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Revista Saúde e Desenvolvimento Humano - ISSN 2317-8582

http://revistas.unilasalle.edu.br/index.php/saude_desenvolvimento
Canoas, v. 8, n. 3, 2020

Artigo de Revisão
Fatores de vulnerabilidades em itinerários terapêuticos de doenças raras: uma revisão integrativa

Factors of vulnerability in therapeutic itineraries of rare diseases: an integrative review

Factores de vulnerabilidad en itinerarios terapéuticos para enfermedades raras: una revisión integradora

http://dx.doi.org/10.18316/sdh .v8i3.6014

Raquiel Naiele Ramos Felipe1, Caroline Filla Resultados e discussão: Os resultados, a partir
Rosaneli2, Thiago Rocha da Cunha3, Claudia da análise qualitativa dos estudos selecionados,
Jaqueline Martinez Munhoz4. possibilitaram identificar os seguintes fatores
de vulnerabilidades: falta de informações;
despreparo profissional; dificuldade de se chegar
RESUMO a um diagnóstico; longos caminhos percorridos/
diversos serviços de saúde; faltam privacidade
Objetivo: O artigo preocupa-se em ampliar a
e autonomia na participação em pesquisas de
compreensão sobre conflitos éticos vivenciados
doenças raras; dificuldades de tratamentos e/
por pacientes de doenças raras, identificando
ou tratamentos de auto custo; dificuldades
os principais fatores de vulnerabilidades em
financeiras/empobrecimento; falta de organização
itinerários terapêuticos de pessoas que vivem
e estrutura dos serviços de saúde; acolhimento
nessa condição. Método: Para tanto, realizou-se
diferenciado seja por discriminação, privações
uma revisão integrativa da literatura desenvolvida
e/ou estigmatização, e sofrimento emocional.
nas bases de dados internacionais, publicada
Conclusão: Ao discutir essas diferentes
entre os anos de 2000 a 2016, compreendendo
dimensões da vulnerabilidade a partir do campo
os idiomas português, inglês e espanhol.
da bioética, o artigo concluí pela necessidade
de abordar os itinerários terapêuticos a partir de
novas perspectivas interdisciplinares, buscando
1
Mestre em Bioética pela PUCPR. Docente da garantir o respeito ao direito à vida, à saúde e à
Universidade do Estado de Mato Grosso campus proteção da dignidade das pessoas que vivem
Tangara da Serra. com doenças raras.
2
Pós-doutora pela Cátedra Unesco de Bioética da UnB. Palavras-chave: Doença Rara; Vulnerabilidade;
Docente do Programa de Pós-graduação em Bioética Itinerário Terapêutico; Bioética.
da PUCPR.
3
Pós-doutor pela Cátedra Unesco de Bioética da UnB.
Coordenador do Programa de Pós-graduação em ABSTRACT
Bioética da PUCPR. Objective: The article is concerned with broadening
4
Pós-Doutora pela Universidade de Évora, Portugal. Docente the understanding of ethical conflicts experienced
da UFMT campus Sinop. by rare disease patients, identifying the main
vulnerability factors in the therapeutic itineraries of
Autor correspondente: PUCPR. Escola Ciências da Vida. people living in this condition. Method: For that,
Programa de Pós-graduação em Bioética. Rua Imaculada an integrative review of the literature developed
Conceição, 1155, Prado Velho, Curitiba, Paraná. in the international databases, published
E-mail: caroline.rosaneli@gmail.com between the years 2000 to 2016, comprising
Portuguese, English and Spanish languages
Submetido: 15/08/2019 was carried out. Results and discussion: The
Aceito: 26/04/2020 results, based on the qualitative analysis of the
selected studies, made it possible to identify the clínicos, sanitários e epidemiológicos, mas
following vulnerability factors: lack of information; também - ou sobretudo - éticos. Estes itinerários
Professional unpreparedness; Difficulty in são caracterizados por uma sucessão de etapas,
reaching a diagnosis; Long paths covered / various representando o caminho, muitas vezes longo,
health services; Lack of privacy and autonomy in percorrido na busca por um diagnóstico e
participating in rare disease research; Difficulties tratamentos possíveis.
of treatments and / or treatments of auto cost;
A vulnerabilidade, entendida como uma
Financial difficulties / impoverishment; Lack of
característica “que pode ser aplicada a qualquer
organization and structure of health services;
ser vivo que, enquanto tal, pode ser “ferido”5,
Discrimination, deprivation and / or stigmatization,
torna-se um problema especial para as pessoas
and emotional distress. Conclusion: In discussing
que vivem com DR, uma vez que nestas pessoas
these different dimensions of vulnerability from
a “ferida” não é uma possibilidade, mas um fato.
the field of bioethics, the article concludes by the
need to address of therapeutic itineraries from new Embora o conceito de vulnerabilidade
interdisciplinary perspectives, seeking to ensure seja demasiadamente amplo e constantemente
