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Aspectos neuropsicológicos da depressão – Rozenthal et alii

Artigo de revisão

Aspectos neuropsicológicos da depressão

Marcia Rozenthal*
Jerson Laks**
Eliasz Engelhardt***

INTRODUÇÃO A neuropsicologia, que pode ser definida


como uma ciência aplicada que visa estudar a
O aporte de técnicas mais modernas de repercussão de disfunções cerebrais sobre o
exames para investigação do sistema nervoso comportamento e a cognição 6, vem atualmente
central (SNC) vem influenciando de forma ganhando importante lugar no estudo das
contundente a psiquiatria de uma maneira geral. desordens psiquiátricas. A partir de testes, ela
Cada vez mais os estudos científicos não só fornece informações quanto ao
desenvolvidos nesta área vêm considerando, potencial cognitivo global de um paciente, mas
além dos aspectos mentais propriamente ditos principalmente procura qualificar a natureza
(como na psicologia cognitiva), seus substratos funcional dos déficits observados através da
neuroanatômicos e neurofuncionais análise comparativa e qualitativa dos
(neuropsicologia, neurobiologia) 1-4 . Desta resultados obtidos, permitindo uma correlação
forma, a psiquiatria pode ser inserida dentro do anatomofuncional refinada. Assim, a
vasto campo das neurociências cognitivas, neuropsicologia enriquece o diagnóstico
beneficiando-se de modelos que explicam as clínico e ainda permite correlações com as
disfunções cognitivas com base no informações advindas de outros exames
conhecimento da relação normal cérebro/ complementares, que aferem atividade
mente2,5. eletrogênica, metabólica e os de
neuroimagem, fazendo uma ponte entre estes
e o quadro clínico do paciente7.
* Doutora em Psiquiatria e Saúde Mental (IPUB/UFRJ) e Coordenadora do A depressão é um transtorno mental do
Programa de Esquizofrenia e Cognição (IPUB/UFRJ). humor; este grupo classicamente apresentaria
** Coordenador do Centro de Doença de Alzheimer e Outros Transtornos remissão dos sintomas nos períodos
Mentais na Velhice do Instituto de Psiquiatria da UFRJ e Professor Adjunto
da Faculdade de Ciências Médicas da Faculdade de Medicina da UERJ. interfásicos em contraposição ao caráter
*** Coordenador do Setor de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do crônico da esquizofrenia, conforme a
Instituto de Neurologia Deolindo Couto da UFRJ. classificação cunhada por Kraepelin.

