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Lucía Canevaro1
1
Instituto de Radioproteção e Dosimetria da Comissão Nacional de Energia Nuclear. Doutora em
CIiências.
1
ginecologia (embolização de miomas uterinos), oftalmologia, urologia, embolização
de varizes pélvicas e varicocele, drenagens, punções, biópsias percutâneas,
nefrostomias, entre outras.
1.2 O CORAÇÃO
2
Figura 1. Anatomia do coração [9].
O órgão consiste em duas bombas separadas por um septo: um coração direito que
bombeia o sangue através dos pulmões e um coração esquerdo que bombeia o
sangue através dos órgãos periféricos. O átrio bombeia 25% do débito cardíaco, que
auxilia a impulsionar o sangue para o ventrículo. O ventrículo, por sua vez, fornece a
principal força para propelir o sangue através das circulações pulmonar e periférica
[8].
3
comprometida por aterosclerose causando estreitamentos luminais de dimensões
variadas [8].
5
obstruída. Todo o processo é realizado utilizando fluoroscopia para visibilizar as
estruturas internas [5, 6].
Uma vez localizada a artéria obstruída, o cateter é posicionado de modo que o balão
permaneça no nível da obstrução. Em seguida, o balão é insuflado por alguns
segundos. O paciente deve ser cuidadosamente monitorizado durante o
procedimento, pois a insuflação do balão provoca uma obstrução momentânea do
fluxo sangüíneo através da artéria coronária [5, 6]. O balão insuflado comprime o
ateroma que está obstruindo o vaso, dilata e descola parcialmente as camadas
internas da parede arterial.
1.3.3 Eletrofisiologia
A veia cava inferior é a maior veia do abdome e drena o sangue dos membros
inferiores e da pelve diretamente para o coração para a oxigenação. Quando existe
trombose dos membros inferiores ou das veias profundas da pelve (trombose
venosa profunda, TVP), a mais temida complicação é a embolia pulmonar, ou seja, o
risco dos trombos se soltarem e migrarem para o coração e, posteriormente, para os
pulmões, visto que o sangue venoso passa por estes para a reoxigenação.
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O primeiro tratamento para a trombose venosa profunda é com anticoagulantes. No
entanto, quando o paciente apresenta contraindicações ao uso desses
medicamentos é indicada a colocação do filtro de veia cava. Este filtro consiste em
um dispositivo metálico implantado na veia cava inferior para impedir que coágulos
dos membros inferiores ou da pelve migrem para a circulação pulmonar, evitando
assim a embolia pulmonar.
2.1.2 TIPS
Normalmente todo o sangue do intestino, estômago e baço drena pela veia porta e é
filtrado pelo fígado, liberando o sangue livre das toxinas produzidas pela digestão.
Quando o paciente é portador de cirrose hepática, ocorre um processo crônico de
cicatrização e fibrose em torno dos ramos da veia porta que culmina com um
aumento da resistência do fluxo de sangue para o fígado, levando à formação de
ascite e desvio do fluxo de sangue para veias colaterais. Geralmente estas veias
colaterais são veias do esôfago, estômago e intestino que, quando sobrecarregadas,
podem romper e causar hemorragia digestiva.
O TIPS consiste em criar uma comunicação entre a veia hepática (veia que drena o
sangue do fígado em direção ao coração) e a veia porta, reduzindo o estado de
8
hipertensão portal do paciente. O procedimento é feito sob anestesia geral, através
de um acesso venoso por punção com agulha da veia jugular interna direita, no
pescoço do paciente. Um sistema composto por um conjunto de cateteres é
orientado fluoroscopicamente até a veia hepática. Com uma agulha, é realizada a
punção da veia porta através do fígado, criando assim uma comunicação entre a
veia hepática e a veia porta. Após a dilatação deste trajeto, é implantado um stent,
que manterá o fluxo entre estas duas veias.
2.2 NEURORRADIOLOGIA
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Figura 2. Esquema mostrando os principais componentes da cadeia de imagem de um equipamento
de raios X fluoroscópico.