respect for the right to life, health and protection of modificável, aqui será empregada a ideia da
the dignity of People living with rare diseases. vulnerabilidade correlacionada a indivíduos e
Keywords: Rare Disease; Vulnerability; grupos com maior grau e condições de exposição ou
Therapeutic Itinerary; Bioethics. susceptibilidade a ferir-se do que outros6, seguindo,
a indicação adotada pela Declaração Universal
sobre Bioética e Direitos Humanos (DUBDH)7.
INTRODUÇÃO Ao transitar em meio às temáticas
Conforme a Portaria nº 199 de 30 de envolvendo os itinerários terapêuticos em DR a
janeiro de 2014 do Ministério da Saúde, não há partir do campo teórico e normativo da bioética,
definido um número exato de Doenças Raras busca-se apontar para problemas significativos
(DR) conhecidas, chegando a cerca de seis a que envolvem aspectos como o respeito à
oito mil tipos diferentes, onde 80% são advindas dignidade humana, o direito à saúde, a proteção
de problemas genéticos e as demais de causas de vulneráveis e o envolvimento coletivo por meio
externas1, acometendo em torno de 13 a 16 de processos solidários8, 9,10.
milhões de pacientes no Brasil2, e de acordo com Desta forma, este estudo teve por objetivo
dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), ampliar a compreensão sobre conflitos éticos
chegam a aproximadamente 400 milhões de envolvendo doenças raras, identificando os fatores
pessoas afetadas em todo o planeta3. de vulnerabilidades em itinerários terapêuticos de
O próprio nome “doença rara” traz consigo pacientes que vivem nessa condição.
a designação de raridade, ou seja, de algo que é
infrequente, que foge à norma, marcando de modo
muito particular a vida das pessoas que vivenciam MÉTODOS
ou convivem com uma DR. A raridade dessas Trata-se de uma revisão integrativa da
doenças resulta em consequências que agravam literatura, que é uma abordagem a qual permite
não apenas as situações biológicas relacionadas a combinação de diversas metodologias,
aos diagnósticos tardios, longos tempos de espera, proporcionando a síntese de conhecimento e a
atendimentos inadequados as suas necessidades, incorporação da aplicabilidade de resultados de
mas, também, “revela-se no corpo, implica olhares estudos significativos na prática, com etapas pré-
furtivos, contatos evitados, oportunidades perdidas, determinadas, tal como definidas por Whittemore
gera estigma, cria vidas escondidas, cotidianos que e Knafl11. Inicialmente foram definidos o tema da
giram em volta da doença”4. pesquisa, a pergunta norteadora e os descritores
Assim, compreender as vulnerabilidades para realização do levantamento bibliográfico.
nos itinerários terapêuticos (IT) percorridos por A pergunta foi definida do seguinte modo: quais
pessoas que vivem com doenças raras torna-se os fatores de vulnerabilidades em itinerários
um desafio que envolve não apenas aspectos terapêuticos de pacientes com doenças raras?
Para o levantamento do material bibliográfico, completo; publicados entre os anos de 2000 a
as buscas se deram no período de dezembro 2016; compreendendo os idiomas português,
do ano de 2016 a janeiro de 2017, utilizando as inglês e espanhol. Os estudos duplicados,
seguintes combinações de descritores: “doença” os que não se encontravam relacionados
AND “rara” AND “vulnerabilidade”; “doença rara” diretamente com itinerários terapêuticos,
AND “vulnerabilidade”; e “doença rara” AND estudos que tratassem estritamente do aspecto
“itinerário terapêutico”. As palavras chave e clínico da doença, estudos que contemplassem
suas combinações foram buscadas nos idiomas doenças não raras e publicações relacionadas às
português, inglês e espanhol nas bases de especificidades descritivas das doenças foram
dados Pubmed, Scielo e Lilacs, e somente em excluídos desta análise.
português, na base do Scholar Google (devido
à demasiada abrangência da base). A partir
destes, foram encontrados um total de 626 RESULTADOS
estudos, sendo realizada então, a leitura de
seus títulos e eventualmente seus resumos para A aplicação do método resultou em um total
identificar especificamente o assunto em questão: final de 13 estudos que foram integrados a revisão,
vulnerabilidades em itinerários terapêuticos em onde dois (2) se deram a partir dos descritores
doenças raras. “doença, rara AND vulnerabilidade”, sete (7) em
“doença rara AND vulnerabilidade” e seis (6) em
Para tanto, foram definidos os seguintes “doença rara AND itinerário terapêutico”, sendo
critérios de inclusão: estudos contemplando o que dois destes apareceram repetidamente nas
problema, ou seja, fatores de vulnerabilidade duas últimas combinações, conforme apresentado
relacionados ao itinerário terapêutico de doenças na figura 1.
raras; publicações disponíveis on-line e em texto

