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A ALMA ESPOSA NO CÂNTICO DOS CÂNTICOS

“A virgindade como uma via de esponsalidade com Cristo.”

ROGER MESQUITA HAAG1

RESUMO
No livro do Cântico dos Cânticos, há uma “Amada” inteiramente entregue
ao seu “Amado”, que nada mais é que um casal apaixonado, de tal forma que
tudo fazem um para o outro. Tal relação esponsal, faz ver a relação da alma com
Cristo, alma essa que se expande e se prepara para O receber. Cristo chama
essa Amada, ou melhor, chama a alma, não para algo comum, mas para vivenciar
uma experiência única: a virgindade. A esponsalidade da alma neste livro da
Sagrada Escritura, é um relato do amor de um Deus de tal forma apaixonado pela
alma, que a convida para ser sua esposa, num convite virginal, de Virgem para
virgem.

Palavras-Chave: Alma; Cristo; Esponsalidade; Virgindade; Celibato; Amor;


Matrimônio.

1
Bacharel em Filosofia pelo Instituto Maria Mater Ecclesiae de Brasil – Itapecerica da Serra – São Paulo.
Graduando em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. E-mail:
seminaristaroger281@gmail.com.
2

INTRODUÇÃO
O presente artigo vai expressar uma interpretação do livro Cântico dos
Cânticos, onde tenta identificar a esponsalidade da alma com Cristo. Não é um
artigo exegético, nem dogmático, ou ainda, sistemático, todavia, trata-se uma
visão realista e espiritual do chamado que Cristo faz às almas, neste caso, das
almas chamadas a uma vida virginal/celibatária. O intuito do presente artigo é
manifestar um material de oração, onde tenha uma abundância de pensamentos
espirituais sobre o Cântico dos Cânticos, sobre a virgindade consagrada e sobre a
alma virgem. A meta é fazer com que o leitor tenha uma experiência de
admiração por tal estado de vida, seja porque o vive, seja porque se interessa em
conhecer mais sobre o tema.

METODOLOGIA UTILIZADA NO ARTIGO.

A construção do presente artigo está organizada de modo descritivo-


analítico, com bases na Sagrada Escritura, no Magistério, na Tradição, nos
pensadores da patrologia e medievo e nos autores modernos. Dado a falta de
artigos sobre o tema, fixou-se a metodologia de pesquisa em bibliografias e
documentos da Igreja.

DISCUSÃO DOS RESULTADOS DA PESQUISA

I - A ESPOSA E O ESPOSO

Esse capítulo apresentará uma interpretação de quem é a “Amada” e de


quem é o “Amado” no livro do Cântico dos Cânticos, baseado em São Bernardo
de Claraval e outros autores. Indicará o chamamento de Deus à alma humana,
onde Ele a desposa. Por fim mostrara uma forma especifica de desposar o
Amado, que é por meio de uma vida consagrada.
3

A Esposa no Cântico dos Cânticos

A “amada” representada no Cântico dos Cânticos é, na verdade a esposa


do “Amado” também nesse mesmo livro representado. São Bernardo de Claraval,
nos seus sermões sobre o Cântico dos Cânticos (2020), usa, continuamente,
duas interpretações sobre do que se trata essa “Amada”.

Na primeira das interpretações, ele entende que se trata da Igreja, esposa


de Cristo (Cf. CLARAVAL, 2020 P.127), como nos afirma São Paulo “E vós,
maridos, ama vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela.”
(Ef 5,25). Na segunda maneira de interpretar a “amada”, trata-se da alma esposa,
que anseia por Cristo, seu esposo (Cf. CLARAVAL,2020 P.213). Ambas as
intepretações estão embutidas nos diversos sermões de são Bernardo, no entanto
para adentrarmos mais no tema, se utilizará a segunda interpretação, que se trata
da alma esposa.

“Levou-me ele à adega e contra mim desfralda sua bandeira de amor.” (Ct
2,4). A alma esposa, é frequentemente, dentro do livro do Cântico dos Cânticos,
surpreendida pelo amor do Esposo, pois Esse não se inibe em abaixar-se. Está
em seu plano sempre render as almas ao seu amor, como afirma Columba
Marmion (2017) “O amor leva-O a abaixar-se igualmente junto das almas
consagradas, para as elevar à inefável condição de esposas”, deste modo o
Esposo atrai as almas para si.

A alma rendida de amor pelo Esposo tem sede d’Ele, nisso consiste a
angústia das almas humanas, a sede do Amado Esposo “Minha alma tem sede,
do Deus vivo.” (Sl 42,3). Nessa sede de Deus, a alma não se encontra a não ser
no afeto e no carinho, nas ternuras tanto do Esposo para com ela, quanto dela
para com seu Esposo. “Que me beije com beijos de sua boca” (Ct 1,2), quem diz
isso é a alma sedenta do Amado, esses termos afetuosos não dão a entender
outra coisa, senão, o amor de uma esposa com seu esposo.

