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ISSN: 2595-3516 185

Dieta Low Carb para emagrecimento

Marcelo Santo Pedro PAMPLONA1


João Francisco Francelin CALIS2
Resumo: Quando se fala em emagrecimento, enquanto determinadas pessoas
pensam que devemos cortar a gordura, outras tomam o carboidrato como vilão.
Diante disso, verifica-se que muitos adotam a dieta Low Carb. O principal
objetivo dessa dieta é reduzir a quantidade de carboidrato ingerido e aumentar
a de proteínas e de lipídeos na dieta. Essa prática também pode ser nomeada
de paleo, pois é baseada nas alimentações dos povos antigos caçadores-
coletores. Muitos indivíduos adotam a Low Carb como estilo de vida, esperando
resultados imediatos. O objetivo deste estudo é analisar se a dieta Low Carb
para emagrecimento é uma boa intervenção nutricional. As bases de dados para
este estudo foram Google acadêmico, PubMed, SciELO, BIREME, LILACS
e CAPES. Foram usados apenas artigos em inglês e português. Todos os anos
foram incluídos nas pesquisas. Os resultados da pesquisa mostraram que a dieta
low carb deve ser usada em casos patológicos e não para fins estéticos.

Palavras-chaves: Dieta. Low Carb. Emagrecimento.

1
Marcelo Santo Pedro Pamplona. Bacharelando em Nutrição pelo Claretiano – Centro universitário.
E-mail: <marcelo_pamplona@hotmail.com>.
2
João Francisco Francelin Calis. Mestre em Ciências da Motricidade Humana pela Universidade
Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP). Especialização em Treinamento Desportivo
pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP). Licenciado e Bacharel em
Educação Física pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP). Docente
do curso de Nutrição do Claretiano – Centro universitário. E-mail: <joaocalis@claretianorc.com.br>.

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Low Carb Diet For Weight Loss

Marcelo Santo Pedro PAMPLONA


João Francelin CALIS
Abstract: When we talk about losing weight, we see there are people who
think that we must cut off fat, meanwhile there are other people who consider
carbohydrate as a villain. Thinking about it, many adopt the so-called Low Carb
diet, which main point is to reduce the intake of carbohydrate and to increase
the intake proteins and lipids. This practice can also be named as paleo, because
it is based on the habits of hunters-gatherers. Some people take Low Carb as
a life style, as if it is the best way of losing weight. The purpose of this study
is to analyze if the low-carbohydrate diet as a way of losing weight is a good
nutritional intervention. The databases for this study were Google academic,
PubMed, SciELO, BIREME, LILACS and CAPES. Only articles in English
and Portuguese were used. All years were included in the research. The results
showed that a low-carbohydrate diet must be used in pathological cases, not for
aesthetic purposes.

Keywords: Diet. Low Carb. Weight Loss.

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1. INTRODUÇÃO

Com o passar dos anos, as indústrias alimentícias, principal-


mente as de fast foods, se tornaram rotina na vida das pessoas. En-
quanto muitos alegam que procuram redes de fast food por falta de
tempo, outros dizem que preferem pela praticidade ou que comem
fora simplesmente por uma questão de confraternização. Obvia-
mente, essas pessoas sofrem com alguns efeitos dessa alimentação
nada saudável e, então, buscam meios para tentar modificar essa
situação.
Há que se ressaltar que o principal problema dessas pessoas
reside no fato de procurem soluções rápidas e permanentes. Mui-
tas delas são capazes de fazer qualquer coisa quando se trata de
emagrecer, como, por exemplo, praticar atividades físicas sem ter
hábitos de alimentação saudável. Obviamente, ao agirem assim, ou
não alcançam o resultado almejado, ou o alcançam depois de muito
tempo. Contudo, logo se frustram e, com isso, voltam aos antigos
hábitos alimentares.
Tendo isso em mente, Robert C. Atkins (1972) passou a pes-
quisar meios de dar soluções rápidas para as pessoas. Em 1972, pu-
blicou a obra A dieta revolucionária do Dr. Atkins. O livro é basea-
do na dieta Low Carb, que consiste em deixar organismo em cetose,
consumindo uma quantidade mínima de carboidrato. Quando isso
acontece, a cetose queima as gorduras armazenadas pela insulina,
com a intenção de fornecer energia. Atkins afirma em seu livro que
uma dieta para a vida toda necessita ser saborosa e fácil de executar.
Então, oferece aos seus pacientes um cardápio diferenciado, con-
tendo no café da manhã apenas queijo e café, no almoço, batatas
fritas e rosquinhas, e, no jantar, biscoitos, refrigerantes e sorvete.
Em termos mundiais, percebe-se que o número de obesos
chega a 39% da população, segundo a OMS. No Brasil, de acordo
com o Ministério da Saúde, a obesidade atinge 1 em cada 5 pessoas
adultas.
Segundo Atkins (1972), dietas ricas em carboidratos são o
que pessoas com sobrepeso não necessitam, sendo que o problema
se dá devido a um defeito metabólico ligado à insulina, que faz os

