Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DIREITO DO
SANEAMENTO
DIREITO DO
SANEAMENTO
JOÃO MIRANDA
RUI CUNHA MARQUES
PATRÍCIA SAMPAIO
RÔMULO SAMPAIO
(coordenadores)
Edição
Instituto de Ciências Jurídico-Políticas
Centro de Investigação de Direito Público
-
www.icjp.pt
icjp@fd.ulisboa.pt
-
Março de 2020
ISBN: 978-989-8722-44-7
Alameda da Universidade
1649-014 Lisboa
www.fd.ulisboa.pt
Imagem da capa:
David Hughes
Arquivo Shutterstock
-
Produzido por:
OH! Multimédia
mail@oh-multimedia.com
2
Índice
7 Nota Prévia.
9 Apresentação.
3
Estudos de Direito do Saneamento
4
432 Parcerias Público-Privadas em Saneamento Básico:
Modernizando a relação entre Estado e iniciativa privada no setor.
Fernanda Rodrigues de Morais
5
Estudos de Direito do Saneamento
6
Nota prévia
A presente publicação reúne os textos apresentados pelos Procura-
dores da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) no Curso de Extensão
de Direito do Saneamento, organizado pelo Instituto de Ciências Jurídico-
Políticas da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (ICJP), entre
dezembro de 2018 e julho de 2019.
Voltar ao índice
7
Estudos de Direito do Saneamento
JOÃO MIRANDA
RUI CUNHA MARQUES
PATRÍCIA SAMPAIO
RÔMULO SAMPAIO
Coordenadores científicos
Voltar ao índice
8
Apresentação
É com imensa satisfação que finalizamos mais uma etapa da Coop-
eração Internacional entre a Fundação Nacional de Saúde e o Instituto
de Ciências Jurídico-Políticas da Faculdade de Direito da Universidade de
Lisboa com a publicação de artigos acerca dos principais temas do direito
do saneamento abordados no Curso de Extensão destinado ao corpo ju-
rídico da autarquia, cujo objetivo foi aprofundar o debate sobre o Direito
e sua relação com o Saneamento Básico.
Voltar ao índice
9
Estudos de Direito do Saneamento
Procuradora-Chefe
Voltar ao índice
10
Uma análise crítica sobre a
judicialização da política pública
de saneamento básico no Brasil
ADELÂINE FEIJÓ MACEDO1
s.
o1
Resumo
Voltar ao índice
11
Estudos de Direito do Saneamento
Abstract
Sumário:
1. Uma Visão Global do Saneamento Básico; 2. O Direito ao Sane-
amento na Constituição Federal de 1988; 3. Titularidade dos Ser-
viços; 4. Saneamento Básico como Serviço Público Essencial; 5.
Da Judicialização da Política Pública em Debate; 5.1. Noções Ge-
rais. 5.2. Pontos Sensíveis da Intervenção do Judiciário na Política
Pública de Saneamento no Brasil. 5.3. Do caráter Programático
dos Direitos Sociais; 5.4. Da Ausência de Legitimidade Democrá-
tica; 5.5 Da Reserva do Possível; 5.6. Da Ausência de Capacidade
Técnica do Judiciário e 6. Considerações Finais.
INTRODUÇÃO
Voltar ao índice
12
Em virtude da interdependência do direito ao saneamento básico com
outros direitos humanos, a comunidade jurídica vem se debruçando sobre
o tema, ainda que indiretamente, desde a Declaração de Direitos das Na-
ções Unidas de 1948. Mas, somente em julho de 2010, a Assembleia Geral
da ONU, por intermédio da Resolução n.º 64/292, reconheceu expressa-
mente “o direito à água potável e limpa e ao saneamento básico como di-
reito essencial para o pleno gozo da vida e de todos os direitos humanos”.
Voltar ao índice
13
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
14
qualities”, elaborado pelo UNICEF e pela Organização Mundial da Saúde-
OMS, cerca de 2,2 bilhões de pessoas não têm serviços de água potável ge-
renciados de forma segura, 4,2 bilhões não têm serviços de esgotamento
sanitário gerenciados de forma segura e 3 bilhões não possuem instalações
básicas para a higienização das mãos”3. Sendo estimado, pela Organização
Mundial da Saúde- OMS, que, a cada US$ 1 investido em saneamento, a
economia gerada é de 4,3 dólares em gastos na saúde do mundo.
Voltar ao índice
15
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
16
precípua “assegura a disponibilidade e gestão sustentável da água e sa-
neamento para todas e todos”.
Voltar ao índice
17
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
18
Além de ser compreendido na dimensão dignidade da pessoa huma-
na, o Brasil é signatário de vários instrumentos internacionais em matéria
de saneamento básico e fornecimento de água potável, de modo que
não se discute o reconhecimento de tal direito no ordenamento jurídico
brasileiro. Por oportuno, vale mencionar que a Constituição Brasileira, a
exemplo da Constituição Portuguesa10, consagra a cláusula de abertura
em relação aos direitos fundamentos, no artigo 5º, § 2º, de modo que
“os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros
decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados
internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte”.
Voltar ao índice
19
Estudos de Direito do Saneamento
3. TITULARIDADE DO SERVIÇOS
12 BRASIL. Constituição Federal de 1988. Artigo 225. Todos têm direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá- lo para as presentes e futuras gerações.
13 CAMATTA, Adriana Freitas Antunes. O Saneamento Básico e Proteção Ambien-
tal: Atenção Permanente do Estado na Execução de Serviços Essenciais. In: Dom Helder Re-
vista de Direito, v. 1, n. 1, Setembro/Dezembro de 2018. Disponível em: <www.domhelder.
edu.br>. Acesso em: 18.06.2019.
Voltar ao índice
20
nicípios e do Distrito Federal. Mais adiante, no artigo 18, estabelece que
a organização política-administrativa do Brasil compreende a União, os
Estados, o Distrito Federal e os Munícipios, unidades dotadas de autono-
mia, autoadministração e autogoverno.
Voltar ao índice
21
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
22
de suas formas (artigo 23, inciso VI), bem como de promover programas
de construção de moradias e de melhoria das condições habitacionais e
de saneamento básico (artigo 23, inciso IX).
Voltar ao índice
23
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
24
cia, da competência para a prestação dos serviços de saneamento básico nos
Estados do Rio de Janeiro e da Bahia, respectivamente.
18 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Voto proferido pelo Ministro Gilmar Men-
des sobre região metropolitana e microrregião dos Lagos no Rio de Janeiro. Disponível em:
<http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=232208&tip=UN>.
Acesso em 13.06.2019.
Voltar ao índice
25
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
26
O legislador também elencou os princípios informadores da função pú-
blica, no artigo 2º, da Lei n.º 11.445/2007, quais sejam: i) universalização; ii)
integralidade; iii) disponibilidade, em todas as áreas urbanas, de serviços de
drenagem e manejo das águas pluviais, limpeza e fiscalização preventiva das
respectivas redes; iv) adoção de técnicas e métodos com base nas particu-
laridades locais e regionais; v) articulação dos serviços de saneamento com
as políticas públicas de desenvolvimento urbano e regional, de habitação, de
combate à pobreza e de sua erradicação, proteção ambiental, de promoção
da saúde e outras de relevante interesse social voltadas para a melhoria da
qualidade de vida; vi) eficiência e sustentabilidade econômica; vii) transpa-
rência; viii) controle social; ix) qualidade e x) integração das infraestruturas e
serviços com a gestão eficiente dos recursos hídricos.
Voltar ao índice
27
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
28
Como ponto de partida, a doutrina invoca a concepção contemporânea
sobre a força normativa da Constituição, segundo a qual os direitos constitu-
cionalmente reconhecidos não podem ser traduzidos como meras recomen-
dações ao Estado ou comandos de ordem moral, com o viés ético-político de
simples direcionamento aos poderes estatais23. Ao contrário, são revestidos
de imperatividade e justiciabilidade, notadamente nos casos de omissão e
deficiência na prestação dos direitos sociais por parte do Estado24.
Voltar ao índice
29
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
30
drasticamente a capacidade dos tribunais de proteger os direitos
dos grupos mais vulneráveis e desfavorecidos da sociedade26.
26 Comentário Geral n.º 9. Comitê dos Direitos Econômicos Sociais e Culturais. Dis-
ponível em: <http://acnudh.org/wp-content/uploads/2011/06/Compilation-of-HR-ins-
truments-and-general-comments-2009-PDHJTimor-Leste-portugues.pdf>. Acesso em:
07.07.2019.
27 DWORKIN. Ronald. Levando os direitos a sério. Traduzido por Nelson Boeira.
São Paulo: Martins Fontes, 200, p. 127-204.
Voltar ao índice
31
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
32
Ocorre que a Constituição Federal, sob a influência da Lei Fundamen-
tal Alemã, da Constituição Espanhola e da Constituição Portuguesa de
1979, assegura expressamente, em seu artigo 1º, § 5º, a aplicabilidade
direta e imediata de todas as normas definidoras de direitos e garantias
fundamentais29, sem fazer qualquer recorte aos direitos sociais. Nesse
particular, a doutrina evidencia a complementariedade e interdependên-
cia entre o catálogo de direitos reconhecidos como fundamentais, sem
fazer qualquer distinção entre os chamados direitos de primeira e segun-
da dimensão, tal como previsto na Resolução n.º 32/310 da Assembleia
Geral das Nações Unidas e no § 5º da Declaração de Viena de 199330.
Voltar ao índice
33
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
34
(...) O direito à moradia digna, com saneamento básico, é essencial
e se encontra assegurado no ordenamento jurídico, incumbindo
sua execução aos entes da federação, mas os meios de “como” fa-
zê-lo, a melhor forma de executar tal previsão, por exigir realização
de despesas e emprego de receitas, é medida que cabe à Adminis-
tração Pública, no âmbito do sistema orçamentário.
Voltar ao índice
35
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
36
da obrigação. Todavia, tal assertiva não possibilita a atuação do Judiciá-
rio no sentido de obrigar a Administração Pública a instalar uma rede
de esgotamento sanitário em todas as residências do Brasil, sem que
haja um planejamento de engenharia, econômico e orçamentário em
relação às obras. Ao determinar a realização de obras para implanta-
ção da rede em uma localidade específica, como o Morro do Canecão,
o Judiciário estaria privilegiando uma área em substituição ao Poder
Executivo, o que constitui verdadeira violação à separação de pode-
res(...). (Apelação n.º 0096698-12.2013.8.19.0001. Desembargadora:
Renata Machado Cotta. 3ª Câmara Cível. Julgamento em 04.07.2016.
Voltar ao índice
37
Estudos de Direito do Saneamento
35 SARMENTO, Daniel. A proteção judicial dos direitos sociais: alguns parâmetros ético-
jurídicos. In: SOUZA NETO; Cláudio Pereira de; SARMENTO, Daniel (Coords.). Direitos Sociais: fun-
damentos judicialização e direitos sociais em espécie. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008, p.536.
36 BARROSO. Luís Roberto. Judicialização. Ativismo Judicial e Legitimidade Demo-
crática. p.12.
Voltar ao índice
38
As objeções foram apresentadas com o escopo de ampliar o debate
no que se refere à função pública em foco, sem descurar dos riscos
sociais e econômicos decorrentes da judicialização indiscriminada dos
direitos prestacionais.
37 Nesse sentido, é a lição de BESERRA, Fabiano Holz apud BARROSO, Luís Roberto,
op. cit.p.24. Os argumentos também foram ponderados por SARLET, Ingo Wolfgang. Os
Direitos Sociais como Direitos Fundamentais: contributo para um balanço aos vinte anos
da Constituição Federal de 1988, p. 20.
Voltar ao índice
39
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
40
tem rechaçado a tese de escassez recursos orçamentários e da reserva do
possível como óbices para a implementação de políticas públicas sociais em
matéria de direitos sociais. No tema aqui proposto, o ponto é evidenciado
pelas externalidades negativas da oferta inadequada dos serviços, a refletir
na saúde pública, no desenvolvimento urbano e regional e no meio ambien-
te, em razão da contaminação das bacias hidrográficas e do solo.
Voltar ao índice
41
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
42
decorre da concepção do direito do saneamento em si mesmo, enquanto
função pública essencial, e todas as particularidades inerentes as atividades
que integram os serviços públicos delineados na Lei Federal n.º 11.445/2007.
Voltar ao índice
43
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
44
Obviamente, privilegiar uma ação ou serviço em determinada localidade em
detrimento de outra(s), na mesma situação ou com o diagnóstico mais crítico
em relação à oferta dos serviços de saneamento, requer bem mais que a apli-
cação da técnica hermenêutica de ponderação de valores.
Voltar ao índice
45
Estudos de Direito do Saneamento
É certo que a solução deve ser construída com base nas particulari-
dades de cada caso concreto, sem perder de vista os impactos sociais e
econômicos provenientes de decisões judiciais acaloradas e pouco refle-
tidas. E nessa linha, como bem salienta Andreas Krell45 “não existe um
sistema acabado de solução à disposição do intérprete jurídico, a escolha
da prestação material adequada deve ser gradual e cautelosa.
Voltar ao índice
46
A propósito, vale citar a discussão levada ao crivo do Judiciário, em
sede de Ação Civil Pública46, em que se debruçou sobre o Plano de Sa-
neamento Básico nos Municípios do Amapá e a ampliação do sistema de
captação e distribuição de água potável, particularmente a postura do jul-
gador de estimar o diálogo institucional na construção da solução mais
adequada ao caso concreto. Ao longo do processo, e considerando as di-
ficuldades técnicas e financeiras dos Municípios, foram realizadas várias
audiências públicas, para melhor delimitar as obrigações materiais impos-
tas aos entes públicos, incluindo a Fundação Nacional de Saúde-FUNASA,
a Companhia Estatual de Saneamento- CAESA e o Instituto do Meio Ambi-
ente (responsável por viabilizar a outorga dos recursos hídricos).
46 BRASIL. Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Decisões proferidas pelo Juiz Fede-
ral João Bosco Costa Soares da Silva, na Ação Civil Pública n.º 0002081-85.2008.4.01.3100. Dis-
ponível em: <https://portal.trf1.jus.br/portaltrf1/pagina-inicial.htm>. Acesso em: 20.07.2019.
Voltar ao índice
47
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
48
incluiu instigar que estas encontrem soluções antes que uma decisão final
seja tomada (áFRICA DO SUL, Occupiers of 51 Olivia Road, Berea Township
And Or. vs. City of Johannesburg and Others, 2008). 47
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Voltar ao índice
49
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
50
Saneamento Rural no Brasil
Desafio da universalização do
esgotamento sanitário e a busca de
soluções para o tratamento do esgoto
em comunidades rurais e tradicionais.
ADRIANA DE LUCA DE ALVARENGA1
A1
Resumo
Voltar ao índice
51
Estudos de Direito do Saneamento
Abstract
Voltar ao índice
52
Sumário
1. Breve histórico sobre o Saneamento Básico nas áreas rurais
no Brasil. 2. Da água e do saneamento como direitos do homem.
3. A Lei de Diretrizes Nacionais para o Saneamento Básico. 4.
Dos planos e programas existentes. 5. O Programa Nacional de
Saneamento Rural ― PNSR. 6. Contextualização do PNSR e da
parceria Funasa/UFMG. 7. Conceitos utilizados na aplicação de
políticas públicas adequadas e eficientes. 8. Situação das comu-
nidades e projetos-piloto em pauta. 9. Saneamento rural bem-
sucedido: o projeto TEVAP (Tanque de Evapotranspiração) e as
tecnologias ecossustentáveis. 10. Do arcabouço jurídico para a
implantação do TEVAP no Brasil e considerações finais.
Summary
1. Brief history of Basic Sanitation in rural areas in Brazil. 2. Water
and sanitation as human rights. 3. The National Guidelines for Ba-
sic Sanitation Act. 4. Existing plans and programs. 5. The National
Rural Sanitation Program - PNSR. 6. Contextualization of the PNSR
and the FUNASA / UFMG partnership. 7. Concepts used to imple-
ment appropriate and efficient public policies. 8. Situation of the
communities and pilot projects under consideration. 9. Successful
rural sanitation: the TEVAP (Evapotranspiration Tank) project and
eco-sustainable technologies. 10. The legal framework for the im-
plementation of TEVAP in Brazil and final considerations.
Voltar ao índice
53
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
54
trarem-se a grandes distâncias da sede de seus municípios, acabam por
não ser atendidas, ou mesmo mapeadas, pelo que normalmente são dei-
xadas em segundo plano pelos departamentos ou companhias municipais;
tal situação exige, muitas vezes, que a solução seja providenciada pela pró-
pria comunidade, obrigando-a a implantar seu próprio sistema de sanea-
mento local, sem contar com qualquer conhecimento técnico para tal fim.
Voltar ao índice
55
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
56
atual a fim de identificar o déficit de cobertura de saneamento na área
rural. Segundo informações da FUNASA, “esse programa aponta para um
volume de investimentos durante o atual governo até 2038, identifican-
do a necessidade do trabalho em parcerias com governos estaduais e
municipais com as diversas representações da sociedade civil, e que se
pretende colocar em execução já em 2020”6.
Voltar ao índice
57
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
58
água potável e ao saneamento. A importância dessa ação é medir o impac-
to na consecução dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.
Voltar ao índice
59
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
60
O compromisso da UNESCO com um mundo livre de pobreza, fomes e
doenças estabeleceu seus Objetivos e Metas com base no princípio de
que toda vida deve prosperar, explicitando que a Nova Agenda é guiada
por propósitos que vão ao encontro da Carta das Nações Unidas, que
estabelece o pleno respeito pelo direito internacional.
Voltar ao índice
61
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
62
econômica; VIII – Tecnologias Apropriadas; IX – Transparência; X - Con-
trole social; XI - Segurança, Qualidade e Regularidade; XII - Integração das
infraestruturas e serviços com a gestão eficiente dos recursos hídricos.
Voltar ao índice
63
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
64
instrumento fundamental para a implantação de políticas de saneamento
básico capazes de refletir a realidade brasileira e propor ações concretas14.
Voltar ao índice
65
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
66
características básicas, tais como: a) a orientação para a ação – apoio, de
maneira ativa, aos atores, devendo ir muito além uma simples análise de
futuro; b) as diferentes alternativas – com base no princípio de que o futuro
não está pré-determinado, considera que se pode apontar para várias dire-
ções, criando alternativas que serão moldadas também pela influencia des-
ses atores e pelas decisões que são tomadas no presente; c) a participação
– o processo construtivo envolve os diversos atores de diversos segmentos.
Estes devem se envolver ativamente no processo de construção, participan-
do das discussões e decisões; d) a multidisciplinaridade – tratar as questões
em sua totalidade, observando as variáveis influenciadoras do processo, que
podem ser de caráter quantitativo ou qualitativo17.
Voltar ao índice
67
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
68
5. O PROGRAMA NACIONAL DE SANEAMENTO RURAL ― PNSR
Voltar ao índice
69
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
70
que é necessário se alcançar a compreensão das diferentes demandas da
população rural do Brasil, a fim de se compor soluções que sejam capa-
zes de garantir a universalização do acesso, de forma compatível com as
necessidades e realidades encontradas nas diferentes regiões do país”23.
Voltar ao índice
71
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
72
Tabela1
Caracterização da situação em relação ao déficit em saneamento rural no Brasil
Figura 1
Lançamento de esgoto in natura diretamente no solo em propriedade rural
Voltar ao índice
73
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
74
e de maior complexidade, resultando em sustentabilidade e perenidade
para as soluções tecnológicas, com os respectivos registros detalhados27.
Voltar ao índice
75
Estudos de Direito do Saneamento
Tabela 2
Distribuição dos setores censitários e população, segundo códigos do IBGE.
Voltar ao índice
76
Tabela3
Descrição de setores censitários e distinção de áreas urbanas e rurais
Voltar ao índice
77
Estudos de Direito do Saneamento
30 Segundo J.I. Rangel Rigotti “Os setores de código 1 com densidades relativa-
mente baixas, isto é, menor do que 605 hab./km2 e com vizinhança de pelo menos um ou-
tro setor rural (de 2 a 8) totalizaram 6.683.418 milhões de pessoas, correspondente a 3,5%
do total do país. Enfim, a população estimada para as áreas tipicamente rurais do Brasil em
2010 pelos critérios [...] propostos é de 39.912.496 milhões de pessoas, ou seja, 21,0% da
população residente no país”.( J.I. Rangel Rigotti e R. Hadad. “A Definição De Áreas Rurais
No Brasil: subsídios ao plano nacional de saneamento rural”. [apresentação de powerpoint].
Belo Horizonte: PUC (MG)/ UFMG, 2018.). Nessa nova proposta, observe-se que se consi-
dera “URBANO”, apenas o subscrito como “Código 1a”. Os demais, caracterizados como
“RURAL”, compreendem os Códigos 1b a 8, distribuídos em quatro categorias, A, B, C, D,
assim definidos: “A. Aglomerações próximas do urbano (Códigos 1b, 2 e 4)”; “B. Aglome-
rações mais adensadas isoladas (Código 3)”; “C. Aglomerações menos adensadas isoladas
(Códigos 5, 6 e 7)”; e “D. Sem aglomerações, com domicílios relativamente próximos de
aglomerações mais adensadas ou isolados(Código 8)” (PNSR – PROGRAMA NACIONAL DE
SANEAMENTO RURAL. FUNASA. [em construção])
31 IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas. “Classificação e caracteri-
zação dos espaços urbanos no Brasil – IBGE (2017)”. Disponível em: https://biblioteca.ibge.
gov.br/visualizacao/livros/liv100643.pdf. (acedido em 22 de agosto de 2019).
Voltar ao índice
78
dade está a exigir um arcabouço legal que contemple e proteja a realidade,
sob o risco de a legislação em vigor e a desatualização estatística tornarem
ainda mais difícil a aplicação de políticas adequadas e eficientes.
Tabela 4
Proposta de distribuição dos setores censitários e população
Voltar ao índice
79
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
80
O projeto valorizou o conhecimento histórico e socialmente produ-
zido do povo de Bocaina, alinhando-o às técnicas modernas das ciências
e da tecnologia de forma sustentável, mantendo, porém, a autonomia
e a dinâmica de cada conhecimento. A ideia é respeitar o saber popu-
lar como fundamental para o desenvolvimento e o sucesso do projeto,
já que muitos recursos biológicos dependem das comunidades locais e
populações com uma tradição e um estilo de vida, conforme declara a
própria Convenção sobre Diversidade Biológica (CBD).
Voltar ao índice
81
Estudos de Direito do Saneamento
caiçaras, que representa a luta para fazer valer seus direitos, não como
meros coadjuvantes, mas como participantes das tomadas de decisões.
Voltar ao índice
82
riedade internacionais para cooperação com países africanos, a partir
da Rede Ibero-Americana de Territórios Sustentáveis e Saudáveis; avalia-
ção e monitoramento territorializado dos Objetivos do Desenvolvimento
Sustentável da Agenda 2030 das Nações Unidas.
Voltar ao índice
83
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
84
Diferentemente dos processos de Saneamento Tradicional, o Tanque
de Evapotranspiração (Fossa de Bananeiras, ver Figura 2), utilizado, é en-
tendido no âmbito do saneamento ecológico de Tecnologia Social (TS). O
que difere o saneamento ecológico do saneamento básico (tradicional)
são questões de espécie vária, compreendendo não só aspectos do pro-
cesso físico e material de construção, porém conceituais, metodológicos
sociais e de resultados: enquanto este atua na prevenção de doenças
e no controle de poluição, aquele também se concentra na promoção
de saúde; este restringe-se à adequação dos padrões da legislação para
disposição final do efluente, de forma adequada; aquele é sustentável,
socialmente aceito e economicamente viável; este (classificado como
Tecnologia Convencional) atém-se majoritariamente aos aspectos téc-
nico/econômicos, aquele (caracterizado como Tecnologia Social - TS),
considera os aspectos sociais, ambientais, técnico/econômicos e cultu-
rais; este estatui as excretas e águas residuais como rejeitos, a serem
tratados e dispostos adequadamente, aquele (esta é uma diferença fun-
damental), aproveita a excreta e águas residuais como recursos, a serem
reinseridos no ciclo biológico, protegendo assim os recursos naturais;
este trata o ciclo dos nutrientes e da água de forma linear, aberta; aque-
le promove o fechamento do ciclo dos nutrientes e da água com seu
reaproveitamento; este, padronizado de forma convencional, aquele,
engenheirado considerando as dimensões socioambientais e culturais
locais; este, construído para a população, enquanto beneficiária passiva,
aquele, em parceria com a população, de forma a gerar autonomia, ten-
do o sujeito de direitos ativo nos territórios; este, envidado por técnicos,
excluindo a possibilidade de interações, aquele, conduzido em diálogo e
com participação comunitária; este, feito com treinamentos curtos e rá-
pidos, aquele, considerando processos de capacitação e de educação em
saúde, com educação popular, partilhas construtivas, rodas de conversa,
Voltar ao índice
85
Estudos de Direito do Saneamento
Figura 2
Proposta de distribuição dos setores censitários e população
Voltar ao índice
86
orgânica, incorporando-a à sua biomassa e eliminando a água por evapo-
transpiração. As seções – ou compartimentos – estão dispostas de forma
ilustrativa na Figura 3.
Voltar ao índice
87
Estudos de Direito do Saneamento
Figura 3
TEVAP (Tanque de Evapotranspiração), Praia do Sono. Ilustração.
Voltar ao índice
88
Existem muitos outros processos ecológicos de tratamento de esgo-
tos e de águas cinzas (citemos apenas os apresentados no Guia: Biossis-
tema Integrado (BSI), Banheiro Seco, Fossa Biodigestora, Filtro de Águas
Cinzas, Vala de Infiltração, Zona de Raízes e Jardim Flutuante), mas o
destaque com mérito deve ser dado ao TEVAP, não apenas por ter de-
monstrado sucesso e eficiência – em seu período de provação -, porém
por ter sido aprovado em todos os níveis de implementação e por todas
as instituições, grupos sociais, saberes e experts envolvidos, afirmando-
se como Tecnologia Social adequada ao Saneamento Rural e indo ao en-
contro de todos os conceitos abordados e as metodologias pertinentes.
Voltar ao índice
89
Estudos de Direito do Saneamento
Sucede que, embora tal ação não esteja regulada diretamente pela
Lei nº 11.445/2007, o serviço relacionado ao saneamento básico deve
ser desenvolvido de forma articulada com as políticas de desenvolvi-
mento urbano e regional, de habitação, de combate à pobreza e de sua
erradicação, de proteção ambiental, de promoção da saúde e outras de
relevante interesse social voltadas para a melhoria da qualidade de vida,
para as quais o saneamento básico seja fator determinante.
Vimos, desde o início deste trabalho que políticas, leis e linhas de ação
convergem na busca de implantação de projetos coerentes com os dita-
mes das legislações nacionais e internacionais no que se refere ao direito
ao saneamento. A declaração da ONU de que o saneamento básico deve
ser entendido como direito à vida consolida o pensamento de que a pro-
moção da saúde da população deve ser colocada no centro das ações so-
ciais. Para a OMS (Organização Mundial de Saúde), para a qual os princípi-
os de direitos humanos devem ser aplicados no contexto da realização de
todos os direitos humanos e a UNESCO, através dos ODS, estabelecendo
que o acesso à educação de qualidade em todos os níveis, especialmente
de saúde e proteção social, deve ser equitativo e universal. A Constituição
Voltar ao índice
90
Federal – artigos 196 a 200 – estabelece que todo cidadão brasileiro tem
direito à saúde, sendo previstas as ações de vigilância sanitária. Corrobora
esse direito a Lei 11.445/07, que estabelece as diretrizes nacionais para
o Saneamento Básico no Brasil, com base nos princípios da universaliza-
ção do acesso, com integralidade das ações e acesso à informação. A Lei
de Saneamento Básico Nacional define, também, em seu artigo. 52°, as
competências quanto à coordenação e atuação dos diversos agentes en-
volvidos no planejamento e execução da política federal de saneamento
básico. É atribuída ao Governo Federal, sob a coordenação do Ministério
das Cidades, a responsabilidade pela elaboração do Plano Nacional de Sa-
neamento Básico (PLANSAB). Dessa forma, o PLANSAB tem como objetivo
explícito estabelecer as políticas públicas de saneamento básico do Bra-
sil através de quantificadores socioeconômicos e culturais, verificando a
qualidade dos serviços ofertados ou da solução empregada.
Voltar ao índice
91
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
92
A gestão associada
dos serviços públicos
de saneamento básico
Parcerias “Público-Público”
como forma de materialização do
Federalismo-Cooperativo Brasileiro
ALYRE MARQUES PINTO1
o1
Resumo
Voltar ao índice
93
Estudos de Direito do Saneamento
Abstract
Voltar ao índice
94
gation common to all of them. In this sense, sanitation services that conform
to an associated management, its advantages and the legal instruments
available to the federated entities for its implementation, will be examined.
As another point of view, other possibilities of federative cooperation in
the national territory, a brief presentation will be given about the model
of water supply and sewage services adopted in Portugal. In the end, data
will be presented on the associated management of water and sewage
services already present in the state of Mato Grosso do Sul.
Sumário
Voltar ao índice
95
Estudos de Direito do Saneamento
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS.
Voltar ao índice
96
13,0% da população urbana atendida com esgotamento sanitário, e o
maior com a região Sudeste, que alcança a média de 83,2%. Centro-O-
este, Sul e Nordeste apresentam as médias de atendimento de 59,5%,
50,6% e 34,8%, respectivamente.
Voltar ao índice
97
Estudos de Direito do Saneamento
5 “Artigo 1.º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito
e tem como fundamentos:
(...)
III - a dignidade da pessoa humana;”
6 Artigo 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante po-
líticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao
acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.”
Voltar ao índice
98
tuição de políticas públicas, o acesso à água potável e ao saneamento
básico a toda população.
Voltar ao índice
99
Estudos de Direito do Saneamento
Quadro 2
Distribuição dos prestadores de serviços participantes do SNIS em 2017,
que responderam aos formulários completos, segundo abrangência e
algumas características do atendimento.
Quadro 3
Distribuição dos prestadores de serviços participantes do SNIS em 2017,
que responderam aos formulários completos, segundo abrangência e
natureza jurídico-administrativa.
Voltar ao índice
100
de 1.535 prestadores, sendo 28 de abrangência regional; 6 de abrangên-
cia microrregional; e 1.501 prestadores de abrangência local.
Voltar ao índice
101
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
102
necessários. O crescimento desse déficit decorreu, sobretudo, da insufi-
ciência de recursos e das insatisfatórias condições operacionais e admi-
nistrativas de grande parte dos prestadores de serviço, dos quais grande
parte era de Companhias Estaduais”14.
Voltar ao índice
103
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
104
Feitas tais considerações iniciais, vejamos com mais detalhes as com-
petências dos entes federados para dispor sobre o saneamento básico
no item seguinte, objetivando compreender por que o desafio do sanea-
mento é obrigação comum a todos esses.
18 “Artigo 1.º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito
e tem como fundamentos:”
19 “Artigo 18. A organização político-administrativa da República Federativa do
Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autôno-
mos, nos termos desta Constituição.”
Voltar ao índice
105
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
106
reservadas aos Municípios (§ 1.º do artigo 32 da CF24). Portanto, é possí-
vel concluir que compete aos Municípios a efetiva prestação dos serviços
de saneamento básico, posto que restou reservado a estes “organizar e
prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os servi-
ços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem
caráter essencial” (inciso V do artigo 30, da CF).
Voltar ao índice
107
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
108
tação dos serviços de saneamento básico; e a promoção de alternativas de
gestão que viabilizem a sustentabilidade econômica e financeira dos serviços
de saneamento básico, enfatizando a cooperação federativa27.
Voltar ao índice
109
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
110
bem como se responsabilizam pela gestão dos serviços de saneamento
básico (planejamento, regulação, fiscalização e prestação direta ou con-
tratada dos serviços), contando para isso com a cooperação da União e
do Estado-membro”31.
Voltar ao índice
111
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
112
de abastecimento de água potável; 2) o serviço público de esgotamento
sanitário; 3) o serviço público de manejo de águas pluviais urbanas; 4)
o serviço público de manejo de resíduos sólidos urbanos; 5) o serviço
público de limpeza pública; 6) as ações de saúde de combate a vetores e
reservatórios de doenças”36.
Voltar ao índice
113
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
114
portanto, permitir e incitar os entes federativos de maior porte (União e
Estados) a contribuir com a prestação de tais serviços”38.
Voltar ao índice
115
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
116
Ademais, devem ser exercidas por entidade única, encarregada das fun-
ções de regulação e fiscalização, consoante preceitua o artigo 12 da LNSB.
Voltar ao índice
117
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
118
Prosseguindo, adverte que “(...) a cadeia completa dos serviços de
distribuição de água e coleta e tratamento de esgoto não deve, necessa-
riamente, ser considerada um bloco indivisível de atividades, que devem
ser prestadas por um único operador, responsável por todos os atos dos
serviços, desde a captação de água até a disposição final do esgoto”46.
Pondera que existem frações dos serviços que possuem caráter ine-
quivocamente local, como a distribuição de água e a coleta do esgoto.
Outros, como a captação de água por atacado e a disposição final dos es-
gotos, podem ser desempenhados com maior eficiência em um contexto
territorial mais abrangente, abarcando dois ou mais municípios, primor-
dialmente em razão de circunstâncias concretas de determinada loca-
lidade, como a ausência de corpos hídricos em seu espaço geográfico.
Voltar ao índice
119
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
120
Sobre estes, Raul Felipe Borelli47 observa que é inegável que os sis-
temas pluviais apresentam um caráter local, especialmente as estrutu-
ras de microdrenagem, o que enfraqueceria as razões para uma gestão
compartilhada. Contudo, destaca que situações haverá em que a gestão
compartilhada será aconselhável, isto porque uma boa gestão das águas
impacta na qualidade das águas dos rios urbanos, muitos dos quais per-
passam o território de Municípios contíguos.
Voltar ao índice
121
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
122
Assim, tais arranjos se justificam como instrumentos de melhoria e
universalização dos serviços públicos de saneamento básico, motivados
por fatores como obtenção de uma escala eficiente que ofereça susten-
tabilidade à prestação dos serviços, considerando municípios com bai-
xa capacidade de financiamento; a existência de municípios contíguos
que podem ser beneficiados por uma gestão conjunta dos serviços; a
inexistência ou dificuldades de acesso a corpos hídricos, para fins de
captação de água ou disposição final dos resíduos, em determinados
municípios; a necessidade de adaptação da prestação dos serviços às
características das bacias hidrográficas de cada região; a padronização
da regulação dos serviços em determinada região; e a regionalização
dos serviços defendida a nível federal.
Voltar ao índice
123
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
124
do sobre as normas gerais para a contratação de Consórcios Públicos. Esta
veio a ser regulamentada pelo Decreto n.º 6.017, de 07 de janeiro de 2007.
Voltar ao índice
125
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
126
ções (artigo 3.º), o qual deve ser ratificado pelo Legislativo de cada um
dos entes consorciados, com posterior formalização do contrato de con-
sórcio (artigo 5.º). Os recursos serão repassados ao consórcio público por
meio de contrato de rateio, na forma do artigo 8.º da Lei.
Por oportuno, adverte-se que o prestador dos serviços não poderá acu-
mular as funções de regulação e fiscalização, ou seja, o contratado não po-
derá regular os serviços por ele próprio prestado (§ 2.º do artigo 13 da Lei
n.º 11.107/2005), devendo o titular dos serviços indicar o ente responsável
por tais atividades (inciso II do artigo 9.º da Lei n.º 11.445/2007).
Voltar ao índice
127
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
128
Segundo o professor João Miranda, da Faculdade de Direito da Uni-
versidade de Lisboa, em artigo inédito intitulado “O direito fundamental à
água e a sustentabilidade dos serviços públicos de água em Portugal”, “No
que tange ao abastecimento, passou a diferenciar-se entre um sistema em
alta, englobando a captação, o tratamento e a venda da água aos siste-
mas em baixa, e um sistema em baixa, compreendendo a distribuição e a
comercialização da água às populações. Relativamente ao saneamento, o
sistema em baixa abarca a recolha e drenagem para os sistemas em alta e o
sistema em alta envolve o tratamento de águas residuais e destino final”56.
Voltar ao índice
129
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
130
plementação, situam-se no feixe de tarefas que demandam uma atuação
cooperativa dos entes federados interessados, de forma a concretizar a
universalidade dos serviços de saneamento básico a toda população.
Voltar ao índice
131
Estudos de Direito do Saneamento
O Estado de Mato Grosso Sul, por sua vez, oferece apoio aos Muni-
cípios do Estado na própria prestação dos serviços, através de sua em-
presa de saneamento, constituída sob a forma de sociedade de mista61
(Empresa de Saneamento de Mato Grosso do Sul – SANESUL), bem como
presta cooperação na regulação e fiscalização dos serviços, por meio de
sua agência reguladora de serviços públicos, organizada sob a forma de
autarquia estadual62 (Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos
de Mato Grosso do Sul – AGEPAN).
Voltar ao índice
132
geridos por sua própria estrutura administrativa, são eles: Bandeirantes
(6.629 hab.); Bela Vista (24.508 hab.); Cassilândia (21.876 hab.); Corgui-
nho (5.839 hab.); Costa Rica (20.496 hab.); Glória de Dourados (9.981
hab.); Jaraguari (7.108 hab.); Ladário (22.968 hab.); Paraíso das Águas
(5.455 hab.); Rochedo (5.403 hab.); e São Gabriel do Oeste (26.363 hab.).
Voltar ao índice
133
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
134
Segundo informações do Relatório de Auditoria da SANESUL de
201865 e respectivos instrumentos celebrados, disponíveis na página da
AGEPAN66, 46 (quarenta e seis) Municípios atendidos possuem Contratos
de Programa celebrados com a empresa, com fundamento no artigo 241
da CF, artigo 8.º67 LNSB e artigo 1368 da Lei dos Consórcios Públicos.
Voltar ao índice
135
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
136
Contudo, não se pode deixar de reconhecer que a concentração
dos serviços nas mãos do Estado de Mato Grosso do Sul proporciona
ganhos de escala com redução de custos de material em função da
quantidade, bem como o compartilhamento de infraestruturas entre
localidades, permitindo a alocação eficiente de recursos em certas eta-
pas comuns do serviço (como a adução e o tratamento de água e trata-
mento do esgoto coletado).
Voltar ao índice
137
Estudos de Direito do Saneamento
Gestão
Associada
Municípios População* Instrumento celebrado**
c/ Estado
de MS
Convênio de Concessão com Gestão
Água Clara 15.257 Sim
Compartilhada, de 16/07/2002.
Convênio de Cooperação n.º
Alcinópolis 5.268 Sim 002/2011 e Contrato de Programa n.º
002/2011.
Convênio de Cooperação n.º
Amambai 38.958 Sim 012/2008 e Contrato de Programa n.º
012/2008.
Convênio de Cooperação n.º
Anastácio 25.128 Sim 005/2008 e Contrato de Programa n.º
005/2008.
Convênio de Cooperação n.º
Anaurilândia 8.993 Sim 002/2011 e Contrato de Programa n.º
005/2019.
Convênio de Cooperação n.º
Angélica 10.620 Sim 010/2008 e Contrato de Programa n.º
010/2008.
Convênio de Cooperação n.º
Antônio João 8.891 Sim 003/2011 e Contrato de Programa n.º
003/2011.
Aparecida do Convênio de Concessão com Gestão
25.431 Sim
Taboado Compartilhada, de 05/07/2000.
Convênio de Cooperação n.º
Aquidauana 47.784 Sim 008/2011 e Contrato de Programa n.º
007/2011.
Convênio de Cooperação n.º
Aral Moreira 11.963 Sim 001/2010 e Contrato de Programa n.º
001/2010.
Bandeirantes 6.829 Não -
Voltar ao índice
138
Convênio de Cooperação n.º
Bataguassu 22.717 Sim 007/2011 e Contrato de Programa n.º
006/2011.
Convênio de Cooperação n.º
Batayporã 11.305 Sim 013/2008 e Contrato de Programa n.º
013/2008.
Bela Vista 24.508 Não -
Convênio de Cooperação n.º
Bodoquena 7.817 Sim 008/2008 e Contrato de Programa n.º
008/2008.
Convênio de Cooperação n.º
Bonito 21.738 Sim 002/2016 e Contrato de Programa n.º
002/2016.
Convênio de Cooperação n.º
Brasilândia 11.891 Sim 001/2015 e Contrato de Programa n.º
001/2015.
Convênio de Cooperação n.º
Caarapó 29.743 Sim 003/2019 e Contrato de Programa n.º
003/2019.
Convênio de Cooperação n.º
Camapuã 13.727 Sim 002/2008 e Contrato de Programa n.º
002/2008.
Campo Grande 885.711 Não -
Convênio de Cooperação n.º
Caracol 6.049 Sim 010/2011 e Contrato de Programa n.º
009/2011.
Cassilândia 21.876 Não -
Convênio de Cooperação n.º
Chapadão
24.559 Sim 004/2010 e Contrato de Programa n.º
do Sul
004/2010.
Corguinho 5.839 Não -
Convênio de Cooperação n.º
Coronel
15.152 Sim 007/2009 e Contrato de Programa n.º
Sapucaia
007/2009.
Voltar ao índice
139
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
140
Convênio de Cooperação n.º
Iguatemi 15.977 Sim 002/2018 e Contrato de Programa n.º
004/2019.
Convênio de Cooperação n.º
Inocência 7.625 Sim 002/2009 e Contrato de Programa n.º
002/2009.
Convênio de Cooperação n.º
Itaporã 23.886 Sim 006/2008 e Contrato de Programa n.º
006/2018.
