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CHERNOBYL

Episódio 1 - “1:23:45”

Escrito por

Craig Mazin
01. ESCURO

Uma voz masculina, aguda, sobre os estalos de uma gravação


cassete.

GRAVAÇÃO
Qual é o preço das mentiras?

02. INT. APARTAMENTO EM MOSCOU

Um CIGARRO – queima lentamente em um cinzeiro.

GRAVAÇÃO
O problema não é confundimos com a
verdade. O real perigo é que se
ouvirmos muitas mentiras, não
conseguimos mais distinguí-la da
verdade. O que fazer então? O que resta
mesmo é abandonar a esperança da
verdade, e ao invés disso nos
contentarmos... com estórias.

Um apartamento abarrotado. Estantes de livros. Recortes de


publicações científicas, mobília da época soviética. Um papel
de parede nicotinado.

GRAVAÇÃO
Em tais estórias, os heróis são
ignorados. Só interessa saber uma
coisa: de quem é a culpa? Bem. Nesta
estória, foi Anatoly Dyatlov. E ele foi
a escolha perfeita. Um homem arrogante,
antipático, que comandava tudo aquela
noite, ele deu as ordens... e sem
amigos. Ou pelo menos sem amigos
importantes.

Um GATO trota elegantemente sobre uma MÁQUINA DE ESCREVER em


cima de uma mesa de madeira. Por uma brecha da máquina,
vislumbramos um HOMEM, sentado diante de uma mesa na cozinha.
Puxa o cigarro do cinzeiro. Fuma.

GRAVAÇÃO
E agora Dyatlov irá passar os próximos
dez anos em trabalhos forçados em uma
prisão.

COZINHA – o tique-taque suave de um pequeno RELÓGIO sobre a


mesa da cozinha. Acaba de dar 1:00 AM
INSERÇÃO: MOSCOU – 26 DE ABRIL DE 1988

Próximo ao relógio: uma xícara de chá, o cinzeiro e um antigo


GRAVADOR DE ÁUDIO CASSETE soviético. A fita está rolando.

GRAVAÇÃO
Naturalmente a sentença é bastante
injusta. Existiram criminosos maiores
do que ele no trabalho.

O homem ouvindo é VALERY LEGASOV, 52. Óculos. Pálido como


papel. Cabelo ralo com manchas estranhas.

GRAVAÇÃO
E pelo que Dyatlov fez de fato, um
homem não merece a prisão.

Legasov dá uma longa tragada no cigarro. Escutando calmamente


sua própria voz tocando no gravador.

GRAVAÇÃO
Ele merece a morte.

Legasov aperta STOP. Pega um pequeno microfone de fio


conectado ao gravador. Aperta PLAY / RECORD.

LEGASOV
[irritado]
Ao invés disso, dez anos por
“ingerência criminosa”. O que isso
significa? Ninguém sabe, e ninguém se
importa. O que realmente importa para
eles é que a justiça foi feita. Porque
um mundo são é um mundo justo, não é
verdade?
(pausa)
Não há nada de são em Chernobyl. O que
aconteceu lá, o que aconteceu após,
mesmo o bem que fizemos...tudo...
tudo...
(pausa)
Loucura.

Ele retira os óculos. Esfrega os olhos. Exausto.

LEGASOV
Eu deixo aqui tudo que eu sei. Eles
tentarão negar, como sempre fazem. Você
irá conseguir? Não sei. Só sei que você
fará o possível.
Legasov aperta STOP. Então REWIND. Enquanto a fita rebobina,
vemos MAIS CINCO FITAS sobre a mesa, todas numeradas.

Legasov caminha até a JANELA. Afasta a cortina com cuidado e


espia:

POV: um CARRO estacionado do outro lado da rua. A LUZ


interior acesa. Sempre acesa. Alguém sempre está lá.

03. EXT. PRÉDIO DE APARTAMENTOS EM MOSCOU – NOITE

Noite morta. Legasov deixa o prédio com a prudência de


permaner nas sombras, segurando o casaco nas mãos. Do outro
lado da rua – O CARRO ESTACIONADO.

Um HOMEM sentado no carro. Luz interna acesa. Ele vira uma


garrafa térmica, despejando café em um copo. Distraido
enquanto Legasov PASSA rapidamente pelo BRILHO de uma lâmpada
de um poste até:

UM BECO ESCURO próximo ao seu prédio. De volta às sombras.


Ele cruza latas de lixo em um pequeno jardim. Ele retira o
PACOTE de dentro do casaco e esconde em uma saída de
ventilação, longe da vista.

Agora, sobrou uma última tarefa. Ele checa o relógio. 1:19.


Quase na hora. Ele retira um único cigarro de uma carteira
quase cheia. Joga fora o restante.

04. INT. APARTAMENTO DE LEGASOV – MINUTOS DEPOIS

O gato está agora na mesa da cozinha. Ele ergue a cabeça ao


ouvir a porta abrindo e fechando.

Legasov entra. Retira o casaco. Caminha rapidamente até a


janela e checa mais uma vez.

POV: a luz do carro ainda está ligada. Mas ninguém saiu.


Ninguém o viu.

Legasov acende o único cigarro. Uma tragada demorada. Confere


o relógio novamente. Outra tragada. Ele agora tem pressa.

Ele coloca quatro tijelas no chão, uma ao lado da outra.


Enche cada uma delas com restos de frango cozido de um prato.

Volta para a mesa. Outra tragada no cigarro. Confere o


relógio. São 1:23. Certo. Amassa o cigarro no cinzeiro.
Caminha para fora do quadro.
Vemos o GATO e o RELÓGIO. OUVE-SE: a porta do armário se
abrindo... som metalico batendo.

A segunda mão bate. É 1:23 e 20 segundos.

SOM: passos

1:23 e 30 segundos.

SOM: uma cadeira sendo empurrada

1:23 e 40 segundos

… silêncio, enquanto o gato encolhe a cabeça, entediaado. Tic


tic tic tic. 1:23:41, 42, 43, 44 –

SOM: uma cadeira tombando e um SOM forte.

O gato levanta a cabeça. Impressionado.

REVELANDO – As pernas de Legasov, suspensas no ar, lentamente


sumindo, perdendo o foco.

O cigarro ainda queima. A fumaça sobe.

DISSOLVER PARA:

05. EXT. PROPYAT – NOITE

VISTA DA JANELA – uma pequena cidade de 50.000 pessoas, a


maioria morando em enormes blocos de apartamentos.

Na paisagem além, LUZES brilham a distância, dois ou três


kiloetros de distância. Algumas brancas, vermelhas outras
piscando.

A Usina Nuclear de Chernobyl.

TÍTULO: PRIPYAT, UCRÂNIA – URSS

DOIS ANOS E UM MINUTO ATRÁS

Voltamos para ver que estamos...

06. INT. APARTAMENTO – NOITE

Olhando para as luzes brilhantes da usina nuclear atravé da


JANELA. Um apartamento simples. Esparso. Curto, com paredes
azuis. Uma kitchenete apertada.
NA PAREDE – um FOTO de um homem jovem segurando uma garota
nos braços. Ela sorri. Com medo. Apaixonada. Ao lado da foto,
um calendário. O ano é 1986.

Ouvimos: uma mulher VOMITANDO fora do quadro. Descarga.

LYUDMILLA IGNATENKO, 23, deixa o banheiro. Tomando fôlego.


Doente. Porém feliz. Algo de belo.

Ela espia o seu quarto, onde seu marido, VASILY, 25, dorme
profundamente. Ótimo. Melhor contá-lo depois.

Oh O cigarro no cinzeeiro. Não ter mais fumaça. Ela


rapidamente joga fora. Um APITO crescente. Lyudmilla cruza o
quadro. Ouvimos o chá ser despejado.

TRAVÉS DA JANELA – vemos mas não ouvimos uma pequena EXPLOSÃO


na usina nuclear, seguida quase que instantaneamente por uma
ENORME EXPLOSÃO que transforma a noite em dia. E ainda,
nenhum barulho. Um apocalipse mudo.

Um segundo se passa. Lyudmilla entra nvamente no quadro.


Alheia.

Dois segundos, Ela se senta.

Três segundos – ONDA DE CHOQUE – como uma enorme GOLPE na


lateral do prédio... ela é empurrada para trás.

A PORTA DO QUARTO abre-se, e Valily aparece. Uma camiseta sem


mmangas, uma calça do pijama. Confuso. O barulho.

Ele enncontra Lyudmilla na janela. Observa...

CHAMAS com um terrivel BRILHO carmesim na usina nuclear, como


se o prédio tivesse aberto as portas do inferno.

E erguendo-se daquele inferno – uma COLUNA DE LUZ AZUL CLARO


incomum, brilhante, como uma holofote lançado em direção ao
céu... aparentemente às estrelas.

Cães ladram. Luzes dos apartamentos acendem. Pripyat


desperta. É 1:21 AM.

07. INT. SALA DE CONTROLE – REATOR #4 – 01:24 AM

Apenas o som de um chiado distante.

Tudo que vemos é uma POEIRA BRANCA CINTILANTE, iluminada


pelas LÂMPADAS DE INCÊNDIO de emergência. Enfim vemos:
HOMENS – os operadores da sala de controle, vestidos com o
uvidorme branco idênticos. Chapéus alvos cobrindo suas
cabeças. Todos nas mesma posição. Intimidados.

Exceto um homem, me em pé. 55 anos. Bigode castanho, cabelos


brancos na parte de trás da cabeça. É ANATOLY DYATLOV.

CLOSE EM DYATLOV – CÂMERA LENTA – o a poeira branca


asenta-se de forma estranha em seu rosto. Confuso. Em choque.

Ouvimos o eco de uma voz distante:

VOZ (O.S.)
Camarada Dyatlov? Camarada Dyatlov?

FIM da câmera lenta. Dyatlov percebe:

ALEXANDR AKIMOV, 33, bigode preto e óculos. Olhar fixo nele –


chamando seu nome.

AKIMOV
Camarada Dyatlov?

DYATLOV
O que aconteceu?

