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http://dx.doi.org/10.21527/2237-6453.2017.41.416-456
Resumo
Este artigo estudou a realidade complexa das unidades de produção agropecuária do município de
Pentecoste, Estado do Ceará. O objetivo foi identificar os tipos de agricultores e caracterizar seus
sistemas de produção, relacionando-os ao desenvolvimento local. Utilizou-se uma abordagem
sistêmica, procurando-se integrar as dimensões social, econômica, ambiental e tecnológica. Foram
utilizados 163 questionários obtidos mediante entrevistas diretas com os produtores. Pode-se
constatar que grande parte dos agricultores familiares do município encontra-se em uma situação
de extrema fragilidade social, praticando uma agricultura de subsistência, e dependendo de rendas
fora da atividade produtiva, como trabalho assalariado e transferências governamentais, como Bolsa
Família e Seguro Safra. A baixa renda obtida e o despreparo para as intempéries climáticas (seca
1
Mestre em Economia Rural pela Universidade Federal do Ceará. Professor da Universidade Regional do
Cariri. josealex18@yahoo.com.br
2
Doutor em Botânica pela Universidade Federal Rural de Pernambuco. Professor da Universidade Federal
do Ceará. ggamarra@terra.com.br
3
Doutor em Economia Rural pela Universidade Federal de Viçosa. Professor da Universidade Federal do
Ceará. lemos@ufc.br
4
Doutor em Economia Aplicada pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de
São Paulo. Professor da Universidade Federal do Ceará. casimiro@ufc.br
5
Doutor em Zootecnia pela Universidade Federal de Viçosa. Professor da Universidade Federal Rural de
Pernambuco. js-mattos@hotmail.com
DESENVOLVIMENTO EM QUESTÃO
Editora Unijuí • ano 15 • n. 41 • out./dez. • 2017 p. 416-456
prolongada) a que são submetidos, permitem concluir que estes produtores conseguem assegurar
minimamente sua reprodução social. Por outro lado, constata-se, igualmente, que os agricultores
que introduziram os sistemas de produção fundamentados na pecuária e na irrigação associada à
produção de coco e banana, obtiveram indicadores de desempenho econômico e social satisfatórios
que possibilitam ultrapassar o nível de reprodução social mínimo.
Palavras-chave: Desenvolvimento rural. Sistemas de produção. Semiárido brasileiro.
Referencial Teórico
Agrário e agrícola são termos proximamente relacionados que vêm
sendo utilizados ao menos desde meados do século passado no âmbito do
desenvolvimento, das políticas públicas do campo e dos estudos rurais. Os seus
significados variam de acordo com o local, período histórico, contexto político
ideológico e perspectiva epistemológica dos sujeitos que tratam do assunto.
Metodologia
A pesquisa foi de natureza aplicada, utilizando-se uma abordagem
metodológica sistêmica, com o objetivo de descrever e explicar uma realida-
de. Seguiu um delineamento tipo levantamento, com abordagem analítica
qualitativa e quantitativa. Empregou-se a terminologia proposta no âmbito da
teoria dos sistemas agrários, considerando a hierarquia de sistemas socioam-
bientais, quando o município engloba as unidades de produção agropecuária,
que, por sua vez, compreendem o sistema social e o sistema de produção,
este entendendo os subsistemas de cultivo, de criação e a mata. Os resultados
são apresentados e discutidos em fases sucessivas de análise e de síntese.
Primeira etapa
Análise de Agrupamentos
VA = PB – CI – D (1)
Em que:
PB ⇒ é o produto bruto;
CI ⇒ é o consumo intermediário;
D ⇒ é a depreciação.
6
Método hierárquico aglomerativo que exige a utilização do quadrado da distância euclidiana como medida
de semelhança entre as observações. As medidas de distância representam a similaridade, que é repre-
sentada pela proximidade entre as observações ao longo das variáveis. A distância euclidiana é a medida
de distância mais frequentemente empregada quando todas as variáveis são quantitativas. A mesma é
usada para calcular medidas específicas, assim como a distância euclidiana simples e a distância euclidiana
quadrática ou absoluta, que consiste na soma dos quadrados das diferenças, sem calcular a raiz quadrada.
Quanto mais próximo de zero for a distância euclidiana, mais similares são os objetos comparados (HAIR
et al., 2005).
