Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
çã
iza
tor
au
m
se
do
ha
rtil
pa
m
co
História Horripilantes
r
se
de
Cuentos de Horror
po
ão
en
o.
Vice-Reitor: Cledes Antonio Casagrande
çã
Pró-Reitora de Graduação: Vera Lúcia Ramirez
iza
Pró-Reitor de Administração: Renaldo Vieira de Souza
tor
Pró-Reitor de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão: Cledes Antonio Casagrande
au
m
Editora Unilasalle
se
Conselho Editorial: César Fernando Meurer, Cristina Vargas Cademartori,
do
Evaldo Luis Pauly, Rafael Kunst, Tamára Cecília Karawejszyk,
ha
Vera Lúcia Ramirez, Zilá Bernd.
rtil
pa
m
r co
se
de
po
ão
CIP
s su
po
ial
ter
ma
te
Es
o.
Daisy da Silva César
çã
iza
Organizadoras
tor
au
m
se
do
ha
rtil
m pa
co
História Horripilantes
r
se
de
Cuentos de Horror
po
ão
Editora Unilasalle
Canoas, 2016
Es
te
ma
ter
ia lp
os
su
i Di
re
ito
sA
uto
ra
is
en
ão
po
de
se
r co
mpa
rtil
ha
do
se
m
au
tor
iza
çã
o.
03/08/2016 13:40:54
Sumário
o.
çã
Apresentação .................................................................................. 07
iza
tor
Até o inferno | Hasta el infierno | Heading to Hell ................................. 09
au
Jonathan Retzlaff Hardt, Karen Cardoso Barchinski, Larissa de Aguiar
m
Leote e Amanda Daniele Mota
se
A menina que não se vê | La chica que no se ve |
do
The Girl Who Can’t See Herself .......................................................... 25
ha
Elidiane Guerim Almeida e Eliziane da Silveira Botelho Peres
rtil
pa
Vampiros - O mito de Bucovina – Transilvânia | Vampiros
- El mito de Bucovina - Transilvania | Vampires - m
co
The Bucovina Myth, Transylvania .................................................... 41
r
se
o.
çã
A penteadeira | El tocador | The dressing table .............................. 121
iza
Andréia de Souza Avancini e Magali Müller Araújo
tor
au
Nem tudo é o que parece | No todo es lo que parece |
m
Not everything is what it seems ....................................................... 128
se
Franciele dos Santos e Bruna Rosa
do
O jogo do espelho | El juego de los espejos | The mirror game ........ 138
ha
rtil
Débora Ribeiro Ricardo, Débora dos Santos Westhauser e Sandra Elisa de
pa
Oliveira Souza
m
Sala Luís XV | Salón Luís XV | The Luis XV Room ........................ 145
co
Charnhane Becker e Natália Silva dos Santos
r
se
da Silva
en
çã
iza
Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da in-
tor
dústria tipográfica e de impressos, e vem sendo utilizado desde o
século XVI, quando um impressor desconhecido pegou uma ban-
au
deja de tipos e os embaralhou para fazer um livro de modelos de
m
tipos. Lorem Ipsum sobreviveu não só a cinco séculos, como tam-
se
bém ao salto para a editoração eletrônica, permanecendo essen-
do
cialmente inalterado. Se popularizou na década de 60, quando a
Letraset lançou decalques contendo passagens de Lorem Ipsum,
ha
e mais recentemente quando passou a ser integrado a softwares
rtil
de editoração eletrônica como Aldus PageMaker - Lorem Ipsum.
pa
Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da in-
m
dústria tipográfica e de impressos, e vem sendo utilizado desde o
co
século XVI, quando um impressor desconhecido pegou uma ban-
r
o.
século XVI, quando um impressor desconhecido pegou uma ban-
çã
deja de tipos e os embaralhou para fazer um livro de modelos de
iza
tipos. Lorem Ipsum sobreviveu não só a cinco séculos, como tam-
tor
bém ao salto para a editoração eletrônica, permanecendo essen-
au
cialmente inalterado. Se popularizou na década de 60, quando a
Letraset lançou decalques contendo passagens de Lorem Ipsum,
m
e mais recentemente quando passou a ser integrado a softwares
se
de editoração eletrônica como Aldus PageMaker - Lorem Ipsum.
do
Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da in-
ha
dústria tipográfica e de impressos, e vem sendo utilizado desde o
rtil
século XVI, quando um impressor desconhecido pegou uma ban-
deja de tipos e os embaralhou para fazer um livro de modelos de
pa
tipos. Lorem Ipsum sobreviveu não só a cinco séculos, como tam-
m
bém ao salto para a editoração eletrônica, permanecendo essen-
co
cialmente inalterado. Se popularizou na década de 60, quando a
r
se
As organizadoras.
çã
iza
tor
Jonathan Retzlaff Hardt, Karen Cardoso Barchinski,
au
Larissa de Aguiar Leote e Amanda Daniele Mota
m
se
Parecia um dia como outro qualquer. Pedro se preparava
do
para mais uma jornada de trabalho. Estava em frente ao espelho,
ha
se barbeando. De repente, a imagem cadavérica e assustadora
rtil
de Catarina surge refletida. Com tamanho susto, Pedro acaba se
cortando e sangrando muito.
m pa
- Não, não pode ser! co
Pedro esfrega os olhos, querendo não acreditar no que aca-
r
Porém, não queria vê-la. Não lhe agradava a ideia de ver gente
uto
morta.
sA
lembranças.
iD
da sua vida. Poderia estar até hoje com ela, não fosse uma suces-
são de erros cometidos.
s
po
te, passou a ter relações com Luiza, sua cunhada. Por um tempo,
ter
tentou manter um caso com as duas irmãs, mas essa situação es-
tava se tornando insustentável. Era constantemente pressionado
ma
por Luiza a deixar Catarina. Por outro lado, sua noiva estava cada
te
o.
çã
- Ah, Catarina... O que eu fui fazer da minha vida? Podería-
iza
mos estar juntos e felizes agora!
tor
- Eu estou aqui, meu amor! Esperando por você! - diz Ca-
au
tarina, sentada em uma poltrona atrás de Pedro, que não a via.
m
Pedro seguia com o porta-retrato de Catarina nas mãos,
se
suspirando saudoso pela amada, quando Luiza, sua esposa, en-
tra no quarto.
do
ha
- Posso saber o que está acontecendo aqui? - indaga furiosa.
rtil
Pedro tapa o porta-retrato depressa.
pa
- Luiza, que susto! Como entra assim desse jeito? Quer me
matar do coração?
m
co
- Não se faça de idiota, Pedro! Eu vi!
r
se
- E por acaso não tenho razão, Pedro? - cada vez mais irri-
ire
tada.
iD
afinal você...
s
po
- Irrita-se Catarina.
ma
10
o.
-la, mas ela se afasta.
çã
- Luiza, é você quem eu amo! Senão, não teria feito o que fiz,
iza
o que fizemos!
tor
- Para de me iludir, Pedro! Eu sei! Eu vi você suspirando por
au
ela!
m
- Isso! Fui eu quem ele sempre amou! Você foi só uma diver-
se
são! - provoca Catarina.
do
- Eu fui só uma diversão para você, Pedro! - Lamenta Luiza,
ha
chorando, como se estivesse absorvendo a ideia de Catarina.
rtil
Pedro leva Luiza para diante do espelho.
pa
- Luiza, meu amor, olha para você! Olha o estado lamentável
em que você se encontra.
m
co
Luiza encara o espelho. Catarina resolve aprontar mais uma
r
se
sou eu!
ra
uto
- Deus do Céu, que tortura! Quer saber, Luiza? Sabe por que
eu estava com o porta-retrato da Catarina e pensando nela?
sA
- Desgraçado!
su
11
o.
aparecer em todos os espelhos da casa.
çã
- Você está louco! Só pode! Não, louco você não está! Você é
iza
um cafajeste, isso sim! Essa é uma das mentiras mais ridículas
tor
que você inventou até hoje!
au
- Mas é verdade, Luiza...
m
- Ah, é! Então quer dizer que agora eu vou olhar no espelho
se
e a Catarina vai aparecer lá. Hahaha...
do
Luiza vai para a frente do espelho de novo e se encara. A
ha
imagem de Catarina aparece e ela quase cai de susto, dessa vez,
rtil
vendo claramente a irmã em sua frente.
pa
- Meu Deus! - grita.
m
co
- O que houve, Luiza? - preocupa-se Pedro.
r
se
tarina.
sA
Luiza.
- Eu, traidora? Olha quem fala! Eu era noiva do Pedro e vo-
te
cês me traíram!
Es
12
o.
Luiza vai até uma gaveta, pega um objeto cortante e avança
çã
para cima de Catarina.
iza
- Já vamos acabar com isso! Fizemos uma vez, não custa
tor
fazer de novo e agora para sempre! - diz Luiza determinada.
au
Com o objeto cortante, Luiza avança e ataca Catarina, po-
m
rém como se trata de um espírito, ela o atravessa e acaba atingin-
se
do o corpo de Pedro, que cai ensanguentado.
do
Luiza se desespera e cai no chão, chorando muito.
ha
- Pedro, meu amor! Não! O que eu fiz? - desespera-se.
rtil
Alguns minutos depois, um ambiente muito quente, um ca-
pa
lor insuportável. Gemidos e gritos de dor em volta. De repente,
m
em meio a tudo isso, é ouvido um barulho ensurdecedor de uma
co
porta se abrindo. E do lado de dentro, uma voz sensual.
r
se
13
çã
iza
tor
Jonathan Retzlaff Hardt, Karen Cardoso Barchinski,
au
Larissa de Aguiar Leote e Amanda Daniele Mota
m
se
Traducción: Larissa de Aguiar Leote
do
ha
Parecía un día como otro cualquiera. Pedro se prepara para
rtil
outro día de trabajo. Estaba en frente al espejo, afeitándose. De
pa
pronto, la imagen cadavérica y asombrosa de Catarina surge re-
flejada. Con tal espanto, Pedro se corta y sangra mucho. m
co
- ¡No, no puede ser!
r
se
pierta de un sueño.
ão
chas provocaciones.
uto
cuerdos.
su
su vida. Podría estar hasta hoy con ella, No fuera por muchos
errores cometidos.
ial
ter
14
o.
çã
Ahora, con una foto de Catarina en sus manos, recuerda
estos eventos lamentables.
iza
- Ah Catarina... ¿Qué yo estaba haciendo com mi vida? ¡Po-
tor
dríamos estar juntos y felices ahora!
au
- ¡Yo estoy aquí, mi amor! Esperando por ti. - Dice Catarina,
m
sentada en una silla detrás de Pedro, que no podía verla.
se
Pedro continuaba con la foto de Catarina en las manos, sus-
do
pirando por la amada, cuando Luiza, su esposa, entra en el apo-
ha
sento.
rtil
- ¿Puedo saber qué esta sucediendo aquí? - Pregunta ella,
pa
enojada.
Pedro oculta rápidamente la foto. m
co
r
tú sabes.
ter
-¡No, yo te quiero!
15
o.
çã
zarla, pero Luiza se aparta.
iza
- Luiza, eres tú quien yo amo. ¡Si no fuera, yo no habría he-
cho lo que hice, lo que hicimos!
tor
au
- ¡Basta de engañarme, Pedro, yo sé! Te vi suspirando por
ella.
m
se
- ¡Sí, fue yo quien él siempre amó, fuiste solamente una di-
versión! –Provoca Catarina.
do
ha
- ¡Yo fui solo uma diversión para ti, Pedro!- Llora Luiza, pen-
sando en Catarina.
rtil
pa
Pedro lleva a Luiza para el espejo.
m
-¡Luiza, mi amor, mírate! Mira el estado lamentable que te
co
encuentras.
r
se
- ¡Es verdad, Pedro, mira! Yo soy ella, quiero decir, ella soy
is
yo.
ra
uto
-¡Dios mío, que tortura! ¿Sabes por qué yo estaba con la foto
de Catarina en las manos y pensando en ella?
sA
- ¡Desgraciado!
su
- No, no es eso.
ter
ma
serio!
16
o.
çã
estaba durmiendo, ella apareció en el agua, después empezó a
aparecer en todos los espejos de la casa.
iza
- ¡Estás loco, sí! ¡No, no estás loco,tú eres un sinvergüen-
tor
za,esta es una de las mentiras mas ridículas que inventaste hasta
au
hoy!
m
-¡Pero es la verdad, Luiza!
se
- ¿Sí? ¿Entonces quiere decirme que ahora yo voy mirar el
do
espejo y Catarina aparecerá? Jajaja.
ha
Luiza va al espejo outra vez y la imagen de Catarina apa-
rtil
rece. Luiza casi cae de susto, esta vez, mirando claramente a su
pa
hermana.
- ¡Dios mío! Grita. m
co
r
-Quiero decir, ¿qué estoy hablando? Solo puede ser una alu-
cinación.
ial
ter
rina.
-¡Traidora, vete de aquí! Vuelve al infierno. – Irritada Luiza.
te
Es
17
o.
-¡Basta! – Grita Pedro.
çã
Luiza vas a un cajón, toma un objeto afilado y se dirige a
iza
Catarina.
tor
-¡Vamos a terminar esto pronto! Hicimos esto una vez, po-
au
demos hacerlo de nuevo, y ahora para siempre. – Habla Luiza,
m
determinada.
se
Con el objeto afilado, Luiza avanza y ataca a Catarina, pero,
do
porque ella es un espíritu, Luiza lo cruza y acaba por atingir a
ha
Pedro, que cae y sangra mucho.
rtil
Luiza se desespera y cae en el suelo, llorando mucho.
pa
-¡Pedro, mi amor, no! ¿Qué hice yo? – Se desespera.
m
Algun tiempo después, un lugar muy caliente, demasiado
co
caliente, gemidos y gritos de dolor.
r
se
Ellos se abrazan.
en
18
çã
iza
tor
Jonathan Retzlaff Hardt, Karen Cardoso Barchinski,
au
Larissa de Aguiar Leote e Amanda Daniele Mota
m
se
Translated by: Matias Hasenack and Nicolas Blauth de Mattos
do
ha
rtil
It seemed like an ordinary day. Pedro was preparing himself
pa
for another work marathon. He was in front of the mirror, shav-
m
ing. Suddenly, the frightening and deadly image of Catarina ap-
co
pears reflected. With such a fright, Pedro accidently cut himself,
bleeding a lot.
r
se
Pedro rubs his eyes, not wanting to believe in what had just
po
face the facts: Catarina was dead. Only memories of this love re-
sA
mained. However, he did not want to see her. He did not like the
idea of seeing dead people.
ito
ire
He had never forgotten that woman. She had been the great-
su
est love of his life. He could still be with her, if it was not for a
s
po
by Luiza to let Catarina go. On the other hand, his fiancée was
Es
19
o.
çã
‘Oh, Catarina... What have I done with my life? We could
have been together and happy right now!’
iza
‘I am here, my love! Waiting for you!’, said Catarina, sitting
tor
on an armchair behind Pedro, who could not see her.
au
Pedro kept holding Catarina’s portrait, nostalgically sighing
m
for his lover, when Luiza, his wife, entered the room.
se
‘What is going on here?’, she asked furiously.
do
ha
Pedro, then, quickly covers the portrait.
rtil
‘Luiza, you scared me! Why did you get in like that? Do you
pa
want to give me a heart attack?’, says Pedro.
‘Do not be silly, Pedro! I saw it!’
m
co
‘What did you see, my love?’
r
se
‘How cynical you are, Pedro! How can you ask that? You
de
Catarina’s photo!’
uto
‘No! Catarina is already dead and you know that. After all,
ire
you…’
iD
‘You both killed me, why didn’t you let him finish his
po
20
o.
çã
‘Stop deceiving me, Pedro! I know’ I saw you sighing for her!’
iza
‘Yes! He always loved me! You were just for fun’, mocks Ca-
tor
tarina.
au
‘For you, I was just for fun, Pedro! – regrets Luiza, crying,
m
as if she were absorbing Catarina’s idea. Pedro takes Luiza to the
se
mirror.
do
‘Luiza, my love, look at you! Look at your pitiful state.’ Luiza
ha
faces the mirror.
rtil
Catarina decides to play a trick on them one more time and
pa
appears reflected on the mirror. Luiza’s emotional shock is so big
that she does not notice that it is her own sister’s reflection on
the mirror. m
co
r
‘Oh, no! Will you insist on this? Luiza, I have said it already!
de
about her?’
ra
uto
‘Oh, no? Are you saying that she came back to life and you’ve
ial
21
o.
çã
‘You’re crazy! No, you’re not crazy! You are a jerk! This is one
of the most ridiculous lies I have ever been told!
iza
‘But it’s the truth, Luiza...’
tor
au
‘Oh, sure! So, now you are saying that if I look in the mirror,
Catarina will be there? Hahaha...’
m
se
Luiza goes to the front of the mirror again and faces herself.
Catarina’s image appears, frightening Luiza to the point that she
do
almost fell.
ha
‘My goodness!’, she screams.
rtil
pa
‘What happened, Luiza?’ says Pedro, worried.
m
- It’s Catarina! – says Luiza, pointing to the mirror.
co
They both look at the mirror and see the ghost’s image. This
r
se
time, not only does Catarina show up, but she also comes out of
the mirror and stays right in front of the terrified couple.
de
22
o.
çã
do it again, this time for good!’, says Luiza, determined.
iza
With the cutting object, Luiza approaches Catarina and at-
tacks her. However, since Catarina is a ghost, the object passes
tor
right through her and hits Pedro’s body, who fell to the floor,
au
bleeding.
m
Desperately, Luiza falls to the ground, crying deeply.
se
‘Pedro, my love! No! What have I done?’, says Luiza.
do
ha
Some minutes later, a very hot place, an unbearable heat.
Moans and screams of pain everywhere. Suddenly, in the middle
rtil
of it all, the deafening noise of a door opening is heard. And, from
pa
the inside, a sensual voice speaks.
m
‘What took you so long, honey?’, asks Catarina.
co
r
‘You did it! Now we will be together for the end of the time.’
de
death. She grabs the same object that killed her husband and
cuts her own neck.
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es
23
Es
Imagem / gravura...
te
ma
ter
ia lp
os
su
i Di
re
ito
sA
uto
ra
is
en
ão
24
po
de
se
r co
mpa
rtil
ha
do
se
m
au
tor
iza
çã
o.
03/08/2016 13:40:58
o.
