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Curso: PEDAGOGIA

Disciplina: ESTUDOS AVANÇADOS


Professor: MILENA TANURE
AV 1

2ªchamada

Aluno(a):_______________________________________________________________

INSTRUÇÕES:
1. Este instrumento de avaliação consta de 10 questões objetivas e 2 questões discursivas;
2. Valor: 10 (dez pontos);
3. Leia atentamente o enunciado das questões e atente ao que é solicitado pelo comando;
4.Ao escrever as repostas discursivas, elabore textos claros, coesos, coerentes. Atente para a correção
gramatical e para o uso culto da linguagem;
5. A prova será respondida em dupla, mas basta que um dos alunos faça o envio, apenas não esqueçam de
colocar o nome de ambos;
6. Vocês dispõem de 24h para realizar a prova;
7. A prova deve ser enviada através da Plataforma CANVAS (Atividades avaliativas – prova);
8. Responda às questões discursivas em no mínimo em 8 linhas e no máximo em 12 linhas.
9. Marque as respostas das questões discursivas no gabarito abaixo

QUESTÃO/ALTERNATIV a B c d e
A
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.

1)
Além da imaginação
Tem gente passando fome.
E não é a fome que você imagina
entre uma refeição e outra.

Tem gente sentindo frio.


E não é o frio que você imagina
entre o chuveiro e a toalha.

Tem gente muito doente.


E não é a doença que você imagina
entre a receita e a aspirina.

Tem gente sem esperança.


Mas não é o desalento que você imagina
entre o pesadelo e o despertar.

Tem gente pelos cantos.


E não são os cantos que você imagina
entre o passeio e a casa.
Tem gente sem dinheiro.
E não é a falta que você imagina
entre o presente e a mesada.

Tem gente pedindo ajuda.


E não é aquela que você imagina
entre a escola e a novela.

Tem gente que existe e parece imaginação.


TAVARES, Ulisses. Além da imaginação. In: TAVARES, Ulisses. Viva a Poesia viva. São Paulo:
Saraiva, 1997.

O eu lírico, ao repetir a expressão “não é [...] que você imagina”, sugere que o leitor não faz parte das
“gentes” às quais se refere no poema. Nesse sentido, entende-se que o tema tratado é: (0,5)
a) saúde pública.
b) ficção literária.
c) realidade urbana.
d) desigualdade social.
e) infância e adolescência.

2)
Leia os fragmentos abaixo para responder à questão:
O açúcar
O branco açúcar que adoçará meu café
nesta manhã de Ipanema
não foi produzido por mim
nem surgiu dentro do açucareiro por milagre.
Vejo-o puro
e afável ao paladar
como beijo de moça, água
na pele, flor
que se dissolve na boca. Mas este açúcar
não foi feito por mim.
Este açúcar veio
da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira, dono da mercearia.
Este açúcar veio
de uma usina de açúcar em Pernambuco
ou no Estado do Rio
e tampouco o fez o dono da usina.
Este açúcar era cana
e veio dos canaviais extensos
que não nascem por acaso
no regaço do vale.
Em lugares distantes, onde não há hospital
nem escola,
homens que não sabem ler e morrem de fome
aos 27 anos
plantaram e colheram a cana
que viraria açúcar.
Em usinas escuras,
homens de vida amarga
e dura
produziram este açúcar
branco e puro
com que adoço meu café esta manhã em Ipanema.
Fonte: “O açúcar” (Ferreira Gullar. Toda poesia. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1980, pp.227-
228)
TEXTO II
A cana-de-açúcar
Originária da Ásia, a cana-de-açúcar foi introduzida no Brasil pelos colonizadores portugueses no século XVI.
A região que durante séculos foi a grande produtora de cana-de-açúcar no Brasil é a Zona da Mata nordestina,
onde os férteis solos de massapé, além da menor distância em relação ao mercado europeu, propiciaram
condições favoráveis a esse cultivo. Atualmente, o maior produtor nacional de cana-de-açúcar é São Paulo,
seguido de Pernambuco, Alagoas, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Além de produzir o açúcar, que em parte é
exportado e em parte abastece o mercado interno, a cana serve também para a produção de álcool, importante
nos dias atuais como fonte de energia e de bebidas. A imensa expansão dos canaviais no Brasil, especialmente
em São Paulo, está ligada ao uso do álcool como combustível.

