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Lumpemproletariado: a chave que une liberais e marxistas

na utopia globalista
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28 de maio de 2019

A ideologia do globalismo, que visa uma nova ordem global em que a humanidade será
administrada por uma elite de políticos iluminados, pode facilmente ser obtida como
resultado da ação de intelectuais neomarxistas financiados por milionários liberais, em
torno da utopia de um novo iluminismo. Uma das chaves para entender esse jogo de
cooperação histórica está no papel do proletariado marginal ou o lumpemproletariado.

Não há dúvidas de que a classe revolucionária dominante nos dias de hoje compõe-se do
que Marx chamava de lumpemproletariado, aquela classe desorganizada e cínica que
poderia contaminar o proletariado e facilmente acabar servindo aos interesses da
burguesia. O proletariado marginalizado e destituído de consciência de classe
potencialmente uma classe de mercenários e traidores. Não é preciso pensar muito para
prever que os atuais ativistas LGBT, pró-banditismo revolucionário, etc, seriam os
primeiros a se revoltar contra uma ditadura comunista ou uma “ditadura financeira” de
megabilionários. Mas são justamente os liberais e marxistas que mantém viva essa
classe descartável de idiotas úteis.

Afinal, George Soros foi o responsável pelo fundo que criou a Fundação Marielle Franco.
Investiu mais de 10 milhões para causas como combate ao racismo, lgbtfobia e
audiência de custódia, clássicas causas que fortalecem o subproletariado ou o
proletariado em frangalhos. Ninguém questionará se esse “proletariado” representa
mesmo os que trabalhavam para o sustento da prole. Afinal, se os marxistas desistiram
de vez do proletariado descrito por Marx dada a sua falta de fidelidade à classe, eles
sabemam substituí-lo por uma massa fiel ao dinheiro dos metacapitalistas.

O lumpemproletariado, para Max, era uma classe abaixo do proletariado, desprovida de


recursos econômicos e de qualquer consciência de classe. Teria sido com o controle
dessa subclasse (também chamado subproletariado) que Luis Bonaparte teria formado
o grupo chamado Sociedade 10 de dezembro , entidade de mercenários que tumultuava e
ameaçava de morte e roubo os adversários políticos de Bonaparte para intimidá-los em
favor da sua causa . A história é contada por Marx em O 18 Brumário de Luis Bonaparte e
exemplifica o uso estratégico do lumpemproletariado por qualquer classe que consiga
organizá-lo.

Mobilizados pela Escola de Frankfurt, os estudantes se uniram a essa massa amorfa e


disforme (palavras de Marx) que se ocuparam do verdadeiro “trabalho do negativo”,
recomendado por Hegel e seguido pelos frankfurtianos. A “crítica total de tudo quanto
existe” tornou-se uma atividade preferida, e bem financiada, dos intelectuais ao longo do
último século.
Essa mudança foi possível principalmente graças à percepção marxista de que o
proletariado jamais teria uma capacidade concreta de organizar-se como classe. A
solução foi simbolizar a consciência proletária em outros grupos de revoltados, incluindo
aí como “revoluções subjetivas da burguesia” (feminismo, lobby gay), que ironicamente
eram associadas ao fascismo pelos marxistas ortodoxos.

Mas a quem coube organizar a massa desorganizada dos fracassados, entre os quais o
século XX acrescentou misteriosamente a classe estudantil? Não pode ter sido o
proletariado, já que nem mesmo os marxistas confiam mais na sua capacidade de
organização. A resposta já tem sido dada por Olavo de Carvalho: coube aos
metacapitalistas, herdeiros da ideologia liberal, e temerosos da promessa marxista da
expropriação das suas propriedades.

Quando uma classe intelectual, representada por professores universitários, reduziu-se a


um amontoado de ideólogos mercenários, obedientes ao dinheiro de incentivos
governamentais, benesses de fundações internacionais financiadas por milionários
estrangeiros, reduziu-se a uma classe útil justamente ao comando dos estudantes, que
estímulo ao estímulo que os marxistas ortodoxos mais temiam: o dinheiro dos
capitalistas.

Família, Igreja e Estado: trindade maldita

Não vem só de velhos marxistas, como Marx e Engels, o ódio ao conceito universal de
família, o papel da Igreja e como funções originais do Estado. Liberais que almejam uma
sociedade planejada e funcional também que ver essas instituições básicas e
direcionadas à produtividade.

Para os marxistas, a família é o berço da exploração e também origina a autoridade do


Estado. Assim como a Igreja, essas instituições criam objetivos à formação da
consciência de solidariedade de classe. Família atua na solidariedade parental, Igreja na
caridade cristã e o Estado (burguês) na obediência às leis (burguesas e portanto
exploradoras).

Já para os liberais, essas instituições representam à livre consciência e à liberdade


individual, oferecendo regramentos externos e solidariedades alheias à racionalidade e
gestão racional da vida humana. Para o liberalismo, embora essas instituições sejam
respeitáveis, elas não podem jamais poder suplantar a autoridade individual sobre cada
um. A autoridade da família limita modelos e projetos de vida, assim como a religião
influencia nos limites da ação humana.

Uma nova ordem socialista e liberal?


Marxismo e liberalismo são, portanto, raízes comuns do globalismo, que desenvolve-se
como um plano de administração total em um novíssimo mundo baseado em princípios
são a combinação de projetos das duas ideologias. E não é a toa que as duas únicas
correntes políticas permitidas pelo globalismo sejam duas espécies do mesmo gênero:
social-democracia e neoliberalismo. Uma estranha dualidade entre socialismo
democrático e um liberalismo social, dois nomes para uma mesmíssima coisa.