204 Recebido em 19/02/2004. Revisado em 23/04/2004. Aprovado em 15/06/2004.

R. Psiquiatr. RS, 26'(2): 204-212, mai./ago. 2004


Aspectos neuropsicológicos da depressão – Rozenthal et alii

Entretanto, hoje se estima que 30 a 50% dos estudo foram resultado de busca nos bancos de
pacientes deprimidos não se recuperam dados MEDLINE e Lilacs usando as palavras-
totalmente 8. Ainda, segundo Trichard et al.9, chave depression, neuropsychology,
existe um consenso de que alguns déficits neuroanatomy, neurobiology e frontal lobe.
cognitivos da depressão persistiriam após a
remissão clínica. Estudos neuropsicológicos e ASPECTOS DA NEUROBIOLOGIA DA
neurobiológicos da depressão têm como DEPRESSÃO
objetivo tecer correlações clínico-patológicas
para um maior entendimento do transtorno10. As regiões mais estudadas têm sido as
Para tal, vêm se centrando em algumas regiões áreas frontais e suas conexões, bem como as
anatômicas onde há maior consistência de áreas temporais. Abaixo são relatados os
achados e correlação com as manifestações principais achados.
psicopatológicas do transtorno. Algumas
questões metodológicas, entretanto, devem ser Área frontal
levadas em conta, considerando-se que, em
psiquiatria, não existe um padrão-ouro definitivo Alterações localizadas. A importância de
para a maior parte dos transtornos. O desenho alterações frontais em quadros depressivos vem
de um trabalho que tome a depressão a priori sendo ressaltada por vários autores 13-20 ,
como uma doença única deve procurar levando-se em conta as alterações clínicas
disfunções presentes no grupo de pacientes relacionadas à atenção, psicomotricidade,
deprimidos e ausentes nos não-padecentes da capacidade executiva e de tomada de decisão
desordem (grupo controle). Por outro lado, se a encontradas em quadros típicos. As áreas
depressão é tomada como um constructo frontal e estriatal também têm como importante
diagnóstico potencialmente heterogêneo função a modulação das estruturas límbicas e
quanto às alterações neurobiológicas, seu do tronco encefálico, que estão fisiologicamente
estudo deve comparar diversos subgrupos pré- envolvidas na mediação do comportamento
delineados (no caso, bipolares, unipolares, emocional; sendo assim, disfunções nesses
idosos, jovens), almejando estudos circuitos devem participar na patogênese dos
comparativos. Assim sendo, se consideradas sintomas depressivos21.
as diversas classificações oficiais, acrescidas Estudos anatômicos e de neuroimagem
daquelas decorrentes de pesquisas, o que funcional vêm apontando alterações nas áreas
resulta é uma grande quantidade de estudos frontais em amostras distintas de pacientes
usando amostras distintas e, portanto, não deprimidos (idosos, jovens, unipolares,
passíveis de comparação. Mesmo fatores bipolares). Foram relatadas alterações
referentes à evolução de casos individuais, anatômicas do córtex orbital bilateral em
como, por exemplo, idade ao início do quadro, pacientes deprimidos idosos com uso de
tempo de duração da doença, presença ou ressonância magnética (RM) cerebral22, além
ausência de anormalidades estruturais de diminuição do fluxo sangüíneo e do
detectáveis, parecem ser também relacionados metabolismo no córtex pré-frontal em
com a gravidade dos achados depressões uni- e bipolares23.
neuropsicológicos11. Outra questão diz respeito Estudos com tomografia por emissão de
à verificação e qualificação de eventuais pósitrons (PET scan) referem semelhanças
alterações neurofuncionais que estariam entre pacientes uni- e bipolares, sugerindo um
presentes durante um episódio depressivo. núcleo comum ligado ao componente
Alterações permanentes presentes antes e após emocional. Haveria uma diminuição do
a remissão dos quadros agudos se constituiriam metabolismo no córtex pré-frontal, ao longo da
num traço ou vulnerabilidade para a desordem. linha média, a qual estaria relacionada a uma
Também mostra-se importante diferenciar, alteração da anatomia desta região, com a
dentre os achados (mesmo os mais redução do seu tamanho 24-25. Embora esta
consistentes na literatura), quais seriam anormalidade anatômica tenha um caráter
primários do transtorno estudado e quais seriam persistente, o aspecto metabólico, ao contrário,
secundários ou adaptativos12. Essas questões, seria flutuante, de acordo com o estado clínico
longe de estarem totalmente respondidas, vêm e com o tratamento com antidepressivos.
se tornando cada vez mais presentes nos A região subgenual pré-frontal cortical foi
estudos consultados, sendo a seguir examinada em pacientes deprimidos, maníacos
apresentados alguns resultados mais em remissão e pacientes em fase maníaca. Foi
relevantes. Os artigos consultados para este verificado que pacientes maníacos e deprimidos 205

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apresentaram uma diminuição na atividade Em pacientes bipolares, haveria aumento do


