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Análise de Circuitos Elétricos para Engenharia: Article
Análise de Circuitos Elétricos para Engenharia: Article
discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/260342585
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2,070
2 AUTHORS:
para Engenharia
Sérgio Haffner
Luís A. Pereira
http://slhaffner.phpnet.us/
haffner@ieee.org
slhaffner@gmail.com
Novembro 2007
Circuitos Elétricos B
Sumário
Introdução [5 páginas] 5
Revisão [20 páginas] 1
1 Relações de triângulo 1
1.1 Triângulo qualquer 1
1.2 Triângulo retângulo 1
1.3 Triângulo inscrito em uma semicircunferência 1
2 Números complexos 2
2.1 Forma retangular 2
2.2 Forma Polar 3
3 Funções senoidais 4
3.1 Definições 4
3.2 Defasagem 5
4 Resposta completa de um circuito RLC série 5
4.1 Determinação da resposta natural (regime transitório) 6
4.2 Determinação da resposta forçada (regime permanente) 7
4.3 Determinação da resposta completa (supondo resposta superamortecida) 8
5 Resposta completa de um circuito RLC série/paralelo 10
5.1 Determinação da resposta natural (regime transitório) 11
5.2 Determinação da resposta forçada (regime permanente) 12
6 Análise nodal e de malhas 15
6.1 Análise nodal 15
6.2 Análise de malhas 18
Bibliografia [1 página] 1
Introdução
Estas notas de aula têm como objetivo apresentar, de forma resumida, o conteúdo integral das disciplinas
Circuitos Elétricos B e Circuitos Elétricos II – EE que correspondem ao segundo curso de análise de
circuitos elétricos para o curso de graduação em Engenharia Elétrica. Estas notas não detalham em
profundidade todos os aspectos relacionados com o tema, mas podem ser utilizadas para balizar estudos
nesta área, cuja bibliografia qualificada é bastante abundante até mesmo em português.
O curso de Circuitos Elétricos B, para o qual estas notas foram elaboradas, é ministrado após um curso
inicial no qual se estuda o comportamento de circuitos elétricos compostos por fontes de tensão e corrente,
controladas ou não, resistores, indutores e capacitores, aplicando-se as diversas técnicas de análise
conhecidas para análise no domínio do tempo. Também neste curso inicial, analisa-se o comportamento dos
circuitos RL, RC e RLC no domínio tempo e em regime permanente senoidal. Desta forma, estes são os
requisitos para o bom desenvolvimento dos conteúdos desta disciplina, juntamente com o conhecimento da
Transformada de Laplace (requisito para o Capítulo 5) e da Série de Fourier (requisito para o Capítulo 6).
Esta disciplina está dividida em seis capítulos, precedidos e uma revisão, conforme descrito a seguir.
A Revisão abrange a geometria do triângulo e as relações trigonométricas; os números complexos; a função
senoidal; a resposta completa de circuitos RLC e a análise nodal e de malhas.
No Capítulo I a análise fasorial é aplicada para a análise do regime permanente senoidal em circuitos
elétricos. São desenvolvidos os conceitos de fasor tensão e corrente; impedância e admitância e descritas as
principais técnicas de análise de circuitos elétricos (superposição, circuitos equivalente, transformação
estrela-triângulo, circuitos divisores de tensão e corrente, diagrama fasorial e lócus) e apresentado o conceito
de ressonância senoidal.
No Capítulo II são desenvolvidos os conceitos de potência e energia de forma geral e em regime permanente
senoidal. Utilizando a definição da potência complexa, são definidas as potências aparente, ativa e reativa e
apresentadas as condições de máxima transferência de potência. Uma seção adicional é dedicada à análise
das relações entre a potência desenvolvida nos circuitos elétricos e nos seus equivalentes.
No Capítulo III são apresentados os circuitos polifásicos juntamente com suas respectivas definições e
técnicas de solução. Apresenta-se, também, o conceito de potência polifásica.
O Capítulo IV é dedicado à análise dos circuitos com acoplamento magnético. O conceito de auto-indutância
é revisado e o de indutância mútua apresentado juntamente com os circuitos equivalentes utilizados para a
análise do regime permanente senoidal. São detalhados os circuitos equivalentes do transformador linear, do
transformador ideal e do autotransformador ideal.
O Capítulo V é dedicado à análise de circuitos elétricos por intermédio da transformada de Laplace.
Inicialmente, apresenta-se um resumo sobre a transformada de Laplace direta e inversa e suas principais
propriedades. A seguir descreve-se a aplicação da transformada de Laplace na análise de circuitos elétricos,
inclusive com acoplamento magnético. Define-se, também, função de transferência e apresenta-se uma
introdução à resposta em freqüência e ao diagramas de Bode.
No Capítulo VI desenvolve-se a aplicação da série de Fourier na análise de circuitos elétricos em regime
permanente não senoidal. O conceito de potência elétrica média é generalizado para qualquer função
periódica, bem como o de valor RMS. Para finalizar são apresentados os principais fatores de distorção.
O curso de Circuitos Elétricos II – EE é o segundo curso de uma série de três e abrange os quatro primeiros
capítulos descritos anteriormente.
A partir de 2004, foram introduzidos resultados de simulações de alguns exemplos e exercícios propostos. A
plataforma utilizada para simulação foi o MATLAB com SIMULINK em função de dois fatores principais:
versatilidade (pois uma grande variedade de problemas relacionados com a área de Engenharia pode ser
resolvida com este programa) e disponibilidade no meio acadêmico. Os arquivos utilizados nas simulações
estão disponíveis em: http://slhaffner.phpnet.us/circuitos_b/matlab/
MATLAB e SIMULINK são marcas registradas da The MathWorks, Inc.
Bibliografia
4. Charles A. Desoer e Ernest S. Kuh (1979). Teoria básica de circuitos lineares. Ed. Guanabara Dois.
621.38132 D467b
8. Charles A. Gross (1986). Power system analysis. John Wiley & Sons.
621.3191 G878p
9. Russel M. Kerchner e George F. Corcoran (1968). Circuitos de corrente alternada. Editora Globo.
621.3192 K39c
10. Richard C. Dorf e James A. Svoboda (2003). Introdução aos circuitos elétricos. LTC Editora.
11. L. Q. Orsini e D. Consonni (2002 e 2004). Curso de circuitos elétricos, Volumes 1 e 2. Editora Edgard
Blücher Ltda.
Revisão
1 – Relações de triângulo
a b c
= =
sen A sen B sen C
a 2 = b 2 + c 2 − 2bc cos A
A + B + C = 180 o
C
A B
a C C
b
B A B A
c
b
sen α =
a
c
cosα =
a
b
tan α =
c
a
b
α
c
Todo triângulo inscrito em uma semicircunferência é um triângulo retângulo, conforme mostra a Figura 3.
Observar que o raio da semicircunferência corresponde aos lados de dois triângulos isósceles que constituem
o triângulo maior inscrito na semicircunferência.
B A
a
b
B A
c
Figura 3 – Triângulo retângulo inscrito em uma semicircunferência.
Da relação do triângulo:
B + (B + A) + A = 180 o
2 A + 2 B = 180 o
A + B = 90 o e A+ B = C
2 – Números complexos
Seja z = x + jy , onde:
x = Re( z ) é a parte real de z e
y = Im( z ) é a parte imaginária de z.
O complexo conjugado de z é dado por z * = x − jy . Graficamente, os números complexos podem ser
representados no plano complexo no qual as abcissas correspondem à parte real, Re( z ) , e as ordenadas à
parte imaginária, Im(z ) , conforme ilustra a Figura 4.
Im(z )
z = x + jy
y
x
Re(z )
–y z * = x − jy
z1 = z 2 ⇔ x1 = x2 e y1 = y 2
z1 + z 2 = ( x1 + x 2 ) + j ( y1 + y 2 )
z1 − z 2 = (x1 − x2 ) + j ( y1 − y 2 )
z1 z 2 = ( x1 + jy1 )( x2 + jy 2 ) = ( x1 x 2 − y1 y 2 ) + j (x1 y 2 + x 2 y1 )
*
z2
647 4
8
z1 ( x1 + jy1 ) (x 2 − jy 2 ) x1 x2 + y1 y 2 x y −x y
= = + j 2 21 12 2
z 2 ( x2 + jy 2 ) (x 2 − jy 2 ) x 22 + y 22 x2 + y 2
Im(z )
z sen θ z = z e jθ
θ
–θ
z cosθ Re( z )
− z sen θ z * = z e − jθ
z1 = z 2 ⇔ z1 = z 2 e θ1 = θ 2
z1 z 2 = z1 e jθ1
z 2 e jθ 2 = z1 z 2 e j (θ1 +θ 2 ) = z1 z 2 θ 1 + θ 2
z1 z1 e jθ1 z1 j (θ1 −θ 2 ) z1
= jθ 2
= e = θ1 − θ 2
z2 z2 e z2 z2
3 – Funções senoidais
3.1 – Definições
g (t ) = G cos(ωt + φ )
−φ ωt
[rad]
-G
Observar que quando o ângulo de fase φ é igual a −π 2 , a função cosseno transforma-se em um seno,
conforme mostra a Figura 7, ou seja, são válidas as seguintes relações:
π π
cos ωt = sen ωt + sen ωt = cos ωt −
2 2
cos
sen
π/2 ω t [rad]
3.2 – Defasagem
Define-se como defasagem a diferença entre os ângulos de fases de duas funções do tipo senoidal de mesma
φ2
67 8
velocidade angular ω. Sendo g1 (t ) = G1 cos(ωt + φ1 ) e g 2 (t ) = G 2 cos ωt + φ1 − α , a defasagem entre g1 (t )
e g 2 (t ) é dada por φ1 − φ 2 = φ1 − (φ1 − α ) = α , conforme ilustra a Figura 8.
g1(t) g2(t)
α
ω t [rad]
Nesta seção será obtida a resposta completa de um circuito linear excitado por uma fonte senoidal de
freqüência e amplitudes fixas. Seja o circuito RLC série com energia armazenada apresentado na Figura 9.
R C
i(t)
t=0 + vC(0) –
+
v(t ) = Vm sen ωt
L
i(t ) = in (t ) + i f (t ) (2)
• Uma depende dos elementos do circuito e da energia armazenada neles previamente e é denominada
resposta natural, in (t ) ;
• Outra relaciona-se com o que é imposto pelas fontes atuantes e é denominada resposta forçada, i f (t ) .
Neste caso, i(t ) = in (t ) e considera-se que v(t ) = 0 . A expressão (1) simplifica-se para:
L4
R8 644 47C 444 8 6 47 8
67
0 = Rin (t ) + vC (0) + C1 in (τ )dτ + L in (t )
t d
0∫ dt
(3)
d
Utilizando o operador D =
dt
LD 2 in (t ) + RDin (t ) + C1 in (t ) = 0
(LD 2
)
+ RD + C1 in (t ) = 0
( )
Para esta igualdade ser válida, LD 2 + RD + C1 precisa ser nulo uma vez que supõe-se in (t ) ≠ 0 , ou seja:
LD + RD + C1 = 0
2
ou
La 2 + Ra + C1 = 0
A expressão anterior é denominada equação característica da equação diferencial
d2
L 2 in (t ) + R in (t ) + C1 in (t ) = 0 e suas raízes, dadas por,
d
dt dt
− R ± R 2 − 4L 2
C −R R 1
a= = ± −
2L 2L 2L LC
2
−R R 1
s1 = + −
2L
2 L LC
2
−R R 1
s2 = − −
2L 2L LC
determinam o tipo de resposta que o circuito irá apresentar. Se s1 ≠ s 2 a resposta do circuito pode ser:
• Subamortecida, se s1 = σ + jω = s 2* . Neste caso a corrente será dada pela seguinte expressão:
in (t ) = eσt ( A1 cos ωt + A2 sen ωt )
• Superamortecida, se s1 e s 2 são reais e distintas. Neste caso a corrente será dada pela seguinte
expressão:
in (t ) = A1e s1t + A2 e s2t
Se s1 = s2 a resposta do circuito é criticamente amortecida. Neste caso a corrente será dada pela seguinte
expressão:
in (t ) = ( A1t + A2 )e s1t
Como o circuito é linear, invariante com o tempo e está sendo excitado por uma fonte senoidal,
v(t ) = Vm sen ωt , o regime permanente de todas as correntes (e tensões) também será senoidal com a mesma
velocidade angular ω da fonte, ou seja, pode ser expresso pela seguinte equação:
Logo,
(6 ) (5 ) (4 )
64444 47 44444 8 644447 44448 1 6444 47 44448
Lω (− A3 cos ωt − A4 sen ωt ) + Rω (− A3 sen ωt + A4 cos ωt ) + ( A3 cos ωt + A4 sen ωt ) = ωVm cos ωt
2
(8)
C
ωC
e (12) em (11):
1 1
− ωL − ωL
A3 = ωC A4 = ωC
R
2
Vm
R R 1
− ωL + R 2
ωC
1
− ωL
A3 = ωC Vm (13)
2
1
− ωL + R 2
ωC
Assim,
A3
64447 4448
A4
1 64447 4448
− ωL
i f (t ) = ωC Vm cos ωt +
R
Vm sen ωt
2 2
1 1
− ωL + R 2
− ωL + R 2
ωC ωC
i(t ) = i n (t ) + i f (t )
Considerando que os componentes do circuito são tais que s1 e s 2 são reais e s1 ≠ s 2 , de modo que a
resposta seja superamortecida, tem-se:
Condição inicial t = 0 +( )
R C
i(0+)
+
+ vC(0) –
+
+
v(0 )=0 L vL(t)
( )
v 0 + = Vm sen ω 0 = 0
i (0 ) = 0
+
(15)
De (14) e (15):
( )
i 0 + = A1 + A2 + A3 = 0 ⇒ A1 + A2 = − A3 (17)
Derivando (14):
Para t = 0 +
i (t )
d
= s1 A1 + s 2 A2 + ωA4 (19)
dt t =0+
A1 + A2 = − A3
(21)
s A + s A = − vC (t ) − ωA
1 1 2 2 4 (22)
L
A1 = − A2 − A3
− vC (0)
s1 (− A2 − A3 ) + s 2 A2 = − ωA4
L
(s1 − s 2 )A2 = − s1 A3 + vC (0) + ωA4
L
vC (0 )
− s1 A3 + + ωA4
A2 = L (23)
s1 − s 2
vC (0) v (0)
− s1 A3 + + ωA4 s1 A3 − C − ωA4 − A3 (s1 − s 2 )
A1 = − A2 − A3 = − L − A3 = L
s1 − s 2 s1 − s 2
vC (0)
s 2 A3 − − ωA4
A1 = L (24)
s1 − s 2
Exercício 2: Determinar a resposta completa do circuito da Figura 9, considerando que s1 = s2* (resposta
subamortecida).
Exemplo 1: Utilizando o MATLAB com SIMULINK determinar a forma de onda da corrente do circuito
RLC série excitado por uma fonte senoidal da Figura 9 quando: v(t ) = 10 sen t , R = 1 Ω, C = 0,05 F,
L = 5 H e vc(0) = 0. Arquivo de simulação: RLC_Serie.mdl1.
9
Solução: Para os valores de R, L e C dados, as raízes do polinômio característico são dadas por:
2
−R −1 1 −9
2 2
R 1 1 9 9
s1, 2 = ± − = 5± − = ± −
2L 2L LC 2 9 5
29
5
9 0,05 10 10 0,25
s1, 2 ≈ −0,9 ± j 5,93
Desta forma, o circuito apresentará uma resposta subamortecida, pois raízes do polinômio característico são
complexas.
Após a simulação, obtém-se o gráfico da corrente i(t), mostrado na Figura 11, no qual observa-se o regime
transitório oscilatório (subamortecido) no primeiro ciclo e o regime permanente senoidal (com um período
igual a 2π ≈ 6,28 s, pois ω = 1 rad s ⇒ f = 1 2π Hz ⇒ T = 2π s ) a partir de um tempo próximo a 5 s.
Figura 11 – Forma de onda da corrente em função do tempo para uma resposta subamortecida.
Nesta seção será obtida a resposta completa de um circuito linear excitado por uma fonte senoidal de
freqüência e amplitudes fixas. Seja o circuito RLC série/paralelo sem energia armazenada apresentado na
Figura 12.
i(t) L
t=0
v(t ) = Vm sen ωt
R C
i1(t) i2(t)
MATLAB e SIMULINK são marcas registradas da The MathWorks, Inc.
1
Disponível em http://slhaffner.phpnet.us/circuitos_b/matlab/
Neste caso, i(t ) = in (t ) e considera-se que v(t ) = 0 . As expressões (25) e (26) simplificam-se para:
647 L 4 8 64 47R 44 8
d n
dt
n
[
0 = L i1 (t ) + R i1 (t ) − i2n (t ) ] (28)
C
64 47 R 44 8 64748
[ ] ∫i
R i1n (t ) − i2n (t ) = 1
t
n
C 0 2
(τ )dτ (29)
Derivando (29) em relação ao tempo e reordenando, chega-se à seguinte equação diferencial:
d
R i1n (t ) − i2n (t ) − C1 i2n (t ) = 0
d
(30)
dt dt
Assim, (28) e (30) constituem um sistema de equações diferenciais:
L i1n (t ) + Ri1n (t ) − Ri2n (t ) = 0
d
dt
R i1n (t ) − R i2n (t ) − C1 i2n (t ) = 0
d d
dt dt
d
Utilizando o operador D = , pode-se escrever:
dt
LDi1n (t ) + Ri1n (t ) − Ri2n (t ) = 0 ⇒ (LD + R )i1n (t ) − Ri2n (t ) = 0
RDi1n (t ) − RDi2n (t ) − C1 i2n (t ) = 0 ⇒ RDi1n (t ) − (RD + C1 )i2n (t ) = 0
i2n (t ) = i1 (t )
RD n
RD + C1
2
(LD + R )i1n (t ) − R RD n
i1 (t ) = 0 ⇒ LD + R − R D i1n (t ) = 0
1
RD + C1 RD + C
Multiplicando ambos os lados da igualdade por RD + C1 e simplificando, chega-se a:
LD R n
LRD +
2
+ i1 (t ) = 0
C C
− 1
± ( RC1 )2 − LC4 −1 1 1
2
a= RC
= ± −
2 2 RC 2 RC LC
2
−1 1 1
s1 = + −
2 RC 2 RC LC
2
−1 1 1
s2 = − −
2 RC 2 RC LC
determinam o tipo de resposta que o circuito irá apresentar. Se s1 ≠ s 2 a resposta do circuito pode ser:
• Subamortecida, se s1 = σ + jω = s 2* . Neste caso a corrente será dada pela seguinte expressão:
i1n (t ) = eσt ( A1 cos ωt + A2 sen ωt )
• Superamortecida, se s1 e s 2 são reais e distintas. Neste caso a corrente será dada pela seguinte
expressão:
i1n (t ) = A1e s1t + A2 e s2t
Se s1 = s2 a resposta do circuito é criticamente amortecida. Neste caso a corrente será dada pela seguinte
expressão:
i1n (t ) = ( A1t + A2 )e s1t
Como o circuito é linear, invariante com o tempo e está sendo excitado por uma fonte é senoidal,
v(t ) = Vm sen ωt , o regime permanente de todas as correntes (e tensões) também será senoidal com a mesma
velocidade angular ω da fonte, ou seja, pode ser expresso pela seguinte equação:
1 1
− RA3 + RB3 − B4 sen ωt + RA4 − RB4 − B3 cosωt = 0
1444424444 ω C
3 1444 424444
ωC
3
=0 =0
Isto resulta no seguinte sistema de equações:
− ωLA3 + RA4 − RB4 = Vm
RA3 + ωLA4 − RB3 = 0
1
− RA3 + RB3 − B4 = 0
ωC
1
RA4 − B3 − RB4 = 0
ωC
Assim,
i1f (t ) = −4,0431cos ωt + 7,9754 sen ωt
i2f (t ) = 0,3877 cos ωt + 0,2215 sen ωt
Exercício 3: Determinar a resposta completa do circuito da Figura 12, considerando que s1 = s 2 (resposta
criticamente amortecida).
Exercício 4: Determinar a resposta completa do circuito da Figura 12, considerando que s1 = s2* (resposta
subamortecida).
Exercício 5: Determinar a resposta completa do circuito da Figura 12, considerando que s1 ≠ s2 (resposta
superamortecida).
Exemplo 2: Utilizando o MATLAB com SIMULINK determinar a forma de onda da corrente do circuito
RLC série excitado por uma fonte senoidal da Figura 12 quando: v(t ) = 10 sen t , R = 1 Ω, C = 0,05 F e
L = 5 H. Arquivo de simulação: RLC_Misto.mdl2.
9
Solução: Para os valores de R, L e C dados, as raízes do polinômio característico são dadas por:
2
−1 −1
2
1 1 1 1
s1 = + − = + −5 = −10 + 100 − 36
2 RC 2 RC LC 2 × 1 × 0,05 2 × 1 × 0,05 9 × 0,05
s1 ≈ −2
2
−1 −1
2
1 1 1 1
s1 = − − = − −5 = −10 − 100 − 36
2 RC 2 RC LC 2 × 1 × 0,05 2 × 1 × 0,05 9 × 0,05
s2 = −18
Desta forma, o circuito apresentará uma resposta superamortecida, pois raízes do polinômio característico
são reais e diferentes.
Após a simulação, obtém-se os gráficos das correntes i1(t) e i2(t), mostrados na Figura 13, no qual observa-se
o regime transitório exponencial (superamortecido) no início do primeiro ciclo — mais evidente na forma
de onda de i2(t) — e o regime permanente senoidal (com um período igual a 2π ≈ 6,28 s) a partir de um
tempo próximo a 2 s.
i1(t)
i2(t)
Figura 13 – Formas de onda das correntes em função do tempo para uma resposta superamortecida.
2
Disponível em http://slhaffner.phpnet.us/circuitos_b/matlab/
Considerando que um circuito elétrico apresenta o diagrama da Figura 14, nos quais os componentes são
identificados por A-B-...-F, a análise nodal segue os seguintes passos.
B D
E
A C F
O circuito possui 4 nós (identificados pelos pontos), dos quais um é selecionado como referência de tensão
(resultando em três tensões nodais identificadas por v1 (t ), v2 (t ) e v3 (t ) ), e 6 ramos identificados pelas
correntes de ramo i A (t ), iB (t ),L, iF (t ) (cujo sentido pode ser livremente arbitrado), conforme mostra a Figura
15.
v1 (t ) B v2 (t ) D v3 (t )
iB (t ) iD (t )
E
A i A (t ) C iC (t ) F iF (t )
iE (t )
Considerando as variáveis definidas na Figura 15, a aplicação da 1ª Lei de Kirchhoff resulta nas seguintes
expressões:
Nó 1: i A (t ) − iB (t ) = 0
Nó 2: iB (t ) + iC (t ) − iD (t ) = 0
Nó 3: iD (t ) + iE (t ) + iF (t ) = 0
O estabelecimento das relações tensão/corrente nos ramos depende do tipo de componente que existe em
cada ramo. Considerando apenas componentes simples (resistências, indutâncias e capacitâncias) e as
polaridades indicadas na Figura 16, as relações possíveis no domínio do tempo são a seguir descritas.
+ vk (t ) Tensões nodais
Tensão no ramo v X (t ) i X (t )
v X (t ) = vk (t ) − vm (t )
–
vm (t )
Figura 16 – Sentido de referência para as relações tensão/corrente.
A resistência ideal caracteriza-se por apresentar uma tensão proporcional à corrente, conforme ilustra a
Figura 17.
vR (t ) = RiR (t ) +
iR (t )
vR (t ) R
iR (t )
–
vL (t ) = L iL (t )
d
iL (t ) dt
–
A capacitância ideal caracteriza-se por apresentar uma carga q (t ) proporcional à tensão, sendo a corrente
igual à derivada desta carga, conforme ilustra a Figura 19.
q (t ) = CvC (t ) +
iC (t )
iC (t ) = q (t )
d
dt
vC (t ) C
iC (t ) = C vC (t )
d
vC (t ) dt
–
Os sentidos relativos para a tensão de ramo, v X (t ) , e corrente de ramo, i X (t ) , mostrados nas Figuras 16 a
19, são denominados sentidos de referência associados (quando a corrente de ramo positiva entra pelo
terminal positivo da tensão de ramo). Embora seja possível escolher polaridades arbitrárias e independentes
para a tensão e a corrente, quando são utilizados os sentidos de referência associados, o produto v X (t ) i X (t )
representará a potência entregue ao elemento no instante t.
Por outro lado, para fontes de tensão e corrente é comum e conveniente usar sentidos de referência para a
tensão e a corrente opostos dos sentidos associados, conforme mostrado nas Figuras 20 a 22. Assim, o
produto v X (t ) i X (t ) representará a potência entregue pela fonte ao circuito no instante t.
+ vk (t ) Tensões nodais
Tensão no ramo v X (t ) i X (t )
v X (t ) = vk (t ) − vm (t )
– vm (t )
Figura 20 – Sentido de referência para a tensão e acorrente em uma fonte.
A fonte de tensão ideal caracteriza-se por manter um determinado valor de tensão independentemente da
corrente, conforme ilustra a Figura 21.
vV (t ) = V
iV (t )
+
V
+
vV (t ) V
iV (t )
–
Figura 21 – Tensão na fonte ideal de tensão em função da corrente.
A fonte de corrente ideal caracteriza-se por manter um determinado valor de corrente independentemente da
tensão, conforme ilustra a Figura 22.
vI (t )
iI (t )
+
vI (t ) I
I iI (t ) = I
–
Considerando que o circuito possua os componentes indicados na Figura 23, as equações da análise nodal
são as seguintes:
v1 (t ) V v2 (t ) C v3 (t )
+
iB (t ) iD
I
L1 i A (t ) R iC (t ) L2 iF (t )
iE (t )
A (t )
64444i7 4444 8
1 t
(0 − v1 (τ ))dτ + i A (0) − iB (t ) = 0
L1 ∫ 0
Nó 1: (35)
iC (t ) D (t )
647 48 644 4i7 444 8
iB (t ) + (0 − v2 (t )) − C (v2 (t ) − v3 (t )) = 0
1 d
Nó 2: (36)
R dt
D (t ) F (t )
644 4i7 444 8 64444i7 44448
C (v2 (t ) − v3 (t )) + iE (t ) + (0 − v3 (τ ))dτ + iF (0) = 0
d 1 t
L2 ∫ 0
Nó 3: (37)
dt
B (t )
64444i7 44448
1 t
∫(0 − v1 (τ ))dτ + i A (0) + (0 − v2 (t )) − C (v2 (t ) − v3 (t )) = 0
1 d
(38)
L1 0 R dt
d
(v2 (t ) − v3 (t )) − I + 1 ∫ (0 − v (τ ))dτ + i (0) = 0
t
C 3 F (39)
dt L2 0
v2 (t ) = v1 (t ) + V (40)
Considerando que um circuito elétrico apresenta o diagrama da Figura 14, a análise de malhas segue os
seguintes passos.
+ v B (t ) – + vD (t ) –
B D +
+ + i2 (t ) +
vE (t )
v A (t ) A i1 (t ) vC (t ) C E F v F (t )
–
– i3 (t ) –
–
Considerando as variáveis definidas na Figura 24, a aplicação da 2ª Lei de Kirchhoff resulta nas seguintes
expressões:
Malha 1: − v A (t ) + v B (t ) + vC (t ) = 0
Malha 2: − vC (t ) + v D (t ) + v E (t ) = 0
Malha 3: − v E (t ) + vF (t ) = 0
Considerando que o circuito possua os componentes indicados na Figura 25, as equações da análise de
malhas são as seguintes:
+ vB (t ) – + vD (t ) –
V C
+
+ +
+ +
i2 (t )
I
v A (t ) i1 (t ) vC (t ) vF (t )
vE (t ) L2
L1
R
i3 (t )
–
– – –
A (t )
64 4v7 448 C (t )
64 4v7 44 8
− − L1 i1 (t ) + v B (t ) + R (i1 (t ) − i2 (t )) = 0
d
Malha 1: (41)
dt
D (t )
C (t )
6444v7 4448
64 4v7 44 8 1 t
Malha 2: − R (i1 (t ) − i2 (t )) + ∫ i2 (τ )dτ + v D (0 ) + v E (t ) = 0 (42)
C 0
F (t )
64v7 4 8
− v E (t ) + L2 i3 (t ) = 0
d
Malha 3: (43)
dt
− − L1 i1 (t ) − V + R(i1 (t ) − i2 (t )) = 0
d
(44)
dt
E (t )
64v7 4 8
− R (i1 (t ) − i2 (t )) + i2 (τ )dτ + v D (0 ) + L2 i3 (t ) = 0
1 t d
∫C 0 dt
(45)
i2 (t ) − i3 (t ) = I (46)
Este tipo de análise aplica-se a circuitos assintoticamente estáveis1, para o estudo do seu regime permanente.
É oportuno salientar que os circuitos elétricos compostos por componentes lineares e invariantes no tempo,
quando excitados por fontes senoidais de mesma freqüência, apresentam regime permanente senoidal, ou
seja, todas as correntes e tensões são funções senoidais com a mesma freqüência das fontes, conforme
ilustrado na Figura I.1.
Fontes senoidais de
mesma freqüência
Regime permanente Correntes e tensões são
senoidal senoidais com a mesma
freqüência da fonte
Componentes lineares
e
invariantes no tempo
Nos circuitos elétricos assintoticamente estáveis, a análise do regime permanente senoidal pode ser realizada
através da simples operação com números complexos por intermédio da transformada fasorial, conforme
ilustra a Figura I.2. Na análise fasorial, todas as correntes e tensões senoidais são representadas por números
complexos que quantificam a amplitude e o ângulo de fase das senóides, sendo a freqüência destas
considerada implicitamente.
Solução
temporal
1
Circuitos assintoticamente estáveis são aqueles que não apresentam nenhuma das raízes de sua equação
característica (vide definição na página 6 do Capítulo Revisão) no eixo imaginário ou no semiplano direito do plano
complexo. Neste caso, a resposta natural tende a zero:
lim t →∞ y n (t ) = 0
e a resposta completa tende à sua resposta forçada:
lim t →∞ y (t ) = lim t →∞ y n (t ) + y f (t ) = y f (t )
Observar que qualquer função senoidal pode ser representada através da escolha adequada de Ymax , ω e φ .
Ymax
onde Y = e jφ é definido como a representação fasorial de y (t ) ou a transformada fasorial da função
2
senoidal y (t ) .
Observar que a transformada fasorial transfere a função senoidal do domínio do tempo para o domínio dos
números complexos, que também é chamada de domínio da freqüência, já que a resposta envolve
implicitamente uma função senoidal de freqüência f = ω 2π .
Ymax
Notar que Y contém 2/3 das informações de y (t ) a saber, Ymax e φ . Considerando Y = , o valor RMS2
2
de y (t ) , tem-se:
Y = Ye jφ = Y φ (3)
Fasor ≠ vetor porque a posição angular do fasor representa posição no tempo; não no espaço.
Resumo:
y (t ) = Ymax cos(ωt + φ ) ou (
y (t ) = 2 Re Y e jωt )
Y
Y = Ye jφ = Y φ Forma polar Y = max
2
Ymax
Y = Y cos φ + jY sen φ Forma retangular Y=
2
2
“Root Mean Square” ou valor quadrático médio (eficaz). A definição detalhada encontra-se na Seção II.2, no Capítulo
seguinte.
Im
Y =Y φ
Y sen φ
Y cos φ
Re
Exemplo I.1:
( )
1. Transformar y (t ) = 100 cos 377t − 30 o para a forma de fasor.
100
Y= − 30 o ≈ 70,7 − 30 o
2
( )
y (t ) = 100 2 cos ωt + 20 o ≈ 141,4 cos ωt + 20 o ( )
3. Adicione duas funções senoidais de mesma freqüência utilizando o método fasorial:
a (t ) = A 2 cos(ωt + α ) = 2 Re Ae j (ωt +α )[ ] ⇒ A = Ae jα
b(t ) = B 2 cos(ωt + β ) = 2 Re[Be ( j ωt + β )
] ⇒ B = Be jβ
c(t ) = a(t ) + b(t )
c(t ) = [ ]
2 Re Ae j (ωt +α ) + Be j (ωt + β )
= 2 Re[(Ae + Be )e ]
jα jβ jωt
= 2 Re[(A + B )e ] jωt
Fazendo C = A + B
[
c(t ) = 2 Re Ce jωt ]
Assim, podem-se somar funções senoidais de mesma freqüência expressando-as por fasores e então somar os
fasores pelas regras da álgebra complexa.
Exercício I.1: Demonstrar o teorema fundamental: “A soma algébrica de qualquer número de senóides de
mesma velocidade angular ω com suas derivadas de qualquer ordem é também uma senóide de mesma
velocidade angular ω.” Dica: Vide Desoer & Kuh (página 254).
Quando as correntes e tensões são expressas por fasores, as duas leis básicas da teoria de circuitos são:
• 1ª Lei de Kirchhoff ou Lei de Kirchhoff das Correntes (LKC): A soma algébrica dos fasores corrente que
chegam em qualquer nó de um circuito é nula:
N
∑I
j =1
j =0
• 2ª Lei de Kirchhoff ou Lei de Kirchhoff das Tensões (LKT): A soma algébrica dos fasores queda de
tensão em qualquer caminho fechado de um circuito é nula:
N
∑V
j =1
j =0
Exemplo I.2:
+ + +
I3
I2
V1 V2 V3
– – –
LKC: I1 − I 2 − I 3 = 0 ⇒ I1 = I 2 + I 3
LKT: V 1 −V 2 = 0 ⇒ V1 =V 2
LKT: V1 −V 3 −V 4 = 0 ⇒ V 1 = V 3 +V 4
Ω] e admitância [Ω
I.1.2 – Impedância [Ω Ω-1 ou siemens]
[
i (t ) = 2 Re I e jωt ]
Circuito +
linear
Z ( jω ) = [ ]
invariante 1
em regime v(t ) = 2 Re V e jωt
Y
permanente
senoidal
–
v(t ) = L i (t )
d
• Caso indutivo – Para um indutor puro, tem-se:
dt
Utilizando as expressões da Figura I.3, chega-se a:
v (t ) i (t )
64 47 448 6447 44
8
[
2 Re V e ]
j ωt
=L
d
dt
( [ ]) d j ωt
2 Re I e jωt = 2 Re L I
dt
( )
e = 2 Re jωL I e jωt
[ ]
Logo,
V = j ωL I ⇒ X L = ωL (7)
e
Z L ( j ω ) = j ωL Y L ( jω ) =
1 1
⇒ =−j
j ωL ωL
i(t ) = C v(t )
d
• Caso capacitivo – Para um capacitor puro, tem-se:
dt
Utilizando as expressões da Figura I.3, chega-se a:
6474i (t )48
4 6447 v (t )
448
[
2 Re I e ]
jωt
=C
d
dt
(
2 Re V e[ jωt
])
= 2 Re CV
d jωt
dt
e = 2 Re jωCV e jωt
( ) [ ]
Logo,
I 1
I = jωCV ⇔ V= ⇒ XC = (8)
jωC ωC
e
Z C ( jω ) = Y C ( j ω ) = j ωC
1 1
=−j ⇒
j ωC ωC
3
[ ] [ ]
Se Re Ae jωt = Re Be jωt para todo t, então os números complexos A e B são iguais ( A = B ). Vide demonstração do
Lema 3 (página 258) do livro Teoria básica de circuitos lineares de Charles A. Desoer e Ernest S. Kuh (1979), Editora
Guanabara Dois.
Um resumo das relações entre tensão e corrente para os elementos simples encontra-se na Tabela I.1.
