Você está na página 1de 16

4 Circuitos magnéticos

(Electric Machinery, 6a edition, A.E. Fitzgerald, Charles Kingsley, Stephan Umans, McGraw-Hill,
2003)

4.1 Problema 1.15


4.1.1 alínea (a)
Como a densidade de fluxo magnético é igual tanto no núcleo como na parede exterior,
tem-se

Bc = Boω . (72)
Como
Z
φ= BdA, (73)
S

mas B=constante, fica

φ = Bi A. (74)
Relacionando-se Bc e Boω tem-se:

φ φ
Bc = , Boω = , (75)
Ac Aoω

φ φ
= , (76)
Ac Aoω

Ac = Aoω . (77)
Esta última relação implica então

£ ¤
π (R1 )2 = π (R3 )2 − (R2 )2 , (78)
o que leva à determinação de R3 como:
q£ ¤
R3 = (R1 )2 − (R2 )2 , (79)

R3 = 4.27 cm, (80)

14
4.1.2 alínea (b)
alínea i Tem-se que

N2
L= . (81)
Rtot
O valor da relutância magnética total é calculado por

Rtot = Rc + Rg , (82)

lc lg
Rtot = + . (83)
µAc µ0 Ag

Devido ao facto da permiabilidade magnética do núcleo ser muito superior à do entreferro


verifica-se que

µ À µ0 ⇒ Rc ¿ Rg , (84)

logo

lg
Rtot ≈ Rg = . (85)
µ0 Ag

Como lg = g e Ag = πRi2 ,

g
Rtot = . (86)
µ0 πRi2

Pode obter-se assim o coeficiente de auto-indução como:

N2 µ0 πRi2 N 2
L= g = . (87)
µ0 πRi2
g

alínea ii

L = 71 mH. (88)

15
4.1.3 alínea (c)
alínea i Assumindo uma variação sinusoidal do fluxo magnético no núcleo tem-se

ψ (t) = Ac Bpeak sen (2πf t) . (89)

Como e = N dψ
dt
, obtem-se para a tensão induzida na espira a seguinte relação:

e (t) = N2πf Ac Bpeak cos (2πf t) . (90)

Sendo

Epeak = N2πf Ac Bpeak , (91)

o seu valor rms é dado por

Epeak 1
Erms = √ = √ N2πf Ac Bpeak , (92)
2 2
√ 2
Erms = 2Nπf Ri Bpeak , (93)
Erms = 20.15 Vrms (94)

alínea ii Sabe-se que na situação linear

1
W = LI 2 , (95)
2
onde a seu valor de pico corresponde a

1 2
Wpeak = LIpeak . (96)
2
O valor de pico da corrente é dada por


Ipeak = 2Irms . (97)

Assim o valor de pico da energia magnética fica estabelecido como

1 ³√ ´2
Wpeak = L 2Irms , (98)
2
Wpeak = L (Irms )2 , (99)
Wpeak = 0.09 J. (100)

16
4.1.4 alínea (d)
alínea i

Erms = 25.12 Vrms. (101)

alínea ii

Irms = 1.13 Arms. (102)

alínea iii

Wpeak = 0.09 J. (103)

4.2 Problema 1.23


Na Figura 1 temos o circuito magnético equivalente em que R são as relutâncias definidas
por:

lA g l1 l2
RA = , RG = , R1 = , R2 = . (104)
µA µ0 A µA µA
Sabendo que:

Fmm
φ= (105)
Rtot
P
em que φ é o fluxo magnético e Fmm = i Ni ii é a força magnetomotriz.
Para a malha 1 tem-se:

NiA + N1 i1 = (RA + R2 + RG + R1 ) φ1 + (RA φ2 ) . (106)

Para a malha 2 tem-se:

NiB + NiA = (RA φ1 ) + (RA + RA ) φ2 . (107)

Resolvendo as duas relações para φ1 e φ2 obtém-se:

2i N + N (iB + iA )
φ1 = ¡ 1 11 ¢, (108)
2 R1 + 2 RA + RG + R2

N (iA + iA ) R1 + N [iA (RA + RG + R2 ) + iB (RG + R2 )] − i1 N1 RA


φ2 = ¡ ¢ . (109)
2RA R1 + 12 RA + RG + R2

17
4.2.1 alínea (a)
O fluxo ligado λ a uma bobina i é dado por:

X
λi = Ni φ = Lij ij , (110)
j

em que Ni é o número de espiras e

½ ¾
se i = j coef. de auto-indução ou inductância própria
L= (111)
6 j
se i = coef. de indução mútua ou inductância mútua

