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Métodos de Lavra A Céu Aberto
Métodos de Lavra A Céu Aberto
UNIVERSIDADE FEDERAL DO
PARÁ INSTITUTO DE
GEOCIÊNCIAS PROGRAMA DE
PÓS-GRADUAÇÃO
i
3.3.2 Aterros de estéreis (bota foras) ............................................................................................ 50
3.3.3 Critérios e fatores para o dimensionamento e construção dos depósitos de
estéril .................................................................................................................................. 51
3.3.4 Configuração do depósito de estéril - Processo construtivo - Estabilidade ........ 55
3.3.5 Formação das pilhas de estéril - Métodos construtivos ........................................ 61
3.3.6 Seleção preliminar do tipo e geometria de pilha ................................................... 64
Pg.
3.4 Métodos de lavra a céu aberto: Classificação ............................................................... 66
3.4.1 Lavra por bancadas ................................................................................................. 66
3.4.2 Lavra por tiras ......................................................................................................... 71
3.4.3 Lavra de pláceres ..................................................................................................... 73
3.4.4 Profundidade dos trabalhos a céu aberto (borda inativa, borda de trabalho,
coeficiente de decapeamento) ........................................................................................... 81
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 119
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURAS Pg.
Figura 1.1 - Minas de Ferro: N4E, N4WN, N5E, N5W .................................................. 2
Figura 1.2 - Esquema de um empreendimento de mineração .......................................... 4
Figura 1.3 - Fases da mineração ....................................................................................... 5
Figura 2.1 - Fluxo de operações mineiras ........................................................................ 17
Figura 2.2 - Ciclo de produção ......................................................................................... 18
Figura 2.3 - Perfuração das rochas. Componentes operacionais ...................................... 21
Figura 2.4 - Representação de um “ripper” ...................................................................... 22
Figura 2.5 - Equipamentos para decapeamento e escavação convencional em bancadas a
céu aberto ..................................................................................................... 25
Figura 2.6 - Tipos de dragas ............................................................................................. 25
Figura 2.7 - LHDs (Load - haul - dump) .......................................................................... 26
Figura 2.8 - Operações fundamentais de uma explotação de rocha industrial ................. 27
Figura 2.11- Equipamentos de transporte a céu aberto ..................................................... 31
Figura 2.13- Equipamentos de transporte contínuos ......................................................... 32
Figura 2.15- Diagrama esquemático da ventilação nas frentes de trabalho. ..................... 39
Figura 3.1 - Elementos da mina a céu aberto ................................................................... 43
Figura 3.2 - Tipos fundamentais de jazidas minerais úteis que se lavram a céu aberto .. 45
Figura 3.3 - Tipos de bota-foras segundo a seqüência de construção .............................. 55
Figura 3.4 - Aterro confinante de estabilização (fase de espalhamento e compactação) 57
Figura 3.5 - Tipos de drenagem ....................................................................................... 60
Figura 3.6 - Pilha executada por via seca pelo método descendente ............................... 62
Figura 3.7 - Pilha executada por via seca pelo método ascendente (fase de lançamento) 62
Figura 3.8 - Pilha executada por via seca pelo método ascendente (fase de
empilhamento e compactação) 63
ii
..............................................................................................
Figura 3.9 - Pilha executada por via seca pelo método ascendente de bancada (fase de
lançamento) .................................................................................................. 63
Figura 3.10- Pilha executada por via seca pelo método ascendente (fase de
retadulamento) 64
.......................................................................................................................
Figura 3.11- Seção típica de uma pilha de estéril ............................................................. 64
Figura 3.12- Seção típica de retadulamento ...................................................................... 64
Figura 3.13- Bancada ........................................................................................................ 67
Figura 3.14- Elementos da bancada .................................................................................. 68
Figura 3.15- Avanço de uma bancada ............................................................................... 68
Figura 3.16- Típico desmonte em flanco de encosta ........................................................ 70
Figura 3.17- Típico desmonte em cava ............................................................................. 70
Figura 3.18- Esquema da lavra por tiras ........................................................................... 72
Figura 3.19- Explotação manual de um plácer aurífero .................................................... 74
Figura 3.20- Tipos de dragas mecânicas ........................................................................... 75
Figura 3.21- Tipos de dragas ............................................................................................. 76
Figura 3.22- Monitor hidráulico ........................................................................................ 77
Figura 3.23- Corte de uma explotação com arranque hidráulico ...................................... 78
Figura 3.24- Esquemas de extração, segundo as direções relativas do jato projetado e da
polpa escoada ............................................................................................... 80
Figura 3.25- Coeficiente de decapeamento industrial ....................................................... 82
TABELAS Pg.