Forma fasorial:
Elemento Equações
Relação de [ ]
i (t ) = 2 Re I e jωt Diagrama Relação no
2 Re[V e ]
fase fasorial tempo
v(t ) = jωt
i(t )
I
v (t ) = Vmax cos(ωt + φ )
i(t)
i(t ) e v(t )
+
V
v(t )
V = RI v(t)
i (t ) = I max cos(ωt + φ ) em fase
R
φ
–
i(t ) V
v (t ) = Vmax cos(ωt + φ ) V = j ωL I
i(t)
+
i(t ) atrasada φ
v(t ) L
i (t ) = I max
π de v(t ) de 90°
cos ωt + φ −
2 X L = ωL I
v(t)
i(t ) 1
v (t ) = Vmax cos(ωt + φ )
V= I i(t)
+
i(t ) adiantada j ωC I V
v(t)
v(t ) C π
i (t ) = I max cos ωt + φ +
de v(t ) de 90° φ
2 1
XC =
–
ωC
Para a associação série de impedâncias (vide Figura I.6), a impedância equivalente é dada pela soma das
impedâncias de cada um dos componentes, ou seja:
Z eq = Z 1 + Z 2 + K + Z n (9)
I + V1 – + V2 – + Vn – I
+ +
Z1 Z2 Zn
V ≡ V Z eq
– –
A expressão (9) pode ser demonstrada utilizando-se a Lei de Kirchhoff das Tensões, da forma como segue:
V LKT V1 +V 2 +K+V n V1 V2 Vn
Z eq = = = + +K+ = Z1 + Z 2 +K+ Z n
I I I I I
Para a associação paralela de impedâncias (vide Figura I.7), a impedância equivalente é dada pelo inverso
da soma dos inversos das impedâncias de cada um dos componentes, ou seja:
1
Z eq = (10)
1 1 1
+ +K+
Z1 Z 2 Zn
I I
+ I1 I2 In +
V ≡ V Z eq
Z1 Z2 Zn
– –
A expressão (10) pode ser demonstrada utilizando-se a Lei de Kirchhoff das Correntes, da forma como
segue:
V LKC V V 1
Z eq = = = =
I I1 + I 2 +K+ I n V V V 1
+
1
+K+
1
+ +K+
Z1 Z2 Zn Z1 Z2 Zn
Exemplo I.3: Para uma fonte senoidal de amplitude igual a 100 V Vmax = 100 2 V em série com um ( )
resistor de 3 Ω, um capacitor de 4 Ω e um indutor de 8 Ω, determinar:
a) O diagrama do circuito.
b) A impedância série.
c) O fasor corrente I e a corrente i(t ) .
d) Um diagrama fasorial contendo V , I , V R , V C e V L .
Solução:
a) O diagrama do circuito encontra-se na Figura I.8 onde são mostrados em destaque alguns pontos de
interesse para construção do diagrama fasorial.
+ VR – + VC –
I B C
A
+
3 –j4
+
V = 100 0 o j8 VL
–
D
Figura I.8 – Circuito RLC série.
Solução (continuação):
b) A impedância equivalente da associação série é dada por:
Z eq = ∑Z i = 3 − j 4 + j8 = (3 + j 4 )Ω = 5 53,1o Ω
i
B E = V L + V C + V R = V AD
VC
V R = V AB = 3I
VR V C = V BC = − j 4 I
D A V L = V CD = j8 I
53,1o V
I
Figura I.9 – Diagrama fasorial do circuito da Figura I.8.
v(t)
i(t)
Conforme esperado, observa-se que os valores de regime permanente apresentam valores de pico de
100 2 = 141,4 V e 20 2 = 28,3 A, respectivamente, para a tensão da fonte e para a corrente, correspondendo
aos valores eficazes de 100 V e 20 A. Observa-se, também, que a corrente de regime apresenta um ângulo de
fase atrasado com relação ao ângulo da tensão. Sabendo que a velocidade angular da fonte é 400 rad/s, um
ciclo que corresponde à 360o apresenta um período T = 1f = ω 1 = 2ωπ = 400
2π
= 0,016 s. Desta forma, o atraso da
2π
53,1o
o
corrente de 53,1 corresponde à 360o
0,016 = 0,002 s.
4
Disponível em http://slhaffner.phpnet.us/circuitos_b/matlab/
Solução alternativa (continuação): Para o traçado do diagrama fasorial, a partir dos valores calculados
anteriormente, são utilizados os seguintes arquivos: I_1m.m e Arrow3.m, obtendo-se o seguinte diagrama.
I.1.4 – Superposição
De acordo com o princípio da superposição, em uma rede composta por elementos lineares a resposta quando
várias fontes atuam simultaneamente é igual à soma das componentes da resposta de cada fonte
individualmente, conforme ilustra a Figura I.10.
Rede
x1 (t ) y1 (t )
Linear k1 x1 (t ) k1 y1 (t )
Rede
+ Linear +
k 2 x 2 (t ) k 2 y 2 (t )
Rede
x 2 (t ) Linear y 2 (t )
Observações:
1. O princípio da superposição é uma conseqüência direta da linearidade5 dos elementos da rede.
2. Quando as fontes não possuem a mesma velocidade angular, as impedâncias observadas pelas
( )
fontes são diferentes Z ( jω ) é uma função de ω . Além disso, a soma de ondas senoidais de
freqüências diferentes não é uma senóide.
5
Se f é uma função linear, então:
1. f (x ) = y ⇒ f (αx ) = αy
2. f (x1 ) = y1 e f ( x 2 ) = y 2 ⇒ f ( x1 + x 2 ) = y1 + y 2
Qualquer rede linear contendo fontes independentes e dependentes pode ser representada a partir de dois dos
seus terminais como uma associação série (paralela) de uma fonte ideal de tensão (corrente) e uma
impedância, conforme mostra a Figura I.11.
Z TH
a
Tensão de
V TH −
Equivalente + circuito aberto
Thévenin V TH
a Impedância de
Circuito linear b Z TH −
em regime entrada do circuito
permanente
no domínio
b a Corrente de
da freqüência IN −
curto circuito
Equivalente
Norton IN ZN
Impedância de
ZN −
b entrada do circuito
V TH V OC
Z TH = Z N = =
IN I SC
3. Somente fontes dependentes – Inserir uma fonte artificial nos terminais a e b e fazer:
V ARTIFICIAL
V OC = V ARTIFICIAL ⇒ Z TH =
I ab
ou
V ab
I SC = I ARTIFICIAL ⇒ ZN =
I ARTIFICIAL
Exemplo I.4: Para o circuito em regime permanente a seguir, sabe-se que v F (t ) = 2 cos 400t + 45o , ( )
( )
iF (t ) = 3 2 cos 400t − 30 o , R1 = 0,5 Ω , R2 = 0,3 Ω , L1 = 5 mH , L2 = 2,5 mH e C = 7,5 mF . Determinar
o solicitado:
R1 C
a
R2
+
vF(t) i1(t) L1 iF(t)
L2
b
a) Os circuitos equivalentes de Thévenin e Norton da rede que está conectada ao indutor L1 .
b) O fasor corrente I 1 e a corrente i1 (t ) correspondente.
Solução:
a) A determinação dos circuitos equivalentes de Thévenin e Norton compreende a determinação da tensão
de circuito aberto, V TH , da corrente de curto circuito, I N , e da impedância equivalente da rede,
Z TH = Z N . Inicialmente, determina-se o circuito equivalente no domínio da freqüência aplicando a
Transformada Fasorial.
0,5 Ω –j1/3 Ω
a
0,3 Ω
+
V F = 2 45 o
j2 Ω I F = 3 − 30 o
j1 Ω
b
Para determinar a tensão de circuito aberto, utiliza-se o circuito equivalente no qual a indutância L1 é
removida. Inicialmente, a fonte de corrente assinalada na figura a seguir é convertida no seu equivalente em
fonte de tensão: V I = (0,3 + j1) × 3 − 30o = 3,1321 43,30o V e Z I = 0,3 + j1 Ω .
0,5 Ω –j1/3 Ω
a c
+
0,3 Ω
+
V F = 2 45 o I F = 3 − 30o
V TH
j1 Ω
–
b d
0,5 Ω –j1/3 Ω
I
a c 0,3 Ω
+
+ j1 Ω
V F = 2 45 o
V TH
+
– V I = 3,1321 43,30 o
b d
No circuito anterior, a tensão de circuito aberto pode ser obtida diretamente por:
V F −V I 2 45o − 3,1321 43,30o
I= = = 1,6507 182,10o = (− 1,6496 − j 0,0604) A
0,5 − j 13 + 0,3 + j1 0,8 + j 2 3
V TH = V F − 0,5 × I = 2 45o − 0,5(− 1,6496 − j 0,0604 ) = 2,0955 29,45o = (1,8248 + j1,0302) V
Solução (continuação): Com pequenas alterações, o circuito anterior pode ser utilizado para a determinar
a corrente de curto-circuito. Neste caso, basta curto-circuitar os terminais ab, conforme mostra a figura a
seguir.
0,5 Ω –j1/3 Ω
a c 0,3 Ω
+ j1 Ω
V F = 2 45 o
IN
+
V I = 3,1321 43,30 o V
b d
o o
2 45 3,1321 43,30
= 5,9700 3,48o = (5,9590 + j 0,3624) A
VF VI
IN = + = +
0,5 − j 3 + 0,3 + j1
1 0,5 0,3 + j 2 3
Como o circuito só possui fontes independentes, a impedância equivalente pode ser obtida pela associação
série/paralela das impedâncias existentes no circuito estando as fontes de tensão substituídas por curto-
circuito e as fontes de corrente por circuito aberto. Assim, para obtenção da impedância equivalente, utiliza-
se o seguinte circuito:
0,5 Ω –j1/3 Ω
a 0,3 Ω
b
j1 Ω
V TH = 2,0955 29,45 o
j0,1537 Ω
b
b
b) Para determinar a corrente que circula na indutância L1 basta empregar qualquer um dos circuitos
equivalentes obtidos no item anterior. Caso a opção seja pelo equivalente de Thévenin, o circuito
equivalente é dado por:
0,3156 Ω j0,1537 Ω
a
+
V TH = 2,0955 29,45 o I1 j2 Ω
Solução (continuação):
2,0955 29,45o
= 0,9627 − 52,21o = (0,5899 − j 0,7608) A
V TH
I1 = =
Z TH + j 2 0,3156 + j 2,1537
Caso a opção seja pelo equivalente de Norton, o circuito equivalente é dado por6:
a
0,3156 Ω
I N = 5,9700 3,48 o
I1 j2 Ω
j0,1537 Ω
b
0,3156 + j 0,1537
5,9700 3,48o = 0,9627 − 52,21o = (0,5899 − j 0,7608) A
ZN
I1 = IN =
Z N + j2 0,3156 + j 2,1537
vTH(t)
vF(t)
iN(t)
vF(t)
6
Vide expressão do divisor de corrente na Seção I.2.3 Circuitos divisores.
Solução alternativa (continuação): A partir destes gráficos, pode-se determinar os valores de regime
permanente dos fasores V TH e I N , cujos valores de pico atingem 2,0955 2 = 2,96 V e 5,9700 2 = 8,44 A,
respectivamente. Os ângulos de fase destes fasores podem ser estimados a partir da comparação de suas
respectivas formas de onda no tempo com outra, utilizada como referência angular, cuja fase seja conhecida.
Utilizando-se a forma de onda da fonte ideal de tensão vF(t), cuja fase é 45o, observa-se que os valores
máximos do regime permanente da tensão de circuito aberto (tensão de Thévenin) ocorrem ligeiramente
depois dos valores máximos do regime permanente da tensão utilizada como referência. De fato a fase da
tensão de Thévenin está atrasada 15,55o com relação à tensão de referência ( 29,45 − 45 = −15,55o ) que
correspondem a um tempo7 igual a 0,0007 s, difícil de ser observado. Observa-se, ainda, que os valores
máximos do regime permanente da corrente de curro circuito (corrente de Norton) ocorrem depois dos
valores máximos do regime permanente da tensão utilizada como referência (vF(t)). De fato a fase da
corrente de Norton está atrasada 41,52o ( 3,48 − 45 = −41,52 o ) que correspondem a um tempo8 igual a
0,0018 s.
A simulação do circuito completo foi realizada utilizado ao arquivo I_2.mdl do qual pode-se extrair a
forma de onda da corrente i1(t), em função do tempo, dado pelo gráfico a seguir.
i1(t)
vF(t)
Exemplo I.5: Para o circuito em regime permanente a seguir, determinar o circuito equivalente de Thévenin
em relação aos terminais ab.
12 Ω –j40 Ω
a
+
120 Ω
+
120 0o V VX +
60 Ω
10V X
– b
7
Lembrar que o período de uma função cuja velocidade angular é de 400 rad/s é igual a T = 2ωπ = 400
2π
= 0,016 s e este tempo
o o
corresponde a um ciclo completo, ou seja, 360 . Desta forma, um ângulo de 15,55 corresponde a 360 15 ,55
0,016 = 0,0007 s.
8
Um ângulo de 41,52o corresponde a 41,52
360
0,016 = 0,0018 s.
9 o
Um ângulo de 97,21 corresponde a 97 , 21
360
0,016 = 0,0047 s.
Para as correntes de malha indicadas no circuito a seguir, as equações de malha são dadas por:
12 Ω –j40 Ω
a
+
120 Ω
+
120 0o V I1 VX I2 +
60 Ω
10V X
– b
M1: ( )
− 120 0 o + 12 I 1 + 60 I 1 − I 2 = 0
M2: ( )
60 I 2 − I 1 + (120 − j 40 )I 2 + 10V X = 0
( )
Substituindo a expressão de V X = 60 I 1 − I 2 na expressão anterior e arranjando os termos, chega-se ao
seguinte sistema:
72 I 1 − 60 I 2 = 120 0 o
420 + j 40
540 I 1 + (− 420 − j 40 )I 2 = 0 ⇒ I1 = I2
540
Substituindo a expressão de I 1 na equação anterior:
420 + j 40 16
72 I 2 − 60 I 2 = 120 0 o ⇒ − 4 + j I 2 = 120
540 3
Daí,
= 18 233,13o = (− 10,8 − j14,4 ) A
120
I2 =
16
−4+ j
3
420 + j 40 420 + j 40
I1 = I2 ⇒ I1 = (− 10,8 − j14,4) = 14,06 238,57 o = − 22 − j12 A
540 540 3
Observar que este valor pode ser obtido diretamente da solução do sistema anterior.
( )
V TH = 120 I 2 + 10V X = 120 I 2 + 10 × 60 I 1 − I 2 = 600 I 1 − 480 I 2
Solução (continuação):
12 Ω –j40 Ω
a
+
120 Ω
+
IN
120 0o V I1 VX I2 + I3
60 Ω
10V X
– b
Considerando as correntes de malha indicadas na figura anterior, têm-se as seguintes equações de malha:
(
M1: − 120 0 o + 12 I 1 + 60 I 1 − I 2 = 0 )
VX
647 48
M2: ( ) (
60 I 2 − I 1 − j 40 I 2 + 120 I 2 − I 3 ) ( )
+ 10 × 60 I 1 − I 2 = 0
VX
647 48
M3: ( ) (
− 10 × 60 I 1 − I 2 + 120 I 3 − I 2 = 0 )
Tais equações resultam no seguinte sistema de equações:
72 I 1 − 60 I 2 = 120 0o
540 I 1 + (− 420 − j 40)I 2 − 120 I 3 = 0
− 600 I 1 + 480 I 2 + 120 I 3 = 0
cuja solução é dada por:
I 1 = 2,915 42,3o = (2,157 + j1,961) A
I 2 = 2,425 75,9o = (0,588 + j 2,353) A
I 3 = 8,440 2,7 o = (8,431 + j 0,392) A
Assim, I N = I 3 = 8,440 2,7 o = (8,431 + j 0,392) A e
784 − j 288
= 98,95 − 22,83o = (91,2 − j 38,4 ) Ω
V TH
Z TH = =
IN 8,431 + j 0,392
Solução alternativa: Para determinação dos circuitos equivalentes de Thévenin foram utilizados os
arquivos I_3a.mdl e I_3b.mdl, respectivamente, para a obter a corrente de curto circuito iN(t) e a tensão
de circuito aberto vTH(t) mostradas nos gráficos a seguir. Foi utilizada uma velocidade angular de 400rad/s
para a fonte independente de tensão e o valor da capacitância ajustado para o da reatância dada (40Ω).
iN(t)
vTH(t)
vF(t)
Observa-se que os valores de pico da corrente e da tensão correspondem aos obtidos anteriormente, ou seja,
8,440 2 = 11,9 A e 835,22 2 = 1180 V. Observa-se, também, que o ângulo de fase da tensão de Thévenin
está atrasado com relação à tensão da fonte independente de tensão em um ângulo de 20,17o que corresponde
,17 2π
à 20360 400 = 0,0009 s. Além disto, a corrente de Norton está adiantada em relação à tensão de Thévenin,
22,87 2π
conforme calculado anteriormente, ou seja, 2,7 + 20,17 = 22,87 o que corresponde a 360 400 = 0,0010 s.
Exemplo I.6: Determinar o circuito equivalente para os terminais a–b do circuito da Figura I.12.
10 0 o –j2
c a
+
5 90 o j2 1
d b
Solução: Inicialmente, o circuito cujos terminais são c e d é substituído pelo seu equivalente de Thévenin.
Em outras palavras, a fonte de corrente (em paralelo com uma impedância) é substituída por uma fonte de
tensão equivalente (em série com uma impedância). Neste caso, a tensão de circuito aberto e a impedância
equivalente são dadas por:
V TH = V OC = I Z = 5 90 o × 2 90 o = 10 180 o = −10 V
Z TH = j 2 = 2 90 o Ω
A Figura I.13 ilustra a transformação da fonte de corrente pela sua fonte de tensão equivalente.
j2
c c
+
o o
5 90 j2 10 180
d d
Solução (continuação): Substituindo o circuito cujos terminais são c e d pelo seu equivalente (mostrado
na Figura I.13), chega-se ao circuito da Figura I.14. Logo, o circuito elétrico da Figura I.12 é equivalente a
um curto circuito.
j2 10 0 o –j2
c a a a
+
+ +
o
10 180 1 0 1
d b b b
Solução alternativa: Para determinação dos circuitos equivalentes de Thévenin foram utilizados os
arquivos I_4a.mdl e I_4b.mdl, respectivamente, para a obter a corrente de curto circuito iN(t) (cuja
simulação não revela um valor definido) e a tensão de circuito aberto vTH(t), mostrada no gráfico a seguir. Foi
utilizada uma velocidade angular de 400rad/s para as fontes independentes de tensão e corrente e os valores da
capacitância e da indutância ajustados para as reatância dadas.
vTH(t)
Observa-se que o valor de regime da tensão de circuito aberto é nulo (0 V), implicando em uma impedância
de Thévenin também é nula, pois Z TH = VITH , o que comprova o curto circuito obtido nos cálculos anteriores.
N
Exemplo I.7: Determinar o circuito equivalente para os terminais a–b do circuito da Figura I.15.
V
− 90 o V 0o
X R
c e a
+
1 − 90 o jX –jX
jX
d f b
Solução: No circuito da Figura I.15, observar que embora existam fontes que sejam funções de V e X, tais
fontes não dependem de correntes e tensões do circuito sendo, portanto, fontes independentes. Deste modo, o
procedimento é similar ao exemplo anterior, ou seja, inicialmente determina-se o circuito equivalente dos
terminais c e d. Diversos componentes desta fração do circuito podem ser eliminados pois encontram-se em
série com uma fonte de corrente, conforme mostra a Figura I.16.
O circuito equivalente dos terminais c e d encontra-se na Figura I.16, sendo seus parâmetros dados por:
V
V TH = V OC = I Z = − 90 o × X 90 o = V 0 o = V V
X
Z TH = jX = X 90 o Ω
V
− 90 o
X jX
c c
+
jX o
V 0
d d
Aplicando o circuito da Figura I.16 no circuito da Figura I.15, obtêm-se os circuitos equivalentes de
Thévenin e Norton para os terminais e e f, mostrados na Figura I.17, cujos parâmetros são:
V TH = V OC = V 0 o + V 0 o = 2V 0 o = 2V V
2V 0 o 2V 2V
I N = I SC = o
= − 90 o = − j A
X 90 X X
Z TH = Z N = jX = X 90 o Ω
jX V 0o jX
c e e e
+
+ +
2V
V 0 o
2V 0 o
− 90 o jX
X
d f f f
Finalmente, aplicando o circuito equivalente de Norton da Figura I.17 no circuito da Figura I.15, obtém-se o
circuito equivalente para os terminais a e b, mostrado na Figura I.18.
e R a
R a a
2V 2V 2V
− 90 o jX –jX − 90 o − 90 o
X X X
f b b b
Solução alternativa: Para determinação dos circuitos equivalentes de Norton foram utilizados os arquivos
I_5a.mdl e I_5b.mdl, respectivamente, para a obter a corrente de curto circuito iN(t), mostrada no
gráfico a seguir, e a tensão de circuito aberto vTH(t) (cuja simulação revela um valor sempre crescente). Foi
utilizada uma velocidade angular de 400rad/s para as fontes independentes de tensão e corrente e os seguintes
valores para R, X e V: R = X = 10 Ω e V = 1502 V.
iN(t)
Observa-se, no gráfico anterior, um valor de pico de 30 A para a corrente. Tal valor pode ser comprovado
utilizando-se a expressão obtida anteriormente e substituindo-se os valores definidos para R, X e V. Desta
2 ⋅ 1502
forma, o valor eficaz da corrente é I N = 2V X = = 302 A. Por outro lado, como a tensão de circuito
10
aberto tende para infinito, a impedância de Norton é infinita, sendo representada por um circuito aberto.
Se os dois circuitos da Figura I.19 são equivalentes com relação aos seus quatro terminais então tem-se:
Z AZ B
Z1 = (11)
Z A + ZB + ZC
Z AZC
Z2 = (12)
Z A + ZB + ZC
ZBZC
Z3 = (13)
Z A + ZB + ZC
e
Z1Z 2 + Z1Z 3 + Z 2 Z 3
ZA = (14)
Z3
Z1Z 2 + Z1 Z 3 + Z 2 Z 3
ZB = (15)
Z2
Z1Z 2 + Z1Z 3 + Z 2 Z 3
ZC = (16)
Z1
Z1 Z3 ZB
Z2 ZA ZC
As expressões (11), (12) e (13) podem ser facilmente mostradas, considerando que:
(
Z 1 + Z 3 = Z B // Z A + Z C = ) (
ZB Z A + ZC )=Z AZ B + ZBZC
(17)
Z A + ZB + ZC Z A + ZB + ZC
(
Z 1 + Z 2 = Z A // Z B + Z C = ) (
Z A ZB + ZC )=Z AZB + Z AZC
(18)
Z A + ZB + ZC Z A + ZB + ZC
(
Z 2 + Z 3 = Z C // Z A + Z B = ) (
ZC Z A + ZB )=Z AZC + ZBZC
(19)
Z A + ZB + ZC Z A + ZB + ZC
Somando (17) com (18) e subtraindo (19), chega-se à expressão (11):
Z1 + Z 3 + Z1 + Z 2 − Z 2 + Z 3 = ( ) Z AZ B + ZBZC + Z AZB + Z AZC − Z AZC + ZBZC ( )
Z A + ZB + ZC
2Z A Z B Z AZ B
2Z 1 = ⇒ Z1 =
Z A + ZB + ZC Z A + ZB + ZC
A expressão (12) pode ser obtida substituindo (11) em (18); a expressão (13) pode ser obtida substituindo
(11) em (17).
As expressões (14), (15) e (16) podem ser mostradas a partir das expressões (11), (12) e (13). Inicialmente,
isolando Z C nas expressões (12) e (13), já demonstradas, tem-se:
Z2 =
Z AZC
Z A + ZB + ZC
⇒ (
Z2 Z A + Z B + ZC = Z AZC ) ⇒ ( )
Z2 Z A + ZB = ZC Z A −Z2 ( )
ZC =
Z2
ZA −Z2
(Z A +ZB ) (20)
Z3 =
ZBZC
Z A + ZB + ZC
⇒ (
Z3 Z A + ZB + ZC = ZBZC ) ⇒ ( )
Z3 Z A + ZB = ZC ZB − Z3 ( )
ZC =
Z3
ZB − Z3
(Z A +ZB ) (21)
Da igualdade de (20) e (21), tem-se:
ZC =
ZA −Z2
Z2
(ZZB −Z3
A +ZB = ) Z3
(Z A +ZB ) ⇒
Z2
ZA −Z2
=
ZB − Z3
Z3
( )
Z2 ZB − Z3 = Z3 Z A − Z2 ⇒ (Z2Z B = Z3Z A )
Z3
ZB = ZA (22)
Z2
Da mesma forma, isolando Z A nas expressões (11) e (12), tem-se:
Z1 =
Z AZ B
Z A + ZB + ZC
⇒ (
Z1 Z A + Z B + Z C = Z A Z B ) ⇒ ( )
Z1 Z B + Z C = Z A Z B − Z1 ( )
ZA =
Z1
Z B − Z1
(Z B + ZC ) (23)
Z2 =
Z AZC
Z A + ZB + ZC
⇒ (
Z2 Z A + Z B + ZC = Z AZC ) ⇒ ( )
Z2 ZB + ZC = Z A ZC − Z2 ( )
ZA =
Z2
ZC − Z2
(Z B + ZC ) (24)
Da igualdade de (23) e (24), vem:
ZA =
Z1
Z B − Z1
(
ZB + ZC =
Z2
ZC − Z2
)
ZB + ZC ⇒ ( ) Z1
Z B − Z1
=
ZC − Z2
Z2
( )
Z1 Z C − Z 2 = Z 2 Z B − Z1 ⇒( )
Z1Z C = Z 2 Z B
Z2
ZC = ZB (25)
Z1
São dois os circuitos divisores básicos: divisor de tensão e divisor de corrente. No circuito divisor de
tensão, ilustrado na Figura I.20, a tensão V é aplicada à associação série de impedâncias Z 1 e Z 2 e o
problema consiste em expressar a tensão sobre uma das impedâncias, Z 1 por exemplo, em função da tensão
total V e das impedâncias do circuito, ou seja, Z 1 e Z 2 .
I
V
I=
+ Z1 + Z 2
Z1 V1 V V
+ V 1 = Z1 I = Z1 V2 =Z2I =Z2
– Z1 + Z 2 Z1 + Z 2
V +
Z2 V2 Z1 Z2
V1 = V V2 = V
– Z1 + Z 2 Z1 + Z 2
No circuito divisor de corrente, ilustrado na Figura I.21, a corrente I é aplicada à associação paralela de
impedâncias Z 1 e Z 2 e o problema consiste em expressar a corrente sobre uma das impedâncias, Z 1 por
exemplo, em função da corrente I e das impedâncias do circuito, ou seja, Z 1 e Z 2 .
Z1Z 2
+ + V =ZPI ZP =
I1 Z1 + Z 2
Z1Z 2
V= I Z1Z 2
I Z1 Z2 V I ZP V Z1 + Z 2 ⇒ Z1I1 = I
Z1 + Z 2
V = Z1I1
– – Z2 Z1
I1 = I I2 = I
Z1 + Z 2 Z1 + Z 2
Aplicam-se os princípios da análise nodal (tensões nodais) e análise de malhas (correntes de malha). Seja
um circuito genérico formado por N nós e K ramos, tem-se então 2K variáveis, K correntes e K tensões,
relativas a cada um dos componentes que estão presentes nos ramos cujos extremos constituem os nós do
circuito. Pode-se, então, escrever as seguintes restrições de interconexão:
Vr = f Ir ( ) ( )
Ir = f Vr
totalizando (N − 1) + (K − N + 1) + K = 2 K equações.
kvg (t ) R1
kV g
R1
+ vg (t ) – + Vg –
+ +
+ +
vi (t )
vo (t ) Vi 1
C R2 −j R2 Vo
ωC
– –
a) A expressão de V o em função de V i .
Vo
b) A expressão do ganho de tensão, dado por GT = .
Vi
c) A defasagem entre V o e V i .
Solução:
a) Redesenhando o circuito tem-se o diagrama da Figura I.23, para o qual são válidas as seguintes
equações de nó e de malha:
Vo 1 1
LKC: kV g = com ZP = = (26)
ZP 1 1 1 1 1
+ + + + jωC
R1 R2 1 R1 R2
−j
ωC
LKT: V i =V g +V o ⇒ V g = V i −V o (27)
Solução (continuação):
+ Vg – + + Vg – +
+ +
1 kV g
Vi −j R2 Vo R1
V1 kV g ZP Vo
ωC
– –
( )
k V i −V o =
Vo
⇒
1
+ k V o = kV i ⇒ Vo =
1
k
Vi
ZP ZP +k
ZP
k k
Vo = Vi = Vi (28)
1 1 R1 + R2 + kR1 R2
+ + k + j ωC + j ωC
R1 R2 R1 R2
Vi Vi R1 + R2 +
R1 R2
kR 1 R2
+ j ωC ( )
R1 + R2 + kR1R2 2
R1R2 + (ωC )
2
R1 R2 R1 R2
Logo a defasagem é dada por:
ωCR1 R2
φ = ∠V o − ∠V i = − tan −1
R1 + R2 + kR1 R2
Solução alternativa: Para realizar a simulação do circuito anterior foi utilizado o arquivo I_6.mdl, para
a obter as formas de onda das tensões de entrada vi(t) e de saída vo(t), mostradas no gráfico a seguir. Foi
utilizada uma freqüência de 60 Hz para a fonte independente de tensão de entrada ( 2π 60 rad/s), cuja
amplitude foi de 100 V de pico e os seguintes valores para os componentes: R1=500 Ω, R2=375 Ω,
C=25 mF, k=5.
vi(t)
vo(t)
+ + + +
Vi Z2 Vo Vi Z2 Z2 Vo
– – – –
Z1 Z1 Z1
R = 0,06 Ω
+ +
L = 1,2 mH
C = 3 mF Vi Z2 Z2 Z2 Vo
ω = 200 rad s
– –
O diagrama fasorial consiste em representar os fasores tensão e corrente de um determinado circuito elétrico
no plano complexo. Tal diagrama é empregado para auxiliar e simplificar trabalhos analíticos pois as
operações de soma e subtração podem ser facilmente executadas e visualizadas. O diagrama fasorial tem as
seguintes características:
• os eixos (real e imaginário) podem ser omitidos;
• É utilizada uma referência angular única para as tensões e as correntes;
• As escalas para os fasores tensão e corrente podem ser independentes, ou seja, uma para as
tensões e outra para as correntes (por exemplo, 1 cm = 10 V e 1 cm = 5 A )
• Os fasores podem ser colocados na origem ou na extremidade de outro fasor (para “somar”).
Para uma impedância qualquer, mostrada na Figura I.25, a corrente pode estar adiantada ou atrasada em
relação à tensão de acordo com a natureza desta impedância (capacitiva ou indutiva, respectivamente).
V ab
V ab = Z I ⇒ I=
I Z = R + jX Z
a b V ab
V ab
V ab = Z I = Z I ⇒ I = =
Z Z
+ V ab –
( )
∠V ab = ∠ Z I = ∠Z + ∠ I
V ab
⇒ ∠ I = ∠ = ∠V ab − ∠Z
Z
ω (sentido positivo )
I (Z capacitivo )
b φ >0 a
X
V ab
φ = − tan −1
φ<0 R
I (Z indutivo )
Figura I.25 – Circuito com impedância e seu diagrama fasorial.
Caso a impedância do elemento da Figura I.25 tenha natureza exclusivamente resistiva Z = R , tem-se: ( )
V ab
V ab = R I ⇒ I=
R
I Z=R
a b V ab V ab
V ab = R I = R I ⇒ I = =
R R
+ V ab –
∠V ab = ∠ R I = ∠ I ( ) V ab
⇒ ∠ I = ∠
R
= ∠V ab
ω (sentido positivo )
b I (em fase ) a
V ab
Caso a impedância do elemento da Figura I.25 tenha natureza exclusivamente indutiva Z = jωL = jX L , ( )
tem-se:
V ab
V ab = jX L I ⇒ I=
jX L jX L
I
a b V ab V ab
V ab = jX L I = X L I ⇒ I = =
jX L XL
+ –
( ) V ab
V ab
∠V ab = ∠ jX L I = ∠ I + 90 o ⇒ ∠ I = ∠ = ∠V ab − 90 o
jX
L
ω (sentido positivo )
b a
V ab
− 90 o
I (atrasada de 90 o )
V ab V ab
V ab = − jX C I ⇒ I= = j
− jX C − jX C XC
I
a b V ab V ab
V ab = − jX C I = X C I ⇒ I = =
− jX C XC
+ V ab –
( )
∠V ab = ∠ − jX C I = ∠ I − 90 o
V ab
⇒ ∠ I = ∠
− jX
( )
= ∠V ab − − 90 o = ∠V ab + 90 o
C
ω (sentido positivo )
I (adiantada de 90 o )
+ 90 o a
b
V ab
Um caso um pouco mais geral ocorre quando a impedância analisada corresponde a uma associação série de
uma resistência e uma indutância. Neste caso, Z = R + jωL = R + jX L = R 2 + X L2 tan −1 X L R e tem-se:
V ac = V ab + V bc = (R + jX L )I
V ab
Z = R + jX L ⇒ I=
R + jX L
I
a b c V ab
V ab = (R + jX L )I = R 2 + X L2 I
V ab
⇒ I = =
R + jX L R 2 + X L2
+ V ab – + V bc –
+ V – ( ) X
∠V ab = ∠ (R + jX L )I = tan −1 L + ∠ I
V ab
⇒ ∠ I = ∠
R + jX
= ∠V ab − tan −1 L
X
R
ac
R L
ω (sentido positivo )
V bc b
V ab
c
a
V ac
Observar que o fasor V ac corresponde à soma dos fasores V ab e V bc .O fasor tensão V ab está em fase com o
fasor corrente I pois corresponde a uma queda de tensão em uma resistência; o fasor tensão V bc está 90°
adiantado do fasor corrente I pois corresponde a uma queda de tensão em uma indutância. Assim os
fasores V ab e V bc formam um ângulo reto e o ponto b encontra-se na semicircunferência cujo diâmetro é o
fasor V ac .
Exemplo I.9: Para o circuito abaixo determinar o diagrama fasorial contendo o fasor corrente e os fasores
queda de tensão em todos os seus componentes bem como o fasor tensão da fonte.
6Ω 100 µF
10 Ω
+
v(t ) = 100 2 cos 1000t
0,02 H
40 µF 4Ω
6 – j10
I b c
a
10
+
V ag d
j20
– j25 4
g f e
Solução (continuação):
I = 4 36,87 o
V cd
c
V ag = 100 0 o
g
a
d
V ab
V de V bc b
V ef
V fg
f
Solução alternativa: Para realizar a simulação do circuito anterior foram utilizados os arquivos
I_7a.mdl e I_7b.mdl; para realizar o traçado do diagrama fasorial mostrado a seguir foi utilizado o
arquivo I_7m.m.
O lugar geométrico ou “Locus” consiste em representar, no plano complexo, a variação de uma grandeza
(tensão, corrente, impedância) quando um parâmetro do circuito é alterado (por exemplo, uma resistência,
capacitância, indutância, freqüência, etc.).
R2 R1
+
b – +
a
Ve Vs
R2
C
d
a) O lócus do fasor tensão V s = V ab para R1 variando de zero a infinito.
b) O fasor V s , se R1 = 0 e se R1 = ∞ .
c) O valor de R1 para o qual V s está 90 o atrasado em relação à V e .
d) A expressão do ângulo entre V s e V e .
Solução:
a) Inicialmente, supõe-se que o fasor tensão de entrada tenha ângulo de fase nulo, ou seja, V e = V e 0 ,
tendo nos seus extremos os pontos c e d. As extremidades do fasor V s = V ab são os pontos a e b que
são determinados da seguinte maneira:
• O ponto b pode ser facilmente localizado, pois se encontra exatamente entre os pontos c e d (observar
que o divisor resistivo é formado por duas resistências iguais).