A menina que não se vê
çã
iza
tor
Elidiane Guerim Almeida
au
Eliziane da Silveira Botelho Peres
m
se
do
Quando a conheci, admirou-me vê-la sempre tão distante
das outras moças de sua idade. Tinha pensamentos introspecti-
ha
vos e distantes, que se opunham às crenças daquela cidade, onde
rtil
o sol brilhava com intensidade e as noites de lua cheia faziam dela
pa
um enigma. Era bela e extremamente tímida, seu olhar observava
m
tudo o que se passava em seu redor. Acreditava que os animais
co
domésticos tinham que ser amados, pelo simples fato de serem
animais, quando uma maioria compra animais com pedigree. Não
r
se
nava o pessimista que não saía do lugar, afinal, nada vai mudar
e as coisas são mesmo assim.
is
ra
a mãe dela, Dona Cota, preocupava-se com a filha que lia muito
e ficava cada vez mais com ideias fora da realidade. Perguntava-
ito
nos olhasse? Até onde vai nossa vontade? O que somos capazes
su
rar e a contar o quanto sua filha era diferente. Luser, que não era
bobo nem nada, deu um espelho mágico de presente para Dona
25
o.
se fosse magra, o espelho daria seu jeito, afinal, era para essa
çã
tarefa que existia.
iza
O que ninguém sabia, nem mesmo sua mãe, era que Luna
tor
tinha nascido em noite de lua cheia e recebeu do universo um po-
au
der de mudar o mundo, quando isso fosse necessário, teria força
para criar um mundo diferente de tudo o que já foi criado, mas
m
isso só aconteceria o dia que ela encontrasse sua alma afim.
se
do
Esse encontro o universo ainda não tinha resolvido, mas
seria assim:
ha
rtil
Quando dois espíritos afins se encontram e se reconhecem,
todas as coisas que fazem mal se dissolvem e o bem vence o mal.
pa
Isso foi determinado antes deles virem para a Terra. Nesse tra-
m
jeto, passaram pelo véu do esquecimento e aquele momento não
co
havia chegado ainda. Luna não gostava de sair de casa. Dizia que
r
pre só?! Preferia ficar viajando com a leitura de seus livros. Tinha
de
em seu quarto uma estante que ia do rodapé até o teto, sem ficar
po
tia assim e há alguns anos não se olhava num espelho. Não sabia
como seu rosto sereno, calmo e introspectivo tinha se tornado ao
is
vezes que saíra para a rua, pensava: -“Por que me olham assim,
sou igual a qualquer um. Ou não?” Sentia-se incomodada e por
sA
tal motivo, voltava para seu universo literário, com o qual a segu-
rança tomava conta dele e podia ser a pessoa que quisesse ser.
ito
ire
26
o.
çã
entendia o porquê desse desespero. Luna ficou enclausurada em
seu quarto por alguns dias, sem conversar com ninguém. Dona
iza
Cota já não comia ou dormia por não saber o que se passava com
tor
a filha. O contato era apenas físico entre as duas, não saía sequer
au
um fonema naquele quarto. Apenas Luna a deixava entrar para
levar comida.
m
se
A mãe, não sabendo mais o que pensar, lembrou que o
do
mago tinha dito que o espelho era mágico. Sendo assim, poderá
transformá-la em uma pessoa feliz, melhor e tirá-la dessa pri-
ha
são - pensou Dona Cota. Foi até Luser e explicou a situação, ele
rtil
sentiu-se culpado pela mentira e contou a ela que o espelho era
pa
normal como qualquer outro e que a magia estava nas pessoas e
m
não num pedaço de vidro. Nesse momento, o mago reviveu algu-
co
mas peripécias esquecidas por ela. Dona Cota ficou brava, mas
ao mesmo tempo, agradecida por Luser não enganá-la mais. No
r
se
que houve com Luna? Por que chora tanto se a amamos muito?
Dou minha vida a ela, preciso descobrir o que a aflige.”
po
caixa com o laço azul. Teve curiosidade para ver se o espelho ain-
da estava lá. Levantou a tampa e pegou-o, levando-o às pressas
is
ra
ocorreu foi aos doze anos, numa noite de lua cheia, quando ten-
tou passar pela primeira vez um batom que pegara escondido da
ire
27
o.
quero abraçá-la. - Mãe, me deixa em paz!”-respondeu a menina.
çã
A mãe voltou ao desolamento, mas respeitou o pedido da filha.
iza
Passaram-se alguns dias até a chegada do aniversário de
tor
Luna, que completara quinze anos. E era costume das famílias
au
daquela comunidade apresentarem as filhas debutantes aos pre-
tendes da cidade. Todos estavam envolvidos com os preparativos
m
da festa. O salão era o mais nobre da cidade, com toda a pompa
se
que uma festa de debutante merece.
do
A preocupação da família de Luna era como convencê-la de
ha
debutar, estando ela naquela situação e pelo histórico que a en-
rtil
volvia. Dona Cota fez suas rezas de costume e fora falar com a
pa
filha. Entrou no quarto de Luna e avistou a filha sentada numa
m
banqueta, que era de sua falecida vó. Estava despenteada, com
co
pijama e algum exemplar literário nas mãos. “– Filha, precisamos
conversar!”- disse a mãe, levantando a face de Luna com o dedo
r
se
nina era o que nos mantivera fortes. E, felizmente, você está aqui,
ão
“- Mãe, até meus doze anos, eu sempre fui muito feliz, tive
ra
28
o.
tras. Luna levantou-se aos gritos, à procura da mãe ou de algum
çã
familiar, mas nada, estava sozinha em casa. Dona Cota chegou
iza
em seguida e vendo o estado da casa e da filha, resolveu contar
a verdade a ela. Dona Cota mantivera um segredo desde quando
tor
ainda estava grávida de Luna. Já era uma senhora de meia idade
au
e tinha tido quatro filhos homens e seu sonho era ter uma meni-
m
na. Então, foi até Luser e pediu que ele fizesse um feitiço para que
se
ela pudesse conceber uma menina (não tinha como saber o sexo
na época). Um sacrifício que teria que fazer era de não se achar a
do
mulher mais bela da cidade. Dona Cota era tão linda e tinha tan-
ha
ta vaidade que causava inveja em todos. Ela então prometeu que
rtil
se concebesse uma menina, iria ser uma mãe zelosa e iria deixar
pa
a beleza da filha vir a ser natural. Mas não foi isso que aconteceu,
m
a sua vaidade foi além do amor de mãe. Ela deixava de dar amor
co
aos filhos e ao marido para ter tempo de se enfeitar, ser mais bela
e correr contra o tempo. Mentia que não possuía dinheiro quando
r
se
espelho, aquele da caixa com o laço azul, o único que não tinha
en
me cobrindo toda uma parede. Luna olha pela primeira vez seu
ito
laço de fita.
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es
29
çã
iza
tor
Elidiane Guerim Almeida
au
Eliziane da Silveira Botelho Peres
m
se
Traducción: Jéferson Teixeira Rocha
do
ha
Cuando la conocí, me sorprendía al verla siempre tan lejos
rtil
de otras chicas de su edad. Tenía pensamientos introspectivos y
pa
distantes, que se oponían a las creencias de aquella ciudad en la
m
que brillaba el sol y la luna llena la convertían en un rompecabe-
co
zas. Era preciosa y extremadamente tímida. Con su mirada obser-
r
tenían que ser amada por el simple hecho de que son animales,
de
pre para satisfacer las necesidades de los demás. Luna era la hija
más joven, su madre, doña Cota, estaba preocupada porque su
ire
hija leía mucho y cada vez más las ideas eran poco realistas. Se
iD
30
o.
la chica fuera gorda, ella tendría, por supuesto, el peso arreglado
çã
.Si fuera delgada, el espejo enderezaría las cosas, de todas mane-
iza
ras, estaba allí para esta tarea.
tor
Lo que nadie sabía, ni siquiera su madre, que estaba de que
au
Luna había nacido en noche de luna llena y recibió del universo
de un poder de cambiar el mundo, cuando necesario, tenía la
m
fuerza para crear un mundo diferente a cualquier cosa que había
se
sido creada, pero esto sólo ocurriría en el día que conociera a su
do
alma gemela.
ha
Esta reunión del universo aún no había resuelto, pero ocu-
rtil
rriría de esta manera: cuando las almas gemelas se encuentran
pa
y se reconocen todas las cosas que están mal se disuelven. El
m
bien triunfa sobre el mal. Esto se determinó antes de que ellos
co
vinieran a la Tierra. En este camino, pasaron a través del velo
del olvido y todavía no había llegado el momento. A Luna no le
r
se
azul. Sujeto la caja con las piernas y con las dos manos al mismo
tiempo que deshizo el lazo y sacó la tapa. Miró en el espejo, cerró
te
31
o.
çã
habitación durante unos días sin hablar con nadie. Doña Cota ya
no comía ni dormía porque no sabía qué le pasaría a su hija. El
iza
contacto entre las dos era sólo físico, ni siquiera salía un fonema
tor
en aquella habitación. Luna solamente la dejaba entrar para lle-
au
varle comida.
m
La madre, sin saber más qué pensar, recordó que el mago
se
había dicho que el espejo era mágico. Así que podría convertirle
en una persona feliz, mejor y sacarla de esta prisión - pensó doña
do
Cota. Fue hasta Luser y le explicó la situación. Él se sintió culpa-
ha
ble por mentir y le dijo que el espejo era normal como cualquier
rtil
otro y que la magia estaba en las personas y no en un pedazo
pa
de vidrio. En ese momento, el mago revivió algunas peripecias
m
olvidadas por ella. Doña Cota se enfadó, pero a la vez, agradeció
co
a Luser por no engañarla más. En el camino de vuelta a casa, se
preguntaba: “¿Qué pasó con Luna ¿Por qué llora tanto si le da-
r
se
poco a poco. Luna se dio cuenta de la primera vez que este evento
uto
sucedió fue a los doce años de edad, en una noche de luna llena,
sA
cuando por primera vez intentó pintar los labios con una barra
de labios que recogió de su madre a escondidas. Desde entonces,
ito
32
o.
en paz!” - Dijo la chica. La madre se volvió a la desolación, pero
çã
respetó la petición de su hija.
iza
Se pasaron algunos días hasta la llegada del cumpleaños de
tor
Luna, que había completado quince años y era la costumbre de
au
las familias de aquella comunidad presentar sus hijas debutantes
a los pretendientes de la ciudad. Todos estaban involucrados con
m
la preparación de la fiesta. El salón era el más noble de la ciudad,
se
con toda la pompa que una fiesta de quince merece.
do
La preocupación de la familia de Luna era de cómo hacer
ha
que debutara, en la situación en la que se veía y por el histórico
rtil
en el que estaba inmersa. Doña Cota hizo sus oraciones como era
pa
la costumbre y fue a hablar con su hija. Entró en la habitación
m
de Luna y la vio sentada en un taburete, que era de su difunda
co
abuela, despeinada, con pijama y algún ejemplar literario en las
manos. “– ¡Hija, necesitamos hablar!” – dijo la madre, levantando
r
se
“– ¡Mamá, hasta los doce años, yo fui muy feliz, tuve amigos,
uto
Cuando decían que yo era extraña, cada vez más yo les creía.
Esto se repitió desde este día. Ayúdame, no sé qué pensar.” Se
ial
desahogó la joven.
ter
33
o.
pejos de la casa se hicieron pedazos. Eran fragmentos para todos
çã
los lados, estruendos fortísimos, cosas cayendo unas sobre las
iza
otras. Luna se levantó a los gritos, en búsqueda de su madre o
algún familiar, pero nada, estaba sola en la casa. Doña Cota llegó
tor
en seguida y mirando la casa y la hija, decidió contar la verdad
au
a ella. Doña Cota mantuviera un secreto desde el embarazo de
m
Luna. Ya era una mujer de mediana edad y había tenido cuatro
se
hijos varones, pero su sueño era tener una niña. Entonces pidió
a Luser que le hiciera un hechizo para que pudiera concebir una
do
niña (en la época no era posible saber el sexo del bebé antes del
ha
nacimiento). Un sacrificio que tenía que hacer era de no juzgarse
rtil
la más bella de la ciudad. Doña Cota era tan linda y era tan va-
pa
nidosa que causaba envidia a todos. Ella entonces prometió que
m
si concibiera una niña, sería una madre cuidadosa y dejaría que
co
la belleza de la hija fuera natural. Pero no fue lo que sucedió. Su
vanidad fue más fuerte que el amor de madre. Ella dejaba de dar
r
se
cubriendo toda una pared. Luna mira por primera vez su cuerpo
de muchacha, todo adornado en un lindo vestido azul de lazo de
iD
cinta.
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es
34
çã
iza
tor
Elidiane Guerim Almeida
au
Eliziane da Silveira Botelho Peres
m
se
Translated by: Henrique Muzycant Abreu
do
ha
When I first met her, I was pleasantly surprised to see how
rtil
different she was from the other girls her age. She had introspec-
pa
tive and distant thoughts that challenged the beliefs of the town,
m
where the sun shone brightly and the full moon nights turned
co
her into an enigma. She was beautiful and extremely shy, and
r
her gaze would observe everything around her. She believed pets
se
should be loved simply because they were pets, while many peo-
de
ple prefer the ones with a pedigree. She didn’t understand the de-
po
sires that humanity sought, which made her invisible, while the
others rushed to buy things and please someone, forgetting about
ão
She would look at the optimist, who thought that he didn’t need
to fight because the cause had already been won. And she would
is
question the pessimist, who didn’t move. After all, nothing would
ra
She felt no desire to seduce, for what she already had was
sA
enough to survive. Life was too fair, always having to meet the
ito
Ms. Cota worried about her, who read a lot and was getting more
and more unrealistic ideas. The girl would ask herself, what would
iD
watched us? How far does our will go? What are we able to do in
s
the darkness? Her mother decided to look for a wizard that lived
po
Ms. Cota gathered all the money she had and gave it to the
wizard, hoping to find a solution for her daughter’s problem.
te
cry and tell him about how different her daughter was. Luser,
who was not fool, gave a magic mirror to Ms. Cota, who left the
35
o.
she were slim, the mirror would use its ingenuity. After all, that
çã
was what the mirror was for.
iza
What nobody knew, not even her mother, was that Luna
tor
had been born on a full-moon night, and had received from the
au
universe the power to change the world, when it would be neces-
sary. She would have the power to create a world different from
m
everything ever created. However, that would only happen when
se
she met her soul mate.
do
The encounter hadn’t happened yet, but it would go like
ha
this: when two soul mates find and meet each other, everything
rtil
that is evil will dissolve and only good will prevail over evil. This
pa
had been established before they came to Earth. On their way,
m
they had gone through the veil of forgetfulness and that fateful
co
encounter still hadn’t come. Luna did not like to go out. She said
that people couldn’t see her, so what was the point of going out
r
se
if she would stay alone? So she would rather travel reading her
books. In her bedroom, she had a floor-to-ceiling bookcase filled
de
with books. Luna had already read all of them, some of them
po
several times. She also had a peculiarity: besides the fact that
ão
everybody found her different, she also felt different, and would
not look at herself in a mirror in the last few years. She didn’t
en
know how her calm and introspective face had changed after all
is
that time. She would observe everybody’s looks the rare times
ra
when she went out and and would think: “why do they look at me
uto
like that? I’m just like anyone else, aren’t I?” She felt uncomfort-
able and because of that, she turned to her universe of literature,
sA
home excitedly. When she was about to tell Luna about the mir-
iD
ror, she thought, “What if she decides to ignore it, or not take
su
it seriously? The mirror might not work. She has been acting
strange these days. I’ll just say that I bought it to decorate her
s
po
room”. Heading to the place where her daughter was, Ms. Cota
gave Luna the box tied with a huge blue ribbon and with a smile
ial
on her face, she asked Luna to open it. Luna did not use to make
ter
an uproar in any situation. Not even when she got presents with
ma
huge blue ribbons. She held the box between her legs and with
both hands; she promptly untied the bow, and finally opened the
te
box. She looked at the mirror, then closed the box and ran im-
Es
mediately towards her room. Ms. Cota ran after her, confused by
her reaction. “Luna, open the door right away!” yelled the mother.
36
o.
çã
herself in her room for days, without speaking to anyone. Ms.
Cota could neither eat nor sleep because she did not know what
iza
had happened to her daughter. Their contact was strictly physi-
tor
cal because Luna would only let her mother come in to bring her
au
food. However, no sound was ever emitted in that bedroom.
m
Not knowing what else to do, Ms. Cota remembered the wiz-
se
ard saying the mirror was magic. Because of that, “it could turn
Luna into a happier and better person, and take her out of that
do
prison”, thought the mother. Then, Ms. Cota decided to talk to
ha
Luser and tell him about the situation. He felt guilty for telling
rtil
her lies and confessed that the mirror was like any other mirror
pa
and that the real magic was inside people rather than in pieces of
m
glass. At that moment, the wizard recalled some ups and downs
co
she had forgotten.
r
se
self “what happened to Luna? Why does she cry if we love her so
po
much? I’d give my life for her, and I have to find out what upsets
ão
her”.
en
While her mother was away, Luna came out of her room for
a glass of water. And, going through the living room, she saw the
is
box with the blue ribbon. She was curious to know if the mirror
ra
was still there. So, she opened the box, took the mirror with her
uto
though she didn’t have the courage to look at it for very long.
Something weird would happen every time she would look at mir-
ito
rors. She would start disappearing. She had noticed it for the first
ire
time when she was twelve, on a full moon night. She had tried to
iD
use her mother’s lipstick without her knowing. Since then, she
could never look at herself in mirrors, because her face would
su
could she explain that to people if they already thought she was
strange? Some would even say that there was a spirit inside her,
ial
while others would mock her for having nothing but books in her
ter
room. There weren’t any pictures on the walls either. She didn’t
ma
her parents wouldn’t take long to find her a fiancé. How would
Es
she get married? Who would want to marry her? She needed an
explanation.
37
o.
asked happily:
çã
“Sweetheart, are you okay? I’m so glad you came out of your
iza
room! Open the door so that I can hug you!”, said the girl.
tor
“Mom, leave me alone!”, answered the girl.
au
Ms. Cota was disappointed one more time, but respected
m
her daughter’s will.
se
A few days passed and it was Luna’s birthday. She was now
do
fifteen, which meant that following the family traditions, she and
ha
other girls would be introduced to possible suitors. Everybody
rtil
was busy with the party preparations. The hall was the greatest
pa
in town, with everything the party deserved.
m
Luna’s family concern was how to convince her to partic-
co
ipate in the ball, given her current situation and her past. Ms.
r
got to the room and found Luna sitting on a stool, which had
de
it, because your father and I thought we would lose you in the
ra
birthday!”
ito
Her mother said those words and started to cry. They both
hugged. Feeling how much her family loved her, Luna decided to
ire
time. It had been a long time since the last time she did it.
ter
me, to lighten my face that was so pale. But, I couldn’t see my re-
flection in the mirror, it faded little by little. I shut myself from the
te
world because I was afraid. I would always see you happy, looking
Es
38
o.
çã
ing what to say. Luna felt helpless and thought about running
away. Why stay? How could she go her birthday party if the mir-
iza
ror would consume her youth and soul? Yet, she stayed.
tor
Luna came out of the room and went to the altar in which
au
her mother would pray. There, she kneeled and begged from an
m
explanation to free her from her sorrow. A few seconds after that,
se
all the mirrors in the house shattered. There were mirror shards
everywhere, loud noises of things falling one over the others. Luna
do
started to scream, looking for her mother or any other relative, but
ha
found no one in the house. Then, Ms. Cota arrived, and seeing
rtil
what had happened, she decided to tell Luna the truth about a
pa
secret she had kept since she was expecting her. She was a mid-
m
dle-aged woman and had already had four sons, but her dream
co
was to have a daughter. So, she went to Luser’s house to ask him
for a magic spell for her to give birth to a baby girl (she could not
r
se
always the most beautiful in town. Ms. Cota was so beautiful that
po
everyone in the city envied her. So she promised that if she gave
ão
birth to a baby girl, she would be a careful mother and let her
daughter’s beauty come naturally. That didn’t happen because
en
her vanity went beyond her mother’s love. She would not give
is
have time to dress up, put on make-up, be the most gorgeous and
uto
race against time. She would lie to Luna about not having money
to go out so that she would spend it on beauty products.
sA
with no need for make-up. Her love for her mother was greater
ire
than her beauty, so she went to her room and looked at the mir-
iD
ror. The one with the blue ribbon, the only one that hadn’t shat-
su
tered. She hung it on the wall, put on her best dress, and looking
s
huge mirror, the size of the wall. For the first time in her life, Luna
Es
39
Es
te
ma
ter
ia lp
os
su
i Di
re
ito
sA
uto
ra
is
en
ão
40
po
de
se
r co
mpa
rtil
ha
do
se
m
au
tor
iza
çã
o.
