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ROBERT J.

STERNBERG
Professor IBM de Psicologia da Educação e Introdução à
Diretor do Center for the Psychology of Abilities,
Competencies, and Expertise da Yale University.
Psicologia Cognitiva

PSICOLOGIA EXPLORANDO A PSICO LO G IA COGNITIVA

COGNITIVA 1. O que é psicologia cognitiva?


2. De que forma a psicologia desenvol-
veu-se como ciência?
3. Como a psicologia cognitiva desenvol-
5. Quais métodos os psicólogos cogniti­
vos usam para estudar o modo como as
pessoas pensam?
6. Quais são as questões atuais e os vários
veu-se a partir da psicologia? campos de estudo da psicologia cogni­
4 a Edição 4. Como outras disciplinas contribuíram
tiva?
para o desenvolvimento da teoria e da
pesquisa em psicologia cognitiva?

bem várias formas, por que elas se lembram


Tradução: DEFINIÇÃO DE PSICOLOGIA de alguns fatos, mas se esquecem de outros, ou
COGNITIVA como aprendem a linguagem. Consideremos al­
Roberto Cataldo Costa
O que será estudado em um livro-texto so­ guns exemplos:
Consultoria, supervisão e revisão técnica desta edição: bre psicologia cognitiva?
Vitor Geraldi Haase • Por que, em dias com névoa, os objetos
1. Cognição: As pessoas pensam.
Médico Neurologista. Doutor em Psicologia Médica. Professor Adjunto no Departamento parecem estar mais distantes do que
de Psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais. 2. Psicologia cognitiva: Os cientistas pensam realmente estão? Essa discrepância pode
sobre como as pessoas pensam. ser perigosa, inclusive enganando moto­
3. Estudantes de psicologia cognitiva: As ristas e envolvendo-os em acidentes.
pessoas pensam sobre o que cientistas • Por que muitas pessoas lembram-se
pensam em relação a como as pessoas de uma determinada experiência (por
pensam. exemplo, um momento muito feliz ou
Reimpressão
4. Professores que lecionam para estudantes de um constrangimento na infância), mas
psicologia cognitiva: Basta rever os itens esquecem os nomes de pessoas a quem
anteriores. elas conhecem há muitos anos?
Para sermos mais específicos, a psicologia • Por que muitas pessoas têm mais medo
cognitiva é o estudo de como as pessoas perce­ de viajar de avião do que de carro? Afi­
bem, aprendem, lembram-se de algo e pensam nal de contas, as chances de lesão ou
sobre as informações. Um psicólogo cognitivo morte são muito mais altas em um carro
pode estudar o modo como as pessoas perce­ do que ém um avião.
20 Robert J. Stern b erg P sico lo g ia C o g n itiv a 21

Estas são algumas perguntas que podemos determina quase que por completo mui­ psicologia e em muitos outros campos. Platão tir das idéias de Aristóteles (Kemp, 1996,2000).
responder por meio do estudo da psicologia tos aspectos do comportamento humano. e Aristóteles discordavam com relação à forma Também foram feitas tentativas iniciais de loca­
cognitiva. • Mais cedo ou mais tarde, o debate entre a de investigar idéias. O primeiro era um racio­ lizar os processos cognitivos no cérebro. No sé­
Este capítulo introduz o campo da psi­ tese e a antítese leva a uma síntese. Uma nalista, ou seja, acreditava que o caminho para culo XVII, as idéias conflitantes do racionalismo
cologia cognitiva, descrevendo um pouco do síntese integra os aspectos mais críveis de o conhecimento se dá pela análise lógica. Por e do empirismo ressurgiram com o racionalista
histórico intelectual do estudo do pensamento cada uma de duas (ou mais) visões. Por sua vez, Aristóteles (que era naturalista e biólo­ francês René Descartes (1596-1650) e com o em­
humano. Enfatizam-se especialmente algumas exemplo, no debate sobre a relação entre go, além de filósofo) era um empirista, alguém pirista inglês John Locke (1632-1704). Descartes
das questões e das preocupações que surgem inato e adquirido, a integração entre nossa que acredita que adquirimos conhecimento por concordava com Platão, considerando o método
quando pensamos sobre como as pessoas pen­ natureza inata e o que adquirimos no am­ meio das evidências empíricas - ou seja, obte­ introspectivo e reflexivo superior aos métodos
sam. A seguir, teremos um breve panorama dos biente pode governar a natureza humana. mos evidências por meio da experiência e da empíricos de encontrar a verdade. Locke, por
principais métodos, das questões e das áreas Na verdade, a visão mais aceita atual­ observação (Figura 1.1). sua vez, compartilhava o entusiasmo de Aristó­
de conteúdo da psicologia cognitiva. As idéias mente é que tanto a visão sobre "inato" Portanto a visão de Aristóteles leva direta­ teles em relação à observação empírica (Leahey,
apresentadas neste capítulo proporcionarão um quanto a que se baseia no "adquirido" são mente a investigações empíricas da psicologia. 2000; Manent, 1998; Smith, 1997).
alicerce sobre o qual construir uma visão dos tó­ incompletas. Ambos os fatores trabalham Em contrapartida, a visão de Platão prenuncia Locke acreditava que os seres humanos
picos da psicologia cognitiva. juntos em nosso desenvolvimento. os vários usos do raciocínio no desenvolvimen­ nascem sem conhecimento e, por tal razão, de­
Por que estudar a história deste campo ou to da teoria. As teorias racionalistas sem qual­ vem buscá-lo por meio da observação empírica.
mesmo de qualquer outro? Para início de conver­ Se uma síntese parece fazer avançar nosso
conhecimento acerca de um assunto, ela servirá quer conexão com observações podem não ser Seu termo para isso era tabula rasa (que significa
sa, se soubermos de onde viemos, poderemos ter válidas, mas grandes quantidades de dados de­ "tábua vazia" em latim). A idéia é que a vida
uma compreensão melhor de para onde estamos como uma nova tese. Posteriormente, uma nova
antítese se seguirá, depois uma nova síntese, e correntes de observação sem uma estrutura teó­ e a experiência "escrevem" o conhecimento
indo. Além disso, pode-se aprender com erros rica que as organize podem não ter relevância. em nós. Sendo assim, para Locke o estudo da
do passado. Dessa forma, quando cometermos assim por diante. Georg Hegel (1770-1831) ob­
servou essa progressão dialética de idéias. Ele Podemos considerar a visão de mundo raciona- aprendizagem era fundamental para entender a
erros, eles serão erros novos, e não os mesmos lista de Platão como uma tese e a visão empírica mente humana. Ele acreditava que não existem
de antes. Nossas formas de tratar questões fun­ foi um filósofo alemão que chegou a suas idéias
por meio de sua própria dialética, sintetizan­ de Aristóteles, como uma antítese. A maioria idéias inatas. No século XVIII, o filósofo alemão
damentais mudaram, mas algumas dessas ques­ dos psicólogos de hoje busca uma síntese de Immanuel Kant (1724-1804) sintetizou dialetica-
tões permanecem praticamente as mesmas. Em do algumas das visões de seus predecessores e
contemporâneos intelectuais. ambas. Eles baseiam as observações empíricas mente a visão de Descartes e Locke, ao afirmar
última análise, pode-se aprender algo sobre o na teoria e usam-nas para revisar suas teorias. que tanto o racionalismo quanto o empirismo
modo como as pessoas pensam estudando como Durante a Idade Média, grande parte da têm seu lugar, devendo trabalhar juntos na bus­
as pessoas já pensaram sobre o pensar. psicologia cognitiva conforme existia na época ca da verdade. Atualmente a maioria dos psicó­
O avanço das idéias, muitas vezes, envol­ era uma tentativa de fazer formulações a par­ logos aceita a síntese de Kant.
ve uma dialética. Uma dialética é um processo ANTECEDENTES FILOSÓFICOS DA
de desenvolvimento em que as idéias evoluem PSICOLOGIA: RACIONAUSMO VERSUS
com o passar do tempo por meio de um padrão EMPIRISMO
de transformações. Qual é esse padrão? Em
uma dialética: Onde e quando começou o estudo da psi­
cologia cognitiva? Os historiadores da psicolo­
• Propõe-se uma tese. Uma tese é um gia, de modo geral, identificam suas primeiras
enunciado de opinião. Por exemplo, al­ raízes em duas abordagens à compreensão da
gumas pessoas são da opinião de que mente humana:
a natureza humana governa muitos as­
pectos do comportamento humano (por Afilosofia procura entender a natureza geral
exemplo, a inteligência ou a personali­ de muitos aspectos do mundo, basica­
mente por meio da introspecção - o exame
dade; Stemberg, 1999). Contudo, depois
de algum tempo, alguns indivíduos ob­ das idéias e das experiências internas (in­
trospecção: "olhar para dentro").
servam alguns problemas na tese.
A fisiologia busca um estudo científico de
• Mais cedo ou mais tarde ou talvez logo funções vitais na matéria viva, funda­
em seguida, surge uma antítese. Uma an­ mentalmente por meio de métodos empí­ (b)
títese é um enunciado que se contrapõe ricos (baseados em observação).
à opinião enunciada anteriormente. Por
exemplo, uma visão alternativa é que o Dois filósofos gregos, Platão (428-348 a.C.) e m âàiü àltM B M (a) Segundo o racionalista, o único caminho para a verdade é a reflexão contemplativa; (b)
que adquirimos em nossa criação (o con­ seu aluno Aristóteles (384-322 a.C.), influencia­ Segundo o empirista, o único caminho para a verdade é a observação meticulosa. A psicologia cognitiva, assim
texto ambiental em que somos criados) ram profundamente o pensamento moderno na como outras ciências, depende do trabalho de racionalistas e empiristas.
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râneo na psicologia cognitiva. Dewey é lembra­


