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I ^ I I I I

Questões Fundamentais
no Debate Atual

á GERHARD F. HASEL
TEOLOGIA
DO NOVO
TESTAMENTO

Questões Fundamentais
no Debate Atual

Digitalizado por: Jolosa

GERHARD F. HASEL
Questões Fundamentais
no Debate Atual

A
JUEWP

GERHARD F. HASEL
TRADUÇÃO DE JUSSARA M ARINDIR PINTO"
SIMÕES ARIAS
Todos os direitos reservados. Copyright © 1988 da Ju n ta de Educação
ReJigiosa e Publicações da Convenção B atista Brasileira. Kdicão em
Português au to rizad a, m ediante contrato, pela W illiam M. herd m an s
Publishing Co., G ra n d R apids, M ichigan USA. Copyright © 1972 by
W illiam B. E erd m an s Publishing Co. É proibida a reprodução do
texto, no todo ou parcialm ente, sem a expressa autorização do editor.

T radução do original em inglês: New Testament Theology: Basic Issues


in Current Debate,

HA S-TEO T e o lo g ia d o No vo T e s l a m e n l o : q u e s tõ e s i u n d a m e n t a i s 110
d e b a t e a m a i t r a d . de J u s s a r a M a r i n d i r P i n t o S im õ e s A-
ria s. R io de J a n e ir o . J u n t a de E d u ca çã o R elig io sa c P u b l i ­
c a ç õ e s, 1988
193p.; 2 0 . 5 — tí tu lo o rig in al: New T e s t a m e n t T h e o lo g y :
b a sie is su es in th e e u r r e m d e b a t e . — ínc iui b ib lio g r a f ia .
1. No vo T e s l a m e n i o — T e o lo g ia — 1. T í tu lo .

CD D 225

Capas: Q u eilaM allet

Código p a ra Pedidos: 22.108


Ju n ta de E ducação Religiosa e Publicações da
Convenção B atista B rasileira
Caixa Postal 320 — CEP: 20001
R ua Silva Vale, 781 — C avalcanti — CEP: 21370
Rio de Janeiro, RJ, Brasil

3.000/1988

Impresso em gráficas próprias


Sumário

A B R E V IA T U R A S .................................................................................. 7
IN T R O D U Ç Ã O ...................................................................................... 9
1. PR IM Õ R D IO S E D ESEN V O LV IM EN TO DA TEO LO G IA
DO N T ................................................................................................. 13
Da Reform a ao Ilum inism o ............................................................ 13
A E ra do Ilum inism o ....................................................................... 17
Do Ilum inism o à Teologia D ialética ............................................ 25
Da Teologia Dialética até o P re s e n le ............................................ 43
2. M ETO D O LO G IA NA T EO LO G IA DO N T ............................. 58
A Abordagem T e m á tic a .................................................................. 58
A Abordagem E xistencialista......................................................... 65
A Abordagem Histórica .................................................................. 80
A Abordagem da H istória da S a lv a ç ã o ........................................ 87
Observações F i n a i s ........................................................................... 104
3. O CENTRO E A UNIDADE DA TEO LO G IA DO N T ........... 110
A Q uestão .......................................................................................... 110
A Busca do Centro do N T ................................................................ 113
A n tro p o lo g ia .................................................................................. 113
História da S a lv a ç ã o .................................................................... 116
Pacto, Amor e O utras Propostas .............................................. 120
C ris to lo g ia ...................................................................................... 121
O Centro do N T e o Canon D entro do C â n o n ............................. 128
4. A T E O L O G IA DO NT E O A T ..................................................... 133
Padrões de D esunião e D escontinuidade ................................... 134
Supervalorização do N T / Desvalorização do A T .................. 135
Desvalorização do N T / Supervalorização do A T .................. 138
Padrões de U nidade e C o n tin u id a d e ............................................ 142
Conexão H is tó ric a ......................................................................... 144
D ependência E scriturai .............................................................. 144
V o c a b u lá rio .................................................................................... 145
T e m a s ............................................................................................... 146
Tipologia ...................................................... ...................................... 147
Prom essa-cum prim ento .................................................................. 149
H istória da Salvação * ....................................................................... 151
U nidade de Perspectiva .................................................................. 151
. PRO PO STA S BÁSICAS PARA UM A TEO LO G IA DO NT:
UM A ABORD A G EM M Ú LTIPLA ............................................ 158
Bibliografia S elecio n ad a.................................................................. 171
índice de Nomes de A u to re s ............................................................ 187
índice de Assuntos ........................................................................... 191
Abreviaturas

AUSS Andrews University Sem inary Studies


BTB Biblical Theology Bulletin
CBQ C atholic Biblical Q uarterly
EO TH Essays on O ld T estam ent H erm en eu tics, ed.
Claus W csterm anti (R ichm ond, V a., 1963)
ET Expository Times
EvTh Evangelische Theologie
IDB In te rp re te rs D ictionary o f the B ib le , 4 vols. (N ash­
ville, 1962)
IBD Sup. In terpreter's D ictionary o f the B ible. Supplem entary
Volume (Nashville, 1976)
JBL Jou rn al of Biblical Literature
JBR Jou rn al of Bible a n d Religion
NNTT R. M organ, The N ature o f New T estam ent Theologv
(SBT 11/25; Londres, 1973)
NTS New T estam ent Studies
OTCF The O ld T estam ent and Christian F a ith, ed. B. W.
A nderson (New Y ork, 1963)
PTNT D as Problem der Theologie des N euen Testam ents,
ed. G . Strecker (D arm stad t, 1975)
SBT Studies in Biblical Theology
ThQ T heologische Q uartalschrift
ThLZ Theologische L iteraturzeitung
ZAW Zeitschrift für alttestam entliche W issenschaft
ZNW Z eitschrift für neutestam entliche W issenschaft
ZThK Zeitschrift für Theologie und Kirche

7
Introdução
A teologia do Novo T estam ento está hoje inegavelm ente em crise.
Isto não quer dizer que não h aja interesse no estudo acadêm ico da
teologia do N T ou que haja falta de m onografias com o título de
Teologia do Nóvo T estam ento ou sim ilar. Na realidade, nos aproxi­
m adam ente duzentos anos de existência d a disciplina Teologia do
NT, n u n ca houve um a década em que mais de dez diferentes teologias
do NT fossem publicadas, tendo este evento ím par ocorrido entre
1967 e 1976.1 E ê surpreendente que nenhum dos estudiosos que
produziram estes trab alh o s concorde a respeito da natureza, função,
m étodo e escopo da teologia do NT. N orm an P errin , da U niversida­
de de Chicago, com eça um recente artigo em jo rn a l sobre a teologia
do NT com a afirm ação categórica: “ O estudo acadêm ico da Teologia
do NT está hoje num estado de confusão.” 2 O estudioso alem ão pós-

1 A p rim eira teo lo g ia do N T d esta d éca d a foi p u b lic a d a por H . C o n zelm an n , G n in -


d riss d er T h eo lo g ie d e s N eu en T e s ta m e n ts (M u n iq u e, 1967), trad. ingl.: Air O u t­
lin e o f th e T h eo lo g y o f th e N e w T e s ta m e n t (N ew Y ork, 1969); K. H . S ch elk le,
T h eo lo g ie d es N eu en T e s ta m e n ts , 4 vols. (D ü sseld o rf, 1968, 74), trad. ingl.: T h eo ­
logy o f th e N e w T e s ta m e n t, 4 vols. (C o lleg ev ille, M in n ., 1 9 71,77); W . G. K ü m m el,
D ie T h eo lo g ie d e s N e u e n T e s ta m e n ts n ach sein en H a u p tze u g e n : J esu s-P a u lu s-
J o h a n n e s (G õ ttin g e n , 1 969), trad. ingl.; T h e T h eo lo g y o f the N e w T e s ta m e n t
A c c o r d in g to I ts M a jo r W itn esses: Jesu s-P a u l-J o h n (N a sh v ille, 1973); J. Jerem ias,
N e u te sta m e n tlic h e T h eologie. E rs te r T eil: D ie V e rk ü n d ig u n g Jesu (G ü tersíoh ,
1971), tra d . in g l.: N e w T e s ta m e n t T h eo lo g y: T h e P r o c la m a tio n o f J esu s (N ew Y ork,
1971); M . G . C ordero, T e o lo g ia d e la B ib lia I I e t ITT: N u e v o T e s ta m e n to , 1 vols.
(M adri, 1972); G . E . L add, A T h eo lo g y o f th e N ew T e s ta m e n t (G ran d R apids,
M ic h ., 19 7 4 ), trad. port.: T eo lo g ia do N o v o T e s ta m e n to , (R io de Janeiro, JU E R P ,
1985); C . R . L eh m a n n , B ib lic a l T h eology, 2: N e w T e s ta m e n t (S co ttd a le, P a ., 1974);
E. L ohse, G ru n d riss d e r n e u te s ta m e n tlic h e n T h eo lo g ie (S tu ttg a rt, 1974); L. G o p ­
pelt, T h eo lo g ie d e s N eu en T e s ta m e n ts , 2. vols. (G õ ttin g e n , 1975-76); S. N eill, Jesus
T h rou gh M a n y E yes. In tr o d u c tio n to th e T h eo lo g y o f N e w T e s ta m e n t (N ash ville,
1976); A . T . N ik o la in en , U u d en T e sta m e n tin T u lk in tin fa tu tk im u s (P orvoo-H el-
sinki, 1971).
2 N. Perrin, “Jesu s a n d the T heology o f the N ew T e sta m e n t” , co n su ltar na C ath olical
B iblical A sso cia tio n , D en v er, C o lo ., 18 a 21 de agosto, 1975.

9
bultm anniano E. K ãsem ann retornou novam ente a aspectos essen­
ciais da teologia do NT. Num ensaio recenle sobre o assunto, ele faz
um a reflexão a respeito do ensaio program ático de William W rede,
escrito em 1897,3 e conclui que nesta “ p enetração sem p ar, reflexão
radical e concentração brilhantem ente concisa sobre o essencial, o
autor W rede revelou o beco sem saída em que nos encontram os hoje
— ou ao qual novam ente reto rn am o s” .4 E sta avaliação não deixa de
se relacionar com as opiniões de Jam es A. R obinson.5 R. M organ, da
Universidade de L ancaster, está seguram ente certo ao afirm ar que
“ A teologia do Novo T estam ento é um ponto crucial no debate
teológico co n tem p o rân eo ."0 Este debate prossegue com força total e
às vezes se inflam a.
M uitos problem as básicos no debate contem porâneo sobre a teolo­
gia do NT não estão desvinculados daqueles da teologia do A T .7 Em
am bos os casos, o debate se preocupa com problem as fundam entais, e
não com aspectos periféricos. Podemos ilu strar a afirm ativa com a
questão do lugar de Jesus na teologia do NT. R. B ultm ann começa
sua fam osa teologia com o enunciado: “ A m ensagem de Jesus é mais
um a pressuposição p ara a teologia do NT do que um a p a rte da
teologia em s i.” 8 Ele acha que a p ró p ria teologia do N T com eça com a
íeologia de Paulo. Após um a longa reflexão, P errin aceitou o dictum
de B ultm ann. P errin agora crê que a proclam ação de Jesus é “ a pres­
suposição do Novo T estam en to ” .9 Como tal, não é em si u m a p arte da
teologia do NT. E n q u an to B ultm ann inclui a “ m ensagem de Jesus”
como um a p arte de sua história da religião como introdução à
teologia do N T ,10 E. K ãsem ann e G. Strecker com eçam suas confe­
rências sobre a teologia do NT com a teologia de P a u lo .11 H . Conzel­
m ann om itiu um a p arte sobre a m ensagem de Jesus, em sua teologia

3 W . W red e, “ U b er A u fg a b e u n d M eth o d e der so g en a n n te n n eu testa m en tlich en


T h e o lo g ie ” , D a s P ro b le m d e r T h eo lo g ie d es N eu en T e s ta m e n ts , ed. G . S trecker
(D a r m sta d t, 1975), p. 8 1 -1 5 4 , trad. ingl.: " T h e T a s k and M eth o d s o f ‘N ew T esta ­
m ent T h e o lo g y '” , por R . M organ, T h e N a tu re o f N e w T e s ta m e n t T h eo lo g y
(S B T 2 /2 5 ; L. L ondres, 1 973), p . 6 8 -1 1 6 .
4 E. K ãsem an n , ‘‘T h e P roblem o f a N ew T esta m en t T h eo lo g y " , N e w T e sta m e n t
S tu d ie s 1 9 (1 9 7 3 ), p. 237.
5 J. A*. R o b in so n , ‘‘T h e Future o f N ew T esta m en t T h e o lo g y ” , R elig io u s S tu d y R e
view 2 (1 9 7 6 ), p. 17-23.
6 R. M org a n , T h e N a tu r e o f N ew T e s ta m e n t T h eo lo g y, p. 1.
7 V eja G erhard F . H a sel, O ld T e sta m e n t T h eo lo g y: B a sic Issu es in th e C u rre n t D e ­
b a te ( 2 . a ed .; G rand R a p id s, M ic h ., 1975).
8 R. B u ltm a n n , T h eo lo g y o f the N e w T e s ta m e n t (L ond res, 1965), I, p. 3.
9 N . Perrin, T h e N e w T e s ta m e n t: A n I n tr o d u c tio n (N ew Y ork, 1 974). V er o titulo do
12 .° e do ú ltim o ca p ítu lo s.
10 B u ltm an n , T h eo lo g y o f the N T , I, p. 3-32.
11 G. Strecker, ‘‘D a s P roblem der T h eo lo g ie d es N euen T es ta m e n ts ” , D a s P ro b le m
d e r T h eo lo g ie d es N T , p. 1-31, esp . 30; K ã sem a n n , “The P ro b le m o f a N T T h eo ­
lo g y" , p. 243.

10
do NT. W . G. K üm m el12 e E. Lohse1-’ encontram -se no outro
extrem o. Ambos apenas com eçam a proclam ação de Jesus. J. Jere­
m ias é antigo particip an te deste debate e tra ta da m ensagem de Jesus
em um volume inteiro sobre a teologia do N T .'4 O estudioso britânico
S. Neill afirm a sem hesitação, em seu últim o trab alh o sobre a teologia
do NT: “ T o d a teologia do Novo T estam ento tem que ser um a teologia
de Jesus ou não é absolutam ente n a d a .” 15
Profundos problem as históricos, teológicos, filosóficos e m etodoló­
gicos se escondem atrás destas posições díspares. Os problem as que
subjazem a estes posicionam entos podem ser m elhor apreciados e
entendidos com base no desenvolvimento histórico dos estudos do NT
em geral e da teologia do N T em particu lar. E sta é a razão para
com eçarm os nossa discussão das questões básicas no debate contem ­
porâneo sobre a teologia do NT com um exam e histórico dos prim ór-
dios e do desenvolvimento da teologia do NT (C apítulo 1). É evidente
que o presente tem suas raízes no passado e não pode ser ad eq u ad a­
m ente entendido sem o seu conhecim ento. A seleção de assuntos, no
corrente debate, em term os d a questão da m etodologia (C apítulo 2),
os vários problem as associados ao centro do N T (C apítulo 3) e a
variedade dc aspectos relacionados à teologia do NT e ao AT, isto é, o
relacionam ento entre os T estam entos (C apítulo 4) não pretendem ser
exaustivos e completos. Eles buscam a b o rd ar aqueles fatores e
questões que parecem exercitar os estudiosos contem porâneos de
várias escolas de pensam ento e que são grandes problem as não resol­
vidos. Nas bases de nossa discussão, tentam os fornecer algum as
sugestões prelim inares p a ra se fazer teologia do NT (C apítulo 5).
U m a fa rta bibliografia procura servir como fonte p a ra estudos e
pesquisa pessoal. Esperam os que o leitor se sinta estim ulado a se
em penhar em pensam entos inform ados e criativos à m edida que for se
fam iliarizando com as questões básicas, no debate atu al sobre a
teologia do NT.

12 K ü m m el, T h e T h eo lo g y o f the N T , p. 22-135.


13 L ohse, G ru n d riss d e r ntl. T h eo lo g ie. p. 18*50.
14 Jerem ias, N T T h eology: The P rn cla m u tio n o f Jesu s { 1971).
15 N eill, Jesu s T h rou gh M a n y h'yes, p. 10.
1
Primórdios e Desenvolvimento da
Teologia do N T
Este capítulo oferece um exam e histórico das p rincipais tendências
dos prim órdios da teologia bíblica. D am os u m a ênfase especial ao
desenvolvimento da teologia do N T 1 a p a rtir do início do século XIX2
às prim eiras décadas deste século. O debate atu a l sobre o escopo,
propósito, n atu reza e função d a teologia do N T3 tem suas origens no
passado e com freqüência no passado distante. A teologia do Novo
Testam ento é a fonte principal da teologia bíblica e, portanto, devem
ser estu dadas ju n ta s .

A. D a Reforma ao Iluminismo

A Igreja pós-N T dos prim eiros séculos do cristianism o não desen­


volveu nenhum a teologia bíblica nem do NT. A razão foi o dictum de
que o conteúdo dos escritos canônicos, se corretam ente entendido,
era idêntico ao dogm a da Igreja e tido como de validade universal.4

1 E ntre as p rin cip a is h istó ria s d a teo lo g ia do N T se en co n tra m as segu intes:


R. S ch n a ck en b u r g , N e u te sta m e n tlic h e T h eo lo g ie. S ta n d d e r F o rsch u n g ( 2 . a ed .;
M u n iq u e, 1965), trad . in g l. feita da prim eira e d iç ã o de 1963: N e w T e sta m e n t
T h eo lo g y T o d a y (L ond res, 1963); H .-J. K raus, D ie b ib lis c h e T h eologie. Ihre
G e sc h ic h te u n d P r o b le m a tik (N eu k irch en -V lu y n , 1970); O . M erk, B ib lisc h e T h eo ­
logie d e s N eu en T e s ta m e n ts in ih re r A n fa n g s z e it (M arb u rgo, 1972); W . H arring-
ton, T h e P a th o f B ib lic a l T h eo lo g y (D u b iim , 1973); L. G o p p elt, T h eologie d es
N euen T e s ta m e n ts (G õ ttin g en , 1975), p . 19-51; G. Streck er, “ D a s P roblem der
T h eologie des N euen T e sta m e n ts” , em D a s P r o b le m d e r T h eo lo g ie d e s N eu en
T e s ta m e n ts (D a r m sta d t, 19 7 5 ), p. 1-31.
2 A prim eira te o lo g ia d o N T do século foi p u b lica d a p o r G. L. B auer, B ib lisch e
T h eologie d es N e u e n T e s ta m e n ts (L eip zig , 18 0 0 -1 8 0 2 ).
3 Isto tem sido ra d ica lm en te qu estio n a d o p o r J. M . R o b in so n , " D ie Z uku nft der
n eu testa m e n tlic h e n T h e o lo g ie ” , N eu es T e s ta m e n t u n d c h ristlich e E x isten z. F est-
sch rift f ü r H . B rau n zu m 70. G e b u r ts ta g am 4. M a i 1 9 7 3 , ed. H . D . Bctz (T ü b in ­
g en , 1973), p . 3 8 7 -400; trad. in g l.; “ T h e F u ture of N ew T esta m en t T h eology" ,
R elig io u s S tu d ie s R ev ie w 2 (1 9 7 6 ) , p. 17-23.
4 O . K uss, "Z ur H erm en eu tik T ertu ilia n s" . S c h rifta u sle g u n g , B e itra g e z u r H erm e-
n e u tik d e s N T u n d im N T , ed . ]. E m s t (M u n iq u e , 19 7 2 ), p . 55 -8 7 .

13
D urante a Idade M édia, a Igreja Católica R om ana considerava o NT,
como o AT, u m a p arte da tradição eclesiástica.5 Não se lia o NT fora
da ou contra a tradição, porém m ais ou m enos interpretado pela
tradição ou levado a harm onizar-se com ela.
A R eform a libertou-se da tradição eclesiástica e da teologia escolás-
tica6 e usou como b rad o de g u erra o princípio p rotestante da "sola
scrip tu ra” .7 Com este princípio, a E scritu ra passou a não mais ser in ­
terp reta d a pela tradição. Reconheceu-se n a E scritu ra um a autoridade
superior à tradição, que resultou na auto-interpretação da E scritura
(,sui ipsius in te r p r e s f e se tornou a fonte do desenvolvimento
subseqüente d a teologia bíblica.
E ntre os reform adores, a contribuição de M artinho Lutero foi
particularm ente significativa.9 Ele rejeitava fu ndam entalm ente o
sentido q u ád ru p lo da E sc ritu ra 10 e desenvolveu sua “ nova” herm e­
nêutica entre 1516 e 1519. A ênfase no contraste entre “ letra e
espírito” (littera et s p ir itu s ),'1 a distinção determ in ante de “ lei e
evangelho” (lex et evangelium ) , 12 e o princípio cristológico “ O que
m anifesta C risto” (was C hristum treibet) 13 m arcam a essência da
“ nova” herm enêutica da “ sola sc rip tu ra ” de Lutero. O princípio da
“ sola sc rip tu ra ” funciona, p a ra Lutero, de duas m aneiras: (1) a dis­
tinção entre C risto e E scritura, isto é, a verdadeira E scritura é a
"que m anifesta C risto” , e (2) a diferença resultante entre lei e

5 W . G . K ü m m el, The N ew T e s ta m e n t: The H isto ry o f the In v e stig a tio n o f Its


P r o b le m s (N a sh v ille. 1972), p . 13-19.
6 Im pulsos decisivos nesta direção são en co n tra d o s n o h u m a n ism o , p a rticu larm en te
através de E ra sm o (c f. E. W . K ohls, D ie T h eo lo g ie d e s E ra s m u s CBasiléia, 1966],
I, p. 126 e ss.; H , S ch litig en siep en , “ E rasm u s ais E x e g e t” , Z e its c h r ift f ü r K irc h e n -
g e sc h ic h te II [1 9 2 9 ] p. 1 6-57), L auren tius V a lia (c f. E. M ü h len b erg , “ L aurentius
V alia ais R en a issa n ceth eo lo g e" , Z T h K 66 [1 9 6 9 ], p. 4 6 6 -4 8 0 ), e C ajetan (G , H en-
nig> C a jeta n u n d L u th e r (S tu ttg a rt, 1967). E stes h u m a n ista s con sid eravam que
a B ihlia e a tra d içã o se a p roxim avam , m as a au to rid a d e e clesiá stic a p erm an ecia
suprem a.
7 A fu n çã o da “ sola scriptura" no p erío d o p ré-R eform a é r esu m id a por H . O ber-
m an n , T h e H a r v e s t o f M e d ie v a l T h eo lo g y ( 2 . a e d ,; G rand R a p id s, M ic h .. 1967),
p. 201. 3 6 1 -3 6 3 , 3 7 7 , 38 0 -3 9 0 .
8 G , E b elin g , “T h e M ea n in g o f ‘B ib lica l T h e o lo g y " ’, W o rd a n d F a ith (L ondres,
(1963), p. 81 -8 6 .
9 V er K . H oll, “ L uth ers B ed eu tu n g für F o rtsch ritt der A u sle g u n g sk u n st” G e-
s a m m e lte A u fs a tz e z u r K irc h e n g e s c h ic h te ( 6 .a ed.; T ü b in g en , 1932), I, p. 544-
582; F . H a h n , “L uth ers A u sleg u n g sg ru n d sà tze und ihre th eo lo g isch en V oraus-
setzu n g e n ” , Z e its c h r ift f ü r s y s te m . Theologie. 12 (1 9 3 4 ), p. 165-218; G . E b elin g,
“D ie A n fa n g e von Luthers H e rm en eu tik ” , Z T h K 48 (1 9 5 1 ), p . 172-230.
10 Ver suas co n ferên cia s sohjre G á la ta s (W A 57, p . 95 e s.) e R o m a n o s (W A 56,
p. 175-439) e ta m b ém W A 2, p . 249 e ss.; W A 5 , p . 644 e ss.
11 V er, por ex em p lo , W A 3, p. 11-17, 2 5 4 -2 5 7 , 4 5 6 e s.
12 Por e x em p lo , W A 4 , p . 4 5 -4 9 , 97, 135, 1 7 4 -1 7 6 . P. S c h em p p , L u th e rs S te llu n g
z u r H e ilig e n S c h r ift (M u n iq u e, 1929), p. 70-78.
13 V er W A , D B 7, p. 384; W A 3, p. 492; W A 4, p . 379; W A 39 1, p. 47; T ese s 41,
49 , 51; cf. E b elin g , W o rd a n d F a ith , p . 82 e s.

14
evangelho.14 Com estas distinções, Lutero projetou um a enorm e
som bra, que alcança os nossos dias em form a de questões a respeito
da unidade da Bíblia (e do N T )15 como tam bém do problem a do
“ cânon dentro do cân o n .” lb
Lutero e os outros reform adores não aplicavam as conseqüências
herm enêuticas do princípio “ sola scrip tu ra” ao dom ínio total da
teologia, e assim não desenvolveram o que se tornou conhecido como
a disciplina teologia biblica. A designação “ teologia b íb lica’’ é em si
am bígua, pois pode ser u sad a com duplo sentido: (1) D esignar um a
teologia que tem suas origens nos ensinam entos da E scritura e sua
base nela17 ou (2) designar a teologia que a Bíblia em si contém .18
No segundo sentido é u m a disciplina teológica específica, que se
bifurcou ao longo das linhas d a teologia do A T 19 e da teologia do NT
na virada do século X VIII p ara o século X IX .20
Os precursores daqueles que desenvolveram o term o “ teologia bí­
blica" pertenciam à reform a radical, isto é, o movimento, anabatis-

14 M erk, B ib lisc h e T h eo lo g ie d e s N T , p. l i e s .
15 V er A . Stock , E in h e it des N eu en T e s ta m e n ts (Z ü r ic h /F in sie d e ln , K õln, 1969);
A . K ü m m el, “M itte d es N eu en T esta m en ts" , E É va n g ile h ie r e t au jo u rd 'h u i.
M e la n g e s o ffe rts au F.-J. L e e n h a r d t (G en eb ra , 1968), p. 71-85; F. C ourth,
“ D er h isto risch e Jesus ais A u sleg u n g sn o rm des G la u b e n s” , M ü n c h e n e r th eola-
fiisch e Z e itsc h rift 25 (1 9 7 4 ). p. 301-316; W . S chrage. “ D ie Frage nach der M itte
und dem K anon im K anon des N eu en T esta m en ts in der neueren D isk u ssio n ” ,
R e c h tfe rtig u n g . F estsch rift f ü r E. K ã se m a n n zu m 70 G e b u r ts ta g , eds. J. Frie-
drich, W . P ô h lm a n e P. S tu h lm a ch cr (T ü b in g en , 1976), p. 4 1 5 -4 4 2.
16 V er E . K ã sem a n n , e d ., D a s N eu e T e s ta m tn t ais K a n o n . D o k u m e n ta tio n u n d
k ritisc h e A n a ly se z u r G e g en w ã rtig e n D isk u ssio n (G õ ttin g e n , 1970). J. Barr
( The B ib le in th e M o d e rn W o rld (N ew Y ork, 1973), p. 30-40) afirm a qu e a B íblia
é “ so terio lo g ica m en le fu n c io n a l" . Inge L ónnin g, K a n o n im K a n o n . Z u m d o g m a -
tisch en G ru n d la g e n p ro h le m d e s n e u te s ta m e n tlic h e n K a n o n s (" F orsch u n gen zur
G esch ich te u n d Lchre des P ro testa n tism u s" ) (1 0 /X L III) (M u n iq u e , 1972); F. M il-
d enb erger, "T he U nity, T ru th a n d V alidity of the B ible", I n te rp r e ta tio n 29 (1977),
p. 3 9 1 -4 0 5 , esp . p . 3 9 9 -4 0 4 .
17 N este sen tid o , F. C. B au r ( V o rlesu n g en ü b e r n e u te s ta m e n tlic h e T h eo lo g ie, ed.
F. F. B aur CLeipzig, 1 8 6 4 1 p. 2) e an tes d ele D . S ch en k el (" D ie A u fgab e der bi-
b lisch en T h e o lo g ie In dem geg en w ã rtig en E n tw ick lu n g ssta d iu m der th eologisch en
W isse n sc h a ft" , T h eo lo g isch e S tu d ie n u n d K r itik e n 25 [1 8 5 2 ], p. 40-66, esp .
p. 42-44) sugeriram que os reform adores se en g a ja ssem na teo lo g ia b íb lica.
18 W . W red e, U b e r A u fg a b e u n d M e th o d e d e r so g en a n n te n n e u te s ta m e n tlic h e r
T h eo lo g ie (G õ tin g e n , 1897), p. 79, reim presso e m D a s P r o b le m d e r T h eo lo g ie d es
N eu en T e s ta m e n t, ed. G . Strecker (D a rm sta d t, 1975), p. 8 1 -1 5 4 , esp . p . 153;
trad. in g l., “ T h e T a sk an d M eth o d s of 'N ew T esta m en t T h e o lo g y ’ ", de R . M or­
gan, T he N a tu r e o f N e w T e s ta m e n t T h eo lo g y (S B T 2 /2 5 ; L ondres, 1973), p. 68-
116, esp . p. 115; E b elin g , W o r d a n d F a ith , p. 79-81; K. S ten d a h l, “ M eth o d in
the Study o f B ib lica l T h eo lo g y " , T he B ib le in M o d e rn S c h o la r s h ip , ed. J. P. H yatt
(N ash ville, 1965), p. 202-205; M erk, B ib lisc h e T h eo lo g ie d es N T , p. 7 e s.
19 O D esen v o lv im en to e as qu estões atu ais d a te o lo g ia do A T sã o descritos no prim eiro
volum e desta obra, G . F. H a sel, O ld T e s ta m e n t T h eo lo g y: B a sic ís su e s in th e
C u rren t D e b a te ( 2 .a ed.; G rand R a p id s, M ic h ., 1975).
20 G. L. B auer fo i o prim eiro a tratar d a teo lo g ia dos dois T esta m en to s sep a ra d a m en ­
te. V er a c im a , n .° 2.

15
ta ,21 notadam ente O sw ald G lait e A ndreas Fischer, por volta de
1530.22 M as som ente cem anos depois a expressão “ teologia bíblica”
aparece de fato pela p rim eira vez no D eutsche biblische Theologie
(K em pten, 1629) de W olfgang Jacob C hristm ann. Seu trabalho hoje
não existe m ais.23 M as o trab alh o de H enricus A. D iest, intitulado
Theologia Biblica (D aventri, 1643) está disponível e perm ite a prim ei­
ra visão profu n d a na natu reza de um a disciplina em ergente. E ntende-
se que a “ teologia bíblica” consiste de “ textos-prova” da Bíblia,
extraídos indiscrim inadam ente de am bos os T estam entos, a fim de
m an ter os tradicionais “ sistem as de d o u trin a ” da an tiga ortodoxia
protestante. O p apel subsidiário da “ teologia bíblica” contra a
dogm ática foi firm em ente estabelecido p o r A b rah am Calovius, um
dos m ais significativos representantes da ortodoxia protestante,
quando ele usou "teologia bíblica” como designação do que antes se
cham ava theologica exegetica . 24 Em sua obra os “ textos-prova” bíbli­
cos, que se cham avam dieta probantia e m ais tard e se designaram
collegia biblica, tinham o papel de su sten tar a dogm ática. A contri­
buição perm an en te de Calovius foi designar à teologia bíblica o papel
de disciplina subsidiária, que apoiava as doutrin as ortodoxas protes­
tantes. A teologia bíblica como disciplina su bsidiária da dogm ática
ortodoxa é evidente nas teologias de Sebastian Schm idt (1671),
Johann H ülsem ann (1679), Johann H einrich M aius (1689), Johann
W ilhelm Baier (1716-19) e C hristian E b e rh a rd W e ism a n n (1739).25
A ênfase de volta à Bíblia do pietism o alem ão fez aflorar um a
m udança de direção p a ra a teologia b íb lica.26 No pietism o a teologia
bíblica tornou-se um instrum ento da reação con tra a árid a ortodoxia
p ro te sta n te .27 Philipp Jacob Spener (1635-1705), um dos fundadores
do pietism o, fazia um a oposição en tre o escolasticism o protestante e a

21 V er W . K ln ssen , “ A n a b a p tist H erm en eu tics" . M e /m o n ile Q u a rte rly R ev ie w 40


(1966), p . 8 3 -1 1 1 ; id e m , C o ve n a n t a n d C o m m u n ity (G rand R a p id s, M ic h .,
1967).
22 G . F . H a sel, “ C apito, S c h w en ck feld and C rautw ald on S a b b a tarian A n ab ap tist
T h e o lo g y ” , M e n n o n ite Q u a r te rly R ev ie w 46 (1 9 7 2 ), p. 41 -5 7 .
23 C itad o e m M . L ip en siu s, B ib lio th e c a rea lis th e o lo g ic a o m in iu m m a rte ria ru m
(F ran kfu rt, 16 8 5 ), tom o I, co l. 1709, e prim eiro cita d o p o r E b elin g , W o r d a n F aith,
p. 8 4 n .° 3.
24 C alovius, S y s te m a lo c o ru m th e o lo g ic o ru m I (W itten b erg u e, 19 5 5 ).
25 S ch m id t, C o lle g iu m B ib lic u m in q u o d ie ta et N o v i T e s ta m e n ti iu x ta serie m lo c o ­
ru m c o m u n iu m th e o lo g ic o ru m e x p lin a tu r (E stra sb u rg o , 1671); H ü lsem a n n , Vin-
d ic ia e S a n c ta e S c r ip tu r a e p e r loca cla ssica s is te m a tis th e o lo g ic i (L ip siae, 1679);
M a iu s, S y n o p s is th e o lo g ia e ju d ic a e v e te ris e t n o va (G iessen , 1698); B aier, A n a ly sis
e t v in d ic a tio illu str iu m s c r ip tu r a e (A ltd o rf, 1716-19); W e issm a n n , In stitu tio n e s
th e o lo g ia e e x e g e tic o -d o g m a tic a e (T ü b in g e n , 17 3 9 ).
26 O . B etz, “ H istory o f B ib lica l T h e o lo g y ” , I D B , I, p. 4 3 2 ,
27 R. C . D e n ta n , P re fa c e to O T T h eo lo g y ( 2 . a e d .; N ew Y ork, 1963), p . 17; M erk,
B ib lisc h e T h eo lo g ie d e s N T , p. 18-20; K ra u s, B ib lis c h e T h eo lo g ie, p . 24-30.

16
“ teologia bíblica” .28 A influência do pietism o se reflete nos trabalhos
de Carl H aym ann (1708), J. D eutschm ann (1710) e J. C. W eidner
(1722), que fazem um a oposição entre os sistem as ortodoxos de
doutrina e a “ teologia b íb lic a ".29
Logo em 1745 a “ teologia bíblica” separa-se claram ente da teologia
dogm ática (sistem ática) e a p rim eira é tid a com o a fundação da
s e g u n d a . I s t o significa que a teologia bíblica se em ancipa de um
papel m eram ente subsidiário à dogm ática. Ineren te a este novo
desenvolvimento encontra-se a possibilidade de a teologia bíblica
poder tornar-se rival da dogm ática e transform ar-se num a disciplina
com pletam ente separad a e independente. E stas possibilidades se
realizaram sob a influência do racionalism o na época do ilum inism o.

B . A Era do Iluminismo

Na era do ilum inism o (A u fk la ru n g ) um enfoque totalm ente novo


para o estudo da Bíblia se desenvolveu, sob diversas influências.
Em prim eiro lugar estava a reação do racionalism o contra qualquer
form a de su p ern atu ralism o .31 A razão h u m an a foi elevada a critério
final e fonte principal de conhecim ento, o que significava que a
autoridade da Bíblia como o registro infalível da revelação divina foi
rejeitada. O segundo ponto de p artid a principal do período do
ilum inism o foi o desenvolvimento de um a nova herm enêutica, o
método histórico-crítico,12 que ainda hoje influencia os estudiosos

28 P. J. S p en er, P ia ü e s id e r ia (F ran kfu rt, 1675), trad. e ed ita d o por T . G . T appert


(F ila d é lfia , 1964), p . 54 c s.
29 H aym an n, B ib lisc h e T h eo lo g ie { L eipzig, 1708); D e u tsch m a n n , T h eologia B ib lic a
(1710); W eid n er. D e u ts c h e T h eo lo g ie B ib lic a (L eip zig, 1722).
3 0 D e um artigo não a ssin a d o , p u b lica d o em J. H . Z eller. e d ., G rossas v o llsta n d ig e s
U n iv e rsa lle x ik o n (L eip zig und H a lle, 1754; reim presso por G raz, 1962), V ol. 43,
cols. 8 4 9 , 866 e s., 9 2 0 e s. Ct, M erk, B ib lisch e T h eo lo g ie d e s N T , p. 20.
31 O d e ísm o in g lês conform e rep resen tado por John L ocke (1 6 3 2 -1 7 0 4 ), John T olan d
(1 6 7 0 -1 7 2 2 ), M atth ew T in d a l (1 6 5 7 -1 7 3 3 ) e T h o m a s C hubb (1 6 7 9 -1 7 4 7 ), com
ên fase sobre a su p rem a cia da razão sobre a revelação en co n tro u u m paralelo no'
con tin en te na "o rto d o x ia ra cio n a l” de Jean A . T u rren tin i (1671 1737), e figuras
com o S, J. B au m g a rten , J. S em ler (1 7 2 5 -1 7 9 1 ), J. D . M ich a elis (1 7 1 7 -1 7 9 1 ).
V er W . G . K ü m m el, T h e N T : T h e H isto ry o f th e In v e stig a tio n o f I ts P ro b le m
(N ash ville, 1972), p. 51-72; H .-J. K raus, G e sc h ic h te d e r h isto risc h -k ritisc h e n
E rfo rsch u n g d e s A T ( 2 . a ed.; N eu k irch en -V lu y n , 1969), p . 70 e ss.
32 G. E b clin g, ‘‘Thu Sig n ifica n ec of th e C riticai H istorical M eth o d íor C hurch and
T heology in P r o te sta n tism ” , W o rd a n d F a ith , p. 17-61; U . W ilk en s, " U b er die
B ed eu tu n g h istorisch er K ritik in der B ib elex eg ese” , W a s h e isst A u sle g u n g d e r
H eiligen S c h r ift? eds. W . Joest et. al. (R eg en sb u rg , 1966), p. 85 e ss.; J. E.
B en son , “T h e H istory o ft h e H istorical-C ritical M eth o d in the C hurch", D ia lo g 12
(1 9 7 3 ), p. 94-103; K. Schold er. U rsp riin g e u n d P ru b le m e d e r B ib e lk rir ik iti 17
J a h rh u n d ert. E in B eitra g z u r E n ts te h u n g d e s h isto risc h k rilisc h e n T h eologie
(M u n iq u e, 1966); E. K rentz, T he H is to r ic a l-C r itic a l M e th o d (F ila d é lfia . 1975);
G. M aier, D a s E n d e d e r h isto risc h -k ritisc h e n M e th o d e ( 2 . a ed.; W up pertal,
1975). T rad. in g l. T h e E n d o f th e H is to r ic a l-C r itic a l M e th o d (S t. Louis, 1977).

17
liberais e vai m ais além ,” em bora não se deva m enosprezar o fato de
que um novo estágio da crítica se nivela contra ele3'1 e que ele se en ­
contra num a crise m etodológica.35 O terceiro é a aplicação da
crítica literária radical da Bíblia desenvolvida por J. B. W itter
(1711) e J. A struc (1753) p a ra o AT, e J. J. G riesbach (1776),
G. E. Lessing (1776) e J. G . E ichhorn (1794) p ara o NT. F i­
nalm ente, o racionalism o, por sua própria natu reza, foi levado a
ab andonar a opinião ortodoxa da inspiração da Bíblia, de modo que a
Bíblia passou a ser principalm ente apenas um dos docum entos
antigos a ser estudado como qualquer docum ento antigo. ''1
Sob o ím peto parcial do pietism o e com um a forte dose de
racionalism o, as publicações de A nton Friedrich Büsching (1756-58)
revelam pela prim eira vez que a “ teologia b íb lica” se tornara rival da
dogm ática.37 A dogm ática protestan te, tam bém ch am ada de “ teolo­
gia escolástica” , é criticada por suas especulações vazias e teorias

33 K rentz (T h e H is to r ic a l-C r itic a l M e th o d , p. 76) fa la da “ trégua d escon fortável do


co n serv a d o rism o ” co m o m étodo h istó rico -crítico . E le se refere a G . E. L add
(T h e N ew T e s ta m e n t a n d C riticism (G ra n d R a p id s, M ic h ., 1967), que m u da
certas pressu p o siçõ es ra cio n a lista s.
34 V er esp ec ia lm en te H . Frey, “ U m den A n sa tz T h eo lo g isch cr A rbeit’’, A b ra h a m
u n ser V uter. F e s ts c h rift f ü r O . M ic h e l (S tu ttg a rt, 1963), p. 153-180; A . N itsch k c,
“H istorisch e W isse n sc h a ft u n d B ib elk ritik ” , E vT h 27 (1 9 6 7 ), p. 225-236;
W . M arxsen , D e r S tr e il un d ie B ib e l (G la d b eck , 1965); R. M . Frye, “ A Literary
P ersp ective for th e C riticism of th e G o sp els" , Jesu s a n d M a n 's H o p e (P ittsb u rgh ,
1971), II, p. 193-221; id e m , “ On the H isto rica l-C ritica l M eth o d in New T esta ­
m ent Studies; A R eply to P rofessor A c h te m e ie r ” , P e rsp e c tiv e 14 (1 9 7 3 ), p. 28-33;
G. M aier, D as E n d e d er h isto risc h -k ritisc h e n M e th o d e .
35 O s seg u in tes livros fo rn ecem um a in tro d u çã o à crise: W . P a n n en b erg , G ru n d fra -
gen s y s te m a tis c h e r T h eo lo g ie (G õ ttin g en , 19 6 7 ), p. 4 4 -7 8 . T rad . ingl. B a sic
Q u e stio n s in T h eo lo g y (F ila d é lfia , 1971), p . 38-80; F. H a h n , “ P roblem e histo-
rischer K ritik ’’, Z N W 63 (1 9 7 2 ), 1-17; K. L eh m an n , “ D er h erm en eu tisch e H ori-
zon t der h isto risch -k ritisch en E x e g e se ” , E in fü h ru n g in d ie M e th o d e n d e r bi~
blisch en E x eg e se, cd. J. S chreiner (T yrolia, 1 9 7 1 ), p. 40-80; M . H en gel, “ H is­
torisch e M eth o d en u n d th eo lo g isc h e A u sleg u n g des N euen T esta m en ts" , K e r y g m a
u n d D o g m a 19 (1 9 7 3 ), p. 85-90; F. B eisser, “ Irrwege und W ege der historisch -
kritischen B ib elw issen sch a ft; A u ch ein V o rsch la g zur R eform des T h eologiestu -
d iu m s" , N e u e Z e its c h r ift f ü r sy ste m . T h eo lo g ie u n d R e lig io n s p h ilo s o p h ie 15
(1 9 7 3 ), p. 192-214; R . Su rb urg, " Im p lica tio n s o f th e H isto rical-C ritical M eth od
in Interpreting th e O T " , C risis in L u th e ra n T h eo lo g y, ed. J. W , M ontgom ery
(M in n ea p o lis, M in n ., 1973), II, p. 4 8 -8 0 ; H a sel, O T T h eo lo g y, p . 5 9 -6 1 , 72-75,
132-137; P. S tu h lm a ch er, S c h rifta u sle g u n g a u f d e m W eg e z u r b ib lisc h e n T h eo lo ­
g ie (G õ ttin g en , 1975), p . 59 -1 2 7 .
36 A figu ra p rin cip a l é J. S. Sem ler, cuja obra de quatro v o lu m es, A b h a n d lu n g von
d e r f fe ie n U n te rsu c h u n g d es K a n o n s (1 7 7 1 -7 5 ), lutava contra a dou trina o rtod oxa
da in sp ira çã o . H .-J. K raus, G e sc h ic h te d e r h isto risc h -k ritisc h e n E rfo rsch u n g d es
A T , p . 103-113.
37 F. B ü sch in g , D is se rta tio in a u g u ra lis e x h ib e n s e p ito m e n th e o lo g ia e e solis lite ris
sa cris c o n c in n a ta e (G õ ttin g en , 1756); id e m , E p ito m e T h eo lo g ia e (L em go, 1757);
id em , G e d a n k e n von d e r B e s c h a ffe n h e it u n d d e m V o rzu g d e r b ib lis c h -d o g m a -
tisch en T h eo lo g ie v o r d e rs c h o la s tisc h e n (L em g o , 1758).

18
inertes. G. Ebeling sintetizou com petentem ente que “ de m eram ente
um a disciplina subsidiária da dogm ática a ‘teologia biblica’ tornou-
se agora rival da dogm ática p red o m in an te.” 38
Um dos mais im portantes catalisadores na “ revolução da herm e­
n êutica” 39 foi o racionalista Johann Solomo Sem ler (1725-1791), cujo
trabalho de q u atro volumes “Treatise on the Investigation o f the
C anon" (1771-75) declarava que a Palavra de Deus e a E scritura
Sagrada não são absolutam ente idênticas.40 Isto im plicava em que
nèm todas as partes da Bíblia foram inspiradas41 e que a Bíblia é um
docum ento puram ente histórico, que, como qualq u er outro, deve ser
investigado com um a m etodologia p uram ente histórica e, portanto,
crítica.42 R esulta disto que a teologia não pode ser nada m ais que
um a disciplina histórica que está num a posição de antítese em relação
à dogm ática trad icio n al.43
Deu-se um passo altam ente significativo em direção à separação da
teologia bíblica d a dogm ática n a obra de q u atro volumes de teologia
bíblica (1771-75) de G otthilf T rau g o tt Z acharia (1729-1777).44 Sob a
influência da nova orientação n a dogm ática e na herm enêutica ele
tentou construir um sistem a de ensinam entos teológicos baseado
num cuidadoso trabalho exegético. C ada livro das E scrituras tem sua
própria época, lugar e intenção. M as Z achariâ se ateve à inspiração
da B íblia,45 com o J. A. E rnesti (1707-1781),46 cujo m étodo bíblico-
exegético ele seguiu.47 A exegese histórica e o entendim ento canônico
da E scritu ra não en tram em choque no pensam ento de Zachariâ,
porque “-o aspecto histórico é um a questão de im portância secundária
na teologia” .48 Deste modo, não há necessidade de se fazer distinção
entre os T estam entos. Eles se encontram em ligação recíproca entre
si. Basicam ente, o interesse de Z achariâ ain d a estava no sistem a
dogm ático, que ele preten d ia lim par de im purezas.

38 E b elin g , W o rd a n d F a ith , p. 87.


39 D e n ta n , P re fa c e, p. 19.
40 K ü m m el, T he N T : T h e H is to r y , p. 63.
41 G. H ornig, D ie A n fa n g e d e r h isto risc h -k ritisc h e n T h eo lo g ie (G õ ttin g en , 1961),
p. 56 e ss.
42 M erk, B ib lisc h e T h eo lo g ie des N T , p. 22.
43 H ornig, D ie A n fà n g e , p. 57 e s.; M erk, B ib lis c h e T h eo lo g ie des N T , p. 23 e s.
44 G. T . Z ach aria, B ib lisch e T h eo lo g ie o d e r U n te rsu c h u n g d e s b ib lisc h e n G ru n d e s
d e r v o rn eh m ste n th e o lo g isc h e n L eh ren {G õ ttin g en e K iel, 1771-75); D en ta n ,
P re fa c e, p . 21; K raus, B ib lisch e T h eo lo g ie, p. 31-39; M erk, B ib lisch e T h eologie,
p. 23-26 .
45 Z ach ariâ, B ib lisc h e T h e o lo g ie , I, vi.
46 J. A . E rn esti, I n stitu tio in terp re s N o v i T e s ta m e n ti (L eip zig, 1761); K ü m m el,
The N T : T h e H is to r y , p. 60 e s.
47 K raus, B ib lis c h e T h eo lo g ie, p. 35.
48 Z achariâ, B ib lisch e T h eo lo g ie, 1, lx v i.

19
Os trab alh o s de W . F. H ufnagel (1785-89)49 e do racionalista C. F.
von A m m on (1792)50 dificilm ente se distinguem em estru tu ra e
objetivo daquele de Z acharia. A teologia bíblica de H ufnagel
consiste em “ u m a seleção histórico-crítica de textos-prova bí­
blicos a favor da d o g m á tic a ''.51 Von Amm on tom ou idéias de
Semler e dos filósofos Lessing e K ant e apresentou, na realidade, mais
um a “ teologia filosófica” . É significativa em seu tratam ento um a
avaliação m ais alta do NT do que do A T .52 o que é um prim eiro passo
em direção a um tratam en to independente da teologia do A T ,53 o que
realizou q u atro anos m ais tard e através de G. L. B auer.
O neologista e racionalista Johann Philipp G abler (1753-1826),
que nunca escreveu ou sequer teve a intenção de escrever um a teologia
bíblica, ofereceu a m ais decisiva e ab rangente contribuição ao
desenvolvimento da nova disciplina em sua aula inaugural n a Univer­
sidade de. A ltdorf em 31 de m arço de 178 7 .54 E ste ano m arca o início
do papel da teologia bíblica como um a disciplina puram ente histó­
rica, com pletam ente independente da dogm ática. Diz a fam osa defi­
nição de G abler: “ A teologia bíblica possui um caráter histórico, que
transm ite o que os escritores sagrados pensavam a respeito das
questões divinas; a teologia dogm ática, pelo co ntrário, possuí um
caráter didático, ensinando o que determ inado teólogo filosofa sobre
as questões divinas, de acordo com sua capacidade, época, idade,
lugar, d o u trin a ou escola, e o u tras coisas do g ên ero .”55 O enfoque
indutivo, histórico e descritivo de G abler a respeito da teologia bíblica
se baseia em três considerações metodológicas essenciais: (1) A ins­
piração não deve ser levada em conta, p o rq u e o “ E spírito de D eus não
destruiu em nenhum hom em santo sua habilidade pró p ria de en ten ­

4 9 W . F . H u fn a g e l, lla n d b u c h d e r b ib lisc h e n T h eo lo g ie (E rlan gen , V ol. I, 1785;


V o l. II, 1789).
5 0 C. F . von A m m o n , E n tw u r f ein er rein en b ib lisc h e n T h eo lo g ie, 3 vo!s. (E r la n g e n ,
1792). Cf. K raus, B ib lisch e T h eo lo g ie, p . 4 0 -5 1 .
51 D . G . C . von C òlln, B ib lis c h e T h eo lo g ie (L eip izig , 1 8 3 6 ), I, p . 22 .
5 2 K raus, B ib lisch e T h eo lo g ie, p. 51.
53 D e n ta n , P re fa c e , p. 26.
54 J. P. G abler, ‘'O ratio de iusto d iscrim in e th eo lo g ica e b ib lic a e et d o g m a tica e
regu n d isq u e recte utriu sq ue fin ib u s” [ “ Sobre a D istin ç ã o C orreta d a T eo lo g ia
B íb lica e D o g m á tica e a C orreta D e fin iç ã o de Su as M eta s”! em K le in e T h eo lo g i­
sch e S c h r ifte n , e d s. T h . A . G a b ier e J. G . G a b ler (U lm , 1 831). II, p. 179-198.
T rad u çã o a lem ã co m p leta fo rn ecid a por M erk, B ib lisch e T h eo lo g ie d e s N T ,
p. 2 7 3 -2 8 4 . e reim pressa e m D a s P r o b le m d e r T h eo lo g ie d es N T , ed. G . Strecker
(D a r m sta d t, 1 975), p. 32 -4 4 ; tradu ção parcial em in g lês p o d e ser e n c o n tra d a em
K ü m m el, T h e N T : T h e H is to r y , p. 9 8 -1 0 0 .
5 5 “ O ra tio ” , em K le in e .th e o lo g isc h e S c h r ifte n , II, p . 183-184. Cf. R. S m en d ,
“J. P. G ablers B eg rü n d u n g der b ib lisch en T h e o lo g ie " , E vT h 22 (1 9 6 2 ), p . 345-367;
K raus, B ib lis c h e T h eo lo g ie, p. 52 -5 9 ; M erk , B ib lisch e T h eo lo g ie d e s N T ,
p. 29-1 4 0 .

20
der nem a m edida do discernim ento das coisas” .56 O que conta não é
a “ autoridade divina", m as “ só o que eles [os escritores bíblicos]
p ensaram ” .67 (2) A teologia bíblica tem a tarefa de reu n ir cuidadosa­
m ente os conceitos e idéias dos escritores bíblicos individualm ente,
pois a Bíblia não contém as idéias de apenas um hom em . Logo, as
opiniões dos escritores da Bíblia precisam ser “ cuidadosam ente reco­
lhidas da Bíblia, devidam ente organizadas, relacionadas aos concei­
tos gerais e cuidadosam ente com paradas entre s i.,.” 58 Pode-se de­
sem penhar esta tarefa através de um a aplicação consistente do
método histórico-crítico com o auxílio da crítica literária, da crítica
histórica e da crítica filosófica.59 (3) A teologia bíblica como disciplina
histórica está, por definição, o brigada a “ distinguir entre vários
períodos d a velha e da nova religião” .60 A tarefa principal é investigar
quais são as idéias de im portância p a ra a d o u trin a cristã, a saber,
quais “ se aplicam hoje” e quais não têm “ validade p a ra o nosso
tem po” .61 Estas declarações p rogram áticas deram rum o ao futuro da
teologia bíblica (AT e NT), ap esar do fato de que o program a de
G abler p a ra a teologia bíblica era condicionado p o r sua época e
contém lim itações significativas.62
A m eta de um a teologia bíblica “ p u ram en te h istórica” é pela
prim eira vez alcançada p o r G eorg Lorenz B auer (1755-1806),6J que,
como J. P. G abler, era aluno de J. G. E ichhorn. B auer e G abler eram
professores em A ltdorf. B auer deve ser considerado o prim eiro
acadêm ico a p ublicar um a teologia do N T .04 E m bora influenciado
por G abler, a sua com preensão da teologia bíblica avança significati­
vamente p a ra além daquele, porque ele vai além da interpretação
defendida p o r G ab ler p a ra os problem as das questões filosóficas.65
P ara Bauer, a “ teologia bíblica deve ser um desenvolvimento —
purificado de todos os conceitos estranhos — da teoria religiosa dos
judeus anteriores a Cristo e de Jesus e seus apóstolos, um desenvolvi­
m ento traçad o a p a rtir dos escritos dos autores sagrados e apresenta­
do em term os dos vários pontos de vista e níveis de entendim ento que

5b K le in e th e o lo g isc h e S c h r ifte n . II, p . 186.


57 P. 186; K ü m m el, H is to r y , p. 99.
58 P. 187; K ü m m el, H isto ry , p. 100.
59 M erk, B ib lisch e T h eo lo g y, p. 68 -8 1 .
60 G ab ler, “ O ra tio " . em K le in e th eo lo g isch e S c h r ifte n , II, p. 186; K ü m m el, H istory,
p. 99.
61 P. 191; K ü m m el, H is to r y . p. 100.
62 M erck, B ib lisc h e T h eo lo g ie, p. 8 7 -9 0 , 111-113.
63 V er esp ec ia lm en te K raus, U iblische T h eo lo g ie, p. 87-91 e M erk, B ib lisch e T h eo ­
logie, p. 141-203.
t>4 B ib lisch e T h eo lo g ie d e s N euen T e s ta m e n ts , 2 vols. (L eip zig , 1800-1802). U m p o u ­
co an tes ele pu b lica ra um a B ib lisch e T h eo lo g ie des A lte n T e sta m e n ts (L eipzig,
1796), Cf. H a sel, O T T h e o lo g y , p. 22 e s; M e ik . B ib lisch e T h eo lo g ie, p. 157-167.
65 M erk, B ib lisch e T h e o lo g ie , p . 172 e s.

21
refletem ” .66 C onseqüentem ente, ele tra ta separadam ente e em se­
qüência (1) a teoria da religião dos sinópticos, (2) a teoria da religião
do Evangelho de João e das E pístolas de João, (3) o conceito de
religião do A pocalipse e (4) de Pedro, (5) as Epístolas de II Pedro e
Judas, e (6) a d o u trin a de Paulo.
Como "racionalista histórico-crítico” ,67 a posição determ inante de
B auer, no desenvolvimento da teologia bíblica (A T e NT), era sua
aplicação consistente do m étodo histórico-crítico, sustentada pela
ênfase do racionalism o sobre a razão histó rica.68 Sua reconstrução
histórico-crítica da m ultiplicidade dos testem unhos bíblicos levantou,
entre outros problem as, a questão do relacionam ento entre os T esta­
mentos, um problem a em caloroso debate hoje. O utrossim , o proble­
m a inteiro da teologia bíblica como disciplina p u ram en te histórica,
conform e vigorosam ente sustentado por G abler e conseqüentem ente
p or Bauer e outros, é novam ente questionado no debate atual, como
tam bém a n atu reza da tarefa descritiva, Não obstante, G abler e
B auer são os fundadores da disciplina independente da teologia
bíblica e do NT.
Foi no período do ilum inism o que o m étodo histórico-crítico se
desenvolveu e passou a ser aplicado ao estudo da B íb lia.69 A influên­
cia da revolução científica encabeçada p o r N. Copérnico (1473-1543)
e aperfeiçoada por J. K epler (1571-1630)70 e G alileu Galilei (1564-
1642)71 trouxe u m a nova com preensão da B íblia.72 As sugestões dos
dois últim os cientistas citados relacionavam -se com a independência
do estudo da natureza. A ciência não depende m ais das inform ações
da Bíblia, m as a Bíblia é que deve ser in terp retad a através das

66 B auer, B ib lisc h e T h eo lo g ie d es N T (L eip zig, 1SOO), I, p . 6. A trad u ção é a e n co n ­


trada em K ü m m el, The N T : T h e H is to r y , p. 105.
67 M erk, B ib lisc h e T h eo lo g ie, P- 2 0 2 ,
68 P. 199.
69 A história d estes d esen v o lv im en to s é descrita por A . R ich a rd so n . The B ib le in th e
A g e o f S cien ce [L o n d re s, 1% 1], p. 9 -3 1 , S ch old cr, U rsp riin g e u n d P ro b le m e d e r
B ih e lk r itik em 1 7. J a h r h u n d e r t, p, 60 c s s ., qu e foi resu m id a p o r K rentz ( The H h -
to ric a l-C riticu l M e th o d , p. 10-22), e S tu h lm a ch er, S c h rifta u sle g u n g , p. 75-99.
70 J. H íib n er, D ie T h eo lo g ie Jnhartnes K e p le r s zw isch en O rth o d o x ie u n d N a-
tu rw isse n sch a ft (T ü b in g en . 1975); A . D e issm a n n , Johan n K e p le r u n d d ie B ib e l
(G iessen , 1910).
71 J. J. L angford, G a lileo , S cien ce a n d th e C hurch (N ew York, 1966); O . Loretz,
G a lile i un d e r Irrtu m d er I n q u isitio n (M ü n ster, 1 966).
72 Ver esp ec ia lm en te C .F . von W eizsiickcr. " K o p ern ik u s. K epler, G a lile i" , íu n sic h -
ten, G e rh a r d K rü g e r z u m 60. G e b u r ts ta g (F ran kfu rt. 1962), p. 376-394;
H. K arpp, “ D ie B eitrã g e K eplers und GaJileis zum n eu zeitlich en Schriftvers-
tã n d n is’’, Z T h K 67 (1 9 7 0 ), p. 40 -5 5 ; R. H o o y k a a s, R elig io n a n d th e R ise o f
M o d ern S c ie n c e (G ran d R a p id s, M ic h .. 1972), p . 35-39; G . F. H asel, “ F ou nders
of the M odern U n d ersta n d ig o f th e R elation B etw een S cien ce and R e lig io n ” (d is ­
curso n ão p u b lic a d o , lid o na M ich ig a n A ca d em y o f S cien ce, A rts, and L etters.
6 de abril de 1973).

22
conclusões da ciência.” Assim, “ a autoridade da B íblia foi dim inuí­
d a " .74 E ra da pertinência das questões da fé e da m o ral,75 mas não
das questões da ciência. Pode-se notar um desenvolvimento sim ilar
com respeito à H istória nos escritos do filósofo político francês Jean
Bodin (1530-1596), que argum entava pelo uso da razão na escrita da
H istória,76 e*na insistência de Joachim V adian n a observância quanto
à ciência da geografia.77 A seguinte controvérsia p ré -a d a m ita 78 foi
acionada por isa a c de la Peyrère, em 1655,79 que aplicava a crítica
literária ao Pentateuco. Estes eventos ju n taram -se aos avanços no
cam po da filosofia. René D escartes fez da razão o critério único da
verdade e elevou a dúvida a um a extensão ilim itada através da
estru tu ra total das convicções convencionais.80 U m pouco mais tarde,
Benedito Spinoza81 publicou seu fam oso Tractatus Theologico-Poli-
licus (1670), no qual tratav a da questão da relação entre a teologia e a
filosofia. Ele argum entava que am bas precisavam ser cuidadosam en­
te separadas e sustentava que a razão é o guia do hom em para a
verdade. T odas estas influências foram catalisantes p a ra a form ação
cio método histórico-crítico em sua plenitude.
Diz-se que em 1728 o teólogo genovês d a “ ortodoxia racional” Jean
A. T u rretin i, declarou que “ as E scrituras S agradas não podem ser
explicadas a não ser através de outros livros” .82 Ele afirm ou:

Posto que Deus, como já percebem os com freqüência, é com toda


certeza tan to o autor da razão como da revelação, é, portanto,
impossível que possam se co n tradizer...C onseqüentem ente, se de­
term inado sentido se nos oferece em certas passagens da E scritura,
que abertam en te contradiz todos os conceitos, então tudo tem que

73 G alileu escreve: "H a v en d o c h eg a d o a q u aisq uer certeza s em fisica, tem os qu e


u tilizá -la s com o as a u x ilia res m ais apropriadas na verdadeira ex p o siçã o d a B íb lia ”
(O p e re , co n fo rm e tradu zid o por S. D rake, e d ., D isco v e rie s a n d o p in io n s o f G a-
iileo (G ard en City, N . Y ., 1957), p. 183). K epler d eclara que os escritores in sp ira­
dos " n u n ca tiveram a in ten çã o de instruir os h o m en s às co isa s da natureza, exceto
no prim eiro ca p ítu lo do G ên esis, que trata da origem sobrenatural d o m undo"
(iO p e ra O m n ia , ed. Chr. Frisch [p . 185 e s s.], II, p. 86).
74 K rcnty, The H isto rica l-C ritic a l M e th o d , p. 13.
75 H asel, “ F o u n d ers o f the M odern U n d ersta n d in g of th e R elation B etw een Scien ce
and R eliy io n " , p. 9 e s.
76 Schold cr. U rsp rü n g e u n d P ro b le m e d e s B ib e lk ritik im 17. J a h rsh u n d e rt, p . 91.
77 P. 96.
78 P. 98-104.
79 K raus, G e s c h ic h te , p . 5 9 -6 1 .
80 Schold er. U rsp rü n g e un d P ro b le m e d er R ib e lk ritik im 17. J a h rh u n d ert, p. 132-158.
81 R. M . G ra n t, A S h o rt H isto ry o f th e I n te rp r e ta tio n o f S c r ip tu r e ( 2 . a ed .;
New Y ork , 19 6 6 ), p. 146-150.
82 A s co n ferên cia s de T urrentini foram p u b lica d a s por terceiros, sob o título D e Sa-
crae S c r ip tu r a e in te r p re ta n d a e m e th o d o tr a c ta tu s b ip a r titu s (T ra je c ti T h u v ia n im ,
1728), p . 196.

23
ser atacado ou censurado, em vez de se aceitar este dogm a. Logo,
essas passagens têm que ser explicadas de outro m odo, ou, se isto
for impossívef, como não genuínas, ou o livro não pode ser consi­
derado divino.83

A prioridade da razão sobre a revelação bíblica é aqui totalm ente


realizada à custa da au to rid ad e da Bíblia. N aturalm ente, T urretini
não sabia ainda que os princípios da razão n a tu ra l que ele tentava
elevar a critério p a ra a in terp retação eram em si u m a “ com preensão"
totalm ente determ in ad a, historicam ente trazid a ao texto” .s*
As idéias de T u rretin i exerceram pouca influência em sua época.
O trabalh o m arcante sobre o cânon e a inspiração de J. J. Sem ler,
sum ariam ente m encionado acim a, que apareceu cerca de cinco
décadas após o B ipartite Tractatus Concerning the M e th o d by W hich
the Sacred. Scriptures A re to Be In terp reted (T ratad o B ipartido a
Respeito do M étodo Pelo Q ual Deve-se In te rp re ta r as Sagradas
E scrituras) de T u rretin i, m ostrou-se de im p o rtân cia p erm anente para
a fundação do m étodo histórico-crítico no estudo da Bíblia. A sep ara­
ção entre a Palavra de D eus e a E scritu ra85 e a aplicação consistente
das regras básicas da crítica profana à B íblia,86 ju n ta m e n te com u m a
profunda distinção entre o conteúdo divino e a form a h u m a n a da
E scritu ra,87 colocam o texto bíblico deliberadam ente dentro do
cenário antigo e o explicam como testem unho de seu próprio tem po,
sem a intenção de falar ao leitor m oderno,88 Esses conceitos perm ane­
cem fundam entais p a ra a crítica histórica e valeram a Sem ler a
designação de pai da teologia histórico-crítica.89 A distinção feita por
Semler entre teologia e religião, um a distinção que separava “ local­
m ente e tem p o ralm en te” os determ inados theologoum ena da religião
definitiva, foi realizada p o r F. C. B aur, no século X IX , e chegou à
sua form ulação clássica através de E. T roeltsch no com eço do sé­
culo XX.

83 P. 3 1 2 . C f. K ü m m e l,H is to r y , p. 6 8 -6 1 .
84 U . W ilckerts, " U b er die B ed eu tu n g der h isto riscb en K ritik in der m o d em en
B ib e le x eg e se ” , W as h e is st A u sleg u rtg d e r H e ilig e n S c h rift? , p . 94.
8 5 Sem ler declara: “ A E scritura S a g ra d a e a Palavra de D e u s sã o c laram en te d istin ­
tas, p ois c o n h ecem o s a d ifer e n ç a ... À Sagrada E scritura p erten cem R u te, Ester,
C antares de S a lo m ã o , e tc ., m a s n em to d o s esse s livros, ch a m a d o s de sagrad os,
perten cem à P alavra de D e u s ..." D . Joh. S a lo m o S e m le r s A b h a n d lu n g von f r e ie r
U n te rsu c h u n g d e s C a n o n s, 4 vols. (H a lle, 17 7 1 -1 7 7 5 ). I, p. 7 5 .
8 6 K raus, G e sc h ic h te , p . 113.
87 S em ler, co n fo rm e cita d o p o r K ü m m el, H is to r y , p. 64.
88 J. S. S em ler, V o rb e reitu n g z u r th eo lo g isch e/! H e rm e tie u tik (H a lle , 1760), p . 6 -8 ,
149 e s . , 1 6 0 -1 6 2 .
89 K rentz, T he H is to r ic a l-C r itic a l M e th o d , p. 19.

24
C. Do Iluminismo à Teologia Dialética

A era do ilum inism o trouxe m udanças, na teologia, de influência


definitiva. A teologia bíblica libertou-se de seu papel de subsidiária
da dogm ática, p a ra tornar-se su a rival. T ransform ou-se num a disci­
plina descritiva e tornou-se um a ciência histórica que descreve o que
os escritores bíblicos pensavam , isto é, “ o que queriam dizer” .50
A interpretação (de “ o que queriam dizer” ) depende, pela própria
natureza, da filosofia p redom inante na época. Ao lado dos enfoques
“ puram en te históricos” desenvolveram -se tam bém enfoques “ históri-
co-positivos” , o enfoque da “ história das religiões” e o d a “ história da
salvação” , Os anos 1813-1821 testem unham o surgim ento de D ie
biblische Theologie, de G ottlob Philipp C hristian Kaiser, em três
volumes. Ele constrói sua obra com o que ch am a dc "m étodo de
interpretação histórico-gram atical” com binado com “ o ponto de vista
de um a história da religião filosófico-universal” .91 Isto significa um a
rejeição total de qualquer tipo de su pernaturalism o. K aiser é o
prim eiro a aplicar um enfoque da “ história das religiões” e a subor­
dinar todos os aspectos bíblicos e não-bíblicos ao princípio da religião
u n iv ersal.92
W ilhelm M artin Leberechte de W ette publicou seu Biblische Dog-
m a tik des A líe n u n d N euen Testam ents em IS IS .1” Ele foi aluno de
G abler. Sua obra m arca um movimento p a ra fora do racionalism o ao
ad otar a filosofia k an tia n a conform e in terp retad a por J. F. Fries,94
com binando a teologia bíblica com um sistem a filosófico. Sua síntese
mais alta de fé c sentim ento transform ou-se num “ desenvolvimento
genético” da religião, a p a rtir do hebraism o, via judaísm o ao
cristianism o.95 Isto significa um a quebra da unidade m aterial do AT e
do N T ,96 e a teologia do NT passa a ser entendida como um fenôm eno
da história das religiões. T udo o que é local e tem poral tem que se
despir, a fim de chegar ao atem poral, geral e perm anente. Não
obstante, a tentativa de de W ette indica que há um problem a
metodológico não resolvido, pois ele tentou com binar a teologia
bíblica com interesses dogm áticos.
A abordagem de de W ette recebeu u m a refutação radical da parte

90 A te rm in o lo g ia de K. S ten d a h l, " B iblical T h eo lo g y , C on tem p orary” , W B , I,


p . 4 1 8 -4 3 2 .
91 K aiser, D ie b ib lisc h e T h eo lo g ie (E rlan gen , 18 1 3 ), I, íii.
92 Ver D e n ta n , P re fa c e, p. 28 e s.; K raus, B ib lisch e T h e o lo g ie , p. 57 e s.: M erk,
B ib lisc h e T h eo lo g ie, p. 2 1 4 e s.
93 R . S m en d , W. M . L. d e W ettes A r b e it a m A lte n u n d am N eu en T e s ta m e n t (B a s i­
léia, 1958).
94 K raus, B ib lis c h e T h eo lo g ie, p. 72.
9 5 M e r k , B ib lis c h e T h eo lo g ie, p . 2 1 0 -2 1 4 .
9 6 Strecker, D a s P ro b le m d er T h eo lo g ie d es N T , p. 5.

25
de K. W . Stein, que argum entou que a questão fugia ao program a de
G abler e da teologia do NT de Bauer. A insistência de que “ só o
enfoque histórico-crítico pode levar a u m a teologia bíblica pura e
com pleta” 97 e que os pensam entos diferentes dos escritores do NT
não podem ser reunidos num sistem a ap o n ta p a ra o problem a de que
o NT é com posto de várias teologias, m as que não existe um a teologia
do N T .98 De W ette tenta fazer da d o u trin a de Jesus, a saber, aquela
em que os escritores do NT concordam , o centro do N T ." Aqui toda a
questão do centro e unidade do N T passa à dianteira; e esta continua
sendo a questão p rin cip al até hoje.
 tradição de G abler e de B auer, no que toca à natureza
“ puram ente histórica” ' 00 da teologia bíblica (NT), pertence D ie
biblische Theologie des N euen Testam ents (Leipzig, 1836). dc Daniel
G. C. von C õlln.101
Considerado o últim o a apresentar um a teologia bíblica baseada no
racionalism o,102 von Cõlln delineou um evolucionismo do hebraísm o-
judaísm o-cristianísm o e apresentou um a história da espiritualização,
depuração ética e um a am pliação universal da idéia de teocracia.103
O. M erk assinala que o resultado final de von Cõlln era um a teologia
dogm ática m odificada, porque ele não separou profundam ente a
tarefa da teologia bíblica histórico-crítica (p u ram en te histórico-críti-
ca) da tarefa da interpretação (d o g m ática).1114
O ápice do enfoque de G abler e Bauer de um a teologia do NT
“ puram ente histórica” é alcançado pela obra de F erd inand C hristian
B aur (1792-1860).10s B aur é o fun d ad o r e incontestável líder da Escola
de Tübingen. No ano de 1835, seu aluno David Friedrich Strauss

97 K. W . Stein , “ Ú b er den B egriff die B eh a n d lu n g sa rí der b ib lisch en T h eologie des


N T ” , A n a le c le n f ü r d a s S tu d iu m d e r ex eg etisch en u n d s y s te m a tis c h e n T h eo lo g ie,
eds, C. A . G . K eil e H . G . T ? ,sch irn er(1 8 1 6 ), III, p. 1 5 1 -2 0 4 , esp . p . 180.
98 M erk. B ib lisc h e T h e o lo g ie , p. 214,
99 S tein , Ü b er den B eg riffe" , p . 18 9 -2 0 4 .
100 A d istin çã o do d esen v o lv im en to de u m m é to d o “ p u ra m en te .h istó r ic o " se ju stifica
com b ase n a d e sig n a ç ã o e m p reg a d a por E . T ro eltsch , " Ü b er h istorisch e u n d
d o g m a tisch e M e th o d e ” , G e sa m m e lte S tu d ie n I I (T ü b in g en , 1 9 1 3 ), p . 729-753,
reim presso em T h eo lo g ie ais W iss e n sc h a ft, ed. G, Sau ter (M u n iq u e , 1971),
p. 105-127.
101 Sua te o lo g ia do A T lo i p u b lica d a co m o V o l. I, d o qual su a te o lo g ia d o N T era o
V oi. II, sob o título geral de B ib lisch e T h eo lo g ie {L eip zig , 1836). Cf. K raus,
B ib lisch e T h eo lo g ie, p. 6 0 -6 9 .
102 M erk , B ib lisc h e T h e o lo g ie , p . 2 2 2 .
103 K raus, B ib lisch e T h eo lo g ie, p. 67.
104 M erk, B ib lisc h e T h e o lo g ie , p. 225 e s.
105 P. C. H o d g so n , T h e F o rm a tio n o f H is to r ic a l T h eology. A S tu d y o f F erd in a n d
C h ristia n B a u r (N ew Y ork, 1966); W . G eig er, S p e k u la tio n u n d K r itik . D ie Ge-
sc h ic h tsth e o lo g ie F . C. B a u rs (M u n iq u e , 1964); E . B a rn ik o l, C. B a u r ais ra tio -
n a listisc h -k irc h lic h e r T h eo lo g e (B erlim . 1970).

26
(1808-1874) publicou o seu Das Leben J e s u ,'06 u m a interpretação
radical dos relatos de Jesus. Strauss não ofereceu u m a interpretação
nem su pern atu ral nem racionalista, apenas m ítica, dos relatos do
Evangelho, que dão um a base do fato histórico, transform ado e
enriquecido pela fé das prim eiras com unidades cristãs, O método
filosófico hegeliano da tese de um a interpretação supernaturalista,
que era confrontada com u m a antítese de interpretação racionalista,
leva Strauss à síntese da interp retação m itológica. “ E sta dialética
hegeliana determ ina o m étodo de tra b a lh o ” 107 de Strauss.
As Vorlesungen über N eutestam entliche Theologie (Conferências
Sobre a Teologia do Novo T estam ento), de F, C. B aur, foram publi­
cadas postum am ente em 1864'08 e representam a conclusão de seus
trabalhos acadêm icos.109 A dialética hegeliana de B aur levou-o a
encarar a história do cristianism o com o um a lu ta en tre a tese do
cristianism o judaico (escritos de Pedro, M ateus, Apocalipse) e a
antítese do cristianism o gentio (G ál., M I C or., R om ., Luc.), o que
resultava na síntese do catolicism o prim itivo (M arcos, João, Atos) do
século I I .110 E ste enfoque en co n tra um ponto de apoio na teologia
do NT, que é um a “ ciência p u ram en te histórica” , 111 m as está restrita
aos escritos do N T .111 D e acordo com seus prim eiros estudos, Baur
distingue três períodos: O prim eiro é caracterizado pelos conceitos-
de-doutrina (Lehrbegriffe) das q uatro epístolas autênticas de Paulo
(G ál., I-II C or., Rom .); o segundo período contém H ebreus, as
epístolas menores de Paulo, I-II Pedro, Tiago, os Sinópticos e Atos; e
o terceiro período encerra as epístolas pastorais e as de João. A “ dou­
trina de Jesus” não tem espaço nesta seqüência estritam ente históri­
ca, mas B aur a coloca antes dos três períodos e a reduz a um
“ elem ento p u ram ente m oral” . 113 Logo, a ênfase de B aur está na
reconstrução dos conceitos históricos e do progresso do desenvolvi­
m ento das várias doutrinas. Ao contrário da teologia do NT de
G. L. Bauer, m aior credor de B aur do que J. P. G abler, B aur
considera a “ doutrina de Jesus” um a pré-história da teologia do NT, e
não um a p a rte básica da teologia do NT etn si. R. B ultm ann parece se

106 D a s L e b e n J e s u , 2 vols. (T ü b in g e n , 1835-36). Tracl. ingi. de G . E liot, The L ife o f


Jesu s C ritica lly E x a m in e d (d a 4 9 ed . alem ã; L ondres, 1846). Cf. A . Schw eitzer,
The Q u e sl o f th e H is to r ic a l J esu s (N ew Y ork, 1964), p. 78 -1 2 0 .
107 Schw eitzer, T h e Q u e st o f lh e H isto ric a l J e s u s , p. 80.
108 F. C. B aur, V orlesu n gen iib c r n e u te s ta m e n tlic h e T h eo lo g ie, ed . F. F. Baur
(b iip /.ig , 1864).
109 M e r k ,B ib lis c h e T h eo lo g ie, p . 227.
110 B. R igau x . P a u lu s u n d sein e B n e fe (M u n iq u e , 5964), p . 14 e s.; R . C. B riggs,
I n te r p r e tin g th e N e w T e s ta m e n t T o d a y (N a sh v ille, 1973), p . 145-148.
111 Baur, V orle su n g e n . p . t .
112 P . 38.
113 K ü m m e l , H isto ry, p . 142.