03/08/2016 13:41:01
o.
Vampiros – O mito de Bucovina – Transilvânia
çã
iza
tor
Adriana Aparecida Felini e Amanda Daniele Mota
au
m
se
Em uma cidade do interior romeno, casos misteriosos co-
meçaram a acontecer. Uma série de moradores desapareceu sem
do
deixar nenhuma pista, nada que pudesse revelar o que ou quem
ha
os estava sequestrando. Os policiais locais fizeram buscas por to-
rtil
das as redondezas da cidade, mas não achavam nada que ligasse
pa
a um lugar para onde aquelas pessoas poderiam ter sido levadas.
m
Durante um mês, todos os moradores ficaram proibidos de saí-
co
rem de suas casas durante a noite, pois era o horário em que as
pessoas eram raptadas, entretanto, ainda havia corajosos que se
r
se
arriscavam.
de
nunca irá me fazer nada! Tenho uma arma e ninguém mexe com
um homem armado, certo? – disse um dos moradores “mal en-
ão
carados” de Bucovina. Mal ele sabia que na mesma noite iria ser
en
levado.
is
Não o havia visto, pois seu reflexo não era refletido no espelho.
te
palavra sequer.
O garoto explicou-lhe o que estava acontecendo. Melissa ou-
41
o.
segurança dos humanos, outros os assassinavam sem piedade.
çã
Ele, casualmente, ao voltar da escola durante a noite, encontrou
iza
dois vampiros tomando o sangue de uma vaca na fazenda onde
morava, então, para que a existência dos vampiros fosse mantida
tor
em segredo, ele foi transformado.
au
Poucas pessoas, assim como Melissa, sabiam da verdade a
m
respeito do caso, muitas não acreditavam, preferiam pensar que
se
eram lobos ou ursos que estavam matando as pessoas e os ani-
do
mais, mas nunca vampiros ou outros seres sobrenaturais. Aque-
ha
les que sabiam, preferiam manter segredo, longe de indagações e
olhares de curiosos. Desde então, muitos anos se passaram, e a
rtil
cidadezinha nunca mais fora a mesma. Ficara conhecida como o
pa
vale do sobrenatural. Era alvo de muitos turistas. Inclusive, uma
m
cabana abandonada fora tombada como patrimônio histórico de
co
Bucovina. Lá havia muitos pertences que, supostamente, foram
r
para os outros.
su
Nossos pais nos contam isso para que não saiamos mais à noite.
po
lavam, mas ela seguiu adiante, crente que iria ganhar os $50 dó-
ma
42
o.
çã
Após isso, ela sentiu algo puxando seus cabelos fortemente
iza
ao começar a andar. A menina, extremamente assustada, tentou
desvencilhar-se, mas sem sucesso. Tamanho foi o susto. Sofreu
tor
uma taquicardia e faleceu na mesma hora. Seus amigos ouviram
au
gritos e foram correndo atrás da menina. Era tarde demais. Um
m
galho havia enganchado em seus longos cabelos vermelhos e ela
se
pensou que fosse seu falecido tio vampiro puxando-a. Moral da
história: nem tudo que parece ser realmente é.
do
ha
rtil
m pa
co
r
se
de
po
ão
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es
43
çã
iza
tor
Adriana Aparecida Felini y Amanda Daniele Mota
au
m
Traducción: Rose Mary Baracy Ulrich e Magda D’Avila de Souza
se
do
ha
En una ciudad del interior de Rumania, casos misteriosos
rtil
empezaron a suceder. Un número de residentes desapareció sin
pa
dejar rastro, o cualquier cosa que pudiera revelar qué o quién es-
taba secuestrándolos. La policía local ha buscado toda la ciudad,
m
pero no encontraban nada que pudiera vincular a un lugar donde
co
se las podrían haber llevado. Durante un mes, se prohibió a todos
r
se
una cháchara! ¡Salgo cada vez que quiera, nadie va a hacer nada
para mí! Tengo un arma y nadie se mete con un hombre armado,
ão
des.
po
44
o.
matarla.
çã
Pero no todos lo hacían. Algunas estimaban la seguridad
iza
de los seres humanos, otros los asesinaban sin piedad. Por Ca-
tor
sualidad, al regresar de la escuela en la noche, él se encontró con
au
dos vampiros que bebiendo la sangre de una vaca en la granja
donde vivía. Entonces, para que la existencia de los vampiros se
m
mantuviera en secreto, fue transformado.
se
Pocas personas, al igual que Melissa, sabían la verdad so-
do
bre el caso, muchos no creían, preferían pensar que eran lobos
ha
u osos que estaban matando a personas y animales, pero nunca
rtil
vampiros u otros seres sobrenaturales. Los que sabían, prefe-
pa
rían mantener en secreto, lejos de las preguntas y las miradas
m
curiosas. Desde entonces, han pasado muchos años, y la ciu-
co
dad nunca fue la misma. Era conocida como el valle de lo so-
brenatural. Era el destino de muchos turistas. Incluso una cho-
r
se
demás.
po
45
o.
la tumba y con una sonrisa en su cara gritó:
çã
¡Llegué!¡Lo ves!¡Lo ves!¡Habladurías! Vuelvo ya y quiero
iza
mis 50 dólares! Jajajajajaja
tor
Después de eso, cuando empezó a caminar, sintió algo ti-
au
rando su cabello fuertemente. La chica, extremamente asustada,
m
intentó liberarse, pero sin éxito. El susto fue tan grande que su-
se
frió una taquicardia y murió en el acto. Sus amigos escucharon
gritos y corrieron detrás de la chica. Era demasiado tarde. Una
do
rama se había enganchado en su largo pelo rojo y ella pensó que
ha
fuera su difunto tío vampiro tirándola. Moraleja de la historia: No
rtil
todo lo que parece ser realmente es.
pa
m
rco
se
de
po
ão
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es
46
çã
iza
tor
Adriana Aparecida Felini and Amanda Daniele Mota
au
m
Translated by: Ana Cláudia Garibaldi Rodrigues
se
do
In a Romanian country town, mysterious cases started
ha
happening. A number of residents disappeared without a trace.
rtil
Nothing could tell what or who was kidnapping them. The lo-
pa
cal police searched all over the town, but did not find out where
m
those people could have been taken. For a month, all the resi-
co
dents were forbidden to leave their houses at night. That was the
time when people were usually kidnapped. However, some brave
r
se
All news programs broadcast the case the first month the
is
events occurred. After that, no one cared. After all, life went on.
ra
Other things happened and the news was about the price of the
uto
for the lives of those who had disappeared. The guesses about the
ire
people. One night, she entered the boy’s room and began to look
s
the boy’s souvenirs. When she was heading to the door, she met
ial
Dragos, standing behind her. She had not seen him, since there
ter
47
o.
pires’ existence in secret he had been turned into a vampire.
çã
Like Melissa, few people knew the truth about the case.
iza
Many did not believe it. They would rather think that wolves or
tor
bears were killing people and animals, but not vampires and oth-
au
er supernatural creatures. Those who knew it, kept it in secret,
away from questions and curious looks. Since then, many years
m
have passed and, the town has never been the same anymore.
se
It will always be known as the “Supernatural Valley”. The town
do
became the target of many tourists. An abandoned hut had even
ha
been declared Bucovina’s historical heritage. A vampire who lived
there had supposedly used many objects. The missing-person
rtil
cases still happened occasionally and, those who wanted to pre-
pa
serve their lives bought stakes, garlic, holy water, and even weap-
m
ons. Anything that could be used to protect them. Many people
co
took advantage of the situation to make money. Billboards and
r
the advertisements.
ão
ents would tell us that so that we would not go out at night. I will
ito
The challenge was accepted and the girl got in. Her legs
iD
were shaking, but she kept walking. She believed she would earn
the $50 dollars easily. The cemetery was extremely dark, so she
su
her cellphone battery died and she was lost in the middle of the
darkness one more time. The bet was that she had to go to and
ial
come back from her uncle’s grave Dragos, the supposed ancient
ter
vampire of the town. She got there and, with a smile on her face,
ma
she shouted:
te
48
o.
It was too late. A branch was hooked on her long red hair and she
çã
thought it was her dead vampire uncle pulling her. Moral of the
iza
story: everything is not what it seems.
tor
au
m
se
do
ha
rtil
m pa
co
r
se
de
po
ão
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es
49
Es
te
ma
ter
ia lp
os
su
i Di
re
ito
sA
uto
ra
is
en
ão
50
po
de
se
r co
mpa
rtil
ha
do
se
m
au
tor
iza
çã
o.
03/08/2016 13:41:03
o.
Reflexos do invisível
çã
iza
tor
Cleni da Rocha Santos e Maria Santos Rigo
au
m
Na Fazenda do Coronel João Manuel Rodrigues, proprietá-
se
rio de cafezais em São Paulo, viviam o fazendeiro e sua mulher
Josefina, seu filho Augusto e sua filha Luiza. Viviam, com grande
do
ostentação, servidos por dois escravos. Conceição, a ama de leite
ha
de Augusto e Luiza, e o escravo Sebastião, que era peão para toda
rtil
a obra, ele conduzia a carruagem quando recebia visitas ilustres
pa
e servia o jantar.
m
Com a chegada de Bartolomeu Gonzaga e Maria Isabel, que
co
vieram de Minas Gerais, toda a família movimentou-se para um
r
se
vindo vinho sente suas mãos ficarem trêmulas e deixa cair a jarra
de vinho no vestido de Maria Isabel.
ma
51
o.
bora, levando junto com eles, para Minas Gerais, a escrava Con-
çã
ceição, que não durou muito tempo também e morreu, pois, além
iza
de ter que dar conta de todos os afazeres da casa dos Gonzaga,
que era muito grande, ela vivia chorando de tristeza e lamentado
tor
a morte do seu amado Bastião. Ela desejava encontrar a morte,
au
pensava que assim estaria encontrando novamente o seu Bastião.
m
Passados alguns anos, o Coronel Rodrigues resolve vender a
se
fazenda e ir morar em outro Estado, porque seus filhos estavam
do
crescidos e precisavam estudar em escolas melhores. Ele vende
a fazenda com tudo o que faz parte dela, inclusive a mobília que
ha
havia no interior da casa. Os novos proprietários eram um casal
rtil
e dois filhos, um menino com dez anos e uma menina com oito
pa
anos, e eles estavam pensando em comprar escravos para traba-
m
lhar para eles na lida da casa. Mas, ao chegar na fazenda, foram
co
recebidos por dois escravos, um homem e uma mulher, que já
haviam arrumado, organizado toda a casa e também preparado
r
se
sala de jantar, toda vez que ela olhava para o espelho. Mas a
en
mãe dizia que isso era imaginação dela, ou um medo bobo que
ela sentia. Mas, de repente, o menino também começou a chorar
is
ra
e dizer que não queria mais comer na sala de jantar, porque ele
uto
dois escravos estão ali dormindo. Entra no galpão e tem que se-
s
po
52
o.
o olhar e vê um espelho grande pendurado na parede onde fica
çã
encostada a cama, solta um grito de horror, o pavor e o espanto
iza
tomam conta dela. Ela vê através do espelho nada mais nada me-
nos do que duas caveiras deitadas de mãos dadas na cama, que
tor
começam a gritar, gemer e chorar. Sai correndo, desesperada,
au
sem entender nada do que aconteceu ali.
m
se
do
ha
rtil
m pa
co
r
se
de
po
ão
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es
53
çã
iza
tor
Cleni da Rocha Santos y Maria Santos Rigo
au
m
Traducción: Cleni Maria Rigo
se
do
En la hacienda del Coronel, Juan Manuel Rodríguez, dueño
ha
de cafetales en São Paulo, vivían el terrateniente y su mujer Jose-
rtil
fina, su hijo Augusto y su hija Luiza. Vivian con gran ostentación,
pa
servidos por dos esclavos. Concepción, el ama de leche de Augus-
m
to y Luiza, y el esclavo Sebastián que era un manitas. Manejaba
co
el carruaje cuando recibía visitas de personas ilustres y también
r
servía la cena.
se
54
o.
hasta la muerte del esclavo.
çã
Después de los trágicos acontecimientos, los visitantes se
iza
fueran, llevando con ellos, para Minas Gerais, la esclava Concep-
tor
ción, que se murió pronto, pues, además de tener que dar cuenta
au
de todos los trabajos de la casa de los Gonzaga, que era muy
grande, ella vivía llorando de tristeza y lamentando la muerte de
m
su amado Bastián. Ella deseaba encontrar la muerte, pensaba
se
que así encontraría de nuevo su Bastián.
do
Pasados algunos años el Coronel Rodríguez decidió vender
ha
la hacienda e ir a vivir en otro Estado, porque sus hijos estaban
rtil
crecidos y necesitaban estudiar en escuelas mejores. Él vende
pa
la hacienda con todo lo que hay en ella, incluso los muebles que
m
había en el interior de la casa. Los nuevos dueños de la hacienda
co
eran una pareja con dos hijos, un chico con diez años y una chi-
ca con ocho años, y ellos estaban pensando en comprar esclavos
r
se
medor, toda vez que miraba para el espejo. Pero la madre decía
ra
en la sala.
ire
iD
pasa, eran sólo los dos esclavos negros que trabajaban para ellos,
y los gritos parecían venir de lejos. Con las piernas temblorosas y
55
o.
ción... Sebastián? Nadie contesta. Ella entonces abre la puerta
çã
que da un fuerte ruido a causa de las bisagras herrumbradas por
iza
el tiempo. Ella mira y no ve a nadie en la habitación, ve solamente
una cama de matrimonio sucia de polvo con sábanas viejas, vai
tor
alzando su mirada y ve un espejo grande colgado en la pared don-
au
de queda la cama, suelta un grito de horror, el pavor y el asombro
m
toman cuenta de ella. Ella ve a través del espejo nada más que
se
dos calaveras acostadas de la mano en la cama, que empiezan a
gritar, gemir y llorar. Sale corriendo, desesperada, sin entender
do
nada de lo que aconteció allí.
ha
rtil
pa
m
rco
se
de
po
ão
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es
56
çã
iza
tor
Cleni da Rocha Santos and Maria Santos Rigo
au
m
Translated by: Carine Dalcol and Daniela Farias
se
do
On the farm of Colonel João Manuel Rodrigues, a coffee
ha
plantation owner in São Paulo, lived the farmer and his wife Jose-
rtil
phine, his son Augustus and his daughter Luiza. They lived with
pa
great pomp, served by two slaves. Conceição, Augusto and Luiza’s
m
wet nurse and the slave Sebastião, who would do every type of
co
work. He used to drive the carriage when receiving distinguished
people and to serve dinner.
r
se
who came from Minas Gerais, the whole family had organized a
po
big dinner. The guest, very well dressed in a black suit, and his
wife in a beautiful violet dress and white lace, sat down to talk in
ão
the anteroom.
en
This couple was very much expected since they were coming
is
went to the garden with the kids. The guest did not take his eyes
uto
off her. Josefina invited everyone for dinner in a room with a large
sA
glass cabinet with several glasses, crystal glasses, fine china por-
ire
room, there was also a desk with pictures of the Rodrigues fami-
ly’s ancestors and a huge mirror with a turned, ancient and clas-
su
was serving wine, could feel his hands trembling and dropped the
wine jug on Maria Isabel’s dress.
te
Es
57
o.
çã
Minas Gerais, the slave Conceição, who did not live long either
and died. In addition to taking care of all the household chores
iza
of the Gonzaga house, which was very big, she was always crying
tor
and mourning the death of her beloved Bastião. She wanted to
au
die, because she thought then she would meet her Bastião again.
m
A few years later, Colonel Rodrigues decided to sell the farm
se
and move to another state because their children were grownup
and had to study in the best schools. He sold the farm with all
do
that was part of it, including the furniture that was in the house.
ha
The new owners were a couple and two children, a ten-year-old
rtil
boy and an eight-year-old girl, and they were thinking about buy-
pa
ing slaves to do the housework. However, when they arrived in
m
the farm, two slaves greeted them: a man and a woman, who had
co
already cleaned and organized the house and prepared dinner.
Satisfied with their service, they decided the two slaves would
r
se
in the dining room, every time she looked in the mirror. But, the
po
mother said it was her imagination, or a silly fear she felt. Yet,
ão
suddenly, the boy also began to cry and say that he did not want
to eat in the dining room, because he also started to see the two
en
at night, the woman went to the shed where the slaves lived to
uto
ask them some information about the family who had sold them
sA
the farm. She knocked on the door and nobody opened it. She
insisted and nothing happened. Silently, she decided to push the
ito
door to see if the two slaves were sleeping there. She entered the
ire
shed and had to keep walking through a narrow corridor until she
iD
to hear moans, weeping and screams. The fear starts to take over
her and she does not understand what is going on. After all, they
s
po
were only two black slaves who worked for them, and the screams
seemed to come from far away. With trembling legs and her heart
ial
beating fast, she kept walking towards the bedroom, when she
ter
finally reached the couple’s room. She knocks, but no one an-
ma
lot because of the hinges, which got rusty with time, looks all
Es
around and sees no one in the room. She only sees a dusty dou-
ble bed and old sheets. When she looks up, she sees a large mir-
58
o.
They start to scream, moan and cry. She rushes out, desperate,
çã
without understanding anything that had happened there.
iza
tor
au
m
se
do
ha
rtil
m pa
co
r
se
de
po
ão
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es
59
Es
te
ma
ter
ia lp
os
su
i Di
re
ito
sA
uto
ra
is
en
ão
60
po
de
se
r co
mpa
rtil
ha
do
se
m
au
tor
iza
çã
o.
03/08/2016 13:41:05
o.
çã
O espelho do Sobrado
iza
tor
Glecy Teresinha Klegues
au
m
se
Algumas pessoas consideram os espelhos como espécies de
portais para outros mundos, dizem que quem morre em frente a
do
um destes objetos pode utilizá-los como passagem entre o mundo
ha
espiritual e o nosso.
rtil
Havia um sobrado no alto da colina no final da rua, era a
pa
última casa e ficava um tanto afastada das outras casas da rua.
m
O sobrado, à noite, no alto da colina, parecia uma daquelas casas
co
mal assombradas. A casa era linda e tenebrosa ao mesmo tempo,
r
cuidado.
de
quando saía, não falava com ninguém, seus pais e dois irmãos
ão
ficava no final da rua, ficava isolado. O povo, com medo, dizia que
o lugar era assombrado.
sA
61
o.