Tabela 1.1 - Classificação dos métodos de explotação .................................................... 15
Tabela 2.1 - Escala de Protodiakonov ............................................................................... 19
Tabela 2.2 - Classificação dos métodos de fragmentação baseados sobre a forma de
energia aplicada 20
........................................................................................................
Tabela2.3 - Classificação dos métodos de escavação carregamento e equipamentos ....... 24
Tabela 2.4 - Classificação dos métodos de arrasto, içamento e equipamentos ................. 30
Tabela 2.5 - Comparação entre as unidades principais de arrasto ..................................... 33
Tabela 2.6 - Classificação das operações auxiliares em mineração .................................. 37
5
CONCEITOS BÁSICOS
*
* Encaixante: diz-se das rochas que alojam o corpo de minério
*
* Estéril: rocha que ocorre dentro do corpo de minério ou externamente ao
mesmo, sem valor econômico, que é extraído na operação de lavra. O conceito de 6
estéril pode variar no tempo devido fatores econômicos, ou seja, o que é estéril
numa época pode ser minério em outra (Figura 1.1).
*
1.2 Fases do Empreendimento de Mineração
PROSPECCÇÃO
EXPLORAÇÃO
DESENVOLVIMENTO
LAVRA (EXPLOTAÇÃO)
RECUPERAÇÃO
Explotação MÉTODO DE
EXPLOTAÇÃO
A escolha do método de lavra mais adequado para uma jazida mineral envolve a
avaliação de fatores geológicos, tecnológicos, econômicos, segurança e ambientais.
São fatores que variam de acordo com o tipo de depósito, os seus contrôles
(litológicos, estruturais), a sua localização e o mercado consumidor.
Fatores de Seleção:
Critérios de Seleção:
- Confiabilidade das reservas de minério avaliadas
- Rendimento e produtividade do método de lavra escolhido
- Segurança do pessoal e produtividade na lavra
- Recuperação no beneficiamento
- Porcentagem de diluição dos teores na lavra.
Tabela 1.1 Classificação dos Métodos de Explotação segundo Hartman, L.H. &
Mutmansky J.M. (2002).
Local Classe Subclasse Método Minérios Custos
Relativos
(%)
*
Superfície Mecânico - Open pit (Bancadas em Metais, 5
(céu aberto) flanco e em cava) não metais
Pedreiras Não 100
metais
*
Open cast (Lavra por Carvão, 10
tiras) não metais
Auger mining Carvão 5
Aquoso Plácer Hidráulico Metais, 5
não metais
Dragagem Metais, <5
não metais
Solução Borehole mining Não 5
metais
*
Lixiviação Metais 10
CICLO DE PRODUÇÃO
De acordo com o grau de dificuldade da rocha para sua extração, ou seja, o seu
fator de resistência (f), a escala de Protodiakonove (Tabela 2.1) classifica os maciços em
10 grupos: nos grupos I, II, e III estão as rochas de alto coeficiente de resistência, f entre 8
e 20 (rochas duras a muito duras); nos grupos IV e V estão as rochas de dureza mediana (f
entre 7 e 4) e nos grupos VI até X as rochas mais moles (f < 4).
Para se obter o rendimento máximo do arranque é necessário que os dentes do ripper penetrem
quase totalmente no solo.
Os rippers são utilizados para desagregar e arrancar solos muito compactos, argilas
duras, granito descomposto, xistos argilosos, rochas estratificadas, etc, ou seja são
característicos de rochas relativamente brandas.
As vantagens do uso dos escarificadores são: menor custo de produção da preparação
das rochas, maior segurança, menor contaminação do minério, ausência de abalos sísmicos
que permite o seu emprego em áreas próximas a instalações mineiras e povoados.
16
Como condições desfavoráveis ao emprego do escarificador, temos as seguintes:
maciços homogêneos sem planos de falhas ou fraturas, rocha de granulação fina e
compacta e rocha muito argilosa.