AKIMOV
Não sei.

BRAZHNIK, 20, entra em pânico.

BRAZHNIK
Um incêndio na sala da turbina. Alguma
coisa explodiu...

Dyatlov faz uma pausa. Perdido em seus pensamentos? Suas


feições são uma icógnita. Segundos agonizantes. Enfim, vira-
se para Akimov friamente.

DYATLOV
A sala da turbina. O tanque do sistema
de controle. Hidrogênio. Você e
Toptunov – vocês imbecis explodiram o
tanque.

LEONID TOPTUNOV, 25, loiro, magro, aterrorizado. Seu bigode


adolescente é uma imitação fina do de Akimov.

TOPTUNOV
Não, não é...
Akimov faz um gesto para Toptunov não discutir.

DYATLOV
(para a sala)
É uma emergência. Fiquem calmos. Nossa
primeira prioridade é...

PEREVOZCHENKO, 30 ,entra. Sem ar. Frenético.

PEREVOZCHENKO
Explodiu.

DYATLOV
Já sabemos. Akimov – estamos resfriando
o reator central?

AKIMOV
Nós o desligamos.
(checando o painel)
Mas as hastes de controle – elas não
estão completamente – eu desativei a
válvula. Eu nao...

Perevozchenko observa Akimov e Dyatloc conversarem sobre o


reator... estão loucos?

DYATLOV
Certo. Irei desconectar os servomotores
do console do modo de espera. Vocês
dois!

Enquanto Dyatlov caminha até a porta -

PEREVOZCHENKO
Não exíste mais núcleo.

Dyatlov para. Vira-se. Todos na sala param para observar.


Dois ESTAGIÁRIOS, PROSKURYAKOV e KUDRYAVTSEV, ambos 30, olham
um para o outro. Pela primeira vez um temor real.

PEREVOZCHENKO
Explodiu. O núcleo explodiu.

Uma pausa, Dyatlov então meneia a cabeça em desgosto.

DYATLOV
Ele está em choque. Tirem-no daqui.

PEREVOZCHENKO
Não há mais cobertura. Tudo está em
chamas. Eu vi.

DYATOV
(calmamente)
Você está confuso. O núcleo de um
reatore RBMK não podem explodir.
Akimov...

Akimov hesita. Observa o painel de controle. Uma tampa de


plástico é levantada sobre um interruptor com uma faixa o AZ-
5. Ele encara jovem Toptunov, assustado.

AKIMOV
Não se preocupe, Leonid. Fizemos tudo
direito. Algo – Algo estranho
aconteceu.

Toptunov segura Akimov pelo braço.

TOPTUNOV
Sente o gosto de metal?

DYATLOV
Akimov.

Akimov sente o gosto metálico em sua boca. Então:

AKIMOV
Camarada Perevozschenko, o que está
dizendo é fisicamente impossível. Um
núcleo central não pode explodir. Deve
ser o tanque.

Perevozchenko encara Akimov, desacreditado.

DYATLOV
Estamos perdendo tempo. VAMOS Tirem o
hidrogênio dos geradores, e bombeiem a
água para o núcleo.

Assim que Dyatlov vira-se para sair –

BRAZHNIK
E o incêndio?

Dyatlov olha de volta para ele. Incomodado.

DYATLOV
Chamem a brigada de incêndio.
Dyatlov SAI.

08. INT. CORREDOR EXTERNO DA SALA DE CONTROLE 4 – CONTÍNUO

Luzes do gerador de emergência brilha sobre a nuvem de


poeira.

Ouvimos um ALARME soando a distância. Alguém grita.

DYATLOV – avança determinado. Não esboça emooção. Frio como


pedra. Para. Sente o AR FRIO em seu rosto. Vira-se para:

Uma PEQUENA ESCADARIA com uma JANELA. Os vidros foram


QUEEBRADOS, e cacos de vidro espalhados pelo chão. Dyatlov
caminha com cuidado sobre os cacos...

Ele vai até a janela aberta. Observa o piso lá em baixo.

Pilhas de detritoss preenchem o chão. Sib a luz da lua é


difícl dizer o que são. Alguma estão em CHAMAS.

Dyatlov olha fixamente para os detritos por um breve momento.


Enfim, vira-se calmamente e desce de volta ao corredor.

09. EXT. USINA DE CHERNOBYL – CONTÍNUA

Os DESTROÇOS EM CHAMAS – pedaços escuros de GRAFITE, com


sulcos lisos esculpidos nelas.

Erguemos dos destroços e vemos:

PRÉDIO DO REATOR #4 - e o enorme BURACO ESCANCARADO na


lateral – toneladas de aço, grafite, gesso e blocos de
concreto expelidos pela explosão...

CHAMAS consomem em pontos onde o o grafite vermelho e


fumegante o revestimento do teto. Uma FUMAÇA ESCURA é
expelida de algum ponto do prédio. E ainda um brilho terrível
em tons de vermelho. Além do BRILHO impossível de uma LUZ
AZUL erguendo-se.

Ouvimos: um som estático crepitante – e uma modulação de


áudio estranha e repetitiva.

CORTA PARA TELA ESCURA:

10. SOBRE TELA ESCURA

A modulação para tão logo um novo sinal é estabelecido. Então


– vozes de um telefone ou talvez um rádio, em russo.
Esta é uma gravação verdadeira de uma chamada feita naquela
noite.

Apenas a tradução legendada sobre a tela escura:

SERVIÇO DE EMERGÊNCIA DE PRIPYAT


Alô, é da Brigada Militar de Incêndio
2?

BRIGADA MILITAR DE INCÊNDIO 2


Sim.

SERVIÇO DE EMERGÊNCIA DE PRIPYAT


Como foi o acidente?

BRIGADA MILITAR DE INCÊNCIO 2


Uma explosão no prédio principal entre
os blocos três e quatro.

SERVIÇO DE EMERGÊNCIA DE PRIPYAT


Há pessoas por aí?

BRIGADA MILITAR DE INCÊNDIO 2


Sim.

Ouvimos outra voz ao fundo da brigada militar)

OUTRA VOZ
Acordem os chefes.

BRIGADA DE INCÊNDIO
Eu já telefonei para os meus.

OUTRA VOZ
Acorde-os. Acordem todos. Acordem todos
os oficiais do bloco.

TOM DO ÁUDIO – uma nova chamada

CORPO DE BOMBEIROS
Corpo de bombeiros.

SERVIÇO DE EMERGÊNCIA DE PRIPYAT


Alô, Ivankov?

CORPO DE BOMBEIROS
Sim. Sim?

SERVIÇO DE EMERGÊNCIA DE PRIPYAT


Você está sendo chamado por Pripyat.
Alô?

CORPO DE BOMBEIROS
Sim. Sim estou te ouvindo.

SERVIÇO DE EMERGÊNCIA DE PRIPYAT


Nas instalações da usina nuclear, nos
blocos três e quatro. O teto está em
chamas.

TOM DO ÁUDIO – chamada encerrada

A tela escura ABRE em uma luz, e estamos:

11. INT. APARTAMENTO DE LYUDMILLA E VASSILY - AGORA

– em um ARMÁRIO, olhando para VASILY, de camiseta e calça de


uniforme. Ele segura as botas.

Lyudmilla o assiste nervosa.

LYUDMILLA
Você não foi chamado esta noite.

Ele se apressa a calçar as botas.

VASILY
Eles estão chamando todo mundo.
Militares e civis. Pripyat. Polesskoe.
Até Kiev. É um dos grandes.

LYUDMILLA
Não parece estar certo. A cor.

VASILY
Pravik acha que eles estão ou algo do
tipo.

LYUDMILLA
Mas há produtos químicos.

Ele veste a jaqueta.

VASILY
Químicos? Não, o problema é no teto.
Está coberto de piche. Vai queimar a
noite toda e cheirar com o inferno. Mas
é o pior que pode acontecer.
Ela abre a boca para dizer algo, mas ele puxa o rosto dela em
suas mãos. Dá um beijo.

VASILY
Durma. Eu estarei de volta logo que
acordar.

12. OMITIDO

13. OMITIDO

14. INT. DENTRO DO REATOR IINTERNO 4 – MESMO TEMPO

Corredor escuro. Fumaça. Fagulhas caem de fios elétricos


rompidos entre água flutuante. O vapor apitando.

PEREVOZCHENKO aparece a vista.

Somos CONDUZIDOS por ele por um labirinto retorcido e cheio


de destroços. Uma área de desastre e destroços, tetos
desabados e um vapor jorrando...

Ele acelera até chegar em uma PORTA ABERTA – o seguimos até:

DOSÍMETRO – NIKOLAI GORBACHENKO encolhido em seu gabinete.


FAGULHAS saindo de um buraco no teto.

GORBACHENKO
É a terra?

Perevozchenko procura avidamente por entre os destroços.

PEREVOZCHENKO
Onde está o o dosímetro?

GORBACHENKO
Aqui... aqui...

Gorbachenko se estica e entrega a Perezvochenko um estojo


marrom de couro com um DOSÍMETRO. Ouvimos algo pesado
DESABANDO acima deles. Gorbachenko afasta-se.

GORBACHENKO
Eles estão nos bombardiando?
Perevozchenko não responde. Apenas fixa os olhos no dosímetro
sem screditar.

PEREVOZCHENKO
Que porra é essa! 3.6 roentgen?

GORBACHENKO
É o máximo que ele alcança. O outro,
melhor está trancado no cofre. Não
tenho a chave...
(olha)
Valera... seu rosto...

O rosto de Perevozchenko ESCURECIDO. Um tom BRONZE


avermelhado. Ele não sae. Não dá importância.

Deixa de lado o dosímetro inútil e levanta Gorbachenko, pondo


o de pé.

PEREVOZCHENKO
Vou procurar Khodemchuk. Você vai atrás
de Shashenok. Ele está no 604. Vá! Vá!

Perezvochenko entra em um TUNEL distante de npos e voltamos


para Gorbachenko, que está aterrorizado.