• O ponto a exige uma análise um pouco mais cuidadosa. A corrente que percorre este ramo do circuito,
I 1 , está adiantada em relação à V e , pois a natureza da impedância é capacitiva. Para qualquer valor
de R1 este fasor encontra-se no primeiro quadrante, ou seja, sua fase pertence ao intervalo 0 o ;90 o . [ ]
Considerando este fato, o sentido dos fasores queda de tensão V ad e V ca podem ser estabelecidos da
seguinte maneira: o fasor V ad encontra-se 90° atrasado em relação à corrente I 1 ; o fasor V ca
encontra-se em fase com a corrente I 1 . Assim, V ad e V ca são perpendiculares e vão constituir um
triângulo retângulo com o fasor V e .
O fato do ponto a ser o vértice reto de um triângulo retângulo faz com que seu locus seja uma
semicircunferência, conforme ilustra a figura a seguir. Assim, o locus do fasor V s = V ab compreende todos
os raios desta semicircunferência.
I1
V cd
Ve Ve
b Ve
d 2 2 c
α R1 → 0
V ca = R1 I 1
R1 → ∞
Es
V ad = − j ω1C I 1
Locus do
a ponto a
Solução (continuação):
b) Para R1 → ∞ , o ponto a tende para o ponto d e o fasor V s tende para o fasor V db ; para R1 → 0 , o
ponto a tende para o ponto c e o fasor V s tende para o fasor V cd .
c) Para V s estar 90 o atrasado em relação à V e é necessário que V ad = V ca , ou seja:
1 1 1
− j I 1 = R1 I 1 ⇒ I 1 = R1 I 1 ⇒ R1 =
ωC ωC ωC
d) Para a determinação do ângulo α basta verificar as relações do seguinte triângulo retângulo.
b
d c
γ α β
1
−j I1
ωC β R1 I 1
a
Assim, tem-se:
γ + 90 o + β = 180 o ⇒ γ = 90 o − β (a)
α
α + 2 β = 180 o ⇒ β = 90 − o
(b)
2
α α
Substituindo (b) em (a), chega-se a: γ = 90 o − 90 o − = ⇒ α = 2γ e
2 2
R1 I 1
γ = tan −1 (ωR1C )
R1
tan γ = = = ωR1C ⇒
1 1
− j I1 ωC
ωC
Logo, α = 2 tan −1 (ωR1C )
Solução alternativa: Para realizar a simulação do circuito anterior foram utilizados os arquivos I_8.mdl
e I_8m.m, considerando os seguintes valores para os componentes: R1=10 Ω, R2=50 Ω, C=100 µF e
V e = 50 2 0 o V (igual a 100 V de pico). Para estes valores, a tensão vs(t) de saída é dada pelo seguinte
gráfico (com um ângulo de fase que corresponde à –41,31o), resultando no diagrama fasorial dado. Os
demais pontos do lócus podem ser obtidos variando-se o valor da resistência R1 (observar que o gráfico
apresenta escalas diferentes para os eixos).
I1 Ve
vs(t)
Vs
I.4.1 – Definições
Ressonância é um fenômeno que pode ocorrer em circuitos que contêm, simultaneamente, indutores e
capacitores. De modo simplificado, a ressonância pode ser definida como a condição que existe em qualquer
sistema físico (por exemplo, elétrico, mecânico, hidráulico e acústico) quando uma função excitação
senoidal10 de amplitude fixa produz uma resposta de amplitude máxima.
A freqüência de ressonância ( f 0 ) é a freqüência da função excitação que produz ressonância neste sistema
quando os demais parâmetros permanecem inalterados. Tal freqüência corresponde à freqüência natural do
sistema e só depende dos parâmetros (RLC) do circuito.
Em uma rede elétrica com dois terminais contendo pelo menos um indutor e um capacitor, ressonância é a
condição que existe quando a impedância desta rede é puramente resistiva, ou seja, quando a tensão e a
corrente nos terminais de entrada da rede estão em fase.
V Z V
I R L C I
– –
1 1
Z= =
1
+
1
+
1 1 1
+ j ωC −
R jωL − j ωC
1
R ωL
V = Z⋅I
A corrente no circuito é imposta pela fonte, mas o fasor V depende do valor de Z . Assim, V é máximo
1 1
quando Z é máximo, isto é, quando + j ωC − é mínimo.
R ωL
Para uma dada freqüência fixa, o valor mínimo ocorre para:
1 1
ωC − =0 ⇒ C=
ωL ω 2L
ω
Para valores constantes de R, L e C, a freqüência de ressonância f = f 0 = 0 é obtida de:
2π
1 1
ω 0C − =0 ⇒ ω0 =
ω0 L LC
10
Entretanto, freqüentemente, fala-se em ressonância mesmo quando a função excitação não é senoidal
I R L I
+ +
V C V Z
1 1
Z = R + jωL − j = R + j ωL −
ωC ωC
V
I=
Z
A tensão do circuito é imposta pela fonte, mas o fasor I depende do valor de Z . Assim, I é máximo
1
quando Z é mínimo, isto é, quando R + j ωL − é mínimo.
ωC
Para uma dada freqüência fixa, o valor mínimo ocorre para:
1 1
ωL − =0 ⇒ C=
ωC ω 2L
ω
Para valores constantes de R, L e C, a freqüência de ressonância f = f 0 = 0 é obtida de:
2π
1 1
ω0L − =0 ⇒ ω0 =
ω 0C LC
Na Tabela I.2 encontram-se sugestões de exercícios, referentes aos assuntos tratados neste capítulo.
Um sistema polifásico é constituído por duas ou mais tensões iguais, com diferenças de ângulo de fase
(defasagens) fixas, conforme ilustra a Figura III.1.
100
V AN = Vφ 0 ω
+
50
0 V BN = Vφ − 90 o
+
V AN = Vφ 0
-50
N V BN = Vφ − 90 o
-100
0 90 180 270 360 450 540 630 720
V AN = Vφ 0 V CN = Vφ 120 o
100 + ω
50 V BN = Vφ − 120 o
+
0 V AN = Vφ 0
V CN = Vφ 120 o
+
-50
-100 N V BN = Vφ − 120 o
0 120 240 360 480 600 720
Denomina-se fase cada um dos elementos ou dispositivos que descrevem ou pertencem a cada um dos ramos
que compreendem o circuito polifásico. Para o sistema trifásico de tensões, ilustrado na Figura III.1, tem-se 3
fases (que correspondem a cada uma das 3 fontes) e um neutro (que corresponde ao condutor de retorno das
fases).
A seqüência em que as tensões de fases atingem seu valor máximo denomina-se seqüência de fase. A Figura
III.2 ilustra as duas seqüências possíveis para um sistema trifásico.
V CN = Vφ 120 o V BN = Vφ 120 o
ω ω
V AN = Vφ 0 V AN = Vφ 0
V BN = Vφ − 120 o V CN = Vφ − 120 o
Seqüências: Seqüências:
ABC – BCA – CAB ACB –BAC – CBA
Um sistema polifásico é dito simétrico quando apresenta a mesma amplitude em todas as fases e todos os
defasamentos iguais. Exemplos de sistemas trifásicos simétricos e assimétricos encontram-se na Figura III.3.
V CN ω
V AN = V BN = V CN = Vφ
α
α
α V AN 360 o
α= = 120 o
3
V BN
(a) Sistema trifásico simétrico.
V CN ω V CN ω
α α
α
α V AN β V AN
V BN V BN
V AN ≠ V BN α≠β
Tensão de fase corresponde à diferença de potencial existente entre cada uma das fases (que constituem os
dispositivos polifásicos) e o neutro (ou a referência de tensão). Tensão de linha corresponde à diferença de
potencial entre os condutores das linhas que conectam a fonte à carga. A Figura III.4 ilustra as diferentes
tensões de fase e de linha de um sistema polifásico com neutro genérico.
φ1
+ + +
Sistema V 1N V 12 V 1N
φ2 –
Polifásico . + +
nφ . V 2N V 2N
.
COM
φn – –
+
Neutro
V nN
N – – –
Tensões de
Tensões de Fase Linha
Quando os sistemas polifásicos são simétricos, é possível estabelecer relação (ou relações) entre a tensão de
fase e a tensão de linha (ou tensões de linha), conforme ilustrado para o sistema trifásico na Figura III.5.
( )
Observar que existem 3 tensões de fase V AN ;V BN ;V CN defasadas de 120° e seis tensões de linha (dois
conjuntos de 3 fasores defasados de 120°: V AB ;V BC ;V CA e V BA ;V CB ;V AC ).
V CN ω V CB
V CA
ω
V AN V CN V AB
V CA
V AB
V BC
V BN V AN
60 o V L = V AB = 2 V AN cos 30 o = 3 V AN
V AN
30 o V L = 3Vφ
120 o
V AB = V AN − V BN
30 o
V BN
(b) Relação entre a tensão de fase e de linha.
Figura III.4 – Tensão de fase e de linha em um sistema trifásico simétrico (seqüência ABC).
A relação entre os valores de fase e de linha depende do número de fases que compreende o sistema. Para um
sistema trifásico simétrico, ilustrado na Figura III.4(b), a relação entre qualquer tensão de linha VL e de fase
Vφ é dada por:
VL = 3Vφ
Exemplo III.1: Para um sistema trifásico com as seguintes tensões de fase, determinar:
v AN (t ) = Vmax cos(ωt )
( )
v BN (t ) = Vmax cos ωt − 120 o
vCN (t ) = Vmax cos(ωt + 120 )
o
Solução:
2π
a) Considerando a velocidade angular das tensões dadas, o período é igual a T = . Desta forma, o valor
ω
eficaz pode ser obtido através de1:
2π 2π
ω ω
∫0 [v AN (t )] dt = ∫0 [Vmax cos(ωt )] dt = cos 2 (ωt )dt =
1 T
= ω
∫ωV
eficaz 2 2 2
V AN
2π 2π
max
T 0
2π
1 + cos(2ωt ) sen (2ωt ) ω
2π 2π
ωVmax ωVmax
[1 + cos(2ωt )]dt = ωVmax
2 2 2
=
2π ∫ω
0 2
dt =
4π ∫ω 0 4π t + 2ω
0
=
=
ωVmax
2 2π sen 2ω 2π
+ ω
(
− 0 +
)
sen (2ω 0 )
=
ωVmax
2
2π sen (4π )
+ =
ωVmax
2
2π
=
4π ω 2ω 2ω 4π ω 2ω 4π ω
2
Vmax V
= = max
2 2
Como as formas de onda são idênticas, tem-se:
V
eficaz
V AN = VBN
eficaz
= VCN
eficaz
= max
2
b) Para a tensão de linha v AB (t ) = v AN (t ) − v BN (t ) , tem-se2:
v AB (t ) = Vmáx cos(ωt ) − Vmáx cos(ωt − 120°) = Vmáx {cos(ωt ) − [cos(ωt )cos(− 120°) − sen (ωt )sen (− 120°)]}
1 3
= Vmáx cos(ωt ) − − cos(ωt ) + sen (ωt ) = Vmáx cos(ωt ) − sen (ωt ) =
3 3
2 2 2 2
3
cos(ωt ) − sen (ωt ) = 3Vmáx cos(ωt + 30°)
1
= 3Vmáx
2 2
v AB (t ) = 3Vmáx cos(ωt + 30°)
Analogamente
v BC (t ) = 3Vmáx cos(ωt − 90°)
vCA (t ) = 3Vmáx cos(ωt + 150°)
c) Determinar o valor eficaz de vAB, vBC e vCA.
[ )]
2π 2π
eficaz
V AB =
1
T
2 ω ω
∫0 [v AB (t )] dt =
T
2π ∫ 0
2
3Vmax cos ωt + 30o dt =
ω ω
2π ∫ 0
2
(
3Vmax cos 2 ωt + 30o dt = ( )
2π
ω ω 1 + cos 2ωt + 60o ( ω ω
2π
) [ ( )]
2π ∫ 0 4π ∫ 0
= 2
3Vmax dt = 3V 2
max 1 + cos 2ωt + 60o dt =
2
( ) ( ) =
2π
=
(
ω sen 2ωt + 60o ω ) 2π π
ω 2π sen 2ω ω + 3 sen 2ω 0 + π3
t + = 3Vmax + − 0+
2 2
3Vmax
4π 2ω 0 4π ω 2ω 2ω
= 2
3Vmax
ω 2π sen 4π + π
+ 3
(
−
sen π3 ) ( ) = 2
3Vmax
ω 2π
=
2
3Vmax
=
3Vmax
4π ω
ω 2ω 2ω 4π 2 2
1
Lembrar que cos 2 a = 1 + cos 2a .
2
2 cos( a + b) = cos a cos b − sen a sen b
Lembrar que
3 1
cos( a + 30°) = cos a − sen a
2 2
Solução (continuação):
Como as formas de onda são idênticas, tem-se:
3Vmax
eficaz
V AB = VBC
eficaz
= VCA
eficaz
= = 3 V AN
eficaz
2
d) O diagrama fasorial das tensões é dado pela figura.
Exemplo III.2: Verificar a(s) relação(ões) entre a(s) tensão(ões) de linha e a tensão de fase para os sistemas
tetrafásico.
Solução: Para a seqüência de fase ABCD (direta), tem-se o seguinte diagrama fasorial das tensões de fase e
de linha. Neste caso, observar que existem dois valores distintos para a relação entre a tensão de fase e de
linha: para as fases adjacentes a tensão de linha é igual a VL = 2Vφ (diagonal de um quadrado cujo lado é
igual a Vφ ) ; para as fases opostas a tensão de linha é igual a VL = 2Vφ .
V DB
ω ω
V DN V DN
V DA V AB V CB V DC
V DN
V DA ω
V CD
V AN V AC V CA V CN
V CN V AN V CN V AN
V AC
V BD V AB
V BC V BN V BN
V BC V AD
V BN V CD V BA
V BD
V AB ; V BC ; V CD ; V DA
Tensões de Linha Adjacentes (L):
V BA ; V CB ; V DC ; V AD
Tensões de Fase (φ): V AN ; V BN ; V CN ; V DN
V AC ; V BD
Tensões de Linha Opostas:
V CA ; V DB
Como o sistema é constituído por 4 tensões de fase, existem 12 tensões de linha possíveis, oriundas das 12
formas de arranjar tais tensões dois a dois, pois A4, 2 = 4! (4 − 2)! = 4 ⋅ 3 = 12 . Utilizando-se parte destas tensões
de linha é possível constituir dois sistemas simétricos formados por quatro tensões de linha. O mais natural
deles é dado por V AB ; V BC ; V CD ; V DA (as primeiras letras do índice correspondem à seqüência das tensões de
fase, ou seja, ABCD; as segundas letras do índice iniciam pela segunda letra da seqüência de fase, ou seja,
BCDA).
Exercício III.1: Verificar a(s) relação(ões) entre a(s) tensão(ões) de linha e a tensão de fase para os sistemas
pentafásico e hexafásico. Utilizar representações gráficas, como as mostradas na Figura III.4.
O diagrama fasorial do circuito está mostrado na figura a seguir (observar que as cores não têm
correspondência com o gráfico anterior).
3
Disponível em http://slhaffner.phpnet.us/circuitos_b/matlab/
Em um sistema polifásico, os dispositivos podem ser conectados de diversas formas distintas, em função da
diversidade de fases disponíveis. Dois tipos básicos de ligações se destacam: em estrela (quando cada uma
das fases é conectada entre uma linha e um ponto comum O) e em malha (quando cada uma das fases é
conectada entre duas linhas). A ilustração das ligações estrela e malha para uma carga polifásica está
mostrada na Figura III.5.
I1 Z1
φ1
Sistema I2 Z2
φ2
Polifásico O
.
nφ
.
. In Zn
com ou
φn
sem
Neutro
N
I1
φ1
I2 Z 12
Sistema φ2
Polifásico I3 Z 23
nφ φ3 Z n1
.
com ou
.
sem
. Z (n −1)n
Neutro In
φn
Uma carga polifásica é dita equilibrada quando for constituído por fases idênticas. Neste caso, quando o
sistema de alimentação é simétrico é fácil obter uma expressão de equivalência para os dois tipos de ligação
(estrela e malha) como será mostrado a seguir. Sejam:
I 1∆ =
V 12 V 1n
+
Z∆ Z∆ Z∆
=
1
(
V 1N − V 2 N + V 1N − V nN )
I 1∆ =
1
Z∆
(
2V 1N − V 2 N − V nN ) (1)
360 o
Considerando θ = , onde n é o número de fases do sistema, tem-se:
n
V 1N = Vφ 0 (2.a)
V 2 N = Vφ − θ (2.b)
V nN = Vφ θ (2.c)
I 1∆ = =
1
Z∆
(
2 ⋅ Vφ 0 − Vφ − θ − Vφ θ = )
Vφ
Z∆
(
2 −1 −θ −1 θ = )
Vφ V
= [2 − (cosθ − j sen θ ) − (cosθ + j senθ )] = φ [2 − 2 cosθ ]
Z∆ Z∆
2Vφ
I 1∆ = [1 − cosθ ] (3)
Z∆
V 1N Vφ 0 Vφ
I 1Y = = = (4)
ZY ZY ZY
2Vφ Vφ
[1 − cosθ ] = ⇒
2
[1 − cosθ ] = 1
Z∆ ZY Z∆ ZY
Z ∆ = 2 Z Y [1 − cosθ ] (5)
Observar que a expressão (5) pode ser aplicada para qualquer sistema polifásico. Em particular, para o
sistema trifásico, no qual n = 3 , tem-se:
360
Z ∆ = 2 Z Y 1 − cos [ ]
= 2Z Y 1 − cos120 = 2Z Y [1 − (−1 2 )]
o
3
Z ∆ = 3Z Y (6)
Freqüentemente, os sistemas polifásicos podem ser resolvidos com a utilização de circuitos equivalentes
monofásicos, independentemente do número de fases existentes. Isto pode ser observado no exemplo da
Figura III.6, no qual dois sistemas trifásicos diferentes (ligação estrela com neutro e malha ou triângulo) são
subdivididos nos seus circuitos equivalentes.
φA IA
Sistema
φA ZA
1
mais N 1 IN
IA ZA Neutro
φA
Sistema
IB ZB φB IB
φB Sistema
Trifásico
3φ
IC ZC φB ZB
φC mais 2 IN
2
COM N
Neutro
Neutro IN
N
φC IC
Sistema
φC ZC
1 2 3
I N = −I A − I B − I C = I N + I N + I N
3
mais N 3 IN
Neutro
1
φ 1A IA
Sistema
φA Z AB
1
mais φ 1
B
IB
IA φB
φA
Sistema 2
IB Z AB φ B2 IB
Trifásico φB Z CA
Sistema
3φ
IC Z BC φB Z BC
φC
2
com ou mais φ 2 IC
φC
C
sem
Neutro IN
N 3
φ C3 IC
Sistema
1 3
IA = IA + IA φC Z CA
1 2 3
IB = IB +I B mais φ 3 IA
φA
A
2 3
IC = IC + IC
Para a conexão em estrela com neutro (Figura III.6a), o sistema polifásico é dividido em três sistemas
monofásicos nos quais as impedâncias das cargas são submetidas à tensão de fase do sistema de
alimentação. Observar que a corrente que circula nas fases do circuito é igual à corrente que circula nas fases
dos circuitos equivalentes (vide Figura III.6a). Por outro lado, a corrente que circula no condutor neutro (N)
é igual à soma das correntes que circulam nos condutores neutros dos três circuitos equivalentes, ou seja,
1 2 2
I N = I N + I N + I N = −I A − I B − I C .
Para a conexão em malha ou triângulo (Figura III.6b), o sistema polifásico é dividido em três sistemas
monofásicos nos quais as impedâncias das cargas são submetidas à tensão de linha do sistema de
alimentação. Observar que a corrente que circula nas fases do circuito é igual à soma da corrente que circula
1 3
nas respectivas fases dos circuitos equivalentes (por exemplo, I A = I A + I A ).
Define-se como corrente de fase (cujo módulo é notada por I φ ) como a corrente que percorre as fases que
constituem os dispositivos polifásicos de geração ou as cargas. Define-se como corrente de linha (cujo
módulo é notada por I L ) como a corrente que percorre as linhas que conectam os dispositivos polifásicos ao
restante do circuito. A Figura III.7 ilustra as correntes de fase e de linha para as ligações estrela e malha.
I L1 I φ1 Z1
φ1
I L1 = I φ1
Sistema I L2 I φ2 Z2 I L2 = Iφ2
φ2 M
Polifásico O
. =
nφ I Ln I φn
.
I Ln . I φn Zn
com ou φn
sem
Neutro
IN IL = Iφ
N
I L1
φ1
I L2 I φ12 Z 12
Sistema φ2 I L1 = I φ12 − I φn1
I L2 = I φ 23 − I φ 12
Polifásico I L3 I φ 23 Z 23
nφ φ3 Z n1 I L3 = I φ 34 − I φ 23
. M
com ou
sem
. I Ln = I φn1 − I φ (n −1)n
. I φ (n −1)n Z (n −1)n I φn1
Neutro I Ln
φn
Exercício III.2: Para a carga desequilibrada conectada em triângulo, determinar o equivalente em estrela4.
Simulação MATLAB: Utilizando os arquivos de simulação é possível verificar os resultados obtidos. Para a
simulação deste circuito foi utilizado o arquivo III_9.mdl. Observa-se que quando as duas cargas
equivalentes são conectadas a uma mesma fonte trifásica as correntes são idênticas, razão pela qual as
potências fornecidas pelas fontes individualmente são as mesmas para ambas as conexões. Embora a
potência desenvolvida em cada uma das impedâncias seja diferente, as fontes “enxergam” o conjunto como
uma coisa só, estando a carga ligada em triângulo ou em estrela. Por isso, o somatório das potências na carga
é igual nas duas situações.
Exercício III.3: Um sistema ABC trifásico equilibrado a três condutores, V AB = 110 120o V, alimenta uma
carga em triângulo, constituída por três impedâncias iguais de Z ∆ = 5 45o Ω. Determinar as correntes de
linha I A , I B e I C 5.
Simulação MATLAB: Utilizando os arquivos de simulação é possível reproduzir os resultados. Para a
simulação deste circuito foi utilizado o arquivo III_2a.mdl do qual obtém-se os valores de regime
permanente (“Steady state”) por intermédio do bloco “powergui”.
Observar que no arquivo de simulação foi utilizada uma fonte em estrela, razão pela qual as magnitudes das
tensões das fontes correspondem aos valores de fase e os ângulos de fase foram ajustados (90o para a fase A).
Além disto, todos os valores das tensões e das correntes correspondem aos valores de pico ( 110 2 = 89,81 V e
3
38,1 2 = 53,88 A). Um equivalente por fase (para a fase A) encontra-se no arquivo III_2b.mdl.
Exercício III.4: Um sistema CBA trifásico equilibrado a quatro condutores, V AB = 208 − 120o V, alimenta
uma carga em estrela, constituída por impedâncias de Z Y = 20 − 30o Ω. Calcular as correntes de linha e a
corrente de neutro I A , I B , I C e I N 6.
Respostas: Z 1 = 5 0 o Ω, Z 2 = 10 90 o Ω, Z 3 = 10 0 o Ω.
4
5
Respostas: I A = 38,1 45o A, I B = 38,1 − 75o A e I C = 38,1 165o A.
6
Respostas: I A = 6 − 60o A, I B = 6 60o A, I C = 6 180o A e I N = 0
Exercício III.5: Um sistema CBA trifásico equilibrado a quatro fios, V AB = 208 − 120o V, alimenta uma
carga em estrela com Z A = 6 0o Ω, Z B = 6 30o Ω e Z C = 5 45o Ω. Determinar as correntes de linha e a
corrente no neutro I A , I B , I C e I N 7.
7
Respostas: I A = 20 − 90 o A, I B = 20 0 o A, I C = 24 105o A e I N = 14,1 − 167 o A.
Quando a ligação é realizada em estrela sem neutro, a relação tensão/corrente vai depender do fasor tensão
do ponto O com relação ao neutro, V ON , conforme ilustra a Figura III.8.
V 1N φ1 I1 Z1
+ V 1N − V ON
I1 =
Z1
V 2N I2 Z2 V 2 N − V ON
φ2 I2 =
+ Z2
O
N M
.
V nN − V ON
V nN
.
In Zn In =
φn . Zn
+
Para determinar o fasor V ON , utiliza-se o circuito equivalente de Norton, conforme mostrado na Figura III.9.
O
+ O Z TH O
Z1 Z2 Zn
+ +
. . . V ON I SC Z NORTON V TH
I1 I2 In V ON V ON
+ + + –
V 1N V 2N V nN
– N N
N
Observar que este resultado poderia, também, ser obtido aplicando-se a LKC no ponto O,
I1 + I 2 +K+ I n = 0
Substituindo as expressões das correntes (vide Figura III.8), tem-se:
V 1N − V ON V 2 N − V ON V nN − V ON
+ +K+ =0
Z1 Z2 Zn
V 1N V 2 N V nN 1 1 1
+ +K+ − V ON + +K+ =0
Z1 Z2 Zn Z1 Z 2 Zn
Isolando V ON , chega-se a mesma expressão anterior, ou seja:
Z4 I SC
644 74448 64444744448
NORTON
1 V 1N V 2 N V nN
V ON = + +K+
1 1
1 Z1 Z Z
n
+ +K+ 2
Z1 Z 2 Zn
Quando a ligação é realizada em malha, a relação tensão/corrente pode ser obtida diretamente, conforme
ilustra a Figura III.10.
V 1N I1
+ φ1
V 12 V n1
I 12 I1 = I 12 − I n1 = −
V 2N I2 Z 12 Z 12 Z n1
+ φ2
V 23 V 12
I2 = I 23 − I 12 = −
Z 23 Z 12
N V 3N I3
I 23 Z 23 V 34 V 23
+
φ3 Z n1 I3 = I 34 − I 23 = −
Z 34 Z 23
I n1 M
.
. V 1n V (n −1)n
. I (n −1)n Z (n −1)n In = I n1 − I (n −1)n = −
V nN In Z 1n Z (n −1)n
+ φn
A partir das expressões mostradas anteriormente, é possível particularizar para o caso mais freqüente de
sistemas polifásicos que corresponde aos sistemas trifásicos compostos por cargas equilibradas ou não e
alimentado por fontes simétricas.
Para a ligação estrela com neutro, cada fase estará submetida à tensão de fase, conforme mostra a Figura
III.11.
I L1 I φ1 Z1
φ1
V 1N V φ1
I L1 = I φ1 = =
Sistema Z1 Z1
I L2 Iφ2 Z2
φ2 I L2 = I φ2 =
V 2N
=
V φ2
Trifásico Z2 Z2
3φ I L3 I φ3 Z3 V 3N V φ3
φ3 I L3 = I φ3 = =
Z3 Z3
COM IN = − I φ1 − I φ 2 − I φ 3 =
Neutro IN = − I L1 − I L 2 − I L 3
N
Exercício III.6: Utilizando o diagrama fasorial das correntes de fase e de linha da carga trifásica da Figura
III.12, demonstrar geometricamente a expressão VL = 2Vφ cos 30o = 3Vφ .
Para a ligação triângulo, cada fase estará submetida à tensão de linha, conforme mostra a Figura III.12.
I L1
Sistema φ1
V 12
I φ 12 =
Trifásico I L2 I φ 12 Z 12 I L1 = I φ 12 − I φ 31 Z 12
3φ φ2 V 23
Z 31 I φ 31 I L2 = I φ 23 − I φ 12 I φ 23 =
Z 23
com ou I L3 I φ 23 Z 23 I L3 = I φ 31 − I φ 23 V 31
sem φ3 I φ 31 =
Z 31
Neutro
Supondo que as tensões de alimentação são simétricas, tem-se, para uma carga equilibrada,
Z 12 = Z 23 = Z 31 = Z :
V
Iφ = I φ = L
Z
IL = I L1 = I φ 12 − I φ 31 = I φ α − I φ α ± 120 o = I φ α + I φ α ± 60 o =
= 2 I φ cos 30 o = 3I φ
Exercício III.7: Utilizando o diagrama fasorial das correntes de fase e de linha da carga trifásica da Figura
III.12, demonstrar geometricamente a expressão I L = 2 I φ cos 30o = 3I φ .
Para a ligação estrela sem neutro, cada fase da carga está submetida à diferença de potencial entre o fasor
tensão de fase e o fasor tensão do centro da estrela (ponto O), conforme mostra a Figura III.13.
V 1O V φ 1 − V ON
I L1 = I φ 1 = =
Z1 Z1
V V φ 2 − V ON
I L2 = I φ 2 = =
2O
I L1 I φ1 Z1
Sistema φ1 Z2 Z2
V 3O V φ 3 − V ON
I L3 = I φ 3 = =
Trifásico I L2 I φ2 Z2 Z3 Z3
3φ φ2
O
com ou I L3 I φ3 Z3 V ON = I SC Z NORTON
sem φ3 V φ1 V φ 2 V φ 3
I SC = + +
Neutro Z1 Z2 Z3
1
Z NORTON = Z 1 // Z 2 // Z 3 =
1 1 1
+ +
Z1 Z2 Z3
Figura III.13 – Carga trifásica em ligação estrela sem neutro.
Neste caso, inicialmente, é necessário determinar o fasor tensão deslocamento de neutro, V ON , para,
posteriormente, determinar os fasores das correntes de fase que são iguais aos fasores das correntes de linha:
Iφ = I L
Supondo que as tensões de alimentação sejam simétricas, tem-se, para uma carga equilibrada,
Z 1 = Z 2 = Z 3 = Z , logo8:
644 47 =0 44 48
V ON =
V φ1 V φ 2 V φ 3 1
Z1
+
Z2
+
Z3
(
= V φ1 + V φ 2 + V φ 3 = 0
Z
)
e, portanto, o ponto O coincide com o neutro do sistema e as correntes de fase e de linha podem ser obtidas
diretamente através de:
V φ1
I L1 = I φ1 =
Z
V φ2
I L2 = I φ 2 =
Z
V φ3
I L3 = I φ 3 =
Z
Exercício III.8: Um sistema trifásico CBA equilibrado a três fios, V AB = 208 − 120o V, tem carga ligada em
estrela com Z A = 6 0 o Ω, Z B = 6 30o Ω e Z C = 5 45o Ω. Determinar as correntes de linha I A , I B e I C e o
fasor tensão em cada impedância. Determinar, também, a tensão de deslocamento do neutro, V ON 9.
8
Vide expressão (7).
9
Respostas: I A = 23,3 − 98,9 o A, I B = 15,45 − 2,5o A, I C = 26,5 116,6 o A, V AO = 139,8 − 98,9 o V, V BO = 92,7 27,5o V,
V AB
V AN
V AB = 208 − 120o
V CN V AN
Como exemplo, na figura a seguir a corrente na impedância Z C = 5 45o , em destaque na janela “Steady
State Computations -- System: Exer_III.6”, é dada pelo seu valor de pico I C = 26,5 2 116,6o = 37,47 116,6o A
(pico).
Exercício III.9: Refazer o Exercício III.6 considerando um sistema trifásico ABC equilibrado a três fios
com V AB = 208 − 120o 10.
Simulação MATLAB: Para verificação dos resultados, pode ser utilizando o mesmo arquivo do exercício
anterior, alterando-se as fases das fontes de tensão, pois a tensão de linha conhecida deve ser transformada
em tensões de fase, conforme ilustração a seguir.
ω
V CN V BN
V AN
V AB = 208 − 120o
V AB
V BN V AN V CN
10
Respostas: I A = 20,00 − 165,07 o A, I B = 24,93 64,60 o A, I C = 19,40 − 63,58 o A, V AO = 120,00 − 165,07 o V,
Considere um sistema genérico conectado a n fios e alimentado por tensões e correntes senoidais conforme
ilustra a Figura III.14.
i1 (t )
v1 (t )
*
S1 = V 1 ⋅ I1
i 2 (t ) SISTEMA
v 2 (t )
*
S2 =V 2 ⋅ I2
nφ
.
. .
(com ou .
. sem .
i n (t ) neutro)
v n (t )
*
Sn =V n ⋅ In
γk
α kn Ik
βk
Re
( )
Pnφ = Re S nφ = V1n I1 cos γ 1 + V2 n I 2 cos γ 2 + K + V(n−1)n I (n−1) cos γ (n−1)
1444444444 424444444444 3
(12)
(n −1) termos
( )
Qnφ = Im S nφ = V1n I1 sen γ 1 + V2 n I 2 sen γ 2 + K + V(n −1)n I (n −1) sen γ (n −1)
144444444424444444443
(13)
(n −1) termos
CONCLUSÃO (Teorema de Blondell): “A potência ativa de um circuito a n fios pode ser determinada
através da soma algébrica das leituras de (n-1) wattímetros desde que os sensores de corrente sejam
colocados em (n-1) fios diferentes e todos os sensores de potencial sejam referidos ao fio restante”.
De forma análoga, pode-se estender tal teorema para a potência reativa: “A potência reativa de um circuito a
n fios pode ser determinada através da soma algébrica das leituras de (n-1) varímetros desde que os sensores
de corrente sejam colocados em (n-1) fios diferentes e todos os sensores de potencial sejam referidos ao fio
restante”.
Para um sistema trifásico qualquer (a três ou quatro fios, ou seja, com ou sem condutor neutro), conforme o
ilustrado na Figura III.16, a potência complexa fornecida pelo Sistema A para o Sistema B é dada por:
I1
φ1 V 1N
I2
φ2 V 2N
Sistema A Sistema B
I3
φ3 V 3N
IN
N
* * *
S 3φ = V 1N ⋅ I 1 + V 2 N ⋅ I 2 + V 3 N ⋅ I 3
logo,
( )
P3φ = Re S 3φ = V1N I1 cosθ1 + V2 N I 2 cosθ 2 + V3 N I 3 cosθ 3
Q3φ = Im(S ) = V
3φ θ + V2 N I 2 sen θ 2 + V3 N I 3 sen θ 3
1 N I1 sen 1
S 3φ = P3φ + jQ3φ
Exercício III.10: Dois sistemas trifásicos em equilíbrio, x e Y, estão interconectados por linhas cuja
impedância é igual a Z = (1 + j 2 ) Ω. As tensões de linha dos sistemas x e Y são, respectivamente,
V ab = 12 0o kV e V AB = 12 5o kV, como mostrado na figura abaixo. Determinar qual sistema é a fonte, qual é
a carga e a potência média fornecida pela fonte e dissipada pela carga11.
Z
+ +
V ab Z V AB
– –
Sistema x Sistema Y
Z
V aN
V ab V bN V aN
V bN V ab = 12 0 o
11
Respostas: O Sistema Y (fonte) fornece potência para o Sistema x (carga). A potência média fornecida pelo Sistema Y é 5,13 MW;
a potência média dissipada pelo Sistema x é 4,91 MW; a diferença entre os valores anteriores é dissipada na linha de transmissão.
Simulação MATLAB (continuação): Na figura a seguir observa-se em destaque o valor da potência média
fornecida para cada um dos sistemas.
Exercício III.11: Um sistema simétrico de tensões trifásicas ABC alimenta uma carga conectada em estrela
com neutro. Sabendo que Z A = (4 + j3) Ω, Z B = (3 − j 4 ) Ω, Z C = 5 Ω e V L = 50 3 V, determinar:
a) S A = (400 + j 300) VA, S B = (300 − j 400) VA, S C = 500 W, FPA = 0,8 , FPB = 0,6 e FPC = 1 .
12
Respostas:
b) S 3φ = (1200 − j100) VA e FP3φ = 0,9965 .
