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Tendências em curso a partir do olhar da Segurança Alimentar e Nutricional1

1) O enfoque da Segurança Alimentar e Nutricional permite olhar para o que está


ocorrendo, de modo a sermos mais objetivos e efetivos:
a. tanto no que diz respeito à proposição de políticas públicas,
b. quanto no que respeita ao monitoramento das políticas que estão sendo
implementadas pelos governos.
2) O seguinte esquema pode nos ajudar a compreender melhor o que está sendo
proposto em relação à orientação para preparação de relatórios:
a. Olhar para a realidade, para o que está ocorrendo nos territórios, entender os
processos em curso, analisar os processos históricos em diferentes
territorialidades.
b. Fazer proposições políticas para intervenção nessa mesma realidade partindo
do que conseguimos enxergar olhando para a realidade a partir do enfoque da
SAN.
c. Apontar para um futuro melhor condizente com a compreensão que temos
sobre SAN (Segurança Alimentar e Nutricional), que envolve Direito Humano à
Alimentação Adequada (DHAA) e Soberania Alimentar.
3) A partir do enfoque da SAN, identificamos 5 tendências que estão em curso,
condizentes com o item a 👆 *Olhar para a realidade*, entender os processos em
curso, analisar os processos históricos em diferentes territorialidades.
4) Quais são essas tenências:
a. Piora da qualidade ambiental decorrente das formas predominantes de
apropriação e utilização dos recursos naturais, com impactos sobre a
biodiversidade, a cultura e a saúde individual e coletiva - vinculando produção
agroalimentar e agricultura familiar;
b. Tendência relacionada com hábitos alimentares e impactos na saúde das
pessoas, decorrentes da predominância da estrutura concentrada no âmbito
do abastecimento alimentar, conjugada com a piora nas condições de acesso
ao trabalho, à renda, à informação, dentre outros;
c. Piora nas condições de acesso aos alimentos e ampliação da vulnerabilidade
social, em função do desemprego, inflação, concentração de mercados, acesso
à terra etc.;
d. Esvaziamento da política e comprometimento da democracia, decorrente do
fechamento e/ou mudanças na organização de espaços de concertação entre
estado e sociedade civil, que impacta negativamente a participação social e a
própria capacidade de organização dos movimentos sociais;
e. Enfraquecimento das redes de solidariedade instituídas, com ampliação das
incertezas em relação à efetividade da assistência social, das aposentadorias,
do esforço dos governos em amparar as pessoas que se encontram em
situação de mutas dificuldades, além da violência, em diferentes âmbitos e
condições (mulheres, negros, indígenas, quilombolas, pessoas e famílias em
situação de pobreza, etc.), ensejando por um lado a mobilização da sociedade
civil para ocupar o lugar do Estado, mas de outro o voluntarismo e a filantropia
como projeto, associado à acumulação de capital, o que não faz parte da nossa
perspectiva de futuro.

1
Uma contribuição do Programa de Extensão Diálogos de Saberes da UFSJ
5) A ideia básica é que olhar dessa forma, a partir dessa perspectiva, permite que nos
organizemos melhor, enxergando com maior nitidez, os desafios que o movimento
pela SAN tem pela frente, para promover o Direito Humano à Alimentação Adequada e
a Soberania Alimentar.
6) A seguir, apresentamos uma análise mais pormenorizada de cada uma dessas
tendências.

A Lei 11.346, de 15 de setembro de 2006, que criou o SISAN, “com vistas em assegurar o
direito humano à alimentação adequada (...)”, traz, no seu Artigo 3º, a definição brasileira de
SAN:

A segurança alimentar e nutricional consiste na realização do direito de


todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em
quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras
necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares
promotoras de saúde que respeitem a diversidade cultural e que sejam
ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis.

Perceba-se que a definição acima aponta para um futuro melhor, que induz, incita, conduz (a)
ações políticas e a proposição de políticas públicas no presente, de modo a interferir com os
processos em curso, para transformá-los em processos de desenvolvimento territorial.

a) Aspectos ambientais e seus desdobramentos:

Vendo sob essa perspectiva, a “localização” de aspectos ambientais que refletem, impactam
e/ou condicionam a situação de SAN das populações nos territórios, deve fazer parte do rol de
situações que descrevem nossa realidade.

