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UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO

FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA


CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

EMMYLE MARCON

CÁLCULO DE LIGAÇÕES EM
ESTRUTURA METÁLICA

RELATÓRIO FINAL DO TRABALHO


DE CONCLUSÃO DE CURSO

Orientador: Prof. Zacarias Chamberlain Pravia, Doutor

Passo Fundo
2011
Emmyle Marcon

CÁLCULO DE LIGAÇÕES EM
ESTRUTURA METÁLICA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


Curso de Engenharia Civil, da Faculdade de
Engenharia e Arquitetura, da Universidade de Passo
Fundo, como requisito parcial para a obtenção do
grau de Engenheiro Civil, sob a orientação do
Professor Zacarias Chamberlain Pravia, Doutor.

Passo Fundo
2011
Emmyle Marcon

CÁLCULO DE LIGAÇÕES EM ESTRUTURA METÁLICA

Este Trabalho de Conclusão foi julgado e aprovado na disciplina de Trabalho de


Conclusão I do Curso de Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia e Arquitetura da
Universidade de Passo Fundo.

Passo Fundo, 21 de junho de 2011.

Profª. Simone Fiori, M.Sc.


Coordenadora do Curso

Prof. Aguida Gomes de Abreu, Doutor


Coordenador da Disciplina de TCC I

BANCA EXAMINADORA:

Prof. Zacarias Chamberlain Pravia, Doutor.

Prof. Diogo Schreiner Zanette, Mestre.

Eng. Ricardo Ficanha

Prof. Gilnei Artur Drehmer, Mestre.

Passo Fundo
2011
iv

RESUMO

Este trabalho aborda o cálculo de ligações em estrutura metálica apresentando detalhes


comuns das ligações, associadas a galpões ou edificações industriais, edificações comerciais
ou de habitação. Além dos detalhes, apresentam-se as prescrições de norma e exemplos de
dimensionamento para as ligações de uso comum.
Os procedimentos empregados para determinar as ligações são embasados nos
métodos descritos pela ABNT NBR8800:2008.
Com o intuito de automatizar o cálculo das conexões foi implementada uma planilha
que auxiliará na redução de tempo de cálculo da ligação.

Palavras-chave: Ligações, Estrutura Metálica.


v

ABSTRACT

This work addresses the calculation of connections in steel structure with details of
common joints associated to warehouses or industrial buildings, commercial buildings or
housing. Apart from the details, here is presented the requirements of standard and examples
of design for the connections in common use.
The procedures used to develop the calculations are based in the methods exposed by
the Brazilian Standard ABNT NBR8800:2008.
In order to automate the calculation of the connections was implemented a spreadsheet
that will help to reduce the calculations time in the connection design.

Keyword: Joints, Steel Structure.


vi

SUMÁRIO

RESUMO ................................................................................................................................. IV

ABSTRACT .............................................................................................................................. V

SUMÁRIO ................................................................................................................................ VI

LISTA DE FIGURAS ........................................................................................................... VIII

LISTA DE TABELAS .............................................................................................................. X

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 1
1.1 Considerações Iniciais ................................................................................................. 1
1.2 Justificativas................................................................................................................. 1
1.3 Objetivos ...................................................................................................................... 2
1.3.1 Objetivo geral .............................................................................................................. 2
1.3.2 Objetivos específicos ................................................................................................... 2

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................... 4


2.1 Considerações Iniciais ................................................................................................. 4
2.2 Classificação das Ligações conforme a Rigidez .......................................................... 6
2.2.1 Rigidez das ligações entre viga e pilar......................................................................... 9
2.3 Resistência mínima das ligações .................................................................................. 9
2.4 Classificação conforme os meios de ligação ............................................................... 9
2.5 Classificação conforme os esforços solicitantes ........................................................ 11
2.6 Materiais .................................................................................................................... 12
2.6.1 Aços estruturais .......................................................................................................... 13
2.6.2 Parafusos .................................................................................................................... 16
vii

2.6.3 Soldas ......................................................................................................................... 20

3 RECOMENDAÇÕES DA ABNT NBR8800:2008 ................................................... 30


3.1 Considerações Iniciais ............................................................................................... 30
3.2 Resistencia minima das ligações ................................................................................ 30
3.3 Especificações de dimensionamento para soldas ....................................................... 31
3.4 Especificações de dimensionamento para parafusos ................................................. 33
3.4.1 Áreas de Cálculo ........................................................................................................ 34
3.4.2 Força resistente de cálculo ......................................................................................... 34
3.4.3 Espaçamento de Parafusos ......................................................................................... 37

4 ROTEIRO DE CÁLCULO DAS LIGAÇÕES .......................................................... 38


4.1 Bases de Colunas ....................................................................................................... 38
4.1.1 Bases de Coluna Flexível ........................................................................................... 38
4.1.2 Bases de Coluna Rígida ............................................................................................. 42
4.2 Ligações Viga - Coluna ............................................................................................. 46
4.2.1 Ligação Viga – Coluna Flexivel ................................................................................ 46
4.2.2 Ligação Viga – Coluna Rígida................................................................................... 49

5 MATERIAIS E MÉTODOS ...................................................................................... 52


5.1 Metodologia ............................................................................................................... 52
5.2 Materiais .................................................................................................................... 52

6 CONCLUSÃO ........................................................................................................... 53

7 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 54

8 ANEXO A.................................................................................................................. 55
viii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Ligação Rígida e Flexível ........................................................................... 7


Figura 2: Diagrama Momento/Rotação ..................................................................... 8
Figura 3: Esforços dos parafusos ............................................................................. 10
Figura 4: Esforços em soldas .................................................................................... 10
Figura 5: Esforços Solicitantes na Ligação ............................................................. 12
Figura 6: Aços estruturais e equivalências .............................................................. 15
Figura 7: Parafusos Comuns .................................................................................... 16
Figura 8: Esforços de Tração e Cisalhamento ........................................................ 17
Figura 9: Parafusos de Alta Resistência .................................................................. 17
Figura 10: Cone e cilindro de pressão ..................................................................... 19
Figura 11: Parafuso protendido antes do esforço externo. .................................... 19
Figura 12: Parafuso protendido após o esforço externo. ....................................... 20
Figura 13: Soldagem com arco elétrico ................................................................... 21
Figura 14: Soldagem manual a arco. ....................................................................... 21
Figura 15: Solda com fluxo de arco submerso ........................................................ 23
Figura 16: Solda com proteção de gases. ................................................................. 24
Figura 17: Eletrodos revestidos ................................................................................ 25
Figura 18: Sequência de soldagem de conectores em uma chapa ......................... 25
Figura 19: Definições de Soldas de Filete ................................................................ 26
Figura 20: Definições de dimensões efetivas. .......................................................... 27
Figura 21: Soldas de entalhe. .................................................................................... 27
Figura 22: Exemplo de solda de ranhura e tampão ............................................... 29
Figura 23: Base de coluna flexível. ........................................................................... 39
Figura 24: Dimensões da placa de base. .................................................................. 40
ix

Figura 25: Base de coluna rígida. ............................................................................. 42


Figura 26: Dimensões da placa de base. .................................................................. 43
Figura 27: Dimensões da cantoneira. ....................................................................... 46
Figura 27: Dimensões da ligação. ............................................................................. 49
x

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Exemplo das principais formas de ligações em estrutura metálica. ........................... 5

Tabela 2: Aços especificados por Normas Brasileiras para uso estrutural. .............................. 14

Tabela 3: Aços comercialmente usados.................................................................................... 15

Tabela 4: Rotação da porca a partir da posição de pré-torque.................................................. 18

Tabela 5: Resistência dos parafusos ASTM A325 e A490. ..................................................... 18

Tabela 6: Posições de Soldagem. ............................................................................................. 22

Tabela 7: Detalhe de solda em chanfros. .................................................................................. 28

Tabela 8: Força resistente de cálculo de soldas. ....................................................................... 31

Tabela 9: Espessura mínima da garganta efetiva de uma solda de penetração


parcial. ...................................................................................................................................... 32

Tabela 10: Tamanho mínimo da perna de uma solda de filete. ................................................ 33

Tabela 11: Forças de tração e cisalhamento combinadas. ........................................................ 36


1 INTRODUÇÃO

1.1 Considerações Iniciais

O presente trabalho é direcionado aos componentes que proporcionam a ligação de


uma estrutura metálica. Os meios de ligação e o arranjo de como vão ser abordadas as forças
em uma estrutura devem ser pensados previamente de forma a otimizar o projeto
aproveitando ao máximo a capacidade de resistência das conexões.
Este trabalho tem por objetivo principal abordar ligações entre vigas e colunas
soldadas e parafusadas com chapa de extremidade. Isto será feito através da elaboração de
um programa computacional com rotinas baseadas nos métodos de cálculo da norma
Brasileira ABNT NBR8800:2008.