ACOMPANHAMOS GORBACHENKO no momento que ele sobe um estreiro


lance de escadas até a ESCURIDÃO – conduzimos ele, observando
seu rosto enquanto ele é luminado por fagulhas e o brilho
laranja de PONTOS DE INCÊNDIO...

Um HOMEM SURGE DAS SOMBRAS na direção de Gorbachenko e VOMITA


SANGUE em um jato violento, sujando o uniforme branco de
Gorbachenko.

GORBACHENKO
Merda!

O homem cambeleia para longe de nós, e um WHIP nos leva até


PROSKURYAKOV e KUDRYAVTSEV, os estagiários, descendo as
escadas em nossa direção.

PROSKURYAKOV
Precisamos chegar à sala do reator. O
elevador está destruido.

GORBACHENKO
(apontando)
Naquela direção. Do outro lado das
escadas.
Os estagiários correm naquela direção. Grobachenko berra para
eles...

GORBACHENKOK
Por que estão indo para lá?

Não há resposta. Eles somem. Então ele vê: uma PORTA DE METAL
em frente. O número 604 pintado em stencil no concreto ao
lado.

Acompanhamos dentro da SALA DEVASTADA – destroços por todos


os lados, e em uma poça de água, embaixo de uma VIGA
destruída...

Deus do céu. SHASHENOK – preso. Uma espuma de sangue saindo


de sua boca. Mas respirando.

UMA FIGURA CAMBALEANTE cruza a porta. Gorbachenko percebe.

GORBACHENKO
HEY!

Um TRABALHADOR DO PRÉDIO 4 VOLTA – sangue escorrendo por um


lado do seu rosto. POEIRA em seu cabelo.

GORBACHENKO
Me ajude.

O trabalhador do prédio 4 se une a Gorbachenko. Eles EMPURRAM


a coluna e libertam Shashenok, então AJUDAM A LEVANTAR entre
os braços.

Eles o carregam pelo braço, enlaçando o braço em seu pescoço.


Gorbachenko aperta com força a MÃO DIREITA de Shashenok
contra seu queixo para mantê-lo equiloibrado, e enquanto se
MOVIMENTAM:

– nós DEIXAMOS DE ACOMPANHÁ-LOS e MERGULHAMOS dentro do


BURACO no chão, passamos por uma seção de cabos e canos
rompidos e chegamos até o andar inferior do prédio para
encontrar:

PEREVOZCHENKO – seu rosto mais ESCURECIDO agora – a pele


começa a descascar – percorrendo por mais escomboros e poças
d'água, incluindo PEDAÇOS de um MATERIAL ESCURO...

De algum ponto, o som constante de BANG, BANG, BANG metal


contra metal...

Perevozchenko sobe a um andar longe da água e :


BANG – uma PORTA de metal se abre, e um novo rosto –
YUVCHENKO, aparece segurando um extintor de incêndio.

PEREVOZCHENKO
Você viu Khodemchuk?

YUVCHENKO
Não. Onde está Viktor?

Perevozchenko balança a cabeça “Não faço ideia” - então


vomita uma cascata de sua boca e nariz. Yuvchenko retrocede
em em pânico, solta o extintor...

… agora SEGUIMOS YUVCHENKO, 25, 2 metros, forte e atlético,


enquanto avança mais profundamente pelo complexo, saltando
sobre FIOS SOLTOS e destroços, o mais rápido do que pode...
até ver...

YUVCHENKO
VIKTOR? VIKTOR?

… um corpo ao lado de uma enorme BOMBA. Yuvchenko corre em


sua direção:

VIKTOR DEGTYARENKO, 31 – queimado e coberto de sangue...


quase não se vê a silhueta do seu rosto além do branco dos
seus olhos.

Ele treme. Apreensivo.

YUVCHENKO
Consegue se levantar.

VIKTOR
Kh... dem... ch... Khdem...

Viktor para tentando fazer sua boca funcionar. Seus olhos


rolam para a esquerda – em direção a uma PAREDE EXPLODIDA.

Yuvchenko levanta-se, e SEGUIMOS enquanto ele caminha


lentamente da abertura em:

A SALA DAS BOMBAS – em ruínas. Enormes blocos de concreto


espalhado por cima do maquinário.

Embaixo de uma enorme colula, uma poça contínua de sangue.


Vemos Khodemchuk embaixo dela.

Sabemos que está morto.


Uma seção da parede – um metro de largura em vergalhões e
concreto – rochas por todos os lados como se fosse borracha.

Acompanhamos os olhos de Yuvchenko até: UMA POÇA D'ÁGUA no


chão, vazando de um cano quebrado.

Nos reflexos da água corrente – estranhos PONTOS BRANCOS...

Movemos para cima e ao redor de Yuvchenko olhamos em sua


direção enquanto ele ergue a cabeça – atordoado sem palavras.

E VIRAMOS para ver o que ele vê Um buraco enorme e impossível


no teto do prédio.

E o brilho das estrelas.

15. CORREDOR FORA DA SALA DE CONTROLE – MINUTOS MAIS TARDE

CLOSE EM DYATLOV – em uma caminhada de volta à sala de


Controle $. Seus rosto mais estóico do que nunca. Queixo
pétreo. Sequer brilha os olhos.

Ele para ao som das SIRENES aproximando de fora... várias


delas... um barulho crescente...

Ele volta a caminhar. Não há mudança em sua expressão.

16. INT. SALA DE CONTROLE DO REATOR #4

Akimov está no painel. Toptunov em uma chhamada de telefone.

TOPTUNOV
Sem resposta. As linhas internas não
estão funcionando.

AKIMOV
Continue tentando. Tente todos.

Dyatlov entra.

DYATLOV
Eu retirei as hastes de controle do
outro painel.

AKIMOV
Elas ainda estão funcionando.

DYATLOV
O quê?
AKIMOV
Elas estão apenas em três por cento,
não sei por que... Já mandei os
estagiários à sala do reator para
baixarem manualmente.

DYATLOV
(frustrado)
E as bombas?

TOPTUNOV
Não consigo falar com Khodemchul. Os
telefones não funcionam.

DYATLOV
Fodam-se os telefones e foda-se
Khodemchuk. As bombas estão funcionando
ou não?

AKIMOV
Stolyarchuk?

STOLYACHURK olha como um animal pronto para ser morto. Não


quer que Dyatlov olhe em sua direção.

STOLYARCHUK
Meu painel não funciona. Eu tentei
ligar para os eletricistas mas...

DYATLOV
Não dou a mínima para o painel! Eu
preciso de água no núcleo do meu
reator. Desça e faça as bombas
funcionar.

Stolyachuk encara Akimov, mas Akimov não devolve o olhar.


Ninguém se envolve. Kirschembaum esboça uma resposta, mas as
palavra ficam presas na língua.

DYATLOV
Agora.

Intimidado, Stolyarchuk deixa a sala de controle. Dyatlov


vira-se para Akimov

DYATLOV
O que diz o dosímetro?

AKIMOV
3.6 roentgen. Mas é o máximo que ele
posso medir...
Dyatlov acena para ele.

DYATLOV
3.6... não é tão grave.

Toptunov encara Akimov. Atemorizado. Akimov o conforta...


repetindo o seu mantra...

AKIMOV
Nós fizemos tudo certo.

17. EXT. PRÉDIO DO REATOR #4 – CONTÍNUO

POV parabrisas de um caminhão de bombeiros aproxiamdo-se do


prédio do reator. Alguns caminhões de bombeiro já estão lá,
giroflex acessos.

Bombeiros correm apressados... conectando mangueiras aos


hidrantes da usina...

Acompanhamos VASILY saltar do caminhão. Ele e seua colegas


vestindo o mesmo uniforme. Botas, ternos e capacete... mas
sem luvas. Sob o terno... camiseta branca.

Ele olha para o prédio. Daqui ele consegue ver os focos de


incendio no teto. Uma ENORME coluna de fumaça saindo de um
ponto dentro do prédio.

E mais fraco, porém visível, um traço da impossível luz


azul...

Agora que está mais próximo, Vasily percebe que é situação é


maior e pior do que paceria a distância.

MISHA (O.S)
Vasily...

Vasily olha na direção de MISHA, 23, outro bombeiro. Misha


está parado próximo a uma pilha de DESTROÇOS ESCURA. Há
SULCOS SUAVES escorrendo dela. Quase como se fosse pedaços de
ima escultura.

MISHA
O que é isso?

Misha pega um pedaço dos destroços com as mãos nuas.

MISHA
Está quente.
VASILY
Eu não sei. Não pega nessa merda.
Precisamos ligar as mangueiras.

Misha joga fora um pedaço dos destroços.

Vasily começa a puxar as mangeira da lateral do caminhão.


Enquanto ele puxa, uma fumaça passa de seu lado, e ele COSPE,

VASILY
Sente o gosto de metal?

MISHA
Sim. O que é isso?

VASILY
(preocupado)
Não sei. As válvulas, Misha! Depressa!

Enquanto Vasily puxa as mangueiras, MISHA abre as válvulas do


hidrante com uma chave de grife.

Misha tira as mãos da chave de grife – a mão que ele segurava


o destroço quente – e SACODE pelo ar.

Dor.

Doi mais do que deveria.

18. INT. COREDOR EXTERNO DA SALA DE CONTROLE – CONTÍNUO

Gorrbachenko e o trabalhador do Prédio 4 surgem da fumaça,


fazendo o possível para andar rápido, ainnda carregando
SHASHENOK nos ombros.

GORBACHENKO
Alguém!

Outro TRABALHADOR DA USINA se apressa para ajudar


Gorbachenko.

Aliviado de seu peso, Gorbbachenko imediatamente cai de


joelhos e mãos no chão e começa a VOMITAR.

A cada golfada, ele se contorce de dor... sua mão direita


dói. E seu pescoço. Ele retira a parte de cima do uniforme
revelando:
PESCOÇO DE GORBACHOV, uma listra de VERMELHO CLARO , e mais
abaxo uma em VERMELHO ESCURO, um formato redondo e quatro
FORMATOS OVAIS menores.