Convênio de Cooperação n.º
Itaquiraí 20.905 Sim 010/2019 e Contrato de Programa n.º
016/2019.
Convênio de Cooperação n.º
Ivinhema 23.140 Sim 009/2011 e Contrato de Programa n.º
008/2011.
Convênio de Cooperação n.º
Japorã 8.976 Sim 006/2018 e Contrato de Programa n.º
010/2019.
Jaraguari 7.108 Não -
Convênio de Cooperação n.º
Jardim 25.967 Sim 001/2009 e Contrato de Programa n.º
001/2009.
Convênio de Cooperação n.º
Jateí 4.034 Sim 009/2008 e Contrato de Programa n.º
009/2008.
Convênio de Cooperação n.º
Juti 6.638 Sim 004/2019 e Contrato de Programa n.º
008/2019.
Ladário 22.968 Não -
Convênio de Cooperação n.º
Laguna Carapã 7.267 Sim 003/2009 e Contrato de Programa n.º
003/2009.
Voltar ao índice
141
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
142
Convênio de Cooperação n.º
Ponta Porã 91.082 Sim 002/2012 e Contrato de Programa n.º
002/2012.
Convênio de Cooperação n.º
Porto
17.078 Sim 005/2011 e Contrato de Programa n.º
Murtinho
115/2011.
Convênio de Cooperação n.º
Ribas do
24.258 Sim 012/2011 e Contrato de Programa n.º
Rio Pardo
010/2011.
Convênio de Cooperação n.º
Rio Brilhante 36.830 Sim 006/2009 e Contrato de Programa n.º
006/2009.
Convênio de Cooperação s/n.º, de
Rio Negro 4.819 Sim 19/09/2008 e Contrato de Programa
s/n.º, de 19/09/2008 .
Convênio de Cooperação n.º
Rio Verde de
19.682 Sim 002/2010 e Contrato de Programa n.º
Mato Grosso
002/2010.
Rochedo 5.403 Não -
Convênio de Cooperação n.º
Santa Rita
7.801 Sim 005/2019 e Contrato de Programa n.º
do Pardo
009/2019.
São Gabriel
26.363 Não -
do Oeste
Convênio de Cooperação n.º
Selvíria 6.515 Sim 001/2013 e Contrato de Programa n.º
001/2013.
Convênio de Cooperação n.º
Sete Quedas 10.812 Sim 007/2019 e Contrato de Programa n.º
012/2019.
Convênio de Cooperação n.º
Sidrolândia 56.081 Sim 004/2009 e Contrato de Programa n.º
004/2009.
Voltar ao índice
143
Estudos de Direito do Saneamento
8. CONCLUSÃO
144
Alarmante realidade que contribui para a poluição dos nossos recur-
sos hídricos, degradação ambiental e proliferação de doenças, em pre-
juízo à saúde da população, evidenciando os grandes desafios que ainda
enfrenta o setor do saneamento básico nacional, em prol da universaliza-
ção dos serviços, primordialmente no campo do esgotamento sanitário.
71 “Artigo 1.º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito
e tem como fundamentos:
(...)
III - a dignidade da pessoa humana;”
72 “Artigo 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante po-
líticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao
acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.”
Voltar ao índice
145
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
146
se, de fato, em um dever constitucional da União e dos Estados-membros
em cooperar com os Municípios, consagrando o federalismo cooperativo
almejado pelo constituinte originário e ratificado pelo constituinte deri-
vado, ao conferir nova redação ao artigo 24173 da CF, por meio da Emen-
da Constitucional n.º 19, de 04/06/1998.
Voltar ao índice
147
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
148
Por fim, no presente estudo, restaram registradas as parcerias “públi-
co-público”, no âmbito do saneamento, já existentes no Estado de Mato
Grosso do Sul, seja na forma de cooperação financeira da União aos Mu-
nicípios do Estado, através de convênios de repasse de recursos, seja do
próprio Estado de Mato Grosso do Sul, na prestação dos serviços e de sua
regulação e fiscalização.
REFERÊNCIAS
Voltar ao índice
149
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
150
J. Miranda, “O direito fundamental à água e a sustentabilidade dos
serviços públicos de água em Portugal” (El derecho fundamental al agua
y la sostenibilidad de los servicios públicos de aguas em Portugal), Ar-
tigo inédito, disponibilizado pelo professor João Miranda, no Curso de
Extensão do Direito do Saneamento, oferecido pela Procuradoria Federal
Especializada junto à FUNASA, em parceria com o Instituto de Ciênci-
as Jurídico-Políticas da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
(ICJP), após a aula do dia 25 de julho de 2019.
Voltar ao índice
151
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
152
Aspectos legais que impactam
na efetividade da Politica Federal
do Saneamento Básico destinada
aos municípios de até cinquenta
mil habitantes
ANA SALETT MARQUES GULLI1
i1
Resumo
Voltar ao índice
153
Estudos de Direito do Saneamento
Abstract
Sumário
1. Introdução; 2. Saneamento Básico como Direito Humano; 3. En-
quadramento Legal do Saneamento, 3.1 Abordagem Constitucional,
3.2 Abordagem Infraconstitucional; 4. Política Federal do Sanea-
mento; 5. Impacto da legislação – exemplos práticos; 6. Conclusão
Voltar ao índice
154
1. INTRODUÇÃO
Voltar ao índice
155
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
156
Interessa para uma melhor compreensão da importância do assunto,
a informação relativa ao quantitativo de municípios existentes no Brasil.
Atualmente existem 5.570 municípios, dos quais a grande maioria, pelo
menos noventa por cento, tem população menor que cinquenta mil ha-
bitantes, segundo dados do IBGE.
Voltar ao índice
157
Estudos de Direito do Saneamento
4 https://nacoesunidas.org/direitoshumanos/declaracao/
Voltar ao índice
158
positivados no texto constitucional, sendo, portanto, expressamente
reconhecidos pelo ordenamento constitucional de um determinado
país. (SANTOS,2018)
Voltar ao índice
159
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
160
da pessoa humana em seu artigo 1º8 . Define também como objetivos
fundamentais a erradicação da pobreza e da marginalização, bem como
a redução das desigualdades sociais e regionais9.
8 BRASIL, CF, Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indis-
solúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático
de Direito e tem como fundamentos:
III - a dignidade da pessoa humana;
9 BRASIL,CF, Art. 3º. Constituem objetivos fundamentais da República Federati-
va do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III- erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
10 Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos
termos da lei
IV- participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico;
11 Art. 21. Compete à União:
...........
XX - Instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamen-
to básico e transportes urbanos;
12 Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios:
IX - promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições habi-
tacionais e de saneamento básico;
Voltar ao índice
161
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
162
tabelece também o conceito e os princípios legais para a provisão do
saneamento básico no Brasil.
Voltar ao índice
163
Estudos de Direito do Saneamento
Toda essa legislação tem estreita relação, haja vista que se comple-
mentam em prol de uma Política Federal do Saneamento.
Voltar ao índice
164
Os objetivos, por sua vez, estão dispostos no art 4913 da LNSB. E,
no intuito de alcançá-los, com base nas diretrizes estabelecidas, verifi-
ca-se que a norma prevê como um dos meios para implementação da
política federal, a alocação de recursos federais para Municípios, Distrito
Federal, Estados ou para os consórcios públicos de que referidos entes
participem. A propósito, esse é o ponto que pretendemos destacar con-
tribuindo com a avaliação da forma como a União tem operacionaliza-
do as transferências de recursos para os demais entes, especificamente
aqueles considerados mais precários em termos de estrutura e gestão,
a exemplo da maioria dos municípios de até cinquenta mil habitantes.
Voltar ao índice
165
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
166
onal - MDR, por meio da Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental,
quando envolvem recursos do Orçamento Geral da União (OGU), cabe ao
MDR no caso de municípios com população superior a 50mil habitantes
ou integrantes de Regiões Metropolitanas (RM) ou Regiões Integradas de
Desenvolvimento(Ride), e à FUNASA/Ministério da Saúde o atendimento
a municípios com menos de 50 mil habitantes, áreas rurais, quilombolas
e sujeitas a endemias15 16.
Voltar ao índice
167
Estudos de Direito do Saneamento
17 Art. 34. O controle social dos serviços públicos de saneamento básico poderá
ser instituído mediante adoção, entre outros, dos seguintes mecanismos:
IV - participação de órgãos colegiados de caráter consultivo na formulação da política
de saneamento básico, bem como no seu planejamento e avaliação.
(....)
§ 6º Após 31 de dezembro de 2014, será vedado o acesso aos recursos federais ou aos
geridos ou administrados por órgão ou entidade da União, quando destinados a serviços
de saneamento básico, àqueles titulares de serviços públicos de saneamento básico que
não instituírem, por meio de legislação específica, o controle social realizado por órgão
colegiado, nos termos do inciso IV do caput. (Redação dada pelo Decreto no 8.211, de2014)
Voltar ao índice
168
de resíduos sólidos, de limpeza urbana, de abastecimento de água, de es-
gotamento sanitário e de drenagem e manejo de águas pluviais, bem como
infraestruturas destinadas exclusivamente a cada um destes serviços.”
Para efeito de acesso aos recursos federais, o decreto definiu como for-
ma de controle social, a instituição de órgão colegiado.18Destaque-se que o
§6º, só admitiu a realização de transferência de recursos da União, a partir
de 31/12/2014, mediante a comprovação, por parte do titular do serviço
de saneamento básico, de instituição do órgão colegiado de controle social.
18 Art. 34. O controle social dos serviços públicos de saneamento básico poderá
ser instituído mediante adoção, entre outros, dos seguintes mecanismos:
I - debates e audiências públicas;
II - consultas públicas;
III - conferências das cidades; ou
IV - participação de órgãos colegiados de caráter consultivo na formulação da política
de saneamento básico, bem como no seu planejamento e avaliação.
(...................)
§ 6º Após 31 de dezembro de 2014, será vedado o acesso aos recursos federais ou aos
geridos ou administrados por órgão ou entidade da União, quando destinados a serviços
de saneamento básico, àqueles titulares de serviços públicos de saneamento básico que
não instituírem, por meio de legislação específica, o controle social realizado por órgão co-
legiado, nos termos do inciso IV do caput. (Redação dada pelo Decreto nº 8.211, de 2014)
19 Estamos citando a LDO 2019, (Lei nº 13.707/2018) no entanto, as leis orçamen-
tárias de anos anteriores contêm a mesma previsão em relação à definição do momento
em que se opera a transferência do recurso.
Voltar ao índice
169
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
170
der-se-ia adotar uma política de capacitação e compreensão por parte dos
entes federados, especialmente os menores, e da própria comunidade,
para que o objetivo pudesse ser alcançado efetivamente. Até porque não
se pretende estimular a criação do órgão pela criação, sem que este tenha
condições de realmente contribuir com o planejamento do saneamento
local. O que tem ocorrido, na prática, é a não compreensão por parte dos
atores, especialmente os municípios de até cinquenta mil habitantes, aten-
didos pela Funasa, acerca da relevância/necessidade de tal comando legal.
Voltar ao índice
171
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
172
para o gestor federal de realizar o chamamento para fins de entrega do
recurso público, pode pôr em risco critérios transparentemente objetivos,
além de possibilitar a ocorrência de sobreposição de atuação federal na
mesma área, como acontece não raras vezes, pois o chamamento garante
publicidade da escolha e é precedido de estudo técnico situacional.
Voltar ao índice
173
Estudos de Direito do Saneamento
A Funasa aloca recursos para três programas para os quais essa exi-
gência se torna impossível, em face das peculiaridades. Os programas
são: Melhorias Sanitárias Domiciliares (MSD) que são intervenções in-
dividuais promovidas nos domicílios, com o objetivo de atender às ne-
cessidades básicas de saneamento das famílias por meio de instalações
hidrossanitárias mínimas relacionadas ao uso da água, à higiene e ao des-
tino adequado dos esgotos domiciliares, não podendo ser caracterizadas
como obras habitacionais ou de urbanização; A ação de captação e ar-
mazenamento de água de chuva por meio de Cisternas são intervenções
promovidas nos domicílios, com o objetivo de atender às necessidades
de abastecimento de água para consumo humano e o Programa de Me-
lhorias Habitacionais para o Controle da Doença de Chagas (MHCDCh)
visa, por meio da restauração ou da reconstrução, melhorar as condições
físicas, bem como o ambiente externo dos domicílios que apresentam
condições favoráveis para a colonização do inseto hematófago Triatomí-
neo, vetor da doença de Chagas.
Voltar ao índice
174
suem baixa renda, vivem em situação de vulnerabilidade, sem as condições
mínimas de saneamento, o que, além de agravar os problemas de saúde
pública, pode contribuir para o aumento de impactos socioambientais.
Voltar ao índice
175
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
176
da, não convergente com o planejamento estabelecido para a região. O
problema que decorre dessa situação é que o valor empenhado fica vin-
culado àquele instrumento específico. Assim, nas situações expostas que
geram a extinção da avença, o recurso não pode ser reaproveitado, em
flagrante prejuízo à implementação da Politica Federal do Saneamento.
6. CONCLUSÃO
Voltar ao índice
177
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
178
um direito humano reconhecido, definido pela legislação pátria como ser-
viço essencial para a efetivação de direitos fundamentais, notadamente, os
direitos à vida, à saúde e ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.
Voltar ao índice
179
Estudos de Direito do Saneamento
A1
Resumo
Propõe-se neste artigo uma análise da água potável como direito hu-
mano fundamental, instrumental à saúde, tendo como base a dignidade
da pessoa humana. Pretende-se ainda demonstrar a importância da edu-
cação e conscientização ambiental como formas de ação preventiva, in-
cumbência tanto do Poder Público (através de políticas públicas) quanto
do cidadão e da sociedade (consciência cívica).
Voltar ao índice
180
Palavras-chave: Acesso à água. Direito Fundamental. Conscientiza-
ção ambiental.
Abstract
The 1988 Federal Constitution guarantees the right to life, dignity and
health as fundamental rights. Since access to drinking water is an essenti-
al right to human health and dignity, it is considered the duty of the State
to ensure its access to all people.
Sumário
1. Introdução; 2. Breves considerações sobre a proteção jurídica
do direito à água potável no Brasil; 3. Direito à água potável como
direito fundamental; 4. Inclusão formal do acesso à água potável
entre os direitos e garantias constitucionais – Proposta de Emenda
Constitucional - PEC 04/2018; 5. Da necessidade de tutela e cons-
cientização ambiental; 6. Conclusão; 7. Referências Bibliográficas.
Voltar ao índice
181
Estudos de Direito do Saneamento
1. INTRODUÇÃO
O interesse dos juristas sobre o tema Direito das Águas tem sido crescente.
A luta pelo acesso à água potável como garantia de direito fundamental, lide-
rada pela Organização das Nações Unidas, tem se mostrado presente na dou-
trina e jurisprudência brasileira, através de textos, artigos e decisões judiciais
reconhecendo o acesso à água potável como direito fundamental do cidadão.
Sabe-se que boa parte da água que recobre a superfície da Terra não con-
siste em água potável. Costa2 ao tratar do tema expõe que a água recobre 71%
da superfície do Planeta, sendo que 97% consiste em água salgada (mares e
oceanos). Afirma que apenas cerca de 2,61% da água da Terra é considerada
água doce, dos quais ¾ são águas congeladas dos polos. Vale dizer que a água
dos rios, lagos e lençóis freáticos representam apenas uma porção ínfima de
nossas reservas, qual seja, menos de 1% da água total existente.
2 COSTA, Marisa Nittolo. Água e agricultura. São Paulo: Imprensa Oficial, 2003. p. 681.
3 BRASIL, Deilton Ribeiro. RESENDE, Bruna Francisca Fernandes. ZIM, Letícia Fer-
nanda. O agravamento da poluição química das águas subterrâneas. Revista Direito Am-
biental e sociedade, v. 6, n. 1. 2016. p. 101-128.
Voltar ao índice
182
Propõe-se neste artigo uma análise da água potável como direito hu-
mano fundamental, instrumental à saúde, tendo como base a dignida-
de da pessoa humana, no sentido de que, devido à sua essencialidade
e posicionamento constitucional, possui status de direito fundamental,
exigível como cláusula pétrea.
Voltar ao índice
183
Estudos de Direito do Saneamento
A Carta Magna também dispõe em seu artigo 225 que todos têm di-
reito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum
do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Pú-
blico e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para a geração
presente e para as futuras.
Voltar ao índice
184
existia, sendo que apenas nos anos 80, com a instituição da Política Nacio-
nal de Meio Ambiente e a criação do Conselho Nacional de Meio Ambiente
- CONAMA, o Brasil passou a contar com um arcabouço legal e com o orde-
namento institucional necessário ao tratamento das questões ambientais.
A Lei 9.433/97 veio para regulamentar o artigo 21, inciso XIX, da Consti-
tuição Federal do Brasil, objetivando assegurar, à atual e às futuras gerações,
a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados
aos respectivos usos; a utilização racional e integrada dos recursos hídricos,
incluindo o transporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentá-
vel; e a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem
natural ou decorrente do uso inadequado dos recursos naturais5.
Voltar ao índice
185
Estudos de Direito do Saneamento
Uma vez que o direito de acesso à água potável não se encontra ex-
pressamente disposto no texto constitucional brasileiro, faz-se necessá-
rio tecer considerações a respeito dos fundamentos que levam a definir
o acesso à água potável como direito fundamental.
Voltar ao índice
186
jurídico. Esta categoria de valores é seleta, pois apenas se enquadram nes-
te rol os valores que a sociedade reconheceu através das normas jurídicas,
aquele direito que tiver seu valor agregado na Constituição do País9.
Voltar ao índice
187
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
188
O direito à água potável como direito fundamental é decorrente do direi-
to à vida reconhecido constitucionalmente, bem como do respeito à dignida-
de da pessoa humana. Não existe vida sem água. O acesso à água, em qua-
lidade e quantidade suficientes ao atendimento das necessidades humanas
insere-se entre os requisitos indispensáveis à existência de uma vida digna.
Voltar ao índice
189
Estudos de Direito do Saneamento
17 RANGEL, Tauã Lima Verdan. O acesso à água potável alçado ao status de direito
humano fundamental: breve explicitação ao tema. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862,
Teresina, ano 19, n. 3854, 19 jan. 2014.
Voltar ao índice
190
A referida proposta visa garantir a todos o acesso à água potável em
quantidade adequada para possibilitar meio de vida, bem-estar e desen-
volvimento socioeconômico.
“Art. 5°. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qual-
quer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos seguintes termos:
Voltar ao índice
191
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
192
O reconhecimento do direito à água potável como direito funda-
mental virá reforçar sua importância, tornando sua observância norma
coercitiva, além de servir de instrumento de conscientização da socie-
dade, que passará a ter consciência da importância do bem jurídico a
ser protegido e preservado.
Voltar ao índice
193
Estudos de Direito do Saneamento
19 MAIA, Ivan Luis Barbalho. O acesso à água potável como direito humano funda-
mental no direito brasileiro. Revista do CEPEJ. Salvador, 2017. Vol 10. Acessível em https:/
portalseer.ufba.br/index.php/CEPEJ/article/view/27165.
20 TUNDISI, José Galizia; TUNDISI, Takako Matsumura. A água. São Paulo: Publifo-
lha, 2009. p. 36-58.
Voltar ao índice
194
metros cúbicos por hora) e também produzem resíduos em grande escala,
que poluem e contaminam águas subterrâneas, rios, lagos e represas.
Por sua vez os recursos hídricos poluídos por descargas de resíduos hu-
manos e de animais transportam grande variedade de patógenos, entre eles
bactérias, vírus, protozoários ou organismos multicelulares, que podem causar
doenças gastrintestinais. Outros organismos podem infectar os seres humanos
por contato com a pele ou pela inalação a partir de aerossóis contaminados.
21 Ibiden, p. 59.
22 CAPELLARI, Adalberto. CAPELLARI, Marta Botti. A água como bem jurídico,
econômico e social. A necessidade de proteção das nascentes. Cidades , 36 | 2018, posto
online no dia 20 setembro 2018, consultado em 29 setembro 2019. URL : http://journals.
openedition.org/cidades/657.
Voltar ao índice
195
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
196
6. CONCLUSÃO
Voltar ao índice
197
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
198
Devido ao cunho de direito difuso, o tema extrapola os limites do Es-
tado Brasileiro, não ficando centrado apenas na extensão nacional, mas
sim compreende toda a humanidade. Neste sentido, o Ministro Celso de
Mello, ao apreciar a Ação Direta de Inconstitucionalidade n° 1.856/RJ,
destacou: “A preocupação com o meio ambiente - que hoje transcende
o plano das presentes gerações, para também atuar em favor das gera-
ções futuras [...] tem constituído, por isso mesmo, objeto de regulações
normativas e de proclamações jurídicas, que, ultrapassando a província
meramente doméstica do direito nacional de cada Estado soberano, pro-
jetam-se no plano das declarações internacionais, que refletem, em sua
expressão concreta, o compromisso das Nações com o indeclinável res-
peito a esse direito fundamental que assiste a toda a Humanidade24”.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Voltar ao índice
199
Estudos de Direito do Saneamento
CARLI, Ana Alice de. A política nacional das águas e seus instrumentos
em prol do potencial hídrico brasileiro: uma reflexão. Rev. Direito Econ.
Socioambiental, Curitiba, v. 6, n. 2, p. 184-208, jul./dez. 2015.
Voltar ao índice
200
FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasi-
leiro. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.
Voltar ao índice
201
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
202
Saneamento básico -
Um Direito Fundamental
Caminho para universalização
ANGELA MARIA ROCHA DE ALMEIDA LIMA2
a1
Resumo
Voltar ao índice
203
Estudos de Direito do Saneamento
Abstract
Throughout its history, it is observed that Brazil is still very far from
becoming a country that offers basic sanitation, without distinction, to all
its inhabitants. The main goal of this paper is to establish the insepara-
ble relationship between basic sanitation and health, considering that as
one of the primordial conditions for its existence, constituting a true ins-
trument for obtaining health, applying, this way, to basic sanitation, the
constitutional principles inherent in that fundamental right. The analysis
of public policies in this sector and all normative governing the subject
allowed to realize the many challenges facing the country and the bro-
ader political effort involving the government and society to consolidate
the universalization of basic sanitation and conclude that it is necessary
to make positive constitutionally so as to make it erect to the status of
fundamental right, inserting it in the caput of art. 6 of the Magna Carta.
INTRODUÇÃO
Voltar ao índice
204
É de conhecimento de todos - mesmo dos leigos, - que o saneamento
básico está intimamente vinculado à saúde e à melhoria da qualidade de
vida, de modo que a sua falta ou deficiência se constitui em fator nocivo
que coloca em risco a saúde, a vida e a dignidade de pessoa humana.
A Resolução da ONU por não ser uma lei em sentido formal e material,
não tem o condão de obrigar as nações a se responsabilizarem pela imple-
mentação de políticas públicas de saneamento, no entanto, traduz-se como
efetiva recomendação aos Estados para que destinem recursos financeiros e
promovam o “fortalecimento de capacidades e a transferência de tecnologia
por meio de assistência e cooperação internacional, em particular aos países
em desenvolvimento, a fim de intensificar esforços para fornecer a toda a
população acesso econômico à água potável e saneamento”.
Voltar ao índice
205
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
206
Os materiais foram retirados de textos, tanto da internet, como de
textos impressos e os dados considerados essenciais ao estudo, foram ex-
traídos de sítios eletrônicos de órgãos oficiais e de entidades privadas, es-
tudiosos do assunto em pauta. Na sequência foram compilados por meio
de um estudo qualitativo e analítico interpretativo e tratará dos seguintes
pontos: II - A Dignidade Humana e os Direitos Fundamentais - Breves Con-
siderações; III - Saneamento Básico - Essencial à saúde e à vida; IV – Saúde
e Saneamento Básico na Constituição Federal de 1988; V- Legislação Infra-
constitucional da Saúde e do Saneamento Básico; VI- Saneamento Básico,
um direito Fundamental? VII – Conclusão; VIII – Bibliografia.
Rubens Miranda de Carvalho, por outro lado, reconhece que “Em nos-
so sistema normativo, o princípio da dignidade da pessoa humana funciona
Voltar ao índice
207
Estudos de Direito do Saneamento
como um rio principal ao qual afluem todos os demais princípios como seus
caudatários. Ele é o princípio máximo em relação ao qual os outros são me-
nores, mesmo porque, o homem- e somente ele – é a medida do Direito.5
Voltar ao índice
208
Na linha de raciocínio de Ingo Wolfang Sarlet, tem-se que os direitos fun-
damentais “são aqueles expressa e implicitamente” positivados como tais
pela Constituição Federal e que encontram o seu fim último na dignidade
da pessoa humana ou que com esta guardam estreita relação, “ou dizem
respeito a outros bens e valores essenciais para a pessoa humana e a comu-
nidade política e social na qual se encontra inserida, tudo no contexto de um
conceito materialmente aberto e de uma compreensão multifuncional”8.
Voltar ao índice
209
Estudos de Direito do Saneamento
9 http://www.tratabrasil.org.br/saneamento/o-que-e-saneamento. Acessado em
18/09/2019.
10 Artigo “O Direito Humano de Acesso à Água Potável e ao Saneamento Básico.
Análise da Posição da Corte Interamericana de Direitos Humanos”- http://www.mpf.mp.br/
atuacao-tematica/ccr4 - Acessado em 18/09/2019.
Voltar ao índice
210
Não é demais concluir que um ser humano só poderá se desenvolver
com plenitude – física, psíquica e socialmente – se tiver saúde, sendo que
para isso precisa ingerir água potável, além de ter acesso a rede e trata-
mento de esgotos sanitário. Por outro lado, também parece óbvio que o
homem que não tem moradia e vive em meio ao lixo, exposto ao esgoto
e às substâncias tóxicas, além de vetores transmissores de doenças, tem
poucas chances de se desenvolver e alcançar a excelência como pessoa.
Com efeito, a saúde está inserida no elenco dos direitos sociais expres-
sos no caput do artigo 6.º da Carta Constitucional. Houvesse o legislador
constituinte inserido o direito à saúde no caput do artigo 5.º, aliando-o ao
direito à vida, por certo a saúde alcançaria níveis de eficácia e proteção
bem mais acentuados, pois estaria lado a lado com um direito natural.
Voltar ao índice
211
Estudos de Direito do Saneamento
12 Trata,cit.
13 http://www.funasa.gov.br/web/guest/saneamento-para-promocao-da-saude
Voltar ao índice
212
e que podem ser minimizados ou eliminados com o uso apropriado de
serviços de saneamento”. Informa ainda que:
Voltar ao índice
213
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
214
11.445/2007, dão conta de que “seriam necessários 508,5 bilhões de
reais para o cumprimento das metas até 2033, exigindo portanto uma
média de 18 bilhões de reais anualmente.”15
Voltar ao índice
215
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
216
te 2: Organização Mundial da Saúde – 2014 Fonte 3: Painel
Saneamento Brasil – Instituto Trata Brasil
Voltar ao índice
217
Estudos de Direito do Saneamento
e o saneamento são direitos humanos que fazem parte do grupo dos direitos
econômicos, sociais e culturais, e devem, portanto, ser garantidos a todas as
pessoas, sem qualquer tipo de discriminação” (COSTA, Jales Dantas)18.
E enfatiza que “O Brasil foi um dos 122 países que votaram favoravel-
mente para que também a água e o saneamento fossem considerados
direitos humanos. Maria Luiza Ribeiro Viotti, representante permanente
do Brasil na ONU, declarou na ocasião (28/07/2010) que o direito à água
potável e ao saneamento básico está intrinsecamente ligado aos direitos à
vida, à saúde, à alimentação e à habitação. É responsabilidade dos Estados
assegurarem esses direitos a todos os seus cidadãos e o Brasil tem traba-
lhado dentro e fora de suas fronteiras para promover o acesso à água e ao
saneamento básico, especialmente entre as comunidades de baixa renda.
No que tange à disponibilidade de recursos hídricos, pode-se dizer que o
Brasil ocupa uma posição privilegiada. Com cerca de 3% da população total
mundial, possui por volta de 12% da água potável superficial do planeta,
com vazão total de seus rios próxima a 180 mil m³ por segundo. A disponi-
bilidade de água total bruta por brasileiro é de 33.776 m³ de água por ano,
quase 20 vezes o limite considerado pela ONU de estresse hídrico, que é
de 1.700 m³ por ano. No entanto, cabe observar que a distribuição dos
recursos hídricos ocorre de forma bastante desigual no território nacional”.
Adiante afirma que “ainda é grande o drama pelo qual passam milhões
de brasileiros, carentes do acesso à água potável e ao saneamento básico,
sobretudo os residentes da região do semiárido brasileiro. Segundo a ASA19
Voltar ao índice
218
(2012, p. 01): Atualmente 67% das famílias rurais nos estados que compõem
o Semiárido20 não possuem acesso à rede geral de abastecimento de água,
sendo que 43% utilizam poços ou nascentes, e 24% utilizam outras formas
de acessar a água, que compreende Entretanto, a distribuição dos recursos
hídricos ocorre de forma bastante desigual no território nacional. Os extre-
mos são os casos da Amazônia, que abriga 70% da água doce superficial e
onde vivem 10% dos brasileiros, e a região hidrográfica do Atlântico.
Por seu turno, o artigo 196 da mesma carta política disciplina que “a
saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas
sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros
agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua
promoção, proteção e recuperação”. (Brasil, 1988).
Voltar ao índice
219
Estudos de Direito do Saneamento
E conclui Damasceno:
Voltar ao índice
220
“O direito à saúde é direito social e se estende ao conceito de
bem-estar físico, mental, social e à integração ao meio ambiente
e à sociedade, bem como à capacidade de exercício de direitos in-
dividuais. Há condições para o gozo do direito à saúde, que pode
ser obstado pela falta de saneamento básico, tal como nos casos
de mortalidade infantil, em que as políticas públicas voltadas para
sua erradicação encontram óbices na falta de saneamento. Assim,
o saneamento básico é condição para a saúde, para a vida e para
a própria dignidade da pessoa humana, fundamento da República,
conforme preceituado no artigo 1.º, III da Carta Maior. ”
Como já dito linhas atrás não se pode falar em saúde sem falar em sanea-
mento básico, “questão candente e base para o desenvolvimento do equilíbrio
sócio ambiental no qual o ser humano está inserido”. (DAMASCENO, João)25
Voltar ao índice
221
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
222
Por se tratar de um amplo conjunto de serviços, que inclui o abaste-
cimento de água, esgotamento sanitário, limpeza pública, manejo de re-
síduos sólidos urbanos e manejo de águas pluviais urbanas, como já dito
alhures, o saneamento básico acaba por albergar diversas competências.
27 BRASIL, 1988.
Voltar ao índice
223
Estudos de Direito do Saneamento
A Lei também determina que todo município elabore seu Plano Mu-
nicipal de Saneamento Básico (PSB) que deve contemplar no seu planeja-
28 BRASIL, 1988
Voltar ao índice
224
mento o respectivo plano de investimento, a fim de assegurar a universa-
lização dos serviços, contemplando o município em toda a sua extensão
territorial, de modo que possa assegurar o direito ao saneamento básico
e, por conseguinte a saúde, para todos.
Por outro lado, a referida lei em seus artigos. 8.º, 9.º, 10, 11, 12 e 13,
dispôs sobre a titularidade dos serviços, sem, contudo, dizer a quem dos
entes federados pertenceria essa titularidade, restando então à doutrina
e a jurisprudência se debruçarem sobre o tema e estas têm-se dividido
nos entendimentos.
Voltar ao índice
225
Estudos de Direito do Saneamento
pessoas devendo “ser tratada pelo Direito a partir de, pelo menos, duas
perspectivas, quais sejam, como direito fundamental e como sujeito de
direitos”. Evidente portanto, que o “reconhecimento do direito funda-
mental à água potável pelo Estado reforça sua importância, tornando sua
observância norma coercitiva, além de servir, em tese, de instrumento
de conscientização de toda a sociedade” (CARLI, 2013)30.
Voltar ao índice
226
Na lição de Aparecida de Carvalho “o saneamento básico é um direito
humano, um direito fundamental e constitui o mínimo vital, pois é essenci-
al à própria sobrevivência do ser humano, e integra junto com outros ele-
mentos o mínimo existencial, caracterizando o binômio vida e dignidade,
isto é, qualidade de vida ou vida saudável ligada à dignidade humana”33.
Voltar ao índice
227
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
228
Conclui então que “os direitos fundamentais consagrados na
Constituição, com conexão com bens jurídicos ligados à água – direito
à proteção da saúde e direito ao ambiente –, e também aquele que
resulta do labor jurisprudencial – direito a um mínimo vital – devem ser
interpretados ou desenvolvidos em função da necessidade de conferir
um valor pleno ao acesso à água potável e ao saneamento básico”.
Voltar ao índice
229
Estudos de Direito do Saneamento
CONCLUSÃO
36 http://www.idec.org.br/em-acao/revista/problemas-de-peso/materia/agua-di-
reito-humano - Acessado em 12/09/2019.
37 Assembleia Geral da ONU reconhece saneamento como direito humano distin-
to do direito à água potável, Publicado em 04/01/2016, no site da Organização das Nações
Unidas Brasil -https://nacoesunidas.org/ - Acessado em 1509/2019.
Voltar ao índice
230
Levar o saneamento básico para todos os domicílios ainda é uma
meta de difícil alcance, em que pese ter havido certo avanço na questão
da universalidade, especialmente, a partir do momento em que a socie-
dade internacional, os órgãos de direitos humanos e a própria sociedade
passou a discutir a questão como um dos caminhos a se perseguir, para
garantia da saúde e a dignidade da pessoa humana.
Voltar ao índice
231
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
232
Serviço público de
saneamento básico em
regiões metropolitanas
CASSIA HOSHINO1
O1
Resumo
Voltar ao índice
233
Estudos de Direito do Saneamento
Abstract
This article aims to clarify that there are solutions presented in Brazil-
ian law, including the jurisprudential hermeneutic direction of the Federal
Supreme Court, which enable the regionaled provision of basic sanitation
Voltar ao índice
234
services, putting into practice cooperative federalism as a way to over-
come economic deficiencies, techniques and access to natural resources.
It is understood that only by using these solutions it will be possible to
achieve the desired and essential universalization of sanitation services.
Sumário:
1. Introdução. 2. A importância do Saneamento Básico: abaste-
cimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana, mane-
jo de resíduos sólidos e de águas pluviais. 3. O cenário legal do
Direito do Saneamento no Brasil: Constituição Federal e Lei n.º
11.445/2007, a Lei Nacional do Saneamento Básico. 4. Presta-
ção Regionalizada dos serviços de saneamento. Gestão Associa-
da: consórcios (associação voluntária) e regiões metropolitanas
(associação compulsória). 5. Regiões Metropolitanas: Forma de
instituição. Artigo 25, §3.º da Constituição Federal, Requisitos e a
visão do Supremo Tribunal Federal. 6. Conclusão.
1. INTRODUÇÃO
Voltar ao índice
235
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
236
Artigo 3.o Para os efeitos desta Lei, considera-se:
Voltar ao índice
237
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
238
Assim, observamos que cada um dos serviços que compõe o Sistema de
Saneamento Básico, se individualmente considerado, exige uma série de pro-
cedimentos, o que torna todo o sistema um conjunto complexo de medidas.
Com efeito, no Brasil, de acordo com o Instituto Trata Brasil, uma Or-
ganização da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIP- que tem como
objetivo conscientizar a sociedade através do acesso à informação quan-
to à importância da universalização do saneamento básico, os índices em
2017 divulgados no Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento
– SNIS2017, de atendimento com abastecimento de água tratada era de
83,5% dos brasileiros e de acesso à coleta de esgoto era de 52,36%2.
2 Disponível em http://www.tratabrasil.org.br/saneamento/principais-estatisti-
cas (acesso em 26/09/2019)
3 Disponível em http://www.tratabrasil.org.br/saneamento/principais-estatisti-
cas (acesso em 26/09/2019)
Voltar ao índice
239
Estudos de Direito do Saneamento
Ainda assim, é preciso que haja a efetiva distribuição da justiça social com
o incremento dos índices de acesso, a fim de que se estabeleça uma equida-
de nos números regionais da prestação do conjunto global dos serviços que
compõem o saneamento básico, garantindo-se a toda a população brasilei-
ra, sem limites, o mínimo exigível para a dignidade da pessoa humana.
Voltar ao índice
240
3. O CENÁRIO LEGAL DO DIREITO DO SANEAMENTO NO BRASIL:
CONSTITUIÇÃO FEDERAL E LEI N.º 11.445/2007, A LEI NACIONAL DO
SANEAMENTO BÁSICO.
Com efeito, a Constituição Federal em seu Título III, ao dispor sobre a Or-
ganização do Estado e as competências federativas para legislar ou material
relacionadas à saúde pública, desenvolvimento urbano, dignidade humana e
recursos hídricos, abrangeu implicitamente o saneamento básico.
Voltar ao índice
241
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
242
Com a edição da já mencionada Lei n.º 11.445/2007, em 05 de ja-
neiro de 2007, a União estabeleceu as diretrizes nacionais para o sanea-
mento básico dispondo sobre a necessidade da elaboração do plano de
saneamento básico pelo titular dos serviços (artigo 9.º), sua regulação,
fiscalização e execução, possibilitando que tais funções sejam exercidas
por entes independentes.
Voltar ao índice
243
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
244
considerando os altos custos da instalação e manutenção de um sistema
de saneamento básico, bem como a exigência técnica que esse tipo de
serviço necessita, possibilitando ainda a utilização de subsídios cruzados.
Voltar ao índice
245
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
246
artigo 25 da Constituição Federal8. São as chamadas regiões metropolita-
nas, aglomerações urbanas e microrregiões.
8 Artigo 25, § 3.º. Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir re-
giões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamen-
tos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de
funções públicas de interesse comum.
9 Artigo 3.o Para os efeitos desta Lei, considera-se:
II - gestão associada: associação voluntária de entes federados, por convênio de coo-
peração ou consórcio público, conforme disposto no artigo 241 da Constituição Federal;
10 Artigo 241. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disciplinarão
por meio de lei os consórcios públicos e os convênios de cooperação entre os entes fe-
derados, autorizando a gestão associada de serviços públicos, bem como a transferência
total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços
transferidos (Redação dada pela Emenda Constitucional n.º 19, de 1998).
Voltar ao índice
247
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
248
Dessa maneira, verifica-se que a organização de um consórcio é com-
plexa, exigindo a disposição efetiva dos entes envolvidos e de seus órgãos
legislativos, a fim de que o desenvolvimento conjunto da política pública
alcance o interesse regional comum.
Voltar ao índice
249
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
250
Com efeito, a competência legislativa dos Municípios em relação às
matérias de interesse preponderantemente local fica preservada, assim
como a competência legislativa residual do Estado nas demais matérias.
(...)
Voltar ao índice
251
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
252
Ademais, o Ministro Gilmar Mendes em seu voto na ADI 1942, men-
ciona a criação de um órgão colegiado denominado Conselho Deliberati-
vo, com a participação de todos os integrantes da região metropolitana
(Municípios e Estado), onde não há a imposição da vontade de apenas
um deles sobre o outro, que tem como função a “administração centra-
lizada” e funcionaria como um órgão uniformizador sob aspecto técnico,
de regulação e fiscalização dos serviços.
Voltar ao índice
253
Estudos de Direito do Saneamento
16 Acórdão do STF – Plenário de 06.03.2013, proferido na ADI n.º 1842 – RJ, Rel.
Min. Luiz Fux – Redator do acórdão Min. Gilmar Mendes, Publicado em 16.09.2013: “5. (...)
O parâmetro para aferição da constitucionalidade reside no respeito à divisão de respon-
sabilidades entre municípios e estado. É necessário evitar que o poder decisório e o poder
concedente se concentrem nas mãos de um único ente para preservação do autogovemo e
da autoadministração dos municípios.
Reconhecimento do poder concedente e da titularidade do serviço ao colegiado for-
mado pelos municípios e pelo estado federado. A participação dos entes nesse colegiado
não necessita de ser paritária, desde que apta a prevenir a concentração do poder decisório
no âmbito de um único ente. A participação de cada Município e do Estado deve ser es-
tipulada em cada região metropolitana de acordo com suas particularidades, sem que se
permita que um ente tenha predomínio absoluto. (...)”
Voltar ao índice
254
Para o Ministro Gilmar Mendes, o interesse comum não é co-
mum apenas aos municípios envolvidos, mas ao Estado e aos
municípios do agrupamento urbano. Por isso, deve ser reconhe-
cido a condição de poder concedente e da titularidade do serviço
ao colegiado formado pelos municípios e pelo estado federado,
não sendo necessário participação paritária, desde que não haja
predomínio absoluto. Todos os municípios integrantes devem ser
representados. Os que não compõem a região, mas podem ser
afetados, são representados pelo Estado. A participação do Esta-
do federado nesta organização é imprescindível.
Voltar ao índice
255
Estudos de Direito do Saneamento
6 - CONCLUSÃO
Não podemos admitir que nos dias de hoje, em pleno século XXI, a
população brasileira não tenha sido beneficiada em sua integralidade pe-
los serviços que compõe o Sistema de Saneamento Básico. Isto porque,
tais serviços são do tipo minimamente exigíveis para uma adequada con-
dição de higiene e qualidade de vida, evitando mortes precoces, dissemi-
nação de doenças e tudo o que daí pode advir.
Voltar ao índice
256
Nesse sentido, deve-se exercitar na prática o princípio da solidarieda-
de entre os entes incentivando a formalização de parcerias entre Municí-
pios e Estado com interesses regionais comuns, tanto por meio da gestão
associada voluntária – consórcios e convênios de cooperação -, quanto
por meio da gestão associada compulsória – regiões metropolitanas.