Se amar convém aos esposos, e isto de uma


maneira especial, então não é sem razão que chamamos
de esposa a alma que ama. Pois ama a que pede um
4

beijo. Não pede liberdade, nem recompensa, nem


herança, nem, finalmente, doutrina, mas um beijo;
exatamente como uma esposa castíssima que suspira
pelo sacro amor e que não consegue dissimular de
maneira nenhuma a chama que está exposta.2

A alma humana é como uma esposa castíssima que suspira pelo sacro
amor. Essa alma esposa vive a castidade, ou também, a virgindade, assim como
a amada que é pelo Amado considerada sem defeito, ou seja, virgem e pura (Cf
Ct 4,7). “E com razão está no jardim a virgindade, que é recatada, foge do
público, compraz-se nos esconderijos, suporta a disciplina. Finalmente no jardim
a flor está encerrada” (CLARAVAL,2020 P. 293), dizia isso São Bernardo ao
comentar o versículo 12b do capítulo 4 do Cântico dos Cânticos, onde o Amado
dizia “És jardim fechado, uma fonte lacrada.” Deixando claro que a esposa, ou
ainda, a alma, no Cântico dos Cânticos, trata-se de uma virgem.

Há algo que resume a amada, ou melhor, a esposa: o Amor. Só por Ele a


esposa é quem ela é, um amor tão desapegado que somente o Esposo e a
esposa entendem, nem mesmo um filho entenderia. Dessa maneira, não há
dúvidas de que a alma esposa é amada primeiro e muito mais do que ama, pelo
Amado. (Cf. CLARAVAL,2020 P. 508).

“Feliz aquela a quem foi dado experimentar um abraço de


tanta suavidade, que não é outra coisa senão um amor
santo e casto, um amor suave e doce; amor de tanta
serenidade quanto sinceridade; amo mutuo, íntimo e forte,
que une dois completamente não em uma carne, mas em
um espirito; que faz de dois, já não dois, mas um.”3

Se fosse ainda preciso responder, quem é a “Amada”, se diria que é a


esposa, mas se mesmo assim não ficar claro, melhor é na profunda intimidade
com os santos, expressar que ela é na realidade a alma, que casta ama, que
amando é amada e unindo-se ao Amado, no fundo desposa o Esposo por ela

2
CLARAVAL, Bernardo. Sermões sobre o Cântico dos Cânticos. 2020 P.46
3
Idem, P. 508.
5

amado. Assim pode se dizer que “Toda alma que vejas que, deixando tudo, adere
ao Verbo com toda a força do seu desejo, para viver para o Verbo, para reger-se
pelo Verbo, para conceber do Verbo[...] considera-a cônjuge e desposada com o
Verbo.” (CLARAVAL, 2020 P.521).

O Esposo no Cântico dos Cânticos.

“Os padres da Igreja veem no Cântico dos Cânticos o símbolo da


inexprimível união que existe, em Jesus, entre o Verbo e natureza humana. O
Verbo, Sapiência eterna, é o Esposo; ele próprio escolhe sua esposa: uma
natureza humana.” (MARMION, Columba 2017 p.19). O esposo é o Verbo e o
Verbo é Deus. Se a esposa como acima se afirma é a alma humana, apaixonada
e totalmente dada ao Esposo, não a outro se entrega, de tal forma, que a Deus.
Como dito acima, o Amor é quem define o que é a amada, nisso consiste que
Deus é o amor e ao mesmo tempo o Amado. O Esposo tem por esposa todas as
almas batizadas, ainda que nesse presente artigo só fale das almas virgens, ou
ainda, celibatárias (Cf. MARMION, 2017 P.11). “Desde o começo da Igreja, houve
homens e mulheres que renunciaram ao grande bem do matrimonio [...], para ir
ao encontro do Esposo que vem.” (Catecismo da Igreja Católica,1618).

“Macieira entre as árvores do bosque, é meu amado entre os jovens;” (Ct


2,2). Analisando essa passagem do Livro do Cântico dos Cânticos, Origines
(2019) diz que a Amada o chama assim “pois seu fruto sobressai a todos, não só
pelo sabor, mas também pelo perfume, e agrada os dois sentidos da alma: o
paladar e, ao mesmo tempo, o olfato.”. O Amado esposo é, no entanto, aquele
que da amada os frutos do qual ela se delicia. Ele é quem a faz descansar, e
protege-a em seu descanso, descanso esse não de ócio, mas um descanso no
seio d’Ele mesmo, “Por isso o esposo pôs a sua esquerda debaixo da cabeça
dela, [...] de tal modo que a fizesse descansar e dormir em sue seio.”
(CLARAVAL, 2020 P.319). O Esposo é esse que não cessa de querer o descanso
da amada e que ela esteja sempre reclinada em seu seio.