ANTECEDENTES PSICOLÓGICOS DA do basicamente por sua abordagem pragmática
PSICOLOGIA COGNITIVA do pensamento e da escola.
As primeiras dialéticas na psicologia
da cognição Associacionismo: uma síntese integradora
O associacionismo, assim como o funcio­
O estruturalismo
nalismo, foi menos uma escola rígida de psi­
Uma das primeiras dialéticas na história cologia e mais uma forma influente de pensar.
da psicologia ocorre entre o estruturalismo e o O associacionismo examina a forma como os
funcionalismo (Leahey, 1997; Morawski, 2000). eventos e as idéias podem tornar-se associados
O estruturalismo foi a primeira grande escola
uns com os outros na mente, a fim de resultar
de pensamento na psicologia, a qual buscava em uma forma de aprendizagem. Por exemplo,
entender a estrutura (a configuração de ele­
as associações podem resultar da contigiiidade
mentos) da mente e suas percepções, anali­
(associar informações que tendem a ocorrer jun­
sando-as em seus componentes constitutivos.
tas mais ou menos ao mesmo tempo), da seme­
Consideremos, por exemplo, a percepção de lhança (associar informações com características
uma flor. Os estruturalistas analisariam essa
ou propriedades semelhantes) ou do contraste
percepção em termos de cores, formas geomé­
Wilhelm Wundt não foi muito bem-sucedido na escola, (associar informações que parecem apresentar
tricas, relações de tamanho que a constituem, e
sendo reprovado muitas vezes e ridicularizado pelos Muitos psicólogos cognitivos consideram William Ja­ polaridades, como quente/frio, claro/escuro,
assim por diante.
outros. Entretanto, Wundt mostrou posteriormente mes>médico, filósofo, psicólogo e irmão do autor Henry dia/noite).
Um filósofo alemão cujas idéias mais tarde
que o desempenho escolar nem sempre indica futuro James, como um dos maiores psicólogos que jamais No final do século XIX, o associacionista
contribuiriam para o desenvolvimento do estru­ houve, embora ele próprio pareça ter rejeitado a psico­
sucesso profissional, pois ele é considerado um dos Hermann Ebbinghaus (1850-1909) foi o primei­
turalismo foi Wilhelm Wundt (1832-1920). Wun- logia mais tarde.
mais influentes psicólogos de todos os tempos. ro pesquisador a aplicar os princípios assócia-
dt defendia o estudo das experiências sensoriais
cionistas de forma sistemática. Especificamente,
por meio da introspecção. A introspecção é um
Ebbinghaus estudou e observou seus próprios
olhar interior para informações que passam nal ao campo da psicologia foi um único livro:
portamentos era estudar os processos de como processos mentais. Contou seus erros e registrou
pela consciência (Lyons, 2003). Um exemplo Princípios de Psicologia (1890/1970). Ainda hoje,
e por que a mente funciona da maneira que fun­ seus tempos de resposta. Por meio de auto-ob-
disso são as sensações experimentadas quando
ciona, em lugar de estudar seus conteúdos e os os psicólogos cognitivos apontam, muitas vezes, servações, estudou como as pessoas aprendem
se olha para uma flor. Com efeito, analisamos
elementos estruturais. os escritos de James em discussões de tópicos e lembram-se de conteúdos por meio da repe­
nossas próprias percepções.
Os funcionalistas estavam unificados pelos fundamentais no campo, como atenção, cons­ tição consciente do conteúdo a ser aprendido.
Wundt teve muitos seguidores, e um deles
tipos de perguntas que faziam, mas não neces­ ciência e percepção. John Dewey (1859-1952) foi Entre outras conclusões, ele fez uma descoberta
foi o estudante americano Edward Titchener
sariamente pelas respostas que encontravam ou mais um dos primeiros pragmaticistas que in­ experimental revolucionária: a de que a repeti­
(1867-1927). Titchener (1910) ajudou a trazer o
pelos métodos que usavam para encontrá-las, fluenciaram bjastante o pensamento contempo­ ção freqüente pode fixar associações mentais de
estruturalismo para os Estados Unidos. Outros
entre os primeiros psicólogos criticaram tanto o Como os funcionalistas acreditavam no uso de
método (introspecção) quanto o foco (estruturas quaisquer métodos que melhor respondessem
elementares de sensação) do estruturalismo. às perguntas de um dado pesquisador, parece
natural que o funcionalismo tenha levado ao Agora, imagine-se colocando a idéia do pragmatismo em uso. Pense sobre
Funcionalismo: uma alternativa ao pragmatismo. Os pragmatistas acreditam que as formas de tornar as informações que está aprendendo nesta disciplina
estruturalismo o conhecimento é validado por sua utilidade: o mais úteis para você. Parte do trabalho já foi feito - observe que o capí­
que se pode fazer com isso? Estão interessados tulo começa com perguntas que tornam as informações mais coerentes e
Uma alternativa ao estruturalismo suge­
não apenas em saber o que as pessoas fazem, úteis, e o resumo retoma a essas perguntas. O texto responde de maneira
ri a que os psicólogos deveriam concentrar-
como também querem saber o que podemos satisfatória às perguntas apresentadas no início do capítulo? Formule suas
se nos processos de pensamento em lugar de próprias perguntas e organize suas anotações na forma de respostas. Além
concentrar-se em seus conteúdos. O funciona­ fazer com nosso conhecimento sobre o que as
disso, estabelecça uma relação desse material com outras disciplinas e ati­
lismo busca entender o que as pessoas fazem e pessoas fazem. Por exemplo, eles acreditam na
vidades das quais você participa. Por exemplo, você pode ser chamado a
por que o fazem. Essa pergunta principal esta­ importância da psicologia da aprendizagem e explicar a um amigo como funciona um programa de computador. Uma
va em contraste com a do estruturalismo, que da memória. Por quê? Porque pode nos ajudar a boa maneira de começar seria perguntar a essa pessoa se ela tem alguma
havia perguntado quais eram os conteúdos (as melhorar o desempenho das crianças na escola. pergunta. Assim, as informações que você oferece serão mais úteis a seu
estruturas) elementares da mente humana. Os Um líder na condução do funcionalismo amigo, em lugar de forçá-lo a buscar a informação de que necessita em
funcionalistas sustentavam que a chave para em direção ao pragmatismo foi William James uma exposição longa e unilateral.
o entendimento da mente humana e dos com- (1842-1910). Sua principal contribuição funcio-
24 o
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forma mais consistente na memória, ajudando a zagem - aprendizagem classicamente condi­ portamentos em resposta ao ambiente. Skinner zados e estrúturados. Segundo essa visão, não
aprendizagem (ver Capítulo 6). cionada - sobre a qual os cachorros não tinham desenvolveu pesquisas basicamente com ani­ se pode entender totalmente o comportamento
Outro associacionista influente, Edward Lee qualquer controle consciente. Na mente deles, mais não-humanos. Ele rejeitava os mecanismos quando desmembramos os fenômenos em par­
Thomdike (1874-1949), sustentava que o papel algum tipo de aprendizagem involuntária liga­ mentais, acreditando que o condicionamento tes menores.
da "satisfação" é a chave para a formação de as­ va o técnico à comida (Pavlov, 1955). O trabalho operante - envolvendo fortalecimento ou enfra­ A máxima "o todo é diferente da soma das
sociações. Thomdike chamou esse princípio de fundamental de Pavlov abriu caminho para o quecimento do comportamento, contingente à partes" resume bem a perspectiva da Gestalt.
lei do efeito (1905): um estímulo tenderá a produ­ desenvolvimento do behaviorismo. O condi­ presença ou ausência de reforço (recompensas) Para entender a percepção de uma flor, por
zir uma determinada resposta se um organismo cionamento clássico envolve mais do que uma ou punição - podia explicar todas as formas exemplo, teríamos que levar em conta o todo da
for recompensado por essa resposta. Thorndikè associação baseada na contigüidade temporal de comportamento humano. Skinner aplicou experiência. Não se poderia entender essa per­
acreditava que um organismo aprendia a res­ (por exemplo, a comida e o estímulo condicio­ sua análise experimental de comportamento a cepção em termos de uma descrição de formas,
ponder de uma determinada maneira (o efeito) nado ocorriam mais ou menos ao mesmo tem­ muitos fenômenos psicológicos, como a apren­ cores, tamanhos, e assim por diante. Do mes­
em uma dada situação se fosse recompensado po; Rescorla, 1967). O condicionamento eficaz dizagem, a aquisição da linguagem e a solução mo modo, não se poderia entender a solução
repetidas vezes por isso (a satisfação, que serve exige contingência (por exemplo, a apresenta­ de problemas. Em grande parte, em função da de problemas simplesmente examinando ele­
como estímulo para futuras ações). Assim, uma ção de comida sendo contingente com a apre­ presença muito intensa de Skinner, o behavio- mentos isolados do comportamento observável
criança que recebe agrados por resolver correta­ sentação do estímulo condicionado; Rescorla e rismo dominou a disciplina da psicologia por (Kõhler, 1927,1940; Wertheimer, 1945,1959).
mente problemas de aritmética aprende a fazê- Wagner, 1972; Wagner e Rescorla, 1972). muitas décadas.
lo porque estabelece associações entre soluções O behaviorismo pode ser considerado uma
válidas e agrados. versão extrema do associacionismo, que se
Os behaviorístas ousando espiar dentro da
concentra completamente na associação entre
o ambiente e um comportamento observável. caixa preta O SURGIMENTO DA PSICOLOGIA
Do associacionismo ao behaviorismo Segundo behavioristas rígidos e extremos ("ra­ Alguns psicólogos rejeitaram o behavio- COGNITIVA
dicais"), quaisquer hipóteses sobre pensamen­ rismo radical. Eles tinham curiosidade com
Outros pesquisadores que foram contem­ relação aos conteúdos da caixa misteriosa. Por Um enfoque mais recente é o do cognitivis-
porâneos de Thorndikè usaram experimentos tos e formas de pensar internos não passam de mo, a idéia de que grande parte do comporta­
especulação. exemplo, Edward Tolman (1886-1959) achava
animais para investigar relações de estímulo e que, para entender o comportamento, era ne­ mento humano pode ser entendida em termos
resposta de formas diferentes das de Thomdike de como as pessoas pensam.
cessário levar em conta seu propósito e seu pla­
e seus colegas associacionistas. Os pesquisado­ Os proponentes do behaviorismo
no. Tolman (1932) acreditava que todo o com­
res percorreram a linha entre o associacionismo O "pai" do behaviorismo radical é John portamento era dirigido a algum objetivo. Por
e o campo emergente do behaviorismo. O beha­ Watson (1878-1958). Watson não via utilidade O iniciar da psicobiologia
exemplo, o objetivo de um rato em um labirinto
viorismo é uma perspectiva teórica segundo a em conteúdos ou mecanismos mentais internos de laboratório pode ser encontrar a comida que Ironicamente, um dos ex-alunos de Watson,
qual a psicologia deveria concentrar-se apenas e acreditava que os psicólogos deveriam con­ está ali. Tolman é considerado, por vezes, um Karl Spencer Lashley (1890-1958), questionou de
na relação entre comportamento observável, centrasse apenas no estudo do comportamen­ precursor da psicologia cognitiva moderna. modo contundente a visão behaviorista de que o