Um braço, uma palma, dedos.

Uma QUEIMADURA no formato da MÃO de Shashenok.

19. INT. PRÉDIO DO REATOR #4 – INTERIOR – CONTÍNUO

PROSKURYAKOV e KUDRYAVTSEV cruzam um corredor longo, que


parece não ter fim. Eles veem:

Uma FIGURA ao longe, movendo-se lentamente em sua direção,


trazendo algo grande nos ombros.

Eles caminham um na direção dos outros, encontrando-se no


meio deste estranho purgatório, e agora Proskuryakov e
Kudryavtsev percebem que a figura é YUVCHENKO. E sobre seu
ombro, desfalecido e ensaguentado ele traz VIKTOR. Deus! Eles
olham, incertos sobre o que dizer. Finalmente:

YUVCHENKKO
Precisa de algo?

Oh. Claro.

PROSKURYAKOV
Precisamos chegar à sala do reator para
acionar as válvulas de controle. Mas a
porta está trancada.

YUVCHENKO
Não creio que hajam válvulas de
controle. Não creio sequer que haja
núcleo.

PROSKURYAKOV
Não, está enganado. Akimov disse.

Yuvchenko pondera. Então coloca Viktor no chão, Apoiando-o


contra a parede.

PROSKURYAKOV
Ele precisa de um médico?

YUVCHENKO
Não.

20. INT SALA DO REATOR – NÍVEL 36 – MOMENTOS DEPOIS


Yuvchenko conduz os dois estagiários até uma sala escura, com
algumas FAÍSCAS. Eles SOAM. Um calor forte. Fumaça.

Eles estão perto do incêndio.

PROSKURYAKOV
Ali em cima.

Em frente: uma PORTA DE METAL ENORME coberda em POEIRA, um


pouco amassada na direção deles, como se tivesse sido
golpeada por um punho gigante.

Yuvchenko vira-se para os estagiários.

YUVCHENKO
Tem certeza?

PROSKURYAKOV
Akimov...

Yuvchenko levanta a mão. Não interessa. Se estiverem certos,


eles precisam entrar na sala. Mas se estiverem errados...

YUVCHENKO
Eu vou abrí-la. Sejam rápidos.

Eles acenam. Yuvchenko tenta empurra a porta. Ela não se


move.

Yuvchenko empurra o corpo contra a porta, apoia as pernas, e


com um grunhido:

EMPURRA a porta até ela abrir – uma brecha suficiente para os


estagiários passarem.

O peso empurra a porta de volta.. O esforço brutal de


Yuvvchenko é a única coisa que a mantém aberta.

YYUVCHENKO
Vão, vão, vão...

Os estagiários se ESPREMEM para entararem:

21. INT. SALA DO REATOR PRINCIPAL – CONTÍNUO

Os estagiários entram no NÍVEL SUPERIOR da sala, engatihando


e bem acima do buraco do reator.

Eles param e observam em choque para:


O ESCUDO DE PROTEÇÃO BIOLÓGICA – um enorme DOMO de 1 tonelada
e 14 metros de diâmetro.

É a cobertura do núcleo do reator. Exceto pelo fato de que


ela não cobre mais o núcleo. Ela foi LEVANTADA na explosão,
como a tampa de uma tijela de sopa.

E espalhado por sua lateral exposta, centenas de CANAIS DE


COMBUSTÍVEL, como cerdas em uma escova.

E abaixo daquilo, uma cratera de bomba no chão.

O NÚCLEO DO REATOR ABERTO – consumindo grafite, com as barras


de combustível quebradas.

Suas mentes não conseguem compreender.

Eles estão testemunhando um reator nuclear a céu aberto.

Um deles finalmente dá um suspiro. Sentindo uma náusea. Ele


olha para o outro estagiario. O rosto está bronzeado. Um
brinzeamento nuclar instantâneo.

Pela forma com que o outro estagiário olha para ele, ele tem
ecrteza que ele tem a mesma aparência.

Eles CORREM VOLTA.

22. INT. PRÉDIO DO REATOR – NÍVEL 36 – CONTÍNUO

Yuvchenko range os dentes... fazendo força... então.

OS ESTAGIÁRIOS deixam a sala correndo. Eles não param. Apenas


correm.

Yuvchenko finalmente deixa a porta FECHAR. Grita.

YUVCHENKO
Ei!

Ninguém responde. Então: dor. Uma dor intensa, lancinante.

Ele tira a camiseta do uniforme. Seu ombro... vermelho vívo.

Ele baixa as calças até. Seu quadril, QUEIMADURAS na carne


abaixo da pele. O movimento da calça contra isso quase o faz
desmaiar.

Ele olha novamente para a porta.


NA POEIRA – a silhueta de seu corpo pressionada contra a
porta.

Ombros. Quadril. Pernas.

Ele se afasta aterrorizado, mancando, sua perna queimada


quase não obedece... gritando em direção ao escuro, onde os
estagiários sairam, com ose eles pudessem o ajudar.

YUVCHENKO
Ei!

23. EXT. PRÉDIO DO REATOR #4 – CONTÍNUO

A noite é iluminada pelas luzes dos carros de emergência.


Dezenas de bombeiros já estão ocupados lançando água onde
eles identifiicam fogo.

O.S. - um homem GRITA em agonia. Vasily para e vira-se para


olhar,

MISHA – no chão, gritando, mantido no lugar por seu


comandante, PRAVIK, 24.

Um MÉDICO começa a REMOVER lentamete a LUVA da mão de Misha.


A cada centímentro Misha grita de dor.

Pravill encara Vasily.

PRAVIK
Ignatenko! Assuma a mangueira!

Vasily corre alguns metros em direção ao caminhão pipa onde


Misha estava estacionado. Ele pega a mangueira do chão. Ele
está conectado a um operador da bomba do caminhão. TITENOK,
24...

… que prontamente abre as válvulas do caminhão. Vasilly


começa a DISPARAR água em uma pilha de destroços em chamas.

OUTRO GRITO, assim que o médico finalmente RETIRA AS LUVAS da


mão de Misha, enquanto Vasily olha:

A MÃO de Misha queimada. Irreconhecivel. Partes da pele


soltando.

Pravik e o médico apenas observam.

Vasily olha para o DESTROÇO ESCURO que Misha jogou. Alguns


metros de distância dele.
Ele dá um passo para trás, afastando-se.

E continua lançando água.

24. EXT. APARTAMENTO DE VASILY E LYUDMILLA – MESMO

Lyudmilla está com outros moradores do prédio, olhando para o


céu, que reflete brilho sombrio do incêndio.

Ninguém aparenta estar nervoso. Exceto Lyudmilla.

OKSANA
Lyudmilla!

OKSANA, 30, caminha junto com os outros vizinhos do prédio


Homens, mulheres, crianças... cerca de quinze pessoas.

Algumas mulheres carregam crianças. Outras, como Oksana,


empurram CARRINHOS DE BEBÊ.

OKSANA
Venha conosco.

LYUDMILLA
Para onde?

OKSANA
Vamos para a ponte da estrada para ter
uma visão melhor. Parece que ninguém
consegue dormir com todas estas
sirenes.

LYUDMILLA
Não sei se é uam boa ideia. Pode ser
perigoso.

O marido de Oksana, MIKHAIL, faz de pouco.

MIKHAIL
O que quer dizer com perigoso? É um
incêndio. Lá, e estamos aqui.

Oksana dá uma pancada no braço de Mikhail

MIKHAIL
O quê?
(percebe)
Ah.

Oksana aproxima-se de Lyudmmilla. Coloca a mão em seu ombro.


OKSANA
É Vasily...?

Lyudmilla acena com a cabeça;

OKSANA
Ele disse que era ruim?

LYUDMILLA
Não. Ele disse que era apenas o teto.

Viu? Não disse.

OKSANA
Nunca aconteceu nada com ele. Com
nenhum dos bombeiros. Sim? Ele está
bem. Descanse.

Oksana abraça, e então volta para o resto do grupo que


caminha em direção à ponte.

Lyudmilla olha para o brilho distante.

Não sabe explicar como ou porque ela sabe. Apenas sabe. Há


algo de errado.

25. INT. SALA DE CONTROLE – REATOR #4 – 1:50 AM

CLOSE EM: Dyatlov. Escorado na parede. Palmas juntas na


frente da bca. Tocando os dedos. Pensando. Enfim:

DYATLOV
O tanque é grande o bastante.

Akimov e Toptunov viram-se para encará-lo.

DYATLOV
Uma exposão deste tipo. O tanque de
controle no 71, são 100 metros cúbicos.

AKIMOV
110.

DYATLOV
(viu?)
110 Ele consegue resistir. Certeza.

Ele concorda consigo. Como se alguém estivesse o convencendo


deste fato. Então:
A porta ABRE. Antes de vermos o eles veem, Toptunov tapa a
boca com a mão. Jesus...

É PROSKURYAKOV. Seu rosto agora está BRONZEADO. Os olhos


quase fechados do inchaço.

PROSKURYAKOV
Já era. Eu olhei diretamente para ele.
Eu vi o núcleo.

Akimov, em choque, encara Dyatlov. O pânico aumenta dentro de


si. Porém Dyatlov não esboça reação.

DYATLOV
Você baixou as hastes de controle ou
não?

Proskuryakov vira-se até ele, confuso.

Então começa a VOMITAR.

DYATLOV
(nojo)
Levem ele à enfermaria.
(pausa)
Toptunov! Leve ele!

Toptunov corre em direção ao estagiário, e enquanto ele o


ajuda a sair da sala...

TOPTUNOV
Onde está Kudryavtsev?

PROSKURYAKOV
Ele caiu...

Toptunov deixa a sala com Proskuryakov, gritando:

TOPTUNOV (O.S.)
Eu preciso de um médico. Alguém!

Dyatlov volta a escorar-se na parede. Dedos novamente em


frente da boca. Ele percebe o olhar de Akimov em sua direção.

DYATLOV
Ele está delirando.