No livro Cântico dos Cânticos, quem seria então o Amado? É Cristo, o


Verbo! Diz a Amada “como um gamo é meu amado... um filhote de gazela” (Ct
6

2,9), São Bernardo ao interpretar esse versículo, apresenta a realidade de que


esses animas, são velozes e saltitantes. São Bernardo faz uma alusão ao salmo
147 que diz: “Veloz corre sua palavra” (CLARAVAL, 2020 P.337 apud Sl. 147,15).
O Amado é essa palavra ágil, o Verbo ágil de Deus. “As palavras referem-se ao
esposo, e o esposo é a Palavra. [...], no qual o esposo, que é a Palavra de Deus,
é Descrito pulando e saltando por cima de outras coisas, feito, pois, semelhante à
corça e ao Cervato.” (CLARAVAL, 2020 P.337).

O Amado é aquele que morre pela amada, que deseja ela mais do que ela
mesma se deseja. O Cristo Esposo, morre por sua amada, de fato se for preciso
dá a vida por ela. Pode-se entender, tanto que Ele dá a vida pela Igreja, “E vós,
maridos, amai vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja e se entregou por
ela.” (Ef 5,25); quanto que Ele dá a vida pela alma esposa, para isso ele morre,
para redimir da humanidade ferida o pecado, dá a vida por que muito ama
“Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos.” (Jo
15,13).

As almas chamadas a serem esposas de Cristo.

O que mais se nota na realidade atual é que o mundo cada dia mais tem
medo de uma entrega total de vida, vive-se em um mundo líquido e desenfreado,
vivenciando uma sexualidade de “fast food” (Cf. WEST, 2018 P.31). Em meio a
tudo isso, Deus chama almas para desposar, no fundo chama todas as almas
batizadas como já analisado acima, mas há algumas que chama para uma
intimidade maior e, cuja finalidade é apontar uma vivência sobrenatural de
esponsalidade: A virgens, ou ainda, as castas, “És toda bela, minha amada, e não
tens um só defeito!” (Ct 4,7), chamadas a guardarem todos os seus melhores
frutos para o Esposo, “Todos os meus frutos melhores, meu Amado, pra ti os
reservei” (Ct, 7,14).

Em meio a esse chamado, pode-se pensar que o virgem, ou ainda, a


virgem, renuncia a um amor concreto, para vivenciar um outro amor, esse
imaginário; contudo, na realidade, se renuncia um amor concreto para assumir
outro amor concreto, porém, esse segundo infinitamente mais real. O que dificulta
7

o entendimento é que se está acostumado a entender a virgindade como apenas


uma renúncia humana, ou entende-se somente como uma renúncia à união
carnal, quando se esquece que na realidade é uma adesão a uma união segundo
o espírito. “Num caso se forma “uma só carne”, no outro “um só espírito” (Cf.
CANTALAMESSA, 2020. P.33).

Em consequência, toda alma que vejas que,


deixando tudo, adere ao Verbo com toda a força de seu
desejo, para viver para o verbo, para reger-se pelo Verbo,
para conceber do Verbo o que engendrar para o Verbo,
[...] considera-a Cônjuge e desposada com o Verbo.4

A Esposa do Verbo, chamada e eleita para tamanha intimidade e vivência é


tanto a alma da consagrada na clausura de um mosteiro, quanto a alma do
sacerdote que se consagra totalmente ao Esposo pelo voto do Celibato, pois
ambas as almas têm pôr fim a vivencia escatológica da virgindade pelo reino dos
Céus, e por essa vivência se consideram, ambas as almas, esposas do Verbo. A
castidade perfeita é exigida tanto para as religiosas consagradas, quanto aos
religiosos homens e também aos clérigos da Igreja latina e ainda praticada por
muitos leigos, mesmo na atualidade, onde muitos deles abrem mão do matrimônio
e dos prazeres da carne por amor aos irmãos e para se unirem mais intimamente
a Deus. (Cf. SV. 6).

Desde o início da Igreja, os santos padres consideravam a virgindade uma


consagração do corpo e da alma a Deus (Cf. SV.15), por isso, nos tempos atuais
é tão retomada, inclusive no Concilio Vaticano II é um assunto muito tratado,
principalmente no que se trata da formação dos futuros sacerdotes. No
documento Optatam Totius diz o seguinte,

Compenetrem-se, porém da maior excelência da


virgindade consagrada a Cristo, de modo que, após opção
maduramente deliberada, se consagrem com

4
CLARAVAL, Bernardo. Sermões sobre o Cântico dos Cânticos. 2020 P.521.
8

magnanimidade ao Senhor, mediante integra doação de


corpo e alma.5

A vida consagrada de maior maneira apresenta essa esponsalidade da


alma com Cristo, como nos apresenta a Congregação para os institutos de vida
consagrada e sociedades de vida apostólica, na sua instrução sobre a vida
contemplativa e a clausura das monjas, “A esponsalidade é uma dimensão
própria de toda a Igreja, mas a vida consagrada é a sua imagem viva,
manifestando do modo melhor a tensão para o único Esposo.” 6 As monjas
enclausuradas, dedicam-se totalmente ao Esposo, contemplam a glória futura do
qual seu testemunho, pela vivencia da virgindade, são chamadas a aqui na terra
já expressar.

