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Introdução à semiologia médica

Propedêutica Médica II
2022-23

Semiologia Médica

Grego: semeion = sinal + lógos = ciência / estudo

É a parte da medicina que estuda os métodos de exame clínico,


pesquisa os sintomas e os interpreta, reunindo os elementos
necessários para construir o diagnóstico e presumir a evolução da
doença.

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Ciência que ensina as técnicas de colheita de sintomas,
classifica as manifestações mórbidas, interpreta-as e estuda as
síndromes. (Braz,1981)

Ciência que estuda os meios de exploração semiótica e a


interpretação de sintomas colhidos

Objetivo da semiologia:

Recolha e interpretação clínica dos sintomas e outros dados


relativos à doença, utilizando técnicas de exploração semiótica
(procura de sintomas).

Após interpretação, os sintomas passam a denominar-se sinais


clínicos

Palpacão, percursão

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Sintoma é a manifestação da doença e traduz uma alteração
funcional, lesional ou bioquímica, apreciável diretamente pelos
nossos sentidos ou com o auxílio de instrumentos adicionais

Todo o fenómeno anormal, orgânico ou funcional, pelo qual as


doenças se revelam no animal

Tosse, claudicação, dispneia

Sinal Clínico é a interpretação de qualquer fator relacionado com a doença


ou do meio que rodeia o doente, por exemplo do SINTOMA

Não se limita à observação da manifestação anormal apresentada pelo


animal, mas principalmente a avaliação e a conclusão que o clínico retira do
sintoma observado.

É um elemento de raciocínio:

Sinal de godet - Edema

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Sinal Clínico é a interpretação de qualquer fator relacionado com a doença

Sintoma é apreciável pelos sentidos e como tal pode ser observado pelo leigo

Sinal pressupõe um ato intelectual de racionalização científica e como tal só o


clínico lhe conhece o significado

Quando um sintoma é interpretado e convenientemente apreciado pelo clínico


converte-se em sinal

Síndrome (/a) é um conjunto de sintomas com o mesmo mecanismo


fisiológico que independentemente da sua etiologia (causa) se repete
em várias afeções. A síndrome não revela a causa, mas é fundamental
na identificação da doença
Etiologia diferentes
Fisiopatologia que leva manifestação de sinais clínicos
Febre e uma síndrome
Síndroma Vaca Caída

Febre (aumento FR e FC, perda apetite, oligúria)

Síndroma de ulceração gástrica equina

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Classificação de sintomas:

1. Pela sua localização

2. Pelo seu valor diagnóstico

3. Pelo grau evolutivo

4. Pela cronologia da evolução da afeção

5. Pela componente que o determina

6. Pela perceção do clínico

1. Pela sua localização:

Locais
Quando as manifestações patológicas aparecem claramente circunscritas e em
estreita relação com o órgão envolvido (ex. claudicação, hiperémia conjuntival)

Gerais
Manifestações patológicas resultantes do comprometimento orgânico como um todo
(ex: endotoxémia) ou por envolvimento de um órgão ou de um determinado sistema,
levando, consequentemente a prejuízos de outras funções do organismo (neoplasia
mamária com metástase para os pulmões)

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2. Pelo seu valor diagnóstico:

Patognomónicos Característica de uma doença


Infeções ascendentes causa quebra
Quando por si só permitem estabelecer o diagnóstico imunitária e paragem diafragma, morte

(protusão da 3ª pálpebra em equinos tétano)

Contração muscular
Tétano: infecção bacteriana, umbiguitaria clostridium tetania
Principais
São característicos, mas não exclusivos de uma doença (dispneia nas afeções
pulmonares, alterações comportamentais por envolvimento sistema nervoso)

Comuns ou gerais

Estão associados a muitas doenças não servindo para caracterizar nenhuma

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3. Pelo grau evolutivo:


Estacionário

Se constante ao longo da doença Sempre igual

Flutuantes

Se sofre flutuações no grau de intensidade ao longo da doença

Intermitentes

Quando aparecem e desaparecem alternadamente

Acessos ou ataques

Quando têm carácter repentino

Paroxismo

É o período de máxima intensidade sintomática (ex. epilepsia)


Característico da tosse

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4. Pela cronologia da evolução da afeção

Iniciais

São os 1os sintomas observados ou os reveladores da doença

Tardios

Quando aparecem no período de plena estabilização ou declínio da


doença

Residuais ou Sequelas

Quando se verificou aparente recuperação

3 falange
paralela ao casco
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5. Pela componente que o determina

Dinâmicos ou funcionais (ex. sopro cardíaco)

Anatómicos quando ocorre alteração dum órgão (ex. hepatomegália e


esplenomegália)

Reflexos sintomas distantes originados longe da área do sintoma principal


(Ex. sudorese (cólicas), icterícia (hepatite))

6. Pela perceção do clínico

Subjetivos (apatia, letargia) e Objetivos (fratura)

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Quadro Clínico Taquipneia,taquicardia, alopecia
Descrever apresentação clinica

Conjunto de sintomas e síndromes que definem e caracterizam uma


determinada afeção

Pródromo
São as manifestações pouco expressivas que ocorrem na fase inicial de
uma doença. Seguem-se os sintomas.