D = Vi / n (2)
Em que:
D ⇒ é a depreciação anual;
Renda agrícola (RA) – É a parte do valor agregado que fica com o produtor
após a repartição, sendo essa dividida entre os trabalhadores assalariados,
os donos da terra, o banco ou o Estado. Constitui-se na principal forma de
avaliar a capacidade de reprodução do estabelecimento rural familiar ao
longo do tempo (GARCIA FILHO, 1999). A seguinte expressão matemática
representa a renda agrícola:
RA = VA – Tc – I – J – Rt + Sb (3)
Em que:
RA ⇒ é a renda agrícola;
J ⇒ são os juros;
RM = RA – autoconsumo (4)
RT = RA + ROA (5)
Em que:
Segunda etapa
Tamanho da Amostra
Em que:
N = tamanho da população.
z = 1,98
0,802
Resultados e Discussões
Grupos de agricultores e seus sistemas de produção no município de
Pentecoste, Ceará
possui, em média, 2,75 UTfs. Desse modo, a renda agrícola por trabalhador
familiar é de R$ 3.346,85 por ano. A renda total média do Tipo 5B, obtida
somando-se a renda monetária com a ROA, foi de R$ 10.843,57.
Frequência Frequência
Acesso à Terra
absoluta relativa
Proprietário 54 59,3
Parceria 18 19,8
Arrendada 7 7,7
Cedida 5 5,5
Assentamento 4 4,4
DNOCS 2 2,2
Familiares 1 1,1
Total 91 100,0
Frequência Frequência
Faixas de terras (ha)
absoluta relativa
0,50 a 10 80 88,9
11 a 30 6 6,7
31 a 76 5 4,4
Total 91 100,0
RA/ SAU/
VA/SAU VA/UTF
UTF UTF SAU VA RA RT
TIPO UTF
(R$/ (R$/
(R$/ (ha/ (ha) (R$) (R$) (R$)
UTF) UTF)
UTF) UTF)
1 11.277,9 16.916,8 15.816,8 1,5 3 2 33.833,6 31.633,6 30.871,4
2 1.647,0 5.489,8 4.023,2 3,3 10 3 16.469,6 12.069,6 19.308,9
3 7.383,6 18.458,8 16.044,0 2,5 5 2 36.918,0 32.117,8 40.751,8
4 2.235,5 5.141,6 4.041,7 2,3 4,6 2 10.283,3 8.083,3 8.083,3
5A 4.555,8 2.143,8 1.626,2 0,5 2 4,25 9.111,5 6.911,5 11.255,0
5B 5.701,9 4.146,8 3.346,8 0,7 2 2,75 11.403,8 9.203,8 10.843,6
6 127,7 948,1 935,1 6,7 23,7 3,52 3027,2 2.983,4 17.625,9
7 0,0 0,2 0,0 1,9 6, 4 3,23 0,4 0,0 10.331,4
Considerações Finais
O estudo no município de Pentecoste no Estado do Ceará permitiu
identificar três grupos de agricultores, com sete diferentes sistemas de
produção, que evoluíram e se diferenciaram ao longo do tempo. O sistema
pecuarista é o sistema irrigador concentrado no perímetro irrigado e o sis-
tema familiar policultor e consorciado com a criação de animais, principal-
mente bovinos e caprinos. Neste sistema encontram-se os tipos formados
por agricultores familiares pouco capitalizados, em descapitalização e os
descapitalizados.
Referências
AGROLINK. Cotações de preços. Histórico de cotações. 2014. Disponível em: <http://
www.agrolink.com.br.>. Acesso em: 21 fev. 2015.
KAGEYAMA, A. et al. O novo padrão agrícola brasileiro: do complexo rural aos com-
plexos agroindustriais. In: DELGADO, G. C.; GASQUES, J. G.; VILLA-VERDE,
C. M. Agricultura e políticas públicas. Brasília, DF: Ipea, 1990. 574 p. (Ipea. Serie
Ipea, n. 127).
ANEXO
Anexo A – Unidades, preços e fontes de informação dos
produtos animais e vegetais
Produção Vegetal (Atividade I) Produção Animal (Atividade II)
Peso Preço da
Produ- Unida-
Produto Unidade Preço Fonte Médio unidade Fonte
to de
(kg) (R$)