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Estabelecimento Prisional do Vale de Sousa

Ficha de trabalho
| NOME ALUNO: | N.º:
| DISCIPLINA: Sociedade Tecnologia e Ciência NG: 6
| Professora: Luísa Bessa Silva | DATA:

O regresso à vida no campo


As características naturais do mais remoto Interior Norte servem de atrativo para muitos jovens
que ali estão a construir as suas vidas
Miguel Nóvoa mora há sete anos em Atenor. É natural de Esposende, mas é ali, naquela pequena
aldeia mirandesa, que tem hoje a sua vida, como secretário técnico da Raça Asinina de Miranda e
técnico da Associação Para o Estudo e Proteção do Gado Asinino (AEPGA), ali sedeada.
O gosto pela natureza e biodiversidade, características do interior do país, cada vez cativa mais
jovens originários dos centros urbanos que contrariam a desertificação e alguma ausência de
desenvolvimento socioeconómico. Miguel Nóvoa sempre vai afirmando que estas pessoas são
importantes para regiões onde falta alguma capacidade de iniciativa ou o desenvolvimento de um
projeto ou ideia.

futuro para o mundo rural associado à conservação da natureza e à proteção dos valores culturais.
Nesta região outro tipo de opiniões pode fortalecer a ideia de que não só à custa da indústria e do
betão se pode proporcionar o desenvolvimento económico da região", explicou Miguel Nóvoa.
"O trabalho desenvolvido em diversas áreas começa a ser uma referência que ultrapassa as fronteiras
da região, sendo o mesmo reconhecido no país e no estrangeiro", frisou. Para além da orientação que
é dada aos criadores da raça de burros das Terras de Miranda, que se encontra ameaçada, a AEPGA
proporciona ainda várias atividades ligadas ao turismo da natureza, que atrai à região cerca de cinco
mil visitantes por ano.
Esta é a região mais periférica do Norte do país, estendendo-se desde Vimioso, no distrito da
Bragança, a Figueira de Castelo Rodrigo, no Norte do distrito da Guarda, e é muitas vezes considerada
"o interior do interior". Porém, ali é possível encontrar licenciados em diversas áreas que deixaram as

Professora: Luísa Bessa Silva


grandes cidades para aí desenvolverem vários projetos. Muitos chegaram à região mal concluíram os
cursos universitários, acabaram por ficar e criaram as suas formas de sustento. Alguns destes jovens
assumem-se já como "neo-rurais", o termo criado para designar uma nova classe de pessoas que, tendo
nascido na cidade, optam por viver no campo.
Vantagens e desvantagens
António Roleira, um biólogo de 29 anos, que reside em Vilar Seco (Vimioso), centrou os seus
conhecimentos na recuperação e revitalização dos pombais tradicionais, através de uma outra
associação que fomenta o desenvolvimento rural, a Palombar.
"As diferenças entre o litoral e o interior acabam por ser mais positivas que negativas. O contacto
com as pessoas é mais facilitado para além de ser um espaço único para desenvolver o meu trabalho
de forma a promover a região com base naquilo que lhe é característico", explica o biólogo.
No campo da promoção turística, há técnicos no terreno preocupados com a exploração da região
de forma a criar atividades relacionadas com o turismo não massificado, como foi a opção escolhida
por Joana Braga e Bruna Moreira. No entanto, estas duas técnicas de turismo e ambiente mostram-se
algo "apreensivas" com o futuro, já que a falta de apoios financeiros ao trabalho que desenvolvem
pode condicionar a permanência na região.
"Gostava de ficar na região e continuar o trabalho já desenvolvido. Os apoios financeiros, por parte
das mais diversas entidades, são poucos, sendo difícil fazer previsões de futuro", esclarece Joana
Braga.
É uma ideia generalizada entre estes jovens profissionais que é preciso criar mecanismos financeiros
que ajudem a fixação de profissões ligadas à conservação da natureza para que haja também uma
maior fixação de pessoas, dado o potencial da região.
Mais otimista mostra-se Sara Riso, que chegou ao Parque Natural do Douro Internacional (PNDI) para
concluir o projeto final do curso de Biologia. O trabalho desta jovem centra-se na avi-fauna daquela
área protegida, com destaque para o estudo da Cegonha Negra, uma espécie igualmente ameaçada
pelos novos hábitos humanos.
"A motivação começou a crescer e rapidamente iniciei projetos em outras áreas e fui ficando. A
minha ligação a estas terras já é muito forte, passe por onde passe, um dia ficarei cá a morar", afiança
a jovem bióloga de 23 anos, vinda de Lisboa.
Se o percurso de Sara Riso ainda está no seu início, Ana Berliner, igualmente bióloga, teve já
vivências profissionais semelhantes.
Deslocação facilitada
A residir em Castelo Rodrigo, no sul do PNDI, Ana Berliner, de 35 anos, originária de Lisboa, acabou
mesmo por se fixar na região onde vive há 13 anos, casou e constituiu família. Mantém atividade
associativa e é proprietária de uma casa de turismo rural localizada naquela histórica freguesia.
"Quando aqui cheguei, adaptei-me com facilidade, já que dentro da minha área esta região tem muito
potencial. Tive muita sorte, devido à oportunidade que tive para estudar numa zona muito
interessante no que diz respeito às aves rupícolas (aves de escarpas rochosas), já que o PNDI é um
verdadeiro santuário para estas espécies".

