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A NEGLIGENCIA AOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DA POPULAÇÃO

PARA OS SERVIÇOS DE SANEAMENTO BÁSICO E AS PRINCIPAIS PESSOAS


AFETADAS

Docente: Tainara Antunes Brasil


Discente: Sabrina Santos Alves
RESUMO
Este artigo menciona a desigualdade social; descreve a negligência do governo com
os mais pobres sobre a falta de saneamento básico e o impacto que isso gera na
vida dessas pessoas. A metodologia usada neste trabalho é de levantamento
bibliográfico, foram usados artigos publicados voltados aos temas de falta de
saneamento básico e desigualdade social, dados oficiais e análise de leis.

Palavras-chave: saneamento básico, pessoas afetadas e vulnerável

NEGLIGENCE OF THE FUNDAMENTAL RIGHTS OF THE POPULATION TO


BASIC SANITATION SERVICES AND THE MAIN PEOPLE AFFECTED

ABSTRACT: This article mentions social inequality; describes the government's


negligence with the poorest about the lack of basic sanitation and the impact that this
generates on these people's lives. The methodology used in this work is a
bibliographical survey, used published articles directed to the themes of lack of basic
sanitation and social inequality, official data and analysis of laws.

Keywords: basic sanitation, affected and vulnerable people

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INTRODUÇÃO
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) 2007, saneamento é o controle
de todos os fatores do meio físico do homem, que exercem ou podem exercer
efeitos nocivos sobre o bem estar físico, mental e social, é o conjunto de medidas
que visam garantir a preservação ambiental e a manutenção de resíduos, através de
serviços de abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, drenagem,
limpeza urbana, manejos de resíduos sólidos e a de águas pluviais. O saneamento
básico trata-se de serviços que podem ser prestados por empresas públicas ou por
empresas privadas, sendo esses serviços considerados essenciais para a
prevenção de doenças, redução da mortalidade infantil, melhorias nos índices de
educação, empregabilidade e expansão do turismo. A falta de investimentos e
políticas adequadas nesse setor resulta em uma série de consequências negativas
para a população, afetando especialmente os grupos mais vulneráveis.
Neste artigo exploraremos os efeitos da negligência aos direitos da população
para os serviços de saneamento básico. Surge a seguinte problemática: Quais são
as pessoas mais afetadas pela falta de saneamento básico e como essa falta afeta o
seu dia a dia?
Diante do problema mencionado, o objetivo geral deste estudo é identificar os
grupos populacionais mais afetados pela falta de saneamento básico. Como objetivo
específico, compreender o impacto diário experimentado por essas pessoas e
entender as condições que elas vivem.

REFERENCIAL TEÓRICO
A falta de saneamento básico tem consequências diretas na saúde da população, a
contaminação da água por agentes patogênicos presentes no esgoto não tratado
está associada ao aumento de doenças transmitidas pela água, como diarreia,
cólera, hepatite A e febre tifoide. A falta de higiene e condições sanitárias
adequadas também contribui para a propagação de doenças infecciosas,
hospitalizações e mortes, principalmente entre as populações mais vulneráveis.
Dentre a população vulnerável estão as mulheres, com uma maior estatística
de vulnerabilidade em relação ao sexo masculino. Segundo Ambiente Brk (2020), 27
milhões de mulheres brasileiras não tem acesso adequado ao saneamento básico.
Na pratica essa estatística representa uma em cada quatro pessoas do gênero

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feminino. As áreas mais afetadas por esta realidade são as regiões norte e nordeste,
respectivamente 39,3% e 20% da população feminina, no entanto apesar dos
números alarmantes nesta região o problema atinge mulheres do Brasil inteiro nas
áreas urbanas e rurais.
Foi sancionada uma lei para promover a prestação adequada dos serviços de
abastecimento de agua e esgotamento sanitário. Vejamos fragmentos da lei que
estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico;

11.445/2007

Art. 1°. Art. 2° inciso I, III e IV.Art. 1° Esta Lei estabelece as


diretrizes nacionais para o saneamento básico e para a política federal de
saneamento básico.

Art. 2° Os serviços públicos de saneamento básico serão prestados


com base nos seguintes princípios fundamentais:

I - Universalização do acesso;

III - abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana


e manejo dos resíduos sólidos realizados de formas adequadas à saúde
pública e à proteção do meio ambiente;

IV - Disponibilidade, em todas as áreas urbanas, de serviços de


drenagem e de manejo das águas pluviais adequados à saúde pública e à
segurança da vida e do patrimônio público e privado.

Contudo, Pereira et al (2018) apud (Alencar, Viana, Malheiros e Santos, 2019)


informa que são principalmente as crianças de até os 5 anos de idade, as maiores
vítimas de mortes como consequência das doenças diarreicas, mesmo com os
avanços dentro da saúde pública e a sanção da lei. Sendo a diarreia um dos
sintomas de parasitoses, que estão entre os problemas mais sérios desse setor.
De acordo com Vasconcelos et al (2011) apud (Alencar, Viana, Malheiros e
Santos, 2019) os casos de crianças que acabaram infectadas com protozoários,
onde há fossa ou não existe esgoto para receber os excrementos, foi predominante
em sua pesquisa. Assim como as precárias condições de limpeza, a probabilidade
de contaminação das crianças aumenta quando ela convive em um ambiente de
morada que é pouco favorável com relação ao tratamento do esgoto e é a via fecal,
o principal meio de infecção.

