Você está na página 1de 23

Saneamento Básico I

(Panorama do saneamento
básico no Brasil)
Prof° Evandro Silva
Sumário
1. Panorama do saneamento básico no Brasil

1.1 Introdução

1.2 Saneamento em números

1.2.1 Abastecimento público de água e coleta e tratamento de esgotos

1.2.2 Resíduos sólidos

1.2.3 Drenagem e manejo de águas pluvais


1 – Panorama do saneamento básico no Brasil
1.1 – Introdução
Define-se saneamento básico como o conjunto de serviços de abastecimento de água;
coleta e tratamento de esgotos; limpeza urbana, coleta e destinação do lixo; e drenagem
e manejo da água das chuvas.

Para que esses serviços sejam prestados adequadamente a preços acessíveis à


população, as agências reguladoras infranacionais editam normas e fiscalizam a
prestação dos serviços.

Segundo a Agência Nacional de Águas e saneamento Básico (ANA), no Brasil há 60


agências infranacionais atuando no setor de saneamento, sendo 25 estaduais (ARPE/PE,
ARGERSA/BA, AGEPAN/MS, AGER/MT,...), uma distrital (ADASA/DF), 28 municipais
(ARMUP/Petrolina) e seis intermunicipais (AGER-Sinop/MT). Com a abrangência dessas
entidades, aproximadamente 65% dos municípios brasileiros estão vinculados a elas.
1 – Panorama do saneamento básico no Brasil
1.1 – Introdução
As normas e a fiscalização se referem, principalmente ao desempenho dos serviços
prestados, revisão e reajuste de tarifas, procedimentos de controle social, atendimento ao
público, além de tratarem de temas relacionados ao cumprimento de condições
contratuais entre poder concedente (município) e prestadora dos serviços.

Devido à aprovação do novo marco legal do saneamento básico, Lei nº 14.026/2020, a


Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico chega ao sistema de regulação do
saneamento para contribuir com a edição de normas de referência, contendo diretrizes
gerais.

Assim, a ANA poderá conferir mais uniformidade para as regras do setor de modo a
facilitar a gestão do saneamento com um todo, atraindo mais investimentos para
universalização do saneamento no Brasil.
1 – Panorama do saneamento básico no Brasil
1.2 – Saneamento em números
1.2.1 – Abastecimento público de água e coleta e tratamento de esgotos
De acordo com os dados de 2018 do Sistema Nacional de Informações sobre
Saneamento (SNIS), 93,4% dos brasileiros possuíam acesso ao serviço de abastecimento
de água. Já na questão do esgotamento sanitário os percentuais caem
consideravelmente, pois 53,2% da população era atendida com coleta de esgoto,
enquanto 46,3% possuía tratamento de esgoto.
Lançado em 2017 pela ANA e pelo então Ministério das Cidades (atual Ministério do
Desenvolvimento Regional), o Atlas Esgotos: Despoluição de Bacias Hidrográficas aponta
que 38,6% dos esgotos produzidos no Brasil não são coletados, nem tratados. É a
situação que pode ser percebida em casos de esgoto a céu aberto. Outros 18,8% dos
esgotos até são coletados, mas são lançados nos corpos d'água sem tratamento. Já os
42,6% restantes são coletados e tratados antes de retornarem aos mananciais, o que é o
cenário ideal.
1 – Panorama do saneamento básico no Brasil
1.2 – Saneamento em números
1.2.1 – Abastecimento público de água e coleta e tratamento de esgotos
Ainda segundo a ANA, diariamente são produzidas 9.098 toneladas de carga orgânica no
País, sendo que 5.516 toneladas chegam aos rios e reservatórios mesmo após o
tratamento dos esgotos.
Para que o Brasil consiga universalizar os serviços de esgotamento sanitário no Brasil,
com base no horizonte de planejamento de 2035, o Atlas Esgoto aponta que são
necessários investimentos na ordem de R$ 149,5 bilhões, dos quais R$ 101,9 bilhões
precisam ser aplicados em coleta de esgotos, enquanto R$ 47,6 bilhões devem ser
empregados no tratamento.
1 – Panorama do saneamento básico no Brasil
1.2 – Saneamento em números
1.2.1 – Abastecimento público de água e coleta e tratamento de esgotos
1.2.1.1 – Benefícios do abastecimento de água à saúde pública
• Redução de doenças infecciosas;
• Ajuda na preparação do alimentos, favorecendo uma Nutrição saudável;
• Possibilita a higiene corporal e a limpeza de ambientes e contribui para a hidratação do
organismo;
• Quando fluoretada fortalece o esmalte dos dentes na formação da dentição
permanente, reduzindo em cerca de 65% a prevalência de cáries dentárias.
• Redução dos gastos com consultas e procedimentos médicos, tratamento
medicamentoso, exames laboratoriais e de apoio ao diagnostico, internação hospitalar,
e doenças infecciosas, acrescidos das estimativas do equivalente aos dias de trabalho
e aulas perdidos.
1 – Panorama do saneamento básico no Brasil
1.2 – Saneamento em números
1.2.1 – Abastecimento público de água e coleta e tratamento de esgotos
1.2.1.3 – Benefícios do abastecimento de água ao orçamento da União
Martins et al. (2001) avaliaram o alívio orçamentário pela redução dos gastos com
consultas e procedimentos médicos, tratamento medicamentoso, exames laboratoriais e
de apoio ao diagnóstico, internação hospitalar, acrescidos das estimativas do equivalente
aos dias de trabalho e de aulas perdidos.