=
1
2
[cos θ + cos (2ωt + 2φ − θ + 120 )] o
( ) (
cos ωt + φ + 120 o cos ωt + φ + 120 o − θ ) =
1
2
[cos θ + cos (2ωt + 2φ + 240 − θ )] =
o
=
1
2
[cos θ + cos (2ωt + 2φ − θ − 120 )] o
I 12 V 2 N = 12600 − 120o V
V 2N Z2 I2 Z 12
+ b V 3 N = 12600 120o V
N Z 31
I 23 Z 1 = Z 2 = Z 3 = (2 + j 20) Ω
V 3N I3 Z 23
Z 12 = Z 23 = Z 31 = (2514 − j900 ) Ω
Z3 I 31
+ c
13
Foi utilizada a seqüência ABC, mas o resultado permanece válido para a seqüência ACB.
[cos(a − b ) + cos(a + b )]
1
14
Lembrar que: cos a cos b =
2
15
Observar que o resultado obtido pode ser estendido para qualquer sistema polifásico simétrico que alimente cargas equilibradas, ou
seja, a potência polifásica instantânea fornecida para um sistema equilibrado, alimentado por tensões simétricas, é constante.
Solução:
a) O circuito equivalente para a Fase 1 é dado por:
Z1 I1
a
+
+ Z∆
V 1N
V aN ZY = = 838 − j 300
3
–
A partir do circuito equivalente pode-se determinar a corrente de linha da Fase 1, sendo as correntes das
demais fases obtidas aplicando o mesmo defasamento observado nas tensões, ou seja, I 2 deve estar atrasado
de 120o com relação à I 1 e I 3 deve estar adiantado de 120o com relação à I 1 :
V 1N 12600 12600
I1 = = = = 14,2302 18,43o = 13,5 + j 4,5
Z1 + Z Y 2 + j 20 + 838 − j 300 840 − j 280
I 2 = 14,2302 − 101,57 o = −2,8529 − j13,9413
I 3 = 14,2302 138,43o = −10,6471 + j 9,4413
b) Como o circuito é equilibrado, as tensões de fase na carga para a Fase 1 podem ser obtidas a partir do
circuito equivalente, empregando divisor de tensão:
ZY 838 − j 300
V aN = V 1N = 12600 = 12666,07 − 1,26o = 12663 − j 279
Z1 + ZY 2 + j 20 + 838 − j 300
Para as demais fases é aplicada a mesma defasagem utilizada na determinação das correntes:
V bN = 12666,07 − 121,26o = −6573,12 − j10826,98
V cN = 12666,07 118,74o = −6089,88 + j11105,98
As tensões de linha podem ser obtidas pelas diferenças entre as tensões de fase:
V ab = V aN − V bN = 21938,28 28,74o = 19235,71 + j10548,71
V bc = V bN − V cN = 21938,28 − 91,26o = −482,41 − j 21932,97
V ca = V cN − V aN = 21938,28 148,74o = −18753,30 + j11384,26
Observar que as tensões de linha apresentam um módulo que é 3 vezes o módulo das tensões de fase e
uma fase adiantada de 30o em relação às respectivas tensões de fase (isto é válido para a seqüência ABC).
c) As correntes de fase na carga podem ser obtidas de diversas formas. Inicialmente será determinada a
partir das tensões de linha, sendo dadas por:
V ab 19235,71 + j10548,71
I 12 = = = 8,2158 48,44o = 5,4507 + j 6,1473
Z 12 2514 − j 900
V bc − 482,41 − j 21932,97
I 23 = = = 8,2158 − 71,56o = 2,5984 − j 7,7941
Z 23 2514 − j900
V ca − 18753,30 + j11384,26
I 31 = = = 8,2158 168,44o = −8,0491 + j1,6468
Z 31 2514 − j900
Solução (continuação):
Outra forma, válida inclusive para circuitos desequilibrados, é a partir das equações de malha do circuito que
são dadas por:
V 1N Z1 I1 a
+
I 12
IA
Z 12
V 2N Z2
+ I2 b
N Z 31
I 23
IC
IB
V 3N Z 23
Z3 I3 I 31
+ c
( ) ( )
− V 1N + Z 1 I A + Z 12 I A − I C + Z 2 I A − I B + V 2 N = 0
− V + Z (I − I ) + Z (I − I ) + Z I + V
2N 2 B A 23 B C 3 B 3N =0
Z (I − I ) + Z (I − I ) + Z I = 0
23 C B 12 C A 31 C
(Z 1 )
+ Z 12 + Z 2 I A − Z 2 I B − Z 12 I C = V 12
( )
− Z 2 I A + Z 2 + Z 23 + Z 3 I B − Z 23 I C = V 23
(
− Z 12 I A − Z 23 I B + Z 12 + Z 23 + Z 31 I C = 0 )
(2518 − j860)I A − (2 + j 20)I B − (2514 − j900)I C = 12600 3 30o
− (2 + j 20)I A + (2518 − j860 )I B − (2514 − j 900)I C = 12600 3 − 90o
− (2514 − j 900 )I A − (2514 − j 900 )I B + (7542 − j 2700)I C = 0
Solução (continuação):
90 15
120 60
I3 10
150 I 12 30
5
I1
180 I 32 0
210 330
I 23
240 300
I2 270
d) Em função do equilíbrio do circuito, a potência fornecida pela fonte trifásica corresponde a três vezes a
potência fornecida pelas fontes individualmente. Para a fonte da Fase 1, tem-se:
( )
S 1 = V 1 I 1 = 12600 ⋅ 14,2302 18,43o = 179300 − 18,43o = (170104 − j 56685) VA
* *
e) Em função do equilíbrio do circuito, a potência dissipada nas três fases do circuito é idêntica, sendo a
potência total dissipada na carga igual à potência dissipada em uma das fases, que pode ser determinada
no circuito equivalente por fase:
2
P1φ = RY ⋅ I 1 = 838 × 14,23022 = 169693 W
P3φ = 3P1φ = 3 × 169693 = 509081 W
Observar que o mesmo resultado pode ser obtido para a carga conectada em triângulo, pois a potência ativa
dissipada em cada carga, neste caso, é dada por:
2
P1φ = R∆ ⋅ I 12 = 2514 × 8,21582 = 169693 W
f) O percentual da potência fornecida pela fonte que é dissipada pela carga é determinado a partir dos
resultados obtidos nos Itens (d) e (e):
P(% ) =
509081
100% = 99,75%
510312
Na Tabela III.1 encontram-se sugestões de exercícios, referentes aos assuntos tratados neste capítulo.
Para o indutor da Figura IV.1 excitado por uma corrente variável i1 (t ) , tem-se:
1
Sentido → regra da mão direita
i1 (t )
φ11 (t ) = B ⋅ A
+
v1 (t ) φ1 (t ) = φ11 (t )
–
B – indução média sobre uma espira [T]
A – área de uma espira [m2]
N1 espiras
Ψ1 (t ) = L1i1 (t ) (1)
v1 (t ) = Ψ1 (t ) = [L1i1 (t )] = L1 i1 (t )
d d d
(Lei de Faraday) (2)
dt dt dt
sendo:
Ψ1 (t ) N1φ1 (t )
L1 = = (3)
i1 (t ) i1 (t )
Indutância mútua é o parâmetro que relaciona a parcela do fluxo concatenado em um enrolamento com a
corrente no enrolamento que produziu este fluxo.
φ 21 (t )
φ ()
φ12 (t )
φ11 (t )
1 () 2
φ 22 (t )
i1 (t ) i 2 (t )
+ +
v1 (t ) v 2 (t )
– –
N2 espiras
N1 espiras
Fluxo em 1: Fluxo em 2:
φ1 (t ) = φ11 (t ) + φ12 (t ) φ 2 (t ) = φ 22 (t ) + φ 21 (t )
De acordo com a Figura IV.2, quando existe a circulação de uma corrente i1 (t ) no enrolamento 1 ocorre o
surgimento de um fluxo no enrolamento 2 ( φ 21 (t ) é o fluxo que passa por L2 e é produzido por L1). A tensão
induzida em 2 é proporcional à variação do fluxo concatenado Ψ21 (t ) = N 2φ 21 (t ) :
Ψ21 (t )
Ψ21 (t ) = Mi1 (t ) (pela definição de fluxo concatenado) M= (4)
i1 (t )
v2 (t ) = Ψ21 (t ) = [Mi1 (t )]
d d
dt dt
v 2 (t ) = M i1 (t )
d
(5)
dt
Ψ12 (t )
Ψ12 (t ) = Mi2 (t ) (pela definição de fluxo concatenado) M = (6)
i2 (t )
v1 (t ) = Ψ12 (t ) = [Mi2 (t )]
d d
dt dt
v1 (t ) = M i 2 (t )
d
(7)
dt
O fluxo produzido por um enrolamento não é totalmente acoplado pelo outro. A relação entre o fluxo mútuo
concatenado nos enrolamentos ( Ψ21 (t ) = N 2φ 21 (t ) e Ψ12 (t ) = N1φ12 (t ) ) e o fluxo concatenado total no
enrolamento produtor ( Ψ1 (t ) = N1φ1 (t ) e Ψ2 (t ) = N 2φ 2 (t ) , para os enrolamentos 1 e 2, respectivamente) é
denomina-se coeficiente de acoplamento, representado por K (0 ≤ K ≤ 1) :
Ψ21 (t )
Fluxo mútuo φ 21 (t ) N Ψ (t )
Ψ21 (t ) = 2 KΨ1 (t )
N2 N
K= = = = 1 21
Fluxo total φ1 (t ) Ψ1 (t ) N 2 Ψ1 (t ) N1
(8.1)
N1
Ψ12 (t )
Fluxo mútuo φ12 (t ) N Ψ (t )
Ψ12 (t ) = 1 KΨ2 (t )
N1 N
K= = = = 2 12
φ 2 (t ) Ψ2 (t ) N1 Ψ2 (t )
(8.2)
Fluxo total N2
N2
Aplicando (8.1) em (4) e (8.2) em (6), chega-se a:
KΨ1 (t )
N2
M=
Ψ21 t ( ) =
N1 N KL1i1 (t ) N 2
= 2 = KL1 (considerando i2 (t ) = 0 ) (9)
i1 (t ) i1 (t ) N1 i1 (t ) N1
KΨ2 (t )
N1
Ψ12 (t ) N 2 N KL2 i2 (t ) N1
M= = = 1 = KL2 (considerando i1 (t ) = 0 ) (10)
i2 (t ) i2 (t ) N 2 i2 (t ) N2
Multiplicando (9) por (10), tem-se:
N N
M 2 = 2 KL1 × 1 KL2 = K 2 L1 L2
N1 N2
M = K L1 L2
Assim, a indutância mútua M de dois enrolamentos é proporcional ao coeficiente de acoplamento K e à média
geométrica de suas indutâncias próprias L1 e L2.
Na Figura IV.2, quando existe circulação de corrente em ambos enrolamentos, tem-se um fluxo total
concatenado no enrolamento 1 formado por uma parcela própria ( Ψ11 ) e uma parcela mútua ( Ψ12 ) produzida
pelo enrolamento 2: Ψ1 (t ) = Ψ11 (t ) + Ψ12 (t ) . Analogamente, para o enrolamento 2, tem-se um fluxo total
concatenado formado por uma parcela própria ( Ψ22 ) e uma parcela mútua ( Ψ21 ) produzida pelo enrolamento
1: Ψ2 (t ) = Ψ22 (t ) + Ψ21 (t ) . De acordo com a Lei de Faraday, em ambos enrolamentos, a tensão induzida será
igual à derivada do fluxo concatenado com relação ao tempo:
v1 (t ) = Ψ1 (t ) = [Ψ11 (t ) + Ψ12 (t )] = Ψ11 (t ) + Ψ12 (t ) = [L1i1 (t )] + [Mi2 (t )]
d d d d d d
(11)
dt dt dt dt dt dt
v2 (t ) = Ψ2 (t ) = [Ψ22 (t ) + Ψ21 (t )] = Ψ22 (t ) + Ψ21 (t ) = [L2 i2 (t )] + [Mi1 (t )]
d d d d d d
(12)
dt dt dt dt dt dt
v1 (t ) = L1 i1 (t ) + M i2 (t )
d d
(13)
dt dt
v 2 (t ) = M i1 (t ) + L2 i 2 (t )
d d
(14)
dt dt
Para o regime permanente senoidal, podem-se escrever as seguintes expressões no domínio da freqüência:
V 1 = jωL1 I 1 + jωM I 2
V 2 = j ωM I 1 + j ωL 2 I 2
V 1 = jX 1 I 1 + jX M I 2 (15)
V 2 = jX M I 1 + jX 2 I 2 (16)
X M = ωM = ωK L1 L2 = K ωL1ωL2 ⇒ X M = K X1X 2
I1 I2
+ +
jX 1 jX 2
V1 V2
+ +
jX M I 2 jX M I 1
– –
Figura IV.3 – Circuito equivalente das bobinas magneticamente acopladas da Figura IV.2.
Caso o sentido de um dos enrolamentos (por exemplo, o enrolamento 2) fosse invertido, o fluxo próprio de cada
enrolamento se oporia ao fluxo mútuo acoplado pelo outro e a tensão induzida teria polaridade oposta à queda
de tensão própria, resultando nas seguintes expressões:
V 1 = jX 1 I 1 − jX M I 2 (15a)
V 2 = − jX M I 1 + jX 2 I 2 (16a)
I1 I2
+ +
jX 1 jX 2
V1 V2
jX M I 2 jX M I 1
– + + –
Para duas bobinas, só existem duas posições relativas para os fluxos produzidos: ou estão no mesmo sentido ou
em sentidos opostos. Deste modo, a posição relativa das bobinas pode ser representada através da convenção ou
regra dos dois pontos:
Corrente entrando pelo ponto no indutor 1 induz tensão no indutor 2 com o positivo no ponto de 2.
Para dois indutores, são possíveis as quatro situações ilustradas na Figura IV.5.
I1 I2
I1 I2
K
+ +
+ • • +
jX 1 jX 2
V1 V2 V1 V2
+ +
– – jX M I 2 jX M I 1
– –
I1 I2
I1 I2
+ +
+ +
jX 1 jX 2
V1 V2 V1 V2
+ +
– • • – jX M I 2 jX M I 1
K – –
I1 I2
I1 I2
+ +
+ • +
jX 1 jX 2
V1 K V2 V1 V2
– • – jX M I 2 jX M I 1
+ +
– –
I1 I2
I1 I2
+ +
+ • +
jX 1 jX 2
V1 K V2 V1 V2
– • – jX M I 2 jX M I 1
+ +
– –
Exemplo IV.1: Sabendo que o circuito a seguir encontra-se em regime permanente, determinar as correntes de
malha e a potência dissipada nas resistências.
5Ω 12,5 mH
+ •
v(t ) = 100 2 cos(400t ) i1 (t ) i2 (t ) 10 Ω
K=0,8
25 mH 50 mH
•
Solução: Considerando as polaridades indicadas na Figura IV.6, o circuito equivalente em regime permanente
é dado pela figura a seguir. Os valores das impedâncias correspondentes às indutâncias próprias e mútua são
dados por:
própria de 12,5 mH: j 400 × 12,5 × 10 −3 = j 5 Ω
própria de 25 mH: j 400 × 25 × 10 −3 = j10 Ω
própria de 50 mH: j 400 × 50 × 10 −3 = j 20 Ω
mútua de 25 mH e 50 mH com K = 0,8 : j 0,8 10 × 20 = j8 2 Ω
Com relação à polaridade das fontes de tensão que representam o acoplamento magnético, observar que a
corrente I 1 entra no ponto da reatância j10, portanto a polaridade da fonte posicionada junto à reatância j20 é
no ponto (parte inferior da fonte); a corrente I 2 entra no ponto da reatância j20, portanto a polaridade da fonte
posicionada junto à reatância j10 é no ponto (parte superior da fonte).
5Ω j5 Ω
•
+ j10 Ω j20 Ω
V = 100 0 o
• 10 Ω
I1 + I2
j8 2 I 2 j8 2 I 1
+
Solução alternativa: Os gráficos das correntes instantâneas de malha e as potências dissipadas nas
resistências podem ser obtidos por intermédio de simulação no MATLAB/SIMULINK utilizando-se o arquivo
IV_7.mdl1. No gráfico a seguir a corrente da Malha 1 está representada em azul, e a corrente da Malha 2 em
verde, apresentando os valores de pico aproximados de 11,4 A e 5,8 A, respectivamente.
i1(t) [A]
i2(t) [A]
Na janela de simulação são apresentados os valores das potências dissipadas nas resistências de 10 Ω e 5 Ω que
correspondem ao valor médio da potência instantânea, destacados na figura a seguir.
Exercício IV.1: Refazer o Exemplo IV.1 considerando que o acoplamento entre as bobinas foi reduzido pela
metade, ou seja, K = 0,4 . Verificar e comentar as diferenças obtidas nas potências dissipadas em função da
variação do coeficiente de acoplamento.
Exemplo IV.2: Determinar a impedância de entrada (regime permanente senoidal) do circuito a seguir,
estando a chave aberta ou fechada.
K=0,5
I j2 j2
• •
1 I1 I2
j4 2 j4
• •
K=0,5
Z
1
Disponível em http://slhaffner.phpnet.us/circuitos_b/matlab/
Chave aberta: Utilizando a definição de indutância mútua, o circuito equivalente quando a chave está aberta
é dado pelas Figuras a seguir.
I j2 jX M 1 I j2 jX M 1 I
+ +
I1 I2 =0
j4 j4
+ +
Z jX M 2 I 2 jX M 2 I 1
j2 jI j2 jI I j2 − j1 j2 − j1
I
+ +
+ +
I1 = I
j4 j4
V V
– –
Chave fechada: Utilizando a definição de indutância mútua, o circuito equivalente quando a chave está
aberta é dado pela Figura a seguir.
I j2 jX M 1 I j2 jX M 1 I
+ +
I1 I2
j4 j4
+ +
Z
jX M 2 I 2 jX M 2 I 1
Solução (continuação): Analisando a malha dos componentes que estão em paralelo, tem-se:
j 4I 1 + j2I 2 = j4I 2 + j 2I 1 ⇒ j 2I 1 = j 2I 2
I
I1 = I 2 =
2
I j2 jI j2 jI I j2 − j1 j2 − j1
+ +
+
I I
I1 = I2 = 1
2 2 j4 = j2
j4 j4 2
V
+ +
1
j2 = j1
Z j 2I 2 j 2I 1 2
–
Solução alternativa: Os valores das impedâncias de entrada para as situações de chave aberta e fechada
podem ser determinados por intermédio de simulação no MATLAB/SIMULINK utilizando-se, respectivamente, os
arquivos IV_1a.mdl. e IV_1f.mdl. (ATENÇÃO: em ambos casos, foi necessário introduzir uma
resistência em série com o circuito para a obtenção do regime permanente.) Utilizando-se o primeiro arquivo,
são obtidos o seguinte gráfico para a tensão e corrente. Da simulação, obtém-se que V = 2202 0o V e
I= 21, 97
2
− 36,93o A, logo Z = VI = (8 + j 6) Ω . Como o valor da resistência adicionada foi de 8 Ω, a
impedância de entrada do circuito da Figura IV.8 com a chave aberta tem de ser igual a j6 Ω.
v(t) [V]
i(t) [A]
Utilizando-se o segundo arquivo, são obtidos o seguinte gráfico para a tensão e corrente. Da simulação, obtém-
se que V = 2202 0o V e I = 23,230 − 32,03o A, logo Z = VI = (8 + j5) Ω . Como o valor da resistência adicionada
foi de 8 Ω, a impedância de entrada do circuito da Figura IV.8 com a chave fechada tem de ser igual a j5 Ω.
v(t) [V]
i(t) [A]
I1 I2 Z I1 I2
Z
K
+ +
+ • • +
+
+ jX 1 jX 2
V V1 jX 1 jX 2 V 2 Z2
V V1 V2
+ + Z2
– –
jX M I 2 jX M I 1
X M = K X1 X 2 – –
− jX M I 1
I2 =
Z 2 + jX 2
− jX M I 1 X M2 X M2
V 1 = jX 1 I 1 + jX M I 2 = jX 1 I 1 + jX M = jX 1 I 1 + I 1 = jX 1 + I 1
Z 2 + jX 2 Z 2 + jX 2 + jX 2
1444Z22 4 443
Z1
V1 X M2
Z1 = = jX 1 +
I1 Z 2 + jX 2
14 243
ref
Z2
ref X M2
Z2 = (impedância do circuito 2 “refletida” para o circuito 1)
Z 2 + jX 2
Assim o circuito equivalente para os terminais do circuito que são alimentados pela fonte (indutor 1) é dado
pela Figura IV.14.
Z I1 I2 Z I1
K
+ • • + +
+
V V1 jX 1 jX 2 V 2 Z 2 + jX 1
V V1
– –
ref X M2
Z2 =
X M = K X1X 2 – Z 2 + jX 2
Para os terminais da carga (indutor 2) o circuito equivalente pode ser determinado a partir do equivalente de
Thévenin, como mostrado na Figura IV.15.
Z I1 I2 Z TH I2
K
+ • • + +
+
V V1 jX 1 jX 2 V 2 Z2 +
V TH V2
– – Z2
X M = K X1 X 2 –
Para determinar a tensão de Thévenin V TH considera-se aberto o circuito da carga e, portanto, a corrente I 2 é
( )
nula I 2 = 0 . Tem-se, assim, o circuito da Figura IV.16, e a seguinte expressão:
Z I1 I2 =0
+ +
+ jX 1 jX 2
V V1 V TH
+
jX M I 1
– –
V jX M
V TH = jX M I 1 = jX M = V (17)
Z + jX 1 Z + jX 1
1424 3
I1
Z I1 I2 I SC
+ jX 1 jX 2
V V1
+ +
jX M I 2 jX M I 1
–
( )
I 1 Z + jX 1 = V + j
X M2
X2
I1 ⇒
X2
I 1 Z + jX 1 − j M
X2
=V
V X2
I1 = =
Z + jX 1 − j
X M2 ( )
X 2 Z + jX 1 − jX M2
V (19)
X2
Substituindo (19) em (18), tem-se:
644447 I 1 4444
8
XM X2 XM
I SC =
X2 X Z + jX − jX 2 V = X Z + jX − jX 2 V
( ) ( ) (20)
2 1 M 2 1 M
De (17) e (20) tem-se:
jX M
Z TH = Z N =
V TH
=
Z + jX 1
V
X Z + jX 1 − jX M2
= j 2
( )
I SC XM Z + jX 1
(
X 2 Z + jX 1 − jX M
2
V
)
X M2
Z TH = Z N = jX 2 + (21)
Z + jX 1
Diretamente, a partir de (15), (16), (15a) e (16a), pode-se escrever as seguintes expressões na forma matricial:
V 1 jX 1 jX M I 1 V 1 jX 1 − jX M I 1
= ⋅ = ⋅
V 2 jX M jX 2 I 2 V 2 − jX M jX 2 I 2
que podem ser obtidas, respectivamente, a partir dos circuitos passivos T equivalentes (vide teoria de
quadripólos) da Figura IV.18. Observar que embora as relações entre tensões e correntes sejam idênticas, a
equivalência entre os circuitos da Figura IV.18 não é perfeita porque no circuito T existe uma ligação elétrica
entre os circuitos dos dois indutores que não está presente no circuito original (no qual os dois indutores estão
isolados eletricamente).
I1 I2 I1 j(X 1 − X M ) j(X 2 − X M ) I2
K
+ • • + + +
V1 jX 1 jX 2 V2 V1 jX M V2
– – – –
X M = K X1X 2
I1 I2 I1 j(X 1 + X M ) j(X 2 + X M ) I2
+ • + + +
V1 jX 1 K jX 2 V2 V1 − jX M V2
– • – – –
Exemplo IV.3: Para o circuito da Figura IV.6, determinar a impedância da carga Z que quando colocada no
lugar da resistência de 10 Ω absorve a máxima potência do circuito. Determinar, também, a potência dissipada
em Z .
Solução: Para determinar a impedância de carga Z que produz a máxima transferência de potência (MTP) é
necessário calcular a impedância de Thévenin do circuito a partir dos terminais que tal impedância será
conectada. Como também se deseja determinar a potência dissipada em Z , é necessário conhecer o circuito
equivalente (Thévenin, por exemplo) a partir dos terminais da resistência de 10 Ω que será substituída por uma
impedância Z , conforme ilustrado a seguir.
5Ω j5 Ω Z TH
•
+ j10 Ω j20 Ω +
V = 100 0 o
V TH Z
I1 • I2
+
j8 2 I 2 j8 2 I 1
+
Z TH = j 20 +
(8 2 ) 2
Solução alternativa: O valor da impedância de carga para MTP e a potência dissipada nesta impedância
podem ser obtidos por intermédio de simulação no MATLAB/SIMULINK utilizando-se os seguintes arquivos:
IV_9.mdl, IV_9In.mdl e IV_9Vth.mdl. Utilizando-se o segundo e terceiro arquivos determinam-se,
respectivamente, a corrente de curto circuito (corrente de Norton) e a tensão de circuito aberto (tensão de
Thévenin), cujos valores estão em destaque nas figuras a seguir.
IN 2
− 149,8 o
que é bastante próximo do resultado exato obtido nos cálculos anteriores. Observar que os ângulos de fase
obtidos nas simulações apresentam uma diferença de fase de 90o, pois na simulação estes ângulos tomam como
referência a função “seno”. Assim, para obter o ângulo de fase correto é necessário subtrair 90o dos ângulos
apresentados, ou seja:
–149,8o em seno correspondem a –239,8o=120,2o em cosseno
–71,91o em seno correspondem a –161,91o em cosseno
( )
No primeiro arquivo a impedância de carga para MTP Z = Z TH = (2,63 − j12,26 ) Ω é colocada no
*
circuito, obtendo-se os resultados mostrados nas figuras a seguir para as correntes das malhas 1 e 2 e para a
potência dissipada na carga.
i1(t) [V]
i2(t) [A]
ZF I1 R1 K R2 I2
• •
+
Transformador VF jX 1 jX 2 ZC
Fonte Carga
X M = K X1X 2
Figura IV.17 – Transformador como dispositivo de acoplamento e seu circuito magnético equivalente.
O enrolamento ligado à fonte é denominado primário e o enrolamento ligado à carga secundário sendo o
transformador definido com os seguintes parâmetros:
R1 e X 1 – Impedância própria (resistência e reatância) do enrolamento primário;
R 2 e X 2 – Impedância própria (resistência e reatância) do enrolamento secundário;
X M – Reatância relativa ao acoplamento mútuo entre os enrolamentos.
Substituindo o acoplamento mútuo pelas fontes correspondentes, chega-se ao circuito elétrico da Figura IV.18.
ZF I1 R1 R2 I2
+ +
Transformador + jX 1 jX 2
VF V1 V2
+ ZC
jX M I 2 jX M I 1
Fonte Carga
– + –
( )
V F = Z F + R1 + jX 1 I 1 − jX M I 2 (22)
jX M I 1 jX M
I2 = = I1 (23)
R 2 + jX 2 + Z C R 2 + jX 2 + Z C
Substituindo (23) em (22), tem-se:
( )
V F = Z F + R1 + jX 1 I 1 − jX M
jX M
I1
R 2 + jX 2 + Z C
X M2
V F = Z F + R1 + jX 1 + I 1
R + jX + Z
2 2 C
Daí, a impedância total vista pela fonte de tensão ideal é:
ref
X M2 Z72 44
Z F + R1 + jX 1 + I 1 Fonte 644 8
VF
R2 + jX 2 + Z C } Impedância do primário
64 7 4
8 X M2
Z= = = ZF + R1 + jX 1 +
I1 I1 R2 + jX 2 + Z C
que corresponde à impedância interna da fonte associada em série com a impedância própria do primário em
série com uma parcela que corresponde à impedância do secundário refletida para o circuito primário.
Solução alternativa: Parte dos resultados do exercício podem ser obtidos diretamente por intermédio de
simulação no MATLAB/SIMULINK utilizando-se o seguinte arquivo IV_2.mdl, estando indicados em destaque
na figura a seguir.
pois as auto-indutâncias são proporcionais ao quadrado do número de espiras L1 = N1φ1 (t ) , com φ1 (t ) = P N1i1 (t ) ,
i1 (t )
A Figura IV.20 apresenta o circuito equivalente de um transformador ideal, em regime permanente senoidal.
I1 I2
N1 : N 2
+ +
• •
Transformador
Ideal V1 V2 ZC
– Ideal –
Considerando as polaridades indicadas na Figura IV.20 e as expressões gerais (29) e (30), o regime permanente
senoidal do transformador ideal pode ser descrito por:
V 1 N1 N
= ⇒ V 2 = 2 V1 (31)
V 2 N2 N1
I 1 N2 N1
= ⇒ I2 = I1 (32)
I 2 N1 N2
N2
fazendo a = , a relação de espiras do transformador ideal, pode-se escrever:
N1
1
V 2 = aV 1 ⇒ V1 = V 2
a
1
I 2 = I1 ⇒ I 1 = aI 2
a
No caso do circuito secundário possuir uma impedância Z C , tem-se:
V2 V2
I2 = ⇒ I1 = aI 2 = a
ZC ZC
e a impedância de entrada do transformador ideal (impedância refletida) é dada por:
V2
ref V1 1 ref 1
ZC = = a = 2 ZC ⇒ ZC = 2 ZC
I1 V2 a a
a
ZC
Assim é possível, através da relação de espiras, alterar a magnitude da impedância “vista” pela fonte
objetivando maximizar a transferência de potência (casamento de impedâncias).
Exemplo IV.3: Determinar a relação de transformação que um transformador ideal deveria possuir para que
um alto-falante cuja impedância é 6Ω possa receber a máxima potência de um amplificador cuja impedância de
saída é 600Ω.
Solução: Neste caso Z C = 6 Ω e a impedância refletida deveria ser igual à da fonte (amplificador), ou seja:
ref
ZC = Z F = 600 Ω
ref 1 ZC ZC 6 1
Mas: Z C = 2
ZC ⇒ a= ref
a= = =
ref 600 10
a Z C ZC
N2 1 N1
= ou = 10
N 1 10 N2
Simulação MATLAB: Utilizando-se o arquivo IV_3.mdl, pode-se verificar que a melhor relação ocorre para
N 2 1 . Na simulação é possível alterar os valores de N e N e verificar que a potência será sempre inferior
= 1 2
N1 10
ao valor obtido com a relação determinada para MTP.
Observar que o sinal das relações de transformação do transformador ideal, dadas pelas expressões (31) e (32),
depende do sentido arbitrado para as correntes e tensões terminais em relação aos pontos de polaridade. A
Tabela IV.1 sintetiza as relações possíveis quando em um dos enrolamentos a polaridade da tensão conincide
com o ponto e a corrente entra pelo ponto.
Uma aplicação bastante freqüente para os transformadores ideais é a representação de circuitos magneticamente
acoplados. Considere o circuito eletromagnético da Figura IV.21.
jX A jX C
I1 I2 I1 Ia Ib I2
K 1:a
+ + + + + +
• • • •
V1 jX 1 jX 2 V 2 V1 jX B Va Vb V2
– – – – Ideal – –
X M = K X1 X 2 V b = aV a I a = aI b
Figura IV.21 – Circuito equivalente utilizando transformador ideal.
Como visto anteriormente—vide equações (15) e (16), observando que a polaridade de I 2 está trocada—as
relações entre a tensão e a corrente do circuito acoplado da Figura IV.21 são:
V 1 = jX 1 I 1 − jX M I 2
V 2 = jX M I 1 − jX 2 I 2
Para I 2 = 0 (circuito aberto), tem-se I b = I a = 0 e são válidas as seguintes expressões:
I2 =
(
jX M I 1 − a I 2 )
X I 1 − aI 2
= M
( )
jX C XC
X C I 2 = X M I 1 − aX M I 2 ⇒ ( X C + aX M )I 2 = X M I 1
XM
I2 = I1
X C + aX M
Assim, o circuito equivalente utilizando um transformador ideal, é dado pela Figura IV.22.
1
j X 1 − X M j ( X 2 − aX M )
I1 I2 I1 a Ia Ib I2
K 1:a
+ + + + + +
• • • •
1
V1 jX 1 jX 2 V 2 V1 j XM Va Vb V2
a
– – – – Ideal – –
X M = K X1 X 2 V b = aV a I a = aI b
Figura IV.22 – Valores das indutâncias no circuito equivalente.
Caso as indutâncias X A , X B e X C sejam dispostas de outras formas, outros circuitos equivalentes são possíveis
mas o modo de determinação dos valores destas indutâncias em função dos parâmetros do circuito
( X 1 , X 2 e X M ) é semelhante.
I1 I2 N2
a=
+ 1:a + N1
• •
V1 N1 1
= =
V1 V2 V2 N2 a
I1 N2
= =a
– Ideal – I2 N1
• •
• •
• •
• •
Em geral utiliza-se a conexão aditiva nas duas formas de operação possíveis, ou seja, como autotransformador
elevador ou rebaixador, conforme ilustra a Figura IV.24.
I2 Iy Ix
+ • + + + •
V2 V1 I1
Ix Iy
– –
+ +
Vy Vx + +
• •
Vx V1 I1 V2 I2 Vy
– – – – – –
Apesar da relação de espiras ser de 1/2, a tensão foi transformada na razão de 330
2
V no primário para 110
2
V
no secundário (vide gráficos anteriores), em função de sua conexão como autotransformador com conexão
rebaixadora. Por ser um autotransformador ideal, a potência de entrada é exatamente igual á potência de saída,
como pode ser observado na figura a seguir.
Exemplo IV.4: Sabendo que o circuito a seguir encontra-se em regime permanente, determinar a potência
total dissipada no circuito e em cada uma das resistências.
N1 = 100
8Ω 144 Ω •
j40 Ω
+ • • •
102 0o 8500 Ω
N 2 = 200
j6 Ω j300 Ω
j 40I 2 j 40I 1 –
IA N 2 = 200
+
Figura IV.26 – Equivalente em regime permanente do circuito da Figura IV.26.
1
Observar que as relações do transformador ideal apresentam sinais positivos em função das polaridades definidas no circuito. Caso
sejam definidas outros sentidos para as tensões ( V A e V B ) e correntes ( I A e I B ), podem ocorrer relações negativas.
Solução alternativa 1: Utilizando-se o arquivo IV_10.mdl, pode-se reproduzir os resultados obtidos nos
cálculos anteriores, conforme mostrado na figura a seguir.
Solução alternativa 2: O circuito poderia ser resolvido por intermédio de sucessivas reflexões de
impedâncias. Inicialmente a resistência de 8500 Ω pode ser refletida para o circuito primário do
autotransformador, por intermédio da seguinte expressão:
R8500 Ω 8500
Ω = = = 3777,78 Ω
ref
R8500 2 2
N1 100
1 + 1 +
N 2 200
ref
Após esta simplificação (substituição do transformador e carga pela R8500 Ω ), o circuito equivalente é dado por:
2
As pequenas diferenças são ocasionadas pelos arredondamentos e truncamentos.
+
j6 Ω j300 Ω
102 0o 3777,78 Ω
I1 + I2
j 40I 2 j 40I 1
+
Figura IV.27 – Circuito com a impedância de carga do transformador refletida para o primário.
A seguir o acoplamento magnético poder ser retirado do circuito equivalente refletindo-se a impedância para a
malha da fonte de tensão, sendo a impedância refletida e o circuito equivalente dados por:
ref X M2 40 2
Z = = = 0,4056 − j 0,0310 = 0,4068 − 4,37 o Ω
jX 2 + Z j 300 + 144 + 3777,78
8Ω
+
j6 Ω
102 0o
I1
0,4056 − j 0,0310
Figura IV.28 – Equivalente com o acoplamento magnético substituído por uma impedância refletida.
Exemplo IV.5: Determinar a potência complexa por fase e trifásica fornecida pela fonte ideal de tensão
trifásica do circuito. Determinar também o fator de potência por fase e trifásico.