por um lado, e eventos ou estímulos ambientais, to observável (Doyle, 2000). Ele considerava o Outra crítica ao behaviorismo (Bandura, cérebro humano é um órgão passivo, o qual ape­
por outro. A idéia era tomar físico o que quer pensamento apenas como fala sub vocalizada. 1977b) é que a aprendizagem pode ser conse­ nas responde às contingências ambientais fora
que outros tivessem chamado de "mental" (Ly- O behaviorismo também diferia de movimen­ qüência não apenas de recompensas diretas do indivíduo (Gardner, 1985). Em lugar disso,
can, 2003). Alguns desses pesquisadores, como tos anteriores à psicologia por redirecionar a para o comportamento, como também pode considerava que o cérebro era um organizador
Thomdike e outros associacionistas, estudaram ênfase da pesquisa experimental, de participan­ ser social, resultando de observações das re­ ativo e dinâmico do comportamento. Lashley
respostas voluntárias (embora, talvez, careces­ tes humanos a animais. Historicamente, grande compensas ou das punições dadas a outros. procurou entender de que maneira a macro-
sem de qualquer pensamento consciente, como parte do trabalho behaviorista foi conduzida (e Essa visão enfatiza a forma como observamos e organização do cérebro humano tomava possí­
no trabalho de Thomdike). Outros estudaram ainda o é) com animais de laboratório, como os modelamos nosso comportamento com relação veis as atividades complexas e planejadas, como
respostas que foram desencadeadas involunta­ ratos, porque possibilitam muito mais controle ao de outros. Aprendemos pelo exemplo. Essa apresentações musicais, jogos e uso da lingua­
riamente, em reação ao que parece ser eventos comportamental de relações entre o ambiente e análise da aprendizagem social abre caminho gem. Nenhuma delas era, em sua visão, explicá­
externos não-relacionados. o comportamento em relação a ele. Todavia, um para examinar o que está acontecendo na men­ vel em termos de simples condicionamento.
Na Rússia, o fisiologista ganhador do Prê­ problema do uso de animais é determinar se a te do indivíduo. Na mesma linha, mas em um nível de análi­
mio Nobel, Ivan Pavlov (1849-1936), estudou pesquisa pode ser generalizada para seres hu­ se diferente, Donald Hebb (1949) propôs o con­
esse tipo de comportamento de aprendizagem manos (ou seja, aplicada de forma mais geral a ceito de conjuntos de células como base para a
involuntário, começando com a observação de seres humanos em lugar de apenas aos tipos de Psicologia da Gestalt
aprendizagem no cérebro. Esses conjuntos são
que os cachorros salivavam em resposta à visão animais que foram estudados). Entre os muitos críticos do behaviorismo, estruturas neurais coordenadas que se desen­
do técnico de laboratório que os alimentava. B. F. Skinner (1904-1990), um behaviorista os psicólogos da Gestalt talvez tenham estado volvem por meio de estimulação freqüente.
Hssa resposta ocorria antes que os cachorros radical, acreditava que quase todas as formas entre os mais ávidos. A psicologia da Gestalt Elas se desenvolvem com o passar do tempo, à
vis.snn se o técnico trazia comida. Para Pavlov, de comportamento humano, e não apenas a diz que entendemos melhor os fenômenos psi­ medida que aumenta a capacidade de um neu­
i indicava uma forma de aprendi­ aprendizagem, podiam ser explicadas por com­ cológicos quando os vimos como todos organi­ rônio (célula nervosa) de estimular um neurô-
>26 Robert J. Sternberg P sico lo g ia C o g n itiv a 27
>
| nio conectado a disparar. Os behavioristas não estruturam, armazenam e usam o conhecimen­ quer entender mais do que o que da cognição,
aproveitaram a oportunidade rara de concordar to. Tempos depois, Allen Newell e Herbert Si- sendo que a maior parte deles também busca
) com Lashley e Hebb. Na verdade, o behavioris- mon (1972) propuseram modelos detalhados de entender o como e o porquê do pensamento. Ou
| ta B. F. Skinner (1957) escreveu um livro inteiro pensamento humano e solução de problemas, seja, os pesquisadores buscam formas de expli­
descrevendo de que forma a aquisição e o uso dos níveis mais básicos aos mais complexos. car a cognição, bem como de descrevê-la. Para
| da linguagem poderiam ser explicados unica­ Na década de 1970, a psicologia cognitiva já era ir além das descrições, os psicólogos cognitivos
mente em termos de contingências ambientais. amplamente reconhecida como um importante devem dar um salto, passando daquilo que se
\ Esse trabalho levou a estrutura teórica de Skin- campo de estudos psicológicos, com um con­ observa diretamente ao que pode ser inferido
( ner longe demais, deixando-a susceptível a ata­ junto específico de métodos de pesquisa. com relação às observações.
ques. E um ataque estava por vir. O lingüista Suponhamos que se queira estudar um de­
Noam Ghomsky (1959) fez uma análise rigorosa terminado aspecto da cognição. Um exemplo
das idéias de Skinner. Em seu artigo, Chomsky Ulric Neisser é professor de psicologia na Cornell seria a forma como as pessoas compreendem
enfatizava tanto a base biológica quanto o po­ University. Seu livro, Psicologia Cognitiva, foi im­ MÉTODOS DE PESQUISA EM informações em livros-texto. Em geral, começa­
tencial criativo da linguagem, apontando a infi­ portante no lançamento da revolução cognitiva da psi­ PSICOLOGIA COGNITIVA mos com uma teoria. Uma teoria é um corpo or­
nita quantidade de sentenças que podemos pro­ cologia. Neisser tambémfoi um dos grandes defensores ganizado de princípios explicativos gerais com
duzir com facilidade. Sendo assim, questionava de uma abordagem ecológica da cognição e demonstrou Objetivos de pesquisa relação a um fenômeno. Ela gera hipóteses,
as noções behavioristas de que aprendemos a importância de estudar o processamento cognitivo em propostas experimentais acerca de conseqüên­
Para melhor entender os métodos específi­
línguas por meio de reforço. Mesmo as crianças contextos ecológicos válidos. cias empíricas esperadas da teoria, tais como os
cos usados por psicólogos cognitivos, deve-se,
pequenas estão permanentemente produzindo em primeiro lugar, compreender os objetivos da resultados de pesquisa. A seguir, tenta-se testar
novas sentenças para as quais não podem ter pesquisa em psicologia cognitiva, alguns dos a teoria e, assim, ver se ela tem o poder de pre­
sido reforçadas no passado. Chomsky afirmou outras palavras, suponha que você se comuni­ quais destacamos aqui. De modo sucinto, esses dizer certos aspectos do fenômeno em questão.
que nosso entendimento da língua não é condi­ casse com um computador e não soubesse que objetivos são a coleta de dados, o desenvolvi­ Em outras palavras, nosso processo de pensa­
cionado tanto pelo que ouvimos, mas sim por era um computador: ele teria passado no Teste mento de teoria, a formulação de hipóteses, a mento é: "se nossa teoria estiver correta, sempre
um dispositivo de aquisição da linguagem (lan- de Turing (Schonbein e Bechtel, 2003). Em 1956, testagem de hipóteses e, talvez, a aplicação a que x ocorrer, o resultado deverá ser y".
guage acquisition device - LAD) inato, o qual to­ uma nova expressão havia entrado em nosso ambientes fora da pesquisa. Os pesquisaáâfes, A seguir, testamos nossas hipóteses por
dos os seres humanos possuem. Esse dispositi­ vocabulário. A inteligência artificial (IA) é uma muitas vezes, buscam apenas coletar a maior meio da experimentação. Mesmo se certas
vo possibilita ao bebê utilizar o que escuta para tentativa dos seres humanos de construir siste­ quantidade possível de informações sobre um conclusões parecerem confirmar uma dada
inferir a gramática de seu ambiente lingüístico. mas que demonstrem inteligência e em particu­ determinado fenômeno, podendo ter ou não hipótese, elas devem ser submetidas à análise
Em termos objetivos, o LAD limita ativamente lar o processamento inteligente de informação. noções preconcebidas com relação ao que po­ estatística a fim de determinar sua significância
o número de construções gramaticais possíveis. (Merriam-Webster's Collegiate Dictionary, 1993). dem encontrar ao coletar os dados. Sua pes-
Dessa forma, é a estrutura da mente, e não a es­ Programas que jogam xadrez e que conseguem qilisãconcentra-se na descrição de fenômenos
trutura das contingências ambientais, que guia ganhar da maioria dos seres humanos são exem­ determinados; por exemplo, a forma como as
nossa aquisição da linguagem. plos de inteligência artificial hoje. pessoas reconhecem rostos e como elas desen­
No início da década de 1960, os avanços na volvem a especialização.
psicologia, na lingüística, na antropologia e na A coleta de dados reflete um aspecto empíri­
Relações com a tecnologia: inteligência artificial, bem como as reações ao co do empreendimento científico. Uma vez que
engenharia e computação behaviorismo por parte de importantes psicó­ haja dados suficientes sobre o fenômeno cogni­
logos, convergiram a fim de criar uma atmos­ tivo de interesse, os psicólogos cognitivos usam
No final da década de 195.0, alguns psicó­
fera madura para a revolução. Os primeiros vários métodos para fazer inferências a partir
logos estavam, intrigados pela noção incômoda
cognitivistas afirmavam (como Miller, Galanter deles. Em termos ideais, usam diversos tipos de
de que as máquinas poderiam ser programadas
e Pribram, 1960; Newell, Shaw e Simon, 1957b) evidências convergentes para dar sustentação a
para demonstrar o processamento inteligente
que as visões behavioristas tradicionais do com­ suas hipóteses. Às vezes, uma rápida observa­
da informação (Rychlak e Struckman, 2000).
portamento eram inadequadas precisamente ção dos dados leva a inferências intuitivas com
Turing (1950) sugeriu que em pouco tempo Herbert A. Simonfoi professor de ciência da compu­
porque nada diziam sobre como as pessoas relação dos padrões que surgem a partir deles.
seria difícil distinguir a comunicação das má­ tação e psicologia na Camegie-Mellon University. É
pensam. O livro de Ulric Neisser, Psicologia Cog­ Contudo, é mais usual os pesquisadores usarem
quinas da dos seres humanos. Ele sugeriu um conhecido por seu trabalho pioneiro com Allen Newell
nitiva (Neisser, 1967), foi bastante importante vários meios estatísticos para analisar os dados.
teste, atualmente chamado de "Teste de Tu­ e outros na construção e na testagem de modelos de
por destacar o cognitivismo, ao informar estu­ A coleta de dados e a análise estatística au­
ring", pelo qual um programa de computador computador que simulavam o pensamento humano e
dantes de graduação, de pós-graduação e aca­ xiliam os pesquisadores na descrição de fenô­
seria considerado bem-sucedido na medida em por seus testes experimentais desses modelos. Também
dêmicos sobre o campo que estava em desen­ menos cognitivos. Nenhum empreendimento
que seu resultado fosse indistinguível, por se­ foi um importante defensor dos protocolos "de pensar
volvimento. Neisser definiu a psicologia cognitiva científico iria muito longe sem essas descrições. em voz alta" para o estudo do processamento cognitivo.
res humanos, do resultado de testes com seres
como o estudo de como as pessoas aprendem, Entretanto, a maioria dos psicólogos cognitivos Simon faleceu em 2001.
humanos (Cummins e Cummins, 2000). Em
28 Robert J. Sternberg P sico lo g ia C o g n itiv a 29