Professora: Luísa Bessa Silva


Hoje, a bióloga diz não sentir falta da cidade, já que nos últimos anos se tornou mais fácil a
deslocação aos grandes centros urbanos, quando é necessário. "As únicas diferenças entre o Litoral e
o Interior prendem-se com o facto de no Interior encontrar mais tranquilidade, o que proporciona
melhor qualidade de vida. Porém, há o reverso da medalha", e aqui basta lembrar o exemplo dos
serviços de saúde cujas condições são mais difíceis do que no Litoral.
Apesar da vontade demonstrada de permanecerem no Interior do país, para a maioria destes jovens
fica também a falta de algumas ocupações de tempos livres que tinham nas cidades de origem, como
o cinema, ou outros espetáculos à cabeça da maioria das preferências. Algumas dessas lacunas são
preenchidas pelos próprios, que tomam a iniciativa de organizar atividades assentes na cultura da
região.

Questões
(1) Assuma-se como um habitante de uma zona rural e defenda a posição da vida
no campo em detrimento da vida na cidade. Apresente todas as vantagens e
desvantagens da situação que defende.

(2) Assuma-se como um habitante de uma zona urbana e defenda a posição da vida
na cidade em detrimento da vida no campo. Apresente todas as vantagens e
desvantagens da situação que defende.

Professora: Luísa Bessa Silva


Remodelação das Urgências.

Nos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC) a longa espera é sempre certa para os
utentes que se dirigem à Urgência. A semana passada, o JN esteve várias vezes no Serviço de
Urgência dos HUC, de forma incógnita, e assistiu ao desespero de quem demorou horas e
horas a ser atendido.
Se o cenário já era complicado antes do fecho das urgências de Cantanhede e Anadia e de
alguns serviços de atendimento permanente na região, então a partir daí o panorama tornou-
se insuportável.
Dezenas de pessoas na sala de espera, durante horas, sem qualquer indicação sobre quando
serão atendidas. Algumas desesperam e acabam mesmo por abandonar a Urgência,
procurando alternativas, nomeadamente clínicas privadas. "Menina, estou aqui à espera há

de rodas, que já esperava havia duas horas.