V AN
IA 6+j8
+ A
Na
V AN = 100 30o V
Ideal Seqüência ABC
V BN Nb
+ B IB j4 6+j8
N
N a = 20
K=0,2 N b = 10
V CN
+ C IC 6+j8
j4
Solução: Considerando as polaridades indicadas, o circuito equivalente em regime permanente é dado por:
100 30o
IA 6+j8
+ A + Va –
Na
Ideal I1
100 − 90o Nb
IB j 0,8I 2 6+j8
+ B j4 +
N
– Vb +
100 150o I2
+ C IC 6+j8
j4
( )
+
j 0,8 I 1 − I 2
Das relações do transformador ideal, tem-se:
V a N a 20
= = =2 ⇒ V a = 2V b
V b N b 10
I A N b 10
= = = 0,5 ⇒ I B = 2I A ⇒ I 2 − I 1 = 2I 1 ⇒ I 2 = 3I 1
I B N a 20
As equações de malha do circuito são dadas por:
2V b
} 64−7 2 I1
48 3I1
} 64−72 I1
48
( ) ( )
− 100 30 + V a + (6 + j8)I 1 + (6 + j8) I 1 − I 2 + j 0,8 I 2 + j 4 I 1 − I 2 + V b + 100 − 90o = 0
o
647 2 I1
4 8 3I1
} 647 2 I1
4 8 3I1
} 64−7 2 I1
48 3I1
}
( ) ( ) ( )
− 100 − 90 − V b + j 4 I 2 − I 1 − j 0,8I 2 + (6 + j8) I 2 − I 1 + (6 + j8)I 2 + j 0,8 I 1 − I 2 + j 4 I 2 + 100 150o = 0
o
e a potência trifásica é:
S 3φ = P3φ + jQ3φ = S A + S B + S C = 570,96 + j1049,47 = 1194,74 61,45o VA
Observar que a potência ativa total consumida pelo circuito pode ser também calculada a partir da magnitude
das correntes que percorrem as resistências sendo dada por:
2 2 2
P3φ = 6 I A + 6 I B + 6 I C = 6 × 2,60712 + 6 × 5,21432 + 6 × 7,8214 2 = 570,96 W
Por outro lado, a potência fornecida para as fontes dependentes de tensão que representam o acoplamento
mútuo entre os dois indutores só apresenta componente imaginária (potência reativa) e é dada por:
S ACOPLAMENTO = ( )
*
( ) * * * * *
j 0,8 I 2 I 1 − I 2 + j 0,8 I 1 − I 2 I 2 = j 0,8 I 2 I 1 − j 0,8 I 2 I 2 + j 0,8I 1 I 2 − j 0,8 I 2 I 2 =
j 0,8 I 2 I 1 + I 1 I 2 − j1,6 I 2 =
* * 2
=
= (
j 0,8 7,8214 − 102,34 o 2,6071 102,34o + 2,6071 − 102,34 o 7,8214 102,34o − j1,6 × 7,8214 2 = )
= PACOPLAMENTO + jQACOPLAMENTO = − j 65,25 = 65,25 − 90 VA o
A potência reativa fornecida para a carga e para as reatâncias que representam a indutância própria dos
indutores magneticamente acoplados é dada por:
QCARGA+ PRÓPRIA = 8 I A + (4 + 8)I B + (4 + 8)I C = 8 × 2,60712 + 12 × 5,21432 + 12 × 7,8214 2 = 1114,73 var
2 2 2
Desta forma, a potência reativa trifásica fornecida pelas fontes também pode ser obtida por:
Q3φ = QACOPLAMENTO + QCARGA + PRÓPRIA = −65,25 + 1114,73 = 1049,47 var
Exercício IV.4: Um transformador de 5 kVA, 110 V/220 V será conectado a uma carga de 330 V que será
alimentada por uma fonte de 110 V.
Exercício IV.5: Um transformador trifásico é constituído por 3 módulos monofásicos idênticos com N1 = 100
e N 2 = 400 espiras. Determinar:
a) As relações de transformação (em termos das tensões de linha) possíveis de serem obtidas.
b) Considerando como referência angular o fasor tensão de fase da Fase A do enrolamento de menor nível de
tensão, desenhar o diagrama fasorial das tensões de fase do primário e do secundário para cada uma das
configurações possíveis do transformador. Para o enrolamento de menor tensão, sabe-se que a tensão de
linha igual a 220 V e seqüência de fase ABC.
c) O diagrama fasorial das correntes de linha nos dois lados do transformador, quando uma fonte trifásica com
tensão de linha igual a 220 V é conectada ao enrolamento de menor tensão e uma carga trifásica constituída
por R = 240 Ω e X = 100 Ω , ligação estrela, é conectada ao outro.
VL1 1 VL1 1
estrela-estrela (Y-Y): = triângulo-triângulo (∆-∆): =
VL 2 4 VL 2 4
Os diagramas fasoriais das correntes e tensões de cada tipo de conexão podem ser obtidos utilizando-se os
arquivos IV_6am.m, IV_6bm.m, IV_6cm.m e IV_6dm.m.
Na Tabela IV.2 encontram-se sugestões de exercícios, referentes aos assuntos tratados neste capítulo.
V.1 – Introdução
De forma análoga à transformada fasorial, aplicada para determinação do regime permanente senoidal de
circuitos elétricos lineares e invariantes no tempo, a transformada de Laplace pode ser empregada para
determinar a resposta completa desta mesma classe de circuitos para uma gama bastante variada de funções de
excitação. De uma maneira geral, as equações diferenciais lineares invariantes no tempo que descrevem as
correntes e tensões destes circuitos podem ser resolvidas seguindo os passos esquematizados no diagrama da
Figura V.1.
Equações diferenciais
lineares e invariantes
no tempo
V.2 – Definição
+∞
L[ f (t )] = F (s ) = ∫ f (t )e
− st
dt (1)
0
s = σ + jω (2)
f (t ) = 0 para t < 0
Observar que se ignora o comportamento de f (t ) para valores negativos de t, sendo esta denominada
transformada de Laplace unilateral. O funcionamento do circuito para instantes anteriores a t = 0 é
incorporado por intermédio da consideração das suas condições iniciais.
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Circuitos Elétricos B
Solução alternativa: A transformada de Laplace pode ser obtida por uma função do MATLAB1 utilizando-se
o arquivo V_1.m.
sendo c a abscissa de convergência de F (s ) que é uma constante real maior que as partes reais de todos os
pontos singulares de F (s ) .
Usualmente não é efetuada esta integração; é feita a expansão de F (s ) em frações parciais de modo que a
transformada inversa de cada termo seja conhecida (de tabela).
1
Disponível em http://slhaffner.phpnet.us/circuitos_b/matlab/
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Circuitos Elétricos B
Solução:
1 1 1 1 1
L−1 [F (s )] = L−1
1
− = L−1 − =
a − b s − a s − b a − b s − a s − b
1 −1 1 1
= L − L−1
a − b s − a s − b
L−1 [F (s )] =
1
a−b
(
e at − e bt ) para t ≥ 0
ou f (t ) =
1
a−b
(
e at − e bt ) para t ≥ 0
Solução alternativa: A transformada inversa de Laplace pode ser obtida por uma função do MATLAB
utilizando-se o arquivo V_2.m.
t
Observar que esta função não é definida para t = 0 podendo assumir dois valores diferentes (0 e 1). Entretanto,
é possível definir uma aproximação linear (por partes) para a função degrau utilizando-se os instantes − ε e
+ ε , conforme ilustra a Figura V.2.
u (t )
1
–ε ε t
Figura V.2 – Aproximação linear da função degrau
L[u (t )] =
1
s
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Circuitos Elétricos B
a t
Exemplo V.3: Escreva uma expressão matemática para a função da Figura V.3, com auxílio da função degrau.
f (t )
2
3 4
1 2 t
–2
Figura V.3 – Função do exemplo.
Solução: As expressões das equações de reta que descrevem o comportamento da função da Figura V.3 são:
0 t<0
2t 0 < t <1
f (t ) = − 2t + 4 1< t < 3
2t − 8 3<t < 4
0 t>4
A função degrau é utilizada para “ligar” e “desligar” os segmentos de reta para compor a função da figura:
Solução alternativa: O gráfico da função anterior pode ser obtido por intermédio do MATLAB/SIMULINK
utilizando-se os arquivos V_3m.m e V_3.mdl.
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Circuitos Elétricos B
A função impulso unitário pode ser representada no limite pelo pulso retangular da Figura abaixo, quando
ε → 0 . O impulso unitário é zero, exceto para t = 0 , onde seu valor tende a infinito, porém sua área é
unitária:
δ (t ) δ (t )
1
δ (t ) = 0 t≠0 2ε Área=1
+∞ +ε
–ε ε t t
u (t ) = δ (t ) .
d
Analisando a Figura V.2, observar-se que
dt
Como a função degrau unitário, o impulso também pode ser definido para instantes diferentes de zero:
δ (t − a ) δ (t − a )
1
Área=1
δ (t − a ) = 0 t≠a 2ε
+∞ a +ε
∫ δ (t − a )dt = ∫ δ (t − a )dt = 1
−∞ a −ε
a–ε a+ε t a t
a
∫ f (t )δ (t − a )dt = f (a )
−∞
0 0 −ε −ε
L[δ (t )] = 1
L[δ (t − a )] = e − as
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Circuitos Elétricos B
L[cos ωt ]
e jωt + e − jωt 1
= L
2
jωt
= Le +e [ − j ωt 1
] ([ ] [
= L e jωt + L e − jωt = ])
2 2
1 1 1
= + = para σ > 0
2 s − jω s + jω
1 s + jω + s − jω s
= = 2 para σ > 0
2 s +ω
2 2
s +ω
2
Daí,
L[cosωt ] =
s
s 2
+ω2
L[sen ωt ] = L
e jωt − e − jωt 1
j2
= [ ]
L e jωt − e − jωt = ([ ] [
1
])
L e jωt − L e − jωt =
j2 j2
1 1 1
= − = para σ > 0
j 2 s − jω s + jω
1 s + jω − (s − jω ) 1 j 2ω ω
= = 2 2
= 2 para σ > 0
j2 s +ω
2 2
j2 s + ω s + ω
2
Daí,
ω
L[sen ωt ] =
s +ω2
2
A Tabela V.1 apresenta algumas transformadas funcionais muito utilizadas na análise de circuitos elétricos.
Impulso unitário δ (t ) 1
1 ou u (t )
1
Degrau unitário
s
1
Rampa t
s2
t2 1
Parábola
2 s3
tn 1
Polinômio n +1
n! s
1
Exponencial e − at
s+a
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s
Co-seno cos ωt
s +ω2
2
ω
Seno sen ωt
s +ω2
2
1
Rampa amortecida te − at
(s + a )2
t n −at 1
Polinômio amortecido
n!
e
(s + a )n+1
s+a
Co-seno amortecido e − at cos ωt
(s + a )2 + ω 2
ω
Seno amortecido e − at sen ωt
(s + a )2 + ω 2
V.5.1 – Linearidade
L[A1 f1 (t ) + A2 f 2 (t )] = A1 L[ f1 (t )] + A2 L[ f 2 (t )] = A1 F1 (s ) + A2 F2 (s )
∞ ∞ ∞
L[ A1 f1 (t ) + A2 f 2 (t )] = ∫ [A1 f1 (t ) + A2 f 2 (t )]e dt = A1 ∫ f1 (t )e dt + A2 ∫ f 2 (t )e dt =
− st − st − st
Prova:
A1 L[ f1 (t )] + A2 L[ f 2 (t )] = A1 F1 (s ) + A2 F2 (s )
0 0 0
=
df (t )
L = sF (s ) − f (0 )
dt
∞
Prova: L[ f (t )] = ∫ f (t )e
− st
dt
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Circuitos Elétricos B
f (0 ) 1 df (t )
L[ f (t )] = + L
s s dt
df (t )
Isolando o termo L , tem-se:
dt
df (t )
L = s L[ f (t )] − f (0 ) = sF (s ) − f (0 )
dt
d 2 f (t ) df (0 )
L 2
= s 2 F (s ) − sf (0) −
dt dt
d n f (t ) n − 2 df (0 ) d n−2 f (0 ) d n −1 f (0)
L = s n
F (s ) − s n −1
f (0 ) − s − K − s −
dt
n
dt dt n −2 dt n−1
L F (s )
∫ f (x )dx = s
t
0
f(t) f(t – a)
t a t
L[ f (t − a )u (t − a )] = e − as F (s ), a > 0
1 s
L[ f (at )] = F , a > 0
a a
t
L[ f1 (t ) * f 2 (t )] = L f1 (x ) f 2 (t − x )dx = F1 (s )F2 (s )
∫ 0
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Circuitos Elétricos B
dF (s )
L[tf (t )] = −
ds
d n F (s )
[ ]
L t n f (t ) = (− 1)
n
ds n
[ ]
L e − at f (t ) = F (s + a )
Af (t ) AF (s )
Multiplicação por
constante
Adição/subtração f1 (t ) + f 2 (t ) F1 (s ) + F2 (s )
Linearidade A1 f1 (t ) + A2 f 2 (t ) A1 F1 (s ) + A2 F2 (s )
df (t )
sF (s ) − f (0 )
Primeira derivada no
tempo dt
d n f (t ) df (0 ) d n− 2 f (0 ) d n −1 f (0 )
s n F (s ) − s n −1 f (0 ) − s n− 2
Derivada de ordem n no
−K− s −
tempo dt n dt dt n− 2 dt n −1
F (s )
∫ f (x )dx
t
Integração no tempo
0 s
Deslocamento no tempo f (t − a )u(t − a ), a > 0 e − as F (s )
1 s
f (at ), a > 0
Mudança de escala no
F
tempo a a
Convolução no tempo f1 (t ) * f 2 (t ) F1 (s )F2 (s )
dF (s )
tf (t )
Primeira derivada em
−
freqüência ds
(− 1)n d Fn(s )
n
t n f (t )
Derivada de ordem n em
freqüência ds
e − at f (t ) F (s + a )
Deslocamento em
freqüência
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Circuitos Elétricos B
T t
Figura V. 4 – Função dente de serra.
Solução: Para descrever a função dente de serra será utilizada a função porta: g (t − a ) = u (t − a ) − u (t − a − τ )
u(t-a)
– u(t-a-τ)
1
a+τ
a t
-1
g(t-a)
a a+τ t
Deste modo, a função dente de serra pode ser expressa por:
f (t ) = t (u (t ) − u (t − T )) = [tu (t ) − tu (t − T )]
A A
T T
Para utilizar diretamente a propriedade do deslocamento no tempo é necessário escrever a função no tempo,
na forma: L[ f (t − a )u (t − a )] = e − as F (s ) , logo:
f (t ) =
A
[tu (t ) − (t − T + T )u (t − T )] =
T
=
A
[tu (t ) − (t − T )u (t − T ) − Tu (t − T )]
T
Utilizando as transformadas da Tabela V.1 e considerando a propriedade de deslocamento no tempo, tem-se:
Função no tempo f (t ) Transformada no domínio da freqüência complexa F (s )
tu (t )
1
s2
(t − T )u (t − T ) e −Ts
1
s2
Tu (t − T )
1
Te −Ts
s
Daí, a transformada da função dente de serra é:
A 1
T s s
1 1 A
s Ts
[
F (s ) = 2 − e −Ts 2 − Te −Ts = 2 1 − (1 − Ts )e −Ts ]
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Circuitos Elétricos B
Solução alternativa: A transformada inversa de Laplace pode ser obtida por uma função do MATLAB
utilizando-se o arquivo V_4.m.
Os teoremas do valor final e do valor inicial são úteis porque permitem prever o comportamento de f (t ) em
t = 0 e t = ∞ a partir de F (s ) .
lim f (t ) = lim sF (s )
t →∞ s →0
Dicas: [ ]
Lembrar a propriedade do deslocamento em freqüência, L e − at f (t ) = F (s + a ) .
L[cos ωt ] = 2
s
s +ω2
s+ p 0+ p p
lim e − pt cos ωt u (t ) = lim s = 0 2
= 0 2 2
=0
s →0 (s + p )2 + ω 2 (0 + p ) + ω p +ω
t →∞ 2
Solução alternativa: O limite pode ser determinado através de uma função do MATLAB utilizando-se o
arquivo V_5.m.
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Circuitos Elétricos B
( )
f 0 + = lim sF (s )
s →∞
( )
ou seja, o valor de f (t ) imediatamente após t = 0 , f 0 + , corresponde ao valor do limite de sF (s ) quando
s→∞.
f (t ) = e − pt cosωt u (t )
Dicas: [ ]
Lembrar a propriedade do deslocamento em freqüência, L e − at f (t ) = F (s + a ) .
L[cosωt ] = 2
s
s +ω2
s+ p s 2 + ps ∞2
lim e − pt cos ωt u (t ) = lim s = lim 2 2
= 2 =?
s →∞ (s + p )2 + ω 2
s→∞ s + 2 ps + p + ω ∞
t →0 2
Aplicando a regra de l´Hôpital:
2s + p 2
lim e − pt cosωt u (t ) = lim = lim = 1
s →∞ 2 s + 2 p
t →0
s→∞ 2
De forma alternativa, o valor do limita pode ser obtido, dividindo-se o numerador e o denominar pelo termo de
maior grau, ou seja,
p
1+
s + ps ÷ 1+ 0
2 2
s
lim e − pt cos ωt u (t ) = lim 2 = lim s = =1
t →0 s→∞ s + 2 ps + p + ω 2 2 s →∞ 2p p +ω 1+ 0 + 0
2 2
1 + +
s s2
Solução alternativa: O limite pode ser determinado através de uma função do MATLAB utilizando-se o
arquivo V_6.m.
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Circuitos Elétricos B
De uma maneira geral, em todos os circuitos lineares de parâmetros concentrados cujos componentes não
variam com o tempo as correntes e tensões no domínio da freqüência complexa são funções racionais de s, ou
seja, podem ser escritas na forma de uma razão entre dois polinômios do tipo:
N (s ) an s n + an−1 s n −1 + K + a1 s + a0
F (s ) = =
D (s ) bm s m + bm−1 s m−1 + K + b1s + b0
onde os coeficientes a e b são constantes reais e os expoentes m e n são números inteiros positivos. A razão
N (s )
é chamada de função racional própria se m > n . Neste caso, pode ser expandida como uma soma de
D(s )
frações parciais.
N (s )
Se m ≤ n a razão é denominada função racional imprópria e não pode ser expandida como uma soma
D (s )
de frações parciais. Neste caso, é necessário fazer sua redução para uma soma de uma função polinomial mais
um resto que é uma função racional própria.
Exemplo V.7: Escrever a função racional imprópria como a soma de uma função polinomial mais um resto
que é uma função racional própria.
s 4 + 13s 3 + 66s 2 + 200s + 300
F (s ) =
s 2 + 9 s + 20
Observar que m = 2 < n = 4 .
Solução: Basta dividir o numerador pelo denominador, determinando a parte inteira e o resto da divisão.
s4 + 13s 3 + 66s 2 + 200s + 300 s2 + 9 s + 20
−s 4
− 9s 3
− 20s 2
s 2
+ 4 s + 10
4s 3
+ 46s 2
+ 200s + 300
− 4s 3
− 36s 2
− 80 s
10s 2
+ 120s + 300
− 10s 2 − 90s − 200
30s + 100
Solução alternativa: O cálculo anterior pode ser realizado através de uma função do MATLAB utilizando-se
o arquivo V_7.m.
Assim a transformada inversa de funções racionais recai sempre na expansão em frações parciais de funções
racionais próprias.
Análise de Circuitos pela Transformada de Laplace – Sérgio Haffner – Versão 11/9/2007 Página 13 de 59
Circuitos Elétricos B
O primeiro passo para expandir uma função racional própria em frações parciais é escrever um termo ou uma
série de termos para cada uma das raízes do polinômio do denominador D(s ) :
644444 r4termos
7444444 8 16termo
78
N (s ) N (s )
F (s ) =
K 11 K 12 K 1r Km
= = + +K+ +K+ (5)
D (s ) (s − p1 )r L (s − p m ) s − p1 (s − p1 )2 (s − p1 )r s − pm
onde p1 , p 2 ,L, pm são as raízes do polinômio do denominador que podem ser números reais ou complexos.
Como duas raízes distintas e uma raiz múltipla com r = 2 , serão quatro os termos da expansão em frações
parciais:
s+6
F (s ) =
K K K K 32
= 1 + 2 + 31 +
s (s + 3)(s + 1) s + 3 s + 1 (s + 1)2
2
s
Solução alternativa: As raízes e os coeficientes da expansão em frações parciais podem ser obtidos através
de uma função do MATLAB utilizando-se o arquivo V_8.m.
A determinação do numerador de cada uma das frações parciais depende do tipo de raiz a que se refere o termo,
sendo quatro as possibilidades existentes:
Análise de Circuitos pela Transformada de Laplace – Sérgio Haffner – Versão 11/9/2007 Página 14 de 59
Circuitos Elétricos B
Neste caso, basta multiplicar os membros da igualdade da expressão (5) pelo denominador do termo que se
deseja calcular o valor de K e substituir o s pelo valor correspondente à respectiva raiz.
N (s ) K2 K m
= K1 + (s − p1 ) +K+
(s − p 2 )L(s − p m ) s= p1 (s − p2 ) (s − pm ) s= p
1
=0 4
N ( p1 ) 6 47 8 K Km
= K1 + ( p1 − p1 ) 2
+K+ =K
( p1 − p2 )L( p1 − pm ) ( p1 − p 2 ) ( p1 − pm ) 1
N ( p1 )
K1 =
( p1 − p2 )L( p1 − pm )
De um modo mais geral, tem-se:
N (s )
K i = lim (s − pi ) (6)
s → pi
D(s )
K
L−1 = Ke u (t )
pt
s − p
s +1
Exemplo V.9: Determinar a transformada inversa da seguinte função racional: F (s ) =
s + s 2 − 6s
3
s +1 s +1
F (s ) =
K K K
= = 1+ 2 + 3
s + s − 6s s(s − 2 )(s + 3)
3 2
s s−2 s+3
Análise de Circuitos pela Transformada de Laplace – Sérgio Haffner – Versão 11/9/2007 Página 15 de 59
Circuitos Elétricos B
Solução (continuação):
N (s ) s +1 s +1
K1 = lim (s − 0 )
1
= lim s = lim = =−1
s →0
D (s ) s →0
s (s − 2 )(s + 3 ) s →0 (s − 2 )(s + 3)
− 2 ⋅ 3 6
N (s ) s +1 s +1 2 +1
K 2 = lim (s − 2) = lim (s − 2) = lim = =3
s→2
D(s ) s → 2
s (s − 2 )(s + 3) s → 2
s (s + 3) 2(2 + 3) 10
N (s ) s +1 s +1 − 3 +1
K 3 = lim (s + 3) = lim (s + 3) = lim = = −2
s → −3
D (s ) s → −3
s (s − 2 )(s + 3 ) s →−3 s (s − 2 )
− 3(− 3 − 2 ) 15
De modo semelhante, pode-se fazer com que os numeradores da expressão abaixo sejam iguais, para
s = 0, s = 2 e s = −3 :
s +1 K (s − 2 )(s + 3) + K 2 s (s + 3) + K 3 s(s − 2 )
F (s ) = = 1
s (s − 2 )(s + 3) s(s − 2)(s + 3)
ou seja,
K1 (s − 2)(s + 3) + K 2 s (s + 3) + K1 s (s − 2 ) = s + 1 , para s = 0, s = 2 e s = −3
−1 3 −2
L [F (s )] = L
−1 −1
6 + 10 + 5 = − 1 + 3 e 2t − 2 e −3t u (t )
s s − 2 s + 3 6 10 15
Solução alternativa: A transformada inversa de Laplace pode ser obtida através de uma função do MATLAB
utilizando-se o arquivo V_9.m.
Análise de Circuitos pela Transformada de Laplace – Sérgio Haffner – Versão 11/9/2007 Página 16 de 59
Circuitos Elétricos B
A determinação do coeficiente K de maior grau relativo à raiz de multiplicidade r é realizada da mesma forma
que as raízes reais simples, ou seja, multiplicam-se ambos os lados por (s − p ) . Os demais r − 1 coeficientes
r
são obtidos através das r − 1 derivadas sucessivas da expressão obtida para a determinação do termo de grau r.
N (s ) K 11 K m
(s − p1 ) ( ) K 12 K 1r
= − + + + + +
r r
s p K K
(s − p1 )r L (s − p m ) s= p 1 s− p
1 (s − p1 )2 (s − p1 )r (s − p m ) s= p
1 1
Determinação de K1r :
N (s ) K m
= K1r + (s − p1 ) (s − p1 ) K11 + (s − p1 ) K12 + K + (s − p1 )
r −2 r −3 r −1
(s − pm−r )L (s − pm ) s= p1 (s − pm ) s= p
1
N ( p1 ) 6 4=7048 Km
= K1r + ( p1 − p1 ) ( p1 − p1 ) K11 + ( p1 − p1 ) K12 + K + ( p1 − p1 )
r −2 r −3 r −1
=K
( p1 − pm−r )L( p1 − pm ) ( p1 − pm ) 1r
N ( p1 )
K1r =
( p1 − p m−r )L( p1 − pm )
De um modo mais geral, para a raiz pi de multiplicidade r, tem-se:
r N (s )
K ir = lim (s − pi ) (7a)
s → pi
D(s )
e
d r− j r N (s )
lim r − j (s − pi )
1
K ij = para j = r − 1, r − 2,L,1 (7b)
(r − j )! i ds
s → p D (s )
e a transformada inversa de cada um dos r termos referentes ao polo real de multiplicidade r é dada por:
K t n −1 pt
L−1 = K e u (t )
(s − p )
n
(n − 1)!
10(s + 3)
Exemplo V.10: Determinar a transformada inversa da seguinte função racional: F (s ) =
(s + 1)3 (s + 2)
u vdu − udv
Dica: Lembrar que: d = d (uv ) = udv + vdu
v v2
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Circuitos Elétricos B
10(s + 3)
F (s ) =
K11 K12 K13 K
= + + + 2
(s + 1) (s + 2)
3
s + 1 (s + 1)2
(s + 1) s + 2
3
d − 10 1 20 1
lim (− 2 )
1 20
= = lim 3
= = 10
2 s → − 1 ds (s + 2) 2 (s + 2) 2 (− 1 + 2)3
3 s → − 1
10(s + 3)
F (s ) =
10 10 20 10
= − + −
(s + 1) (s + 2)
3
s + 1 (s + 1)2
(s + 1) s + 2
3
10 10 t 2 −t
L−1 [F (s )] = L−1 e − 10e −2t u (t )
10 20
− + − = 10 − 10t + 20
s + 1 (s + 1) (s + 1) s + 2
2 3
2
[( ) ]
L−1 [F (s )] = 10 − 10t + 10t 2 e −t − 10e −2t u (t )
Solução alternativa: A transformada inversa de Laplace pode ser obtida através de uma função do MATLAB
utilizando-se o arquivo V_10.m.
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Circuitos Elétricos B
Os coeficientes relativos às raízes complexas conjugadas podem ser obtidos de forma semelhante aos das raízes
reais, tratando o par conjugado como duas raízes distintas e operando com números complexos. No entanto, é
possível operar com o par conjugado, como será mostrado a seguir.
K11σ + K12
ω
K s + K K
L−1 11 2 12 2 = L−1 11 2
(s − σ ) + ω K σ + K12
= eσt K11 cos ωt + 11
sen ωt
2
(s − σ ) + ω (s − σ ) + ω (s − σ ) + ω ω
2
2
N (s ) K m
(
(s − p1 ) s − p1
*
) ( *
)
(s − p1 ) s − p1 L (s − pm ) s= p
( )
K 11 s + K 12
= (s − p1 ) s − p1*
(s − p1 ) s − p1
*
+K+
( )
(s − pm ) s= p
1
1
N (s )
( )
K m−2
= K 11 s + K 12 + (s − p1 ) s − p1* +K+
K m
(s − p m ) s= p
(s − p m −2 )L (s − p m ) s = p1 (s − p m − 2 )
1
=0
N ( p1 )
( )
6 474 8 K m−2 Km
= K 11 p1 + K 12 + ( p1 − p1 ) p1 − p1* +K+ = K 11 p1 + K 12
( p1 − p m−2 )L ( p1 − pm ) (
1 p − p m−2 ) ( p1 − pm )
N ( p1 )
K 11 p1 + K 12 =
( p1 − p m−2 )L ( p1 − p m )
De um modo mais geral, tem-se:
N (s ) N (s )
s → pi s → pi
(
lim [K i1 s + K i 2 ] = lim (s − p1 ) s − p1* )
[
= lim (s − σ ) + ω 2
D(s ) s→ pi
2
D(s )
] (8)
K i1σ + K i 2
ω
K s + K
L−1 i1 2 i 2 2 = L−1
K (s − σ ) ω σt K i1σ + K i 2
sen ωt u (t )
+ = e K i1 cos ωt +
i1
(s − σ ) + ω (s − σ ) + ω (s − σ ) + ω ω
2 2 2 2
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Circuitos Elétricos B
100(s + 3)
F (s ) =
Exemplo V.11: Determinar a transformada inversa da seguinte função racional:
( )
s + 6s + 25 (s + 6)
2
s+a ω
Dica: Lembrar que: L−1 2
= e − at cos ωt L−1 2
= e − at sen ωt
(s + a ) + ω (s + a ) + ω
2 2
12(s + 3)
L−1 [F (s )] = L−1 +
16 ⋅ 4
−
12
[
= 12e cos(4t ) + 16e sen (4t ) − 12e u (t )
−3t −3t −6 t
]
(s + 3) + 4 (s + 3) + 4 s + 6
2 2 2 2
[ ]
L−1 [F (s )] = e −3t [12 cos(4t ) + 16 sen (4t )] − 12e −6t u (t )
Solução alternativa: A transformada inversa de Laplace pode ser obtida através de uma função do MATLAB
utilizando-se o arquivo V_11.m.
Análise de Circuitos pela Transformada de Laplace – Sérgio Haffner – Versão 11/9/2007 Página 20 de 59
Circuitos Elétricos B
O procedimento para determinar os termos e coeficientes relativos às raízes complexas conjugadas repetidas é
uma extensão do procedimento apresentado para raízes reais repetidas utilizando a técnica descrita para raízes
complexas.
F (s ) =
N (s ) a n s n + a n −1 s n −1 + K + a1 s + a0
= =K
(s − z1 )(s − z 2 )L(s − z n )
D (s ) bm s + bm−1 s + K + b1 s + b0
m m −1
(s − p1 )(s − p 2 )L(s − pm )
onde:
O diagrama de pólos e zeros de uma função racional F (s ) consiste na representação das raízes do polinômio do
numerador (zeros) e do denominador (pólos) no plano complexo. Os zeros são representados por uma
circunferência (o) e os pólos por um xis (x). A multiplicidade das singularidades é representada por um número
entre parênteses, nas proximidades da mesma e a constante K é indicada à parte.
−1
− 10
zi = p j = j2 K = 100
− 10 − j 2
x j2
(2)
x
-10 -1 Re
x –j2
Solução alternativa: O diagrama de pólos e zeros pode ser elaborado através de uma função do MATLAB
utilizando-se o arquivo V_12.m.
df (t )
Aplicando transformada de Laplace lembrar que : L = s L[ f (t )] − f (0 ) = sF (s ) − f (0 ) :
dt
d d i(0 ) i (0)
V (s ) = L[v(t )] = L L i(t ) = L L i(t ) = L(s L[i (t )] − i(0 )) = sL L[i(t )] − = sL I (s ) −
dt dt s s
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Circuitos Elétricos B
I(s)
i(0 ) i(0 )
V (s ) = sL I (s ) −
s s
+ V(s) –
I(s) Li (0 )
sL
+
V (s ) = sLI (s ) − Li (0 )
+ V(s) –
+ V(s) –
1
sC
I(s)
Cv(0 ) V (s ) =
1
[I (s ) + Cv(0)]
sC
+ V(s) –
Análise de Circuitos pela Transformada de Laplace – Sérgio Haffner – Versão 11/9/2007 Página 23 de 59
Circuitos Elétricos B
Tabela V.3 – Relação tensão corrente dos elementos simples no domínio do tempo e da freqüência complexa.
sL
I(s)
i(0 ) i (0 )
V (s ) = sL I (s ) −
v(t ) = L i(t )
d s
s
L dt
i(t)
Indutor
+ V(s) –
+ V(s) –
1 v (0 )
I(s) sC s
v(0)
V (s ) = I (s ) +
+ 1
sC s
+ V(s) –
v(t ) = i (τ )dτ + v(0 )
1 t
i(t)
C
C 0∫
Capacitor 1
sC
i(t ) = C v(t )
+ v(t) – d
[I (s ) + Cv(0)]
dt I(s)
V (s ) =
1
sC
Cv(0)
+ V(s) –
Exemplo V.13: Para o circuito RLC série com energia armazenada a seguir, determinar:
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44984-06 – Circuitos Elétricos B
R C
i(t)
t=0 + vC(0) –
+
L
v(t)
1 vC (0)
R sC s
I(s)
+
+
sL i (0 )
V(s) s
20 5
30 s s
I(s)
+
+
10
10s
s +1
2
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44984-06 – Circuitos Elétricos B
Solução (continuação):
I (s ) = 2
− 0,5s 2 + s − 0,5
=
(
− 0,5 s 2 − 2 s + 1
=
− 0,5(s − 1)
2
)
( )( ) (
s + 1 s 2 + 3s + 2 (s + 1)(s + 2 ) s 2 + 1 (s + 1)(s + 2) s 2 + 1 ) ( )
− 0,5(s − 1)
2
I (s ) =
(
(s + 1)(s + 2) s 2 + 1 )
I (s ) tem as seguintes singularidades:
−1
−2
1
zi = pj =
1 j1
− j1
resultando no seguinte diagrama de pólos e zeros:
Im
K = −0,5
x j1
(2)
x x
-2 -1 1 Re
x –j1
Aplicando l´Hôpital,
( )
i 0 + = lim 3
− 1,5s 2 + 2 s − 0,5
s →∞ 4 s + 9 s + 6 s + 3
2
= lim
− 3s + 2
s →∞ 12 s + 18s + 6
2
= lim
−3
s →∞ 24 s + 18
=0
− 0,5(s − 1) K s+K
2
I (s ) =
K K
= 1 + 2 + 312 2 32
( )
(s + 1)(s + 2) s + 1 s + 1 s + 2 s + 1
2
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44984-06 – Circuitos Elétricos B
Solução (continuação):
− 0,5(s − 1) − 0,5(s − 1)2 − 0,5(− 1 − 1) −2
2 2
K1 = lim (s + 1) = = = = −1
s → −1
(s + 1)(s + 2) s + 1
2
(
s→−1
lim
)
( )
(s + 2) s + 1 (− 1 + 2 ) (− 1) + 1
2 2
2 ( )
− 0,5(s − 1) − 0,5(s − 1) − 0,5(− 2 − 1) − 4,5
2 2 2
K 2 = lim (s + 2 ) = = = = 0,9
s → −2
2
(s + 1)(s + 2) s + 1 (lim
s → − 2
) ( )
(s + 1) s + 1 (− 2 + 1) (− 2 ) + 1
2 2
(
−5 )
− 0,5(s − 1) − 0,5(s − 1)2
( )
2
lim [K 31 s + K 32 ] = lim s 2 + 1 =
s → j1 s → j1
lim
( )
(s + 1)(s + 2) s 2 + 1 s→ j1 (s + 1)(s + 2)
− 0,5( j1 − 1) − 0,5(− 1 − j 2 + 1) j1 1 − j 3 3 + j1
2
jK 31 + K 32 = = = = = 0,3 + j 0,1
( j1 + 1)( j1 + 2) − 1 + j3 + 2 1 + j3 1 − j 3 1 + 9
K 31 = 0,1
K 32 = 0,3
0.4
0.3
0.2
0.1
i(t) [A] 0
-0.1
-0.2
-0.3
-0.4
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
t [s]
Observação: Notar que a forma de onda de i(t ) só depende dos pólos de I (s ) (que vão definir a forma das
frações), isto é, do denominador; a amplitude de cada uma destas frações (coeficientes K i ) depende também
do numerador de I (s ) .
