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BEM ESTAR:

EQUILÍBRIO ENTRE A CULTURA DO


TRABALHO PRESCRITO E DO TRABALHO
REAL

Profa. Cyntia Paixão


10º Período
PSICOLOGIA
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Artigo:

Ferreira, M. C. (2004). Bem-estar: equilíbrio entre a cultura


do trabalho prescrito e a cultura do trabalho real. Cultura e
saúde nas organizações, 181-207
A ERGONOMIA

Ciência multidisciplinar de caráter


antropocêntrico (o homem no centro das
coisas) que tenta estudar a relação e a
adaptação do sujeito com as tecnologias,
buscando humanizar esse processo,respeitando
as necessidades desse sujeito e/ou grupo e as
exigências da tarefa
AS NORMAS E REGRAS NO TRABALHO

No mundo da produção, os trabalhadores se


deparam cotidianamente com:
tarefas, regras, procedimentos, rotinas...
que tomam a forma, principalmente,
em códigos de conduta e de inventário de
tarefas.
AS NORMAS E REGRAS NO TRABALHO

Os comportamentos dos trabalhadores, nas situações de trabalho

estabelecido pelas tarefas, mostram um universo de atividades que

transcende aquilo que previamente foi estabelecido.


A INTER-RELAÇÃO ENTRE O PRESCRITO E O REAL

Na inter-relação entre as práticas de cultura do trabalho prescrito e a


cultura do trabalho real:

o trabalhador assume o papel mediador da atividade para garantir


a própria saúde e a qualidade dos serviços / produtos no contexto de
trabalho.

ESTUDO QUE A ERGONOMIA TEM DEDICADO


A cultura organizacional

é o conjunto de pressupostos básicos


eficazes, inventados, descobertos ou
elaborados por um grupo que resultam
do aprendizado ao lidar com problemas
de adaptação externa e/ou de integração
interna.
Conceito de Cultura Organizacional

•conjunto de representações imaginárias sociais (...), construídas


e reconstruídas nas relações cotidianas dentro da organização;

•expressas em termos de valores, normas, significados e


interpretações;

•visa um sentido de direção colocando a organização como fonte de


identidade para os seus membros
A cultura do trabalho prescrito

• Surgiu através da ideologia da RACIONALIZAÇÃO da tarefa - OCT


(Organização científica do trabalho) proposta por Taylor;

• Buscava unificar e regular a ação do trabalhador e disciplinar o


pensar;
O trabalho Prescrito

Concepção das tarefas que


buscará regular o modo de
ser e o modo de fazer dos
trabalhadores
A cultura do trabalho prescrito

No campo da administração tradicional,


a análise e descrição de cargos ocupa
um papel estratégico nos programas de
gestão RH.
A cultura do trabalho prescrito

É nela que apoiam os demais elementos que caracterizam as


atividades básica de RH:

• recrutamento / seleção de pessoal;


• treinamento, desenvolvimento, carreiras;
• benefícios;
• higiene e segurança no trabalho;
• relações trabalhistas..
Análise da função
• Definir as tarefas
• Estabelecer objetivos (resultados esperados) com padrão de
desempenho (indicadores de qualidade e quantidade);
• Requisitos necessários às pessoas;
• as responsabilidades que lhe são inerentes;
• as condições de trabalho;
• os riscos de trabalho.

Toledo (1981):
NÃO PENSAR EM PESSOAS, E SIM EM TAREFAS
A cultura do trabalho prescrito provoca efeitos negativos para
a saúde dos trabalhadores - Críticas:

• Análise do trabalho em termos de tempos e movimentos,


negligencia o custo cognitivo e o tratamento de informação;

• As características e a diversidade dos trabalhadores não são


tomadas em conta, prevalecendo a ideia do trabalhador médio;
A cultura do trabalho prescrito provoca efeitos negativos
para a saúde dos trabalhadores – críticas:

• a objetividade do tempo é ilusória, com o hábito, o tempo envelhece


gerando automatismo e a necessidade de novos ajustamentos;

• sustenta-se em crenças parciais e superficiais sobre o funcionamento


e as capacidades humanas
A cultura do trabalho prescrito provoca efeitos negativos para a saúde
dos trabalhadores - Crítica

A CULTURA DO TRABALHO PRESCRITO CONCEBE O

TRABALHADOR COMO VARIÁVEL DE AJUSTE - O

HOMEM DEVE SE ADEQUAR AO TRABALHO E NÃO AO

CONTRÁRIO COMO PROPÕE A ERGONOMIA.