A alma chamada à esponsalidade no Cântico dos Cânticos tem um dever


de correspondência ao Esposo no amor, “Filhas de Jerusalém, eu vos conjuro: se
encontrardes o meu amado que lhe direis?... Dizei que estou doente de amor!” (Ct
5,8). Essa esposa está doente de amor e, amorosamente busca seu amado,
deseja corresponder ao amor do amado que disse “Roubaste meu coração” (Ct
4,9). O mistério dessa esponsalidade entre Cristo e a alma vem de encontro ao
que São João Paulo II apresenta na teologia do corpo, em uma quarta feira de
abril, no ano de 1982.

Primeiro os próprios discípulos e depois a Tradição viva


descobrirão cedo aquele amor que se refere a Cristo
mesmo como Esposo da Igreja e Esposo das almas, às
quais Ele se deu a si mesmo totalmente, no mistério da
Páscoa e na Eucaristia. Deste modo, a continência “por
amor do Reino dos Céus”, a opção pela virgindade ou pelo
celibato para toda a vida, tornou-se, na experiência dos
discípulos e dos seguidores de Cristo, um ato de resposta
particular ao Amor Divino e por conseguinte adquiriu o
significado de um ato de amor esponsal, isto é, de um dom
esponsal de si, afim de retribuir de modo particular o amor

5
Decreto Optatam Totius 10.
6
https://www.vatican.va/roman_curia/congregations/ccscrlife/documents/rc_con_ccscrlife_doc_13051999
_verbi-sponsa_po.html - Acesso 04/11/2020.
9

esponsal do Redentor; um dom de si, entendido como


renúncia, mas feito sobre tudo por amor.7

Um ato de amor total, sacrifical e dom é o que nos permite dizer sobre a
virgindade, pois como bem colocado por São João Paulo II, é um ato de resposta
particular ao Amor Divino, o que dá a entender que a virgem antes é a amada.
Sentir-se amada é o que faz com que se dê uma resposta concreta de amor,
doar-se por inteiro ao outro é possível, por que Deus se deu totalmente e por
inteiro a humanidade.

A virgindade causa na alma uma fecundidade esponsal, pois unida


intimamente com o Esposo gera filhos para Ele (Cf. CANTALAMESSA, 2020
P.27). A alma de tal forma quer se unir a Deus pela virgindade que está disposta
a partir desse mundo para se unir ao seu Esposo. Renunciar ao mundo e seus
prazeres. Há um desapego por amor ao Esposo. Nesse dom de si, habita a
fecundidade da alma, que se doa totalmente ao Esposo por amor. “A estima
desta vida, eu a deixo aos outros. Mas, para mim, só há uma lei, um pensamento:
que, pleno de amor divino, eu parta daqui rumo a Deus que reina no céu, o
Criador da luz. [...] Somente a ele estou ligado em amor” (CENCINI, 2012 P. 34
apud NAZIANZENO.).

II – A ESPOSA VIRGEM E SUA RELAÇÃO COM O ESPOSO.             

Neste capítulo se apresentará um pouco mais da relação da Esposa com o


Esposo, por isso, ainda que se tenha utilizado uma interpretação do Cântico dos
Cânticos, não se prenderá somente a esse livro da Sagrada Escritura, mas
também do magistério, assim como ensinamento dos padres da Igreja. Trata-se
de como se relacionam Esposo e Amada, e de como essa relação deve ser.
Indica um plano de fundo, que expõe meios para uma maior união da alma virgem
com Deus.

7
JOÃO PAULO II, Teologia do Corpo, o amor humano no plano Divino. 2014 P.357.
10

A fidelidade do Esposo

O Esposo, de maneira muito mais abundante é fiel a alma, do que a alma


ao Esposo, pois Ele é de natureza divina, que tem por princípio a perfeição, e ela
humana, cuja concupiscência lhe é companheira.

Columba Marmion, em seu livro Sponsa Verbi, diz que o texto de São
Paulo a Efésios capítulo 5 e versículos 25 a 27 é dito sobre a Igreja Esposa, mas
pode ser interpretado como toda alma que Cristo une a si na qualidade de
esposa. (Cf. MARMION, 2017 P.14) Em Efésios 5,25-27, São Paulo fala da
fidelidade com que Cristo ama, “E vós, maridos, ama vossas mulheres, como
Cristo amou a Igreja e se entregou por ela, afim de purificá-la com o banho da
água e santifica-la pela Palavra, para apresentar a si mesmo a Igreja, gloriosa,
sem mancha nem ruga, ou coisa semelhante, mas santa e irrepreensível.”.