NO LABORATORIO DE LUDY T. BENJAMIN, JR. sob as quais vivem. Sendo assim, a pesquisa controlados oferecem um meio excelente de tes­
básica pode levar a aplicações cotidianas. Para tar hipóteses.
••"C cada um desses propósitos, diferentes métodos Por exemplo, suponhamos que quiséssemos
Psicologia Pop - está por do século XX (Benjamin et al., 1997) e o exame
\ toda parte! O público ado- de muitos levantamentos sobre a imagem que o de pesquisa oferecem vantagens e desvanta­ verificar se ruídos altos e distrativos influen­
f ra; os psicólogos detestam. público tem da psicologia (Wood, Jones e Benja­ gens diferenciadas. ciam a capacidade de desempenhar bem uma
’ É o material da televisão, min, 1986). Hoje em dia, estamos nos dedicando determinada tarefa cognitiva (por exemplo, 1er
! dos filmes, dos livros, das às revistas norte-americanas de psicologia po­ uma passagem de um livro-texto e responder a
Diversos métodos de pesquisa
! peças de teatro e das re- pular (mais de 50 títulos diferentes) que foram questões de compreensão). Em termos ideais, a
S vistas. Penetrou fundo na publicadas entre 1900 e 1960. Essas revistas pro­ Os psicólogos cognitivos usam vários mé­ princípio, selecionaríamos uma amostra aleató­
vida dos Estados Unidos, moveram a crença de que seus conteúdos aju­ todos para explorar como os seres humanos ria de participantes entre o total de nossa popu­
e assim tem sido desde o dariam os leitores a adquirir saúde, felicidade e pensam. Entre eles, estão (a) experimentos de lação de interesse. A seguir, atribuiríamos ale­
século XIX, quando os frenologistas mediam as sucesso (Benjamin e Bryant, 1997). laboratório e outros experimentos controlados, atoriamente cada participante a uma condição
saliências nas cabeças das pessoas para orientá- Até o momento, examinamos mais de mil (b) pesquisa psicológica, (c) auto-avaliações, (d) de tratamento ou a uma condição de controle.
las com relação a suas escolhas profissionais, dessas revistas, estudando seus artigos e suas estudos de caso, (e) observação naturalista e (f) Apresentaríamos algum ruído distrativo aos
os fisionomistas analisavam as características propagandas. Estamos tentando identificar te­ simulações por computador e inteligência arti­ participantes de nossa condição de tratamento,
faciais (por exemplo, formato do queixo ou do mas, como casamento, criação de filhos, sexo ficial (ver Tabela 1.1 para descrições e exemplos e os participantes de nossa condição de contro­
nariz) para ajudar os executivos de empresas e satisfação no emprego, que sejam constantes de cada método). Como mostra a Tabela 1.1, le não receberiam esse tratamento. Apresenta­
a decidir quem deveria ser contratado ou pro­ entre as publicações do mesmo período, mas cada método oferece vantagens e desvantagens ríamos a tarefa cognitiva aos participantes das
movido, ou os grafólogos estudavam amostras que possam mudar com o passar do tempo, e que o diferenciam dos outros. duas condições. A seguir, mediríamos seu de­
de escrita à mão para ajudar os indivíduos a estamos comparando esses temas com o que
sempenho de algumas maneiras (por exemplo,
encontrar parceiros compatíveis para o casa­ estava sendo publicado ao mesmo tempo na
mento. Quando a psicologia científica chegou psicologia científica e com o que eram os temas Experimentos com o comportamento humano velocidade e precisão de respostas a questões
às universidades norte-americanas no final do que permeavam a cultura dos Estados Unidos Nos desenhos experimentais controlados, de compreensão). Por fim, analisaríamos nossos
século XIX, esses novos psicólogos procuraram naquela época. Por exemplo, a década de 1920 o pesquisador realiza pesquisa geralmente em resultados estatisticamente. Logo após, exami­
desalojar a velha psicologia, tentando conven­ marcou uma virada na história norte-americana um ambiente de laboratório. Ele controla o naríamos se a diferença entre os dois grupos
cer o público da validade de sua abordagem e com relação às oportunidades para as mulhe­ maior número possível de aspectos da situação alcança significância estatística. Suponhamos
do caráter absurdo do que rotulavam de pseu- res. Descobrimos que as revistas de psicologia experimental. A seguir, manipula as variáveis que os participantes da condição de tratamento
dopsicologia. popular falavam aos interesses dessas mulhe­ independentes. Controla os efeitos das variá­ demonstrassem desempenho mais baixo do que
Em nosso programa de pesquisa, estamos res; poucos psicólogos ou poucas publicações veis irrelevantes e observa os efeitos das variá­ os da condição de controle em um nível esta­
examinando as diferenças entre essas duas psi­ de psicologia demonstravam qualquer inte­ veis dependentes (resultados). tisticamente significativo. Nesse caso, podería­
cologias, em uma tentativa de entender por que resse desse tipo. Essas diferenças, com certeza, Ao implementar o método experimental, o mos inferir que ruídos altos distrativos de fato
o público continuou a aceitar as afirmações da poderiam ser parcialmente responsáveis pelo pesquisador deve usar uma amostra represen­ influenciaram a capacidade de ter bom desem­
psicologia não-científica. Nosso programa é his­ fato de o público aceitar as afirmações da psi­ penho nessa tarefa cognitiva específica.
tativa da população de interesse, exercer con­
tórico, parte de uma atividade acadêmica cres­ cologia popular e rejeitar as contraposições da Na pesquisa em psicologia cognitiva, as
trole rigoroso sobre as condições experimentais
cente em história social e história da ciência, a psicologia científica. O tópico é interessante por variáveis dependentes podeih ser muito di­
qual inclui a história da psicologia. Como pes­ e, além disso, atribuir aleatoriamente partici­
si só, mas descobrir as razões para o apelo da
pantes às condições de tratamento e controle. versificadas, mas envolvem, com freqüência,
quisa histórica, nosso trabalho é empírico, mas psicologia popular tem mais importância. Esse
Se esses requisitos para o método experimental várias medidas de resultados em termos de
não experimental. Já estudamos a psicologia po­ entendimento é fundamental para que a ciência
pular de várias maneiras, incluindo a análise de e a prática modernas da psicologia cheguem forem cumpridos, o pesquisador pode ser capaz precisão (como a freqüência de erros), de tempo
artigos de enciclopédia do século XJX e do início com eficácia ao público. de inferir causalidade provável. Essa inferência de resposta ou de ambos. Entre as muitas pos­
se dá com relação aos efeitos da variável ou va­ sibilidades de variáveis independentes estão
riáveis independentes (o tratamento) sobre a as características da situação, da tarefa ou dos
variável dependente (o resultado). participantes. Por exemplo, as características
Suponhamos que os resultados na condição da situação podem envolver a presença versus
estatística. A significância estatística indica a coleta de dados, análise de dados, desenvolvi­ de tratamento mostrem uma diferença estatisti­ a ausência de determinados estímulos ou de
probabilidade de que um determinado conjun­ mento de teoria, formulação e testagem de hi­ camente significativa em relação aos resultados certas pistas durante uma tarefa de solução de
to de resultados venha a ser obtido se houver póteses. Além disso, muitos psicólogos cogni­ na condição de controle. O pesquisador pode, problemas. As características da tarefa podem
apenas fatores aleatórios em operação. tivos têm esperanças de usar os conhecimentos então, inferir a probabilidade de um vínculo envolver leitura versus escuta de uma série de
Uma vez que nossas predições hipotéticas obtidos a partir da pesquisa para ajudar as pes­ causal entre a(s) variável(is) independente(s) e a palavras e depois a resposta a perguntas de
tenham sido testadas experimentalmente e ana­ soas a usar a cognição em situações reais. Al­ variável dependente. Como o pesquisador pode compreensão. As características dos participan­
lisadas estatisticamente, as conclusões desses gumas pesquisas em psicologia cognitiva são estabelecer um vínculo causal provável entre as tes podem incluir diferenças etárias, diferenças
oxpfiiinentos podem levar a outros trabalhos. aplicadas desde o seu início, buscando ajudar variáveis independentes dadas e as variáveis na situação educacional ou diferenças baseadas
I'm rxnnplo, o psicólogo pode realizar mais as pessoas a melhorar suas vidas e as condições dependentes, os experimentos de laboratório em escores em testes.
30 Robert J. Sternberg P sic o lo g ia C o g n itiv a 31