Com relação aos textos I e II, assinale a opção incorreta (0,5):


a) No texto I, em lugar de apenas informar sobre o real, ou de produzi-lo, a expressão literária é utilizada
principalmente como um meio de refletir e recriar a realidade.
b) No texto II, de expressão não literária, o autor informa o leitor sobre a origem da cana-de-açúcar, os lugares
onde é produzida, como teve início seu cultivo no Brasil, etc.
c) O texto I parte de uma palavra do domínio comum – açúcar – e vai ampliando seu potencial significativo,
explorando recursos formais para estabelecer um paralelo entre o açúcar – branco, doce, puro – e a vida do
trabalhador que o produz – dura, amarga, triste.
d) No texto I, a expressão literária desconstrói hábitos de linguagem, baseando sua recriação no aproveitamento
de novas formas de dizer.
e) O texto II não é literário porque, diferentemente do literário, parte de um aspecto da realidade, e não da
imaginação.

3) Queremos saber o que vão fazer


Com as novas invenções
Queremos notícia mais séria
Sobre a descoberta da antimatéria
E suas implicações
Na emancipação do homem
Das grandes populações
Homens pobres das cidades
Das estepes, dos sertões

GILBERTO GIL. Queremos saber. O viramundo. São Paulo: Universal Music, 1976 (fragmento).

A letra da canção relaciona dois aspectos da contemporaneidade com reflexos na sociedade brasileira: (0,5)
a) A elevação da escolaridade e o aumento do desemprego.
b) O investimento em pesquisa e a ascensão do autoritarismo.
c) O crescimento demográfico e a redução da produção de alimentos.
d) O avanço da tecnologia e a permanência das desigualdades sociais.
e) A acumulação de conhecimento e o isolamento das comunidades tradicionais.

4)
Pode-se interpretar que a tira faz uma crítica ao(à) (0,5)
a) distanciamento entre pessoas nos centros urbanos, mesmo elas estando bem próximas.
b) sentimento injustificado de solidão, já que não se está sozinho nas grandes cidades.
c) necessidade de estar próximo à natureza, contemplando o ar do campo.
d) sensação de tranquilidade obtida em ambientes menos movimentados.
e) poluição nas grandes cidades, que desloca as pessoas para o campo.

5) “A escola exclui, como sempre, mas ela exclui agora de forma continuada, a todos os níveis de curso, e
mantém no próprio âmago daqueles que ela exclui, simplesmente marginalizando-os nas ramificações mais ou
menos desvalorizadas. Esses ‘marginalizados por dentro’ estão condenados a oscilar entre a adesão maravilhada
à ilusão proposta e a resignação aos seus veredictos, entre a submissão ansiosa e a revolta impotente”

(BOURDIEU, P. (org.). A miséria do mundo. Petrópolis: Vozes, 1993, p. 485).

Considerando a citação e as abordagens sociológicas sobre o contemporâneo processo de escolarização,


assinale o que for correto. (0,5)
a) O melhor desempenho escolar de certas pessoas está ligado ao dom natural para os estudos que desperta logo
no nascimento, pois as aptidões intelectuais facilitam o aprendizado e permitem conseguir notas mais altas.
b) Historicamente a escola tem sido uma instituição democrática que respeita as diferenças econômicas, sociais
e culturais da sociedade e garante oportunidades iguais para as pessoas que se esforçam nos estudos.
c) Ao ocultar seu papel na legitimação e na reprodução dos saberes, dos valores e das experiências dos grupos
dominantes, a instituição escolar esconde também os seus mecanismos “sutis” de exclusão dos grupos
marginalizados.
d) A baixa qualidade do ensino oferecido pelas escolas públicas no Brasil está diretamente relacionada ao
grande número de pessoas pobres que ela inclui, pois a condição econômica determina o desempenho
escolar.
e) Um dos principais desafios colocados para os atuais sistemas de ensino no Brasil, mas já solucionado, tem
sido a necessidade de assegurar a inclusão educacional de indivíduos e de grupos sociais que historicamente
foram marginalizados pela escola regular.