• Se por um lado tais aspectos podem estar – como de fato geralmente estão – se
manifestando numa dimensão territorial, na perspectiva escalar, inclusive acima do
âmbito municipal, como uma bacia hidrográfica, por exemplo, um bioma específico ou
a qualidade das terras,
• Por outro lado, esses aspectos estão relacionados com as condições em que se dá a
forma como os recursos naturais são apropriados e utilizados, levando à necessidade
de avaliação da estrutura fundiária e as condições de acesso à terra urbana, condições
que se formam ao longo da história dos territórios, em face, inclusive,
o da apropriação e utilização desses recursos por atividades concorrentes com a
produção agroalimentar, a exemplo da mineração e florestas plantadas de
eucaliptos para produção de celulose e carvão;
o ou ainda os serviços de incorporação imobiliária nos centros urbanos, em
face do fato de que o DHAA pressupõe também o direito à moradia e à cidade.

Aqui ainda fica em questão o tipo de tecnologia prevalecente no uso dos recursos naturais, e
seus impactos:

• na configuração da paisagem,
• a biodiversidade remanescente,
• o acesso à água de qualidade,
• impactando a qualidade de vida da população não apenas rural, a exemplo da
prevalência – ou não – de monoculturas, sobretudo no caso da produção
agroalimentar.
A diferenciação da agricultura familiar (como conceito amplo, cuja principal característica é
abrigar a diversidade cultural que se expressa no campo brasileiro, associando pluriatividade e
produção para o autoconsumo) é muito importante nesse contexto.

Primeiro, como forma culturalmente diferenciada de acessar a terra e utilizar os recursos


naturais, porque, além de organizar melhor o território, de forma mais democrática, por
possibilitar o acesso à terra para mais famílias, também possibilita a permanência das famílias
no campo, abrindo oportunidade de trabalho, emprego e renda, promovendo o
cooperativismo e o associativismo, a comunhão e a solidariedade.

Além disso, os agricultores familiares tendem a ser mais respeitosos tanto em relação ao meio
ambiente, quanto às tradições culturais locais e regionais.

Nesse caso, precisamos, em termos de ação política e política pública, é levar para o campo,
para o meio rural:

• as tecnologias apropriadas,
• as infraestruturas adequadas e
• segurança jurídica (a exemplo da regularização fundiária).
• Ações que permitam às pessoas terem mais comodidade na forma de vida que
escolheram, e que permitam à jovem rural, ao jovem rural fortalecerem suas
respectivas identidades territoriais, para verem possibilidades de seguirem com o
modo de vida no qual foram criados, com menos incertezas e mais esperança.

Dessa forma, estamos encaminhando, de forma justa:

• não só o problema da sucessão rural,


• mas também contribuindo para a mitigação e encaminhamentoi dos problemas de:
o violência no campo e
o mudanças climáticas nos territórios que habitamos.

Além disso, a análise da forma como os recursos naturais são apropriados e utilizados está
relacionada:

• ao saneamento básico e com o impacto na saúde coletiva e individual,


• incluindo aqui, no caso dos produtos químicos utilizados nas lavouras,
• com a prevalência de Doenças crônicas não transmissíveis (DNCT) e
• a saúde dos trabalhadores rurais que manejam produtos tóxicos.

Em suma, a consideração dos aspectos ambientais joga luz, do ponto de vista do enfoque da
SAN, nos processos em curso no tempo da natureza, na fronteira entre os meios antrópico,
biótico e físico. Ficam assim em evidência “grandes” processos em curso, como:

• as mudanças climáticas e crises epidemiológicas e sanitárias, que se entrecruzam com


as intervenções antrópicas sobre os meios biótico e físico e
• Joga luz também sobre outras tendências que correm no tempo das sociedades,
o como estruturas agrárias e a organização da produção rural e
o dos espaços urbanos,
o trazendo para o primeiro plano suas consequências em termos de
desmatamento, esvaziamento do campo, perda da biodiversidade, cidades
disfuncionais, urbanização injusta, da qualidade da água, da qualidade dos
alimentos e da qualidade de vida de um modo geral, no campo e na cidade.
• Essas consequências podem então ser avaliadas do ponto de vista dos impactos sobre
a saúde (individual, coletiva e ambiental), o abastecimento e o consumo alimentar e
sobre as condições de acesso aos alimentos.