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níveis de açúcar subirem e descerem, à medida que o indivíduo se


alimenta.
Ainda no livro, Atkins (1972) cita que, numa população de
25.000 pessoas, 90% delas foram beneficiadas por meio de sua die-
ta. Para uma pessoa que busca desesperadamente emagrecer, ela
pode se deslumbrar com esse prefácio, sem saber de outras visões
a respeito dela.
Em seu estudo, Borba et al. (2011) expuseram 24 ratos di-
vididos igualmente em dois grupos: um deles com uma dieta con-
trolada e outro grupo com uma dieta com restrição à carboidrato.
Verificou-se que o grupo de ratos com dieta Low Carb teve um
ganho de peso maior que o do grupo com dieta controlada, além
de também apresentaram maior prevalência de esteatose hepática
(acúmulo de gordura no fígado). Ainda mais, apresentaram varia-
ção nos parâmetros bioquímicos (piora nas condições de saúde) e
alguns ratos do grupo da dieta Low Carb se tornaram diabéticos,
devido ao aumento de gordura visceral.
O estudo ainda verificou que um dos poucos pontos positivos
da dieta foi um aumento do nível de HDL, popularmente chamado
de bom colesterol. Borba (2011) et al. afirmam que esse tipo dieta
pode ser recomendado para uma pessoa diagnosticada com epilep-
sia refratária, já que essa patologia não responde aos medicamentos
existentes, por enquanto.
Convém lembrar que a mídia tem influenciado e de certa for-
ma contribuído indiretamente para que esse tipo de dieta ganhe for-
ça, pois, atualmente, as novelas e filmes impõem os padrões de be-
leza. Com isso, pessoas que estão com corpos diferentes de atrizes
e atores famosos, ao perceberem isso, fazem de tudo para alcançar
os padrões estéticos desses profissionais.

2. METODOLOGIA

Nesta revisão, foram utilizadas bases de dados como Google


acadêmico, PubMed, SciELO, BIREME, LILACS e CAPES. Tam-

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bém foram pesquisados artigos em inglês e português. Todos os


anos de publicação foram incluídos nas pesquisas.

3. RESULTADOS

Foram utilizados 13 (treze) artigos, dentre eles, 6 (seis) en-


saios clínicos, 3 (três) revisões, 1 (um) relatório breve, 1 (um) estu-
do de intervenção, 1 (uma) revisão bibliográfica e 1 (uma) revisão
sistemática.
Tabela 1. Apresentação dos resultados.
TIPO DE Nº DE
AUTOR/ANO CONCLUSÃO PRINCIPAL
ESTUDO VOLUNTÁRIOS
Bernardi, Não foram encontradas
Basso e Raposo evidências conclusivas no
(2006) Revisão
tratamento de obesidade com
dieta Low Carb.
Verificou-se que 8 (oito)
intervenções nutricionais,
Franz et al. Revisão
de dieta e de exercícios
(2007) sistemática
combinados apresentaram os
melhores resultados.
Notou-se significativa
perda de peso entre os dois
Bradley et al. 24 pessoas com
Ensaio clínico grupos ao fim de 8 semanas.
(2009) sobrepeso
Porém, não houve diferenças
significativas entre ambas.
Depois de 14 dias submetidos
Caminhotto et ao programa Atkins, foram
al. (2011) Relatório encontrados resultados
12 pessoas
breve positivos, tais como perda
de peso, redução do VLDL e
triglicerídeos.
G1: 12 ratos com Depois de 5 semanas de
Borba et al. dieta controlada estudos, o grupo com dieta
Ensaio clínico
(2011) G2: 12 ratos com controlada obteve os melhores
dieta Low Carb resultados.

