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Na aula de hoje quero dar uma pincelada nesse assunto que acho que
todos nós já estamos meio carecas de ouvir falar, certo?
Ele é: DIETAS.
Saiba que se você também experienciou este tipo de coisa, você não está
sozinho, porém, muito pelo contrário…
É comum ouvirmos falar que 95% das dietas falham, certo? Talvez você já
tenha ouvido falar disso também.
Aliás, pra você ter uma idéia, uma análise mais de perto de um dos
programas de emagrecimento mais comuns nos EUA, o Weight Watchers, o
qual conta com centenas de milhares (senão milhões hoje) de
participantes, mostra que a taxa de sucesso de emagrecimento é de 2 a
cada mil, ou seja, 0.2% [1].
Ou seja, de cada mil pessoas que tentam emagrecer, após 5 anos, somente
2 delas mantém o mesmo peso. É chocante!
Pode-se ver no gráfico que ao longo dos anos não existe praticamente
diferença significativa alguma entre os grupos que fizeram dietas (lifestyle),
metaformin (remédio para diabetes) e o grupo que não fez nada. [2]
Neste outro estudo abaixo que mediu a perda de peso de uma dieta baixa
em gorduras e uma dieta baixa em carboidrato mostra que, ainda que a
dieta baixa em carboidratos resulte em mais perda de peso no início, no
final de 2 anos, a diferença praticamente não existe.
Mais um estudo recente publicado no American Journal Of Clinical
Nutrition comparou 3 dietas diferentes por 6 meses, sendo uma delas alta
em gorduras e com carboidratos de baixo índice glicêmico, a outra baixa
em gorduras e média em carboidratos e por última o grupo controle que é
a típica dieta alimentar dinamarquesa (alta em gordura saturada e alta de
carboidratos de alto índice glicêmico). [13]
Veja o gráfico:
Veja que a dieta de baixa caloria gerou uma queda grande de peso em
todos os 3 grupos (funciona no curto prazo).
Depois das 8 semanas, cada grupo seguiu uma dieta específica conforme
dito antes. Veja que o peso de todos os grupos começou a subir
consistentemente novamente e que a tendência é que os pesos serão
igualados novamente no futuro (ainda que o estudo só tenha durado 6
meses, o que não é o bastante para mostrar o sucesso a longo prazo).
A idéia vigente hoje em dia é ainda aquela idéia de que o corpo é como uma
balança.
Se você ingere mais calorias do que gasta, você ganha peso. Se você gasta
mais calorias do que ingere, você perde peso. Simples, não?
O que se notou foi que, sim, os jovens perderam peso. Porém, se verificou
que o metabolismo destes jovem desacelerou em 30%!
Os jovens apresentaram problemas para se concentrar, sentiam frio
rotineiramente e fraqueza (alguma semelhança com algo que já sentiu?).
Agora, outro estudo feito também ha bastante tempo atrás, em 1944, por
Ancel Keys da Universidade de Minnesota nos EUA, colocou 36 homens em
uma dieta de 1560 kcal/dia por 24 semanas. [4]
O grupo de mulheres que seguiu a dieta, comeu uma média de 361 kcal a
menos por dia (conforme recomendado) e se exercitou mais do que
estavam se exercitando no começo do estudo. Ótimo, tudo como o estudo
queria.
Alias, como Dr. Jason Fung diz: “Virtualmente todos os estudos feitos com
dietas de semi-inanição (de baixa caloria) são incrivelmente similares e mal
sucedidos. É um histórico de 35 anos sem sucesso algum.” [7]
Além disso, hoje em dia tem algo muito assustador acontecendo, algo seria
inconcebível décadas atrás: obesidade infantil (bebês obesos).
Este bebê de 8 meses é obeso e faz parte de um grupo crescente de bebês
na mesma situação.
Este bebê só toma leite materno, ou seja, ele não pode estar comendo
demais, sendo guloso e esbanjando em doces. Além disso, este bebê de 8
meses não é sedentário, não pode fazer corridas e se exercitar mais.