Céu aberto
(superficial):
Shovel Escavadeira tipo shovel (pá), carregadeira
Cíclica frontal (pá carregadeira), escavadeira
hidráulica, retroescavadeira - back shovel
(mineração de Au/dragagem, decapeamento)
Dragline Escavadeira de arrasto - drag-line (pláceres,
dragagem)
Bulldozer Trator de esteira com lâmina e escarificador -
unidade escavo-empujadora (escavação em
frentes de rochas: brandas, desagregada com
escarificadores, explosionadas)
Scraper Scraper rebocado, scraper automotriz –
motoscraper (escavam, carregam e transportam
materiais de consistência média a distâncias
médias)
Blasting Decapeamento com explosivos (dinamita)
(dinamitação)
Figura 2.5- Equipamentos para decapeamento e escavação convencional em bancadas a céu aberto:
(a) pá carregadeira; (b) motoscraper; (c) retroescavadeira; (d)escavadeira shovel; (e) trator de esteira (c
Figura 2.6 - Tipos de dragas: (a) draglines; (b) bucket chain; (c) bucket wheel; (d) clamshells.
O sistema e o circuito de transporte podem ser de dois tipos: a) contínuo - ex. correias
transportadoras, b) cíclico - ex. caminhão fora de estrada (Figuras 2.11, 2.12 e 2.13).
CONDIÇÃO DE SINCRONISMO
Q carregadeira = c . ϕ . 1/ tc . R = NC . ϕ . 1/ Tc . R (R = 100%)
O número N poderá não ser inteiro. Nessa hipótese, podemos optar pelo uso do
25
número inteiro imediatamente inferior ou superior. Se adotarmos o número
imediatamente inferior, haverá pequena falta de unidades transportadoras e a
carregadora terá espera e a produção global será governada pela frota de transporte. Na
outra hipótese, haverá, obviamente, espera da unidade transportadora e a produção será
governada pela produção máxima da carregadeira.
* drenos perfurados: são furos normalmente sub-horizontais (em taludes a céu aberto
ou galeria), em minerações subterrâneas, podem também ser sub-verticais.
* wellpoint ou poços-ponteira
-
Preparação local - Limpeza do terreno, vias de acesso, etc
Remoção - Decapeamento, armazenamento* superficial -
do
solo
Recuperação da - Reposição, classificar, revegatação -
superfície
Recuperação (simultânea com a produção)
Trabalhos - Reclassificação -
topográficos - Restabelecimento do solo
Revegetação - Plantação de grama -
- Plantação de árvores
Controle da - Estabelecimento de bacias -
erosão de
sedimentação
Monitoramento - Qualidade da água - Qualidade da água
- Qualidade do ar - Qualidade do ar
* Pode ser incorporada no ciclo de produção
A galeria mineira aberta, que tem seção trapezoidal e grande extensão denomina-se
trincheira. A trincheira inclinada que serve para o decapeamento e comunica a superfície
com
as bancadas de trabalho da mina é conhecida como trincheira principal. A trincheira
horizontal, empregada para a criação do frente inicial de trabalho nas bancadas se
denomina trincheira de corte. A escavação de trincheiras principais que possibilitam o
tráfego desde a superfície da jazida ou desde uma parte lavrada da jazida a outra em
explotação, denomina-se decapeamento da jazida.
Os limites do perímetro da mina a céu aberto são as superfícies que passam através
do contorno inferior e superior da mina na sua etapa final (Figura 3.1). Contorno superior
denomina-se à linha de corte das bordas da mina com a superfície. Contorno inferior
denomina-se à linha de corte das bordas da mina com o plano do fundo da mina. Fundo da
mina denomina-se à superfície inferior, geralmente horizontal da mina.
O conjunto de praças e taludes dos bancos desde a superfície até o fundo da mina
se denomina
talude da mina. Quando as bancadas chegam a sua face final (posição final na exaustão da
mina) forma-se o talude inativo (βi ≅ 50º). O talude ativo compreende as diferentes
bancadas donde se estão desenvolvendo trabalhos (localizam-se os diferentes
equipamentos, rede elétrica, tubulação de ar comprimido, mangueira de água, etc), é
também conhecido como talude de trabalho (βt ≅ 10 - 15º).
O ângulo que se forma entre a linha do talude da mina e sua projeção sobre o plano
horizontal denomina-se ângulo do talude da mina.
