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Curso: Administração Pública

Disciplina: Cidadania e Direitos Sociais no Brasil


Professora: Márcia Custódia Pereira Módulo I: 1º semestre de 2020
Aluno(a): Renato Frossard Cardoso Matrícula: 05-93398
Polo: Jaboticatubas Atividade Avaliativa: 02 Valor: 30 pontos

FORMULÁRIO DE RESPOSTA

Tomando como referência o conteúdo estudado na Unidade II, as discussões


socializadas no fórum e pesquisas realizadas em outras referências bibliográficas, para
realizar a Atividade Avaliativa 2, você deverá responder as questões a seguir:

(01) Tomando como referência o artigo – Política Social Brasileira: conquistas e desafios,
de Milko Matijascic, elabore um pequeno texto, no máximo de 30 linhas, demarcando os
antecedentes e a trajetória da Política Social Brasileira.

De acordo com Matijascic, embora algumas políticas que viriam a integrar o que é
chamado modernamente de seguridade social já existissem desde o período colonial, a
política social organizada e planejada pelo Estado só adveio após a Revolução de 1930,
quando Getúlio Vargas ascendeu ao poder. Somente a partir deste ano é que a
educação, saúde, assistência social, previdência, habitação e regulação do trabalho
passaram a fazer parte da agenda de governo de forma sistemática. O termo
“seguridade social” só foi adotado formalmente após a Constituição de 1988.

A política social brasileira passa por várias fases, destacando-se a dos IAPs (Institutos
de Aposentadoria e Pensão) que proviam o pagamento de aposentadorias e pensões,
além de serviços de saúde para os trabalhadores de suas classes profissionais. Isto fez
com que o nível de assistência e a gama de benefícios fosse proporcional status de cada
profissão. Ou seja, esse sistema não era unificado, gerando, assim, uma forma de
competição entre as profissões, ao invés de uma luta coletiva por melhorias para a
população em geral. Trabalhadores rurais, domésticos e autônomos estavam excluídos.

Após 1966 os IAP’s são unificados, passando a representar todas as categorias


profissionais. Após essas reformas, passaram a figurar serviços de previdência pública e
privada concomitantemente. Porém, a oferta de previdência privada dependia da
capacidade das empresas de fornecer tais serviços a seus funcionários. Citando Júnior
(1988) o autor indica que a política social no brasil envolveu a separação entre o social e
o econômico, ou seja, os recursos para gerir a seguridade social deveriam partir de
fundos próprios, doações ou outras formas de arrecadação, mas não deveriam ser
usados recursos de impostos para esse fim. Foi criado o FGTS como opção para a
estabilidade no serviço após 10 anos, que foi revogada.

Após 1973, com o crescimento da economia, ampliou-se a oferta de emprego, fazendo


crescer a seguridade social e, consequentemente, o acesso à assistência médica por um
maior número de trabalhadores. Com a crise da dívida externa, a situação da
previdência se deteriorou e exacerbando as desigualdades, o que revelou a ineficácia da
estratégia de concentrar renda para acelerar o crescimento. Com a constituição de 1988
buscou-se reduzir essas desigualdades e conceder equiparação de direitos para todos,
mas até hoje não foi possível eliminar todos os pilares geradores de desigualdades.

Referência:
Matjascic Miko. Política Social Brasileira: conquistas e desafios. Brasília, 2015.

(02) O artigo Conflito Social e welfare state: Estado e desenvolvimento social no Brasil,
de Fábio Guedes Gomes, demarca que houve um retrocesso no processo de construção
de um sistema mais amplo de seguridade social no Brasil. Em um pequeno texto, em no
máximo 30 linhas, aponte as ideias principais do autor acerca dessa temática.

O autor fundamenta seu ponto de vista na tese de que as condições políticas e sociais
da luta de classes no Brasil não foram intensas o bastante para criar mecanismos de
compensação dos efeitos negativos do intenso desenvolvimento econômico. De acordo
com ele, graças às políticas neoliberais e o desmonte das estruturas produtivas e
executoras de políticas públicas do estado, alguns organismos privados ganharam
espaço na produção de bens e serviços, aprofundando ainda mais a mercantilização das
condições de bem-estar dos cidadãos, e tornando a universalização dos direitos sociais
algo ainda mais distante.

