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14 lições de investimentos de

Warren Buffett
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Considerado o maior investidor de todos os
tempos, o CEO da Berkshire Hathaway e
filantropo Warren Buffett é conhecido não só por
sua habilidade com o dinheiro, mas também com
as palavras. Suas frases, ora simples ora
impactantes, se tornam constantemente um
mantra para os investidores que querem
aprender a aplicar melhor o seu dinheiro.
Com uma fortuna avaliada em cerca de US$ 80
bilhões (R$ 455 bilhões), os métodos de Buffett
parecem simples: manter a disciplina, estudar
sobre as empresas e tomar decisões racionais,
mesmo em momentos críticos como o
enfrentado agora pelos mercados por conta da
nova pandemia do coronavírus.
Depois de um recorde de mais de 19 mil pontos
da B3, a bolsa de valores brasileira, em janeiro
de 2020, o índice teve uma queda de 39% e foi
aos 72 mil pontos. Durante semanas o mercado
precisou acionar circuit breaker para acalmar os
investidores que, animados com a alta, não
estavam acostumados com as instabilidades.

Para auxiliar na tomada de decisões, compilamos


14 frases de Buffett que são verdadeiras lições
de investimentos e servem em todos os
momentos, turbulentos ou não.

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Sumário
O Mago de Omaha 4
Hábitos modestos 6
Ensinamentos 6
As regras para investimentos 7
Os bons vendedores 8
Atenção ao sinal vermelho 9
Ações não têm sentimentos 10
Por que ele está na sombra? 11
Gaste 1% do que tem 12
Compre de olho no longo prazo 13
Leia. E pense 14
Não se engane com as manchetes 15
Escolha bem seus parceiros 16
O mercado é simples 17
Mantenha o foco sempre 18
Cuide da sua reputação 19
O capitalismo 20
Quem somos 21
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O Mago de Omaha

Os Estados Unidos ainda viviam os efeitos da sua


mais devastadora crise econômica quando Warren
Edward Buffett nasceu, em agosto de 1930, na
cidade de Omaha, no estado do Nebraska. Menos de
um ano antes ocorria o crash da Bolsa de Valores de
Nova York, em outubro de 1929, fato que marcou a
história econômica. Foi nesse ambiente recessivo
que o então menino Buffett cresceu e se tornou o
investidor mais bem-sucedido do século 20. Hoje,
aos 89 anos, ele continua disseminando seus
conhecimentos e é o grande guru das finanças
inclusive para novas gerações: sua postura racional
e poder de análise são algumas de suas marcas.
Aos sete anos de idade, Buffett ganhava uma
mesada de cinco centavos por semana, mas gostava
de ter mais dinheiro à disposição. Para acumular
capital, começou a vender, de porta em porta,
garrafas de Coca-Cola, revistas, jornais e doces da
loja do avô. Um pouco mais crescido, passou a
entregar jornais - eram 500 exemplares, a 1 centavo
cada. Ano a ano, percebeu que, aplicada, a teoria
simples do juro composto se transforma em algo
esplêndido em longo prazo. Recentemente, ele
declarou em uma entrevista para a CNBC que
compra ações anualmente, não importa como esteja
o mercado, desde os 11 anos de idade.

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No colégio, nunca parou de empreender. Jovem,
um dos negócios que mais lhe rendeu lucros foi
alugar máquinas de pinball para barbearias e bares.
Desde criança lia muito. Os primeiros títulos sobre
investimentos a que teve acesso foram os da
biblioteca do pai, Howard, que foi investidor da bolsa
e congressista pelo Partido Republicano. Aos 19 anos,
tornou-se bacharel em Administração e, na
sequência, ingressou na Escola de Negócios de
Columbia, onde obteve o título de Mestre em
Economia em 1951. Foi em Columbia que Buffett
conheceu o seu mentor, o economista Benjamin
Graham, com quem trabalhou nos anos subsequentes
na Graham-Newman Coorporation. Em 1952 casou-se
com Susan Thompson (1932-2004), uma ativista de
direitos civis que teve grande influência sobre a visão
política do marido, que hoje se declara Democrata.
Tiveram três filhos: Susie, Howie e Peter.
Em 1970 fundou, também em Omaha, a empresa de
investimentos Berkshire Hahaway Inc, da qual é CEO
até hoje. O fundo, que vale US$ 500 bilhões, atua em
diversos setores, que vão de alimentação a energia.
Anualmente realiza uma assembleia-geral, onde o
mago de Omaha responde perguntas de acionistas e
fala sobre investimentos futuros. O evento evoluiu
tanto que é conhecido entre investidores como o
“Woodstock para capitalistas” e atrai pessoas de
várias partes do mundo.