Considera-se, como uma primeira aproximação, que se verifica uma relação linear entre
o fluxo magnético e a força magnetomotriz, podendo-se usar o princípio da sobreposição na
separação do fluxo ligado em componentes produzidas por ij . Para a bobine A o fluxo ligado
é dado por:

λA = Nφ2 (112)
N 2 [(iA + iA ) R1 + iA (RA + RG + R2 ) + iB (RG + R2 )] − NN1 RA i1
λA = ¡ ¢ (113)
2RA R1 + 12 RA + RG + R2
N 2 [R1 + R2 + RA + RG ] N 2 [R1 + R2 + RG ]
λA = iA ¡ ¢ + i B ¡ ¢ (114)
2RA R1 + 12 RA + RG + R2 2RA R1 + 12 RA + RG + R2
NN1 [RA ]
−i1 ¡ ¢
2RA R1 + 12 RA + RG + R2

Para a bobina B este é dado por:

λB = Nφ = N (φ1 + φ2 ) (115)
N 2 [R1 + R2 + RA + RG ] N 2 [R1 + R2 + RG ]
λB = iB ¡ ¢ + i A ¡ ¢ (116)
2RA R1 + 12 RA + RG + R2 2RA R1 + 12 RA + RG + R2
NN1 [RA ]
+i1 ¡ ¢
2RA R1 + 12 RA + RG + R2

Para a bobina 1 o fluxo ligado a ela fica:

λ1 = N1 φ1 (117)
N12 NN1
λ1 = i1 ¡ 1
¢ − iA ¡ 1
¢ (118)
R1 + 2 RA + RG + R2 2 R1 + 2 RA + RG + R2
NN1
−iB ¡ 1
¢
2 R1 + 2 RA + RG + R2

Logo, os coeficientes de auto-indução Ljj são dados por:

18
N 2 [R1 + R2 + RA + RG ]
LAA = ¡ ¢ (119)
2RA R1 + 12 RA + RG + R2
N 2 [R1 + R2 + RA + RG ]
LBB = ¡ ¢ (120)
2RA R1 + 12 RA + RG + R2
N12
L11 = ¡ ¢ (121)
R1 + 12 RA + RG + R2

4.2.2 alínea (b)


Os coeficientes de indução mútuas são dadas por:

N 2 [R1 + R2 + RG ]
LAB = LBA = ¡ ¢ (122)
2RA R1 + 12 RA + RG + R2
NN1
LA1 = L1A = ¡ 1
¢ (123)
2 R1 + 2 RA + RG + R2
NN1
LB1 = L1B = ¡ 1
¢ (124)
2 R1 + 2 RA + RG + R2

4.2.3 alínea (c)


O potencial induzido é dado por:


e= . (125)
dt
Na bobine 1, a força electromotriz induzida pelas correntes iA (t) e iB (t) é obtida por

d
e= (LA1 iA − LB1 iB ) . (126)
dt
Esta expressão pode então ser usada para determinar a diferença entre as duas correntes
pois LA1 = −LB1 e não dependem do tempo:

d
e = LA1 (iA − iB ) . (127)
dt
Note-se que LAA = LBB (coeficientes de auto-indução) pois, para além dos enrolamentos
estarem colocados de forma simétrica, o número de espiras é igual.
Note-se ainda que LA1 = L1A = −LB1 = −L1B , ou seja, os coeficientes de indução mútua
entre A e 1 e entre B e 1 são simétricos pois o fluxo magnético que atravessa o circuito entre
1 e B fá-lo em sentido oposto ao fluxo entre 1 e A.

19
4.3 Problema 1.24
4.3.1 alínea (a)

g h h l
Rg1 = Rg = Rp = Ry = (128)
µ0 Dw µ0 D (w − x) µp Dx µy Dw
Para o cálculo da reluctância total Rt não se considerou a relutância do núcleo de ferro
(yoke) uma vez que a sua permeabilidade magnética µy tende para infinito, entrando em
série para
¡ o cálculo
¢ de Rt . Para este cálculo torna-se necessário calcular a relutância em
paralelo R// na região do entreferro:

1 1 1 1
= + = h h
. (129)
R// Rg Rp µ0 D(w−x)
+ µp Dx

Como µp → ∞, o termo correspondente tenderá para zero e logo o valor de R// ficará:

h
R// = , (130)
µ0 D (w − x)
2g h
Rt = 2Rg1 + R// = + . (131)
µ0 Dw µ0 D (w − x)
Pela analogia com a lei de Kirchhoff tem-se:

N1 I0 = φRt , (132)
N1 I0
φ = 2g h
, (133)
µ0 Dw
+ µ D(w−x)
0

N1 I0
φ = 2g(w−x)+hw
,
µ0 Dw(w−x)
µ0 D (w − x) wN1 I0
φ = .
2g (w − x) + hw
Como h À g a equação do fluxo simplifica-se para:

µ0 D (w − x) (N1 I0 )
φ= . (134)
hw
P
Como λi = Ni φ = j Lij Ij , sendo λ o fluxo ligado e Lij o coeficiente de auto-indução
(i = j) ou de indução mútua (i 6= j), o fluxo ligado relativo à espira 2 assume a seguinte
forma:

µ0 D (w − x)
λ2 = I0 N1 N2 . (135)
h
Portanto, o coeficiente de indução mútua assume a seguinte forma (tendo em conta que
L12 = L21 ):

µ0 D (w − x)
L12 = L21 = N1 N2 . (136)
h

20
4.3.2 alínea (b)
A tensão aos terminais da espira 2 é dado por:

v2 = e2 . (137)

Logo:

dλ2 dL12
e2 = = I0 , (138)
dt dt
µ D dx
e2 = −I0 N1 N2 0 ,
h dt
µ D ²ωw
e2 = −I0 N1 N2 0 cos (ωt) .
h 2

4.4 Problema 1.25


4.4.1 alínea (a)
A força magnetomotriz é dada por:

X I
Fmm = Ni ii = Hdl, (139)
i

portanto

I
N1 i1 = Hdl = H2πRm (140)

em que se considerou a hipótese de H constante ao longo do raio médio Rm , sendo este igual
a

Ri + Ro
Rm = , (141)
2
e também considerando que qualquer percurso de qualquer linha de fluxo está próxima do
caminho médio do núcleo (Rm ).
Desta forma, a relação que se procura é a seguinte:

N1 I0 sen (ωt)
H= . (142)
π (Ri + Ro )

21
4.4.2 alínea (b)
Sendo:

Z
B · da = φ, (143)
S
λ = Nφ. (144)

Sabendo que a densidade do fluxo magnético B é uniforme através da secção do circuito


magnético, o valor do fluxo magnético φ ficará:

φ = BAc . (145)

O fluxo ligado ao enrolamento 2 fica dado por

λ2 = N2 BAc . (146)

A expressão do potencial v2 é a seguinte:

dλ dB
v2 = = N2 Ac . (147)
dt dt
Sendo a área da secção dada por

Ac = nt∆, (148)

o potencial será:

dλ dB
v2 = = N2 nt∆. (149)
dt dt

4.4.3 alínea (c)


Como:

Z
v0 = G v2 dt, (150)

o valor de v0 será dado por:

Z Z
dB dB
v0 = G N2 nt∆dt = GN2 Ac dt, (151)
dt dt
logo:

22
Z
v0 = GN2 Ac dBdt, (152)

e portanto

v0 = GN2 Ac B + c1 . (153)

Caso se conhece-se uma condição de fronteira para v0 seria possível avaliar o valor da
constante c1 .

4.5 Problema 1.35


4.5.1 alínea (a)
O magneto permanente em questão apresenta uma curva de magnetização que pode ser
considerada linear da forma:

Bm = Br + µr Hm . (154)

Fazendo uso da curva de magnetização deste material (pag. 36, fig.1.19), obtem-se a
seguinte relação:

µ ¶
1.258
Bm = 1.258 + Hm = 1.258 + 1.3 × 10−6 Hm . (155)
950 × 103

Sabe-se que ao produto de energia máxima, (Bm Hm )max , o funcionamento do magneto


permanente resultará no menor volume necessário para produzir uma dada densidade de fluxo
num entreferro de ar. Este produto de energia máxima determina-se da seguinte forma:

¡ ¢
Bm Hm = 1.258 + 1.3 × 10−6 Hm Hm , (156)

∂ (Bm Hm )
= 1.258 + 2.6 × 10−6 Hm = 0, (157)
∂Hm

Hmmax = −483.85 kAm−1 , (158)


Bmmax = 0.629 T.

Como o fluxo magnético através do circuito é contínuo e como φ = Ae B,

φ = Ag Bg = Am Bm . (159)

23
O valor médio no tempo de Bg será igual ao valor de B0 já que o valor médio de sen (ωt) =
0. Assim iremos utilizar para os nossos cálculos Bg = 0.5:

µ ¶
Bg 6 × 0.5
Am = Ag = , (160)
Bmmax 0.629
Am = 4.77 cm2 .