I TA BELA 1 .1 I Métodos de pesquisa


Os psicólogos cognitivos usam experimentos controlados, pesquisa psicobiológica, auto-
avaliações, observação naturalista e simulações por computador e inteligência artificial para
estudar fenômenos cognitivos.

Ex p e r im e n t o s de A u to-a v a u a ç õ es, C o m o S im u l a ç õ e s por


La b o r a t ó r io P e s q u is a P r o t o c o l o s V e r b a is , O bserva çõ es C o m putado r e
M étodo C o n tr o la d o s P s ic o b io l ó g ic a A u t o c l a s s if ic a ç õ e s , D iá r io s Estud o s de C a so N a t u r a list a s I n t e l ig ê n c ia A r t ific ia l (I a )

Descrição do método Obter amostras de desempenho Estudar os cérebros Obter relatórios dos participantes Desenvolver estudos intensivos de indiví­ Observar situações reais, como em Simulações: tentativas de fazer com que compu­
em tempo e lugar determinados humanos e animais, sobre sua própria cognição em anda­ duos, tirando conclusões gerais sobre com­ salas de aula, ambientes de traba­ tadores simulem o desempenho cognitivo huma­
usando estudos posl-mortem e várias mento ou como lembrança portamento lho ou casas no em diversas tarefas
medidas IA: tentativa de fazer com que computadores
psicobiológicas ou demonstrem desempenho cognitivo inteligente,
técnicas de imagem independentemente de o processo se assemelhar
(ver Capítulo 2) ao processamento cognitivo humano.
Validade de inferências Geralmente Ceralmente não Não se apíica Não se aplica Não se aplica
Altamente improvável
causais: atribuição aleató­
ria de sujeitos
Validade de inferências Geralmente Varia muito, dependendo da técnica Provavelmente não
Altamente improvável Não Controle total de variáveis de interesse
causais: controle expe­ específica
rimental de variáveis
independentes
Amostras: tamanho Podem ser de qualquer tamanho Muitas vezes, são pequenas Provavelmente pequenas Quase certamente pequeno Provavelmente pequeno Não se aplica
Amostras: representa ti- Podem ser representativas Muitas vezes, não são representa­ Podem ser representativas Não é provável que seja representativo Pode ser representativo Não se aplica
vidade tivas
Validade ecológica Não é improvável; depende da Improvável sob certas circunstâncias Talvez; ver pontos fortes e fracos Alta validade ecológica para casos indivi­ Sim Não se aplica
tarefa e do contexto a que está duais; capacidade de generalização mais baixa
sendo aplicada a outros
Informação sobre diferen­ Geralmente pouco enfatizadas Sim Sim Sim; informações ricamente detalhadas com É possível, mas a ênfase está nas Não se aplica
ças individuais relação a indivíduos distinções ambientais e não nas
diferenças individuais
Pontos fortes Facilidade de administração, de Proporciona evidências "brutas" das Acesso aos insights introspectivos a Acesso a informações ricamente detalhadas Acesso a ricas informações contex­ Possibilita explorar uma ampla gama de possibi­
contagem e de análise estatística funções cognitivas ao relacioná-las partir do ponto de vista dos partici­ com relação a indivíduos, incluindo infor­ tuais, que podem não estar dispo­ lidades para modelar processos cognitivos; possi­
toma relativamente fácil aplicar à atividade fisiológica; oferece uma pantes, não podendo ser acessada por mações sobre contextos históricos e atuais, níveis por outros meios. bilita testar claramente se as hipóteses predizem
a amostras representativas de visão alternativa do processo que outros meios . que podem não estar disponíveis por outros com precisão os resultados; pode levar a uma
uma população; probabilidade não está disponível por outros meios; meios; pode levar a aplicações especializadas ampla gama de aplicações práticas (por exemplo,
relativamente alta de fazer infe­ pode levar a possibilidades para o para grupos de indivíduos excepcionais (como robóticas, para realizar tarefas perigosas ou em
rências causais válidas tratamento de pessoas com défícits prodígios, pessoas com lesões cerebrais) ambientes de risco)
cognitivos sérios
Pontos fracos Incapacidade de relatar sobre proces­ Aplicabilidade a outras pessoas; o tamanho Falta de controle experimental; Limitações impostas pelos limites do hardware
so que ocorrem fora da consciência pequeno e a não-representatividade da amos* possível influência no comporta­ (por exemplo, hardware do computador) e do
Protocolos verbais e autoclassifica­ •tra geralmente limita a capacidade de genera­ mento naturalista devido à pre­ Software (os programas escritos pelos pesquisa­
ções: lização à população sença do observador dores); distinções entre inteligência humana e
A coleta de dados pode influenciar os inteligência de máquinas - mesmo em simulações
processos cognitivos sendo relatados. envolvendo técnicas sofisticadas de modelagem,
Lembranças: as simulações podem modelar com imperfeição a
Possíveis discrepâncias entre cogni­ forma como o cérebro humano pensa
ção real e processos e produtos cogni­
tivos lembrados
Exemplos David Meyer e Roger Schvane- Elizabeth Warrington e Tun Shallice Howard Gruber (1974/1981) conduziu um es­ Michael Cole (Cole, Gay, Glik & Simulações: Por meio de computações deta­
veldt (1971) desenvolveram uma (1972; Shallice e Warrington, 1970) tudo de caso sobre Charles Darwin, exploran­ Sharp, 1971) investigaram mem­ lhadas, David Marr (1982) tentou simular a
tarefa de laboratório na qual observaram que as lesões no lobo do em profundidade o contexto psicológico da bros da tribo Kpelle na África, perecepção visual humana e propôs uma teoria
apresentavam muito brevemente parietal esquerdo do cérebro são as­ criatividade intelectual comparando suas definições de da percepção visual baseada em seus modelos de
duas seqüências de letras (pa­ sociadas a défidts sérios em memó­ inteligência com as ocidentais, computadores.
lavras ou pseudopalavras) aos ria de curto prazo (breve, ativa), mas examinando o modo como as IA: Vários programas de IA fora criados que
sujeitos e pediam-lhes que to* a nenhum prejuízo da memória de definições culturais de inteligência podem demonstrar perícia (por exemplo, jogar
massem uma decisão sobre cada longo prazo. No entanto, as pessoas influenciam o comportamento xadrez), mas esses programas provavelmente re­
seqüência de letras, tal como com lesões nas regiões temporais inteligente solvem problemas utilizando-se de processos dis­
decidir se as letras formavam (mediais) do cérebro apresentam me­ tintos daqueles empregados por peritos humanos
uma palavra legitima ou se uma mória de curto prazo relativamente
palavra pertencia a uma catego­ normal, mas graves défícits na me­
ria indicada mória de longo prazo (Shallice, 1979;
Warrington, 1982)
32 Robert J. Sternberg
P sico lo g ia C o g n itiv a 33

