Você está na página 1de 208

o.

çã
iza
tor
au
m
se
do
ha
rtil
pa
m
co

História Horripilantes
r
se
de

Cuentos de Horror
po
ão
en

Horror Short Stories


is
ra
uto
sA
ito
re
i Di
su
os
ia lp
ter
ma
te
Es
Contos-Horripilantes.indb 1 03/08/2016 13:40:52
Centro Universitário La Salle
Reitor: Paulo Fossatti

o.
Vice-Reitor: Cledes Antonio Casagrande

çã
Pró-Reitora de Graduação: Vera Lúcia Ramirez

iza
Pró-Reitor de Administração: Renaldo Vieira de Souza

tor
Pró-Reitor de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão: Cledes Antonio Casagrande

au
m
Editora Unilasalle

se
Conselho Editorial: César Fernando Meurer, Cristina Vargas Cademartori,

do
Evaldo Luis Pauly, Rafael Kunst, Tamára Cecília Karawejszyk,

ha
Vera Lúcia Ramirez, Zilá Bernd.

rtil
pa
m
r co
se
de
po
ão

Produção: Editora Unilasalle


en

Capa: Fernanda Barbosa e Ricardo Neujahr


is
ra

Projeto gráfico: Ricardo Neujahr


uto

Revisão final: Lúcia Regina da Rosa


sA
ito
ire
iD

CIP
s su
po
ial
ter
ma
te
Es

Contos-Horripilantes.indb 2 03/08/2016 13:40:53


Lúcia Regina da Rosa
Maria Alejandra Saraiva Pasca

o.
Daisy da Silva César

çã
iza
Organizadoras

tor
au
m
se
do
ha
rtil
m pa
co
História Horripilantes
r
se
de

Cuentos de Horror
po
ão

Horror Short Stories


en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
s su
po
ial
ter
ma
te
Es

Editora Unilasalle
Canoas, 2016

Contos-Horripilantes.indb 3 03/08/2016 13:40:54


Contos-Horripilantes.indb 4

Es
te
ma
ter
ia lp
os
su
i Di
re
ito
sA
uto
ra
is
en
ão
po
de
se
r co
mpa
rtil
ha
do
se
m
au
tor
iza
çã
o.
03/08/2016 13:40:54
Sumário

o.
çã
Apresentação .................................................................................. 07

iza
tor
Até o inferno | Hasta el infierno | Heading to Hell ................................. 09

au
Jonathan Retzlaff Hardt, Karen Cardoso Barchinski, Larissa de Aguiar

m
Leote e Amanda Daniele Mota

se
A menina que não se vê | La chica que no se ve |

do
The Girl Who Can’t See Herself .......................................................... 25

ha
Elidiane Guerim Almeida e Eliziane da Silveira Botelho Peres

rtil
pa
Vampiros - O mito de Bucovina – Transilvânia | Vampiros
- El mito de Bucovina - Transilvania | Vampires - m
co
The Bucovina Myth, Transylvania .................................................... 41
r
se

Adriana aparecida Felini e Amanda Daniele Mota


de
po

Reflexos do invisível | Reflejo de lo invisible |


Reflexes from the invisible ................................................................ 51
ão
en

Cleni da Rocha Santos e Maria Santos Rigo


is

O espelho do Sobrado | El espejo del caserón |


ra

The two-story house mirror ........................................................... 61


uto

Glecy Teresinha Klegues


sA
ito

O museu dos espelhos | El museo de los espejos |


ire

The Museum of Mirrors .................................................................. 68


iD

Gisele Gabriela Peña Figueiredo


s su

Portais | Portales | Portals ............................................................. 84


po

Clarissa Helena Martins Schorr e Tatiane Peres Zawaski


ial
ter

Espelho da alma | Espejo del alma | Mirror of the soul .................. 97


ma

Joyce Aparecida Cardoso e Renata Normann


te

Reflexos Insanos | Reflejos insanos | Insane Reflections .................. 104


Es

Bruna Pereira Lumertz e Tamires da Silva Loss

Contos-Horripilantes.indb 5 03/08/2016 13:40:54


Espelho de almas | Espejo de almas | Soul mirror ......................... 114
Mariéli Tubino Maia

o.
çã
A penteadeira | El tocador | The dressing table .............................. 121

iza
Andréia de Souza Avancini e Magali Müller Araújo

tor
au
Nem tudo é o que parece | No todo es lo que parece |

m
Not everything is what it seems ....................................................... 128

se
Franciele dos Santos e Bruna Rosa

do
O jogo do espelho | El juego de los espejos | The mirror game ........ 138

ha
rtil
Débora Ribeiro Ricardo, Débora dos Santos Westhauser e Sandra Elisa de

pa
Oliveira Souza

m
Sala Luís XV | Salón Luís XV | The Luis XV Room ........................ 145
co
Charnhane Becker e Natália Silva dos Santos
r
se

O acaso marcado | La casualidad marcada |


de

The arranged coincidence .............................................................. 152


po

Alessandra Vargas Cordeiro, Caroline Pereira Teixera e Mônica Windberg


ão

da Silva
en

O presente | El regalo | The gift ..................................................... 162


is
ra

Flavia da Silva Fagundes e Gisele Sodré Rossales Lopes


uto

Samy | Samy | Samy .................................................................... 170


sA

Laís Brum e Alexsandra Alves Rosa


ito
ire

O espelho milenar | El espejo milenario | The millenary mirror ...... 177


iD

Tiago de Moraes Kieffer


su

Uma noite na Fundação Cultural de Canoas | Una noche en


s
po

la Fundación Cultural | A night at Canoas cultural foundation ...... 187


ial

Franclim Davila de Almeida e Jorge Eduardo Muniz Alves Santos


ter
ma

O Gaiteiro | El Gaitero | The bagpiper .......................................... 200


Paula de Carvalho Dias
te
Es

Contos-Horripilantes.indb 6 03/08/2016 13:40:54


o.
Apresentação

çã
iza
Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da in-

tor
dústria tipográfica e de impressos, e vem sendo utilizado desde o
século XVI, quando um impressor desconhecido pegou uma ban-

au
deja de tipos e os embaralhou para fazer um livro de modelos de

m
tipos. Lorem Ipsum sobreviveu não só a cinco séculos, como tam-

se
bém ao salto para a editoração eletrônica, permanecendo essen-

do
cialmente inalterado. Se popularizou na década de 60, quando a
Letraset lançou decalques contendo passagens de Lorem Ipsum,

ha
e mais recentemente quando passou a ser integrado a softwares

rtil
de editoração eletrônica como Aldus PageMaker - Lorem Ipsum.

pa
Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da in-
m
dústria tipográfica e de impressos, e vem sendo utilizado desde o
co
século XVI, quando um impressor desconhecido pegou uma ban-
r

deja de tipos e os embaralhou para fazer um livro de modelos de


se

tipos. Lorem Ipsum sobreviveu não só a cinco séculos, como tam-


de

bém ao salto para a editoração eletrônica, permanecendo essen-


po

cialmente inalterado. Se popularizou na década de 60, quando a


Letraset lançou decalques contendo passagens de Lorem Ipsum,
ão

e mais recentemente quando passou a ser integrado a softwares


en

de editoração eletrônica como Aldus PageMaker - Lorem Ipsum.


is

Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da in-


ra

dústria tipográfica e de impressos, e vem sendo utilizado desde o


uto

século XVI, quando um impressor desconhecido pegou uma ban-


deja de tipos e os embaralhou para fazer um livro de modelos de
sA

tipos. Lorem Ipsum sobreviveu não só a cinco séculos, como tam-


ito

bém ao salto para a editoração eletrônica, permanecendo essen-


ire

cialmente inalterado. Se popularizou na década de 60, quando a


Letraset lançou decalques contendo passagens de Lorem Ipsum,
iD

e mais recentemente quando passou a ser integrado a softwares


su

de editoração eletrônica como Aldus PageMaker - Lorem Ipsum.


s
po

Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da in-


dústria tipográfica e de impressos, e vem sendo utilizado desde o
ial

século XVI, quando um impressor desconhecido pegou uma ban-


ter

deja de tipos e os embaralhou para fazer um livro de modelos de


ma

tipos. Lorem Ipsum sobreviveu não só a cinco séculos, como tam-


bém ao salto para a editoração eletrônica, permanecendo essen-
te

cialmente inalterado. Se popularizou na década de 60, quando a


Es

Letraset lançou decalques contendo passagens de Lorem Ipsum,


e mais recentemente quando passou a ser integrado a softwares

Contos-Horripilantes.indb 7 03/08/2016 13:40:54


de editoração eletrônica como Aldus PageMaker - Lorem Ipsum.
Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da in-
dústria tipográfica e de impressos, e vem sendo utilizado desde o

o.
século XVI, quando um impressor desconhecido pegou uma ban-

çã
deja de tipos e os embaralhou para fazer um livro de modelos de

iza
tipos. Lorem Ipsum sobreviveu não só a cinco séculos, como tam-

tor
bém ao salto para a editoração eletrônica, permanecendo essen-

au
cialmente inalterado. Se popularizou na década de 60, quando a
Letraset lançou decalques contendo passagens de Lorem Ipsum,

m
e mais recentemente quando passou a ser integrado a softwares

se
de editoração eletrônica como Aldus PageMaker - Lorem Ipsum.

do
Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da in-

ha
dústria tipográfica e de impressos, e vem sendo utilizado desde o

rtil
século XVI, quando um impressor desconhecido pegou uma ban-
deja de tipos e os embaralhou para fazer um livro de modelos de

pa
tipos. Lorem Ipsum sobreviveu não só a cinco séculos, como tam-
m
bém ao salto para a editoração eletrônica, permanecendo essen-
co
cialmente inalterado. Se popularizou na década de 60, quando a
r
se

Letraset lançou decalques contendo passagens de Lorem Ipsum,


e mais recentemente quando passou a ser integrado a softwares
de

de editoração eletrônica como Aldus PageMaker - Lorem Ipsum.


po

Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da in-


ão

dústria tipográfica e de impressos, e vem sendo utilizado desde o


en

século XVI, quando um impressor desconhecido pegou uma ban-


deja de tipos e os embaralhou para fazer um livro de modelos de
is

tipos. Lorem Ipsum sobreviveu não só a cinco séculos, como tam-


ra

bém ao salto para a editoração eletrônica, permanecendo essen-


uto

cialmente inalterado. Se popularizou na década de 60, quando a


Letraset lançou decalques contendo passagens de Lorem Ipsum,
sA

e mais recentemente quando passou a ser integrado a softwares


ito

de editoração eletrônica como Aldus PageMaker - Lorem Ipsum.


ire

Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da in-


iD

dústria tipográfica e de impressos, e vem sendo utilizado desde o


su

século XVI, quando um impressor desconhecido pegou uma ban-


deja de tipos e os embaralhou para fazer um livro de modelos de
s
po

tipos. Lorem Ipsum sobreviveu não só a cinco séculos, como tam-


bém ao salto para a editoração eletrônica, permanecendo essen-
ial

cialmente inalterado. Se popularizou na década de 60, quando a


ter

Letraset lançou decalques contendo passagens de Lorem Ipsum,


ma

e mais recentemente quando passou a ser integrado a softwares


de editoração eletrônica como Aldus PageMaker - Lorem Ipsum.
te
Es

As organizadoras.

Contos-Horripilantes.indb 8 03/08/2016 13:40:54


o.
Até o inferno

çã
iza
tor
Jonathan Retzlaff Hardt, Karen Cardoso Barchinski,

au
Larissa de Aguiar Leote e Amanda Daniele Mota

m
se
Parecia um dia como outro qualquer. Pedro se preparava

do
para mais uma jornada de trabalho. Estava em frente ao espelho,

ha
se barbeando. De repente, a imagem cadavérica e assustadora

rtil
de Catarina surge refletida. Com tamanho susto, Pedro acaba se
cortando e sangrando muito.

m pa
- Não, não pode ser! co
Pedro esfrega os olhos, querendo não acreditar no que aca-
r

bava de acontecer. Ele então lava o rosto, desesperado, como


se

quem quer acordar de um pesadelo. Um novo terror faz seu cora-


de

ção disparar. Na água, o rosto sombrio de Catarina.


po

Desnorteado, começa a andar pela casa, assombrado com


ão

a aparição. Passa por diversos espelhos e sempre... lá está ela,


sorrindo-lhe e fazendo provocações.
en

Não adiantava querer voltar atrás, era fato consumado: Ca-


is

tarina estava morta. Restava-lhe apenas lembranças desse amor.


ra

Porém, não queria vê-la. Não lhe agradava a ideia de ver gente
uto

morta.
sA

Passam-se algumas semanas. A rotina volta ao normal. Não


ito

havia acontecido mais nada de estranho. Pedro fica envolto às


ire

lembranças.
iD

Nunca conseguiu esquecer essa mulher. Foi o grande amor


su

da sua vida. Poderia estar até hoje com ela, não fosse uma suces-
são de erros cometidos.
s
po

Mesmo sendo noivo de Catarina e amando-a profundamen-


ial

te, passou a ter relações com Luiza, sua cunhada. Por um tempo,
ter

tentou manter um caso com as duas irmãs, mas essa situação es-
tava se tornando insustentável. Era constantemente pressionado
ma

por Luiza a deixar Catarina. Por outro lado, sua noiva estava cada
te

vez mais desconfiada da traição.


Es

Foi no dia do casamento que tudo aconteceu. Juntos, Pedro


e sua cunhada Luiza tramaram a morte de Catarina e acabaram

Contos-Horripilantes.indb 9 03/08/2016 13:40:55


casando-se.
Agora, com um porta-retrato de Catarina em mãos, recorda-
va esses lamentáveis acontecimentos.

o.
çã
- Ah, Catarina... O que eu fui fazer da minha vida? Podería-

iza
mos estar juntos e felizes agora!

tor
- Eu estou aqui, meu amor! Esperando por você! - diz Ca-

au
tarina, sentada em uma poltrona atrás de Pedro, que não a via.

m
Pedro seguia com o porta-retrato de Catarina nas mãos,

se
suspirando saudoso pela amada, quando Luiza, sua esposa, en-
tra no quarto.

do
ha
- Posso saber o que está acontecendo aqui? - indaga furiosa.

rtil
Pedro tapa o porta-retrato depressa.

pa
- Luiza, que susto! Como entra assim desse jeito? Quer me
matar do coração?
m
co
- Não se faça de idiota, Pedro! Eu vi!
r
se

- Viu o quê, meu amor?


de

- Quanto cinismo, Pedro! Como me faz uma pergunta des-


po

sas? Você sabe muito bem do que estou falando!


ão

Sem conseguir ser visto por Pedro e Luiza, o espírito de Ca-


en

tarina ronda o ambiente, feliz com o que está acontecendo.


- Isso! Discutam! Hahahaha – diverte-se Catarina.
is
ra

- Pedro, eu vi! Não adianta tentar esconder! Eu o flagrei ad-


uto

mirando a foto de Catarina!


sA

- Ah, então é isso! Haha... Ciúmes, Luiza?


ito

- E por acaso não tenho razão, Pedro? - cada vez mais irri-
ire

tada.
iD

- Não. Catarina já está morta e você sabe muito bem disso,


su

afinal você...
s
po

- Chega, Pedro! - corta Luiza – Eu tenho motivos para isso


e você sabe.
ial

- Vocês me mataram! Por que não deixou que ele dissesse?


ter

- Irrita-se Catarina.
ma

- Pedro, você ainda ama a Catarina!


te

- Não, eu amo você!


Es

- Mentira! - grita Luiza – É ela quem você ama! É ela

10

Contos-Horripilantes.indb 10 03/08/2016 13:40:55


quem você sempre amou! - Luiza começa a chorar.
Pedro tenta acalmar sua esposa. Aproxima-se, tenta abraçá-

o.
-la, mas ela se afasta.

çã
- Luiza, é você quem eu amo! Senão, não teria feito o que fiz,

iza
o que fizemos!

tor
- Para de me iludir, Pedro! Eu sei! Eu vi você suspirando por

au
ela!

m
- Isso! Fui eu quem ele sempre amou! Você foi só uma diver-

se
são! - provoca Catarina.

do
- Eu fui só uma diversão para você, Pedro! - Lamenta Luiza,

ha
chorando, como se estivesse absorvendo a ideia de Catarina.

rtil
Pedro leva Luiza para diante do espelho.

pa
- Luiza, meu amor, olha para você! Olha o estado lamentável
em que você se encontra.
m
co
Luiza encara o espelho. Catarina resolve aprontar mais uma
r
se

e aparece refletida. O abalo emocional de Luiza é tão grande que


não percebe que é a própria irmã quem está no espelho.
de
po

- Eu estou a cara da Catarina! Não é possível!


ão

- Ah, não! Vai continuar com isso... Luiza, eu já disse! Che-


ga! - Pedro se irrita.
en

- É verdade, Pedro! Olha aqui! Eu sou ela, quer dizer, ela


is

sou eu!
ra
uto

- Deus do Céu, que tortura! Quer saber, Luiza? Sabe por que
eu estava com o porta-retrato da Catarina e pensando nela?
sA

- Ah, então agora admite, canalha!


ito
ire

- Admito. Estava pensando nela...


iD

- Desgraçado!
su

- Luiza! É sério. Eu ando vendo a Catarina. Quer dizer, an-


s

dava. De uns tempos para cá ela sumiu!


po

- Claro! Só fica olhando as fotos dela!


ial
ter

- Não, não é isso.


ma

- Ah, não? Vai dizer que ela ressuscitou e vocês andam me


traindo?
te
Es

- Luiza, quer parar com bobagem? Eu estou falando sério!


- E eu brincando, por acaso?

11

Contos-Horripilantes.indb 11 03/08/2016 13:40:55


- Luiza, eu ando vendo a Catarina! Um dia fui me barbear
e ela apareceu para mim no espelho. Fui lavar o rosto, achando
que ainda estava dormindo, ela apareceu na água. E começou a

o.
aparecer em todos os espelhos da casa.

çã
- Você está louco! Só pode! Não, louco você não está! Você é

iza
um cafajeste, isso sim! Essa é uma das mentiras mais ridículas

tor
que você inventou até hoje!

au
- Mas é verdade, Luiza...

m
- Ah, é! Então quer dizer que agora eu vou olhar no espelho

se
e a Catarina vai aparecer lá. Hahaha...

do
Luiza vai para a frente do espelho de novo e se encara. A

ha
imagem de Catarina aparece e ela quase cai de susto, dessa vez,

rtil
vendo claramente a irmã em sua frente.

pa
- Meu Deus! - grita.
m
co
- O que houve, Luiza? - preocupa-se Pedro.
r
se

- A Catarina! - apontando para o espelho.


de

Os dois olham para o espelho e conseguem ver a imagem


do fantasma. Catarina dessa vez não apenas aparece, mas sai de
po

dentro do espelho e fica em frente ao casal.


ão

- Saudades de mim, queridos? - Ironiza Catarina.


en

- Catarina, você... - diz Pedro, assustado.


is
ra

- Eu estou morta! Sim, vocês me mataram! - responde Ca-


uto

tarina.
sA

- Volta para o lugar de onde você veio! - grita Luiza.


- Não antes de buscar o que é meu!
ito
ire

- Não tem nada aqui de seu!


iD

- Ah, tem sim! - aponta para Pedro.


su

- Parem vocês duas! - grita Pedro – Quer dizer, o que eu es-


s

tou falando? Só pode ser uma alucinação.


po

- Não é não, meu amor! Sou eu, sua amada Catarina.


ial
ter

- Sua traidora! Saia daqui! Volta para o inferno – irrita-se


ma

Luiza.
- Eu, traidora? Olha quem fala! Eu era noiva do Pedro e vo-
te

cês me traíram!
Es

- E te matamos! Nos livramos de você! - Luiza ri, nervosa.

12

Contos-Horripilantes.indb 12 03/08/2016 13:40:55


- Não se livraram não... Olha eu aqui! - provoca Catarina.
- Parem já com isso! - grita Pedro.

o.
Luiza vai até uma gaveta, pega um objeto cortante e avança

çã
para cima de Catarina.

iza
- Já vamos acabar com isso! Fizemos uma vez, não custa

tor
fazer de novo e agora para sempre! - diz Luiza determinada.

au
Com o objeto cortante, Luiza avança e ataca Catarina, po-

m
rém como se trata de um espírito, ela o atravessa e acaba atingin-

se
do o corpo de Pedro, que cai ensanguentado.

do
Luiza se desespera e cai no chão, chorando muito.

ha
- Pedro, meu amor! Não! O que eu fiz? - desespera-se.

rtil
Alguns minutos depois, um ambiente muito quente, um ca-

pa
lor insuportável. Gemidos e gritos de dor em volta. De repente,
m
em meio a tudo isso, é ouvido um barulho ensurdecedor de uma
co
porta se abrindo. E do lado de dentro, uma voz sensual.
r
se

- Por que demoraste, meu amor? - questiona Catarina.


de

- Pedro vai até Catarina e a abraça.


po

- Você conseguiu! Agora vamos ficar juntos por toda a eter-


nidade!
ão
en

Novamente é ouvido o barulho da porta se abrindo. Na dire-


ção de Pedro e Catarina caminha Luiza, irônica, batendo palmas.
is
ra

- Mas que belo casal! Acho que esqueceram de me convidar.


uto

- Luiza?! - Assustam-se Pedro e Catarina.


sA

Nas lembranças de Luiza, podemos vê-la desesperada com a


morte de Pedro. Ela pega o mesmo objeto com que matou o mari-
ito

do e corta seu próprio pescoço.


ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es

13

Contos-Horripilantes.indb 13 03/08/2016 13:40:55


o.
Hasta el infierno

çã
iza
tor
Jonathan Retzlaff Hardt, Karen Cardoso Barchinski,

au
Larissa de Aguiar Leote e Amanda Daniele Mota

m
se
Traducción: Larissa de Aguiar Leote

do
ha
Parecía un día como otro cualquiera. Pedro se prepara para

rtil
outro día de trabajo. Estaba en frente al espejo, afeitándose. De

pa
pronto, la imagen cadavérica y asombrosa de Catarina surge re-
flejada. Con tal espanto, Pedro se corta y sangra mucho. m
co
- ¡No, no puede ser!
r
se

Pedro frega los ojos, no quiere creer en lo que acababa de


de

ocurrir. Entonces, él lava su cara, desesperado, como quien des-


po

pierta de un sueño.
ão

Un nuevo miedo hace su corazón latir muy fuerte. En el


agua, el rostro asombroso de Catarina. Aturdido, empieza a an-
en

dar por la casa, asombrado con la aparición. Camina por algunos


is

espejos y siempre observa a la mujer, sonriendo y haciendo mu-


ra

chas provocaciones.
uto

Un acontecimiento era verdadero: Catarina estaba muerta.


sA

Solamente tenía recordación de aquel amor. Pero, no quería verla.


No le gustaba la idea de ver a personas muertas.
ito
ire

Algunas semanas después la rutina vuelve a la normalidad.


No había ocurrido nada raro. Pedro se envolucra a muchos re-
iD

cuerdos.
su

Nunca había olvidado esta mujer. Ella fue el gran amor de


s
po

su vida. Podría estar hasta hoy con ella, No fuera por muchos
errores cometidos.
ial
ter

Aunque estubiera novio de Catarina y la quisiera mucho, él


empezó a tener relaciones con Luiza, su cuñada. Por un tiempo,
ma

intentó mantener un romance con las dos hermanas, pero esta


te

situación estaba difícil. Fue presionado fuertemente por Luiza


Es

para dejar a Catarina. Su novia tenía más y más sospechas de


una traición.

14

Contos-Horripilantes.indb 14 03/08/2016 13:40:56


Fue en el día del matrimonio que todo se sucedió. Juntos,
Pedro y su cuñada Luiza planearon la muerte de Catarina y se
casaron.

o.
çã
Ahora, con una foto de Catarina en sus manos, recuerda
estos eventos lamentables.

iza
- Ah Catarina... ¿Qué yo estaba haciendo com mi vida? ¡Po-

tor
dríamos estar juntos y felices ahora!

au
- ¡Yo estoy aquí, mi amor! Esperando por ti. - Dice Catarina,

m
sentada en una silla detrás de Pedro, que no podía verla.

se
Pedro continuaba con la foto de Catarina en las manos, sus-

do
pirando por la amada, cuando Luiza, su esposa, entra en el apo-

ha
sento.

rtil
- ¿Puedo saber qué esta sucediendo aquí? - Pregunta ella,

pa
enojada.
Pedro oculta rápidamente la foto. m
co
r

-¡Luiza, qué susto! ¿Por qué entras de esa forma? ¿Quieres


se

matarme de un ataque cardiaco?


de

-¡No te hagas el tonto, Pedro, yo lo vi!


po

-¿Qué viste, mi amor?


ão

-¡Cuanto cinismo, Pedro! ¿Cómo me haces uma pregunta


en

así? Sabes muy bien lo que quiero decir.


is

Invisible para Pedro y Luiza, el espíritu de Catarina ronda el


ra

ambiente, contenta con lo que estaba pasando.


uto

- ¡Sí,peleen mucho! Jajajajaja. - Catarina deleitándose.


sA

-¡Pedro, yo lo vi! No trate de ocultarlo. Yo te sorprendí mi-


ito

rando la foto de Catarina.


ire

- ¿Ah, entonces es eso,rivalidad, Luiza?


iD

- ¿No tengo razón, Pedro? - Cada vez más enojada.


su
s

- No. Catarina está muerta y sabes muy bien, porque tú…


po

- ¡Basta, Pedro! – corta Luiza – Yo tengo razones para esto y


ial

tú sabes.
ter

- ¡Ustedes me mataron! ¿Por qué no le dejó completar la fra-


ma

se? - Irritada Catarina.


te

-Pedro, tú aún la quieres mucho.


Es

-¡No, yo te quiero!

15

Contos-Horripilantes.indb 15 03/08/2016 13:40:56


- ¡Mentira! – grita Luiza- ¡Es ella que tú quieres, es ella quien
siempre amaste!- Luiza empieza a llorar.
Pedro trata de calmar su esposa. Él se acerca, intenta abra-

o.
çã
zarla, pero Luiza se aparta.

iza
- Luiza, eres tú quien yo amo. ¡Si no fuera, yo no habría he-
cho lo que hice, lo que hicimos!

tor
au
- ¡Basta de engañarme, Pedro, yo sé! Te vi suspirando por
ella.

m
se
- ¡Sí, fue yo quien él siempre amó, fuiste solamente una di-
versión! –Provoca Catarina.

do
ha
- ¡Yo fui solo uma diversión para ti, Pedro!- Llora Luiza, pen-
sando en Catarina.

rtil
pa
Pedro lleva a Luiza para el espejo.

m
-¡Luiza, mi amor, mírate! Mira el estado lamentable que te
co
encuentras.
r
se

Luiza mira el espejo. Catarina resuelve preparar otra y apa-


rece reflejada. El choque emocional de Luiza es muy gran que no
de

se da cuenta que es su hermana quien esta reflejada.


po

-¡Me parezco mucho a Catarina, no es posible!


ão

-¡No, continuarás con esto, Luiza, basta! - Pedro se enoja.


en

- ¡Es verdad, Pedro, mira! Yo soy ella, quiero decir, ella soy
is

yo.
ra
uto

-¡Dios mío, que tortura! ¿Sabes por qué yo estaba con la foto
de Catarina en las manos y pensando en ella?
sA

- ¡Ah, entonces ahora admite, canalla!


ito

- Sí, estaba pensando en Catarina..


ire
iD

- ¡Desgraciado!
su

-¡Luiza! Yo veo Catarina, quiero decir, via. Hace algún tiem-


s

po, ella desapareció.


po

- ¡Por supuesto, estás mirando las fotos de ella!


ial

- No, no es eso.
ter
ma

- ¿No? Ella se levantó de nuevo y ustedes me están enga-


ñando?
te

-¿Luiza, quieres dejar de tontería? ¡Yo estoy hablando en


Es

serio!

16

Contos-Horripilantes.indb 16 03/08/2016 13:40:56


- ¿Y yo acaso estoy jugando?
- ¡Luiza, yo la vi! Un día estaba afeitándome y Catarina apa-
reció para mí en el espejo. Fue lavar mi rostro, pensando que aún

o.
çã
estaba durmiendo, ella apareció en el agua, después empezó a
aparecer en todos los espejos de la casa.

iza
- ¡Estás loco, sí! ¡No, no estás loco,tú eres un sinvergüen-

tor
za,esta es una de las mentiras mas ridículas que inventaste hasta

au
hoy!

m
-¡Pero es la verdad, Luiza!

se
- ¿Sí? ¿Entonces quiere decirme que ahora yo voy mirar el

do
espejo y Catarina aparecerá? Jajaja.

ha
Luiza va al espejo outra vez y la imagen de Catarina apa-

rtil
rece. Luiza casi cae de susto, esta vez, mirando claramente a su

pa
hermana.
- ¡Dios mío! Grita. m
co
r

-¿Qué sucedió, Luiza? – Pedro se preocupa.


se

-¡Catarina! – señala al espejo.


de

Los dos miran al espejo y puden ver la imagen del fantasma.


po

Catarina de esa vez no solamente aparece, sale del espejo y apa-


ão

rece delante de ellos.


en

-¡Sintieron mi falta, queridos? – Se burla Catarina.


is

-Catarina, tú... – Habla Pedro, asustado.


ra
uto

-Yo estoy muerta. ¡Si, ustedes me mataron!


sA

-¡Volve al lugar de donde viniste! – Grita Luiza.


-No sin antes tomar lo que es mío.
ito
ire

- No hay nada suyo aquí.


iD

¡Ah, hay sí! – Señala a Pedro.


su

-¡Dejen de luchar, ustedes! – Grita Pedro.


s
po

-Quiero decir, ¿qué estoy hablando? Solo puede ser una alu-
cinación.
ial
ter

-¡No soy una alucinación, mi amor! Soy yo, tu amada Cata-


ma

rina.
-¡Traidora, vete de aquí! Vuelve al infierno. – Irritada Luiza.
te
Es

-¿Traidora, yo? ¡Mira quién habla! Yo era la novia de Pedro


y ustedes me traicionaron.

17

Contos-Horripilantes.indb 17 03/08/2016 13:40:56


-¡Y te matamos, nos deshicimos de ti! – Luiza rie, nerviosa.
- ¡No, en absoluto, mira yo estoy aquí! – Provoca Catarina.

o.
-¡Basta! – Grita Pedro.

çã
Luiza vas a un cajón, toma un objeto afilado y se dirige a

iza
Catarina.

tor
-¡Vamos a terminar esto pronto! Hicimos esto una vez, po-

au
demos hacerlo de nuevo, y ahora para siempre. – Habla Luiza,

m
determinada.

se
Con el objeto afilado, Luiza avanza y ataca a Catarina, pero,

do
porque ella es un espíritu, Luiza lo cruza y acaba por atingir a

ha
Pedro, que cae y sangra mucho.

rtil
Luiza se desespera y cae en el suelo, llorando mucho.

pa
-¡Pedro, mi amor, no! ¿Qué hice yo? – Se desespera.
m
Algun tiempo después, un lugar muy caliente, demasiado
co
caliente, gemidos y gritos de dolor.
r
se

De pronto, en el medio de todo, un ruído muy fuerte de una


de

puerta abriéndose y una voz muy atractiva.


po

-¿Por qué tardaste, mi amor? – Pregunta Catarina.


ão

Ellos se abrazan.
en

-¡Conseguiste! Ahora vamos a juntarnos por toda la eterni-


dad.
is
ra

De nuevo el ruido de la puerta se oye. En la direción de Pe-


uto

dro y Catarina camina Luiza, aplaudiendo.


sA

-¡Mira, que hermosa pareja! Creo que se olvidaron de invi-


tarme.
ito
ire

- ¿Luiza? – Se assustaron ellos.


iD

En los recuerdos de Luiza, podemos verla desesperada con


su

la muerte de Pedro. Ella toma el mismo objeto afilado que usó


s

para matar a Pedro y corta su propio cuello.


po
ial
ter
ma
te
Es

18

Contos-Horripilantes.indb 18 03/08/2016 13:40:56


o.
Heading to Hell

çã
iza
tor
Jonathan Retzlaff Hardt, Karen Cardoso Barchinski,

au
Larissa de Aguiar Leote e Amanda Daniele Mota

m
se
Translated by: Matias Hasenack and Nicolas Blauth de Mattos

do
ha
rtil
It seemed like an ordinary day. Pedro was preparing himself

pa
for another work marathon. He was in front of the mirror, shav-

m
ing. Suddenly, the frightening and deadly image of Catarina ap-
co
pears reflected. With such a fright, Pedro accidently cut himself,
bleeding a lot.
r
se

‘No, no it can’t be true!’


de

Pedro rubs his eyes, not wanting to believe in what had just
po

happened. He desperately washes his face, like someone who


ão

wants to wake up from a nightmare. A new terror makes his heart


speed up. On the water, he sees Catarina’s gloomy face.
en

Confused, he starts to walk around the house, haunted by


is

the nightmarish apparition. He passes by many mirrors, and


ra

she is always there, smiling at him and taunting him. He had to


uto

face the facts: Catarina was dead. Only memories of this love re-
sA

mained. However, he did not want to see her. He did not like the
idea of seeing dead people.
ito
ire

Weeks have passed. The routine was back to normal. Noth-


ing strange had happened. Pedro was trapped in his memories.
iD

He had never forgotten that woman. She had been the great-
su

est love of his life. He could still be with her, if it was not for a
s
po

succession of mistakes committed.


ial

Even though he was deeply in love with his fiancée Catarina,


ter

he started an affair with Luiza, his sister-in-law. For some time,


he managed to have a relationship with both sisters, but this sit-
ma

uation was getting unbearable. He was being constantly pushed


te

by Luiza to let Catarina go. On the other hand, his fiancée was
Es

increasingly suspicious of the betrayal.


It all happened on the wedding day. Together, Pedro and

19

Contos-Horripilantes.indb 19 03/08/2016 13:40:57


his sister-in-law plotted Catarina’s death, marrying afterwards.
Now, with a portrait of Catarina, he remembered these unfortu-
nate events.

o.
çã
‘Oh, Catarina... What have I done with my life? We could
have been together and happy right now!’

iza
‘I am here, my love! Waiting for you!’, said Catarina, sitting

tor
on an armchair behind Pedro, who could not see her.

au
Pedro kept holding Catarina’s portrait, nostalgically sighing

m
for his lover, when Luiza, his wife, entered the room.

se
‘What is going on here?’, she asked furiously.

do
ha
Pedro, then, quickly covers the portrait.

rtil
‘Luiza, you scared me! Why did you get in like that? Do you

pa
want to give me a heart attack?’, says Pedro.
‘Do not be silly, Pedro! I saw it!’
m
co
‘What did you see, my love?’
r
se

‘How cynical you are, Pedro! How can you ask that? You
de

know exactly what I’m talking about!’


po

Without being seen by Pedro and Luiza, Catarina’s spirit


roams the place, happy about the situation.
ão
en

‘Yes! Keep arguing! Hahahaha’, Catarina says, enjoying it.


‘Pedro, I saw it! Do not try to hide it! I found you admiring
is
ra

Catarina’s photo!’
uto

‘Oh, so that’s it! Ha-ha. You are jealous, Luiza?’


sA

‘Shouldn’t I be, Pedro?’ – She says, even more furious.


ito

‘No! Catarina is already dead and you know that. After all,
ire

you…’
iD

‘Enough, Pedro!’, interrupts Luiza, ‘ I have reasons to be


su

jealous and you know it.’


s

‘You both killed me, why didn’t you let him finish his
po

speech?’, says Catarina angrily.


ial

‘Pedro, you still love Catarina!’


ter
ma

‘Of course not. I love you!’


‘Liar!’, shouts Luiza – You love her! You have always loved
te

her! – Luiza starts to cry.


Es

Pedro tries to calm his wife. He approaches, tries to hug her,

20

Contos-Horripilantes.indb 20 03/08/2016 13:40:57


but she walks away.
‘Luiza, you are the love of my life! If you weren’t, I wouldn’t
have done what I did, what we did together!’

o.
çã
‘Stop deceiving me, Pedro! I know’ I saw you sighing for her!’

iza
‘Yes! He always loved me! You were just for fun’, mocks Ca-

tor
tarina.

au
‘For you, I was just for fun, Pedro! – regrets Luiza, crying,

m
as if she were absorbing Catarina’s idea. Pedro takes Luiza to the

se
mirror.

do
‘Luiza, my love, look at you! Look at your pitiful state.’ Luiza

ha
faces the mirror.

rtil
Catarina decides to play a trick on them one more time and

pa
appears reflected on the mirror. Luiza’s emotional shock is so big
that she does not notice that it is her own sister’s reflection on
the mirror. m
co
r

‘My face looks like Catarina’s! Impossible!’


se

‘Oh, no! Will you insist on this? Luiza, I have said it already!
de

Enough!’, says Pedro angrily.


po

‘It is true, Pedro! Look here! I am her, I mean, she is me!’


ão
en

‘Oh my Goodness, I am being tortured! You know what, Lu-


iza? Do you know why I was with Catarina’s portrait, thinking
is

about her?’
ra
uto

‘Ah, now admit it, scoundrel!’


sA

‘I do. I was thinking about her.’


‘Bastard!’
ito
ire

‘Luiza! I am serious, I have been seeing Catarina. I mean, I


iD

used to. She was gone for some time, so far!’


su

‘Of course! You are always looking at her pictures!


s

‘No! That’s not true!’


po

‘Oh, no? Are you saying that she came back to life and you’ve
ial

been cheating on me?’


ter
ma

‘Luiza, don’t be silly! I’m serious!’


‘And I must be joking, right?’
te
Es

‘Luiza, I’ve been seeing Catarina! One day, I was shaving


and she suddenly appeared to me in the mirror. I washed my

21

Contos-Horripilantes.indb 21 03/08/2016 13:40:57


face, thinking that I was still sleeping, but she appeared on the
water, as well. Then, she started to appear in all the mirrors of
the house.

o.
çã
‘You’re crazy! No, you’re not crazy! You are a jerk! This is one
of the most ridiculous lies I have ever been told!

iza
‘But it’s the truth, Luiza...’

tor
au
‘Oh, sure! So, now you are saying that if I look in the mirror,
Catarina will be there? Hahaha...’

m
se
Luiza goes to the front of the mirror again and faces herself.
Catarina’s image appears, frightening Luiza to the point that she

do
almost fell.

ha
‘My goodness!’, she screams.

rtil
pa
‘What happened, Luiza?’ says Pedro, worried.

m
- It’s Catarina! – says Luiza, pointing to the mirror.
co
They both look at the mirror and see the ghost’s image. This
r
se

time, not only does Catarina show up, but she also comes out of
the mirror and stays right in front of the terrified couple.
de

‘Missed me, sweeties?’, says Catarina, feeling ironic.


po

‘Catarina, you...’, says Pedro, scared.


ão
en

‘I’m dead? Yes, you both killed me!’, answers Catarina.


‘Go back to where you came from!’, screams Luiza.
is
ra

‘Not before I catch what is mine!’


uto

‘There is nothing yours here!’


sA

‘Oh, yes, there is!’, pointing to Pedro.


ito

‘You two, stop!’, shouts Pedro.


ire

‘I mean, what am I saying? This must be a hallucination.’


iD
su

‘No, it isn’t, sweetheart! It is me, your dear Catarina.’


s

‘You’re a traitor, Catarina! Get out of here. Go back to hell –


po

says Luiza, irritated.


ial

‘A traitor, me? Look who is talking! I was Pedro’s fiancée and


ter

you cheated on me.’


ma

‘And killed you! We got rid of you!, laughed Luiza nervously.


te

‘No, you didn’t, I’m here!’, teased Catarina.


Es

‘You two, stop it’, screams Pedro.

22

Contos-Horripilantes.indb 22 03/08/2016 13:40:57


Luiza goes to a drawer, grabs a cutting object and gets to
Catarina.
‘We will end this right now! We did it once, it’s no bother to

o.
çã
do it again, this time for good!’, says Luiza, determined.

iza
With the cutting object, Luiza approaches Catarina and at-
tacks her. However, since Catarina is a ghost, the object passes

tor
right through her and hits Pedro’s body, who fell to the floor,

au
bleeding.

m
Desperately, Luiza falls to the ground, crying deeply.

se
‘Pedro, my love! No! What have I done?’, says Luiza.

do
ha
Some minutes later, a very hot place, an unbearable heat.
Moans and screams of pain everywhere. Suddenly, in the middle

rtil
of it all, the deafening noise of a door opening is heard. And, from

pa
the inside, a sensual voice speaks.
m
‘What took you so long, honey?’, asks Catarina.
co
r

Pedro goes to Catarina and hugs her.


se

‘You did it! Now we will be together for the end of the time.’
de

Once again, the noise of the door is heard. Towards Pedro


po

and Catarina, walks Luiza, clapping ironically.


ão

‘What a cute couple! I guess you two forgot to invite me.’


en

‘Luiza? How…’, Pedro and Catarina panicked.


is
ra

In Luiza’s memories, we can see her desperate about Pedro’s


uto

death. She grabs the same object that killed her husband and
cuts her own neck.
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es

23

Contos-Horripilantes.indb 23 03/08/2016 13:40:57


Contos-Horripilantes.indb 24

Es

Imagem / gravura...
te
ma
ter
ia lp
os
su
i Di
re
ito
sA
uto
ra
is
en
ão
24

po
de
se
r co
mpa
rtil
ha
do
se
m
au
tor
iza
çã
o.
03/08/2016 13:40:58
o.
A menina que não se vê

çã
iza
tor
Elidiane Guerim Almeida

au
Eliziane da Silveira Botelho Peres

m
se
do
Quando a conheci, admirou-me vê-la sempre tão distante
das outras moças de sua idade. Tinha pensamentos introspecti-

ha
vos e distantes, que se opunham às crenças daquela cidade, onde

rtil
o sol brilhava com intensidade e as noites de lua cheia faziam dela

pa
um enigma. Era bela e extremamente tímida, seu olhar observava
m
tudo o que se passava em seu redor. Acreditava que os animais
co
domésticos tinham que ser amados, pelo simples fato de serem
animais, quando uma maioria compra animais com pedigree. Não
r
se

entendia os desejos que a humanidade almejava, e isso a tornava


de

invisível, enquanto as pessoas compravam aceleradamente e cor-


riam para fazer a vontade do outro, esquecendo-se de si mesmo.
po

Ficava ali a observar, inamovível. Olhava o otimista, que achava


ão

que não precisava lutar porque a causa já estava ganha e questio-


en

nava o pessimista que não saía do lugar, afinal, nada vai mudar
e as coisas são mesmo assim.
is
ra

Não sentia desejo de seduzir porque o que possuía já era o


uto

suficiente para sobreviver e a vida era justa demais, sempre tendo


que suprir as necessidades alheias. Luna era a filha mais nova;
sA

a mãe dela, Dona Cota, preocupava-se com a filha que lia muito
e ficava cada vez mais com ideias fora da realidade. Perguntava-
ito

se sozinha em seus pensamentos o que fariam as pessoas se não


ire

tivessem regras? Qual seria o nosso comportamento se ninguém


iD

nos olhasse? Até onde vai nossa vontade? O que somos capazes
su

de fazer na obscuridade?! Sua mãe resolveu procurar um mago


s

que vivia nas redondezas vizinhas, ele era um andarilho esperto


po

e aproveitador. Chamava-se Luser, era fabricante de espelho má-


ial

gico e suas consultas eram bem requisitadas por muitas pessoas


que vinham de longe.
ter
ma

Dona Cota juntou todo o dinheiro que possuía e levou para


o mago, visando buscar solução para os problemas de sua filha.
te

Quando chegou na casa de Luser, a pobre mulher desatou a cho-


Es

rar e a contar o quanto sua filha era diferente. Luser, que não era
bobo nem nada, deu um espelho mágico de presente para Dona

25

Contos-Horripilantes.indb 25 03/08/2016 13:40:58


Cota, que saiu esperançosa. Ele disse que daquele momento em
diante, o espelho tinha poder de realizar tudo o que fosse pedido.
Se a moça fosse gorda, ela teria, com certeza, o peso estabelecido,

o.
se fosse magra, o espelho daria seu jeito, afinal, era para essa

çã
tarefa que existia.

iza
O que ninguém sabia, nem mesmo sua mãe, era que Luna

tor
tinha nascido em noite de lua cheia e recebeu do universo um po-

au
der de mudar o mundo, quando isso fosse necessário, teria força
para criar um mundo diferente de tudo o que já foi criado, mas

m
isso só aconteceria o dia que ela encontrasse sua alma afim.

se
do
Esse encontro o universo ainda não tinha resolvido, mas
seria assim:

ha
rtil
Quando dois espíritos afins se encontram e se reconhecem,
todas as coisas que fazem mal se dissolvem e o bem vence o mal.

pa
Isso foi determinado antes deles virem para a Terra. Nesse tra-
m
jeto, passaram pelo véu do esquecimento e aquele momento não
co
havia chegado ainda. Luna não gostava de sair de casa. Dizia que
r

os outros não a viam e de que adiantava sair se continuava sem-


se

pre só?! Preferia ficar viajando com a leitura de seus livros. Tinha
de

em seu quarto uma estante que ia do rodapé até o teto, sem ficar
po

uma lista sequer de tinta vista da parede, lotada de livros. Luna já


lera todos e alguns foram lidos muitas vezes. Tinha ela uma pecu-
ão

liaridade, além de todos a acharem diferente, ela também se sen-


en

tia assim e há alguns anos não se olhava num espelho. Não sabia
como seu rosto sereno, calmo e introspectivo tinha se tornado ao
is

passar dos anos. Observava os olhares de todas as pessoas, às


ra
uto

vezes que saíra para a rua, pensava: -“Por que me olham assim,
sou igual a qualquer um. Ou não?” Sentia-se incomodada e por
sA

tal motivo, voltava para seu universo literário, com o qual a segu-
rança tomava conta dele e podia ser a pessoa que quisesse ser.
ito
ire

Dona Cota, já de posse do espelho mágico, entrou em casa


iD

com euforia e no instante que ia dizer a Luna sobre o espelho,


refletiu: “e se ela ignorar, não levar a sério? O espelho poderá não
su

funcionar. Luna está estranha ultimamente, irei apenas dizer que


s
po

comprei para decorar seu quarto. ” Seguindo em direção onde es-


tava a filha, Dona Cota entregou a ela uma caixa amarrada com
ial

um laço azul enorme e com um sorriso lhe pediu que abrisse.


ter

Luna não era de fazer alvoroço em nenhuma situação, mesmo se


ma

tratando de um presente e com um laço azul enorme. Segurou a


caixa com as pernas e com as duas mãos de uma só vez desfez
te

o laço e tirando a tampa, olhou o espelho, fechou a caixa rapi-


Es

damente e correu em direção ao seu quarto. Dona Cota saiu em


disparada ao encontro da filha, sem entender nada. “– Luna, abra

26

Contos-Horripilantes.indb 26 03/08/2016 13:40:58


essa porta agora!”- gritava a mãe desesperada. “- O que houve?
Você não gostou da cor? Posso trocá-la. ”
O pranto da menina se ouvia por toda a casa e ninguém

o.
çã
entendia o porquê desse desespero. Luna ficou enclausurada em
seu quarto por alguns dias, sem conversar com ninguém. Dona

iza
Cota já não comia ou dormia por não saber o que se passava com

tor
a filha. O contato era apenas físico entre as duas, não saía sequer

au
um fonema naquele quarto. Apenas Luna a deixava entrar para
levar comida.

m
se
A mãe, não sabendo mais o que pensar, lembrou que o

do
mago tinha dito que o espelho era mágico. Sendo assim, poderá
transformá-la em uma pessoa feliz, melhor e tirá-la dessa pri-

ha
são - pensou Dona Cota. Foi até Luser e explicou a situação, ele

rtil
sentiu-se culpado pela mentira e contou a ela que o espelho era

pa
normal como qualquer outro e que a magia estava nas pessoas e
m
não num pedaço de vidro. Nesse momento, o mago reviveu algu-
co
mas peripécias esquecidas por ela. Dona Cota ficou brava, mas
ao mesmo tempo, agradecida por Luser não enganá-la mais. No
r
se

meio do caminho de volta para casa, sempre se perguntava: “ O


de

que houve com Luna? Por que chora tanto se a amamos muito?
Dou minha vida a ela, preciso descobrir o que a aflige.”
po

Enquanto a mãe não chegava, Luna saiu do quarto para pe-


ão

gar um copo com água na cozinha e passando pela sala, avistou a


en

caixa com o laço azul. Teve curiosidade para ver se o espelho ain-
da estava lá. Levantou a tampa e pegou-o, levando-o às pressas
is
ra

para seu quarto. Pendurou-o próximo da janela, mas não tinha


uto

coragem de ficar muito tempo olhando para ele. Algo estranho


acontecia. Toda vez que a menina fixava o olhar em um espelho,
sA

ia desaparecendo. Luna percebeu que a primeira vez que esse fato


ito

ocorreu foi aos doze anos, numa noite de lua cheia, quando ten-
tou passar pela primeira vez um batom que pegara escondido da
ire

mãe. Desde então, nunca mais conseguiu olhar-se em qualquer


iD

espelho, pois aos poucos seu semblante inocente ia sumindo, dei-


su

xando-a assustada, sem entender o estranho episódio. Mas como


s

explicar se todos a achavam estranha?! Alguns até diziam que


po

tinha um espírito dentro dela, outros caçoavam porque no seu


ial

quarto só havia livros e sua cama. Nem mesmo uma fotografia


ter

pusera na parede. Não se arrumava, ou se pintava, porque não


se via. Segredo que deveria ser desvendado, logo seus pais iriam
ma

arrumar um noivo. Como casar-se? Quem iria querer casar-se


com ela? Precisava de uma explicação.
te
Es

Dona Cota, chegando em casa, percebeu que a caixa onde


o espelho estava se encontrava aberta. Correndo até o quarto da

27

Contos-Horripilantes.indb 27 03/08/2016 13:40:58


filha, pois não tinha dúvida ter sido ela quem o pegou, bateu à
porta e não aguentando de felicidade, perguntou: “- Filha, você
está bem? Que bom, você saiu do seu quarto. Abra a porta que eu

o.
quero abraçá-la. - Mãe, me deixa em paz!”-respondeu a menina.

