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ANTONIA P. P. OLIVEIRA
DIANA DE OLIVEIRA CARDOSO
CAMPINAS– SP
2023
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2013.
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Nas últimas cinco décadas, nos países desenvolvidos, houve uma ampla
melhoria nas condições de vida e uma redução das disparidades sociais devido a uma
melhor distribuição de renda entre a população, ao aumento nos níveis de
escolaridade e à distribuição de informações por meio dos veículos. Esse processo
comprovado na homogeneização das causas de doenças e mortes, com destaque
para as enfermidades associadas ao estilo de vida ocidental, como doenças
cardiovasculares, respiratórias, causas externas, neoplasias e diabetes, entre outras
(HUTT; BURKITT, 1986 ).
O setor de saneamento no Brasil é caracterizado por uma disparidade
significativa e uma grande lacuna no acesso, especialmente no que diz respeito à
coleta e ao tratamento de esgoto. De acordo com os dados do Sistema Nacional de
Informações em Saneamento (SNIS, 2007)2, em 2006, o índice médio de atendimento
urbano apresentou valores relativamente elevados no que se refere ao abastecimento
de água, com uma média nacional de 93,1%.
No entanto, no caso do esgoto sanitário, o acesso à coleta era bastante
limitado, apresentando uma média nacional de apenas 48,3%, e o tratamento do
esgoto coletado tinha uma média nacional ainda mais baixa, de apenas 32,2%. É
importante ressaltar que, quando se trata do atendimento à população de baixa renda,
esses índices são mais insatisfatórios.
Para alcançar a universalização do saneamento básico no Brasil até 2024, seria
preciso um investimento médio de R$ 11 bilhões por ano, a partir de 2007 até 2024,
de acordo com dados da Aesbe (2007)3.
O atraso no desenvolvimento do setor de saneamento no Brasil não foi causado
apenas pela escassez de recursos e pela falta de financiamento, conforme destacado
pelo BNDES (2008b)4. Além dos desafios relacionados à disponibilidade de recursos
financeiros, esse déficit também resulta da ausência de recursos financeiros uma
avaliação abrangente dos custos ambientais, econômicos e sociais associados à
5Social Progresso Index. A Suíça é um dos países mais desenvolvidos no mundo no setor social.
Disponível em: https://www.s-ge.com/pt/article/atualidades/suica-e-um-dos-paises-mais-
desenvolvidos-no-mundo-no-setor-social. Acesso em: out de 2023.
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água para abastecimento de bacias diferentes, ou seja, para cada uso é comum que
o perímetro de interesse varie e ultrapasse os limites de uma bacia hidrográfica,
dificultado a escolha do recorte territorial ideal para planejamento e gestão das águas
(MIRANDA,2017).
Devido à inexistência de um modelo unificado de gestão de recursos hídricos
em todo o país, os instrumentos de gestão variam conforme os cantões e
comunidades. Na maioria das situações, não há uma obrigatoriedade a nível estadual
para o desenvolvimento de um plano integrado que leve em consideração os diversos
usos da água por bacia hidrográfica. Além disso, não há um padrão de financiamento,
como um fundo, e nem um banco de dados abrangente que contemple todos os usos
da água.
Por determinação a nível federal, conforme estipulado na lei de proteção das
águas, os estados devem garantir a existência de um planejamento a nível comunal
e, quando necessário, a nível regional, para a gestão das águas pluviais e residuais.
Esse instrumento de planejamento deve abranger diversos aspectos relacionados ao
escoamento das águas, incluindo sua concepção, operação, manutenção e o
financiamento previsto.
Ao contrário do Brasil, não há um sistema de cobrança pelo uso da água
(MIRANDA, 2013). A forma de financiamento varia conforme o setor, podendo ser
exclusivamente comunal, ou contar com subsídios do governo federal. Anteriormente,
o tratamento de esgoto era financiado pelo governo federal e pelos estados
soberanos, mas desde 1999, tornou-se responsabilidade exclusiva das comunidades.
No entanto, essa dinâmica tem evoluído, pois a partir de 2016, o governo federal
começou a subsidiar a implementação de novas estações de tratamento de esgoto
que lidam com micro poluentes. Em outros setores, como a reabilitação de fontes de
água, os custos são compartilhados entre o governo federal e os cantões, com uma
contribuição de 5% proveniente das comunidades (MIRANDA, 2017).
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REFERÊNCIAS
HUTT, M.S.; BURKITT, D.P. The geography of noninfectious disease. Oxford: Oxford
University Press, 1986.
MIRANDA, G.M. Gestion intégrée des ressources en eau dans les pays fédéraux: les
cas suisse et brésilien. 2017. 309 f. Tese (Doutorado em Geografia) – Institut de
géographie et durabilité, Université de Lausanne, Lausanne, 2017. Disponível em:
https:// issuu.com/cedocigul/docs/geovisions46-gestion_integree_des_r. Acesso em:
out de 2023.
OFEV. Gestion par bassin versant: guide pratique pour une gestion intégrée des eaux
en Suisse. Berne: O翿ce fédéral de l’environnement, 2012. 20 p. Disponível em:
http://www.bafu.admin.ch/publikationen/publikation/01652/index.html?lang=fr. Acesso
em: out de 2023.