Quando há necessidade de encaminhar os doentes para uma especialidade, voltam à sala
de espera, novamente sem uma estimativa sobre o tempo que têm que aguardar. "Devem estar
a 'fazer' o dermatologista", desabafava, em tom irónico e revoltado, Nuno, que entrara na
Urgência às 13.30 horas. "Fui consultado às 17 horas e [1.30 horas depois] ainda estou à espera
de que chegue o especialista", protestava.
São muitos os utentes que não entendem o sistema de triagem. A informação afixada é
escassa e os doentes ficam na dúvida. "Chegou depois de mim e já foi atendida. Estamos aqui
cinco ou seis horas para ser vistos", desesperava a mãe de uma jovem, que acompanhara à
urgência, à qual foi dada uma pulseira verde. Também entre os doentes com pulseira amarela,
nos dias de maior afluência, a espera ultrapassa o tempo estipulado, que é de uma hora.
Às 18.20 horas estava ainda na Urgência um homem, aparentando cerca de 70 anos, que
tinha dado entrada às 10 horas. Entretanto fez um raio-X e análises, mas sempre sem ter
indicação sobre o tempo que iria demorar. Teve finalmente alta às 18.30 horas.
Um idoso, com um problema de coração, queixava-se também da espera: "Fui a uma
médica antes, que me disse que até devia ter vindo logo para as urgências. Quando cheguei
deram-me uma pulseira verde e estou aqui há três horas. Estou a sentir-me mal".

Questões

Professora: Luísa Bessa Silva


(1) Comente as dificuldades enfrentadas pelos habitantes das zonas periféricas de
Coimbra que se encontram na situação relatada na notícia.

(2) Será que um habitante de uma zona rural só enfrenta este tipo de dificuldades?
Que outro tipo de serviços essenciais escasseia nas zonas rurais? Fundamente a sua
resposta.

(3) Os habitantes de zonas urbanas enfrentam as mesmas dificuldades? Justifique a sua


resposta.

(4) Será que por se viver na cidade se tem acesso a mais e melhores serviços? Mostre
evidências que provem a sua resposta.

Professora: Luísa Bessa Silva


Substâncias tóxicas

Toda a substância que pela sua toxicidade direta ou indireta, combate as pragas, as
doenças e as infestantes das culturas agrícolas são designadas por pesticidas. No entanto, a
sua toxicidade não se limita aos inimigos das culturas onde é aplicado, mas estende-se
igualmente a outros organismos, auxiliares e predadores, espécies cinegéticas e
inclusivamente ao próprio Homem.

Na cidade

O ar é essencial para todos os seres vivos: sem ele sufocaríamos em poucos minutos. Mas
o ar que se respira nas grandes cidades já não é de modo nenhum puro e chega mesmo a ser
irrespirável em algumas capitais mundiais. E isto porquê?
O carvão de pedra e o petróleo, ricos em enxofre, são os principais culpados, pois quando
ardem libertam gases de dióxido de enxofre. Estas combustões, tal como as da madeira e do
gás, libertam também dióxido de carbono. A título de curiosidade, diga-se que os EUA são
responsáveis por 22% do total das emissões de dióxido de carbono mais de 1.200.000.000
por ano, o que faz deles os maiores poluidores do mundo. O fumo das fábricas e dos
automóveis junto com a humidade (nevoeiro) formam uma nuvem que cobre as grandes
cidades: o smog (smoke - fumo em inglês + fog - nevoeiro em inglês).
Londres e Los Angeles são as cidades mais famosas pela densidade do seu smog. Em
1952, morreram 4000 pessoas em Londres, numa das maiores tragédias provocadas pela
poluição do ar.
Os gases dos escapes dos automóveis podem também estar na origem de outro perigo: a
poluição pelo chumbo, que, adicionado à gasolina permite aos motores funcionarem com mais
suavidade. Mas é um veneno que, aspirado em grandes doses, afecta o cérebro, principalmente
o das crianças.
Muitos dos gases produzidos pelas centrais eléctricas, fundições, casas e automóveis não
se elevam muito no ar, retornando ao solo sob a forma de deposição seca a poeira ácida.
Esta corrói edifícios e obras de pedra, ataca metais e pinturas. Quando arrastados pelo vento,
os gases atingem florestas e campos, danificando árvores e impedindo o desenvolvimento das
plantas.