11
colocar na tradição de B aur, quando declara: “ A m ensagem dc Jesus
é mais u m a pressuposição p a ra a teologia do Novo T estam ento do que
um a p arte dessa teologia em s i" .114 E sta questão continua a ser
im portante hoje. Os notórios principais defeitos do enfoque dc B aur
são a aplicação da dialética hegeliana e a ênfase excessiva A influência
do judaísm o no cristianism o primitivo.
Ao contrário das abordagens “ p uram ente históricas’’ da (eologia
do NT havia estudiosos nas prim eiras décadas do século XIX que
podem ser classificados como pertencentes à escola "histórico-positi-
va” lis do NT. E n tre os fundadores desta escola estão M. F. A. Los­
sius116 e D. L. C ra m e r,117 am bos com essencialm ente a m esma
concepção. Suas obras exerceram um a im portante influência no
século passado. Lossius com bina a abordagem dogm ática do “ concei-
to-de-doutrina” com o sistem a histórico. Ele sugere que há som ente
três possibilidades de se escrever um a teologia do N I’. Ou trata-se
cada escritor do NT separadam ente ou usa-se u m a abordagem
sistem ática dos “ conceitos-de-doutrina” ou com binam -se am bos os
m étodos.118 A p a rtir da perspectiva da abordagem de G abler-B auer-
Baur. de um a teologia do NT “ p u ram en te histó rica", a abordagem de
Lossius-Cram er, de u m a teologia do NT “ histórico-positiva” , pode
ser considerada u m a reversão m etodológica,1' 9 mas, partindo-se dc
outra perspectiva, isto pode ser visto como um a antítese necessária à
crítica radical das teologias do N T .120
Deve-se conferir um lugar de destaque ao totalm ente conservador
G rundzüge der biblischen Theologie (1828), de Ludwig F. O . Baum-
garten-C rusius.121 Sua obra, altam ente valorizada, reflete a influência
de G abler só até certo ponto. Consideram -se os dois T estam entos um a
unidade. B aum garten-C rusius procura “ apresentar um sistem a de
conceitos p u ram en te bíblicos que sirva como fundam ento e norm a
p ara a doutrina e como ponto de p artid a p ara a história do
dogm a” .122 Ele reconhece a validade da interp retação histórico-gra­
m atical, ,2J reconhece-se devedor de K aiser, de de W ette e Lossius,124

114 R . B u ltm a n n , T h eo lo g y o f th e N e w T e s ta m e n t (L ond res, 19 6 5 ), 1. p. 3.


115 Ver p a rticu la rm en te G o p p elt, T h eo lo g ie d e s N T , I, p . 4 1 -4 5 .
116 B ib lis c h e T h eo lo g ie d e s N euen T e sta m e n ts o d e r d ie L e h re n d e s C h riste n th u m s
aus den ein zeln e n S c h rifte n d e s N . T. e n tw ic k e lt (L eip zig , 1825).
117 V orlesu n gen ü h er d ie b ib lis c h e T h eo lo g ie d e s N eu en T e s ta m e n ts , ed. F. A . A . N àb e
(L eip zig, 1830).
118 L ossius, B ib lisch e T h eo lo g ie des N T , p . 11 e s. Cf. M erk, B ib lisch e T h eologie,
p. 217,
119 T a m b ém M erk , B ib lisch e T h eo lo g ie, p. 218.
120 T am b ém G o p p elt, T h eo lo g ie d es N T , 1. p . 4 1 .
121 G ru n d zü g e d e r b ib lisc h e n T h eo lo g ie (Ien a , 1828), Cf. K raus, B ib lisc h e T h eo lo g ie,
p. 218 .
122 B au m garten C rusius, G ru n d zü g e d e r b ib lisc h e n T h eo lo g ie, p. 3.
123 P. 6.

28
mas argum enta seriam ente co n tra os excessos da crítica deísta da
religião com vistas a defender-se das influências estrangeiras sobre a
teologia bíblica. B aum garten-C rusius sustenta que a unidade da
Bíblia é reconhecida com base no tem a com um do reino de Deus, que
une am bos os T estam entos. E ste centro da B íblia tem hoje adeptos
que pertencem a um a linha não-conservadora de acadêm icos.
O problem a da unidade e diversidade dentro do NT torna-se uma
questão im portante na exposição de A ugust N candcr, cujos dois
volumes foram publicados em 1832-33.125 Após tra ç a r a história do
período apostólico (Vol. I), distingue os diferentes apóstolos, a saber,
as correntes cie Paulo, Tiago, Pedro e João (Vol. II). A diversidade de
apresentação da m ensagem destes apóstolos serve p a ra enfatizar a
“ unidade viva’’126 da doutrina de Cristo dentro de sua m ultiplicidade.
E sta interpretação tornou possível que ele desenvolvesse em sua
últim a parte os tem as do N T .127
A influencia de N eander sobre C hristian F riedrich Schm id ê
livremente reconhecida pelo seg u n d o ,128 que considera que o método
de sua Biblische Theologie des N euen T e sta m e n ts, 2. vols. (1853)‘2<>
consiste de um a apresentação “ hisíórico-genética” dos escritos canô­
nicos do NT. Schm id acha que há um a unidade essencial subjacente
ao NT que se reflete nas diferentes doutrinas dos escritores do N T .'10
George Ludwig H a h n ,131 em 1854, tem um a opinião sem elhante e
tam bém H erm ann M essner,132 em 1856. Estes eruditos concordam
que há unidade na diversidade, que a teologia do NT se preocupa
apenas com os escritos canônicos, que o m étodo apropriado é o
“ histórico-crítico” e que é certo apresen tar a doutrina do NT mais ou
menos sob a direção tradicional da dogm ática.
A tendência da teologia do NT cham ada “ positiva m oderna” foi
encabeçada por um oponente da Escola de T übingen. O Lehrbuch der
biblischen Theologie des N euen Testam ents (1868)1” gozou de um a
grande popularidade, com sete edições num período de quase q u aren ­

124 P. 10.
125 G e sc h ic h te d e r P fla n zu n g u n d L eitu n g d e r ch ristlich en K ir c h e d u rch d ie A p o ste i,
ais s e lb s ta n d ig e r N a c h tra g zu d e r a llg e m e in e n G e sc h ic h te d e r ch ristlich en R e li­
g io n u n d K ir c h e , 2 vols. (H a m b u rg o , 1 8 3 2 -1833).
126 II, p. 501.
127 11, p. 5 0 1 -7 1 1 .
128 C. F. S ch m id , “ Ü b er das Interesse und den S ía n d der b ib lisch en T h e o lo g ie des
N eu en T esta m en ts in unserer Z eit", T u h in g er Z e itsc h rift f ü r T h eo lo g ie 4 (1838),
p. 125-1 6 0 , esp . p. 159.
129 B ib lisch e T h eo lo g ie d e r N euen T e s ta m e n ts , ed. C . von W eizsáck er, 2 vols.
(S tu ttga rt, 1853).
130 M erk, B ib lis c h e T h eo lo g ie, p. 219 e s.
131 D ie T h eo lo g ie d es N euen T e s ta m e n ts (L eip zig , 1854).
132 D ie L e h re d e r A p o s te i (L eip zig. 1856).
133 L e h b u ch d e r B ib lisch en T h eo lo g ie d es N eu en T e s ta m e n ts (B erlim , 1868). T rad.
ingl. d a 3 . a ed. The T h eo log y o f th e N e w T e s ta m e n t (L ondres, 1892).

2‘ )
ta anos.134 Ao co ntrário das opiniões radicais do F. C. Baur, o
enfoque de W eiss era conservador,135 pois ele considerava genuína a
m aioria dos escritos do NT; com parando-se a A. N cander, C. F.
Schmid, G. L. H ah n e F. M essner, o enfoque dc Weiss é menos
conservador, em bora ain d a positivo, pois ele não se direciona to ta l­
m ente ao relacionam ento do A T com o NT, e o Evangelho de João
está totalm ente excluído de servir com o fonte p ara a doutrina de
Jesus.136
Weiss sugere que " a teologia d o N T tem que descrever a m ultiplici­
dade das form as de d o u trin a dos diferentes escritores do N T ” . 137
D ocum entos extracanônícos não têm lugar na teologia bíblica
do N T .138 “ O auxiliar m ais im portante da teologia bíblica é o método,
isto é, um a exegese que siga as regras da interp retação histórico-gra-
m atical” .13!) Isto q u er dizer, p a ra W eiss, que a fundação herm enêuti­
ca tem raízes n a posição que “ in terp reta cada escritor a p artir de den­
tro dele m e sm o ",140 e não a p a rtir dos sistem as dogm ático ou filosófi­
co nem dos cham ados textos paralelos da E scritura. P or outro lado,
as palavras dos autores individuais têm que ser previstas pela teologia
bíblica.
O m étodo de Weiss caracteriza-se totalm ente por um enfoque do
“ conceito-de-doutrína” teológico (L ehrb eg riff), m uito em bora ele
reconheça um “ desenvolvimento in tern o ’' das “ duas correntes princi­
pais” , a saber, “ a apostólico-prím itiva” e ‘‘a p a u lin a ” . 14’ O enfoque
do “ conceito-de-doutrina” na teologia do N T foi passado a todos os
estudiosos que podem ser considerados rep resentantes da escola
“positiva m o d ern a” da teologia do NT. Um dos enunciados progra-
m áticos de W eiss é típico da escola “ positiva m o d e rn a ” : “ A teologia
bíblica não pode se p reo cu p ar com as investigações críticas e especia­
lizadas a respeito da origem dos escritos do NT porque é apenas um a
ciência histórico-descritiva” .142 E sta definição está m ais ou menos na
base das teologias do N T de W . B eyschlag,143 P. F ein e,144 F.

134 7 . a e d .: S tu ttg a r t/B e r lim , 19 0 3 . A s p rim eiras d ezesseis p á g in a s da prim eira ed i­


ção de 1868 foram reim p ressa s em D a s P ro b le m d e r T h eo lo g ie d e s N T , p . 45-66.
135 K raus. B ib lisc h e T h eo lo g ie, p. 151.
136 K ü m m el, H is to r y , p. 173.
137 D a s P r o b le m d e r T h eo lo g ie d e s N T , p , 52.
138 P . 60.
139 P. 61 .
140 P. 62.
141 P. 56 .
142 W eiss, L e h r b u c h , p . 8. Cf. D a s P ro b le m d e r T h eo lo g ie d e s N T , p . 53.
143 W illib a ld B ey sch la g , N e u te sta m e n tlic h e T h eo lo g ie o d e r g e s c h ic h tlic h e D a rste ilu n g
d e r L e h re n Jesu u n d d es Ü rc h riste n th u m s nach d en n e u te s ta m e n tlic h e Q u ellen ,
2. vols. (H a íle , 1 8 9 1 -1 8 9 2 ). Cf. M e r k ,B ib lis c h e T h eo lo g ie, p . 2 4 0 e s.
144 P a u l F e in e . T h eo lo g ie des N eu en T e s ta m e n ts (L ei pzig, 1910). A o it a v a e d iç ã o foi
p u b lica d a em 1951.

30
Hiichsel145 e, em língua inglesa, nos trabalhos de F. W eidnci-,''‘''
J:. I \ G o u ld ,147 G. B. Stevens,148 e outros.
I )ma outra reação “ conservadora” ao enfoque "p u ram en lc histó-
\ ico" da teologia do NT apareceu na "escola história da salvação" que
eslava ligada a G ottfried M enken (1768-1831),149 Johann T . Beck
I I804-1878)1SD e sua figura principal 1. Ch. K onrad von Hofm ann
(. (<S10-1877).151 A "escola história da salvação” do século XIX
baseia-se: (1) Na história do povo de Deus como "expressa na
Palavra"; (2) na idéia da inspiração da Bíblia; e (3) no resultado
prelim inar da história entre D eus e o hom em em Jesus Cristo. Von
H ofm ann encontrou na Bíblia o relato de u m a história salvífica
linear, em que o D eus ativo da H istória é o D eus trino cuja m eta e
propósito é redim ir a h u m anidade. Visto que Jesus C risto é a m eta
prim ordial do m undo, que a história da salvação tem como objetivo e
do qual recebe seu significado,152 o A T e o NT contêm a proclam ação
histórico-salvífica. Isto é o que um a teologia bíblica tem que expor.
C ada livro da Bíblia tem seu lugar lógico no esquem a da história da
salvação. A Bíblia não deve ser considerada basicam ente um a coleção
de textos-prova ou um a d o u trin a repositória, mas um testem unho da
ação de Deus na H istória, que não e sta rá com pleta até a consum ação
escatológica.153
A abordagem histórico-salvífica de von H ofm ann foi elogiada por
P. Feine como “ o desenvolvimento teológico mais frutífero do sé­
culo X IX ” .154 L. G oppelt tam bém lhe confere um lug ar significati­
vo,155 ao passo que outros parecem subestim ar sua im portância,
trata n d o -a como parte da “ religião do biblicism o” 156 ou não a

145 F. B ü ch sel, T h eo lo g ie d es N eu en T e sta m e n ts. G e sc h ic h te d e i W o rte s G a ite s im


N eu en T e s ta m e n t (G ü terslo h , 1935).
146 F. W eid n er, B ib lic a l T h eo lo g v o f th e N ew T e s ta m e n t, 2 vols. (C h ica g o /L o n d re s,
1891).
147 E. P . G ou td , The B ib lic a l T h eology o f th e N ew T e sta m e n t (N ew Y ork, 1900).
148 G . B . S tev en s, Th e T h eo lo g y o f th e N ew T e s ta m e n t (E d in ib u rg o, 1901; 2 . a e d .,
1906).
149 Kraus, B ib lisc h e T h eo lo g ie, p. 24 0 -2 4 4 .
150 P. 244-24 7 .
151 J. C h. K. von H o fm a n n , W eissa g u n g u n d E rfü llu n g im A lte n u n d N euen
T e s ta m e n te (N õ rd lin g en , 1841-44); id em , D e r S c h r iftb e w e iss (N õrd lin gen , 1852-
56); idem , B ib lis c h e H e r m e n e u tik , ed s. J. H o fm eister e V olck (N õrd lin gen , 1880).
T rad . ingl. I n te rp r e tin g th e B ib le (M in n ea p o lis, 1959).
152 W eissa g u n g u n d E rfü llu n g , I, p. 40.
153 K. G . S teck , D ie I d e e d e r H e ilsg esc h ic h te . H o fm a n n -S c h la tte r-C u llm a n n (Z olli-
kon, 1959).
154 F ein e, T h eo lo g ie d e s N T , p. 4.
155 G o p p elt, T h eo lo g ie des N T , I, p . 4 5 e s. T a m b ém G . E . L add, .4 T h eology o f the
N ew T e s ta m e n t (G ran d R ap id s, M ic h ,, 1974). p. 16. T rad . port. T eologia d o N ovo
T e sta m e n to (J U E R P , R io de Janeiro. 1984).
156 B etz, I D E , 1, p . 4 3 4 .

31
m encionando n u n c a .157 A influência de von H ofm ann tem sido
significativa de vários modos. As razões p a ra isto são várias. Ao
contrário de seu contem porâneo F. C. B aur, von H ofm ann não
integrou o NT n a história geral do pensam ento, m as levou-o a uma
relação histórica com o AT, isto é, introduziu-o na história da
salvação. Note-se que, ao fazer isto, ele com bina o princípio da
R eform a de deixar a Bíblia in te rp re ta r a si m esm a com um a
com preensão m oderna da H istó ria .158 P or outro lado, deve-se reco­
nhecer que von H ofm ann afirm a que a história do povo de D eus é
um a história que “ se apresenta n a P alav ra” . 159 Não pode, portanto,
ser descartada com o u m a filosofia da história da origem da hum ani­
d a d e.160 Deve-se en fatizar novam ente que p a ra von H ofm ann a
“ ação do Espírito Santo produziu os livros bíblicos, a ação do Espírito
Santo tam bém os re u n iu ” .161 Visto que o E spírito Santo é o respon­
sável pela origem dos escritos bíblicos e pela form ação do cânon, um a
teologia da h istó ria da salvação tem como tarefa a investigação do
local histórico dessas produções do E spírito Santo. Isto se consegue
m elhor através de um a interseção orgânica de toda a Bíblia ao longo
das linhas da história da salvação, e não através de um texto-prova
irresponsável p a ra com o contexto.162
A influência de von H ofm ann é evidente no erudito T heodor
Z ah n ,16'5 o hom em cuja crítica era tem ida por Adolf von H a rn a e k .164
Zahn não concebe a teologia do N T com o um sistem a científico
da religião, m as como u m a apresentação da teologia contida na
B íblia,’65 o que tem que ser apresentado em seu “ desenvolvimento
histórico” e “ organizado de acordo com os passos d a história da
salvação” .166 Sua teologia do N T com eça com João B atista, que é a
personificação da predição profética e ao m esm o tem po o “ cum pri­
mento da prom essa que aponta p ara a revelação divina final e o
iniciador da época final da história da salvação” . 167 Zahn seguia, em

157 B u ltm a n n , “ T h e H istory o f N T T h eo lo g y as a S c ie n c e ” , T h eo lo g y o f th e N T


(L on d res, 1 9 5 5 ), II, p . 2 4 1 -2 5 1 .
158 G o p p elt, T h eo lo g ie d es N T , i, p . 46,
159 Von H o fm a n n , W eissa gu n g u n d E r iü llu n g , I, p. 49 .
160 K raus, B ib lis c h e T h eo lo g ie, p. 250.
161 V on H o fm a n n , W eissa g u n g u n d E r fü llu n g , I, p. 49.
162 V o n H o f m a n n , D e r S e h rifb e w eis (N o r d l i n g e n , 1852 56); cf. G o p p elt, Th eologie
d es N T , I, p . 46.
163 T . Z ahn, G e sc h ic h te d e s n e u te s ta m e n tlic h e n K a n o r ts , 2 v ols. (E r la n g e n /L e ip z ig ,
1888-92); id e m , E in le itu n g in d a s N e u e T e s ta m e n t, 2 vols. (L e ip z ig , 1906-07);
id e m , G ru n d riss d e r n e u te s ta m e n tlic h e n T h eo lo g ie (L eip zig . 1928). Cf. Kraus,
B ib lisch e T h eo lo g ie, p. 18 e s.
164 K ü m m el, H is to r y , p . 197.
165 Z ahn, G ru n d r iss de.r n tl. T h eo lo g ie, p. 1.
166 I b id .
167 P . 5.

32
sua exposição, a abordagem do "conceito-de-doutrina" (L eh rb e-
Kriíf),l6a m as só raram en te re to rn a ao AT.
O lugar de Adolf S c h la tte r,169 no aspecto do desenvolvimento da
teologia do NT, tem sido d eb a tid o .170 S chlatter “ é talvez o único
erudito ‘conservador’ do Novo T estam ento desde Bengel, que pode ser
i-uíocado n a m esm a escola de B aur, W rede, B ousset e B ultm ann” . 171
Incluím os Schlatter no grupo associado ao enunciado geral da
história da salvação (H eilsgeschichte) porque ele tem que estar ligado
a este movim ento. Em seu provocante ensaio “ M étodos A teus na
Teologia” (1905),172 S chlatter rejeita o ateísm o inerente ao m étodo
histórico-crítico m oderno e afirm a que nem a cu ltura, com sua
cosmovisão ( W eltanschauung), nem o m étodo histórico m oderno são
adequados à teologia do NT. Os m étodos que tentam estu d ar o
desenvolvimento do cristianism o sob um a base p u ram en te histórica
sem o em prego da ação de D eus são ''a te u s ” .173 E sta com preensão de
Schlatter n a realidade total, inclusive divina, to rn a sua “ solução p ara
o problem a da teologia do Novo T estam ento inaceitável para qu al­
quer pessoa que deseja vê-la com o disciplina p u ram en te histórica a
ser estud ad a através dos m étodos com partilhados p o r todos os his­
to riad o re s".174 Isto levanta a questão fundam en tal da m eta da
pesquisa histórica.

168 M erk (B ib lis c h e T h eo lo g ie), p. 251, n ° 137) declara q u e Z ahn é o últim o a u tili­
zar este tip o de a b o rd a g em .
169 A. S ch la tter, D e r G la u b e im N eu en T e s ta m e n t { D arm sU idt. 1885; 5 . a e d ., 1963),
c h a m a d o de " N T th eo lo g y in n u ce " (B u ltm a n n , T h eo lo g y o f th e N T , II, p. 248);
id em , D ie T h eo lo g ie d es N eu en T e s ta m e n ts , 2 vols. (S tu ttg a rt, 1909-10), que foi
p u b lica d a com os títu lo s G e sc h ic h te d e s C h rislu s (S tu ttg a rt, 1923), e D ie T h eo lo ­
g ie d e r A p o s te i (S tu ttg a rt, 1 922), resp ectiv a m en te. O im p o rtan te en saio progra-
m á tíco de S ch la tter, “ D ie T h eo lo g ie des N cu cn T esta m en ts und d ie D o g m a tik " ,
B eitrã g e z u r F b rd e ru n g c h rístlic h e r T h eo lo g ie 13 (1 9 0 9 ), p. 7-82, foi rep rod uzido
por A . S ch la tter, s m K I e in e S c h r ifte n , ed. U . L uck (M u n iq u e , 1969), p. 203-255,
e em D a s P ro b lem d e r T h eo lo g ie d e s N T (d a q u i em d ian te c ita d o com o P T N T ),
p. 155-2 1 4 . T ra d . ingl. “ T h e T h eo lo g y o f th e New T esta m en t and D o g m a tíc s” ,
de R . M organ , T h e N a tu re o f N e w T e s ta m e n t T h eo lo g y, p . 117-166 (d a q u i em
d ian te cita d o c o m o N N T T ).
170 B u ltm a n n {T h e o lo g y o f th e N T , II, p. 248) a firm a qu e S ch la tter con fere um “ lugar
ú n ico para si em todo o d esen v o lv im en to da teo lo g ia d o N T . O. B etz declara qu e
“ S ch la tter se fix o u a u m a lin h a so m en te s u a ” (ÍD B I, p. 4 3 6 ), m as G o p p elt o
coloca in teira m en te dentro da esco la da “ história da sa lv a çã o ” n a eru d içào do N T
(T h e o lo g ie d e s N T , I, p. 4 7 ), en q u a n to H arrington diz (P a th o f B ib lic a l T h eo lo g y,
p . 116), su rp reen d en tem en te, q u e S ch la tter p ro d u ziu “ um a alternativa p ou co
satisfató ria à h e ilsg e sc h ic h tlich e p o s iç ã o ’'.
171 N N T T , p. 27.
172 A . S ch la tter, " A th eistisch e M eth o d en in der T h eo lo g ie" (1 9 0 5 ). reim presso in
K le in e S c h r if te n , p. 134-150.
173 P . 139.
174 M organ , N N T T , p. 33.

33
Em prim eiro lugar, S chlatter concebe “ o objeto do (colu^ia do
Novo T estam ento, que quer p erm anecer com o cicncín pura ser a
palavra do Novo T e sta m e n to ".176 A teologia do NT como Ijd restrin­
ge-se aos escritos canônicos do NT e não contém a lilcrnlim i com pleta
do cristianism o prim itivo (contra W rede e seguidores). A igreja foi o
resultado da p roclam ação do N T e não vice-versa.1"' “ O fato de a
história do Novo T estam ento e de a palavra que lhe confere lestem u-
nho serem a base da existência do cristianism o é expresso pelo fato de
o Novo T estam ento ser o seu cânon” .177 Schlatter sustenta um a
teologia canônica do N T p orque considera autênticos todos os
docum entos do N T (exceto II P ed ro ).178
Schlatter é altam ente sensível à questão da objetividade histórica.
Ele agride nervos sensíveis ao declarar que “ a objetividade histórica é
ilusória” ,178 se a teologia do N T p artic ip a de todos os debates
suscitados pelas escolas filosóficas (racionalista, hegeliana, kantia-
na), como tem sido o caso. A p o stu ra de que o teólogo do N T funciona
como um h istoriador que “ explica” e “ observa o Novo T estam ento de
modo n e u tro ” significa “ com eçar im ediatam ente u m a lu ta determ i­
nada contra ele” .180 P or quê? S chlatter responde: “ A palavra com
que o Novo T estam ento nos confronta p retende te r crédito, e assim
exclui de um a vez p o r todas q u alq u er tipo de tratam ento neutro.
Q uando o h istoriador põe de lado ou entre parênteses a questão d a fé,
está transform ando seu interesse 110 Novo T estam ento e sua apresen­
tação do m esm o n u m a polêm ica to tal e radical con tra ele” .181 Ao
rejeitar a reivindicação de objetividade da p a rte daqueles que usam
um enfoque “ p u ram en te histórico” , S chlatter antecipou o debate
entre os estudiosos do AT O. Eissfeldt e W . E ichrodt, em 1920.18:1
As críticas dirigidas por S chlatter contra a perspectiva “puram ente
histórica” da teologia do NT nem ao menos im plicam que ele seja
insensível à investigação histórica. Schlatter defendia a teologia do
NT como disciplina histórica contra aqueles que afirm am que um a
interpretação que explica a teologia do NT historicam ente “ é fu n d a ­

175 N N T T , p. 164. '


176 A W 7 T , p. 120: “ V isto que o c ristia n ism o se b a se ia no N o vo T esta m en to , a
in terp reta çã o d o N ovo T esta m en to é um a to qu e to ca sua estru tu ra" .
177 N N T T , p. 120.
178 P . 146-1 4 8 .
179 P. 123.
180 P . 122.
181 I b id .
182 O . E issfe ld t, “ Isra elitisch -jü d isch e R e lig io n sg esch ich te u n d a lttesta m en tlich e
T h e o lo g ie " , Z A W 4 4 (1 9 2 6 ), p . 1-12; W . E ichrodt, “ H a t die a lttesta m en tlic h e
T h e o lo g ie n o ch selb stã n d ig e B ed eu tn n g inn erharlb der a lttesta m en tlic h e n W is­
se n sc h a ft? 1’ Z A W 47 (1 9 2 9 ), p. 83-91; c f. H a sel, O T T h eo lo g y, p. 32.

34
m entalm ente irreligiosa” .183 “ Se se exclui a história da influência de
Deus com base em que ela é m eram ente tran sitó ria e hum ana, não
existe nenhum a relação consciente de Deus com a nossa vida pes­
soal” .18'1 Schlatter critica, p o r um lado, a com preensão liberal de
história como um círculo fechado de causa e efeito que não deixa
espaço p a ra a transcendência185 e, por outro lado, um a ortodoxia
estreita que afirm a que D eus atu a p a ra além da H istória e não nela ou
através dela. “ P ortanto, o Novo T estam ento repudia literalm ente a
tese de que a revelação e a H istória não podem se unir, o que ao
mesmo tem po destrói a visão de que a pesquisa histórica é um a
negação da revelação” .186 E ste enunciado só pode ser lido correta­
m ente se tivermos em m ente que nossa com preensão da realidade tem
a ação de Deus na H istória. É neste sentido que R. M o rgan187 observa
que a posição de Schlatter tem m uito em com um com alguns aspectos
da posição teológica de W. P an n en b erg 188 e com a sua crítica da
subseqüente “ teologia da P alavra” .
Schlatter afirm a que não se deve ir além das fontes do NT. “ O p en ­
sam ento histórico não deve estender-se além daquilo que as fontes
revelam; de outro modo a pesquisa histórica transform a-se num a
novela” .181' Ele p arte do pressuposto de que o testem unho do NT é
unificado, apesar de toda diversidade, e que a fé é a pressuposição
p a ra a com preensão ap ro p riad a dos escritos do N T .190 A unidade do
testem unho do NT tem um a fundação histórica no ‘‘am biente de
Jesus e de seus seguidores, que era o judaísm o p alestin o” .19’ Schlatter
declara o seguinte a respeito da Bíblia como um todo:

A unidade, que a Bíblia precisa e tem , consiste em que todas as


suas instruções se reúnem num todo. Não posso colocar certo
ponto de lado sem com prom eter o todo; não posso elim inar um
ponto sem p erd er o todo; não posso me unir a um ponto sem assu­
m ir o todo e ser guiado po r e le ...

183 N N T T . p. 151.
184 P. 152.
185 V er a recen te declaração a resp eito d o h istoriad or R. W . F u n k , “ T h e H erm eneu-
tical Probletn a n d H isto rica l C riticism '', T h e N e w H e rm e n e u lic , eds. J. M . Ro-
b in son e J. B. C obb, Jr. (N ew Y ork, 1964), p. 185: “O h istoriad or não pode
pressu p or u m a intervenção sobren atural n o n ex o c a u sa i c o m o base para seu
tr a b a lh o .”
186 N N T T . p. 152.
187 N N T T . p. 32.
188 W . P a n n en b ere, B a sic Q u e stio n s in T h eo lo g v. 2 vols. (F ila d élfia , 1970-71).
Cf. H asel, O T T h eo lo g y, p. 6 8-75.
189 S ch latter, T h eo lo g ie d es N T , I, p. 11.
190 V er e sp ec ia lm en te G . E gg, A d o l f S c h la tte r s k r itis c h e P o sitio n . g e z e ig t an sein er
M a tth à u s in te r p r e ia lio n (S tu ttgart, 1968). p . 5 5 , 6 4 -6 6 , 107 e s.
191 P. 5 5 e s . , 12 3 -1 2 5 .

35
E Paulo, que enfatiza a singularidade da palavra du NT de modo
bastan te m arcante, assum e com extrem o vigor o aparentem ente
mais distante m em bro do AT: a lei. Nisto ele experim enta com
força nova o que a lei deseja e ressurge na plenitude e lilu rdade da
fé .’'*2

L. G oppelt e H. J. K raus estão corretos ao ver na perspectiva de


Schlatter um a concepção da história da salvação. Schlatter apre­
senta-se como um gigante que tom ou em consideração a natureza de
toda a teologia do NT, m as cujas opiniões não receberam a atenção
que m ereciam . Ele é um biblicista fan ático .194 Ele acha que a autoria
apostólica não m ilita con tra a possibilidade de um desenvolvimento
do pensam ento 110 NT. R. M organ observa corretam ente: ‘‘Posto que
a teologia cristã, como interpretação contem porânea da tradição
cristã, consiste sem pre nesta contínua discussão en tre conservadores e
liberais ou m odernistas, o estudo do p rotestantism o liberal pode
encontrar um equilíbrio proveitoso levando-se Schlatter cm conside­
ração” .’96 Schlatter é precursor daqueles p a ra quem a questão
“ teológica” é p redom inante.
U m a perspectiva da teologia do NT provavelm ente não m uito
diferente daquela de Schlatter é a que foi esboçada por W illiam
W rede (1859-1906) em seu ensaio p rogram ático Uber À ufgube und
M ethode der sogenannten N eutestam entlichen Theologie publicado
em 1897.1y6 Este ensaio transform a W rede no pioneiro da fase
'‘histórico-religiosa” 197 da teologia do NT, que surgiu onze anos após
as prim eiras teologias do AT que continham o enfoque da ‘‘história
da religião” serem publicadas por Augu.st Kayser (1886) e C.
Piepenbring (1886).198 Antes de qualquer consideração a respeito dos
pontos m ais im portantes dos argum entos de W rede devemos analisar

192 A . Schlatter, E in le itu n g in d ie B ib e l ( 4 . a e d ., 1923), p. 481 e s ., con form e citad o


par K raus, B ib lisch e T h eo lo g ie, p. 177 e S.
193 G o p p elt, T h eo lo g ie d e s N T , I, p . 47 e s . ; K raus, B ib lisch e T h eo lo g ie, p. 178.
194 K raus (B ib lisc h e T h eo lo g ie, p. 177) afirm a q u e o tipo de teologia de S ch latter não
é b ib licism o , p o rq u e ele n ão sep ara o a to do p en sa m en to do ato d a vida e se
p reocu p a co n sta n te m e n te com a a tu al recep çã o do que é histórico.
195 N N T T , p. 32...
196 W . W red e, U b e r A u fg a b e u n d M e th o d e d e r S o g e n a n n te n n e u te sta m e n tlic h e n
T h eolo g ie (G õ ttin g e n , 1897), reim presso em P T N T , p . 81 154. T rad . ingl. de
R . M organ , em N N T T , p. 6 8 -1 1 6 , sob o titulo; "T he Tastc and M eth o d s of
‘New T esta m en t T h e o lo g y ’ ",
197 H a jiiiifílo n . The Puth o f B ib lic a l T h eo lo g y, p. 115, está to ta lm en te fnra dos
lim ites de su a d ecla ra çã o de que ‘‘o en saio de W red e é o p ro g ra m a da escola
h e ils g e s c h ic h tlic k '\ .
198 H asel, O T T h eo lo g y, p. 29-31.

36
(.ipnlam eníe a obra de H . J. H oltzm ann, que havia aparecido
icccntcinente e era alvo m aior do ataq u e de W rede.
O m onum ental Lehrbuch der neutestam entlichen Theologie, em
■ti 'is volumes, de H einrich Julius H oltzm ann (1832-1910) apareceu em
[ H‘)7.1‘'9 R. B ultm ann o cham a de “ um modelo da consciência
i rílica”200 e R. M organ de “ um clássico da erudição histórico-crítica
rejeitou as opiniões conservadoras de W eiss sobre a autoria, seu
isolamento do Novo T estam ento do m undo do pensam ento circun­
dante e especialm ente sua opinião de que a revelação poderia ser
pressuposta pela disciplina” .2t>1 H oltzm ann segue a m etodologia de
I C . B aur, mas deixa de fora o hegelianism o. Ele não deseja isolar o
NT de seu meio cultural, m as recai no método do “ conceito-de-dou-
u in a ” (Lehrbegriff) e coloca lado a lado os escritos do NT, m ais ou
menos sep arad am en te.202 H oltzm ann m anteve o nom e tradicional da
Icologia do N T e se restringiu, p o r razões pragm áticas e não
metodológicas, aos escritos canônicos do NT, mas declarou que
“ a separação entre o central e o periférico será a conseqüência
inevitável de todo o tratam en to dos problem as bíblico-teológicos sob a
perspectiva histórica” .203 Este procedim ento leva a um m étodo ato-
m ista parcialm ente tradicional e parcialm ente crítico. Ãs doutrinas
do hom em , da lei, do pecado, da corrupção e da revolução (conver­
são) seguem-se as da cristologia, da redenção e da ju stiça divina. Os
capítulos finais discutem a ética, o m isticismo e, p o r fim, a escatolo­
gia. “ A cada passo torna-se evidente como é artificial um a organiza­
ção do m aterial que deixe de fora as conexões inerentes ao siste­
m a” .204 H oltzm ann apega-se, em geral, à noção de que a pesquisa
histórica no cam po da teologia bíblica é um a em presa teológica.
A teologia do N T de H oltzm ann e seu m étodo de justificativa da
tarefa teológica despida do que (em valor eterno (ornam evidentes que no
final do século XIX a teologia do NT p artiu do princípio de J. P. G a­
bler e G. L. B auer. Surpreendentem ente Adolf D eissm ann conclui,
em seu ensaio “ Z ur M ethode der biblischen Theologie des Neuen
T estam ents” (1893),105 que cem anos depois de G abler “ não há mais
nenhum a dúvida a respeito do caráter p u ra m en te histórico da

199 H .-J, H o ltzm a n n , L e h rb u c h d e r n e u te sta m e n tlic h e n T h eo lo g ie, 2 vols (F re ib u r g /


L eipzig, 1897).
20 0 B u ltm an n , T h eo lo g v o f th e N T , II, p. 245.
201 N N T T , p. 7.
202 M e r k ,B ib lis c h e T h e o lo g ie , p. 242; K ü m m el, H is to r y , p- 191.
203 H oltzm a n n , L e h rb u c h d e r n e u te s ta m e n tlic h e n T h eo lo g ie, I, p. 25.
204 A . Schw eitzer, P a u l a n d H is I n te r p r e te r s . A C ritic a i H isto rs1 (S ch ock en ed.;
N e w Y o r k , 19 6 4 ), p. 102.
205 Â . D e issm a n n , “Z ur M eth o d e der b ib lisch en T h e o lo g ie des N e u e n T esta m en ts’1,
Z T h K 3 (1 8 9 3 , p . 1 2 6 -1 3 9 , reim presso em P T N T , p . 67 -8 0 .

37
teologia do N T ” .20* D eissm ann, no en tan to , sustrnln que nAo se pode
sobrepor “ conceitos-de-doutrina” (L ehrb eg riffv) uo N T .'"' A n atu re ­
za da história do NT exige, “ em p rincípio” , que ria víi além dos
escritos canônicos, de m odo que “ a aparên cia dc unm m ia p redeter­
m inada seja rem ovida” .208 A m eta da teologia do NT é “ le p io d u /ir os
pensam entos ético-religiosos do cristianism o prim ilivo” . o que inclui
as seguintes três tarefas principais: “ prim eiro, d clcn n inai d eonteúdo
do pensam ento ético-religioso da época em que apareceu a cristan-
dade e p a ra a qual seu evangelho se d estin a” /" '' se^m ido, determ inar
“ as prim eiras m anifestações da consciência crislil prim iliva” ;210 e,
terceiro, estabelecer “ a apresentação da consciência lotai do cristia­
nism o prim itivo” .211 A ênfase está n a terceira, que quer di/.er, por
um lado, que é inevitável ao h istoriador lu tar por uma apresentação
sistem ática, e, por outro lado, que h á um a “jiislifiealiva histórica
para a tentativa de dem onstrar a unidade na diversidade do testem u­
nho clássico do cristianism o prim itivo. C ertam enlc itào há uniform i­
dade!” 212 A sistem atização do pensam ento do NT c a coroação da
em presa com o tal. É a interseção entre “ D eus, hom em , Cristò,
salvação” .213
W illiam W rede tam bém com bateu a perspecliva do “ conceito-de-
d o u trin a” (Lehrbegriff) em seu ensaio, que m arcou época, escrito em
1897,214 Ele confia m enos do que D eissnuinn que o program a de
G abler da teologia bíblica como disciplina p u ram en te histórica tenha
se realizado. W rede afirm a enfaticam ente: "A teologia bíblica
h o je...não é ainda, no sentido verdadeiro e estrito^ um a disciplina
histórica em ab so lu to ” .215 W rede “ proclam a clara e consistentem ente
a autonom ia do enfoque histórico” .216 Ele rejeita a terceira tarefa de
D eissm ann, de u m a “ interseção” , p orque “ seria apenas abstração da
história re a l” e “ não tem os o costum e de fazer exigências sem elhan-

206 D e issm a n n . P T N T , p. 67 (o grifo é dele).


207 P. 74-7 6 .
208 P. 67.
209 P. 68 .
2 10P. 73.
211 P. 78.
212 P. 79.
213 I b id .
214 Ver, a c im a , n .° 196. P ara a v a lia çã o do en sa io de W red e, ver M . D ib e liu s,
“B ib lisc h e T h e o lo g ie und b ib lisch e R e lig io n sg e sc h ic h te II. des N T ” , R elig io n in
G e sc h ic h te u n d G e g e n w a rt ( 2 . a e d .; T ü b in g en , 1 927), I, p. 1 .1 9 1 -1 .1 9 4 , esp .
p. 1 .1 9 2 e s.; G . Strecker, “ W illia m W red e. Zur h u n d ersten W ied erk eh r seines
G e b u r tsta g e s” , Z T h K 57 (1 9 6 0 ), p . 67-91: K ü m m el, H is to r y , p . 3 04 e f.; Kraus,
B ib lisc h e T h eo lo g ie, p. 163-166; R . M organ , N N T T , p. 8 -2 6 .
215 P T N T , p. 154; N N T T , p . 116.
216 K raus, B ib lis c h e T h eo lo g ie, p. 164.

38
tes em outras áreas da história da religião” .217 E le ataca a pesquisa
histórica do N T do século XIX, p articularm ente a Escola de T ü b in ­
gen, de F. C. B aur, mas tam bém a teologia de A. R itschl (1822-1889).
O segundo confiava nas estru tu ras históricas, m as abandonou-as
arb itrariam en te quando e n tra ra m em conflito com a d o u trina ou com
o cânon. W rede lutava p o r u m a aplicação consistente do método
histórico-crítico, isto é, os escritos do NT têm que ser entendidos e
interpretado s unicam ente com base na cu ltu ra do próprio tem po.218
Isto quer dizer tan to que o princípio da R eform a da auto-interpreta-
ção da Bíblia é com pletam ente rejeitado, como se não existisse inspi­
ração,219 m as que o q u ad ro histórico do cristianism o histórico pode
ser traçado a p a rtir dos três princípios enum erados pelo “ dogm ático
da escola da história das religiões” 220 E rnst T roeltsch (1865-1923),
a saber, crítica histórica, analogia e a correlação entre os processos
históricos.221 E sta afirm ação leva W rede a d eclarar que o método
dom inante d a teologia do N T conform e m anifesto nas obras de
F. C. B aur, B. Weiss e H. J. H oltzm ann, isto é, o método dos
“ conceitos-de-doutrina” (Lehrbegriffe) , deve ser rejeitado.222 “ Con­
tanto que a teologia do Novo T estam ento reten h a um a ligação direta
com a dogm ática como m eta e espere com isto obter m aterial de
trabalho p a ra a dogm ática — e isto é um a perspectiva com um — será
natural que a obra teológica bíblica m antenha um olho na (hinschie-
len) dogm ática. A teologia bíblica será pressionada a responder às
questões da dogm ática que não são respondidas pelos docum entos
bíblicos e ten tad a a elim inar os resultados que forem problem áticos
p a ra a do g m ática".223 W rede tran sm ite a im pressão de que a teologia
do NT é um a em preitada que tem "u m olho n a ” dogm ática e que dela
recebe suas questões. Se isso só dá ou não, é discutível. E m todo caso,
W rede sustenta que o erudito que trab alh a consistentem ente com o
m étodo histórico-crítico não estu d a a teologia ou d o u trin a de um
movimento (cristianism o prim itivo), m as investiga e apresenta a sua
“ religião” .

217 P T N T , p. 1S2, n .° 96; N N T T , p. 193, n .° 96.


218 P T N T , p. 108-123; N N T T , p. 84 -9 5 .
219 P T N T , p . 83; “ A a n tig a d ou trin a d a in sp iração é reco n h ecid a p e la teo lo g ia a c a ­
d êm ica, in clu siv e am p la m en te en tre as da ‘d ireita ’, c o m o in su sten tável. Para o
p e n sa m e n to ló g ic o n ão p o d e haver p o siç ã o in term ed iá ria e n tre o s e scrito s in sp ira­
dos e os d o cu m en to s h istó rico s, em b o r a n ã o fa ça , de fa to, fa lta um q u arto entre
três q u artos de d ou trin a in sp ir a d a .” O corolário resu lta n te é o segu inte: “ O nd e
foi d escarta d a a d ou trin a da in sp ira çã o , n ã o se p o d e m ais m a n ter o con ceito
d o g m á tico do c â n o n ” (P T N T , p. 8 5 ). C f. N N T T , p. 6 9 e s., com, tradu ção in exata.
2 20 M organ , N N T T , p . 10. ' *
221 T roeltsch , em T h eo lo g ie ais W isse n sc h a ft, ed . G . S a u ter, p . 107.
222 P T N T , p . 9 1 -1 0 8 ; N N T T , p . 73 -8 4 .
223 P T N T , p . 8 2 (tra d u ç ã o m in ha); N N T T , p. 69.

39
O método da "h istó ria das religiões” de W rede224 trouxe tam bém
um a nova avaliação do título da disciplina da teologia do NT. W rede
assinala que, com o disseram outros antes dele, “ o nom e ‘teologia
bíblica’ originalm ente não significava u m a teologia que a Bíblia
contém , m as um a teologia que tem um c a rá te r bíblico e extraída da
Bíblia. Podem os considerar isto irrelevante” .225 K raus acha surpreen­
dente esta irrelevância, “ pois W rede, não obstante, projeta seus
próprios conceitos, sem reflexão posterior — conform e ele acha — no
‘significado original’ da ‘teologia bíblica’ ” .226 Na verdade, a questão
não é tão irrelevante quan to foi dito. W rede propõe um novo título
p ara a disciplina, sob a influência de G. K rü g er,227 pois o nome é
controlado pela m atéria de estudo. “ O nom e ‘teologia do Novo
T estam ento' está incorreto em am bos os seus term os. O Novo T esta­
m ento não tra ta m eram ente da teologia, m as, n a verdade, tra ta m uito
mais da religião... O nome ap ro p riad o p a ra a m atéria é: H istória da
Religião do C ristianism o Prim itivo ou a H istória d a Religião e da
Teologia Cristãs Prim itivas” .228 Isto quer dizer que a teologia do NT,
em seu sentido m ais am plo, está m orta.
De acordo com d ar um novo nom e e tran sfo rm ar a disciplina,
W rede define a incum bência sarcástica em resposta à sua própria
pergunta: “ O que estam os realm ente p rocurando? Em últim a in stân ­
cia, querem os pelo m enos saber o que se pensava, acreditava,
ensinava, esperava, pedia e lutava p o r no período m ais antigo do
cristianism o; não o que certos escritores dizem a respeito de fé,
doutrina, esperança, etc” .229 A m atéria de estudo d eterm ina a tarefa.

Em seu todo, não está em p oder do p esquisador histórico servir à


Igreja através de seu trab alh o . O teólogo que obedece ao objeto
histórico com o a um m estre não está em posição de servir à Igreja
através de seu trab alh o p ropriam ente histórico-científico, mesmo
que estivesse pessoalm ente interessado em fazê-lo. Ter-se-ia então
que considerar a investigação da verdade histórica a serviço da
Igreja. É aí que está a dificuldade p rin cip al de to d a a nossa situa­
ção teológica, ela não é criada por vontades individuais: a Igreja

224 P od em -se en con trar bo a s d iscu ssõ es sobre o m éto d o e a e sc o la d a h istória das
religiõ es em S. N eill, The I n te rp r e ta tio n o f T h e N e w T e s ta m e n t 1861-1961
(L ond res, 1964), p. 157-190; K ü m m e l, H is to r y , p. 2 0 6 -324; K raus, B ib lisc h e
T h eo lo g ie, p. 160-169.
225 P T N T , p . 153; N N T T , p . 115.
226 K raus, B ib lis c h e T h eo lo g ie, p. 165.
227 G ustav K rüger, D a s D o g m a vom N e u e n T e s ta m e n t, P ro g r a m m d e r U n iv e rsitm
G iessen (G iesse n , 18 9 6 ), p . 3 4 . C f. M e r k , B ib lis c h e T h eo lo g ie, p. 245.
228 P T N T , p . 153 e s. (tra d u çã o m in ha); N N T T , p . 116.
229 P T N T , p. 109; N N T T , p. 8 4 e s. (o s g rifo s são dele).

40
repousa na H istória, m as a H istória não pode fugir à investigação
e a investigação da H istória possui suas p ró p rias leis in tern a s.230

A H istória é, portanto, autônom a: o teólogo não tem nenhum m es­


tre, a não ser “ o objetivo histórico” . K raus enfatiza corretam ente:
“ W rede an uncia u m a troca de m estres. Até agora os ‘conceitos-de-
d o u trin a’ eram os m estres; de agora em diante a H istória é o m es­
tre ” .231 M as o próprio W rede adm ite que “ os conceitos devem, sem
dúvida, desem penhar um papel im portante na teologia do NT. São a
paFte da religião cristã prim itiva m ais fácil de se apreender, e a
m aioria dos resultados do desenvolvimento religioso estão resum idos
neles. Nossa disciplina, contudo, não lida com todos os conceitos,
mas apenas com os norm ativos e dom inantes, e, p o rtan to , com os
característicos e indicativos” .232 W rede espera d a teologia do NT que
ela “ nos m ostre o caráter especial das idéias e da percepção dos
antigos cristãos, p ro fundam ente elaboradas, e nos ajude a com ­
preendê-las h istoricam ente” .233 O novo pro g ram a de W rede é, assim,
(1) totalm ente livre de interesses da Igreja e das questões levantadas
pela dogm ática, (2) supostam ente desinteressado d a teologia como
tal, (3) totalm ente com prom etido com um a m etodologia histórica
consistente, (4) um a busca em apresentar a religião do mais antigo
cristianism o, (5) obrigado a estu d ar as fontes sem levar em conta o
cânon, (6) u m a tentativa de m ostrar o c a rá te r especial das idéias e
percepções dos prim eiros cristãos, (7) u m a descrição dos “ conceitos”
da religião cristã prim itiva, com a intenção de ap o n tar p ara o
desenvolvimento, e (8) seguidor da abordagem da história das
religiões.
Como iria W rede estru tu ra r a sua “ história da religião cristã
prim itiva” ? “ O prim eiro tem a principal da teologia do NT é a
pregação de J e su s”, 234 em bora “ não estejam os de posse da ipsissim a
verba (m esm íssim as palavras) de Jesus” .235 A isto deve seguir um a
descrição da fé e da d o u trin a das com unidades cristãs judaicas e
gentias. “ A seguir vem um capítulo especial a respeito de P aulo” .236
A secção a respeito d a “ teologia jo a n in a ” fo rm ará o capítulo final.237
O program a histórico-religioso de W rede não se realizou num a
publicação dele próprio. Ele m orreu em 1906. M as sua influência foi

230 PTNT, p. 90 (tra d u çã o m inha); N N T T , p. 73.


231 K raus, B ib lisch e T h eo lo g ie, p . 164.
232 PTNT, p. 95 e s.-, N N T T , p. 76 e s.
233 PTNT, p. 104; N N T T , p. 83.
234 PTNT, p . 135: N N T T , p . 103.
235 PTNT, p. 136; N N T T , p . 104.
236 PTNT. p . 139; N N T T , p . 106.
2 37 PTNT, p . 147-150; N N T T , p. 112-114.

41
definitiva. H enrich W einel foi o prim eiro n u tü l/a i o imvo program a
num a obra que surpreendentem ente inlituUu» ilr Híblisrtu’ Theologie
desN eu en Testam ents (1911).23S O subtílulo, "A Religião dc Jesus e o
C ristianism o Prim itivo” , revela claram ente a siut iiil<u<,'rto histórico-
religiosa. Ele afirm a que “ no lugar de uma teolngin bíblica do NT
deve ser colocada u m a história da religião do ctisliim isino prim iti­
vo” .239 W einel enfatiza fortem ente a "religiíío d«* .lesus” como um a
“ religião ética da redenção” , ao con trário da "religião m ítica da
redenção” ,240 am bas unidas na “ religião” do cristianism o prim itivo.
A influência da dialética hegeliana é evidente. Weinel tam bém é
veem entem ente contra o “ c aráter teológico especial” , que foi negado
por W red e.241 A razão p a ra este m ovim ento da descrição (reconstru­
ção) p ara a interp retação (teologia) foi fu n dam entalm ente o "fa to de
que faltava um conceito claro de fé e religião” na escola da
“ história das religiões” .243
Dois anos após a publicação do livro de W einel, aparece o significa­
tivo Kyrios Christos (1913), de W ilhelm B ousset (1865-1920).244 Ele
supera a época claram ente delineada de F. C. B aur através de um a
sutil história da origem e desenvolvimento da religião do cristianism o.
A aplicação da crítica da tradição radical reduz ao m ínim o a figura de
Jesus. Bousset declara que em m uitos casos os cristãos eram adorado­
res de m istérios antes de se converterem . O que aconteceu foi um a
transferência dos conceitos dos deuses m itológicos p a ra Jesus de
Nazaré. O Kyrios das antigas igrejas gregas é um poder que está
presente no culto e adoração onde os crentes m antêm um a com unhão
sacram ental com ele. Assim, Paulo ou seus sucessores transform aram
o cristianism o prim itivo num culto de m istérios. “T ais processos
ocorrem no inconsciente, nas incontroláveis profundezas d a psique
total da com unidade” .245
K arl Holl e L. G oppelt questionam se a origem da igreja católica
prim itiva foi realm ente explicada p o r Bousset e sua abordagem da

238 H . W ein el, B ib lis c h e T h eo lo g ie d e s N eu en T e s ta m e n ts {T ü b in g en , 1911; 4 . a e d .,


1928).
239 P. 3.
240 P. 130 e ss.
241 M erk, B ib lis c h e T h eo lo g ie, p. 2 4 7 .
2 42 B u ltm a n n , T h eo lo g y o f th e N T , 11, p . 246.
243 3. K afta n (N e u te sta m e n tiic h e T h eo lo g ie im A b r is s d a r g e s ts llt ["Berlim, 1 9 2 7 ] )
ta m b ém p erten ce à e sc o la da h istó r ia das relig iõ es. E le co n ceb e a religião d o N T
c o m o u m a “ relig iã o ética d a red en çã o ” .
2 4 4 W . B ou sset, K y r io s C h risto s. G e sc h ic h te d es C h r istu sg la u b en s von den A n fán gen
d e s C h r iste n tu m s b is I re n a e u s (G ò ttin g e n , 1913; 6 . a ed .; D a r m sta d t, 1967).
T rad. in g l. K y r io s C h risto s (N a sh v ille, 1970).
245 B o u sset, K y r io s C h risto s, p . 9 9 .

42
história da religião.246 "P o r que foram o judaísm o e o helenismo
rejeitados como elem entos estranhos, se, como já foi dito aqui, a
igreja prim itiva nasceu deles em continuidade histórica? A apresenta­
ção puram en te histórica não consegue explicar este hiato e, portanto,
fazer um retrato com pleto, pois faz da continuidade histórica um a
pressuposição. Do m esm o m odo, o quadro da cristologia prim itiva
está pressuposto no princípio histórico da correlação: os mitos
redentores dos arredores são transferidos p a ra Jesus!” 247 É evidente
que um enfoque p u ram en te histórico não é exatam ente idêntico à
“ objetividade p u ra ” ou ciência objetiva. E. T roeltsch havia mesmo
declarado que o próprio m ctodo histórico-crítico tem como pressu­
posição m ental “ toda u m a visão de m undo” .248 Isto im plica que a
pesquisa histórica está sem pre condicionada à corrente filosófica da
época.
Façam os um resum o. N a virada do século XX, a teologia protes­
tan te é representada num vasto pan o ram a. Prim eiro, há Franz
Overbeck, que ab an d o n a voluntariam ente a cadeira de exegese do NT
e história da igreja antiga na U niversidade de Basiléia em 1897 por
causa da m etodologia histórica pura, que o levou à sua “ descrença
b ásica” .249 Sua descrença radical nega a tarefa da teologia num
estudo puram en te histórico do NT. Segundo, h á a escola da história
das religiões com seu pro g ram a de um a teologia histórico-religiosa
baseada num m étodo histórico-crítico consistente (W rede, Troeltsch,
Weinel, Bousset, etc). E, finalm ente, há a crítica teológica incisiva do
método “p u ram ente histórico” de Schlatter, um estudioso extrem a­
mente erudito, com um sólido interesse no enfoque da história da
salvação (H ei/sgeschichte). É neste cenário que chegam os à ascensão
da teologia dialética.

D. Da Teologia Dialética até o Presente

No período seguinte à P rim eira G rande G u erra, vários fatores,


inclusive um Zeitgeist (espírito da época) trouxeram um a nova
situação ao m undo teológico. R. C. D entan ap o n ta p a ra os seguintes
fatores: (1) U m a p erd a total de confiança no naturalism o evolucio-
nista; (2) um a reação contra a convicção de que a verdade histórica

246 K . H oll, " U rch risten tu m utid R e lig io n sg e sc h ie h te ” , G e s a m m e lte A u fs a tz e z itr


fC ierc/ien g esch ich tc (T ü b in g en , 1938), II, p. 1-32; G o p p elt, T h eo lo g ie d e s N T , I,
p. 31.
247 G o p p elt, T h eo lo g ie d e s N T , I, p. 31.
248 C onform e cita d o por G o p p elt, ib id .
249 K ü m m el, H is to r y , p . 203.

4.1
pode ser o btida através da p u ra “ objetividade científica” ou que tal
objetividade seja realm ente acessível; (3) a tendência p a ra um retorno
à idéia da revelação na teologia dialética (neo-ortodoxa);250 e a isto
podem os adicionar (4) o renovado interesse n a teologia como tal.
Descobriu-se que o historicism o do liberalism o251 era inadequado e
novas perspectivas surgiam no horizonte.
K arl B arth assinalou um a m udança radical tanto na herm enêu­
tica252 como na teologia. A Prim eira G ran d e G u erra ensinou-lhe a
inadequação da teologia liberal. Expressou seu desencanto com
palavras provocantes no prefácio de seu pesado com entário sobre
Rom anos, publicado na A lem anha em 1918:

O m étodo histórico-crítico da investigação bíblica tem sua vali­


dade. Ele aponta p ara a preparação à com preensão, que nunca é
supérflua. M as se eu tivesse que escolher en tre ele e a velha d o utri­
na da inspiração, decididam ente escolheria a segunda. E la tem
a validade m aior, m ais p ro fu n d a e m ais im p o rta n te, pois a p cn ta
p ara o trab alh o da com preensão, sem o qual to d a a preparação é
inútil. Estou contente por não escolher entre os dois. M as a m inha
atuação voltou-se p a ra a investigação através do histórico dentro
do E spírito da Bíblia, que é o E spírito E te rn o .253

Estes golpes audaciosos da p en a de B arth faziam, p arte do que deu


à luz a teologia dialética (neo-ortodoxa), o que levou a questão da
interpretação e da teologia a um novo rum o. B arth enfatizava o lado
divino do relacionam ento D eus-hom em , isto é, D eus como a fonte da
revelação, e exige e p ratica um a “ interpretação pós-crítica da Bí­
blia” .25,1 Isso significa um a interp retação da B íblia que não se atém a
problem as histórico-críticos, m as p e n e tra no testem unho da revelação
contido n a Bíblia.
U m a das figuras m ais im portantes do estudo do NT no século XX
emerge e p arte da teologia dialética. A carreira acadêm ica de Rudolf

25 0 D e n ta n , P re fa c e , p . 61.
251 V er esp ec ia lm en te C . T . C raig, " B ib lica l T h eo lo g y a n d th e R ise o f H isto ricism ” ,
JBL 62 (1 9 4 3 ). p . 281-294; M . K ãhler, “ B iblical T h eo lo g y " , T h e f c S ch aff-
H e rzo g E n c y c lo p e d ia o f R elig io tts K n o w le d g e {reim p r., G ra n d R ap id s. M id i.,
1952), II, p. 183 e ss.; C. R. N orth, “ O T T heology and th e H istory of H ebrew
R e lig io n ” , S c a ttish J o u rn a l o f T h eo lo g y 2 (1 9 4 9 ), p. 113-126.
252 G ad am er. " H crnicneutik und H istorism u s" . P h iln so p h ise h e r R evu e 9 (1962).
p. 2 46 e ss.; }. M . R o b in so n , “ H erm en eu tic S in cc B arth” , T h e N ew H e rm en eu tic.
N e w F rn n tie rs in T h e o lo g y , eds. J. M . R o b in so n e J. B . C o b b , Jr. (N ew Y ork,
1964), p. 1 - 7 7 ,esp . p. 2 2 -2 9 .
253 K. B arth, D e r R ò m e r b r ie f ( B erna, 1918), p. v. (o s grifos são dele). Há u m a trad.
ingl. de E. C. H o sk y n s, T h e E p isile to R o m a n s (L ond res, 1933).
254 R. S m en d , “ N a eh k ritisch e S c h rifta u sleg u n g " , P A R R H E S IA . F e s ts c h rift f ü r K .
B a rth z u m 80. G e b u r ts ta g {Z urique, 1966), p. 21 5 -2 3 7 .

44
B ultm ann durou m ais de seis décadas. Ele foi o pioneiro lanlo na
crítica da form a255 como no program a da d en ú tização ,2^' e contribuiu
110 debate sobre a nova busca do Jesus h istó rico ,257 entre imiilas
outras coisas. Sua obra produziu um a en x u rrad a de literatura, tanto
contra como a favor de suas opiniões.
B ultm ann parece ter absorvido e com binado várias influências
im portantes. Prim eiro, ele vem da escola da pesquisa “ puram ente
histórica” , isto é, da escola da história das religiões.258 Ele perm anece
dentro de um a corrente da “ escatologia consistente” .259 Tem am bos

255 R . B u ltm a n n , D ie G e sc h ic h te d e r syn o p tisc h e n T r a d itio n (G õ ttin g e n , 1921;


2 . a e d ., 1931). T rad. in g l. T h e H isto ry o f th e S y n o p tic T ra d itio n (N ew Y ork,
1963); R. B u ltm a n n e K. K u n d sin , F o rm C riticism . T w o E ssa ys on N T R esearch
(N ew Y ork, 1962). B u ltm an n foi p reced id o no m éto d o d a crítica d a form a por
M . D ib e liu s, D ie F o rm g e sch ic h te d es E va n g eliu m s (T íib in g en , 1919; 3 . a ed .,
1959). T rad. ingl. F ro m T ra d itio n to G o sp e l (N ew Y ork, 1934) e por K. L. Sch-
m id t, D e r R a h m e n d e r G e sc h ic h te Jesu (B erlim , 19 1 9 ). A v a lia çõ es im p ortan tes
deste m étod o de p esq u isa são fornecidas por G . Iber, “ Zur F o rm g esch ich te der
E van gelien ” , T h eo lo g isch e R u n d sc h a u 24 (1 9 5 7 -5 8 ), p . 282-338; W . E . B a m es,
G o sp e l C riticism a n d F o rm C riticism (E d ijn b u rgo, 1936); E. B. R ed lich , F orm
C riticism , I ts V alue a n d L im itu tio n ( 2 . a e d ., E d im b u rg o . 1948); E. G ü ttgem an n s,
O ffen e F ragen z u r F o rm g e sch ic h te d es E va n g eliu m s (M u n iq u e , 1970); H . K oester,
“ O ne Jesus and Four Prim itive G o sp e ls" , T ra je c to rie s th ro u g h E arly C h r istia n ity ,
eds. J. M . R o b in so n e H . K oester (N ew Y ork, .1970), p. 15 8 -2 0 4 ; D . L ührm ann,
D ie R e d a k tio n d e r L o g ie n q u e lle (N eukirchen-V Iuyn , 1969); C. E . C arlston,
T he P a r a b le s o f the T rip le T ra d itio n (F ila d élfia , 1975).
2 56 O d iscu rso de B u ltm a n n , “ N eues T esta m en t und M y th o lo g ie” , foi origin alm en te
ap resen tad o e m 1941 e tra d u zid o e p u b lica d o em in glês “ N ew T esta m en t an d M y-
th ology" , em K e r y g m a a n d M y th , ed, H .-W . B artsch (L ond res, 1954), I, p. 1-44.
O prim eiro d eb a te levan tad o sobre este a ssu n to está co n tid o n o s volum es de
K e r y g m a u n d M y th o s, ed. H .-W . B a rlsch . T rad . in g l., em dois volum es, K e ty g m a
a n d M y th (L ond res, 1954, 1962). V er tam bém os en sa io s de E, K inder, W .
K iln n eth . R . Prentcr, G . B o rn k a m m , em K e r ig m a a n d M y th , ed s. C . E. B raaten
e. R . A . H a rrisv ille{N a sh v ille, 1962), p. 5 5 -8 5 , 8 6 -1 1 9 , 120-137 , 172-196. V er ta m ­
bém R. H. Fuller, The N ew T e s ta m e n t in C u rre n t S tu d v (N ew Y ork, 1962),
p . 1 24.
257 R. B u ltm an n se o p u n h a , em D a s V erhaltniu d e r u rch ristlich en C h ristu sb o tsc h a ft
zu n i h isto rise h e n Jesu s (H eild elb erg , 1960; 4 . a e d ., 1965). T rad . ingl. The H is-
to ric a l J esu s a n d the K e r y g m a tic C h r ist, ed s. C. E . B raaten e R . A. H arrisville
(N ash ville, 19 6 4 ), p. 1 5-42. E ste ú ltim o c o n tém ta m b ém en sa io s sobre as m atérias
de E . Stauffer, H. C o n zelm a n n , H . B rau n, C. E. B raaten, H .-W . B artsch,
H . O tt, R . A. H arrisville, V an A . H arvey e S. M . O g d en . V er tam b ém J. M . R o­
b in son , A N e w Q u e st o f the H is to r ic a l J esu s (S B T , 25; L ondres, 1959); K . Schu-
bert, e d ., D e r h isto risch e Jesu s u n d d e r C h risiu s un seres G la u b e n s (V ien a, 1962);
E. F u ch s, S tu d ie s an th e H is to r ic a l Jesu s (S B T , 42; L ondres, 1964); Fuller, N T in
C u rren t S t u d y , p. 25-53; L. E. K e c k ,/4 F u tu re f o r th e H is to r ic a l Jesus: The P la ce
o f Jesu s in P rea ch in g a n d T h eo lo g y (N a sh v ille, 1971); G. A uíén Jesu s in C o n te m -
p orary H is to r ic a l R esea rch (N a sh v ille, 1 976).
258 B u ltm an n , T h eo lo g y o f th e N T , II, p. 250.
259 Ver John m ies W l- ís s . D ie P re d ig t Jesu rom R eich G o tie s (G õ ttin g en , 1892;
2 . a c d ., 1900) e esp ecia lm en te as o p in iõ e s de B o u sset, que, seg u n d o B u ltm an n ,
são esse n c ia lm e n te corretas (G la u b en u n d V e r s te h e n , I [G õ ttin g e n , 19333, p. 256
e s.). Cf. K ü m m el, H is to r y , p . 225-244; G . E . L add, J esu s a n d th e K in g d o m .
The E sc h a to h tg y o f B ib lic a l R ea lism ( 2 .a e d . ; W a co , T ex a s, 1970), p. 3-38.

45
os pés plantados n a tradição histórico-m lii-ii.""’ Secundo, Bultm ann
adota como pressuposição m ental a íilosoíiii predom itianlc em sua
época na form a do existencialism o de M. H e i d c j < g e i s o u colega na
Universidade de M arburgo de 1923 a 1928. Shi itilcnlo é interpretar a
m ensagem do NT (querigm a) dentro do pensam ento d<i liomem
m oderno. P rocura evitar que o hom em m oderno tonn- um a decisão
existencial com base n a linguagem m itológica do NT. Isto significa,
p a ra B ultm ann, “ in te rp re ta r o pensam ento teológico do Novo T esta­
m ento em sua conexão com o o ‘ato de viver’, isto é, como explicação da
autocom preensão da fé” .262 B ultm ann, p o r exem plo, acredita que é
possível detectar com a pesquisa histórica que Jesus proclam ou
“ a mensagem escatológica da irrupção do reino de D eus” com a
certeza do fim im inente. E ste m ito apocalíptico tem que ser demitiza-
do, isto é, decodificado e reinterpretado. Isto quer dizer, em termos
existencialistas, “ guiá-lo [o hom em ] em direção ao seu A G O RA como
a hora da decisão por D eu s” .263 Terceiro, B ultm ann p rocura com bi­
n ar a questão histórica com a teológica. Ele não deseja separar a
“ reconstrução” da “ in terp retação ” como M erk faz264 ou separar
“ o que queria dizer" do “ o que quer dizer" nos term os de K. Sten-
dahl.265 B ultm ann p ro cu ra evitar o erro “ de sep arar o ato de pensar
do ato de viver e, p o rtan to , a falta de reconhecim ento do objetivo do
pronunciam ento teológico".266 E ste é o pon to a p a rtir do qual
B ultm ann p arte de W rede e são estes os objetivos de um sistem a de
pesquisa “ p u ram en te histórica” . A m eta do segundo sistem a de
pesquisa é tão am pliada que pode en cerrar a questão teológica. Isto
será analisado em m aior p rofundidade no próxim o capítulo.
A escola b u ltm an n ian a apresenta-se com variações e m udanças em
algum as das questões básicas, p articu larm en te por H ans Conzel-
m ann, que foi o único dos b u ltm an n ian o s a escrever um esboço da

260 B u ltm an n , T h eo lo g y o f th e N T , II, p. 250.


261 P articu la rm en te co n fo rm e expresso e m B e in g a n d T im e , de H eid egger (N ew Y ork,
1962). P rim eira e d iç ã o a lem ã em 1927. J. M a cq u a rrie trava in cisiva d iscu ssã o a
resp eito d a in flu ê n c ia do e x isten cia lism o h e id eg g eria n o sobre B u ltm a n n , em
A n E x iste n tia lis t T h eo lo g y: C o m p a rim n o f H e id e g g e r a n d B u ltm a n n (N ew Y ork,
1 955). V er ta m b é m J. M . R o b in so n e J. B . C obb, Jr., e d s ., T h e t a r e r H e id e g g er
a n d T h eo lo g y, “ N ew F rontiers in T h eo lo g y I” (N ew Y ork, 1963).
2 62 B u ltm a n n , T h eo lo g y o f th e N T , II, p. 251.
263 V ol. 1, p. 21; Cf. K e r y g m u a n d M y th , I, p. 42 e s.: “ Por m e io da palavra da
P regaçã o , a cru z e a ressurreição se fa zem presentes: o 'agora' e sc a to ló g ico é
a q u i...”
2 64 M erk , B ib lis c h e T h e o lo g ie , p . 257 e s.
265 K. S ten d a h l, “ B ib lica l T h eo lo g y , C on tem p orary” , I D B , I, p. 4 19.
266 B u ltm a n n , T h eo lo g y o f t h e N T , II, p. 250 e s.

46
teologia do Novo T estam ento (1967),267 P. V ielhauer e seus discípulos
G ü nther K lein,268 G eorg S treck er,269 e W alter S chm ithals.270
A reação mais significativa contra B ultm ann aconteceu em 1950,
p artin d o de seus próprios discípulos, que são com um ente cham ados
de pós-bultm annianos.271 O mais im portante deles foi E rnst Kâse-
m ann, que lançou form alm ente a nova investigação a respeito do
Jesus histórico em 195 3 ,272 E rn st Fuchs, J. M. R obinson2” e G ünther
B ornkam m .274 É bom ter-se em m ente que M artin K áhler (1835-
1912) foi o precursor dos novos p esquisadores.2,5 Os pós bultm annia-
nos se opunham à afirm ação de B ultm ann de que o Jesus da H istória
era irrelevante p a ra a fé. P a ra alguns pós-bultm annianos, o Jesus
histórico é a base do querigm a (K ãsem ann, B ornkam m , etc.),
enq u an to p a ra outros ele é a base da fé (Fuchs, E beling,276 etc.).
Declarou-se recentem ente que “ o fracasso em se o b ter resultados
claros n a d ita nova investigação do Jesus histórico resultou num a
d erru b ad a das expectativas críticas” .277
No início da década de 1960, vários p ós-bultm annianos, principal­
m ente E . Fuchs, G . Ebeling, J. M . Robinson e tam bém R. W.
F u n k ,278 foram além d a herm enêutica de B u ltm an n ,27'' p a rticu la r­
m ente de sua adoção do existencialism o de H eidegger,280 criticando a

267 H. C o n zelm a n n . G ru n d riss d e r T h eo lo g ie dos N eu en T e sta m e n rs (M u n iq u e,


1967). T rad . ingl. (N ew Y ork. 1969).
268 G . K lein , " D as à rgcrnis d es K reu zes” , S tr e it um J esu s, ed. F. Lorenz (M u n iq u e,
1 9 6 9 ), p. 6 1-71.
269 G . Strecker, “ D ie h istorisch e und th eo lo g isch c P in b le m a tik der Jesu s-frage",
E vT h 29 (1 9 6 9 ), p. 4 5 3 -4 7 6 ; id em , “ D a s P roblem der T h eo lo g ie des N euen T esta-
m en ts” , P T N T , p. 1-31.
270 W . S ch m ith a ls, “ K ein Streit uni K aisers B art” E va n g elisc h e K u m m e n ta r e 3
(1 9 7 0 ), p. 76-85.
271 W . G . D otv, C o n te m p o r a rv N e w T e s ta m e n t I n te rp re ra tio n (E n glew ood C liffs,
N .J ., 1972), p . 28-51.
272 P u b licad o sob o títu lo " D a s P roblem des h isto risch en Jesu s", Z T h K 51 (19S 4),
p. 125 -1 5 3 . T rad . ingl. E. K ã sem a n n , E ssa y s on N ew T e sta m e n t T h em es I.SBT,
41; L ondres, 1964), p. 15-47.
273 V er, a cim a , n .° 5 7 , para literatura.
274 V er Jesu s o fN a z a r e th (N ew Y ork, 1960).
275 E m 1896, ele p u b lico u o seu livro D e r s o g en a n n te h isto risc h e Jesu s u n d d e r
g e sc h ic h tlich e, b ib lisc h e C h ristu s (L eip zig , 1 896). T ra d . ingl. T h e-C a lled H is tó r i­
c a /J e su s a n d th e H is to r ie B ib lic a l C h rist (F ila d é lfia , 1964).
276 G erhard E b elin g . W o rd a n d F aith (L ond res, 1963); id em , T he N a tu re o f F aith
(L ond res, 1961); idem , T h eo lo g y a n d P ro c lu m a tio n : D ia lo g u e on B u ltm a n n
F ila d é lfia , 1966).
2 77 H . C . K ee, “ B ib lic a l C riticism , N T ” , I D B S u p p l. (1 9 7 6 ), p. 103 e s.
278 R. W . F u n k , L a n g u a g e, H e rm en eu tic, a n d W o rd o f G o d (N ew Y ork, 1966).
Ver, a cim a , os n .° 26 1 -2 7 6 .
2 7 9 D oty oferece um resum o co n ciso em C o n te m p o r a ry N T In te rp re ta tio n , p . 28-51;
P. J. A eh tem eier, A n In tro d u e tio n to th e N ew H e rm en eu tic (F ila d é lfia , 1969);
G . S ta ch el. D ie N eu e H e rm en eu tik . E in V b e r b lic k (M u n iq u e, 1968).
280 R ob in so n e C ob b , ed s. T h e L a te r H e id e g g e r a n d T h eo lo g y.

47
com preensão b u ltm an n ian a do modo como a linguagem funciona.
Na herm enêutica tradicional, o texto tem de ser in terpretado. A nova
herm enêutica reverte este processo. O hom em deve ser interpretado
através do texto. U m a discussão ad eq u ad a da com plexidade da nova
herm enêutica nos desviaria do cam inho certo. Tem -se falado o
bastan te p a ra indicar que a erudição crítica moveu-se para m uito
além de B ultm ann e tem encontrado u m a fraqueza decisiva em seu
enfoque.281
O ensaio publicado em inglês em 1976 p o r um pós-bultm anniano,
que é conhecido m em bro tan to do m ovim ento da nova busca como da
nova herm enêutica, é característico da teologia do NT entre um deles.
J. M. Robinson deu-lhe o provocante título “ The F u tu re of New
T estam ent Theology” .282 Ele declara que com W rede a “ teologia do
Novo T estam ento chegou ao fim ... ” 283
“ Após vários desvios e evasões, devemos sim plesm ente adm itir que
W rede estava certo e, p o rtan to , negar qualq u er futuro à teologia do
Novo Testam ento; devem os... canalizar a teologia do Novo T esta­
m ento p a ra dentro da disciplina m enos problem ática da história das
religiões... C ontudo, u m a concentração exclusiva sobre a tarefa,
como form a da teologia do Novo T estam ento a d a p ta d a ao século XX,
poderia se ch am ar reconhecidam ente de ‘H istória da Religião Cristã
P rim itiva’, e não ‘Teologia do Novo T estam en to ’.” 284 M as R obinson
acha que B ultm ann ab riu um novo cam inho em direção ao fu tu ro da
teologia do NT. “ Este procedim ento, que realm ente aponta p a ra a
nova herm enêutica e suas pressuposições na filosofia da linguagem ,...
obtém [s/c] resultados im portantes p a ra a teologia do Novo T esta­
m ento” .285 Com base n u m a linha de pensam ento “ cosm ológica” , e
não “ antropológica” , como no caso de B ultm ann, a teologia do NT
pode ser levada a efeito “ em term os do fanatism o sobrenatural da
congregação prim itiva, m ovendo-se em direção ao antim undanism o
de Paulo e João, m as tam bém ao m undanism o de Lucano e Cons-
tantino. u m a tendência constantem ente aco m p an h ada por um a ala
de esquerda, de crescente tendência gnóstica a escapar do m u n ­
do” .286 R obinson, deste m odo, pede u m a “ m u d an ça p a ra além do
sistem a d o utrinai do Novo T estam en to ... p a ra dentro dos movim entos
da linguagem que possam ser in terpretados em term os de altern a ti­

281 V er o resum o de N . Perrin, "T he C h allen ge of N ew T esta m en t T heology T od ay" ,


N ew T e s ta m e n t J s sv e s , ed. R . B atey (N ew Y o rk , 1970), p. 15 -34, e os p o n to s da
crítica m en cio n a d o s por D o ty , C o n te m p o ra ry N T I n te r p r e ta lio n , p . 43 e s.
28 2 Ver, acim a , o n .° 5.
283 “ T he F u ture o f N T T h e o lo g y ” , p. 17.
284 P. 20.
285 Ib id .
2 86 P. 21.