1.2 Justificativas

Em todo projeto de estrutura metálica, as ligações entre elementos estruturais


constituem um dos aspectos mais importantes. O termo ligação é aplicado a todos os detalhes
construtivos que promovam a união de partes da estrutura entre si ou a sua união com
elementos externos a ela.
No projeto de uma ligação determinam-se os esforços solicitantes nos seus
componentes (parafusos, soldas e acessórios, como chapas ou cantoneiras), os quais devem
ser menores que os respectivos esforços resistentes. A rigidez de cada ligação adotada no
modelo estrutural deve ser consistente com a rigidez oferecida pelo detalhe projetado para
aquela ligação.
2

As ligações representam uma parcela pouco significativa do peso total da estrutura na


maioria dos casos, porém, possuem preços de fabricação e montagem elevados. Soluções que
consideram economia no projeto das ligações são merecedoras de destaque.

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo geral

As ligações estruturais desempenham um papel fundamental no comportamento global


das estruturas de aço. Além dos aspectos técnicos relacionados com a resistência, qualidade e
segurança, é importante levar em consideração que as ligações representam um importante
componente no custo da estrutura e compõem a estética da construção.
A intenção deste trabalho é oferecer aos profissionais da construção em aço, de forma
prática e objetiva, um programa que facilite a elaboração do projeto e que faça as inúmeras
verificações de resistência das ligações e também material que possa ser publicado servindo
de base para dimensionamento de ligações.

1.3.2 Objetivos específicos

Este trabalho será desenvolvido a partir do Trabalho de Conclusão de Estágio


apresentado à Universidade de Passo Fundo pela acadêmica Marinês Silvani em 1998, que
abordou em seu trabalho o cálculo de ligações em estruturas metálicas, conforme a ABNT
NBR8800 na versão anterior. O objetivo deste trabalho é utilizar as informações que foram
listadas pela acadêmica, atualizando-as conforme a NBR8800 de 2008 e desenvolver
planilhas de cálculo para o dimensionamento de ligações.
Com a forte competitividade, no mercado das empresas de consultoria, exige reduções
importantes nos custos de projeto, o que induz a automatização de todas as etapas do
desenvolvimento do projeto. Existem programas de computador que cumprem com eficiência
e praticidade etapas como, por exemplo, o lançamento da estrutura, definições de materiais,
seções transversais de barras, elementos de placas, cascas, sólidos, combinações de
carregamentos, análise estática ou dinâmica, linear ou não linear, de primeira ordem ou de
segunda ordem, geração de desenhos de fabricação e dimensionamento através de normas
3

nacionais e internacionais. Entretanto, na etapa de cálculo das ligações, reside ainda ausência
de automação, embora já existam alguns programas que realizam as verificações de algumas
ligações padronizadas.
Tendo como objetivo o desenvolvimento de planilhas eletrônicas que automatizam as
inúmeras verificações necessárias para o funcionamento adequado e seguro de ligações entre
o encontro de perfis metálicos.
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Considerações Iniciais

Conforme a ABNT NBR8800:2008 as ligações metálicas consistem em elementos de


conexão, como enrijecedores, chapas de ligação, cantoneiras, e meios de ligação, como
soldas, parafusos, barras redondas rosqueadas e pinos.
Esses componentes devem ser dimensionados de forma que sua resistência de cálculo
a um determinado estado-limite último seja igual ou superior à solicitação de cálculo,
determinada:
• Pela análise da estrutura sujeita às combinações de cálculo das ações;
• Pela porcentagem especificada da resistência da barra ligada. Em algumas
situações específicas, o dimensionamento pode também ter como base um
estado-limite de serviço.
A Tabela 1, mostrada abaixo ilustra os tipos mais usuais de ligações em estrutura
metálica:
5

Tabela 1: Exemplo das principais formas de ligações em estrutura metálica.

Tipo de Ligação Vista Lateral Vista Frontal Perspectiva

Viga - Viga

Viga – Coluna
transmitindo
esforço cortante

Viga – Coluna
engastada

Ligação em
treliças

Placa de base para


colunas
6

Emenda de coluna

Emenda de viga

2.2 Classificação das Ligações conforme a Rigidez

As respostas de uma estrutura as ações solicitantes são muito afetados pela rigidez das
ligações, ou seja, sua capacidade de impedir a rotação relativa local das peças ligadas. Por
esta razão, no modelo para a análise estrutural, deve-se indicar corretamente o grau de rigidez
de cada ligação. As ligações deverão estar convenientemente concebidas e dimensionadas,
sob pena da estrutura não se comportar, em termos de deslocamento e rotações, conforme
desejado. Dessa forma as ligações deverão ser projetadas conforme as hipóteses feitas para os
nós das barras na análise estrutural. Nos locais onde foram previstas ligações rígidas deverão
ser previstos detalhes que efetivamente impeçam a rotação relativa das partes (Figura 1a). No
local onde a ligação deve permitir a rotação relativa das partes, os detalhes deverão ser tais
que propiciem essa rotação com o número de restrição. (Figura 1b).
7

(a) Ligação Rígida (b) Ligação Flexível

Figura 1: Ligação Rígida e Flexível

De acordo com o grau de impedimento da rotação relativa de suas partes, as ligações


são classificadas nos três seguintes tipos:

LIGAÇÃO RÍGIDA

A ligação é tal que o ângulo entre os elementos estruturais que se interceptam


permanece essencialmente o mesmo após o carregamento da estrutura, com uma restrição à
rotação da ordem de 90 por cento ou mais daquela teórica necessária à ocorrência de nenhuma
rotação (Figura 1a), (INSTITUTO BRASILEIRO DE SIDERURGIA, 2004).

LIGAÇÃO FLEXÍVEL

Neste caso a restrição à rotação relativa entre os elementos estruturais deve ser tão
pequena quanto se consiga obter na prática.

No caso de vigas, sujeitas à flexão simples, por exemplo, a ligação flexível transmite
apenas a força cortante.

A ligação é considerada flexível se a rotação relativa entre as partes, após o


carregamento, atingir 80 por cento ou mais daquela teoricamente esperada caso a conexão
fosse totalmente livre de girar (Figura 1b), (INSTITUTO BRASILEIRO DE SIDERURGIA, 2004).
8

LIGAÇÃO SEMI-RÍGIDA

Nesse caso a restrição à rotação está entre 20 e 90 por cento daquela teoricamente
necessária para evitar qualquer rotação. Então o momento transmitido através da conexão não
é nem zero (ou próximo de zero) como no caso de ligações flexíveis e nem o momento
máximo (ou próximo dele) como no caso de conexões rígidas.

Para que se possa utilizar a ligação semi-rígida, deverá ser conhecido primeiro a
relação de dependência entre o momento resistente e a rotação.

As ligações semi-rígidas são raramente utilizadas, devido à dificuldade de se


estabelecer esta relação.

Para apresentar graficamente o comportamento dos três tipos de ligação, pode ser
traçado o diagrama Momento/Rotação para diversas ligações, conforme Figura 2, (INSTITUTO
BRASILEIRO DE SIDERURGIA, 2004).

Figura 2: Diagrama Momento/Rotação

Nela estão indicadas as curvas relativas às ligações rígidas, semi-rígidas e flexíveis e


também a reta que relaciona momentos e rotações nos apoios para uma viga submetida à
carga uniforme.
9

2.2.1 Rigidez das ligações entre viga e pilar

Na análise estrutural elástica, uma ligação viga-pilar pode ser considerada rotulada se
Si ≤ 0,5 E Iv / Lv, e pode ser considerada rígida se Si ≥ 25 E Iv / Lv. Onde Si é a rigidez da
ligação correspondente a 2/3 do momento resistente de cálculo da ligação e Iv e Lv são o
momento de inércia da seção transversal no plano da estrutura e o comprimento da viga
conectada à ligação, respectivamente.
Em qualquer caso, para análise elástica, a ligação pode ser considerada semi-rígida,
com a rigidez Si constante durante todo o carregamento.
Se Si ≥ 25 E Iv / Lv, mas Kv/Kp < 1, onde Kv é o valor médio de Iv/Lv para todas as
vigas no topo do andar e Kp é o valor médio de Ip/Lp para todos os pilares do andar, a ligação
deve ser considerada semi-rígida.