Essa passagem, vai de encontro com a forma com que o Esposo no


Cântico dos Cânticos ama a sua amada, não fala em morrer por ela, ou entregar-
se a si mesmo, porém, com uma linguagem toda afetiva o Esposo demonstra
como ama “Levou-me ele à adega e contra mim desfralda sua bandeira de
amor.” (Ct 2,4). A alma expressa os carinhos do Esposo, que não se cansa de
enchê-la de afetos. Nisso está a fidelidade do Esposo, Ele se dá na Cruz, se
aniquila pela redenção da alma, ama morrendo, e morre por que ama sem fim sua
amada, tanto a Igreja, ou ainda, como nos permite Columba Marmion, a alma
daqueles que se consagram à virgindade.

A nossa alma, oh irmãos, é feia por culpa do pecado. Ela


se torna bela amando a Deus. Que amor torna bela a alma
que ama? Deus sempre é beleza; n’Ele nunca há
deformidade ou mudança. Por primeiro, amou-nos ele que
é sempre belo, e nos amou quando éramos feios e
disformes. Não nos amou para nos despedir feios como
éramos, mas para nos mudar e nos tornar de feios em
belos.8

8
CENCINI, Amedeo, Virgindade e Celibato Hoje. 2012 P.190 apud AGOSTINHO, Comentário à Epistola de
São João, 9,1.9.
11

É pela fidelidade de Deus, pela Beleza de Deus que a alma é o que é, por
que Ele é princípio de vida. Ele é fiel, não abandona sua amada, Ele é todo da
amada e a amada d’Ele (Ct 6,3). Deus é esse Esposo fiel que nunca abandonou a
alma humana, ainda que ela o abandonasse, como nos afirma São Paulo “se lhe
somos infiéis, Ele permanece fiel.” (2 Tm 2,13).

Deus quando revela seu nome, também revela sua fidelidade, que não é só
por um momento, mas de sempre e para sempre, tanto para os antigos do
passado, quanto para os novos do futuro, Deus sempre é fiel. (Cf. Catecismo da
Igreja Católica,207) Deus é “Rico em graça e em fidelidade” (Ex 34,6), esse Deus
que é Esposo, não cessa de desejar a esposa, por que a busca da esposa, a sua
procura é para Ele fonte de alegria, “Viste o Amado da minha alma?”(Ct 3,3), por
que nos afirma o Catecismo quando fala de oração, que “Deus tem sede de que
nós tenhamos sede d'Ele”(Catecismo da Igreja Católica,2560).

O Senhor Esposo por fim, aparecerá e tornará a alma formosa, semelhante


a Ele, a alma verá ao Esposo como Ele é e escutará dele “És toda bela, minha
amada, e não tens um só defeito” (Ct 4,7). (Cf. CLARAVAL, 2020 P.251). É o
Esposo que dá a Esposa os adornos que a tornam Bela, como afirma santo
Agostinho acima “Não nos amou para nos despedir feios como éramos, mas para
nos mudar e nos tornar de feios em belos”. Tudo que há de belo na alma, há
primeiramente por que o Esposo a concede, a virgindade então é dom, é algo
herdado pela fidelidade do Esposo, que almeja que sua amada seja semelhante a
Ele e por isso dispõe as condições para tal beleza e semelhança.

A fidelidade da Esposa:

A alma Esposa demonstra sua fidelidade por sua luta em busca dessa
semelhança que só lhe dá o Amado. Por isso, para ser fiel a alma deve entender
que a castidade, ou virgindade, não é somente uma continência sexual. É na
realidade a plenitude de amor. Traz embutido nela uma necessidade de renovar-
se na renúncia de si mesmo, vencer a monotonia de uma vida igual e vencendo
as resistências da carne, que sempre se inclina à concupiscência. (Cf. GÓMEZ,
1989 P.111).
12

A Esposa é fiel, na medida que muito ama, assim como o matrimônio não
se sustenta pelo amor, muito menos sustentará fiel a alma virgem que não ama.

“Considerai o valor de todas as coisas e pesai-as na


balança do amor. E todo aquele amor que teríeis
despendido para com o vosso marido, despendei para
com Cristo. [...] Que ele venha ocupar em vosso espírito
todo o vazio que deixou em vós a renúncia às núpcias.
Não vos é permitido amar com tibieza aquele por amor de
que recusastes a um amor que também era legítimo.”9

A fidelidade da Esposa é na realidade, a luta entre a vida desposada e a


vida da carne. Essa luta se combate com o amor, pelo Amado. A alma, esposa e
virgem, que não ama, não consegue sustentar uma vida na graça da
esponsalidade, da união intima com Deus. “O celibato sem amor, esse sim, torna-
se insustentável, mais cedo ou mais tarde.” (GÓMEZ, 1989 P.113). A alma
precisa constantemente estar em ligação com Deus e essa fidelidade se dá na
oração, que é um encontro vital com Deus, a alma fiel tem uma vida interior, que a
faz necessariamente sempre acompanhada por seu Esposo e não abandonada
em uma solidão em que ela mesma pode ter se colocado.

