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ENTOMOLOGIA VETERINARIA
APOSTILA DIDÁTICA
Mossoró - RN.
2010
Ficha catalográfica preparada pelo setor de classificação e catalogação da
Biblioteca “Orlando Teixeira” da UFERSA.
A285a Ahid, Sílvia Maria Mendes.
Apostila Didática em Entomologia Veterinária/ Sílvia Maria
Mendes Ahid. - Mossoró: UFERSA, 2010.
80 f.
CDD 595.7
Imagens da Capa: Miíase bucal por larvas de Cochliomyia hominivorax em caprino; exemplar
Calliphoridae macho.
Em respeito à autora não faça a reprodução, por qualquer processo, sem a permissão expressa
da mesma.
4ª Edição – 2010.
PREFÁCIO 5
FILO ARTHROPODA 6
CLASSE INSECTA 6
Morfologia externa 7
Morfologia interna 9
Ciclo biológico 11
Classificação 12
ORDEM DIPTERA 12
Morfologia externa e sistemática 12
Subordem Brachycera infraordem Muscomorpha 14
Subordem Brachycera infraordem Tabanomorpha 23
Subordem Nematocera 26
ORDEM PHTHIRAPTERA 31
Piolhos mastigadores 32
Subordem Amblycera 33
Subordem Ischnocera 36
Subordem Anoplura 40
ORDEM SIPHONAPTERA 44
ORDEM HEMIPTERA 51
CLASSE ARACHNIDA: SUBCLASSE ACARI 54
Morfologia externa 54
Morfologia interna e fisiologia 57
Família Ixodidae 58
Família Argasidae 64
Subordem Astigmata. 66
Subordem Prostigmata 69
Chave simplificada para a identificação dos gêneros sarcoptiformes 71
REFERÊNCIAS. 72
FIO ARTHROPODA
Ao filo Artropoda pertencem mais de 80% de todas as espécies de animais invertebrados,
estima-se que mais de um milhão. De simetria bilateral, corpo geralmente segmentado e articulado
exteriormente. Cabeça, tórax e abdome diferenciados ou fusionados. Exoesqueleto endurecido,
quitinoso, graças a um polissacarídeo - a quitina – secretado pela epiderme, com mudas periódicas.
Tubo digestivo completo, peças bucais constituído por maxilas laterais, adaptadas a mastigação ou a
sucção. Sistema circulatório aberto, “coração dorsal”, que não distribui “sangue” por artérias e veias
aos tecidos; respiração do tipo traqueal, sacos pulmonares ou pelo tegumento. Excreção pelas
glândulas coxais ou verdes mediante 2 ou vários tubos de Malpighi que se comunica com o tubo
digestivo. Sistema nervoso do tipo ganglionar. Órgãos dos sentidos constituídos por antenas e pêlos
sensitivos, olhos simples e compostos. Sexos ordinariamente separados; fecundação quase sempre
interna; ovíparos ou ovovivíparos usualmente com uma a varias fases larvares e metamorfose graduais
ou rápidas; em alguns insetos a partenogênese pode ocorrer.
Nesse material didático estaremos tratando apenas dos artrópodes parasitos ou vetores de
doenças relacionadas à vida dos animais domésticos e de interesse econômico, embora de igual
importância à saúde pública. Neste contexto apenas duas Classes serão estudadas: a Insecta e a
Arachnida. São características da classe Insecta, possuir três pares de patas, cabeça, tórax e abdome
distintos e, da Classe Arachnida os adultos apresentarem o corpo fundido (cefalotórax e abdome)
com quatro pares de patas e não possuem antenas. Da classe Arachnida trataremos apenas da ordem
Acarina.
CLASSE INSECTA
Também conhecida por Hexapoda. São insetos metazoários de simetria bilateral cujo
corpo é dividido em três metâmeros (regiões) distintos: a cabeça, o tórax e o abdome. Possuem três
pares de patas, podem ou não apresentar asas membranosas.
O corpo é formado pela justaposição de vários escleritos, formando anéis ou metâmeros:
tergitos, esternitos e pleuritos. A cabeça, que está unida ao tórax pelo pescoço, tem considerável
variação de forma, bem como um par de antenas.
1A 1B
Figura 3 - 1A- Tórax de diferentes tipos de insetos: A- mosquito (Culicídeo); B- Mosca
(S. calcitrans);. C – Pulga (X. cheopis). 1.Protorax; 2- mesotorax; 3 – metatórax; 4 –noto.: 5-
pleura; 6- esterno. Escleritos do Mesotórax: a- pré-escudo; b- escudo; c- escutelo; d- mesopleura;
e- esternopleura; f- hipopleura; g, h,i – primerio, segundo e terceiro par de patas. 1B- Os
apêndices articulados de todas as patas.
Figura 4 – Esquema teórico de uma asa de um díptero, com nomenclatura das veias: C-costa, Sc-
subcosta, R1 a R5, nervuras radiais; M1 a M4, nervuras medianas; Cba e Cbp, nervuras cubitais; An1 e
An2, nervuras anais.
As asas podem faltar em alguns insetos como pulgas e piolhos, reduzidas a um par nos
dípteros. Nos demais insetos existem dois pares de asas, hemípteros e coleópteros, por exemplo. São
formadas por nervuras ou veias de sustentação e células. O formato e posição das nervuras e células
são extremamente importantes na classificação. Nos dípteros, o par posterior é atrofiado, chamado de
balancin; e dar equilíbrio ao inseto durante o vôo.
O abdome habitualmente é formado pela união de 10 a 12 anéis, sendo que os últimos
adaptados para as funções reprodutoras; o ânus abre-se no último segmento. No macho, os anéis estão
adaptados para apreensão da fêmea durante a cópula, formando uma genitália complexa; nas fêmeas,
a genitália é mais simples, representada pelo ovipositor.
Morfologia Interna (Fig. 5)
Quase todos os materiais orgânicos são alimentos para os insetos. Cada um está adaptado
a um tipo de alimento. O sistema digestivo pode ser divido em 3 partes, de acordo com sua origem
embrionária: o Intestino anterior (estomodeu), o médio (mesêntero) ou estômago, relacionado com
as funções de digestão e absorção dos nutrientes, e posterior (proctodeu). O primeiro é formado pela
boca, faringe, esôfago, papo e proventrículo. As glândulas salivares abrem-se na boca. O intestino
posterior é formado pelo intestino delgado, intestino grosso e pelo reto. Ao iniciar-se o intestino
posterior, notamos os tubos de Malpighi, que são órgãos excretores.
O sistema respiratório formado por de tubos e traquéias que se ramificam por todo o
inseto. Esta ramificação é tão intensa de modo a permitir que as trocas gasosas sejam ao nível celular,
sem auxílio da hemolinfa (sangue). As traquéias abrem-se para o exterior, ao nível da cutícula, em
diversos orifícios (espiráculos). Estes apresentam um sistema de fechamento que regula a entrada de
O2, a saída de CO2 e a perda de água. A respiração é controlada pelo sistema nervoso central. Em
insetos ou larvas aquáticas ou que vivem em ambiente úmido, além da respiração traqueal existem
trocas gasosas através da cutícula, que é permeável: Os espiráculos respiratórios abrem-se
lateralmente no tórax e abdome podendo existir 2 a 10 pares.
O sistema circulatório é aberto, constituído por hemolinfa ou sangue do inseto, que
circula do abdome para o tórax, através do bombeamento cardíaco, banhando todos os órgãos da
cavidade geral ou hemocele. A circulação da hemolinfa é feita por um tubo dorsal chamado coração,
localizado no abdome, seguido por um tubo dirigido para o tórax denominado aorta.