Chegaram à relação de US$1,16, para cada dólar gasto com serviços de água e esgotos.

Considerando-se os benefícios associados a valores subjetivos como conforto, bem-estar,


desenvolvimento econômico, por exemplo, essa relação pode chegar a US$3,50 para
cada dólar gasto com água e esgotos.
1 – Panorama do saneamento básico no Brasil
1.2 – Saneamento em números
1.2.1 – Abastecimento público de
água e coleta e tratamento de
esgotos
1.2.1.4 – Maior cobertura do
abastecimento de água, menos
doenças

Figura 1 – Proporção da população atendida por sistemas de abastecimento de água (ABES, 1998)
e óbitos de menores de um ano por DIP (DATASUS, 2003), em relação ao total de óbitos de 1980 e
1996, no Brasil.
Fonte: Tsutiya, 2006.
1 – Panorama do saneamento básico no Brasil
1.2 – Saneamento em números
1.2.1 – Abastecimento público de água e coleta e tratamento de esgotos
1.2.1.5 – O fator educação
Recomenda-se que a implantação de sistemas de abastecimento de água seja
acompanhada de programas de educação sanitária, a fim de incentivar mudanças de
hábitos na população beneficiada.

Cuidados Higiênicos
fundamentais
1 – Panorama do saneamento básico no Brasil
1.2 – Saneamento em números
1.2.1 – Abastecimento público de água e coleta e tratamento de esgotos
1.2.1.6 – Confiabilidade dos sistemas de abastecimento de água
Os sistemas de abastecimento de água, quando são construídos e operados
inadequadamente, não são garantias de saúde para a população. Há vários exemplos de
surtos de doenças transmitidas pela água, que ocorreram por falhas na operação ou na
construção dos sistemas de abastecimento de água.
• Na Suécia, de 1980 a 1995, ocorreram 90 surtos de doenças transmitidas pela água
por falha na desinfecção, envolvendo 50 mil pessoas com dois óbitos (Anderson,
1997);
• Na Finlândia, de 1980 a 1992, ocorreram 24 surtos, também por falha na desinfecção
da água, que atingiram 7700 pessoas (Lahti, 1995);
• Na Índia, em 1956 e 1972, houve surtos de hepatite que afetaram milhares de pessoas,
por causa da contaminação da água pelo esgoto (Raman, 1978).
1 – Panorama do saneamento básico no Brasil
Prioridade da População

Quantidade Qualidade
Suficiente Adequada
Sistema de
Abastecimento
de Águaba
Saúde Desenvolvimento
Pública Industrial/ Econômico
1 – Panorama do saneamento básico no Brasil
1.2 – Saneamento em números
1.2.1 – Abastecimento público de água e coleta e tratamento de esgotos
1.2.1.6 – Flúor na água de abastecimento

Figura 2 – Proporção da população atendida por sistemas de abastecimento de água (ABES, 1998) e
índice CPO 12 (DATASUS, 2003) por Região e total do Brasil, em 1996.
Fonte: Tsutiya, 2006.
1 – Panorama do saneamento básico no Brasil
1.2 – Saneamento em números
1.2.2 – Resíduos sólidos
Segundo dados de 2018 do SNIS, considerando uma amostra de 3.468 municípios
(representando 85,6 % da população urbana do País), a cobertura de serviços de coleta
de resíduos domiciliares é de 98,8% da população urbana. Segundo as estimativas do
SNIS (2018), 62,8 milhões de toneladas de resíduos domiciliares e públicos são coletadas
por ano nos municípios da amostra.
Cerca de 38,1% desses municípios têm coleta seletiva, sendo que a massa recuperável
de recicláveis secos chegou a 923,3 mil toneladas em 2018.
Quanto às unidades de processamento de resíduos sólidos urbanos, o Diagnóstico do
Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos aponta que existem 1.037 lixões, 540 aterros
controlados, 607 aterros sanitários e 1.030 unidades de triagem.
1 – Panorama do saneamento básico no Brasil
1.2 – Saneamento em números
1.2.3 – Drenagem e manejo de águas pluvais
O Diagnóstico de Drenagem e Manejo das Águas Pluviais Urbanas, contido no SNIS
(2018), registra que dos 3.603 municípios participantes, 54,8% têm sistemas de águas
pluviais exclusivos para drenagem e 24,6% dispõem de sistemas de águas pluviais
unitários.
Segundo o relatório, há 566 municípios que contam com soluções de drenagem natural
(faixas ou valas de infiltração) em vias públicas urbanas, 370 têm parques lineares ao
longo de rios e 150 dispõem de reservatórios de amortecimento de vazão de cheias e
inundações. Da amostra de municípios, apenas 719 possuem Plano Diretor de Drenagem
Urbana.
1 – Panorama do saneamento básico no Brasil
1.2 – Saneamento em números
1.2.3 – Drenagem e manejo de águas pluvais
1 – Panorama do saneamento básico no Brasil
1.2 – Saneamento em números
1.2.3 – Drenagem e manejo de águas pluvais