Voltar ao índice
257
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
258
A prestação do serviço público
de saneamento básico de
forma contratada
Análise crítica dos elementos
que envolvem tal relação jurídica
CRISTIANE SOUZA BRAZ COSTA1
a1
Resumo
Voltar ao índice
259
Estudos de Direito do Saneamento
Abstract
This article deals with the ways of public procurement for basic sanitati-
on services in Brazil, based on the revisited concept of public service aimed
at promoting the fundamental right of citizens. Focusing on the comparati-
ve law and the new categories of Public Authority cooperation, intended to
analyze the requirements (or motivation) to contract public companies, in
a direct way, for their services provision and the effects on free competition.
Sumário
Introdução; 1. Da prestação do serviço público de natureza
econômica e a intervenção direta do Estado no domínio econô-
mico mediante a criação das estatais; 2. Das formas de prestação
do serviço público de saneamento e das relações jurídicas con-
tratuais decorrentes; 3. Da contratação de estatais sem procedi-
mento de concorrência. Direito comparado europeu. Relação in
house-providing; 4. Da cooperação horizontal para execução dos
serviços públicos no Brasil. Do contrato de programa na lei dos
consórcios públicos; 5. Do contrato de programa para execução
dos serviços públicos de saneamento básico. 5.1. Da escolha mo-
tivada da forma de prestação do serviço público de saneamento;
Condições de validade dos contratos para a prestação do serviço;
6. Considerações Finais.
Voltar ao índice
260
INTRODUÇÃO
Voltar ao índice
261
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
262
Apesar da abrangência das obrigações estatais que se inserem no
conceito de serviço público, para fins de delimitação deste trabalho, está
sendo considerado apenas aquele que configura atividade econômica e,
portanto, passível de delegação a particulares, nos termos do artigo 175
da Constituição Federal, doravante “CF”, cujo pressuposto é a concorrência
prévia entre todos os interessados. Esta qualificação econômica atribuída
aos serviços públicos impacta de forma direta na definição dos critérios
para aplicação dos artigos 173 e 175 da CF, assim como faz emergir diver-
sas críticas quanto à arraigada doutrina que divide as estatais em prestado-
ras de serviços públicos e exploradoras de atividades econômicas5.
Voltar ao índice
263
Estudos de Direito do Saneamento
Por sua vez, para doutrinadores modernos7, a diferença não está pautada
no aspecto subjetivo, como se fossem campos de atuação estanques. Partindo
do pressuposto que ambos se reportam a atividades econômicas, o artigo 175
é voltado para disciplinar as atividades que o Estado necessariamente deverá
prestar ou garantir, haja vista que se traduzem em instrumentos para atendi-
mento de algum direito fundamental do cidadão. O mesmo não ocorre em
relação aquelas disciplinadas pelo artigo 173, cuja atuação estatal é discricio-
nária e subsidiária, havendo a intervenção direta somente em caso de relevan-
te interesse público ou imperativos de segurança nacional, previstos em lei8.
Voltar ao índice
264
humana, é reconhecido no Brasil como direito fundamental implícito, eis que
se correlaciona diretamente com o direito à vida e ao meio ambiente ecolo-
gicamente equilibrado, incluindo o espaço urbano e sua interface direta com
os recursos hídricos10. Haja vista estas características, o Poder Público tem o
dever de garantir a sua fruição pelos cidadãos, nos moldes do artigo 175 da
Carta Magna, cuja prestação poderá se dar de forma direta, pelo ente públi-
co que tem o dever de garantir-lhe, ou por delegação.
10 Cf. Constituição Federal, artigo 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado,
garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de
outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, prote-
ção e recuperação. Artigo 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público
e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
Voltar ao índice
265
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
266
Ocorre que a crise econômica vivenciada pelo país na década de 8013,
a diminuição drástica da capacidade de investimento do Estado e ampli-
ação do rol dos direitos conferidos aos cidadãos, em face da Constituição
Federal de 1988, impulsionaram o Brasil a promover as chamadas refor-
mas estruturantes14, reordenando a atuação do Estado para atividades
consideradas prioritárias, assim como transferindo à iniciativa privada as
de cunho econômico. Neste cenário, foram editadas as leis que permiti-
ram a delegação da prestação de serviços às entidades privadas, median-
te concessão e permissão (Lei 8.987/95 e Lei 9.074/95)15.
Voltar ao índice
267
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
268
melhor escolha para a concretização do direito dos cidadãos. Tal decisão
deve ser transparente e devidamente processualizada, para permitir o
seu conhecimento e possíveis atuações por todos os interessados, assim
como a regra deve ser a existência de concorrência, a qual somente será
flexibilizada se implicar, prejuízo para o “alcance das finalidades que leva-
ram à instituição de um determinado serviço público”18.
Voltar ao índice
269
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
270
Uma vez relacionadas as alternativas legais para a forma de presta-
ção, interessa-nos avaliar as relações jurídicas firmadas em função da
prestação direta por estatal vinculada ao titular; da indireta, por conces-
são do serviço e, por fim, aquelas advindas da gestão associada.
Voltar ao índice
271
Estudos de Direito do Saneamento
22 JUSTEN FILHO, MARÇAL. “Teoria geral das concessões de serviço público”, São
Paulo, Dialética, 2003, pp.117-129.
23 SCHIRATO, VITOR RHEIN. Op., cit., p.159.
Voltar ao índice
272
te dita, nem se pode dizer que foi uma mera descentralização adminis-
trativa, vez que a empresa não integrava a administração indireta do
Município. Durante todo este período, na verdade, o que se percebe,
por mais absurdo que se possa parecer, é que praticamente houve a
transferência das funções que deveriam ser exercidas pelo titular dos
serviços. Com efeito, as próprias empresas realizavam o planejamento,
definiam os investimentos, criavam suas próprias metas, assim como
estipulavam os valores das tarifas e a sua revisão. Tal assertiva decorre
da constatação da ausência total de controle pelos Municípios e da ine-
xistência de regulação estatal do setor.
Voltar ao índice
273
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
274
Ocorre que, em face da certificação de que tal forma de intervenção na eco-
nomia poderia causar desequilíbrio e distorções no mercado, tendo em vista
que tais entes não se sujeitavam a procedimentos prévios para escolha e
contratação, tornou-se fundamental estabelecer mecanismos de controle,
para verificação de quais requisitos seriam exigidos para que aquela relação
fosse considerada doméstica, mera gestão interna e, portanto, legítima.
Voltar ao índice
275
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
276
Por outro lado, é afastado o controle em se tratando de sociedade de
economia mista, ainda que a participação privada seja minoritária, sob o
fundamento de que o objetivo buscado não é exclusivamente a satisfa-
ção do interesse público.
Voltar ao índice
277
Estudos de Direito do Saneamento
Nesta toada, até mesmo por não se tratar de uma relação interna den-
tro de uma mesma estrutura administrativa, maior razão existe para não
se admitir a celebração de contrato de programa com estatal vinculada ao
Estado para prestação do serviço de saneamento em Município, sem que
seja submetida ao prévio processo licitatório. A inexistência de vinculação
entre o titular e o prestador do serviço, além da atual vedação contida
na lei acima mencionada, impossibilitam qualquer tipo de controle pelo
Município sobre o direcionamento da atuação das estatais estaduais, cuja
relação jurídica se configura como típica concessão de serviço público.
Voltar ao índice
278
servidores, assim como podem participar de concorrência para amplia-
ção do mercado na prestação do serviço de saneamento29.
Voltar ao índice
279
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
280
gestão associada de serviços, consoante previsto no artigo 241 da CF32.
Esta cooperação interfederativa, para atingimento de interesses comuns,
potencializando as ações do Poder Público, deve ocorrer mediante o con-
vênio de cooperação ou do consórcio entre entes federados.
32 Cf. CF, Artigo 241. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dis-
ciplinarão por meio de lei os consórcios públicos e os convênios de cooperação entre os
entes federados, autorizando a gestão associada de serviços públicos, bem como a transfe-
rência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos
serviços transferidos. (Redação dada pela Emenda Constitucional n.º 19, de 1998)
33 Cf. Lei n.º 11.107/2005. Artigo 3.º O consórcio público será constituído por
contrato cuja celebração dependerá da prévia subscrição de protocolo de intenções.
34 Cf. Decreto n.º 6.017/2007. Artigo 2.º, inciso VIII.
Voltar ao índice
281
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
282
uma atribuição que pertence aos entes federados envolvidos, somado ao
fato de aquele ter natureza jurídica autárquica e integrar a administração
indireta de todos os consorciados.
Voltar ao índice
283
Estudos de Direito do Saneamento
O primeiro tipo não causa nenhuma celeuma jurídica, haja vista que
nada mais é que exercício do poder de auto-organização administra-
tiva, podendo haver reunião dos entes federados para sua prática, de
forma mais eficiente ou especializada, por uma determinada entidade
pública. Tal contrato de programa é baseado na lógica da Administra-
ção consensual, que visando otimizar, de forma coordenada, a atuação
dos seus entes, na busca de melhores resultados, estabelece metas,
prazos e define a forma de exercício das competências, para cumpri-
mento de programa de governo.
Voltar ao índice
284
Foi inspirado no accordi di programma do Direito italiano, em relação
ao qual Gustavo Justino de Oliveira36, citando renomado doutrinador da-
quele país, traz os seguintes apontamentos:
O referido autor ainda apresenta uma síntese do que pode ser trans-
posto da experiência italiana para o instrumentos similares no Brasil,
dentre os quais se verifica o contratualismo (consensualismo) do accordi
di programma como forma de “acelerar o desenvolvimento da ação ad-
ministrativa e disciplinar, com maior firmeza e precisão, seus próprios
comportamentos”; o surgimento dos acordos como categoria autônoma
em relação aos contratos administrativos e o fato de poder “manter a
coordenação e promover a integração entre órgãos e entidades compo-
nentes de uma organização policêntrica”37.
36 OLIVEIRA, GUSTAVO JUSTINO DE. “Contrato de Gestão”, São Paulo, Revista dos
Tribunais, 2008, p.123.
37 OLIVEIRA, GUSTAVO JUSTINO DE. Op., cit., p.131.
38 DI PIETRO. MARIA SYLVIA ZANELLA. “Direito Administrativo”, 25.ª ed., São Pau-
lo, Atlas, 2012.
Voltar ao índice
285
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
286
pertencente ao ente federado consorciado ou conveniado. Não obstante
a reunião dos entes federados em cooperação ou consórcio, as entida-
des das respectivas esferas administrativas não passam a pertencer à es-
trutura dos demais conveniados ou consorciados. Não é uma relação in
house, como parece ter sido a intenção de configuração pelo legislador,
ao se prever a extinção automática, caso deixasse de pertencer ao ente
federado que autorizou a gestão associada, assim como a dispensa de li-
citação. E, ainda se o fosse, conforme já enfrentado, não autorizaria uma
contratação sem procedimento de concorrência, sendo esta, portanto,
uma vantagem competitiva indevida.
Voltar ao índice
287
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
288
ximo 31/12/2010, desde que cumpridas determinadas condicionantes e
fossem adotadas as providências para a promoção da licitação ou para a
assunção direta do serviço pelo ente titular39.
Na peça inicial, citando voto proferido pelo Ministro Eros Grau, na ADI
2716/RO, o parquet apresenta os seguintes fundamentos:
39 Cf. previsto no artigo 58 da Lei n.º 11.445/2007, alterando o artigo 42 da Lei n.º
8.987/95.
Voltar ao índice
289
Estudos de Direito do Saneamento
40 Petição inicial da ADI 4058, a qual foi julgada parcialmente procedente, para
conferir ao § 1.º do artigo 42 da Lei n.º 8.987/1995 interpretação conforme à Constituição,
sem redução de texto, no sentido de ser imprescindível a realização de licitação prévia à
nova delegação a terceiro.
41 Cf. Lei n.º 11.578/2007, Artigo 7.o-A. Os serviços públicos de saneamento bá-
sico prestados por entidade da administração indireta dos Estados, por meio de concessão
outorgada em caráter precário, com prazo vencido ou que estiverem em vigor por prazo
indeterminado, poderão ser contemplados com os recursos públicos do PAC, desde que
incluam no termo de compromisso previsto no artigo 3.o os seguintes requisitos adicionais:
I – anteriormente à assinatura do termo de compromisso, celebração de convênio de coo-
peração entre os entes federativos que autorize a gestão associada de serviços públicos;
e I – celebração, até 31 de dezembro de 2016, entre os entes federativos ou suas entidades,
de contrato de programa que discipline a prestação dos serviços. 1.o O convênio de coope-
ração firmado a partir da data de publicação desta Lei deverá conter cronograma fixando
os prazos para o cumprimento das condições previstas no artigo 11 da Lei n.o 11.445, de
5 de janeiro de 2007, que deverão estar atendidas na data de celebração do contrato de
programa referido no inciso II do caput.(Incluído pela Lei n.º 12.693, de 2012)
Voltar ao índice
290
de saneamento pelas Companhias Estaduais, que, mediante a forma-
lização de novos contratos, garantiriam a continuidade das atividades.
Ocorre que, devido à necessidade do cumprimento de requisitos técni-
cos para a celebração dos contratos de programa, em muitos Municípios
brasileiros a prestação vem ocorrendo de maneira irregular, baseadas
tão-somente no convênio de cooperação, apesar da previsão legal de
que aquele é condição de validade das obrigações assumidas.
Voltar ao índice
291
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
292
é uma decisão discricionária, a qual deve ser devidamente ancorada em
elementos que comprovem ter sido a melhor escolha para atendimento
dos interesses do cidadão e concretização dos princípios que norteiam a
prestação do serviço.
Voltar ao índice
293
Estudos de Direito do Saneamento
saúde e economia local. A partir daí, devem ser fixadas metas de curto,
médio e longo prazos para atingimento da universalização, avaliando as
ações necessárias para o seu cumprimento de modo mais eficiente e efi-
caz para cada uma das atividades que compõe o serviço.
Voltar ao índice
294
modelo de negócio a ser adotado. Na análise dos recursos, devem ser
incluídos os custos das medidas mitigadoras e compensatórias de caráter
social e ambiental; dos custos operacionais e despesas da atividade; da
quantificação das receitas, inclusive as acessórias. Quanto à modelagem
da prestação, deve contemplar, dentre outros requisitos, a apreciação
das alternativas de outros modelos contratuais, a justificativa do esco-
lhido, em relação ao qual devem ser demonstradas as vantagens sociais,
ambientais e econômicas no curto, médio e longo prazos.
Voltar ao índice
295
Estudos de Direito do Saneamento
Por fim, caso a decisão seja pela contratação, o contrato somente será
considerado válido se houver a definição dos entes de regulação e de fis-
calização, para o exercício das funções que lhes são inerentes previstas em
normas previamente definidas. As de regulação devem ser exercidas por
ente autônomo e direcionar o estabelecimento prévio de padrões, confe-
rindo segurança jurídica, para que a prestação do serviço seja considerada
adequada para a satisfação do usuário e para que haja o cumprimento das
metas. Resguardando a sustentabilidade da atividade, deve haver a defini-
ção de tarifas que garantam o equilíbrio econômico-financeiro do contrato,
assim como a sua modicidade, e, por fim, a previsão da adoção de práticas
para prevenir e reprimir o abuso do poder econômico.
Voltar ao índice
296
para ser efetiva, depende de ampla divulgação, transparência das infor-
mações e adoção de mecanismos para facilitar a compreensão de ques-
tões técnicas, de modo a qualificar a participação popular. Neste cenário,
não se pode olvidar que o cidadão, além do direito ao saneamento, tem
atrelado o dever de usufrui-lo, quando colocado à disposição, em face
das inúmeras consequências negativas que poderiam advir para a cole-
tividade. Destarte, tanto os direitos quanto os deveres serão mais facil-
mente internalizados quanto melhor for a população informada.
Uma vez não cumpridos tais requisitos, o negócio fica sujeito à de-
claração de nulidade, podendo ser objeto de questionamento mediante
o ajuizamento de ação civil pública ou ação popular, sendo, portanto, de
grande valia a publicidade, a transparência e a informação qualificada
acerca dos motivos que levaram o titular do serviço a decidir por uma
determinada forma de prestação.
Voltar ao índice
297
Estudos de Direito do Saneamento
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Voltar ao índice
298
rios, desvencilhando-se, portanto, dos antigos paradigmas da escola clássica
francesa voltada apenas ao atendimento das necessidades do Estado.
Voltar ao índice
299
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
300
Criação de consórcio
interfederativo no Amazonas
A gestão associada como meio
de incremento dos índices de
saneamento no Estado
DANDARA VIÉGAS DANTAS2
s1
Resumo
Voltar ao índice
301
Estudos de Direito do Saneamento
Abstract
Voltar ao índice
302
Sumário
1. INTRODUÇÃO
Voltar ao índice
303
Estudos de Direito do Saneamento
2 Trata Brasil. Esgoto. São Paulo, 27 jul. 2019. Disponível em: http://www.tra-
tabrasil.org.br/saneamento/principais-estatisticas/no-brasil/esgoto (acedido em 27 de se-
tembro de 2019).
3 Trata Brasil. Principais dados do saneamento por estado. Trata Brasil. São Pau-
lo, 27 jul. 2019. Disponível em: http://www.tratabrasil.org.br/saneamento/principais-esta-
tisticas/no-brasil/dados-regionais (acedido em 27 setembro de 2019)
Voltar ao índice
304
viável para implementação no Amazonas com a finalidade de melhorar
os índices de saneamento naquele estado?
Voltar ao índice
305
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
306
des e descentralização de recursos resultou na participação dos estados em
políticas financiadas pela União, eximindo-se da responsabilidade de inves-
timento, sob a justificativa de que estavam constitucionalmente desobriga-
dos. Por sua vez, o Governo Federal intentou transformar a descentralização
em um jogo de repasse de funções, intitulado de operação desmonte8.
8 Abrucio e Loureiro, O Estado em uma era de reformas: os anos FHC. Brasília, pp. 21 ss.
9 L.F. Abrucio e C. Franzese. “Federalismo e políticas públicas: o impacto das relações inter-
governamentais no Brasil”, Tópicos de economia paulista para gestores públicos, v.1, 2007, pp.13-31.
10 P. Pierson. Fragmented Welfare States: federal institutions and development of
social policy. Governance, v.8, n.4, out. 1995, pp. 452.
11 Brasil. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Cartilha de Consór-
cios Públicos de Saneamento Básico: explicitando os caminhos, as experiências e as vanta-
gens da cooperação interfederativa no saneamento/Ministério da Saúde, Fundação Nacio-
nal de Saúde; Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: UFRJ, 2017, pp. 9-10.
Voltar ao índice
307
Estudos de Direito do Saneamento
Por sua vez, a gestão associada pode ser realizada por meio de con-
vênios de cooperação ou de consórcios públicos, atendo-se o presente
estudo a esta última modalidade.
3. CONSÓRCIOS PÚBLICOS
12 O. Medauar e G.J. Oliveira, Consórcios Públicos. São Paulo: Revista dos Tribu-
nais, 2006, pp. 174.
13 A. Piterman, Formação e implantação dos consórcios municipais em sanea-
mento: um estudo de três experiências no Brasil. UFMG, 2014, p. 76.
Voltar ao índice
308
“[…] união entre dois ou mais entes da Federação (municípios,
Distrito Federal, estados e União), sem fins lucrativos, com a fi-
nalidade de prestar serviços e desenvolver ações conjuntas que
visem ao interesse coletivo e benefícios públicos. Constitui-se
numa associação pública com personalidade jurídica de direito
público e de natureza autárquica, ou como pessoa jurídica de di-
reito privado sem fins econômicos14”
Voltar ao índice
309
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
310
de saneamento, idealizada no Ministério das Cidades como anteprojeto
da lei dos consórcios17.
Voltar ao índice
311
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
312
tual, portanto através dele não é assumido o compromisso de celebrar
acordo com direitos e obrigações, sendo deliberadas as cláusulas a se-
rem observadas futuramente, caso o pacto seja ratificado.
Voltar ao índice
313
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
314
4. EXPERIÊNCIAS DE COOPERAÇÃO INTERFEDERATIVA NACIONAIS
Voltar ao índice
315
Estudos de Direito do Saneamento
Segundo dados do IBGE29, tem-se que 67% dos domicílios não têm
rede de esgoto ou fossas sépticas e 45% não têm rede de água, situação
esta que se reflete no baixos indicadores sociais.
Voltar ao índice
316
zados da entidade estatal que as criou, mas sem subordinação hierárqui-
ca, submetidas tão-somente ao controle finalístico de sua administração
e da conduta de seus dirigentes31.
Além das SAAE’s, esses serviços ainda são desenvolvidos por meio de
companhias municipais, como é o caso dos municípios de Coari e Humaitá.
Voltar ao índice
317
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
318
Feitas essas considerações sobre a situação do saneamento no Ama-
zonas, especialmente no que diz respeito à água, passa-se a analisar as
experiências de cooperação interfederativa implantadas nos estados de
Minas, Paraná e Piauí, a partir de um viés crítico, possibilitando extrair
parâmetros para a formalização de um consórcio a fim de beneficiar os
municípios do interior amazonense, incrementando os índices de sanea-
mento naquele estado.
Voltar ao índice
319
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
320
prefeitos, levando à assinatura do protocolo em 2007 e à cons-
tituição do consórcio em 200834.
Voltar ao índice
321
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
322
4.2.3 Consórcio Regional de Saneamento do Sul do Estado do Piauí
– CORESA SUL
Por sua vez, o Ministério das Cidades realizou estudo de viabilidade téc-
nica, logística e financeira dos modelos alternativos de gestão dos serviços,
conforme dados dos sistemas de abastecimento de água das sedes munici-
pais do Estado, obtidos a partir da Agência Nacional de Águas e do Programa
de Modernização do Setor de Saneamento (PMSS). Os resultados aponta-
ram que o mais aconselhável para o Estado do Piauí seria a seguinte solução:
Voltar ao índice
323
Estudos de Direito do Saneamento
No que diz respeito ao contrato de rateio, tem-se que este foi assina-
do apenas pelo estado do Piauí, que passou a assumir todos os encargos
relativos aos custos iniciais, correspondentes ao rateio e investimento
relativos à implantação do consórcio em apreço.
Voltar ao índice
324
as atividades previstas para o ajuste. Assim, a falta de recursos financeiros a
fim de qualificar pessoas, adquirir ou contratar programas e equipamentos
de informática no intuito de operacionalizar o consórcio, unidos às dificul-
dades impostas por alguns setores da AGESPISA, que ainda apresentavam
resistência em repassar a gestão dos sistemas de abastecimento de água
para os municípios, contribuíram para o insucesso do consórcio40.
Ademais, o capital social não pôde ser identificado na sua forma mais
espontânea, tendo em vista que inexistiu uma rede de relações sociais
ou estrutura social ou até mesmo um conjunto de pessoas ligado por um
objetivo comum, eis que não houve confiança entre os participantes com
o escopo de garantir o fortalecimento e compartilhamento de valores
pelos integrantes do grupo42.
Voltar ao índice
325
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
326
Portanto, como se pôde identificar através da presente análise, o con-
sórcio CORESA SUL seguiu o modelo top-down, também conhecido como
“Implementação Programada”, que tem como ponto de partida a asserção
de que a implementação se inicia com uma decisão do governo central,
que define a relação entre os objetivos da política pública, determinados
pelas lideranças políticas, e os meios a serem articulados pelos distintos
níveis de burocracia, com o intuito de produzir os resultados pretendidos44.
Desse modo, viu-se que o CISAB e CISPAR tiveram uma maior adesão
dos participantes e vêm apresentando sustentabilidade no tempo. Tem-se,
dessa maneira, que o processo de constituição e funcionamento desses
dois consórcios permitem a uma maior sustentabilidade no tempo das ex-
periências consorciadas, mostrando-se como uma alternativa viável a ser
implantada no Amazonas, em razão do êxito apresentado.
Voltar ao índice
327
Estudos de Direito do Saneamento
5. CONCLUSÕES
Voltar ao índice
328
mento. Em seguida, foi contextualizado o cenário do saneamento no Amazo-
nas e apresentadas as experiências consorciais nos estados de Minas Gerais,
Paraná e Piauí através do CISAB, CISPAR e CORESA SUL, respectivamente.
Voltar ao índice
329
Estudos de Direito do Saneamento
Politíca de
saneamento básico no Brasil
Despolitização e tecnocratização
DANIEL VIANA TEIXEIRA1
a1
Resumo
As reformas propostas para o regime jurídico do setor de saneamento no
Brasil partem de um diagnóstico de que o setor é hoje dominado por empre-
sas públicas estaduais, consideradas ineficientes e sem capacidade de investi-
mento; tem baixa participação de prestadores e capital privados; e, não ofe-
rece segurança jurídica para o investidor privado. As propostas mantêm con-
centrados o poder decisório e os recursos orçamentários no governo federal;
concentram o poder de instituir parâmetros regulatórios; promovem a partici-
pação de prestadores privados, dentre outras providências. Busca-se tornar o
setor menos exposto à influência dos governos locais e norteado por critérios
técnicos de eficiência e sustentabilidade. Neste artigo, enfocamos o distancia-
mento da sociedade relativamente à formulação das políticas de saneamento.
Discute-se se o recrudescimento da centralização do poder decisório em nível
federal e uma visão tecnicista dos problemas efetivamente contribuem para
a melhora do panorama institucional e normativo do saneamento no Brasil.
Voltar ao índice
330
Palavras-chave: Saneamento básico; Centralização/tecnocratização
decisória; Déficit democrático; Sociedade e espaço; Sustentabilidade.
Abstract
The proposed reforms to the sanitation legal regime in Brazil start
from a diagnosis that the sector is now dominated by state-owned com-
panies, considered inefficient and without investment capacity; has low
participation of private providers and capital; and, it does not provide
legal certainty for the private investor. The proposals keep the decision-
-making power and budgetary resources concentrated in the federal
government; concentrate the power to institute regulatory parameters;
promote the participation of private providers, among other measures.
It seeks to make the sector less exposed to the influence of local govern-
ments and guided by technical criteria of efficiency and sustainability. In
this article, we focus on the distancing of society from the formulation of
sanitation policies. It is discussed whether the increasing centralization of
decision-making at the federal level and a technicist view of the problems
effectively contribute to the improvement of the institutional and norma-
tive context of sanitation in Brazil.
Sumário
01. Introdução. 02. Contextualização histórica. 03. Os investimen-
tos públicos em saneamento básico e a “intersetorialidade”. 04.
Tributação e política de tarifas pelo uso do serviço. 05. Sustenta-
bilidade dos serviços públicos de saneamento. 06. Descentraliza-
ção das decisões políticas em saneamento: evidências empíricas.
07. Considerações finais.
Voltar ao índice
331
Estudos de Direito do Saneamento
1. INTRODUÇÃO
Voltar ao índice
332
urbanização que, sem planejamento, resultou em uma série de deficiências
infraestruturais das cidades, em especial em matéria de saneamento básico5.
Voltar ao índice
333
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
334
insiste nas alterações já propostas anteriormente e avança em outros
pontos, como a vedação explícita à prestação de serviços de saneamento
por meio de contratos de programa 10, instrumento que torna possível
a prestação desses serviços, de titularidade dos municípios, por outro
entre federado, como os Estados, o que inviabilizaria a atuação das com-
panhias estaduais de saneamento.
Voltar ao índice
335
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
336
Pode-se entender esse movimento – que toma como premissa funda-
mental a busca por uma solução para a situação fiscal deficitária do Estado,
sem capacidade para investir – como uma tentativa de dar ao setor de
saneamento, por meio da centralização e padronização de normas regula-
tórias a cargo da ANA e da facilitação da privatização dos serviços: por um
lado, uma blindagem contra ingerências políticas das instâncias de poder
estaduais e municipais; por outro lado, uma maior capacidade de transfe-
rir a prestação da maior parte dos serviços públicos de saneamento, hoje
operados por empresas públicas estaduais de saneamento (consideradas
ineficientes e também sujeitas a ingerências políticas), à iniciativa privada.
Em resumo, o discurso que subjaz ao movimento político é no sentido de
despolitizar as ações do poder público em matéria de saneamento dando-
-lhes um caráter técnico, em prol da eficiência dessas mesmas ações.
Voltar ao índice
337
Estudos de Direito do Saneamento
2. CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA
13 Ana Lucia BRITTO e Sonaly Cristina REZENDE. A política pública para os servi-
ços urbanos de abastecimento de água e esgotamento sanitário no Brasil: financeirização,
mercantilização e perspectivas de resistência. Cad. Metrop., São Paulo, v. 19, n.º 39, p. 557-
581, ago. 2017. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid-
=S2236-99962017000200557&lng=pt&nrm=iso> Acessos em 12 ago. 2019.
Voltar ao índice
338
Em 1971, surgiu o Plano Nacional de Saneamento (PLANASA) cuja
principal característica foi a promoção da criação de companhias esta-
duais de saneamento básico (CESBs), que atuariam por meio de con-
cessões de longo prazo para execução desses serviços. Os municípios,
detentores da titularidade dos serviços públicos de saneamento, eram
incentivados a aderir ao modelo em troca de investimentos do Banco
Nacional de Habitação (BNH)14. A lógica do plano era garantir a redução
de custos de planejamento e investimento e a obtenção de ganhos de es-
cala, bem como possibilitar mecanismos tarifários de subsídios cruzados,
tornando viável a expansão do sistema a pequenos municípios e regiões
mais pobres. Grande parte dos municípios (3.200 de 4.100 então existen-
tes) aderiu ao plano, concedendo os serviços à exploração pelas CESBs15.
Voltar ao índice
339
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
340
uso inadequado do solo, com a fixação de moradias em regiões que de-
veriam estar livres desse tipo de uso: por serem legalmente definidas
como áreas de proteção ambiental permanente (margens de rios e lagos,
topos de morros, declives acentuados etc.); ou por serem materialmente
importantes para a preservação dos recursos hídricos e de uma adequa-
da dinâmica dos fluxos de água no contexto da região urbanizada.
Voltar ao índice
341
Estudos de Direito do Saneamento
21 “No século XX, particularmente desde a década de 1940, a União assumiu papel
expressivo no provimento e gestão de serviços de abastecimento de água e esgotamento
sanitário, em regiões estratégicas do país, atuando, por meio do DNOCS10, do DNOS11 e da
extinta Fundação SESP12 (atual Funasa). Os dois primeiros se ocuparam especialmente da im-
plantação de obras de abastecimento de água e a Funasa, além da execução de obras, atuou
também na administração desses serviços, em cooperação com centenas de municípios, em
praticamente todos os estados brasileiros, até meados da década de 1990. Atualmente, a
Funasa não participa diretamente da gestão dos serviços municipais, porém ainda é um dos
principais agentes executivos das ações de saneamento básico do Governo Federal, junto aos
municípios. (...) Afastadas do setor de saneamento básico, desde a década de 1940, as em-
presas privadas (...) retornaram à prestação de serviços públicos de abastecimento de água e
esgotamento sanitário, em meados da década de 1990, após a edição da Lei nº 8.987/95 (Lei
de Concessões).” (BRASIL, 2011) BRASIL. Ministério das Cidades (MCID). Secretaria Nacional
de Saneamento Ambiental (SNSA). Panorama do saneamento básico no brasil. Investimentos
em saneamento básico: análise histórica e estimativa de necessidades. 2011. Disponível em:
<http://bibspi.planejamento.gov.br/handle/iditem/271> Acesso em: 19 ago 2019.
22 “Desde o Plano Nacional de Saneamento (Planasa), de 1971, as principais fontes de
investimento disponíveis para o setor de saneamento básico no Brasil são: i) os recursos dos
fundos financiadores (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS e Fundo de Amparo ao
Trabalhador - Fat), também denominados de recursos onerosos; ii) recursos não onerosos, de-
rivados da Lei Orçamentária Anual (Loa), também conhecido como OGU, e de orçamentos dos
estados e municípios; iii) recursos provenientes de empréstimos internacionais, contraídos junto
às agências multilaterais de crédito, tais como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (Bid)
e o Banco Mundial (Bird); (iv) recursos próprios dos prestadores de serviços, resultantes de supe-
ravits de arrecadação; e (v) recursos oriundos da cobrança pelo uso dos recursos hídricos (Fundos
Estaduais de Recursos Hídricos)” BRASIL. Plano nacional de saneamento básico – PLANSAB. 2013.
Voltar ao índice
342
Desde a implantação do PLANASA, a maioria dos municípios foi
instada a delegar a prestação dos serviços de abastecimento e esgo-
tamento às CESBs. Na prática, há uma cultura política estabelecida no
sentido de que esses serviços são assunto a ser resolvido nas instân-
cias federal e estadual: as decisões políticas realmente relevantes são
tomadas nessas esferas. Em que pese sua formal responsabilidade e
titularidade normativa dos serviços em questão, os municípios em ge-
ral, não se veem como protagonistas das políticas de saneamento bá-
sico, como instância decisória representativa dos interesses dos cida-
dãos direta e imediatamente envolvidos com o problema local. Apenas
os municípios de maior porte têm algum protagonismo político nessa
matéria e, ainda assim, limitado.
Voltar ao índice
343
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
344
Na prática, apenas os tributos federais oneram a prestação de serviços
de saneamento básico (abastecimento e esgotamento) uma vez que não há
incidência de tributos estaduais e municipais sobre a atividade (ICMS e ISS).24
Voltar ao índice
345
Estudos de Direito do Saneamento
Além disso, os tributos que mais oneram o setor são a Contribuição para
o Financiamento da Seguridade Social – COFINS e a Contribuição para os
Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor
Público – PIS/PASEP, que não geram repartição de receitas com estados e
municípios25, e que tiveram sensível incremento de arrecadação, após al-
teração do seu regime de incidência, havida entre os anos de 2002 e 2003.
25 “... em 2001, antes da mudança tributária, as despesas fiscais ou tributárias que compõem
a despesa de exploração equivaliam a 24% do que se gastava com investimentos. Em 2008 esse per-
centual já havia chegado a 39%, tendo atingido um pico de 47% em 2007. Se forem considerados os
demais tributos, não incluídos no cálculo de despesa de exploração (tais como Imposto de Renda e
CSLL) a relação entre despesa tributária e investimentos chegaria, em 2008, a 59%. Para uma ativida-
de tão dependente de investimento em instalações de armazenamento, distribuição e tratamento, a
descapitalização provocada pelo aumento da carga tributária é um fator extremamente limitante da ca-
pacidade de crescimento.” Raul VELLOSO, Marcos MENDES e Paulo Springer de FREITAS. Por que é tão
elevada a carga tributária sobre os serviços de saneamento básico? Instituto Braudel, Brasil, Economia e
Governo. 2012. Disponível em: <http://www.brasil-economia-governo.org.br/2012/01/23/por-que-e-
tao-elevada-a-carga-tributaria-sobre-os-servicos-de-saneamento-basico/> Acesso em: 19 ago 2019.
26 “As tarifas praticadas são calculadas de acordo com regras específicas estabelecidas no
Contrato de Concessão e não pelas leis do mercado; contudo, os custos dos serviços são onerados
por tributos que são automaticamente repassados aos usuários, ou seja, instituir tributos sobre
serviços públicos é onerar o usuário. (...) as regras tarifárias atualmente utilizadas pelas agências
reguladoras reconhecem integralmente as despesas com tributos, prevendo inclusive revisões tari-
fárias extraordinárias em caso de oneração que provoque o desequilíbrio econômico-financeiro do
Contrato de Concessão. Da mesma forma, havendo redução das despesas tributárias, o benefício
é imediatamente repassado ao usuário, não podendo o concessionário se apropriar do valor de-
sonerado. No caso das empresas ainda não reguladas, esse controle é menor, já que a definição de
tarifas geralmente é um ato do próprio concessionário homologado pelo titular dos serviços; com
isso, é possível que as empresas que não estão sob a atuação de um ente regulador se apropriem da
desoneração, constituindo um incremento em sua receita.” Adeilde ARAÚJO. Desoneração tributária
do setor de saneamento básico. RDIET, Brasília, V. 8, nº 2, p. 317-350, Jul-Dez, 2013. Disponível em:
<https://portalrevistas.ucb.br/index.php/RDIET/article/view/4843/3172 > Acesso em: 19 ago 2019.
Voltar ao índice
346
Por outro lado, tendo o setor altos custos de investimento em redes de
distribuição de água, coleta e tratamento de esgoto, o ônus tributário
representa uma dificuldade a priori para o planejamento financeiro dos
prestadores, o que acaba impondo uma restrição artificial ao pleno de-
senvolvimento do setor e à ampliação do acesso aos serviços.
27 “No período entre 2011 e 2015, houve um efetivo incremento da população aten-
dida por operadores privados, considerando-se as diferentes formas de contratos: concessão
total, concessão parcial, PPP, etc. (...) Um outro ponto central é a aprovação da portaria n.º 280,
de 25 de junho de 2013, no âmbito do Ministério das Cidades, que possibilita o acesso de re-
cursos do OGU, pelo setor privado, para empreendimentos de saneamento básico. O Conselho
Nacional das Cidades, em sua Câmara Técnica do Setor, resolveu pela revogação dessa Portaria,
o que não ocorreu. A Portaria altera o Manual de Instruções para Contratação e Execução dos
Programas e Ações do Ministério das Cidades, inseridos no Programa de Aceleração do Cresci-
mento – PAC, aprovado pela portaria n.º 164, de 12 de abril de 2013, do Ministério das Cidades.
Ela visa a garantir que os recursos oriundos do PAC, destinados a ações na área de saneamento
básico, possam ser aplicados em projetos de concessões comuns subsidiadas e de parcerias
público-privadas.” Ana Lucia BRITTO e Sonaly Cristina REZENDE. A política.
Voltar ao índice
347
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
348
deral em matéria de saneamento básico não são pautadas por racionalidade
e transparência dos processos decisórios, ficando muitas vezes relegadas à
gestão fragmentada e desconexa do seu aparelho tecnocrático.
Voltar ao índice
349
Estudos de Direito do Saneamento
A Lei n.º 11.445/2007 usa diversas vezes em seu texto o termo “sus-
tentabilidade”, em todas elas num contexto que toma como parâmetros
questões como “equilíbrio econômico-financeiro”, “eficiência” e “auto-
-sustentação econômico-financeira dos serviços”. Dá-se ao termo susten-
tabilidade, muito difundido e utilizado na argumentação política, um sen-
tido restrito à questão econômica: os serviços de saneamento devem ser
sustentáveis, no sentido de serem custeados pelo pagamento das tarifas.
Voltar ao índice
350
lam em ambientes de restrição de recursos financeiros destinados a atender
uma série de interesses conflitantes. As decisões políticas nesse contexto ge-
ram necessariamente custos e benefícios distribuídos desigualmente entre
os agentes políticos interessados e têm diferentes efeitos conforme o enfo-
que em que são analisados: econômico, social, cultural, ambiental etc.
29 David HARVEY in: José Esteban CASTRO, Maria KAÏKA e Erik SWYNGEDOUW.
Agua urbana: una perspectiva ecológico-política; WATERLAT-GOBACIT Network; WATER-
LAT-GOBACIT Working Papers; 3; 7; 12-2016; 11-35. Disponível em: < http://hdl.handle.
net/11336/62974> Acesso em: 27 ago 2019.
Voltar ao índice
351
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
352
Em decorrência disso, países como o Reino Unido, foram obrigados
a reverter parcialmente a privatização total dos serviços de saneamento,
reassumindo o encargo de manter as redes de distribuição de água e
coleta de esgotos, parte que demanda mais investimentos e que menos
remunera o capital, mantendo a gestão do sistema, parte mais lucrativa,
sob administração privada. A Grécia fez arranjo semelhante quando da
privatização de sua empresa pública de saneamento31 32.
31 “No es una sorpresa, además, que el Estado y otros segmentos del sector público
tengan que mediar en estas contradicciones. En el Reino Unido, por ejemplo, la empresa
Yorkshire Water propuso re-estatizar parte de la red del servicio de agua, mientras mantenía
la gestión en manos privadas, al mismo tiempo que la empresa que presta el servicio en Gales
también se alejó del modelo de propiedad privada de la infraestructura (full divestiture) esta-
blecido al momento de la privatización en 1989 y se orientó hacia un modelo mixto de gestión
público-privada (OFWAT, 2000b, 2000c). En el caso de Grecia, la preparación de la empresa
pública de agua y saneamiento de Atenas, EYDAP Inc., para su privatización incluyó la división
de la misma en dos partes, una de propiedad pública que mantuvo la infraestructura técnica
y la red de distribución y otra parte constituida en una empresa privatizada (con el control del
49% de las acciones) que operaría el sistema (Kallis y Coccossis, 2000). Parece que este tipo
de asociaciones público-privadas, en las cuales el sector público queda responsable por las
inversiones de capital fijo a largo plazo (y mucho del costo asociado a ellas) mientras que el
sector privado se encarga de la parte rentable del sistema (la gestión del servicio), es el tipo
de resultado que se busca con el negocio de privatizar a los servicios de agua y saneamiento.”
José Esteban CASTRO, Maria KAÏKA e Erik SWYNGEDOUW. Agua urbana.
32 José Esteban CASTRO, Maria KAÏKA e Erik SWYNGEDOUW. Agua urbana.
Voltar ao índice
353
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
354
6. DESCENTRALIZAÇÃO DAS DECISÕES POLÍTICAS EM SANEAMEN-
TO: EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS
Voltar ao índice
355
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
356
de cobertura observado, nem sempre o quesito qualidade apresentou
desempenho positivo nos município estudados38.
Para esse estudo, restou reforçada a hipótese de que uma maior pro-
ximidade entre os cidadãos e os agentes com poder de decisão resulta
em maiores investimentos em saneamento39.
