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Psico https://doi.org/10.15448/1980-8623.2019.1.29213
Resumo
Este estudo objetiva verificar a prevalência de sintomas ansiosos e depressivos em universitários e verificar se estas variáveis
possuem associação com gênero, tipo de instituição, área e ano da graduação. Compõe a amostra 558 estudantes do interior de São
Paulo (55,4% mulheres) de faculdades pública e privadas, de diferentes áreas e períodos da graduação. Os instrumentos utilizados
foram os Inventários de Ansiedade e de Depressão de Beck (BAI e BDI) e o Patient Health Questionnaire-9 (PHQ-9). Utilizou-se
estatística descritiva e o teste Qui-Quadrado para análise dos dados. Os resultados demonstram que as faixas moderada e grave
correspondem a 10,8% da amostra para o BAI, 5,4% para o BDI e 5% para o PHQ-9, com associação entre o gênero feminino
e as faixas de gravidade de todos os instrumentos e o tipo de instituição e as faixas dos sintomas de ansiedade. O sofrimento
psicológico da amostra e especificidades em relação ao gênero destacam a importância do aprimoramento do suporte oferecido
pelas instituições universitárias.
Palavras-chave: estudantes universitários, ansiedade, depressão.
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Maltoni, J., Palma, P. C., Neufeld, C. B. | Sintomas ansiosos e depressivos em universitários brasileiros 2/10
Santos, & Matijasevich, 2013; Sadock & Sadock, 2007; universitária se mostra evidente, tanto para melhor
Somers, Goldner, Waraich, & Hsu, 2006; Viana & compreensão da realidade brasileira e de variáveis
Andrade, 2012), entre universitários, o sexo feminino que possam estar relacionadas – uma vez que o foco
também apresenta maiores escores e associação com dos estudos geralmente recai apenas sobre prevalência
ansiedade (Bayram & Bilgel, 2008; Brandtner & e a variável sexo – como para o aprimoramento de
Bardagi, 2009; Eisenberg et al., 2007; Mahmoud, programas de acolhimento/atendimento psicológico
Staten, & Lennie, 2012; Simić-Vukomanović et al., das instituições.
2016) e depressão (Baader et al., 2014; Brandtner & Este estudo possui como objetivo a caracterização
Bardagi, 2009; Ibrahim et al., 2013; Steptoe et al., 2007; de sintomas ansiosos e depressivos em uma amostra
Weitzman, 2004; Whisman & Richardson, 2015). universitária do interior de São Paulo, a partir da
Em relação ao ano da graduação, não há consenso análise da frequência dos itens e das faixas de gravidade
quanto ao período mais crítico, com alguns autores dos instrumentos BDI, BAI e PHQ-9. Pretende-se
apontando para o período inicial da graduação (Alvi et investigar também a relação destes sintomas com o
al., 2010; Bayram & Bilgel, 2008; Brandtner & Bardagi, gênero, tipo de instituição (pública ou privada), área
2009) e outros para a metade e final do curso (Draken, do curso e ano da graduação.
Hafen, Rush, & Reisbig, 2012; Simić-Vukomanović
et al., 2016). A área do curso parece ser uma variável Método
menos explorada, mas algumas associações vêm sendo
observadas, no entanto, as diferenças metodológicas e Participantes
culturais dificultam comparações neste âmbito (Simić- A amostra final foi composta por 558 graduandos
Vukomanović et al., 2016). Estudantes de Ciências de ambos os sexos, em diferentes etapas e áreas dos
Sociais e Políticas demonstraram escores maiores em cursos da graduação, de qualquer idade e provenientes
relação a cursos de Ciências Básicas, Engenharia ou de universidades pública e privadas. Foram excluídos
Medicina (Bayram & Bilgel, 2008) e, no Brasil, a área 64 participantes da amostra inicial devido ao não
de Humanas, em relação à Ciências Sociais Aplicadas, preenchimento de itens dos instrumentos. Os dados
Agrárias e da Saúde demonstrou níveis maiores de deste estudo são provenientes de um banco de dados
depressão (Brandtner & Bardagi, 2009). As autoras estruturado posteriormente como parte de um projeto
propõem que as interações interpessoais inerentes maior. Uma vez que foram contatados no ambiente
a essa área possam favorecer maior sensibilidade e universitário, de acordo com a disponibilidade dos
vulnerabilidade às questões emocionais. O tipo de mesmos, constitui-se uma amostra de conveniência.
