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MÓDULO 1

Bases de controle de infecção,


biossegurança em saúde e
preparo da equipe
CRÉDITOS
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
Reitor: Ubaldo Cesar Balthazar
Vice-Reitora: Alacoque Lorenzini Erdmann
SEAD: Luciano Patrício Souza de Castro

CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM


Presidente: Manoel Carlos Neri da Silva

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE


Diretor: Celso Spada
Vice-Diretor: Fabricio de Souza Neves

PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM INFORMATICA


EM SAUDE-PPGINFOS
Coordenadora: Grace T M Dal Sasso
Vicecoordenadora: Sayonara de Fátima Faria Barbosa

COMITÊ GESTOR
Coordenadora Geral do Projeto e do Curso de Atualização:
Grace T M Dal Sasso
Vice-Coordenadora Geral do Projeto e do Curso de Atualização:
Sayonara de Fátima Faria Barbosa
Coordenadoras de Tutoria e Monitoria:
Ana Graziela Alvarez e Camila Rosália Antunes Baccin
Suporte à coordenação de Tutoria e Monitoria:
Cassia Mitsuko Saito
Charles Teixeirav
Representante Cofen: Aline Cristina Alves Pimentel

DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM
Chefe do Departamento: Katia Cilene Godinho Bertoncello
Subchefe do Departamento: Silvana Silveira Kempfer

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM


Coordenação Felipa: Rafaela Amadigi
Vice-Coordenação: Rosani Ramos Machado

AUTORES DE CONTEÚDO GIATE/LAPETEC/UFSC:GRUPO


DE PESQUISA CLÍNICA, TECNOLOGIAS E INFORMATICA EM
SAÚDE E ENFERMAGEM E LABORATÓRIO DE PRODUÇAO
TECNOLÓGICA EM SAÚDE E ENFERMAGEM

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Adriano da Silva Acosta
Ana Graziela Alvarez
Camila Santos Pires Lima
Cássia Mitsuko Saito
Charles Alberto Teixeira Filho
Clarice da Luz Koerich
Daniela Couto Carvalho Barra,
Elisiane Lorenzini
Elizimara Ferreira Siqueira
Fernanda Paese
Grace T M Dal Sasso
Graciela Mendonça da Silva de Medeiros.
Graziele Telles Vieira
Janeide Freitas de Mello
Neide da Silva Knihs
Sabrina Regina Martins
Saulo Fábio Ramos
Sayonara de Fátima Faria Barbosa
Taise Costa Ribeiro Klein
Autor de Conteúdo extra: Veridiana Tavares Costa – Diretoria de Atenção
Primária à Saúde – Núcleo de Condições Crônicas

EQUIPE DE APOIO

Secretaria: Ana Lúcia Vieira Fontanella e Giórgio de Jesus da Paixão


Financeiro: Claudia Crespi Garcia
Tecnologia da Informação e Comunicação (SETIC-UFSC):
Alexandre Gava Menezes
André Fabiano Dyck
Bruno Amattos
Guilherme Arthur Geronimo,
Gustavo Tonini,
José Norberto

EQUIPE DE PRODUÇÃO DE MATERIAL


Coordenação de Design Gráfico: Paulo Otávio Coimbra
Equipe Design Gráfico:
Rodolpho Severino Malvestiti
Musa Santos 
Gislainne Alves de Oliveira
Laís Tomaselli Krause
Ana Júlia Lichtblau Bernardini
Thais Alves Ferreira Costa
Ilustrações: Rodrigo Torri Vieira

Coordenadora do Ambiente Virtual de Aprendizagem Moodle®:


Andreia Mara Fiala

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Coordenadora de Design Instrucional: Cintia Costa Macedo
Equipe Design Instrucional:
Clarissa Venturieri
Dirce Meri de Rossi Garcia Rafaelli
Luiz Filipi Schveitzer
Marina Siqueira Drey
Rafael Araújo Saldanha
Roberta Madruga da Silva

Programador: Renan Pinho Assis

Produção de Vídeo: Dilney Carvalho


Editor: Cledison Marques
Operador de câmera: Eduardo Amorim,
Revisor de textos: Fábio Bianchini
Apresentadora: Dominique Cabral

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CARTA AO LEITOR
Caro(a) aluno(a),

Inicialmente, desejamos cumprimentá-lo por realizar o Curso de


atualização para técnicos de enfermagem em cuidados intensivos a
pacientes críticos com Covid-19. Neste momento de enfrentamento
à pandemia, é fundamental a sua participação, que demonstra o
seu compromisso com a atualização e o crescimento profissional,
além do aprimoramento no cuidado das pessoas com suspeita
ou confirmadas da Covid-19. Este módulo é composto por cinco
unidades: Bases de controle de infecção, biossegurança em saúde
e enfermagem. Normas regulamentadores do Conselho Federal
de Enfermagem (Cofen), Ministério da Saúde, Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa), Organização Mundial de Saúde (OMS)
e outras entidades de classe na abordagem do Covid-19; Utilização
correta de EPIs pela equipe de enfermagem; Principais cuidados
diretos ao paciente acometido pelo Covid-19: pressões invasivas
e não invasivas, higiene, alimentação, medicações, cuidados com
aparelhos, passagem de sondas e cateteres, aspiração, entre outros;
Orientação e preparo da equipe de enfermagem para transporte e
admissão na UTI de pacientes com Covid-19 confirmado ou suspeito;
Diretrizes para coleta, manuseio e testes de amostras clínicas de
pessoas ou suspeitas da Covid-19. Diretrizes recomendadas para
uso prolongado e reutilização limitada dos respiradores; N95 em
ambientes de assistência hospitalar.

Desta forma, convidamos você a se engajar nesta iniciativa, para


que possa trilhar o processo de aprendizagem rumo a um cuidado
de Enfermagem que possa ser prestado de forma cada vez mais
segura e qualificada.

Objetivo
Capacitar técnicos de enfermagem em cuidados intensivos sobre
o atendimento de pacientes críticos com a Covid-19. Ao final deste
Curso você deverá ser capaz de conhecer e aplicar na prática os
cuidados ao paciente crítico com foco na Covid-19.

Carga horária: 40 horas

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APRESENTAÇÃO
Olá, cursista!

Bem-vindo(a) ao primeiro módulo do curso de Atualização para


técnicos de enfermagem em cuidados intensivos a pacientes
críticos com Covid-19.

Neste módulo você conhecerá as bases de controle de infecção e


biossegurança em saúde e enfermagem, bem como as principais
normas reguladoras de diferentes organizações na abordagem
da Covid-19. Também aprenderá como utilizar corretamente os
EPIs, os principais cuidados ao paciente acometido pelo Covid-19,
orientação e preparo da equipe de enfermagem para transporte e
admissão na UTI de pacientes com Covid-19, a coleta, manuseio
e teste de amostras, e recomendações para o uso prolongado e
reutilização dos respiradores N95.

Como a Covid-19 é uma doença nova, continuamente são rea-


lizadas novas pesquisas, com geração de novos conhecimentos
que passam a ser incorporados na prática. Assim, ressaltamos que
mesmo durante a realização deste curso, você deve ficar alerta ao
surgimento de novas descobertas.

Estrutura do Módulo
Para este módulo inicial organizamos as unidades com os assun-
tos a seguir:

Unidade 1.1 – Bases de controle de infecção, biossegurança em


saúde e enfermagem. Normas regulamentadores do Conselho Fe-
deral de Enfermagem (Cofen), Ministério da Saúde, Agência Nacio-
nal de Vigilância Sanitária (Anvisa), Organização Mundial de Saúde
(OMS) e outras entidades de classe na abordagem da Covid-19.

Unidade 1.2 – Utilização correta de EPIs pela equipe de enferma-


gem (máscara, luvas, aventais, óculos, gorro, proteção para os pés,
colocação e descarte).
Unidade 1.3 – Principais cuidados diretos ao paciente acometido
pela Covid- 19: pressões invasivas e não invasivas, higiene, alimen-
tação, medicações, cuidados com aparelhos, passagem de sondas
e cateteres, aspiração, entre outros.

Unidade 1.4 – Orientação e preparo da equipe de enfermagem


para transporte e admissão na UTI  de pacientes com Covid-19
confirmado ou suspeito.

Unidade 1.5 – Diretrizes para coleta, manuseio e testes de amos-


tras clínicas de pessoas ou suspeitas da Covid-19. Diretrizes reco-
mendadas para uso prolongado e reutilização limitada dos respi-
radores N95 em ambientes de assistência hospitalar.
SUMÁRIO

Módulo 1: Bases de controle de infecção,


biossegurança em saúde e preparo
da equipe

05 UNIDADE 1.1 – Bases de controle de infecção, biossegu-


rança em saúde e enfermagem. Normas regulamentadoras
do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), Ministério
da Saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa),
Organização Mundial de Saúde (OMS) e outras entidades
de classe na abordagem da Covid-19

17 UNIDADE 1.2 – Utilização correta de EPIs pela equipe


de Enfermagem (máscara, luvas, aventais, óculos, gorro,
proteção para os pés, colocação e descarte)

30 UNIDADE 1.3 – Principais cuidados diretos ao paciente


acometido pela Covid-19 pressões invasivas e não invasivas,
higiene, alimentação, medicações, cuidados com aparelhos,
passagem de sondas e cateteres, aspiração, entre outros

40 UNIDADE 1.4 – Orientação e preparo da equipe de enferma-


gem para transporte e admissão na UTI de pacientes com
Covid-19 confirmados ou suspeitos

48 UNIDADE 1.5 – Diretrizes para coleta, manuseio e testes de


amostras clínicas de pessoas suspeitas da Covid-19. Dire-
trizes recomendadas para uso prolongado e reutilização
limitada dos respiradores particulados N95 em ambientes
de assistência hospitalar
Bases de controle de infecção, biossegurança em saúde e preparo da equipe

UNIDADE 1.1 – Bases de controle


de infecção, biossegurança em
saúde e enfermagem. Normas
regulamentadoras do Conselho Federal
de Enfermagem (Cofen), Ministério da
Saúde, Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa), Organização Mundial
de Saúde (OMS) e outras entidades de
classe na abordagem da Covid-19
Nesta unidade estudaremos as medidas de biossegurança, de con-
trole de infecção e as principais normas regulamentadoras para
o enfrentamento da pandemia Covid-19, estas são informações
essenciais para a sua segurança e redução de riscos durante a
atividade profissional.

Introdução
O novo coronavírus (SARS-CoV-2) tem fácil disseminação e alta
probabilidade de efeitos graves da doença. De acordo com estudos
recentes, a sua via de transmissão ocorre de pessoa a pessoa por
meio de gotículas respiratórias (fala, tosse ou espirro), tanto pelo
Aprofunde contato direto quanto pelo contato indireto com pessoas infecta-
Clique no das ou por meio das mãos, objetos ou superfícies contaminadas.
link e veja as
recomendações
da Anvisa
Precisamos sempre ter em mente que o vírus também pode ser
para correta transmitido em procedimentos que geram aerossóis, como na intu-
higienização bação endotraqueal (BRASIL, 2020). Profissionais da linha de frente
das mãos.
estão expostos ao risco de contaminação pelo novo coronavírus,
além de outros riscos decorrentes do cuidado, como o contato
com sangue, fezes, vômitos, urina e outras secreções corporais.

9
Bases de controle de infecção, biossegurança em saúde e preparo da equipe

Figura 1:
Vestindo EPIs.
Fonte:
Freepik (2020).

Por isso, diante desse cenário de emergência global, é importante


que os(as) técnicos(as) de enfermagem se apropriem das medidas
de biossegurança, prevenção e controle recomendadas pelas au-
toridades de saúde e entidades de classe, para uma prática segura
e com redução de riscos (BRASIL, 2020). Confira as orientações
sobre as lesões em profissionais pelo uso de EPIs.

!
ALERTA DO PROFISSIONAL

O cuidado para a manutenção da integridade da pele dos


profissionais de enfermagem da linha de frente é essen-
cial, considerando que a higiene frequente das mãos e o uso
de luvas aumentam os riscos de dermatites e dermatoses.
E o uso prolongado de óculos de proteção e máscaras (N95)
também podem levar a lesões por pressão relacionadas a
dispositivos médicos (RAMALHO, 2020).

