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Armagedom 1

ARMAGEDOM
Hans K. LaRondelle

Hans K. LaRondelle, TH.D.


CURSO DE EXTENSÃO ANDREWS
IPAE – 1976
Armagedom 2

ÍNDICE

Prefácio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
Esboço: CINCO PRINCÍPIOS DE HERMENÊUTICA DAS ESCRITURAS
DOS ADVENTISTAS DO SÉTIMO DIA . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

CAPÍTULO 1 : PRIMEIRO PRINCÍPIO DE HERMENÊUTICA . . . 13


CAPÍTULO 2 : SEGUNDO PRINCÍPIO DE HERMENÊUTICA . . . . 18
CAPÍTULO 3 : TERCEIRO PRINCÍPIO DE HERMENÊUTICA . . . . 32
CAPÍTULO 4 : QUARTO PRINCÍPIO DE HERMENÊUTICA . . . . 56
CAPÍTULO 5 : QUINTO PRINCÍPIO DE HERMENÊUTICA . . . . . 69
CAPÍTULO 6 : TEXTOS DE DIFÍCIL INTERPRETAÇÃO
(Rom. 11:25 e 26; Mat. 23:39; Luc. 21:34) . . . . . . 73
CAPÍTULO 7 : OBJETIVO DA ESCATOLOGIA ADVENTISTA . . . 80
CAPÍTULO 8 : A IDENTIDADE BÁSICA DA GUERRA
APOCALÍPTICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
CAPÍTULO 9 : DOIS PARTIDOS – ISRAEL E OS PAGÃOS . . . . . . 86
CAPÍTULO 10: O VALE DE JOSAFÁ E O ARMAGEDOM . . . . . 95
CAPÍTULO 11: AS SETE ÚLTIMAS PRAGAS . . . . . . . . . . . . . 112
CAPÍTULO 12: INTERPRETAÇÃO CRISTOCÊNTRICA DAS
6ª E 7ª PRAGAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129
APÊNDICE: OBSERVAÇÕES SOBRE URIAS SMITH . . . . . . . 145
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PREFÁCIO

Os benefícios e conhecimentos que obtivemos no Curso de Extensão do


Seminário da Universidade de Andrews, realizado em Fevereiro, 1976, no Instituto
Petropolitano Adventista de Ensino, não podem ficar limitados somente a nós que
tivemos o grande privilégio de nos tornarmos discípulos, durante 15 dias, do eminente
e fecundo professor Hans K. LaRondelle que com muita maestria e facilidade de
expressão descortinou os horizontes da linda matéria denominada "Escatologia
Bíblica".
Através desse estudo apurado e meticuloso das profecias de Isaías, Jeremias,
Ezequiel, Daniel e Joel, pudemos compreender o seu cumprimento no Novo
Testamento, especialmente no livro do Apocalipse.
A matéria contida nesta apostila, referente a "Escatologia Bíblica", foi colhido
durante as aulas do ilustre e preclaro Professor Hans K. LaRondelle, num esforço
monumental dos Pastores Samuel Rodrigues e Alcides Cruz, que gravaram, para não
perder uma só palavra daquilo que foi ministrado. É um material muito precioso e
utilíssimo, tanto para pastores como também para leigos, especialmente para o tempo
em que as Profecias indicam o fim de todas as coisas e o retorno de nosso Senhor
Jesus Cristo à Terra.
Portanto, como um dos alunos do Professor LaRondelle no referido curso e como
Secretário do Departamento Ministerial e de Evangelismo Público da Associação
Paulista da Igreja Adventista do Sétimo Dia, recomendo a todos os colegas e irmãos
em Cristo esta obra de valor inestimável.

Pastor Alcides Campolongo.


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CINCO PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO DAS ESCRITURAS


DOS ADVENTISTAS DO SÉTIMO DIA

1. A Bíblia, como um todo orgânico em Cristo Jesus, é o seu próprio intérprete.


S. João 5:39; Heb. 1:1,2; I Ped. 1:10-12; II Tim. 3:15-16; II Cor. 1:20; 3:14-16;
II Ped. 1:19-21.
Conselhos aos Professores, p. 391; Educação, p. 190; Parábolas de Jesus, p.
127-128; Veja L. Froom, Movement of Destiny, cap. 5.

2. O Novo Testamento ensina o cumprimento Cristológico-eclesiológico das


profecias do Reino no Velho Testamento em duas fases, centralizadas nos dois
adventos de Cristo.
Mat. 12:6, 28, 32; 13:37-43; 28:20; Heb. 1:2; 9:26-28; Atos 2:16-17, 33; 3:21; I
Cor. 10:1-11; 15:50; I Ped. 1:20; II Ped. 3:13.

3. As muitas promessas do concerto à casa de Israel e à casa de Judá no Velho


Testamento tiveram um cumprimento inicial depois do exílio assírio-babilônico,
estão tendo um cumprimento presente no ajuntamento de judeus e gentios crentes
na igreja de Cristo e terão seu cumprimento futuro na reunião universal de todos
os judeus e gentios crentes de todos os cantos da Terra para a visível Volta de
Cristo dos céus e para o reino da glória.
Deut. 30:1-10; Isa. 11:11-16; 43:5-7; 49:10-13; Ezeq. 36:24; 34:21-24; 34:11-
23; Osé. 1:10-11; 1:12; Amós 9:11-12.
A: Esdras 1 e 7. PR, 703-704.
B: Mat. 12:30; 18:20; 23:37; João 10:11; 14-16; 12:49-52; Atos 15:13-21.
PR, 374- 375, 714-715
C: Mat. 24:30-31; 25:31-33. I Tess. 4:16-17; PR, 720; PJ 179.

4. Ao aplicarmos as promessas de ajuntamento do Velho Testamento à dispensação


cristã e ao futuro, o Novo Testamento oferece estas promessas aos crentes em
Cristo de todas as raças e amplia a terra prometida ao mundo inteiro, removendo
todas as limitações étnicas e geográficas, mesmo quando a terminologia e os
símbolos usados no Velho Testamento são mantidos.
Êxo. 19:4-6 em I Ped. 2:9 e Apoc. 5:10;
Jer. 31:31-34 em Heb. 8:8-12 e Apoc. 21:3-4; 22:3-4.
Mat. 5:5, 14; João 4:21-23; Rom. 4:13; Heb. 12:22-24; Apoc. 14:1; II Ped. 3:13;
He. 11:9-10, 13-16.

5. Ao aplicarmos as profecias de reunião do Velho Testamento ao tempo pós-


milênio, o Apocalipse de João (cap. 20-22) não mais se refere à Jerusalém antiga,
mas à Nova Jerusalém, a noiva do Cordeiro, que descerá de Deus dos Céus à
Terra no fim do Milênio. Esta é a consumação final de todas as profecias
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apocalípticas, centralizadas em Cristo e Sua Santa Cidade, a capital da Nova


Terra.
Gál. 3:16; II Cor. 5:14; Gál. 3:27-29;
Gál. 6:15, 16; II Cor. 1:1, 2; Êxo. 19:5 e 6.
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INTRODUÇÃO

A Igreja Adventista do Sétimo Dia não é uma Igreja como as outras, e sim um
cumprimento das profecias bíblicas. Isto é o que nós cremos. Onde encontramos na
Bíblia as características da igreja remanescente? Em Apoc. 14:6-12 – a tríplice
mensagem angélica.
Temos muita coisa em comum com as outras igrejas protestantes, como por
exemplo, a justificação pela fé. Não ensinamos nenhum meio de salvação diferente do
que ensinaram Lutero e Calvino. A singularidade dos adventistas não reside na
maneira da salvação, mas na maneira de ver os últimos acontecimentos. Aí está a base
de nossa missão como igreja. Esta doutrina dos últimos acontecimentos, todavia, não é
algo diferente dos evangelhos, mas restaura o evangelho em sua plenitude. Lemos em
Apocalipse 14 que o resultado das três mensagens angélicas será um povo que guarda
os mandamentos da Lei de Deus e conserva o evangelho de Jesus Cristo. "Aqui está a
perseverança dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus."
(Apoc. 14:12). Esta é a descrição da igreja remanescente nos últimos dias. Notamos
que há três características:
(1) Um povo que persevera apesar das perseguições.
(2) Um povo que guarda os mandamentos de Deus.
(3) Um povo que persevera na fé em Jesus.
Em outras palavras, esta igreja remanescente une novamente o evangelho e a lei.
As igrejas apostatadas divorciaram a lei do evangelho. Quando separamos a lei
do evangelho, temos o LEGALISMO, ou senão ANTINOMIANISMO (ausência de
lei). São dois extremos. Somos considerados pelas outras igrejas como legalistas. O
que fazer? Devemos exaltar Jesus Cristo como o centro e o coração da lei e do
evangelho. Cristo une a lei e o evangelho, tornando-as uma só coisa. Cristo é a
personificação da lei e da graça divina. Cristo é mais do que os Dez Mandamentos. É
mais que o perdão. Tendo Cristo, possuímos tudo o que precisamos. Cristo é mais que
todas as doutrinas. Nenhuma doutrina pode nos salvar, mesmo que seja correta.
Há pessoas que simplesmente aceitaram as 27 doutrinas de nossa igreja. É
possível que elas se converteram à igreja e não a Cristo. Há perigo de buscar apenas
números, quantidade, e não qualidade. Se queremos que o nosso trabalho permaneça
pela eternidade, devemos ter a preocupação de conquistar almas para Cristo e não para
a igreja – levá-las a um relacionamento íntimo com Jesus. Se essas almas encontrarem
a Jesus, então permanecerão na igreja. Devemos estar enraizados em Cristo, e isto leva
algum tempo.
A Sra. White aconselha-nos a meditar em Jesus uma hora por dia. Se desejamos
uma vida espiritual forte não saiamos de nossa casa sem antes falar com Deus. Todo
trabalho sem meditação e oração será infrutífero.
O que fará tal povo?
Três anjos são mencionados. Falamos em três mensagens angélicas, mas na
verdade há uma só mensagem evangélica. Qual é essa mensagem? Encontramos a
resposta em Apoc. 14:6 – o Evangelho Eterno. O que significa evangelho eterno?
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Evidentemente, o primeiro anjo é um anjo evangélico. Ele fala sobre o juízo, a


adoração, mas é o evangelho como sempre tem sido. É a única vez em que é
mencionado o "evangelho eterno" na Bíblia. Se considerarmos esta expressão "eterno"
somente no futuro, está errado. Ela envolve também os seis mil anos de história
passada. Significa evangelho antigo que não pode mudar.
Por que Deus enfatiza tanto que a última geração deve pregar este evangelho que
não muda? Porque o evangelho parece estar enfrentando o perigo de ser torcido. Nós
também podemos correr o risco de torcê-lo. Como saber se estamos pregando o
evangelho certo? Paulo dá a resposta em Gál. 1:6-9. Ele nos diz que estamos sob a
maldição de Deus se pregamos outro evangelho. O evangelho não é sentimentalismo,
tem uma estrutura definida, divinamente revelada, de salvação e santificação. É
necessário dar uma segura orientação ao pensamento e nossa pregação.
No Antigo Testamento, encontramos em Isaías 53 uma exposição bem
estruturada do Evangelho. É a culminação das profecias do Antigo Testamento.
No Novo Testamento, o livro de Romanos apresenta o evangelho bem
sistematizado.
Lutero e Calvino usaram os livros de Romanos e Gálatas. Eles não
compreendiam o sábado como nós. Como fizeram para identificar o papado como o
Anticristo?
O Anticristo é a falsificação do Cristo; portanto, é necessário identificar
primeiramente o Cristo. Devemos estabelecer o Anticristo a partir do Cristo, e não da
lei. Somente quando Lutero encontrou o Cristo pôde ele identificar o Anticristo. O
ponto a ser observado é o evangelho da graça (gratuita). Isto é negado pelo Anticristo,
que mistura a graça com as obras. Graça nunca será graça enquanto estiver misturada
com justificação pelas obras. A primeira mensagem angélica é a restauração do
verdadeiro evangelho e implica num estudo renovado das epístolas de Romanos e
Gálatas.
A mensagem do segundo anjo encontramos em Apoc. 14:8 – "Caiu, caiu a grande
Babilônia que tem dado a beber a todas as nações do vinho da ira da sua prostituição."
É a primeira vez que a palavra Babilônia é mencionada no último livro da Bíblia.
O autor presume que todos compreendem seu significado. Por que este segundo anjo
anuncia a queda de Babilônia? Primeiro é preciso compreender o que é Babilônia.
Dizer que Babilônia é igual a confusão é apresentar um estudo lingüístico sobre a
palavra, e lingüística não é Bíblia. Esta explicação não é adequada. A maneira correta
é procurar saber o que é Babilônia no Antigo Testamento. Há outros termos do Antigo
Testamento usados no Apocalipse, por exemplo, Ancião de Dias, Armagedom,
Jezabel, 144.000, Monte de Sião. Serpente, etc. Temos a impressão de que o último
livro da Bíblia é um eco do Velho Testamento.
Como entender estes termos? Não é suficiente saber que há uma correspondência
ou analogia. É preciso saber aplicar à Babilônia de Nabucodonosor? Não. Existe uma
analogia, mas não uma identidade. O essencial da Babilônia do Velho Testamento está
relacionado com esta dos últimos dias. Esta correspondência recebe o termo teológico
de relacionamento tipológico. São o tipo e o antítipo. O tipo é a prefiguração, uma
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sombra de outra coisa. É uma profecia não meramente em palavras, mas em atos,
eventos, pessoas. Uma profecia só em palavras não é um tipo.
O antítipo é o cumprimento da prefiguração, por exemplo: Davi é um tipo de
Cristo. O cordeiro no ritual do santuário era um tipo de Cristo. Israel é um tipo da
igreja.
O antítipo é sempre maior que o tipo. Esta relação entre o tipo e o antítipo deve
aplicar-se aos termos no Novo Testamento referidos no Velho Testamento. Babilônia
no Novo Testamento não é um tipo, pois os tipos estão normalmente no Antigo
Testamento, e os antítipos no Novo Testamento. A Babilônia ou Segunda mensagem
angélica deve ser compreendida no Antigo Testamento (tipo). O tipo está relacionado
com a nação de Israel, e esta com Jeová, Deus de Israel.
BABILÔNIA ISRAEL JEOVÁ
Como identificar Babilônia no Antigo Testamento? Devemos defini-la não
historicamente mas teologicamente, isto é, do ponto de vista de Deus.
Pelo contexto do Velho Testamento, o Criador relacionou-se com seu povo,
Israel, por meio de um concerto. Babilônia era inimiga de Deus e de Israel, no culto a
Jeová, do evangelho de Jeová, do caminho da salvação. O meio de salvação defendido
por Israel era justificação pela fé, representada pelo serviço do Santuário. Todo
cordeiro lá sacrificado era uma confissão desta justificação pela fé. O meio de
salvação babilônico era totalmente diferente, como podemos notar já pela torre de
Babel, que é a primeira Babilônia. A torre significa a salvação pelas obras. Este é o
princípio que Lutero descobriu no papado.
Nunca, ao tratar este assunto com luteranos, pentecostais, etc., devemos
mencionar o sábado. Em primeiro lugar deveríamos tocar neste ponto comum entre
metodistas, pentecostais, etc., dizendo que a Babilônia do Novo Testamento é
basicamente a mesma Babilônia do Antigo Testamento. Para descobrir as
características de Babilônia de hoje precisamos saber quais as características de
Babilônia no passado.
É fácil dizer a um católico romano: "Você é Babilônia", mas ele dirá: "Fora
daqui!" Devemos conquistá-lo, despertar seu interesse pelo assunto. Não podemos
dizer que o papado é Babilônia. Não temos autoridade para isto. A única autoridade é
a Bíblia.
O católico romano aceita o Velho Testamento porque é histórico, é um fato. Se
ele descobre no Antigo Testamento que Babilônia é inimiga de Israel, do próprio Deus
e da salvação, possivelmente concordará com esta explicação. Ele ainda não sabe que
esta Babilônia do Velho Testamento é um tipo da Babilônia Moderna. Como explicar-
lhe isto sem ofendê-lo? Não posso convencer ninguém através de minhas convicções
ou meu entusiasmo, mas através das razões da minha convicção. Fazer apelos
sentimentais não é suficiente. É preciso um trabalho responsável, para que as razões
penetrem em seu coração e o Espírito Santo o convença, então ele dirá: "Eu creio."
Para identificar a Babilônia atual é preciso identificar o Israel de hoje e o Deus de
Israel nos dias atuais.
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Jeová do Novo Testamento é Cristo – todas as igrejas concordam que Israel


corresponde à igreja do Novo Testamento.
Portanto, a Babilônia de hoje deve ser inimiga de Cristo e de Sua igreja. Todos
concordam ainda. O problema é que cada um pensa que a sua igreja é a de Cristo. Mas
Apoc. 14:12 configura a legítima igreja: a que guarda os mandamentos e o testemunho
de Cristo.
Até aqui temos considerado as duas primeiras mensagens angélicas. A terceira
será considerada mais adiante.
Para entender a Bíblia, precisamos estudar toda a Bíblia. O livro do Apocalipse
está enraizado no Antigo Testamento. Mais de 400 expressões do Velho Testamento
são usadas no Apocalipse. Este livro é um mosaico de todas as imagens e
terminologias do Antigo Testamento. Temos aqui uma porção de relações tipológicas
Cristocêntricas – centralizadas em Deus e em Cristo.
Em Testemunhos para Ministros, à pág. 113, diz-nos a Sra. White: "Quando nós,
como um povo, compreendermos o que este livro (Apocalipse) para nós significa, ver-se-á
entre nós um grande reavivamento. Não compreendemos plenamente as lições que ele
ensina, não obstante a ordem que nos é dada seja de examiná-lo e estudá-lo."
Se este curso não proporcionar um reavivamento, ele fracassou. O estudo de
Daniel e Apocalipse trouxe um reavivamento ao meu coração. A mente só fala a
outras mentes, contudo o coração fala a outros corações. Eu falo de coração a coração
porque foi o estudo destes livros que fez de mim um Adventista do Sétimo Dia.
Lemos em Testemunhos para Ministros, à pág. 114:
"Quando os livros de Daniel e Apocalipse forem bem compreendidos, terão os
crentes uma experiência religiosa inteiramente diferente."
Que diferença será esta? Será uma experiência que salva? Esta experiência ocorre
na conversão. Há muitos cristãos em outras igrejas. Os Adventistas do Sétimo Dia têm
uma segunda experiência: Daniel e Apocalipse nos dão um senso de urgência e missão
para este mundo.
Fala-se muito de política, pouco de Cristo. Assim nos distanciamos de Jesus.
Neste mesmo livro Ellen White afirma à pág. 118:
"Deixemos que Daniel fale, que fale o Apocalipse e digam a verdade. Mas seja qual
for o aspecto do assunto apresentado, elevai a Jesus como o centro de toda a esperança,
'a RAIZ e a Geração de Davi, a resplandecente estrela da manhã' Apoc. 22:18."
Cristo deve ser elevado em todo aspecto deste assunto – eis um conselho muito
importante. Ela não diz que Urias Smith, ou Ellen White, mas que Daniel e Apocalipse
devem falar. Nossa primeira inclinação é: Urias Smith, o Dicionário, o Comentário, a
Igreja diz, mas não é o método correto. A primeira regra hermenêutica é: "A Bíblia é
seu próprio intérprete." A Bíblia foi escrita por pessoas simples e pode ser explicado
de uma forma simples para pessoas simples e a nossa excelência e grandeza pode ser
provada através da simplicidade ao explicar a Bíblia.
Alguns têm perguntado se devemos nos satisfazer com as obras de Urias Smith
sobre Daniel e Apocalipse. Ver Apêndice.
Devemos estudar as profecias não cumpridas com normas que chamamos de
"princípios de hermenêutica". Deixemos que Daniel e Apocalipse se interpretem pela
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própria Bíblia. Precisamos nos unir quanto a estes princípios, que serão analisados a
seguir.
Por que precisamos destas regras ou princípios de interpretação? Há três razões
básicas:
(1) Para nossa salvaguarda contra especulações e heresias.
(2) Uma garantia de certeza da tríplice mensagem angélica.
(3) Segurança quanto à unidade das Escrituras Sagradas e a fé.
Se os princípios hermenêuticos forem claros, os erros poderão ser detectados, e
teremos uma compreensão mais ampla dos assuntos.
Em relação à hermenêutica, ou seja, regras de interpretação, há duas posições
extremas:
a) LITERALISMO
b) ALEGORISMO
LITERALISMO: Divorcia a palavra do seu contexto literal e histórico. É uma
especulação sobre o termo, isolado do seu contexto.
ALEGORISMO: Os rabinos eram mestres no alegorismo. Deve-se notar que nem
toda alegoria é alegorismo. O sufixo ismo indica um falso uso. A alegoria é válida,
dentro do seu contexto, mas alegorismo entra no campo da especulação. Ele sempre
rejeita o contexto histórico ou literal.
Agora que já conhecemos duas posições erradas, qual seria a posição correta? Não
é só pelo fato de recusarmos os dois extremos que teremos o correto, que poderia ser
definido como "interpretação histórico-redentora" (de acordo com o contexto histórico
e com o plano da redenção). Este termo não diz tudo; poderíamos também dizer que é
uma interpretação tipológica, porque a tipologia leva em consideração o contexto
histórico e literal e o seu progresso na história da redenção.
Adverte-nos a Sra. White em O Grande Conflito, pág. 521:
"Com o intuito de sustentar doutrinas errôneas ou práticas anticristãs, alguns
apanham passagens das Escrituras separadas do contexto, citando talvez a metade de um
simples versículo, como prova de seu ponto de vista, quando a parte restante mostraria ser
bem contrário o sentido. Com a astúcia da serpente, entrincheiram-se por trás de
declarações desconexas, interpretadas de maneira a convir a seus desejos carnais. Muitos
assim voluntariamente pervertem a Palavra de Deus. Outros, possuindo ativa imaginação,
lançam mão das figuras e símbolos das Escrituras Sagradas, interpretam-nos de acordo
com sua vontade, tendo em pouca conta o testemunho das Escrituras como seu próprio
intérprete, e então apresentam suas fantasias como ensinos da Bíblia."
O SDA Bible Commentary, vol. IV, pág. 37, diz:
"Não há proteção mais segura contra as divagações religiosas especulativas de
visionários do que um conhecimento claro do contexto histórico das Escrituras."
Isto está em harmonia com o contexto das Escrituras. Todos os estudiosos da
Bíblia aceitarão estes princípios, exceto os fanáticos. Diz o nosso Comentário, à
mesma página, que "o estudante da Bíblia procurará em primeiro lugar reconstruir o
contexto histórico de cada passagem."
É por isso que tentamos fazer o contexto histórico de Babilônia.
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PRIMEIRO PRINCÍPIO DE HERMENÊUTICA

A Bíblia, como um todo orgânico em Cristo Jesus, é o seu


próprio intérprete.
(Todas as passagens indicadas no esboço à pág. 3 devem ser lidas).

Não devemos partir de uma falsa posição ou de idéias preconcebidas, pois este é o
sistema do literalismo. Se queremos ter princípios hermenêuticos de interpretação
bíblica, devemos buscá-los na própria Bíblia, e não impô-los sobre a Bíblia.
Por exemplo, o ser humano é composto de carne e sangue. Mas se fosse apenas
sangue e carne, sua forma seria como gelatina. O que mantém o ser humano em pé é
uma estrutura de ossos. Mas não se vê nenhum osso exposto, porque eles estão sob a
carne. Se algum osso estiver aparecendo, é caso de levar ao hospital. Mas ele é feito de
carne e osso, e possui um princípio de vida que o mantém vivo ao perseguir seu alvo.
Alguns têm considerado a Bíblia como uma biblioteca de 66 volumes, mas este
conceito não é correto. A Bíblia é uma unidade, ou mais que isto, é um organismo,
possui vida. Tem carne, sangue, mas também tem um esqueleto, que não está na
superfície, mas escondido, é preciso procurá-lo. É por esta razão que devemos testar
estes princípios de hermenêutica.
Não queremos compreender as profecias ainda não cumpridas? Queremos
compreender Daniel 11 sobre os Reis do Norte e do Sul, queremos estudar o
secamento do rio Eufrates e os 144.000 no Monte Sião. Mas há muita confusão quanto
a estes assuntos.
Não devemos dizer simplesmente: "Isto é assim." Estaríamos sendo autoritários,
e implicaria que as pessoas teriam que acreditar em nós. Há um caminho melhor – o
único legítimo: Estudar as profecias já cumpridas e descobrir os princípios que regem
profecia e cumprimento. Depois, transportar estes princípios para as profecias ainda
não cumpridas. As mesmas regras válidas para uma, devem ser válidas para as outras.
O que necessitamos é coerência em Cristo Jesus. A Sra. White diz: "Coerência,
és uma jóia!" Qualquer hermenêutica que não esteja fundamentada na unidade da
Bíblia não é hermenêutica. A Bíblia é uma unidade espiritual.
Lutero, Calvino e Zuinglio acreditavam neste primeiro princípio. "A Bíblia, como
um todo orgânico em Cristo Jesus, é o seu próprio intérprete." Aqui residiu o poder da
primeira Reforma. Eles formularam "A Escritura é seu próprio intérprete". Eu
acrescentei as palavras "como um todo orgânico em Cristo Jesus". É Jesus Cristo que
mantém a Bíblia em unidade, "como um todo orgânico". Ela não foi feita por homens.
A Igreja Católica atribui a si o direito de fixar o Cânon das Escrituras, mas a Reforma
não aceitou esta autoridade. O Cânon Bíblico não foi absolutamente estabelecido por
homens, mas cresceu organicamente dirigido por Deus.
O homem pode fazer cadeiras a partir da madeira da árvore, mas isto não é um
todo orgânico. Não há árvore que cresça como uma madeira; o homem não pode fazer
uma árvore, nem ao menos uma folha. Uma árvore é um organismo e há um princípio
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de vida nela. Assim é a Bíblia. Ela não é um livro devocional escrito por homens, mas
um Livro Divino, que cresceu na História sob a liderança de Deus.
O povo judeu, particularmente os rabinos, aceitaram o Velho Testamento, mas
recusam o Novo. O que faz do primeiro princípio de hermenêutica um princípio
cristão? Por acaso há alguma disputa com os judeus sobre a legitimidade do Velho
Testamento? Não. A igreja crê que o Novo Testamento é a interpretação correta do
Velho Testamento, mas os judeus dizem: "Nós é que temos a interpretação do Velho
Testamento, é o Talmud." O conflito, portanto, reside entre o Talmud e o Novo
Testamento.
Qual é a interpretação correta do Velho Testamento? O Talmud ou o Novo
Testamento? Nós cremos no Novo Testamento por causa da fé em Jesus Cristo. E Ele
era judeu. Foi o maior judeu que já existiu. O apóstolo Paulo também era judeu.
Portanto, a fé no Novo Testamento nasceu no seio do judaísmo. O Novo Testamento
foi escrito por judeus, inspirados pelo maior judeu, que é Cristo, para mostrar o
cumprimento das profecias do Antigo Testamento. Em outras palavras, o nosso
princípio de hermenêutica pressupõe fé em Jesus Cristo. Ele é um princípio cristão.
Ele não se impõe sobre a Bíblia, mas é derivado da Bíblia.
Em S. João 5:39 lemos: "Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida
eterna, e são elas mesmas que testificam de mim." O verbo examinar no Indicativo
mostra que as pessoas com as quais Jesus falava já examinavam as Escrituras e
acreditavam que nelas estava a vida, mas o que elas não sabiam é que as Escrituras
davam testemunho dEle. No verso 40 lemos que não queriam acreditar em Jesus.
Jesus quis dizer que eles aceitavam a Bíblia, e isto é vida eterna, mas rejeitavam
Aquele do qual as Escrituras testemunhavam. Como é possível separar as Escrituras de
Cristo? Cristo está nas Escrituras, tornando-a um todo orgânico, uma unidade
espiritual. Ele não estava falando do Novo Testamento, mas referia-se a Moisés, aos
Salmos e aos Profetas. Nos versículos finais do capítulo, Ele diz que se não creram em
Moisés, como crerão nas Suas palavras? Os judeus que rejeitaram a Jesus não criam
mesmo em Moisés nem nos profetas.
Quem não aceita o Velho Testamento não pode aceitar o Novo. O apóstolo Paulo
enfatiza isto em II Cor. 3:14-16. Aqui ele faz uma comparação com Moisés, ao descer
do Monte com a face brilhando por causa da glória de Deus. O povo pediu que ele
cobrisse o rosto. Isto simbolizava velar a lei, não apontar o pecado. Aí começou a
apostasia de Israel. O povo temia contemplar aquele brilho por causa de seu
sentimento de culpa. É exatamente isto que acontece agora, diz Paulo. Rejeitaram
Cristo como o Messias, negando as Escrituras (II Cor. 1:20).
Jesus de maneira alguma anula o Velho Testamento, mas respeita e confirma-o
no Novo Testamento. Jesus não traz uma nova religião diferente de Moisés.
Em Heb. 1:1 e 2 aprendemos que Cristo é a continuação da revelação de Deus, que
primeiro falou aos pais pelos profetas, e que agora fala por meio dEle. Isto estabelece
a unidade básica entre o Novo Testamento e o Velho Testamento. Jesus é o Filho do
Deus de Israel.
Armagedom 13

O Velho e o Novo Testamento não estão em conflito. A Bíblia real é o Velho


Testamento. O Novo Testamento mostra que o Velho Testamento deve ser interpretado e
cumprido. É esta a resposta que devemos dar aos que dizem que o Velho Testamento é
para os judeus e o Novo é para a igreja. Gostamos de achar um texto sobre o Sábado
no Novo Testamento. É melhor perguntar à pessoa interessada: "Qual é o tamanho da
sua Bíblia? Ela é só o Novo Testamento?" Depois deve-se ler Heb. 1:1 e 2 e provar
Jesus Cristo no Velho Testamento e que ambos são um em Jesus Cristo.
O Novo Testamento tem um relacionamento todo especial com o Velho
Testamento. Poderíamos dizer que o Velho são as promessas e o Novo o cumprimento
das promessas. O Antigo é sombra e o Novo a substância dessa sombra. O
relacionamento mais importante entre ambos é que o Antigo Testamento é o tipo e o
Novo o antítipo. E qual a relação entre o tipo e o antítipo? Tipo é a prefiguração e
antítipo o cumprimento.
Embora haja uma correspondência entre ao dois, o tipo não é igual ao antítipo. O
antítipo é sempre mais que o tipo. Há uma intensificação de um para o outro. Cristo é
mais do que Davi. O antítipo aperfeiçoa o tipo. Jesus iniciou a era especial do antítipo.
Nunca nenhum rabino ousou fazer a afirmação de Cristo fez: "Eis aqui está quem
é maior do que Jonas" (Mat. 12:41, ú.p.). O que isto significa? Ele estava Se referindo à
Sua própria Pessoa. Ele era maior do que Jonas. Ao assim dizer, Ele queira dizer que a
Sua mensagem de arrependimento era muito mais séria do que a de Jonas. Portanto,
Ele comparou-Se com Jonas e a sua mensagem. Esta é uma relação tipológica. Jonas
era um tipo de Cristo. Da mesma forma que ele esteve três dias no ventre do grande
peixe, Cristo esteve três dias na sepultura.
Não é interessante? Em Mat. 12:42 (ú.p.) Jesus afirmou: "Eis aqui está quem é
maior do que Salomão." O que significa isto? Salomão foi o rei mais sábio que já
existiu. Jesus disse que era maior do que ele – comparando com a sabedoria de
Salomão, Ele era mais sábio. Afirmou também que era um rei maior do que Salomão.
Jesus afirmava ser o mais exato cumprimento de todas as profecias e tipos dos
profetas e reis do Velho Testamento. Afirmava ser o maior dos sacerdotes, e até o
SHEKINAH como lemos em Mat. 12:6. Esta foi a mais inesperada afirmação feita por
Jesus. Maior que o templo? Quem estava no lugar santíssimo do templo? A presença
de Jeová, o SHEKINAH. Jesus afirmou ser o SHEKINAH encarnado. Diante disto, não
havia outra escolha. Ou apedrejá-Lo ou adorá-Lo.
Em Mat. 26:28 Ele afirmou que o Seu sangue era o cumprimento de todas as
profecias que falavam em sangue. Cristo declarou que Ele foi o Antítipo perfeito.
Portanto, a estrutura fundamental do Velho e do Novo Testamento é um
relacionamento tipológico.
Só podemos compreender a tipologia na Bíblia se pudermos compreender que
Cristo é o centro desta estrutura tipológica.
Armagedom 14

SEGUNDO PRINCÍPIO DE HERMENÊUTICA

"O Novo Testamento ensina o cumprimento Cristológico-Eclesiológico


das profecias do Reino do Velho Testamento em duas fases, centralizadas
nos dois adventos de Cristo."