Figura 1. Processo de seleção dos estudos nas bases de dados


Os artigos foram organizados
sequencialmente, de acordo com o ano de
publicação em ordem decrescente, sendo
dispostos conforme esta ordem seus títulos,
autoria, ano de publicação, tipo de publicações
e periódicos ou instituições nos quais foram
publicados; conforme Quadro 1 abaixo.

Quadro 1. Caracterização dos estudos quanto aos títulos, autores, ano de publicação e periódicos ou
instituições publicadas.

Fonte: os autores - *NCD: Não Consta Descrição


Por fim, os estudos selecionados foram
dispostos em uma tabela contendo métodos dos
estudos, objetivos e conclusões destes estudos,
conforme inferidos pelos autores, os quais
possibilitaram a aparição de diversas formas
metodológicas, conforme Quadro 2.

Quadro 2. Caracterização dos estudos quanto ao método de estudo, objetivos e conclusões.


Fonte: os autores.
*Os números apresentados no quadro 2 se referem aos artigos referenciados no quadro 1.

Quadro 3. Principais fatores de vulnerabilidades encontradas nos estudos

Fonte: os autores.
* Os estudos se encontram numerados conforme numerações dispostas nos quadros anteriores.
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DISCUSSÃO as pessoas envolvidas neste âmbito carecem


