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3º Curso Virtual de Teologia do Corpo – 2010 ____________________________________________________ 2
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em evidência já no primeiro versículo do texto Igreja, Sua Esposa. (...) Como se pode ver, essa
citado), todavia, no que se segue, o marido é analogia opera em duas direções. (TdC 90)
acima de tudo aquele que ama, e a mulher, em
contraste, é aquela que é amada. Poder-se-ia 11. Devemos tomar consciência de que no âmbito
mesmo levantar a idéia de que a "submissão" da fundamental analogia paulina — Cristo e a
da mulher ao marido, entendida no contexto do Igreja, por um lado, o homem e a mulher como
trecho completo da Epístola aos Efésios, cônjuges, pelo outro — há também uma analogia
significa acima de tudo "experimentar o suplementar: isto é, a analogia da Cabeça e do
amor". Tanto mais que esta "submissão" se refere Corpo. (...) Esta analogia suplementar "cabeça-
à imagem da submissão da Igreja a Cristo, a qual corpo" mostra que, no âmbito da passagem inteira
certamente consiste em experimentar o Seu amor. da Epístola aos Efésios 5, 21-33, estamos lidando
(TdC 92) com dois sujeitos distintos, os quais em virtude
duma particular relação recíproca, se tornam em
certo sentido um só sujeito: a cabeça constitui,
A Analogia Esponsal juntamente com o corpo, um só sujeito (no sentido
físico e metafísico), um só organismo, uma só
9. Na Epístola aos Efésios, somos testemunhas, pessoa humana, um só ser. (...) Esta analogia,
diria, de um particular encontro daquele mistério todavia, não ofusca a individualidade dos sujeitos.
[escondido em Deus desde a eternidade em Deus] (TdC 91)
com a essência mesma da vocação para o
matrimônio. Como se deve entender este
encontro? No texto da Epístola aos Efésios, ele Analogia Esponsal: Mistério e Dom
apresenta-se, primeiro que tudo, como uma grande
analogia. Lemos nele: "As mulheres sejam 12. Que função realiza esta analogia [esponsal]
submissas aos maridos como ao Senhor...". Este é quanto ao mistério revelado na Antiga e na Nova
o primeiro componente da analogia. "O marido é a Aliança? A esta pergunta é necessário responder
cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça pouco a pouco. Primeiramente, a analogia do
da Igreja...". Este é o segundo componente, que amor conjugal ou esponsal ajuda a penetrar na
clarifica o primeiro e mostra sua causa. "E como a essência mesma do mistério. Ajuda a
Igreja está sujeita a Cristo, assim também as compreendê-lo até certo ponto, através de uma
mulheres estejam sujeitas aos seus maridos...". A analogia, é claro. É óbvio que a analogia do amor
relação de Cristo com a Igreja, apresentada terrestre, humano, do marido para com a mulher,
anteriormente, é agora expressa como relação da do amor humano esponsal, não pode oferecer
Igreja com Cristo, e o próximo componente da compreensão adequada e completa daquela
analogia está contido aqui. Finalmente: "Maridos, realidade absolutamente transcendente, que é o
amai as vossas mulheres, como também Cristo mistério divino, tanto no ocultar-se de há séculos
amou a Igreja e por ela Se entregou...". Este é o em Deus, como na sua realização "histórica" no
componente final da analogia. O seguimento do tempo, quando "Cristo amou a Igreja e Se deu a si
texto da epístola desenvolve o pensamento mesmo por ela" (Ef 5, 25). O mistério permanece
intrínseco contido na passagem agora mesmo transcendente com respeito a essa analogia,
citada; e o texto completo da Epístola aos Efésios assim como com relação a qualquer outra analogia
no cap. 5 (vv. 21-23) está inteiramente dominado com que procuremos expressá-lo em linguagem
pela mesma analogia; isto é: a relação recíproca humana. Ao mesmo tempo, entretanto, essa
entre os cônjuges, marido e mulher, é analogia oferece a possibilidade de uma certa
entendida pelos cristãos à imagem da relação "penetração"cognitiva na própria essência do
entre Cristo e a Igreja. (TdC 89) mistério. (TdC 95b)
10. A relação esponsal que une os cônjuges, 13. A analogia do amor esponsal contém em si
marido e mulher deve —segundo o Autor da uma característica do mistério, que não é
Epístola aos Efésios— ajudar-nos a compreender diretamente posta em relevo nem pela analogia do
o amor que une Cristo com a Igreja. (...) A amor misericordioso nem pela analogia do amor
analogia usada na Epístola aos Efésios, paterno (ou de qualquer outra analogia usada na
esclarecendo o mistério da relação entre Cristo e a Bíblia, a que poderíamos ter-nos referido). A
Igreja, ao mesmo tempo, revela a verdade analogia do amor dos esposos (do amor esponsal)
essencial sobre o matrimônio: isto é, que o parece pôr em relevo acima de tudo o aspecto do
matrimônio corresponde à vocação dos cristãos só dom de si mesmo por parte de Deus ao homem.
quando reflete o amor que o Cristo-Esposo dá à (...) Este dom é certamente "radical" e por isso
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"total" [e irrevogável]. Não se pode falar aqui em expressão do amor esponsal, no sentido de que
"totalidade" no sentido metafísico. O homem, com prepara a Esposa (Igreja) para o Esposo, faz a
efeito, como criatura não é capaz de "receber" o Igreja Esposa de Cristo. (TdC 91)
dom de Deus na plenitude transcendental da sua
divindade. Tal "dom total" (um dom não criado)
só é compartilhado pelo próprio Deus na Aquele que ama sua esposa
"trinitária comunhão das Pessoas". Por contraste, está amando a si mesmo
o dom de si mesmo por parte de Deus ao homem,
de que fala a analogia do amor esponsal, pode 15. "Aquele que ama sua esposa está amando a si
somente tera forma da participação na natureza mesmo" (Ef 5, 28). Esta frase confirma ainda mais
divina (ver 2 Ped 1, 4), como foi esclarecido com aquele caráter de unidade. Em certo sentido, o
grande precisão pela teologia. Apesar disto, amor fez do "eu" alheio o próprio "eu": o "eu" da
segundo tal medida, o dom feito ao homem por mulher, diria, torna-se por amor o "eu" do marido.