Vamos agora verificar se esta segunda regra é bíblica. Devemos nos conscientizar
do que a Bíblia diz sobre o assunto.
Esta segunda regra não tem provocado controvérsias em nossa igreja, é aceita por
todos os cristãos.
 O termo CRISTOLÓGICO significa "cumprimento em Cristo".
 O termo ECLESIOLÓGICO significa "cumprimento na Igreja".
Fala-se em profecias do Reino. Quais são estas profecias do Velho Testamento?
O texto bíblico mais importante sobre este assunto é Gên. 3:15. Aqui está a
chave para a compreensão de toda a Bíblia – suas promessas, concertos e profecias.
Foi a primeira promessa dada ao homem. Foi um juízo contra a serpente.
O que está implícito nesta profecia? Esta primeira promessa foi dirigida à
serpente, e nossos primeiros pais a ouviram: "inimizade entre ti" – serpente; "e a
mulher" – este mundo, humanidade; "entre a tua semente a sua semente." O que isto
significa? Deus declarou que haveria guerra entre estas duas partes. A palavra semente
é muito espiritual. Os que seguem a serpente são chamados semente da serpente, filhos
de Satanás; os que seguem os princípios das promessas de Deus são chamados
semente da mulher.
Agradeçamos a Deus por ter posto esta inimizade entre a semente da serpente e
nós, semente da mulher. Graças da Deus por nos conscientizar disto. A promessa diz
que a semente da mulher esmagará a cabeça da serpente, no entanto, a semente da
serpente ferirá o calcanhar da mulher. Quando matamos uma serpente com o
calcanhar, ela pode ter a oportunidade de morder nosso calcanhar. Portanto,
sofrimento está implícito neste esmagar da serpente.
Foram estabelecidas duas profecias nesta promessa. Elas não se apresentam na
ordem cronológica. A promessa do sofrimento da semente da mulher refere-se ao
primeiro advento de Cristo. Na cruz, o calcanhar da semente da mulher foi ferido. A
cabeça da serpente será esmagada por ocasião do segundo advento de Cristo, ou mais
precisamente, do terceiro advento, após o milênio.
Vemos neste único verso (Gên. 3:15) todo o plano da salvação delineado. Não é
surpreendente? Esta promessa foi feita com o objetivo do homem conquistar o Paraíso
e ali ser readmitido. As últimas páginas da Bíblia têm uma correspondência com as
primeiras. No Gênesis, temos o homem no paraíso, com direito à árvore da vida. Nas
últimas páginas da Bíblia temos o homem neste Paraíso restaurado, novamente com
acesso à árvore da vida. A Bíblia é um Livro com final feliz. É por esta razão que
temos uma boa mensagem para o mundo. Estas boas-novas, embora centralizadas nos
adventos de Cristo, têm um escopo muito mais amplo do que o 1º e 2º adventos de
Cristo, que têm como objetivo restabelecer o reino de Deus e reivindicar o Seu caráter.
Armagedom 15

Seu principal propósito é que o único Governador desta Terra – Deus – seja
reconhecido como tal. O que está sendo discutido neste grande conflito é o governo de
Deus e Seu caráter em relação ao governo do Universo. Gên. 3:15 é a primeira
profecia do Reino.
Há muitas profecias na Bíblia, usualmente conhecidas como profecias
messiânicas, que ressaltam o novo governo sobre a Terra. Um outro governo em
Gênesis 49, versos 10-12 relata a promessa da descendência de Jacó, Judá. Um reino
de prosperidade e abundância, cujo cetro seria obedecido por todas as nações.
Há, portanto, uma gradação seletiva desde a semente da mulher até Judá. É um
interessante desenvolvimento.
Semente da mulher (humanidade)
Sem
Abraão
Isaque
Jacó
Judá
Davi
Jesus
Em primeiro lugar temos a humanidade. O Redentor viria da semente da mulher.
Deus começa a escolher alguns dentre a humanidade para cumprir os seus propósitos.
Noé mencionou que o Deus de Sem seria bendito (Gên. 9:26); logo, o Redentor devia
nascer de origem Semita. A partir de Sem, encontramos Abraão e Isaque. Não foi
Ismael, pois este foi rejeitado. A seguir vem Jacó, e não Esaú. Quantos filhos teve
Jacó? 12. Onze são rejeitados para este propósito, e apenas um é escolhido – Judá. De
Judá viria este governador.
Há ainda outro passo a ser dado. Em II Samuel 7 encontramos o Messias viria da
casa de Davi. Este foi Jesus Cristo, que representa a casa de Israel e toda a
humanidade. Ele é o Segundo Adão, representando toda a raça humana. O novo Líder
desta nova era é filho de Abraão e de Davi. É isto que Mateus enfatiza no início do
Novo Testamento. Por outro lado, Lucas, que escreveu seu evangelho para os gentios,
enfatiza Jesus como sendo a Cabeça da humanidade, e não filho de Davi.
O profeta que mais ressalta as profecias do reino é Isaías. Em Isaías 9:6 e 7
destacamos: "o governo está sobre os seus ombros". É uma profecia do reino. Em
Isaías 11:1-9 lemos que não haverá mais violência neste reino. O cordeiro e o leão
serão apascentados juntos. O conhecimento de Deus encherá a Terra "como as águas
cobrem o mar." São profecias do reino.
Conhecemos também as profecias de Isaías 53, que estabelecem como condição
do estabelecimento deste reino a morte e o sofrimento do Messias. Esta linha de
pensamento de um Messias humilde e sofredor foi muito negligenciada.
Há duas classes de profecias do reino no Velho Testamento: as que mostram este
governo de forma gloriosa e as que enfatizam o Messias humilde. Algumas vezes,
estas duas perspectivas encontram-se juntas no mesmo contexto.
Armagedom 16

Consideremos Zacarias 9:9, onde as duas linhas estão no mesmo texto. Em Mat.
21:5 lemos que Jesus cumpriu esta profecia, vindo de forma humilde. Mas logo no
verso 10 (Zac. 9:10) lemos que Ele viria como Rei, triunfantemente, para destruir os
inimigos. Esta profecia de Zacarias 9 teve um cumprimento parcial no primeiro
advento e terá um segundo cumprimento no segundo advento. Nós não temos dúvidas
quanto a isto, pois já conhecemos os fatos referentes ao primeiro advento, mas como
poderiam os judeus daquela época discernir entre o primeiro e o segundo advento?
Eles negligenciaram a segunda linha de profecias e prenderam-se à vinda gloriosa do
Messias. Não há desculpas para eles, pois em Isaías 53 é dito claramente que o
Messias precisava sofrer primeiro, para depois ser exaltado. Também lemos isto em
Isaías 52:13. Em Luc. 24:25-27 Jesus esclarece: "Porventura, não convinha que o Cristo
padecesse e entrasse na sua glória?"
Creio que Jesus começou a demonstrar isto em Gên. 3:15, onde este "ferir do
calcanhar" já foi cumprido, e o "esmagar da serpente" demonstra que o Messias será
finalmente vitorioso.
As profecias que se referem à Sua glória, ao Seu triunfo, são mais amplas do que
as que falam do Seu sofrimento. Isto nos anima, fazendo-nos crer que este Messias
triunfará!
Vamos agora entrar em um assunto que pode ser novo para muitos. Tem a ver
com a designação do tempo após o evento da cruz. Estudaremos cerca de sete textos
muito importantes. O Novo Testamento nos diz que os "últimos dias" preditos no
Velho Testamento começaram no primeiro advento de Cristo. Verifiquemos as
implicações deste fato para a escatologia (estudo dos últimos acontecimentos).
Começamos com Atos 2:16, 17. Todos devem ler em sua própria Bíblia. Estes
versos relacionam-se com o Pentecostes e trazem uma explanação do apóstolo Pedro
de como Israel deveria interpretar a "chuva" do Espírito Santo sobre os apóstolos. Os
israelitas da época interpretaram erroneamente o fato, achando que os apóstolos
estavam embriagados. Todas as palavras de Deus necessitam interpretação. Todas as
obras de Deus podem ser interpretadas erroneamente. O apóstolo Pedro, vendo a
distorção dos fatos, levanta-se e fala: "O que ocorre é o que foi dito por intermédio do
profeta Joel" (que nos últimos dias o Espírito seria derramado).
Por este texto concluímos que os últimos dias haviam chegado. Isto não é muito
fácil de aceitar. Se perguntarmos a qualquer adventista quando começaram os últimos
dias, a resposta será: 1798 ou 1844. Mas lemos aqui em Atos que os últimos dias
tiveram seu início no Pentecostes. O "tempo do fim" conforme Daniel, é uma
intensificação dos últimos acontecimentos.
O que Joel quer dizer com esta expressão: "últimos dias" (Joel 2:28)? Outros
profetas também a usaram. É o tempo da vinda do Messias. É chamada a Era
Messiânica. Quantas vezes virá o Messias? Duas. Logo, o primeiro advento é o início
desta era messiânica, que foi inaugurada na cruz e culminará no segundo advento.
As profecias de Daniel dão as datas de 1798 e 1844 para indicar uma
intensificação destes últimos dias.
Armagedom 17

Através da cruz de Cristo, a Velha Era ou Velha Dispensação se cumpriu. Inicia-


se aqui o período dos últimos dias. Várias passagens bíblicas não deixam dúvidas
quanto a isto. Entretanto, as profecias de Joel citadas pelo apóstolo Pedro terão um
segundo cumprimento nesta fase final da história do mundo, nesta intensificação dos
últimos dias, ou seja, um pouco antes do segundo advento. É por isso que a Sra. White
afirma que todas as profecias de Joel que tiveram cumprimento no primeiro advento
cumprir-se-ão também no segundo advento. Por esta razão são usados os termos
"chuva temporã" e "serôdia". Este é um fato muito importante, porque podemos
afirmar que a Escatologia Bíblica está entre o primeiro e o segundo adventos.
Escatologia é um termo teológico que significa "a doutrina das últimas coisas".
Todas as profecias referentes ao sofrimento de Cristo foram cumpridas no primeiro
advento. O evangelho é profecia cumprida. E então começam os últimos dias. Para nós
constitui-se um problema de que estes últimos dias têm durado 2.000 anos. Parece que
isto enfraquece o argumento. Como podemos chamar de últimos dias 2.000?
Entretanto, é isto que diz a Bíblia.
O segundo texto a ser considerado se encontra em Heb. 1:1, 2. "Nestes últimos
dias". No verso 1 encontramos a Velha Dispensação, e no verso 2 a Nova
Dispensação. As duas dispensações são aqui consideradas. É demonstrada também a
continuidade das duas eras. O mesmo Deus que inspirou os profetas inspirou também
o Filho, que é maior que os profetas e tem mais autoridade que eles. Encontra-se nEle
uma interpretação superior e maior para as profecias, por isso, uma nova era começou
– a Era Messiânica – que é chamada os "últimos dias". Atos 2 é confirmado por
Hebreus 1:1, 2.
O terceiro texto é Heb. 9:26 – "..." "ao se cumprirem os tempos". Observemos a
segunda parte do verso 26: "se manifestou uma vez por todas". O autor está se referindo
ao primeiro advento, que já era uma realidade quando este texto foi escrito. Conforme
o original grego, isto aconteceu "no fim das eras". Como pode ser isto no primeiro
advento? Por não analisarmos muito o primeiro advento, relacionamos estes termos
com o segundo advento. No entanto, os apóstolos aplicaram-nos primeiramente ao
primeiro advento. Para eles, este primeiro advento era o fim dos tempos.
Eu não teria coragem de fazer esta afirmação. Meus alunos diriam: "Dr.
LaRondelle, volte para Michigan, por favor, pois esta é uma doutrina falsa." Mas
temos a Bíblia diante de nós, e precisamos compreendê-la toda, não apenas algumas
passagens isoladas. Há sempre novas coisas a descobrir na Bíblia, e esta é uma delas.
Jesus na Sua primeira vinda, começou os últimos dias, ou seja, o "fim dos tempos".
O primeiro advento é o fim da Era Antiga, da Velha Dispensação. Esta é uma
explicação simples, mas muito importante. Precisamos evangelizar os judeus também.
Falar com os judeus requer mais conhecimento que falar com outros. Eles crêem que o
Velho Testamento está acontecendo, isto é, que as profecias do Velho Testamento
serão literalmente cumpridas com eles como nação.
Martin Huber, um judeu de renome dos nossos dias, disse: "Jesus de Nazaré é
meu maior irmão, mas não é meu Salvador." Este é o espírito da judaísmo moderno.
Eles lêem o Novo Testamento e falam positivamente de Jesus, mas não O reconhecem
Armagedom 18

como Salvador e Senhor. A mensagem de que Jesus cumpriu os Velhos Tempos e


começou a Era Messiânica é decisiva para os judeus. O tempo do cumprimento
chegou. O Messias unicamente interpreta completa e corretamente o Velho
Testamento.
Em Heb. 9:28 nós podemos ver que o segundo advento está descrito no futuro:
"aparecerá segunda vez". Há um extraordinário equilíbrio entre os versos 26 e 28. Os
últimos dias começaram, o fim das eras chegou.
É muito importante que nos relacionemos não apenas com o futuro, mas também
com o passado, e então olhar para o futuro e dizer: Cristo virá segunda vez, mas com
uma função diferente. Virá sem pecado, ou seja, não virá para tratar com o pecado
(Verso 28).
O 4º texto é I Pedro 1:20. Trata-se aqui do primeiro ou do segundo advento?
Sim, o primeiro. Como é caracterizado este tempo? Como o fim dos tempos. O mesmo
ponto é aqui enfatizado. É preciso haver um fim.
O 5º texto é I Cor. 10:1-4. É necessário que cada um leia esta passagem. Paulo
fala sobre a Velha Dispensação neste belo capítulo. No verso 6 lemos que "estas
coisas se tornaram exemplos para nós". A palavra grega traduzida por exemplos é
TIPOI = prefiguração. A história do Velho Israel é um tipo de admoestação para a
igreja. A igreja é um cumprimento deste Israel antigo, em dois sentidos: em
FIDELIDADE e em APOSTASIA. No verso 11 lemos: "Estas coisas lhes sobrevieram
como exemplos e foram escritas para advertência nossa." No original é: "Estas coisas
lhes sobrevieram como TIPO." (Tipologia é uma expressão bíblica.) O apóstolo está
dizendo que o Velho Testamento foi escrito para a igreja, em relação a nós, "sobre
quem os fins dos séculos têm chegado". O mesmo fato está mencionado em Tiago 5:3,
que é o nosso próximo texto.
O 6º texto é Tiago 5:3. "Tesouros acumulastes nos últimos dias." Sempre
interpretamos este verso em relação ao nosso tempo, mas Tiago está falando do seu
próprio tempo. Não é uma profecia para este ano, mas um cumprimento para a era
apostólica, como percebemos pelo contexto. Isto não quer dizer, no entanto, que não
haja uma aplicação para hoje. Se isto era verdade há 2.000 anos, é muito mais verdade
hoje.
O 7º texto é I João 2:18. "já é a última hora". É uma expressão surpreendente.
Última hora no primeiro século? Não estaria o apóstolo enganado? Depende de como
encaramos o fato. Se, com nossa visão estreita, olhamos desde hoje para trás até os
primeiros séculos, diremos: "Muito tempo passou; certamente, houve um engano nesta
afirmação. Não é possível a última hora durar 2.000 anos." Isto acontece quando
olhamos a Bíblia sem compreensão, quando não conhecemos a maneira de pensar
hebraica.
Neste texto o apóstolo está dizendo que as profecias do Anticristo estavam sendo
cumpridas, e que isto era o sinal de que estavam vivendo nos últimos dias. Ele afirma
que muitos Anticristos apareceram – os professores do gnosticismo, que já se haviam
tornado cristãos mas ainda se apegavam à filosofia gnóstica, negando que o Messias se
encarnara em Jesus (podemos ler isto no cap. 4:1).
Armagedom 19

Resumindo o que aprendemos nestes textos, os apóstolos estavam convencidos


de que as profecias do Velho Testamento do reino cumpriram-se por ocasião do
primeiro advento de Cristo. Jesus endossa este conceito quando afirmou: "Se, porém,
eu expulso demônios pelo Espírito de Deus, certamente é chegado o reino de Deus sobre
vós." (Mat. 12:28). Este é o texto-chave para provar que por ocasião do primeiro
advento o reino chegou. Como, então, compreender o fato de Jesus ter dito na oração
do Senhor: "Venha o Teu reino"? Como pode Ele ter dito que o reino chegou e então
dizer: "Orai para que o reino de Deus venha"?
O primeiro advento de Cristo iniciou o Reino da Graça e o segundo advento
iniciará o Reino da Glória. Este é o cumprimento cristológico destas profecias do
Antigo Testamento. ("Como a mensagem do primeiro advento de Cristo anunciava o reino
de Sua graça, assim a de Sua segunda vinda anuncia o reino de Sua glória." – DTN, pág.
234).
Jesus disse que também no futuro haveria um "fim dos tempos". Lemos em Mat.
13:39, 40 – "consumação do século". Trata-se do primeiro ou do segundo advento?
Notem a expressão "consumação do século", que é a mesma expressão grega usada em
Heb. 9:26, referindo-se ao primeiro advento. Em Mat. 28:20 esta expressão grega é
também usada e se refere ao primeiro advento. Portanto, a consumação ou fim dos
tempos pode significar tanto o primeiro como o segundo advento. (Em Heb. 9:26 é o
primeiro, e em Mat. 13:39 é o segundo advento).
Como poderemos saber a que evento se refere este termo quando o encontrarmos
na Bíblia? Pelo contexto. As duas interpretações (1º ou 2º adventos) são
Cristocêntricas – isto é que é importante. A mesma terminologia pode ser utilizada
tanto para um cumprimento presente como para um cumprimento futuro, pois Cristo
cumpre as profecias do Antigo Testamento em duas fases.
Este é o segundo princípio hermenêutico. Ambas as fases são centralizadas em
Cristo. Poderíamos dizer que o primeiro advento é um cumprimento das promessas do
Velho Testamento, e o segundo é a consumação destas promessas, como afirma um
erudito. O cumprimento presente não é o cumprimento final, mas no segundo advento
haverá uma consumação deste cumprimento.
O segundo princípio hermenêutico diz que o cumprimento não é simplesmente
Cristológico, mas também Eclesiológico. Vamos estudar o cumprimento
Eclesiológico, isto é, o cumprimento na igreja.
Consideremos Mateus 16:18. Este texto é sempre usado em relação à Igreja
Católica Romana.. Jesus disse: "Minha igreja". No Velho Testamento Israel era a igreja
de Jeová, e quando Jesus diz "Minha", apropriando-Se daquilo que pertence a Jeová, é
o cumprimento Cristológico; e quando Ele diz "Minha igreja" é um cumprimento
Eclesiológico.
Jesus seleciona de todo o Israel um remanescente que agora Lhe pertence. Por
que teria Jesus escolhido doze apóstolos, e não treze, catorze ou dez? Ele quer com
isso indicar que as doze tribos de Israel têm continuidade. Os doze apóstolos são os
Armagedom 20

representantes destas doze tribos. Todo israelita deve agora tornar-se um crente e ser
batizado para vir a ser um verdadeiro israelita.
O que tornou os doze apóstolos diferentes dos demais israelitas? O que fez deles
um remanescente fiel? Todos eram de Deus, mas alguns judeus não eram mais
ISRAEL. Jesus escolheu desta nação um pequeno rebanho. Ao usar este termo
"rebanho" e ao dizer "Eu sou o bom Pastor", estava fazendo uma reivindicação
messiânica. Ele era agora o verdadeiro Rei de Israel. Todos os reis de Israel eram
chamados pastores. Jesus disse: "Eu sou o verdadeiro Rei de Israel – Eu sou o Pastor
de Israel. Todos os que ouvem a Minha voz Me seguem."
Portanto, o que faz a diferença entre os apóstolos e os demais israelitas? Crer que
Jesus era o cumprimento de todos os tipos do Velho Testamento, que Jesus foi o maior
Rei, o mais elevado dos sacerdotes e o maior dos profetas – a fé em Jesus de Nazaré
como o Messias.
Os doze apóstolos eram judeus e, ao mesmo tempo, a igreja. ISRAEL é a
IGREJA. Cristo seleciona agora de toda a nação israelita um novo Israel. Com que
direito? Ele próprio era o Deus do concerto de Israel. Da mesma forma que Jeová
escolheu as doze tribos, Jesus escolheu os doze apóstolos. Jesus fez então um novo
concerto com Israel. O novo concerto não foi feito para os gentios, mas somente com
os judeus. E qual é a qualificação do real judeu? Crer que Jesus é o Messias. Esta era a
verdade presente para a igreja primitiva.
Lemos em Gál. 3:16 que "as promessas foram feitas a Abraão e ao seu
descendente. Não diz: E aos descendentes, como se falando de muitos, porém como de
um só: E ao teu descendente, que é Cristo." Em hebraico o termo "descendente" não
tem qualquer distinção entre singular e plural; portanto, o apóstolo deve ter tomado
este texto da Septuaginta, que é a tradução grega do Antigo Testamento. Alguns
estudiosos da Bíblia acham que Paulo neste verso, não está falando de Teologia, mas
usa de malícia, algum truque – uma engenhosidade rabínica – para transmitir alguma
mensagem, mas um estudioso holandês do Novo Testamento apresenta uma solução
melhor. Diz ele que esta interpretação não é rabínica, mas é teológica, porque na
verdade há duas sementes de Abraão. Há a semente do ponto de vista nacional,
portanto no plural (descendentes), e há a linha especificamente messiânica (o
descendente). Paulo menciona qual é a única semente qualificada de Abraão, a
semente da mulher que esmaga a cabeça da serpente.
Paulo, neste texto, não está simplesmente fazendo uma distinção entre um e outro
de modo aritmético, mas está pensando de um modo muito mais profundo.
Em hebraico, uma pessoa pode representar muitas pessoas, ou uma nação, ou
mesmo a humanidade toda. Por exemplo, Adão representa a humanidade. O que
aconteceu com Adão, acontece com a humanidade. Poderíamos dizer que não
comemos da árvore que Adão comeu, mas a Bíblia diz que quando Adão comeu, todos
nós participamos; quando Adão caiu, todos nós caímos. I Cor. 15:22 diz: "em Adão
todos morrem". Este sistema é chamado "personalidade representativa".
Também em I Cor. 15 Jesus é chamado o Segundo Adão. Portanto, Ele representa
uma nova humanidade – aqueles que crêem nEle, que são um com Ele, que são por
Armagedom 21

Ele representados. Paulo começa a falar sobre ter Adão como representante ou ter
Cristo. Em II Cor. 5:14 falando sobre o amor de Cristo lemos: "um morreu por todos;
logo, todos morreram." Como compreender isto? Ele morreu em nossa carne, e
quando a carne humana morreu na cruz do Calvário, sob a ira de Deus, toda a
humanidade nesta ocasião pagou o preço, e a lei foi cumprida. Este é o coração do
evangelho.
Precisamos pensar mais de modo Cristocêntrico. Ninguém absolutamente pode
ser salvo por sua própria justiça, mesmo após estar 50 anos na igreja adventista. A
única maneira de ser salvos é através da justiça de Cristo em nós e sobre nós.
Leiamos Gál. 3:27-28. É uma bela passagem cheia de significado. O batismo
significa uma incorporação no próprio corpo de Cristo. Em Romanos 8 lemos que
quando somos batizados, somos batizados na morte de Cristo.
Às vezes dizemos, por ocasião do batismo, que a pessoa está sendo sepultada na
sua própria sepultura, e por amar Cristo está sendo batizada. Isto não tem
profundidade, é um ponto de vista muito subjetivo. É alguma coisa centralizada na
emoção humana. Mas a Bíblia dá-nos uma dimensão mais profunda em relação ao
batismo. Diz-nos que a sepultura na qual somos sepultados não é nossa, mas a do
próprio Cristo. Não somos batizados porque amamos a Cristo, mas porque temos fé
nEle. Quando morremos, Cristo morre por nós. E quando Cristo morreu, morreu a
nossa própria morte. E quando Jesus foi para a sepultura, fomos sepultados com Ele.
Pelo batismo confessamos que cremos assim. Por este sagrado direito somos
incorporados no próprio corpo de Cristo. Somente então estamos em Cristo.
No verso 29 o apóstolo Paulo diz: "E, se sois de Cristo, também sois descendentes
de Abraão e herdeiros segundo a promessa." Se vocês são de Cristo são contados como
Israel, e semente de Abraão. E no verso 16 ele havia dito que há somente um
descendente de Abraão. Não é isto uma contradição? Se a descendência de Abraão
refere-se somente a Cristo, como pode envolver a todos? Ao escrever o verso 29,
Paulo sabia o que estava no verso 16, portanto ele aqui está falando teologicamente.
Cristo é a única Semente perfeita de Abraão. E todos aqueles que pela fé são batizados
em Cristo, tornam-se um em Cristo. São representados por Cristo. E estes que são um
em Cristo, recebem todas as bênçãos de Cristo. E que bênçãos recebeu Cristo? As
promessas a Abraão.
As promessas feitas a Abraão e Israel eram uma bênção para todo o mundo, todas
as famílias da Terra, e que todo o mundo seria uma propriedade de sua semente.
Portanto, estas promessas são de natureza mundial.
Pensemos em Gênesis 3:15. O Paraíso será reconquistado. A Terra será renovada.
Por acaso, não estava Abraão olhando para esta Cidade de Deus, esta Nova Jerusalém
construída pelo próprio Deus, apresentando toda a Terra renovada? Este é um
cumprimento Eclesiológico. Há implicações para nós hoje, como também há para o
futuro.
Em Gál. 6:16 Paulo chama a igreja de Israel de Deus. Israel não é mais
considerado como nação, foi deserdado das promessas. Que choque foi para os
israelitas saber que somente através da fé em Cristo poderiam eles ter direito a essas
Armagedom 22

promessas. O importante não é o sangue de Abraão, mas a fé de Abraão. Esta é a


mensagem de Romanos 4.
Lemos em Gál. 6:15 sobre "ser nova criatura" – novo nascimento através da fé em
Cristo. E a seguir, "paz e misericórdia sejam sobre eles e sobre o Israel de Deus." Este
"e" no original grego não quer dizer que se trata de outra classe de pessoas. O sentido
exato é: "paz e misericórdia sejam sobre eles, que são o Israel de Deus."
Os judeus que rejeitaram a Cristo são Israel simplesmente segundo a carne. Em I
Cor. 1:2 Paulo fala de santos. No Velho Testamento, quem era considerado santo? O
povo de Israel. Mas muito pouco desses israelitas naturais eram israelitas espirituais.
Após a cruz, começou a haver uma aplicação diferente desse termo "santo". Os
israelitas espirituais são agora chamados "cristãos", a "igreja de Cristo". Eles agora são
os santos. Portanto, a palavra "santo" deve ser aplicada segundo a sua dispensação
(Velha ou Nova). O contexto é que deve explicar, como vimos anteriormente quanto
aos textos 'fim dos tempos" "consumação dos séculos".

Em Êxodo 19:5, 6 também fala em "santos". Para explicar este termo precisamos
saber qual era o seu relacionamento com Deus. Da mesma forma, qual era o
relacionamento com Deus na Nova Dispensação?
VELHA DISPENSAÇÃO:
 Quem é Deus? Jeová
 Quem são os santos? Israel (nação)
 12 tribos

Segundo I Cor. 1:2 na:


NOVA DISPENSAÇÃO:
 Senhor Jesus
 Quem são os santos? Igreja
 12 apóstolos

Existe uma diferença entre os dois casos. A nação Israel estava confinada ao seu
território. A igreja hoje (aqueles que crêem em Jesus e guardam os Seus
mandamentos) está em todo o mundo, não tem qualquer restrição geográfica ou étnica
(de raça). O único laço que une a igreja é a fé em Cristo. No Novo Testamento, os
gentios também têm direito às promessas. Por exemplo, Raabe, a prostituta, que se
tornou uma das ancestrais de Jesus.
Que Deus maravilhoso!
Rute é outro exemplo. Ela era moabita, mas disse à sua sogra: "O teu povo é o
meu povo, o teu Deus é o meu Deus", sendo assim incorporada à Israel.
Armagedom 23

TERCEIRO PRINCÍPIO HERMENÊUTICO

"As muitas promessas do concerto à casa de Israel e à casa de Judá no Velho


Testamento tiveram um cumprimento inicial depois do exílio assírio-babilônico, estão tendo
um cumprimento presente no ajuntamento de judeus e gentios crentes na igreja de Cristo,
e terão um cumprimento futuro na reunião universal de todos os judeus e gentios crentes
de todos os cantos da Terra para a visível Volta de Cristo nos céus e para o Reino de
Glória."

Esses princípios hermenêuticos não são isolados, mas cada um aprimora um


pouco mais o princípio que o precede. O que nós quisemos dizer na primeira regra é
mais explicado na segunda. E o que dissemos a respeito da segunda será mais
explanado na terceira.
Para compreender o 3º princípio precisamos estudar o seguinte diagrama: AS
QUATRO FASES DO ANTIGO ISRAEL

A primeira fase de Israel é muito simples: começa com Moisés e termina com
Salomão. Com Moisés, as doze tribos foram constituídas como uma nação religiosa.
Isto foi aproximadamente em 1400 AC. Quando Salomão morreu, por volta do ano
1900 AC. esta nação dividiu-se em dois reinos. Dez tribos juntaram-se numa
organização separada, e duas tribos (Judá e Benjamim) permaneceram ao redor de
Jerusalém.
Esta divisão em dois reinos é a segunda fase. Veremos que Israel também é
chamado de Efraim, pois Efraim foi a maior entre as dez tribos, e a que as conduziu à
apostasia. Eles tiveram 20 reis, dos quais nenhum andou nos caminhos do Senhor.
Chegaram mesmo a criar um falso templo, com culto falso, com adoração de imagens
(a nação do Norte). Deus lhes enviou dois profetas: Amós e Oséias. Isto foi no século
VIII AC.
Ao mesmo tempo, Deus enviou dois profetas ao reino do Sul: Isaías e Miquéias.
Armagedom 24

Em 722 (observar no gráfico) houve o juízo sobre as dez tribos. Veio o grande rei
dos assírios, venceu, e conduziu essas dez tribos para o cativeiro assírio. Em II Reis 17
estão as razões por que foram levados a este cativeiro – rebelião e desobediência. Este
é um dos mais tristes capítulos do Velho Testamento.
Os profetas Amós e Oséias tentaram evitar esse juízo. Sabemos o quanto sofreu
Oséias com uma esposa infiel, que representava o infiel Israel, que deveria voltar a seu
Deus. Os profetas sofreram ao proclamar sua mensagem. Era muito difícil ser um
profeta. Muitas vezes fizeram referência ao livro de Deuteronômio, onde Deus
afirmava que se eles fossem desobedientes, viria sobre eles maldição e eles seriam
espalhados por todas as nações. Especificamente, a maldição é uma dispersão.
Deus, ao cumprir Sua promessa de separar Israel, está sendo justo ou injusto?
Deus é sempre fiel – nas bênçãos e nas maldições. Ele havia feito um concerto com
Israel, falando com Moisés: "Há dois caminhos. Se vocês forem obedientes e fiéis,
receberão as bênçãos e serão ajuntados na terra da promessa. Mas, se forem
desobedientes e infiéis (descrentes), então receberão essas maldições."
Portanto, quando Deus derrama Suas maldições, Ele é tão fiel quanto quando
derrama Suas bênçãos.
Surge agora um problema: Há 1.900 anos os judeus estão espalhados por toda a
Terra. Repentinamente, em 1948, a nação judaica foi restabelecida na Palestina.
Muitos cristãos começaram a dizer: "Agora sim, Deus está provando Sua fidelidade
em relação ao Seu povo Israel." Esta é a doutrina do Dispensacionalismo, que prega o
futurismo. Os que a defendem têm a sua própria Bíblia, a Bíblia de Scofield, milhões
de exemplares já foram vendidos (em espanhol). Esta Bíblia está baseada no princípio
do Literalismo. Ela afirma que Israel não pode jamais significar a igreja, e a igreja não
pode ser Israel. Portanto, em 1948 Deus começou novamente a cumprir suas
promessas com relação a Israel.
Mas o que Deus provou em relação com os judeus nesses 1.900 anos passados?
Isto é, se somente após 1948 Deus provou Sua fidelidade, o que Ele provou antes
disto? Portanto, é sugerir que Deus foi infiel ao Seu concerto com Israel – é uma
pressuposição falsa. Deus provou durante 1.900 anos que Ele é fiel a este concerto
feito com Israel ao proporcionar-lhe essa maldição sobre Jerusalém e espalhá-lo em
todas as outras nações.
Em Primeiros Escritos, pág. 213, a Sra. White afirma:
"Deus preservou de uma maneira maravilhosa e miraculosa os judeus, desde o início
até o dia de hoje."
Eis um exemplo para nós: o que acontece a uma nação que rejeita o concerto de
Deus.
Este problema do Literalismo quanto ao Israel nacional de hoje, o
Dispensacionalismo, é nos EUA o maior rival do Adventismo. Sem dúvida, em breve
virá para o Brasil também. A obra-prima de Satanás é trazer à nossa mensagem um
falso conceito. E esta é uma interpretação falsa sobre Israel. Precisamos ter uma cabal
compreensão de Israel para compreender as demais doutrinas, como o Armagedom,
que se relaciona com o Monte de Sião, etc.
Armagedom 25

O Dispensacionalismo está varrendo o mundo no momento. É um movimento


interdenominacional, promulgado por um seminário teológico em Dallas, Texas. Eles
possuem cursos por correspondência da Bíblia em todo o mundo. E o grande Instituto
Moody, de Chicago, está se espalhando por toda a América. Praticamente todas as
igrejas cristãs da América do Norte crêem no fato de que Deus está agora cumprindo
Suas promessas ao Israel literal. E a Igreja Adventista é a única que ainda se apega à
interpretação cristológica destas profecias.
Voltemos agora ao diagrama.
Vemos que as tribos do Sul (Judá) permanecem unidas, enquanto que as do Norte
já estão no cativeiro. Surge então a pergunta: "Esta nação do Sul aprendeu com o
exemplo da nação do Norte?"
Houve bons reis em Judá. Josafá, Ezequias, Josias eram homens de Deus. Eles
conseguiram trazer reforma e reavivamento à nação. Mas o que aconteceu no ano 605
AC.? (Daniel 1:1) Veio Nabucodonosor a Jerusalém. E ele era mais forte que Judá
para poder dominá-la? Lemos no verso 2 que Deus entregou Jerusalém nas suas mãos.
Isto aconteceu exatamente em 605 AC.
Daniel e outros príncipes da linhagem real foram levados à Babilônia. E o rei de
Judá em Jerusalém tornou-se um vassalo submisso ao rei de Babilônia. Este é o início
do cativeiro babilônico.
Vemos então outra data – 597 AC. O que aconteceu nessa ocasião? Novamente
Nabucodonosor veio a Babilônia, porque o rei Jeoaquim não lhe estava sendo fiel. Ele
estava fazendo um complô secreto com o Egito, a fim de afastar Babilônia de
Jerusalém. E nestes dias Deus enviou outro profeta – Jeremias – para admoestar a Sua
nação a que se submetesse e obedecesse ao poder babilônico. Jeremias introduziu este
conceito, que o poder babilônico duraria 70 anos, podemos ler em Jeremias 25 a 29.
Quando Nabucodonosor voltou, colocou o novo rei, ainda da casa de Davi, sobre
a cidade de Jerusalém, que jurou fidelidade a Jeová e também a Nabucodonosor. Este
rei foi Zedequias, o último rei de Judá. Ele era ainda jovem, com 20 anos de idade, e
deu mais ouvidos aos seus conselheiros do que ao profeta de Deus. Ele mesmo levou
Jeremias à prisão, mas secretamente queria ouvir a mensagem do Senhor. Que
estranha situação! Acreditava em Deus, mas não queria obedecê-Lo. Jeremias disse
que se ele não se submetesse, quando rei de Babilônia chegasse, toda a cidade seria
destruída, e com ela o lindo templo.
Temos ainda outra data – 586 AC., talvez a mais importante, porque desta vez
Jerusalém tornou-se uma montanha de ruínas onde as raposas caminhavam livremente.
Mas em 597 AC. (a data anterior, no gráfico) Deus chamou outro profeta para
suceder Jeremias – Ezequiel. Em 597 AC., Ezequiel estava em Babilônia, Daniel
estava na capital e Jeremias estava em Jerusalém. Três profetas ao mesmo tempo.
Deus não abandonou o Seu povo, mas estava interessado em levá-lo ao
arrependimento e iniciar uma nova era após o cativeiro babilônico.
Mas eles se sentiam como se estivessem no vale de ossos secos. E o profeta
Ezequiel (capítulo 37) disse que esses ossos secos seriam ligados, receberiam carne e
viveriam outra vez – seriam uma nova nação.
Armagedom 26

Deus nunca deu somente juízos. Por meio de Jeremias, Ezequiel e Daniel Ele
concedeu promessas de restauração. O povo falha, mas Deus jamais falha. Dentre o
povo há sempre fiéis por meio dos quais Ele pode continuar Seu plano de redenção.
Que Deus maravilhoso! Quando o velho está falhando, Ele diz: "Vou criar um
novo que não vai falhar!" Todas as promessas estão relacionadas com as profecias
messiânicas, porque se todos os israelitas e judeus falhassem, Jesus jamais falharia.
Podemos crer em Deus.