O sistema nervoso: próximo ao esôfago existe um gânglio supra-esofagiano (cérebro), do
qual partem duas cadeias de gânglios ventrais e destes numerosos filamentos nervosos que se
ramificam por todo o corpo do inseto. O sistema sensorial é representado pelos olhos (simples e
compostos), cerdas e antenas tácteis; apresentam também órgãos auditivos e quimioreceptores.
ORDEM DIPTERA:
Essa ordem de insetos contém todas as moscas, mosquitos e mutucas de importância
veterinária, se caracterizam por possuírem um par de asas funcionais. Algumas são importantes por
serem ectoparasitas, enquanto em outras, são as larvas que parasitam os tecidos do hospedeiro ou por
serem vetores de doenças. Todas as espécies são holometabólicas.
Morfologia externa e sistemática.
Compreende uma variedade de insetos de tamanho pequeno ou grande, com cabeça, tórax
e abdome bem definidos providos de aparelho bucal de acordo com o habito alimentar (pungitivo ou
não) e um único par de asas. Os do tipo pungitivo são hematófagos ou entomófagos e classificados
como sendo picador-sugador. O tipo não-pungitivo o aparelho bucal destina-se apenas a sugar,
vivendo de nectar de plantas, líquidos vegetais extraviados, exsudatos e material orgânico em
decomposição. Em alguns casos o aparelho bucal é atrofiado, no inseto adulto, é o caso do
Dermatobia hominis (mosca do Berne), que vivem das reservas acumuladas durante a fase larvar.
Adultos: corpo é dividido em três segmentos cabeça, tórax e abdome (Fig.8). Cabeça
distinta do tórax, um par de antenas, um par de olhos compostos, um a três ocelos e o aparelho bucal.
Mesotórax mais desenvolvido que o pró e metatórax. É onde estão situadas as patas e asas
membranosas. As asas membranosas apresentam as estruturas chamadas veias, as primarias chamadas
de Costal (C), subcostal (Sc), rádio (R), média (M), cúbito (Cu) e anal (A), cujas ramificações se
conectam e formam áreas denominadas células. Às vezes apresenta junto à base da asa, na parte
posterior, um lobo acessório e dobrado sobre si mesmo, a caliptra.
Figura 10 - Características das antenas dos dípteros Brachycera Muscomorpha. Suas partes
constituintes: E- escapo; P- pedicelo; F- flagelo; A-arista; An- anelações; Es- estilo.
Figura 13 – M. domestica: Peças bucais sugadoras. Asa, com a veia 4 formando um cotovelo.
As larvas cilíndricas são segmentadas e esbranquiçadas, pontiagudas e possuem um par
de ganchos (Fig. 14). Na extremidade posterior observam-se os espiráculos respiratórios, cuja forma e
estrutura dos estigmas têm abertura em forma de m (Fig. 15). Os três instares larvais nutrem-se de
matéria em decomposição. O período pupal é de 14 a 28 dias, mas no verão leva 4 a 5 dias.
Figura 14 – larva de Musca domestica. a- papila cefálica, b- espiráculo anterior, c- área espinhosa
ventral, d- espiráculo posterior, e- tubérculos anais, f- placa espiracular.
Figura 15 - Placas estigmáticas e respectivos estigmas respiratórios das larvas maduras de alguns
muscoides importantes. Para observar tais estruturas, deve-se: cortar com tesoura o último segmento
larvar, colocar esse fragmento sobre uma lâmina (pode ou não colocar lamínula)
Importância: 1) Transporte forético de microorganismos que levam à febre tifóide,
disenteria, cólera e mastite bovina, e de protozoários como Entamoeba, Giardia e helmintos como
Taenia sp e Dipylidium. É também veiculadora de ovos da Dermatobia hominis; 2) Hospedeiro
intermediário de endoparasitos como Habronema em cavalos e Raillietina em aves.
Stomoxys calcitrans: “mosca-dos-estábulos”. Os adultos são hematófagos, de picadas
dolorosas, medem de 4 a 7 mm de comprimento, são vetores de protozoários e helmintoses dos
animais (Fig. 16). Com 4 faixas longitudinais no tórax. De distribuição mundial. Abdome mais curto e
mais largo que a mosca domestica, com três manchas escuras no segundo e no terceiro segmentos
Figura 16 - Peças bucais picador-sugador da mosca dos estábulos S. calcitrans. Asa membranosa.
Ciclo: ambos os sexos são hematófagos e ingerem sangue varias vezes durante o dia. Os
adultos vivem cerca de um mês, preferem ambientes ensolarados e picam ao ar livre, mas também em
ambientes fechados onde se encontram os animais estabulados. Cada fêmea pode depositar de 60 a
800 ovos, com postura media de 20 a 50 ovos cada, nos quais são depositados, em matéria orgânica
em decomposição e eclodem em quatro dias. Possuem três estágios larvais, são saprófagas,
espiráculos escuros, com 3 aberturas em S, circundando um botão central. As formas adultas emergem
do pupário em torno de 30 dias (Fig. 17).
Figura 23a - Cabeça de C. megacephala, vista frontal: A- macho, B- fêmea (DE JAMES, 1948); 23b –
Vista lateral de C. Albiceps (imagem de Ahid)
HIPPOBOSCIDAE
São moscas hematófagas de aves e alguns mamíferos. Apresentam corpo largo, achatado
dorsalmente, cabeça pequena e justaposta ao tórax, antenas com 3 segmentos alojada me uma fosseta
antenal. Olhos vestigiais ou ausentes. Pernas desenvolvidas, com fortes garras adaptadas para se fixar
em pêlos ou penas dos hospedeiros.
Melophagus ovinus, são moscas picadoras, conhecidas com “falso carrapato dos ovinos”,
corpo peludo, cabeça encaixada no torax, olhos pequenos e ocelos ausentes, antenas nua e não
possuem arista, são ápteros e também não possuem balancins. De cor ferruginosa. Os adultos são
ectoparasitas permanentes e alimentam-se de sangue de ovinos e caprinos, são larvíparas. As larvas
eclodem dentro da fêmea e desenvolvem-se até a larva III e só a libera proxima a pupação. A fêmea
deposita os ovos nos pêlos dos animais e o adulto emerge após 22 dias (Fig. 24).
A B
Figura 25 – A - M. ovinus, macho, vista dorsal; B- P. canariensis, (A) face dorsal do macho, (B)
asa.
GASTEROPHILIDAE.
Gasterophilus nasalis (Fig. 26). Ocorre em todo o Brasil; possuem olhos pequenos
separados nos dois sexos; cor escura e pilosa; tórax castanho-escuro, com reflexos dourados dorsais;
asas pequenas, claras e transparentes; abdome castanho anterior, preto mediano, preto com pilosidade.
Causa Gasterofilose, uma miíase cavitária. Tem como hospedeiros os eqüinos, asininos, elefantes,
rinocerontes, ocasionalmente humanos (L1 penetra na pele, mas não evolui).
Ciclo: Ovipostura (400 ovos durante a vida) nos dias mais quentes e feitas nos pêlos. Os
ovos são operculados, de coloração amarelo-castanha, ficam presos em pêlos de 3 a 4 dias até eclodir.
A L1 migra para a boca, onde ficam 3 a 4 semanas em galerias entre dentes molares, sofre ecdise para
L2 que migram para faringe e são deglutidas, em seguida para L3 e ficam por 10 a 12 meses. A L3
abandona hospedeiro espontaneamente junto às fezes. Pupa no solo, que evolui em 20 a 35 dias. Os
adultos vivem de 14 a 20 dias. Forma adulta não se alimenta e são abundantes durante o verão.
