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Universidade Federal de São Carlos – UFSCAR

Nome: Maiara Inês Varize Silvestrini RA:791418


Disciplina: Metodologia da Pesquisa Científica

SALA DE CHÁ - DISCUSSÃO E TEXTO

Humphreys explicita na obra: “A transação da sala de chá: sexo impessoal em lugares


públicos”, os métodos e atitudes que teve que desenvolver para realizar o trabalho que
campo que daria origem a sua dissertação de pós-graduação. Conta o pesquisador, que
sua experiência ‘' pastoral’’ teria lhe dado alguma bagagem para o tipo de pesquisa porque
sempre trabalhou com a temática da homossexualidade. Portanto, ele teria que trabalhar a
sua pesquisa, tentando aproxima-la do campo social com as questões de desvio sexual,
temática pouco explorada na sociologia. E ainda teria que conhecer e infiltrar-se no
ambiente a ser pesquisado não mais como pastor, mas como cientista.
Como olheiro, o pesquisador teve a oportunidade de circular pelos ambientes e descobrir
algumas características dos atos e atitudes estabelecidas nas ‘Salas de Chá’. A primeira, foi
que todas as interações realizadas eram feitas no mais absoluto silêncio, ou seja, “nada é
dito” pois o silêncio “serve para garantir a anonimidade, para assegurar a impessoalidade
da ligação sexual. Assim, homens de diferentes características físicas, raciais, econômicas,
se encontravam para um sexo rápido, sem compromisso, sem comprometimento,
impessoal, um sexo sem namoro, sem amor e sem sentimento. E como tudo era feito em
silêncio, a aproximação entre os agentes era realizada por meio de alguns gestos, ou com
as mãos, ou com manipulação do órgão sexual ou sinal com a cabeça, afinal, “quem não
está procurando uma relação homossexual não espera: para, entra, urina e sai’’.
Nesta caminhada, ao finalizar de sua pesquisa, Humphreys tinha acumulado um registro de
50 encontros com riqueza de detalhes. Agora, após desvendar os locais, os modos em que
os encontros se davam, as características de cada relação, restava ao pesquisador
descobrir “alguma coisa sobre os homens que enfrentavam tantos riscos por alguns
momentos de sexo impessoal.
Das pesquisas, Humphreys fichou cem homens (todos vistos realmente participando de
‘’fellatio’’) e cruzando as informações das placas dos carros, o pesquisador acabou
chegando à identidade de cada um. Para entrevistá-los, Humphreys usou uma pesquisa
paralela sobre saúde pública e acabou conseguindo entrevistar cerca de 50 homens que
participaram das Salas de Chá.

 O Pesquisador foi Ético?


Não houve divulgações do nome dos participantes.
O comportamento das pessoas que participaram da pesquisa poderia ser diferente se
soubessem de sua real intenção.
Destruiu todo um estigma de que os homossexuais esteriotipados eram os únicos que
participavam dessa sala de chá.
O pesquisador fez um trabalho de campo que resultou em pesquisas muito relevantes para
o tema abordado por ele.
 O pesquisador foi Antiético?
Ele fez observações ‘’ sigilosas ‘’ de dentro de seu carro.
Ele mentiu para obter e estabelecer contato e fazer observações dentro das salas de chá.
Foi preconceituoso quando considerou as falas e dialetos distintos dos participantes das
salas.
Ele não teve consentimento dos participantes para a realização da sua pesquisa.

Na minha opinião, mesmo sua pesquisa tendo uma enorme importância para os estudos
sociais acerca do assunto tratado pelo pesquisador, não podemos esquecer que a ética não
foi observada no caráter voluntário da participação da pesquisa, uma vez que os
participantes não foram informados de sua realização e não autorizaram; na identificação de
seus nomes e endereços, deixando os participantes vulneráveis, uma vez que a
confidencialidade dos dados ficou por conta do pesquisador. O autor foi processado por
questões éticas e quase perdeu seu doutorado. Entretanto, mesmo acreditando que o autor
foi antiético, sua pesquisa foi considerada precursora de estudos sobre identidades e a
observação do comportamento sexual.

Referências:
HUMPHREYS, Laud. A transação da sala de chá: sexo impessoal em lugares públicos. In:
RILEY, M. W; NELSON, E. E. A observação sociológica. Rio de Janeiro: Zahar Editores,
1974. (PDF)

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