Passemos à terceira fase. Israel e Judá estão no cativeiro babilônico a partir de


536 AC. Em II Crônicas 36 podemos também descobrir por que estas nações foram
levadas cativas.
A Assíria, que era uma nação entre os rios Tigre e Eufrates, na Mesopotâmia, foi
conquistada por outra nação maior – Babilônia. Portanto, a Babilônia conquistou o
território que era a Assíria. As dez tribos foram agora juntadas às duas tribos no
cativeiro – temos então as doze tribos reunidas neste cativeiro babilônico. Daí veio o
patriarca Abraão – de Ur dos caldeus.
A desobediência levou-os de volta ao mesmo lugar de onde vieram. Quando
desobedecemos a Deus, voltamos para onde iniciamos. O que seríamos sem este
movimento? Somos o que somos porque cremos em Jesus Cristo.
Não nos esqueçamos deste detalhe: Todas as promessas de restauração que Deus
deu ao profeta Jeremias e a outros foram para as doze tribos juntas. Deus jamais deu
qualquer promessa às dez tribos como se fossem ser restauradas separadamente das
duas tribos. Deus quer um povo, sob a liderança de um só pastor. É por isso que nesta
fase final encontramos uma nação somente.
Quando findou o cativeiro babilônico? Iniciou em 605 AC. e em 569 Babilônia
foi vencida. Em 536 AC. os primeiros cativos começaram a retornar à Palestina.
Podemos então calcular: 605-536 = 69. Como devemos contar a data inclusiva, como é
o sistema hebraico, obteremos os 70 anos profetizados.
Agora vamos considerar as datas dos retornos. Segundo o nosso Comentário
Bíblico, houve apenas dois retornos:
 O primeiro foi em 538/537 AC. Os líderes eram Zorobabel e Josué.
 O segundo foi em 457 AC., o sétimo ano de Artaxerxes. O líder era Esdras.
Em 444 AC. Neemias chegou com o pequeno grupo para restaurar os muros de
Jerusalém, mas isto não é considerado um retorno, pois Neemias voltou para
Babilônia após os 52 dias da restauração.
Em 537 AC. uma pequena minoria voltou com Zorobabel. A maioria
permaneceu. Alguns se tornaram ricos comerciantes, por isso não queriam voltar ao
lar. Eram desobedientes. Quantos voltaram da primeira vez? 50.000 (Isto está em
Esdras 1 e 2). E da segunda? 5.000 (relato em Esdras 7).
Há algo muito mais importante entre estes dois retornos – o livro de Ester, onde é
retratada uma situação muito crítica: é o único livro da Bíblia que fala em decreto de
morte. É um tipo do decreto final (Apocalipse 13).
Armagedom 27

Abandonou Deus estes judeus que foram desobedientes e não voltaram? Em Sua
graça, Ele demonstrou que ainda estava com este povo desobediente. Os que haviam
retornado estavam construindo o templo.
Em 520 AC a reconstrução foi interrompida porque houve oposição. Então Deus
enviou dois profetas – Zacarias e Ageu – no segundo ano de Dario. Há ainda um
profeta que deve ser mencionado, o último: Malaquias – 430 AC.
Existe uma tríplice aplicação para esta terceira regra. Isto torna o Velho
Testamento muito importante para o seu próprio tempo, para a igreja cristã, e
especialmente importante para a igreja remanescente. Se queremos estudar as
profecias para o tempo do fim, temos que ir ao VT.
O primeiro texto que vamos estudar para este princípio é Deuteronômio 30:1-10.
Nos três primeiros versos temos uma grande promessa de ajuntamento e
dispersão. Quem fez esta promessa? Quando? Onde? Resposta: Moisés, em pé diante
da entrada da terra prometida.
Todas as demais promessas que os outros profetas apresentaram mais tarde são
baseadas nesta acima.
Israel vagara no deserto por quarenta anos. Havia sido rebelde e obstinado. No
capítulo 28 Deus disse que todas as promessas seriam condicionais e, no entanto no
capítulo 27 disse que as maldições também seriam condicionais. Todas as bênçãos e
todas as maldições são condicionais.
Sabemos que as condições são semelhantes, tanto na Velha como na Nova
Dispensação. A condição para a bênção é a fé e obediência; e a condição para a
maldição é descrença e desobediência.
Nesta ocasião Moisés dá um resumo do que Deus havia dito anteriormente:
"Quando, pois, todas estas coisas vierem sobre ti, a bênção e a maldição que pus diante
de ti, se te recordares delas entre todas as nações para onde te lançar o SENHOR, teu
Deus" (Deut. 30:1).
Conforme o verso 3, apesar da maldição, ainda haverá uma porta aberta. O filho
pródigo sempre terá condições de voltar. Que Deus maravilhoso o nosso! Ele não
castiga os Seus filhos por causa desta maldição, mas castiga com o objetivo de curar.
O seu propósito é sempre abençoado.
No verso 2 lemos que quando nos voltamos a Deus de todo o coração e damos
ouvidos à Sua voz: "e tornares ao SENHOR, teu Deus, tu e teus filhos, de todo o teu
coração e de toda a tua alma, e deres ouvidos à sua voz, segundo tudo o que hoje te
ordeno". De todo o coração – é a maneira da obediência que Deus pede. Obediência
total. Deus revelou a Moisés que não está interessado na obediência exterior. Isto é o
que se observa nas organizações militares do mundo e na Igreja Católica. Deus solicita
obediência interior, de todo o coração, um perfeito amor, como lemos em Deut. 6:5
(obediência voluntária). Qualquer outra obediência não é obediência, é legalismo.
Quando é atingida esta condição, vamos no verso 3 o que acontece: "o SENHOR,
teu Deus, mudará a tua sorte, e se compadecerá de ti, e te ajuntará, de novo, de todos
os povos entre os quais te havia espalhado".
Armagedom 28

Há aqui dois verbos com um conteúdo teológico: "ajuntar" e "dispersar". A


bênção que foi prometida por Deus é "ajuntar" – o ajuntamento ao próprio Deus e
também ao lugar onde Deus vive, o Monte de Sião. A maldição é a dispersão. Nos
versos seguintes este mesmo princípio é repetido.
O verso 6 diz que só Deus pode mudar o coração. Deus somente pede o que
primeiro Ele concede.
Em Deut. 30:10 lemos: "... se te converteres ao SENHOR, teu Deus, de todo o
teu coração e de toda a tua alma". Uma nova oportunidade é dada. Podemos então
compreender porque o livro de Deuteronômio é chamado o livro do amor, muito
diferente do que seu próprio nome sugere – "o livro da lei".
Vamos agora a um profeta que apresenta estas promessas de uma maneira mais
ampla. Sem dúvida, ISAÍAS foi o maior profeta que já viveu. Recebeu as maiores
revelações da parte de Deus sobre a glória e o sofrimento do Messias e sobre o reino
de Deus.
Temos em Isaías 11 uma profecia messiânica muito importante. Os primeiros
cinco versos falam diretamente sobre o Messias.
Os versos 1-3 primeiros referem-se ao primeiro advento, enquanto que os versos
4 e 5 quinto falam do segundo advento.
Os versos 6 a 9 falam a respeito do reino do Messias. Lemos no verso 9: "Não se
fará mal nem dano algum em todo o meu santo monte, porque a terra se encherá do
conhecimento do SENHOR, como as águas cobrem o mar."
Eu quero estar neste reino. Meu coração está esperando por ele. Estamos vivendo
num mundo de crime e violência, de sofrimentos e angústia de coração. Mas Deus nos
promete este reino, e devemos ansiar por ele. É para ele que fomos criados.
Mas o capítulo não termina no verso 9. Nos versos 10 a 16 é-nos dito como Deus
vai novamente ajuntar o Seu povo. O Messias virá ajuntar os Seus escolhidos de todos
os cantos da Terra. Quem é a raiz de Jessé, mencionada no verso 10? Sabemos que
Jessé era o pai de Davi, e aqui o profeta refere-se a este descendente de Jessé, que era
seu filho, e também seu Senhor. Sabemos pelo Novo Testamento, que este era Jesus.
Eles não sabiam o seu nome, mas nós sabemos. É-nos dito que esse filho de Davi e de
Jessé reuniria novamente o Seu povo. E é um poder muito grande este de atrair os
povos a Si.
Alguns de nossos grandes evangelistas conseguem atrair muitas pessoas, mas
nenhum deles poderia atrair a todos. As pessoas variam em grau de inteligência e de
emoção, e somente Um poderia atrair a todos: "E eu, quando for levantado da terra,
atrairei todos a mim mesmo." Seu nome é Maravilhoso, é o nosso Salvador Jesus
Cristo.
Este é o cumprimento do verso 10. Jesus não veio para estabelecer uma religião
diferente, mas veio para cumprir. Sem dúvida, Jesus recusou o Judaísmo, mas o
Judaísmo era um desvio daquilo que Moisés e os profetas ensinaram.
O versículo 11 também é muito importante. Mostra-nos de onde o Senhor atrairá
o Seu povo. Deus não quer apenas dar-nos um conceito, mas apresentar-nos as
Armagedom 29

realidades históricas da verdade. O que quer dizer este novo estender da mão, este
novo ajuntamento? Para haver esta segunda vez, deve ter havido uma primeira.
O Dispensacionalismo defende que o primeiro ajuntamento de Israel ocorreu no
retorno de Babilônia em 536 AC, e que o segundo é o ajuntamento de todas as nações
que aconteceu em 1948 DC, quando a nação dos israelitas foi estabelecida na
palestina, e em 1966, quando Jerusalém foi reconquistada.
Esta interpretação não está correta, apesar de ser aceita por todos os cristãos,
menos os adventistas.
Quando lemos do versículo 12 em diante, notamos que duas nações são
mencionadas – Assíria e Egito. O cativeiro assírio seria semelhante ao cativeiro do
Egito, ou melhor, o livramento do cativeiro assírio seria igual ao livramento do
cativeiro egípcio. Sabemos que Deus livrou Israel por meio do secamento do Mar
Vermelho, da mesma forma, Ele os livraria do cativeiro assírio, pelo secamento do rio
Eufrates. Vemos assim que no Velho Testamento existe uma teologia do
remanescente. Sempre existe um remanescente após uma crise. Houve um
remanescente no tempo de Noé, e Deus sempre promete enviar bênçãos após os juízos,
como aconteceu com Israel no dia em que subiu da terra do Egito.
Pelo contexto concluímos que o primeiro ajuntamento mencionado neste capítulo
é o livramento do Egito. Qualquer Comentário Bíblico confirma esta declaração. E o
segundo é o livramento do cativeiro assírio-babilônico. Portanto, a teoria do
Dispensacionalismo é falsa. Quando conhecemos o falso, damos muito mais valor à
verdade.

Recordemos:
 Em 722 AC as dez tribos (Israel) foram levadas ao cativeiro assírio.

 As duas tribos (Judá) foram levadas ao cativeiro babilônico. Temos três datas

para este segundo cativeiro:


 Em 605 AC Daniel foi levado cativo.
 Em 597 AC Ezequiel foi levado ao cativeiro.
 Em 586 AC Jerusalém foi destruída e também o templo de Salomão.
Isaías viveu e profetizou entre esses dois cativeiros, e se refere ao livramento
passado e faz a promessa de que novamente Deus livraria o Seu povo.
Os dispensacionalistas consideram estes versos da seguinte maneira: O
ajuntamento da Assíria e de Babilônia não foi dos quatro cantos da Terra, e no verso
12 é prometido que o povo seria ajuntado dos quatro cantos da Terra, portanto isto só
poderia ser possível após a segunda destruição de Israel, no ano 70 de nossa era.
Mas este argumento não tem fundamento, pois durante o cativeiro assírio-
babilônico os judeus foram espalhados por toda a Terra, sendo vendidos pelos
mercadores de escravos fenícios. (Joel 3:4-6; Ezeq. 27).
Os versículos seguintes – Isaías 43:5-7; 49:10-13 – são também profecias do
ajuntamento de Israel que serão cumpridas pelo Messias. O capítulo-chave é Isaías 11.
Vamos agora considerar Ezequiel 36:24. Não é bom ler apenas o versículo, mas
todo o capítulo. Aqui temos outra promessa de ajuntamento. Ezequiel viveu após
Armagedom 30

Isaías, em cerca de 590 AC. seu livro tem 48 capítulos. A primeira metade vai de 597
a 586 AC. Do capítulo 24 em diante, Ezequiel começa a profetizar após a destruição
de Jerusalém.
Se queremos interpretar corretamente a Bíblia, devemos ter o conhecimento do
completo contexto histórico.
No capítulo 36, Ezequiel estava em Babilônia. Nabucodonosor havia acabado de
destruir o templo. Todos os israelitas estavam em cativeiro. Ezequiel nada tem a
proferir quanto ao juízo, pois este já viera, portanto Deus dá-lhes promessas sobre
promessas – promessas de restauração e de ajuntamento.
O mesmo acontece com Isaías, que viveu no VIII século AC. Do capítulo 1 ao 39
Isaías trata dos juízos de Deus a Israel e do capítulo 40 ao 66, fala de restauração.
Todos os profetas giram em torno do cativeiro assírio-babilônico. Diz-se até que
um terço das profecias estão relacionadas com este cativeiro. Se não soubermos
quando ele começou e findou, estaremos perdidos no Velho Testamento.
Precisamos compreender a Palavra de Deus. Não é suficiente ganhar almas. É
preciso alimentá-las. Se assim não fosse, não haveria necessidade da Bíblia, que é para
os que já foram ganhos. Paulo escreveu cartas para os que já haviam sido batizados. E
é necessário muito esforço mental para entender as verdades de Deus, pois devemos
relacioná-las com o contexto imediato e o seu sentido mais amplo.
Em Ezequiel 37:21-24 há uma linda promessa – que as dez tribos tornar-se-iam
um só reino, com um só rei. Que rei? Lemos no verso 24 que é Davi. Quem seria este
Davi? O próprio rei Davi? O Literalismo, que aceita o termo como está no original
grego, não compreende a maneira hebraica de expressão.
Precisamos saber como a passagem foi compreendida na ocasião.
Quem seria este Davi? Ezequiel 34:11-24 identifica este rei. No verso 15 está:
"Eu mesmo apascentarei as minhas ovelhas e as farei repousar, diz o SENHOR Deus."
Vemos aqui que Deus não aceita qualquer líder político de Israel para ser o pastor.
Todos eles falharam. Eles mais se alimentavam das ovelhas do que as apascentavam.
Deus declara que Ele mesmo seria o Pastor. No capítulo 34 a profecia está mais
explanada. Era preciso um novo Davi para ajuntar Israel.
Há três elementos no concerto de Deus com Seu povo, do início ao fim da Bíblia:
(1) Eu serei vosso Deus
(2) Vós sereis o Meu povo
(3) Habitarei no vosso meio
Este novo Davi é o Messias. O que dizer sobre os reis judeus? Davi falhou
quando cometeu adultério e assassínio premeditado. E ele era considerado o maior dos
reis. Salomão falhou. Todos os reis falharam. Os israelitas estavam esperando um rei
que não falharia. Esses reis eram sombras e tipos deste que havia de vir.
Estas profecias foram cumpridas em relação a Israel no tempo do Velho
Testamento?
Armagedom 31

Consideremos este gráfico:

Há três dispensações: a antiga, a nova e a futura. As promessas de ajuntamento


do Velho Testamento foram cumpridas após o cativeiro assírio-babilônico. Houve dois
retornos: um em 536 AC e outro em 457AC. Os profetas que ministraram após os
retornos – Ageu, Zacarias e Malaquias – disseram que Deus restauraria Seu povo na
sua maior glória. A glória do novo templo seria maior que o de Salomão. Como isto
seria possível, visto o segundo ser muito menor que o primeiro? Devido à presença de
Jesus Cristo. Lemos a respeito no livro O Desejado de Todas as Nações. Em Zacarias
8 também lemos que Deus daria bênçãos preciosas a Seu povo remanescente. Estas
promessas foram cumpridas após o cativeiro babilônico? Parcialmente. Este
cumprimento teve início com o novo concerto (após o cativeiro). É isto que está em
Ageu e Zacarias.
O que nos mostra Malaquias? A espiritualidade do povo aumentou ou diminuiu
na sua época? A Sra. White diz que Malaquias foi a mensagem laodiceana para o
antigo Israel – a última mensagem de arrependimento e purificação.
Sem dúvida, com estes dois retornos, houve cumprimento da promessa de
ajuntamento. Houve um novo início. E por que Deus não cumpriu todas as Suas
promessas nesta ocasião? Porque estas promessas eram condicionais, e em Malaquias
lemos que a situação era de desobediência, tanto no culto como na moralidade.
Malaquias é um livro chocante, cheio de perguntas de Deus a Israel. Não há outro
livro na Bíblia onde há tantas perguntas: "Sou Eu o vosso Pai? Onde está a Minha
honra? Sou Eu o Senhor conforme dizeis? Onde está o temor do Senhor no vosso
coração?"
Temos muitas perguntas a fazer a Deus, mas seria melhor escutar as perguntas de
Deus a nós.
Em Profetas e Reis, pág. 703 e 704, a Sra. White declara que Deus iniciou o
cumprimento de Suas promessas de restauração e ajuntamento, mas não pôde cumpri-
las todas.

Surge agora uma pergunta muito importante: O que estas promessas do Velho
Testamento que não foram totalmente cumpridas significam para nós? O que as
profecias de Malaquias, Ageu, Zacarias significam em relação a Cristo e Sua igreja?
Armagedom 32

Leiamos Mat. 12:30. Jesus usa aqui dois termos com muito do significado
teológico de Deuteronômio "ajuntar" e "espalhar". O que Jesus quis dizer a Israel? O
que jamais qualquer rabino ousou afirmar e jamais passou pelas suas mentes, que o
próprio Jesus era o ponto de gravitação do ajuntamento de todo o Israel. Portanto, se
eles não fossem ajuntados a Cristo, eles nunca seriam ajuntados, mas espalhados.
Como podemos imaginar Jesus fazendo tal afirmação aos judeus ali na Palestina?
A promessa do ajuntamento não se relaciona com a terra, ou lugar. Isto é idéia do
Sionismo. O ajuntamento na Bíblia é em relação a Deus e a Seu Filho Jesus Cristo.
Jesus pôde fazer tal afirmação porque Ele próprio é a manifestação de Jeová, é o
Rei Messiânico, o segundo Davi. Ele veio ajuntar Israel sob a liderança de um só Rei.
Portanto, o que define se estamos espalhados ou ajuntados? Se estamos ou não
em Cristo. É uma mensagem chocante esta.
Lemos em Mat. 18:20 – "Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu
nome, ali estou no meio deles." O ajuntamento deve ser em Seu nome.
Em Mat. 23:37, um pouco antes de trazer o julgamento sobre Jerusalém, disse
Jesus: "Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te foram
enviados! Quantas vezes quis eu reunir os teus filhos, como a galinha ajunta os seus
pintinhos debaixo das asas, e vós não o quisestes!"
Jesus usa as palavras "ajuntar", "reunir". Da mesma forma que Jesus reuniu a Si
as doze tribos, Ele reúne a Si as ovelhas perdidas da casa de Israel, este é o
cumprimento das profecias do ajuntamento. Jesus é o centro deste ajuntamento.
Mesmo que os judeus estejam reunidos na Palestina, eles não estarão ajuntados se
não estiverem em Cristo. Como, pois, poderia ser 1948 um cumprimento da promessa
de ajuntamento? A nação judaica nada tem a ver com Jesus, como podem os cristãos
dizer que isto é um cumprimento da promessa de Deus? Tal declaração significa
rejeição de Jesus, fazer da Palestina algo mais importante que o próprio Messias.
S. João 10:11.
Como entender as palavras de Jesus: "Eu sou o bom Pastor"? Normalmente
pensamos em um pastor do campo que guarda as suas ovelhas. Não está
absolutamente errado, mas é uma idéia inadequada. Devemos compreender esta
expressão "bom pastor" à luz do Antigo Testamento. Jesus sempre buscou no Velho
Testamento as Suas palavras. Em Ezeq. 34 lemos que o Senhor quer ser o Pastor do
Seu povo.
João 10:14-16.
"Ainda tenho outras ovelhas, não deste aprisco". A que tipo de ovelhas Jesus está
Se referindo? Os Mórmons e as Testemunhas de Jeová têm uma teoria toda especial
quanto a essa outras ovelhas. Devemos certificar-nos se estamos com a interpretação
correta. Alguém afirmou que as outras ovelhas são os gentios. Como provar pela
Bíblia? Isa. 56:8.
Antes de ler esta passagem, perguntamos: Quando viveu Isaías? Por volta do VIII
século, pouco antes do cativeiro assírio. Alguns chamam a parte onde está esta
passagem de Deutero-Isaías.
No livro de Isaías existe uma coincidência interessante com a Bíblia:
Armagedom 33

ISAÍAS BÍBLIA
66 capítulos 66 livros
1ª seção: 39 cap. V. Testamento: 39 livros
2ª seção: 27 cap. N. Testamento: 27 livros

Isaías escreveu a segunda parte do seu livro muito antes que se cumprissem tais
profecias. Muitos críticos não podem crer nesta visão futura do livro. Até o nome do
rei que daria o livramento de Israel é mencionado 100 anos antes do seu nascimento.
Esta 2ª parte (cap. 40) começa com as palavras: "Consolai, consolai o meu povo." É
um livro de promessas e restauração.
Vamos agora considerar o capítulo 56. Este capítulo é a maior prova no Velho
Testamento que o sábado não foi dado só para os judeus, mas para todos os povos.
No verso 4 lemos sobre os eunucos. Eles não eram judeus, eram guardadores dos
haréns dos reis, castrados, fisicamente defeituosos. Eles não se sentiam bem. E agora
Deus Se dirige a eles (ler a partir do verso 3). Eles eram estrangeiros, não tinham
Abraão por pai, mas o bom Deus quer ser o Senhor de todos.
Como os estrangeiros poderiam adorar? Versos 6 e 7.
O sábado é o símbolo da aliança. Era para todos os povos. No verso 4, sábado e
aliança são como que sinônimos. No sábado, a lei e o evangelho se unem. O sábado
nos oferece justificação pela fé, o descanso da graça. É o único mandamento entre os
dez que une o evangelho e a lei.
Em Isaías 56:8 lemos: "Assim diz o SENHOR Deus, que congrega os dispersos de
Israel: Ainda congregarei outros aos que já se acham reunidos." Em primeiro lugar Deus
diz: "Vou reunir os israelitas" e os ajunta. Mas não fica satisfeito só com os israelitas.
Quando Jesus afirmou que tem outras ovelhas que não são deste aprisco, estava
querendo cumprir o que está em Isa. 56:8. Assim, João 10:16 recapitula e aplica a Isa.
56:8. Isa. 56:8 é a promessa e João 10:16 é o cumprimento.
Quando Filipe pregou ao eunuco, aplicou esta interpretação cristológica, que foi
introduzida por Jesus.
João 11:49-52 – "... para reunir em um só corpo os filhos de Deus, que andam
dispersos."
Vimos este conceito em Deuteronômio, Isaías e Ezequiel, e todos os profetas
incluem nos seus livros promessas de ajuntamento. É a maior bênção contida no
concerto com Israel mas só foi parcialmente cumprida no Velho Testamento. O Novo
Testamento surge com as boas-novas que os judeus dos vários lugares não conhecem.
Eles não têm o Novo Testamento.
Não é tempo de levarmos a eles esta mensagem? O próprio Jesus disse que não
voltará antes de fazermos este trabalho pelos judeus. Mas só poderemos fazer este
trabalho quando conhecermos o Velho Testamento. Então, poderemos levar-lhes estas
promessas, nas quais eles não crêem mais, promessas de um Messias humilde, que Se
tornará vitorioso, mostrar-lhes que Jesus de Nazaré é o único que pode cumprir todas
essas promessas.
Armagedom 34

Se eles se conscientizarem de que o Novo Testamento é a chave para a


compreensão do Velho, aceitarão a Jesus como o Salvador.
O apóstolo Paulo afirmou em Romanos 1 – primeiro os judeus, depois os gregos.
Isto ainda é real hoje. Devemos primeiro levar as bênçãos aos judeus. Antes de iniciar
uma série de conferências, devemos primeiro dirigir-nos aos rabinos.
Os judeus estão sempre em primeiro lugar, tanto nas bênçãos como nas
maldições. A Sra. White diz que há muitos como o apóstolo Paulo entre eles. Eles têm
grande conhecimento das Escrituras e ao se converterem poderiam pregar sobre a
imutabilidade da lei de Deus muito melhor que nós.
Nenhuma outra igreja cristã pode aproximar-se deles mais do que nós, pois as
demais igrejas consideram o Novo Testamento como substituto do Velho, o domingo
no lugar do sábado. Somente nós compreendemos ser o Novo Testamento uma
revelação maior do Antigo Testamento.
Se não conhecemos o Antigo Testamento, Jesus será para nós simplesmente um
Mestre de moralidade. Sabemos pelo Novo Testamento quem é Cristo. Mas somente
pelo Velho Testamento podemos saber o que é Cristo. Os tipos nos dizem o que é
Cristo, que tipo de rei é Ele, que tipo de Sacerdote, qual é Sua missão profética.
S. João 12:32 – "E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo."
Vamos pensar um pouco sobre Jesus no Céu. O que significa "levantado"? Em
primeiro lugar, refere-se a Jesus levantado na cruz; e o outro significado é Jesus
levado para o Céu. Cristo ainda está hoje atraindo todos os homens a Si. Este "atrair"
significa ajuntar todos os homens a Si. Como isto é possível agora que Ele está no
Céu? Através da pregação do Evangelho, feita pela igreja. A igreja não é para ser um
ajuntamento social, mas para pregar a cruz de Cristo, para oferecer o sangue de Jesus
para purificação do pecado.
Deveríamos pregar mais sobre Cristo. A Sra. White diz que os sermões sem
Cristo são tão aceitos diante de Deus quanto a oferta de Caim. Devemos elevar este
Homem do Calvário mais alto e mais alto, então Ele atrairá todos a Si. Jesus está ainda
hoje ajuntando o Seu povo, por meio da nossa pregação.
Leiamos Atos 15, considerando como as promessas do ajuntamento foram
cumpridas na igreja. Este capítulo trata do primeiro concílio apostólico. Havia um
grande problema na igreja primitiva: quando deveriam ser impostas aos gentios as leis
do Velho Testamento. Paulo foi considerado um liberal com respeito a este assunto,
porque não estava mais pregando a circuncisão para os gentios. Não deveriam os
judeus e os gentios ser tratados igualmente?
Todos os apóstolos e anciãos foram chamados para este concílio. Começaram a
discutir. Pedro levantou-se e contou uma experiência. Pedro era muito interessante na
sua maneira de agir, mas possuía uma mente estreita. Ele cria que os judeus eram
melhores que os gentios, mais santos, e que os gentios eram inferiores – a segunda
classe.
Deus então operou em Pedro, ampliando a sua mente. Em Atos 10 lemos de uma
visão que lhe foi dada. Enquanto ainda confuso com esta visão, alguém bate à porta –
os enviados de Cornélio, que era gentio. Pedro foi com eles. Havia uma multidão
Armagedom 35

pronta a receber a mensagem que Pedro tinha para eles. Pedro fica surpreso e começa
a falar. Aqueles gentios aceitam a mensagem e o Espírito Santo é derramado sobre
eles. Começam a falar em outras línguas. Pedro se admira por ver que eles estão tendo
a mesma experiência que ele próprio tivera por ocasião do Pentecostes. E fica
convencido de que Deus aceita os gentios da mesma forma que os judeus. E diz: "Se
Deus os aceita, vou aceitá-los também. Vou batizá-los. São meus irmãos e irmãs em
Cristo." E todos foram batizados.
Os líderes em Jerusalém julgavam que isto estava errado, mas quando ouviram
esta narração, disseram: "Se Deus os aceitou, vamos aceitá-los também." Então
levantou-se Tiago e começou a falar. Provavelmente era ele o líder do concílio, pois
foi o último a falar (Versos 13,14). Ele recordou o fato de terem os gentios sido
ajuntados aos judeus como o povo de Deus. Em Deut. 7:6 já lemos desse povo. Agora
os gentios tinham a oportunidade, embora Deus tivesse que forçar um pouco a sua
entrada. Tiago considera isto como cumprimento desta profecia (Versos 15-18).
Comparemos com Amós 9:11 e 12. Amós viveu no VIII século AC, um pouco
antes do cativeiro assírio, tendo sido enviado às dez tribos do Norte. Todo o livro de
Amós é condenação e juízo, e ao chegar ao capítulo 9, verso 11, as nuvens são
afastadas. Alguns estudiosos, diante desta diferença, julgam que tais versos não foram
escritos por Amós. Mas eles não conhecem a Deus, que fere com o objetivo de curar.
O mesmo Deus que envia condenações, envia promessas e bênçãos. A grande
promessa do livro de Amós é de restauração.
Precisamos nos transferir aos dias de Amós para compreender o significado de
sua mensagem naquela ocasião, e somente então podemos aplicar aos nossos dias. Isto
é interpretação (primeiro o Velho Testamento, depois o Novo). Amós 9 diz que Deus
restaurará o tabernáculo de Davi. A casa de Davi perdera a sua glória. Os inimigos
regozijavam-se por Israel ter sido conduzido ao cativeiro. Que significado teve esta
promessa para as dez tribos? Houve um cumprimento parcial, inicial, nos dois retornos
do cativeiro, mas tal profecia não foi completamente cumprida.
Estaria ela antiquada com relação a Israel?
Transfiramos esta pergunta para o Novo Testamento. Atos 15 novamente. Tiago
diz que a profecia chega ao seu cumprimento. E como? O Evangelho foi para os gentios
e eles o aceitaram. Os gentios foram ajuntados a Cristo, batizados em Cristo, unidos à
igreja.
A igreja, sendo construída pelos doze apóstolos, era uma igreja judaica, e agora
os gentios eram somados a esta igreja. Portanto, em Amós 9 havia uma predição da
restauração de Israel, com a ajuda dos gentios. A igreja cristã em Atos não está
construída próximo a Israel, como se fosse um segundo povo do concerto, além do
povo de Israel, mas é a restauração do povo de Israel. Isto é muito importante. Deus
jamais rejeitou o Israel fiel, mas fez um novo concerto com ele. Os doze apóstolos são
a continuação das doze tribos. Todos os gentios que crêem em Jesus são agora
considerados israelitas. "Se pertenceis a Cristo, sois semente de Abraão." A igreja
cristã primitiva é a restauração do Israel antigo. Isto já estava no Velho Testamento,
Armagedom 36

mas é mais claramente explanado no Novo. A igreja cristã é o único Israel de Deus.
ela começou no dia de Pentecostes, com três mil batismos.
Em Amós 9:12 a promessa afirma que possuirão o restante de Edom. Edom é a
descendência de Esaú, considerados inimigos de Israel. Aqui eles representam todos
os inimigos de Israel. Em Atos 15, verso 17 não é citado Edom. Na tradução da
Septuaginta, Adão está no lugar de Edom, representando todos os povos, todos os
homens.
Cristo está constantemente atraindo todos os homens a Ele. A Reforma foi um
ajuntamento. O movimento Milerita foi um ajuntamento por meio das profecias de
Deus. O grande desapontamento foi uma dispersão. E os pioneiros começaram o
Movimento Adventista, que é um outro ajuntamento.
Ellen G. White em Primeiros Escritos, págs. 74-76, aplica Isa. 11 "reunirei
outra vez" aos Mileritas (1831-1844) e ao Movimento Adventista. Ela diz que estamos
vivendo no tempo do ajuntamento. Isto não é exegese, mas uma aplicação que está em
harmonia com a Bíblia, pois as promessas feitas a Israel aplicam-se também à igreja –
cumprimento eclesiológico.
Ainda haverá um outro ajuntamento antes da Volta de Jesus, a chuva serôdia, o
alto clamor de Apocalipse 18, quando Israel será finalmente retirado de Babilônia.
"Saí de Babilônia" é a mensagem que devemos pregar com grande poder. Este é
um outro retorno de Babilônia. Este retorno começou em 1844, mas ainda não está
completo. O Espírito Santo virá para convencer os que ainda estão em Babilônia a sair
dela.
A chuva serôdia unir-se-á à mensagem do terceiro anjo, como o clamor da meia-
noite uniu-se à mensagem do segundo anjo em 1844.
Tudo isto pertence à mesma classe de cumprimentos. Há muitos cumprimentos,
incluindo o que ainda está no futuro, do qual todos participaremos. No entanto, por
ocasião da Segunda Volta de Cristo, haverá ainda um outro cumprimento destas
promessas de ajuntamento.
Segundo esta luz, vamos ler o que Jesus disse em Mat. 24:30 e 31. Jesus aqui Se
refere ao cumprimento futuro de tais promessas: "... os seus anjos, com grande clangor
de trombeta, os quais reunirão os seus escolhidos, dos quatro ventos, de uma a outra
extremidade dos céus."
Os termos aqui usados são provenientes do Velho Testamento. Os escolhidos
aqui mencionados são os israelitas, e este ajuntamento será o grande ajuntamento
final. Este será o cumprimento final de Deut. 30, de Isa. 11, de Ezequiel e Jeremias.
Nesta ocasião, o cumprimento não será espiritual, mas visível: todos os mortos em
Cristo serão ajuntados aos vivos que estão em Cristo – um Cristo visível.
Que ajuntamento glorioso será este! Trombetas soando! É a terceira dispensação
que se inicia.
Na primeira dispensação houve um cumprimento parcial destas profecias, com o
Israel nacional.
Armagedom 37

Na atual dispensação, as promessas estão se cumprindo na igreja, e no futuro,


completar-se-á este cumprimento, com a reunião do povo de Deus de todos os cantos
da Terra, de todos os tempos.
Há um cumprimento progressivo na história da redenção. É isto que aprendemos
no terceiro princípio de hermenêutica – o tríplice cumprimento das promessas de
ajuntamento: no passado, no presente e no futuro, porque Cristo é o mesmo ontem,
hoje e para sempre.
Há alguns princípios que devemos estudar para perceber a unidade que há no
maravilhoso Livro de Deus. Já aprendemos que a Bíblia é o seu próprio intérprete.
Consideramos as promessas de Deuteronômio 30, relacionadas com Isaías 11,
Ezequiel, Jeremias, e outros profetas. Estas profecias tiveram cumprimento nos dois
retornos do cativeiro babilônico. Foi um aspecto histórico, mas Cristo também disse
que reuniria os povos a Si, e este é o aspecto cristológico deste cumprimento.
Além disso, estas mesmas promessas de ajuntamento cumprem-se na igreja
apostólica (Atos 15) – é o cumprimento eclesiológico, sem dúvida baseado no
cumprimento cristológico. Sempre que temos o cumprimento eclesiológico, teremos
também o cumprimento eclesiológico, pois não é possível separar a cabeça do restante
do corpo. Cristo é a cabeça, e a igreja o corpo de Cristo.
O que pode ser considerado com relação a Cristo, também pode ser considerado
com relação à igreja, porque a igreja está em Cristo.
Na Nova Dispensação (Novo Testamento) também existe uma Babilônia. E ela
também retém os judeus em cativeiro.
No Velho Testamento, o cativeiro babilônico durou 70 anos. Quanto tempo
durará o cativeiro do Novo Testamento? 1260 anos, portanto muito mais longo que o
primeiro. Isto indica que os fatos na Nova Dispensação são muito mais sérios do que o
que aconteceu na Velha Dispensação.
Assim como a antiga Babilônia perseguiu o verdadeiro Israel, também a
Babilônia atual persegue o verdadeiro Israel. Mas a Babilônia atual é uma igreja
apóstata, e isto é muito mais sério.
Deus providenciou um outro ajuntamento para quando findasse o cativeiro
babilônico do Novo Testamento. E este foi o surgimento das três mensagens angélicas.
Com esta tríplice mensagem, Deus reabilitou a Sua igreja. Este é o lugar que ocupa na
profecia o movimento adventista.
O outro ajuntamento ocorrerá quando o Espírito Santo for derramado sobre toda
carne, como no dia de Pentecostes. Este segundo ajuntamento é invisível, espiritual,
universal. Nem todas as promessas que estão aí envolvidas foram cumpridas neste
cumprimento. Não temos uma terra de descanso e de paz. O povo de Deus nesta
dispensação é, em geral, perseguido, não tem muito descanso para seu corpo, para seus
pés. Ele está ansioso pelo cumprimento final, que se dará no segundo advento de
Cristo, quando serão reunidos todos os eleitos, dos quatro cantos da Terra. Todas as
promessas de ajuntamento do Velho Testamento terão seu cumprimento total por
ocasião da Volta de Jesus. Aqui está a terceira categoria de cumprimento das
promessas.
Armagedom 38

QUARTO PRINCÍPIO HERMENÊUTICO

"Ao aplicarmos as promessas de ajuntamento do Velho Testamento à dispensação


cristã e ao tempo futuro, o Novo Testamento oferece estas promessas aos crentes em
Cristo de todas as raças e amplia a terra prometida ao mundo todo, removendo todas as
limitações étnicas e geográficas, mesmo quando a terminologia e os símbolos usados no
Velho Testamento são mantidos."