6) Upe-ssa 3 2017) A Escola é considerada pela Sociologia uma instituição, pois se trata de um conjunto de
relações entre indivíduos mediadas por normas e procedimentos padronizados de comportamento, aceitos pela
sociedade como importantes para a socialização dos sujeitos e para a transmissão de determinado conhecimento
compartilhado pela cultura. (0,5)

Assinale a alternativa que NÃO indica uma das funções das instituições escolares.
a) Preparar os sujeitos para os papéis profissionais e ocupacionais.
b) Transmitir a herança cultural do grupo.
c) Promover a mudança social por meio de pesquisas.
d) Estimular a sociabilidade entre os sujeitos.
e) Desenvolver o senso crítico-reflexivo para questionar a autoridade dos adultos e romper com as regras
sociais.

7) Texto 1

O professor não se aproveitará da audiência cativa dos estudantes para promover os seus próprios interesses,
opiniões ou preferências ideológicas, religiosas, morais, políticas e partidárias. Ao tratar de questões políticas,
socioculturais e econômicas, o professor apresentará aos alunos, de forma justa – isto é com a mesma
profundidade e seriedade –, as principais versões, teorias, opiniões e perspectivas concorrentes a respeito. O
professor respeitará o direito dos pais a que seus filhos recebam a educação moral que esteja de acordo com
suas próprias convicções.

www.programaescolasempartido.org. Adaptado.

Texto 2

Ciências sempre incluem controvérsias, mesmo física e química. Se não ensinamos isso também, ensinamos
errado. E o mesmo vale para história e sociologia – o professor precisa ensinar Karl Marx, mas também Adam
Smith e Émile Durkheim. Mas o conhecimento que precisa ser passado é essencialmente científico – o que não
inclui o criacionismo, que é uma teoria religiosa. Com todo respeito, mas família é família, e sociedade é
sociedade: a família pode ter crenças de preconceito homofóbico ou contra a mulher, por exemplo, e não se
pode deixar que um jovem nunca seja exposto a um ponto de vista diferente desses. Ele tem que ser exposto a
outros valores.

Renato Janine Ribeiro. https://educacao.uol.com.br, 21.07.2016. Adaptado.


O confronto entre os dois textos permite concluir corretamente que (0,5)
a) ambos atribuem a mesma importância à fé religiosa e à ciência como fundamentos educativos.
b) ambos defendem o relativismo no campo dos valores morais, valorizando a aceitação das diferenças.
c) as duas abordagens valorizam a doutrinação ideológica do professor sobre o aluno no campo educativo.
d) o texto 1 assume uma posição moralmente conservadora, enquanto o texto 2 defende uma educação
pluralista.
e) o texto 1 é contrário a preconceitos morais, enquanto o texto 2 denuncia o cientificismo na educação.

8) (Uem 2017-modificada) “Há efeitos de verdade que uma sociedade como a sociedade ocidental, e agora se
pode dizer que a sociedade mundial produz a cada instante. Produz-se verdade. Estas produções de verdade não
podem ser dissociadas do poder e dos mecanismos de poder, ao mesmo tempo porque estes mecanismos de
poder tornam possíveis essas produções de verdade, as induzem; e elas próprias são efeitos de poder que nos
ligam, nos conectam. São essas relações de verdade/poder, saber/poder que me preocupam. Então, esta camada
de objetos, ou melhor, esta camada de relações, é difícil de ser apreendida; e como não há uma teoria geral para
apreendê-las, eu sou, por assim dizer, um empirista cego, quer dizer que eu estou na pior das situações. Não
tenho teoria geral e nem mesmo um instrumento seguro.

FOUCAULT, M. Poder e saber. In: MARÇAL, J. Antologia de textos filosóficos. Curitiba: Seed, 2009, p. 237.

A partir do texto citado, avalie as afirmativas abaixo. (0,5)


I) O conhecimento científico, também entendido como verdadeiro, não está isento das influências dos interesses
de poder.
II) Para Foucault, o conhecimento verdadeiro está ligado aos mecanismos de poder.
III) Foucault chama a atenção para a falta de instrumentos para investigar e conhecer melhor os mecanismos
que vinculam saber e poder.
IV) Para Foucault, poder e verdade são relações reais que atuam decisivamente na produção do conhecimento, a
despeito da dificuldade de constatá-las.
V) Para Foucault, há uma teoria geral e um método que explicam as relações inerentes entre saber e poder.