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Figura 3 Equipamento intervencionista com intensificador de imagem.
Figura 4. Equipamento intervencionista com sistema flat panel (Siemens Artiz Zeego) [12].
a) Gerador de raios X
O gerador de raios X modifica a tensão e a corrente de entrada proveniente da rede
elétrica, proporcionando as condições necessárias para a produção do feixe de raios
X. O gerador controla o início e o término da exposição e possibilita a seleção das
energias, taxa de dose e tempos de exposição.
Os geradores usados para fluoroscopia podem ser dos tipos monofásico e trifásico,
de potencial constante e de alta-frequência. Os geradores de alta-frequência,
usados nos equipamentos modernos, provêm uma reprodutibilidade de exposição
superior, são mais compactos, de menor custo de aquisição e menor tempo para
reparos e manutenção [13]. Nos estudos cardíacos, requer-se que o gerador seja
capaz de produzir uma faixa de tensão entre 80 e 100kVp, de forma uniforme e de
pulsos com tempos muito curtos [14, 15, 2].
Em fluoroscopia são usados dois modos para fornecer energia ao tubo de raios X,
exposição contínua e pulsada. Na fluoroscopia contínua, o gerador provê uma
corrente do tubo contínua enquanto a fluoroscopia é acionada. As imagens são
adquiridas para uma taxa de 30 fotogramas por segundo, sendo um tempo de
aquisição de 33 milissegundos por imagem. No modo pulsado, são produzidos
pulsos de radiação curtos e intensos, sendo possível controlar sua altura, largura e
frequência (Fig.5). Mudando a taxa de pulsos de 30 pulsos/s para 7,5 pulsos/s, uma
redução de dose de 75% pode ser alcançada facilmente.
b) Tubo de raios X
O tubo de raios X consiste de dois eletrodos metálicos, o catodo e o anodo, contidos
dentro de um encapsulamento de vidro a vácuo (Fig. 6). Um tubo de raios X é um
conversor de energia. Ele recebe energia elétrica e converte-a em duas formas:
radiação X e calor. Os tubos de raios X são construídos visando a maior produção
de raios X e a dissipação do calor de forma tão rápida quanto o possível. O catodo
emite elétrons por emissão termoiônica. Estes elétrons são acelerados até o anodo
e atingem um ponto denominado ponto focal do alvo, onde as interações destes
elétrons com o material do alvo resultam na produção dos raios X e em uma grande
quantidade de calor.
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Vidro
Rotor
Anodo
Catodo
Assim que os elétrons são acelerados na direção do anodo, há uma perda, devido à
dispersão dos mesmos, visto que os elétrons são carregados negativamente e há
uma repulsão entre eles. Para evitar esse efeito, o filamento do catodo é envolvido
por uma capa carregada negativamente, mantendo os elétrons unidos em volta do
filamento e concentrando os elétrons emitidos em uma área menor do anodo. A
15
eficiência desta capa focalizadora é determinada por seu tamanho, sua carga, forma
e posição do filamento dentro dela [16].
O alvo é a área do anodo onde ocorre o impacto direto dos elétrons. O material mais
utilizado para o alvo é o tungstênio, por ser adequado na dissipação do calor e
apresentar as seguintes características [16]:
Alto número atômico (Z = 74), o que implica em grande eficiência de produção
de raios X e maior energia.
Condutividade térmica quase igual a do cobre, o que resulta em rápida
dissipação do calor produzido.
Alto ponto de fusão (3380 ºC), superior à temperatura de bombardeamento de
elétrons (2000 ºC).
Baixa taxa de evaporação (para evitar metalização do vidro da ampola).
Alta resistência física quando aquecido.
16
importante para a formação da imagem. Um ponto focal menor resulta em imagens
mais nítidas.