Vamos ver se encontramos fundamento para isto na Bíblia. Na verdade, o quarto


princípio é a repetição do terceiro, dito de maneira diferente.
Comecemos com o cumprimento inicial. Havia o Israel nacional. Sem dúvida,
havia também gentios envolvidos ali, mas o Israel de Deus era uma nação composta de
doze tribos. Sempre que temos uma nação, necessitamos um país – o território para
esta nação, portanto Israel precisava ter um país geograficamente organizado, e esta
terra prometida estava localizada no Oriente Médio, a Palestina. Deus prometera a
Abraão que a sua descendência se localizaria entre os rios Nilo no Egito e o Eufrates
Armagedom 39

na Assíria. Quando reinava Salomão, Israel era um império mundial, que foi
gradualmente perdido. Israel voltou do cativeiro babilônico como uma nação. Eles
eram muito nacionalistas, patrióticos. Voltaram ao Monte de Sião, a Jerusalém, e Deus
veio habitar com eles novamente. O templo, com a presença de Deus, tornou-se santo.
O Monte de Sião também se tornou santo, a Palestina uma terra santa, e Israel uma
nação santa, pois Deus veio habitar com eles, renovando o Seu concerto com essas
doze tribos. Este povo tornou-se o remanescente fiel. Isto foi no tempo de Zorobabel.
Como vêem, estas implicações do primeiro cumprimento são uma repetição do
que já foi dito: o Israel estabelecido na Palestina.
Passemos ao segundo cumprimento. O que é Israel nesse segundo cumprimento?
A Igreja. E qual é a relação dessa Igreja com Israel? A Igreja é o Israel espiritual. E o
Israel espiritual está espalhado sobre toda a Terra, por todos os povos e línguas. Este é
o poder desta mensagem – atrair homens de todas as classes, de todas as raças.
E para onde vão estes que são atraídos? Para a Nova Jerusalém, para o Monte de
Sião celestial.
E onde estamos neste meio tempo? Somos peregrinos em direção à cidade que
Abraão já ansiava, cujo construtor é Deus.
Estamos em Cristo, mas Cristo agora está na Nova Jerusalém, no Monte de Sião
celestial. Cristo também está na Terra, na Igreja, em nossos corações, através do
Espírito Santo. Voltamos aqui ao Israel espiritual. Cristo está presente espiritualmente
neste Israel. Paulo diz em Gál. 2:20: "Não sou eu que vivo, mas Cristo vive em mim."
Paulo também diz que todos nós somos templos, nos quais Deus habita. Mas existe
também o templo espiritual que é a igreja, e cada cristão é um templo do Deus vivente
(II Cor. 6:16).
Os cristãos atualmente estão reunidos numa cidade espiritual, num Monte de Sião
espiritual, e quando tiver lugar o terceiro cumprimento (futuro) este Israel espiritual
será um Israel visível.
O próprio Cristo será visível; Jerusalém também será visível.

O primeiro texto a considerar será Êxo. 19:4-6. Qual é a situação neste capítulo?
Israel permanece ao pé do Monte Sinai. Deus quer fazer um concerto com esta nação.
Num passado próximo, eles haviam sido libertos pela poderosa mão de Deus, de um
inimigo mortal que era o Egito. No verso 4, Deus diz a Moisés: "Tendes visto o que fiz
aos egípcios, como vos levei sobre asas de águia e vos cheguei a mim." Deus diz:
"Lembrai-vos da vossa libertação." Antes de qualquer exortação moral vem a
libertação.
Primeiro, a redenção, e então a lei. Primeiro a redenção, e então obediência. Não
é o contrário, absolutamente. Isto seria um mortal legalismo. Nossa pregação também
deve ser assim: primeiro, a redenção, e depois a lei.
Deus diz: "Eu vos cheguei a Mim". Ele não fala de nenhum território, embora o
Monte Sinai fosse um território. As promessas estão centralizadas em Deus e não no
Oriente Médio. A Bíblia é um livro teológico, e se sabemos que Cristo é Deus,
diremos que é um livro cristológico. Foi Cristo que falou a Moisés na sarça ardente, e
Armagedom 40

foi Cristo que guiou o povo na peregrinação do deserto. Também foi Cristo que deu a
Moisés os Dez Mandamentos. Conforme disse Paulo em I Cor. 10, a Pedra era Cristo.
Cristo não era apenas um símbolo, um Tipo, um Salvador por vir, mas um Salvador
presente na ocasião. Ele era o fundamento de toda a economia judaica.
Nos versos 5 e 6 (Êxo. 19) lemos: "Agora, pois [este pois significa com base no
verso 4] se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então,
sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é minha;
vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa."
Havia uma condição. Deus não queria ter apenas a tribo de Levi como sacerdotes,
mas as doze tribos deveriam ser sacerdotes. O que significa ser sacerdote? Ser um
mediador entre duas partes. E quais são essas partes? Deus e os gentios. Deveriam
receber de Deus o conhecimento da salvação e ir aos gentios levar-lhes este
conhecimento. Sua missão era reconciliar os gentios e Deus. Haveria uma grande
bênção para o sacerdote também, pois a graça divina, antes de chegar aos gentios, teria
de passar por ele, como os elos de uma cadeia. Pregar é também uma grande bênção,
pois cremos naquilo que pregamos.
Israel devia ser uma nação santa – composta de santos, isto é, ter um
relacionamento com Deus. Deus os separara para uma missão especial. Todas as
coisas ou pessoas que pertencem a Deus para uma missão especial são chamadas
"santas". Pode ser mesmo uma simples sarça. Quando Deus falou a Moisés naquela
sarça ardente Ele disse: "Tira os sapatos, pois aqui é terra santa."
Por acaso após Deus Se retirar, aquela terra ainda continuou santa? Os pagãos é
que pensam assim. Constróem um templo no lugar que julgam santo e começam a
peregrinar a este lugar. Mesmo os cristãos fazem isto, procurando os lugares onde
Cristo esteve. Esta atitude está bem próxima do paganismo. A Sra. White diz que não
é necessário ir à Palestina. Não nos referimos às viagens científicas de exploração
arqueológica.
Vamos agora nos referir a I Pedro 2:9. Pedro está totalmente transformado, pois
diz, dirigindo-se aos gentios: "Sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de
propriedade exclusiva de Deus ... "
Que privilégio! Em Cristo, os gentios tornam-se semente de Abraão. As
prerrogativas de filhos, que Deus concedera às doze tribos são agora concedidas a
todos os gentios que aceitam a Cristo. Abraão, Isaque e Jacó são agora os seus avós e
têm direito à herança que lhes pertence.
Isto é mais do que teologia. É a nossa vida, nossa esperança, nosso entusiasmo.
Como podemos chamar os cristãos de todas as nações de nação santa? Nem os
adventistas são uma nação. Aqui é empregado um princípio teológico que usa termos e
símbolos do Velho Testamento empregados no sentido espiritual. Um povo universal.
Onde Pedro foi buscar as palavras que usou no verso 9? Em Êxodo 19:4-6.
Teologicamente, o que está acontecendo aqui? Deus escolheu um povo literal fazendo
dele uma nação santa, Sua propriedade peculiar. Deu a esta nação uma missão santa,
privilégios e responsabilidades.
Armagedom 41

E agora os apóstolos tomam todas essas prerrogativas e dizem aos gentios: "Tudo
isto agora se aplica a vocês."
O texto que estamos considerando praticamente repete o de Êxo. 19, mas aplica-
se a pessoas diferentes; não só aos judeus mas aos judeus e gentios que aceitam o
Maior Judeu que já existiu – Cristo.
No primeiro caso, a nação santa estava unida por laços de sangue e pelo
território. Mas a igreja cristã está unida pela fé em Jesus Cristo e pela obediência,
eliminando assim dois aspectos:
 ÉTNICO – de raça
 GEOGRÁFICO – de território
Se é Israel espiritual, o território também é espiritual. Não é preciso imigrar para
a Palestina, pois não é possível espiritualizar Israel e literalizar o território. Seria
inconsistência.
Este é o quarto princípio. Às vezes nos confundimos quanto a estas profecias que
não foram ainda cumpridas, não quanto a Israel, mas quanto ao termo Monte de Sião.
Em Apoc. 5:9 e 10 o cântico dos anjos e dos vinte e quatro anciãos dedicado a
Cristo há referência à bênção prometida a Israel, que se tornariam reis e sacerdotes.
Mas aqui são incluídas todas as tribos, línguas, povos e nações. Em certo sentido, este
é um texto paralelo a I Pedro 2:9, com a diferença de que está no futuro:
"reinarão". Isto demonstra que o concerto de Deus é eterno. Todo o Universo será
santo, e nós teremos uma missão especial no Universo, como lemos nos últimos
capítulos do livro Educação, da Sra. White. Nem os anjos estarão tão próximos a Deus
quanto os pecadores que foram redimidos. Teremos um testemunho e uma mensagem
que ninguém já teve em outros planetas do Universo. Não sabemos exatamente tudo
que está implicado nesta mensagem, mas vemos que esta missão (de reis e sacerdotes)
tem uma aplicação futura. Êxo. 19 está no passado. A dispensação do Espírito é uma
aplicação presente. E há também uma aplicação para após a Segunda Vinda de Cristo.

Há uma trilogia:
 Êxo. 19 – passado
 I Ped. 2 – presente
 Apoc. 5 – futuro.
Vamos agora considerar uma outra trilogia.
Leiamos Jeremias 31:31. É uma passagem muito famosa, na qual Jeremias fala
da promessa enquanto estava no cativeiro babilônico, que durou 70 anos. Portanto,
esta "nova aliança" refere-se ao livramento do cativeiro. É a única vez que
encontramos esta expressão (nova aliança) no Velho Testamento, embora a idéia
esteja implícita também em Ezequiel 36:26, que deve ser estudado junto com Jeremias
31:31.
"Eis aí vêm dias . . ." Que dias são estes? Vemos no verso 33: "depois daqueles
dias" Depois dos 70 anos de cativeiro, quando Deus faria uma nova aliança, um novo
concerto com Israel.
Seria este o mesmo concerto feito com Israel no Monte Sinai?
Armagedom 42

Vamos ler o verso 32. Deve haver diferença. O concerto é exatamente o mesmo;
a lei é a mesma; a graça do santuário é a mesma; a mesma obediência é requerida.
Mas há duas diferenças fundamentais que estão escritas nos versos 33 e 34.
(1) A primeira grande diferença é que agora a lei de Deus devia estar
interiorizada no coração do homem. A lei não devia ser como um fardo nos
ombros, mas estar no coração.
(2) A segunda diferença é a individualização do concerto. Cada indivíduo devia
ter um relacionamento pessoal com o Deus do concerto.

O primeiro concerto falhou por causa da descrença e dureza de coração de Israel.


É por isso que ele foi levado ao cativeiro e agora estão voltando. Têm uma nova
oportunidade, um novo início. Nesta ocasião, houve um cumprimento das profecias?
Parcialmente apenas, pois os primeiros que retornaram eram espirituais, mas pelo livro
de Malaquias vemos que eles foram se degenerando.
Falhou o concerto de Deus pela segunda vez? Embora a profecia só tivesse um
cumprimento parcial, o concerto não falhou, pois houve Alguém que lhe foi fiel –
Jesus Cristo, a única esperança de Israel, a única esperança do mundo. Em Suas mãos,
este concerto vai prosperar, como está profetizado em Isaías 53.
Assim, a nação de Israel, representada por Cristo Jesus poderia agora ser aceita
por Deus, com uma condição – aceitar esse Jesus. O maior pecado é a rejeição de
Jesus.
Podemos agora compreender Hebreus 8, onde é citado Jeremias 31. Podemos
perceber em Hebreus 8:8-12 uma cópia exata de Jer. 31:31-34.
Como aplicar estes textos? Quem são estes judeus? São os judeus cristãos. Este
sumo sacerdote é também o sumo sacerdote dos gentios? Sim, portanto o livro de
Hebreus também se aplica aos gentios que se tornaram Israel.
Concluímos que em Hebreus 8 há uma aplicação das promessas feitas a Israel e
Judá no passado para a igreja cristã. A casa de Israel e a de Judá (Verso 8) são as doze
tribos, que agora são representadas pela igreja dos doze apóstolos.

O que dizer, pois, aos dispensacionalistas, que afirmam que a igreja não pode ser
Israel? Hebreus 8 elimina as restrições étnicas, portanto Israel e Judá são símbolos da
igreja cristã – Israel e Judá espirituais. Isto acontece por meio de Cristo. Se
pertencemos a Cristo somos semente de Abraão.
Foi o concerto feito por Deus (em Jeremias) cumprido plenamente na Igreja
cristã?
Vamos ler Apoc. 21:3 e 4. Percebemos aqui que este concerto terá novo
cumprimento no futuro, na igreja triunfante, na Nova Jerusalém, na Nova Terra. Então
seremos o Seu povo e Ele será o nosso Deus, e Ele habitará conosco.
A Nova Jerusalém é como se fosse um cubo. As medidas da largura,
comprimento e altura são iguais. O lugar santíssimo do Santuário também era um
cubo. No Velho Testamento, Deus habitava neste lugar. No futuro, Ele habitará na
Nova Jerusalém. Toda a Nova Jerusalém significa o lugar santíssimo.
Armagedom 43

Este é o cumprimento final e pleno desta promessa encontrada em Jeremias.


Notaram que a Nova Jerusalém tem doze portões? Quais são os nomes escritos
nesses portões? Das doze tribos. Isto quer dizer que os gentios só poderão entrar na
Cidade como israelitas – o velho e o novo Israel serão agora um só rebanho, haverá
um só Pastor, uma só Mulher (Apoc. 12) – todos serão um, guardando o mesmo
sábado, tendo o mesmo Salvador.
Onde estava o Monte Sinai? Em Samaria, Gerizim ou Jerusalém? "A hora vem,
quando nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai." (João 4:21).
A salvação vem dos judeus – todo o perdão que o sacerdote queria era a salvação.
Jesus ainda queria mostrar à samaritana que a dispensação judaica chegava ao
fim: "vem a hora e já chegou" (V. 23).
O "Espírito" que Jesus mencionou é o Espírito Santo, e não o nosso próprio
espírito. E "verdade" aqui não significa sinceridade, mas a verdade da revelação
divina, a verdade do Messias. Isto é o que a Sra. White afirma no livro O Desejado de
Todas as Nações.
Deus procura aqueles que aceitam a mensagem da hora e adoram a Deus com um
coração renovado pelo Espírito Santo.
Vamos considerar o que Jesus quis dizer com a expressão "Monte de Sião". O
que Ele quer fazer com este local de adoração do Velho Testamento? Eliminar, pois
conforme o quarto princípio de hermenêutica os pontos geográficos são eliminados.
Precisamos ainda ir a Jerusalém para adorar a Deus? Não, pois não existe mais este
Monte Santo no Oriente Médio. Jesus disse sobre Jerusalém que a Sua casa seria
desolada (Mat. 23:38). A destruição do templo é a maior prova de que não existe mais
um lugar santo. Isto já havia sido predito em Mal. 1:11. A Igreja Católica usa este
verso erroneamente para provar que a Missa deve ser celebrada em todo o mundo!
Deus não quer mais adoração só em Jerusalém, mas em todo o mundo. Em Mat.
18:20 aprendemos que onde houver dois ou três reunidos em nome de Jesus, aí Ele
estará. Este é um Monte de Sião espiritual – o templo espiritual, porque Cristo aí está.
Cristo não está onde está o templo, mas o templo está onde Cristo está.
Qual é o princípio que nos orienta? Geográfico ou Cristológico? Palestina ou
Cristo? Aqueles que olham para a Palestina estão rejeitando a Cristo. Este é o clímax
de todas estas regras de hermenêuticas.
Em Mat. 5:14 Jesus afirma que os discípulos são a luz do mundo. Os apóstolos
diriam que Jesus é a luz da Palestina, mas Jesus possuía visão mais ampla. Talvez
fosse o único em Israel com esta visão mundial. Em João 8 Ele disse que era a luz do
mundo, e porque os discípulos eram um com Ele, poderiam ser luzes também – não
que tivessem luz própria. Quando nos separamos de Cristo tornamo-nos trevas.
Jesus acrescenta um outro pensamento: "Não se pode esconder a cidade edificada
sobre um monte." Jesus fala muito mais em profecias do que pensamos, e este verso
pode ser uma interpretação de Isa. 2:1-4 – "Nos últimos dias, acontecerá que o monte da
Casa do SENHOR será estabelecido no cimo dos montes e se elevará sobre os outeiros, e
para ele afluirão todos os povos." (verso 2)
Armagedom 44

Isaías, além de um grande profeta, foi também poeta. Ele usa uma linguagem
figurada ao proferir uma grande mensagem profética. O que significa aqui "o monte da
Casa do SENHOR", nos dias de Isaías? O Monte de Sião. E o que predisse Isaías sobre
este monte? Que seria estabelecido sobre o cimo de todos os montes, e todos os povos
afluiriam a ele. Como compreender isto? A interpretação literal não é correta, mas
Isaías quis dizer que a mensagem do Deus vivo será elevada e exaltada perante todos
os povos. O Monte de Sião será o Monte do templo, o monte da bênção e da salvação.
Nos últimos dias Deus atrairia todos os povos para esta montanha.
Usualmente se ouve o ensino que estas profecias se referem a um falso
reavivamento entre as nações, que Deus está aqui predizendo a obra de Satanás. A
obra de Cristo é atribuída a Satanás.
Quando lemos os versos 3 e 4 notamos o que os povos vão fazer em Jerusalém.
Isto não parece ser um falso reavivamento. A característica principal de um falso
reavivamento é que ele não prega convenientemente a lei de Deus que expõe a
profundidade do pecado, como diz a Sra. White em O Grande Conflito.
E o que é dito em Isaías 2? É o oposto do Salmo 2 – os que virão a Jerusalém
quererão seguir a lei de Deus, a revelação divina. Isto não é um falso reavivamento.
Os que assim pensam, se esquecem do verso 4. Na sede das Nações Unidas está
escrito este verso. E por proclamar "Paz, paz", julgam que é obra de Satanás, portanto
um reavivamento falso.
Vamos ler Joel 3:9 e 10. É o oposto do que está em Isaías 2.
Esta profecia de Isaías 2 é exatamente a profecia de Miquéias 4:1-4. Elas são tão
semelhantes que não se sabe quem a proferiu antes. Pelo contexto, parece ter sido
Miquéias. Talvez Isaías tomou esta profecia de Miquéias.
A Sra. White falou-nos alguma coisa sobre Miquéias 4: "Miquéias 4 é uma
profecia de grande reavivamento para a igreja" (citado no Comentário Bíblico
Adventista). Portanto, a Sra. White nunca concordou com a idéia de que Isaías 2 é um
falso reavivamento.
O Pentecostes foi o primeiro cumprimento de Isaías 2, e se cumpre também
quando somos convertidos pelo Espírito Santo; e será ainda cumprida por ocasião da
chuva serôdia. Todos verão a igreja elevada diante de toda a Terra.
Não deixemos que a nossa mente se preocupe com um complexo de
perseguições, mas pensemos positivamente. Vamos nos preparar para este grande
reavivamento. Jesus disse que uma cidade edificada sobre um monte não pode ser
escondida. Alguns estudiosos da Bíblia acham que isto é uma explicação de Isaías 2.
A igreja apostólica primitiva era a luz do mundo, e a igreja remanescente dos últimos
dias também terá esta denominação. Isto é reavivamento.
Como considerar Joel 3? Não são as mesmas pessoas? Mas aqui se refere aos que
rejeitaram o reavivamento, e se unem para guerrear contra os remanescentes. Em
outras palavras, o Monte Sião literal de Isaías 2 é ampliado de tal forma que o povo de
Deus de todo o mundo torna-se a luz do mundo.
O povo de Deus é o Monte Sião deste mundo. Não é uma bonita aplicação? Dá-
nos a idéia de uma nova missão, uma responsabilidade muito mais profunda. Mas
Armagedom 45

existe o poder da salvação em nossa igreja. E ninguém que visita a nossa igreja deve
sair sem sentir esse poder.
Isaías 2 é posteriormente, em Isaías 60 revelado em maior luz. Estes dois
capítulos têm a mesma mensagem.
Heb. 12 é um interessante capítulo. O livro de Hebreus é o livro dos contrastes:
entre o Israel literal e o espiritual, entre o velho templo e o templo celestial, entre o
sangue do sacrifício antigo e o sangue do sacrifício de Cristo, entre os muitos
sacrifícios e o único sacrifício.
No verso 18 lemos que nós, como igreja não chegamos ao Monte Sinai, mas sim
ao Monte Sião, como está no verso 27.
O que significa o fato de ter vindo a igreja ao Monte de Sião? Continuemos lendo
o verso 22. O apóstolo aqui se refere ao Israel espiritual. No verso 23 encontramos a
palavra igreja. Aqueles que querem ir para Jerusalém devem vir primeiro para a igreja.
Ser batizado em Cristo é ser batizado na igreja.
Leiamos a primeira linha do verso 22 e a primeira linha do verso 24: "Mas tendes
chegado ao monte Sião" "e a Jesus". O que é mais importante – o Monte Sião ou Jesus?
Jesus está no Monte Sião ou o Monte Sião está onde está Jesus? Não existe limitação
geográfica.
O que é este Monte Sião: Aqui ele se torna um símbolo. A terminologia do Velho
Testamento é usada no Novo para indicar continuidade. Os cristãos constituem o
verdadeiro Israel. Os planos de Deus para com Israel serão cumpridos, sem dúvida.
Mesmo os dispensacionalistas afirmam tal fato. A diferença entre seu modo de pensar
e o nosso reside na maneira como isto será cumprido. Os dispensacionalistas afirmam
que a igreja nunca é Israel, e que ao Jesus escolher a igreja, temos uma dispensação
que seria uma intercalação nos planos de Deus. Haveria um arrebatamento secreto
desta igreja e Deus cumpriria tudo com os judeus.
O erro desta interpretação é que eles consideram o Velho Testamento como se não
existisse o Novo, como se Cristo nunca tivesse existido. Interpretam o Antigo
Testamento como o fizeram os rabinos que rejeitaram a Jesus. Não vêem Cristo no
Velho Testamento. A única maneira correta de abordar o Velho Testamento é
considerar o Novo como sendo seu cumprimento final. Paulo possuía um princípio
importante para interpretar o Velho Testamento: o princípio Cristológico-Eclesiológico
que encontramos no segundo princípio e no terceiro mais elaborado; e agora, no
quarto princípio, vemos as implicações finais.
Se a igreja é o Israel de Deus, o aspecto étnico é eliminado e o aspecto geográfico
é ampliado. Isto é o que acontece em Hebreus 12:22.
Consideremos agora Apocalipse 14:1.
Quem são os 144.000? A Sra. White nos aconselha a nos esforçarmos para fazer
parte deles. Conforme Apoc. 7 os 144.000 vêem das tribos de Israel – são israelitas. É
por isto que estão no Monte Sião. Tudo é simbólico.
O Cordeiro indica Jesus e 144.000 é o símbolo para o Israel remanescente. Não é
o Israel literal, mas composto por judeus e gentios. Mas estão no Monte Sião, território
do Oriente Médio. Deveríamos espiritualizar Israel e literalizar o Monte Sião? Não.
Armagedom 46

Alguns pensam que o Monte Sião aqui mencionado está no Céu. Mas existe igreja no
Céu e na Terra. Cristo está no Céu e, através do Espírito Santo, na Terra. Há no Céu
um templo literal e há na Terra um templo espiritual. A Sra. White diz que aqueles que
querem seguir o Cordeiro no Céu devem primeiro segui-Lo na Terra.
Em Mat. 5:5 lemos que os mansos herdarão a Terra. Estas palavras foram criadas
por Jesus ou são palavras do Velho Testamento?
Vejamos Sal. 37:11 – "Mas os mansos herdarão a terra." Segundo a compreensão
da época, a Terra era a Palestina. E no Novo Testamento Jesus usa Terra como todo o
mundo, fazendo da terra de Israel todo o mundo – há uma ampliação.
Rom. 4:3 relata a promessa feita a Abraão, que herdaria a Terra.
Leiamos também Gên. 13:14-17. A terra prometida tinha quatro dimensões. Em
Gên. 15:18 há uma limitação da terra. O plano original de Deus era que Israel
possuísse toda a Terra. Isto agora é verdade quanto ao Israel espiritual. Para o Israel
literal a terra foi limitada à Palestina. Deus planejara que se Israel lhe fosse fiel, seu
território iria aumentando até abranger todo o mundo. Mas não há no Novo Testamento
sequer um texto que faça esta aplicação literal do Oriente Médio em relação a estas
promessas do Antigo Testamento.
Por que, então, nos preocuparmos com o problema do petróleo no Oriente
Médio? Alguns pensam que a crise do petróleo vai levar as nações do mundo ao
Oriente Médio, ao Armagedom.
Testemunho para Ministros, pág. 409 e 410: "Muitos se levantarão em nossos
púlpitos tendo nas mãos a tocha da falsa profecia acesa na infernal tocha de Satanás."
É por isso que precisamos estudar princípios hermenêuticos. Eles se tornarão uma
garantia contra a heresia. Os que interpretam falsamente estas profecias consideram os
textos isolados do contexto – não observam a raiz do Velho Testamento, nem mesmo o
contexto imediato, e nem a conexão com Cristo e a Sua igreja. Retiram as palavras da
Bíblia, olham essas palavras, vão ao dicionário e pregam ao povo.
Devemos ensinar a verdade!

QUINTO PRINCÍPIO HERMENÊUTICO

"Ao aplicarmos as profecias de reunião do Velho Testamento ao tempo pós-milênio, o


Apocalipse de João não mais se refere à Jerusalém antiga, mas à Nova Jerusalém, a noiva
Armagedom 47

do Cordeiro, que descerá do Céu à Terra no fim do milênio. Esta é a consumação final de
todas as profecias apocalípticas, centralizadas em Cristo e Sua santa Cidade, a capital da
Nova Terra."

Este princípio é muito importante também, embora não seja para nós uma coisa
totalmente nova. Os que não são adventistas não conhecem este princípio.
Vamos considerar Apoc. 20:7-9. Novamente nos deparamos com um
ajuntamento. Este ajuntamento relaciona-se com uma profecia do Antigo Testamento.
As palavras Gogue e Magogue são encontradas em Ezequiel 38 e 39 como os inimigos
do povo de Deus, e em Apocalipse são os que vão lutar contra a Cidade Santa, o
acampamento dos santos. Esta cidade parece ser literal, após o milênio. Lemos em
Apoc. 21, verso 2 (e repetido no verso 10) que a cidade descerá do Céu.
Em profecia, consideramos um dia como sendo um ano. Por que tomamos
literalmente estes 1.000 anos de Apocalipse? Em Apoc. 10:6 o Senhor afirma que,
uma vez cumprida esta profecia, não mais haveria profecia relativa a tempo. Sabemos
que Apoc. 10:6 refere-se a um tempo profético do livro de Daniel no Velho
Testamento (Dan. 8:14 – o maior período profético da Bíblia, as 2.300 tardes e
manhãs). Portanto, esta é a última vez em que um dia eqüivale a um ano.
Aí está a primeira razão pela qual Apoc. 20 trata de anos literais. A razão
seguinte é porque em Apoc. 19:11-21 aparece a narração do retorno de Cristo de uma
maneira visível e literal. Apoc. 20 é uma seqüência cronológica do que está em
Apocalipse 19, portanto literal. Apoc. 20 relata os acontecimentos que se seguem à
Vinda de Cristo. Quando a Volta de Cristo é literal e visível, podemos considerar as
profecias de modo literal e visível.
Mas isto não quer dizer que Apocalipse 20 não possa usar uma linguagem
figurada para referir-se a este fato visível. Por exemplo, vamos nos referir a Apoc.
19:11, onde é dito que Cristo vem num cavalo branco. Podemos considerar este cavalo
literalmente? Não haveria nada errado, mas não é necessário que seja. Cristo vem
numa nuvem branca (Apoc. 14:14).
Surge a dúvida: Ele vem num cavalo branco ou numa nuvem? Sabemos que este
cavalo é de batalha, e a cor branca representa vitória, portanto é um simbolismo, mas
de uma realidade visível e concreta.
Vamos a Apoc. 19:15. Esta espada é também o simbolismo de uma realidade – o
julgamento.
Voltemos a Apoc. 20:1-3. Isto acontece por ocasião do segundo advento. Como
vamos considerar estes versos? O último livro da Bíblia faz mais de 400 referências ao
Velho Testamento, e usa todas as imagens e termos de Moisés. A Sra. White diz que
neste último livro, todos os demais livros da Bíblia encontram o seu fim.
Devemos ir ao Velho Testamento. Lá estão a raiz, o fundamento, os tipos, o
início destes cumprimentos. Quem é o dragão? A antiga serpente. Em Gên. 3 lemos
que a cabeça da serpente será esmagada e em Apocalipse somos informados de como
será.
Armagedom 48

O abismo onde a serpente será lançada, amarrada e selada será esta Terra, pois
aprendemos em Gên. 1:2 que antes de Deus criar a Terra havia um abismo. Durante o
milênio, a Terra voltará a este seu primeiro estado – sem forma e vazia – e será muito
pior.
Em Isa. 24:21 e 22 fala-nos sobre o dia do Juízo, quando haverá julgamento dos
anjos que serão encerrados no abismo por muitos dias – 1.000 anos. O milênio não é
algo adicionado, mas faz parte da profecia. Ocorrerá entre o segundo e terceiro
adventos de Cristo. O termo "milênio" não se encontra na Bíblia. É uma palavra latina
que significa mil anos. Não está implícito que sejam de paz, embora muitos cristãos
acreditem que milênio signifique "mil anos de paz".
Na igreja primitiva, após os apóstolos, já encontramos a idéia de que a igreja
governaria o mundo todo, de Jerusalém (é usado o termo grego "chiliasmo").
Encontramos este conceito em Papias, pai da igreja primitiva. Nós não somos
"quiliastas" , pois cremos que durante os mil anos a Terra estará vazia. Portanto, a
igreja não estará na Terra e não haverá paz e abundância. Nós somos pré-milenialistas,
isto é, cremos que Cristo virá antes do milênio. A Segunda Vinda de Cristo assinalará
o início do milênio.
Quando o movimento adventista teve início, a maioria dos cristãos na América
do Norte era pós-milenialista – criam que Cristo viria em glória somente após os mil
anos de paz e prosperidade sobre a Terra. Nossos pioneiros tiveram grande luta contra
este falso conceito.
Agostinho, pai da Igreja, introduziu um outro conceito ainda: amilenialismo –
negação do milênio. Ele cria que o milênio é um período indefinido caracterizado pela
vitória da igreja através da História. Quando o imperador Constantino tornou-se
cristão no IV século da nossa era, Agostinho declarou que o milênio iniciara, porque
Cristo começava a reinar sobre o império romano.
Surge a pergunta: Será que Satanás foi amarrado naquela ocasião? Se foi, era
com uma corrente muito elástica. O que significa esta corrente? Circunstâncias.
Se considerarmos Apoc. 20, versos 5 e 6, veremos que o milênio ocorrerá entre
as duas ressurreições, e a primeira ressurreição ocorre na Segunda Vinda de Cristo (I
Tess. 4:16). Após o milênio, a Cidade Santa desce do Céu para a Terra. Esta cidade
não pode ser simplesmente simbólica, porque uma grande mudança é efetuada após
este período, e os santos estarão nela. Estas pessoas são visíveis, literais, concretas
(Apoc. 21).
Ao acontecer isto, os inimigos de Deus são ressuscitados (Apoc. 20:5). Agora
Satanás tem novamente pessoas a quem enganar, sendo portanto libertado de sua
cadeia. As circunstâncias mudam. Imediatamente torna-se o líder desse que
ressuscitam na 2ª ressurreição, declarando que foi ele que os fez viver outra vez.
Sendo assim enganados, os ímpios lhe prestam culto, e começam a organizar um
exército. Não se sabe quanto tempo isto levará, e como os que estão fora da cidade são
muito mais numerosos que os que estão dentro, são levados a pensar que poderão
ganhar a cidade pela força.
Armagedom 49

A Sra. White descreve o que acontecerá nesta ocasião. É uma das mais
dramáticas descrições de todos os seus escritos. Devemos lê-la várias vezes. Sabemos
que aqueles que ali estão rejeitaram a Cristo e escolheram a Barrabás. Mesmo o diabo
reconhecerá que Deus é justo. Finalmente, todos os joelhos dobrar-se-ão diante de
Deus.
Ao considerarmos os princípios hermenêuticos, parece haver aqui um outro
cumprimento das promessas de ajuntamento, que parece ser total.
Zacarias 14 é uma aplicação especial ao período pós-milênio. Lemos aí que o
Monte das Oliveiras será partido ao meio e haverá um vale muito grande (verso 4). A
Nova Jerusalém vai descer no exato lugar onde estava a antiga Jerusalém. Chegamos,
portanto, ao ponto em que as profecias têm seu cumprimento geográfico, novamente
no Oriente Médio. Todos os santos estarão dentro da cidade. Cristo também está
visível. Os inimigos, representados por Gogue e Magogue estão ao redor, reunidos.
Ainda aqui, a interpretação é primeiramente cristocêntrica e depois territorial.