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Hábitos modestos

Mesmo com tanto capital acumulado, Buffett é


um senhor de hábitos bastante simples: vive na
mesma casa em Omaha, comprada em 1958 e
avaliada em US$ 700 mil. É um consumidor voraz de
fast-food: seu desjejum, por exemplo, compra no
Mc Donald’s no caminho de casa para o trabalho e
lhe custam poucas moedas. É ele mesmo quem
dirige o próprio carro, um Cadilac DTS. A leitura é
outra obsessão do investidor, que dedica horas do
seu dia para se inteirar das notícias e estudar. Não
usa computador e até pouquíssimo tempo não tinha
um smartphone (isso com a Berkshire Hathaway
sendo a maior acionista da Apple). Em entrevista
para a CNBC em fevereiro, ele declarou que
comprou um aparelho.
Apesar do seu apreço pelo dinheiro, Buffett
acredita que seus bilhões devem servir para
alavancar bons projetos e ajudar as pessoas. O
megainvestidor é conhecido pela filantropia; 45%
da sua fortuna já foi doada.

Ensinamentos

Selecionamos a seguir frases de Warren Buffett


que são lições de investimentos valiosas, seja para
investidores experientes ou não:

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“Há duas regras
para investimentos.
A regra número 1: nunca perca dinheiro.
A número 2: nunca esqueça da regra número 1”.

Esse mantra é um dos ensinamentos que Buffett


aprendeu com o seu guru, o economista Benjamin
Graham, mentor e grande inspiração, com quem
chegou a trabalhar nos anos 1950. Os dois se
conheceram na Escola de Negócios da Universidade
de Columbia, onde o mago de Omaha teve aulas.
Entre as teorias que o consagrou, Graham é
conhecido como o pai do value investing
(investimento em valor), o que envolve, a grosso
modo, a compra de títulos de empresas que
parecem subestimadas pela análise
fundamentalista (que leva em conta a situação
financeira, mercadológica e econômica de uma
companhia). Além disso, assim como Buffett, o
economista defendia uma visão de longo prazo ao
comprar as ações de uma empresa.

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“A maioria dos bons
vendedores acredita em
suas próprias mentiras”.

A frase foi dita recentemente por Buffett durante a


assembleia anual para acionistas da Berkshire -
em 2020, o evento, por causa da pandemia da
Covid-19, foi feito via videoconferência, evitando as
aglomerações do encontro, que é conhecido como
“Woodstock para capitalistas”. A fala sintetiza
muito da trajetória do investidor, que ensina algo
simples, porém essencial para quem deseja ver o
dinheiro crescer: antes de dominar as técnicas do
mercado, é preciso fazer dinheiro. E a forma mais
rápida para multiplicar os ganhos é vendendo.
Garoto, o papa dos investimentos vendia de porta
em porta garrafas de Coca-Cola, balas e doces da
loja do avô. Outro empreendimento da juventude foi
comprar uma mesa de fliperama e alugá-la para
uma barbearia, o que permitiu a ele comprar outras,
oferecer a mais lugares e, assim, ganhar mais
dinheiro. O resultado é que Buffett saiu do colégio já
com um bom patrimônio investido por causa das
suas vendas e disciplina para poupar e investir.

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“A luz pode a qualquer
momento passar do verde
ao vermelho sem parar
no amarelo”.

Esse é um dos argumentos para advertir os investidores


de que emprestar dinheiro para comprar ações é um
péssimo negócio. Segundo ele, nenhuma dívida vale a
pena e as ações baratas só são uma oportunidade
interessante para quem pode investir naquele momento
sem interferir no próprio caixa. O conselho estava
escrito na carta aos acionistas da Berkshire Hathaway
em 2017. Buffett leva essa máxima tão a sério que
elencou, em sua empresa, capas históricas como a dos
jornais The New York Times sobre o crash da Bolsa de
Nova York em 1929, entre outros momentos históricos.
“É uma espécie de recado para não se esquecer que
tudo pode acontecer”, diz" Buffet no documentário
“Como ser Warren Buffett” (2017, produção para a HBO).

Mais uma vez, o investidor e filantropo estava certo:


depois de uma fase promissora da B3, a bolsa de
valores brasileira, a pandemia de coronavírus derreteu
as ações de diversas empresas. Seguindo a premissa do
mago de Omaha, o momento pode ser uma
oportunidade para comprar ações na baixa e colher
frutos em longo prazo. Desde que isso não comprometa
sua vida financeira.