Por um lado, as características da situação te), estabelecendo relações entre seu funciona­ Auto-avaliações, estudos de caso e Em um protocolo verbal, os participantes descre­
ou tarefa podem ser manipuladas por meio de mento cognitivo antes da morte e características observação naturalista vem em voz alta todos os seus pensamentos e as
observáveis no cérebro. A segunda categoria é Experimentos individuais e estudos psico- suas idéias durante a realização de uma determi­
atribuição aleatória dos participantes ao grupo
de tratamento ou de controle; por outro, essas a das técnicas para estudar imagens mostran­ biológicos, na maior parte das vezes, se concen­ nada tarefa cognitiva (por exemplo, "gosto mais
características não são facilmente manipuladas do estruturas ou atividades no cérebro de um tram na especificação precisa de determinados do apartamento com a piscina, mas não posso
aspectos da cognição nos indivíduos. Para se pagar, então tenho que escolher...").
de forma experimental. Por exemplo, suponha indivíduo que se sabe ter um determinado dé­
que o investigador queira estudar os efeitos dó ficit cognitivo. A terceira é a das técnicas para obter informações ricamente detalhadas so­ Uma alternativa a um protocolo verbal é
envelhecimento sobre a velocidade e sobre a se obter informações sobre processos cerebrais bre como determinados indivíduos pensam os participantes relatarem informações espe­
em uma ampla gama de contextos, os pesqui­ cíficas com relação a um determinado aspecto
precisão da solução de problemas. O pesquisa­ durante o desempenho normal de uma ativida­
dor não pode atribuir aleatoriamente os parti­ de cognitiva. sadores podem usar outros métodos, os quais de seu processamento cognitivo. Considere­
incluem auto-avaliações ou auto-relatos(a descri­ mos, por exemplo, um estudo de solução de
cipantes a vários grupos porque as idades das Os estudos post-mortem ofereceram algu­
ção de processos cognitivos pelo próprio indi­ problemas por meio de insight (ver Capítulo
pessoas não podem ser manipuladas (embora mas das primeiras visões acerca de como lesões
víduo), estudos de caso (estudos em profun­ 11). Pediu-se que os participantes relatassem,
participantes de vários grupos etários possam específicas (em determinadas localizações cere­
didade de indivíduos) e observação naturalista em intervalos de 15 segundos, classificações
ser atribuídos de maneira aleatória a várias brais) podem ser associadas com déficits cog­
(estudos detalhados do desempenho cognitivo numéricas indicando o quanto pensavam estar
condições experimentais). Nessas situações, os nitivos específicos. Esses estudos continuam
em situações cotidianas e contextos fora de la­ próximos de chegar a uma solução para um
pesquisadores, muitas vezes, usam outros tipos fornecendo visões úteis de como o cérebro in­
boratório). Por um lado, a pesquisa experimen­ dado problema. Infelizmente, até mesmo esses
de estudos, como os que envolvem correlação fluencia o funcionamento cognitivo. Avanços
tal é mais útil para testar hipóteses. Por outro, métodos de auto-avaliação têm suas limita­
(uma relação estatística entre dois ou mais atri­ tecnológicos recentes também têm possibilitado
a pesquisa baseada em auto-avaliações, estudos ções. Como exemplo, os processos cognitivos
butos, como características dos participantes ou cada vez mais que os pesquisadores estudem
de caso e observação naturalista costuma ser podem ser alterados pelo ato de apresentar o
da situação). As correlações são expressas como indivíduos com déficits cognitivos conhecidos
bastante útil para formular hipóteses. relatório (como processos envolvendo formas
números em uma escala que começa em -1,00 in vivo (enquanto o indivíduo ainda está vivo).
A confiabilidade de dados baseados em vá­ breves de memória; ver Capítulo 5). Outro
(uma correlação negativa), passa por 0 (sem O estudo de indivíduos com funções cognitivas
rios tipos de auto-avaliações depende da sin­ exemplo: os processos cognitivos podem ocor­
correlação) e chega a 1,00 (correlação positiva). anormais vinculadas a lesões cerebrais, muitas
ceridade dos participantes que fornecem essas rer fora da consciência (como os que não exi­
Por exemplo, pode-se esperar uma correlação vezes, melhora nosso entendimento das fun­
avaliações. Eles podem ser completamente ver­ gem atenção consciente ou que acontecem de
negativa entre fadiga e vigilância. Provavel­ ções cognitivas normais.
dadeiros, mas as avaliações que envolvem infor­ forma tão rápida, que não conseguimos notá-
mente não haveria qualquer correlação entre Além disso, os pesquisadores da psicologia
mações da memória (como diários, descrições los; ver Capítulo 3). Para entender algumas
inteligência e comprimento do lobo da orelha, estudam alguns aspectos do funcionamento
em retrospectiva, questionários e levantamentos) das dificuldades das auto-avaliações, faça as
e seria provável uma correlação entre tamanho cognitivo normal estudando a atividade cere­
são, na verdade, menos confiáveis do que as for­ seguintes tarefas propostas na seção "Inves­
do vocabulário e compreensão de leitura. bral em participantes animais. Os pesquisado­
necidas durante o processamento cognitivo sob tigando a Psicologia Cognitiva". Reflita sobre
As conclusões das relações estatísticas são res, em geral, usam animais para experimentos
investigação. A razão é que os participantes, às suas experiências com auto-avaliações.
altamente informativas. Seu valor não deveria envolvendo procedimentos neurocirúrgicos que
vezes, se esquecem do que fizeram. Ao estudar Individualmente, faça uma das seguintes
ser subestimado. Além disso, como oS estudos não podem ser realizados em seres humanos,
processos cognitivos complexos, como solução séries de perguntas à metade de seus amigos,
correlacionais não exigem a atribuição aleató­ pois seriam difíceis, antiéticos ou impraticáveis.
de problemas ou tomada de decisões, os pesqui­ e à outra metade, a outra série. Peça-lhes que
ria de participantes a condições de tratamento Por exemplo, estudos que mapeiem a atividade
sadores muitas vezes usam um protocolo verbal. respondam o mais rápido que puderem:
e controje, esses métodos podem ser aplicados neural no córtex foram realizados em gatos ou
com flexibilidade. Entretanto, tais estudos ge­ macacos (como a pesquisa psicobiológica sobre
ralmente não permitem inferências inequívo­ como o cérebro responde a estímulos visuais;
cas com relação à causalidade. Como resul­ ver Capítulo 4).
tado, muitos psicólogos cognitivos preferem O funcionamento cognitivo e cerebral de 1. Sem olhar para seus sapatos, tente relatar em voz alta os vários pas­
fortemente os dados experimentais aos dados animais e de seres humanos anormais pode sos envolvidos no ato de amarrá-los.
correlacionais. ser generalizado e aplicado ao funcionamento 2. Recorde em voz alta o que você fez em seu último aniversário.
cognitivo de seres humanos normais? Os psicó­ 3. Agora, amarre seus sapatos de verdade (ou outra coisa, como um
Pesquisa psicobiológica logos responderam a essas perguntas de várias barbante em tomo da perna de uma mesa), relatando em voz alta os
Por meio da pesquisa psicobiológica, os inves­ formas. A maioria delas ultrapassa os limites passos que realiza. Voçê observa alguma diferença entre a Tarefa 1 e
tigadores estudam a relação entre desempenho deste capítulo (ver Capítulo 2). Apenas como a Tarefa 3?
cognitivo e eventos e estruturas cerebrais. O exemplo, para alguns tipos de atividade cog­ 4. Relate em voz alta como você trouxe para a consciência os passos
Capítulo 2 descreve várias técnicas específicas nitiva, a tecnologia disponível permite que os envolvidos em amarrar seus sapatos ou as memórias que tem de seu
usadas na pesquisa psicobiológica, as quais ge­ pesquisadores estudem a atividade cerebral di­ último aniversário. Você pode relatar com exatidão como trouxe as
ralmente caem em três categorias. A primeira nâmica de participantes humanos normais du­ informações para a consciência? Consegue relatar qual parte de seu
delas é a das técnicas para estudar o cérebro de rante o processamento cognitivo (ver Técnicas cérebro estava mais ativa durante cada uma dessas tarefas?
um indivíduo post-mortem (depois de sua mor­ de Imagem Cerebral descritas no Capítulo 2). _
34 Robert J. Stern serg Ps ic o l o g ia C o g n itiv a 3 5