çã
A mãe voltou ao desolamento, mas respeitou o pedido da filha.

iza
Passaram-se alguns dias até a chegada do aniversário de

tor
Luna, que completara quinze anos. E era costume das famílias

au
daquela comunidade apresentarem as filhas debutantes aos pre-
tendes da cidade. Todos estavam envolvidos com os preparativos

m
da festa. O salão era o mais nobre da cidade, com toda a pompa

se
que uma festa de debutante merece.

do
A preocupação da família de Luna era como convencê-la de

ha
debutar, estando ela naquela situação e pelo histórico que a en-

rtil
volvia. Dona Cota fez suas rezas de costume e fora falar com a

pa
filha. Entrou no quarto de Luna e avistou a filha sentada numa

m
banqueta, que era de sua falecida vó. Estava despenteada, com
co
pijama e algum exemplar literário nas mãos. “– Filha, precisamos
conversar!”- disse a mãe, levantando a face de Luna com o dedo
r
se

indicador em direção a sua. “- Hoje você está de aniversário e é


uma emoção comemorarmos esta data, pois seu pai e eu acha-
de

mos que iríamos perdê-la no parto e o sonho de termos uma me-


po

nina era o que nos mantivera fortes. E, felizmente, você está aqui,
ão

linda, completando seus quinze anos.” Dito isto, e, aos prantos,


mãe e filha se abraçam. Luna sente um amor enorme por sua fa-
en

mília e resolve compartilhar com sua mãe seu segredo.


is

“- Mãe, até meus doze anos, eu sempre fui muito feliz, tive
ra

amigos, adorava cantar. A senhora lembra disso? ” A mãe balan-


uto

ça a cabeça com sinal positivo e passa a mão nos cabelos da filha,


sA

fazendo um demorado carinho que não fazia há muito tempo. “-


Um dia, peguei um batom seu e fui passar para dar uma cor ao
ito

meu rosto, que eu achava tão pálido. Porém, eu não refletia no


ire

espelho e meu corpo ia sumindo aos poucos. Me fechei no meu


iD

mundo porque tive medo. Via você sempre bela se olhando no


su

espelho do corredor da sala. Quando diziam que eu era estranha,


cada vez mais eu acreditava. Isso se repetiu desde então. Me aju-
s
po

de, não sei o que pensar”, desabafou a jovem.


ial

Dona Cota levantou-se desolada e, sem saber o que dizer


ter

no momento pra filha, saiu do quarto. Luna ficou desamparada


e pensou em fugir. Para que ficar? Como ir a sua própria festa
ma

de debutante, se o espelho consumia sua juventude e sua alma?


te

Mas não o fez, continuou ali.


Es

Luna saiu do quarto e fora até o altar que a mãe mantinha


em casa e ajoelhou-se pedindo, implorando por uma explicação

28

Contos-Horripilantes.indb 28 03/08/2016 13:40:58


que a libertasse de tal sofrimento. Em alguns segundos, todos
os espelhos da casa se partiram. Eram estilhaços por todos os
lados, estrondos fortíssimos, coisas caindo umas sobre as ou-

o.
tras. Luna levantou-se aos gritos, à procura da mãe ou de algum

çã
familiar, mas nada, estava sozinha em casa. Dona Cota chegou

iza
em seguida e vendo o estado da casa e da filha, resolveu contar
a verdade a ela. Dona Cota mantivera um segredo desde quando

tor
ainda estava grávida de Luna. Já era uma senhora de meia idade

au
e tinha tido quatro filhos homens e seu sonho era ter uma meni-

m
na. Então, foi até Luser e pediu que ele fizesse um feitiço para que

se
ela pudesse conceber uma menina (não tinha como saber o sexo
na época). Um sacrifício que teria que fazer era de não se achar a

do
mulher mais bela da cidade. Dona Cota era tão linda e tinha tan-

ha
ta vaidade que causava inveja em todos. Ela então prometeu que

rtil
se concebesse uma menina, iria ser uma mãe zelosa e iria deixar

pa
a beleza da filha vir a ser natural. Mas não foi isso que aconteceu,

m
a sua vaidade foi além do amor de mãe. Ela deixava de dar amor
co
aos filhos e ao marido para ter tempo de se enfeitar, ser mais bela
e correr contra o tempo. Mentia que não possuía dinheiro quando
r
se

Luna queria passear para comprar produtos de beleza.


de

Luna era linda por natureza, seu rosto angelical, rosado e


po

suave, nem precisava de pintura alguma. O amor pela mãe era


maior que sua beleza, então foi até seu quarto e olhou para o
ão

espelho, aquele da caixa com o laço azul, o único que não tinha
en

quebrado. Pendurou na parede, colocou seu melhor vestido e,


olhando para a mãe com um olhar inocente e amoroso, pediu:
is

“- Qual cor do batom a senhora me sugere? ” A mãe, aos prantos,


ra

começa a preparar a filha para sua linda festa de debutante.


uto

Saem todos para a festa e, na entrada, há um espelho enor-


sA

me cobrindo toda uma parede. Luna olha pela primeira vez seu
ito

corpo de menina moça, todo enfeitado num lindo vestido azul de


ire

laço de fita.
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es

29

Contos-Horripilantes.indb 29 03/08/2016 13:40:59


o.
La chica que no se ve

çã
iza
tor
Elidiane Guerim Almeida

au
Eliziane da Silveira Botelho Peres

m
se
Traducción: Jéferson Teixeira Rocha

do
ha
Cuando la conocí, me sorprendía al verla siempre tan lejos

rtil
de otras chicas de su edad. Tenía pensamientos introspectivos y

pa
distantes, que se oponían a las creencias de aquella ciudad en la
m
que brillaba el sol y la luna llena la convertían en un rompecabe-
co
zas. Era preciosa y extremadamente tímida. Con su mirada obser-
r

vaba todo lo que ocurría a su alrededor. Creía que las mascotas


se

tenían que ser amada por el simple hecho de que son animales,
de

mientras una mayoría comprar animales con pedigrí. No enten-


po

día los deseos que la humanidad anhelaba y eso la convertía en


una persona invisible, mientras la gente compraba rápidamente
ão

y corría para complacer a los demás, olvidándose de sí misma. Se


en

quedaba allí observando todo, impasible. Mira el optimista que


pensaba que no era necesario para luchar por la causa ya es vic-
is

toriosa e interrogaba el pesimista que no abandonaba su lugar,


ra

después de todo, nada va a cambiar y así son las cosas.


uto

No tenía ningún deseo de seducir porque poseía todo lo sufi-


sA

ciente para sobrevivir y la vida era muy razonable, teniendo siem-


ito

pre para satisfacer las necesidades de los demás. Luna era la hija
más joven, su madre, doña Cota, estaba preocupada porque su
ire

hija leía mucho y cada vez más las ideas eran poco realistas. Se
iD

preguntaba sola en sus pensamientos qué haría la gente si no tu-


su

vieran reglas. ¿Cómo nos portamos si nadie nos mirara? ¿Hasta


s

dónde llegará nuestra voluntad? ¿Qué somos capaces de hacer


po

en la oscuridad? Su madre decidió buscar a un mago que vivía en


ial

las cercanías, que era un trotamundos listo y aprovechador. Su


ter

nombre era Luser era fabricante espejo mágico y sus consultas


eran muy buscadas por muchas personas que venían de lejos.
ma

Doña Cota reunió todo el dinero que tenía y se lo llevó al


te

mago, con el objetivo de encontrar una solución a los problemas


Es

de su hija. Cuando llegó a casa Luser, la pobre mujer rompió a


llorar y a contarle como su hija era diferente. Luser, que no era

30

Contos-Horripilantes.indb 30 03/08/2016 13:40:59


tonto ni nada, dio de regalo un espejo mágico a doña Cota, que
salió con mucha esperanza. Dijo que a partir de aquel instante, el
espejo tenía el poder de hacer realidad todo lo que se le pedía. Si

o.
la chica fuera gorda, ella tendría, por supuesto, el peso arreglado

çã
.Si fuera delgada, el espejo enderezaría las cosas, de todas mane-

iza
ras, estaba allí para esta tarea.

tor
Lo que nadie sabía, ni siquiera su madre, que estaba de que

au
Luna había nacido en noche de luna llena y recibió del universo
de un poder de cambiar el mundo, cuando necesario, tenía la

m
fuerza para crear un mundo diferente a cualquier cosa que había

se
sido creada, pero esto sólo ocurriría en el día que conociera a su

do
alma gemela.

ha
Esta reunión del universo aún no había resuelto, pero ocu-

rtil
rriría de esta manera: cuando las almas gemelas se encuentran

pa
y se reconocen todas las cosas que están mal se disuelven. El

m
bien triunfa sobre el mal. Esto se determinó antes de que ellos
co
vinieran a la Tierra. En este camino, pasaron a través del velo
del olvido y todavía no había llegado el momento. A Luna no le
r
se

gustaba salir de casa. Decía que otros no la veían y que de nada


servía salir si seguiría siempre sola. Prefería viajar con la lectura
de

de sus libros. Tenía en su habitación un estante que ocupaba


po

toda la pared atiborrada de libros. Luna los había leído todos y


ão

algunos había leído muchas veces. Ella tenía una peculiaridad,


además de la opinión de todos, también ella se sentía diferente.
en

Y hacía unos años no se miraba en un espejo. No sabía cómo su


is

rostro sereno, tranquilo e introspectivo se había convertido en


ra

los últimos años. Observaba la mirada de todas las personas, las


uto

veces que salía a la calle, pensaba - “¿Por qué me mira así? Yo


soy como cualquier persona, ¿o no?”. Se sentía molesta y así se
sA

volvía a su universo literario, con la sentía seguridad y podría ser


ito

la persona que quería ser.


ire

Doña Cota, ya en posesión del espejo mágico, volvió a casa


iD

eufórica y cuando diría a Luna sobre el espejo reflexiona: “Y si


su

Luna ignora y no toma en serio? Puede que el espejo no funcione.


Luna está rara últimamente. Le diré solamente que lo he compra-
s
po

do para decorar su habitación.” Siguiendo hacia donde estaba su


hija, doña Cota le dio una caja atada con un gran lazo azul y con
ial

una sonrisa le pidió que lo abriera. Luna solía hacer alboroto en


ter

ninguna situación, si siquiera cuando es un regalo y un gran lazo


ma

azul. Sujeto la caja con las piernas y con las dos manos al mismo
tiempo que deshizo el lazo y sacó la tapa. Miró en el espejo, cerró
te

la caja rápidamente y corrió a su habitación. Doña Cota corrió


Es

detrás de su hija sin comprender nada. “- Luna abre esta puerta


ahora!” - Gritó la madre desesperada. “- ¿Qué hubo? ¿No te gusta

31

Contos-Horripilantes.indb 31 03/08/2016 13:40:59


el color ¿Puedo cambiarlo?”
El llanto de la chica se oía en toda la casa y nadie entendía
el motivo de esta desesperación. Luna se quedó encerrada en su

o.
çã
habitación durante unos días sin hablar con nadie. Doña Cota ya
no comía ni dormía porque no sabía qué le pasaría a su hija. El

iza
contacto entre las dos era sólo físico, ni siquiera salía un fonema

tor
en aquella habitación. Luna solamente la dejaba entrar para lle-

au
varle comida.

m
La madre, sin saber más qué pensar, recordó que el mago

se
había dicho que el espejo era mágico. Así que podría convertirle
en una persona feliz, mejor y sacarla de esta prisión - pensó doña

do
Cota. Fue hasta Luser y le explicó la situación. Él se sintió culpa-

ha
ble por mentir y le dijo que el espejo era normal como cualquier

rtil
otro y que la magia estaba en las personas y no en un pedazo

pa
de vidrio. En ese momento, el mago revivió algunas peripecias

m
olvidadas por ella. Doña Cota se enfadó, pero a la vez, agradeció
co
a Luser por no engañarla más. En el camino de vuelta a casa, se
preguntaba: “¿Qué pasó con Luna ¿Por qué llora tanto si le da-
r
se

mos tanto amor? Le doy mi vida, necesito averiguar qué le aflige.


de

Mientras que la madre no llegaba, Luna salió de la habita-


po

ción para coger un vaso de agua en la cocina y cuando pasaba


por el salón, vio la caja con un lazo azul. Tuvo curiosidad por
ão

ver si el espejo seguía allí. Levantó la tapa, se lo tomo y corrió a


en

su habitación. Lo colgó cerca de la ventana, pero no se atrevía


a permanecer mucho tiempo mirándolo. Algo extraño sucedía.
is

Cada vez que la chica fijaba la mirada en un espejo, desaparecía


ra

poco a poco. Luna se dio cuenta de la primera vez que este evento
uto

sucedió fue a los doce años de edad, en una noche de luna llena,
sA

cuando por primera vez intentó pintar los labios con una barra
de labios que recogió de su madre a escondidas. Desde entonces,
ito

nunca podría mirar en cualquier espejo, pues poco a poco su


ire

cara inocente desaparecería, asustándole, sin que comprendiera


iD

el extraño episodio. Pero, ¿cómo explicar si a todos ella parecía


su

extraña? Algunos incluso decían que había un espíritu dentro de


ella. Otros se burlaban de ella porque en su habitación sólo había
s
po

libros y su cama. Ni siquiera había una fotografía en la pared. No


se arreglaba, ni se maquillaba, porque no se veía. Secreto que de-
ial

bería ser revelado, pronto sus padres encontrarían un novio para


ter

ella. ¿Cómo casarse? ¿Quién aceptaría casarse con ella? Necesi-


ma

taba una explicación.


te

Doña Cota, cuando llegó a casa, se dio cuenta de que la caja


Es

donde estaba el espejo estaba abierta. Corrió hasta la habitación


de su hija, pues no tenía ninguna duda de que ella era la persona

32

Contos-Horripilantes.indb 32 03/08/2016 13:40:59


que lo tomó. Llamó a la puerta y sintiendo una felicidad inmensa,
le preguntó: “- Hija, estás bien Me alegro de que hayas salido de
su habitación. Abre la puerta. Quiero abrazarla. -¡Madre, déjame

o.
en paz!” - Dijo la chica. La madre se volvió a la desolación, pero

çã
respetó la petición de su hija.

iza
Se pasaron algunos días hasta la llegada del cumpleaños de

tor
Luna, que había completado quince años y era la costumbre de

au
las familias de aquella comunidad presentar sus hijas debutantes
a los pretendientes de la ciudad. Todos estaban involucrados con

m
la preparación de la fiesta. El salón era el más noble de la ciudad,

se
con toda la pompa que una fiesta de quince merece.

do
La preocupación de la familia de Luna era de cómo hacer

ha
que debutara, en la situación en la que se veía y por el histórico

rtil
en el que estaba inmersa. Doña Cota hizo sus oraciones como era

pa
la costumbre y fue a hablar con su hija. Entró en la habitación
m
de Luna y la vio sentada en un taburete, que era de su difunda
co
abuela, despeinada, con pijama y algún ejemplar literario en las
manos. “– ¡Hija, necesitamos hablar!” – dijo la madre, levantando
r
se

el rostro de Luna con el dedo índice en su dirección. “– Hoy es tu


de

cumpleaños y es una emoción celebrar esta fecha, pues su padre


y yo pensamos que la perderíamos en el parto y el sueño de tener
po

una niña era lo que nos mantuviera fuertes. Y afortunadamente,


ão

estás aquí, linda, cumpliendo quince años.” Cuenta y, llorando,


en

madre e hija se abrazan. Luna siente un amor enorme por su fa-


milia y decide compartir con su madre su secreto.
is
ra

“– ¡Mamá, hasta los doce años, yo fui muy feliz, tuve amigos,
uto

me encantaba cantar. ¿Usted se recuerda?” La madre mueve la


cabeza con una señal positiva y acaricia el pelo de la hija. Hacía
sA

un rato que esto no ocurría.


ito

“– ¡Un día tomé un pintalabios suyo y fui a pintarme para


ire

darme un color a mi rostro, que me parecía muy pálido. Sin em-


iD

bargo, mi imagen no reflejaba en el espejo y mi cuerpo desapare-


cía lentamente. Me encerré en mi mundo porque tuve miedo. Le
su

veía siempre bella mirándose en el espejo en el pasillo del salón.


s
po

Cuando decían que yo era extraña, cada vez más yo les creía.
Esto se repitió desde este día. Ayúdame, no sé qué pensar.” Se
ial

desahogó la joven.
ter

Doña Cota, se levantó desconsolada y, sin saber qué decirle


ma

a su hija en este momento, salió de la habitación. Luna se quedó


te

desamparada y pensó en huir. ¿Por qué se quedaría? ¿Cómo irse


Es

a su propia fiesta, si el espejo le consumía su juventud y su alma?


Pero no lo hizo, siguió allí.

33

Contos-Horripilantes.indb 33 03/08/2016 13:40:59


Luna salió de la habitación y fue hasta el altar que su mamá
mantenía en casa y se arrodilló pidiendo por una explicación que
la libertara de tal sufrimiento. En algunos segundos, todos los es-

o.
pejos de la casa se hicieron pedazos. Eran fragmentos para todos

çã
los lados, estruendos fortísimos, cosas cayendo unas sobre las

iza
otras. Luna se levantó a los gritos, en búsqueda de su madre o
algún familiar, pero nada, estaba sola en la casa. Doña Cota llegó

tor
en seguida y mirando la casa y la hija, decidió contar la verdad

au
a ella. Doña Cota mantuviera un secreto desde el embarazo de

m
Luna. Ya era una mujer de mediana edad y había tenido cuatro

se
hijos varones, pero su sueño era tener una niña. Entonces pidió
a Luser que le hiciera un hechizo para que pudiera concebir una

do
niña (en la época no era posible saber el sexo del bebé antes del

ha
nacimiento). Un sacrificio que tenía que hacer era de no juzgarse

rtil
la más bella de la ciudad. Doña Cota era tan linda y era tan va-

pa
nidosa que causaba envidia a todos. Ella entonces prometió que

m
si concibiera una niña, sería una madre cuidadosa y dejaría que
co
la belleza de la hija fuera natural. Pero no fue lo que sucedió. Su
vanidad fue más fuerte que el amor de madre. Ella dejaba de dar
r
se

amor a los hijos y al marido para tener tiempo de arreglarse, ser


más bella y correr contra el tiempo. Mentía que no poseía dinero
de

cuando Luna quería pasear, para comprar cosméticos.


po

Luna era hermosa por naturaleza, su rostro angelical, ro-


ão

sado y suave, no necesitaba maquillaje alguno. El amor por la


en

madre es mayor que su belleza. Entonces fue hasta su habitación


y se miró en el espejo, aquello de la caja con el lazo azul, el único
is

que no estaba roto. Lo colgó en la pared, puso su mejor vestido y,


ra

mirando a su madre con una mirada inocente y amorosa, pidió: “–


uto

¿Qué color de pintalabios usted me sugiere? La madre, en llanto,


sA

comienza a preparar la hija para su linda quinceañera.


ito

Salen todos a la fiesta y en la entrada, hay un espejo enorme


ire

cubriendo toda una pared. Luna mira por primera vez su cuerpo
de muchacha, todo adornado en un lindo vestido azul de lazo de
iD

cinta.
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es

34

Contos-Horripilantes.indb 34 03/08/2016 13:41:00


o.
The Girl Who Can’t See Herself

çã
iza
tor
Elidiane Guerim Almeida

au
Eliziane da Silveira Botelho Peres

m
se
Translated by: Henrique Muzycant Abreu

do
ha
When I first met her, I was pleasantly surprised to see how

rtil
different she was from the other girls her age. She had introspec-

pa
tive and distant thoughts that challenged the beliefs of the town,
m
where the sun shone brightly and the full moon nights turned
co
her into an enigma. She was beautiful and extremely shy, and
r

her gaze would observe everything around her. She believed pets
se

should be loved simply because they were pets, while many peo-
de

ple prefer the ones with a pedigree. She didn’t understand the de-
po

sires that humanity sought, which made her invisible, while the
others rushed to buy things and please someone, forgetting about
ão

themselves. She would stand still there, watching, motionless.


en

She would look at the optimist, who thought that he didn’t need
to fight because the cause had already been won. And she would
is

question the pessimist, who didn’t move. After all, nothing would
ra

change and things would always be the same.


uto

She felt no desire to seduce, for what she already had was
sA

enough to survive. Life was too fair, always having to meet the
ito

needs of others. Luna was the youngest daughter. Her mother,


ire

Ms. Cota worried about her, who read a lot and was getting more
and more unrealistic ideas. The girl would ask herself, what would
iD

people do if there were no rules? How would we behave if nobody


su

watched us? How far does our will go? What are we able to do in
s

the darkness? Her mother decided to look for a wizard that lived
po

nearby, a smart wanderer, who was good at taking advantage of


ial

people. Luser was his name. He manufactured magic mirrors.


ter

Many people would come from far away to see him.


ma

Ms. Cota gathered all the money she had and gave it to the
wizard, hoping to find a solution for her daughter’s problem.
te

When she arrived at Luser’s house, the poor woman started to


Es

cry and tell him about how different her daughter was. Luser,
who was not fool, gave a magic mirror to Ms. Cota, who left the

35

Contos-Horripilantes.indb 35 03/08/2016 13:41:00


place happily. He told her that from that moment on the mirror
would have the power to do anything she would ask. If the girl
were heavy, she would definitely have the established weight. If

o.
she were slim, the mirror would use its ingenuity. After all, that

çã
was what the mirror was for.

iza
What nobody knew, not even her mother, was that Luna

tor
had been born on a full-moon night, and had received from the

au
universe the power to change the world, when it would be neces-
sary. She would have the power to create a world different from

m
everything ever created. However, that would only happen when

se
she met her soul mate.

do
The encounter hadn’t happened yet, but it would go like

ha
this: when two soul mates find and meet each other, everything

rtil
that is evil will dissolve and only good will prevail over evil. This

pa
had been established before they came to Earth. On their way,

m
they had gone through the veil of forgetfulness and that fateful
co
encounter still hadn’t come. Luna did not like to go out. She said
that people couldn’t see her, so what was the point of going out
r
se

if she would stay alone? So she would rather travel reading her
books. In her bedroom, she had a floor-to-ceiling bookcase filled
de

with books. Luna had already read all of them, some of them
po

several times. She also had a peculiarity: besides the fact that
ão

everybody found her different, she also felt different, and would
not look at herself in a mirror in the last few years. She didn’t
en

know how her calm and introspective face had changed after all
is

that time. She would observe everybody’s looks the rare times
ra

when she went out and and would think: “why do they look at me
uto

like that? I’m just like anyone else, aren’t I?” She felt uncomfort-
able and because of that, she turned to her universe of literature,
sA

where she felt safe to be the person she wanted to.


ito

With the magic mirror in her hands, Ms. Cota arrived at


ire

home excitedly. When she was about to tell Luna about the mir-
iD

ror, she thought, “What if she decides to ignore it, or not take
su

it seriously? The mirror might not work. She has been acting
strange these days. I’ll just say that I bought it to decorate her
s
po

room”. Heading to the place where her daughter was, Ms. Cota
gave Luna the box tied with a huge blue ribbon and with a smile
ial

on her face, she asked Luna to open it. Luna did not use to make
ter

an uproar in any situation. Not even when she got presents with
ma

huge blue ribbons. She held the box between her legs and with
both hands; she promptly untied the bow, and finally opened the
te

box. She looked at the mirror, then closed the box and ran im-
Es

mediately towards her room. Ms. Cota ran after her, confused by
her reaction. “Luna, open the door right away!” yelled the mother.

36

Contos-Horripilantes.indb 36 03/08/2016 13:41:00


“What is it? Didn’t you like the color? I can change it!”
Her daughter’s crying could be heard all over the house and
nobody could understand why she was so desperate. Luna shut

o.
çã
herself in her room for days, without speaking to anyone. Ms.
Cota could neither eat nor sleep because she did not know what

iza
had happened to her daughter. Their contact was strictly physi-

tor
cal because Luna would only let her mother come in to bring her

au
food. However, no sound was ever emitted in that bedroom.

m
Not knowing what else to do, Ms. Cota remembered the wiz-

se
ard saying the mirror was magic. Because of that, “it could turn
Luna into a happier and better person, and take her out of that

do
prison”, thought the mother. Then, Ms. Cota decided to talk to

ha
Luser and tell him about the situation. He felt guilty for telling

rtil
her lies and confessed that the mirror was like any other mirror

pa
and that the real magic was inside people rather than in pieces of
m
glass. At that moment, the wizard recalled some ups and downs
co
she had forgotten.
r
se

Ms. Cota was angry, though she was relieved because he


had stopped lying to her. On her way home, she would ask her-
de

self “what happened to Luna? Why does she cry if we love her so
po

much? I’d give my life for her, and I have to find out what upsets
ão

her”.
en

While her mother was away, Luna came out of her room for
a glass of water. And, going through the living room, she saw the
is

box with the blue ribbon. She was curious to know if the mirror
ra

was still there. So, she opened the box, took the mirror with her
uto

and rushed to her bedroom. She hung it close to the window,


sA

though she didn’t have the courage to look at it for very long.
Something weird would happen every time she would look at mir-
ito

rors. She would start disappearing. She had noticed it for the first
ire

time when she was twelve, on a full moon night. She had tried to
iD

use her mother’s lipstick without her knowing. Since then, she
could never look at herself in mirrors, because her face would
su

start to fade, leaving her confused and frightened. However, how


s
po

could she explain that to people if they already thought she was
strange? Some would even say that there was a spirit inside her,
ial

while others would mock her for having nothing but books in her
ter

room. There weren’t any pictures on the walls either. She didn’t
ma

put on make-up or try to dress nicely because she couldn’t see


herself. That was something she needed to solve soon, because
te

her parents wouldn’t take long to find her a fiancé. How would
Es

she get married? Who would want to marry her? She needed an
explanation.

37

Contos-Horripilantes.indb 37 03/08/2016 13:41:00


When Ms. Cota arrived home, she realized that the box was
open. She ran to her daughter’s room, happy because she thought
her daughter had probably taken it. She knocked on the door and

o.
asked happily:

çã
“Sweetheart, are you okay? I’m so glad you came out of your

iza
room! Open the door so that I can hug you!”, said the girl.

tor
“Mom, leave me alone!”, answered the girl.

au
Ms. Cota was disappointed one more time, but respected

m
her daughter’s will.

se
A few days passed and it was Luna’s birthday. She was now

do
fifteen, which meant that following the family traditions, she and

ha
other girls would be introduced to possible suitors. Everybody

rtil
was busy with the party preparations. The hall was the greatest

pa
in town, with everything the party deserved.

m
Luna’s family concern was how to convince her to partic-
co
ipate in the ball, given her current situation and her past. Ms.
r

Cota prayed as usual, and decided to talk to her daughter. She


se

got to the room and found Luna sitting on a stool, which had
de

belonged to her deceased grandmother. Her hair was messy. She


po

was on her pajamas, reading something.


ão

“Sweetheart, we need to talk”, said Ms. Cota to her daughter


while lifting Luna’s chin with her finger.
en

“Today is your birthday, and we are so happy to celebrate


is

it, because your father and I thought we would lose you in the
ra

delivery, and the thought of having a daughter kept us strong.


uto

Fortunately, you’re here now, beautiful, celebrating your fifteenth


sA

birthday!”
ito

Her mother said those words and started to cry. They both
hugged. Feeling how much her family loved her, Luna decided to
ire

share her secret with her mother.


iD

“Mom, until I was twelve I was really happy. I had friends


su

and loved to sing. Do you remember that?”


s
po

Her mother nodded as she caressed Luna’s hair for a long


ial

time. It had been a long time since the last time she did it.
ter

“One day, I took one of your lipsticks and wanted to try it on


ma

me, to lighten my face that was so pale. But, I couldn’t see my re-
flection in the mirror, it faded little by little. I shut myself from the
te

world because I was afraid. I would always see you happy, looking
Es

at your reflection in the mirror in the hall. When they called me


weird, I started believing in them more and more. When people

38

Contos-Horripilantes.indb 38 03/08/2016 13:41:00


said I was strange I believed them. That is how it has been for me
since then. Help me, I don’t know what to think”, confessed Luna.
Ms. Cota stood up and went away from the room, not know-

o.
çã
ing what to say. Luna felt helpless and thought about running
away. Why stay? How could she go her birthday party if the mir-

iza
ror would consume her youth and soul? Yet, she stayed.

tor
Luna came out of the room and went to the altar in which

au
her mother would pray. There, she kneeled and begged from an

m
explanation to free her from her sorrow. A few seconds after that,

se
all the mirrors in the house shattered. There were mirror shards
everywhere, loud noises of things falling one over the others. Luna

do
started to scream, looking for her mother or any other relative, but

ha
found no one in the house. Then, Ms. Cota arrived, and seeing

rtil
what had happened, she decided to tell Luna the truth about a

pa
secret she had kept since she was expecting her. She was a mid-

m
dle-aged woman and had already had four sons, but her dream
co
was to have a daughter. So, she went to Luser’s house to ask him
for a magic spell for her to give birth to a baby girl (she could not
r
se

know the baby’s sex in advance at the time). A sacrifice would be


needed. She would have to give up her vanity and her desire to be
de

always the most beautiful in town. Ms. Cota was so beautiful that
po

everyone in the city envied her. So she promised that if she gave
ão

birth to a baby girl, she would be a careful mother and let her
daughter’s beauty come naturally. That didn’t happen because
en

her vanity went beyond her mother’s love. She would not give
is

enough attention to her children and husband so that she would


ra

have time to dress up, put on make-up, be the most gorgeous and
uto

race against time. She would lie to Luna about not having money
to go out so that she would spend it on beauty products.
sA

Luna was beautiful, with an angelic face, rose and smooth,


ito

with no need for make-up. Her love for her mother was greater
ire

than her beauty, so she went to her room and looked at the mir-
iD

ror. The one with the blue ribbon, the only one that hadn’t shat-
su

tered. She hung it on the wall, put on her best dress, and looking
s

at her mother with an innocent look, she asked


po

“Which lipstick color do you suggest?”


ial

In tears, her mother started to help her daughter get ready


ter

for the party.


ma

Everyone went to the hall, and at the entrance, there was a


te

huge mirror, the size of the wall. For the first time in her life, Luna
Es

looked at the reflection of her young and beautiful body, wearing


a blue ribbon dress.

39

Contos-Horripilantes.indb 39 03/08/2016 13:41:01


Contos-Horripilantes.indb 40

Es
te
ma
ter
ia lp
os
su
i Di
re
ito
sA
uto
ra
is
en
ão
40

po
de
se
r co
mpa
rtil
ha
do
se
m
au
tor
iza
çã
o.
03/08/2016 13:41:01
o.
Vampiros – O mito de Bucovina – Transilvânia

çã
iza
tor
Adriana Aparecida Felini e Amanda Daniele Mota

au
m
se
Em uma cidade do interior romeno, casos misteriosos co-
meçaram a acontecer. Uma série de moradores desapareceu sem

do
deixar nenhuma pista, nada que pudesse revelar o que ou quem

ha
os estava sequestrando. Os policiais locais fizeram buscas por to-

rtil
das as redondezas da cidade, mas não achavam nada que ligasse

pa
a um lugar para onde aquelas pessoas poderiam ter sido levadas.
m
Durante um mês, todos os moradores ficaram proibidos de saí-
co
rem de suas casas durante a noite, pois era o horário em que as
pessoas eram raptadas, entretanto, ainda havia corajosos que se
r
se

arriscavam.
de

- Isso é conversa fiada! Eu saio a hora que quiser, ninguém


po

nunca irá me fazer nada! Tenho uma arma e ninguém mexe com
um homem armado, certo? – disse um dos moradores “mal en-
ão

carados” de Bucovina. Mal ele sabia que na mesma noite iria ser
en

levado.
is

O caso foi transmitido em todos os noticiários no primeiro


ra

mês dos acontecimentos, após isso, ninguém mais se importava,


uto

afinal, a vida seguia. Outras coisas aconteciam e as notícias se-


sA

guiam falando do valor do dólar, de furtos, corrupção e afins. Não


houve mais sequestros. Bucovina parecia ser um lugar tranquilo
ito

novamente. As pessoas se acostumaram com o fato de que não


ire

podiam evitar o problema, senão apenas rezar pela vida daqueles


iD

que desapareceram. Os palpites sobre os acontecimentos eram os


mais diversos, desde extraterrestres até bruxas e gnomos.
su
s

O filho da Sra. Melissa, Dragos, era um dos desaparecidos.


po

Certa noite, ela entrou no quarto do garoto e começou a olhar


ial

tristemente para o espelho em frente a uma cômoda, onde fi-


ter

cavam alguns souvenires do garoto. Quando foi se dirigir até a


porta, encontrou-se com Dragos, que estava parado atrás dela.
ma

Não o havia visto, pois seu reflexo não era refletido no espelho.
te

Melissa ficou sem reação, pasma, não conseguiu proferir uma


Es

palavra sequer.
O garoto explicou-lhe o que estava acontecendo. Melissa ou-

41

Contos-Horripilantes.indb 41 03/08/2016 13:41:01


via atentamente, chocada com o que acabara de escutar. Dragos
disse que eram vampiros que estavam sequestrando as pessoas
para matá-las. Mas nem todos faziam isso. Alguns prezavam pela

o.
segurança dos humanos, outros os assassinavam sem piedade.

çã
Ele, casualmente, ao voltar da escola durante a noite, encontrou

iza
dois vampiros tomando o sangue de uma vaca na fazenda onde
morava, então, para que a existência dos vampiros fosse mantida

tor
em segredo, ele foi transformado.

au
Poucas pessoas, assim como Melissa, sabiam da verdade a

m
respeito do caso, muitas não acreditavam, preferiam pensar que

se
eram lobos ou ursos que estavam matando as pessoas e os ani-

do
mais, mas nunca vampiros ou outros seres sobrenaturais. Aque-

ha
les que sabiam, preferiam manter segredo, longe de indagações e
olhares de curiosos. Desde então, muitos anos se passaram, e a

rtil
cidadezinha nunca mais fora a mesma. Ficara conhecida como o

pa
vale do sobrenatural. Era alvo de muitos turistas. Inclusive, uma
m
cabana abandonada fora tombada como patrimônio histórico de
co
Bucovina. Lá havia muitos pertences que, supostamente, foram
r

utilizados por um vampiro que ali morava. Os casos de desapare-


se

cimentos esporadicamente ainda aconteciam e aqueles que que-


de

riam preservar sua vida compravam estacas, alhos, água benta,


po

até armas. Qualquer coisa que servisse de proteção. Muitos se


aproveitaram da situação para ganhar dinheiro. Outdoors e pan-
ão

fletos eram divulgados com caçadores de vampiros e investigado-


en

res de seres não humanos, como fantasmas e demônios. “Quali-


dade comprovada ou seu dinheiro de volta!” Esta era a mensagem
is

transmitida em 90% das propagandas.


ra
uto

Certa noite, um grupo de jovens fez uma aposta: aquele que


entrasse sozinho no cemitério ganharia $50 dólares.
sA

- Corta essa! Jamais entraria lá, ainda mais à noite... Você


ito

sabe que essa cidade é assombrada por criaturas sobrenaturais.


ire

O tio de Ekatharina, inclusive, era um vampiro – disse Gabriel


iD

para os outros.
su

- Você é um medroso. Isso é conversa fiada. Pura mentira...


s

Nossos pais nos contam isso para que não saiamos mais à noite.
po

Eu vou! – exclamou Ekatharina.


ial

O desafio foi aceito e a menina entrou. Suas pernas tremu-


ter

lavam, mas ela seguiu adiante, crente que iria ganhar os $50 dó-
ma

lares facilmente. O cemitério estava extremamente escuro, então


ela ligou a lanterna de seu celular. Em menos de cinco minutos
te

sua bateria descarregou e ela novamente ficou perdida em meio


Es

à penumbra. A aposta era a de que ela deveria ir até o túmulo de


seu tio Dragos, o suposto antigo vampiro da cidade, e voltar. Ela

42

Contos-Horripilantes.indb 42 03/08/2016 13:41:01


chegou até o túmulo e com um sorriso no rosto gritou:
- Cheguei! Viram só? Isso é história. Estou voltando e quero
meus 50 dólares! Hahahahaha.

o.
çã
Após isso, ela sentiu algo puxando seus cabelos fortemente

iza
ao começar a andar. A menina, extremamente assustada, tentou
desvencilhar-se, mas sem sucesso. Tamanho foi o susto. Sofreu

tor
uma taquicardia e faleceu na mesma hora. Seus amigos ouviram

au
gritos e foram correndo atrás da menina. Era tarde demais. Um

m
galho havia enganchado em seus longos cabelos vermelhos e ela

se
pensou que fosse seu falecido tio vampiro puxando-a. Moral da
história: nem tudo que parece ser realmente é.

do
ha
rtil
m pa
co
r
se
de
po
ão
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es

43

Contos-Horripilantes.indb 43 03/08/2016 13:41:01


o.
Vampiros - El mito de Bucovina - Transilvania

çã
iza
tor
Adriana Aparecida Felini y Amanda Daniele Mota

au
m
Traducción: Rose Mary Baracy Ulrich e Magda D’Avila de Souza

se
do
ha
En una ciudad del interior de Rumania, casos misteriosos

rtil
empezaron a suceder. Un número de residentes desapareció sin

pa
dejar rastro, o cualquier cosa que pudiera revelar qué o quién es-
taba secuestrándolos. La policía local ha buscado toda la ciudad,
m
pero no encontraban nada que pudiera vincular a un lugar donde
co
se las podrían haber llevado. Durante un mes, se prohibió a todos
r
se

los residentes salir de sus casas durante la noche, pues era el


momento en que las personas fueron secuestradas, sin embargo,
de

todavía había algunos valientes que se atrevían a hacerlo.- ¡Es


po

una cháchara! ¡Salgo cada vez que quiera, nadie va a hacer nada
para mí! Tengo un arma y nadie se mete con un hombre armado,
ão

¿verdad? - Dijo uno de los residentes “malcarados” de Bucovina.


en

Poco sabía que esa misma noche sería tomado.


is

El evento fue transmitido en todas las noticias en el primer


ra

mes de los acontecimientos, después de eso, a nadie le importa-


uto

ba, de todos modos, la vida continuaba. Otras cosas ocurrían y


sA

siguieron las noticias hablando del valor del dólar, de robos, de la


corrupción y similares. No hubo más secuestros. Bucovina pare-
ito

cía ser un lugar tranquilo de nuevo. La gente se ha acostumbrado


ire

al hecho de que no podían evitar el problema, sino orar por la vida


iD

de los desaparecidos. Las conjeturas sobre los acontecimientos


su

fueron las más diversos, desde extraterrestres a brujas y duen-


s

des.
po

El hijo de la señora Melissa, Dragos, fue uno de los desapa-


ial

recidos. Una noche, ella entró en la habitación del niño y comen-


ter

zó a mirar con tristeza al espejo delante de una cómoda, donde


ma

había algunos recuerdos del chico. Cuando se dirigió a la puer-


ta, se encontró con Dragos, que estaba de pie detrás de ella. No
te

lo había visto pues su imagen no se veía reflejada en el espejo.


Es

Melissa no tubo reacción, aturdida, incapaz de pronunciar una


palabra siquiera.

44

Contos-Horripilantes.indb 44 03/08/2016 13:41:02


El niño explicó todo lo que estaba pasando. Melissa escu-
chó con atención, sorprendida por lo que acababa de oír. Dragos
dijo que eran vampiros que estaban secuestrando a la gente para

o.
matarla.

çã
Pero no todos lo hacían. Algunas estimaban la seguridad

iza
de los seres humanos, otros los asesinaban sin piedad. Por Ca-

tor
sualidad, al regresar de la escuela en la noche, él se encontró con

au
dos vampiros que bebiendo la sangre de una vaca en la granja
donde vivía. Entonces, para que la existencia de los vampiros se

m
mantuviera en secreto, fue transformado.

se
Pocas personas, al igual que Melissa, sabían la verdad so-

do
bre el caso, muchos no creían, preferían pensar que eran lobos

ha
u osos que estaban matando a personas y animales, pero nunca

rtil
vampiros u otros seres sobrenaturales. Los que sabían, prefe-

pa
rían mantener en secreto, lejos de las preguntas y las miradas

m
curiosas. Desde entonces, han pasado muchos años, y la ciu-
co
dad nunca fue la misma. Era conocida como el valle de lo so-
brenatural. Era el destino de muchos turistas. Incluso una cho-
r
se

za abandonada fue declarada patrimonio histórico de Bucovina.


Había muchas cosas que presuntamente fueron utilizadas por
de

un vampiro que vivía allí. Los casos de desapariciones esporádi-


po

camente seguían sucediendo y los que querían conservar su vida


ão

compraban estacas, ajo, agua bendita, incluso armas. Cualquier


cosa que proporcionara protección. Muchos se aprovecharon de
en

la situación para ganar dinero. Vallas publicitarias y folletos se


is

publicaban con cazadores de vampiros e investigadores de los no


ra

humanos, tales como fantasmas y demonios. “Probada calidad o


uto

su dinero de vuelta!” Este era el mensaje transmitido en el 90 %


de los anuncios.
sA

Una noche, un grupo de jóvenes hizo una apuesta: el que


ito

entrara solo en el cementerio ganaría 50 dólares.


ire

-¡Deja esto! Nunca entraría allí, especialmente de noche....


iD

Sabes que la ciudad es perseguida por criaturas sobrenaturales.


su

El tío de Ekatharina incluso era un vampiro – dijo Gabriel a los


s

demás.
po

- Eres un cobarde. Eso es habladuría. Pura mentira...


ial

Nuestros padres nos dicen esto a que no salgamos por la noche.


ter

¡Yo voy! - Exclamó Ekatharina.


ma

El desafío fue aceptado y la chica entró. Sus piernas tem-


te

blaban, pero ella siguió adelante, creyendo que sería fácilmente


Es

ganar los 50 dólares. El cementerio era extremadamente oscuro,


así que prendió la linterna de su teléfono móvil. En menos de

45

Contos-Horripilantes.indb 45 03/08/2016 13:41:02


cinco minutos, su batería descargó y ella se perdió de nuevo en
las sombras. La apuesta era que debía ir a la tumba de su tío
Drogo, el presunto vampiro de la ciudad, y volver. Ella llegó hasta

o.
la tumba y con una sonrisa en su cara gritó:

çã
¡Llegué!¡Lo ves!¡Lo ves!¡Habladurías! Vuelvo ya y quiero

iza
mis 50 dólares! Jajajajajaja

tor
Después de eso, cuando empezó a caminar, sintió algo ti-

au
rando su cabello fuertemente. La chica, extremamente asustada,

m
intentó liberarse, pero sin éxito. El susto fue tan grande que su-

se
frió una taquicardia y murió en el acto. Sus amigos escucharon
gritos y corrieron detrás de la chica. Era demasiado tarde. Una

do
rama se había enganchado en su largo pelo rojo y ella pensó que

ha
fuera su difunto tío vampiro tirándola. Moraleja de la historia: No

rtil
todo lo que parece ser realmente es.

pa
m
rco
se
de
po
ão
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es

46

Contos-Horripilantes.indb 46 03/08/2016 13:41:02


o.
Vampires: The Bucovina Myth, Transylvania

çã
iza
tor
Adriana Aparecida Felini and Amanda Daniele Mota

au
m
Translated by: Ana Cláudia Garibaldi Rodrigues

se
do
In a Romanian country town, mysterious cases started

ha
happening. A number of residents disappeared without a trace.

rtil
Nothing could tell what or who was kidnapping them. The lo-

pa
cal police searched all over the town, but did not find out where
m
those people could have been taken. For a month, all the resi-
co
dents were forbidden to leave their houses at night. That was the
time when people were usually kidnapped. However, some brave
r
se

people would risk themselves.


de

“That is small talk! I go out whenever I want. No one will


po

ever do me harm! I have a gun and no one messes with a gunman,


right?”, said one of the cold fish Bucovina residents. Barely did he
ão

know that on the same night he would be taken.


en

All news programs broadcast the case the first month the
is

events occurred. After that, no one cared. After all, life went on.
ra

Other things happened and the news was about the price of the
uto

dollar, thefts, corruption and so forth. There were no more kidnap-


sA

pings. Bucovina seemed to be a quiet place again. People got used


to the fact that they could not avoid the problem, but only pray
ito

for the lives of those who had disappeared. The guesses about the
ire

events were several, from aliens to witches and gnomes.


iD

Dragos, Mrs. Melissa Watson’s son, was one of the missing


su

people. One night, she entered the boy’s room and began to look
s

sadly in the mirror in front of a dresser, where there were some of


po

the boy’s souvenirs. When she was heading to the door, she met
ial

Dragos, standing behind her. She had not seen him, since there
ter

was no reflection of his in the mirror. Melissa showed no reaction.


Stunned, she was unable to say a word.
ma

The boy explained to her what was happening. Melissa


te

listened carefully, shocked by what she had just heard. Dragos


Es

said that vampires were kidnapping people to kill them. Howev-


er, not all of them did that. Some cared for the humans’ safety.

47

Contos-Horripilantes.indb 47 03/08/2016 13:41:02


Others murdered them mercilessly. Casually, when returning
from school at night, he found two vampires sucking blood from
a cow on the farm where he lived. Then, in order to keep the vam-

o.
pires’ existence in secret he had been turned into a vampire.

çã
Like Melissa, few people knew the truth about the case.

iza
Many did not believe it. They would rather think that wolves or

tor
bears were killing people and animals, but not vampires and oth-

au
er supernatural creatures. Those who knew it, kept it in secret,
away from questions and curious looks. Since then, many years

m
have passed and, the town has never been the same anymore.

se
It will always be known as the “Supernatural Valley”. The town

do
became the target of many tourists. An abandoned hut had even

ha
been declared Bucovina’s historical heritage. A vampire who lived
there had supposedly used many objects. The missing-person

rtil
cases still happened occasionally and, those who wanted to pre-

pa
serve their lives bought stakes, garlic, holy water, and even weap-
m
ons. Anything that could be used to protect them. Many people
co
took advantage of the situation to make money. Billboards and
r

flyers were used to advertise vampire hunters and investigators of


se

non-humans, such as ghosts and demons. “”Quality guaranteed


de

or your money back!” This was the message conveyed in 90% of


po

the advertisements.
ão

One night, a group of youths made a bet: the one who


walked alone into the cemetery would earn $50 dollars.
en

‘Cut it out! I would never go there, especially at night…


is

You know that supernatural creatures haunt this town. More-


ra

over, Ekatharina’s uncle was a vampire’, Gabriel told the others.


uto

‘You are a coward. That is small talk! It is a lie… Our par-


sA

ents would tell us that so that we would not go out at night. I will
ito

go!’, exclaimed Ekatharina.


ire

The challenge was accepted and the girl got in. Her legs
iD

were shaking, but she kept walking. She believed she would earn
the $50 dollars easily. The cemetery was extremely dark, so she
su

turned on her cellphone flashlight. After less than 5 minutes,


s
po

her cellphone battery died and she was lost in the middle of the
darkness one more time. The bet was that she had to go to and
ial

come back from her uncle’s grave Dragos, the supposed ancient
ter

vampire of the town. She got there and, with a smile on her face,
ma

she shouted:
te

‘I am here! Did you see that? It is bullshit. I am coming


Es

back and I want my $50 dollars! Hahaha.’