de saber onde, quando e a quem buscar para
A análise dos estudos permitiu identificar lhes auxiliar, sem que sejam prejudicados com
diferentes fatores de vulnerabilidade diante dos tratamentos e/ou diagnósticos equivocados e que
itinerários percorridos por pacientes e familiares melhor lhes embasem na busca pela garantia de
de DR, muitas vezes encontrados de forma seus direitos.
em comum entre os estudos, ou em outras,
vindo a acrescentar de forma colaborativa com No mesmo sentindo surge o despreparo
informações relevantes em face do assunto. profissional, citado em oito dos estudos
analisados, o qual gera preocupações, com a
Estes fatores foram identificados de modo carência ou o pouco conhecimento disponível e
integrativo, sintetizados e dispostos em forma de a falta de qualificação/formação de profissionais
quadro, onde foram subdivididos em categorias de saúde para atuar no campo das DR. Para
e subcategorias para análises e discussões. Luz17 a qualificação e a instrumentalização de
Na sequência (Quadro 3) identificam-se tais profissionais, para que estes conheçam e possam
fatores de vulnerabilidade, com terminologias trabalhar com pacientes e familiar de DR pode
aproximadas entre os textos, seguidas de suas auxiliar no itinerário percorrido por este público,
referências (dispostas numericamente conforme sejam eles em atenção primária ou em serviços
tabelas anteriores). de referência.
E um estudo realizado por Fragoso e Silva14,
Vulnerabilidade no acesso a saúde os participantes relatam que existem profissionais
que não conhecem a respeito da DR, e que são
A noção de vulnerabilidade no acesso a poucos ainda os estudos científicos nesta área, os
saúde se caracteriza por uma gama de fatores que próprios profissionais reconhecem que há muito
contribuem para o aumento da suscetibilidade de que se aprender e que para um atendimento eficaz
agravos em saúde. Estes estão aqui expressados seria necessário conhecimento e atendimento
pela falta de informação, o despreparo profissional, multidisciplinar, com constante atualização dos
a dificuldade de se chegar a um diagnóstico, profissionais de saúde, para que desta forma, seja
longos caminhos percorridos em diversos serviços possível uma melhor interação entre profissional
de saúde, e a participação de pacientes em e usuário.
pesquisas, conforme discussões a diante.
Com relação à formação de profissionais,
A respeito da falta de informação, surgiram destaque-se que com exceção de disciplinas
apontamentos referindo que pacientes e familiares voltadas a genética clínica, ainda há pouca
constantemente se deparam com a falta de formação específica para DR, comprometendo
informações ou com informações desconexas, consideravelmente as consultas e atendimentos e
seja por parte de profissionais ou pelos serviços de ampliando as buscas por atenção em saúde em
saúde em geral, gerando assim certa impotência lugares diversificados18.
diante destes lapsos, provocando a diminuição
das possibilidades de se encontrar um melhor Dentro do contexto em acesso a saúde, os
caminho a ser seguido. itinerários perante os diagnósticos foram relatados
como mais longos e árduos, tanto profissionais
A falta de informação gera angústias em quanto pacientes e familiares, são citados como
quem delas depende, especialmente ao se tratar forte obstáculo, principalmente em decorrência
do campo da saúde. A acessibilidade à informação do tempo que se leva para chegar até ele,
precisa é um princípio básico de comunicação, perpassando durante esta trajetória por inúmeros
assim como é indispensável à interação entre serviços e profissionais de saúde. Percebe-se que
profissionais e usuários, e a falta delas, pode muitos casos têm seu início em unidades básicas
acarretar questionamentos pessoais, muitas de saúde, em outros casos a busca se inicia com
vezes sem resposta2,15. Monsores8 corrobora com aparecimento de sinais e sintomas durante a vida,
o campo das DR ao apontar que a informação e em ambos os casos, o diagnóstico conclusivo
está e deverá estar sempre presente em todas quando atingido, pode levar de poucos meses a
as discussões as quais envolvem as DR, pois muitos anos para sua obtenção.

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No estudo realizado por Fragoso e Silva14, Conforme os dados de pesquisas são