2.3 Resistência mínima das ligações

Conforme a ABNT NBR8800:2008, ligações sujeitas a uma força solicitante de


cálculo, em qualquer direção, inferior a 45 KN, excetuando-se diagonais e montantes de
travejamento de barras compostas, tirantes constituídos de barras redondas, travessas de
fechamento lateral e terças de cobertura de edifícios, devem ser dimensionadas para uma
força solicitante de cálculo igual a 45 kn, com direção e sentido da força atuante.
Recomenda-se, a critério do responsável técnico pelo projeto, que as ligações de
barras tracionadas ou comprimidas sejam dimensionadas no mínimo para 50 % da força axial
resistente de cálculo da barra, referente ao tipo de solicitação que comanda o
dimensionamento da respectiva barra (tração ou compressão).

2.4 Classificação conforme os meios de ligação

As ligações podem ser soldadas e/ou aparafusadas, sendo que, na maioria das vezes, o
cálculo da ligação implica na verificação de grupos de parafusos e de linhas de solda.
10

Os parafusos devem resistir a esforços de tração e/ou cisalhamento (Figura 3), ao


passo que as soldas devem resistir a tensões de tração, compressão e/ou cisalhamento (Figura
4), (INSTITUTO BRASILEIRO DE SIDERURGIA, 2004).

(a) Tração dos parafusos (b) Cisalhamento dos parafusos

Figura 3: Esforços dos parafusos

(a) Tração ou compressão na solda (b) Cisalhamento na solda

Figura 4: Esforços em soldas


11

2.5 Classificação conforme os esforços solicitantes

Dependendo dos esforços solicitantes e das posições relativas desses esforços e dos
grupos de parafusos ou linhas de solda resistentes, as ligações podem ser dos seguintes tipos
básicos:
• Cisalhamento centrado (Figura 5a);
• Cisalhamento excêntrico (Figura 5b);
• Tração ou compressão (Figura 5c);
• Tração ou compressão com cisalhamento (Figura 5d);

(a) Cisalhamento Centrado

(b) Cisalhamento Excêntrico


12

(c) Tração Centrada (d) Tração com Cisalhamento


Figura 5: Esforços Solicitantes na Ligação

2.6 Materiais

Neste trabalho serão utilização os aços estruturais padronizados pela ABNT, sendo
que os perfis estudados são:
• Perfis Laminados W e HP, padrão AÇOMINAS de alta resistência mecânica e
baixa liga, cujas propriedades mecânicas estão na Tabela 2;
• Cantoneiras laminadas cujo aço é de uso genérico com baixo teor de
carbono (ASTM A36) e cujas propriedades mecânicas estão na Tabela 2;
• Chapas de ligação: de alta resistência mecânica e a corrosão, cujas propriedades
mecânicas estão na Tabela 2;
• Parafusos de alta resistência mecânica;
• Eletrodos utilizados são baseados nos padrões da AWS;

Para se obter maior confiabilidade e segurança nos projetos, devem-se tomar


algumas precauções referentes à utilização de determinados materiais. Deve-se evitar a
utilização de elementos com diferentes composições químicas, como por exemplo, aços
patináveis com aços carbonos, pois dependendo das condições ambientais em que estão
situados estes elementos ocorrerá o processo chamado de corrosão galvânica. Onde o
material menos nobre, ou seja, aço carbono, sofrerá um processo mais acelerado de
degradação.
13

Os parafusos empregados em elementos de baixa liga e elevada resistência é o


ASTM A325N Tipo 1. Por outro lado para aços patináveis é obrigatório o uso de parafusos
ASTM A325 Tipo 3 Grau A.

2.6.1 Aços estruturais

Os aços estruturais são fabricados conforme as características mecânicas e/ou


químicas desejáveis no produto final. A escolha do tipo de aço a ser utilizado em uma
estrutura será determinante no dimensionamento dos elementos que as compõem.
Os aços carbonos estruturais são os mais usuais dentre os aços estruturais. Eles
dependem do teor de carbono para desenvolver sua resistência, que fica na faixa de 170 a 275
MPa, um dos exemplos mais típicos destes aços é o ASTM A36. Já os aços microligados
(aços de alta resistência mecânica e baixa liga) utilizam vários elementos de liga em adição
ao carbono para que possam atingir resistências mecânicas superiores, o limite de
escoamento destes materiais variam entre 290 e 450 MPa; exemplos mais comuns são aços
ASTM A572 Grau 50 e aços patináveis, sendo que os últimos possuem elevada resistência à
corrosão atmosférica.
Os quesitos essenciais que os aços estruturais devem obedecer são:
• Ductilidade e homogeneidade;
• Valor da relação entre limite de resistência e limite de escoamento deverá de ser
superior a 1,18;
• Soldabilidade;
• Suscetibilidade de corte por chama, sem endurecimento;
• Resistência razoável à corrosão.
A Tabela 2 apresenta os valores nominais mínimos da resistência ao escoamento (fy)
e da resistência à ruptura (fu) de aços relacionados por Normas Brasileiras para uso estrutural
em perfis e chapas, que atendem às condições relacionadas às propriedades mecânicas
exigidas por esta Norma (fy = 450 MPa e relação fu/fy = 1,18).
Nos aços da ABNT NBR 7007, que são aços para perfis, a sigla MR significa média
resistência mecânica, a sigla AR alta resistência mecânica e a sigla COR resistência à
corrosão atmosférica.
14

Tabela 2: Aços especificados por Normas Brasileiras para uso estrutural.

Fonte: Anexo A - ABNT NBR8800:2008

Na Tabela 3 são apresentados os aços comercialmente utilizados em estruturas


metálicas.
15

Tabela 3: Aços comercialmente usados.


Especificação Limite de Escoamento Resistência a Ruptura
(kN/cm² ) (kN/cm² )
ASTM A 36 25,0 40,0
COS CIVIL 300 30,0 40,0
USI CIVIL 300 30,0 40,0
ASTM A 572 34,5 45,0
COS CIVIL 350 35,0 49,0
USI CIVIL 350 35,0 49,0
COS AR COR 400 25,0 38,0
COS AR COR 300 30,0 38,0
USI SAC 300 30,0 40,0
COR 400 30,0 42,0
ASTM A 588 34,5 48,5
COS AR COR 350 35,0 50,0
USI SAC 350 35,0 49,0
COR 500 35,0 50,0

Na Figura 6, mostra um resumo das equivalências de materiais a fim de evitar


dúvidas referentes à troca dos mesmos.

Figura 6: Aços estruturais e equivalências


16

2.6.2 Parafusos

Os parafusos podem ser divididos em dois grupos, os parafusos comuns e os de alta


resistência.

2.6.2.1 Parafusos Comuns

Os parafusos comuns são fabricados a partir de barras redondas laminadas de aço de


baixo carbono. O parafuso comum mais utilizado é o ASTM A307. Em geral possuem cabeça
e porca sextavadas, com porca ao longo de todo o corpo do parafuso ou não, conforme pode
ser visualizado na Figura 7.São empregados em peças e em ligações secundárias.

Figura 7: Parafusos Comuns

As conexões envolvendo parafusos comuns são assumidas sempre como sendo


conexões do tipo contato, ou seja, parafusos solicitados ao cisalhamento e ou tração. Os
parafusos são montados sem especificação de torque de montagem e não requerem cuidados
especiais.
Nos parafusos comuns os esforços de tração no corpo do parafuso e os esforços de
cisalhamento são transmitidos através de sua superfície lateral com a face do furo, devido ao
deslizamento entre as chapas ligadas, conforme Figura 8.
17

Figura 8: Esforços de Tração e Cisalhamento

2.6.2.2 Parafusos de Alta Resistência

O uso de aços de alta resistência mecânica para parafusos aconteceu após a


comprovação experimental de que a aplicação de torque na instalação dos parafusos evitava o
deslizamento entre as partes conectadas. É um parafuso que, devido ao aperto da porca, gera
uma força de compressão tão alta, que pelo atrito as chapas não se movimentam entre si. Os
parafusos de alta resistência tem um comportamento como da solda, ou seja, elas ligam as
partes de maneira que não há movimento relativo. Os tipos de parafusos de alta resistência
são: ASTM A325 (mais usado na prática) e ASTM A490. Os parafusos ASTM 325 são
identificados pela presença de três linhas radiais, espaçadas a 120. (Figura 9)

Figura 9: Parafusos de Alta Resistência

A cabeça e porca desse tipo de parafuso são hexagonais. No caso de parafusos A325
deve-se usar arruelas sob o elemento que gira (de preferência a porca) e nos parafusos A430
sob a cabeça e a porca. Os parafusos de alta resistência são montados com controle de aperto
para que seja obtido uma protensão inicial mínima no corpo do parafuso.