Conjunto 1: Simulações por computador e ou são gerais para uma série de domí­
inteligência artificial
QUESTÕES FUNDAMENTAIS E CAMPOS nios? As observações em um domínio se
1. O que o bicho-da-seda tece?
DA PSICOLOGIA COGNITIVA aplicam a todos ou apenas aos domínios
2. Qual é um material conhecido para fazer Os computadores digitais cumpriram um
papel fundamental no surgimento do estudo específicos observados?
roupas que vem do bicho-da-seda? No decorrer deste capítulo, fizemos alusões
da psicologia cognitiva. Um tipo de influência a alguns dos temas fundamentais que surgem 5. Validade das inferências causais versus va­
3. O que as vacas bebem?
é a direta - por meio de modelos de cognição no estudo da psicologia cognitiva. Como esses lidade ecológica: Devemos estudar a cog­
Conjunto 2: humana baseados na forma como os computa­ sistemas aparecem repetidas vezes nos vários nição usando experimentos altamente
dores processam a informação. Outro tipo é di­ capítulos deste livro, segue-se um sumário. Al­ controlados que aumentam a probabili­
1. O que as abelhas fazem?
reto - por meio de simulações por computador gumas dessas questões vão ao próprio âmago dade de inferências válidas com relação
2. O que cresce nos campos que é poste­ e inteligência artificial. da natureza da mente humana. à causalidade? Ou devemos usar técni­
riormente transformado em material Nas simulações, os pesquisadores progra­ cas mais naturalistas, que aumentam a
para roupas? mam os computadores para imitar uma deter­ probabilidade de se chegar a conclusões
3. 0 que as vacas bebem? minada função ou um processo humano. Entre Temas subjacentes ao estudo da ecologicamente válidas, mas possivel­
os exemplos, estão o desempenho em tarefas psicologia cognitiva mente à custa de controle experimental?
Muitos de seus amigos, quando chegarem à cognitivas específicas (como a manipulação de 6. Pesquisa aplicada versus pesquisa básica:
pergunta 3, no Conjunto 1, dirão "leite", quan­ Se revisarmos as principais idéias deste ca­
objetos no espaço tridimensional) e o desem­ Devemos realizar pesquisa sobre pro­
do todos sabemos que as vacas bebem água. A pítulo, descobriremos alguns dos temas centrais
penho de determinados processos cognitivos cessos cognitivos fundamentais? Ou de­
maioria dos seus amigos que responderem ao que são subjacentes a toda a psicologia cogniti­
(como o reconhecimento de padrões). Alguns vemos estudar formas de ajudar as pes­
Conjunto 2 dirá "água", e não leite. Você aca­ va. Eis sete deles:
pesquisadores até já tentaram criar modelos de soas a usar a cognição de modo eficaz
ba de realizar um experimento. O método do computador de toda a arquitetura cognitiva da em situações práticas? Os dois tipos de
1. Inato versus adquirido: Qual é mais in­
experimento divide as pessoas em dois grupos mente humana. Seus modelos estimularam dis­ pesquisa podem ser combinados dialeti-
fluente na cognição humana: aquilo que
iguais, muda um aspecto entre os dois grupos cussões acaloradas sobre como pode ser o fun­ camente, de forma que a pesquisa básica
nos é inato ou o que adquirimos? Se acre-
(em seu caso, você fez uma série de pergun­ cionamento da mente como um todo (ver Capí­ leve à pesquisa aplicada, que leva a mais
ditàrmos que as características inatas da
tas antes de fazer uma pergunta importante) e tulo 8). Por vezes, a distinção entre simulação e pesquisa básica, e assim por diante?
cognição humana são mais importantes,
mede a diferença entre os dois grupos. O nú­ inteligência artificial não é clara. Um exemplo poderemos concentrar nossa pesquisa no 7. Métodos biológicos versus métodos comporta-
mero de erros é o que você está medindo, e é seria o de certos programas projetados para si­ estudo dessas características. Se acreditar­ mentais: devemos estudar o cérebro e seu
provável que seus amigos do grupo 1 cometam mular o desempenho humano e maximizar o mos que o ambiente cumpre um papel im­ funcionamento diretamente, talvez, até
mais erros do que os do grupo 2. funcionamento ao mesmo tempo. portante na cognição, poderemos realizar mesmo, fazendo escaneamentos no cére­
Os estudos de caso (por exemplo, o estudo
uma pesquisa explorando de que forma bro enquanto as pessoas realizam tarefas
de indivíduos excepcionalmente dotados) e as
Juntando tudo as características distintivas do ambiente cognitivas? Ou devemos estudar o com­
observações naturalistas (como a observação
parecem influenciar a cognição. Hoje em portamento das pessoas em tarefas cogni­
de indivíduos operando em usinas nucleares) Os psicólogos cognitivos, muitas vezes,
dia, a maioria dos estudiosos acredita que tivas, observando medidas como porcen­
podem ser usados para complementar con­ ampliam e aprofundam seu entendimento da
os fatores inatos e os adquiridos intera­ tagem de acertos e tempo de reação?
clusões de experimentos de laboratório. Os cognição por meio da pesquisa na ciência cogni­
gem em quase tudo o que fazemos.
primeiros dois métodos de pesquisa cognitiva tiva. A ciência cognitiva é um campo transdis- Embora muitas dessas perguntas sejam apre­
oferecem alta validade ecológica - o grau no ciplinar que usa idéias e métodos da psicologia 2. Racionalismo versus empirismo: Como po­
sentadas na forma excludente "ou...ou", lembre-
cognitiva, psicobiologia, inteligência artificial, demos descobrir a verdade sobre nós mes­
qual conclusões específicas em um contexto se de que, muitas vezes, uma síntese de visões
ambiental podem ser consideradas relevantes filosofia, lingüística e antropologia (Nickerson, mos e sobre o mundo em que vivemos?
ou métodos se mostra mais útil do que uma ou
2003; Von Eckardt, 2003). Os cientistas da cog­ Devemos fazê-lo tentando raciocinar logi­
fora daquele contexto. Como você talvez saiba, outra posição extrema. Por exemplo, nossas ca­
nição usam essas idéias, e esses métodos a fim camente, com base no que já sabemos? Ou
a ecologia é o estudo do relacionamento inte­ racterísticas inatas podem proporcionar uma
de tratar do estudo de como os seres humanos devemos fazê-lo observando e testando
rativo entre um organismo (ou organismos) e estrutura herdada para nossas características e
nossas observações sobre o que percebe­
seu ambiente. Muitos psicólogos cognitivos adquirem e usam o conhecimento. Os psicólo­ para nossos padrões distintivos de pensamento e
mos por meio de nossos sentidos?
buscam entender o relacionamento interativo gos cognitivos também fazem uso do trabalho ação, mas o que adquirimos pode moldar as ma­
entre processos de pensamento humano e os conjunto com outros tipos de psicólogos. Entre 3. Estruturas versus processos: devemos es­ neiras específicas nas quais nós desenvolvemos
ambientes nos quais os seres humanos estão os exemplos estão os psicólogos sociais (como tudar as estruturas (conteúdos, atributos essa estrutura. Podemos usar métodos empíricos
pensando. Às vezes, os processos cognitivos no campo transdisciplinar da cognição social), e produtos) da mente humana? Ou de­ para coletar dados e testar hipóteses, mas pode­
que são comumente observados em um am­ os psicólogos que estudam a motivação e a emo­ vemos nos concentrar nos processos de mos usar métodos racionalistas para interpretar
biente (por exemplo, em um laboratório) não ção, e os profissionais da chamada psicologia da pensamento humano? os dados, construir teorias e formular hipóteses
são idênticos àqueles observados em outro engenharia (engineering psychologists, ou seja, os 4. Generalidade de domínio versus especifici­ baseadas em teorias. Nosso entendimento da
(como em uma torre de controle de tráfego aé­ psicólogos que estudam a interação entre seres dade de domínio: Os processos que obser­ cognição se aprofunda quando consideramos
reo ou em uma sala de aula). humanos e máquinas). vamos são limitados a domínios únicos a pesquisa básica sobre os processos cognitivos
36 Robert J. Sternberg PsicoioG iA C o g n itiv a 3 7

fundamentais e a pesquisa aplicada com relação portante da ciência também é a predição. podem nos desviar. Nossas memórias Uma das áreas mais interessantes da
aos usos efetivos da cognição em ambientes da A teoria de Tulving e Thomson levou-os e nossos processos de raciocínio, por psicologia cognitiva hoje em dia é a inter­
vida real. As sínteses estão evoluindo de modo a predizer as circunstâncias sob as quais exemplo, são suscetíveis a certos erros face entre os níveis cognitivo e biológico
permanente. Aquilo que hoje pode ser visto a recordação deveria ser melhor do que sistemáticos, bem identificados. Por de análise. Nos últimos anos, por exem­
como síntese, amanhã pode ser considerado o reconhecimento. Uma coleta de dados exemplo, tendemos a supervalorizar a plo, tornou-se possível localizar a ativi­
como uma posição extrema, e vice-versa. posterior provou que eles estavam cer­ informação que está disponível a nós, e dade no cérebro associada a vários tipos
tos. Em determinadas circunstâncias, a o fazemos mesmo quando essa informa­ de processos cognitivos; porém, é preci­
recordação é até melhor do que o reco­ ção não é totalmente relevante ao proble­ so ter cuidado com a conclusão de que a
nhecimento. A teoria, assim, sugeriu em ma que temos em mãos. Em geral, todos atividade biológica é causal em relação à
que circunstâncias, entre as muitas que os sistemas - naturais ou artificiais - são atividade cognitiva. A pesquisa demons­
IDÉIAS FUNDAMENTAIS NA
se examinam, deve haver limitações à baseados em compensações. As mesmas tra que a aprendizagem que causa mu­
PSICOLOGIA COGNITIVA
generalização. Sendo assim, a teoria nos características que os tornam bastante danças no cérebro - em outras palavras,
Algumas idéias fundamentais parecem sur­ ajuda na explicação e na predição. eficientes em uma ampla variedade de os processos cognitivos - pode afetar as
gir com freqüência na psicologia cognitiva, inde­ Ao mesmo tempo, a teoria sem dados circunstâncias podem torná-los inefi­ estruturas biológicas da mesma maneira
pendentemente dos fenômenos específicos estu­ é vazia. Praticamente qualquer um pode cientes em circunstâncias específicas. que elas podem afetar os processos cog­
dados. A seguir, são apresentadas o que se pode sentar-se em uma poltrona e propor uma Um sistema que seria extremamente efi­ nitivos. Dessa forma, as interações entre
considerar como cinco idéias fundamentais. teoria - até mesmo uma que pareça plau­ ciente em cada circunstância específica cognição e outros processos podem acon­
sível - mas a ciência requer a testagem seria ineficiente em uma ampla varieda­ tecer em muitos níveis. O sistema cogniti­
1. Os dados na psicologia cognitiva só podem de de circunstâncias, apenas porque se vo não opera de maneira isolada; ele fun­
empírica dessas teorias. Sem essa testa­
ser entendidos completamente no contexto tomaria complicado e complexo demais. ciona em interação com outros sistemas.
gem, as teorias permanecem meramente
de uma teoria explicativa, mas as teorias são Portanto, os seres humanos representam
especulativas, de forma que teorias e da­ 4. A cognição deve ser estudada por meio de
vazias sem dados empíricos. uma adaptação eficiente, mas imperfei­
dos dependem entre si. As teorias geram uma série de métodos científicos.
A ciência não é apenas um conjunto ta, dos ambientes que enfrentam.
coleta de dados, os quais ajudam a cor­ Não há uma forma certa de estudar
de fatos coletados de forma empírica. Em
rigir as teorias, o que, então, leva a mais 3. Os processos cognitivos interagem uns com a cognição. Pesquisadores ingênuos, às
lugar disso, comporta fatos que são ex­
plicados e organizados por teorias cien­ coletas de dados, e assim por diante. É os outros e com processos não-cognitivos. vezes, buscam o "melhor" método com
por meio dessa interação entre teoria e Embora tentem estudar e, muitas ve­ o qual fazer esse estudo. Sua busca ine­
tíficas. As teorias dão sentido aos dados.
Por exemplo, suponhamos que se saiba dados que aumentamos o conhecimento zes, isolar o funcionamento de proces­ vitavelmente será em vão, pois todos os
que a capacidade das pessoas de reco­ científico. sos cognitivos específicos, os psicólogos processos cognitivos precisam ser estu­
nhecer informações que já tenham visto 2. A cognição geralmente é adaptativa, mas não cognitivos sabem como esses processos dados por meio de diversas operações
é melhor que sua capacidade de recordar em todas as circunstâncias específicas. podem trabalhar juntos, Por exemplo, convergentes, ou seja, de métodos varia­
essas informações. Como exemplo, elas Ao pensarmos em todas as formas os processos de memória dependem de dos de estudo que buscam um entendi­
são melhores em reconhecer se ouviram nas quais se podem cometer erros, é im­ processos de percepção. O que lembra­ mento comum. Quanto mais diferentes
uma palavra dita em uma lista do que pressionante o quanto nossos sistemas mos depende em parte do que percebe­ tipos de técnicas levarem à mesma.con­
em se lembrar da palavra sem que ela cognitivos operam bem. A evolução nos mos. Da mesma forma, os processos de clusão, maior a confiança que se pode ter
seja apresentada. Essa é uma generaliza­ serviu muito bem na moldagem do de­ pensamento dependem em parte dos nessa conclusão. Por exemplo, suponha­
ção empírica interessante; no entanto, a senvolvimento de um aparato cognitivo processos de memória: não se pode re­ mos que estudos de tempos de reação,
ciência exige que sejamos capazes não só que é capaz de decodificar com precisão fletir sobre aquilo que não é lembrado. taxas de erro e padrões de diferenças
de fazer a generalização, como também os estímulos ambientais, além de enten­ Entretanto os processos não-cognitivos individuais levem, todos, à mesma con­
de entender por que a memória funciona der os estímulos internos que compõem também interagem com os cognitivos. clusão. Assim, pode-se ter muito mais
assim. Um objetivo importante da ciên­ a maior parte das informações disponí­ Por exemplo, aprendemos melhor quan­ confiança na conclusão do que se apenas
cia é a explicação. Na ausência de uma veis a nós. Podemos perceber, aprender, do estamos motivados para aprender. um método levasse a essa conclusão.
teoria, uma generalização empírica não lembrar, raciocinar e resolver problemas Em contrapartida, nossa aprendizagem Os psicólogos cognitivos precisam
oferece uma explicação. Outro aspecto com grande precisão. E o fazemos ainda talvez seja reduzida se estivermos cha­ aprender uma série de diferentes tipos
importante é que a teoria nos ajuda a en­ que isso nos seja dificultado constante­ teados com alguma coisa e não conse­ de técnicas para fazer bem seu trabalho.
tender as limitações das generalizações mente por uma grande quantidade de guirmos nos concentrar na tarefa de Contudo, todos esses métodos devem
empíricas, além de quando e por que estímulos. Qualquer estímulo poderia aprendizagem em questão. Sendo assim, ser científicos. Os métodos científicos di­
elas ocorrem. Por exemplo, uma teoria com facilidade nos distrair do processa­ psicólogos cognitivos procuram estudar ferem de outros no sentido de que ofere­
proposta por Tulving e Thomson (1973) mento adequado das informações, mas os processos cognitivos não apenas de cem a base para a natureza autocorretiva
sugeria que, na verdade, o reconheci­ os mesmos processos que nos levam a forma isolada, como também em suas da ciência. Com o passar do tempo, cor­
mento nem sempre deveria ser melhor perceber, lembrar e raciocinar com pre­ interações uns com os outros e com os rigimos nossos erros. A razão para isso
do que a recordação. Um objetivo im­ cisão, na maioria das situações, também processos não-cognitivos. é que os métodos científicos nos permi­
3 8 Ro bert J. S ternberg P sic o lo g ia C o g n itiv a 39