48
vas ao m undo m oderno, estendendo-os ‘teologicam ente’, ‘ontologica-
m ente’, ‘cosm ologicam ente’, ‘politicam ente’, e tc .” 2*7 Será que esta
intencionada renovação do veiho p rogram a, com u m a com preensão
da H istória orien tad a pela totalidade da sociedade e a filosofia da
linguagem atu al, não integra o N T na H istória de ta! m odo que seu
significado seja elim inado através de um a visão a priori do m u n d o ?288
Direção oposta a que acabam os de resum ir é a de Peter Stuhlm a-
cher, da Universidade de T übingen, tendo sido um de seus professo­
res o pós-bultm anniano E. K âsem ann. O livro de Sluhltnaeher,
Schriftauslegung a u f dem W ege zu r biblischen Theologie (1975),289
contém suas reflexões c sugestões básicas. Ele trab alh a extensivam en­
te com a heran ça b u ltm an n ian a, m as conclui que “ o poder integran­
te do esquem a herm enêutico de B ultm ann foi am plam ente esgota­
do” 290 e assinala, em acréscim o: “ A inda não chegam os à herm enêuti­
ca de que n ecessitam os",291 Isto im plica um “ Não” aos bultm annia-
nos e aos pós-bultm annianos. E m oposição a eles, S tuhlm acher fala
de um a “ herm enêutica do co n sen tim en to '' (H erm en eutik des Ein-
versfàndnisses) ,292 que deve reservar um am plo espaço p a ra (1) o
“ poder inerente da palavra da B íblia” ; (2) o “ horizonte da fé e da
experiência da Igreja” ; (3) um a “ a b e rtu ra p a ra um encontro com a
verdade de D eus, que nos chega através da transcendência” ; e
(4) um a “ a b e rtu ra p a ra a possibilidade da fé” .293 Ele se vê como
detentor de u m a posição interm ediária, como “ u m a linha divisória
entre a teologia querigm ática, o pietism o, e um luteranism o de
orientação bíblica” .29'’
Pode ser espantoso p ara alguns observar que Stuhlm acher propõe
um a “ teologia bíblica do Novo T estam ento” .295 Ele segue a linha dos
eruditos do VT (G . von Rad, W . Zim m erli e especialm ente H. Gese) e
levanta a questão sobre um a teologia do NT que “ não deve se projetar
como um a teologia bíblica, isto é, como um a teologia do Novo
T estam ento ab erta em direção ao Velho T estam ento e que procure
retrab alh ar a conexão entre tradição e interpretação de tradição
do AT e do N T ” .296 O centro de u m a teologia bíblica é a proclam a-

2 87 P. 22.
288 V er G opp elt, T h eo lo g ie d e s N T . I, p. 40 e s.
289 P . S tu h lm a ch er, S c h rifta u sle g u n g a u f d e m W eg e z u r b ib lisch en T h eologie
(G õ ttin g en , 1975).
290 P. 99.
291 P. 48.
2 92 P. 120-125.
293 P. 125 e s.
2 9 4 P. 61.
295 P. 127, 138, 163.
296 P. 138.

49
çào da reconciliação arraig ad a na m ensagem de Jesus C risto,297 pois
“ a m ensagem da reconciliação (VersW inungsbotschaft) [é] o centro
determ inante da Sagrada E scritu ra como um to d o ... " 2W
As posições de J. M . R obinson e de P. S tuhlm acher refletem, em
seus conceitos da teologia do NT, a divergência radical daqueles que
vieram da escola b u ltm an n ian a. O p ro g ram a do prim eiro parece
reto rn a r à perspectiva p u ram en te histórica, en q u an to o program a do
segundo se aproxim a do dito m ovim ento da “ história da salvação” .
Ante.s de retornarm os às abordagens da questão “ histórico-salvífica”
(heilsgeschichttiche) da teologia do NT, devemos registrar tam bém os
progressos na erudição católica ro m an a e os enfoques classificados
representantes da tendência “ positiva m od ern a” d a erudição do NT.
A erudição católica rom ana produziu sua prim eira teologia do NT
em 1928. O estudioso francês A. Lem onnyer apresentou em sua
La Theologie du N ouveau T estam ent 299 um a abordagem tem ática.
É este tam bém o m étodo da p o p u lar D ie Theologie des N euen Testa-
m ents. E ine E infü ru n g (1936), de O. K uss.300 O bras m uito m ais
significativas apareceram no início dos anos 50. M . M einertz p u bli­
cou, em 1950, um a teologia do N T em dois volum es,301 que já havia
sido concluída oito anos antes. E m b o ra discuta a relação da teologia
do NT com a dogm ática, ela não discute a origem e o desenvolvi­
m ento da disciplina. Jesus Cristo desem penha um papel unificador
nas variadas teologias dos escritores do NT. O relato da revelação
divina exibe, nos diferentes livros do N T, a riqueza que encontra
diferentes form as de expressão, m as que se unifica n a pessoa de
Jesus C risto.302
M einertz dividiu seus dois volumes em q u atro p artes. A prim eira
tra ta de “ Jesus” , na qual João B atista tam bém aparece como
precursor de Jesus.303 A segunda p arte discute a com unidade cristã
prim itiva (Atos, Tiago, Ju d a s).304 a terceira p arte, com a d o u trin a de

29 7 P . 1 2 7 e 175.
298 P. 178.
29 9 A . L em onnyer, O . P ., L a T h én lngie d u N o u v e a u T e s ta m e n t (P aris, 1928).
T rad . in g l. The T h eo lo gy o f th e N e w T e s ta m e n t (L ond res, 1930). E dição revisada
e a u m en ta d a io i p u b lica d a por L. C erfaux em P aris, em 1963. Cf. H arrington ,
P a t h , p. 117 e s.
300 O . K u ss, D ie T h eo lo g ie d e s N eu en T e sta m e n ts. E in e E in fü h ru n g (R eg en sb u rg ,
1936).
301 M . M ein ertz, T h eo lo g ie d es N eu en T e s ta m e n ts , 2 vols. (B o n n , 1950); idem ,
" R an d g lo ssen zu m ein er T h eo lo g ie des N T " T h Q 132 (1 9 5 2 ), p. 411-432; idem ,
“Sin n u n d B ed eu tu n g der n e u testa m en tlich en T h e o lo g ie " , M ü n c h e n e r th eolo-
g isc h e Z e its c h r ift 5 (1 9 5 4 ) , p. 159 -1 7 0 .
302 M einertz, T h eo lo g ie d e s N T , I, p . 3 e s.
303 I, p . 8-2 1 1 .
304 P. 212-247.

50
Paulo, é a m ais longa,305 seguindo-se a últim a p a rte , sobre o
pensam ento jo an in o .306 Sua conclusão resum e a tônica dos dois
volumes: “ O Cristo vivo concilia finalm ente todas as linhas de
pensam ento do Novo T estam ento” .307
J. Bonsirven apresentou sua Théologie clu N ouveau Testam ent em
1951308 e está tam bém interessado n u m a apresentação unificada da
teologia do NT. A tarefa da teologia do NT “ é reu nir as verdades
reveladas contidas no Novo T estam ento, definir seu significado
conform e entendido pelo autor e ten tar classificar estas verdades em
um a ordem de im portância, de m odo a fornecer as bases do dogma
cristão ".309 Isto revela um a abordagem essencialm ente histórico-
descritiva, que “ segue a cronologia da H istória, não os docum entos
em que nos baseam os” .310
Bonsirven divide sua teologia do N T em quatro p artes. A prim eira
tra ta de Jesus C risto.311 A c u rta segunda p arte, do “ cristianism o
prim itivo” .312 A terceira discute os ensinam entos de P a u lo ,313 e, por
fim, h á um a p arte sobre os outros testem unhos apostólicos, sob os
títulos de teologia, vida cristã e escatologia.314
O m ovim ento m oderno católico bíblico foi inau g u rado pela encícli-
c a Divino A ffla n te Spiritu (1943), de Pio XII, que instruía os eruditos
católicos rom anos a u sar os m étodos m odernos p a ra o estudo da
Bíblia. E m m eados dos anos 50, a intelcctjialidade treinada nos
métodos da crítica bíblica assum iu posições de m agistério cm facul­
dades, sem inários e universidades. O secretário da Comissão Bíblica
Pontificai declarou, em 1955, que agora os estudiosos católicos
rom anos tinham “ com pleta liberdade” (plena libertate) respeitante
aos decretos de 1905-1915, exceto onde se tocava na fé e na m oral.315
Q uanto aos m eados dos anos setenta, é difícil se falar em diferenças
na aplicação dos m étodos da crítica bíblica entre os eruditos não
católicos e os católicos. D uas das teologias do NT católicas, escritas a
p artir da reorientação da erudição católica, usam a abordagem

305 II, p. 1-254.


306 P. 267-3 3 8 .
307 P. 346.
308 J. B onsirven, S . I. T h éo lo g ie d u N ou veau T e sta m e n t (P aris, 1951). T rad . ingl.
T h eolo g y o f the N ew T e s ta m e n t (W estm in stcr. M d ., 1963).
309 T h eolo g v n f th e N T , p. xiii.
310 P. xvi. "
311 P. 3-1S 2.
312 P. 153-189.
313 P. 191-368.
314 P . 3 6 9-4 0 5 .
315 R . E . B row n, B ib lic a l R e fle c tio n s on C rises F a cin g th e C hurch (N ew Y ork, 197S),
p. 111.

51
U-mática. Tem os a o b ra de q uatro volumes do alem ão K arl H.
Schelkle (1968-1974) e a de dois volumes do espanhol M. G arcia
Cordero (1972).316 Ã p a rte estas, tem havido estudos sobre a n atu re­
za e o m étodo da teologia do NT feitos por Rudolf Schnackenburg
(1961)317 e teologia bíblica (A T e NT) por W ilfrid H arrington
(1973).318 H á m uitos ensaios significativos que tangem todas as
questões principais da teologia do N T ,319 mas ain d a não há nenhum a
teologia do NT escrita por um católico que se baseie nos m étodos
m odernos da crítica bíblica.320
Existem várias teologias do NT que podem ser livrem ente classifica­
das como pertencentes à corrente “ positiva m o d ern a” da teologia do
NT. Em seus prim eiros estágios, esta corrente se fez representar por
B. Weiss, W . Beyschlag, P. Feine. F. Büchsel, F. W eidner, E. P.
Gould e G. B. Stevens. E. S tauffer publicou su a D ie Theologie des
Neuen T estam ents em 19413’ 1 e cita B. W eiss explicitam ente como

3 16 K. H. S ch elk le, T h eo lo g ie d es N eu en T e s ta m e n ts , 4 vols. (D ü sseld o rf, 1968-74).


T rad . ingl. T h eo lo g y o f th e N e w T e s ta m e n t (C ollegeville, M in n ., 1971): M . G.
C ordero. T eo lo g ia d e Ia B ib lia I I et III: N uevo T e s ta m e n to , 2 vols. (M ad ri, 1972).
317 R. S ch n a ck en b u rg , La T h éo lo g ie du N o u vea u T e sta m e n t (B ruges, 1961). T rad .
alem ã N e u te sta m e n tlic h e T h eo lo g ie. D e r S ia n d d e r F o rsc h u n g (M u n iq u e , 1963;
2 .ã ed . 1965). T rad. ingl. N ew T e s ta m e n t T h eo lo g y T o d a y (L ond res, 1963).
31S Ver, a cim a , o n ç l .
319 Os trabalh os dos. seg u in tes autores p arecem estar entre os m ais im p ortantes:
W . H ilm an n . " W ege zur n eu testa m en tlich en T h e o lo g ie ” , W isse n sc h a ft u n d
W eish e it 14 (1 9 5 1 ), p. 5 6 -6 7 . 200-211; 15 (1 9 5 2 ), p. 15-32, 122-136; C . Sp icq ,
" L 'avenem cnt de ia th éo lo g ie b ib liq u e ” , R S P T 35 (1 9 5 1 ), p. 561-574; idem ,
“N ouvelles réflex io n s su r ia th éo lo g ie b ib liq u e ” , R S P T 42 (1 9 5 8 ), p. 209-219;
F .- M B raun, “ La th éo lo g ie b ib liq u e" , R ev u e T h o m iste 61 (1 9 5 3 ), p. 221-253;
H . Sehlier, U b er Sinn und A u fg a b e ein er T h e o lo g ie d es N eu en T esta m en ts” ,
B ib lisch e Z e ils c h r ifi I (1 9 5 7 ), p. 5 -2 3 . T rad . ingl. “ T h e M ea n in g and F u n clion
o f a T h eology of the N ew T esta m en t" , D o g m a tic vs. B ib lic a l T h e o lo g y , ed.
H .'V o rg rim ler (B a ltím o r c /D u b lin , 1964), p . 8 7 -1 1 3 ; A . D e se a m p s, “ R éflection s
sur Ia m éth ode en th éo lo g ie b ib liq u e ” , S a c ra P a g in a I (G e m b lo u x , 1959),
p. 132 157; A . V ògtle, “ Progress and P roblem s in N T E x eg e sis” , D o g m a tic
vs. B ib lic a l T h eo lo g y, p . 31-65; D . M . S tanley, “ T ow ards a B ib lical T h eology of
1hc N ew T esta m en t. M o d e m T rend s in C atholic B ible S ch o la rsh ip " , C o n te m -
p o r a r y D e v e lo p m e n ts in T h eo lo g y (W est H artford. 1 959), p . 267-281; A . V õgtle,
‘‘New T esta m en t T h e o lo g y ” . S a c r a m e n tu m M itn d i (L ond res, 1969), IV , p , 216-
220; K . H. S ch elk le, ‘‘W as b ed eu tet ‘T h eo lo g ie des N eu en T estam en ts'? "E van-
g e lie n fo r sc h u n g , ed. J. B aner (VVürzburg, 19 6 8 ), p. 299-312; P . G reeh , “ Con-
tem porary M etb o d o lo g ica l Problem s in N ew T esta m en t T h e o lo g y ” , B T B 2 (1 9 7 2 ),
p . 262 -2 8 0 .
320 Há três en sa io s curtos, m as sig n ifica tiv o s, sobre os a sp ecto s d a teologia do N T
n o je r o m e B ib lic a l C o m m e n ta r y , ed s. R. E . B row n , 3. A . F itz m y e r e R . E. M urphy
(E n glew ood C liffs, N . J., 1968); D . M . S tanley, S. J., e R. E. B row n, S. S ., ‘‘As-
peets o f New T esta m en t T h o u g h t” (II, p. 76 8 -7 9 9 ); I. A . FitzmveT, S. J., “ Pau-
iine T h e o lo g y ” (II, p. 80 0 -8 2 7 ): c B. V aw ter, C. M , ‘'Johan nine T h e o lo g y ”
(II, p. 8 28-839).
321 E . Stauffer, D ie T h eo lo g ie d es N eu en T e s ta m e n ts (G ü terslo h , 1941; 5 . a e d .. 1948).
T rad. ingl. da 5 . a ed. N ew T e s ta m e n t T h eo lo g v (L o n d res, 1955).

52
ponto de p a rtid a p a ra sua o b ra .322 Stauffer não organiza suas obras
de acordo com a ordem cronológica dos escritos ou blocos de escritos
do NT, m as escolhe um a abordagem sistem ática organizada de
acordo com tem as teológicos. Sua ordem m aterial segue a linha da
“ teologia cristocêntrica da história do Novo T estam ento” . Essa
abordagem contém um a perspectiva básica “ histórico-salvífica” ,323
e o m étodo é “ estritam ente descritivo” / 24 A teologia da história” de
Stauffer não dá espaço p a ra a teologia dos Sinópticos325 ou de Jesus,
Paulo, João, H ebreus, etc. Seu m étodo exclui a apresentação de
qualquer desenvolvimento histórico. Isto é tão m ais surpreendente,
porque Stauffer não reconhece o cânon como norm ativo p a ra a
teologia do N T .326 É ele, portan to , o prim eiro a aten d er à exigência de
W rede, m as não pela m esm a razão. Stauffer p ro cu ra dem onstrar que
a “ teologia cristocêntrica da H istó ria” é construída pela “ antiga
tradição b íb lica” 127 e se move em linha reta na direção da teologia do
pós-cristianism o.328 Ê inútil p ro cu rar um a justificativa p a ra este
procedim ento.329 A beleza do q uadro unificado do NT, com o ju d aís­
mo que o precede e a teologia do cristianism o que o segue, aparece à
custa de se p erm itir que o testem unho do NT perm aneça sozinho
contra os progressos anteriores e posteriores.
O erudito am ericano F. C. G ra n t escreveu, em seu A n Introduc-
tion to N ew T estam ent Thought (1950), que este estudo não aspira
a ser um a teologia do N T ,330 em bora ele afirm e que “existe uma
teologia do Novo T estam ento, ou talvez várias teologias, contíguas,
parcialm ente sobrepostas — como as esferas ou m ônadas em certas
filosofias p lu ralistas” .331 “ A teologia do Novo T estam ento era a
teologia da Igreja C ristã em desenvolvimento, conform e o Novo
T estam ento reflete, não um p roduto acabado, mas u m a teologia em
processo” .332 Ele argum enta que “ um a organização genética dos
dados teológicos” do N T está fora de cogitação. A organização mais
útil é a das “ áreas de p en sam en to ” .333 C onseqüentem ente, a tarefa

322 S tau ffer, N T T h eo lo g y, p . 49.


323 E logio de O . C u llm a n n , C h rist a n d T im e (L ond res, 1 962), p. 26 n .° 9; "m érito
d e fin itiv o ” .
324 S ten d a h l, ZDi?, I, p. 421.
3 25 Schlier, e m D o g m a tic vs. B ib lic a l T h eo lo g y, p . 98.
3 26 S tau ffer, N T T h eo lo g y, p. 44 e s, e 73-79.
327 P. 51.
3 28 P. 235-257.
329 M erk, B ib lis c h e T h eo lo g ie, p . 253; W . G . K ü m m el, "R eview of E . Stauffer,
D ie T h eo lo g ie d es N T " , T L Z 75 (1 9 5 0 ), p. 4 2 1 -4 2 6 , esp . p . 4 2 5 .
3 30 F. C . G rant, A n I n tr o d u c tio n to N e w T e s ta m e n t T h o u g h t (N ash ville, 1950),
p. 43-46.
331 P. 2 6 e s .
3 32 P. 60.
333 P. 24.

53
"n ã o c m ais de descrição do que de in terp retação ” .334 De acordo com
estas considerações m etodológicas, G ra n t segue desenvolvendo as
seguintes ‘'áreas de pensam ento” : “ Revelação e E scritu ra”
(p. 63-98), “ A D o u trin a de D eus” (p. 99-143), “ M ilagres” (p.
144-159), “ A D o u trin a do H om em ” (p. 160-186), “ A D outrina de
C risto” (p. 187-245), “ A D o u trin a da Salvação” (p. 246-267) “ A D ou­
trina da Igreja” (p. 268-299) e “ É tica do Novo T estam ento” (p. 300-
324). A base desta apresentação é que “h á um a unidade real no
Novo Testam ento — não devemos nunca perdê-la de vista” , enquanto
se reconhece claram ente que a “ diversidade im plica algum as idéias
.básicas da teologia do Novo T estam ento” .335 Se G ra n t é ou não
responsável pelo afastam ento entre reconstrução e in terp retação ,336
porque identifica o “ m étodo descritivo” com “ in terp retação ” ,337
perm anece um a questão em aberto.
O breve e popular estudo in titulado "ln troducing N ew T estam ent
T heology, de A. M. H unter, da Escócia, destina-se a ser um roteiro
da teologia do N T p ara sacerdotes e leigos interessados. Revela um a
abordagem m ais ou m enos histórica da teologia do NT, b aseada no
“ fato de C risto” ,338 que contém seções sobre “ O Reino de D eus e o
M inistério de Jesus” , “ O Evangelho do R eino” e “ A R essurreição” ,
seguidos de “ Os Prim eiros Pregadores do F a to ” ,339 e conclui com
“ Os Intérpretes do F ato ” , na form a de Paulo, Pedro, o au tor de
H ebreus e João.340 “ Este livro b rilh an tem en te claro” 341 está p a rti­
cularm ente interessado na unidade dos teólogos do N T, sem des­
prezar sua diversidade,342 um em preendim ento nada surpreendente
p a ra um erudito que escreveu um livro sobre The Unity o f the New
Testam ent (1944).343
As teologias do NT de A lan R ichardson (1958), F. Stagg (1962) e
R. E. K nudsen (1964)344 foram seguidas, no continente, p o r um a

3 34 P. 27. M erk (B ib lisc h e T h e o lo g ie , p. 265) interpreta m a l a declaração de G rant


de que “ interpretação" deve ser d efin id a com o o “ m éto d o d escritivo’’.
335 P . 30.
336 P . 51 .
337 A firm açã o de M er k , B ib lisc h e T h eo lo g ie, p. 265.
338 A . M . H un ter, ln tr o d u c in g N e w T e s ta m e n t T h eo lo g y (L ond res, 1957; 2 . a e d .,
1963), p . 1 3-61.
339 P . 63-85 .
34 0 P. 8 7 -15 1 .
341 H arrington , P a th , p. 128.
34 2 H u n ter, ln tr o d u c in g N T T h e o lo g y , p. 7.
343 A . M . H un ter, T h e U n ity o f th e N ew T e s ta m e n t (L ond res, 1943). T rad . alem ã
D ie E in h e it d e s N eu en T e s ta m e n ts (M u n iq u e , 1959).
344 A . R ichardson, A n I n tr o d u c tio n to th e T h eo lo g y o f th e N e w T e s ta m e n t (L ond res,
1958); F . S tagg, N e w T e s ta m e n t T h eo lo g y (N a sh v ille, 1962); R . E . K n u d sen ,
Th eology in th e N ew T e sta m e n t. A B a sis f o r C h ristia n F a ith (C hicago, 1964).

54
abordagem “ histórico-m oderna” m ais rigorosa na teologia do NT de
W . G . K üm m el (1969), J. Jerem ias (1971,1975) e E. Lohse (1974).345
"Jesus Through M any Eyes. Introductioti to the Theology o f the New
T estam ent (1976) é o m ais recente trabalho d entro da corrente
“ histórico-m oderna” da teologia do NT. A m aioria destas teologias
receberá atenção m ais detalh ad a no próxim o capítulo.
Em term os de classificação, encontra-se sozinho o quarto volume
da obra de M artin Albertz, sob o título B otschaft des N euen Testa-
m entes (1946-57).346 Em 1.230 páginas, o ex-aluno de T . Z ahn e A.
von H arn ack tom a seu próprio rum o. Ele sugere que a introdução
crítica tradicional ao NT e a teologia histórico-crítica tradicional do
Novo T estam ento precisam ser relançadas em cam inhos radicalm ente
novos.347 Os prim eiros dois volumes tentam reelab o rar o cam po da
introdução ao NT na linha d a crítica da form a e têm o subtítulo de
“ Origem da M ensagem ". Os dois volumes restantes originam-se
organicam ente dos prim eiros e contêm o “ D esvendam ento da M ensa­
gem ". Foi W . M ichaelis que incentivou A lbertz “ a levar a um a crítica
fundam en tal toda a teologia tradicional (crítica) a p a rtir da época em
que colocou o homem , mesm o o devoto, no centro do pensam en­
to ” .348 Ele argum enta con tra o p ro g ram a bultm an n ian o de demitiza-
ção, ao d eclarar que B ultm ann “ não retira do N T o conceito de
m ito” , m as da “ erudição do século X IX ” , e assinala qvie as “ epístolas
pastorais ter-lhe-iam ensinado que não há m itos na Igreja, e Paulo lhe
diria que Cristo não é um m ito p a ra ele” .349
Não é necessário dizer que este argum ento foge do uso que
B ultm ann faz do m ito.
A lbertz diz que a “ teologia do N T é filha do Ilum inism o” .350 Ele
critica a abordagem filosófica de F . C. Baur, o m étodo dos “ concei-
tos-de-doutrina” (L ehrbegriffe) usado por B. Weiss, as abordagens

345 W . G . K ü m m el, D ie T h eo lo g ie d es N eu en T e s ta m e n t nach sein en H a u p tze u g e n :


Jesus, P a u lu s, J o h a n n es (GõttíngerL, 1969; 2 . a e d ., 1972). T rad . ingl. The T h eo ­
logy o f th e N e w T e s ta m e n t A c c u r d in g to I ts M a jo r W itn e sse s: Jesu s-P aul-John
(N ash ville, 1973); J. Jerem ias, N e u te sta m e n tlic h e T h e o lo g ie , 1. T eil (G iitersloh ,
1971). T rad . in g l. N ew T e s ta m e n t T h eo lo g y: T h e P r o c la m a tio n o f Jesu s (N ew
Y ork , 1971); E . L ohse, G ru n d riss d er n e u te s ta m e n tlic h e n T h eologie (S tu ttgart,
1974).
3 46 M . A lbertz, B o tsc h a ft d e s N eu en T e s ta m e n te s, 1. B and: D ie E n tste h u n g d e r
B o tsc h a ft, 1. H a lb b a n d : D ie E n ts te h u n g d e s E v a n g e liu m s (Z ollik on-Z uriqu e,
1946); 2. H alb band; D ie E n ts te h u n g d e s a p o sto lisch en S c h r iftk a n o n s (Z ollik on -
Z urique, 1952), 2. B and: D ie E n tfa ltu n g d e r B o tsc h a ft, 1. H alb band: D ie Vo-
r a u sse tzu n g e n d e r B o tsc h a ft (Z o llid o n -Z u riq u e, 1954); 2. H alb band: D e r ín h a lt
d e r B o tsc h a ft (Z o llik o n -Z u riq u e, 1 957).
347 1 /2 , p . 30 6 .
348 I I /2 , p. 15.
349 I / i , p . 1 0 e s .
350 I I / l , p. 15.

55
psico-religiosas de A. von H arn ack e A. D eissm ann, o método
histórico-religioso de W . B ousset e outros, e a tentativa de interpretar
o NT com base n u m a visão do m undo m oderno, como é o caso
em E. Stauffer e R. B u ltm an n .351 Assim, o lugar da teologia do NT
tem que ser tom ado por um "desvendam ento da m ensagem do N T ” .
O esquem a deste desvendam ento se encontra em II Cor. 13:13, que é
a fonte dos títulos das p artes principais: (1) “ A graça do Senhor Jesus
C risto” ; (2) “ O am or de D eus"; e (3) "A com unhão do Espírito
Santo” .
D iante do fato de A lbertz vir da escola da crítica da form a, não
está claro p o r que ele se apega à crítica da form a, que é tam bém
influenciada pelo Z eitgeist352 e invalida os outros ram os da pesquisa
que tam bém refletem o Zeitgeist. Revela-se outra inconsistência em
sua condenação da abordagem histórico-religiosa e no fato de ele não
querer ficar sem a “ E stru tu ra da M ensagem ” histórico-religiosa.353
Ê evidente que A lbertz usa um a abordagem altam ente individualista.
M as concordam os com E. Fascher que "n a d a disto deve nos im pedir
de adm itir que esta o b ra é plen a de sugestões p a ra pesquisas futuras,
e só podem os p ed ir aos jovens que entrem em lu ta corpo a corpo com
e la " .354
A gora devemos reto rn ar à abordagem da teologia do NT via
H eilsgeschichte (história da salvação). Já vimos que a p rim eira fase
desta abordagem foi associada a J. Ch. K. von H ofm ann, T . Z ahn e
A. Schlatter. E sta linha de pesquisa é seguida m ais vigorosam ente nos
dois m ais im portantes estudos de O. C u llm an n .355 A teologia do NT
da E u ro p a C ontinental m ais recente de L. G oppelt, publicada
postum am ente em dois volumes, tam bém segue as perspectivas da
história da salvação.356 O conhecido erudito evangélico am ericano
George E. L add teve sua m agnun opus publicada em 1974, sob o
título de A Theology o f the N ew T e sta m e n t, e C. K. Lehm an, outro

351 U / l , p . 1 5-21. V er ta m b ém M . A lb ertz, " D ie K risis der so g en n a n te n neutesta-


m e n tlic h e n T h e o lo g ie ” , Z e ic h e n d e r Z e it 10 (1 9 5 4 ), p. 3 7 0 -3 7 6 .
352 Ver E. V. M cK n ig h t, W h a t is F arm C ritic is m ? (F ila d é lfia , 1969); J. H . H ayes,
ed. O ld T e sta m e n t F orm C riticism (S a n A n to n io , T e x ., 1974).
3 53 A lbertz, D ie E n tfa h u n g d e r B o ts c h a f t, 11/1, p. 22-64.
354 E. F a sch er, “ E in e N eu o rd n u n g der n e u testa m en tlich en F a c h d isz ip lin ? ” T L Z 83
(1 9 5 8 ), p. 618. V er tam b ém S eh n a ck en b u r g , N T T h eo lo g y T o d a y , p. 38 e s.;
K raus, B ib lisch e T h eo lo g ie, p. 188 n .° 87; M erk, B ib lisc h e T h eo lo g ie, p. 262 e s.;
H arrington , P a t h , p. 117.
355 O. C ulm ann. C h ristu s u n d d ie Z e it (Z o llik o n -Z u riq u e, 1946). T rad . ingl. C h rist
a n d T im e (L ond res, 1951); id em , f í e i l ais G e sc h ic h te : H e ilsg esc h ic h tlie h e E xis-
te n z irrt N eu en T e s ta m e n t (T ü b in g e n , 1965). T rad. ingl. S u lva tio n in H isto ry
(N ew Y ork, 1 967).
3 56 L. G o p p eit, T h eo lo g ie d es N eu en T e s ta m e n ts , 2 v o ls., ed. J. R o lo ff (G õ ttin g en ,
1975-76).

56
erudito evangélico, publicou no m esmo ano sua B iblical Theology, 2:
N ew T e sta m e n t,357 As obras de C ullm ann, L ad d e G oppelt serão
discutidas no próxim o capítulo sobre a m etodologia.
B. S. Childs358 faz um a excelente descrição do “ M ovim ento Teoló­
gico Bíblico” n a A m érica a p a rtir de 1940. Sua ênfase de que este
movim ento foi distintam ente am ericano tem sido contestada por
J. Barr, que assinala que “ n a G rã-B retan h a e no C ontinente existiam
as m esm as tendências, em bora o cenário fosse o u tro” .359 O Movi­
m ento Teológico tinha as seguintes características: (1) oposição aos
sistem as filosóficos, (2) com paração entre o pensam ento hebraico e o
grego, (3) ênfase sobre a unidade dos T estam entos, (4) singularidade
da Bíblia, a despeito de seu am biente, (5) reação contra a antiga
teologia “ liberal” e (6) a revelação de D eus n a H istória. Childs acha
que “ o fim do M ovim ento Teológico Bíblico como força dom inante na
teologia am erican a” ocorreu em 1963.360 Logo, necessita-se de um a
nova teologia bíblica. Deve-se reconhecer claram ente que, no pensar
de Childs, “ a em p reitad a da teologia bíblica é u m a disciplina
diferente ta n to d a teologia do A T como do N T ” .361 Isto quer dizer que
em sua opinião existem cam pos legítim os da teologia do AT e da
teologia do NT. A teologia do N T seria “ principalm ente um a em presa
descritiva” , o que a distingue da teologia b íb lica.362 E m outro livro,
tratam os da abordagem de Childs. Posto que Childs não trata
diretam ente da teologia do NT, parece desnecessário descrever aqui
suas propostas p a ra a teologia bíblica.
Este esboço histórico esclareceu a origem e enriqueceu a história da
teologia do NT. As questões fundam entais perm anecem insolúveis e
são assunto de debate contínuo entre os eruditos de várias form ações e
escolas de pensam ento. Fizem os um a tentativa de esclarecer as raízes
principais do debate atual a respeito da natu reza, função, propósito e
limitações da teologia do NT.

357 G. E . L add, A T h eo lo g y o f th e N e w T e s ta m e n t (G ra n d R aptd s, M ic h ., 1974);


C. K . L eh m an, B ib lic a l T h eo lo g y, 2: N e w T e s ta m e n t(S co ttd a le , P a ., 1974).
358 B. S. C hild s, B ib lic a l T h eo lo g y in C risis (F ila d é lfia , 1970), p . 13-87.
359 I. Barr, “ B ib lic a l T h e o lo g y '’, I D B S u p . (N a sh v ille, 19 7 6 ). p . 105. V er tam b ém
J. Barr, O lcl a n d N ew in I n te rp r e ta tio n (N ew Y ork, 1966); id em , T h e B ib le in th e
M o d e m W o rld (N ew Y ork, 1 973).
360 C hilds, B ib lic a l T h eo lo g y in C risis, p . 85.
361 C om u n ica çã o p rivada c ita d a em H asel, O T T h e o lo g y , p . 50, n .° 67.
362 C hild s, B ib lic a l T h eo lo g y in C risis, p. 99.
363 H asel, O T T h e o lo g y , p. 49 -5 5 .

57
2
Metodologia na Teologia do N T
A questão da m etodologia é fu ndam ental. Foi levantada de m a­
neira sem igual p o r J. P. G abler, em 1787;1 suas opiniões foram
catalisadoras p a ra o pensam ento futuro e ain d a o são hoje. As inúm e­
ras questões ligadas à e ao redor d a teologia do N T (e da teologia
bíblica) foram d ebatidas no passado e ain d a o são, com um vigor
inesgotável, atualm ente. A com plexidade das questões compõe-se do
fato de que m esm o os eruditos que seguem o m esm o enfoque m etodo­
lógico da teologia do NT nem sem pre concordam , às vezes até em
questões básicas. Logo, há u m a fusão de métodos. E ste fato faz com
que seja não só difícil com o tem erário a trib u ir d eterm inada teologia a
um dado m étodo qualquer. Nosso procedim ento será deixar que as
questões da m etodologia venham à tona, en quanto delineam os as
abordagens atu ais m ais im p o rtan tes d a teologia do N T, cad a um a
representada p o r m ais de um erudito.

A. A Abordagem Temática

1. A la n R ichardson. A apresentação da teologia do N T feita por


Alan R ichardson, sob o título A n Introduction to the New T estam ent
Theology (1958), foi sau d ad a como “ a m aior teologia do Novo
T estam ento que já existiu” .2
1 A au la inau gural de Johann P h illip G abler, “ O ratio de iu sto d iscrim in e th eologiae
b ib lic a e et do g m a tica e, reg u n d isq u e recte u triu sq u e fin ib u s” , n a U n iversid ad e
de A ltd orf, em 3 0 de m arço de 1787, m arcou o in ício de u m a nova fase n o estudo
da teo lo g ia b íb lica , por m eio de su a d ecla ra çã o de “ que a te o lo g ia bíb lica é
h istórica em caráter (e gênero h istó rico ) p orqu e esta b elece o qu e os escritores
sagra d o s p en sa v a m sobre as q u estõ e s d iv in a s ...” (em G a b le ri O p u s c u la A c a d ê m i­
ca II [1 8 3 1 ], p . 183 e s .). Cf. R . S m en d , “J. P h . G ablers B ergriin d u n g der bi-
b lish en T h e o lo g ie ” , E vT h 22 (1 9 6 2 ), p . 345 e ss. O en saio p rogram ático de
W illia m W red e, “ U b er A u fg a b e un d M eth od e der so g en n a n ten n eu testam en tli-
chen T h eo lo g ie (G õ ttin g e n , 1897), p . 8 . T ra d . in g l. de R . M org a n , T h e N a tu re o f
N ew T c s tu m e n t T h eo lo g y (S B T 2 /2 5 ; L ondres, 1973). p. 69, en fatiza novam en te o
caráter " p u ra m en te h istó rico ” da teo ío g ia (b íb lica ) do NT.
2 W ,H . H a n in g to n , T he Path o f B ib lic a l T h eo lo g y (D u b lin . 1973), p. 186.

58
Richardson nos oferece um pan o ram a a respeito de sua com preen­
são da teologia do NT no prefácio. Ele declara que a única m aneira de
saber se “ a igreja apostólica possuía um a teologia com um e que ela
pode ser reconstruída a p a rtir da literatu ra do Novo T estam ento” é
“ m oldar u m a hipótese p o r meio da referência ao texto daqueles
docum entos à luz de todo o conhecim ento crítico e histórico disponí­
vel” .3 Entende-se que esta abordagem inclui m étodos “ históricos,
críticos, literários, filológicos, arqueológicos” e outros. V. Taylor
aponta diretam ente p a ra a questão em jogo nesta m etodologia, a
saber, que a hipótese de R ichardson “ é n a d a m ais que a declaração
de que os eventos da vida, os ‘sinais’, a paixão e a ressurreição de
Jesus, conform e os testem unhos apostólicos, podem servir como
‘d a ta ’ do Novo T estam ento m elhor que q u alq u er hipótese a tu a l” .4
A hipótese que R ichardson defende é “ que o próprio Jesus é o autor
da brilhante reinterpretação do esquem a salvífico do Antigo T esta­
m ento (‘Teologia do A ntigo T estam ento’) encontrado no Novo T esta­
m e n to ,...” 5 Espera-se, assim , um ab rangente estudo histórico dos
dados do NT, a respeito d a totalidade de confiança do NT no Jesus6
histórico, do mesmo tipo que o de J. Jerem ias. E sta esperança está
garantida a p a rtir da aprovação dos m étodos enum erados p o r ele.
Ela, contudo, se frustra.
R ichardson decidiu estru tu ra r seu livro em dezesseis capítulos.
Aqui, nosso assunto é a natu reza do NT e. portanto, a questão
metodológica. E m bora R ichardson nos tenha inform ado que “ a teo­
logia do Novo T estam ento, quando escrita por um crente, com eçará,
necessariam ente, com a fé apostólica” 7 e declare, na prim eira frase do
Capítulo I, intitulado “ A Fé e o O uvir” , que é “ bom com eçar um a
consideração sobre a teologia do Novo T estam ento com um estudo
sobre o conceito fund am en tal de fé” ,8 ele não explica por que a
questão da fé é mais ad equada p ara se iniciar um a teologia do NT do
que, digam os, “ a proclam ação de Jesus” 9 ou “ o querigm a da
com unidade prim itiva e da com unidade grega” , 10 sem ao menos

3 R ichardson, A n In tro d u c tio n to th e T h eo lo g y o f th e N ew T e s ta m e n t (L ond res,


1958), p. 9.
4 V in cen t T aylor, “T h e T h eo lo g y o f th e N ew T esta m en t" , E T 7 0 (1 9 5 8 /5 9 ) , p . 168.
5 R ichardson, A n In tr o d u c tio n to the T h eo lo g y o f t h e N T , p. 12.
6 R ichardson (p . 13 e s ., 4 1 -4 3 , 135, 199, 362) e m p en h a -se e m u m a p o lêm ica contra
R . B u ltm a n n . V er L. E . T h eck , " P rob lem s of N ew T esta m en t T h eology" , N o v u m
T e s ta m e n tu m 7 (1 9 6 4 /6 5 ), p. 2 2 5 e s .
7 R ich ard so n , A n In tro d u c tio n to the T h eo lo g y o f th e N T , p. 11.
8 P. 19.
9 E. L ohse, G ru n d riss d e r n e u te sta m e n tlic h e n T h eo lo g ie (S tu ttgart, 1974),
p. 18 e ss.
10 T a m b ém H. C o n zelm a n n , A n O u tlin e o f th e T h eo lo g y o f the N e w T e sta m e n t
(L ond res, 1 969), p. 29 e ss.

59
m encionar a “ m ensagem de Jesus” de B u ltm a n n .11 É difícil de se
aceitar que R ichardson desejava insinuar que um a teologia do NT,
escrita com um prim eiro capítulo diferente, não seja “ cristã” .
E stará R ichardson ten tan d o apresentar u m a teologia “ cristã” do NT,
em vez de um a teologia não-cristã? Isto levanta a questão metodológi­
ca, se um a teologia do NT, no verdadeiro sentido, só pode ser escrita
por um crente. K. Stendahl é conhecido com o firme defensor da
abordagem descritiva n a teologia do NT e do A T .12 Ele afirm a que

...a tarefa descritiva pode ser desem penhada tanto pelo crente
como pelo agnóstico. O crente tem a vantagem da em patia auto­
m ática com os crentes do texto — m as a sua fé am eaça-o de não
m odernizar o m aterial, se ele p ra tic a r os cânons da erudição descri­
tiva rigorosam ente. O agnóstico tem a vantagem de não cair em
tal tentação, mas seu poder de em patia tem que ser considerável,
se ele pretende se identificar o suficiente com o crente do século I . 1J

R ichardson discorda com pletam ente da posição de Stendahl:


“ ...fo ra da fé, o significado interior do N T é ininteligível.” '4 “ U m a
com preensão ad eq u ad a das origens do cristianism o ou da história do
Novo Testam ento só é possível através do discernim ento da fé cris­
tã .” 15 Deste m odo, R ichardson opta pela pressuposição da fé p a ra se
escrever um a teologia do NT. Isto quer dizer, p a ra ele, que “ não há
pretensão de se perm anecer dentro dos limites da ciência puram ente
d escritiva...” 16 Em vista deste posicionam ento, é quase impossível
aceitar descrever o m étodo de R ichardson, com O. M erk, como um
método descritivo.17 A creditam os que estam os próxim os da verdade
ao sugerir que o m étodo de R ichardson c “ o método confessional-
descritivo” , que tam bém é em pregado na teologia do A T .18
Há um problem a crítico não resolvido a respeito do m étodo confes­
sional de R ichardson que se refere à questão se deve escrever um a
teologia do NT a p a rtir da estru tu ra da “ fé cristã” ou da fé do NT ou

11 R. B u ltm an n , T h eo lo g y u f ih e N e w T e s ta m e n t (L ondres, 1 965), I, p . 3 e ss.


12 K. S ten d ah l, “ B ib lica l T heology, C on tem p orary” , I D B , 1, p. 418-432; idem ,
“ M eth o d in th e Study o f B ib lica l T h e o lo g y ” , T h e B ib le in M o d e m S c h o la rsh ip ,
ed. J. P. H yatt (N a sh v ille, 1965), p. 196-208.
13 S ten d ah l, I D B , I, p. 422.
14 R ich ard so n , A n I n tr o d u c tio n to th e T h eo lo g v o f the N ew T e s ta m e n t, p. 19.
15 P. 13.
16 P. 12.
17 O. M erk , B ib lisc h e T h eo lo g ie d e s N e u e n T e s ta m e n ts in ih re r A n fa n g sz e it (M ar-
burg, 19 7 2 ), p. 266.
18 V er T h . C. V riezen , A n O u tlin e o f the O T T h eo lo g y ( 2 . a e d .; N ew ton , M a ss.,
1970); G . A . F . K n ig h t, A C h ristia n T h eo lo g y o f th e O ld T e s ta m e n t ( 2 . a ed .;
L ondres, 1 9 6 4 ). Ver tam b ém R . de V a u x , “ P eu to n écrire un e ‘th eo lo g ie de
1 'A T ’?" B ib le e t O rie n t (P aris, 19 6 7 ), p. 5 9 -7 1 .

60
da m inha fé.19 A p artir do m om ento que R ichardson fala da ” fé
cristã” de modo indefinido, sentim o-nos tentados a pensar em “ fé
cristã” conform e entendida pelos anglicanos.20 Q ue apelo à objelivi-
dade terá tal teologia confessional do NT? Será que os anglicanos
escrevem teoiogias do N T válidas p a ra irm ãos anglicanos com a
m esma com preensão da “ fé cristã” , e os luteranos p a ra os luteranos,
etc.? Parece que a teologia do NT precisa m an ter sua independência
contra um dom ínio confessional ou doutrinário. Isto não quer dizer
que o m étodo descritivo seja a panacéia há m uito p ro cu rad a para a
teologia do NT. Veremos m ais algum as coisas a respeito das questões
que cercam o método descritivo m ais adiante.
Retornem os à questão da e stru tu ra da teologia do NT de R ichard­
son. Todos reconhecem os que todo historiador ou teólogo seleciona
seu m aterial subjetivam ente.21 C ontudo, nós questionam os a respeito
da estru tu ra m etodológica dos seguintes 16 capítulos: A Fé e o Ouvir,
Conhecim ento e Revelação; O Poder de D eus P ara a Salvação;
O Reino de Deus; O Espírito Santo; O M essiado R einterpretado;
A Cristologia d a Igreja Apostólica; A Vida de Cristo; A Ressurrei­
ção, Ascensão e V itória de Cristo; A Expiação F orjada por Cristo;
O Cristo T otal; O Israel de Deus; O M inistério Apostólico e Clerical;
M inistérios D entro da Igreja; A Teologia do Batism o; e A Teologia
E ucarística do Novo T estam ento. E sta é um a estru tu ra tem ática.
Serão a ordem , o núm ero, a seqüência destes capítulos determ inados
pela “ fé c ristã ” ou pela “ fé apostólica” ? Se “ o próprio Jesus é o ver­
dadeiro au to r da teologia do Novo T estam ento” ,22 então a estru tu ra
tem ática provém dele? A e stru tu ra tem ática de R ichardson não é
nossa questão principal, m as (1) a falta de relacionam ento entre os
capítulos, (2) a omissão dos tem as de m aior im portância, como a cria­
ção, o hom em , a lei, a ética2-1 e (3) particularm ente a justificativa m e­
todológica p ara a abordagem tem ática.24 R ichardson fala da teologia
"subjacente aos docum entos do Novo T estam en to ” e do “ conteúdo e
caráter da fé da Igreja A postólica” , o que deveria levá-lo a um a apre­
sentação da teologia destes docum entos e da fé da Igreja Apostólica.
Mas não é isto que o livro apresenta. U m a teologia do NT escrita com
um a estru tu ra tem ática deve en co n trar os tem as, motivos e relaciona­

19 H asel, O ld T e s ta m e n t T h eology: B a sic Issites in the C u rre n t D e h a te ( 2 . a ed.;


G rand R apid s, M ic h ., 1975), p. 3 9 -4 2 . „
20 K eck, “ P roblem s of N T T h e o lo g y ” , p. 237, fa la do quadro de Jesus segu ndo
R ichardson: “ O Jesus que e n sin a tu d o o que R ich a rd so n lhe a tr ib u i... é ura te ó lo ­
go cristã o , provavelm ente a n g lica n o ."
21 S ten d a h l, ID B , l. p. 422.
22 A . R ichardson, T he B ih le in th e A g e o f S c ie n c e (L ond res, 1961), p. 144.
23 Isto é ob servad o p a rticu la rm en te por W . G. K üm m el, “ Review of A . R ichardson",
T L Z 85 (1 9 6 0 ), p . 92 2 , M erk, B ib lisch e T h eo lo g ie, p . 2 6 6 , n .° 180.
24 V er e sp . K eck , “ P roblem s of N T T h eo lo g y " , p . 2 2 1 -2 2 5 .

61
m ento entre eles dentro do próprio NT. K idum lsuii não parece ter
chegado a seu assunto a p artir de “ d en tro ” , mus ;i p artir de estruturas
sobrepostas de fora, em bora ten h a basicam ente a abordagem teológi-
ca-antropológica-soteriológica (Deus-Homem-Sulvaçíio) da teologia
dogm ática (sistem ática) u sada pelos prim eiros teólogos.
2. K url H. Schelkle. O N eutestam enitler católico rom ano Karl H.
Schelkle, da U niversidade de Tübingen, A lem anha, começou a
publicar, em 1968, um a Theologie des N euen Testam ents em quatro
volumes,25 Este projeto am bicioso pro cu ra m o strar “ um a teologia
unificada do Novo T estam en to ” .26 A m etodologia de Schelkle não
“ segue o desenvolvimento histórico do querigm a e da reflexão como se
encontram na estru tu ra do Novo T estam ento em si". Pelo contrário,
ele busca “ as palavras, conceitos e tem as de m aior im portância
através do Novo T estam ento, e descreve em resum o sistem ático o que
se deve pensar a respeito de sua form ação e significado reais nos
escritos individuais e grupos de escritos que estão contidos no Novo
T estam ento” .27 Assim, ele segue um cam inho que já havia sido
considerado por J. P. G ab ler,28 sugerido por A. D eissm ann29 e que
não havia sido rejeitado nem por W . W rede, que não achava,
contudo, que isto fizesse p arte da teologia do NT p ropriam ente d ita .30
Surpreendentem ente, Schelkle espera até o início de seu terceiro

25 K. H . S ch elk le, T h eo lo g ie d es N eu en T e s ta m e n ts I: S c h b p fu n g : W elt-Z e it-


M en sc h (D ü sseld o rf, 1968). T rad . ingl. T h eo lo g y o f th e N e w T e s ta m e n t I:
C reatio n : W o rld -T im e -M a n (C o llcg ev ille, M in n ., 1971); T h eo lo g ie d e s N e u e n
T e s ta m e n ts II: G o tt w ar in C h ristu s (D ü sseld o rf, 1 973). T rad . ingl. Th eology o f
th e N ew T e s ta m e n t II: Salvarion H is to r y -R e v e la lio n (a ser p u b licad o); T h eo lo g y
o f N e w T e s ta m e n t III: M o ra lity (C o lleg ev ille, M in n . 1973); T h eo lo g ie d e s N eu en
T e s ta m e n ts IV : R e ic h -K irc h e -V o lle n d ttn g (D ü sseld o rf, 19 7 4 ), T rad . ingl. T h eo lo ­
g y o f th e N e w T e s ta m e n t IV : T h e R u le o f G o d -C h u rc h -E sch a to lo g y (a ser p u b li­
cad o).
26 T h eolo g y o f th e N T , III, p . v.
27 I, p. v.
28 G ab ler, em G a b le ri O p u scu la A c a d ê m ic a II (1 8 3 1 ), p . 185 e s. e 189 e s. Cf. M erk,
T h eolo g ie, B ib lisch e p. 277 e 2 7 9 e s.
29 A . D e issm a n n , “ Zur M eth od e der b ib liseh en T h e o lo g ie des N eu en T esta m en ts" ,
Z T h K 3 (1 8 9 3 ), p. 137-139; reim presso em D a s P r o b le m d e r T h eo lo g ie d e s N eu en
T e s ta m e n ts , ed. G . Strecker (D a r m sta d t, 19 7 5 ), p. 78 e s. (d a q u i em d ian te citad o
com o P T N ’T )
30 W . W red e, U b e r A u fg a b e u n d M e th o d e d e r so g e n a n n te n n e u te sta m e n tlic h e n
T h eolo g ie (G ô ttin g e n , 1 897), reim presso e m P T N T , p. 9 5 , n .° 18. T rad . ingl.
“T h e Ta.sk a n d M eth o d of ‘N ew T esta m en t T h e o lo g y ” ', e m R. M organ , The
N a tu re o f N e w T e s ta m e n t T h eo lo g y (S B T 2 /2 5 ; L ondres, 1973), p. 186, n .° 19:
“ A o la d o d a ‘teo lo g ia do N ovo T e sta m e n to ’, u m a 'H istória do N ovo T esta m en to
ou con ceito s cristã o s prim itivos' seria um su p lem en to valioso e desejável. In vesti­
garia a origem h istó rica ou os co n ceito s m ais im p o rta n tes do N ovo T estam en to;
d escob riria as m u d a n ça s por que pa ssa ra m e su a s razões históricas, esclarecen d o
tam b ém sua in flu ên cia . T a l tarefa tem m u ito s p o n to s em c o m u m com a teologia
do N ovo T esta m en to , m as é bem d iferen te d ela ."

62
volume p a ra discutir a sua visão da m etodologia, natureza c propósito
da teologia do N T .31 “ A teologia do Novo T estam en to ... pode ser defi­
nida como ‘Palavra acerca de D eus’, com base na palavra cm que
Deus se revela no novo pacto — que. de fato, assim ila em si o vellio
pacto — e tal palavra está escrita 110 livro do Novo T estam ento eoiuo
atestado desta revelação.” 32 A p a rtir desta assertiva, espera-se que a
teologia do NT seja, por definição, restrita ao cânon dos escritos do
NT. Sem dúvida, Schelkle afirm a que “ a fonte d a teologia do Novo
Testam ento está contida no cânon do Novo T estam ento” , mas
acrescenta logo que “ os escritos dos pais da Igreja, especialm ente dos
pais m ais antigos, têm que ser analisados ju n to com eles” .33 Schelkle
não justifica este procedim ento. Por um lado, ele se refere ao cânon
do NT como “ fonte” da teologia do NT, por esse meio separando-se
de um a apresentação p u ram en te ou com pletam ente histórica, confor­
me W rede e seus seguidores, e, p o r outro lado, ele deseja tom ar em
consideração os antigos pais da Igreja, ju n tam en te com os autores do
NT. Este procedim ento m etodológico levanta a seguinte questão:
Até que ponto pode 0 NT am parar-se sobre seus próprios pés e até
que ponto ele é lido através dos olhos dos prim eiros pais da Igreja?
O u. em outras palavras, até que ponto 0 m étodo de Schelkle perm ite
que ele apresente as “ palavras, conceitos e tem as de m aior peso” 34
como aqueles do próprio NT? Não estará o seu m étodo solicitando
um a abordagem histórico-religiosa (religionsgeschichliche) da apre­
sentação das “ palavras, conceitos e tem as de niaior peso” da literatu­
ra cristã prim itiva como um todo?
E stará Schelkle seguindo a abordagem m etodológica em sua teoria
do NT? Sua resposta é explícita: “ A teologia do Novo T estam ento não
só descreverá o relato do Novo T estam ento, como tam bém o interpre­
ta rá ” .35 Eis aqui um a abordagem dupla: descrição e interpretação.
Neste aspecto Schelkle difere da abordagem descritiva da teologia do
NT, conform e defendida por S ten d ah l,36 que segue a tradição de
G abler-B auer-W rede. Schelkle fala do aspecto descritivo em term os
de tentativa de “ pesquisar seu conteúdo e os propósitos das form as de
suas declarações, form as essas que talvez não nos sejam fam ilia­
res” .37 O aspecto da interpretação pro cu ra “ ligar as declarações do

31 É u m a versão lig eira m en te m o d ifica d a de seu en saio “ W as b ed eu tetet T h e o lo g ie


des N euen T es ta m e n ts ’?’1 E v a n g e lie n fo r sc h u n g . ed. J. B auer (G r a z /W ie n /K õ ln ,
1968), p. 29 9 -3 1 2 .
32 T h eology o f th e N T , III, p. 3.
33 P. 9.
34 P. 10 e s.
35 P. 17.
36 S ten d ah l, I D B , I, p. 422.
37 S ch elk le, T h eo lo g y o f ih e N T , III, p . 17.

Ó.1
Novo Testamento às nossas questões m odernas e ao nosso tem po” .38
Seria totalm ente incorreto entender a "in terp retação ” de Schelkle nos
termos da interpretação existencialista b u ltm an n ian a. Schelkle enca­
ra a teologia do NT como um a p reparação p ara a teologia dogm ática.
A interpretação é a faceta da teologia do NT que “ faz o que está ali
contido [NT] claram ente inteligível e dê continuidade se relacionando
com o que ali havia co m eçad o ".39 A interpretação, portanto, contém
um a correlação dos pensam entos do NT que precisam se relacionar às
questões m odernas e aos tem pos m odernos.
Schelkle é altam ente sensível à questão da unidade do NT e da
unidade da Bíblia. “ U m a exposição da teologia do Novo T estam ento,
em bora não possa ap ag ar as diferenças entre os escritos em separado,
terá, não obstante, o dever de reconhecer e expor a unidade do Novo
T estam ento dentro da sua d iv ersid ad e."40 E m b o ra haja “ distintas
teologias dos Sinópticos, de Paulo e de João, ainda assim é um a
teologia, a teologia do Novo T estam en to ... os escritos do Novo
T estam ento como um grupo se unificam através de dois fatos bem
reais: todos giram em torno de Jesus Cristo e todos têm sua origem na
Igreja” .41 A respeito do prim eiro fato, Schelkle declara: “ Se Cristo é
realm ente a Palavra de D eus (João 1:1), então ele não é apenas parte,
m as o próprio centro da teologia do Novo T estam en to .” 42 Nesse ponto
precisam os lem b rar que Schelkle pro cu ra “ um a teologia do Novo
T estam ento u n ificad a” .43 A com preensão de Schelkle da unidade do
NT é a chave da abordagem tem ática que adota.
. Schelkle está convencido de que

...basicam ente há duas possibilidades que se apresentam no esboço


de um a teologia do NT. U m a delas é tra ta r as épocas da proclam a­
ção do Novo T estam ento de acordo com seus personagens princi­
pais, cada um n u m a seção separada: Sinópticos, Congregação P ri­
mitiva, Paulo, João, Escritos Apostólicos P osteriores... A outra
possibilidade é pesquisar idéias e tem as da proclam ação do Novo
T estam ento do início ao fim e tra ta r com abrangência as áreas da
fé e da vida.44

Schelkle o pta pela segunda. (Pode haver discussão a respeito da


existência de apenas duas possibilidades.) A abordagem tem ática o
leva a organizar sua teologia do NT ao longo de quatro tem as

38 Ihid.
39 Ibid.
40 P. 1 0 e s .
41 P . 8.
42 P. 17.
43 P. v.
44 P. 21.

()4
principais, cada um tra ta d o num volume separadam ente: 1. A C ria­
ção (O M undo, O Homem); II. A Revelação na H istória e na história
d a salvação (Jesus C risto e a R edenção; D eus, E spírito, Trindade);
III. A V ida C ristã (M oralidade do NT); IV. A Soberania dc Deus,
A Igreja, A C onsum ação. O bserva-se que esta organização segue as
"loci dogm áticas tradicionais” .45 É difícil fugir inteiram ente a esta
conclusão. Schelkle se m antém aberto à acusação de que sobrepõe um
esquem a externo ao NT. E m b o ra pareça antecipar-se à crítica, ele
não se esclareceu totalm ente.46
A abordagem tem ática tem a vantagem de p erm itir que a unidade
do NT a p a re ç a.47 Pode ser que o próprio interesse n a unidade do NT
tenha feito com que Schelkle optasse por este tipo de ab o rdagem .48
Seja como for, um dos aspectos m ais estranhos na abordagem tem á­
tica, conform e p raticad a p o r Schelkle, é a investigação longitudinal
das idéias e tem as do NT em seu desenvolvimento cronológico nos
testem unhos do NT. Deve-se louvar tam bém ter ele seguido estas
idéias e tem as, retroativam ente, até o A T .49 Esclarecer estas conexões
entre os T estam entos50 é co n trib u ir p a ra a teologia bíblica, que está
dividida desde os tratam entos em separado de G . L. Bauer no fim do
século X V III.

B. A Abordagem Existencialista

1. R u d o lf B u ltm a n n . Já assinalam os anteriorm ente que a herança


de B ultm ann vem da escola de pesquisa “ p u ram ente histórica” e que
ele tem raízes profundas n a escola da “ história das religiões” .51 Isto

4 5 P . S tu h lm a ch er, S c h rifta u sle g u n g a u f d e m W eg e z u r b ib lisc h e n T h eo lo g ie


(G õ ttin g en , 1 9 7 5 ), p. 130.
46 S ch elk le, T h eo lo g y o f the N T , III, p. 15: “ N ã o se p o d e im p or de fora u m a o rg a ­
n ização e sistem a tiz a çã o da teo lo g ia do N T , m as ex tra íd a do próprio N ovo T esta ­
m en to. A p lica r esq u em a s sistem á tico s m od ern os ao N ovo T esta m en to é um a
agressão a e le .”
47 P. 21.
48 N ão su rp reen d e o fa to de S ch elk le ser a cu sa d o de fa lta de ap reciação d a d iversi­
dade do N T . V er. G. H a u fe, "R eview of ‘K . H . S ch elk le, T h eo lo g ie d e s N T
T h L Z 9 4 (1 9 6 9 ) , p . 9 0 9 e s .
4 9 T am b ém co rreta m en te M erk, B ib lisch e T h eo lo g ie, p . 269; H arrington , P a th ,
p. 139; S tu h lm a ch er, S c h r ifta u sle g u n g , p. 137.
5 0 A c o n tin u id a d e entre os T esta m en to s, sob u m a p ersp ectiv a diferente, é tam b ém
e n fa tiza d a por F. F. B ru ce, N ew T e s ta m e n t D e v e lo p m e n t o f O ld T e s ta m e n t
T h em es ( 3 . a e d .; G rand R a p id s, M ic h ., 1973); M . B urrow s, A n O u tlin e o f B ib li-
cal T h eolo g y (F ila d é lfia ,T 946); e J. B len k in so p p , a S k e tc h b o o k o f B íb lic a ! T h e o ­
logy (L ond res, 1968).
51 A q u i, o fa m o so livro de B u ltm a n n , D a s U rc h riste n tu m im R a ltm e n d e r a n tik e n
R elig io n e n (Z u riq u e, 1949), T rad. ingl. P r im itiv e C h risiia n ity in I ts C o n te m p o r a ry
S e ttin g (E d im b u r g o , 19 5 6 ), tem seu lugar.

65
quer dizer, em prim eira lugar, que suas raízes históricas estão
firm em ente p lan tad as no m étodo de pesquisa histórico-crítico.” Sua
segunda raiz histórica eneontra-se em sua associação à teologia
dialética nos anos 20, particularm ente K arl B arth e F. G ogarten.
Disto surgiu um catalisador poderoso p a ra sua colocação da questão
teológica. B ultm ann não estava satisfeito com a questão histórica, isto
é, “ o ato de p e n sa r” .53 Ele e outros que o antecederam (por exemplo,
A. Schlatter) acreditavam que os escritos do N T "têm algo a dizer ao
presente” .54 E sta pressuposição bro ta de sua com preensão da H istó­
ria, que já foi am plam ente descrita na introdução de seu livro
intitulado Jesus, escrito em 1926,56 que dá base ao seu famoso
H istory o f Synoptic Tradition (1921).56 B ultm ann pretendia “ evitar
tudo que estivesse p a ra além d a H istória e encontrar um posiciona­
m ento p a ra m im dentro da H istó ria ... Pois o essencial da H istória não
é, na realidade, n a d a de s«£>er-histórico, m as acontecim entos ocor­
ridos no tem po” .57 Sua com preensão da H istória e da existência
h u m ana levaram -no a incorporar a seu sistem a o existencialism o
heideggeriano,58 em cuja base ele é o m ais inflexível proponente de
um a “ interp retação existencialista” . B ultm ann com bina a reconstru­
ção histórica com a “ in terp retação existencialista” .59
A “ interp retação existencialista” está in tim am ente ligada ao seu
program a de dem itização.60 A literatu ra e o escopo de program a de
B ultm ann de dem itização do NT são tão com plexos e volumosos61 que

52 C orretam en te en fa tiza d o por seu a lu n o G . B o rn k a m m , “ D ie T h eologie R u d olf


B u ltm a n n s” G e sc h ic h te u n d G la u b e 1 (M u n iq u e, 1 9 6 8 ), p. 157 e s.
53 B u ltm an n , T h eo lo g y o f th e N T , II, p. 250 e s.
54 P. 251.
55 R . B u ltm a n n , J esu s (B erlim , 1926), p . 7 -1 8 . T rad . ingl. J esu s a n d th e W o rd
(L ond res, 1934; 2 . a e d ., 1958), p. 11-19.
56 R. B u ltm a n n , D ie G e sc h ic h te d e r s y n o p tisc h e n T r a d itio n (G õ ttin g en , 1921).
T rad. ingl. Th e H is to r y o f th e S y n o p tic T r a d itio n (N ew Y ork, 1963); 2 . a ed . 1976).
57 B u ltm an n , Jesu s a n d th e W o rd , p . 14.
5 8 A im p ortâ n cia da análise da e x istên cia de H eid eg g er e a própria filo so fia da h is­
tória de B u ltm a n n se exp ressam nas “ G ifford L ectu res” , de B u ltm a n n , de 1955,
p u b lica d a s com o títu lo dc H isto ry a n d E sc h a to lo g v: T h e P re se n c e o f E te rn ity
(N ew Y ork, 1957; 2 . a e d ., 1 962).
59 R. B u ltm a n n , “ F orew ord” , em I. M a cq u a rrie, A n E x iste n c ia íist T h eo lo g y ÍHarpy
T orch b ook e d .; N ew Y ork, 19 6 5 ), p . vii, declara: “ ...o princíp io h erm en êu tico
que subjaz m in h a in terp reta çã o do N ovo T esta m en to brota d a a n á lise existen cial
do ser do h o m em , dada p o r M artin H eid eg g er em sua o b ra B ein g a n d T im e. ”
6 0 V er as n o ta s de rodapé d o C ap. 1, n .° 256 e s. e 2 6 1 . V er tam b ém , sobre este as­
su n to, J. M acq u arrie, T h e S c o p e o f D e m y th o lo g iz in g B u ltm a n n a n d H is C ritics
(N ew Y ork, 1960); R . M arle, In tr o d u c tio n to H e rm e n e u tic s (N ew Y ork, 1967),
p. 32-66.
61 U m e x celen te e x a m e de cerca de 5 0 0 p u b lica çõ es sobre a h erm en êu tica e a te o lo ­
gia de B u ltm a n n é oferecid o pelo p ó s-b u ltm a n n ia n o G . B o rn k a m m , “ D ie T h e o lo ­
gie B u ltm a n n s in der neueren D is k u s sio n ” , T h eo lo g isch e R u n d sc h a u 29 (1 9 6 3 ),
p. 3 3 -1 4 1 , reim presso in B orn k am m , G e sc h ic h te u n d G la u h e / , p. 173-275.

66
nos lim itarem os, sob o risco de u m a exposição u nilateral, a algum as
poucas observações tirad as do ensaio original de B ultm ann, de 1941,
intitulado Novo Testam ento e M itologia e seu mais recente Jesus
Christ and M ytology (1958). B ultm ann define: “ A dem itização é um
método herm enêutico, isto é, um m étodo de interpretação, de exege­
se ."62 A dem itização como m étodo de interp retação é necessária
porque “ a cosm ologia do Novo T estam ento tem um c a rá te r essencial­
mente mítico. O m undo é visto como um a estru tu ra de três andares,
com a terra no centro, o céu acim a e o inferno abaixo” .63 E sta visão
do m undo, tom ada como correta, “ é inacreditável p a ra o hom em
inoderno, pois ele está convicto de que a visão m ítica do m undo é
obsoleta” .64 Assim, só existem dois cam inhos a seguir n a perspectiva
bultm anniana: ou se espera que o hom em m oderno aceite a im agem
do evangelho e com ela a visão m ítica do m undo ou “ a teologia deve
assum ir a tarefa de despir o querigm a de sua e stru tu ra m ítica, de
‘dem itizá-lo’ ” .65 Isto não quer dizer, p a ra B ultm ann, que se deve
subtrair ou elim inar algo do q u erig m a.66 “ Nossa tarefa é usar a crítica
para interp retá-lo ” ,67 a saber, “ existencialm ente.” 68
O conceito b u ltm an n ian o de “ reconstrução” e “ interpretação” é
básico para o entendim ento de sua Teologia do Novo Testam ento, Ele
declara:

A apresentação da teologia do Novo T estam ento oferecida neste


livro está, p o r um lado, dentro da tradição das escolas histórico-
crítica e da história das religiões, e busca, por outro lado, evitar o
seu erro, que consiste em sep arar o ato do pensam ento do ato da
vida e, conseqüentem ente, o fracasso em reconhecer o significado
dos pronunciam entos teológicos.65

A “ reconstrução” dos escritos do NT segue, portanto, os cânons do


método histórico crítico e a escola da história das religiões, m as não
p a ra reconstruir um retrato do cristianism o prim itivo como um fenô­
meno do passado histórico. “A reconstrução está a serviço d a inter­
pretação dos escritos do Novo T estam ento sob a pressuposição de que

62 K. B u ltm a n n , J esu s C h rist a n d M y th o lo g y (L ond res, 1960); N ew Y ork, 1958),


p. 45.
63 R. B u ltm a n n , “ New T esta m en t and M yth o lo g y 1’ , K e ry g m a a n d M yrh , ed.
H . W . B artseh (N ew Y ork. 1 9 6 Ü , p . 1 .
64 P. 3.
65 Ih id.
66 P. 9.
67 P. 12.
68 P. 10.
69 B u ltm an n , T h eo lo g y o f the N T , II, p. 250 e s .

(>7
têm algo a nos d izer.” 70 “ In terp retação ” quer dizer explicar “ os
pensam entos teológicos do Novo T estam ento em sua ligação com o
‘ato da vida’ isto é, como u m a explicação d a autocom preensào
c ristã.” N a opinião de B ultm ann, isto quer dizer que a “ tarefa da
exposição da teologia do Novo T estam ento" é “ esclarecer esta
autocom preensão cristã em sua referência ao q u e rig m a ".71 B ultm ann
explica aqui que a coordenação entre “ recon stru ção ” e “ in te rp re ta ­
ção” é a chave p a ra o entendim ento de sua teologia do N T. Escolhe­
mos tra ta r da teologia do NT de B ultm ann sob o título de “ A borda­
gem Existencialista” porque sua exposição, como esperam os já haver
m ostrado, faz p arte daquelas teologias que são condicionadas por um
determ inado sistem a filosófico,72 a saber, o existencialism o de H ei­
degger.73
Com base neste conhecim ento, podem os alcançar um a apreciação
da estru tu ra da Theology o f the N ew T estam ent de B ultm ann. A P a r­
te I se intitu la “ Pressuposição e Tem as da Teologia do Novo T esta­
m ento” , e contém capítulos sobre “ A M ensagem de Jesus” ,74 “ O
Q uerigm a da Igreja Prim itiva” ,75 e “ O Q uerigm a da Igreja G rega à
P arte de P aulo” .76 A p arte II nos leva ao centro da exposição de
B ultm ann, com “A Teologia de P au lo ” ,77 com capítulos sobre “ O H o­
mem Antes da Revelação da F é ” ,78 em que tra ta de conceitos an tro ­
pológicos, incluindo o corpo, a vida, a m ente, a consciência, o
coração, a carne, o pecado, o m undo; e sobre “ O H om em sob a
F é” ,79 que se divide em seções sobre a ju stiça de D eus, a graça, a fé e
a liberdade. A Parte III é independente d a teologia de Paulo, com
“ A Teologia do Evangelho de João e as E pístolas Joaninas” ,80 com
capítulos sobre. “ O rien tação ” , “ D ualism o Joanino” , “ A ‘K risis’ do
M undo” e “ F é” . A P arte IV, conclusória, se in titu la “ Progresso
Rum o à Igreja A n tig a ",8' que se divide em ordem da Igreja, doutrina,
desenvolvimento e vida cristã.
Este procedim ento m etodológico d a apresentação da teologia do

70 P. 251.
71 I b id .
72 N . A . D a h l, “D ie T h eo lo g ie d es N eu en T es ta m e n ts ” , T h e o lo g isc h e R u n d sc h a u 22
(1 9 5 4 ), p . 25.
73 V er J. M . R o b in so n e John B. C obb, Jr., T h e L a te r H e id e g g e r a n d T h e o lo g y , “ New
F rontiers in T h e o lo g y I" (N ew Y o rk , 1963).
7 4 B u ltm a n n , T h eo lo g y o f th e N T , I, p . 3 -32.
75 P. 3 3 -6 2 .
7 6 P. 63-183.
77 P. 185-352.
78 P. 190-269.
79 P. 2 70-3 5 2 .
80 V ol. II, p . 3 -9 2 . N o original a lem à o esta é a in d a a P arte IIÍ.
81 P. 95-2 3 6 .

68
NT revela im ediatam ente sua dívida ao p rogram a de W . W redc*2 e,
mais diretam ente, ao Kyrios C hrístos,83 de W . Bousset, cuja divisão
ele segue com os títulos de “ O Q uerigm a da Igreja A n tig a", “ O Q ue­
rigma da Igreja G rega” , “ A Teologia de P au lo ” e “ A Teologia de
João” com o expoentes do querigm a da Igreja G rega.
B ultm ann abre sua teologia do NT com a seguinte frase provoca­
tiva: “A m ensagem de Jesus é m ais um a pressuposição p a ra a teologia
do Novo T estam ento do que um a p arte da teologia em si.’’84
Provavelmente, ninguém declarou o oposto a esta frase e suas im pli­
cações m ais entusiasticam ente do que Stephen Neill, em sua
recente teologia do NT: “ T oda teologia do Novo T estam ento tem que
ser um a teologia de Jesus — ou não é absolutam ente n a d a .” 85 Tem-se
registrado corretam ente86 que o enunciado-chave de B ultm ann cor­
responde à dem anda de F. C. B aur p a ra a exposição da m ensagem de
Jesus.87 A form a dos estudos críticos de B ultm ann, dos Sinópticos88 e
seu livro sobre Jesus, de 1926, form am a base p a ra a exposição da
m ensagem de Jesus. Em o utras palavras, a m ensagem de Jesus é
reconstruída com m etodologias críticas a p a rtir do querigm a sobre
Jesus Cristo, o crucificado e ressuscitado.
A reação crítica à teologia de B ultm ann, da qual sua teologia do
NT é o clímax, tem chegado de várias partes. As opiniões de
B ultm ann sobre o Jesus histórico e o Cristo querigm ático são as bases
do debate atual sobre este aspecto da teologia do NT. No capítulo
anterior descrevemos a insatisfação com as opiniões de Bultm ann
entre seus próprios alunos, tais como E. K ãsem ann, G . B ornkam m ,
H. B raum , J. M. Robinson, E. Fuchs e G. E beling,89 que são geral­
mente cham ados de “ pós-bultm annianos” . Pode-se considerar que
eles pertencem ao centro da crítica de B ultm ann. Eles se em penha­
ram na “ nova busca” do Jesus histórico, p ara explorar a questão da
continuidade entre o Jesus histórico e o Cristo querigm ático.90
Há tam bém os “ críticos de d ireita” ,91 como K. B arth, J. Schnie-

82 Ver, acim a , o n ,° t.
83 W . B ousset, K y rio s C hrístos. G e sc h ic h te des C h ristu sg la u b en s von den A n fàn gen
d es C h ristc n tu m s b is Ire n a e u s (G õ ttin g en , 1913, 6 . a ed .; D a rm sta d t, 1967).
T rad . ingl. K y rio s C h rísto s (N ash ville, 1970).
84 B u ltm an n , T h eo lo g y o f th e N T , J, p . 3 (o s grifos são dele).
85 S. N eill, Jesu s T h rou gh M a n y E yes, I n tr o d u c tio n to th e T h eo lo g y o f th e N e w T e s­
ta m e n t (F ila d é lfia , 1976), p . 10.
86 O, M erk, B ib lisch e T h eo lo g y , p . 254.
87 V er F. C. B aur, V orlesungen ü b e r n e u te s ta m e n tlic h e T h eo lo g ie, ed. F. C. Baur
(L eip zig , 1864), p. 45-127.
88 V er, a c i m a o n . D56.
89 L iteratura sig n ifica tiv a c ita d a n a s n o ta s n .° 257, 2 7 2 -2 7 6 , no C a p ítu lo 1 acim a.
90 V er a crítica de N . Perrin, R e â isc o v e rin g th e T e a c h in g o f J esu s ( 2 . a ed ,; N ew Y ork,
1976), p . 233 e s .
91 H . Fu ller, The N e w T e s ta m e n t in C u rre n t S tu d y (N ew Y ork, 1962), p. 16.
wind, J. Jerem ias, E. Ellwein, E. K inder, W . K ünneth, H. Diem,
H. Thielicke e P. A lth au s.92 Os críticos da ortodoxia luterana acusam
Bultm ann de negar a realidade objetiva de eventos redentores como a
encarnação, expiação, ressurreição, ascensão c segunda vinda. Nor-
m an Perrin, que faz u m a distinção entre “ conhecim ento da H istó­
ria” , “ conhecim ento histórico” e “ conhecim ento da fé’, assinala que

...o ataque de direita à posição de B ultm ann pro cura estabelecer


laços mais íntim os do que B ultm ann perm itiria entre o conheci­
m ento histórico e o conhecim ento da fé... A ala de direita pressu­
põe que a E ncarnação ou o conceito bíblico do D eus agente na H is­
tória ou a visão tradicional do cristianism o ligado a certos eventos
revelatórios na H istória ou coisas do gênero exige um relaciona­
m ento real e íntim o entre o conhecim ento histórico e o conhecim en­
to da fé, e que ju stiça tem que ser feita em nossa discussão da ques­
tão do Jesus histórico.93

É evidente que aqui h á um a divisão de águas entre a herm enêutica


existencialista b u ltm an n ian a da correlação entre reconstrução e inter­
pretação e a dos “ críticos de d ireita” .
E ntre os “ críticos de esq u erd a” estão o teólogo liberal suíço F ritz
Buri, o filósofo existencialista alem ão K arl Jaspers e o teólogo am eri­
cano Schubert M . O gden.94 Buri sugere que B ultm ann não foi muito
longe em seu p rogram a de dem itização. Ele deixou o ato de Deus
perm anecer como rem anescente da m itologia. O ato de Deus em Jesus
Cristo precisa ser “ desquerigm atizado” . H á inconsistência na propos­

92 K. B arth, “ R udolf B u ltm a n n — A n A ttem p t to U n d e r sta n d -H im ” . K e r y g m a a n d


M y th II, ed. H . W . B artsch (L ond res, 1962), p. 8 3 -1 3 2 ; J. S ch n iew in d , “ A R eply
to B u ltm an n , K e r y g m a a n d M yth I , ed. H . W . B artsch (N ew Y ork, 1961),
p . 45-101; J. Jerem ias, T h e P ro b le m o f lhe H is to r ic a l Jesu s (F ila d é lfia , 1964);
F.. E llw ein, “ R . B u ltm a n n 's Interpretation o f th e K erygm a” , K e r y g m a a n d H is-
to iy , eds. C. E. Braaten c R. A. H arrisville (N ew Y ork, 19 6 2 ), p. 25-54; E. K inder,
"H istorical C riticism a n d D em y th o lo g izin g " , ib id ., p. 55-85; W . K ü n n eth , “ Bult-
m an n ’s P h ilosop h y and the R cality o f S a lv a tio n ” , ib id ., p. 86:119; H. D iem ,
"T he Earthly Jesus and th e C hrist o f F a ith " , ib id ., p. 197 211; H . T h ielick e,
"T he R esta tem en t o f N ew T esta m en t M y th o lo g y ” , K e r y g m a a n d M y th I , p. 138-
174; P . A lth a u s, F a ith a n d F a c t in lh e K e r y g m a T o d a y (F ila d élfia , 1959). D eve-se
observar que F. G o g a rten , D e m y th o lo g iz in g a n d H is to r y (L o n d res, 1955). vem a
d efend er B u ltm an n co n tra os " críticos de d ireita ” .
93 Perrin, R e d isc o v e rin g th e T ea ch in g o f J e s u s , p. 239.
94 F . B uri, ‘‘E n tm y th o lo g isieru n g oder E n tk ery g m a tizieru n g ?” , K e r y g m a u n d
M y th o s II, ed. H. W . B a n s c h (H a m b u rg o , 1 954), p . 85 e ss.; id e m , “ T h e o lo g ie der
E x isten z ” , K e r y g m a u n d M y th o s I I I , ed. H . W . B a rtsch (H a m b u rg o , 1955), p. 81
e ss.; K. Jaspers, R . B u ltm a n n , D ie F ra g e d e r E n tm y th o lo g isie ru n g (M u n iq u e,
1954); id em , P h ih s u p h ic a l F a ith a n d R e v e la tio n (N ew Y ork, 1 9 6 7 ), p . 287 e 3 24
e s.; id em , e R . B u ltm a n n , M yth a n d C h ristia n ity (N ew Y ork, 1958); S. M . O gden,
C h rist W ith o u t M y th (N ew Y ork, 1961).