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Reduzir o consumo de
Hite et al. carboidrato parece auxiliar
Revisão
(2011) as pessoas a alcançarem seus
objetivos.
Cortar carboidratos ajuda a
Bazzano et al.
Ensaio clínico 150 pessoas perder peso sem se concentrar
(2014)
nas calorias.
Atletas necessitam de estoque
Fontan e energético adequado para
Revisão
Amadio (2015) atividade física e também para
melhorar o rendimento.
No período de dieta Low
Hall et al. Carb, os voluntários tiveram
(2016) 17 homens com
Ensaio clínico maior acúmulo de gordura
sobrepeso
do que no período de dieta
balanceada.
Um ensaio foi realizado em 2
grupos com dieta Low Fat ou
Low Carb. O grupo da dieta
Hu et al. (2012) Low Carb apresentou melhor
Ensaio clínico 148 adultos pontuação em relação à perda
de peso e risco de doenças
cardiovasculares, ao serem
comparados com os resultados
do grupo da dieta Low Fat.
Colaboradores encontraram
dificuldades na adesão da
40 mulheres
Vargas, Pessoa Estudo de intervenção alimentar, sendo
praticantes de
e Rosa (2018) intervenção necessário mais estudos para
atividade física
constatar um efeito a longo
prazo.
Concluiu-se que os
participantes que restringiam
o carboidrato consumiam
Seidelmann et mais gordura de origem
Ensaio clínico 15.428 adultos
al. (2018) animal. Observou-se que a
morte de 6283voluntários
estava relacionada à baixa
ingestão de carboidratos.
Fonte: elaborado pelos autores.

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4. DISCUSSÃO

Sawaya et al. (1999) testaram duas dietas com pessoas obe-


sas hiperinsulinêmicas durante 4 semanas e assim compostas: uma
com 45% de proteína, 25% de carboidrato e 30% de lipídeos, e a
outra por 12% de proteína, 58% de carboidrato e 30% de lipídeos.
Os pesquisadores concluíram que ambos os grupos obtiveram per-
da de peso. Contudo, ainda que o grupo com a dieta de carboidrato
restringida teve uma perda de peso mais acentuada, em se tratando
do gasto energético basal, observou-se maior redução do grupo sem
restrição de carboidrato. Esse valor pode ser observado pelo méto-
do de calorimetria indireta. Vale ressaltar que os valores foram mais
evidentes na primeira semana do tratamento.
Roust et al. (1994) também pesquisaram as alterações de die-
tas com valores de macronutrientes alterados em mulheres classi-
ficadas como obesas ginecoide, androide e não obesas. As dietas
foram compostas de 43% de lipídeo, 37% de carboidratos e 20% de
proteínas. O objetivo desse estudo foi avaliar a insulinemia em je-
jum. Ao final do estudo, os grupos apresentaram diferenças signifi-
cativas: nos voluntários obesos androide, os valores foram maiores,
enquanto o grupo não obeso mostrou os menores. Em suma, isso
quer dizer que o tipo de obesidade atua de forma diferente perante
uma dieta restritiva de carboidrato.
Estudos mais recentes também mostraram os efeitos de uma
dieta Low Carb relacionados à obesidade. Gardner (2007) realizou
um estudo feito com 311 mulheres com sobrepeso em pré-meno-
pausa. As mulheres foram submetidas a 4 tipos de dieta diferentes:
a dieta de Atkin (<20g de carboidrato), a dieta Zone (40% de car-
boidrato no valor energético total), a dieta LEARN (55 – 60% de
carboidrato no valor energético total) e a dieta Ornish (<10% de
lipídio do valor energético total). As voluntárias foram aleatoria-
mente submetidas a uma dessas dietas durante 12 meses. Ao final
deles, os resultados mostraram que a dieta de Atkins foi a mais
eficiente, com perda de 4,7kg. A dieta Ornish demonstrou perda
de2,6kg; a dieta LEARN resultou em perda de 2,2kg; e, por último,
a Dieta Zone atingiu 1,6kg de perda de peso. O estudo ainda afirma
que o grupo de mulheres submetidas à dieta de Atkins teve melhora