Estão corretas:
a) Todas as alternativas
b) I, II, III e IV
c) II, III, IV e V
d) III, IV e V
e) I, IV e IV

9) A expressão microfísica do poder, cunhada pelo filósofo Michel Foucault, designa: (0,5)
a) as mudanças de regime político nos períodos revolucionários.
b) uma rede de dispositivos ou mecanismos de poder que se disseminam por toda a estrutura social.
c) a forma repressiva da dominação capitalista.
d) o Estado como instância coercitiva que origina e fundamenta todo tipo de poder social.
e) o aparato de pompa envolvido no espetáculo das punições durante o Antigo Regime.

10) (Unioeste 2016) Os estudos realizados por Michel Foucault (1926-1984) apresentam interfaces que
corroboram para estudos em diversas áreas de conhecimento, entre as quais a Filosofia, Ciências Sociais,
Pedagogia, Psiquiatria, Medicina e Direito. Em 1975, Foucault publicou a obra “Vigiar e Punir: história da
violência das prisões”, na qual propunha uma nova concepção de poder, a qual abandonava alguns postulados
que marcaram a posição tradicional da esquerda do período. Sobre a concepção de poder foucaultiana, é
CORRETO afirmar. (0,5)

a) Só exerce poder quem o possui, por se tratar de um privilégio adquirido pela classe dominante que detém o
poder econômico.
b) O poder está centralizado na figura do Estado e está localizado no próprio aparelho de Estado, que é o
instrumento privilegiado do poder.
c) Todo poder está subordinado a um modo de produção e a uma infraestrutura, pois o modo como a vida
econômica é organizada determina a política.
d) O poder tem como essência dividir os que possuem poder (classe dominante) daqueles que não têm poder
(classe dos dominados).
e) O poder não remete diretamente a uma estrutura política, ao uso da força ou a uma classe dominante: as
relações de poder são móveis e só podem existir quando os sujeitos são livres e há possibilidade de resistência.

Questões discursivas:

1) Reflita sobre a passagem abaixo e atenda ao que é solicitado (2,5).

“O exemplo dos filósofos gregos nos deixou uma grande lição: nunca se conformar com as estruturas existentes
como se fossem as únicas possíveis. Quem quer ser criativo no seu momento histórico deve refletir atenta e
criticamente: é preciso filosofar. Filosofar é preciso para participar criativamente da luta pela humanização”.
CORDI, Cassiano e Outros. Para Filosofar, 2000, p. 18.

A atitude filosófica se caracteriza pelo pensamento crítico frente à realidade, a partir do qual o indivíduo
assume uma postura questionadora frente aos aspectos que compõem as formas coletivas e individuais de
pensar, sentir e agir, o que leva à problematização dos valores e das regras sociais e à uma recusa do
pensamento baseado no senso comum. A partir de tais considerações, discorra sobre a relevância política de
uma postura crítica e reflexiva nos ambientes de ensino a fim de possibilidade a formação plena dos indivíduos.

2) (Ufpr 2019) (2,5).


“Não se trata de fazer aqui a história das diversas instituições disciplinares, no que podem ter cada uma de
singular. Mas de localizar apenas numa série de exemplos algumas das técnicas essenciais que, de uma a outra,
se generalizaram mais facilmente. Técnicas sempre minuciosas, muitas vezes íntimas, mas que têm sua
importância: porque definem um certo modo de investimento político e detalhado do corpo, uma nova
‘microfísica’ do poder.”

(FOUCAULT, Michel. Os corpos dóceis. In: FOUCAULT, M. Vigiar e Punir. Trad. Ligia M. P. Vassalo. 5. ed.
Petrópolis: Vozes, 1987, p. 128.)

Com base no excerto acima e também no conjunto do texto estudado, como podemos definir a ideia de
“microfísica do poder”? Cite três exemplos de instituições disciplinares nas quais é possível identificar esse
modo de exercício de poder.
ESPAÇO PARA AS RESPOSTAS DAS QUESTÕES DISCURSIVAS:

1)

2)

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