çã
Tonico e Davi subiram as escadas para explorar o andar de
cima, enquanto João explorava o andar de baixo.
iza
Um frio percorreu a espinha de João ao perceber, por um
tor
breve momento, que vários rostos empalidecidos o encaravam por
au
dentro do grande espelho. Começou a gritar por Tonico e Davi que
m
desceram as escadas correndo; ao chegar na sala, não encontra-
se
ram mais seu amigo João. Olharam para o espelho e viram João
e os outros dentro dele.
do
ha
Correram para a porta, mas estava trancada e, ao tentarem
sair por outra porta, que dava para a copa da casa, puderam ver
rtil
que alguém se aproximava. Era uma mulher toda de branco com
pa
uma vela na mão, era Mariana. Ela disse:
m
co
Estava esperando vocês para o jantar !!!!
r
62
çã
iza
tor
Glecy Teresinha Klegues
au
Traducción: Daiane Santos Santiago e Raquel Hoss Valente
m
se
Algunas personas consideran los espejos como una especie
do
de portales para otro mundo, hablan que quien muera delante
ha
de uno de estos objetos, puede usarlos como un pasaje entre el
rtil
mundo espiritual y el nuestro.
pa
Había una vivienda de dos pisos en lo alto de la colina en
m
el final de la calle era la última casa y se ubicada un tanto lejos
co
de las otras casas de la calle. La vivienda por la noche en lo alto
r
63
o.
denado. El misterio aumenta pues Mariana vivía sola en la casa.
çã
¿Para quién era la comida puesta en la mesa?
iza
Tonico y Davi subieron las escaleras para mirar el otro piso
tor
mientras João miraba la planta baja.
au
Un frío recorrió las espaldas de João cuando percibió que
m
había muchos rostros pálidos que lo miraban por dentro del gran
se
espejo. Empezó a gritar por Tonico y Davi que bajaran las esca-
leras corriendo. Al llegar al salón no más encontraron su amigo
do
João. Miraron para el espejo y vieron João y los otros dentro de él.
ha
Corrieron para la puerta, pero estaba cerrada y cuando
rtil
intentaron salir por otra puerta que llevaba a la copa de la casa
pa
pudieron mirar alguien que se acercaba. Era una mujer toda de
blanco con una vela en la mano, era Mariana. Ella habló:
m
co
¡Estaba esperando ustedes para la cena!
r
se
64
çã
iza
tor
Glecy Teresinha klegues
au
Tradução de: Caroline Estigarribia
m
se
do
Some people consider mirrors as a gateway to other worlds.
ha
They say that those who die in front of a mirror can use it as a
way to go from this world to a spiritual world.
rtil
pa
There was a two-story house on the upper part of the hill
at the end of a street and it was quite far from the other houses
m
co
of that street. The house, at night, looked like a haunted. It was
beautiful and dark at the same time. During daylight, it was less
r
se
There lived Mariana, a weird girl who almost did not go out
po
of her house and when she did, she talked to nobody. Her parents
and her two brothers had disappeared from town and she used to
ão
One day, three boys, João, Tonico and Davi, were at school
ito
when they heard the story about the big house. They stated they
ire
and challenged them to prove they were brave. To show they were
brave, they would have to go into the house and stay all night
su
long there.
s
po
brave boys to the house. Afraid, they waited in front of the house
ter
while they saw João, Tonico and Davi to jump through the win-
dow and disappear in the dark. Into the wooden house, the atmo-
ma
sphere was weird and cold. Ghostly spirits were projected on the
wall by the light of the boys’ lanterns.
te
Es
65
o.
who was that meal for?
çã
Tonico and Davi went up the stairs to explore the second
iza
floor while João explored the first.
tor
João felt a shiver down his spine when he noticed, for a mo-
au
ment, that several pale faces stared at him from inside the huge
m
mirror. He shouted asking for Tonico and David, who went down
se
the stairs running. When they arrived in the living room, João
was not there. So, they looked at the mirror and saw João and
do
the others inside it.
ha
They ran to the door trying to go out but it was locked. They
rtil
were going to try another door when they saw somebody was
pa
coming. It was a woman in white holding a candle. It was Mari-
ana and she said:
m
co
“I was waiting you to have dinner!”
r
se
After this day, nobody saw the boys again. The neighbors
de
looked for them in vain. Where in the world would our heroes be?
po
ão
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es
66
Es
te
ma
ter
ia lp
os
su
i Di
re
ito
sA
uto
ra
is
en
ão
po
67
de
se
r co
mpa
rtil
ha
do
se
m
au
tor
iza
çã
o.
03/08/2016 13:41:06
o.
O museu dos espelhos
çã
iza
tor
Gisele Gabriela Peña Figueiredo
au
m
se
Marcos e seus amigos Ana, Lucas, Paula e Diego resolveram
pegar a estrada, rumo à serra para acampar. Eles iriam sábado
do
bem cedinho, pois eram muitas horas de viagem até lá e queriam
ha
aproveitar o máximo que pudessem.
rtil
Sábado, às 6 horas da manhã, Marcos passou com seu car-
pa
ro na casa da Ana para buscá-la. Ana e Marcos eram namorados
m
há um ano, eles adoravam viajar com os amigos. Depois de bus-
co
car Ana, passou na casa do Diego, ele e Marcos eram amigos de
infância e sempre andavam juntos. Mais à frente, moravam Paula
r
se
alegria da viagem.
uto
eles pelo desvio. A estrada era muito estranha, rodeada por ár-
Es
vores centenárias, não havia nada em volta, somente eles por ali,
pois não viram mais nenhum carro trafegando por aquela estra-
68
o.
çã
chegando quase ao fim, quando, ao longe, avistaram uma placa
de um posto de gasolina a uns 100 metros. Era a oportunidade
iza
de abastecer e de tentar descobrir onde estavam, porque estavam
tor
totalmente perdidos.
au
O posto fazia parte de uma cidade que parecia estar aban-
m
donada, as casas eram muito antigas, a grama alta e o silêncio
se
era de fazer qualquer um estremecer. Pararam no posto, mas pa-
recia que não havia ninguém; Paula resolveu entrar na lojinha de
do
conveniência para ver se tinha um banheiro. Ao entrar, estava
ha
tudo vazio, ao fundo da loja avistou o banheiro, ela correu para
rtil
lá, porque estava muito apertada. Logo atrás foram Ana e Diego.
pa
Quando saíram do banheiro, viram Marcos e Lucas conversando
m
com um homem baixinho, magro, de cabelos compridos, desgre-
co
nhados e barba longa. Foram ver quem era e se tinham consegui-
do alguma informação.
r
se
voltado e pego o outro desvio e não esse que nos trouxe para cá.
- disse Marcos.
en
-Olha, por aqui não tem não, mas se quiserem, podem ficar
ito
69
o.
çã
vam, Lucas decidiu ir atrás da irmã. Foi caminhando, até que en-
controu uma casa bem diferente das outras, era uma casa grande
iza
de dois pisos, toda espelhada, na frente havia uma placa, onde
tor
dizia: Sejam Bem-vindos ao museu dos espelhos. Lucas imaginou
au
que eles poderiam estar lá dentro, então decidiu entrar. Assim
que entrou, percebeu que assim como o resto da cidade, também
m
se
estava vazio e muito silencioso, mas mesmo assim, decidiu seguir
olhando.
do
ha
Lá dentro havia muitos espelhos, espelhos de todos os ta-
manhos e de todos os tipos, uns destorciam a imagem, outros
rtil
deixavam as pessoas enormes, outros deixavam a pessoa bem
pa
fininha, parecia um labirinto, Lucas seguia passeando entre os
m
espelhos, se divertindo muito com todos eles. Quando chegou ao
co
final da sala, viu um espelho enorme que ocupava a parede toda,
r
diferente, era o único que fazia a pessoa se ver como ela realmen-
de
te era. Ele ficou alguns segundos olhando para ele, à espera que
po
preso nele.
uto
- Não sei, ele não ficou aqui com vocês? – perguntou Paula.
iD
- Vamos, atrás dele, mas vamos juntos, não quero que nin-
ma
- Mas se ele voltar e não nos ver é ele quem vai ficar preocu-
Es
pado, por isso vou ficar aqui no carro, caso ele apareça. - Disse
Diego.
70
o.
Todos foram procurar o amigo e enquanto caminhavam, ob-
çã
servavam o vazio da cidade, aquilo era estranhíssimo. Logo avis-
iza
taram o museu e assim como Lucas, foram entrando, chamando
pelo nome do amigo. Mas ninguém respondia.
tor
au
- Ai, parece que tem alguém nos olhando, que sensação hor-
rível! Vamos sair logo daqui! - disse Ana.
m
se
Depois de andar por quase todos os corredores, chegaram
onde estava o maior dos espelhos, eles também ficaram olhando e
do
esperando que algo acontecesse. Foi quando apareceu a imagem
ha
daquelas pessoas, todas muito espantadas, agoniadas, com um
rtil
olhar de desespero.
pa
-Olhem, é o Lucas! – gritou Paula.
m
Todos olharam surpresos, pensaram que era uma brinca-
co
deira dele e pediam para ele sair, mas ele não podia, ele gritava
r
se
ele, mas nada dele aparecer, então imaginou que o amigo pode-
ria estar no banheiro, entrou correndo na loja e foi até lá, mas
ito
ele não estava. Ao olhar para o espelho que tinha ali, levou um
ire
susto, Diego estava dentro dele, ele também estava preso. Ela
iD
71
o.
çã
da, mas do nada surge no meio da rua um animal, fazendo com
que ela perca o controle do carro, batendo em uma árvore e ro-
iza
lando ribanceira abaixo.
tor
Nunca mais ninguém soube nada sobre os amigos e, de vez
au
em quando, um carro desavisado ia parar na cidade de onde nin-
m
guém jamais voltava.
se
do
ha
rtil
pa
m
rco
se
de
po
ão
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es
72
çã
iza
tor
Gisele Gabriela Peña Figueiredo
au
Traducción: Adriele Martineli Costa
m
se
do
Marcos y sus amigos Ana, Lucas, Paula y Diego decidieron
ha
salir a la carretera, en dirección a la sierra para acampar. Ellos
rtil
irían el sábado muy temprano, porque eran muchas horas de via-
pa
je hasta allá y querían aprovechar al máximo que podrían.
m
Sábado, a las 6 horas de la mañana, Marcos fue con su
co
coche a la casa de Ana para recogerla. Ana y Marcos eran novios
r
73
o.
çã
las horas se pasaban rápidamente, la gasolina estaba llegando
casi a su fin, cuando a lo lejos, avistaron una placa de una ga-
iza
solinera a unos cien metros. Era la oportunidad de abastecer y
tor
de intentar descubrir dónde estaban, porque estaban totalmente
au
perdidos.
m
La gasolinera era parte de una ciudad que parecía estar
se
abandonada, las casas eran muy viejas, la hierba alta y el silen-
cio era de hacer cualquiera estremecer. Pararon en la gasolinera,
do
pero parecía que no había nadie, Paula resolvió entrar a la tienda
ha
para ver si había un baño. Al entrar, estaba todo vacío, al fondo
rtil
de la tienda vio el baño, ella corrió para allí, porque estaba de-
pa
masiado apretada. Detrás de ella fueron Ana y Diego. Cuando sa-
m
lieron del baño, vieron Marcos y Lucas hablando con un hombre
co
bajo, flaco, de pelo largo, despeinados y barba larga. Fueron a ver
r
vuelto y tomado otro desvío y no ese que nos trajo acá – dijo Mar-
en
cos.
Y ahora, ¿qué vamos hacer? Es demasiado tarde para que
is
ra
74
o.
çã
contró una casa muy diferente de las otras, era una gran casa
de dos pisos, toda espejada, delante de ella había una placa que
iza
decía: Bienvenidos al museo de los espejos. Lucas imaginó que
tor
ellos podrían estar allí, entonces decidió adentrarse. Luego que
au
adentró percibió que al igual que el resto de la ciudad, también
estaba vacío y muy silencioso, pero, aun así siguió mirándolo.
m
se
Allá había muchos espejos, espejos de todos los tamaños y
todos los tipos, unos destorcían la imagen, otros que al mirarlos
do
las personas parecían muy grandes, o muy delgadas, parecía un
ha
laberinto, Lucas seguía caminando entre los espejos, divirtiéndo-
rtil
se con todos ellos. Cuando llegó al final de la habitación vio un
pa
enorme espejo que ocupaba toda la pared, él se acercó y todo el
m
entorno se iluminó. El espejo era diferente, era el único que hacía
co
la persona verse como era. Él quedó unos segundos mirándolo
esperando que algo sucediese. De repente comenzó a aparecer
r
se
Vamos tras él, pero vamos juntos, no quiero que nadie más
po
Diego
Vale, pero cuídate mucho – dijo Paula
te
Es
75
o.
nombre del amigo, pero nadie respondía.
çã
Ay, parece que hay alguien mirándonos, ¡qué sensación ho-
iza
rrible! vamos a salir luego de aquí – dijo Ana.
tor
Después de caminar por casi todos los corredores llegaron
au
donde estaba el más grande de los espejos, ellos también se que-
m
daron mirando y esperando que algo sucediese fue cuando apare-
se
ció la imagen de aquellas personas, todas muy espantadas, ago-
nizadas y con una mirada desesperada.
do
ha
¡Miren! ¡Es Lucas! Gritó Paula.
rtil
Todos miraron sorprendidos, pensaron que era una broma
pa
de él y le pedían para salir, pero no podía. Él gritaba y golpeaba
el espejo tratando de advertirlos de lo que había ocurrido, pero
m
co
nadie conseguía comprenderlo.
r
pudo hacia la calle, siempre mirando hacia atrás, corrió por las
en
hasta allá, pero no estaba. Al mirar un espejo que había allí llevó
uto
do. Ella pensó en romper el espejo para ver se algo ocurría, pero
al romper el espejo, lo peor ocurrió, la sangre de Diego comenzó
ito
para el coche y tuvo suerte de que Marcos había dejado las llaves
en el coche. Ella salió a máxima velocidad, por el retrovisor pudo
te
76
o.
y cayendo barranco abajo.
çã
Nadie nunca más supo nada acerca de los amigos y, de vez
iza
en cuando, un coche, incauto paraba en la ciudad, de donde na-
tor
die jamás volvía.
au
m
se
do
ha
rtil
m pa
co
r
se
de
po
ão
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es
77
çã
iza
tor
Gisele Gabriela Peña Figueiredo
au
m
Translated by: Lucas Silva and Anderson Henrique Correia de Souza
se
do
Marcos and his friends Ana, Lucas, Paula and Diego decided
ha
to take the road to the mountains to go camping. They were going
rtil
early on Saturday, for it was a long way trip and they wanted to
pa
enjoy every second.
m
Saturday at 6 am, Marcos picked up Ana. Ana and Marcos
co
had been dating for a year already and they loved traveling with
r
hood friends and were always together. Up ahead lived Paula and
de
Lucas, who were brother and sister and had known Marcos since
po
high school. They were all very excited about the trip to Cachoe-
iras Park, a magic place that they had read about by chance on
ão
With a map in their hands, they took the road very carefully.
Ana was the guide. She read the information to Marcos, while the
is
ra
It was past noon and there were three more hours left to
sA
reach the park. Then, they decided to stop for lunch and stretch
the legs. After lunch, it was time to move on. Now, Lucas would
ito
drive and Paula would read the map, while Marcos and Ana rest-
ire
ed a little.
iD
seat. Suddenly, Lucas braked the car sharply because the road
s
Marcos decided to take the wheel again and take the detour.
te
The road was very strange. There were many centenary trees
Es
along it. There was nothing around. They were the only ones on
that road because they could not see any other car traveling down
78
o.
çã
to the end when, in the distance, they saw a gas station sign that
was about 100 meters away. It was the opportunity to refuel the
iza
car and try to find out where they were, because they knew they
tor
were completely lost.
au
The gas station was located in a city that seemed aban-
m
doned. The houses were very old, the grass was tall and the si-
se
lence would make anyone tremble. They stopped at the gas sta-
tion, but it seemed that there was no one there. Paula decided to
do
enter the convenience store to see if there was a restroom. When
ha
she got into the store, it was completely empty. At the end of the
rtil
store, she spotted the restroom. She went there because her teeth
pa
were floating. Ana and Diego went there, too. When they came out
m
of the restroom, they saw Marcos e Lucas talking with a short,
co
thin man, who had long shaggy hair and a long beard. They went
r
taken the other detour and not the one that brought us here”,
en
Marcos said.
“What should we do now? It’s too late to go back to the road”,
is
ra
said Diego.
uto
“Well, around here there isn’t, but if you want, you can stay
ito
me any time.
s
po
the side of the road, thinking about what they would do.
ma
As they walked, Paula and Diego noticed how quiet the city
te
was. The streets were empty. The houses were all closed. The
Es
79
o.
others. It was a big two-story house, all mirrored. In front of the
çã
house, there was a sign that said ‘Welcome to the Museum of
iza
Mirrors’. Lucas thought they might be there. So, he decided to go
into it. Once he got inside, he realized that, it was just like the
tor
rest of the city: empty and quiet. Even though, he decided to keep
au
searching.
m
Inside, there were many mirrors of all sizes and types. Some
se
distorted the image while others made the person look very thin.
do
It looked like a labyrinth. Lucas kept strolling between the mir-
ha
rors, having a great time with them all. When he went to the end
of the room, he saw a huge mirror that occupied the entire wall.
rtil
He approached it and the whole place lit up. The mirror was dif-
pa
ferent. It was the only one in which you could see yourself as
m
you really were. He stood in front of this mirror for few seconds,
co
waiting for something to happen. Suddenly, the image of some
r
people began to appear. They all had a look of fear and it seemed
se
and Ana saw Lucas was not there, they got worried.
ra
uto
“Yes, he was here. But, as you took too long to come back,
he went after you”, said Ana.
ire
iD
‘Come on. Let’s go find him. But, this time, we are going to-
ial
“But if he comes back and we doesn’t find us, he’s the one
ma
who will get worried. So, I’ll stay in the car, in case he comes”,
said Diego.
te
Es
80
o.
started calling his name. But, there was no answer.
çã
“Oh God, it looks like someone is watching us .What a hor-
iza
rible feeling! Let’s get out of here right away!”, said Ana.
tor
After walking along almost all the corridors, they reached
au
the place where there was the greatest mirror. They stayed there
m
staring at themselves in the mirror, waiting for something to hap-
se
pen. Then, the image of those people appeared again. They were
all very scared and desperate.
do
ha
“Look, it’s Lucas!”, cried Paula.
rtil
They all got very surprised to see his image. They thought
pa
it was a practical joke. So, they asked him to leave, but he could
not. He screamed and hit the mirror, trying to warn them of what
m
co
had happened, but no one could understand him.
r
him. He pointed and desperately hit the mirror, but nobody knew
po
what to do. That was when Ana and Marcos were strongly pushed
and ended up inside the mirror. Paula managed to escape. She
ão
ran as fast as she could towards the street, always looking back.
en
She ran desperately through the streets in despair. When she got
to the gas station, she could not find Diego. She yelled, called his
is
ra
also locked inside it. She decided to break the mirror to see what
would happen. But, when she broke it, worse came to worst:
ito
Paula was desperate. She screamed and cried a lot, when, sud-
iD
denly, she heard someone opening the door of the store. It was
probably the owner of the gas station. She went up to him to get
su
some help, but, when she left the store, she saw Antonio with
s
po
restroom and locked herself. While the man was trying to break
ter
the door down with the sledgehammer, she ran away through
ma
the bathroom window. When he got in, it was too late. She had
already escaped. Paula rushed to get in the car and was lucky
te
Marcos had left the car keys there. She speeded up as fast as she
Es
could. Through the rear-view mirror she could see the murderer
left behind.