Para garantir esta protensão inicial existem diferentes processos de instalação dos
parafusos bem como exigências relativas ao uso das arruelas endurecidas. Esses parafusos são
18

usados em ligações que requerem maior confiabilidade na segurança. O controle do aperto


dos parafusos (de alta resistência) pode ser realizado por um dos seguintes processos.

a) Método de rotação da porca;

Tabela 4: Rotação da porca a partir da posição de pré-torque.


Disposição das faces das partes parafusadas
Ambas as faces Uma face norma a Ambas faces
Comprimento do
normais ao eixo do outra inclinada não inclinadas não mais
parafuso l b
parafuso mais que 1:20 que 1:20
lb≤4∅ 1/3 volta ½ volta 2/3 volta

8∅ ≥ l b > 4∅ ½ volta 2/3 volta 5/6 volta

12∅ ≥ l b > 8∅ 2/3 volta 5/6 volta 1 volta

b) Chave de torque calibrada (5% a mais que a protensão mínima);


c) Indicador direto de tração;

As especificações de resistência de parafusos ASTM A-325 e A-490 são dados na


tabela 02.
Tabela 5: Resistência dos parafusos ASTM A325 e A490.

Tipo fy (MPa) Fu (MPa) Diâmetro ( mm )

635 825 1/2’’ ≤ d ≤ 1’’


ASTM A325
560 725 1’’< d ≤ 1.1/2’’

ASTM A490 900 1.035 1/2’’ ≤ d ≤ 1.1/2’’

Nos parafusos de alta resistência, montados com protensão, as superfícies de contato


das chapas ficam firmemente pressionadas umas com as outras através dos “cones de pressão”
(Figura 10)
19

Figura 10: Cone e cilindro de pressão

Pode ser considerado o parafuso protendido como um cilindro de pressão,


constituído por regiões circulares das chapas, altamente comprimidas e no centro do parafuso,
altamente tracionada. (Figura 11)

Figura 11: Parafuso protendido antes do esforço externo.

Dessa forma, o mecanismo de transmissão de esforços é tal que, estes são


absorvidos, no sistema através da diminuição de pressão no cilindro e pequeno aumento de
tração no parafuso (Figura 12).
20

Figura 12: Parafuso protendido após o esforço externo.

Sendo α a relação entre a área do parafuso e a área do cilindro de pressão, e P o


esforço externo de tração aplicado na ligação, é demonstrado que o esforço de protensão no
parafuso é acrescido de: [α /(1+ α)].P, enquanto o cilindro de pressão tem sua pressão
reduzida por uma força igual a [α /(1+ α)].P, como α é um valor pequeno, o acréscimo de
tração no parafuso é bem inferior à força que reduz a pressão no cilindro. Os esforços de
cisalhamento nas ligações com parafusos de alta resistência são transmitidos ou por atrito,
devido à pressão entre as partes ligadas, nas chamadas ligações por atrito, ou por contato do
corpo do parafuso com as paredes do furo, com cisalhamento do corpo do parafuso, nas
chamadas ligações por contato.

2.6.3 Soldas

A solda de peças estruturais é realizada por fusão. As superfícies a serem soldadas são
fundidas e nesse estado, com adição de materiais provenientes de eletrodos, são ligados.

2.6.3.1 Processos de Solda

• Arco elétrico:
É o principal processo utilizado em estruturas de aço. Com a formação de um arco
voltaico entre a peça e o eletrodo, o material base é aquecido a uma temperatura em torno de
21

4000ºC, de modo que as bordas se fundam. Ao mesmo tempo, a ponta do eletrodo se funde,
pingando sobre o material base. Mistura-se com ele e preenche-se a junta de soldagem. Como
o arco voltaico puxa o material fundido do eletrodo para o material base, podem ser
executados soldas sobre cabeça ( Figura 13)

Figura 13: Soldagem com arco elétrico

Os métodos de solda mais empregados nas construções em aço são:

• Solda Manual
É o processo na qual toda a operação é executada e controlada manualmente e
depende da qualidade do soldador (Figura 14), em geral esse tipo de solda é de baixa
qualidade sendo de pouco uso na prática. Existem várias posições de soldagem: plana,
horizontal, vertical e sobre cabeça. (Tabela 6)

Figura 14: Soldagem manual a arco.


22

Tabela 6: Posições de Soldagem.

• Solda com fluxo ou arco submerso


Através de um tubo, o fluxo é depositado automaticamente na junta. O arame de solda
também é introduzido automaticamente dentro do fluxo. Regulado a velocidade, o arco é
aceso, o fluxo é fundido transformando-se numa escória protetora, as bordas da junta se
fundem, juntamente com o eletrodo que vai preenchendo a junta de solda. Este processo é
especialmente indicado, pela grande capacidade de soldagem de peças de maior espessura na
posição plana. ( Figura 15)
23

Figura 15: Solda com fluxo de arco submerso

• Solda com proteção de Gases


O arco é protegido por uma atmosfera de gases, ficando o material fundido isolado do
contato com o ar atmosférico. Na soldagem de estruturas metálicas, é normalmente
empregado o gás carbônico (C02). As vantagens deste processo são: grande capacidade para
amperagem elevada, solda sem poros, possibilidade de grande penetração e de soldagem para
todos os tipos de aços estruturais. Devido às mordeduras junto à solda, existe em peças
sujeito as a fadiga, redução acentuadamente das tensões admissíveis. Este problema pode ser
minimizado dado acabamento na solda, com esmerilhamento. (Figura 16)
24

Figura 16: Solda com proteção de gases.

• Eletrodos
No processo de soldagem com arco submerso as juntas entre as peças a serem ligadas
devem ser preenchidas com material adicional de eletrodos. O material dos eletrodos deve ser
misturado ao material fundido e após o resfriamento possuir as mesmas características de
resistência do material base. Quanto ao revestimento, os eletrodos podem ser classificados em
vários tipos:
Eletrodos nus ou sem revestimento: Eletrodos nus nem sempre fornecem os valores
de resistência necessários. Devido ao contato com o ar atmosférico, o material fundido
absorve oxigênio e nitrogênio, afetando desfavoravelmente a ligação. Estes eletrodos somente
são empregados em soldas secundárias e ou sujeitas a cargas estáticas.
Eletrodos Revestidos: Os eletrodos revestidos tem uma camada espessa de
revestimento que além de formar a escória protetora gasosa que influi favoravelmente na
química do material fundido, presta-se a todos os tipos de soldas, espessuras e solicitações. Os
principais tipos de eletrodos, utilizados são: celulósico, rutílico, básico, ácido ou neutro,
oxidante. (Figura 17)
25

Figura 17: Eletrodos revestidos


• Solda por resistência
A solda por resistência em estruturas metálicas é utilizada nas construções leves, onde
são feitas ligações por pontos e na ligação de conectores de vigas mistas aço - concreto.
(Figura 18)

Figura 18: Sequência de soldagem de conectores em uma chapa

2.6.3.2 Tipos de Soldas:

As soldas podem ser de filete, entalhe de penetração parcial ou total, ranhura e tampão.
Porém as mais utilizadas em ligações são as soldas de filete e entalhe de penetração parcial ou
total.
26

• Soldas de Filete

São utilizadas para cargas de pouca intensidade, sendo mais econômicas, devido a
pouca preparação do material. Nas soldas de filete o material de solda é depositado nas faces
laterais dos elementos ligados. Para as soldas de filete são feitas as seguintes definições:
Face de fusão: região da superfície original do metal onde ocorreu a fusão do metal
base e do material da solda (Figura 19 a);
Raiz da solda: linha comum às duas faces de fusão (Figura 19 a);
Perna do Filete: menor dos lados, medidos nas faces de fusão, do maior triângulo
inscrito dentro da seção transversal da solda. Normalmente os dois lados do triângulo são
iguais, o filete de solda é especificado através da dimensão de sua perna, conforme Figura 19
b.

a) Face de Fusão e Raiz da Solda b)Perna do Filete

Figura 19: Definições de Soldas de Filete

Garganta efetiva: é a distância entre a raiz da solda e o lado externo do triângulo


inscrito. ( Figura 20 a)
Comprimento efetivo da solda: é o comprimento da linha que liga os pontos médios
das gargantas efetivas ao longo do filete. ( Figura 20 b)
Área efetiva: é a área considerada como de resistência da solda, igual à garganta
efetiva multiplicada pelo comprimento efetivo ( Figura 20 b);
Área teórica da face de fusão: é a área considerada como de resistência no metal
base junto à solda, igual à perna do filete multiplicada pelo comprimento efetivo.
27

a) Garganta Efetiva b) Área e Comprimento efetivo

Figura 20: Definições de dimensões efetivas.