O grupo de pesquisa em Estomaterapia da Escola de Enfer-


magem da USP, em parceria com a Associação Brasileira de
Estomaterapia (Sobest), lançou um guia de prevenção de le-
sões de pele relacionadas ao uso de EPIs em profissionais de
saúde. Proteja-se seguindo as recomendações:

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Bases de controle de infecção, biossegurança em saúde e preparo da equipe

• Higienize a pele com sabonete líquido com pH levemente


acidificado (compatível com a pele) e hidrate a pele dia-
riamente.

• Proteja a pele na área de apoio e fixação de máscara e


óculos com curativos profiláticos (espuma de poliuretano,
silicone, filme transparente ou placas de hidrocolóide de
espessura fina ou extrafina).

• Programe alguns minutos de alívio de pressão, estabele-


cendo a retirada na técnica correta da máscara e óculos,
no mínimo a cada 2 horas.

• Evite o uso de máscara e óculos de proteção sobre áreas


com lesões.

A organização do trabalho em tempos de pandemia requer agilida-


de e comunicação clara entre os membros da equipe no planeja-
mento e assistência de quem está diretamente envolvido no aten-
dimento a pacientes suspeitos ou contaminados com Covid-19
(ABRAMEDE, 2020). Além disso, o respeito às normas regulamen-
Aprofunde tadoras (especialmente a NR32) e de biossegurança são determi-
Clique no link para nantes para o bom desempenho da equipe de enfermagem.
acessar o texto
completo da NR32.
Siga atento(a) para melhor entender as noções de biossegurança
e agente biológico descritas a seguir.

11
Bases de controle de infecção, biossegurança em saúde e preparo da equipe

Conceitos iniciais
Confira na figura o detalhamento de dois principais conceitos
abordados neste estudo:

Biossegurança Agente biológico


Conjunto de medidas e Todo organismo ou molécula
procedimentos técnicos com potencial ação biológica
necessários para a infecciosa sobre o homem,
manipulação de agentes e animais, plantas ou meio
materiais biológicos capazes ambiente em geral; incluindo
de prevenir, reduzir, vírus, bactérias, archaea,
Figura 2: controlar ou eliminar riscos fungos, protozoários,
Conceitos em inerentes às atividades que parasitos, ou entidades
destaque. podem comprometer a acelulares como príons, RNA
Fonte: saúde humana, animal, ou DNA e partículas virais.
Brasil (2017, 2020), vegetal e o meio ambiente.
adaptado por
labSEAD-UFSC (2020).

A seguir, veja a classificação de risco dos agentes biológicos:

1 Classe de risco 1: baixo risco individual e para a


comunidade (exemplo: lactobacillus).

2 Classe de risco 2: moderado risco individual e limitado


risco para a comunidade (exemplo: vírus rubéola).

3 Classe de risco 3: alto risco individual e moderado


risco para a comunidade (exemplo: novo coronavírus).
Figura 3:
Classificação de

4
risco dos agentes
biológicos.
Fonte: Classe de risco 4: alto risco individual e para a
Brasil (2017, 2020), comunidade (exemplo: vírus Ebola).
adaptado por
labSEAD-UFSC (2020).

O novo coronavírus (SARS-CoV-2) se enquadra na classe de


risco 3 de agentes biológicos, tornando-se um risco ocupacional
aos profissionais de saúde. (BRASIL, 2020).

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Bases de controle de infecção, biossegurança em saúde e preparo da equipe

O técnico de enfermagem na Covid-19


O(A) técnico(a) de enfermagem exerce atividades essenciais na
equipe de enfermagem, atuando junto ao(a) enfermeiro(a) no
planejamento, programação, orientação e prestação de cuida-
dos diretos aos pacientes críticos suspeitos ou confirmados com
Covid-19. Por isso, a capacitação desse importante membro da
equipe é fundamental, assim como da incorporação, na prática,
Aprofunde de ações contínuas na prevenção e controle da infecção durante
Saiba quais são os a assistência de enfermagem (COFEN, 2020).
cinco momentos
da higiene para as
mãos, clique
Considerando os diferentes cenários de atuação dos técnicos(as)
no link. de enfermagem no enfrentamento à Covid-19, esse profissional
deve se manter constantemente atualizado sobre as instruções
das autoridades de saúde e entidades de classe.

Recomendações gerais de biossegurança


Leia atentamente as 11 orientações destacadas a respeito dos pro-
cedimentos de biossegurança atualmente indicados:

1 Higienize as mãos frequentemente com água e sabão líquido ou


preparação alcoólica a 70%. Reforce a necessidade dessa
higienização a pacientes e seus acompanhantes.

2 Utilize EPIs (óculos de proteção ou protetor facial, máscara cirúrgica


ou N95/PFF2, avental, luvas de procedimento e gorro).

3 Reforce a necessidade do uso de lenços de papel no caso de tosse,


espirros e secreção nasal.

4 Retire adornos (relógio, brinco, piercing, crachá com cordão etc.);


mantenha as unhas curtas; use calçados fechados com solado de
borracha; mantenha o cabelo preso; retire ou apare a barba.

5 Posicione-se na entrada da recepção para receber os pacientes.


Pergunte a eles e a seus acompanhantes sobre a presença de
sintomas e forneça máscara cirúrgica.

6 Auxilie no isolamento de pacientes que chegam com sintomas de


cansaço, dificuldade respiratória, tosse e febre em área separada
com porta fechada e ventilada até a consulta.

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Bases de controle de infecção, biossegurança em saúde e preparo da equipe

7 Sempre considere suspeitos ou contaminados com Covid-19 os


pacientes inconscientes ou casos em que histórico clínico não
possa ser verificado.

8 Limite a circulação de pessoas, permitindo apenas o paciente


(liberar acompanhante somente para menores de 18 anos,
deficientes físicos e dependentes de locomoção).

9 Restrinja o uso de itens compartilhados por pacientes (canetas,


pranchetas etc.) e de equipamentos (estetoscópio termômetro etc.),
realizando a desinfecção após o uso.

Figura 4:
10 Considere banho ou troca de roupa após participar de
procedimentos cirúrgicos ou endoscópicos de pacientes com
Recomendações de
suspeita ou confirmados com Covid-19.
biossegurança.
Fonte:
Abramede (2020);
BrasilL (2020); Cofen 11 Redobre a atenção na higienização de celulares. Use-o em
embalagens plásticas durante plantão a atenda ligações somente
(2020); Sobecc
(2020), adaptado por se necessário. Descarte o plástico ao fim do plantão.
labSEAD-UFSC (2020).

Em seguida, você tem acesso a orientações das autoridades de


saúde sobre os procedimentos preventivos e de controle do novo
coronavírus nas UTIs.

Medidas de prevenção e controle na UTI


Alguns cuidados específicos precisam ser tomados durante a as-
sistência ao paciente crítico com Covid-19 (BRASIL, 2020). Leia as
recomendações e entenda como melhor atuar nos casos de oxi-
genioterapia, medicação e banho e higiene.

Oxigenioterapia
Administre oxigênio por cateter nasal ou máscara (o mais fechada
possível). Evite dispositivos de nebulização geradores de aerossóis,
dê preferência à medicação broncodilatadora em puff, a cada dose
liberada, com sistema fechado ou aerocâmara retrátil. A ventilação
não invasiva é desaconselhada, dê preferência a ventilação mecâ-
nica invasiva precoce. Durante a intubação todo material deve ser
preparado fora do box do paciente, e um circulante permanece do
lado de fora do isolamento para atender às solicitações da equipe
interna. É recomendado instalar sistema fechado de aspiração.

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Bases de controle de infecção, biossegurança em saúde e preparo da equipe

Medicação
Os medicamentos deverão ser preparados fora do quarto, box do
paciente ou na área de isolamento. Não entre no box do paciente
com prancheta, caneta ou prescrição impressa.

Banho e higiene
Pacientes em isolamento com banheiro privativo e que tiverem
condições físicas devem ser estimulados a irem ao banheiro. Nas
situações em que não há condições de sair do leito ou de quartos
sem banheiro, os pacientes deverão evacuar na fralda descartável
e a fralda deve ser descartada em saco para resíduo contaminado.
Não é recomendado o uso de comadres. Prefira banho no leito, in-
clusive para pacientes acordados, para evitar o compartilhamento
do banheiro (caso o box ou quarto não tenha banheiro exclusivo).

Cuidado limpo e seguro: higienização das mãos.


Uma das formas mais eficientes de combatermos o novo coronavírus é
a higienização das mãos, realizada com a técnica correta, água e sabo-
nete líquido ou preparação alcoólica a 70%. Os cinco momentos para
a higiene das mãos devem ser rigorosamente seguidos nos serviços de
saúde (BRASIL, 2020), assim como as demais orientações de medidas
de biossegurança.

Pratique as recomendações e socialize-as com seus colegas, as


orientações indicadas devem ser seguidas.

Precauções e isolamento adotados para


a assistência

As seguintes precauções devem ser implementadas para todos os


casos suspeitos ou confirmados de Covid-19:

• precaução padrão;

• precaução de contato;

• precaução para gotículas; e

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Bases de controle de infecção, biossegurança em saúde e preparo da equipe

• precaução para aerossóis (em procedimentos como: intubação,


aspiração traqueal, ventilação mecânica não invasiva, ressusci-
tação cardiopulmonar, coleta de amostras nasotraqueais, bron-
coscopias) (BRASIL, 2020).

Observe atentamente como proceder em cada um desses casos:

Precauções padrão
As precauções padrão devem ser seguidas por todos os pacientes,
independente da suspeita ou não de infecções.

Higienização Luvas e Óculos


Óculos Caixa
das mãos avental eemáscara
máscara perfurocortante
Lave as mãos com Use luvas quando Use óculos, máscara Descarte, em
água e sabonete ou houver risco de e/ou avental quando recipientes
friccione as mãos contato com sangue, houver risco de apropriados, seringas
com álcool a 70% secreções ou contato de sangue ou e agulhas, sem
antes e após o membranas secreções da mucosa desconectá-las ou
Figura 5: contato com mucosas. Coloque-as de olhos, boca, nariz, reencapá-las.
Precauções padrão. qualquer paciente, imediatamente antes roupa e superfície
após a remoção das do contato. corporais.
Fonte:
luvas e após o
Anvisa (2020), contato com sangue
adaptado por ou secreções.
labSEAD-UFSC (2020).

Acompanhe agora as recomendações sobre as medidas em rela-


ção às áreas de contato.

Precauções de contato
Observe a figura e confira como proceder nos casos de infecção
ou colonização por microrganismo multirresistente, varicela, in-
fecções de pele e tecidos moles com secreções não contidas no
curativo, impetigo, herpes zoster disseminado ou em imunos-
suprimido etc.

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Bases de controle de infecção, biossegurança em saúde e preparo da equipe

Luvas e Quarto Óculos


Equipamentos
avental privativo e máscara
Use luvas e avental Quando não houver Equipamentos como
durante toda a manipu- disponibilidade de termômetros,
lação do paciente, de quarto privativo, a esfigmomanômetro e
cateteres e sondas, do distância mínima estetoscópio devem
circuito do equipamento entre os leitos deve ser de uso exclusivo
ventilatório e de outras ser de um metro. do paciente.
superfícies ao leito.
Coloque-os imedia-
Figura 6:
tamente antes do
Precauções de
contato com o paciente
contato.
ou as superfícies e
Fonte:
retire-os logo após o uso,
Anvisa (2020),
higienizando as mãos
adaptado por
em seguida.
labSEAD-UFSC (2020).

Siga e veja quais medidas implementar em procedimentos que


envolvem gotículas.

Precauções para gotículas


Em situações que envolvem meningites bacterianas, coqueluche,
difteria, caxumba, influenza, rubéola e afins, as precauções de
cuidado indicadas são as seguintes:

o
etr
1m

Compartilhamento Distância de Transporte de


de quarto segurança paciente
Quando não houver A distância mínima Transporte do
disponibilidade de entre dois leitos paciente deve ser
quarto privativo, o deve ser de evitado, mas quando
paciente pode ser um metro. necessário, ele
Figura 7: internado com outros deverá usar máscara
Precauções para infectados pelo cirúrgica durante
gotículas. mesmo toda a sua
Fonte: microrganismo. permanência fora do
Anvisa (2020), quarto.
adaptado por
labSEAD-UFSC (2020).

A seguir, entenda como melhor proceder nos casos com aerossóis.