Primeiras manifestações clinicas que ocorrem antes da evolução do quadro clinico

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As fontes dos sinais:

Doença: Etiologia, sintomas, evolução, lesões e evolução


terapêutica.

Paciente: Espécie, raça, idade, sexo, antecedentes vacinais e


outros, tipo de produções.

Meio ambiente: Clima, vegetação, instalação e tipo de ração.

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São os Sinais Clínicos, ou seja a interpretação racional dos vários fatores
relativos à doença e doente/s que determinam o estabelecimento dos Juízos
Clínicos:

Diagnóstico Interpretar os sinais clínicos

Prognóstico

Terapêutica

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Objetivos finais da Semiologia :

Conhecer a doença do paciente Juízo Clínico

Prever a evolução da Doença Juízo Prognóstico

Agir de modo a combater a doença Juízo Terapêutico

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Diagnóstico:

Reconhecer uma dada doença pelas suas manifestações clínicas e evolução

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Etapas do Diagnóstico:
Etapas para se estabelecer um juízo sobre a natureza da doença, distinguir entre elas e
identificar as que afetam um paciente ou grupo de pacientes em particular.

1 Identificação do doente

2 - Anamnese ou história clínica

3 Exame físico geral alterações funcionais clínicas significativas

4 - Exame especial do Sistema ou Órgão físico ou laboratorial, determina o sistema ou


órgão em que tem sede a lesão localização do problema *
5 Exame especial da lesão determina o tipo de lesão

6 Exame especial de amostras qual a causa específica da lesão

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Tipos de diagnóstico:
o Diagnóstico direto ou por dedução diretamente dos resultados obtidos da exploração
clínica

o Diagnóstico indireto, diferencial ou por exclusão depois de se valorizar e julgar


várias doenças com sintomas comuns

o Diagnóstico Patogénico precisa do desenvolvimento de maneira a produzir-se a


doença no organismo Diminuir mecanismo de resistência

o Diagnóstico Etiológico Necessário a causa da afeção Ideal

o Diagnóstico anatomo-patológico é necessário o órgão e se descrevem as alterações


presentes

o Diagnóstico terapêutico suspeita, administração medicamentosa e em caso favorável


chega-se a um diagnóstico

o Diagnóstico Presuntivo é aquele que depois de valorizar os sintomas nos permite


presumir que a sintomatologia analisada se enquadra em determinada entidade, mas é
suscetível de variar até chegar a um diagnóstico definitivo

o Diagnóstico erróneo quando o sintoma do diagnóstico não está relacionado com a


causa primária

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Diagnóstico

Anamnese 50%

Exame físico 35%

Exames 15%

Articulação boleto: metacarpofalangica


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Principais causas de erro no Diagnóstico:

1. Anamnese mal feita

2. Exame clínico superficial

3. Avaliação precipitada ou falsa dos achados

4. Conhecimento ou domínio insuficiente da doença

5. Impulso para tratamento

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Prognóstico deriva do grego e significa, conhecimento do que

Evolução da doença

Perspetivas de duração

Sequelas prováveis

Probabilidades de recaída

Capacidade produtiva do animal

Prognóstico desportivo

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Emitir o Prognóstico é primordial para:

1 - Condução da terapêutica instituída

2 - Informar o Cliente (Proprietário) de modo a que possa tomar as


suas decisões

3 - Formular um orçamento de custos

O Prognóstico deve responder a três questões:

1 - Perspetiva de salvar a vida

2 - Perspetiva de recuperar a saúde ou de curar o paciente

3 - Perspetiva de manter a capacidade funcional do órgão

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Prognóstico:

Na prática o prognóstico limita-se a um juízo clinico acerca do final da


doença:

Leve sem consequências, cederá ao tratamento

Grave poderá comprometer a vida do doente por dele resultarem


sequelas funcionais ou físicas a ter em conta

Reservado quando a possibilidade de insucesso é importante

Mortal a morte é eminente

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Pode ainda classificar-se o prognóstico quanto ao grau de certeza:

1 - Categórico

2 - Condicionado se depende da resposta terapêutica, ou do


paciente e como tal não é seguro

3 - Indeterminado quando seja o diagnóstico incerto, pois não se


pode assegurar o prognóstico

4 - Impossível por existirem muitas opções não se poder


assegurar com certezas

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Terapêutica é o juízo clínico através do qual se prescreve o


tratamento conveniente para o paciente

É o meio utilizado para combater a doença

Diagnóstico sem tratamento é um simples exercício de Patologia

Tratamento sem diagnóstico é ato de curanderia

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Terapêutica pode ser:

1- Causal quando se opta por um meio que combata a causa da doença


(ex. hipocalcémia administra-se cálcio)

2 Sintomático quando visa combater apenas os sintomas ou abrandar o


Sinal clinico, febre trata sintoma
sofrimento do animal (analgésicos)

3 Patogénico procura modificar o mecanismo de desenvolvimento da


doença no organismo (ex. tétano e soro antitetânico) Manter funções vitais, tétano - soro anti-tetânico

4 Vital quando se procura evitar o aparecimento de complicações que


possam fazer o animal correr risco de morte (transfusão sanguínea) Animal com hipotensão, aumentando hipovolemia e
aumentar PA

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Material necessário:

o Papel e caneta
o Estetoscópio
o Martelo e plexímetro (percussão)
o Termómetro
o Lanterna
o Luvas
o Luvas de palpação
o Espéculos vaginais
o Frascos acondicionamento de amostras
o Material para contenção

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Métodos de exploração Clínica:

oInspeção

oPalpação

oPercussão

oAuscultação

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Metodologias para observação:

o Inspeção animais em conjunto

o Inspeção animais em movimento

o Inspeção animais em estação

o Inspeção de animais em decúbito

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Metodologias para palpação:

o Palpação propriamente dita: sensação tátil

o Palpação por pressão: sensibilidade, consistência dos órgãos

o Palpação táctil: cavidades

o Palpação indireta: palpação do reticulo

33 • Palpação na superfície do corpo


• Palpação por cavidade : diagnostico de gestação, síndrome
abdómen agudo
• Palpação do tendão : tendão flexor digital superficial, tendão flexor
profundo, ligamento suspensor do boleto

Metodologias para percussão:

Baseado no som produzido por vibrações de estruturas orgânicas mediante golpes

Perceber som timpanico


o Direta: digital (ex. exame dose sinus para nasais) Som metálico (lata refrigerante) : distensão orgão com gás

o Indireta: uso de instrumentos

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Metodologias para auscultação:

Baseado na audição de ruídos próprios produzidos pelas funções orgânicas

oDireta: ruídos puros

oIndireta: uso de aparelhos

Som estridor: aparelho respiratório superior

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Plano de exame clínico:

o Identificação do paciente e cliente

o Anamnese (história clínica)

o Exame geral

o Exame específico dos sistemas e aparelhos

o Diagnóstico

o Prognóstico

o Tratamento

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Radostitis

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Bibliografia Sugerida

Willard, Tvedten, Turnwald, Small Animal Clinical Diagnosis


by Laboratory Methods, 3rd edition , saunders 2002
Richard W. Nelson, C. Guillermo Couto, Small Animal Internal
Medicine, 2nd edition, Mosby Inc., 1998
Stephen J. Ettinger, Textbook of Veterinary Internal Medicine
Diseases of the dog and cat, W.B. Saunders Company,
4thedition, 2005
S. Birchard, R.G. Sherding, Manual Clinico de Pequeñas
Especies, 2nd edition, 1998

38

19
Bibliografia Sugerida Cont.

D.A. Thomas, J.W.O. Simpson, E.J.Hall, Manual de


Gastroenterologia en Pequeños Animales, Colecção
BSAVA, Ediciones
Todd R. Tams, Handbook of Small Animal
Gastroenterology, W.B. Saunders, 1996
Simon J. Wheeler, Manual of Small Animal
Neurology, BSAVA Editions

39

Bibliografia Sugerida Cont.

Radostits, O. M. ; Mayhew, I.G. ; Houston, D.M.


(editors) Veterinary Clinical Examination and
Diagnosis. W.B. Saunders Company, Philadelphia,
2000.(Pedida a aquisição para biblioteca),

Rosenberg. G. (editor) Exame Clinico dos Bovinos,


2ª Edição, Guanabra Koogan, Rio de Janeiro,
1983.(Pedida a aquisição para biblioteca),

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Propedêutica/Semiologia Médica
Bibliografia:

Braz, M. B. Semiologia Médica Animal Vol I e II 2.ed. Fundação

Calouste Gulbenkian, 1981

Radostits, O.M., et al Veterinary Clinical Examination and

Diagnosis, 1ª ed. W.B. Saunders Company; 2000

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