Questões
(5) Quais são na sua opinião as maiores fontes de poluição nas cidades? Justifique.

Professora: Luísa Bessa Silva


(6) Quais as consequências dessas poluições para a vida do ser humano?

(7) Que medidas devem ser tomadas pelas instituições governamentais para evitar
essa poluição? E quais as medidas que o cidadão comum deve assumir como cidadão
consciente e defensor do ambiente?

Professora: Luísa Bessa Silva


Meios de transporte da Imigração clandestina

Imigração clandestina por mar em Portugal sobe 19 por cento.

A imigração clandestina por via marítima em Portugal está a aumentar. No ano


passado, em 18.732 embarcações fiscalizadas, foram instaurados 106 processos
por auxílio à imigração ilegal. "Os casos de clandestinos em embarcações são
quase diários em Portugal. A diferença entre a atualidade e o que se passava,
por exemplo, há seis ou sete anos, é que agora surgem cada vez mais grupos,
enquanto dantes havia, sobretudo, pessoas que viajavam isoladamente", disse
ao PÚBLICO um inspetor do SEF especializado na fiscalização marítima.
Os inspetores do SEF sabem hoje que o transporte de um clandestino
(proveniente de África) pode custar entre 300 e 1500 euros. "As pessoas
[imigrantes ilegais] são muito pobres e não têm esse dinheiro. Então, para
poderem viajar, hipotecam a família. Embarcam, chegam ao destino e, depois
de começarem a trabalhar, sabem que todos os meses têm que mandar um
tanto para os contactos que lhes arranjaram a viagem, sob pena de os
familiares, que ficaram no país, serem mortos", explicou o mesmo responsável.

Os efetivos do SEF contactados pelo PÚBLICO entendem que, em breve,


Portugal pode vir a tornar-se porto de abrigo para os clandestinos provenientes
de África: "Os espanhóis, tal como já fizeram os italianos em relação às redes
albanesas, já estão a fazer blindagens em terra, como por exemplo num campo
já a funcionar na Mauritânia. Muito em breve será bem mais difícil chegar às
Canárias e a Madeira pode ser um local de destino privilegiado. Para tal, basta
que os barcos que transportam os imigrantes passem a ser equipados com
motores, podendo assim percorrer maiores distâncias."
Os inspetores entendem ainda que é necessário reforçar a fiscalização no mar.
"Muitos dos imigrantes são rebocados no mar alto por barcos de pesca. Se houver
um controlo sobre essas embarcações pode reduzir-se significativamente o
número de pateras [embarcações tradicionais que transportam dezenas de
pessoas]."

Barcos naufragam e um imigrante morre na Turquia

Professora: Luísa Bessa Silva


Dois barcos que transportavam imigrantes clandestinos afundaram no rio que
separa a Turquia da Grécia, matando pelo menos uma pessoa e deixando várias
desaparecidas, informou a agência estatal turca de notícias, a Anatólia. Os
barcos afundaram no rio Meric, chamado de Evros pelos gregos.
Sete imigrantes conseguiram nadar até à margem turca, onde foram detidos
pela polícia paramilitar. Um corpo boiou até a margem turca. Os sobreviventes
disseram que 20 pessoas estavam nos barcos e que alguns conseguiram nadar
até a margem grega do rio. Todos os sobreviventes e o morto eram da Geórgia,
país no Cáucaso.

