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V Seminá

inário de Pós-Graduação em Filosofia da UFSC


Car
19 a 23 de outubro de 2009

FOUCAULT: A EP
EPISTÈMÊ E O PODER NA MODER
ERNIDADE

Rafael
el F
Fernando Hack
Doutorado – Universid
rsidade Federal de
São CCarlos (UFSCar)
rfha
fhack@gmail.com

Foucault privilegia
gia a análise do poder em duas obras: “Vigia
iar e punir” e “A
vontade de Saber” (primeiro
eiro volume da “História da Sexualidade”) as qu
quais compõem o
chamado período genealó
alógico foucaultiano. O saber, por sua ve
vez, é o objeto
predominante na fase arq
arqueológica, manifestando-se distintamente
te em epistèmês
específicas. Pretendemos,, eentretanto, estabelecer uma aproximação ent
entre os diferentes
períodos mencionados a fim de verificar possíveis influência
cias e eventuais
determinações, limitando-no
nos, todavia, a modernidade.
É, sobretudo, dian
ante dos sistemas punitivos e da sexualidadee qque a análise do
poder se dá na obra de Fouc
ucault. Contudo, nossa proposta privilegia ass m
manifestações de
poder na sexualidade. Prop
ropomos, assim, observar as relações de pod
oder presentes no
primeiro volume da “Histór
tória da Sexualidade” e suas relações com a epi
epistèmê moderna,
objeto de estudo da obra “A
“As palavras e as coisas”.
O conceito de epi
epistèmê é de capital importância na obra “A
“As palavras e as
coisas”. É a análise arqueol
eológica pautada na descrição da epistèmê, do renascimento a
modernidade, que viabiliza
izará o estudo das condições de possibilidadee hhistóricas para a
constituição das ciências hhumanas. Sobre a epistèmê Foucault (2002,
2, p. 217) nos diz
que:

A epistèmê não é uma forma de conhecimento, ou um tipoo dde racionalidade


que, atravessando as ciênci
ncias mais diversas, manifestaria a unidade m
mais soberana de
um sujeito, de um espírito
to ou de uma época; é o conjunto das relações
es que podem ser
descobertas, para uma épo
poca dada, entre as ciências, quando estas sã
são analisadas no
nível das regularidades disc
iscursivas.

Portanto, a epistèm
tèmê figura como uma rede discursiva onde ddistintos limiares
evocam sua possibilidadee dde estabelecimento. Ao invés de fechar-se em uma unidade,

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ela manifesta-se como umaa dispersão discursiva que em determinadoss m


momentos figura
como um a priori histórico
co para determinados discursos.
No final do sécul
culo XVIII uma nova epistèmê se estabelec
leceu, tornando-se
notória, principalmente, de
devido ao rompimento com a representação
ão. Constituiu-se,
assim, um novo saber resp
esponsável pela caracterização do conhecimen
ento. Nesta nova
epistèmê o objeto passa a ser
se conhecido “[...] por ter uma História e a Hi
História é o modo
de saber que dá acesso ao se
ser” (ARAÚJO, 2000, p. 42).
A História comoo nova epistèmê, no século XIX, possibilitou
tou que o homem
fosse pensado através doo ttrabalho, da vida e da linguagem. Foucault
ult nos aponta as
diferenças fundamentais ent
entre esta nova epistèmê (era da História ou epistèmê
epi moderna)
e a epistèmê clássica (ou era da representação):

A or
ordem clássica distribuía num espaço permanente nte as identidades e
as diferenças
di não quantitativas que separavam e uni niam as coisas: era
essa
sa ordem que reinava soberanamente, mas de cada c vez segundo
form
rmas e leis ligeiramente diferentes, sobre o discurs
urso dos homens, o
quad
adro dos seres naturais e a permuta das riquezas.
s. A partir do século
XIX
IX a História vai desenrolar numa série temporal ral as analogias que
apro
roximam uma das outras as organizações distinta ntas. É esta história
quee progressivamente, imporá as suas leis as análises
ses de produção, dos
seres
res organizados e, enfim dos grupos lingüísticos.. A História da lugar
as organizações
o analógicas, tal como a ordem abribria o caminho das
iden
entidades e das diferenças sucessivas. (FOUCAULT LT, 1966, p. 287).