Talude em Talude em
recesso Limite superior da mina trabalho
Profundidade
da mina
4
Ângulo de talude
Limite inferior da mina
APLICABILIDADE
2. Jazidas de mergulho suave - com mergulho < 8-10º, caracterizam-se pela variação
no volume de rochas do decapeamento, que aumenta em sentido do mergulho da jazida
(Figura 3.2b,c).
4. Jazidas verticais ou abruptas - com mergulho > 30º, afloram em superfície e estão
cobertos com sobrecarga detritica. Este tipo de jazidas permitem a extração das rochas do
recobrimento, da capa e da lapa / costados pendente e jacente (Figura 3.2e).
7. Jazidas dispostas acima da cota de superfície nas pendentes (Figura 4.1i) e jazidas
onde a sua parte superior encontra-se na parte alta da montanha e sua parte inferior sob o
nível da bacia em forma de “paper” (Figura 3.2j).
Vantagens
Figura 3.2 - Tipos fundamentais de jazidas minerais úteis que se lavram a céu aberto.
DESVANTAGENS
A lavra de jazidas minerais pelo método a céu aberto encerra as seguintes etapas
fundamentais de trabalho e processos mineiros de produção:
1. Desmatamento;
2. Remoção do capeamento;
3. Drenagem da mina;
4. Desmonte;
5. Carregamento;
6. Transporte;
7. Disposição do estéril
(jazida). Muitas vezes, a camada superficial do solo com resíduos vegetais, é estocada a
parte, para posterior recobrimento de escavações e áreas de disposição visando sua
reabilitação ou restauração. Ressalta-se que os trabalhos de decapeamento desenvolvidos
durante o período de construção da mina estão vinculados aos trabalhos mineiros básicos,
enquanto que os trabalhos correntes de decapeamento realizados para a criação do
indispensável frente inicial dos trabalhos de extração, durante o período de extração,
denominam-se trabalhos de preparação. A finalidade dos trabalhos de extração é efetuar
em forma sistemática o arranque do mineral útil com a qualidade exigida e em
correspondência com o plano estabelecido.
extraído. Sob este aspecto, podemos então agrupar tais métodos em métodos com
transporte e métodos sem transporte (Lavra por tiras).
Os métodos com transporte, que no Brasil são mais comuns, se caracterizam pela
remoção dos estéreis por veículos sobre rodas ou por correias transportadoras. Na maioria
dos casos, esses métodos se aplicam à lavra de camadas inclinadas, corpos de fortes
mergulhos ou corpos potentes. Exemplos típicos seriam as minerações de ferro do
Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais, as minerações de fosfato e pirocloro de Araxá, etc.
geologia local. Assim, o estéril é o material escavado da mina durante a lavra e que não
apresenta valor econômico.
É responsabilidade do planejamento de longo prazo elaborar os projetos detalhados
de disposição das pilhas de estéril, bem como o sequenciamento. Estimam-se os volumes e
tipos de estéril a serem empilhados, como também se determina empolamento de cada
material para ajuste da configuração projetada da pilha. O estéril temporário (minério
marginal, destinados ao aproveitamento futuro) deve ficar preferencialmente próximo da
usina de beneficiamento para em caso de retomada reduzir a distância de transporte. Após
estes procedimentos são projetadas pilhas que possuam capacidade para atender às
necessidades levantadas, contemplando as drenagens e acessos. Define-se uma trajetória
que resulte em menor distância de transporte, entre o ponto de origem e destino do estéril.
A construção dos bota- foras leva em conta:
1. técnicos;
2. econômicos;
3. ambientais; 4. socioeconômicos.
aproveitáveis. As pilhas destes materiais deverão ser localizadas separadas dos de estéreis
definitivos ou, se colocados numa mesma pilha, ser dispostos em zonas em que não
inviabilize uma futura retomada de escavação do material.
Para a construção desses depósitos de estéril, além dos referidos critérios, é preciso
ter em atenção vários fatores, tais como:
O uso de correias transportadoras é viável em pilhas com vida útil longa, taxas
elevadas de escavação de estéril, centro de gravidade dos pontos de escavação e
empilhamento muito distantes entre si, necessidade de transpor cursos de água, rodovias,
ferrovias ou outras benfeitorias em que o tráfego de veículos pesados traga muito
transtorno.