Voltar ao índice
357
Estudos de Direito do Saneamento
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Voltar ao índice
358
saneamento básico não esteve imune a essa prática, sendo correta a visão
desse mau uso do poder político como um grave problema a ser enfrentado.
Voltar ao índice
359
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
360
Democratização na política
de saneamento básico:
Regulação e participação popular
DARLENE PEREIRA MARTINS LEMES1
s1
Resumo
Voltar ao índice
361
Estudos de Direito do Saneamento
Abstract
Sumário
1. Introdução; 2. Conceito defensável de regulação aplicável ao
saneamento básico; 3. A Preponderância da Regulação Esta-
tal no Brasil e Seus Riscos; 4. Controle Social e Participação Po-
pular; 5. Novos Paradigmas da Regulação; 6. Grupos de Pressão
Social; 7. Considerações e obstáculos à cidadanização no sane-
amento; 8. Experiência Empírica; 9. Aspectos Propositivos; 10.
Considerações Finais; Bibliografia.
Voltar ao índice
362
1. INTRODUÇÃO
Voltar ao índice
363
Estudos de Direito do Saneamento
água sem saber de onde vem e devolvo o esgoto sem me importar para
onde vai e jogo o lixo em qualquer lugar” desconsiderando a importân-
cia dos impactos ambientais, em um sistema cíclico que se estrutura
basicamente em bacias hidrográficas.
3 Marchi, Cristina Maria Dacach Fernandez & Mendes, Vera Lucia Peixoto Santos
(2018 jan/abr). Gestão do saneamento básico: Democracia representativa e participação so-
cial em um município da Região Metropolitana de Salvador – Bahia. Revista Brasileira de Ges-
tão e Desenvolvimento Regional. G&DR. v. 14. n. 1. pp. 110-134. Taubaté, SP, Brasil. Recuperado
de: https://www.rbgdr.net/revista/index.php/rbgdr/article/view/3470. Acesso em 01/09/2019
4 Silva, Fernanda Cohim Alves. & Naval, Liliana Pena. (2015 jan/março). Contri-
buições para a construção de estratégias de suporte ao controle social em ações de sa-
neamento. Ambiente & sociedade, vol. XVIII, núm. 1. pp. 65-80. Associação Nacional de
Pós-Graduação e Pesquisa em Ambiente e Sociedade. Campinas SP. Brasil.
Voltar ao índice
364
disciplinares, favorecendo o envolvimento de setores diversos e inusi-
tados da sociedade, no debate das questões de saneamento, pois estas
questões fazem parte da rotina das pessoas e estão naturalmente relaci-
onadas a outras áreas como lazer, saúde, educação, dentre outras.5
5 Silva, Fernanda Cohim Alves. & Naval, Liliana Pena. (2015 jan/março). Contri-
buições para a construção de estratégias de suporte ao controle social em ações de sa-
neamento. Ambiente & sociedade, vol. XVIII, núm. 1. pp. 65-80. Associação Nacional de
Pós-Graduação e Pesquisa em Ambiente e Sociedade. Campinas SP. Brasil.
6 Barroso, João. (2005 outubro). O estado, a regulação e a regulação das po-
líticas públicas. Educ. Soc., Campinas, vol.26, n.92 pp.725-751, Especial. Recuperado em
01/08/2019 de: http://www.cedes.unicamp.br.
Voltar ao índice
365
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
366
Desta forma, apoiando-se em pretensões mais práticas do que aca-
dêmicas, pode-se considerar que a regulação, na esfera do saneamen-
to básico, seria um instrumento destinado à organização, normatização
e funcionamento daqueles serviços públicos, aplicável a todos os seus
aspectos, não apenas ao econômico, sendo parte imprescindível para o
alcance das soluções para sua universalização.
11 Genot, Michel (2000 como citado em Aragão, Alexandre Santos de. (2011).
Agências Reguladoras e a Evolução do Direito Administrativo Econômico. (Capitulo 1
pp.19-37). Rio de Janeiro. Forense.p.24.)
Voltar ao índice
367
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
368
no Brasil, ao tratá-la como mera função (arts.21 a 28), disciplinando de
modo contido e rígido seu exercício.
13 Melo, Glenda Barbosa de. Nahum, Tânia. Estudo sobre regulação de serviços
públicos municipais de saneamento básico.p.11. Recuperado em 01/08/2019 de: http://
www.ufrgs.br/planomsb/biblioteca/estudo_regulacao_ASSEMAE.pdf
Voltar ao índice
369
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
370
poder internos à burocracia estatal, onde apenas determinados
atores têm acesso ao jogo de barganha político que está na base
da ação regulatória do Estado. ”15
Voltar ao índice
371
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
372
consiste em o regulador comparar o desempenho de
diversos concessionários, quando existentes, e fixar as
tarifas com fundamento na melhor eficiência, aceitando
certa margem de variação. O enfoque seria a redução
da assimetria de informações, já que todas as empresas
serão comparadas com base em informações que não
serão fornecidas exclusivamente por uma delas. Contu-
do, para que possua viabilidade, tal prática necessita da
garantia de não colusão entre as firmas, e que suas es-
truturas de custos sejam semelhantes;
Voltar ao índice
373
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
374
O normativo supra, já em seu artigo preambular, anuncia que se
propõe a dispor sobre o processo decisório e o controle social destas
entidades; no parágrafo 4° de seu artigo 6º, contempla a previsão de
realização de consulta ou audiência pública no processo decisório das
agências reguladoras, e o artigo 9º, ainda mais assertivo, determina que
serão objeto de consulta pública prévia:
Apesar desta crítica, não se pode olvidar que a lei também represen-
tou avanços na regulamentação das ouvidorias das agências reguladoras,
prevista na Seção III artigos 22 a 24.
Voltar ao índice
375
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
376
Exemplo de tal controle insculpido no texto constitucional, a ação po-
pular, por meio da qual, ao cidadão é conferido o direito de socorrer-se
à jurisdição, com finalidade de anular ato lesivo do Estado, a bens da co-
letividade, em claro exercício do direito à cidadania, caracterizado como
direito público subjetivo.
19 Melo, Glenda Barbosa de. Nahum, Tânia. Estudo sobre regulação de serviços
públicos municipais de saneamento básico.p.22. Recuperado em 01/08/2019 de:
http://www.ufrgs.br/planomsb/biblioteca/estudo_regulacao_ASSEMAE.pdf
Voltar ao índice
377
Estudos de Direito do Saneamento
Não que seja a regra, mas em muitos casos a escolha dos integrantes
destes colegiados fica sob a batuta do próprio gestor representante do
Estado, sem previsão de participação popular nesse processo.
Voltar ao índice
378
Nesse sentido, a participação popular é condição indissociável da
existência de um Estado Democrático de Direito, pois este se funda na
premissa de que todo poder emana do povo, ainda que exercido de ma-
neira indireta, por intermédio de seus representantes.
20 Silva, Fernanda Cohim Alves. & Naval, Liliana Pena. (2015 jan/março). Contri-
buições para a construção de estratégias de suporte ao controle social em ações de sa-
neamento. Ambiente & sociedade, vol. XVIII, núm. 1. pp. 65-80. Associação Nacional de
Pós-Graduação e Pesquisa em Ambiente e Sociedade. Campinas SP. Brasil
Voltar ao índice
379
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
380
nismos são mais numerosos e dotados de maior teor de opera-
cionalidade. A liberdade e a cidadania à frente da soberania.”21
Voltar ao índice
381
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
382
envolvida na prestação do serviço público, sem descuidar da proteção de
hipossuficiências e/ou a concretização da política pública afeta à área.
24 Pacheco, Regina Silvia. (2006 jul. /agosto). Regulação no Brasil: desenho das
agências e formas de controle. In RAP, Rio de Janeiro. n. 40 pp.523-543.
25 Marques, Floriano de Azevedo Neto. (2005 fevereiro/março/abril). A Nova Re-
gulamentação dos Serviços Públicos. Revista Eletrônica de Direito Administrativo e Econô-
mico. n.01. p.13. Salvador Bahia.
Voltar ao índice
383
Estudos de Direito do Saneamento
26 Habermas, Jürgen. (1987). (Apud Mattos, Paulo Todescan Lessa. (2004, 2-5 no-
vembro). Regulação econômica e social e participação pública no Brasil. IX Congreso Interna-
cional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Madrid, España)
27 Marques, Floriano de Azevedo Neto. (2002 abr/jun). A Nova Regulação Dos
Serviços Públicos. Revista de Direito Administrativo. n.228. pp.13-29. Rio de Janeiro.
Voltar ao índice
384
mais em relações de direção do que nas tradicionais relações de controle
impositivo e sancionatório.
Voltar ao índice
385
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
386
No debate acerca da importância da participação social e seus impac-
tos nas políticas públicas, Matos & Serapioni 2017, em análise acerca da
participação popular nos sistemas de saúde nos países do sul da Euro-
pa, concluíram que, embora a legislação preveja a participação cidadã, a
maioria das iniciativas ainda se mostra muito dependente dos impulsos
do poder político regional, sobretudo no caso da Espanha e da Itália.
Voltar ao índice
387
Estudos de Direito do Saneamento
32 Canotilho, J.J. Gomes. (Como citado em Aragão, Alexandre Santos de. (2011).
Agências Reguladoras e a Evolução do Direito Administrativo Econômico. (Capitulo 1
pp.19-37). Rio de Janeiro. Forense.p.22)
33 Reale, Miguel. (2003). Teoria Tridimensional do Direito. 5ª ed., Editora Saraiva.
34 Leal, Rogério (2003, julho/setembro) A&C Revista de Direito Administrativo &
Constitucional, Belo Horizonte, Ano 1, nº 13 p. 144,165).
35 Ribeiro, João Gilberto de Souza. (2013). A regulação dos serviços de saneamento
em casos latino-americanos. Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-graduação
em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Universidade Federal de Minas Gerais.
Voltar ao índice
388
mento dos cidadãos, e não do Estado, citando (Ferrarezi, 2003) “é possível
aos indivíduos apreenderem hábitos de cooperação, solidariedade e espírito
público, construindo confiança social, consciência e participação política.”
Voltar ao índice
389
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
390
Ao analisar a cidadania brasileira, (MARTINS et al., 2008 apud Reis et
al. 2017) verificou a “existência de grande parcela da população à mar-
gem da comunidade política e consequentemente alheia aos processos
de tomada de decisão. ”38
38 Reis, Marli. Lucilla, Pedro Roberto. Gavioli, Olivia. (2017) - Participação Social
como Chave para a Universalização Do Saneamento. Congresso ABES FENASAN 2017.
Recuperado de: https://www.saneamentobasico.com.br/participacao-universalizacao-sa-
neamento/. Acesso em 10/09/2019.
39 Leal, Rogério (2003, julho/setembro) A&C Revista de Direito Administrativo &
Constitucional, Belo Horizonte, Ano 1, nº 13 p. 144,165.
40 Stingler, Georg. (1971) Teoria da Regulação Econômica. In: Mattos, Paulo Todescan
Lessa. (2017). Regulação Econômica e Democracia: O Debate norte Americano. Editora 34.
Voltar ao índice
391
Estudos de Direito do Saneamento
Para (Marchi & Mendes 2018)41, a participação não deve ser passiva:
necessário se faz ter informações, comunicar, argumentar, participar, e,
não menos importante, ter os recursos necessários para se fazer ouvir.
41 Marchi, Cristina Maria Dacach Fernandez & Mendes, Vera Lucia Peixoto Santos
(2018 jan/abr). Gestão do saneamento básico: Democracia representativa e participação so-
cial em um município da Região Metropolitana de Salvador – Bahia. Revista Brasileira de Ges-
tão e Desenvolvimento Regional. G&DR. v. 14. n. 1. pp. 110-134. Taubaté, SP, Brasil. Recuperado
de: https://www.rbgdr.net/revista/index.php/rbgdr/article/view/3470. Acesso em 01/09/2019.
42 Stingler, Georg. (1971) Teoria da Regulação Econômica. ...
Voltar ao índice
392
neamento básico, pois, geralmente, a dificuldade na implementação
das políticas públicas não reside na descoberta do “o que fazer” e sim
na esfera do “como fazer”.
Nesta senda, (Di Sarno 2004) destaca “que o diferencial dessas par-
cerias, em contraposição aos contratos administrativos tradicionais de
prestação de serviço público, é que obrigatoriamente deverá haver a par-
ticipação da população na formulação dos objetivos e meios a serem es-
colhidos e executados, seja pelo Poder Público, seja pelo setor privado.43”
Voltar ao índice
393
Estudos de Direito do Saneamento
Dito de outra forma, (Marques 2005)44 afirma que “o peso desta meta
regulatória é, em certa medida, suportado pelos consumidores efetivos
que, entretanto, almejam tarifas menores. Daí porque em nome da in-
tegração do consumidor potencial, os interesses do consumidor efetivo
podem ser mitigados. Parece um preço justo a se pagar, até mesmo como
corolário na noção de justiça social plasmada na Constituição Federal.”
Voltar ao índice
394
Estado deseja a participação social, fornece todos os meios para a sua
consecução, a exemplo da convocação para o Tribunal do Júri, que ocorre
por sorteio, e o jurado, se empregado, está dispensado legalmente de
suas atribuições, sem qualquer ameaça de reprimenda pelo empregador,
haja vista que a atuação é considerada como relevante serviço à nação.
45 Melo, Glenda Barbosa de. Nahum, Tânia. Estudo sobre regulação de serviços
públicos municipais de saneamento básico.p.23. Recuperado em 01/08/2019 de: http://
www.ufrgs.br/planomsb/biblioteca/estudo_regulacao_ASSEMAE.pdf
Voltar ao índice
395
Estudos de Direito do Saneamento
46 Melo, Glenda Barbosa de. Nahum, Tânia. Estudo sobre regulação de serviços
públicos municipais de saneamento básico.p.23. Recuperado em 01/08/2019 de: http://
www.ufrgs.br/planomsb/biblioteca/estudo_regulacao_ASSEMAE.pdf
Voltar ao índice
396
Como paradigma, de significação jurídica de saberes da sociedade
civil, expõe-se a inclusão na Constituição do Equador de 2008, nos arti-
gos 71 a 74, do reconhecimento expresso dos “Direitos da Natureza” na
expressão popular andina (Pachamama)47, uma ação de conscientização
diretamente decorrente deste avanço foi a produção pelo diretor “Didier
Brunner,” já indicado ao Oscar e vencedor do BAFTA, do filme de ani-
mação Pachamama, indicado ao prêmio de cinema César, direcionado a
sensibilizar a sociedade quanto aos direitos da natureza.
Voltar ao índice
397
Estudos de Direito do Saneamento
8. EXPERIÊNCIA EMPÍRICA
Silva e Naval , 2015 apud Souza, Freitas, 2009,48 asseveram que, em-
bora o saber técnico-científico seja de grande importância, só ele não é
suficiente. A participação é também consequência de um processo de
empoderamento coletivo, a partir do qual indivíduos e comunidade tor-
nam-se aptos a compreender mecanismos e processos (opinar, contribuir,
concordar e discordar) a partir de sua experiência, dos saberes construídos
no cotidiano e das informações que lhes chegam ao conhecimento.
48 Souza, Freitas, 2009. Como em Silva, Fernanda Cohim Alves. & Naval, Liliana Pena.
(2015 jan/março). Contribuições para a construção de estratégias de suporte ao controle
social em ações de saneamento. Ambiente & sociedade, vol. XVIII, núm. 1. pp. 65-80. Asso-
ciação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ambiente e Sociedade. Campinas SP. Brasil
Voltar ao índice
398
minada “Google Stylle, ” alcançando excelentes resultados, tal modela-
gem se alavanca em características como a liberdade, o respeito as dife-
renças, a criatividade, foco nos resultados e parametrização de avanços.
49 Melo, Glenda Barbosa de. Nahum, Tânia. Estudo sobre regulação de serviços
públicos municipais de saneamento básico.p.23. Recuperado em 01/08/2019 de: http://
www.ufrgs.br/planomsb/biblioteca/estudo_regulacao_ASSEMAE.pdf
Voltar ao índice
399
Estudos de Direito do Saneamento
50 Reis, Marli. Lucilla, Pedro Roberto. Gavioli, Olivia. (2017) - Participação Social
como Chave para a Universalização Do Saneamento. Congresso ABES FENASAN 2017.
Recuperado de: https://www.saneamentobasico.com.br/participacao-universalizacao-sa-
neamento/. Acesso em 10/09/2019.
51 Reis, Marli. Lucilla, Pedro Roberto. Gavioli, Olivia. (2017) - Participação Social
como Chave para a Universalização Do Saneamento. Congresso ABES FENASAN 2017.
Recuperado de: https://www.saneamentobasico.com.br/participacao-universalizacao-sa-
neamento/. Acesso em 10/09/2019.
Voltar ao índice
400
Se a comunidade não se reconhece como agentes de transformação,
ou não lhes for fomentado o sentimento de pertencimento social, não
terão à disposição necessária em participar das mudanças necessárias ou
a plena consciência de sua importância. E nenhum processo de mudan-
ça efetivo pode ser desenvolvido sem esta participação, de forma que a
implementação pura e simples das medidas sanitárias, não alcançará a
eficácia pretendida
9. ASPECTOS PROPOSITIVOS
Voltar ao índice
401
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
402
Para a Fundação Nacional de Saúde, órgão responsável pela concreti-
zação das ações de educação em saúde ambiental, a riqueza do processo
reside na criação coletiva de soluções e estratégias pautadas em princípi-
os sólidos, democráticos, e contextualizados à realidade locais.
No caso da Educação, é por bem ressaltar que tal política pública não en-
cerra um fim em si mesma, mas se trata, antes de tudo, de um instrumento
para o entendimento, transformação e avanço de toda e qualquer área.
53 Reis, Marli. Lucilla, Pedro Roberto. Gavioli, Olivia. (2017) - Participação Social
como Chave para a Universalização Do Saneamento. Congresso ABES FENASAN 2017.
Recuperado de: https://www.saneamentobasico.com.br/participacao-universalizacao-sa-
neamento/. Acesso em 10/09/2019.
Voltar ao índice
403
Estudos de Direito do Saneamento
54 Silva, Fernanda Cohim Alves. & Naval, Liliana Pena. (2015 jan/março). Contri-
buições para a construção de estratégias de suporte ao controle social em ações de sa-
neamento. Ambiente & sociedade, vol. XVIII, núm. 1. pp. 65-80. Associação Nacional de
Pós-Graduação e Pesquisa em Ambiente e Sociedade. Campinas SP. Brasil
Voltar ao índice
404
como jogar lixo nas vias que podem entupir bueiros, pode se adicionar
diversas variações que levem em consideração cenários pessimistas do es-
gotamento dos recursos como Guerra pela Água, Missão no Deserto.
Voltar ao índice
405
Estudos de Direito do Saneamento
55 Reis et al. 2017 citando, Machado, Soares, 2015. Participação Social como Cha-
ve para a Universalização Do Saneamento. Congresso ABES FENASAN 2017. Recuperado
de: https://www.saneamentobasico.com.br/participacao-universalizacao-saneamento/.
Acesso em 10/09/2019.
Voltar ao índice
406
Por último, foram apresentadas algumas propostas, originadas da
participação no curso de extensão, como reflexo de que a capacitação,
conduz ao pensamento crítico e inovador.
BIBLIOGRAFIA
Voltar ao índice
407
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
408
Húngaros, Luis Alberto. (2017). Parceria Público-Privada Municipal:
A Concretização de Funções Sociais da Cidade: Habitação, Saneamento
Básico e Mobilidade Urbana. 1. ed. Rio de Janeiro: Editora Lúmen Juris.
Voltar ao índice
409
Estudos de Direito do Saneamento
Marchi, Cristina Maria Dacach Fernandez & Mendes, Vera Lucia Pei-
xoto Santos (2018 jan/abr). Gestão do saneamento básico: Democracia
representativa e participação social em um município da Região Metro-
politana de Salvador – Bahia. Revista Brasileira de Gestão e Desenvol-
vimento Regional. G&DR. v. 14. n. 1. pp. 110-134. Taubaté, SP, Brasil.
Acesso em 01/09/2019. Recuperado de: https://www.rbgdr.net/revista/
index.php/rbgdr/article/view/3470.
Voltar ao índice
410
Mattos, Paulo Todescan Lessa. (2004, 2-5 novembro). Regulação
econômica e social e participação pública no Brasil. IX Congreso Inter-
nacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración
Pública, Madrid, España.
Voltar ao índice
411
Estudos de Direito do Saneamento
Silva, Fernanda Cohim Alves. & Naval, Liliana Pena. (2015 jan/março).
Contribuições para a construção de estratégias de suporte ao controle
social em ações de saneamento. Ambiente & sociedade, vol. XVIII, núm.
1. pp. 65-80. Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Am-
biente e Sociedade. Campinas SP. Brasil.
Voltar ao índice
412
Consórcio Público:
Instrumento de cooperação
federativa das políticas públicas
de saneamento básico
FATIMA REGINA RIBEIRO1
o1
Resumo
Voltar ao índice
413
Estudos de Direito do Saneamento
Abstract
The article deals with the general view of the constitution of the public
consortium, an element that can be useful as an instrument of federative
cooperation in the fulfillment of public sanitation policies. In Brazil, Law
No. 11,445 / 2007, together with Law No. 11,107 / 2005 guarantee legal
certainty, which enables the structuring of public consortia. The National
Sanitation Law, which establishes national guidelines for basic sanitation,
makes explicit mention of public consortia, also formulating an associa-
ted management concept, and when dealing with the ownership of pu-
blic basic sanitation services, provides that these holders may delegate
the organization, regulation, supervision and provision of such services.
When mentioning the regionalized provision, the law provides that the
regionalized provision of public sanitation services is characterized by the
sole service provider, consisting of several municipalities, contiguous or
not, and the uniformity of supervision and regulation of services, inclu-
ding their remuneration
Voltar ao índice
414
Sumário
1. Introdução; 2. Constituição dos consórcios públicos; 2.1. Proto-
colo de intenções; 2.2. Normas de regulação dos consórcios pú-
blicos; 2.3. Alteração e extinção do contrato de consórcio público;
2.4. Finalidade do consórcio público; 2.5. Assembleia geral; 2.6.
Realização da assembleia de instalação; 2.7. Estatuto dos consór-
cios públicos; 2.8. Contrato de rateio; 2.9 Recursos financeiros;
2.10. Quadro de pessoal do consórcio público; 2.11. Constituição
do patrimônio do consórcio público; 2.12. Regime das licitações e
dos contratos; 2.13. Regime das receitas; 2.14. Regime contábil-
patrimonial dos consórcios públicos; 2.15. Operações de crédito;
3. Considerações finais.
1. INTRODUÇÃO
Voltar ao índice
415
Estudos de Direito do Saneamento
Nos termos do artigo 1.º, § 1.º, da lei n.º 11.107/20054, o consórcio pú-
blico assume a natureza jurídica de associação pública, com personalidade
Voltar ao índice
416
jurídica de direito público, ou de associação civil, com personalidade jurídi-
ca de direito privado, de acordo com a conveniência dos entes consorcia-
dos. A relevância da lei n.º 11.107/2005 consiste no fato de que os consór-
cios públicos, seja assumindo forma pública, seja forma privada, ganham
personalidade jurídica, passando, portanto, claramente, a sujeitos de direi-
tos e obrigações. Anote-se que a área territorial de atuação do consórcio
público será estabelecida em razão dos entes federados consorciados.
Voltar ao índice
417
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
418
A escolha do modelo sempre deve ter o cuidado de atender à rea-
lidade local e ao que foi estabelecido no projeto de regionalização da
política pública e deve indicar, no preâmbulo, todos os esclarecimentos
referentes aos pontos mais importantes do projeto de regionalização da
execução de política de saneamento.
Voltar ao índice
419
Estudos de Direito do Saneamento
pelo consórcio aos usuários e/ou aos próprios consorciados, que devem ser
submetidas à aprovação da Assembleia Geral de constituição do consórcio.
Voltar ao índice
420
Convém destacar que os consórcios públicos podem ter uma ou
mais finalidades e os entes podem se consorciar em relação a todas ou
somente a parte delas.
Voltar ao índice
421
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
422
Com relação aos empregados públicos do consórcio público, os es-
tatutos poderão dispor sobre o exercício do poder disciplinar e regula-
mentar as atribuições administrativas, hierarquia, avaliação de eficiência,
lotação, jornada de trabalho e denominação dos cargos.
Voltar ao índice
423
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
424
O patrimônio do consórcio público divide-se em duas espécies: (i)
patrimônio de ente consorciado sob a gestão do consórcio público; e (ii)
patrimônio do próprio consórcio público.
Voltar ao índice
425
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
426
sórcios públicos poderão realizar licitação da qual, nos termos do edital,
decorram contratos administrativos celebrados por órgãos ou entidades
dos entes da Federação consorciados.”
Voltar ao índice
427
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
428
com consórcios públicos constituídos sob a forma de associação pública
ou que para essa forma tenham se convertido. § 1.º – A celebração do
convênio para a transferência de recursos da União está condicionada
a que cada um dos entes consorciados atenda às exigências legais apli-
cáveis, sendo vedada sua celebração caso exista alguma inadimplência
por parte de qualquer dos entes consorciados. § 2.º – A comprovação
do cumprimento das exigências para a realização de transferências vo-
luntárias, ou celebração de convênios para transferência de recursos fi-
nanceiros, deverá ser feita por meio de extrato emitido pelo subsistema
Cadastro Único de Exigências para Transferências Voluntárias (CAUC), re-
lativamente à situação de cada um dos entes consorciados, ou por outro
meio que venha a ser estabelecido por instrução normativa da Secretaria
do Tesouro Nacional. As transferências por parte de entes da Federação
não consorciados são executadas pelos convênios de repasse de recur-
sos, pelos contratos de repasse, termos de compromisso (no caso do Pro-
grama de Aceleração do Crescimento – PAC) e por outros instrumentos.”
Voltar ao índice
429
Estudos de Direito do Saneamento
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Voltar ao índice
430
ratificação do protocolo por lei emanada pelo Poder Legislativo de cada
um dos entes envolvidos; requer adoção de estatutos; permite a gestão
integrada plena dos serviços públicos, inclusive mediante o exercício, pelo
consórcio, dos poderes de planejar, regular, fiscalizar e avaliar os serviços
públicos; no caso de o consórcio prestar serviços públicos, obriga cada
ente consorciado a celebrar com ele o respectivo contrato de programa.
Voltar ao índice
431
Estudos de Direito do Saneamento
Parcerias público-privadas
em saneamento Básico
Modernizando a relação entre
Estado e iniciativa privada no setor
FERNANDA RODRIGUES DE MORAIS1
s1
Resumo
Voltar ao índice
432
valioso instrumento e alternativa para o aporte de recursos a fim de pos-
sibilitar a universalização dos serviços de saneamento básico no Brasil.
Abstract
Sumário
1. Introdução; 2. Aspectos econômicos e sociais do Saneamento
Básico; 3. Parcerias Público-Privadas: modernizando as conces-
sões públicas; 4. Breves considerações à Lei 11.079/2004; 5. A
participação privada no setor de saneamento; 6. Considerações
Finais; 7. Referências Bibliográficas.
Voltar ao índice
433
Estudos de Direito do Saneamento
1. INTRODUÇÃO
Voltar ao índice
434
A Constituição Federal de 1988, ancorada em axiomas como a digni-
dade da pessoa humana, prestigiou o direito a saúde como direito fun-
damental (artigo 6.º). Por outro lado, a Lei n.º 8.080/1990 incluiu entre
as competências da direção nacional do Sistema Único de Saúde a par-
ticipação na formulação e implementação das políticas públicas de sa-
neamento (artigo 16, II “b”), reconhecendo o saneamento básico como
parte integrante do direito à saúde.
Voltar ao índice
435
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
436
tações de captação e de tratamento de água, estações de tratamento
de esgoto, redes de distribuição e captação, redes de drenagem, ater-
ros sanitários, centros de reciclagem etc., o que sem tal conglomerado a
prestação do serviço se torna inviável.
Para André Castro Carvalho, “existe uma estreita relação entre po-
lítica de infraestrutura e política de crescimento econômico, sendo a
primeira como o conjunto de atividades do Poder Público direcionados
ao crescimento, integração e elaboração de funções básicas em uma de-
terminada região, manifestando-se como indispensável ao incremento
econômico de médio e longo prazo”8.
Voltar ao índice
437
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
438
Outro ponto que merece consideração é a possibilidade de desverti-
calização da cadeia de prestação dos serviços, o que pode contribuir para
a efetividade da universalização do saneamento.
Voltar ao índice
439
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
440
Mais oportuno, nesse enfoque, é a análise da prestação dos serviços
de saneamento a partir das opções de delegação prescritas na Lei n.º
11.079/2004 (Lei das Parcerias Público-Privadas, <<doravante “Lei das
PPPs”>>). Apesar de todas as dificuldades apresentadas, a delegação dos
serviços de saneamento é possível, desde que ocorra de forma diversa
do modelo das concessões comuns.
Voltar ao índice
441
Estudos de Direito do Saneamento
jurídicas públicas que facilitam essa interação. Sob o ponto de vista tele-
ológico, deve-se ter em conta que o Estado é uma construção histórica,
justificada apenas na exata medida em que possa alcançar determinadas
finalidades no âmbito de uma sociedade organizada, a fim de garantir um
patamar mínimo civilizatório14.
Voltar ao índice
442
definições de natureza ideológicas, a serem preenchidas segundo um
critério sócio histórico, “para cada sociedade e para cada tempo, tendo
como última ratio, o atingimento do ideal aristotélico do sumo bem co-
mum que corresponda à aspiração dos indivíduos, sim, mas que se torne
“mais belo e mais divino quando referente a povos e cidades”17. Dessa
definição, observa-se que há, no interesse público, um aspecto de varia-
ção cultural relacionado a cada sociedade que não pode ser desprezada,
pois “o conteúdo do Direito Administrativo varia no tempo e no espaço,
conforme o tipo de Estado adotado”18.
Voltar ao índice
443
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
444
privado de uma fração dos administrados, e que (ii) não há incompatibi-
lidade em albergar interesses privados no fomento de metas e objetivos
de interesse público, notadamente quando ocorre no âmbito da produ-
ção e disponibilização de utilidades públicas”23. É nesse contexto em que
se inserem as parcerias público-privadas.
Voltar ao índice
445
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
446
via das parcerias público-privadas que envolvam contratos de valor inferi-
or a R$ 10 milhões de reais – daí a necessidade da fixação de elementos
que garantam o adequado financiamento do projeto em discussão. Nes-
se contexto, torna-se importante diferenciar financiamento do projeto da
remuneração do particular, pois ambos não se confundem25. Na primeira
hipótese, busca-se viabilizar a consecução do contrato de concessão, quer
seja por meio de patrocínio garantido pelos próprios recursos do particu-
lar, quer seja por meio de desejado custeio alcançado junto no sistema
financeiro. Na segunda, procura-se compensar os custos relacionados com
a operação, tanto os de implantação, denominados custos de formação,
quanto os de funcionamento, chamados de custos de operação26. Existem
quatro formas de remuneração da utilidade pública, que podem ser prati-
cadas tanto de forma isolada, quanto combinada entre si.
Voltar ao índice
447
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
448
incumbindo-se a iniciativa privada da sua estruturação, financia-
mento, execução, conservação e operação, durante todo o prazo
estipulado para a parceria e cumprimento ao poder público as-
segurar as condições de exploração e remuneração pelo parceiro
privado, nos termos do que foi ajustado, e respeitada a parcela
de risco assumida por cada uma das partes”29.
Por fim, cumpre mencionar que alguns autores reclamam certa incons-
titucionalidade de alguns aspectos das parcerias público-privadas, pelo
menos, nos termos preconizados pela Lei n.º 11.079/0430. Os principais
argumentos recairiam sobre eventual violação aos artigos 100 e 175, da
Constituição Federal, assim como quanto às regras relativas às finanças pú-
blicas (artigos 165 a 169, da Constituição Federal). Dessa forma, a questão
sobre quais seriam os limites constitucionais das concessões dos serviços
públicos acabou ensejando alguma discussão, a partir da edição da Lei n.º
11.079/04. Não obstante o teor predominantemente ideológico dos argu-
mentos aportados, relativamente ao cotejo entre os dispositivos da lei sob
comento e o teor do artigo 175, da Constituição Federal, a franca realidade
e a própria permissividade normativa contida no texto da lei, ao prever a
possibilidade de concessão, demonstra que os serviços públicos que podem
ser objeto da delegação prevista no texto constitucional não encontram li-
mitação natural ou óbvia derivada da exegese da norma fundamental.
Voltar ao índice
449
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
450
de concessão. No mais, como sempre ocorreu (ou deveria ter ocorrido)
no trato dos interesses públicos, em virtude do caráter coletivista dos
bens jurídicos tutelados nessa seara. A partir da decisão política sobre
qual a forma de concessão a ser efetivada, faz-se necessário observar o
melhor ponto de envolvimento dos recursos públicos e privados que se-
rão alocados no projeto, assim como a modalidade de remuneração mais
adequada à capacidade de pagamento dos usuários, compreendidos a
partir do estudo de uma matriz de risco e avaliação de caráter econômi-
co, objetivo e fundamentado. Por fim, um processo de licitação deverá
ser efetivado, a fim de garantir a seleção da melhor proposta e as melho-
res vantagens quanto à eficiência dos particulares na gestão dos serviços.
Voltar ao índice
451
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
452
público-privada; c) declaração do ordenador da despesa de que as obri-
gações contraídas pela Administração Pública no decorrer do contrato
são compatíveis com a lei de diretrizes orçamentárias e estão previstas
na lei orçamentária anual; d) estimativa do fluxo de recursos públicos
suficientes para o cumprimento, durante a vigência do contrato e por
exercício financeiro, das obrigações contraídas pela Administração Pú-
blica; e) o objeto da parceria deve estar previsto no plano plurianual em
vigor no âmbito em que o contrato será celebrado; f) a minuta do edital
da licitação e do respectivo contrato de parceria deve ser submetida pre-
viamente à consulta pública, mediante publicação na imprensa oficial,
em jornais de grande circulação e por meio eletrônico, que deverá infor-
mar a justificativa para a contratação, a identificação do objeto, o prazo
de duração do contrato, seu valor estimado, fixando-se prazo mínimo de
30 dias para recebimento de sugestões, cujo termo dar-se-á pelo menos
sete dias antes da data prevista para a publicação do edital; e f) licença
ambiental prévia ou expedição das diretrizes para o licenciamento am-
biental do empreendimento na forma do regulamento, sempre que o
objeto do contrato exigir.
Voltar ao índice
453
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
454
votante. Entretanto, tal vedação não se aplica a eventual hipótese de aqui-
sição da maioria do capital votante da sociedade de propósito específico
por instituição financeira controlada pelo Poder Público, quando tal aqui-
sição for decorrente do inadimplemento de contratos de financiamento.
Voltar ao índice
455
Estudos de Direito do Saneamento
Nos termos do artigo 11, caput e inc. III da Lei n.º 11.079/2004, tem-se,
como característica das parcerias público-privadas, a previsão de mecanis-
mos privados (como a arbitragem) para a solução de controvérsias relacio-
nadas ao contrato, a ser realizada no Brasil e em língua portuguesa39.
Voltar ao índice
456
5. A PARTICIPAÇÃO PRIVADA NO SETOR DE SANEAMENTO
Voltar ao índice
457
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
458
Atualmente, os municípios podem contratar concessionárias públi-
cas sem licitação, no entanto, com as eventuais alterações legislativas
do novo marco regulatório do saneamento, serão obrigados a abrir uma
concorrência para permitir a entrada de empresas privadas.
Voltar ao índice
459
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
460
Consequentemente, entre as diversas estratégias para o setor de
saneamento, as Parcerias Público-Privadas, caso sejam bem planejadas,
auxiliam no aumento de investimentos em infraestruturas nos locais ain-
da não contemplados pela prestação de serviço, todavia devem haver
subsídios para o atendimento das populações mais carentes e garantias
de retorno de capital de forma adequada ao setor privado.
Por sua vez, o setor público beneficia-se com as melhorias nas condições
de vida da população (aumento de IDH), redução da pobreza e dos custos
com saúde relacionados com doenças ligadas à falta de saneamento47.
Voltar ao índice
461
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
462
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Voltar ao índice
463
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
464
Não estão entre as competências da Fundação Nacional de Saúde
(Funasa) realizar Parcerias Público-Privadas com os municípios insertos
no âmbito de sua atuação, porém, certamente, através de utilização de
sua atual estrutura descentralizada, a instituição poderá contribuir para
capacitação técnica desses entes federativos na matéria, qualificando a
tomada de decisão por parte dos gestores municipais.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Voltar ao índice
465
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
466
BRASIL. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as
condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a orga-
nização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 20 set. 1990. p. 018055.
Voltar ao índice
467
Estudos de Direito do Saneamento
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocom-
pilado.htm.Acesso em 05/09/2019.
Voltar ao índice
468
Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Saraiva, 2005. p. 549.
Voltar ao índice
469
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
470
A vocação da FUNASA
(Fundação Nacional de Saúde)
para ser o órgão regulador do
saneamento Brasileiro
FLÁVIO BRASIL MARZANO
Sumário
1. Breve Histórico Do Saneamento; 2. O Saneamento no Brasil;
3. A Funasa; 4. Atuação da Funasa; 5. A Regulação Dos Serviços
De Saneamento Básico No Brasil; 6. Conclusões; 7. Bibliografia.
Voltar ao índice
471
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
472
Muitas das vezes, a implantação de determinada solução tecnológica
de saneamento depende mais da mudança da atitude dos indivíduos do
que da solução tecnológica apresentada.
Voltar ao índice
473
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
474
O império romano ruiu no início da Idade Média. Com isso, novas
regiões foram surgindo tais como Germânia, Bretanha, Espanha, Portugal
e firmaram-se como organizações socioeconômicas no sistema feudal.
Nesse período, o consumo da população da Europa era apenas de um
litro de água por pessoa diariamente.
Voltar ao índice
475
Estudos de Direito do Saneamento
2. O SANEAMENTO NO BRASIL
Voltar ao índice
476
Brasil, o saneamento básico é um direito assegurado pela Constituição
e pela Lei nº 11.445/2007.
Voltar ao índice
477
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
478
do especialmente os jovens nas idades mais produtivas culminando em
1851 com a regulamentação da lei que criou a Junta Central de Higiene
Pública, subordinada ao Ministro do Império.
Voltar ao índice
479
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
480
feitura daquela cidade, tratando vasto plano de urbanização, que não pode
ver implantado. Sofrendo de crise de insuficiência renal, morreu na manhã
de 11 de fevereiro de 1917, com apenas 44 anos de idade.
Voltar ao índice
481
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
482
Em 1971, foi instituído o Plano Nacional de Saneamento (PLANASA),
onde foram consolidados os valores que surgiram nos anos de 1950, au-
tonomia e auto-sustentação, por meio das tarifas e financiamentos base-
ados em recursos retornáveis.
Voltar ao índice
483
Estudos de Direito do Saneamento
3. A FUNASA
Voltar ao índice
484
doenças e agravos, a Funasa integra definitivamente as ações de sanea-
mento do Sistema Único de Saúde (SUS).
Voltar ao índice
485
Estudos de Direito do Saneamento
4. ATUAÇÃO DA FUNASA
Voltar ao índice
486
Historicamente, a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) realizações
de engenharia de saúde pública, ações estas que ao longo de seis déca-
das construíram um valioso acervo no que tange à formulação, gestão,
planejamento, supervisão, normalização, fomento à pesquisa e execução
especializada das políticas de saúde e saneamento, inerentes à área de
Saúde Pública, bem como no estabelecimento de diretrizes para o con-
trole e a prevenção de doenças e agravos.
Voltar ao índice
487
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
488
Verifica-se que a partir da descentralização a atividade da Funasa pas-
sa de fomento para, na prática, atividade de regulação poios todo corte
e análise de conformidade dos projetos e das obras bem como do plane-
jamento municipal são realizados em conformidade com as orientações
das superintendências estaduais.
Voltar ao índice
489
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
490
5. A REGULAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL
Voltar ao índice
491
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
492
Diante desse cenário de completa indefinição das atividades de regu-
lação, onde muitas das agências estaduais não exercem efetivamente a
competência delegada, os consórcios públicos mostram-se como uma in-
teressante alternativa para suprir o vácuo regulatório em muitos Estados
da Federação, criando-se agências reguladoras intermunicipais, capazes
de exercer as atividades regulatórias no setor do saneamento básico.
Não restam dúvidas de que há previsão legal para que os consórcios pú-
blicos possam exercer as atribuições de regulação e fiscalização dos serviços
de saneamento básico, quer pela interpretação do artigo 241 da Constitui-
ção da República, quer pela própria previsão textual da Lei nº 11.445/2007.
Nestes casos a Funasa participa e acompanha as soluções desde a seleção
dos municípios até o efetivo funcionamento das autarquias.
Voltar ao índice
493
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
494
Por fim, há que se pensar a respeito do custeio da agência regula-
dora. O artigo 21, I, da Lei n. 11.445/07, exige autonomia financeira da
entidade reguladora.
Voltar ao índice
495
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
496
Assim, a medida que propunha mudanças na regulação do setor de
saneamento básico e definindo que caberia à ANA criar as normas de
referência para o setor, a serem adotadas voluntariamente pelas agênci-
as regionais, não leva em conta a expertise natural da Funasa, que tem
experiência de mais de 70 anos de saneamento.
6. CONCLUSÕES
Voltar ao índice
497
Estudos de Direito do Saneamento
Assim, de fato a Funasa faz o corte da política pública junto aos pe-
quenos municípios brasileiros e de fato já regula a solução a ser imple-
mentada pelos municípios parceiros.
