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GUERRIERO, Silas. Novos Movimentos Religiosos: o quadro brasileiro/Silas


Guerriero- São Paulo: Paulinas, 2006. – (Coleção temas do Ensino Religioso) pg. 7 a 132.

CREDENCIAIS DO AUTOR

Possui graduação em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
(1983), mestrado em Ciências Sociais (1989) e doutorado em Antropologia pela Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo (2000). Atualmente é Professor Associado do
Departamento de Ciência da Religião, da Faculdade de Ciências Sociais da Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo e Professor Titular da Universidade Paulista. Tem
experiência na área de Antropologia, com ênfase em Antropologia da Religião.
(Informações coletadas do Lattes do autor em 07/04/2017).

RESENHA DA OBRA

O livro é constituído por quatro capítulos onde o autor traz questionamentos e


abordagens no que diz respeito do pensar no campo religioso dentro da atualidade.
Sabendo-se que a diversidade dos novos movimentos religiosos surgiu a partir de um
desejo de mudança, sobretudo oferecendo subsídios que colaboram na compreensão destas
mudanças que estão ocorrendo e contribuindo para que aconteça a diminuição dos
preconceitos e haja uma promoção da tolerância para com essas novas formas de
expressões religiosas. Na introdução do livro “Novos Movimentos Religiosos” (2006) o
autor Silas Guerriero traz uma visão geral do que se trata o livro definindo o que são os
novos movimentos religiosos e o que apresentam na imensa variedade existente entre eles.
O autor também discute o contexto sociocultural que tornou possível essa ebulição de
religiosidades, para depois trazer analises e suas respectivas características, tanto sociais
como religiosas. No decorrer do texto, ele volta o foco para a visão da sociedade brasileira
que procura enxergar os componentes dessas novas religiões.
Diante de todas essas transformações as religiões tradicionais permanecem ainda
com forte atuação na sociedade contribuindo para que a partir delas seja fundada uma nova
corrente, mesmo que inconscientemente, apartando-se dos fieis e fazendo com que sua fé
combine com outros elementos e interesses, adaptando se ás exigências da sociedade
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secular onde as religiões não estão mais separadas ou isoladas sendo possível interligar algo
das grandes religiões tradicionais com as antigas civilizações e também com toda e
qualquer forma nova de se contatar com o sagrado.
Segundo o autor, a definição do termo “Novos Movimentos Religiosos” é meio
complexo, pois há uma problemática existente para esclarecer esse termo devido à extrema
diversidade que se tem hoje no campo religioso, pois o que se define como novo pode
funcionar como categoria acusadora, onde para alguns, o novo pode significar uma maneira
pejorativa para desmerecer o movimento e para outros pode ser como uma espécie de
marketing trazendo uma novidade visto que a sociedade esta em constante movimento e
gosta do que é novo.
No capitulo iniciático, Guerriero procura definir os movimentos religiosos
apresentando essa imensidão de variedades que existem. Também traz uma incursão de
conceitos de seitas e de Igreja para uma compreensão de que seria este novo campo
religioso. O autor se torna enfático neste capítulo quando procura definir o que são os
movimentos religiosos? Qual a quantidade de religiões no mundo e quais são as
verdadeiras? Pergunta o autor. Podemos ver estas respostas quando ele trata da questão da
visibilidade e numerosidade de adeptos destas novas religiões.
No segundo capítulo, o autor discute a temática que traz o contexto sociocultural
no qual define a efervescência destas novas religiões no que diz respeito às novas crenças,
secularização e reencantamento do mundo (pg. 17). O que mudou? É possível mediante o
que foi dito falar em nova consciência religiosa? Até que ponto podemos afirmar que uma
sociedade passa pela transformação no aspecto religioso sabendo-se que esta possui seu
sistema de crenças no qual preside nos pensamentos sociais? Essa é uma discussão que o
autor traz norteando este capítulo.
O terceiro capítulo relata inicialmente sobre o surgimento de um “NMR” (Novos
movimentos religiosos) e a conversão de adeptos. No texto percebe-se que ele (o Autor) de
certa forma quer trazer em pauta a precisão de um processo de analise sobre as
características tanto sociais como religiosas com certa profundez. É no terceiro capítulo que
o autor volta ao foco para a sociedade brasileira procurando enxergar os componentes
destas novas religiões. Também traz percepção de algumas características comuns dos
novos movimentos religiosos e apesar desta diversidade, o autor traz a compreensão do
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processo da conversão dos adeptos nestes movimentos. No mesmo capitulo ele detalha as
formas de iniciação nestes movimentos religiosos. Finalmente, ele pontua já no fim do
capítulo como é a relação entre estes adeptos e a sociedade, como seria o indivíduo entre o
novo ciclo de vida e a convivências entre familiares e amigos.
No quarto capítulo tem uma visão voltada para as novas religiões dentro do
contexto de sociedade brasileira estabelecendo uma tipologia dos novos movimentos
religiosos desta sociedade, demonstrando as variedades existentes nos dias de hoje. O autor
traz no texto a necessidade de levar em conta essas novas tendências na intenção de
compreender esse jogo entre o fundamentalismo e relativismo. Assim, movimentos nem
sempre considerados novos puderam ser analisados em conjunto a outros mais recentes,
visto que ambos participam dos novos contornos religiosos da sociedade brasileira.
Constatou-se também que, no jogo das convivências entre as novas religiões, nem todas
agem com o mesmo grau de tolerância e abertura diante do mundo, nem mesmo em relação
à pregação de uma verdade e dogmas estabelecidos. Por fim, Guerriero ressalta que “os
novos movimentos religiosos não podem ser vistos nem como ameaças às religiões
estabelecidas, nem como modismos passageiros, mas a partir das mudanças em curso nas
sociedades em que eles surgem e se desenvolvem. Assim, a grande novidade não está nos
NMRs1, mas na própria sociedade.” (p. 109).

CONCLUSÃO DA RESENHA CRÍTICA

    De um modo geral, o autor leva o leitor para que leia o livro compreendendo os
novos movimentos religiosos que estão surgindo. O livro de Silas Guerriero, apesar de
pertencer a uma coleção voltada para o aprimoramento dos docentes da disciplina de
Ensino Religioso, pode ser lido por alunos dos cursos de graduação que se interessem por
esta temática e também por discentes em Ciências da Religião que estão tendo um primeiro
contato com o tema.
O livro, apesar de ser uma pequena coleção, realiza de forma eficaz aquilo que se
propôs a fazer. O autor foi diligente na exposição do tema e apresentou de forma
abrangente e de maneira suficientemente profunda tudo aquilo necessário para a
compreensão do tema. Recomendo a leitura deste excelente livro. Segundo meu ponto de
1
Sigla dos Novos Movimentos Religiosos
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vista analítico, esse tema apresenta um estudo que interessa especificamente o campo do
ensino religioso.

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