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CENTRO UNIVERSITÁRIO NOBRE DE FEIRA DE SANTANA

BARBARA ADORNO DA SILVA

JOSIANE DE ARAÚJO

MATHEUS DE JESUS ABDON

SAMUEL FERREIRA MIRANDA

THAÍS SANTOS SOUZA

ANÁLISE FÍLMICA: AS VANTAGENS DE SER INVISÍVEL

Feira de Santana
2021
BARBARA ADORNO DA SILVA

JOSIANE DE ARAÚJO

MATHEUS DE JESUS ABDON

SAMUEL FERREIRA MIRANDA

THAÍS SANTOS SOUZA

ANÁLISE FÍLMICA: AS VANTAGENS DE SER INVISÍVEL

Atividade apresentada ao Curso de


Psicologia, da Universidade Nobre de
Feira de Santana – Ba, como requisito
avaliativo da disciplina: Fenomenologia,
humanismo e existencialismo.

Professora: Joelma Silva.

Feira de Santana
2021
1. Sinopse do filme

Lançado em 2012 o filme dirigido por Stephen Chomsky, conta a história de


um jovem chamado Charlie (Logan Lerman), que carrega um trauma da infância, a
morte de sua tia e a perda recente de seu melhor amigo Michael. O jovem está
voltando para a escola e enfrenta diversos desafios em se readaptar.
Charlie é um aspirante a escritor e encontra em seu professor de literatura um
incentivo a escrita e um ânimo de continuar cultivando amizades. Ao ir a um jogo de
rugbby o personagem principal acaba encontrando duas pessoas, que assim como
ele, são diferentes, mas que assumem essa postura sem se envergonhar ou se
retraem, como o mesmo fazia, isso o atraiu e ajudou a tomar coragem para falar
com eles. essas duas pessoas eram Sam (Emma Watson) e Patrick (Ezra Miller),
que se tornaram seus companheiros nesse novo ano na escola e é com eles que
Charlie aos poucos vai se restabelecendo, se sentindo confiante e seguro.
Encontrando neles o acolhimento que ele precisava.
Com o passar do tempo e com a maior aproximação com os novos amigos,
Charlie se apaixona por San, porem ela esta interessada e começa um
relacionamento com outro rapaz, assim o jovem apaixonado, resolveu direcionar o
seu olhar apenas para a boa amiga que ela vem sendo e não revela, a princípio, seu
interesse pela mesma. Ao longo do drama várias coisas vão acontecendo e levando
Charlie a voltar a sofrer alucinações referente ao seu passado, traumas e culpas que
ele carrega até o momento presente. Um dos motivos para isso voltar a acontecer, é
a falta que seus novos amigos começam a fazer após findar o ano letivo, e os
mesmos mudarem de cidade e ingressarem em uma universidade. Não sabendo
lidar com isso ele é internado e passado por um processo terapêutico doloroso, mas
necessário para a sua reabilitação e estabilidade emocional.

2. Abordagem: Centrada na Pessoa (ACP)


Acerca dos estágios de desenvolvimento dos estudos por Rogers (1977, p.
150), cada ramo da ciência passa por um processo de desenvolvimento marcado
por um certo número de estágios. É natural, portanto, que os primeiros estágios
desse desenvolvimento comportem observações e hipóteses grosseiras, até mesmo
falhas e critérios imperfeitos. Ele ainda afirma que, apesar destes erros, é possível
qualificar estes trabalhos de científicos. Com efeito, segundo Rogers, o que importa
em relação ao progresso de uma ciência não é o grau de refinamento dos
instrumentos. É a orientação da pesquisa.

Se esta se orienta para o estabelecimento de critérios mais exatos, de


hipóteses mais específicas, de enunciados teóricos mais bem fundados, de
definições mais válidas, estamos diante de um ramo da ciência saudável e
vigoroso. Ao contrário, se a investigação não se efetua no sentido de uma
precisão, de uma diferenciação e de uma validade crescentes, trata-se de
uma pseudociência estéril — mesmo que os métodos que utilize sejam os
mais exatos. Toda a verdadeira ciência implica mudança e progresso e não
tolera a imobilidade e a rigidez. (ROGERS, 1977, Ca. VII p. 150).

3. Acerca da Tendência de Atualização do Eu:


Conforme Rogers (1977 p. 160) a tendência atualizante rege todo o
organismo, ela se exprime igualmente no setor da experiência que corresponde à
estrutura do "eu” — estrutura que se desenvolve à medida que o organismo se
diferencia. Quando há acordo entre o "eu” e o "organismo”, isto é, entre a
experiência do “eu” e a experiência do "organismo”, na sua totalidade, a tendência
atualizante funciona de maneira relativamente unificada. Quando há conflito entre os
dados experienciais relativos ao eu e os relativos ao "organismo”, para Rogers, a
tendência à atualização do organismo pode ser contrária à tendência à atualização
do eu.