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Bases de controle de infecção, biossegurança em saúde e preparo da equipe

Precauções para aerossóis


No cuidado com aerossóis, os procedimentos devem ser realiza-
dos, preferencialmente, em uma unidade de isolamento respira-
tório com pressão negativa e filtro HEPA (High Efficiency Particu-
late Arrestance). Os profissionais devem, obrigatoriamente, usar
máscara de proteção respiratória (tipo N95, N99, N100, PFF2 ou
PFF3), além dos outros EPIs recomendados (BRASIL, 2020).

Transporte de Compartilhamento
Quarto
paciente de quarto
O transporte do Mantenha a porta Quando não houver
paciente deve ser sempre fechada e disponibilidade de
evitado, mas quando coloque a máscara quarto privativo, o
necessário, ele antes de entrar paciente pode ser
deverá usar máscara no quarto. internado com outros
cirúrgica durante pacientes com
toda a sua infecção pelo mesmo
permanência fora do microrganismo. OBS:
quarto. Já o Pacientes com
profissional deve suspeita de tuber-
Figura 8: usar máscara culose resistente ao
Precauções para PFF2/N-95. tratamento não
aerossóis. podem dividir o
Fonte: mesmo quarto com
Anvisa (2020), outros pacientes com
adaptado por tuberculose.
labSEAD-UFSC (2020).

Fique atento(a) a cada uma dessas precauções. Elas são impres-


cindíveis para que você saiba como proceder em cada situação
para evitar contaminação.

Destaques importantes
Salientamos que os pacientes de Covid-19 devem ser isolados em
quarto privativo sempre que possível. Caso não seja viável, devem
ser acomodados em coorte, ou seja, em área destinada apenas para
esses pacientes, com a distância mínima de 1 metro entre os leitos
e restringindo o número de acessos ao local, inclusive de visitantes.

Além disso, lembre-se que quartos ou áreas de isolamento devem


permanecer com a porta fechada e bem ventilados (janelas aber-
tas), com sinalização de alerta na entrada indicando as precau-
ções adotadas (BRASIL, 2020).

18
Bases de controle de infecção, biossegurança em saúde e preparo da equipe

!
ALERTA DO PROFISSIONAL

CUIDANDO DE QUEM CUIDA


Caso você apresente sintomas de febre, tosse, cansaço e fal-
ta de ar, você deve ser afastado do trabalho imediatamente.
Cada instituição possui uma rotina para encaminhamento aos
profissionais com sintomas do novo coronavírus. Informe-se
e sempre fique atento(a) aos cuidados com a colocação, uso,
ajuste e retirada dos EPIs, pois o descuido pode levar à con-
taminação. Siga as orientações recomendadas e proteja-se!

Nas UTIs para o atendimento de pacientes com Covid-19, preferen-


cialmente, elas devem ser exclusivas para esses casos. Na ausência
de boxes fechados, recomenda-se delimitar fisicamente o espaço,
afixando sinalização escrita no chão (exemplo: Covid-19), na área de
entrada dos boxes ou na área de coorte.

Os profissionais de saúde que atuam na assistência direta a esses


pacientes devem ser organizados para trabalharem somente na área
de coorte durante todo o seu turno, não sendo recomendado sua cir-
culação e prestação de assistência em outras áreas (BRASIL, 2020).

Atenção! As recomendações apresentadas neste material são baseadas


nos conhecimentos que se tem até o momento das organizações de saú-
de e entidades de classe. É importante destacar que a transmissão e o
impacto na saúde humana do novo coronavírus ainda estão em estudo.
Estamos diante de um inimigo que desestruturou os sistemas de saúde
no mundo. A cada momento novas descobertas científicas são levantadas
sobre a Covid-19. Por isso, informe-se! Prepare-se! Cuide-se!

Procure relembrar sempre os assuntos tratados aqui e comparti-


lhe as informações com os seus colegas de trabalho.

19
Bases de controle de infecção, biossegurança em saúde e preparo da equipe

Fechamento
Nesta unidade vimos as medidas fundamentais de biossegurança
(correta higiene das mãos, utilização de EPIs, orientação a pa-
cientes, isolamento e precauções padrão, de contato, para gotí-
culas e aerossóis) e as principais regulamentações na abordagem
da Covid-19. Agora que você conhece as ações e regulamenta-
ções para sua proteção durante a assistência a pacientes com a
Covid-19, siga-as continuamente e compartilhe essas orientações
com seus colegas.

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Bases de controle de infecção, biossegurança em saúde e preparo da equipe

UNIDADE 1.2 – Utilização correta de EPIs


pela equipe de enfermagem (máscara,
luvas, aventais, óculos, gorro, proteção
para pés, colocação e descarte)
Nesta unidade você ampliará seus conhecimentos sobre a utili-
zação correta dos equipamentos de proteção individuais (EPIs),
indicados para atendimento ao paciente suspeito ou confirmado
de Covid-19, e as instruções para uso de forma segura durante a
colocação e retirada destes.

Introdução
Os EPIs são essenciais para proteção da sua saúde e manuten-
ção da sua integridade física, protegendo contra os riscos do
ambiente de trabalho. Foram reportados ao Cofen o afastamen-
to de mais 10.748 profissionais de enfermagem, destes, aproxi-
madamente 2.813 tiveram exame positivo para o Covid-19, e os
demais estão aguardando resultado ou não foram testados até
o dia 06/05/2020. Ainda, foram registradas até o momento mais
de 75 mortes de profissionais de enfermagem com diagnósti-
co confirmado além de mais de 16 com diagnóstico suspeito de
Covid-19 (COFEN, 2020).

Assim, é urgente a necessidade de capacitação dos profissionais


para melhorar sua proteção. O uso dos EPIs pode variar conforme
a área de atuação, seja em locais de triagem, informação, interna-
ção, emergência ou em unidades de terapia intensiva (UTI), dentre
outros. Neste cenário, o trabalho do profissional técnico de en-
fermagem deve se embasar em princípios técnicos e científicos
relacionados à precaução, considerando a finalidade de cada EPI,
temas que serão abordados nesta unidade.

Conceitos iniciais
O risco biológico é inerente à profissão de enfermagem. Diversas
formas de proteção ao profissional de saúde estão disponíveis
na atualidade (organização estrutural e ergonômica, aquisição de
materiais de qualidade, dimensionamento de pessoal conforme
demanda, entre outras). Considerando o contexto da Covid-19,

21
Bases de controle de infecção, biossegurança em saúde e preparo da equipe

o uso adequado dos EPIs, sua colocação e retirada, estão entre os


principais métodos preventivos.

A via de transmissão do novo coronavírus se dá por meio de gotí-


culas respiratórias e por contato direto com pessoas infectadas.
A possibilidade de transmissão do vírus por aerossóis gerados em
alguns procedimentos tem sido estudada, merecendo a sua aten-
ção. Fique atento! Pois a correta utilização dos EPIs é essencial
para a quebra da cadeia de transmissão (BRASIL, 2020).

Figura 9:
Enfermeira colocando
o EPI.
Fonte:
Pexels (2020).

A precaução padrão é indicada para o cuidado prestado a todo e


qualquer paciente, independente do diagnóstico, assim como a
intensificação da higienização das mãos, de acordo com os cinco
momentos preconizados pela Anvisa.

!
ALERTA DO PROFISSIONAL

Muita atenção ao ajustar a máscara no seu rosto! Para pre-


venir lesões, ajuste-a sem realizar pressão excessiva, mas
moldando na face. De tempos em tempos, tente aliviar a
pressão sobre a pele (no máximo 4 horas). O uso de cremes
de barreiras, espumas ou hidrocolóides deve ser considera-
do, porém observar se não interferem na eficácia dos EPIs.

22
Bases de controle de infecção, biossegurança em saúde e preparo da equipe

As luvas podem também machucar a pele se as mãos não es-


tiverem adequadamente secas. Todas estas recomendações
devem ser discutidas juntamente com a comissão de infec-
ção hospitalar da instituição (ALVES, 2020).

Aos pacientes suspeitos ou confirmados com a Covid-19 são ne-


cessários cuidados adicionais com a precaução por contato, as-
sociada à precauções por gotículas (procedimentos não geradores
de aerossóis) ou precauções por aerossóis (procedimentos gera-
dores de aerossóis).

Finalidade, utilização correta e manejo


dos EPIs
Os profissionais de enfermagem devem saber utilizar o EPI apro-
priado para cada situação, lembrando que este é um recurso im-
prescindível à segurança dos profissionais e pacientes. Veremos
a seguir a finalidade, correta utilização e manejo adequado para
cada um dos EPIs.

Máscara cirúrgica
As máscaras cirúrgicas são utilizadas para evitar a contaminação
da boca e nariz, do profissional de saúde por gotículas respirató-
rias, enquanto este atua em uma distância inferior a 1 metro de
paciente suspeito ou confirmado pela Covid-19 (BRASIL, 2020).

Não esqueça de que a máscara deve cobrir toda a boca e nariz, e


ter clipe nasal maleável, sendo descartável e de uso único. Sem-
pre que estiver úmida ou apresentar sujidades, a máscara cirúrgi-
ca deve ser substituída. Estas nunca devem ser higienizadas, pois
perdem a capacidade de filtração.

Máscaras de tecido não são EPIs. São recomendadas somente para pa-
cientes assintomáticos, acompanhantes, profissionais de saúde que não
tiverem contato com pacientes, profissionais cujas funções não exijam
o uso de EPI (administrativos, por exemplo), profissionais que atuam na
área limpa do Centro de Material e Esterilização.

23
Bases de controle de infecção, biossegurança em saúde e preparo da equipe

Para o paciente com sintomas respiratórios é indicado o uso de más-


cara cirúrgica, enquanto estiver em ambiente coletivo, tais como sa-
las de espera, ao sair do quarto e durante o transporte do paciente.

Máscara de proteção respiratória (respirador par-


ticulado – N95, peça facial filtrante 2 - PFF2)
Sua utilização é recomendada na realização de procedimentos que
possam gerar aerossóis, como intubação ou aspiração traqueal,
ventilação não invasiva, ressuscitação cardiopulmonar, ventilação
manual antes da intubação, coletas de secreções nasotraqueais,
broncoscopias, limpeza e materiais respiratórios entre outros. Sen-
do indicado o uso da máscara de proteção respiratória ou respira-
dor particulado tipo N95, N99, N100, PFF2 ou PFF3 (BRASIL, 2020).

A máscara de proteção respiratória deve ser de uso individual e


ficar ajustada a sua face. Além disso, é recomendado a realização
Aprofunde do teste de vedação em todos os usos. O teste determina se a
Veja o teste de máscara está devidamente encaixada no rosto ou se precisa ser
vedação assistindo reajustada (CDC, 2020). Vamos então conhecer como fazer os tes-
ao vídeo no link.
tes de vedação?
Ative a legenda em
português.
Existem dois tipos de verificação de vedação: a verificação de
pressão positiva e a verificação de pressão negativa:

Tipos de verificação de vedação


Figura 10: Para realizar a verificação de pressão positiva: Para realizar uma verificação de pressão negativa:
Tipos de verificação coloque e ajuste a máscara adequadamente. Em coloque e ajuste a máscara adequadamente; inspire
e vedação. seguida, expire suavemente pela máscara facial. O suavemente para que a peça facial fique levemente
ajuste da face é considerado satisfatório se uma leve tensionada e prenda a respiração por dez segundos. Se
Fonte:
pressão positiva puder ser acumulada dentro da a peça facial permanecer levemente tensionada e
CDC (2020), adaptado máscara sem qualquer evidência de vazamento de ar nenhum vazamento interno de ar for detectado, a
por labSEAD-UFSC para o exterior. tensão da máscara é considerada satisfatória.
(2020).

Aprofunde
Veja como O Cofen indica o uso de N95 ou PFF2 durante toda a assistên-
reutilizar a
máscara N95,
cia em áreas críticas, como UTIs, salas de emergência, enferma-
assistindo ao rias especializadas, centros cirúrgicos e unidades de atendimento
vídeo no link. pré-hospitalar, dentre outras (COFEN, 2020).
Ative a legenda
em português.