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nos efeitos metabólicos com positivas mudanças no HDL-C, no TG


e na pressão arterial sistólica.
Shai et al. (2008) também testaram os efeitos de dietas em
indivíduos obesos, estando ali inclusa a dieta Low Carb. Os autores
expuseram 322 pessoas consideradas obesas moderadas a 3 tipos
de dieta: VLC (Very Low Carb), MED (dieta mediterrânea) e a LF
(Low Fat). O estudo teve uma duração de 2 anos. Os resultados
demonstraram que o grupo submetido à dieta VLC tevemudança
de peso de 4,7kg, ao passo que o grupo que procedeu a dieta MED
teve uma redução de 4,4kg. Já aqueles que fizeram a dieta LF apre-
sentaram mudança de 2,9kg. Os pesquisadores concluíram que o
colesterol sérico para HDL-C diminuiu em todos os grupos, sendo
que o grupo VLC apresentou melhora em cerca de 20%, enquanto
o grupo LF apresentou melhora de apenas 12%.
Hite et al. (2011) relataram que os estudos de Gardner e Shai
mostram a dieta Low Carb como a melhor abordagem em relação
à perda de peso. Os pesquisadores reforçaram que algumas indica-
ções do metabolismo humano não podem ser desconsideradas, pois
poderiam ser incluídas estratégias como aumento na taxa metabóli-
ca, aumento na termogênese, ou aumento de atividade. Ainda nesse
artigo, Hite et al. (2011) afirmam que pacientes que obtêm sucesso
com uma dieta Low Car podem estender esse regime a longo prazo,
visto que isso pode auxiliar no tratamento de diabetes, de proble-
mas vasculares e, certamente, na perda de peso.
Em contrapartida, Bradley et al. (2009) discordam disso.
Os autores afirmam que qualquer aumento da ingestão de gordura
promovida pela dieta Low Carb aumentará também o risco de os
indivíduos que adotam esse tipo de dieta desenvolverem doenças
cardiovasculares no futuro.
Vale ressaltar que a dieta hiperlipídica-proteica com baixo
teor de carboidrato é uma das mais usadas para alcançar o peso
ideal. Porém, Borba et al. (2011) afirmam que essa dieta induz a um
ganho significativo de tecido adiposo, em relação a indivíduos com
dieta balanceada, além de causar esteatose hepática e alterações em
parâmetros bioquímicos.

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Hu et al. (2012) esclarecem que, relativamente à dieta Low


Carb, a redução de peso ocorre devido à redução do consumo ca-
lórico total e não por conta da composição dos macronutrientes
da dieta em si. O autor explica que isso ocorre por promover uma
maior saciedade dos indivíduos ao ingerirem maiores quantidades
de proteínas e gorduras.
Em um estudo clínico, Bazzano et al. (2014) expuseram 150
pessoas igualmente distribuídas entre homens e mulheres com et-
nias variadas. Os voluntários foram expostos a duas dietas diferen-
tes: uma delas foi a restritiva de carboidrato (Low Carb); a outra
restringia gordura (Low Fat). Concluiu-se que o grupo com restri-
ção a carboidrato teve cerca de 3,6 kg de perda de peso a mais do
que o grupo de dieta restritiva de gordura. Não fosse somente isso,
tiveram melhora no aumento do nível de massa muscular, ainda que
nenhum deles tiveram alteração dos níveis de atividade física.
É importante salientar que o grupo que procedeu a dieta res-
tritiva em gordura teve perda de peso, ainda que menor ao ser com-
parado com o grupo que fez a dieta restritiva de carboidrato. Porém,
o grupo da dieta Low Fat apresentou perda de massa magra, o que
não é interessante em nenhuma ocasião.
Outro fato a ser ressaltado se refere ao grupo cuja dieta foi a
de restrição de carboidrato. Consequentemente, foi necessário que
aumentasse o consumo de gordura e adotasse alguns procedimen-
tos da dieta de Atkins, tais como dar preferência ao consumo de
gordura insaturada encontrada em peixes, no azeite de oliva e nas
castanhas.
Mais recentemente, Hall et al. (2016) acompanharam 17 ho-
mens com etnias variadas durante dois períodos, submetendo os
voluntários a uma dieta balanceada no primeiro período e à dieta
Low Carb no segundo período. Ambas as dietas tiveram duração
de 4 semanas. Observou-se que, no final dos dois períodos, não
houve mudança significativa no peso, sugerindo que a proporção
de carboidrato em relação à gordura tenha pouco efeito sobre o gas-
to energético. Durante a dieta balanceada, obteve-se uma perda de
0,8kg de peso total, sendo que 0,5kg foram de gordura. Já no perío-
do de dieta Low Carb, a perda de peso total foi de 2kg, porém sendo