TEXTOS DE DIFÍCIL INTERPRETAÇÃO

Sempre que consideramos os princípios básicos de interpretação profética, vêm à


tona estes três textos:
 Romanos 11:25 e 26
 Mateus 23:39
 Lucas 21:24

Romanos 11:25 e 26.


Este capítulo fala sobre os judeus cristãos que estão dentro da igreja e também
fala da igreja. É o clímax dos dois capítulos eu o precedem.
Temos conselhos da Sra. White quanto ao trabalho que devemos fazer entre os
judeus. E para realizar esta obra temos que aprender a sabedoria que está neste
capítulo 11 – daí sua importância.
O apóstolo Paulo preocupava-se em ganhar para Cristo seus companheiros
judeus. Muitas vezes ele ia primeiro à sinagoga, e quando esta o expulsava, ele dizia:
"Agora parto para os gentios." Mesmo após o apedrejamento de Estêvão (ano 34 AD),
Paulo jamais negligenciou os judeus. No capítulo 9 de Romanos ele afirmou que
preferia perder a si próprio a ver seus companheiros perdidos.
Armagedom 50

No capítulo 11, verso 17 ele começa a falar sobre a oliveira. Os judeus eram
comparados a uma oliveira. Podemos encontrar isto em Jeremias 11:16. Mas esta
oliveira foi podada. Os ramos cortados representam os que rejeitaram a Cristo – não
descrentes do judaísmo, mas descrentes de Cristo. Paulo diz no verso 23 que estes que
foram podados podem ser enxertados. Esta é a porta aberta para o evangelismo entre
os judeus. Os gentios também farão parte desta árvore, através de uma fé pessoal em
Cristo. A fé e o batismo enxertam os gentios no Israel espiritual.
Esses gentios que crêem não são uma outra oliveira, ao lado daquela da Velha
Dispensação Judaica. Deus não escolheu doze gentios, mas doze judeus para
apóstolos; o próprio Cristo era judeu. A salvação vem dos judeus. Isto torna o Velho
Testamento um livro cristão. Os que rejeitam a Cristo não crêem no Velho
Testamento. Só podemos ter o Velho Testamento quando temos a Cristo, embora os
judeus pensem que Cristo é algo do Novo Testamento.
Leiamos os versos 25 a 29. Estes textos são pouco usados, mas os textos difíceis
devem ser compreendidos à luz dos textos mais fáceis.
Paulo está escrevendo para a igreja de Roma, onde havia muitos cristãos e
gentios. Mas o imperador romano havia expulso todos os judeus da cidade, portanto,
subitamente a igreja não possuía judeus em seu seio. Quando Nero subiu ao trono,
permitiu que os judeus voltassem. Ao chegarem à igreja, notaram que os seus cargos
haviam sido tomados pelos gentios, e isto trouxe muitos problemas à igreja. Paulo
então escreve esta carta, por volta do ano 50 da nossa era, para solucionar este
problema. Havia tensões entre judeus e gentios. Os judeus julgavam-se superiores,
mas os gentios achavam que eles próprios era superiores. Cada lado tinha seus
argumentos a apresentar.
E é por isso que Paulo disse no verso 1: "Terá Deus, porventura, rejeitado o seu
povo?", referindo-se aos judeus. Alguns diriam que sim, mas Paulo afirma: "De modo
nenhum! Porque eu também sou israelita". Deus rejeitou a nação, e não os indivíduos. O
apóstolo continua dizendo que Deus sempre teve um remanescente fiel, como
aconteceu no tempo de Elias. Elias pensava que somente ele permanecera fiel, mas
Deus disse que entre o povo havia sete mil fiéis. No tempo de Paulo também havia um
remanescente.
Verso 5: "Assim, pois, também agora, no tempo de hoje, sobrevive um
remanescente segundo a eleição da graça."
No Pentecostes foram batizados três mil entre os judeus, e pouco tempo depois,
mais dois mil. A Sra. White afirma que o Pentecostes será repetido em nosso tempo
entre os judeus. No futuro poderemos batizar três mil judeus em São Paulo ou no Rio
de Janeiro. Este é o plano de Deus.
No verso 13 o apóstolo dirige-se aos gentios. Aqui percebemos o movimento
interessante de uma onda: Deus primeiro deu o conhecimento da salvação aos judeus
para estes o levarem aos gentios. Agora os gentios têm este conhecimento para dá-lo
aos judeus. Por que os judeus deveriam ter ciúmes dos gentios? Sempre pensamos que
a inveja é coisa má, mas aqui parece ser boa, uma inveja que santifica, vontade de ter
Armagedom 51

alguma coisa. Neste caso, os judeus deveriam desejar a justificação pela fé em Cristo
que os gentios possuíam.
Os judeus percebem que os gentios possuem a glória de Deus não por seus
próprios méritos, mas que foram escolhidos somente pela graça. Este fora o engano
dos judeus, como lemos no verso 25.
Este Israel era nacional ou espiritual? Era a nação de Israel, como vemos em todo
o capítulo. Mas não foi todo o Israel endurecido; alguns aceitaram. Não devemos de
modo algum desprezar ou rejeitar a nação judaica, pois muitos judeus aceitaram
Cristo. Cada ano, seis a sete mil jovens judeus tornam-se cristãos, mas não os temos
em nossa igreja. Por que? Outras igrejas estão atentas a este tipo de evangelismo. Os
jovens judeus concluem que o Judaísmo nada tem a oferecer a seus corações. Estão
libertos dos conceitos do Dispensacionalismo. É uma áurea oportunidade para nós.
O que significa a "plenitude dos gentios" a que se refere Paulo neste verso? Que
todos os gentios se converterão? Não, isto é Universalismo. Paulo quer dizer "a
plenitude dos gentios crentes" – que todos os gentios crentes farão parte da oliveira, "e
assim todo o Israel será salvo". Esta frase significa que não há uma ordem cronológica
– "primeiro os gentios e depois os judeus"; não há separação entre os que se salvam
nos gentios e os que se perdem nos judeus. A expressão "e assim" significa "através da
inveja deles serão salvos". Inveja da maneira como são salvos os gentios – fé em
Cristo como o Messias.
Há um paralelo entre "a plenitude dos gentios" e "todo o Israel". A aplicação é a
mesma. Todos os gentios crentes e todos os judeus crentes. Portanto, Israel aqui é
tomado no sentido literal – a nação de Israel.
A seguir, nos versos 26 e 27, Paulo refere-se ao que está em Isaías e Jeremias: "...
Virá de Sião o Libertador e ele apartará de Jacó as impiedades. Esta é a minha aliança
com eles, quando eu tirar os seus pecados." (Isa. 59:20, 21. Jer. 31:33, 34).
O Velho Testamento é um livro cristão, mas ainda é um livro judeu. Não estamos
lendo que os judeus voltarão à Palestina, embora os Dispensacionalistas afirmem que
está é a prova para a volta dos judeus à Palestina. Sem dúvida, aqui há um retorno,
mas é a volta ao Senhor, e não à terra. Esta é uma promessa de Deus ao Seu povo.
No verso 29 aprendemos que "os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis". Isto
significa que as promessas divinas ainda são oferecidas aos judeus. Deus rejeita a
nação judaica, no que se refere a ser ela a luz do mundo e a nação santa como
escolhida, mas Suas mãos ainda estão estendidas a todos os judeus, onde quer que
estejam. E Deus quer fazer de nós as Suas mãos – quer que levemos aos judeus a
mensagem da salvação.

Mat. 23:39.
Este verso é explicado pelos dispensacionalistas como sendo uma promessa de
que a nação israelita seria convertida quando contemplasse Jesus vindo em glória; que,
durante a guerra entre israelitas e árabes, Jesus aparecia subitamente para salvar os
israelitas. Nesta ocasião, eles O aceitariam e diriam: "Bendito o que vem em nome do
Senhor."
Armagedom 52

E qual é a interpretação correta? Consideremos primeiro o contexto, pelo verso


38. O contexto revela-nos uma condenação, e não uma promessa. Jesus está tentando
dizer: "Vocês agora Me rejeitam, portanto Eu devo também rejeitar vocês e destruir o
templo de Jerusalém." E isto foi cumprido no ano 70. Mas Cristo acrescenta uma
predição. Ele não está interessado apenas no julgamento, mas quer o reconhecimento
de que Ele é justo. Quando O virem no Seu retorno glorioso, não haverá mais
oportunidade de rejeitá-Lo, terão a obrigação de reconhecê-Lo. Mas serão muito tarde
para a salvação. Este mesmo fato acontecerá no fim do milênio. Até o diabo dobrará
os seus joelhos. Esta é a idéia que Jesus quer dar aqui.
Para os adventistas há uma excelente confirmação nos escritos da Sra. White em
Review and Herald de 13 de dezembro de 1898.

Luc. 21:24.
Há muitos que ensinam que este texto foi cumprido em 1967, quando Jerusalém
foi conquistada pelos judeus, na Guerra dos Seis Dias. Afirmam ser este o último sinal
de que Jesus em breve virá. É uma notícia sensacional, algo que atrai o povo. Mas
será que é uma interpretação correta? Vamos considerar o texto.
O contexto imediato mostra-nos uma cidade literal (Jerusalém), a partir do verso
20. Sabemos que Jerusalém foi destruída pelo exército romano no ano 70 AD. Até aqui,
tudo claro. Mas Jerusalém não representa uma cidade apenas, mas toda a nação judaica.
Jerusalém é a capital de toda a nação judaica. No fim do verso lemos que Jerusalém
será pisada. Isto expressa um julgamento de Deus sobre esta cidade. Qual a razão?
Rejeição do Messias. O termo "pisada" significa guerra, destruição, dispersão, mal
trato. É um termo apocalíptico que vem de Daniel 8:13 e Daniel 9:26 e 27, portanto é
um cumprimento destas profecias de Daniel, que o templo e o povo de Deus seriam
pisados. A rejeição do Messias causou este juízo. Em Daniel 9:26 lemos que o
Messias seria cortado e que Jerusalém seria destruída. Causa e efeito estão patentes:
Jerusalém foi destruída porque o Messias foi suprimido.
Podemos perguntar ao judeu: "Quando Jerusalém foi destruída?" E ele dirá:
"Você sabe que foi em 70 da nossa era." Então perguntamos: "Por que foi destruída?"
Ao lermos para ele Dan. 9:26 a conclusão será: "Porque rejeitaram o Messias." Esta é
uma das provas de que o Messias devia aparecer antes do ano 70. É um forte
argumento, que é repetido no verso 27. Aí está a base para Lucas 21:24 – "Jerusalém
será pisada". A maldição de Deus sobre Jerusalém é também o cumprimento de Deut.
30. Em Gál. 4:21-31 podemos ler mais a respeito, onde Paulo afirma que a Jerusalém
daqueles dias era descendente de Ismael e não de Isaque.
Quanto tempo duraria essa maldição? Até 1967? Por que subitamente Deus
retiraria a Sua maldição? "até que os tempos dos gentios se completem" é a resposta
correta. E qual é o tempo dos gentios? Por acaso o tempo dos gentios findou em 1967?
Isto não é lógico. Este tempo pode ser o período indefinido no qual Deus concede Sua
graça aos gentios. Podemos comparar com Romanos 11:25.
Outra possível interpretação é ser o período no qual os inimigos da verdadeira
Jerusalém perseguem a igreja, que representa a Jerusalém espiritual (Apoc. 11:2).
Armagedom 53

E uma terceira interpretação é que os inimigos literais do povo judeu estão


maltratando Jerusalém no presente. Tudo depende da interpretação que se dá à palavra
"gentios". São eles os inimigos dos judeus literais ou do povo de Deus espiritual? Se
considerarmos "gentio" quanto ao relacionamento com Cristo, mesmo os judeus
podem ser considerados gentios, pois todo judeu que rejeita Cristo torna-se um gentio,
espiritualmente falando.
Pelo contexto deduzimos que se trata da Jerusalém literal. Qualquer que seja a
interpretação escolhida, devemos entender que foi um tempo de maldição sobre
Jerusalém. E quando findaria? Em I Tess. 2:16 diz que a maldição está sobre o judeu
até o fim, conforme o original grego.
Como dizem que isto foi cumprido em 1948? Não podemos tomar os fatos que
acontecem e impô-los sobre a Bíblia, mas temos que raciocinar do ponto de vista
divino. A Bíblia é seu próprio intérprete.
O deserto está florescendo – pela irrigação. O que dizer disso? Tudo o que
acontece de bom, automaticamente vem de Deus, como por exemplo, as curas? Esta é
a maneira como Babilônia considera o problema: todo milagre tem que vir de Deus.
Mas Satanás também pode curar. Ele vai até tentar enganar os eleitos pela imitação da
Volta do Senhor. Esta teoria – de que Luc. 21:24 cumpriu-se em 1967 – bem pode ser
um engano de Satanás.
Deus somente retira a Sua maldição sobre Israel quando aceitam Jesus como o
Messias. Somente desta maneira podem ser uma nova nação, e possuir a Nova
Jerusalém. O fato de terem os judeus uma nova nação e reconquistado Jerusalém não,
de modo algum, prova de que Deus retirou Sua maldição. Os judeus, na situação em
que estão, vivem tremendo de medo dos árabes, não podem ter paz.
Em Primeiros Escritos, pág. 213, a Sra. White fala-nos sobre este assunto.
Devemos ler cuidadosamente. Para a Sra. White e para o apóstolo Paulo, Jerusalém
será pisada até o tempo do fim.
Devemos ter muito cuidado ao interpretar as profecias, baseando-nos nas
Escrituras, e não nos eventos de nossos dias.
Armagedom 54

OBJETIVO DA ESCATOLOGIA ADVENTISTA

O ponto de vista da Sra. White é que a Bíblia trata da história da redenção, do


grande conflito entre o bem e o mal – não a história do mundo, mas da salvação –
concentrando-se no caráter de Deus e no Seu santo governo.

Características de Daniel e Apocalipse


1. Estes livros são estruturados em relação ao tempo. Exemplo: 1.260 anos, 2.300
anos, 1290, 1335, 70 semanas. Tais profecias de tempo não têm um objetivo em si
mesmas, mas seu propósito é apontar para um grande fim – são Teleológicas.
2. A segunda característica é a Teodicéia Cristocêntrica. Cristo representa o
caráter de Deus e se torna o governador que tem direito sobre este planeta.
3. A terceira característica são as repetições ampliadas.
 Daniel 7 é a repetição de Daniel 2 – os quatro reinos são repetidos nos
animais de Dan. 7. Mas não é uma mera repetição. Há um elemento novo –
o Anticristo. Portanto, é uma repetição mais ampla.
 Daniel 8 acrescenta ainda outro elemento – o trabalho do Anticristo no
santuário.
 Daniel 11 também adiciona outro elemento – que haverá uma guerra bem
próximo do fim.
 E no Apocalipse temos várias séries como esta. Por exemplo, as Sete
Igrejas, os Sete Selos, as Sete Trombetas, as Sete Últimas Pragas, Apoc. 12,
13 e 14.
 II Tessalonicenses 2 e Mateus 24 também possuem esta característica.
São, ao todo, pelo menos doze séries apontando para o mesmo evento – a
Segunda Vinda de Cristo. Nestas séries, é sempre acrescentado um elemento novo
àquilo que fora citado anteriormente. Este é o ABC da Escatologia.
As doze séries mostram que estamos vivendo no tempo do fim. Que peso para o
nosso argumento! Que convicção!
Somente os Adventistas têm esta convicção e podem notar a urgência da
mensagem de Deus.
Armagedom 55

A IDENTIDADE BÁSICA DA GUERRA APOCALÍPTICA

O termo "apocalíptico" refere-se a uma seção especial dentro da Escatologia –


todos os sinais dos tempos que apontam à Segunda Vinda de Cristo e ao Milênio. A
estes sinais podemos chamar de "Escatologia Apocalíptica.
Sabemos que a Escatologia também inclui os eventos da primeira vinda de
Cristo, é por isso que o termo "apocalíptica" é usado para concentrar nossa atenção no
Segundo Advento de Cristo e no Milênio. O centro das profecias apocalípticas é uma
guerra final, a qual estudaremos a seguir.
Podemos chamá-la Armagedom, e há muita confusão sobre a mesma. É por isso
que precisamos cavar bem fundo e descobrir a verdade. O povo adventista deve estar
bem informado sobre os acontecimentos finais, pois é o povo da profecia. O mundo
todo depende do nosso conhecimento destas fatos.
O que dizem as profecias apocalípticas a respeito desta grande guerra final?
Todas estas profecias têm a mesma mensagem quanto ao Armagedom e quanto ao fato
de os filhos de Deus encontrarem refúgio no Monte de Sião. Também todas elas
apresentam o fato de todos os povos da Terra estarem unidos contra o povo de Deus. e
em todas as vezes vemos a intervenção de Deus, que vem em socorro do Seu povo.
Deus quer dar-nos muita coragem para quando chegar um tempo mais difícil.
Quando o mundo não mais encarar favoravelmente a igreja adventista, quando as leis
das nações começarem a vir contra o povo de Deus, precisaremos de todo o conforto
Armagedom 56

que pudermos conseguir. Os três livros mais importantes para a igreja remanescente
são Daniel, Apocalipse e Salmos.
Todas as passagens a seguir tratam da guerra apocalíptica:
Velho Testamento:
 Joel 2:28-32, cap. 3
 Zacarias cap. 12 e 14
 Ezequiel cap. 38 e 39
 Daniel 11:40-45; 12:1 e 2
 Gênesis 3:15
 Isaías 63:1-6; cap. 24 a 27
 Jeremias 25:30-38
 Salmos 2; 18; 46

Novo Testamento:
 Mateus 24
 II Tess. 2
 Apoc. 12:17; 13:15-17; 14; 16:13-16; 17:12-14; 19:11-21; 20:7-9

Estas profecias não entram em conflito umas com as outras. Todas falam de um
remanescente final sobre o Monte de Sião em Jerusalém, na Palestina. Há uma
unidade básica entre elas. É uma só Escatologia Apocalíptica, com aspectos diferentes.
E qual é a relação entre o Apocalíptico do Velho Testamento e o do Novo
Testamento? É uma relação tipológica, pois a Igreja não é idêntica à nação israelita,
embora haja uma identidade básica. Israel, nas profecias apocalípticas do Velho
Testamento, não é simplesmente a nação judaica, mas refere-se somente ao
remanescente fiel. E este Israel espiritual é revelado mais plenamente após a cruz de
Cristo. É o Israel de Cristo. Isto estabelece uma unidade básica entre o Velho e o Novo
Testamento. A Igreja do Velho Testamento e a do Novo Testamento são uma Igreja.
Mas o que faz esta unidade entre a Igreja de Cristo do Novo Testamento e o
Israel de Jeová do Velho Testamento? Cristo.
Este Apocalíptico jamais foi cumprido com relação à nação judaica antes da cruz
de Cristo. Eles esperavam este cumprimento no ano 70 da nossa era, quando as tropas
romanas cercaram Jerusalém por quatro anos, e o povo dentro da cidade começou a
comer seus próprios filhos. Apelaram para as profecias de Joel e Zacarias. E por que
Deus não interveio? Não foi por infidelidade de Deus, mas por infidelidade de Israel.
Cristo é o centro de todas as profecias apocalípticas do Antigo Testamento. Israel
estava relacionado com Jeová e a Igreja está relacionada com Cristo Jesus. Se fossem
dois deuses diferentes, haveria dois Apocalípticos diferentes, e a Igreja não poderia ser
Israel. E este é o princípio básico do Dispensacionalismo: que a Igreja não pode ser
Israel. O problema reside na sua teologia.
Qual foi o concerto feito com Israel e qual é o concerto feito com a Igreja?
Armagedom 57

Cristo deve ser o centro não somente das mensagens evangélicas, mas de toda a
mensagem profética.
De que maneira podemos dizer que Israel tem continuidade na igreja cristã? A
igreja não substituiu Israel mas é a sua continuação. Consideramos, não a nação
judaica mas o Israel espiritual. A nação judaica recebe a maldição, mas o Israel fiel
que está dentro desta nação recebe a bênção. E este remanescente fiel torna-se o povo
de Cristo. Dentre eles foram escolhidos os doze apóstolos. Tudo depende de como
encaramos a teologia de Deus. Se Jesus Cristo não for plenamente Deus, assim como
Jeová, tudo cai por terra. Toda a teologia cristã e o apocalíptico adventista depende do
reconhecimento da plena divindade de Jesus. Se pedirmos ajuda a Jesus, esta ajuda
deve ser divina. Um grande anjo não é capaz disto. Somente Deus pode revelar Deus.
somente tendo a mesma autoridade do Pai, pode Jesus aplicar as mesmas profecias ao
Seu próprio povo. Só assim podemos dizer que a igreja de Cristo cumpre todas as
profecias do Velho Testamento feitas a Israel.
A eclesiologia depende da teologia.
Se separarmos a igreja do Novo Testamento de Israel do Velho Testamento nas
profecias finais apocalípticas teremos os Dispensacionalismo – nossos olhos voltados
para a Palestina.
Não temos o direito de interpretar estas profecias sem olhar a Cristo. É ilegítimo
considerar Joel 2 e outras profecias apenas para o Oriente Médio. O que dizer de
Ezequiel 38 e 39, onde fala de Gogue e Magogue? Isto então se referia à Rússia,
porque Meseque significa Moscou.
Não devemos interpretar as profecias do Velho Testamento separadas do Novo
Testamento. Mas Ezequiel viveu muito antes da cruz de Cristo. Como funciona a cruz
na interpretação destas profecias? Esta é a prova máxima da centralização de Cristo
nas profecias. Sem considerar a Cristo e Sua Igreja estaremos na mesma posição dos
rabinos que rejeitaram a Cristo e o Novo Testamento.
A Bíblia diz que só podemos interpretar Ezequiel e Joel pelo Novo Testamento
através de Cristo e Sua Igreja. A guerra final, nestas profecias do Velho Testamento, é
contra o Israel que está sobre o Monte de Sião na cidade de Jerusalém, localizada na
Palestina. Este é o testemunho unânime de todas as passagens apocalípticas do Velho
Testamento.
Mas nós somos cristãos, estamos vivendo no tempo posterior a Jesus Cristo.
Temos a autoridade do Velho Testamento e só podemos ter a interpretação das
profecias apocalípticas do Novo Testamento através de Jesus e da Sua Igreja. Hebreus
1:1 e 2 diz-nos que Deus nos falou por Seu Filho. O Novo Testamento é superior ao
Antigo. É ele que tem a palavra final. Nossa convicção religiosa é que Jesus é superior
a Moisés, e o cristão não pode negar a sua fé.
Armagedom 58

DOIS PARTIDOS – ISRAEL E OS PAGÃOS

Há sempre dois partidos nas profecias apocalípticas do Velho Testamento.


Vamos considerar o livro de Joel, como prova disto. Joel é como se fosse um
Apocalipse concentrado.
Ninguém sabe exatamente quando viveu Joel. Alguns o colocam junto com Elias;
outros pensam ter ele vivido após o cativeiro babilônico. Tem-se a impressão que ele
profetizou no fim deste cativeiro. De qualquer forma, Joel vivia em Jerusalém, e tinha
uma mensagem para o povo do sul – o povo de Judá. Era uma mensagem de
repreensão e um chamado ao arrependimento. Deus declarou que enviaria juízo sobre
o povo por causa de sua condescendência espiritual. Mandaria uma praga de
gafanhotos que comeriam todos os vegetais da terra de Judá. O propósito desta
mensagem era levar o povo ao arrependimento. Este sempre tem sido o propósito de
Deus, inclusive na mensagem laodiceana.
A nuvem de gafanhotos era tão grande que escondeu o próprio sol! Este juízo que
Judá recebeu naquela ocasião é o tipo do juízo maior para todo o mundo. Toda
punição de Deus no passado é um tipo maior para todo o mundo no futuro.
Em Mateus 24 Jesus ensinou isto novamente. A destruição de Jerusalém é um
tipo da destruição do mundo. Este é o ABC da Escatologia Bíblica.
Vamos considerar agora o capítulo 2. O verso 23 fala-nos sobre o primeiro
cumprimento, quando não mais havia a chuva temporã e serôdia sobre a terra de
Israel. Deus disse: "Estou percebendo que vocês da tribo de Judá estão se
arrependendo, por isso enviarei chuva novamente." Esta mensagem de conforto e
bênção para o povo seguiu-se ao arrependimento. O arrependimento sempre traz
chuvas de bênçãos. Este é o modo como Deus nos trata.
A seguir, Deus começa a falar no futuro. Os planos de Deus sempre focalizam o
futuro. Deus agora deseja que todo pecado e mal sejam eliminados da Terra. Por isso,
Ele sempre enfatiza esses eventos finais. O bom cristão sempre olha para o futuro com
muita esperança, quando o problema do pecado terá seu fim – o dia do Messias.
No verso 28 lemos sobre esses acontecimentos futuros. E então nos versos 30 e
31 Deus diz que mostrará prodígios no céu e na Terra. É uma interessante série de
acontecimentos. No verso 32 encontramos o clímax: "Todo aquele que invocar o nome
do SENHOR será salvo; porque, no monte Sião e em Jerusalém, estarão os que forem
salvos... "
O que este texto significa? Ele fala de livramento. E todo o capítulo 3 fala sobre
este livramento. Em síntese Joel 3 explica a parte apocalíptica de Joel 2:8 em diante.
Fala sobre a grande guerra que terá seu clímax no dia do juízo final.
Armagedom 59

A profecia de Joel 2:32 cumpriu-se na Velha Dispensação, após o cativeiro


babilônico? Não, mas houve guerra apocalíptica no Velho Testamento, portanto esta
profecia pertence ao grupo das profecias ainda não cumpridas. A única coisa que já se
cumpriu é que Israel voltou ao Monte de Sião, mas isto não é o cumprimento de Joel
3, não houve o derramamento do Espírito em grande medida – o Espírito seria
derramado em conjunção com a vinda do Messias. O derramamento do Espírito
também foi predito em Ezequiel 36 e também por Zacarias, sempre em conexão com a
vinda do Messias. Nos tempos do Velho Testamento nem o Messias veio, nem o
Espírito foi derramado.
Cumpriu-se esta profecia no tempo de Cristo e da Nova Dispensação?
Há três textos que dizem muito quanto ao cumprimento destas profecias de Joel.
São eles:
 Atos 2:16-21
 Romanos 10:13
 Apocalipse 12:17

Em Atos 2:16-21 – Já consideramos parte desta passagem (V. 17) quando vimos
que o apóstolo Pedro explicava que a profecia de Joel 2:28 relativa aos últimos dias
encontrava no Pentecostes o seu cumprimento literal. Devemos considerar Joel 2:32
como fazendo parte do verso 28. Se o verso 28 teve o seu cumprimento após a cruz, o
mesmo acontece com o verso 32. Isto é evidente.
Na ocasião do Pentecostes, Pedro citou Joel em Atos 2:17 a 21, sendo o 21 o
mais importante. É a citação de Joel 2:32. Pedro citou todo o verso ou parou pela
metade? Ele simplesmente mencionou a primeira parte do verso, aplicando aos seus
dias. Ele só disse: "Aquele que invocar o nome do Senhor será salvo." Em Joel, isto
acontece no Monte de Sião, no conflito final, mas Pedro aplica ao Pentecostes.
Portanto, isto significa que existe um cumprimento anterior, da mesma forma que o
derramamento da chuva serôdia também tem dois cumprimentos: um anterior e outro
posterior. Joel 2:28 será cumprido na chuva temporã e na chuva serôdia – no tempo
em que o evangelho é semeado e na colheita.
O que significa no Velho Testamento "invocar o nome do Senhor"? O Senhor era
Jeová. Como Pedro aplicou ao Pentecostes? Atos 2:32 e 33.
Joel disse que Jeová derramaria o Espírito. Em Atos lemos que Jeová concedeu
ao Filho. Esta foi uma afirmação chocante para aqueles dias: Jeová está transferindo
toda a Sua obra a Jesus Cristo. Esta é a interpretação cristológica do Velho
Testamento.
O judeu, que conhece as profecias de Joel, pode ver o seu cumprimento em Jesus,
e se ele quer aceitar Jeová, deve aceitar Jesus. Rejeitar Jesus faz do judeu um ateu.
Não há meio-termo.
Leiamos I Cor. 1:2, 8, como ajuda para Atos 2. O apóstolo Paulo associa-se a
Pedro na declaração de que Jeová é Cristo (nosso Senhor Jesus Cristo). Tudo que
pertence a Jeová, agora pertence a Jesus Cristo. O Pai concedeu todo juízo ao Filho
(João 5:22).
Armagedom 60

Estudamos estas passagens para compreender como os apóstolos entendiam a


profecia de Joel 2.
Em Joel 2:32 Israel está cercado por seus inimigos. Como foi isto cumprido no
Pentecostes? Jesus aconselhou Seu povo a fugir de Jerusalém. Mas antes disso 40 anos
se passaram (do Pentecostes à destruição de Jerusalém). É justamente este período que
é descrito no livro de Atos. Os primitivos cristãos, na Judéia e em Jerusalém, tinham
dificuldades para viver. Eram perseguidos pelos próprios judeus. Este é o início do
Armagedom, guerra descrita em Joel 2. Ao serem perseguidos, invocaram o nome do
Senhor Jesus para livrá-los. E Pedro foi libertado da prisão!
Era apenas o início do Armagedom, da mesma forma que João Batista não era o
Elias do fim.
Pelo que lemos em Salmo 145:18 (que invocar o nome do Senhor é obedecê-Lo)
– não é apenas um invocar abstrato, como no paganismo. Os pagãos invocam o nome
de seus deuses todo o tempo para manipulá-los e forçá-los a obedecer os seus desejos.
Este é o sistema de magia, e as Testemunhas de Jeová também o estão seguindo.

O próximo texto a ser considerado é Romanos 10. Vamos ler a partir do verso 9
até 13. Esta passagem é uma segunda aplicação de Joel 2, onde o apóstolo Paulo anula a
limitação étnica. "Não há distinção entre judeu e grego" (Rom. 2:12). Todos os judeus e
gentios que invocam o nome do Senhor tornam-se o Israel espiritual remanescente que
será salvo. A profecia é aplicada à Igreja na Nova Dispensação.

Enquanto Atos aplicou ao Pentecostes, Paulo aplicou Joel 2 à Dispensação cristã.


É um cumprimento contínuo. Refere-se também aos últimos dias, porque os últimos
dias não findaram no Pentecostes.

Vamos agora ler Apocalipse 12:17.