81
o.
control of the car and she accidently hit a tree and rolled down
çã
the cliff.
iza
Never again, people heard about the friends. From time to
tor
time, an unadvised car would stop in the city from which no one
au
ever returned.
m
se
do
ha
rtil
pa
m
rco
se
de
po
ão
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es
82
Es
te
ma
ter
ia lp
os
su
i Di
re
ito
sA
uto
ra
is
en
ão
po
83
de
se
r co
mpa
rtil
ha
do
se
m
au
tor
iza
çã
o.
03/08/2016 13:41:09
o.
Portais
çã
iza
tor
Clarissa Helena Martins Schorr e Tatiane Peres Zawaski
au
m
Liana não iria responder, porque simplesmente não respon-
se
deria àquela senhora. Era evidente que ambas estavam em um
do
dia bem ruim, afinal ninguém grita tanto por causa de uma man-
ha
cha de café.
rtil
Nunca deveria ter parado em lugar tão estranho, pensava,
pa
mas dirigir por 6 horas ininterruptas não poderia, precisava co-
m
mer. Já estava há umas duas horas (achava, difícil ter certeza)
co
dirigindo, quando seu organismo gritou por um simples café e
qualquer coisa para encher o buraco de seu estômago.
r
se
pos vazios. Estranho era que, por mais que estivesse acostumada
a passar por ali - bem seguido, diria - nunca reparou na paisa-
ão
aguardava.
ito
84
o.
çã
uma mulher bem mais nova, que tentava demonstrar uma força
que ninguém conseguia ver. Esse casal era mesmo diferente, pois
iza
não estavam comendo nada, estavam apenas ali parados, olhan-
tor
do para o vazio. Na mesa ao lado deles, apenas uma mulher, que
au
usava um lenço muito apertado na cabeça e estava de óculos es-
curos. Ela estava comendo. Seu lanche consistia em duas fatias
m
de pão de sanduíche com algum recheio e um suco que parecia
se
ser de morangos ou beterrabas, pois era vermelho. Ela estava
do
com muita fome, não respirava, apenas comia.
ha
E mais para trás, perto das janelas, duas pessoas apenas.
rtil
Uma menina, que não tinha mais de 12 anos de idade e a velha
pa
senhora - aquela do café - que parecia ser sua avó. A menina dor-
m
mia, a cabeça estava debruçada na mesa. A senhora ainda xin-
co
gava Liana com o olhar enfurecido. Por fim, chegou a atendente.
r
Liana pediu um café bem forte e uma fatia de bolo com cre-
se
cional.
is
Apenas uma voz competia com a dela, não sabia de quem era,
po
nem conseguia ver a dona da voz, sabia que era mulher e gritava
ial
85
o.
çã
Por um instante a voz cessou. Liana passou a escutar uma
música muito calma, muito tranquila. Olhava pelo espelho, seu
iza
reflexo estava estranho, não era a Liana feliz, parecia doente, pa-
tor
recia que estava com muita dor. Ainda assim estava com muito
au
sono e já não conseguia manter os olhos abertos, quase adorme-
cendo, sem conseguir entender o que estava acontecendo. Não
m
queria dormir, lutou bastante contra o sono, impossível. Adorme-
se
ceu assim como a menina que estava com a velha senhora. Um
do
sono muito calmo e tranquilo, sem sonhos.
ha
Quando acordou estava lá ainda, imóvel. Ao seu lado estava
rtil
um senhor, que ela não reconhecia, segurando sua mão. Na sua
pa
frente, uma senhora bastante velha, que lhe sorria amigavelmen-
m
te; também não reconhecia. O que antes era estranho, agora era
co
ainda mais. Queria falar, mas não conseguia, queria entender,
mas ninguém lhe explicava nada.
r
se
pavor, Liana deduziu que o seu devia ser igual. A menina que es-
en
tava dormindo e a velha que gritou não estavam mais lá, mas no
mesmo lugar, um bebê, ainda mais estranho era aquela criança
is
ra
foram os outros?
sA
estavam com ela e, sem sentir medo, aceitou sua condição, mais
iD
Pós-Operatório.
te
porque estava vestida tal e qual. Falou-lhe que a cirurgia foi difícil
e que o médico iria conversar com ela, mas que aconteceu algo
86
o.
cirurgia gritou para sair de um tal café e resmungou que os espe-
çã
lhos eram portais da alma para outra dimensão. Precisaram apli-
iza
car-lhe a anestesia por duas vezes mais. Nunca haviam visto caso
parecido. Passados alguns dias, Liana não lembrava de nada.
tor
au
m
se
do
ha
rtil
m pa
co
r
se
de
po
ão
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es
87
çã
iza
tor
Clarissa Helena Martins Schorr y Tatiane Peres Zawaski
au
m
Traducción: Lucas Pereira Szupszynski
se
do
Liana no quería decir nada, porque simplemente no quería
ha
responder a aquella señora. Era evidente que estaban en un día
rtil
muy malo, ninguna persona grita tanto por una mancha de café.
pa
Nunca debería haber parado en un lugar tan raro, pensa-
m
ba, pero conducir por seis horas continuas no podría, necesitaba
co
comer. Ya estaba por dos horas conduciendo, lo creía, era difícil
r
se
cíos. Raro era que, por más que estuviese acostumbrada a pasar
en
por allí, pasaba a menudo, diría - nunca se dio cuenta del paisaje,
ni de su falta. Liana paró el coche en frente al estabelecimiento
is
blanco, muy blanco, de una mescla de todos los colores que ha-
ra
cían que sus ojos ardiesen. Por detrás de la puerta blanca, que
uto
pero por detrás todos nos ven y ni imaginamos, hay una mesa,
también blanca. Una recepcionista muy simpática la aguardaba.
ito
88
o.
çã
de cansancio y una vida vivida duramente. Él sujetaba la mano
de una mujer mucho más joven, que intentaba demostrar una
iza
fuerza que nadie podía ver. Esta pareja era diferente, porque no
tor
estaba comiendo nada, estaban solamente parados, mirando
au
para el vacío. En la mesa a su lado, apenas una mujer, que vestía
un pañuelo muy apretado en la cabeza y usaba anteojos oscuros.
m
Ella estaba comiendo. Su merienda consistía en dos rebanadas
se
de pan de sándwich con algún relleno y un jugo que parecía de
do
fresa o remolacha, porque era rojo. Ella tenía mucha hambre, no
ha
respiraba, solamente comía.
rtil
Y más atrás, cerca de las ventanas, dos personas solamente.
pa
Una niña, que no tenía más que 12 años de edad y la vieja señora
m
(la misma del café), que parecía ser su abuela. La niña dormía, la
co
cabeza estaba sobre la mesa. La señora aún insultaba Liana con
sus ojos enfurecidos. Por fin, llegó la camarera.
r
se
para mirar. Apenas una voz competía con la suya, no sabía quién
era, ni conseguía ver la dueña de la voz, sabía que era una mujer
ial
vor era inútil. Liana pensó, entonces, que lo mejor era calmarse e
intentar resolver. Ella se sentó, esto conseguía hacer: levantar y
89
o.
rriendo? ¿Quiénes eran aquellas personas?
çã
Por un segundo la voz paró. Liana pasó a escuchar una mú-
iza
sica muy calma, muy tranquila. Miraba por el espejo, su reflejo
tor
estaba extraño, no era la Liana feliz, parecía enferma, parecía
au
que sentía mucho dolor. Aun así tenía mucho sueño y ya no con-
seguía mantener los ojos abiertos, casi quedando dormida, sin
m
conseguir comprender qué estaba ocurriendo. No quería dormir,
se
luchó mucho contra el sueño, imposible. Se durmió como la niña
do
que estaba con la vieja señora. Un sueño muy calmo y tranquilo,
ha
sin sueños.
rtil
Cuando despertó estaba en el mismo lugar, inmóvil. A su
pa
lado había un señor, que ella no reconocía, sujetando su mano.
m
Delante de ella una señora, muy vieja, que le sonría amigable-
co
mente, tampoco la reconocía. Lo que antes era extraño, ahora era
más. Quería hablar, pero no conseguía, quería comprender, pero
r
se
con pañuelo estaba, pero así como ella, estaba en la misma situa-
ción: con dos personas, una delante, otra a su lado sujetando su
ão
ducido que la suya debía ser igual. La niña que estaba durmiendo
y la vieja que gritó ya no estaban, pero en el mismo lugar había
is
un bebé. Mucho más raro era este bebé solito en una silla para
ra
ría comprender, quería volver. Miraba para los que estaban con
ire
ella y, sin sentir miedo, aceptó su condición, una vez más luchó
en contra el sueño. Pero fue derrotada. Se durmió de la mano con
iD
quien no conocía.
su
tada en una cama alta, en una sala con paredes blancas, sin ven-
tanas, con un techo todo hecho de espejos. En las otras camas
ial
Postoperatorio.
te
90
o.
café y reclamó que los espejos eran portales del alma para otra di-
çã
mensión. Fue necesario aplicarle la anestesia por dos veces más.
iza
Nunca habían visto caso similar. Pasados algunos días, Liana no
recordaba de nada de lo sucedido.
tor
au
m
se
do
ha
rtil
m pa
co
r
se
de
po
ão
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es
91
çã
iza
tor
Clarissa Helena Martins Schorr and Tatiane Peres Zawaski
au
m
se
Translated by: Caian Dorneles da Silva de Oliveira
do
ha
Liana would not answer. She simply would not answer that
woman. It was evident that both were having a bad day. After all,
rtil
no one yells that much because of a coffee stain.
pa
She should have never stopped in such a weird place, she
m
co
thought. However, she could not drive for 6 non-stop. She need-
ed to eat. She had been driving for 2 hours already (she was not
r
se
sure; it was hard to tell), when her body cried for a black coffee
and anything to fill the hole in her stomach.
de
po
she would say – she had never noticed the landscape, nor even
missed it. Liana stopped her car right in front of a white store, a
is
very white store. It was a mixture of all the colors, which made
ra
her eyes burn. Behind the white door that looked more like those
uto
old mirrors in which you see your own reflection, but behind them
sA
dreadful! How could she know her name? Liana decided that she
su
should get in, anyway. The receptionist told her to sit down any-
s
where because they would serve her soon. She chose a table next
po
to the window, but with those white curtains that calm people
ial
She should not have done that. She bumped into a woman who
Es
92
o.
çã
At the front table, there was an old man. His tired face
showed he had lived a tough life. He held a very young wom-
iza
an’s hand, who tried to exhibit some strength that no one could
tor
see. That couple was quite different, because they were not eating
au
anything. They were just standing there, looking at the empti-
ness. On the table beside them, there was only a woman, who
m
was wearing a very tight headscarf and dark glasses. She was
se
eating. Her snack were two slices of bread with some filling and
do
some juice that seemed to be made of strawberries or beetroots,
ha
because it was red. She was quite hungry. She did not breathe,
just ate.
rtil
pa
Moreover, farther behind, close to the windows, there were
m
only two people. A girl, who was 12 years old at most and the old
co
woman – the one who was holding the coffee – who seemed to be
her grandmother. The girl was asleep. Her head was on the table.
r
se
The woman still cursed Liana with her enraged look. Finally, the
de
she wondered what her relatives’ reaction would be like when she
is
arrived home. She knew she was a lot different from the moment
ra
emotional difference.
sA
During the whole time she was away, Liana lived unexplain-
able experiences. She lived the way she could. She lived other
ito
peoples’ lives and her own. She lived thinking about those she
ire
from living that again. A few hours from telling the news, telling
su
what she did not even know how to tell or explain. How would she
s
be welcomed? How would she live after this reunion? She felt an
po
She tried to leave the coffee shop. She tried to run. She tried
ter
to scream. Nobody there seemed to care. They did not even raise
ma
their heads to look. Only one voice competed with hers. She did
not know whose it was nor could she see the owner of the voice.
te
She knew it was a woman, who shouted her name. The fear of not
Es
being able to move increased even more. Why did no one notice
she needed help? And whose strange voice was that?
93
o.
was something she could do. She could stand up and sit down,
çã
but without moving her feet. Who could she ask for help, since
iza
everyone looked as still as her? Worse than this, they looked like
statues. Why did she get into that coffee shop? Why was that hap-
tor
pening? Who were those people?
au
For a moment, the voice stopped. Liana began to listen to a very
m
relaxing and quiet song. She looked at the mirror and could see her
se
reflection was weird. She did not look happy, but sick. She seemed
do
to have a lot of pain. Nevertheless, she was very sleepy and could not
ha
keep her eyes open. She was almost falling asleep, without being
able to understand what was happening. She did not want to sleep.
rtil
She was fighting against sleep, but it was impossible. She fell
pa
asleep just like the girl who was with the old woman. A very calm
and peaceful sleep, with no dreams. m
co
When she woke up, she was still there, motionless. Beside
r
se
her, holding her hand, was an old man, who she did seem to rec-
ognize. In front of her, a quite old woman with a friendly smile,
de
but she could not recognize her either. What seemed to be weird
po
before was even weirder now. She wanted to speak, but she could
ão
She looked again through the place. The old man was not
is
there anymore. The woman with the headscarf was, but just like
ra
her, she was in the same situation: two people, one in front of
uto
her, and the other one by her side holding her hand. The woman
sA
had a scary look, so Liana deduced that hers was the same. The
girl who was sleeping and the woman who yelled were not there
ito
anymore. Yet, in the same place, there was a baby. It was even
ire
does not find them, Liana prayed, and asked God to get her out
po
of there. She did not even want to understand. She just wanted
ial
to go leave. She looked at the ones who were there with her and,
ter
without being afraid, accepted her condition and, once again, she
fought against sleep. She gave in. She fell asleep holding hands
ma
Liana woke up and realized she was not at the coffee shop
Es
anymore. She was lying on a high bed, in a room with white walls,
windowless, and a ceiling covered by mirrors. On neighboring
94
o.
çã
In the blink of an eye, a nurse came in, because that was
what she looked like. She told Liana that the surgery had been
iza
difficult and that the doctor would talk to her, because something
tor
strange had happened during the procedure. After she was giv-
au
en anesthesia, she took too long to fall asleep. She seemed to be
somewhere else. She did not close her eyes and did not answer.
m
She looked up and in the middle of the surgery, she screamed
se
and asked to get out of a coffee shop and grumbled something
do
about mirrors that were soul portals to another dimension. They
ha
had to give her anesthesia twice more. They had never seen such
a case before. After some days, Liana did not remember anything
rtil
else.
m pa
co
r
se
de
po
ão
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es
95
Es
te
ma
ter
ia lp
os
su
i Di
re
ito
sA
uto
ra
is
en
ão
96
po
de
se
r co
mpa
rtil
ha
do
se
m
au
tor
iza
çã
o.
03/08/2016 13:41:11
o.
Espelho da alma
çã
iza
tor
Joyce Aparecida Cardoso e Renata Normann
au
m
Em uma cidade nos arredores de Porto Alegre, duas amigas
se
estavam em uma festa animada, cheia de garotos e, como elas se
achavam as mais belas entre todas que ali estavam, começaram a
do
mostrar para que vieram e começaram a debochar e a zombar das
ha
menos afortunadas em termos de beleza e sensualidade. E lá se
rtil
encontrava entre diversas moças Nancy, que era uma moça tími-
pa
da, porém muito sorridente. Entretanto, com a morte da sua mãe,
Nancy entrou em uma forte depressão e as amigas a levaram para
m
co
a festa a fim de fazê-la se divertir. Mas as belas e más meninas,
ao saberem das intenções das amigas, trancaram-na no porão,
r
se
de onde ela não podia sair, e o que era pior, a garota passou a
sentir-se violentada o tempo todo pelos espelhos que lá se encon-
de
golpe com sua boneca de pano na cara de uma das belas, mas
uto
mãe havia lhe deixado ao se debater no chão, e ainda sem ar, dis-
su
atormentada moça.
O tempo foi passando e as malvadas amigas continuaram a
97
o.
pois sua vida foi destruída pela vaidade e arrogância de meninas
çã
malvadas.
iza
Como tudo na vida, o tempo passa e as amigas, em certo
tor
dia, foram a uma loja de conveniência e lá viram uma cabine de
au
fotos instantâneas; tão logo entraram, viram um espelho que pa-
recia normal e começaram a fazer caras e bocas enquanto as fo-
m
tos eram tiradas. Até aquele momento, pura diversão e alegria até
se
que ao pegar as fotos, viram no reflexo do espelho Nancy em um
do
vestido branco e deslumbrantemente, bela e as amigas com seus
ha
rostos deformados, cheios de cicatrizes e olhares tristes. As me-
ninas acharam divertidas as fotos e de forma debochada relem-
rtil
braram da pobre Nancy e naquele momento acharam que tudo
pa
seria uma brincadeira divertida, feita por alguém que passou a
admirar as duas pelo que fizeram e que agora tinham ganhadom
co
reconhecimento de sua obra macabra.
r
se
verão, assim como elas, o seu verdadeiro EU. Terão, como elas,
ito
professores da vida.
te
Es
98
çã
iza
Joyce Aparecida Cardoso y Renata Normann
tor
au
Traducción: Joyce Aparecida Cardoso y Renata Normann
m
se
do
En una ciudad cerca de Porto Alegre, dos amigas estaban
en una fiesta animada, llena de chicos. Ellas se sentían las más
ha
bellas entre todas que allí estaban y por eso empezaron a burlar-
rtil
se y chancear de las menos afortunadas en cuestión de belleza
pa
y sensualidad. Y allá se encontraba, entre diversas muchachas,
m
Nancy, que era una chica tímida, pero muy sonriente. Sin embar-
co
go, con la muerte de su madre, Nancy tuvo una fuerte depresión
y las amigas la llevaron a la fiesta con la finalidad de hacerla di-
r
se
téis…”
ma
99
o.
çã
ciendo nuevas víctimas con su prejuicio desmedido, olvidando de
las palabras de Nancy, que acabó por morirse semanas después,
iza
pues entró en una depresión profunda porque su vida había sido
tor
destruida por la vanidad y arrogancia de muchacha malas.
au
Como todo en la vida, el tempo pasa y las amigas, otro día,
m
fueron a una tienda de conveniencia y allá miraron una cabina
se
de fotografía instantánea. Tan pronto entraron, vieron un espejo
que parecía normal. Entonces empezaron a hacer caras y bocas
do
mientras sacaban las fotografías. Hasta aquel rato, solamente di-
ha
versión y alegría hasta que agarraron las fotografías. En este mo-
rtil
mento, vieron en el reflejo del espejo Nancy en un vestido blanco,
pa
deslumbrantemente bella y sus propias caras deformadas, llenas
m
de cicatrices y miradas tristes. Las muchachas encontraron di-
co
versión en las fotografías y de broma recordaron la pobre Nancy.