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que 0,5kg foram de gordura. Isso sugere que, no período de dieta


Low Carb, os voluntários tiveram outras perdas além da gordura.
Os autores aduzem que, na fase inicial da Low Carb, os voluntários
tiveram uma perda brusca de peso de 1,6kg, mas a perda de gordura
representou apenas 0,2kg desse número, o que indica esse tipo de
dieta ocasionar perdas musculares.
Viera (2018) reforçam a afirmação de que há pouca ou ne-
nhuma diferença entre as dietas Low Carb e isoenergética quando
associadas à diminuição de risco de doenças cardiovasculares.
Outros estudos já mostram eficiência da dieta Low Carb em
um tempo muito menor. Caminhotto et al. (2015), com o intuito
de analisar a eficiência do programa de Atkins, analisou 12 volun-
tários treinados e adaptados com sobrepeso, que consumiram 20g
de carboidrato durante 14 dias. Outro requisito dessa pesquisa foi
relativo ao fato de que os voluntários deveriam ser diagnosticados
com risco cardiovascular alto (>0,21). Ao final dos 14 dias, eles
demonstraram perda de peso, benefícios relacionados a HDL-C,
triglicerídios e também ao sistema autoimune. Os pesquisadores
afirmaram que essa é um tipo de dieta que não necessita de super-
visão constante, podendo ser realizada facilmente.
Mas há os que discordam da afirmação demonstrada acima.
Vargas, Pessoa e Rosa (2018) provaram que a dieta Low Carb apre-
senta suas dificuldades. Os autores selecionaram 40 mulheres para
avaliar o efeito de duas intervenções nutricionais diferentes: a dieta
Low Carb e dieta do jejum intermitente.
O objetivo desse estudo foi observar comparativamente os
efeitos das duas dietas. O grupo que aderiu ao jejum intermiten-
te teve desistência de cerca de 60% dos participantes. O princi-
pal motivo das desistências foi por não conseguirem ficar o tempo
proposto em jejum. Em contrapartida, o grupo da dieta Low Carb
apresentou desistência de 80% dos voluntários. As justificativas
que apresentaram foram as seguintes: a dificuldade de realizar a
dieta ou de mantê-la em virtude de questões sazonais, pois é mais
difícil procedê-la durante o inverno.
Como resultados, as pesquisadoras constataram perda de peso
da dieta Low Carb de 15,6% a mais que a do jejum intermitente.

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Contudo, afirmam que necessitam de mais estudos para apresen-