instituição – pública e privada – e sua relação com a
saúde mental de seus estudantes não foi uma variável Instrumentos
investigada em nenhum dos estudos acessados. Inventário de Depressão de Beck (Beck Depression
Na perspectiva da saúde universitária, o importante Inventory – BDI). Escala de autorrelato de Beck, Rush,
papel das instituições nas redes de apoio dos estudantes Shaw e Emery, de 1982, com validação no Brasil
deve ser sempre levado em conta, com suporte ofertado (Cunha, 2001). É composto por 21 grupos de sintomas
principalmente no início do curso e com a identificação com quatro alternativas possíveis, variando entre
dos estudantes de risco, uma vez que a maneira escores de 0 a 3 em ordem crescente de agravamento
mais eficaz de prevenir a progressão de transtornos dos sintomas. Reflete a sintomatologia dos últimos sete
psiquiátricos primários é a intervenção precoce nesses dias do indivíduo. A aplicação do BDI é indicada para
indivíduos (Viana & Andrade, 2012). Nesse sentido, indivíduos entre os 17 e 80 anos de idade. O escore
Bardagi e Hutz (2012) propõem que a preocupação total, feito a partir da soma dos itens, pode indicar
com a transição para o ingresso no ensino superior diferentes níveis de intensidade de depressão entre os
deveria começar nas escolas e se estender para a níveis: mínimo (0-11 pontos), leve (12-19), moderado
universidade. (20-30) e grave (36-63).
A literatura indica alta prevalência de sintomas Inventário de Ansiedade de Beck (Beck Anxiety
depressivos e ansiosos no contexto universitário. Os Inventory – BAI). Escala constituída por 21 itens
prejuízos causados pelo sofrimento psicológico e referentes a sintomas de ansiedade experimentados
transtornos relacionados não possuem apenas impacto nos últimos sete dias, com respostas variando de 0 a 3,
no âmbito acadêmico, podendo trazer consequências a refletindo níveis de gravidade em ordem crescente. O
curto e longo prazos tanto para os indivíduos quanto instrumento criado por Beck, Epstein, Brown e Steer,
para a saúde pública como um todo. Dessa maneira, em 1988, também é adaptado para o português (Cunha,
a importância da investigação da saúde mental 2001). Recomenda-se a utilização deste instrumento
Tabela 1
Associação entre as faixas de gravidade do BAI e as variáveis investigadas
doado ou tonto (p=0,03); e suor não devido ao calor o item de desesperança avaliado pelo BDI demonstrou
(p=0,04). A Tabela 2 demonstra as associações em esta associação com o tipo de instituição pública
relação às faixas do BDI e as variáveis investigadas, (p<0,01). Sete itens tiveram associação significativa
demonstrando que houve associação significativa com a área do curso: desesperança (p<0,01);
apenas em relação ao gênero. autocrítica (p=0,03); dificuldade em tomar decisões
Considerando a análise entre os itens, oito dos 21 (p=0,04); em trabalhar (p=0,04); alterações no padrão
do BDI foram significativos para a variável gênero do sono (p<0,01); diminuição do apetite (p=0,01); e
feminino: autocrítica (p=0,02); chorar (p<0,01); do interesse sexual (p<0,01); e nenhum em relação ao
irritabilidade (p<0,01); mudanças na autoimagem ano da graduação. Para os resultados do PHQ-9, apenas
(p=0,03); alterações no padrão do sono (p<0,01); a variável gênero demonstrou associação significativa
cansaço/diminuição energia (p<0,01); diminuição do com as faixas do instrumento, como demonstrado
apetite (p<0,01) e do interesse sexual (p<0,01). Apenas na Tabela 3.