tem refutar nossas expectativas quan­ Panorama dos capítulos Capítulo 8 Representação e organização de importantes? Como tiramos conclusões
do elas estão equivocadas. Os métodos conhecimento na memória: conceitos, cate­ razoáveis das informações que nos estão
Os psicólogos cognitivos têm se envolvido gorias, redes e esquemas - Como organiza­ disponíveis? Por que e como, com tanta
não-científicos não apresentam essa ca­
no estudo de uma ampla gama de fenômenos mos mentalmente o que sabemos? Como freqüência, tomamos decisões inadequa­
racterística. Por exemplo, os métodos de
psicológicos, o qual inclui não apenas a per­ manipulamos e operamos com relação ao das e chegamos a conclusões incorretas?
investigação que dependem apenas da
cepção, a aprendizagem, a memória e o pen­ conhecimento - fazemos isso por proces­
fé ou da autoridade para determinar a Capítulo 13 Inteligência artificial e humana -
samento, como também fenômenos que apa­ so em série, por meio de processamento
verdade podem ter valor em nossas vi­ Por que consideramos algumas pessoas
rentemente são de orientação menos cognitiva, paralelo ou por meio de alguma combi­
das, mas não são científicos e por isso mais inteligentes do que outras? Por que
como emoção e motivação. Na verdade, quase nação de processos?
não são autocorretivos. Na verdade, algumas pessoas parecem mais capazes
qualquer tópico de interesse psicológico pode
as palavras de uma autoridade podem Capítulo 9 Linguagem: natureza e aquisição - de atingir o que querem nos campos que
ser estudado de uma perspectiva cognitiva.
ser substituídas pelas de outra amanhã, Como deduzimos e produzimos sentido escolhem?
Não obstante, há algumas áreas principais de
sem que se saiba qualquer coisa nova por meio da linguagem? De que forma
interesse dos psicólogos cognitivos. Neste livro, Neste livro, procuro enfatizar as idéias
sobre o fenômeno a qué as palavras se adquirimos a linguagem, tanto nossa
tentamos descrever algumas das respostas pre­ comuns e os temas organizadores de vários
aplicam. Como o mundo aprendeu há primeira língua como outras?
liminares para as perguntas feitas pelos pesqui­ aspectos da psicologia cognitiva, em lugar de
muito tempo, o fato de que importantes Capítulo 10 Língua em contexto - De que
sadores nas principais áreas de interesse. simplesmente apresentar os fatos. Segui esse
dignitários digam que a Terra está no forma o uso da linguagem interage com
centro do universo não faz com que isso Capítulo 2 Neurociência cognitiva - Quais são caminho para ajudar o leitor a perceber pa­
nossas formas de pensamento? Como
seja verdade. as estruturas e os processos do cérebro drões consideráveis e significativos no domí­
nosso mundo social interage com nosso
humano que estão por trás das estruturas nio da psicologia cognitiva. Também tentei lhe
5. Toda a pesquisa básica em psicologia cogni­ uso da linguagem?
e dos processos da cognição humana? oferecer alguma idéia de como os psicólogos
tiva pode levar a aplicações e toda a pesquisa Capítulo 11 Solução de problemas e criatividade cognitivos pensam e como estruturam seu cam­
aplicada pode levar a conhecimentos básicos. Capítulo 3 Atenção e consciência - Quais são - Como solucionamos problemas? Quais po em seu trabalho cotidiano. Espero que essa
Os políticos e, às vezes, até mesmo os processos mentais básicos que regem processos nos ajudam e quais nos impe­ abordagem venha a lhe ajudar a examinar os
os cientistas, gostam de fazer distinções a forma como a informação entra em dem de atingir soluções para problemas? problemas da psicologia cognitiva em um nível
claras entre a pesquisa básica e a aplica­ nossa mente, em nossa consciência e em Por que alguns de nós são mais criativos mais profundo do que seria possível sem ela.
da, mas a verdade é que a distinção, em nossos processos de alto nível para tratar do que outros? Como nos tornamos e No final, o objetivo dos psicólogos cognitivos
geral, não é nem um pouco clara. Pes­ a informação? permanecemos criativos? é entender não apenas como as pessoas podem
quisas que pareciam ser básicas acabam Capítulo 4 Percepção - Como a mente huma­ Capítulo 12 Tomada de decisões e raciocínio pensar em seus laboratórios, mas, também
levando a aplicações imediatas. Da mes­ na percebe o que os sentidos recebem? - De que forma chegamos a decisões como elas pensam em suas vidas cotidianas.
ma forma, pesquisas que parecem que Como a mente humana adquire distin­
serão aplicadas, por vezes, levam rapida­ tivamente a percepção de formas e pa­
mente a conhecimentos básicos, haja ou drões?
não aplicações imediatas. Por exemplo, RESUMO
Capítulo 5 Memória: modelos e métodos de pes­
uma conclusão básica da pesquisa sobre
quisa - De que forma tipos diferentes de 1. O que é psicologia cognitiva? A psicologia ria das idéias parecia avançar por meio de
aprendizagem e memória é que a apren­
informação (por exemplo, nossas expe­ cognitiva é o estudo de como as pessoas um processo dialético.
dizagem é melhor quando distribuída no
riências relacionadas a um evento trau­ percebem, aprendem, lembram e pensam a 3. Como a psicologia cognitiva desenvolveu-
tempo do que quando é amontoada em
mático, os nomes dos presidentes dos informação. se a partir da psicologia? No século XX, a
um intervalo curto. Essa conclusão bási­
Estados Unidos ou o procedimento para 2. De que forma a psicologia desenvolveu- psicologia havia surgido como um campo
ca tem uma aplicação imediata a estraté­
se andar de bicicleta) são representados se como ciência? Começando com Platão distinto de estudos. Wundt concentrou-
gias de estudo. Ao mesmo tempo, as pes­
na memória? e Aristóteles, as pessoas refletiram sobre se nas estruturas da mente (levando ao
quisas sobre testemunhos oculares, que
parecem, à primeira vista, ser bastante Capítulo 6 Processos de memória - Como le­ como adquirir conhecimento da verdade. estruturalismo), enquanto James e Dewey
aplicadas, melhoraram nosso entendi­ vamos a informação para a memória, Platão sustentava que o racionalismo ofe­ trataram dos processos da mente (funciona­
mento dos sistemas de memória e de até como a mantemos lá e como a recupera­ rece um caminho claro à verdade, ao passo lismo). A partir dessa dialética, surgiu o as­
onde os seres humanos constroem suas mos da memória quando é necessário? que Aristóteles defendia o empirismo como sociacionismo, defendido por EbbinghaUs
próprias memórias. Ela não reproduz Capítulo 7 Representação do conhecimento na caminho ao conhecimento. Séculos mais e Thomdike, que abriu o caminho para o
apenas o que acontece no ambiente. memória: imagens e proposições - Como re­ tarde, Descartes ampliou o racionalismo behaviorismo ao sublinhar a importância
Antes de encerrar este capítulo, pense presentamos mentalmente as informações de Platão, enquanto Locke elaborava sua das associações mentais. Outro passo rumo
sobre alguns dos campos da psicologia em nossas mentes? Fazemos isso com pa­ teoria a partir do empirismo de Aristóteles. ao behaviorismo foi a descoberta de Pavlov
cognitiva, descritos nos capítulos restan­ lavras, imagens ou com alguma outra for­ Kant ofereceu uma síntese desses opostos dos princípios do condicionamento clás­
tes, aos quais esses temas e essas questões ma para representar sentido? Ou temos aparentes. Décadas depois de Kant propor sico. Watson e, mais tarde, Skinner foram
fundamentais possam ser aplicados. múltiplas formas de representação? sua síntese, Hegel observou como a histó- os principais proponentes do behaviorismo,

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