b) Evolução dos hábitos alimentares

Além dos aspectos de cunho ambiental, a literatura também aponta para a relação entre
saúde e nutrição, o que envolve a evolução de hábitos alimentares saudáveis, com impactos
significativos sobre:

• a saúde individual e coletiva, tendo em conta culturas alimentares locais e regionais e


• a autonomia e soberania das comunidades e dos povos, condizente com
• os tipos de alimentos consumidos,
• as condições de acesso a esses alimentos em termos de renda e riqueza,
• o grau de processamento dos alimentos pelas indústrias alimentares e
• transformações na estrutura do abastecimento alimentar, dentre outros fatores.

Evidencia-se, assim, tendências que relacionam nutrição, saúde e desenvolvimento, passando


pela questão:

• da evolução da disponibilidade alimentar e


• das desigualdades no acesso a alimentos saudáveis.

Nesse sentido, informações acerca dos impactos da má nutrição sobre:

• a saúde dos indivíduos (obesidade, doenças cardiovasculares etc.),


• a saúde das famílias e dos grupos sociais, distinguidos pelas condições vistas por
exemplo, através da pesquisa realizada pela Rede Pensan
(https://olheparaafome.com.br/), que permitiu
o a distinção em termos de gênero, de raça, de situação do domicílio,
o em termos de acesso a alimentos e alimentação saudável,
o cuidados com grupos sociais específicos (como as crianças e populações
vulneráveis à fome, por exemplo) e
o para propostas de orientação para ações políticas nos territórios.

Questões de gênero e étnico-raciais se entrecruzam com:

• escolaridade, situação funcional e acesso a políticas públicas,


• relacionando o lugar social dos indivíduos, de suas famílias, dos grupos que formam e
das comunidades onde vivem
• com a forma como está configurado o abastecimento alimentar num determinado
território,
• incluindo aqui a presença de redes alimentares alternativas e agroecológicas e a
abertura (ou permanência) de circuitos curtos de comércio e mercados de
proximidade.

A tendência dominante nesse contexto, de acordo com a literatura, aponta para a evolução de
hábitos alimentares não saudáveis, com impactos significativos (e negativos) sobre:

• a saúde individual e coletiva,


• sobre culturas alimentares locais e regionais e
• a autonomia e soberania das comunidades e dos povos.

Essa evolução é condizente com:

• o crescimento do consumo de alimentos processados e ultraprocessados,


• piora na distribuição de renda e riqueza e
• transformações na estrutura do abastecimento alimentar, na direção da concentração
de mercados.

Esse processo vem ocorrendo a despeito do movimento contrário, na direção:

• da aproximação entre produtores e consumidores,


• valorização de produtos orgânicos e agroecológicos e
• da valorização do que é local (territorial), como expressão da resiliência e da
resistência das populações com identidade territorial local e/ou regional.

Um ponto a ser destacado no que respeita à relação entre saúde e nutrição é seu impacto nos
processos de desenvolvimento, tendo em conta a perspectiva da participação social.

Recorre-se aqui a formulações que tratam de dois tipos de incertezas prevalecentes, desde o
tempo em que os estados nacionais se foram:

• a fome (e a desnutrição) e
• os processos violentos inerentes.

Esses processos dificultam – senão impedem – um tipo de aprendizado-ação-reflexão que


possua no horizonte um tempo mais longo.

• Isto é, impedem a participação cidadã nos processos políticos de forma organizada e


ampliação da consciência coletiva orientada para a melhoria das condições de suas
próprias vidas.