Por outro lado, ao considerar um valor médio no tempo, a corrente i(t) será nula. A
relação da força magnetomotriz ao longo do circuito magnético é dada por

Hm d + Hg g = 0. (161)

Lembrando que B = µH, tem-se

Bg 0.5
Hg = = = 397.89 kAm−1 , (162)
µ0 4π × 10−7
logo o comprimento do magneto é:

Hg 397.89 × 103
lm = −g = −0.4 , (163)
Hm −483.85 × 103
lm = 0.33 cm.

4.5.2 alínea (b)


Da relação da força magnetomotriz considerando-se uma variação sinsoidal da corrente i(t):

Hm d + Hg g = Ni(t), (164)

e da relação entre a intensidade do campo magnético H e a densidade de fluxo magnético


B, i(t) é dada por:

g Hm lm
i(t) = Bg + . (165)
Nµ0 N
Da equação da recta de operação do magneto permanente tiramos que:

µ ¶
Bm − B0
Hm = , (166)
µr
Ag
Bm = Bg , (167)
Am
resultando em

24
Bg Ag B0
Hm = − . (168)
µr Am µr
Fica-se deste modo com a seguinte expressão para a corrente:

·µ ¶ ¸
1 Bg (t) Bg Ag B0
i(t) = g+ lm − lm (169)
N µr µr Am µr
· µ ¶ ¸
1 g Ag B0
= Bg (t) + lm − lm .
N µr µr Am µr

Para se obter os valores de corrente máximos e mínimos, tem-se que determinar os valores
máximo e mínimo de Bg , respectivamente:

Bg = 0.5 + 0.25sen(ωt), (170)


Bgmax = 0.75 T, Bgmin = 0.25 T. (171)

Deste modo, os valores de corrente máximo e mínimo serão:

imax = 7.96 A, imin = −7.96 A. (172)

Tendo em conta os resultados obtidos e lembrando que o magneto permanente utilizado


tem um comportamento essencialmente linear, pode-se concluir que a variação sinusoidal
de Bg irá corresponder a uma variação sinusoidal da corrente. Assim, pode-se descrever a
corrente da seguinte forma:

i ∆i
i(t) = + sen(ωt) (173)
2 2
onde

i = imax + imin (174)


∆i = imax − imin , (175)

i(t) = 7.96sen(ωt) (176)

4.6 Problema 1.28


4.6.1 alínea (a)
Considere-se a seguinte figura que representa a curva de magnetização para o aço de grãos
orientados M-5, 0.012 polegadas em corrente contínua.

25
Figura 1.10
Para um valor de indução magnética B = 1.2 T no circuito, retira-se directamente do
gráfico que o valor da intensidade magnética no núcleo de ferro será de Hm = 14.5 Am−1 .
Para o entreferro, o valor da intensidade do campo magnético será por sua vez:

B 1.2
Hg = = = 9.55 × 105 Am−1 . (177)
µ0 4π × 10−7
Como os dois enrolamentos estão ligados em série, a corrente que os percorre é a mesma,
ou seja:

I1 = I2 = I. (178)
A queda da força magnetomotriz ao longo de um caminhos fechados pelo circuito magnético
é dada pela soma das quedas nos diferentes materiais e assim para o núcleo de aço e para o
entreferro temos, respectivamente:

Fm = Hm × (lA + lC − lg ) = 14.5 × (0.17 + 0.055 − 0.004) = 3.2 Ae, (179)


Fg = Hg × lg = 9.55 × 105 × 0.004 = 3819.72 Ae.
O valor da corrente que circula nas espiras será:

Fm + Fg 3819.72 + 3.2
I= = = 38.23 A. (180)
N 100

4.6.2 alínea (b)


A energia magnética armazenada num determinado material é dada por:

Z B2 ·µ ¶ ¸
H ×l
W = (A × N) dBn. (181)
B1 N
Como o circuito magnético está a funcionar com corrente contínua, a indução magnética
será constante e igual a B, degenerando a equação acima em:

Z B Z B · ¸
Bg
Wg = Ag × lg [Hg ] dBg = Ag × lg dBg , (182)
0 0 µ0
Ag × lg × B 2
Wg =
2µ0
Substituindo os respectivos valores numéricos tem-se o valor da energia magnética ar-
mazenada no entreferro:

0.0014 × 0.004 × (1.2)2


Wg = , (183)
2 × (4π × 10−7 )
Wg = 3.21 J

26
4.6.3 alínea (c)
Para cada uma das bobines temos respectivamente:

λ
L= . (184)
I
Para cada bobine tem-se o fluxo ligado, respectivamente:

λ1 = N1 AA Bm , (185)
λ2 = N2 AB Bm . (186)

Como as pernas A e B do circuito magnético têm a mesma área e são percorridas pela
mesma indução magnética, além de ambas as bobines possuirem o mesmo número de espiras,
tem-se que:

λ1 = λ2 = λ = N × AA × Bm . (187)

Os valores dos coeficentes de auto-indução terão assim o mesmo valor:

N × AA × Bm 100 × 0.0007 × 1.2


L1 = L2 = = , (188)
I 38.23
L1 = L2 = 2.2 mH

A inductância total será a soma de cada uma, visto estas estarem em série:

L = L1 + L2 = 4.4 mH (189)

4.7 Problema 1.34


Dados:

R = 1.8cm = 0.018 m,
g = 0.1cm = 0.001 m,
h = 0.9cm = 0.009 m.