Para aplicações clínicas de angiografias e de procedimentos intervencionistas, é
importante que o tubo de raios X tenha algumas características particulares como:
Rotação de anodo de alta velocidade: devido ao requerimento de registro de
imagens de alta velocidade, a quantidade de calor dissipado pode ser
considerável, sendo necessário um tubo de raios X com uma grande
capacidade de dissipação do calor. Para melhorar a dissipação de calor, pode
ser usada uma rotação anódica de alta velocidade (acima de 10.000 rpm).
Circulação de água ou dissipador de calor de óleo: pelo exposto acima, é
necessária a instalação de um sistema de circulação por água ou um trocador
de calor de óleo com ventiladores de resfriamento.
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c) Tubo Intensificador de imagem e características físicas
O intensificador de imagem é o componente da cadeia de imagem que diferencia um
equipamento fluoroscópico de um radiográfico. Sistemas de fluoroscopia usam
intensificadores de imagem para converter uma imagem de baixa intensidade em
uma imagem minimizada de alta intensidade de brilho. Este dispositivo é
responsável pela transformação dos fótons de raios X em um sinal luminoso.
18
Figura 8. Tubo intensificador de imagem típico de um sistema intervencionista e um corte transversal
esquemático para indicar seus componentes.
19
uma imagem de melhor qualidade. A dose aumenta por que são utilizados mais
fótons por unidade de área para formar a imagem. O resultado é uma redução do
ruído e um aumento do contraste [16].
f) Sistema de vídeo
A função básica da câmara de vídeo é a de produzir um sinal eletrônico proporcional
à quantidade de luz enviada pelo intensificador de imagem. As câmaras
fotocondutoras consistem em uma camada fotocondutora (alvo), dentro de um tubo
de vidro ao vácuo. A luz proveniente do intensificador de imagem, que incide no
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alvo, produz uma mudança na condutividade desta camada. Esta mudança é
detectada por um feixe de elétrons para gerar uma variação em um sinal de corrente
(A), que é amplificada, conduzida para um circuito de sincronização e
processamento do sinal e apresentada como um sinal de vídeo (Figura 9).
Feixe de elétrons
LUZ
Pre- Processador
Amplific. de sinais Sinc. Sinal de vídeo
75
O sinal gerado pela câmara de vídeo é um sinal de tensão que varia em tempo e
que é enviado até o monitor por meio de um processo de varredura que pode ser de
525 ou de 1.023 linhas. Nos sistemas flat panel não há câmara de vídeo, visto que a
imagem é adquirida diretamente através deste dispositivo. [2]
O detector digital flat panel está baseado em arranjos de fotodiodos de silício amorfo
e finos transistores (TFT), em combinação com cintiladores de CsI(Tl). Esta
combinação é devido a que os transistores são mais sensíveis à luz do que aos
raios X. Assim, o cintilador é usado para converter a energia do feixe de raios X
incidente em luz, que irá atingir o detector TFT. Em fluoroscopia, devido a que não é
requerido um ambiente de vácuo (porque não há ótica eletrônica associada), a
cobertura do flat pannel pode ser da ordem de 1 mm de fibra de carbono, que traz
uma melhoria na eficiência quântica de detecção em comparação com a eficiência
dos intensificadores de imagem.
22
lado, o congelamento da imagem permite ao operador examinar a imagem o tempo
necessário sem necessidade de radiação adicional [18].
Figura 10. Esquema ilustrativo de frequências de pulsos. Em a), a altura dos pulsos (corrente, mA) é
igual , porém a freqüência de pulsos (imagens/s) é maior na imagem inferior. Em b), a frequência de
pulsos é a mesma nos dois casos, porém a largura dos pulsos (tempo, ms) e a altura dos pulsos
(corrente, mA) são diferentes.