Se assim é:

• o que dizer de territórios, seja qual for a escala, onde fome e desnutrição permanecem
junto com a incerteza permanente do alimento na mesa por gerações a fio?
• O que se pode esperar da participação social em contextos territoriais onde prevalece
a incerteza em relação ao alimento no dia seguinte?

c) Condições de acesso aos alimentos e ampliação da vulnerabilidade social

As condições de acesso aos alimentos também têm sido apontadas pela literatura como um
dos determinantes da condição de SAN das populações nos territórios.

Além dos determinantes do acesso aos alimentos:

• renda, distribuição de renda, inflação, acesso à terra e aos recursos naturais,


• políticas públicas adequadas,
• há também que se apontar suas inter-relações com questões sociais de uma forma
geral e, especificamente, questões etárias, de gênero, étnicas e raciais.

Nesse sentido, há que se levar em conta:


• as estruturas fundiárias presentes nos territórios,
• bem como de distribuição da renda e da riqueza,
• da ação política através das estruturas estatais e
• do funcionamento dos mercados, inclusive dos mercados de trabalho.

Esses fatores se entrecruzam trazendo a importância de informações sobre;

• inflação,
• desemprego,
• concentração de mercados e
• mercados informais,
• como também as condições de acesso aos recursos naturais;
• da produção para o autoconsumo e
• da pluriatividade (da agricultura) familiar em face da produção destinada aos
mercados; e
• do fortalecimento e consolidação de redes sociais que ligam práticas sociais de
garantia da sobrevivência da maior parte das famílias rurais e urbanas, que se
confrontam dia-a-dia com a necessidade de “matar a fome”,
• movimentos sociais que propõem a transformação social e
• o aprimoramento da proposição de políticas públicas viabilizadoras dessa
transformação nos territórios.

Enquanto tendência, a piora nas condições de acesso aos alimentos e ampliação da


vulnerabilidade social, resultado do aumento do desemprego, do subemprego e informalidade
e da inflação que atinge os alimentos e outros bens e serviços necessários a uma vida saudável
e de qualidade, impactados negativamente por mudanças nas relações de trabalho, piora das
condições de acesso à terra e a outros recursos naturais e a políticas públicas, sobretudo
aquelas promotoras do desenvolvimento nas suas diferentes dimensões.

d) Esvaziamento da política e comprometimento da democracia

A presença de espaços de participação política é a quarta condição que o enfoque da SAN


sugere que seja verificada nos territórios. Como já sabemos, a experiência democrática e o
processo de mobilização social é um dos elementos constitutivos da experiência brasileira em
SAN, tornando a existência de espaços públicos para o diálogo e a participação social para a
construção de políticas públicas um de seus elementos fundamentais.

Estão aqui envolvidos:

• a universalização de direitos,
• a soberania e desenvolvimento autônomo, seja nacional, seja em territórios
subnacionais,
• para acesso à possibilidade de ação através do Estado e
• também o respeito à construção, implementação e monitoramento democrático de
políticas públicas de uma forma geral.

Nesses termos, a estrutura institucional do Estado surge então como objeto de disputa por
parte de distintos projetos políticos em torno de propostas de ações (políticas) amparadas no
monopólio da violência e no monopólio da tributação.
De um lado, essa forma de colocar a questão leva a uma discussão sobre os determinantes a
longo-prazo da construção dessas estruturas institucionais em diferentes escalas territoriais,
incluindo espaços nacionais, subnacionais (estados e municípios) e supranacionais.

De outro lado, coloca em evidência a importância do fortalecimento de redes sociais


comprometidas com a resiliência de populações vulneráveis e com a transformação social,

desde as práticas sociais e movimentos sociais que lhes conferem conteúdo,

até a proposição de políticas públicas com viés territorial.

Retoma-se aqui então a relação entre SAN e democracia e o caráter intersetorial e


multidimensional de políticas de SAN e a necessidade urgente da reconstrução dessas políticas
como propostas alternativas ao esvaziamento da política em curso.

É importante que nos desloquemos da percepção setorial da realidade para uma percepção
territorial dos processos em curso.