Qual a correspondência com Joel 2? O remanescente fiel. Aqui está o
remanescente final, que invoca o nome do Senhor em obediência aos Seus
mandamentos. Vemos aqui uma revelação completa daquilo que Joel pretendeu dizer.
Invocar o nome do Senhor requer fé e obediência.
Ainda existe outra correspondência entre as duas passagens – a guerra: "Irou-se o
dragão contra a mulher e foi pelejar com os restantes da sua descendência".
Apoc. 12:17 é o cumprimento final de Joel 2:32. Se quisermos compreender Joel
2:32, temos de saber que esta profecia não se cumpre só em Apoc. 12:17, mas
começou a cumprir-se no dia de Pentecostes e na Igreja Cristã, tendo seu
cumprimento final por ocasião da Volta de Cristo. Esta será a última guerra – o
Armagedom.
Para compreendermos a verdadeira natureza do Armagedom, devemos considerar
as chaves que nos fornecem estes cumprimentos. Se a guerra, na Dispensação
completa, é contra os que são obedientes ao concerto com Deus, nada tem a ver com o
Oriente Médio e o problema do petróleo. Se assim fosse, não teria nada a ver com os
cumprimentos anteriores. É por isso que não podemos de modo algum isolar um texto.
Armagedom 61

O livro dos Salmos é o mais importante livro da Bíblia. É o pulsar do coração de


uma religião viva. Ensina como orar e receber a resposta da oração eficaz.
Salmo 2 é uma mensagem apocalíptica que provém dos lábios do povo de Israel.
Prova-se que o apocalíptico não é simplesmente um apêndice do evangelho, mas
pertence ao seu próprio cerne.
Vamos ler o Salmo 2. Por que razão as nações estão aqui lutando umas contra as
outras? Jesus diz que todos os gentios estão tentando lutar contra Ele e contra
Jerusalém. Todo o mundo encontra-se em rebelião contra o próprio Deus. Mas Deus
afirma que eles não têm condições de vencer, é tudo em vão. Não há lógica nisto.
Os versos 2 e 3 explicam que tipo de batalha é esta: "Os reis da terra se levantam,
e os príncipes conspiram contra o SENHOR e contra o seu Ungido". É uma rebelião
mundial contra o Deus de Israel e o Seu ungido. A primeira aplicação deste verso: o
"ungido" aqui representa o rei teocrático em Jerusalém, por exemplo, Davi. Todos os
reis eram ungidos, mas eram apenas o tipo do Ungido, o Messias. Portanto, esta
batalha de Davi contra os seus inimigos representa uma batalha de Cristo e os Seus
santos contra os Seus inimigos.
E o que estão aqui os gentios conspirando? Todos eles estavam sob a liderança de
Davi (Edom, Moabe, etc.) e desejavam romper os laços e sacudir as algemas. Querem
rejeitar as leis do próprio Deus de Israel. Esta é a essência da luta de Satanás. Não
querem que Deus os governe. Não consideram a lei. É o princípio de anarquia. Não
querem que Deus seja seu Rei. É o princípio da autodeificação, que foi o princípio de
Satanás e será o do final de todas as eras.
Como Deus reage? Verso 4: "Ri-se aquele que habita nos céus; o Senhor zomba
deles." É preciso que interpretemos isto de um modo muito delicado.
Versos 5 e 6: "Na sua ira, a seu tempo, lhes há de falar e no seu furor os confundirá.
Eu, porém, constituí o meu Rei sobre o meu santo monte Sião." Estas são palavras de
poder. Deus vindicará o seu Ungido, Seu Rei sobre a Terra o Rei teocrático. Ele
defenderá Jerusalém. Deus Se ri porque é tão fútil atacar o Seu povo! Esse povo é a
menina dos Seus olhos. Quem poderia pensar que é capaz de tomá-lo de Deus? Por
que, então, Deus é provocado em Sua ira? Ele não apenas ri, mas também está irado.
Nosso Deus não é um Deus sem emoções, mas um Deus zeloso. Qualquer coisa que
ofende o Seu povo provoca Sua santa indignação, e Ele tomará esta batalha por nós. A
vitória será certa, pois ninguém poderá vencer nosso Deus.
Verso 7: "Proclamarei o decreto do SENHOR: Ele me disse: Tu és meu Filho, eu,
hoje, te gerei." Subitamente o Ungido de Israel passa a dizer aquilo que ele ouviu do
Senhor. Ele testemunha diante de Seus inimigos, tentando ganhá-los para Si antes que
seja tarde demais. Ele afirma que o próprio Deus indicou-O para tal posto. – "Eu sou o
represento o governo do reino do Céu. Eu represento o governo de todo o Universo."
Versos 8 e 9: "Pede-me, e eu te darei as nações por herança e as extremidades da
terra por tua possessão. Com vara de ferro as regerás e as despedaçarás como um vaso
de oleiro."
O propósito de Deus é um governo que envolva toda a Terra. A Palestina era
simplesmente o início deste governo. O desejo de Deus era que Jerusalém se tornasse
Armagedom 62

a metrópole de todo o globo terrestre e que todos os gentios aceitassem o Deus de


Israel e O adorassem em Jerusalém, no templo, para que houvesse uma casa de oração
para todos os povos. Deus sabia de antemão que muitos rejeitariam este convite, não O
aceitariam como seu Líder e, instigados pelo grande inimigo, se uniriam para lutar
contra Ele. Então, o Rei de Israel traria o julgamento final sobre eles, regendo-os com
vara de ferro e despedaçando-os como um vaso de oleiro. Temos aqui o mesmo
quadro de Joel 2 e 3, mas desta vez era expresso por meio de cânticos e adoração a
Deus.
Nos versos 10 a 12 Deus faz um último apelo para que Seu convite seja aceito.
Perguntamos: Foi isto cumprido? Apenas parcialmente. Josafá, rei de Israel, destruiu
todos os seus inimigos e no tempo de Ezequias 185.000 assírios foram destruídos.
Todas essas maravilhosas batalhas de Deus não foram senão tipos de cumprimento
final do Salmo 2 e de Joel 2 e 3. A dispensação do VT não encontrou o seu
cumprimento final, e o NT mostra como tais profecias serão cumpridas.
Vamos agora ler Atos 4:20-28. Antes do que está relatado, Pedro e João foram
postos na prisão por causa da sua pregação e da cura maravilhosa do coxo. Enquanto a
Igreja orava por eles, foram libertos. Nos versos 25 e 26 é mencionado um trecho do
Salmo 2 – vemos em Atos 4 como ele foi aplicado naqueles dias. Entre os dois está a
cruz de Cristo. Estava havendo uma guerra entre os cristãos primitivos e os seus
inimigos – dois partidos. De repente surge o livramento, e eles agradecem a Deus por
estar o Salmo 2 sendo cumprido em relação a eles próprios. O Salmo 2 não foi
totalmente cumprido na Igreja primitiva, mas aí foi inaugurado o seu cumprimento.
Quais eram os dois partidos? Israel e os gentios, como vemos no verso 27. Não
temos apenas a citação do Salmo 2, mas também a explicação – a própria Bíblia se
explica. Nessa cidade, em Jerusalém, estavam reunidos. Em Salmo 2 a batalha era
contra Jeová e o Seu Ungido, ou seja, o Seu rei teocrático em Jerusalém. Como se
cumpriu em Atos 4? Jeová permanece como Jeová, mas o Ungido é Jesus. Jesus foi
ungido pelo Espírito Santo por ocasião do Seu batismo. Ele é o verdadeiro Rei de
Israel. Esta é a interpretação cristológica do Salmo 2.
E quem são os que se reúnem contra Jesus Cristo? Herodes e Pôncio Pilatos.
Herodes era o rei de Israel e Pôncio Pilatos era um governador romano em Israel – o
rei de Israel foi colocado na mesma categoria que o imperador romano e, o que é pior,
junto com os gentios e povos de Israel, na batalha contra Jeová. "Povos de Israel"
refere-se ao próprio Israel, que se une aos inimigos de Cristo, indo contra Cristo.
Não é um cumprimento chocante do Salmo 2? Em Salmo 2 lemos dos gentios
que lutam contra Israel, e em Atos 4, Israel une-se aos gentios para lutar contra o
Israel espiritual. Há dois Israel. E este remanescente fiel é que recebe as bênçãos que
estão contidas no Salmo 2. Jesus de Nazaré é o Rei desse remanescente fiel. Junto com
o cumprimento cristológico, encontramos aqui também um cumprimento
eclesiológico.
Após a cruz, como devem ser definidos os dois partidos mencionados no Salmo
2?
Armagedom 63

De um lado estava Israel, e de outro, os gentios. Teologicamente, Israel estava


ligado a Jeová – um relacionamento de amor, eles andavam com Deus. Jacó nasceu de
novo como Israel, um nascimento espiritual.
Como nação, Israel estava localizada no Monte Sião.
Os gentios também estavam relacionados com Deus, mas estavam contra Ele –
eles O rejeitaram. Por isso, tornaram-se inimigos de Israel. Todo aquele que odeia
Deus, odeia também o povo de Deus. Toda guerra feita contra Deus, é também uma
guerra contra o Seu povo. Nossa exegese não é apenas literária, mas teológica, pois
está relacionada com Deus. Se considerássemos Israel e os gentios apenas no sentido
literal, nós o faríamos com um coração não nascido de novo, e cairíamos no
literalismo.
Atos 4 começa agora a estabelecer uma relação entre os dois partidos – começa a
explicar como é Israel e quem são os gentios. Sempre existe uma identidade básica,
pois Jeová é Jesus Cristo. Aqueles que não aceitam a Jesus como sendo a verdadeira
manifestação de Jeová devem rejeitar totalmente o Novo Testamento e explicar o
Salmo 2 por si mesmo, isoladamente. Isto é Dispensacionalismo. Mesmo quando os
dispensacionalistas afirmam que são cristãos, que aceitam a Jesus, eles O estão
rejeitando pela sua interpretação.
Quais são os dois partidos na Nova Dispensação? Basicamente, Israel é o Israel
que agora está unido a Cristo, ou seja, a Igreja de Cristo – um Israel centralizado em
Cristo. Portanto, a Igreja é um dos partidos neste conflito. De modo algum é o Monte
de Sião na Palestina, mas a própria igreja. Que diferença fundamental!
E quem sãos os gentios que lutam contra Israel dos últimos dias, contra Jesus e a
sua Igreja? Leiamos Apoc. 19:11-21 e concluiremos que é a besta e seu poder.
Nós somos o centro da batalha do Armagedom – nós, nossas famílias e aqueles
que ganhamos para Cristo.
Cristo descerá num cavalo branco para ganhar esta batalha, e de Sua boca sairá
uma espada afiada, para com ela ferir as nações.

O VALE DE JOSAFÁ E O ARMAGEDOM

O versículo 32 de Joel 2 está citado três vezes no Velho Testamento.


Armagedom 64

Passaremos agora a considerar o capítulo 3, que é uma explicação dos versos que
o precedem. O profeta preferiu contar primeiro o clímax, e depois narrar os eventos
que conduzem a este clímax. Esta é a maneira hebraica de pensar e expressar.
Leiamos Joel 3, versos 1 a 3. Estes versos indicam que Deus quer restaurar Judá
e Israel após o cativeiro babilônico. Isto se cumpriu nos dois retornos do cativeiro (536
e 457 AC). Mas, será que tudo o que está descrito nestes versos se cumpriu? Todos os
inimigos de Israel se ajuntaram no Vale de Jerusalém? Não sabemos exatamente
quando viveu o profeta Joel. É interessante que ele chama os vales ao redor do Monte
de Sião de "O Vale de Josafá". Josafá foi um fervoroso rei de Judá que teve uma
grande vitória contra os seus inimigos (II Crôn. 20:21-25). Esta batalha pode ser o tipo
da que aconteceria em Joel 3. O nome Josafá significa "Jeová vai julgar", apontando o
que ocorreria em volta de Jerusalém. Nos vales ao redor de Jerusalém Deus julgará os
inimigos. Todos serão destruídos.
Queremos saber o que significa o "Vale de Josafá". Sabemos que os dois partidos
aí se encontram, mas esquecemo-nos de que este não é um território geográfico. O
mais importante aqui são os motivos envolvidos na batalha. Por que existe esta guerra
contra Israel, com todos os seus inimigos unidos? Não tem tanta importância o
tamanho do campo de batalha, e sim a natureza da batalha.
Deus não quer que façamos especulações. Leiamos cuidadosamente o verso 2,
para percebermos todos os princípios aí envolvidos.
"Congregarei todas as nações e as farei descer ao vale de Josafá..." Isto nos indica
que Deus está nesta batalha final, pois Ele vai congregar as nações. Vai transformar
esta guerra numa guerra religiosa. "Ali entrarei em juízo contra elas por causa do meu
povo e da minha herança, Israel". O que fizeram os inimigos de Israel? "Israel, a quem
elas espalharam por entre os povos, repartindo a minha terra entre si."
Por que Deus está no centro da batalha? Porque eles atacaram o povo de Deus.
Como podemos interpretar "meu povo Israel"? Se considerarmos a nação de Israel em
seu puro sentido étnico, teremos que aplicá-lo à nação israelita de hoje, e toda a guerra
final terá que ver apenas com a nação de Israel e será no Oriente Médio. A igreja cristã
nada teria a ver com esta guerra. Esta maneira de pensar é Dispensacionalismo. Os
dispensacionalistas interpretam Joel sem o Novo Testamento. Esta é uma interpretação
errônea do Antigo Testamento, que é um livro cristão.
É Jeová que está no centro da batalha – Jesus Cristo e Seu Pai. O Velho
Testamento é um livro espiritual. Como devemos interpretar a expressão "meu povo
Israel"? É o Israel espiritual remanescente – o Israel que vive em função de um
concerto vivo e de uma relação viva com Deus. Lembremos do capítulo 2, verso 32.
Ali se encontra este povo Israel no Monte Sião e Deus intervém em Seu favor. Este é o
real e verdadeiro Israel espiritual. Já aprendemos que o Israel nacional até se
encontrava do lado dos inimigos de Deus.
Muitos, ao se referirem a Joel 3, falam apenas do Oriente Médio, esquecendo-se
de que esta é uma profecia que envolve o povo de Deus e que tem Deus no seu centro.
Armagedom 65

Deus vai ferir os gentios porque feriram a menina dos Seus olhos – o Seu povo.
Nos versos 4 a 8 lemos sobre a preocupação de Deus por terem os gentios agido desta
maneira.
No verso 7 vem a recompensa pelo que fizeram contra o povo de Deus. Leiamos
também o verso 11, que repete o verso 2. O profeta Joel mostra-nos que ele está tão
emocionalmente envolvido no problema que começa a orar e vê o povo de Deus
reunido no Monte Sião, em pequena minoria. Pensa, com temor que eles perdem a
batalha. O que quis ele dizer quando orou: "Ó SENHOR, faze descer os teus valentes"?
Que Deus mandasse um exército para ajudar na batalha. Ele clama pelos anjos
celestiais, porque o homem é fraco. Em Zacarias 14:5 encontramos a mesma oração.
Em Joel 2, verso 12 temos outra repetição do verso 2. Há uma importante
urgência neste capítulo! Deus quer ajuntar todas as pessoas do mundo neste conflito
final, e cada um tem que tomar a sua posição: ou no Monte Sião ou no Vale de Josafá,
ou no Monte da Salvação ou no Vale do Juízo. Esta é a mensagem de Elias.
A seguir, Joel faz uma descrição poética. Os poemas muitas vezes apresentam
uma dimensão mais profunda do assunto. O verso 13 usa uma linguagem figurada. Ao
redor do Monte Sião havia muitos campos onde o trigo crescia e lagares onde se
espremiam uvas para fabricação de vinho. O profeta contempla estas searas de trigo e
estes lagares, e vê que o povo está envolvido neste vale. Relacionando os lagares com
a moralidade, diz que "a sua malícia é grande". Em vez de uvas, ele vê o povo nos
lagares, e Deus é o homem que vem para espremer essas uvas humanas.
No verso 14 ele diz ele diz: "multidões no vale da Decisão!" Que significa isso?
Alguns dizem que é a decisão do próprio povo, que escolheu ir ao vale em vez de ir ao
Monte Sião. É uma boa aplicação. Exegese é saber o que o verso quer dizer antes da
aplicação homilética. Quem vai levar o povo ao vale? Jeová, como vemos na segunda
parte do verso 14. Como no capítulo 2, verso 31, são relacionados em 2:15 os sinais
do Universo: "O sol e a lua se escurecem, e as estrelas retiram o seu resplendor."
Os versos 16 e 17 apresentam o clímax do capítulo 3. Grande promessa de Deus:
não existirão mais inimigos e Israel viverá em paz e prosperidade. Isto se refere à
Nova Terra e ao novo Céu depois do Milênio. Esta é a luz do Novo Testamento.
Vamos estudar especialmente a aplicação do Novo Testamento.
A esta altura gostaria de resumir qual é o propósito e o assunto da batalha. O
motivo envolvido é o governo de Deus e o povo do Seu concerto. Sabemos, pela luz
que temos, que tudo isto está envolvido com o quarto mandamento. No centro de tudo
está o povo do concerto, que não está sozinho, mas com o seu Deus.
Leiamos Apocalipse 14:14-16. Qual é a sua correspondência com Joel 3? Vemos
aí a foice. A seara está madura. Não nos falou Jesus em Mateus que a ceifa é o fim do
mundo? A relação é muito clara. É uma relação tipológica. A ceifa é o tipo – o fim do
mundo, o antítipo. Só podemos entender os dois juntos. Aí está a colheita do Vale de
Josafá, em volta de Jerusalém, na Palestina. Esta é a imagem de Joel 3. Isto teria sido
cumprido se Israel fosse uma nação espiritual. Era uma profecia condicional para o
Israel literal, mas incondicional quanto à natureza dos eventos que se darão. Podemos
compará-la ao Segundo Advento. Cristo virá, quer queiramos quer não (neste aspecto
Armagedom 66

é incondicional) mas se virá para salvar ou não, depende de cada um de nós (neste
aspecto é condicional). A verdade sempre tem mais de um aspecto, e devemos cuidar
para não ir a extremos.
Os dispensacionalistas afirmam que Deus vai cumprir tudo literalmente, como
está em Joel. A motivação é muito boa, pois querem vindicar a Palavra de Deus no
Velho Testamento, dizendo, em outras palavras, que Deus é fiel e vai cumprir tudo.
Na verdade, Deus é fiel, e vai cumprir tudo, mas como será fiel? De que forma Joel 3
será cumprido? O próprio Jesus explica isto em Apocalipse 14, onde está o segredo da
mensagem em sua plenitude. Esta é a interpretação cristológica.
Em Joel, quem tem a foice aguda em Sua mão? Jeová. Em Apocalipse, quem tem
a foice aguda em Sua mão? Jesus Cristo.
O grande Juiz de Joel 3 é Jesus Cristo (João 5:22).
Se não cremos que Joel será cumprido por Jesus não somos mais cristãos. Se
rejeitarmos a Cristo, aceitando só Jeová, caímos na Velha Dispensação e estaremos na
mesma posição do rabino que rejeita Cristo. O cristão aceita que Joel 3 será cumprido
em Jesus, conforme a mensagem de Apocalipse. O grande Dia de Juízo de Joel 3 é a
Segunda Vinda de Jesus.
Apocalipse 14:14-16 tem sua raiz em Joel 3. O verso 13 é um resumo de todo o
capítulo de Joel 3 – a guerra final do Vale de Josafá.
O "Jeová" de Joel 3 corresponde a "Cristo" de Apocalipse 14.
"Israel" de Joel 3 corresponde ao "remanescente de Cristo", como vemos em
Apoc. 14: e 20, que também são chamados os 144.000, e especificamente chamados
israelitas, que descendem das doze tribos. Esta é outra relação com o antigo Israel.
Vamos agora procurar saber qual é o tamanho do Vale de Josafá. Em Apoc.
14:15 lemos: "Toma a tua foice e ceifa, pois chegou a hora de ceifar, visto que a seara da
terra já amadureceu!" Em Joel, a seara era o campo de Josafá, e agora Jesus disse que a
seara era a Terra. Isto inclui o mundo todo.
No verso 16 lemos que "aquele que estava sentado sobre a nuvem passou a sua
foice sobre a terra, e a terra foi ceifada."
Esta é a colheita do trigo, do povo de Deus, que é ajuntado de toda a Terra. Nos
versos 17 a 20 lemos de uma outra colheita – a dos ímpios – os que não se
arrependeram. É a colheita das uvas, que são postas dentro do lagar. O termo "lagar"
também é tirado de Joel 3 (4-13). O lagar está cheio – os ímpios o superlotam.
Em Apoc. 14 está o cumprimento de Joel 3.
Quem vai pisar o lagar para destruir os ímpios? Jesus Cristo, com os Seus anjos.
Lemos em Apoc. 14, verso 20 que "o lagar foi pisado fora da cidade". Esta cidade é
Jerusalém e isto nos leva ao verso 1: "eis o Cordeiro em pé sobre o monte Sião, e com
ele cento e quarenta e quatro mil ..."
Quem estará dentro da cidade? Jesus e os 144.000 santos, que pertencem ao Pai e
ao Filho num sentido especial. A ira de Deus cai fora da cidade, sobre o lagar de
vinho. Esta ira de Deus são as Sete Últimas Pragas (Apoc. 15, 16 e 17). Estas pragas,
sem misericórdia e sem graça, caem do lado de fora da cidade. Para estarmos livres
Armagedom 67

das pragas, temos que estar dentro da cidade. O único lugar de refúgio é o Monte Sião.
E onde está o Monte Sião? Ele é a igreja remanescente.
Em Apoc. 14:1 aprendemos que os 144.000 estão com o Cordeiro, que é símbolo
de Cristo. Então, o que temos de buscar é Cristo, e não o Monte Sião. Jesus não está
onde está o Monte Sião, mas o Monte Sião está onde está Jesus. Jesus é o princípio de
interpretação e não o território geográfico. Isto seria literalismo geográfico.
Chegamos agora à grande interpretação do verso 20. Esta é a cidade santa – a
cidade que pertence aos santos. No Apocalipse o povo de Deus é chamado "a cidade
santa" (Apoc. 11:2). Os inimigos de Deus também são chamados "cidade" – Babilônia.
Temos que saber quem.
O conflito final é entre duas cidades: Jerusalém e Babilônia. Temos que saber
quem são estes dois partidos – Israel e Babilônia.
A cena de Joel 3 é apresentada melhor seis vezes em Apoc. 14, em duas
colheitas. Cada colheita é apresentada como tendo o tamanho da Terra (num total de
seis vezes).
Concluímos que Apocalipse 14 amplia o Vale de Josafá de Joel 3 para todo o
mundo.
As 7 últimas pragas da ira de Deus não vão cair indiscriminadamente sobre todo o
mundo, pois assim todos os filhos de Deus seriam também afetados. Elas somente
cairão no Vale de Josafá, fora da cidade. Nossa missão neste mundo é trazer todos os
sinceros do Vale de Josafá para dentro da cidade. Isto significa trazê-los a Cristo e
reuni-los com o Seu povo. Cristo é a real cidade de Deus. Ele é o Monte Sião, o Monte
da Salvação.
Em extensão, o Monte Sião é a igreja, mas dizendo só assim, perdemos Jesus
Cristo neste pensamento. É isto que fazem as Testemunhas de Jeová quando afirmam
que a salvação está na sua cidade, e é isto que fazem os católicos quando afirmam que
a salvação está na Igreja Romana. Não façamos o mesmo, dando a impressão que a
salvação está na Igreja Adventista.
Estejamos com o Cordeiro de Deus e busquemos as pessoas para Ele – então
nossa igreja será o lugar da salvação. Jesus não apenas disse "Eu sou a luz do mundo"
(João 8:12), mas disse também: "Vós sois a luz do mundo" (Mat. 5:16).
Em Apoc. 14, verso 20 está: "e correu sangue do lagar até aos freios dos cavalos,
numa extensão de mil e seiscentos estádios."
Este sangue é literal ou espiritual?
Assim como na luta entre Caim e Abel, haverá sangue literal e espiritual, mas a
motivação será espiritual e moral.
1.600 estádios – Temos dois números estranhos neste capítulo. O outro está no
verso 1: 144.000. Devemos interpretar estes números usando os mesmos princípios.
Quem são os 144.000? O que são os 1.600 estádios? Ambos são imagens do Velho
Testamento, usando a geografia literal do Israel literal. Tem um aspecto étnico e
geográfico. Os 144.000 possuem uma característica étnica e os 1.600 estádios uma
característica geográfica.
Armagedom 68

No quarto princípio hermenêutico aprendemos que as limitações étnicas e


geográficas são removidos, ampliando-se para proporções mundiais. Vamos ver se isto
funciona, pois do contrário este princípio está errado.
Comecemos pelos 144.000.
Apoc. 7 é o único outro lugar onde lemos sobre os 144.000, como sendo 12.000
das doze tribos mencionadas.
Muitos perguntam se 144.000 é um número literal ou simbólico. Se 144.000 é um
número literal, 12.000 também é literal e as 12 tribos também – portanto, os 144.000
serão judeus literais que aceitaram a Cristo. Esta é a posição dos dispensacionalistas.
Em todo o Novo Testamento aprendemos que a igreja é o Israel de Deus (o texto-
chave é Gál. 3:29 e 6:16) – judeus e gentios que aceitaram Cristo. Por isso rejeitamos
o princípio hermenêutico do literalismo. O literalismo mata. A Bíblia é um livro
espiritual: Deus e Cristo são o seu centro. Continuemos neste caminho e teremos a
verdadeira interpretação literal, que é a interpretação espiritual. Quando não temos
uma interpretação espiritual, temos uma interpretação literalista.
Qual é o número-chave dos 144.000? Cristo indicou-o ao escolher 12 apóstolos
para continuar as 12 tribos. Todos nós podemos pertencer às 12 tribos se aceitarmos os
12 apóstolos. A igreja está construída sobre os 12 apóstolos (Efés. 2:20). A Nova
Jerusalém será construída sobre os apóstolos. Os nomes dos 12 apóstolos estarão nos
fundamentos da Nova Jerusalém.
O que significa o número 12? Qual é o seu significado teológico? Ele significa o
Israel de Deus. Israel é espiritualidade, como sempre foi no Velho Testamento.
Portanto, os 144.000 representam o Israel de Deus. Multiplicando-se 12 por 12 e
multiplicando por mil para enfatizar o povo de Israel final. Esta multiplicação por mil
enfatiza a plenitude de Israel. Todos esses são israelitas e fora dos 144.000 só se
encontram babilônios. Os 144.000 são os únicos selados, e este é um ponto muito
importante. Com que propósito foram eles selados na sua testa pelos anjos de Deus no
último grande conflito? A Sra. White diz-nos que este selo é uma prova de proteção,
um sinal de aprovação de Deus, um sinal de proteção contra as sete últimas pragas.
Quem não tiver esse sinal será atingido pelas sete últimas pragas.
A única conclusão a que podemos chegar é que os 144.000 são israelitas
espirituais.
Sempre há os que pensam que este número pode ser literal. Mas Deus disse a
Davi para não contar o povo de Israel, pois isto é pecado. Somente Deus sabe o
número real. Devemos lutar por pertencer a este povo.
Chegamos agora aos 1.600 estádios. Qual é o número-chave? 4. Existe na Bíblia
alguma luz sobre o número 4? Quatro direções, quatro cantos da Terra (Apoc. 7:2),
quatro ventos da Terra. O quatro é símbolo de universalidade.
No SDA Bible Commentary, vol. 7, pág. 835 lemos sobre o número 1.600. O
pensamento é que os inimigos da igreja de Deus, finalmente serão vencidos na sua
totalidade. É uma boa conclusão.
Joel 3 será cumprido em Jesus Cristo e na Sua gloriosa igreja remanescente.
Armagedom 69

Deus nos ajuda a estar reunidos no Monte Sião, na Cidade Santa e no Lugar
Santo.
Compreendemos melhor o Apocalipse quando entendemos o seu contexto-raiz no
Antigo Testamento.
 Joel 2:32 refere-se a Apocalipse 12:19.
 Joel 3 refere-se a Apocalipse 14:14-20.
 Joel 2:28-32 refere-se a Apocalipse 14:6-12.
As três mensagens angélicas estão implícitas no derramamento do Espírito Santo,
cujo resultado final são esses 144.000 de Apoc. 14:1 a 5.
Apocalipse 14 possui 3 partes distintas:
(1) Os 144.000 – o clímax
(2) As três mensagens angélicas – que mostram como são formados os 144.000.
(3) O destino final de todos (a dupla colheita).
Estas três partes podem estar implícitas em Joel 3. É por isso que esperamos uma
chuva serôdia. O verso 32 do capítulo 2 é explicado no capítulo 3, e também em
Apocalipse 12 e 14.
Existe também uma relação entre Joel e Apocalipse 16:13-16, que é um capítulo
onde muitos fazem confusão. Se compreendemos este capítulo, vamos compreender
todo o curso de Escatologia. Todos, inclusive Urias Smith, concordam que a base para
este capítulo é Joel 3.
Consideremos Apoc. 16, versos 13-16.
Esta expressão "então, vi" indica uma quebra de pensamento em relação ao verso
anterior. Não há uma seqüência cronológica (de 12 a 13). Os que julgam que o verso 13
segue-se cronologicamente ao 12 estão fechando as portas para a correta interpretação
deste texto. O verso 12 refere-se à sexta praga, e os versos 13 a 16 ocorrem antes da 6ª
praga. É o mesmo que acontece em Joel: No cap. 2:32 encontramos o clímax,
conduzindo-nos ao clímax. Há dezenas de outros exemplos disso na Bíblia. Nem
sempre os profetas descrevem os eventos cronologicamente. Em Apocalipse 1:7
encontramos a descrição do advento de Cristo, mas o que se segue a este verso
acontece antes.
A palavra "então" mostra que é uma nova visão sobre algum evento passado.
Apoc. 16, verso 13 revela-nos que três poderes espirituais darão início a esta
guerra final, e que Satanás está por trás destes poderes.
Sabemos que a besta representa o romanismo; o falso profeta representa o
protestantismo apostatado; e o dragão parece ter uma dupla aplicação: em primeiro
lugar representa o espiritismo, mas também representa um poder político, como vemos
claramente no verso 14.
As três rãs são símbolos de três espíritos imundos – três anjos caídos. Portanto,
há uma tríplice mensagem angélica falsa.
O Apocalipse é o livro dos contrastes: Jerusalém contra Babilônia, a mulher pura
contra a prostituta, a Besta contra o Cordeiro, a Besta recebe uma ferida mortal e o
Cordeiro também, a Besta após receber a ferida mortal, levanta-se e o mesmo acontece
com o Cordeiro. Precisamos saber quais são as três mensagens angélicas falsas!
Armagedom 70

Chegou a hora de testar o conhecimento adquirido nos capítulos anteriores. Se


tudo o que está descrito nos versos 13 em diante acontece durante as seis pragas, ou
mais especificamente, durante a sétima praga, então o conselho do verso 13 é dado
muito tarde, porque durante as pragas, não há mais oportunidade – a porta já se
fechou. E o verso 15 refere-se ainda ao tempo da graça, portanto, refere-se a um tempo
anterior ao verso 12.
O verso 14 continua no verso 15. De acordo com este texto, a falsa mensagem
angélica parece estar relacionada com sinais e prodígios com o objetivo de unir as
igrejas caídas com os Estados – unir os reinos do mundo numa só confederação.
Ecumenismo Então, vem de uma palavra grega e indica a reunião de todas as igrejas,
mas significa "terra habitada ou civilizada". Portanto, torna-se claro que não somente
os reis do Oriente vão se unir, mas os de toda a Terra. Reis simbolizam poderes
políticos – todas as nações serão reunidas.
Cristo também ajunta o Seu povo. Há a união da alma com Cristo e a Unidade de
uma igreja mundial. São unidos no espírito, nas ações, mas o diabo não está
descansando. No momento em que Cristo começa a reunir a sua Igreja, ele também se
apressa em reunir a sua igreja.
Existe o ajuntamento de Cristo e o de Satanás – somente este dois partidos.
Todos os seres pensantes terão que estar de um ou de outro lado. Não há meio-termo.
Só há dois generais, reunindo dois exércitos: Cristo e Satanás. Desde 1844 ambos já
estão reunindo os seus exércitos.
Haverá duas bandeiras: a bandeira ensangüentada do Príncipe Emanuel e a
bandeira preta de Satanás, significando apostasia. É este o quadro descrito na
passagem que estamos considerando. Não há qualquer indício de que seja uma guerra
entre nações do Oriente e do Ocidente. É somente olhar o texto. Todos os reis se
tornam um só partido, com um inimigo comum. No verso 14 lemos que eles se
ajuntam "para a peleja do grande Dia do Deus Todo-Poderoso".
Portanto, a batalha não está fundamentada entre o sétimo e o primeiro dia da
semana. Qualquer comunista sabe que o sétimo dia da semana é o sábado. O conflito
final não será quanto a um ou outro mandamento, baseado em doutrinas ou coisa
semelhante, mas no governo universal de Deus, Seu caráter e a legitimidade do Seu
governo. Tudo isto está cristalizado no quarto mandamento, mas devemos atingir,
através deste mandamento, Aquele que nos deu a lei. O conflito final é um conflito
moral.
Os dois partidos não são, de modo algum, limitado geográfica ou etnicamente,
mas por suas crenças religiosas e morais. O sábado é um sinal de compromisso com o
Doador da lei.
Quem é que ajunta as nações? Em Joel lemos que Deus faz este ajuntamento, mas
agora parece que os três espíritos imundos o fazem. Há uma aparente contradição, mas
a verdade é que Deus permite que os demônios façam este trabalho, mas estabelece
limites.
Em Sua providência, Deus incorpora este plano maligno em Seu plano mais
amplo para vindicar o Seu caráter. Deus jamais ordenou que o pecado viesse a existir,
Armagedom 71

no entanto toma sobre Si a responsabilidade de resolver este problema do pecado, de


tal modo que a responsabilidade final é Sua. Que Deus maravilhoso!
Deus está supervisionando tudo. Todos estes poderes rebeldes se ajuntarão no
lugar que em hebraico se chama Armagedom. O termo "Armagedom" não aparece no
Velho Testamento. O Espírito Santo criou esta palavra para nos dar uma chave. Todos
concordam que Armagedom identifica-se com Joel 3, onde o lugar em que estão os
ímpios é chamado Vale de Josafá. Este é o fundamento do Velho Testamento.
Vamos ver o que significa este termo. "Armagedom" quer dizer Monte da
Matança, monte da destruição, monte da maldição. Está em oposição ao Monte da
Bênção, Sião.
"Megido" em hebraico significa "monte. E monte não é a mesma coisa que Vale,
mas os dois estão sempre juntos. Para haver vale é preciso haver monte. Temos que
encontrar uma explicação teológica. Matemática e Geografia não são Teologia.
Megido é uma palavra do Velho Testamento que já é transliterada como
Magedom, significando matança. Houve uma batalha em Megido (Juízes 4 e 5)
quando morreu o Faraó Neco e todos os inimigos de Israel foram vencidos. Megido é
um tipo do Monte da Maldição.
Isto, porém, não é uma conclusão final sobre a origem da palavra Armagedom.
Não precisamos ser dogmáticos quanto a isto.
O Monte de Sião é mundial, portanto o Armagedom também será mundial. Não
haverá qualquer lugar de refúgio para os ímpios (Jer. 25:33). Já no Velho Testamento
havia esta interpretação universal, mesmo quando o mundo era centralizado na
Palestina.
Alguns pensam que a guerra do Armagedom é entre o bloco oriental e o
ocidental, lutando por causa do petróleo. Nesta interpretação, Deus foi tirado do
centro; Cristo foi esquecido, a Igreja e o sábado nada têm que ver com a batalha.
O Senhor quer que voltemos à Bíblia. A única segurança que temos é no "Está
Escrito". Joel 3 e Apocalipse 16 nos esclarecem dois pontos – a guerra final é contra
Jeová e Seu povo é um dos partidos.
Por que as nações odeiam tanto este remanescente de Deus? O que acontece com
este povo em Joel 2:28? Recebem o Espírito Santo. E o povo que recebe o Espírito
Santo em sua plenitude não permanece repousando, mas começa a falar e a
testemunhar. Esta ação provoca a reação de rebelião e ódio. A guerra final não será
porque o povo estará morno, estagnado, mas a perseguição final virá porque o povo
estará cheio de vigor, cheio de poder, testemunhando. Nós mesmos atrairemos a
perseguição sobre nós. Durante a angústia de Jacó surgirá a dúvida: "Será que era
plano de Deus esta perseguição?"
Apoc. 16:13-16 é uma explanação maior de Apoc. 12:17 e Apoc. 14. Devemos
interpretar Apoc. 16 conforme o contexto imediato e o contexto raiz.
Para compreendermos o Armagedom devemos olhar para Joel 3, onde é
explicado a real natureza desta batalha. Também podemos olhar para o Salmo 2,
Ezequiel 38 e 39, ou Zacarias 12 e 14, e também Daniel 11:40-45 e cap. 12:1 e 2.
Armagedom 72