82
2. Local de implantação
3. Dimensão e forma
4. Geologia e capacidade
Os bota-foras por fases proporcionam fatores de segurança mais elevados, uma vez
que os taludes finais são mais baixos. A altura total pode estar limitada por fatores
associados ao acesso aos níveis inferiores.
Quando os estéreis não são homogêneos e apresentam diferentes litologias e
características geotécnicas, pode ser conveniente a construção de um dique no pé do talude
com o estéril de maior dimensão e resistência, de modo a que atuem como obstáculo ao
escorregamento do restante material depositado.
CONFIGURAÇÃO DO DEPÓSITO
O estéril de mineração, de uma forma geral, é constituído por solo, rocha sã e alterada,
cujas relações recíprocas (minério ou estéril), dependem do estágio da mineração ou de
alterações no planejamento da lavra decorrente de considerações econômicas. O material
apresenta uma distribuição granulométrica ampla, com partículas de dimensões de argila
variando até matacões.
S = c + ( σ - µ ) tg φ
86
f) permeabilidade
88
Sistema de Drenagem
DRENAGEM INTERNA
DRENAGEM SUPERFICIAL
Durante a evolução das pilhas, com o objetivo evitar as erosões, deverá ser dado o
caimento adequado às praças, a partir de pontos determinados, com declividade de 1%.
Para evitar que a água caia pelas faces dos taludes. As bermas deverão ser construídas com
caimento de 5% em direção ao pé da bancada superior.
DRENAGEM PERIFÉRICA
A drenagem periférica tem como objetivo receber as águas das descidas d’água e
lança-las na drenagem natural com o menor impacto possível. Prevê-se desta forma que
durante a evolução das pilhas serão preparadas áreas preferenciais para descidas d’água e
enrocamento no pé dos taludes. Será conveniente a construção do enrocamento com
materiais de granulometria mais grosseira e resistente, de maneira que atuem como um
muro de contenção estéril evitando que a ação das águas causem erosões.
Drenage
m de
fundo
Drenagem
1%
Superficial
1%
Drenagem
Periférica
Sistema de Acessos
Desta forma, durante o período chuvoso esta pilhas irão contribuir com um volume
grande de finos para os cursos d’água localizados a jusante. Somente seriam
recomendáveis estes tipos de pilha onde houvesse uma fundação bastante resistente e o
material fosse bastante granulado, permeável.
92
Figura 3.7 - Pilha executada por via seca pelo método ascendente (fase de lançamento).
Figura 3.8 - Pilha executada por via seca pelo método ascendente (fase de empilhamento e
compactação)
Figura 3.9 - Pilha executada por via seca pelo método ascendente de bancada (fase de
lançamento).
Retaludamento de Bancadas
Ângulo da face
Altura da
bancada Leira
Berma
Ângulo da face
10 metros
26º
6 metros
21º
Figura 3.10 - Pilha executada por via seca pelo método ascendente (fase de retaludamento)
campo.
Embora não haja razões técnicas que limitem a altura total da pilha, não é
aconselhável projetar maciços com altura superior a 200 m, devido às dificuldades e custos
operacionais elevados na execução de pilhas com grandes alturas, por não se tratar de uma
atividade definida e padronizada exigindo, em muitos casos, conhecimentos um pouco
além da mecânica de solos convencional e uma adequada qualificação da equipe
envolvida.
Recomenda-se que a inclinação dos taludes entre bancos seja estabelecido para
valores próximos de 2H:1V (26,6º aproximadamente), de modo a facilitar a implantação
da proteção dos taludes, além de evitar pequenas rupturas que possam assorear as
canaletas de drenagem.
d) Largura das bermas
As bermas dos bancos deverão ter uma largura tal que viabilizem trânsito e
operação de equipamentos para implantação e manutenção da proteção dos taludes e
drenagem superficial. Recomenda-se o valor mínimo de 6 m, em função de experiências
prévias. Poderão ser adotadas larguras maiores em uma ou mais bermas da pilha, caso o
plano viário global a ser estabelecido na mina assim o exija, ou para abater o ângulo geral
da pilha, a ser definido pelas verificações de estabilidade.
Com o objetivo de conduzir as águas pluviais para fora da pilha, deverá ser
previsto uma declividade longitudinal mínima de 1% na berma, na direção do dispositivo
coletor ou dissipador. De forma a evitar o corrimento de água pelo talude, com a
conseqüente erosão superficial, deverá ser previsto uma declividade transversal mínima de
5% no sentido interno (crista-pé do talude).