Quer-se determinar o volume do magneto permanente que nos permita estabelecer uma
densidade de fluxo magnético no entreferro de Bg = 1.2 T. Contudo, este volume deve ser
mínimo.
Um dos parâmetros mais importantes para um material magnético é o ”produto de
máxima densidade de energia”, ou seja, o ponto de funcionamento do magneto em que o pro-
duto Bm × Hm é máximo. Se o magneto permanente estiver a operar neste ponto, o volume
requerido de material magnético para estabelecer uma dada densidade de fluxo magnético no
entreferro é mínima. Começa-se então por determinar esse ponto para o Samarium-Cobalto.

27
Da figura 1.19 do livro, verifica-se que a curva de magnetização para o Samarium-Cobalto
pode ser aproximada por uma recta. Como tal iremos procurar estabelecer uma relação entre
B e H para de seguida determinar-se o valor máximo do seu produto. Assim, seja a equação
da recta dada por:

y = mx + b (190)

Temos numa primeira aproximação:

0.81 = m × (−100) + b, (191)


0.30 = m × (−500) + b.

o que resulta nos valores b = 0.94 e m = 0.00128. Logo, a equação da recta como aproximação
para a relação B-H do Samarium-Cobalto é:

Bm = 0.00128Hm + 0.94. (192)

Obtendo-se a relação para o produto Bm × Hm e derivando, pode-se obter uma primeira


estimativa do ponto de máxima densidade de energia:

Bm × Hm = 0.00128 (Hm )2 + 0.94Hm , (193)

∂ (Bm × Hm )
= 2 × 0.00128Hm + 0.94 = 0, (194)
∂Hm
logo

Hm = −367.6 kAm−1 . (195)

Isto indica-nos que o ponto de máxima energia está situado no intervalo −300 < Hm <
−400 kAm−1 . Uma segunda estimativa com um intervalo mais pequeno e com os extremos
do intervalo anterior, permite-nos de uma forma análoga à anterior calcular uma recta para
a relação B-H. A equação desta recta será:

Bm = 0.0013Hm + 0.94. (196)

Novamente calcula-se o ponto tal que ocorra máxima energia. Este ponto calculado
apresenta os seguintes valores:

Bm = 0.47 T, (197)
Hm = −361 kAm−1 ,

28
sendo o produto de máxima densidade de energia dado então por

|(Bm × Hm )max | = 169.7 kJm−3 . (198)


Como a permeabilidade magnética do núcleo é assumida infinita, o valor da intensidade
do campo magnético no seu interior é nulo. A força magnetomotriz exterior actuante no
circuito magnético é nula e como tal temos:

Fmm = Hg lg + Hm hm = 0. (199)
Para além disto o fluxo magnético ao longo do circuito é constante, o que nos permite
escrever:

φ = Ag Bg = Am Bm . (200)
Esta duas relações permitem-nos escrever o sistemas de equações:
 ³ ´ 
 hm = lg Hg 
³Hm ´ . (201)
 Am = Ag Bg 
Bm

Bg
Como o entreferro é preenchido a ar temos que Hg = µ0
e portanto, substituindo no
sistema anterior:
 ³ ´ 
 hm = −lg Bg 
³µ0 Hm´ . (202)
 Am = Ag Bg 
Bm

Substituindo os valores:
 

 hm = 4π×10−0.001×1.2
−7 ×(−361×103 ) = 0.00265 

³ ´ ¡ ¢
Bg 1.2 −3 2 (203)
 Am = 2πRh
 | × 0.018
| {z } Bm = 2π {z × 0.009} 0.47 = 2.6 × 10 m  
A g Ag

Assim sendo e por uma igualdade de áreas onde passa o fluxo magnético podemos escrever:

Am = π (Rm )2 , (204)
r
Am
Rm = = 2.88 cm.
π
Portanto garantem-se as especificações do enunciado para:

hm = 2.65 mm, (205)


Rm = 2.88 cm.

29

Você também pode gostar