tarem dados mais concretos sobre as duas intervenções, visto que
ambas são de difícil adesão pelo público.
Borba et al. (2011) fazem parte dos pesquisadores que de-
saprovam os efeitos colaterais a respeito da dieta Low Carb. Os
autores afirmam que o desequilíbrio de nutrientes está associado a
diversas alterações metabólicas. Além disso, consideram que uma
dieta que utiliza gordura em excesso pode favorecer a infiltração
hepática e a redução de receptores de glucagon na membrana celu-
lar. Nessa pesquisa, submeteram 12 (doze) ratos a uma alimentação
balanceada e outros 12 (doze) a uma alimentação rica em proteína e
lipídeos (31% e 66%, respectivamente), mas pobre em carboidrato
(3%).
Os ratos foram monitorados durante 8 semanas. Já na 2º se-
mana, os pesquisadores concluíram que o peso médio do grupo de
ratos em dieta Low Carb se apresentava um pouco maior que o
do grupo com a dieta controlada. Na 5º semana, o peso analisado
foi significativamente maior apresentado pelo grupo de dieta Low
Carb. Os autores reforçam que a quantidade ingerida da ração foi
praticamente semelhante ou igual nos dois grupos. Também se ob-
servou nesse estudo que o peso dos órgãos do grupo da dieta Low
Carb se apresentou maior do que no começo do experimento, en-
quanto o grupo da dieta controlada se manteve estável.
Quanto à glicose, ao compararem os dois grupos, houve au-
mento significativo no grupo da dieta Low Carb. O mesmo aconte-
ceu com os níveis de triglicerídeos. Dessarte, os animais que foram
submetidos à dieta Low Carb tiveram maior aumento nos níveis de
creatina e HDL do que os do grupo de dieta controlada.
Borba et al. (2011) concluíram que dieta Low Carb utilizada
como emagrecedora pode parecer eficaz, mas também acarreta re-
sultados contrários aos esperados.
Akiyama et al. (1996) procederam a dieta de Atkins em ratos.
Os autores os expuseram em dois grupos: um à dieta hiperlipídica-
-proteica e outro à dieta controle. Observaram que o grupo da dieta
hiperlipídica teve aumento de peso se comparado ao grupo da die-
ta controlada, embora o consumo energético de ambos tenha sido

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semelhante. Além disso, ao longo de 8 semanas, os ratos do grupo


da dieta hiperlipídica se tornaram pré-dispostos a desenvolverem
obesidade.
Para Akiyama et al. (1996), é importante conhecer a harmo-
nia de determinados alimentos e também de níveis de lipídeos séri-
cos, já que níveis elevados podem acarretar diversas doenças, como
é o caso da dislipidemia.
Klaus (2005) mostrou que o aumento de macronutrientes, tais
como proteína e carboidrato, em relação a lipídio, retarda, mas não
evita o desenvolvimento de adiposidade. O autor também experi-
mentou uma dieta pobre em carboidrato em um grupo de ratos e
observou alterações bioquímicas séricas em relação ao grupo com
dieta controlada, tais como aumento de hormônios hiperglicemian-
tes, hiperlidemia, hiperinsulinemia e intolerância à glicose.
Em estudo recente publicado pela Lancet Public Health, Sei-
delmann et al. (2018) acompanharam 15.428 pessoas de 45 a 64
anos de idade, que consumiam pouco ou muito carboidrato (<600
e >4200 kcal por dia para homens, <500 e >3600 kcal por dia para
mulheres). O estudo durou 25 anos e teve um total de 6283 de mor-
tos. Constatou-se que ambas as alterações de dietas (pouco ou mui-
to carboidrato) aumentam a mortalidade. Os resultados mostraram
que o risco de mortalidade para quem consome o número ideal de
carboidrato (50-55%) foi classificado como mínimo. Já os que es-
tavam procedendo a dieta Low Carb, principalmente os indivíduos
com padrões de ingestão de gordura e proteína de origem animal
(porco, carnes vermelhas e frango) foram classificados como seres
que correm alto risco de mortalidade. Contudo, aqueles que inge-
riam proteína e gordura advindas de plantas e vegetais (castanhas,
pasta de amendoim e pães com grãos) foram classificados como
seres com baixo risco de mortalidade. Isso sugere que toda a fonte
de alimento altera a mortalidade.
No estudo, foi observado que, dentre as 6283 mortes, a maior
parte foi relacionada à baixa ingestão de carboidrato. Constatou-
-se uma diferença de 4 anos de vida a menos naqueles que fizeram
a dieta Low Carb, ao serem comparados com aqueles que tinham
ingestão normal de carboidrato. Entretanto, os indivíduos que con-

