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O POTENCIAL ECONÔMICO DO MAR BRASILEIRO

Atualmente, o Brasil possui sob sua jurisdição uma extensão marítima de 4,5 milhões
de km². Essas dimensões são superiores a metade do território terrestre do País e
equivalentes ao tamanho da Amazônia Legal. Por isso, nos últimos tempos, o mar brasileiro
ganhou o apelido de Amazônia Azul.

A comparação não é leviana, e nem se sustenta apenas pelo tamanho. Ainda pouco
explorado – na comparação com países de mentalidade mais marítima, como Inglaterra e
Holanda –, o potencial econômico do mar brasileiro deve ganhar uma importância cada vez
maior.

De acordo com o vice-almirante Silva Rodrigues, secretário da Comissão


Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM) da Marinha, além de ser uma fonte
fundamental de alimentos e riqueza mineral, o mar é cada vez mais uma importante fonte de
energia (tanto fóssil quanto renovável) e possui biodiversidade ainda maior do que a
Amazônia Legal. Silva Rodrigues participou da abertura do 51º Fórum Brasilianas.org - A
Amazônia Azul, realizado em São Paulo.

O tamanho do território marítimo dos países é determinado por regras da Convenção


das Nações Unidas sobre o Direito do Mar. A fórmula é a mesma para todos os países
costeiros do mundo: o mar territorial possui uma extensão de 12 milhas (22 km), as 12
milhas seguintes são consideradas zona contígua e por mais 188 milhas (384 km) o mar
ainda é considerado zona econômica exclusiva. Depois desse limite, o território é
considerado alto mar, ou águas internacionais.

No entanto, alguns países afirmam que sua plataforma continental se amplia para além
dessa distância. Se a afirmação for provada por pesquisa, é possível incrementar em mais
150 milhas (278 km) o território - isso totaliza 350 milhas, ou 648km. É o caso do Brasil,
cuja plataforma continental ainda se estende além de mais este limite.

Nesse sentido, uma das conquistas do Brasil perante o resto do mundo foi a permissão
concedida pela Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISBA) para explotar a área
conhecida como Elevação do Rio Grande, que fica a mais de 1.500 km da costa do Rio de
Janeiro e tem 3 mil km² de extensão.

Segundo o vice-almirante Silva Rodrigues, a área estava sendo pesquisada por diversos
países, entre eles, Alemanha, China, Inglaterra e Japão, mas foi o Brasil que conseguiu a
aprovação de um plano de trabalho que garante 15 anos de explotação dos recursos minerais
da região, que é rica em cobalto, níquel, platina, manganês e terra raras.

“Hoje há nove países que fazem pesquisa na área internacional. O Brasil é um deles. Os
outros países estão vendo as pesquisas conduzidas pelo Brasil, a vontade política de conduzir
essas pesquisas e os resultados alcançados, tudo isso reforça o nosso posicionamento no
cenário internacional”, afirma o vice-almirante.
Para ele, o Brasil deve ser o principal ator global em pesquisas e exploração dos
recursos do Atlântico Sul. No entanto, esse protagonismo traz grandes responsabilidades.
Cabe ao Brasil defender o seu mar de ameaças internas e externas e garantir a
sustentabilidade da explotação. “Para ter soberania sobre essa área o Brasil precisa ter o
controle”, diz.

O mar é fundamental para o comércio exterior brasileiro: 95% das exportações e


importações do País (algo na casa de US$ 482 bilhões por ano) são feitas por via marítima.
“Há na costa brasileira cerca de 1400 navios mercantes diariamente”, detalha o vice-
almirante.

Ele ainda lembra que atualmente 90% da produção nacional do petróleo vem do mar,
assim como 77% da produção de gás natural. Silva Rodrigues afirma que, em 2013, o País
capturou 944 mil toneladas de pescado na modalidade extrativista e mais de 2 milhões
contando a aquicultura.

Ele aponta também para um fato curioso da nossa geografia: 80% da população
brasileira está a menos de 200 km do litoral. No entanto, nossa mentalidade com relação ao
oceano é muito mais lúdica do que prática. É essa cultura que está começando a mudar, com
o resgate da importância da Marinha e da indústria naval brasileira – impulsionada,
principalmente, pelas descobertas no pré-sal.

Com as pesquisas que o Brasil está desenvolvendo, o vice-almirante aposta em uma


tendência cada vez maior de reconhecimento e valorização da economia marítima. “A
plataforma continental estendida está possibilitando que o Brasil ganhe 950 mil quilômetros
quadrados para as próximas gerações. Estamos criando uma reserva de mercado, uma
reserva de exploração”, comenta.

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