• Soldas de Entalhe
Para cargas de maior intensidade, as soldas de entalhe de penetração parcial ou total,
são as mais aconselháveis por possuírem resistências bastante elevadas com menor volume de
solda, sendo , no caso de penetração total superior ao do metal - base, desde que o metal da
solda seja compatível. (Figura 21)

Figura 21: Soldas de entalhe.

Nas soldas de entalhe o metal de solda é colocado diretamente entre as peças metálicas
a serem ligadas, em geral dentro de chanfros. Os chanfros podem ser de diversas formas,
como indica a Tabela 7.
28

Tabela 7: Detalhe de solda em chanfros.

O objetivo da solda dentro dos chanfros é obter uma ligação na qual o elemento onde
há a penetração total (parcial) tenha continuidade total (parcial) até a superfície do outro
elemento, sem alteração de inclinação. Se houver descontinuidade da espessura do elemento,
será alterado o fluxo de tensões na transmissão do esforço.
Uma solda de entalhe deve ser executada com toda a extensão disponível do elemento
soldado, devendo ser usados prolongadores para garantir a qualidade da solda em suas
extremidade, a seção efetiva de uma solda de entalhe é obtido considerando a garganta efetiva
ao longo da extensão da solda. A garganta efetiva mínima permitido para uma solda de
entalhe de penetração parcial é função da espessura da parte mais espessa a ser soldada.

• Soldas de ranhura e Tampão


A solda de tampão é feita pela deposição de metal de solda em um furo circular, ou em
um rasgo, em uma ou duas partes sobrepostas. Este furo, ou rasgo deve ser preenchido
completamente. Essas soldas podem ser usadas exclusivamente em uma conexão, ou elas
podem ser usadas em combinação com soldas de filete como na Figura 22.
29

a) Solda de ranhura com solda de filete b) Soda de tampão em furos com solda de filete

Figura 22: Exemplo de solda de ranhura e tampão


30

3 RECOMENDAÇÕES DA ABNT NBR8800:2008

3.1 Considerações Iniciais

Segundo a ABNT NBR8800:2008, toda conexão deve ser dimensionada de forma que
sua resistência de cálculo seja igual ou superior à solicitação de cálculos, determinada pela
análise da estrutura sujeira às ações multiplicadas pelos seus coeficientes de ponderação e
como uma porcentagem especificada da resistência da barra ligada.

3.2 Resistencia minima das ligações

Conforme a ABNT NBR8800:2008, ligações sujeitas a uma força solicitante de


cálculo, em qualquer direção, inferior a 45 KN, excetuando-se diagonais e montantes de
travejamento de barras compostas, tirantes constituídos de barras redondas, travessas de
fechamento lateral e terças de cobertura de edifícios, devem ser dimensionadas para uma
força solicitante de cálculo igual a 45 kn, com direção e sentido da força atuante.
Recomenda-se, a critério do responsável técnico pelo projeto, que as ligações de
barras tracionadas ou comprimidas sejam dimensionadas no mínimo para 50 % da força axial
resistente de cálculo da barra, referente ao tipo de solicitação que comanda o
dimensionamento da respectiva barra (tração ou compressão).
31

3.3 Especificações de dimensionamento para soldas

Se numa mesma ligação forem usados dois ou mais tipos de solda (penetração, filete,
tampão em furos ou rasgos), a resistência de cálculo de cada um desses tipos deve ser
determinada separadamente e referida ao eixo do grupo, a fim de se determinar a resistência
de cálculo da combinação. Todavia, esse método de compor resistências individuais de soldas
não é aplicável a soldas de filete superpostas a soldas de penetração parcial, situação na qual
se deve pesquisar a seção crítica da solda e do metal-base.

A resistência de cálculo de soldas é baseada em dois estados limites últimos:

a) Ruptura da solda na seção efetiva;

b) Escoamento do metal base na face de fusão.

A força resistente de cálculo, Fw,Rd, dos diversos tipos de solda está indicada na Tabela
8, na qual Aw é a área efetiva da solda, AMB é a área do metal-base (produto do comprimento
da solda pela espessura do metal-base menos espesso), fy é a menor resistência ao
escoamento entre os metais-base da junta e fw a resistência mínima à tração do metal da
solda.

Tabela 8: Força resistente de cálculo de soldas.

Fonte: Item 6.2.5.1 - Tabela 8 - ABNT NBR8800:2008


32

Em nenhuma das situações a resistência da solda poderá ser tomada maior que a
resistência do metal base na ligação. Nas soldas de filete ou de entalhe, a solicitação
considerada pode ser tomada como sendo o cisalhamento na seção efetiva, provocado pela
resultante vetorial de todas as forças na junta que produzam tensões normais ou de
cisalhamento na superfície de contato das partes ligadas.
Além da verificação dos estados limites últimos a ABNT NBR8800:2008 estabelece
algumas disposições construtivas relativas à solda, tais como:
As espessuras mínimas de gargantas efetivas de soldas de penetração parcial estão
indicadas na Tabela 9. A dimensão da solda deve ser estabelecida em função da parte mais
espessa soldada, exceto que tal dimensão não necessita ultrapassar a espessura da parte menos
espessa, desde que seja obtida a força resistente de cálculo necessária. Para essa exceção e
para que se obtenha uma solda de boa qualidade, devem ser tomados cuidados especiais
usando-se preaquecimento. Não podem ser usadas soldas de penetração parcial em emendas
de peças fletidas.

Tabela 9: Espessura mínima da garganta efetiva de uma solda de penetração parcial.

Fonte: Item 6.2.6.1- Tabela 9 - ABNT NBR8800:2008

O tamanho mínimo da perna de uma solda de filete é dado na Tabela 10, em função da
parte menos espessa soldada.
33

Tabela 10: Tamanho mínimo da perna de uma solda de filete.

Fonte: Item 6.2.6.2- Tabela 10 - ABNT NBR8800:2008

O tamanho máximo da perna de uma solda de filete que pode ser usado ao longo de
bordas de partes soldadas é o seguinte:
a) Ao longo de bordas de material com espessura inferior a 6,35 mm, não mais do que a
espessura do material;
b) Ao longo de bordas de material com espessura igual ou superior a 6,35 mm, não mais
do que a espessura do material subtraída de 1,5 mm, a não ser que nos desenhos essa solda
seja indicada como reforçada durante a execução, de modo a obter a espessura total desejada
da garganta.
O comprimento efetivo de uma solda de filete, dimensionada para uma solicitação de
cálculo qualquer, não pode ser inferior a 4 vezes seu tamanho da perna e a 40 mm ou, então,
esse tamanho não pode ser considerado maior que 25 % do comprimento efetivo da solda.

3.4 Especificações de dimensionamento para parafusos

As conexões parafusadas podem ser de dois tipos: conexões do tipo contato ou tipo
atrito. No primeiro tipo, pode-se utilizar parafusos comuns ou de alta resistência, já que os
parafusos são instalados sem aperto controlado (protensão). Quanto ao segundo tipo, apenas
os parafusos de alta resistência podem ser utilizados, uma vez que a resistência ao
deslizamento está diretamente ligada à protensão aplicada aos parafusos.
34

3.4.1 Áreas de Cálculo

A seguir são descritas as áreas de calculo para os parafusos.