70
ta de B ultm ann no que ele entende a fé cristã como u m a transição da
existência inautêntica p ara a autêntica, m as m antém incoerentem en­
te com a p rim eira um elo necessário com o Jesus histórico neslc
processo. Jaspers condena B ultm ann por introduzir um fator objetivo
num m ovim ento existencialista, onde não há lug ar p a ra a m anuten­
ção de um elo com o Jesus histórico. O gden condena B ultm ann
porque “ ele an u la com pletam ente sua p rópria p ro p o sta construtiva
em favor de u m a solução p a ra o problem a teológico contem porâ­
neo” ,95 no que ele faz u m a distinção inconsistente entre “ possibilida­
de de princípio” e “ possibilidade de fato ” .96 O gden sustenta que a
possibilidade de princípio é sem pre um a possibilidade de fato, o que
significa o abandono de p articu larid ad e da fé c ristã .97 B ultm ann
respondeu a estas críticas ao questionar se a acusação de inconsistên­
cia não é o “ caráter legítimo e necessário do que o Novo T estam ento
cham a de obstáculo” .98 O argum ento cuja prova os “ críticos de
esq u erd a” ten taram ap resen tar consiste na convicção de que, mesmo
que possam os falar de D eus ou do transcendente de m aneira signifi­
cativa, " a relatividade essencial de todos os eventos históricos signifi­
ca que não podem os pen sar em term os de um conhecim ento de Jesus
que seja diferente em espécie do conhecim ento que podemos ter de
outros personagens históricos” .99 Isto quer dizer que Jesus é nada
m ais que um exem plo suprem o capaz, de ser im itado (Buri, Jaspers),
ou a “ m anifestação decisiva” do que tam bém é conhecido em outras
partes (O gden).
A apresentação feita por Bultm ann da teologia pau lina é correta­
m ente entendida como o centro de su a teologia do NT. Ele considera
Paulo “ o fu n d ad o r da teologia cristã” . 100 Isto quer dizer que, “ em
com paração com a pregação de Jesus, a teologia de Paulo é um a
estru tu ra nova e que não indica n ad a mais que Paulo teve seu lugar
dentro do cristianism o grego” .10’ E sta discrim inação parece refletir
por que a teologia do NT de B ultm ann em prega am plam ente o
m étodo descritivo, ao tra ta r dos tópicos d a P arte I de sua obra,
enquanto nas P artes II e III, com a apresentação das teologias de
Paulo e de João, usa a interpretação antro p o ló g ica.102 No que diz
respeito a Paulo, B ultm ann resume: “ A teologia de P aulo pode ser

95 O gd en , C h rist W ith o u t M y th , p. 215.


96 P. 111 e ss.
97 P. 1 4 3 ,1 5 1 , 156 e 160.
98 R. B u ltm a n n , “ R eview o f S. M . O g d en , C hrist W ith o u t M vth ", J o u rn a l o f R e li­
gion 4 2 (1 9 6 2 ) , p. 226.
99 Perrin, R e d isc a v e r tn g th e T ea ch in g o f J esu s, p. 239 (o grifo é dele).
100 B u ltm an n , T h eo lo g y o f the N T , I, p. 191.
101 P. 189.
102 S ten d ah l, I D B , I, p. 4 2 0 e s . ; C. E. C ox, “ R . B ultm ann: T h eo lo g y of th e N ew T es-
tam en t" , R e s to r a tio n Q u a r te rly 17 (1 9 7 4 ), p. 157.

71
m elhor tra ta d a como su a doutrina do hom em: prim eiro, o hom em
anterior à revelação da fé e, segundo, o hom em sob a fé, pois deste
modo a orientação antropológica e soteriológica da teologia de Paulo
é a p re se n ta d a.” 103 A conversão do próprio P aulo é interp retad a, em
categorias existencialistas da p rim eira fase de H eidegger, como um a
rendição de “ seu entendim ento anterior de si m esm o, isto é, ele abriu
mão do que até en tão havia sido a n orm a e o significado de sua v id a ...
Sua conversão não foi um a conversão de arrependim ento, ...e ra um a
subm issão obediente ao juízo de D eus, tornado público na cruz de
Cristo, sobre todas as realizações e ostentações h um anas. É assim que
sua conversão se reflete em sua te o lo g ia ".lü" B ultm ann considera
“ a teologia de P aulo ao mesmo tem po u m a antropologia” .105 O m é­
todo em pregado p a ra explicar este ponto de vista predeterm inado é
um a análise term inológica das palavras usadas p o r Paulo, tais como
corpo, alm a, espírito, m undo, lei, m orte, ju stiça, graça, fé e liber­
dade.
As reações a esta tentativa de um a in terp retação antropológica ou
existencialista de Paulo variam . M . B arth descreve o resultado final
dos métodos de B ultm ann na exposição da teologia p au lin a assim:
“ B ultm ann descreve P aulo como o apóstolo da verdadeira autocom -
preensão e existência, em resum o, como um apóstolo de existência
autêntica. Paulo é transform ado num existencialista entre os apósto­
los. M as Paulo se ch am a a si m esm o incansavelm ente de apóstolo de
Jesus C risto ."106 B arth acha que ainda que as m esm as cartas conside­
radas inautênticas p o r B ultm ann (Efésios, Colossenses, II Tessaloni-
censes, I-II Tim óteo, Tito) fossem incluídas no Corpus PauUnum,
nem assim a exposição feita p o r B ultm ann, da teologia paulina,
m udaria de direção, p o rq u e ele se em penha na “ crítica do conteúdo"
S a c h k ritik ,107 em cuja base as declarações p au lin as a respeito do

103 B u ltm a n n , T h eo lo g y o f the N T , I, p. 191.


104 P. 188.
105 B u ltm a n n , T h eo lo g ie d es N T , p . 187. A trad. ingl. “ P a u l’s th eology can be b est
treated as bis d o ctrin e o f m a n ” (A teo lo g ia de P a u lo p o d e ser m elh or tratad a com o
sua dou trina d o h o m em ), e m T h eo lo g y o f t h e N T , I, p. 191, é im p recisa.
106 M . B a rth . “ D ie M eth o d e von B u ltm a n n s 'T heologie des N eu en T e sta m e n ts" ',
T h eo lo g isc h e Z e its c h r ift 11 (1 9 5 5 ), p. 15.
107 V er R . B u ltm a n n , G la u b e n u n d v ersteh en / ( 4 . a ed.; G õ ttin g e n , 1961), p . 38-64;
idem , “T h e P roblem o f a T h e o lo g ic a l E x eg e sis” , the B eg in n in g o f D ia le c tic a l
T h eo lo g y, ed. J. M . R o b in so n (R ic h m o n d , V a ., 1 968), I, p . 236-256; id em , "Is
E xegesis W ith o u t P r e ssu p o sitio n s P o s s ib le ? ” E x iste n c e a n d F a ith : S h o rte r W r it-
in gs o f R u d o lf B u ltm a n n , ed. S. M . O gd en (N ew Y ork, 1 960), p . 2 8 9-296. A n o ­
ção b u ltm a n n ia n a dc “ crítica do c o n te ú d o ” é d iscu tid a por J. M . R o b in so n , “ Her-
in en eu tic Sin ce B a rth ” , T h e N e w H e r m e n e u tic . “ New F rontiers in T h eology II” ,
eds. J. M . R o b in so n e J. B . C obb, Jr. (N ew Y o rk . 1964), p . 31-34; W . S ch m ith a ls,
D ie T h eo lo g ie R u d o lf B u ltm a n n s: E in e E in fü h ru n g ( 2 . a e d .; T ü b in g en , 1967),
p . 251; W . G . D o ty , C o n te m p o r a ry N ew T e s ta m e n t I n te rp r e ta tio n (E n glew ood
C liffs, N .J . , 1972), p . 21 e s .

72
Espírito Santo, da ressurreição, do segundo A dão, do pecado original
e do conhecim ento são elim in ad as. 'm Este procedim ento cn minha dc
mãos dadas com o conceito b u ltm anniano de p reen ten dim cnlo1"'' e
interpretação: “ Não há n enhum a interp retação sim ples do ‘que
existe’, mas de algum m o d o ... a interp retação do texto sem pre
cam inha de m ãos dadas com a in terp retação de si mesmo do
e x e g e ta."110 O círculo herm enêutico parece im plicar m ais subjetivi­
dade do que deveria,111 B arth conclui: “ É provável que apenas um
m étodo de pesquisa e exposição seja adeq u ad o p a ra Paulo, se o
testem unho do apóstolo a respeito de Cristo (e não sua filosofia de
vida) for colocado no centro do questionam ento e d a d escrição".112
B arth deseja colocar o ponto de vista cristológico no centro do palco,
que é ocupado pela antropologia no sistem a de B ultm ann. Isto não
deixa de ter algo a ver com a tentativa do discípulo católico de
B ultm ann, H. Schlier, que talvez tenha ido m ais longe que o profes­
so r.113 Schlier diz: “ Na m in h a opinião, a teologia do Novo T estam en­
to, ao tra ta r de São Paulo, desenvolverá sua teologia [de Paulo] como
um a função do evento em cujas características básicas ele vê com­
preendidas a história e a existência da h u m an id ad e. E sta é a
ressurreição de Jesus Cristo, o Senhor crucificado, que foi exaltado
perante sua vinda, de m odo que sua ascensão foi um ato final ou
escatológico.’’114 C ontrariando B ultm ann, Schlier argum enta por
um a apresentação da teologia dos Sinópticos lado a lado com as
teologias de Paulo e Jo ã o .lls Em vez de fazer da teologia p au lin a a
base da teologia do NT (conform e B ultm ann), Schlier se propõe a
fazer das fórm ulas confessionais dos cristãos prim itivos a base da
teologia do NT, pois “ elas são o pronunciam ento original da revelação
de Jesus Cristo, conform e d eclarado” . 116 Segundo E. K âsem ann,
Schlier “ girou suas idéias [de B ultm ann] ou, como geralm ente se
diz, colocou-as de cabeça p a ra baixo’’. 117

108 B arth, " D ie M eth o d e ” , p. 15.


109 B u ltm an n . E x isten ce a n d F a ith , p. 2 8 9 -2 9 6 .
110 B u ltm an n , T he B eg in n in g s <>/D ia le e tic a l T h eo lo g y, 1, p . 242.
111 V er a crítica de E . B ctti, D ie H e rm e iie u lik ais a llg e m e in e M e th o d ik d e r
G e iste sw issen se h u fte n (T ü b in g e n , 1 9 6 2 ).
112 B arth, “ D ie M eth o d e ” , p. 15 e s.
113 H. Sctdicr. “ U b cr Sinn und A u fg a b e einer T h eo lo g ie des N eu en T esta m en ts” ,
B ib lisch e Z e its c h r ift 1 (1 9 5 7 ), p. 6-23; reim presso em P T N T , p. 3 2 3 -3 4 4 . Trud.
ingl. em D o g m a tic vs. B ih lie a l T h eo lo g y, ed. H . V orgrim ler, (B a ltim ore, 1964),
p. 87-113.
114 Schlier. D o g m a tic vs. B ih lie a l T h eo lo g v, p. 90.
115 P. 99.
116 I b id .
117 H. K ãsem a n n , “ The P roblem of a New T esta m en t T h cn lo g y " , N T S 19 (19731.
p. 240.

7.1
O ex-aluno de B ultm ann, H. B ra u n ,118 levantou a questão da
possibilidade de u m a teologia do NT, pois o NT é n ad a m ais que um a
série de enunciados discrepantes sobre os principais assuntos teoló­
gicos. Ele expõe sua opinião por meio de discussões de assuntos como
a cristologia, a soteriologia, lei, escatologia e a d outrina dos sacra­
m entos. A tese de B raun é a seguinte: “ Os autores do Novo T esta­
m ento fazem declarações a respeito da salvação e de sua relação com
Deus, coisas que não podem e n tra r em h arm onia entre si e que
provam , através de suas discrepâncias, que sua m atéria de estudo não
é o que declaram , expressis verbis, em contradição m ú tu a .’' 11'’ A so­
lução p a ra estes problem as é u m a interpretação antropológica de
Deus m ais radical. “ De q ualquer form a, D eus não seria entendido
como aquele que existe por si, como u m a espécie que só seria
compreensível sob esta palavra. Deus, então, significa m uito m ais o
porquê de m in h a in q u ietação .” 12u B raun, em seu livro Jesu s, 121 levou
a um a conclusão consistente a sua interpretação antropológica da
aparição de Jesus e do NT. L. G oppelt classifica o antropocentrism o
de B raun, em sua tese e em seu livro, como “ um seguir até o fim o
cam inho do historicism o, no qual se desiste da teologia do NT;
...em term os de história da pesquisa, ele m arca o fim de um a
época.” 122 Até mesmo na visão do p ó s-bultm anniano K ãsem ann
“ este tipo de m isticism o [de Braun] significa falência, e dever-se-ia
protestar, em nom e da honestidade intelectual, q u an do o hum anism o
é um a m oda que tom ou posse do cristianism o” .123
N enhum erudito da escola pós-b u ltm an n ian a produziu, até agora,
qualquer teologia do N T. Isto não quer dizer que esteja m orto o
interesse neste assunto. J. M. Robinson voltou a ele num provocante
ensaio,124 que foi discutido no capítulo anterior. Robinson pretende
tra b alh a r a “ nova h erm enêutica” e suas pressuposições na filosofia da
linguagem , e trocar a interpretação antropológica de B ultm ann por
um movim ento “ p a ra dentro da linguagem , que possa ser in terp reta­

118 H . B raun, " D ie P rob lem atik ein er T h e o lo g ie d es N eu en T esta m en ts" , Z T h K


B eih e lit 2 (1 9 6 1 ), p. 3 -1 8 , reim presso em H . B rau n , G e sa m m e lte S tu d ie n z u m
N eu en T e s ta m e n t u n d se in e r U m w e lt (T ü b in g e n , 1962), p . 3 2 5 -3 4 1 , e em P T N T ,
p. 4 0 5 -4 2 4 . T rad. ingl. "T he P ro b lem s of a New T esta m en t T h e o lo g y ” , The B u lt­
m an n S c h o o l o f B ib lic a l I n te rp r e ta tio n s : N e w D ir e tc tio n s ? ed. R . W . F u n k (N ew
Y ork, 1 965), p . 169-183.
119 B raun, " T h e P rob lem of a N T T h e o lo g y ” , p . 169.
120 P. 182 e ss.
121 H . B ra u n , J esu s. D e r M a n n a u s N a za re th u n d sein e Z e it (S tu ttg a rt B erlim , 1969).
122 L. G o p p elt, T h eo lo g ie d e s N eu en T e s ta m e n ts , ed. J. R o lo ff (G õ ttin g e n , 1975), 1,
p. 38. V er ta m b ém sua o p in iã o sobre o livro de B rau n, J e su s, em T h L Z 95 (1 9 7 0 ),
p. 7 4 4 -7 4 7 .
123 K ãsem a n n , “ T h e P rob lem o f a N ew T esta m en t T h eo lo g y " , p. 241.
124 Ver o C ap ítu lo 1, n o ta de rodapé n .° 3.

74
do nos term os das alternativas no m undo m oderno, am pliando-as
‘teologicam ente’, ‘ontologicam ente’, ‘cosm ologicam ente’, ‘polilka-
m ente’, e tc ,..” 125 Robinson quer perm anecer com a correlação cnliv
“ reconstrução” e “ in terp retação ” ou, como ele o cham a, “o histórico
e o norm ativo” . 126 Algumas teses de E. K ãsem ann voltam-se total­
mente contra Robinson. Ele (K ãsem ann) não fala do duplo aspecto
da “ reconstrução” e da "in terp retação ” dentro d a tradição bultm an-
niana. Explica, porém , que “ a teologia do Novo T estam ento é ..., ne­
cessariam ente, um a disciplina h istó ric a ...” 127 “ No que se refere ao
método, os diferentes aspectos e perspectivas da escatologia fornecem
as diretrizes p a ra a teologia do Novo T estam ento. Q uanto ao conteú­
do, eles oferecem o pano de fundo p ara seus tem as principais em seus
sucessivos estágios de desenvolvim ento.” 128 K ãsem ann não entra em
detalhes a respeito da elaboração real de um a teologia do Novo
Testam ento.
N orm an Perrin movia-se cada vez m ais em direção ao terreno
pós-bultm anniano e p a ra longe de seu professor J. Jerem ias.119 Perrin
critica B ultm ann, por não elab o rar n enhum a teologia do Novo
Testam ento, mas apenas um a teologia de Paulo e de João. “ Sim ples­
m ente não é verdade que tudo antes de Paulo e João seja um a
preparação p a ra eles, e que tudo depois deles seja um a apostasia de
suas realizações.” 1-10 Perrin, contudo, finalm ente concorda com
B ultm ann (e com Conzelm ann) que Jesus é “ a pressuposição do Novo
T estam ento” . ' 11 A preocupação dc um a teologia do NT é, por­
tanto, não o Jesus histórico, isto é, a “ m ensagem m em orial de
Jesus” , mas a “ im agem de fé de Jesus” 132 pós-ressurreição, isto
é, o Cristo histórico. Isto q u er dizer que Perrin não pode se­
guir Jerem ias, K üm m el, G oppelt, Neill e outros que iniciam sua
exposição d a teologia do NT com o Jesus histórico. Nem segue o

125 R ob in son , “ T he F u ture o f N T T heology", p. 22.


126 P. 20.
127 K ãsem ann, “T h e P roblem o f a N T T h e o lo g y ” , p . 242.
128 P. 244.
129 Isto está ev id en te em su a s recentes p u b lica çõ es; observar e sp ecialm en te o seu
R ed isc o v erin g lh e T eachin g o f Jesu s ( 2 . a e d .; N ew Y ork, 1976); N . Perrin,
T h e N e w T e s ta m e n t' A n In tro d u c tio n (N ew Y ork, 1974); idem , A M o d e m P ilgri-
m a g e in N e w T e sta m e n t C h risto lo g y (N ew Y ork, 1974); id em , Jesu s a n d th e Lan-
g u age o f th e K in g d o m (N ew Y ork, 1976).
130 N . Perrin, "Jesus and the T heology o f the N ew T esta m en t" , d iscurso n ão p u b lic a ­
do. lid o na C atholic B ib lica l A sso cia tio n (D enver, C o lo ., 18-21 de agosto de 1975)
p. 6.
131 Perrin, T he N T : A n I n tr o d u c tio n , p. 5 e 27 7 -3 0 2 ,
132 Perrin, R ed isc o v erin g th e T eachin g o f J e su s, p . 2 4 3 -2 4 8 . In d ep en d en tem en te de
P errin, o a m erican o V an A . Harvey desen volveu , em seu livro The H isto ria n a n d
th e B eliev e r (N ew Y ork, 1 966), p. 2 6 5 -2 8 1 , a d esig n a çã o “ im agem p ersp ectiva” ,
que é igual à “ im agem da fé” de Perrin, u m a d e sig n a ç ã o para o C risto histórico.

75
“ m étodo herm enêutico im perfeito” 113 de dem itização de B ultm ann.
O que Bultm ann designava como m itologia apocalíptica judaica é
o simbolism o apocalíptico judaico. P errin segue aqui, p articularm en­
te, as teorias do sím bolo13* de Paul R icoeur135 e de P. W heelw right.136
Segundo Perrin, u m a genuína teologia do NT p ós-bultm anniana
baseia-se na obra filosófica sobre a n atu reza e função dos signos e
dos símbolos. P errin já assinalara que entende “ reino de D eus” , nos
lábios de Jesus, como um sím bolo que funciona através da evocação
de um mito, o m ito do Deus ativo dentro da história de todo o seu
povo em seu no m e.137 A tese de Perrin é que “ a teologia do Novo
Testam ento pode ser concebida enquanto seguimos a função do
Jesus-personagem , Jesus-m atéria, Jesus-história dentro dos diferentes
sistem as teológicos representados pelos escritos apocalípticos cristãos
primitivos e pelos Evangelhos Sinópticos e A tos” . 138 P errin acha que
“ um a pesquisa sem elhante dos sistem as teológicos representados por
Paulo, João e da literatu ra do catolicism o em ergente” pode ser
feita.139 O fator unificante “ é a figura sim bólica de Jesus, que é
constante em todos os sistem as teológicos desenvolvidos no Novo
T estam ento” . 140 A lcançaria P errin um a “ in terp retação ” radicalm en­
te diferente daquela de B ultm ann? Ele m esm o previu que provavel­
m ente tam bém chegaria a u m a posição próxim a à de B ultm ann, no
que diz respeito à interpretação da m ensagem de Jesus no século XX,
m as, “ baseando-se n u m a com preensão e in terp retação do uso feito
por Jesus da ‘linguagem sim bólica’, e não n u m a herm enêutica de
d em itização ...” 141 Se B ultm ann construiu sua herm enêutica na dem i­
tização do m ito, então Perrin construiu sua herm enêutica na decifra-
ção do sím bolo. Se a teologia do NT de B ultm ann deve ter como
característica a dem itização do m ito, então espera-se que a teologia
do NT pós-b u ltm an n ian a p roposta por Perrin se em penhe na decifra-
ção do símbolo. Se o uso da filosofia da linguagem na teologia do NT
tornar-se-á ou não um cam po de b a ta lh a como a filosofia existencia­
lista, ainda não se sabe.

133 Perrin, “Jesus a n d the T h eo lo g y o f the N T ” , p . 14.


134 N . Perrin, “ E sch a to lo g y an d H erm eneutics: R e ile ctio n s on M eth o d in the Inter-
pretation of the New T esta m en t" , J B L 93 (1 9 7 4 ), p . 3 -14.
135 P. R icoeu r, T h e S y m b a lis m o f E v ii (B o sto n , 1960); ver agora “ Paul R icoeu r on
B iblical H erm en eu tics" , S e m e ia 4 (1 9 7 5 ), p. 1-148.
136 P. W h eelw rig h t, M e ta p h o r u n d R e a lity (B lo o m in g to n , 1962).
137 Isto é escla recid o em detalh e por Perrin, em seu recen te trabalh o J esu s a n d th e
L a n g u a g e o f th e K in g d o m .
138 Perrin, "Jesus a n d th e T h eo lo g y o f th e N T " , p. 26.
139 P. 26.
140 P. 15.
141 P. 14.

76
2. H ans C onzelm ann. Conzelm ann é o único discípulo dc Hull-
m ann que publicou um a teologia do NT; sua obra tem por tílulo
Grundriss der Theologie des N euen T estam ents e foi publicada cm
1967.142 De fato, esta é a p rim eira teologia p ro testan te do NT a
aparecer na A lem anha desde a publicação dã teologia do NT do
próprio B ultm ann. E m bora geralm ente se concorde que em conteú­
do ele não faça nenhum progresso significativo p a ra além de
B u ltm an n ,143 há algum as m udanças distintas na m etodologia que já
se tornam aparentes, pelo m enos até certo ponto, na estru tu ra de sua
obra. A " In tro d u ç ã o " 144 tra ta do problem a de um a teologia do Novo
T estam ento do am biente grego e judaico. Segue-se a P arte I, in titu ­
lada “ O Q uerigm a da C om unidade Prim itiva e da C om unidade
G rega” 145 e a P a rte II, "O Q uerigm a S in ó p tico ".146 C onzelm ann trata
da “ Teologia de P aulo” na P a rte I I I ,147 m as, ao contrário de
B ultm ann, a P arte IV tra ta do “ Desenvolvimento Após Paulo” ,148 e
então segue-se a teologia de Jo ã o .149
A e stru tu ra da teologia do NT de Conzelm ann, q u ando com parada
à de B ultm ann — da qual ele diz que “ perm anecerá o fundam ento
ainda p o r m uito tem po, e o esboço aqui apresentado traz sua dívida
para com ele em inúm eras p a r te s " '50 — revela três grandes m odifica­
ções, que têm um significado m etodológico distinto: (1) “ A m ensa­
gem de Jesus", que é, p a ra B ultm ann, a “ pressuposição p a ra a
teologia do Novo T estam ento, em vez de u m a p arte da teologia do
Novo T estam ento em si” , 151 é totalm ente om itida por Conzelm ann.
Ele insiste “ que o ‘Jesus histórico' não é um tem a da teologia do Novo

142 H . C on zelm a n n , G ru n d riss d e r T h eo lo g ie d e s N eu en T e s ta m e n ts (M u n iq u e,


1967). T rad . in g l. da 2 . a ed . de 1963 A n O u tlin e o f th e T h eo lo g y o f th e N ew
T e s ta m e n t (N ew Y ork, 1969).
143 Ver as reações d e W . G . K ü m m el, “ D ie E x eg etisch e E rfo rsch u n g des N T in diesem
Jahrhu ndert", D a s N eu e T e s ta m e n t im 20. J a h rh u n d ert (S tu ttg a rl, 1970), p . 123
e s.; G . F. H a sel, “ R eview of H . C o n zelm a n n , G ru n d r iss d e r T h eo lo g ie d e s N T ”,
A U S S 8 (1 9 7 0 ), p. 86-89; P. S tu h lm a ch er, “ N eu es v o m N eu en T esta m en t" , P a s-
to r a lth e o lo g ie 5 8 (1 9 6 9 ), p . 424 e s.; H . K ü n g , M en sc h w e rd u n g G o tle s (F reib urg,
1970), p. 588; E. G ü ttg em a n n s, "L iteratur zur n e u testa m en tlich en T h e o lo g ie " ,
V erk ü n d ig u n g u n d F o rsch u n g 15 (1 9 7 0 ), p. 47-50; M . B o u ttier, “ T h éo lo g ie et
P h iloso p h ie du N T " , E lu d e s T h éo lo g iq u e s et R elig ieu se s 45 (1 9 7 0 ). p. 188-194,
esp. p . 189 e s.; W . J. H arrington , “ N ew T esta m en t T h eo logy. T w o R ecent
A p p roa ch es" , B T B 1 (1 9 7 0 ), p. 173-184; M erk , B ib lisch e T h eo lo g ie, p. 258 e s.;
K ásem a n n , “ T h e P rob lem of a N T T h eo lo g y " , p. 241; R obin son, “ T he Future
o f N T T h eo lo g y " , p. 19 e s.
144 C on zelm a n n , A n O u tlin e o f N T T h eo lo g y, p . 1-25,
145 P. 29-93.
146 P . 97-1 5 2 .
147 P. 155-286.
148 P. 289-3 1 7 .
149 P . 3 2 1-3 5 8 .
150 P. xv.
151 B u ltm a n n , T h eo lo g y o f th e N T , I , p . 3.

77
T estam ento", no que concorda com B ultm ann, m as discorda dele em
não considerá-lo u m a pressuposição da teologia do NT. Ele o faz em
função da “ consciência m etodológica e com o resultado da base
exegética de m inha abordagem ” .152 “ O problem a básico da teologia
do Novo T estam ento não é como o proclam ador, Jesus de N azaré,
tornou-se o Messias anunciado, o Filho de Deus, o Senhor? É, pelo
contrário: Por que é que a fé m anteve a identidade daquele que foi
exaltado com Jesus de N azaré depois das aparições da ressurrei­
ção?” 153 (2) C onzelm ann reserva a seqüência de duas últim as partes
conform e com paradas com a obra de B ultm ann. Supõe-se várias
razões p a ra isso: (a) Evitar o julgam ento ético de que o movimento
rum o à igreja prim itiva e ra um retrocesso; (b) a associação especial
de literatu ra paulina; e (c) o fato de que as eras “ apostólica” e
“ pós-apostólica” não são tan to um a pressuposição quanto um ingre­
diente da teologia” .164 Isto quer dizer que C onzelm ann procura ser
consistente em sua exposição da teologia do NT ao elim inar ou
reclassificar as pressuposições da teologia do NT. Se ele luta pela
coerência, então que base lógica tem a sua prim eira parte, que
reconstrói o querigm a das com unidades judaicas e grega? (3) Con­
zelm ann avança mais notavelm ente além de B ultm ann em sua
inclusão do conteúdo dos Evangelhos Sinópticos como parte do
conceito de teologia do NT. Este é o resultado direto dos estudos
críticos da redação feitos n a pesquisa do E vangelho,155 de que o
próprio Conzelm ann foi o pio n eiro .156 Infelizm ente, “ seu ceticismo
histórico quase nega o resu ltad o ” .157
Ao lado destas m udanças refletidas pela estru tu ra ou plano da
teologia do NT de C onzelm ann há as questões-chaves adicionais, que
levam diretam ente à m etodologia na teologia do N T. Conzelm ann
faz, até certo ponto, o que Schlier dizia ser necessário ser feito ,158
isto é, ele procura, com base no m étodo da Traditionsgeschichte
(história da tradição), reconstruir “ os textos originais da fé, as mais
antigas formulações da d o u trin a” . 159 Ao contrário da abordagem de

152 C o n zelm a n n , A n O u tlin e o / N T T h eo lo g y, p . xvii.


153 P. xviii.
154 P. xvi.
155 V er esp ec ia lm en te J. R ohde, D ie red a k tio n sg e sch ic h tU c h e M e th o d e (H am b u rgo,
1966). T rad. ingl. R e d isc o v e rin g th e T ea ch in g o f lhe E v a n g elists (F ilad élfia,
1969); N . Perrin, W h a t is R ed a c rio n C riiic is m ? (L o n d res, 1 960).
156 V er H . C o n zelm a n n , D ie M itte d e r Z e it (T ü b in g e n , 1 953). T rad . ingl. Th e T h e o ­
lo g y o f S t. L u k e (L ond res, 1960).
157 H arrington , "N ew T esta m en t T h e o lo g y ” , p. 183.
158 S ch lier, “ A T h eo lo g y o i the N T ” , p . 9 9 -1 0 1 .
159 C on zelm a n n , A n O u tlin e o f N T T h e o lo g y , p. xv. Ver tam bém H . C on zelm an n ,
T h eo lo g ie ais S e h rifta u sle g u n g . A u fs á tz e z u m N T (M u n iq u e, 1974), p. 1Oõ-119,
131-151.

78
Schlier, C onzelm ann supõe um a d outrina cristã prim itiva e se recusa
a fazer qualquer concxão entre ela e os Sinópticos. Isto lhe dá a
possibilidade de reto rn ar à posição de B ultm ann, “ isto é, de conside­
rar as fórm ulas confessionais a objetivação da autocom prcensão
cristã, que no processo subseqüente da interpretação é parcialm ente
elucidado, parcialm ente mais uniform izado e p arcialm ente distorci­
do’’.160 De várias partes são lançadas objeções à reconstrução de um a
doutrina cristã prim itiva. E. G üttgem anns fala da reconstrução da
doutrina como um a “ em presa perigosa, que é m uito arriscada diante
da natureza fragm entária da literatu ra do cristianism o prim itivo e da
pobrem ente docum entada história do cristianism o prim itivo, que se
esconde nas trevas da história antiga (F. O verbeck), especialm ente
quando esta reconstrução é tran sfo rm ad a na fundação da unidade
dos keryg m u ta" , 161 K ãsem ann enuncia u m a restrição sem elhante:
“ Em m inha opinião, um a d o u trin a cristã prim itiva já está excluída
pela variedade de doutrinas existentes. Até o período pós-paulino,
até mesmo nele, um tanto raram ente, não podem os verdadeiram ente
dizer que os autores do Novo T estam ento vêem sua tarefa com o
esclarecim ento da confissão.” 162 A questão em jogo é se as doutrinas
confessionais são consideradas objetivaçòes da autocom preensão da
fé ou se a cristologia substitui a autocom preensão d a fé enquanto
ponto focal. Schlier pro cu ra u m a base m ais am pla ao incluir os
Sinópticos na tradição definitiva e pensa em fazê-lo anteriorm ente à
proclam ação da encarnação, paixão e ressurreição.163 Nas linhas
anteriores observam os como C onzelm ann consegue reto rn ar à posição
de B ultm ann, apesar de seu ponto de p artid a diferente. No todo,
perm anece verdadeiro tam bém p a ra C onzelm ann que a teologia não
fala objetivam ente a respeito de Deus e do m undo; a teologia é
antropologia. A fé revela um novo auto-entendim ento. H arrington
declara: “ Tudo isto é H eidegger, através de Bultm ann; não é nem
Paulo, nem João — nem Jesu s.” 164 Em qualq u er caso, Conzelm ann
com partilha da interpretação existencialista de B ultm ann. M as estará
ele tão excessivamente orientado p a ra a interpretação coino
Bultm ann?
Conzelm ann revela um a m udança na correlação entre reconstrução
e interpretação, isto é, o histórico, em vez do norm ativo. C ontra a
época de. B ultm ann, na qual havia um a necessidade de um a forte
ênfase sobre a “ interpretação do sentido do que foi dito e da

160 K ãsem an n . “ T h e Problem o f a N T T h eology" , p. 241.


161 G ü ttg em a n n s, "L iteratur zur n e u te ita m e n tlic h e n T h e o lo g ie " , p. 49.
162 K lisem ann , “T h e P roblem o f a N T T h eo lo g y " , p. 241.
163 Schlier. "A T h e o lo g y of the N T ", p . 101 e s.
164 H arrington, T h e P a ih o f B ib lica ! T h eo lo g y. p. 197; id e m , “ New T estam en t T h e o ­
logy", p. 184.

79
m ensagem dos textos” , C onzelm ann sente que “ as perspectivas
m u d a ra m " .165 Hoje há “ u m a nova tendência rum o ao positivismo
histórico e ao relativism o. A tendência ascendente em que a erudição
bíblica se deleitou d u ran te décadas m ostrou-se um tanto escapista —
p ara dentro do histórico” . 166 C onzelm ann p ro cu ra conter esta tendên­
cia rum o ao positivism o histórico e relativism o através de um a tática
que se opu n h a a B ultm ann, que enfatiza a “ in te rp re tação ", isto é, o
que a reconstrução significa p a ra o hom em m oderno conform e
trad u zid a através do meio filosófico do existencialism o. Conzelm ann
acentua “ a reconstrução histórica, isto é, a apresentação do universo
de pensam ento do Novo T estam ento segundo o condicionam ento de
sua época” .167 E sta guinada em direção ao histórico é significativa
para Conzelm ann, que perm anece totalm ente com prom etido com a
correlação b u ltm an n ian a da “ reconstrução” e da “ interp retação ” . 168
C onzelm ann parece ter o apoio de K ãsem ann, que considera a teolo­
gia do NT “ u m a disciplina histórica” .169 E stas m udanças no terreno
bultm an n ian o revelam que a teologia do N T se encontra em um a con­
dição de fluxo mesm o entre aqueles que são conhecidos por serem a
favor da abordagem existencialista.
Não se deve passar por alto que as abordagens existencialistas,
tanto de B ultm ann como de Conzelm ann, fracassam na representa­
ção das perspectivas do N T com o um todo. A abordagem existencia­
lista só pode tra ta r das partes do N T que são acessíveis à in te rp reta ­
ção existencialista. As partes do N T que não se prestam a esta
abordagem estão sofrendo u m a “ crítica de conteúdo” ou são todas
deixadas fora de questão. As abordagens existencialistas de
Bultm ann e de C onzelm ann parecem considerar docum entos como
H ebreus, I e II Pedro, Tiago, Judas e A pocalipse como enteados, que
não merecem atenção. Isto levanta o utras questões a respeito da
adequação da abordagem existencialista.

C. A Abordagem Histórica

1. W erner G. K ü m m e l. Não poderia haver n ad a m ais pro fu n d a­


mente diferente da tese de C onzelm ann — “ O problem a básico da
teologia do Novo T estam ento não é como o proclam ador, Jesus de
N azaré, tornou-se o M essias anunciado, o Filho de D eus, O Se­
nhor” 170 — do que a teologia de K üm m el, publicada dois anos mais

165 C on zelm a n n , A n O u tlin e u f N T T h eo lo g y, p. x iii (o grifo é dele).


166 I b id .
167 P. xiv.
168 R ob in son , "T he F u lu re o f N T T h eo lo g y " , p. 19.
169 K ãsem a n n , “ T h e P roblem o f a N T T h eo lo g y " , p. 242.
170 C on zelm a n n , A n O u tlin e o f N T T h eo lo g y , p. xviii.

80
tarde (1969).171 Küm m el não pertence à escola de B ultm ann; pelo
contrário, ele representa a corrente histórico-m oderna da pesquisa c
procura fazer precisam ente o que C onzelm ann acreditava não ser o
problem a básico da teologia do NT.
K üm m el estabelece sua tarefa com palavras concisas: “ Tentarei
m anifestar a pregação de Jesus, a teologia de Paulo à luz d a com uni­
dade prim itiva, e a m ensagem de Cristo no Evangelho de João, em
suas características essenciais, e, com base nesta apresentação,
indagar sobre a unidade exposta nestas form as de p roclam ação.” 172
A estru tu ra de seu livro reflete sua incum bência.*73 O Capítulo I tra ta
da “ Proclam ação de Jesus Segundo os Três Prim eiros Evange­
lhos” ,174 em que a m ensagem de Jesus é conscientem ente colocada no
início d a teologia do NT, a fim de m ostrar com o o P roclam ador se
tornou o A nunciado. O C apítulo II volta-se p a ra “ A Fé da Com uni­
dade C ristã P rim itiv a",175 que vê as coisas sob nova luz, por causa do
evento da ressurreição. “ A Teologia de P aulo” , no C apítulo I I I ,176
coloca-se na transição da com unidade apostólica p alestina p a ra a
posterior com unidade cristã gentia. Paulo é “ o prim eiro teólogo do
cristianism o gentio” , m as entre ele e a pessoa e pregação do Jesus
terreno h á não apenas um relacionam ento histórico, m as tam bém
su b stancial.177
K üm m el difere radicalm ente em sua resposta à questão de “ Paulo e
Jesus” ,178 em que B u ltm an n 179 (e C onzelm ann) vê um hiato, ju n to
com W , W red e.180 K üm m el sustenta que Paulo é um a testem unha e
in térprete idôneo de Jesus. Isto não quer dizer, n aturalm ente, que

171 W . G . K ü m m el, D ie T h eo lo g ie des N eu en T e s ta m e n ts n ach sein en H a u p tze u g e n :


J esu s-P a u lu s-J o h a n n es (G õ ttin g en , 1969; 2 . a e d ., 1972). T rad . ingl. T he T h eology
o f t h e N ew T e s ta m e n t A c c o r d in g to its M a jo r W itn esses: J esu s-P aui-John (N a sh ­
ville, 1973).
172 K ü m m el, T h eo lo g y o f th e N T , p . 18.
173 Ver as reações de M . H en gel, “ T heorie u n d Praxis im N eu en T esta m en t? ”
E va n g elisc h e K o m m e n ta r e 3 (1 9 7 0 ), p. 744 e 745, esp . p. 744; G ü ttgem an n s,
“ L uteratur zur n eu testa m en tlich en T h e o lo g ie '', p. 44 -4 6 : K ü n g , M en sc h w e rd u n g
G o tle s , p. 5 8 8 e 591; M erk , B ib lisch e T h eo lo g ie, p. 259-261; L ohse, G ru n d riss
d e r n e u te s ta m e n tlic h e T h eo lo g ie, p. 12.
174 K ü m m el, T h eo lo g y o f t h e N T , p. 22 -9 5 .
175 P . 96-1 3 6 .
176 P. 137-254.
177 P. 244-2 5 4 .
178 V er H . R id erb o s, P a u l a n d J esu s (G rand R ap id s, M ic h ., 1957); E . E . E llis,
P a u l a n d I lis R e c e n t I n te rp r e te r s (G ra n d R ap id s, M ic h ., 1961), p . 26-34;
H. R id d erb o s, P a u l A n O u tlin e o f H is T h eo lo g y (G ra n d R ap id s, M ich ., 1975),
p. 13-43. T a m b ém A . S ch w eilzer, P a u l a n d H is I n te rp r e te r s (N ew Y ork, 1964),
p. 24 4 c s.
179 R. B u ltm a n n , “Jesus and P a u l’', E x isten ce a n d F a ith , p . 183-201.
180 W . W redi', P u u h ts (T ü b in g en , 1904) (reim presso cm K. H. R c n g slo ií e U . Luck,
D as P a u lu s b ild in d e r neu eren d e u tsch en F o rsch u n g (T ü b in g en , 1964), p. 1 e ss.).
T rad . ingl. P u u l (L ond res, 1908).

81
não há diferenças entre eles, m as elas não são, em essência, apenas
periféricas. Conclui-se que “Jesus e Paulo são testem unhas da m esma
verdade histórica, mas Paulo só aponta p a ra o passado e em direção
ao futuro p ara a salvação trazida por Jesus e esperada de Jesus” .181
A teologia dos escritos joaninos é ab o rd ad a no capítulo IV, intitulado
“ A M ensagem Joanina do Cristo no Q u arto Evangelho e nas E písto­
las” .182 Os escritos joaninos apresentam a obra e a pregação de Jesus
C risto “ deliberadam ente e consistentem ente a p a rtir da perspectiva
da fé da com unidade do últim o período do cristianism o prim iti­
vo” .183 João “ une rigorosam ente não só a pessoa de Jesus, más
tam bém a salvação forjada p o r Jesus e sua salvação como evento
salvífico escatológico” . 184 No capítulo final, K üm m el interroga a
respeito da unidade da m ensagem de Jesus, Paulo e João, sob o titulo
de “Jesus-Paulo-João: O Centro do Novo T estam ento” . 185 Küm m el
afirm a que há u m a evolução do pensam ento e que não há um a
continuidade em linha reta em todos os aspectos do pensam ento, mas
que os principais testem unhos do Novo T estam ento proclam am daí

um a m ensagem com um , de que em Jesus D eus, o Senhor do


m undo, chega até nós. M as esta vinda de D eus só pode tornar-se
um a realidade pessoal p ara nós se nos perm itirm os ser arrebatados
pelo am or de Deus, que veio a nós em Jesus Cristo, que nos tran s­
form a em novas pessoas, que deixa nossa luz resplandecer (sic)
“ diante dos hom ens p a ra que vejam as vossas boas obras e glorifi-
quem a vosso Pai, que está nos céus” (M at. 5 :1 6 ),186

Kümmel nos oferece a prim eira teologia do NT deste século, na qual


a dem anda de A. D eissm an n 187 — e de m odo algo distinto, a de G. L.
B auer188 — vem p a ra a linha de frente, a saber, a questão da unidade
do NT. E m b o ra K üm m el não consiga responder à questão da unidade
do NT inteiro, porque sua teologia do NT se lim ita ao testem unho
principal de Jesus, P aulo e João, é seguido, neste proceder, por
E. Lohse, que conclui seu Grundriss der neutestam entlichen Theolo­
gie (1974) tam bém com um capítulo sobre “ A U nidade do Novo
T estam ento” .189

181 K ü m m el, T h eo lo g y o f t h e N T , p. 254.


182 P. 2 5 5 -3 2 1 .
183 P. 32 1 .
184 íb id .
185 P. 3 22 -3 3 3 .
186 P. 33 3 .
187 A. D e issm a n n , "Zur M eth o d e der b ib lisch en T h e o lo g ie des N eu en T e sta m e n ts” ,
P T N T , p . 79.
188 M erk, B ib lisc h e T h eo lo g ie, p. 260.
189 L ohsc, G ru n d r iss d e r n e u ie sta m e n tlic h e n T h eo lo g ie. p . 161-164.
E stará K üm m el com prom etido com a correlação entre “ reconslru-
ção” e “ interp retação ” conform e a encontram os na abordagem
existencialista da teologia do NT? K üm m el responde: “ O interesse
cientifico na com preensão do Novo T estam ento tem que, precisam en­
te, quando seguido no contexto da Igreja e a p a rtir d a pressuposição
da fé, levar em conta o fato de que podem os tam bém chegar a um a
audiência crente da m ensagem do Novo T estam ento apenas de um
modo: a saber, p rocurando to rn ar compreensíveis os pronunciam en­
tos dos antigos autores do Novo T estam ento, exatam ente conforme
seus leitores e /o u ouvintes contem porâneos podem e têm que enten-
d ê-lo s."150 E nq u an to p a ra B ultm ann e C onzelm ann a “ interp reta­
ção'' está sep arad a da reconstrução e a ser atin g id a por meio do
existencialism o, Küm m el reúne a reconstrução e a interpretação de
modo que a segunda é aliada da p rim eira, pois “ m uito depende de se
quem se dedica a tal pesquisa o faz sem envolvim ento e desapego
consciente ou o faz internam ente envolvido e por isso lhe dá ouvidos
ab ertam en te” . 191 Parece evidente que K üm m el está basicam ente in­
teressado em oferecer um a reconstrução crítica m oderada, que
freqüentem ente se aproxim a das colocações de O, C ullm ann e que
abandona totalm ente a in te rp re ta çã o .192
2. Joachim Jerem ias. O prim eiro representante da corrente de
pesquisa “ histórico-positiva” é o erudito conhecido internacionalm en­
te, da U niversidade de G õttingen, J. Jerem ias. Ele se tornou um dos
prim eiros críticos da tentativa de B ultm ann de fazer da teologia do
NT um a “ teologia querigm ática” 193 e desenvolveu um “ anticriticis-
mo histórico intensivo” ,194 no qual E. K ãsem ann notou que a
tendência anteriorm ente “ p ietista” tornara-se historicam ente orienta­
da e que a anteriorm ente “ puram ente histórica” está engajada na
teologia.195 A pesquisa de Jerem ias p ro cu ra servir à verdade histórica
e proteger a Palavra da evaporação d o e e ta .19*’ Ele já havia alcançado
reconhecim ento internacional com seu trab alh o sobre as parábolas
e seus estudos sobre as palavras eucarísticas de Jesus e o em basam en­

190 K ü m m el, T h eo lo g y o f th e N T , p . 16.


191 Ih id , V er ta m b ém M erk, B ib lisch e T h eo lo g ie, p . 260 e s.
192 G op p elt, T h eo lo g ie d e s N T , I, p. 4 4 .
193 J. S. Stew art o ferece u m a ap recia çã o crítica em "T he C hrist o f F a ith ” , The N ew
T e s ta m e n t in H is to r ic a l a n d C o m e m p o ra r y P e rsp e c tiv e . E ssa ys in M e m o r y o f
G. H. C. M a e g re g o r (O x fo rd , 1965), p. 2 6 1 -2 8 0 ,
194 G op p elt, T h eo lo g y d e s N T , I, p . 4 3 .
195 E. K ãsem a n n , E x e g e tisc h e V ersuche u n d B esin n u n g e n (G õ ttin g en , 1964), II.
p. 32-41 .
196 J. Jerem ias, " T h e P resent Position in th e C ontroversy C o n e e m in g the P roblem
o f the H isto rica l Jesus". E T 59 (1 9 5 8 ), p, 333 e ss.; id em , T h e P r o b le m o f th e
H is to r ic a l J esu s (F ila d é lfia , 1964).

83
to aram aico da logia de Jesus.197 Nisto tudo estava ele interessado na
ipsissima vox Jesu (m esm íssim a voz de Jesu s),196 a fim de perm itir ao
hom em de nosso tem po ouvir a voz de Jesus com o os contem porâneos
de Jesus a ou v iram .199 U m a com preensão deste q uadro no cenário da
erudição contem porânea é vital p a ra a apreciação e avaliação da
m agnun opus de Jerem ias.
Em 1971 Jerem ias publicou sim ultaneam ente n a A lem anha e n a
Inglaterra o prim eiro volume de sua N eutestam entliche Theologie
J Teil: D ie V erkündigung Je su ,100 do qual já se tem dito que “ pode se
provar ser o m ais im portante livro escrito a respeito do Novo T esta­
m ento nos últim os cinqüenta anos” .201 Pode-se dizer sem hesitação
que neste trab alh o de Jerem ias não há a correlação entre reconstrução
e interpretação do tipo conhecido de B ultm ann e sua escola. A “ in ter­
p retação” é, q u ando m uito, a sistem atização d a proclam ação de
Jesus, obtida por meio d a reconstrução de suas palavras, o que é feito
com um a m etodologia crítica.202 Isto quer dizer que, em essência,
temos aqui um a abordagem próxim a da “ teologia descritiva do NT”
na tradição de S ten d ah l.203
O Capítulo I leva o título de “ Até O nde É Confiável a T radição das
Declarações de Jesus?” 20'’ E ste capítulo ocupa-se do problem a do
Jesus histórico, o m esm o assunto considerado p o r B ultm ann como a
pressuposição da teologia do NT e que C onzelm ann declarou não
fazer, em absoluto, p arte da teologia do NT. Jerem ias está interessado
em investigar "se nossas fontes são suficientes p a ra nos cap acitar a

197 J. Jerem ias, The P a ra b le s o f J esu s ( 3 . a e d .; L on d res, 1972); id e m , The E u c h a ristic


W ú n ls o f J esu s ( 2 . a e d .; L ondres, 1966); id em , A h b a S tu d ie n z u r n c u te s to m e n t-
lichen T h eo lo g ie u n d Z e itg e s c h ic h te (G õ u ín g e n , 1966); id em , T h e C en tra i M e s-
sage o f th e N ew T e s ta m e n t (N ew Y ork, 19 6 5 ).
198 Jerem ias escreve o seg u in te , em T h e P a r a b le s o f J e su s, p. 9: “ E sp era-se que o
leitor p erceb a que o objetivo d a a n á lise crítica c o n tid a n a seg u n d a parte deste
livro n à o é nad a m en o s que um retorno, o m ais fu n d a m e n ta d o possível, às p r ó ­
prias palavras de Jesus. S o m en te o F ilh o d o H o m em e su a palavra p o d em investir
n ossa m en sa g em de au to rid a d e to ta l,”
199 Jerem ias, T h e P a r a b le s o f J e su s, p . 114: “ N o ssa fé é retornar à viva voz verdadeira
de Jesu s. Q u ã o e n o rm e será o lu cro , se o b tiv erm o s su cesso em red escob rir, a q u i e
ali, por detrás dos véu s, as características do F ilh o do H om em ! O sim p le s fato de
en con trá-lo p o d e, so zin h o , dar força à nossa p reg a çã o ."
200 J. Jerem ias, N e u te s ta m e n tlic h e T h eo lo g ie /, T eil: D ie V e rk ü n d ig u n g Jesu (G ü t-
tersloh, 1971; 2 . a e d ., 19 7 3 ). T ra d . ingl. N e w T e s ta m e n t T h eo lo gy: T h e P ro clu -
m a tio n o f Jesu s (N ew Y ork, 1971).
201 S. N eill, Jesu s T h ro u g h M a n y E yes. I n tr o d u c tio n to th e T h eo lo g y o f th e N e w T es-
ta m e n i (F ila d é lfia , 1 976), p . 169.
202 H arrington , P a th , p. 20 1 , não a lca n ça a in ten çã o real d a m eto d o lo g ia da N T T h eo ­
lo g y de jerem ia s, em sua avaliação de que e le “ é um corretivo terrivelm en te n e c es­
sário para o cetic ism o d a persp ectiva e x isten cia lista ” .
203 S ien d a h l, I D B , I ,p . 4 2 2 .
204 Jerem ias, N T T h eo lo g y, p. 1-41. D ev e-se observar qu e este títu lo n ã o e stá estru tu ­
rado na form a de u m a p erg u n ta no original a le m ã o .

84
apresentar as idéias básicas da pregação de Jesus com algum grau dc
probabilidade” ,20Ã o que significa a reconstrução histórica da “ lindi
ção pré-Páscoa” .106 Isto deve ser alcançado por meio de (1) "m étodo
com parativo” ( “religionsvergleichende M e th o d e "),w que cmpreg;i
basicam ente o “ critério da desigualdade” , com base no qual “ unia
declaração ou um tem a” pode ser testado se provém do “judaísm o ou
da igreja prim itiva” ;208 e (2) o “ exam e da linguagem e do estilo"
("sprachlich-stilistiche T a tb estü n d e").109 Estes dois m étodos produ­
zem resultados m oderadam ente corretos e perm item u m a reconstru­
ção da ipsissima v o x J e su .2'0 No que diz respeito aos Sinópticos, “ é a
inautenticidade, e não a autenticidade das declarações de Jesus, que
deve ser d em o n strad a'’.211
O Capítulo II tra ta da “ M issão de Jesus” ,212 com os subtítulos de
“Jesus e João B atista” , “ O Convite de Jesus” , “ Passando Adiante a
Revelação” , “ A ba Como um E ndereçam ento a D eus” e “ Sim à
M issão” . Em cada caso ele segue o m étodo de investigar as fontes, o
conteúdo, o significado ou sentido do respectivo item . Este padrão
não é seguido nos C apítulos III e IV, que tra ta m da proclam ação de
Jesus, com os títulos “ A A urora da E ra da Salvação” 213 e “ O Período
da G raç a” ,214 respectivam ente. Jerem ias concluí; “ O tem a central da
proclam ação pública de Jesus era o m ajestoso reino de D eus.” 215
O C apítulo V descreve o apelo pessoal da m ensagem de Jesus, que
leva à form ação do “ Novo Povo de D eus” 216 como com unidade
rem anescente da fé, que adora a Deus sem cessar. Jerem ias dem ons­
tra sua m etodologia no Capítulo VI, “ O T estem unho de Jesus Junto à
Sua M issão” ,217 cujo título alem ão é mais preciso: ‘ Das H oheits-
bewusstsein J e s u " , no q ual m ostra-se que Jesus entendia ser “o p o rta ­
dor da salvação” .218 Jerem ias argum enta que o uso enfático da
palavra ego não tem paralelo no m undo de Jesus, e, portanto,
sustenta um a cristologia im plícita.219 “ Filho do hom em c o único

205 P. l .
206 P. 3.
207 P. 2.
208 I b id .
209 P. 3.
210 P. 2 9 -3 7 . V er ta m b ém J, Jerem ias, T h e P ra y er o f J esu s (S B T 2 /6 ; L ondres, 1967),
p. 108-115.
211 Jerem ias. N T T h eo lo g v, p. 37.
212 P. 42-75 .
213 P. 76-121.
214 P. 122-158.
215 P. 96.
216 P. 159-249.
217 P. 250-2 9 9 .
218 P. 250-257.
219 P. 254 e s .

H5
título aplicado por Jesus a si mesmo, cuja autenticidade deve ser
levada a serio ."220 Ele rem onta a D aniel 7:13. Jerem ias argum enta,
contra a conclusão de seus próprios alunos, que o título tem origem
na mitologia de C anaã, assinalando que “ diante do enorm e lapso de
tempo entre os textos de Kas S ham ra e o livro de D aniel, isto é quase
impossível” .22' A com preensão dc Jesus de sua paixão é reconstruída.
“Jesus viu sofrim ento im inente claram ente e o anunciou antecipada­
m ente... Jesus havia considerado a questão da necessidade de sua
m orte e encontrado a resposta nas E scrituras, basicam ente em
Isaías 53, o capítulo sobre o servo sofredor, m as tam bém em outras
passagens, tais como Z acarias 1 3:7".222 As alusões m ais im portantes
ao sofrim ento de Jesus são as palavras eucarísticas.223
No capítulo final, "A M ais A ntiga T radição e a M ais A ntiga In ter­
p retação” ,224 Jerem ias vai além da proclam ação de Jesus em sua
tentativa de relacionar a proclam ação de Jesus com a Páscoa, a saber,
a ressurreição. A segunda edição alem ã contém um acréscimo
pequeno, porém significativo, no qual Jerem ias revela o que entende
por relacionam ento entre a proclam ação de Jesus e testem unho da
Tgreja:

Ambas as coisas, a proclam ação de Jesus e o testem unho da fé da


igreja, as m ensagens pré-Páscoa e pós-Páscoa, estão indissoluvel-
m ente ligadas... relacionam -se entre si como convite ao responsó-
rio. A oferta graciosa da salvação — na form a das palavras e
obras de Jesus, sua m orte na cruz e sua exaltação — é o convite
de D eus ao m undo; o testem unho da Igreja — em m ultiplicidade
tanto form al como m aterial, o coro de incontáveis línguas que can-
tam louvores a seu nome e que o confessam perante o m undo —
é o responsório lavrado pelo E spírito Santo p a ra o convite.225

As últim as frases resum em , n u m a linguagem soberba, o intento de


Jerem ias: “ O convite está acim a da resposta, pois Jesus é o Kyrios, e o
K yrios está acim a dc seus m ensageiros. O Kyrios acim a é o início e o
fim, o centro e a m edida de toda a teologia c ris tã ." 226
A prim eira p arte da Teologia do N T de Jerem ias reúne m agistral­
m ente tudo o que o tornou conhecido. U m a crítica recente resum iu-o
dizendo: “ Poucos eruditos do NT poderiam haver escrito este li­

220 P. 258.
221 P . 2 6 8 , n . u 1.
222 P, 286.
223 P. 288-2 9 2 .
224 P. 3 00 311.
225 Jerem ias, N e u te sta m e n tlic h e T h e o lo g ie , I, p. 295.
226 I b id .

86
vro.”227 Jerem ias aparece novam ente como um crítico conservador,
que insiste que há um a conexão entre todos os tem as im portantes do
NT e a proclam ação de Jesus. A igreja pós-Páscoa respondeu ao
convite de Jesus, mas não se engajou no tipo de criatividade atribuída
a ela por aqueles que não vêem, ou virtualm ente não vêem, nenhum a
conexão entre o querigm a da Igreja e o Jesus histórico, O. W erk assi­
nala que na obra dc Jerem ias a diferença entre os evangelistas recua à
sua form ação a favor da reconstrução da form a e da m ensagem de
Jesus. Neste aspecto, Jerem ias se aproxim a de G. L, B au er.228 Ainda
não se sabe até onde o segundo volume da teologia de NT de Jerem ias
trata d a teologia dos evangelistas. Nos term os do m étodo com parativo
em pregado por ele, L. G oppelt, que tenta m ostrar os elos entre o
Jesus histórico e a proclam ação da Igreja, lam enta que o princípio da
analogia a respeito do am biente judaico transform e Jesus num
fenôm eno p uram ente ju d e u .229 “ O critério de desigualdade” , que
Jerem ias adota de N. Perrin p a ra a dem onstração da autenticidade,
tem seus próprios p roblem as.230 A questão m etodológica mais prim á­
ria é a que diz respeito ao silêncio exasperante por p arte de Jeremias
na questão da justificação, por apresentar a proclam ação de Jesus
como p arte da teologia do NT. D iante da situação do debate sobre
esta questão m etodológica (B ultm ann, Conzelm ann, Perrin) não se
sabe por que Jerem ias não usou nenhum a palavra que sugerisse um a
justificativa p a ra seu procedim ento metodológico ou que indicasse
que o faria no volume seguinte. Será evidente que a proclam ação de
Jesus constitui a fundação e a base da teologia do NT?

D. A A bordagem da H istória d a Salvação (“ H eilsgesehichte” )

1. Oscar C ullm ann. O conhecido professor em érito da U niversida­


de da Basiléia e da Sorbonne, em Paris, O. C ullm ann, não escreveu
nenhum livro com o título de Teologia do N T ,23' Ele deve ser incluído

227 C. E . C arlston , “ R eview of J. Jerem ias, N ew T e s ta m e n t T h eology: T h e P ra c la m a -


tion o f Jesu s". JB L 91 (1 9 7 2 ), p. 26 0 -2 6 2 , esp . p. 261.
2 2 8 M erk, B ib lisch e T h eo lo g ie, p. 262.
229 G o p p elt, T h eo lo g ie des N T , í, p . 44.
230 H . K oester, '‘T he H isto rica l Jesus: S o m m e D o m m en ts an d T h o u g h ts on N o m ia n
Perrin's R e d is c o w r in g th e T ea eh in g o f J esu s", C h risto lo g y a n d a M o d e m P ilgri-
m a g e . ed . H . D . B e tz (F ila d é lfia , 1971), p. 123-136.
231 K. F rõh lich , " D ie M itte des N euen T esta m en ts. O scar C u llm a n n s B eitrag zur
T h e o lo g ie der G eg en w a rt" , O ik o n o m iu : H e ilsg esc h ic h te a is T h em a d e r Theologie.
F estsch rift f ü r O. C u llm a n n (S tu ttg a rt, 1967), p. 2 0 3 -2 1 9 , esp. p. 213, assinalou
que outros eru d ito s d ão o título de “ T eo lo g ia d o N ovo T esta m en to ” ao tipo de
livro qu e C ullm ann p u b lic o u com o títu lo de D ie C h risto lo g y des N eu en T e s ta ­
m e n ts (T ü b in g e n , 1957). T rad . ingl. The C h risto lo g y o f th e New T estam en t
( 2 . a ed.; F ila d é lfia . 1967).

87
na discussão da m etodologia na disciplina da teologia do NT, porque
é o prim eiro representante da abordagem histórico-salvífica232 do NT
neste século. A introdução à "h istó ria da salvação" do NT dç
Cullm ann foi publicada em 1946, sob o título Cristus u n d die Z e it,233
seguido pelo profundo estudo H eil ais G eschichte, publicado pela
prim eira vez em 1965.1,4 E stas obras criaram um debate acalorado.235
Em seu prim eiro estudo, C ullm ann tentou tra ç a r um esboço básico
da história da salvação do NT através de u m a reconstrução do tem po
e sua interp retação no cristianism o prim itivo, como um a época plena
de tensão entre o “j á ” e o “ ainda n ã o ” . Cristo é o “ centro do tem po”
ou o “ ponto cen tral” do tem po,236 o que deve ser entendido como um a
concepção linear do tem po. N ão é, contudo, “ u m a linha reta, mas
um a linha flu tu a n te , que pode m ostrar u m a am p la variação” .237
Deve-se entender claram ente que a abordagem histórico-salvífica de
C ullm ann não deve ser igualada nem com as anteriores, que tam bém
tinham este nom e, dos eruditos dos séculos XV II ao XIX, nem com as
que usam o term o “ no m au sentido de ‘positivo’, ‘santo’, ‘b eato ’ ou
‘não-crítico’ ” .238 P ara C ullm ann, a abordagem da história da salva­
ção significa um £ “ lu ta por nada m ais que a resposta à velha
pergunta: ‘O que é o cristianism o?’ ” .239

232 E ste escritor prefere a tra d u çã o “ história da sa lv a çã o ” para H e ilsg esc h ic h te e


“ h is tó r ic o sa lv ííic a " para h e ils g e sc h ic h llic h , e in v e z de " h istó ria red en tora" , a fim
de evitar a im p ressã o de qne a H istória em si tem o pod er redentor.
233 O. C u llm an n , C h ristu s u n d d ie Z eit. D ie u rc h ristlich e Z e it u n d G e sc h ic h tsa u ffa s-
su n g (Z u riq u e, 1946; 3 . a e d ., 1 962). T rad . in g l. C h rist a n d T im e (L on d res, 1951;
2 .a c d ., 1962).
234 O . C u llm a n n , Hei! ais G esc h ic h te : H e ih g e s c k lc k tllc h e E x is t e m im N eu en T esta -
m e n i (T ü b in g e n , 1965: 2 . a e d ., 1 9 6 7 ). T rad . ingl. S a lv a tio n in H is to r y (N ew Y ork,
1967).
235 V er esp ec ia lm en te a rea çã o do próprio C u llm a n n a crítico s com o B u ltm an n ,
E. F u ch s, F . B uri, J. K o m e r , H. C o n zelm a n n , K. G . Steck e J. Barr, e m C h rist
a n d T im e ( 2 . a e d .), p. xv-xxxi. E n tre os m a is im p o rta n tes tratam en tos recentes
das persp ectivas de C u llm a n n estão: S tcn d a h l, I D E , 1, p. 42Ü e s.; F rõhlich , “ D ie
M itte d es N T " , p. 203-219; D . B raun, "H eil ais G esch ich te" , E v T h 27 (1967),
p. 57-7 6 ; K raus, B ib lisc h e T h eo lo g ie, p . 1 8 5-188; B ou ttier, “ T h e o lo g ie et P h ilo-
sop h ie du N T ” , p . 188 e s.; E. G ü ttg e m a n n s, ‘‘L iteratur zur n e u testa m en tlich en
T h eolog ie. R a n d g lo ssen zu a u sg ew â h lten N e u e rsc h e in u n g en ” , V erk ü n d ig u n g u n d
F o rsch u n g 1 2 (1 9 6 7 ) , p . 38 -8 7 , esp . 44-49; H a rrin g to n , "N ew T esta m en t T h e o ­
logy” , p . 184-189; id em , P u th , p. 197-201; G . K lein , “ B ibel u n d H e ilsg esc h ic h te .
D ie F ragw ü rd igk eit ein er Idce", Z N W 62 (1 9 7 1 ), p. 1-47; J. T. C lem on s, “ C ritics
and C riticism o f Salvation H istory” , R elig io n in L ife 41 (1 9 7 2 ), p . 8 9-100; G . E.
L add, “ T he Search P ersp ectiv e” , I n te rp r e ta tio n 25 (1 9 7 1 ), p. 41-62; K. S ch u b ert,
" G e s c h ic h te u n d H e ilsg e s c h ic h te ” ,K e ir o s 15 (1 9 7 3 ), p . 8 9 -101; I. G . N ic o l, “ E vent
and Interpretation. O . C u llm a n n ’s co n cep tio n o f Salvation H istory” , T h eo lo g y 77
(1974), p. 14-21.
236 C u llm an n , C h rist a n d T im e , p . 121-174.
237 C u llm a n n , S a lv a tio n in H is to r y , p. 15 (o grifo é dele).
238 P . 11.
239 P . 19.

88
É nosso propósito organizar u m a pequena pesquisa do conteúdo da
m agnum opus de Cullm ann, H eil ais G eschichte, antes que questio­
nemos como ele entende o funcionam ento da história da salvação.
A P arte I contém os “ Prolegôm enos” .240 Faz u m a pesquisa a respeito
do gnosticism o do século II, escatologia no século XX, herm enêutica,
no que se relaciona à história da salvação, e fornece um a definição de
história da salvação. A P arte II leva o título ‘‘Gênese da Abordagem
da H istória da Salvação” .2"1 Seu conteúdo tra ta do evento e da
interpretação, d a fé das testem unhas bíblicas, do constante e a
contingência, e da consolidação dos excertos histórico-salvíficos no
NT. As "C aracterísticas Fenom enológicas” 242 são tra ta d a s na Parte
III, com ênfase sobre H istória e m ito, história da salvação e H istória,
e a tensão entre o “j á ” e o “ ain d a n ã o ” , N a P arte V, chegam os ao
âm ago do livro, em seu tratam en to histórico-salvífico dos “ Tipos
Principais do Novo T estam ento” ,143 a saber, o sprim órdios da história
da salvação com Jesus,244 o seu período interm ediário245 e o Evangelho
de João 246 e a história da salvação.247 Finalm ente, a P arte V oferece
“ Um Esboço da Teologia Sistem ática e a H istória do Dogma: História
da Salvação e o Período Pós-Bíblico” . 248 Este estudo revela de
im ediato que C ullm ann p ro cu ra a história da salvação como a
estru tu ra fu n d am en tal dos testem unhos do NT e propõe um desafio à
abordagem existencialista da Teologia do NT, conform e m anifestada
por B ultm ann e seus seguidores.
D entro dos lim ites de nosso propósito, será impossível tratar
adequadam en te dos ricos e frutíferos estím ulos oferecidos por
C ullm ann. T entarem os esclarecer rapidam ente a natu reza da história
da salvação conform e entendida por cic, antes de nos voltarm os para
as questões metodológicas. Cullm ann não entende a história da
salvação “ como um a história ao longo da H istó ria...; ela se revela na
H istória e neste sentido pertence a ela” .249 O aspecto integral da
história da salvação bíblica é que certos eventos “ historicam ente
controláveis” estão “ abertos à investigação histórica... eventos p er­
tencentes à história secular, que estão colocados num a conexão
definida não descoberta pela H istória em si” ,250 “ Os eventos p erten­

240 P. 19-83.
241 P. 84-135.
242 P. 136-185.
243 P. 186-291.
244 P. 187-236.
245 P. 2 3 6-248 .
246 P. 248-268 .
247 P. 268 291.
248 P. 292-338.
249 P. 153.
250 P. 139e s.

89
centes à história secular" recebem um a interpretação histórico-salví­
fica. A dm ite-se livrem ente um a dependência de C ullm ann das opi­
niões de G. von Rad,-'51 um a perspectiva que tem problem as distin­
tos.252 A respeito do m ovim ento de evento e interpretação, C ullm ann
escreve: "A história da salvação não surge através de um a simples
soma de eventos reconhecidos na fé como salvíficos. É m elhor dizer
que em preendem -se correções da interpretação de eventos salvíficos
passados à luz dos novos eventos.” 25J O processo de evento e
interpretação é com plexo. “ O ato da in terp retação ... é tido como
pertencente à história da salvação em s i." 254 C ullm ann resum e sua
perspectiva dessas questões com plexas enfatizando três aspectos
distintos: “ ...p rim eiro , o ‘evento n u ’ [nackte Ereignis], do qual o
profeta deve ser testem unha ocular e que é percebido tam bém por
não-crentes, que são incapazes de enxergar qualquer revelação nele;
segundo, a revelação de um plano divino que se descortina ao profeta
no evento com o qual ele se alinha na fé; terceiro, a criação de um a
associação a revelações histórico-salvíficas m ais antigas, dadas a
conhecim ento de outros profetas na reinterpretação destas revela­
ções” . J e s u s “ se inclui no evento que ocorre no lugar onde se
encontra. M as a nova revelação era coerente ao proclam á-lo como o
h e u s decisivo de toda a história da salvação.256 Pode-se afirm ar, com
toda justiça, que a perspectiva de Cullm ann da revelação, conforme
exposta acim a, tan to 110 evento como na interpretação, contém
am bigüidades.2”
Tem-se observado que C ullm ann ado ta a posição de von R ad, que
entendem os como seguidor “ das linhas da história da salvação” ,2SH a
saber, “ a reinterpretação progressiva das velhas tradições de Israel é
constantem ente d espertada pelos novos eventos no presente” .259
E nquanto C ullm ann fala 110 “ evento n u ” [nackte E reignis],160 von
Rad nega sua existência: “ Não existem bruta fa c ta em absoluto; só
possuímos história na forma da interpretação, som ente na refle­
xão,’’261 É decisivo p a ra a argum entação dc von R ad que no quadro

251 P. 5 4 e 88.
252 H asel, O T T h eo lo g y, p. 57 -7 5 .
253 C u llm an n , S a lv a tio n in H is to r y , p. 88 ( o grifo é dele).
254 P. 89.
255 P. 90.
256 P. 117.
257 V er esp ec ia lm en te N ico l, “ E vcnt a n d In terp reta tio n ” , p . 18-21.
258 C ullm ann, S a lv a tio n in H is to r y , p, 54.
25 9 I b id .
260 P. 90.
261 C on clu sã o de G . von R a d , “A ntw ort a u f C o n z e lm a n n ’s F r a g e n ” . E v T H 24 (1 9 6 4 ),
p. 393, n u m a d iscu ssã o com H. C o n zelm a n n , “ F ragen an G erhard von R ad ” ,
E vT h 2 4 (1 9 6 4 ) , p. 113-125.

90
histórico-crítico da história de Israel nenhum a prem issa da fé ou tia
revelação seja levada em conta, visto que o m étodo histórico-crítico
trab alh a sem um a hipótese de D eus.262 Israei, contudo, “ só poderia
com preender sua história como um a estrada ao longo da qual viajava
guiada por Javé. P ara Israel, a H istória só existia onde Javé se
revelara através de atos e p alavras” .zw Von R ad rejeita a escolha
alternativa de se considerar o quadro querigm ático como não-históri-
co e o quadro histórico-crítico como histórico. Ele discute que “ o q u a ­
dro querigm ático tam b ém ... se funda na história real e não foi
inventado” . Não obstante, ele fala das “ experiências históricas”
prim itivas da história antiga em term os de “ poesia histórica” ,
“ lenda” , “ saga” e “ histórias poéticas” ,264 que contêm anacronis-
m os.265 O im portante p a ra von R ad não é o núcleo histórico estar
encoberto pela “ ficção” , m as a experiência do horizonte da fé do
próprio narrad o r, conform e in terp retad a dentro da saga, ser “ históri­
ca”266 e resultar num enriquecim ento do conteúdo teológico da saga.
T udo isto faz parte do m étodo da história das tradições. Ele declara:
“ O processo pelo qual se originou a perspectiva da história da
salvação não é m ais totalm ente compreensível em todo o Novo T esta­
m ento. Em prim eiro lugar, as ocasiões históricas p a ra as origens e
futuro desenvolvimento das mais antigas tradições não podem ser
sempre relatadas com certeza, especialm ente q u ando tradições orais e
kerygm ata orais estão envolvidos, os quais são então publicados em
fórm ulas confessionais litúrgicas... Som ente nos grandes sistem as
históricos... podem os nos to rn ar m ais fam iliarizados com a origem
das interpretações e reinterpretações da história da salvação.” 267 A dí­
vida de C ullm ann p ara com o método histórico-tradicional dc von
Rad, que ele reelabora em sua abordagem histórico-salvífica, com a
constante interpretação do dito “ evento n u ” e reinterpretação poste­
rior da "trad ição histórico-salvífica” ,26K levanta a questão de ser a
abordagem de Cullm ann realm ente capaz de superar os problem as re­
lacionados com o total das questões da H istória e da história da trad i­
ção, com seus dois quadros da H istória, a saber, a estabelecida pelo
método histórico-crítico e a ap resentada pelo querigm a dos testem u­

262 G . von R ad. O ld T e s ta m e n t T h eo lo g y (E d im b u rg o , 1965), II, p. 417.


263 G . von R ad, " O ffen e F ragen im U m kreis síner T h e o lo g ie des A T ” , T h L Z 88
(1 9 6 3 ), p. 409. O p ro h lem a do rela cio n a m en to entre palavra e evento, palavra e
atos. e tc .. é o assun to de um e n sa io de G. F. H a sel, “ T h e P roblem of H istory in
O T T h e o lo g y ” . A U S S 8 (1 9 7 0 ), p. 3 2-46.
264 V on R ad, O T T h eo lo g v, I, p. 108 e s.
265 V ol. II, p . 421 c s .
266 P. 421.
267 C ullm ann, S a lv a tio n in H is to r v , p. 89.
268 P. 90.

91
nhos bíblicos.269 C ullm ann expressou sua opinião a respeito da crítica
de W . E ichrodt e F. Hesse a von R ad, onde o querigm a é posto no lu ­
gar da “ história real” , ao sugerir que “ na realidade existe um acordo
m aior entre estes eruditos do que talvez eles mesmos pensam ” .270
E nquanto isso, torna-se claro que não é este o caso.271 Cullm ann
assinala enfaticam ente que “ o que distingue a H istória da história da
salvação é o pap el que a revelação representa nesta, tan to na
experiência das eventos e fatos como na apropriação dos relatos e sua
interpretação {‘querigm a’) por interm édio da fé. Aqui os eventos são
experim entados como revelação divina, e desse modo os relatos e
interpretações são atribuídos à revelação divina” .272 A revelação é o
critério distintivo, de modo que “ o processo histórico d a salvação é o
centro de toda a H istória, inclusive da prim itiva e da escatológica” .273
A revelação atu a na classificação do processo histórico total, “ a sele­
ção de eventos” contida n a história da salvação que se determ ina no
plano de D e u s" .174 E m toda esta história da salvação está a categoria
classificatória, dentro da qual estão incorporados vários esquem as
bíblicos. A tipologia “ pressupõe a perspectiva da história da salva­
ção” .285 O esquem a de “ prom essa e cum prim ento” tem relação com a
história da salvação, p orque “ o cum prim ento, dentro da estru tu ra
bíblica, nunca é com pleto. A história da salvação continua se
desenvolvendo. E m bora D eus p erm aneça fiel à sua prom essa, ela se
cum pre de um m odo difícil de se exam inar detalhadam ente e de um a
m aneira que não se encontra, de u m a vez por todas, ao alcance do
conhecim ento h u m an o ” .276 Credita-se a C ullm ann a exposição de um
program a cuidadosam ente pensado “ da história da salvação, en q u an ­
to representante da essência da m ensagem do Novo T e sta m e n to ...” 277
Ele o faz d urante conversas com as principais cabeças do cenário
teológico e se refere aos principais críticos da história da salvação.278
Em 1962, K. Stendahl sugeriu, em Christ a nd T im e, que C ullm ann

269 V er H a sel, O T T h eo lo g y, p. 57 -7 5 .
270 C ullm ann, S a lv a tio n in H is to r y , p. 54.
271 F. H esse, A b s c h ie d von d e r H e ilsg esc h ic h te (Z u riq u e, 1 9 7 1 ). V er tam b ém J. Barr,
"Story an d H istory in B ib lica l T h e o lo g y ” , J o u rn a l o f R elig io n 5 6 (1 9 7 6 ), p. 1 e ss.
272 C u llm a n n , S a lv a tio n in H is to r y , p. 151 e s .
273 P . 148.
274 P. 154.
275 P. 133.
2 76 P. 124.
277 P. 150.
2 78 Por e x em p lo , K. G . Steck , D ie I d e e d e r H e ik g e sc h ic h te . H o fm a n n -S c h la tte r-
C u llm a n n (Z u riq u e, 1959); G . K iein, “ O ffen b a ru n g ais G esch ich te? M argin alien
zu einem th eo lo g isch en P ro g ra m m ” , M o n a is sc h r ift f ü r P a s to r a lth e o lo g ie (1962),
p . 65 e ss.; G . Fohrer, " P rop hetic u n d G e sc h ic h te ” , T h L Z 24 (1 9 6 4 ), p. 481 e ss.,
etc.