Segundo o autor a classe capitalista foi responsável pelas ações em prol da construção
institucional que deu origem ao sistema de proteção social e que, nos países analisados
como Alemanha e Estados Unidos, a formação desse well-fare state foi o resultado de
intensas lutas das classes operárias, o que não ocorre no Brasil, pois “os trabalhadores
não reuniam condições concretas e objetivas que fossem responsáveis pelo
amadurecimento de lutas e movimentos políticos e engendrassem situações de ruptura
contra as condições de exploração e apropriação da riqueza capitalista” (GOMES, 2006).
Por essa razão é que se forma no Brasil um estado onde predominava o poder
econômico e de influência das classes dominantes, enquanto as classes trabalhadoras
se viam sem ter como influenciar significativamente o quadro, e sem ter como lutar por
seus interesses. Assim, ao contrário do que ocorreu em países europeus, a luta de
classes foi enfraquecida pela ditadura do estado novo, já que essa estatizou a luta de
classes, o que gerou sua imobilidade.

Desta forma, estabeleceu-se no país um sistema de previdência social que não era
unificado e que não atendia todas as classes trabalhadoras, mas que era seletivo,
beneficiando mais algumas classes do que outras e deixando outras desprotegidas. Em
suma, a repressão às lutas sociais por parte da burguesia e a desarticulação das classes
trabalhadoras fez com que o desenvolvimento das políticas de seguridade social e de
bem estar social fossem modestas e não chegassem a atender as necessidades do país.

Gomes, Fábio Guedes. Conflito social e welfare state: estado e desenvolvimento social
no Brasil. Rio de Janeiro, 2006.

(03) Com base em tudo que você leu no artigo - Desigualdade e pobreza no Brasil:
retrato de uma estabilidade inaceitável, de Barros, Henriques e Mendonça, comente em
no máximo 30 linhas, a afirmação dos autores: “O Brasil não é um país pobre, mas um
país com muitos pobres”.

Segundo os autores, considera-se haver pobreza somente quando as famílias não têm
uma renda percapta que lhes permita atender suas necessidade básicas. Também
afirmam que embora a população de pessoas nessa situação ser grande no Brasil, ele
não poder ser considerado um país pobre porque o mecanismo gerador dessa pobreza
não se dá pela escassez de recursos, mas por outros fatores.

Os autores apontam duas causas básicas para situação da pobreza no país. Em


primeiro lugar a baixa renda percapta e em segundo lugar a má distribuição de renda.
Assim, se por um lado a renda percapta indica o Brasil como sendo um país rico, o fato é
que muitos brasileiros se encontram em situação de desemprego ou sub emprego. Além
disso, muitos daqueles que contam com emprego formal recebem salários muito baixos
o que lhes impossibilita atender suas necessidades básicas.

Outro ponto é que existe uma grande desigualdade social, havendo pessoas
excessivamente ricas, por um lado, e pessoas excessivamente pobres, por outro. Isto é,
a distribuição da renda é ineficaz, o que causa estas discrepâncias que alimentam a
pobreza no país. Ou seja, a concentração da renda nas mãos de grupos hegemônicos
impossibilita que esta chegue às classes mais carentes da população gerando, de fato,
dois Brazis, um rico e um pobre.

Sabendo a herança histórica de nosso país, compreendemos que a origem de


exploração colonial com um prosseguimento natural onde, apesar de avanços como o da
abolição da escravidão e outros desenvolvimentos sociais, o desenvolvimento do país
esteve sempre no controle das elites socias que se fortaleceram e se enriqueceram cada
vez mais enquanto a classe trabalhadora, por falta de organização e de lutas,
permaneceu mais ou menos estática na posição onde se encontrava. Com o tempo,
naturalmente, foram se acirrando as desigualdades à medida que uma parte da
população se via excluída do mercado de trabalho de dos direitos sociais básicos. Tendo
em vista essa situação de nosso país, conclui-se que é necessário formular políticas
públicas que atentem diretamente para este problema da má distribuição de renda e
adotar medidas diretas para combater este fenômeno.
Referência: Barros, Ricardo de Paes; Henriques, Ricardo; Mendonça, Rosane.
Desigualdade e pobreza no Brasil: retrato de uma estabilidade inaceitável. Revista
Brasileira De Ciências Sociais, fevereiro, 2000.

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