desta área quando o humor voltou ao normal. terceiro ventrículo.
Esta área teria seu volume anatômico reduzido O córtex pré-frontal mantém íntimas
nesses pacientes, tornando-se hiperfuncionante conexões com as vias paralímbicas,
nas fases maníacas ou depressivas e amplamente relacionadas com aspectos
retornando a um funcionamento basal quando o emocionais. O cíngulo parece ter importante
humor volta ao normal. Esta região é função nas reações de separação em animais,
normalmente relacionada com a geração de podendo estas ser provocadas quando feita
palavras por associação e é ativada em estimulação elétrica desta área. Alterações
indivíduos normais quando solicitados a gerar microestruturais da substância branca lateral à
pensamentos tristes – uma forma experimental área cingular anterior parecem estar
de induzir humor depressivo em laboratório. O relacionadas à baixa taxa de remissão
que poderia ocorrer em pacientes deprimidos observada na depressão de pacientes idosos18.
seria uma hiperatividade associativa quando Alterações frontoestriatais e límbicas vêm
experimentam pensamentos negativos sendo identificadas em subgrupos de pacientes
incessantes. Existem controvérsias quanto à deprimidos idosos e jovens, sendo que a
origem da redução no tamanho desta região presença desta parece estar relacionada com
observada no PET scan, podendo ser esta uma uma pior evolução a curto e a longo prazo18.
conseqüência tardia do dano tecidual referente Assim sendo, a identificação desta alteração é
ao hiperfuncionamento crônico dessas áreas importante não só para complementar o
cerebrais21,24-26. entendimento do quadro clínico, mas também
Alterações nas principais conexões. As pelas implicações terapêuticas que serão
áreas associadas com a rede atentiva e de citadas a seguir.
orientação vêm sendo muito estudadas na A amígdala também vem sendo
depressão, com base na idéia de que, na amplamente estudada nos transtornos afetivos
depressão maior, o sistema neural envolvido no por estar intimamente relacionada ao
processamento das informações externas e aprendizado emocional10. O núcleo central da
manutenção do estado de vigília seriam amígdala parece ser de crucial importância para
suprimidos em favor de sistemas envolvidos no a relação entre emoção e comportamento. Em
processamento interno gerador de informações, estudos com animais, observa-se que a
como pensamento e emoções27. atividade neuronal nesta região aumenta
Thase11, em revisão feita sobre aspectos quando o animal se depara com estímulos
anatômicos na depressão, relata alterações na carregados de emoção, e a estimulação da
substância branca subcortical, especialmente amígdala central resulta em respostas
na área periventricular, gânglios da base e emocionais (como medo) na ausência de
tálamo. Mais comuns no transtorno bipolar I e estímulos externos. Desta forma, Kennedy 10
entre idosos, essas alterações parecem refletir refere, em estudos com PET scan,
efeitos neurodegenerativos deletérios de anormalidades consistentes nas regiões pré-
episódios recorrentes de humor. Alargamento frontais, cingulares e da amígdala. Outros
ventricular, atrofia cortical e acentuação dos autores 22,25,29 também descrevem
sulcos também foram descritos em pacientes anormalidades nesses circuitos na depressão.
com transtorno do humor comparativamente Na depressão, parece haver uma redução
com controles. Haveria, ainda, redução do fluxo global do metabolismo cerebral anterior e um
sangüíneo e do metabolismo em tratos aumento do metabolismo de glicose em várias
dopaminérgicos do sistema mesocortical e regiões límbicas, com ênfase na amígdala. A
mesolímbico na depressão. Existem evidências melhor evidência desta anormalidade vem de
de que os antidepressivos normalizam estudos de pacientes com depressões
parcialmente algumas dessas alterações. relativamente graves e recorrentes e uma história
Sweeney et al. 15 e Soares & Mann 23,28 familiar de transtorno do humor. Durante os
relatam alterações funcionais do sistema episódios de depressão, o aumento do
frontoestriatal, redução do fluxo sangüíneo e metabolismo de glicose estaria relacionado com
metabolismo em gânglios da base em ruminações intrusivas. Este hipermetabolismo
deprimidos uni- e bipolares. Em pacientes amigdaliano serviria como um amplificador
unipolares, esses autores observam aumento emocional que ajudaria a distorcer os sinais de
da taxa de substância branca, em especial na estressores relativamente menores em pessoas
área periventricular, e redução dos núcleos vulneráveis27. Segundo Thase11, esta alteração
206 caudato e putâmen em pacientes unipolares. seria reversível com farmacoterapia eficaz.