Figura 33 - Diferenças das asas das mutucas: Chrysops, contém um ou mais manchas
transversais; Tabanus sp, sem manchas.
Subfamília TABANINAE
A basicosta (projeção próxima à base da nervura costal) com cerdas (TABANINI) ou
sem cerdas (DIACHLORINI). Sem esporão tibial na pata III. Ausência de ocelos funcionais,
probóscida raramente mais longa que altura da cabeça. Geralmente curta e robusta.
Tribo TABANINI: A basicosta densamente revestidas de setas e labelas densamente
pilosas. Gênero Tabanus.
Tribo DIACHLORINI: A basicosta de um modo geral sem setas. Labelas esclerosadas,
presença de vestígios de ocelos. Gênero: Diachlorus, Chlototabanus, etc.
A forma de transmissão dos agentes patogênicos é mecânica, onde o inseto leva
ativamente o patógeno e inocula num outro, sem que nesse tempo haja seu desenvolvimento. São
capazes de transmitir a anemia infecciosa eqüina; peste suína, viroses; bacterioses, protozoários
(T. equinum, causa o mal das cadeiras em eqüinos, com incoordenação motora dos membros
posteriores e T. evansi em suínos). Efeito direto pela picada (dor).
Controle: 1) Deve-se eliminar o habitat de criação de larvas, como terrenos mal drenados,
pois os adultos são encontrados nas regiões próximas ao desenvolvimento das larvas; 2) O controle
químico é quase inviável porque os tabanídeos quase não se alimentam, por isso necessita inseticida
de contato, com efeito, residual nos estábulos e nos animais; 3) Fitas escuras adesivas colocadas nos
estábulos funcionam como armadilhas para capturar esses insetos.
SUBORDEM NEMATOCERA
Os dípteros Nematocera, geralmente são pequenos de corpo delgado e delicado, com
antena longa, por possuir vários segmentos articulados. Asas geralmente longas e estreitas. Palpos
com 4 a 5 segmentos. Os mosquitos podem ser divididos em domésticos, semidomésticos e
silvestres. Entre os domésticos, encontram-se os do gênero Aedes e Anopheles que vivem nas
residências urbanas, e suas larvas crescem nas águas paradas como vasos de flores e pneus velhos. Os
semidomésticos entram nas habitações para alimentar-se de sangue, abriga-se em ocos de pau, sob
2
1
Figura 34 – 1: Peças bucais picador-sugador de mosquitos. 2: Mesonoto e asa de Culicidae: A-
mesonoto de Culicini e Aedini, com escutelo trilobado; B - asa de Culinini e Aedini, com
escamas sem manchas; C - mesonoto de Anophelini, com escutelo simples; D - asa de
Anophelini com escamas escuras formando manchas; es- escutelo.
Há três subfamílias Toxorhynchitinae, que não se alimenta de sangue; Anophelinae,
com o gênero Anopheles e Culicinae que compõem quase todos os demais gêneros. Nas duas últimas
subfamílias estão incluídos os mosquitos que transmitem patógenos.
Para identificar um culicíneo (Culex) de um anofelino (Anopheles) (Fig. 35) deve-se
observar a maneira como os adultos pousam no substrato. Os anofelinos ao pousarem em superfície
plana, a probóscida fica em linha reta com o ângulo da superfície, enquanto os culicíneos pousam com
o corpo quase paralelamente a este.
Figura 35 - Cabeças de Nematocera Culicídeos, macho e fêmea: Culicini e Anopheli: an- antena, pr-
probóscida, pa- palpos.
Biologia (Fig. 36): os mosquitos anofelinos depositam os ovos em pencas com cerca de
200 ovos por oviposição, na superfície da água, geralmente à noite. Os ovos têm formato de botes
flutuadores laterais característicos, que os impede de afundar, formando jangadas. Quando chegam à
maturidade eclodem independentemente da presença de água. No caso dos Aedes, a maioria deposita
seus ovos de modo isolado em meios úmidos, não necessariamente sob água; porém ao alcançarem à
maturidade, esperam por uma quantidade de água para estimular a eclosão. Há casos que os ovos
permanecem viáveis por mais de três anos.
ORDEM PHTHIRAPTERA
A ordem compreende insetos nos quais são conhecidos como piolhos. É altamente
específico e permanentemente ectoparasita, a maioria sendo incapaz de sobreviver fora do hospedeiro
por mais de um ou dois dias.
A infestação por esse ectoparasita se chama pediculose. A falta de higiene e a
superlotação têm sido os responsáveis pela presença de piolhos nos hospedeiros. A maioria das
espécies de hospedeiros é parasitada pelo menos por uma espécie de piolho. Presente nos pêlos e pele,
detectável a olho nu, transmissão direta, embora sejam hospedeiro-específico. Tendem a parasitar
áreas especificas do corpo do hospedeiro. As fêmeas geralmente são maiores que os machos e em
maior número.
Morfologia: são insetos pequenos, medindo de 0,3 a 11 mm de comprimento, ápteros,
altamente adaptados para viverem como ectoparasitas permanentes de aves e mamíferos. Possuem
tegumento de coloração variando de amarelo esbranquiçado a castanho, alguns podem tornar-se quase
pretos após alimentação.
São caracterizados por possuírem corpo achatado dorsoventralmente. Patas robustas e
garras adaptadas para fixar-se fortemente ao pêlo ou penas (Fig. 42). Apresentam pelos menos seis
pares de estigmas respiratórios abdominais e um par torácico. As patas dos piolhos terminam em
Figura 42 – Garras dos piolhos sugadores dos mamíferos e mastigadores de aves e mamíferos.
Biologia: são insetos hemimetábolos (Fig. 43). A fêmea dos piolhos chega a depositar de
50 a 100 ovos (lêndeas) por dia. Os ovos são fortemente ornamentados, com projeções que ajudam a
fixação ou respiração, facilmente detectada por serem encontrados cimentados, isoladamente ou em
grupos, nos pêlos ou penas por uma substância produzida pelas glândulas coletéricas.
A ninfa eclode do ovo entre 1 a 2 semanas. São muito semelhantes aos adultos, são mais
claros e menores e alimentam-se de 1 a 3 semanas, passando por 3 estádios ninfais (N1, N2 e N3) até
alcançarem a fase adulta. A duração dos diferentes estágios do ciclo de vida varia de espécie para
espécie e de acordo com a temperatura.
Alimentam-se de descamação do tecido epitelial, partes das penas, secreções sebáceas e
sangue. Todo o ciclo dura em media de 4 a 6 semanas. Os adultos vivem cerca de 30 dias, durante o
qual produzem uma pequena quantidade de ovos. Os piolhos chegam a sobreviver por mais de 1 a 2
dias fora do hospedeiro e tende a permanecer sobre o mesmo hospedeiro por toda a sua vida. A
transferência entre hospedeiros se dar pelo contato direto entre os mesmos.
.
Figura 44 - A – Piolho do frango, Menopon gallinae (Menoponidae), vista ventral da fêmea; B –
o piolho mastigador do gado, Damalinia bovis (Trichodectidae), vista ventral da fêmea: ant –
antena; mxp - palpo maxilar; tcl - garras tarsais.
Biologia: As espécies que infectam aves são mais daninhas que aquelas ectoparasitas de
mamíferos. Quando a infestação é muito grande, o animal torna-se irritadiço, espoja-se na terra, coça-
se muito, não descansa normalmente, adquire péssima aparência e pouco se reproduz. Os ovos são
postos nos animais, nas regiões onde habitualmente se encontram os adultos, nos pêlos ou nas penas.