Y en aquel rato imaginaron que todo era una broma divertida he-
r
se
cha por alguien que empezó a admirarla por lo que hicieron y que
ahora habían ganado reconocimiento de su trabajo macabro.
de
po
plido.
ter
espejo del alma para verse verdaderamente. Los errores son los
maestros de la vida.
100
0
çã
iza
tor
Joyce Aparecida Cardoso and Renata Normann
au
Translated by: Henrique M. Abreu
m
se
do
In a town in the outskirts of Porto Alegre, two friends were in
ha
a cheerful party, filled with boys, and since the two girls thought
they were the most beautiful girls there, they decided to show
rtil
what they had come for, and started mocking the less fortunate
pa
girls in terms of beauty and sensuality. And there was, amongst
m
all of them, Nancy, who was a shy yet very cheerful girl. However,
co
due to her mother’s passing, Nancy fell into depression, and her
r
friends had brought her to the party to have some fun, But when
se
the beautiful and mean girls found about their intentions, they
de
out. And the worst part was that she started feeling violated all
the time by the mirrors which were in that dusty place, mirrors
ão
that were broken and deformed, showing her face as if she were
en
a freak.
One day, after the party, tired of that sorrow and having her
is
ra
tormented soul filled with pain, Nancy tried to fight back attack-
uto
ing with words of aggression the girls who had submitted her to
that endless torture, and in a moment of fury, attacked one of the
sA
girls with her ragdoll. Enraged, the two girls beat Nancy up, and
ito
suffocated her with her own ragdoll and said “Nancy, not even in
ire
The girl ended up in the hospital, and when she looked her-
self in the mirror, she was all deformed. She dropped the mirror
su
her mother had given her. Gasping for air, she whispered her
s
po
final words:
ial
The mean girls were scolded and told everyone that they
ma
regretted it, and they would never act like that again, but, as ex-
pected, those were meaningless words. They actually were proud
te
of what they had done to poor Nancy, and as if it were not enough,
Es
they started making fun of the last words that the poor and tor-
mented girl had said.
101
o.
depression she had suffered for having her life destroyed by the
çã
vanity and arrogance of those mean girls.
iza
As everything in life, time passed, and one day the girls went
tor
to a convenience store and saw a booth for instant photos. As
au
soon as they got in, they saw a mirror that seemed normal and
started making silly faces as the photos were taken. They were
m
having fun until the moment they took the pictures. They saw
se
Nancy in the reflection of the mirror, in a white dress, gorgeous,
do
and the girls had deformed faces, filled with scars and sad eyes.
ha
The girls found the photos fun and remembered poor Nancy and
thought that the pictures were a kind of practical joke by some-
rtil
one who admired them for what they had done and wanted to
pa
acknowledge their macabre work.
m
co
However, since that day, the happiness, the jokes, the count-
less hours in front of the mirror turned into sadness, delusion,
r
se
fear and feelings of guilt. From that point on, they would see their
true selves in the mirror and find out that, despite still having
de
of their souls, dark and ugly. They started to live isolated and sad,
and every time they looked in the mirror or were photographed
en
happy because through the mirror she would haunt the souls of
ra
those who are like the girls who always wanted to be seen, and
uto
now would be reflected as their true selves. They will have their
souls exposed, just like the mean girls, and they will feel the ug-
sA
liness of judging others. The reflection will tell stories about the
ito
person that even the person on the other side would not know.
ire
And, the most interesting part? After a while, you find out that
the person that is looking back at you has a mystery to be solved.
iD
su
ing out who you are is never too much. Look at yourself in the
mirror of the soul to see your true self. Mistakes are the teachers
ial
of life.
ter
ma
te
Es
102
Es
te
ma
ter
ia lp
os
su
i Di
re
ito
sA
uto
ra
is
en
ão
103
po
de
se
r co
mpa
rtil
ha
do
se
m
au
tor
iza
çã
o.
03/08/2016 13:41:13
o.
Reflexos Insanos
çã
iza
tor
Bruna Pereira Lumertz e Tamires da Silva Loss
au
m
Flores secas, os vasos quebrados e apenas restara um sicô-
se
moro velho na frente do antigo prédio. A clínica Santa Esperança
era talvez o último resquício de vida que restava para os pobres
do
doentes mentais do pequeno vilarejo de Vilalva. Cada paciente da
ha
clínica era tratado pelo doutor Fernando, médico de uns quaren-
rtil
ta, quarenta e dois anos, aparentemente, homem solitário, mas
pa
muito misterioso.
m
Todo o santo dia ele chegava por volta das sete e meia da
co
manhã e saía às sete da noite, quase doze horas de atendimento.
r
senciado uma morte, morte que teve como vítima fatal sua mãe.
iD
104
o.
um detalhe que Fernando não sabia: uma das enfermeiras, Rosa,
çã
mais conhecida como “Rosa venenosa”, colocava uma substância
iza
de procedência duvidosa na água dos pacientes, muitas vezes,
tor
causando alucinações em suas mentes, ocasionando sessões en-
au
sandecidas de loucura pelos corredores da clínica.
Porém o Doutor foi alertado por um espírito que aparecia no
m
se
espelho do saguão da clínica:
do
- Fernando, Fernando! Sou eu, sua amada Liz. Quero que
estejas preparado para o pior!
ha
rtil
- Meu Deus, quem fala assim?! - Exclamou num sobressalto
assustador.
m pa
- Vai acontecer um assassinato! Rosa vai ser morta! - E de-
co
sapareceu como um vulto no ar.
r
se
corpo.
uto
105
o.
çã
ra! Deixe-me viver em paz! Até depois de morta me persegue!
iza
Então um feixe de luz atravessou o espelho quebrando-o
em mil pedaços, atingindo o doutor e ferindo-o na testa com um
tor
grande machucado. Santa Esperança acabou fechando de vez
au
suas portas, os outros pacientes e funcionários foram removidos
m
para locais diferentes, já o doutor Fernando acabou ficando com
se
sérios problemas psicológicos, e foi para um sanatório onde havia
um velho sicômoro na frente do prédio...
do
ha
rtil
mpa
co
r
se
de
po
ão
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es
106
çã
iza
tor
Bruna Pereira Lumertz y Tamires da Silva Loss
au
Traducción: Jordana Borck Ramos
m
se
Flores secas, los vasos rotos y sólo quedara un sicomoro
do
viejo en frente al antiguo edificio. La clínica Santa Esperanza era
ha
tal vez el último vestigio de vida que permanecía para los pobres
rtil
enfermos mentales del pequeño pueblo de Vilavalva. Cada uno
pa
de los pacientes de la clínica era tratado por el médico Fernando,
médico de unos cuarenta, cuarenta y dos años, aparentemente,
m
co
hombre solitario, pero muy misterioso.
r
gusto peculiar por los espejos, pues en una de sus consultas con-
ito
oval del tocador en la cabeza, los pedazos eran tan grandes que
ial
107
7
o.
zar prontuarios, distribuir orientaciones a los enfermeros, pues
çã
eran treinta internos, los cuales inspiraban grandes cuidados.
iza
Solo que había un detalle que Fernando no sabía que una de
tor
las enfermeras, Rosa, más conocida como “rosa venenosa”. Ella
au
ponía una sustancia de procedencia dudosa en el agua de los pa-
cientes, muchas veces, causando alucinaciones en sus mentes,
m
ocasionando sesiones ensandecidas de locura por los corredores
se
de la clínica.
do
Sin embargo el doctor fue alertado por un espíritu que apa-
ha
recía en el espejo en la sala de la clínica.
rtil
-¡Fernando, Fernando! Soy yo, su amada Liz. Quiero que
pa
estés preparado para lo peor!
m
-Dios mío, ¿quién habla así?! – Exclamó como en un sobre-
co
salto asustador.
r
se
meses y nada ocurría, hasta que cierto día una sorpresa sucedió:
el espejo de enfrente tenía marcas de sangre y una hendidura
is
ra
central.
uto
por su cuerpo.
ire
miró algo que no quería mirar. Allí, justo en el medio del sitio, es-
po
108
8
o.
çã
En este momento, Fernando mira la imagen de una mujer
demoniaca y grita muy fuerte:
iza
¡Basta! Yo no quiero mirarla más, ni siquiera en espíritu, ví-
tor
bora! Déjame vivir en paz! ¡Hasta después de muerta me persigue!
au
Entonces un haz de luz atravesó el espejo rotando en mi-
m
llones de pedazos, alcanzando el doctor e hiriéndolo en la frente
se
con una gran herida. Santa Esperanza acabó cerrando de vez
do
sus puertas, los demás pacientes y funcionarios fueran removi-
ha
dos para diferentes sitios, ya el doctor Fernando acabó con serios
problemas psicológicos, y fue para un sanatorio donde vivía un
rtil
viejo sicomoro delante del edificio...
m pa
co
r
se
de
po
ão
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es
109
9
çã
iza
tor
Bruna Lumertz and Tamires Loss
au
Translated by: Letícia Pegoraro Alves
m
se
Dry flowers, broken vases and there was only an old syca-
do
more left in front of the ancient building. The Santa Esperança
ha
clinic was, perhaps, the last trace of life for the poor intellectual
rtil
patients in the small village of “Vilalva”. Dr. Fernando, a doctor,
pa
who was forty, forty-two years old, apparently, a lonely but very
m
mysterious man, treated each patient. co
Every single day, he arrived about 07:30am and left the clin-
r
There were people with all types of diseases of the mind. Some
de
nated with mirrors. In the clinic, there was only one, located in
en
the lobby. It was unique and very beautiful, with a golden frame,
always reflecting the image of the person who arrived first.
is
ra
mirror of the dresser in her head; the pieces were so big that one
s
po
became well known for the murders that happened in the past,
ma
all the victims had been injured the same way: they had the left
eye punctured. However, that happened before Dr. Fernando’s
te
arrival.
Es
110
o.
great care. However, Fernando did not know a detail. One of the
çã
nurses, Rosa, better known as “poisonous Rosa”, used to put a
iza
suspicious substance in the patient’s water, which, most of the
times, generated hallucinations in their minds, causing moments
tor
of madness in the clinic’s corridors.
au
However, a spirit that appeared in the mirror of the clinic’s
m
lounge warned the doctor:
se
“Fernando, Fernando! It is me, your beloved Liz. I want you
do
to be prepared for the worst!”
ha
“Oh, My Goodness! Who speaks that way?”, he exclaimed as
rtil
in a scary shock.
pa
“A murder will happen! Rosa will be killed.”, and disap-
m
co
peared as wind in the air.
r
Then, one day, there was a pleasant surprise: the mirror of the
lounge had blood marks and a crack in the middle.
ão
“When, how and who has done this?”, paralyzed with the
en
image, Fernando looked for Rosa and found her in his bedroom,
with the two eyes punctured and with pieces of the mirror stuck
is
ra
in her body.
uto
find him: only bottles with the mysterious substance that Rosa
used to drug the patients. When the doctor went down to the lob-
ito
by, he saw something that he did not want to see. There, in the
ire
where he saw his dead wife holding a dry carnation in her left
ial
111
o.
çã
me!
iza
Suddenly, a beam of light crossed the mirror, breaking it
in a thousand pieces, hitting the doctor and hurting him in the
tor
forehead with a big injure. ”Holy Hope” has closed the doors for
au
good. The other patients and employees were transferred to dif-
m
ferent places, whereas Dr. Fernando ended with serious mental
se
problems, and went to a sanatorium, where there was an old syc-
amore in front of the building.
do
ha
rtil
mpa
co
r
se
de
po
ão
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es
112
Es
te
ma
ter
ia lp
os
su
i Di
re
ito
sA
uto
ra
is
en
ão
po
113
de
se
r co
mpa
rtil
ha
do
se
m
au
tor
iza
çã
o.
03/08/2016 13:41:14
o.
Espelho de almas
çã
iza
tor
Mariéli Tubino Maia
au
m
Vou contar-lhes uma história que ouvi há um tempo atrás.
se
Certa noite, estavam reunidas algumas mulheres em um bar por
do
motivo de uma trivial comemoração. Celebravam as alegrias da
ha
vida ou reuniam-se para observar os defeitos uma das outras?
rtil
Poderiam mesmo confiar entre si? Ali o que predominava era o
doce desejo de parecer melhor. Isso mesmo: parecer melhor! Ser
pa
melhor ficava em segundo plano. Mas há duas coisas no mundo
m
que ninguém pode enganar. Uma delas, a consciência. A outra,
co
o espelho.
r
se
Dizem que toda mulher, por menos vaidosa que seja, não
de
114
o.
çã
rência. Saibas que o que vês agora é a tua imunda alma. Horripi-
lante és por dentro, mulher! Alma de desejos fúteis, preocupada
iza
com o parecer e não com o ser! Eis que morres a cada dia, por
tor
dentro. Tua alma está sendo corroída pelo veneno da vã vaidade.
au
Vai! Busca tuas amigas para que elas possam enxergar-se tam-
bém! Estás com medo de que possam te ver assim nesse estado
m
deplorável?
se
A mulher, muito perturbada com tamanha bizarrice, prefe-
do
riu desistir da vida naquele momento. Tudo aquilo fora para ela
ha
muito mais que pudera suportar.
rtil
Quando uma das amigas percebeu sua ausência, foi ao ba-
pa
nheiro para procurá-la. Foi também até a última portinha, cha-
mando-a.
m
co
O que relata o dono do bar é que essa também não suportou
r
se
- Fique à vontade!
ão
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es
115
çã
iza
tor
Mariéli Tubino Maia
au
m
Traducción: João Diogo dos Anjos Trindade
se
do
Voy a contar una historia que oí hace mucho tiempo. Una
ha
noche, estaban reunidas algunas mujeres en un bar para una
rtil
conmemoración cualquier. ¿Conmemoraban las alegrías de la
vida o se reunían para mirar los defectos una de las otras? ¿Po-
pa
drían de verdad creer una en la otra? En aquel ambiente lo que
m
más se percibe es el deseo de parecer mejor. ¡Sí, parecer mejor!
co
Ser mejor quedaría para un según plano. Pero hay dos cosas en
r
se
116
o.
çã
aunque estés bella, solo te quejas y pones defectos en tu aparien-
cia. Sepas que lo que miras ahora es tu horrible alma. ¡Asustado-
iza
ra es por dentro, mujer! ¡Alma de deseos frívolos, preocupada con
tor
el parecer y no con el ser! Mueres a cada día por dentro. Tu alma
au
se destruye por el veneno de vanidades vanas. ¡Vete! ¡Busca a tus
amigas para que ellas también puedan mirarse! ¿Tienes miedo de
m
que ellas puedan mirarte así, horrible?
se
La mujer, muy perturbada con toda esa rareza, decidió por
do
desistir de la vida en aquel rato. Todo aquel acontecimiento fue
ha
mucho más que ella pudiera soportar.
rtil
Cuando una de las sus amigas, se dio cuenta de su la
pa
falta, fue al baño para buscarla. Fue también hacia la puertita
llamando a su amiga.
m
co
Lo que relata el propietario del bar, es que la amiga tampoco
r
se
respondió:
ão
-¡Esté a gusto!
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es
117
çã
iza
tor
Marieli Tubino Maia
au
m
Translated by: Vera Lucia de Lima Bobsin
se
do
I will tell you a story that I heard a long time ago. One night,
ha
some women gathered in a bar for a trivial celebration. Were they
rtil
celebrating the joys of life or did they gather to observe each oth-
pa
er’s faults? Could they really trust each other? Over there what
prevailed was the sweet desire to look better. That´s right: to look
m
co
better! Being better came second. But, there are two things in the
world that no one can deceive. One of them is consciousness. The
r
se
They say women, even those who are not that conceited,
po
cannot see a mirror and not check their image right away. Some
have the ability to see what they really are. Others see only what
ão
keen desire: they would rather stay in the shallow level of appear-
ances.
ire
iD
Therefore, on that night and with a thin fog out there, one
of them spoke endlessly. The woman that sat on her right, a lit-
su
tle tired already, stood up and went to the toilet. As she got into
s
po
the toilet, she noticed there wasn´t a mirror in which she could
retouch her lipstick. She soon felt an unpleasant sensation. How
ial
could a women´s toilet lack such a useful object? She kept walk-
ter
ing to the end of the corridor and on the last little toilet door there
ma
retouch not only the makeup on her lips, but on the whole face.
Es
118
o.
çã
“How dare you, creature? Every time you approach, no mat-
ter how beautiful you are, you do nothing but complain and criti-
iza
cize your appearance. You should know that what you see now is
tor
your filthy soul. Horrendous you are inside, woman! Soul of friv-
au
olous desires, concerned about what you look like and not what
you are! Lo and behold, you die every day, inside. The poison of
m
vain vanity is eroding your soul. Go! Bring your friends so that
se
they can see themselves, too! Are you afraid that they might see
do
you in this miserable condition?
ha
The woman, very upset with such bizarreness, decided to
rtil
give up life at that moment. Everything had been too much for
pa
her, more than she could have endured.
m
When one of her friends noticed her absence, she went to
co
the toilet to look for her. She also went to the last little door, and
r
called her.
se
The owner of the bar says that this woman could not bear
de
seeing her own soul reflected in the mirror. And, perhaps, this
po
might have happened with the others. I asked him if I could come
ão
119
Es
te
ma
ter
ia lp
os
su
i Di
re
ito
sA
uto
ra
is
en
120
ão
0
po
de
se
r co
mpa
rtil
ha
do
se
m
au
tor
iza
çã
o.
03/08/2016 13:41:16
o.
A penteadeira
çã
iza
tor
Andréia de Souza Avancini e Magali Müller Araújo
au
m
A história que será apresentada passou-se há muitos anos
se
em uma cidadezinha do interior, onde as meninas eram muito
do
protegidas por seus pais, que as preparavam apenas para o ca-
ha
samento. Inajara sempre foi diferente das demais, era uma moça
bonita, de cabelos compridos e pretos, e um olhar angelical, tinha
rtil
lá os seus 18 anos, gostava muito de estudar e tinha muitos so-
pa
nhos, não queria apenas casar e ter filhos, não queria aquela vida
comum, pensava em brilhar.
m
co
Inajara, desde criança, adorava brincar em frente à pentea-
r
se
segredo, suas costas doíam um pouco, mas nada que ela não
suportasse, sempre se examinava para ver o que estava aconte-
te
121
o.