92
“ recapturo u o m odo de pen sar dos escritores do NT, e aí perm anece o
tem po suficiente p ara elab o rar as im plicações dos diferentes aspectos
do pensam ento do N T ” .279 Stendahl tem um a p o stu ra positiva em
relação à questão metodológica da teologia do NT conform e levanta­
da por C u llm an n . Ele sugere que a abordagem de C ullm ann continua
“ descritiva” . O . M erk percebe que é um a “ reconstrução” da com­
preensão do tem po dos cristãos prim itivos.2S0 C ullm ann não se
em penha na "in te rp re ta ç ã o ” , isto é, na transform ação ou tradução
do entendim ento religioso da história da salvação do NT num a
estru tu ra ad eq u ad a ao hom em m oderno.281 Será que C ullm ann
considera tal "in te rp re taç ã o ” ou “o que quer dizer” arb itrária ou
anti-historicista nos dias de hoje? C ullm ann fornece agora uma
resposta parcial. E stá convencido, ju n tam en te com B ultm ann, que o
NT cobra um a decisão: “ O evento divino, ju n to com sua in terpreta­
ção revelada aos profetas e apóstolos... exige de m im um a decisão...
de ajustar m inha existência à história concreta a m im revelada com
tal seqüência de eventos.” 282 “ Se a decisão da fé intencionada no
Novo Testam ento nos pede que nos ajustem os à seqüência de eventos,
então a seqüência de eventos não pode ser dem ilizada, de-historiza-
da ou desobjetivizada. Ao contrário da dem itização de Bultm ann,
que reinterpreta existencialm ente a escatologia, despindo-a de sua
tem poralidade, isto é, transform ando a riqueza do querigm a do NT
num a “ escatologia p o n tu a l” no aqui e agora, temos a alternativa de
C ullm ann, que argum enta que a tensão histórico-salvífica entre o
“j á ” e o "a in d a não” é a chave da com preensão do NT. “ T oda a
teologia do Novo T estam ento, inclusive a pregação de Jesus, está
contida nesta ten são .” 28'1 O hom em de hoje vive o “ período interm e­
diário da história da salvação” , um “ estágio interm ediário entre dois
pólos: o do período bíblico e o do final dos tem pos” .285 C ullm ann nos
lem bra: "C rucial p a ra a teologia histórico-salvífica é a sua relação
com o p resen te.” 786 Parece que a tarefa descritiva é, p ara Cullm ann,
decisiva. Ele se recusa a tran sp o rtar p ara o presente a história da
salvação p o r meio do existencialism o, do platonism o287 ou de qual­
quer outro sistem a.
2. George E. Ladd. O Prof. G. E. Ladd é o mais famoso erudito

279 S ten d ah l, I D B , I, p. 42 1 .
280 M erk, B ib lisch e T h eo lo g ie, p. 253.
281 R ob in son , “T h e F u ture of N T T h eo lo g y ” , p. 19.
282 C u llm an n , S a lv a tio n in H is to r y , p. 69.
283 P. 70 (o grifo é dele).
284 P. 172.
285 P. 293.
286 P. 308, n .“ 2.
287 P. 204.

93
evangélico do continente norte-am erican o ,188 cuja erudição tem o
reconhecim ento inclusive de o utras escolas de pensam ento. Ele é um
dos dois am ericanos que publicaram u m a teologia do NT com pleta
após o silêncio dc cerca de sete décadas por p arte dos eruditos
am ericanos sobre o assu n to .28* A m agnum opus de Ladd se intitula
A Theology o f the New T estam ent (1974) c pertence totalm ente à
abordagem da história da salvação na teologia do NT.
A intenção do livro de L add é “ fam iliarizar os estudantes dos
sem inários com a disciplina conhecida como Teologia do Novo
T estam ento” .190 L add não faz diferença en tre teologia bíblica e
teologia do NT, com o B. S. C hilds,291 pois define a H istória e o
m étodo histórico com base em diferentes pressupostos. “ As pressupo­
sições de qualq u er indivíduo podem influenciar diretam ente a pers­
pectiva com que estuda e encara os fa to s."292 A veracidade da história
bíblica é a questão em destaque. “ As pressuposições sobre a natureza
da história têm continuam ente sido inseridas na reconstrução da
m ensagem b íb lica... O s eruditos adeptos de um m étodo histórico,
cujas pressuposições são secularistas, não vêem lugar p a ra hom ens
divinos na H istória. C onseqüentem ente, atrás do relato da pessoa de
Jesus nos Evangelhos deve ocultar-se um Jesus histó rico.” 293 A pres­
suposição da H istória com o um círculo fechado de causas e efeitos
horizontais não pode tra ta r com a realidade expressa na Bíblia. Logo,
qualquer abordagem , p a ra que seja a d eq u ad a ao conteúdo da Bíblia,
tem que estar em harm onia com as pressuposições dela tiradas e com

288 As segu in tes obras c estu d o s são p articu larm en te im p ortantes: G . E . L add, C ru ­
c ial Q u e stio n s A b o u t th e K in g d o m o f G o d (G ran d R ap id s, M ic h ., 1973), idem ,
Jesu s a n d th e K in g d o m . T h e E sc h a to lo g y o f B ib lic a l R ea lism ( 2 . a ed.; W aco,
T e x ., 1970); id em , The N e w T e s ta m e n t a n d C riticism (G ran d R ap id s, M ic h .,
1967); idem , “ W hy N o t P ro p h etic-A p o ca ly p tic? " , JB L 81 (1 9 6 2 ), p . 230-238;
idem , "H istory and T h eo lo g y in B ib lica l E x eg e sis” , I n te r p r e ta tio n 2 0 (1 9 6 6 ),
p. 54-64; id e m , “ T h e P roblem of H istory in C ontem p orary N T In terp retation ” ,
S tu d ia E va n g élica 5 (1 9 6 8 ), p. 8 8 -1 0 0 ; id em “ T h e Seareh for P ersp ective” , I n te r ­
p r e ta i io n 2 5 (1 9 7 1 ), p. 41 -6 2 .
289 Em 1906, G . B. S teven s, da Y a le U niversity, p u b lico u a seg u n d a e d içào de sua
T h eolog y o f the N ew 'I'estam ent ( l . a ed .; E d im b u rg o , 1901). O s livros de F. Stagg,
N e w T e s ta m e n t T h eo lo g y (N a sh v ille, 1962) e R . K n u d sen , T h eo lo g y in th e N ew
T e sta m e n t. A B a sis f o r C h ristia n F a ith (C h ic a g o /L o s A n g eles, C a lif., 1964). fo ­
ram escritos para leigos e não fin g em ser te o lo g ia s do N T m ad u ras. O outro
trabalho em esca la total foi escrito por outro eru d ito da tra d ição evan gélico-con -
servadora, a saber, C. K . L eh m an, B ib lic a l T h eo lo g y 2: N e w T e s ta m e n t (S cottd a-
le, P a ., 1974).
290 G . E . Ladd, A T h eo lo g y o f th e N e w T e s ta m e n t (G ra n d R a p id s, M ic h ., 1974),
p. 5. T rad . ver a port. T eo lo g ia d o N o v o T e s ta m e n to (R io de Janeiro, JU E R P ,
1985).
291 Ver, acim a , p . 70 e s.
2 92 L add, T e o lo g ia d o N o vo T e s ta m e n to , p . 5.
293 P. 25.

94
a realidade total nela expressa. “ U m a vez que a teologia bíblica
preocupa-se com a auto-revelação de Deus e com a redenção dos
homens, a p ró p ria idéia da revelação e redenção envolve certas
pressuposições que estão im plícitas por toda p arte e com freqüência
explícitas na Bíblia. Essas pressuposições são: D eus, o hom em e o
p ecado.” 294 E las im plicam em que a “ história b íblica" não deve ser
reconstruída do mesmo modo que os historiadores reconstroein a
“ H istória” . E m bora a Bíblia represente Deus em ação através dos
eventos históricos “ ordinários” , “ D eus tem estado ativo red en to ra­
mente em um fluxo da H istória de um modo p a rtic u la r em que não
esteve na história geral; ela [a Bíblia] dem onstra estar cônscia de que
em certos pontos Deus atuou na H istória de modo que transcende a
experiência histórica o rd in á ria ” .255 A ilustração m ais vivida da ação
divina na H istória é a ressurreição de Jesus Cristo. “ Do ponto de vista
da crítica histórico-científica, a ressurreição não pode ser “ histórica” ,
pois trata-se de um evento que não foi causado por qualquer outro
evento histórico, e, conseqüentem ente, não tem analogia. Deus, e
unicam ente Deus, é a causa d a ressurreição... N a realidade, a sua
própria ofensa à crítica histórico-científica é um a espécie de apoio
negativo com relação ao seu caráter so b ren atu ral” ,296 A verdadeira
questão é u m a questão teológica. "Eventos revelatórios não são
produzidos pela H istória, mas através do Senhor da H istória, que está
acima da H istória e age dentro da H istória, p a ra a redenção das
criaturas h istóricas.” 297 A ação de D eus em eventos singulares da
H istória faz p a rte da história da salvação.
A perspectiva de L add sobre a história da salvação é diferente da de
C ullm ann, pois ele não a liga à história da tradição. A história da
salvação, que L add designa im precisam ente de “ história da red en ­
ção” ou “ história sag rad a” ,298 é m o ntada a p a rtir de um a série de
eventos nos quais Deus se revelou com o em nenhum outro. Aqui ele
segue C. F. H. H enry. E m sua descrição da história da salvação como
um “ fluxo de história revelatória” 299 Ladd não segue o sistem a de
C ullm ann, da “ rein terp retação ” de interpretações anteriores ou
“ correções” de interpretações histórico-salvíficas anteriores, mas
em prega a linguagem de G. E. W rig h t,300 ao afirm ar que o NT está no

294 I b id .
295 P. 28.
296 P. 29. V er ta m b ém G. E . L add, I B e lie v e in th e R e s s u rr e c tio n o f Jesu s (G ran d
R ap id s, M ic h ., 1975).
297 L add, T eo lo g ia d o N T , p . 29.
298 P. 27.
299 P. 27.
30 0 G . E. W right, G o d W ho A c ts . B ib lic a l T h eo lo g y as R e c ita l (S B T 8; 8 . a ed.;
L ondres, 1966).

95
fluxo da história da salvação e que “ a teologia do Novo T estam ento...
consiste p rim ariam ente na recitação do que D eus realizou em Jesus de
N azaré” .31" A substân cia da proclam ação cristã é do mesmo m odo
“ a recitação dos atos de D eus n a H istória” .302
Será o m étodo da teologia do Novo T estam ento um a “ ren arração ”
ou “ recitação” do que foi relatado nos docum entos do NT? Será
“ recitação” a form a m ais legítim a do discurso teológico sobre o Novo
T estam ento? Isso significa que o teólogo ou o pregador apenas
“ recita” o que o N T disse, sem “ tra d u z ir” ou “ decodificar" ou
“ in te rp re ta r” teologicam ente p a ra o hom em m oderno? L add o expli­
ca da seguinte m aneira: "A tarefa da teologia bíblica é de expor a
teologia en co n trad a na Bíblia em seu contexto histórico, com seus
principais term os, categorias e form as de p en sam en to .” 303 E ainda
especifica m elhor: “ A teologia do Novo T estam ento deve ser p rim a ­
riam ente um a disciplina descritiva.” 304 A qui ele segue K. Stendahl,
m as qualifica a definição de S tendahl p o r interm édio do advérbio
“ p rim ariam en te” , que parece significar “ não-exclusivam ente” . P a ­
rece haver u m a espécie de conflito em sua descrição da m etodologia
p a ra a teologia do NT, p o r causa do qualificador “ p rim ariam en te” e
outros enunciados que perm anecem obscuros, como o seguinte:
“ Ela [teologia bíblica] constitui-se basicam ente na descrição e in ter­
pretação de atividade divina no contexto do cenário d a história
hum ana, p ro cu ran d o a redenção do h o m em .” 305 Será que ele real­
m ente quer dizer que além de se o cu p ar da “ descrição” , isto é, da
tarefa descritiva, o teólogo do N T (ou bíblico) tam bém precisa
em penhar-se na “ in terp retação ” , isto é, n a tarefa teológica de dar um
significado à m ensagem do NT? Do m esm o m odo que o advérbio
“ p rim ariam en te” é intencionalm ente exasperador, acontece com um
outro advérbio, quando Ladd continua a definir m ais acuradam ente.
A teologia bíblica “ não está inicialm ente preo cu p ad a com o significa­
do últim o dos ensinos da Bíblia ou com a sua relevância p a ra os dias
atuais. E sta é a tarefa da teologia sistem ática’’.306 Se a teologia bíblica
e, por isso, a teologia do N T não está “ p rim a ria m en te ” e nem
“ inicialm ente” envolvida com a interp retação do significado da Bíblia
para a atualidade, então ela o está “ secundariam ente” e “ por
últim o” . O que é que isto quer dizer, no que concerne à noção de
“ recitação” ? E stas questões m etodológicas cruciais pedem m aior

301 L add, T e o lo g ia d o N o v o T e s ta m e n to , p. 27,


302 Ib id .
303 P . 25.
304 P. 5. “ A teo lo g ia b íb lica é p rim a ria m en te u m a d iscip lin a d escritiva'” , p . 24.
305 P. 25.
306 P. 25.

96
iilrnçao. Por outro lado, parece que a tarefa “ descritiva” envolve,
p;u.i I add, ao mesmo tem po, a in terp retação .307
1 .idd estru tu ro u sua teologia do N T em seis grandes partes, cada
uma subdividida em capítulos. C ad a um destes capítulos, por sua vez
divididos em subseções, contém u m a valiosa bibliografia da mais
recente lite ra tu ra em língua inglesa. A P arte I tra ta de “ Os Evange­
lhos Sinópticos” ,308 e com eça com um capítulo instrutivo sobre a
história e a n atureza da teologia do NT. (E sta introdução à disciplina
Teologia do NT deveria, realm ente, ser colocada como um a seção
introdutória em separado, antes da prim eira parte.) Infelizm ente,
Ladd não nos proporciona o estudo da teologia de M ateus, M arcos e
Lucas que sc esperava, m as oferece um a interseção tem ática, da qual
oito capítulos tratam de aspectos do reino segundo a pregação de
Jesus, e cinco de aspectos dos conceitos cristológicos. Toda esta
prim eira parte é de certo modo ab ru p tam en te in tro duzida por um
capitulo sobre João B atista. É surpreendente que não haja nenhum
capítulo equivalente sobre o p róprio Jesus.
A P arte II tra ta de “ O Q u a r t o Evangelho” .309 L add abre esta parte
com um capítulo sobre os problem as críticos que expõem o seu
objetivo: “ p ro cu rar descobrir até que ponto ele é sem elhante ou
diferente dos ...S inópticos” .310 Fá-lo adm iravelm ente nos capítulos
sobre o dualism o joanino, cristología, vida eterna, a vida cristã, o
Espírito Santo c a escatologia. Não está claro p o r que Ladd pôde
declarar que “ os Evangelhos registram as obras e palavras de
Jesus” 311 c tra ta r, na Parte I, os Sinópticos como fontes historicam en-'
te confiáveis da vida de Jesus,312 e, mais adiante, sustentar que
“ obviam ente não é o intento dos Evangelhos Sinópticos dar um
registro da ipsissim a verba de Je su s...” 313 Se o segundo enunciado de
Ladd estiver correto, então não devemos tra ta r os Sinópticos teolo­
gicam ente como o Evangelho de João? Em que nos basearíam os para
tra ta r os Sinópticos de m odo diferente?
A Parte III incum be-se da teologia do livro de Atos, sob o título
“ A Igreja P rim itiva” .314 O prim eiro capítulo defende a confiabilidade

307 Por exem p lo , o sig n ifica d o de im in ên cia (p . 1 93), o sig n ifica d o da ressurreição de
Jesus (p . 306), o sig n ifica d o da a scen sã o de Jesus (p . 3 1 6 ), o sig n ifica d o da c o n ­
versão de Paulo (p, 3 4 4 ), o sig n ifica d o da visão p a u lin a da revelação (p. 3 6 2 ), ele.
308 P. 13-196.
309 P. 199-292.
31Ü P. 207.
311 P. 27.
312 P. 166-167: "O u tras ev id ên cia s fortalecem o pon to de vista de que a tradição do
evan gelh o é h isto rica m en te c o r r e t a ...[ e ] que a Igreja possu i u m a m em ória correta
ao relatar as palav ras e atos de C risto .”
313 P. 207.
314 P. 295-3 3 5 .

97
histórica essencial do livro de Atos, no que encontra agora apoio, com
m aior erudição, de W . W . G asq u e.315 Os capítulos sobre a ressurrei­
ção, o querigm a escatológico e a Igreja resum em a teologia de Atos.
A teologia de Paulo, conform e explicada na P arte IV ,316 form a,
ju n to à teologia do Evangelho de Joâo, um dos pontos altos da
teologia do NT de Ladd. P aulo era um hom em dos universos
judaico, grego e cristão .317 “ Paulo estava prep arad o , como teólogo
judeu, p a ra p en sar, sob a orientação do E spírito Santo, nas im plica­
ções do fato de que o Jesus de N azaré crucificado era de fato o M essias
e o Filho de D eus ressurrecto e elevado ao céu. Isto o levou a m uitas
conclusões radicalm ente diferentes daquelas que m a n tin h a ...” -’18
Isto significava "u m a m odificação radica) d a visão de Paulo da
H eilsgeschichte, que é um a p a rtid a radical do ju d a ísm o ."319 Visto
que ah is tória da salvação envolve um conceito unilicante, Ladd conside­
ra o centro da teologia paulina, ju n to com W. D. Davies, " a realiza­
ção da nova era de redenção, através da o b ra de C risto... O centro
u n ifica d o ré ... a obra redentora de Cristo com o o centro da história da
redenção [Heilsgeschichte]" .3M E sta perspectiva difere da de
H. N. Ridderbos, conform e exposta em seu m onum ental Paul: A n
O utline o fH is Theology.32‘ L add usa todas as treze epístolas canôni­
cas de Paulo (como Ridderbos) em sua elucidação da teologia
p au lin a.322 Ele ch am a a atenção p a ra o fato de poderm os falar de
teologia paulina. “ Será a ‘teologia’ apenas u m a disciplina descritiva
do que acreditavam os prim eiros cristãos ou terá D eus se satisfeito em
usar Paulo como o instrum ento individual destacado na igreja antiga,
p ara com unicar aos hom ens a verdade perem p tó ria e lib ertad o ra?”
O que Paulo fala é teologicam ente norm ativo: “ H á poucas dúvidas a
respeito de com o Paulo responderia a esta p e rg u n ta, pois suas cartas
refletem um senso de au to rid ad e, à luz da qual tem -se que ler todo o

315 W . W . G a sq u e, A H isto ry o f th e C riticism o f A c ls o f th e A p o s tle s (G ran d R ap id s,


M ic h ., 1976).
3 16 L add, T eo lo g ia do Novt> T e s ta m e n to , p. 339 -5 2 5 .
317 P. 340.
318 P . 341.
319 P. 348.
320 P. 351 -352.
321 H. R idd erbos, P au l; A n O u tlin e o f H is T h eo lo g y (G ra n d R a p id s, M ic h .. 1975).
p. 39: “ O te m a d o m in a n te d a p regação de P a u lo é a a tiv id a d e salvadora de D e u s
e o ad ven to e a obra, p a rticu la rm en te na m orte e n a ressu rreição de C risto. E sta
ativid ad e é, por um la d o , o cu m p rim en to d a obra de D eu s n a história d a n ação de
Israel, lo g o o cu m p rim en to da E scritura: por ou tro la d o , a lc a n ç a a c o n su m ação
fin al d a p a ro u sia de C risto e a vin d a do reino de D e u s. 6 a g ran d e estru tu ra his-
tórico-redentoraC /ieíV igraí/íiW ií/ic/i] dentro da q u a l... tod as as suas partes su b or­
d in ad as receb em seus lu g a res e se co m b in a m o r g a n ic a m e n te .”
322 L add, T e o lo g ia d o N T , p. 3 5 3 -3 5 5 .
pensam ento de P a u lo .” 323 Isto nos deixa com a nítida impressão dt*
que Ladd entende as tarefas descritivas em seu todo como iuh tiuiliviis
para o hom em m oderno.324 A interpretação do “ significado últim o
dos ensinos da Bíblia ou a sua relevância p a ra os dias atuais.,, é 8
tarefa da teologia sistem ática” .325
A P arte V tem como título “ As E pístolas G erais” 3"'' e ía / um
resumo da teologia de H ebreus, Tiago, I Pedro, II Pedro, Judas r ics
epístolas joaninas. Não fica claro por que Ladd não tra ta conjunta
mente as epístolas e o Evangelho de João, pois considera se que
provêm do mesmo autor. D a m esm a form a, um a teologia de 1'edm
poderia ter sido organizada a p artir de I e II Pedro e do(s) dilu(-,j
discurso(s) de Pedro em Atos. O u, conform e G. B. Steveus, us
epístolas gerais, com exceção das de João, poderiam se incorporur tia
Parte III, “ A Igreja P rim itiva” . Infelizm ente, L add não nos oferece
um a estru tu ra lógica. Isto novam ente se aplica à sua últim a seçrto.
Parte VI, “ O A pocalipse” .’27
A abordagem m etodológica histórico-salvífica de Ladd eonlém
fraquezas que já foram ap ontadas repetidas vezes e não precisam ser
novam ente citadas. Sua abordagem se presta a um a unidade concei­
tuai que, contudo, não se realiza. Sua teologia do NT, por outro lado,
tra ta de todos os docum entos do NT, inclusive as teologias dos
enteados da disciplina, a saber, H ebreus, Tiago, Judas, I e II Pedro,
etc. A abordagem histórico-salvífica tam bém o levou a explicar os elos
entre o NT e sua teologia com a do AT. Saiu-se m elhor em sim
descrição dos conceitos constituintes das teologias paulina e joiuiina
ao cu nhar palavras-chave, títulos, expressões, frases, etc., cotn
grande discernim ento. E o faz de m aneira não tão diferente de mil
m inidicionário. Deste modo, ele nos oferece algo como um a “ leologln
bíblica conceituai” ,328 isto é, um estudo dos conceitos bíblicos
distintos expressas por interm édio de extensos estudos de palavni*,
que são incorporadas e expressam a história da salvação.

323 P . 35b.
324 L add, J esu s a n d th e K in g d o m , p . xiii: "O R e a lism o B íb lico d esig n a o e sío iv n ein
en ten d er os escrito s do N ovo T esta m en to a partir de dentro d a m ente <los iiitlores,
p osicion a r-se o n d e os escritores b íb lico s se p o sicio n a ra m , e m vez dc torça r u m e n ­
sagem bíb lica a entrar nas form as de p en sa m en to m o d er n o ... C ontu do, e slc e sfo r ­
ço interpretativoC de interpretar a B íblia em term os que tenham algum sÍKnitii'«<1o
para o h om em m o d er n o ] não pod e resultar em u m a estru turação da rm-iiMinem
bíb lica n u m a estru tura m od erna, alheia à B íb lia , e q u e, p ortan to, d istorce n p e n
peetiva b íb lica ."
325 Ladd, T eologia do N o vo T e s ta m e n to , p, 25.
326 P. 5 2 9-5 6 9 .
327 P. 5 7 3-5 8 4 .
328 N o m eu en ten d er, esta desig n a çã o fo i in v en ta d a por D . H . K elscy, lh e nf
S c r ip tu r e in R e e e n t T h eo lo g y (F ila d é lfia , 1 9 7 5 ), p . 24, 29 e s. e 37 e s.

99
3. Leonhard G oppelt. O Prof. G oppelt, antes de sua m orte súbita
em 1973, lecionava na U niversidade de M unique (e antes em H am ­
burgo). D u ran te toda um a década tra b a lh a ra incessantem ente num a
teologia do NT, que foi publicada postum am ente em dois volumes,
em 1975 e 1976, respectivam ente, por seu aluno J. Roloff. G oppelt
já era fam oso devido a vários estudos,329 mas a sua Theologie des
N euen Testam ents tam bém merece um a trad u ção em língua inglesa.
G oppelt fornece, nesta sua o b ra citada, a m ais d etalh ad a e infor­
m ativa seção sobre “ H istória e Problem as da D isciplina” de todas as
teologias do NT escritas até hoje.” 0 Nela, ele traça o contorno das
várias posições, particularm ente desde cerca de 1900, e se posiciona
nas am plas abordagens histórico-salvíficas de G . von Rad e O.
C ullm ann. Contudo, ele apo n ta, contra C ullm ann, que o NT não
conhece “ a história da salvação como plano de um a história univer­
sal, mas som ente a correlação entre prom essa e cum prim ento. Por
exemplo, as perspectivas histórico-salvíficas de Rom anos 4 e 5 não
podem se reunir num contexto total; designam , cada um a, que a fé ou
o Cristo é (respectivam ente) a prom essa cu m p rid a ” .331 G oppelt lim ita
sua definição histórico-salvífica prim ariam ente ao esquem a de p ro ­
messa e cum prim ento. A história da salvação não é um a história
separada da história com um “ nem p o r sua natu reza m ilagrosa nem
pela continuidade dem onstrável. A história da salvação é m uito m ais
um a seqüência de processos históricos que são finalm ente caracteri­
zados entre si, e p o r interm édio dela é p re p a ra d a a dem onstração
final de D eus em Jesus, quando então Jesus assum e seu lugar entre
eles".3-’2 G oppelt não coloca a história da salvação acim a do m étodo
histórico-crítico. Ele procura “ levar a um diálogo crítico os princípios
do m étodo histórico-crítico de pesquisa bíblica, isto é, a crítica, a
analogia e a correlação, com a autocom preensão do N T” .333 E m ter­
mos de m etodologia, o “ diálogo crítico” leva a sério am bas as
conexões históricas, a saber, a histórico-tradicional e a histórico-reli-
giosa, e as histórico-salvíficas. Com respeito ao relacionam ento entre
Jesus e João B atista, isto quer dizer que um é “ relativo” , e o outro,
“ exclusivo” . “ A conexão histórico-tradicional e a histórico-religiosa

329 L. G o p p elt, T ypos. D ie ty p o lo g isch e D e u tu n g d e s A lte n T e s ta m e n ts im N eu en


(G ü terslo h , 1939; 3 . a ed.; D a rm sta d t, 1969); id em , D ie a p a stn lisc h e u n d n ach a-
p o s to lis c h e Z e it 1.2,a ed .; G õ ttin g en , 1966). T rad . in g l. T he A p o s to lic a n d Posr-
A p o sto lic T im e s (F ila d é lfia , 1962).
330 L. G o p p elt, T h eo lo g ie d es N eu en T e s ttim e n ts . E rs te r Teil: Jesu W irk e n in sein er
ih eolo/iisch eii B e d e u lu n g (G ò ttin g en , 1975). p. 19-51.
331 P. 49. V er tam b ém L. G opp elt, “ P a u lu s und die H e ilsg csc h ic h te " , C h risto lo g ie
u n d E th ik (G õ ttin g e n , 19 6 8 ), p. 202 e ss.
332 G o p p elt, T h eo lo g ie d e s N T , I, p. 8 2 .
333 P. 50.

100
entre Jesus e João B atista é relativa, a histórico-salvífica e exclusi­
va.” 334 Este diálogo de confronto dos testem unhos do NT a respeito dc
João B atista com a situação histórica ten ta esclarecer o background
im ediato de Jesus e, em conjunto com as investigações histórico-reli-
giosas, leva a u m a apresentação da autocom preensão de Jesus.
G oppelt define a m eta da teologia do N T como u m a tentativa de
“ extrair, dos escritos ou grupos de escritos [do NT], quadros m ate­
rialm ente ordenados e relacionados da obra de Jesus ou d a procla­
mação e d outrina da igreja p rim itiv a” .335 Além disso, a teologia do
NT “ reflete m ais distintam ente as posições dos teólogos modernos,
com seu respectivo entendim ento total e suas pressuposições, do que é
possível nas interpretações de antologias p articu lares” .336 G oppelt
não se lim ita à reconstrução ou à tarefa descritiva. O hom em e a
sociedade m odernos não têm que se d eparar m eram ente com a
“ letra” do testem unho do NT. “ A m bas as partes, o NT e o homem de
hoje, têm que ser conduzidos a um diálogo crítico .” 337 M esmo que tal
“ diálogo crítico” seja basicam ente a tarefa da teologia sistem ática,
um a exposição das m últiplas tentativas eruditas, na interpretação e
suas pressuposições, “ perm ite ao leitor p articip ar do diálogo da
pesquisa e possibilita a form ação de sua própria opinião” .338
C ada um dos dois volumes de G oppelt se dedica a um a parte
principal. O Volum e I leva o subtítulo de “ Os Significados Teológi­
cos da A tividade de Jesus” e se dedica totalm ente ao conteúdo
indicado no título. O prim eiro capítulo discute as questões histórica e
teológica relativas à questão do ponto de p a rtid a da teologia do NT.
O estudo exegético tem m ostrado que “ o ponto de p a rtid a da teologia
do NT é o querigm a da Páscoa, que, segundo a tradição cristã
prim itiva, foi responsável pela form ação das igrejas cristãs e da contí­
nua influência de Jesus” .339 A base da teologia do NT era, não
obstante, o relato da atividade terrena de Jesus, de modo que a
teologia do NT, com base em sua p ró p ria e stru tu ra, tem que indagar
pelo Jesus terreno. Ao contrário da “ velha b u sca” , não é para se ter o
“ Jesus histórico” ; “ a teologia do NT, contudo, indaga por Jesus
conform e se m ostrou a si mesmo a seus seguidores em seu período
terreno, e é este tam bém o Jesus que teve influência histórica” .340 e 341
Ao lado da p ró p ria estru tu ra do NT, a falta de analogias de personali­

3 34 P. 82.
335 P. 17.
3 36 I b id .
337 P. 18.
3 38 P. 17.
339 P. 56 .
3 40 Os a d jetiv o sg e sc h ic h tlic h th is to r is c h sã o tra d u zid o s co m o “ h istó rico ” .
341 P. 58.

101
dades contem porâneas p a ra a influência co ntínua de Jesus “ oferece
razões históricas que fazem mais ap ro p riad o com eçar u m a apresen ta­
ção da teologia do NT com a atividade e o cam inho de Jesus” .342
A fim de fazê-lo, G oppelt desenvolve sua “ p ró p ria análise crítico-tra-
dicional” , em cuja base os Evangelhos Sinópticos fornecem o m ate­
rial p a ra “ a apresentação de Jesus, a teologia da igreja cristã
prim itiva e, finalm ente, a teologia dos evangelistas".343 C o n traria­
m ente à opinião crítica, o Evangelho de João “ tam bém oferece
inform ação crítico-tradicional p a ra a atividade terren a de Je su s".344
Após um a breve discussão da “ estru tu ra h istó rica" da atividade de
Jesus345 e “ do ponlo de p a rtid a histórico-salvífico de João B atista” 346
G oppelt dedica oito capítulos à proclam ação de Jesus.
O C apítulo II com eça com “ A vinda da R egência de D eu s” ,347
porque o centro da d o u trin a de Jesus é o reino de D eus.346 O procedi­
mento norm al de G oppelt c descrever rapidam ente o sistem a term ino­
lógico e seus correlatos nos Evangelhos. Fornece, então, u m estudo
sucinto de seu fundo histórico no AT, no ju d aísm o e no helenism o, e
tam bém discute a história da pesquisa. F inalm ente, elucida seu
próprio entendim ento dos dados do NT, em co ntraste ou concordân­
cia com outras opiniões. Isto, além de extrem am ente inform ativo, é
altam ente estim ulante e convida a u m a interação de pensam ento.
A questão da “ conversão” en q u an to exigência de Jesus e dádiva da
regência divina é Iratad a nos C apítulos III e IV .349 O Capítulo V,
“ A Ação Salvadora de Jesus Como E xpressão da Renovação Escato-
lógica” , ocupa-se dos m ilagres como p arte da atividade de Jesus.350
A autoconsciência m essiânica é o assunto do C apítulo VI. “ O Auto-
E nlendim ento de Jesus” 351 dem onstra que Jesus usava p a ra si pelo
menos a designação de “ Filho do H om em ” . A m eta da atividade de
Jesus é tra ta d a no C apítulo V II, “ Jesus e a Igreja” .352 O últim o
capítulo ocupa-se do “ Fim de Jesus” e contém su a paixão, m orte,
ressurreição e ascensão.353
O segundo volume da teologia do N T de G oppelt foi publicado em
1976 e leva o su btítulo de “ M ultiplicidade e U nidade dos T estem u­

3 42 P. 62.
343 P. 65.
344 P. 67.
345 P. 70-83.
346 P. 83-93.
347 P. 94-127 .
348 P. 9 4 e 101.
349 P. 128-188.
35 0 P. 189-206.
351 P. 207-253.
352 P. 254-27 0 .
353 P. 271-29 9 .

102
nhos Apostólicos P ara C risto” . Contém o desenvolvimento pós-pente-
costal segundo a igreja prim itiva, dividido em três partes: P arte II,
“ A Igreja Prim itiva (A Igreja no Seio de Israel)” , com capítulos sobre
“ O D iscipulado de Jesus Como Igreja” e “ Os Prim órdios da C risto­
logia” .354 O princípio teológico utilizado é “ a correlação dialógica
entre a form ulação da tradição-de-Jesus e a explicação do querigm a
pascoal... na proclam ação e doutrina da igreja p rim itiv a ...” 355 Este
princípio de correlação dialógica é a resposta ao desenvolvimento da
mais antigacristo lo g ia (contra K. K oester).356 A P arte III, “ Paulo e o
Cristianism o G rego” ,357 com eça com u m a introdução sobre o proble­
m a do cristianism o grego e um capítulo sobre as pressuposições da
teologia paulin a. Centraliza-se n a teologia paulin a, particularm ente
n a cristologia, o evento da proclam ação, ju stiça e a Igreja. O centro
da teologia paulina é o conceito de justiça, que não é nem misticismo
de Cristo (W . W rede, A. Schweitzer) nem um conceito puram ente
forense (R. B ultm ann, H. Conzelm ann) nem , prim ariam ente, o
aspecto subjetivo da n atu reza de Deus (A. Schlatter, E. K ãsem ann,
P. Stuhlm acher). G oppelt com bina u m a ênfase forense, a saber,
"D eus coloca o hom em no relacionam ento justo consigo” , com a sub­
jetiva pela qual “ o hom em vive neste relacionam ento” .
A P arte IV, “ A Teologia dos Escritos Pós-Paulinos” ,358 é e stru tu ­
ralm ente incom pleta. O prim eiro capítulo tra ta tanto da teologia de
I Pedro, sob o título “ A Responsabilidade dos Crentes em Sociedade
Segundo I P e d ro ” , com o da teologia do Apocalipse, com o título
“ Os Crentes na Sociedade Pós-Cristo do Fim dos Tem pos Segundo o
Apocalipse de João” . O segundo capítulo ju n ta a teologia de Tiago,
isto é, u m a teologia do im pério, à teologia de M ateus, sob o título
“ O Significado do A parecim ento de Jesus em M ateus” . O C apítu­
lo III dedica-se à teologia de H ebreus, seguida pela de Lucas, o
teólogo da história d a salvação. A separação dos tratam entos da
teologia do Evangelho de Lucas daquela de Atos é ím par. O capítulo
final é sobre a teologia jo an in a e não está totalm ente desenvolvido.
O editor nos inform a que a P arte IV d a teologia de G oppelt foi
recolhida de um m anuscrito usado p ara aulas e de um a fita gravada
de suas aulas do verão de 1973. Isto pode ser levado em consideração
no caso de algum form ato estru tu ral inusitado. Sente-se falta de
estudos a respeito da teologia de M arcos, das ditas epístolas deutero-

3 54 L. G o p p elt, T h eo lo g ie d e s N euen T e s ta m e n ts . Z w e ite r T eil. V ielfa lt u n d E in h e it


d es a p o sto lisch en C h ristu sze u g n isses (G õ ttin g en , 19 7 6 ), p. 3 2 5-255.
355 P. 35 3 .
356 P. 3 5 4 . Ver H . K oester e J. M . R o b in so n , T ra jecto riea T h rou gh E a rly C h r istia n ity
(F ila d élfia , 1971).
357 G o p p elt, T h eo lo g ie d es N T . p . 356-479.
358 P . 48 0 -6 4 3 .

103
paulinas, inclusive Efésios, as Epístolas Pastorais e II Pedro e Judas.
Será que elas não se aju staram à abordagem da história da salvação
conform e entendida p o r G oppelt, ou será que o utras questões causa­
ram a não-inclusão delas em sua obra?

Observações Finais

Nosso estudo das q u atro m aiores abordagens à teologia do NT


esclareceu o fato de não haver concordância entre os principais
p raticantes da teologia do N T no tocante à questão da metodologia.
A com plexidade das questões está ligada aos aspectos m ais fu n d a­
m entais da m etodologia. Indicarem os alguns deles na conclusão deste
capítulo.
1. A abordagem tem ática cam inha de m ãos dadas com o método
da interseção, em que um ou mais tem as principais são tratados
longitudinalm ente. Os estudiosos do NT p assaram a levar a sério que
h á inevitavelmente um elem ento subjetivo em toda pesquisa histórica.
A subjetividade p articu lar da abordagem tem ática é a questão da
seletividade. O teólogo do NT que se em p en h a no m étodo da interse­
ção ao longo de um único tem a principal ou m uitos tem as simples
deve ser conduzido por um princípio de seleção. Intim am ente ligado
ao prim eiro, está o princípio da congenialidade. O princípio da
seleção leva o teólogo do N T a eleger um tem a principal do N T ou de
am bos, o NT e o AT, como, por exem plo, o pacto ou o reino de Deus,
o princípio cristológico, etc. O princípio d a congenialidade se refere a
todos os outros tem as, motivos ou conceitos congeniais ao tem a
principal. M as aqui as diferentes lim itações desta abordagem já se
fazem sentir. Prim eiro, sobre que base objetiva funciona o princípio
de seleção? F uncionará ele, como no caso de Schelkle, com base na
ordem D eus-H om em -Salvação da dogm ática? Se é assim, então
podem-se apresentar questões p a ra as quais o N T pode dar apenas as
respostas m ais acidentais ou respostas obtidas de questões nas quais o
NT não tem interesse. Segundo, o princípio d a congenialidade só
pode funcionar com relação ao tem a ou tem as escolhidos. Isto implica
em que outros tem as, motivos ou conceitos im portantes no NT são
negligenciados ou forçados a ad ap tar-se a um molde que não lhes
cabe. Terceiro, se o princípio de seleção for usado de um modo não
relacionado ao tem a principal, sobre que base senão a subjetiva
(o problem a de R ichardson) pode-se incluir ou om itir alguns tem as?
Poderá o universo do p ensam ento do NT ou a fé ser sistem atizada
deste m odo? Será algum tem a suficientem ente vasto a ponto de poder
englobar dentro de si todas as variedades de pensam ento do NT (ou
bíblico)? A riqueza da natu reza diversificada do m aterial bíblico
requer um a abordagem equivalente ao m aterial do qual trata.

104
2. Vimos que um dos m aiores problem as metodológicos da teolo­
gia do NT é a questão do lugar de Jesus dentro dela. Será “ a m ensa­
gem de Jesus... u m a pressuposição p ara a teologia do Novo T esta­
mento, em vez de um a p arte da p ró p ria teologia", para usar as
fam osas palavras de B ultm ann? Este julgam ento tem recebido, como
vimos, o apoio de C onzelm ann, na A lem anha, e m ais recentem ente de
P errin, nos Estados U nidos. Por outro lado, seus mais ferrenhos
opositores são Jerem ias, K üm m el, G oppelt e Neill, entre outros. Eles
p rocuram dem onstrar historicam ente que o Proclam ador (Jesus)
tornou-se o Proclam ado (Cristo). T oda essa questão é, entre outras
coisas, p rim ariam ente um problem a da com preensão m oderna da
H istória e de seu m étodo. P or definição, o m étodo histórico-crítico
funciona com base nos princípios da correlação, analogia e crítica
(E. Troeltsch), dentro de um círculo fechado de causas e efeitos
naturais, em que não h á espaço p a ra um a hipótese-de-D eus ou causas
sobrenaturais. Assim, história e fé são consideradas antônim as e um a
não pode su sten tar a outra. O m étodo histórico-crítico da pesquisa do
Evangelho é severam ente criticado. O. A. Piper declara: “ Não há
nenhum m étodo satisfatório pelo qual os registros dos Evangelhos
possam chegar a um acordo com as m odernas perspectivas idealistas
ou positivistas d a H istó ria.” -'59 H á m uito tem po, M. K ahler escreveu
um im portante ensaio, no qual se dirigia à diferença entre o “Jesus
histórico” e o “ C risto histórico” da B íblia.360 Diz-se que “ o Jesus
histórico [historische} é a criação do método histórico-crítico — um
H olzw eg, um cam inho que não conduz a p arte alg u m a... A rejeição
da descrição bíblica de Jesus em favor de um Jesus histórico hipotético
e o esforço de estabelecer estágios entre os dois não é o resultado de
nenhum estudo indutivo e de m ente ab erta com relação às nossas
fontes, m as de pressuposições filosóficas a respeito d a natureza da
H istória” .361 E m b o ra isto possa ser verdadeiro, não coloca a questão
para aqueles que aceitam tal pressuposição como válida. C ontinua
sendo um a das questões m etodológicas principais da erudição bíblica
crítica. R em ontará a fé cristã ao próprio Jesus ou será um construto
da igreja prim itiva? Essa questão co n tin u ará a exercitar os teólogos
do NT ainda por algum tempo.
3. A questão m etodológica indaga se a teologia do NT existe ou se
o estudo histórico do NT e do seu universo não deveria se cham ar,
como W . W rede sugeriu em 1897, “ H istória da Religião Cristã
Prim itiva” . Este problem a está entre nós com força total. H. Koester
e J. M. Robinson são os mais fortes p artid ário s de um retorno à

359 O. A. Piper, “ C h ristology and H istory” , Th eo lo g y T o d a y 1 9 (1 9 6 2 ), p. 333.


3 60 M . K ahler, The S o -C a lle d H istó ric a / Jesu s a n d th e H isto rie B ib lic a l C h rist. trad.
por O . E. B raaten (F ila d élfia , 1964).
361 L add, T e o lo g ia d o N T , p. 168.

105
abordagem da história das religiões.362 E xatam ente como a teologia
dialética no período após a Prim eira G rande G u erra trouxe consigo
um renascim ento da oposição entre teologia e religião, os anos 70
estão m arcados p o r um a tentativa de um retorno da teologia à
religião. U m aspecto im p o rtan te deste problem a é a questão de a
teologia do NT estar lim itad a aos escritos canônicos. Do ponto de
vista histórico, os escritos do Novo T estam ento não são m ais que um a
parte da literatu ra p roduzida pelos cristãos prim itivos e a questão é
que validade e significado existem nos escritos canônicos do NT.
A questão é, por um lado, se o NT é p roduto da Igreja, ou se a Igreja é
produto do NT, e, p o r outro lado, se a inclusão de docum entos no
cânon investe p articu lar autoridade a estes docum entos da Igreja ou
se a Igreja incluía docum entos p articulares no cânon, por causa de
seu reconhecim ento da autoridade inerente a estes docum entos. Nem
mesm o o apelo de B. S. Childs por um a nova teologia bíblica dentro
do contexto do cânon cristão365 foi aten d id o ,364 por inúm eras razões,
podendo-se então concordar facilm ente com Perrin: “ C ontinua sendo
um fato que o Novo T estam ento não é u m a entidade, que, enquanto
entidade, representou e ainda representa um grande papel na história
do cristianism o, e não estou p rep arad o p a ra decom pô-la em outra
coisa sem fundam entos m ais fortes do que as am bigüidades históricas
do processo de form ação do cân o n ... U m a história d a religião do
cristianism o prim itivo seria m uito bem -vinda, m as, do ponto de vista
das com unidades cristãs, um a teologia do Novo T estam ento é um a
necessidade u rg en te.” 365 Será a teologia do NT u m a disciplina
descritiva ou teológica? Isto nos conduz ao problem a final da questão
metodológica central.
4. Um dos problem as metodológicos m ais fundam entais p ara a
teologia do NT é a questão da reconstrução histórica e d a in terp re­
tação teológica. O p rogram a de dem itização de B ultm ann é p arte e
parcela do processo de despir a sem ente de sua casca e trad u zir o
querigm a p ara o homem m oderno com a aju d a da filosofia existencia­
lista. O fardo m ais pesado recai, no caso de B ultm ann, sobre a
interpretação existencialista. J. M . Robinson está p ro n to a declarar
que “ naturalm ente, Jesus, P aulo ou João não poderiam nunca
com preender a term inologia da dem itização ou do existencialis-
m o” .’“ O mais fiel seguidor de B ultm ann, H. C onzelm ann, expressa
a tendência atu al e o peso de sua p ró p ria diretriz, a saber, “ a recons­
trução histórica, isto é, a apresentação do universo de pensam ento do

362 V er acim a , o n .° 3 5 6 .
363 B. S. C hild s, B ib lic a l T h eo lo g y in C m is (F ila d é lfia , 1 970), p. 91 -148.
364 J. Barr, " B ib lica l T h eo lo g y " , l ü B S u p . (N a sh v ille, 1976), p. 1L0 e s.
365 Perrin, “ Jesus and the T h eo lo g y o f th e N T " , p . 3.
366 R ob in so n , " T h e F u ture of New T esta m en t T h eo lo g y " , p. 20.

106
Novo T estam ento conform e condicionado por seu tem po” .347 A re­
construção histórica está estreitam ente ligada ao que K. Stendahl
cham a de “ m étodo descritivo” ,348 com sua rigorosa diferenciação
entre “ o que queria dizer” e “ o que quer dizer” . Exis.tem várias
m aneiras364' em que a abordagem histórica e descritiva de “ o que
queria dizer” — devemos sem pre lem brar que isto tam bém é um a
interpretação — se a relaciona com a abordagem teológica e interpre-
lativa de “ o que quer dizer” . Prim eiro, pode-se decidir que a
abordagem descritiva que procu ra d eterm inar “ o que queria dizer”
por interm édio de quaisquer m étodos de investigação estabelecidos é
considerada idêntica a “ o que quer dizer” . Segundo, pode-se decidir
que “ o que quer dizer” contém proposições, idéias, etc., que devem
ser decodificadas e traduzidas sistem aticam ente e explicitadas, e que
isto é o “ que quer dizer” , mesmo que estas explicações possam nunca
ter ocorrido aos autores originais e possam ter sido rejeitadas por eles.
Terceiro, pode-se decidir que “ o que queria dizer” é um a m aneira
arcaica de falar, dependente de sua própria cu ltu ra e tem po, que
precisa ser redescrilo no m odo contem porâneo de falar dos mesmas
fenômenos e que esta redescrição c “ o que quer dizer” . “ Isto supõe
que o teólogo tem acesso aos fenômenos independente da Bíblia e de
‘o que queria dizer’, de modo que possa verificar a descrição arcaica
a ter u m a base p a ra a sua p ró p ria .” 370 Q uarto, pode-se decidir que
“ o que queria dizer” refere-se ao m odo como os cristãos primitivos
usavam os textos bíblicos e que “ o que quer dizer” é sim plesm ente o
modo como são usados pelos crentes m odernos. Neste caso, há um a
relação genética. D. H. Kelsey observa: “ N enhum a destas decisões
pode ser validada pelo estudo exegético do texto, pois o que está em
questão é precisam ente como o estudo exegético está relacionado
ao ato de fazer teologia.371 Se isto se dá, então pode-se perguntar
sobre que base se faz um julgam ento teológico a favor de um a e contra
a outra delas ou outros modos de relacionar o “ o que queria dizer” ao
“ o que quer dizer” .
Críticas da distinção entre “ o que queria dizer" e “ o que quer
dizer” , isto é, entre a reconstrução e a interpretação ou o que é
histórico e objetivo e o que é teológico e norm ativo têm sido feitas por
várias pessoas. Por exemplo, B. S. C hilds372 se opõe ao método
descritivo, devido à sua natu reza lim itada. A tarefa descritiva não

367 C on zelm a n n , A n O u tlin e o f N T T h eo lo g y, p. xiv.


368 S ten d ah l, I D B , I, p. 4 1 8-432; id e m . " M eth o d in th e Study o f B ib lical T h e o lo g y ’',
T h e B ib le in M o d e rn S c h o la r s h ip , ed. J. P . H yatt, (N a sh v ille, 1 965). p. 196-209.
369 Eles são su cin ta m en te e n u n cia d o s por D . H . K elsey. T h e U ses o f S c r ip tu r e in
R e c e n t T h eo lo g y, p. 202 e s ., n .° 18, m as fo rm u la d o s de m an eira ligeiram en te
diferente.
3 70 P. 203.
371 Ihid.

107
pode ser vista com o um estágio neutro, que conduz à genuína
interpretação teológica posterior. O texto, segundo Childs, é “um tes­
tem unho além de si m esmo, p a ra o propósito divino de D eus” . Tem
que haver “ a m udança de nível do testem unho p a ra a realidade em
si” .373 S tendahl aceita que a tarefa descritiva “ pode descrever os
textos bíblicos apontando p a ra além de si... em sua intenção e sua
função através dos te m p o s...374 M as nega que a explicação desta
realidade faça p arte da tarefa do teólogo bíblico. Childs, contudo,
insiste que “ o que o texto ‘queria dizer’ é am plam ente determ inado
por sua relação com aquele a quem se dirige” . Ele argum enta que
“ quando visto a p a rtir do contexto do cânon, tan to a indagação sobre
o que o texto queria dizer como a sobre o que quer dizer estão
inseparavelm ente unidas e am bas pertencem à tarefa da interpretação
da Bíblia como E sc ritu ra ” .375 A. Dulles tem opinião parecida quando
fala do “ desconforto diante de u m a separação rad ical... entre o que a
Bíblia queria dizer e o que quer dizer” . E n q u an to Stendahl atribui
um valor norm ativo à tarefa do que a B íblia quer dizer, Dulles
sustenta que este valor norm ativo deve ser atribuído tam bém ao que a
Bíblia queria dizer. Se este for o caso, então a dicotom ia estará
seriam ente enfraquecida, p o r causa da “ possibilidade de um a ab o r­
dagem descritiva ‘objetiva’ ou descom prom issada, e assim ... um a das
características m ais atraentes do posicionam ento de S tendahl torna-
se n u lo .376 R. A. F. M ackenzie, C. Spicq e R. de Vaux chegaram a
conclusões sem elhantes.377 Como pode o m étodo descritivo não-nor-

372 "Interpretation in Faith: T he T h e o lo g ie a l R esp o n sib ility of an O T C om m en tary1’,


I n te rp r e ta tio n 1 8 (1 9 6 4 ), p. 4 3 2 -4 4 9 .
373 P. 4 3 7 , 4 4 0 c 4 4 4 .
3 74 The B ib ie in M o d e rn S c h o la r s h ip , p . 2 0 3 , n .° 13.
375 B ib lic a l T h eo lo g y in C risis, p. 141.
37t> "R esp on se to K rister S ten d a h l's M ethod in th e Study of B ib lical T h e o lo g y ” ,
T he B ib le in M o d e r n S c h o la rsh ip , p. 2 1 0 e s. S ten d a h l, na tu ralm en te, su sten ta
que n ão h á "objetividad e a b so lu ta ” a ser a lca n ça d a (I D B , I, p . 422: T h e B ib le
in M o d ern S c h o la rsh ip , p. 2 0 2 ). E le está co m p le ta m en te certo a o en fatizar que a
relatividad e da ob jetivid ad e h u m a n a n ão d á u m a d escu lp a para “ nos exced erm os
em p reco n ceito s” , m as ta m b ém não nos dá, in sistim o s, a p o ssib ilid a d e de fazer
u m trabalh o p u ra m en te descritivo.
377 R. A . F . M a ck en zie, "T he C o n cep t o f B ib lica l T h e o lo g y ” , T h eo lo g y T o d a y , 4,
(1956), p. 1 3 1 -1 3 5 . esp . p. 134: “ A ob jetivid ad e fria m en te cie n tífica — n o sen tid o
racion a lista — é to ta lm en te in c a p a z até m esm o de perceber, m u ito m en os de ex ­
plorar, os valores r elig io so s da B íb lia . É p reciso haver p rim eiro o com p rom isso, o
recon h ecim en to , pela fé , da origem e au to rid a d e divinas do livro; o crente pode
devidam en te e lu crativam en te a p lica r tod as as técn ica s m ais c o n scie n c io sa s das
c iên cia s su b o rd in a d a s, sem o m enor risco de infringir sua devid a au to n o m ia ou
ser d eslea l a o ideal c ie n tífico ” . C. S p icq , co n fo rm e cita d o por J. H arvey, " T h e New
D iach ro n ic T h eo lo g y o f the O T (1 9 6 0 -1 9 7 0 )” . B T B 1 (1 9 7 1 ). p . 18 e s.; R.
D e V aux, " M eth o d in the Study o f E arly H ebrew H istory", em T h e B ib le in M o ­
dern S c h o la r s h ip , p. 15.17; “ P e u t-o n éerire u n e ‘th eo lo g ie de 1' A T ’ ” ? B ib le e t
O rien t (P aris, 1 967), p. 5 9-71.

108
mativo, com sua ênfase histórica lim itada, levar-nos à totalidade da
realidade teológica contida no texto? P or definição e pressuposição, o
m étodo histórico-descritivo lim ita-se de tal form a que a realidade
teológica total do texto não se m ostra p o r inteiro. Precisar-se-á
restringir a teologia do N T a n ad a m ais que um “ prim eiro capítulo”
d a teologia histórica? Será que a teologia do NT pode ter tam bém um
valor norm ativo, com base no reconhecim ento de que o que a Bíblia
queria dizer é norm ativo em si? Poderá a teologia do NT traç ar seus
próprios princípios de apresentação e organização a p a rtir dos
docum entos que com põem o NT, em vez de a p a rtir das doutrinas
eclesiásticas ou d a tradição escolástica ou da filosofia m oderna?
Não seria um a das tarefas d a teologia do N T (e do AT) um a lu ta
corporal com a natu reza dos textos bíblicos, com o se projetassem um a
m eta p a ra além de si m esmos, enquanto teológicos e ontológicos em
sua intenção e função através dos tem pos, sem definir antecipada­
m ente a natu reza da realidade bíblica?

109
3
O Centro e a Unidade da Teologia
doN T
A. A Questão

Um a das questões de debate m ais acalorado nos estudos do NT é a


indagação a respeito do centro e da unid ad e do N T .1 E sta questão

1 O s segu in tes e stu d o s são p a rticu la rm en te sign ificativos: A . M . H u n ter, T h e U n ity


o f th e N e w T e s ta m e n t (L ond res, 1943); id em , D ie E in h e it d es N e u e n T e s ta m e n ts
(M u n iq u e, 1952); E. K ã sem a n n , " B eg rü n d et der n e u testa m e n tlic h e K an on die
E inheit der K irche?'' E vT h 11 (1 9 5 1 /5 2 ); rcim presso em D a s N e u e T e s ta m e n t
ais K a n o n , e d . E . K ãsem ann (G õ ttin g en , 1 9 7 0 ), p . 124-133; B . R eick e, “ E inheit-
lich k eit oder v ersch ied en e ‘L ehrbegriffe' in der n eu testa m e n tlic h e n T h e o lo ­
g ie” , T h eo lo g isch e Z e itsc h rift 9 (1 9 5 3 ), p. 4 0 1 -4 1 5 ; H . H . R ow ley, T h e U n ity o f
th e B ib le ( 4 . a ed .; L ondres, 1968); G . E . L add, “ E sc h a to lo g y an d th e U n ity of
N ew T esta m en t T h e o lo g y " , E x p o sito ry T im es 68 (1 9 5 6 /5 7 ) , p . 268-273;
W . K ü n n eth , “ Zur Frage nach der M itte der S c h r ift” , D a n k an P. À lth a u s , eds.
W . K iin n eth e W . Joest (G ü terslo h , 1957), p. 1 21-140; H . B rau m , " D ie Pro-
blem atik einer T h eo lo g ie des N eu en T esta m en ts” , Z T h K B ein h e ft 2 (set. de 1961),
3 18. T rad . ingl. " T h e P rob lem o f a N ew T esta m en t T h e o lo g y ” , J o u rn a l f o r T h e o ­
logy a n d C hurch 1 (1 9 6 5 ), p. 169-185; F . M u ssn er, " D ie M itte des E vangelium s
in n eu testa m e n tlic h e r S ic h t” , C a th o lic a 15 (1 9 6 1 ), p . 2 7 1-292; R . S ch n ack en -
bu rg, N e w T e s ta m e n t T h eo lo g y T o d a y (L ond res, 19 6 3 ), p. 22 e s.; K. Frôhlich,
“ D ie M itte d es N euen T esta m en ts; O . C u llm a n n s B eitrag zur T h e o lo g ie G e-
genw art” , O ik o n o m ia . H e ilg e sc h ic h te a is T h etn e d e r T h eo lo g ie F estsch rift f ü r
O . C u llm a n n (H a m b u rg o -B erg sta d t, 1967), p. 2 0 3 -219; K . H aacker, “ E in h eit
" un d V ielfa lt in der T h e o lo g ie des N eu en T esta m en ts" , T h e m e lio s 4 (1 9 6 8 ),
p. 27-44; A . K ü m m el, “ M itte d es N eu en T es ta m e n ts ” , L ’E va n gile, H ie r e t A u -
j o u r d ’hui. M e la n g e s o fferts au F.-J. L e e n h a r d t (G en eb ra , 1968), p . 71-85;
A. S tock , E in h e it d e s N eu en T e s ta m e n ts (Z u riq u e, 1969); R . S m en d , D ie M itte
des A lie n T e s ta m e n ts (Z u riq u e, 1970); I. L õ n n in g , “K a n o n im K a n o n " . Z u m
d o g m a n tisc h e n G ru n d la g e n p ro b le m d es n e u te s ta m e n tlic h e n K a n o n s (O s lo / M u ­
niq ue, 1972); A . T . N ik o la in en , “ O m P la n lã g g n in g en s prob lem i en totalfram s-
tâlín in g av N ya teslu m en tets te o lo g i” , S v e n sk E x e g e tis k A r s b o k 3 7 /3 8 (1 9 7 2 /7 3 ),
p. 310-319; H . R iesen feld , " R e fle c íio n s on th e U n ity o f th e N ew T e s ta m e n t” ,
R eligion 3 (1 9 7 3 ), p. 35-51; U . L uz, “ T h e o lo g ia cru cis ais M itte der T h e o lo g ie im
N eu en T e sta m e n t” , E vT h 34 (1 9 7 4 ), p . 116-141; E . L ohse, " D ie E in h eit d es N euen
T estam en ts ais th eo lo g isc h e P ro b lem . U b erleg u n g en zur A u fg a b e ein er T h e o lo ­
gie d es N euen T es ta m e n ts ” , E vT h 35 (1 9 7 5 ), p. 139-154; W . S chrage, “ D ie Frage
nach der M itte u n d d em K anon im K anon d es N eu en T esta m en t iii der neueren
D isk u ssio n " , R e c h tfe rtig u n g F estsch rift f ü r E. K ã se m a n n , eds. J. F risd rich ,
W . P ü hlm an n e P . S tu h lm a ch er (T ü b in g e n /G o ttin g e n , 1976), p . 4 15-442.

110
está, em m uitos aspectos, no pró p rio âm ago do debate atual sobre a
n atureza d a teologia do NT. O problem a do centro do NT está ligado
à questão da apresentação de u m a teologia do NT com base num
único ou m últiplos centros, não im portando com o ele é definido.
O problem a da unidade do N T não pode se divorciar daquele do
centro, porq u e este últim o é h ab itu alm en te tido como a chave do
próprio NT. Ê afinal a indagação se se pode en co n trar um a teologia
do N T ou se o N T produz u m a tal m ultiplicidade de teologias que não
se pode chegar a n en h u m a unidade.
Não é necessário investigar o desenvolvimento desta questão nos
dois últim os séculos, d u ran te os quais surgiram exposições bastante
diferentes da teologia b íb lica.1 O problem a do centro do AT, no
debate atu al sobre a teologia do AT, não deixa de ter relação com os
da teologia do N T .3 A questão levantada de m odo ím par desde os
anos 50 é até que grau o N T é hom ogêneo, se é que o é .4 Devemo-nos
lem brar, en tretan to , que já em 1787 J. P. G abler havia feito um
convite à tarefa de se discernir, com base em seus próprios critérios,
entre “ os diferentes autores e as form as particu lares de discurso que
cad a um usou, segundo sua época e localização... H á que se escolher
cuidadosam ente as concepções dos autores individuais e ordená-las
cada um a segundo sua localização... A p a rtir da época das novas
form as de doutrina [do NT] deve-se recolher as concepções de Jesus,
Paulo, Pedro, João e T iago’’.5 O conjunto dessas “ concepções” dos
diferentes autores do NT deve p erscru tar por detrás delas, n a m ente
dos escritores do NT, a fim de encontrar um a uniform idade com base
no que aquele que for cen tral p o d erá se distinguir do que tor
periférico. E sta abordagem apela à “ crítica do conteúdo” (S a ch kri-
tik ), que se encontra na linha de frente da questão atu al. K. H aacker
observa que isto im plica em suas pressuposições no m étodo proposto
p o r G abler: (1) a possibilidade de discernir, p o r interm édio da razão
h u m ana, en tre o divino e o hu m an o , o tran scen d en tal e o histórico e
relativo. A au to rid ad e da Bíblia p a ra interp retação foi substituída
pela razão, como verdadeira fonte da revelação, porque ela decide o
que é a revelação. (2) É oportuno in d ag ar as “ concepções” dos
autores individuais, que levam a um a síntese eclética, sem nenhum a

2 V er, acim a , o C a p ítu lo 1 e p a rticu la rm en te S m en d , D ie M itte d e s A T , p. 7, 27-46.


3 G. F . H asel, “ T h e P rob lem o f the C enter in the O T T h eo lo g y D e b a te " , Z A W 86
(1 9 7 4 ), p. 65-82; id e m , O T T h eo lo g y. p. 7 7-103.
4 P. G rech , “C ontem p orary M eth o d o lo g ica i P rob lem s in New T esta m en t T h e o ­
logy” , B T B 2 (1 9 7 2 ), p. 2 6 4 e s.
5 J. P . G ab ler, “ O ratio de iusto d iscrim in e th eo lo g ia e b ib lic a e e t dogm aticae" ,
G a b le ri O p u s c u la A c a d ê m ic a I I (U lm , 18 3 1 ), p. 187. T ra d . a lem ã em O . M erk,
B ib lisc h e T h eo lo g ie d e s N eu en T e s ta m e n ts in ih r e r A n fa n g s z e it (M arb u rgo, 1972),
p . 2 85 e s.

111
autoridade dogm ática.6 O resultado disto e das pressuposições as­
sociadas parece estar entre as causas da ênfase contem porânea sobre
a diversidade e a disparidade do NT. E. Lohse colocou esta questão
nos seguintes term os: “ A exegese histórico-crítica dos escritos do NT
nos força a concluir que eles... não revelam um a d o u trin a unificada,
m as oferecem diferentes exposições teológicas.” 7 E. K ãsem ann tem
enfatizado constantem ente que o NT contém “ u m a m ultiplicidade de
conceitos divergentes” ,8 e que no NT, “ de m odo geral, não há
coerência in tern a. Os conflitos generalizados resultam , às vezes, em
contradições” ,9 a saber, “ contradições teológicas irreconciliáveis” .10
A. Stock nos lem bra que a ênfase sobre as contradições e a diversi­
dade no N T é o resultado das tendências do criticism o h istó rico .11
‘‘O problem a [das divergências] torna-se p articu larm ente agudo
através da resistência d a Bíblia a esta crítica, com base em sua
p rópria reivindicação de au to rid ad e. E sta au toridade im plica um a
unidade, não im p o rta como ela seja e n te n d id a .” 12 Vários eruditos
têm afirm ado que h á unidade na diversidade, m as tal unidade é
concebida ao longo de diferentes linhas e ad q u irid a com abordagens
contraditórias.
É im perativo fazer u m a distinção d u p la a respeito do centro do NT.
(1) o problem a do centro e da unidade do NT em si, isto é, a questão
a respeito da existência de algo que apareça como um sustentáculo,
podendo-se, com base nele, descobrir a unid ad e apesar de toda
diversidade, e (2) a questão do centro com o princípio organizador da
teologia do NT, p o r um lado, e como critério p a ra a “ crítica do
conteúdo” , que afirm a, de q u alq u er form a, um “ cânon dentro do
cânon” . A segunda im plica n u m a antítese, tal com o “ auto rid ad e/d e-
sintegração” , ‘‘to talid ad e/seleção ” e “ objetividade/subjetividade” .13
Será necessário haver um centro p a ra a apresentação do N T? E sta
p ergunta não é facilm ente respondida. J. B arr fala de u m a “ p lu ra li­
dade de ‘centros’” , que fazem os arranjos mais diferentes possíveis.14

6 H aack er, " E in h eit and V ie lfa lt in der T h e o lo g ie d es N T " , p. 30 e s.


7 L ohse, " D ie E in h eit d es N T th eo lo g iseh es P r o b lem ” , p. 148.
8 E. K ãsem a n n , E x e g e tisc h e V ersu ch e u n d B esin n u n g e n I I , (G õ ttin g e n , 1964)
p. 27 e 205.
9 E . K ã sem a n n , " T h e P roblem o f a N ew T esta m en t T h e o lo g y ” , N T S 19 (1 9 7 3 ),
p. 242; id em , E x e g e tisc h e V ersu ch e u n d B esin n u n g en I ( 2 . a e d .; G õ ttin g e n ,
1960), p. 218: a m u ltip licid a d e “é tão a m p la n o N T , que não tem o s ap en as con ­
flitos sig n ifica tiv o s, m as tem o s que reco n h ecer as con tra d içõ es teo ló g ica s irrecon-
ciliáveis” .
10 K ãsem a n n , E x e g e tis c h e V ersuche u n d B esin n u n g e n I, p . 218.
11 Stock, E in h e it d e s N T , p. 9 e s.
12 P. 10.
13 L õnnin g, " K anon im K a n o n ” , p. 21 4 -2 7 2 .
14 J. Barr, “ T rend s a n d P ro sp ects in B ib lica l T h e o lo g y ” , J o u rn a l o f T h eo lo g ica l
S tu d ie s 25 (1 9 7 4 ), p . 272.

112
P a ra a organização e e stru tu ra de um a teologia do N T, nenhum dos
centros tem que “ necessariam ente reivindicar direitos exclusivos
contra qualq u er outra possibilidade... P ara m im , a teologia bíblica,
pelo m enos em alguns níveis, p articip a da natu reza de um a arte, em
vez da natu reza de um a ciência” .15 Isto é um reconhecim ento im plí­
cito de que o problem a da "objetiv id ad e/su b jetiv id ad e” pende para o
lado d a subjetividade, tan to na seleção de um centro determ inado
entre vários possíveis como no fato de que a disciplina da teologia do
NT é conhecida como u m a “ a rte ” . Finalm ente, a questão a respeito
do centro m ais adequado ao NT perm anece, bem com o a questão a
respeito da necessidade de um centro p a ra a apresentação de um a
teologia do NT.

B. A Busca do Centro do NT

1. A ntropologia. R. B ultm ann e seu aluno H. B raun op taram


ambos pela antropologia como o centro do N T .16 A reconstrução
crítica de B ultm ann do NT serve à interp retação existencial.17 Ele é
guiado pela “ pressuposição de que eles [os escritos do NT] têm algo
a dizer ao p resente” . 18 C onseqüentem ente, a tarefa de um a apresen­
tação da teologia do NT significa, p ara B ultm ann, “ to rn ar claro esta
autocom preensão crente em sua referência ao q u erig m a... Este
esclarecim ento ocorre diretam ente na análise da teologia de Paulo e
de João” .19 B ultm ann afirm a: “ T o d a declaração a respeito de Deus é,
sim ultaneam ente, um a declaração a respeito do hom em e vice-versa.
Por esta razão e neste sentido, a teologia de Paulo é, ao mesmo
tem po, um a an tro p o lo g ia... Logo, a teologia de Paulo pode ser
m elhor entendida como a sua d outrina do h o m em .” 20 O mesmo
acontece com a teologia de João, tam bém tra ta d a antropologica-
mente.
Será o centro antropológico das teologias de Paulo e João adequado
à estruturação de u m a teologia do NT? B ultm ann acha que sim. Mas
devemos nos lem brar que ele recorreu à “ crítica do conteúdo” ,
conform e recom endado por M. B a rth ,21 ao chegar às expressões

15 íb id .
16 Ver, acim a , o C ap ítu lo 2, p. 82-94.
17 R. B u ltm a n n , T h eo lo g y o f th e N e w T e s ta m e n t (L ond res, 1 965), II, p . 251:
"A recon stru ção está a serviço da interpretação dos escritos do N ovo T esta ­
m e n t o ...”
18 í b id .
19 í b id .
20 B u ltm an n , T h eo lo g y o f th e N T , I, p. 191.
21 M . B arth, " D ie M eth o d e von B u ltm a n n ’s T h eo lo g ie des N euen T estam en ts" ,
T h eo lo g isch e Z e its c h r ift 11 (1 9 5 5 ), p. 15.

113
paulinas como o E spírito Santo, a ressurreição, o segundo A dão, o
pecado original e o conhecim ento. E stes n ão se enquadravam no
centro antropológico. O centro escolhido p o r B ultm ann im possibili­
tou o tratam en to de Rom anos 9-11.22 E. Lohse observa que o centro
da antropologia querigm ática forçou B ultm ann a colocar em segun­
do plano alguns escritos do NT, tais com o os Sinópticos, Atos, as
Epístolas C atólicas e o A pocalipse.23 E stará a antropologia querigm á­
tica, enquanto centro do NT, m ostrando-se m uito restritiva e estreita?
N ão será um a categoria determ in ad a pela interp retação existencial,
um veículo p redeterm inado, que leva, a seu m odo, ao “ cânon dentro
do cân o n ’’?
H. B raun, um dos discípulos de B ultm ann, dirigiu-se várias vezes
à questão da u n id ad e do NT. A exegese histórico-crítica divide o NT
em sua m ultiplicidade de aspectos e cam adas, de m odo que “ o Novo
T estam ento... não tem , em suas partes m ais centrais, u m a unidade
de expressão (A ussage-E inheit) com referência aos artigos da fé” .24
Ele discute conceitos com o a lei, escatologia, igreja e ofício, cristolo­
gia, soteriologia e sacram entos,25 e conclui que são doutrinas dís­
p ares” .26 Ele resum e:

O Novo T estam ento abriga dentro de si idéias díspares; esclare­


cemo-las p a ra nós m esm os em term os de cristologia, soteriologia,
atitudes p a ra com a T o ra, escatologia e d o u trin a dos sacram entos.
Estas diversidades referem -se, p o r su a vez, a um problem a ainda
m ais profundo d entro dos enunciados do Novo T estam ento: Deus
como dado e palpável e Deus como não palpável e d ad o .27

Parece que B raun é o erudito que levou a extrem os de disparidade


total a diversidade do NT. Não obstante, ele m esm o in daga se estas
doutrinas díspares e cam adas diversas negam um “ centro interno, do
qual se pode colher as partes essenciais, se não o todo [do N T ]” .18
B raun responde afirm ativam ente: “A unidade encontra-se nos três
grandes blocos da proclam ação de Jesus, Paulo e o Q u arto Evange­
lh o ... no m odo como o hom em é visto em sua posição diante de
D e u s.”29 A “ contradição m ú tu a ” 30 dos autores do N T é, segundo

22 H .-J. K raus, D ie B ib lisch e T h eo lo g ie (N eu k irch en -V lu y n , 1970). p. 191.


23 L ohse, " D ie E in h eit des N T ais th eo lo g isch es P ro b lem " , p. 150.
24 H. B raun, “ H e b l die n e u testa m e n tlic h -e x e g elisc h e F orsch ung dcn K anon a u f? ”
G e sa m m e lte S tu d ie n z u m N eu en T e s ta m e n t u n d se in e r U m w e h (T übim >en. 1%21,
p. 314.
25 P. 314-31 9 .
26 P. 320.
27 B rau n , “ T he P roblem o f a N T T h e o lo g y ” , p. 182.
28 B rau n, G e su m m e lle S tu d ie n . p. 320.
29 Ib id .
3 0 B rau n, “T h e P roblem o f a N T T h e o lo g y ” , p. 169.

114
B raun, superada por meio da antropologia teológica. “ A antropologia
é... a constante; a cristologia é a variável."31 “ Só posso falar de D eus
onde falo do hom em , e, p o rtan to , antropologicam ente. Posso falar de
Deus quando o meu ‘eu devo’ pode ser contradito pelo ‘eu posso’, e,
portanto, soteriologicam ente... Deus seria então um tipo definido de
relacionam ento com um com panheiro (M itm en sch lich keit)” ,3Z
O “ centro interno" do NT, segundo B raun, é a antropologia
teológica. O próprio B raun reconhece que este “ centro interno” não
pode conter todos os escritos ou blocos de escritos do NT. Logo, ele
afirm a o princípio do “ cânon dentro do cânon” .33 A. Stock assinala
que “ a unidade do NT en tra em círculo p a ra B raun tanto quanto a
m ensagem do ‘eu posso' e ‘você deve’ pode ser ouvida por ele num a
form a p u ra ” .34 Ele observa que tam bém aqui a subjetividade é a
chave no centro de B raun da antropologia teológica.
R. B ultm ann afirm ava que sua intenção havia sido m ais consisten-
tem ente levada a cabo p o r B raun, cujo conceito de unidade com a
constante da autoeom preensão do crente é explicitam ente aceito por
ele.35 C ontrariam ente à aceitação de B ultm ann, vários pós-bultm an-
nianos se opuseram . E. K ãsem ann fala do “ centro in terno” da teolo­
gia antropológica de B raun com o um “ tipo de m isticism o [que] signi­
fica falência, e [que] dever-se-ia levantar um protesto em nom e da
honestidade intelectual, quando o hum anism o se encontra nesta
m oda assum ida pelo cristianism o” .36 E. Lohse acusa B raun de
“ reducionism o rad ical” .37 Ao passo que a teologia do NT de B ult­
m ann “ apresenta a antropologia” , p o r interm édio de B raun a teolo­
gia se “ dissolve em antropologia” .38 Lohse assinala que, se ao NT
falta um a cristologia unificada, então deve-se observar que falta-lhe
tam bém um a antropologia u n ificad a.39 G. E beling se opõe ao princí­
pio de unidade de B raun porque falta-lhe até algo de cristão. Na
verdade, a antropologia teológica de B raun é a tentativa de definir a
natureza do cristianism o sem falar de D eus e de Jesus C risto. Ebeling
se opõe, dizendo que D eus não é “u m a cifra ininteligível” 40 e que a

31 B rau n, G e s a m m e lte S tu d ie n . p. 272.


32 B rau n, “T h e P roblem o f a N T T h e o lo g y " , p . 183.
33 B raun, G e sa m m e lte S tu d ie n , p. 227 e 229 232.
34 Stock , E in h e it d e s N T , p. 32.
35 R. B u ltm an n , “ T he P rim itive C hristian K erygm a a n d the H istorical Jesu s” ,
The H isto ric a l J esu s a n d T h e K e r y g m a tic C h r ist, ed s. C. E. B raaten e R . A . Har-
risville (N a sh v ille, 1964), p. 35 e s.
36 K ãsem ann, “ T h e P roblem o f a N T T h eo lo g y " , p. 241.
37 E. L ohse, G ru n d r iss d e r n e u te s ta m e n tlic h e n T h eo lo g ie (S tu ttg a rt, 1974), p . 13.
38 L ohse, “ D ie E in h e it des N T ais th eo lo g isch en P r o b lem ” , p. 152; idem ; G ru n d riss
d e r n tl. T h e o lo g ie , p . 13.
39 L ohse, G ru n d riss d e r n tl. T h eo lo g ie, p. 13 e s. e 163.
40 G . E b elin g , T h eo lo g y a n d P r o c la m a tiv n (F ila d é lfia , 19 6 6 ), p. 76.