O desenvolvimento embrionário dura de 4 a 7 dias, geralmente após 3 ecdises (N1,N2,N3), de 15 a 20
dias, pouco mais ou menos. Ninfas são parecidas com os adultos, exceto pela ausência de genitália no
macho e gonopódios nas fêmeas.
Alimentação: Os piolhos mastigadores se alimentam de fragmentos de pele, pêlos e
penas. Entretanto podem sugar sangue de ferimentos na pele. Algumas espécies, eventualmente
ingerem o sangue que aflora no tegumento ferido do hospedeiro. O Menacanthus stramineus, por
exemplo, irrita a pele provocando descamação epitelial e afloramento de sangue do qual se
alimentam.
Possuem alta especificidade. Um mesmo hospedeiro pode ser parasitado por várias
espécies de mastigadores. São mais ou menos adaptados a determinadas regiões do corpo. Deslocam-
se rapidamente sobre as penas ou sobre os pêlos, sendo mais ativos os Amblycera. Os piolhos
mastigadores normalmente nascem e morrem no mesmo hospedeiro, às vezes porém quando dois
animais ficam muito próximos passam de um animal para outro. Não raro os piolhos das aves,
Figura 45 - Malófagos de aves. A- Goniodes gigas, aspecto dorsal da fêmea; B- M. gallinae, aspecto
dorsal da fêmea; C- Chelopistes meleagridis, fêmea vista dorsal.
MENOPONIDAE:
É a maior família Amblycera, de ocorrência mundial; todas as espécies parasitam aves.
No Brasil algumas espécies foram identificadas parasitando galinhas: Menacanthus stramineus, M.
cornutus, M. pallidulus e Menopon gallinae; Colpocephalum turbinatum, Gallus gallus e Columba
lívia. São piolhos com duas garras. Abdome largo e sempre com reentrâncias laterais nas articulações
dos diferentes segmentos. Seis pares de estigmas abdominais. Protórax e mesotórax fundidos.
Menopon gallinae:
Chamado de “piolho da base das patas” (Fig. 46). Espécie pequena de cor amarelo-
palida, medindo 2 mm de comprimento. Encontrada, principalmente, ao longo das hastes das penas do
peito e coxas das galinhas. Fêmeas adultas depositam seus ovos em pencas na base da pena. As ninfas
eclodem dos ovos, passando por 3 estádios antes de atingirem a fase adulta. Movem-se rapidamente e,
na presença de luz, abandonam as penas e caminham sobre a pele do hospedeiro. Muito encontradas
em galinhas, mas pode parasitar perus, patos, pombos e galinha-de-angola.
Figura 48 – T. canis: Vista dorsal: A – macho; B – fêmea. Adaptado de Werneck (1936). Ciclo
evolutivo da espécie sobre seu hospedeiro.
Damalinia sp
São ectoparasitas de ruminantes; possuem tarsos com única garra (Fig. 49). Cabeça
arredondada com a "bochecha" repartida. Cerdas abdominais curtas, iguais e em filas transversais.
Manchas nos tergitos. Cabeça tão larga quanto longa, são morfologicamente muito semelhantes, entre
os quais encontramos D. ovis, em ovinos, D. bovis em bovinos, D. equi em cavalos e D. caprae, em
caprinos.
D. ovis apresenta coloração testaceo-palida e D. bovis coloração castanho-avermelhada,
com bandas transversas no abdome. A espécie D. ovis é muito ativa pode espalhar-se por todo o
corpo, causando ao animal intensa irritação, desconforto e interrupção alimentar. Tem a cabeça
aproximadamente tão larga quanto longa, com a região pré-antenal limitada por borda
arredondada e em geral, mais curta que a pós-antenal; com ou sem dimorfismo acentuado. Tórax
normal, abdome largo, oval. Cerdas abdominais curtíssimas iguais e em fileiras transversais. Manchas
nos tergitos, pleuras e esternitos.
A
B C
Figura 49 - A: D. bovis: face dorsal à direita e ventral a esquerda; B: D. Equi; C: D. caprae (imagem
de Ahid, 2007)
SUBORDEM ANOPLURA
São os piolhos sugadores de sangue, de corpo mais ou menos deprimido e pernas
tipicamente escansoriais. São usualmente grandes chegam a medir 5 mm de comprimento quando
adulto, mas há espécies pequenas (0,5 mm) e grandes (8 mm). São considerados os piolhos mais
avançados. Parasitas, geralmente de alta especificidade em relação ao seu hospedeiro e restritos a
mamíferos euterianos (não parasitando marsupiais ou monotremados). Passam toda a vida agarrados
ao hospedeiro.
Os segmentos torácicos de Anoplura são, geralmente, fundidos e difíceis de serem
distinguíveis. Possuem apenas um par de estigmas no mesotórax. Nove segmentos abdominais,
visíveis no adulto, ao longo do lado de cada segmento existem uma placa esclerotizada (placa
paratergal). Possuem seis pares espiráculos, no terceiro a oitavo segmentos abdominais. Patas
grandes, robustas, tarsos com um segmento, única garra voltada para frente (Fig. 54), contendo um
esporão tibial. As fêmeas possuem ao final do abdome bifurcado e com dois pares de gonopódios
laterais e os machos possuem genitália esclerotizada com extremidade posterior pontiaguda (Fig. 55).
Figura 54 – Pata do H. suis: 1- garra tarsal; 2-
goteira de deslizamento da placa esta; 3- disco
protactil; 4- polex; 5- tendão do flexor tibial; 6-
músculo flexor; 7- tendão do longo flexor
femoral da garra; 8- músculo flexor da tíbia; 9-
tendão do abductor (extensor) da garra; 10 –
placa estriada; 11 – tarso; 12- tendão do flexor
da garra; 13- tíbia; 14- músculo extensor da
garra; 15 – músculo extensor da tíbia; 16- fêmur.
Aspectos da morfologia interna podem ser observados no esquema abaixo (Fig. 56).
Figura 58- A – H. suis, vista ventral; placa external: B – H. asini; C – H. suis (imagem do macho e
da fêmea, Ahid,2007); D - H. quadripertusus; E – H. eurysternus; F. – H. tuberculatus; G -
H. eurysternus, placa genital do macho; H - H. quadripertusus, placa genital do macho. Adaptado
de Furman & Catts (1982).
A
B
Figura 59 – A - Cabeça de H. eurysternus (Nitzsch), vista de cima: 1- dentículos
prestomais; 2- haustellum; 3 – fonte; 4 – lóbulo post-antenal; 5-antena. B- H. suis: vista
dorsal da fêmea. Adaptado de Lima (1938).
Biologia: as fêmeas produzem de 1 a 6 ovos por dia, colados ao pêlo dos animais. Os
entre 12 a 20 dias dos ovos emergem as ninfas. As ninfas alcançam a maturidade em 15 a 22 dias. Os
adultos vivem em média 2 a 3 semanas (Fig. 60).
Figura 60 – A: Ciclo biológico do Anoplura: incubação do ovo – oito a nove dias – de ninfa 1
até adulto – mais 15 dias. B: ciclo evolutivo de H. suis, sobre o hospedeiro.
A B C
Figura 61 – A: L. stenopsis de caprinos em Mossoró (RN) (Suassuna;Ahid, 2007);B: L setosus:Vista
ventral, adulto fêmea; C- Ciclo evolutivo.
L. vituli, parasita bovinos (macho com 2mm e fêmea com 3 mm). Cabeça região anterior
as anenas (frente) nitidamente apontada (Fig. 62).