Vamos agora a Apocalipse 17 para saber como estas passagens do Antigo


Testamento devem ser compreendidas e o que realmente significa o Armagedom. O
ponto principal está nos versículos 12 a 14.
Podemos observar nestes versos uma elaboração maior do capítulo 16. Estes dez
chifres são da besta que também é citada nos caps. 12 e 13. Desde 1798 a besta
recebeu a ferida mortal.
Apocalipse 12 e 13 são história e Apocalipse 17 fala do julgamento final desta
besta, como vemos nos versos 1 e 2. Este julgamento é futuro.
O verso 12 torna-se mais específico. Os dez chifres eram originalmente os dez
poderes da Europa após a queda do Império Romano. Isto está em Daniel 7. Há o
contexto imediato e o contexto raiz.
Estes dez chifres tornam-se mais e mais amplos até o ponto de representar todos
os reis da Terra. Não podemos dizer que os dez dedos da estátua de Daniel 2
representam somente os dez reinos da Europa. Quando a pedra, que representa Cristo,
vier, não destruirá apenas a Europa, mas o mundo inteiro.
O que acontecerá, conforme Apocalipse 17 nos revela? Os reis unir-se-ão à besta
e como lemos no verso 13, todos estarão unidos num só pensamento. Incluindo
poderes do Oriente e do Ocidente.
Oriente e Ocidente estarão unidos. O conceito de uma divisão entre Oriente e
Ocidente não é bíblico, é uma falsa doutrina. A Igreja e o Estado estarão unidos em
todos os países da Terra. Isto ainda não foi cumprido, mas as profecias bíblicas
apoiam este conceito. A Bíblia será cumprida. As nações do Oriente também serão
afetadas pelas doutrinas de Babilônia, pois a segunda mensagem angélica afirma que
todas as nações se embebedam com o vinho. É por isso que os três anjos devem atingir
todas as nações da Terra. Babilônia atingirá todo o mundo, e a igreja de Deus também
será mundial.
O clímax está no versículo 14 – Todos os poderes políticos se unirão para fazer
guerra – não guerra entre elas, pois isto eles fazem no presente – mas "pelejarão eles
contra o Cordeiro". Isto é Armagedom – a Besta contra o Cordeiro.
A besta monstruosa tem muito poder em suas mãos, mas o Cordeiro vai vencê-la.
Esta é uma mensagem de conforto para o povo de Deus, uma mensagem de vitória. É
isto que necessitamos ouvir.
"O Cordeiro os vencerá, pois é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão
também os chamados, eleitos e fiéis que se acham com ele."
Este Rei tem muitos súditos. Cristo não está sozinho, mas Seus súditos estão com
Ele. A guerra contra Cristo é uma guerra contra a Igreja de Cristo. É bom que
saibamos disto e nos preparemos desde já. Devemos estar alerta.
Cristo é o único Governador legítimo deste planeta.
Apoc. 19:11-21 é a melhor descrição do Armagedom. A Sra. White diz que esta
passagem refere-se ao Armagedom. É uma aplicação maior de Apoc. 12, 13, 14, 16,
17 e também de Gên. 3:15 e de todos os apocalípticos do Velho Testamento.
Verso 11: "... o seu cavaleiro se chama Fiel e Verdadeiro e julga e peleja com
justiça" – relaciona-se com Isaías 11:4 e 5 – "julgará com justiça os pobres ... ferirá a
Armagedom 73

terra com a vara de sua boca e com o sopro dos seus lábios matará o perverso. A justiça
será o cinto dos seus lombos, e a fidelidade, o cinto dos seus rins." Apoc. 19 é o
cumprimento disto.
Verso 13: "Está vestido com um manto tinto de sangue" – relaciona-se com Isa.
63:2 e 3, que é uma profecia de juízos sobre Edom, arqui-inimigo de Israel.
Atualmente Israel é a Igreja Remanescente, e Edom representa os inimigos da Igreja
de Deus, que em Apocalipse são chamados de Babilônia. O sangue que tinge o manto
do Rei de Israel é o sangue dos inimigos. Deus destrói os inimigos para salvar o Seu
povo. Não é possível separar a destruição da salvação. Ambas vêm juntas. Deus
destrói com o objetivo de salvar. Destruiu os exércitos no Mar Vermelho a fim de
salvar o Seu povo.
Ao pisar o lagar, o suco das uvas manchou as Suas vestes. Mas há outra
implicação muito importante.
Podemos ler em Isa. 63, verso 3: "O lagar, Eu o pisei sozinho". Há no Novo
Testamento uma aplicação surpreendente deste texto. Jesus estava sozinho no
Getsêmani, pisando nossos pecados e o Seu próprio sangue manchou as Suas vestes.
No Novo Testamento há, portanto duas aplicações, tanto referindo-se à primeira
como à Segunda Vinda de Cristo. Isto é o evangelho, e é por causa deste fato que Ele
tem o direito de pisar os inimigos no lagar.
Voltemos a Apocalipse 19. O verso 14 diz: "e seguiam-no os exércitos que há no
céu, montando cavalos brancos..."
Este exército que segue o Rei é um dos partidos na guerra. Há, portanto, exércitos
celestes, montados em cavalos brancos. É por isso que Joel orava: "Senhor, manda os
teus guerreiros." Estes já se assentam nos cavalos brancos; são os anjos e os salvos que
já estão no Céu. Em Apoc. 4:4 é-nos dito que eles possuem coroas, portanto, todos são
príncipes celestiais.
No verso 16 lemos: "REI DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES" Deus é o Rei
Supremo de todos os príncipes do Céu. Cristo é chamado o Arcanjo. Ele é o Líder dos
anjos. Vamos comparar o cap. 17:14 onde o mesmo nome é dado a Jesus. Por que é
enfatizado este aspecto da liderança do Universo? Porque o conflito final gira em
torno deste governo de Deus. Todo o mundo estará unido em rebelião a este governo.
Cristo é o único Governante Supremo. O Salmo 2 vem novamente à tona, como no
verso 15, onde é citado Sal. 2, verso 9. Portanto, o Salmo 2 também trata do
Armagedom.
Em Testemunhos, vol. 6, pág. 406, a Sra. White diz que este capítulo descreve o
Armagedom.
Os versos 17 a 19 apresentam um convite às aves do céu para que venham comer
alguma coisa. Este convite: "Reuni-vos para a grande ceia de Deus" é uma citação do
Velho Testamento" (Ezeq. 39:17-22).
Apocalipse 19 fala-nos do cumprimento de Ezeq. 39:17-22 ainda antes do
milênio. Estes versículos são o resumo dos capítulos 37 e 38, que fazem referência à
guerra do Armagedom, enfatizando freqüentemente as montanhas de Israel. Estas
profecias terão dois cumprimentos: já sabemos do seu cumprimento em Apoc. 20,
Armagedom 74

após o milênio, mas há também um cumprimento antes do milênio, que diz respeito à
Igreja da última geração. Principalmente os versos 14 e 19 falam sobre os dois
partidos, um dos quais é a besta, entre os inimigos de Deus.
Apocalipse 19 cumpre Ezequiel 39 com relação à Igreja de Deus nos últimos dias
e Apocalipse 20 fala sobre um cumprimento que acontecerá em relação a todos os
salvos, de todas as eras (não somente do último povo). O mesmo espírito de ódio e
rebelião ocorrerá após o milênio, quando haverá esta luta final contra o povo de Deus.
O centro do cumprimento é Cristo e Sua Igreja universal. Aqui encontramos Cristo na
Nova Jerusalém. Ambas as batalhas são mundiais, mas em primeiro lugar haverá o
cumprimento através de uma Igreja que está espalhada por todo o mundo e após o
milênio todo o Deus estará localizado na Nova Jerusalém que desce do Céu.
Os inimigos, no primeiro caso, estarão espalhados por todo o mundo lutando
contra os filhos de Deus, mas no segundo, o povo de Deus estará dentro da cidade;
portanto, os inimigos estarão reunidos em redor da cidade. Em Ezequiel, Gogue vem
do Norte, mas em Apoc. 20, Gogue e Magogue reúnem-se dos quatro cantos da Terra
– as restrições geográficas são removidas.
Concluímos com as palavras de Tiago White, quando ele afirmou: "A grande
batalha não é de nação contra nação, mas entre a Terra e o Céu."

AS SETE ÚLTIMAS PRAGAS

Sua Relação com as Três Mensagens Angélicas


Alguns livros que podem ajudar na compreensão do assunto sobre o Armagedom:
1. Dicionário Bíblico Adventista (SDABC, vol. 8).
Armagedom 75

2. Enciclopédia Adventista (SDABC, vol. 10).


3. Comentário Bíblico Adventista (SDABC, vol. 7, no Suplemento de Apoc. 12-
20).
4. O Grande Conflito, capítulos 39 a 41.
5. Testemunhos, vol. 5, págs. 207 a 216.
6. Primeiros Escritos, pp. 36-38 (Selamento);
pp. 277-279 (O Alto Clamor).
7. Our Firm Foundation, de W. Read, vol. 2, edição de 1953.
Um relatório sobre as conferências bíblicas de 1952. O autor foi o
primeiro a obter uma nova luz sobre o assunto, saindo fora da linha de
Urias Smith.
8. As Três Mensagens de Apocalipse 14, de J. N. Andrews – 1970. Southern
Publishing Association.
O autor foi um pioneiro estudioso, que se preocupava com a educação em nossa
Igreja. Foi o primeiro a identificar o primeiro anjo de Apoc. 14 com o anjo de Apoc.
10. Considerou um capítulo explicando o outro. Disse que o jurar do Anjo de Apoc. 10
só poderia referir-se a um tempo profético. Também em relação ao segundo anjo ele
nos trouxe uma revelação muito importante: fala-nos sobre uma dupla queda de
Babilônia. A primeira é uma queda de ordem moral, desde 1844. Portanto, as igrejas
que rejeitaram o primeiro anjo tiveram uma queda moral. Apoc. 14:8. É uma queda
progressiva, como um homem que começa a afundar num pântano e vai cada vez mais
para o fundo. A situação vai se tornando cada vez pior. A terceira mensagem angélica
chama-nos a atenção para a queda final de Babilônia (Apoc. 16:19) na sétima praga.
Esta é a destruição de Babilônia.
Esta é uma interpretação muito profunda, embora simples. Mesmo no tipo – a
Babilônia do tempo de Daniel, podemos perceber estes dois tipos da queda. Se o Anjo
do Senhor chegou a escrever na parede que Babilônia estava sendo pesada na balança
e achada em falta, isto anunciou a queda de ordem moral. Logo após veio a destruição
final de Babilônia.
Andrews também estabelece um paralelo entre a Igreja Judaica e a mulher pura,
em contraste com a mulher impura (Ezequiel 16 e Isaías 1). Este paralelo também é
encontrado em Apoc. 12 e 17.
O vinho que embebeda todas as nações é interpretado como sendo falsa doutrina.
Algumas dessas doutrinas que corrompem são mencionadas por Andrews à pág. 51 e
seguintes:
1. O milênio de paz e prosperidade sobre a Terra antes do Advento de Cristo
(doutrina do pós-milenialismo considerada por Andrews como a pior heresia).
2. Batismo infantil por aspersão.
3. A troca do Sábado pelo Domingo.
4. Imortalidade inerente da alma.
5. O Segundo Advento considerado como espiritual e não literal.
No capítulo 8 de seu livro, Andrews declara que o vinho não misturado da ira de
Deus corresponde às sete últimas pragas. Apoc. 14:9 e 10.
Armagedom 76

O primeiro anjo diz para adorar a Deus, o terceiro diz para não adorar a Besta.
Este é o apelo do Elias do Velho Testamento: ou adorar a Deus ou a Baal. Nas
mensagens angélicas está o terceiro Elias. No verso 10 está a mais solene admoestação
de toda a Bíblia. Não deveríamos descansar enquanto não compreendermos este
assunto.
As outras igrejas não apresentam o evangelho em sua plenitude, como nós o
fazemos, incluindo a advertência quanto a estes perigos. Elas não compreendem a
verdadeira mensagem de Elias, nada sabem sobre as últimas pragas. Esta é a nossa
missão no mundo e se não pregarmos a mensagem do terceiro anjo, mas apenas a do
primeiro e do segundo, estaríamos traindo esta mensagem. Temos três mensagens a
apresentar, e devemos fazê-lo na ordem correta. Não devemos começar com a
mensagem à Babilônia, mas com a mensagem do primeiro anjo – a lei e o evangelho.
Aqueles que rejeitam essa primeira mensagem estão em Babilônia, na sua queda
moral. O terceiro anjo acrescenta qual será o juízo sobre Babilônia (verso 10). Esta é
uma mensagem muito pessoal. Deus não está falando a igreja um denominação, mas a
indivíduos.
Não é suficiente tirar os indivíduos de Babilônia para o Monte de Sião. Devemos
também tirar Babilônia do Monte Sião. Esta é a mensagem de Laodicéia.
As três mensagens angélicas trazem os fiéis da Babilônia para a Igreja, e a
mensagem de Laodicéia tira a Babilônia de dentro da Igreja. Se fizermos só a metade
do trabalho, termos muitas apostasias. É preciso trazer as pessoas para a Igreja e
guardá-las dentro da Igreja. Deveria haver uma classe de Escola Sabatina para os
recém-batizados e os interessados. A Sra. White aconselha a revisão de todas as
doutrinas após o batismo.
O que significa a palavra "também" do verso 10? Significa que os que já beberam
do vinho de Babilônia, agora vão beber também do vinho da ira de Deus. Bebem duas
vezes. Em primeiro lugar foram embebedados pelo vinho de Babilônia e agora vão
beber também do vinho da ira de Deus, sem mistura. Quando misturamos vinho com
água, ele fica muito mais suave. A ira de Deus não será misturada com misericórdia.
É por isso que tal juízo só pode ser comparado com o juízo sobre Sodoma e Gomorra,
sobre os antediluvianos e sobre Jerusalém no ano 70 de nossa era.
Vamos ler o capítulo 15, verso 1. Aí está a prova de que o terceiro anjo adverte
quanto às sete últimas pragas. A ira de Deus manifesta-se pela sete últimas pragas.
Devemos pregar ao mundo sobre o evangelho, sobre Babilônia, e também
advertir sobre estas sete últimas pragas. Portanto, devemos entendê-las bem, incluindo
o secamento do rio Eufrates e o Armagedom. Se não entendermos bem estes assuntos
estaremos sendo servos infiéis e preguiçosos.
Leiamos os versos 7 e 8 (cap. 15).
Concluímos que estes sete anjos não são instrumentos do diabo e que as sete
pragas são de ordem sobrenatural. Sem dúvida, os ímpios atraíram as pragas sobre si,
através de suas próprias ações, mas são os juízos específicos de Deus.
Armagedom 77

No capítulo 18, verso 5 é-nos dito porque isto acontece: "porque os seus pecados
se acumularam até ao céu, e Deus se lembrou dos atos iníquos que ela praticou." As
pragas são dirigidas a Babilônia.
No verso 4 lemos: "Retirai-vos dela, povo meu, para não serdes cúmplices em seus
pecados e para não participardes dos seus flagelos" "Seus flagelos". Todas as sete
pragas são de Babilônia, porque os seus pecados se acumularam até ao Céu. Deus
possui no Céu livros, relatórios, onde a culpa vai sendo acumulada. Os pecados não
confessados vão acumulando. Deus estabeleceu limites para a graça e quando o
indivíduo, família, nação, ou mesmo o mundo atinge este limite, Deus os "lembra" dos
pecados. É uma expressão do Velho Testamento que significa não apenas trazer à
lembrança, mas agir. Por exemplo, Deus lembrou-se de Ana, e lhe deu um filho. Deus
lembrou-se de Babilônia e ela caiu (Apoc. 16:19). Há a idéia de ação.
Lemos no verso 4 "voz do céu". Esta é a nossa voz. Quando lutamos por atrair as
pessoas das outras igrejas, somos considerados como agentes do diabo, mas a voz que
diz: "Retirai-vos dela, povo meu" vem do Céu. Há pessoas do povo de Deus nas outras
igrejas. Talvez haja mais em Babilônia do que na nossa Igreja. E recebemos de Deus a
ordem para chamar estes que estão em Babilônia. Babilônia significa apostasia
organizada, o inimigo do povo de Deus. Devemos chamar de lá os fiéis, para que não
sejam de seus pecados e participem de seus flagelos. É por isso que devemos pregar
sobre as últimas pragas.
Os acontecimentos finais da história deste mundo vão se dar na seguinte ordem
cronológica:
No gráfico a seguir foram acrescentadas as referências na Bíblia e no Espírito de
Profecia.

Alto Clamor Prova Final Selamento Fim da Graça Pragas


(Chuva Serôdia) De Lealdade
Apoc. 18:1-4 Apoc. 13:15 Apoc. 7:1-4 Apoc. 22:11 Apoc. 16, 17
Apoc. 14:1-5 Daniel 12:1
Testemunhos, GC, PR, pág. 591 Testemunhos, PE,
vol. 1, p. 353 604-605 PE, Testemunhos, vol. 2, 190- 280-285
PE, 277-279 pág. 279 vol. 5, p. 475, 191 GC, cap.
GC, 611-612 207-216. PP, p. 201 38, pág. 603
PE, p. 36-38 GC, 612-613

O Alto Clamor ou Chuva Serôdia – O Espírito Santo será derramado na mesma


proporção como o foi no dia de Pentecostes e fará com que o povo de Deus levante a
voz em alto clamor.
O Espírito Santo vai operar como nunca e todos os pecados de Babilônia serão
expostos publicamente. Quando chegar o Alto Clamor, todos os outros eventos seguir-
se-ão sem qualquer interrupção, inclusive as pragas, culminando com o Segundo
Advento de Cristo, que ocorre durante a sétima praga.
Armagedom 78

O Alto Clamor vai provocar uma reação de Babilônia e uma legislação que
procure pôr um fim neste Alto Clamor. Igreja e Estado vão se unir contra o povo de
Deus. a isto nós chamamos:
A Prova Final de Lealdade. Ninguém, sem o sinal da besta, poderá comprar ou
vender. Esta reação contra o povo de Deus provocará:
O Selamento. O Selamento vem de Deus – os anjos imprimindo o Selo de Deus
sobre a testa. Não se trata do Selamento do Espírito no coração – o Selamento do
Evangelho, que todos recebem por ocasião do batismo. Não devemos confundir o selo
evangélico e o selo apocalíptico.
O Selamento do Espírito Santo por ocasião do batismo é comprovado pelas
seguintes passagens:
Efésios 1:13
Efésios 4:30
II Cor. 1:20-22
Rom. 8
O Selamento apocalíptico ocorre naqueles que já são filhos de Deus, portanto já
possuem o Selamento do Evangelho. Devem agora receber um selo especial que os
anjos imprimem em suas testas. Somente os 144.000 recebem este selo.
Qual o propósito deste Selamento?
A Sra. White escreveu muito sobre isto. Ela diz que este selo é um sinal de
aprovação de Deus e de proteção contra as sete últimas pragas.
Fim da Graça. Após o Selamento, finda o tempo da graça e:
As Pragas começam a cair.

Todos esses eventos tão solenes têm um tipo no Velho Testamento. Vamos agora
considerar estes tipos.
Alto Clamor: Em Joel 2:28 e 32 está uma profecia que foi cumprida em Atos 2 –
o Pentecostes. Este cumprimento é o tipo do Alto Clamor ou Chuva Serôdia. Em O
Grande Conflito, pág. 611 temos um relato sobre isto, onde a Sra. White diz que o
Clamor da Meia-noite do movimento milerita é um outro tipo que se repetiu.
O tipo da Prova Final de Lealdade está em Daniel 3. Os três jovens hebreus que
permaneceram fiéis a Deus tinham diante de si a fornalha de fogo ardente. Esta foi
para eles uma verdadeira prova de lealdade que implicava em obediência ao segundo
mandamento. Isto foi um tipo de prova de lealdade que implicará em obediência ao
quarto mandamento. Todo o mundo estará na planície de Dura.
Outro tipo encontra-se em I Reis 18 – Elias no Monte Carmelo. A lealdade que
será manifestada durante esta prova será considerada pelo Céu, constando nos
registros celestes e sendo a base para o selamento.
O tipo do Selamento encontramos em Êxodo 12:12 e 13. Todos os que tinham a
marca de sangue nos batentes das portas não sofreram a décima praga. Há também uma
profecia muito importante em Ezeq. 9:4 e 5. A Sra. White afirma que esta profecia
refere-se ao Selamento dos 144.000 (Testemunhos para Ministros, págs. 444-445).
Armagedom 79

Ainda no VT encontramos um tipo para o Fim da Graça. Em Gên. 7:16 lemos


que Noé ficou sete dias na arca antes de começar a chuva e que um anjo fechou a porta
da arca. Diz a Sra. White ser este um tipo do Selamento. Patriarcas e Profetas, pág.
98.
As dez pragas que caíram sobre o Egito são o tipo para as Sete Últimas
Pragas (Êxo. 7 a 12). Têm características semelhantes e o mesmo objetivo – salvar
Israel, vindicar o nome de Deus e o Seu governo e expor no coração de cada um a
rebelião que há nele (motivar a rebelião contra Deus).
Nas pragas finais, Deus manifestará Sua fidelidade ao Seu povo do concerto e
uma vez mais revelará a pecaminosidade de Babilônia. Egito e Babilônia são os
inimigos do Israel de Deus e as pragas são os juízos de Deus sobre tais inimigos.
As quatro primeiras das últimas pragas são retiradas das dez que caíram sobre o
Egito. A quinta, sexta e a sétima são retiradas dos juízos sobre Babilônia.
Por que isto? Deus quer assegurar à Igreja Remanescente que, nos últimos dias,
Ele é o mesmo Deus que libertou Israel do Egito e que tirou Israel da Babilônia. Ele é
o mesmo Deus que possibilitou o êxodo de um Egito ateu e de uma Babilônia
apostatada. A mesma libertação virá no fim dos tempos.
Como podemos saber quando chegará a ocasião do Alto Clamor? Como
poderemos ter esta experiência?
Alto Clamor será o resultado da pregação distinta da mensagem de Laodicéia
(Apoc. 3).
Não devemos apenas pregar as três mensagens angélicas, mas também apresentar
a mensagem de Cristo à Igreja de Laodicéia.
Como resultado de recebermos e aplicarmos pessoalmente esta mensagem,
seremos zelosos não apenas em ganhar almas (preocupados só em números) mas nos
preocuparemos com a qualidade. A mensagem a Laodicéia diz: "Sede zelosos e
arrependei-vos." Zelosos na tristeza pelo pecado em nosso coração. Zelosos em sentir
que morremos para o eu. Zelosos no sentido de depositarmos todo o nosso orgulho no
pó. Zelosos na luta com Deus. Zelosos no sentido de andarmos com Cristo. Zelosos
pela glória de Deus. Esta é uma obra que tem que ser realizada pelo indivíduo em si
mesmo, antes de sair e anunciar. Antes de falar de Deus, devemos falar com Deus.
Deus procurará os que são verdadeiramente zelosos. Procurará o ouro puro, livre
de toda escória.
Em Ezequiel 9 encontramos o selamento daqueles que estão sob o juízo de Deus.
Em Ezequiel 8 e 9 havia muita corrupção em Jerusalém, particularmente no
templo.
Surge então a pergunta: Os que são selados, são perfeitos e santos?
Sentir-se santo é um pecado.
Tentar sentir-se perfeito é uma rebelião contra Deus, conforme a teologia bíblica.
Muitos cristãos na História quiseram sentir-se perfeitos, porque sua consciência
os condenava nos seus próprios pecados.
Uma consciência acusando não é uma experiência muito agradável, e eles
queriam livrar-se do sentimento de culpa e fazer alguma coisa especial para Deus. Às
Armagedom 80

vezes deixavam de se casar a fim de se tornarem mais santos. Alguns se tornavam


vegetarianos, outros procuravam vender bastante literatura, ou ganhar muitas almas, e
assim por diante. Mas a justificação só vem por meio da fé em Cristo. A mensagem de
Cristo para a Igreja de Laodicéia é muito humilhante para o nosso coração. "Vocês
pensam que tudo está muito bem, mas vocês não sabem o que são; vocês são cegos,
não se apercebem da própria nudez; não sabem quão pobres são."
Cada um deve aplicar esta mensagem a si mesmo, embora não creia que esteja
nesta condição. Jesus diz: "Eu sinto muito, mas tenho que dizer que o problema está
em seu próprio coração."
Nós queremos participar do Alto Clamor. Queremos apresentar um bom relatório,
mas a direção da motivação não está correta – está dirigida para o próprio eu. O que
fazer então?
Devemos dizer a Jesus: "Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e
conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo
caminho eterno." (Sal. 139:23 e 24).
Devemos abrir o coração para o trabalho do Espírito Santo, confessar os nossos
pecados, abandonar todo espírito de competição, tentando ser melhores que os outros,
ou mais santos que os nossos irmãos.
Qual será o início do Alto Clamor na vida individual de cada um? Qual será a
aplicação pessoal do Alto Clamor?
Abandonar todo o orgulho e procurar somente a glória de Deus, aceitando a todos
que estão ao nosso redor como nossos irmãos.
Em Ezequiel 9 que espécie de povo recebe a marca? Absolutamente não são
aqueles que se julgam perfeitos, mas aqueles que estão chorando por causa da
impiedade em Israel – aqueles que se arrependerem da impiedade. O arrependimento é
uma experiência gloriosa. Ele nos faz chorar, traz-nos mesmo o desespero, mas
também nos traz a graça pela fé em Cristo. Peçamos este arrependimento.
Em Atos 5 lemos que Jesus nos dá a fé e o arrependimento. O arrependimento é
um dom de Deus. Não podemos por nós mesmos passar por esta experiência, mas
podemos orar pedindo-a a Deus.
Deus somente pode habitar no coração contrito e espírito abatido. Este espírito
Ele nunca rejeitará. Encontramos isto em Isa. 65 e Sal. 51.

Agora vamos falar um pouco mais sobre os 144.000 em relação a este Selamento.
Duas vezes no Apocalipse nós lemos sobre os 144.000. Há nisto um significado
especial. Em Apocalipse 7 é abordado um aspecto diferente do que é considerado no
capítulo 14.
Em Apoc. 14, nos primeiros 5 versos é enfatizado o Seu caráter imaculado. "não
se achou mentira na sua boca; não têm mácula" (verso 5). Este estado de pureza não é
uma peculiaridade apenas dos 144.000, mas dos santos de todas as eras. Deus não quer
mentirosos em Seu reino. No Salmo 32 lemos: "Bem-aventurado o homem a quem o
Senhor não atribui iniqüidade e em cujo espírito não há dolo." (Verso 2). Esta é uma
característica dos 144.000.
Armagedom 81

Qual seria então a diferença entre os 144.000 e os outros santos?


Em princípio, não é a perfeição de caráter. Embora esses 144.000 sejam perfeitos
em caráter, eles não se sentirão perfeitos. Terão um relacionamento perfeito,
relacionamento de perdão e vitória. Eles possuem o caráter de Deus e do Cordeiro.
Seguem o Cordeiro aonde quer que vá.
Apocalipse 7 nos dará maior luz sobre o assunto. Este capítulo começa como se
fosse uma resposta aos últimos versos do capítulo 6. Sabemos o que acontece durante
o sexto selo (versos 12 em diante) – os ímpios finalmente clamarão às rochas: "Caí
sobre nós e escondei-nos da face daquele que se assenta no trono e da ira do Cordeiro."
A ira do Cordeiro são as sete últimas pragas. O capítulo 6 termina com a pergunta:
"Quem é que pode suster-se?" A resposta está no capítulo 7 – os 144.000 podem suster-
se.
É por isso que todos eles são selados. O anjo do julgamento passará por alto
aqueles que estiverem selados, da mesma forma que o anjo da destruição passou por
alto as casas que estavam manchadas com sangue. Daí vem a palavra "Páscoa" em
inglês Passover, passar por alto.
Este é um propósito específico do selamento. Somente os 144.000 estarão a salvo
no dia da ira de Deus. Eles conseguiram suportar a prova final e agora estão
enfrentando a ameaça de morte.
Não há possibilidade de outros se salvarem a não ser estes 144.000 que foram
selados. O grupo total dos filhos de Deus durante as últimas pragas são os 144.000. Se
houvesse possibilidade de salvação fora dos 144.000, o selamento não teria
significado, pois o selamento é a marca de proteção.
Em Ezequiel 9 os fiéis que se arrependeram foram selados – receberam uma
marca em sua testa. O que aconteceu após esse selamento? A destruição resultante da
ira de Deus.
É exatamente isto que acontecerá quando os 144.000 forem selados.
O tempo da graça terminará e as sete pragas começarão a cair.
Os 144.000 não são um grupo especial entre os salvos por se sentirem mais
santos do que os outros, mas porque eles passaram por uma perseguição e uma prova
sem precedente e permaneceram fiéis pela fé em Cristo. Eles também sofrerão mais do
que os outros – experimentarão o Tempo de Angústia de Jacó. Não podemos explicar
o que é a angústia de Jacó, mas experimentá-la e estar preparados para recebê-la. Eles
beberão desta taça de sofrimento, muito mais do que a geração que os precede, por
esta razão estarão tão próximos a Cristo. Eles parecem experimentar mais do que
Cristo experimentou no Getsêmani, por sua causa. Esta é a única esperança que os
conforta.
Em Apoc. 14 o selo representa uma espécie de carimbo do caráter perfeito de
Deus, uma obra completa daqueles que são selados, como os primeiros frutos para
Deus e para o Cordeiro. Esses selados são perfeitos em relação à fidelidade e estão
prontos para a trasladação como o remanescente final.
Em Apoc. 7 o selo de Deus é uma marca de proteção e livramento no dia da ira
de Deus.
Armagedom 82

Percebemos duas visões em Apoc. 7. Os oito primeiros versos nos falam dos
144.000 provenientes das tribos de Israel, e do verso 9 em diante lemos: "Depois
destas coisas, vi, e eis grande multidão que ninguém podia enumerar, de todas as nações,
tribos, povos e línguas ..."
Quem é esta grande multidão? A resposta está no verso 14: "São estes os que
vêm da grande tribulação, lavaram suas vestiduras e as alvejaram no sangue do Cordeiro."
Há diferença entre os 144.000 que vêm dos judeus e esta grande multidão que
vem de todas as nações?
Não existe uma resposta definida da Igreja quanto a este assunto, mas julgamos
que os 144.000 não são totalmente idênticos a este segundo grupo da grande multidão.
Eles representam a Igreja Remanescente da última geração, com um especial
selamento apocalíptico durante as sete últimas pragas. Eles experimentam a grande
tribulação. Mas o segundo grupo, que ninguém pode contar e que vem de todas as
nações, representam todos os salvos de todas as eras, desde o início do mundo. É
portanto, um grupo diferente. Eles também vêm de uma grande tribulação, porque
ninguém será salvo sem passar por uma tribulação. Paulo afirmou várias vezes que
para irmos ao reino de Deus teremos que passar por grandes tribulações.
Os 144.000 serão parte desses salvos de todas as eras, portanto eles serão um
grupo especial dentro do grupo maior. Esta é a explicação da Sra. White. Ela se refere
a esta grande multidão de Apocalipse 7:9 e 14 como sendo os redimidos de todas as
eras, e também aplica Apoc. 7:9-14 aos 144.000. Há, portanto, uma fusão entre esses
dois grupos.
Os 144.000 são especificamente chamados israelitas ou semente de Abraão. Isto
não cumpre a promessa feita a Abraão em Gênesis 15 e 17, que a sua semente seria tão
numerosa quanto a areia do mar e as estrelas no céu? Isto quer dizer inumerável, que
não se pode contar. Só Deus poderá numerar a descendência de Abraão.
Da mesma forma como o primeiro Elias não morreu, os 144.000 não passarão
pela morte. Este ponto de vista é sustentado pela Bíblia e pelo Espírito de Profecia. (O
Grande Conflito, págs. 648, 649; 665, 646, 428; Testemunhos, vol. 1, págs. 78 e 155).

Natureza das Pragas

Já definimos os três propósitos das pragas, que são:


1º - Redimir Israel
2º - Vindicar o caráter de Deus e o Seu concerto.
3º - Expor a pecaminosidade dos ímpios e a rebelião dos professos fiéis a Deus.
Durante as sete últimas pragas o Universo testemunhará aquilo que não podiam
ver antes – o que estava no coração das pessoas, que não se arrependerão nem darão
glória a Deus.
Vamos agora considerar a natureza das pragas. Já aprendemos que as pragas são
um evento sobrenatural. Resta saber se são literais ou espirituais.
Armagedom 83

Josias Litch, um dos pioneiros do movimento milerita, defendeu a posição que as


pragas são literais no que diz respeito à sua linguagem e descrição.
Quanto ao secamento do rio Eufrates e à sexta praga, ele cria que o rio Eufrates
seria literalmente seco, assim como o rei persa Ciro secou-o por ocasião da queda de
Babilônia. Podem ler quanto a isto na Enciclopédia Adventista, verbete Armagedom.
Para ele havia uma total identificação entre o secamento do Eufrates do Velho
Testamento e o do Novo Testamento. Consequentemente, ele não chegou a ver a
relação tipológica entre um e outro. No relacionamento tipológico nunca há uma
relação completa entre o tipo e o antítipo. Onde havia uma analogia, ele viu uma
identidade, uma igualdade. Ele separou o secamento do Eufrates do Novo Testamento
do seu contexto literal e teológico, porque as sete últimas pragas são todas destinadas à
Babilônia mística, e esta Babilônia mística é um poder espiritual. E não podemos
considerar Babilônia espiritualmente e o rio Eufrates literalmente. Se o Eufrates é o rio
de Babilônia, temos que tomar ambos literalmente – ambos estão numa conexão
inseparável.
Por outro lado, Babilônia é uma organização poderosa, visível, com
manifestações religiosas e políticas concretas. É o inimigo e perseguidor literal e
visível do Israel de Deus.
Urias Smith chegou à conclusão de que o dilema entre serem as pragas literais ou
não é um dilema infrutífero. Ele afirmou que a terminologia simbólica diz respeito a
juízos concretos e literais. Ele cria que as pragas eram simbólicas, afirmando que o
Eufrates significava "povos", mas acreditava que as outras pragas teriam cumprimento
literal.
A sexta praga é tão simbólica quanto a quinta, onde o trono da besta é um
símbolo muito conhecido.
Ao considerarmos a 1ª praga, consideramos várias coisas como símbolos – o
sinal da besta, sua imagem e seu culto.
O julgamento, que é o resultado de cada praga, é que é literal, embora as
organizações que vão sofrer esse julgamento possam ser simbólicas.
Este conceito de Urias Smith é bastante profundo. Ele disse: "As pragas são
esculpidas numa linguagem simbólica, mas as pragas propriamente ditas são literais,
porque os juízos são literais."
Vamos ver o que João N. Andrews tem a dizer. Em seu livro As Três Mensagens
de Apocalipse 14, pág. 117 ele diz que as últimas pragas serão semelhantes em caráter
às que foram derramadas sobre o Egito, embora suas conseqüências serão muito mais
terríveis – efeito mundial.
Andrews percebeu um relacionamento tipológico entre as pragas do Egito e as
sete últimas pragas.
Esta é uma boa explicação, pois ele considerou a Bíblia como um todo.
Vamos considerar o que a Sra. White tem a dizer. O Grande Conflito, pp. 627 e
628: "As pragas que sobrevieram ao Egito quando Deus estava prestes a libertar Israel,
eram de caráter semelhante aos juízos mais terríveis e extensos que devem cair sobre o
mundo precisamente antes do libertamento final do povo de Deus."
Armagedom 84