Barco com 237 emigrantes clandestinos apreendido em Cabo Verde

Um barco de pesca com 237 passageiros clandestinos africanos que pretendiam


viajar para a Europa foi intercetado terça-feira pela Polícia cabo-verdiana nas
imediações do Porto da Palmeira, na ilha do Sal, soube-se de fonte segura. Os
emigrantes ilegais são provenientes da Guiné-Bissau, da Guiné Conacry, do
Senegal, da Gâmbia, do Gana, da Nigéria, da Serra Leoa e do Mali que tentavam
desembarcar e seguir para as ilhas Canárias para daí partir, posteriormente,
para a Europa.
Um dos passageiros disse à Rádio de Cabo Verde (RCV) que o barco partiu da
ilha de São Vicente a 27 de Dezembro passado com destino às ilhas Canárias,
mas foi obrigado a regressar à procedência porque os emigrantes clandestinos,
após alguns dias no mar, revoltaram-se quando constataram que não havia
comida suficiente a bordo para os alimentar durante a viagem.
Segundo relatos dos clandestinos às autoridades cabo-verdianas, cada um dos
passageiros pagou entre mil e mil e 500 euros para serem transportados
inicialmente para as ilhas Canárias, de onde seguiriam posteriormente para um
país europeu.
Iniciada a viagem e depois de terem constatado que o barco não dispunha de
víveres e combustíveis suficientes para o efeito, os clandestinos apoderam-se
do telemóvel do capitão, através do qual conseguiram contactar a Polícia cabo-
verdiana que acabou por intercetar a embarcação nas proximidades da ilha do
Sal.

Professora: Luísa Bessa Silva


Este é o segundo caso de tentativa de emigração clandestina, em grande escala,
detetado em Cabo Verde no espaço de sete meses. Em Maio passado, as
autoridades marítimas cabo-verdiana intercetaram na ilha de Santiago a
traineira "Jon Kabafumo" que se preparava para partir para as ilhas Canárias
com mais de 100 passageiros clandestinos.

Espanha: Mais de 10 imigrantes ilegais desaparecidos ao largo das Canárias

Mais de 10 imigrantes ilegais estão dados como desaparecidos desde a tarde de


ontem, ao largo das ilhas Canárias, na sequência do naufrágio da embarcação
em que viajavam, anunciou fonte dos serviços de resgate.
Residentes na zona onde ocorreu o naufrágio, na costa de Los Cocoteros, no
município de Tequise, lançaram-se à água e ainda conseguiram salvar seis dos
ocupantes da 'patera', aparentemente de origem magrebina. De acordo com as
primeiras informações, na embarcação viajavam cerca de 25 pessoas,
calculando-se entre 10 e 15 o número de desaparecidos.
Na zona do naufrágio foi entretanto montado um dispositivo com a presença do
Salvamento Marítimo, Guarda Civil e efetivos do Serviço de Urgências das
Canárias, bem como da proteção civil, para tentar encontrar os restantes
imigrantes ilegais que estão dados como desaparecidos.

Detidos 216 imigrantes ilegais

Foram hoje detidos, em Cádiz, 216 imigrantes sem documentos, de origem


magrebiana e subsaariana, quando ainda se encontravam em alto mar e mesmo
depois de terem atravessado o estreito de Gibraltar.
Duzentos e dezasseis imigrantes sem papéis foram hoje intercetados pela
polícia espanhola, ainda no alto mar ou quando acabavam de atravessar o
estreito de Gibraltar.
Os imigrantes, magrebinos e subsaarianos, viajavam em embarcações de
madeira ou lanchas, tendo sido necessárias seis operações policias para os
deter.

Professora: Luísa Bessa Silva


Ao princípio da manhã, na última operação, foram apanhados 84 subsaarianos
sem documentos, 58 ainda a bordo de uma embarcação e 26 que já se
encontravam na praia nas proximidades de Tarifa (Cádiz). As outras operações,
realizadas de madrugada, envolveram a detenção de 106 homens e 26
mulheres, sem documentos, dos quais 56 são originários do território
subsaariano e os outros 76 de Magreb. Os restantes 59 magrebinos foram
interceptados quando navegavam à deriva perto da ilha de Las Palomas.
Os detidos subsaarianos com sintomas de hipotermia foram conduzidos a um
centro de assistência recentemente em tarifa, sendo aí atendidos pela Cruz
Vermelha.