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Córtex temporal frontotemporal a um pior processamento de


suas experiências pelo sistema límbico, com
Alterações específicas nas áreas temporais conseqüente vulnerabilidade para o
vêm sendo estudadas tanto nas depressões desenvolvimento de delírio. E a desinibição,
unipolares quanto bipolares, em grande parte característica das desordens do lobo frontal,
pela correlação entre a depressão e a alteração também pode facilitar a expressão dos delírios.
na regulação do eixo hipotálamo-hipófise-
adrenal, levando a efeitos adversos de ACHADOS NEUROPSICOLÓGICOS
hormônios do estresse sobre o hipocampo e a
amígdala 15,23,28,30-33 , regiões amplamente Várias são as queixas neurocognitivas
relacionadas com a área pré-frontal, como visto presentes durante o estado depressivo,
anteriormente. incluindo redução das habilidades atentiva e
mnêmica e lentidão do pensamento40. Tendo-se
Questões especiais - Depressão com em conta a complexidade dessas funções e,
psicose ainda, o maior aporte de conhecimento das
alterações neurofuncionais subjacentes às
A CID-10 e a DSM-IV classificam a mesmas, a neuropsicologia vem cada vez mais
depressão maior como um constructo e se aprimorando no sentido de dissociar as
permitem um quarto e quinto dígitos para funções estudadas para então identificar fatores
especificar se há ou não presença de psicose. ou padrões neuropsicológicos que seriam
Os argumentos para manter a depressão fundamentais na depressão. Ressalta-se que
psicótica como um subtipo específico se os achados neuropsicológicos descritos na
mostraram falhos, embora existam algumas depressão não podem ser atribuídos totalmente
evidências de diferenças neurofuncionais e aos aspectos motivacionais41.
neuropsicológicas entre as formas de Estudos sugerem que algumas alterações
depressão delirante e não-delirante 34-35 . cognitivas podem estar presentes na depressão
Clinicamente, a depressão psicótica se unipolar, sendo estas independentes do estado
distingue por ter pior prognóstico, pior resposta depressivo. Na depressão recorrente com
aguda ao antidepressivo, maior taxa de melancolia, a melhora do humor à noite não é
recaídas, maior gravidade dos sintomas acompanhada de melhora cognitiva42.
depressivos, maior comprometimento A seguir são descritos os principais
neuropsicológico e história familiar positiva. domínios estudados na depressão.
Simpson et al.36 encontraram, em estudo
realizado com pacientes deprimidos com Atenção
psicose, algumas alterações anatômicas
preditoras de delírio: atrofia diencefálica, lesões Algumas anormalidades neuroanatômicas
no sistema reticular ativador ascendente e permanecem com a melhora do quadro e
atrofia frontotemporal esquerda, sugerindo que sugerem a permanência de algumas alterações
a atrofia cerebral primária seria importante na cognitivas domínio-específicas, bem como da
vulnerabilidade para a formação do delírio. disfunção cerebral regional7.
Alterações anatômicas afetando a formação Pacientes bipolares sintomáticos teriam
reticular pontina se mostram mais prevalentes alterações da atenção sustentada, do controle
nos pacientes psicóticos34,36-39. Estas evidências inibitório6,15,43,44 e da capacidade de alternância
sugerem predisposição genética para do foco atentivo15,43, sendo que essas alterações
alterações paralímbicas parecem não remitir com os sintomas.
neurodesenvolvimentais, que aumentam a Pacientes unipolares apresentariam
vulnerabilidade do paciente à psicose durante a alterações na capacidade de seqüenciação
depressão. Aqueles pacientes com vísuo-espacial, memória imediata e atenção
funcionamento paralímbico normal teriam quando comparados com indivíduos normais.
melhor capacidade para racionalizar os Essas alterações estariam presentes também
processos ideativos mórbidos com respostas nas fases assintomáticas, sendo que pacientes
não-delirantes auto-referentes. A região do sexo masculino com quadros crônicos teriam
paralímbica parece ser importante para este maior chance de permanecer com este perfil de
processo de racionalização das informações déficits42. Purcel et al.40 também descrevem, em
sensoriais. A atrofia do tronco cerebral e do pacientes deprimidos unipolares,
sistema reticular ativador podem predispor comprometimento da capacidade de sustentar
pacientes com atrofia diencefálica e a atividade cognitiva e motora, de alternar o 207