AKIMOV
O rosto dele.
DYATLOV
(acenando)
Linhas rompidas do condensador. A água
de alimentação está levemente
contaminada. Ele vai ficar bem. Já vi
coisa pior.

Akimov baixa a cabeça. Não pode ser. Mas a outra alternativa


é impensável.

DYATLOV
Ainda temos uma linha telefônica com o
mundo?
(momento)
Akimov?

Akimov olha de volta. Acena.

DYATLOV
Chame a troca de turno.

Não pode ser.

AKIMOV
Mas... se...

DYATLOV
Temos que manter o fluxo de água no
núcleo central. Precisamos de
eletricistas, mecânicos... precisamos
de pessoas. Quantas vezes tenho que
repetir?

Akimov ainda hesitante.

Dyatlov caminha firme até Akimov. Sem piscar os olhos. Frio.

DYATLOV
Vou para o prédio da admistração agora.
Ligar para Bryukhanov. Fomin. Eles vão
querer um relatório detalhado. Não sei
se posso tornar as coisas melhores pra
você. Mas com certeza eu posso torná-
las muito piores.

Ele para a centímetros do rosto de Akimov.

DYATLOV
Chame a troca de turno, Camarada
Akimov.
Akimov engole seco. Enfim:

AKIMOV
Sim. Camarada Dyatlov

Dyatlov encara Akimov nos olhos por um longo momento.


Finalmente acena com a cabeça, satisfeito. Enfim sai.

26. EXT. HOSPITAL DE PRIPYAT – MESMO

Silêncio. Sequer os grilos. Estamos diante do HOSPITAL DE


PRIPYAT – cinco prédios interconectados, cada um com seis
andares.

Os prédios são estranhamente genéricos. Formas soviéticas,


feitos de concreto e azulejo branco institucional.

Na fachada um letreiro com letras grandes. Traduzimos.

LEGENDA: SAÚDE DO POVO – RIQUEZA DO PAÍS.

27. INT. HOSPITAL – SALA DE PARTOS DA MATERNIDADE – CONTÍNUO

Fora do quadro, ouvimos GEMIDOS de DOR de uma mulher. Olhamos


para:

ZVETLANA ZINCHENKO, 25, vesrida com um jaleco. Ela observa


pela janela o incêndio a distância.

UM HOMEM MAIS VELHO (O.S.)


Você está indo bem. Levante-a. Um pouco
mais.

Atrás dela: SALA DE PARTO. Um espaço anorme, aberto. Paredes


nuas – azulejo até a metad, em tons esverdeados. A instalação
eleetrica é vista na parede.

O piso é de azulejo marrom, com drenos a cada quinze metros.

SEIS macas de parto... simples tábuas de aço com um fino


colchão e cruas >>> ginecológica.

Luzes fluorescentes brilhantes sobre: DUAS MULHERES nas


macas, ambas em trabalho de parto. Toucas, lençóis de
hhospital cobrindo a parte de cima de seus corpos, nuas da
cintura pra baixo, em macas ginecológicas.

Enfermeiras ajudam-as, ao lado de um MÉDICO, provavelmente


70.
O ano é 1986, mas aqui parece mais 1886.

Uma enfermeira gira uma MANIVELA para erguer a cabeça de uma


mulher.

MÉDICO
Ótimo. Aí. Ótimo.

Ele aponta para as pacientes enquanto dá instruções às


enfermeiras.

MÉDICO
Esta, talvez uma hora. A outra, duas,
talvez até pela manhã.

Ele fala alto. Dificil não ouvir.

MÉDICO
Como está o andar de baixo, Doutora
Zinchenko?

ZINCHENKO
Calmo.

Ele retira as luvas Durante a conversa a mulher em trabalho


de parto continua GEMENDO de dor.

MÉDICO
Sempre está. Nada esta hora, a não ser
os bebês. Sabe que uma vez eu passei
dois dias sem dormir? De mulheres
enraram em trabalho de parto no mesmo
dia... eu já contei esta histõria?

Zinchenko ainda olhando pela janela. Distraida.

ZINCHENKO
Sim.

O médico um pouco machucado por isso.

MÉDICO
Bem, não vou precisad e você aqui por
enquanto. Se quiser pode descansar na
sala de repouso.

Ele pega o prontuário de uma das pacientes. Faz anotações.


Zinchenko finalmente vira-se.

ZINCHENKO
Ainda não trouxeram ninguém do
incêndio.

MÉDICO
Que incêndio?

ZINCHENKO
Na usina nuclear.[médico

DOUTOR
Oh? Não deve ser grave então.

ZINCENKO
Temos iodo estocado?

Os gritos da mulher impedem que ele ouça.

MEDICO
Hmm?

ZINCHENKO
(mais alto)
Iodo.

O médico ergue a cabeça.

MÉDICO
Você quer dizer desinfetante?

ZINCHENKO
Não. Comprimidos. O hospital tem
estoque de iodo?

MÉDICO
Comprimidos de iodo...
(confuso)
Por que teriamos comprimidos de iodo?

Close no rosto de Zinchenko. Ouvimos o som de um ALARME:

28. QUARTO DE VIKTOR BRYUKHANOV – 2:00AM

… um TELEFONE ao lado da cama. Chama uma. Duas. Três vezes.


VIKTOR BYUKHANOV (50), cabelos escuros ondulados, rosto
marcado por sinais... desperta lentamente. Acende um abajur.
Atende o telefone.

BRYUKHANOV
Alô...
Sua voz é interrompida por saliva, resquícios do sono. Ele
limpa a garganta.

BRYUKHANOV
Alô?

Ele ouve por um segundo, então senta-se na cama. Atrás dele,


dormindo, sua esposa vira-se. Agora, enfim, acordado. Um
momento, enfim:

BRYUKHANOV
Quem mais sabe disso? Já telefonaram
para o Fomin?

(pausa)
Óbvio que eu quero que liguem para o
Fomin. Se eu estou acordado, ele também
tem que estar.

Bryukhanov desliga o telefone. Levanta-se.

BRYUKHANOV
Merda!

EXT. USINA NUCLEAR – PRÉDIO DA ADMINISTRAÇÃO – 2:30 AM

NIKOLAI FOMIN, 50, careca, óculos, uniforme amarrotado


aguarda do lado de fora do prédio da administração. Ele nota
quando:

Um carro GAZ VOLGA quadrado vem em sua direção. Bryukhanov


salta do carro. Também de terno. Ele lança um olhar para a
área disstante onde a usina está em chamas, caminhões de
bombeiros e luzes vara testtemunhar o próprio reator 4 em
chamas.

Imediatamente, Bryukhanov pode prever o seu provável destino.


Acusação. Prisão. Julgamento. Pena capital.

FOMIN
Qualquer que tenha sido a causa, o
importante é que nem você nem eu...

Bryukhanov afasta-se de Fomin antes que ele termine a frase,


indo em direção ao Prédio da Administração.

Fomin olha ao redor, na esperança de que ninguém tenha


presenciado aquela pequena humilhação. Então apressa se para
acompanhá-lo.
30. INT. PRÉDIO DA ADMINISTRAÇÃO – CHECKPOINT – SEGUNDOS MAIS
TARDE

Bryukhanov entra, caminhando apressado pelos guardas. O som


de uma alarme ao longe pode ser ouvido neste lobby, assim
como a sirene dos bombeiros lá fora.

Cruza a recepção apressado, quase sem notar o GUARDA que


segura uma PORTA DE METAL.

31. INT. ESCADARIA ESTREITA – SEGUNDOS MAIS TARDE

Byukhanov desce as escadas determinado. Fomin ainda tenta


acompanhá-lo.

Eles chegam a uma antessala pequena. Em frente dela duas


enormes PORTAS DE METAL BLINDADAS – do tipo que só vemos em
um banco.

Um guarda gira uma VALVULA de metal na porta direita, e num


empurrão ABRE A PORTA.

32. ABRIGO DE CHERNOBYL – SEGUNDOS MAIS TARDE

Bryukhanov e Fomin cruzam a porta antes que ela feche com um


BATIDA seca atrás deles.

As sirenes e alarmes não podem mais ser ouvidas. Nenhum som


do mundo externo.

Apenas os PASSOS pesados dos sapatos deles caminhando sobre o


concreto brilhante e polido.

O abrigo tem várias salas... poderia se rconfundido com um


escritório não fosse o teto baixo, canaliza~çao exposta e a
parede de azulejo branca e repetitiva.

Bryukhanov e Fomin entram:

33. INT. SALA DE COMANDO DO ABRIGO - CONTÍNUO

Uma sala simples com uma grande mesa de reuniões oval.


Dezoito cadeiras. Laguns telefones. Nas paredes, cartazes com
mapas, plantas baixas, e procedimentos de emergência.

Bryukhanov encara Dyatlov aguardando por eles na sala.

BRYUKHANOV
(irritado)
Eu presumo que o teste de segurança foi
um fracasso?

Bryukhanov senta-se no topo da mesa. Fomin fuxa uma caddeira


ao seu lado... um capacho... e encara Dyatlov.

DYATLOV
Temos a situação sob controle.

FOMIN
Sob controle? Não parece...

BYUKHANOV
Cale-se, Fomin.
(infeliz)
Tenho que comunicar o Comitê Central.
Você entende? Preciso ir ao telefone e
dizer ao Maryin, ou deus nos livre
Frolyshev, minha usina nuclear está em
chamas?

DYATLOV
Ninguém poderá culpá-lo, diretor
Bryukhanov.

BRYUKHANOV
Óbvio que ninguém pode me culpar. Como
eu posso ser o responsável? Eu estava
dormindo!

Bryukhanov puxa uma caneta e um bloco de notas do bolso do


paletó.

BRYUKHANOV
Me conte o que aconteceu. Depressa.

DYATLOV
Fizemos o teste da forma como o
engenheiro Fomin aprovou.

Fomin percebe o que Dyatlov acaba de fazer. Filho da puta.

DYATLOV
Ochefe da unidade de comando Akimov e o
engenheiro Toptunov encontraram falhas
técnicas, que levou a um acumulo de
hisdrogÊnio no tanque de controle do
sistema. Infelizmente pegou fogo,
danificando o prédio e pondo o prédio
em chamas.
Bryukhanov lança um olhar para Fomin. Será que é isto?