“Para o amor ardente que têm a Cristo não podiam


bastar os laços do afeto; era absolutamente necessário
que esse mesmo amor se mostrasse pela imitação das
virtudes, que nele brilham, e de modo especial pela
conformidade com a sua vida, toda dedicada à salvação
do gênero humano.”10

A fidelidade da Esposa é essa que se desgasta por amor a Cristo. Tanto os


padres da Igreja, quanto em todos os séculos, teólogos e amantes da virgindade
consagrada à esponsalidade apontam para o amor: ela é fiel por que muito ama.

9
CENCINI, Amedeo, Virgindade e Celibato Hoje. 2012 P.144 apud AGOSTINHO, Comentário à Epistola de
São João, 9,1.9.
10
http://www.vatican.va/content/pius-xii/pt/encyclicals/documents/hf_p-xii_enc_25031954_sacra-
virginitas.html - Acesso 05/11/2020.
13

Por meio desse amor é que o Esposo pode dizer “Roubaste meu coração, com
um só dos teus olhares” (Ct 4,9).

A alma fidelíssima exclama “Sois verdadeiramente o meu Amado,


escolhido entre mil (Ct 5,10), com Quem se compraz a minha alma de habitar
todos os dias de sua vida.” (KEMPIS, 2019. P.320). Exclama porque ama, sem
mais delongas, pode-se dizer que a base da fidelidade da alma com Cristo seu
Esposo, se baseia no amor com que ama e com que é amada. Por isso, cabe a
ela entregar-se de tal forma que tanto na dor e no sofrimento, quanto nas injúrias
e difamações, seja amante de Deus. “Quem ama deve por amor do Amado
abraçar com prazer tudo o que há de mais duro e amargo, e d’Ele não se separar
por nenhuma contrariedade.” (KEMPIS, 2019. P.137).

A união da alma esposa com Cristo Esposo em matrimônio.


Na relação íntima e esponsal da alma com Deus, que como todo o
matrimônio tem duas finalidades, uma unitiva, onde a alma de tal forma se une ao
Esposo, que são um só, em uma relação íntima e esponsal, porém diversa da
união sexual de um casal; e uma procriativa, que trata-se de maneira semelhante,
ao mesmo tempo que, diversa da procriação de um casal.

Finalidade unitiva

Em um estágio elevado de união com Deus, a alma de tal forma agrada e


ama seu Esposo, que o Esposo atraído por tamanho amor, resolve unir-se à alma
em matrimônio, não somente em forma de expressões de esponsalidade, mas em
um matrimônio definitivamente real. Santa Teresa de Jesus, sobre o Matrimônio
espiritual, diz que o Senhor é que vem ao encontro da alma em seu centro, em
uma visão não imaginária, mas real e intelectual; ainda mais suave e delicada que
de outras maneiras as vezes aparece, e comunica uma tão elevada graça que
não se pode pensar em outra coisa que não a comunicação da glória do Céu, de
uma maneira que nenhuma visão anterior se teve (Cf. TERESA, 2019. P.264).

Santa Teresa, ainda faz uma comparação, dizendo que a alma de tal forma
se une ao Esposo, ou o Esposo à alma, que como a água da chuva que cai sobre
um rio não se pode mais separar a que caiu do céu da que estava no rio, assim
também a alma unida pelo matrimônio espiritual com o Esposo não se permite
14

mais separar-se. “Aquele que se une ao Senhor, constitui com Ele um só


espírito.” ( 1 Cor 6,17) (Cf. TERESA, 2019. P.266).

Finalidade procriativa ).

A finalidade procriativa está em dar muitos frutos para seu esposo, e essa
fecundidade está baseada naquela passagem em que Cristo diz “Aquele que
permanece em mim e Eu nele produz muito fruto.” (Jo 15,5). Raniero
Cantalamessa diz: “A fecundidade da virgem é de natureza esponsal. Os filhos
são gerados pela união com um esposo. A virgem, vivendo “unida ao Senhor sem
distrações, como dirá São Paulo, dá à luz filhos para Cristo.” (CANTALAMESSA,
2020. P.27). Tanto a virgem consagrada ao Senhor, quanto homens e mulheres
leigos, como sacerdotes que são chamados a uma vivência esponsal com Cristo
pela virgindade, estão chamados a dar muitos filhos ao Esposo.

A preparação da alma virgem para receber o Esposo.