Figura 3 – Piscinão em construção na praça Niterói – RJ. Figura 4 – As obras do Piscinão do Paço, em São
Bernardo do Campo, tiveram início em 2013, mas, entre
Fonte: https://www.amigosdanatureza.org.br/. várias paralisações, só foi retomada neste ano. (Foto:
Prefeitura de SBC)
Fonte: https://www.saobernardo.sp.gov.br/
1 – Panorama do saneamento básico no Brasil
1.3 – Novo marco legal do saneamento básico
1.3.1 – Principais inovações introduzidas pelo novo marco legal
• Novos prazos para o fechamento dos “lixões”, até 31 de dezembro de 2020;
• Os contratos de prestação dos serviços públicos de saneamento básico deverão definir
metas de universalização;
• Fim da possibilidade de celebração dos contratos de programa;
• Prioridade no recebimento de auxílio federal para os Municípios que efetuarem
concessão ou privatização dos seus serviços;
• Obrigatoriedade da realização de licitação para todas as concessões de serviços ou
para alienação do controle acionário das estatais prestadoras, com a substituição de
todos os contratos vigentes;
• Os contratos de programa ou de concessão existentes permanecerão em vigor até o
advento do seu termo contratual.
1 – Panorama do saneamento básico no Brasil
1.3 – Novo marco legal do saneamento básico
1.3.2 – Principais responsabilidades dos munícipios
• Elaborar os planos de saneamento básico, publicando-os até 31 de dezembro de 2022;
• Estabelecer metas e indicadores de desempenho e mecanismos de aferição de
resultados;
• Prestar diretamente os serviços, ou conceder a prestação deles;
• Definir os parâmetros a serem adotados para a garantia do atendimento essencial à
saúde pública;
• Estabelecer os mecanismos e os procedimentos de controle social;
• Implementar sistema de informações sobre os serviços públicos de saneamento
básico;
• Intervir e retomar a operação dos serviços delegados, por indicação da entidade
reguladora.
1 – Panorama do saneamento básico no Brasil
1.3 – Novo marco legal do saneamento básico
1.3.4 – Fontes disponíveis para o financiamento dos serviços
• Recursos não onerosos, derivados da Lei Orçamentária Anual (LOA);
• Empréstimos de longo prazo, operados pela Caixa, com recursos provenientes do
Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS;
• Empréstimos de longo prazo, operados pelo BNDES, com recursos oriundos do Fundo
de Amparo ao Trabalhador – Fat;
• Recursos oriundos de empréstimos internacionais, tais como o Banco Interamericano
de Desenvolvimento (Bid) e o Banco Mundial (Bird);
• Recursos provenientes (Fundos Estaduais de Recursos Hídricos);
• Recursos originários de fundos criados, com a participação da União.
1 – Panorama do saneamento básico no Brasil
1.3 – Novo marco legal do saneamento básico
1.3.4 – Fontes disponíveis para o financiamento dos serviços
• Recursos não onerosos, derivados da Lei Orçamentária Anual (LOA);
• Empréstimos de longo prazo, operados pela Caixa, com recursos provenientes do
Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS;
• Empréstimos de longo prazo, operados pelo BNDES, com recursos oriundos do Fundo
de Amparo ao Trabalhador – Fat;
• Recursos oriundos de empréstimos internacionais, tais como o Banco Interamericano
de Desenvolvimento (Bid) e o Banco Mundial (Bird);
• Recursos provenientes (Fundos Estaduais de Recursos Hídricos);
• Recursos originários de fundos criados, com a participação da União.
Referência

TSUTIYA, Milton Tomoyuki. Abastecimento de água. Departamento de engenharia


hidráulica e sanitária da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. 643p. 4ª.
Edição, 2006.

Você também pode gostar