Os métodos de lavra a céu aberto não se distinguem por uma variedade tão grande
quanto os métodos de lavra subterrânea. Segundo a literatura diversas classificações são
apresentadas para os métodos de lavra a céu aberto (Hartman & Mutmansky, 2002;
Bonates, 1988; Thomas, 1985; Cummins e Given, 1973), porém de uma forma geral
podem ser classificados em:
Nível de
transporte
a) b)
Nível de
transporte
h
h
que se trabalha) adquire a forma de degrau ou escalão e se lavra separadamente com seus
próprios médios de explosão, extração e transporte denomina-se banco ou bancada (Figura
3.13a,b).
c)
Nível de
h1
h2
a)
Berma
Crista
Face Altura da
bancada
Praça Pé
b)
Crista
Pé
Berma
Face
a)
Situação
atual Situação após
avanço de lavra
b)
99
Pé após avanço
Pé antes
do avanço Crista antes
do avanço
Figura 3.15 - Avanço de uma bancada. a) avanço em perfil, b) avanço em planta. Aplicação:
- jazidas de grandes dimensões;
Condicionantes:
- resistência do minério/estéril;
- forma do depósito: qualquer, de preferência maciço ou tabular;
- mergulho: qualquer, de preferência horizontal ou baixo mergulho;
- tamanho do depósito: grande espesso ou maciço;
- teor do minério;
- uniformidade do minério; - profundidade do depósito; - exigências ambientais.
TIPOS:
a) Em flanco
b) Em cava
Na lavra a céu aberto a dimensão dos degraus deve garantir a execução das
manobras com segurança, obedecendo às seguintes condições:
- A altura dos degraus não deve ultrapassar 15 m, mas na configuração final, antes de se
iniciarem os trabalhos de recuperação paisagística, esta não deve ultrapassar os 10 m;
- Na base de cada degrau deve existir um patamar, com, pelo menos, 2 m de largura, para
permitir, com segurança, a execução dos trabalhos e a circulação dos trabalhadores, não
podendo na configuração final esta largura ser inferior a 3 m, tendo em vista os trabalhos
de recuperação;
- Os trabalhos de arranque num degrau só devem ser retomados depois de retirados os
escombros provenientes do arranque anterior, de forma a deixar limpos os pisos que os
servem;
- Relação entre o porte da máquina de carregamento e a altura da frente não inferior a 1.
100
Sendo a explotação a céu aberto, feita na sua grande maioria, por degraus, é
necessária a existência, de acordo com a lei em vigor, de um plano de trabalhos contendo
os seguintes elementos:
Para se ter uma ideia dos efeitos práticos de variação do talude de lavra, observa-se
que um cone com 150m de profundidade, com talude de 50º, requer desmonte de cerca de
10 milhões de toneladas de rocha e se diminuirmos de 10º este ângulo, isto é, passa-lo para
40º, o desmonte requerido será de cerca de 20 milhões de toneladas de rocha.
Vantagens:
- alta produtividade;
- baixo custo operacional;
- produção em grande escala;
- flexibilidade da produção;
- emprego de grandes equipamentos;
- permite melhor controle geotécnico; - alta recuperação da jazida; - maior segurança e
higiene.
Desvantagens:
- profundidade limitada;
- grande investimento de capital;
- limitado pela relação estéril/minério;
- problemas ambientais;
- adequado para grandes jazidas;
- dependente das condições climáticas
102
Impactos ambientais:
- impacto visual; poeiras; vibrações; ruídos; ultralançamentos;
- geração de grandes volumes de estéril => rejeitos;
Mitigação:
- planejamento da lavra; plano de reabilitação;
- recuperação; monitoramento
Imagens de Mina a céu aberto - Mina do Sossego em Canaã dos Carajás – PA.
103
A principal vantagem do método de lavra por tiras é o baixo custo unitário de lavra
devido a que o capeamento é depositado direto para as ares lavradas e emprego de um
mesmo equipamento para as operações de decapeamento e extração de minérios. Outra
vantagem é um ângulo de talude maior considerando que o corte fica exposto por pouco
tempo.