foram aplicados questionários sobre dificuldades compartilhados e utilizados por pesquisadores
vivenciadas por paciente de DR, onde uma de todo o mundo os participantes começam a
geneticista cita o diagnóstico como um forte perceber a diminuição do controle sobre suas
entrave, pois para se chegarem até ele, os informações de sua saúde ou de sua família. Desta
pacientes dependem de fatores como tempo de forma, a maioria dos participantes gostaria de
espera para consultas com especialistas e/ ou limitar o acesso aos seus registros a pessoas que
equipes multidisciplinares, para um diagnóstico de trabalham com pesquisa em saúde, assegurando
DR diferentes laudos são necessários. assim, um nível de proteção e controle em
situações de interação entre participantes e
O tópico “longos caminhos percorridos”
pesquisadores12.
se apresenta como um dos mais cansativos e
desgastantes na trajetória de quem vivencia ou A este respeito à DUBDH traz em seu Artigo
possui alguém próximo com alguma das mais 15º, o princípio relacionado ao Compartilhamento
de 7.000 DR existentes. São mencionadas de Benefícios, aonde se refere que “os benefícios
como longas peregrinações, trajetos cansativos, resultantes de qualquer pesquisa científica e
batalhas contínuas, idas e vindas aos serviços de suas aplicações devem ser compartilhados com a
saúde, momentos estressantes, entre outros. Seus sociedade como um todo”, sem que haja indevida
caminhos indicam a realidade itinerária percorrida indução aos participantes da pesquisa7.
por esta população, que sofrem diariamente
Além do mais, deve ser levado em conta que
conflitos, desgastes e prejuízos biopsicossociais,
frequentemente os participantes são vulneráveis
e ficam à mercê dos serviços de saúde, sem um
e precisam de proteção devido à profundidade e
direcionamento adequado, ou se quer de respostas
particularidade do assunto a ser tratado, pois a pesquisa
aos seus questionamentos, tornando-os ainda
pode gerar preocupações com relação à privacidade,
mais vulneráveis diante da situação vivenciada.
ao consentimento e ao potencial de identificação nos
Numerosas são as etapas percorridas por resultados, exigindo que o pesquisador garanta a
pacientes de DR, a primeira delas é conseguir confidencialidade do participante25.
chegar a um diagnóstico, o que por vezes vem
A cerca do assunto, a DUBDH traz em seu
a colocar a vida dos afetados em risco, além de
artigo 4º que “os benefícios diretos e indiretos a
gerar consequências inoportunas como atrasos
pacientes, sujeitos de pesquisa e outros indivíduos
inúteis, uma série de consultas e prescrições
afetados devem ser maximizados e qualquer dano
medicamentosas e tratamentos inadequados ou
possível a tais indivíduos deve ser minimizado,
mesmo prejudiciais, ou seja, durante muito tempo
quando se trate da aplicação e do avanço do
o paciente acaba recebendo tratamentos para
conhecimento científico”. Bem como em seu
outras doenças, baseados apenas em sintomas24.
artigo 8º que “a vulnerabilidade humana deve
Considerando as buscas por formas ser levada em consideração na aplicação e no
alternativas de se alcançar algum tipo de atenção avanço do conhecimento científico [...] Indivíduos
em saúde, muitos pacientes veem a participação e grupos de vulnerabilidade específica devem ser
em pesquisas como uma das formas mais rápida protegidos e a integridade individual de cada um
de se ter acesso ao tratamento. O primeiro deve ser respeitada”7.
estudo disposto nas tabelas (estudo 1) aponta
uma importante menção referente às pesquisas
realizadas com pacientes de DR. Os participantes Vulnerabilidade social
das pesquisas realizada no estudo se mostravam
interessados em compartilhar seus dados, porém, O termo vulnerabilidade social pode ser
ao mesmo tempo preocupados com questões caracterizada por diferentes concepções, entre elas
relacionadas à privacidade e autonomia dos destacam-se questões econômicas, de saúde e
envolvidos, mostrando assim a necessidade do ambientais. Para Monteiro26, são múltiplos os fatores
estabelecimento de respeito e reciprocidade entre que constituem o contexto de vulnerabilidade social,
pesquisadores e participantes. e de modo geral são movidos por transformações
societárias que acabam desencadeando mudanças
de vida, evidenciando fragilidades.

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Ao ser mencionadas as dificuldades a equidade, a resolutividade e a integralidade