A alma deve se preparar para receber o Esposo, assemelhando-se a Ele,
pois não há outra beleza a se assemelhar tão pura e casta que a beleza do
Amado, por isso diz santo Agostinho “Sejas belo de tal modo que ele possa te
amar, de tua parte, dirige todo o teu pensamento para Ele, corre em direção a Ele
pede seus braços, teme afastar-te d’Ele, afim de que esteja em ti o casto temor
que permanece para sempre.”(CENCINI,2012 .P190 apud AGOSTINHO,
comentário à epistola de São João, 9,1.9.). Nessa semelhança e perseverança na
beleza que Ele ( o Esposo) ama, deve-se ter um coração generoso no amor,
como o Amado é generoso em seu amor.

A beleza que assemelha a alma ao Esposo e faz dela preparada para


receber o Amado é alcançada por uma ascese, uma renúncia “A virgem renuncia
a algo belo (o amor conjugal) por algo ainda mais belo. Por consequência,
também o seu testemunho não poderá ser outra coisa, se não belo.” (CENCINI,
2012. P.260). A alma então, sabendo-se limitada por sua natureza ferida, vê-se
chamada a dar testemunho de uma semelhança com Cristo, ou seja, deve voltar a
ser aquilo que orginalmente era “Façamos o homem à nossa imagem, como
nossa semelhança.” (Gn 1,26).

A alma como que sobe um caminho, no qual por ele encontra o Esposo.
São João da Cruz fala de uma escada mística que a alma percorre, da qual ele
15

chama “Escada mística do amor divino”, onde destaca dez degraus que a alma
percorre nessa relação com o Esposo. O primeiro de amor faz a alma enfermar
salutarmente “Dizei que estou doente de amor”(Ct 5,8); o segundo degrau faz
com que a alma busque sem cessar Deus “Levantar-me-ei, rondarei pela cidade,
pelas ruas, pelas praças, procurando o Amado da minha alma”(Ct 3,2); o terceiro
degrau faz a alma agir e lhe dá calor para não desfalecer; o quarto degrau da
escada de amor causa na alma uma disposição para sofrer, sem se cansar, pelo
seu Amado “Coloca-me como sinete sobre teu coração, como sinete em teu
braço. Pois o amor é forte, é como a morte.” (Ct 8,6); o quinto degrau faz a alma
apetecer e cobiçar a Deus impacientemente: “Minha alma suspira e desfalece
pelos átrios de Iahweh” (Sl 84,3); o sexto degrau, já permite as vezes a alma tocar
a Deus, faz a alma correr para Deus com grande ligeireza “Corro no caminho dos
teus mandamentos, pois Tu alarga o meu coração”(Sl 119,32); o sétimo degrau
torna a alma ousada com veemência “Que me beije com beijos de sua boca”(Ct
1,1); o oitavo degrau faz a alma se agarrar em Deus e não soltar mais, “Passando
por eles, contudo, encontrei o amado da minha alma. Agarrei-o e não o soltarei.”
(Ct 3,4); o nono degrau faz a alma arde suavemente, é o degrau do deleite suave
do Espirito Santo; o décimo degrau faz a alma assemelhar-se totalmente a Deus
pela clara visão que Deus permite ela de ter “Felizes os puros de coração, por
que verão a Deus.” (Mt 5,8). (Cf JOÃO DA CRUZ, 2014 P.156).

Assim resumidamente, pode-se dizer que São João da Cruz descreve os


passos que a alma da em direção e em preparação ao matrimônio com Cristo, no
décimo degrau, unindo-se inteiramente com Ele, como também Santa Teresa,
quando fala na sétima morada, do matrimônio espiritual, comentado acima.

Acredito que toda alma seja celestial, não só pela sua


origem, mas que também pode ser chamada de Céu, por
imitação. E é então que mostra com clareza que a sua
origem verdadeiramente está nos Céus, quando a sua
morada está nos Céus. Portanto, uma alma santa é um
Céu11

11
CLARAVAL, Bernardo. Sermões sobre o Cântico dos Cânticos. 2020 P.179.
16

Alma santa é um céu e a preparação da alma virgem para receber seu


Esposo não é outro que o caminho da santidade. A alma sendo céu, é, por
conseguinte a morada de Deus, ou ainda, onde está o Esposo, que tudo fez para
estar, “Não é de estranhar que o Senhor Jesus habite de bom grado a esse Céu,
o qual, à diferença dos outros, não apenas disse e ele se fez: antes, lutou por ele,
para conquistá-lo, e morreu para redimí-lo.” (CLARAVAL,2020 P.180). Este
mesmo Esposo é cheio de zelo. É delicado esse Esposo, é nobre, “és o mais belo
dos filhos dos homens” (SI 45,3), e assim, não quer ter uma esposa senão
perfeitamente bela. Ele chama à uma vida sem nenhuma impureza, casta,
reservada e humilde, para merecer sua visita frequente. “Ela é meu repouso para
sempre, aí habitarei, pois eu a desejei.” (Sl 131, 14).