Voltar ao índice
498
7. BIBLIOGRAFIA
Voltar ao índice
499
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
500
Agências Reguladoras Independentes: fundamentos e seu regime jurídi-
co. 1. ed. 1. reimpressão. Belo Horizonte. Fórum, 2009.
http://mi.gov.br/area-de-imprensa/todas-as-noticias/- /asset_pu-
blisher/YEkzzDUSRvZi/content/mdr-publica-diagnostico-sobre-condi-
coes-de-saneamento-no brasil/pop_up?_101_INSTANCE_YEkzzDUSRv-
Zi_viewMode=print&_101_INSTANCE_YEkzzDUSRvZi_languageId=pt_BR
Acesso em 30/09/2019
http://info.opersan.com.br/bid/197830/avan-os-no-saneamento-b-
sico-ao-longo-da-hist-ria-contribu-ram-para-melhorar-a-qualidade Aces-
so em 30/092019
http://www.funasa.gov.br/cronologia-historica-da-saude-publica
Acesso em 30/09/2019
Voltar ao índice
501
Estudos de Direito do Saneamento
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato20072010/2007/Decreto/
D6170.htm#art19.
http://www.funasa.gov.br/documents/20182/38564/manual_execu-
cao_convenios_termos_compromisso_servico_engenharia.pdf/3a6f9e-
e9-120f-48d9-86e1-f1e23218e805
http://www.funasa.gov.br/site/wp-content/files_mf/livro_100-anos.pdf
http://mi.gov.br/area-de-imprensa/todas-as-noticias/-/asset_pu-
blisher/YEkzzDUSRvZi/content/mdr-publica-diagnostico-sobre-condi-
coes-de-saneamento-no-brasil/pop_up?_101_INSTANCE_YEkzzDUSRv-
Zi_viewMode=print&_101_INSTANCE_YEkzzDUSRvZi_languageId=pt_BR
Voltar ao índice
502
O desafio Brasileiro de
univeralização do acesso
à água potável
A necessidade de redefinição
dos papéis dos entes federativos
no setor de saneamento básico
ILKO MACHADO DE CARVALHO1
O1
Resumo
Voltar ao índice
503
Estudos de Direito do Saneamento
Abstract
Sumário
Introdução; Disciplina jurídica da água e do saneamento; Defini-
ção do cenário ideal e a situação do acesso à água no Brasil; Es-
tratégias de intervenção historicamente adotadas; A necessida-
de de redefinição dos papéis dos entes federativos responsáveis
pelo saneamento básico; Conclusão; Bibliografia.
1. INTRODUÇÃO
Voltar ao índice
504
Desse modo, a utilização primordial da água pelos seres humanos é
como alimento, o qual se caracteriza como indispensável e insubstituível
para a manutenção de vida.
Voltar ao índice
505
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
506
do-o como um bem de uso comum do povo essencial à sadia qualidade
de vida para as gerações presentes e futuras.
3 artigo 20. São bens da União: [...] III - os lagos, rios e quaisquer correntes de
água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites
com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como
os terrenos marginais e as praias fluviais. Artigo 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:
I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas,
neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União.
Voltar ao índice
507
Estudos de Direito do Saneamento
A fonte de água, embora seja uma pauta importante que cada vez mais
atrai a atenção da sociedade e do Estado, em boa parte causada pelas recen-
tes crises de abastecimento enfrentadas, principalmente no Estado de São
Paulo, a partir no ano de 2014, devido à escassez de chuvas, não constitui o
tema central das análises acerca do abastecimento de água, constituindo-se,
todavia, na pauta chave das discussões relativas aos recursos hídricos.
Voltar ao índice
508
O abastecimento de água pode ser realizado também por meio de um car-
ro-pipa, que coleta a água em uma fonte e a transporta até o domicílio do cida-
dão, onde a água é despejada em recipientes denominados de tanque ou caixa
d’agua. Essas formas de abastecimento, não obstante sejam bem rudimenta-
res, ainda constituem a realidade de boa parcela da população brasileira.
Por fim, a água pode chegar ao domicílio do cidadão por meio de uma
ligação a um sistema público de distribuição, tendo como fonte de água
um poço, um açude ou uma barragem, por exemplo.
4 Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: [...] IV - águas, energia,
informática, telecomunicações e radiodifusão
Voltar ao índice
509
Estudos de Direito do Saneamento
5 Art. 21. Compete à União: [...] XII - explorar, diretamente ou mediante auto-
rização, concessão ou permissão: [...] b) os serviços e instalações de energia elétrica e o
aproveitamento energético dos cursos de água, em articulação com os Estados onde se
situam os potenciais hidroenergéticos.
6 Art. 43. Para efeitos administrativos, a União poderá articular sua ação em um
mesmo complexo geoeconômico e social, visando a seu desenvolvimento e à redução das
desigualdades regionais. [...] § 2º Os incentivos regionais compreenderão, além de outros,
na forma da lei: [...] IV - prioridade para o aproveitamento econômico e social dos rios e
das massas de água represadas ou represáveis nas regiões de baixa renda, sujeitas a secas
periódicas. § 3º Nas áreas a que se refere o § 2º, IV, a União incentivará a recuperação de
terras áridas e cooperará com os pequenos e médios proprietários rurais para o estabeleci-
mento, em suas glebas, de fontes de água e de pequena irrigação
7 Art. 21. Compete à União: [...] XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento
urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos.
Voltar ao índice
510
Além da competência para instituir diretrizes para o saneamento bá-
sico, a Constituição tratou de estabelecer como competência comum da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, a promoção
de programas de saneamento básico, conforme pode ser observado no
inciso IX do artigo 23, bem como as competências para proteger o meio
ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas, e, ainda,
para fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento ali-
mentar, consoante o disposto nos inciso VI e VIII, respectivamente. Es-
tabeleceu, ademais, no inciso X, a competência dos entes políticos da
federação para combater as causas da pobreza e os fatores de margi-
nalização, promovendo a integração social dos setores desfavorecidos.8
Voltar ao índice
511
Estudos de Direito do Saneamento
10 Art. 30. Compete aos Municípios: [...] V- organizar e prestar, diretamente ou sob
regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de
transporte coletivo, que tem caráter essencial;
11 MIRANDA, O direito.
12 MIRANDA, O direito.
Voltar ao índice
512
Diferentemente do que ocorre no Brasil onde os sistemas integrados,
consistindo-se naqueles em que mais de um município esteja sendo abas-
tecido pelo mesmo sistema (captação, tratamento, distribuição e cobrança),
ainda permanecem no âmbito da titularidade dos municípios, em Portugal
os sistemas multimunicipais, ou seja, aqueles que “sirvam pelo menos dois
municípios e exijam a intervenção do Estado em função de razões de inte-
resse nacional, sendo a criação destes sistemas de titularidade estatal pre-
cedida de parecer dos municípios territorialmente envolvidos”13 ficam sob a
responsabilidade centralizada do Estado.
I - universalização do acesso;
13 n.º 2 do artigo 1.º, do Decreto-Lei n.º 92/2013, de 11 de julho, apud João Miranda, p. 6.
Voltar ao índice
513
Estudos de Direito do Saneamento
X - controle social;
Voltar ao índice
514
Destaca-se, ainda, os conceitos dados a abastecimento de água potável e a
esgotamento sanitário, nas alíneas “a” e “b” do inciso I do artigo 3º, vejamos:
[...]
Voltar ao índice
515
Estudos de Direito do Saneamento
O cenário ideal, assim, não pode ser concebido sem um acesso do-
miciliar à água, a qual deve chegar por meio de uma rede de distribuição
proveniente de uma fonte administrada pelo setor público.
Voltar ao índice
516
dade financeira do serviço. Mas um benefício de importância fundamen-
tal relacionada à distribuição coletiva é a preservação do recurso hídrico
por meio do monitoramento do consumo domiciliar para que práticas de
desperdício sejam coibidas.
14 C. ALBUQUERQUE, “On the right track. Good practises in realising the rights to
water and sanitation”, Lisboa, 2012, p. 35, apud João Miranda, pág. 35.
Voltar ao índice
517
Estudos de Direito do Saneamento
15 Disponível em https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101654_in-
formativo.pdf (acessado em 30/09/2019).
Voltar ao índice
518
pela pesquisa que foi de 71 milhões. Assim, o desafio brasileiro ainda é muito
grande em relação à universalização do acesso ao abastecimento de água.
A região Sudeste é a única que apresenta déficit inferior a 10%, com 7,6%
de déficit de atendimento de sua população com água potável e disponível
mediante ligação predial à rede geral de distribuição, conforme tabela 1.
Tabela 1
Tabela 2
Voltar ao índice
519
Estudos de Direito do Saneamento
Tabela 3
Voltar ao índice
520
Caracterizada a situação de déficit de abastecimento de água, torna-
se relevante observar os impactos causados por esse cenário.
A região Sul ocupa a terceira posição, não muito distante da região Nor-
deste, com uma demanda de 23,077 bilhões, representando 18,89% da de-
manda nacional por investimentos e sistemas de abastecimento de água.
Voltar ao índice
521
Estudos de Direito do Saneamento
Tabela 4
Voltar ao índice
522
esgotos sanitários, o quadro era bem mais negativo, pois apenas 24% da
população era servida de redes públicas, sendo de salientar que o desti-
no final desses esgotos nem sempre era adequado, constituindo-se, por
conseguinte, em fonte de poluição dos recursos hídricos18.
18 PLANASA, p. 90.
19 PLANASA, p. 90.
20 PLANASA, p. 91.
Voltar ao índice
523
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
524
des com maiores riscos de saúde e ambientais, o que pode explicar, pelo me-
nos em parte, o processo de convergência observado na década de 1990 23.
Voltar ao índice
525
Estudos de Direito do Saneamento
Tabela 5
Voltar ao índice
526
05/2011 da Funasa, observa-se que a média de execução contratual para
os quatro lotes contratados é de apenas 43,82% , o que demonstra o
grau de complexidade da matéria.24.
Voltar ao índice
527
Estudos de Direito do Saneamento
26 Art. 8o Os titulares dos serviços públicos de saneamento básico poderão de-
legar a organização, a regulação, a fiscalização e a prestação desses serviços, nos termos
do art. 241 da Constituição Federal e da Lei no 11.107, de 6 de abril de 2005.
Voltar ao índice
528
de consórcio público (inciso III do artigo 2º) e o convênio de cooperação
consistindo em um pacto firmado exclusivamente por entes da Federa-
ção, com o objetivo de autorizar a gestão associada de serviços públi-
cos, desde que ratificado ou previamente disciplinado por lei editada por
cada um deles (inciso VIII do artigo 2º).
Voltar ao índice
529
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
530
no lançamento de editais para convocação de interessados em algum dos
programas orçamentários sob sua responsabilidade de execução.
6. CONCLUSÃO
7. BIBLIOGRAFIA
Voltar ao índice
531
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
532
Salta-Z uma alternativa
frente aos desafios da
realidade Brasileira
Materialização do direito
de acesso à água potável
IVANILDE HERCULANO DA SILVA ALVES1
S1
Resumo
Voltar ao índice
533
Estudos de Direito do Saneamento
Abstract
Sumário
1. Introdução. 2. O Saneamento Básico E A Salta-Z>; 2.1 Consi-
derações Gerais Sobre Saneamento Básico; 2.2 Princípios Fun-
damentais Aplicáveis Ao Saneamento Básico; 2.2.1 Princípio Da
Universalização Do Acesso; 2.2.2 Princípio Da Integralidade Das
Voltar ao índice
534
Ações; 2.2.3 Princípio Da Qualidade E Regularidade Na Prestação
Dos Serviços De Promoção Da Saúde Pública; 2.2.4 Princípio Da
Articulação Com As Políticas De Desenvolvimento De Relevante
Interesse Social; 2.2.5 Princípio Da Transparência E Controle So-
cial; 2.2.6 Princípios Da Eficiência, Sustentabilidade Econômica E
Fomento À Moderação Do Consumo De Água. 3. A Salta-Z No
Âmbito Da União (Funasa), Estados E Municípios; 3.1 Considera-
ções Gerais; 3.1.1 Salta-Z - Problemas Enfrentados; 3.1.2 Público
Alvo; 3.2 Fontes Que Respaldam A Salta-Z; 3.3 Principais Objeti-
vos Da Salta-Z; 3.4 Processo Administrativo; 3.4.1 Roteiro Legal
Da Salta-Z; 3.4.1.1 Da Qualidade Da Água; 3.4.1.2 Da Implanta-
ção Da Salta-Z Nos Estados E Municípios; 3.4.2 Da Denúncia De
Irregularidades Sobre A Salta-Z. 4. Competências Federativas No
Saneamento Básico; 4.1 A Responsabilidade Do Titular Dos Ser-
viços Pode Ser Delegada; 4.2 Considerações Acerca Da Coopera-
ção Internacional; 4.3 Reconhecimentos Externos Via Ações Civis
Públicas. 5. Conclusão. 6. Referências Bibliográficas. 7. Anexos.
1. INTRODUÇÃO
Voltar ao índice
535
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
536
Assim, ao iniciar o presente trabalho, faz-se necessário rememorar
o que é saneamento básico e os princípios do saneamento mais impor-
tantes que norteiam a Administração Pública e que prescrevem a forma
como o Estado, na pessoa de seus agentes públicos, deve agir em rela-
ção ao saneamento básico, direito assegurado nos artigos 21, XX e 23,
IX, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 doravante
“CR/88”2 e na Lei n.º 11.445/2007.
Isso posto, conforme o Instituto Trata Brasil (2019)4, cada R$ 1,00 in-
vestido em saneamento gera economia de R$ 4,00 na saúde e estima-se
que entre 2016 a 2036 a economia total com a melhoria das condições
de saúde da população brasileira seja de R$ 5,949 bilhões.
Voltar ao índice
537
Estudos de Direito do Saneamento
I - universalização do acesso;
Voltar ao índice
538
VI - articulação com as políticas de desenvolvimento urbano e
regional, de habitação, de combate à pobreza e de sua er-
radicação, de proteção ambiental, de promoção da saúde e
outras de relevante interesse social voltadas para a melhoria
da qualidade de vida, para as quais o saneamento básico seja
fator determinante;
X - controle social;
Voltar ao índice
539
Estudos de Direito do Saneamento
Todavia, ainda deixa a desejar, uma vez que não atende a todas as
pessoas, principalmente às que estão afastadas dos grandes centros ur-
banos e em áreas de difícil acesso à saneamento básico.
Voltar ao índice
540
Já de acordo com o Instituto Trata Brasil (2019)8, 83,5% dos bra-
sileiros são atendidos com abastecimento de água tratada (57,49%
no Norte, 73,25% no Nordeste, 91,25% no Sudeste, 89,68% no Sul e
90,13% no Centro Oeste), quase 35 milhões não tem acesso a este
serviço, o consumo médio de água no país é de 153,6 litros por habi-
tante ao dia, sendo mais que os 110 litros/dia considerados pela ONU
(Organização das Nações Unidas) como suficiente para atender as ne-
cessidades básicas de uma pessoa.
Voltar ao índice
541
Estudos de Direito do Saneamento
Neste norte, o Decreto n.º 7.217/2010, no seu artigo 6º, §1º11, admi-
te soluções individuais, como no caso a SALTA-z, ante à ausência de redes
de abastecimento de água indo ao encontro da Resolução da ONU:
Voltar ao índice
542
Por conseguinte, já ensinava Hely Lopes Meirelles (2009, p. 90)12:
Voltar ao índice
543
Estudos de Direito do Saneamento
rio, limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos (inciso III), serviços de
drenagem e manejo das águas pluviais, limpeza e fiscalização preventiva
das respectivas redes (inciso IV), os quais devem ser prestados com a devi-
da qualidade, segurança a vida, ao patrimônio público e privado e de forma
regular (incisos IV e XI), bem como realizados e disponibilizados de formas
adequadas à saúde pública e à proteção do meio ambiente (inciso III).
Voltar ao índice
544
Já referente à promoção de saúde, vale destacar a primeira Confe-
rência internacional sobre promoção da saúde, realizada em Ottawa em
21/11/86, a qual aprovou a Carta de Ottawa17, in fine:
Voltar ao índice
545
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
546
Ainda, segundo Giovanna (2016, p. 197)20, com a Política Nacional a
água passou a ter valor econômico – o usuário deve pagar para utilizá-
la – e o que se paga não é a água em si, mas os serviços de saneamento,
como: captação, tratamento, adução e distribuição de água potável, bem
como a coleta e o tratamento de esgotos. E acrescenta que a cobrança
pela água é instrumento de política de recursos hídricos, que não foi am-
plamente regulamentada.
Desta feita, a SALTA-z atende ao princípio, uma vez que age na satisfa-
ção do interesse público, na extensão e intensidade proporcionais ao que
lhe é demandado dentro de suas competências de saneamento básico, no
caso, água potável para pequenas comunidades de até 50 mil habitantes.
Voltar ao índice
547
Estudos de Direito do Saneamento
5º, inciso XXXIII, que dispõe sobre o direito de receber informações dos
órgãos públicos, excepcionadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à
segurança da sociedade e do Estado e assim sucessivamente.
Voltar ao índice
548
Conforme lecionam os autores Ladisael Bernardo e Sérgio Viana da
Silva (2004, p. 127)25 “Sua aplicação requer objetividade e neutralidade
quando se trata da Administração agir no interesse da sociedade.”
Voltar ao índice
549
Estudos de Direito do Saneamento
Segundo Pedro Cunha Serra in Políticas Públicas da Água (2016, pp. 15-
16) , enquanto se pensava na água como bem livre e abundante, não ha-
27
Voltar ao índice
550
Enfim, a Lei n.º 11.445/2007 instiga os serviços públicos e a socieda-
de a adotarem medidas para economia no consumo de água no Brasil.
Voltar ao índice
551
Estudos de Direito do Saneamento
Ainda, segundo o Guia (2019, p. 49, p. 52)33, no Pará, local dos criadores do
equipamento, a Funasa junto com a Prefeitura já implantou, em 2017 e 2018,
55 SALTA-z e prevê que até 2020 todas as 72 ilhas estejam utilizando a SALTA-z.
Voltar ao índice
552
Isso posto, infere-se que a SALTA-z atende às disposições da alínea a) do
inciso I do artigo 3º da Lei n.º 11.445/200734 que se refere a Saneamento
Básico, mais especificamente à água potável:
Voltar ao índice
553
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
554
ao poder público aumentar o acesso à água potável às popula-
ções distantes dos grandes centros, promovendo-lhes mais saú-
de e melhor qualidade de vida. (grifei)
Voltar ao índice
555
Estudos de Direito do Saneamento
O ribeirinho pode usar a água como bem entender, seja para fins
domésticos ou para irrigação, desde que esse uso seja razoável,
o que implica dizer que não podem diminuir o volume de água
disponível, nem comprometer a sua qualidade. Além disso, tam-
bém tem o direito a todos os produtos oriundos das águas, desde
que não prejudiquem os demais proprietários (FARNHAM, 1904,
p. 1578). (grifei)
Voltar ao índice
556
Neste sentido, várias comunidades estão sendo atendidas, conforme
se verifica, por exemplo, no Boletim Informativo da Funasa, Ano XIII – N.º
4 – Setembro/201741:
[...]
Voltar ao índice
557
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
558
Resolução da Assembleia Geral da ONU n.º A/RES/64/292, de 28
de julho de 2010, que reconhece o direito humano à água potá-
vel e ao saneamento
Pode-se extrair, entre outros, dos arts. 5º, 6º, 227, da CR/88, que a
vida e a saúde são direitos protegidos constitucionalmente e que o direi-
to à água está implicitamente esposado na CR/88 ao se referir ao direito
à saúde e à alimentação, uma vez que para se ter saúde e para a confec-
ção de alimentação a água é de suma importância. Ressalta-se, inclusive,
que a água faz parte da nossa alimentação e higiene. Ademais, com água
de qualidade é possível não só prevenir como erradicar vários tipos de
doenças, ou seja, não há que se falar em saúde e alimentação sem água
a qual deve ser potável e de qualidade.
Voltar ao índice
559
Estudos de Direito do Saneamento
dos Membros das Nações Unidas, uma vez que a natureza jurídica desta
resolução é a de um ato jurídico sem efeito vinculativo para os Estados
por ser uma soft law, todavia cria uma pressão político-mediática sobre
os Estados que pode conduzir a melhorias significativas, sendo o direito
de acesso à água autônomo e parte da ordem jurídica internacional a
que os Estados estão vinculados.
Voltar ao índice
560
mento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de
efluentes e dá outras providências.
Voltar ao índice
561
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
562
a urgência, a gravidade da medida necessária ao caso concreto,
o excepcional interesse público, além de outras razões, o que o
torna também instrumento de fundamentação da conduta, de
legitimação da atividade administrativa. (grifei)
Voltar ao índice
563
Estudos de Direito do Saneamento
52 Lei n.º 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da
Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração Pública
e dá outras providências. Brasília, 1993. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/cci-
vil_03/leis/l8666cons.htm. Acesso em: 2 jul. 2019.
Voltar ao índice
564
Neste sentido, o plano de trabalho de que trata o §1º do artigo 116
em tela deverá conter só as informações enumeradas nos incisos I - iden-
tificação do objeto a ser executado, II - metas a serem atingidas, III - eta-
pas ou fases de execução, e VI - previsão de início e fim da execução do
objeto, bem assim da conclusão das etapas ou fases programadas.
53 Lei n.º 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Código Civil. Brasília, 2002. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm. Acesso em: 22 ago. 2019.
Voltar ao índice
565
Estudos de Direito do Saneamento
54 Lei n.º 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da
Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e
dá outras providências. Brasília, 1993.
55 Ministério do Meio Ambiente. “Resolução n.º 357, de 17 de março de 2005”.
Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enqua-
dramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá
outras providências. Brasília, 2005.
Voltar ao índice
566
lecendo para o responsável, no caso a Funasa, pelo sistema ou solução
alternativa coletiva de abastecimento de água para consumo humano
– SALTA-z, a competência nas ações de controle da qualidade da água.
Voltar ao índice
567
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
568
ribeirinhos e, segundo o Prefeito, os moradores não manifestaram novos
casos de doenças como Diarreia, Hepatite A e Febre Tifoide.
Voltar ao índice
569
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
570
Todavia, conforme a gravidade dos fatos, poderá realizar uma apuração
para confirmá-los, de acordo com Edson Jacinto da Silva (2004, p. 78)66:
Voltar ao índice
571
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
572
- ACT, notificando o representante legal do Município, o Poder legislativo
municipal, bem como o parlamentar (deputado ou senador) em caso de
recurso proveniente de emenda parlamentar, para cumprimento do pac-
tuado no ACT, fixando prazo, ainda que não haja cláusula no instrumento,
uma vez que ambas as Administrações públicas federal e municipal devem
obediência ao princípio constitucional da eficiência em benefício da popu-
lação (Nota n. 00014/2019/COLCA/PFFUNASA/PGF/AGU)70.
Voltar ao índice
573
Estudos de Direito do Saneamento
A partir deste raciocínio o artigo 1º, I e VI, da Lei n.º 9.433/97, pre-
ceitua que a água é um bem de domínio público e a gestão dos recursos
hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do Poder
Público, dos usuários e das comunidades.
Desta feita, de acordo com Ana Alice de Carli (2015, p. 6)72, “[...] a Lei
n.º 9.433/97, além de instituir a Política Nacional, regulamenta e siste-
matiza as diversas formas de tutela dos mananciais de águas no território
brasileiro.“ (grifei)
Voltar ao índice
574
Neste sentido, Ana Alice (2015, p. 9)74 afirma que a água é um bem
que por essência e finalidade, pertence a todos e não é de ninguém,
assim como o ar:
Esses dois elementos da Natureza, por serem vitais aos seres vi-
vos, não podem submeter-se à ideia tradicional de propriedade,
da qual são extraídos os direitos, em regra, incontestes, de uso,
gozo e disposição (CÓDIGO CIVIL, 2002) do titular, tampouco, dei-
xados à mercê dos desejos e da negligência individuais, donde se
infere a importância de a Constituição reservar aos Entes Políti-
cos as prerrogativas de gerir, controlar e fiscalizar os mananciais
de água. (grifei)
Nesta linha de raciocínio, José Afonso da Silva (2002, p. 120)75, com base
não só na Constituição, mas em uma interpretação axiológica, alega que:
Voltar ao índice
575
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
576
Neste contexto, verifica-se no Boletim de Serviço n.º 58/2018/CO-
SAD/GABPR/PRESI que a Funasa tem missão no âmbito do SUS, assim,
também tem responsabilidade pela fiscalização e inspeção da água.
Para tanto, a Lei n.º 9.433/97, em seu artigo 14, §1º, permite ao Execu-
tivo Federal delegar aos Estados e ao Distrito Federal a competência para
concessão de outorga de uso de recursos hídricos de domínio da União.
Voltar ao índice
577
Estudos de Direito do Saneamento
Cabe destacar que os arts. 8º-A (Medida Provisória n.º 844/2018) e 8º-C
(Medida Provisória n.º 868/2018) alteraram a Lei n.º 11.445/2007 para esta-
belecer que os Municípios e o Distrito Federal eram os titulares dos serviços
públicos de saneamento básico. Contudo, tais MPs tiveram sua vigência en-
cerrada, prevalecendo no momento o disposto no artigo 10, §1º, “b”:
Voltar ao índice
578
Art. 8º Os titulares dos serviços públicos de saneamento bási-
co poderão delegar a organização, a regulação, a fiscalização e
a prestação desses serviços, nos termos do art. 241 da Consti-
tuição Federal e da Lei n.º 11.107, de 6 de abril de 2005. (grifei)
Voltar ao índice
579
Estudos de Direito do Saneamento
81 Lei n.º 9.984, de 17 de julho de 2000. Dispõe sobre a criação da Agência Nacio-
nal de Águas- ANA, entidade federal de implementação da Política Nacional de Recursos Hí-
dricos e de coordenação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, e dá
outras providências. Brasília, 2000. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
LEIS/L9984.htm. Acesso em: 5 set 2019.
82 “Carta Europeia da Água”. Conselho da Europa. Estrasburgo, 6 de maio de 1968.
Disponível em: https://pt.slideshare.net/bloguedaesag/carta-europeia-da-gua-10402509.
Acesso em: 2 set. 2019.
83 ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS. Cúpula das Américas sobre Desen-
volvimento Sustentável. “Plan de Acción para el Desarrollo Sostenible de las Américas”.
Santa Cruz de la Sierra, Bolívia, 7 al 8 de diciembre de 1996. Disponível em: http://www.
summit-americas.org/summit_sd/summit_sd_poa_sp.pdf. Acesso em: 2 set. 2019.
Voltar ao índice
580
(2018) 84, em que, baseados no objetivo de desenvolvimento sustentável
número 6 (ODS 6 – itens 6.5 e 6.a)85, firmaram acordo para até 2030 imple-
mentar a cooperação transfronteiriça e ampliar a cooperação internacional
em atividades e programas relacionados à água e saneamento.
[...]
Voltar ao índice
581
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
582
4.3 Reconhecimentos externos via ações civis públicas
[...]
Voltar ao índice
583
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
584
Ação Civil Pública - Inquérito Civil n.º 1.36.002.000114/2014-3590 –
MPF no Município de Gurupi/TO (fl. 30):
5. CONCLUSÃO
Voltar ao índice
585
Estudos de Direito do Saneamento
Percebe-se, ainda, que mesmo assim o acesso à água potável para con-
sumo humano continua sendo preocupação não só do Brasil como de outros
países com escassez deste recurso do qual depende toda forma de vida, con-
forme legislação, ensinamentos doutrinários e julgados encontrados.
Voltar ao índice
586
devem ter acesso para uma melhor qualidade de vida, tema há muito
debatido e que deixa muito a desejar.
Voltar ao índice
587
Estudos de Direito do Saneamento
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Voltar ao índice
588
Ministério do Desenvolvimento Regional. Sistema Nacional de Infor-
mações sobre Saneamento. “Ministério do Desenvolvimento Regional
publica diagnósticos da situação do saneamento no Brasil”. Brasília, 25 de
fevereiro de 2019. Disponível em: http://www.snis.gov.br/component/
content/article?id=175. Acesso em: 14 set. 2019.
Voltar ao índice
589
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
590
sos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal,
e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou
a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9433.htm. Acesso em: 02 jul. 2019.
Voltar ao índice
591
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
592
Disponível em: https://sei.funasa.gov.br/sei/controlador.php?acao=pr-
ocedimento_trabalhar&acao_origem=protocolo_pesquisa_rapida&id_
protocolo=106202&infra_sistema=100000100&infra_unidade_atu-
al=110000019&infra_hash=314215811f549d30a0bba1d17e2624c-
33768fc1ee80f5d5f0b52dc94471bedbd. Acesso em: 3 jul. 2019.
Voltar ao índice
593
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
594
Fundação Nacional de Saúde. “Instalação da SALTA-z muda dia a dia
de famílias em comunidade do estado do Pará”. Boletim Informativo da
Funasa, Ano XIII, N.º 4, setembro/2017.
Voltar ao índice
595
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
596
Prefeitura de Abaetetuba. “Abaetetuba Ganha Prêmio Municiência, em
Brasília, com Projeto Salta Z”. 10 de abr de 2019. Disponível em: https://
abaetetuba.pa.gov.br/informa.php?id=82. Acesso em: 4 set. 2019.
Voltar ao índice
597
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
598
PRIMOR RIBAS, RVD, pp. 197.
Voltar ao índice
599
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
600
mpf.mp.br/to/sala-de-imprensa/docs/ACPAbastecimentodeguaIlhaBa-
nanal.pdf. Acesso em: 7 set 2019.
7. ANEXOS
ANEXO I - SALTA-Z
Voltar ao índice
601
Estudos de Direito do Saneamento
602
Saneamento básico:
Prestação dos serviços de água
e esgoto no Estado do Amapá
JOSÉ WELTON MEDEIROS FERREIRA1
a1
RESUMO
Voltar ao índice
603
Estudos de Direito do Saneamento
ABSTRACT
Sumário
1. Introdução; 2. Estado do Amapá: origem e principais carac-
terísticas; 2.1. Aspectos político-demográficos do Estado; 2.2.
Indicadores de saneamento básico no Estado do Amapá; 3. Ti-
tularidade dos serviços e atuação à luz do regime jurídico vi-
gente; 3.1. Previsão Constitucional e titularidade dos serviços;
3.2. Marco regulatório vigente; 3.2.1. Ente responsável pela
prestação dos serviços; 3.2.2. Plano municipal de saneamento
básico - PMSB; 3.2.3. Regulação dos serviços; 3.2.4. Órgão de
controle social; 4. Considerações acerca da prestadora dos ser-
viços (CAESA); 5. Propostas de reformulação do marco legal; 6.
Conclusão; 7. Referências bibliográficas.
Voltar ao índice
604
1. INTRODUÇÃO
Voltar ao índice
605
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
606
cobertura4; Apesar de 91% (noventa e um por cento) da população con-
tar com coleta domiciliar de resíduos sólidos, apenas 1,65% desse total é
efetivamente recuperado5; por fim, dos municípios participantes do Diag-
nóstico de Manejo de Águas Pluviais Urbanas – DMAPU de 2017, 70,1%
(setenta inteiros e um décimo) reportaram não possuir mapeamento de
áreas de risco de inundação dos cursos d´água urbanos6.
Voltar ao índice
607
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
608
acerca do formato da prestação do serviço, cumpre-nos, ainda que de maneira
singela, uma melhor percepção dos traços gerais e distintivos do seu território.
Voltar ao índice
609
Estudos de Direito do Saneamento
12 São eles: Macapá, Santana, Laranjal do Jari, Oiapoque, Porto Grande, Mazagão,
Tartarugalzinho, Pedra Branca do Amapari, Vitória do Jari, Calçoene, Amapá, Ferreira Go-
mes, Cutias, Itaubal, Serra do Navio, Pracuúba
13 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, Brasil/Amapá, IBGE, 2019,
disponível em https://cidades.ibge.gov.br/brasil/ap/panorama (acesso em 15/08/2019). Ou-
trossim, dados da mesma fonte estimam para 2019 população de 845.731 pessoas.
14 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, Brasil/Roraima, IBGE,
2019, disponível em https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rr/panorama (acesso em 15/08/2019).
15 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, Amapá, IBGE, 2019, disponível
em https://cidades.ibge.gov.br/brasil/sintese/ap?indicadores=25207 (acesso em 15/08/2019).
Voltar ao índice
610
Vale o registro de que os municípios de Macapá (capital) e Santana
são circunvizinhos, estando integrados pela mesma região metropolita-
na por força da Lei Complementar Estadual nº 21/200316, o que signifi-
ca dizer que três quartos da população do Estado se aglomeram em um
ambiente relativamente conjugado.
16
Voltar ao índice
611
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
612
que o IBGE projeta redução populacional no Brasil a partir do ano de 2049,
já o Amapá manterá índices de crescimento mesmo após 2060.
Voltar ao índice
613
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
614
neamento básico, valendo acrescentar que o percentual de atendimento
varia de acordo com cada componente que integra o sistema.
Voltar ao índice
615
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
616
sequência, as mais variadas doenças, sobretudo de veiculação hídrica21,
que tendem afetar em maior grau crianças, idosos e mulheres22, e que aju-
dam a explicar os números alarmantes presentes no Estado, seja no campo
social, a exemplo do desempenho escolar insatisfatório e aquém da proje-
ção estimada para o próprio Estado23, ou no campo econômico, retratado
pelo alto índice de desemprego em relação à média nacional24.
Voltar ao índice
617
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
618
cia comum dos entes da Federação à promoção de programas voltados ao
saneamento básico27. Sendo assim, independentemente do ente a quem
se atribua a específica prerrogativa de conduzir a política pública, cumpre
aos demais entes exercer efetiva colaboração em prol da sua satisfação, a
qual contempla, se necessário for, auxílios de ordem financeira.
Voltar ao índice
619
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
620
ou mediante delegação); b) enumerou as ações básicas atinentes à política
pública de saneamento; c) dispôs sobre a formação dos contratos e suas
particularidades, entre outros aspectos de acentuada importância.
Voltar ao índice
621
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
622
rantir maior cobertura dos serviços de saneamento básico à população.
Sinalizou, também, uma maior propensão da União a verter recursos
para o setor, cujos investimentos encontravam-se substancialmente pa-
ralisados há aproximadamente duas décadas.
Voltar ao índice
623
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
624
partir do exercício financeiro de 2014. Após, sucessivas alterações elas-
teceram o prazo para 2016, 2018 e, atualmente, vigora a redação que
impõe a aludida exigência a partir do exercício de 2020. As prorrogações
foram levadas a efeito em razão do reconhecimento de omissão ou em-
pecilhos na elaboração dos planos de saneamento pelos municípios.
32 A consulta quanto ao andamento dos ajuste visando a elaboração dos planos mu-
nicipais por parte de Macapá e Santana estão expressas, respectivamente, em http://www.
pac.gov.br/obra/24321 (acessado em 13/08/2019) e http://www.pac.gov.br/obra/35715
(acessado em 13/08/2019), ambas apontando para estágio concluído. O Município de Serra
do Navio elaborou o plano municipal com recursos próprios, transmitindo cópia do documen-
to à Funasa. O Plano municipal de Saneamento básico de Pracuúba foi viabilizado através do
repasse de recursos federais oriundos do convênio 0384/2010, firmado perante à Funasa.
33 Conforme informações da sua página eletrônica, http://www.funasa.gov.br/web/
guest/a-funasa1 (acessado em 15/08/2019), a Fundação Nacional de Saúde – FUNASA é uma
Fundação Pública Federal, vinculada ao Ministério da Saúde do Brasil, cuja atuação é substan-
cialmente voltada a ações de saneamento básico em municípios com população de até 50.000
mil habitantes. Sendo assim, a ausência de planos de saneamento básico nos municípios aten-
didos pela Funasa inviabilizaria a transferência de recursos federais para programas de sanea-
mento básico, daí a iniciativa da Entidade em financiar a elaboração dos aludidos instrumentos.
Voltar ao índice
625
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
626
Assevera-se que o exercício da atividade de regulação poderá ser con-
ferido à entidade instituída no âmbito da Administração do titular dos ser-
viços ou, à luz do artigo 8º da lei 11.445/2007, ser delegada a qualquer
entidade reguladora constituída dentro dos limites do respectivo Estado.
Nos termos do artigo 3º, inciso IV, definiu-se o controle social como o
conjunto de mecanismos e procedimentos que garantem à sociedade infor-
mações, representações técnicas e participações nos processos de formula-
ção de políticas, de planejamento e de avaliação relacionados aos serviços
públicos de saneamento básico. Trata-se de princípio fundamental inerente
à política pública, a teor do artigo 2º, inciso X da legislação vigente.
O artigo 47, a seu turno, prescreveu que o controle social poderá incluir a
participação de órgãos colegiados de caráter consultivo, estaduais, do Distri-
to Federal e Municipais, assegurada a representação de diversos atores em
torno do saneamento básico, dentre eles, dos usuários dos serviços, organi-
zações da sociedade civil e de defesa do consumidor relacionadas ao setor.
35 Dado corroborado por publicação sobre o assunto, cujo acesso encontra-se dis-
ponível no seguinte endereço eletrônico: http://abar.org.br/wp-content/uploads/2017/09/
ABAR_2017.pdf. (acesso em 12/08/2019).
Voltar ao índice
627
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
628
4. CONSIDERAÇÕES ACERCA DA PRESTADORA DOS SERVIÇOS (CAESA)
38 Para Wilson Edson Jorge, a obtenção dos recursos do Banco passou a ser obri-
gatoriamente vinculada, após o PLANASA, à criação do FAE e das Companhias Estaduais de
Saneamento - CES, através dos quais os recursos eram repassados aos municípios, via com-
panhia local vinculada à FAE estadual. As imposições do Banco explicitaram e delimitaram
a tônica empresarial do modelo PLANASA (W. EDSON JORGE, A Avaliação da Política Na-
cional de Saneamento Pós 64, FAUUSP, vol.1, n.2. pp. 21-34, dez. 1992). Por sua vez, Costa,
Pierobon e Soares argumentam que, em decorrência do disposto no art 2º do Decreto-Lei
949/69, os Estados acabaram por comandar a estrutura de saneamento básico no Brasil,
sendo esse, ainda hoje, o cenário que se verifica. Asseveram que nem todos os municípios
foram capazes de estabelecer fundos de financiamentos para água e esgoto, como deter-
mina o citado dispositivo. Com isso, os Estados, através de sociedades de economia mista
criadas à época, dominaram o serviço público de saneamento básico através de concessões
de serviços públicos elaborados pelos municípios. (I. GARCIA DA COSTA, F. PIEROBON E E.
CRISTINA SOARES, A efetivação do direito ao saneamento básico no Brasil: do PLANASA ao
PLANASB, Meritum/MG. v. 13, n. 2, Jul./Dez. 2018, pp. 335-358).
Voltar ao índice
629
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
630
Nos termos do referido diagnóstico, as perdas reais, também conhecidas
como perdas físicas, referem-se a toda água disponibilizada para distribuição
que não chega aos consumidores. Essas perdas acontecem por vazamentos
em adutoras, redes, ramais, conexões, reservatórios e outras unidades ope-
racionais do sistema. Elas compreendem principalmente os vazamentos em
tubulações da rede de distribuição, provocados especialmente pelo excesso
de pressão, habitualmente em locais com grande variação topográfica. Os
vazamentos também estão associados à qualidade dos materiais utilizados,
à idade das tubulações, à qualidade da mão de obra e à ausência de progra-
mas de monitoramento de perdas, dentre outros fatores.
Voltar ao índice
631
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
632
m³. Cumpre apenas pontuar que em 2016 a despesa reportada alcançou a
cifra de R$ 3,60/m³, de modo que apenas os relatórios a serem divulgados
em anos vindouros elucidarão acerca da excepcionalidade ou não do au-
mento verificado no último levantamento. Esse dado há que ser mensura-
do levando-se em conta a arrecadação financeira em função da mesma re-
ferência paradigma, ou seja, o metro cúbico, materializada por intermédio
de instituição de tarifas ou meios de cobrança afins. O Estado reivindicou
pela prestação do serviço o equivalente a R$ 2,50/m³, similar ao registrado
no ano anterior, 2016, no importe de R$ 2,48/m³. Em suma, durante o
exercício de 2017 a Entidade empregou R$ 8,85 por m³, ao passo que, em
contrapartida, exigiu apenas R$ 2,50 por m³ dos seus consumidores pela
prestação do serviço, evidenciando relação demasiadamente deficitária.
Voltar ao índice
633
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
634
As deficiências operacionais e financeiras reportadas acima, quais sejam,
os alarmantes índices de perdas de água, o valor despendido por metro cúbi-
co bem superior à tarifa arrecadada, permanente desequilíbrio dos balan-
cetes financeiros reportado ao longo dos anos, investimentos em patamar
aquém do necessário e destoante até mesmo de Estados com menor po-
pulação, evidenciam uma Companhia com severas restrições à prestação de
serviço público nos moldes exigidos ao saneamento básico, servindo de base
para justificar os parcos índices de cobertura de atendimento no Estado.
Voltar ao índice
635
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
636
pessoas atendidas com água tratada aumentou de 80,9% em 2007 para
83,3% em 2015, ou seja, 2,4 pp (pontos percentuais) em 9 anos. Na co-
leta de esgotos de 42,0% em 2007 para 50,3% (são 8,3 p.p) e tratamen-
to de esgotos gerados de 32,5% em 2007 para 42,7% em 2015 (10,2
p.p). Esses números traduzem progresso inferior a 1.p.p ao ano, o que é
lamentável. Já nas perdas de água potável nos sistemas de distribuição,
por vazamentos e roubos, a redução foi de 7 p.p. (pontos percentuais),
mas o índice de 2015 se manteve em 36,7%, ainda muito elevado se
considerada a carência de água em várias regiões do Brasil45.