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foco de atenção, além de lentificação motora e memória congruente com o humor será
cognitiva. Esses déficits teriam relação com a expressa em testes de memória explícita. Denny
gravidade do quadro, sendo mais intensos em & Hunt52 mostram que pacientes deprimidos
pacientes que necessitam de internação evocam mais material negativo do que positivo,
hospitalar. o mesmo não ocorrendo em testes implícitos.
Mesmo assim, na medida do grau de
Memória significância, esses achados se mantêm ainda
inconclusivos.
A alteração de memória estaria relacionada Pacientes deprimidos apresentariam
a uma desregulação do eixo hipotálamo- déficits na recordação em tarefas que requerem
hipófise-adrenal, levando a efeitos adversos de o uso espontâneo de estratégias, ao contrário
hormônios do estresse sobre o hipocampo15,24,31- do observado naquelas que direcionam o uso
33
. Considerando-se as diversas fases do de estratégias ou que prescindem das mesmas,
processo de memorização, seguem os indicando que os déficits experimentados na
principais achados de alterações encontrados depressão se dão na iniciativa cognitiva.
na literatura consultada. Deprimidos têm prejuízo da evocação de
Memória de curto prazo. Pacientes material cujo processamento é “desgastante”,
deprimidos queixam-se de baixa concentração como resultado de reduzida capacidade em
e de dificuldade de memorizar, padrão este perfazer essas operações, mas não por uma
diferente dos pacientes que apresentam diminuição na quantidade de material lembrado,
alterações primárias do processo de fixação da visto em tarefas dependentes de
memória. Porém, a maioria dos estudos não processamentos mais automáticos53.
demonstra alteração da memória de curto prazo Memória verbal e visual. Em pacientes
em deprimidos 44-47, embora Purcel et al. 40 bipolares, é descrito o comprometimento da
tenham observado falha do aprendizado memória verbal mesmo em pacientes eutímicos,
associativo em idosos deprimidos. sendo que a memória vísuo-espacial não
Memória de longo prazo. A maioria dos apresentaria alteração consistente 6,40,43,54,55.
estudos encontra evidências de Para os bipolares, o tempo de estado em crise
comprometimento da evocação e (mania ou depressão) parece se correlacionar
reconhecimento tanto de material verbal negativamente com o desempenho da memória
quanto não-verbal. verbal e com o funcionamento executivo. Esses
Memória episódica. Sweeney et al. 15 achados sugerem a presença de dificuldades
descrevem alterações de memória episódica neurocognitivas persistentes em pacientes com
durante as fases mistas ou maníacas e também transtorno bipolar de longa data e a existência
nas depressões uni- ou bipolares. de um agregado de efeitos negativos
Memória semântica. McKena48 refere que diretamente relacionados à duração da doença
pacientes deprimidos com psicose parecem bipolar sobre a memória verbal e sobre o
apresentar um comprometimento específico na sistema executivo.
evocação de informações organizadas por seus
significados em categorias semânticas, sendo Velocidade de processamento
esta uma ponte entre a disfunção e a
sintomatologia clínica, referindo-se às falsas É descrita lentidão do processamento
crenças (delírios ou idéias deliróides). cognitivo em pacientes bipolares6,43, unipolares
Memória implícita. Os pacientes jovens e idosos40,42 e em pacientes psicóticos36.
deprimidos não revelaram alteração específica
nesta função. Função executiva
Evocação. É descrito que pacientes
deprimidos teriam maior seletividade na Tendo em vista as disfunções que dizem
evocação de material negativo49-50. Williams et respeito à região pré-frontal na depressão,
al.51 sugerem que o processamento cognitivo vários estudos neuropsicológicos vêm se
ocorreria em dois tempos: um pré-atentivo (que atendo ao funcionamento executivo nesses
segue a captura atentiva da informação e é pacientes. A síndrome de disfunção executiva
refletido em testes de memória implícita) e outro na depressão 18,19 vem sendo estudada e,
elaborativo (que envolve a associação de considerando suas interferências diretas na
informações-alvo com outras informações na vida diária e no prognóstico desses casos,
memória, refletida em testes explícitos). Se a torna-se fundamental sua identificação.
208 memória implícita não é comprometida, a Seguem alguns achados relevantes.

