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- Emergência de uma nova classe média negra. Ter a carteira de motorista é visto como um símbolo
da classe média na AfS, é um símbolo de distinção social. Julia pretende focar a dimensão afetiva
que isso acaba trazendo nas relações dos sujeitos para com o Estado. (p. 1)
- Estudantes negros de Julia são a primeira geração a chegar na faculdade. Evasão escolar dos
negros é bem maior, pelas suas condições mais precarizadas. (p. 2)
- ter a certeira de motorista aparece também como um marcador social de distinção quanto o tipo de
relação que se estabelece com o próprio Estado. (p. 2).
- BISHARA (2015) viagem de carro da Cisjordânia até a Palestina de carro. Experiência do Estado
ou dos seus “efeitos” no volante. Pensar em um artigo parecido com a experiência narrada do Bruno
sobre as tecnologias e contra-tecnologias das vans e seus “esquemas”. (p. 2)
- Práticas de “indirect rule” na criação dos Bantustões criaram uma elite negra, uma elite de
burocratas por um lado, e uma série de relações clientelistas por outro. CNA ao tomar o poder fez o
que o PN já fazia, indicando boa parte da burocracia estatal seus apadrinhados políticos, fazendo
com que essa classe média negra fosse extremamente dependente do Estado, sendo ela uma classe
de funcionários públicos. (p. 3)
- Lá na AfS como em outros Estados africanos é a carreira pública e não a economia privada que é
responsável pelo enriquecimento e aspiração social (BAYART, 1993). (MBEMBE, 2001).
- Aspirações da nova classe média é de transformarem o Estado em uma instituição de fato pública
ou da perpetuação dessas relações patrimonialistas pautadas na precariedade desss classes? (p. 4)
- Entre os alunos da julia, a maioria não se enxerga mais trabalhando no setor púlico, mas sim
fazendo carreira no setor privado. (p. 4)
- Classe média branca tem agora um Estado que não mais privilegia ela. Ela procura se acomodar
no setor privado, uma vez que o setor público é visto como “aparelhado” pelos negros através das
políticas afirmativas, segundo ela. (p. 4)
- historia de uma aluna que recebeu o tratamento de saúde adequado no hospital porque o pai era da
mesma irmandade da enfermeira e isto fez com que ela começasse a ser socializada na importância
dessas redes sociais personalizadas desde cedo. (p. 5)
- conseguir a carteira de motorista funciona como uma espécie de “rito de passagem” (p.6)
- Tal ritual incia os estudantes em uma das dimensões da vida adulta que é uma relação com o
Estado que não é mediada pelos pais. Julia fala então do “início e do fim da meritocracia”. (p. 6).
Fico pensando, por outro lado, em quais ritos de passagem estão inseridos os futuros policiais
da SAPS no tocante as suas relações com o Estado. Quais são suas primeiras experiências de
Estado sem a mediação dos pais?
- são narrados diferentes casos de corrupção para se conseguir a carteira de motorista. A pessoa faz
a prova corretamente mas só consegue passar se pagar uma propina para o avaliador. (p. 7-8)
- Esse ponto meio que encaminha as conclusões da Julia: “Being in a situation where paying a bribe
is replaced by actually having a friend in the state institutions is not something one would expect
from young students. But it is a situation that, in the end, is one not just of disgust and moral
repugnance but of affective desire. It should not come as a surprise when my students, in a moment
of great hilarity, shouted out to me: “Julia, you have to understand that we want the state to love
us!” - meaning that they want a sense of being seen and taken care of, a cozy nestling into the
protective arms of the state” (p.9)