Questões
(1) Enumere os transportes mais utilizados pelos imigrantes. Justifique a opção
dos imigrantes para essa escolha.

(2) Quais as metodologias e tecnologias que devem ser utilizadas pelas polícias
de cada país para prevenir a entrada de imigrantes ilegais?

Professora: Luísa Bessa Silva


Porque emigram os portugueses?

Desde o século XVI que se discute as razões que terão levado um povo tão pequeno a
espalhar-se pelo mundo inteiro. As explicações são muitas e estão longe de serem
consensuais.
O primeiro aspeto que tem sido destacado é justamente a diminuta população do país.
Recorde-se que no início da expansão, em 1415, a população portuguesa contaria no
máximo com 1 milhão de indivíduos. No século XVI, rondaria o 1,4 milhões e se
saltarmos para o século XVIII cifra-se à volta dos: 2,1 milhões de indivíduos. A partir
daí pouco crescem: 3 milhões em 1800 e 5 milhões em 1900. Atualmente pouco
ultrapassa os 10 milhões. Este fraco crescimento contrasta com uma elevada
fecundidade das famílias portuguesas. Qual foi a razão porque a população não
cresceu? A explicação para muitos autores está nas necessidades de povoamento das
colónias portuguesas, mas também na própria emigração, que absorviam os saldos
fisiológicos.
Entre as razões que explicariam os contínuos fluxos emigratórios dos portugueses
podemos destacar as seguintes:

1. Fator Geográfico. Portugal fica num extremo da Europa, entre a Espanha e o


Oceano. Os rasgados horizontes marítimos nas suas costas parecem ter estimulado nos
portugueses o desejo de explorar o mundo, descobrir outras culturas. A Espanha, no
lado oposto, lembra guerras, pilhagens, saques. A emigração na direção do centro da
Europa é um fenómeno relativamente recente (segunda metade do século XX) e ocorre
numa altura que os portugueses já estavam há séculos espalhados pelo mundo.

2. Miséria. Os portugueses emigram para fugirem à miséria e falta de trabalho que


grassa nos campos e que as cidades não conseguem absorver. Nas regiões, como o
Douro, Minho, as ilhas da Madeira e Açores, onde é mais notório o excesso de mão-de-
obra a emigração surge como o recurso por excelência para resolver a falta de trabalho
na agricultura e pescas. Analisando as descrições dos que emigraram entre meados do
século XIX e os anos 70 do século XX, ninguém duvida em subscrever que esta terá sido
uma das razões que motivou a saída de alguns milhões de portugueses.

3. Tradição. A emigração é uma tradição secular em Portugal. Na verdade, uma vez


iniciada a emigração no século XV nunca mais parou. Um dos fatores que estimulou a
sua continuidade foi o facto de se terem criado em muitos pontos do mundo
comunidades de Portugueses que apoiaram os novos emigrantes estimulando-os a

Professora: Luísa Bessa Silva


partir ou ajudando-os a fixarem-se no local. Por outro lado, em Portugal, numa
qualquer família, há sempre um familiar ou amigo que emigrou e que pode prestar as
informações necessárias para outro o fazer. Quando os problemas se avolumam no país,
ou ocorre algum problema na vida, afirmam alguns analistas, o português não luta para
os resolver, mas emigra. É mais fácil convencer um português a emigrar para a China,
do que convencê-lo a mudar de residência para outra parte do país.