• Área efetiva para pressão de contato:


A área efetiva para pressão de contato do parafuso é igual ao diâmetro do parafuso
multiplicado pela espessura da chapa considerada.
• Área efetiva do parafuso:
A área resistente ou área efetiva de um parafuso ou de uma barra redonda rosqueada
(Abe), para tração, é um valor compreendido entre a área bruta e a área da raiz da rosca. A
área é considerada igual a 0,75Ab , sendo Ab a área bruta, baseada no diâmetro do parafuso
ou no diâmetro externo da rosca da barra redonda rosqueada, db. Logo:

3.4.2 Força resistente de cálculo

• Tração:
A força de tração resistente de cálculo de um parafuso tracionado, é dada por:

Onde:
Fub é a resistência á ruptura do material do parafuso , especificado no anexo A da
ABNT NBR8800:2008;
Abe é a área efetiva do parafuso;

• Cisalhamento
A força de cisalhamento resistente de cálculo de um parafuso é por plano de corte,
para parafusos de alta resistência, quando o plano de corte passa pela rosca e para parafusos
comuns em qualquer situação:
35

Se para parafusos de alta resistência, o plano de corte não passa pela rosca, usar a
formula abaixo:

• Pressão de contato em furos


A força resistente de cálculo à pressão de contato na parede de um furo, já levando em
conta o rasgamento entre dois furos consecutivos ou entre um furo extremo e a borda, no caso
de furos-padrão, furos alargados, furos pouco alongados em qualquer direção e furos muito
alongados na direção da força, quando a deformação no furo para forças de serviço for uma
limitação de projeto:

Se a deformação no furo para forças de serviço não for uma limitação de projeto:

No caso de furos muitos alongados na direção perpendicular à da força:

Onde:

Lf é a distância, na direção da força, entre a borda do furo e a borda do furo adjacente


ou a borda livre;

Db é o diâmetro do parafuso;

T é a espessura da parte ligada;

Fu é a resistência á ruptura do aço da parede do furo;


36

• Tração e cisalhamento combinados:


Quando ocorrer a ação simultânea de tração e cisalhamento, deve ser atendida a
seguinte equação:

Onde:
Ft,Sd é a força de tração solicitante de cálculo por parafuso;
Fv,Sd é a força de cisalhamento solicitante de cálculo no plano considerado do
parafuso;
Ft,Rd é a força de tração resistente de cálculo de um parafuso tracionado;
Fv,Rd é a força de cisalhamento resistente de cálculo de um parafuso é por plano de
corte;

Alternativamente ao uso da equação da interação, a força de tração solicitante de cálculo


(Ft,Sd) por parafuso deve atender às exigências da Tabela 11. Nesse caso, adicionalmente,
devem ser feitas verificações para as forças de tração e cisalhamento isoladas.

Tabela 11: Forças de tração e cisalhamento combinadas.

Fonte: Item 6.3.3.4- Tabela 11 - ABNT NBR8800:2008


37

• Força resistente de parafusos de alta resistência em ligações por atrito


Nas ligações com furos alargados e furos pouco alongados ou muito alongados com
alongamentos paralelos à direção da força aplicada, o deslizamento deve ser considerado
estado-limite último. Nas ligações com furos-padrão e furos pouco alongados ou muito
alongados com alongamentos transversais à direção da força aplicada, o deslizamento deve
ser considerado estado-limite de serviço.
Nas situações em que o deslizamento é um estado-limite último, a força resistente de
cálculo de um parafuso ao deslizamento, Ff,Rd , deve ser igual ou superior à força cortante
solicitante de cálculo no parafuso, calculada com as combinações últimas de ações. O valor da
força resistente de cálculo é dado por:

Onde:
FTb é a força de protensão mínima por parafuso;
Ft,Sd é a força de tração solicitante de cálculo no parafuso que reduz a força de
protensão, calculada com as combinações últimas de ações;

Além disso, as forças de cálculo no parafuso, produzidos pelas combinações de aços


de cálculo não podem ultrapassar as resistências de cálculo à tração, força cortante e pressão
de contato em furos, as quais são as mesma utilizadas para ligações por contato.

3.4.3 Espaçamento de Parafusos

• Espaçamento mínimo entre furos


A distância entre centros de furos padrão, não pode ser inferior a 2,7∅, deve-se usar
3∅, sendo ∅, o diâmetro nominal do parafuso.

• Distâncias mínimas de um furo às bordas


A distância do centro de um furo padrão a qualquer borda de uma parte ligada não
pode ser inferior ao valor indicado na Tabela 14 da ABNT NBR8800:2008.
38

4 ROTEIRO DE CÁLCULO DAS LIGAÇÕES

4.1 Bases de Colunas

As bases de colunas podem ser de duas formas, flexíveis ou rígidas, esta definição
depende da limitação a restrição ao giro da estrutura.
Em base de coluna flexível deve-se manter a restrição ao giro a menor possível, adota-
se normalmente uma placa de base e dois chumbadores posicionados junto à linha de centro
da seção, permitindo que ao menos uma das extremidades da base possa se deslocar
livremente. Se a rigidez a flexão da placa da base for relativamente alta, pode-se admitir que a
pressão de contato seja uniformemente distribuída ao longo da área da placa.
Para base de coluna rígida, a restrição ao giro deve ser a maior possível, aproximando-
se da hipótese assumida no cálculo da estrutura, ou seja, engastamento. Com isto, além da
força cortante e força normal, atua momento fletor.

4.1.1 Bases de Coluna Flexível

Abaixo é apresentado o calculo de uma base flexível, considerada no calculo como um


apoio simples, conforme mostrado na Figura 23.
39

Figura 23: Base de coluna flexível.

• Dados Iniciais
Pilar: Perfil CS500X207
Força Normal (Nd) = 2.500 KN
Força Cortante (Hd) = 220 KN
Aço placa de base ASTM A36 (fy = 250MPa)
Aço chumbadores SAE 1020 (fu = 380 MPa)
Concreto fck = 22 MPa

• Placa de Base
- Verificação da resistência de calculo a pressão de contato:
Sendo A1 = A2 , onde A1 é a área carregada sob a placa de apoio e A2 é a área da
superfície de concreto.
Capacidade de carga nominal:
φ Rn = 0,7 (0,7 fck ) = 0,49 x 2,2 = 1,08 KN/cm²

0,85 f ck A1 / A2 0,85 x 2,2 1


R d ,c = = = 1,13KN/cm²
1,65 1,65
Área mínima necessária da placa de base A1:
N d 2500
A1 = = = 2314,81cm 2
φRn 1,08

Adotando-se B x H = 55 x 55 = 3.025cm², tem-se:


Nd 2500
Pd = = = 1,0 KN / cm 2 ≤ Rd ,c = 1,13KN/cm² ⇒ OK
B.H 50 x50

As dimensões da placa de base são apresentadas na figura abaixo:


40

Figura 24: Dimensões da placa de base.

- Espessura da placa de base:


Para avaliar os esforços nas placas de base a AISC, apresenta um método simplificado
para calculo do balanço externo, onde é definido um retângulo fictício de lados (0,95d) e (0,8
bf), conforme abaixo:

H − 0,95d 550 − 0,95 x500


m= = = 37,50mm
2 2

B − 0,8bf 550 − 0,8 x500


n= = = 75mm
2 2

Força normal atuante na área sob o perfil: No = pd x bf x d = 1,0x50x50 = 2500 KN

Resistência a pressão de contato corrigida:


A1 = d. bf = 50x50 = 2500cm²
A2 = B. H = 55x55 = 3025cm²
0,85 f ck A1 / A2 0,85 x 2,2 2500 / 3025
Rd ,c = = = 1,03KN/cm²
1,65 1,65
Definição da área interna carregada:
41

No 2500
AH = = = 2427,18KN/cm²
Rd , c 1,03

Definição dos balanços internos:

C=
1
d + bf − t f − (d + b −tf )
2
− 4( AH − b f t f )
4  
f

C=
1
500 + 500 − 19 − (500 + 500 − 19)2 − 4(2427,18 − 500 *19)
4  

C = 100mm

Cálculo das espessuras “t”:

2 pd 2 x1,0
tm = m = 3,75 = 1,12cm
0,9 fy 0,9.25

2 pd 2 x1,0
tn = n = 7,5 = 2,24cm
0,9 fy 0,9.25

2 pd 2 x1,0
tc = c = 10 = 2,98cm
0,9 f y 0,9.25

Portanto, tomando-se o maior valor encontrado para t, adota-se CH 30,00 mm.


