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A negligência aos direitos fundamentais da população para os serviços

de saneamento básico e as principais pessoas afetadas.

Sabrina Santos Alves

Resumo:
Este artigo menciona a desigualdade social; descreve a negligência do governo com
os mais pobres sobre a falta de saneamento básico e o impacto que isso gera na
vida dessas pessoas. A metodologia usada neste trabalho é de levantamento
bibliográfico, foram usados artigos publicados voltados aos temas de falta de
saneamento básico e desigualdade social, dados oficiais e análise de leis.

Palavras-chave: saneamento básico, pessoas afetadas e negligência

INDRODUÇÃO
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), saneamento é o controle
de todos os fatores do meio físico do homem, que exercem ou podem exercer
efeitos nocivos sobre o bem estar físico, mental e social, é o conjunto de medidas
que visam garantir a preservação ambiental e a manutenção de resíduos, através de
serviços de abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, drenagem,
limpeza urbana, manejos de resíduos sólidos e a de águas pluviais. O saneamento
básico trata-se de serviços que podem ser prestados por empresas públicas ou por
empresas privadas, sendo esses serviços considerados essenciais para a
prevenção de doenças, redução da mortalidade infantil, melhorias nos índices de
educação e empregabilidade, expansão do turismo etc. A falta de investimentos e
políticas adequadas nesse setor resulta em uma série de consequências negativas
para a população, afetando especialmente os grupos mais vulneráveis.
Neste artigo exploraremos os efeitos da negligência aos direitos da população
para os serviços de saneamento básico. Surge a seguinte problemática: Quais são
as pessoas mais afetadas pela falta de saneamento básico e como essa falta afeta o
seu dia a dia?
Diante do problema mencionado, o objetivo geral deste estudo é identificar os
grupos populacionais mais afetados pela falta de saneamento básico. Como objetivo
específico, compreender o impacto diário experimentado por essas pessoas e
entender as condições que elas vivem.
O Brasil possui quase 35 milhões de pessoas sem água tratada e cerca de
100 milhões não tem acesso a coleta de esgoto (Vasco, 2022).

Relatórios da ONU e organismos associados apontam que, no


Brasil, ocorreram avanços significativos no saneamento no período e 2000 a
2017; no entanto, a qualidade dos serviços de abastecimento de agua e de
esgotamento sanitários ainda são deficientes e desiguais. Cerca de 130
milhões de pessoas tem acesso deficiente; nas zonas rurais, sete em cada
dez habitantes não tem saneamento; os países em desenvolvimento
abrigam um terço das pessoas afetadas e crianças de comunidades pobres
e rurais correm o maior risco de serem desprovidas dos serviços de agua,
esgoto e a higiene adequada (OPAS BRASIL, 2019 apud ALVES, PAZ e
SILVA, 2021).

Dados do IBGE apontando que a falta de saneamento mata 11 mil pessoas


por ano no Brasil. Desse número, há uma grande quantidade de óbitos de idosos
com 60 anos ou mais (Agencia senado, 2022). A falta de saneamento básico tem
consequências diretas na saúde da população, a contaminação da água por agentes
patogênicos presentes no esgoto não tratado está associada ao aumento de
doenças transmitidas pela água, como diarreia, cólera, hepatite A e febre tifoide. A
falta de higiene e condições sanitárias adequadas também contribui para a
propagação de doenças infecciosas, hospitalizações e mortes, principalmente entre
as populações mais vulneráveis. Crianças, idosos e pessoas com sistema
imunológico comprometido são particularmente suscetíveis a essas doenças. Nas
áreas onde o saneamento básico é precário, as taxas de morbidade e mortalidade
por doenças infecciosas são significativamente mais altas em comparação com
áreas que possuem infraestrutura sanitária adequada. Vale destacar que, ao
adoecer, as pessoas costumam se afastar das suas atividades diárias. Segundo
Vasco (2022) os estudantes, por exemplo, apresentam baixo rendimento escolar em
razão das faltas, o que interfere posteriormente na empregabilidade. Os impactos do
saneamento na saúde da mulher e como isso se reflete nas famílias brasileiras
também fica mais evidente.
Para enfrentar esse desafio, é fundamental investir em melhorias na
infraestrutura de saneamento básico, incluindo sistemas de abastecimento de água
potável, tratamento de esgoto e promoção de condições sanitárias adequadas.
Foi sancionada uma lei para promover a prestação adequada dos serviços de
abastecimento de agua e esgotamento sanitário.
Vejamos fragmentos da lei que estabelece diretrizes nacionais para o
saneamento básico;

11.445/2007

Art. 1°. Art. 2° inciso I, III e IV.Art. 1° Esta Lei estabelece as


diretrizes nacionais para o saneamento básico e para a política federal de
saneamento básico.

Art. 2° Os serviços públicos de saneamento básico serão prestados


com base nos seguintes princípios fundamentais:

I - Universalização do acesso;

III - abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana


e manejo dos resíduos sólidos realizados de formas adequadas à saúde
pública e à proteção do meio ambiente;

IV - Disponibilidade, em todas as áreas urbanas, de serviços de


drenagem e de manejo das águas pluviais adequados à saúde pública e à
segurança da vida e do patrimônio público e privado.