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Como exercício, podemos comparar a fluoroscopia contínua de 33 ms de largura de
pulso e 2 mA de altura de pulso com uma fluoroscopia pulsada de 30 imagens/s,
porém com pulsos de 10 ms de largura e 6,6 mA. A mesma taxa de exposição
estaria sendo proporcionada ao paciente (0,066 mAs por imagem), mas na
fluoroscopia pulsada o tempo de exposição seria menor (10 ms invés de 33ms), e
isto reduziria o “borrão” na imagem proveniente do movimento do paciente. Assim,
procedimentos fluoroscópicos com movimentos rápidos de objetos (p.e.
posicionamento de cateteres em vasos altamente pulsantes), a fluoroscopia pulsada
oferece melhor qualidade da imagem com a mesma taxa de dose.
24
Um modo útil de operação utilizado em certos procedimentos intervencionistas é o
chamado “Road map”. Resumidamente, o procedimento de “road map” consiste em
gravar uma imagem durante a injeção de contraste (ou imagem subtraída) que será
posteriormente apresentada no monitor sobreposta à imagem fluoroscópica que está
sendo obtida em tempo real. Assim, o operador terá um “mapa” vascular sobre a
imagem fluoroscópica e poderá angular o cateter de acordo com anatomia vascular
do paciente. O “road map” é útil para introduzir cateteres através de vasos tortuosos
[18].
25
A resolução de contraste em fluoroscopia é menor que a da radiografia, porque os
baixos níveis de exposição produzem imagens com relativamente baixa relação sinal
ruído. Geralmente, a resolução de contraste é medida subjetivamente utilizando
objetos de teste que contêm detalhes de contraste, e observando-os sob
fluoroscopia. A resolução de contraste aumenta quando se aumenta a taxa de dose,
com a desvantagem de maior dose ao paciente. O uso de taxas de exposição
consistentes com as necessidades do exame fluoroscópico é recomendado. Os
sistemas fluoroscópicos permitem escolher diferentes taxas de doses no painel de
comando, trazendo flexibilidade de paciente para paciente para ajustar o
compromisso entre resolução de contraste e exposição do paciente [18].
26
40 cm. Para salas de neuroangiografia, geralmente são usados intensificadores de
30cm de diâmetro.
6.5.2. Cardiologia
Nestas salas, sistemas fluoroscópicos com intensificadores de 23 cm de diâmetro
são mais usados. Este menor tamanho permite maior inclinação na direção crânio-
caudal, projeção típica em cardiologia intervencionista. Câmaras de cine (aquisição
digital de imagens) são recursos obrigatórios nestas salas. Alguns sistemas para
cateterização cardíaca são biplanares.
27
Na Figura 11 observamos um sistema biplanar, sendo operado durante um
procedimento de controle de qualidade, onde é possível notar também o correto
posicionamento do escudo protetor de vidro plumbífero, suspenso do teto.
a. Garantia de qualidade
b. Controle de qualidade
28
c. Testes de estado
d. Testes de aceitação
e. Testes de constância
29
Este teste tem como objetivo avaliar se a indicação da tensão do tubo no painel de
controle do equipamento de raios X, para qualquer valor de corrente, está em
conformidade com o valor medido, dentro dos padrões de desempenho aceitáveis.
Consideram-se aceitáveis aqueles valores medidos que se encontram dentro de
uma tolerância menor do que ± 10% para a discordância entre o kVp nominal e o
registrado pelo medidor. Para realizar esta medição, utiliza-se um medidor de tensão
de leitura direta colocado sob o feixe de radiação (Figura 12).
31
Figura 13. Arranjo experimental para medição da taxa de kerma no ar, com o objetivo de calcular o
rendimento.
Outros protocolos [25, 26, 27] não fazem especificações sobre o arranjo
experimental para realizar as medições, mas recomendam valores aceitáveis de
HVL. Na Figura 14 apresenta-se um arranjo experimental para medir a CSR, sem a
interposição da mesa de exames.
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Figura 14. Arranjo experimental para calcular a camada semi-redutora (CSR). Os filtros atenuadores
de Al são colocados primeiro entre o intensificador de imagem e o detector, sendo transferidos um a
um na medida em que as medições da taxa de kerma no ar vão sendo realizadas. No monitor pode-
se controlar o posicionamento correto da câmara de ionização e a colimação ao tamanho desejado.