After that, she felt something pulling her hair strongly

48

Contos-Horripilantes.indb 48 03/08/2016 13:41:02


when she started to walk. Extremely scared, the girl tried to free
herself, without success. She had heart palpitations and passed
away right away. Her friends heard the screams and ran after her.

o.
It was too late. A branch was hooked on her long red hair and she

çã
thought it was her dead vampire uncle pulling her. Moral of the

iza
story: everything is not what it seems.

tor
au
m
se
do
ha
rtil
m pa
co
r
se
de
po
ão
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es

49

Contos-Horripilantes.indb 49 03/08/2016 13:41:03


Contos-Horripilantes.indb 50

Es
te
ma
ter
ia lp
os
su
i Di
re
ito
sA
uto
ra
is
en
ão
50

po
de
se
r co
mpa
rtil
ha
do
se
m
au
tor
iza
çã
o.
03/08/2016 13:41:03
o.
Reflexos do invisível

çã
iza
tor
Cleni da Rocha Santos e Maria Santos Rigo

au
m
Na Fazenda do Coronel João Manuel Rodrigues, proprietá-

se
rio de cafezais em São Paulo, viviam o fazendeiro e sua mulher
Josefina, seu filho Augusto e sua filha Luiza. Viviam, com grande

do
ostentação, servidos por dois escravos. Conceição, a ama de leite

ha
de Augusto e Luiza, e o escravo Sebastião, que era peão para toda

rtil
a obra, ele conduzia a carruagem quando recebia visitas ilustres

pa
e servia o jantar.
m
Com a chegada de Bartolomeu Gonzaga e Maria Isabel, que
co
vieram de Minas Gerais, toda a família movimentou-se para um
r
se

grande jantar. O visitante muito bem trajado de terno preto e sua


esposa em um belíssimo vestido lilás e rendas brancas, senta-
de

ram-se para conversar na antessala.


po

Este casal era muito esperado pois vieram tratar de negócios


ão

com o Coronel João Manuel Rodrigues. Conceição passou com as


en

crianças para o jardim. O visitante não tirou os olhos dela. Jo-


sefina convida a todos para o jantar numa sala com uma grande
is

mesa torneada e cadeiras confortáveis, estofadas no assento e no


ra

encosto das costas, com um lindo tecido aveludado de cor bordô.


uto

Havia também uma linda cristaleira com vários copos, taças de


sA

cristais, louças finas de porcelana, que eram herança da família


do coronel Rodrigues, havia também na sala um balcão com vá-
ito

rias fotos dos antepassados da família Rodrigues e um enorme


ire

espelho envolto por uma moldura torneada, antiga e clássica, do


iD

estilo de móveis do século XVIII (Barroco), a mesa estava posta e


farta de iguarias para agradar os visitantes.
su
s

Durante o jantar, começou a proposta do visitante para a


po

compra de escravos, salientando que a preferida era a escrava


ial

Conceição. Neste momento, surpreso, Sebastião que estava ser-


ter

vindo vinho sente suas mãos ficarem trêmulas e deixa cair a jarra
de vinho no vestido de Maria Isabel.
ma

Josefina, enfurecida, pediu que o Coronel castigasse Sebas-


te

tião, João Manuel enraivado, leva Sebastião ao tronco, e ordena


Es

50 chibatadas. O feitor, por sua vez, que já não gostava do negro


Sebastião, se aproveitou da situação, e o malvado bateu, bateu,

51

Contos-Horripilantes.indb 51 03/08/2016 13:41:03


até a morte do escravo.
Depois dos trágicos acontecimentos, os visitantes foram em-

o.
bora, levando junto com eles, para Minas Gerais, a escrava Con-

çã
ceição, que não durou muito tempo também e morreu, pois, além

iza
de ter que dar conta de todos os afazeres da casa dos Gonzaga,
que era muito grande, ela vivia chorando de tristeza e lamentado

tor
a morte do seu amado Bastião. Ela desejava encontrar a morte,

au
pensava que assim estaria encontrando novamente o seu Bastião.

m
Passados alguns anos, o Coronel Rodrigues resolve vender a

se
fazenda e ir morar em outro Estado, porque seus filhos estavam

do
crescidos e precisavam estudar em escolas melhores. Ele vende
a fazenda com tudo o que faz parte dela, inclusive a mobília que

ha
havia no interior da casa. Os novos proprietários eram um casal

rtil
e dois filhos, um menino com dez anos e uma menina com oito

pa
anos, e eles estavam pensando em comprar escravos para traba-
m
lhar para eles na lida da casa. Mas, ao chegar na fazenda, foram
co
recebidos por dois escravos, um homem e uma mulher, que já
haviam arrumado, organizado toda a casa e também preparado
r
se

o jantar. Satisfeitos com o serviço deles, resolveram ficar com


de

aqueles dois escravos.


po

Tudo corria bem até o momento em que a menina começou


a chorar e dizer para a mãe que ela enxergava duas caveiras na
ão

sala de jantar, toda vez que ela olhava para o espelho. Mas a
en

mãe dizia que isso era imaginação dela, ou um medo bobo que
ela sentia. Mas, de repente, o menino também começou a chorar
is
ra

e dizer que não queria mais comer na sala de jantar, porque ele
uto

também começara a enxergar as duas caveiras sob o espelho que


havia na sala.
sA

Preocupada com acontecimentos e como já era tarde da noi-


ito

te, a senhora foi até o galpão onde os escravos moravam para


ire

pedir algumas informações sobre a família que havia lhes vendido


iD

a fazenda. Bateu à porta e ninguém abria, insistiu novamente e


nada. Silenciosamente ela resolve empurrar a porta para ver se os
su

dois escravos estão ali dormindo. Entra no galpão e tem que se-
s
po

guir caminhando por um corredor estreito, até chegar ao aposen-


to do casal, de repente ela começa a sentir medo, começa a ouvir
ial

gemidos, choros e gritos. O pavor começa a tomar conta, e ela não


ter

entende o que está acontecendo, afinal, eram só os dois escravos


ma

negros que trabalhavam para eles, e os gritos pareciam vir de


longe. Com as pernas trêmulas e o coração batendo acelerado,
te

ela continua andando em direção ao quarto, chega finalmente ao


Es

aposento do casal, bate, mas ninguém atende, chama pelo nome,


Conceição... Sebastião? Ninguém responde. Ela então empurra a

52

Contos-Horripilantes.indb 52 03/08/2016 13:41:03


porta que dá um forte rangido devido às dobradiças enferrujadas
pelo tempo, ela olha e não vê ninguém no quarto, enxerga apenas
uma cama de casal empoeirada e com lençóis velhos, vai subindo

o.
o olhar e vê um espelho grande pendurado na parede onde fica

çã
encostada a cama, solta um grito de horror, o pavor e o espanto

iza
tomam conta dela. Ela vê através do espelho nada mais nada me-
nos do que duas caveiras deitadas de mãos dadas na cama, que

tor
começam a gritar, gemer e chorar. Sai correndo, desesperada,

au
sem entender nada do que aconteceu ali.

m
se
do
ha
rtil
m pa
co
r
se
de
po
ão
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es

53

Contos-Horripilantes.indb 53 03/08/2016 13:41:04


o.
Reflejo de lo invisible

çã
iza
tor
Cleni da Rocha Santos y Maria Santos Rigo

au
m
Traducción: Cleni Maria Rigo

se
do
En la hacienda del Coronel, Juan Manuel Rodríguez, dueño

ha
de cafetales en São Paulo, vivían el terrateniente y su mujer Jose-

rtil
fina, su hijo Augusto y su hija Luiza. Vivian con gran ostentación,

pa
servidos por dos esclavos. Concepción, el ama de leche de Augus-
m
to y Luiza, y el esclavo Sebastián que era un manitas. Manejaba
co
el carruaje cuando recibía visitas de personas ilustres y también
r

servía la cena.
se

Con la llegada de Bartolomeu Gonzaga y María Isabel que


de

vieron de Minas Gerais, toda la familia se movió para una gran


po

cena. El visitante muy bien vestido de traje negro y su esposa


en un bellísimo vestido de color lila y encaje blanco, se sentaron
ão

para hablar en el vestíbulo.


en

Esta pareja era muy esperada pues vieron a tratar de ne-


is

gocios con el Coronel Juan Manuel Rodríguez. Concepción pasa


ra

con los niños para el jardín. El visitante no le quitó los ojos de


uto

encima. Josefina invita a todos para la cena en un salón con una


sA

gran mesa torneada y sillas cómodas, tapizadas en el asiento y


en el respaldo, con una linda tela de terciopelo color vino, había
ito

también un lindo cristalero, con varios vasos, copas de cristales,


ire

lozas finas de porcelana, que eran herencia de la familia de Coro-


iD

nel Rodríguez, había en el salón un mostrador con varias fotos de


los antepasados de la familia Rodríguez y un espejo muy grande
su

envuelto por un marco torneado, antiguo y clásico, del estilo de


s
po

muebles del siglo XVIII (Barroco), la mesa estaba puesta y llena


de manjares para agradar a los visitantes.
ial
ter

Durante la cena empezó la propuesta para la compra de


esclavos, destacando que la esclava preferida era Concepción. En
ma

este momento, sorprendido, Sebastián que ya estaba sirviendo el


te

vino siente sus manos temblar y deja caer la jarra de vino en el


Es

vestido de María Isabel.


Josefina, furiosa, pidió que el Coronel castigase a Sebas-

54

Contos-Horripilantes.indb 54 03/08/2016 13:41:04


tián, Juan Manuel rabioso, lleva Sebastián al tronco, y ordena
cincuenta latigazos. El capataz, que ya le no gustaba el negro Se-
bastián, se aprovechó de la situación, y el malvado golpeó, golpeó,

o.
hasta la muerte del esclavo.

çã
Después de los trágicos acontecimientos, los visitantes se

iza
fueran, llevando con ellos, para Minas Gerais, la esclava Concep-

tor
ción, que se murió pronto, pues, además de tener que dar cuenta

au
de todos los trabajos de la casa de los Gonzaga, que era muy
grande, ella vivía llorando de tristeza y lamentando la muerte de

m
su amado Bastián. Ella deseaba encontrar la muerte, pensaba

se
que así encontraría de nuevo su Bastián.

do
Pasados algunos años el Coronel Rodríguez decidió vender

ha
la hacienda e ir a vivir en otro Estado, porque sus hijos estaban

rtil
crecidos y necesitaban estudiar en escuelas mejores. Él vende

pa
la hacienda con todo lo que hay en ella, incluso los muebles que

m
había en el interior de la casa. Los nuevos dueños de la hacienda
co
eran una pareja con dos hijos, un chico con diez años y una chi-
ca con ocho años, y ellos estaban pensando en comprar esclavos
r
se

para trabajar para ellos en las labores de la casa. Pero, al llegar


a la hacienda fueran recibidos por dos esclavos, un hombre y
de

una mujer, que ya habían hecho el servicio y arreglado la casa y


po

también preparado la cena. Satisfechos con el servicio de ellos,


ão

decidieron de todas formas quedar con aquellos dos esclavos.


en

Todo estaba bien hasta el momento en que la chica empezó


a llorar y decirle a la madre que veía dos calaveras en el salón-co-
is

medor, toda vez que miraba para el espejo. Pero la madre decía
ra

que eso era su imaginación, o un miedo bobo que ella sentía.


uto

Pero, de repente, el chico también empezó a llorar y decir que no


sA

quería más comer en el salón-comedor, porque él también había


empezado a ver las dos calaveras a través del espejo que había
ito

en la sala.
ire
iD

Preocupada con los acontecimientos y como ya era tarde


de la noche, la señora fue hasta el cobertizo donde los esclavos
su

vivían para pedir algunas informaciones sobre la familia que les


s
po

había vendido la hacienda. Golpeó la puerta y nadie abría, insis-


tió de nuevo y nada. Silenciosamente ella decide abrir la puerta
ial

para ver si los dos esclavos están allí durmiendo. Entra en el


ter

cobertizo y tiene que seguir caminando por un pasillo estrecho,


ma

hasta llegar a la habitación de la pareja, de repente ella empieza


a sentir miedo, comienza a oír gemidos, lloros y gritos. El pavor
te

empieza a tomar cuenta de ella, que no entiende entonces qué


Es

pasa, eran sólo los dos esclavos negros que trabajaban para ellos,
y los gritos parecían venir de lejos. Con las piernas temblorosas y

55

Contos-Horripilantes.indb 55 03/08/2016 13:41:04


el corazón latiendo fuerte, ella continua caminando en dirección
a la habitación...llega finalmente a la habitación de la pareja, toca
la puerta, pero nadie responde, llama por el nombre, ¿Concep-

o.
ción... Sebastián? Nadie contesta. Ella entonces abre la puerta

çã
que da un fuerte ruido a causa de las bisagras herrumbradas por

iza
el tiempo. Ella mira y no ve a nadie en la habitación, ve solamente
una cama de matrimonio sucia de polvo con sábanas viejas, vai

tor
alzando su mirada y ve un espejo grande colgado en la pared don-

au
de queda la cama, suelta un grito de horror, el pavor y el asombro

m
toman cuenta de ella. Ella ve a través del espejo nada más que

se
dos calaveras acostadas de la mano en la cama, que empiezan a
gritar, gemir y llorar. Sale corriendo, desesperada, sin entender

do
nada de lo que aconteció allí.

ha
rtil
pa
m
rco
se
de
po
ão
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es

56

Contos-Horripilantes.indb 56 03/08/2016 13:41:04


o.
Reflexes from the invisible

çã
iza
tor
Cleni da Rocha Santos and Maria Santos Rigo

au
m
Translated by: Carine Dalcol and Daniela Farias

se
do
On the farm of Colonel João Manuel Rodrigues, a coffee

ha
plantation owner in São Paulo, lived the farmer and his wife Jose-

rtil
phine, his son Augustus and his daughter Luiza. They lived with

pa
great pomp, served by two slaves. Conceição, Augusto and Luiza’s
m
wet nurse and the slave Sebastião, who would do every type of
co
work. He used to drive the carriage when receiving distinguished
people and to serve dinner.
r
se

With the arrival of Bartolomeu Gonzaga and Maria Isabel,


de

who came from Minas Gerais, the whole family had organized a
po

big dinner. The guest, very well dressed in a black suit, and his
wife in a beautiful violet dress and white lace, sat down to talk in
ão

the anteroom.
en

This couple was very much expected since they were coming
is

to do business with Colonel João Manuel Rodrigues. Conceição


ra

went to the garden with the kids. The guest did not take his eyes
uto

off her. Josefina invited everyone for dinner in a room with a large
sA

turned table and comfortable chairs, upholstered seats and back-


rest, with a lovely burgundy velvet. There was also a beautiful
ito

glass cabinet with several glasses, crystal glasses, fine china por-
ire

celain, which were heritage of Colonel Rodrigues’ family. In the


iD

room, there was also a desk with pictures of the Rodrigues fami-
ly’s ancestors and a huge mirror with a turned, ancient and clas-
su

sical frame, eighteenth-century baroque in style. The table was


s
po

set and full of delicacies to please the guests.


ial

During dinner, the visitor started to talk about his proposal


to buy slaves, and highlighted that the favorite one was the slave
ter

Conceição. At this moment and very surprised, Sebastião, who


ma

was serving wine, could feel his hands trembling and dropped the
wine jug on Maria Isabel’s dress.
te
Es

Enraged, Josefina asked the Colonel to punish Sebastião.


Angrily, João Manuel takes Sebastião to the trunk and orders 50

57

Contos-Horripilantes.indb 57 03/08/2016 13:41:04


lashes. The bad overseer, who never liked the black Sebastião,
took advantage of the situation, and struck the slave to death.
After the tragic events, the guests left, taking with them, to

o.
çã
Minas Gerais, the slave Conceição, who did not live long either
and died. In addition to taking care of all the household chores

iza
of the Gonzaga house, which was very big, she was always crying

tor
and mourning the death of her beloved Bastião. She wanted to

au
die, because she thought then she would meet her Bastião again.

m
A few years later, Colonel Rodrigues decided to sell the farm

se
and move to another state because their children were grownup
and had to study in the best schools. He sold the farm with all

do
that was part of it, including the furniture that was in the house.

ha
The new owners were a couple and two children, a ten-year-old

rtil
boy and an eight-year-old girl, and they were thinking about buy-

pa
ing slaves to do the housework. However, when they arrived in

m
the farm, two slaves greeted them: a man and a woman, who had
co
already cleaned and organized the house and prepared dinner.
Satisfied with their service, they decided the two slaves would
r
se

remain in the house. Everything was fine until the moment


the girl began to cry and tell the mother that she saw two skulls
de

in the dining room, every time she looked in the mirror. But, the
po

mother said it was her imagination, or a silly fear she felt. Yet,
ão

suddenly, the boy also began to cry and say that he did not want
to eat in the dining room, because he also started to see the two
en

skulls in the mirror that was in the room.


is

Concerned about the events and because it was already late


ra

at night, the woman went to the shed where the slaves lived to
uto

ask them some information about the family who had sold them
sA

the farm. She knocked on the door and nobody opened it. She
insisted and nothing happened. Silently, she decided to push the
ito

door to see if the two slaves were sleeping there. She entered the
ire

shed and had to keep walking through a narrow corridor until she
iD

reached the couple’s room. Suddenly, she started to be afraid and


su

to hear moans, weeping and screams. The fear starts to take over
her and she does not understand what is going on. After all, they
s
po

were only two black slaves who worked for them, and the screams
seemed to come from far away. With trembling legs and her heart
ial

beating fast, she kept walking towards the bedroom, when she
ter

finally reached the couple’s room. She knocks, but no one an-
ma

swers. She calls them by their names, Conceição ... Sebastião?


Nobody answers. She, then, pushes the door, which squeaks a
te

lot because of the hinges, which got rusty with time, looks all
Es

around and sees no one in the room. She only sees a dusty dou-
ble bed and old sheets. When she looks up, she sees a large mir-

58

Contos-Horripilantes.indb 58 03/08/2016 13:41:05


ror hanging on the wall, the sidewall in which the bed is. She
cries in horror. Terror and dread take over her. She sees in the
mirror nothing less than two skulls lying in bed holding hands.

o.
They start to scream, moan and cry. She rushes out, desperate,

çã
without understanding anything that had happened there.

iza
tor
au
m
se
do
ha
rtil
m pa
co
r
se
de
po
ão
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es

59

Contos-Horripilantes.indb 59 03/08/2016 13:41:05


Contos-Horripilantes.indb 60

Es
te
ma
ter
ia lp
os
su
i Di
re
ito
sA
uto
ra
is
en
ão
60

po
de
se
r co
mpa
rtil
ha
do
se
m
au
tor
iza
çã
o.
03/08/2016 13:41:05
o.
çã
O espelho do Sobrado

iza
tor
Glecy Teresinha Klegues

au
m
se
Algumas pessoas consideram os espelhos como espécies de
portais para outros mundos, dizem que quem morre em frente a

do
um destes objetos pode utilizá-los como passagem entre o mundo

ha
espiritual e o nosso.

rtil
Havia um sobrado no alto da colina no final da rua, era a

pa
última casa e ficava um tanto afastada das outras casas da rua.
m
O sobrado, à noite, no alto da colina, parecia uma daquelas casas
co
mal assombradas. A casa era linda e tenebrosa ao mesmo tempo,
r

de dia era menos assustadora, tinha até flores no jardim, mal


se

cuidado.
de

Lá vivia Mariana, moça estranha, quase não saía de casa e


po

quando saía, não falava com ninguém, seus pais e dois irmãos
ão

tinham sumido, ela dissera que eles estavam viajando.


en

À noite vinham ruídos estranhos do sobrado, vozes, choro,


murmúrios e vultos andando pela casa.
is
ra

Os moradores da região evitavam passar pelo sobrado. Como


uto

ficava no final da rua, ficava isolado. O povo, com medo, dizia que
o lugar era assombrado.
sA

Três garotos, João, Tonico e Davi estavam na escola, quan-


ito

do ouviram a história do casarão. Eles afirmaram que não acre-


ire

ditavam em assombrações e seus amigos caçoaram deles, desa-


iD

fiando-os para que provassem a sua valentia. Deveriam entrar no


sobrado e passar a noite lá.
su
s

Assim que escureceu, os outros garotos acompanharam os


po

três valentes até o local; receosos, ficaram esperando em frente


ial

a casa enquanto viam João, Tonico e Davi pularem pela janela e


ter

sumirem na escuridão. Dentro da casa, a atmosfera era estranha


e fria, sombras fantasmagóricas eram projetadas na parede pela
ma

luz das lanternas dos garotos.


te

Na entrada do sobrado havia uma sala imensa com uma


Es

escada de madeira que levava para o andar superior. A escada


rangia e estalava conforme se pisava nela. Na sala, uma mesa

61

Contos-Horripilantes.indb 61 03/08/2016 13:41:05


de oito lugares estava posta para janta com comida pronta, tudo
bem arrumado. O mistério aumenta pois se Mariana morava só
na casa, para quem era a refeição posta na mesa ?

o.
çã
Tonico e Davi subiram as escadas para explorar o andar de
cima, enquanto João explorava o andar de baixo.

iza
Um frio percorreu a espinha de João ao perceber, por um

tor
breve momento, que vários rostos empalidecidos o encaravam por

au
dentro do grande espelho. Começou a gritar por Tonico e Davi que

m
desceram as escadas correndo; ao chegar na sala, não encontra-

se
ram mais seu amigo João. Olharam para o espelho e viram João
e os outros dentro dele.

do
ha
Correram para a porta, mas estava trancada e, ao tentarem
sair por outra porta, que dava para a copa da casa, puderam ver

rtil
que alguém se aproximava. Era uma mulher toda de branco com

pa
uma vela na mão, era Mariana. Ela disse:
m
co
Estava esperando vocês para o jantar !!!!
r

E nunca mais os três meninos foram vistos. Os moradores


se

da região procuraram por eles inutilmente. Em que mundo anda-


de

riam nossos heróis?


po
ão
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es

62

Contos-Horripilantes.indb 62 03/08/2016 13:41:05


o.
El espejo del caserón

çã
iza
tor
Glecy Teresinha Klegues

au
Traducción: Daiane Santos Santiago e Raquel Hoss Valente

m
se
Algunas personas consideran los espejos como una especie

do
de portales para otro mundo, hablan que quien muera delante

ha
de uno de estos objetos, puede usarlos como un pasaje entre el

rtil
mundo espiritual y el nuestro.

pa
Había una vivienda de dos pisos en lo alto de la colina en
m
el final de la calle era la última casa y se ubicada un tanto lejos
co
de las otras casas de la calle. La vivienda por la noche en lo alto
r

de la loma parecía una de aquellas casas embrujadas. La casa era


se

bella y tenebrosa a la vez, durante el día era menos asustadora,


de

había flores en el jardín mal cuidado.


po

Allá vivía Mariana, chica rara, casi no salía de su casa y


ão

cuando salía no hablaba con ninguna persona, sus padres y dos


en

hermanos habían desaparecido. Ella había hablado que ellos es-


taban viajando.
is

Por la noche venían ruidos extraños de la casa, voces, llan-


ra

to, murmullo y bultos caminando por la casa.


uto

Los residentes de la región evitaban pasar por la casa.


sA

Como estaba ubicada en el fin de la calle, estaba aislada. El pue-


ito

blo con miedo hablaba que el lugar era embrujado.


ire

Tres chicos João, Tonico y Davi estaban en la escuela


iD

cuando escucharan la historia del caserón. Ellos afirmaron que


su

no creían en apariciones y sus amigos chanceaban de ellos desa-


fiándoles para que probaran su valentía. Tenía que entrar en el
s
po

caserón y pasar la noche allá.


ial

Cuando anocheció los otros chicos acompañaron los tres


ter

valientes hasta el lugar, temerosos, esperaban delante de la casa


ma

mientras veían a João, Tonico y Davi saltando por la ventana y


desapareciendo en la oscuridad. Dentro de la casa la atmosfera
te

es extraña y fría sombras fantasmagóricas eran proyectadas en


Es

la pared por la luz de las linternas de los chicos.


En la entrada había un salón muy gran con una escale-

63

Contos-Horripilantes.indb 63 03/08/2016 13:41:05


ra de madera que llevaba para el otro piso. La escalera crujía el
chasqueaba conforme se la pisaba. En el salón una mesa de ocho
lugares estaba puesta para la cena con comida lista, todo bien or-

o.
denado. El misterio aumenta pues Mariana vivía sola en la casa.

çã
¿Para quién era la comida puesta en la mesa?

iza
Tonico y Davi subieron las escaleras para mirar el otro piso

tor
mientras João miraba la planta baja.

au
Un frío recorrió las espaldas de João cuando percibió que

m
había muchos rostros pálidos que lo miraban por dentro del gran

se
espejo. Empezó a gritar por Tonico y Davi que bajaran las esca-
leras corriendo. Al llegar al salón no más encontraron su amigo

do
João. Miraron para el espejo y vieron João y los otros dentro de él.

ha
Corrieron para la puerta, pero estaba cerrada y cuando

rtil
intentaron salir por otra puerta que llevaba a la copa de la casa

pa
pudieron mirar alguien que se acercaba. Era una mujer toda de
blanco con una vela en la mano, era Mariana. Ella habló:
m
co
¡Estaba esperando ustedes para la cena!
r
se

Y nunca jamás los tres chicos fueran vistos. Los habitan-


de

tes de la región buscaban por ellos inútilmente. ¿En qué mundo


po

andarían nuestros héroes?


ão
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es

64

Contos-Horripilantes.indb 64 03/08/2016 13:41:06


o.
The two-story house mirror

çã
iza
tor
Glecy Teresinha klegues

au
Tradução de: Caroline Estigarribia

m
se
do
Some people consider mirrors as a gateway to other worlds.

ha
They say that those who die in front of a mirror can use it as a
way to go from this world to a spiritual world.

rtil
pa
There was a two-story house on the upper part of the hill
at the end of a street and it was quite far from the other houses
m
co
of that street. The house, at night, looked like a haunted. It was
beautiful and dark at the same time. During daylight, it was less
r
se

frightening. There was an even some flowers in the ugly garden.


de

There lived Mariana, a weird girl who almost did not go out
po

of her house and when she did, she talked to nobody. Her parents
and her two brothers had disappeared from town and she used to
ão

say they were travelling.


en

At night, people could hear strange noises coming from the


house. Voices, weeping, mutterings and shadows walking around
is
ra

the house. The neighbors avoided passing in front of the house.


uto

Because it was located at the end of the street, it was in an isolat-


ed area. People were afraid and said the place was haunted.
sA

One day, three boys, João, Tonico and Davi, were at school
ito

when they heard the story about the big house. They stated they
ire

did not believe in these wraiths. Their friends laughed at them


iD

and challenged them to prove they were brave. To show they were
brave, they would have to go into the house and stay all night
su

long there.
s
po

As soon as it got dark, the other boys accompanied the three


ial

brave boys to the house. Afraid, they waited in front of the house
ter

while they saw João, Tonico and Davi to jump through the win-
dow and disappear in the dark. Into the wooden house, the atmo-
ma

sphere was weird and cold. Ghostly spirits were projected on the
wall by the light of the boys’ lanterns.
te
Es

Inside the house, an enormous room with a wooden stair-


case led to the second floor. The staircase creaked and crackled

65

Contos-Horripilantes.indb 65 03/08/2016 13:41:06


as the boys went up the stairs. In the dining room, there was a
table set for eight, with food ready for dinner. Everything was very
organized. The mystery increases. If Mariana lived alone there,

o.
who was that meal for?

çã
Tonico and Davi went up the stairs to explore the second

iza
floor while João explored the first.

tor
João felt a shiver down his spine when he noticed, for a mo-

au
ment, that several pale faces stared at him from inside the huge

m
mirror. He shouted asking for Tonico and David, who went down

se
the stairs running. When they arrived in the living room, João
was not there. So, they looked at the mirror and saw João and

do
the others inside it.

ha
They ran to the door trying to go out but it was locked. They

rtil
were going to try another door when they saw somebody was

pa
coming. It was a woman in white holding a candle. It was Mari-
ana and she said:
m
co
“I was waiting you to have dinner!”
r
se

After this day, nobody saw the boys again. The neighbors
de

looked for them in vain. Where in the world would our heroes be?
po
ão
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es

66

Contos-Horripilantes.indb 66 03/08/2016 13:41:06


Contos-Horripilantes.indb 67

Es
te
ma
ter
ia lp
os
su
i Di
re
ito
sA
uto
ra
is
en
ão
po
67

de
se
r co
mpa
rtil
ha
do
se
m
au
tor
iza
çã
o.
03/08/2016 13:41:06
o.
O museu dos espelhos

çã
iza
tor
Gisele Gabriela Peña Figueiredo

au
m
se
Marcos e seus amigos Ana, Lucas, Paula e Diego resolveram
pegar a estrada, rumo à serra para acampar. Eles iriam sábado

do
bem cedinho, pois eram muitas horas de viagem até lá e queriam

ha
aproveitar o máximo que pudessem.

rtil
Sábado, às 6 horas da manhã, Marcos passou com seu car-

pa
ro na casa da Ana para buscá-la. Ana e Marcos eram namorados
m
há um ano, eles adoravam viajar com os amigos. Depois de bus-
co
car Ana, passou na casa do Diego, ele e Marcos eram amigos de
infância e sempre andavam juntos. Mais à frente, moravam Paula
r
se

e Lucas - eles eram irmãos e conheciam Marcos desde o Ensino


de

Médio. A turma toda estava muito animada com a viagem, não


viam a hora de chegar ao Parque das Cachoeiras, um lugar mági-
po

co que descobriram por acaso na internet.


ão

Com o mapa nas mãos, seguiam atentamente pela estrada,


en

Ana era a copiloto, lia as informações para o Marcos, enquanto


os outros no banco de trás se responsabilizavam pela bagunça e
is
ra

alegria da viagem.
uto

Já passava do meio-dia e ainda faltavam mais três horas


sA

para chegar ao local, eles então resolveram parar para almoçar e


esticar as pernas. Depois de almoçar era hora de seguir viagem,
ito

agora Lucas assumia a direção e Paula cuidava de ler o mapa en-


ire

quanto Marcos e Ana descansavam um pouco.


iD

A viagem seguia tranquila, no banco de trás todos dormiam.


su

Repentinamente Lucas deu uma freada brusca, a estrada estava


s

interrompida, o pessoal acordou assustado.


po

- O que aconteceu? – perguntou Marcos.


ial
ter

- Acabou a estrada, vamos ter que ir por esse desvio. – disse


Lucas apontando para a placa.
ma

Marcos resolveu assumir o volante novamente e lá foram


te

eles pelo desvio. A estrada era muito estranha, rodeada por ár-
Es

vores centenárias, não havia nada em volta, somente eles por ali,
pois não viram mais nenhum carro trafegando por aquela estra-

68

Contos-Horripilantes.indb 68 03/08/2016 13:41:06


da.
Por mais que andassem, pareciam não chegar a lugar ne-
nhum, as horas estavam passando depressa, a gasolina estava

o.
çã
chegando quase ao fim, quando, ao longe, avistaram uma placa
de um posto de gasolina a uns 100 metros. Era a oportunidade

iza
de abastecer e de tentar descobrir onde estavam, porque estavam

tor
totalmente perdidos.

au
O posto fazia parte de uma cidade que parecia estar aban-

m
donada, as casas eram muito antigas, a grama alta e o silêncio

se
era de fazer qualquer um estremecer. Pararam no posto, mas pa-
recia que não havia ninguém; Paula resolveu entrar na lojinha de

do
conveniência para ver se tinha um banheiro. Ao entrar, estava

ha
tudo vazio, ao fundo da loja avistou o banheiro, ela correu para

rtil
lá, porque estava muito apertada. Logo atrás foram Ana e Diego.

pa
Quando saíram do banheiro, viram Marcos e Lucas conversando

m
com um homem baixinho, magro, de cabelos compridos, desgre-
co
nhados e barba longa. Foram ver quem era e se tinham consegui-
do alguma informação.
r
se

- Olá, tudo bom?! – disse Ana.


de

- Ana, esse homem é seu Antônio, dono do posto. Ele disse


po

que nos perdemos, viemos para o lado oposto, deveríamos ter


ão

voltado e pego o outro desvio e não esse que nos trouxe para cá.
- disse Marcos.
en

- E agora, o que vamos fazer, já está muito tarde para voltar-


is

mos para a estrada. - disse Diego.


ra
uto

Por acaso não tem nenhum hotel na cidade, seu Antônio? –


perguntou Ana.
sA

-Olha, por aqui não tem não, mas se quiserem, podem ficar
ito

lá em casa, seria uma honra recebê-los.


ire

- Obrigado, vamos ver o que fazemos. - disse Marcos.


iD

- Então fiquem à vontade, vou voltar para o meu trabalho na


su

oficina, qualquer coisa é só chamar.


s
po

Os amigos ficaram como medo de aceitar um convite daque-


ial

les de uma pessoa que nem conheciam.


ter

Paula e Diego resolveram então dar uma volta. Os outros


ma

ficaram sentados na beira da estrada, pensando no que iam fazer.


Enquanto caminhavam, Paula e Diego reparavam como a
te

cidade estava silenciosa, não havia ninguém nas ruas, as casas


Es

estavam todas fechadas, os jardins das casas estavam abando-

69

Contos-Horripilantes.indb 69 03/08/2016 13:41:07


nados, tomados pelo mato. Tudo aquilo fazia com que a cidade
parecesse com um cenário de filme de terror.
Como estava quase anoitecendo e Paula e Diego não volta-

o.
çã
vam, Lucas decidiu ir atrás da irmã. Foi caminhando, até que en-
controu uma casa bem diferente das outras, era uma casa grande

iza
de dois pisos, toda espelhada, na frente havia uma placa, onde

tor
dizia: Sejam Bem-vindos ao museu dos espelhos. Lucas imaginou

au
que eles poderiam estar lá dentro, então decidiu entrar. Assim
que entrou, percebeu que assim como o resto da cidade, também

m
se
estava vazio e muito silencioso, mas mesmo assim, decidiu seguir
olhando.

do
ha
Lá dentro havia muitos espelhos, espelhos de todos os ta-
manhos e de todos os tipos, uns destorciam a imagem, outros

rtil
deixavam as pessoas enormes, outros deixavam a pessoa bem

pa
fininha, parecia um labirinto, Lucas seguia passeando entre os
m
espelhos, se divertindo muito com todos eles. Quando chegou ao
co
final da sala, viu um espelho enorme que ocupava a parede toda,
r

ele se aproximou e o ambiente todo se iluminou. O espelho era


se

diferente, era o único que fazia a pessoa se ver como ela realmen-
de

te era. Ele ficou alguns segundos olhando para ele, à espera que
po

algo acontecesse. De repente começou a aparecer a imagem de


algumas pessoas, todas com um olhar de medo, pareciam querer
ão

avisar sobre algo. Lucas ficou arrepiado, mas continuou olhando,


en

tentando entender o que as pessoas queriam dizer. Bruscamente


is

ele foi empurrado por alguém e acabou dentro do espelho, ficando


ra

preso nele.
uto

Paula e Diego voltaram ao posto. Quando Marcos e Ana vi-


sA

ram, eles ficaram preocupados com Lucas.


ito

- Cadê o Lucas?- perguntou Marcos.


ire

- Não sei, ele não ficou aqui com vocês? – perguntou Paula.
iD

-Sim, ele estava aqui, mas como vocês demoraram a voltar,


su

ele foi atrás de vocês. - disse Ana.


s
po

Paula ficou preocupada com o irmão e decidiu convocar a


todos para irem atrás dele, pois a cidade era muito estranha e
ial

algo poderia ter acontecido.


ter

- Vamos, atrás dele, mas vamos juntos, não quero que nin-
ma

guém mais se perca. - disse Marcos.


te

- Mas se ele voltar e não nos ver é ele quem vai ficar preocu-
Es

pado, por isso vou ficar aqui no carro, caso ele apareça. - Disse
Diego.

70

Contos-Horripilantes.indb 70 03/08/2016 13:41:07


- Tudo bem, mas se cuida. - falou Paula.
- Pode deixar. - respondeu Diego.

o.
Todos foram procurar o amigo e enquanto caminhavam, ob-

çã
servavam o vazio da cidade, aquilo era estranhíssimo. Logo avis-

iza
taram o museu e assim como Lucas, foram entrando, chamando
pelo nome do amigo. Mas ninguém respondia.

tor
au
- Ai, parece que tem alguém nos olhando, que sensação hor-
rível! Vamos sair logo daqui! - disse Ana.

m
se
Depois de andar por quase todos os corredores, chegaram
onde estava o maior dos espelhos, eles também ficaram olhando e

do
esperando que algo acontecesse. Foi quando apareceu a imagem

ha
daquelas pessoas, todas muito espantadas, agoniadas, com um

rtil
olhar de desespero.

pa
-Olhem, é o Lucas! – gritou Paula.
m
Todos olharam surpresos, pensaram que era uma brinca-
co
deira dele e pediam para ele sair, mas ele não podia, ele gritava
r
se

e batia no espelho, tentando avisá-los do que tinha acontecido,


mas ninguém conseguia entender.
de

Enquanto isso, alguém apareceu por trás dos amigos, Lu-


po

cas ficou mais desesperado, gritava muito, apesar de ninguém


ão

conseguir ouvi-lo. Ele apontava, batia desesperado no espelho,


en

mas ninguém sabia o que fazer. De repente, um forte empurrão


fez com que Ana e Marcos fossem parar dentro do espelho. Paula
is

conseguiu escapar, ela correu o mais rápido que pôde em direção


ra

à rua, sempre olhando para trás, correu pelas ruas desesperada.


uto

Ao chegar ao posto, não encontrou Diego; gritou, chamou por


sA

ele, mas nada dele aparecer, então imaginou que o amigo pode-
ria estar no banheiro, entrou correndo na loja e foi até lá, mas
ito

ele não estava. Ao olhar para o espelho que tinha ali, levou um
ire

susto, Diego estava dentro dele, ele também estava preso. Ela
iD

pensou em quebrar o espelho para ver se algo acontecia, mas ao


quebrá-lo, o pior aconteceu: o sangue de Diego começou a jorrar
su

pelos cacos do espelho. Paula ficou desesperada. Gritava e chora-


s
po

va muito. De repente, ela ouve a porta da loja abrir, só podia ser o


dono do posto, ela foi correndo pedir ajuda, mas ao sair, viu o Seu
ial

Antônio com uma marreta nas mãos e vestindo a mesma capa


ter

que o assassino, ela não pensou duas vezes, entrou novamente


ma

no banheiro e se trancou. Enquanto o homem tentava derrubar


a porta com a marreta, ela fugia pela janela do banheiro. Quando
te

ele conseguiu entrar, já era tarde, ela já havia conseguido fugir.


Es

Paula entrou correndo no carro e deu a sorte de Marcos ter deixa-


do o carro com as chaves. Ela saiu em disparada. Pelo retrovisor,

71

Contos-Horripilantes.indb 71 03/08/2016 13:41:07


pôde ver o assassino ficando para trás.
Paula chorava muito e não conseguia acreditar no que tinha
acontecido, estava descontrolada, dirigia loucamente pela estra-

o.
çã
da, mas do nada surge no meio da rua um animal, fazendo com
que ela perca o controle do carro, batendo em uma árvore e ro-

iza
lando ribanceira abaixo.

tor
Nunca mais ninguém soube nada sobre os amigos e, de vez

au
em quando, um carro desavisado ia parar na cidade de onde nin-

m
guém jamais voltava.

se
do
ha
rtil
pa
m
rco
se
de
po
ão
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es

72

Contos-Horripilantes.indb 72 03/08/2016 13:41:07


o.
El museo de los espejos

çã
iza
tor
Gisele Gabriela Peña Figueiredo

au
Traducción: Adriele Martineli Costa

m
se
do
Marcos y sus amigos Ana, Lucas, Paula y Diego decidieron

ha
salir a la carretera, en dirección a la sierra para acampar. Ellos

rtil
irían el sábado muy temprano, porque eran muchas horas de via-

pa
je hasta allá y querían aprovechar al máximo que podrían.

m
Sábado, a las 6 horas de la mañana, Marcos fue con su
co
coche a la casa de Ana para recogerla. Ana y Marcos eran novios
r

hace un año, ellos adoraban viajar con sus amigos. Después de


se

recoger a Ana, pasó por casa de Diego. Marcos y él eran amigos


de

desde la niñez y siempre salían juntos. Más adelante, vivían Pula


po

y Lucas – ellos eran hermanos y conocían a Marcos desde la es-


cuela secundaria. Todo el grupo estaba muy entusiasmado con el
ão

viaje, no podía esperar para llegar al Parque de las Cascadas, un


en

sitio mágico que descubrieron por azar en internet.


Con el mapa en las manos, siguieron atentamente por la
is
ra

carretera, Ana era el copiloto, leía las informaciones para Marcos,


uto

mientras los otros, en el asiento trasero se responsabilizaban por


el desorden y alegría del viaje.
sA

Ya pasaba del mediodía y todavía faltaban tres horas más


ito

para llegar al sitio. Ellos entonces decidieron parar para el al-


ire

muerzo y estirar las piernas. Después del almuerzo ya era hora de


iD

continuar el viaje, ahora Lucas conducía el coche y Paula trataba


de leer el mapa mientras Marcos y Ana descansaban un poco.
su
s

El viaje seguía tranquilo, en el asiento trasero todos dor-


po

mían. De repente Lucas frenó bruscamente, la carretera estaba


ial

interrumpida, todos despertaron asustados.


ter

¿Qué ocurrió? – preguntó Marcos.


ma

Terminó la carretera, tenemos que seguir por este desvío –


dijo señalando a la placa.
te
Es

Marcos decidió manejar otra vez y allá fueron ellos por el


desvío. La carretera era muy extraña, rodeada por árboles viejos,

73

Contos-Horripilantes.indb 73 03/08/2016 13:41:07


no había nada alrededor, solamente ellos por allí, porque no veían
ningún coche de viaje por aquella carretera.
Por más que andaban, parecían no llegar a ningún lugar,

o.
çã
las horas se pasaban rápidamente, la gasolina estaba llegando
casi a su fin, cuando a lo lejos, avistaron una placa de una ga-

iza
solinera a unos cien metros. Era la oportunidad de abastecer y

tor
de intentar descubrir dónde estaban, porque estaban totalmente

au
perdidos.

m
La gasolinera era parte de una ciudad que parecía estar

se
abandonada, las casas eran muy viejas, la hierba alta y el silen-
cio era de hacer cualquiera estremecer. Pararon en la gasolinera,

do
pero parecía que no había nadie, Paula resolvió entrar a la tienda

ha
para ver si había un baño. Al entrar, estaba todo vacío, al fondo

rtil
de la tienda vio el baño, ella corrió para allí, porque estaba de-

pa
masiado apretada. Detrás de ella fueron Ana y Diego. Cuando sa-
m
lieron del baño, vieron Marcos y Lucas hablando con un hombre
co
bajo, flaco, de pelo largo, despeinados y barba larga. Fueron a ver
r

quién era y si habían conseguido alguna información.


se

Hola, ¿qué tal? – dijo Ana.


de

Ana, este hombre es Antonio, dueño de la gasolinera. Él dijo


po

que nos perdimos, venimos al lado opuesto, deberíamos haber


ão

vuelto y tomado otro desvío y no ese que nos trajo acá – dijo Mar-
en

cos.
Y ahora, ¿qué vamos hacer? Es demasiado tarde para que
is
ra

volvamos a la carretera – dijo Diego.


uto

¿Acaso hay algún hotel en la ciudad, Antonio? Preguntó Ana


sA

Mira, por aquí no hay, no, pero si quieren, pueden quedarse


ito

en mi casa, sería un honor recibirlos.


ire

Gracias, vamos a decidir qué hacemos. – dijo Marcos


iD

Entonces, siéntanse libres, voy a volver a mi trabajo en el


su

taller, si necesiten algo, pueden llamarme.


s
po

Los amigos tuvieron miedo de aceptar una invitación como


esa de una persona que no conocían.
ial

Paula y Diego decidieron dar una vuelta. Los otros se senta-


ter

ron en el borde de la carretera preguntándose qué harían.


ma

Mientras caminaban, Paula y Diego se dieron cuenta de


te

como la ciudad estaba silenciosa, no había nadie en las calles, las


Es

casas estaban todas cerradas, los jardines de las casas estaban


abandonados, tomados por la maleza. Todo eso ha hecho que la

74

Contos-Horripilantes.indb 74 03/08/2016 13:41:08


ciudad pareciese con una escena de película de terror.
Cómo ya era casi noche y Paula y Diego no volvían, Lucas
decidió ir detrás de la hermana. Fue caminando, hasta que en-

o.
çã
contró una casa muy diferente de las otras, era una gran casa
de dos pisos, toda espejada, delante de ella había una placa que

iza
decía: Bienvenidos al museo de los espejos. Lucas imaginó que

tor
ellos podrían estar allí, entonces decidió adentrarse. Luego que

au
adentró percibió que al igual que el resto de la ciudad, también
estaba vacío y muy silencioso, pero, aun así siguió mirándolo.

m
se
Allá había muchos espejos, espejos de todos los tamaños y
todos los tipos, unos destorcían la imagen, otros que al mirarlos

do
las personas parecían muy grandes, o muy delgadas, parecía un

ha
laberinto, Lucas seguía caminando entre los espejos, divirtiéndo-

rtil
se con todos ellos. Cuando llegó al final de la habitación vio un

pa
enorme espejo que ocupaba toda la pared, él se acercó y todo el

m
entorno se iluminó. El espejo era diferente, era el único que hacía
co
la persona verse como era. Él quedó unos segundos mirándolo
esperando que algo sucediese. De repente comenzó a aparecer
r
se

la imagen de algunas personas, todas ellas con una mirada de


miedo, perecían querer decirle sobre algo. Lucas se le puso la piel
de

de gallina, pero continuó mirándolo, tratando de entender qué las


po

personas querían decirle. De repente fue empujado por alguien y


ão

resultó dentro del espejo, se quedó atrapado.


en

Paula y Diego volvieron a la gasolinera. Marcos y Ana cuan-


do se dieron cuenta, se preocuparon por Lucas.
is
ra

¿Dónde está Lucas? Preguntó Marcos.


uto

No sé ¿él no estaba aquí con ustedes? Preguntó Paula.


sA

Sí, él estaba aquí, pero como ustedes tardaron a volver, él


ito

fue detrás de ustedes – dijo Ana.


ire

Paula se preocupó por su hermano y decidió llamar a todos


iD

a ir en su búsqueda, porque la ciudad era muy extraña y algo


podría haber ocurrido.
su
s

Vamos tras él, pero vamos juntos, no quiero que nadie más
po

se pierda – dijo Marcos.


ial

Pero si vuelve y no vernos es él que va estar preocupado,


ter

entonces voy a permanecer aquí en el coche, por si acaso – dijo


ma

Diego
Vale, pero cuídate mucho – dijo Paula
te
Es

¡Déjalo por mi cuenta! – dijo Diego

75

Contos-Horripilantes.indb 75 03/08/2016 13:41:08


Todos fueron en búsqueda del amigo, mientras caminaban,
miraban el vacío de la ciudad, eso era muy extraño. Luego avista-
ron el museo y como Lucas, fueron adentrando, llamando por el

o.
nombre del amigo, pero nadie respondía.

çã
Ay, parece que hay alguien mirándonos, ¡qué sensación ho-

iza
rrible! vamos a salir luego de aquí – dijo Ana.

tor
Después de caminar por casi todos los corredores llegaron

au
donde estaba el más grande de los espejos, ellos también se que-

m
daron mirando y esperando que algo sucediese fue cuando apare-

se
ció la imagen de aquellas personas, todas muy espantadas, ago-
nizadas y con una mirada desesperada.

do
ha
¡Miren! ¡Es Lucas! Gritó Paula.

rtil
Todos miraron sorprendidos, pensaron que era una broma

pa
de él y le pedían para salir, pero no podía. Él gritaba y golpeaba
el espejo tratando de advertirlos de lo que había ocurrido, pero
m
co
nadie conseguía comprenderlo.
r

Mientras tanto, alguien surgió de tras de los amigos, Lucas


se

se desesperó, gritaba mucho, pero nadie podía oírlo. Él apuntaba,


de

golpeaba desesperado el espejo, pero nadie sabía qué hacer, cuan-


po

do un fuerte impulso hizo que Ana y Marcos terminaron dentro


del espejo. Paula consiguió escapar, ella corrió lo más rápido que
ão

pudo hacia la calle, siempre mirando hacia atrás, corrió por las
en

calles desesperada. Al llegar a la gasolinera no encontró a Diego,


gritó, llamó por él, pero nadie apareció. Entonces imaginó que el
is

amigo podría estar en el baño, adentró corriendo a la tienda y fue


ra

hasta allá, pero no estaba. Al mirar un espejo que había allí llevó
uto

un susto, Diego estaba dentro del espejo, también estaba atrapa-


sA

do. Ella pensó en romper el espejo para ver se algo ocurría, pero
al romper el espejo, lo peor ocurrió, la sangre de Diego comenzó
ito

a fluir por los fragmentos del espejo. Paula cayó en la desespera-


ire

ción. Gritaba y lloraba mucho. De repente, se oye la puerta de la


iD

tienda abriéndose sólo podía ser el propietario de la gasolinera,


fue corriendo en búsqueda de ayuda, pero al salir vio a Antonio
su

con un martillo en las manos y usando la misma capa que el ase-


s
po

sino. Ella no dudó ni un segundo, volvió a entrar en el baño y allí


se encerró. Mientras el hombre trataba de derribar la puerta con
ial

el martillo, ella huía por la ventana del baño. Cuando consiguió


ter

entrar era tarde, ella ya había conseguido escaparse. Paula corrió


ma

para el coche y tuvo suerte de que Marcos había dejado las llaves
en el coche. Ella salió a máxima velocidad, por el retrovisor pudo
te

ver el asesino quedándose atrás.