24
Bases de controle de infecção, biossegurança em saúde e preparo da equipe

Para a remoção da máscara N95/PFF2 ou equivalente, toque apenas nas


alças laterais e mantenha os cuidados no caso de uso estendido do EPI. Se
necessário, reutilizar a máscara, coloque-a em um papel absorvente ou
poroso após o uso e, identifique-a do lado externo da embalagem. Obser-
ve sempre sua integridade e siga o protocolo de sua instituição

Luvas
As luvas não estéreis protegem os profissionais de saúde em
situações onde há risco de contato com sangue ou secreções.
É importante escolher luvas do tamanho compatível com as mãos.
Luvas justas demais tendem a se romper e quando largas, podem
expor os punhos do profissional.

O uso de luvas não substitui a higienização das mãos. Não higienize mãos
enluvadas. Não é necessário usar dois pares de luvas, pois não aumenta
o nível de segurança do profissional.

Para procedimentos assépticos é indicado o uso de luvas estéreis


(BRASIL, 2020).

Óculos de proteção e protetores faciais


Os óculos de proteção estão indicados como Precaução Padrão
para situações com risco de projeção de sangue ou secreções du-
rante atividade profissional. E no contexto do cuidado ao paciente
com a Covid-19, trata-se de uma proteção também contra a expo-
sição de gotículas respiratórias.

Devem ser de uso individual, com lateral e parte superior fecha-


das. Lembrando que, os óculos com lentes corretivas não prote-
gem o profissional de saúde, assim os óculos de sobreposição são
então indicados nestes casos.

25
Bases de controle de infecção, biossegurança em saúde e preparo da equipe

!
ALERTA DO PROFISSIONAL

Após o uso dos óculos ou do protetor facial, é necessário re-


alizar a limpeza e desinfecção desse material.

Se tiver substâncias orgânicas ou sujidades, lave com água


e detergente. A desinfecção só é efetiva em material limpo.

E quais são esses produtos?

Têm potencial para desinfecção, desinfetantes a base de clo-


ro, álcoois, alguns fenóis e alguns iodóforos e o quaternário
de amônia.

Lembre-se que a diluição e concentração indicadas interfe-


rem no poder de desinfecção do produto. Alguns produtos
requerem imersão. O tempo de imersão e o controle da vali-
dade e qualidade desinfetante são essenciais.

Para a desinfecção com álcool a 70 %, passe três vezes su-


cessivas – até sua evaporação completa, o que mantém os
20 a 30 segundos mínimos indicados para o contato.

Use luvas ao manipular seu material sujo.

Os equipamentos de proteção individual devem ser nossos


aliados, não podemos permitir que se tornem fontes de con-
taminação com uma higienização e desinfecção inadequadas.

O protetor facial (face shield) deve cobrir a frente e as laterais do


rosto, podendo ser utilizado com óculos de proteção, porém, o uso
concomitante deste EPI deve ser recomendado somente quando o
protetor facial utilizado não é regularizado como EPI para uso do
profissional de saúde.

O protetor facial é também utilizado para proteção do respirador


particulado.

26
Bases de controle de infecção, biossegurança em saúde e preparo da equipe

Capote ou avental
É indicado para cobrir a região do colo, braços, tórax, abdome,
quadril e membros inferiores até os joelhos. A Anvisa recomenda
gramatura mínima de 30 g/m2 com o objetivo de proteger sua pele
e roupas de uma possível contaminação. Dependendo do quadro
clínico, (vômitos, diarreia, hipersecreção orotraqueal, sangramen-
to, etc) o profissional deverá utilizar o avental impermeável (gra-
matura mínima de 50 g/m2) (BRASIL, 2020).

Figura 11:
Enfermeira
paramentada com
os EPIs.
Fonte:
Pexels (2020).

Para áreas críticas, o Cofen recomenda que durante toda a as-


sistência, na pandemia do novo coronavírus, o uso de avental/
capote de TNT impermeável longo (gramatura mínima de 50 g/m2)
ou vestimenta impermeável de corpo inteiro, tipo macacão, com
proteção da cabeça e costura selada, descartável ou reprocessá-
vel (COFEN, 2020).

Gorro ou touca
O uso do gorro ou touca é indicado para proteção dos cabelos
e cabeça dos profissionais em procedimentos que possam gerar
aerossóis (BRASIL, 2020). Quando a touca é a última peça a ser
colocada (após máscara, óculos e protetor facial), protege as áre-
as que serão tocadas no momento da retirada da paramentação.

27
Bases de controle de infecção, biossegurança em saúde e preparo da equipe

Sequência de paramentação e retirada


da paramentação para atendimento a
pacientes com suspeita ou confirmação
da Covid-19

A sequência de colocação dos EPIs pode variar de acordo com a


presença de antessala.

!
ALERTA DO PROFISSIONAL

O uso do EPI é um aliado na proteção ao profissional, po-


rém pode também ser fonte de contaminação quando não
for adequado ou quando a retirada não for cuidadosa e nos
padrões técnicos. Sempre que possível coloque e retire a pa-
ramentação em dupla.

Para o uso seguro dos EPIs, veja a seguir a sequência que deve
ser realizada.

Sequência recomendada para paramentação


(Anvisa 2020)
Antes de você entrar no quarto siga as seguintes orientações:

28
Bases de controle de infecção, biossegurança em saúde e preparo da equipe

Higienização das Máscara cirúrgica


mãos com água (sem aerossóis)
e sabão ou ajuste-a cobrindo
com solução totalmente o nariz
alcoólica a 70%. e boca, ajuste o clip
nasal sem apertar
ou deixar frouxo.

Protetor Facial Óculos de Respirador particulado


(Face Shield): proteção - N95, PFF2 ou
ajuste sem apertar equivalente (com
ou deixar frouxo. aerossóis). Segure na
parte da frente, adapte
à face, ajuste os
tirantes, ajuste o clip
nasal, realize o teste de
vedação e higienize
suas mãos.

Touca, cobrindo a Avental, com a


cabeça, orelhas, as abertura para atrás.
laterais do protetor O laço do avental
Figura 12: facial, as laterais deve ser feito na
Paramentação dos dos óculos e os parte de trás ou ao
EPIs antes de entrar tirantes elásticos da lado. Evite fazer o
no quarto. máscara cirúrgica laço na frente, pois
Fonte: ou do respirador favorece o risco a
Anvisa (2020), particulado. contaminação no
adaptado por momento da
labSEAD-UFSC (2020). retirada.

Fique atento em colocar as luvas dentro do quarto, cobrindo as


ribanas ou punhos do avental.

Confira a sequência de colocação dos EPIs para procedimentos


não geradores de aerossóis e para procedimentos geradores de
aerossóis:

29
Bases de controle de infecção, biossegurança em saúde e preparo da equipe

COLOCAÇÃO DOS EPIs COLOÇÃO DOS EPIs


Paramentação para procedimentos Paramentação para procedimentos
que NÂO geram aerossóis que POSSAM gerar aerossóis

1.Higienizar as mãos 1.Higienizar as mãos

2. Máscara 2. Máscara N95

3. Higienizar as mãos
3. Óculos
Ações
fora do
quarto
Ações
4. Face Shield 4. Óculos dentro do
quarto

5. Gorro 5. Face Shield

7. Avental 6. Gorro

7. Avental

8.Higienizar as mãos
Ações
dentro do
Figura 13: quarto
Colocação de 9.Luvas
paramentação que
8. Higienizar as mãos
possam ou não gerar Ações
dentro do
aerossóis.
quarto
Fonte:
Anvisa (2020),
9. Luvas
adaptado por
labSEAD-UFSC
(2020)..

Veja a seguir a forma indicada para fazer a retirada dos equipa-


mentos de proteção individuais.

Sequência recomendada para retirada dos EPIs

O momento da retirada dos EPIs é crucial, devendo ser criterioso


devido ao risco de contaminação. Sempre que possível, retire os
EPIs sob a supervisão de um colega, confira a sequência:

30
Bases de controle de infecção, biossegurança em saúde e preparo da equipe

Antes de sair do quarto você deve:

1
Segure na parte externa de uma luva com os dedos da
mão oposta. Segure a luva removida com a mão que
ainda está enluvada. Toque na parte interna do punho
da mão enluvada com o dedo indicador oposto, sem
luvas e retire a outra luva. Descarte em lixeira infectante.

2 Higienize as mãos, preferencialmente com solução


alcoólica a 70%.

Retire os laços do avental. Deslize o dedo da mão por

3
baixo da manga contrária e puxe um pouco a manga do
avental sem retirar totalmente. Com a mão que está por
baixo dessa manga, puxe a outra manga (por cima do
avental), retirando totalmente o avental, enrolando-o
pelo lado avesso. Descarte em lixeira infectante.
Figura 14:
Retirada dos EPIs

4
dentro do quarto.
Fonte:
Higienize das mãos preferencialmente com solução
Anvisa (2020),
adaptado por
alcoólica a 70%.
labSEAD-UFSC (2020).

Após sair do quarto você deve:

Touca Protetor facial Óculos de


Retire a touca Retire pelas proteção
puxando pela laterais e deposite Retire pelas
parte posterior em uma bandeja laterais e deposite
e inferior. para posterior em uma bandeja
higienização. para posterior
higienização.

Máscara cirúrgica
Higienize suas ou N95
mãos com água e Retire pelas laterais e
sabão ou com despreze em lixeiro
solução alcoólica infectante.
Figura 15: a 70%. Se for respirador
Retirada dos EPIs fora particulado (N95),
do quarto. pode ser armazenada
Fonte: envolta em papel
Anvisa (2020),
adaptado por
labSEAD-UFSC (2020).

31
Bases de controle de infecção, biossegurança em saúde e preparo da equipe

Caso a unidade esteja sendo considerada contaminada, ou não te-


nha portas, mantenha a máscara até sair desse ambiente. Confira
também, a seguir, a sequência de retirada dos EPIs para procedi-
mentos não geradores de aerossóis e para procedimentos gerado-
res de aerossóis:

RETIRADA DOS EPIS RETIRADA DOS EPIs


NÃO GERADORES DE GERADORES DE
AEROSSÓIS AEROSSÓIS

1. Luvas 1. Luvas

Higienizar as mãos. Higienizar as mãos


Ações Ações
dentro do dentro do
quarto quarto
2. Avental 2. Avental

Higienizar as mãos. Higienizar as mãos

3. Gorro 3. Gorro

4. Face Shield 4. Face Shield


Ações Ações
fora do fora do
Figura 16: quarto quarto
Retirada de 5. Óculos 5. Óculos
paramentação que
possa ou não gerar
aerossóis.
Fonte: 6. Máscara 6. Máscara N95
Anvisa (2020),
adaptado por
labSEAD-UFSC (2020).

Esteja atendo e faça o procedimento de colocada e retirada dos


EPIs, da forma correta, pois assim você estará mais seguro no
combate a Covid-19.

32
Bases de controle de infecção, biossegurança em saúde e preparo da equipe

Fechamento
Para escolher os EPIs é importante conhecer os riscos, forma
de transmissão da doença e as fragilidades do vírus. Para o en-
frentamento da pandemia as precauções indicadas são a padrão,
por contato e por gotículas ou aerossóis a depender da situação.
O correto ajuste destes EPIs no corpo da equipe de enfermagem
vai garantir sua eficiência e minimizar desconfortos. O seu uso
consciente e de acordo com as recomendações é o melhor cami-
nho a seguir em tempos de pandemia.

Nessa unidade você aprendeu sobre os EPIs relacionados ao en-


frentamento da Covid-19, suas indicações e como utilizá-los de
forma segura. Aproveite estes conhecimentos e continue estu-
dando, o conhecimento é nosso aliado para o enfrentamento
desta pandemia.

33
Bases de controle de infecção, biossegurança em saúde e preparo da equipe

UNIDADE 1.3 – Principais cuidados


diretos ao paciente acometido pela
Covid-19: pressões invasivas e não
invasivas, higiene, alimentação,
medicações, cuidados com aparelhos,
passagem de sondas e cateteres,
aspiração, entre outros
Nesta unidade você terá a oportunidade de conhecer como deve
prestar cuidados diretos ao paciente acometido pela Covid-19 com
segurança, como realizar os cuidados de maneira específica para
os pacientes com a Covid-19 e compreender também a importân-
cia de manter as normas de biossegurança durante o atendimento
do paciente acometido pela Covid-19.

Introdução
No Brasil, a equipe de enfermagem em cuidados críticos é com-
posta por enfermeiros e técnicos de enfermagem, e é a segunda
categoria que soma o maior número de profissionais envolvidos
nesses cuidados.