Sendo assim, embora o marco legal simbolizara campo fértil para a cé-
lere ampliação da cobertura de atendimento dos serviços de saneamento
básico, empecilhos de ordem financeira e estrutural inviabilizaram a con-
cretude das ações nos moldes almejados. Tendo em vista o tímido avanço
revelado pelos anos pretéritos, restaria, em perspectiva, apenas a descren-
ça quanto ao período necessário à universalização no setor.
Voltar ao índice
637
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
638
• Criação do Comitê Interministerial de Saneamento Básico
- CISB, que tem a finalidade de assegurar a implantação da
Política Federal de Saneamento Básico e de articular a atuação
dos órgãos e das entidades federais na alocação de recursos
financeiros em ações de saneamento básico.
Voltar ao índice
639
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
640
Quanto aos efeitos da proposta de inovação legislativa à prestação de ser-
viços do Estado do Amapá, sobretudo a que visa afastar a possibilidade de con-
tratação direta de Companhias Estaduais, com a consequente necessidade de
deflagração de procedimento licitatório para a seleção da prestadora dos servi-
ços, não se revela desmedido afirmar que a medida impactará a realidade local.
Voltar ao índice
641
Estudos de Direito do Saneamento
6. CONCLUSÃO
Nessa perspectiva, mantido o caótico cenário que ora se relata, seja pela
precária estrutura e escassez de investimentos por parte da prestadora de
serviços, seja pela omissão dos municípios enquanto titulares dos serviços,
vislumbra-se para o setor um horizonte desolador e inapto à ampliação da
cobertura de atendimento dos serviços de Água e Esgoto no Estado do Ama-
pá, aprofundando a distorção já existente em relação à média nacional e
perpetuando as mazelas à saúde resultantes da ausência da política pública.
Voltar ao índice
642
Por outro lado, independentemente de sobrevir aprovação de novo
marco regulatório ao setor, observa-se da Administração Estadual a pre-
tensão de desestatizar a atual Companhia responsável pela prestação dos
serviços de água e esgoto do Estado que, conforme revelam os dados aqui
amplamente retratados, reporta prejuízo há vários exercícios e não detém
capacidade de investimento para a reversão do panorama vivenciado.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Voltar ao índice
643
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
644
BRK AMBIENTAL e I. TRATA BRASIL, Mulheres & Saneamento. Trata
Brasil, 2018, disponível em http://www.tratabrasil.org.br/images/estu-
dos/itb/pesquisa-mulher/brk-ambiental-presents_women-and-sanitati-
on_PT.pdf (acesso em 12/08/2019).
Voltar ao índice
645
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
646
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, Brasil/Rorai-
ma, IBGE, 2019, disponível em https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rr/pa-
norama (acesso em 15/08/2019).
Voltar ao índice
647
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
648
Saneamento -
Breves considerações
sobre a evolução história e
o aspecto normativo do tema no Brasil.
KARLA BAIÃO DE AZEVEDO RIBEIRO1
RESUMO
Voltar ao índice
649
Estudos de Direito do Saneamento
ABSTRACT
Sumário
1. Introdução; 2. Breve Evolução Histórica do Saneamento; 3.
A Evolução do Saneamento Básico no Brasil; 4. O Aspecto Nor-
mativo da Questão do Saneamento no Brasil; 5. Lei Federal Nº
11.445/2007 – Marco Legal do Saneamento em Vigor; 6. Conclu-
são; 7. Referências Bibliográficas
1. INTRODUÇÃO
Voltar ao índice
650
sobre a evolução da matéria, desde a antiguidade, onde se teve notícia
da construção dos primeiros grandes aquedutos, estando a questão do
saneamento neste período, umbilicalmente ligada ao surgimento e cres-
cimento das cidades; passando pela era medieval, em que as medidas sa-
nitárias sofreram uma verdadeira involução, as cidades eram pequenas,
densamente povoadas e sujas, a maioria das ruas não tinha pavimenta-
ção e tampouco obras de drenagem e recebiam toda a sorte de refugos e
imundície, o que contribuiu enormemente para a disseminação de doen-
ças, entre estas a peste negra, que dizimou cerca de vinte e cinco a trinta
milhões de pessoas em meados do século XIV.
Voltar ao índice
651
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
652
sendo que Império Romano foi a primeira grande civilização a adotar me-
canismos voltados para o saneamento de fato, construindo aquedutos,
reservatórios, chafarizes e banheiros públicos.
Voltar ao índice
653
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
654
especialmente os mais pobres, são hercúleos e não vem recebendo a
devida atenção por parte do poder público para universalizar o acesso
aos serviços de água, esgoto, manejo de resíduos e drenagem.
Voltar ao índice
655
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
656
execução de obras de saneamento em mais de 1000 municípios. Desen-
volve, ainda, ações de implementação de projetos de coleta e reciclagem
de materiais, diretamente com cooperativas e associações de catadores,
com o objetivo de fomentar a ampliação da área de cobertura dos serviços
públicos de manejo de resíduos sólidos, por meio do financiamento de
Aterro Sanitário, Construção de Galpão de Triagem e Aquisição de Veículos
e Equipamentos, bem como elaboração de Projeto de Galpão de Triagem
e de Projeto de Aterro Sanitário. Além disso, a Fundação é responsável
pela implementação das ações de saneamento em áreas rurais de todos
os municípios brasileiros, inclusive no atendimento às populações rema-
nescentes de quilombos, assentamentos rurais e populações ribeirinhas,
conforme definido pelo Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab)” 3.
Voltar ao índice
657
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
658
igualmente, um conjunto de competências comuns ou concorrentes, compar-
tilhadas pelas três esferas de poder, vale dizer, Federal, Estadual e Municipal.
Voltar ao índice
659
Estudos de Direito do Saneamento
4 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 25. Ed. São Paulo: Ma-
lheiros, 2000, p. 316,
Voltar ao índice
660
“O critério do interesse local é sempre relativo ao das demais
entidades estatais. Se predomina sobre determinada matéria o
interesse do Município em relação ao do Estado-membro e ao
da Federação, tal matéria é da competência do Município; se seu
interesse é secundário comparativamente ao das demais pesso-
as político-administrativas, a matéria refoge de sua competência
privativa, passando para a que tiver interesse predominante a
respeito do assunto. A aferição, portanto, da competência muni-
cipal sobre serviços públicos locais há de ser feita em cada caso
concreto, tomando-se como elemento aferidor o critério da pre-
dominância do interesse, e não o da exclusividade, em face das
circunstâncias de lugar, natureza e finalidade do serviço.”
Voltar ao índice
661
Estudos de Direito do Saneamento
5 GRAU, Eros Roberto. Regiões Metropolitanas: regime jurídico. São Paulo: J. Buc-
shatsky, 1974, p. 5 e 10
Voltar ao índice
662
for, por alguma circunstância, considerado de interesse comum ou regi-
onal, deverá ser prestado pelo Estado e não pelo Município.
Voltar ao índice
663
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
664
prestadores de serviços. O planejamento possibilita contratos de dele-
gação com definição mais precisa dos direitos e obrigações de titulares e
delegatários (artigos. 15, 17, 19, 21, 22, 23,24, 25 e 27).
É de se ver que estes Planos, os quais devem ser revistos a cada qua-
tro anos, para aferir seu cumprimento por parte dos prestadores, devem
ser aprovados pelo Governo Federal para liberação de verbas. Com efei-
to, nos termos do Decreto 7.217, de 21 de junho de 2010, que regula-
mentou a Lei 11.445/2007, os Municípios tinham, inicialmente, até 2014
para elaborarem seus Planos. Dado a grande dificuldade em cumprir esta
exigência, principalmente pelos Municípios mais carentes, este prazo foi
Voltar ao índice
665
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
666
6. CONCLUSÃO
Voltar ao índice
667
Estudos de Direito do Saneamento
Trata-se de um desafio gigantesco, mas que tem que ser enfrentado pe-
los governantes, segundo estudos publicados pelo Instituto Trata Brasil, a
expansão dos serviços de água e esgoto no país não reflete positivamente
apenas na qualidade de vida das pessoas, acarreta ganhos econômicos e so-
ciais concretos, especialmente nos setores da saúde, educação, produtivida-
de, turismo e valorização imobiliária, na verdade os ganhos com a expansão
da infraestrutura de água tratada e esgotamento sanitário, superariam em
muito os custos da universalização dos serviços.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Voltar ao índice
668
BRASIL. Lei 11.445, de 5 de janeiro de 2007-Estabelece diretrizes nacio-
nais para o saneamento básico; altera as Leis nos 6.766, de 19 de dezembro
de 1979, 8.036, de 11 de maio de 1990, 8.666, de 21 de junho de 1993,
8.987, de 13 de fevereiro de 1995; revoga a Lei no 6.528, de 11 de maio de
1978; e dá outras providências. Disponível em http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11445.htm. Acesso em agosto de 2019.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 2011.
Voltar ao índice
669
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
670
Saneamento ambiental e a
importância do planejamento
e da participação popular para
a sua efetividade
LUIZ HENRIQUE DE CASTRO PEREIRA1
a1 2
RESUMO
Voltar ao índice
671
Estudos de Direito do Saneamento
ABSTRACT
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
Voltar ao índice
672
Dessa forma, o presente artigo visa ao estudo do tema referente ao sa-
neamento ambiental, sobretudo procurando identificar a importância do ade-
quado planejamento por parte da Administração Pública para a sua execução.
Neste sentido, tal como exposto por Bruna Cavalcante Drubi Burger, ao se
utilizar o termo saneamento ambiental “não se deve pensar em saneamento
como algo básico que envolve apenas obrigação de cuidado pelo poder públi-
co e que envolve apenas tratamento de esgoto e distribuição de água”3.
Voltar ao índice
673
Estudos de Direito do Saneamento
Para garantir a efetiva participação dos cidadãos e para que não se torne
letra morta referido dispositivo, é importante que a Administração Pública esti-
mule a participação da sociedade civil através de ampla divulgação deste canal
de comunicação, promoção de cursos, seminários temáticos, divulgação em
associações comunitárias e outras organizações não governamentais locais7.
Voltar ao índice
674
Trata-se de tema atual e importante no cenário atual, já que o que se
busca é a conscientização da importância da participação da sociedade na
formulação das políticas públicas de saneamento, como forma de efeti-
vação da cidadania e, principalmente, da promoção da dignidade, saúde
e bem estar de todos os cidadãos, sem qualquer tipo de discriminação.
Voltar ao índice
675
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
676
1- abastecimento de água; 2- esgotamento sanitário; 3- limpeza pública; 4
– drenagem pluvial; e 5 – controle de vetores de doenças transmissíveis12.
Voltar ao índice
677
Estudos de Direito do Saneamento
2. PLANEJAMENTO
15 Em 2017, por exemplo, foram alocados 9 bilhões de recursos das mais diversas
fontes, porém, de acordo com a meta do PLANSAB, houve um déficit de mais de 11 bilhões.
Disponível em https://www.eosconsultores.com.br/investimento-em-saneamento-basico
(acedido em 28 de setembro de 2019).
Voltar ao índice
678
Se esta lógica deve ser aplicada à vida privada, mais ainda ela deve
ser utilizada no âmbito público, sobretudo porque se trata de recursos
públicos e é preciso que aqueles que irão administrar esta verba possam
expor o que, como, quando e onde pretendem investi-lo.
Voltar ao índice
679
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
680
planos plurianuais e com outros planos governamentais cor-
relatos, identificando possíveis fontes de financiamento;
Voltar ao índice
681
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
682
urbanas já foi acolhido pelo Pleno do STF (ADI 1841/RJ, Rel. Min.
Carlos Velloso, DJ 20.9.2002; ADI 796/ES, Rel. Min. Néri da Silvei-
ra, DJ 17.12.1999). O interesse comum inclui funções públicas e
serviços que atendam a mais de um município, assim como os
que, restritos ao território de um deles, sejam de algum modo
dependentes, concorrentes, confluentes ou integrados de fun-
ções públicas, bem como serviços supramunicipais.
Voltar ao índice
683
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
684
6. Modulação de efeitos da declaração de inconstitucionalidade.
Em razão da necessidade de continuidade da prestação da
função de saneamento básico, há excepcional interesse social
para vigência excepcional das leis impugnadas, nos termos do
art. 27 da Lei n. 9868/1998, pelo prazo de 24 meses, a contar
da data de conclusão do julgamento, lapso temporal razoável
dentro do qual o legislador estadual deverá reapreciar o tema,
constituindo modelo de prestação de saneamento básico nas
áreas de integração metropolitana, dirigido por órgão colegia-
do com participação dos municípios pertinentes e do próprio
Estado do Rio de Janeiro, sem que haja concentração do poder
decisório nas mãos de qualquer ente20.
Vale lembrar que, de acordo com o último censo realizado pelo IBGE
em 2010, dos 5.565 municípios brasileiros, 4.997, ou seja, 89,2% do total
possuem menos de cinquenta mil habitantes21.
Voltar ao índice
685
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
686
Destaque-se, ainda, a importância da integração da política de sanea-
mento com os planos de recursos hídricos de bacias hidrográficas, tendo
em vista o correto uso e tratamento da água para toda a população25.
Voltar ao índice
687
Estudos de Direito do Saneamento
28 https://www.plataformamaisbrasil.gov.br.
29 HELLER, 1998 apud L. HELLER, M. Martins de AGUIAR e S. CRISTINA REZENDE
(coord.), Participação e controle social, Belo Horizonte, Editora UFMG, 2016, p. 17.
30 M. Augusto PEREZ, “A participação da sociedade na formulação, decisão e exe-
cução das políticas públicas”, in M. P. DALLARI BUCCI (coord.), Políticas Públicas: Reflexões
sobre o conceito jurídico, São Paulo, Saraiva, 2006, pp. 165 e 169.
31 1968, apud M. da GLÓRIA GOHN, Conselhos Gestores e participação sociopolí-
tica, 2. ed., São Paulo, Cortez, 2003, p. 22.
Voltar ao índice
688
direta, como a iniciativa popular de leis, referendo, plebiscito, veto popular,
revocação de mandatos e ação popular com a participação indireta que se
dá através das eleições dos representantes dos cidadãos através do voto32.
Voltar ao índice
689
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
690
diálogo. As comunidades identificam aquilo que será apropriado a elas, bem
como o que será mais efetivo e de acordo com as suas necessidades38.
Voltar ao índice
691
Estudos de Direito do Saneamento
A respeito dos Conselhos no país, eles podem ser divididos em três tipos:
Voltar ao índice
692
originárias do Poder Legislativo, surgidos após pressões e
demandas da sociedade civil, como é o caso do conselho de
representantes previsto na Lei Orgânica do Município de São
Paulo e os conselhos gestores institucionalizados setoriais42.
Voltar ao índice
693
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
694
O Decreto nº 7.217/2010, que regulamenta a Lei nº 11.445/2007, previu no
artigo 34 as formas pelas quais pode ser realizado o controle social, quais sejam:
debates e audiências públicas, consultas públicas, conferências das cidades ou
participação de órgãos colegiados de caráter consultivo na formulação da políti-
ca de saneamento básico, bem como no seu planejamento e avaliação.
Voltar ao índice
695
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
696
A mesma autora aponta, ainda, outras lacunas existentes nos con-
selhos, como a necessidade de criação de mecanismos que garantam o
cumprimento de seu planejamento, a previsão de instrumentos de res-
ponsabilização dos conselheiros, as restrições orçamentárias e a existên-
cia de múltiplos conselhos no município, com uma competição entre si
por verbas e espaços públicos54.
Voltar ao índice
697
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
698
4 – Em regra, as decisões do conselho são acatadas pelo Sr. Prefei-
to Municipal, sendo que, em caso negativo, ele deverá com-
parecer às reuniões para justificar-se, sendo que esta situação
somente teria ocorrido em relação ao reajuste de tarifas.
CONCLUSÃO
Voltar ao índice
699
Estudos de Direito do Saneamento
A Lei nº 11.445/2007 previu que deverá ser criado ou adaptado ao órgão já exis-
tente o controle social em relação às ações de saneamento, de acordo com o artigo 47.
Voltar ao índice
700
Apontou-se no presente artigo a importância, avanços e lacunas em
relação aos conselhos, sobretudo aqueles referentes ao saneamento,
tendo em vista ser recente a sua previsão legal e o condicionamento à
sua existência para a transferência de recursos federais, conforme previs-
to no artigo 34, §6º do Decreto 7.217/2017.
REFERÊNCIAS
Voltar ao índice
701
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
702
SANTOS JÚNIOR, Orlando Alves; AZEVEDO, Sérgio de; RIBEIRO, Luiz
Cesar de Queiroz (coord.), Governança democrática e poder local: a ex-
periência dos conselhos municipais no Brasil, Rio de Janeiro, Revan, 2004.
Voltar ao índice
703
Estudos de Direito do Saneamento
RESUMO
Voltar ao índice
704
ABSTRACT
Our intention in the present article is, at first, to make some reflections
on the way water has been used over time and then to demonstrate that its
use, whatever the mode is - even for consumption. of low-income popula-
tions, such as those residing in municipalities currently served by the National
Health Foundation - FUNASA, can never be free - User-pays principle. The
payment, proportional to the consumption and / or social condition, includ-
ing by the populations mentioned, seems to us to be an essential instrument,
as a component of environmental education, in order to internalize in all of
us, a real change of perception regarding Concerning the way we see the
environment in which we live, especially the way we use water, so that we
can evolve into the definitive understanding, so far away, that water is an
economic, finite and scarce good. This article presents a theoretical discus-
sion built from bibliographic and documentary research.
SUMARIO
1.Introdução; 2.Noção Histórica sobre a água ao mundo, no mun-
do, no Brasil e no Piauí; 3.Educação em Saúde Ambiental; 4.A Fu-
nasa como Instituição de Saúde Pública: Origem, Missão, Valores
e Plano estratégico; 5.Eixos de Atuação da Funasa em Saúde Am-
biental; 6.Considerações Finais; 7.Referências
1. INTRODUÇÃO
Voltar ao índice
705
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
706
usuários e sociedade civil, de forma que a administração dos recursos
hídricos se tornou verdadeiramente democrática.
Voltar ao índice
707
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
708
lução, já de uma vez que nosso País é considerado uma potência econô-
mica mundial, quando o assunto é a disponibilidade hídrica, haja vista
que o território brasileiro concentra cerca de 12% (doze por cento) de
todas as reservas de água existentes no mundo, destacando-se também
pela grande descarga de água doce de seus rios, a qual é estimada em
cerca de 53% (cinquenta e três por cento) da água doce do continente
Sul-Americano. Esses dados conferem ao Brasil a condição de ser um país
rico em recursos hídricos (REBOUÇAS, 1999). Não obstante isso, observa-
se que nosso País tem passado por graves crises de abastecimento de
água, e a causa tem sido atribuída à questão da distribuição da água no
Brasil e sua utilização. É fato que as reservas de água se encontram má
distribuídas no país, assevera Rodolfo Pena (2016).
Voltar ao índice
709
Estudos de Direito do Saneamento
Assim, tanto no Brasil, como no mundo, parece que todos nós pade-
cemos de um problema crônico, quando o assunto é água, qual seja: a
inexplicável incapacidade de darmos à água a importância que ela real-
mente tem. Ora, os recursos naturais, e em especial a água, são essen-
ciais para a sobrevivência humana, mas tanto governos como sociedade
ainda não internalizaram essa percepção, pois apesar de termos esse
“conhecimento”, a cada dia aumentamos o consumismo, a poluição, o
desmatamento etc., o que leva à consequência do uso da água de forma
absolutamente inadequado, gerando escassez e redução da qualidade
das águas doces na maior parte das bacias hidrográficas do mundo.
Voltar ao índice
710
águas subterrâneas do Estado do Piauí, poderá ser utilizado um volume de
até 10 bilhões de m³/ano por um período de 50 (cinquenta) anos consecuti-
vos, sem que haja rebaixamento das águas dos aquíferos. No que se refere
ao uso desse potencial, estudos indicaram que até o ano de 1999 só era
utilizado pela população cerca de 1 (um) por cento da reserva explorável,
correspondendo a aproximadamente 101 (cento e um) m³/hab/ano, volume
de água considerado muito baixo, em relação ao grande potencial de reser-
vas de águas subterrâneas existentes no Estado do Piauí (LIMA, 2017).
Voltar ao índice
711
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
712
• O contexto marcado pelas desigualdades econômicas, so-
ciais, culturais, educacionais etc.
Voltar ao índice
713
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
714
4. A FUNASA COMO INSTITUIÇÃO DE SAÚDE PÚBLICA: ORIGEM,
MISSÃO, VALORES E PLANO ESTRATÉGICO
Voltar ao índice
715
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
716
• Agir com excelência;
• Valorizar a integração e o trabalho em equipe;
• Ética e transparência;
• Pensamos e agimos de forma sustentável;
• Valorizamos todos os saberes;
• Oferecemos mais a quem menos tem.
Voltar ao índice
717
Estudos de Direito do Saneamento
No que diz respeito, mais precisamente, aos cuidados com o meio am-
biente e especificamente com a nossa “água de cada dia”, a Fundação Naci-
onal de Saúde – FUNASA vem desenvolvendo ações estratégicas preventivas
de Saúde Ambiental, visando a minimizar os riscos à saúde humana proveni-
entes de contaminação hídrica, através das ações de controle da qualidade
Voltar ao índice
718
da água para consumo humano, por meio do Programa Nacional de Apoio
ao Controle da Qualidade da Água para Consumo Humano (PNCQA).
Voltar ao índice
719
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
720
dade socioambiental, utilizando, entre outras estratégias, a mobilização social,
a comunicação educativa/informativa e a formação permanente.
Voltar ao índice
721
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
722
consumidores, das comunidades, enfim, das pessoas, em relação à ma-
neira como enxergamos o meio em que vivemos, em especial, a água, de
forma que passemos, todos nós, a encara-la sob o manto da realidade,
vale dizer: como um bem escasso e finito e que, por isso mesmo, tem
um custo de consumo, quer seja para a natureza, quer seja econômico.
Voltar ao índice
723
Estudos de Direito do Saneamento
Nada obstante isso, sem que haja uma verdadeira alteração de para-
digma, querendo isso significar uma real mudança de percepção quanto
ao modo como as pessoas enxergam os problemas relacionados ao meio
ambiente e, mais especificamente como lidam com esse bem chamado
água, todas as demais soluções serão apenas paliativas.
Voltar ao índice
724
da necessidade de uso racional e preservação da água. Em razão disso é
que nos parece ser urgente a necessidade de se acabar com a entrega de
água potável, às populações desses municípios, sem se cobrar, sequer, os
custos de manutenção dos Sistemas, isso por meros objetivos políticos.
Voltar ao índice
725
Estudos de Direito do Saneamento
um valor econômico, por mais ínfimo que seja, retirada, por óbvio, a par-
cela da população que não tenha nenhuma condição para tal pagamento.
Referida sugestão que ora apresentamos neste singelo trabalho, visa
apenas dá uma pequena contribuição ao tema, e, por óbvio, não desco-
nhecemos que o artigo 21 da Lei 9.433/97 define os critérios para cobran-
ça, estabelecendo que devem ser observados, para fins de definição do
valor, o volume retirado e o regime de variação, nos casos de atividades
que impliquem em derivações, captações e extrações de água.
Voltar ao índice
726
uma vez que não há uma manutenção adequada desses Sistemas, por
vários fatores, principalmente por falta de recursos financeiros para ban-
car os custos da manutenção dos sistemas, tratamento da água, apoio
laboratorial e renovação dos respectivos equipamentos. A consequên-
cia disso é o refazimento dos mesmos Sistemas, execução das mesmas
obras nos municípios, num ciclo vicioso sem fim, com recursos públicos
oriundos de convênios com a União e que nunca resolve, efetivamente, o
problema, mas que, ao contrário, apenas incentiva a existência, cada vez
mais pungente, da chamada Indústria da Seca.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Voltar ao índice
727
Estudos de Direito do Saneamento
Por fim, vaticinamos que tal mudança de percepção somente virá por
meio da Educação Ambiental e que um dos aspectos importantes dentro
da Educação Ambiental é fomentar o uso responsável dos recursos hídricos,
no que se refere ao consumo racional e ao manejo da água. A cobrança
pelo uso da água, passa por uma questão da educação ambiental, na me-
dida em que a população usuária seja necessariamente informada de seus
direitos e deveres enquanto consumidora. É dentro deste contexto que os
pequenos municípios brasileiros, especialmente os municípios piauienses,
devem, efetivamente, implantar suas políticas de tarifação, mediante a par-
ticipação da população, já de uma vez que a mesma, além de se constituir
em um fator importantíssimo para o uso racional da água, é também um
dos principais instrumentos para se atingir o desenvolvimento sustentável.
7. REFERÊNCIAS
Voltar ao índice
728
BRASIL, “Constituição Federal de 1988”, Promulgada em 5 de outubro
de 1988, disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constitui-
cao/constituição.htm (acessado em 30 de julho de 2019).
Voltar ao índice
729
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
730
R. NOVAES, A água no Brasil e o mito da abundância, in EcoDebate,
ISSN 2446-9394, 26/10/2018, disponível em https://www.ecodebate.
com.br/2018/10/26/a-agua-no-brasil-e-o-mito-da-abundancia/ (acessa-
do em 09 de agosto de 2019).
Voltar ao índice
731
Estudos de Direito do Saneamento
z1
Resumo
Voltar ao índice
732
Abstract
SUMÁRIO
Introdução; 1. Serviço público de saneamento básico. Breve
histórico do modelo PLANASA. Panorama atual do setor; 2. Dos
segmentos da cadeia de abastecimento de água e esgotamento
sanitário; 3. Da estrutura contratual e da relação entre os presta-
dores; 4. Do sistema de esgotamento sanitário do município de
JUNDIAÍ-SP; 5. Considerações finais.
INTRODUÇÃO
Voltar ao índice
733
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
734
Nessa perspectiva, impõe dizer que não existe saída única ou mode-
lo genérico para a execução desse serviço, cabendo ao titular a análise
de suas particularidades com vistas a alcançar uma prestação adequada,
razão pela qual expomos aqui a hipótese de prestação fragmentada, ou
concessão por atividade desagregada, servindo o presente para fomen-
tar o debate acerca da pluralidade de possibilidades para o desenvolvi-
mento e ampliação do setor.
Voltar ao índice
735
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
736
II - prestar diretamente ou autorizar a delegação dos serviços e
definir o ente responsável pela sua regulação e fiscalização,
bem como os procedimentos de sua atuação;
Voltar ao índice
737
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
738
A participação privada no setor, entendida empresa privada como
aquela de capital predominantemente ou integralmente privado, admi-
nistrada exclusivamente por particulares, totaliza o número de 103 em-
presas, sendo 99 de abrangência local, 3 microrregionais e 1 regional.
Voltar ao índice
739
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
740
saneamento deve ser considerada como um veículo de redução da po-
breza. E, nessa perspectiva, toda formulação é bem-vinda.
Voltar ao índice
741
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
742
rem, de forma interdependente, atividades descritas como integrantes
de um mesmo serviço público de saneamento básico.
Voltar ao índice
743
Estudos de Direito do Saneamento
Tal fato, cremos, não pode ser atribuído à sujeição do serviço de sa-
neamento à questão do monopólio natural, notadamente nas chamadas
“atividades de rede”, haja vista que essa falha de mercado também atinge
outros segmentos de infraestrutura, como o de energia elétrica, o que não
impede a segregação das atividades deste último.
Voltar ao índice
744
é que, diante dessa configuração, o único produtor apresenta maior efici-
ência produtiva, pois opera a um custo mínimo ou receita líquida máxima”.
Voltar ao índice
745
Estudos de Direito do Saneamento
11. (...)
Voltar ao índice
746
zida nas unidades de geração alcance o fim a que se destina
– o consumo; e
Voltar ao índice
747
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
748
Em reforço, citemos também trecho do documento intitulado “Rela-
tório do Estado do Ordenamento do Território – REOT”12:
Voltar ao índice
749
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
750
pode ser simplificada com um mesmo prestador, unificando área
de O&M, pela expertise de manutenção e operação, compras de
produtos e contratação de serviços; e (iii) a estrutura administra-
tiva não possui necessidade de ser dividida, não gerando duplica-
ções de gerências, diretorias e presidência.
Voltar ao índice
751
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
752
sistema integrado. No entanto, mesmo nesse caso poder-
se-ia vislumbrar a implantação de operadores municipais das
redes de distribuição de água e coleta de esgoto, os quais
atuariam coordenadamente com uma empresa metropolitana
de captação, tratamento e adução de água e tratamento e
despejo de esgoto. Tal sistema poderia operar mediante a
desverticalização dos serviços de saneamento, ou através da
criação de um operador metropolitano da rede de adução de
água e das estações de tratamento de esgoto, nos moldes
do Operador Nacional do Sistema Elétrico (Massato, 2005)”.
Voltar ao índice
753
Estudos de Direito do Saneamento
(...)
Voltar ao índice
754
Em relação ao setor em geral, é possível citar a regulação dos servi-
ços como uma questão a ser resolvida para sua melhor prestação.
Apesar da existência de algumas agências estaduais, a regulação ain-
da é exercida de maneira bastante incipiente, havendo problemas
relativos à transparência nos contratos, à fiscalização do cumpri-
mento das metas estabelecidas, ao cálculo da tarifa, entre outros.”
Voltar ao índice
755
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
756
A propósito, transcreve-se o conceito de serviço público adequado, po-
sitivado no artigo 6º da Lei nº 8.987/95, como sendo aquele “que satisfaz
as condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atuali-
dade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas”.
I - universalização do acesso;
(...)
(...)
Voltar ao índice
757
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
758
assume como pertinente a seus deveres e presta por si mesmo ou por quem
lhes faça às vezes, sob um regime de direito, total ou parcialmente, público.
Voltar ao índice
759
Estudos de Direito do Saneamento
20 Cf. Lei nº 11.445/07: Artigo 11. São condições de validade dos contratos que
tenham por objeto a prestação de serviços públicos de saneamento básico:
I - a existência de plano de saneamento básico;
II- a existência de estudo comprovando a viabilidade técnica e econômico-financeira
da prestação universal e integral dos serviços, nos termos do respectivo plano de
saneamento básico;
III - a existência de normas de regulação que prevejam os meios para o cumprimento das
diretrizes desta Lei, incluindo a designação da entidade de regulação e de fiscalização;
IV- a realização prévia de audiência e de consulta públicas sobre o edital de licitação, no
caso de concessão, e sobre a minuta do contrato.
Voltar ao índice
760
II - as condições e garantias recíprocas de fornecimento e de
acesso às atividades ou insumos;
(...)
Voltar ao índice
761
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
762
Nos exemplos mais corriqueiros fornecidos pela doutrina os regimes
jurídicos aplicáveis a este contrato gravitam em torno da Lei nº 8.987/95,
Lei nº 11.079/04 e Lei nº 11.107/05.
Voltar ao índice
763
Estudos de Direito do Saneamento
Art. 12 (...)
Por fim, não é acertado finalizar o tópico sem ao menos mencionar o papel da
regulação, notadamente na perspectiva ora analisada de prestação desagregada.
Voltar ao índice
764
Sem desvirtuar do foco do presente trabalho, importa fazer menção
ao ponto, uma vez que, se a regulação do saneamento básico no Bra-
sil está ainda por ser construída se comparada à regulação de outros
setores, com muito mais atenção se deve olhar a regulação nos casos
de atividades desagregadas, impondo ao regulador uma análise mais
criteriosa quanto ao cumprimento daquilo pactuado nos contratos cele-
brados entre as partes envolvidas na execução da cadeia.
22 Cf. Lei 11.445/07: Art. 23 (...) § 1º A regulação de serviços públicos de saneamento
básico poderá ser delegada pelos titulares a qualquer entidade reguladora constituída dentro
dos limites do respectivo Estado, explicitando, no ato de delegação da regulação, a forma de
atuação e a abrangência das atividades a serem desempenhadas pelas partes envolvidas.
Cf. Decreto nº 7.217/10: Art. 31. As atividades administrativas de regulação, inclusive orga-
nização, e de fiscalização dos serviços de saneamento básico poderão ser executadas pelo titular:
I - diretamente, mediante órgão ou entidade de sua administração direta ou
indireta, inclusive consórcio público do qual participe; ou
II - mediante delegação, por meio de convênio de cooperação, a órgão ou enti-
dade de outro ente da Federação ou a consórcio público do qual não participe,
instituído para gestão associada de serviços públicos.
§ 1o O exercício das atividades administrativas de regulação de serviços públi-
cos de saneamento básico poderá se dar por consórcio público constituído para
essa finalidade ou ser delegado pelos titulares, explicitando, no ato de delega-
ção, o prazo de delegação, a forma de atuação e a abrangência das atividades a
ser desempenhadas pelas partes envolvidas.
Voltar ao índice
765
Estudos de Direito do Saneamento
Art. 12.
(...)
Voltar ao índice
766
II - as normas econômicas e financeiras relativas às tarifas, aos
subsídios e aos pagamentos por serviços prestados aos usuários
e entre os diferentes prestadores envolvidos;
Voltar ao índice
767
Estudos de Direito do Saneamento
Para pôr fim ao artigo, julgo interessante pelo menos pincelar um caso
concreto de prestação segregada, comentando os contornos jurídicos de
seu arranjo contratual, ocasião em que cito o exemplo do Município de
Jundiaí-SP, em especial por considerar seus índices de atendimento com
relação ao esgotamento sanitário. A escolha do caso se deu, não no intuito
de militar em favor da prestação segregada, mas na intenção de demons-
trar que em alguns casos ela pode ser exitosa, cabendo, como já dito em
linhas anteriores, a análise criteriosa por parte do titular para a escolha
mais acertada da forma de prestação deste serviço tão essencial à vida.
Voltar ao índice
768
Feito o registro, temos que o Município de Jundiaí possui um dos me-
lhores sistemas de saneamento do país, figurando, a título de exemplo,
no ranking do saneamento - Instituto Trata Brasil 2019 (SNIS 2017)26 em
posições de destaque no que toca aos índices de atendimento total de
esgoto e de esgoto tratado por água consumida.
Voltar ao índice
769
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
770
e 99% deste montante é encaminhado à ETEJ, operado pela CSJ, onde
recebe tratamento e destinação adequados.
Voltar ao índice
771
Estudos de Direito do Saneamento
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Voltar ao índice
772
O direito de retirada de
município integrante de
consórcio público e o destino
dos bens adquiridos com
recursos oriundos de convênio
OSVALDIR MAGNANI JÚNIOR1
r1
Resumo
O presente trabalho tem como intuito estudar o Consórcio Público
sob a ótica do Direito do Saneamento, o direito de retirada e as con-
sequências do exercício deste direito em relação ao destino dos bens
adquiridos com recursos provenientes de Convênios pelo Município que
se retira Consórcio Público.
Voltar ao índice
773
Estudos de Direito do Saneamento
Abstract
The present work has the intention of studying the Public Consortium
from the perspective of Sanitation Law, the right of backing down and the
consequences of exercising this right related to the destination of goods
acquired with resources from Agreements signed by the Municipality
which intends to leave the Public Consortium
Sumário
INTRODUÇÃO; 1 - Do Consórcio Público como meio de implemen-
tação das políticas de saneamento básico; 2- Da retirada do Muni-
cípio do Consórcio Público; 3 - Da destinação do objeto adquirido
por meio de Convênio para o benefício do Consórcio Público; 4 -
Das possíveis formas de transferência para o Consórcio Público dos
bens adquiridos por meio do Convênio assinado com Município
que pretende exercer o direito de retirada; CONCLUSÃO.
INTRODUÇÃO
Voltar ao índice
774
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE2 mos-
tram que aproximadamente 30% dos municípios brasileiros informam
participação em algum tipo de consórcio na área de saneamento bási-
co, com destaque para as regiões Sul e Nordeste, conforme o gráfico 13
abaixo, o que vem a demonstrar que esta forma de ajuste para a imple-
mentação de soluções de saneamento básico vem recebendo relevante
atenção das administrações municipais e, por consequência, das entida-
des que visam a fomentar a implementação de sistemas de saneamento
básico, como esta Fundação Nacional de Saúde.
Voltar ao índice
775
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
776
1. DO CONSÓRCIO PÚBLICO COMO MEIO DE IMPLEMENTAÇÃO
DAS POLÍTICAS DE SANEAMENTO BÁSICO
Tal realidade pode ser verificada ‘in loco’ quando se trata de Mu-
nicípio de pequeno porte, tal qual aqueles atendidos pela Fundação
Nacional de Saúde na implementação de sua missão institucional, nos
termos da Portaria nº 5.598, de 12 de setembro de 2018.
Voltar ao índice
777
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
778
com a sua inserção na política nacional de saneamento básico, conforme
se observa nos artigos 13, 15, inciso II e 16, da Lei nº 11.445, de 05 de janeiro
de 2007, que institui as diretrizes nacionais para o Saneamento Básico8.
Voltar ao índice
779
Estudos de Direito do Saneamento
10 J. Dos Santos Carvalho Filho, Manual de Direito Administrativo, 25ª ed. rev.,
ampl. e atual. até a Lei nº 12.587, de 3.1.2012, São Paulo, Editora Atlas, 2013, p. 224 e D.
Gasparini, Direito Administrativo, 14ª ed., São Paulo, Saraiva, 2014, p. 807.
11 Importante atentarmos para as condicionantes presentes no artigo 39, do De-
creto nº 6.017/2007 no que diz respeito à assinatura de convênios entre a União e os Con-
sórcios Públicos, especialmente o fato de que, a partir de 1º de janeiro de 2008, a União
somente passou a poder assinar convênios com Consórcios Públicos que se formem com
a personalidade jurídica de associação publica, ou que para essa forma tenha se conver-
tido, a que cada um dos entes consorciados atenda às exigências legais aplicáveis, sendo
vedada sua celebração caso exista alguma inadimplência por parte de qualquer dos entes
consorciados (§1º), e que a comprovação do cumprimento das exigências para a realização
de transferências voluntárias ou celebração de convênios para transferência de recursos
financeiros, deverá ser feita por meio de extrato emitido pelo subsistema Cadastro Único
de Exigências para Transferências Voluntárias - CAUC, relativamente à situação de cada um
dos entes consorciados, ou por outro meio que venha a ser estabelecido por instrução
normativa da Secretaria do Tesouro Nacional (§2º).
Voltar ao índice
780
Buscando implementar a realização deste tipo de acordo, e aten-
dendo ao que preceitua o artigo 14, da Lei nº 11.107/2005, a Portaria
Interministerial nº 424, de 30 de dezembro de 2016 dedicou o capítulo
V do Título I a determinar que “Os órgãos e entidades da Administração
Pública Federal darão preferência às transferências voluntárias para Es-
tados, Distrito Federal e Municípios cujas ações sejam desenvolvidas por
intermédio de consórcios públicos, constituídos segundo o disposto na
Lei nº 11.107, de 2005” (artigo 11), repetindo a mesma sistemática que
já vinha sendo adotada na Portaria Interministerial nº 507/MP/MF/CGU,
de 24 de novembro de 2011, artigos 13 a 15.
Voltar ao índice
781
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
782
bens pelo consorciado quando este os adquiriu com recursos próprios,
cuidando-se de exercício de previdência na gestão do patrimônio público
direcionado para a execução do objeto do consórcio público13.
Voltar ao índice
783
Estudos de Direito do Saneamento
16 Nesse sentido “A realidade do regime federativo, entretanto, não pode abdicar do re-
gime de cooperação e parceria ente seus componentes. Não se trata de mera escolha do Consti-
tuinte federal, mas de fator inerente à própria forma federativa e à descentralização do poder que
a caracteriza. Se as entidades federativas ostentam poderes definidos na Constituição – poderes
a serem respeitados pelos demais entes, diga-se de passagem-, daí resulta a notória possibilidade
do surgimento de conflitos entre elas dado que inúmeros são os interesses em jogo, frequente-
mente conflitantes. Assim, a única forma de evolução política e social do Estado federal é aquela
através da qual as pessoas federativas se associam para um fim comum: a evolução do próprio
Estado e o bem-estar da sociedade. Conflitos e desarmonias significam sempre dar um passo á
frente e vários para trás. Na cooperação, ao contrário, todos se envolvem nos mesmos objetivos
e buscam a satisfação de todos os interesses.” (Carvalho Filho, Consórcios Públicos, p. 5).
17 Assim “A autonomia federativa assenta-se em dois elementos básicos: (a) na
existência de órgãos governamentais próprios, isto é, que não dependam dos órgãos fede-
rais quanto à forma de seleção e investidura; (b) na posse de competências exclusivas, um
mínimo, ao menos, que não seja ridiculamente reduzido. Esses pressupostos da autonomia
federativa estão configurados na Constituição (arts. 18 a 42).” (J. A. Da Silva, Curso de Direi-
to Constitucional Positivo, 34ª ed., São Paulo, Malheiros Editores, 2011, p. 100).
Voltar ao índice
784
Por essa razão, vem previsto o direito de retirada ou recesso no artigo
11, da Lei nº 11.107/200518, e no artigo 25, do Decreto nº 6.017/200719.
Quanto a essa figura, José dos Santos Carvalho Filho, a define como a forma pela
qual se processa o afastamento voluntário do consorciado por meio de declaração
formal deste de que não mais pretende integrar o consórcio público20/21/22.
Voltar ao índice
785
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
786
como expressão do Princípio da Legalidade (na medida em que vem previs-
to em texto normativo), da Moralidade (obsta o arbítrio e o desvirtuamen-
to das competências de cada ente federativo e das obrigações assumidas
por eles quando no exercícios destas) e da Impessoalidade (na impossibili-
dade de tal planejamento servir a interesses pessoais do administrador)25.
