O interesse de Durkheim encontrava-se essencialmente nas mudanças
que transformava a sua sociedade contemporânea. Centrava-se na solidariedade social e moral, ou seja, naquilo que une a sociedade e impede a sua queda no caos. Para a solidariedade se manter é necessário que os indivíduos se integrem em grupos sociais e se sigam por um conjunto de valores comuns. O que distingue a sociedade de um amontoado de indivíduos é a solidariedade, isto é, o conjunto de redes, direitos e deveres determinados pela moral de uma dada sociedade e que têm como principal função manter o equilíbrio e a coesão social. Segundo Durkheim, existem dois tipos de sociedade diferentes em função do tipo de solidariedade presente, que pode ser mecânica ou orgânica. A sociedade baseada em solidariedade mecânica não possui divisão do trabalho social e apresenta uma forte consciência coletiva e uma grande determinação e uma autoridade coletiva absoluta, seus interesses são superiores aos dos indivíduos. Este tipo de sociedade tem por base a diferença e a indiferença dos indivíduos. A sociedade baseada em solidariedade orgânica possui divisão do trabalho social e apresenta uma forte consciência individual, uma preocupação com os interesses dos indivíduos. Atribui valor supremo à dignidade individual, à igualdade de oportunidades e à justiça social. Neste tipo de sociedade, as normas não são repressivas e as sanções restabelecem a ordem. Enquanto que, por um lado, a sociedade baseada em solidariedade mecânica possa conduzir à não realização pessoal do indivíduo (devido à forte consciência colectiva), por outro, a sociedade baseada em solidariedade orgânica leva ao desaparecimento do colectivo e à fragmentação da sociedade.
Segundo Durkheim, a divisão do trabalho social não se refere somente
às atividades econômicas, como também influencia todo o conjunto das atividades sociais porque, para além de servir para procurar uma maior eficácia, tem acima de tudo uma função social. Tal deve-se ao fato de permitir aprofundar a interdependência entre os elementos que compõem a sociedade, possibilitando assim a criação de solidariedade social. Deste modo, “a divisão do trabalho(…) é e se torna cada vez mais, uma das bases fundamentais da ordem social” (Durkheim, 1893), tendendo a transformar-se numa regra imperativa de conduta. A divisão do trabalho social provoca consequências positivas e negativas na sociedade.