Estes profissionais realizam cuidados aos pacientes por 24h inin-


terruptas, realizando de forma direta e contínua serviços como
higiene e conforto, alimentação, passagens de cateteres, dentre
outros.

Com o surgimento da pandemia causada pelo novo coronavírus, a


exposição destes profissionais ao vírus está sendo da forma mais
direta, exigindo que estejam sempre atentos e atualizados conti-
nuamente para poderem realizar os cuidados da melhor maneira
e reestabelecer a saúde destes doentes, e também para se man-
terem seguros.

Desta forma, nesta unidade iremos abordar os principais cuidados


aos pacientes com Covid-19 (pressões invasivas e não invasivas,
higiene, alimentação, medicações, cuidados com aparelhos, pas-
sagem de sondas e cateteres, aspiração, entre outros). Com isso,
esperamos auxiliar, você profissional da enfermagem, a se sentir
mais seguro durante a prestação destes cuidados.

34
Bases de controle de infecção, biossegurança em saúde e preparo da equipe

Definições operacionais
O que se sabe até o momento é que cerca de 5% das pessoas
que adquirem o vírus necessitam de cuidados intensivos, devido
o quadro de insuficiência respiratória aguda. No entanto, a classi-
ficação clínica do paciente vai de casos leves, moderados, graves
e críticos. Os casos críticos ainda são divididos em 3 estágios
(inicial, intermediário e terminal), sendo este último com risco de
mortalidade aumentada.

Segundo as atuais informações disponíveis, a via de transmissão


do novo coronavírus ocorre por meio de gotículas respiratórias,
por aerossóis formados durante a manipulação das vias aéreas
(que ocorre em procedimentos como aspiração, intubação, entre
outros) e também pelo contato direto com pessoas infectadas ou
indireto, por meio das mãos, objetos ou superfícies contaminadas.
Aprofunde
Entender como ocorre a transmissão de pessoa a pessoa é de ex-
Acesse a nota
técnica da Anvisa
trema importância para que se possa realizar ações preventivas,
nº 04/2020 sobre a fim de evitar essa transmissão. O foco central é o uso adequado
as Orientações de equipamentos de proteção individual (EPIs), higiene correta das
durante a
assistência mãos e a manutenção da precaução de contato e respiratória, dos
no link. casos suspeitos ou confirmados de Covid-19.

Cuidados durante a assistência direta aos


pacientes com Covid-19
Ao preparar o material para realização de procedimentos, você
deve fazer dupla checagem do material que será utilizado para
que não haja esquecimento, evitando o excesso de circulação
desnecessária entre diferentes espaços durante os procedimen-
tos. Vamos ver a seguir cada um destes cuidados, acompanhe.

Cuidados com oxigenação/ventilação mecânica


É importante destacar que para pacientes com suspeita ou
confirmação da Covid-19 não é recomendado o uso de máscara
de Venturi ou tipo tenda (macronebulização), cateter de O2 de alto
fluxo, ventilação não invasiva (VNI) por Bipap de circuito único, dis-
positivos bolsa-válvula-máscara (Ambu®) supra glóticos (máscara
laríngea) pelo potencial de aerossolização.

35
Bases de controle de infecção, biossegurança em saúde e preparo da equipe

Veja abaixo os principais cuidados com oxigenação/ventilação


mecânica.

1 Os sinais vitais do paciente devem ser monitorados continuamente,


especialmente alterações na consciência, frequência respiratória e
saturação de oxigênio. Observe também sinais e sintomas como
tosse, escarro, aperto no peito, dispneia, cianose e assincronia com
a ventilação mecânica no caso de pacientes intubados.

2 Elevar o ângulo de inclinação da cama do paciente em 30°- 45°,


se nenhuma contraindicação for apresentada, principalmente em
pacientes intubados, para evitar pneumonia associada à
ventilação mecânica.

3 Checar frequentemente as conexões dos circuitos do ventilador


para evitar desconexões acidentais, sendo que durante o banho no
leito ou na mudança de decúbito este cuidado desse ser redobrado,
tendo em vista a manipulação excessiva do doente.

4 Realizar fixação do tubo orotraqueal (TOT) de maneira a evitar o seu


deslocamento e risco de extubação acidental. Destacando a
importância de proteger a pele contra o atrito do cadarço e do TOT e
da realização de alternância da posição do TOT.

5 Lembrar a equipe quando necessitar desconectar paciente da


ventilação mecânica (VM) de clampear o TOT com pinça apropriada
e pausar momentaneamente a VM.

6 Optar por sistema de aspiração fechado, durante a aspiração dos


pacientes, para que não haja a aerossolização e evitar o uso de
ventiladores manuais (Ambu®), pelo mesmo motivo.

7 Estar sempre atento durante a colocação do paciente em posição


ventral (prona), distrações durante essa manobra podem ocasionar
extubação, perda de cateteres, dentre outros eventos adversos.

8 Atentar no momento de alternância da cabeça do paciente,


enquanto estiver em posição prona, pelo risco de desconexões e
extubação. Este procedimento deve ser realizado a cada duas horas,
por dois profissionais.

Figura 17: 9 Lembrar a recomendação de que o frasco com conteúdo de


Cuidados com
oxigenação/ventilação
aspiração traqueal seja desprezado ao final de 24 horas de plantão.
mecânica. Eleger um profissional para coletar com o técnico do leito, levar e
Fonte: desprezar no expurgo.
labSEAD-UFSC (2020).

36
Bases de controle de infecção, biossegurança em saúde e preparo da equipe

Certifique-se que estas orientações sejam feitas pela equipe e


compartilhe-as com os seus colegas.

Cuidados com pressões invasivas e não invasivas


Agora, veja na figura a seguir quais os principais protocolos refe-
rentes às pressões invasivas e não invasivas.

1 O uso de estetoscópio, esfigmomanômetro e inclusive


termômetro deve ser preferencialmente individual, caso necessite
ser compartilhado deve-se ter rigor extremo durante a
desinfecção conforme o protocolo institucional disposto pela CCIH.

2 Paciente com pressão arterial invasiva (PAI), observar a curva


Figura 18: constantemente, atentando para a presença de coágulos e
Cuidados com permeabilidade do sistema; manutenção da pressurização em
pressões invasivas e
torno de 300mmhg e checar sinais de infecção relacionada ao
não invasivas.
cateter e complicações como má perfusão do membro.
Fonte:
labSEAD-UFSC (2020).

A seguir veremos os cuidados com a administração de medicações


aos pacientes com a Covid-19. Como este assunto pode sofrer al-
terações devido as pesquisas científicas que estão sendo realiza-
das em todo mundo, busque estar informado(a) sobre o assunto.

Cuidados na administração de medicações


Sobre os cuidados na administração de medicações, ainda não
existe tratamento medicamentoso com eficácia comprovada para
a Covid-19. Pacientes graves, com Síndrome Respiratória Agu-
da Grave (SRAG), normalmente necessitam de tratamento para
as complicações da Covid-19, necessitando de antimicrobianos,
drogas vasoativas, sedativas, bloqueadores neuromusculares,
dentre outros.

Veja na imagem a seguir as principais orientações para os cuida-


dos na administração de medicações.

37
Bases de controle de infecção, biossegurança em saúde e preparo da equipe

1 Recomenda-se preparar as medicações fora do box do paciente.


Para o descarte, deve-se armazenar em saco plástico e descartar o
saco na lixeira interna do box.
Figura 19:
Cuidados na
administração de 2 O aprazamento das medicações deve ser realizado de modo a
medicações.
minimizar entradas frequentes no box.
Fonte:
labSEAD-UFSC (2020).

Veja a seguir os cuidados que você deve ter na higienização, con-


forto e com a sua pele.

Cuidados de higiene e conforto com a pele


Para a higiene dos pacientes com Covid-19 acamados, siga as
recomendações a seguir.

A higiene bucal dos pacientes em UTI deve ser mantida.


Em pacientes intubados suspeitos com confirmados para Covid-19 recomenda-se
aplicar gaze embebida em 15ml de peróxido de hidrogênio a 1% ou povidona a
0,2% por 1 minuto, 2 vezes ao dia, previamente a higiene bucal com clorexidina
visando a redução da carga viral.
No caso pacientes conscientes e orientados e em ar ambiente, realizar
bochecho de 15ml de peróxido de hidrogênio a 1% ou povidona a 0,2% por um
minuto, 1 vez ao dia.

Recomenda-se banho a seco


(compressas úmidas) para todos Estar atento para áreas de pressão
os pacientes acamados. (calcâneos, região occipital etc.),
Recomenda-se banho de leito diminuindo a pressão sobre essas
inclusive para acordados. Se for áreas, com uso de coxins próprios
encaminhado ao banheiro, para este fim, disponíveis
recomenda-se interditar para na instituição.
higienização imediatamente.

Figura 20: Na retirada da roupa Manter dispositivos (sondas,


Cuidados de higiene e suja deve haver o mínimo de cateteres etc.) sempre fixados
conforto com a pele. agitação e manuseio. adequadamente e limpos, evitando
Fonte: lesões e contaminação.
labSEAD-UFSC (2020).

Quanto à evacuação, os pacientes que estiverem em isolamen-


to com banheiro privativo e tiverem condições físicas devem ir
ao banheiro. Os que não tiverem condição de sair do leito ou
estiverem em quartos sem banheiro deverão evacuar na fralda
descartável e a fralda deve ser descartada em saco para resíduo

38
Bases de controle de infecção, biossegurança em saúde e preparo da equipe

contaminado. É muito importante ressaltar que não é recomendado


o uso de comadres.

Cuidados com cateteres e sondas


Siga as instruções a seguir para manter os cuidados corretos em
relação a cateteres e sondas.

1 Curativos ou fixações devem ser realizados de forma a ficarem


firmes evitando a troca frequente e exteriorizações acidentais.

2 Esvaziar a bolsa coletora de diurese de pacientes com sonda vesical


a cada 6h ou antes de atingir a capacidade da bolsa para diminuir a
oportunidade de contato com o fluido.

3 Em homens não sondados não se recomenda o uso de papagaio,


deverá ser colocado dispositivo externo (Uropen®).

Figura 21:
4 Manter os aparelhos (monitores, bombas de infusão, e superfícies)
Cuidados com sempre limpos, realizando a desinfecção quantas vezes julgar
cateteres e sondas. necessária durante o turno de trabalho.
Fonte:
labSEAD-UFSC (2020).

Cuidados com alimentação


É importante destacar que a colocação de qualquer dispositivo de
acesso entérico pode provocar tosse e deve ser considerado um
procedimento gerador de aerossol. Portanto, todos os profissio-
nais devem usar máscara N95 e os demais EPIs recomendados na
realização deste procedimento.

39
Bases de controle de infecção, biossegurança em saúde e preparo da equipe

1
Figura 22:
Cuidados com Os pacientes que permanecerem por mais de 48h na UTI devem
alimentação.
ser considerados em risco de desnutrição e alterações glicêmicas,
Fonte:
estar atento aos sinais de hipo/hiperglicemia, comunicar sempre
labSEAD-UFSC (2020).
que houver alterações.

2 Preferencialmente, os pratos, copos e talheres devem


ser descartáveis.

3 A alimentação por via oral é a preferencial em pacientes não graves


com diagnóstico de Covid-19, caso necessite auxílio, além do uso de
EPI adequado, o profissional deve evitar ao máximo conversar com
o paciente durante o cuidado.

Aprofunde
4 Nos casos de alimentação por sonda enteral, recomenda-se a
oferta de maneira contínua, em bomba de infusão, com cabeceira
Acesse o link para da cama com ângulo em 30°- 45°.
saber mais sobre

5
a posição prona
no tratamento Registrar e comunicar alterações nas eliminações intestinais.
Covid-19. A presença de diarreia pode piorar o quadro clínico do paciente.
Assista o vídeo de
demonstração da
Posição prona em
UTI no link. Para falar sobre os cuidados com a nutrição enteral para os pa-
cientes em posição prona veja as orientações a seguir.

!
ALERTA DO PROFISSIONAL

Olá!

Hoje vamos falar sobre as orientações para o uso de dieta


enteral em paciente em posição prona.