Isto é, enquanto tendência, a presença de espaços de participação política se apresenta como


tendência à interdição do diálogo político e dos espaços de participação social para a
formulação, implementação e monitoramento de políticas públicas, com a ascensão política de
movimentos sociais conservadores,

• sejam eles de cunho neoliberal, fascista, conservador ou ainda fundamentalista,


• seja por meio da ameaça da violência “direta”, da coerção econômica ou da violência
simbólica, aprofundando ainda mais o déficit de democracia que historicamente
prevalece entre nós.

e) Enfraquecimento das redes públicas de solidariedade

Por fim, a presença de redes públicas de solidariedade, que se expressam na assistência social
de uma forma geral, é também uma condição de prevalência da condição de SAN nos
territórios, envolvendo aspectos como:

• combate à vulnerabilidade social;


• conectividade: estamos todos conectados;
• equidade: apesar de nossas diferenças, somos iguais;
• sustentabilidade: garantir qualidade de vida para as gerações futuras;
• interdependência: dependemos uns dos outros e todos, da natureza; e
• Reciprocidade: o outro como igual.

Nos termos da definição brasileira de SAN, todo cidadão deve estar seguro em relação aos
alimentos e à alimentação nos aspectos:

• da suficiência (proteção contra a fome e a desnutrição),


• qualidade (prevenção de males associados com a alimentação) e
• adequação (preservação da cultura alimentar).

Assegurar a alimentação significa garantir o direito elementar à vida.

Por essa razão, o DHAA é um dos princípios ao qual se subordina o objetivo da SAN.
No entanto, é dever do Estado proteger e promover o DHAA, o que está diretamente
relacionado com a formulação de políticas, programas e ações, no âmbito nacional,
subnacional e internacional, para a promoção do desenvolvimento econômico e social.

Fazer referência ao direito à alimentação implica reconhecer que:

• embora a fome seja uma das principais formas de manifestação da insegurança


alimentar,
• as ações no sentido de erradicá-la não sintetizam a necessidade de se promover a SAN,
fazendo aqui referência ao conceito de “fome oculta” de Josué de Castro.

Faz-se aqui referência, particularmente, ao que diz respeito:

• à proteção à saúde individual e coletiva,


• ao envelhecimento e ao combate à vulnerabilidade social e
• à violência sistemática contra a população negra, contra as mulheres, contra os
indígenas e outros povos tradicionais: contra a violência em geral!

Um possível entendimento da noção de solidariedade a partir do enfoque da SAN, pode ser


avaliado tendo em conta as contribuições da agroecologia, da economia popular solidária, da
“perspectiva dos comuns” e das contribuições de Amartya Sen sobre “A ideia de justiça”,
avançando para a construção dos sistemas de proteção social baseados em direitos durante o
século XX e sua desconstrução em curso.

Isto é, está em curso, em nível mundial inclusive, um processo de enfraquecimento das redes
públicas de solidariedade, agravada pelo desmonte de políticas públicas em curso e a
ampliação da vulnerabilidade social, que impacta negativamente as condições de acesso aos
alimentos, não apenas por expor cada vez mais um número crescente de pessoas à condição
de fome e má nutrição, mas também por circunscrever ainda mais o acesso aos alimentos à
esfera da violência, nas suas diferentes formas de manifestação;

Políticas de assistência social, nesse sentido, devem ser fortalecidas, mas também a noção de
que:

O espaço público não é uma opção: considerá-lo como tal amplia as possibilidades de atuação
de grupos políticos (conservadores, neoliberais, fundamentalistas, fascistas), que não estão
interessados nas transformações sociais que necessitamos para construir uma sociedade mais
justa, igualitária, democrática, que respeita a diversidade cultural e que é responsável, do
ponto de vista ambiental.

Ocupá-lo por meio do fortalecimento das instituições dos trabalhadores, dos camponeses,
agricultores familiares, nos espaços institucionais no legislativo, no judiciário, no executivo, nas
periferias das cidades, nas academias, instituições de ensino de forma geral ... enfim ocupa-los
... é primordial para nós!!

Olhar para os processos em curso, a partir do olhar da SAN – uma conquista do povo brasileiro
– é uma contribuição que podemos dar para o processo de democratização do nosso país e
para a construção de condições objetivas que irão impactar, de várias formas positivas, o bem-
viver da nossa população.

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