Es

Paula lloraba mucho y no podía creer en lo que había ocurri-

76

Contos-Horripilantes.indb 76 03/08/2016 13:41:08


do. Estaba fuera de control, conducía locamente por la carretera,
pero de la nada, surge un animal en el medio de la carretera ha-
ciendo que pierda el control del coche, chocando contra un árbol

o.
y cayendo barranco abajo.

çã
Nadie nunca más supo nada acerca de los amigos y, de vez

iza
en cuando, un coche, incauto paraba en la ciudad, de donde na-

tor
die jamás volvía.

au
m
se
do
ha
rtil
m pa
co
r
se
de
po
ão
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es

77

Contos-Horripilantes.indb 77 03/08/2016 13:41:08


o.
The Museum of Mirrors

çã
iza
tor
Gisele Gabriela Peña Figueiredo

au
m
Translated by: Lucas Silva and Anderson Henrique Correia de Souza

se
do
Marcos and his friends Ana, Lucas, Paula and Diego decided

ha
to take the road to the mountains to go camping. They were going

rtil
early on Saturday, for it was a long way trip and they wanted to

pa
enjoy every second.

m
Saturday at 6 am, Marcos picked up Ana. Ana and Marcos
co
had been dating for a year already and they loved traveling with
r

friends. After picking Ana, he picked up Diego. They were child-


se

hood friends and were always together. Up ahead lived Paula and
de

Lucas, who were brother and sister and had known Marcos since
po

high school. They were all very excited about the trip to Cachoe-
iras Park, a magic place that they had read about by chance on
ão

the internet. They could not wait to go there.


en

With a map in their hands, they took the road very carefully.
Ana was the guide. She read the information to Marcos, while the
is
ra

others were partying on the backseat.


uto

It was past noon and there were three more hours left to
sA

reach the park. Then, they decided to stop for lunch and stretch
the legs. After lunch, it was time to move on. Now, Lucas would
ito

drive and Paula would read the map, while Marcos and Ana rest-
ire

ed a little.
iD

They were traveling safely. Everyone was asleep in the back


su

seat. Suddenly, Lucas braked the car sharply because the road
s

was blocked off. His friends woke up scared.


po

“What happened?”, asked Marcos.


ial

“The road is blocked off! We’ll have to take a detour”, said


ter

Lucas, pointing to the road sign.


ma

Marcos decided to take the wheel again and take the detour.
te

The road was very strange. There were many centenary trees
Es

along it. There was nothing around. They were the only ones on
that road because they could not see any other car traveling down

78

Contos-Horripilantes.indb 78 03/08/2016 13:41:08


the road.
The more they traveled, the more they seemed to be going
nowhere. Hours passed quickly and the gas was almost coming

o.
çã
to the end when, in the distance, they saw a gas station sign that
was about 100 meters away. It was the opportunity to refuel the

iza
car and try to find out where they were, because they knew they

tor
were completely lost.

au
The gas station was located in a city that seemed aban-

m
doned. The houses were very old, the grass was tall and the si-

se
lence would make anyone tremble. They stopped at the gas sta-
tion, but it seemed that there was no one there. Paula decided to

do
enter the convenience store to see if there was a restroom. When

ha
she got into the store, it was completely empty. At the end of the

rtil
store, she spotted the restroom. She went there because her teeth

pa
were floating. Ana and Diego went there, too. When they came out
m
of the restroom, they saw Marcos e Lucas talking with a short,
co
thin man, who had long shaggy hair and a long beard. They went
r

to see whom he was and if they had gotten any information.


se

“Hello, how are you?”, said Anna.


de
po

“Ana, this is Antonio, the owner of the gas station. He said


we lost. We took the wrong way. We should have gone back and
ão

taken the other detour and not the one that brought us here”,
en

Marcos said.
“What should we do now? It’s too late to go back to the road”,
is
ra

said Diego.
uto

“Is there any hotel in the city, Antonio?” asked Ana.


sA

“Well, around here there isn’t, but if you want, you can stay
ito

at my place. It would be an honor to host you all.


ire

“Thanks, let’s see what we’ll do”, said Marcos.


iD

“Feel free to decide. I am going back to work. You can call


su

me any time.
s
po

The friends were afraid to accept an invitation from someone


they did not know very well.
ial

Paula and Diego decided to go for a walk. The others sat by


ter

the side of the road, thinking about what they would do.
ma

As they walked, Paula and Diego noticed how quiet the city
te

was. The streets were empty. The houses were all closed. The
Es

gardens of the houses were abandoned and taken over by weeds.


That made the city look like a horror movie set.

79

Contos-Horripilantes.indb 79 03/08/2016 13:41:08


It was almost dusk and Paula and Diego had not returned
yet. Therefore, Lucas decided to go after his sister. As he was
walking, he found a house that looked very different from the

o.
others. It was a big two-story house, all mirrored. In front of the

çã
house, there was a sign that said ‘Welcome to the Museum of

iza
Mirrors’. Lucas thought they might be there. So, he decided to go
into it. Once he got inside, he realized that, it was just like the

tor
rest of the city: empty and quiet. Even though, he decided to keep

au
searching.

m
Inside, there were many mirrors of all sizes and types. Some

se
distorted the image while others made the person look very thin.

do
It looked like a labyrinth. Lucas kept strolling between the mir-

ha
rors, having a great time with them all. When he went to the end
of the room, he saw a huge mirror that occupied the entire wall.

rtil
He approached it and the whole place lit up. The mirror was dif-

pa
ferent. It was the only one in which you could see yourself as
m
you really were. He stood in front of this mirror for few seconds,
co
waiting for something to happen. Suddenly, the image of some
r

people began to appear. They all had a look of fear and it seemed
se

they wanted to warn about something. Lucas got goose bumps,


de

but continued looking, trying to understand what people meant.


po

Suddenly, he was pushed by someone and ended up right inside


the mirror. He was stuck in it.
ão
en

Paula and Diego returned to the gas station. When Marcos


is

and Ana saw Lucas was not there, they got worried.
ra
uto

“Where’s Lucas?”, asked Marcos.


sA

“I don’t know. Wasn’t he here with you?”, asked Paula.


ito

“Yes, he was here. But, as you took too long to come back,
he went after you”, said Ana.
ire
iD

Paula was worried about her brother and decided to ask


everyone to go after him, because the city was too strange and
su

something could have happened.


s
po

‘Come on. Let’s go find him. But, this time, we are going to-
ial

gether. I don’t want anyone else get lost”, said Marcos.


ter

“But if he comes back and we doesn’t find us, he’s the one
ma

who will get worried. So, I’ll stay in the car, in case he comes”,
said Diego.
te
Es

“All right, but beware, all right?”, said Paula.


“Yes, sure.”, said Diego.

80

Contos-Horripilantes.indb 80 03/08/2016 13:41:09


Then, everyone went after Lucas. While they were walking,
they noticed how empty the town was. That was weird. Soon they
spotted the Museum. And just like Lucas did, they entered and

o.
started calling his name. But, there was no answer.

çã
“Oh God, it looks like someone is watching us .What a hor-

iza
rible feeling! Let’s get out of here right away!”, said Ana.

tor
After walking along almost all the corridors, they reached

au
the place where there was the greatest mirror. They stayed there

m
staring at themselves in the mirror, waiting for something to hap-

se
pen. Then, the image of those people appeared again. They were
all very scared and desperate.

do
ha
“Look, it’s Lucas!”, cried Paula.

rtil
They all got very surprised to see his image. They thought

pa
it was a practical joke. So, they asked him to leave, but he could
not. He screamed and hit the mirror, trying to warn them of what
m
co
had happened, but no one could understand him.
r

Meanwhile, someone come up behind them. Lucas got even


se

more desperate. He screamed a lot, though nobody could hear


de

him. He pointed and desperately hit the mirror, but nobody knew
po

what to do. That was when Ana and Marcos were strongly pushed
and ended up inside the mirror. Paula managed to escape. She
ão

ran as fast as she could towards the street, always looking back.
en

She ran desperately through the streets in despair. When she got
to the gas station, she could not find Diego. She yelled, called his
is
ra

name but he did not show up.


uto

When she looked in the mirror, she panicked. Diego was


sA

also locked inside it. She decided to break the mirror to see what
would happen. But, when she broke it, worse came to worst:
ito

Diego’s blood started gushing through the mirror glass shards.


ire

Paula was desperate. She screamed and cried a lot, when, sud-
iD

denly, she heard someone opening the door of the store. It was
probably the owner of the gas station. She went up to him to get
su

some help, but, when she left the store, she saw Antonio with
s
po

a sledgehammer in his hands and wearing the same clothes as


the killer’s. So, she did not think twice. She went back to the
ial

restroom and locked herself. While the man was trying to break
ter

the door down with the sledgehammer, she ran away through
ma

the bathroom window. When he got in, it was too late. She had
already escaped. Paula rushed to get in the car and was lucky
te

Marcos had left the car keys there. She speeded up as fast as she
Es

could. Through the rear-view mirror she could see the murderer
left behind.

81

Contos-Horripilantes.indb 81 03/08/2016 13:41:09


Paula cried a lot and could not believe what had happened.
She was out of control and was driving wildly down the road. But,
unexpectedly, a big animal crossed the road, making her lose

o.
control of the car and she accidently hit a tree and rolled down

çã
the cliff.

iza
Never again, people heard about the friends. From time to

tor
time, an unadvised car would stop in the city from which no one

au
ever returned.

m
se
do
ha
rtil
pa
m
rco
se
de
po
ão
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es

82

Contos-Horripilantes.indb 82 03/08/2016 13:41:09


Contos-Horripilantes.indb 83

Es
te
ma
ter
ia lp
os
su
i Di
re
ito
sA
uto
ra
is
en
ão
po
83

de
se
r co
mpa
rtil
ha
do
se
m
au
tor
iza
çã
o.
03/08/2016 13:41:09
o.
Portais

çã
iza
tor
Clarissa Helena Martins Schorr e Tatiane Peres Zawaski

au
m
Liana não iria responder, porque simplesmente não respon-

se
deria àquela senhora. Era evidente que ambas estavam em um

do
dia bem ruim, afinal ninguém grita tanto por causa de uma man-

ha
cha de café.

rtil
Nunca deveria ter parado em lugar tão estranho, pensava,

pa
mas dirigir por 6 horas ininterruptas não poderia, precisava co-

m
mer. Já estava há umas duas horas (achava, difícil ter certeza)
co
dirigindo, quando seu organismo gritou por um simples café e
qualquer coisa para encher o buraco de seu estômago.
r
se

Era um lugar no meio do nada, sim, pois nem uma árvore


de

havia por perto. Na paisagem um vazio, campos, campos e cam-


po

pos vazios. Estranho era que, por mais que estivesse acostumada
a passar por ali - bem seguido, diria - nunca reparou na paisa-
ão

gem, nem na falta dela. Liana parou o carro bem em frente ao


en

estabelecimento branco, muito branco, de uma mistura de todas


as cores que faziam seus olhos arderem. Por trás da porta bran-
is

ca, que mais parecia aqueles espelhos em que se vê a própria


ra

imagem, mas por trás todos nos veem e nem imaginamos, há


uto

uma mesa, também branca. Uma recepcionista bem simpática a


sA

aguardava.
ito

Vestida da falta de cores, a mulher de cabelos pretos e olhos


ire

carinhosos a chamou pelo nome. Que grande pavor, como ela


pode saber? Liana resolveu que deveria entrar mesmo assim, fa-
iD

lou-lhe para sentar-se em qualquer lugar que em breve iria ser


su

atendida. Escolheu uma mesa próxima à janela, mas com aque-


s

las cortinas brancas que acalmam e a lembram de coisas que


po

ela não entende. Resolveu que o melhor seria trocar e sentar-se


ial

próximo ao grande espelho do salão, na parede oposta à janela,


ter

onde estavam todos os outros esperando. Que arrependimento,


não deveria ter levantado tão depressa, esbarrou em uma senho-
ma

ra que estava com um copo de café.


te

Passado o susto e os gritos dessa figura aterrorizante, Liana


Es

sentou-se onde queria, junto a todos. Ainda assustada, com o


coração saindo pela boca, percorreu toda a sala, apenas olhando

84

Contos-Horripilantes.indb 84 03/08/2016 13:41:09


pelo espelho, todos eram tão estranhos.
Na mesa em frente havia um velho senhor com o semblante
de cansaço e vida vivida a duras penas. Ele segurava a mão de

o.
çã
uma mulher bem mais nova, que tentava demonstrar uma força
que ninguém conseguia ver. Esse casal era mesmo diferente, pois

iza
não estavam comendo nada, estavam apenas ali parados, olhan-

tor
do para o vazio. Na mesa ao lado deles, apenas uma mulher, que

au
usava um lenço muito apertado na cabeça e estava de óculos es-
curos. Ela estava comendo. Seu lanche consistia em duas fatias

m
de pão de sanduíche com algum recheio e um suco que parecia

se
ser de morangos ou beterrabas, pois era vermelho. Ela estava

do
com muita fome, não respirava, apenas comia.

ha
E mais para trás, perto das janelas, duas pessoas apenas.

rtil
Uma menina, que não tinha mais de 12 anos de idade e a velha

pa
senhora - aquela do café - que parecia ser sua avó. A menina dor-

m
mia, a cabeça estava debruçada na mesa. A senhora ainda xin-
co
gava Liana com o olhar enfurecido. Por fim, chegou a atendente.
r

Liana pediu um café bem forte e uma fatia de bolo com cre-
se

me de damasco. Que luxo esse lugar! - pensou, tem até bolo. Lá


de

fora, parecia mais uma espelunca branca. Enquanto comia, ima-


po

ginava como seria a reação das pessoas quando chegasse a casa,


sabia que estava muito diferente de quando partiu. Uma gritante
ão

diferença física, mas muito mais importante, uma diferença emo-


en

cional.
is

Durante todo o tempo que passou longe, Liana viveu inex-


ra

plicáveis experiências, viveu como podia, viveu a vida dela e a dos


uto

outros, viveu pensando em quem abandonou. E agora estava ali


sA

a poucas horas de reviver, e de contar a novidade, de contar o


que nem sabia contar, nem sabia explicar. Como seria recebida?
ito

Como viveria após esse reencontro? Sentiu uma dor aguda no


ire

peito, um sentimento de desespero a atingiu.


iD

Tentou sair do café, tentou correr, tentou gritar. Ninguém


su

ali pareceu importar-se, nem levantaram a cabeça para olhar.


s

Apenas uma voz competia com a dela, não sabia de quem era,
po

nem conseguia ver a dona da voz, sabia que era mulher e gritava
ial

seu nome. O pavor de não conseguir se mexer aumentava ainda


mais, como ninguém via que ela precisava de ajuda? E de quem
ter

era a estranha voz?


ma

Lutar contra aquela sensação, contra o medo e o pavor era


te

inútil. Liana pensou, então, que o melhor era acalmar-se e tentar


Es

resolver. Sentou-se, isso conseguia fazer: levantar e sentar, mas


sem mexer os pés. Para quem pedir ajuda, já que todos parecem

85

Contos-Horripilantes.indb 85 03/08/2016 13:41:10


tão imóveis quanto ela? Pior: parecem estátuas. Por que entrou
naquele café? Por que aquilo tudo estava acontecendo? Quem
eram aquelas pessoas?

o.
çã
Por um instante a voz cessou. Liana passou a escutar uma
música muito calma, muito tranquila. Olhava pelo espelho, seu

iza
reflexo estava estranho, não era a Liana feliz, parecia doente, pa-

tor
recia que estava com muita dor. Ainda assim estava com muito

au
sono e já não conseguia manter os olhos abertos, quase adorme-
cendo, sem conseguir entender o que estava acontecendo. Não

m
queria dormir, lutou bastante contra o sono, impossível. Adorme-

se
ceu assim como a menina que estava com a velha senhora. Um

do
sono muito calmo e tranquilo, sem sonhos.

ha
Quando acordou estava lá ainda, imóvel. Ao seu lado estava

rtil
um senhor, que ela não reconhecia, segurando sua mão. Na sua

pa
frente, uma senhora bastante velha, que lhe sorria amigavelmen-

m
te; também não reconhecia. O que antes era estranho, agora era
co
ainda mais. Queria falar, mas não conseguia, queria entender,
mas ninguém lhe explicava nada.
r
se

Repassou seu olhar pelo local, o velho senhor já não estava


de

mais, a mulher de lenço estava, mas assim como ela, estava na


po

mesma situação: com duas pessoas, uma a sua frente, outra ao


seu lado segurando a sua mão. O olhar daquela mulher era de
ão

pavor, Liana deduziu que o seu devia ser igual. A menina que es-
en

tava dormindo e a velha que gritou não estavam mais lá, mas no
mesmo lugar, um bebê, ainda mais estranho era aquela criança
is
ra

sozinha em uma cadeirinha. Que lugar era aquele? Para onde


uto

foram os outros?
sA

Então, como todo ser humano que busca respostas e não


as encontra, Liana rezou, pediu para que Deus lhe tirasse de lá,
ito

já nem queria entender, queria voltar. Olhava para aqueles que


ire

estavam com ela e, sem sentir medo, aceitou sua condição, mais
iD

uma vez lutou contra o sono. Deu-se por vencida. Adormeceu de


mãos dadas com quem não conhecia.
su
s

Liana acordou e já não estava mais no café. Estava deita-


po

da em uma cama alta, em uma sala com paredes brancas, sem


ial

janelas, com um teto inteiro de espelho. Em camas vizinhas es-


ter

tavam a menina de 12 anos, a mulher, mas sem lenço, e o velho


senhor. Na porta que ficava em frente à sua cama estava escrito:
ma

Pós-Operatório.
te

Em um piscar de olhos, entrou uma enfermeira, era assim


Es

porque estava vestida tal e qual. Falou-lhe que a cirurgia foi difícil
e que o médico iria conversar com ela, mas que aconteceu algo

86

Contos-Horripilantes.indb 86 03/08/2016 13:41:10


meio estranho durante a cirurgia. Assim que foi anestesiada ela
custou muito a dormir, parecia que estava em outro local, não
fechou os olhos e não respondia, olhava para cima e no meio da

o.
cirurgia gritou para sair de um tal café e resmungou que os espe-

çã
lhos eram portais da alma para outra dimensão. Precisaram apli-

iza
car-lhe a anestesia por duas vezes mais. Nunca haviam visto caso
parecido. Passados alguns dias, Liana não lembrava de nada.

tor
au
m
se
do
ha
rtil
m pa
co
r
se
de
po
ão
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es

87

Contos-Horripilantes.indb 87 03/08/2016 13:41:10


o.
Portales

çã
iza
tor
Clarissa Helena Martins Schorr y Tatiane Peres Zawaski

au
m
Traducción: Lucas Pereira Szupszynski

se
do
Liana no quería decir nada, porque simplemente no quería

ha
responder a aquella señora. Era evidente que estaban en un día

rtil
muy malo, ninguna persona grita tanto por una mancha de café.

pa
Nunca debería haber parado en un lugar tan raro, pensa-
m
ba, pero conducir por seis horas continuas no podría, necesitaba
co
comer. Ya estaba por dos horas conduciendo, lo creía, era difícil
r
se

estar seguro, cuando su organismo gritó por un simple café y


cualquier cosa para llenar el agujero de su estómago.
de

Era un lugar en medio de la nada, sí, pues ningún árbol ha-


po

bía cerca. En el paisaje un vacío, campos, campos y campos va-


ão

cíos. Raro era que, por más que estuviese acostumbrada a pasar
en

por allí, pasaba a menudo, diría - nunca se dio cuenta del paisaje,
ni de su falta. Liana paró el coche en frente al estabelecimiento
is

blanco, muy blanco, de una mescla de todos los colores que ha-
ra

cían que sus ojos ardiesen. Por detrás de la puerta blanca, que
uto

más parecía aquellos espejos en el que vemos la propia imagen,


sA

pero por detrás todos nos ven y ni imaginamos, hay una mesa,
también blanca. Una recepcionista muy simpática la aguardaba.
ito

Vestida de la falta de colores, la mujer de pelos negros y ojos


ire

cariñosos la llamó por su nombre. ¡Qué pavor! ¿Cómo ella puede


iD

saber? Liana decidió que aún así debería adentrarse, le habló


su

para sentarse en cualquier lugar que en breve sería atendida. Es-


s

cogió una mesa a cerca de la ventana, pero con aquellas cortinas


po

blancas que nos calman y la recuerdan cosas que ella no com-


ial

prende. Decidió que lo mejor sería cambiar y asentarse a cerca


del gran espejo del salón, en la pared opuesta a la ventana, donde
ter

estaban todos los demás aguardando. Qué arrepentimiento, no


ma

debería levantarse tan pronto, topó en una señora que llevaba un


vaso de café.
te
Es

Pasado el susto y los gritos de esta figura aterrorizante, Lia-


na se sentó donde quería, junto a todos los demás. Todavía asus-

88

Contos-Horripilantes.indb 88 03/08/2016 13:41:10


tada, con el corazón latiendo muy fuerte, caminó por toda la sala,
apenas mirando por el espejo, todos eran tan raros.
En la mesa en frente había un viejo señor con un semblante

o.
çã
de cansancio y una vida vivida duramente. Él sujetaba la mano
de una mujer mucho más joven, que intentaba demostrar una

iza
fuerza que nadie podía ver. Esta pareja era diferente, porque no

tor
estaba comiendo nada, estaban solamente parados, mirando

au
para el vacío. En la mesa a su lado, apenas una mujer, que vestía
un pañuelo muy apretado en la cabeza y usaba anteojos oscuros.

m
Ella estaba comiendo. Su merienda consistía en dos rebanadas

se
de pan de sándwich con algún relleno y un jugo que parecía de

do
fresa o remolacha, porque era rojo. Ella tenía mucha hambre, no

ha
respiraba, solamente comía.

rtil
Y más atrás, cerca de las ventanas, dos personas solamente.

pa
Una niña, que no tenía más que 12 años de edad y la vieja señora

m
(la misma del café), que parecía ser su abuela. La niña dormía, la
co
cabeza estaba sobre la mesa. La señora aún insultaba Liana con
sus ojos enfurecidos. Por fin, llegó la camarera.
r
se

Liana pidió un café fuerte y una rebanada de tarta con cre-


de

ma de damasco. ¡Qué lujo este lugar! – pensó, hasta tarta hay.


po

Afuera, parecía más una espelunca blanca. Mientras comía, ima-


ginaba como sería la reacción de las personas cuando llegase a
ão

la casa, sabía que estaba muy diferente de cuando partió. Una


en

gran diferencia física, pero, mucho más importante, una diferen-


cia emocional.
is
ra

Por todo el tiempo que pasó lejos, Liana vivió inexplicables


uto

experiencias, vivió cómo podía, vivió su vida y la de los demás, vi-


vió pensando en quien abandonó. Y ahora estaba allí a pocas ho-
sA

ras de revivir, y de contar la novedad, de contar lo que ni siquiera


ito

sabía contar, ni sabía explicar. ¿Cómo sería recibida? ¿Cómo vi-


ire

viría después de este reencuentro? Sintió un dolor muy fuerte en


su pecho, un sentimiento de desesperación la atingió.
iD

Intentó salir del café, intentó correr, tentó gritar. Ninguna


su

persona allí pareció importarse, ni siquiera levantaron la cabeza


s
po

para mirar. Apenas una voz competía con la suya, no sabía quién
era, ni conseguía ver la dueña de la voz, sabía que era una mujer
ial

y gritaba su nombre. El pavor de no conseguir moverse aumenta-


ter

ba más, ¿Cómo ninguna persona había visto que ella necesitaba


ma

ayuda? ¿Y quién era la extraña voz?


te

Luchar en contra aquella sensación, contra el miedo y el pa-


Es

vor era inútil. Liana pensó, entonces, que lo mejor era calmarse e
intentar resolver. Ella se sentó, esto conseguía hacer: levantar y

89

Contos-Horripilantes.indb 89 03/08/2016 13:41:10


sentar, pero sin mover los pies. ¿Para quién pediría ayuda, ya que
todos los otros parecen tan inmóviles cuanto ella? Peor: parecían
estatuas. ¿Por qué entré en el café? ¿Por qué eso todo estaba ocu-

o.
rriendo? ¿Quiénes eran aquellas personas?

çã
Por un segundo la voz paró. Liana pasó a escuchar una mú-

iza
sica muy calma, muy tranquila. Miraba por el espejo, su reflejo

tor
estaba extraño, no era la Liana feliz, parecía enferma, parecía

au
que sentía mucho dolor. Aun así tenía mucho sueño y ya no con-
seguía mantener los ojos abiertos, casi quedando dormida, sin

m
conseguir comprender qué estaba ocurriendo. No quería dormir,

se
luchó mucho contra el sueño, imposible. Se durmió como la niña

do
que estaba con la vieja señora. Un sueño muy calmo y tranquilo,

ha
sin sueños.

rtil
Cuando despertó estaba en el mismo lugar, inmóvil. A su

pa
lado había un señor, que ella no reconocía, sujetando su mano.

m
Delante de ella una señora, muy vieja, que le sonría amigable-
co
mente, tampoco la reconocía. Lo que antes era extraño, ahora era
más. Quería hablar, pero no conseguía, quería comprender, pero
r
se

ninguna persona le explicaba nada.


de

Repasó sus ojos por el lugar, el señor ya no estaba, la mujer


po

con pañuelo estaba, pero así como ella, estaba en la misma situa-
ción: con dos personas, una delante, otra a su lado sujetando su
ão

mano. La mirada de aquella mujer era de pavor, Liana había de-


en

ducido que la suya debía ser igual. La niña que estaba durmiendo
y la vieja que gritó ya no estaban, pero en el mismo lugar había
is

un bebé. Mucho más raro era este bebé solito en una silla para
ra

niños. ¿Qué lugar era este? ¿A dónde fueron los demás?


uto

Entonces, como toda persona que busca respuestas y no las


sA

encuentra, Liana rezó, pidió que Dios la sacase de allá, ya no que-


ito

ría comprender, quería volver. Miraba para los que estaban con
ire

ella y, sin sentir miedo, aceptó su condición, una vez más luchó
en contra el sueño. Pero fue derrotada. Se durmió de la mano con
iD

quien no conocía.
su

Liana despertó y ya no estaba más en el café. Estaba acos-


s
po

tada en una cama alta, en una sala con paredes blancas, sin ven-
tanas, con un techo todo hecho de espejos. En las otras camas
ial

estaban la niña de 12 años, la mujer sin pañuelo, y el viejo señor.


ter

En la puerta que se quedaba delante de su cama estaba escrito:


ma

Postoperatorio.
te

En un santiamén, adentró una enfermera, era así porque así


Es

estaba vestida. Le dijo que la operación fue difícil y que el médico


hablaría con ella. Había ocurrido alguna cosa extraña durante la

90

Contos-Horripilantes.indb 90 03/08/2016 13:41:10


operación. Fue anestesiada, pero tardó mucho a dormir, parecía
que estaba en otro lugar, no cerraba los ojos y no respondía, mi-
raba hacia arriba y en medio de la operación gritó para salir de un

o.
café y reclamó que los espejos eran portales del alma para otra di-

çã
mensión. Fue necesario aplicarle la anestesia por dos veces más.

iza
Nunca habían visto caso similar. Pasados algunos días, Liana no
recordaba de nada de lo sucedido.

tor
au
m
se
do
ha
rtil
m pa
co
r
se
de
po
ão
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es

91

Contos-Horripilantes.indb 91 03/08/2016 13:41:11


o.
Portals

çã
iza
tor
Clarissa Helena Martins Schorr and Tatiane Peres Zawaski

au
m
se
Translated by: Caian Dorneles da Silva de Oliveira

do
ha
Liana would not answer. She simply would not answer that
woman. It was evident that both were having a bad day. After all,

rtil
no one yells that much because of a coffee stain.

pa
She should have never stopped in such a weird place, she
m
co
thought. However, she could not drive for 6 non-stop. She need-
ed to eat. She had been driving for 2 hours already (she was not
r
se

sure; it was hard to tell), when her body cried for a black coffee
and anything to fill the hole in her stomach.
de
po

It was a place in the middle of nowhere. Not even a tree


nearby. In the landscape, plenty of empty fields. It was weird that,
ão

even though she was used to passing by there – quite frequently,


en

she would say – she had never noticed the landscape, nor even
missed it. Liana stopped her car right in front of a white store, a
is

very white store. It was a mixture of all the colors, which made
ra

her eyes burn. Behind the white door that looked more like those
uto

old mirrors in which you see your own reflection, but behind them
sA

everybody sees us and we do not even imagine, there is a table,


which is also white. A very kind receptionist was waiting for her.
ito
ire

Dressed by the lack of colors, the woman, who had long


black hair and brown eyes, called her by the name. That was
iD

dreadful! How could she know her name? Liana decided that she
su

should get in, anyway. The receptionist told her to sit down any-
s

where because they would serve her soon. She chose a table next
po

to the window, but with those white curtains that calm people
ial

down and remind them of things that they cannot understand.


ter

She decided that it would be better to sit somewhere else, next to


the big mirror in the saloon, opposite the window, where all the
ma

other people were waiting. She regretted having gotten up so fast!


te

She should not have done that. She bumped into a woman who
Es

was holding a cup of coffee.


After the shock and the screams of this terrifying figure,

92

Contos-Horripilantes.indb 92 03/08/2016 13:41:11


Liana sat down where she wanted to along with everybody. Still
scared, with her heart coming out of her mouth, she walked along
the room, just by looking at the mirror. Everyone was so weird.

o.
çã
At the front table, there was an old man. His tired face
showed he had lived a tough life. He held a very young wom-

iza
an’s hand, who tried to exhibit some strength that no one could

tor
see. That couple was quite different, because they were not eating

au
anything. They were just standing there, looking at the empti-
ness. On the table beside them, there was only a woman, who

m
was wearing a very tight headscarf and dark glasses. She was

se
eating. Her snack were two slices of bread with some filling and

do
some juice that seemed to be made of strawberries or beetroots,

ha
because it was red. She was quite hungry. She did not breathe,
just ate.

rtil
pa
Moreover, farther behind, close to the windows, there were

m
only two people. A girl, who was 12 years old at most and the old
co
woman – the one who was holding the coffee – who seemed to be
her grandmother. The girl was asleep. Her head was on the table.
r
se

The woman still cursed Liana with her enraged look. Finally, the
de

attendant came to her table.


po

Liana asked for a strong coffee and a slice of cake covered


with apricot cream. “What a luxurious place!”, she thought. “There
ão

is even cake”. Outside, it looked like a greasy spoon. While eating,


en

she wondered what her relatives’ reaction would be like when she
is

arrived home. She knew she was a lot different from the moment
ra

she had left. A noticeable physical difference, but, above all, an


uto

emotional difference.
sA

During the whole time she was away, Liana lived unexplain-
able experiences. She lived the way she could. She lived other
ito

peoples’ lives and her own. She lived thinking about those she
ire

had abandoned. In addition, now, she was there, a few hours


iD

from living that again. A few hours from telling the news, telling
su

what she did not even know how to tell or explain. How would she
s

be welcomed? How would she live after this reunion? She felt an
po

acute chest pain. A desperate feeling hit her.


ial

She tried to leave the coffee shop. She tried to run. She tried
ter

to scream. Nobody there seemed to care. They did not even raise
ma

their heads to look. Only one voice competed with hers. She did
not know whose it was nor could she see the owner of the voice.
te

She knew it was a woman, who shouted her name. The fear of not
Es

being able to move increased even more. Why did no one notice
she needed help? And whose strange voice was that?

93

Contos-Horripilantes.indb 93 03/08/2016 13:41:11


It was useless to fight against that sensation or against that
fear and the dread. Liana thought, then, that the best she could
do was to calm down and try to solve it. She sat down, which

o.
was something she could do. She could stand up and sit down,

çã
but without moving her feet. Who could she ask for help, since

iza
everyone looked as still as her? Worse than this, they looked like
statues. Why did she get into that coffee shop? Why was that hap-

tor
pening? Who were those people?

au
For a moment, the voice stopped. Liana began to listen to a very

m
relaxing and quiet song. She looked at the mirror and could see her

se
reflection was weird. She did not look happy, but sick. She seemed

do
to have a lot of pain. Nevertheless, she was very sleepy and could not

ha
keep her eyes open. She was almost falling asleep, without being
able to understand what was happening. She did not want to sleep.

rtil
She was fighting against sleep, but it was impossible. She fell

pa
asleep just like the girl who was with the old woman. A very calm
and peaceful sleep, with no dreams. m
co
When she woke up, she was still there, motionless. Beside
r
se

her, holding her hand, was an old man, who she did seem to rec-
ognize. In front of her, a quite old woman with a friendly smile,
de

but she could not recognize her either. What seemed to be weird
po

before was even weirder now. She wanted to speak, but she could
ão

not. She wanted to understand that, but nobody explained any-


thing.
en

She looked again through the place. The old man was not
is

there anymore. The woman with the headscarf was, but just like
ra

her, she was in the same situation: two people, one in front of
uto

her, and the other one by her side holding her hand. The woman
sA

had a scary look, so Liana deduced that hers was the same. The
girl who was sleeping and the woman who yelled were not there
ito

anymore. Yet, in the same place, there was a baby. It was even
ire

weirder to see it alone on a baby chair. What place was that?


iD

Where have the others gone?


su

Therefore, as every single human that looks for answers and


s

does not find them, Liana prayed, and asked God to get her out
po

of there. She did not even want to understand. She just wanted
ial

to go leave. She looked at the ones who were there with her and,
ter

without being afraid, accepted her condition and, once again, she
fought against sleep. She gave in. She fell asleep holding hands
ma

with whom she did not know.


te

Liana woke up and realized she was not at the coffee shop
Es

anymore. She was lying on a high bed, in a room with white walls,
windowless, and a ceiling covered by mirrors. On neighboring

94

Contos-Horripilantes.indb 94 03/08/2016 13:41:11


beds was the 12-year-old girl, the woman without the headscarf
and the old man. On the door in front of her bed, there was sign
that read ‘post-surgery’.

o.
çã
In the blink of an eye, a nurse came in, because that was
what she looked like. She told Liana that the surgery had been

iza
difficult and that the doctor would talk to her, because something

tor
strange had happened during the procedure. After she was giv-

au
en anesthesia, she took too long to fall asleep. She seemed to be
somewhere else. She did not close her eyes and did not answer.

m
She looked up and in the middle of the surgery, she screamed

se
and asked to get out of a coffee shop and grumbled something

do
about mirrors that were soul portals to another dimension. They

ha
had to give her anesthesia twice more. They had never seen such
a case before. After some days, Liana did not remember anything

rtil
else.

m pa
co
r
se
de
po
ão
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es

95

Contos-Horripilantes.indb 95 03/08/2016 13:41:11


Contos-Horripilantes.indb 96

Es
te
ma
ter
ia lp
os
su
i Di
re
ito
sA
uto
ra
is
en
ão
96

po
de
se
r co
mpa
rtil
ha
do
se
m
au
tor
iza
çã
o.
03/08/2016 13:41:11
o.
Espelho da alma

çã
iza
tor
Joyce Aparecida Cardoso e Renata Normann

au
m
Em uma cidade nos arredores de Porto Alegre, duas amigas

se
estavam em uma festa animada, cheia de garotos e, como elas se
achavam as mais belas entre todas que ali estavam, começaram a

do
mostrar para que vieram e começaram a debochar e a zombar das

ha
menos afortunadas em termos de beleza e sensualidade. E lá se

rtil
encontrava entre diversas moças Nancy, que era uma moça tími-

pa
da, porém muito sorridente. Entretanto, com a morte da sua mãe,
Nancy entrou em uma forte depressão e as amigas a levaram para
m
co
a festa a fim de fazê-la se divertir. Mas as belas e más meninas,
ao saberem das intenções das amigas, trancaram-na no porão,
r
se

de onde ela não podia sair, e o que era pior, a garota passou a
sentir-se violentada o tempo todo pelos espelhos que lá se encon-
de

travam naquele lugar cheio de poeira, descascados, deformados,


po

mostrando seu rosto como se fosse uma aberração da natureza.


ão

Após a festa e em certo dia, cansada desse sofrimento e


en

sentindo muitas dores em sua alma atormentada, Nancy tentou


reagir agredindo com palavras as meninas que a submeteram a
is

esta tortura interminável. E, em um momento de fúria, deu um


ra

golpe com sua boneca de pano na cara de uma das belas, mas
uto

malvadas amigas. Muito revoltadas, as duas a esbofetearam e


sA

a asfixiaram com a própria boneca e disseram “Nancy, nem em


seus melhores sonhos você será bela como nós”.
ito
ire

A menina foi hospitalizada e quando se olhou no espelho,


estava toda deformada e acabou derrubando o espelho que sua
iD

mãe havia lhe deixado ao se debater no chão, e ainda sem ar, dis-
su

se suas últimas palavras:


s
po

“Serei o reflexo da alma de vocês onde quer que estejam...”.


ial

As malvadas foram repreendidas e disseram a todas que es-


ter

tavam arrependidas e que nunca mais iriam agir dessa forma,


mas... como já era de se esperar, foram palavras vazias e motivo
ma

de orgulho pelo que fizeram à pobre Nancy e como se não bas-


te

tasse, passaram a debochar das palavras proferidas pela pobre e


Es

atormentada moça.
O tempo foi passando e as malvadas amigas continuaram a

97

Contos-Horripilantes.indb 97 03/08/2016 13:41:12


fazer novas vítimas com seu preconceito desmedido, esquecendo-
se das palavras proferidas pela pobre Nancy que acabou morren-
do semanas depois por ter entrado em uma depressão profunda

o.
pois sua vida foi destruída pela vaidade e arrogância de meninas

çã
malvadas.

iza
Como tudo na vida, o tempo passa e as amigas, em certo

tor
dia, foram a uma loja de conveniência e lá viram uma cabine de

au
fotos instantâneas; tão logo entraram, viram um espelho que pa-
recia normal e começaram a fazer caras e bocas enquanto as fo-

m
tos eram tiradas. Até aquele momento, pura diversão e alegria até

se
que ao pegar as fotos, viram no reflexo do espelho Nancy em um

do
vestido branco e deslumbrantemente, bela e as amigas com seus

ha
rostos deformados, cheios de cicatrizes e olhares tristes. As me-
ninas acharam divertidas as fotos e de forma debochada relem-

rtil
braram da pobre Nancy e naquele momento acharam que tudo

pa
seria uma brincadeira divertida, feita por alguém que passou a
admirar as duas pelo que fizeram e que agora tinham ganhadom
co
reconhecimento de sua obra macabra.
r
se

Porém, a partir daquele dia, a alegria, as brincadeiras, as


horas intermináveis em frente ao espelho deram lugar à tristeza,
de

desilusão, medo e sentimentos de culpa. Dali em diante, passa-


po

ram a ver a sua verdadeira imagem no espelho e descobriram que,


ão

apesar de terem sua beleza inalterada, não mais conseguiam se


ver no espelho pois a verdadeira imagem refletida era a janela da
en

alma, tão escura e feia. Passaram a viver isoladas e tristes e cada


is

vez que se olhavam no espelho ou fossem fotografadas, veriam a


ra

verdadeira imagem e sempre ao fundo Nancy linda, deslumbran-


uto

te e feliz porque através do espelho que assombrava a alma se


revela a todos que junto das meninas desejosas de serem vistas,
sA

verão, assim como elas, o seu verdadeiro EU. Terão, como elas,
ito

sua alma exposta; irão experimentar, com certeza, o quanto é feio


ire

julgar. A imagem irá contar histórias que não se sabe a respeito


da pessoa que está do outro lado. E sabe o que é mais curioso?
iD

Depois de certo tempo, termina-se descobrindo que a pessoa que


su

lhe devolve o olhar tem um mistério a ser cumprido.


s
po

Dentro de todos nós temos uma Nancy precisando da ex-


periência do espelho. Pois faça-a você mesmo – e descubra seu
ial

inverso... descobrir quem você é nunca é demais. Olhe-se no es-


ter

pelho da alma para enxergar-se verdadeiramente. Os erros são


ma

professores da vida.
te
Es

98

Contos-Horripilantes.indb 98 03/08/2016 13:41:12


o.
Espejo del alma

çã
iza
Joyce Aparecida Cardoso y Renata Normann

tor
au
Traducción: Joyce Aparecida Cardoso y Renata Normann

m
se
do
En una ciudad cerca de Porto Alegre, dos amigas estaban
en una fiesta animada, llena de chicos. Ellas se sentían las más

ha
bellas entre todas que allí estaban y por eso empezaron a burlar-

rtil
se y chancear de las menos afortunadas en cuestión de belleza

pa
y sensualidad. Y allá se encontraba, entre diversas muchachas,
m
Nancy, que era una chica tímida, pero muy sonriente. Sin embar-
co
go, con la muerte de su madre, Nancy tuvo una fuerte depresión
y las amigas la llevaron a la fiesta con la finalidad de hacerla di-
r
se

vertirse, pero las bellas y malas chicas, al saber de la intención


de

de las amigas, la encerraron en el sótano, de donde ella no podría


salir. Y peor, la muchacha pasó a sentirse violentada todo el tiem-
po

po por los espejos que se encontraban allá en aquel lugar lleno de


ão

polvo. Los espejos estaban descascarillados y deformados, mos-


en

trando su cara como se fuera una aberración de la naturaleza.


El otro día, después de la fiesta, cansada del sufrimiento
is
ra

y sintiendo muchos dolores en su alma atormentada, Nancy in-


uto

tentó reaccionar agrediendo con palabras a las muchachas que


hicieron la tortura interminable y, en un rato de furia, dio un gol-
sA

pe con su muñeca de trapo en la cara de una de las más bellas,


ito

pero malas amigas. Muy enojadas, ellas abofetearon y asfixiaron


Nancy con su propia muñeca y dijeron: “Nancy, ni en sus mejores
ire

sueños serás bella como nosotras”.


iD

La chica fue hospitalizada. En el hospital, cuando ella se


su

vio en el espejo, estaba toda deformada. Así derrumbó el espejo


s
po

que su madre le había dejado al debatirse en el suelo. Todavía sin


aire, dijo sus últimas palabras:
ial

“Seré el reflejo de sus almas dondequiera que vosotras es-


ter

téis…”
ma

Las perversas fueron amonestadas y dijeron a todas que


te

estaban arrepentidas y que jamás actuarían de esa forma otra


Es

vez, pero... como ya era evidente, fueron palabras vacías y razón


de orgullo por lo que hicieron con la pobre Nancy y porque eso

99

Contos-Horripilantes.indb 99 03/08/2016 13:41:12


no fue suficiente, pasaron a ridiculizar las palabras de la pobre y
atormentada chica.
El tiempo fue pasando y las malas amigas siguieron ha-

o.
çã
ciendo nuevas víctimas con su prejuicio desmedido, olvidando de
las palabras de Nancy, que acabó por morirse semanas después,

iza
pues entró en una depresión profunda porque su vida había sido

tor
destruida por la vanidad y arrogancia de muchacha malas.

au
Como todo en la vida, el tempo pasa y las amigas, otro día,

m
fueron a una tienda de conveniencia y allá miraron una cabina

se
de fotografía instantánea. Tan pronto entraron, vieron un espejo
que parecía normal. Entonces empezaron a hacer caras y bocas

do
mientras sacaban las fotografías. Hasta aquel rato, solamente di-

ha
versión y alegría hasta que agarraron las fotografías. En este mo-

rtil
mento, vieron en el reflejo del espejo Nancy en un vestido blanco,

pa
deslumbrantemente bella y sus propias caras deformadas, llenas

m
de cicatrices y miradas tristes. Las muchachas encontraron di-
co
versión en las fotografías y de broma recordaron la pobre Nancy.
Y en aquel rato imaginaron que todo era una broma divertida he-
r
se

cha por alguien que empezó a admirarla por lo que hicieron y que
ahora habían ganado reconocimiento de su trabajo macabro.
de
po

Pero después de aquel día, la alegría, los juegos, las horas


interminables delante del espejo dieron lugar a la tristeza, desilu-
ão

sión, miedo y sentimiento de culpa. Desde aquel día, empezaron a


en

ver su verdadera imagen en el espejo, y descubrieron que a pesar


de que la belleza de las chicas siguiera inalterada, no más podían
is

mirarse al espejo, pues la verdadera imagen reflejada era una


ra

ventana del alma, tan oscura y fea. Empezaron a vivir aisladas y


uto

tristes. Y a cada vez que se miraban en el espejo o sacaban una


sA

fotografía mirarían su verdadera imagen y siempre detrás Nancy


linda, deslumbrante y feliz, porque delante del espejo que ator-
ito

mentaba el alma se revelaba a todos que junto a las muchachas


ire

que deseaban ser miradas, mirarán, así como ellas, su verdadero


iD

YO. Tendrán con ellas, su alma expuesta, probarán, seguramente


su

como es feo juzgar. La imagen contará historias que no se sabe


respecto a la persona que está al otro lado. Y, ¿sabes qué es más
s
po

curioso? Después de algún tiempo, se acaba descubriendo que la


persona que le devuelve la mirada tiene un misterio a ser cum-
ial

plido.
ter

Dentro de todos nosotros tenemos una Nancy necesitando


ma

la experiencia del espejo. Pues haga usted mismo, y descubra su


te

reverso...Descubrir quien usted es nunca está demás. Mírese al


Es

espejo del alma para verse verdaderamente. Los errores son los
maestros de la vida.

100
0

Contos-Horripilantes.indb 100 03/08/2016 13:41:12


o.
Mirror of the soul

çã
iza
tor
Joyce Aparecida Cardoso and Renata Normann

au
Translated by: Henrique M. Abreu

m
se
do
In a town in the outskirts of Porto Alegre, two friends were in

ha
a cheerful party, filled with boys, and since the two girls thought
they were the most beautiful girls there, they decided to show

rtil
what they had come for, and started mocking the less fortunate

pa
girls in terms of beauty and sensuality. And there was, amongst
m
all of them, Nancy, who was a shy yet very cheerful girl. However,
co
due to her mother’s passing, Nancy fell into depression, and her
r

friends had brought her to the party to have some fun, But when
se

the beautiful and mean girls found about their intentions, they
de

locked Nancy up in the basement, from where she couldn’t get


po

out. And the worst part was that she started feeling violated all
the time by the mirrors which were in that dusty place, mirrors
ão

that were broken and deformed, showing her face as if she were
en

a freak.
One day, after the party, tired of that sorrow and having her
is
ra

tormented soul filled with pain, Nancy tried to fight back attack-
uto

ing with words of aggression the girls who had submitted her to
that endless torture, and in a moment of fury, attacked one of the
sA

girls with her ragdoll. Enraged, the two girls beat Nancy up, and
ito

suffocated her with her own ragdoll and said “Nancy, not even in
ire

your best dreams will you ever be as beautiful as we are”.


iD

The girl ended up in the hospital, and when she looked her-
self in the mirror, she was all deformed. She dropped the mirror
su

her mother had given her. Gasping for air, she whispered her
s
po

final words:
ial

“I’ll be the reflection of your souls wherever you are.”


ter

The mean girls were scolded and told everyone that they
ma

regretted it, and they would never act like that again, but, as ex-
pected, those were meaningless words. They actually were proud
te

of what they had done to poor Nancy, and as if it were not enough,
Es

they started making fun of the last words that the poor and tor-
mented girl had said.