Mas afinal, qual a finalidade da posição prona? Esta posição é


usada no tratamento de pacientes com síndrome do descon-
forto respiratório agudo. Consiste em posicionar o pacien-
te em decúbito ventral, o que deve resultar em distribuição
mais uniforme do estresse e da tensão pulmonar, melhora
da relação ventilação/perfusão, da mecânica pulmonar e da
parede torácica, contribuindo para redução do tempo dos
pacientes em uso de ventilação mecânica e da diminuição
da taxa de mortalidade. Para saber mais sobre este procedi-
mento clique no link disponível no item aprofunde mais.

40
Bases de controle de infecção, biossegurança em saúde e preparo da equipe

Vamos lá, para falar sobre os cuidados ao ofertar nutrição


parenteral para os pacientes pronados seguiremos as orien-
tações disponíveis no parecer da Sociedade Brasileira de Nu-
trição Parenteral e Enteral em conjunto com a Associação
de Medicina Intensiva Brasileira para o Enfrentamento da
Covid-19, neste parecer sugere-se que a nutrição enteral seja
continuada durante a posição prona. Destacando-se o cuida-
do em pausar a dieta antes de movimentar o paciente para
esta posição, conforme o tempo sugerido por protocolo local.

Manter cabeceira elevada em 25 - 30º, também chamado


Trendelemburg Reverso; ofertar a dieta de maneira contínua,
em bomba de infusão; iniciar a dieta após a primeira hora e
manter até 1 hora antes do retorno à posição supina.

Atenção! Se o paciente já estiver em uso de terapia nutri-


cional antes de ser colocado na posição prona, sugere-se
pausar a dieta e abrir a sonda em sifonagem 2 horas antes da
manobra e reiniciar 1 hora após.

Já a nutrição parenteral não é necessária ser pausada para


execução desta manobra.

Seu cuidado é essencial para o reestabelecimento da saúde


de seus pacientes!

Siga estudando e até breve.

Aprofunde O Cofen até o dia 06 de maio desse ano, já havia registrado 75


O Cofen
óbitos por Covid-19 e 16 mortes suspeitas desta doença, além de
disponibilizou uma 2.813 afastamentos de profissionais de enfermagem das suas ati-
nota técnica sobre vidades laborais.
o uso de EPIs em
áreas críticas,
acesse no link.
Evidências Científicas
Estudos recentes demonstraram eficácia no combate ao novo co-
ronavírus a utilização de agentes oxidantes (peróxido de hidro-
gênio) na higiene bucal. Assim, está sendo recomendado o uso
destes agentes na expectativa de obter redução de carga viral e
por ser um colutório já utilizado pela Odontologia. Importante
ressaltar que, não há na literatura até o momento, outro agente
antimicrobiano que demonstre ação comprovada e que possa ser

41
Bases de controle de infecção, biossegurança em saúde e preparo da equipe

aplicado às estruturas bucais. A Iodopovidona apresenta compro-


vadamente um maior risco de eventos alérgicos, devendo, por isso,
ter o seu uso restrito aos hospitais (ANVISA, 2020).

Fechamento
Prestar cuidados seguros, tanto para o paciente quanto para o
profissional envolvido, nunca foi tão primordial quanto no cenário
em que estamos vivendo devido a pandemia pela Covid-19. Por tal
motivo, vamos reforçar o que vimos nesta unidade?

OXIGENAÇÃO/VENTILAÇÃO MECÂNICA
Não recomendado uso de macronebulização, O2 alto fluxo, VNI, Ambu®,
máscara laríngea.
Evitar desconexões dos circuitos de ventilação (aerossolização).
Clampear o TOT com pinça se precisar desconectar.
Monitorar nível de consciência. FR, saturação de O2 e observar sinais/sintomas de tosse,
escarro dispneia, cianose e assincronia com VM.

PRESSÕES INVASIVAS E NÃO INVASIVAS


Preferencialmente, uso individual de estetoscópio e esfigmomanômetro.
Manter cuidado com PAI: observar curva, permeabilidade, pressurização e
sinais de infecção.

ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAÇÕES
Preparar medicação fora do box. Para descarte, colocar
em saco plástico na lixeira do box.
Fazer aprazamento com horários que minimizem
entradas frequentes no box.

HIGIENE/CONFORTO E COM A PELE


Recomenda-se banho seco e mínima agitação da roupa
suja ao retirar.
Higiene oral com peróxido de hidrogênio 1% ou povidone
0.2% antes da clorexidina.
Evacuação: preferencialmente no banheiro. Os acamados,
na fralda descartável, não usar comadres.

CATATETERES E SONDAS
Esvaziar a bolsa de diurese a cada 6h ou antes, se atingir
a capacidade. Pacientes não sondados, usar dispositivo
externo, evitar papagaios.

ALIMENTAÇÃO
Pratos, copos e talheres preferencialmente descartáveis.
Alimentação enteral de forma contínua, em bomba de
infusão com cabeceira em 30°- 45°.

Figura 23:
Cuidados diretos
ao paciente com
Covid-19.
Fonte:
labSEAD-UFSC (2020).

42
Bases de controle de infecção, biossegurança em saúde e preparo da equipe

Até mesmo os profissionais mais experientes estão sentindo uma


pressão intensa durante esta crise mundial. Para tornar este mo-
mento menos crítico devemos nos manter informados, mas bus-
que essas informações em fontes seguras. Manter-se atualiza-
do é a melhor estratégia para o enfrentamento das dificuldades
impostas no ambiente hospitalar, em especial nesse momento
dinâmico que vivenciamos.

43
Bases de controle de infecção, biossegurança em saúde e preparo da equipe

UNIDADE 1.4 – Orientação e preparo


da equipe de enfermagem para
transporte e admissão na UTI de
pacientes com Covid-19 confirmados
ou suspeitos
Nesta unidade de aprendizagem você conseguirá identificar os as-
pectos mais importantes para a organização da equipe de enfer-
magem no transporte e admissão de pacientes com suspeita ou
confirmação de Covid-19 na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) fun-
damentados nas evidências científicas disponíveis no momento.

Introdução
Desde dezembro de 2019 a pneumonia causada pelo RNA vírus,
denominada Covid-19, tem causado preocupação mundial, sobre-
tudo, aos sistemas de saúde. Ao mesmo tempo que a doença se
espalha pelo mundo, os profissionais que atuam em terapia in-
tensiva se preparam para o enfrentamento das consequências da
pandemia. Assim, a organização da UTI para um aumento substan-
cial na capacidade de leitos não está apenas relacionada com a
infraestrutura e suprimentos, mas também com o gerenciamento
da equipe de saúde (PHUA et al, 2020).

A racionalização dos fluxos de trabalho para o diagnóstico e isola-


mento rápidos, gerenciamento clínico e prevenção de infecções é
importante não apenas para pacientes com Covid-19, mas também
para profissionais de saúde e outros pacientes (PHUA et al, 2020).

Para melhor compreensão dos assuntos desta unidade, será dis-


cutido sobre o transporte intra-hospitalar envolvendo paciente
com suspeita ou confirmação de Covid-19 e a necessidade de leito
de cuidado intensivo.

Atendimento do paciente com suspeita ou


confirmação de Covid-19
Para o transporte do paciente com necessidade de internação em
cuidados intensivos, é preciso um planejamento prévio e organiza-
do da equipe de enfermagem. Trataremos desses assuntos adiante.

44
Bases de controle de infecção, biossegurança em saúde e preparo da equipe

Proteção da equipe para o transporte do paciente


Antes de realizar o transporte do paciente é necessário que haja
equipamentos de proteção individual (EPIs) para todos os membros
da equipe, e que seja adequado para o atendimento de pacientes
com suspeita, ou confirmação, de Covid-19, com o objetivo de:

• Assegurar que os profissionais tenham o treinamento adequado sobre


as técnicas de precaução padrão, por contato e por aerossóis (TAO et
al., 2020).
• Utilizar EPI adequado (Avental/capote de TNT impermeável longo ou
vestimenta impermeável de corpo inteiro, óculos ou protetor facial,
máscara N95/PFF2 ou equivalente, luvas, gorro) e higienizar as mãos
antes e após colocar e retirar o EPI (COFEN, 2020).

Veja na sequência a figura que mostra como se higienizar antes do


transporte do paciente para o leito adequado.

Transporte de paciente com


suspeita, ou confirmação, de 1 2
Covid-19.
Os pacientes que tiverem contato com
o paciente e que irão participar do
transporte deverão, antes do transpor-
RETIRAR LUVAS Higienizar
te, tomar as seguintes medidas de
de procedimento as mãos
segurança:

3 4 5

Higienizar VESTIR NOVO AVENTAL descartável


RETIRAR AVENTAL
descartável as mãos e permanecer com a máscara N95,
gorro e óculos de proteção.

Figura 24: 6 7 8
Transporte de
paciente com
suspeita, ou
confirmação, de
Covid-19.
Calçar NOVAS Prosseguir para o transporte
Fonte: Higienizar
LUVAS de do paciente.
SCIH (2020), adaptado as mãos
procedimento.
por labSEAD-UFSC
(2020).

45
Bases de controle de infecção, biossegurança em saúde e preparo da equipe

Tenha sempre muita atenção, pois durante o transporte deve ser


utilizado avental descartável e luvas de procedimento limpos. Es-
colha um profissional para te auxiliar apenas tocando em super-
fícies como maçanetas e elevadores durante o transporte. Isso
evita a contaminação do ambiente.

Organização do transporte intra-hospitalar


Além de garantir que todos os profissionais da equipe de transpor-
te façam uso dos EPIs de forma adequada, é imprescindível que
haja uma organização do transporte. Para que isso ocorra, é preciso
estar ciente dos materiais necessários ao transporte do paciente.
Vejamos a seguir quais são eles:

Monitorização
portátil

Maleta de Ressuscitador com


medicamentos reservatório

Lista de
materiais
necessários
ao transporte
do paciente

Figura 25:
Materiais necessários
ao transporte do
paciente.
Fonte: Cilindro de oxigênio Ventilador
Cofen (2018), com fluxômetro e mecânico
adaptado por intermediário
labSEAD-UFSC (2020).

Após saber quais são os materiais necessários para o transporte


do paciente, é importante ter algumas orientações do que fazer na
sequência. Vejamos:

• É importante que haja uma conferência dos equipamentos e


medicamentos necessários para o atendimento do paciente
durante o transporte.

46
Bases de controle de infecção, biossegurança em saúde e preparo da equipe

• Caso o paciente esteja em uso de tubo traqueal, verifique a


necessidade de aspiração que pode ser realizada por um téc-
nico(a) de enfermagem, desde que avaliada e prescrita pelo(a)
enfermeiro(a) (COFEN, 2017).

• A fixação e a centralização do tubo orotraqueal, assim como


a monitorização da pressão do cüff (balonete) da prótese em
níveis seguros é de competência do(a) enfermeiro(a), mas é im-
portante que o(a) técnico(a) de enfermagem confirme se esses
cuidados foram realizados (COFEN, 2020).

• Ajuste e reforce as conexões do circuito respiratório e cheque o


funcionamento das bombas infusoras em modo bateria.

• É de suma importância que a equipe de saúde direcione um


profissional para conduzir a ventilação mecânica, e que este
mantenha os cuidados com o circuito respiratório e tubo
traqueal durante todo o transporte para evitar desconexões e
extubação acidental. Além disso, a desconexão do circuito res-
piratório poderá ocasionar aerossolização do ambiente e expor
a equipe aos riscos de contaminação.

• Cuide para que não ocorra a desconexão de cateteres, a fim de


assegurar o suporte hemodinâmico do paciente o mais estável
possível (LIEW et al, 2020).

• Preveja possível intercorrência durante o transporte e monitore


continuamente níveis pressóricos, frequência cardíaca, satura-
ção de oxigênio, nível de consciência e estado geral do paciente
(LIEW et al, 2020).

Ao chegar à unidade de destino evite circular de forma indevida,


ajude a repassar o caso à equipe receptora e atente aos cuidados
pós-transporte, conforme informações a seguir.

47
Bases de controle de infecção, biossegurança em saúde e preparo da equipe

Antes de sair do quarto do paciente

1 Retirar as luvas de procedimento.

2 Higienizar as mãos.

3 Calçar novas luvas de procedimento.

4 Realizar a limpeza e desinfecção da maca e equipamentos.

5 Retirar luvas de procedimento.

Figura 26: 6 Higienizar as mãos.


Orientações para

7
o transporte de
paciente (antes de
Retirar avental descartável.
sair do quarto).
Fonte:
SCIH (2020), adaptado
por labSEAD-UFSC
8 Higienizar as mãos.
(2020).