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sumiam muito carboidrato tiveram 1 ano a menos de expectativa


de vida, em comparação aos que consumiam um número normal de
carboidrato.
Os autores concluem que ambas abordagens devem ser de-
sencorajadas, já que as duas alteram negativamente a expectativa
de vida. Porém, em último caso, uma abordagem pode ser a res-
trição de carboidrato e a adoção de alimentos de origem vegetal,
como fonte de proteínas e gorduras. Contudo, é imprescindível que
seja acompanhada com cuidado.
Franz et al. (2007) publicaram um estudo cujo principal ob-
jetivo foi auxiliar os profissionais da saúde a acompanhar seus pa-
cientes com obesidade e sobrepeso. O estudo avaliou alguns tipos
de intervenções para perda de peso (apenas dieta, dieta e exercícios,
apenas exercícios, substituição de refeição, dieta Very Low Carb,
medicamentos para perda de peso - orlistate e sibutramina - e ape-
nas conselhos).
O estudo colocou os 26.455 voluntários a uma dessas inter-
venções, que foram analisados durante 48 meses. Ao término de 6
meses, houve uma primeira avaliação. A segunda foi feita após 12
meses; a terceira, após 24 meses; a quarta, após 36 meses. Por fim,
encerrou com a avaliação dos 48 meses.
Os resultados mostraram que o grupo que utilizou medica-
mentos para perda de peso obteve resultados mais eficientes, com
perdas de peso ultrapassando os 8 kg nos primeiros 6 meses e se
mantendo até o fim do estudo.
Observou-se que o grupo que fez apenas dieta teve uma perda
de 4,9 kg nos 6 primeiros meses; 4,6 kg no 12º mês; 4,4 no 24° mês
e 3,0 kg ao fim do 48° mês.
Os voluntários submetidos à dieta combinada com a prática
de exercícios físicos tiveram melhores resultados, com relação ao
grupo anterior. Nos 6 primeiros meses, houve perda de 7,9 kg e, até
o fim do 48° mês, os valores se mantiverem em média de 3,9 kg
perdidos.
No grupo que passou por substituição de refeições, os valores
obtidos foram 8,6 kg nos primeiros 6 meses e uma redução da perda

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de 6,7 kg no 12° mês, sendo que os valores dos meses consecutivos


não foram divulgados até o presente momento.
O grupo submetido à dieta Low Carb foi o que apresentou
queda impressionante de 17,9 kg nos primeiros 6 meses, mas com
um ganho de 10,9 kg no 12° mês e o de 5,6 kg no 36° mês. Da
mesma forma, os demais valores também não foram divulgados até
o momento.
Quanto ao grupo que realizou apenas exercícios físicos, os
valores não foram muito efetivos, pois houve apenas uma perda
de 2,4 kg nos primeiros 6 meses e um ganho de 1 kg nos meses
consecutivos.
O estudo mostra que dietas restritivas parecem ser efetivas
em curto prazo, mas, quando se trata de um tempo maior, elas mos-
tram um ganho de peso praticamente igual ou maior. O estudo rela-
tou também frustação de alguns voluntários em relação à dieta Low
Carb, pois desejavam resultados constantes.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os estudos encontrados mostram que os benefícios da dieta


Low Carb estão relacionados a patologias como obesidade e diabe-
tes, devendo ser restrito a esses pacientes, porém o debate entre os
autores é no mínimo polêmico.
Não há um consenso definitivo relatando se devemos ou não
adotar dietas restritivas de carboidrato, mas os estudos que apontam
os efeitos colaterais da dieta Low Carb são muito mais fundados,
pois realizados com um número maior de indivíduos, levaram mais
tempo para serem concluídos e são mais reconhecidos no campo da
nutrição. Assim, indivíduos que adotam Low Carb para benefício
estético devem ser desencorajados.
Além disso, alguns estudos provaram que a dieta Low Carb
pode gerar efeitos contrários ao emagrecimento, sendo que, em
uma abordagem indireta, analisaram os efeitos colaterais dessa die-
ta em indivíduos saudáveis.

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Por fim, pode-se constatar que a elaboração de dietas com os


valores de macro e micronutrientes normais, associadas à prática de
atividades físicas, é sempre a mais recomendada.

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