Tabela 2
Associação entre as faixas de gravidade do BDI e as variáveis investigadas
Variáveis (n) Mínima n(%) Leve n(%) Moderado n(%) Grave n(%) p
Total 435 (77,96) 93 (16,67) 29 (5,2) 1( 0,18)
Feminino 228 (52,41) 60 (64,52) 20 (68,97) 1 0,05*
Masculino 207 (47,59) 33 (35,48) 9 (31,03) 0
Instituição
Pública 308 (70,8) 65 (69,89) 20 (68,97) 1 (100) 0,92
Privada 127 (29,2) 28 (30,11) 9 (31,03) 0
Áreas
Sociais Aplicadas 210 (48,28) 45 (48,39) 13 (44,83) 0 0,08
Saúde 136 (31,26) 22 (23,66) 5 (17,24) 0
Humanas 62 (14,25) 21 (22,58) 7 (24,14) 1 (100)
Biológicas 27 (6, 21) 5 (5,38) 4 (13,79) 0
Ano
1 136 (31,26) 30 (32,26) 13 (44,83) 0 0,9
2 141 (32,41) 26 (27,96) 5 (17,24) 0
3 138 (31,72) 32 (34,41) 11 (37,93) 1 (100)
4 12 (2,76) 3 (3,23) 0 0
5 6 (1,38) 2 (2,15) 0 0
6 2 (0,46) 0 0 0
Tabela 3
Associação entre as faixas de gravidade do PHQ-9 e as variáveis investigadas
Moderadamente
Variáveis (n) Leve n (%) Moderado n (%) Severo n (%) P
Severo n (%)
Total 177 (31,72) 72 (12,9) 17 (3,05) 11 (1,97)
Feminino 104 (58,76) 44 (61,11) 13 (76,47) 8 (72,73) 0,04*
Masculino 73 (41,24) 28 (38,39) 4 (23,53) 3 (27,27)
Instituição
Pública 130 (73,45) 50 (69,44) 9 (52,94) 8 (72,73) 0,5
Privada 47 (26,55) 22 (30,56) 8 (47,06) 3 (2,27)
Áreas
Sociais Aplicadas 81 (45,76) 34 (47,22 9 (52,94) 4 (36,36) 0,26
Saúde 47 (26,55) 18 (25) 3 (17,65) 2 (18,18)
Humanas 34 (19,21) 14 (19,44) 4 (23,53) 4 (36,36)
Biológicas 15 (8,47) 6 (8,33) 1 (5,88) 1 (9,09)
Ano
1 59 (33,33) 23 (31,94) 4 (23,53) 5 (45,45) 0,96
2 55 (31,07) 19 (26,39) 5 (29,41) 1 (9,09)
3 57 (32,2) 26 (36,11) 6 (35,29) 5 (45,45)
4 4 (2,26) 3 (4,17) 1 (5,88) 0
5 1 (0,56) 1 (1,39) 1 (5,88) 0
6 1 (0,56) 0 0 0
Para cinco itens do PHQ-9 – sentir-se “para baixo” / a instalação dos mesmos no caso do BAI e BDI, e a
deprimido(a)/sem perspectiva (p<0,01); dificuldade presença de sintomas de depressão maior obtido através
para pegar no sono/permanecer dormindo/dormir mais do PHQ-9 também é outro indicativo de como se
do que de costume (p<0,01); cansaço/pouca energia encontra a saúde mental dessa população. Os sintomas
(p<0,01); falta de apetite/comendo demais (p<0,01); e de ansiedade foram mais prevalentes na amostra
sentir-se mal consigo mesmo/achar que é um fracasso/ estudada do que os de depressão, considerando as
que decepcionou a família ou a si mesmo (p=0,03) faixas sintomáticas relevantes. Os resultados sugerem
– verificou-se também associação com o gênero dificuldades psicológicas importantes na amostra
feminino. O tipo de instituição foi significativo para o estudada, se consideramos também a ideação suicida
item relativo à ideação suicida (“pensar em se ferir de presente na amostra, mais de duas vezes maior do que
alguma maneira ou que seria melhor”) (p=0,03), com as encontradas por Eisenberg et al. (2007).