A alma que se prepara para tão grande Hóspede e Esposo, é morena e


formosa, queimada pelo sol, é “como as tendas de Cedar e os pavilhões de
Salma” (Ct 1,5), que hospedam o maior dos Amados. Ela por sua vez, deve
esvaziar-se de si mesma, vivendo em tudo a semelhança do Senhor. Ela deve
estar vazia de tudo para se tornar Céu e morada de Deus. A alma que recebe o
Esposo deve ser grande, deve expandir-se, principalmente no amor, deve crescer
nas dimensões que lhe são permitidas crescer. (Cf. CLARAVAL, 2020 P.180).
Por fim, explica São Bernardo de Claraval, no que a alma cresce e para que
cresce. Assim a alma se prepara para receber o Esposo, crescendo e se
assemelhando também é grandeza. “Ó, quão grande é a largura dessa alma,
quão grande a prerrogativa dos seus méritos para ser julgada digna de receber e
suficiente para encerrar em si a divina presença!” (CLARAVAL, 2020 P.180).

Pois embora a alma por ser espírito, não possa ter


nenhuma quantidade corpórea, a graça lhe confere o que
a natureza lhe nega. Ela cresce e se estende, mas
espiritualmente; cresce, não na sua substância, mas na
virtude; cresce também em glória; cresce para ser um
templo santo no Senhor; cresce finalmente e progride para
ser homem perfeito e atingir a medida da idade da
plenitude de Cristo (Ef. 4, 13)12

12
Idem. P.180.
17

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A alegria da Esposa ao aceitar o convite do Esposo, as considerações às


realidades que conseguiu-se adentrar, fizeram emergir do coração, preces a Deus
sobre o tema desse artigo. Creio eu, ter sido alcançadas as metas de encontrar a
relação esponsal da alma com Cristo no Cântico dos Cânticos. Por isso, concluo
que a “Amada” do Cântico dos Cânticos é toda alma chamada a uma vida íntima
com Deus no mais profundo da alma e com mais facilidade e eficácia se vive isso
aquelas almas chamadas a uma vida de virgindade/celibato, por estarem em
maior semelhança a vida do “Amado” que é Cristo Virgem dos Virgens. Quiçá o
homem ferido pelo pecado possa redimido pelo Cristo, batizado pela Igreja,
retornar à sua caminhada primeira de semelhança com o Esposo e assim, no seu
interior mais íntimo, vivenciar essa esponsalidade.

REFÊNCIAS

CANTALAMESSA, Raniero. Virgindade. Td. Flávio Cavalca de Castro. 12º


Edição. Aparecida, SP: Editora Santuário, 2020

CENCINI, Amedeo. Virgindade e Celibato, Hoje: para uma sexualidade pascal;


Td. Joana da Cruz. 3ºEd. São Paulo: Paulinas,2012.

CLARAVAL, Bernardo, santo. Sermões sobre o Cântico dos Cânticos; Td.


Fabiano Rollim. Rio de Janeiro: Permanência, 2020.

D’ÁVILA, Teresa, Santa. As Moradas: Castelo Interior. Td. Carmelitas


Descalças do Convento de Santa Teresa, Rio de Janeiro. Dois Irmãos, RS:
Minha Biblioteca Católica, 2019.

GÓMEZ, Javier Abad. Fidelidade. Td. Emérito da Gama. São Paulo, SP:
Quadrante,1989.

JOÃO DA CRUZ, São. Noite Escura. 6ºEd. Petrópolis, RJ: Vozes,2014.


18

JOÃO PAULO II,São. Teologia do Corpo: O amor humano no plano divino. Td.
Libreria Editrice Vaticana, José Eduardo de Barros Carneiro. Campinhas,SP:
CEDET (Ecclesiae),2014.

KEMPIS, Tomás de. Imitação de Cristo. Td. Pe. Leonel Franca. Dois Irmãos,
RS: Minha Biblioteca Católica, 2019.

MARMION, Columba. Sponsa Verbi: a virgem consagrada ao Senhor. São


Paulo: Cultor de Livros, 2017.

ORÍGINES. Homilias e comentários ao Cântico dos Cânticos.1º Ed. Volume


38. Coleção Patrística. São Paulo, SP: Paulus, 2018. edição Kindle.

WEST,Christopher. Enchei Estes Corações: Deus, sexo e o anseio universal.


1ºEd. Td. Laila Cândida de Jesus Lima de Souza. São Paulo: Cultor de Livros,
2018.

Bíblia de Jerusalém, 9ªImpressão 2013. São Paulo, SP: Paulus,2002.

Catecismo da Igreja Católica. São Paulo, SP: Loyola, 2000.

Presbyterorum Ordinis:
http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-
ii_decree_19651207_presbyterorum-ordinis_po.html - Acesso 02/11/2020.

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https://www.vatican.va/roman_curia/congregations/ccscrlife/documents/rc_con_cc
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