FOMIN
O tanque é enorme. É a única explicação
lógica. É lógico, o Responsável
engenheiro chefe Dyatlov foi
diretamente responsável pelo teste...

Dyatlov percebe que está de novo na linha de tiro. Touché.

FOMIN
… ele sasaberia melhor.

BYUKHANOV
(anotando)
...tanque de hidrogênio, incêndio. E o
reator?

DYATLOV
Estamos tomando medidas para manter um
fluxo contínuo de água no núcleo.

BRYUKHANOV
E a radiação?

Dyatlov exita um momento.

DYATLOV
Óbvio que aqui não há traço. Mas no
prédio do reator há relatos de 3.6
roentgen por hora.

BTYUKHANOV
Não é muito. Não precisa da pavor.

FOMIN
Não muito. Da água de alimentação, eu
presumo?

Dyatlov acena.

FOMIN
Temos que limitar as trocas de água
para seis horas. De qualquer forma...

BRYUKHANOV
Os dosimetros tem que ser checados
periodicamente. Precisamos de medidas
mais exatas. Useo o do cofre.
Dyatlov reage internamente. Não há reação...

Bryukhanov puxa para si o telefone.

BRYUKHANOV
Certo. Vou ligar para Maryin.
(para Fomin)
Acorde o Comitê Executivo local. Iremos
receber ordens.

Bryukhanov toma fôlego... tenta tomar coragem.. enfim puxa o


telefone do gancho.

34. EXT. PONTE DA ESTRADA – CONTÍNUO

Uma ponte simples, pavimentada, 6 metros acima das linhas de


trem.

A POPULAÇÃO que vimos antes... duas dezenas de pessoas..


reunida para ver melhor o incêndio. Alguns bebem vodka
juntos. Outros fumam. Alguns homens carregam seus filhos nos
ombros.

O incêndio vez ou outra muda de cor... como um arco-íris.


Mikhail ao lado de Oksana. Ela balança calmamente o berço
acalmando o bebê. O seu filho de 4 anos puxa o seu vestido.
Cansado.

CRIANÇA
Mama...

OKSANA
Shh. Aqui.

Ela entega um biscoito para o garoto. Então, para o marido.

OKSANA
O que você acha que são as cores?

MIKHAIL
Oh, com certeza é o combustível.

OKSANA
“Com certeza é o combustível”? O que
você entende disso? Você é só o
faxineiro da estação de trem.

MIKHAIL
(defensiva)
Meu amigo Yuri trabalha na usina. Ele
diz que ela queima no frio. Sem fogo,
sem gás. So... o que quer que isso
seja.

OKSANA
Eles deveriam nos contar o que é.

Mikhail a encara a esposa. Qual é...

OKSANA
Nós moramos do lado.

MIKHAIL
São átomos. Yuri só disse que... você
jamais pode caminhar próximo dele. Se
você caminhar...
(vodka)
Um copo por hora por quatro horas.

OKSANA
O Yuri não é encanador?

MILHAIL
(sim, mas)
Na usina nuclear.

Seu ponto de vista defendido, Milhail oferece seu copo de


vodka para um dos colegas.

Oksana mexe a cabeça. Homens. Ela então aproxima-se de


Mikhail para se aquecer. Todos observam o incêndio. Calmo.
Pacífico. Mesmo...

OKSANA
É bonito...

O vento sopra, suave sobre os cabelos. E com ele fagulhas


serpenteiam pelo ar, como minúsculos pedaos de papel.

SLOW MOTION – enquanto as partículas se movem ao redor


deles. A população parada na ponte, há poucos kilômetros da
usina em chamas, rindo, se divertindo...

Crianças rindo e correndo em círculos, tentando pegar os


flocos escuros das fagulhas que flutuam pelo ar.
Mikhail, observa extasiado, com o bebê nos braços. O bebê
observa calmamente as luzes distantes.

35. INT. PRÉDIO DO REATOR #4 – CONTÍNUO

STOLYACHURK caminha por entre os destroços da zona de guerra


que se tornou o prédio do reator.

Não parece ser real. Uma paisagem de vapor emergindo de metal


partido e concreto destruído.

Quando o vapor se dissipa, ele vê:

36. EXT. PRÉDIO DO REATOR #4 – CONTÍNUO

Bombeiros combatem as chamas. VASILY segura uma mangueira.


Ele olha novamente para a escada... a mesma que Kolya subiu.

Ninguém está lá.

Apenas um bombeiro ocupando uma delas. Vomitando.

Pravik sai das sombras. O rosto escurecido pela fumaça. Ou


por outra coisa...

PRAVIK
Fizemos o possível no perímetro. Temos
que começar a fazer algo no teto.

Vasily olha novamente para o bombeiro doente. Depois para o


chefe. Medo.

PRAVIK
Um incêndio, Vasily. E nós temos que
apagá-lo.

Você compreende?

Sim. Nosso dever.

Vasily desliga sua mangueira e carrega ela até uma brigada de


combatentes parados olhando para o BURACO na lateral do
prédio.

DO BURADO – ATRAVÉS DAS CHAMAS -Vasily, Pravik, Tishchura e


Titenok subindo o destroços, suas silhuetas distorcidas pelo
calor.

Eles abrem as mangueiras conforme avançam...


Por TRÁS DELES – subimos para ver:

Eles caminham em direção a SALA DO REATOR exposto – e as


labaredas saindo do NÚCLEO CENTRAL...

CLOSE EM VASILY – mordendo os dentes – o calor é enorme...


mas há algo mais – um medo que ele não deveria estar
sentindo... Formigando...

Em seu visor, reflexo do fogo...

… e estranhos LAMPEJOS DE LUZ AZUL...

37. OMITIDO

38. INT. SALA DE CONTROLE REATOR #4 – 3:30 AM

Akimov diante do painel de controle. Toptunov ao seu lado.


Calados.

REVERSE TO REVEAL: Stolyarchurk. Olhando para eles, em


silêncio.

Atrás dele, Kirshchenbaum. Todos com um aspecto beonzeado.


Enfim:

AKIMOV
E o auxiliar...?

Stolyarchuk balança a cabeça. Não.

STOLYARCHUK
As bombas não funcionam. A energia não
funciona.

TOPTUNOV
E o núcleo?

STOLYARCHUK
Eu não fiu até lá. E não vou.
(pausa)
Eu acho que o hora que temos...

AKIMOV
(não está interesado)
Não. Precisamos bombear água no núcleo
ou há o risco de derretimento.
Precisamos abrir as válvulas.
STOLYARCHUK
Sasha...

AKIMOV
O que você quer, Boris? Se for verdade,
então estamos todoos mortos. Um milhão
de essoas mortas. É isto que quer
ouvir?

Um silêncio terrível. Akimov vira-se para Toptunov.

AKIMOV
Temos que abrir as válvulas
manualmente.

STOLYARCHUK
Manualmente? O número de válvulas, a
quantidade de tempo para abrí-
las...está falando de horas lá...!
(para Toptunov)
Leonid... E conto com você.

Toptunov aavorado. Mas Akimov é o seu chefe. Seu mentor. Ele


esbugalha os olhos. Sem escolha.

Akimov gesticula para Kirschenbaum.

AKIMOV
Fique de olho no painel enquanto
estivermos fora.

KIRSCHENBAUM
Não está funcionando.

AKIMOV
Só fique de olho!

Ele sai. Toptunov não ousa encarar ninguém. Apenas acompanha


Akimov. Stolyarchuk assiste eles sairem. Sabe que nunca mais
irá vê-los.

39. EXT. PRÉDIO DA ADMINISTRAÇÃO – CONTÍNUO

DEZENAS de TRABALHADORES perfilados diante do prédio.

SITNIKOV, 46, espera. Nervoso ao olhar para os PONTOS DE


INCÊNDIO no teto do outro lado da usina.

TRABALHADOR DO TURNO DIA


Queria saberpor que nos chamaram táo
cedo.

SITNIKOV
Alguém sabe o que aconteceu?

TRABALHADOR DO TURNO DIA


Eles estavam fazendo um teste de
segurança nas turbinas e explodiram o
tanque de controle do sistema.

Sitkinov olha para o homem. Tanque do sistema de controle?


Lá?

TRABALHADOR NOITE
Para mim também não faz sentido
(mais calmo)
Sabotagem talvez. Uma bomba?

TRABALHADOR NOITE (O.S.)


Sitnikov!

Sitnikov vira-se para encarar um trabalhador correndo


apavorado em sua direção.

TRABALHADOR NOITE
Bryukhanov quer que a gente use o
dosímetro, mas ele está guardado no
cofre e não sabemos onde está a chave.

SITNIKOV
(estalo)
Me acompanhe.

Ele parte em direção ao Prédio 2...

40. INT. SALA DE COMANDO DO ABRIGO – 4AM.

Bryukhanov, Fomin e Dyatlov esperam.. então Bryukhanov se


evanta: O COMITÊ EXECUTIVO DO PARTIDO COMUNISTA DE PRIPYAT
entra. Doze homens, com idades entre 30 e 60.

BRYUKHANOV
Camaradas, bem-vindos. Por favor,
sentem-se. Há espaço para todos.

Os MEMBROS DO COMITÊ puxam suas cadeiras ao redor da mesa de


reunião. Um guarda ajuda um IDOSO COM UMA BENGALA – 85 anos –
sentar se sozinho em uma cadeira mais bonita e melhor no
canto da sala.
BRYUKHANOV
Peo perdão por chamá-los tão tarde.
Fiquem calmos, estamos todos seguros
aqui. Construimos este escudo para
resistir um ataque nuclear dos
americanos, acho que ficaremos bem.

Alguns membros sorriem. A maioria não. O Idoso no canto


aperta sua bengala com força. Olhos fechados. Provavelmente
ainda dormindo.