Finalizado o transporte do paciente, há alguns cuidados necessá-


rios ao sair do quarto. Lembre-se sempre de descartar EPIs utili-
zados, potencialmente infectados, no saco de lixo. Veja as orien-
tações a seguir.

Após o transporte do paciente

1 Higienizar as mãos.

Figura 27:
2 Retirar óculos de proteção.
Orientações para

3
o transporte de
paciente (depois de Retirar máscara N95.
sair do quarto).
Fonte:
SCIH (2020), adaptado
por labSEAD-UFSC
4 Higienizar as mãos.
(2020).

Após saber as orientações para o transporte intra-hospitalar do


paciente com a Covid-19, é importante compreender a seguir como
deve ocorrer a organização do processo de admissão do paciente
na UTI.

48
Bases de controle de infecção, biossegurança em saúde e preparo da equipe

Organização do processo de admissão do


paciente na UTI
Para a admissão do paciente em UTI, é necessário um planeja-
mento prévio e a organização da equipe de enfermagem. Portanto,
veremos a seguir as orientações no preparo da equipe de enfer-
magem, na organização do leito e no manejo inicial do paciente.

Preparo da equipe de enfermagem

Os profissionais da enfermagem estão diariamente expostos ao


risco de contaminação e desenvolvimento da Covid-19. No Brasil,
já são mais de 10 mil enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfer-
magem afastados pela doença, com 88 óbitos segundo as últimas
atualizações. As mortes são mais que o dobro do número absoluto
registrado entre profissionais de enfermagem na Itália, primeiro
epicentro do novo coronavírus no ocidente (COFEN, 2020).

Algumas providências precisam ser tomadas urgentemente para


evitar novos casos e mortes, como a aquisição de EPIs de qualida-
de e com quantitativo suficiente para toda a equipe que está na li-
nha de frente do cuidado. Com a garantia dessa proteção, a equipe
de enfermagem também precisa ser treinada para a paramentação
correta e desparamentação, pois já foi evidenciado em outros pa-
Aprofunde íses que a incorreta maneira de se desparamentar é propícia para
Para saber a a contaminação do vírus.
forma correta da
desparamentação,
Considerando que alguns profissionais podem adoecer e se afastar
recomendamos
que você assista do serviço, bem como o aumento da sobrecarga de trabalho oca-
ao vídeo, no link. sionada pela demanda de internações em terapia intensiva, é preci-
so prever quantitativo de pessoal e se necessário recrutar equipes
de outras áreas (AMIB, 2020; PHUA et al, 2020; QIU et al, 2020).

Para melhor preparo da equipe de enfermagem, que lidará com


uma doença pandêmica devastadora com excesso de pacientes
nas UTIs, o treinamento prévio é necessário, baseado em protoco-
los institucionais atuais e embasados cientificamente.

Organização do leito

O(A) técnico(a) de enfermagem tem como uma de suas atribui-


ções a organização e preparo do leito do paciente. Para preparar

49
Bases de controle de infecção, biossegurança em saúde e preparo da equipe

o leito, é preciso dispor de lençóis, fronhas, travesseiros e outros


instrumentos necessários.

Além disso, é preciso também disponibilizar materiais e equipa-


mentos no quarto, como ventilador mecânico e circuitos, bom-
bas infusoras, monitor multiparâmetros e cabos, eletrodos, além
de outros equipamentos como fonte de oxigênio, fonte de vácuo,
fonte de ar comprimido, frasco de aspiração intermediários de
silicone, suporte de soro, materiais de higiene individual e outros
(de acordo com o protocolo institucional local).

Mesmo sendo função do(a) técnico(a) de enfermagem organizar os


materiais do quarto, é competência do(a) enfermeiro(a) a monito-
rização, a checagem de alarmes, o ajuste inicial e o manejo dos
parâmetros da ventilação mecânica tanto na estratégia invasiva
quanto não-invasiva.

!
ALERTA DO PROFISSIONAL

Cabe destacar que alguns procedimentos são realizados so-


mente sob coordenação médica, como o ajuste inicial e o ma-
nejo dos parâmetros da ventilação mecânica. (COFEN, 2020).

Os pacientes devem ser, idealmente, admitidos em salas ou quar-


tos de isolamento com pressão negativa em relação às áreas cir-
cundantes, com pias acessíveis e dispensers de álcool gel para a
higiene das mãos. No entanto, sabemos que são poucos os ser-
viços que possuem quartos com pressão negativa. Assim, quando
indisponível, o paciente deverá ficar isolado em quarto com as
portas fechadas.

Nos locais em que não há quartos individuais, é preciso proceder


com o isolamento por coorte (ANZICS, 2020; WHO, 2020; CDC,
2020; PHUA et al, 2020).

50
Bases de controle de infecção, biossegurança em saúde e preparo da equipe

Manejo inicial do paciente

No atendimento inicial ao paciente com suspeita ou confirmação


de Covid-19, é recomendado que se retire a roupa pessoal e use
apenas roupas disponibilizadas pela instituição e os devidos EPIs,
como também seguir as orientações:

Quando atuar na Não entrar no quarto O transporte do


assistência direta aos com objetos que paciente para fora da
casos suspeitos, ou possam servir como UTI deve ser limitado,
confirmados, veículo de a menos que seja
Figura 28:
idealmente, trabalhar disseminação do vírus. clinicamente
Orientações para
somente na área de Anotar os sinais vitais necessário.
o manejo inicial do isolamento. visualizando o monitor
paciente. Atendimento 1:1 pelo vidro após
Fonte: sempre que possível. conferir seu adequado
AMIB (2020); ANZICS funcionamento.
(2020), adaptado por
labSEAD-UFSC (2020).

Por fim, em caso de necessidade de utilização de ambú® (bolsa


Aprofunde ventilatória), é recomendado o uso com reservatório, impedindo a
Para conhecer dispersão de aerossóis. Lembre-se, devem ser priorizados equi-
mais sobre as pamentos portáteis de raios-x e/ou outros equipamentos de diag-
recomendações
da Associação de nóstico importantes.
Medicina Intensiva
Brasileira (AMIB)
para a abordagem
da Covid-19 Fechamento
em medicina
intensiva, acesse
o link.
Na atual crise sanitária de Covid-19, a equipe de enfermagem está
na linha de frente da assistência aos pacientes com suspeita ou
confirmação da doença e diariamente lida com desafios no aten-
dimento. Para minimizar as dificuldades, é preciso adotar medidas
que otimizem uma assistência adequada e segura para os envol-
vidos no processo. Nessa unidade, vimos recomendações para o
transporte intra-hospitalar de pacientes para a UTI, como aspec-
tos importantes para a segurança do paciente e o(a) técnico(a) de
enfermagem e para a organização do leito hospitalar.

51
Bases de controle de infecção, biossegurança em saúde e preparo da equipe

UNIDADE 1.5 – Diretrizes para coleta,


manuseio e testes de amostras
clínicas de pessoas suspeitas da
Covid-19. Diretrizes recomendadas
para uso prolongado e reutilização
limitada dos respiradores
particulados N95 em ambientes de
assistência hospitalar
Nesta unidade de aprendizagem você deverá reconhecer as diretri-
zes para a coleta, armazenamento e teste de amostras clínicas de
pacientes suspeitos de Covid-19, bem como as diretrizes recomen-
dadas para o uso prolongado e reutilização limitada dos respirado-
res particulados N95 em ambientes de assistência hospitalar.

Introdução
O surgimento de um novo coronavírus humano, o SARS-CoV-2, tor-
nou-se um problema de saúde global, causando graves infecções
do trato respiratório em humanos.  As transmissões de humano
para humano foram descritas com tempos de incubação entre 2 a
10 dias, facilitando sua propagação por gotículas, mãos ou superfí-
cies contaminadas (BRASIL, 2020).

Sabemos que esse vírus tem alta transmissibilidade e provoca uma


síndrome respiratória aguda que varia de casos leves a casos muito
graves com insuficiência respiratória. Sua letalidade varia, princi-
palmente, conforme a faixa etária e condições clínicas associadas.
Portanto, tornam-se necessárias ações que visem minimizar o po-
tencial de contaminação de profissionais de saúde na assistência a
pacientes suspeitos ou casos confirmados de Covid-19 (WHO, 2020).

52
Bases de controle de infecção, biossegurança em saúde e preparo da equipe

Figura 29:
Novas evidências
sobre o Covid-19
reportadas pela
comunidade científica.
Fonte:
Pixabay (2020).

Para esse fim, as melhores e mais recentes evidências foram uti-


lizadas na elaboração dessa unidade de aprendizagem, incluindo
aspectos da coleta, transporte e manuseio de amostras clínicas
que possam conter o SARS-CoV2, além das principais recomen-
dações quanto ao uso prolongado e reutilização limitada dos res-
piradores N95 em ambientes de assistência hospitalar.

Vale ressaltar que, pela dinâmica da pandemia e da produção de


conhecimento associada a ela, as informações podem sofrer alte-
rações conforme avance o conhecimento sobre a doença.

Conceitos Iniciais
Durante esta unidade utilizaremos algumas definições sobre os
tipos de testagem e coleta de amostras que serão demonstrados
na figura a seguir:

53
Bases de controle de infecção, biossegurança em saúde e preparo da equipe

RT-PCR: TESTE PADRÃO-OURO PARA TESTES SOROLÓGICOS LGG/LGM –


DIAGNÓSTICO DE COVID-19 DETECÇÃO DE ANTICORPOS PARA O
NOVO CORONAVÍRUS
Objetivo: identificar a presença do vírus Objetivo: Identificar a presença de
em secreção nasal ou orofaríngea. anticorpos de fase aguda (lgM) ou de
contato prévio (lgG) com SARS-CoV-2.
Indicação: para pessoas com sintomas
sugestivos de Covid-19 (tosse, falta de ar, Indicação: para pessoas que
febre, diarreia, dores musculares, coriza, apresentem sintomas sugestivos de
dor de cabeça e/ou perda de olfato. Covid-19 há mais de 7 dias, sem ter
coletado exame prévio, ou que
Material de coleta: uso de cotonete para tenham resultado de RT-PCR negativo.
coleta de secreção do nariz e boca.
Material de coleta: retirada de
Figura 30: Tempo para coleta: a partir de 4 ml de sangue.
Testes diagnósticos 48 horas do início dos sintomas.
Tempo para coleta: a partir de 7 dias
para Covid-19.
Tempo de demora dos exames: do início dos sintomas.
Fonte:
de 2 a 3 dias úteis
Instituto de Pesquisa Tempo de demora dos exames:
em Saúde (2020), Atenção: este teste não é indicado para 2 dias úteis.
adaptado por pessoas assintomáticas.
labSEAD-UFSC (2020).

Note que cada tipo de teste tem suas particularidades e deverá


ser empregado de acordo com as características de indicação,
material de coleta disponível e tempo desde o início dos sintomas.

Em relação à adoção dos respiradores N95 em ambientes de as-


sistência hospitalar, existem duas situações cujas recomendações
de uso deverão ser seguidas.

Reutilização: Refere-se à prática de usar o mesmo


respirador particulado N95/PFF2 para vários encontros
com pacientes, mas removendo após cada encontro.
Figura 31:
Tipos de uso de
respiradores N95.
Fonte: Uso prolongado: Refere-se à prática de usar o mesmo
Centers for Disease
respirador particulado N95/PFF2 para encontros repetidos
Control and
Prevention (2020), de contato com vários pacientes, sem removê-lo entre
adaptado por estes encontros com o paciente.
labSEAD-UFSC (2020).

54
Bases de controle de infecção, biossegurança em saúde e preparo da equipe

O uso prolongado é adequado para situações em que vários pa-


cientes são infectados com o mesmo patógeno respiratório e são
colocados juntos em salas dedicadas ou enfermarias de hospitais.
O uso prolongado tem sido recomendado como uma opção para
conservar os equipamentos durante surtos e pandemias de pató-
genos respiratórios.

No caso da reutilização o respirador é armazenado entre os en-


contros com os pacientes para ser colocado novamente antes do
próximo encontro com o paciente.

Em posse dos conceitos apresentados, seguiremos agora para con-


teúdos práticos de como aplicá-los durante a rotina de trabalho.