Esse triste fato nos dá uma pista de onde está mesmo a causa da
obesidade. Simplesmente não está em se comer mais do que se gasta.
Trateremos isso em outra aula.
“Ainda que exercício físico seja considerado ser uma atividade que gera
déficit calórico, nossas estimativas não suportam esta hipótese.” [8]
Para cada hora de exercício feito pelos estudantes, eles consumiram 292
kcal extras.
Claro, é possível se perder peso assim, por um tempo pelo menos, sofrendo
com fome e fraqueza constante, porém, como vimos esta não é uma
solução de longo prazo.
Como Dr. Jason Fung sumariza muito bem a idéia desta parte: “Em se
tratando da solução para obesidade, a dieta alimentar é responsável por
95% dos resultados, enquanto os exercícios somente por 5%. Então, por que
gastamos 50% do tempo focando em exercícios?” [8]
Agora, não há dúvidas que exercícios físicos são recomendados para saúde
geral.
Porém, o que se dizer sobre outras dietas como as famosas dieta Paleo e
dieto do Baixo Carboidrato, Alta Gordura (LCHF)?
Exemplo: Alimentos como o chocolate (85% cacau pra cima), café, queijos,
iogurte, etc são nutritivos e não apresentam problemas para a maioria das
pessoas (salvo as pessoas alérgicas ou intolerantes).
Logo, não vejo por que não incluí-los em um estilo de vida nutritivo e
saudável.
Enquanto eu acredito nas idéas destas 2 dietas e acho que ambas estão
embasadas cientificamente, não acho que devam ser seguidas a cego.
Melhor que isso, ao meu ver, é se utilizar do que cada uma delas tem de
melhor e montar-se um estilo de vida alimentar que funcione
perfeitamente para você.
A boa notícia, é que estas poucas mentes brilhantes existem e é por causa
delas que hoje se sabe mais sobre as verdadeiras causas da obesidade do
que nunca antes, e é isso que veremos na aula seguinte.
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REFERÊNCIAS
[1] Weight Watchers Works. For Two Out of a Thousand. (And They Probably
Weren’t Fat to Begin With) https://fatfu.wordpress.com/2008/01/24/weight-
watchers/ (Acessado 25/08/2015)
[2] Dr. Jason Fung, blog: “Do All Diets Fail? – How to Lose Weight XI”
https://intensivedietarymanagement.com/all-diets-fail-how-to-lose-weight-
xi/ (Acesso em 25/08/2015)
[4] The Biology Of Human Behavior. Ancel Keys, University of Minnesota, 1944.
[6] Low-fat dietary pattern and weight change over 7 years: The Women’s
Health Initiative Dietary Modification Trial. Howard BV et al. Journal of
American Medical Association 2006; 295: 39-49
[7] Dr. Jason Fung: “The aetiology of obesity, part 1 of 6: A New Hope”
[9] Exercise—the miracle cure. Report from the Academy of Medical Royal
Colleges. Feb 2015. http://www.aomrc.org.uk/
[10] “It is time to bust the myth of physical inactivity and obesity: you cannot
outrun a bad diet”, Br J Sports Med doi:10.1136/bjsports-2015-09491 –
http://bjsm.bmj.com/content/early/2015/05/07/bjsports-2015-094911.full
(Acesso 25/08/2015)
[11] “Changes in Weight, Waist Circumference and Compensatory Responses
with Different Doses of Exercise among Sedentary, Overweight
Postmenopausal Women” –
http://www.plosone.org/article/info:doi/10.1371/journal.pone.0004515
(Acesso 28/05/2015)
[12] “Exercise Effect on Weight and Body Fat in Men and Women” by
McTiernan et al, Obesity (2007) 15, 1496-1512
[14] “Diets, Diatribes, and a Dearth of Data” – David L. Katz, MD, Yale
University Prevention Research Center –
http://circoutcomes.ahajournals.org/content/7/6/809.full (Acesso
25/08/2015)