O trabalho prescrito PARA A ERGONOMIA

É a maneira como o trabalho deve ser executado:

O modo de utilizar as ferramentas e as máquinas, o tempo concedido


para cada operação, os modos operatórios e as regras a respeitar

o estudo ergonômico do trabalho prescrito centra-se na TAREFA


O trabalho prescrito PARA A ERGONOMIA

Tarefa é entendida como aquilo que


está posto ao trabalhador ou o que se
espera que ele faça (Montmollin, 1990).
Os elementos que compõem as TAREFAS PRESCRITAS :

1. Objetivos e metas de produção;

2. Procedimentos, exigências e regras de trabalho;

3. Meios disponibilizados (materiais, instrumentos, documentos...);

4. Condições físico-ambientais (ruído, iluminação, temperatura...);

5. Condições sociais (tipos de remuneração, formas de controle e

sanções...).
6. Regras de higiene e de boa aparência do
trabalhador e do local de trabalho caracterizam
um traço da disciplina burocrática:

• Proibição de cabelos longos e barbas, cores


discretas, uso de gravatas cumprem uma função
de nivelamento, de homogeneização.

Objetivo é instaurar a
comunidade de iguais
Diferença entre o prescrito e real:
tarefa e atividade (ERGONOMIA)
A atividade é uma modalidade permanente de regulação
humana com base na qual o sujeito estabelece sua interação com
as situações de trabalho (Faverge apud Leplat, 1992);

É uma resposta aos constrangimentos determinados ao


trabalhador, sendo capaz de transformá-los.
A Ergonomia observa o fato que o

homem que

trabalha não é mero executante,

mas um operador, no sentido de que

ele faz a gestão das exigências e

não se submetendo passivamente

a elas.
Diferença entre o prescrito e real:
tarefa e atividade (ERGONOMIA)

Trabalhador decide sobre as melhores


formas de agir, inventa 'truques',
desenvolve habilidades permitindo
responder de forma mais segura seus
objetivos...

Assim, sua atividade real sempre se


diferencia da tarefa prescrita pela
organização do trabalho.
Diferença entre o prescrito e real:
tarefa e atividade (ERGONOMIA)

A cultura do trabalho real surge, se estrutura


e se desenvolve para contrapor a uma
racionalidade burocrática centrada na
disciplina e na vigilância hierárquica

(que vai do controle pela visibilidade dos


postos de trabalho às novas formas de controle
eletrônico).
VALORIZAR A CULTURA DO TRABALHO REAL PARA GARANTIR A SAÚDE
DO TRABALHADOR

• Colocar os trabalhadores e suas


atividades no centro das
preocupações das ciências do
trabalho.

• Revalorizar e legitimar a cultura


do trabalho real
As características das situações de

trabalho e as especificidades das

atividades dos trabalhadores devem

orientar conceitualmente e

metodologicamente a concepção da

dimensão prescrita do trabalho.


Como implementar tal perspectiva?

• Desenvolver cooperação
compartilhada de saberes;

• Implantar uma organização do


trabalho que favoreça o
confronto de pontos de vista de
todos.
Colocar os trabalhadores no
centro de intervenções voltadas
para a
transformação das condições e
relações de trabalho é convocá-los
para serem

sujeitos conscientes no processo


de trabalho.
"Um cliente, fabricante de queijos, pediu-me um robô que virasse os
queijos, na fase de maturação do produto. Em princípio, nenhum
problema: sabemos conceber um dispositivo capaz de virar todos os
queijos com precisão e delicadeza. Então, instalei um 'robô queijeiro'.
Mas, três meses depois, a empresa chamou-me novamente: sua
clientela tradicional queixava-se da degradação na qualidade e a
empresa começava a perder mercado. No entanto, o dispositivo
funcionava muito bem. Fui visitar uma outra fábrica de queijos e
constatei que as operárias tocavam nos queijos e até os cheiravam,
mas não os viravam sistematicamente. Agora estou entendendo a
complexidade real do trabalho delas. Confesso que, na ocasião, não
me ocorreu que a relação entre o modo de fazer e a qualidade do
produto fosse suficientemente importante para explicar os efeitos dos
quais se queixava meu cliente. Meu robô, assim que vê um queijo,
não resiste e 'plaf', vira-o".

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