Um plano de governança global agradaria evidentemente os dois lados, mas também


poderia ser criticado por ambos. Para marxistas, a solidariedade do proletariado sempre
foi supranacional e o controle dos meios de produção, como recursos naturais, por
exemplo, são tranquilamente demonstrados com o ambientalismo e ecossocialismo.

Para os liberais, a administração e gestão com o foco na eficiência e no mútuo


desenvolvimento das nações em um mundo globalizado. No caso do ambientalismo, a
soma da visão ecossocalista e do liberalismo traduz-se no arranjo retórico-prático da
sustentabilidade Para esse desenvolvimento, todas as balizas morais e religiosas são
obviamente inúteis e velharias tradicionais que precisam ser sacrificadas em nome da
prosperidade das nações .

O papel do estado é obviamente dúbio no jogo estratégico. Para o socialista, seria


preciso atrair funções cada vez mais profundas para as empresas estatais, únicos
fundadores são família e religião, representando o estágio intermediário entre individuo e
estado. Neste caso, o liberal coopera quando combate os mesmos objetivos, mas na
esperança da auto-diminuição estatal, o que traria exatamente o mesmo resultado
socialista sem que houvesse um fortalecimento da sociedade, o que só ocorreria através
das suas instituições naturais.

O universo liberal é o de um estado mínimo e uma sociedade menor ainda, cujo único
valor que sobra é o da produtividade, eficiência etc, ou seja, justamente o sonho dos
grandes capitalistas. É evidente que sem moralidade a produção será muito maior e a
geração de riqueza econômica se multiplicará.

Indivíduos sem família, sem filhos, sem religião ou balizas morais são funcionários
perfeitos e exímios trabalhadores produtivos e eficientes, cujo único sentido de
solidariedade seria com seus patrões, empresas ou associações para as quais trabalhos.
Para satisfazer o sonho liberal, o lumpemproletariado trabalha dia e noite nas suas
revoluções subjetivas de liberdade sexual, prazeres ilimitados e uma vida aparentemente
livre de amarras morais que fatalmente termina na escravidão dos vícios em drogas,
sexo e consumo.

O projeto tipo de cidadania dos prazeres satisfaz perfeitamente o plano liberal de


sociedade de consumo que se vê profundamente livre enquanto é escravizada por seus
desejos (e não mais por suas necessidades, como no passado). Ao mesmo tempo, os
gostos e prazeres mais subjetivos convertem-se em motivos para a organização de
grupos que lutam pelo direito de gostar, desejar e consumir.

Essas “comunidades de sentido” são úteis também ao avanço do marxismo culturalista,


que simboliza todo tipo de anseio por libertação de amarras morais como sujeito
histórico da revolução, o proletariado perdido.
Uma dúvida que pode ser colocada é: será que depois de extintos todos os valores
morais a sociedade será capaz de identificar o que significa prosperidade, riqueza e
felicidade? Talvez o velho proletariado, aquele que trabalha para o sustento da prole, foi
protestar contra uma ordem globalista no dia 26 de maio. Como diz Olavo de Carvalho,
estamos vendo o fenômeno de uma elitista esquerda tentando sufocar uma direita
genuinamente popular, algo impensável e imprevisível pelo discurso marxista tradicional.

Oposições meramente doutrinais

É claro que há pontos contrários ao globalismo em ambas as doutrinas. Um marxismo


mais ortodoxo seria, obviamente, contrário a essa tutela global das nações,
principalmente se não se tratar de uma governança de base socialista. O financiamento
do Grande Capital também seria o motivo necessário para os marxistas combaterem
uma ordem global.

Da mesma forma, o liberalismo, como doutrina contrária a toda centralização de poder,


principalmente quando este poder pretende determinar crenças, valores e uma ética
supraindividual.

Mas a crítica meramente doutrinal, liberal ou marxista, do globalismo não significa


absolutamente nada quando o uso dos seus meios de ação caminha exatamente para a
efetivação dessa ordem global. Além disso, tendo os valores universais cada vez mais
excluídos da sociedade e ausentes dos debates públicos como questões de foro íntimo e
arbítrio meramente individual, sobra-nos o valor da produtividade e da prosperidade
material como único valor moral.

Desde que liberais e marxistas aprenderam a utilizar o lumpemproletariado, isto é, a


massa de manobra de vagabundos do sistema, como motor das mudanças globais, o
único caminho do mundo é o do holocausto revolucionário defendido por Marx, que
fatalmente eliminará a humanidade antiga em nome do “novo homem”.

Jardim das Delícias (Hieronymus Bosch)

O verdadeiro efeito e objetivo


Mas os intelectuais que comandam a massa de lumpem estudantes prometem um
mundo maravilhoso a eles. Se uma ditadura proletária nos ruim no passado, esses
ideólogos prometem um tipo de “lumpem ditadura”, onde os valores e virtudes
ultrapassadas são preenchidos por uma lucrativa e próspera libertinagem defendida
como única moralidade possível. Mas esse jardim das delícias nunca vai existir e é
apenas uma promessa vã que engana estudantes idealistas e jovens imaturos.

O verdadeiro efeito e objetivo por trás do uso do lumpemproletariado é o de uma ordem


global centralizada, avaliar critérios de moralidade não obter nada de indivíduos ou livres,
mas administrados juridicamente pela elite de iluminados que os utilizarão conforme o
sentidoem que é necessário para aquilo que acreditar ser o progresso humano.

Mas se você faz parte dessa elite e sabe exatamente qual é o melhor caminho para a
humanidade, então pode relaxar e esperar chegar a grande plenitude dos tempos trazida
pelos arquitetos da nova ordem globalista.

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