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“Se você é emotivo sobre
investimentos, você não irá
se dar bem. Você pode ter todos
esses sentimentos sobre as ações.

A ação não tem nenhum


sentimento sobre você”.

Pontuada pelo investidor no documentário “Como ser


Warren Buffett” e que ele repete à exaustão nas
conferências aos acionistas: para operar no mercado de
ações é preciso ter sangue frio, não acompanhar os
números a todo o momento e nem se abalar nas baixas
e períodos críticos. O CEO da Berkshire Hathaway
também foi pego pela crise recente da Covid-19
(estima-se que sua carteira tenha perdido US$ 50
bilhões no primeiro trimestre de 2020). Ele vem fazendo
mudanças em seus investimentos, vendendo ações de
instituições financeiras e de companhias aéreas (mas
com cautela e estudo, claro). Na conferência de
Berkshire no começo de maio, ele mencionou que deve
zerar os investimentos em empresas do ramo aéreo,
fortemente afetado pela pandemia. Ele reduziu, ainda,
as participações no setor automobilístico e até mesmo
na Amazon (considerada resistente a esse momento de
turbulência, onde há maior demanda por e-commerce e
serviços de streaming).

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“Alguém está sentado na
sombra hoje porque outro
plantou uma árvore há
muito tempo atrás”.

Essa é uma das frases consideradas das mais


memoráveis ditas pelo investidor segundo a Forbes,
(uma das mais relevantes publicações sobre economia
e investimentos do mundo). Em suas entrevistas e
palestras, Buffett sempre frisa que é necessário ter
paciência para colher os frutos do trabalho e, quando
você planeja para o futuro, boas coisas acontecem.
Logo, não é possível entrar na bolsa de valores e
acreditar que enriquecerá em curtíssimo prazo.
Ganhos consistentes vêm no longo prazo.

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“Na minha vida toda, tudo o
que eu tenho gastado é mais
ou menos 1% de tudo o que
tenho. Os outros 99% irão
para outros, porque não
tem utilidade para mim”.

No documentário de 2017 sobre sua vida, Buffett


aparece dirigindo seu Cadillac DTS, modelo
bastante modesto para quem tem uma fortuna
acumulada avaliada (de acordo com a Forbes) em
pouco mais de US$ 80 bilhões. Além de não contar
com um motorista, por exemplo, o investidor tem
outros hábitos econômicos. Nos cinco minutos do
trajeto entre a sua casa e o trabalho ele costuma
parar no drive-in de uma loja do McDonald’s para
comprar seu desjejum, que é escolhido conforme as
moedas que ele deixa no carro destinadas para isso.
Ele também vive até hoje na mesma casa,
comprada em 1958 (por US$ 31 mil na época e
avaliada atualmente em US$ 700 mil). Também não
tem computador no seu escritório.

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“Compre apenas algo que
você ficaria perfeitamente
feliz em segurar se o
mercado fechar
por 10 anos”.
Mais um ensinamento que Buffett repete nas
convenções de Berkshire para ajudar as pessoas a
se tornarem investidores melhores. Uma de suas
marcas é ter em sua carteira de investimentos
principalmente empresas de consumo. Outra dica
do mago de Omaha: prefira comprar ações de
companhias que vendem produtos que você
aprecie e que sejam sólidas no mercado. Pegando
como exemplo um dos investimentos dele, na
Coca-Cola: além de ele considerar a empresa
sólida, também é um adorador do refrigerante.
Outras ações “queridinhas” do mago são a Procter
& Gamble, Apple e Amazon. As duas últimas, aliás,
Buffett enxerga mais como empresas de consumo
do que de tecnologia.

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“Eu leio e penso”.

Uma das principais reclamações de sua primeira


esposa, Susan Thompson Buffett (ativista de
direitos civis, que faleceu em 2004), é de que o
marido vivia muito sozinho em um “mundo paralelo”
no dia a dia, interagindo pouco com a família e
amigos. Ele passa até hoje várias horas sozinho
lendo tudo o que é possível a respeito de economia,
das empresas em que investe e outros assuntos.
“Saber muito sobre o mercado impede que eu tome
decisões menos impulsivas do que a maioria das
pessoas do mercado” respondeu Buffett no
documentário sobre a sua vida, de 2017. Para ele,
essa é uma das atitudes que mais explicam o
sucesso da sua carteira de ações.