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Flexibilidade mental. Mostra-se Segundo Murphy et al.16, nos transtornos de


comprometida em vários estudos em deprimidos humor, parece haver uma falha nos processos
unipolares e bipolares6,22,40, com persistência de inibitórios de comportamentos. Tanto os
estratégias inapropriadas, o que pode explicar, pacientes maníacos quanto os deprimidos
em parte, as ruminações depressivas, que, parecem apresentar impulsividade, sendo que,
mesmo reconhecidas como estranhas e na depressão, este fator, quando evidente,
indesejáveis, não são rechaçadas. estaria ligado às tentativas de suicídio.
Estruturação de estratégias de
planejamento. Observa-se alteração em IMPLICAÇÕES TERAPÊUTICAS
pacientes bipolares e unipolares6,36.
Processo de iniciação e supervisão. O estudo de alterações neurofuncionais e
Deprimidos parecem ter alteração executiva neuropsicológicas ainda está longe de elucidar
relacionada à iniciação da tarefa, mantendo os fatores causais referentes aos processos
normal a capacidade de supervisão56. mentais. Além de aspectos genéticos e
constitucionais poderem interferir na estrutura
Emoção e tomada de decisão do SNC e, assim, na gênese dos transtornos
mentais, a demonstração de que o aprendizado
Uma nova abordagem para estudar o é acompanhado por modificações da eficácia
processamento de tomada de decisão leva em das conexões neurais tem provocado a revisão
conta que, em que pessoas normais, a emoção dos conceitos sobre as relações entre os
facilita o processo de tomada de decisão, processos sociais e biológicos na determinação
guiando a cognição22,57,58. Este processo tem dos padrões de comportamento. Sabe-se que
grande relevância clínica em pacientes eventos do dia-a-dia podem provocar um
deprimidos, considerando-se que estes enfraquecimento efetivo das conexões
geralmente têm dificuldades em tomar decisões. sinápticas em determinadas condições e seu
Da mesma forma, indivíduos que experimentam fortalecimento em outras. Isso pode ser de
episódios maníacos tendem a despender um grande relevância na busca de técnicas
envolvimento excessivo em atividades terapêuticas não-medicamentosas com vistas a
prazerosas, com maior potencial para estimular disfunções clínicas observadas em
conseqüências nocivas e perdendo, desta testes59. Assim sendo, a neuropsicologia deve
forma, a plenitude de possibilidades a serem ser considerada como um importante
consideradas no processo de tomada de instrumento para a compreensão dos
decisão. transtornos mentais, sendo de grande utilidade
Estudos conduzidos nesta área 16 no processo de estruturação das intervenções
demonstram que pacientes deprimidos são mais terapêuticas mais diretivas para os déficits
lentos no processo de deliberação e, quando observados.
solicitados a “apostar” em suas decisões (para No caso específico da depressão em
avaliar o quanto estão seguros das mesmas), pacientes idosos, mas também em pacientes
usam estratégias alteradas (mais adultos, a alteração executiva pode ser
conservadoras), com menos confiança. Os significativa durante a evolução, sendo que a
pacientes também apresentam percepção presença desses déficits está correlacionada
distorcida do feedback ambiental, respondendo com comprometimento funcional, pior resposta
anormalmente quando este é negativo e ao tratamento, recaídas e recorrências 19. A
sugerindo uma desregulacão dos sistemas de identificação desses pacientes mais
reforço. Em deprimidos, esta resposta comprometidos se mostra fundamental, tendo
comportamental anormal ao feedback de em vista que a atividade de vida diária pode ser
desempenho é associada a uma resposta neural melhorada através de estratégias
anormal na região implicada com mecanismos compensatórias, e sua preservação parece
de recompensa – o caudado medial e o córtex interferir diretamente sobre o prognóstico
órbito-frontal ventro-medial. Essas áreas desses casos60. Estudos preliminares sugerem
estariam na base de processos cognitivos que que o uso de terapias voltadas para a resolução
requerem informações afetivas, relacionadas ao de problemas se mostra eficaz na redução dos
processamento de significados relacionados às sintomas depressivos e na melhora do
emoções, sendo extensivamente conectadas desempenho em atividades da vida diária,
com estruturas límbicas implicadas, do ponto de podendo ser uma alternativa terapêutica
vista comportamental, no processo de importante para a população que permanece
motivacão, incentivo e reforço. sintomática61. 209