maior frequência de respostas na instituição privada. A associação significativa dos sintomas com o
Em relação à área do curso dois itens demonstraram gênero feminino corrobora a literatura prévia (Baader
esta associação – dificuldade para pegar no sono ou et al., 2014; Bayram & Bilgel, 2008; Brandtner &
permanecer dormindo, ou dormir mais do que de Bardagi, 2009; Eisenberg et al., 2007; Ibrahim et
costume (p=0,03); e falta de apetite/comendo demais al., 2013; Mahmoud, Staten & Lennie, 2012; Simić-
(p<0,01). Vukomanović et al., 2016; Steptoe et al., 2007;
Weitzman, 2004; Whisman & Richardson, 2015). Nove
Discussão sintomas de ansiedade e oito de depressão possuem
associação com essa variável. Cinco destes sintomas
O objetivo principal deste estudo foi verificar a depressivos (autocrítica, chorar, irritabilidade,
prevalência de sintomas ansiosos e depressivos em uma mudança na autoimagem, falta de energia e diminuição
amostra de universitários do interior de São Paulo. Nas do interesse sexual) também foram significativamente
faixas moderadas e graves, os sintomas ansiosos foram mais pontuados por mulheres entre 18 e 24 anos no
encontrados em 10,75% dos estudantes e os depressivos estudo de Molina et al. (2014).
em 5,38% e 5,02% de acordo com o BDI e o PHQ-9, No início da vida adulta, a prevalência de
respectivamente. Em relação à associação das variáveis depressão é duas vezes maior nas mulheres, taxas
investigadas com os sintomas apresentados, verifica- superiores às masculinas desde a adolescência, quando
se a predominância do gênero feminino em maiores costuma ocorrer o primeiro episódio depressivo. Se
escores e frequência de respostas em determinados considerarmos que um episódio passado é o melhor
itens para os três instrumentos utilizados. Em relação preditor para um transtorno futuro, esta pode ser
às demais variáveis, apenas o tipo de instituição uma possível razão para a diferença encontrada nos
demonstrou associação com os escores totais de estudos com populações adultas, mas ainda assim
ansiedade, com alguns itens relacionados ao tipo de não explica suas causas (Keita, 2007). Os dados de
instituição e área do curso. literatura não discutem com clareza sobre fatores
Os resultados apresentados demonstram índices causais ou relacionados à vulnerabilidade feminina
de ansiedade e depressão, nas faixas moderadas e para ansiedade e depressão, especialmente no que diz
graves, menores do que os encontrados comumente na respeito ao contexto universitário. No entanto, algumas
literatura, aproximando-se dos resultados obtidos de questões podem ser consideradas. Keita (2007) indica
Brandtner e Bardagi (2009) e Simić-Vukomanović et que as mulheres tendem a sofrer mais frequentemente
al. (2016). As comparações entre as taxas de sintomas diferentes tipos de eventos negativos, como abuso físico
ansiosos e depressivos devem ser feitas com cautela, e sexual, pobreza e discriminação de gênero. Molina
uma vez que diversos instrumentos e metodologias et al. (2014) também sugerem que as mulheres sejam
são empregadas neste tipo de estudo, como diferentes mais conscientes e incentivadas culturalmente a serem
procedimentos de coleta de dados ou cortes utilizados mais observadoras e autocríticas. No sentido inverso,
para as faixas de gravidade. Associações entre essas os homens experimentariam de maneira diferente
sintomatologias e a variável sexo são vastamente alguns sintomas, considerando, ainda, que a procura
estudadas na literatura, por outro lado, com relação à masculina por atendimento é mais difícil, fazendo
metodologia e a associação com as demais variáveis com que a menor prevalência de sintomas encontrada
nesse estudo, são mais escassos e divergentes. entre indivíduos do gênero masculino não signifique
Os instrumentos aplicados não diagnosticam necessariamente menor sofrimento psicológico.