4. Acerca de Sentimento: Experimentar um Sentimento Presente


Rogers (1977 p. 162) sugere que a noção de sentimento abrange pois ao
mesmo tempo a experiência afetiva e a significação cognitiva desta experiência, tal
como é experimentada no seu contexto vivido, imediato. Para tal entendimento,
Rogers apresenta a seguinte ilustração:

A noção de sentimento se refere ao que poderia se chamar "um tema


experiencial breve” tal como "sinto-me ansioso”, "tenho vergonha do que
sinto quando estou perto dela”, etc.; e que esta noção procura ressaltar a
unidade emocional-cognitiva indivisível de certas experiências tais como são
vividas no momento presente. Quanto à expressão: "experimentar
plenamente um sentimento”, sua significação se aproxima da que acaba de
ser descrita sob a noção de "experiência plenamente experimentada”. A
frase seguinte, típica do cliente que toma consciência do caráter único de
sua relação com o terapeuta, nos dá um exemplo de uma experiência
plenamente sentida: "Neste momento, sinto pela primeira vez que, na
verdade, o doutor se interessa por mim”. Neste tipo de experiência existe de
acordo entre a. a experiência do sentimento, b. sua apreensão e c. sua
manifestação. (ROGERS, 1977, Ca. VIII p. 162).

5. Articulação entre os conceitos e filme


Um tema que aparece no filme é a afirmação de que “aceitamos o amor que
imaginamos merecer”, isso estabelece uma grande semelhança com a noção do
eu, proposta por Carl Rogers, que mexe com os critérios de como o indivíduo vai
perceber o mundo atravessado pela ideia do eu. Se o indivíduo tem uma noção
distorcida, ele se relaciona dessa maneira com o mundo, tão logo a tendência
estará em incongruência.
Nessa perspectiva, é possível perceber que a noção do eu de Charlie se
encontra conturbada, quando ele afirma “estou tentando deixar de ser um
fracassado” e logo dá exemplo escutando a coleção de rock da Sam e pensando
no amor, dizendo que ela comentava que isso era brega e ele concordava
plenamente, ou seja: realmente ele concordava porque estava vivenciando a
liberdade experimental ou será que estava experimentando a necessidade de
aceitação?
Levando em consideração essa liberdade pode se relacionar diretamente
com as percepções, onde ela pode ser mais difícil de ser acessada pela perda
causada em experiências passadas, um exemplo são as não simbolizadas que
deveriam ser simbolizadas, portanto é percebida como uma ameaça sendo assim
evitada, como a lembrança do abuso que sofria pela tia Helen que ocorreu na sua
infância vindo a se manifesta na sua adolescência quando o Charlie beija a Sam.
Quando essa lembrança vem a sua memória, Charlie começa a se culpar
pelo acidente da morte da sua tia, por talvez em algum momento ter desejado
pelos abusos sofridos, já que para as crianças, a abordagem centrada na pessoa,
atribuem um peso positivo ou negativo, dependendo se as experiências são
favoráveis ou não, onde essa realidade vivida vai influenciar seu comportamento.
Essa lembrança gerou uma desorganização em Charlie que o levou perto
de cometer um suicídio, e foi salvo por sua irmã que ligou para a polícia e o
levaram ao hospital. Onde foi feito perguntas pela médica que o atendeu e
informou ao Charlie que não seria possível escolher o passado, mas que ele
poderia decidir pelo presente, onde pode se relacionar com o desenvolvimento de
condições necessárias para o crescimento e também com o fato da reorganização
de experiência que se dá apenas pelo indivíduo, como no caso de Charlie.
Charlie em alguns momentos se encontra na fase não diretiva que é
proposto por Carl Rogers, que apesar dos eventos ocorridos no seu passado,
conseguiu ter um impulso individual para o crescimento e para sua saúde mental.
Podemos observar esse comportamento quando Charlie se esforça para se
socializar e chamar a atenção de Patrick, além de difundir suas amizades e
experimentar coisas novas. O pensamento de Charlie era que seria mais fácil se
prender ao seu passado do que viver o presente, isso fez com que ele não
colaborasse com o seu tratamento psicológico. Mas, ele decide por um caminho
construtivo e positivo, escolhendo responder às perguntas da sua terapeuta onde
contou sobre o caso da sua tia Helen, fazendo uso da tendência atualizante do
organismo para poder ter um crescimento pessoal e emocional.
Diante desta análise, foi percebido que Charlie apresentou dificuldade de
aceitação, consigo mesmo e medo de aceitação para com os outros, tendo
dificuldade de expressar o que pensava ficando em muitas situações calado, por
medo do que irão pensar, tendo como reflexo o bullying que sofreu e uma infância
bastante conturbada, Charlie aceita viver um namoro, onde não estava confortável
nem gostava, porém permaneceu. Por medo de se expressar ele se cala, “Deveria
ser sincero, mas não quero magoá-la”.
REFERÊNCIAS

EVANS, R. I. (1979). Carl Rogers: o homem e suas ideias (M. Ferreira, Trad.). São
Paulo: Martins Fontes

ROGERS, C. R., & Rosenberg, R. L. (1977). A pessoa como centro. São Paulo:
EPU, Ed. Da Universidade de São Paulo.

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