115
“ cristologia é , n a verdade, variável no m odo em que se expressa (no
seu Como), m as não no fato de que se expressa (no seu Q ue). Não há
escolha — e isto p o r causa do auto-entendim ento da fé — entre... o
querigm a cristológico e o não-cristológico” .41 “ A constante do auto-
entendim ento da fé", afirm a Ebeling, não é a antropologia, mas que
“ que a fé é fé em Jesus Cristo, isto é, a fé que é endereçada ao
querigm a cristológico, e que aceita esse querigm a em sua própria
confissão” .42 E stas contribuições críticas à questão do centro do NT,
conform e sustentadas p o r B raun e que têm o apoio de B ultm ann,
revelam as questões fundam entais. T an to a “ antropologia querigm á-
tica ” (B ultm ann) como a “ antropologia teológica” (Braun) deixam a
desejar quando a questão é o centro do NT.
2. História da salvação. Nossa discussão da abordagem histórico-
salvífica conform e rep resentada p o r O . C ullm ann, G. E. L add e
L. G oppelt m ostrou que, sob o m esm o nom e, u m a variedade de
exposições de diferentes raízes e objetivos teológicos pode surgir.43
O erudito que m ais se em penhou n a pesquisa d a história da salvação
(H eilsgeschichte) neste século foi O. C ullm ann. Ele se opõe veem ente­
m ente àqueles que sentem u m a “ alegria sádica ao enfatizar a dispari­
dade e se enfurecem con tra aqueles que ten tam d em onstrar um elo de
ligação em um dado assu n to ” .44 Parece que F . C. G ra n t segue
C ullm ann, em sua tentativa de elucidar a história da salvação, e
declara que a “ história do N T é a ‘história da salvação’ (Heils-
geschichte) " ,45 G ra n t tam bém se opõe ao atu al “ p erigo... de superes­
tim arm os a diversidade, ignorando a u n id a d e ” .46 “H á u m a unidade
real n a exposição da religião cristã, feita no Novo Testam ento, com
toda sua diversidade, em sua visão de D eus, de sua revelação, da
salvação, da finalidade e do pod er absoluto de C risto.” 47 E nquanto
G ran t identifica unidade n a diversidade e afirm a a história salvífica.
diverge de C ullm ann, como outros ta m b é m ,48 em abster-se de
em pregar a história da salvação como o centro unificador do NT.
Em seu livro Christ and T im e , C ullm ann traçou seu entendim ento
de Cristo como o centro do tem po, conform e descrito p o r Jesus, Paulo

41 P . 48.
42 Ib id .
43 V er, a cim a , o C a p ítu lo 2, p . 5 7 .
44 O. C u llm an n , C h risto lo g ie d e s N eu es T e s ta m e n ts , p. 67.
45 F. C. G rant, A n In tro d u c tio n to N e w T e s ta m e n t T h o u g h t (N a sh v ille, 1950), p. 41 .
46 P. 42.
47 P. 29.
4 8 G. E . L add, A T h eo lo g y o f fh e N ew T esta m en t (G ra n d R ap id s, M ic h ., 1974).
T rad. port. T e o lo g ia d o N o v o T e s ta m e n to (R io de Janeiro, JU E R P , 1985);
L. G o p p elt, T h eo lo g ie d e s N eu en T e s ta m e n ts , 2 vols. (G õ ttin g e n , 1 9 7 5 /7 6 );
A. M . H u n ter, I n tr o d u e in g N e w T e s ta m e n t T h eo lo g y ( 2 . a- ed .; L o n d res,-1963).

116
e João.4* P ara C ullm ann, Cristo é o centro do tem po, m as não do NT.
Já nos anos 50, C ullm ann confessa que, “ p artin d o de diferentes ân g u ­
los, sem pre chego novam ente às m esm as conclusões, a saber, que o
verdadeiro centro da fé cristã e do pensam ento cristão prim itivo é a
história da redenção [salvífica] (H eilsgeschichte)" ,50 O que isto quer
dizer está explícito em seu ‘‘Christology o f the New T e sta m e n t”
(2 .a ed ., 1967), em que ele sugere que o N T não está interessado nas
questões da natu reza e do ser, m as apenas n a “ cristologia funcio­
n a r ’.51 A m agnum opus de C ullm ann, in titu lad a “Salvation in
H isto ry" (1967), ten ta “ livrar dos abusos o term o ‘salvação’” .52
P rocura dem onstrar a evidência de que os principais modelos do NT
da história da salvação estão em Jesus, no cristianism o prim itivo, em
Paulo e no Q uarto E vangelho.53 Isto quer dizer que a “ perspectiva
histórico-salvífica” se aplica a “ todas as áreas da fé, do pensam ento e
da atividade cristã prim itiva” .54
Deve-se observar que a “ história da salvação” é, no pensam ento de
Cullm ann, a base de que depende o cânon d a Bíblia, tanto do AT
como do N T .55 “ Parece que é impossível ju stificar o cânon fora da
história da salvação e não é acidentalm ente que sua justificativa seja
inevitavelm ente questionada, quando quer que a história da salvação
seja re jeita d a ."56 A “ m ais p rofunda essência d a Bíblia em si” é a
“ história da salvação” , de m odo que “ tanto a idéia de um cânon
como o m odo de sua realização serão um a p a rte crucial da história da
salvação da Bíblia” .57
C ullm ann fala do problem a “ do cânon dentro do cân on” , isto é, o
problem a de um a n orm a ou critério dentro da Bíblia, com o qual se
possa fazer um a seleção de m aterial. Sua oposição ao problem a
luterano do “ cânon dentro do cân o n ” é explícita. “ Q ualquer seleção
de um critério está destinada a ser subjetiva e arb itrária. Se levarmos
a sério a idéia de um cânon que com preende am bos os testam entos,
então tem os que dizer que só pode ser a história da salvação que
constitui a unid ad e da B íblia... pois ela pode conter todos estes
livros” .58
Devemos d ar a C ullm ann o crédito por haver levado a sério o cânon
total da Bíblia. Ele se recusa, pelo menos a priori, a ceder à tentação

49 O. C u llm an n , C h rist a n d T im e ( 3 .a e d .; L ondres, Í 9 6 2 ) ,p . xx.


50 O. C u llm an n , T h e E a rly C hurch (F ila d élfia , 1956), p. xxi.
51 O . C u llm a n n , C h risto lo g y o f th e A T (F ila d é l[ia , 1959), p . 326 e s.
52 C u llm an n , C h rist a n d T im e , p . xxiv.
53 O. C u llm an n , S a lv a tio n in H isto ry (N ew Y ork, 19 6 7 ), p. 186-291.
54 P. 15.
55 P. 55.
56 P. 294.
57 í b id . (o grifo é dele).
58 P. 298.

117
de um princípio seletivo. Procura evitar “ um cânon d entro do cânon”
como concentração sobre um a determ inada p a rte do todo, por meio
da qual o todo será julgado. O interesse de C ullm ann não só por todo
o NT, m as tam bém por toda a Bíblia, se e q u ip ara ao dos m elhores
entre os eruditos do NT da E uropa C ontinental.
De vários lugares nos chegam as reações ao “ cen tro ” ou “ essência”
da Bíblia segundo C ullm ann. C. F. Evans acha que a falha da
“ história da salvação” no pensam ento de C ullm ann “ é que ela
pressupõe um a espécie de canal do evento sagrado ou ação divina
fluindo dentro das fronteiras da história do m undo, com as definições
e dem arcações duvidosas conseqüentes, que vão determ inando onde
este canal deve ser encon trad o ” .59 A p rim eira reação de C ullm ann ao
conceito da H eilsgeschichte de C ullm ann foi que “ ele transform a a
teologia do Novo T estam ento num a filosofia cristã da H istória” .60
Tam bém se pode dizer isto a respeito de New T estam ent Theology,
de E. Stauffer, que tom a como princípio de organização o tem a da
história da salvação.61 O utros eruditos62 apoiaram a acusação de
B ultm ann de que C ullm ann transform ou a “ história da salvação”
num a “ filosofia cristã da H istória” . A isto B ultm ann acrescentou que
nem Jesus nem Paulo nem João pensavam num processo de salvação
em andam ento, m as que Cristo era, p a ra o últim o, o fim dos tem pos,
e não o seu centro.63 Nisto, B ultm ann foi apoiado por E . Fuchs e
W . K reck,74 que vêem Cristo como o fim da H istória. C ullm ann
respondeu que a “ história da salvação” não é u m a filosofia cristã da
História, im posta de fora p a ra cim a do N T .65 Ele tem o apoio
inadvertido de E. K ãsem ann q uanto à questão de Cristo não ser o fim
d a H istória na teologia de Paulo: “ P aulo não pode e não quer fa lar de
um fim da H istória que já aconteceu, m as m enciona que o tem po do
fim está p ró x im o .” 66 D este modo, a tese básica de C ullm ann de que a
“ história da salvação” é o princípio da unidade do NT, e até mesmo
d a Bíblia, parece co n tin u ar intato.

59 C. F. E vans, As “H o /y S c r ip tu r e " C h ristia n ? (L ond res, 1971), p . 59 .


60 R. B u ltm a n n , “ H istory o f Salvation and H istory", E x iste n c e u n d F aith (C leve-
la n d /N e w Y o rk , 1960), p. 233; id e m , ‘‘H e ilsg esc h ic h te un d G e sc h ich te . Zu O.
C ullm ann, C h rislu s u n d d ie Z e i t ", P T N T , p. 301.
61 Ver acim a, o C apítulo 1, p, 41.
62 Por e x em p lo , K. G . Steck. D ie I d e e d e r H e ilsg esc h ic h te : H o fm a n n -S c h la tte r-
C u llm a n n (Z uriqu e, 1959),
63 B u ltm a n n , “ H istory o f Salvation a n d H istory’', p. 237; P T N T , p. 306.
d4 E. F u ch s, “ C hristus das E nde der G e sc h ich te ” . Z u r F rage n ach d e m histori.schen
Jesus (T ü b in g e n , 1960), p . 79 e ss.; W . K reck , D ie Z u k u n ft d e s G e k o m m e n e n
(1961).
65 C ullm ann, C h risi a n d T im e . p. xviii-x.xi; id em , S a lv a tio n in H is to r y , p. 4 4 -4 7 , 56
e s. e 62 e s.
66 E. K ãsem a n n , “ On th e T op ic o f Prim itive C hristian A p o ca ly p tic" , J o u rn a l f(>r
T h eolog y a n d C hurch 6 (1 9 6 9 ), p. 129.

118
Foi o aluno de B ultm an n , H . Conzelm ann, que produziu seu
estudo crítico do Evangelho de Lucas, sob o título de Die M itte der
Z eit (O C entro do T em p o ),67 que tom ou em prestado de Cullm ann.
Ele tentou m o strar que Lucas é o teólogo da história da salvação.
Conzelm ann sustentava o que B ultm ann afirm ara anteriorm ente, a
saber, que “ é um exagero flagrante dizer que o Novo T estam ento
pressupõe um a concepção u n ificada da história da salvação” .68
Segundo C ullm ann, C onzelm ann “ q ueria esclarecer que toda a
construção não é a perspectiva do Novo T estam ento, m as a de Lucas
— ou m elhor, é um a distorção de Lucas. Com sua história da
salvação, Lucas abandonou a essência d a escatologia de Jesus... fê-lo
com seu esquem a de ‘períodos’ da história d a salv ação ...” 69 A pesqui­
sa d a teologia de Lucas continua. A tualm ente o contraste entre Lucas
e Jesus e entre Lucas e Paulo não é m ais visto conform e retratado por
Conzelm ann. As avaliações recentes indicaram que Lucas não “ deses-
catologizou a tradição sem restrições” 70 e que a história da salvação
de Lucas “ contém d entro de si a esperança de um fim im inente” .71
E nquanto C onzelm ann enfatiza que a história da salvação é o
esquem a básico de Lucas-A tos, outros acentuam p a ra Lucas-Atos ou
a salvação (I. H. M arshall) ou a eclesiologia (J. Jervell) ou a ortodoxia
(C. H. T a lb e rt).72 Neste caso, o ataque à tese de C ullm ann não foi tão
bem -sucedido como B ultm ann pensara a princípio. H .-J. K raus
defende a visão cullm anniana da H eilsgeschichte contra as questões
levantadas por K. G . S teck.73

T am bém já se observou que C ullm ann é um dos raros eruditos do


C ontinente [Os ingleses, por h abitarem num a ilha, fazem alusão
ao restante d a E uropa como sendo o “ C ontinente” . N do T . ]

67 II. C on zelm a n n . D ie M in e d e r Z e it (T ü b in g e n , 1953). T rad . ingl. The T h eology o f


St. L u k e (L ond res, 1961).
68 B u ltm an n , "H istory o f Salvation and H istory", p. 235; P T N T , p . 303.
69 C u llm an n , S a lva tio n in H is to r y . p. 46. C o n zelm a n n (A n O u tlin e o f th e T h eology
o f t h e N T . p. 149-152) tem afirm ad o, u ltim a m en te, que a teologia dc L ucas não é
um a partid a para o cristia n ism o prim itivo.
70 A. J. H ultgren, “ Inlerp reting the G ospel o f L uke", I n te rp r e ta tio n 30 (1976),
p. 364; cf. S. B row n. A p a s ta s y a n d P e rse v era n c e in th e T h eo lo g y o f L u k e (R om a,
1969); I. H. M arshall, L u k e: H isto ria n a n d TheologUin (L ondres. 1970); J. Jervell,
L u k e a n d th e P e o p le a f G o d (M in n ea p o lis. 1972); C. H. T a lb ert, L ite ra ry P a tte n is.
rheíilotficul T h em es u n d th e G en re o f L u k e -A c ts (M isso u la , 1974); E. Frank lin.
C hrist th e L o rd : A S tu d y in th e P u rp o se a n d T h eo lo g y o f f.tik e -A ets (L ondres,
1975); S. G . W ilso n , The G e n tile s a n d the G e n tile M issio n in L u k e - A c ti (C am -
bridgc, 1973); H , F iender. St. L u k e, T h eologian o f H e d e m p rire H isto ry (L ondres.
1967); W . G . K ü m m el, "C urrent T h eo lo g ica l A c cu sa tio n s a g a in st L uke", A n d o -
ver N ew u m Q itu n e rly 16 (1 9 7 5 ), p. 131-145; C. H. T a lb ert, "S h iftin g Sands;
T h e R eeent Study of the G osp el of L uke", in te r p r e ta tio n 30 (1 9 7 5 ), p. 381-395.
71 Talbert. '‘S h iftin g S a n d s” , p. 387.
72 Ver, acim a , n ° 70.
73 K raus, D ie b ib lis c h e T h eo lo g ie. p. 352-35S.

119
que tentou encontrar um tem a unificador de to d a a Bíblia, de ambos
os T estam entos. Ele dem onstrou que a história da salvação, fora a
questão de como é concebida, é um conceito bíblico im portante.
A questão contudo perm anece sendo se este é de fato o tem a unifican-
te. Cullm ann ain d a precisa provar que todos os docum entos do AT
testificam e tem com o tem a básico a história da salvação. O mesmo se
aplica aos docum entos do NT. A inda que a p ró p ria história da salva­
ção esteja sujeita a u m a variedade de definições, deve-se adm itir que
é um conceito básico na B íblia,74 sem transform á-lo no centro unifi­
cador e em pregando-o como o princípio organizador de um a teologia
do NT.

3. Pacto, A m o r e O utras P ropostas. O conceito de pacto (ou


prom essa divina) da Bíblia veio p a ra a linha de frente dos estudos
bíblicos nos últim os a n o s.75 U m dos gigantes da teologia do AT
em pregava o conceito de pacto como princípio sistem ático da organi­
zação do AT. W , E ichrodt optou por um tratam en to de interseção
sistem ática do AT com base no conceito do p a c to .76 Vários eruditos
têm sugerido que o pacto pode tam bém servir de princípio unificador
p ara o NT. O. Loretz77 estava a favor e F. C. Fensham esboçou um a
teologia b asead a no p acto em um ensaio p ro g ram ático.78 O fato é que
nem todas as partes do NT estão diretam ente ou m esm o in d iretam en ­
te relacionadas ao pacto. Logo, o conceito de pacto pode, na m elhor
das hipóteses, levar a uni m étodo de interseção79 da teologia do NT,
pois não é suficientem ente am plo p a ra conter em si toda a riqueza e
variedade do pensam ento do N T .80 Parece que é impossível" fazer
justiça aos testem unhos (bíblicos e) do N T p o r interm édio de um a
abordagem linear, seja por meio de tem as como conceitos, ou tem as

74 E . K ã sem a n n , P e r sp e c tiv e s on Pau! (F ila d é lfia , 1971), p. 63; "E u até diria que é
im p ossível en ten d er a B íblia em geral ou P au lo em particular sem a p ersp ectiva da
história da s a lv a ç ã o .” E ste ju ízo n ã o leva K ãsem ann a tra n sform á-lo nu m centro
un ificador, que ele vê na m en sa g em de P au lo da ju stifica çã o .
75 Ver esp ec ia lm en te D . J. M cC arthy, O ld T e s ta m e n t C ovenu nt: A S u rv e y o f C u rren t
O p in itm s íR ic h m o n d , 1972); E. K utsch, V erh eissu n g u n d G e se tz (B e r lim /N e w
Y ork, 1973).
7h W. E ich rod t, T h eo lo g y n f th e O ld T e s ta m e n t, 2 vols. (F ila d élfia , 1965-67).
77 ü . I .o r c l/. D ie W uh rh eit d e r B ib e l (F reib urg, 1964).
7S C. F en sh a m , "C ovenant, P rom isc and E x p ecta tio n in the B ib le ” , T h eo lo g isch e
Z e itsc h rift 23 (1 9 6 7 ), p. 3 0 5 -3 2 2 . O tem a da p ro m essa divina do N T tem sid o
lam búm acen tu a d o por D . R. H illers, C ovenu nt: The History' o f a B ib lic a l Id ea
(H alüm ove, 19t>9), p. 178-18&.
79 Ver H asel. < )T T h eology: B asic Jssues tn th e C u rre n t D e b a te , p. 43-46.
80 ia m b é m W. W ;irnae'i. A y.ip e . D ie L ieb e a is G r u n d tn o tif d e r n e u te s ta m e n tlic h e n
Ih c o lo g ie (D ü sseld o rf. 1951); C. S p icq . •‘N o u v elles réílcx io n s sur la th éologie b i­
b liq u e" . R ev u e des S c ie n c e s P h ilo sttp h iq u e s e t th e o lo g itju e s 42 (1 9 5 8 ). p. 212 e s.

120
como a autoridade de D eu s,81 o reino de D eus,82 o dom ínio de Deus e
a com unhão entre Deus e o H o m em ,8J ou pro m essa.84 Podem os nos
arriscar a acrescentar que até um conceito central como a ressurrei­
ção85 não fará justiça à riqueza do pensam ento do NT p a ra se escrever
um a teologia do NT. Ao tocarm os no tem a da ressurreição no NT, já
estam os no dom ínio da cristologia, a que devemos d ar atenção agora.
4. C ristologia. Sob o título de “ Cristologia” podem os discutir um a
variedade de propostas a respeito do centro do NT, que são, de um
modo ou de outro, relativas a Jesus Cristo. A sugestão de B. Reicke
nos conduz ao começo dos anos 50 e pode ser um ponto de partida
adequado p a ra as propostas de um centro cristológico. Ele sugere que
“ no evento de C risto... [existe] a unidade m aterial do Novo T esta­
m ento” .86 Todos os escritos do NT se referem ao mesm o Jesus Cristo e
indicam o m esm o evento ligado a ele, mesm o que se possa reconhecer
que "nos Sinópticos, João e Paulo e em p arte en tre os outros escritores
dos livros do NT Jesus é apresentado em aspectos cristológicos diver­
gentes” .87 F. C. G ran t expressa sua opinião de m odo sem elhante, ao
afirm ar que o N T “ é genuinam ente cristocêntrico” .88 P. R obertson
vê no “ tem a cristológico” o fator que pode “ unificar toda a teologia
do N T ...” 89 M uitos eruditos protestantes e católicos reconhecem em

81 II. S eeb ass, “ D er B eitrag des A T zum E ntw urf einer b ib lisch en T h eologie" ,
W ort u n d D ie n sí 8 (1 9 6 5 ), p. 2 0 -4 9 , esp . p. 30 e ss.
82 G . K lein, ‘" R c ie b G ottes' ais b ib lisch er Z en tra lb eg riff” E vT h 30 (1970) p. 642-
6 70, sugere e sie c o m o o cen lro de am b os os T esta m en to s.
83 G. Fohrer, “ D er M ittelp u n k t einer T h eo lo g ie des A lten T e sta m c n ts” . T h e o lo ­
g isch e Z e its c h r ift 24 (1 9 6 8 ), p. 161 e ss.. arg u m en ta que o seu con ceito dual faz
ju stiça a a m b o s, o A T c o N T.
84 W . C. K aiser, "T he C entre o f Old T esla m e n t T heology: T h e P rom ise", 1'heme-
lios 10 (1 9 7 4 ). p. 1-10, co n sid era a "prom essa" " u m a ch avc universal para as
E scrituras. su ficien te para encerrar a g ra n d e variedade <le livros, tem as e c o n c ei­
tos b íb lico s" (p . 9).
85 W . K ü n n eth , O ste r g e d a n k e n (L ahr, 1963), p. 18; idem , "Zur Frage nach der
M itte der S ch rift” , p . 130, sugere que o centro e a un id ad e do NT (e do A T tam ­
bém ) é a ressurreição de Jesus C risto. Para um a e x p o siçã o do cen tro de K ün neth,
da ressurreição, ver M . K w iran, The R esu rre c tio n n f lhe D e a d . E xegesis o f I Cor.
15 in G e rm a n P r o te s ta m T h eo lo g y fr o m F. C. B a u r to W. K ü n n eth (B asiléia.
1972), p. 3 3 5 -3 5 7 . E ntre o u tros eruditos que têm a ressurreição co m o o cen lro do
N T estão R. B a u m a n n , M itte u n d N o rm des C h ritlich en . E m e A u sleg u n g von
I K o r. 1, 1 -3 ,4 (M ü n ster, 1 968). J. G u illet. “ D ie M itte der B otsch aft; Jesus T od
und A u fe r steh u n g " , I n te rn a tio n a le kathoU sche Z e itsc h rift 2 (1 9 7 3 ), p. 225-230;
e F. C ourth, “ D er historisch e Jesus ais A u sle g u n g sn o n n des G la u b e n s? ” M u n ch e-
n e r th e o lo g isc h e Z e its c h r ift 2 5 (1 9 7 4 ), p. 3 0 1 -3 1 6 . esp . p. 3 0 6 e s .
86 R eick e, “ E ln h e itlich k e it o d er verschiedene ‘L eh rb egriffe’ in der ntl. T h e o lo g ie ” ?
p. 405.
87 P. 406.
88 G rant, I n tr o d u c tio n to N T T h o u g h t, p. 56.
89 P. R obertson , “ T he O u tlo o k for B ib lica l T h eo lo g y " . T o w a rd a T h eology o f the
F u tu re , ed s. D . P. W ells e C . H. P innock (C arol Stream , III., 1971). p, 65-91,
esp . p. 80.

121
Jesus Cristo o centro do N T .90 A. L. M oore é grande adepto da
história da salvação en quanto concepção básica do NT, mas acentua
que “ a p a rtir do centro, Jesus Cristo, a linha da história da salvação
corre p a ra trás, passando pelo pacto à criação e m ais além , e p a ra a
frente, passando da Igreja e sua m issão à paro u sia e m ais a lé m ''.91
Sem negar a concepção histórico-salvífica do NT, “ a unidade cristo-
lógica” é a chave do N T .92 Pode-se dizer que G . E. L add está tão
com prom etido com a história da salvação q u an to C ullm ann, mas, em
oposição a este, L add se recusa, con tra sua antiga opinião, a deixar
que a estru tu ra histórico-salvífica ou escatológica93 forneça a síntese
p a ra a organização da teologia do NT. Ele acredita que a teologia do
NT, escrita do ponto de vista de um único princípio organizador, só
pode ser feita assim com base num a “ grande p e rd a ” . “ H á grande
riqueza n a variedade encontradiça n a teologia do Novo Testam ento,
que não deve ser sacrificada.’’94
W . Schrage não se opõe à centralização do NT em Jesus Cristo.
Pelo contrário, ele arg u m en ta que aqueles que p a ra ra m , ao dizer que
Jesus Cristo é o centro do NT, p a ra ra m m uito cedo.95 Perspectiva
sem elhante é a de M. Hengel, que afirm a um “ centro cristológico” ,
mas sugere que há um a variedade dc fórm ulas, tais como “ ‘solus
C hristus', ‘sola g ra tia ’ e ‘iustificatio im pii’, por interm édio das quais
pode-se descrevê-lo” .96 Pelo menos duas destas fórm ulas têm tido
fortes adeptos. Antes que nos voltemos p a ra este assunto, parece
aconselhável citar as várias o utras sugestões em que o centro cristo­
lógico é mais am plam ente definido.
H. Riesenfeld, da U niversidade de U ppsala, levanta a questão
sobre como poderia ter acontecido que os “ elem entos díspares da fé
[no NT], cujo único denom inador com um era que, de algum modo, se
referiam a um hom em cham ado Jesus, que supunha-se haver ressusci­

9 0 Por e x em p lo . H . S chlier, B esin n u n g a u f d e s N e u e T e s ta m e n t (F reib urg, 1964),


p. 69; H . U . von B a llh a sa r, ‘‘E in ig u n g in C h ristu s” , F re ib u r g e r Z e itsc h rift fü r
P h ib s o p h ie u n d T h eologie 1 5 0 9 6 8 ) , p. 171 -1 8 9 , esp . p. 187; A . V ògtle, “ K irche
und Sch riftp rin zip nach dem N euen T estam ent*', B ib e l u n d L eben 12 (1 9 7 1 ),
p. 153-162, esp. p. 157; K. H. S ch elk le, T h eo lo g ie d e s N eu en T e s ta m e n ts , III.
p. 17; H . von C a m p en h a u sen . D ie E n ts te h u n g d er ch ristlieh en B ib e l (T ü b in g en ,
1968), p. 378; W . M arxsen, D e r “F rü h k a th o U z izs m u s " im N eu en T e sta m e n t
(N eu k irch en -V lu y n , 1958), p. 67; L add, A T h eo lo g y o f th e N ew T e s ta m e n t, p. 33;
L ohse. “ D ie E inheit des N T ais th eo lo g isc h e s P roblem ", p. 152-154: H ancker.
“ H inhcit und V ielfa lt in der T h e o lo g ie d es N T ’' , p. 40 o s . ; K ü m m el, The T h eo lo g v
o f th e N T . p . 332; e outros.
91 A . L. M oore. The P a ro u sia in the N ew T e s ta m e n t (L eid cn . 1966). p. 89 e s.
92 P. 172.
93 Ladd, “ L sch a to lo g y and the U n ity o f N T T h eology''. p. 273.
94 Ladd, T eologiu do N ovo T e s ta m e n to , p. 32.
95 Schrage, “ D ie Frage nach der M itte und dem K anon im K an on d es N T ” , p. 438.
9 6 M . H cn g el, “ H istorisch e M eth o d en und th eo lo g isch en À u sle g u n g des N euen
T esta m en ts” . K e ry g m a u n d D o g m a 19 (1 9 7 3 ). p. 8 5 -9 0 . esp. p . 90.

122
tado dentre os m ortos, tin h am sido recolhidos, integrados e consi­
derados hom ogêneos em tão surpreendentem ente curto espaço de
tem p o ?” 97 U m “ m ero querigm a que proclam a a fé na ressurreição de
u m a pessoa cham ada Jesus, e agora considerada o Senhor celestial,
não será suficiente p a ra explicar por que havia u m a variedade de
títulos cristológicos e de fórm ulas teológicas, m as apenas um a igreja
c ris tã ...” 98 Por fim, só a autoconsciência de Jesus pode responder à
questão. “ Em últim o recurso, o sentido e a consistência estrutural do
querigm a proclam ado pela igreja prim itiva dependem do fato de que,
durante o período de seu m inistério público, Jesus atribuíra à sua
pessoa obras e atos — de m odo algum ao seu sofrim ento e m orte —
u m a im portância decisiva p a ra a vinda e realização do reino de
D eus.” 99 Isto fica claro no uso feito por Jesus do título de Filho do
H om em , que é típico do p a d rão de pensam ento da cristologia
do N T .100 Riesenfeld parece arg u m en tar que o querigm a de Jesus
continha um a cristologia “ explícita” , e não m eram ente “ im plícita” .
W. Beilner sugere que é tarefa da teologia do NT m ostrar como o
Jesus histórico tornou-se o Cristo p ro clam ad o .101 Ele acha que “ a teo­
logia do NT deve ser en tendida como unidade a p a rtir de dois
aspectos básicos, a saber, do Jesus proclam ado como o Cristo e o
locus da proclam ação, a existência da Igreja. Estes dois elementos
compõem o parêntese de todas as diferentes teologias do NT ou
cam adas de expressão” .102 Isto quer dizer, p a ra Beilner e seu colega
católico Schelkle, “ que a unidade do NT tem seu fundam ento na
Igreja” .103 “ F. M ussner tem u m a visão diferente da unidade do NT;
sua tese é que “ ‘o centro do Evangelho’ é, segundo o NT, a aurora da
era escatológica da salvação em Jesus C risto” . 104 E sta mensagem
"form a, em determ inado sentido, o parêntese unificador no cânon
dentro do cân o n ” . Ele previne, entretanto, que não se deve elevar um
“ determ inado q u erig m a... a um lugar central do evangelho ou mesmo
transform á-lo num único evangelho” , porque, “ funciona facilm ente
como um a carga explosiva dentro do cânon do NT, como a H istória o
torna evidente” .105

97 R iesen feld . “ K eflections on lh e U n ity o f tlie N T ” , p. 4 1 .


98 P. 49.
99 íb id .
100 P. 5 0 c s .
101 W . B eilner. “ N eu testa m en tlieh e T h eo lo g ie. M elh o d iseh c BeNÍnnun)>". D ie iist u n d
L elire (V ie n a . 1% 5), p. 145-165. esp . p. 159.
102 P. 15S.
103 Schelkle, T h eo lo g ie d es N T . III. p. 16; B eilner. “ NcuieslanieiitlÍL'he T licologie"
p. 160.
104 F. M ussner, " D ic M itte des K vangelium s in n tl. S ich t" , p. 271 e 290.
105 F. M ussner. P ru e sem ia Sa/uris (M u n iq u e. 1967), p. 174 e ss.

123
W. Beilner, K. H. Schelkle e F. M ussner são significativos exem­
plos de teólogos católicos que argu m en tam a favor d a unidade
do N T106 sem tran sfo rm ar, necessariam ente, os centros propostos em
um princípio organizador, com base em que a teologia do NT deva ser
construída. Do lado p ro testan te, podem os m encionar, p articu larm en ­
te, W . G . K üm m el e E. Lohse, am bos os quais organizaram teologias
do NT. W. G. K üm m el observa que “ o interesse na teologia do Novo
T estam ento encontra-se desde o início em conflito com o problem a da
diversidade e unidade no Novo T estam ento” .107 Com grande discer­
nim ento, ele sugere “ que a apresentação e a organização de um a
‘teologia do Novo T estam ento’ só pode acontecer como resultado de
um trabalh o , com as diversas form as da proclam ação do Novo T esta­
m en to ” . 108 Em outras palavras, n enhum centro pred eterm inado pode
funcionar como princípio organizador (pace B ultm ann, B raun,
C ullm ann, etc.) p a ra a apresentação de um a teologia do NT. Na
“ Conclusão” de sua teologia do NT, K üm m el retorna à questão do
“ centro do Novo T estam en to ” .109 Sua hipótese é que o centro do NT
encontra expressão “ em sua m ais p u ra versão” n a (1) “ m ensagem e
figura de Jesus, quando se to rn aram perceptíveis a nós n a mais antiga
tradição dos Evangelhos Sinópticos; e então (2) na proclam ação da
com unidade p rim itiv a...; e (3) n a p rim eira reflexão teológica de Paulo
sobre esta p roclam ação” .110 Com base nestes três blocos, K üm m el
sugere que o seguinte aspecto duplo acerca de Jesus Cristo constitui o
centro do NT: “ ...D eu s fez com que sua salvação prom etida p ara o
fim do m undo começasse em Jesus Cristo, e, neste evento de Cristo,
Deus entrou em contato conosco e pretende nos c o n ta tar como o Pai
que procura nos livrar de um aprisionam ento no m undo e nos libertar
p a ra o am or diligente.” 1" Visto que K üm m el acha que esta “ m ensa­
gem com um ... pode ser ro tu la d a como fu n d am en tal e p o r ela a
m ensagem do resto do Novo T estam ento ser avaliada” , 112 temos que
reagir levantando u m a questão. Que critérios objetivos pode K üm m el
citar p ara sua escolha das tradições sinópticas m ais antigas acerca de
Jesus, o querigm a da com unidade prim itiva e a proclam ação de Paulo
como blocos de m atéria do NT que revelam o seu centro, com o qual o
restante do NT pode ser avaliado? K üm m el, como teólogo luterano,

106 Outra? v iv e s c a tó lic a s são revistas por A, K ü m m el, ‘'M itte des N euen T esta-
m en ts" , p. 79 c s.
107 W . G . K ü m m el, T h e T h ro lo g y o f th e N e w T e stu n ien t A cc u rd in p to its M a jo r
W iim s s e s : J v \u s -P a u l .h/hn (N a sh v ille, 1 973), p. 15.
108 P. 17.
109 Infelizm en te o term o a lem ã o M itte é tradu zid o com o "coração" ( “ heart"), em v e/
de c o m o o co stu m eiro "centro", na T h eo lo g v o f th e N T de K ü m m el. p, 322-33.1.
110 P. 324.
111 P. 332.
112 P. 324.

124
se com prom ete com o princípio m aterial do “ cânon dentro do câ-
non” ,113 mas, apesar disso, não conseguiu ju stificar a seleção dos
critérios escolhidos. E. Lohse está, do mesmo modo. com prom etido
com o princípio do “ cânon dentro do cânon” , que funciona tanto
como princípio de seleção q uanto como princípio de juízo dentro do
NT. Ele não está expondo seus próprios critérios p a ra um centro do
NT na form a de certos blocos de escritos com a exclusão de outros.
Ele segue o princípio luterano “ o que Cristo m an ifesta” ( ‘k s Chris-
tum tr e ib e t" )" 4 e afirm a que “ a teologia dos testem unhos do NT só
pode ser desvelada a p a rtir d a cristologia” .115 Incluso aí está o fato de
a antropologia só poder ser definida p o r incio da cristologia. Lohse
insiste, corretam ente, em nossa avaliação, que a m ultiplicidade das
concepções teológicas do NT não pode ser reu n id a através de um
simples conceito unificador, como a história da salvação (pace
Cullm ann) ou a antropologia (pace B ra u n ).116 O centro e a unidade
da m ultiplicidade das expressões do NT encontram -se definitivam en­
te no evento de Cristo na cruz, em que foi m anifestado o am or de
Deus pelo m u n d o .117 Não será Jesus Cristo o centro do N T ?llfi
Em concordância com a ênfase dos grandes reform adores, alguns
eruditos colocam a idéia p au lin a da justificação dos ímpios (iustifica-
tio im pii) como o centro do NT. E. K ãsem ann não deseja apenas ver a
m ensagem da justificação dos ímpios como o centro da teologia
p a u lin a ,119 mas, sustentando o princípio do "cân o n dentro do câ­
n o n ” ,120 sugere que este é o centro de todo o N T .m Aqui, K ãse­
m ann se separa de seu professor, B ultm ann, cuja antropologia
querigm ática servia como c e n tro .122 K ãsem ann afirm a que “ o Novo
T estam ento quer, na realidade, ser entendido em seu todo como um
testem unho de C risto” . 12’ As diferentes cristologias do NT são

113 W . G . K ü m m el. " N otw en d igk eil und G r e n /e des n eu testa m en tlich en K anons",
Z77 iá ' 4 7 (1 9 5 0 ), p. 277-313.
114 L ohse, “ D ie E in h eit des N T ais th eo lo g isch es P roblem ", p. 153.
115 L ohse, G ru n d riss d e r n e u ie sta m e n tlic h e ti T h eo lo g ie, p. 14.
116 P. 162 e s .
117 P . 164.
118 Ver tam b ém E . Sehw eizer, Jesu s C h ristu s im vielfu ltin g en Z eu gn is d es N euen
T e sta m e n ts (S tu U gart, 1 968). P . S tu h lm a ch er, S c liri/tta u sle g u n tí a u f d e m YVege
z u r b ib lisc h e n T h eo lo g ie (G õ ttin g en , 1975), p. 178, fala da “ m ensagem da recon ­
c iliação com o um centro decisivo da S agrada E sc r itu r a .”
119 E. K ãsem a n n , “ G ottes G erech tig k eit bei P au lus", E x eg e tisc h e V e.rsm he a n d
B esinn ungen , II, p. 181-193.
120 E. K ãsem a n n , "K ritische A tialyse'', D a s N eu e T e s ta m e n t ais K a n o n , ed. E.
K ãsem ann (G õ ttin g en , 1970), p. 369.
121 V er Stock , E in h eit d es N T , p. 13-24, para um a e x p o siçã o d eta lh ad a d a un idade
conceitua) de K ãsem ann dentro de sua teologia.
122 Stock , E in h e it d es N T , p. 6 2-65, o ferece um resum o das objeções de K ãsem ann
contra B ultm ann.
123 K ãsem an n , D as N T ais K a n o n , p. 404.

125
“ adequadas p a ra en fatizar claram ente o que m anifesta Cristo. P o r­
que, desta m aneira, a justificação dos ím pios é o centro de toda a
proclam ação cristã, e, logo, tam bém da B íb lia ...’-124 Ele explica
enfaticam ente que “ p a ra m im , a m ensagem da justificação e a sola
scriptura são idênticas, a fórm ula teológica da justificação dos ímpios
contém , em meu entendim ento, toda a Bíblia, inclusive o Antigo
T estam ento, visto que ele tem verdadeiram ente a ver com Jesus
Cristo” .125 E m bora esta “ fórm ula teológica” deva ser vista em “ corre­
lação com a cristologia” , é anterior a ela, pois q ualquer cristologia
real “ deve se o rie n ta r... na justificação dos ím p io s" ,126 que “ como
cânon dentro do c â n o n ... é o critério p a ra o teste dos espíritos, mesmo
com referência à doutrina cristã no passado e no presente” . 127
W. Joest concorda: “ A proclam ação paulino-reform adora da justifi­
cação [serve], dc fato, como um a interpretação central da Palavra de
D e u s...” 12" O aluno de K ãsem ann, W , Schrage, tam bém salienta o
mesmo ponto de K ãsem ann. P ara Schrage, “iustificatio im pii
(Rom . 4:5) é o centro e o tem a-chave da proclam ação e da teologia
paulinas” .l2'-’ Ele encontra seu eco tam bém cm outras partes do NT, tal
como nas ditas epístolas dêutero-paulinas, I Pedro, I João e no
A pocalipse.130
Chega-nos de U. Luz um a reação indireta à “ fórm ula teológica”
da justificação dos ímpios como o centro do NT, até m esmo de toda a
Bíblia. Ele argum enta pela “ teologia da cruz (theologia crucis) como
o centro do Novo T estam ento” . 131 Luz acha que os teólogos do NT da
“ teologia da cru z" são, p a r exce.Uen.ce, M arcos e P a u lo ,1'12 mas que
outros docum entos, como o Q uarto Evangelho, o Apocalipse, He-
b re u s,133 I P e d ro ,134 e possivelm ente outros, a contêm . As seguintes
palavras resum em a proposta de Luz:

A teologia da cruz (1) entende a cruz como o fundam ento da salva­


ção, num sentido exclusivo, com o qual todos os outros eventos da

124 F. 405.
125 P. ,170.
126 P. 405.
127 I b id .
128 W . Joest, “ D ie Frage des K an on s in der h eu tigen evan gelisch en T h eologie" ,
Wux hei.ssi A u sle g u n g d er H eih g en S c h r ifi? eds. W . Joest, F. M ussner. a ut.
(R egen sb u rg , 1966), p. 198; idem . “ E rw iigungen /u r K a n o n iseh en B ed eu u in g des
N euen T esta m en ts” , D a s N eu e T esta m en rx u h K a n o n . p. 2 5 8 -2 8 1, esp. p. 276.
129 Schrage, “ D ie Frage nach der M itte und dem K an on im K anon des N T ” , p . 440.
130 P. 441.
131 U . Lu/., “ T h eo lo g ia cru cis ais M iu e der T h e o lo g ie des N euen T esta m en ts" E vT h
3 4 (1 9 7 4 ), p. 116-141.
132 P. 121-131, sobre P au lo, e p. 131-139, sobre M arcos.
133 P. 118.
134 P. 128.

126
salvação (isto é, a ressurreição, a parousia) estão relacionados e
são com preendidos... (2) considera a cruz de C risto o ponto de p a r­
tid a p a ra a teologia no sentido de que não existe n enhum a doutrina
de D eus independente da doutrina da cru z... (3) a cruz deve ser e n ­
tendid a como o p o n to de orientação para a teologia, de onde se ori­
ginam os pontos de p a rtid a p a ra a antropologia, a filosofia da H is­
tória, a eclesiologia, a ética, e tc .135

Luz inicia sua busca do centro do NT com Paulo, m as chega a um


aspecto cristológico diferente de K ãsem ann e de seus seguidores.
O N T é cristocêntrico. E sta cristocentralização tem um a variedade
de aspectos interligados. A ênfase exclusiva sobre um ou outro
aspecto corre o risco de m inim izar ou m axim izar um em detrim ento
do outro. Os vários aspectos precisam ser cuidadosam ente investiga­
dos, expostos e vistos em relação a cada um dos outros. F. M ussner
observa que “ a doutrina p au lin a da justificação revela im ediatam ente
que a iustificatio im p ii pela graça sozinha se baseia na morte expiató­
ria substitutiva de Jesus na cruz, em que a ju stiça redentora de Deus
‘se revela’ no ‘agora’. A justificação do hom em é, na visão do
apóstolo, fu n d am en tad a n u m fa c tu m histo ricu m ” .136 E. Lohse, como
teólogo luterano, não está menos interessado do que K ãsem ann e seus
seguidores no conceito d a justificação. Ele recorre ao próprio Lutero,
a fim de sustentar sua conclusão de que “ a d o u trin a a respeito da
justificação tem que se fu n d am en tar som ente n a cristologia” .137
H. Diem se opõe, baseando-se em outros fundam entos. A justificação
não é m ais que um aspecto parcial da Bíblia, p o r interm édio do qual
outros aspectos são injustam ente criticad o s.138
Não se chegou a nenhum consenso a respeito d a questão do centro
do Novo T estam ento. As razões são m uitas, com o já dem onstrou a
discussão do debate. Devemos d ar um a p a ra d a , para algum as
considerações básicas. Tem -se observado incessantem ente que um
dos propósitos da busca do centro do NT é p ro porcionar um a base
para sua unidade, por um lado, e p a ra a exposição sistem ática ou
estrutura de um a teologia do NT, por outro. Parece que a erudição do
NT está, neste ponto, no controle de um a pressuposição especulativa
teológica e filosófica, que declara que o m aterial m ultiform e e
m últiplo do N T, em to d a sua rica m ultiplicidade, se a d a p ta rá e
poderá ser sistem aticam ente ordenado e organizado por interm édio
de um centro. A qui emerge um a das questões fundam entais p a ra a
tarefa da teologia do NT. Poderá algum centro do NT ser suficiente­

135 P. 115-
136 M u ssn er. “ D ie M itte des E vangelium s in ntl. S ic h i" . p. 282.
13"7 L ohse, {jr u n d ris s d e r n e u te sia n te n tlich en T h e o lo g ie , p. 14.
138 H. D iem , “D ie ein h eit der S ch rift" , E vT h 13 (1 9 5 3 ), p. 391 e s . , 3^7 e 400.

127
mente am plo, e, portan to , adequado p a ra elab o rar u m a sistem atiza­
ção do m aterial do NT num a unidade e stru tu ra l form ulada? O fato
da proliferação dos centros propostos p a ra o NT indica que isto não
parece possível. Tornou-se evidente que m esm o os centros m ais
cuidadosam ente elaborados, seja na form a de um esquem a, fórm ula,
conceito, tem a ou idéia, m ostraram -se finalm ente unilaterais, in ad e­
quados e insuficientes, e, portanto, levam, inevitavelm ente, a con­
cepções errôneas q uanto à variedade, m ultiplicidade e riqueza do NT.
O fenôm eno do núm ero constantem ente crescente de novas sugestões
para o que constitui o centro do NT e como esse aum ento contribui
para se escrever um a teologia do NT é, em si, um a testem unha oral da
evidente ineficácia dos respectivos esquem as, fórm ulas, concepções,
tem as ou idéias p a ra a tarefa em questão. Com base nestas inegáveis
limitações dos vários centros, alguns teólogos têm apresentado outros,
mais longos em definição e /o u m aiores em escopo. Pode-se dizer que
até mesmo a “ história da salvação’’ se esticou p ara além de seus
limites no que se refere à sua capacidade de servir como um guarda-
chuva, sob o qual pode-se conduzir a riqueza de todo o NT,
Não estam os negando a legitim idade da busca de um centro do NT
(ou do A T). M as, como estam os negando que q ualquer e stru tu ra
externa baseada em categorias de pensam ento alheias ao NT (ou à
Bíblia) possa te r perm issão p a ra se sobrepor ao pensam ento bíblico,
isto é, ao esquem a D eus-H om em -Salvação (Teologia-Antropologia-
Soteriologia) em prestado da dogm ática, estam os tam bém convenci­
dos de que nenhum centro do N T (ou da Bíblia) é suficientem ente
am plo, profundo e vasto p a ra fazer ju stiça ao todo do NT canônico
quanto à sua capacidade de servir como princípio organizador. A bu s­
ca do centro do N T (e do AT), se basead a nos m ais profundos teste­
m unhos bíblicos, é totalm ente justificável. Parece-nos inegável que o
NT seja cristocêntrico do início ao fim. Jesus Cristo é o centro
dinâm ico unificador do NT. A atividade salvadora graciosa de Deus
revela-se na vida e n a ação, no sofrim ento, na m orte e na ressurreição,
bem como no m inistério celestial de Jesus Cristo. Jesus Cristo é o
princípio, o meio e o fim do NT. A cristocentralização do NT não
pode se tran sfo rm ar num a e stru tu ra com base em que um a teologia
do NT possa ser escrita.

C. O Centro do NT e o Cânon Dentro do Cânon

O atual debate a respeito do centro do NT está intim am ente ligado


ao problem a da crítica do cânon. A discussão an terio r revelou que
a questão do centro do NT está entrelaçad a com a questão do “ cânon
dentro do cân o n ” . Não é nosso propósito aqui fazer um a retrospectiva

128
da rica literatu ra que existe sobre este a ssu n to .139 Tem os observado
diversas vezes que o centro do NT é freqüentem ente usado como fita
m étrica p a ra se distinguir o que é e o que não é o verdadeiro
evangelho. O problem a não é absolutam ente novo, pois o princípio
luterano “was C hristum tre ib e t” im plica o critério do “ cânon dentro
do cânon ” 1,10 e é um a chave en tre as origens da “ crise do cânon no
protestantism o m oderno” . MI
É surpreendente observar que os eruditos m odernos de confissão
(luterana), todos fortem ente com prom etidos em sua utilização do
método histórico-crítico e tam bém com prom etidos com o princípio do
“ cânon d entro do cânon” , são incapazes de concordar em qual é este
centro do N T que deve fu ncionar como “ um cânon d entro do cânon” .
Vimos que alguns deles, p o r exem plo, argum entam pela “justifica­
ção dos ím pios” (K ãsem ann, Joest, Schrage)142 ou pela “ teologia da
cruz” (L u z),143 e outros extraem seus critérios críticos da m ensagem
do Jesus histórico (Jerem ias) ou de u m a com binação da m ensagem de
Jesus com o m ais antigo querigm a (K üm m el, M arxsen)144 ou a p a rtir

139 Em acréscim o ao s vários en sa io s j á cita d o s n a n ota n .° 1 d este ca p ítu lo , os s eg u in ­


tes estu d o s, desde 1965, são p a rticu la rm en te sign ificativos: R . M . G rant, T h e F or-
m a tio n o f th e N e w T e s ta m e n t (N ew Y ork, 1965); R . L. M organ . "L et's Be H on est
about th e C anon: A P lea to R eco n sid er a Q uestion the R eform ers F a iled to
A nsw er” , C h ristia n C en tu ry 84 (1 9 6 7 ). p. 717-719; A . C. S u n d b erg, "T ow ard a
R evised H istory o f th e New T esta m en t C anon" , S tu d ia E va n g élica 4 (1968),
p. 452-461; id em , “C anon o f the N T " , I D B S u p . (1 9 7 6 ), p . 136-140; C . S. C.
W illia m s, “ T h e H istory of the T ex t and C anon o f the New T estam en t to Jerom c",
C a m b rid g e H isto ry o f the B ib le , ed . G . W . H. L am pe (N ew Y ork, 1969), II,
p. 27-53; E, K à m a n n , e d ,, D a s N eu e T e s ta m e n t ais K a n o n (G õ ttin g en , 1970);
K .-H . O h líg , W uher n im tn t d ie B ib e l ihre A u to r ità t? Z u m V erh altn is von
S c h riftk a n a n , K irc h e u n d Jesu s (D ü sseld o rf, 1970); I. F ran k , D e r Sin n d e r K a-
m m b ild u n g (F reib u rg , 1971); E. K alin , "T he Inspired C om m u nity: A G la n ce at
C anon H istory", C a n c a rd ia T h eo lo g ica l M o n th ly 4 2 (1 9 7 1 ) , p. 541-549; H . F. von
C a m p en h a u sen , D ie E n ts te h u n g d e r ch ristlich en B ib e l (T ü b in g e n , 1968). T rad.
ingt. The F o rtn a tio n o f th e C h ristia n B ib le (F ila d é lfia , 1972); H. B urkhart,
“ G ren zen des K an on s — M otive u n d M a sstã b e ” , T h eo lo g isch e B eitrã g e 1 (1970),
p, 153-160; G . M aier, " K an on im K anon — oder die g a n z e Schrift?" T h eo lo g isch e
B eitrã g e 3 (1 9 7 2 ), p . 21-31; D . E . G roh, “ H. von C am p en h au sen on C anon.
P osition s a n d P ro b lem s" , In te rp r e ta tio n 28 (1 9 7 4 ). p. 3 3 1-343; 1. Barr, T h e B ib le
in th e M o d e m W o rld (N ew Y ork, 1973); D . L. D u n g a n , "T he New T estam en t
Canon in R ecen t S tu d y ” , I n te rp r e ta tio n 2 9 (1 9 7 5 ), p . 3 3 9 -3 5 1 .
140 V er K . B arth, " D a s Schriftprinz.ip der reform ierten K irch e” , Z eich en d e r Z e it 3
(1 9 2 5 ), p . 223; H . S tra th m a n n , “ D ie Krise des K anon s der K irch e” , D a s N T ais
K a n o n s , p . 4 1 , d ecla ra qu e L utero d esco b riu , em R om . 1:17, “ um cânon dentro
do c â n o n ” . C u llm a n n , S a lv a tio n in H is to r y , p. 297 e s.
141 L õn n in g , " K an on im K an on ” , p. 3 9-49.
142 V er, acim a , o s n .,:,s 123 e 128 e s.
143 Ver, acim a , o n .° 131.
144 W . G . K ü m m el, “ N o tw en d ig k eit u n d G ren ze d es n e u testa m e n tlic h e n K an on s" ,
D a s N T a is K a n o n , p . 6 2 -9 7 , esp . p . 94; e, a cim a , os n .° s 107-112; W . M arxsen.
" D a s P roblem d es n e u testa m en tlich en K a n o n s aus der S ích t des E xegeten " ,
D a s N T a is K a n o n s . p . 2 3 3 -2 4 6 . esp . p . 246.

129
de determ inados blocos de escritos (H. B ra u n ).145 Este fato evidente
conduz a u m a conclusão: “ Q ualquer seleção de critério [de unidade]
destina-se a ser subjetiva e a rb itrá ria .” 146 A dm ite-se, naturalm ente,
que a busca de um centro e de um critério p a ra a unidade não deve ser
confundida com um absolutism o de aspectos sim ples ou com idéias
teológicas fav o ritas.147 M as ter-se-á que a d m itir tam bém que a subje­
tividade com que se faz um a seleção a p a rtir do todo e com base em
que o todo está sujeito à crítica do conteúdo cham a à questão a
objetividade do m étodo em si e todo o procedim ento. O abrangente
estudo de I. Lõnning de toda a questão do "cân o n dentro do cânon” ,
a p artir da R eform a até o presente, que chega a conclusões sem elhan­
tes às de seu professor K âsem ann, acrescenta a notável censura:
“ Não podem os transform ar o ‘cânon dentro do cânon’ em um
cân o n .” 148
O famoso sistem ata católico H. K üng. cuja posição teológica é, em
vários aspectos, sem elhante à de K ãsem ann, se opõe ao p rogram a do
“ cânon dentro do cânon” , p o rq u e "n ão pretende n ad a além de ser
mais bíblico do que a Bíblia, m ais neotestam entário do que o NT,
m ais evangélico que o evangelho e até m ais paulino do que P aulo” .149
Ele se opõe a um dado preentendím ento com base em que se deve
testar os espíritos... Paulo nunca aplicou o princípio do teste dos
espíritos ao cânon do AT. Assim, não temos o direito de u sar este
princípio p a ra o cânon do N T .1S0 Ele observa que tal preentendim ento
não se fu n d am en ta no NT, mas na tradição lu teran a. Logo, pergunta:
“ Não será essa u m a posição p a ra a qual não se pode oferecer razões
que evitariam que outro erudito fizesse um a outra escolha, com base
em um outro preentendim ento tradicional p a ra u m outro centro, e
assim encontrar apoio exegético p a ra um outro evangelho?” 151 Final­
m ente, q u alq u er fórm ula, princípio, idéia, etc. que se transform e no
centro do NT com base em que se em penhe na crítica do cânon com o
princípio seletivo do “ cânon dentro do cânon” é a “ arbitrariedade
subjetiva” , 152 porque “ um dado preentendim ento sobre a natureza da

145 H. B raun, “ H e b t die h eu tig e n e u testa m e n tlic h -e x e g etisc h e F o rsch u n g den K anon
auf ?" D as N T ais K a n o n , p. 228 e s.; c f . , a cim a , o n .° 2 8 c s.
146 C ullm ann, S a lv a tio n in H is to r y , p. 298.
147 D o m e sm o m o d o , correta m en te, S ch ra g e, “ D ie F ra g e n ach de M itte und dem
K anon im K anon des N T " , p. 4 1 8 .
148 L õnnin g, "K anon im K a n o n ", p. 271.
149 H . K ü n g . ‘‘D e r F rü h k a th o lizism u s im N T a is k o n tro v ersth eo logisch es P rob lem ” .
D a s N T ais K a n o n , p. 1 7 5 -2 0 4 , esp . p. 192.
150 P. 190.
151 P. 191 (o grifo é dele).
152 I b id \ tam b ém H. D ie m , T h eo lo g ie ais K irc h lic h e W isse n c h a ft ( 2 . 3 ed .; M uniq ue,
1957), p . 206.

130
fé crista se lança de volta ao NT como um cân o n crítico dentro do
cânon” .153
O reducionism o inevitável é outra restrição feita a respeito de um
centro que sirva como “ cânon dentro do cânon” , em pregado com o
propósito de um a crítica ou crítica do c â n o n .154 O NT considerado
como um todo contém “ a verdade em sua p le n itu d e ''.155 O princípio
do “ cânon dentro do cân o n " não pode fazer ju stiça à totalidade do
NT. Q ualqu er centro destinado a este propósito tende em direção a
um a concentração em um único aspecto. “ Em que consiste essa
concentração? Consiste no reducionism o.” ' 54 Este é o caso por que
está baseada num processo de seleção. K üng arg u m en ta que a seleção
a p a rtir da totalidade do cânon do NT leva a um a m ultiplicidade de
denom inações e à heresia. Som ente quando se leva a sério o cânon do
NT em sua totalidade é que se pode esperar um a ig reja.157 O erudito
católico H . Schlier, ex-aluno de B ultm ann, tam bém tem reservas
quanto à redução de todo o evangelho do NT por interm édio do
“ cânon dentro do cân o n ” . “ Se se deseja preservar a posição da fé de
L utero... então se é forçado a a n u lar o cânon da Bíblia. A Bíblia é a
Bíblia. Q ualq u er paulinism o m aior ou a b stra to ... finalm ente declara
quase todo o conteúdo da Bíblia como não o b rig ató rio .” 158
Vários teólogos protestantes têm tam bém levantado sérias questões
a respeito do princípio de seleção como se revela ao conceito do
“ cânon dentro do cânon” . E. Schweizer observa que a Bíblia é sempre
“ Bíblia em função". Logo, ele rejeita o “ cânon dentro do cânon” . 159
As opiniões do sistem ata luterano H. Diem e seu “ N ão” categórico ao
“ cânon dentro do cân o n ” 160 exercitaram vários eruditos do N T .101
Sem elhantem ente, G. Ebeling recusa-se a afirm ar “ um cânon dentro
do cânon” . P ara ele, tal princípio corre o risco de ser arb itrário . Ele
fala de um a “ visão legal do c â n o n ... que se refere à unidade da Bíblia
como a unidade de um sistem a doutrinário dogm ático. Tal visão só
pode ser levada a efeito até sua conclusão lógica ou fazendo-se o que a
Igreja Católica faz, a saber, recaindo na função herm enêutica da

153 Stock , E in h e it d es N T , p. 70.


154 H . K ün g, D ie K irc h e (F reib urg, 19 6 7 ), p. 151.
155 K. H . S eh elk le, D ie P e tru sb rie fe . D e r J u d a s b r ie f ( 2 . a ed.: F reibu rg. 1964). p . 245.
156 H. K üng, S tr u k tu re n d e r K irc h e (F reib urg, 19 6 2 ), p. 151; id em , D ie K ir c h e . p. 27.
157 K üng, " D er F r ü h k a th o li/ism u s im N T ais k o n tro v ersth eo lo g isch es P rob lem ” .
p. 188 e s .
158 H. S ch lier, D ie Z e it d e r K irc h e ( 2 . 0 e d .: Freiburg, 1958), p, 311.
159 E. Schw eizer, “ K a n o u ? ” E vT h 31 (1 9 7 1 ), p. 3 3 9 -3 5 7 , csp . p. 354 e s.
160 Ver p articu la rm en te o seu “ D ie E inheit der S eh rift” , p . 3 8 5 -4 0 5, e seu en saio
" D a s P roblem des S ch riftk a n o n s” . D a s N T ais K a n o n , p. 159-174.
161 V er. por ex em p lo , as re a çõ e s dc K iisem ann , D a s N T ais K a n o u . p. 359-371;
e S chrage, " D ie Frage n ach der M itle und dem K anon im K anou des N T " , p . 421
424. U m bom resum o da p o siçã o de D iem é o ferecid o p o r S tock , E in h eit d es N T ,
p. 3 6-38 e 10 0 -1 1 2 . in clu in d o reações de p ro testa n tes e ca tó lico s.

131
tradição ou, de m an eira ap arentem ente arb itrá ria , estabelecendo um
cânon dentro do cânon n a form a de um corpo de escritos específico ou
de um a d o u trin a específica, como p ad rão de crítica” . '62 Ebeling faz
esta sugestão p o rq u e n en h u m a tradição única da diversidade e da
variedade do N T “pode ser ap o n tad a como a traditum tradentum
[tradição a ser p assad a adiante]; m as é isto que aponta p a ra o fato
decisivo de que o conteúdo da traditum tradendum c ... a própria
pessoa de Jesus como Palavra de D eus en carn ada, dando sua
autoridade ao ev an g elh o ...” 163
G. M aier está entre os vários críticos do princípio do “ cânon dentro
do câno n ” . Seu assunto principal é o fracasso da busca de “ um cânon
dentro do cân o n ” . Ela durou duzentos anos. m as fracassou, pois se
baseia n u m a subjetividade descontrolada. N inguém foi capaz de
convencer o que seria tal “ cânon dentro do cânon” . 164
A variedade de problem as que os eruditos têm apontado em suas
discussões sobre o centro do N T , entre eles a que funciona como
“cânon d entro do cân o n ” e que serve como princípio m aterial da
crítica do cânon, são aparen tem en te insuperáveis. U m a abordagem
da teologia do N T que procu ra ser ad eq u ad a à totalidade do NT não
pode su sten tar a arb itraried ad e (K üng, E beling, D iem ), a subjetivi­
dade (C ullm ann, M aier) e o reducionism o (K üng) inerentes na
escolha de um princípio seletivo na form a de um centro seja de fora da
Bíblia (tradição) ou de dentro dela, n a base em que são feitos os
juízos de valor a respeito do conteúdo d a Bíblia como um todo ou em
suas partes. P oderá a n atu reza au to -au ten ticató ria do NT e da Bíblia
como um to d o 166 ceder espaço a um princípio seletivo ou externo
como sua norm a?

162 G . E b elin g , The W o rd o f G o d a n d T ru d ititm (F ila d é lfia , 1968), p. 144.


163 P. 146 . A qu estã o a ser lev a n ta d a , en treta n to , 6 se o co n teú d o do N T perm anece
aberto por c a u sa da ên fa se sobre a “P esso a J esu s” . Ver ta m b ém Stoek . E in h cii des
N T , p . 2 4-28 e 82 -8 8 .
164 ü . M aier, “ K an on im K anon — oder die g a n ze S c h r ift? ” , p. 21-31; id em , D a s
Ende, d e r h islo risc h -k ritisc h e n M v th o d e ( 2 . a ed.; W u p p erh d . 1975). p. 10 e s. e 44.
T rad. ingl. The E n d o f lh e H k to r ic a l C ritica ! M e ih n d (S t. L ouis, 1977). p. 12 e ss.
165 Ver F. M iklenb erger, ‘' l he U nity, T ru th and V aliditv of lhe B ib le’', I n te rp re iu -
tinn 2 9 (1 9 7 5 ), p. 3 9 1 -4 0 5 . esp. p . 3 9 9 .

132
4
A Teologia do N T e o A T
A teologia do NT se separou da teologia do AT desde 1800, quando
o prim eiro dos q uatro volumes da Biblische Theologie des N enen
Testam ento, de Georg Lorenz B auer, foi publicado. E m bora alguns
poucos livros, tratan d o de am bos, o AT e o NT, tenham sido
publicados nos últimos anos, com o título de “ Teologia Bíblica” , 1
não se tra ta de falta de interesse no assunto da relação entre os
T estam entos.2 G. Ebeling nos faz lem brar novam ente que tem-se que

1 V er M . Burrow s, A n O u tlin e o f B íblica! T h eo lo g y (F ila d é lfia , 1946); G . V os,


B ib lic a l T h eo lo g y (G ran d R ap id s, M ic h ., 1948); J. B len k in so p p , A S k e tc h b v o k o f
B ib lic a t T h eo lo g y (L ond res, 1968).
2 V er os seg u in tes estu d o s em a créscim o aos dos n .° s 70 e 80, abaixo: A . A . van
R uler, T h e C h ristia n C hurch a n d th e O T , trad. de G . W . B rom iley (G rand
R a p id s, M ic h ., 1971); S. A m sler, L ' A T d a n s V église (N e u ch â tel, 1960); J. D .
S m art, The I n te rp r e ta tio n o f S c r ip tu r e (F ila d élfia , 1961); P. G relot, S en s ch rétien
d e l ' A T ( T o u rn a i, 1962); B. W . A n d erso n , e d ., T h e O T a n d C h ristian F aith (N ew
Y ork, 1963; d a q u i para a frente cita d o co m o O T C E ); C. W esterm atin , The O T
a n d J esu s C h rist (M in n ea p o lis, 1970); R. E . M urphy, “ T h e R elation sh ip B etw een
the T es ta m e n ts 1’, C B Q 26 (1 9 6 4 ), p. 3 4 9-359; "C hristían U n d ersta n d in g of the
O T " , T h eo lo g y D ig e st 18 (1 9 7 0 ), p . 321 e s.; F. H esse, D as A T ais B uch d e r
K irc h e (G iite rsío h , 1966); K. Schsw arzw ãller, D a s A T i n C h ristu s (Z uriqu e, 1966);
“ D a s V erh ã ltn is A T -N T im L ichte der geg en w ã rtig en B estim m u n g en ” , E vT h 2 9
(1 9 6 9 ), p. 2 8 1-307; P. B en o it e R . E. M urphy, e d s., H o w D o e s th e C h ristian C on-
fr o n t th e O T ? (N ew Y ork, 1967); A . H . J. G u n n ew eg , " Ü b er d ic P rãdikabilitãt
a ltte sta m e n tlic h e r T e x te ” . Z T h K 65 (1 9 6 8 ), p. 3 8 9-413; N . L ohfin k, T h e C h ristian
M e a n in g o f th e O T (M ilw a u k ee, 1968); H. D . P reuss, “ D a s A T in der V erkün-
digu n g der K irch e” , D e u ts c h e s P fa rr e rb la tt 63 (1 9 6 8 ), p. 73-79; Kraus, D ie b i­
b lisc h e T h eo lo g ie, p . T93-305; E . C FD oherty, “ T h e (Jnity o f the Bible*', T h e B ib le
T o d a y 1 (1 9 6 2 ), p . 53-57; C. Larcher, L 'A c tu a litê c h rêtien n e d e V A n cien T e s ta m e n t
d 'a p re s le N o u v e a u T e sta m e n t (P a ris, 1962); W . N eil, “ T h e U nity o f the B ible",
T h e N e w T e s ta m e n t in H is to r ic a l a n d C o n te m p o r a ry P e rsp e c tiv e , E ssays in M e ­
m o ry o f G . f í . C. M a c g r e g o r , eds. H. A n d erso n e W . B arclay (O x fo rd , 1965),
p. 237-2 5 9 ; S to ck , E in h e it d e s N T , p . 160-170; P. A . V erh o ef, “ T h e R elation sh ip
B etw een the O ld and N ew T esta m en ts” , N ew P e r sp e c tiv e s on th e O ld T e s ta m e n ts ,
ed . J. B . P&yne (W a c o /L o n d r e s, 1 970), p. 2 0 8 -303; F. H a h n , “ D a s P roblem
‘Schrift u n d T ra d itio n ' im U r ch riste n tu m ” , E v T h 30 (1 9 7 0 ), p. 449-468; F . Lang,
“ C h ristu szeu g n is u n d b ib lisch e T h e o lo g ie ” , £ V Th 2 9 (1 9 6 9 ) , p. 523-534; H . G ese,
“ E rw águ ngen zu r E in h eit der b ib lisch en T h e o lo g ie ” , V om S in a i z u m Z io n (M un i-

133
estudar a interligação entre os T estam entos e “ tem -se que fazer um a
avaliação do entendim ento da Bíblia como um todo, isto é, acim a de
todos os problem as teológicos que surgem da investigação da unidade
interna do m últiplo testem unho da B íblia’'. 3 As reflexões teológicas
fundam entais do erudito do NT de Tübingen, P. Stuhlm acher,
levam-no a afirm ar que a teologia bíblica do NT “ pode c deve estar
aberta ao Antigo T estam ento como o fundam ento decisivo da form a­
ção c da tradição do Novo T estam ento" . A E stas observações levantam
a questão da continuidade e descontinuidade e se 16 som ente do AT ao
NT, ou do NT retornando ao AT, ou reciprocam ente do AT ao NT e
do NT ao AT. O que é básico ao total da questão não é m eram ente
um a articulação do problem a teológico da inter-relação entre os dois
Testam entos, mas tam bém um a investigação da n atu reza desta união
e desunião, seja ela um a linguagem , form a de pensam ento ou
conteúdo. A fim de facilitar nossa tentativa de estudo das questões aí
envolvidas, podem os lim itar-nos a discutir as tentativas recentes
consideradas significativas p a ra a luta com as questões relacionadas
ou que refletem os m ais im portantes posicionam entos neste século.

A. Padrões de Desunião e Descontinuidade

No século II apareceu M arcion,5 que, sob o im pacto do gnosticis-


m o,6 acentuou a total desunião entre o AT e o NT, entre Israel e a
Igreja, e enlre o Deus do AT e o Pai de Jesus. O D eus do AT era o
D em iurgo-C riador, um D eus da lei inferior, vingativo, que não tem
nada a ver com o D eus do NT, que é o Pai de Jesus, um Deus de amor,
graça e m isericórdia. Assim, M arcion rejeitou com pletam ente as
E scrituras H ebraicas (AT) e tam bém q u alq u er coisa no NT que se
aproxim asse das E scrituras H ebraicas (AT) ou de seu pensam ento,
conforme entendido por ele. Isto levou o cristianism o a tra ta r da
questão de o que é a verdade cristã e a decidir-se a respeito da questão
do cânon.

que, 1974), p. 11-30; H . G ross e F. M u ssn er, " D ie E in h e it von A ltem u n d N eueti
T esta m en t” In te rn a tio n a le k a th o lisc h e Z e its e h r ift 3 (1 9 7 4 ), p . 544-555; F . C.
F en sh a m , “ T h e C ovenant as G ivin g E x p ressio n to T h e R e la tio n sh ip B etw een O ld
and N ew T e sta m e n t’’, 'Tyndale B u lletin 2 2 (1 9 7 1 ) , p . 82-94; J. San ders, T orali u n d
C anon ( 2 . a ed .; F ila d é lfia , 1974); idem , “ T o ra h and C hrist", In te rp r e ta tio n 29
(1 9 7 5 ), p . 3 7 2 -3 9 0 .
3 G. E b e lin g , W o rd a n d F a ith (F ila d é lfia , 1 9 6 3 ), p. 9 6 .
4 P. S tu h lm a ch er, S c h rifta u sle g u n g a u f d e m W ege z u r b ib tisc h e n T h eo lo g ie (G õttin -
gen , 197 5 ), p . 127.
5 A . von H a rn a ck , M a rc io n , D a s E va n g eliu m vom f r e m d e n G o it ( 2 . a ed.; L eipzig.
1924); J. K n o x , M a rc io n a n d th e N e w T e s ta m e n t (C h ica g o , 1942); E . C . B lackm aij,
M a rc io n a n d H is In flu en ee (L o n d res, 1948).
6 R . M . G ra n t, A S h o rt H isto ry o f th e I n te r p r e ta tio n o f th e B ib le ( 2 . a ed .; N ew
Y ork, 19 6 6 ), p . 6 0-65.

134
1. Siipervalorização do N T / Desvalorização do A T . Existiu d u ra n ­
te m uito tem po no cristianism o um a tendência m arcionista, com a
superioridade do todo ou de partes principais do NT, e ela se refletiu
cm A. von H arnaek (1851-1930), cujo famoso tem a se resume nesta
Frase am plam ente divulgada: “ T er deixado de lado o Antigo T esta­
m ento no século II foi um erro que a Igreja corretam ente rejeitou;
havê-lo retom ado no século XVI foi o fato que a R eform a não foi
capaz de evitar; porém m antê-lo ain d a após o século XIX como
docum ento canônico dentro do protestantism o é conseqüência de um a
paralisia religiosa e eclesiástica” .7 A m esm a tendência m arcionista
está evidente em Friedrich D elitzch (1850-1922), que foi um a figura
im portante na controvérsia Babel-Bíblia no começo deste século.s
"E m raras ocasiões foi o Antigo T estam ento sujeito a ofensa mais
grave do que neste livro [The Great D ecep tio n ].''9 O grande erudito
do NT Em anuel Hirsch publicou um estudo sobre The O T and the
Preaching o f the N T em 1936, em que enfatiza a diferença fundam en­
tal entre o AT e o NT, na qual am bos os T estam entos são vistos num
perm anente “ conflito antitético ” . 10 E m bora H irsch não dispense o
AT do cânon cristão, seu acento recai distintam ente sobre um a
descontinuidade radical. H .-J. K raus observa que “ deve-se perceber
com surpresa que Rudolf B ultm ann, em seus ensaios sobre o Antigo
T estam ento, procu ra um a solução p a ra o problem a bíblico ao longo
das m esm as diretrizes” . 11
Não é tão im portante se a postu ra negativa de B ultm ann a respeito
do AT deve-se ou não à declaração da tendência m arcionista12 dentro
dele. O im portante é que ele busca um a conexão entre os Testam entos
no curso factual da H istó ria.1-1 M as B ultm ann determ ina esta conexão
de tal modo que a história do A T é um a história de fracasso. A ap li­
cação da distinção lu teran a entre lei/evangelho e um tipo m oderno de
cristom onism o'4 leva-o a ver o AT como um “ naufrágio fScheitern]

7 V on H arnaek, M a rc io n , p. 221 e s.
8 F. D e litz sh , D ie G ro sse T a u sc h u n g , 2 vols. (S tu ttg a rt, 1920-21).
9 J. B right, T h e A u tk o r iiy o f th e O ld T e s ta m e n t (N a sh v ille, 1967), p. 65.
!0 E . H irsch , D a s A lte T e sta m e n t u n d d ie P r e d ig t d e s E va n g eliu m s (T ü b in gen ,
1936), p. 27. 59 e 83.
11 H .-J. Kraus, G e sc h ie h te d e r h isto ric h -k ritisc h e n E rfo rsch u n g d e s A lte n T e s ta ­
m e n ts ( 2 . a ed .; N eukirchen-V Iuyn, 1969), p. 431 e s.
12 J. B right, The A u th u rity o f th e O T , p. 69-72; E. V o e g elin , “ H istory a n d ü n o s is ” ,
O T C E , p. (>4-89. que c h a m a B u ltm an n de p en sa d o r g n ó stico . C . M ich alson ,
“ Is the O ld T esta m en t the P ro p a ed eu tie to C hristian F aíth?" O T C F , p . 64-89,
defend e B u ltm a n n fervorosam ente contra tal a cu sa çã o .
13 B u ltm an n . “ P roph ecy and F u lfillm en t” , E ssa y s on O T H e rm e n e u tic s , ed. C latis
W esterm an n (R ic h m o n d , V a .. 19 6 3 ), p. 73 (d a q u i para a frente citad o com o
E O T H ). Cf. J. Barr, “ T h e O ld T esta m en t and th e N ew C risis o f B iblical A utho-
rity” , I n te rp r e ta tio n 2 5 (1 9 7 1 ), p. 30-32.
14 B u ltm an n , in E O T H , p. 50-75; e O T C F , p. 8 -3 5 . V er a crítica de G , E . W right,
em The O T a n d T h eo lo g y (N ew Y ork, 1969), p. 30 -3 8 .

135
da H istória” , que som ente através deste desastre se transform a num a
espécie de p ro m e ssa .'5 “ P ara a fé cristã, o Antigo T estam ento não é
mais revelação, como o fora e ainda é p a ra os ju d e u s." P ara o cristão,
“ a história de Israel não é a história da re v e la ç ão ".16 “ Assim, o
Antigo T estam ento é a pressuposição do N o v o ",'7 n ada m ais, nada
menos. B ultm ann arg um en ta pela com pleta descontinuidade teológi­
ca entre o AT e o NT. O relacionam ento entre os dois T estam entos
“ não é teologicam ente relevante em a b s o lu to ".18 Não obstante, esta
história tem , segundo ele, um carátcr prom issor precisam ente p o r­
que, com o fracasso das esperanças concentradas no conceito da
prom essa divina, no fracasso da au toridade de D eus e seu povo,
torna-se claro que “ a situação do hom em justificado só se ergue com
base neste naufrágio \S c h e ite m ] ’’ E m resposta a este posiciona­
mento, W alter Zim m erli p erguntou corretam ente se para o NT
“ as esperanças e a história de Israei são realm ente sim plesm ente frus­
tra d a s” . “ Não haverá cum prim ento aqui, m esm o em meio a fru stra ­
ções?” Ele reconhece claram ente que o conceito de fracasso ou
frustração transform a-se no meio pelo qual B ultm ann pôde “ elevar a
m ensagem de Cristo puram en te p ara fora da H istória, na in te rp re ta ­
ção e x is te n c ia l..Z im m e rli sugere, não sem razão, que o conceito de
um a p u ra queb ra da história de Israel tem que, necessariam ente,
levar a um a concepção a-histórica do evento de Cristo, a saber, a um
“ novo mito de C rislo” .20 Ele assinala que h á um aspecto da fru stra ­
ção presente mesm o no AT, onde os próprios profetas rendem teste­
m unho à libertação de Javé, p a ra “ legitim am ente in terp retar sua
prom essa através de seu cum prim ento, e a interp retação [por Javé]
pode estar cheia de surpresas, até mesmo p ara o próprio profeta” .21
W. Pannem berg observa que a razão por que B ultm ann não encontra
continuidade en tre os Testam entos "está certam ente ligada ao fato de
ele com eçar com as prom essas e sua estru tu ra, que p a ra Israel eram o
fundam ento da H istó ria... prom essas que assim perseveram precisa­
mente na m u d a n ç a ".22
A convicção de Friedrich B aum gãrt^l p a rtilh a com B ultm ann a
ênfase sobre a descontinuidade entre os T estam en to s.2,1 M as Baum-

15 B u ltm an n , E O T H , p . 73: " ...o n a u frá g io da H istória se deve, na realidade, a um a


p r o m e ssa .” V er, sobre isto, Barr, O ld a n d N e w in I n te r p r e ta tio n , p . 162 e s.
16 B u ltm a n n , E O T H , p . 31.
17 O T C F , p . 14.
18 P. 13. Cf. a crítica de W esterm a n n , m E O T H , p. 124-128.
19 B u ltm a n n , E O T H , p. 75.
20 ‘‘P rom isse a n d F u lfillm en t’’, E O T H , p . 118-120.
21 P. 107.
22 P an n en b erg, “ R ed em p tiv e E ven t and H istory", E O T H , p . 3 2 5 e s.
23 F. B a u m g a rtel, V erheissu ng. Z u r F ra g e d e s e va n g elisc h e n V erstá n d n isses des
A lte n T e s ta m e n ts (G ü terslo h , 1 9 5 2 ), p. 9 2 .