Mesmo com a lei o Brasil é marcado por profundas desigualdades regionais,


onde a infraestrutura é escassa, o acesso a água potável, esgotamento sanitário e
coleta de resíduos é limitado. Essa disparidade perpetua a exclusão social e acentua
as condições precárias de vida nessas comunidades. As comunidades mais
vulneráveis, como favelas, assentamentos informais e áreas de baixa renda,
enfrentam uma série de desafios decorrentes da falta de infraestrutura sanitária
adequada. A exclusão social e a pobreza se entrelaçam com a falta de acesso ao
saneamento básico, criando um ciclo de privação e dificuldades para essas
populações.

Para os especialistas da OMS, o baixo investimento em


saneamento resulta em alto custo para a saúde pública, devido a
aproximadamente 400 mil internados por diarreia, a um custo anual de R$
140 milhões para o Sistema Único de Saúde (SUS), principalmente entre as
crianças até cinco anos. Cabe destacar que: “As pessoas não associam a
diarreia à falta de esgoto e de água potável. Em termos econômicos, investir
na água e no esgoto é um ótimo negócio. Para cada US$ 1 investido, os
custos evitados (com gastos em saúde) são da ordem de US$ 4” (OMS,
2010, [s. p.] apud JOSÉ RIBEIRO SILVA, 2017).

Dados do DataSUS apontam que, em 2018 foram registradas mais de 230 mil
internações por doença de veiculação hídrica que resultaram em 2.180 óbitos. O
custo das internações por esse tipo de doença ficou em R$90 milhões naquele ano.
Se 100% da população tivesse acesso à coleta de esgoto, haveria uma redução, em
termos absolutos, de 74,6 mil internações; 56% dessa redução ocorreria no
Nordeste.
O Instituto Trata Brasil afirma que, em 20 anos (2015 a 2035), considerando o
avanço gradativo do saneamento, o valor presente da economia com saúde seja
pelos afastamentos do trabalho, seja pelas despesas com internação no SUS, deve
alcançar R$7,239 bilhões no país.
De acordo com o mesmo Instituto, apenas com essas doenças, o Brasil
gastou mais de R$1 bilhão com internações entre 2010 e 2017, uma média anual de
R$140 milhões.
De maneira geral, quando não há saneamento básico, isso afeta várias áreas
importantes da vida das pessoas, tem um impacto significativo em diversos
indicadores socioeconômicos, tornando essencial investir nesse setor para melhorar
a qualidade de vida das comunidades.

CONCLUSÃO
A falta de investimentos adequados, a desigualdade social e a falta de
políticas efetivas têm contribuído para a perpetuação da exclusão e para condições
precárias de vida em comunidades vulneráveis, a infraestrutura sanitária também
tem impactos negativos em outras áreas socioeconômicas, como educação,
emprego e renda familiar.
Para enfrentar esse desafio, é essencial que sejam realizados investimentos
significativos na infraestrutura de saneamento básico, garantindo o acesso universal
a serviços de abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, limpeza
urbana e manejo adequado de resíduos sólidos.
A lei que estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico é um
passo importante nessa direção, porém é necessário que haja um compromisso
efetivo por parte do governo e da sociedade para sua efetiva implementação para
garantir uma vida digna e saudável para todos.

Referencias
https://blog.brkambiental.com.br/saneamento-basico-e-saude-publica/
#:~:text=Atualmente%2C%20morrem%20no%20Brasil%2015,R
%244%2C00%20na%20sa%C3%BAde.

AERTIGO: POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O SANEAMENTO BÁSICO


NACIONAL: A PROBLEMÁTICA DA UNIVERSALIZAÇÃO
(José Ribeiro Silva, 2017)
https://www.scielo.br/j/ea/a/rP6bXzMYnmg94ZxdSQSQqfL/?
lang=pt&format=pdf
https://blog.brkambiental.com.br/problemas-decorrentes-da-falta-de-
saneamento/#:~:text=Aumento%20da%20desigualdade%20social&text=De
%20modo%20geral%2C%20as%20fam%C3%ADlias,por%20viverem%20em
%20regi%C3%B5es%20marginalizadas.
https://www.eosconsultores.com.br/historia-saneamento-basico-e-
tratamento-de-agua-e-esgoto/
https://repositorio.ufc.br/handle/riufc/21697
http://revista.unicuritiba.edu.br/index.php/percurso/article/view/
5467/371373450
https://saneamento.com.br/noticias/a-importancia-do-saneamento-
basico-e-seus-principais-beneficios/#:~:text=Saneamento%20%C3%A9%20um
%20fator%20essencial%20para%20o%20desenvolvimento,dos%20rios%20e
%20preserva%C3%A7%C3%A3o%20dos%20recursos%20h%C3%ADdricos%2C
%20etc.
Artigo: AUSÊNCIA DE SANEAMENTO BÁSICO E SUA RELAÇÃO COM A
DIARREIA EM CRIANÇAS NO NORDESTE BRASILEIRO, NOS ANOS DE 2007 A
2019: UMA REVISÃO DE LITERATURA I (Alencar, Viana, Malheiros e Santos, 2019)
https://portal.estacio.br/media/4681216/aus%C3%AAncia-de-
saneamento-b%C3%A1sico-e-sua-rela%C3%A7%C3%A3o-com-a-diarreia-em-
crian%C3%A7as.pdf
Atlas de saneamento especializa dados relacionados a meio ambiente e saúde:
https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/32304-
atlas-de-saneamento-espacializa-dados-relacionados-a-meio-ambiente-e-saude

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