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As medições devem ser realizadas para todos os tamanhos de intensificador de
imagem, taxas de dose e condições de controle automático de brilho que reflitam
condições clínicas de uso. As distâncias foco-intensificador e foco-câmara, a tensão
aplicada à corrente e qualquer filtração selecionada devem ser registradas para
cada medição. As medições dependem das posições relativas entre o tubo de raios
X, a câmara de ionização e o intensificador de imagem. O fantoma deve ser
posicionado sobre a mesa de exame, deixando um espaço para colocar a câmara de
ionização entre a mesa e o fantoma e em contato com este, no centro da sua
superfície de entrada, para medir a taxa de kerma no ar. O espaço entre
intensificador e a superfície de saída do fantoma deverá ser de 10 cm [30]. Com o
colimador aberto, o fantoma deve ser irradiado e registradas as leituras do detector,
assim como tensão e corrente do tubo e distâncias. A Figura 15 mostra o arranjo
experimental para medir a taxa de kerma no ar de entrada na superfície, utilizando
blocos de PMMA.
Figura 15. Arranjo experimental para medir a taxa de kerma no ar de entrada na superfície.
35
internacionais, para taxa de kerma no ar na entrada do paciente para fluoroscopia,
para diferentes modos de operação [31].
IAEA Normal 25
FDA Normal 50
AAPM Normal 65
37
Figura 16. Arranjo experimental para o teste de colimação e centralização do campo.
38
de Leeds é possibilitar a obtenção quantitativa do desempenho da imagem
produzida pelo equipamento. As condições de medição devem ser mantidas cada
vez que se realize a avaliação destes parâmetros, de modo que qualquer
degradação no desempenho da imagem poderá ser detectada e quantificada. Não é
recomendado o uso do objeto de teste para intercomparação entre diferentes
modelos de equipamentos de raios X fluoroscópicos.
Figura 17. Imagem do objeto de Leeds que permite avaliar a resolução de alto contraste (grupos de
pares de linhas dispostos no centro do objeto) e de baixo contraste (círculos de diferentes
intensidades, distribuídos na periferia do objeto).
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Tabela 2. Valores recomendados de resolução de alto contraste de acordo com o tamanho do
intensificador de imagem [33].
Tamanho do intensificador de
Resolução
imagem
(pares de linha/mm)
(cm)
30/35 1,0
22,5/25 1,25
15/17,5 1,6
40
Figura 18. Comparação das imagens do objeto de teste para avaliação da resolução de contraste,
observada em dois monitores de uma mesma sala.
41
Figura 19. Representação do objeto M1 e medições para calcular a distorção.
42
qualidade, e a melhor qualidade possível dentro do compromisso de manter a dose
em um nível razoável.
Antes de serem disponibilizados para uso, os monitores devem passar por testes de
aceitação, nos quais se verifica se parâmetros referentes à exibição de uma imagem
de qualidade estão adequados. Além disso, avaliações periódicas de todos os
dispositivos se fazem necessárias para evitar que problemas decorrentes do uso
não impliquem em perda de informações diagnósticas na imagem.
2
O termo glare é utilizado para descrever o espalhamento difuso da luz em monitores, o que induz a uma
luminância que vela a imagem. Veiling Glare é diferente de reflexão, que seria uma resposta do monitor às
condições de luz ambiente incidente, enquanto glare é uma propriedade interna do monitor. Em monitores LCD,
normalmente o glare é notado ao redor de caracteres brilhantes em um fundo escuro.
43
Figura 20. Imagem do objeto TG18-QC.
44
O tempo acumulado de fluoroscopia é um dos principais indicativos da otimização da
prática intervencionista. De forma prática, pode-se afirmar que quanto maior o tempo
de fluoroscopia, maior será a dose no paciente. Por outro lado, os profissionais
presentes na sala durante o procedimento também são irradiados à proporção do
tempo devido à contribuição da radiação espalhada. Sem a otimização da prática, no
que se refere ao tempo de fluoroscopia, o tubo terá maior desgaste (quando são
utilizados sistematicamente longos tempos de exposição, situação não otimizada),
que em ultima instância também contribuirá para o aumento da dose no paciente e
nos profissionais. Por estas razões, faz-se necessário que o tempo de exposição
seja um parâmetro corretamente calibrado nos equipamentos intervencionistas.