136
yftitel não consegue seguir a tese b u ltm an n ian a de u m fracasso total.
F!r supõe um “ pacto básico [G rundverheissung] ” etern o .24 T odas as
piom essas (promissiones) do AT “ não tem realm ente nenhum a rele-
vflin in para nós” ,25 exceto a etern a prom essa básica {prom issum ): “ Eu
si H1 0 .S enhor teu D eu s.” 26 Ele ab an d o n a com pletam ente a prova dap ro -
fç< t.i nm io inaceitável p a ra nossa consciência histórica. Além disso,
H>nini)>;tvtel vê o sentido do AT apenas no que sua “ história da salvação
drMislrosa” exem plifica o cam inho do hom em sob a lei. Como tal, o AT
<ujilrm um “ testem unho de u m a religião exterior ao evangelho” .27
"I m a ra d o historicam ente, tem um outro lugar além d a religião
i i ht;'t.” 2S A qui, B aum gãrtel se aproxim a da posição de B ultm ann, ao
irliid o n a r os T estam entos entre si nos term os da dicotom ia luterana
In /ev an g elh o .29 Logo, ele afirm a que a historicidade de Jesus Cristo
iiíin es(á fu n d am en tad a no AT, mas som ente n a en carn ação .30 Reco-
lilu tc-se como, em tal abordagem , “ a historicidade de Jesus Cristo
rsii quando a história de Israel cai” .'*1 C. W esterm ann assinala que
H.mmg&rtel finalm ente adm ite “ que a Igreja poderia tam bém viver
v iu o Antigo T estam ento” .32 Von R ad ataca a concepção não-histó-
liea tia “ prom essa básica” , caracterizando a separação de tal pro­
messa única das prom essas e profecias particu lares realizadas histo­
ricam ente como “ transgressão presunçosa” .33 L. Schm idt esforçou-
*■, recentem ente, p a ra desem baraçar as questões do relacionam ento
rn lie o AT e o N T no prolongado debate entre von R ad e Baumg&r-
IH 1,1 c conclui que a concepção de B aum gãrtel d a “ prom essa b ásica”
é in ad equad a.35
O ex-aluno de B aum gãrtel, F ranz Hesse, faz a m esm a redução
1'ásica das m últiplas prom essas a um a prom essa b ásica.36 No AT as
prom essas fracassaram . Isto se deve à mão severa de Deus, que fez
Israel endurecer seu coração. Ao tran sfo rm ar em seu oposto as
palavras de D eus, é um aviso e um testem unho dialético da atividade
de Deus em Israel, que tem seu ponto culm inante na cruz de C risto.37

’4 !-. B au m g ã rtel, "T he H erm etieu tical P rublem o f the O T " , E O T H , p . 151.
,’S P. 132.
P. 151.
.'7 P. 1S6.
.'K P. 135; cf. T h L Z , 8 6 (1 9 6 1 ) , p. 806.
30 P . 156.
31 P an n en b erg, E O T H , p. 326.
32 "O b servações Sobre as T ese s dc B ultm ann e B a u m g ã rtel” , E O T H , p . 133.
33 “V e rh eissu n g ” , E v T h , 13 (1 9 5 3 ), p. 410. V er ta m b ém a crítica in cisiva de G un -
new eg, Z T h K 65 (1 9 6 8 ), p . 39 8 -4 0 0 .
34 L. S ch m id t, “ D ie E in h eit zw isch eu A lten un d N eu en T esta m en t im Streit zw ischen
Friedrich B a u m g ã rtel u n d G erhard von R a d ” E vT h 35 (1 9 7 5 ), p. 119-138.
,15 Esp. p. 135 e s.
36 D a s A T a h B uch d e r K ir c h e , p. 8 2 .
37 " l he E valu a tio n a n d A uth ority o f th e O T T e x t s ” , E O T H , p. 3 0 8 -3 13.

137
Hesse pro n u n cia as m ais adeq u ad as restrições teológicas ao AT, com
base em que certos dados históricos supostam ente não com binam
com os fa to s.38 Logo, o AT só pode ter algum significado p a ra os
cristãos acenando em direção à salvação que se encontra no N T .39
A crítica co n tra B aum gârtel tam bém se aplica a Hesse. Não será
suficiente, com o aconteceu tan tas vezes no caso de F. D. E. Schleier-
m acher40 e ain d a acontece com B aum gârtel41 e H esse,42 discutir os a r­
gum entos do NT, de cum prim ento da profecia, exceto como u m a apo­
logia antiju d aica, relevante apenas p ara o período do N T .43 Ê u m erro
acreditar, com o B ultm ann, que o significado da “ prova da B íblia”
tem com o propósito “ provar” o que só pode ser alcançado pela fé ou
abordar e criticar o m étodo de citações do N T do ponto de vista da
m oderna crítica literária.''4 C ontra esta posição lim itada, deve-se
sustentar que as citações do NT pressupõem a unidade da tradição e
indicam palavras-chave e tem as e conceitos de im portância, a fim de
recordar um contexto m ais am plo dentro do AT.
2. Desvalorização d o N T / Supervalorização do A T . Do outro lado
do espectro estão as tentativas que postulam u m a desunião ou
descontinuidade entre os T estam entos, supervalorizando o A T, em
detrim ento do NT. A lguns eruditos tran sfo rm am o AT em todo-
im portante teológica e historicam ente. O falecido dogm atista holan­
dês A. A. van R uler tentou colocar o A T em um nível superior ao do
NT, no que diz respeito ao pensam ento e d o u trin a cristãos. A tese de
van R uller se resum e nestas frases: “ O A ntigo T estam ento é e
perm anece a verdadeira B íblia” .45 O NT n ad a m ais é que o seu
“ glossário explanatório [W õrterverzeichnis]’’.46 E m dialética estrita,
“ o Novo T estam ento interp reta o A ntigo T estam ento, do mesmo
modo que o A ntigo o Novo” .4’ O interesse central em toda a Bíblia
não é a reconciliação e a redenção, m as o reino de D eus. Por isso o AT
é de especial im portância; traz legitim idade, fundam entação, in te r­
pretação, ilustração, historicidade e escatologicidade.48 Van Ruler,
desse m odo, reduz a relação entre os T estam entos ao denom inador

38 P. 293-299.
39 P. 313.
40 The C h ristia n F a iih (2 vo)s.; N ew Y ork, 1963).
41 V erhn issung, p . 75 c ss.
42 D a s A T ais B u rh d e r K ir c h e , p. 82 e ss.
43 P an n en b erg. E O T H , p . 324.
44 B u ltm a n n , E O T H , p . 5 0 -5 5 e 72 -7 5 .
45 Van Ruler, The C h ristia n C hurch a n d th e O T , p . 72.
46 P. 74, n M 5 .
47 P. 82.
48 P. 75 98.

138
espiritual único do reino de D eus,49 lendo o AT unilateralm ente, sem
reconhecer a diferença entre teocracia e escatologia.50
Em vista da superioridade dada ao AT por van Ruler, cabe aqui
considerarm os um ponto im portante em seu argum ento. No seu
segundo capítulo é tra ta d a a seguinte questão: Será que o AT sozinho
já vê Cristo? Ao tra ta r desta questão, van Ruler é essencialm ente
crítico iti uatura. D á proem inência ao que enfatiza a descontinuidade
entre os Testam entos. Um dos pontos principais é que 110 AT o
Messias é um hom em , no NT, o próprio Deus; conseqüentem ente, a
deidadc de C risto não pode se originar do p rim eiro .’1 Uma das noções
principais de todo o livro se resum e no seguinte enunciado: “ Se posso
dizê-lo em poucas palavras, Jesus Cristo é um a m edida de em ergência
que Deus adiou o m áxim o possível (cf. M ateus 21:33-46). Logo, não
temos que ten tar encontrá-lo com pletam ente no Antigo Testam ento,
m uito em bora como teólogos cristãos investiguem os o Antigo T esta­
m ento em direção a D eu s.” 52 J. J. Stam m assinalou que van Ruler
relata os fatos do AT in acu rad a e im propriam ente, por causa do
contraste.53 É correto que van R uler leva em conta som ente a
n atureza do rei israelita, e não, ao mesmo tem po, a posição a u to ritá ­
ria relacionada com o ofício. Se se tom a em consideração tam bém a
natureza au to ritária do ofício, “ pode-se, então, certam ente, dizer
sim plesm ente que no AT e no NT o M essias é divino, ali, p e r
a d o p tio n em , aqui, ex origine”.5* Van R uler não encontrou nenhum
seguidor, ao cham ar Jesus de m eram ente “ um a m edida de em ergên­
cia de D eus".
O utro teólogo sistem ático holandês que tende a tran sform ar o AT
em todo-im portante é K. H. M iskotte.55 E m bora com pare o AT com o
NT, através do esquem a lei/evangelho, so m b ra/realid ad e e prom es­
sa/cum prim en to , ele su sten ta que o AT contém um “ excesso” contra
o NT. O “excesso" do AT expressa-se em q u atro pontos, sobre os
quais o N T é p raticam ente silente: ceticismo, revolta, erotism o e
política. E m b o ra a religiosidade e a ética do AT contenham elementos
de alegria de viver, de apreciação dos bens m undanos, que parecem
por demais atraentes ao hom em m oderno, a ética cristã, que sim ples­
m ente estabeleceria os vários aspectos da teocracia ou costum es
m atrim oniais do AT como o p ad rão ao qual o hom em m oderno ou a
Igreja teriam que se ad ap tar, sem com pará-los com a cruz de Cristo,

49 P. 95-98 .
50 V e r T h . C. V riezen, “ T h eocracy a n d Soteriotogy” , E O T H , p. 2 2 1-223.
51 V an R uler, T h e C h ristia n C hurch a n d th e O T , p. 51 e s.
52 P. 69.
53 J. J. S ta m m , “Jesus C hrist in the O ld T esta m en t" , E O T H , p. 200-210.
54 P. 208.
55 K. H . M isk o tte, W hen th e G ò d s are S ile m (N ew Y ork, 1967).

139
evidentem ente fracassaria em seu dever. Podem os concordar com a
declaração de T h . C. Vriezen de que “ a Cruz não é sim plesm ente um
elem ento da m ensagem bíblica, m as um a fonte de luz no centro, que
lança sua graça sobre todos os outros elem en to s.. . " 56
O erudito bíblico reform ador W . V ischer se sobressai entre os
teólogos bíblicos por sua adoção de um a abordagem cristológica
com pleta do A T .57 Ele afirm a que a Bíblia, inclusive o AT, tem que
ser in terp retad a à luz de sua verdadeira intenção, seu tem a verdadei­
ro. Este tem a verdadeiro é Cristo: “ A Bíblia é a E scritura Sagrada
som ente na m edida em que fala de C risto J e su s.”6* Vischer, logo,
interpreta o A T p o r seu testem unho de Cristo. Ele ach a que o AT
oferece, em todas as suas partes, testem unhos de Cristo — não no
sentido de que ele deva ser diretam ente encontrado no AT, m as no
sentido em que o AT, em todas as suas p artes, ap o n ta p a ra ele e sua
crucificação. V ischer explica que o AT nos diz o que Cristo é e o NT
quem ele é .59 Se não entenderm os o que o C risto do A T é, nunca
reconhecerem os e confessarem os Jesus como o C risto.60
Com base nestes princípios, Vischer oferece interpretações total­
mente cristológicas do AT. Ele afirm a que o AT, como um todo, não
só aponta para Cristo e lhe dá testem unho, m as que em cada m ínim o
detalhe o olho do crente pode reconhecer Cristo. “ Não entendem os
um a única palav ra em toda a B íblia se não encontrarm os Jesus nesta
p alavra” .61 As palavras “ H aja luz" (G ên. 1:3) se referem à “glória de
Deus na face de C risto” .62 O sinal de C aim , em Gênesis 4:15, é a
cruz.6-’ O p atria rc a E noque e sua ascensão ap o n tam p a ra a ascensão
de Jesus e anterior ressurreição.64 A profecia de que Jafé “ hab itaria
nas tendas de Sem ” é cum prida n a igreja dos gentios e dos ju d e u s.65
Falando da Presença n o tu rn a com quem Jacó lutou no Jaboque
(Gên. 32), V ischer p erg u n ta quem era essa pessoa e responde que era
Jesus C risto.66
V ischer tem sido alvo de m uitas criticas, até de críticas injustas e
desdenhosas. E le acha que um a exegese p u ram ente histórica do AT
não é suficiente, pois faria do A T um docum ento de um a religião

56 T h. C . V riezen . A n O u tlin e o f O ld T e s ta m e n t T h eo lo g y ( 2 , fl e d .; N ew ton, M ass..


1970), p. 98.
57 W . V isch er, The W itn ess o f th e O T to C h r ist, 2 vols. (F ila d é lfia , 1949).
58 V ol. 1, p. 14.
59 P. 7.
60 P. 12 e 26
61 V isch er, co n fo rm e c ita d o por W . H ertzberg, T h L Z 4 (1 9 4 9 ), p. 221.
62 V isch er, T h e TViVflayj o f th e O T to C h r is t, I, p . 44.
63 P. 75 e s.
64 P. 87 e s .
65 P. 104 e s.
66 P . 153.

140
antiga e de pouca relevância aparente p a ra os cristãos. Vischer é
conhecido como um erudito extrem am ente com petente, que insiste
num a abordagem histórica e filológica da B íblia.67 H á m uitas coisas,
na abordagem de V ischer, que não deveriam ser rejeitadas tão
facilm ente. Ao m esm o tem po, V ischer dá a im pressão de que
extrapolou em algum as lim itações de sua abordagem , Ele escreve:
“ A história da vida de todos estes hom ens[do AT] são parte de sua
Ide Jesus] história. Logo, são escritas com pouco interesse biográfico
para com os indivíduos. O que está escrito sobre eles está, n a
realidade, escrito como um a p arte da biografia daquele por interm é­
dio de quem e em direção a quem eles vivem .” 68 Parece que Vischer
.sente-se num a posição de reco n stru ir um a biografia de Jesus a p artir
do AT. Se isto fosse possível, seria difícil perceber por que o AT fala
em prim eiro lugar de A braão, Moisés, etc. P or que n ão fala logo de
Jesus? F alaria dele apenas de um a form a m isteriosa? Vischer inter­
pretava o AT consistentem ente ao lado do NT. Será que ele priva o
AT de seu p róprio testem unho distinto? Não haverá tam bém um a
corrente de vida fluindo do A T p a ra o NT? Não obstante, podemos
concordar com John B right que “ Vischer certam ente merece agrade­
cimentos por estar entre os prim eiros a nos lem brarem que não
podemos nos contentar com um a com preensão p u ram ente histórica
do AT, mas devemos te n ta r vê-lo em seu significado c ristã o ".69
A tendência em direção ao m arcionism o, com sua ênfase sobre a
descontinuidade e a desunião entre os T estam entos, está totalm ente
presente em A. H arnack, que reivindicou a dispensa do AT, e em
Friedrich Delitszch, p a ra quem o AT era um livro não-cristão.
U m a tendência m arcionista aten u ad a m anifesta-se em E. Hirsch,
p ara quem os T estam entos encontram -se num “ conflito antitético”
entre si, e, em m enor grau, em B ultm ann, B aum gãrtel e H esse.70
O extrem o oposto transform a o A T em todo-im portante histórica e
teologicam ente p a ra os crentes. Aparece num a variedade de form as
em van Ruler, M iskotte e Vischer. Em outras palavras, de um lado
estão aqueles que acentuam a diversidade entre os T estam entos até o

67 Á m etod o lo g ia e x eg é tica de V isch er foi recen tem en te d em o n stra d a claram en te em


sou “ La M eth o d e de 1'exegese b ib liq u e" , R evu e d e ih e o lo g ie et d e p h ilo so p h ie 10
(1 9 6 0 ), p. 109-123.
68 W. V isch er, D ie B e d e u iu n g des A T f i i r da s c h ristlich e L eb en (Z uriqu e. 1947).
p. 5.
69 B right, T h e A u th o rity o f th e O 7 \ p. 88.
70 O s segu in tes e stu d o s critica m esta p o siçã o a partir de p ersp ectivas bem d iferen ­
tes: U . M auser, G o tte s b ild u n d M en sc h w e rd u n g . E m e U n te rsu c h u n g z tir E in h c it
d es A lte n un d N en en T e sra m e m s (T ü b in g en , 1971); G . S iegw alt, L e L o i. ch em in
du Su/ut. È iu d e s u r ía xigni.fico.tion d e la k n d e T A T (N euehâteL 1971);
W . Z im m erli. D ie W e h lic h k e it d es A T (G õ ttin g en , 1971); J, D . Sm arí, The S tran -
g e S ilen ce o f th e B tb le in th e C hurch (L o n d res, 1970); J. B right, The A u th o r ity o f
the 0 7 ’(N a sh v ille , 1967), p. 58 -7 9 .

141
ponto da total desunião e com pleta descontinuidade entre o AT e o
NT, enqu an to do outro lado estão aqueles que supervalorizam o AT e
relegam o NT a segundo plano. A ênfase cristológico-teocrática de
van Ruler e Vischer, p o r exemplo, propõe dificuldades especiais,
porque am plificam e elim inam virtualm ente as m ultiplicidades de
testem unhos bíblicos. Sofrem de um reducionism o da m ultiplicidade
do pensam ento do AT, o que se torna sim plesm ente um pálido reflexo
do Messias p o r vir. Aqui o b rado, de certa form a agudo, do “ cristo-
m onism o” 71 tem um objetivo. G. E. W right, J. B arr e R. E. M urphy72
enfatizam a abordagem trin itária, que vai ao encontro das necessida­
des de delinear m elhor a relação entre os T estam entos. E sta a b o rd a ­
gem preserva o sensus literalis do testem unho do AT e evita o
desenvolvimento de um m étodo herm enêutico baseado sim plesm ente
no uso feito pelo NT dos textos do AT. U m a vez alcançado o
verdadeiro significado de Cristo dentro do contexto da T rindade,
pode-se, então, dizer que Cristo é o destinatário e, ao mesmo tem po,
o guia p a ra a verdadeira com preensão do AT. W . Vischer colocou
um a vez a questão, que perm anece critica: " E sta rá correta a in te r­
pretação que lê todo o A T como um testem unho do M essias Jesus, ou
será que viola os escritos do A T ?” 71 L. G oppelt apontou p a ra o ponto
critico com exatidão ao assinalar que “ o tem a de Cristo e do Antigo
T estam ento... é um a questão-chave p a ra a teologia como um todo” .74
Nenhum teólogo cristão pode evitar esta questão.

B. Padrões dc Unidade e Continuidade

No começo de nossa discussão, levantam os a questão a respeito de


devermos ou não ler a p artir do AT p a ra o NT, ou do NT p ara trás,

71 W riglU. The O T u n d T h en logy, p. 13-38. E le p ro testa contra a resolu ção do c o n ­


flito entre o A T e o N T em term os de um “ N ovo tip o d e m o n o teísm o b a sea d o em
C risto” (" H isto rica l K now ledge a n d R ev ela tio n " , U n d e rs ta n d in g a n d T ra n sla tin g
th e O T , p. 3 0 2 ).
72 W righl. IJ n d vrsiu n d in g a n d Trun.síatinf: th e O T , p. 3 0 1 -3 0 3 : Barr, O ld a n d N ew
in I n le r p r e tu iio n , p. 151-154; M urphy, T h eo lo g y D ig e sl (1 9 7 0 ), p. 327.
73 C h r istitsz v u g n is . p. 32. N a tu ra lm en te. V isch er dá u m a resposta afirm ativa à
q u estão. E le designa Jesus c o m o o “ sig n ifica d o o c u lto d o s eserilo s d o A T " (p. 33).
E m sen livro D ie H ed eu tu n g d e s A T f i i r d a s c h ristlich e L eb en (Z uriqu e. 1947),
p. 5, ele escreve: " T od os o s m ovim en tos de vid a a qu e se refere o A T m ovem -se
dele [J e s u s] c em direção a ele. A s histórias da vida de to d o s e stes h om en s são
parte da história de sua vida. L ogo, são escrita s com tão p eq u en o in teresse b iográ­
fico p elos in d iv íd u o s. O que se escreveu a respeito d eles é, na realid ad e, p a n e da
biografia d a q u e le por m eio de qu em e para qu em vivem ." Isto sig n ifica que não
p od ería m o s reco n stitu ir um a biografia de Jesus a partir do A T . Se a p o siçã o de
V isch er estivesse correta, seria difícil p erceb er por que o A T fala em prim eiro lu ­
gar a resp eito de A braão e M o isés. Por que não fa la logo de Jesu s e p or que só
fala d ele de form a tão “ oculta" ?
74 L. G o p p elt, T h eo lo g ie des N T (G o itin g e n , 1976), II. p. 388.

142
íiti- <1 AT, ou, reciprocam ente, do AT p a ra o N T e do NT p ara o AT.
Muitos teólogos famosos têm -se dirigido a esta questão. Como
exemplos, podem os citar H. H. Rowley, que nos lem bra que o
"A ntigo T estam ento olha continuam ente p a ra a frente, para algo
ulóin de si mesmo; O Novo T estam ento olha continuam ente p ara trás,
liara o A n tig o ".75 Dois dos m ais famosos teólogos do Antigo T esta­
mento deste século têm afirm ado que am bos os T estam entos ilum i­
nam um ao outro em suas relações m útuas. W . E ichrodt declara:
"Hm acréscim o a este m ovim ento histórico do Antigo T estam ento
para o Novo há um a corrente de vida que flui em direção inversa, do
Novo T estam ento p a ra o A ntigo. E ste relacionam ento reverso
tam bém esclarece o significado to tal do dom ínio do pensam ento do
Antigo T estam en to .” 7®Sem elhantem ente, G. von R ad acentua que o
contexto m ais am plo do A T é o NT, e vice-versa.77 H. W . W olff
sugere que “ o significado total do A ntigo T estam en to ” é “ revelado no
Novo T estam en to ” .78 Estes estudiosos ap o n tam p a ra u m a relação
recíproca entre os T estam entos. H . H. Rowley lem bra-nos que “ existe
uma unidade fundam ental, de modo que, com toda sua diversidade,
eles [os Testam entos] se pertencem um ao outro tão intim am ente que
o Novo T estam ento n ã o - pode ser com preendido sem o Antigo,
nem po d e o A ntigo T estam ento ser com preendido totalm ente sem o
N ovo”.79 E stá claro que a ênfase destes teólogos está colocada sobre
as chaves internas, que ab rem as portas de am bos os Testam entos.
O AT parece um corpo sem m em bros sem o N T e o NT é um prédio
que não tem alicerces sem o A T .80
Não é nosso propósito oferecer um esquem a am plo das várias linhas

75 H . H . Rowley, T h e U n ity o f th e B ib le , p. 95.


76 W . E ich rod t, T h eo lo g y o f th e O ld T e s ta m e n t (F ila d é lfia , 1961), I, p. 26.
77 G . von R ad, O ld T e s ta m e n t T h eo lo g y (E d im b u rg o , 19 6 5 ), II, p. 369 (d a q u i para
{rente cita d o c o m o Q T T )\ "O c o n tex to m ais am p lo den tro d o qual tem os que
co lo ca r os fen ôm en os d o A ntigo T esta m en to , se devem ser sig n ificativam en te
ap reciad os, n ã o é, co n tu d o , um sistem a geral de valores religiosos e id eais, m as o
lim ite de u m a história e sp ec ífica , que foi p osta em m o v im en to p elas palavras
e atos de D e u s e que, c o m o o vê o N ovo T esta m en to , en co n tra su a m eta n a vinda
de C risto, S o m en te n este ev en to vale a pena procurar p elo qu e é a n á lo g o e c o m p a ­
rável. E é tã o -so m en te n este m od o de encarar o A T e o N ovo T esta m en to que as
c o rresp o n d ên cia s e a n a lo g ia s entre os dois ap arecem so b lu z p r ó p r ia .”
78 H. W . W olff, " T h e H erm eneutics of the O ld T esta m en t" , E O T H , p. 181.
79 R ow ley, The U n ity o f th e B ib le , p. 94 (o grifo é dele).
8 0 E ntre os e stu d o s lig a d o s ao assu n to d a u n id a d e dos T esta m en to s, os segu in tes
oferecem u m a c o n trib u içã o esp ecia l, em a créscim o aos c ita d o s nas notas n .° 2 e 70
d este capítu lo: A . S. B . H ig g in s, T h e C h ristia n S ig n ific a n c e o f th e O T (L ond res,
1949): P. A uvray e t al.. L 'A T et les c h rétien s (P aris, 1951); F. V . F ilson , ‘‘T he
U nity o f the Q T a n d th e N T : A B ib lio g ra p h ica l Survey". I n te rp r e ta tio n 5 (1 9 5 1 ),
p. 134-152: H . H . R ow ley, T h e U n ity o f the B ib le (L ond res. 1953); D , E . Ni-
n eh am , e d ., T h e C h u r c h s U se o f the B ib le (L o n d res, 1963); H . S eeb ass, " D er Bei-
trag des A T ztim E ntw urf ein er b ib lisch en T h eo lo g y " , W a rt u n d D ie n s t 8 (1 9 6 5 ),
p. 20-49; H . C a zelles, ‘‘T h e U nity o f th e B ible a n d th e P eo p le o f G od " , S c rip tu -

143
de conexão p a ra as quais a erudição bíblica tem apontado nas
recentes discussões. Lim itar-nos-em os aos p adrões de unidade dentro
da diversidade, que, em nossa opinião, são os que m ais se sobressaem
e os m ais prom issores nas discussões acadêm icas atu ais. T udo isto
reflete um a reciprocidade essencial en tre os T estam entos.
1. Conexão H istórica. E n q u an to tentam chegar a um acordo na
questão da u n id ad e entre am bos os T estam entos, os eruditos geral­
m ente enfatizam a natu reza histórica da história essencial da Bíblia.
A m arca com um do A T e do N T é a história contínua do povo de
Deus. O AT é visto como um a p rep aração histórica p a ra o N T. A H is­
tória é proem inente na Bíblia. O interesse p rim ário n a Bíblia é a ação
de D eus em nom e da redenção de seu povo e suas nações. Assim, a
unidade entre o AT e o N T resulta do fato de que a B íblia se preocupa
“ inteiram ente com D eus e com seu tratam en to com a h u m an id ad e” 81
por meio de um e mesm o D eus trino, que está presente e ativo na
história do antigo Israel, em Jesus Cristo e n a vida guiada pelo
Espírito e testem unho da Igreja do NT.
P ara o antigo Israel, esta história é o contato com o seu Deus.
“ A própria idéia de que a H istória é um processo com início, meio e
fim é originária de Israel.” 82 É o propósito e a vontade de D eus que
unificam o processo histórico. A carreira histórica de Israel ê
conduzida pela vontade de D eus p a ra cu m p rir seus desígnios. Estes
desígnios são cada vez m ais descobertos d u ran te os tem pos do AT e
do NT. O Israel espiritual está em linha direta de continuidade com o
Israel T em poral, estando o prim eiro ligado ao segundo, com parti­
lhando das m esm as m etas e objetivos.
2. D ependência E scriturai. U m a das ligações teológicas entre o AT
e o NT são as citações no N T de passagens do A T . V ários teólogos se
referem a esta conexão como “ prova escritu rai” .83 Tem -se enfatizado
que a “ idéia da prova é im p o rtan te p orque as citações estão colocadas
no contexto de um argum ento e são feitas como p arte da prom ulgação

re 1 8 (1 9 6 6 ), p . 1-10; F. N . Jasper, “ T h e R ela tio n o f th e O T to th e N ew " , E x p o si-


tory T im e s 78 (1 9 6 7 /6 8 ), p. 2 2 8 -2 3 2 e 2 6 7-270; F . L ang, ‘‘C h ristu szeu gn is und
b ib lisch e T h e o lo g ie ” , E vT h 29 (1 9 6 9 ), p. 5 2 3-534; A , H . van Z yl, "T he R elation
B etw een O T and N T ” , H e rm e n e u tic a (1 9 7 0 ), p. 9 -9 2 ; M , K u sk e, D a s A T ais B uch
mm C h risiu s (G ô ttin g e n , 1971); S. S id el, “ Da.s A !te u n d das N T , Ihre V ersehie-
d en h eit u n d E in h e it’’, T ü b in g e r P r a k tis c h e Q u a r ta ls c h r ifi, 1 1 9 (1 9 7 1 ), p. 314-324;
J. W en h a m , C h rist a n d th e B ib le (C h ica g o , 1972); F. F. B ruce, T h e N T D eve-
lo p m e n t o f O T T h em es (G ra n d R a p id s, M ic h ., 1973); H a rrin gton , The P a th o f
B ib lic a l T h eo lo g y (D u b lim , 1 974), p. 2 6 0 -3 3 6 .
81 F. V . F ílso n , “ T he U nity B etw een the T es ta m e n ts ” , T h e I n te rp r e te r 's O n e-V o lu -
m e C o m m e n ta r y on the B ib le (N a sh v ille, 1971), p. 9 9 2 .
82 J. L. M cK en zie , “A sp ec ts o f O ld T esta m en t T h o u g h t" , T h e J e ro m e B ih lie a l
C o m m e n ta r y , eds. R. E . B row n, J. A . F itz m v e r e R. E. M u r p h y (E n g lew o o d C liffs,
N. J ., 1968), p . 755.
8 3 Sobre o to d o , ver R. T. F rance, Jesu s a n d th e O ld T e s ta m e n t (L on d res, 1971).

144
' I'' evangelho” .04 O fato e o núm ero destas citações podem ser
Im ilmente obtidos folheando-se o NT grego de N estle-Aland, que
m arca 257 passagens como citações explícitas.85
I ponto de vista histórico-crítico m oderno, algum as dessas cita-
>,>Vs não estão de acordo com o significado aparen tem ente recolhido
ilus lextos do AT. Isto tem levantado sérias objeções contra a visão de
uma linha de ligação legítim a en tre os T estam entos em suas referên-
>>.is m útuas. C ertam ente, as citações do AT feitas no NT requerem
uma investigação mais com pleta. É difícil aceitar a idéia de um a
i ' Irrencia escriturai a rb itrá ria som ente com a finalidade de obter
muierial p a ra ilustrações.86 N ão podem os concordar com B ultm ann,
i |\ h- diz que o uso do AT pode ser m elhor explicado como um a
projeção das convicções dos escritores do N T .87 A solução segundo a
qual o uso que o NT faz do AT pode ser explicada em term os de
.im m odação à técnica dos m étodos de exegese rabínicos con-
irm porâneos só é útil até certo p o n to .88 Este ponto de vista
náu distingue entre o objetivo e o escopo das exegeses rabínicas e de
<.>umran, por um lado,89 e a perspectiva sem igual do uso que o NT
Ia/. do AT, por outro. P. A. V erhoef assinalou que “ co n tra as opiniões
críticas afirm am os que o Novo T estam ento, ao citar o Antigo T esta­
mento, em nenhum lugar pressupõe um a fenda fundam ental entre os
Testamentos” .90 Isto corresponde totalm ente à aceitação do cânon de
ambos os T estam entos pela Igreja C ristã. É verdade que as referên­
cias ao AT não foram feitas de modo sistem ático, m as isto não
dim inui o significado de um procedim ento de citações extensivo.
3. Vocabulário. U m a outra linha de conexão entre os Testam entos
sc encontra na relação do vocabulário ou palavras da B íblia.91 Jesus

84 V erh oef, "T he R e la tio n sh ip B etw een the O ld and the New T e sta m e n t” . p. 282.
85 R. N ieole. "N ew T esta m en t V iew s o f the O ld T e s ta m e n t” , R evela tia n a n d th e
B ib le , ed. C . F. H enry (1 9 5 8 ), p. 137, c o n ta p elo m en os 295 referências dis­
tin tas. das q u a is 224 são c ita çõ es diretas, a p resen ta d a s por m eio de u m a certa
fórm u la d efin id a . K. G rob el, “ Q u o ta tio n s” , ID B (N a sh v ille, 1962), III, p. 977,
escreve que o A T “ é ex p lic ita m en te cita d o so m e n te 150 v ezes e ta cita m en te um as
1.100 vezes m a is ” .
86 H esse, D a s A lte T e s ta m e n t ais B uch d e r K ir c h e , p. 38.
87 R. B u ltm a n n , “ Prophecy and F u lfillm en t” , E O T H , p. 5 0 -7 5 , que foi criticado por
C. W esterm a n n , E O T H , p. 124-128.
88 E. E. E llis. P a u l's U se o f th e O ld T e s ta m e n t (G ran d R a p id s, M ic h ., 1957), p. 143;
ver o estu d o d eta lh a d o de R . L ongeneck er, B ib lic a l E x eg esis in th e A p o sto lic
P e r io d (G rand R ap id s, M ic h ., 1975).
89 F. F. B ruce. B ib lic a l E x eg e sis in th e Q u m ra n T ex ts (G r a n d R ap id s, M ic h ., 1959),
p. 66-77; R . H . G undry, The U se o f th e O ld T e s ta m e n t in S t. M a th e w s G o sp e l
(L eid en , 1967); J. A . F ítzm yer, “ T h e U se o f ExpH cit O ld T e sta m e n t Q u o ta tio n s
in Q u m ran a n d in th e N ew T esta m en t" , N T S 7 (1 9 6 0 -6 1 ), p. 297-333.
90 V erh oef, “ T h e R ela tio n sh ip B etw een th e O ld and New T e s ta m e n t” , p. 284.
91 Isto é p articu larm en te a cen tu a d o por J. L. M cK en zie, " A sp ects o f O T T h o u g h t” ,
T h e J ero m e B ib lic a l C o m m e n ta r y , eds. R. E . Brow n, et. aI. (E n glew ood C liffs,
N .J ., 1968), p . 767.

145
e os apóstolos usavam term os fam iliares. Em o utras palavras, a
linguagem teológica que Jesus e os apóstolos usavam era a linguagem
conhecida por eles e por seus ouvintes. E sta linguagem im pregnada
teologicam ente era p roduto de longa tradição. "Sem um em basam en­
to do AT e da fé israelita, a m ensagem de Jesus teria sido ininteligí­
vel.” Reconhece-se que “ quase to d a palavra-chave teológica do Novo
T estam ento provém de algum a palavra h ebraica que teve um a longa
história de uso e de desenvolvimento no A ntigo T estam ento” .92
A erudição tem dado m uita atenção à investigação do histórico das
palavras do NT e suas origens no A T .93 H á vários m odos de apareci­
m ento das palavras. F inalm ente, cada contexto individual determ ina
o significado neste mesm o contexto. Não obstante, a variedade de
usos de palavras únicas esclarece b a sta n te as ordens sem ânticas do
significado. H á m uito poucas palavras-chave no AT que não tenham
sido enriquecidas no NT. A pesar de saberm os que a m esm a palavra
expressa diferentes significados, não existe apenas u m a palavra p ara
cad a idéia ou tem a distintos. Terem os que alcançar a lin h a de
conexão entre as “ palavras gregas e seus significados hebraicos” ,94
isto é, en tre o A T e o NT.
4. Tem as. J. B right avaliou a unidade dos tem as teológicos básicos
do AT e do NT d a seguinte m aneira: “ C ada um dos m ais im portantes
tem as do AT tem seu correspondente no NT, e é de algum modo
retom ado e respondido ali.” 95 P or meio deste fato, constrói-se um a
ponte herm enêutica entre os T estam entos, que nos perm ite o acesso a
cada um dos textos do A T e define p a ra nós o procedim ento a seguir,
n a tentativa de interpretá-los em seu significado cristão.
É impossível fornecer um a lista dos m uitos tem as que ligam os dois
T estam entos.96 Pensa-se de im ediato em criação, prom essa, fé,
eleição, ju stiça, am or, pecado, perdão, juízo, salvação, escatología,
m essianism o, povo de D eus, rem anescente e m uitos outros. Um dos
tem as que recentem ente foi acentuado p o r d a r expressão ao relacio­
nam ento entre os T estam entos é o pacto (ou prom essa divina).97
M as mesm o o tem a do pacto com o tem a sim ples não possui a chave

9 2 I b id .
93 G . R . K ittel e G . F riedrich, e d s ., T k e u lo g iea l D ic tiu n u ry o f th e N e w T e s ta m e n t
(1 9 6 2 -1 9 7 5 ), 8 v o ls.; L. C oen en et. a i., T h eo lo g isc k e s B eg riffsie x ik o n zun> N eu en
T e s tu m e n t ( 3 .a e d .; W u p p e rta l, 1972), 3 vols.; X . L eo n -D u fou r, D ictiu n u ry o f
B ih lie a l T h eo lo g y (N ew Y ork, 1968); C. Brow n, e d ., T h e N e w In te rn a c io n a l D ic-
tio n a ry o f N ew T e s ta m e n t T h eo lo g y (1 9 7 5 -7 8 ), 3 vols.
94 D . H ill, G re e k W a rd s a n d H e b re w M ea n in g s: S tu d ie s in th e S e m a n tic s o f S o te rio -
lo g ic a l T e rm s (L o n d res, 1961); id em , B ih lie a l W o rd s f o r T im e (L on d res, 1962).
95 B right, T h e A u th o r ity o f th e OT> p . 2 1 1 .
96 J, G u illet, T h em es o f th e B ib le (S o u th B en d .. 1960); F. F. B ru ce, N e w T e sta m e n t
D e v e lo p m e n t o f O ld T e s ta m e n t T h em es {G rand R a p id s, M ic h ., 1969).
97 F en sh a m , "T he C ovenant as G ivin g E x p ressio n to th e R e la tion sh ip B etw een O ld
and N ew T esta m en t” , p. 86-94.

146
ilom ada que revela todos os m istérios da relação en tre os T esta­
mentos.
5. Tipologia. U m m odo proem inente de ligar os dois Testam entos
win ;io outro é o estudo das pessoas, instituições ou eventos no AT em
'.eu relacionam ento tipológico com o N T .98 N um a tal perspectiva, os
111 >i>s descritos no AT são vistos como m odelos ou protótipos de
pessoas, instituições ou eventos no AT. A tipologia se desenvolve ao
Inngo de linhas verticais e h o riz o n ta is."
A discussão sobre a tipologia recebeu um a nova força de W.
r u h ro d t100 c de G. von R a d .101 E ichrodt u sa a tipologia “ como
designação de um m odo peculiar de ver a H istó ria” . Os tipos "são
pessoas, instituições e eventos do Antigo T estam ento, que são vistos
como modelos divinam ente estabelecidos ou pré-representações das
realidades correspondentes na história da salvação do Novo T esta­
m ento” .102 Sua exposição parece concordar com as opiniões tradicio­
nais do cristianism o antigo. M as suas opiniões divergem das de von
Kad, cuja prem issa básica é que o “ Antigo T estam ento é um livro de
I n stó ria” .103 É a história do povo de Deus e das instituições e
profecias dentro dele, que fornecem os protótipos p a ra os antítipos do
NT dentro do dom ínio total da H istória e da escatologia.104 Von R ad
está am plam ente fund am en tad o , como se pode inferir por haver
relacionado José a Cristo como tipo p a ra a n títip o .'"5
Alguns eruditos rejeitam com pletam ente a abordagem tipológi-
c a .106 C ontudo, a im portância desta abordagem tipológica não deve

48 E ntre a literatura p rincip al sobre o a ssu n to da tip ologia e.slão os segu intes:
t.. G o p p elt, T yptjs: D ie ty p o to g isch e D e u tu n g d e s A lte n T e sta m e n ts ( 2 . a c d ..
D a r m sta d l, 1966),• id em , "T vpos", Theiihigieal D ic tio n a ry o f th e N ew T e s ta m e n t 8
(1972), p. 246-259; A . Schu ltz, N a ch fo lg en Und N a ch a h m en (M u n iq u e, 1962),
p. 309-331; E llis, PuuTs U se o f th e O T , p. 126:139; L u rcher, L u e tu a lité ck re t. de
! 'A T , p. 4 8 9-513; G . W . H . L am pe e 1. J. W o o lco m b e, E ssays on T y p o lo g y
(L ond res, 1957); P. F a irb a im , T h e T yp o lo g y o f S c r ip tu r e (G rand R apid s, M ich .,
s. d.); W . E ich ro d t, “ Is T y p o lo g ica l E x eg esis an A ppropriate M ethod?" E O T H .
p , 224-245; G . von R ad "T ypologycal Interpretation of th e O ld T e sta m e n t” ,
E O T H , p. 17-39; idem , O ld T e sta m e n t T h eo lo g y, II, p, 364-374: P. A . V erhoef,
■'Some N otes on T y p o lo g ica l E x eg esis” . N ew L ig h t on S o m e O T P ro b le m s (P raeto-
ria, 1962), p. 58-63; H, D . H u m m e l, “T h e OT B asis of T y p o lo gical Interpreta-
t io n '\ B ib lic u l R esea rch 9 (1 9 6 4 ), p. 38-50; J. H. Stck , “ B iblical T ypology Y ester-
day an d T o d a y ” , C alvin T h eo lo g ica l J o u rn a l 5 (1 9 7 0 ), p. 133-162; N . H . R idder-
bos, " T yp o lo g ie” , V ox T h eo lo g ica 31 (1 9 6 0 /6 1 ) , p. 149-159-
99 H u m m el. ''T he O T B asis o f T yp ological In terp reta tio n ” , p. 40 -5 0 .
100 "Is T y p olo g ica l E x eg esis an A ppropriate M ethod"? E O T H , p. 224-245.
101 "T ypological Interpretation o f the N T ” , E O T H , p. 17-39; O T T , II, p. .364-374.
102 E O T H , p. 225.
103 E O T H , p. 25; cf. O T T , II, p. 357.
104 O T T , II, p. 365.
105 O T T , II, p. 372.
106 F. B au m gãrtel, T h L Z 86 (1 9 6 1 ), p. 8 0 9 - 8 9 7 e 9 0 1 -9 0 6 . R. L ucas, “C on sid eration s
of M eth o d in O T H erm en eu tics” . The D u n w o o d ie R eview 6 (1 9 6 6 ), p. 35; ''A ti-

147
ser negada, quando não é desenvolvida num m étodo herm enêutico
aplicado a todos os textos como se fosse um a varinha de condão.
A correspondência tipológica tem que ser rigidam ente controlada,
com base no relacionam ento direto entre vários elem entos do AT e
seus correlativos do NT, a fim de que opiniões pessoais fortuitas não
se insinuem na exegese.107 Deve-se ter m uito cuidado p a ra não cair na
arm ad ilh a de aplicar a tipologia como o único plano teológico
definido pelo q ual se estabelece a unid ad e dos T estam entos. A defesa
da unidade tipológica entre os T estam entos não está prim ariam ente
interessada em encontrar um a unidade de fatos históricos entre os
protótipos do AT e sua co n trap artid a do N T ,108 em bora isso não deva
ser totalm ente negado. E la preocupa-se m ais em reconhecer a
conexão em term os de um a sem elhança estru tural entre tipo e
antítipo. Ê inegável que a analogia tipológica com eça com um a
relação que ocorre na H istória. Por exem plo, a analogia tipológica
entre Moisés e C risto em II C oríntios 3:7 e ss. e H ebreus 3:1-6 com eça
com um a relação que ocorre n a H istória; mas o interesse não está em
todos os detalhes da vida e do ofício de M oisés, e. sim, prim ariam ente
em seu “ m inistério” e “ glória” , na prim eira passagem , e em sua
“ fidelidade" en q u an to líder e m ediador n a dispensação divina, na
segunda passagem . É igualm ente verdadeiro que o antítipo do NT vai
além do tipo do A T ."’9 M esmo sendo correto, pelo m enos até certo
ponto, que o curso da história que une tipo e antítipo ressalta a
diferença entre eles, en q u an to a conexão é p rim ariam ente descoberta
em sua analogia estru tu ral e correspondência, isto não deve ser usado
como argum ento con tra a tipologia, a não ser que ela seja vista apenas
em term os de um processo h istó ric o ,"0 O m eio conceituai da corres-

p ologia sc ressente da /a lta d a q u ele critério que esta b eleceria ta n to sua lim itação
com o sua v a lid a d e ... É um a te o lo g ia d o s tex to s b íb lic o s. D e ix a para trás o A ntigo
T esta m en to , em ú ltim a a n á lise, e d esco b re seu sig n ifica d o fora e além de seu te s ­
tem u n h o h istó r ic o .” M urphy, T h eo lo g y D ig e st 18 (1 9 7 0 ), p. 324, a c h a q u e a tip o ­
logia n ão (em criativid ad e su fic ie n te para as p o ssib ilid a d e s da teo lo g ia e, em c o m ­
p aração c o m a igreja prim itiva, “ é sim p lesm en te m e n o s atraente ao tem p eram en to
m od ern o ” . V er ta m b ém Barr, O ld a n d N e w in I n te r p r e ta tio n , p. 103-148. que
não deseja sep arar a tip o lo g ia da alegoria.
107 V er ta m b ém , a resp eito de um uso ap ropriado da tip o lo g ia , as observações de
H . W . W olf, “ T h e H erm en eu tics o f th e O T " , E O T H , p. 181-186; e V r e z e n ,
A n O u tlin e o f O T T h e o lo g y , p. 97 e 136 e s.
108 V on R ad, E O T H , p . 17-19, advoga que a abordagem tip o ló g ica procura "read q u i­
rir referência ao s fatos a testa d o s no N ovo T esta m en to " , isto é, d escob rir a co n ex ã o
no processo histórico.
109 E ich rod t, E O T H , p. 225 e s.
110 Ê aí qu e P a n n en b erg , E O T H , p . 3 2 7 , se perde. Para ele, a ún ica an alogia que
tem a lg u m valor é a h istórica. P a n n en b erg adota o e sq u e m a de “ p rom essa e c u m ­
p rim en to" sem im a g in a r que e sta "estru tura" (p . 3 2 5 ), c o m o ele a cliam a
rep etid a m en te, fu n cio n a , em sua própria ap resen ta çã o , co m o u m a outra instân cia
do p rin cíp io atem p oral, sen d o e m p r e g a d o para su b stitu ir a H istó ria . P an n en b erg
en fa tiza qu e a lib erd ad e, a criatividad e e im p rev isib ilid a d e sã o cen trais para a

148
poudência tipológica. tem seu lugar distinto em sua expressão da
ijualificação do evento de C risto, m as não pode em si expressar
com pletam ente o evento de C risto em term os de história do AT. I.o^o,
íiUordagens adicionais serão necessárias p a ra com plem entar a tipo
Ingica. A Bíblia é m uito rica em relações entre D eus e o homem para
que elas se confinem a um a conexão especial. C onsiderando que
tomos que h esitar em aceitar as referências tipológicas em casos
definidos, cada tentativa de ver o todo a p a rtir de um único ponto de
vista deve acautelar-se quanto ao desejo de explicar cada detalhe cm
termos deste úrtico aspecto e im por um q u ad ro geral sobre a
variedade de relações possíveis. E m bora o contexto do AT tenha que
ver preservado de sua prefiguração, de m odo que os significados do
NT não sejam extraídos som ente dos textos do AT, parece que um a
indicação clara d o N T é necessária, de m odo que as fantasias im agi­
nativas e as analogias tipológicas arb itrárias possam ser evitadas. Isto
quer dizer que a questão de um caráter a posteriori da abordagem
tipológica não deve ser suprim ido.
6. Prom essa-C um prim ento. P adrão de continuidade extrem am en­
te significativo entre os T estam entos é o esquem a de prom essa-cum -
prim ento. E sta esquem a recebeu especial atenção p o r p arte de
W esterm ann, W. Zim m erli, G. von R ad e o u tr o s ." 1 Deste modo, o
cum prim ento possui um a passagem ab erta em direção ao fu tu ro .112
liste aspecto escatológico está presente em am bos os 1 estam entos.
W esterm ann observa: “ A prom essa e o cum prim ento constituem um
evento integral, relatado tan to no Antigo como no Novo T estam ento
da B íblia.” Em vista do caráter m últiplo do relacionam ento entre os
Testam entos, W esterm ann adm ite que sob a idéia única de prom essa-
cum prim ento “ não é possível resum ir tudo na relação do Antigo

H istória, m as a ch a que este a sp ecto cen tra l da H istória se preserva som en te no


qu e o cu m p rim en to freq ü en tem en te acarreta um “ c o la p so ” d a profecia com o
"in terp retação le g ítim a " , um a “ tran sform ação do c o n teú d o d a p ro fecia" , que se
cu m p re de outro m odo, e não d o m o d o c o m o os receberiores da palavra profética
esperavam (p . 3 2 6 ). A q u i, P an nenberg, in c o n scien tem en te, a d m itiu a in c o m p a ti­
bilid ad e entre a H istória e su a estru tura. A ssim , m esm o na p o sição de Pan
n enb erg, a estru tura e a co n stru çã o tend em a su b stitu ir a H istória e transform am
o uso d ele da estru tu ra de prom essa e cu m p rim en to em a-h istórico.
U t The O T a n d J esu s C k rist (M in n ea p o lis, 1970); W . Z im m erli, “ Prnm ise an d Ful-
fillm en t” , E O T H , p. 89-122; G . von R ad, “ V erheí.ssung", E vT h 13 (1953),
p. 406-413; R. E . M urphy, “ T h e R e la tio n sh ip B etw een tlie T esta m en ts" , C D Q 26
(1 9 6 4 ), p, 34 9 -3 5 9 ; iilem . "C hristian U ndcrstund inj; of the O T ", T h ro lo g v
D ig e si 1 8 (1 9 7 0 ), p. 321 -3 3 2 .
112 E ste c o n flito entre prom essa e c u m p rim en to e um a ca ra cterística d in âm ica do AT.
V isto que é um tipo básico de h istória interpretada qu e o s próprios A T e NT nos
ap resen tam , a tentativa de J. M . R obin son (O T C E . p. 129) dc d isp en sar a
categoria de pro m essa e cu m p rim en to c o m o u m a estru tu ra im p osta à história b í­
blica a partir do exterior é abortiva.

149
Testam ento com Cristo” . " 3 Em escala m ais am pla, tem os que
adm itir que o esquem a prom essa-cum prim ento não resum e to d a a
relação entre os Testam entos. F u n d am en tal e frutífera como é a
abordagem prom essa-cum prim ento, não é por si m esm a capaz de
descrever a n atureza m últipla do relacionam ento entre os T esta­
mentos.
Se levantarm os a questão de como o A T pode se relacionar
adequadam ente com o NT, temos que nos decidir quanto a um a
base a p rio ri de que am bos estão de algum modo ligados entre si.
Temos que estar conscientes dessa decisão, que sem pre conduz nosso
questionam ento do m aterial do AT. E sta decisão a priori não é fácil.
Isto é verdadeiro especialm ente quando o AT é visto do mesmo m odo
que von R ad o vê, a saber, que “ o A ntigo T estam ento só pode ser
interpretado como um livro de expectativa sem pre crescente” .1' 4
Esta afirm ação pressupõe um a com preensão p articu lar da história da
tradição do AT, isto é, a que desde o começo focaliza a transição
p ara o NT. A perspectiva de von R ad só encontra sua justificativa em
term os de um a linha de conexão direta, que se m ovim enta do
testem unho da ação inicial de Deus em direção ao juízo e prossegue
p ara a esperança na ação renovada de Deus, em que ele prova seu
caráter divino. É surpreendente ver como Israel n unca perm itiu que
uma prom essa resultasse em nada, como expandiu ao infinito a
prom essa de Javé e como, não colocando absolutam ente nenhum
lim ite sobre o poder de Deus ain d a a se realizar, transm itia as
prom essas ain d a não cum pridas às gerações fu tu ras. Devemos, então,
pergun tar, com von Rad: "N ão será fictício, do ponto de vista cristão,
o modo como a religião com parativa assim ila o Antigo T estam ento
em teoria, como um objeto que pode ser adequ ad am ente interpretado
sem referência ao Novo T estam en to ?” 115 P or outro lado, não há nada
de misterioso em nos esforçarm os quanto à questão do relacionam en-
to entre os T estam entos. Inicialm ente, po rtan to , não com eçam os com
o NT c suas m últiplas referências ao AT. Este m étodo tem sido
freqüentem ente adotado, mais recentem ente por B. S. Childs, como
observamos acim a. Tem tam bém levado com freqüência à com p ara­
ção entre os T estam entos, com u m a sagacidade que não faz ju stiça à
grande flexibilidade herm enêutica do relacionam ento entre eles.
O m étodo adequado seria, então, inicialm ente, um a tentativa de
m ostrar os meios característicos pelos quais o A T leva ao NT. O NT
pode, deste m odo, com base nesta abordagem inicial, esclarecer o
conteúdo do AT.

113 Tin- O í u i u lje M is C h r is i. p . 78.


114 O T T . 11. p. 319.
115 O T T . II. p. 321.

150
7. História da salvação. A lguns dos padrões unificadores entre os
i'estam entos não podem se se p a ra r do padrão da história da salva-
i, , i o . u ó de que já falam os b astan te nos capítulos anteriores. Tivemos a

oportunidade de assinalar que nem mesmo a história da salvação é a


i liave dourad a que abre as p ortas a todos os m istérios no relaciona­
mento entre os T estam entos. A história da salvação não deve ser
d e sc a rta d a ,'17 porque " a afirm ação do NT de que Jesus é o Messias
implica a unidade da H istória sob um único plano divino de salva-
A história da salvação aponta p a ra u m a unidade de
perspectiva.119
U nidade de Perspectiva. M uitos eruditos im portantes concor­
dam que existe um a perspectiva apontando p a ra o futuro, que une o
AT ao NT. T h. C. Vriezen coloca-o deste modo: “ O verdadeiro centro
de am bos os T estam entos é, portanto, a perspectiva escatológica.” 120
II. H. Rowley escreve o seguinte: “ A consum ação total das esperan­
ças do Antigo T estam ento jaz ain d a no futuro d ista n te ... Tam pouco
talha o Novo T estam ento em percebê-lo... Ele ainda localiza a glória
linal no fu tu ro .” 121 E xatam ente como o crente do AT, o crente em
<'risto “ se dirige a um novo cam inho, sob um arco de tensão entre a
promessa e o c u m p rim e n to ...” 122 T odas as súplicas pelo cum prim en­
to, na congregação da Nova Prom essa Divina, se fundam num único
apelo: "V em , Senhor Jesu s.” (Apoc. 22:20; I Cor. 16:22). Assim,
dentro do arco da prom essa e cum prim ento, o propósito redentor de
Deus, sua história da salvação se revela do AT p a ra o NT e p a ra além
ilo fim dos tem pos.
O AT relata dc fato um a história da salvação incom um , pois é
iruneada. O Messias esperado não veio nos tem pos do AT. Neste
sentido, o AT é um livro incom pleto, apo n tan d o p a ra além de si
mesmo, que term ina num a p o stu ra de espera. Até sua últim a página,
fala de um cum prim ento da prom essa no futuro. O Deus que atuou
na criação, no êxodo, na conquista, guiando seu povo, atu ará
novamente um dia. A conclusão desta história da salvação incom ple­
ta é um a preocupação p rim ária do NT. O ponto decisivo de toda a
História aconteceu em Jesus Cristo. O D eus que atuou na história de
Israel, atuou decisivam ente na história hum an a, através de Jesus

116 V e r as te olo gia s du N T m e n c i o n a d a s sob o l í m i o de " A b o r d a g e m d a H is tó r ia da


S a l v a ç ã o ” n o C a p í t u l o 2, p . 106-125.
117 A ssim , D . Brrtun, “ H eil ais G e se h ieh te ” , E vT h 27 (1 9 6 7 ), p. 57^76. Paru u n ia
avaliação apreciativa da história da salvação, ver K raus, B ib lisch e Thuofagie,
p. 185-187.
118 M eK eru ie. “ A sp ects o f O T T h eo lo g y " , p. 76b.
I 19 V er esp. V erh oef, " R d a tio n sh ip B etw een O ld and New T esta m en t''. p. 292 e s.
120 V riezen, A n Q u ü in e o f O ld T e siu m e n t T h e o lo g y , p. 123.
121 Rowley, T h e U n ity o f th e B ib le , p. 109 e s.
122 Z im m erli, E O T H , p. 114.

151
Cristo. Este é o centro da m ensagem do NT. O NT com pleta o
incom pleto do AT e ain d a vai m ais além do eschaton final. Do AT ao
NT e m ais além , não há um m ovim ento continuo em direção ao
eschaton, a chegada do D ia do Senhor. De fato, toda a história do
Apocalipse constitui u m a peregrinação, que espera a cidade cujo
arquiteto e edificador é Deus (H eb. 11:10). Nesta peregrinação há
m uitas p arad as, m uitas realizações iniciais, m as cada u m a delas se
transform a num ponto de p a rtid a novam ente, até que todas as p ro ­
messas sejam finalm ente cum pridas no fim dos tem pos. Assinalou-se,
corretam ente, que o NT contém um a escatologia futurista. As predi-
ções a respeito dos últim os dias nos Evangelhos S in ópticos'e nos
outros escritos do NT dão continuidade às expectativas do A T .123
A unidade entre o AT e o NT é tam bém um a unidade de sua
perspectiva, plano e propósito com uns p a ra os homens e da ação
contínua de D eus p ara sua realização.124 O A T fala da história de
Israel em term os da história da salvação e p re p a ra e conduz p a ra a
vinda de Jesus, o Cristo de Israel e o Salvador de todos os hom ens.
Deve-se, certam ente, ad m itir que nem tu d o no AT pode ser resum ido
sob a ru b rica da história da salvação,125 pois era u m a história que
conduzia a Cristo e igualm ente à rejeição de Cristo. Ã guisa de
esclarecim ento, deve-se assinalar que temos na Bíblia não só a
revelação de D eus, mas tam bém a reação dos hom ens. Temos que
reconhecer que a reação dos hom ens não é norm ativa, não faz parte
de todo o esquem a do relacionam ento en tre os T estam entos. A "h is­
tó ria” da reação de Israel e do judaísm o, que levam à rejeição de
Cristo, não poderia ter sido u m a p a rte da história da salvação.126
A pesar das repetidas frustrações do plano e do propósito de Deus
p a ra os hom ens, D eus ain d a encarregou-se das prom essas excepcio­
nais a realizarem -se por seu interm édio no futuro. T oda a Bíblia,
então, dirige-se p a ra a consum ação de todas as coisas, no céu e na
terra. “ Este é o tem a p en etran te tan to do A ntigo com o do Novo
T estam en to .” 127 A o b ra de Cristo tem continuidade no E spírito Santo
e se com pletará na consum ação de todas as coisas.
Em vista dessas considerações, parecer-nos-ia que o único modo
adequado de nos em penharm os na n atu reza m últipla do relaciona­
m ento entre os T estam entos é o p ta r p o r u m a abordagem m últipla.
Tal abordagem deixa espaço p a ra indicação da variedade de conexões
entre os T estam entos e evita, ao m esm o tem po, a tentação de explicar
os m últiplos testem unhos em detalhe através de um único ponto de

323 V erh oef, “ R e la tio n sh ip B etw een th e O ld an d N ew T e s ta m e n t” , p . 293.


124 FiJson, T h e I n te r p r e te r ’s O n e -V o lu m e C o m m e n ta r y \ p. 992.
125 B right, T h e A u th o r ity o f th e O T , p . 196.
126 M . M einertz, T h eo lo g ie d es N eu en T e sia m e n ts (1 9 5 0 ), I, p. 54.
127 V erh oef, “ R ela tio n sh ip B etw een O ld a n d N ew T e sta m e n t” , p . 293.

152
vista ou abordagem e assim im por um a única e stru tu ra a testem u­
nhos que depõem sobre o u tra coisa. U m a abordagem m últipla levará
ao reconhecim ento do sem elhante e do diferente, do velho e do novo.
<i;i continuidade e da descontinuidade, etc., sem ao m enos distorcer o
Irstem unho histórico original e o sentido literal nem falhar na
mlenção e contexto querigm áticos mais am plos, pelo que o próprio
AT testifica e o NT supõe.
Não é de surpreender que o debate atual acerca da natureza
complexa da relação entre os T estam entos tenha se tornado crítico.
' >próprio von R ad fala do “ contexto m ais am plo, a qual pertence um
fuiôm eno específico do Antigo T e sta m e n to ,..’’128 Ele reflete o interes­
se de H . W . W olff, que afirm a que “ no Novo T estam ento encontra-se
n contexto do Antigo, que, com o m eta histórica, revela o significado
(otal do Antigo T e sta m e n to ..."129 O teólogo sistem ático H erm ann
Diem se expressa da seguinte m aneira: " P a ra a interpretação m oder­
na da E scritu ra não é questão que precise de julgam ento, quer a
interpretação siga o testem unho apostólico e interp rete o AT através
dos seus (dos apóstolos) olhos quer seja lido sem pressuposições, o que
significaria u m a leitura de um fenômeno da história geral da reli­
g iã o ,.,’’130 De modo sem elhante, K urt F rõ r sustenta que “ o cânon
forma o contexto com pulsório e dado de todos os livros dos dois
I e sta m e n to s".131 A idéia de “ com plexo” não deve se lim itar ao
relacionam ento mais sim ples de um a antologia, nem mesmo à
conexão dentro de um livro ou de um a obra histórica. No que diz
respeito às conexões m ais am plas, o cânon, como um fato dado,
recebe um a relevância herm enêutica. “ O prim eiro passo, no cam inho
da continuação da au to-interpretação do texto, é dar ouvidos aos
testem unhos bíblicos rem an escen tes."1'12 H ans-Joachim K raus captou
o que E ichrodt queria dizer, quando este enfatizou que “ somente
onde este relacionam ento recíproco entre o Antigo e o Novo T esta­
mentos é entendido é que encontram os um a definição correta dos
problem as da teologia do AT e do m étodo pelo qual é possível
resolvê-los” .133 Q uanto a K raus, sua contribuição à questão do
contexto m ostra que " a questão do contexto é decisiva p ara a conexão
dos textos e tem as. Isto significa p ara o AT, a em presa da exegese
Icológico-bíblica: Como se referem o Antigo e o Novo T estam entos a
certas intenções querigm áticas aparentes num texto?” ''5''

128 077', I[, p, 369.


129 E O T H , p. 181,
130 H. D iem , T h eolngic a h k irch lic h e Wtssenschafi (G iH crsloli, 1951), I, p. 75;
p.
cf. seu W as h e isst s c h ritig e m a s s ? G ütcrsloh, 1958). s.38 e
131 B ib lisch e H ertyien ca tik ( 3 . A ed.; M u n i q u e . 1% 7). p, bS.
132 D iem , Was keissi schriftgemüxs? p. 38.
133 E ichrodt, T h eo lo g y o f th e O T , I, p . 2ò.
134 K raus. D ie bib Ü sch e T h co lo g ie, p. 381 (o grifo é dclc).

153
Nesta conexão, é de grande im portância esclarecer o que significt
a teologia do NT — c tam bém a teologia do AT — estar vinculada àl
conexões dadas no texto do cânon. Alfred Jepsen escreve que “ a in ter
pretação do Antigo T estam ento, sendo a interpretação do cânon da
Igreja, é determ inada por sua conexão com o Novo T estam ento ej
pelas questões que se seguem disto” .’J5 Tem os que acentuar forteme-
m ente que os eventos e significados bíblicos não devem ser exam ina­
dos por detrás, por baixo ou por cim a dos tex to s,IJ- m as dentro dos
textos, pois os atos e palavras divinas deles receberam sua form a e
expressão. A interpretação teológico-bíblica tenta estu d ar as passa­
gens dentro dc seu contexto histórico original, o S itz im L eben, em
que se disse um a palavra ou um a ação ocorreu, e tam bém a
localização e as relações e conexões contextuais nos m ateriais mais
recentes, como tam bém o Sitz im L eben no contexto dado do livro em
que é preservado e a intenção querigm ática m ais am pla. Nisto tudo o
contexto dado de am bos os T estam entos tem seu suporte na in ter­
p retação .137 Assim, a questão do contexto dado nas relações próxim as
e nas distantes, dentro de am bos os T estam entos, terá sem pre um
suporte decisivo p a ra a interpretação bíblico-teológica e p a ra a tarefa
dos teólogos bíblicos de fazer teologia do N T .1-’8
Um dos pontos críticos 110 interesse atual na teologia do NT é a
reflexão sobre o inter-relacionam ento en tre os T estam entos. Tem-se
visto começos frutíferos que forçosam ente apontam p a ra 0 fato de os
Testam entos oferecerem testem unho a m últiplos relacionam entos.
W. E ichrodt assinalou que há um relacionam ento recíproco entre os
Testam entos, a saber, “ em acréscim o a este movim ento histórico do

135 T he S ciem ific Study o f the O T ” , E O T H , p. 265.


136 E deste m od o que He.sse, K e r y g m a u n d IV (1 9 5 8 ), p. 13, procura a sse g u ­
rar um a realidade que eJc sen te qu e n ã o está ali. F. M ild en b crger, G o tie s T at im
W o n ( G ü tersloh , 1964). p . 93 c s s., argum enta pela un id ad e do cânon com o regra
de e n te n d im e n to , m as revive um novo tip o de ex eg ese p n eu m á tic a .
137 C hild s. tíib iiv o l Thw rfogy in C risis, p. 99 e s.s., desen volveu a relevân cia do “ con-
le x lo can ôn ico m ais am p lo" c o m o horizonte a d eq u a d o para a teo lo g ia b íb lica e
aplica-o à sua própria abo rd a g em m eto d o ló g ica .
138 A pesar da ên fa se de von R ad sobre a in terp reta rã o eari.sm átieo-q uerigm ática.
sua abordagem segu e as lin has da H e ik g e s c h k h le . Sua enfade sobre a tip ologia
l í . p. 323 e ss.) pressu p õe um alicerce h istó rico -sa lv ífico m ais am p lo e
une dois p o n to s n esse e m b a sa m e n to , com o a co n tece com o ren ascim en to atual
da interpretação ü p ológica. Sobre o rela cio n a m en to entre a tip ologia e a história
ria salvação. ^er C u llm am i, S a lvu n o n m H is to n \ p. 132,
138 A reação negativa de G . Fohrcr contra a noção da história da salv a çã o ( “ P roph etie
und G e s c h ic h ie '\ T H L Z 89 (1 9 6 4 ). p. 481 e s.sj b a seia -se em que ta n to a salva­
rão c o m o a c o n d e n a d o fazem p arle da h istó ria da salvação. G rande parte da
história da salvação é um a h istó ria de desastre. M as m esm o aq u i a con tin u id ad e
se preserva, porque m a is tarde a p ro cla m a çã o da sa lv a çã o a con tece sem ligavão
com o d esa p a recim en to da pregação da m en sagem d o ju ízo , A tese de Fohrer, de
que o objetivo da ação dc D eu s é o c o m a n d o de D eu s sobre o m u n d o e a natureza,
n ão se opõe h história da salvação, sen d o u m a parte ca ra cterística da m esm a.

154
^ntiwo l estam ento p ara o Novo, há u m a corrente dc vida que flui
em inversa, do Novo T estam ento p ara o A ntigo. Este relacio-
tiam niin inverso esclarece tam b ém o significado com pleto do domínio
1'm san ie n to do A T” . Segue-se então a declaração notável de que
“somente onde este duplo relacionam ento entre o Antigo e o Novo
'JrU .im riitos c entendido encontram os um a definição correta do
junlilctna da teologia do AT e do m étodo pelo qual é possível revolvê-
If ‘ 1" A enfase do G. von R ad sobre o contexto bíblico mais amplo do
4 l M" lem o apoio de H. W. W oiff,1'' H.-J. K ra u s,M2 B. S. C hilds14-’
« ili uulros que se esforçam por um a teologia b íb lic a ."'1
V natureza com plexa do inter-rclacionam cnlo entre os Testam en-
ti iriju er um a abordagem m últipla. Não se pode esperar que um a
ijuirn categoria, concepção ou esquem a possa esgotar todas as
jmv.ihilidades de inter-relacionam ento.145 E ntre os padrões de rela-
clniiamento histórico e teológico entre os T estam entos estão os
st (.'inntes: (1) U m aspecto com um a am bos os T estam entos são a
hlMitria contínua do povo de D eus e o retrato dos Iratos de Deus com
a h u m anidad e.1''6 (2) Tem -se dado um a nova ênfase à conexão entre
I estam entos, com base nas citaçõ es.147 (3) Entre estes inter-rela-
>.iuiiainentos aparece o uso com um de palavras-chave teológicas,148
Unasc ioda palavra-chave teológica do Novo T estam ento se origina
dr algum a palavra hebraica que teve um a longa história de uso e

I **> T id iro d t. T h eo lo g y o f th e O T , I. p. 26.


I In Von R ad, O T T , II. p. 320-325.
Ml W olff, E O T H . p. 181: " N o N ovo T estam ento en co n tra -se o c o n tex to do A ntigo,
qnc, c o m o m eta histórica, revela n sig n ifica d o total do A ntigo T estam en to” .
M* Kraus, D ie b ib h sc h e T h en lagie, p. 33 -3 6 , 279-281, 34 4 -3 4 7 e 3 8 0 -3 8 7 .
I I l C hild s. B ib lic a l Tfu-olog? in C rise s, p. 9 9 -1 0 7 .
I II Tanto na eru d içã o ca tó lica co m o na p ro testa n te, há um m arcante au m en to do
núm ero de v o /e s que pedem unia teologia bíblica: F. V . F ilso n , " B ib lisch e T h eolo-
i;ic in A m erika", T h L Z , 75 (1 9 5 0 ), p. 71-80; M . B urrow s, A n O m li/ie o f B ib lic a l
Theology (F ila d é lfia 1946); G . V os, B ib lic a l T h eology (G rand R apid s, M ich .,
1948); C, S p ieq , "L 'avcm cnt de ia T h éo lo g ic B ib liq u e” . K evu e B ib liq u e 35
(1 9 5 1 ), p. 56 1-574; F . M. B raun, “ La T h éo lo g ie B ib liq u e" , R evue T h a m iste 61
(1 9 5 3 ), p. 221-253; K. de V aux, “ A propos de la T héologie B ib liq u e" , Z A W 68
(1 9 5 6 ), p. 225-227; P. R obertson , "T he O u tlo o k for B iblical T heology", p. 65-91;
H arrington, The P a th o f B ib lic a l T h eo lo g y, p. 260-335 e 371 -377.
I 1;i N este asp ecto co n co rd a m o s com W . H . S ch m id t, '" T h e o lo g ie de.s N cuen T csta-
in en ts’ vor u n d naeh G erhard von R ad", V erk iin d ig u n g u n d F orsh u n g (B eih eft
m v E v T k 17; M u n iq u e, 1 972), p . 24.
I4(i f-\ V . F ilso n , “ T h e U nity B etw een the T esta m cn ts’', T h e In te rp r e te r 's O n e-V oiu -
m e C o m m e n ta r y on T h e B ib le , p. 992.
1)7 C hilds. B ib lic a l T h eo lo g y in C risis, p. 114-118; V erh oef, “ T h e R elationship
B etw een the O ld and N ew T esta m cn ts” . p . 282; R. H. G undry. The U se o f th e
O T in S t. M iittfm w s G o sp e l (L eid en , 1967); R. T . F rance. J esu s a n d T h e O T
(L ond res, 1971).
148 A ssim tam b ém H . H a a g , cm M y ste riu m S a lu tis. G ru n d riss h e ilsg e sc h ic h tlieh er
D o g m a tik . eds. J. Fein er e M . Lohr (1 9 6 5 ), I, p. 4 4 0 -4 5 7 .

155
desenvolvimento no Antigo T estam en to .’' 14'’ Como ocorre os outros
elos de ligação, a unidade não significa uniform idade, mesmo onde'se
fala das “ palavras gregas e seus significados hebraicos” . 150 (4) A in-
ter-relação entre os T estam entos tam bém se revela através da unidade
essencial dos tem as principais. “ C ada um dos tem as principais do
Antigo [Testam ento] tem seu correspondente no Novo, e está, de um a
forma ou de o u tra, resum ido e respondido a li.” 151 Tem as como o
governo de D eus, o povo de D eus, a experiência do êxodo, eleição e
pacto, juízo e salvação, escravidão e redenção, vida e m orte, criação e
nova criação, etc. se apresentam p ara consideração im ediata. (5) Um
uso circunspecto e reservado da tipologia é indispensável p a ra um a
metodologia ad eq u ad a que tente se en redar com o contexto do AT e
sua relação com o N T .’52 A tipologia deve estar com pletam ente
separada da alegoria,153 pois é essencialm ente u m a categoria histórica
e teológica entre os eventos do A T e do NT. A alegoria tem pouca
afinidade com o caráter histórico do AT. (6) A categoria de prom es­
sa/profecia e cum prim ento esclarece um outro aspecto da interliga­
ção dos T estam entos. E sta interligação é fundam en tal e decisiva não
apenas para a unidade in tern a do AT e com preensão do relaciona­
m ento en tre o AT e Jesus Cristo, mas tam bém p a ra o relacionam ento
entre os T estam entos. M esm o sendo tão im p o rtante como esta
categoria é, ele não esgota o relacionam ento total entre o AT e
o NT. (7) O conceito da história da salvação constitui um a liga­
ção entre am bos os T estam entos. A história secular e a história da
salvação não devem ser consideradas duas realidades separadas.
Os eventos p articulares da H istória têm um significado mais pro fu n ­
do, percebido através da revelação divina; tais eventos são atos
divinos na história h u m an a. (8) Finalm ente, tem os a unidade de
perspectiva, aquela orientação p a ra o futuro inerente a am bos os
T estam entos. O N T preenche as lacunas do AT e ain d a vai além do
eschaion final.
Devidam ente considerados, estes inter-relacionam entos m últiplos
entre os T estam entos podem ser tom ados como elem entos-chave na
elucidação da U nidade dos T estam entos sem forçar u m a uniform ida­
de aos diversos testem unhos bíblicos. N enhum dos T estam entos é

149 J. L. M cK en zie , “ A sp e c is o f O T T h o u g h t" , T h e J e ro m e B ib lic a l C o m m e n ta r y ,


p . 767.
150 D . H ill, G re e k W o rd s a n d H e b re w M u a n in g s: S tu d ie s in th e S e m a n tic s o f S o te-
rio lo g ic o l T erm x; cf. J. Barr, The S e m a n tic s n f B ib lic a lL a n g u a g e .
151 J. B right, T h e A u th o r ity n f the O T , p . 2 1 1 . Cf. F. F. B ru ce, The N T D e v e lo p m e n t
o f O T T h em es.
152 Ver n ota n .° 9 8 , acim a.
153 E sta sep aração b ásica fo i a ta ca d a por Barr, O ld a n d N e w in I n te r p r e ta tio n ,
p. 103-1 1 1 , m a s correta m en te d e fen d id a por E ich rod t. E O T H , p . 227 e s; L am pe,
E ssa y s on T y p o lo g y , p. 30 -3 5 ; e F r a n c e ,./e ju s a n d th e O T , p. 4 0 e s.

156
m onocrom ático em si, nem deve ser o relacionam ento entre ambos
visto de m aneira m onocrom ática. Q ualquer ten tativ a em direção a
uma teologia do NT deve refletir a natu reza policrom ática do NT;
uma verdadeira teologia do NT revelará um relacionam ento policro­
mático com o AT. Espera-se que o espectro total das cores revele um a
lusão compatível, e não um a dolorosa colisão.

157
5
Propostas Básicas Para uma
Teologia do NT: uma Abordagem
Múltipla
Nossa tentativa de focalizar as m ais im portantes questões ainda
sem solução que estão no centro dos problem as atuais da teologia do
NT revelou que h á um a crise básica1 nas m etodologias e abordagens
atuais. A questão que inevitavelm ente surgiu é: A p a rtir daqui, p ara
onde vamos? Nossa crítica dos cam inhos já trilhados m ostrou que
deve-se desenvolver um a abordagem mais ad eq u ad a. Parece que um a
das m aneiras m ais produtivas p a ra se seguir está nas seguintes
propostas básicas p a ra u m a teologia do N T :
1. Deve-se en ten d er a teologia bíblica como u m a disciplina históri-
co-teológica. Isto é, o teólogo bíblico em penhado tanto na teologia do
Antigo como na do Novo T estam ento tem que afirm ar que sua tarefa
é descobrir e descrever o que o texto queria dizer e tam bém esclarecer
0 que e!e quer dizer p ara a atualidade. O teólogo bíblico tenta
“ voltar p a ra lá” ,J isto é, ele quer abolir o lapso tem poral construindo
um a ponte no tem po entre os seus dias e os dos testem unhos bíblicos,
através do estudo d a história dos docum entos bíblicos. A n atu reza dos
docum entos bíblicos, n o entanto, visto que são eles m esmos testem u­
nhos do eterno propósito de D eus, conform e m anifesto por meio dos
atos divinos e das palavras de juízo e salvação na H istória, requer um a
m udança do nível d a investigação histórica d a Bíblia p a ra a teológi­
c a / Os próprios testem unhos bíblicos não são apenas testem unhos

1 J. M . R o b in so n , "K erig m a a n d H istory in the N ew T esta m en t" , T h e B ib le in


M o d ern S c h o h r s h ip , ed. J. P. H yatt (N a sh v ille, 1965), p. 144-150, esp . p . 117, fala
de u m a G n in d la g e n k ris e .
2 Esta frase vem de G . E. W right, " T h e T h eo lo g io a i SUidy o f the B ib le" , The In ter-
p r e t e r s O n e -V o lu m e C o m m e n ta ry on th e B ib le (N a sh v ille, 19 71), p. 983.
3 H. G . W o o d , "T he P resent Position of N ew T esta m en t T h eology: R etrospect and
P rospect " N ew T e sta m e n t S tu d ie s 4 (1 9 5 7 /5 8 ), p. 169; " A te o lo g ia do N ovo T e sta ­
m en to deve ser a m atéria de u m a p e sq u isa h istórica o bjetiva, m as c o m o som os
c ristão s, n o sso in teresse p e la m atéria n ão é nem e x clu siv a m en te n em p r e d o m in a n te ­
m ente h istó r ic o .”