101

Contos-Horripilantes.indb 101 03/08/2016 13:41:12


Time passed and the mean girls continued to make new
victims with their undue prejudice, forgetting the words of poor
Nancy, who had passed away a few weeks later due to a major

o.
depression she had suffered for having her life destroyed by the

çã
vanity and arrogance of those mean girls.

iza
As everything in life, time passed, and one day the girls went

tor
to a convenience store and saw a booth for instant photos. As

au
soon as they got in, they saw a mirror that seemed normal and
started making silly faces as the photos were taken. They were

m
having fun until the moment they took the pictures. They saw

se
Nancy in the reflection of the mirror, in a white dress, gorgeous,

do
and the girls had deformed faces, filled with scars and sad eyes.

ha
The girls found the photos fun and remembered poor Nancy and
thought that the pictures were a kind of practical joke by some-

rtil
one who admired them for what they had done and wanted to

pa
acknowledge their macabre work.
m
co
However, since that day, the happiness, the jokes, the count-
less hours in front of the mirror turned into sadness, delusion,
r
se

fear and feelings of guilt. From that point on, they would see their
true selves in the mirror and find out that, despite still having
de

their beauty, they would never see themselves in mirrors again


po

because the reflection that would appear would be the reflection


ão

of their souls, dark and ugly. They started to live isolated and sad,
and every time they looked in the mirror or were photographed
en

they would see gorgeous Nancy in the background, beautiful and


is

happy because through the mirror she would haunt the souls of
ra

those who are like the girls who always wanted to be seen, and
uto

now would be reflected as their true selves. They will have their
souls exposed, just like the mean girls, and they will feel the ug-
sA

liness of judging others. The reflection will tell stories about the
ito

person that even the person on the other side would not know.
ire

And, the most interesting part? After a while, you find out that
the person that is looking back at you has a mystery to be solved.
iD
su

There is a Nancy inside all of us, in need of the experience of


the mirror. Therefore, do it yourself, and find your reverse. Find-
s
po

ing out who you are is never too much. Look at yourself in the
mirror of the soul to see your true self. Mistakes are the teachers
ial

of life.
ter
ma
te
Es

102

Contos-Horripilantes.indb 102 03/08/2016 13:41:13


Contos-Horripilantes.indb 103

Es
te
ma
ter
ia lp
os
su
i Di
re
ito
sA
uto
ra
is
en
ão
103

po
de
se
r co
mpa
rtil
ha
do
se
m
au
tor
iza
çã
o.
03/08/2016 13:41:13
o.
Reflexos Insanos

çã
iza
tor
Bruna Pereira Lumertz e Tamires da Silva Loss

au
m
Flores secas, os vasos quebrados e apenas restara um sicô-

se
moro velho na frente do antigo prédio. A clínica Santa Esperança
era talvez o último resquício de vida que restava para os pobres

do
doentes mentais do pequeno vilarejo de Vilalva. Cada paciente da

ha
clínica era tratado pelo doutor Fernando, médico de uns quaren-

rtil
ta, quarenta e dois anos, aparentemente, homem solitário, mas

pa
muito misterioso.

m
Todo o santo dia ele chegava por volta das sete e meia da
co
manhã e saía às sete da noite, quase doze horas de atendimento.
r

Havia ali pessoas com todo tipo de enfermidades da mente, uns


se

eram ex-dependentes químicos, outros com problemas adquiri-


de

dos em decorrência de má formação congênita do cérebro, outros


po

com distúrbios bem variados, mas havia um paciente em espe-


cial, João Cândido, um facínora que adorava espelhos. Na clínica
ão

tinha apenas um, que ficava no grande saguão de entrada, era


en

único e muito bonito, de moldura dourada, sempre refletindo a


primeira imagem de quem chegasse ao local.
is
ra

Dr. Fernando sempre reparou que João Cândido tinha um


uto

gosto peculiar por espelhos, pois em uma de suas consultas con-


sA

fessou ao médico que quando era pequeno colecionava espelhos


em seu quarto, todos de formas variadas. Mas o que desencadea-
ito

va a eminente loucura de João: por certo o trauma de ter pre-


ire

senciado uma morte, morte que teve como vítima fatal sua mãe.
iD

Coronel Ângelo Tenório, o pai de João, num ataque intempestivo


de ciúmes, jogou Clara no chão e lhe quebrou o espelho oval da
su

penteadeira na cabeça, os pedaços eram tão grandes que um de-


s
po

les ficou cravado no olho esquerdo de sua mãe.


ial

Esse homicídio marcou a vida do menino, que ficou vivendo


ter

por mãos de desconhecidos até chegar à Vilalva. Santa Esperan-


ça também ficou conhecida pelos assassinatos que ocorreram no
ma

passado, todos com as vítimas carregando uma mesma marca, o olho


esquerdo furado, mas isto antes da chegada de Dr. Fernando.
te
Es

Por volta das seis horas, todos os internos eram trancados


em seus quartos, exatamente uma hora antes de Fernando ir em-

104

Contos-Horripilantes.indb 104 03/08/2016 13:41:13


bora. A outra hora restante era para o Doutor organizar pron-
tuários, distribuir orientações aos enfermeiros, pois eram trin-
ta internos a quem inspiravam grandes cuidados. Só que havia

o.
um detalhe que Fernando não sabia: uma das enfermeiras, Rosa,

çã
mais conhecida como “Rosa venenosa”, colocava uma substância

iza
de procedência duvidosa na água dos pacientes, muitas vezes,

tor
causando alucinações em suas mentes, ocasionando sessões en-

au
sandecidas de loucura pelos corredores da clínica.
Porém o Doutor foi alertado por um espírito que aparecia no

m
se
espelho do saguão da clínica:

do
- Fernando, Fernando! Sou eu, sua amada Liz. Quero que
estejas preparado para o pior!

ha
rtil
- Meu Deus, quem fala assim?! - Exclamou num sobressalto
assustador.

m pa
- Vai acontecer um assassinato! Rosa vai ser morta! - E de-
co
sapareceu como um vulto no ar.
r
se

Fernando, intrigado pelo fato, ficou na dúvida. Seria mesmo


Liz, sua falecida esposa ou poderia ser um produto eloquente de
de

sua vida neste local mórbido? Passaram-se alguns meses e nada


po

ocorria, até que, certo dia, uma surpresa aconteceu: o espelho da


ão

entrada estava com marcas de sangue e uma rachadura central.


en

- Quando, como e quem fez isso? - Robotizado com a visão,


Fernando foi atrás de Rosa e a encontrou em seu quarto, com os
is

dois olhos furados e com pedaços de espelho cravados em seu


ra

corpo.
uto

Imediatamente foi até o quarto de João Cândido e não o


sA

encontrou; somente garrafas com o tal líquido que Rosa usava


ito

para entorpecer os pacientes. Quando o doutor desceu para o


saguão, viu algo que não queria ver. Ali, bem no meio do local,
ire

estava dentro de um caixão o corpo de João, cheio de ferimentos


iD

ocasionados por algum objeto cortante.


su

Fernando não sabia se chamava a polícia ou se estava fican-


s
po

do completamente louco. Então, correu seus olhos rapidamente


para o espelho, onde enxergou sua falecida segurando um cravo
ial

seco na mão esquerda e lhe disse:


ter

- Eu lhe alertei sobre a morte de Rosa. - E depois completou:


ma

- Esse espelho é o esplendor da loucura, pois uma vez que


te

olham para ele é como se tivessem olhado para mim e eu detesto


Es

as pessoas que me olham, por isso jogo o meu reflexo de raiva e


morte.

105

Contos-Horripilantes.indb 105 03/08/2016 13:41:13


Neste momento, Fernando vê a imagem de uma mulher de-
moníaca e grita bem forte:
- Basta! Eu não quero mais vê-la nem em espírito, sua víbo-

o.
çã
ra! Deixe-me viver em paz! Até depois de morta me persegue!

iza
Então um feixe de luz atravessou o espelho quebrando-o
em mil pedaços, atingindo o doutor e ferindo-o na testa com um

tor
grande machucado. Santa Esperança acabou fechando de vez

au
suas portas, os outros pacientes e funcionários foram removidos

m
para locais diferentes, já o doutor Fernando acabou ficando com

se
sérios problemas psicológicos, e foi para um sanatório onde havia
um velho sicômoro na frente do prédio...

do
ha
rtil
mpa
co
r
se
de
po
ão
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es

106

Contos-Horripilantes.indb 106 03/08/2016 13:41:13


o.
Reflejos insanos

çã
iza
tor
Bruna Pereira Lumertz y Tamires da Silva Loss

au
Traducción: Jordana Borck Ramos

m
se
Flores secas, los vasos rotos y sólo quedara un sicomoro

do
viejo en frente al antiguo edificio. La clínica Santa Esperanza era

ha
tal vez el último vestigio de vida que permanecía para los pobres

rtil
enfermos mentales del pequeño pueblo de Vilavalva. Cada uno

pa
de los pacientes de la clínica era tratado por el médico Fernando,
médico de unos cuarenta, cuarenta y dos años, aparentemente,
m
co
hombre solitario, pero muy misterioso.
r

Todo el santo día, él llegaba alrededor de las siete y media


se

de la mañana y salía a las siete de la noche, casi doce horas de


de

servicio. Había gente con todo tipo de enfermedades mentales,


po

unos eran ex adicto a las drogas, otros con problemas adquiri-


dos debido a una malformación congénita del cerebro, otros con
ão

trastornos muy diferentes, pero había un paciente en particular,


en

João Cándido, un rufián por espejos. En la clínica había solo uno,


que se quedaba en la gran sala de entrada, era el único y muy
is

hermoso, el marco de oro, reflejando siempre la primera imagen


ra

de los que llegaban al sitio.


uto

Dr. Fernando siempre percibió que João Cándido tenía un


sA

gusto peculiar por los espejos, pues en una de sus consultas con-
ito

fesó al médico que cuando era niño coleccionaba espejos en su


ire

habitación, todos de formas variadas. Pero lo que desencadenaba


la eminente locura de João: seguramente el trauma por haber
iD

presenciado una muerte, muerte que tuvo como víctima fatal su


su

madre. Coronel Ángelo Tenorio, el padre de João, en un ataque


s

intempestivo de celos, jugó a Clara en el suelo y rompió el espejo


po

oval del tocador en la cabeza, los pedazos eran tan grandes que
ial

uno de ellos se quedó claveteado en el ojo izquierdo de su madre.


ter

Ese homicidio marcó la vida del niño, que se quedó viviendo


ma

por manos de desconocidos hasta llegar a Vilavalva. Santa Es-


peranza también se quedó conocida por los asesinatos que ocu-
te

rrieron en el pasado, todos con las víctimas llevando una misma


Es

marca, el ojo izquierdo agujereado, pero esto antes de la llegada


de Dr. Fernando.

107
7

Contos-Horripilantes.indb 107 03/08/2016 13:41:13


Alrededor de las seis horas, todos los internos eran tranca-
dos en sus habitaciones, exactamente una hora antes de Fernan-
do irse para su casa. La hora restante era para el doctor organi-

o.
zar prontuarios, distribuir orientaciones a los enfermeros, pues

çã
eran treinta internos, los cuales inspiraban grandes cuidados.

iza
Solo que había un detalle que Fernando no sabía que una de

tor
las enfermeras, Rosa, más conocida como “rosa venenosa”. Ella

au
ponía una sustancia de procedencia dudosa en el agua de los pa-
cientes, muchas veces, causando alucinaciones en sus mentes,

m
ocasionando sesiones ensandecidas de locura por los corredores

se
de la clínica.

do
Sin embargo el doctor fue alertado por un espíritu que apa-

ha
recía en el espejo en la sala de la clínica.

rtil
-¡Fernando, Fernando! Soy yo, su amada Liz. Quiero que

pa
estés preparado para lo peor!
m
-Dios mío, ¿quién habla así?! – Exclamó como en un sobre-
co
salto asustador.
r
se

- Va suceder un asesinato! Rosa va a ser muerta! – Y desa-


de

pareció como un bulto en el aire.


po

Fernando, intrigado por el hecho, se quedó en duda. ¿Se-


ría Liz de verdad, su fallecida esposa, o podría ser un producto
ão

elocuente de su vida en este sitio morboso? Se pasaron algunos


en

meses y nada ocurría, hasta que cierto día una sorpresa sucedió:
el espejo de enfrente tenía marcas de sangre y una hendidura
is
ra

central.
uto

-¿Cuándo, cómo y quién hizo eso? – Robotizado con la vi-


sA

sión, Fernando fue detrás de Rosa y la encontró en su habitación,


con los dos ojos agujereados y con pedazos de espejos claveteados
ito

por su cuerpo.
ire

Inmediatamente fue hasta la habitación de João y no lo en-


iD

contró; solamente botellas con el líquido que Rosa usaba para


su

entorpecer a los pacientes. Cuando el Doctor bajó para la sala,


s

miró algo que no quería mirar. Allí, justo en el medio del sitio, es-
po

taba dentro de un ataúd el cuerpo de João, lleno de herimientos


ial

ocasionados por algún objeto cortante.


ter

Fernando no sabía si llamaba la policía o se estaba quedán-


ma

dose completamente loco. Entonces, corrió sus ojos rápidamente


para el espejo, donde miro su fallecida sujetando un clavel seco
te

en la mano izquierda y le dijo:


Es

Yo te avise sobre la muerte de Rosa. – y después completó:

108
8

Contos-Horripilantes.indb 108 03/08/2016 13:41:14


Este espejo es el esplendor de la locura, pues una vez que lo
miran es como se tuviesen mirando a mí y yo detesto a las perso-
nas que me miran, por eso le tiro mi reflejo de ira y muerte.

o.
çã
En este momento, Fernando mira la imagen de una mujer
demoniaca y grita muy fuerte:

iza
¡Basta! Yo no quiero mirarla más, ni siquiera en espíritu, ví-

tor
bora! Déjame vivir en paz! ¡Hasta después de muerta me persigue!

au
Entonces un haz de luz atravesó el espejo rotando en mi-

m
llones de pedazos, alcanzando el doctor e hiriéndolo en la frente

se
con una gran herida. Santa Esperanza acabó cerrando de vez

do
sus puertas, los demás pacientes y funcionarios fueran removi-

ha
dos para diferentes sitios, ya el doctor Fernando acabó con serios
problemas psicológicos, y fue para un sanatorio donde vivía un

rtil
viejo sicomoro delante del edificio...

m pa
co
r
se
de
po
ão
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es

109
9

Contos-Horripilantes.indb 109 03/08/2016 13:41:14


o.
Insane Reflections

çã
iza
tor
Bruna Lumertz and Tamires Loss

au
Translated by: Letícia Pegoraro Alves

m
se
Dry flowers, broken vases and there was only an old syca-

do
more left in front of the ancient building. The Santa Esperança

ha
clinic was, perhaps, the last trace of life for the poor intellectual

rtil
patients in the small village of “Vilalva”. Dr. Fernando, a doctor,

pa
who was forty, forty-two years old, apparently, a lonely but very
m
mysterious man, treated each patient. co
Every single day, he arrived about 07:30am and left the clin-
r

ic at 07:00pm, almost twelve hours working with medical care.


se

There were people with all types of diseases of the mind. Some
de

were former drug addicts, others had problems related to con-


po

genital anomalies of the brain; others had various disorders, but


there was a patient in particular, João Cândido, who was fasci-
ão

nated with mirrors. In the clinic, there was only one, located in
en

the lobby. It was unique and very beautiful, with a golden frame,
always reflecting the image of the person who arrived first.
is
ra

Dr. Fernando always noticed that João Cândido had a par-


uto

ticular taste for mirrors, because in one of the medical appoint-


ments, he confessed to the doctor that when he was child, he
sA

collected mirrors in his bedroom, all in different shapes. How-


ito

ever, what triggered João’s eminent madness was, certainly, the


ire

trauma of having witnessed death, which had his mother as a


iD

fatal victim. Colonel Ângelo Tenório, João’s father, in an untimely


attack of jealousy, threw Clara on the floor and broke the oval
su

mirror of the dresser in her head; the pieces were so big that one
s
po

of them was stuck in her left eye.


This murder had an impact on the boy’s life, who was raised
ial

by unknown hands, until he got to Vilalva. Santa Esperança also


ter

became well known for the murders that happened in the past,
ma

all the victims had been injured the same way: they had the left
eye punctured. However, that happened before Dr. Fernando’s
te

arrival.
Es

Around 6PM, all the patients were locked in their rooms,

110

Contos-Horripilantes.indb 110 03/08/2016 13:41:14


exactly one hour before Dr. Fernando left. The next hour left was
for the doctor to organize the patients’ records, gives guidance
to the nurses, because there were thirty patients who inspired

o.
great care. However, Fernando did not know a detail. One of the

çã
nurses, Rosa, better known as “poisonous Rosa”, used to put a

iza
suspicious substance in the patient’s water, which, most of the
times, generated hallucinations in their minds, causing moments

tor
of madness in the clinic’s corridors.

au
However, a spirit that appeared in the mirror of the clinic’s

m
lounge warned the doctor:

se
“Fernando, Fernando! It is me, your beloved Liz. I want you

do
to be prepared for the worst!”

ha
“Oh, My Goodness! Who speaks that way?”, he exclaimed as

rtil
in a scary shock.

pa
“A murder will happen! Rosa will be killed.”, and disap-
m
co
peared as wind in the air.
r

Fernando, intrigued by the fact, felt doubtful. Would it be


se

Liz, his dead wife or could it be an eloquent product of his life in


de

this morbid place? Some months passed and nothing happened.


po

Then, one day, there was a pleasant surprise: the mirror of the
lounge had blood marks and a crack in the middle.
ão

“When, how and who has done this?”, paralyzed with the
en

image, Fernando looked for Rosa and found her in his bedroom,
with the two eyes punctured and with pieces of the mirror stuck
is
ra

in her body.
uto

He immediately went to João Cândido’s bedroom but did not


sA

find him: only bottles with the mysterious substance that Rosa
used to drug the patients. When the doctor went down to the lob-
ito

by, he saw something that he did not want to see. There, in the
ire

middle of the place, João’s body was in a coffin, full of injuries


iD

caused by a sharp object.


su

Fernando did not know if he called the police or if he was


s

completely insane. Then, he took a quick glance at the mirror,


po

where he saw his dead wife holding a dry carnation in her left
ial

hand. She told him:


ter

“I warned you about Rosa’s murder”, and, then, completed:


ma

“This mirror is the splendor of madness, because once they


look at it, it is as if they had stared at me and I hate people who
te
Es

stare at me. That is why I throw my reflections of angry and death.


At the same moment, Fernando sees the image of a devil

111

Contos-Horripilantes.indb 111 03/08/2016 13:41:14


woman and screams out loud:
- That is enough! I do not want to see you anymore, not even
in spirit, you viper! Leave me alone! Even after death, you follow

o.
çã
me!

iza
Suddenly, a beam of light crossed the mirror, breaking it
in a thousand pieces, hitting the doctor and hurting him in the

tor
forehead with a big injure. ”Holy Hope” has closed the doors for

au
good. The other patients and employees were transferred to dif-

m
ferent places, whereas Dr. Fernando ended with serious mental

se
problems, and went to a sanatorium, where there was an old syc-
amore in front of the building.

do
ha
rtil
mpa
co
r
se
de
po
ão
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es

112

Contos-Horripilantes.indb 112 03/08/2016 13:41:14


Contos-Horripilantes.indb 113

Es
te
ma
ter
ia lp
os
su
i Di
re
ito
sA
uto
ra
is
en
ão
po
113

de
se
r co
mpa
rtil
ha
do
se
m
au
tor
iza
çã
o.
03/08/2016 13:41:14
o.
Espelho de almas

çã
iza
tor
Mariéli Tubino Maia

au
m
Vou contar-lhes uma história que ouvi há um tempo atrás.

se
Certa noite, estavam reunidas algumas mulheres em um bar por

do
motivo de uma trivial comemoração. Celebravam as alegrias da

ha
vida ou reuniam-se para observar os defeitos uma das outras?

rtil
Poderiam mesmo confiar entre si? Ali o que predominava era o
doce desejo de parecer melhor. Isso mesmo: parecer melhor! Ser

pa
melhor ficava em segundo plano. Mas há duas coisas no mundo
m
que ninguém pode enganar. Uma delas, a consciência. A outra,
co
o espelho.
r
se

Dizem que toda mulher, por menos vaidosa que seja, não
de

consegue ver um espelho que já vai logo conferindo a sua imagem


refletida. Algumas têm a capacidade de enxergar aquilo que real-
po

mente são, já outras enxergam somente o que lhes convêm. E há


ão

uma enorme lacuna entre o ser e o parecer.


en

Para as convivas, essas eram vãs filosofias! Jamais podiam


imaginar que uma aparência bela poderia possuir uma alma
is
ra

horripilante. Pode-se perceber que com um breve despertar de


uto

consciência, qualquer ser humano é capaz de acessar o habitante


mais profundo do seu âmago. Uma lástima é saber que muitos
sA

não têm esse desejo aguçado, preferindo ficar sempre no raso


ito

plano das aparências.


ire

Pois naquela noite, com um leve nevoeiro lá fora, uma de-


iD

las falava incessantemente. A outra que sentara a sua direita,


já meio cansada, levantou-se e dirigiu-se ao toalete. Entrando,
su

percebeu que não havia espelho algum em que pudesse retocar


s
po

o seu batom. Logo sentiu uma desagradável sensação. Como em


um banheiro feminino pudera faltar um objeto de fundamental
ial

utilidade? Continuou andando até o final do corredor e na última


ter

portinha das privadas eis que há um espelho. Ela se aproxima


ma

e observa sua imagem. O que reflete ali causa uma insatisfação


tamanha que ela decide retocar não só a maquiagem da boca,
te

mas de toda face. Seria aquele momento de grande retoque! Ao


Es

iniciar, passa base no rosto, retorna à bolsa para pegar o rímel


mas quando tenta se olhar novamente, já é tarde demais. O que

114

Contos-Horripilantes.indb 114 03/08/2016 13:41:15


vê é uma imagem dantesca, assustadora. Então o espelho lhe diz:
- Como podes, criatura? Toda vez em que se aproxima, por
mais bela que esteja, só sabe reclamar e pôr defeitos em tua apa-

o.
çã
rência. Saibas que o que vês agora é a tua imunda alma. Horripi-
lante és por dentro, mulher! Alma de desejos fúteis, preocupada

iza
com o parecer e não com o ser! Eis que morres a cada dia, por

tor
dentro. Tua alma está sendo corroída pelo veneno da vã vaidade.

au
Vai! Busca tuas amigas para que elas possam enxergar-se tam-
bém! Estás com medo de que possam te ver assim nesse estado

m
deplorável?

se
A mulher, muito perturbada com tamanha bizarrice, prefe-

do
riu desistir da vida naquele momento. Tudo aquilo fora para ela

ha
muito mais que pudera suportar.

rtil
Quando uma das amigas percebeu sua ausência, foi ao ba-

pa
nheiro para procurá-la. Foi também até a última portinha, cha-
mando-a.
m
co
O que relata o dono do bar é que essa também não suportou
r
se

ver a própria alma refletida no espelho. E talvez isso tenha acon-


tecido da mesma maneira com as outras. Perguntei-lhe se pode-
de

ria entrar e ver o espelho. Ele com um ar de maldade, respondeu:


po

- Fique à vontade!
ão
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es

115

Contos-Horripilantes.indb 115 03/08/2016 13:41:15


o.
Espejo de almas

çã
iza
tor
Mariéli Tubino Maia

au
m
Traducción: João Diogo dos Anjos Trindade

se
do
Voy a contar una historia que oí hace mucho tiempo. Una

ha
noche, estaban reunidas algunas mujeres en un bar para una

rtil
conmemoración cualquier. ¿Conmemoraban las alegrías de la
vida o se reunían para mirar los defectos una de las otras? ¿Po-

pa
drían de verdad creer una en la otra? En aquel ambiente lo que
m
más se percibe es el deseo de parecer mejor. ¡Sí, parecer mejor!
co
Ser mejor quedaría para un según plano. Pero hay dos cosas en
r
se

el mundo que nadie puede engañar. Una de ellas, la conciencia y


la otra, el espejo.
de

Hablan que toda mujer, por poco que sea vanidosa, no


po

puede mirar un espejo, sin que pronto se vaya a “verificar” su


ão

imagen reflejada. Algunas tienen la capacidad de ver lo que, de


en

verdad son. Ya otras, perciben solo lo que quieren. Y hay un gran


hueco entre el ser y el parecer.
is

Para ellas, esas eran filosofías vanas. Jamás podrían ima-


ra
uto

ginar que una apariencia bella, podría tener un alma horrible.


Se percibe que, con un rápido despertar de conciencia, cualquier
sA

persona es capaz de encontrar el habitante más lejos de su inte-


rior. Una lástima es saber que muchos no tienen este deseo fuer-
ito

te. Eligiendo quedarse siempre en el ámbito de las apariencias.


ire
iD

Pues en aquella noche, con una suave niebla afuera, una


de ella hablaba sin parar. La otra, que está sentada a la derecha,
su

sintiéndose cansada, se levantó y caminó hacia el baño, toda-


s
po

vía percibió que no había ningún espejo que pudiera retocar su


labial. Pronto sintió una desagradable sensación. ¿Cómo puede
ial

en un baño femenino faltar un objeto con tanta utilidad? Siguió


ter

caminando hacia el fin del corredor, y en una puertita entre los


ma

retretes, había un espejo. Ella se cerca al espejo y mira su ima-


gen. Lo que refleja el espejo, le deja insatisfecha, ella desea re-
te

tocar no solo el labial, pero todo el maquillaje. Aquel rato es de


Es

gran retoque. Al empezar pasa base en el rostro, saca del bolso el


rímel, pero intenta mirarse al espejo nuevamente, ya es demasia-

116

Contos-Horripilantes.indb 116 03/08/2016 13:41:15


damente tarde. Lo que mira es una imagen horrible, asustadora.
Entonces el espejo dice:
-¿Cómo puedes, persona? Todas las veces que te cercas,

o.
çã
aunque estés bella, solo te quejas y pones defectos en tu aparien-
cia. Sepas que lo que miras ahora es tu horrible alma. ¡Asustado-

iza
ra es por dentro, mujer! ¡Alma de deseos frívolos, preocupada con

tor
el parecer y no con el ser! Mueres a cada día por dentro. Tu alma

au
se destruye por el veneno de vanidades vanas. ¡Vete! ¡Busca a tus
amigas para que ellas también puedan mirarse! ¿Tienes miedo de

m
que ellas puedan mirarte así, horrible?

se
La mujer, muy perturbada con toda esa rareza, decidió por

do
desistir de la vida en aquel rato. Todo aquel acontecimiento fue

ha
mucho más que ella pudiera soportar.

rtil
Cuando una de las sus amigas, se dio cuenta de su la

pa
falta, fue al baño para buscarla. Fue también hacia la puertita
llamando a su amiga.
m
co
Lo que relata el propietario del bar, es que la amiga tampoco
r
se

soportó mirar a su propia alma reflejada en el espejo, y quizá eso


haya ocurrido también con otras mujeres. Yo le pregunté a él si
de

podría entrar y mirar el espejo. Él con el rostro lleno de maldad,


po

respondió:
ão

-¡Esté a gusto!
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es

117

Contos-Horripilantes.indb 117 03/08/2016 13:41:15


o.
Soul mirror

çã
iza
tor
Marieli Tubino Maia

au
m
Translated by: Vera Lucia de Lima Bobsin

se
do
I will tell you a story that I heard a long time ago. One night,

ha
some women gathered in a bar for a trivial celebration. Were they

rtil
celebrating the joys of life or did they gather to observe each oth-

pa
er’s faults? Could they really trust each other? Over there what
prevailed was the sweet desire to look better. That´s right: to look
m
co
better! Being better came second. But, there are two things in the
world that no one can deceive. One of them is consciousness. The
r
se

other, the mirror.


de

They say women, even those who are not that conceited,
po

cannot see a mirror and not check their image right away. Some
have the ability to see what they really are. Others see only what
ão

suits them. In addition, there is a huge gap between what people


en

are and what people look like.


For the guests, that was a vain philosophy! They could never
is
ra

image that a beautiful appearance could have a horrendous soul.


uto

It is possible to notice that with a brief awakening of conscious-


ness, any human being is able to access his or her own innermost
sA

inhabitant. It is a pity to know that many people do not have this


ito

keen desire: they would rather stay in the shallow level of appear-
ances.
ire
iD

Therefore, on that night and with a thin fog out there, one
of them spoke endlessly. The woman that sat on her right, a lit-
su

tle tired already, stood up and went to the toilet. As she got into
s
po

the toilet, she noticed there wasn´t a mirror in which she could
retouch her lipstick. She soon felt an unpleasant sensation. How
ial

could a women´s toilet lack such a useful object? She kept walk-
ter

ing to the end of the corridor and on the last little toilet door there
ma

was a mirror. She approaches and looks at her image. What is


reflected there causes such a dissatisfaction that she decides to
te

retouch not only the makeup on her lips, but on the whole face.
Es

That would be the moment of the great retouching! To start, she


puts pancake on her face and takes her handbag to get the mas-

118

Contos-Horripilantes.indb 118 03/08/2016 13:41:15


cara. However, when she tries to look at herself again, it´s too
late. What she sees is a Dantesque scary image. Then, the mirror
tells her:

o.
çã
“How dare you, creature? Every time you approach, no mat-
ter how beautiful you are, you do nothing but complain and criti-

iza
cize your appearance. You should know that what you see now is

tor
your filthy soul. Horrendous you are inside, woman! Soul of friv-

au
olous desires, concerned about what you look like and not what
you are! Lo and behold, you die every day, inside. The poison of

m
vain vanity is eroding your soul. Go! Bring your friends so that

se
they can see themselves, too! Are you afraid that they might see

do
you in this miserable condition?

ha
The woman, very upset with such bizarreness, decided to

rtil
give up life at that moment. Everything had been too much for

pa
her, more than she could have endured.

m
When one of her friends noticed her absence, she went to
co
the toilet to look for her. She also went to the last little door, and
r

called her.
se

The owner of the bar says that this woman could not bear
de

seeing her own soul reflected in the mirror. And, perhaps, this
po

might have happened with the others. I asked him if I could come
ão

and see the mirror. With a sarcastic humor, he answered:


en

- Make yourself at home!


is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es

119

Contos-Horripilantes.indb 119 03/08/2016 13:41:15


Contos-Horripilantes.indb 120

Es
te
ma
ter
ia lp
os
su
i Di
re
ito
sA
uto
ra
is
en
120

ão
0

po
de
se
r co
mpa
rtil
ha
do
se
m
au
tor
iza
çã
o.
03/08/2016 13:41:16
o.
A penteadeira

çã
iza
tor
Andréia de Souza Avancini e Magali Müller Araújo

au
m
A história que será apresentada passou-se há muitos anos

se
em uma cidadezinha do interior, onde as meninas eram muito

do
protegidas por seus pais, que as preparavam apenas para o ca-

ha
samento. Inajara sempre foi diferente das demais, era uma moça
bonita, de cabelos compridos e pretos, e um olhar angelical, tinha

rtil
lá os seus 18 anos, gostava muito de estudar e tinha muitos so-

pa
nhos, não queria apenas casar e ter filhos, não queria aquela vida
comum, pensava em brilhar.
m
co
Inajara, desde criança, adorava brincar em frente à pentea-
r
se

deira de sua mãe, onde ficavam os perfumes, cremes, maquiagens


e joias, passava tardes e tardes se olhando e se maquiando, so-
de

nhando que era uma artista de TV. Cantava, conversava consigo


po

mesma, fazia das abas dos espelhos da penteadeira como se fos-


ão

sem as câmeras de televisão, onde a focavam de vários ângulos.


en

O tempo passou e de menina se transformou em mulher,


mas a penteadeira ainda era o seu passatempo predileto, era
is

como se fosse sua grande amiga, e lá ela continuava a se olhar


ra

por horas e horas, não mais brincava de câmeras de TV, porém,


uto

os seus pensamentos flutuavam quando ela sentava-se e via o


sA

seu reflexo diante do espelho.


ito

Certo dia, Inajara acordou com uma sensação bem diferen-


te, suas costas estavam pesadas, coisa bem estranha, algo que
ire

nunca havia sentido antes. Levantou-se e foi olhar-se no espelho,


iD

quando sua imagem refletiu, Inajara tomou um susto, suas cos-


su

tas estavam com a espinha dorsal saliente e vermelha, por um


s

momento ficou estática, sem saber o que fazer, porém, resolveu


po

esconder, não queria preocupar sua mãe, então apenas colocou


ial

um xale por cima e saiu para trabalhar.


ter

Os dias se passavam e a menina permanecia com aquele


ma

segredo, suas costas doíam um pouco, mas nada que ela não
suportasse, sempre se examinava para ver o que estava aconte-
te

cendo com o seu corpo, e a cada dia, aquela saliência aumentava.


Es

Inajara pediu dispensa do trabalho comunitário que realizava to-


dos os dias, e começou a ficar mais em casa, estava com vergonha

121

Contos-Horripilantes.indb 121 03/08/2016 13:41:16


de sair, suas costas estavam ficando grandes. Sua mãe começou
a desconfiar de que havia algo errado, porém, a menina disfarça-
va muito bem.

o.
çã
Observando tudo que acontecia, ela sempre estava em fren-
te ao espelho a olhar-se, sua mãe brigava às vezes dizendo que

iza
Inajara não sabia fazer mais nada da vida a não ser olhar–se

tor
no espelho, precisava sim era casar-se e arranjar um marido. A

au
menina ficava triste com as coisas que sua mãe dizia, e acabava
sempre mergulhando nos seus pensamentos para que não se per-

m
desse naquele caminho que sua mãe queria que ela percorresse.

se
Um dia, Inajara acordou e o sol brilhava forte em sua janela,

do
abriu os olhos com um pouco de dificuldade, quando tentou le-

ha
vantar, algo esquisito acontecia, olhou em volta e estava coberta

rtil
por penas brancas. Quando se olhou no espelho, ficou perplexa,

pa
asas enormes e brancas haviam crescido em suas costas, ao mes-

m
mo tempo em que se assustou, achou aquelas asas muito espe-
co
ciais e belas, ficou, mais uma vez, sem saber o que fazer, como
ia sair do quarto daquela forma. Ali permaneceu por vários dias,
r
se

mal colocava o rosto para fora da porta nos momentos em que


sua mãe chamava por ela, apenas saía do quarto às escondidas,
de

passava o dia olhando suas asas e procurando alguma explicação


po

para aquele acontecimento.


ão

Chegou um dia em que Inajara tomou coragem e, enquanto


en

sua mãe costurava um casaco, ela apareceu na sala com as asas


abertas, era uma imagem magnífica, brilhante, algo extremamen-
is

te esplendoroso. Sua mãe olhou e, de primeiro momento, pensou


ra

que fosse fantasia de carnaval, quando percebeu que fazia parte


uto

do corpo de sua filha, começou a gritar espantada e horrorizada.


sA

Inajara encolheu as asas e disse que não sabia o porquê daquilo,


mas que se sentia muito bem, e que sua mãe não precisava ficar
ito

assustada só porque ela estava diferente. Foi lentamente até a


ire

janela, abriu as asas e se lançou ao voo. A mãe correu até a rua e


iD

Inajara se foi ao céu como uma luz e ali ficou reluzindo.


su

De repente, um sinal estrondoso nos ouvidos.


s
po

- Bom pessoal, acabou a nossa aula, que bom que consegui-


mos finalizar a história, podem pegar os materiais e irem embora.
ial

Boa tarde!
ter
ma
te
Es

12
122

Contos-Horripilantes.indb 122 03/08/2016 13:41:16


o.
El tocador

çã
iza
tor
Andréia de Souza Avancini y Magali Müller Araújo

au
Traducción: Mabel Nunes Moraes y Fernanda Marques Martins

m
se
do
La historia que será presentada se pasó hace muchos años

ha
en una ciudad del interior, donde las niñas eran muy protegidas
por sus padres, que las preparaban apenas para el casamiento.

rtil
Inajara siempre fue diferente de las demás, era una niña guapa,

pa
de pelo largo y negro, y tenía una mirada angelical, tenía sus
m
18 años, le gustaba mucho estudiar y tenía muchos sueños, no
co
quería apenas casar y tener hijos, no quería aquella vida común,
r

pensaba en brillar.
se

Inajara, desde niña, adoraba juguetear frente al tocador de


de

su madre, donde están los perfumes, cremas, maquillajes y jo-


po

yas. Pasaba tardes y tardes mirando y maquillándose, soñando


ão

que era una artista de la televisión. Contaba, charlaba consigo


misma, hacía del ala de los espejos del tocador como si fuesen las
en

cámaras de la televisión, donde la miran desde varios ángulos.


is

El tiempo pasó y la niña se transformó en una mujer, pero


ra

el tocador aún era su pasatiempo predilecto, era como se fuese


uto

su gran amiga, y ella continuaba mirándose por horas y horas,


sA

no jugaba a las cámaras de televisión, pero sus pensamientos


flotaban cuando ella sentaba y veía su reflejo delante del espejo.
ito
ire

Cierto día, Inajara despertó con una sensación muy diferen-


te, su espalda estaba pesada, algo muy extraño, algo que nunca
iD

había sentido. Se levantó y fue a mirarse en el espejo, cuando


su

reflejó su imagen, Inajara se llevó un susto, su espalda estaba


s

con la espina dorsal saliente y roja, por un momento ella se quedó


po

estática, sin saber qué hacer, resolvió esconderlo, no quería pre-


ial

ocupar a su madre, entonces apenas colocó un chal por encima


ter

y salió para trabajar.


ma

Los días se pasaban y la chica permanecía con aquel secre-


to, le dolía un poco espalda, pero nadie que ella no suportase,
te

siempre se examinaba para ver qué estaba aconteciendo con su


Es

cuerpo, y cada día, aquella protuberancia aumentaba. Inajara pi-


dió dispensa del trabajo comunitario que realizaba todos los días

123
123

Contos-Horripilantes.indb 123 03/08/2016 13:41:16


y comenzó a quedarse más en casa, tenía vergüenza de salir, su
espalda se está poniendo grande. Su madre comenzó a desconfiar
de que le pasaba algo, pero la chica disfrazaba muy bien.

o.
çã
Observando todo lo que pasaba, siempre estaba delante del
espejo a mirarse, su madre por veces peleaba, diciendo que Inaja-

iza
ra no sabía hacer nada más en la vida, sino mirar-se en el espejo,

tor
necesitaba sí, era casarse y encontrar un marido. La chica se

au
quedaba triste con las cosas que su madre le decía, y terminaba
siempre inmersa en sus pensamientos para que no se perdiese en

m
el camino que su madre le había elegido.

se
Un día, Inajara se despertó y el sol brillaba fuerte en su ven-

do
tana, abrió sus ojos con un poco de dificultad, cuando intentó le-

ha
vantarse, algo raro pasaba, miró a su alrededor y estaba cubierta

rtil
con plumas blancas. Cuando se miró al espejo, se quedó perpleja,

pa
alas muy grandes y blancas habían crecido en su espalda, se

m
asustó y a la vez las vio muy especiales y bellas. Una vez más, no
co
sabía qué hacer, cómo iba a salir de la habitación de esa manera.
Ahí permaneció por varios días, apenas ponía el rostro afuera de
r
se

la puerta en los momentos que su madre llamaba por ella, sólo


salía de la habitación de forma oculta, pasaba el día mirando sus
de

alas y buscando alguna explicación para lo que pasaba.


po

Llegó un día en el que Inajara tomó coraje y, mientras su


ão

madre cosía un abrigo, ella apareció en la sala con sus alas abier-
en

tas. Era una imagen magnífica, brillante, algo muy esplendoroso.


Su madre la miró, y de pronto, pensó que fuese un disfraz de
is

carnaval. Cuando percibió que el ala formaba parte del cuerpo de


ra

su hija, empezó a gritar asombrada, aterrorizada. Inajara encogió


uto

sus alas y dijo que no sabía el motivo de eso, pero que se sentía
sA

muy bien, y que su madre no necesitaba quedarse asombrada


sólo porque estaba diferente. Fue despacio hacia la ventana, abrió
ito

las alas levanto vuelo. Su madre corrió hacia la calle y Inajara se


ire

fue al cielo como una luz y allá se quedó reluciendo.


iD

De repente, un gran ruido en los oídos.


su

- ¡Bueno, chicos! Se acabó nuestra clase, que bueno que fue


s
po

posible finalizar la historia, pueden tomar sus materiales e irse.


¡Buenas tardes!
ial
ter
ma
te
Es

12
124

Contos-Horripilantes.indb 124 03/08/2016 13:41:16


o.
The dressing table

çã
iza
tor
Andréia de Souza Avancini and Magali Müller Araújo

au
Translated by: Jaqueline Ruscher Souto

m
se
do
The story that is about to be told happened many years ago

ha
in a very small city in the countryside, where girls were overpro-
tected by their parents, who brought them up just aiming at their

rtil
marriage. Inajara had always been different from the other girls;

pa
she was beautiful, had long and black hair and an angelical look.
m
At that time, she was about 18 years old, enjoyed studying very
co
much and had many dreams. She definitely did not want only to
r

marry and have children; she really did not want that ordinary
se

life, she wished she were a star.


de

Since her childhood, Inajara loved playing in front of her


po

mother’s dressing table where the bottles of perfume, lotion,


ão

makeup and jewelry were kept. She used to spend uncountable


afternoons looking at herself and putting on makeup, making be-
en

lieve she was a TV artist. She used to sing, talk to herself and use
the flanges of the mirror of the dressing table as if they were TV
is
ra

cameras, so that she could be focused from several angles.


uto

Time went by and the girl became a woman, but the dressing
sA

table was still her favorite hobby; as if it were a great friend. And
there she kept on looking at herself for hours and hours, but she
ito

no more played as if they were TV cameras. Instead, her thoughts


ire

floated when she sat and saw her reflection in the mirror.
iD

One day, Inajara woke up with a very strange sensation: her


su

back was heavy which was quite weird. Something she had never
s

felt before. She stood up and went to the mirror when she saw
po

herself there. She was shocked at her backbone, which looked


ial

protruding and red. For a moment, she stood still and did not
ter

know what to do. However, she decided to hide it because she did
not want her mother to get worried. Therefore, she just put on a
ma

shawl and left to work.


te

Days went by and the girl kept her secret. Her back ached a
Es

little but nothing that she could not stand. She always examined
herself to check her body but, unfortunately, that protrusion just

125
125

Contos-Horripilantes.indb 125 03/08/2016 13:41:16


increased day by day. Inajara took a leave of absence from the
community service she did every day and started to stay home
almost all the time because she was ashamed to go out once her

o.
back was getting bigger every day. Her mother was already sus-

çã
picious that something was wrong. Yet the girl disguised that sit-

iza
uation very well.

tor
As Inajara was always in front of the mirror, her mother,

au
now and then, argued with her because she did nothing else in
her life besides looking at herself in the mirror. For her mother,

m
all she really needed was to find a husband and get married. The

se
girl used to get sad because of the things her mother said to her

do
and she always ended up diving into her own thoughts not to get

ha
lost into that road that her mother wanted her to follow.

rtil
One day, Inajara woke up and the sun was shining brightly

pa
in her window. She opened her eyes with some difficulty stand-

m
ing up. Something weird had happened. She looked around and
co
noticed white feathers covering her back. When she looked her-
self in the mirror, she got bewildered: huge white wings that
r
se

had grown on her back. However, at the same time that she got
scared she found those wings quite beautiful and special. Once
de

again, she did not know what to do. How would she leave her bed-
po

room? Therefore, there she remained for many days. She barely
ão

stretched her face out of the door when her mother called her.
Her bedroom, she just left it furtively and spent the whole day
en

trying to understand what had happened.


is

Then, one day, while her mother was sowing a coat, Inajara
ra

built up courage and appeared in the living room with her wings
uto

opened. It was a magnificent, bright and extremely gorgeous im-


sA

age. At first, when her mother saw that, she thought it was a
carnival costume, but soon she realized those wings were part of
ito

her daughter’s body and she started screaming astonished and


ire

horrified. Inajara shrank her wings and told her mother she could
iD

not understand that entire situation, but she felt great anyway
su

and, so, there was no reason to get scared just because she was
different. Then, she went slowly to the window, opened her wings
s
po

and set out to fly. Her mother ran to the street and Inajara flew
up to the sky just as a light and there she remained, sparkling.
ial
ter

Suddenly a booming sound in the ears.


ma

Well people, our class has finished. I am glad we managed to


finish the story. You can take your belongings and go, now. Have
te

a nice afternoon!
Es

126
126

Contos-Horripilantes.indb 126 03/08/2016 13:41:17


Contos-Horripilantes.indb 127

Es
te
ma
ter
ia lp
os
su
i Di
re
ito
sA
uto
ra
is
en
ão
127
127

po
de
se
r co
mpa
rtil
ha
do
se
m
au
tor
iza
çã
o.
03/08/2016 13:41:17
o.
Nem tudo é o que parece

çã
iza
tor
Franciele dos Santos e Bruna Cinara Dutra Rosa

au
m
se
Era seu primeiro dia de aula na universidade e Ananda es-
tava muito ansiosa. Ao chegar, ficou sozinha, pois não conhecia

do
ninguém, sua primeira aula do curso de Psicologia com um pro-

ha
fessor muito charmoso, que trazia em seu olhar mistérios que

rtil
nunca alguém havia desvendado, deveria ter 35 anos; ela, ao

pa
olhar para ele se encantou.

m
Ananda tinha 18 anos, uma menina muito doce e meiga,
co
nunca havia namorado alguém e era o orgulho de seus pais que
r

cuidavam dela como se ainda fosse uma criança. Era filha única
se

e a mãe não podia mais ter filhos devido a complicações que teve
de

no parto de Ananda.
po

Muito tímida, Ananda se apresentou para o professor e para


os colegas na aula, disse que estava muito contente por ter con-
ão

seguido entrar na faculdade, e com muito medo, era tudo novo


en

para ela. Alguns colegas cochichavam enquanto Ananda se apre-


sentava, pois sua beleza encantava a todos, que debochavam da
is
ra

sua ingenuidade, o professor logo deu uma bronca nos alunos


uto

que tiveram que parar com as piadas.


sA

Ao chegar em casa, Ananda contou com muito ânimo para


os pais da sua experiência no primeiro dia de aula, e ao ir para
ito

seu quarto deitar, ficou pensando no quanto o seu professor foi


ire

querido defendendo-a de seus colegas zombadores, porém Anan-


iD

da mal sabia que o pior estava por vir.


su

Na sua casa, o professor ficou pensando o quanto aquela


s

nova aluna seria uma presa fácil em suas mãos e o quanto seria
po

divertido brincar com toda aquela ingenuidade. Com seu olhar


ial

maléfico, se olhou no espelho e começou a pensar como faria para


ter

se aproximar de Ananda.
ma

Durante a semana, devido ao seu jeito quietinho, Ananda


não conseguiu fazer amizades, e estava se sentindo muito sozi-
te

nha, todas as noites pensava em desistir, não suportava mais a


Es

forma como todos olhavam para ela na faculdade, mas tudo mu-
dou na segunda aula com o professor charmoso.

12
128

Contos-Horripilantes.indb 128 03/08/2016 13:41:17


O professor chegou com alguns livros, para poder se apro-
ximar de Ananda, usou toda sua lábia e começou a falar sobre a
aula, disse que havia percebido o quanto ela estava distante de

o.
todos e que podia contar com sua ajuda. Convidou-a para tomar

çã
um café depois da aula, Ananda não se sentiu confortável e re-

iza
cusou:

tor
- Não, obrigada, está muito tarde e tenho que ir para casa.

au
Ele ficou furioso quando ela recusou o convite, essa estraté-

m
gia nunca havia falhado.Com a mente fervendo, decidiu que não

se
iria desistir, pois ela era o perfil ideal para satisfazer seus desejos
insanos.

do
ha
Ananda estava apavorada, nunca alguém a havia convidado
para tomar café, encantada com aquele homem que se importava

rtil
com tudo o que ela estava passando, e não estava sendo fácil se

pa
adaptar àquelas mudanças. Logo, ela decidiu que se tivesse ou-
m
tra oportunidade, não recusaria. Era a chance de fazer com que
co
todos a olhassem de outro jeito, afinal ele era um professor muito
r

respeitado, admirado por todos, assim seus colegas teriam que


se

respeitá-la porque estava muito próxima do professor.


de

Claro que Ananda não foi ao encontro dele, esperou que


po

ele viesse falar com ela. Nos corredores da universidade eles se


ão

encontraram, o professor não perdeu a oportunidade e logo veio


en

falar com ela, convidou-a para almoçar, assim não teria problema
com o horário. A menina, desta vez, não pôde recusar e aceitou o
is

convite. O almoço foi muito agradável e Ananda estava encantada


ra

com seu professor, nunca havia conhecido alguém que a enten-


uto

desse assim como ele. Ao perceber o encanto de Ananda, ele se


sA

aproximou ainda mais dela e a convidou para conhecer o labora-


tório que tinha em sua casa.
ito

Ela não viu problema algum naquele convite, teria a oportu-


ire

nidade de conhecer o laboratório da casa de seu professor, privi-


iD

légio que poucos tinham. No caminho para casa, ele estava muito
su

contente, finalmente ela caiu na sua conversa, estava entusias-


s

mado pensando no que o destino havia preparado.


po

Ao chegar a casa, Rever ofereceu-lhe algo para beber.


ial
ter

- Um copo de água, por favor.


ma

- Não se importa que eu tome um uísque?