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44984-06 – Circuitos Elétricos B
A simulação do circuito pode ser realizada com auxílio do arquivo V_13.mdl. Neste caso, observar que foi
introduzida uma fonte de tensão contínua (válida somente para tempos menores que zero) para realizar a
condição inicial de tensão no capacitor.
Exemplo V.14: Considerando que o circuito a seguir se encontre em regime permanente senoidal no instante
em que a chave muda de posição, determinar o solicitado:
t =0 R1 i (t )
C = 100 mF
R1 = 4Ω
L R2 = 10 Ω
+ + L = 10 H
C
v1 (t ) v 2 (t ) π
R2 v1 (t ) = 100 cos t V
6
v 2 (t ) = 50 3u (t − 2 ) V
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Solução:
a) O regime permanente senoidal que antecede o deslocamento da chave em t = 0 pode ser descrito pelo
seguinte circuito equivalente no domínio da freqüência:
R1 I IL
+
jω L
+
VC 1
V1 − j
ωC R2
Considerando que:
1 2 L
⋅ (R2 + jωL ) − j 2 − j
R L R
− j − j 2
1 ω ω ωC
// (R2 + jωL ) = = =
C C C C
Z P = − j
ωC R2 + jωL − j
1 1 1
R2 + j ωL − R2 + j ωL −
ωC ωC ωC
10 10
L
−j 2
R −jπ
C ωC 0 ,1 6 0,1 100 − j 600π
ZP = = =
1 5π
10 + j 3π180
2
−
R2 + j ωL − 10 + j π6 10 − 1
ωC π
6 0,1
R2 + j ωL − 10 + j π6 10 − π
ωC
6 0,1
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Solução (continuação):
I L = 4,1430 − j 2,3536 = 4,7648 − 29,60o A
Retornando para o domínio do tempo, tem-se:
(
vC (t ) = 53,7844 2 cos π6 t − 1,96 o V )
iL (t ) = 4,7648 π
6
2 cos( t − 29,60 ) A
o
V2 (s ) =
50 3 − 2 s 86,60 − 2 s
e ≈ e sL
s s 1
I 1 (s ) I 2 (s ) Li L (0)
+
sC
V 2 (s ) vC (0 )
+
+
s R2
1 sV (s ) v (0)
I1 (s ) − I 2 (s ) = 2 − C (s + 2,5)I1 (s ) − 2,5I 2 (s ) = 12,5
1
s + ⇒ 3e −2 s − 19,0
R1C R1C R1 R1
v (0 )
−
1
I1 (s ) + s 2 + s 2 +
R 1
I 2 (s ) = C + siL (0 ) ⇒ ( )
− I1 (s ) + s 2 + s + 1 I 2 (s ) = 5,86 s + 7,6
LC L LC L
1
Vide Capítulo II.
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Solução (continuação):
− 12,5 3e −2 s + 19,0 + (s + 2,5)I1 (s )
I 2 (s ) = = −5 3e −2 s + 7,6 + 0,4(s + 2,5)I1 (s )
2,5
2 (s )
6444444I7 4444448
( )[ ]
− I1 (s ) + s + s + 1 − 5 3e + 7,6 + 0,4(s + 2,5)I1 (s ) = 5,86 s + 7,6
2 −2 s
I (s ) = I1 (s ) =
− 19s 2 − 4,35s + 12,5 3 s 2 + s + 1 e −2 s( )
s 3 + 3,5s 2 + 3,5s
i(∞ ) = =
(
− 19 × 0 2 − 4,35 × 0 + 12,5 3 0 2 + 0 + 1 e −2×0 12,5 3
≈ 6,186 A
)
0 2 + 3,5 × 0 + 3,5 3,5
Em t = 0 a tensão sobre o capacitor é igual a 76,02 V, sendo a fonte v1 (t ) removida e substituída por um curto-
circuito (observar que a fonte v 2 (t ) só é ligada em t = 2 , tendo tensão nula em t = 0 ). Como a tensão sobre o
capacitor não varia bruscamente, esta tensão de 76,02 V fica instantaneamente sobre a resistência R1 , fazendo
− vC (0) − 76,02
circular uma corrente igual a: i(0 ) = = ≈ −19 A .
R1 4
Em t → ∞ o circuito já está em regime permanente para a fonte v 2 (t ) . Desta forma, o capacitor se comporta
como um circuito aberto e o indutor como um curto-circuito. Nesta situação, a corrente é dada por:
v (∞ )
i(∞ ) = 2
50 3
= ≈ 6,186 A .
R1 + R2 4 + 10
2
Observar que os termos que aparecem multiplicados por e −2 s possuem valores iniciais nulos. Para a > 0 , lembrar que:
sn
lim s n e −as = lim
s →∞ s →∞ e as
Aplicando a regra de l’Hôpital de modo recursivo até eliminar o termo em s do numerador, tem-se:
n!
lim s n e − as = lim =0 n as
s →∞ a e s →∞
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Solução (continuação):
f) A corrente pode ser dividida em duas parcelas, uma com o termo e −2 s e outra sem:
I (s ) =
− 19 s 2 − 4,35s + 12,5 3 s 2 + s + 1 e −2 s(=
)
− 19s 2 − 4,35s
+ e − 2 s 12,5 3 s + s + 1
2
( )
s 3 + 3,5s 2 + 3,5s s 3 + 3,5s 2 + 3,5s s 3 + 3,5s 2 + 3,5s
I (s ) =
− 19s − 4,35
+ e
2
(
− 2 s 12,5 3 s + s + 1 )
s 2 + 3,5s + 3,5 s 3 + 3,5s 2 + 3,5s
A segunda parcela, e − 2 s
(
12,5 3 s 2 + s + 1 )
, corresponde a uma função com deslocamento no tempo3 pois
s 3 + 3,5s 2 + 3,5s
[ ]
L−1 e − as F (s ) = f (t − a )u (t − a ) , para a > 0 .
K1 = lim s
(
12,5 3 s 2 + s + 1 )= lim
(
12,5 3 s 2 + s + 1 12,5 3
=
)
≈ 6,186
s →0 s 3 + 3,5s 2 + 3,5s s→0 s 2 + 3,5s + 3,5 3,5
K 21 (− 1,75 + j 0,66 ) + K 22 =
(
12,5 3 (− 1,75 + j 0,66 ) + (− 1,75 + j 0,66 ) + 1
2
)
= −27,069 + j10,204
− 1,75 + j 0,66
− 1,75 K 21 + K 22 + j 0,66 K 21 = −27,069 + j10,204
Portanto,
10,204
K 21 = ≈ 15,46
0,66
K 22 = −27,069 + 1,75K 21 ≈ 0
Assim, a expressão de I (s ) pode ser reescrita como:
I (s ) =
− 19s − 4,35
+ − 2 s 12,5 3 s + s + 1
2
(
=
)
− 19 s − 4,35 6,186
+ e −2s +
15,46 s
2
e
s + 3,5s + 3,5
2
s + 3,5s + 3,5s (s + 1,75) + 0,66
3 2 2 2
s (s + 1,75) + 0,66
2
3
Vide propriedades da Transformada de Laplace, Seção V.5.4.
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44984-06 – Circuitos Elétricos B
Solução (continuação):
20
10
i(t) [A]
-10
-20
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5
t [s]
Nos gráficos anteriores é possível observar os valores de regime obtidos para a corrente (6,186 A) e para a
potência (536,59 W). Observa-se que a forma de onda da corrente obtida por simulação é idêntica à função
calculada na solução do Item (f). Observa-se, também, que no período de 0 a 2 segundos não existe potência
fornecida para o circuito, pois neste período ambas as fontes estão inoperantes (v1(t) desligada pela chave em
t=0 e v2(t) ainda não ligada, pois está multiplicada por um degrau deslocado de 2 segundos).
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44984-06 – Circuitos Elétricos B
Como já mostrado no Capítulo IV, o circuito acoplado magneticamente da Figura V.5 e obedece às seguintes
equações diferenciais:
v1 (t ) = L1 i1 (t ) + M i2 (t )
d d
dt dt
v 2 (t ) = M i1 (t ) + L2 i 2 (t )
d d
dt dt
i1 (t ) i 2 (t )
M
+ +
v1 (t ) L1 L2 v 2 (t )
– –
Na forma de circuito equivalente, o circuito magneticamente acoplado da Figura V.5 pode ser representado no
domínio da freqüência complexa pelo circuito da Figura V.6.
I 1 (s ) I 2 (s )
+ +
i1 (0) i 2 (0 )
sL1 sL2
s s
V1 (s ) V2 (s )
+ +
i (0 ) i (0)
sM I 2 (s ) − 2 sM I 1 (s ) − 1
s s
– –
Exemplo V.15: Determinar a expressão da corrente i1 (t ) sabendo que a chave permaneceu fechada por um
longo tempo antes de abrir em t = 0 .
t =0
C = 4 mF
i1 (t ) i2 (t )
R1 R1 = 10 Ω
M L1 = 2H
M = 2H
+ C
L2 = 4H
v(t ) L1 L2 R2 R2 = 50 Ω
v(t ) = 12 V
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Solução: Para a determinação das condições iniciais deve-se observar que o circuito encontra-se em regime
permanente e a corrente é contínua (imposta pela única fonte).
Como nesta situação não existe variação na corrente em relação ao tempo não existe tensão induzida em L2 e a
corrente inicial nesta malha é nula, ou seja, i 2 (0 ) = 0 .
Com relação ao indutor L1 , observar que a queda de tensão em seus terminais também é nula, pois as variações
temporais das correntes i1 (t ) e i2 (t ) para t < 0 são nulas. Deste modo, como o capacitor está em curto-circuito,
toda a tensão da fonte está sobre R1 e a corrente inicial é dada por i1 (0) =
12
= 1,2 A.
10
1,2
2s 4s
+ s
12 50
s + +
2 sI 2 (s ) 1,2
2 s I1 (s ) −
s
2s
+
12 2,4
s +
+ 4s 2
I1 (s )
4,8s
−
4s + 50 4 s + 50
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44984-06 – Circuitos Elétricos B
-0.5
0 0.5 1 1.5 2
t [s]
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44984-06 – Circuitos Elétricos B
Para um sistema linear, invariante no tempo, a função de transferência é uma relação entre o valor de uma
variável de saída e uma variável de entrada, considerando nulas todas as condições iniciais do sistema em
análise. Por exemplo, se ambas variáveis são tensões (ou correntes), a função de transferência é um ganho de
tensão (ou corrente); se a variável de saída é uma tensão e a de entrada uma corrente, a função de
transferência é uma impedância.
Vs (s )
Exemplo V.16: Determinar a função de transferência G (s ) = para o circuito da figura a seguir.
Ve (s )
0,1 H 0,5 Ω 0,2 H
1Ω
+
ve(t) 0,5 Ω vs(t)
0,1 F
+
+
1
+
Ve(s) V2(s) 0,5 Vs(s)
10
s
–
–
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44984-06 – Circuitos Elétricos B
s 2 + 15s + 50
z 2 (s ) s 2 + 10 s + 50
V2 (s ) = Ve (s ) = 2 s + 10 s + 50 Ve (s ) 2
2
=
z 2 (s ) + 0,1s s + 15s + 50 s + 10 s + 50
+ 0 ,1s
s 2 + 10s + 50
s 2 + 15s + 50 s 2 + 15s + 50 10
= ( ) = Ve (s ) =
2
(
s + 15s + 50 + 0,1s s + 10 s + 50
2
)
V e s
0,1s + 2 s + 20s + 50
3 2
10
V2 (s ) =
(
10 s 2 + 15s + 50 ) Ve (s )
s 3 + 20s 2 + 200s + 500
Vs (s ) =
5
V2 (s ) =
5 (
10 s 2 + 15s + 50 ) Ve (s )
2(s + 5) 2(s + 5) s 3 + 20 s 2 + 200s + 500
Vs (s ) =
(
25 s 2 + 15s + 50 ) V (s )
(
(s + 5) s 3 + 20s 2 + 200s + 500 e )
Observando as raízes do polinômio do numerador, tem-se:
logo
s 2 + 15s + 50 = (s + 5)(s + 10 )
Substituindo na expressão de Vs (s ) :
Vs (s ) 25(s + 10)
G (s ) = = 3 raízes do denominador: s1 ≈ −3,52 e s 2,3 ≈ −8,24 ± j8,61
Ve (s ) s + 20 s 2 + 200 s + 500
25(s + 10 ) 25(s + 10)
G (s ) ≈ =
( )
(s + 3,52) (s + 8,24) + 8,61 (s + 3,52)(s + 8,24 − j8,61)(s + 8,24 + j8,61)
2 2
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44984-06 – Circuitos Elétricos B
Solução (continuação):
Im
K = 25
x j8,61
-8,24
x
-10 -3,52 Re
x -j8,61
25 × 14,14
G ( j10 ) ≈ = 0,196
10,60 × 8,36 × 20,35
Notar que o módulo da função de transferência é dado pelo produto do módulo das contribuições dos zeros
dividido pelo produto das contribuições dos pólos; o ângulo de fase da função de transferência é dado pela
soma das contribuições angulares dos zeros menos as contribuições angulares dos pólos.
Im
K = 25
o
8,36 9,58
s=j10
x
14,14 45o
10,60 70,61o
x
20,35 66,12o Re
Análise de Circuitos pela Transformada de Laplace – Sérgio Haffner – Versão 11/9/2007 Página 39 de 59
44984-06 – Circuitos Elétricos B
A determinação da função de transferência do exemplo anterior também poderia ser obtida utilizando-se o
método das correntes de malha, como mostrado a seguir.
1
+
Ve(s) I1(s) I2(s) 0,5 Vs(s)
10
s
I1 (s ) =
(s 2
+ 10 s + 50 )
I 2 (s )
5(s + 10 )
s s
Análise de Circuitos pela Transformada de Laplace – Sérgio Haffner – Versão 11/9/2007 Página 40 de 59
44984-06 – Circuitos Elétricos B
( )(
s 2 + 10s + 100 s 2 + 10s + 50 )
− 10(s + 10 ) I 2 (s ) = 10sVe (s )
5(s + 10 )
( 2 2
)(
s + 10s + 100 s + 10 s + 50 − 50(s + 10)
2
) I 2 (s ) = 10sVe (s )
5(s + 10 )
50 s(s + 10 )
I 2 (s ) = V (s ) =
(s )( )
+ 10 s + 100 s 2 + 10 s + 50 − 50(s + 10)
2 2 e
50 s(s + 10 )
= Ve (s ) =
4 3 2
(
s + 20s + 250 s + 1500s + 5000 − 50 s 2 + 20 s + 100 )
50s (s + 10)
= Ve (s )
s + 20s 3 + 200 s 2 + 500 s
4
50(s + 10)
I 2 (s ) = Ve (s )
s + 20 s 2 + 200 s + 500
3
50(s + 10 )
Vs (s ) = 0,5 I 2 (s ) = 0,5 Ve (s )
s + 20 s 2 + 200s + 500
3
25(s + 10)
Vs (s ) = Ve (s )
s + 20s 2 + 200s + 500
3
Vs (s ) 25(s + 10)
G (s ) = =
Ve (s ) s 3 + 20 s 2 + 200 s + 500
Dada a função de transferência e o valor da entrada, é possível determinar a saída através da expressão:
Y (s ) = G (s )X (s )
Análise de Circuitos pela Transformada de Laplace – Sérgio Haffner – Versão 11/9/2007 Página 41 de 59
Circuitos Elétricos B
Exemplo V.17: Se a resposta ao impulso de uma rede é y (t ) = g (t ) = e − t , determinar a resposta y (t ) para uma
entrada x(t ) = 10e −2t u (t ) .
Solução:
[ ]
G (s ) = L[g (t )] = L e −t =
1
s +1
X (s ) = L[x(t )] = L[10e ]
u (t ) =
−2t 10
s+2
Logo:
Y (s ) = G (s ) X (s ) =
1 10 10
=
s + 1 s + 2 (s + 1)(s + 2 )
Assim,
1 1
Y (s ) =
10 10 10
= − = 10 −
(s + 1)(s + 2) s + 1 s + 2 s +1 s + 2
A resposta em regime permanente a uma entrada do tipo x(t ) = X M e jωt pode ser obtida a partir da função de
transferência G (s ) , calculada para s = jω , ou seja, G ( jω ) . Assim:
Y (s ) = G (s ) X (s ) = G ( jω )X (s )
Para x(t ) = X M e jωt , tem-se X (s ) = . De modo semelhante, para x(t ) = X M e jωt = X M (cos ωt + j sen ωt ) ,
XM
s − jω
ω s + jω
tem-se X (s ) = X M 2
s XM
+j 2 2
= X M = .
s +ω s +ω (s + jω )(s − jω ) s − jω
2
Análise de Circuitos pela Transformada de Laplace – Sérgio Haffner – Versão 11/9/2007 Página 42 de 59
Circuitos Elétricos B
Assim:
X (s )
6474 8
XM
Y (s ) = G (s ) G (s )
XM
=
s − jω s − jω
X M
K1 = lim (s − jω )G (s ) = lim [ X M G (s )] = X M G ( jω ) = X M G ( jω ) ∠G ( jω )
s → jω
s − jω s → jω
Supondo que G (s ) não possua nenhum pólo no semi-plano direito do plano complexo, a resposta em regime
permanente existe e é dada por:
Y (s ) =
K1
s − jω
K G ( jω )
647148 6447448
y RP (t ) = K1e jωt
= X M G ( jω )e = X M G ( jω ) e j (∠G ( jω )) e jωt = X M G ( jω ) e j (ωt +∠G ( jω ))
jωt
y RP (t ) = X M G ( jω ) cos[ωt + φ + ∠G ( jω )]
Ou seja, a amplitude da resposta estacionária é igual ao produto da amplitude do sinal de entrada X M pelo
módulo da função de transferência G ( jω ) ; o ângulo de fase da resposta estacionária é igual à soma do
ângulo de fase do sinal de entrada (ωt + φ ) com o ângulo de fase da função de transferência ∠G ( jω ) . Neste
caso, tanto o módulo da função de transferência quanto o ângulo de fase devem ser calculados para a freqüência
s = jω do sinal de entrada.
Exemplo V.18: Determinar a expressão da tensão de saída em regime permanente v s (t ) sabendo que:
Vs (s ) 1000(s + 5000)
G (s ) = = 2
Ve (s ) s + 6000s + 25000000
(
ve (t ) = 120 cos 5000t + 30 o V )
Análise de Circuitos pela Transformada de Laplace – Sérgio Haffner – Versão 11/9/2007 Página 43 de 59
Circuitos Elétricos B
v s RP (t ) = 120
6
2
( )
cos 5000t + 30 o − 45 o = 20 2 cos 5000t − 15o ( )
Solução alternativa: Por intermédio de simulação MATLAB/SIMULINK utilizando-se os arquivos V_18m.m
e V_18.mdl é possível reproduzir os resultados obtidos anteriormente, sendo a tensão de saída dada por:
Embora o ângulo de fase não seja facilmente identificado, a amplitude de 20 2 = 28,28 V pode ser verificada
no valor de pico da função senoidal.
Como visto anteriormente, a resposta em regime de um sistema submetido a uma excitação senoidal pode ser
facilmente determinada através do conhecimento do valor da função de transferência (em módulo e ângulo de
fase), calculado para a freqüência da fonte. Deste modo, o conhecimento do comportamento do módulo e do
ângulo de fase da função de transferência de um sistema é muito útil na análise de seu comportamento em
regime permanente senoidal.
( )( ) ( )
módulo e ângulo de fase. Portanto pode-se escrever:
K Z1 θ 1 Z 2 θ 2 L Z n θ n
G ( jω ) =
( )( ) ( )
KZ1 Z 2 L Z n
= θ1 + θ 2 + K + θ n − φ1 − φ1 − K − φ m
P1 φ1 P2 φ 2 L Pm φ m P1 P2 L Pm
ou, de modo mais compacto, tem-se:
n
∏Z i n m
G ( jω ) = K i =1
m
∠G ( jω ) = ∑θ i − ∑ φ j
∏P j =1
j
i =1 j =1
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Circuitos Elétricos B
V s ( jω )
Exemplo V.19: Determinar os gráficos de módulo e fase da função de transferência G ( jω ) = do
Ve ( j ω )
circuito a seguir, para ω variando de 0 a ∞ .
R2 R1
+
v e (t ) – v s (t ) +
R2
C
R2 R1
+
V e (s ) – V s (s ) +
R2 1
sC
1 1
s− s−
V (s )
Vs (s ) = − Ve (s ) G (s ) = s
R1C R1C
=−
1 1
Daí:
2 1 Ve (s ) 2 1
s+ s+
R1C R1C
1 1
jω − − + jω
G ( jω ) = −
R1C R1C
=−
1 1
Logo, para s = jω :
2 1 2 1
jω + + jω
R1C R1C
Utilizando o diagrama de pólos e zeros da função de transferência é possível construir um gráfico auxiliar para
a determinação do módulo e do ângulo de fase da função de transferência, em função da freqüência angular
jω .
Im
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Circuitos Elétricos B
G ( jω )
0
0 1 2 3 4 5
w
-45
∠G ( jω )
<H(jw)
-90
-135
-180
0 1 2 3 4 5
w
Solução alternativa: Por intermédio de simulação MATLAB utilizando-se os arquivos V_19.m é possível
reproduzir os resultados obtidos anteriormente.
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Circuitos Elétricos B
Quando a função de transferência for uma grandeza adimensional pode-se utilizar o diagrama de Bode como
forma alternativa para se representar a variação desta função ganho com a freqüência do sinal de entrada.
Historicamente, o fator 20 é devido à definição de dB como ganho de potência. Como a potência é proporcional
ao quadrado da magnitude da corrente ou da tensão,
Y ( jω ) Y ( jω )
2
10 log10 = 20 log10
X ( jω ) X ( jω )
1
= 20 log10 1 − 20 log10 G ( jω )
1 1
c) = 20 log10 = 20 log10
G ( jω ) dB G ( jω ) G ( jω )
= − G ( jω ) dB
1
G ( jω ) dB
Algumas definições:
• Década – Faixa de freqüência entre ω1 = k e ω 2 = 10k . Exemplo: ω1 = 10Hz e ω 2 = 10 × 10 = 100Hz .
Sendo n o número de décadas entre ω 2 e ω1 , tem-se:
ω2 ω2
ω 2 = 10 n ω1 ⇒ 10 n = ⇒ n = log10
ω1 ω1
• Oitava – Faixa de freqüência entre ω1 = k e ω 2 = 2k . Exemplo: ω1 = 10Hz e ω 2 = 2 × 10 = 20Hz .
Sendo n o número de oitavas entre ω 2 e ω1 , tem-se:
ω2
log10
ω2 ω2 ω1
ω 2 = 2 n ω1 ⇒ 2n = ⇒ n = log 2 =
ω1 ω1 log10 2
Exemplo V.20: Traçar o diagrama de Bode (somente módulo) das seguintes funções de transferência:
a) G ( jω ) = K c) G ( jω ) =
K
jω
b) G ( jω ) = jωK d) G ( jω ) =
K
( jω )n
Análise de Circuitos pela Transformada de Laplace – Sérgio Haffner – Versão 11/9/2007 Página 47 de 59
Circuitos Elétricos B
Solução:
a) G ( jω ) = K
G ( jω ) dB = 20 log10 G ( jω ) = 20 log10 K
G ( jω ) dB
20 log 10 K
ω
ω1 20 log 10 K
2ω1 20 log 10 K
10ω1 20 log 10 K
1 10 100 1000
ω
b) G ( jω ) = jωK
G ( jω ) dB = 20 log10 G ( jω ) = 20 log10 jωK = 20 log10 K ω = 20 log10 K + 20 log10 ω
+ 20 dB
ω G ( jω ) dB década
20 log10 K
ω1 20 log 10 K + 20 log 10 ω1
2ω1 20 log10 K + 20 log10 ω1 + 6
10ω1 20 log 10 K + 20 log10 ω1 + 20
1 10 100 1000 ω
c) G ( jω ) =
K
jω
K
G ( jω ) dB = 20 log10 G ( jω ) = 20 log10
K
= 20 log10 = 20 log10 K − 20 log10 ω
jω ω
− 20 dB
ω G ( jω ) dB 20 log10 K
década
ω1 20 log10 K − 20 log10 ω1
2ω1 20 log10 K − 20 log10 ω1 − 6
10ω1 20 log 10 K − 20 log10 ω1 − 20
1 10 100 1000 ω
d) G ( jω ) =
K
( jω )n
K
G ( jω ) dB = 20 log10 G ( jω ) = 20 log10
K
= 20 log10 = 20 log10 K − 20 log10 ω n = 20 log10 K − 20n log10 ω
( jω )n
ωn
− 20n dB
ω G ( jω ) dB 20 log10 K
década
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Circuitos Elétricos B
Solução alternativa: Por intermédio de simulação MATLAB utilizando-se os arquivos V_20.m é possível
reproduzir os resultados obtidos anteriormente.
s s s
1 + 1 + L1 +
G (s ) = K (s )
±N (s − z1 )(s − z 2 )L(s − z n ) = K ′(s )± N − z1 − z 2 − z n
(s − p1 )(s − p2 )L(s − pm ) s s s
1 + 1 + L1 +
− p1 − p 2 − p m
onde:
K′ = K
(− z1 )(− z 2 )L(− z n )
(− p1 )(− p2 )L(− pm )
Fazendo s = jω e calculando em dB, tem-se:
G ( jω ) dB = 20 log10 K ′ ± 20 N log10 jω +
ω ω ω
+ 20 log10 1 + j + 20 log10 1 + j + K + 20 log10 1 + j +
− z1 − z2 − zn
ω ω ω
− 20 log10 1 + j − 20 log10 1 + j − K − 20 log10 1 + j
− p1 − p2 − pm
Na expressão anterior, observar que cada termo pode ser calculado independentemente do outro, totalizando
quatro tipos de fatores, com as seguintes contribuições em módulo e ângulo de fase:
Análise de Circuitos pela Transformada de Laplace – Sérgio Haffner – Versão 11/9/2007 Página 49 de 59
Circuitos Elétricos B
• Fator derivativo/integrativo: Zeros (fatores derivativos) e pólos (fatores integrativos) na origem, isto é,
(s )+ N = ( jω )+ N para zeros e (s )− N = ( jω )− N para pólos.
Derivativo: jω (zero na origem):
Módulo: + 20 log10 jω = +20 log10 ω dB ⇒ + 20 dB = +6 dB
década oitava
Fase: + 90 o
1
Integrativo: (polo na origem):
jω
Módulo: − 20 log10 jω = −20 log10 ω dB ⇒ − 20 dB = −6 dB
década oitava
Fase: − 90 o
ω
• Fator de primeira ordem: Zeros ou pólos simples ou múltiplos na forma 1 + j .
ω n
ω
Zero real simples: 1 + j :
ω n
2
ω ω
Módulo: + 20 log10 1 + j = +20 log10 1 +
ωn ωn
ABF : ω << ω n , ≈ 20 log10 1 = 0 dB
ω = ωn , = 20 log10 2 ≈ 3 dB
ω
AAF : ω >> ω n , ≈ 20 log10 dB ⇒ + 20 dB
ωn década
ω
Fase: tan = tan −1 ω
−1 ω n
1 ω
n
ABF : ω << ω n , ≈ tan −1 (0 ) = 0
ω = ωn , = tan −1 (1) = 45o
AAF :
ω >> ω n , ≈ tan −1 (∞ ) = 90 o
1
Pólo real simples: :
ω
1+ j
ωn
2
ω ω
Módulo: − 20 log10 1 + j = −20 log10 1 +
ωn ωn
ABF : ω << ω n , ≈ −20 log10 1 = 0 dB
ω = ωn , = −20 log10 2 ≈ −3 dB
ω
AAF : ω >> ω n , ≈ −20 log10 dB ⇒ − 20 dB
ωn década
ωω
Fase: − tan −1 n = − tan −1 ω
1 ω
n
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Circuitos Elétricos B
jω jω
2
jω 2 jω
(
( jω − z ) jω − z = ω *
) 2
+ 2ξ
n + 1
ω n ωn
jω jω
2
2ξ ω
ωn
Fase: tan −1 2
ω
1 −
ω n
0
ABF : ω << ω n , ≈ tan −1 = 0
1
−1 2ξ
ω = ωn , = tan = 90 o
0
∞
AAF : ω >> ω n , ≈ tan −1 2
= 180 o (Parte real negativa e >> que imaginária)
−∞
1
Pólo complexo conjugado: 2
:
jω
jω
1 + 2ξ +
ω n ω n
Análise de Circuitos pela Transformada de Laplace – Sérgio Haffner – Versão 11/9/2007 Página 51 de 59
Circuitos Elétricos B
2
jω
jω
2
ω
2
ω
2
2ξ ω
ωn
Fase: − tan −1 2
ω
1 −
ω n
0
ABF : ω << ω n , ≈ − tan −1 = 0
1
−1 2ξ
ω = ωn , = − tan = −90o
0
∞
AAF : ω >> ω n , ≈ − tan −1 2
= −180o
−∞
x j9,99
x x
-100 -10 -1 -0,5 Re
x -j9,99
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Circuitos Elétricos B
Solução (continuação): As expressões das curvas assintóticas de módulo e de fase são dadas por:
1000(10)(100) 10 6 10 4
ω << 1 ⇒ G (s ) ≈ = 2 =
s (1)(100) 10 s s
10 4
G ( jω ) dB = 20 log10 = 20 log10 10 4 − 20 log10 ω = 80 − 20 log10 ω
jω
10 4
∠G ( jω ) = ∠ = 0 − 90 o = −90 o
j ω
1000(10 )(100) 10 6 10 4
1 << ω << 10 ⇒ G (s ) ≈ = 2 2 = 2
s(s )(100 ) 10 s s
10 4
G ( jω ) dB = 20 log10 = 20 log10 10 4 − 20 log10 ω 2 = 80 − 40 log10 ω
( jω ) 2
10 4
∠G ( jω ) = ∠ = 0 − 2 × 90 o = −180 o
( j ω )2
1000(s )(100) 10 5 s 10 5
10 << ω << 100 ⇒ G (s ) ≈ = 4 = 3
s(s ) s 2 ( )s s
10 5
G ( jω ) dB = 20 log10 = 20 log10 10 5 − 20 log10 ω 3 = 100 − 60 log10 ω
( jω ) 3
10 5
∠G ( jω ) = ∠ = 0 − 3 × 90 o = −270 o
( j ω )3
1000(s )(s ) 10 3 s 2 10 3
100 << ω ⇒ G (s ) ≈ = = 2
( )
s (s ) s 2 s4 s
10 3
G ( jω ) dB = 20 log10 = 20 log10 10 3 − 20 log10 ω 2 = 60 − 40 log10 ω
( jω ) 2
10 3
∠G ( jω ) = ∠ = 0 − 2 × 90 o = −180 o
( j ω )2
Assim, as curvas assintóticas de módulo e de fase são dadas pela figura a seguir.
− 20 dB
déc.
100 dB
80 dB − 40 dB
déc.
40 dB
− 60 dB
déc.
G ( jω ) dB
0 dB
-20 dB − 40 dB
déc.
-60 dB
–90°
∠ G ( jω )
–180°
–270°
Análise de Circuitos pela Transformada de Laplace – Sérgio Haffner – Versão 11/9/2007 Página 53 de 59
Circuitos Elétricos B
10
10 10 10 +20 dB
2ξ = 0,1 ω n = 10
Zero simples +3 dB +45°
Total +23 dB –45°
100 Zero simples +3 dB +45°
− 20 dB
déc.
100 dB
80 dB
–3 dB
+23 dB
40 dB − 40 dB
déc. − 60 dB
déc.
G ( jω ) dB
0 dB +3 dB
-20 dB − 40 dB
déc.
-60 dB
–90° –45°
∠ G ( jω ) °
–180 –45°
°
–270 +45°
Solução alternativa: Por intermédio de simulação MATLAB utilizando-se os arquivos V_21.m é possível
reproduzir os resultados obtidos anteriormente.
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Circuitos Elétricos B
Vs (s )
Exemplo V.22: Para o circuito da figura, determinar a função de transferência G (s ) = , o diagrama de
Ve (s )
pólos e zeros e o diagrama de Bode.
2C 2R
+ +
RC = 50 ms
ve(t) R C vs(t)
– –
Solução: O circuito equivalente no domínio da freqüência complexa é dado por (como se deseja determinar
apenas a função de transferência, as condições iniciais não são relevantes):
1
2 sC 2R
+ +
1
Ve(s) R Vs(s)
sC
– –
Substituindo o trecho em vermelho pelo seu circuito equivalente, tem-se:
1
2 sC 2R Z TH (s ) 2R
+ + + +
1 1
Ve(s) R Vs(s) VTH(s) Vs(s)
sC sC
– – – –
VTH (s ) = V (s ) = Ve (s )
R 2 RCs
1 e 2 RCs + 1
R+
2sC
1
R
Z TH (s ) = 2sC = R
1 2 RCs + 1
R+
2 sC
Aplicando a expressão do divisor de tensão no circuito equivalente, tem-se:
1
Vs (s ) = Ve (s ) = Ve (s )
sC 2 RCs 2R
×
1 R 2 RCs + 144 3 2 R + 1 (2 RCs + 1) + R
2R + + 1 442
+31 VTH ( s )
sC 1 24
RCs
24 sC
ZTH ( s )
× sC
Vs (s ) = Ve (s ) = Ve (s )
2R 2 RCs
4(RC ) s 2 + 5 RCs + 1
1 2
4 R Cs + 5 Rs +
2
sC
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Circuitos Elétricos B
Solução (continuação): Ajustando o coeficiente do termo de maior grau do denominador (tornando seu
coeficiente unitário), chega-se a:
1
s
Vs (s ) = Ve (s ) = Ve (s )
2 RCs 2 RC
2 2 1 5 1
4(RC ) s +
5 2
+ +
s+ s s
4(RC ) 4(RC )
2
4 RC 2 4 RC
1
s
Vs (s ) = 2 RC Ve (s )
5 1
s2 + s+
4(RC )
2
4 RC
Substituindo o valor de RC = 50 × 10 −3 s , tem-se:
Vs (s ) = 2 Ve (s )
10s
s + 25s + 100
Daí, a função de transferência é dada por
V (s )
G (s ) = s = 2
10s
Ve (s ) s + 25s + 100
Determinando as raízes do polinômio do denominador, pode-se determinar o diagrama de pólos e zeros de
V (s )
G (s ) = s . As raízes são –5 e –20 e a função de transferência pode ser reescrita da seguinte forma:
Ve (s )
Im K = 10
x x
Vs (s ) –20 Re
G (s ) =
10s –5
=
Ve (s ) (s + 5)(s + 20)
Em função das singularidades da função de transferência, as expressões das curvas assintóticas de módulo e de
fase do diagrama de Bode são dadas por:
ω << 5 ⇒ G (s ) ≈
10 s s
=
5 × 20 10
jω
G ( jω ) dB = 20 log10 = 20 log10 ω − 20 log10 10 = 20 log10 ω − 20 dB
10
jω
∠G ( jω ) = ∠ = 90 − 0 = 90
o o
10
5 << ω << 20 ⇒ G (s ) ≈
10s 1
=
s × 20 2
G ( jω ) dB = 20 log10 ≈ −6 dB
1
2
1
∠G ( jω ) = ∠ = 0
2
ω >> 20 ⇒ G (s ) ≈
10s 10
=
s×s s
G ( jω ) dB = 20 log10
10
= 20 log10 10 − 20 log10 ω = 20 − 20 log10 ω dB
jω
10
∠G ( jω ) = ∠ = 0 − 90 o = −90 o
jω
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Circuitos Elétricos B
Solução (continuação): Utilizando a expressão das assíntotas, obtidas anteriormente, pode-se esboçar o
seguinte diagrama assintótico de módulo e de fase da função de transferência.