A epistèmê modern
erna tem como base fundamental a História qu
que constituiu de
modo decisivo os novos sab
saberes. Saberes estes remetidos a uma determi
minada construção
temporal. Produção, vida
da e linguagem, empiricidades determinant
antes nesta nova
epistèmê, formam-se, sobret
retudo, diante de analogias temporais.
A era da representa
ntação, por sua vez, pautava-se, sobretudo, naa oorganização e na
representação, o homem nã
não era pensado enquanto objeto de estudo. Co
Contrariamente ao
que ocorre na era da Históri
tória onde é analisado o homem que produz, viv
vive e fala. Enfim,
a História, coloca-se como
mo o solo sobre o qual as ciências humana
anas passam a se
desenvolver. Segundo Fouc
ucault (1966, p. 482):

A H História forma, pois, para as ciências human anas um meio de


acolh
olhimento a um tempo privilegiado e perigoso.. A cada ciência do
hommem dá ela um fundo que a estabelece, lhe fixa um solo e como que
umaa pátria, e determina a área cultural – o episódódio cronológico, a
inser
serção geográfica – onde se pode reconhecer vali alidez a este saber;
mas
as ela cerca essas ciências de fronteira que as lim
imita e arruína logo
de início
i a pretensão que elas tem de valerr no elemento de
univ
iversalidade.

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O rompimento que
ue se efetuou diante da era da representaçãoo ffoi possibilitado,
pela presença de três novos
os saberes: filologia, biologia e economia polí
olítica. A História
enquanto epistèmê fez-se
se presente como tempo investido na produ
dução (economia
política); temporalidade pre
presente no desenvolvimento do indivíduo (bi
(biologia) e como
desenvolvimento históricoo ddas gramáticas comparativas (ARAÚJO, 2000
000, p. 42).
Outra relevante mudança
m no século XIX ocorre com a constituição da
linguagem como objeto dee eestudo da lógica e da lingüística. A linguagem
em passa, então, a
nos possibilitar pensar o hom
homem como portador de um dado discurso. El
Ela institui um ser
próprio, o qual se tornou ob
objeto de conhecimento disponibilizando, entre
tre outras coisas, a
compreensão do mundo.
o. Desenvolvem-se assim, os saberes herm
ermenêuticos e a
psicanálise.
No final do séc
éculo XVIII o homem foi tomado enqua
quanto objeto de
conhecimento, sobretudo,, ppelas ciências da vida, do trabalho e da li
linguagem. Estes
saberes objetivaram o home
mem como um duplo empírico transcendental.
l. P
Por basearem-se
no homem que produz,, tr
trabalha e vive, tendo em vista a condição
ção finita de sua
existência, bem como suas
uas condições históricas, sociais e econômica
icas, estes saberes
foram denominados por Fou
Foucault como analíticas da finitude. Haja vista
ista que aquilo que
estas ciências tomam enqua
quanto objeto de análise, bem como aquilo que
ue disponibiliza o
conhecimento, isto é o ho
homem, é finito. A analítica da finitude, seg
segundo Foucault,
proporciona uma visão dem
emasiadamente antropologizada do homem.
Foucault denuncia
cia a presença de uma referencia constante a antropologia no
pensamento moderno. O ho
homem passa a ser, assim, a referencia e o fundamento
fu para
todo o saber, o que segun
gundo o pensador francês, caracteriza umaa nnova perversão.
Todavia, não se trata dee eliminar a antropologia do horizonte cient
entifico, mas sim,
conferir a esta seu devido pe
peso. Segundo José Ternes (1995, p. 50):

Trata
rata-se de devolver-lhe o seu peso. Trata-se de con
onferir ao homem o
luga
gar que lhe convém. De que Kant, aliás, já susp speitara: indicação,
apen
enas. Não fundamento. Pois não há mais na epistèmê
ep moderna,
nenh
nhum fundamento. Todo o fundamento dispensa sa o saber. Impõe a
sono
nolência intelectual.

Foucault entendee a morte de Deus, declarada por Nietzsche,


e, ccomo um duplo
assassinato onde morreria
ia ttambém o homem que o criou. Com a mort
orte deste homem
morrem respectivamentee estas ciências que se baseiam nele com
omo fundamento.
Fundamento este relativo,, ffinito e disperso. Incapaz, portanto, de susten
tentar o saber que