- Não, fique à vontade, disse, muito envergonhada.
te
Es

Era tudo o que ele precisava ouvir. Ananda estava encanta-


da com a casa, as paredes eram revestidas de espelhos de vários

12
129

Contos-Horripilantes.indb 129 03/08/2016 13:41:17


formatos, porém uma parede estava vazia, mal sabia o que estava
reservado para ela.
Olhando a casa, a moça notou algumas manchas pelo chão,

o.
çã
ao perceber que ela estava olhando, Rever lhe disse que eram
manchas de vinho; ela despreocupou-se, afinal a casa era lin-

iza
da, aquele homem era muito querido e ela estava completamente

tor
apaixonada. Alguns momentos depois, o tão esperado aconteceu,

au
foram ao laboratório; ao entrar, Ananda se deparou com um lugar
escuro e fétido, que tinha ao fundo uma sinfonia de Beethoven, e

m
atrás dela, a porta se fechou.

se
Logo Rever chegou para fazer as honras da casa, vestido de

do
branco, ele tinha nas mãos seu copo de uísque,

ha
- Quer um pouco?

rtil
pa
- Não, me deixe ir embora, disse apavorada

m
- Ainda está cedo e as surpresas estão por vir.
co
Quando ele acendeu as luzes, ela observou ao redor e viu
r
se

uma cama, vários equipamentos cirúrgicos e várias roupas de


meninas.
de

Ananda começou a correr dentro da casa, quando bateu em


po

um espelho e de trás dele um corpo caiu em seus pés, ela perce-


ão

beu que todos aqueles espelhos eram para esconder as meninas


en

ingênuas que Rever seduzia. Ela estava perdida, aquele homem


nunca a deixaria sair com vida daquele lugar...
is
ra

... o destino já havia reservado um espelho para ela.


uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es

13
130

Contos-Horripilantes.indb 130 03/08/2016 13:41:17


o.
No todo es lo que parece

çã
iza
tor
Franciele dos Santos y Bruna Rosa

au
m
Traducción: Franciele dos Santos y Bruna Rosa

se
do
Era su primer día de clase en la universidad y Ananda es-

ha
taba muy ansiosa. Al llegar se quedó solita, pues no conocía a na-

rtil
die, su primera clase del curso de psicología fue con un maestro

pa
muy hermoso, que traía en sus ojos misterios que nunca alguien
había descubierto, debía tener unos treinta y cinco años. Ella al
m
co
mirar para él se enamoró.
r

Ananda tenía dieciocho años, una chica muy dulce y tier-


se

na, nunca había estado de novia y era el orgullo de sus padres,


de

que cuidaban de ella como se todavía fuese una niña. Era hija
po

única y su madre no podría tener otros hijos, debido a complica-


ciones que tuvo en el parto de Ananda.
ão

Muy tímida, Ananda se presentó para el maestro y para


en

sus compañeros de clase, dijo que estaba muy contenta por ha-
ber conseguido ingresar a la universidad y con mucho miedo,
is
ra

pues todo era nuevo para ella. Algunos compañeros cuchichea-


uto

ban mientras se burlaban de su ingenuidad, el maestro pronto


dijo a los alumnos que tenían que parar con los chistes.
sA

Al llegar a su casa, Ananda contó con mucho ánimo para


ito

sus padres de su experiencia en el primer día de clase, y cuando


ire

fue para su habitación acostarse se quedó pensando cuanto su


iD

maestro fue querido defendiéndola de sus compañeros burlones,


pero Ananda no sabía que lo peor estaba por venir.
su
s

En su casa, el maestro se quedó pensando cuanto aquella


po

alumna nueva sería una presa fácil en sus manos y como sería
ial

divertido jugar con todo aquella ingenuidad. Con sus ojos ma-
ter

léficos se miró en el espejo y empezó a pensar como haría para


acercarse de Ananda.
ma

Durante la semana, debido a su apariencia reservada


te

Ananda no consiguió hacer amistades y estaba sintiéndose muy


Es

sola , todas las noches pensaba en desistir, no soportaba más la


forma como todos la miraban en la universidad, pero todo cambió

131

Contos-Horripilantes.indb 131 03/08/2016 13:41:17


en la segunda clase con el maestro hermoso.
El maestro llegó con algunos libros para poder aproximar-
se de Anada, usó toda su charla y empezó a hablar sobre la clase.

o.
çã
Dijo que había percibido cuanto ella estaba distante de todos y
que podía contar con su ayuda. La invitó para tomar un café des-

iza
pués de la clase, Ananda no se sintió confortable y rechazó.

tor
- No, gracias está muy tarde y tengo que volver para casa.

au
Él se puso furioso cuando ella rechazar la invitación, esa

m
estrategia nunca había fallado. Con la mente hirviendo decidió

se
que no desistiría, pues ella era el perfil ideal para satisfacer sus

do
deseos insanos.

ha
Ananda estaba aterrorizada, nunca nadie había la invitado

rtil
para tomar un café, encantada con aquel hombre que se impor-

pa
taba con todo que ella estaba pasando, y para ella no estaba fácil
aceptar aquellos cambios. Luego ella decidió que si tuviera otra
m
co
oportunidad no la recusaría. Era la oportunidad de hacer que
todos la mirasen de otra manera, pues él era un maestro muy
r
se

respectado, admirado por todos, así sus compañeros tenían que


respetarla porque estaba muy próxima del maestro.
de
po

Claro que Ananda no fue a su encuentro, esperó que él


viese con ella. En los pasillos de la universidad ellos se encon-
ão

traban, él no perdió la oportunidad y pronto vino hablar con ella,


en

invitó para almorzar, así no tenía problema con el horario. Ella


de esa vez no podría recusar y fue a almorzar con él. El almuerzo
is

fue muy agradable y Ananda estaba encantada con su maestro,


ra

nunca había conocido nadie que la entendiese así como él.


uto

Al percibir el encanto de Ananda él se acercó aún más de


sA

ella y la invitó para conocer el laboratorio que tenía en su casa. A


ito

ella no le pareció mala aquella invitación, tener la oportunidad de


conocer el laboratorio en la casa de su maestro era un privilegio
ire

que pocos tenía. En el camino para la casa, el maestro estaba


iD

muy contento, finalmente ella cayó en su charla. Estaba entu-


su

siasmado pensando en lo que el destino había preparado.


s
po

Al llegar a la casa, Rever ofreció algo para beber .


ial

- Un vaso de agua, por favor.


ter

- ¿No se importa que yo tomé un whisky?


ma

- No, esté a gusto, dijo muy avergonzada.


te

Era todo que él necesitaba oír. Ananda estaba encantada


Es

con la casa, las paredes eran revestidas de espejos de varios for-


matos, pero una pared estaba vacía, apenas sabía qué estaba

13
132

Contos-Horripilantes.indb 132 03/08/2016 13:41:18


reservado para ella.
Mirando la casa, la chica notó algunas manchas por el
suelo. Al percibir que ella estaba mirando las manchas, Rever

o.
çã
habló que eran manchas de vino. Ella se despreocupó, al fin la
casa era linda. Aquel hombre era muy querido y ella estaba com-

iza
pletamente enamorada. Algunos momentos después lo esperado

tor
ocurrió, fueron conocer el laboratorio, al entrar Ananda vio un si-

au
tio negro y fétido con una sinfonía de Beethoven al fondo, y detrás
de ella la puerta cerró.

m
se
Pronto Rever llegó para hacer las honras de la casa, vesti-
do de blanco, él tenía en las manos su vaso de whisky.

do
ha
- ¿Quieres un poco?

rtil
- No, déjame ir a casa, habló aterrorizada.

pa
- Aún está temprano y las sorpresas están por venir.
m
Cuando él encendió las luces, ella miró alrededor y miró
co
una cama, varios equipos quirúrgicos y varias ropas de chicas.
r
se

Ananda empezó a correr dentro de la casa, cuando golpeó un es-


pejo y detrás de él, un cuerpo cayó a sus pies. Ella percibió que
de

todos aquellos espejos eran para esconder a las chicas ingenuas


po

que Rever seducía. Ella estaba perdida, aquel hombre nunca la


ão

dejaría salir con vida de aquel sitio.


en

Pues el destino ya había reservado un espejo para ella.


is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es

13
133

Contos-Horripilantes.indb 133 03/08/2016 13:41:18


o.
Not everything is what it seems

çã
iza
tor
Franciele dos Santos and Bruna Rosa

au
Translated by: William da Silva Grivicich

m
se
do
It was her first day at university and Ananda was very anx-

ha
ious. When she arrived, she stayed alone because she knew no
one. It was her first class in the Psychology course with a very

rtil
charming professor. He brought in his eyes mysteries that no one

pa
had unraveled before. He looked about 35. She was amazed the
moment she saw him.
m
co
Ananda was 18 years old, a very sweet and gentle girl. She
r
se

had never dated anyone and was her parents’ pride. They took
care of her as if she were still a child. She was an only child and
de

her mother could not have any more children because of compli-
po

cations during Ananda’s delivery.


ão

Very shy, Ananda introduced herself to the professor and


en

classmates and said she was delighted to have been able to get
into college, but very much afraid, as everything was new to her.
is

Some colleagues were whispering while Ananda introduced her-


ra

self, as her beauty charmed everyone, even those who made fun
uto

of her naivety. The professor immediately scolded the students


sA

who then had to stop with the jokes.


ito

When she arrived at home, Ananda cheerfully told her par-


ents about her experience on the first day of school. When she
ire

went to her bedroom to lie down, she kept thinking how nice
iD

her professor had been, defending her from her mean colleagues.
su

However, Ananda hardly knew that the worst was yet to come.
s
po

In his home, the professor wondered how much that new


student would be an easy prey in his hands and how fun it would
ial

be to have fun with all that naivety. With his evil look, he looked
ter

in the mirror and began to think how he would approach Ananda.


ma

During the week, due to her reserved manner, Ananda was


not able to make friends, and was feeling very lonely. Every night
te
Es

she thought about giving up. She could no longer bear the way
everyone looked at her in college, but everything changed in the

134

Contos-Horripilantes.indb 134 03/08/2016 13:41:18


second class with the charming professor.
The professor arrived with some books in order to get closer
to Ananda. He then used his smooth talking and began to talk

o.
çã
about the class. He said he had noticed how much she was away
from everyone and told her she could count on him for help. He

iza
invited her for coffee after class, but Ananda did not feel comfort-

tor
able with it and declined:

au
“No, thanks. It’s too late and I have to go home.”

m
He got furious when she declined the invitation. This strate-

se
gy had never failed before. With his mind boiling, he decided not

do
to give up, because she had the ideal profile to satisfy his insane

ha
desires.

rtil
Ananda was scared. Never before had someone invited her

pa
for coffee. She was delighted with the man who cared about ev-
erything she was going through - it was not easy to adapt to those
m
co
changes. She soon decided that if she had another chance, she
would not refuse. It was her chance to make everyone look at her
r
se

differently. After all, he was a highly respected professor, admired


by everyone. As a result, her colleagues would have to respect her
de

because she was very close to him.


po

Ananda did not obviously meet him, but, instead, waited for
ão

him to come to talk to her. They met in the corridors of the uni-
en

versity. He did not waste the opportunity and soon came to talk to
her, inviting her for lunch, so that the time would not be a prob-
is

lem. This time, she could not refuse and had lunch with him. The
ra

meal was very nice and Ananda was delighted with her professor.
uto

She had never met someone who understood her as well as he


sA

did. Noticing Ananda’s feelings, he approached her even closer


and invited her to meet the laboratory he had in his home.
ito

She saw no problem with that invitation, she would have


ire

the opportunity to meet the laboratory at her professor’s home, a


iD

privilege that few had. On the way home, he was very happy. He
su

had finally sweet-talked her. He was excited thinking about what


s

fate had for him.


po

When they arrived, Rever offered her something to drink.


ial
ter

“A glass of water, please.”


ma

“Do you mind if I have a whiskey?”


“No, go ahead”, she said, shyly.
te
Es

It was all he needed to hear. Ananda was fascinated with the


house. Mirrors of several shapes covered the walls, but one wall

135

Contos-Horripilantes.indb 135 03/08/2016 13:41:18


was empty. She barely knew what awaited her.
Looking around the house, the girl noticed some stains on
the floor. Realizing that she was looking, Rever said they were

o.
çã
wine stains. She did not worry. After all, the house was gorgeous,
the man was very sweet and she was completely in love. A little

iza
later, the great moment happened. They went to the laboratory.

tor
When she entered, Ananda came across a dark and fetid place,

au
with a Beethoven symphony playing in the background, and be-
hind her, the door closed.

m
se
Rever arrived soon to do the honors, dressed in white; he
was holding his glass of whiskey.

do
ha
“Would you like some?”

rtil
“No, let me go!”, she said, terrified.

pa
“It’s still early and surprises are about to come.”
m
When he turned on the lights, she looked around and saw a
co
bed, several surgical equipment and several girls’ clothes.
r
se

Amanda began to run inside the house when she bumped


de

into a mirror and from behind it, a body fell on her feet. She real-
ized that all those mirrors were there to hide the naive girls Rever
po

seduced. She was lost. That man would never let her leave the
ão

house alive.
en

Because fate already had a mirror awaiting for her.


is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es

136

Contos-Horripilantes.indb 136 03/08/2016 13:41:18


Contos-Horripilantes.indb 137

Es
te
ma
ter
ia lp
os
su
i Di
re
ito
sA
uto
ra
is
en
ão
137

po
de
se
r co
mpa
rtil
ha
do
se
m
au
tor
iza
çã
o.
03/08/2016 13:41:18
o.
O jogo do espelho

çã
iza
tor
Débora Ribeiro Ricardo, Débora dos Santos Westhauser

au
e Sandra Elisa de Oliveira Souza

m
se
do
Foi assim que aconteceu. Eram 4 adolescentes, duas me-
ninas e dois meninos, queriam testar algo que ouviram falar. A

ha
casa estava vazia, ou seja, sem ninguém para supervisionar. E

rtil
era plena noite de sexta-feira 13. Como não tinham os recursos

pa
necessários para a brincadeira, utilizaram o que tinham ali na
m
hora. O tabuleiro foi feito com o espelho do quarto de Alice. Nele
co
foram escritas, no centro, as letras do alfabeto e os números, de
r

cada lado foram escritas as palavras “sim” e “não”.


se

Lucas estava um tanto receoso quanto à brincadeira, já Ra-


de

fael, Alice e Beatriz estavam loucos para ter um primeiro contato


po

espiritual. Eles deram as mãos e tentaram uma reza, mas foi


em vão, pensaram então em desistir, mas Alice insiste em tentar
ão

novamente, pois acha que errou algumas palavras. Então eles


en

recitam mais devagar e pronunciam outras palavras e novamente


nada acontece. Resolvem parar com a tal brincadeira, recolhem
is
ra

tudo para guardar, mas na pressa, esquecem o espelho de Alice


uto

em cima da mesa. Então Lucas pega-o e vai até o quarto. Quando


ele levanta-o para pendurar na parede do quarto, vê pelo reflexo
sA

do espelho o vulto de uma pessoa com o rosto borrado e com


ito

roupas sujas de sangue parado logo atrás dele. Ele se vira rapi-
damente para olhar e não avista ninguém. Assustado, corre para
ire

a cozinha onde estão os outros.


iD

– Eu vi, eu vi – era a única coisa que o coitado conseguia


su

dizer, tremia e gaguejava, estava pálido feito um papel.


s
po

– O que você viu? – Perguntava Rafael, que já estava assus-


ial

tado.
ter

Estavam tentando acalmar Lucas quando sentiram falta de


ma

uma pessoa: Beatriz. Seus pensamentos de onde a amiga estava


foram interrompidos por um grito feminino que parecia vir do an-
te

dar de cima. Apavorados com o som, caminharam apressados pe-


Es

las escadas e seguiram na direção de onde acreditavam ter vindo


o grito da amiga. Perceberam que estavam na porta do banheiro

13
138

Contos-Horripilantes.indb 138 03/08/2016 13:41:19


da casa de Alice. A porta estava completamente fechada, o que os
deixou ainda mais preocupados.
Rafael tomou coragem e abriu a porta. Beatriz encontrava-

o.
çã
se sentada no chão, as lágrimas escorrendo pelo rosto, a expres-
são de choque e medo fixa no box do banheiro. Ao avistarem o

iza
vulto sombrio e ensanguentado, partiram para a sala novamente,

tor
puxando Beatriz junto pelos braços.

au
Resolveram tentar mais uma vez a reza, torcendo para que

m
isso encerrasse o pesadelo em que estavam vivendo. Trouxeram

se
então para a sala novamente o espelho e os objetos que foram
usados, deram as mãos e repetiram a reza com as vozes trêmulas

do
e soluços contidos. Esperando não dar certo outra vez, eles come-

ha
çam a levantar. Então percebem que havia uma frase no espelho:

rtil
‘’vocês não deveriam ter feito isso’’.

m pa
co
r
se
de
po
ão
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es

139

Contos-Horripilantes.indb 139 03/08/2016 13:41:19


o.
El juego de los espejos

çã
iza
tor
Débora Ribeiro Ricardo, Débora dos Santos Westhauser

au
y Sandra Elisa de Oliveira Souza

m
se
Traducción: Débora Ribeiro Ricardo

do
ha
Esto es lo que ocurrió. Había cuatro adolescentes, dos chi-

rtil
cos e dos chicas, ellos querían probar algo que habían oído. La

pa
casa estaba vacía, o sea, sin nadie que los supervise. Y era noche
m
de viernes y trece1. Como no tenían los recursos necesarios para
co
el juego, utilizaron lo que había allí en aquel momento. Se hizo
el tablero con el espejo de la habitación de Alice. En el centro se
r
se

escribió, letras del alfabeto y números, en cada lado estaban es-


critas las palabras “sí” y “no”.
de
po

Lucas estaba un poco temeroso por el juego, ya Rafael, Ali-


ce y Beatriz se morían para tener un primer contacto espiritual.
ão

Ellos tomaron de las manos y intentaron una oración, pero en


en

vano, entonces pensaron en renunciar, pero Alice insiste en vol-


ver a intentarlo, porque ella piensa que no pronunció correcta-
is

mente las palabras. Entonces se ponen a decir más lentamente


ra

y pronunciar otras palabras una y otra vez pero no pasa nada.


uto

Han decidido parar con el juego, recoger todo para guardar, pero
sA

con la prisa se olvidaron del espejo de Alice sobre la mesa. Lucas


luego recoge y va a la sala. Cuando levanta para colgarlo en la
ito

pared de la habitación, ve el reflejo de la figura de una persona


ire

con la cara borrosa y ropa sucia de sangre dejado detrás de él.


iD

Rápidamente gira y no ve a nadie. Asustado, corre a la cocina


su

donde están los demás.


s

Yo vi, yo vi – era la única cosa que el pobre podía decir,


po

trémulo y balbució, estaba muy pálido.


ial

¿Qué pasa? – Preguntó Rafael, que ya estaba asustado.


ter
ma

Estaban tratando de calmar a Lucas cuando perdieron a


una persona: Beatriz. Sus pensamientos en donde la amiga
te
Es

1
El viernes y trece es considerado en Brasil un día de mala suerte y correspon-
de al martes y trece en la cultura hispana.

140

Contos-Horripilantes.indb 140 03/08/2016 13:41:19


estaba, fueron interrumpidos por un grito de mujer que parecía
venir desde arriba. Aterrorizado por el sonido, caminaban rápi-
damente por las escaleras y siguieron por la dirección de donde

o.
creían haber venido el grito de Beatriz. Se dieron cuenta de que

çã
estaban en la puerta del baño de la casa de Alice. La puerta esta-

iza
ba completamente cerrada, lo que los preocupó aún más.

tor
Rafael se armó de valor y abrió la puerta. Beatriz se en-

au
contró sentada en el suelo, las lágrimas corrían por su rostro, la
mirada de la conmoción y el miedo fija en la puerta de la ducha.

m
Al avistar la figura oscura y sangrienta, fueron al salón de nuevo,

se
arrastrando del brazo a Beatriz.

do
Decidieron probar una vez más la oración, con la esperanza

ha
de que se cerrara la pesadilla que estaban viviendo. Trajeron a la

rtil
habitación de nuevo el espejo y los objetos que fueron utilizados,

pa
dieron la mano y repitieron la oración con voces temblorosas y

m
sollozos sofocados. Con la esperanza de que no funcione de nue-
co
vo, empiezan a salir. Entonces, de repente se dan cuenta de que
había una frase en el espejo: “Ustedes no deberían haber hecho
r
se

eso”.
de
po
ão
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es

141

Contos-Horripilantes.indb 141 03/08/2016 13:41:19


o.
The mirror game

çã
iza
tor
Débora Ricardo Ribeiro, Débora dos Santos Westhauer

au
and Sandra Elisa de Oliveira Souza

m
se
Translated by: Fernanda Barbosa Guimarães

do
ha
That is how it happened. They were four teenagers: two girls

rtil
and two boys; and they wanted to try out something they had

pa
heard about. The house was empty, that is without anybody to

m
watch them that evening. It was Friday the 13th. Because they
co
did not have the necessary resources to play the game, they used
what they had available at that moment. The mirror of Alice’s
r
se

bedroom was turned into the board of the game. In the middle of
it were written the letters of the alphabet and numbers, and on
de

which side the words “yes” and “no”.


po

Lucas was rather afraid of the game. On the other hand, Ra-
ão

fael, Alice and Beatriz were excited about their first spiritual con-
en

tact. They held hands and tried to say a prayer, but it was all in
vain and they thought about giving up. However, Alice insisted on
is

trying again, because she thought she had said the some words
ra

wrong. Then, they recited the words more slowly and pronounced
uto

other words and again nothing happened. The teenagers decided


sA

to stop playing, collected everything, but in the rush to collect


everything to put away they forgot Alice’s mirror on the table. So,
ito

Lucas got it and went to the bedroom. Now he raised it to hang it


ire

on the bedroom wall, he saw the reflection of a person standing


iD

behind him with a blurred face and clothes covered in blood. He


su

turned quickly to see who it was but there was not anyone there.
Frightened, he ran to the kitchen where the others were.
s
po

“I saw it, I saw it!”, that was the only thing the poor boy
ial

could say, shaking and stuttering. He was as pale as paper.


ter

“What did you see?”, asked Rafael, who was very scared al-
ma

ready.
te

The others were trying calm Lucas down when they realized
Es

someone else was missing: Beatriz. Their thoughts about where


their friend could be were interrupted by a female scream that

142

Contos-Horripilantes.indb 142 03/08/2016 13:41:19


seemed to come from the second floor. Frightened of the sound,
the group went up the stairs hurriedly and went to where they
thought the friend’s scream had come from. They realized they

o.
were in front of the door of the bathroom of Alice’s house. The

çã
door was completely closed, which made them even more anx-

iza
ious.

tor
Rafael built up his courage and opened the door. Beatriz

au
was sitting on the floor with tears rolling down her face, her ex-
pression of shock and fear staring at the bathroom box. Sudden-

m
ly, they saw the gloomy reflection of the person covered in blood

se
again. They pulled Beatriz’s arms and went back to the living

do
room.

ha
The teenagers tried the prayer one more time, hoping their

rtil
nightmare would end. The group brought the mirror and the

pa
objects that had been used back to the living room. They held

m
hands and repeated the prayer. Trembling voices and smothered
co
sobs. Expecting it would not work again, they started to stand up.
Then, they noticed there was a sentence written on the mirror:
r
se

“You shouldn’t have done that.”


de
po
ão
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es

143

Contos-Horripilantes.indb 143 03/08/2016 13:41:19


Contos-Horripilantes.indb 144

Es
te
ma
ter
ia lp
os
su
i Di
re
ito
sA
uto
ra
is
en
144

ão
po
de
se
r co
mpa
rtil
ha
do
se
m
au
tor
iza
çã
o.
03/08/2016 13:41:20
o.
Sala Luís XV

çã
iza
tor
Charnhane Becker e Natália Silva dos Santos

au
m
Quando estou saindo do trabalho em mais uma sexta-feira

se
comum, me deparo com uma fria garoa e percebo que novamente

do
esqueci o guarda-chuva em casa. Mais uma noite fria e deprimen-

ha
te. Tipicamente londrina. Sigo andando as cinco quadras até a

rtil
estação de ônibus, quando decido entrar em um bar para beber.

pa
Acabo ficando até tarde e quando dou por mim, estou parado em
frente à vitrine da loja de antiguidades da esquina, admirando
m
um intrincado espelho e me vejo retornando à infância, quando
co
ouvia a história do espelho que refletia a alma das pessoas e que
r
se

jamais se deveria chegar perto, pois quem via sua alma, jamais
retornava à sanidade. Sempre tive receio deles, pois imaginava
de

que se algum dia visse minha alma, tornar-me-ia louco e jamais


po

poderia brincar com as crianças da rua novamente, já que os lou-


cos eram mandados para longe e nunca mais os víamos. Lembro
ão

perfeitamente bem do menino ruivo que morava no final da rua


en

e que sempre nos assistia brincando da janela, contudo nunca


veio brincar conosco, pois se dizia que sua mãe quando grávida
is
ra

encontrou o espelho das almas e tornou-se louca. Acreditava-se


uto

que sua loucura havia sido transmitida ao bebê, contudo até o


momento não havia dado sinais dela, entretanto esperava-se que
sA

a qualquer momento ele poderia surtar. Assim, jamais brincou


ito

conosco.
ire

Não consigo parar de olhar para o espelho e quando vejo,


iD

estou caminhando em direção a ele como se algo me chamasse e


eu não conseguisse parar. Assim, quanto mais próximo dele es-
su

tou, mais sinto como se estivesse entrando em outra dimensão e


s
po

é quando vejo o menino ruivo me chamando. Pergunto-me o que


ele estará fazendo ali e quando percebo, estou seguindo-o cada
ial

vez mais apressadamente até que estou em frente a uma antiga


ter

mansão abandonada. Não o vejo mais e decido entrar, pois não


ma

vejo ali outro lugar que ele poderia ter ido, já que tudo que pare-
ce haver ali é a casa. A porta abre-se, como se alguém estivera à
te

minha espera e quando entro, percebo que está tudo vazio, cheio
Es

de poeira, teias de aranha e cheiro de mofo, como se em muitos


anos ninguém houvesse entrado na casa. Subo as escadas e vou

145

Contos-Horripilantes.indb 145 03/08/2016 13:41:20


até o final do corredor, que é quando me deparo com outra porta.
É uma bela porta, madeira grossa, trabalhos intrincados e minu-
ciosamente trabalhados. Tento girar a fechadura e qual a minha

o.
surpresa quando esta simplesmente se desfaz na minha mão. É

çã
como se simplesmente eu a tivesse imaginado. Contudo, a porta

iza
está aberta e é como se eu tivesse retornado no tempo uns 300
anos. Uma sala formidável está na minha frente. Tapetes gros-

tor
sos, lareira de pedra, um sofá estilo Luís XV e então na parede

au
um belo e formidável espelho. Chego mais perto e me vejo refleti-

m
do nele. Então, do nada, vejo surgirem milhões de serpentes em

se
minha direção e simplesmente não consigo sair dali. É como se
estivesse cimentado ao chão. Começo a entrar em desespero, elas

do
estão subindo pelas minhas pernas e então uma voz me chama e

ha
algo está me chacoalhando.

rtil
Abro os olhos e vejo minha esposa. Estou em casa, na cama

pa
com ela e seguro, sem nenhuma serpente subindo pelas minhas
pernas. m
co
r
se
de
po
ão
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es

146

Contos-Horripilantes.indb 146 03/08/2016 13:41:20


o.
Salón Luís XV

çã
iza
tor
Charnhane Becker y Natália Silva dos Santos

au
m
Traducción: Charnhane Becker

se
do
Cuando salgo del trabajo otro viernes común, me deparo

ha
con una llovizna fría y me doy cuenta de que nuevamente olvidé

rtil
el paraguas en casa. Otra noche fría y depresiva. Típicamente

pa
londrina. Sigo caminando las cinco cuadras hasta la estación de
autobús, cuando decido asomarme a un bar para beber. Perma-
m
co
nezco allí hasta muy tarde y cuando miro, estoy delante de la
vitrina de una tienda de antigüedades en la esquina, admirando
r
se

un complejo espejo que me hace retornar a la infancia, cuando


escuchaba la historia del espejo que reflejaba el alma de las per-
de

sonas y jamás se debería llegar cerca, pues quien veía su alma,


po

jamás retornaría a la sanidad. Siempre me dio miedo, pues ima-


ão

ginaba que se algún día viera mi alma, me volvería loco sin poder
jamás jugar con los niños de la calle nuevamente, ya que los locos
en

eran llevados para muy lejos y nunca más los veíamos. Recuerdo
perfectamente del chico pelirrojo que vivía al final de la calle y que
is
ra

desde la ventana siempre nos miraba jugar, sin embargo nunca


uto

vino a jugar con nosotros, pues se decía que su madre, cuando


embarazada encontró el espejo de las almas y se volvió loca. Se
sA

creía que su locura había sido transmitida al bebé, no obstante


ito

hasta el momento no había señales de ella, pero se esperaba que


ire

a cualquier momento él podría enloquecer. Así, jamás jugó con


nosotros.
iD

No puedo dejar de mirar el espejo y cuando me doy cuenta,


su

estoy caminando en su dirección como si algo estuviera llamán-


s
po

dome y no pudiera parar. Cuanto más próximo de él estoy, más


siento como si estuviera adentrando otra dimensión y es cuando
ial

veo el chico pelirrojo llamándome. Me pregunto qué él estará ha-


ter

ciendo allí y así estoy siguiéndolo cada vez más rápido hasta que
ma

estoy delante de una antigua mansión abandonada. No lo veo


más y por eso decido adentrar ya que no veo allí otro lugar en el
te

que él pudiera estar, ya que todo que me parece haber allí, es la


Es

casa. La puerta se abre, como se alguien estuviera esperando por


mí y cuando ingreso, me doy cuenta de que todo está vacío, lleno

147

Contos-Horripilantes.indb 147 03/08/2016 13:41:20


de polvo, telas de arañas y olor de moho, como si en muchos años
ninguna persona hubiera estado en la casa. Subo las escaleras
y voy hasta el final del pasillo, que es cuando me encuentro con

o.
otra puerta. Una bella puerta, madera densa, trabajos intrinca-

çã
dos y minuciosamente entallados. Intento girar la cerradura y

iza
ella se deshace en mi mano. Es como si simplemente la hubiera
imaginado. Sin embargo la puerta está abierta y me veo como si

tor
hubiera regresado unos trescientos años. Un salón formidable se

au
encuentra delante de mí. Alfombras gruesas, chimenea de piedra,

m
un sofá estilo Luís XV y en la pared un bello y formidable espejo.

se
Llego cerca y me veo reflejado en él. Entonces veo surgir millo-
nes de serpientes en mi dirección y no consigo salir del lugar. Es

do
como si estuviera cementado al piso. Me desespero, pues ellas es-

ha
tán subiendo por mis piernas cuando entonces una vos me llama

rtil
y hay algo sacudiéndome.

pa
Abro los ojos y veo a mi esposa. Estoy en casa, en la cama
m
con ella y seguro, no hay ninguna serpiente subiendo por mis
co
piernas.
r
se
de
po
ão
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es

148

Contos-Horripilantes.indb 148 03/08/2016 13:41:20


o.
The Luis XV Room

çã
iza
tor
Charnhane Becker and Natália Silva dos Santos

au
m
Translated by: Henrique Muzykant Abreu

se
do
As I was leaving work in an ordinary Friday, when I found

ha
myself caught in a cold drizzle and I realized I had left my umbrel-

rtil
la at home. Another cold and depressing evening, typical London.

pa
I keep walking five blocks until the bus station, when I decided
m
to go to a pub for a drink. I ended up staying there until late and
co
suddenly I found myself in front of the antique store on the cor-
ner, admiring an intricate mirror. Then, I remember of when I was
r
se

a child and heard about a mirror that reflected people’s souls,


and nobody should ever come close to it, because those who saw
de

their own souls would never go back to sanity.


po

I have always been scared of mirrors, because I thought that


ão

if I ended up seeing my own soul, I would go mad and would never


en

be able to play with the kids on the street, since mad people were
taken to somewhere far away and were never seen again. I can re-
is

member perfectly of the red-haired kid who lived at the end of the
ra

street, who was always watching us play from the window, but
uto

would never join us, because people said that when his mother
sA

was pregnant she found the mirror of souls and got mad. People
believed that her madness had passed to the baby, though he had
ito

never shown any signs of it. Still, it was expected that he would
ire

go mad at any moment, and because of that, he never played with


iD

us.
su

I cannot stop looking at the mirror, and then I realize I am


s

walking towards it, as if it was calling me and I could not help it.
po

The nearer I got to it, the more I felt as if I was entering anoth-
ial

er dimension, and that is when I see the red-haired boy calling


ter

me. I wonder what he was doing there, and suddenly I realized


ma

I was following him, until I found myself at the front door of an


old abandoned mansion. I could not see the boy anymore, so I
te

decided to enter the mansion to look for him. That was the only
Es

place where he could be once the house is the only building we


can see there.

14
149

Contos-Horripilantes.indb 149 03/08/2016 13:41:20


The door opens, as if there were someone waiting for me,
and as I went in, I saw that it was empty, all dusty with spider
webs and a smell of mold, as if nobody had been there in many

o.
years. I went up the stairs and walked down the hall, and that is

çã
when I found another door. It was a beautiful hard-wooden door,

iza
with well-made intricate details. As I tried to turn the doorknob,
it just vanishes on the palm of my hand, as if I had imagined it.

tor
However, the door is open, and it is as if I had returned three

au
centuries back in time. A marvelous room lied in front of me.

m
Thick rugs, a stone fireplace, a Luis XV sofa and, on the wall, a

se
gorgeous mirror. I come closer and I see myself reflected on it.
Then unexpectedly, millions of snakes came in my direction, and

do
I simply could not move. It was as if my feet were cemented on the

ha
floor. I started feeling desperate, as they climbed up my legs, and

rtil
then I heard a voice and felt something shaking me.

pa
I opened my eyes and saw my wife. I am home, in the bed
with her, safe, with no snakes climbing up my legs. m
co
r
se
de
po
ão
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es

15
150

Contos-Horripilantes.indb 150 03/08/2016 13:41:20


Contos-Horripilantes.indb 151

Es
te
ma
ter
ia lp
os
su
i Di
re
ito
sA
uto
ra
is
en
ão
po
151

de
se
r co
mpa
rtil
ha
do
se
m
au
tor
iza
çã
o.
03/08/2016 13:41:21
o.
O acaso marcado

çã
iza
tor
Alessandra Vargas Cordeiro, Caroline Pereira Teixera

au
e Mônica Windberg da Silva

m
se
do
Era uma tarde comum, ensolarada e com muito vento na

ha
cidade de Osório, região de praias do Rio Grande do Sul; Bento,
Adamastor e mais alguns amigos jogavam seu futebolzinho de

rtil
cada dia quando um moleque sapeca chutou a bola em direção à

pa
janela do senhor Pietro, despedaçando o vidro em mil pedacinhos.
m
co
- Poxa, seu “pivete”! Por que não chuta uma melancia ao
invés de acabar com a nossa partida! Disse Bento.
r
se

E Adamastor complementou:
de

- É verdade! Tu vai ter que ir lá buscar agora, piá!


po

- Eu vou buscar! Disse o moleque.


ão

- É, mas não te esqueces que o senhor Pietro tem fama de


en

bruxo, hein... Disse Adamastor às gargalhadas, arrancando risos


is

também dos parceiros de futebol.


ra

O senhor Pietro era um homem reservado, que não saía de


uto

sua casa nem por um decreto. Sua casa era conhecida por ser
sA

suja, escura e com muitos animais domésticos. Ninguém sabia


de onde surgiam os gatos, cachorros, passarinhos, nem como o
ito

senhor Pietro conseguia dinheiro para alimentá-los, pois mal via


ire

a luz do sol.
iD

Além dessas façanhas, ele ainda possuía outro fato curioso:


su

colecionar espelhos. Havia diversos dentro de sua casa, alguns


s
po

mais simples, outros mais requintados. Às vezes, colocava alguns


fora ou vendia. Sabia-se que tinha um apego muito grande por
ial

seus espelhos, mas ninguém sabia o porquê.


ter

- Eu me vou sem medo, viu? Ou tu achas mesmo que eu,


ma

um moleque de rua, acredito nessas histórias “pra boi dormir”?


te

Sem medo (até então), o moleque foi em busca da bola. Po-


Es

rém, acabou por demorar demais, e os amigos estranharam essa


demora. A noite já estava por chegar e nada do moleque voltar

152

Contos-Horripilantes.indb 152 03/08/2016 13:41:21


com a bola.
- Pivete desgraçado! Roubou nossa bola para vender por aí,
com certeza! Disse Bento.

o.
çã
- Mas que baita esperto, Bento! Vamos atrás dele! Acrescen-

iza
tou Adamastor.

tor
Entrando na casa, assim como fez o moleque, os meninos

au
ouviram muitos gritos e miados vindos de todos os cantos da
casa, e ficaram muito assustados. Já com os “cabelos em pé”,

m
mas determinados a achar o moleque e pegar a bola de volta;

se
subiram as escadas que davam para o andar superior da casa.

do
Passando pelos espelhos, distribuídos em todos os ambientes da

ha
casa, sentiam arrepios, e não tinham coragem de olhar para eles.
A sensação que tinham é de que havia espíritos e fantasmas ron-

rtil
dando-os.

pa
Quando abriram a porta de um dos quartos, então, viram
m
co
o senhor Pietro, debruçado numa panela de água fervendo, onde
puderam ver um chinelo surrado, igualzinho ao que o moleque
r
se

estava usando.
de

Ao fundo, perceberam que havia um espelho maior, coberto


po

por um longo pano vermelho. Ficaram curiosos para saber o por-


quê de aquele espelho estar coberto. O que haveria por de trás do
ão

pano? Seria alguma bruxaria? E o chinelo na panela, era mesmo


en

do menino? E o menino, onde estava?


- Venham cá, piás! O que querem vocês? Eu, um velho se-
is
ra

nhor, sendo perturbado por pestes que nem vocês! Por isso que
uto

amo animais, eles não perturbam, não falam, não jogam futebol,
não quebram vidros.
sA

Os meninos puseram-se a correr, apavorados com tudo


ito

aquilo que viram! Mas quem iria acreditar se contassem?


ire

- Calma, maricas! Eu não vou fazer nada com vocês. Olhem,


iD

o que tem na panela são apenas uns sapatos velhos de meu neto,
su

nada mais. Ou vocês acreditam mesmo que eu seja um bruxo,


s

um feiticeiro? Pobres crianças, têm tanta imaginação...


po

- Nós não acreditamos, senhor... Só queremos a nossa bola...


ial

– Disseram Bento e Adamastor, tremendo de medo.


ter

- A bola não darei mais, até porque não a tenho, afinal,


ma

quem pensam que são para me perturbar? Sumam daqui agora,


antes que eu suma com vocês também!
te
Es

Apavorados, os meninos ainda ousaram perguntar sobre o


moleque:

153

Contos-Horripilantes.indb 153 03/08/2016 13:41:21


- E o nosso amigo, o moleque, o Jaiminho?
- Que moleque? Aqui não entrou ninguém, já para fora! Dis-
se o velho Pietro.

o.
çã
Os meninos foram descendo as escadas, tristes por não te-

iza
rem conseguido a bola. Acabaram por se convencer que o mole-
que, o Jaiminho, tinha roubado e sumido daquelas bandas. Ao

tor
chegarem nos últimos degraus, sentiram sensações estranhas.

au
Viram, atrás da porta, outro espelho grande também coberto com

m
um pano vermelho. Olharam-se e resolveram verificar o que havia

se
por trás do pano...o que haveria de ter, afinal, de tão especial nes-
te misterioso espelho? Não deu outra! O susto foi grande e saíram

do
a gritar (e a miar, latir...) pelas ruas. O que teriam visto eles de

ha
tão surpreendente no espelho?

rtil
O senhor Pietro, já à noite, pegou um de seus gatos, o mar-

pa
rom, que estava com olhar assustado. Deu leite e biscoitos para o
gato alimentar-se. E disse para si mesmo:
m
co
- Crianças, como são criativas... vê se pode, bichano, acha-
r
se

rem que eu teria a maldade de colocar um menino na panela...


quanta asneira! Ops, teu nome não é bichano, desculpe, não é
de

mesmo Jaiminho?
po
ão
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es

15
154

Contos-Horripilantes.indb 154 03/08/2016 13:41:21


o.
La casualidad marcada

çã
iza
tor
Alessandra Vargas Cordeiro, Caroline Pereira Teixera

au
y Mônica Windberg da Silva

m
se
Traducción: Alessandra Vargas Cordeiro y

do
Eliandra Carina Lopes Palagi

ha
rtil
Era una tarde común, soleada y con mucho viento en la

pa
ciudad de Osório, región de playas en Rio Grande do Sul. Bento,
m
Adamastor y algunos amigos más jugaban su futbolito de cada
co
día, cuando un niño travieso pateó la pelota hacia la ventana del
r

Sr. Pietro, destrozando el vidrio en mil pedacitos. - ¡Caram-


se

ba, pebete! ¿Por qué no pateas una sandía en lugar de terminar


de

con nuestro partido?! – dijo Bento.


po

- Y Adamastor añadió:
ão

- ¡Así es! Tú vas a tener que ir allá recogerla ahora, mucha-


en

cho!
is

- ¡Yo voy a recogerla! – dijo el niño.


ra

- Sí, pero no te olvides que el señor Pietro tiene fama de bru-


uto

jo, ¿eh? – dijo Adamastor a carcajadas, arrancando risas también


sA

de los compañeros de fútbol.


ito

El señor Pietro era un hombre reservado, que no salía de su


ire

casa ni por un decreto. Su casa era conocida por ser sucia, os-
cura y con muchos animales domésticos. Nadie sabía dónde sur-
iD

gían los gatos, perros, pájaros, ni cómo el señor Pietro conseguía


su

dinero para alimentarlos, pues apenas veía la luz del sol.


s
po

Además de esas proezas, él aún poseía otro hecho curioso:


coleccionar espejos. Había diversos dentro de su casa, algunos
ial

más sencillos, otros más refinados. Por veces, tiraba algunos a la


ter

basura o vendía. Se sabía que tenía un apego muy grande por sus
ma

espejos, pero nadie sabía la razón.


te

Me voy sin miedo, ¿sí? ¿O tú crees de verdad que yo, un niño


Es

de la calle, creo en estas habladurías?


Sin miedo (hasta entonces), el niño fue a recoger la pelota.

155

Contos-Horripilantes.indb 155 03/08/2016 13:41:21


Pero, acabó por tardar demasiado y los amigos extrañaron ese
retraso. La noche ya estaba por llegar y el niño no volvía con la
pelota.

o.
çã
¡Pebete desgraciado! Robó nuestra pelota para vender por
ahí, por supuesto! – dijo Bento.

iza
¡Qué gran astuto, Bento! Vamos detrás del él! – añadió Ada-

tor
mastor.

au
Entrando en la casa, así como lo hizo el niño, los otros ni-

m
ños oyeron muchos gritos y maullidos que venían de todos los

se
rincones de la casa y quedaron muy asustados. Ya con los pelos

do
de punta, pero determinados a encontrar el niño y coger la pelota

ha
de vuelta, subieron las escaleras que daba al piso superior de la
casa. Pasando por los espejos, distribuidos en todos los ambien-

rtil
tes de la casa, sentían escalofríos, y no tenían coraje de mirarlos.

pa
La sensación que tenían era que había espíritus y fantasma ron-
dándolos.
m
co
Cuándo abrieron la puerta de uno de los cuartos, entonces,
r
se

vieron el señor Pietro, debruzado en una olla de agua hirviendo,


donde pudieron ver una sandalia zurrada, igualita a la que el
de

niño estaba usando.


po

Al fundo, se dieron cuenta de que había un espejo mayor,


ão

cubierto per un grande paño rojo. Se quedaron curiosos para sa-


en

ber por qué ese espejo estaba cubierto. ¿Qué habría por detrás
del paño? ¿Sería alguna brujería? Y la sandalia en la olla, era
is

mismo la del chico? ¿Y el chico, donde estaría?


ra
uto

-Vengan aquí, muchachos! ¿Qué quieren ustedes? Yo, un


viejo señor, perturbado por mocosos como ustedes! Por eso amo
sA

los animales, ellos no perturban, no hablan, no juegan al fútbol,


ito

no rompen vidrios.
ire

Los chicos se pusieron a correr, aterrorizados con todo aque-


iD

llo que vieron! Pero, ¿quién iría creer si lo dijesen?


su

-Calma mariquitas! Yo no voy hacerles nada. Miren, lo que


s

hay en la olla son solamente unos zapatos viejos de mi nieto,


po

nada más. ¿O ustedes piensan mismo que yo soy un brujo, un


ial

hechicero? Pobres niños, tienen tanta imaginación…


ter

-Nosotros no creemos, señor… Solamente queremos nues-


ma

tra pelota…- Dijeron Bento y Adamastor, temblando de miedo.


-La pelota no les daré más, hasta porque no la tengo, ade-
te
Es

más, ¿quiénes piensan que son para perturbar-me? Desaparez-


can ahora, antes que yo desaparezca con ustedes también!

156

Contos-Horripilantes.indb 156 03/08/2016 13:41:21


Aterrorizados, los chicos todavía se atrevieron a preguntarle
sobre el niño:
-¿Y nuestro compañero, el niño, el Jaiminho?

o.
çã
-¿Qué niño? Aquí no entró nadie! ¡Fuera de aquí! Dijo el

iza
viejo Pietro.

tor
Los chicos fueran bajando las escaleras, tristes porque no

au
han conseguido la pelota. Finalmente se convencieron de que el
niño, Jaiminho, la había robado y desaparecido. Al llegar a los úl-

m
timos peldaño, sintieron sensaciones extrañas. Miraran detrás de

se
la puerta, otro espejo grande también cubierto con un paño rojo.

do
Miraron y decidieron verificar qué había por detrás del paño…

ha
¿Qué habría de tener de tan especial en este misterioso espejo?
¡No hay otra! El susto fue grande y salieron a gritar (y a maullar,

rtil
ladrar…) por las calles. ¿Qué es lo que habían mirado los chicos

pa
de tan sorprendente en el espejo?
m
co
El señor Pietro, ya por la noche, agarró uno de sus gatos, el
marrón, que estaba con la mirada asustada. Le dio la leche y la
r
se

galleta para la alimentación del gato. Y dijo para sí mismo:


de

-Niños, como son creativos…Como pueden, gatito, creer que


po

yo tendía la maldad de ponerle un niño a la olla… ¡Cuánta estu-


pidez! Ops, tu nombre no es gatito, perdón, Jaiminho.
ão
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es

157

Contos-Horripilantes.indb 157 03/08/2016 13:41:21


o.
çã
The arranged coincidence

iza
tor
Alessandra Vargas Cordeiro, Caroline Pereira Teixera

au
and Mônica Windberg da Silva

m
se
Translated by: Henrique Muzykant Abreu

do
ha
rtil
It was a usual afternoon, very sunny and windy in the city of

pa
Osório, in the region of the beaches of Rio Grande do Sul. Bento,

m
Adamastor and some other friends were playing soccer as they
co
did every day, when a cunning kid kicked the ball right into Pietro
Teixeira’s window, completely shattering the glass.
r
se

“Gosh, you brat! Why don’t you just go kick a watermelon


de

instead of ruining our match?”, said Bento.


po

Adamastor added:
ão

“That’s right! You’re going to have to go get it back now”


en

“I’ll go get it!”, said the kid.


is

“Yeah, but remember that Mr. Teixeira is known for being a


ra

wizard…”, said Adamastor, while laughing and making all of his


uto

buddies laugh, too.


sA

Mr. Teixeira was a reserved man, who would not leave his
ito

house even if cops were to show up looking for him. His house
was known for being dirty, dark, and with many pets. No one
ire

knew where all the cats, dogs, and birds came from, or how Mr.
iD

Teixeira got the money to feed them all, since he barely went out-
su

side his house.


s
po

Besides all of these feats, there still was another curious


fact: collecting mirrors. There were many inside his house. Some
ial

were simpler, others more refined. Sometimes he would throw


ter

some away, or sell them. People said he loved those mirrors,


ma

though nobody could tell why.