Coleta e manuseio de amostras de


forma segura
Todos os testes para SARS-CoV-2 devem ser realizados após avalia-
ção criteriosa dos pacientes suspeitos de infecção respiratória, ba-
seados em sinais clínicos e relacionados a fatores epidemiológicos.

As amostras devem ser coletadas o mais rápido possível, independente-


mente do momento do início dos sintomas.  Para testes de diagnóstico
inicial para SARS-CoV-2, o Centers for Disease Control and Prevention (CDC)
recomenda a coleta e o teste de amostras de trato respiratório superior.

Atente para os seguintes pontos que deverão ser respeitados antes


da coleta, na figura a seguir.

55
Bases de controle de infecção, biossegurança em saúde e preparo da equipe

1 Realize a
limpeza e a
3 O profissional
de saúde na sala
desinfeção das deve usar respirador
superfícies da sala N95, óculos de
de coleta proteção, luvas

2 4
imediatamente e avental
antes da coleta. impermeável.
O número de
A coleta de profissionais presentes
amostras deve ser durante o procedimento
Figura 32: realizada em uma deve ser limitado apenas
Procedimentos sala de exame normal aos essenciais para o
de pré-coleta de com a porta fechada, atendimento ao paciente.
amostras. ou quarto Não é permitida a
Fonte: individual. presença de acom-
BRASIL (2020),
adaptado por
panhante.
labSEAD-UFSC (2020).

Para realizar o procedimento de coleta propriamente dito, acom-


Aprofunde panhe as próximas seções.
Aprofunde seus
conhecimentos
sobre as
orientações para
Procedimento de coleta de swab de nasofaringe
serviços de saúde e orofaringe
que na Nota
Técnica GVIMS/
GGTES/ANVISA
Para a coleta do material de análise, utilize apenas cotonetes de
nº 04/2020 no link. fibra sintética com hastes de plástico ou de arame. 

Após a coleta das duas amostras de nasofaringe e uma de orofa-


ringe, os swabs devem ser colocados imediatamente em um tubo
de transporte estéril contendo 3 ml de meio de transporte viral ou
solução salina estéril (SF0,9%) (CDC, 2020a).

Cotonetes de Cotonetes
fibra sintética acondicionados em
com hastes tubo de transporte
de plástico estéril contendo
ou arame. 3ml de meio de
Figura 33: transporte viral
Tipos de coletas
adequadas para
ou solução
investigação. salina estéril.
Fonte:
labSEAD-UFSC (2020).

56
Bases de controle de infecção, biossegurança em saúde e preparo da equipe

Não use swabs (cotonetes) de alginato de cálcio com hastes de


Aprofunde
madeira, pois podem conter substâncias que inativam alguns vírus
Veja como é
realizada a e inibem o teste de PCR.
coleta de swab
de nasofaringe e
orofaringe no link.
Acompanhe a seguir os procedimentos de coleta de trato respira-
tório inferior (TRI).

Procedimento de coleta de amostra de trato


respiratório inferior (TRI)
Para realizar a coleta de lavado bronco alveolar/aspirado traqueal,
Aprofunde as recomendações são que seja coletado de 2-3 mL em um frasco
Veja como é de coleta estéril, à prova de vazamento e com tampa de rosca ou
realizado a coleta em um recipiente seco e estéril.
de amostra de TRI
no link.
Pela necessidade de maior habilidade técnica e equipamentos, a
coleta de amostras diferentes do escarro do trato respiratório infe-
rior pode ser limitada a pacientes com doença mais grave, incluindo
pessoas internadas no hospital e/ou casos fatais (CDC, 2020a).

Acondicionamento, transporte e envio de


amostras para diagnóstico
As amostras deverão enviadas ao laboratório central imediatamen-
te ou assim que possível. Armazene as amostras entre 4 e 8° C
por até 72 horas após a coleta. Se for esperado um atraso no envio
do teste, é recomendado armazenar as amostras a -70°C, em gelo
seco ou nitrogênio líquido. 

!
ALERTA DO PROFISSIONAL

A importância do diagnóstico preciso permite adotar uma


conduta específica para a doença, no que se refere ao trata-
mento e aos cuidados a serem tomados para evitar a trans-
missão. Os resultados dos testes deverão ser encaminhados
o mais breve possível para análise. Os casos suspeitos e pa-
cientes com resultado de Covid-19 positivo serão encami-
nhados para a vigilância epidemiológica do município para
telemonitoramento.

57
Bases de controle de infecção, biossegurança em saúde e preparo da equipe

Aprofunde
A seguir, acompanhe as recomendações sobre a utilização dos
respiradores N95.
Informações
sobre embalagem,
transporte e envio
de amostras
podem ser encon-
Diretrizes recomendadas para uso
tradas no link.
Seguir sempre as
prolongado e reutilização limitada dos
recomendações da
legislação vigente
respiradores N95 em ambientes de
(RDC Nº 20 de 10
de abril de 2014
assistência hospitalar.
(ANVISA), no link.

A pandemia gerada pelo novo coronavírus aumentou a demanda


por equipamentos de proteção e ocasionou uma interrupção na
cadeia de suprimentos, acarretando escassez de estoque em todo
o mundo.

Considerando esse cenário, o CDC dos Estados Unidos fez uma


nova publicação  que traz recomendações de como estender o
uso das respiradores N95 em ambientes de assistência médica.
A entidade também menciona detalhes sobre reutilização desses
itens. Obviamente, tudo contextualizado ao cenário atual de falta
de EPIs em muitos locais.

Figura 34:
Respiradores N95.
Fonte:
Freepik (2020).

O suprimento de respiradores N95 pode se esgotar durante uma


pandemia de gripe ou uma ampla disseminação de outras doenças
respiratórias infecciosas. As diretrizes existentes do CDC (2020b)
recomendam uma combinação de abordagens para conservar su-
primentos e proteger os profissionais de saúde nessas circuns-
tâncias. Essas diretrizes existentes recomendam que as institui-
ções de saúde devem:

58
Bases de controle de infecção, biossegurança em saúde e preparo da equipe

1 Minimizar o número de pessoas que precisam usar proteção


respiratória por meio do uso preferencial de controles
administrativos e de engenharia.

2 Implementar práticas que permitam uso prolongado e/ou


Figura 35:
Diretrizes para reutilização limitada dos respiradores N95, quando aceitáveis.
uso racional de

3
respiradores N95.
Fonte:
Centers of Disease Priorizar o uso de respiradores N95 para as pessoas com maior
Control (2020),
risco de contrair ou sofrer complicações de infecção.
adaptado por
labSEAD-UFSC (2020).

É necessário bom senso por parte dos profissionais em sua


utilização. Isso se deve ao fato da escassez desses materiais
durante a pandemia, onde devemos considerar a prática de
reutilização ou do uso prolongado dos respiradores N95, porém,
respeitando as recomendações estabelecidas que visem evitar a
contaminação desses profissionais durante a assistência.

O uso prolongado é favorecido em relação à reutilização, pois é espera-


do que envolva menos toque do respirador e, portanto, menor risco de
transmissão de contato. Importante considerar que, para o uso prolonga-
do seguro, o respirador N95 deve manter seu ajuste e função.

É recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) que es-


ses equipamentos, tão importantes para prevenção de contágio
dos profissionais de saúde, sejam usados de forma racional, res-
peitando as diretrizes mencionadas.

Recomendações para uso prolongado e


reutilização do respirador N95
Os estabelecimentos de saúde devem desenvolver procedimen-
tos operacionais para aconselhar o uso correto às suas equipes.
No entanto, algumas normas já estabelecidas pelo CDC (2020b)
nos ajudam buscar a conservação do respirador por mais tempo.
Veja a seguir:

59
Bases de controle de infecção, biossegurança em saúde e preparo da equipe

1 Embalar e guardar os respiradores N95 sempre entre os usos,


evitando que acabem sendo danificados ou deformados.

Guardar os respiradores N95 já utilizados em áreas de

2
armazenamento previamente designadas nas unidades; ou
manter em recipientes limpos e respiráveis, com um saco de
papel ou envelope entre os usos. Os recipientes de
armazenamento devem ser descartados após o seu uso.

3
Lavar as mãos com água e sabão ou um desinfetante para mãos
à base de álcool 70% antes e depois de tocar ou ajustar o
respirador (se necessário para conforto ou para manter a forma).

Figura 36:
Recomendações
para uso prolongado
4 Evitar tocar no interior dos respiradores N95. Em caso de toque,
descarte-o imediatamente.

e reutilização de

5
máscaras N95. Utilizar um par de luvas de procedimento limpas após vestir um
Fonte: respirador N95 usado mais de uma vez. Descartar as luvas após
Centers of Disease a colocação do respirador N95, garantindo que esteja bem
Control (2020), adaptado no rosto com uma boa vedação.
adaptado por
labSEAD-UFSC (2020).

Segundo o CDC (2020b) para reduzir a transmissão de contatos


após a colocação do respirador, os profissionais de saúde devem
descartar as máscaras nos seguintes casos:

1 Descartar os respiradores N95 após o uso durante os


procedimentos de geração de aerossóis.

2 Descartar os respiradores N95 contaminados com sangue,


secreções respiratórias ou nasais ou outros fluidos corporais
dos pacientes.

Figura 37: 3 Descartar qualquer respirador N95 que esteja obviamente


Situações nas danificado ou que cause alguma dificuldade ao
quais devem ser profissional respirar.
descartadas as
máscaras N95.
Fonte:
Centers of Disease
4 Se um contato inadvertido ocorrer interior do respirador,
Control (2020), descarte-o e realize a higienização das mãos.
adaptado por
labSEAD-UFSC (2020).

60
Bases de controle de infecção, biossegurança em saúde e preparo da equipe

Independentemente da situação, executar a higiene das mãos com


água e sabão ou um desinfetante para mãos à base de álcool an-
tes e depois de tocar ou ajustar o respirador (se necessário para
conforto ou para manter a forma).

!
ALERTA DO PROFISSIONAL

Embora o uso e a reutilização prolongados de respiradores


N95 tenham o benefício potencial de conservar esses supri-
mentos limitados em época de pandemia, existem riscos aos
profissionais nesse processo. O risco mais significativo nesse
processo é a transmissão de contato ao tocar na superfície
do respirador contaminado.

A reutilização segura da N95 é afetada por algumas variáveis que


afetam a sua função e podem contaminar o respirador N95 ao
longo do tempo e não há como determinar o número máximo pos-
sível de reutilizações seguras a ser aplicado em todos os casos.

Fechamento
A pandemia da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus
(SARS-CoV-2), se tornou o principal tópico de saúde pública desde
o início de 2020. Devido à alta taxa de contágio e à ausência de
estratégias terapêuticas ou protetivas eficientes até o momento,
segundo a OMS a Covid-19 contabiliza 4 milhões e 483 mil casos
confirmados e mais de 303 mil mortos em 229 países (atualizado
em 15/05/2020).

Os profissionais da saúde estão diretamente expostos a uma alta


taxa viral, devido ao ambiente laboral. Portanto, é necessário im-
plementar medidas de controle e prevenção de infecção, como a
testagem imediata de casos suspeitos, e o uso de equipamentos
de proteção individual, entre eles, o respirador N95 torna-se es-
sencial em alguns procedimentos realizados.

Diante ao enfrentamento da pandemia da Covid-19, o que temos


observado é que países com um maior número de testagens con-
seguiram controlar o número de infecções de maneira mais eficaz,
direcionando seus esforços na prevenção após identificação de

61
Bases de controle de infecção, biossegurança em saúde e preparo da equipe

casos suspeitos. Diante dessa premissa, os testes diagnósticos ga-


nharam destaque, pois possibilitam um melhor acompanhamento
do número de casos e possibilidades de indicar o isolamento de
casos confirmados, evitando a contaminação de pessoas ao seu
redor.

Aliado a essa informação, devemos atentar para a a reutilização


e uso prolongado de respiradores N95. Apesar dessa prática ser
liberada aos profissionais de saúde em decorrência de uma sé-
rie de fatores, entre eles a demanda aumentada desses equipa-
mentos nesse período de pandemia, existe uma preocupação real
quanto ao risco de contaminação destes profissionais. Para isso é
fundamental a conscientização e engajamento das instituições de
saúde em capacitar suas equipes no intuito de minimizar a conta-
minação entres os trabalhadores da área de saúde e pessoas que
procuram os serviços de saúde.

62
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67
REALIZAÇÃO

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