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lhe é remetido. Firma-se


se, assim, uma possibilidade de refutação
ão das filosofias
antropologizantes.
No século XX as analíticas da finitude constituem novos sab
saberes. Biologia,
economia política e filolog
logia formam respectivamente a psicologia,, a sociologia e a
crítica literária. Além diss
isso, as três instâncias do saber presentess no século XIX
(matemática e física; as cciências da vida, do trabalho e da linguag
agem; e, o saber
filosófico) possibilitaram o desenvolvimento das ciências humanas.. D
Desse modo é a
matematização conferidaa pela física e pela matemática, bem com
omo, os modelos
conferidos pelas ciênciass dda vida, do trabalho e da linguagem, além
m da interrogação
sobre o ser do homem, inter
terrogação esta própria da filosofia, que constit
stituem a forma de
anas.334
atuação das ciências human
Os saberes remetid
tidos a sexualidade constituem-se tendo por bas
base as ciências da
vida, do trabalho e da lingu
guagem. Assim, a medicina corresponde as ciê
ciências da vida; a
psiquiatria, a justiça pena
nal, a pedagogia, a psicologia e psicanálise
lise dirigem-se as
ciências da linguagem; e po
por fim, a demografia e a arquitetura correspon
ondem as ciências
da produção. Os saberes
es constituídos pelas ciências da vida, da llinguagem e da
produção possuem como fu
fundamento a epistèmê histórica.
Deste modo, diant
ante da sexualidade é o homem detentor de uuma história que
será submetido a uma aná
nálise hermenêutica fundada, sobretudo, por
or uma ciência da
linguagem. Além disso, é a historicidade dos processos biológicos doo iindivíduo que se
constitui enquanto objeto
to de estudo das ciências da vida. Por fim,
m, é a utilização
produtiva do homem dent
entro de uma determinada temporalidade no espaço que é
analisada pelas ciências da produção. Assim, as ciências da vida, da produção e da
linguagem analisam o home
mem através de processos universais baseados
os em um método
experimental que pode ser
er rrepetido. Isto é, com a modernidade o homem
em é submetido a
um processo empírico de an
análise.
Portanto, o pod
oder possui uma forma histórica/empíri
írica, pois atua
circunscrevendo a historici
icidade do indivíduo e a submetendo a um pr
processo analítico
empírico. São as empiricid
cidades concernentes a produção, a linguagem
gem e a vida que
evidenciam o homem enq
nquanto indivíduo historicamente constituído
ído. É o homem
estabelecido historicamente
nte que será objeto de análise empírica. Seu dis
discurso deverá se
adequar ao âmbito histórico
ico a fim deste ser submetido a análise. Foucau
cault (1982, p. 76)
nos diz que:

334
Foucault também se ocupa pa das ciências que possuem uma função crítica do homem como a
psicanálise, a etnologia e a lingü
ngüística, contudo esta discussão foge aos nossos objetiv
tivos.
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[...]
...] a questão sobre o que somos, em alguns séculos,
sé uma certa
corre
rrente nos levou a colocá-la em relação ao sexo
exo. Nem tanto em
relaç
lação ao sexo natureza [...] mas ao sexo-hi história, ao sexo-
signi
gnificação, ao sexo discurso. Colocamo-nos, a nó
nós mesmos, sob o
signo
gno do sexo.

É o discurso histor
toricamente organizado que nos possibilita ser interpretados e
analisados pelos mais distin
stintos saberes. Não é o discurso que deve serr aanalisado, mas a
confissão de nossos atos que se inscrevem sob a égide da história.
Diferentemente do que regia o dispositivo de aliança, o dispositivo de
sexualidade visa não a inte
nterdição ou a restrição do sexo, mas sim a su
sua manifestação.
Deste modo, o discurso sob
obre o sexo dirige-se “[...] a um poder que, just
ustamente não tem
a forma da lei nem os ef
efeitos da interdição: ao contrário que proc
ocede mediante a
redução das sexualidades si
singulares [...]” (FOUCAULT, 1982, p. 47).
O dispositivo dee ssexualidade caracteriza as sexualidades peri
eriféricas, procura
impedir as alianças consang
angüíneas, circunscreve a sexualidade dentro de idades, gestos,
práticas e do espaço. Alé
lém disso, dedica-se a histerização do cor
orpo feminino, a
pedagogização do sexo daa ccriança e a psiquiatrização do prazer perverso
so.
É em relação a uma
um norma que a sexualidade é caracterizada
da e submetida ao
exame. Os corpos devem sser adestrados a fim de que a sexualidade nnão se manifeste
espontaneamente, mas sim
sim, em locais e momentos apropriados. A sexualidade é
constantemente vigiada dev
evendo submeter-se aos desígnios sociais.
O discurso sobre
re o sexo deve remeter-se ao tecnicamentee úútil, a atividade
sexual deve ser encerradaa eem locais específicos (a casa de tolerância,, o quarto do casal
monogâmico, o sexo devee rremeter-se a espaços apropriados), o corpo de
deve ser adestrado
a fim de que a sexualidadee nnão se manifeste de modo inconveniente (A
A aatividade sexual
deve ser controlada frentee aao tempo e ao espaço). No que diz respeito as crianças, a sua
atividade sexual deveria ser vigiada devido aos problemas do onanismoo (estabelecer-se-
ia, assim, uma vigilância da
das práticas sexuais) Portanto, faz-se presente
nte neste conjunto
de preceitos as característic
sticas fundamentais do que Foucault denomino
inou de disciplina,
haja vista que observamo
mos respectivamente: o controle do corpo,
o, do tempo, da
atividade, a distribuição do indivíduo no espaço e a vigilância. Contu
ntudo, cabe ainda
salientar que, as sexualidad
ades periféricas, alvos da incitação discursiva,
a, devem adequar-
se a uma normalização fren
ente, é claro, de um exame, o qual pauta-se fun
undamentalmente,
em pressupostos confession
onais. A sexualidade manifesta-se, assim de mo
modo disciplinar.