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Silva et al (2011) apud (Alencar, Viana, Malheiros e Santos, 2019) expõe que
além da diarreia, outras consequências são ocasionadas por doenças parasitárias,
como anemia, desnutrição, obstrução intestinal e má absorção. Crianças na idade
escolar são as maiores vítimas dessas patologias, em sua maioria provocadas por
Giárdia lamblia, Entamoeba coli, Ascaris lumbricoides, que acabam comprometendo
sua saúde e indo além, interferindo no seu desenvolvimento dentro da escola, seja
física ou intelectualmente.
Oliveira et al (2017) apud (Alencar, Viana, Malheiros e Santos, 2019) diz que
no ano de 2004, 56% dos óbitos por diarreia infecciosa registrados no Brasil
aconteceram no Nordeste, entre crianças de até 5 anos de idade. Por ser uma
doença evitável, através da garantia de que as pessoas estão recebendo o mínimo
de condições básicas de vida, essa situação ainda é considerada algo que não se
pode acreditar e nem admitida, já que essas doenças estão relacionadas
diretamente com as condições tratamento da água, do esgoto e situação de higiene.
Os motivos pelos quais os episódios de diarreia ainda persistem são
principalmente, as precárias condições de infraestrutura; as baixas condições de
habitação, sobretudo a falta de saneamento básico, e a ligeira e desproporcional
urbanização (TORRES et al., 2012).
Segundo o IBGE (2021) “Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística”, a falta
de saneamento no Brasil foi responsável pela morte de pelo menos 135 mil pessoas
entre 2008 e 2019 no país, o que dá uma média de 11,2 mil ao ano, as DRSAI
(Doenças Relacionadas ao Saneamento Ambiental Inadequado) foram responsáveis
por 0,9% de todos os óbitos do país no período. As DRSAI tiveram participação em
21,7% do total de óbitos no período quando especificadas apenas as doenças
infecciosas e parasitárias. Os maiores percentuais, foram verificados nas regiões
Centro-Oeste (42,9%) e Nordeste (27,1%). No período de 2008 a 2019, foram
notificados 11,9 milhões de casos de DRSAI no Brasil, com 4,9 milhões de
internações no SUS (Sistema Único de Saúde). Das mortes relacionadas à falta de
saneamento no país entre 2008 e 2019, 84 mil óbitos foram de idosos com 60 anos
ou mais.

Relatórios da ONU e organismos associados apontam que, no


Brasil, ocorreram avanços significativos no saneamento no período e 2000 a
2017; no entanto, a qualidade dos serviços de abastecimento de agua e de
esgotamento sanitários ainda são deficientes e desiguais. Cerca de 130

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milhões de pessoas tem acesso deficiente; nas zonas rurais, sete em cada
dez habitantes não tem saneamento; os países em desenvolvimento
abrigam um terço das pessoas afetadas e crianças de comunidades pobres
e rurais correm o maior risco de serem desprovidas dos serviços de agua,
esgoto e a higiene adequada (OPAS BRASIL, 2019 apud ALVES, PAZ e
SILVA, 2021).

METODOLOGIA
Este referido trabalho tem a sua base de pesquisa um levantamento bibliográfico no
qual consiste na identificação e coleta de dados de determinado assunto.

Levantamento bibliográfico, ou prospecção da informação para fins


técnico-científicos, é um assunto apaixonante e relacionado à história da
humanidade, à história de construção dos espaços coletivos, que leva em si
um pouco de todas as pessoas que tiveram a preocupação em registrar em
um pedaço de pedra, argila, papiro, papel, ou em uma tela, imagem, ou
documento digital, suas descobertas científicas, conhecimentos e
percepções. É um tema que leva em si um pouco de outras pessoas e
organizações (governamentais, privadas e não-governamentais, nacionais e
internacionais) que tiveram e têm a preocupação em preservar o
conhecimento, que foi e é diariamente gerado no mundo, em diversos
idiomas, a fim de que seja aproveitado, em curto, médio ou longo prazo, e
contribua para o desenvolvimento ou progresso da ciência (GALVÃO, 2ed.
A, v. 398, p. 1-377, 2010).

Foram analisados um total de dez artigos, revistas e/ou blog; dentre os dez foram
relevantes apenas dois artigos científicos, uma revista e dois blogs, o critério de
inclusão e exclusão dos dados encontrados foram o tema pesquisado da seguinte
forma; a negligencia ao saneamento básico e as pessoas afetadas, colocando como
relevantes os trabalhos feitos entre os anos de 2007 até 2021.
AMBIENTAL, BRK. Os impactos da ausência de saneamento na saúde da
mulher: Dificuldades e impactos da falta de saneamento na saúde da mulher. [S. l.],
8 ago. 2020. - Uma pesquisa revelou que 27 milhões de mulheres não tem acesso
adequado ao saneamento básico e que o déficit entre as mulheres indígenas e
negras aumentam consideravelmente. A falta do saneamento interfere nos afazeres
do dia a dia, diminui a produtividade e o rendimento escolar, enfatiza o quanto é
importante a manutenção da saúde, qualidade de vida e bem estar da mulher
brasileira.