e preocupações com os tratamentos, estas das ações nem sempre são respeitados”, não
envolvem os mais diversos aspectos, sejam eles impreterivelmente por preconceito, mas pela falta
os tratamentos medicamentosos, em sua maioria de recursos físicos e tecnológicos específicos para
de alto custo, seja pelas peculiaridades implicadas o atendimento em condição de raridade16. Para
no ato de “tratar” (cuidados, internações), ou determinadas doenças atualmente não existem
ainda, nas dificuldades envolvidas para se ter tratamentos conhecidos, sendo tratados somente
acesso aos tratamentos e serviços de saúde, os sintomas, vindo a prejudicar seriamente o bem-
fazendo com que muitas vezes as famílias ou o estar do paciente, afetando consequentemente a
paciente sejam tratados de maneira desigual, qualidade de vida relacionada à saúde, podendo
devido às especificidades de cada patologia tida levar a outras consequências, como a depressão,
como rara, e por sua condição de raridade nem por exemplo20.
sempre há tratamentos específicos, resultando
Devido à própria condição de raridade,
constantemente na busca via judicial para a
estes pacientes se encontram mais suscetíveis
obtenção de uma melhor atenção em saúde, com
às falhas dos sistemas de saúde, tornando-os
a garantia de seus direitos mínimos enquanto
consideravelmente mais vulneráveis, necessitando
seres humanos.
assim, de abordagens diferenciadas25. Desta
A DUBDH apresenta, em suas considerações forma, os contratempos e as lutas via judiciais se
inicias, que “todos” os seres humanos devem se tornam frequentes nas trajetórias destes pacientes,
beneficiar de padrões éticos nas ciências da vida, desde a obtenção de um diagnóstico preciso até o
já no seu artigo 2º parágrafo III traz como sendo acesso aos tratamentos.
um dos seus objetivos, o de “promover o respeito
O longo processo ao se deparar com uma
pela dignidade humana e proteger os direitos
DR pode exigir, além de mudanças na rotina de
humanos, assegurando o respeito pela vida dos
uma família19, mudanças socioeconômicas, por
seres humanos e pelas liberdades fundamentais,
exigir inúmeros deslocamentos entre serviços,
de forma consistente com a legislação internacional
evidenciando-se que os principais equipamentos
de direitos humanos”7. Nota-se que comumente,
de saúde de referência se encontram em grandes
antes de se conseguir acesso a um tratamento
centros17. Em conjunto com os deslocamentos,
digno, são feridas a garantia constitucional e
os familiares ou acompanhantes veem ainda
princípios da bioética, tais como a dignidade e
necessidade de abandonarem os empregos
direitos humanos, o respeito pela integridade
para acompanhar o paciente, gerando
individual, à igualdade, à justiça, à equidade,
consequentemente um desequilíbrio financeiro14.
ou seja, observa-se claramente a presença da
As dificuldades financeiras evidenciadas decorrem
vulnerabilidade social diante de uma DR.
da prestação de cuidados, acompanhamentos
Embora a Constituição Federal garanta ao aos pacientes, bem como dos gastos gerados
cidadão o direito à saúde como fundamental, são com deslocamentos, custos medicamentosos
percebidas falhas significativas entre seu exercício elevados, e ainda a necessidade de que algum
e as (in)disponibilidades do Estado, ao qual membro da família abandone seu emprego para
compete “assegurar o exercício pleno da cidadania se dedicar as necessidades físicas e burocráticas
a todos os cidadãos, para que assim prevaleça a de um ente com DR, ou seja, além dos gastos, há
dignidade da pessoa humana”. Devido as evidentes uma redução dos ganhos financeiros na família,
falhas, a judicialização vem sendo utilizada de gerando assim um empobrecimento familiar.
forma crescente como meio para a busca da
Simultaneamente, vem ainda às questões de
garantia dos direitos, em especial à saúde, sejam
falta de organização e de estruturas (físicas) dos
eles individuais ou coletivos, passando por diversas
serviços de saúde, bem como do ambiente como
instâncias judiciais como o Poder judiciário, o
um todo, para atender as demandas exigidas por
Ministério Público e a Defensoria Pública27.
determinadas DR que tem como características as
Ainda assim, é constante nos serviços de debilidades físicas, que por não terem o preparo
saúde que pacientes e familiares de DR sejam adequado, dificultam ainda mais as vias de acesso
tratados de maneira desigual, “seus direitos relativos e atendimentos.
ao acesso a serviços de saúde de qualidade,