çã
Observando tudo que acontecia, ela sempre estava em fren-
te ao espelho a olhar-se, sua mãe brigava às vezes dizendo que
iza
Inajara não sabia fazer mais nada da vida a não ser olhar–se
tor
no espelho, precisava sim era casar-se e arranjar um marido. A
au
menina ficava triste com as coisas que sua mãe dizia, e acabava
sempre mergulhando nos seus pensamentos para que não se per-
m
desse naquele caminho que sua mãe queria que ela percorresse.
se
Um dia, Inajara acordou e o sol brilhava forte em sua janela,
do
abriu os olhos com um pouco de dificuldade, quando tentou le-
ha
vantar, algo esquisito acontecia, olhou em volta e estava coberta
rtil
por penas brancas. Quando se olhou no espelho, ficou perplexa,
pa
asas enormes e brancas haviam crescido em suas costas, ao mes-
m
mo tempo em que se assustou, achou aquelas asas muito espe-
co
ciais e belas, ficou, mais uma vez, sem saber o que fazer, como
ia sair do quarto daquela forma. Ali permaneceu por vários dias,
r
se
Boa tarde!
ter
ma
te
Es
12
122
çã
iza
tor
Andréia de Souza Avancini y Magali Müller Araújo
au
Traducción: Mabel Nunes Moraes y Fernanda Marques Martins
m
se
do
La historia que será presentada se pasó hace muchos años
ha
en una ciudad del interior, donde las niñas eran muy protegidas
por sus padres, que las preparaban apenas para el casamiento.
rtil
Inajara siempre fue diferente de las demás, era una niña guapa,
pa
de pelo largo y negro, y tenía una mirada angelical, tenía sus
m
18 años, le gustaba mucho estudiar y tenía muchos sueños, no
co
quería apenas casar y tener hijos, no quería aquella vida común,
r
pensaba en brillar.
se
123
123
o.
çã
Observando todo lo que pasaba, siempre estaba delante del
espejo a mirarse, su madre por veces peleaba, diciendo que Inaja-
iza
ra no sabía hacer nada más en la vida, sino mirar-se en el espejo,
tor
necesitaba sí, era casarse y encontrar un marido. La chica se
au
quedaba triste con las cosas que su madre le decía, y terminaba
siempre inmersa en sus pensamientos para que no se perdiese en
m
el camino que su madre le había elegido.
se
Un día, Inajara se despertó y el sol brillaba fuerte en su ven-
do
tana, abrió sus ojos con un poco de dificultad, cuando intentó le-
ha
vantarse, algo raro pasaba, miró a su alrededor y estaba cubierta
rtil
con plumas blancas. Cuando se miró al espejo, se quedó perpleja,
pa
alas muy grandes y blancas habían crecido en su espalda, se
m
asustó y a la vez las vio muy especiales y bellas. Una vez más, no
co
sabía qué hacer, cómo iba a salir de la habitación de esa manera.
Ahí permaneció por varios días, apenas ponía el rostro afuera de
r
se
madre cosía un abrigo, ella apareció en la sala con sus alas abier-
en
sus alas y dijo que no sabía el motivo de eso, pero que se sentía
sA
12
124
çã
iza
tor
Andréia de Souza Avancini and Magali Müller Araújo
au
Translated by: Jaqueline Ruscher Souto
m
se
do
The story that is about to be told happened many years ago
ha
in a very small city in the countryside, where girls were overpro-
tected by their parents, who brought them up just aiming at their
rtil
marriage. Inajara had always been different from the other girls;
pa
she was beautiful, had long and black hair and an angelical look.
m
At that time, she was about 18 years old, enjoyed studying very
co
much and had many dreams. She definitely did not want only to
r
marry and have children; she really did not want that ordinary
se
lieve she was a TV artist. She used to sing, talk to herself and use
the flanges of the mirror of the dressing table as if they were TV
is
ra
Time went by and the girl became a woman, but the dressing
sA
table was still her favorite hobby; as if it were a great friend. And
there she kept on looking at herself for hours and hours, but she
ito
floated when she sat and saw her reflection in the mirror.
iD
back was heavy which was quite weird. Something she had never
s
felt before. She stood up and went to the mirror when she saw
po
protruding and red. For a moment, she stood still and did not
ter
know what to do. However, she decided to hide it because she did
not want her mother to get worried. Therefore, she just put on a
ma
Days went by and the girl kept her secret. Her back ached a
Es
little but nothing that she could not stand. She always examined
herself to check her body but, unfortunately, that protrusion just
125
125
o.
back was getting bigger every day. Her mother was already sus-
çã
picious that something was wrong. Yet the girl disguised that sit-
iza
uation very well.
tor
As Inajara was always in front of the mirror, her mother,
au
now and then, argued with her because she did nothing else in
her life besides looking at herself in the mirror. For her mother,
m
all she really needed was to find a husband and get married. The
se
girl used to get sad because of the things her mother said to her
do
and she always ended up diving into her own thoughts not to get
ha
lost into that road that her mother wanted her to follow.
rtil
One day, Inajara woke up and the sun was shining brightly
pa
in her window. She opened her eyes with some difficulty stand-
m
ing up. Something weird had happened. She looked around and
co
noticed white feathers covering her back. When she looked her-
self in the mirror, she got bewildered: huge white wings that
r
se
had grown on her back. However, at the same time that she got
scared she found those wings quite beautiful and special. Once
de
again, she did not know what to do. How would she leave her bed-
po
room? Therefore, there she remained for many days. She barely
ão
stretched her face out of the door when her mother called her.
Her bedroom, she just left it furtively and spent the whole day
en
Then, one day, while her mother was sowing a coat, Inajara
ra
built up courage and appeared in the living room with her wings
uto
age. At first, when her mother saw that, she thought it was a
carnival costume, but soon she realized those wings were part of
ito
horrified. Inajara shrank her wings and told her mother she could
iD
not understand that entire situation, but she felt great anyway
su
and, so, there was no reason to get scared just because she was
different. Then, she went slowly to the window, opened her wings
s
po
and set out to fly. Her mother ran to the street and Inajara flew
up to the sky just as a light and there she remained, sparkling.
ial
ter
a nice afternoon!
Es
126
126
Es
te
ma
ter
ia lp
os
su
i Di
re
ito
sA
uto
ra
is
en
ão
127
127
po
de
se
r co
mpa
rtil
ha
do
se
m
au
tor
iza
çã
o.
03/08/2016 13:41:17
o.
Nem tudo é o que parece
çã
iza
tor
Franciele dos Santos e Bruna Cinara Dutra Rosa
au
m
se
Era seu primeiro dia de aula na universidade e Ananda es-
tava muito ansiosa. Ao chegar, ficou sozinha, pois não conhecia
do
ninguém, sua primeira aula do curso de Psicologia com um pro-
ha
fessor muito charmoso, que trazia em seu olhar mistérios que
rtil
nunca alguém havia desvendado, deveria ter 35 anos; ela, ao
pa
olhar para ele se encantou.
m
Ananda tinha 18 anos, uma menina muito doce e meiga,
co
nunca havia namorado alguém e era o orgulho de seus pais que
r
cuidavam dela como se ainda fosse uma criança. Era filha única
se
e a mãe não podia mais ter filhos devido a complicações que teve
de
no parto de Ananda.
po
nova aluna seria uma presa fácil em suas mãos e o quanto seria
po
se aproximar de Ananda.
ma
forma como todos olhavam para ela na faculdade, mas tudo mu-
dou na segunda aula com o professor charmoso.
12
128
o.
todos e que podia contar com sua ajuda. Convidou-a para tomar
çã
um café depois da aula, Ananda não se sentiu confortável e re-
iza
cusou:
tor
- Não, obrigada, está muito tarde e tenho que ir para casa.
au
Ele ficou furioso quando ela recusou o convite, essa estraté-
m
gia nunca havia falhado.Com a mente fervendo, decidiu que não
se
iria desistir, pois ela era o perfil ideal para satisfazer seus desejos
insanos.
do
ha
Ananda estava apavorada, nunca alguém a havia convidado
para tomar café, encantada com aquele homem que se importava
rtil
com tudo o que ela estava passando, e não estava sendo fácil se
pa
adaptar àquelas mudanças. Logo, ela decidiu que se tivesse ou-
m
tra oportunidade, não recusaria. Era a chance de fazer com que
co
todos a olhassem de outro jeito, afinal ele era um professor muito
r
falar com ela, convidou-a para almoçar, assim não teria problema
com o horário. A menina, desta vez, não pôde recusar e aceitou o
is
légio que poucos tinham. No caminho para casa, ele estava muito
su
12
129
o.
çã
ao perceber que ela estava olhando, Rever lhe disse que eram
manchas de vinho; ela despreocupou-se, afinal a casa era lin-
iza
da, aquele homem era muito querido e ela estava completamente
tor
apaixonada. Alguns momentos depois, o tão esperado aconteceu,
au
foram ao laboratório; ao entrar, Ananda se deparou com um lugar
escuro e fétido, que tinha ao fundo uma sinfonia de Beethoven, e
m
atrás dela, a porta se fechou.
se
Logo Rever chegou para fazer as honras da casa, vestido de
do
branco, ele tinha nas mãos seu copo de uísque,
ha
- Quer um pouco?
rtil
pa
- Não, me deixe ir embora, disse apavorada
m
- Ainda está cedo e as surpresas estão por vir.
co
Quando ele acendeu as luzes, ela observou ao redor e viu
r
se
13
130
çã
iza
tor
Franciele dos Santos y Bruna Rosa
au
m
Traducción: Franciele dos Santos y Bruna Rosa
se
do
Era su primer día de clase en la universidad y Ananda es-
ha
taba muy ansiosa. Al llegar se quedó solita, pues no conocía a na-
rtil
die, su primera clase del curso de psicología fue con un maestro
pa
muy hermoso, que traía en sus ojos misterios que nunca alguien
había descubierto, debía tener unos treinta y cinco años. Ella al
m
co
mirar para él se enamoró.
r
que cuidaban de ella como se todavía fuese una niña. Era hija
po
sus compañeros de clase, dijo que estaba muy contenta por ha-
ber conseguido ingresar a la universidad y con mucho miedo,
is
ra
alumna nueva sería una presa fácil en sus manos y como sería
ial
divertido jugar con todo aquella ingenuidad. Con sus ojos ma-
ter
131
o.
çã
Dijo que había percibido cuanto ella estaba distante de todos y
que podía contar con su ayuda. La invitó para tomar un café des-
iza
pués de la clase, Ananda no se sintió confortable y rechazó.
tor
- No, gracias está muy tarde y tengo que volver para casa.
au
Él se puso furioso cuando ella rechazar la invitación, esa
m
estrategia nunca había fallado. Con la mente hirviendo decidió
se
que no desistiría, pues ella era el perfil ideal para satisfacer sus
do
deseos insanos.
ha
Ananda estaba aterrorizada, nunca nadie había la invitado
rtil
para tomar un café, encantada con aquel hombre que se impor-
pa
taba con todo que ella estaba pasando, y para ella no estaba fácil
aceptar aquellos cambios. Luego ella decidió que si tuviera otra
m
co
oportunidad no la recusaría. Era la oportunidad de hacer que
todos la mirasen de otra manera, pues él era un maestro muy
r
se
13
132
o.
çã
habló que eran manchas de vino. Ella se despreocupó, al fin la
casa era linda. Aquel hombre era muy querido y ella estaba com-
iza
pletamente enamorada. Algunos momentos después lo esperado
tor
ocurrió, fueron conocer el laboratorio, al entrar Ananda vio un si-
au
tio negro y fétido con una sinfonía de Beethoven al fondo, y detrás
de ella la puerta cerró.
m
se
Pronto Rever llegó para hacer las honras de la casa, vesti-
do de blanco, él tenía en las manos su vaso de whisky.
do
ha
- ¿Quieres un poco?
rtil
- No, déjame ir a casa, habló aterrorizada.
pa
- Aún está temprano y las sorpresas están por venir.
m
Cuando él encendió las luces, ella miró alrededor y miró
co
una cama, varios equipos quirúrgicos y varias ropas de chicas.
r
se
13
133
çã
iza
tor
Franciele dos Santos and Bruna Rosa
au
Translated by: William da Silva Grivicich
m
se
do
It was her first day at university and Ananda was very anx-
ha
ious. When she arrived, she stayed alone because she knew no
one. It was her first class in the Psychology course with a very
rtil
charming professor. He brought in his eyes mysteries that no one
pa
had unraveled before. He looked about 35. She was amazed the
moment she saw him.
m
co
Ananda was 18 years old, a very sweet and gentle girl. She
r
se
had never dated anyone and was her parents’ pride. They took
care of her as if she were still a child. She was an only child and
de
her mother could not have any more children because of compli-
po
classmates and said she was delighted to have been able to get
into college, but very much afraid, as everything was new to her.
is
self, as her beauty charmed everyone, even those who made fun
uto
went to her bedroom to lie down, she kept thinking how nice
iD
her professor had been, defending her from her mean colleagues.
su
However, Ananda hardly knew that the worst was yet to come.
s
po
be to have fun with all that naivety. With his evil look, he looked
ter
she thought about giving up. She could no longer bear the way
everyone looked at her in college, but everything changed in the
134
o.
çã
about the class. He said he had noticed how much she was away
from everyone and told her she could count on him for help. He
iza
invited her for coffee after class, but Ananda did not feel comfort-
tor
able with it and declined:
au
“No, thanks. It’s too late and I have to go home.”
m
He got furious when she declined the invitation. This strate-
se
gy had never failed before. With his mind boiling, he decided not
do
to give up, because she had the ideal profile to satisfy his insane
ha
desires.
rtil
Ananda was scared. Never before had someone invited her
pa
for coffee. She was delighted with the man who cared about ev-
erything she was going through - it was not easy to adapt to those
m
co
changes. She soon decided that if she had another chance, she
would not refuse. It was her chance to make everyone look at her
r
se
Ananda did not obviously meet him, but, instead, waited for
ão
him to come to talk to her. They met in the corridors of the uni-
en
versity. He did not waste the opportunity and soon came to talk to
her, inviting her for lunch, so that the time would not be a prob-
is
lem. This time, she could not refuse and had lunch with him. The
ra
meal was very nice and Ananda was delighted with her professor.
uto
privilege that few had. On the way home, he was very happy. He
su
135
o.
çã
wine stains. She did not worry. After all, the house was gorgeous,
the man was very sweet and she was completely in love. A little
iza
later, the great moment happened. They went to the laboratory.
tor
When she entered, Ananda came across a dark and fetid place,
au
with a Beethoven symphony playing in the background, and be-
hind her, the door closed.
m
se
Rever arrived soon to do the honors, dressed in white; he
was holding his glass of whiskey.
do
ha
“Would you like some?”
rtil
“No, let me go!”, she said, terrified.
pa
“It’s still early and surprises are about to come.”
m
When he turned on the lights, she looked around and saw a
co
bed, several surgical equipment and several girls’ clothes.
r
se
into a mirror and from behind it, a body fell on her feet. She real-
ized that all those mirrors were there to hide the naive girls Rever
po
seduced. She was lost. That man would never let her leave the
ão
house alive.
en
136
Es
te
ma
ter
ia lp
os
su
i Di
re
ito
sA
uto
ra
is
en
ão
137
po
de
se
r co
mpa
rtil
ha
do
se
m
au
tor
iza
çã
o.
03/08/2016 13:41:18
o.
O jogo do espelho
çã
iza
tor
Débora Ribeiro Ricardo, Débora dos Santos Westhauser
au
e Sandra Elisa de Oliveira Souza
m
se
do
Foi assim que aconteceu. Eram 4 adolescentes, duas me-
ninas e dois meninos, queriam testar algo que ouviram falar. A
ha
casa estava vazia, ou seja, sem ninguém para supervisionar. E
rtil
era plena noite de sexta-feira 13. Como não tinham os recursos
pa
necessários para a brincadeira, utilizaram o que tinham ali na
m
hora. O tabuleiro foi feito com o espelho do quarto de Alice. Nele
co
foram escritas, no centro, as letras do alfabeto e os números, de
r
roupas sujas de sangue parado logo atrás dele. Ele se vira rapi-
damente para olhar e não avista ninguém. Assustado, corre para
ire
tado.
ter
13
138
o.
çã
se sentada no chão, as lágrimas escorrendo pelo rosto, a expres-
são de choque e medo fixa no box do banheiro. Ao avistarem o
iza
vulto sombrio e ensanguentado, partiram para a sala novamente,
tor
puxando Beatriz junto pelos braços.
au
Resolveram tentar mais uma vez a reza, torcendo para que
m
isso encerrasse o pesadelo em que estavam vivendo. Trouxeram
se
então para a sala novamente o espelho e os objetos que foram
usados, deram as mãos e repetiram a reza com as vozes trêmulas
do
e soluços contidos. Esperando não dar certo outra vez, eles come-
ha
çam a levantar. Então percebem que havia uma frase no espelho:
rtil
‘’vocês não deveriam ter feito isso’’.
m pa
co
r
se
de
po
ão
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es
139
çã
iza
tor
Débora Ribeiro Ricardo, Débora dos Santos Westhauser
au
y Sandra Elisa de Oliveira Souza
m
se
Traducción: Débora Ribeiro Ricardo
do
ha
Esto es lo que ocurrió. Había cuatro adolescentes, dos chi-
rtil
cos e dos chicas, ellos querían probar algo que habían oído. La
pa
casa estaba vacía, o sea, sin nadie que los supervise. Y era noche
m
de viernes y trece1. Como no tenían los recursos necesarios para
co
el juego, utilizaron lo que había allí en aquel momento. Se hizo
el tablero con el espejo de la habitación de Alice. En el centro se
r
se
Han decidido parar con el juego, recoger todo para guardar, pero
sA
1
El viernes y trece es considerado en Brasil un día de mala suerte y correspon-
de al martes y trece en la cultura hispana.
140
o.
creían haber venido el grito de Beatriz. Se dieron cuenta de que
çã
estaban en la puerta del baño de la casa de Alice. La puerta esta-
iza
ba completamente cerrada, lo que los preocupó aún más.
tor
Rafael se armó de valor y abrió la puerta. Beatriz se en-
au
contró sentada en el suelo, las lágrimas corrían por su rostro, la
mirada de la conmoción y el miedo fija en la puerta de la ducha.
m
Al avistar la figura oscura y sangrienta, fueron al salón de nuevo,
se
arrastrando del brazo a Beatriz.
do
Decidieron probar una vez más la oración, con la esperanza
ha
de que se cerrara la pesadilla que estaban viviendo. Trajeron a la
rtil
habitación de nuevo el espejo y los objetos que fueron utilizados,
pa
dieron la mano y repitieron la oración con voces temblorosas y
m
sollozos sofocados. Con la esperanza de que no funcione de nue-
co
vo, empiezan a salir. Entonces, de repente se dan cuenta de que
había una frase en el espejo: “Ustedes no deberían haber hecho
r
se
eso”.
de
po
ão
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es
141
çã
iza
tor
Débora Ricardo Ribeiro, Débora dos Santos Westhauer
au
and Sandra Elisa de Oliveira Souza
m
se
Translated by: Fernanda Barbosa Guimarães
do
ha
That is how it happened. They were four teenagers: two girls
rtil
and two boys; and they wanted to try out something they had
pa
heard about. The house was empty, that is without anybody to
m
watch them that evening. It was Friday the 13th. Because they
co
did not have the necessary resources to play the game, they used
what they had available at that moment. The mirror of Alice’s
r
se
bedroom was turned into the board of the game. In the middle of
it were written the letters of the alphabet and numbers, and on
de
Lucas was rather afraid of the game. On the other hand, Ra-
ão
fael, Alice and Beatriz were excited about their first spiritual con-
en
tact. They held hands and tried to say a prayer, but it was all in
vain and they thought about giving up. However, Alice insisted on
is
trying again, because she thought she had said the some words
ra
wrong. Then, they recited the words more slowly and pronounced
uto
turned quickly to see who it was but there was not anyone there.