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GUIMARÃES, Carlos Alberto. Atlas de Saneamento especializa dados
relacionados a meio ambiente e saúde. [S. l.]: Geociências, 24 nov. 2021. - O
informativo tratar-se de doenças relacionadas ao saneamento ambiental. Esgoto a
céu aberto colabora com a proliferação dessas doenças, daí a correlação direta
entre as enfermidades e o saneamento precário.
BILIBIO, ELAINE CLAUDIA et al. SANEAMENTO BÁSICO UM DIREITO
FUNDAMENTAL DA POPULAÇÃO. Revista Percurso Unicuritiba., Curitiba, Vol.2,
n.39, ed.-546, p.243-251, 12 jul. 2021. - Indaga a falta de respeito com o ser humano,
descreve como vivem em situação precária e como são expostos morando próximos
a esgoto aberto. Enfatiza a falta de planejamento de alguns municípios com a
alegação da Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental que não conseguiriam
garantir o direito da população até o ano de 2033.
Alencar, I. Z., Viana, V. R., Malheiro, D. R., & Santos, F. A. V. (2019).
Ausência de saneamento básico e sua relação com a diarreia em crianças no
nordeste brasileiro, nos anos de 2007 a 2019. – Este artigo enfatiza principalmente a
mortalidade infantil causadas por diarreia e doenças intestinais proliferados por
agentes parasitários que tem associação com as precárias condições sanitárias. O
objetivo da pesquisa foi rever a ausência de saneamento básico e a sua relação com
a diarreia em crianças da região norte do país.
Paz, M. G. A. D., Fracalanza, A. P., Alves, E. M., & Silva, F. J. R. D. (2021).
Os conflitos das políticas da água e do esgotamento sanitário: que universalização
buscamos? – O objetivo deste artigo é discutir a universalização do acesso à água e
ao esgotamento sanitário, enfatiza as falas sobre o direito do ser humano ao
saneamento básico, o panorama global do acesso à água potável e sobre a
contextualização socioambiental do saneamento básico no Brasil.

RESULTADOS E DISCUSSOES
Diante do trabalho, da pesquisa realizada chega-se à conclusão; para enfrentar esse
desafio, é essencial que sejam realizados investimentos significativos na
infraestrutura de saneamento básico, garantindo o acesso universal a serviços de
abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo
adequado de resíduos sólidos. A falta de investimentos adequados, a desigualdade

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social e a falta de políticas efetivas têm contribuído para a perpetuação da exclusão
e para condições precárias de vida em comunidades vulneráveis, a infraestrutura
sanitária também tem impactos negativos em outras áreas socioeconômicas, como
educação, emprego e renda familiar.
A lei que estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico é um
passo importante nessa direção, porém é necessário que haja um compromisso fixo
por parte do governo e da sociedade para sua efetiva implementação para garantir
uma vida digna e saudável para todos.

REFERENCIAS
AMBIENTAL, BRK. Os impactos da ausência de saneamento na saúde da
mulher: Dificuldades e impactos da falta de saneamento na saúde da mulher. [S. l.], 8
ago. 2020. Disponível em: https://blog.brkambiental.com.br/saude-da-mulher/.
Acesso em: 9 jul. 2023.

Alencar, I. Z., Viana, V. R., Malheiro, D. R., & Santos, F. A. V. (2019).


Ausência de saneamento básico e sua relação com a diarreia em crianças no
nordeste brasileiro, nos anos de 2007 a 2019: uma revisão de literatura. Rev.
Estação Científica [Internet], 22.

BILIBIO, ELAINE CLAUDIA et al. SANEAMENTO BÁSICO UM DIREITO FUNDAMENTAL


DA POPULAÇÃO. Revista Percurso Unicuritiba., Curitiba, Vol.2, n.39, ed.-546, p.243-
251, 12 jul. 2021. Disponível em:
http://revista.unicuritiba.edu.br/index.php/percurso/article/view/5467/371373450.
Acesso em: 9 jul. 20

GUIMARÃES, Carlos Alberto. Atlas de Saneamento especializa dados


relacionados a meio ambiente e saúde. [S. l.]: Geociências, 24 nov. 2021. Disponível
em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-
noticias/noticias/32304-atlas-de-saneamento-espacializa-dados-relacionados-a-
meio-ambiente-e-saude. Acesso em: 12 jul. 2023.

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Paz, M. G. A. D., Fracalanza, A. P., Alves, E. M., & Silva, F. J. R. D. (2021).
Os conflitos das políticas da água e do esgotamento sanitário: que universalização
buscamos?. Estudos Avançados, 35, 193-208.

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