+ 20 dB − 20 dB
déc. déc.
–6 dB
G ( jω ) dB
90°
∠ G ( jω ) 0°
–90°
5 20
ω
Contribuição
ω Singularidade
Módulo [dB] Fase [°]
5 Polo simples –3 dB –45°
20 Polo simples –3 dB –45°
90° –45°
∠ G ( jω ) 0° –45°
–90°
5 20
ω
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Circuitos Elétricos B
Para determinar a transformada inversa de Vs (s ) é necessário obter a expansão em frações parciais do seguinte
quociente:
100 K K2
= 1 +
(s + 5)(s + 20) s + 5 s + 20
sendo os coeficientes K1 e K 2 dados por:
100
K1 = lim (s + 5)
100 100 100 20
= lim = = =
s → −5
(s + 5)(s + 20) s→−5 s + 20 − 5 + 20 15 3
100 100 − 20
K 2 = lim (s + 20)
100 100
( + )( + ) = slim
→ −5 + = − 20 + 5 = − 15 = 3
s →−20
s 5 s 20 s 5
Utilizando estes coeficientes, a expressão da transformada de Laplace da tensão de saída pode ser reescrita:
20 20
Vs (s ) = 3 − (
3 1 − e −s
s + 5 s + 20
)
cuja transformada inversa é dada por:
20 20
v s (t ) = e −5t − e −20t u (t ) − e −5(t −1) − e −20(t −1) u (t − 1)
20 20
3 3 3 3
1
vs(t)
-1
-2
-3
-4
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2
t
Análise de Circuitos pela Transformada de Laplace – Sérgio Haffner – Versão 11/9/2007 Página 58 de 59
Circuitos Elétricos B
Na Tabela V.4 encontram-se sugestões de exercícios, referentes aos assuntos tratados neste capítulo.
Análise de Circuitos pela Transformada de Laplace – Sérgio Haffner – Versão 11/9/2007 Página 59 de 59
Circuitos Elétricos B
VI Análise de Fourier
VI.1 Introdução
No curso de circuitos elétricos, dedica-se grande espaço para a análise de circuitos elétricos submetidos à
excitação do tipo senoidal. Isto se deve a possibilidade de estender os principais resultados desta análise mesmo
quando o tipo de excitação não é senoidal. Utilizando-se a série de Fourier é possível determinar a resposta em
regime permanente (resposta estacionária) de uma rede a uma entrada periódica não-senoidal. A transformada
de Fourier permite analisar circuitos com entradas não-periódicas de forma similar à transformada de Laplace,
ou seja, através de uma representação equivalente no domínio da freqüência para a qual são obtidas equações
algébricas que são, posteriormente, convertidas para o domínio do tempo.
Uma função periódica é qualquer função que se repete a intervalos regulares, denominados períodos. Toda
função periódica satisfaz a equação:
f (t ) = f (t ± nT ) (1)
onde n é um número inteiro positivo maior que zero (n ∈ I , n > 0) e T é uma constante real denominada
período. Por exemplo, a função seno é periódica, com período T = 2π , pois:
sen ( x ) = sen [x ± 1 ⋅ (2π )] = sen [x ± 2 ⋅ (2π )] = sen [x ± 3 ⋅ (2π )] = K
Fourier mostrou que uma função periódica f (t ) pode ser representada1 por uma soma infinita de senóides e co-
senóides com períodos múltiplos inteiros (harmônicos) do período T da função periódica (período
fundamental), constituindo a chamada Série Trigonométrica de Fourier, dada por:
1
Para que seja possível expressar uma função periódica f (t ) como uma série de Fourier devem ser satisfeitas as
condições de Dirichlet (suficientes mas não necessárias):
• f (t ) deve ser unívoca;
• f (t ) deve ter um número finito de descontinuidades dentro de cada período;
• f (t ) deve ter um número finito de máximos e mínimos dentro de cada período;
t +T
• A integral ∫ f (t ) dt deve existir.
t
Toda função periódica produzida por uma fonte real satisfaz as condições de Dirichlet mas ainda não são conhecidas as
condições necessárias para que uma função f (t ) tenha representação em série de Fourier.
∞
f (t ) = a0 + ∑a n cos(nω 0 t ) + bn sen(nω 0 t ) (2a)
n =1
t0 +T
f (t )dt = ∫ f (t )dt
1 1 T
a0 =
T ∫ t0 T 0
(2b)
t0 +T
f (t )cos(kω 0 t )dt = ∫ f (t )cos(kω t )dt
2 2 T
ak =
T ∫ t0 T 0
0 k = 1,2,L (2c)
t0 +T
f (t )sen (kω 0 t )dt = ∫ f (t )sen(kω t )dt
2 2 T
bk =
T ∫ t0 T 0
0 k = 1,2,L (2d)
Alguma simplificação na notação pode ser obtida através da redefinição do termo a0 , da seguinte forma:
∞
f (t ) = cos(nω 0 t ) + bn sen(nω 0 t )
a0
2
+ ∑a
n =1
n (3a)
e
t0 +T
f (t )cos(kω 0 t )dt = ∫ f (t )cos(kω t )dt
2 2 T
ak =
T ∫ t0 T 0
0 k = 0,1,2,L (3b)
t0 +T
f (t )sen (kω 0 t )dt = ∫ f (t )sen(kω t )dt
2 2 T
bk =
T ∫ t0 T 0
0 k = 1,2,L (3c)
Neste caso, observar que a mesma expressão utilizada para determinar ak pode ser utilizada para determinar
a0 pois, quando k = 0 , cos(kω 0 t ) = 1 . Embora isto simplifique a notação, não será empregado no restante do
texto para evitar possíveis confusões. Desta forma, o coeficiente a0 da série de Fourier será sempre igual ao
valor médio da função, conforme Equação (2b).
A expressão (2b) pode ser obtida multiplicando ambos os lados de (2a) por cos(kω 0 t ) e integrando em um
período, e simplificando da forma como segue (vide Nilsson&Riedel, pág. 437):
t0 +T t0 +T ∞ t0 +T
∫ t0
f (t )cos(kω 0 t )dt = ∫ t0
a0 cos(kω 0 t )dt + ∑ ∫ [a
n =1
t0
n cos(nω 0 t )cos(kω 0 t ) + bn sen (nω 0 t )cos(kω 0 t )]dt
T
= 0 + ak + 0
2
De modo similar, a expressão (2c) pode ser obtida multiplicando ambos os lados de (2a) por sen (kω 0 t ) e
integrando em um período, e simplificando da forma como segue:
t0 +T t0 +T ∞ t0 +T
∫ t0
f (t )sen(kω 0 t )dt = ∫ t0
a0 sen(kω 0 t )dt + ∑ ∫ [a
n =1
t0
n cos(nω 0 t )sen (kω 0 t ) + bn sen (nω 0 t )sen(kω 0 t )]dt
T
= 0 + 0 + bk
2
Exemplo VI-1: Utilizando as expressões (3), determinar a série de Fourier da tensão periódica da Figura a
seguir.
v(t ) V
v(t ) = m t
T
Vm
–T T 2T t
2π
t0 = 0 ⇒ t0 + T = T ⇒ ω0 =
T
V
f (t ) = m t
T
Pela expressão (2b), tem-se para k = 0 :
647=148 T
T V t 2 Vm T 2
f (t )cos(0ω 0 t )dt =
1 T 1 V T V
a0 =
T ∫ 0 T ∫ 0
tdt = m2
m
T T ∫ 0
tdt = m2
T
= 2
2 0 T 2
− 0 =
V
= m
2
Para um k qualquer, tem-se:
T V
f (t )cos(kω 0 t )dt = m t cos(kω 0 t )dt = 2m t cos(kω 0 t )dt
2 T 2 2V T
ak =
T ∫ 0 T ∫ 0 T T ∫ 0
Para a determinação da integral t cos(kω 0 t )dt utiliza-se integração por partes2, sendo:
∫
u=t ⇒ du = dt
sen (kω 0 t )
dv = cos(kω 0 t )dt ⇒ v=
kω 0
Assim,
sen (kω 0 t ) sen (kω 0 t )
∫ t cos(kω t )dt sen (kω 0 t ) − sen (kω 0 t )dt =
t 1
0 = t
kω 0
− ∫
kω 0
dt =
kω 0 kω 0 ∫
1 − cos(kω 0 t )
sen (kω 0 t ) −
t
= =
kω 0 kω 0 kω 0
sen (kω 0 t ) + cos(kω 0 t )
t 1
=
kω 0 (kω 0 )2
Substituindo a expressão anterior, na equação de a k , tem-se:
∫ udv = uv − ∫ vdu
2
Integração por partes:
Solução (continuação):
T
t cos ( kω t )dt
644444∫04 474 0
444444 8
T
2Vm t
sen (kω 0 t ) + cos(kω 0 t ) =
1
ak =
T 2 kω 0 (kω 0 )2 0
2Vm T 0
= sen (kω T ) +
1
cos(kω T ) − sen (kω 0 ) +
1
cos (kω 0 )
T 2 kω 0
0
(kω 0 )2 0 kω
0
0
(kω 0 )2 0
2π
Nas expressões trigonométricas, considerando que ω 0 = ,
T
647 4=0 48 4 4=1 48
647 4 647 = 0 48 647 =1 48
2Vm T
2π 1 2π 0 2 π 1 2 π
ak = sen k T + cos k T − sen k 0 + cos k 0 =
T 2 kω 0 T (kω 0 ) T kω 0 T (kω 0 ) T
2 2
2Vm 1 1
= 0 + − 0 +
2
T (kω 0 ) (kω 0 )2
2
ak = 0 ∀k
Solução (continuação):
647 4=0 48 4 6474=1 48
4 647 =0 48 647 =1 48
2Vm 1 2π T 2π 1 2π 0 2π
bk = sen k T − cos k T − sen k 0 − cos k 0 =
T 2 (kω 0 )2 T kω 0 T (kω 0 )
2
T kω 0 T
2Vm
− (0 − 0 )
T
= 2
0−
T kω 0
− 2Vm − 2Vm − Vm
bk = = = ∀k
Tkω 0 2π kπ
Tk
T
Utilizando os coeficientes a0 , a k e bk , anteriormente calculados, tem-se a representação de v(t ) em série de
Fourier:
∞
v(t ) = a0 + ∑a n cos(nω 0 t ) + bn sen (nω 0 t ) =
n =1
Vm Vm ∞ 1 2π
= − sen(nω 0 t ) =
∑ sendo ω 0 =
2 π n=1 n T
= m − m sen (ω 0 t ) − m sen (2ω 0 t ) − m sen (3ω 0 t ) − K
V V V V
2 π 2π 3π
A seguir apresenta-se o gráfico dos quatro primeiros termos da série, em azul, e o valor da sua soma, em
vermelho, considerando Vm = 1 e T = 1 . Observar que com apenas estes termos a função se aproxima bastante
da função original. À medida que o número de termos considerados aumenta, a representação em série
aproxima-se mais da função original. Neste caso, o valor para t = 0 difere do valor original mas deve-se
lembrar que na função original tal valor não estava definido (entre 0 e Vm ).
0.8
v(t) 0.6
v0(t)
0.4
v1(t)
0.2
v2(t)
v3(t) 0
-0.2
-0.4
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3
t
Solução alternativa: A série de Fourier pode ser obtida por intermédio de simulação MATLAB/SIMULINK4
utilizando-se o arquivo VI_1.mdl. Supondo Vm = 1 e T = 1, têm-se os seguintes gráficos para as componentes
e para a aproximação.
4
Disponível em http://slhaffner.phpnet.us/circuitos_b/matlab/
i0 (t )
i (t )
+
Rede
+ para
ω =0
i (t ) +
i1 (t )
+ +
+ Rede
Rede Rede para
ω = ω0
M
+ i n (t )
+
∞ Rede
i (t ) = ∑ i (t )
n para
n =0 ω = nω 0
Exemplo VI-2: Determinar a expressão da corrente de regime permanente i(t ) considerando que a tensão da
Figura a seguir é aplicada a uma associação série de uma resistência de 1 Ω e uma indutância de 3/π H.
Considerar apenas os termos até n = 3 .
v(t ) V 3
v(t ) = m t = t = t
T 3
–3 3 6 t
De acordo com o teorema da superposição, a resposta de várias fontes atuando simultaneamente é a soma da
resposta individual de cada fonte. Considerando apenas os termos até n = 3 , tem-se:
2π 3 4π 3 6π
v(t ) ≈
3 3
− sen t − sen t − sen t =
2 π 3 2π 3 3π 3
≈ v0 + v1 + v 2 + v3
3
A resposta para v0 = é:
2
3
v0
i0 = = 2=3
R 1 2
2π 3 2π
Para a freqüência angular ω1 = , da fonte v1 = − sen t a impedância equivalente da carga é igual a:
3 π 3
2π 3
Z 1 = R + jω1 L = 1 + j = 1 + j 2 = 2,24 63,4 o Ω
3 π
e a corrente será dada por5:
−3
i1 = π sen 2π t − 63,4 o = −0,426 sen 2π t − 63,4 o
2,24 3 3
4π 3 π
4
Para a freqüência angular ω 2 = , da fonte v2 = − sen t a impedância equivalente da carga é igual a:
3 2π 3
4π 3
Z 2 = R + jω 2 L = 1 + j = 1 + j 4 = 4,13 76,0 o Ω
3 π
5
O módulo da corrente será igual ao módulo da tensão dividido pelo módulo da impedância e o ângulo de fase da corrente
estará atrasado, com relação à tensão, de um ângulo igual ao ângulo de fase da impedância.
2.5
2
i(t)
1.5
v(t)
1
0.5
0
0 1 2 3 4 5 6
t
Observar que os gráficos das funções de v(t ) e i(t ) não apresentam a mesma forma de onda.
Solução alternativa: A solução deste exercício pode ser obtida por intermédio de simulação
MATLAB/SIMULINK utilizando-se os arquivos VI_2a.mdl e VI_2b.mdl. No primeiro arquivo realiza-se a
reprodução dos resultados obtidos anteriormente, ou seja, determina-se a tensão e a corrente de regime
considerando os termos até n=3, obtendo-se os seguintes gráficos para a tensão e corrente, respectivamente:
O segundo arquivo realiza a simulação da função dente de serra exata aplicada ao circuito RL, obtendo-se o
gráfico da corrente considerando a forma de onda original e não mais uma aproximação desta. Comparando-se
os gráficos obtidos para a corrente, observa-se que a forma de onda do valor de regime obtido na aproximação é
bastante próxima ao valor exato, sendo as maiores diferenças localizadas nas vizinhanças dos instantes em que
a tensão varia bruscamente.
Os termos em co-seno e em seno da expressão (2) podem ser combinados em um único termo, possibilitando
representar cada um dos harmônicos de f (t ) através de um coeficiente único. A combinação pode ser realizada
em termos de seno ou co-seno, sendo a segunda forma apresentada a seguir:
∞
f (t ) = a0 + ∑A n cos(nω 0t + θ n ) (4a)
n =1
sendo
Ak θ k = ak − jbk = ak2 + bk2 θ k k = 1,2,L (4b)
Observar que Ak θ k = ak − jbk corresponde ao número complexo cuja parte real é igual a a k e cuja parte
imaginária é igual a − bk .
A expressão (4) é obtida a partir da expressão (2a), substituindo-se sen (nω 0 t ) por cos nω 0 t − 90 o , ( )
( )
∞ ∞
f (t ) = a0 + ∑a n cos(nω 0 t ) + bn sen (nω 0 t ) = a0 + ∑a n cos(nω 0 t ) + bn cos nω 0 t − 90o
n =1 n =1
Deste modo, o termo a n cos(nω 0 t ) + bn cos nω 0 t − 90 o ( ) da expressão (2a) pode ser substituído por
An cos(nω 0 t + θ n ) , resultando na expressão (4).
Exemplo VI-3: Utilizando as expressões (4), determinar a série de Fourier de co-senos da tensão periódica do
exemplo anterior.
6
Observar que a transformada fasorial foi feita considerando o valor de pico.
kπ
kπ kπ
V
Utilizando os coeficientes Ak = m e os ângulos de fase θ k = 90 0 , anteriormente calculados, tem-se a
kπ
representação de v(t ) em série de Fourier de co-senos:
∞
f (t ) = a0 + ∑A n cos(nω 0t + θ n )
n =1
∑ A cos(nω t + θ ) = 2 + ∑ πn cos(nω t + 90 ) =
∞ ∞
v(t ) = a0 +
V V m m o
n 0 n 0
n =1 n =1
V
= m + m
2
V ∞ 1
π n=1 n ∑
cos nω 0 t + 90o = ( ) sendo ω 0 =
2π
T
v(t ) =
Vm Vm
2
+
π
cos ω 0 t + 90 +
o Vm
2π
(
cos 2ω 0 t + 90 +
o Vm
3π
) cos 3ω 0 t + 90 + K
o
( ) ( )
( )
Na expressão acima, substituindo cos nω 0 t + 90 o = − sen(nω 0 t ) chega-se a expressão obtida anteriormente.
Por outro lado, empregando a identidade de Euler, é possível escrever a série de Fourier de forma mais
compacta, como mostrado a seguir. Da série trigonométrica, tem-se:
∞
f (t ) = a0 + ∑a n cos(nω 0 t ) + bn sen (nω 0 t )
n =1
n =1 n =1 n =0 n =1
jnω 0t
7
Observar que, para n = 0 , e = e j 0ω0t = 1
∞ −1 ∞
f (t ) = ∑ C n e jnω0t + ∑ Cn e jnω0t = ∑C e n
jnω0t
n =0 n = −∞ n = −∞
Observar que os coeficientes C n são números complexos e podem ser determinados a partir dos coeficientes da
série trigonométrica.
Exemplo VI-4: Utilizando as expressões (5), determinar a série de Fourier da tensão periódica do exemplo
anterior.
Através das expressões (2), (4) e (5) pode-se determinar a seguinte tabela de equivalência entre as formas de
apresentação da série de Fourier.
Série de Fourier
∞ ∞ ∞
f (t ) = a0 + ∑a n cos(nω 0 t ) + bn sen (nω 0 t ) f (t ) = a0 + ∑ A cos(nω t + θ )
n 0 n f (t ) = ∑C e n
jnω 0t
n =1 n =1 n = −∞
t0 +T t0 +T
f (t )dt f (t )dt
k=0
1 1
a0 =
T ∫ t0
a0 =
T ∫ t0
C 0 = a0
t0 +T a b
f (t )cos(kω 0t )dt
2 Ck = k − j k
ak = ∫
k = 1,2,…
T t0 2 2
Ak θ k = a k − jbk = a k2 + bk2 θ k
t0 +T a b
f (t )sen (kω 0t )dt
2
bk =
T ∫ t0
C −k = k + j k
2 2
A determinação dos coeficientes de Fourier pode ser simplificada quando se consideram os efeitos provocados
pelos diferentes tipos de simetria da função que se deseja obter a representação em série de Fourier.
8
O termo par é oriundo do fato das funções polinomiais que possuem apenas coeficientes pares apresentam esta
característica. Observar que x2n = (– x)2n, ∀ n inteiro.
f (t )
Fm
–T/2 T/2 T t
–Fm
Para funções pares, as expressões utilizadas para calcular os coeficientes do Fourier se reduzem a:
∞
f (t ) = a0 + ∑a n cos(nω 0t ) f (t ) par
n =1
com:
t0 +T T
f (t )dt = f (t )dt = f (t )dt
1 1 T 2
a0 = ∫ ∫ ∫
2
T t0 T 0 T 0
t0 +T T
f (t ) cos(kω 0t )dt = f (t ) cos(kω 0t )dt = f (t ) cos(kω 0t )dt
2 2 T 4
ak = ∫ ∫ ∫ k = 1,2,L
2
T t0 T 0 T 0
bk = 0 k = 1,2,L
ou
∞
f (t ) = ∑C e n
jnω 0t
f (t ) par
n = −∞
onde:
C 0 = a0
a b a 0 a
Ck = k − j k = k − j = k ⇒ Ck ∈ ℜ k = 1,2,L
2 2 2 2 2
a b a 0 a
C −k = k + j k = k + j = k = C k ⇒ C −k ∈ ℜ k = 1,2,L
2 2 2 2 2
–T/2 T/2 T t
–Fm
Para funções ímpares, as expressões utilizadas para calcular os coeficientes do Fourier se reduzem a:
9
O termo impar é oriundo do fato das funções polinomiais que possuem apenas coeficientes ímpares apresentam esta
característica. Observar que x2n+1 = – (– x)2n+1, ∀ n inteiro.
∞
f (t ) = ∑b n sen (nω 0t ) f (t ) ímpar
n =1
com:
ak = 0 k = 0,1,2,L
t0 +T T
f (t ) sen (kω 0t )dt = ∫ f (t )sen(kω t )dt = T ∫ f (t ) sen (kω 0t )dt
2 2 T 4
bk = ∫ k = 1,2,L
2
0
T t0 T 0 0
ou
∞
f (t ) = ∑C e n
jnω 0t
f (t ) ímpar
n = −∞
onde:
C 0 = a0 = 0
a b 0 b b
Ck = k − j k = − j k = − j k ⇒ Ck ∈ ℑ k = 1,2,L
2 2 2 2 2
a b 0 b b
C − k = k + j k = + j k = j k = −C k ⇒ C −k ∈ ℑ k = 1,2,L
2 2 2 2 2
Observar que o simples deslocamento da função ao longo do eixo do tempo pode fazer com que uma função se
torne par ou ímpar, ou seja, é possível, com a escolha apropriada da origem do eixo dos tempos, fazer com que
uma dada função se torne par ou ímpar, conforme ilustra a Figura VI.5.
f (t ) Versão PAR
Fm
Função original
–T/2 T/2 T t
f (t ) –Fm
Fm
–T/2 T/2 T t
–Fm
f (t ) Versão ÍMPAR
Fm
–T/2 T/2 T t
–Fm
Figura VI.5 – Deslocamento no eixo dos tempos para tornar uma função par e ímpar.
f (t ) = − f t − T ( 2
) (8)
De acordo com a expressão (8), uma função periódica apresenta simetria de meia onda se depois de deslocada
de meio período e invertida torna-se igual à função original, conforme mostra a Figura VI.6. Observar que a
simetria de meia onda não depende da escolha da origem do eixo dos tempos.
f (t )
Fm
–T/2 T/2 T t
–Fm
Fm (
f t −T
2
) Deslocamento ½ período
–T/2 T/2 T t
–Fm
Fm (
− f t −T
2
) = f (t ) Inversão
–T/2 T/2 T t
–Fm
Para funções com simetria de meia onda, todos os coeficientes a k e bk são nulos para valores pares de k.
Como o valor médio de qualquer função com simetria de meia onda é igual a zero, a0 = 0 e as expressões
utilizadas para calcular os coeficientes do Fourier se reduzem a:
∞
f (t ) = a0 + ∑a n cos(nω 0t ) + bn sen (nω 0t ) f (t ) com simetria de meia onda
n =1
com:
ak = 0 k = 0,2,4,6,L (k par)
T
f (t ) cos(kω 0t )dt
4
ak = ∫ k = 1,3,5,7,L (k ímpar)
2
T 0
bk = 0 k = 2,4,6,8,L (k par)
T
f (t ) sen(kω 0t )dt
4
bk = ∫ k = 1,3,5,7,L (k ímpar)
2
T 0
ou
∞
f (t ) = ∑C e n
jnω 0t
f (t ) com simetria de meia onda
n = −∞
onde:
C 0 = a0 = 0
a b 0 0
Ck = k − j k = − j = 0 k = 2,4,6,8,L (k par)
2 2 2 2
a b
Ck = k − j k k = 1,3,5,7,L (k ímpar)
2 2
a b 0 0
C −k = k + j k = + j = 0 k = 2,4,6,8,L (k par)
2 2 2 2
a b
C −k = k + j k k = 1,3,5,7,L (k ímpar)
2 2
As simplificações que ocorrem nas expressões que definem os coeficientes de Fourier em função da simetria da
função original estão resumidas na Tabela VI.2.
Tipo de
simetria
Condição Forma da série de Fourier Expressões dos coeficientes
T
f (t )dt
2
a0 = ∫
2
T 0
∞
∀k = 1,2,3,L
f (t ) = a0 + ∑a n cos(nω 0t ) T
f (t )cos(kω 0 t )dt
4
n =1 ak = ∫
2
T
f (t ) = f (− t )
Função 0
par bk = 0
C 0 = a0
∞
f (t ) = ∀k = 1,2,3,L
∑C e
n = −∞
n
jnω 0t
ak
Ck = C−k = ⇒ Real
2
∀k = 0,1,2,L
∞ ak = 0
f (t ) = ∑b n sen (nω 0 t ) ∀k = 1,2,3,L
n =1 T
f (t )sen (kω 0 t )dt
4
bk = ∫
2
T 0
f (t ) = − f (− t )
Função
ímpar C0 = 0
∀k = 1,2,3,L
∞
f (t ) = ∑C e n
jnω 0t
Ck = − j
bk
⇒ Imaginário
n = −∞ 2
b
C−k = j k = −C k
2
a0 = 0
k = 2,4,6,L (k par):
ak = 0
∞ bk = 0
f (t ) = ∑ a n cos(nω 0 t ) + bn sen(nω 0 t ) k = 1,3,5,7,L (k ímpar):
n =1 T
f (t )cos(kω 0t )dt
4
ak = ∫
2
T 0
T
f (t )sen (kω 0t )dt
4
bk = ∫
2
( ) T 0
f (t ) = − f t − T
Simetria de
meia onda 2 C0 = 0
k = 2,4,6,8,L (k par):
Ck = 0
∞
C −k = 0
f (t ) = ∑C e n
jnω 0t
k = 1,3,5,7,L (k ímpar):
n =−∞
a b
Ck = k − j k
2 2
a b
C−k = k + j k
2 2
Sendo ω 0 = 2π a freqüência fundamental da função periódica f (t ) cujo período é T: f (t ) = f (t ± nT ), ∀n inteiro
T
Para utilizar as expressões que levam em conta a simetria, o limite inicial de integração deve ser zero.
Exemplo VI-5: Determinar a expansão em série de Fourier da tensão periódica da figura a seguir.
v(t )
6
–2 2 4 6
t
–6
Solução: Pela análise do gráfico, observa-se que a função que descreve v(t ) não é par nem ímpar, mas
apresenta simetria de meia onda pois v(t ) = −v(t − 2 ) , logo:
∞
2π 2π π
v(t ) = ∑a n cos(nω 0 t ) + bn sen (nω 0 t ) ω0 = = =
n =1
T 4 2
Para k = 2,4,6, L (k par):
ak = 0
bk = 0
Para k = 1,3,5,7, L (k ímpar):
4 T2 π kπ
v(t )cos(kω 0 t )dt =
4 2 2
ak =
T 0 ∫ 4 0 ∫
3t cos k t dt = 3 t cos
2 ∫0 2
t dt =
2
1 kπ t kπ
= 3 t + kπ sen t =
( )
cos
kπ 2
2 2 2
2 0
647 =0 4 8 647 =1 4 8 64 47 =0 44 8
1
kπ 2 kπ 1 kπ 0 kπ
= 3 + − + =
( )
( )
cos 2 kπ sen 2 cos 0 kπ sen 0
k2π 2 kπ 2
2 2
2 2 2 2
2
2 =6
−1∀k ímpar
2 474
8 2
− 24
2
= 3 cos(kπ ) − 1 = 3 (− 2 ) =
kπ
kπ
(kπ )2
4 T2 π kπ
v(t )sen(kω 0 t )dt =
4 2 2
bk =
T 0 ∫ 4 0 ∫ 2 ∫
3t sen k t dt = 3 t sen
0 2
t dt =
2
1 k π t k π
= 3 t − kπ cos t =
( )
sen
kπ 2 2 2 2
2 0
647 =0 48 647 =0 4 8 64 47 =0 44 8
1
kπ 2 kπ 1 kπ 0 kπ
= 3 − − − =
( ) kπ
( ) kπ
sen 2 cos 2 sen 0 cos 0
k2π 2 kπ 2
2 2
2 2 2 2
2
= −1∀k ímpar
64 7 48
− 4
cos(kπ ) =
12
= 3
kπ kπ
Deste modo, tem-se:
∞
− 24 nπ 12 nπ
v(t ) = ∑ 2
cos t + sen t
n =1 (nπ ) 2 nπ 2
n ímpar
Solução (continuação):
n=1444444 n=34444448
644444 47 8 64444447
− 24 π 12 π − 24 3π 12 3π
v(t ) = 2 cos t + sen t + 2
cos t + sen t +
π 2 π 2 (3π ) 2 3π 2
64444447 n =54444448 6444444 4n7= 74444444 8
− 24 5π 12 5π − 24 7π 12 7π
= + 2
cos t + sen t + 2
cos t + sen t +K
(5π ) 2 5π 2 (7π ) 2 7π 2
O gráfico a seguir ilustra o valor calculado da série para os três primeiros termos (em azul), calculados para
n = 1, 3 e 5 e a soma destes (em verde).
6
4
v1(t), v3(t), v5(t), v(t)
v(t) 2
v1(t)
0
v3(t)
v5(t) -2
-4
-6
0 1 2 3 4 5 6
t
Solução alternativa: A solução deste exercício pode ser obtida por intermédio de simulação
MATLAB/SIMULINK utilizando-se o arquivo VI_5.mdl. Assim os gráficos dos componentes até n=5 e da
aproximação são dados respectivamente por:
Sinal decomposto Aproximação do sinal considerando n=5
Exemplo VI-6: Determinar a expansão dos três primeiros termos não nulos da corrente que circulará na
associação RC série, quando esta é alimentada por um inversor cuja forma de onda é dada pela figura a seguir.
v(t ) i (t )
200 +
100 R R =1Ω
C = 250 µF
T T T v(t ) T = 16 ms
/6 /3 /2 T
t C
–100
–200 –
Solução: Pela análise do gráfico, observa-se que a função que descreve v(t ) é impar, pois v(t ) = −v(− t ) , e
apresenta simetria de meia onda, pois v(t ) = −v(t − 2 ) , logo será representada por uma Série de Senos
(ak = 0, ∀k ) com todos os termos pares nulos.
∞
2π 2π π
v(t ) = ∑b n sen(nω 0t ) ω0 = = =
n=1
T 4 2
Para k = 2,4,6, L (k par):
bk = 0
Para k = 1,3,5,7, L (k ímpar):
4 T2 4 T T T
bk = v(t )sen(kω 0 t )dt = 6 100 sen(kω 0 t )dt + T 3200 sen (kω 0 t )dt + T 2100 sen (kω 0 t )dt =
∫ ∫ ∫ ∫
T 0 T0 6 3
4 − 100 cos(kω 0 t ) 6 − 200 cos(kω 0 t ) 3 − 100 cos(kω 0 t ) 2
T T T
= + + =
T kω 0 kω 0 T kω 0 T 3
0
6
= 2π
400
k T T
{[ ( ) ( )] [ ( ) ( )] [
− cos k T 6 + cos k T 0 + − 2 cos k T 3 + 2 cos k 2Tπ T6 + − cos k 2Tπ T2 + cos k 2Tπ T3 =
2π T 2π 2π T
( ) ( )]}
=
200
kπ
[ π
( ) 2π
( ) ( )
− cos k 3 + 1 − 2 cos k 3 + 2 cos k 3 − cos(kπ ) + cos k 3 =
π 2π
( )]
=
200
kπ
[ π
( )
1 + cos k 3 − cos k 3 − cos(kπ )
2π
( ) ]
Como apenas os termos ímpares não são nulos, tem-se a seguinte seqüência de valores:
Observar que todos os termos múltiplos de 3 apresentam valor nulo e os demais são iguais a:
600
bk = ∀k ímpar , k ≠ múltiplo de 3
kπ
Deste modo, tem-se:
∞
600 2π
v(t ) = ∑ nπ sen n T t =
n=1
n ímpar
n não múltiplo de 3
6447 n =1448
644 47n =5444
8 644 47n=74448 6444n7 =11444
8
600 2π 600 2π 600 2π 600 2π
= sen t + sen 5 t + sen 7 t + sen11 t + K
π T 5π T 7π T 11π T
Solução (continuação):
250
200
150
v3 termos(t) 100
v1(t) 50
v5(t) 0
v7(t) -50
-100
-150
-200
-250
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
t [ms]
De acordo com o teorema da superposição, a resposta de várias fontes atuando simultaneamente é a soma da
resposta individual de cada fonte. Considerando apenas os três primeiros termos não nulos, têm-se as
componentes calculadas a seguir.
2π 2π
= 125π , da fonte v1 (t ) = sen (125πt ) a impedância equivalente
600
Para a freqüência angular ω1 = =
T 0,016 π
da carga é igual a:
1 1
Z1 = R − j =1− j = 1 − j10,19 = 10,23 − 84,39o Ω
ω1C 125π 250 × 10 −6
10
O módulo da corrente será igual ao módulo da tensão dividido pelo módulo da impedância e o ângulo de fase da
corrente estará adiantado, com relação à tensão, de um ângulo igual ao ângulo de fase da impedância.
Solução (continuação):
2π 2π
= 875π , da fonte v7 (t ) = sen (875πt ) a impedância
600
Para a freqüência angular ω 7 = 7 =7
T 0,016 7π
equivalente da carga é igual a:
1 1
Z7 = R − j =1− j = 1 − j1,46 = 1,76 − 55,50 o Ω
ω 7C 875π 250 × 10 −6
40
3 termos
i (t)
20
i1(t)
i5(t) 0
i7(t)
-20
-40
-60
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
t [ms]
Embora a amplitude dos harmônicos de tensão de ordem 5 e 7 sejam bastante inferiores à amplitude da
fundamental (20% e 14%, respectivamente), observar que os harmônicos de corrente correspondentes
apresentam amplitudes muito semelhantes a da fundamental (90% e 83%). Isto se deve ao fato de que cada
harmônico de tensão “enxerga” uma impedância diferente que decresce quando a freqüência aumenta, neste
caso. Observar, também, que os gráficos das funções de v(t ) e i(t ) não apresentam a mesma forma de onda.
Solução alternativa: A solução deste exercício pode ser obtida por intermédio de simulação
MATLAB/SIMULINK utilizando-se os arquivos VI_6a.mdl e VI_6b.mdl. No primeiro arquivo realiza-se a
reprodução dos resultados obtidos anteriormente, ou seja, determina-se a tensão e a corrente de regime
considerando os três primeiros termos, obtendo-se os seguintes gráficos para a tensão e corrente,
respectivamente.
Solução alternativa (continuação): O segundo arquivo realiza a simulação da função exata aplicada ao
circuito RC e permite obter o gráfico da corrente considerando a forma de onda original e não mais uma
aproximação desta. Comparando-se os gráficos obtidos para a corrente, observam-se diferenças significativas,
indicando que a aproximação empregada não é capaz de representar com fidelidade o funcionamento deste
circuito.
Observar que a forma de onda da tensão original apresenta variações instantâneas ( + 200 V em t=0 s, + 100 V
em t=T/6, − 100 V em t=T/3, − 200 V em t=T/2, − 100 V em t=4T/3, + 100 V em t=5T/3, e assim sucessivamente)
que são aplicada a uma associação série de um resistor e um capacitor sendo, portanto, a corrente proporcional
à derivada da tensão aplicada no capacitor e limitada pelo resistor (observar que existe correspondência entre os
picos de corrente obtidos na simulação e a magnitude das variações instantâneas pois a resistência tem valor
unitário). Por outro lado, na aproximação por série de Fourier, estas variações instantâneas não existem, pois as
funções que representam os termos desta série são contínuas.