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43. Van Gorp WG, Altshuler L, Theberge DC, Wilkins J, psicose, tanto nos períodos de fase aguda quanto nos
Dixon W. Cognitive impairment in euthymic bipolar
patients with and without prior alcohol dependence: a
períodos intercríticos. Procurou-se, ainda,
preliminary study. Arch Gen Psychiatry 1998;55:41-46. correlacionar os achados neuropsicológicos descritos
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correlate the neuropsychological findings described
54. Elliot R, Sahakian BJ, Mckay AP, et al.
Neuropsychological impairments in unipolar depression: in the literature with neuroanatomic and
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performance. Psychol Med 1996;26:975-89. and their main circuits. Considering
55. Wolfe J, Granholm E, Butters N, Sanders E, Janowsky D. neuropsychological studies carried out in the field
Verbal memory deficits associated with major affective of affective disorders, some alterations have shown
disorders: A comparison of unipolar and bipolar patients.
to be more consistent, with important dysfunctions
J Affect Disord 1987;13:83-92.
in critical phases but also in asymptomatic patients. 211

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Aspectos neuropsicológicos da depressão – Rozenthal et alii

Of these, attentive and mnemic aspects, in addition Considerándose estudios neuropsicológicos en


to executive functioning, are of special interest. trastornos afectivos, algunas alteraciones de atención,
Studies of this nature have important memoria y de funciones ejecutivas se han presentado
therapeutical implications, suggesting the need for más frecuentemente, siendo descritas en los periodos
the development of other supporting therapeutical de crisis y también en el paciente asintomático.
techniques, such as cognitive rehabilitation and Estudios de esa naturaleza tienen profundas
psychosocial interventions, making the treatment implicaciones terapéuticas, señalando además la
broader and more incisive. necesidad de desarrollar otras técnicas terapéuticas
coadyuvantes, tales como la rehabilitación cognitiva y
Keywords: Neuropsychology, depression, frontal lobe. las intervenciones psicosociales, haciendo el
Title: Neuropsychological aspects of depression tratamiento más completo y eficaz.

Palabras clave: Neuropsicología, depresión, lóbulo


RESUMEN frontal
Título: Aspectos neuropsicológicos de la depresión
Este artículo tiene por objetivo revisar los
principales hallazgos neuropsicológicos en la Endereço para correspondência:
depresión, procurando diferenciar sus formas de Dra. Marcia Rozenthal
presentación unipolar y bipolar, con o sin Avenida Nossa Senhora de Copacanana, 749/503 -
sintomatología psicótica, tanto en el cuadro agudo Copacabana
como en los periodos inter-críticos. Busca, además, CEP 22050-000 – Rio de Janeiro – RJ
correlacionar los hallazgos neuropsicológicos descritos E-mail: marciarz@terra.com.br
en la literatura consultada con los aspectos
neuroanatómicos y neurofuncionales, destacando el Copyright © Revista de Psiquiatria
área cortical frontal y sus circuitos principales. do Rio Grande do Sul – SPRS

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