 2012.
Disponível em: <http://www.astronomyboy.com/eyepieces/ep_calc.shtml> Acesso em: 25
jul. 2012.
Disponível em: <http://www.astroshop.com.br/iniciantes/binoculos.asp>. Acesso em:
25 jul. 2012.
Acadêmica
Marcelo Gomes Bacha
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habilidoso tem como resultado final um instrumento com qualidade óptica suficiente
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os conceitos básicos de Astronomia também são explorados, incentivando estudantes
de qualquer nível de ensino a conhecer mais sobre essa ciência. CONSTRUÇÃO E UTILIZAÇÃO DE
LUNETAS NO ENSINO DE ASTRONOMIA
C O N S T R U Ç Ã O E U T I L I Z A Ç Ã O D E L U N E TA S N O E N S I N O D E A S T R O N O M I A
Unesp, mestre em Física Aplicada pela Universidade de São Paulo/USP -IFSC e doutora
em Ciência e Engenharia de Materiais pela Universidade de São Paulo /USP-IFSC. É
professora assistente doutora do Departamento de Física e orientadora do Programa de
Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Materiais da Faculdade de Ciências/Unesp/
Bauru, com experiência na área de Física da Matéria Condensada, com ênfase em
Propriedades elétricas e ópticas de minerais. Atua também na área de ensino de astronomia,
coordenando o Observatório Didático de Astronomia no Câmpus da Unesp-Bauru.
ISBN 978-85-7983-270-3
9 788579 832703