ORDEM SIPHONAPTERA
São as pulgas. Ectoparasitos de aves e mamíferos, a maioria vive sobre a pele e pêlos de
seus hospedeiros. Ectoparasitos obrigatórios periódicos, os adultos permanecem no corpo do
hospedeiro para a sucção do sangue, deixando-o após o repasto.
São insetos pequenos, ápteros, mas visíveis a olho nu, medem geralmente menos de 5 mm
de comprimento e suas peças bucais são adaptadas para cortar a pele e sugar o sangue do hospedeiro.
Corpo achatado lateralmente e de superfície lisa, o que facilita seu movimento entre os pêlos ou penas
do hospedeiro (Fig. 63).
Possuem a coloração castanho-escuro, corpo endurecido (difícil de esmagar entre os
dedos), revestido de espessa quitina escorregadia e pêlos e cerdas voltadas para trás que auxiliam a
pulga a deslizar entre penas e pêlos dos hospedeiros não permitindo que voltem. Terceiro par de patas
adaptadas para o salto fora e sobre o hospedeiro, é muito mais longo que os demais.
Hematófago. As peças bucais são adaptadas para perfurar a pele e fazer a sucção de
sangue. Possuem palpos labiais. Na cabeça pode se encontradas fileiras de dentes ou espinhos fortes
em forma de pentes, dirigidos para trás, chamados de ctenídeos (Fig. 64).
Figura 64 - Cabeça de pulga com presença de ctenídeos genais e detalhes das peças bucais.
Tórax: ausência de asas. Os escleritos dorsais dos três segmentos torácicos são distintos e
diferenciados: pronoto, mesonoto e metanoto. Pode ter ctenídeo no pronoto e no metanoto. As
placas laterais, pleuras, podem ser simples ou divididas, a exemplo da mesopleura. Em cada um dos
segmentos pleurais existe um par de estigma respiratório.
Em cada segmento torácico se insere a coxa do primeiro, segundo e terceiro par de patas,
podem saltar verticalmente uma altura de aproximadamente 18 cm e horizontalmente 33 cm. As
pernas são formadas pela coxa, trocânter, fêmur, tíbia e tarso (5 artículos), esse último com um par de
unhas.
Abdome: formado claramente por 10 segmentos (urômeros) regularmente imbricados. Os
três últimos altamente modificados constituindo a genitália. Podem apresentar ctenídeos abdominais.
Os segmentos de 2 a 7 possuem de cada lado um estigma. O nono metâmero apresenta, em ambos os
sexos, uma placa sensorial chamada de sensílio ou placa pigidial, cuja função é permitir o
alinhamento direcional das genitálias durante a copula e emitir ultra-som para comunicação.
Dorsalmente a essa região localizam-se cerdas longas e robustas conhecidas como cerdas ante-
O intestino médio (estômago), onde ocorre a digestão sangüínea e absorção dos materiais
nutritivos. O aparelho reprodutor feminino é formado por 1 par de ovários, na qual integram 4 a 8
ovaríolos, ovidutos e vagina. Esta se comunica com uma estreita bolsa copuladora e por último com a
espermateca. Nos macho, há um par de testículos fusiformes ou ovóides, os canais deferentes são
finos e longos; a vesícula seminal é pequena. Segue o pênis, ou edeago, de complicada estrutura.
Biologia e comportamento: as pulgas vivem parte da sua vida sobre o corpo do seu
hospedeiro de que se alimentam de sangue e, outra parte , em seus ninhos, onde se dá o
desenvolvimento dos ovos. De metamorfose completa, seu ciclo passa por 4 estágios: ovo, larva (3
larvas), pupa e adulto. Completa-se em aproximadamente 25 a 30 dias (Fig. 67).
A copula realiza-se poucos dias após a saída do casulo pupal. Tanto machos quanto
fêmeas são hematófagos, mas suportam jejum prolongado. Realiza-se a copula com a fêmea
cavalgando o macho. Fêmeas inseminadas e impedidas de se alimentar permanecem sem ovipor. A
ovipostura é parcelada. Os ovos são esbranquiçados e ovais, depositados sobre o hospedeiro, em seu
ninho, ou no chão. O número varia com a espécie, em geral chega a produzir centenas durante sua
vida. A eclosão pode ocorrer de 1 a 3 dias. A larva L1 possui um espinho na cabeça que auxilia no
B
Figura 67 -A - Larva de pulga: com a extremidade cefálica voltada para a direita. B- Ciclo
biológico.
As pupas podem ficar aderidas aos pêlos de animais, poeira e outras sujeiras. Em
aproximadamente 5 a 14 dias as pulgas adultas emergem ou permanecem em repouso dentro do
casulo até a detecção de alguma vibração, que pode ser ocasionada pelo movimento de um animal ou
homem e quando um animal deita-se sobre ela.
A emergência pode ser ocasionada também pelo calor, barulho ou pela presença de
dióxido de carbono que significa que uma fonte potencial de alimento está presente. Poucos minutos
após a eclosão as pulgas buscam sua fonte alimentar, mas podem passar sem alimentação semanas. Às
vezes, famílias que viajam por um período razoável de tempo, quando voltam, encontram a residência
infestada por pulgas. Isto ocorre porque a casa fica fechada sem hospedeiros (cães e gatos). Assim que
a família retorna, ela é atacada pelas pulgas que nasceram no período.
Após a eclosão, a larva alimenta-se das fezes das pulgas adultas. Por esta razão, os
adultos ingerem mais sangue do que necessitam. Uma pulga pode alimentar-se 2 a 3 vezes ao dia e
cada repasto dura de 10 a 15 minutos. A longevidade dos adultos varia de espécie para espécie, pois,
depende da temperatura, umidade e da freqüência com que a pulga se alimenta.
Em condições de laboratório, P. irritans pode viver até 513 dias e Xenopsylla cheopis 100
dias. As fêmeas adultas não conseguem depositar ovos sem uma refeição, mas os adultos, tanto
machos, quanto fêmeas podem sobreviver de dois meses a um ano sem se alimentar.
Figura 68 - Chave simplificada para a diferenciação das pulgas mais comuns de mamíferos e aves.
TUNGIDAE: T. penetrans.
São as pulgas penetrantes dos mamíferos, caracterizadas pela aparência no hospedeiro.
São espécies pequenas, mal alcançam 1 mm de comprimento, porém, uma fêmea grávida pode chegar
a medir o tamanho de uma ervilha. Possuem palpos maxilares serrilhados, segmentos torácicos curtos
e ausência de cerdas ante-pigidiais e ctenídeos. Olho com pigmento preto. O adulto possui coloração
marrom avermelhada.
Após a postura total a fêmea, então fica murcha, e é expulsa do hospedeiro sobre o solo.
Três ou quatro dias depois eclodem as larvas (apenas dois estágios) que se alimentam de matéria
orgânica até puparem. As larvas são de vida livre, sendo encontradas em habitações de chão de terra,
em solos arenosos e praias, mas sempre em locais sombreados. O adulto emerge em um período de 3
semanas.
Prevenção e Controle: evitar andar descalço ou ter contato direto com locais comumente
infestados por T. penetrans, tais como chiqueiros e currais. Trate as áreas infestadas com inseticidas
recomendados. Uma boa solução para diminuir a infestação é revolver aproximadamente 3 a 4 cm de
terra dos locais infestados para possibilitar que o sol mate as larvas.