BRYUKHANOV
Como já perceberam, sofremos um
acidente. Um defeito em um enorme
tanque de controle, destruindo o reator
do prédio #4 e provovando um incêndio.
Eu já telefonei pessoalmente para o
Secretário Deputado Maryin. Matyin
telefonou para o Deputado Chefe
Frolyshev, Frolyshev para o membro do
Comitê Central Dolghikh, e Dolghikh
para o Secretário Geral Gorbachev.

Um murmúrio impressionado na sala. É a melhor hora.

BYUKHANOV
Pelo grande respeito que o Comitê
Central demonstra pelo trabalho do
Comitê Executivo de Pripyat, eles me
escolheram para deixá-los a par das
notícias. Primeiro, o acidente está sob
controle.

A maioria dos membros demonstra alívio.

BRYUKHANOV
Sengundo, por conta do esforços da
indústria nuclear soviética são
considerados segredo de estado, é
importante que possamos garantir que
este incidente não tenha consequências
adversas.

Os membros olham uns para os outros. Lá vamos nós.

BRYUKHANOV
Para evitar pânico, o Comitê Central
ordenou um destacamento de policiais
militares até Pripyat.

Aí estamos. PETROV, 30, insatisfeito, fala.


PETROV
Qual o tamanho do destacamento?

BRYKHANOV
(desconfortável)
Entre doi e quatro mil homens.

Burburinho. Cochichos. Quatro mil? Lei marcial? Por que


tantos policiais?

PETROV
O que está acotecendo de verdade? Qual
o perigo real?

FOMIN
Há uma radiação moderada, mas está
restrita apenas à usina.

PETROV
Não, não está.

FOMIN
Perdão?

PETROV
(levantando)
Eu disse não, não está. Com quem acham
que estão falando? Algum caipira
estúpido? Eu frequentei a universidade.
E eu tenho olhos na cara.
(para o Comitê)
Vocês testemunharam homens vomitando,
com queimaduras. Há mais radiação do
que eles estão dizendo. Aqui estão
nossas esposas, nossos filhos. Eu digo
que temos que evacuar a cidade.

Mais burburinho. Evacuar? Para onde? Não, ele tem razão –


não, ele está louco, um alarmista!

BRYUKHANOV
Camaradas, por favor! Minha esposa está
aqui. Acham que eu a deixaria aqui se
não fosse seguro?

PETROV
Bryukhanov – a droga do ar está
brilhando!

Mais conversas. O tom sobe. Bryukhanov perdeu o controle da


sala. Dyatlov tenta intervir.
DYATLOV
O efeito Cherenkov... É um fenômeno
completamente normal, pode acontecer
com o mínimo de radiação...

Todos ignoram. Todos discutem em voz alta agora. Então: tá tá


tá... TÁ TÁ TÁ

Eles viram-se par ver: O SENHOR no canto. Batendo a bengala


no chão. Todos fazem silêncio.

O senhor é ZHARKOV. Ele faz um movimento para se levantar, O


guarda vem rapidamente ajudá-lo, mas Zharkov o dispensa. Ele
consegue fazer sozinho. Levanta-se lentamente, enfim:

ZHARKOV
Eu me pergunto... Quantos de vocês
sabem o nome deste lugar? Todos
chamamos de “Chernobyl” naturalmente,
mas qual o seu nome oficial?

Eles se encaram. Ninguém tem ideia. Ate:

BRYUKHANOV
Estação Nuclear Vladimir I. Lênin.

ZHARKOV
Exato. Vladimir I. Lênin. E como ele
estaria orgulhoso de vocês esta
noite...
(para Petrov)
… especialmente você, meu jovem... e a
paixão que vocês demonstram pelo povo.
Pois não é este o propósito único do
aparato do Estado?

Zharkov olha para eles, com seus olhos velhos enrugados de


memórias de grandes dias... grandes homens...

ZHARKOV
Desde o Comitê Central até nós aqui
nesta sala, representamos a perfeita
expressão do desejo coletivo do
proletariado Soviético.

Os membros apreendem isso. Sóbrios, mas orgulhosos.

ZHARKOV
As vezes, nos esquecemos. As vezes
somos presas do medo. Mas nossa fé no
socialismo Soviético será sempre
recompensada. Sempre. Se o estado nos
diz que a situação não é perigosa.
Temhamos fé. O estado nos diz que ele
não quer pânico. Ouçam bem.

Zharkov vira-se novamente para Petrov.

ZHARKOV
É verdade. Quando as pessoas veem a
polícia elas terão medo. Mas sei por
experiência própria que quando as
pessoas começam a fazer perguntas que
não são para o seu próprio interesse,
elas deveriam simplesmente cuidar do
próprio trabalho. É desta forma que os
seus nomes se tornam inscritos nos
corredores do Krêmlin.

Os homens olham para ele admirados. Sonhando com uma


promoção. Certificados. Talvez medalhas.

ZHARKOV
Sim, camaradas. Seremos todos
recompensados pelo que estamos fazendo
aqui hoje a noite.
(pausa)
Este é o nosso momento de brilhar.

Pausa. Então: APLAUSOS. Todo o Comitê de pé. Maravilhoso.


Maravilhoso. Bryukhanov, Fomin e Dyatlov também aplaudem de
pé.

Petrov olha para o outro lado da mesa para outro membro do


Comitê mais jovem. Os dois parecem ter compreendido que a
razão perdeu. Não há opção a não ser aplaudir com todos.

Aplauso à desilusão. Aplaso à morte.

Aplauso para A Usina de Energia Nuclear Vladimir I. Lênin.

41. INT. ABRIGO – FORA DA SALA DE COMANDO – MOMENTOS DEPOIS

SITNIKOV ouve os aplausos do outro lado da sala de controle.


Ele está suado. Nervoso.

A portada sala de conferência abre-se, e Byukhnov vê os


ministros de Pripyat sairem. Apertando as mãos. Sorrindo.

Mas assim que os ministros estão fora da vista, o soriso


esvanece. De volta ao trabalho. Ele vê Sitnikov esperando. O
que essa cara faz aqui? Um guarda sussurra para Bryukanov.
Ah. Bem. Bryukhanov dá o sinal para que Sitnikov entre.

42. SALA DE CONTROLE DO AGRIGO – CONTÍNUO

Sitnikov entra. Fomin e Dyatlov já estão lá.

BRYUKHANOV
Bem?

SITNIKOV
Enviei meus dosímetros para prédio do
reator. O maior dosímetro do cofre. O
maior com a capacidade de milhares de
roentgen e...

DYATLOV
(interrompendo)
Qual foi o número?

SITNIKOV
Nenhum. O medidor quebrou no momento
que foi ligado.

Dyatlov dá de ombros. Calmo.

DYATLOV
Típico.

BRYUKHANOV
Viu? É o que Moscou faz? Mandam
equipamentos de merda, e depois se
perguntam por que as coisas dão errado.

SITNIKOV
Encontramos outro dosímetro.

Dyatlov sente a tensão novamente.

SITNIKOV
Do departamento de bombeiros militares.
Vai até 200 roentgen, mas é melhor que
os pequenos.

FOMIN
E?

Sitnikov hesita. Durante toda a sua vida ele foi aconselhado


a não ser portador de más notícias.

SITNIKOV
Atingiu o máximo. Duzentos roentgen.

Fomin, Bryukhanov e Dyatlov sentem o choque. Então:

FOMIN
Que brincadeira é esta?

SITNIKOV
Não... Eu perguntei a ele, ele fez
várias medições, meus melhores homens..

BRYUKHNOV
Outro medidor defeituoso. Você está
desperdiçando nosso tempo.

SITNIKOV
Eu chequei o medidor com um controle...

DYATLOV
Qual o seu problema? Como você consegue
este número da água de alimentação
vazando de um tanque danificado.

SITNIKOV
Não consegue.

DYATLOV
Então que porra é essa que você está
dizendo?

Um longo silêncio. Enfim:

SITNIKOV
Eu percorri o lado extrno do prédio 4.
Eu acho que há grafite, nos destroços.

Bryukhanov lança um olhar para Fomin e Dyatlov, que zomba.

DYATLOV
Você não viu grafite.

SITNIKOV
Sim.

DYATLOV
Você não viu. VOCÊ NÃO VIU. Porque NÃO
ESTÁ LÁ.

Fomin intervem. Uma voz branda.


FOMIN
Você está sugerindo que o núcleo...
Explodiu?

SITNIKOV
Sim.

FOMIN
Sitnikov. Você é um engenheiro nuclear.
Assim como eu. Por favor, me explique
como o núcleo de um reator RBMK
“explode”. Não um decongelamento, uma
explosão. Eu adoraria saber.

SITNIKOV
Eu consigo.

FOMIN
Você é burro?

SITNIKOV
Não

FOMIN
Então por que não consegue?

SITNIKOV
Eu não... Eu não sei como ele podeira
explodir.

Fomin gesticula. Olha para Bryukhanov. Viu? Não é possível.

SITNIKOV
Mas explodiu.

Dyatlov esmurra a mesa com força.

DYATLOV
Basta.

Todos viram-se para ele. Assustados.

DYATLOV
Vou até a ventilação do bloco. De lá
temos uma vista do reator do prédio 4.
Quero ver com os meus próprios olhos.

Ele para. Um olhar estranho. Então:

Ele VOMITA violentamente. Os outros se afastam, em choque.


Dyatlov olha para o vômito no chão. Apavorado.

DYATLOV
Desculpa.

Ele tenta se apoiar na mesa, mas não consegue e CAI no chão.

BRYUKHANOV
Guardas.

Três guardas entram.

BRYUKHANOV
Levem ele ao médico. Ou para o
hospital. O que quer que precise.

Os dois guardas erguem Dyatlov do chão. Ajudam a carregá-lo


para fora. O rosto de Dyatlov traz um olhar estranho.

Já vimos antes, momentos após a explosão.

Confuso.

FOMIN
(para Bryukhanov)
É a água de alimentação. Ele passou a
noite perto dela.

Bryukhanov acena com a cabeça. Então, Fomin olha para


Sitnikov.

FOMIN
Você vai

SITNIKOV
O quê?