Obs.: A espessura da placa de base pode ser reduzida adotando-se enrijecedores, o que
altera as condições de vinculação da placa, aliviando os esforços.

• Dimensionamento dos chumbadores


Os chumbadores são dimensionados em função da força cortante na base: Hd = 220 KN
Resistência de cálculo à força cortante por chumbador, conforme NBR 8800:
0,4 * Acs * fu 0,4 * Acs * fu
RRdv = = =
1,35 1,35
Área mínima:
1,35 * Hd 1,35 * 220
Acs , min = = = 19,54cm²
0,4 * fu 0,4 * 38
πd ² π (3,7)²
Acs ,total = 2 x = 2x = 21,50cm² ⇒ OK
4 4
42

Adotar o diâmetro dos chumbadores = 37 mm


Comprimento do chumbador Lcs= 12*ø = 12*37 = 444mm

4.1.2 Bases de Coluna Rígida

Abaixo é apresentado o calculo de uma base rígida, considerada no calculo como um


apoio engastado, conforme mostrado na Figura 25.

Figura 25: Base de coluna rígida.


• Dados Iniciais
Pilar: Perfil W200X31,3
Força Normal (Nd) = 885 KN
Força Cortante (Hd) = 54 KN
Momento (Md) = 10.087 KNcm
Aço placa de base ASTM A36 (fy = 250MPa)
Aço chumbadores SAE 1020 (fu = 380 MPa)
Concreto fck = 20 MPa
43

• Placa de Base
- Dimensões da placa:

Figura 26: Dimensões da placa de base.


- Posição da Linha Neutra:
Y³+K1.Y²+K2.Y+K3=0

 H  50 
K 1 = 3 e −  = 311,4 −  = −40,81
 2  2

K2 =
6nAcs
(G + e) = 6 * 8 * 9,8 (20,5 + 11,4) = 300,63
B 50

H   50 
K 3 = − K 2  + G  = −300,63 + 20,5  = −13.678,62
2   2 

Y³-40,81.Y²+300,63.Y-13678,62 =0
Y=41,50cm

- Tração nos chumbadores:

 Y +e−H 2   41,5 + 11,4 − 50 2 


 3   3 
T = Nd  = 885 = 6,50 KN
 H 2 − Y 3 + G   50 2 − 41,5 3 + 20 
   
- Máxima pressão de contato na chapa:
2(T + N d ) 2(6,50 + 885)
Pmax = = = 0,86 KN / cm²
Y .B 41,50 * 50
44

- Verificação da pressão de contato na chapa:


f ck A1 20 2500
σ c , Rd = = = 1,02 KN / cm²
γ cγ n A2 1,4 *1,4 2500

σ c , Rd ≥ p max ⇒ ok

- Determinação da espessura da chapa:


Verificação dos Balanços Externos:
H − 0,95d 500 − 0,95 * 210
m= = = 150,25mm
2 2

2 p max 2 * 0,86
tm = m = 150,25 = 41,31mm
f y 1,1 25 1,1

B − 0,8bf 500 − 0,8 * 134


n= = = 196,40mm
2 2

2 p max 2 * 0,86
tn = n =n = 54,00mm
f y 1,1 25 1,1

Verificação dos Balanços Internos:

N 0 = p d .b.d = 0,86 * 210 * 134 = 241,78 KN

A1 = b.d = 210 *134 = 281,40cm² A2 = B.H = 500.500 = 2500cm²

f ck A2 20 2500
Rd = 0,85 = 0,85 = 2,98KN / cm²
γp A1 1,7 281,40
N 0 214,78
AH = = = 81,12cm²
p0 2,98
1
[
c = d + b − tf − (d + b − tf )² − 4( Ah − b.tf ) =
4
]
1
4
[ ]
134 + 210 − 10,2 − (134 + 210 − 10,2)² − 4(81,12 − 210 * 10,2) = 10,80mm

2 p0 2 * 2,98
tc = c = 10,8 = 5,53mm
f y 1,1 25 1,1

Adotada chapa de 54,00mm.


45

• Dimensionamento dos chumbadores


T=6,50KN - em dois chumbadores

Hd=54KN - em quatro chumbadores

- Verificação ao cisalhamento:
0,4 ACS f u 0,4 * 4,91 * 40
R Rdv = = = 58,18 KN
1,35 1,35

RRdv = 58,18 KN > H / 4 = 13,50 KN ⇒ OK

- Verificação a tração:
0,4 ACS ,e f u 0,4 * 3,68 * 40
RRdv = = = 109,08 KN
1,35 1,35
R Rdv = 109,08 KN > T / 2 = 3,25 ⇒ OK

- Comprimento de ancoragem dos chumbadores:


Resistência de cálculo do concreto a tração:

f ctm = 0,33 f ck ² = 0,33 20² = 2,21Mpa

f ctk ,inf = 0,7 f ctm = 0,7 * 2,21 = 1,55Mpa


f ctk ,inf 1,55
f ctd = = = 1,11Mpa
1,4 1,4

Resistência de aderência:
Fbd = n1.n2.n3.Fctd = 1*1*1*1,11 = 1,11Mpa

Comprimento básico de aderência:


f y ,cs
φ 1,1
(1,11 * 2,50)
1,1
Lb = = = 1285,24mm
4 f bd 4 *1,11

Comprimento final de aderência:


N Std ,ch 3,25
Lbn = α 1 Lb = 0,70 * 1285,24 * = 26,80mm
R Rdt 109,08
Comprimento do chumbador:
Lcs = 12ø = 12*25 = 300mm
46

4.2 Ligações Viga - Coluna

As ligações entre vigas e colunas podem ser, flexíveis ou rígidas, esta definição
depende da limitação a restrição ao giro da estrutura.
Em ligações flexíveis deve-se manter a restrição ao giro a menor possível, adota-se
normalmente uma cantoneira afastada da coluna o suficiente para permitir um certo
deslocamento, esta cantoneira pode ser soldada ou parafusada nas extremidades a que esta
conectando, esta possibilidade fica a critério do calculista.
Para ligação viga - coluna rígida, a restrição ao giro deve ser a maior possível,
aproximando-se da hipótese assumida no cálculo da estrutura, ou seja, engastamento. Com
isto, além da força cortante e força normal, atua momento fletor. A ligação rígida se
diferencia por ser normalmente utilizada chapa de toda entre a viga e a coluna.

4.2.1 Ligação Viga – Coluna Flexivel

Abaixo é apresentado o calculo de uma ligação flexível entre viga e coluna, conforme
mostrado na Figura 27.

Figura 27: Dimensões da cantoneira.

• Dados Iniciais
Perfil da Viga W310x28,3
Força Normal (Nd) = 50 KN
Cantoneira: L2.1/2”X5/16”
Aço da cantoneira ASTM A36 (fy = 250MPa)
47

• Estimativa do número de parafuso


- Resistência ao Cisalhamento dos Parafusos:
0,4 Ab f ub 0,4 * 1,23 * 82,5
R Rdv = = = 30 KN / paraf .
1,35 1,35
Nd 50
n= = = 1,67 paraf . ⇒ Adotados 4 paraf .
RRdv 30

- Cisalhamento devido a força cortante:

Vd 50
FV 1 = = = 12,50 KN
n 4

- Cisalhamento devido ao momento lateral:


Vd 50
M2 = e2 = 3,7 = 92,50 KN
2 2

M 2 92,50
FV 2 = = = 9,25 KN
z 10

FVd = FV 1 ² + FV 2 ² = 12,5² + 9,25² = 15,55 KN

- Tração devido ao momento de extremidade:

Vd 50
M1 = e1 = 5,24 = 130,91KN
2 2
M   130,91 
T1 =  1 y  Ab =  24,19 1,23 = 16,99 KN
 I   95,33 

- Cisalhamento + Tração:

0,4 Ab f ub 0,4 * 1,23 * 82,5 R Rdv ≥ Fvd = OK


R Rdv = = = 30 KN / paraf .
1,35 1,35

Abe f ub 1,23 * 82,5 R Rdt ≥ Td = OK


R Rdt = = = 56,25 KN
1,35 1,35

R Rdt ,max = 0,73 Ab f ub − 1,9 Fvd = 0,73 * 1,23 * 82,5 − 1,9`*15,55 = 44,36 KN

R Rdt ≥ Td = OK
48

• Verificação da parte soldada:


- Propriedades geométricas:
Aw= 9,24cm²
Xcg=1,11cm
Ip=953,33cm4
2 2
L  15 
r= x 2
CG +   = 1,11² +   = 7,58cm
2 2

- Solicitação da solda - Garganta efetiva:


Vp 50
Fv = = = 2,71KN / cm²
2 Aw 2 * 9,24

M1 130,91
Fm = r= 7,58 = 1,04 KN / cm²
Ip 953,33

y 15
Fm x = Fm = 1,04 = 2,06 KN / cm²
r 7,58

x 5,4
Fm y = Fm = 1,04 = 0,74 KN / cm²
r 7,58

Fds = ( Fv + Fm y )² + F 2 m x = (2,71 + 0,74)² + 2,06² = 4,02 KN / cm²

- Solicitação da solda - Metal Base:


a 3,5
Fmb = Fds = 4,02 = 2,81KN / cm²
b 5

- Resistência de cálculo da solda:


0,6 f w 0,6 * 41,5 Rrds > Fds = OK
Rrds = = = 18,44 KN / cm²
1,35 1,35

0,6 f y 0,6 * 25
Rrdmb = = = 13,64 KN / cm² Rrdmb > Fmb = OK
1,1 1,1

• Verificação da cantoneira:

An = A − 3(d b + 0,15 + 0,2)t = 9,56cm² Nd


Rd > = OK
An f u 9,56 * 40 2
Rd ,r = = = 283,28 KN
1,35 1,35
49

4.2.2 Ligação Viga – Coluna Rígida

Abaixo é apresentado o calculo de uma ligação rígida entre viga e coluna, conforme
mostrado na Figura 28.

Figura 28: Dimensões da ligação.

• Dados Iniciais
Perfil da Viga W360x39
Força Normal (Nd) = 50 KN
Momento Fletor (Md) = 100 KNcm
Espessura da chapa: 22,40
Aço ASTM A36 (fy = 250MPa)

• Verificação da parte soldada


Área da junta soldada - Garganta Efetiva: Aw total = 56,95cm²
Área da junta soldada na alma - Garganta Efetiva: Aw = 32,50cm²
Inércia da junta soldada - Garganta Efetiva: Iw= 10.171,90cm4
- Esforços e tensões na junta soldada - Garganta Efetiva:
V 50
fV = d = = 1,54 KN / cm²
AW 32,50

Md d + a 100  35,3 + 0,49 


f ma =  =   = 17,59 KN / cm²
I W  2  10.171,90  2 

Md h 100  33,16 


f mb =  =   = 16,30 KN / cm²
IW  2  10.171,90  2 
50

- Tensões resultantes na solda - Garganta Efetiva:


Mesa: Fw= 17,59KN/cm²
Alma: Fw= 16,37KN/cm²

- Tensões resultantes na solda - Metal Base:


Mesa:
a 4,9
f mb = = 17,59 = 12,31KN / cm²
b 7

Alma:
a 4,9
f mb = = 16,37 = 11,46 KN / cm²
b 7

• Verificação da resistência da solda


- Ruptura da seção efetiva da solda:
0,6 f w 0,6 * 41,50
Rrds = = = 18,44 KN / cm² Rrds ≥ f w = OK
1,35 1,35

- Escoamento do metal base na face de fusão:


0,6 f y 0,6 * 25
Rrds = = = 13,64 KN / cm² Rrds ≥ f mb = OK
1,1 1,1

• Verificação da parte parafusada


- Ligação por contato:
Posição da Linha Neutra - Y= 51,31mm
Momento de Inércia da seção – I= 9572,83
Esforços nos parafusos devido ao cortante:
Vd 50
fV = = = 8,33KN
n paraf 6
Esforços nos parafusos devido ao momento fletor:
Md
T1 = d LN Ab = 78,49 KN
I
Resistência de cálculo dos parafusos:
Cisalhamento:
0,4 Ab f ub 0,4 * 2,01 * 82,50
R Rdv = = = 49,15 KN / paraf .
1,35 1,35
51

Tração:
Abe f ub 2,01 * 82,50
R Rdt = = = 92,15 KN / paraf .
1,35 1,35

Cisalhamento + Tração:

R Rdt ,max = 0,73 Ab f ub − 1,9 Fvd = 0,73 * 2,01 * 82,50 − 1,9 * 8,33 = 105,26 KN

RRdt ≥ Td = OK

• Verificação da chapa de topo


- Verificação do efeito alavanca:

4,44Tsd (b − 0,5d b )
t min = = 15,29mm
 p − db 
p. fy1 + 
p 
Chapa adotada de
 22,40mm, portanto sem
efeito alavanca.
4,44Tsd (b − 0,5d b )
t max = = 20,06mm
p. fy

- Verificação do efeito alavanca da chapa adotada:


 pt ² 
Mpl = 0,91,5 fy  = 186,95 KNcm
 6 
db
a' = a + = 2,75cm
2
db
b' = b + = 2,71cm
2
Td b'− Mpl
Q= = 9,42 KN
a'

- Verificação dos parafusos para Td + Q=87,91KN R Rdt ≥ Td + Q = OK


- Resistência do parafuso Rrdt=92,15KN

Com base nos exemplos de ligações demonstrados, se realizou o mesmo processo de


dimensionamento com a planilha de calculo de ligações, no qual os resultados são
apresentados no Anexo A.
52

5 MATERIAIS E MÉTODOS

5.1 Metodologia

Com base na norma de estruturas metálicas serão desenvolvidas planilhas as quais o


usuário define as características geométricas dos componentes da ligação e as propriedades
mecânicas dos materiais envolvidos.
O usuário poderá definir tipo de parafuso, solda, espaçamentos entre parafusos e entre
parafusos e borda, tipo de aço dos componentes da ligação, perfil soldado, laminado ou eletro-
soldado.
O usuário após a definição dos parâmetros de projeto da ligação obterá uma lista com
todas as verificações de resistência e, como informação final, visualizará a menor das
resistências determinada pela planilha, a qual define a capacidade de carga da ligação.
Com auxílio da planilha, definem-se mudanças no projeto original de forma a gerar
uma nova ligação que resista ao esforço solicitante de cálculo, permitindo a otimização do
projeto da ligação.

5.2 Materiais

Para a elaboração deste trabalho será utilizados os equipamentos e ferramentas


computacionais listados abaixo:
• Computador;
• Calculadora HP;
• Livros sobre o assunto;
• Internet;
• Microsoft Excel 2007;
• Auto Cad 2010;
53

6 CONCLUSÃO

Com a elaboração deste trabalho, se tornou possível o aprimoramento no calculo de


ligações em estruturas metálicas, baseada nas recomendações da NRB8800:2008.
Possibilitando a apresentação das especificações da norma para dimensionamento de ligações
típicas da união entre vigas e colunas.
Um dos aspectos mais importantes foi a elaboração da planilha de calculo, que
agiliza no processo de verificação das dimensões de uma ligação e sua resistência.
Com isso, pode-se observar que o processo de dimensionamento de uma ligação
depende principalmente da analise das forças que estão atuando sobre as mesmas.
54

7 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

INSTITUTO AÇO BRASIL CENTRO BRASILEIRO DA CONSTRUÇÃO EM AÇO.


Ligações em estruturas metálicas, 4ª. Edição revisada e atualizada, Rio de Janeiro:
IBS/CBCA, 2011.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Projeto de estruturas de aço e


de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios NBR 8800. Rio de Janeiro, 2008.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Projeto de estruturas de


concreto – procedimento NBR 6118. Rio de Janeiro, 2007.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Cargas Para o Cálculo de


Estruturas de Edificações NBR 6120. Rio de Janeiro, 2007.

WALTER E MICHÉLE PFEIL. Estruturas de Aço Dimensionamento Prático de acordo


com a NBR 8800:2008, 8ª Edição, Rio de Janeiro, 2008.

AMERICAN INSTITUTE OF STEEL CONSTRUCTION. Base Plate and Anchor Rod


Design, 2ª Edição, Printed in the United States of America, 2010.
55

8 ANEXO A

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