Tratamento: o procedimento padrão para o tratamento do bicho-do-pé é removê-lo com
uma agulha ou alfinete previamente esterilizado. É importante que o bicho-do-pé seja totalmente
retirado de dentro da pele. O ataque pelo bicho-do-pé inicia com uma leve coceira, mas se não
retirado pode ocasionar inflamação e úlceras localizadas. Tétano e gangrena podem resultar de
infecções secundárias e existem registros de auto-amputação dos dedos dos pés. Os bichos-do-pé só
copulam no solo quando existe um animal hospedeiro.
PULICIDAE
As Ctenocephalides são pulgas de carnívoros (Fig. 70), e podem ser encontrados
parasitando indistintamente cães e gatos. Em certas regiões do Brasil, a C. felis é a principal espécie
de pulga que parasita cães. Ambas podem parasitar e ocasionalmente parasitar o homem. As
diferenças entre as espécies C. felis e C. canis são proporcionadas pela quetotaxia do metepisterno
(metapleura) e da tíbia posterior. Apresenta olho, ctenídeo genal horizontal e ctenídeo pronotal
vertical.
Pulga do cão (Ctenocephalides canis)
Fêmea e macho possuem cabeça mais arredondada. Sulco occipital mais acentuado no
macho. Apresenta olho; ctenídeo pronotal e genal. O primeiro dente do ctenídeo genal é bem mais
curto do que a da espécie C. felis felis. Deve-se observar a seqüência das cerdas espiniformes na tíbia
para auxiliar na diferenciação entre as duas espécies.
2
Figura 72 – 1; Cabeça da pulga P. irritans. 2: Observar a diferenciação morfológica entre
Pulicidae e Tungidae; A – P. irritans: t: tórax; fa- 1ºsegmento abdominal; B – Tunga penetrans,
p- tubérculo frontal; C- T. penetrans: cabeça com peças bucais apresentando lacinias serrilhadas.
As pulgas não causam somente desconforto ao homem e seus animais domésticos, mas
também problemas de saúde, tais como, dermatites alérgicas, transmitem viroses, vermes e doenças
causadas por bactérias (peste bubônica, tularemia e salmonelose).
Algumas pessoas sofrem uma reação severa resultante de infecções secundárias
ocasionadas pelo ato de coçar a área irritada. Picadas no tornozelo e pernas podem, em algumas
pessoas, causar dor que podem durar alguns minutos, horas ou dias, dependendo da sensibilidade do
indivíduo. A reação típica da picada é a formação de uma pequena mancha dura, avermelhada com
um ponto em seu centro.
ORDEM HEMIPTERA
Compreende insetos geralmente grandes e providos de aparelho bucal picador sugador,
são peças pungitivas, ficam guardadas na bainha ou probóscida e, quando fora do uso, ficam dobradas
ventralmente. Os hemípteros são achatados dorsa-ventralmente. Todos têm o tórax bem desenvolvido,
destacando o pronoto e o escutelo, este último como um triângulo dorsal situado entre a base das asas.
O 1º par de asas é característico da ordem, pois tem a parte anterior dura por ser coriácea e a parte
posterior é membranosa (hemélitro).
Outra particularidade são as antenas com 3 a 5 artículos e estão implantadas em
tubérculos anteníferos, nas partes laterais da cabeça. No tórax estão implantadas as patas, com 5
segmentos cada uma, cujos tarsos nunca possuem mais de 3 segmentos. O abdome achatado
dorsoventralmente pode distender-se durante a ingestão de volumes relativamente grande de sangue.
Isto é possível graças às porções laterais do abdome, o conexivo, que é pouco quitinizado (Fig. 73).
O dimorfismo sexual é facilmente confirmado, onde os machos são distinguidos das
fêmeas por possuir conexivo continuo na parte posterior e nas fêmeas é chanfrado, mostrando o
ovipositor.
Nessa ordem, encontram-se os percevejos do mato, os barbeiros, as baratas d’água e os
percevejos de cama. A maioria das espécies é terrestre, uns fitófagos (se alimentam de seivas de
plantas e possuem probóscida de 4 artículos), outros são entomófagos (sugam hemolinfa de outros
insetos) e os hematófagos (que se alimentam de sangue de mamíferos e aves). Estes últimos, com 3
artículos na probóscida, no entanto podem ser distinguidos dessa forma: a) entomófagos possuem a
probóscida em arco; b) hematófagos, possuem a probóscida retilínea, onde se encontram todos os
transmissores da doença de Chagas (Fig. 74, 75).
Esta classe compreende os artrópodes que não possuem antenas nem mandíbulas.
Diferem da classe Insecta pelo fato do adulto ter quatro pares de patas e o corpo serem composto de
cefalotórax e abdome. As peças bucais são modificadas e apresentam 2 pares de apêndices: quelíceras
e palpos.
A subclasse Acari, a qual pertence os carrapatos e outros ácaros, apresentando
diversidade de hábitos e habitat. Os carrapatos são primariamente parasitos externos (ectoparasitas) e
animais silvestres e a maioria dos vertebrados terrestres está sujeita ao seu ataque. Atualmente, são
conhecidas cerca de 800 espécies de carrapatos em todo o mundo parasitando mamíferos, aves, répteis
ou anfíbios. Os ácaros ectoparasitas de mamíferos e aves alimentam-se de sangue, linfa, resto de
derme ou secreções sebáceas que ingerem ao perfurar a pele. Causam grande irritação ao homem e a
outros hospedeiros, devido à dor produzida por suas picadas.
A subordem Ixodides, dos carrapatos verdadeiros, compreende duas famílias:
1. IXODIDAE: os Ixodídeos, denominados "carrapatos
duros", se caracterizam por possuírem o capitulo (= falsa
cabeça), na extremidade anterior do corpo; pela presença do
escudo dorsal e pela localização dos estigmas respiratórios
após o IV par de patas. Neste grupo está incluída a maioria
dos carrapatos de interesse medico-veterinário.
A B C
Figura 79b – Idiossoma: A - Vista dorsal de macho de Rhipicephalus microplus. Vista ventral de
Amblyoma parvum: B – com destaque para ao poro genital e orifício anal; C- em destaque o peritrema
estigmatico (Suaasuna; Ahid, 2007).
Na família Argasidae não há escudo nos adultos e ninfas e vestigial nas larvas. Os olhos
simples quando presentes situam-se, nos Ixodidae, na lateral marginal do escudo. Diversos sulcos
podem ser observados na margem superior dorsal dando aspecto festonado a margem posterior do
corpo de alguns gêneros.
Face ventral do idiossoma está implantada os pares de patas, próxima às bordas laterais;
abertura genital, na linha média encontra-se a abertura anal, as placas estigmáticas, situados
anteriormente a coxa IV nos Argasidae e após o IV coxa nos Ixodidae. O ânus, apresenta-se com uma
abertura em fenda longitudinal entre 2 valvas quitinosas. A forma do espiráculo pode variar de
redondo, oval, triangular, em vírgula, etc.
Figura 80 – Diferenças básicas entre capítulos e escudos dos principais gêneros de carrapatos.
Nos machos dos gêneros Rhipicephalus e Ixodes, possuem placas ventrais: mediana, de
posição mediana anterior rodeando o orifício anal; anal, de situação mediana posterior, de forma
curva, podendo contornar o ânus e adanais, situadas lateralmente ao ânus. Pode haver os sulcos
genitais, sulco anal, e sulco ano-marginal. São observados festões marginais dos Ixodidae (Fig.
81).