sozinhos transtornos depressivos ou ansiosos, mas Em relação ao ano da graduação não foram
escores acima da gravidade moderada podem indicar observadas associações, diferindo de outros resultados
(Brandtner & Bardagi, 2009; Draken et al., 2012; oferecidos; engajamento e orientação dos professores
Mahmoud et al., 2012; Simić-Vukomanović et al., e representantes de sala sobre as políticas adotadas na
2016). No entanto, apesar do considerável número de instituição e programas disponíveis; divulgação em
participantes deste estudo, a pouca representatividade aula acerca dos centros de acolhimento psicológico e
de algumas áreas e dos anos finais deve ser considerada da importância da procura; e o próprio aperfeiçoamento
quando os resultados são avaliados, sendo esta uma dos centros disponíveis, focando na identificação dos
limitação deste trabalho. Nesse sentido, informações indivíduos de risco e nos encaminhamentos necessá-
referentes à moradia, condição socioeconômica, rios.
trabalho, estado civil e histórico de doenças mentais É importante destacar que, apesar deste estudo
ou de uso medicamentos psiquiátricos poderiam ter não possuir como objetivo a investigação de quadros
sido coletadas a partir da utilização de um questionário clínicos de ansiedade e depressão, os instrumentos
sociodemográfico mais completo, enriquecendo as utilizados fora de avaliações clínicas não são suficientes
possíveis análises. para o estabelecimento de diagnósticos. Optou-se
Ao contrário de Bayram e Bilgel (2008), Brandtner pelo estudo de levantamento, e não por avaliações
e Bardagi (2009) e Simić-Vukomanović et al. (2016), clínicas, pois o quadro geral de distribuição desses
não foram encontradas associações entre a área do sintomas na população investigada e os indicativos de
curso e a sintomatologia ansiosa e depressiva. O tipo de sintomatologias clínicas que reforcem a necessidade
instituição, no entanto, demonstrou associação com os de atenção e mudanças na saúde mental constituem-se
escores totais para sintomas de ansiedade. Não foram como o escopo deste trabalho. Estudos longitudinais
encontrados estudos comparativos em relação a esta também são de suma importância para a avaliação
variável, provavelmente devido às diferenças culturais dos alunos ao longo da graduação, verificando quais
quanto ao perfil de instituições públicas e privadas os períodos mais críticos e/ou quais as especificidades
conforme variam os países. Além disso, pesquisas apresentadas em cada etapa da graduação. É importante
em diferentes instituições e locais podem ser mais destacar que os estudos da área seguem metodologias e
complexas e onerosas, desincentivando trabalhos do instrumentos diversos, o que dificulta as comparações
tipo. a serem feitas, especialmente com relação às variáveis
estudadas, característica que poderia ser aprimorada
Considerações finais em estudos futuros
Além disso, destaca-se a importância de pesquisas
Os dados demonstram que a população universitária que busquem o aprimoramento dos serviços de suporte
estudada experimenta sintomas ansiosos e depressivos oferecidos nas instituições universitárias, considerando
clinicamente significativos, podendo apresentar sua importância no acolhimento e adaptação desses
algum tipo de transtorno ansioso ou depressivo. Além jovens no contexto universitário, especialmente no
disto, escores totais e sintomas específicos foram início do curso (Viana & Andrade, 2012), quando
associados com a variável gênero, demonstrando a rupturas importantes, como a saída da escola, a
especificidade destas condições. A vulnerabilidade em mudança dos pares e a necessidade de novas posturas
relação ao gênero feminino é evidente neste estudo e frente aos novos eventos sociais e acadêmicos podem
na literatura da área, demonstrando claramente que os agravar sintomas prévios (Brandtner & Bardagi, 2009).
programas devem atuar de maneira diferenciada com Essas ações preparatórias podem e deveriam se iniciar
esta população, focando também em estratégias de na idade escolar Bardagi e Hutz (2012), considerando
prevenção acerca das possíveis causas deste fenômeno. os possíveis impactos da morbidade psicológica (e não
As instituições de ensino superior devem considerar apenas de transtornos instalados) na adaptação desta
os dados obtidos pelos estudos da área, procurando complexa fase.
aprimorar programas de acolhimento e atendimento Agradecimentos pelo auxílio financeiro a
– não apenas psicológico – principalmente para os Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
alunos de início do curso. Algumas estratégias podem Nível Superior (CAPES), ao Conselho Nacional de
ser exploradas, como ações preventivas; palestras Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e
em aula ou campanhas sobre temáticas relacionadas a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São
às demandas do ensino superior e dos suportes Paulo (FAPESP).
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