A potência média fornecida para um sistema ou componente pode ser facilmente determinada quando se dispõe
das representações em série de Fourier da tensão e da corrente dos seus terminais. Sejam as representações
trigonométricas em co-senos da corrente e da tensão:
( )
∞
v(t ) = VCC + ∑V n cos nω 0t + θ nv (9)
n=1
( )
∞
i(t ) = I CC + ∑I n cos nω 0t + θ ni (10)
n=1
sendo:
VCC – Valor da componente contínua da tensão [V];
Vn – Amplitude do harmônico de ordem n da tensão [V];
θ nv – Ângulo de fase harmônico de ordem n da tensão [radianos];
I CC – Valor da componente contínua da corrente [A];
In – Amplitude do harmônico de ordem n da corrente [A];
θ ni – Ângulo de fase harmônico de ordem n da corrente [radianos].
i(t )
+
v(t ) SISTEMA
Para os sentidos de referência da Figura VI.7 e considerando o período T da tensão e da corrente, a potência
média fornecida para o sistema é dada por11:
t0 +T t0 +T
p(t )dt = v(t )i (t )dt
1 1
P = p média =
T ∫ t0 T ∫ t0
(11)
sendo a tensão dada pela expressão (9) e a corrente pela expressão (10). Embora o cálculo envolva a
multiplicação de duas séries infinitas, a integração em um período elimina todos os termos nos quais a tensão e
a corrente possuem freqüências diferentes. Assim, a expressão (11) simplifica-se para:
( ) ( )
∞
1 t0 +T
P = [VCC I CC t ] t00 + ∑∫
t +T
Vn I n cos nω 0t + θ nv cos nω 0t + θ ni dt
T t
n=1 0
Mas12:
( ) (
cos nω 0 t + θ nv cos nω 0 t + θ ni = ) ( )
cos θ nv − θ ni + cos 2nω 0 t + θ nv + θ ni ( )
2
logo
∫ [cos(θ ) ( )]
∞
1 t0 +T
[VCC I CC t ] t0 +
Vn I n
P=
T
t0 +T
∑
n =1 2
v
n − θ ni + cos 2nω 0t + θ nv + θ ni dt
t0
(
Observando que a integração de cos 2nω 0 t + θ nv + θ ni ao longo de um período é nula, tem-se: )
( )
∞
1 t0 +T
[VCC I CC t ] t0 +
Vn I n
P =
T
t0 +T
∑
n=1 2
∫ cos θ nv − θ ni dt =
t0
( )∫
∞
1 t0 +T
= [VCC I CC t ] t00 +
Vn I n
T
t +T
∑
n=1 2
cos θ nv − θ ni dt =
t0
( )
∞
1 t +T
= [VCC I CC t ] t00 + cos θ nv − θ ni ⋅ [t ] t00
Vn I n
T
t +T
∑
n=1 2
( )
∞
Vn I n
P = VCC I CC +
n=1 2
∑ cos θ nv − θ ni (12)
Assim, a potência média total fornecida para o sistema é igual à soma das potências médias associadas aos
diferentes harmônicos de tensão e de corrente.
Exemplo VI-7: Considerar apenas os termos até n = 3 , determinar a potência média total fornecida para a
associação série (resistência de 1 Ω e indutância de 3/π H), sabendo que:
2π 3 4π 3 6π
v(t ) ≈
3 3
− sen t − sen t − sen t
2 π 3 2π 3 3π 3
2π 4π 6π
i(t ) ≈
3
− 0,426 sen t − 63,4 o − 0,115 sen t − 76,0 o − 0,0524 sen t − 80,5 o
2 3 3 3
11
Vide Capítulo II das Notas de Aula.
cos(a − b ) + cos(a + b )
12
Pois cos a cos b =
2
( )
3
vn in
P = vCC iCC +
n =1
∑ 2
cos θ nv − θ ni =
3 3 3
0,426 0,115 0,0524
=
33 π
22
+
2
cos 90 − 26,6 +
o o 2π
2
(
cos 90 − 14,0 +
o o 3π
2
) (
cos 90 o − 9,5 o ) ( )
=
9
4
( )
+ 0,203 cos 63,4 + 0,0274 cos 76,0 + 0,00834 cos 80,5 =
o o o
( ) ( )
9
+ 0,0911 + 0,00664 + 0,00138 =
4
P = 2,35 W
A figura a seguir mostra o gráfico da tensão (em azul) e da corrente (em vermelho), juntamente com o valor da
potência instantânea (em verde). O valor médio da potência instantânea ao longo de um ciclo também está
assinalado (corresponde a P = 2,35 W ).
6
5
v(t); i(t); p(t); P
4
p(t)
v(t) 3
i(t)
2
0
0 1 2 3 4 5 6
t
Solução alternativa: A solução deste exercício pode ser obtida por intermédio de simulação
MATLAB/SIMULINK utilizando-se o arquivo VI_7.mdl, obtendo-se o seguinte gráfico, no qual a potência é
representada pela curva em azul, a tensão em verde e a corrente em vermelho.
Como já observado no Capítulo 2, o valor RMS de uma função periódica é dado por:
FRMS = Feficaz =
1 T
[ f (t )]2 dt
∫
T 0
∞ ∞ 2
An2 An
FRMS = +a02
n =1
∑ 2
= a02 +
n =1 2
∑ (13)
Em outras palavras, o valor RMS de uma função periódica é igual à raiz quadrada da soma dos quadrados dos
valores RMS dos harmônicos com o quadrado do termo constante.
Exemplo VI-8: Determinar o valor RMS da tensão periódica, representada pelos 4 termos da série de Fourier,
a seguir discriminados:
2π 3 4π 3 6π
v(t ) =
3 3
− sen t − sen t − sen t
2 π 3 2π 3 3π 3
Solução alternativa: A solução deste exercício pode ser obtida por intermédio de simulação
MATLAB/SIMULINK utilizando-se o arquivo VI_8.mdl.
No exemplo anterior, observar que o valor RMS exato da função triangular original é dado por:
3
1 t 3
1
[ f (t )] dt = 1 1 27
T 3
= ∫ ∫ t dt = = = 3 ≈ 1,73 V
2 2
VRMS
T 0 3 0 3 3 0 3 3
Assim, o erro percentual do valor RMS é dado por:
1,69 − 1,73
ε% = 100% = −2,31%
1,73
Denomina-se espectro de amplitude de uma função periódica f (t ) , o gráfico das amplitudes dos termos da
série de Fourier em função da freqüência; denomina-se espectro de fase de uma função periódica f (t ) o
gráfico dos ângulos de fase dos termos da série de Fourier em função da freqüência.
O espectro de amplitude e de fase são construídos a partir das equações (4) e (5) sendo, também, denominados
espectros de linhas pois os valores de amplitude ( An ou C n ) e ângulo de fase são especificados apenas para
valores discretos da freqüência angular ( ω 0 ,2ω 0 ,3ω 0 , L ). No caso do uso da forma trigonométrica da equação
(4), são considerados apenas os valores positivos dos harmônicos, ou seja. ω = ω 0 , ω = 2ω 0 , ω = 3ω 0 ,L ; para a
forma exponencial da equação (5), são considerados os valores positivos e negativos dos harmônicos, ou seja.
ω = ±ω 0 , ω = ±2ω 0 , ω = ±3ω 0 ,L .
Exemplo VI.9: Para a corrente do gráfico a seguir, determinar a expansão em série de Fourier, na forma
exponencial, juntamente com os espectros de amplitude e de fase.
i (t )
6
–2 –1 1 2 4 6 t
Solução: Da análise do gráfico de i(t ) , observa-se que a função é par e que seu período é T = 5 s , logo:
2π 2π
ω0 = = = 0,4π
T 5
2 T2
i(t )dt = i(t )dt =
2 2, 5 2 1
a0 = ∫
T 0 5 0 ∫ 5 0 ∫6dt =
= [t ]0 = [1 − 0]
12 1 12
5 5
12
a0 =
5
Para k = 1,2,L , tem-se:
4 T2 2π 2kπ
i(t )cos(kω 0 t )dt = i(t )cos k
4 2, 5 4 1
ak = ∫
T 0 5 0 ∫ 5
t dt = ∫
5 0
6 cos
5
t dt =
1
647 =0 48
24 1 π π
sen (0 )
2 k 24 5 2 k 5
= 2kπ sen t = sen −
5 5 5 2kπ 5 2kπ
5 0
12 2 kπ
ak = sen
kπ 5
bk = 0
Solução (continuação): Deste modo, a corrente pode ser expressa pela seguinte série de co-senos:
=A = 0 48
∞ }n 647 ∞
i(t ) = a0 + a n cos(nω 0 t ) + bn sen (nω 0 t ) = 0 + An cos(nω 0 t ) =
a
n =1
∑ 2 n=1
∑
12 ∞ 12 2π 2π
= +
5 n =1 nπ
∑ sen n cos
5 5
nt
6
i0(t); i1(t); i2(t); i3(t); i(t)
i(t)
4
i0(t)
i1(t) 2
i2(t) 0
i3(t)
-2
-4
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
t
Os coeficientes da série exponencial são dados por:
12
C0 = a0 = = 2,4
5
12 2kπ
sen
a k kπ 5 6 2kπ
C k = C −k = = = sen
2 2 kπ 5
3 200
2,5
Fase Cn [graus]
150
2
|Cn|
1,5 100
1
50
0,5
0 0
-10 -8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8 10 -10 -8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8 10
n n
Solução (continuação): Observar que, para valores de n múltiplos de 5 o coeficiente tem amplitude nula e,
portanto, seu ângulo de fase é indeterminado.
∞ j 2π nt 2π
6 2π 5 − j nt
= 2,4 + ∑ nπ sen 5 n e1442
n =1
+ e44 5
3
π
= 2 cos 5 nt
2
Solução alternativa: A solução deste exercício pode ser obtida por intermédio de simulação
MATLAB/SIMULINK utilizando-se os arquivos VI_9.mdl e VI_9m.m. Com o primeiro arquivo é possível
determinar o gráfico da corrente. Mostrado a seguir.
1.5
|Cn|
0.5
0
-10 -8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8 10
n
Espectro de Fase
200
Fase Cn [graus]
150
100
50
0
-10 -8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8 10
n
De posse dos coeficientes da série de Fourier que representam as formas de onda de tensão ou de corrente
periódicas não senoidais, é possível quantificar sua diferença com relação a uma onda senoidal pura por
intermédio de diversos fatores, entre os quais se destacam a distorção harmônica total (DHT)13, o fator de crista
(FC) e o fator de forma (FF). Para uma forma de onda de tensão ou corrente alternada (com valores médios
nulos), representadas pelas seguintes séries:
( )
∞
v(t ) = ∑V n cos nω 0 t + θ nv
n =1
( )
∞
i(t ) = ∑I n cos nω 0 t + θ ni
n =1
a distorção harmônica total em percentual, DHT%, é dada por:
∞ 2 2 2
Vn V2 V3
∑
n=2 2
+
2 2
+ K
DHTv % = × 100% = × 100%
V1 V1
2 2
∞ 2 2 2
In I 2 I3
n=2 2
∑ +
2 2
+ K
DHTi % = × 100% = × 100%
I1 I1
2 2
Alternativamente, as expressões anteriores podem ser escritas em função dos valores eficazes da tensão e da
corrente, respectivamente, VRMS e I RMS , da seguinte forma14:
2
V
2
VRMS − 1 2
2 VRMS
DHTv % = × 100% = 2
− 1 × 100%
V1 V1
2
2
2
I
2
I RMS − 1 2
2 I RMS
DHTi % = 2
× 100% =
− 1 × 100%
I1
I1
2
2
Obviamente, para os sinais senoidais puros que possuem apenas a fundamental ( V1 e I1 ), os valores de
distorção harmônica são nulos, ou seja, DHTv % = 0 e DHTi % = 0 .
O fator de crista corresponde a uma relação entre os valores máximos (ou de pico) de tensão ( Vpico ) e corrente
( I pico ) e os valores eficazes correspondentes:
Vpico
FCv =
VRMS
I pico
FCi =
I RMS
13
Em inglês, Total Harmonic Distortion (THD).
14
Lembrar que quando os valores médios da tensão e da corrente são nulos, tem-se:
∞ 2 2 2 2
Vn V1 V2 V3
VRMS = ∑
n =1 2
= + +
2 2 2
+ K
.
∞ 2 2 2 2
In I I I
I RMS = ∑
n =1
2
= 1 + 2 + 3 + K
2 2 2
Para uma tensão ou corrente senoidal pura, utilizada como parâmetro de comparação, o fator de crista
F F
corresponde a max = Fmax = 2 ≈ 1,41 .
FRMS max
2
O fator de forma corresponde a uma relação entre os valores eficazes de uma tensão ou corrente e os valores
médios calculados em ½ período15 correspondentes:
VRMS
FFv =
Vmédio em T 2
I RMS
FFi =
I médio em T 2
Para uma tensão ou corrente senoidal pura16, utilizada como parâmetro de comparação, o fator de forma
Fmax
FRMS π
corresponde a = 2
2 Fmax
= ≈ 1,11 .
Fmédio em T 2 π 2 2
Exemplo VI.10: Utilizando as expressões (3), determinar a série de Fourier da tensão periódica da Figura a
seguir juntamente com seus fatores de distorção.
v(t )
Vm
6T 9T
/10 /10
T
/10 4T
/10 T/2 T t
– Vm
T 0 T T
10
6T
10
10 10
T
a0 = 0
Como a 0 corresponde ao valor médio, poderia ter sido determinado por inspeção no gráfico de v(t ) ,
observando-se que esta tensão tem valor médio nulo (a área da função sobre o eixo t é igual a área que está
abaixo deste eixo).
15
Calculado em ½ período pois o valor médio em um período é nulo (lembrar que os sinais tratados nesta Seção são
considerados alternados).
16
Neste caso, o valor médio em meio período é dado por
2 F − cos( 2Tπ t )
T
ak = ∫ ∫ ∫
10
T 0 T 10 10
2Vm sen (kω 0 t )
sen (kω 0 t ) 10
4T 9T
10
= − =
T kω 0 T kω 6T 10
10
0
=
2Vm
(sen(kω 0 4T 10 ) − sen(kω 0 T 10 ) − [sen(kω 0 9T 10 ) − sen(kω 0 6T 10 )])
kω 0T
Substituindo o valor de ω 0 , tem-se:
T ) [
a k = 2πm (sen (k 2Tπ 410T ) − sen (k 2Tπ 10 − sen (k 2Tπ 910T ) − sen (k 2Tπ 610T )]) =
2V
k T T
= m [sen(k 0,8π ) − sen (k 0,2π ) − sen (k1,8π ) + sen(k1,2π )]
V
kπ
Agrupando de forma conveniente e considerando as relações trigonométricas17, tem-se:
=2 sen k 2π cos − k 0, 4π =2 sen k 2π cos − k 0,6π
64444 2
7 4 4 2
4
4 8 64444 2
744244
8
sen(k 0,8π ) + sen (k1,2π ) − sen (k 0,2π ) + sen (k1,8π ) =
Vm
ak =
kπ
=
Vm
[2 sen(kπ ) cos(− k 0,2π ) − [2 sen(kπ ) cos(− k 0,3π )]]
kπ
Como k é inteiro, chega-se a:
47 cos ( k 0 , 2π ) cos ( k 0 ,3π )
Vm 6 8 6=47
=04 4 48 4 6 47=04 8 6=47 4 48 4
ak = 2sen (kπ )cos(− k 0,2π ) − 2sen (kπ )cos(− k 0,3π )
kπ
ak = 0 ∀k
Como a função que descreve v(t ) é ímpar, os valores de ak não precisariam ter sido calculados pois, sabe-se
de antemão que serão todos nulos – vide Seção VI.3.2.
bk = ∫ ∫ ∫
10
T 0 T 10 10
2Vm − cos(kω 0 t )
− cos(kω 0 t ) 10
4T 9T
10
= − =
T kω 0 kω 0 6T 10
T
10
=
2Vm
(− cos(kω 0 4T 10 ) + cos(kω 0 T 10 ) − [− cos(kω 0 9T 10 ) + cos(kω 0 6T 10 )])
kω 0T
Substituindo o valor de ω 0 , tem-se:
T ) [
bk = 2πm (− cos(k 2Tπ 410T ) + cos(k 2Tπ 10 − − cos(k 2Tπ 910T ) + cos(k 2Tπ 610T )]) =
2V
k T T
= m [− cos(k 0,8π ) + cos(k 0,2π ) + cos(k1,8π ) − cos(k1,2π )]
V
kπ
c+d c−d
sen (c ) + sen (d ) = 2 sen
17
cos
2 2
Como a função que descreve v(t ) tem simetria de meia onda, os coeficientes pares da série são todos nulos e
o cálculo poderia ter se limitado aos coeficientes dos termos ímpares – vide Seção VI.3.3.
Deste modo, a tensão pode ser expressa pela seguinte série de senos:
=0
} ∞ }=0 ∞
v(t ) = a0 + a n cos(nω 0t ) + bn sen (nω 0t ) = bn sen(nω 0t )
∑ ∑
n=1 n=1
∞
2Vm π 3π 2π
v(t ) = ∑ sen (n0,3π )sen n − sen n sen n t
n =1 nπ 2 2 T
n ímpar
c+d c−d
cos(c ) − cos(d ) = −2 sen
18
sen
2 2
Solução (continuação):
64447 n =1444 8 64447 n =3444 8 64447 n =54448
2π 6π 10π
v(t ) ≈ 1,0301Vm sen t − 0,1312Vm sen t − 0,2546Vm sen t +
T T T
6444n7 =74448 64447 n =94448 6444n7 =114448
1.5
1
v(t)
v1(t) 0.5
v3(t)
0
v5(t)
v7(t) -0.5
-1
-1.5
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3
t [s]
Para se determinar os fatores de distorção, é necessário determinar primeiro os valores de pico, eficaz e médio
em ½ período da tensão:
Vpico = Vm
1
v 2 (t )dt =
1
v 2 (t )dt =
2 2
[t ]T = Vm 2 4T − T
2 4T 10
T T 4T 4T
VRMS = ∫ ∫ ∫ Vm2 dt = Vm ∫ dt = Vm
2 10 10
T 0 T
2
0 T T
10 T T
10 T 10 T 10 10
VRMS = 0,6Vm ≈ 0,774Vm
2Vm 4T 10 2Vm 4T T 2Vm 3T
1
v(t )dt =
2
[t ]T 10 =
T 4T
Vmédio em T 2 = ∫ ∫ Vm dt = − =
2 10
T
2
0 T T
10 T T 10 10 T 10
Vmédio em T 2 = 0,6Vm
DHTv % =
2
VRMS
− 1 × 100% =
(V m 0,6 )
2
− 1 × 100% =
0,6
− 1 × 100% =
0,6
− 1 × 100%
V1
2
1,0301Vm
2
(0,7284)2 0,5306
2 2
DHTv % ≈ 36,2%
Vpico Vm 1
FCv = = =
VRMS 0,6Vm 0,6
FCv ≈ 1,29
VRMS 0,6Vm 0,6
FFv = = =
Vmédio em T 2 0,6Vm 0,6
FFv ≈ 1,29
Solução alternativa 1: A solução deste exercício pode ser obtida por intermédio de simulação
MATLAB/SIMULINK utilizando-se os arquivos VI_10.mdl e mymax.m (função definida necessária para
execução do arquivo anterior). Com a simulação empregando o primeiro arquivo é obtido o gráfico da
aproximação mostrada a seguir (supondo Vm = 1 e T = 1) e são reproduzidos os fatores de distorção obtidos
anteriormente.
Os coeficientes da série de Fourier do Exemplo VI.9 podem ser obtidos de forma alternativa conforme descrito
a seguir.
= − =
T kω 0 T kω 0 (T +T )
10 2 10
=
2Vm
(sen(kω 0 (T 2 − T 10 )) − sen(kω 0 T 10 ) − [sen(kω 0 (T − T 10 )) − sen(kω 0 (T 2 + T 10 ))])
kω 0T
Substituindo o valor de ω 0 , tem-se:
a k = 2πm (sen (k 2Tπ (T 2 − T 10 )) − sen (k 2Tπ T 10 ) − [sen (k 2Tπ (T − T 10 )) − sen (k 2Tπ (T 2 + T 10 ))]) =
2V
k T T
=
Vm
[sen(kπ − k 0,2π ) − sen(k 0,2π ) − sen(k 2π − k 0,2π ) + sen(kπ + k 0,2π )]
kπ
Agrupando de forma conveniente e considerando as relações trigonométricas19, tem-se:
=sen (kπ 6
)cos (k 0, 2π )−cos( kπ )sen (k 0, 2π )
447448 =sen ( k 2π )cos (k 0 , 2π )−cos( k 2π )sen ( k 0 , 2π ) =sen (kπ )cos( k 0 , 2π )+cos (kπ )sen ( k 0 , 2π )
644 47444 8 6447448
sen (kπ − k 0,2π ) − sen (k 0,2π ) − sen(k 2π − k 0,2π ) sen (kπ + k 0,2π )
Vm =
ak = +
kπ
=
Vm
[sen(kπ ) cos(k 0,2π ) − cos(kπ )sen(k 0,2π ) − sen(k 0,2π ) − (sen(k 2π ) cos(k 0,2π ) − cos(k 2π )sen(k 0,2π )) +
kπ
+ sen (kπ ) cos(k 0,2π ) + cos(kπ ) sen (k 0,2π )]
=
Vm
[− cos(kπ )sen (k 0,2π ) − sen (k 0,2π ) + sen (k 0,2π ) + cos(kπ )sen (k 0,2π )] = 0
kπ
ak = 0 ∀k
= − =
T kω 0 kω 0 T +T
T
10 2 10
=
2Vm
{− cos(kω 0 (T 2 − T 10 )) + cos(kω 0 T 10 ) − [− cos(kω 0 (T − T 10 )) + cos(kω 0 (T 2 + T 10 ))]}
kω 0T
Substituindo o valor de ω 0 , tem-se:
bk = 2πm {− cos(k 2Tπ (T 2 − T 10 )) + cos(k 2Tπ T 10 ) − [− cos(k 2Tπ (T − T 10 )) + cos(k 2Tπ (T 2 + T 10 ))]} =
2V
k T T
= m [− cos(kπ − k 0,2π ) + cos(k 0,2π ) + cos(k 2π − k 0,2π ) − cos(kπ + k 0,2π )]
V
kπ
Observar que a expressão para os coeficientes bk , embora equivalente à obtida anteriormente, é ligeiramente
diferente. Neste caso, o termo 1 − cos(kπ ) só assume dois valores diferentes (2 e 0), conforma mostra a tabela a
seguir onde é apresentada uma expressão alternativa para obter tais coeficientes para quaisquer valores de k.
Exemplo VI.11: No circuito a seguir considera-se que o triac é ideal (a cada meio ciclo, entra em condução a
partir do seu ângulo de disparo α, comportando-se como um curto-circuito até o instante em que a corrente
atinge valor nulo). Determinar:
α iR (t )
+ R = 100 Ω
v(t ) = 180 sen (ωt ) V
ω = 377 rad
v R (t )
+ s
v(t ) R T = 2π
ω
α = T
4
–
a) As formas de onda da tensão e da corrente na resistência, juntamente com as funções que as definem.
b) Os valores eficazes da tensão e da corrente na resistência.
c) A potência média dissipada na resistência em W e em percentual da potência máxima que ocorre quando
α = 0 (triac substituído por um curto-circuito).
d) As expressões das séries de Fourier da tensão e da corrente na resistência.
e) As expressões dos 3 primeiros termos não nulos das séries de Fourier da tensão e da corrente na resistência
e os valores eficazes correspondentes. Verificar o erro percentual com relação aos valores obtidos no Item
(b).
f) Utilizando as séries truncadas do Item (e), determinar a potência média dissipada na resistência. Verificar o
erro percentual com relação aos valores obtidos no Item (c).
Solução:
a) Para o primeiro período, as funções que descrevem a tensão e a corrente são:
0 0≤t <T4 0 0≤t <T4
180 sen ( 2π t ) 1,8 sen ( 2π t )
T ≤t <T
vR (t ) T ≤t <T
vR (t ) = ( ) = ( ) =
4 2 4 2
T
T ≤ t < 3T
i R t ⇒ v R t
T
T ≤ t < 3T
0 2 4 R 0 2 4
180 sen ( 2Tπ t ) 3T ≤ t < T 1 ,8 sen ( 2π
t ) 3T ≤ t < T
4 T 4
T = ω = 377 ≈ 16,7 ms
2π 2π ⇒ α = 4 = 4ω = 4×377 ≈ 4,17 ms
T 2π 2π
200 2
150 1.5
100 1
50 0.5
vR(t) 0 iR(t) 0
-50 -0.5
-100 -1
-150 -1.5
-200 -2
0 0.002 0.004 0.006 0.008 0.01 0.012 0.014 0.016 0.018 0 0.002 0.004 0.006 0.008 0.01 0.012 0.014 0.016 0.018
t [s] t [s]
VRRMS =
1 T
[vR (t )]2 dt
∫
T 0
Como a função tem simetria de meia onda, pode-se determinar o valor RMS integrando-se em apenas meio
período, ou seja:
[v R (t )]2 dt = ∫ [180 sen(2Tπ t )] dt = 180 T ∫ sen ( 2Tπ t )dt =
1 T
2 T
2 T
T ∫0
2
V RRMS =
2 2 2 2
2 T T
4
T
4
1 − cos(2 2Tπ t )
[1 − cos( 4π t )]dt = 180 1 t − sen( T t )
T
4π 2
2 T
1 T
= 180 ∫ dt = 180 ∫ =
2 2
T 4π
T T
4
2 T T
4 T T T 4
1 T sen ( 4Tπ T
) − T − sen( 4Tπ T4 ) = 180 1 sen (2π ) 1 sen (π )
= 180 − 2
4 − − − =
T 2 4π
T
4π
T 2 1442π43 4 142 π3
=0 =0
1 1 1 1
= 180 − = 180 = 180
2 4 4 2
VRRMS = 90 V
Como a corrente apresenta a mesma forma de onda da tensão, tem-se:
1
I RRMS = 1,8 = 0,9 A
2
P=
R
VR (
1 RMS 2 90 2
=
100
= 81 W )
Quando α = 0 , a tensão na resistência corresponde a uma senóide cujo valor eficaz é dado por
180
VRRMS max = ≈ 127 V , sendo a potência dissipada na resistência igual a
2
Solução (continuação):
P max 1
(
= VRRMS max )=
2 ( ) 180 2
2
= 162 W
R 100
P 81
Assim, a potência percentual é: P% = max
100% = 100% = 50%
P 162
d) Observando a forma de onda da tensão (por conseguinte da corrente também), observa-se que esta não
apresenta simetria par ou ímpar, mas possui simetria de meia onda. Assim, tem-se:
a0 = 0
2 − cos( 4Tπ t ) 2
T
( ) [ ( )]
T
2 1 T
= 180 ∫ 4π
= = − 4π
T =
2
sen t dt 180 180 cos t 2
T T
4
T
T 4π
T T 2π T
4
4
=14 = −18
1 6
47 8 67
= 180 [− cos( 4Tπ ) − (− cos( ))] = 180 − cos(2π ) + cos(π ) = 180 1 (− 2)
1 T 4π T
2π 2 T 4
2π 2π
−1
a1 = 180 ≈ −57,30
π
= 180 + = − =
(1 + k ) 2Tπ T
(1 + k ) T
180
T (1 − k ) 2Tπ π (1 − k )
4 4
=
1 cos(kπ ) cos(kπ )
180
+ +
sen (k π
2
) −
sen (k π
2
) 1
= 180 cos(kπ )
2
+ sen (k π2 )
2k
=
π (1 − k ) (1 + k ) (1 − k ) (1 + k ) π 1− k 2 1 − k 2
+ sen (k π2 )
2 k
180 cos(kπ )
1
=
π 1− k 2 1 − k 2
Solução (continuação): Em função da simetria, quando k é par os coeficientes ak e bk são todos nulos, logo:
= −4
1∀k ímpar
2 6 74 8 1 2 −1
ak = 180 cos(kπ ) + sen (k π
) k
= 180 + sen (k π2 )
k
=
π 1− k 2 2
1− k
2
π 1 − k 2
1 − k 2
ak = 180
2
[1 − k sen (k π2 )] ∀k ≥ 3, k ímpar
( )
π k −1
2
∫T 4 (cos[(1 − 1) 2Tπ t ] − cos[(1 + 1) 2Tπ t ])dt = 180 T ∫T 4 (cos[0 2Tπ t ] − cos[2 2Tπ t ])dt =
T T
2 2 2
b1 = 180 2
T
2 sen ( 4Tπ t ) 2 2 T sen ( 4Tπ T2 ) T sen ( 4Tπ T4 )
T
= 180
2 T2
[1 − cos( t )]dt = 180 t −
∫ 4π
T T = 180
4π − − 4π
− 4 = 4π
T 4 T T T 4 T 2 T T
=04 =08
647 8 67
2 T sen (2π ) T sen (π ) 2 T 1
= 180 − 4π − + 4π = 180 = 180
T 2 T
4 T T
4 2
b1 = 90
Para k > 1 , tem-se:
= 180 − = − =
(1 + k ) T
180
T (1 − k ) 2Tπ (1 + k ) 2Tπ T π (1 − k )
4 4
Observar que a série infinita que descreve a função possui apenas um termo em seno (90 sen ( 2Tπ t )) , sendo todos
os demais em cosseno. Desta forma, caso este termo em seno fosse subtraído da função de vR(t), ou da série que
a representa, estas passariam a apresentar também simetria par, sendo a série constituída exclusivamente por
termos ímpares em cosseno. Denominando vRmodificada (t ) a tensão modificada obtida a partir da função original
vR(t), descontando-se o termo em seno, ou seja, vRmodificada (t ) = vR (t ) − 90 sen ( 2Tπ t ) , obtém-se o gráfico da figura a
seguir.
200
150
vR(t) 100
50
90sen(2π/Tt)
0
vRmodificada(t)
-50
-100
-150
-200
0 0.002 0.004 0.006 0.008 0.01 0.012 0.014 0.016 0.018
t [s]
No gráfico anterior pode-se observar que a tensão original encontra-se em azul (com simetria de meia onda), o
termo a ser descontado em verde (com simetria ímpar) e a tensão modificada com simetrias par e de meia
onda em vermelho.
Em função da semelhança entre as formas de onda da tensão e da corrente, que só diferem por um fator de
escala, a série que representa a corrente é dada por:
n =144444 n = 3,5,L
64444 47 8 64444444744444448
∞
− 1,8
iR (t ) = cos( 2Tπ t ) + 0,9 sen ( 2Tπ t ) +
)[ ]
1 − n sen (n π2 ) cos (n 2Tπ t )
2
π ∑ n =3 (
1,8
π n 2
− 1
n ímpar
e) Considerando apenas os três primeiros termos não nulos da série, a aproximação que representa a tensão na
resistência é dada por:
6444444n7 = 34444448
64444 47 n =144444 8 = −4
− 180 647 18
(t ) ≈ cos( T t ) + 90 sen ( T t ) + 180 1 − 3sen (3 π ) cos(3 2π t ) +
2π 2π 2
( )
3 termos
vR
π π 32 − 1 2
T
6444444 4n7= 5444444 48
=14
647 8
+ 180
2 1 − 5sen (5 π ) cos(5 2π t )
2
(
π 5 −1 )
2
T
Solução (continuação): Para esta aproximação, tem-se o gráfico a seguir, no qual em azul são mostrados os
três primeiros componentes (fundamental, terceiro e quinto harmônicos) e em vermelho a resultante.
200
150
3 termos
vR (t) 100
50
v1(t)
0
v3(t) -50
v5(t) -100
-150
-200
0 0.002 0.004 0.006 0.008 0.01 0.012 0.014 0.016 0.018
t [s]
DHTv % =
2
V RMS
− 1 × 100% =
90 2
− 1 × 100%
DHTv % ≈ 27,9%
2
V1 86,69 2
2
Vpico 180
FCv = = FC v ≈ 2,08
VRMS 86,69
( ) 180 6
= −14 =0 48
T
× − 2π 2 47 8 6 47
1
v(t )dt =
2
( ) 2 180 cos t
( ) ( )
T T
Vmédio em T 2 = ∫ ∫ 2π
= = − 2π T
+ 2π T
2 2
T
180 sen t dt cos cos
T 0 T T
4
T
T 2π
T 4 π T 2 T 4
2 T
180
Vmédio em T 2 = ≈ 57,30
π
VRMS 86,69
FFv = = FFv ≈ 1,51
Vmédio em T 2 57,30
Em função do conteúdo harmônico desta tensão, observa-se que com apenas os três primeiros termos da série
de Fourier a forma de onda não se apresenta muito próxima da função original. Acrescentando-se mais sete
termos, tem-se a seguinte aproximação:
Solução (continuação):
6444444n7 = 34444448
64444 47 n =144444 8 = −4
− 180 647 18
(t ) ≈ cos( T t ) + 90 sen ( T t ) + 180 1 − 3sen (3 π2 ) cos(3 2Tπ t ) +
2π 2π 2
( )
10 termos
vR
π π 3 −1
2
6444444 4n7= 5444444 4 8 6444444 4n7 = 74444444 8
=14 = −4
647 8 647 18
+ 180
2 1 − 5sen (5 π ) cos(5 2π t ) + 180 2 1 − 7sen (7 π ) cos(7 2π t ) +
(
π 5 −1
2
)
2
T
(
π 72 −1
) 2
T
Para estes 10 termos, o gráfico comparativo com a função original apresenta maior proximidade conforme
mostrado na figura a seguir.
200
150
100
10 termos
vR (t) 50
0
vR(t) -50
-100
-150
-200
0 0.002 0.004 0.006 0.008 0.01 0.012 0.014 0.016 0.018
t [s]
6444444n7 = 54444448
=14
647 8
+ 1,8
2 1 − 5sen (5 π ) cos(5 2π t )
(
π 52 − 1 )
2
T
Solução (continuação):
A3 = a32 + b32 = 0,5732 = 0,573
A5 = a52 + b52 = (− 0,191)2 = 0,191
2 2 2 2 2 2
i max i3max i5max 1,0669 0,573 0,191
3 termos
I RMS = 1 +
2
+
2
=
+ + = 0,8669 A
2 2 2 2
3 termos
I RMS = 0,8669 A
f) Considerando os três primeiros termos não nulos, a potência média dissipada na resistência é dada por:
v max i max v max i max v max i max 106,69 × 1,0669 57,30 × 0,573 19,10 × 0,191
P 3 termos = 1 1 cos 0 + 3 3 cos 0 + 5 5 cos 0 = + +
2 2 2 2 2 2
P 3 termos
= 75,15 W
Solução alternativa: A solução deste exercício pode ser obtida por intermédio de simulação
MATLAB/SIMULINK utilizando-se os arquivos VI_11.mdl. As formas de onda da tensão e da corrente na
resistência são dadas, respectivamente, pelos gráficos a seguir.
Gráfico da tensão vR(t) Gráfico da corrente iR(t)
As aproximações considerando três termos para as formas de onda da tensão e da corrente na resistência são
dadas, respectivamente, pelos gráficos a seguir.
Gráfico da tensão vR3 termos(t) Gráfico da corrente iR3 termos(t)
Exercício VI.1: Sabendo que o circuito está em regime permanente, determinar a potência dissipada na
resistência R1 considerando inclusive até o segundo harmônico. A série que descreve a tensão da fonte é
definida por:
ω 0 = 50 rad s
a0 = 5 R2 L2
10π
an =
n
5π k
bn = 2 +
n
v(t) L1 R1
R1 = 10 Ω
R2 = 15 Ω
L1 = 90 mH
L2 = 40 mH
k = 0,5
Exercício VI.2: Um sistema trifásico simétrico de tensões alimenta uma carga equilibrada conectada em
estrela com neutro. Sabe-se que a corrente da fase A é dada por:
i A (t ) = 6 cos(400t ) + 4 cos(1200t ) + 2 cos(2000t )
Determinar:
a) A expressão da corrente nas demais fases.
b) A expressão da corrente de neutro.
c) O valor eficaz da corrente nas fases e no neutro.
Na Tabela VI.3 encontram-se sugestões de exercícios, referentes aos assuntos tratados neste capítulo.