(Ahid, 2008)
Figura 84 – Estrutura de uma evolução de um carrapato Ixodídeo. Imagem: Teleógina em ovipostura
FAMÍLIA IXODIDAE
O gênero Amblyomma, é um ixodídeo de rostro longo e com o segundo segmento do
palpo pelo menos duas vezes mais longo do que largo; possuem um par de olhos simples; festões
marginais presentes e escudo ornamentado. Constituído por 102 espécies no mundo, no Brasil há 33
espécies. Neste gênero, contem os carrapatos maiores e mais ornamentados.
A. cajennense
Carrapato de olhos brilhantes (Fig. 85). Escudo do macho com ornamento prateado.
Rostro longo. Gnatossoma com base retangular. Hipostômio com três fileiras de dentes de cada lado.
Peritremas com aspecto triangular com ângulos arredondados. Festões marginais presentes. Machos
desprovidos de placas anais. O escudo da fêmea é triangular, arredondado anteriormente e apresenta
desenhos de cor castanho-avermelhado sobre um fundo mais claro. Coxa I com dois espinhos
desiguais.
É a espécie de Amblyomma mais importante, por sua distribuição geográfica e por
parasitar grande número de animais domésticos e silvestres. O hospedeiro preferido da fase adulta é o
cavalo e o boi. Esta espécie comumente ataca o homem em enormes quantidades nas estações secas e
frias, em qualquer fase de sua evolução.
No Brasil é conhecido como Carrapato do Cavalo ou "Carrapato Estrela", devido a
mancha prateada que os machos trazem no escudo. É o vetor da Babesiose eqüina no Brasil e da Febre
Maculosa no homem, na América Central, Colômbia e Brasil, causada pelo Rickettsia rickettsi, uma
zoonose que circula entre carrapatos e hospedeiros vertebrados.
Amblyomma
O carrapato A. cajennense necessita de três hospedeiros de espécies iguais ou diferentes
para completar seu ciclo de vida, que pode variar de um a três anos, dependendo das condições
climáticas. Todas as mudas ocorrem no solo. Após a fixação das larvas no hospedeiro, estas iniciam o
repasto, durando esta fase de parasitismo aproximadamente 5 dias. Após este período, as larvas
desprendem-se do hospedeiro, caem no chão e buscam abrigo no solo, para realizar uma muda para o
estágio ninfal, que ocorre em um período médio de 25 dias.
As larvas ou as ninfas desses carrapatos são denominadas de "micuins", "carrapato
pólvora" e "carrapatinho”. As larvas podem permanecer no ambiente até 6 meses sem se alimentar
(Fig. 86).
Figura 87 – Gnatossoma: A– do macho, vista dorsal; B– da fêmea, vista dorsal; C– placa estigmática
do macho, mostrando células caliciformes. De Lopes & Macedo (1950).
Figura 88 – A. nitens (Neumann): macho. De Diamant & Strickland, (1965). Imagem de fêmea recém
emergida (Ahid, 2008).
Carrapato de único hospedeiro. As transformações de larva a adulto ocorrem sobre o
mesmo hospedeiro. Os adultos copulam dois dias depois de sua emergência e assim permanecem (in
cotu) até o desprendimento da fêmea. Esta ingurgita entre 9 a 23 dias e inicia a postura de 3 a 15 dias
após a queda.
Rhipicephalus sanguineus - Carrapatos em cães no Brasil
Figura 89- R. sanguineus, macho, vista dorsal; vista ventral. cx - coxa; tr – trocanter; fe – fêmur;
ge – genu; ti – tíbia; ts – tarso. De Pinto (1938).
Esse é um carrapato típico de três hospedeiros (larvas, ninfas e adultos vivendo em
hospedeiros separados), comumente encontrado parasitando o cão e outros mamíferos e aves. Os
adultos preferem instalar-se na pele, entre o coxim plantar e as orelhas do cão. Seu ataque causa
grande irritação e desconforto nos animais, com perdas de sangue. Os adultos têm uma forte tendência
para escalar muros e cercas, freqüentemente abrigando-se em frestas e forro dos canis, em grande
número, debaixo de móveis e outros locais. Eles desprendem-se dos cães, em qualquer fase de
desenvolvimento, espalhando-se pelas habitações, encontrados às vezes em grandes números, sendo
de difícil controle.
O gênero Rhipicephalus abrange aproximadamente 70 espécies de carrapatos, quase todas
com origem na região Afrotropical. Destas, apenas R. sanguineus, única espécie do gênero nas
Américas, encontra-se amplamente distribuído em todas as regiões zoogeográficas do mundo. Tanto
os adultos como as formas imaturas são altamente específicas ao seu hospedeiro natural, o cão. Uma
característica é a ausência de resistência de cães ao carrapato, mesmo após diversas infestações. O
fato de apresentarem de 2 a 3 gerações por ano e de poderem completar seu ciclo de vida tanto em
ambiente domiciliar como peridomiciliar, faz com que as populações do parasito, no ambiente,
também possam atingir níveis insuportáveis em pouco tempo.
Na fase parasitária, larvas e ninfas são encontradas notadamente no pescoço e outras
regiões anatômicas do cão e as fases adultas, no pavilhão auricular e nos espaços interdigitais.
Todavia, em altas infestações, as três fases evolutivas do carrapato podem estar presentes em quase
todo o corpo do hospedeiro.
O R. sanguineus é vetor de diversos patógenos de importância para os cães, incluindo os
agentes da babesiose, da hemobartolenose, da hepatozoonose e da erliquiose. Particularmente no que
diz respeito a babesiose e à erliquiose, comuns em cães no nosso país, o único vetor, comprovado
cientificamente, é o R. sanguineus.
Sabendo-se que 95% da população de R. sanguineus encontra-se no ambiente e apenas
5% no animal, há duas formas de se atingir essa população. Uma seria através de tratamentos
carrapaticidas diretamente no ambiente. Isto é viável para cães confinados em pequenas áreas.
Quando não existem outras áreas infestadas por perto, três a quatro aplicações com intervalo de 14
dias são suficientes. Estes produtos devem ser reaplicados com base nos períodos de eficácia
Figura 90 - Face dorsal do macho e da fêmea. Face ventral do macho: Og- orificiogenital; Pe-
peritrema; Na -ânus; Pa - placas adanais; As - sulco anal; Pc – prolongamento caudal. Imagem do
macho (AHID, 2008), com destaque das placas adanais.
Espécie muito abundante, parasitando predominantemente os bovinos, podendo infestar
também búfalos, cervos, camelos, cavalos, ovelhas, burros, cabras, gatos, veados campeiros,
capivaras, coelhos, preguiças, cães e porcos. Apesar de ser encontrado com freqüência e em altas
infestações em determinados locais, excepcionalmente ataca o homem. O carrapato do bovino é um
ectoparasita de enorme importância na pecuária nacional, em virtude das perdas econômicas que
causa aos produtores.
Em infestações pesadas, podem acarretar a morte de bezerros e mesmo de animais
adultos. Os prejuízos à pecuária brasileira, superam a um bilhão de dólares anualmente. Tais
prejuízos, nos bovinos, são evidenciados, principalmente, pela:
a) ingestão de sangue (uma fêmea pode ingerir até 2 mililitros de sangue durante sua
alimentação sobre o hospedeiro) que, dependendo do número de infestações, pode comprometer a
produção de carne e leite;
b) pela inoculação de toxinas nos hospedeiros, promovendo diversas alterações e
conseqüências fisiológicas, como a inapetência alimentar;
c) pela transmissão de agentes infecciosos, principalmente da Tristeza Parasitária Bovina
(TPB) causada pelos protozoários Babesia bigemina e B. bovis (babesiose) e Anaplasma marginale
(anaplasmose);
d) pela redução da qualidade do couro do animal, por causa das cicatrizes irreversíveis
ocasionadas durante a alimentação, verificadas por ocasião de seu beneficiamento no curtume.