Figura 21. Protetor sendo colocado cobrindo o sistema de colimação do equipamento de raios X.
45
8. Riscos biológicos em radiologia intervencionista
Quando a radiação emitida pelo tubo de raios X incide no paciente (Figura 22.A), se
produz uma interação com os órgãos e tecidos de maneira que uma parte desta
radiação é absorvida e outra parte é transmitida. Os processos físicos de interação
da radiação com a matéria, que são predominantes para as faixas de energia que
intervêm em radiodiagnóstico, denominam-se efeito fotoelétrico e espalhamento
Compton. De uma maneira muito elementar, podemos dizer que o processo
fotoelétrico é responsável pela absorção dos fótons de raios X dentro do tecido,
evitando que o fóton atinja o receptor de imagem (Figura 22.B). Esta radiação
contribui para a dose no paciente. No espalhamento Compton, os fótons de raios X
incidentes nos tecidos do paciente são desviados da sua trajetória original, gerando
“radiação espalhada” tanto no sistema de registro de imagem como nos indivíduos
posicionados ao redor do paciente (normalmente o profissional que realiza o
procedimento) (Figura 22.C). Esta radiação espalhada pelo paciente ou por outros
objetos posicionados na direção do feixe incidente é a que contribui para a dose nos
profissionais.
46
Figura 22. Irradiação do paciente (A) e interação da radiação com os tecidos internos. B) situação
ideal, sem espalhamento; C) situação real, o paciente é um meio espalhador da radiação.
47
Gy. Para a formação de uma catarata em uma exposição em longo prazo, é
necessária uma taxa de dose maior do que 0,15 Gy/ano.
48
pele, devido ao fato de o controle automático de brilho mudar automaticamente os
fatores da técnica para aumentar a produção de raios X [38].
As grandezas dose em órgãos, dose equivalente e dose efetiva são indicadas para
estimativa de riscos. A estimativa da dose efetiva no paciente em radiologia
intervencionista é difícil, devido às constantes mudanças do tamanho de campo e
das projeções do tubo durante o procedimento. Além disso, é difícil determinar quais
regiões do paciente foram irradiadas.
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Este é um conceito que foi definido como uma forma de estimar a dose acumulada
na pele, ou seja, a dose que o paciente receberia na pele se o feixe de raios X não
se movimentasse e irradiasse sempre a mesma área da pele [23].
Figura 23. Desenho explicativo sobre como medir o kerma/taxa de kerma no ponto de referência
intervencionista.
O filme deve ser posicionado sobre a mesa e sob o paciente, sendo centrado o mais
próximo possível da zona mais irradiada do paciente. Para este tipo de filme, a
dependência com a dose é linear até 10 Gy. No caso de procedimentos
complicados, onde a posição da máxima dose é difícil predizer, esse tipo de
dosímetro é provavelmente uma boa seleção de detector [23].
51
Figura 24. Imagem de um filme radiocrômico irradiado.
Por outro lado, uma grande quantidade de informações técnicas que descrevem a
aquisição de imagens pode ser encontrada no cabeçalho DICOM (Digital Imaging
and Communications in Medicine) para imagens digitais. No entanto, as informações
existentes raramente são usadas para estimar a dose na pele. Isso acontece porque
os dados contidos no sistema DICOM são incompletos ou em formatos variados (os
formatos e locais das informações armazenadas variam de fabricante para
fabricante e de modelo para modelo de equipamento).
52
9.2. Kerma acumulado no ponto de referência intervencionista.
53
exposição à radiação; há pouca interferência na realização do exame e não há
necessidade de incomodar o paciente nem o radiologista com as medições [40].