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“Você não compra ou vende
seus negócios baseado
nas manchetes de hoje”.

Apesar dos hábitos intensos de leitura, Buffet


aconselha não fazer decisões de investimentos
baseadas nas mudanças cotidianas e nas
manchetes dos jornais diários. A orientação foi uma
das dadas pelo mago em entrevista em fevereiro
para a CNBC, levando em conta sobretudo o
conceito dos mercados mundiais, em crise por
conta da pandemia causada pelo novo coronavírus.
E complementou: “se você tiver a chance de
comprar algo de que gosta e puder comprá-lo ainda
mais barato, terá boa sorte”.

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“É impossível fazer um bom
negócio com uma má pessoa”.

Em uma entrevista para a CNBC em 2019, a autora


best-seller Suzy Welch, que também contribui para o
canal dedicado a notícias de negócios, disse que
esse foi o conselho de carreira que Buffett deu a ela.
Segundo Suzy, o melhor que recebeu na vida.
Escolher bem com quem nos relacionamos e
conhecer as pessoas por trás dos negócios é
fundamental para ter sucesso com os investimentos;
é o que Buffett reitera diversas vezes em entrevistas,
livros e documentários sobre seu respeito. E isso é
possível escolhendo um grupo de ativos mais
restrito, para se aplicar o conceito de círculo de
competência, ou seja: participar mais do dia a dia da
empresas e de conselhos, como o fiscal e consultivo.

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“Você não precisa ser um
cientista de foguetes para
bater o mercado no
longo prazo”.

Uma das falas que frisa a importância de ser


persistente e calmo para que os ganhos venham em
longo prazo e que é constantemente repetida pelo
Oráculo de Omaha. A filosofia parece simples, mas
nem sempre fácil de aplicar, que é manter a
disciplina, a racionalidade e a paciência. “O
mercado de ações é uma máquina de transferir
dinheiro dos impacientes para os mais pacientes”,
ressalta Buffett. Estima-se que o rendimento da sua
carteira seja, constantemente, de 20% ao ano em
média, comprando barato e vendendo caro (quando
vende), focado em seu círculo de competências.

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“Quando eu me interesso
por algo, eu fico
realmente interessado”.

Foco sempre foi algo muito importante em sua


trajetória: não por acaso, ele começou a investir
ainda garoto - em entrevista na CNBC para Ben Quick
em fevereiro de 2020 (uma exclusiva que teve
duração de três horas), Buffet contou que, desde os 11
anos de idade, não importa o que ocorra no mercado,
ele não fica nenhum ano sem comprar ações. Essa
característica de sua personalidade é um dos fatores
de maior identificação com um de seus grandes
amigos e parceiros de filantropia, o fundador da
Microsoft e igualmente bilionário Bill Gates.

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“É preciso de 20 anos para
construir uma reputação e
cinco minutos para arruiná-la.
Se você pensar sobre isso, fará
as coisas de maneira diferente”.

Para o investidor, fundador da JBGlobal e


colunista da Forbes, James Berman, essa é uma
das citações mais fortes de Buffett. A máxima não
é só a favorita de Berman, mas de muitos outros
investidores e seguidores da filosofia Buffett de
investimentos. Mais do que uma lição sobre
dinheiro, é um ensinamento para a vida. Agir com
integridade, de acordo com o mago de Omaha, é
fundamental em qualquer ramo profissional. Caso
contrário, toda uma carreira pode ser afetada
negativamente em pouco tempo, não importa qual
tenha sido o esforço ao longo dos anos.

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“Não quero pensar em nada
diferente do capitalismo,
mas certamente não quero
o capitalismo irrestrito”.

Dita por Buffet na conferência de sua gestora de


investimentos em maio deste ano, a citação
sintetiza muito da essência do investidor e
filantropo. Mesmo com ganhos bilionários, ele tem
uma vida simples e acredita que o dinheiro deve ser
usado para se criar boas coisas, ajudar em projetos
e investir em pessoas que mudem o mundo. Em
2019, ele fez uma doação de US$ 3,6 bilhões para
instituições filantrópicas como a Fundação Bill e
Melinda Gates, focada na luta contra à pobreza e
pela ampliação do acesso à tecnologia. De acordo
com a Down Jones Newswire, o megainvestidor já
doou, em média, 45% da sua fortuna.

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e | investidor Neste material:


Isadora Rupp
Reportagem
estadaoinvestidor
Márcio Kroehn
einvestidor Edição

Priscila Soares
Design/Diagramação

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