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Entretanto, a form
orma disciplinar de manifestação do poder
er não se dirige,
segundo Foucault, a popula
ulação como um todo, mas sim, ao contrário,, aao indivíduo em
particular. É o intento reg
egulador, presente nas formas de manifestaçã
ação do poder na
modernidade, o modo de atu
atuação do poder diante das populações. Assim
im,

[...]
...] [O poder] conseguiu cobrir toda a superfíciee que
q se estende do
orgâ
gânico ao biológico, do corpo a população, mediadiante o jogo duplo
dass tecnologias da disciplina, de uma parte, e das da tecnologias de
regu
gulamentação, de outra. Portanto, estamos num um poder que se
incu
cumbiu tanto do poder quanto da vida, ou que se incumbiu,
in se vocês
prefe
eferirem, da vida em geral, com o pólo do corpo co e o pólo da
popupulação (GIACOIA, 2006, p. 188).

Adquire, deste mo
modo, a sexualidade como móbile de atuaçã
ação na sociedade
moderna o poder discipli
plinar/regulador. Isto é, o poder passa a m
manifestar-se na
modernidade disciplinando
do os corpos e regulando as populações.
A regulamentação
ão coloca-se, principalmente, como elemento
to fundamental na
caracterização do bio-pode
der, diferentemente da disciplina a regulamen
entação efetiva-se
em grande escala. “O bio-ppoder toma a seu encargo a espécie, o homem
em como ser vivo,
a massa global de uma po
população, sob cujos processos e ciclos bio
iológicos [...] ele
intervém para controlar, normatizar,
nor regulamentar” (GIACOIA, 2006, p. 188).
Desta forma, os saberes determinantes do dispositivo de sexualidade
constituem-se pelas ciência
cias da vida, da produção e da linguagem.. A
Além disso, é o
poder sob a forma Históric
rico/empírica que determina as relações de ve
verdade. O poder
disciplinar/regulador, porr sua vez, é o modo de atuação do poder
er no interior do
dispositivo de sexualidade.
e.

Bibliografia

ARAÚJO, Inês Lacerda de. Foucault e a crítica do sujeito. Curitiba-PR


PR: Ed. da UFPR,
2000.

FOUCAULT, Michel. A ar arqueologia do saber. 6.ed. Trad: Luiz Felip


lipe Baeta Neves.
Rio de Janeiro: Forense Uni
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_____. As palavras e as coisas:


co uma arqueologia das ciências humanas
nas. Trad: António
Ramos Rosa. Lisboa: Portug
tugália Editora, 1966.

alidade I: a vontade de saber. Trad: Mariaa T


_____. História da sexuali Tereza da Costa
Albuquerque e J. A Guilhon
on Albuquerque. Rio de Janeiro: Graal, 1982.

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_____. Vigiar e punir: nascimento


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Petrópolis: Vozes, 2004.

GIACOIA, Oswaldo. Fouca ucault. In: RAGO, Margareth e NETO, Alfred


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TERNES, José. Michel Fo Foucault e o nascimento da modernidade. In: Tempo Social;


Revista de Sociologia da US
USP. USP, São Paulo, 7 (1-2): 45-52, Outubro
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ISSN 2177-0417 - 245 - PP


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