Aplicação:
Camadas pouco profundas, sub-horizontais e com grande extensão e volume
Condicionantes:
Resistência do minério:
qualquer; Resistência da
rocha: qualquer;
Forma do depósito: tabular, em camadas;
Mergulho: qualquer, de preferência
104
horizontal;
Dimensões típicas
- Altura da bancada: 30-60m;
- Largura de cada tira: 23 a 46m;
- Ângulo de talude: 60º - 75º ;
- Ângulo das pilhas: 30º - 45º
LAVRA DE PLÁCERES
1) manuais
2) hidráulicas
3) mecânicas
Métodos manuais
Métodos mecânicos
A draga é montada em uma escavação preparada para isto, que é inundada antes de
começar a lavra. Uma pesada haste metálica (agulha) na polpa do batelão o mantém fixo
num ponto, podendo a draga ter apenas movimentos de rotação em torno dela. Cabos de
aço nas laterais da proa, adequadamente fixados (na margens ou nos cursos d’ água à
frente da draga), permitem o controle desse ângulo de rotação que, em operação, se limita
a uns 120º. Movimentos da lança, no plano vertical, mais o controle do calado, por
admissão ou expulsão de lastro (a própria água em que flutua), permitem escavar a maior
ou menor profundidade.
necessário eliminar esta água excedente fazendo-a transbordar para fora da embarcação.
Este processo chama-se “overflow”.
Inicia-se por localizar um curso de água em cota elevada, acima do corpo que se
deseja lavrar e conduzir esta água por trincheiras, canais ou canos até à câmara de carga
que alimenta os canos que conduzem aos monitores. Em geral água deve ter suficiente
para assegurar trabalho contínuo, porém em certos casos, o trabalho terá que ser
intermitente. A extração do minério se faz mediante jatos de água, com, sendo material
concentrado em sluices.
Para se obter melhores resultados, a rocha de fundo deve ter um caimento próximo
do caimento dos sluices, não menor que 1,5% e de preferência 4,5% ou mais. O espaço
disponível para o vertedouro deve ter amplitude suficiente para a área a ser lavrada. A
escavação de trincheiras na rocha de fundo permite aumentar o caimento, porém encarece
o método. Em alguns casos favoráveis, se avança uma galeria sob o aluvião e com isso
110
Nas explotações de argila, areia, cascalho ou quaisquer outras massas de fraca coesão
(inconsolidadas), devem ser observadas as seguintes regras:
- Se a explotação não for feita por degraus, o perfil da frente não deve ter inclinação
superior ao ângulo de talude natural do terreno;
- Se a explotação for feita por degraus, a sua base horizontal não pode ter, em nenhum dos
seus pontos, largura inferior à altura do maior dos dois degraus que separa, e as frentes
não podem ter inclinação superior à do talude natural;
- Os operários e os equipamentos que efetuam o desmonte devem estar protegidos por uma
distância adequada de forma que os possíveis desmoronamentos e deslizamentos do
talude não os atinjam;
- É proibida a entrada de pessoas não autorizadas nos taludes onde se realiza o desmonte
hidráulico;
- O pessoal, no desmonte hidráulico deve estar provido de equipamento específico e
adequado para serviços em condições de alta umidade;
- Para instalações do desmonte hidráulico que funcionam com pressões de água acima de
10 Kg/cm2 devem ser cumpridas as seguintes regras adicionais:
- Projeção do jato sobre o pé do talude de modo a criar uma sobre-escavação do mesmo até
que se origine a queda do talude;
a) Em direção,
b) Em contracorrente,
c) Misto.
Lavra “in-situ”
rega das zonas a serem lixiviadas, vindo dos licores de depósitos colocados em níveis
superiores. Os locais de recolhimento (caldeiras) são revestidos com um produto
impermeabilizante, que em geral é o flintkot, passando sobre uma argamassa de areia e
cimento. Após o recolhimento, os licores são bombeados, através de tubos plásticos, para
um tanque, de onde partirão para o tratamento químico.
O método tem sido aplicado com sucesso na lavra de minérios de cobre de baixo
teor, nas minas de Cananea, nas minas de Bica, Urgeiriça e Senhora das fontes, de
propriedade da Empresa Nacional de Urânio, em Portugal.
A explotação das jazidas minerais pode ser efetuada por trabalhos a céu aberto,
trabalhos subterrâneos ou por uma combinação de ambos. Quando se emprega o método
combinado de lavra é indispensável estabelecer o limite entre os trabalhos a céu aberto e
subterrâneos, o qual ofereça o mínimo custo de extração mineral e o máximo rendimento
do trabalho.