Dessa forma, a análise dos projetos leva em conta a existência de uma ati-
vidade planejada entre os entes consorciados. O planejamento é de suma im-
portância na atualidade para a melhor configuração dos projetos e para o atin-
gimento de uma escala ótima na utilização dos recursos públicos envolvidos.
Voltar ao índice
787
Estudos de Direito do Saneamento
tem um efeito mais amplo, pois trata de criar um plano que visa a aten-
der uma gama maior de beneficiários, devendo conter em seu projeto
a integração de interesses de diversos municípios, que não poderão ser
prejudicados com o exercício da retirada de um dos consorciados.
Voltar ao índice
788
Assim, os bens adquiridos pelo Consórcio Público ou até mesmo pelo
município que pretende se retirar devem ser destinados à consecução do
projeto inicialmente previsto, beneficiando toda a população abrangida
pela entidade consorcial, pois somente com a manutenção da destinação
inicial prevista a finalidade pública será alcançada.
Por isso, não seria possível que um Município que assinou um Convê-
nio com a FUNASA para implementação de projeto regional de saneamen-
to básico (por exemplo, a instalação de Sistema de Tratamento de Esgoto,
de construção de um laboratório de análise de qualidade de água) indique
motivos de interesse próprio para se retirar do Consórcio Intermunicipal
e, alegando que o bem construído se encontra em seu território, sobre
terreno de sua propriedade, pretenda auferir somente ele dos benefícios
daquele empreendimento revertendo o bem para o seu nome.
Voltar ao índice
789
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
790
ção de infraestruturas e serviços comuns a Municípios, mediante meca-
nismos de cooperação entre entes federados (inciso XI).
Voltar ao índice
791
Estudos de Direito do Saneamento
sórcio e terceiros. Por essa razão, nos convênios firmados com a Fundação
Nacional de Saúde, resta ao município convenente responsável a obrigação
de destinar o bem à realização dos interesses do Consórcio Público.
Voltar ao índice
792
os de saneamento básico, deve ser um tópico central quando da imple-
mentação dos consórcios públicos. Por isso
Voltar ao índice
793
Estudos de Direito do Saneamento
Dessa forma:
Voltar ao índice
794
caminhões coletores de lixo, os veículos de análise de qualidade de água,
ente outros bens móveis que fazem parte do acervo de bens financiados
por Convênios assinados com a FUNASA.
Voltar ao índice
795
Estudos de Direito do Saneamento
tão possa ter a sua destinação garantida ao cumprimento do projeto inicial. Tal
iniciativa teria o condão de dar maior liberdade na formulação das propostas
entre os entes envolvidos, considerando que estaria regido pelo artigo 116, da
Lei nº 8.666/93 e ter seu objeto restrito ao uso do bem específico.
Voltar ao índice
796
do Convênio e qual a alternativa será a mais adequada para a manuten-
ção do funcionamento do objeto do Convênio.
Conclusão
Voltar ao índice
797
Estudos de Direito do Saneamento
artigo 2º, §1º, I c.c. artigo 14, da Lei nº 11.107/2005. Daí a importância
do tema para a Fundação Nacional de Saúde, cuja missão institucional
está em fomentar soluções de saneamento ambiental em Município até
50 mil habitantes;
Voltar ao índice
798
Panorama dos
planos municipais de
saneamento básico no
Mato Grosso
RENATA TATIANA NUNES JUNQUEIRA FRANCO1
o1
RESUMO
Voltar ao índice
799
Estudos de Direito do Saneamento
Abstract
Voltar ao índice
800
Keywords: Sanitation. Planning. Relevance, complexities and impli-
cations. Municipal Plans.
Sumário
1. Introdução; 2. O direito humano ao saneamento básico; 3. Políti-
ca e serviços de saneamento básico; 4. Complexidades jurídico-ins-
titucionais e econômico-sociais na elaboração do Plano Municipal
de Saneamento Básico; 5. Planos Municipais de Saneamento Bási-
co no Mato Grosso; 6. Conclusões.
1. INTRODUÇÃO
Voltar ao índice
801
Estudos de Direito do Saneamento
Para isso, o artigo está dividido em cinco sessões, além dessa introdu-
ção. No primeiro, abordamos o saneamento básico como direito humano
que é internacionalmente reconhecido e como é admitido no ordena-
mento interno. Em seguida, tratamos da política pública de saneamen-
to básico em contraponto com os serviços de saneamento. A terceira
sessão discorre sobre os obstáculos e desafios no exercício da função
planejadora pelo titular dos serviços ao elaborar os planos municipais de
Voltar ao índice
802
saneamento básico. Após, na quarta sessão apresentamos um panora-
ma da elaboração dos planos municipais de saneamento básico no Mato
Grosso, analisando ações, estratégias e resultados rumo à universaliza-
ção de planos de saneamento no Estado. Na conclusão, mostra-se como
a partir dos planos elaborados e aprovados, os municípios têm outros
desafios para diminuir e encerrar o déficit do saneamento básico em
suas quatro vertentes. Até lá, na medida em que a instrumentalização
da política municipal de saneamento ocorre pela institucionalização dos
produtos dos planos, quiçá os pontos acertados nas fases antecedentes e
nos procedimentos da elaboração dos planos dos municípios mato-gros-
senses poderão nortear outros titulares na relevante responsabilidade
planejadora para prestação dos serviços públicos de saneamento.
Voltar ao índice
803
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
804
matéria de água e saneamento na Resolução do Conselho dos Direitos
Humanos A/HRC/RES/24/18, de outubro de 2013.
6 Disponível em https://nacoesunidas.org/assembleia-geral-da-onu-reconhece-
saneamento-como-direito-humano-distinto-do-direito-a-agua-potavel (acedido em 02 de
setembro de 2019).
7 P. BUSS, “Uma introdução ao conceito de promoção da saúde”, in D. CZERINA (org.),
Promoção da Saúde: conceitos, reflexões, tendências, Rio de Janeiro, Fiocruz, 2009, p. 25.
8 Disponível em hdr.undp.org/en/2019-MPI (acedido em 28 de setembro de 2019).
Voltar ao índice
805
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
806
como entre o saneamento básico e o direito à saúde10, é possível admitir
que também tenham a proteção jurídica dos direitos fundamentais. Até
porque não há como dissociar de um conteúdo mínimo de dignidade
à pessoa humana ter direito à água e instalações sanitárias adequadas.
Voltar ao índice
807
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
808
As complexidades na definição de competências dos entes federa-
tivos, o modelo institucional fragmentado, a falta de investimentos ou
sua aplicação ineficiente, os problemas de gestão e governança e pla-
nejamento deficitário ou inexistente repercutem em lentidão de ações
responsivas que, por vezes, são incipientes ou até ineficazes.
Voltar ao índice
809
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
810
só tempo uma atividade econômica organizada como serviço público e
uma política pública de adesão obrigatória para os indivíduos”.
Voltar ao índice
811
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
812
Dada a relevância do Plano Municipal de Saneamento Básico, sua
existência foi fixada como condição de acesso aos recursos orçamen-
tários da União ou aos recursos de financiamentos geridos ou adminis-
trados por órgão ou entidade da administração pública federal, quando
destinados a serviços de saneamento básico e, também, como requisi-
to para a validade de contratos de delegação da prestação de serviços
públicos de saneamento (artigos 25, § 4º e 26, § 2º do Decreto 7.217,
de 21 de junho de 2010).
20 Decreto 7.217, de 21 de junho de 2010, artigo 26, parágrafo 2.º: Após 31 de dezembro
de 2022, a existência de plano de saneamento básico, elaborado pelo titular dos serviços, será
condição para o acesso aos recursos orçamentários da União ou aos recursos de financiamentos
geridos ou administrados por órgão ou entidade da administração pública federal, quando desti-
nados a serviços de saneamento básico. (Redação dada pelo Decreto 10.203, de 2020).
21 Disponível em https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-impren-
sa/2013-agencia-de-noticias/releases/22611-munic-mais-da-metade-dos-municipios-bra-
sileiros-naotinha-plano-de-saneamento-basico-em-2017 (acessado em 05 de dezembro
de 2019) e em https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101610.pdf acessado
em 17 de março de 2020.
Voltar ao índice
813
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
814
pacidade técnica dos municípios também repercute na insuficiência e inefi-
ciência dos serviços e, por vezes, até demonstra incapacidade do exercício da
função de poder concedente dos serviços públicos de saneamento básico.
Voltar ao índice
815
Estudos de Direito do Saneamento
Em sua grande maioria, a construção dos PMSB tem sido financiada pela
FUNASA e pelo Ministério do Desenvolvimento Regional25, que possuem ro-
teiros para a elaboração, nos quais é enfatizado o protagonismo social. Essa
cooperação federativa auxilia na conciliação das interfaces dos vários atores
dos serviços públicos de saneamento em prol dos avanços à universalização.
Voltar ao índice
816
Nesse aspecto, medidas remediadoras consentâneas das características
socioculturais e ambientais locais tendem a impactar na melhoria da
qualidade de vida da população. Numa contraposição a planos cosméti-
cos, isto é, desabastecidos de diagnóstico específico, um plano municipal
adequado às necessidades locais e fundado em dados reais é indispensá-
vel para surtir efeitos no setor.
Voltar ao índice
817
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
818
As relações desenvolvidas entre a sociedade civil e o Estado coope-
ram para edificar a cidadania, consolidar direitos políticos e romper a
“inércia da cultura política brasileira”30.
Nessa linha, muito além da exigência legal, o fator motivacional que guia
a elaboração dos planos de saneamento poderia repercutir na mudança da
realidade sanitária local. Haveria diferenciação na efetividade das ações de-
finidas nos planos confeccionados por obrigação ou, naqueles que, por con-
vicção, houve a desejável análise e discussão de dados precisos e não sim-
plificados da realidade para proposição de medidas corretivas31? A questão
envolve a capacidade de fóruns participativos atuarem nas políticas públicas.
Voltar ao índice
819
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
820
5. A ELABORAÇÃO DOS PLANOS MUNICIPAIS DE SANEAMENTO
BÁSICO NO MATO GROSSO
Voltar ao índice
821
Estudos de Direito do Saneamento
por empresa técnica contratada nos moldes da Lei 8666/93. Nos muni-
cípios com população igual ou menor que 50.000 habitantes, identifica-
mos que o Consórcio Complexo Nascentes do Pantanal e os Municípios
de Apiacás, Alta Floresta, Confresa, Nova Ubiratã, Nova Guarita, Pontal
do Araguaia, São José do Xingu e Vera celebraram convênio com a Funda-
ção Nacional de Saúde37 (FUNASA), com objeto de elaboração e implan-
tação do PMSB com transferência de recursos financeiros.
Voltar ao índice
822
de Mato Grosso (FUNASA/SUEST-MT), a Fundação Universidade Federal de
Mato Grosso (UFMT) e o Estado de Mato Grosso, tendo os Municípios con-
templados como partícipes intervenientes, com previsão orçamentária de
R$ 9.215.155,46. Os objetivos prescritos foram: mobilizar e sensibilizar os
gestores e técnicos municipais para a importância e a necessidade de elabo-
ração dos Planos Municipais de Saneamento Básico (PMSB); coordenar os
levantamentos de campo e coleta de informações nos municípios participan-
tes, para a elaboração dos Produtos descritos no Termo de Referência FUNA-
SA versão original de 2012; e elaborar 106 (cento e seis) Planos Municipais
de Saneamento Básico, bem como as respectivas minutas de Leis Municipais
que condicionam a validação e implementação sob as condições específicas
de cada município39. Posteriormente o ajuste foi aditado para incluir mais
três municípios (Comodoro, Nova Brasilândia e Sapezal) e suplementação de
valores, totalizando R$ 11.626.253,83 e 109 (cento e nove) PMSB finalizados.
39 Disponível em http://www.funasa.gov.br/documents/20182/67473/TED_04_2014_FU-
NASA_UFMT.pdf/1a35f175-c2e1-4e4f-ae44-f9ff7e3ae0e1 (acedido em 05 de dezembro de 2019).
Voltar ao índice
823
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
824
de saneamento básico dos 06 (seis) municípios selecionados no Amapá
e também do Termo de Execução Descentralizada n.º 02/2017, avença-
do entre FUNASA e a Universidade Federal Rural da Amazônia, para ca-
pacitação, mobilização, assistência técnica e elaboração de minutas dos
PMSB para 38 municípios paraenses, em fase de prestação de contas.
Nos instrumentos celebrados no Rio Grande do Sul (TED n.º 02/2015), no
Tocantins (TED n.º 10/2017), em Roraima (TED n.º 08/2017) e na Bahia
(TED n.º 04/2017) foram previstos objetivos para capacitação, assistência
e apoio técnico aos municípios para elaboração dos Planos Municipais de
Saneamento Básico (PMSB)40.
Voltar ao índice
825
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
826
Os trabalhos realizados nos municípios envolveram levantamentos
de campo e análise dos dados compilados por profissionais do Departa-
mento de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFMT, agrupados em sete
equipes para mapear os 109 municípios divididos nos quatorze consór-
cios intermunicipais. Os levantamentos e trabalhos nas zonas rurais (as-
sentamentos, quilombolas, áreas indígenas) ficaram sob a responsabili-
dade da parceria município-consórcio, com coordenação pela Faculdade
de Arquitetura, Engenharia e Tecnologia por intermédio do Departamen-
to de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFMT.
Voltar ao índice
827
Estudos de Direito do Saneamento
A vigência do TED foi de três anos e sete meses. Nesse período fo-
ram apresentados 109 PMSB. Em contraposição, os convênios individu-
almente firmados com a FUNASA duraram, em média, 7,95 anos para
sua execução. Nessa estimativa os dados considerados são resumida-
mente compilados na seguinte tabela:
Voltar ao índice
828
Nessa amostragem é possível concluir que houve eficiência e econo-
mia no TED em relação aos ajustes individuais, ainda que não se adentre
aos motivos ensejadores dos atrasos45.
Voltar ao índice
829
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
830
Termo de Referência da FUNASA versão original de 2012. O mesmo Ter-
mo de Referência foi adotado nos demais convênios individualmente fir-
mados com os municípios com população de até 50.000 habitantes.
Voltar ao índice
831
Estudos de Direito do Saneamento
6. CONCLUSÃO
Voltar ao índice
832
ção dos serviços coloca o Plano Municipal de Saneamento Básico como
peça central da política pública de saneamento. Sem plano de sanea-
mento básico são inválidas concessão, permissão ou mera prestação dos
serviços de saneamento regida pela Lei 8.666/93. Além disso, há vedação
de acesso a recursos públicos federais a partir de janeiro de 2023 por
municípios que não tiverem seus planos elaborados até 31/12/2022.
Voltar ao índice
833
Estudos de Direito do Saneamento
Certo é que muitos outros desafios surgem a partir dos planos elabo-
rados para implantar as ações de saneamento, operar e manter as infra-
estruturas e viabilizar a regulação. Contudo, já iniciada com os PMSB a
trajetória para concretizar melhoramentos à saúde e qualidade de vida
dos mato-grossenses pela, quiçá mais próxima, prestação adequada e
suficiente dos serviços públicos de saneamento básico.
Voltar ao índice
834
O titular do saneamento básico
diante do modelo de prestação de
serviço proposto pelo PL Nº 3.261
de 2019 do Senado Federal
RUBEM ARANOVICH1
h1
Resumo
O trabalho tem como objetivo perscrutar a quem pertence a titulari-
dade do saneamento básico no Brasil, então analisando as alterações
propostas pelo PL 3.261/19 do Senado Federal, com destaque para o
modelo de contratação do prestador de serviços de saneamento e seus
reflexos positivos e negativos ao intitulado. Projeta o novo paradigma,
problematiza a questão e analisa possíveis soluções para os pontos en-
contrados. Constitui-se em uma pesquisa qualitativa não apenas cingida
à doutrina e jurisprudência, mas munida também de produção na área
da economia e a relatórios técnicos de avaliação de casos. Possui ên-
fase no material pátrio, embora também aborde a questões sob a ótica
de outras nações, em especial de Portugal. Relata a importância do sa-
neamento básico, que repercute fortemente na saúde da população, no
Voltar ao índice
835
Estudos de Direito do Saneamento
Abstract
This paper aims to examine who owns the basic sanitation ownership
in Brazil, then analyzing the changes proposed by the Federal Senate PL
3,261 / 19, highlighting the new paradigm of hiring the sanitation service
provider and its positive and negative consequences. negative to the titled.
It focuses a projection on the new paradigm and possible solutions to the
problematized points. It is a qualitative research not only limited to doc-
trine and jurisprudence, but also produced in the area of economics and
field research. It has an emphasis on country material, although it also
addresses the issue from the perspective of many other nations, especially
Portugal. It reports the importance of basic sanitation, which strongly af-
fects the health of the population, the environment and the economy of
the country. It analyzes the sanitation situation in the world and in Brazil.
Conducts the study operating the division of the theme into three topics,
besides the introduction and conclusion, the sanitation panorama in Brazil
and in the world, investigation about the ownership and the paradigm
Voltar ao índice
836
change and its reflexes. It concludes that the change tends to bring posi-
tive aspects to the majority of the population, although it may bring prob-
lems to small municipalities, and Funasa’s action is essential to minimize
the possible damages to those who support them in sanitation.
Sumário
1 O saneamento básico no mundo e no Brasil; 2 A titularidade do
saneamento básico no Brasil; 3 O novo modelo de contratação
da prestação de serviços estatuído pelo Pl nº 3.261, de 2019 do
Senado Federal; Conclusão.
Voltar ao índice
837
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
838
Desafios do Saneamento Básico brasileiro: O país ainda apre-
senta quase 35 milhões de brasileiros sem acesso à água trata-
da, quase 100 milhões de brasileiros sem coleta de esgotos
(47,6% da população) e apenas 46% dos esgotos gerados no
país são tratados. [...]10/11
Voltar ao índice
839
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
840
Ressalte-se que as 100 cidades mais populosas do País são respon-
sáveis por em torno de 2,2 mil toneladas de DBO/dia de carga orgânica
remanescente nos rios, o que é mais do que as 1,9 mil toneladas de DBO/
dia dos 90% municípios restantes, de até 50 mil habitantes.14 Quase 40%
da carga das maiores cidades provém de apenas 15 cidades, todas com
população superior a 1 milhão de habitantes.15 Tenha-se em mente ai-
nda que a população brasileira está concentrada nos grandes municípios,
sendo que apenas 46 municípios com mais de 500 mil habitantes concen-
tram 31,2% da população, mais do que os 68,4% municípios brasileiros
que possuem até 20 mil habitantes e abrigam apenas 15,4%16
Voltar ao índice
841
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
842
Constitucionais Transitórias, com a redação da Emenda Constitucional nº
95 de 15 de dezembro de 2016.24
Voltar ao índice
843
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
844
serviço público de saneamento básico. 28 29 Já na doutrina é assente o posicio-
namento jurídico no sentido de que os titulares do saneamento básico são os
municípios, seja porque lhe compete legislar sobre assuntos de interesse lo-
cal, seja porque incumbe-lhe organizar e prestar, diretamente ou sob regime
de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, que têm
caráter essencial (art. 30, I e V, CF), conforme sinalam Neto e Carvalho.30/31
Voltar ao índice
845
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
846
Em contraposição, o julgado recebeu a crítica de outros, ao argumen-
to de que operou a troca do sujeito estabelecido constitucionalmente
por razões meta jurídicas. 37
Voltar ao índice
847
Estudos de Direito do Saneamento
40 OLIVEIRA, Thiago Guedes de e LIMA, Sonaly Cristina Rezende Borges de. Privatiza-
ção das Companhias Estaduais de Saneamento: Uma análise a partir da experiência de Minas
Gerais. Ambiente e Sociedade (online). 2015, vol.18, n.3, pp.253-272. ISSN 1414-753X. Disponí-
vel em: <http://dx.doi.org/10.1590/1809-4422ASOC1234V1832015>. Acesso em 3 set. 2019.
Voltar ao índice
848
US$ 1.306 milhões, sendo a média anual do período de US$ 625 mi-
lhões, mais do que o triplo do valor médio anual investido pelo Banco
Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento-BIRD e o Banco In-
teramericano de Desenvolvimento-BID, de 1961 a 1985, no saneamento
básico em toda a América Latina.41 Há quem argumente que mantido o
ritmo impresso no plano, considerado um marco no saneamento pátrio,
se teria alcançado os índices desejados em tratamento de fornecimento
de água em 1998 e quanto aos esgotos no ano 2000.42 A programação
adrede referida principiou em nosso país em 1968 de maneira ensaística,
adquirindo um conteúdo formal em 1971, destinando recursos às com-
panhias de saneamento, agentes na busca dos objetivos e metas fixados
pelo governo federal, podendo beneficiar os municípios que a ele aderis-
sem.43 O tema chegou a ser tratado na Lei 6.528/78, somente revogada
pela Lei 11.445/2007, cujo art. 5º concedeu às companhias estaduais de
saneamento básico organizadas sob o controle acionário do poder pú-
blico, isenção dos impostos federais que incidissem sobre o patrimônio,
em função dos respectivos serviços ou sobre as atividades desses de-
correntes.44 O Decreto 82.587/78, em seu art. 2º, definiu como serviços
públicos de saneamento básico, integrados ao PLANASA, aqueles admi-
nistrados e operados pelas companhias estaduais de saneamento básico,
conveniadas com o BNH, responsáveis por estabelecem as condições de
Voltar ao índice
849
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
850
União, ou seja, em um cenário desregulamentado por agente estranho
a seus quadros e interesses.49 Essas empresas passaram a ser uma im-
portante força política para os estados federados, em um cenário de en-
fraquecimento após a CF/88, servindo inclusive de fonte de arrecadação
para alguns, que operam em regime de caixa único.50
Voltar ao índice
851
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
852
ou integrantes de Regiões Metropolitanas (RM) ou Regiões Integradas de De-
senvolvimento (Ride). 57Atualmente o órgão foi incorporado, juntamente com
o Ministério da Integração, ao Ministério do Desenvolvimento Regional, com
base na Medida Provisória nº 870, de 1º de janeiro de 2019; d) a Lei 11.079,
de 30 de dezembro de 2004, que institui normas gerais para licitação e con-
tratação de parceria público-privada no âmbito da administração pública; 58
e) a Lei 11.1075, de 6 de abril de 2005, que dispõe sobre normas gerais de
contratação de consórcios públicos e dá outras providências; 59 f) a já citada
Lei do Saneamento Básico, Lei 11.445/2007; g) Lei 11.578, de 26 de novem-
bro de 2007, que criou o Plano de Aceleração do Crescimento – PAC 60; h) Lei
13.529, de 4 de dezembro de 2017, que, alterou a Lei 11.079 e, entre outras
providências, aumentou substancialmente o limite de participação da União
no fundo de apoio à estruturação e ao desenvolvimento de projetos de con-
cessões e parcerias público-privadas, bem como diminuiu valor limite para a
contratação de PPPs para R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais); 61 Justa-
mente nesta seara se destaca o Projeto de Lei nº 3261, de 2019, de autoria
do Senador Tasso Jereissati, aprovado pelo Senado Federal e atualmente na
Câmara dos Deputados, promovendo uma profunda mudança no panorama
contratual- a supressão dos §§ 1º e 2º do art. 10 da Lei 11.445/2007, manten-
do, em seu art. 5º, apenas a cabeça do artigo, que assim dispõe:
Voltar ao índice
853
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
854
c) a delegação da execução de serviço, exclusivamente através de
concessão de serviço público (concessão comum), ou parceria
público-privada (concessão administrativa, ou concessão patro-
cinada), necessariamente precedida de licitação, art. 175, CF.
Voltar ao índice
855
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
856
da estipulação de metas de expansão do serviço, assim como de esta-
belecer-se regras quanto ao racional e eficiente de recursos, regular-se
perdas, reúso de efluentes sanitários e do aproveitamento de águas da
chuva. Quanto a essas duas últimas obrigações, em sua grande maioria,
as companhias de saneamento terão uma grande dificuldade em se adap-
tar, já que delas não se ocupavam. Possivelmente, a fim de evitar demandas
judiciais determina que se estipule a metodologia de cálculo de eventual
indenização relativa aos bens reversíveis não amortizados quando do térmi-
no do contrato (inciso III). Estabelece a possibilidade de se prever receitas
alternativas, complementares, ou acessórias, além das ordinariamente utili-
zadas para suportar os custos da prestação de serviço, podendo até mesmo
haver o uso de receitas compartilhadas, provenientes de projetos associa-
dos entre titular e prestador (inciso II). Interessante regra é o inciso IV, que
estabelece a repartição de riscos entre as partes, inclusive os referentes a
caso fortuito, força maior, fato do príncipe e álea econômica extraordinária.
Segundo a regra geral, cabe ao empresário apenas suportar a álea ordinária,
sendo a álea extraordinária, que se divide em álea administrativa (fato do
príncipe) e álea econômica (caso fortuito e força maior que desequilibram
a equação econômico-financeira do contrato) suportadas pelo concedente
integralmente no direito brasileiro, com base no art. art. 37, XXI, CF, que
vincula as obrigações de pagamento às condições contidas na proposta. 62
No direito francês apenas no fato do príncipe deverá o mesmo suportar in-
tegralmente, sendo na hipótese de álea econômica dividido o prejuízo entre
contratante e contratado.63 Observa-se, portanto, que o teor da inovadora
regra diminui a responsabilidade do poder público, embora não compen-
Voltar ao índice
857
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
858
parcerias público-privadas dela própria, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios, em regime isolado ou consorciado, viabilizando que se
injete maiores recursos federais. Poderá também conceder benefícios
ou incentivos orçamentários, fiscais ou creditícios como contrapartida
ao alcance de metas de desempenho operacional previamente estabe-
lecidas aos prestadores privados de serviços a fim de fomentar a me-
lhoria dos serviços públicos, antes restrito aos operadores públicos (art.
50, § 5.º). Acerca da participação da Agência Nacional de Águas-ANA,
cujo grande papel na regulação não se propôs este trabalho a tratar, seja
porque mereceria artigo específico, seja porque nosso objeto é diverso,
cabe grifar que não exerce a regulação dos prestadores propriamente
dita, já que cabe ao titular definir a entidade responsável pela regulação
e pela fiscalização, conforme o inciso III acrescentado ao art. 9º pelo PL.
A agência, coube, contudo, editar normas de referência sobre o serviço
de saneamento, a fim de balizar a edição de regras e o exercício das ativi-
dades de regulação e fiscalização pelos reguladores locais. A sua escolha
para tal papel justifica-se pela interligação que os rios, a maioria deles
patrimônio da União, art. 20, III, CF, têm com a atividade de saneamen-
to, bem como a quantidade de matéria orgânica a eles destinada e não
removida pelas estações de tratamento de esgoto, abordada no primeiro
capítulo deste trabalho.64 Questão repercutida na inteligência do projeto
foi a qualificação da água como um bem de valor econômico, além de ser
um recurso natural limitado, conforme dispõe a legislação que institui a
Política Nacional de Recursos Hídricos, Lei nº 9.433/97, em seu artigo 1º,
inciso II. Vale destacar que importantes capitais mundiais como Pequim,
64 LEGADO BRASIL. Rios e Bacias do Brasil formam uma das maiores redes fluviais
do mundo. Disponível em: <http://legado.brasil.gov.br/>. Acesso em: 9 ago. 2019.
Voltar ao índice
859
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
860
dos também conjuntamente (art. 29, I). A medida parece interessante, já
que é grande a diferença entre os indicadores de abastecimento de água
e o esgoto tratado no Brasil, conforme visto no primeiro capítulo.
Voltar ao índice
861
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
862
“boa”, em quatro – média, mas nos dezesseis restantes está pechada
de fraca, muito fraca, ou péssima.71 Para agravar o quadro, entre os pio-
res estão os sete estados mais populosos do Brasil, sendo oito entre os
dez maiores. Contraditoriamente entre os dez menos populosos estão
quatro dos posicionados a partir da situação média.72
Voltar ao índice
863
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
864
que, na verdade, o prestador privado procede a um ajuste de tarifa a fim
de adequá-la a um preço justo quanto à remuneração do serviço e que
garanta capacidade de investimento, seja para manutenção adequada
dos serviços, inclusive preventiva, seja para expansão do serviço, ou mes-
mo inclusão de novas tecnologias. 79 Ademais, conforme sinala o profes-
sor Rui Cunha Marques, é dever dos agentes reguladores estabelecerem
preços e tarifas adequados, além ocupar-se das obrigações atinentes à
prestação do serviço público e a qualidade da prestação, “in verbis”: 80
Voltar ao índice
865
Estudos de Direito do Saneamento
82 Op. cit.
83 MARQUES, Rui Cunha. A regulação dos serviços de abastecimento de água
e de saneamento de águas residuais – Uma perspectiva internacional. Lisboa: Entidade
Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR) e Centro de Sistemas Urbanos e
Regionais (CESUR), 2011, p. 301-304.
Voltar ao índice
866
Nessa senda, os defensores do modelo das PPPs argumentam que,
quando ocorre, a retomada de serviços pelo poder público é uma exce-
ção em todo o mundo e não se verifica por exorbitância de tarifas, des-
cumprimento de obrigações ou má qualidade do serviço prestado pelo
operador privado. 84 Conforme recente pesquisa da Confederação Na-
cional das Indústrias realizada em 12 estados da federação, as empresas
privadas seriam bem mais produtivas na coleta de esgoto, tendo média
nacional de 72% contra 52% dos operadores públicos. 85 Na mesma sea-
ra, estudo realizado pelo professor do IST Rui Cunha Marques, intitulado
“Análise do Desempenho dos Operadores Privados e Públicos no Sector
da Água em Portugal”, apontou maior eficiência dos privados.86
Voltar ao índice
867
Estudos de Direito do Saneamento
CONCLUSÃO
Voltar ao índice
868
poderá ser direcionado para áreas como o saneamento. Portanto, con-
siderada a escassez de recursos públicos, o aporte de capital privado é
bem-vindo, ainda que a atividade por ele movida vise ao lucro e o sanea-
mento seja um direito fundamental da população. Importantes altera-
ções promove o projeto de lei do Senado Federal nº 3.261/19 na área de
saneamento, entre elas a obrigação de licitar a prestação de serviço de
saneamento, o que fomentará os benefícios da competitividade, própria
da livre iniciativa, arts. 1º, IV e 170, CF, que, além de princípio da ordem
econômica, constitui-se fundamento constitucional. No tocante à sua efi-
cácia, acreditamos que a medida é positiva para os grandes municípios e
para aqueles que puderem formar blocos, sendo capazes de tornarem-
se atrativos para o capital privado, dando ensejo a PPPs, representando
a maior parte da população brasileira, já que os pactos devem prever
metas de expansão do serviço consonante com as diretivas do plano de
saneamento municipal – PMSB, desvinculando-se das prioridades regio-
nais, eventualmente mais lucrativas para as companhias estaduais de sa-
neamento. O sucesso do novo paradigma, contudo, também dependerá
muito da ação da ANA no estabelecimento das diretrizes de regulação e
fiscalização e da efetiva ação do regulador local, cuja captura será dificul-
tada em face do aumento na diversidade dos interesses que se poderá
propiciar pelo ingresso de novos atores. Entretanto, como a nova diretriz
contratual gerará o fim dos subsídios cruzados em razão do local, poderá
tornar-se uma ameaça para os não forem atraentes ao capital privado
e não conseguirem agregar-se em blocos com natureza diversa. Nestes
casos a ação da União, em especial da FUNASA, será fundamental, seja
concedendo recursos não onerosos para obras de expansão, ou, quando
representar a melhor opção, colaborando com alternativas de sucesso
de tratamento de água e esgoto, até que atinjam um crescimento sus-
tentável capaz de atrair o capital privado para soluções mais ambiciosas.
Voltar ao índice
869
Estudos de Direito do Saneamento
REFERÊNCIAS90
90 Não foram citadas como referências eletrônicas aquelas que também existen-
tes em meio físico, embora extraídas da internet, mas de fontes oficiais tais como revistas
de tribunais, universidades e repositórios oficiais. A letra foi reduzida, considerado o limite
máximo de páginas fixado pelos organizadores, a fim de manter o conteúdo o mais fidedig-
no possível à pesquisa do autor.
Voltar ao índice
870
MARQUES, Rui Cunha. A regulação dos serviços de abastecimento de
água e de saneamento de águas residuais – Uma perspectiva interna-
cional. Lisboa: Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos
(ERSAR) e Centro de Sistemas Urbanos e Regionais (CESUR), 2011.
Voltar ao índice
871
Estudos de Direito do Saneamento
REFERÊNCIAS ELETRÔNICAS91
Voltar ao índice
872
ALLEVANT. Água e esgoto: os impactos do Plano Nacional de Sanea-
mento do Brasil. Allevant Engenharia, ago. 2018. Disponível em: <https://
allevant.com.br>. Acesso em: 4 jul. 2019.
Voltar ao índice
873
Estudos de Direito do Saneamento
Da necessidade de
regulamentação legal
específica para o estabelecimento
de uma política pública efetiva
sobre o reúso de águas no Brasil
SANDRA CARNEIRO VALENÇA SANTOS1
s1
Resumo
Voltar ao índice
874
Palavras-Chave: Crise hídrica; Reúso de águas; Saneamento;
Regulamentação; FUNASA.
Abstract
Sumário
1. Introdução; 2. Breve panorama sobre a crise hídrica mundial
e exemplos de seu enfrentamento ao redor do mundo através
das práticas de reúso de águas; 3.Quadro atual sobre o reúso de
águas no Brasil: necessidade de regulamentação legal específica
e consolidada; 4. A missão institucional da FUNASA e as possibi-
lidades de sua contribuição para a implantação de uma política
nacional sobre o reúso de águas; 5. Conclusões
Voltar ao índice
875
Estudos de Direito do Saneamento
1. INTRODUÇÃO
Voltar ao índice
876
A metodologia de pesquisa adotada partiu da consulta a sítios eletrô-
nicos institucionais, artigos e livros de referência técnica e jurídica sobre
o tema, assim como do levantamento do arcabouço normativo já existen-
te no ordenamento jurídico brasileiro, dos projetos de lei em tramitação
e da análise de experiências e práticas de reúso de águas que, pontual-
mente, vem sendo adotadas no país.
Voltar ao índice
877
Estudos de Direito do Saneamento
3 ONU. Organização das Nações Unidas no Brasil. Agenda 2030 para o Desenvol-
vimento Sustentável, disponível em http://www. nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/
(acedido em 25 de setembro de 2019).
Voltar ao índice
878
6.5 Até 2030, implementar a gestão integrada dos recursos hídri-
cos em todos os níveis, inclusive via cooperação transfronteiriça,
conforme apropriado
Atualmente, três em cada dez pessoas pelo mundo afora não pos-
suem acesso à água potável, o que, para as Nações Unidas, representa
a violação de um verdadeiro direito humano4. Viabilizar e multiplicar o
acesso de todos à agua de qualidade é, de fato, um grave problema a
4 ONU. Organização das Nações Unidas. Resolução 64/292, aprovada pela Assem-
bléia Geral da ONU em 28 de julho de 2010. “O direito humano à água e ao saneamento”.
Disponível em: http://undocs.org/es/A/RES/64/292/ (acedido em: 26 de setembro de 2019)
Voltar ao índice
879
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
880
opcional, na prática. Esse é um dos motivos para ser, não obstante,
terrível como parabólica climática: um recurso abundante é tornado
escasso pela negligência e indiferença governamental, pela falta de
infraestrutura, pela poluição e pela urbanização de desenvolvimento
descuidados. A crise de abastecimento de água não é inevitável, em
outras palavras, mas presenciamos uma, de um modo ou de outro,
e não estamos fazendo muita coisa para resolvê-la.
Voltar ao índice
881
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
882
países. Estados Unidos, México, China, Namíbia, Austrália, Cingapura, Japão e
Portugal, guardadas as suas devidas particularidades, apresentam exemplos
de políticas e regulamentação melhor desenvolvidas e eficientes que as do
Brasil na viabilização de iniciativas de sucesso para o reúso de águas.
Voltar ao índice
883
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
884
Na Austrália, a cidade de Perth, adota tecnologia para injeção de água
usada pela população e já tratada em aquíferos subterrâneos. A água é
filtrada naturalmente pelo solo arenoso e depois extraída para ser con-
sumida pela população ou usada na irrigação agrícola, o que representou
o aumento em 60% do reúso de água, incluindo o tratamento avançado
e reúso de efluentes sanitários através da recarga de lençóis freáticos13.
Voltar ao índice
885
Estudos de Direito do Saneamento
16 Revista Águas do Rio Tejo Atlântico, n.º 02, abril/2018. Disponível em: https://
www.aguasdotejoatlantico.adp.pt/sites/aguasdotejoatlantico.adp.pt/files/publicacoes/re-
vista_adta_18abr.pdf/ (acedido em 26 de setembro de 2019).
17 Diário da República n.º 159/2019, Série I de 2019-08-21. Disponível em https://
dre.pt/home/-/dre/124097549/details/maximized/ (acedido em 26 de setembro de 2019).
Voltar ao índice
886
de águas, qual seja, o chamado water-energy nexus ou a interdependên-
cia entre uso da água e a produção de energia. Para a produção de ener-
gia são necessários grandes volumes de água. Por outro lado, para se garantir
a infraestrutura de abastecimento e consumo de água pela população, são
necessários grandes volumes de energia. O reúso de água se apresenta como
alternativa interessante na redução dos gastos de energia com tratamento e
infraestrutura de transporte, minimizando os impactos negativos no ciclo de
uso de água e no consumo de energia, cada vez mais crescente.
Voltar ao índice
887
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
888
O panorama dos índices de saneamento básico no país é igualmente
alarmante. A situação da coleta de esgoto no Brasil é a mais precária den-
tre os serviços de saneamento, com apenas 66% de domicílios com aces-
so à rede, segundo a Pnad. Dados coletados pelo SNIS – Sistema Nacional
de Informações sobre Saneamento, referentes ao ano de 2017, demons-
tram que apenas 46% do esgoto gerado no país recebe tratamento19.
A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 21, incisos XIX e XX21, re-
servou à competência privativa da União a instituição do sistema nacional de
Voltar ao índice
889
Estudos de Direito do Saneamento
Uma década após o início da vigência da Lei n.º 9.433/1997, foi edita-
da a Lei n.º 11.445/2007, estabelecendo as diretrizes nacionais para o sa-
neamento básico e ampliando o universo nele compreendido até então
para incluir os serviços de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e
de drenagem e manejo das águas pluviais, além dos de abastecimento de
água potável e de esgotamento sanitário, que já o integravam23.
Em seu artigo 2.º, inciso XII, a Lei n.º 11.445/2007 arrolou como um
dos princípios fundamentais para os serviços públicos de saneamento
básico, a integração de suas infra-estruturas e serviços com a gestão efi-
ciente dos recursos hídricos24. Em seu artigo 45, parágrafo 2.º, no entan-
22 Artigo 1.º A Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se nos seguintes fundamentos:
(...)
IV- a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas;
23 BURGER, Bruna Cavalcanti Drubi. “O conceito de saneamento”. In: SADDY, An-
dré; CHAUVET, Rodrigo da Fonseca (Coordenadores). Aspectos Jurídicos do Saneamento
Básico. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2017, p.1-23.
24 Artigo 2.º Os serviços públicos de saneamento básico serão prestados com base
nos seguintes princípios fundamentais:
(...)
XII- integração das infra-estruturas e serviços com a gestão eficiente dos recursos hídricos.
Voltar ao índice
890
to, esse mesmo diploma legal vedou a possibilidade de as instalações
hidráulicas prediais ligadas à rede pública de abastecimento de água
também serem alimentadas por outras fontes, o que limitou o desenvol-
vimento de inciativas no país para utilização de água de reúso como fonte
alternativa e direta, para fins potáveis, via rede pública de distribuição25.
Voltar ao índice
891
Estudos de Direito do Saneamento
27 Artigo 2.º Para efeito desta Resolução, são adotadas as seguintes definições:
I - água residuária: esgoto, água descartada, efluentes líquidos de edificações, indús-
trias, agroindústrias e agropecuária, tratados ou não;
II - reúso de água: utilização de água residuária;
III - água de reúso: água residuária, que se encontra dentro dos padrões exigidos para
sua utilização nas modalidades pretendidas;
IV - reúso direto de água: uso planejado de água de reúso, conduzida ao local de utili-
zação, sem lançamento ou diluição prévia em corpos hídricos superficiais ou subterrâneos;
V - produtor de água de reúso: pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado,
que produz água de reúso;
VI - distribuidor de água de reúso: pessoa física ou jurídica, de direito público ou priva-
do, que distribui água de reúso; e
VII - usuário de água de reúso: pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado,
que utiliza água de reúso.
28 Artigo 3.º O reúso direto não potável de água, para efeito desta Resolução,
abrange as seguintes modalidades:
I - reúso para fins urbanos: utilização de água de reúso para fins de irrigação paisagís-
tica, lavagem de logradouros públicos e veículos, desobstrução de tubulações, construção
civil, edificações, combate a incêndio, dentro da área urbana;
II - reúso para fins agrícolas e florestais: aplicação de água de reúso para produção
agrícola e cultivo de florestas plantadas;
III - reúso para fins ambientais: utilização de água de reúso para implantação de proje-
tos de recuperação do meio ambiente;
IV - reúso para fins industriais: utilização de água de reúso em processos, atividades e
operações industriais; e,
V - reúso na aqüicultura: utilização de água de reúso para a criação de animais ou cul-
tivo de vegetais aquáticos.
§ 1º As modalidades de reúso não são mutuamente excludentes, podendo mais de
uma delas ser empregada simultaneamente em uma mesma área.