“I’ll go there and I’m not afraid, got it? I’m a street boy. Do
te
Es

you think that I would believe in that kind of nonsense?”


Without any fear (yet), the kid went to get the ball back.

158
158

Contos-Horripilantes.indb 158 03/08/2016 13:41:22


However, he was taking too long to return, so his friends started
to worry. By nightfall the kid still hadn’t come back with the ball.
“That bastard! I’m sure he stole our ball to sell it some-

o.
çã
where”, said Bento.

iza
“He must think he is very clever, Bento! Let’s go after him!”,
added Adamastor.

tor
au
When they got inside the house, just as the kid had done,
they heard lots of screams and caterwauling coming from all over

m
the house, and they got scared. Already frightened, but deter-

se
mined to find the boy and get their ball back, they went up the

do
stairs to the second floor. They went past the mirrors, which were

ha
everywhere. They felt chills of fear, and were afraid to look at
them. The feeling they had was that there were spirits and ghosts

rtil
surrounding them.

pa
When they opened the door of one of the rooms, they saw
m
co
Mr. Teixeira, with a pot of boiling water, where they could see a
shabby flip- flop, which looked exactly like the one the kid was
r
se

wearing.
de

At the back, they noticed a bigger mirror, covered by a long


po

red piece of cloth. They were curious to know why the mirror was
covered. What was under the piece of cloth? Could that be some
ão

kind of witchcraft? Did that flip-flop really belong to the kid? And
en

where was the kid?


“Come here, you brats! What do you want? I’m an old man,
is
ra

being disturbed by brats like you! That’s why I love animals. They
uto

don’t disturb me, don’t talk, don’t play soccer, and don’t break
windows.”
sA

The boys started to run, frightened by everything they had


ito

seen. But who would ever believe them?


ire

“Now, calm down, you cowards! I’m not going to do anything


iD

to you. Look, here in this pot there are just some old shoes that
su

belong to my grandson, that’s all. Or, do you really believe that


s

I’m some kind of wizard? You poor kids, with such an imagina-
po

tion…
ial

“We don’t believe it, sir … We just want our ball…”, said
ter

Bento and Adamastor, trembling in fear.


ma

“The ball, I won’t give it back you, since I don’t have it. After
all, who do you think you are to disturb me? Get out of here right
te
Es

now; before I make you all disappear, too!


Scared, the boys managed to ask about the kid.

159
9

Contos-Horripilantes.indb 159 03/08/2016 13:41:22


“But what about the kid, our friend Jaiminho?”
“What kid? Nobody came here. Now get out!”, said the old
man.

o.
çã
The boys went down the stairs, sad for losing their ball. They

iza
ended up believing that the kid, Jaiminho, had really stolen the
ball and run away. When they got to the first floor, they had a

tor
strange feeling. Behind the door, they saw another big mirror,

au
also covered with a red piece of cloth. They looked at each other

m
and decided to check what was behind the cloth. What could be

se
so special about that mysterious mirror? And, so, they saw it.
They got so scared that they ran away screaming (and caterwaul-

do
ing, and barking) on the street. What could they have seen that

ha
was so shocking in that mirror?

rtil
In the evening, Mr. Teixeira picked up one of his cats, the

pa
brown one, which had a scared look. He fed the cat milk and
cookies, and said to himself:
m
co
“Kids, how creative they are… Can you believe that, kitty?
r
se

They thought that I could be so cruel as to boil a kid… Such


nonsense! Oops, your name is not actually kitty, I’m sorry,
de

Jaiminho.”
po
ão
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es

160
160

Contos-Horripilantes.indb 160 03/08/2016 13:41:22


Contos-Horripilantes.indb 161

Es
te
ma
ter
ia lp
os
su
i Di
re
ito
sA
uto
ra
is
en
ão
po
161

de
se
r co
mpa
rtil
ha
do
se
m
au
tor
iza
çã
o.
03/08/2016 13:41:22
o.
O presente

çã
iza
tor
Flavia da Silva Fagundes e Gisele Sodré Rossales Lopes

au
m
Na casa éramos quatro. Eu, meu único filho e minha nora

se
Airam que estava grávida. Em 2 meses minha neta chegaria ao
mundo, todos esperavam ansiosos pelo seu nascimento. Marce-

do
lo estava sempre ocupado, acompanhava de longe a gravidez da

ha
esposa, era calmo e dificilmente falava de si, ele me deixava em

rtil
profundos questionamentos, contudo eu o amava incondicional-

pa
mente.
m
De repente, a campainha soou, Thomas, velho amigo de
co
infância de Marcelo, veio visitar-nos, estava mudado, talvez um
r
se

pouco mais bonito, com afeições de maturidade, logo pensei que


o tempo lhe fizera bem. Lembrava-me dele ainda menino, tímido,
de

com aparelho nos dentes, baixinho, seu rosto era tomado de espi-
po

nhas. Mas o que lhe trouxera até aqui, ainda não sabíamos.
ão

- Quanto tempo, meu amigo, o que te traz até aqui? - Mar-


en

celo perguntou ao rever o amigo inesperadamente.


- Estou saindo do país e soube que irá ser pai. Trouxe um
is
ra

presente para recordar-se de mim e da nossa antiga amizade. -


uto

Respondeu Thomas.
sA

Marcelo me parecia satisfeito, havia tempo que não era lem-


brado por ninguém, pelo contrário, se fazia esquecer.
ito

Thomas foi até seu carro e retornou com um embrulho em


ire

suas mãos. Ao oferecer para Marcelo, senti uma expressão de alí-


iD

vio em sua face, poderia ser impressão ou algum sentido de mãe.


su

Marcelo aceitou com gosto, ao desfazer o papel, não entendeu o


s

motivo do presente. Um espelho emoldurado.


po

- Aceite, ficarei muito contente, este espelho ė de muito


ial

apreço para mim, mas para onde vou não posso levá-lo.
ter

Sem esboçar reação alguma, Marcelo concordou. Sem mui-


ma

tas delongas, o velho amigo despediu-se.


te

Acomodamos o objeto no quarto de hóspedes. Comentamos


Es

a visita inesperada. Naquela mesma semana, nossa casa parecia


diferente, parecia que tínhamos um inquilino, alguém que nos

162

Contos-Horripilantes.indb 162 03/08/2016 13:41:22


vigiava, tive medo e acabei não comentando com mais ninguém,
poderia ser alguma alucinação da minha velhice.
A noite chegara silenciosa, podíamos ouvir somente os grilos

o.
çã
cantando no jardim, a chuva incessante ia ficando mais forte, os
raios cortavam o céu escuro. Nos recolhemos, preferi não desligar

iza
o abajur naquela noite, algo estava acontecendo em nossa casa e

tor
eu não conseguia saber o quê. Amanheceu e o sol estava radian-

au
te batendo em minha face. Vi que a porta e as janelas estavam
abertas, estranhei, tinha a certeza de ter fechado e conferido tudo

m
antes de deitarmos. Perguntei a Marcelo e Airam se eles haviam

se
despertado mais cedo naquela manhã, os dois disseram que não.

do
- A casa amanheceu aberta - disse-lhes, Airam desconfiou que

ha
eu estivesse com delírios de idade, ou que realmente eu não teria
fechado a casa antes de dormir, era impossível, eu sempre con-

rtil
feria, há anos fazia do mesmo jeito. Olhei toda a casa, estava em

pa
ordem, menos o quarto de hóspedes, as cortinas rasgadas, nas
m
camas parecia ter dormido alguém, os roupeiros estavam com as
co
portas arregaçadas, - Meu Deus, alguém esteve aqui! - O espelho
r

estava intacto, no mesmo lugar, mexeram em tudo, menos no


se

espelho.
de

Na noite seguinte, fomos todos conferir as fechaduras e


po

aberturas da casa, todos verificaram e certificaram que estáva-


ão

mos seguros, nossa casa estava totalmente trancada. A chuva re-


tornou como a previsão avisou, um temporal estava se formando
en

depois de uma tarde de calor. Dessa vez desliguei o abajur, estava


is

segura, afinal havíamos trancado a casa, estava demorando a


ra

adormecer. As madeiras de minha velha casa rangiam, o vento


uto

soprava forte lá fora, de repente ouvi passos no corredor, fiquei


quieta, esperando o que viria depois, os passos pareciam apro-
sA

ximar-se. Um estrondoso barulho abriu as janelas e portas da


ito

casa, me levantei assustada, corri até o quarto de hóspedes, olhei


ire

à volta e tudo estava bagunçado novamente, aquele espelho pare-


cia me infiltrar, dentro dele poderia ver olhos que me encaravam,
iD

o rosto era assustador, ele me refletia horrivelmente, minha boca


su

estava imóvel, mas naqueles reflexos ela se mexia e se transfor-


s

mava em aspirais de mim mesma; à mente, lembranças de um


po

passado se fizeram presente, foi então que peguei aquele espelho


ial

e o quebrei tirando de mim aquela angústia que me consumia;


ter

nos estilhaços, via minha face escorrendo. Saí dali correndo, tudo
em minha volta flutuava, as louças se quebravam, as torneiras
ma

ligadas, o chão parecia se abrir. - Mamãe, mamãe! - chamou uma


te

voz doce feminina. Quem estivera aqui?


Es

163
3

Contos-Horripilantes.indb 163 03/08/2016 13:41:22


o.
El regalo

çã
iza
tor
Flavia da Silva Fagundes y Gisele Sodré Rossales Lopes

au
m
Traducción: Flavia da Silva Fagundes y Gisele Sodré Rossales Lopes

se
do
En la casa éramos cuatro. Mi único hijo, mi nuera Airem

ha
que estaba embarazada y yo. En dos meses mi neto llegaría al

rtil
mundo, todos esperaban ansiosos por su nacimiento. Marcelo es-

pa
taba siempre ocupado, acompañaba de lejos el embarazo de su
m
esposa, era tranquilo y difícilmente hablaba de sí, él mí dejaba en
co
profundos cuestionamientos, todavía yo le amaba mucho.
r

Repentinamente, la campanilla sonó, llegó Thomás, vie-


se

jo amigo de niñez de Marcelo, había cambiado, estaba un poco


de

más bonito quizá, con rasgos de madurez, de pronto pensé que


po

el tiempo le ha sido amable. Me recordaba de él aún chiquito,


tímido, con aparatos en los dientes, bajito, su rostro era lleno de
ão

acné. Pero qué le había traído hasta aquí, aún no lo sabíamos.


en

-¿Cuánto tiempo, mi amigo? ¿Qué te trae acá? - Preguntó


is

Marcelo sorprendido al reencontrar el amigo.


ra

-Estoy saliendo del país y supe que serás papá. Traje un re-
uto

galo para recordarte de mí y de nuestra vieja amistad. - Contestó


sA

Thomás.
ito

Marcelo me pareció satisfecho, había tiempo que nadie se


ire

acordaba de él, al contrario, se hacía olvidar.


iD

Thomás fue hasta su coche y volvió con un paquete en sus


su

manos. Al ofrecer para Marcelo, sentí una expresión de alivio en


su cara, podría ser impresión o algún sentido de madre. Marcelo
s
po

aceptó con gusto. Al deshacer el papel, no comprendió el motivo


del regalo. Un espejo enmarcado.
ial
ter

-Acéptalo, me alegraré, tengo enorme aprecio por este espe-


ma

jo, pero para donde voy no puedo llevarlo.


Sin reacción, Marcelo accedió. Sin más preámbulos, el viejo
te

amigo se despidió.
Es

Instalamos el objeto en la habitación de huéspedes. Comen-

164
4

Contos-Horripilantes.indb 164 03/08/2016 13:41:23


tamos la visita inesperada. En la misma semana nuestra casa pa-
reció que tenía un huésped, alguien que nos vigilaba. Tuve miedo
y no comenté con nadie más, podría ser alguna alucinación de

o.
mí vejez. La noche llegara silenciosa, era posible oír solamente

çã
los grillos cantando en el jardín, la lluvia inacabable quedó más

iza
fuerte, los rayos cortaban el cielo oscuro.

tor
Dormimos, preferimos no apagar la lámpara en la noche,

au
algo estaba pasando en nuestra casa y no pude saber qué era.
Amaneció y el sol estaba radiante golpeando a mi cara. Vi que la

m
puerta y las ventanas estaban abiertas, extraño, estaba segura de

se
haber cerrado y comprobado todo antes que nos acostáramos. Le

do
pregunté a Marcelo y a Airam si habían despertado temprano en

ha
la mañana, los dos me dijeron que no. La Casa amaneció abierta,

rtil
les dije abiertamente. Airam sospechaba que yo estaba con deli-

pa
rios de la edad, o que realmente yo no había cerrado la casa antes
de ir a la cama. Lo que era imposible, siempre repasaba, durante
m
co
años fue lo mismo. Miré por toda la casa, estaba en orden, pero
la habitación de invitados, cortinas rasgadas, parecía que alguien
r
se

había dormido en las camas, los armarios estaban con las puer-
tas abiertas.
de
po

- ¡Dios mío, alguien había estado aquí!


ão

- El espejo estaba intacto, en el mismo lugar. Revolvieron


todo en la habitación, excepto el espejo.
en

A la noche siguiente, todos estábamos comprobando las ce-


is

rraduras y las aberturas para el hogar, todo verificado y certifi-


ra

cado de que estaban a salvo, nuestra casa estaba completamente


uto

bloqueada.
sA

La lluvia volvió como la previsión advirtió, una tormenta se ave-


ito

cinaba después de una tarde de calor. Esta vez apagué la lámpara,


ire

estaba segura, después de haber cerrado con llave la casa. Tarda-


ba a dormir. La madera de mi antigua casa crujía, el viento soplaba
iD

fuerte por ahí. De repente oí pasos en el pasillo. Todavía estaba es-


su

perando por lo que vendría después. Los pasos parecían acercarse.


s

Un estruendoso ruido abrió las ventanas y las puertas de la casa.


po

Me levante asustada, corrí a la habitación de invitados, miré a


ial

su alrededor y todo estaba desordenado de nuevo. Ese espejo pa-


ter

recía infiltrarse por mi interior. Dentro de él podía ver los ojos


que me miraban, la cara me daba miedo. Me reflejaba de manera
ma

horrible. Mi boca no se movía, pero esas reflexiones se movían y


te

se volvieron en espirales de mí misma. En mi mente recuerdos de


Es

un pasado se hicieron presentes. Así que cogí aquel espejo y lo


rompí, sacando la angustia que me consumía. En los fragmentos

165
5

Contos-Horripilantes.indb 165 03/08/2016 13:41:23


veía mi cara escurriendo. Corrí a fuera de allí. A mi alrededor
todo flotaba, los platos estaban rotos, los grifos abiertos, el suelo
parecían abrirse.

o.
çã
- ¡Mamá, mamá!

iza
- Llamó la dulce voz de una mujer. ¿Quién había estado
aquí?

tor
au
m
se
do
ha
rtil
mpa
co
r
se
de
po
ão
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es

166
6

Contos-Horripilantes.indb 166 03/08/2016 13:41:23


o.
The gift

çã
iza
tor
Flávia da Silva Fagundes and Gisele Sodré Rossales Lopes

au
m
Translated by: Marina Lopes Galarce

se
do
In that house lived four people: my only child, my daugh-

ha
ter-in-law Ariam that was pregnant and me. In two months, my

rtil
granddaughter would be born. Everybody was excitedly expect-

pa
ing for her birth. Marcelo was always busy and accompanied his
m
wife’s pregnancy from a distance. He was calm and rarely spoke
co
about himself. He left me confused and with profound question-
ings, but I loved him very much.
r
se

Suddenly, the doorbell rang. Thomas, Marcelo’s childhood


de

friend came to visit us. He was different, maybe a little more


po

handsome, he looked more mature. I soon thought that time had


made him well. I remembered him when he was a boy; he was
ão

shy, wore braces, was short and he had pimples in his face. But,
en

why he had come here, nobody knew.


is

“Long time no see, my friend. What brings you here?”, Marce-


ra

lo asked him when seeing him unexpectedly.


uto

“I am going to live abroad and I hear you will be a father. I


sA

brought you a gift for you to remember me and our friendship”,


answered Thomas.
ito
ire

Marcelo looked satisfied. Nobody had remembered him for


a long time. On the contrary, he made people forget about him.
iD
su

Thomas went to his car and returned with a package in his


hands. When he offered Marcelo the gift, I felt a relieved expres-
s
po

sion on his face. It could just be my impression or a mother’s sixth


sense. Marcelo accepted the gift with enthusiasm. But, when he
ial

unwrapped the package, he did not understand the reason of the


ter

gift. It was a framed mirror.


ma

“Please, I’ll be very happy if you accept the gift. This mirror
te

is very important for me, but I cannot take it to where I am going.


Es

Without showing any reaction, Marcelo accepted it. Without


further delay, the old friend said goodbye.

167

Contos-Horripilantes.indb 167 03/08/2016 13:41:23


We put the object in the guest room and talked about the
unexpected visit. That same week, our house seemed different, as
if we had a tenant: someone that watched us. I was scared, and

o.
did not tell anybody, because it could be some type hallucination

çã
of old age. The night came silently. We could only hear the crick-

iza
ets chirping in the garden, the pouring rain falling harder. Bolts
of lightning cut the dark sky. I went to bed, but I decided not to

tor
turn off the lampshade. Something was happening in our house

au
and I did not know what. It dawned and the sun was shining
brightly on my face. I saw that the door and the windows open.

m
That was strange, because I was sure that I had closed everything

se
before going to bed. I asked Marcelo and Airam if they had awo-

do
ken earlier, but they had not.

ha
“The house was open in the morning”, they said. Airam

rtil
thought I was having hallucinations of old age or that I had for-

pa
gotten to close the house. But, it was impossible, because I had

m
always checked the doors before bedtime. I looked all over the
co
house and nothing was different, except for the guest room. The
curtains were torn, the bed was unmade as if someone had slept
r
se

in it and the closet doors were completely open. “Oh my God,


someone had been here”. The mirror was intact, in the same
de

place. They had moved everything but the mirror.


po

The following night, we all checked the door locks and win-
ão

dows and our house was totally locked. According to the weather
en

forecast, it started to rain again. A storm was about to start, af-


ter a hot afternoon. This time, I turned off my lampshade. I was
is

feeling safe. After all, we had locked the house. It was hard for
ra

me to fall asleep. The wood floor of my house squeaked. The wind


uto

was strong outside. Suddenly, I heard footsteps in the hallway. I


sA

remained quiet waiting to see what would happen. The footsteps


were closer and closer.
ito
ire

A thunderous noise opened the doors and windows of the


house. I got up frightened, ran to the guest room, looked around
iD

and everything was messy again. That mirror seemed to infiltrate


su

me. Inside it, I could see the eyes that stared at me. The face
s

was scary. It reflected me awfully. My lips were motionless but


po

in that reflection, they moved and became spirals of my body. In


ial

my mind, I had memories of the past. At that moment, I took the


ter

mirror and broke it taking away the anguish that consumed me.
On the shattered glass, I could see my dripping face. I ran out of
ma

that place. Everything around me floated. The dishes were broken


te

and the faucets were running. The floor seemed to open up.
Es

“Mom! Mom!”, a female sweet voice was calling. Who had


been here?

168

Contos-Horripilantes.indb 168 03/08/2016 13:41:23


Contos-Horripilantes.indb 169

Es
te
ma
ter
ia lp
os
su
i Di
re
ito
sA
uto
ra
is
en
ão
169

po
de
se
r co
mpa
rtil
ha
do
se
m
au
tor
iza
çã
o.
03/08/2016 13:41:23
o.
Samy

çã
iza
tor
Laís Brum e Alexsandra Alves Rosa

au
m
Quando eu acordo pela manhã, a primeira coisa que vejo é

se
ele, estrategicamente posicionado aos pés de minha cama, o es-

do
pelho. Não lembro há quanto tempo o tenho ou há quanto tempo

ha
está aí no mesmo lugar, aos pés dos meus pesadelos. Meu pai
conta que o encontrou na rua, achou sua moldura bonita e o

rtil
trouxe para mim, já que era turvo, pensou que eu me divertiria

pa
com ele.
m
co
E, por certo tempo, foi assim. Antes eu passava muito tempo
brincando com a minha imagem distorcida no espelho. Às vezes,
r
se

tinha a impressão de que a minha imagem virava duas, a minha


e a de um menino. Papai dizia que era loucura, que o espelho não
de

podia fazer isso, mas eu tenho certeza que pode.


po

Certa noite, o menino saiu de dentro do espelho e se apre-


ão

sentou como Samy e disse que, de agora em diante, viria brincar


en

comigo todas as noites, o que era bom, pois eu não tinha muitos
amigos nessa cidade. E ele veio. Passávamos boa parte da ma-
is

drugada brincando. Samy tinha o péssimo hábito de arrancar as


ra

cabeças das minhas bonecas e querer brincar com coisas perigo-


uto

sas, como a vez em que colocamos fogo no quarto do bebê Noah


sA

enquanto brincávamos com fósforos.


ito

Quando isso aconteceu, meus pais ficaram bastante as-


sustados com nossas brincadeiras. Achavam até que Samy não
ire

existia. Fui mandada para um psiquiatra e passei por diversos


iD

tratamentos. E todas as noites Samy estava lá. Cada dia ele tra-
su

zia um objeto diferente para brincarmos, como facas, machados,


s

correntes, alicates e muitos outros objetos estranhos que ele me


po

ensinou a usar.
ial

Um dia resolvemos testar nossa habilidade com as facas!


ter

Roubamos várias facas da cozinha sem mamãe ver e amarramos


ma

nosso cachorro Lucky entre cadeiras, junto à parede e logo come-


çamos a arremessar. Mas o velho cachorro gritava demais e em
te

poucos segundos papai já estava lá dando uma bronca em mim


Es

como se fosse a única culpada. Ele gritou muitas coisas, uma


delas era que eu tinha que crescer e parar de inventar que Samy

170

Contos-Horripilantes.indb 170 03/08/2016 13:41:23


existia. Lembro de chorar a noite toda.
Depois dessa noite, passei a ignorar quando Samy saía do
espelho e me chamava. Ele começou a puxar minhas cobertas e

o.
çã
na noite seguinte me jogou da cama, mas eu simplesmente vol-
tava e deitava como se tivesse levantado para pegar um copo de

iza
água. Então uma noite ele não apareceu.

tor
Nunca havia dormido tão bem em toda a minha vida. Acor-

au
dei descansada e o dia parecia lindo, pois o quarto estava absolu-

m
tamente claro quando abri os olhos. Mas havia algo estranho. Eu

se
não sabia bem o que era, então sentei na cama e olhei ao redor.

do
Meu quarto estava ao contrário!

ha
Eu não conseguia entender como aquilo tinha aconteci-

rtil
do, ele estava normal quando adormeci. Corri para a porta, mas

pa
ela estava trancada. Gritei pelos meus pais, só que tudo parecia
quieto demais. Parecia que a casa estava vazia, ou melhor, que
m
co
não existia nada além daquela porta.
r

Foi então que eu vi o espelho. Ele tinha uma imagem perfei-


se

ta. E refletia meu quarto, completamente vazio. Eu estava presa


de

no espelho!
po

Eu gritava e batia no espelho na esperança de que alguém


ão

do outro lado percebesse, mas ninguém apareceu. Até que perce-


bi Samy parado em um canto do quarto vindo em minha direção
en

com os olhos vermelhos…


is

Não existe noite aqui, então não precisamos dormir, neces-


ra

sitamos apenas observar o momento em que o garotinho no meu


uto

quarto adormece para que possamos brincar...


sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es

171

Contos-Horripilantes.indb 171 03/08/2016 13:41:24


o.
Samy

çã
iza
tor
Lais Brum y Alexsandra Alves Rosa

au
m
Traducción: Daniela Calheiro da Conceição Marques

se
do
Cuando me despierto por la mañana, lo primero que veo es

ha
él, estratégicamente colocado a los pies de la cama, el espejo. No

rtil
recuerdo cuánto tiempo hace que lo tengo o cuánto tiempo está

pa
ahí en el mismo lugar, a los pies de mis pesadillas.

m
Mi padre dice que lo encontró en la calle, encontró su marco
co
hermoso y lo trajo a mí, ya que era turbio, pensó me divertiría
r

con él.
se

Y por un tiempo, eso fue todo. Antes yo pasaba mucho tiem-


de

po jugando con mi imagen distorsionada en el espejo. A veces


po

tenía la impresión de que mi imagen se convertía en dos, la mía


ão

y la de un chico. Papá decía que era una locura, que el espejo no


podía hacerlo, pero estoy segura de que lo puede.
en

Una noche el niño salió del espejo, se presentó como Samy


is

y dijo que a partir de aquel día, vendría a jugar conmigo todas las
ra

noches. Lo que era bueno, porque yo no tenía muchos amigos en


uto

esta ciudad.
sA

Y vino. Pasábamos la mayor parte de la madrugada jugan-


ito

do. Samy tenía la mala costumbre de arrancar las cabezas de mis


muñecas y de querer jugar con cosas peligrosas, como la vez que
ire

prendemos fuego en la habitación del bebé Noah, mientras jugá-


iD

bamos con cerillas.


su

Cuando esto sucedió, mis padres se pusieron bastante asus-


s
po

tados por nuestros chistes. Pensaron incluso que Samy no exis-


tía. Me enviaron a un psiquiatra y pasé por diversos tratamientos.
ial
ter

Y todas las noches Samy estaba allí. Todos los días traía
un objeto diferente para que jugáramos, tales como cuchillos,
ma

hachas, cadenas, abrazaderas, tenazas y muchos otros objetos


extraños que me enseñó a usar.
te
Es

Un día decidimos poner a prueba nuestra habilidad con los


cuchillos.

172

Contos-Horripilantes.indb 172 03/08/2016 13:41:24


Robamos varios cuchillos de la cocina sin que mamá viera
y atamos nuestro perro Lucky entre las sillas contra la pared y
pronto empezamos a tirar. Pero el viejo perro gritaba demasiado

o.
y en pocos segundos papá ya estaba allí amonestándome como si

çã
fuera la única culpable. Gritó muchas cosas, una de ellas era que

iza
tenía que crecer y dejar de inventar que Samy existía. Recuerdo
haber llorado toda la noche.

tor
au
Después de esa noche, empecé a ignorar cuando Samy deja-
ba el espejo y me llamaba. Él comenzó a tirar mis mantas y en la

m
noche siguiente me echó de la cama, pero yo simplemente volvía

se
y me acostaba como si hubiera ido recoger un vaso de agua. En-

do
tonces, una noche él no vino.

ha
Nunca había dormido tan bien en mi vida. Me desperté des-

rtil
cansada y el día se veía hermoso porque la habitación estaba ab-

pa
solutamente clara cuando abrí los ojos. Pero había algo extraño.

m
No estaba segura de lo que era, así que me senté en la cama y
co
miré alrededor.
r

¡Mi habitación estaba al revés!


se

No podía entender cómo eso había sucedido, estaba todo


de

normal cuando me quedé dormida. Corrí a la puerta, pero ella era


po

bloqueada. Grité por mis padres, pero todo parecía demasiado


ão

tranquilo. Parecía que la casa estaba vacía, o más bien, que no


había nada más allá de esa puerta.
en

Fue entonces cuando vi el espejo. Tenía una imagen per-


is

fecta. Y reflejaba mi habitación, completamente vacía. ¡Yo me he


ra

quedado atrapada en el espejo!


uto

Grité y golpeé el espejo con la esperanza de que alguien al


sA

otro lado se diera cuenta, pero nadie apareció al otro lado. Hasta
ito

que vi Samy de pie en un rincón de la habitación caminando ha-


cia mí con los ojos rojos…
ire
iD

No hay noche aquí, así que no necesitamos dormir, sólo te-


nemos que observar el momento en que el niño se queda dormido
su

en mi habitación, para que podamos jugar…


s
po
ial
ter
ma
te
Es

173

Contos-Horripilantes.indb 173 03/08/2016 13:41:24


o.
Samy

çã
iza
tor
Laís Brum and Alexsandra Alves Rosa

au
Translated by: Michelle Alexa Esquivel Contreras and

m
se
Henrique Muzykant Abreu

do
ha
When I wake up in the morning, the first thing I see is it,

rtil
strategically placed at the foot of my bed: the mirror. I don’t re-

pa
member how long I have had it or how long it has been in the
m
same place, at the foot of my nightmares. My father tells that he
co
found it on the street and thought its frame was so beautiful that
r

he brought it to me. Because it was cloudy, he thought I would


se

have fun with it.


de

And, for some time, it was like that. Before that, I would
po

spend so much time playing with my distorted image in the mir-


ror. Sometimes, I had the feeling that my image turned in two,
ão

mine and a boy’s one. Daddy said that was insane, that the mir-
en

ror could not do that. However, I am sure it can.


is

One night, the boy came out of the mirror and introduced
ra

himself as “Samy” and he said that from that moment on he


uto

would come to play with me every night, which was good because
sA

I didn’t have many friends in that city. And he came. We spent a


great part of the night playing. Samy had the bad habit of pluck-
ito

ing the head of my dolls and playing with dangerous things, like
ire

the time when we set fire in baby Noah’s bedroom while we played
iD

with matches.
su

When that happened, my parents were quiet scared with


s

our tricks. They thought Samy did not exist. I was sent to a psy-
po

chiatrist and I went through several treatments. And every night,


ial

Samy was there. Each day he brought a different object to play


ter

like knives, axes, chains, pliers and others strange objects he


taught me how to use.
ma

One day we decided to test our ability with knives. We stole


te

several kitchen knives, without my mom seeing it, and we tied


Es

our dog Lucky between chairs against the wall and we soon start-
ed to throw them. However, the old dog barked too much and in

174

Contos-Horripilantes.indb 174 03/08/2016 13:41:24


a few seconds my dad was already there scolding me like if I was
the only culprit. He shouted so many things, such as that I had
to grow up and stop inventing Samy existed. I remember crying

o.
all night.

çã
After that night, I started ignoring when Samy came out of

iza
the mirror and called me. He started pulling my blanket and, the

tor
following night, he threw me out of bed. However, I would just go

au
back to bed and lie down as if I had gotten up to get some water.
And, then, one night, he did not show up.

m
se
I had never slept so well in my whole life. I woke up feeling
physically rested and the day looked beautiful, because the room

do
was completely clear when I opened my eyes. However, there was

ha
something weird. I did not know exactly what it was. So, I sat on

rtil
the bed and looked around.

pa
My room was inside out!
m
co
I did not understand how it had happened. It was normal
when I slept. I ran to the door but it was locked. I yelled at my
r
se

parents, but everything was too quiet. It seemed that the house
was empty or that there was nothing besides that door.
de
po

That is when I saw the mirror. It had a perfect image. It re-


flected my bedroom, completely empty. I was imprisoned in the
ão

mirror!
en

I screamed and hit the mirror in the hope that someone


would listen to me, but no one showed up. Until I saw Samy
is
ra

standing on a corner of the room, coming towards me with his


uto

eyes red...
sA

There is no night here, we do not need to sleep, we just need


to observe the moment when the boy in my bedroom sleeps so
ito

that we can play…


ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es

175

Contos-Horripilantes.indb 175 03/08/2016 13:41:24


Contos-Horripilantes.indb 176

Es
te
ma
ter
ia lp
os
su
i Di
re
ito
sA
uto
ra
is
en
176

ão
po
de
se
r co
mpa
rtil
ha
do
se
m
au
tor
iza
çã
o.
03/08/2016 13:41:24
o.
O espelho milenar

çã
iza
tor
Tiago de Moraes Kieffer

au
m
Certo grau de ceticismo é dedicado para os amantes das

se
artes e do conhecimento científico. Por mais que a pessoa seja

do
criada na educação religiosa, ensinada desde pequena a perceber

ha
as obras feitas pela mão do divino, tudo o que se apresenta em

rtil
seu campo de visão é passível de questionamento e reflexão. Pe-
dro José era um homem desses. Lia de tudo, desde Adam Smith

pa
a Gramsci. De São Tomas de Aquino a Nietzsche. De Darwin aos
m
teóricos criacionistas. Nessas leituras, sobretudo as que falavam
co
sobre o discurso e a voz, Pedro aprendera a usar de sua lábia
r

para vender raridades que, segundo ele, possuía poderes milena-


se

res. As raridades eram diversas: colares que davam sorte, anéis


de

que traziam a pessoa amada, brincos que faziam conexão com as


po

vidas passadas. Isso obviamente era mentira, discurso inventa-


do por Pedro José para dar lucro. Nada mais que valor histórico
ão

tinha as peças, mas com a conversa bem preparada de Pedro,


en

obtinham valor religioso de quem as comprava, longe de ser por


preço barato.
is
ra

No caso que se segue, Pedro José estava comprando uma


uto

passagem para algum lugar do oriente, onde estava em leilão


sA

um espelho chinês que curiosamente possuía símbolos cristãos,


como a estrela de Davi, o Yin-Yang do Taoísmo, O Omkar do Islã,
ito

entre outros. Curioso é que o espelho era milenar, anterior aos


ire

próprios símbolos religiosos. Pedro, é claro, tiraria vantagem dis-


iD

so, dizendo que o espelho era uma conexão entre o passado e o


su

futuro, viajante das eras, e quem o possuísse seria capaz de tal


proeza.
s
po

- Viagem para onde, senhor Pedro José? Perguntou a moça


ial

do guichê do aeroporto.
ter

Moça linda, diga-se passagem, encantadora, voz angelical.


ma

Se Pedro José não estivesse em serviço, certamente seguiria a


conversa, faria alguma piadinha, pediria o número. Não só por
te

isso, já havia combinado encontro com uma asiática.


Es

- Eu vou para... Respondeu Pedro José.

177

Contos-Horripilantes.indb 177 03/08/2016 13:41:24


Quando chegou ao leilão, viu antigos conhecidos de diver-
sos países. Um americano metido a besta chamado Jones. Um
Russo que esbanjava as cores da URSS, conhecido como Urso.

o.
Uma menina japonesa, que a julgar pela tecnologia do país era

çã
mais velha que Pedro. Todos eles só estavam ali por status. Para

iza
esbanjar que iam a leilões. Talvez seja algum fetiche emocional,

tor
mostrar ao mundo que se interessa por coisas em que só loucos

au
se interessam, tipo os historiadores.
- Vendido. Disse o leiloeiro. O senhor Pedro José leva para

m
se
casa esse espelho milenar.

do
Esses prêmios geralmente eram vendidos por um preço que
você, leitor, não poderia comprar, com exceção, é claro, se você

ha
for um empresário de grande sucesso. Pedro, porém, tinha con-

rtil
tatos, pessoas que o patrocinavam. Como era corriqueiro, o com-

pa
prador deveria conferir o produto que comprou. Assim, em uma
m
sala escura atrás do auditório de venda, Pedro José se aproximou
co
do espelho, tocou suas bordas e então o reflexo fosco, típico dos
espelhos antigos, tornou-se nítido e perfeito, só que com um de-
r
se

talhe a mais, havia uma pessoa junto com Pedro. Um homem


de

velho, vestido de terno branco com roupas sujas sorria ao seu


lado. O fundo preto da sala escura deixava o contraste de cores
po

desconfortável aos olhos do vendedor. Ele olhou para trás e para


ão

os lados, esfregou os olhos, mas sempre que voltava a olhar o es-


en

pelho, a pessoa estava lá.


- Quem é você? Perguntou ofegante.
is
ra

- Eu sou você daqui a vinte anos. Respondeu o homem. Um


uto

homem pobre, sem casa e sem bens, porém feliz. Um homem que
sA

aprendeu o preço que a vida tem. Um homem que reconheceu as


mentiras e devolveu tudo o que tinha aos pobres.
ito

Pedro deu uma gargalhada muito alta, espontânea, sem pu-


ire

dor. Sua consciência não tinha culpa dos golpes que ele aplicava,
iD

porque o valor do dinheiro curava todas as possíveis mágoas.


su

O que o apavorava era o seu possível futuro encarnado em sua


s

frente, mas não o seu “eu futuro” revelando-lhe o que ele era no
po

presente. O espelho, percebera ele, de fato conectava o presente


ial

e o futuro. Ele, de alguma maneira, mudaria os seus hábitos se


ter

tornando uma espécie de franciscano.


ma

O vendedor Pedro poderia ficar bom, não mentindo mais,


mas como o jovem rico, jamais venderia tudo o que tinha e daria
te

aos pobres. Pobreza não estava no seu dicionário.


Es

Voltando a si, Pedro perguntou:

178

Contos-Horripilantes.indb 178 03/08/2016 13:41:25


- E como eu serei desse jeito?
- Comprarás esse espelho, não irá vendê-lo, vai ficar com ele
para sempre. Respondeu o homem.

o.
çã
- Demorei anos para comprar uma peça que realmente fun-

iza
ciona, na qual posso cobrar uma fortuna. Por acaso o meu eu
futuro é louco?

tor
au
- Nos padrões humanos sou. Nos padrões sobrenaturais sou
o que todo mundo será.

m
se
- E por que você está de branco?

do
- Pois todos que compram essa peça vivem junto com iguais,

ha
homens que esperam a morte ansiosamente, que não diferenciam
a morte da vida. Minha mansão é um hospício. Mas o espelho é

rtil
meu, isso é o que importa.

pa
O vendedor, ouvindo isso, sentiu uma forte dor no peito e
desmaiou. Quando abriu os olhos, alguém lhe falou: m
co
r

- Viagem para onde, senhor Pedro José?


se

Olhando para a moça linda que o atendia no aeroporto fa-


de

lou:
po

- Para lugar nenhum, prefiro ficar aqui. Inclusive, como você


ão

é linda.
en

O vendedor Pedro morreu velho, porém pobre. Casou-se


anos depois, não com a moça do aeroporto, mas com uma ven-
is
ra

dedora de roupas chamada Alice. Um certo Urso russo, matou-se


uto

20 anos depois, sendo entre seus bens leiloados um Espelho com


símbolos religiosos e políticos, inclusive um símbolo inédito: o
sA

soviético.
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es

179

Contos-Horripilantes.indb 179 03/08/2016 13:41:25


o.
El espejo milenario

çã
iza
tor
Tiago de Moraes Kieffer

au
m
Traducción: Beatriz Frassão

se
do
Un grado de escepticismo está dedicado a los amantes del

ha
arte y del conocimiento científico. A pesar de que una persona

rtil
reciba la educación religiosa, enseñada desde pequeño para dar-

pa
se cuenta de los trabajos realizados por la mano de Dios, todo lo
que aparece en su campo de visión está sujeto a cuestionamiento
m
y reflexión. Pedro José era un hombre así. Ha leído todo, desde
co
Adam Smith a Gramsci. Santo De Tomás de Aquino a Nietzsche.
r
se

Darwin a los creacionistas teóricos. En estas lecturas, especial-


mente aquellas que hablaban sobre el discurso y la voz, Pedro
de

aprendió a usar su charla para vender rarezas, que, según él


po

mismo, poseía poderes antiguos. Las rarezas fueron diversas: co-


llares que traían suerte, anillos que traían a la persona amada,
ão

pendientes que hacían conexiones con las vidas pasadas. Esto


en

era obviamente una mentira, discurso inventado por Peter Jo-


seph para obtener ganancias. Nada más que un valor histórico
is
ra

tenían las piezas, pero con la charla bien preparada de Pedro,


uto

obtenían valor religioso de quien las compraba, lejos de ser un


precio barato.
sA

En el siguiente caso, Pedro José estaba comprando un bole-


ito

to a algún lugar del este, donde estaban vendiendo un espejo chi-


ire

no en una subasta. Curiosamente el espejo poseía símbolos cris-


iD

tianos como la estrella de David, el Ying del taoísmo, El Omkar


del Islam, entre otros. Lo curioso es que el espejo era antiguo,
su

anterior a los propios símbolos religiosos. Pedro, por supuesto,


s
po

se aprovecharía de eso, diciendo que el espejo era una conexión


entre el pasado y el futuro, viajero de las eras, y que su dueño
ial

sería capaz de tal hazaña.


ter

-¿Viaja a dónde, D. Pedro José? Le preguntó la chica de la


ma

ventanilla del aeropuerto.


te

Hermosa niña, debo añadir, encantadora, voz angelical. Si


Es

Pedro José no estuviera en servicio, sin duda seguiría la conver-


sación, haría una broma, pediría su número de teléfono. No sólo

18
180

Contos-Horripilantes.indb 180 03/08/2016 13:41:25


por eso, ya había concertado una cita con una asiática.
- Voy a ... Contestó Pedro José.

o.
Cuando llegó a la subasta, vio viejos conocidos de diferentes

çã
países.

iza
Un estadounidense presumido llamado Jones. Un ruso que

tor
derrochaba los colores de la URSS, conocido como Oso. Una niña

au
japonesa, que a juzgar por la tecnología del país era mayor que
Pedro. Todos estaban allí para el estatus. Despilfarrar que iban a

m
subasta. Tal vez sea cierto fetichismo emocional, mostrar al mun-

se
do que se interesan en cosas que sólo los locos están interesados,

do
como los historiadores.

ha
- Vendido. Dijo el subastador. D. Pedro José se lleva a casa

rtil
este antiguo espejo.

pa
Estos premios se suelen vender a un precio que usted, el
m
lector, no podía comprar, excepto, por supuesto, si usted es un
co
empresario de gran éxito. Pero Pedro tenía contactos, las perso-
r

nas que lo financiaban. Como era corriente, el comprador debe


se

conferir el producto adquirido. Así, en un salón oscuro detrás del


de

auditorio de ventas, Pedro José se acercó al espejo, tocó sus bor-


po

des y luego el reflejo opaco, típico de espejos antiguos, se hizo ní-


tido y perfecto, pero con un detalle, había una persona con Pedro.
ão

Un anciano, que llevaba traje blanco con ropas sucias sonriendo


en

a su lado. El fondo negro del salón oscuro dejaba el contraste de


colores incómodos a los ojos del vendedor. Miró hacia atrás y a
is

los lados, fregó los ojos, pero siempre volvía a mirar en el espejo,
ra

la persona estaba allí.


uto

- ¿Quién eres tú? Se preguntó sin aliento.


sA

- Soy tú dentro en veinte años. El hombre respondió. Un


ito

hombre pobre, sin hogar y sin posesiones, pero feliz. Un hombre


ire

que ha aprendido el precio que tiene la vida. Un hombre que reco-


iD

noció las mentiras y devolvió todo lo que tenía a los pobres.


su

Pedro soltó una carcajada muy fuerte, espontánea, sin ver-


s

güenza. Su conciencia no era culpable de los golpes que practi-


po

caba, debido a que el valor del dinero sanaba todas las lástimas
ial

posibles. Lo que más le aterraba era el posible futuro yo encar-


ter

nado delante de sí, pero no su “yo futuro” mostrándole quien era


en el presente. El espejo, se da cuenta él, de hecho conectaba el
ma

presente y el futuro. De alguna manera cambiaría sus hábitos


te

convirtiéndose en una especie de franciscano.


Es

El vendedor Pedro podría ser bueno, no mentir más, pero


como el joven rico, nunca vendería todo lo que tenía y se lo daría

181

Contos-Horripilantes.indb 181 03/08/2016 13:41:25


a los pobres. La pobreza no se encontraba en su diccionario.
Volviendo a sí mismo, Pedro dijo:

o.
- ¿Cómo voy a ser así?

çã
- Vas a comprar ese espejo, no lo venderás, se quedará con

iza
él para siempre. El hombre respondió.

tor
- Me llevó años comprar una pieza que realmente funciona,

au
por la cual puedo cobrar una fortuna. ¿Acaso mi yo futuro es

m
loco?

se
- En los patrones humanos lo soy. En los estándares sobre-

do
naturales soy lo que será todo el mundo.

ha
- ¿Y por qué vistes blanco?

rtil
- Pues todos los que compran esta pieza conviven juntos

pa
como iguales. Hombres que esperan con ansiedad la muerte, que
m
no diferencian la muerte de la vida. Mi mansión es una casa de
co
locos. Pero el espejo es mío, esto es lo que importa.
r
se

El vendedor, oyó, sintió un dolor agudo en el pecho y se des-


mayó. Cuando abrió los ojos, alguien le dijo:
de

¿Viaja a dónde, D. Pedro José?


po

Mirando a la hermosa chica que le atendía en el aeropuerto


ão

dijo:
en

- A ninguna parte, prefiero quedarme aquí. A propósito, eres


is

linda.
ra
uto

Vendedor Pedro murió de viejo, pero pobre. Se casó años


más tarde, no con la chica aeropuerto, pero con una vendedora
sA

de ropa llamada Alice. Un cierto Oso ruso, murió 20 años más


tarde, entre sus bienes subastados un Espejo con símbolos reli-
ito

giosos y políticos, incluso un símbolo sin precedentes: soviético.


ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es

182

Contos-Horripilantes.indb 182 03/08/2016 13:41:25


o.
The millenary mirror

çã
iza
tor
Tiago de Moraes Kieffer

au
m
Translated by: Luciana de Souza Oliveira and Évelin Rosa Ferreira

se
do
ha
A degree of skepticism is dedicated to lovers of art and sci-
entific knowledge. Although people can be raised with religious

rtil
education and be taught since the early age to realize the works

pa
done by the divine, everything that appears in their field of vision
m
can be subject to questioning and reflection. Pedro José da Silva
co
was such a man. He read everything from Adam Smith to Grams-
r

ci. From São Tomas de Aquino to Nietzsche. From Darwin to the-


se

oretical creationists. In these readings, especially those that talk


de

about the speech and voice, Pedro learned to use his talkative
po

abilities to sell rarities that, he said, possessed millenary powers.


There were varied rarities: lucky necklaces, rings that brought
ão

back the beloved person, earrings that communicated with past


en

lives. This was obviously a lie. A speech invented by Pedro José to


make profit. The pieces had nothing more than historical value,
is

but with Pedro’s well-prepared talk, they got religious value of


ra

those who bought them. And they were far from having a cheap
uto

price.
sA

Once, Pedro José was buying a ticket to go somewhere in


ito

the east, where they were auctioning a Chinese mirror that cu-
ire

riously had Christians symbols on it, like the Star of David, the
Yin-Yang of Taoism, the Islam Omkar among others. Curious-
iD

ly, the mirror was millenary, earlier than the religious symbols
su

themselves. Pedro, of course, took advantage of it, saying that the


s
po

mirror was a connection between the past and the future, a trav-
eler of the ages, and the person who owned it would be capable
ial

of such a feat.
ter

“Where to, Mr. Silva?”, asked the attendant at the airport


ma

counter.
te

By the way, she was a beautiful girl, lovely, and she had an
Es

angelic voice. If Pedro José were not working, he would probably


continue the conversation, tell a joke, and ask her phone num-

183

Contos-Horripilantes.indb 183 03/08/2016 13:41:25


ber. However, he had asked an Asian woman on a date.
“I’m going to”, answered Pedro José.

o.
When he arrived at the auction, he saw old acquaintances

çã
from different countries. A snobbish American called Jones. A

iza
Russia, known by the nickname ‘Bear’, n who wore extravagant
Russian colors. A Japanese girl who, by judging the country’s

tor
technology, was older than Pedro was. They were only there for

au
status, which is only to say that they went to auctions. Maybe it is

m
a kind of emotional fetish: showing the world they are interested

se
in things that only fools are interested in, like historians.

do
“Sold”, said the auctioneer. Mr. Silva takes home this mille-

ha
nary mirror.

rtil
These prizes were usually sold at a price that you, reader,

pa
could not afford, only if you are a businessperson of great suc-
cess, of course. However, Pedro had contacts, people who spon-
m
co
sored him. As usual, the buyer should check the product before
buying it. Therefore, in a dark room behind the sales auditorium,
r
se

Pedro José approached the mirror, touched its edges and, then,
the opacity of the reflection, typical of antique mirrors, turned
de

into a clear and perfect reflection, but with one more detail: there
po

was a person with Pedro. An old man, wearing a white suit and
ão

dirty clothes was smiling by his side. The black background of the
dark room made an uncomfortable color contrast in the salesper-
en

son’s eyes. He looked back and to both sides, rubbed his eyes,
is

but whenever he looked at the mirror, the person was there.


ra

“Who are you?”, asked breathlessly.


uto

“I am you in twenty years”, answered the man. A poor


sA

man, homeless and without possessions, but happy. A man who


ito

learned the price of life. A man who recognized the lies and re-
turned everything to poor.
ire
iD

Pedro laughed aloud, spontaneous and shamelessly. His


conscience was not to blame of the tricks he played, because the
su

value of money healed all possible sorrows.


s
po

What terrified him was the possible future: me, incarnated


ial

in front of him, but not his “future self” revealing to him what he
ter

was in the present. The mirror, he had realized, did connect the
present and the future. Somehow, he would change his habits
ma

and would become a kind of Franciscan.


te

Pedro, the salesperson, could become a good person, and


Es

stop lying, but as the young rich man, he would never sell all he
had and give to the poor. The word ‘poverty’ was not in his dic-

184

Contos-Horripilantes.indb 184 03/08/2016 13:41:25


tionary.
Turning to himself, Pedro asked:

o.
“And how will I be like that?”

