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Atualmente, o Brasil possui sob sua jurisdição uma extensão marítima de 4,5 milhões
de km². Essas dimensões são superiores a metade do território terrestre do País e
equivalentes ao tamanho da Amazônia Legal. Por isso, nos últimos tempos, o mar brasileiro
ganhou o apelido de Amazônia Azul.
A comparação não é leviana, e nem se sustenta apenas pelo tamanho. Ainda pouco
explorado – na comparação com países de mentalidade mais marítima, como Inglaterra e
Holanda –, o potencial econômico do mar brasileiro deve ganhar uma importância cada vez
maior.
No entanto, alguns países afirmam que sua plataforma continental se amplia para além
dessa distância. Se a afirmação for provada por pesquisa, é possível incrementar em mais
150 milhas (278 km) o território - isso totaliza 350 milhas, ou 648km. É o caso do Brasil,
cuja plataforma continental ainda se estende além de mais este limite.
Nesse sentido, uma das conquistas do Brasil perante o resto do mundo foi a permissão
concedida pela Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISBA) para explotar a área
conhecida como Elevação do Rio Grande, que fica a mais de 1.500 km da costa do Rio de
Janeiro e tem 3 mil km² de extensão.
Segundo o vice-almirante Silva Rodrigues, a área estava sendo pesquisada por diversos
países, entre eles, Alemanha, China, Inglaterra e Japão, mas foi o Brasil que conseguiu a
aprovação de um plano de trabalho que garante 15 anos de explotação dos recursos minerais
da região, que é rica em cobalto, níquel, platina, manganês e terra raras.
“Hoje há nove países que fazem pesquisa na área internacional. O Brasil é um deles. Os
outros países estão vendo as pesquisas conduzidas pelo Brasil, a vontade política de conduzir
essas pesquisas e os resultados alcançados, tudo isso reforça o nosso posicionamento no
cenário internacional”, afirma o vice-almirante.
Para ele, o Brasil deve ser o principal ator global em pesquisas e exploração dos
recursos do Atlântico Sul. No entanto, esse protagonismo traz grandes responsabilidades.
Cabe ao Brasil defender o seu mar de ameaças internas e externas e garantir a
sustentabilidade da explotação. “Para ter soberania sobre essa área o Brasil precisa ter o
controle”, diz.
Ele ainda lembra que atualmente 90% da produção nacional do petróleo vem do mar,
assim como 77% da produção de gás natural. Silva Rodrigues afirma que, em 2013, o País
capturou 944 mil toneladas de pescado na modalidade extrativista e mais de 2 milhões
contando a aquicultura.
Ele aponta também para um fato curioso da nossa geografia: 80% da população
brasileira está a menos de 200 km do litoral. No entanto, nossa mentalidade com relação ao
oceano é muito mais lúdica do que prática. É essa cultura que está começando a mudar, com
o resgate da importância da Marinha e da indústria naval brasileira – impulsionada,
principalmente, pelas descobertas no pré-sal.