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Neste sentido, conviver com uma DR passam a serem vistos por estes como pessoas
contempla se deparar com a falta de organização/ incapazes, sendo privados de fazer atividades que
estrutura de serviços de saúde e do meio uma pessoa “normal” (sem uma DR) faria.
ambiente, provocando insatisfação com o meio
Diante do exposto, solidifica-se a relevância
onde vivem17,22. Para Unesco7 o referido segue-se
da bioética frente as trajetórias em DR, em
novamente de forma conflituosa com o estipulado
especial a Bioética da Proteção, por relacionar-se
pela DUBDH em seu artigo 14º, que faz menção
diretamente a “problemas morais envolvidos pela
a Responsabilidade Social como um de seus
vulneração humana, ou seja, a condição existencial
princípios, ao qual prevê o acesso a cuidados de
dos humanos que não estão submetidos somente
saúde de qualidade, bem como a melhoria das
a riscos de vulneração, mas a danos e carências
condições de vida e do meio ambiente, pois a
concretas”. A Bioética da Proteção acolhe conflitos
saúde é tida como um bem-estar social e humano.
e contextos da saúde pública, compartilhando
problemas da humanidade em geral, em
especial aos que sofrem por exclusão social
Vulnerabilidade moral
e são feridos no princípio de justiça, bem como
A vulnerabilidade moral, em sua da qualidade e sacralidade da vida29. A bioética
designação aqui empregada, envolve problemas tem como finalidade “estimular o senso moral
que abrangem indivíduos e grupos que por sua individual e coletivo da humanidade a crescer em
condição (de raridade) são de alguma forma conhecimento, admiração, amor e respeito pela
excluídos, “estigmatizados, discriminados vida” e pela saúde de outrem9.
negativamente e/ou não reconhecidos em sua Notadamente, o cenário neste estudo mostra
dignidade e direitos enquanto agentes morais”, a violação dos direitos humanos vivenciada por
ou seja, que são moralmente mais suscetíveis ao estas pessoas. Assim, percebe-se a necessidade
sofrimento do que outros28. de que esses pacientes sejam assistidos e
Possuir uma DR desencadeia, em muitos garantidos “pelo Estado Brasileiro, a igualdade de
pacientes, a presença de vulnerabilidades morais, oportunidades, sem avaliações equivocadas de
diante de desconfortos emocionais em decorrência merecimento ou de responsabilidade pessoal”8.
de toda a trajetória vivenciada, trajetória esta Cabe ao Estado esta preocupação com a saúde e a
que pode vir acompanhada de acolhimento busca por sua preservação, o que é imprescindível
diferenciado, seja pelos serviços de saúde, pelos à dignidade humana30.
próprios familiares e por toda a sociedade em Ponderando assuntos como os casos
geral, que de uma forma ou de outra acabam por das DR, a Bioética da Proteção pode contribuir
tratar pacientes com certa discriminação e/ou significativamente, tendo ela o intuito de provocar
estigmatização (principalmente quando os efeitos reflexões acerca de meios de sobrevivência com
das patologias são visíveis) ou até mesmo gerar qualidade de vida, demonstrando preocupações
privações de atividades diárias. Conforme pode com cada ser e com seus sofrimentos, suas
ser observado no trecho a seguir: “Os pais buscam limitações e assuntos referentes à mortalidade e
acolher, com certa tranquilidade, os olhares e meios de sobrevivência pessoal, representando
impressões das outras pessoas que não convivem assim a bioética como ética da vida. Podendo ser
com ele, na tentativa de minimizar os desconfortos pensada ainda como uma forma que visa o auxílio
em relação ao ser diferente, reduzindo, assim, aos que não possuem capacidade para atingir
sofrimentos relacionados a uma situação de não uma vida digna, moralmente correta, e essencial
enquadramento do filho aos padrões impostos para a convivência humana, conforme indicado
como normais, tanto pelos profissionais de saúde pelos direitos humanos29.
quanto pela sociedade em geral”13.
Outro importante aporte pode ainda aqui ser
Complementando o acima disposto empregada, a Bioética de Intervenção, que em sua
Martins em um estudo realizado com pacientes
22
perspectiva ampla, busca pela aplicação de valores
de osteogênese imperfeita (OI), apontam que éticos diante de questões sociais envolvidas
alguns pacientes entrevistados consideram que no processo de doença, de forma coletiva ou
“os limites são impostos mais pela família e pela individual, que resultem em boas consequências,
sociedade do que pela própria doença”, e que