çã
“You will buy this mirror. You will not sell it, but keep it for-

iza
ever”, answered the man.

tor
“It took me years to buy something that really works, for

au
which I can charge a fortune. Is my future self crazy, by any

m
chance?”

se
“In human standards, yes, I am. In the supernatural stan-

do
dards, I am what everybody will be.”

ha
“And why are you wearing white?”

rtil
“Because everyone who buys this piece lives together as

pa
equal partners. Men anxiously waiting for death. Men who do not
m
differentiate between death and life. My mansion is a madhouse.
co
However, the mirror is mine. That is what really matters.
r
se

Having heard this, the salesperson felt a strong chest pain


and fainted. When he opened his eyes, someone talked to him:
de

“Where to, Mr. Silva?


po

Looking at the beautiful attendant at the airport, he said:


ão
en

”To nowhere. I prefer to stay here. By the way, how beautiful


you are.”
is
ra

Pedro, the salesperson, died old, but poor. He got married


uto

years later, not to the airport attendant, but to a clothing sales


woman named Alice. A certain Russian Bear killed himself twenty
sA

years later. Among his goods, was auctioned a mirror, with reli-
gious and political symbols, including an unprecedented symbol:
ito

the Soviet one.


ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es

185

Contos-Horripilantes.indb 185 03/08/2016 13:41:26


Contos-Horripilantes.indb 186

Es
te
ma
ter
ia lp
os
su
i Di
re
ito
sA
uto
ra
is
en
186

ão
po
de
se
r co
mpa
rtil
ha
do
se
m
au
tor
iza
çã
o.
03/08/2016 13:41:26
o.
Uma noite na Fundação Cultural de Canoas

çã
iza
tor
Franclim Davila de Almeida e Jorge Eduardo Muniz Alves Santos

au
m
O céu relampejava, sentado no banco do ônibus, José olha-

se
va através da janela a rua molhada pela chuva que se derramava

do
como uma cachoeira. Mas o seu reflexo era o que mais aparecia,

ha
devido à escuridão lá fora e as luzes do ônibus, a janela tornou-
se por longos momentos um espelho. No sacolejar da condução,

rtil
como se estivesse num berço sendo embalado, alternava momen-

pa
tos de lucidez e rápidos cochilos. Num destes momentos de lu-
m
cidez, ao olhar para a janela, viu um reflexo que não era o seu,
co
mas um relâmpago apagou a imagem, revelando a rua e o telhado
r

da Estação Cultural de Canoas. Levantou apressado e apertou o


se

botão do sinal da parada, desceu, abriu o guarda-chuva e co-


de

meçou a subir a passarela. A chuva estava forte, e apesar de ser


po

quinze para as sete, a escuridão era tanta que parecia tarde da


noite. Cruzou a passarela rapidamente. Ele estava intrigado com
ão

o reflexo que viu de relance na janela do ônibus.


en

Chegou até a porta da Estação Cultural, seu colega de posto


já o esperava pronto para sair, era a primeira noite neste posto,
is
ra

devia ter chegado mais cedo para receber as instruções do ser-


uto

viço, mas não pôde - azar - pensou ele. Ao aproximar-se mais,


João que já o esperava ansioso, olha-o batendo o dedo no relógio
sA

e dizendo:
ito

- Meia hora antes, guerreiro! Meia hora antes. Sabe que são
ire

regras, pois tenho que te passar as ordens do posto.


iD

- Desculpe, colega, mas devido à chuva o ônibus atrasou e...


su

Estava dizendo José, mas foi interrompido por João que fa-
s
po

lava:
ial

- Tá, tá... Sempre o ônibus, “bora”, entre de uma vez, estou


ter

com pressa, hoje tem jogo importante do timaço, e não quero che-
gar em cima da hora ao Boteco do Tonhão e pegar o pior lugar...
ma

Seguinte, novato, este é o lugar que você vai ficar.


te

José viu um pequeno nicho de fronte à porta de entrada,


Es

lugar estreito embaixo de uma escadaria possuindo ali uma me-


sinha de escrivaninha antiga, provavelmente feita de madeira de

187
7

Contos-Horripilantes.indb 187 03/08/2016 13:41:26


lei. Uma cadeira aparentemente nada confortável, a única coisa
que aparenta ser moderno é o rádio-relógio que marca exatamen-
te dezenove horas.

o.
çã
- Aconchegante. Diz José em tom sarcástico.

iza
- Vai se acostumando. Seguinte, as normas do posto estão
na gaveta, o livro-ponto também - Diz João, já pegando sua bol-

tor
sa - Ah! E não se esquece de fazer o livro de ocorrências, mesmo

au
não tendo alteração nenhuma, faça assim mesmo, é só seguir o

m
modelo. Bem, tô indo, bom serviço pra você e até amanhã. Fui!!

se
- Bom descanso - Diz José ao colega, que de costas levanta

do
a mão num leve aceno.

ha
José olha para dentro da Fundação e no seu pensamento,

rtil
decide que aquela construção, mesmo sendo toda nova, ainda pa-

pa
rece um mausoléu. Lembra-se de imediato da sua infância, e de

m
quando ali passava de ônibus, muito antes de começarem a obra
co
do Trensurb, e quão assustador era a velha estação de trem. En-
tão ele começa a ler as instruções e normas que deve seguir neste
r
se

posto. Uma das primeiras é certificar-se de que todas as janelas


estão trancadas e as luzes devidamente apagadas. Ao pensar em
de

ter que fazer uma pequena ronda pela Fundação, ele sente um
po

arrepio que o percorre da planta do pé até a cabeça. Bem na hora


ão

ocorre um relâmpago seguido do barulho ensurdecedor do trovão


en

que faz vibrar as janelas e portas do lugar. Todas as luzes apa-


gam-se deixando José no mais completo breu. Ele tateia nas ga-
is

vetas da mesa e encontra uma lanterna, por sorte, ela funciona.


ra
uto

José olha através da janela da porta e vê a rua sem luz tam-


bém, e se não fossem os faróis dos carros o breu seria enorme.
sA

Ele pega seu celular e percebe que está desligado, tenta ligar e
ito

não consegue. Bateria não é, pensa ele, será que tem algo a ver
com o relâmpago? Pelo barulho e velocidade entre luz e som o raio
ire

caiu bem próximo. Enquanto pensa nestas coisas, ele ouve os ba-
iD

rulhos de buzinas na rua. Esta tempestade está trazendo um ver-


su

dadeiro caos para uma noite que a princípio seria tranquila. José
s

decide ir fazer a ronda neste momento, melhor agora que ainda é


po

cedo, não que ele tenha medo de algo, mas ele sabe no seu íntimo,
ial

lá no fundo algo lhe avisa que hoje é um dia atípico, e lembra-se


ter

de uma frase lida num livro antigo “yo no creo em brujas, pero que
las hay, las hay.”
ma

José começa sua ronda pelo andar térreo, com a lanterna,


te

ele verifica as janelas, certificando-se de que cada tranca esteja


Es

devidamente travada. Com a falta de luz não pode certificar-se


das luzes apagadas, da rua, o barulho de buzinas só não é mais

188

Contos-Horripilantes.indb 188 03/08/2016 13:41:26


alto que o barulho da chuva. O vento chega a assobiar. Se não
é a pior tempestade dos últimos anos, décadas ou século, com
certeza, é uma delas. Não se lembrava de um temporal tão forte

o.
como este. Ao iniciar a subida das escadas, cada degrau que pisa

çã
geme sobre seu peso, o som é perturbador, deixando José inquie-

iza
to e sobressaltado com qualquer ruído. Antes mesmo de terminar
a subida, ele ouve o bater de madeira na madeira, uma janela

tor
aberta pensa, menos mal.

au
O segundo andar é inquietante, José encontra-se num com-

m
pleto breu, a única luz no local é da sua lanterna. Lentamente

se
avança pelo corredor que parece imenso devido à escuridão, ao

do
avançar, repara de canto de olho o brilho de sua lanterna refletir

ha
numa janela. Fica irrequieto. Parece que tem um rosto observan-
do-o. Corajosamente ele lança a luz da lanterna na janela e não

rtil
vê nada, ao virar-se novamente, ele toma um susto, o rosto de

pa
um homem, já de certa idade, observa-o com um olhar taciturno,
m
demora alguns instantes para perceber que na verdade, quem o
co
observa é uma pintura. Um quadro, mas esta experiência deixa-o
r

abalado e com os nervos à flor da pele, sente seu coração acelera-


se

do e o nó na garganta quase o sufoca.


de

Respira aliviado após cobrir o quadro com um pano que en-


po

controu por ali. Ele volta a sua ronda. Encontra a janela que não
ão

estava bem fechada e a tranca corretamente, o ruído de chuva e


do trânsito lá fora continuam alto, mas somente agora ele volta
en

a percebê-los. O susto com o quadro mexeu com seu brio, e José


is

não vê a hora de descer, e aconchegar-se no lugar que ele deduz


ra

para aquele momento, ser o mais seguro, a pequena mesa e a


uto

cadeira desconfortável do hall de entrada. Ao retornar pelo cor-


redor, cada passo que ele dava, era respondido com um gemido
sA

das tábuas sobre seus pés, mas parecia que eram passos de duas
ito

pessoas, ele parou, mas não escutou nada além do ruído exter-
ire

no da chuva e do trânsito. Retornou a caminhar rapidamente e


desceu as escadas mais rápido ainda. José afirmava para si que
iD

não estava com medo, mas sentia no seu corpo um frio de gelar
su

até os ossos.
s
po

Ao sentar na cadeira, pôde realmente comprovar o que sus-


peitava, era muito desconfortável, baixa com assento duro de
ial

madeira. Ele pega o livro de ocorrências e começa a folheá-lo,


ter

um trecho chama sua atenção. Narra que certo colega de nome


ma

Odair, não muito tempo atrás, numa noite de serviço, vasculhou


toda a Fundação em busca de um intruso que entrava e saía do
te

lugar, mas não conseguiu encontrá-lo. O assustador é o que está


Es

escrito dois dias depois. O colega Odair foi encontrado morto.


Segundo o médico legista, ele morreu de susto. José para de ler

189

Contos-Horripilantes.indb 189 03/08/2016 13:41:26


estupefato, e em voz alta diz:
- Como alguém pode morrer de susto?

o.
A luz volta enquanto ele ainda está pensando sobre o ocor-

çã
rido, “- Será que é possível alguém bater a caçoleta por levar um

iza
susto, mas o que será que assustou este tal de Odair?”. Ele ba-
lança a cabeça, tentando tirar certas ideias perturbadoras, liga

tor
o rádio e sintoniza na estação de esporte e fica aguardando o

au
início do jogo. O tempo transcorre lentamente, o temporal ame-

m
niza, mas de repente um estouro na rua, o rádio silencia, tudo

se
fica escuro. É neste momento que José ouve o barulho de janela
batendo no segundo andar. Pega a lanterna e, receoso, começa a

do
subir a escada, cada passo é seguido de um lamurioso gemido.

ha
José fica estarrecido, ao ver que a janela aberta é a mesma

rtil
que ele sofreu o susto mais cedo, ele a fecha e tranca bem os

pa
ferrolhos. Ao virar, depara-se com o quadro destampado, mas o
m
que lhe tira do juízo perfeito é ver que o quadro está sem a figu-
co
ra, sem aquele homem de olhar taciturno. Em seguida, ouve um
r

barulho, semelhante ao de ferro arranhando na madeira, ele vira


se

em direção da escada e vê a figura do quadro na sua frente, segu-


de

rando um machado vindo em sua direção. José sai rapidamente


po

corredor adentro, deixando cair a lanterna. Entra na primeira


porta que encontra e tranca-se no interior. Do lado de fora, quem
ão

o persegue, o ser, a criatura, sobrenatural ou não, começa a gol-


en

pear a porta com o machado, e dando gargalhada, ou seja lá o que


for este ruído gutural. O som que emite, deixa José apavorado,
is

ele fecha os olhos, e tentando lembrar alguma oração, clama aos


ra

céus que o salve. O barulho da batida fica cada vez mais forte, ele
uto

percebe que o seu fim está próximo; bem... pensa ele, pelo menos,
sA

não morrerá de susto.


ito

José acorda quase caindo da cadeira. No segundo andar o


ire

barulho de uma janela batendo, o rádio desligado, escuridão to-


tal, silêncio na rua. Ele pega a lanterna e, receoso, segue para a
iD

escada, cada degrau ao ser pisado, geme lamuriosamente.


su
s
po
ial
ter
ma
te
Es

190

Contos-Horripilantes.indb 190 03/08/2016 13:41:26


o.
Una noche en la Fundación Cultural

çã
iza
tor
Franclim Davila de Almeida y Jorge Eduardo Muniz Alves Santos

au
m
Traducción: Franclin Almeida y Jorge Muniz Santos

se
do
El cielo brillaba con relámpagos, sentado en el banco del

ha
autobús José miró a través de la ventana a la calle mojada por la

rtil
lluvia que caía como una cascada. Pero su reflejo era lo que más
aparecía, debido a la oscuridad de la calle y las luces internas, la

pa
ventana del autobús parecía un espejo. En el sacudir de la con-
m
ducción, como si embalado en la cuna, alternando momentos de
co
lucidez y de sueño. En uno de esos momentos de lucidez, miran-
r

do la venta y vio un reflejo que no era el suyo, pero un relámpago


se

borró la imagen, revelando la calle y el techo de la Estación Cultu-


de

ral de Canoas. Se enderezó pronto y pulsó el botón para salir del


po

autobús, bajó, abrió su paraguas y empezó a subir la pasarela. La


lluvia era fuerte, a pesar de ser las siete menos cuarto, la oscuri-
ão

dad era tal, que parecía altas horas de la noche. Cruzó la pasarela
en

rápidamente. Estaba intrigado con el reflejo que vio de reojo por


la ventana del autobús.
is
ra

Llegó a la puerta de la Estación Cultural, su colega estaba


uto

esperando listo para salir, fue la primera noche en este puesto.


sA

Debería haber llegado antes para recibir las instrucciones del ser-
vicio, pero no se pudo – No pasa nada – pensó. Al acercarse, Juan
ito

que estaba esperando ansiosamente, lo mira tocando el dedo en


ire

el reloj y diciendo:
iD

- ¡Media hora antes muchacho! Media hora ante. Usted co-


su

noce las reglas, porque hay que ir a las órdenes del servicio.
s
po

- Lo siente compañero, pero a causa de la lluvia retrasó él


autobús y …
ial
ter

José estaba diciendo, pero fue interrumpido por Juan:


ma

- Sí, sí… Siempre el autobús, “Vámonos” - entre una vez


porque estoy en un apuro, hoy hay un importante partido del me-
te

jor equipo del mundo, y no quiero llegar tarde en el almacén de


Es

Don Antonio y tomar el peor lugar… Compañero, éste es el lugar


en el que usted se alojará.

191

Contos-Horripilantes.indb 191 03/08/2016 13:41:26


José vio un pequeño nicho anta la puerta de entrada del
lugar, estrecho y debajo de las escaleras. Había un escritorio an-
tiguo de oficina, probablemente de madera noble. Una silla con

o.
aspecto incómodo, lo único que tiene apariencia moderna es el

çã
radio reloj que marca exactamente las diecinueve horas.

iza
- Acogedor! – José dice con sarcasmo.

tor
- Se acostumbrará. Las reglas del servicio están en el cajón,

au
la ficha de trabajo también – dice Juan mientras recoge sus co-

m
sas. – ¡Ah! Y no se olvide de hacer el libro de ocurrencias, aunque

se
no haya ninguna, hágalo aún así, sólo tienes que seguir el mode-
lo. Bien, buen servicio para usted. ¡Hasta mañana! ¡Adiós!

do
ha
- Buen descanso – dice José a su colega, que de espaldas
levanta una mano y un ligero saludo.

rtil
pa
José mira la fundación y en su pensamiento decide que
aquella construcción, aunque toda nueva, todavía se ve como un
m
co
mausoleo. Recuerda inmediatamente su infancia, y cuando pasa-
ba por allí en autobús, mucho antes de que comenzaran los tra-
r
se

bajos de Trensurb, y como era aterradora la antigua estación de


tren. Entonces comienza a leer las reglas de este nuevo lugar de
de

trabajo. Una de las primeras es para asegurarse de que todas las


po

ventanas están cerradas y las luces apagadas. La idea de tener


ão

que hacer una pequeña vuelta por la fundación lo hacía sentir un


escalofrío que corre a través de la planta del pie hasta la cabeza.
en

Justo a tiempo ocurre un relámpago seguido de un trueno en-


is

sordecedor que hace vibrar las ventanas y las puertas del lugar.
ra

Todas las luces se apagan dejando José en completa oscuridad.


uto

Él busca en los cajones de la mesa y encuentra una linterna, por


suerte funciona.
sA

José observa a través de la ventana de la puerta y ve la calle


ito

sin luz también, si no fuera por los faros de los coches, la oscuri-
ire

dad sería enorme. Él coge su teléfono celular y se da cuenta que


iD

está apagado, intenta conectarse y no puede. La batería no es el


problema, piensa. ¿Tendrá algo que ver con el relámpago? Por la
su

velocidad y el sonido del rayo, él cayó muy cerca. Mientras pien-


s
po

sa en estas cosas, oye las bocinas de los coches en la calle. Esta


tormenta está trayendo un verdadero caos para una noche que
ial

en principio sería tranquila. José decide hacer las rondas, mejor


ter

ahora que es pronto, no es que él tiene miedo de algo, pero él sabe


ma

en su íntimo, en el fondo algo le dice que hoy es un día atípico,


y recuerda una frase que leyó en un libro viejo: “No creo en las
te

brujas, pero que las hay, las hay”.


Es

José empieza su ronda por el piso térreo, con la linterna él

192

Contos-Horripilantes.indb 192 03/08/2016 13:41:27


averigua las ventanas, haciendo la verificación de que las tra-
bas estuviesen debidamente bloqueadas. Con la falta de la luz no
puede certificarse de las luces apagadas de la calle. El ruido de

o.
las bocinas solo no es mayor que el ruido de la lluvia. El viento

çã
silba. Es una gran tempestad. No se recordaba de una tempestad

iza
tan fuerte. Cuando empezó la subida de las escaleras, siente el
gemido de la madera. Es perturbador. José se siente inquieto y

tor
asustado con los ruidos. Antes de llegar a la escalera escucha un

au
gran ruido y piensa que es una ventana abierta. Menos mal.

m
El segundo piso es inquietante. José se encuentra en la os-

se
curidad, y tiene solamente la luz de sur linterna. En total lentitud

do
avanza por el pasillo que parece inmenso debido a la oscuridad.

ha
Siguiendo la caminata mira el reflejo de la luz de la linterna en
una ventana. Se pone nervioso. Siente la impresión de que lo

rtil
están observando. Con mucho coraje, lanza la luz de la linterna

pa
a la ventana pero no nota nada. Cuando gira otra vez, sufre un
m
gran susto, una cara masculina, ya anciano, lo observa con una
co
mirada taciturna. Por fin, se da cuenta que era una pintura de
r

un cuadro. Un cuadro, pero la experiencia lo desestabiliza, siente


se

su corazón acelerado y un nudo en la garganta que casi lo sofoca.


de

Se siente más aliviado cuando decide cubrir el cuadro con


po

un paño que encontró allí. Entonces volvió a su ronda. Encuentra


ão

la ventana que no estaba bien cerrada y la cierra correctamente.


en

El ruido de la lluvia y del tráfico sigue en la calle, pero solamen-


te ahora se vuelve a darse cuenta de ellos. El susto con el cua-
is

dro afecto su brío. José asustado quiere llegar enseguida en piso


ra

bajo, a su silla desagradable, sin embargo, un asiento acogedor


uto

en aquel momento. Al volver por el pasillo, cada paso producía


sA

un ruido en las tablas bajo sus pies, sin embargo sus pasos eran
como los de dos personas caminando. Él paró de caminar, pero
ito

no escuchó nada. Solamente el ruido del tráfico y de la lluvia. Vol-


ire

vió a caminar rápidamente y bajó la escalera muy rápido.


iD

José decía para sí mismo que no tenía miedo, pero su cuer-


su

po sentía un frío que helaba hasta los huesos. Al sentarse en la


s

silla, pudo realmente comprobar lo que sospechaba. La silla era


po

muy incómoda, con un asiento duro de madera. Él recoge el libro


ial

de acontecimientos y un trecho le llama atención. Cuenta que


ter

uno compañero de trabajo, de nombre Odair, hace poco tiempo,


en la noche de trabajo, revolvió la fundación atrás de un intruso
ma

que entraba y salía del lugar, sin encontrarlo. Lo asustador es lo


te

que está escrito dos días después. El compañero Odair fue encon-
Es

trado muerto. La causa fuera un susto. José habla estupefacto:


“– Cómo puede alguien morir de susto?!”

193

Contos-Horripilantes.indb 193 03/08/2016 13:41:27


La luz vuelve mientras José piensa sobre lo sucedido “–
¿Será posible alguien morir de susto? ¿Qué habrá asustado a ese
tal de Odair?”. Sacudió la cabeza intentando sacar ciertas ideas

o.
perturbadoras, enciende la radio y sintoniza en la estación de los

çã
deportes y aguarda el principio del partido. El tiempo transcurre

iza
en su lentitud. La lluvia reduce. Un gran ruido en la calle. La ra-
dio silenció. En ese momento José escucha el ruido de la ventana

tor
en el segundo piso. Toma la linterna y con mucho miedo empieza

au
a tomar la escalera, sus pasos se siguen de muchos gemidos.

m
José se pone atónito cuando mira la ventana abierta, que

se
por supuesto es la misma que él había cerrado antes. José la

do
cierra y bloquea bien los cerrojos. En seguida se da cuenta que

ha
el cuadro está descubierto y no hay más el personaje de mirada
taciturna. Después escucha un ruido semejante un hierro araña-

rtil
do la madera. Mira en dirección de la escalera, hay allí la figura

pa
del hombre del cuadro en su delantera, con un hacha en la mano
m
caminando en su dirección. José corre pasillo adentro dejando
co
caer la linterna. Entra luego en la primera puerta. Afuera la cria-
r

tura, ser, sobrenatural o no golpea la puerta con el hacha, con


se

carcajadas, sea lo que sea este sonido gutural. José, aterrorizado,


de

cierra los ojos intentando recordar una oración, pide a Dios la


po

salvación. Los ruidos de los golpes quedan más fuertes... Siente


el fin cercano. Piensa que no morirá de susto...
ão

José despierta casi cayendo de la silla. En el segundo piso


en

el ruido de una ventana golpeando. El radio apagado. Oscuridad


is

total. Silencio en la calle. Él agarra la linterna y con aprensión, si-


ra

gue la escalera. Cada paso suyo, los escalones gimen tristemente.


uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es

194

Contos-Horripilantes.indb 194 03/08/2016 13:41:27


o.
A night at Canoas cultural foundation

çã
iza
tor
Franclim Davila de Almeida and Jorge Eduardo Muniz Alves Santos

au
m
Translated by: Rafaella Biffi Guimarães and Caroline Fossatti

se
dos Santos

do
ha
The sky flashed. Sitting on the bus seat, José was looking

rtil
through the window at the street that was wet by the rain that

pa
was pouring like a waterfall. But, his reflection was the thing that
m
appeared the most due to the darkness outside and the bus lights.
co
For a long time, the window became a mirror. In the rhythm of the
shaking bus, as if he were in a crib being rocked, he alternated
r
se

moments of lucidity and quick naps. In one of those moments of


lucidity, when he looked at the window, he saw a reflection that
de

was not his. However, a lightening blew out the image, revealing
po

the street and the roof of Canoas Cultural Foundation. He stood


ão

up quickly, pressed the stop signal button, got off, opened his
en

umbrella and started going up the footbridge. The rain was heavy
and in spite of being a quarter to seven, it was so dark that it
is

seemed to be late at night. He crossed the footbridge quickly. He


ra

was intrigued with the reflection he had seen at a glance on the


uto

bus window.
sA

He came to the entrance door of the Cultural Foundation.


His coworker was ready to leave. It was his first night in this po-
ito

sition. He should have arrived earlier to get the instructions, but


ire

he could not – “oh, darn it!”, he thought. As he came closer, João,


iD

who was already waiting for him anxiously, looked at him tapping
su

his finger on his watch and said:


s

“Half an hour earlier, brave man! Half an hour earlier. You


po

know rules are rules, because I have to tell you the rules”, he
ial

said.
ter

“Sorry, pal, but because of the rain, the bus was late and…”
ma

José was speaking, but was interrupted by João, who said:


te

“Yeah, yeah… It’s always the bus, c’mon, come in at once. I


Es

am in a hurry. Today my team is playing an important game and I


do not want to arrive late at Tonhão’s Bar and get the worst seat…

195

Contos-Horripilantes.indb 195 03/08/2016 13:41:27


Ok, newbie, this is where you will stay.”
José saw a small place at the front door. A narrow place
under a stairway where there was an old and small desk probably

o.
çã
made of hardwood and an apparently not comfortable chair. The
only thing that looked modern was the alarm clock that struck

iza
seven PM sharp.

tor
“Cozy”, said José with a bit of sarcasm.

au
“Get used to it. OK, the rules of this position are in the draw-

m
er as well as the clock in/clock out register book”, said João,

se
getting his bag.

do
“Ah! Do not forget to write in the report book, even if there is

ha
no change at all. Do it anyway. You just have to follow the exam-

rtil
ple there. Well, I am leaving. Have a good night at work and see

pa
you tomorrow. Bye!”

m
“Have a good night’s rest”, says José to his coworker who, on
co
his back, raises his hand as he says good-bye.
r
se

José looks inside the Foundation and, in his mind; he thinks


that although it is a new construction it looks like a mausoleum.
de

He immediately recalls his childhood and the time when buses


po

would pass by there, way before they started building Trensurb


ão

railway and how frightening the old train station was. Then, he
started reading the instructions and norms that had to be fol-
en

lowed in this position. One of the first norms was to make sure
that all the windows were closed and the lights were off. Think-
is
ra

ing about walking around the Foundation made him shiver from
uto

head to toes. At that very moment, a lightning struck and was


followed by a deafening crash of thunder that made the windows
sA

and doors shake. All the lights went out, and José was left in a
ito

complete darkness. He searched in the table drawers and found


a flashlight that, luckily, worked.
ire
iD

José looked through the door window and saw


the street in the dark too. If it were not for the car’s lights, the
su

streets would be in complete darkness. He took his cell phone


s
po

and realized it was off. He tried to turn it on, but it did not work.
“It is not the battery”, he thought. “Is there anything to do with
ial

the lightning?” By the noise and speed between light and sound,
ter

it stroke nearby. While he thought about these things, he heard


ma

the sound of horns on the street. The storm was bringing a real
chaos to a night that would be apparently calm. José decided to
te

walk around the place at that moment. It is better now that is still
Es

early. It is not that he is afraid of something, but deep inside he


knew that today was an unusual day, and he remembered a sen-

196

Contos-Horripilantes.indb 196 03/08/2016 13:41:27


tence he had read in an old book: “Yo no creo en brujas, pero que
las hay, las hay.” (I don’t believe in witches, but they surely exist.)
José began to walk around the ground floor. With the

o.
çã
flashlight, he checked the windows, making sure that they were
all locked properly. Because the lights had gone out, he could not

iza
be sure the lights were out. On the street, the noise of the horns

tor
was not louder than the noise of the rain. The wind whistled. If it

au
were not the worst storm of the last years, decades or century, it
was certainly one of worst. He could not remember a rainstorm

m
as strong as this. As he started going up the stairs, each step

se
creaked because of his weight. The sound was disturbing, and

do
made José feel restless and scared with every single noise. Before

ha
he finished going up, he heard the sound of wood knocking on a
wood. “Luckily, an open window”, he thought.

rtil
pa
The second floor is disturbing. José found him-

m
self in complete darkness. The only light in the place was that of
co
his flashlight. He slowly walks through the corridor that looks
immense due to the darkness. Going forward, from the corner of
r
se

his eye, he noticed the brightness of his flashlight reflecting on


a window. He got restless. It seemed there was a face watching
de

him. He courageously projected the light of the flashlight on the


po

window and saw nothing. When he turned again, he got scared.


ão

The face of a man, of a certain age, watched him with a taciturn


look. He took a couple of seconds to realize that, in fact, what
en

was watching him was a painting. That experience made him feel
is

shocked and made him get under his skin. He felt his heart beat-
ra

ing fast and a lump in his throat almost suffocated him.


uto

He breathed easily after covering the painting with a piece of


sA

cloth that he had found there. He kept walking around. He found


a window that not very well closed and closed it appropriately.
ito

The noise of the rain and of the traffic outside was still loud, but
ire

only now he started to notice that again. The shock with that
iD

painting had messed with his pride. José could not wait to go
su

downstairs and shelter in the place that for him, at that moment,
was the safest: the uncomfortable small table and chair in the
s
po

entrance hall. Walking on the corridor, for every step he made he


could hear a groan from the clapboard under his feet, but they
ial

sounded like the footsteps of two people. He stopped, but did not
ter

hear anything besides the outside noise of the rain and the traffic.
ma

He started to walk quickly again and went down the stairs even
more quickly. José claimed to himself that he was not scared, but
te

he felt a bone-chilling cold.


Es

As he sat on the chair, he could really confirm what he had

197

Contos-Horripilantes.indb 197 03/08/2016 13:41:27


suspected. That hard wooden seat was a really uncomfortable
and low. He took the report book and started to go through it. An
excerpt called his attention. It said that, not long ago, a certain

o.
coworker called Odair, on a duty night, scoured the whole Foun-

çã
dation trying to find an intruder that went in and out the place,

iza
but could not find him. The scary part was the information that
had been written two days after. Odair was found dead. Accord-

tor
ing to the coroner, he died of fright. Shocked, José stopped read-

au
ing and said aloud, “how can somebody die of fright?”.

m
The power was back on while he was still thinking about

se
what had happened, “Is it possible for someone to kick the bucket

do
because of fright? What could have scared Odair, anyway?”. He

ha
shook his head, trying to take certain disturbing thoughts out
of his mind. He turned on the radio and tuned in the sports sta-

rtil
tion, waiting for the beginning of the game. Time went by slowly.

pa
The storm eased, but suddenly there was a burst on the street.
m
The radio silenced. Everything turned dark. At this moment, José
co
heard the noise of the window beating on the second floor. He
r

took the flashlight and, feeling uneasy, he started going up the


se

stairs. Each step was followed by a gloomy groan.


de

José was astonished to see that the open window was the
po

same with which he had gotten scared earlier. He closed and


ão

locked it very well. When he turned around, he found the paint-


ing was uncovered. However, what made him go crazy was that
en

the frame had no portrait. The man with the taciturn look was not
is

there anymore. Then, he heard a noise, similar to iron scratching


ra

wood. He turned toward the stairs and saw the man of the portrait
uto

in front of him, holding an axe and coming towards him. José ran
into the hall and dropped the flashlight. He entered the first door
sA

he finds and locked himself there. Outside, the man who chased
ito

him, that creature, supernatural or not, began to strike the door


ire

with the axe, laughing, or whatever that guttural noise was, The
sound it emitted, made José feel terrified. He closed his eyes,
iD

and trying to remember a prayer he cried to Heaven for help. The


su

sound of the strokes got louder and he realized that his end was
s

very near. “Well”, he thinks, at least he would not die of fright.


po

José wakes up almost falling from the chair. On the second


ial

floor, the sound of a window beating. The radio was off. A com-
ter

plete darkness. Silence on the street. He took the flashlight and,


ma

feeling uneasy, went up to the stairs. For every step he took, he


groaned and whimpered.
te
Es

198

Contos-Horripilantes.indb 198 03/08/2016 13:41:27


Contos-Horripilantes.indb 199

Es
te
ma
ter
ia lp
os
su
i Di
re
ito
sA
uto
ra
is
en
ão
199

po
de
se
r co
mpa
rtil
ha
do
se
m
au
tor
iza
çã
o.
03/08/2016 13:41:28
o.
O Gaiteiro

çã
iza
Paula de Carvalho Dias

tor
au
Relembram ainda sim, os mais velhos deste causo, mesmo

m
já tendo se passado muito do acontecimento, mas que em breve

se
nem os mais antigos estarão aqui para lhe contar o que se passou
naquele rincão, abaixo do rio Uruguai, perto de Bagé. Logo, este

do
acontecimento se esvanecerá na memória dos mais moços, mas

ha
quem sabe se tornará um mito, e de um mito uma lenda, para

rtil
que nunca mais se repita a desgraça repentina que se abateu na

pa
região.

m
Já vi, presenciei e participei de muita coisa feia durante
co
a minha vida, muitas das quais me arrependo, e de outras das
r

quais tenho orgulho, pois um gaúcho sem valentia de nada tem


se

serventia, mas o que presenciei naquela tarde fria de inverno, há


de

de nunca se apagar em minha memória, tamanha violência e des-


po

fecho sanguinário, que nuca pensei que pudesse existir tamanha


desgraça na face da terra.
ão

Num bolicho, à beira da antiga estrada de tropeiros, donde


en

cruzavam por ali gaúchos e castelhanos na sua lida de gado dia-


is

riamente, certo fim da tarde de uma sexta-feira, foi-se formando


ra

um baile, como era de costume na época, onde os homens iam


uto

ali gastar seus patacões com bebidas, jogo e chinas, como era de
costume na época. Mas já lhes aviso, que ali não era lugar para
sA

gente decente, pois donde há bebida, jogo e china, logo também


ito

tem adagas e bordoadas de facões, pois o homem é um bicho es-


ire

quisito, e quanto mais valente demonstra, mais perto da morte se


encontra.
iD

Naquele fim de tarde, o gaiteiro João, que era um mulato


su

dos dedos tortos, criado grudado na sua gaita, tocava uma vanera
s
po

há mais de horas sem parar. Como era de costume, pois mesmo


dormindo, ele não parava de tocar, como se ele e a gaita formas-
ial

sem uma só alma vivente, enquanto um estivesse respirando, o


ter

outro também tinha de estar respirando, era uma coisa linda de


ma

se ver, e mais ainda de se ouvir e dançar, pois a cada assoprão


que a gaita dava, cada nota se espalhava pelo bolicho, que ia se
te

ajuntando de viventes para ouvir e dançar ao som da gaita e do


Es

mulato. O espelho em frente ao gaiteiro parecia ampliar sons e


imagens, aumentando a festa e o bochicho.

20
200

Contos-Horripilantes.indb 200 03/08/2016 13:41:28


E te digo, que onde tem bebida, dinheiro, chinas e homens,
boa coisa nunca sai, é desta maneira, que numa mesa de jogo,
onde se ganhava e se perdia dinheiro, um castelhano dos bravos,

o.
conhecido pelas lutas nas revoluções, desprende um talho de fa-

çã
cão do outro lado da mesa em que um gaúcho, desprevenido, que

iza
se estava ou não roubando nos carteados não sei, só sei que levou
o talho que lhe abriu a barriga e caiu por ali mesmo, para agoni-

tor
zar em seus últimos suspiros, e ali mesmo começou a desgraça.

au
Foi um ajuntamento sem tamanho, homens lutando e chi-

m
nas correndo, e nesse entrevero, iam sobrando tiros e talhos de

se
adagas e facões para tudo quanto é lado, as chinas que tentavam

do
em vão escapar, iam caindo ao chão, ao serem atingidas; e os ho-

ha
mens, revirando mesas e bancos, já não sabiam mais quem era
castelhano ou gaúcho, a violência tinha deixado-os cegos, e já na

rtil
noite fria daquele inverno, os barulhos dos gemidos e pedidos de

pa
socorro foram sufocados pelos berros de ódio e raiva que se apo-
m
derou daqueles viventes. Coisa que nunca vi, e espero que nunca
co
mais veja, pois não mais pareciam humanos e nem se importar
r

com a carnificina que estava sendo feita, pois eu mesmo era um


se

deles, que por sorte, ou azar, perdi somente um olho e consegui


de

sair com vida.


po

Mas o que mais me apavora, foi algo que consegui ver e


ão

ouvir, enquanto me esvaía em sangue e uma multidão ao chão


deixava esta vida. O mulato João e a sua gaita continuavam a to-
en

car, não parou nem um segundo, que gemia numa milonga, que
is

cada vez ia ficando mais tenebrosa. Mas como ele ainda tocava,
ra

ninguém sabe, e ninguém nunca soube ou saberá explicar, pois a


uto

gaita manchada e encharcada de vermelho, se via de longe bura-


cos de bala, que as transpassaram e acertaram o mulato, que de
sA

cabeça baixa, apoiado na gaita continuava a tocar, se ele ainda


ito

estava com vida ou não, isso ninguém nunca saberá.


ire

E daquele lugar maldito, foi feito um cemitério ali mesmo,


iD

para enterrar os muitos que pela desgraça padeceram naquele


su

bolicho, o gaiteiro foi enterrado junto com sua gaita, e feito um


túmulo de pedras, o bolicho foi derrubado e queimado, para que
s
po

nunca mais pudesse haver naquele lugar algo semelhante. Hoje


em dia, o lugar é abandonado, ninguém se atreve a passar por
ial

aquele rincão, não por ser um antigo cemitério, nem por não mais
ter

poder se chegar pois o mato tomou conta do lugar. Mas isso não
ma

posso afirmar, pois eu mesmo não tenho coragem de cruzar por


lá, mas ainda se diz ouvir nas noites frias de inverno, uma milon-
te

ga chorosa, dos viventes que se atrevem a passar, e rapidamente


Es

voltar daquele lugar onde se teve a desgraça.

20
201

Contos-Horripilantes.indb 201 03/08/2016 13:41:28


o.
El Gaitero

çã
iza
tor
Paula de Carvalho Dias

au
m
Traducción: Silvana Schauer

se
do
ha
Todavía recuerdan, las personas mayores involucradas en

rtil
lo ocurrido, incluso habiendo ya pasado mucho tiempo, pero que
pronto ni siquiera los ancianos estarán aquí para decirle lo que

pa
sucedió en ese rincón, abajo del río Uruguay, cerca de Bagé. Pron-
m
to, este evento se desvanecerá en la memoria de los más jóvenes,
co
pero quizá se convierta en un mito, y de un mito a una leyenda,
r

para que nunca más se repita la desgracia súbita que afectó a la


se

región.
de

Ya he visto, presenciado y participado de muchas cosas feas


po

en mi vida, muchas de las cuales siento pesar, y otras de las


ão

cuales me siento orgulloso, pues un gaucho sin valor no tiene


en

utilidad, pero lo atestiguado en aquella tarde fría de invierno, no


ha de apagarse en mi memoria, por la violencia y el desenlace
is

sangriento, que nunca pensé que podría haber una desgracia tal
ra

en la faz de la tierra.
uto

En un bolicho, en el borde de la carretera vieja de arrieros,


sA

donde cruzaban por allí gauchos y castellanos con su ganado a


diario, en un fin de tarde de un viernes se formó un baile como
ito

era habitual en la época, donde los hombres iban allí para pasar
ire

su plata con bebidas, juegos de azar y mujeres, como era la cos-


iD

tumbre de la época. Pero ya les advierto que aquí no era lugar


su

para la gente decente, porque donde hay trago, el juego y mujeres


s

luego también hay dagas y golpes de machete, porque el hombre


po

es un animal extraño, y cuanto más valiente es, más cerca de la


muerte se encuentra.
ial
ter

En aquel fin de tarde, João, el gaitero, que era un mulato


ma

de dedos torcidos, se estableció atascado en su acordeón, tocaba


una vanera muchas horas sin parar. Como era habitual, ya que
te

incluso dormido, él no dejaba de tocar, como si él y el acordeón


Es

formaran una sola alma viviente. Mientras que uno estuviera res-
pirando el otro también tenía que estar. Era una cosa hermosa de

202
202

Contos-Horripilantes.indb 202 03/08/2016 13:41:28


ver, y mucho más aún para escuchar y bailar, porque a cada so-
plido que daba el acordeón, cada nota se difundida por el bolicho,
que se iba juntando de gente para escuchar y bailar al sonido

o.
del acordeón y del mulato. El espejo delante del gaitero parecía

çã
agrandar imágenes y sonido, aumentando la fiesta y el zumbido.

iza
Y te digo, que donde hay trago, dinero, mujeres y hombres,

tor
lo bueno nunca sale, es de esta forma que en una mesa de juego,

au
donde se ganaba y se perdía dinero, un castellano de los valien-
tes, conocido por las luchas en las revoluciones, hace un tajo

m
de machete encima de la mesa, donde un gaucho, desprevenido,

se
que, si estaba o no estaba robando en las cartas no lo sé, sólo sé

do
que tomó un tajo que se abrió el vientre y cayó allí mismo para

ha
agonizar en su último aliento, y allí comenzó la desgracia.

rtil
Fue una reunión sin medida, hombres luchando y mujeres

pa
corriendo, y en este cuerpo a cuerpo, sobraban disparos y tajos

m
de puñales y machetes arriba y abajo, las mujeres que intentaban
co
en vano escapar, fueron cayendo al suelo, y los hombres, revol-
viendo mesas y bancos, ya no sabían más que era castellano y
r
se

quien era gaucho, la violencia les había dejado ciegos, y ya en el


frío de esa noche de invierno, los sonidos de gemidos y gritos de
de

auxilio fueron ahogados por los gritos de odio y la ira que se apo-
po

deraron de todos. Algo que nunca he visto y espero nunca verlo


ão

otra vez pues no parecían seres humanos por no importarles la


carnicería que se estaba haciendo, porque yo mismo era uno de
en

ellos, que por suerte o no, sólo perdí un ojo y salí con vida.
is

Pero lo que más me asusta fue algo que conseguí ver y escu-
ra

char mientras se desangraba y una multitud en el suelo dejaba


uto

esta vida. El mulato João y su acordeón continuaban tocando, no


sA

se detuvo ni por un segundo, gimiendo en una milonga, que cada


vez más crecía aterradora. Pero cómo todavía seguía tocando na-
ito

die lo sabe, y nadie supo o sabrá explicar, porque en el acordeón


ire

manchado y empanado en rojo, se veía a lo lejos los agujeros de


iD

bala que alcanzaron y atravesaron el mulato, que de cabeza ha-


su

cia abajo, descansando en el acordeón seguía tocando, si todavía


estaba vivo o no, nadie jamás sabrá.
s
po

Y de ese maldito lugar, se hizo un cementerio, allí mismo,


ial

para enterrar a los muchos que por desgracia sufrieron en aquel


ter

bolicho. El gaitero fue enterrado junto a su acordeón, y fue hecha


una tumba de piedras. El bolicho fue derribado y quemado, para
ma

que nunca más pudiera suceder algo semejante ahí. Hoy día el
te

lugar está abandonado, nadie se atreve a cruzar por aquel rincón,


Es

no parque es un antiguo cementerio, tampoco porque ya no se


puede llegar, porque el matorral se hizo cargo del lugar. Pero eso

203
203

Contos-Horripilantes.indb 203 03/08/2016 13:41:28


no puedo decir, porque yo mismo no me atrevo a cruzar por allá,
pero todavía se dice que es posible escuchar en las noches frías
de invierno, una milonga llorosa, de los vivientes que se atreven

o.
a irse por allí, y rápidamente volver a donde ocurrió la desgracia.

çã
iza
tor
au
m
se
do
ha
rtil
mpa
co
r
se
de
po
ão
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es

204
204

Contos-Horripilantes.indb 204 03/08/2016 13:41:28


o.
The bagpiper

çã
iza
tor
Paula de Carvalho Dias

au
m
Translated by: Pryscilla Mendonça Pilar

se
do
Even many years after the event, the old ones of this story

ha
still remember it. Very soon, not even the old ones will be here

rtil
to tell you what happened in that remote place, below Uruguay
River, near Bagé. This event will soon disappear in the memory

pa
of the youth. However, maybe, it will become a myth, and from a
m
myth into a legend, so that the sudden misfortune that happened
co
in that place never happens again.
r
se

I have already seen, witnessed and participated in lots of


de

bad things in my life. I regret a lot of them, but I am proud of oth-


ers. A Gaucho that is not brave is not worth anything. However,
po

what I witnessed that cold winter afternoon will never be erased


ão

from my memory: such violence and the bloody ending! I have


en

never imagined there could be such a big tragedy on earth.


In a bar, by the old roadside of drovers, where Gauchos and
is
ra

Castilians crossed daily dealing with their cattle, in the end of a


uto

Friday afternoon, a dance was starting, as was usual at the time.


Men spent their money drinking, gambling and having fun with
sA

women, known as “chinas” at the time. However, I can say that


ito

place was not a place for decent people, because where there is
drinking, gambling and “chinas”, soon there will also be daggers
ire

and knives. That is because the man is a strange animal, and the
iD

braver he looks, the closer to death he is.


su

That evening, João, the bagpiper, who was a mulatto with


s
po

crooked fingers, who grew up with his bagpipe, had been playing
a “vanerão” for hours with no pause, as usual. Even sleeping, he
ial

would not stop playing, as if he and his bagpipe were an only liv-
ter

ing soul. While one was breathing, the other also had to breathe.
ma

It was something beautiful to see, and even more beautiful to


listen and dance. For every blow into the bagpipe, a musical note
te

spread in the bar. That made people get together to listen and
Es

sing to the sound of the bagpiper and the mulatto. The mirror in
front of the bagpiper seemed to magnify the sounds and images,

205
205

Contos-Horripilantes.indb 205 03/08/2016 13:41:28


increasing the party size and the gossip.
Moreover, I can say that, where there is drinking, money,
‘chinas’ and men there are no good things. And, like this, at a

o.
çã
gambling table, where people won and lost money, a bad Castil-
ian, known for fights in the revolutions, took a knife and stabbed

iza
an inattentive Gaucho at the other side of the table. If he was

tor
cheating the card game, I do not know. The only thing I know is

au
that the stab opened his abdomen and he fell right away, and ag-
onized and sighed his last sighs. Right on that place, the tragedy

m
started.

se
Many people swarmed. Men fighting and women running.

do
In addition, in the midst of all this, there were shots and stabs

ha
of dagger and knives everywhere. The Chinas tried to escape in

rtil
vain, and fell on the floor after being shot. Men, turning tables

pa
and stools, no more knew who was Castilian or who was Gau-

m
cho. Violence left them all blind. And, in that cold winter night,
co
the groan sounds and cries for help were suffocated by shouts of
hatred and anger that affected those people. It was something I
r
se

had never seen before, and I hope I will not see it again, because
they did not seem humans or did not seem to even mind about
de

the slaughter in front of them. I was one of them. Fortunately or


po

unfortunately, I lost only one eye and could escape alive.


ão

However, what scared me the most was something that I


en

could see and hear while I was bleeding and crowds were dying
on the floor. João, the mulatto, kept playing his bagpipe. He
is

did not stop for a second, while that “milonga” moaned. It was
ra

getting more and more sinister. However, nobody could or will


uto

be able to explain how he managed to keep playing. The bagpipe


sA

stained and soaked in red, had easily visible gun holes, which
had crossed the bagpipe and had hit the mulatto. He, with his
ito

head down, leaned against the bagpipe and kept playing. If he


ire

was dead or alive, nobody will ever know.


iD

In that damned place, a cemetery was built to bury so many


su

people who had died in that bar because of that tragedy. The bag-
s

piper was buried together with his bagpipe. A tomb was made of
po

rocks. The bar was torn down and burned so that nothing similar
ial

would ever happen there again. Nowadays, the place is aban-


ter

doned. Nobody dares to go to that place, not because it is an old


cemetery, or because the bush covered the place. I cannot affirm
ma

it, because I myself do not have courage to go past there. Howev-


te

er, people say that, in the cold winter nights, it is possible to lis-
Es

ten to a weeping Milonga, of those that dare to pass by and came


back quickly from that place where the misfortune happened.

206
206

Contos-Horripilantes.indb 206 03/08/2016 13:41:29


Es
te
ma

Contos-Horripilantes.indb 207
ter
ial
po
ssu
iD
ire
ito
sA
uto
ra
is
en
ão

207
207
po
de
se
r co
mpa
rtil
ha
do
se
m
au
tor
iza
çã
o.

03/08/2016 13:41:29
o.
çã
iza
tor
au
m
se
do
ha
rtil
mpa
co
r
se
de
po
ão
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s

Editora Unilasalle
po
ial

editora@unilasalle.edu.br
ter

http://livrariavirtual.unilasalle.edu.br
ma
te
Es

Contos-Horripilantes.indb 208 03/08/2016 13:41:29

Você também pode gostar