4. Fuga a perseguições religiosas e políticas. Entre princípios do século XVI e inícios


do XX, tivemos ferozes perseguições religiosas a judeus e cristãos-novos portugueses.
Muitos milhares foram forçados, para sobreviverem, a espalharem-se por todo o
mundo. No século XX, as perseguições políticas que ocorreram entre 1926 e 1974, a
que se juntou entre 1961-1974 a fuga de centenas de milhares de jovens ao serviço
militar ajudaram a engrossar este caudal emigratório.

5. Missão Histórica. Um elaborado discurso ideológico desde o século XVI atribui aos
portugueses uma espécie de missão histórica: difundirem a cristandade pelo mundo
(Luís de Camões, escreveu sobre este tema uma epopeia Os Lusíadas). O Padre
António Vieira retomou o tema com a ideia do Vº. Império. A emigração seria, neste
aspeto, um instrumento deste desígnio nacional. No século XX, poetas como Fernando
Pessoa, re-elaboraram esta explicação à luz dos valores contemporâneos, embora
mantendo o seu esquema inicial.

6. Abertura de Horizontes. A situação geográfica de Portugal, num extremo da


Europa, sempre provocou problemas de isolamento cultural. "As coisas chegam aqui
com muito atraso", este é o lamento que se repetiu durante séculos e que explica a
partida de muitos milhares de portugueses para o estrangeiro.

Conclusões
Estas "explicações" pecam por serem demasiado centradas na realidade portuguesa.
Na verdade, desde o século XVI a emigração portuguesa pouco difere daquela que
ocorreu na maioria dos países europeus. A especificidade se é que aqui ocorreu muito
cedo, e teve uma maior dispersão geográfica e dimensão quantitativa em termos
percentuais.
Na verdade entre o século XVII e meados do século XX, da maioria dos países europeus
passaram a sair regularmente importantes contingentes de emigrantes para as regiões

Professora: Luísa Bessa Silva


menos povoadas do mundo ou territórios que estes dominavam (colónias). A maioria
destes emigrantes era mão-de-obra excedentária
das zonas rurais. Calcula-se que entre 1800 e 1935 cerca de 50 milhões de europeus
tenham emigrado para África, Américas, Ásia e Oceânia.
Foi preciso esperar que na Europa se desse em alguns países um forte desenvolvimento
económico e urbano, para que estes excedentes populacionais pudessem começar a
ser absorvidos na própria Europa. Esta alteração só ocorreu nos países mais
industrializados após a 2ª. Guerra Mundial (1939-1945). Devastados pela guerra a partir
de meados dos anos 50 registam permanentes necessidades de mão-de-obra
estrangeira. Esta penúria foi agravada quer pelo abaixamento das taxas de
fecundidade, quer pelo facto das camadas mais jovens da sua população, portadoras
de maior instrução, manifestarem uma crescente rejeição por certos trabalhos mais
duros e repetitivos (trabalhos indiferenciados, pouco prestigiados e mal pagos).
Os países mais industrializados da Europa, mas também os EUA, Canadá ou o Austrália
recorrem até aos anos 70 do século XX à mão-de-obra dos países europeus menos
industrializados (Itália, Espanha, Portugal, Grécia, etc). Contudo, à medida que estes
se desenvolveram deixaram de ser exportadores de mão-de-obra e passaram a ter
também necessidades de mão-de-obra estrangeira. Inicialmente, a maioria dos novos
emigrantes era oriunda de antigas colónias que se haviam tornado independentes. A
emigração à escala mundial inverteu o seu rumo: em vez de sair da Europa para o resto
do mundo, passou a vir do resto do mundo para a Europa.
Nesta perspetiva global, a emigração portuguesa pouco difere da europeia, apenas
regista algum atraso na conclusão dos ciclos históricos, continuando a registar alguma
influência de fatores históricos e culturais. Emigrar continua a ser uma das "atividades"
mais dinâmicas dos portugueses.

Questão

Consideraria fazer parte do contingente de portugueses que todos os anos parte


para o estrangeiro? Justifique as razões da opção que efetuar.

Professora: Luísa Bessa Silva

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