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bem como valoriza de forma moral a resolução políticas públicas possam ser inseridas e/
de conflitos diante de seus contextos gerais ou que as já existentes sejam implantadas de
e suas contraposições. Utiliza-se dos direitos forma direcionada às necessidades de pessoas
humanos contemporâneos como meio norteador, que vivem com DR, possibilitando assim, a
“argumentando pelo reconhecimento do direito garantia do direito à vida e à saúde para este
coletivo à igualdade e pelo direito de indivíduos, grupo sensivelmente vulnerabilizado por fatores
grupos e segmentos à equidade nas garantias biológicos, sociais e morais.
legais e no acesso real aos direitos humanos”. Nela
Finalmente, ao considerar sobre estas
estão inseridos assuntos de cidadania, e direitos
dimensões éticas pouco exploradas pela literatura
das pessoas e das sociedades e não somente das
científica, aponta-se para a necessidade de
garantias asseguradas pelo Estado31.
que novas pesquisas sejam realizadas neste
Perante tamanha complexidade do assunto, âmbito, as quais possam vir a dar subsídios para
estudos voltados às DR vêm crescendo em identificação de possíveis mecanismos efetivos de
nível mundial, o que aumenta a relevância deste enfrentamento destas e de outras vulnerabilidades
estudo, permitindo a possibilidade de analisar enfrentadas nestas árduas trajetórias terapêuticas.
a luz da bioética, ainda pouco explorada, e que
podem vir a contribuir consideravelmente no
auxílio à garantia dos direitos humanos de uma REFERÊNCIAS
população vulnerabilizada diante da raridade de
1. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de
suas patologias.
Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Es-
pecializada e Temática. Coordenação Geral de
Média e Alta Complexidade. Diretrizes para Aten-
CONSIDERAÇÕES FINAIS ção Integral às Pessoas com Doenças Raras no
Sistema Único de Saúde – SUS/Ministério da
Embora infrequentes, as DR geram conflitos
Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Depar-
éticos diários na vida de seus pacientes, agravam
tamento de Atenção Especializada e Temática.
as dificuldades de acesso às redes de saúde e aos Coordenação Geral de Média e Alta Complexi-
cuidados que lhes são necessários, fazendo com dade – Brasília: Ministério da Saúde, 2014. 41 p.
que pacientes e seus acompanhantes percorram
longas trajetórias na busca por atendimentos, 2. Barbosa RLO. Raro em um dia de conscientiza-
direcionamentos adequados ou respostas aos ção mundial. In Dia Mundial das Doenças Raras
2013 - Ação do Deputado Federal Romário na
seus conflitos, tornando-os ainda mais vulneráveis
Câmara. Centro de Documentação e Informação.
diante da situação vivenciada.
Coordenação Edições Câmara, Brasília – 2013.
Os resultados deste estudo possibilitaram 3. Brasil. Portal Brasil. Doenças raras ainda repre-
identificar as especificidades de diferentes fatores sentam desafio para saúde pública. Mar. 2015.
de vulnerabilidades, como a falta de informações; [Acesso em: 20 jul 2017]. Disponível em: <http://
despreparo profissional; dificuldade de se chegar www.brasil.gov.br/saude/2015/03/doencas-raras
a um diagnóstico; longos caminhos percorridos/ -ainda-representam-desafio-para-saude-publica>
diversos serviços de saúde; falta de privacidade
4. Portugal S. Para um começo de reflexão sobre
e autonomia na participação em pesquisas de
o cuidado das Doenças Raras. In Dia Mundial
doenças raras; dificuldades de tratamentos e/ das Doenças Raras 2013 - Ação do Deputado
ou tratamentos de auto custo; dificuldades Federal Romário na Câmara. Centro de Docu-
financeiras/empobrecimento; falta de organização mentação e Informação. Coordenação Edições
e estrutura dos serviços de saúde; acolhimento Câmara, Brasília – 2013.
diferenciado sejam por discriminação, privações
5. Schramm FR. A saúde é um direito ou um dever?
e/ou estigmatização; e sofrimento emocional.
Autocrítica da saúde pública. Revista Brasileira
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