parte de Deus em Cristo é um dom "total", ou O corpo é a expressão daquele "eu" e o
seja, "radical", como indica precisamente a fundamento da sua identidade. A união do marido
analogia do amor esponsal: é, em certo sentido, e da mulher no amor exprime-se também através
"tudo" o que Deus "pôde" dar de si mesmo ao do corpo. (...) O amor não só une os dois sujeitos,
homem, consideradas as faculdades limitadas do mas permite-lhes interpenetrar um ao outro,
homem enquanto criatura. (TdC 95b) pertencendo espiritualmente um ao outro, a ponto
de o Autor da Epístola poder afirmar: "Aquele que
ama sua esposa está amando a si mesmo" (Ef 5,
28). O "eu" torna-se, em certo sentido, o "tu", e o
"tu" se torna o "eu" (no sentido moral, é claro).
(TdC 92)
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profundamente e com maior precisão no conteúdo o Autor da mesma Epístola não hesita em chamar
essencial do mistério. Devemos fazer-nos tal de "grande mistério". Não podemos, porventura,
pergunta, tanto mais que aquela "clássica" deduzir que o matrimônio permaneceu como
passagem da Epístola aos Efésios 5, 22-33 não plataforma da realização dos eternos desígnios de
surge em abstrato e isolada, mas constitui uma Deus? (...) A análise da Epístola aos Efésios, e em
continuidade, em certo sentido um seguimento dos particular do "clássico" texto do capítulo 5,
enunciados do Antigo Testamento, que versículos 22-33, parece nos levar a tal conclusão.
apresentavam o amor de Deus-Javé para com o (TdC 97)
povo-Israel. (...)Assim, pois, a analogia do esposo
e da esposa, que permitiu ao Autor da Epístola
aos Efésios definir a relação de Cristo com a
Igreja, possui rica tradição nos livros da Antiga
Aliança. (TdC 95)
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maridos" (Mt 22, 30); além disso, aqueles que, masculinidade ou feminilidade —, profundamente
"sendo filhos da ressurreição... são semelhantes inscrito na estrutura essencial da pessoa humana,
aos anjos e... são filhos de Deus" (Lc 20, 36), foi aberto por parte de Cristo, de um modo novo e
devem sua origem no mundo temporal visível ao com o exemplo da sua vida, à esperança unida à
matrimônio e à procriação do homem e da mulher. redenção do corpo. Assim, portanto, a graça do
Como sacramento do "princípio" humano, e como mistério da Redenção frutifica também —
sacramento da temporalidade do homem frutifica de modo particular — com a vocação
histórico, o matrimônio realiza assim um serviço para a continência "por amor do Reino dos Céus".
insubstituível com relação ao seu futuro extra- (TdC 102)
temporal, com relação ao mistério da "redenção
do corpo" na dimensão da esperança escatológica.
(TdC 101) ________________________________________
34. Mediante o matrimônio como sacramento 4. Por que a Igreja ensina que apenas os homens
(como um dos sacramentos da Igreja) ambas as podem ser ordenados sacerdotes?
dimensões do amor, a esponsal e a redentora,
5. Na reflexão anterior, sobre a ressurreição, o Papa
juntamente com a graça do sacramento, penetram
afirma que “o matrimônio e a procriação (...) perdem
na vida dos cônjuges. (...) E se o "grande mistério" sua razão de ser” no futuro céu (TdC 66). Com base
da união de Cristo com a Igreja nos obriga a no que foi visto agora sobre a redenção do corpo e a
relacionar o significado esponsal do corpo com o sacramentalidade do matrimônio, qual a “razão de
seu significado redentor, em tal relação os ser” do matrimônio hoje, no período “histórico”?
cônjuges encontram a resposta à pergunta sobre o
sentido se "ser um corpo", e não só eles 6. Com o que foi visto neste texto, muda a sua maneira
encontram essa resposta, embora se dirija de ver o matrimônio? Em quê?
sobretudo a eles este texto da Epístola do
(Sugere-se enviar as respostas para daniel@teologiadocorpo.com.br)
Apóstolo. (TdC 102) ____________________________________________
35. A imagem paulina do "grande mistério" de © Texto elaborado pela equipe Teologia do Corpo - Brasil
Cristo e da Igreja fala indiretamente também da exclusivamente para fins didáticos, contendo trechos das
"continência por amor do Reino dos Céus", em catequeses do Papa. As citações das catequeses TdC seguem
a numeração de Michael Waldstein (ver quadro de referência
que ambas as dimensões do amor, esponsal e em separado) As citações bíblicas são da tradução da CNBB.
redentora, se unem reciprocamente num modo
diverso do matrimonial, de acordo com diferentes
proporções. Não é, porventura, aquele amor
esponsal, com o qual Cristo "amou a Igreja" —
sua esposa —, "e por ela Se entregou" igualmente
a mais plena encarnação do ideal da "continência
por amor do Reino dos Céus"? Não encontram
apoio precisamente nela todos aqueles — homens
e mulheres — que, escolhendo o mesmo ideal,
desejam ligar a dimensão esponsal do amor com a
dimensão redentora, segundo o modelo de Cristo
mesmo? Eles desejam confirmar com a sua vida
que o significado esponsal do corpo — da sua