FOMIN
Vá até a área de ventilação do teto e
relate o que você vê.

SITNIKOV
Não. Não, eu não irei.

Fomin e Bryukhanov olham para ele. Ele acabou de dizer “não”?

BRYUKHANOV
Claro que vai.
Bryukhanov olha para ou outro guarda que permaneceu. Faz um
gesto tipo “certifique-se que ele cumpra as ordens”.

Sitnikov empalidece. Não há como escapar.

FOMIN
Você vai ficar bem. Eu asseguro...

Não, não vai. Sitnikov vira-se. Encara o guarda... então sai.


Como um condenado indo à forca.

O guarda o acompanha.

43. INT. PRÉDIO DO REATOR #4 – 4:30 AM

AKIMOV e TOPTUNOV, atravessando a pagua e destroços cobrindo


os calcanhares. Eles param e veem:

REVELANDO – O ENCANAMENTO – dezenas de canos em todas as


direções com mais VÁLVULAS do que a gente pode contar.

AKIMOV
Okay. Vamos começar.

Ele passa na frente. Toptunov não se move.

AKIMOV
Leonid.

Toptunov meneia a cabeça. Junta-se a Akimov junto aos canos.


Cada um agarra uma válvula. Começam a girar.

As válvulas são ARROCHADAS. Ele fazem um grande esforçoo para


movê-las. Então:

TOPTUNOV
Desculpa.

AKIMOV
Não há nada para se descupar. Eu disse
a você... não fizemos nada de errado.

TOPTUNOV
Mas nós fizemos.

Akimov para de girar sua válvula. Não responde. Não olha para
Toptunov.

Fica parado por um momento.


Enfim agarra as válvulas novamente e recomeça a girar.

44. EXT. SALA DE VENTILAÇÃO - COMEÇO DA MANHÃ

Uma porta de utilidade abre. Sitnikov sai o teto de piche e


papel. Dá alguns passos, e então olha novamente para:

O GUARDA – que espera de volta – sem expressão. Um rosto


inexpressivo e uma AK-47 presa ao ombro por uma bandoleira.

Sitnikov vira-se – olha para o céu. O horizonte começa a se


iluminar.

Daqui de cima, podemos ver o brilho dos carros de


emergências. E logo em frente.

O TOPO DO PRÉDIO – e além, vindo de baixo... FUMAÇA e o


brilho das CHAMAS.

Além do topo daquele prédio uma vista do Prédio do Reator 4.

E está ou não exposto ao ar livre.

E está ou não prestes a morrer.

Ele olha o relógio. AM.

E começa a caminhar, lentamente. Forçando cada passo. O som


de seus sapatos no teto. O coração pulsando forte no peito.

O TETO – cada vez mais próximo.

Vinte metros, quinze metros, dez metros.

Ele para.

Fecha os olhos. Uma prece... ou uma memória... ou uma


despedida.

Então, abre os olhos, e...

ATRÁS DE SITNIKOV – vemos enquanto ele caminha em direção ao


topo.

Ele olha além.

Por um segudo.

Então ergue a cabeça, vira-se, e começa a caminhar de volta.


O guarda observa tudo.

Sitnikov começa a chorar.

E o som do mundo se desvanece...

45. INT./EXT. VÁRIAS - MONTAGEM – CÂMERA LENTA

DYATLOV é carregado para fora do prédio, cambaleando, seus


braços em volta de um dos socorristas. Ele olha e vê:

Bombeiros no chão. Seus amigos gridanto por ajuda. Uma


SEGURANÇA em suas mãos e joelhos. Tonta. Sangue saindo do
nariz. O lado esquerdo do rosto vermelho e queimado.

Dyatlov vê VASILY e Titenok carregando Pravik em uma maca.


Mas Vasily passa e CAI... vomitando... Pravik é colocado o
solo... chorando de dor...

Dyatlov olha o para a parte destruída da usina, e cascada de


Não faz sentido. O que aconteceu?

SITNIKOV, bronzeamento nuclear em seu rosto por um breve


momento da exposição, senta-se na sala de comando do abrig.
Bryukhanov e Fomin gritam com ele. Ameaçando-o. Gesticulando
em descrença e e contentamento.

Sitnikov não ouve. Não se importa se eles creem ou não. Ele


está pensando em tudo que perdeu. Quem le perdeu.

ZINCHENKO, a jovem médica, DORME em um pequeno consultório


próximo a recepção. Esnfermeiras CORREM pelo corredor até a
portar.

Zinchenko desperta, e caminha em direção ao lobby – até a


entrada principal – e vê por entre as janelas abertas:

LUZES – ambulâncias e carros de bombeiros correndo em direção


ao hospital. Muito mais do que ela esperava ver...

Agora, o som de: TELEFONE CHAMANDO.

46. INT. APARTAMENTO DE LEGASOV -CEDO DA MANHÃ

O gato ergue a cabeça. Despertado pelo som.


LEGASOV desperta. Dois anos antes do da primeira vez que o
encontramos, ele aparenta estar muito mais jovem. Os cabelos
fartos na cabeça. O rosto mais cheio. Uma cor saudável.

Ele se levanta da cama, cruza o seu quarto, indo até a


cozinha, atende o telefone.

LEGASOV
Alô?

SHCHERBINA (V.O)
Valery Legasov?

LEGASOV
Sim?

SHCHERBINA (V.O.)
Você é o Legasov Primeiro Diretor
Deputado do Instituto de Energia
Atômica de Kurchatov?

Legasov apalpa o bolso do pijama em busca de seus óculos. Mas


lembra que os deixou no quarto.

LEGASOV
Sim. Está...

Ele pega o relógio sobre a mesa e o aproxima dos olhos. É


7:00.

LEGASOV
Com quem eu estou fal...

SHCHERBINA (V.O.)
Quem fala é Boris Shcherbina, deputado
membro do Conselho ce ministros e chefe
do ministério de minas e energia. Houve
um acidente na Usina Nuclea de
Chernobyl.

Legasov fica alerta imediatamente.

LEGASOV
Qual a gravidade da situação?

SHCHERBINA (O.S.)
Não há azão para pânico. Houve um
incêndio. Em grande parte já foi
contido. O tanque do sistema de
controle explodiu.
LEGASOV
Tanque do sistema de controle. O
núcleo...?

SHCHERBINA (O.S.)
Demos ordem para bombear água
continuamente

LEGASOV
Se. E a contaminação?

SHCHERBINA (V.O)
Moderada. O chefe da Usina, Bryukhanov,
relatou 3.6 roentgen por hora.

LEGASOV
Bem, não, é.. na verdade é bem
significativo. As região no entorno
deve ser evacuada...

SHCHERBINA (O.S.)
(interrompendo)
Você é especialista em reatores RBMK,
CORRETO?

LEGASOV
Sim, eu estudei...

SHCHERBINA
O Secretário Geral Gorbachev nomeou um
comitê para lidar com o acidente. Você
faz parte deste comitê. Iremos nos
reunir hoje as duas.

LEGASOV
(preocupado)
Um pouco tarde? Desculpe, mas creio que
pela radiação que você me relatou,
seria melhor se...

SHCHERBINA (O.S.)
Legasov. Você foi chamado a este comitê
para responder a perguntas diretas
sobre o funcionamento de um reator RBMK
caso elas apareçam. Nada mais. Nenhuma
com relação a política. Fui claro.

LEGASOV
Sim, claro. Eu não queria...
Clique. Shcerbina desliga. Legasov põem o telefone no gancho
e levanta. A cabeça ainda trabalhando. 3.6. roentgen...? Um
número estranho. O sistema de controle do tanque? Não faz
sentido.

Ele vai até a janela. Abre as curtinas e deixa entrar s raios


do NASCER DO SOL.

FUNDIR COM:

47. USINA NUCLEAR DE CHERNOBYL – 7AM

O SOL, brilhando revela:

O prédio do reator exposto, ainda mais assuatador que no


escuro da noite.

48. INT. PRÉDIO DO REATOR #4 – CONTÍNUO

Nos movimentamos rápido e lentamente através de uma NÉVOA


estranha. O vapor de água subindo – a água e os destroços
transformaram a usina em um pântano...

Viramos um esquina e a névia desaparece. Vemos:

AKIMOV e TOPTUNOV, ainda girando as válvulas. Ambos


debilitados pela radiação. Rostos inchados. Mãos trêmulas e
avermelhadas.

Eles estão aqui há horas. Ambos quase inconsciêntes. Quase


sem força para girar as válvulas.

Mas, eles ainda tentam.

ACOMPANHAMOS o labirinto de canos, subindo e descendo por


paredes de concreto destruidas ate que finalmente:

A BOCA dos canos. Abertas.

A água fluindo em pequenas porções. Não resfriando o núcleo


de um reator. Não fazendo nada.

Apenas despejando água sobre o concreto destruído, e


derramando uma GRELHA DE DRENAGEM.

49. EXT. CHERNOBYL – MONTAGEM – CONTÍNUO

As chamas no teto foram contidas. Mas o incêndio dentro do


núcleo continua, sem ser visto. Fumaça ergue, levada pelo
vento...
SOBRE A FLORESTA ENTRE O REATOR E PRIPYAT – vemos o trajeto
do vento mortal começou, pois uma faixa enorme das árvores
atingiram uma terrível coloração LARANJA FERRUGEM.

O HOSPITAL, cercado pelas veículos de emergência...

AS RUAS, enquanto vendedores abrem suas lojas para mais um


dia de trabalho. Vemos VEÍCULOS MILITARES cruzando o fundo...

Uma fila de CRIANÇAS, em torno de 7 anos, mochilas e


uniformes, de mãos dadas e sorrindo enquanto caminham para a
escola.

Movendo-se baixo até o solo... até vermos os sapatos das


crianças cruzando a imagem.

Um momento, dois, e elas estão fora do quadro.

Enfim, um PÁSSARO cai diante de nós, atingindo o cimento com


um som firme . Ele se debate por um instante, então
rápidamente imóvel.

FIM DO EPISÓDIO UM

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