Esta exposição é perfeitamente teológica. A Sra. White viu uma relação


tipológica, assim como Andrews. Ela usa as mesmas palavras de Andrews:
"semelhantes em caráter".
E ela ainda vai além, dizendo que as pragas no Egito estavam relacionadas com o
Israel de Deus, a fim de livrá-lo do Egito, e que as pragas finais terão o objetivo de
livrar o povo de Deus.
Há uma perfeita harmonia com os princípios hermenêuticos que estudamos.
Devemos relacionar as pragas com o Deus de Israel e o Cristo do Novo Testamento,
com o Israel do Velho Testamento e com o Israel espiritual do Novo Testamento.
Podemos notar que as pragas têm o mesmo caráter e propósito.
Urias Smith relacionou as pragas com Israel somente nas três primeiras pragas, e
depois se esqueceu. Para ele, a 5ª, 6ª e 7ª pragas nada têm que ver com o Israel de
Deus, mas com os povos que literalmente vivem ao redor do rio Eufrates, ou seja, os
turcos. Por que traria Deus os Seus juízos mais terríveis ao povo específico que vive
ao redor do rio Eufrates? O que dizer dos adventistas que vivem naquela região?
1ª Praga. Leiamos Apoc. 16:1 e 2. O primeiro anjo derramou a sua taça sobre a
Terra. Portanto, a primeira praga é mundial, embora nem todos sejam atingidos por
ela. Alguém poderia argumentar que as úlceras malignas e perniciosas são espirituais,
invisíveis.
Estas úlceras atingem aqueles que têm o sinal da besta e a adoram. Sem dúvida,
esta é uma linguagem figurada, mas as pessoas atingidas não são invisíveis, são pessoas
literais, indicadas por linguagem simbólica. Portanto, as úlceras também devem ser
literais. Se considerarmos as úlceras como espirituais, temos que admitir que eles já
foram atingidos por tais úlceras anteriormente. E estas pessoas não são espirituais, não
nasceram de novo. As úlceras que recebem podem ser vistas e sentidas.
2ª Praga. Apoc. 16:3. Devemos considerar esta praga como literal ou
simbólica? Se for espiritual, um mar simbólico não faz muito sentido. Devemos
considerar o mar literal que se torna em sangue literal. Este juízo cairá sobre um povo
literal.
Os filhos de Deus não sofrerão estas pragas – não porque são vegetarianos – mas
porque Deus resolve não derramar estas pragas sobre o Seu povo.
3ª Praga. Apoc. 16:4 – Rios e fontes tornam-se em sangue. Deus derrama as
pragas em estágios. Pela primeira vez, lemos sobre a razão para estas pragas – Versos
5 a 7.
Por que Deus transforma a água em sangue coagulado? A razão é dada no verso
6: Porque mataram os profetas. Todas as pragas são centralizadas em Israel.
Em O Grande Conflito, pág. 628 lemos:
"Condenando o povo de Deus à morte, são tão culpados do crime do derramamento
de seu sangue como se este tivesse sido derramado por suas próprias mãos. De modo
semelhante declarou Cristo serem os judeus de Seu tempo culpados de todo o sangue dos
homens santos que havia sido derramado desde os dias de Abel; pois possuíam o mesmo
espírito, e estavam procurando fazer a mesma obra daqueles assassinos dos profetas."
No ano 70 da nossa era Deus destruiu Jerusalém. Por que Ele esperou esses
quarenta anos? Para dar uma oportunidade aos Seus filhos. Quando os filhos
Armagedom 85

rejeitaram a mensagem apostólica, os juízos de Deus caíram sobre eles. E qual a


relação entre este ato de rejeição dos filhos e o que os pais fizeram rejeitando a Cristo?
O pecado era basicamente o mesmo. Os filhos completaram a medida do pecado dos
pais. Mat. 23:32.
Durante as três primeiras pragas, o Israel de Deus, a Igreja Remanescente tornou-
se o foco de uma perseguição baseada em leis. O Espírito de Deus foi retirado e nação
após nação legisla contra o povo de Deus. Está aqui implicado Apoc. 13 – com um
decreto de morte. Não devemos confundir ameaça de morte com decreto de morte.
São diferentes. O decreto de morte é muito mais sério, e só será proclamado após o
fechamento da graça. Será estabelecida uma data para a execução.
É a experiência de quando Esaú veio em direção a Jacó para exterminá-lo – a
Angústia de Jacó.
Será determinado um prazo, findo o qual, o povo deverá ser exterminado. O tipo
deste decreto de morte, está num livro do Antigo Testamento que não é citado no
Apocalipse – o livro de Ester.
A Sra. White escreve em O Grande Conflito que o decreto de morte será
publicado durante as três primeiras pragas.
Será cumprido este decreto? Não.
Então, por que razão Deus lhes dá sangue para beber uma vez que não consumam
este intento?
Urias Smith e a Sra. White dão a mesma resposta.
Pela publicação do decreto de morte o pecado atinge o seu ponto culminante. O
pecado torna-se legalizado. E Deus então diz: "Basta!" Se o tempo permitisse, eles
matariam os filhos de Deus. Deus considera esta culpa como se o decreto fosse
executado, da mesma forma como Deus aceitou o sacrifício de Isaque como se Abraão
o tivesse levado a cabo.
A decisão da vontade foi tomada e a medida dos pecados dos antepassados fica
completa.
É manifestado o mesmo espírito daqueles que perseguiram o povo de Deus
durante todas as eras. É por isso que Deus lhes dá a segunda e terceira pragas – sangue
literal. Não existe sangue espiritual.
Armagedom 86

INTERPRETAÇÃO CRISTOCÊNTRICA DAS 6ª E 7ª


PRAGAS

Devemos sempre nos lembrar que sempre há dois contextos: o contexto imediato
e o contexto-raiz do Velho Testamento.
O contexto imediato é o próprio capítulo, o capítulo anterior e o capítulo que se
segue. Se considerarmos mais alguns capítulos, temos um contexto mais amplo. Mas o
Velho Testamento é o mais amplo dos contextos – o contexto-raiz para o Novo
Testamento.
No Comentário Adventista, vol. 7, à pág. 983, lemos que a Sra. White declarou
que necessitamos estudar o derramamento da sétima praga, pois a Providência tem
uma parte a desempenhar na batalha do Armagedom.
Já estudamos que a palavra "Armagedom" é citada em conexão com a sexta
praga, e agora a Sra. White relaciona-a com a sétima. Concluímos, portanto, que a 6ª e
a 7ª pragas formam uma só unidade. O Armagedom é descrito na sexta praga mas
acontece durante a sétima.
Não podemos estudar a sétima praga isolada da sexta.
A sexta e a sétima pragas são dois aspectos de um só evento.
Lemos que durante a sexta praga haverá o secamento do rio Eufrates e que
durante a sétima praga Babilônia cairá. Devemos considerar estes dois eventos como
um só conjunto, e aplicar os princípios hermenêuticos que temos aprendido.
Não devemos nos conformar com o que diz o Dicionário ou a Enciclopédia, ou o
Gen. McArthur sobre o assunto.
O que diz o primeiro princípio hermenêutico? "A Bíblia, como um todo
orgânico em Cristo Jesus, é o seu próprio intérprete."
Vamos aplicar também os demais princípios.
Estamos no capítulo 16 de Apocalipse. O capítulo 17 é o contexto imediato.
Precisamos também encontrar o contexto-raiz, o tipo do Velho Testamento.
A opinião dos comentaristas adventistas, como lemos em nosso Comentário
Bíblico Adventista, volume 7, pág. 725, é que o primeiro passo a ser dado para a
compreensão do Apocalipse é procurar o seu contexto histórico no Velho Testamento.
Assim ficará mais fácil compreender a mensagem de João.
Também no Comentário Bíblico Adventista, volume 1, pág. 1019, lemos que um
exame do contexto e sua situação histórica é fundamental para uma compreensão
correta de qualquer passagem.
Sabemos que há uma relação tipológica quando o autor no Novo Testamento
indica que no passado existiu um tipo, usando a mesma palavra empregada no Antigo
Testamento. Por exemplo, no Apocalipse lemos sobre Jezabel no contexto das Sete
Igrejas. No Novo Testamento encontramos o Monte Sião; nós lemos sobre Israel,
sobre Babilônia, sobre o Eufrates, sobre o Armagedom, no seu significado hebraico,
etc.
Armagedom 87

Isto demonstra que a estrutura fundamental do apocalíptico bíblico,


principalmente do Novo Testamento, é uma estrutura tipológica, isto é, uma estrutura
baseada na prefiguração e no seu cumprimento.
No Apocalipse encontramos alguns símbolos que ocorrem mais de uma vez,
como por exemplo, a palavra "estrela". Interpretamos esta palavra de oito maneiras
diferentes: representando Cristo, Satanás, anjos, demônios, apóstolos, falsos profetas,
estrelas no sentido literal e também no sentido político.
Se pudéssemos dar uma só interpretação a estas palavras que ocorrem mais de
uma vez, seria muito coerente. Mas a coerência deve ser usada com sabedoria.
Cada símbolo tem um significado básico. Por exemplo, "luz" pode ser aplicada
de maneiras diferentes – uma boa luz, ou uma luz que caiu; uma estrela literal ou uma
estrela simbólica. Pelo contexto sabemos como aplicar.
Podemos aqui estruturar um novo princípio de interpretação bíblica: "O contexto
imediato faz a distinção na aplicação de símbolos idênticos."
O termo "Eufrates" ocorre duas vezes no último livro da Bíblia. A primeira vez,
na sexta trombeta (Apoc. 9:14), e a segunda, na sexta praga (Apoc. 16:12) –
interessante correspondência.
Mas conforme o princípio que acabamos de considerar, não devemos estabelecer
identidade entre as duas citações da palavra. A interpretação não precisa ser a mesma
nos dois casos. Os mesmos símbolos podem ter diferentes aplicações, dependendo de
seu contexto imediato.
As duas citações da palavra "Eufrates" não estão no mesmo contexto. Em Apoc.
9:14 há a série das Sete Trombetas e em Apoc. 16:12 há a série das Sete Pragas.
As trombetas não são idênticas às pragas, portanto não há razão de aplicar o
símbolo da mesma maneira.
Os princípios hermenêuticos são uma garantia contra heresias e erros.

SIMBOLISMO ENTRE AS SETE TROMBETAS E AS SETE PRAGAS


Na lista comparativa que se segue, os símbolos correspondentes estão grifados.
LISTA COMPARATIVA DAS 7 TROMBETAS & 7 PRAGAS
Trombetas (Apoc. 8 e 9; 11:25) Pragas (Apoc. 16)
I. Saraiva, fogo e sangue; Na Terra: úlceras más e malignas
1/3 da Terra ferida. sobre os que têm a marca da
besta, imagem.
II. Montanha ardendo no mar; Mar como sangue, toda criatura
1/3 das criaturas feridas. no mar morre.
III. Estrelas caíram dos céus; Rios e fontes tornam-se sangue
1/3 das águas amargas; 1/3 (por causa das perseguições)
dos rios e fontes.
IV. Sol, lua e estrelas escurecidos. Sol queima homens, nenhum
Só 1/3. arrependimento.
V. Estrelas caíram dos céus; abismo, Trevas sobre a besta e seu reino;
poço aberto; trevas escurecem nenhum arrependimento.
Armagedom 88

sol e ar; gafanhotos torturam


saem da fumaça (5 meses) tendo
um rei - Abadom.
VI. Quatro anjos no Eufrates soltos Eufrates seco.
Matam 1/3 dos homens. O resto
da humanidade não se arrependeu
de sua idolatria e assassinato, etc.
VII. O reino do mundo torna-se de Armagedom: todos os reis do
Deus e de Cristo. Arca do mundo conquistados por Deus.
concerto vista dentro do Templo. Babilônia dividida em 3 partes.
Saraiva, tormentas, relâmpagos, Saraiva, terremoto, vozes e
vozes, trovões. trovões. Voz do
Templo: Feito está.

O rio Eufrates é considerado tanto na 6ª trombeta como na 6ª praga, mas a


identidade de símbolos ocorre não só aqui mas em toda a série como podemos notar.
A identidade entre os símbolos levou os estudiosos da Bíblia, desde os séculos
passados, a concluir que a série das trombetas é absolutamente idêntica à série das
pragas. Mesmo o movimento de Miller pregou esta identidade. Os pioneiros da Igreja
Adventista foram os primeiros a apontar que não existe tal identidade. Há três
diferenças básicas:
1. Diferença Geográfica
2. Diferença Cronológica
3. Diferença Histórica.
1. As trombetas dizem 14 vezes que um terço da Terra é danificado. A série das
pragas não menciona este fato nenhuma vez, pois Babilônia é mundial. As trombetas
são mais regionais, enquanto que as pragas são mundiais. Esta é uma diferença muito
clara.
2. As trombetas cobrem um tempo de meses e anos, portanto, um longo período
de tempo – toda a dispensação cristã. As pragas, ao contrário, caem rapidamente
(Apoc. 18:4, 8 e 10).
3. As trombetas cobrem a dispensação cristã, mas as pragas só ocorrem no fim do
tempo da graça, após o assinalamento com o selo na testa.
Tanto as trombetas como as pragas são juízos de Deus, não há dúvida, portanto
ambos são maldição sobre o povo, mas as pragas são juízos mais intensos que as
trombetas – maiores na extensão e menores na duração.
As pragas não serão misturadas com graça. Entre as duas séries existe uma
analogia e não uma identidade.
A afirmação de que as sete pragas seriam um acontecimento futuro foi uma
inovação adventista.
Antiga corrente de interpretação julgava que a 6ª praga teria seu cumprimento
com os turcos. Neste caso, ela já estaria ocorrendo. E as anteriores? A sexta praga não
pode começar antes das outras.
Armagedom 89

Uma importante distinção entre a série das trombetas e a das pragas é que o rio
Eufrates, na 6ª trombeta, não está relacionado com Babilônia, e nas pragas está
diretamente ligado a Babilônia. Cremos que em ambas as séries o Eufrates deve ser
tomado com um relacionamento tipológico. É o contexto imediato que deve dar a
solução para a aplicação exata.
No Velho Testamento, o rio Eufrates determinava os limites de Israel (Gên.
15:18; 17:8). Ao norte do Eufrates viviam os inimigos de Israel que, vez após vez
invadiam a Palestina. Poeticamente, os profetas poderiam descrever esses inimigos
que viviam além do Eufrates como se fosse um trasbordamento do rio Eufrates, uma
enchente que atingisse as pessoas até o pescoço (Isa. 8:7, 8 – contexto imediato é a
luta entre Judá e Assíria). O Eufrates era um símbolo dos inimigos de Israel. Esse é o
seu significado teológico: Eufrates = inimigos do povo de Deus.
Isaías 8 nos ensina teologicamente que o Eufrates simboliza um inimigos hostil
que ataca Israel.
Esta é uma interpretação Cristocêntrica porque se relaciona com Jeová e o povo
do Seu concerto. Os inimigos de Israel são também inimigos de Deus e do concerto
da salvação.
O Eufrates não representa um inimigo neutro, mas um que ataca, que se
intromete nos afazeres de Israel e no Seu culto.
Esta é a característica teológica do termo Eufrates.
As Sete Trombetas simbolizam os juízos de Deus durante a Dispensação Cristã,
sobre os inimigos do povo de Deus.
O primeiro inimigo do povo de Deus, no tempo da Igreja apostólica foi o Império
Romano. No século XVI, durante a Reforma, quando Deus despertou Lutero, Calvino,
Zwínglio e outros, a Igreja Católica Romana estava unida com o Estado. Carlos V, o
grande rei da Alemanha naqueles dias queria a unidade do seu império, portanto era
inimigo da reforma luterana.
Em 1520 esta reforma passou por um momento crítico, quando Carlos V
pretendia esmagá-la de um só golpe. Mas nesse exato momento, os turcos aparecem
em cena, e preocupado em lutar contra eles, Carlos V desiste do seu intento. Esta foi a
providência de Deus para que o movimento da Reforma não morresse. Portanto, Deus
usou os turcos como um flagelo contra os inimigos do povo de Deus. Sendo assim, na
sexta trombeta o rio Eufrates pode muito bem simbolizar os turcos.
Mas nas pragas, o rio Eufrates não deve ser relacionado com os turcos, e sim com
Babilônia.
Vamos ler Apoc. 16:12. Pelo contexto sabemos que a água do Eufrates se secou
para preparar um caminho para os reis do Oriente.
Conforme nosso princípio hermenêutico precisamos primeiro estabelecer o
relacionamento tipológico com o Velho Testamento.
Seria maravilhoso se pudéssemos encontrar no Velho Testamento esta mesma
circunstância: o secamento do rio Eufrates para possibilitar a passagem dos reis do
Oriente, em conexão com a queda de Babilônia. Tudo depende do nosso conhecimento
Armagedom 90

da história do Velho Testamento. Sem este conhecimento não podemos compreender o


Apocalipse.
Os capítulos que tratam sobre este assunto são: Isaías 41, 44 e 17; Jeremias 50 e
51. Aí está a base para a compreensão da 2ª e 3ª mensagens angélicas.
Daniel 5 também trata sobre a queda de Babilônia. Os estudiosos da Bíblia já
descobriram um relacionamento entre Apoc. 16:12 e aqueles capítulos de Isaías e
Jeremias.
Nosso primeiro dever é construir o contexto histórico.
A Arqueologia conseguiu estabelecer exatamente a posição do rio, que não era a
que encontramos hoje. Ele passava dentro da cidade. A Babilônia antiga possuía
muros muito grossos, que podiam ser percorridos, lado a lado, por carros e cavalos. A
cidade era praticamente inconquistável. Era também uma cidade próspera. O Eufrates
era uma fonte de poder e prosperidade. Para evitar a entrada de intrusos na cidade,
eram colocados portais sobre o rio. O palácio também era cercado de muros, nos quais
havia portões. Nesta palácio Belsazar estava realizando um banquete quando surgiram
os escritos na parede. Nesta ocasião Israel estava cativo ali.
Os reis da Média e da Pérsia planejavam vir do Oriente e conquistar Babilônia,
causar a sua queda. Em Profetas e Reis podemos ler sobre isto.
Israel foi mantido no cativeiro durante setenta anos. Em 605 AC Daniel foi
levado cativo. Jeremias estava em Jerusalém e já havia escrito que o cativeiro duraria
70 anos (Jer. 25 e 29).
Daniel estudou estas profecias, fez as contas, e concluiu que faltavam poucos
anos para o fim do cativeiro. Ele sabia que Deus cumpriria Sua promessa e orou sobre
isto. Daniel era um homem de oração. Ele confessou os seus pecados e os pecados do
seu povo. Deus agradou-Se desta atitude de Daniel e enviou um anjo para dizer-lhe
que cumpriria Sua promessa.
Muito tempo antes do profeta Daniel, o profeta Isaías predissera a maneira como
cairia Babilônia. Jeremias tomou esta profecia de Isaías e a elaborou mais. O
cumprimento ocorreu no tempo de Daniel. Portanto, Isaías, Jeremias e Daniel são o
tipo do cumprimento mais amplo da queda de Babilônia que ocorrerá nos últimos
tempos.
A Escritura nos indica que na sexta praga Babilônia cairá da mesma maneira que
a antiga Babilônia caiu.
Lemos em Isaías 41:2 – "Quem suscitou do Oriente aquele a cujos passos segue a
vitória?" Aqui está a primeira referência que do Oriente viriam reis para a vitória. A
ênfase não está nos reis, mas em quem suscitou esses reis. Quem deveria, portanto,
receber a glória?
Leiamos o verso 25: "Do Norte [Eu] suscito a um, e ele vem, a um desde o
nascimento do sol ..." Aqui nos é dito que o rei do Oriente viria também do Norte.
No capítulo 44, Deus continua falando deste rei que vem do Oriente e é
vitorioso. Nos versos 26 a 28, e continuando no capítulo 45 encontramos uma
profecia muito interessante. Agora sabemos o nome desse rei, que vem do Norte –
Ciro. O nome "Ciro" significa "pastor".
Armagedom 91

Em Isa. 44, verso 28 há uma espécie de jogo de palavras: "Ele é meu pastor". No
verso 27 é dito que Ciro secaria os rios de Babilônia – esta é a maneira da queda de
Babilônia. Ciro seria um grande instrumento nas mãos de Jeová, pois além disso, ele
reconstruiria Jerusalém e o templo. Ele seria um amigo de Deus e de Israel e um
inimigo de Babilônia.
No capítulo 45 Deus o chama de ungido. Um ungido é um Messias. Messias
significa "aquele que é ungido". Ciro era um tipo do Messias. Esta mensagem deve ter
sido muito chocante para Israel. Eles pensavam que somente os reis teocráticos de
Israel poderiam ser chamados de Messias, mas todos eles estavam em apostasia ou em
cativeiro. Por isso Deus escolheu um rei pagão para ser o tipo do Messias.
No verso 4 lemos o motivo pelo qual Deus faz isso: "Por amor do meu servo Jacó
e de Israel, meu escolhido, eu te chamei pelo teu nome"
Os capítulos 46 e 47 também tratam da queda de Babilônia. Em 47:9 lemos que
Babilônia cairia "num momento", e no verso 11 que "de repente virá a desolação".
No livro de Jeremias capítulos 50 e 51 está uma revelação ainda mais ampla da
queda de Babilônia. Em Jer. 50:44 e 51:8 também lemos que tal queda seria
repentina. Em Jer. 50:38 está a maneira como a queda viria: pelo secamento das águas.
E as águas de Babilônia são o rio Eufrates.
Em Jer. 51, verso 11 notamos a expressão dos Medos, no plural.
Isaías mencionou apenas Ciro, não usando a palavra "rei", mas "ungido". Mas
quando Ciro veio e tomou Babilônia ele ainda não era rei; era o general do rei Dario I.
Portanto, ele veio com um grande exército dos Medos e dos Persas. Nestes exércitos
havia muitos reis. Isto fez de Ciro "o rei dos reis" – reis que vinham do Norte e se
dirigiam para Babilônia a fim de destruí-la.
Ainda em Jer. 51, verso 13 lemos: "Ó tu que habitas sobre muitas águas ..." Estas
águas são o rio Eufrates.
Este é o mesmo quadro de Apocalipse 17:1 – Babilônia "sentada sobre muitas
águas". Apoc. 17:1 está fundamentado em Jeremias 51:13. A Babilônia arruinada não
está apenas sentada sobre uma besta, mas também sobre muitas águas – Eufrates.
Em Profetas e Reis, à pág. 531, a Sra. White afirma que: "Os profetas hebreus
haviam falado claramente sobre a maneira como Babilônia devia cair." E na mesma
página lemos:
"E agora, em rápida sucessão, momentosos eventos seguiam-se uns aos outros
exatamente como tinham sido retratados pelas escrituras proféticas anos antes que os
principais personagens do drama tivessem nascido. ... No exato momento em que o rei e
seus nobres estavam bebendo nos vasos sagrados de Jeová, e louvando a seus deuses
de prata e outro, os medos e persas, havendo desviado do seu leito o Eufrates, estavam
marchando para o coração da cidade desguarnecida."
Quando Ciro cercou a cidade ele não via possibilidade de tomá-la. Arquitetou
então um plano secreto: pediu aos soldados para durante a noite, represarem o rio,
deviando-o para uma depressão próxima. Subitamente, o rio secou-se e os soldados
puderam passar por baixo dos portões nos muros da cidade. Quão surpresos devem ter
ficado os moradores da cidade, ao perceber que os portões haviam sido deixados
Armagedom 92

abertos, por negligência. Cumpriu-se assim exatamente o que está em Isaías 45:1 –
"as portas, que não se fecharão".
Ciro não conhecia esta profecia. Ele entrou no palácio e contemplou Belsazar
naquele banquete, com suas mulheres. Talvez Ciro tenha visto a escritura que aparecia
na parede, pois lemos em Daniel 5 que Belsazar morreu na mesma noite que apareceu
a escritura.
Os documentos que foram encontrados da antiga Babilônia nos dizem que
Babilônia caiu sem qualquer batalha. Temos todas as confirmações históricas de que
necessitamos.
A cidade caiu nas mãos de Ciro através do secamento do rio Eufrates. Quanto
tempo foi gasto para secar o rio? Não foi um secamento natural e progressivo, mas um
secamento deliberado, que demorou apenas um curto espaço de tempo. Os dois
profetas haviam predito que o rio seria seco subitamente, a cidade cairia subitamente e
Israel seria libertado subitamente. Este era o plano de Deus e Ele poderia cumpri-lo de
um momento para outro. Não necessitaria nem mesmo de muitos anjos. Deus pode
criar Seus mensageiros e usá-los mesmo que eles próprios não saibam.
A cidade caiu em 539 AC. Dois anos mais tarde, o rei da Pérsia, Dario, morreu.
O seu sucessor foi Ciro. Ciro, portanto, tornou-se o rei da Medo-Pérsia. Nesta ocasião,
o velho profeta Daniel foi procurá-lo, e explicou-lhe que as profecias já haviam
predito a queda de Babilônia cem anos antes do seu nascimento. O rei Ciro ficou
profundamente impressionado com esta descrição, como diz a Sra. White. Quis saber
o que Deus dissera que ele deveria fazer a seguir. Ele queria cooperar com Deus.
Daniel então responde: "Você reconstruirá Jerusalém e o templo."
E o decreto foi publicado, conforme lemos em Esdras 1:1-4. Todos os israelitas
podiam voltar para a sua terra, levando dinheiro e material para a reconstrução.
Satanás não gostou desses fatos. Em Daniel cap. 10 podemos ler que Daniel neste
tempo crítico, estava jejuando e orando. O anjo Gabriel disse-lhe que havia uma
grande batalha a ser travada entre os anjos de Miguel e os anjos da Pérsia, e que
Miguel seria vitorioso.
Satanás tentou evitar a publicação desse decreto e impedir que a profecia dos
setenta anos se cumprisse.
Sabemos que Miguel é nosso Senhor Jesus Cristo. Ele é o Grande Ciro que
voltará em breve para causar a queda de uma outra Babilônia.
Nessa ocasião, o povo de Deus estará em uma situação extrema. Nos últimos dias
da história da Terra, o Israel espiritual estará sob o domínio de uma Babilônia
espiritual. Chegará mesmo a ser condenado à morte, com uma data determinada. Isto
ocorrerá no período das sete últimas pragas. Quando chegar o tempo da execução do
povo de Deus, as pessoas que estiverem em Babilônia estarão odiando o povo de
Deus, pois os líderes religiosos as farão pensar que esta é a vontade de Deus.
A mulher impura estava sentada sobre a besta e também sobre muitas águas, ou o
rio Eufrates. Este rio (a multidão) transbordará e penetrará na cidade, tentando afogar
o povo de Deus que está dentro da cidade, mas Deus intervirá.
Armagedom 93

Subitamente, Deus vai secar este rio trasbordante. Esta é a mensagem de conforto
que nosso povo precisa ouvir. Repentinamente, durante a sexta praga, Babilônia cairá.
O rio secará para dar passagem aos reis que vêm do Norte.
 Quem são estes reis?
 O que é o rio Eufrates?
 O que significa o seu secamento?
Precisamos observar não apenas o contexto histórico, mas também o contexto
imediato – Apocalipse 17 nos dá a exata aplicação. Este capítulo tem um
relacionamento todo especial com Apocalipse 16.
O capítulo 17 será cumprido durante o tempo descrito no cap. 16. Um dos anjos
que têm as sete taças começa a explicar (verso 11). Nosso Comentário Bíblico afirma
que Apoc. 17 será cumprido no futuro. Ele é uma recapitulação, uma revelação maior
daquilo que está no capítulo anterior, especialmente no que diz respeito à sexta e
sétima pragas. É um dos capítulos mais importantes da Bíblia.
Vamos agora considerar as relações entre o capítulo 16 e o 17.
1) No verso 1 está a primeira: anjos.
2) Na segunda parte do verso 1 fala do julgamento da grande meretriz, e no
verso 5 encontramos o seu nome: Babilônia. Portanto, o julgamento é sobre o
Eufrates – muitas águas.
Na sétima praga Babilônia é divida em três partes. Lemos agora sobre o Eufrates
e sobre Babilônia, mas o Eufrates é parte de Babilônia.
Temos os seguintes aspectos de Babilônia no Velho Testamento:
 O Eufrates, como águas
 A cidade sobre essas águas.
Esta mesma figura nos é apresentada em Apocalipse 17. Na primeira visão da
Babilônia de nossos dias, há uma outra Babilônia sentada sobre as águas. Portanto, os
mesmos aspectos. Aqui existe uma relação tipológica. Precisamos entender o tipo –
Jeremias 50 e 51 – para compreendermos o antítipo.
O contexto imediato de Apoc. 17 é o capítulo 16, e o contexto raiz é Jeremias 50
e 51.

3) Leiamos o verso 2. O pecado de Babilônia é cometer fornicação com os reis


da Terra. Babilônia é mundial. É uma mulher (verso 1) representada por muitas filhas.
Mulher pura representa igreja pura. Mulher impura representa igreja apostatada.
Em Ezequiel 16 Israel também é chamado de prostituta.
Temos agora Babilônia como um poder religioso, apoiada sobre muitas águas,
que representam "povos, multidões, nações e línguas" (Apoc. 17:15).
Portanto, o Eufrates representa todas as nações do mundo que seguem Babilônia
e fazem a Sua vontade.
Em Isaías 8 o Eufrates está transbordando e atacando Israel. E este é o quadro
apresentado em Apoc. 17.
Armagedom 94

4) No verso 3 lemos de uma mulher montada numa besta escarlate repleta de


nomes de blasfêmias, com sete cabeças e dez chifres. Já lemos sobre esta besta nos
capítulos anteriores (capítulos 12 e 13), que se referem à história passada. No capítulo
13, a mulher não está sentada sobre a besta, pois ambas são uma só. Mas agora Deus
começa a fazer uma distinção entre a mulher e a besta.
A mulher que se assenta sobre as águas é posteriormente explicada como a
mulher que se assenta sobre a besta. Conclui-se que a besta é sinônimo das águas.
A besta com os dez chifres também foi apresentada em Daniel 7, que é outro
contexto radical no Antigo Testamento.
Há sete cabeças, mas um só corpo. Satanás é o mesmo, apresentado em faces
diferentes.
Sete cabeças inimigos de Israel.
(1) O Egito foi a primeira nação a pelejar contra Israel.
(2) A Assíria também ameaçou Israel no tempo de Ezequias.
(3) Babilônia.
(4) Medo-Pérsia.
(5) Grécia.
(6) Roma – pagã e papal.
(7) Futuro.
A ferida mortal que Roma recebeu foi a separação entre Igreja e Estado. Esta
ferida não foi ainda curada, mas será quando novamente se unirem Igreja e Estado.
Como resultado sobrevirão perseguição e leis contra o povo de Deus. Isto vai durar
uma hora (verso 12). Não sabemos exatamente o que representa esta "uma hora", mas
sabemos que é um período muito breve.
Quando a ferida mortal for curada, a besta subirá novamente do abismo como
Babilônia – Roma e as igrejas cristãs apostatadas.
Esta é a sétima cabeça, que surgirá no futuro.
Leiamos Apoc. 17:12. Estes dez reis representam todos os reis da Terra, e não
simplesmente os reinos da Europa. Dez é símbolo de totalidade. Esses reis unem-se ao
poder de Babilônia. Isto faz de Babilônia uma besta que ressuscitou.
Esses reis farão guerra – pelejarão (verso 14) – não entre eles, pois se tornarão
um, mas contra Deus e o Seu povo – a Sua igreja.
 Como Deus ganhará esta batalha?
 Como secará Ele o rio Eufrates que transborda?
O secamento do rio Eufrates está explicado no verso 16.
O verso 15 fala do rio que transborda e o V. 16 fala do secamento. Aí a situação
está totalmente mudada. Primeiro, os reis estavam unidos à meretriz e agora passam a
odiá-la. O amor torna-se em ódio. Esse é o secamento do Eufrates. Eles vão queimar a
meretriz.
No Velho Testamento, as meretrizes eram apedrejadas, mas esta vai ser
queimada. Por que?
Armagedom 95

No Velho Testamento, somente as filhas de algum sumo sacerdote que


cometessem adultério deviam ser queimadas. Portanto, Babilônia pretendia ser
"sacerdote", mas tornou-se meretriz.
Em Apoc. 17, Babilônia distingue-se por dois aspectos:
 Babilônia propriamente dita representando liderança eclesiástica.
 As muitas águas representam multidões políticas e civis.
Assim que os poderes políticos e civis começarem a obedecer a esse poder
religioso, começará a perseguição ao fiel povo de Deus.
E quando as multidões se rebelarem contra Babilônia, esta será destruída
começando de dentro. Este é o quadro do apocalíptico do Velho Testamento. A espada
de um irmão será contra o outro irmão. Os líderes religiosos serão os primeiros a cair
no Armagedom.
A Sra. White faz uma descrição detalhada em O Grande Conflito, no capítulo
sobre o livramento dos justos, que trata sobre a 5ª, 6ª e 7ª pragas (pág. 635).
Na 5ª praga – todo o reino de Babilônia é envolto em trevas, assim como
aconteceu no Egito quando Israel estava prestes a ser libertado.
E o que acontece quando as trevas envolvem os exércitos de Babilônia? Eles
estão para lançar mão do povo de Deus e matá-lo. No tipo do Velho Testamento, Israel
não ficou em trevas. O livro de Êxodo diz que somente os egípcios ficaram na
escuridão, Israel tinha luz.
No antítipo, o povo de Deus também não sofrerá o efeito da escuridão. A Sra.
White diz como aparecerá essa luz, em completa harmonia com o princípio da
tipologia. Diz ela que, em meio às densas trevas, um maravilhoso arco-íris aparecerá,
envolvendo o céu e o grupo dos fiéis em oração. Isto acontecerá durante o período das
densas trevas. Desta forma, a multidão de Babilônia verá quem realmente é o povo de
Deus.
Aqueles que procuravam matá-lo pensando ser esta a vontade de Deus, vêem-se
subitamente lutando contra Deus. Que terrível descoberta! Dirigem-se então aos seus
líderes religiosos: "Por que vocês nos enganaram?" E levantam as suas espadas contra
eles. Este é o real derramamento de sangue que ocorre no Armagedom. É desta forma
que haverá um Armagedom literal. Haverá sangue sobre toda a Terra. As águas do
Eufrates começam a afogar Babilônia religiosa. O caminho é preparado para os reis
que vêem do Oriente Celestial.
Quem são estes reis?
Em Apoc. 19:14 e 19 está uma descrição mais detalhada. Eles são reis celestiais.
Jesus disse que quando Ele vier, será como o relâmpago, que aparece do oriente
até o ocidente.
Esses reis vêem para exterminar a todos que ainda estiverem vivendo em
Babilônia. Conforme Apoc. 7:2 estes reis vêem do oriente.
A Sra. White diz em Primeiros Escritos, à pág. 286, como os anjos da glória
usam coroas em suas cabeças como se fossem reis.
Em O Grande Conflito também lemos que os anjos estão coroados.
Armagedom 96

Quem, portanto, são esses reis? Os anjos, e Cristo é o Rei dos reis. Portanto,
Cristo é um Ciro Maior. Ele vem com muitos reis, e naquele grande exército podemos
ver Elias, Moisés e todos os que foram ressuscitados. Enoque também estará lá. Estes
são os nossos libertadores.
Satanás não quer que saibamos isto, mas precisamos conhecer esta mensagem de
esperança.
Nossos libertadores vêm do Céu. É por isso que nossos olhares devem dirigir-se
ao oriente – não ao Oriente Médio, mas ao Oriente Celestial.
A mensagem do Armagedom é uma mensagem de conforto, pois mostra o triunfo
glorioso de Cristo e do Seu povo!

APÊNDICE: OBSERVAÇÕES SOBRE URIAS SMITH

Dizem que Ellen White afirmou que viu um anjo ao lado de Urias Smith
enquanto ele escrevia seus livros sobre Daniel e Apocalipse. Seria isto verdade?
Alguns julgam Urias Smith infalível, inspirado por Deus. No Índex dos Livros de
E. G. White, vol. 3, pág. 3.189 há uma seção sobre "Anotações Apócrifas", onde
lemos:
Armagedom 97

"A declaração de um ministro pioneiro de que Ellen G. White declarou em sua


presença que ela havia visto um anjo ao lado de Urias Smith inspirando-o enquanto
escrevia Thoughts on Daniel and the Revelation, é seriamente discutível pelos fatos
históricos. Ela é contrária às declarações autênticas de Ellen G. White que excluem o
livro de Smith da categoria de inspirado."
Ver Colportor Evangelista, pág. 123.
Os depositários das Publicações de E. G. White, dirigidos pelo neto da Sra.
White, estabeleceram que este rumor não é correto. O desenvolvimento histórico
prova que não é um livro inspirado.
Como evangelista na Holanda conheci um comerciante que recebeu de minhas
mãos um livro de Urias Smith sobre Daniel e Apocalipse. Esperávamos sua conversão.
Após alguns meses, devolveu-o, com um sorriso. Eu estava ansioso por saber sua
opinião. Ele disse que era um bom livro, mas reconheceu um erro referente à Turquia.
Havia uma interpretação falsa.
Necessitamos de um novo livro. Arthur White escreve num artigo que não foi
publicado: "Urias Smith é correto nas profecias já cumpridas, mas deve ser reavaliado
nas que ainda se cumprirão."
Após sua morte em 1903, alguns novos estudos foram feitos quanto à
interpretação de profecias não cumpridas, e algumas coisas precisaram ser corrigidas.

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