Ciclo biológico: só utiliza um hospedeiro em seu ciclo evolutivo, e apresenta duas fases:
a de vida livre, que se realiza no solo e na vegetação, e a parasitária, realizada no corpo do hospedeiro.
A fase não parasitária começa com a fêmea fecundada e alimentada, caindo ao solo para realizar a
postura, e termina em uma das alternativas:
a) quando a fêmea morre antes da postura ou produz ovos inférteis, ou ainda, suas larvas
morrem sem alcançar um hospedeiro adequado; e
b) quando as larvas oriundas de ovos dessa fêmea conseguem alcançar um hospedeiro
suscetível.
Figura 91 - Argas miniatus (Koch). Fêmea; A – vista dorsal; B – vista ventral. De Pinto (1938).
Figura 93- A – O. megnini (Dugés). Vista dorsal; B – Ornithodorus sp. Vista dorsal.
O Ornithodorus brasiliensis é uma espécie desprovida de olhos, caracteriza-se
principalmente pela ausência de dentes no tarso do primeiro par de patas. Corpo oval. Tegumento
mamilonado. Parasita mamíferos. Hipostômio de varias formas, mas nunca escavado. Idiossoma sem
a face dorsal nitidamente separado da face ventral. Os adultos estão sempre no solo. As ninfas e larvas
são hematófagas. Possuem cinco estádios ninfas. Geralmente se alimento na área corpórea que está
em contato com o solo.
Ahid, 2008
Figura 94 - S. scabiei: A - vista dorsal da fêmea; B– vista ventral do Macho. Ciclo biológico.
Ciclo biológico: O ciclo deste parasito é autoxênico. A ovipostura dura de 1 a 2 meses,
eclosão dos ovos ocorre em três dias, as larvas desenvolvem-se por 3 dias e ninfas por 8 dias. Nos
adultos, a maturidade sexual se dá em 2 dias. A escabiose desenvolve-se em 15 a 17 dias após a
Figura 95- N. cati: A – face ventral do macho; B – face dorsal da fêmea; C- Ciclo biológico.
Patogenia: Causa lesões escamosas secas (espessada), na cabeça de felinos, em coelhos:
lábios, em volta dos olhos, ponta do nariz região submaxilar, crostas nas bordas das orelhas e patas.
Em ratos domésticos e silvestres costuma localizar-se no pavilhão auricular.
Sinais clínicos: Prurido intenso; escoriações por arranhadura na cabeça e pescoço;
dissemina-se para cauda e patas por contato quando o gato se limpa e dorme. No diagnóstico deve ser
considerado o hospedeiro envolvido, o prurido intenso; características e localização das lesões.
KNEMIDOKOPTIDAE
Knemidokoptes mutans: são ácaros escavadores, com corpo de formato circular, patas
curtas e grossas, hospedeiro aviário (Fig. 96), apódemas em forma de H. Tem como hospedeiros as
galinhas, pombos, angolas, perus, faisões, com localização nas patas. A biologia é semelhante ao
S. scabiei (Fig. 96), proliferação epidérmica com aumento de córneo, formação de tecido alveolar
com câmaras repletas de ácaros. Causam eriçamento e descamação da pele; crostas branco-
acinzentadas farináceas e aderentes, de evolução lenta e pouco pruriginosa.
K. gallinae
Figura 97- P. equi: esquerda, vista ventral da fêmea; direita, vista ventral do macho
(FORTES). Imagem esquerda: exemplares de Psoroptes. cuniculli (imagens de AHID, 2008)
Chorioptes bovis: tem como hospedeiros os ovinos, bovinos, caprinos e eqüinos. Ácaro
não escavador, peças bucais pontiagudas, porém mais arredondadas, formato oval, patas com ventosas
na extremidade em forma de taças (Fig. 98). Os sinais clínicos são pequenas vesículas com exsudato
seroso, prurido, trechos de lã (ovelhas) mais clara e em grandes áreas. Veja o ciclo na Figura 99.
Figura 98- C. bovis: Vista ventral, A - da fêmea, B- do macho. Tarso: A- de Chorioptes não
penduculado; B – de Psoroptes sp., tri segmentada. De Hirst (1922). Figura 99 - Ciclo biológico do
Chorioptes sp.
Otodectes cyanotis: o acaro da sarna otodécica de cães e gatos, ocasionalmente furões e
raposa vermelha. Corpo oval; Patas salientes e alongadas; Pedicelos não articulados (Fig. 100).
Figura 100- O. cyanotis: esquerda vista dorsal do macho; direita, vista ventral da fêmea.
LISTROPHORIDAE
Lynxacarus radovskyi: ácaro da pelagem de
felinos. Encontra-se aderidos a parte externa da
haste. São fortemente estriados, arqueado
dorsalmente; achatado lateralmente; com escudo
dorsal anterior distinto, em função da placa de
quitina no propodossoma; possui boca
modificada. Determina prurido; urticária;
descamação epitelial em forma de caspa; pêlos
quebradiços, secos e sem brilho; áreas de
alopecia. São ácaros transmitidos por contato e
por fomites, altamente contagiosos; em pelagens
claras destacam-se como pontos castanhos,
proporcionando aspecto de “sal e pimenta” na
pelagem, de forma irregular e descuidada (Ahid
et al, 2005).
SUBORDEM PROSTIGMATA (TROMBIDIFORME)
Acarinos de corpo alongado; tegumento mole; quelíceras em estiletes; palpos bem
desenvolvidos. Os trombiformes que possuem um par de estigmas próximos ao gnatossoma.
DEMODICIDAE:
Corpo vermiforme, abdome alongado e estriado transversalmente; adultos com quatro
pares de patas rudimentares (Fig. 101). Orifício genital feminino ventral em fenda longitudinal,
situado ao nível da coxa IV; Orifício genital masculino dorsal, localizado entre as coxas I e II. Único
gênero descrito Demodex, com variedades que parasitam o homem e vários mamíferos. Localização
nos folículos pilosos e glândulas sebáceas (Fig. 102).
Ciclo: ovo – larva hexapoda – dois estádios ninfais octópodes – adultos. O contágio é
discutido. Foi observado que cães sadios em contato com infestados não contraíram a sarna. Há quem
discuta que seja induzido o contágio por queda de resistência, mau alimentação, outras doenças que
predispõem a sarna demodécica. Banhos freqüentes com sabonetes alcalinos. Os gatos são muitos
resistentes. Nos suínos geralmente não é grave.
Figura 102 - Esquema do habitat de demodicídeos (Demodex spp.) de importância veterinária. Cão
com demodicose (imagem cedida por Kilder Dantas, 2007)
A transmissão se dar pelo contato prolongado da mãe com a ninhada. Mais freqüente nos
de pelame curto (ex. Doberman), mas também de pelame longo (ex. Pastor). O tratamento tópico:
preparo do animal - banho prévio c/ POB 2,5% e aplicar Amitraz (4mL/L água), 14/14 dias. O
Sistêmico: Ivermectina; Milbemicina ou Moxidectina. Antibioticoterapia.
1. AHID, SMM et al. 2005. Ocorrência de Lynxacarus radovskyi (Tenório, 1974) em gatos
domésticos no município de Mossoró-RN, Nosso Clínico, SP, 48: 56-60.
2. AHID, SMM; VASCONCELOS, PS; LOURENÇO-DE-OLIVEIRA, R 2000. Vector Competence
of Culex quinquefasciatus Say from Different Regions of Brazil to Dirofilaria immitis. Mem Inst
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