Para medir o PKA, na saída do feixe após o sistema de colimação, é colocada uma
câmara de ionização de placas paralelas com área suficiente para abranger o feixe
de raios X (Figura 25).
54
no ar sobre toda a área. Os medidores de PKA são projetados de maneira tal que sua
resposta é razoavelmente independente da energia para feixes de raios X na faixa
das qualidades de radiodiagnóstico. Estes podem ser utilizados rotineiramente em
todos os procedimentos diagnósticos, não interferindo no procedimento médico nem
incomodando o paciente [40].
Figura 26. Sistema medidor do produto kerma-área: eletrômetro e câmara de transmissão PTW
Diamentor E.
56
Além das vestimentas de proteção, é recomendável o uso de um sistema robusto e
adequado de monitoração individual do pessoal. Apenas um dosímetro colocado por
dentro ou fora do avental nem sempre é suficiente para estimar adequadamente a
dose efetiva ocupacional, devido à grande heterogeneidade do campo de radiação.
Pode ser usado um dosímetro adicional na altura do pescoço, por fora do avental,
para estimar a dose na cabeça (olhos).
No Brasil, a Portaria 453 [35] determina que o monitor individual deva ser usado por
fora do avental, na parte mais exposta do tórax, estimando a dose nas partes não
blindadas do corpo. Além disto, é recomendado que, caso as mãos possam receber
doses mais do que 10 vezes superiores ao valor medido por este dosímetro, sejam
usados dosímetros adicionais de extremidades (anel ou pulseira).
57
11.1. Anteparo móvel suspenso do teto
São dispositivos de uso comum para a proteção do indivíduo que fica próximo à
fonte de raios X, principalmente na região dos olhos e tireoide (Figura 27). O
dispositivo deve conter a indicação da equivalência em mm de chumbo e a tensão
máxima do tubo (kVp) para a qual este valor é aplicado. No Brasil, A Norma NBR
IEC 61331-2 determina as características que devem ter os visores plumbíferos para
serem adotados em anteparos, portas, paredes ou biombos de salas
,
radiológicas [45, 46].
Figura 27. Anteparo móvel suspenso do teto em uma sala de cardiologia intervencionista
58
Figura 28. Avental do tipo colete e saia e protetor de tireoide.
60
Figura 30. Avental deixado no chão de uma sala, de uma maneira que pode provocar danos ao
material atenuador e colocação do avental para avaliação fluoroscópica.
61
12. Proteção Radiológica e otimização em Cardiologia Intervencionista
62
Tabela 5. Relação entre a distância intensificador de imagem-paciente e a dose no paciente, a uma
distância foco-intensificador de 100 cm [50].
Distância intensificador de
Dose no paciente
imagem-paciente
0 cm 100%
Acréscimo de aproximadamente
10 cm
120%
Acréscimo de aproximadamente
20 cm
145%
Tabela 6. Relação entre a espessura do filtro de Cu e a redução da dose na pele do paciente [50].
63
j) Treinamento. Um profissional sem treinamento estará mais propenso a realizar
um maior número de aquisições de imagens, utilização de magnificação sem
necessidade diagnóstica, maior tempo de fluoroscopia, entre outros fatores.
k) Controle de qualidade dos equipamentos emissores de radiação. A redução
de efeitos tissulares no paciente advém do conhecimento das taxas de dose
emitidas pelo equipamento de raios X. A qualidade do serviço de radiologia
intervencionista está intimamente relacionada com a verificação periódica da
dose e desempenho da imagem, tanto para fluoroscopia quanto para
aquisição de imagens.
l) Presença de um físico médico dentro do serviço de cardiologia
intervencionista. A boa inter-relação entre o hemodinamicista e o físico
médico é essencial para o adequado desempenho do programa de garantia
da qualidade. A relação dose e qualidade de imagem, por exemplo, deve ser
discutida em conjunto. Além disso, o desempenho do equipamento e
aspectos que envolvem proteção radiológica e dosimetria são de competência
de um físico médico [23].
64
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66
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