O perfil do talude da mina fica determinado pelo volume total dos trabalhos de
decapeamento em correspondência às exigências de estabilidade e incide em forma
determinante sobre a tecnologia dos trabalhos mineiros.
COEFICIENTE DE DECAPEAMENTO
Na lavra a céu aberto, quanto maior seja a potência do recobrimento das jazidas
horizontais ou quanto mais profunda se encontre uma jazida mineral inclinada ou abrupta,
tanto maior é o volume de rochas estéreis que há que remover para facultar a extração do
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mineral útil da jazida (Figura 3.25). O custo de extração mineral, em grande medida
depende do volume de decapeamento, porém esse custo está diretamente relacionado com
o volumem de decapeamento relativo e não com o volume de decapeamento absoluto.
Comumente é aceito que a igualdade dos custos de extração do mineral útil pelo
método a céu aberto e subterrâneos, determinam a base para definir o limite da
profundidade da mina. Qualquer ação dos trabalhos a céu aberto que sobrepasem esse
limite de aprofundamento, serão de maior custo que os trabalhos subterrâneos.
CMs = CMca + Kl Ce
Donde:
CMca - custo de lavra subterrânea de 1 t de minério, incluindo os custos operacionais
de desmonte, carregamento, britagem do minério e transporte até a usina de
concentração;
CMca - custo de lavra a céu aberto de 1 t de minério, incluindo os custos operacionais
de desmonte, carregamento, britagem do minério e transporte até a usina de
concentração;
Kl - coeficiente de decapeamento limite;
Ce - custo de lavra do estéril, incluindo seu desmonte, carregamento, e transporte até o
“bota-fora”.
Cmp – Gm
K l=
Ge
Donde:
Cmp - custo permissível de 1 m3 de mineral útil
Gm - gastos para a extração de 1 m3 de mineral
útil Ge - gastos para a extração de 1 m3 de
estéril
Ao nível de toda a jazida, a opção lavra será obtida através de análise das
* Teor de corte (céu aberto): entende-se por teor de corte de um bloco (t), aquele teor
capaz de pagar sua lavra, seu tratamento, bem como seus custos indiretos e financeiros,
não obtendo nenhum lucro e também não suportando a remoção de nenhum estéril
associado.
* Teor mínimo ou marginal (céu aberto): teor mínimo ou marginal (tm) é aquele teor
que paga apenas os custos de beneficiamento, além dos custos indiretos e financeiros
subsequentes. Corresponde ao bloco já lavrado que, em lugar de ser jogado ao "bota-fora",
é levado à usina de beneficiamento, extraindo se o elemento valioso, não dando nem lucro
nem prejuízo.
* Teor de utilização (céu aberto): o conceito de teor de utilização (tu) tem aspectos a
ver com o estabelecimento do contorno final da cava, planejamento sequencial da lavra,
beneficiamento do minério e fluxo de caixa da empresa.
Surge assim a necessidade do conceito de teor de utilização. Este teor, pelo visto,
deve ter correspondência entre o teor de corte e o teor mínimo. A diminuição do teor de
utilização acarreta um aumento do volume de minério a tratar o uma diminuição do estéril,
pois dentro do contorno da cava há um volume definido e conhecido.
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* Teor limite (teor de corte subterrâneo): se define como teor limite (tl) o menor teor
que compensa economicamente a lavra subterrânea.
De posse destes conceitos podemos então concluir:
Se o bloco tecnológico (ou painel) estiver gravado por uma relação estéril/minério
R superior à relação estéril/minério limite Rl (R > Rl) e se o respectivo teor do bloco tb for
igual ou superior a tl, o bloco será lavrado subterraneamente. Se R > Rl com teor do bloco
inferior ao limite (tb < tl), não há lavra pois, se houvesse conduziria a prejuízos
econômicos.
1. Quando R < Rl e o teor do bloco tb for igual ou superior ao teor de corte (tb ≥ tc) o
bloco será lavrado a céu aberto;
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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John Wiley and Sons, Inc. 570p.
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Explotação. Belém - PA, 120p.
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Mina. Belém – PA, 42p.
RAMIREZ REQUELME, M.E. & NEVES SANTOS, E. 2006. Apostila sobre Desmonte de Rocha.
Belém – PA, 60p.