§ 2º As diretrizes, critérios e parâmetros específicos para as modalidades de reuso defi-
nidas nos incisos deste artigo serão estabelecidos pelos órgãos competentes.
Voltar ao índice
892
A Resolução CNRH n.º 121, de 16 de dezembro de 2010, veio, por sua
vez, estabelecer diretrizes e critérios para a prática de reúso direto não
potável de água na modalidade agrícola e florestal. Ganhou destaque,
em suas disposições, a cautela com a preservação do solo, com os riscos
de danos ambientais e à saúde pública29.
29 Artigo 5.º A aplicação de água de reúso para fins agrícolas e florestais não pode
apresentar riscos ou causar danos ambientais e à saúde pública.
Artigo 6.º As concentrações recomendadas de elementos e substâncias químicas no
solo, para todos os tipos de reúso para fins agrícolas e florestais, são os valores de preven-
ção que constam da legislação pertinente.
Artigo 7.º A caracterização e o monitoramento periódico do solo que recebe a água de
reúso serão realizados de acordo com critérios definidos pelo órgão ou entidade competente.
Artigo 8.º Qualquer acidente ou impacto ambiental decorrente da aplicação da água
de reuso que possa comprometer os demais usos da água no entorno da área afetada deve-
rá ser informado imediatamente ao órgão ou entidade competente e ao respectivo Comitê
de Bacia Hidrográfica, pelo produtor, manipulador, transportador e ou responsável técnico.
Artigo 9.º Os métodos de análise para determinação dos parâmetros de qualidade da
água e solo devem atender às especificações das normas nacionais que disciplinem a matéria.
Voltar ao índice
893
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
894
comunitários, urbanos e rurais, destinados à reutilização de água, foi arqui-
vado pela Câmara dos Deputados em janeiro do corrente ano.
Dois outros Projetos de Lei que ainda estão em tramitação merecem des-
taque pelo relevo de suas disposições. O primeiro deles é o Projeto de Lei do
Senado n.º 51/2015, que já foi aprovado no Senado Federal e seguiu para a
Câmara dos Deputados em abril do ano passado. O segundo, de n.º 13/2015,
encontra-se no plenário do Senado, aguardando leitura de requerimento.
Voltar ao índice
895
Estudos de Direito do Saneamento
31 Artigo 1.º O artigo 3.º da Lei n.º 11.445, de 5 de janeiro de 2007, passa a vigorar
com a seguinte redação:
“Artigo 3.º:
e) abastecimento de água por fontes alternativas: constituído pelas atividades, infraes-
trutura e instalações de saneamento necessárias ao abastecimento por água de reúso,
água de chuva e demais alternativas aprovadas pela entidade reguladora;
IX – água residuária: esgoto, água descartada, efluentes líquidos de edificações, indús-
trias, agroindústrias e agropecuária, tratados ou não;
X – água de reúso: água residuária que se encontra dentro dos parâmetros de qualida-
de da água exigidos para o uso pretendido;
XI – fontes alternativas de abastecimento de água: água de reúso, água de chuva e
demais alternativas aprovadas pela entidade reguladora.”
Artigo 3.º O artigo 19 da Lei n.º 11.445, de 5 de janeiro de 2007, passa a vigorar com a
seguinte redação:
“Artigo19:
§9.º No planejamento da expansão pública de saneamento básico, o Poder Público
estudará a viabilidade técnica, econômica e ambiental da implantação da rede de abasteci-
mento de água por fontes alternativas e, se viável, deverá implantá-la”
Artigo 4.º O artigo 45 da Lei n.º 11.445, de 5 de janeiro de 2007, passa a vigorar com
a seguinte redação:
“Artigo 45:
§ 2.º A instalação hidráulica predial ligada à rede pública de abastecimento de água não poderá
ser também alimentada por outras fontes, salvo por fontes alternativas de abastecimento de água.”
32 O então Senador Cassio Cunha Lima, apresentou as seguintes justificativas para
o Projeto: “A rigor, a legislação de saneamento básico vigente veda a ligação das fontes
alternativas de abastecimento de água às instalações prediais urbanas, por força do artigo
45, §2.º, da Lei n.º 11.445, de 5 de janeiro de 2007. Todavia, faz-se necessário inovar por
meio da quebra da exclusividade no abastecimento de água, por parte da concessionária,
ao permitir que haja, concomitantemente, o abastecimento público de água potável e o
abastecimento por fontes alternativas, em sistemas hidráulicos distintos e obedecidos os
parâmetros de qualidade da água para o uso pretendido. A falta de marco legal que disci-
Voltar ao índice
896
O Projeto de Lei n.º 13/2015 altera tanto a Leis n.º 9.433/97 (Política
Nacional de Recursos Hídricos) quanto a Lei n.º 11.445/2007 (Lei do Sa-
neamento Básico) para incluir o expressamente o princípio da substitui-
ção das fontes no ordenamento jurídico brasileiro e também promover
o uso de fontes alternativas de abastecimento de água, como água de
chuva e água de reúso, igualmente relativizando a vedação hoje contida
no artigo 45 e seus parágrafos da Lei n.º 11.445/200733.
pline essa forma de abastecimento gera insegurança jurídica aos prestadores desse serviço,
aos consumidores e aos gestores públicos responsáveis, por sua regulação e fiscalização.
Ademais, cabe alertar que o uso do abastecimento de água por fontes alternativas, de
forma desordenada, pode trazer riscos à saúde pública. Essas limitações têm impedido a
implementação sistemática dessa prática sustentável. Portanto, para amparar e promover
o abastecimento de água por fontes alternativas, esse projeto não só autoriza o uso dessas
fontes, mas também cria normas para regular a matéria. Prevê a inclusão do abastecimento
de água por fontes alternativas com parte integrante do saneamento básico, podendo ser
prestado de forma particular – situação em que não constitui serviço público-, ou de forma
geral – em que se caracteriza como serviço público. Em ambos os casos haverá regulação e
fiscalização pela entidade reguladora. Finalmente, inova ao prever a inclusão do abasteci-
mento de água por fontes alternativas como elemento a ser estudado pelos planos direto-
res e de saneamento básico previstos, respectivamente, nas Leis n.º 10.257, de 10 de julho
de 2001, que estabelece diretrizes gerais da política urbana, e n.º 11.445, de 05 de janeiro
de 2007, que estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico.”
33 Artigo 1.º O artigo 1.º da Lei n.º 9.433, de 8 de janeiro de 1997, passa a vigorar
acrescido do seguinte inciso VII:
“Artigo 1.º nenhuma água de boa qualidade deverá ser utilizada em atividades que tole-
rem águas de qualidade inferior, salvo quando houver elevada disponibilidade hídrica.” (NR)
Artigo 2.º O artigo 7.º da Lei n.º 9.433, de 8 de janeiro de 1997, passa a vigorar acres-
cido do seguinte parágrafo único:
“Artigo 7.º Parágrafo único. Nas metas previstas no inciso IV do caput devem constar
fontes alternativas de abastecimento de água, como água de reúso e água de chuva, a fim
de atender o disposto no artigo 1.º, inciso VII, desta Lei.” (NR)
Artigo 3.º O artigo 45 da Lei n.º 11.445, de 5 de janeiro de 2007, passa a vigorar com
a seguinte redação:
“Artigo 45
§ 2.º A instalação hidráulica predial ligada à rede pública de abastecimento de água
não poderá ser também alimentada por outras fontes, exceto por:
a) aproveitamento de água de chuva;
b) abastecimento com água de reúso;
c) demais alternativas aprovadas pela entidade reguladora.
§ 3.º Nos casos previstos no § 2.º do caput, a água servida deverá ser tratada e atender
os parâmetros de qualidade para o uso pretendido.” (NR)
Artigo 4.º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Voltar ao índice
897
Estudos de Direito do Saneamento
Esses dois últimos projetos de lei são indicativos de que, a nível fede-
ral, já se começa a tentar traçar as primeiras linhas de um arcabouço ou
marco legal essencial ao desenvolvimento das práticas de reúso de águas
no Brasil. No entanto, muito ainda há que ser feito para a conquista de
uma verdadeira política pública nesse sentido, uma vez que os projetos
de leis federais que vêm sendo apresentados e discutidos o estão sendo
de forma pouco sistematizada e articulada, quando deveriam, verdadei-
ramente, integrar e fortalecer o reúso através dos setores de gerencia-
mento de recursos hídricos, saneamento e saúde pública.
Voltar ao índice
898
implementação da política de saneamento, por exemplo, mais acertada será
a escolha da tecnologia e melhor contabilizados serão os custos na análise
econômica para implementação da política nacional de reúso de águas.
Voltar ao índice
899
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
900
Em Goiás, a Lei Estadual n.º 17.582/2012 dispõe sobre a obrigatori-
edade de instalação de equipamento para tratamento e reutilização da
água utilizada na lavagem de veículos.
Voltar ao índice
901
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
902
Na capital do Estado da Paraíba, a Lei Municipal n.º 12.166/2011 cri-
ou o sistema de reúso de água de chuva para utilização não potável em
mercados municipais, subprefeituras, condomínios, clubes, entidades,
conjuntos habitacionais e demais imóveis residenciais, indústrias e co-
merciais situados dentro do Município de João Pessoa.
Voltar ao índice
903
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
904
Também em razão dessa carência de um marco legal para o reúso de
águas no Brasil, é praticamente inexistente um programa financeiro, por
parte do governo federal ou dos entes federativos, que incentive (direta-
mente ou indiretamente) a implantação de projetos de reúso em grande
escala. Não custa repetir que o Projeto de Lei do Senado n.º 1.155/2011,
que autorizava o Poder Executivo a criar o Fundo Nacional de Reutiliza-
ção de Água (FUNREÁGUA), com o objetivo apoiar financeiramente pro-
jetos de reutilização de água, no âmbito de ações de desenvolvimento de
sistemas voltados para o reaproveitamento de água; de aquisição, insta-
lação, conservação, ampliação e recuperação de sistemas de reutilização
de água em edificações residenciais, comerciais, industriais e de serviços
públicos e privados; e de produção e instalação de equipamentos comu-
nitários, urbanos e rurais, destinados à reutilização de água, foi arquiva-
do em janeiro do corrente ano.
Voltar ao índice
905
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
906
No tocante aos sistemas de esgotamento sanitário, a FUNASA fomen-
ta a implantação de sistemas de coleta, tratamento e destino final de es-
gotos sanitários visando o controle de doenças e outros agravos. Quanto
aos sistemas de abastecimento de água, são financiadas pela FUNASA
ações de captação de água bruta em mananciais superficiais, captação
subterrânea, adutora, estação elevatória de água, estação de tratamen-
to de água, reservatórios, rede de distribuição, ligações domiciliares etc.
Melhorias Sanitárias Domiciliares, por sua vez, são intervenções promo-
vidas nos domicílios, com o objetivo de atender às necessidades básicas
de saneamento das famílias, por meio de instalações hidrossanitárias mínimas, relaci-
onadas ao uso da água, à higiene e ao destino adequado dos esgotos domiciliares39.
Por fim, cabe citar que a FUNASA ainda desenvolve ações na área de
educação em saúde ambiental. Com essas iniciativas, objetiva-se a forma-
ção de uma consciência crítica do cidadão, estimulando a sua participação, o
controle, a mobilização e a inclusão social na comunidade beneficiada com
as ações da instituição. Essas iniciativas são, muitas vezes, complementares
às demais iniciativas da FUNASA, garantindo a conscientização dos usuários
para a importância das ações implementadas e os impactos positivos dessas
ações na vida de cada um e na preservação do meio ambiente.
Voltar ao índice
907
Estudos de Direito do Saneamento
5. CONCLUSÕES
Por todo o exposto, conclui-se que uma grave crise hídrica existe não
apenas no Brasil, mas a nível mundial, vitimando, neste exato momento,
milhares de seres humanos aos quais é negado o mínimo essencial para
sobrevivência com dignidade, ou seja, o acesso à água de qualidade e ao
Voltar ao índice
908
saneamento básico, o que, para a Organização das Nações Unidas repre-
senta a violação de direito humano essencial, fundamental e universal40.
Voltar ao índice
909
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
910
Para que o acesso à água potável e ao saneamento básico se torne
uma realidade para todos os brasileiros, repercutindo positivamente
em um ecossistema preservado e, consequentemente, na saúde e
na qualidade de vida da população, é necessário avançar nos pro-
cessos de conscientização e educação ambiental, ampliar os inves-
timentos em infraestrutura, ir além da ineficiência dos serviços de
água e esgoto e aprimorar a legislação, no sentido de melhorar o
uso racional da água, garantindo o esgotamento sanitário de forma
ambientalmente sustentável, afinal, a poluição mata mais que as
guerras, com o agravante de que somente faz vítimas inocentes.41
Voltar ao índice
911
Estudos de Direito do Saneamento
Saneamento no Brasil:
Cooperar para universalizar
TÉRCIO ARAGÃO BRILHANTE1
.1
Resumo
Voltar ao índice
912
Abstract
Sumário
1. Introdução breve; 2. Desafio enfrentado; 2.1. O passado que nos
fez; 2.2. O presente que sofremos; 2.3. O futuro que esperançamos;
3. A quem compete sanear? 3.1 A federação e os textos constitucio-
nais brasileiros; 3.1.1. O Império; 3.1.2. A República; 4. Município,
saneamento e federalismo cooperativo; 5. A questão ambiental: a
inafastabilidade do todo e a dignidade da parte; 6. Ação Direta de
inconstitucionalidade nº. 1842/RJ: descrição da demanda e sua con-
textualização; 6.1. Voto do Ministro-Relator; 6.2 - Voto do Ministro
Joaquim Barbosa: abertura da divergência e conclusão do julgamen-
to pela Corte;7. Considerações finais.
1. INTRODUÇÃO BREVE
Voltar ao índice
913
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
914
2. DESAFIO ENFRENTADO
Voltar ao índice
915
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
916
Império em geral e da cidade do Rio de Janeiro. As consequências graves da
epidemia de febre amarela foram assim apresentadas por Sidney Chalhoub9:
A partir de então, nas últimas três décadas dos 1800, o Brasil urbano e
especialmente o Rio de Janeiro adotaram um posicionamento reformador de
cunho higienista, com alterações agudas das construções e ocupações urba-
nas, além de medidas médico-sanitárias de caráter obrigatório, chegando em
seu auge com a Revolta da Vacina de 1904. Foi o processo de Regeneração: “...
metamorfose urbana da capital federal, acompanhada de medidas de sanea-
mento e da redistribuição espacial dos vários grupos sociais”10.
Voltar ao índice
917
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
918
herdamos parte significativa do quadro atual de prestação de serviço:
companhias estaduais contratadas por municípios15.
Nova fase seria iniciada nos anos de 1990, com a autonomia munici-
pal na extensão da nova condição de entidade federativa constitucional
do município e em razão da Reforma do Aparelho do Estado. Finalmente,
algum ar novo foi dado ao percurso histórico da matéria com a implanta-
ção do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC16.
Voltar ao índice
919
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
920
A falta de acesso à água, ao esgotamento, à limpeza urbana, a falta de com-
bate a endemias afligem a população brasileira como um todo. Essa aflição,
decerto, se agudiza, em número de atingidos e na gravidade das consequên-
cias, na população mais pobre e em regiões de menor desenvolvimento. Uma
das formas de combater a pobreza e inserir a população carente é a busca pela
universalização do saneamento. Esse é o foco principal.
Voltar ao índice
921
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
922
Quanto aos índices de esgoto tratado referido à água consumida, o
Ranking das 10 piores cidades apresenta um espraiamento territorial di-
verso, com cidades integrantes da Região Norte (novamente 3 delas de
um mesmo Estado: Belém, a Capital do Estado do Pará, sua limítrofe Ana-
nindeua, componente da Região Metropolitana de Belém, e Santarém). A
maioria, todavia, das cidades dessa tabela são integrantes da Região Sudes-
te, a mais rica das regiões brasileira (2 cidades paulistas: Guarulhos, cidade
limítrofe à Capital São Paulo, integrante da Região Metropolitana e porta
de entrada-mor do Estado, da Região e do País, por contar com o maior
Aeroporto Internacional do Brasil, e Bauru; 3 cidades cariocas: Belford Roxo,
Nova Iguaçu, e São João do Meriti, municípios da Região Metropolitana do
Rio de Janeiro; e Governador Valadares no Estado de Minas Gerais).
21 Como teria dito o Papa Inocêncio III a São Francisco, “...me convenci de que era
preferível acender uma luzinha do que atacar as trevas”, apud in I. Larrañga, O Irmão de
Assis, 20ª ed., São Paulo, Paulinas, 2012, p. 238.
Voltar ao índice
923
Estudos de Direito do Saneamento
O Império não teve organização federal. Era Estado Unitário com pro-
víncias sem autonomia pujante. Os regimes constitucionais republicanos
anteriores ao vigente não adotaram a autonomia administrativa, legislativa
Voltar ao índice
924
e financeira para os municípios, alçados a integrantes de Federação como
pessoas políticas apenas pela Carta da República de 1988.
Trago notas sobre cada uma das Cartas Políticas brasileiras e sua rela-
ção com o Federalismo, especialmente com a autonomia municipal.
3.1.1. O Império
3.1.2. A República
Voltar ao índice
925
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
926
de jurídica própria, que estava limitada aos fins específicos de “instalação,
exploração e administração de serviços públicos comuns”. A possibilidade e
a forma de criação desses agrupamentos era de competência do Estado cor-
respondente (artigo 29, caput, e parágrafo único). Tem-se por esse dispositi-
vo a primeira ideia em texto constitucional de uma espécie de região metro-
politana, aos moldes de uma autarquia, por possuir personalidade jurídica26.
Voltar ao índice
927
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
928
mum (artigo 157, § 10). Nesse ponto, houve a retomada constitucional,
com detalhamento e alteração, de previsão inicialmente componente da
Carta de 1937 (artigo 29, caput e parágrafo único).
Voltar ao índice
929
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
930
tada desde muito, foi recebida com entusiasmos por parte dos autores31.
Contou também com críticos, que não consideravam a inovação ser alvis-
sareira ou mesmo adequada sob aspecto jurídico-político32.
Voltar ao índice
931
Estudos de Direito do Saneamento
Se não mais centro de vida com autonomia pouca, mas Pessoa Políti-
ca com status de elemento constituinte da República Federativa do Bra-
sil, o município não pode destacar dessa autonomia sua condição de ilha.
33 J. Miranda, Teoria do Estado e da Constituição, Rio de Janeiro, Editora Forense, 2002, p. 297.
34 G. Bercovici, Revista de Direito Sanitário, vol. 3, nº. 1, Março de 2002, p. 17.
Voltar ao índice
932
O interesse comum viabiliza a existência de um mecanismo unitá-
rio de decisão, no qual participam todos os integrantes da federa-
ção. Na realidade, há dois momentos de decisão na cooperação. O
primeiro se dá em âmbito federal, quando se determina, conjunta-
mente, as medidas a serem adotadas, uniformizando-se a atuação
de todos os poderes estatais competentes em determinada maté-
ria. O segundo momento ocorre em âmbito estadual ou regional,
quando cada ente federado adapta a decisão tomada em conjunto
às suas características e necessidades. Na cooperação, em geral, a
decisão é conjunta, mas a execução se realiza de maneira separa-
da, embora possa haver, também, uma atuação conjunta, especial-
mente no tocante ao financiamento de políticas públicas.
Voltar ao índice
933
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
934
públicas. Há, assim, conforme cada caso, o compartilhamento de
funções de planejamento, financiamento, controle e fiscalização.
Voltar ao índice
935
Estudos de Direito do Saneamento
lação prévia com o tema mediado”39. Não apenas na norma, mas também no
tema, na conjuntura relacional de base empírica e nas necessidades a serem
vencidas há de repousar a melhor solução para a interpretação/aplicação.
Voltar ao índice
936
competências mais próximas ao saneamento, com menção a regras das
regiões metropolitanas no adensamento das teses (artigos 21, XX, 25 §
3°, 30, I e V, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988) –
sendo comum, repiso, o encandeamento do entendimento pela força do
argumento do interesse local e a dignidade federativa municipal).
41 Artigo 23, incisos VI, VII, IX, da Constituição Federal de 1988. “Artigo 23.
Competência comum.(...) VI- proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer
de suas formas VII- preservar as florestas, a fauna e a flora (…) IX- promover programas de
construção de melhoria as condições habitacionais e de saneamento básico.”
42 Artigo 24, incisos VI e VII, da Constituição Federal de 1988. “Artigo 24. Compete à União,
aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:(…) VI- florestas, caça, pesca, fauna,
conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e
controle da poluição; VII- proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico.”
Voltar ao índice
937
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
938
Argutamente observa Raimundo Bezerra Falcão45:
(…) é da natureza do sistema ser uma unidade. Mas não se trata de uma
unidade morta, parada, apenas física, como, por exemplo, uma casa o
é. Trata-se de uma unidade funcional, em que cada elemento ou parte,
mesmo sem perder sua forma ou base física, tem de contribuir para o
funcionamento do todo. Cada parte ou elemento do sistema somente
adquire sentido em função todo. Só parte também há o todo. No todo.
Para todo. Isso é a lógica dos elementos. É lógica elementar. Essencial. 46
E mais:
Voltar ao índice
939
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
940
o artigo 23, IX, da Constituição Federal de 1988 (…) A conclusão
da leitura do texto constitucional de 1988 só pode ser uma: a ti-
tularidade dos serviços de saneamento básico é comum a todos
os entes da Federação Brasileira (União, Estados, Distrito Federal
e Municípios), devendo ser implementados por meio de políticas
conjuntas (…) A política do saneamento básico é, assim, uma com-
provação de que o federalismo é um instrumento de integração.”
A visão sistêmica aqui proposta serve para a Federação, que há de ser vista
dinâmica e em interação cooperativa e serve para a inserção da questão ambiental
no saneamento que deve ser saneamento ambiental, e não apenas básico.
Voltar ao índice
941
Estudos de Direito do Saneamento
49 Na feliz expressão usada por Pimenta Bueno para o Poder Moderador, J.A.
Pimenta Bueno, Direito Público Brasileiro e análise da Constituição do Império. Estados
Unidos do Brasil, Ministério da Justiça e Negócios Interiores, 958, p. 201.
50 Artigo 103, § 3 da CF/88: Quando o Supremo Tribunal Federal apreciar a in-
constitucionalidade, em tese, de norma legal ou ato normativo, citará, previamente, o Ad-
vogado-Geral da União, que defenderá o ato ou o texto impugnado. Sobre a natureza da
manifestação do Advogado-Geral da união na fiscalização abstrata de constitucionalidade:
F. Carvalho Leite Bueno “O papel do Advogado-Geral da união no controle abstrato de cons-
titucionalidade: Curador da lei, advogado público ou parecerista” in http://repositorio.ufc.
br/bitstream/riufc/12035/1/2010_art_fcleite.pdf. Acedido em 26 de setembro de 2019.
Voltar ao índice
942
e sua oportunidade de transferir obras e serviços públicos de alto custo e com-
plexidade para uma administração mais aparelhada e eficiente.
Perceba-se que a demanda levou cerca de 15 anos para ser julgada. Duran-
te esse período, a incerteza e ações e inações dela decorrentes ganharam cor-
po. Houve tentativa de estabelecimento de marcos regulatórios para o setor
por iniciativa da União51. Após frustrações, o Marco Regulatório foi promulga-
do, sem definição expressa de quem seria o titular do serviço de saneamento.
O julgamento chegaria ao final cerca de 5 anos após a Lei n.º 11.445/2007.
Voltar ao índice
943
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
944
Segundo a linha de raciocínio do voto:
Voltar ao índice
945
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
946
e Legislativo (conforme se manifestou em debates o então Ministro Teori
Zavascki: “...essa matéria, no meu entender, está reservada, em grande
medida, à discrição política do legislador estadual, que deverá levar em
consideração as circunstâncias territoriais, sociais, econômicas e de de-
senvolvimento próprios de cada agrupamento de municípios”- penúltima
sessão de julgamento, em 23 de Fevereiro de 2013).
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
56 Lei n.º 11. 445/2007, cuja íntegra pode ser encontrada no sítio eletrônico do
Planalto. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/L11445.htm e,
a Medida Provisória n.º 868/2008, que buscava alterar o marco legal do saneamento e
perdeu a eficácia sem sequer ser votada pela Câmara de Deputados. O texto completo da
Medida Provisória n.º 868/2008 é acessível no endereço https://www.congressonacional.
leg.br/materias/medidas-provisorias/-/mpv/135061(acedido em 05 de Setembro de 2019).
57 Para conhecimento do texto integral do Projeto de Lei n.º 3261/2019, disponível
em: https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=EC6B-
AB075C3D8EFCFDA895AF32C5D9D1.proposicoesWebExterno2?codteor=1763626&filen-
ame=PL+3261/2019 (acedido em 05 de Setembro de 2019).
58 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13089.htm.
Voltar ao índice
947
Estudos de Direito do Saneamento
Todavia, se pode falar que os esforços por ideação e ação, sob uma
visão nova, calcada na experiência viva, reconhecida a transversalidade e
o caráter comum do saneamento ambiental são essenciais para o incre-
mento dos resultados que há muito tardam.
Voltar ao índice
948
postos acima. A dificuldade dos municípios no exercício de titularidade dos
serviços são muitas e de diversas naturezas. Não só financeiras ou técnicas,
mas também políticas, pois a redução do raio territorial pode trazer a iden-
tificação do acirramento das disputas no teatro das operações da política
local, com beneficiamento de grupos em detrimento de outros por paro-
quialidades. O Brasil conta com mais de 5 mil municípios61. Reformular a rota
de enfrentamento do tema não seria a negação do status dos mesmos, mas
o aprumar necessário para a a universalização do serviço.
É hora de avançarmos.
Voltar ao índice
949
Estudos de Direito do Saneamento
Salta-Z:
Uma alternativa na
busca de efetividade
do direito humano de
acesso à água potável
WYNSTON LIMA ALEXANDRINO1
o1
Resumo
Voltar ao índice
950
pela FUNASA, como instrumento simples, barato e de fácil operacionalização
para se levar água potável as comunidades rurais e ribeirinhas.
Abstract
This paper presents a brief analysis of the contextualization of the
right to sanitation and drinking water as a human right in the world and
in the Brazilian legal system, passing through facts and regulatory stan-
dards to demonstrate its historical evolution to the present day. Having
done this contextualization, we present numbers of the access to drinking
water in the Brazilian territory and, in detail, in the State of Pará, bringing
the difficulties faced by this State in the search for universalize the access
to drinking water, that goes from its territorial peculiarities to the lack of
political will. Finally, we present SALTA-Z, an Alternative Solution for the
Water Treatment for Human Consumption made with Zeolite, created by
FUNASA, as a simple, inexpensive and easy-to-use tool to bring drinking
water to rural and riverside communities.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO; 2. A ÁGUA COMO UM DIREITO HUMANO; 2.1.
O tratamento jurídico da água na ordem internacional: uma di-
gressão ao longo do tempo; 2.2. O tratamento jurídico da água no
Brasil; 2.3. O pleno exercício da água como direito humano; 2.4.
O papel do Estado na consecução do direito humano à água; 3. A
Voltar ao índice
951
Estudos de Direito do Saneamento
1. INTRODUÇÃO
Voltar ao índice
952
Nesse diapasão, percebemos que mesmo com a evolução no trata-
mento jurídico da água, com a criação de soluções alternativas de acesso
e a existência de política e recurso público nesse sentido a efetividade na
consecução do direito de acesso a água potável é mínima no Pará.
Por esta razão que análise crítica aqui exposta se faz importante, pois dessa
forma poderemos verificar as distorções na implementação de tão importante
programa, para que assim sejam apontadas novas diretrizes para uma gestão
efetiva e eficiente dos recursos disponibilizados e o, consequente, acesso pelas
comunidades vulneráveis ao direito humano de ter água potável.
Voltar ao índice
953
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
954
o direito básico de todos os seres humanos a terem acesso a água limpa
e saneamento a um preço acessível”.
4 Organização das Nações Unidas, Organização das Nações Unidas Para Educa-
ção, Ciência e Cultura (UNESCO), Resultados da Reunião Internacional de Peritos sobre o
Direito à água, Paris, 7 e 8 de julho de 2009, disponível em: https://unesdoc.unesco.org/
ark:/48223/pf0000185432_eng (acessado em 10 de agosto de 2019).
Voltar ao índice
955
Estudos de Direito do Saneamento
E não há como ser diferente, posto que não há vida sem água.
Porém, nem sempre se enxergou o seu tratamento jurídico desta forma. Tendo
essa preocupação se tornado mais evidente nas últimas décadas do século passado.
Voltar ao índice
956
No Brasil, antes de 1988, o regramento das Águas era disciplinado pelo Decre-
to n.º 24.643/1934, chamado de Código das Águas de 19347, onde as águas eram
classificadas, quanto a sua titularidade, em águas públicas, águas comuns e águas
particulares. As águas públicas poderiam ser de uso comum ou dominicais.
Fato que leva a maioria da doutrina pátria a entender que “todos os corpos de água
passaram a ter domínio público, ou seja, não podem ser livremente apreendidos” 9.
Voltar ao índice
957
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
958
E em seu artigo 15, estabelece que a outorga do direito de uso dos recur-
sos hídricos pode ser suspensa total ou parcialmente, em definitivo ou por pra-
zo determinado, a fim de possibilitar a sobrevivência humana e dos animais.
Voltar ao índice
959
Estudos de Direito do Saneamento
E foi visando esta inter-relação, que a Lei n.o 11.445/200714, que teve
seu bojo recentemente alterado pela Lei n.o 13.312/2016, preconizou,
em seu artigo 2.o, os princípios fundamentais que nortearão os serviços
públicos de saneamento básico, dentre os quais destacamos os incisos
III e IV15, pois neles temos a vinculação do abastecimento de água, da
drenagem e manejo das águas pluviais, limpeza e fiscalização preventiva
das respectivas redes à saúde pública, segurança da vida e patrimônio
Voltar ao índice
960
público e privado, o que demonstra o tamanho da importância da água
e seu poder transformador na sociedade, já que a sua tutela mínima é
capaz de trazer dignidade às pessoas.
Quando falamos em fácil acesso, não significa que todas as casas teriam
que ter obrigatoriamente água canalizada, mas que deve haver água potá-
vel a uma distância limite de um quilometro entre a fonte e as residências16.
Voltar ao índice
961
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
962
Percebemos que o que falta é uma maior vontade política na univer-
salização do acesso à água, os governos necessitam compreender que a
crise urbana de água é uma crise de governança, decorrência de políticas
e gerenciamentos fracos, e não um problema de escassez, principalmen-
te no Pará, onde é abundante o volume de água doce.
Voltar ao índice
963
Estudos de Direito do Saneamento
Não há como tratar essas realidades, zona rural e zona urbana, da mesma
forma, assim como não é viável apenas a transposição de tecnologias. É preci-
so insistir em soluções coletivas para as zonas rurais, onde a dispersão popula-
cional, a baixa renda os tornam pouco atrativos para o investimento privado.
Voltar ao índice
964
sua defesa devem ser regulados e garantidos pelo Estado, que deve dispor
de recursos públicos para a proteção dos recursos hídricos e acesso à água
potável de qualidade e em quantidade suficiente para a subsistência.
20 Instituto Trata Brasil, Ranking do Saneamento 2019 (SNIS 2017), disponível em:
http://tratabrasil.com.br/images/estudos/itb/ranking-2019/Relat%C3%B3rio_-_Ranking_
Trata_Brasil_2019_v11_NOVO_1.pdf (acessado em: 07 de julho de 2019).
Voltar ao índice
965
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
966
A Região Norte tem apenas 59,2% dos domicílios ligados à rede geral de distribui-
ção, bem menos que os 85,7% do registrado nacionalmente e os 92,5% do Sudeste.
Voltar ao índice
967
Estudos de Direito do Saneamento
Nessas regiões grande parte de sua população ainda obtém água de po-
ços perfurados em seus terrenos ou mesmo de rios e de suas ramificações.
Voltar ao índice
968
do Pará desenvolveram uma tecnologia produzida com baixo custo, cuja
manutenção é barata e de fácil manuseio e que vem sendo aperfeiçoada e
testada ano após ano, tendo sido batizada com o nome de SALTA-Z.
Voltar ao índice
969
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
970
se público25. Há nesse instituto, pela sua natureza, a união de esforços e
colaboração para a consecução de interesses convergentes.
25 M. S. Zanella Di Pietro, Direito administrativo, 32.º ed., Rio de Janeiro, Forense, 2019.
Voltar ao índice
971
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
972
5. promover o controle e a vigilância da qualidade da água
para consumo humano e seu padrão de potabilidade, divul-
gando os resultados à comunidade beneficiada, nos termos
da Portaria MS n.º 291/2011 e do Decreto n.º 5440/2005;
6. disponibilizar os meios, instrumentos e insumos necessários
para o efetivo funcionamento e conservação da SALTA-Z.
Voltar ao índice
973
Estudos de Direito do Saneamento
Quadro 01 -
Quantidade de SALTA-Z implantadas e funcionando, segundo populações atendi-
das por municípios, quantidade a instalar, dezembro de 2017 a setembro de 2019.
Voltar ao índice
974
Quadro 02
Número de Acordos de Cooperação Técnica celebrados com os municípios, se-
gundo vigência, patrimônio, termos de Cessão de Uso e Doação e n° de processo.
Voltar ao índice
975
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
976
Saúde Ambiental. Sendo da Secretaria de Agricultura e Abastecimento a
responsabilidade de aquisição dos insumos, bem como de sensibilização
da comunidade para gerenciar e tomar para si a responsabilidade de ge-
rir, preservar e transmitir os ensinamentos recebidos.
Voltar ao índice
977
Estudos de Direito do Saneamento
Fato este que demonstra que, muito além da falta de recursos orça-
mentários, falta vontade política e conscientização dos gestores públi-
cos de que o investimento em saneamento básico gerará ganho social e
financeiro, posto que nos municípios nos quais o equipamento foi insta-
lado e encontram-se em funcionamento houve diminuição nos índices
de internamento por causa de diarreias.
Voltar ao índice
978
5. A EFETIVIDADE DO DIREITO HUMANO À ÁGUA
De forma sucinta, o Estado não se posiciona como garantidor da proteção dos di-
reitos humanos e não investe em instrumentos que possam garantir a sua efetivação.
Voltar ao índice
979
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
980
Enquanto as populações permanecerem inertes diante do quadro social em
que vivem, esperando o movimento da classe política, não haverá futuro melhor.
6. CONCLUSÃO
Voltar ao índice
981
Estudos de Direito do Saneamento
concluir que muito há a ser feito para ser assegurado efetividade e uni-
versalidade a esse Direito Humano.
Para alcançar esse objetivo, não basta apenas a sua consagração expres-
sa nos mais variados dispositivos legais, sendo necessário que as políticas pú-
blicas existentes sejam encaradas de forma séria por todos os agentes sociais
envolvidos, sob pena de serem apenas normas sem aplicabilidade concreta.
Voltar ao índice
982
7. BIBLIOGRAFIA
A. B. G. Silveira, Estratégias para a universalização do saneamento rural: um
estudo baseado em experiências internacionais, (Dissertação) Mestrado Profis-
sional em Gestão e Regulação dos Serviços Públicos de Saneamento Básico –
Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz, Brasília, 2013.
Á. J. Maia Melo, O direito humano à água e ao saneamento básico e sua
aplicação prática no Brasil: Considerações sobre uma perspectiva a partir do
paradigma da complexidade, disponível em: http://www.publicadireito.com.
br/artigos/?cod=3937230de3c8041e> (acessado em: 12 de agosto de 2019).
Agência Nacional de Águas, Conjuntura dos Recursos Hídricos no Brasil –
Informe 2018, Brasília, 2018, disponível em: http://arquivos.ana.gov.br/porta/
publicacao/Conjuntura 2018.pdf (acessado em: 06 de agosto de 2019).
BRASIL, Conselho Nacional do Ministério Público, Revista do CNMP:
água, vida e direitos humanos / Conselho Nacional do Ministério Públi-
co, Brasília: CNMP, 2018, p.193.
BRASIL, Ministério da Saúde, Fundação Nacional de Saúde, Manual da so-
lução alternativa coletiva simplificada de tratamento de água para consumo
humano em pequenas comunidades utilizando filtro e dosador desenvolvidos
pela Funasa/Superintendência Estadual do Pará, Brasília, Funasa, 2017.
BRASIL, Ministério da Saúde, Fundação Nacional de Saúde, Relatório
Situacional Referente ao Projeto SALTA-Z – Solução Alternativa Coletiva
Simplificada de Tratamento de Água no Estado do Pará. Funasa/Superin-
tendência Estadual do Pará, Belém, Funasa, 2019.
BRASIL, Planalto, Constituição da República Federativa do Brasil de
1988, disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constitui-
cao/Constituicao.htm (acessado em: 01 de agosto de 2019).
BRASIL, Planalto, Lei n.o 11.445, de 5 de janeiro de 2007, disponível
em: (acessado em: 09de setembro de 2019).
Voltar ao índice
983
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
984
br/estatisticas/sociais/trabalho/17270-pnad-continua.html?=&t=o-que-e
(acessado em 07 de setembro de 2019).
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Síntese de indicadores
sociais. Uma análise das condições de vida da população Brasileira,
2018, disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/
liv101629.pdf (acessado em 10 de setembro de 2019).
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Tábuas Completas
de Mortalidade, disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/
sociais/populacao/9126-tabuas-completas-de-mortalidade.html?=&t=-
o-que-e (acessado em: 15 de agosto de 2019).
Instituto Trata Brasil, Ranking do Saneamento 2019 (SNIS 2017), dis-
ponível em: http://tratabrasil.com.br/images/estudos/itb/ranking-2019/
Relat%C3%B3rio_-_Ranking_Trata_Brasil_2019_v11_NOVO_1.pdf
(acessado em: 07 de julho de 2019).
J. S. Paim, Universalidade, integralidade e equidade, in S. C. Rezende
(coord.), Cadernos temáticos para o panorama do saneamento básico
no Brasil, Brasília, Ministério das Cidades/Secretaria Nacional de Sanea-
mento Ambiental, 2011. pp. 20-58. p. 31.
M. S. Zanella Di Pietro, Direito administrativo, 32.º ed., Rio de Janeiro, Forense, 2019.
Organização das Nações Unidas, O Direito Humano à Água e Sanea-
mento. Comunicado aos Média, disponível em: https://www.un.org/
waterforlifedecade/pdf/human_right_to_water_and_sanitation_me-
dia_brief_por.pdf (acessado em: 20 de agosto de 2019.
Organização das Nações Unidas, Organização das Nações Unidas
Para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), Resultados da Reunião
Internacional de Peritos sobre o Direito à água, Paris, 7 e 8 de julho
de 2009, disponível em: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/
pf0000185432_eng (acessado em 10 de agosto de 2019).
Voltar ao índice
985
Estudos de Direito do Saneamento
Organização das Nações Unidas, The Dublin Statement on water and sus-
tainable development, 1992, disponível em: http://www.wmo.int/pages/prog/
hwrp/documents/english/icwedece.html (acessado em 10 de agosto de 2019).
Voltar ao índice
986
Nota Biográfica dos Autores
Voltar ao índice
987
Estudos de Direito do Saneamento
Cassia Hoshino
Procuradora Federal em exercício da Unidade de Execução da
Procuradoria Federal Especializada da FUNASA em São Paulo,
graduada em Direito pela Universidade de São Paulo (USP),
Pós-Graduada Lato Sensu em Direito Administrativo pela Pon-
Voltar ao índice
988
tifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) – Departa-
mento de Direito Público da Faculdade de Direito.
Voltar ao índice
989
Estudos de Direito do Saneamento
Flávio Marzano
Flavio Brasil Marzano é nascido em 31/01/1968. Formado em
Ciências da Computação e Direito, com diversos cursos de
especialização em Ciências da Computação e em Direito. Pós
Graduado em Didática do Ensino Superior, Mestre em Adminis-
Voltar ao índice
990
tração Pública. Cursou também o mestrado em Direito Empre-
sarial além de dois módulos do doutorado em Direito Consti-
tucional na UBA (Universidade de Buenos Aires). Foi professor
universitário de cerca de 20 matérias do curso de Direito em
diversas faculdades e universidades, além dos cursos de Con-
tabilidade e Administração de Empresas. Lecionou também
em cursinhos preparatórios para concursos. Foi Editor e Apre-
sentador do programa DIREITO EM ACAO, na Rádio Favela, em
Belo Horizonte por cinco anos. Conselheiro da Cruz Vermelha
do Brasil Filial Minas Gerais. Foi advogado e auditor na área
tributária, empresaria e criminal. M.´. I.´. da GLMMG. Há cerca
de vinte anos é é Procurador Federal atualmente lotado na FU-
NASA – Fundação Nacional de Saúde em Minas Gerais.
Ilko Machado
Bacharel em Direito pela Universidade de Brasília. Membro da
Advocacia-Geral da União, na carreira de Procurador Federal.
Em exercício Procuradoria na Federal Especializada junto à
Fundação Nacional de Saúde.
Voltar ao índice
991
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
992
Marcela Sales Meinerz
Voltar ao índice
993
Estudos de Direito do Saneamento
Rubem Aranovich
Procurador Federal responsável pela Consultoria da Funasa
no RS, Especialista em Direito Ambiental pela UFRGS, Espe-
cialista em Direito do Consumidor e Direitos Fundamentais
pela UFRGS, Especialista em Direito Internacional Público
e Privado pela UFRGS. Especialista em Educação Técnica e
Profissional pela Universidade Gama Filho.
Voltar ao índice
994
tucional (2011) pela Universidade de Fortaleza/Unifor.
Contato: tercioaragao@hotmail.com
Voltar ao índice
995
Estudos de Direito do Saneamento
Voltar ao índice
996