158
históricos no sentido de haverem se originado em determ inadas
épocas e em determ inados lugares; são, ao m esmo tem po, testem u­
nhos teoiógicos na m edida em que depõem como a palavra de Deus
para a atividade e realidade divinas, como ela se insinua na história
do homem. Assim, a tarefa do teólogo bíblico é in terpretar as
Escrituras inteligivelm ente, com o uso cuidadoso dos instrum entos
adequados da pesquisa histórica e filológica, ten tan d o entender e
descrever, “ voltando p a ra lá ” , o que o testem unho bíblico queria
dizer, e esclarecer o que o testem unho bíblico quer dizer ao hom em
m oderno em sua p ró p ria situação histórica p a rtic u la r.4
O teólogo do NT deve re tira r suas categorias, tem as, assuntos e
conceitos dos próprios textos bíblicos. No passado, ele os extraía
freqüentem ente dos “ conceitos-de-doutrina” (L ehrbegriffeY ou do
esquem a D eus-H om em -Salvação (Teologia-A ntropologia-Soteriolo-
gia), na dependência da dogm ática ou de am bos. A situação recente
da teologia do NT revela que a introdução da filosofia contem porâ­
nea, de u m a form a ou de o u tra, na disciplina tem substituído o
problem a m ais antigo. A ap aren te substituição dos a prioris filosófi­
cos m odernos pelos a prioris d a antiga dogm ática, a favor da in ter­
pretação, não parece ter resolvido o problem a. A. Dulles aponta um
dos riscos m odernos da teologia bíblica; "Q u aisq u er teologias supos­
tam ente bíblicas nos dias de hoje estão tão gravem ente infectadas pelo
pensam ento personalista, existencialista ou histórico contem porâneo
que levantaram -se altas suspeitas quanto à sua base bíblica” .6 Em
nossa investigação das várias teologias do NT dos principais escritores,
vimos o resultado a que isto levou. Na disciplina da teologia do NT, os
autores do NT são freqüentem ente exam inados diagonalm ente, “ com
base na filosofia m oderna ou na dogm ática m oderna. Em m uitos
casos é possível obter respostas dos autores interrogados, m as não
está claro se eles realm ente pensaram nos assuntos sobre que
querem os que falem ’1.’ J. M unck prossegue, sugerindo, corretam en­
te, que “ seria u m a saudável m udança, se tentássem os encontrar e

4 F . B eisser, "Irrw ege und W eg e der h isto risch -k ritisch en B ib elw issen sch aft. A uch
ein vorschlag z.ur R eform des T h e o lo g ie stu d iu m s” , N eu e Z e itsc h rift f ü r sy s te m a -
rische T h en lo g ie u n d R e tig io n sp h ilo so p h ie 15 (1 9 7 3 ), p . 1 9 2 -2 1 4 , lem b ra-n os os
seguintes: "T odos sa b em que o s.e sc r ito s b íb lico s n ão p reten d em ser m eram ente
relatos históricos, m as em prim eiro lugar testem u n h o s d a fé ... C om esta p ressu p o­
sição Cda f é j a ex eg e se n ã o p o d e n u n ca se sa tisfa zer co m o objetivo de descrever
com o foi o p a ssa d o . E m to d a in v estig a çã o e x eg ética , p o rta n to , p a ssa para o p rim ei­
ro p la n o a questão: O que é que aq u ilo que foi d esco b erto sig n ifica para a fé?"
(p. 214).
5 V e r o C ap itu lo 1, p . 35 -3 6 .
6 A . D u lle s. “ R esp o n se to K rister S ten d a W s 'M eth o d in th e S tu d y o f B ib lical T h e o ­
logy’ ” , T h e B ib le in M o d e m S c h o la r s h ip , p. 2 1 0 -2 1 6 , e sp . p . 214.
7 J. M u n ck , " P a u lin e R esearch Sin ce S chw eitzer" , T h e B ib le in M o d e rn S ch o la rsh ip ,
p. 166-177, esp. p . 175.

159
expressar os pensam entos dos autores do N T sem a ajuda de uma
dogm ática m oderna ou de um a filosofia p o p u la r” .8 A teologia do NT
não tem que ser dom inada p o r norm as externas, venham elas da
dogm ática ou de u m a d eterm inada filosofia. D este m odo a teologia do
NT pode dizer algo a am bas e levantar suas próprias questões. A teo­
logia do NT deve u sar as categorias, tem as e conceitos do NT.
Freqüentem ente, estas categorias, tem as, etc., bíblicos são por
dem ais sugestivas e dinâm icas p a ra expressar a rica revelação dos
profundos m istérios de D eus no NT,
O m étodo adequado p a ra a teologia do NT (e do AT) tem que ser
tan to teológico com o histórico desde o ponto de p a rtid a . E sta é a
correlação necessária p a ra a elaboração da teologia do NT (e do AT)
como um a disciplina teológico-histórica. U m a teologia do N T pressu­
põe um trab alh o exegético m inucioso, baseado em princípios e
procedim entos sólidos. A exegese, por sua vez, precisa da teologia do
NT. U m a não pode existir sem a o u tra. Sem a teologia do NT, a
interpretação exegética pode facilm ente ficar com prom etida, isolando
do todo os textos ou unidades individuais. Os vários escritos do NT
são conjuntos am plos, construídos a p a rtir de u m a série de unidades.
Estas unidades, por sua vez, são construídas a p a rtir de um a série de
sentenças ou cláusulas que consistem de palavras ligadas um as às
outras, a fim de expressar determ inado pensam ento ou partes de um
pensam ento m ais am plo ou toda u m a cadeia de pensam entos. Cada
um a dessas partes co ntribui p a ra um entendim ento do pro d u to final:
o NT, conform e preservado p a ra nós. Ao m esm o tem po, o entendi­
m ento do p ro d u to final contribui p a ra o entendim ento das suas
partes. A exegese cuidadosa, esclarecida e sólida poderá sem pre
verificar a teologia do N T, e a teologia do NT pod erá sem pre inform ar
os procedim entos exegéticos. Q ue a teologia do N T perm anece sendo
a coroa dos estudos do N T é um truísm o.
Neste ponto, tem os que fazer u m a p au sa p a ra observar o lem brete
de H .-J. K raus de que “ u m a das questões m ais difíceis no que
concerne à teologia bíblica hoje é o ponto de p a rtid a , o significado e a
função da pesquisa histórico-crítica” .9 O debate atual sobre a nature-

8 P. 176.
9 K raus, D ie b ib tis c h e T h eo lo g ie, p . 363; cf. a p. 37 7 . Sobre e ste a ssu n to , C hilds
escreve: "O m é to d o h istó rico -crítico é in a d eq u a d o para o estu d o d a B íb lia com o
E scritura da Igreja, p o rq u e n ão tra b a lh a a partir d o c o n te x to n e c e ssá r io ... Q uando
vistas do c o n te x to do câ n o n , ta n to a q u estão d o que o íe x to qu eria dizer com o a do
que q u er dizer e stã o in sep a ra v elm en te u n id a s e am b as p erten cem à ta reia d a inter­
p retaçã o da B íb tia c o m o E scritu ra. A té on d e o uso do m éto d o crítico c oloca um a
cortina de ferro entre o p a ssa d o e o p r esen te, é um m é to d o in a d eq u a d o para o es­
tu do d a B íblia c o m o E scritu ra da Ig reja .” Sob re a in a d eq u a ç ã o d o m é to d o histô-
rico-critico co m resp eito à nova b u sca do Jesus histórico, ver G . E . L add, “T h e
Search for P ersp ectiv e” . I n te rp r e ta tio n 2 6 (1 9 7 1 ), p . 4 1 -6 2 .

160
*a r a função do m étodo histórico-crítico,10 que havia recebido de
F. T roeltsch11 sua form ulação clássica na virada do século, revela que
há m uita insatisfação q u an to à sua adequação. O m étodo é praticado
ilr form as tão diversas, que é m esm o difícil fa la r do m étodo histórico-
V lí( ÍL '0 .a

von R ad, um dos m ais im portantes teólogos do AT, captou, de


iiinncira perspicaz, um dos problem as e sugeriu que o teólogo do AT,
r1 podem os acrescentar o teólogo do N T, não pode se m ovim entar no
utm inho de u m “ m ínim o criticam ente assegurado” se ele estiver
Irritando realm ente alcançar “ as cam adas m ais profundas da expe-
i iéncia histórica, onde a pesquisa histórico-crítica nâo consegue pene­
irar” .13 A razão da incapacidade do m étodo histórico-crítico em
nlcançar as cam adas m ais profundas da experiência histórica, isto é,
m unidade in tern a do fato e do significado, baseando-se na invasão da
11anscendêncía n a história com o a realidade final p a ra a qual os
textos bíblicos oferecem testem unho, jaz em sua lim itação p ara
estudar a história com base em suas próprias pressuposições. O eru ­
dito do NT W . W ink falou recentem ente sobre a falência do método
histórico-crítico.MO novo livro de G . M aier anuncia o fim do m étodo
histórico crítico .15 De todas as partes chegam ataq u es violentos contra
o m étodo histórico-crítico, p orém os m ais severos vêm dos que foram
educados neste m éto d o .16 A lguns ap o n tam a inadequação do princí­
pio da analo g ia,17 um dos três pilares do m étodo, en quanto outros
lêm atacado seu an tro p o cen trism o ,18 sua falta de dim ensão fu tu ra 19
c outros problem as inerentes.20 Tem -se assinalado que o m étodo
histórico-crítico está lim itado pela sua p ró p ria concepção de com pre­

10 A literatu ra pertinente é cita d a n o C ap ítu lo 1, notas 32 -3 5 .


11 E . T ro eltsch , Ü b e r h istorisch e u n d d o g m a tisch e M eth o d e in der T h eologie" (1898),
reim presso em T h eo lo g ie ais W iss e n sc h a ft, e d . G . Sau ter (M u n iq u e , 1971),
p . 105-127 .
12 B eisser, “ trrw ege und W ege der h isto risch -k ritisch en B ib elw issen sch a ft” , p. 192.
13 G . von R ad, O ld T e s ta m e n t T h eo lo g y. I, p. 108.
14 W . W in k , T h e B ib le in H u m a n T ra n sfo rm a tio n : T o w a rd a N e w P a ra d ig m f o r
B ib lic a l S tu d y (F ila d é lfia , 1 973), p . 1 -18. E le su g ere u m p a ra d ig m a d ia lético , com
forte ên fa se sobre a so cio lo g ia e a p sica n á lise.
15 G . M aier, T he E n d o f th e H is to r ic a l-C r itic a l M e th o d (S t. L ouis, 1977), E le fala de
um “ m étod o h istó rico -b íb lico " para su b stitu ir o " m étod o h istó rico -crítico” .
16 E . K ren tz, T h e H is to r ic a l-C r itic a l M e th o d (F ila d é lfia , 1 9 7 5 ), p. 81.
17 T . P eters, “T h e U se o f A n a lo g y in H istórica! M eth o d " , C B Q 35 (1 9 7 3 ), p. 473-482.
18 V er esp . P a n n en b erg , B a sic Q u e stio n s in T h eo lo g y (1 9 7 0 ), 1, p . 39-50.
19 F. H ah n , “ P ro b lem e historisch er Kririk", 7 .N W 63 (1 9 7 2 ), p. 1-17, esp. p . 15-17.
2 0 V er P. S tu lh m a ch er, “ K rítischer m ü ssten m ir die H isto risch -K ritisch en S ein " ,
T h eologie Q u a rta lsc h rift 153 (1 9 7 3 ), p. 24 4 -2 5 1 ; S c h rifta u sle g u n g , p. 23 e s., 33,
98 e 120-1 2 6 . J. H . L eitb, "T he B ib le an d T h e o lo g y ” , I n te r p r e ta tio n 3 0 (1 9 7 6 ),
p. 2 2 7 -2 4 1 , escreve: ‘‘A in flu ê n c ia das p ressu p o siç õ e s d a crítica e a precariedad e
dos m éto d o s resultaram nu m a história de c o n c lu sõ es e resultados co n flita n te s”
(p . 238).

161
ensão e que ele está, po rtan to , confinado p o r suas próprias lim itações
de argu m en tação .21 "A crítica histórica traz à Bíblia um conceito de
verdade que não consegue ab rir cam inho p a ra um acesso total da
realidade na H i s t ó r i a . A razão p a ra estas lim itações e p a ra sua
incapacidade de alcançar as cam adas m ais profundas da experiência
e da realidade históricas em sua totalidade está no entendim ento da
H istória, auto-im posta pelo m étodo.
O m étodo histórico-crítico provém do ilum inism o.23 Tem u m a visão
própria do entendim ento histórico,24 ilu strad a no princípio de cor­
relação de Troeltsch. A H istória é vista como um círculo fechado,
um a cadeia de causas e efeitos em que não h á espaço p a ra a tra n s­
cendência.25 Isto quer dizer “ (1) que n enhum h istoriador crítico
poderia fazer uso d a intervenção so b ren atu ral como princípio da
explanação histórica, p orque isto destruiria a continuidade do nexo
causai, e (2) que nenhum evento p oderia ser considerado um a
revelação final do absoluto, visto que to d a m anifestação de verdade e
de valor seria relativa e historicam ente condicionada” .26 Se “ o histo­
riador não pode pressupor a intervenção sob ren atu ral no nexo causai
como base de seu tra b a lh o " ,27 poderá ele tra ta r adequadam ente do
texto bíblico, que com unica ju stam en te tal intervenção? U m a respos­
ta negativa está prestes a aparecer, pois o método histórico-crítico
não consegue tr a ta r da realidade total da H istória. P. Stuhlm acher,
por exem plo, afirm a que o método histórico-crítico levará ou a
“ um conflito en tre a intenção teológica e a tendenciosidade do
m étodo ou introduzirá o criticism o histórico no pensam ento teológico
como elem ento p e rtu rb a d o r ou destru id o r” .28 Isto se deve às pressu­
posições e prem issas filosóficas acerca da natu reza da H istória. C. E.

21 S tu h lm a ch er, S c h r ifta u sle g u n g , p. 19.


22 K rentz, T h e H is to r ic a l- C r itic a lM e th o d , p . 86.
23 E b elin g , W o rd a n d F a ith , p . 4 2 e s. K rentz, The H is to r ic a l-C r itic a l M e th o d , p . 85,
ch am a o m éto d o histó rico -crítico ou criticism o h istó r ic o de “filh o do ilu m in ism o
c do h isto ricism o , que ain d a é d o m in a d o p elo s prin cíp ios de T roeltsch (crítica siste ­
m ática , an a lo g ia e correlação un iv ersa l)” .
24 S tu h lm a ch er, S c h rifta u sle g u n g , p . 14 e s. e 18.
25 V on R a d , O ld T e s ta m e n t T h eo lo g y, H, p. 418: “ Para Israel, a H istória con sistia
apenas d a au to -rev ela çã o d e Javé através d a palavra e d a a çã o . N e ste p o n to , o c o n ­
flito com a visão m od erna da H istó ria seria m ais ced o 011 m ais tarde in evitável, pois
ela ach a q u e é p erfe ita m e n te p o ssív el con stru ir um retrato da H istória sem D eu s.
A cha q u e é m u ito d ifícil su p o r qu e e x iste u m a a ç ã o divina n a H istória. D e u s não
tem um lu g a r n a tu ra l n este e sq u e m a ."
26 V an H arvey, T h e H isto ria n a n d th e B eliev e r ( 2 . a ed .; N ew Y o rk , 1969), p . 31 e s.
27 R. W . F u n k , " T h e H erm en eu tica l P roblem an d H istorical C riticism ” . The N ew
H e n n e n e u tic , ed. J. M . R o b in so n e J. B. C obb, Jr. (N ew Y ork, 1964), p . 185.
Cf. R . B u ltm a n n , E x iste n c e a n d F a ith (C leveland, 1960), p. 291.
28 P. S tu h lm a ch er, ‘‘Zur M eth o d e n -u n d S a ch p ro b lem a tik ein er in terk on fession ellen
A u sleg u n g des N eu en T e sta m e m s" , E v a n g e lis c h - k a th o lis c h e r K o m m e n ta r z u m N T .
V o ra rb e ite n , H eft 4 (N eu k irch en -V lu y n , 1 9 7 3 ), p. 1 1-65, esp . p . 46 .

162
Braaten refere-se incisivam ente a este problem a: “ O historiador
sem pre com eça afirm ando que conduz sua pesquisa p u ram ente com
objetividade, sem pressuposições, e (crm ina sub-repíicjanienfe in­
troduzindo um conjunto de pressuposições cujas raízes estão profun­
dam ente enterrad as n u m a W eltanschauung an ticristã” .29 U m a teolo­
gia do NT que repouse sobre u m a visão da H istória baseada num
círculo fechado de causas e efeitos não pode fazer ju stiça à visão
bíblica d a H istória e da revelação nem ao apelo à verdade da
E scritura.30 Von R ad reconhece que “ um m étodo histórico-crítico
consistentem ente aplicado [não] poderia realm ente fazer justiça ao
apelo à verdade da escritura do Antigo T estam en to ” .31 O que von
R ad declarou sobre o A T se aplica, do mesmo m odo, ao NT. O que
precisa ser enfaticam ente reforçado é que existe u m a dim ensão tran s­
cendente ou divina, na história bíblica, com que o m étodo histórico-
crítico é incapaz de tra ta r. “ Se todos os eventos históricos têm , por
definição, que ser explicados por causas históricas suficientes, então
não há espaço p a ra os atos de D eus na H istória, pois Deus não é um
personagem histórico” .32 Se se tem um a visão da H istória que não
pode adm itir a intervenção divina por meio de ato e palavra na
H istória, então não se pode tra ta r ad equada e devidam ente com o
testem unho da E scritura. Logo, somos levados a concluir que a crise a
respeito d a H istória, nas teologias do A T e do NT, não é conseqüên­
cia do estudo científico das evidências, m as se origina da própria
crise33 do m étodo histórico-crítico e de sua inadequação p a ra tra ta r
do papel da transcendência na H istória, devido a prem issas filosóficas
a respeito da n atu reza da H istória. Se a realidade do texto bíblico dá
testem unho a u m a dim ensão supra-histórica, que transcende as
lim itações auto-im postas do m étodo histórico-crítico, então tem-se
que em pregar um m étodo que possa levar em conta esta dim ensão e
possa sondar as cam adas mais profundas da experiência histórica e
tra ta r adeq u ad a e devidam ente do apelo à verdade da E scritu ra .34

2 9 C. E . B raaten , "R ev ela tio n H istory a n d F a ith in M artin K ãhler", em M . K ãhler,


T h e S o -C a lle d H istó rica ! J esu s a n d th e H isto rie B ib lic a l C h rist (F ila d élfia , 1964),
p. 22.
3 0 D . W a lla ce, “ B ib lica l T h eo lo g y . P a st a n d F u tu re" , T h ea lo g isch e Z e its c h r ift 19
(1 9 6 3 ), p . 90; ef. Barr, “ R evelation th rou gh H istory", p. 201 e s.
31 V on R ad, O ld T e s ta m e n t T h eo lo g y, II, p. 417.
32 L add, “T h e Search for P ersp ective", p. S0.
33 K rentz, T h e H is to r ic a l-C r itic a l M e th o d , p . 8 4 , fa la d o criticism o histórico com o
esta n d o n u m a "crise m eto d o ló g ica " .
34 Von R ad O ld T e s ta m e n t T h eo lo g y, I, p. 108. E. Osvvald, “ G esc h e h e n e und
g eg la u b te G e sc h ich te ’’, W isse n sc h a ft Z e its c h r ift d e r U n iv e rs ita t Jcn a 14 (1 9 6 5 ),
p. 711: “ C om o a u x ílio d a c iê n c ia crítica não se p o d e, seg u ra m en te, fazer n en h u m a
declaração a r esp eito de D e u s, p o is n ã o h á c a m in h o q u e leve da ciêíicia objetivadora
da H istória a u m a ex p ressã o teo ló g ica real. O p ro cesso racional d o con h e c im e n to
da H istória p erm a n ece lim ita d o à d im e n sã o e s p a ç o -te m p o r a l...”

163
A firm am os que o m étodo adeq u ad o à teologia bíblica é ser
teológico e histórico desde o começo. Supõe-se freqüentem ente que a
exegese usa a função histórico-crítica, p a ra elab o rar o significado dos
textos sim p les, e que a teologia do NT (ou do AT), a tarefa de u n ir a
reconstrução à interpretação dentro do todo teológico, a saber, um
procedim ento seqüencial. H .-J. K raus tem , corretam ente, procurado
por “ um processo de interpretação biblico-teológica” em que a
exegese, desde o ponto de p a rtid a , é de orientação biblico-teológica.15
Se acrescentarm os a este aspecto que um m étodo apropriado e
adequado de pesquisa do texto bíblico precisa levar em conta a
realidade de D eus e de sua participação na H istó ria,36 pois os textos
bíblicos testificam a dim ensão transcendente na realidade histórica,37
então terem os a base sobre a qual as interpretações histórica e
teológica podem cam in h ar de m ãos dadas desde o início, sem a
necessidade de serem artificialm ente sep arad as dentro dos processos
seqüenciais.38 Baseando-se nisto, pode-se “ voltar p a ra lá ” , p a ra o
m undo do escritor bíblico, construindo um a ponte tem poral e cultu­
ral, e pode-se te n ta r en tender histórica e teologicam ente o que o texto
queria dizer. É então possível expressar mais a d eq u ad a e abrangente-
m ente o que o texto quer dizer ao hom em no m undo m oderno e na
situação histórica.
Este procedim ento m etodológico não p ro cu ra om itir a H istória, em
beneficio da teologia. O teólogo bíblico que tra b a lh a com o m étodo

3 5 D ie b ib lis c h e T h éo lo g ie, p . 377.


3 6 C on clu sã o a que ch ega tam b ém F loyd V . F ilso n , "H ow I Interpret th e B ib le ” ,
I n te rp r e ta tio n 4 (1 9 5 0 ), p. 186: “ T ra b a lh o c o m a co n v icçã o de que som en te o m é ­
todo do estu d o realm en te objetivo leva e m c o n ta a rea lid a d e de D e u s e de su a obra
e que qu alquer outro p o n to de v ista está carregado d e p ressu p o siçõ es que realm en ­
te , m esm o de form a su til, c o n tê m u m a n eg a çã o im p lícita da fé cristã em su a to ta ­
lid a d e .'’
37 T roeltsch escreve: “ O m eio através d o qual a crítica to m a -se a p rin cíp io p o ssív el é
a ap lica çã o da a n a lo g ia ... E sta o n ip o tê n c ia da a n a lo g ia im p lic a a id e n tid a d e n o
p rin cíp io de todo a co n te c im e n to h istó rico ” (U b e r h isto risch e u n d d ogm atisch e
M eth o d e in der T h é o lo g ie ” , p . 1 08). V on R ad oferece aqu i um a ob servação incisiva
a resp eito d o curso da H istória co n fo rm e a p resen ta d o p elo m é to d o h istórico-crítico,
em T h eo lo g ie d e s A lte n T e s ta m e n ts (M u n iq u e , 1960), II, p , 9: “ Ê a H istória inter­
pretada cosn b a se n a s p ressu p o siçõ es h istô rico -filo só fica s, qu e n ão perm ite n en h u m
recon h ecim en to possível da a ç ã o de D e u s n a H istória, p o is só o h om em é n o to ria ­
m ente co n sid era d o criador da H istó r ia .” M ild en b erg er, G o tte s T a t im W o rt, p . 31 ,
n .° 37 , concord a com von R a d e a c rescen ta q u e a crítica h istó rica "p ressu p õe u m a
relação fech a d a d a r ea lid a d e qu e n ã o p o d e oferecer c a u sa s ‘so b r en a tu r a is'".
38 Sobre este a sp e cto , von R a d , T k e o lo g ie d es A T , II, p . ld , fez a seg u in te observação:
“ A in terp reta çã o teo ló g ica dos te x to s d o A T n ão co m eça rea lm en te q u an d o o exe-
geta, e d u ca d o den tro da crítica literária ou d a H istória (u m a ou o u tra l), term inou
o seu tra b a lh o , com o se tiv éssem o s dois p rocessos exegéticos: p rim eiro, o histórico-
crítico e en tã o o ‘te o ló g ic o ’. U m a in terp reta çã o te o ló g ic a qu e procura apreen der
um e n u n cia d o acerca de D e u s no tex to é a tiva d esd e o próprio in ício do p rocesso
do e n te n d im e n to ,”

164
que é tan to histórico como teológico reconhece com pletam ente a
relatividade da objetividade h u m a n a .39 C onseqüentem ente, ele está
ciente de que não deve n u nca perm itir que sua fé o faça m odernizar
seu m aterial com base n a tradição e na com unidade de fé onde se
encontra. Ele tem que interro g ar o texto bíblico em seus próprios
termos; abre um espaço p a ra que a sua tradição e o conteúdo de sua
fé possam ser desafiados, guiados, vivificados e enriquecidos pelas
suas descobertas. Ele reconhece tam bém que u m a abordagem p u ra ­
mente filosófica, lingüística e histórica n u nca é suficiente para
descerrar o significado total de um texto histórico. Podem os aplicar
todos os instrum entos exegéticos da pesquisa histórica, lingüística e
filosófica disponíveis e nun ca alcançar o ponto central do assunto, a
não ser que nos subm etam os à experiência básica d a qual os escritores
bíblicos falam , a saber, a fé. Sem tal subm issão, dificilm ente
chegarem os ao reconhecim ento da realidade total que se expressa no
testem unho bíblico. Não querem os transform ar a fé num método nem
tam pouco pretendem os d escartar a exigência dos livros bíblicos,
como docum entos do passado, de serem traduzidos o mais objetiva­
mente possível, por meio do em prego cuidadoso dos métodos de
interpretação adequados. M as querem os dizer que a interpretação da
Bíblia deve tornar-se p arte de nossa p ró p ria experiência real. A in ter­
pretação teológico-histórica deve estar a serviço da fé, se pretende
sondar todas as cam adas da experiência histórica e p e n etrar no
significado total do texto e d a realidade nele expressa. Temos,
portanto, que afirm ar que, quando a interp retação procura por
declarações e depoim entos que testem unhem a autom anifestação de
Deus como o Senhor do tem po e dos fatos, que escolheu se revelar em
acontecim entos reais e datáveis da história h u m an a através de atos e
palavras de julgam ento e salvação, então o processo de com preensão
de tais declarações e depoim entos tem que ser, desde o início,
histórico e teológico em natureza, a fim de apreender totalm ente a
realidade com pleta que se expressou.
2. O teólogo bíblico em penhado na teologia do NT tem seu assunto
indicado de antem ão, visto que seu esforço é por um a teologia do
Novo Testam ento. Ela está fu n d ad a sobre m atérias extraídas do NT.
O NT chega até ele p o r interm édio da igreja cristã como parte das
E scrituras inspiradas. A introdução ao NT pro cu ra esclarecer os
estágios e form as pré-literários dos livros do NT, traçando sua história
e form ação, com o tam bém as form as dos textos e a canonização do
NT. A história do cristianism o prim itivo é estu d ad a no contexto da
história da antiguidade, com especial ênfase sobre as culturas perifé­
ricas, das quais tem os m uitos textos e onde a arqueologia tem sido

39 A ssim la m b em S ten d ah l, J D B , I, p. 4 2 2 .

165
inútil em p ro porcionar os cenários histórico, cultural e social p a ra a
Bíblia.
A teologia do N T in terroga os vários livros ou blocos de escritos do
NT quanto à su a teologia.40 Pois o NT é com posto de escritos cuja
origem, conteúdo, form as, intenções e significado são bem diversos.
A natureza destas questões to rn a im perativo exam inar o m aterial
disponível à luz do contexto, que é prim ário p a ra nós, a saber, a
form a em que os encontram os en quanto estru tu ra verbal de um a
p arte integrante de um todo literário .41 V ista deste m odo, a teologia
do NT não será u m a “ história da religião” 42 ou um a “ história da
transm issão d a trad ição ” 43 ou qualq u er o u tra coisa.44 U m a teologia
do NT fornece, prim ariam en te, um a interp retação sum ária e um a
explanação de cada docum ento do NT ou blocos de escritos do NT,

4 0 Isto foi a cen tu a d o para a teo lo g ia d o N T e sp ec ia lm en te por H ein rich Schlier


(" T h e M ea n in g an d F u n ctio n o f a T heology of th e N T ” , D o g m a tic vs. B ib lic a l
T h eo lo g y, ed . H . V orgrim ler (B a ltim o re, 1964) p. 88 -9 0 ); para a teo lo g ia do A T de
Kraus (D ie b ib lis c h e T k e o lo g ie , p . 3 6 4 ), de D . ] . M cC arth y ( “ T h e T h eology of
L eadership in Joshua 1-9" .B ib lic a 5 2 (1 9 7 1 ), p. 166). e com sua própria ên fase por
C hild s (B ib lic a l T h eo lo g y in C risis. p . 9 9 -1 0 7 ).
41 O s críticos literários (n ã o -b íb lico s) co n tem p o râ n eo s dão ên fa se e sp ecia l à “ nova
crítica", que os a lem ã es ch am am de W e r k in te r p re ta tio n . Cf. W . K aiser, D a s
s p ra c h lic h K u n s tw e r k ( I 0 . a e d .; B ern a -M u n iq u e, 1964); E m il Staiger, D ie K u n s i
der I n te rp r e ta tio n ( 4 . 3 ed .; Z urique, 1963); H orst E nders, e d ., D ie W e rk -in te rp re -
lu tion (D a r m sta d t, 1967). O in teresse p rim ário, seg u n d o os p ratican tes da “ nova
crític a ” , é o cu p a r-se com o estu d o de u m a p e ç a literária c o m p leta , A “ nova crítica"
in siste na in teg rid a d e form al da p e ç a literária c o m o obra de arte, a k u n stw e rk .
T al trabalh o deve ser a p recia d o em sua totalidade; olhar para seu p a ssa d o , nu m a
tentativa de d escob rir sua o rig em , é irrelevante. A ê n fa se está sobre o produ to
literário final c/uu obra de arte. U m crescen te nú m ero d e eru d itos do N T tem a d eri­
do à "nova crítica". E ntre eles, estão: Z. A dar, T h e B ib lic a l N a rra tiv e (Jerusalém ,
3959); S. T a lm o n . " W isd o m ’ in th e B ook o f E sth er" , V etu s T e s ta m e n tu m 13
(1 % 3 ). p- 4 1 9 -4 5 5 ; M . W eiss, “ W ege der n eu eren D ic h tu n g sw issen sc h a ft in ihrer
A rw endun auf <Jic P sa lm e n fo rsc h u n g ’’. B ib lic a 4 2 (1 9 6 1 ), p. 225-302; "E iniges
über die B auform en des E rzâ h len s in der B ib el" , V etus T e s ta m e n tu m 13 (1 9 6 3 ),
p. 455-475; "W eiteres über die B a ú fo rm en des E rzâh len s in der B ib e l” , B ib lic a 46
(1 9 6 5 ), p . 181 20 6 . O s eru d itos do N T até agora aind a n ã o ad eriram a e ste proced i-
m en lo . C ertos a sp ecto s da a b o rd a g em ex isten cia lista pa recem con d u zir-n os na
direção da m aior ên fa se sobre a form a fin al dos d o cu m en to s do N T .
42 P od e-se recordar o red irecio n a m en to e r en o m e a çã o d a d isc ip lin a teo lo g ia d o N T
feito por W . W rcd e. Ver o ca p . 1, p. 2 6 -3 1 .
43 Para a te o lo g ia d o A T , o m éto d o d ia crô n ico a d o ta d o por G . von R ad é um e xem p lo
típico; ver H a sel, O T T h eo lo g y, p. 4 6 -4 9 . H . G e se a p lica ig u a lm en te ao A T e ao N T
um a h istó ria da transm issão d a tra d içã o cm Vom S in a i zu m Z io n (M u n iq u e , 1974),
p. 13-30.
44 K raus, D ie b ib lisc h e T h eo lo g ie, p. 365; “ A ‘teo lo g ia bíb lica' deve ser teologia
b ib lic a p o rq u e aceita o câ n o n n a s c o n e x õ es tex tu a is da d a s c o m o a v e r d a d e h is tó r i­
ca que n ecessita de ex p lica çã o , cuja fo rm a fin al precisa ser a p resen ta d a por m eio
da in terp retação e d o resum o. E sta deveria ser a ta refa real da teo lo g ia b íb lica.
Q ualquer ten ta tiv a feita por m eio de um p ro ced im en to d iferen te não seria teologia
bíb lica, m as ‘h istó ria da rev ela çã o ’ , ‘história d a relig iã o ’ ou m e sm o ‘história da
tr a d iç ã o ’ " (o s g rifos sã o dele).

166
com vistas a p erm itir que seus conceitos, ternas e assuntos apareçam e
revelem seus parentescos m útuos. O procedim ento básico de explana­
ção da teologia dos livros ou blocos de escritos do NT em sua forma
íinal como estru tu ras verbais dos conjuntos literários tem a vantagem
de reconhecer as sim ilitudes e as diferenças entre os vários livros ou
blocos de escritos. Isto quer dizer, por exemplo, que as teologias dos
Evangelhos individuais se su stentarão independentem ente ju nto às
outras. C ada voz pode ser ouvida em seu testem unho da atividade de
Deus e da autom anifestação divina. U m a o u tra vantagem desta
abordagem , decisiva p a ra toda a em presa da teologia do NT, é que
não se impõe nenhum esquem a sistem ático, p ad rão de pensam ento
ou abstração extraposta ao m aterial do NT. Visto que nenhum tema
simples, esquem a ou assunto é suficientem ente abrangente p ara
conter todas as diversidades de pontos de vista do NT, devemos nos
abster de usar um determ inado conceito, fórm ula, idéia básica, etc,
como o centro do NT, por meio de que se obtém um a sistem atização
dos testem unhos m últiplos e variados do NT. Por outro lado, temos
que afirm ar que, como Deus é o centro do A T ,45 Jesus Cristo é o
centro do NT.'"5 Procuram os nos abster da sistem atização baseada
num único tem a, esquem a, assunto, etc., e as razões para isto já
foram enunciadas anteriorm ente.
3. U m a apresentação da teologia do NT pode com eçar melhor com
a mensagem de Jesus, visto que ela está em todos os docum entos do
N I’. Nisto, supõe-se que é possível reu n ir aos poucos a m ensagem de
Jesus a p a rtir dos respectivos Evangelhos e das poucas citações
existentes nos outros docum entos do NT. Pode-se então prosseguir
com as teologias de M ateus, M arcos e Lucas-Atos. Neste tipo de
avaliação, reconhecer-se-á que os vários Evangelhos têm seu próprio
propósito distinto, tanto na seleção como na apresentação do m aterial
preservado.
Pode-se alcançar a teoiogia paulina descrevendo-se a teologia das
diferentes epístolas de Paulo e sua com unidade, como tam bém na
distinção dos tem as e assuntos. A chave p a ra a teologia p aulina não é
fácil de ser alcançada, como indicam as várias tentativas recentes.47
Pode ser que alguns escolham apresentar a teologia de Pedro antes
da de Paulo, como tam bém as teologias de outros docum entos do NT
que testificam a pregação e a doutrina do cristianism o prim itivo.

45 G . F. H asel, “'lh e Problem o f the C enter in the OT T h eo lo g y D e b a te " , Z A W 86


(1 9 7 4 ), p. 65-82,
46 V er o C apítulo 3.
47 Ver J. Jerem ias, D e r S c h lü sse l z u r T h eo lo g ie des A p o s te is P a u lu s (G ü tersloh . 1971);
G . E ich h o lz, D ie T h eo lo g ie d e s P a u lu s im U m riss (G ò ttin g en , 1972); H . R idderbos.
P au l. A n O u ilin e o f H is T h eo lo g y (G rad R a p id s, M ic h ., 1975).

167
Aqui, as datas dos respectivos escritos do NT tornar-se-ão o fator da
seqüência da apresentação da teologia do NT.
A teologia jo an in a, conform e o btida no Q uarto Evangelho e nas
Epístolas, parece vir por últim o, com exceção da teologia do A poca­
lipse, que dá a im pressão de pertencer a u m a categoria própria, entre
as teologias do NT, e pode ser apresen tad a por últim o.
4. A teologia do NT não p ro cu ra apenas conhecer a teologia dos
vários livros ou grupos de escritos; ela tam bém tenta reunir e
apresen tar os tem as m ais im portantes do NT. A fim de pôr em p rática
o seu nom e, a teologia do NT tem que p erm itir que seus tem as,
assuntos e conceitos se form em p a ra ela por meio do próprio NT.
A gam a de tem as, assuntos e conceitos do N T im por-se-á sem pre,
visto que fazem com que os do teólogo se calem , um a vez que as
perspectivas teológicas do NT sejam realm ente assim iladas. Em
princípio, um a teologia do NT deve pen d er em direção aos tem as,
assuntos e conceitos e tem que ser apresen tad a com toda a sua
diversidade e todas as lim itações im postas a eles pelo próprio NT.
A apresentação destas perspectivas longitudinais dos testem unhos
do NT só pode ser obtid a com base num tratam en to variado. A ri­
queza dos testem unhos do N T pode ser alcançada por meio desta
abordagem m últipla, pois ela é com patível com a n atureza do NT.
Esta abordagem m últipla com o tra ta m e n to variado dos tem as
longitudinais lib erta o teólogo bíblico da noção de um a abordagem
unilinear artificial e forçada, d eterm in ad a p o r um a única concepção
estrutu ral, seja ela o pacto, a com unhão, o reino de D eus ou qualquer
outra, à quai todos os testem unhos, pensam entos e conceitos no NT
sejam forçados a se referir ou a nela se en q u ad rar.
5. Q uando se interroga o N T a respeito de sua teologia, ele
responde, em prim eiro lugar, revelando várias teologias, a saber, as
dos livros individuais ou grupos de escritos, e en tão revelando as
teologias dos vários tem as longitudinais. M as o nom e de nossa disci­
plina, como teologia do NT, não está interessado em ap resentar ou
explicar a variedade de teologias. O conceito prognosticado pelo
nome da disciplina tem um a teologia em vista, a saber, a teologia do
NT.
O objetivo final da teologia do NT é dem o n strar a unidade que
reúne as várias teologias e tem as, conceitos e assuntos longitudinais.
E sta é um a em presa extrem am ente difícil, que contém m uitos
perigos. Se existe u m a realidade divina única p o r detrás da experiên­
cia daqueles que nos deixaram as E scrituras do NT, então parece-nos
que, p o r detrás de toda a variedade e diversidade da reflexão
teológica, existe um a unidade dentro dos escritos do NT. O objetivo
fundam ental de u m a teologia é, então, tirar a unidade o m áxim o
possível de seu esconderijo e torná-la transparente.

168
A tarefa de alcançar este objetivo não deve ser executada p recipita­
dam ente. A tentação constante de encontrar unid ad e num único tem a
ou conceito estrutural deve ser evitada. Aqui pode aparecer um a
certa apreensão, não apenas porque a teologia do NT seria reduzida a
um desenvolvimento de interseção ou de outro tipo de desenvolvi­
mento de um único tem a ou conceito, mas p orque a verdadeira tarefa
perder-se-ia de vista, que é precisam ente não subestim ar ou ignorar
as diversas e variadas teologias e, ao mesm o tem po, apresentar e
articular a unidade que ap arentem ente une, de m odo oculto, os
testem unhos divergentes e m últiplos do NT. Pode-se de fato falar de
um a tal unidade em que os pronunciam entos e testem unhos teológi­
cos divergentes fu ndam entalm ente se relacionam intrinsecam ente
entre si, do ponto de vista teológico, com base na pressuposição de
que provêm da inspiração e canonicidade do NT como E scritura.
Um modo aparentem ente bem -sucedido de lu ta r com a questão da
unidade é tom ar os vários tem as e conceitos longitudinais mais
im portantes e explicar onde e como as diversas teologias se relacio­
nam intrinsecam ente entre si.48 Deste m odo, pode-se ilum inar o
vínculo subjacente da teologia do NT. Na busca de descobrir e
explicar a unidade, devemos nos abster de tran sfo rm ar a teologia de
um livro ou grupo de livros em norm a do que é a teologia do NT.
Vimos que isto tem acontecido freqüentem ente. A lguns eruditos
Iransform aram a teologia de Paulo ou um determ inado aspecto dela
na norm a ou “ cânon dentro do cânon” da fé cristã prim itiva, com
base no que as o utras partes são criticadas. O procedim ento proposto
aqui procura evitar este m étodo. Ele tam bém abre espaço às freqüen­
temente rejeitadas teologias de certos escritos do NT, tais como
Hebreus, Tiago, Judas e outros, p a ra se encontrarem lado a lado com
outras teologias. E las dão suas contribuições especiais à teologia do
NT em igualdade com aquelas m ais reconhecidas, pois são tam bém
expressões das realidades do NT. A questão da unidade im plica
tensão, m as tensão não significa, necessariam ente, contradição.
Parece que onde a unidade conceituai dá a im pressão de ser
impossível, a tensão criativa desse m odo p roduzida revelar-se-á mais
frutífera p a ra a teologia do NT.
6. O teólogo bíblico entende a teologia do NT com o parte de um
conjunto m ais am plo. O nom e “ teologia do Novo T estam ento”
implica contexto m ais am plo da Bíblia, elaborado por ambos os
Testam entos. U m a teologia integral do NT encontra-se num relacio­
nam ento básico com o AT e a teologia do AT. P a ra o teólogo cristão,

48 A . D e issm a n n , “Z ur M eth o d e der b ib lisch en T h e o lo g ie d es N T " , P T N T , p . 78-80,


já h avia sugerid o a a p resen ta çã o da teo lo g ia cristã p rim itiva to ta l co m o tarefa p rin ­
cipal d a te o lo g ia d o N T .

169
o NT tem o c a rá te r da E scritu ra e refletir-se-á constantem ente no que
isto significa particu larm en te em relação ao o u tro T estam ento,
Estas propostas indicam um a abordagem m últipla da teologia do
NT. E sta abordagem p ro cu ra fazer ju stiça aos vários escritos do NT e
tenta evitar u m a explanação dos m últiplos testem unhos através de
um a única estru tu ra, pontos de vista unilineares ou mesmo um a
abordagem com posta de natu reza lim itada. A abordagem que esbo­
çamos acim a tem a vantagem de p erm anecer fiel à rica variedade de
pensam ento do N T, tan to no que diz respeito à sim iiitude quanto no
que se refira à dissim ilaridade, como tam bém ao velho e ao novo, sem
a m enor distorção dos testem unhos históricos originais do texto, em
seu sentido literal, e no contexto bíblico m ais am plo a que pertence o
NT. Perm ite que apareça a unid ad e d entro de toda a diversidade e
m ultiplicidade, sem forçá-la a se a d a p ta r à u niform idade. Não será
um trab alh o sim ples apresen tar u m a teologia do NT baseada nas
linhas aqui traçad as, mas espera-se que este seja um desafio que
alcance a vitória acim a de qualq u er tentação de p ro c u rar um cam inho
mais fácil.

170
Bibliografia Selecionada

(N ota: A seg u in te lista c o n te m , p rim a ria m en te, um a seleçã o das ob ras escritas nos
últim os 100 anns, D e u -se p referên cia , ond e p o ssív el, às obras que rep resen tam vários
pon tos de vista e /o u têm , de u m a form a ou de outra, co n trib u íd o para o debate a tu al.)
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185
índice dos Nomes
de Autores

A eh tem eier, F. J., 47 B raaten, C . E ., 45, 163


A dar, Z ., 166 B raun, D ., 88, 151
A lbertz, M ., 5 5-56 B raun. F .-M ., 52, 155
A lth au s, P ., 88 B raun, H ., 4 5 , 69, 74, 110, 114-116,
A m m an , C. F . von, 20 124, 125. 130
A m slcr, S ., 133 B riggs, K. C .,2 7
A nderson . B. W ., 133 B right, J., 141, 146, 152, 156
A stru c, J ., 18 B rown, C ., 146
A u lén , G . , 45 B rown. R . E ., 51
A uvray, P ., 143 Brow n, S ., 119
B althasar, H. U . von, 122 • B ruce, F. F .. 65, 144, 145, 156
B aier, J .-W ., 16 B üchsel. F ., 31, 52
B a m e s, W . E ., 45 B ultm ann, R ., 10, 27, 32, 33, 37, 42 , 45,
B a m ik a l, E ., 26 4 8 , 55. 5 6 , 60, 6 5 -76, 77, 79, 81, 83,
Barr, J., 15, 5 7 , 88, 92, 106, 112. 129, 8 7 ,8 8 , 9 3 . 103, 105. 113-115, 118,
136, 142, 148, 1 5 6 ,1 6 3 119. 124, 125, 135-137, 138, 141, 145,
B arth, K ., 4 4 , 69, 129 162
B arth, M ., 72, 113 Buri. F ., 70. 88
B artsch. H .-W ., 4 5 , 67. 70 B urkhardt, H ., 129
B auer, G . L ., 13. 15, 20, 21, 26, 27, 37, Burrows, M .. 65. 133, 155
63, 82, 8 7 , 133 B ü sch in g , A . F ., 18
B au m an n , R ., 121 C ajetan, 14
B au m gãrtel, F ., 136, 141, 147 C alovius, A ., 16
B aum gartel-C rusius, L. F. O .. 28 C am p en h au sen , H. von, 122. 129
B aum gartner, S. J., 17 C arlston. C. E .. 45
Baur, F. C ., 15, 24, 26, 30. 32, 33, 37, C a z d le s. H ., 143
3 9 , 4 2 ,5 5 . 69 Cerfau.x, L ., 50
B eck, J. T ., 31 C hilds, B. S . . 57, 106, 107. 150, 155, 166
B eilner, W ., 123 C hristm ann , W . J., 16
B eisser, F ., 18, 159, 161 C hub b, T ., 17
B en oit, P. 133 C lem ons. J . T . . 88
B en son . E. J ., 17 C obb. J. B ., 46. 47, 68, 72
B etz, O ., 13, 87 C ülln, D . G. C. von, 20, 26
B eysehlag. W ., 30, 52 G in zc h iia m i, H .. 9. 10. 45. 46, 47, 59.
Blac-kman, E. C ., 134 97 -8 1 . 83. 87. 88, 103, 105, 106, 119
B len k in sop p , J ., 6 5 , 133 C n p crn ito , N .. 25
Bociin. J., 23 C nnlcro, M . G . , 9, 52
B onsirven, J ., 51 C ourlh. F ., 15. 121
B orn kam m , G ., 4 5 , 47, 66, 69 C ox. C. i:., 71
B ousset. W ., 33, 42, 5 6 , 69 C iaií;, C. T ., 44
B outtier, M ., 88 C tanicr, D . I... 2N

187
C ullm ann, O ., 53, 56, 83, 88, 9 3 , 100, G o u ld .E . P . , 3 1 , 5 2
116, 124, 125, 129, 132, 154 G rant, F. C ., 53, 116. 121
D ah l, N . A .. 68 G rant. R . M ., 23, 129, 134
D avies, W , D ., 98 G rech, P ., 5 2 , 111
D e issm a n n , A ., 22, 37, 5 6 , 62, 82, 169 G relot, P ., 133
D e ü tz sc h , F ., 135, 141 G riesb ach , J. J., 18
D e n ta n , R . C ., 16, 18, 19, 2 0 , 25, 43 G robel, K ., 145
D e sc a m p s, A ., 52 G roh, D . E ., 129
D esca rtes, R ., 23 G r o si, H ., 134
D eu tsch m a n n , J., 17 G u illet, J ., 121, 146
D ib e liu s, M ., 38, 45 G undry, R. H ., 145. 155
D iem , H ., 70, 127, 131, 132, 153 G u n n ew eg , H . H ., 133, 137
D iest, H . A ,, 16 G ü ttg e m a n n s, E ., 4 5 , 8 8 , 77 , 79 , 81
D oty, W . G . , 4 7 , 4 8 , 72 H aacker. K ., 110, 111, 122
D u íles, A ,. 108, 159 H aag, H ., 155
D u n gan , D . L.., 129 H alin , F ., 14, 18, 133, 161
E b elin g, C ., 14, 16, 1 7 ,4 7 , 69, 115, 132, H ahn , G . L ., 29, 30
134, 162 H arnack. A . von, 32, 56 , 134, 141
E s s , G . .3 5 H arou tu n ian , 1. 176
E id ih o lz , G ., 167 H an-ington , W ., 1 3 ,3 3 , 3 6 , 5 0 , 5 2 , 5 4 ,
E ichhorn, í . G ., 18, 21 56, 58, 65. 77, 78, 79, 84. 88. 144, 155
E ichrodt, W ., 34, 9 2 , 120, 143, 147, H arrisville, R. A ., 45
1 4 8 ,1 5 3 H arvey, J., 108
E issfeld, O ., 34 H arvey, V . A ., 45, 162
E llis, E. E ., 8 1 , 145, 147 H ascI, G . F ., !0 , 15, 16, 18, 22, 92, 120,
E lhvcin. H,, 70 166
E rnesti, J. A ., 19 H aufe, G ., 65
E vans, C. F ., 118 H ayes. J. A ., 56
Fairbairn, P ., 147 H aym an n, C .. 17
F asclier, E ., 56 H eid eg g er, M ., 4 6 , 4 7 , 66, 72, 79
F ein c. P ., 3 0 , 31. 52 H enge), M ., 18, 81, 122
Fcnsharn. F . C ., 120, 134, 146 H en n in g , G ., 14
F ilson . F. V ., 143, 144, 152, 155, 164 H enry, C . F . H . , 9 5
Fiseher, A ., 16 H esse, F ., 9 2 , 133, 137, 141, 145, 154
F il/m y e r, J. A ., 52. 145 H iggin s, A . J. B ., 143
F lender, H ., 119 H ill. D ., (4 6 , 156
Fohrer. G ., 92. 121. 154 H illers, D . R ., 120
France. R. T .. 144, 155, 156 H illm an, W ., 52
Frank , 1., 129 H irsch, E ., 135, 141
Franklin. E ., 119 H odgsun, P. C ., 26
Frey, H .. 18 H ofm an n , J .C . K ., 31, 3 2 ,5 6
Fries, J. F ., 25 H nll, K ., 1 4 ,4 2
Frühlich. K .. 88, 110 H o ltzm a n n , H . I ., 3 7 , 39
Frõr, K ,, 153 H ooykaas, R ., 22
Fryc, R, M ., 18 H ornin g, G ., 19
F u d is , E ., 4 5 , 4 7 , 6 9 , 88 H üb ner, J ., 22
Fnller, R. H ., 4 5 . 69 H u fn a g el, W . F ., 20
F nnk, R. W ., 35, 47, 74. 162 H iilsem a n n , J ., 16
G ahler, .1. P., 20, 21. 22, 26, 37, 38, 58, H ultgren , A . J., 119
6 2 .6 3 . 111 H um m el, H. D ., 147
G adam er. H . G ., 44 H unter, A . M ., 54, 110
G alilei, G a lile o , 22 H yatt, J. P ., 60
G usqu e, W . W ., 98 Iber, G ., 45
G eiger, W ., 26 Jasper. F. N ., 144
G ese, H ., 49, (3 3 , 166 Jaspers. K ., 70, 71
G la il. O ., 16 Jepsen , A ., 154
G ogarten , F ., 66. 70 Jerem ias, .1. 9, 1 1 ,5 5 , 70 , 75. 8 3 ,8 7 ,
G opp oll. L., 9. 13. 28. 31. 32. 33. 36. 129, 167
4 2 . 43, 49, 56, 7 4 , 75, 83, 87. 100-104, Jervell, J ., 119
116. 142, 147 Joest, W ., 126, 129

188
K aflan , J., 42 L ossius, M . F. A ., 28
Kãhler, M ., 44, 47, 105 L ucas, R ., 147
Kaiser, G . P. C ., 25, 28 L ührm ann. D ., 45
K aiser, W . C .. 121 Lutero. M ., 14, 15, 129
K alin, E ., 129 Luz, U .. 110, 126
K ant, I ., 20, 25 M a cK en zie, R . A. F ., 108
Karpp, H ., 22 M acquarrie, J ., 46, 66
K àsem an n , E ., 10. 15, 4 7 , 4 9 , 69, 74, M aier, G ., 17, 129, 132, 161
75, 79, 80, 83, 103, 110, 112, 115, M arle, R ., 66
120. 1 2 5 ,1 2 6 , 129, 1 3 0 ,1 3 1 M arshall, L H ., 119
K ayscr, A ., 36 M arxsen, W ., 18, 129
K eck, L. E ., 4 5 , 61 M athers, D ., 180
K ee, H . C. 47 M auser, U ., 141
Kelsey, D . H ., 9 9 , 107 M cC arthy, D . J., 120, 166
K epler, J. , 22 M cK enz.ie, J. L., 145, 151, 156
K inder, E .. 4 5 , 70 M cK night, E. V ., 56
K lassen, W ., 16 M ein ert/, M ., 50, 152
K lein, G ., 47, 88, 92, 121 M en k en , G ., 31
K nox, J.. 134 M erk, O ., 13, IS, 20. 22, 25, 26, 27, 28,
K nu dsen , R. E ., 5 4 , 94 29, 33. 4 6 , 5 3 , 5 6 , 60, 65, 69, 82, 83 ,
K ohls. E . W ., 14 8 7 ,9 3 , 111
K om er. J., 88 M cssner, H ., 29, 30
K õester, H . , 4 5 , 8 7 , 105, 103 M ieh aelis, J. D ., 17, 55
K raeling, E. G . . 179 M ichaelis, W ., 55
K raus, H .-J ., 13, 16, 17, 19. 20. 23, 24, M ildenb crger, F ., 132, 154, 164
2 5 ,2 8 , 30, 31. 32, 36, 38, 40. 41, 56, 88, M isk ottc, K. H ., 139-141
114, 119, 133, 135, 151, 153, 155, 160, M oore, A. L ., 122
164, 166 M organ, R. L ., 10, 15, 33, 36, 37. 38.
K reck, W ., 118 39, S 8 .6 2 , 129
K rente. E ., 18, 22, 24, 161, 162, 163 M unck, J., 159
Krüger, G ., 40 M urphy, R. E .. 5 2 , 133, 142, 148. 149
K üm m el, A ., 15, 110 M ussner, F ., 110. 123, 126. 127, 134
K üm m el, W . G ., 9, 11, 14, 17, 19, 20. N eander, A ., 29. 30
22, 24, 27, 30, 32, 38, 40, 43. 5 3 , 55, N eil, W ., 133
7 5 , 7 7 , 8 0 , 8 1 , 8 3 , 119, 122, 124, 129 N eill, S ., 9, 11. 69. 75, 40, 84
K üng, H ., 77, 81, 129-131, 132
N ew port. J., 181
K ün neth, W ., 45, 70, 110, 121
N icol, 1, G ., 88, 90
K uske, M ., 144
N icole. R ., 145
K uss, O ., 13, 50
N ik o la in en , A. T . , 9, 110
K utsch, F.., 120
N itschke, A ., 18
K w iran, M ., 121
N orth, C. R ., 44
Ladd, G . E ., 9 , 18, 45, 5 6 , 5 7 , 8 8 , 9 3 -9 9 ,
O b erm a n , H ., 14
1 0 5 ,1 1 0 , 116, 122, 160, 163
0 'D o h e r ty , E ., 133
L am pe, G . W . H ., 129, 156
Larig, F ., 133, 144 O gden, S. M ., 45, 70, 71
Langford, J, J., 22 O h lín g, K r-H ., 129
L archer, C ., 133 O ssw ald , E ., 163
O tt, H ., 45
L eh m ann , C . R -, 9 , 5 6 , 94
L eh m ann , K ., 18, 94 O verbeck, F ., 43, 79
Leith, J. H ., 161 P an n en b erg, W ., 18. 35, 136, 137, 138,
L em onnyer, A ., 50 1 4 8 ,1 6 1
L essing, G . E . , 18, 20 Perrin, N ., 9, 10, 4 8 , 69, 70, 71, 75-76,
L ipensius, M ., 16 78, 87, 106
L oeke, J ., 17 P eters, T . , 161
L ohfink, N ., 133 P iep en bring, C ., 36
L o h s e .E .,9 , 1 1 , 5 5 . 8 1 , 8 2 , 110, 112, Piper, O . A ., 105
1 1 4 , 1 1 5 ,1 2 2 , 1 2 4 ,1 2 5 , 1 2 7 P ôh lm an n , W ., 15
L ongeneck er, R ., 145 Prenter, R ., 45
L õnning, 1., 110, 112, 129, 130 Preuss, H . D ., 133
Loretz, O ., 22, 120 R ad, G . v on, 4 9 . 90, 9 1 , 100, 137, 143,

189
147, 148. 149. ISO, 153. 154, 15S, 7 1 , 8 4 . 8 8 . 9 2 . 9 6 , 107, 108, 165
IM . Ih2, 163. 164. 166 Stevens, G . B . , 31. 52, 94 , 99
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R idd erhos. H. N ., 81. 98, 167 S lrecker. G ., 10. 13, 1 5 , 2 0 . 2 5 . 3 8 , 4 7
R iesen fcíd . H ., 110. 122. 123 S tu h lm a ch er. P .. 15. 18. 22, 49, 50, 65.
R igaux. B ., 27 77. 103, 125, 1 3 4 .1 6 1 .1 6 2
R itschl. A . , 39 S im dherg. A. C ., 129
R nherlson. P.. 121, 155 Surburg. R ., 18
Ho>ijnslin . J. M .. 10. 13, 44, 45. 46, 48, T albert. C. H ., 119
50, n«. 69. 72. 74. 75. 77. 80. 93. 103, T a lm o n , S ., 166
1 0 6 .1 4 9 . 158 T avior, V .. 59
Rolnff. J., 100 T h ieliek e, H ., 70
Rowlev. H. H .. 143, 151 T indal, M .. 17
Rnler, A. A . van. 133. 138 139. 141 T oland, J,, 17
Sanders, J., 134 T ro eltsch . E .. 24, 26, 39, 43, 105, 162,
Schelklc. K. H ., 9. 5 2 . 62, 6 5 , 122, 123 164
Sh em p p . P ., 14 T urrctini, J. A ., 17, 23. 24
S ch en k el, D ., 15 V adian , J.. 23
Schlatter, A ., 33 -3 6 , 4 3 . 56. 66. 103 V alia. L .. 14
Shlier. H . 52. 53. 73, 78. 79, 122, V aw ter, B ., 52
131, 166 V aux, R . D .. 6 0 . 108, 155
S c h l i n g e n s i e p e n , H ., 14 V erhoef, P. A ., 133, 145, 147, 151, 152
S c h m i t i , C. F . , 29 , 3 0 V ielhauer, P ., 47
S c h m i d t , K . L ., 45 V isch er, W ., 140, 141
S c h m i d t . L.. 137 V ogtlc, A . , 52, 122
S c h m i d t , S . , 16 V os, G .. 133
S c h m i t h a l s , W .. 4 7 , 72 V riezen, T . C ., 60, 139. 140, 151
S c h n a c k e n b u r g . R .. 13. 5 2 , 5 6 , 1 10 W allace, D ., 163
S c h n i e w i n d , J., 6 9 , 7 0 W arn aeh . V ., 120
S c h o l d e r , K . , 17 , 2 2 , 23 W eid n er, J. C ., 17, 31, 52
S c h r a g e , W ., 15, 1 1 0 , 12 2 , 1 2 6 . 130, 131 W ein cl, H ., 43, 50
S c h r e i n e r , J . . 18 W cism an n , E ., 16
Schubcrt, K ,, 45. 70. 88 W eiss, B ., 30, 39, 5 2, 55
S c h u l z , S . . 147 W ciss, H ., 45
S c h w ar zw H ll er . K . . 1.33 W eiss. M ., 166
S ch w e i/ .e r. A . , 27 , ,37, 8 1 . 10 3, 131 W eizsãcker, C. F. von, 22
S e l n v e i t / e r , E . , 125 W en h a m , J.. 144
S e e b a s s , H ., 1 2 1 . 14 3 W esterm a n n , C ., 133, 136, 137
S e m l e r , J. S . , 17. 18, 2 0 , 24 W ette, W . M . L. de, 25 , 26, 28
S id el , S . , 144 W heelw right, P ., 76
S i e g w a l t . G ., 141 W ilck en s, U ., 17, 24
S m a r t , J. D . . 13 3 . 141 W illia m s, C . S. C ., 129
S m e n r i, R ., 2 0 , 4 4 , 2 5 , 5 8 , 1 1 0 W ilso n , S. G ., 119
S p c n e r , P. J., 16. 17 W ink , W ., 161
S p i c q . C . , 5 2 , 1 08, 154, 155 W itter, J. B ., 18
Spinoz.a, B . d e , 23 W olff, H . W ., 143, 148, 153, 158
S t a c h c l , G ., 4 7 W ood. H . G ., 158
Stagg, F., 54, 94, W o o lc o m b e , I. J., 147
Staiger, E ., 166 W rede, W ., 10, 15, 33. 34, 39 , 43 , 46.
S tam m . J. J., 139 58, 62, 6 3 , 69, 103, 105, 106
S tanley, D . M ., 52 W right, G . E . , 9 5 , 142, 158
S taufíer, E ., 45. 5 2 , 53, 118 Z achariã, G . T ., 19, 20
Stock, K. G ., 31. 88, 9 2 , 118, 119 Z ahn, T . , 3 2 , 3 3 , 56
S tein , K. W .. 26 Z eller, J. H ., 17
Stek, J. A ., 147 Z im m erli, W ., 4 9 ,1 .3 6 , 141, 149, 151
S len d ah l, K ., 15, 2 5 , 4 6 , 53, 60, 61, 63, Zy!, A. H . van, 144

190
índice dos Assuntos
A dão, segu n d o , 73 cristan dade, 38
an a b a lista s, 15-16 prim itiva, 41, 43, 50. 51, 5 3 , 59, 78
an acron ism o , 91 grega, 4 2 , 59, 6 8 .7 7 . 103
analogia, princip io dc, 39, 87, 105 cristianism o, 38, 40
a n trop ocen trism o , 74, 161 Cristo, 21, 38, 5 0 , 69, 75
a n trop ologia, 62, 7 1-73, 79, 113, 116, cristocêntrico, 5 3 , 64, 121. 127. 128
1 2 5 ,1 2 8 cristo lo g ia . 37. 4 3 , 74. 85, 97, 103, 114,
a p ocalíp tico . 76 1 1 5 .1 2 1 -1 2 6
arq u eologia, 165 c iisto m o n ism o , 135, 142
arrep en d im en to , 72 critica, 39, 51. 67, 72, 100. 105
arte. 113 bíblica. 51, 52; \e.ja tam bém
ascen são, 70, 102 m étod o h istó rico -crítico.
ateísm o. 33 cte red ação. 78. 119
a to (s), 95 do câ n o n . 128. 130, 132
aulocom p reetisã o , 46, 68, 72, 79, 100, do c o n teú d o , 72. 80. 111. 112, 113,
101, 1 1 3 ,1 1 5 131
au to-in terp retação, 32, 39, 153 h istórica. 39. 44. 55. 161
autoria, 36 literária. 18, 138
au torid ad e, 21, 23, 106, 111, 112. 132 c ru /, 126
bib lieism o, 36 culto, 42
b r u ta f u c l a , 90 c u m p rim en to . 32, 92, 100. 136, 139,
cânon, 13, 19, 30, 32, 37, 38, 39, 41. 53, 149. 151, 156
63, 106, 117, 123, 128-132, 134, 153. d eísm o, 29
169 dem itização, 45, 46, 55, 66-67, 70, 75,
“ cânon dentro do câ n o n " , 15, 112, 115, 9 3 .1 0 6
117, 123, 125, 128-132 d esco n tin u id a d e, 134, 138, 139. 141, 153
ca to lic ism o , 27 desquerium ati/.açâo, 70
centro. 11, 26, 49, 71, 86, 92, 9 8 , D eus, 38" 70, 71, 79, 95, 103, 108, 121
110-132, 167 hip ótese de. 9 1 , 105
ceticism o . 139 deuses m ito ló g ico s. 42
ciên cia, 22, 113 D ia do Senh or, 152
círcu lo fech a d o , 3 5 , 105, 162 d isparidad e, 112, 114, 116
co m p reen sã o , 24, 6 6 , 161-162, 165 d íssim ilarid ad e, 87. 153, 170
co n ceito s, 41 diversidade, 29, 35, 38. 54, 112, 113,
' co n ceito s-d e-d o u trin a . 27, 28, 30, 37, 114, 116, 124, 170
38, 39, 55 do g m a tísm o , 13, 16, 18, 24, 26, 28, 29.
co n h ecim en to , 70, 7 1 , 73, 114 3 0 , 3 9 , 4 1 , 5 1 , 104
con sciên cia. 38 doutrina, 2 1 ,2 8 , 3 1 ,3 9 , 4 1 ,4 8 . 72
con servatism o, 30 efeito, 35
co n tin u id a d e, 69, 100, 134, 137, 142-157 e leiçã o , 146
con trad ição, 23, 7 4 , 112, 169 en ca rn a çã o , 7 0 ,7 9 , 137
conversão, 72, 102 esca to lo g ia , 31, 37, 46, 51, 73, 74, 89,
correlação, 39, 43, 64. 100, 105 9 3 ,9 7 , 114, 119, 138, 146, 147,
cosm ologia, 67 151-152
cosm ovisão, 33 co n sisten te, 45

191
fu turista. 152 p reg a çã o de, 41. 71, 81, 85, 93
E scola b u ltm a n tiu n a , 4 6 -5 0 . 65-80 p ro cla m a çã o dc, 10, 59, 80, 81, 87,
E scola de T ü b in g en , 26, 2 9 , 39 114
esp erança, 40, 119. 136 q u erigm a de. 69
E spírito S an to, 32, 4 4 , 98, 114 religião de, 42
é tic a (s). 37, 42 teo lo g ia d e, 69
evangelho, 38. 67. 119, 130, 137, 139, João B atista, 32, 5 0, 85 , 97 , 100. 102
145 ju daísm o, 25-26, 28, 35. 43. 5 3 , 85 , 98,
e v c n t o ( s ) , 71, 73. 8 9 , 91, 93, 95 102
e x a l t a ç ã o , 73, 86 ju ízo , 72, 146
e x e g e s e , 19, 30, 112, 145 ju stiça , 38, 103, 146
e x i s t ê n c i a , 6 6 , 71, 73 ju stific a çã o , 125-128
e x i s t e n c i a l i s m o , 4 6 , 4 7 , 6 6 , 7 6 , 79, 83 K e rig m u U i, 79, 91
existencialista lei, 37, 74. 114, 137. 139
abordagem , 65 , 68, 84, 89 lenda, 91
interpretação, 6 6 -6 8 , 70, 72, 80, 106, lib era lism o , 35, 36, 4 4 , 57
1 1 4 ,1 3 6 lib erd ad e, 72
expia vão, 70 lo g ia , 84
Fé, 23, 25. 34. 35, 4 0 , 41, 42, 4 7 , 49, 51, luteranism o, 49
5 9 ,6 4 .6 8 ,7 1 .7 2 ,7 8 .9 1 ,9 3 . 104, m areion ism o, 141
105, 114, 116, 122, 1 4 6 ,1 6 5 m essian ism o, 102
Filho do H o m em , 102, 123 m éto d o , m eto d o lo g ia , 11, 19, 29, 60, 62,
filosofia, 21, 23, 25. 4 3 , 4 6 . 48, 68, 73, 104
76, 109. 159 a teístico , 33
form a, 24 a to m ístico , 37
crítica da, 45. 5 5 -5 6 , 69 b íb lico -ex eg ético , 19
gn osticism o . 89, 134 com p a ra tiv o , 84
graça, 56 co n fessio n a l, 60
hebraísm o. 25-26 da história das religiões. 11, 25, 36,
h egclian ism o , 27. 28, 37, 42 39, 40, 4 1 , 42, 43, 55, 63, 67, 100,
h cirieggerianism o, 66 153, 166
hclcnixm o, 4 3 , 102 de c o n ceito -d e-d o u trin a , 38
h e r m e n ê u tic a ís). 14. 1 9 , 4 8 ,4 9 . 7 6 de in terseçã o , 3 2 , 38, 97 , 120, 169
H istória, 31, 32. 35. 41, 66. 70, 73, 74, descritivo, 21, 25, 30 , 60, 63, 96
89, 91. 94, 105, 161, 162 d e (e x to -p r o v a , 32
história da salvação, 25. 31-33. 43, 50 h istó rico -g ra m a tical, 25, 28 , 30
história da tradição, 78, 91, 100 g e n é tic o , 53
historieism o , 4 4-74 h istórico, 41, 43, 45
h om em , 37, 38, 159 histórico-crítico, 17, 20, 21, 26, 29,
hu m an ism o , 74, 115 3 9 ,4 0 , 55-66, 6 7 ,9 1 , 100, 105, 112,
Ilu m in ism o . 17, 22, 55 114, 160-163
in con sciên cia , 42 histó rico -d escritiv o, 51, 54, 5 7 , 60, 84,
in sp iração , 18-19. 2 4 -2 5 , 31, 39, 44, 169 93, 9 6 ,1 0 6
interpretação, 24, 30. 34. 36, 4 2 , 4 4 , 4 6 . tem á tico , 50, 5 1 -5 2 , 5 9 -6 6 , 104, 169
49. 54. 63. 66, 69. 7 ), 73. 74. 85. 90, m isticism o , 37, 7 4 , 103, 115
93, 97. 107, 197, 154. 164 m ito. 46, 55, 6 7 , 76, 89, 136
b ib lico-teo ló g ica , 153-155 m ito lo g ia , 4 5 , 4 6 , 5 5 , 6 7 , 86
p ó s-crítica , 4 4-45 m od ernism o, m od ern ista, 36
ip sissim a verb a , 41, 97 m oral, 23, 51
ipsixsim a v o x J e s u , 85 m o tiv o (s), 61, 104
Jesus, 21, 4 2 -4 3 , 50, 5 9 , 82, 9 7 , 101, M ovim ento T eu ló g ico B íblico, 57
1 0 5 .1 2 3 .$> m u ltip licid a d e, 142
au to-en ten d im en to de, 102 m u ndo, 68, 79
de fé, 47 n eo -o rto d o x ia , 44
doutrina de, 26, 27, 28, 29, 30 neutro, n eu tra lid a d e, 34
h istórico, 47, 6 9 -7 1 , 75, 77, 82, 87, norm a, n orm ativo, 107
1 0 1 .1 2 3 nova herm en êu tica, 4 8 , 74
m ensagem de, 10, 28, 5 0 , 60, 68-69, objeto, 40
77, 87, 104-124, 167 objetividade, 34, 4 3 , 61, 79, 108, 112,
pessoa de, 5 0 , 124 165

142
ortod oxia. 35, 70 te m a (s). 61. 65, 104
p rotestan te, 16 tem po, 88
racional, 23 teocracia, 26, 139
pacto, 63, 120. 146, 168 íeologia. 41. 42. 51
parou sia, 122 bib lica, 13, 14. 15, 18-21, 29 31. 40.
P au lo, ver teologia de P au lo, 49, 57, 65. 169
pecado, 68 de Jesus, 1 0 .4 1 ,5 0 , 5 3 , 5 4 . 8 ) . 102.
P en tateu co, 23 167
p ietism o, 16-17, 18, 49 de João, 41. í 3 , 5 4 , 64, 68. 71. 73, 75,
p lato n ism o , 93 9 7 ,9 9 . 102. 103. 113-117. 167-168
política, 139 de L ucas-A tos, 10.3, 167
pós b u ltm a n n ia n o (s). 47 -4 9 , 66, 69-81, de P au lo. 10, 41, 51, 53. 54. 64, 68,
115 7 1 -7 3 . 75. 77, 81, 98. 113-117
p ositivism o, 80 de Pedro, 54, 'W. 103. l<r-lt>8
p redição, 32; ver tam bém prom essa, d ialética. 4 3 -4 7 . 66
p reen ten d im en to, 73. 130 do AT. 10, 11. 65, 169
p ressu p osição, 10, 35, 43, 46, 48, 60, 66, do conceito b íb lico , 99
69, 70, 75, 7 8 ,8 3 , 101, 104. 105, 111, d o g m á tica . 16. 25. 64
127. 136. 161, 162 do cristianism o (p rim itivo). 50-51. 102
p roclam ação, 10, 96 dos S in ó p tico s, 5 3 . 64, 73, 97-98. 102.
p rom essa, 92. 100 167
p rotestan tism o , 36 filosófica. 20. 48
p siq u e, 42 histórico-crítica, 24
qu erigm a, 4 7 , 59. 62. 67. 77, 78, 87, 9 1 , liberal. 4 4 , 57, 70
92 , 101, 113, 116, 123 sistem á tica , 17. 9 6 , 99
q u estão d o Jesus histórico, 47, 6 9-70 teologia, N T .
r acion alism o, 17. 18, 22, 25. 34 ca n ô n ica , 34, 37. 63. Ui6
razão, 17, 22, 23. 111 co n ceito s de dou trina de, 37. 38
realid ad e, 33, 35, 82. 108, 162 co n fessio n a l. 60
realism o bíb lico, 99 conservadora, 31
recitação, 96 história d a (s) r elig iã o (ões). 36. 40. 41,
reconstrução, 42, 4 6 , 54. 64, 6 6 -6 8 , 75. 48
79. 83, 87, 101. 106, 164 histói ico -m o d ern a , 55, 81
red en ção, 37, 4 2 ,1 3 8 nom e da. 40
R eform a. 13 h istórico-p ositiva. 28. 37-38, 83
reino de D eu s, 102 p o situ a -m o d e r n a . 29. 30, 50, 52
reinterpretação. 46. 59, 90, 95 pu ram en te histórica, 26-27. 28, 31,
relatividad e. 71. 80. 111 33, 34, 38, 43, 5 0 , 63. 65
religião, 24, 39, 41 h isló rico -tco ló g iea . 158-170
rem an escen te, 85. 146 tex to v p ro v a , 20. 31, 32
ressurreição, 59. 73. 78, 86, 9 5 , 98, 102, tip ologia. 147-149, 156
114, 122-123 T ora, 114
revelação, 17. 23, 32, 35. 37, 4 4 , 5 0 , 63. totalid ad e. 112
69. 72. 73, 91, 94. 111. 116. 160 tradição, 14, 36, 49, 91, 150. 165
S u ch k rilik , 7 2 , 111 crítica da. 42, 49
sa er a m e n to (s), 4 2 . 74, 114 h is to r ia d a , 78, 9 1 , 100
saga, 91 tradução, lradii7Índo. 93, 96, 107
salvação. 38, 74. 116 tran scen d ên cia, 35, 49, 71. 163
história da, 3 1 -3 4 , 43, 4 9 -5 0 , 53, 56, T rin d a d e. 142
87-88, 116-120, 151 un idade. 15. 2ó. 29, 35, 38. 50. 5 3 , 54.
sen tim en to, 25 5 7 ,6 2 . 64, 7ti, 82. 98, 99, 102,
sim b olism o, 76 110-127, 156, 168, 170
sin óp ticos, 22, 27, 69, 73, 78, 85. 97. u n ifo rm id a d e, 38, 111, 156, 170
114. 167 verdade, 23, 4 0 , 51
sistem as de dou trina, 17 vida, 64
solu S c r ip iu r a , 14, 126 visão do m u n d o, 4 3 , 49. 5 6 , 67
soteriologia, 62, 72, 74. 114, 115. 128 W elt an sc h au u n g , 33. 163
subjetividade, 6 1 .1 0 4 , 112, 115, 1 3 0 ,1 3 2 Z e itg e is t, 4 3 , 56
supernatural (ism o ), 17, 25, 105. 162

193
“ Como introdução à teologia do Novo T estam ento, este livro não
tem ig u a l.”
George E ldon Ladd
Fuller Theological Sem inary

Gerhard F. H asel

Questões Fundamentais no Debate Atual


Os últim os anos têm testem u n h ad o u m a grande q u an tiaa d e de
m aterial sobre a teologia do Novo T estam ento. M uitos teólogos,
incapazes de concordar q u an tc,à natu reza, função, m étodo e escopo
da disciplina, têm o ferecidosuas próp rias interpretações do assunto.
Infelizm ente, esta variedade crescente de abordagem resultou em
conflito e confusão entre os eruditos e os alunos.
G e rh a rd H asel se d ir g e a esta situação com u m a discussão
profunda das questões básicas do debate. Com eça com tim a análise
abrangente d a aparição e do desenvolvimento da teologia do Novo
T estam ento d u ran te os últim os dois séculos. A p a rtir desse exame,
discerne as várias questões que* culm inaram no a tu a l estado crítico
desta área de estudo. O Prof. H asel avalia as questões com relação à
m etodologia, à unidade do Novo T estam ento e ao relacionam ento
entre o Novo e o A ntigo T estam entos. E n cerra o presente livro com
algum as propostas básicas p a ra se fazer teologia a p a rtir de um
m étodo histórico e teológico que pro cu ra ser fiel ao -p n terial bíblico.

G ER H A R D F . H A SEL é professor de A ntigo T estam ento e


Teologia Bíblica na A ndrew s University. E ste livro é o com plem ento
de seu volum e anterior- Teologia do Antigo Testamento: Questões
Fundamentais no Debate Atual.

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