Frightened, he ran to the kitchen where the others were.
s
po
“I saw it, I saw it!”, that was the only thing the poor boy
ial
“What did you see?”, asked Rafael, who was very scared al-
ma
ready.
te
The others were trying calm Lucas down when they realized
Es
142
o.
were in front of the door of the bathroom of Alice’s house. The
çã
door was completely closed, which made them even more anx-
iza
ious.
tor
Rafael built up his courage and opened the door. Beatriz
au
was sitting on the floor with tears rolling down her face, her ex-
pression of shock and fear staring at the bathroom box. Sudden-
m
ly, they saw the gloomy reflection of the person covered in blood
se
again. They pulled Beatriz’s arms and went back to the living
do
room.
ha
The teenagers tried the prayer one more time, hoping their
rtil
nightmare would end. The group brought the mirror and the
pa
objects that had been used back to the living room. They held
m
hands and repeated the prayer. Trembling voices and smothered
co
sobs. Expecting it would not work again, they started to stand up.
Then, they noticed there was a sentence written on the mirror:
r
se
143
Es
te
ma
ter
ia lp
os
su
i Di
re
ito
sA
uto
ra
is
en
144
ão
po
de
se
r co
mpa
rtil
ha
do
se
m
au
tor
iza
çã
o.
03/08/2016 13:41:20
o.
Sala Luís XV
çã
iza
tor
Charnhane Becker e Natália Silva dos Santos
au
m
Quando estou saindo do trabalho em mais uma sexta-feira
se
comum, me deparo com uma fria garoa e percebo que novamente
do
esqueci o guarda-chuva em casa. Mais uma noite fria e deprimen-
ha
te. Tipicamente londrina. Sigo andando as cinco quadras até a
rtil
estação de ônibus, quando decido entrar em um bar para beber.
pa
Acabo ficando até tarde e quando dou por mim, estou parado em
frente à vitrine da loja de antiguidades da esquina, admirando
m
um intrincado espelho e me vejo retornando à infância, quando
co
ouvia a história do espelho que refletia a alma das pessoas e que
r
se
jamais se deveria chegar perto, pois quem via sua alma, jamais
retornava à sanidade. Sempre tive receio deles, pois imaginava
de
conosco.
ire
vejo ali outro lugar que ele poderia ter ido, já que tudo que pare-
ce haver ali é a casa. A porta abre-se, como se alguém estivera à
te
minha espera e quando entro, percebo que está tudo vazio, cheio
Es
145
o.
surpresa quando esta simplesmente se desfaz na minha mão. É
çã
como se simplesmente eu a tivesse imaginado. Contudo, a porta
iza
está aberta e é como se eu tivesse retornado no tempo uns 300
anos. Uma sala formidável está na minha frente. Tapetes gros-
tor
sos, lareira de pedra, um sofá estilo Luís XV e então na parede
au
um belo e formidável espelho. Chego mais perto e me vejo refleti-
m
do nele. Então, do nada, vejo surgirem milhões de serpentes em
se
minha direção e simplesmente não consigo sair dali. É como se
estivesse cimentado ao chão. Começo a entrar em desespero, elas
do
estão subindo pelas minhas pernas e então uma voz me chama e
ha
algo está me chacoalhando.
rtil
Abro os olhos e vejo minha esposa. Estou em casa, na cama
pa
com ela e seguro, sem nenhuma serpente subindo pelas minhas
pernas. m
co
r
se
de
po
ão
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es
146
çã
iza
tor
Charnhane Becker y Natália Silva dos Santos
au
m
Traducción: Charnhane Becker
se
do
Cuando salgo del trabajo otro viernes común, me deparo
ha
con una llovizna fría y me doy cuenta de que nuevamente olvidé
rtil
el paraguas en casa. Otra noche fría y depresiva. Típicamente
pa
londrina. Sigo caminando las cinco cuadras hasta la estación de
autobús, cuando decido asomarme a un bar para beber. Perma-
m
co
nezco allí hasta muy tarde y cuando miro, estoy delante de la
vitrina de una tienda de antigüedades en la esquina, admirando
r
se
ginaba que se algún día viera mi alma, me volvería loco sin poder
jamás jugar con los niños de la calle nuevamente, ya que los locos
en
eran llevados para muy lejos y nunca más los veíamos. Recuerdo
perfectamente del chico pelirrojo que vivía al final de la calle y que
is
ra
ciendo allí y así estoy siguiéndolo cada vez más rápido hasta que
ma
147
o.
otra puerta. Una bella puerta, madera densa, trabajos intrinca-
çã
dos y minuciosamente entallados. Intento girar la cerradura y
iza
ella se deshace en mi mano. Es como si simplemente la hubiera
imaginado. Sin embargo la puerta está abierta y me veo como si
tor
hubiera regresado unos trescientos años. Un salón formidable se
au
encuentra delante de mí. Alfombras gruesas, chimenea de piedra,
m
un sofá estilo Luís XV y en la pared un bello y formidable espejo.
se
Llego cerca y me veo reflejado en él. Entonces veo surgir millo-
nes de serpientes en mi dirección y no consigo salir del lugar. Es
do
como si estuviera cementado al piso. Me desespero, pues ellas es-
ha
tán subiendo por mis piernas cuando entonces una vos me llama
rtil
y hay algo sacudiéndome.
pa
Abro los ojos y veo a mi esposa. Estoy en casa, en la cama
m
con ella y seguro, no hay ninguna serpiente subiendo por mis
co
piernas.
r
se
de
po
ão
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es
148
çã
iza
tor
Charnhane Becker and Natália Silva dos Santos
au
m
Translated by: Henrique Muzykant Abreu
se
do
As I was leaving work in an ordinary Friday, when I found
ha
myself caught in a cold drizzle and I realized I had left my umbrel-
rtil
la at home. Another cold and depressing evening, typical London.
pa
I keep walking five blocks until the bus station, when I decided
m
to go to a pub for a drink. I ended up staying there until late and
co
suddenly I found myself in front of the antique store on the cor-
ner, admiring an intricate mirror. Then, I remember of when I was
r
se
be able to play with the kids on the street, since mad people were
taken to somewhere far away and were never seen again. I can re-
is
member perfectly of the red-haired kid who lived at the end of the
ra
street, who was always watching us play from the window, but
uto
would never join us, because people said that when his mother
sA
was pregnant she found the mirror of souls and got mad. People
believed that her madness had passed to the baby, though he had
ito
never shown any signs of it. Still, it was expected that he would
ire
us.
su
walking towards it, as if it was calling me and I could not help it.
po
The nearer I got to it, the more I felt as if I was entering anoth-
ial
decided to enter the mansion to look for him. That was the only
Es
14
149
o.
years. I went up the stairs and walked down the hall, and that is
çã
when I found another door. It was a beautiful hard-wooden door,
iza
with well-made intricate details. As I tried to turn the doorknob,
it just vanishes on the palm of my hand, as if I had imagined it.
tor
However, the door is open, and it is as if I had returned three
au
centuries back in time. A marvelous room lied in front of me.
m
Thick rugs, a stone fireplace, a Luis XV sofa and, on the wall, a
se
gorgeous mirror. I come closer and I see myself reflected on it.
Then unexpectedly, millions of snakes came in my direction, and
do
I simply could not move. It was as if my feet were cemented on the
ha
floor. I started feeling desperate, as they climbed up my legs, and
rtil
then I heard a voice and felt something shaking me.
pa
I opened my eyes and saw my wife. I am home, in the bed
with her, safe, with no snakes climbing up my legs. m
co
r
se
de
po
ão
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es
15
150
Es
te
ma
ter
ia lp
os
su
i Di
re
ito
sA
uto
ra
is
en
ão
po
151
de
se
r co
mpa
rtil
ha
do
se
m
au
tor
iza
çã
o.
03/08/2016 13:41:21
o.
O acaso marcado
çã
iza
tor
Alessandra Vargas Cordeiro, Caroline Pereira Teixera
au
e Mônica Windberg da Silva
m
se
do
Era uma tarde comum, ensolarada e com muito vento na
ha
cidade de Osório, região de praias do Rio Grande do Sul; Bento,
Adamastor e mais alguns amigos jogavam seu futebolzinho de
rtil
cada dia quando um moleque sapeca chutou a bola em direção à
pa
janela do senhor Pietro, despedaçando o vidro em mil pedacinhos.
m
co
- Poxa, seu “pivete”! Por que não chuta uma melancia ao
invés de acabar com a nossa partida! Disse Bento.
r
se
E Adamastor complementou:
de
sua casa nem por um decreto. Sua casa era conhecida por ser
sA
a luz do sol.
iD
152
o.
çã
- Mas que baita esperto, Bento! Vamos atrás dele! Acrescen-
iza
tou Adamastor.
tor
Entrando na casa, assim como fez o moleque, os meninos
au
ouviram muitos gritos e miados vindos de todos os cantos da
casa, e ficaram muito assustados. Já com os “cabelos em pé”,
m
mas determinados a achar o moleque e pegar a bola de volta;
se
subiram as escadas que davam para o andar superior da casa.
do
Passando pelos espelhos, distribuídos em todos os ambientes da
ha
casa, sentiam arrepios, e não tinham coragem de olhar para eles.
A sensação que tinham é de que havia espíritos e fantasmas ron-
rtil
dando-os.
pa
Quando abriram a porta de um dos quartos, então, viram
m
co
o senhor Pietro, debruçado numa panela de água fervendo, onde
puderam ver um chinelo surrado, igualzinho ao que o moleque
r
se
estava usando.
de
nhor, sendo perturbado por pestes que nem vocês! Por isso que
uto
amo animais, eles não perturbam, não falam, não jogam futebol,
não quebram vidros.
sA
o que tem na panela são apenas uns sapatos velhos de meu neto,
su
153
o.
çã
Os meninos foram descendo as escadas, tristes por não te-
iza
rem conseguido a bola. Acabaram por se convencer que o mole-
que, o Jaiminho, tinha roubado e sumido daquelas bandas. Ao
tor
chegarem nos últimos degraus, sentiram sensações estranhas.
au
Viram, atrás da porta, outro espelho grande também coberto com
m
um pano vermelho. Olharam-se e resolveram verificar o que havia
se
por trás do pano...o que haveria de ter, afinal, de tão especial nes-
te misterioso espelho? Não deu outra! O susto foi grande e saíram
do
a gritar (e a miar, latir...) pelas ruas. O que teriam visto eles de
ha
tão surpreendente no espelho?
rtil
O senhor Pietro, já à noite, pegou um de seus gatos, o mar-
pa
rom, que estava com olhar assustado. Deu leite e biscoitos para o
gato alimentar-se. E disse para si mesmo:
m
co
- Crianças, como são criativas... vê se pode, bichano, acha-
r
se
mesmo Jaiminho?
po
ão
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es
15
154
çã
iza
tor
Alessandra Vargas Cordeiro, Caroline Pereira Teixera
au
y Mônica Windberg da Silva
m
se
Traducción: Alessandra Vargas Cordeiro y
do
Eliandra Carina Lopes Palagi
ha
rtil
Era una tarde común, soleada y con mucho viento en la
pa
ciudad de Osório, región de playas en Rio Grande do Sul. Bento,
m
Adamastor y algunos amigos más jugaban su futbolito de cada
co
día, cuando un niño travieso pateó la pelota hacia la ventana del
r
- Y Adamastor añadió:
ão
cho!
is
casa ni por un decreto. Su casa era conocida por ser sucia, os-
cura y con muchos animales domésticos. Nadie sabía dónde sur-
iD
basura o vendía. Se sabía que tenía un apego muy grande por sus
ma
155
o.
çã
¡Pebete desgraciado! Robó nuestra pelota para vender por
ahí, por supuesto! – dijo Bento.
iza
¡Qué gran astuto, Bento! Vamos detrás del él! – añadió Ada-
tor
mastor.
au
Entrando en la casa, así como lo hizo el niño, los otros ni-
m
ños oyeron muchos gritos y maullidos que venían de todos los
se
rincones de la casa y quedaron muy asustados. Ya con los pelos
do
de punta, pero determinados a encontrar el niño y coger la pelota
ha
de vuelta, subieron las escaleras que daba al piso superior de la
casa. Pasando por los espejos, distribuidos en todos los ambien-
rtil
tes de la casa, sentían escalofríos, y no tenían coraje de mirarlos.
pa
La sensación que tenían era que había espíritus y fantasma ron-
dándolos.
m
co
Cuándo abrieron la puerta de uno de los cuartos, entonces,
r
se
ber por qué ese espejo estaba cubierto. ¿Qué habría por detrás
del paño? ¿Sería alguna brujería? Y la sandalia en la olla, era
is
no rompen vidrios.
ire
156
o.
çã
-¿Qué niño? Aquí no entró nadie! ¡Fuera de aquí! Dijo el
iza
viejo Pietro.
tor
Los chicos fueran bajando las escaleras, tristes porque no
au
han conseguido la pelota. Finalmente se convencieron de que el
niño, Jaiminho, la había robado y desaparecido. Al llegar a los úl-
m
timos peldaño, sintieron sensaciones extrañas. Miraran detrás de
se
la puerta, otro espejo grande también cubierto con un paño rojo.
do
Miraron y decidieron verificar qué había por detrás del paño…
ha
¿Qué habría de tener de tan especial en este misterioso espejo?
¡No hay otra! El susto fue grande y salieron a gritar (y a maullar,
rtil
ladrar…) por las calles. ¿Qué es lo que habían mirado los chicos
pa
de tan sorprendente en el espejo?
m
co
El señor Pietro, ya por la noche, agarró uno de sus gatos, el
marrón, que estaba con la mirada asustada. Le dio la leche y la
r
se
157
iza
tor
Alessandra Vargas Cordeiro, Caroline Pereira Teixera
au
and Mônica Windberg da Silva
m
se
Translated by: Henrique Muzykant Abreu
do
ha
rtil
It was a usual afternoon, very sunny and windy in the city of
pa
Osório, in the region of the beaches of Rio Grande do Sul. Bento,
m
Adamastor and some other friends were playing soccer as they
co
did every day, when a cunning kid kicked the ball right into Pietro
Teixeira’s window, completely shattering the glass.
r
se
Adamastor added:
ão
Mr. Teixeira was a reserved man, who would not leave his
ito
house even if cops were to show up looking for him. His house
was known for being dirty, dark, and with many pets. No one
ire
knew where all the cats, dogs, and birds came from, or how Mr.
iD
Teixeira got the money to feed them all, since he barely went out-
su
158
158
o.
çã
where”, said Bento.
iza
“He must think he is very clever, Bento! Let’s go after him!”,
added Adamastor.
tor
au
When they got inside the house, just as the kid had done,
they heard lots of screams and caterwauling coming from all over
m
the house, and they got scared. Already frightened, but deter-
se
mined to find the boy and get their ball back, they went up the
do
stairs to the second floor. They went past the mirrors, which were
ha
everywhere. They felt chills of fear, and were afraid to look at
them. The feeling they had was that there were spirits and ghosts
rtil
surrounding them.
pa
When they opened the door of one of the rooms, they saw
m
co
Mr. Teixeira, with a pot of boiling water, where they could see a
shabby flip- flop, which looked exactly like the one the kid was
r
se
wearing.
de
red piece of cloth. They were curious to know why the mirror was
covered. What was under the piece of cloth? Could that be some
ão
kind of witchcraft? Did that flip-flop really belong to the kid? And
en
being disturbed by brats like you! That’s why I love animals. They
uto
don’t disturb me, don’t talk, don’t play soccer, and don’t break
windows.”
sA
to you. Look, here in this pot there are just some old shoes that
su
I’m some kind of wizard? You poor kids, with such an imagina-
po
tion…
ial
“We don’t believe it, sir … We just want our ball…”, said
ter
“The ball, I won’t give it back you, since I don’t have it. After
all, who do you think you are to disturb me? Get out of here right
te
Es
159
9
o.
çã
The boys went down the stairs, sad for losing their ball. They
iza
ended up believing that the kid, Jaiminho, had really stolen the
ball and run away. When they got to the first floor, they had a
tor
strange feeling. Behind the door, they saw another big mirror,
au
also covered with a red piece of cloth. They looked at each other
m
and decided to check what was behind the cloth. What could be
se
so special about that mysterious mirror? And, so, they saw it.
They got so scared that they ran away screaming (and caterwaul-
do
ing, and barking) on the street. What could they have seen that
ha
was so shocking in that mirror?
rtil
In the evening, Mr. Teixeira picked up one of his cats, the
pa
brown one, which had a scared look. He fed the cat milk and
cookies, and said to himself:
m
co
“Kids, how creative they are… Can you believe that, kitty?
r
se
Jaiminho.”
po
ão
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es
160
160
Es
te
ma
ter
ia lp
os
su
i Di
re
ito
sA
uto
ra
is
en
ão
po
161
de
se
r co
mpa
rtil
ha
do
se
m
au
tor
iza
çã
o.
03/08/2016 13:41:22
o.
O presente
çã
iza
tor
Flavia da Silva Fagundes e Gisele Sodré Rossales Lopes
au
m
Na casa éramos quatro. Eu, meu único filho e minha nora
se
Airam que estava grávida. Em 2 meses minha neta chegaria ao
mundo, todos esperavam ansiosos pelo seu nascimento. Marce-
do
lo estava sempre ocupado, acompanhava de longe a gravidez da
ha
esposa, era calmo e dificilmente falava de si, ele me deixava em
rtil
profundos questionamentos, contudo eu o amava incondicional-
pa
mente.
m
De repente, a campainha soou, Thomas, velho amigo de
co
infância de Marcelo, veio visitar-nos, estava mudado, talvez um
r
se
com aparelho nos dentes, baixinho, seu rosto era tomado de espi-
po
nhas. Mas o que lhe trouxera até aqui, ainda não sabíamos.
ão
Respondeu Thomas.
sA
apreço para mim, mas para onde vou não posso levá-lo.
ter
162
o.
çã
cantando no jardim, a chuva incessante ia ficando mais forte, os
raios cortavam o céu escuro. Nos recolhemos, preferi não desligar
iza
o abajur naquela noite, algo estava acontecendo em nossa casa e
tor
eu não conseguia saber o quê. Amanheceu e o sol estava radian-
au
te batendo em minha face. Vi que a porta e as janelas estavam
abertas, estranhei, tinha a certeza de ter fechado e conferido tudo
m
antes de deitarmos. Perguntei a Marcelo e Airam se eles haviam
se
despertado mais cedo naquela manhã, os dois disseram que não.
do
- A casa amanheceu aberta - disse-lhes, Airam desconfiou que
ha
eu estivesse com delírios de idade, ou que realmente eu não teria
fechado a casa antes de dormir, era impossível, eu sempre con-
rtil
feria, há anos fazia do mesmo jeito. Olhei toda a casa, estava em
pa
ordem, menos o quarto de hóspedes, as cortinas rasgadas, nas
m
camas parecia ter dormido alguém, os roupeiros estavam com as
co
portas arregaçadas, - Meu Deus, alguém esteve aqui! - O espelho
r
espelho.
de
nos estilhaços, via minha face escorrendo. Saí dali correndo, tudo
em minha volta flutuava, as louças se quebravam, as torneiras
ma
163
3
çã
iza
tor
Flavia da Silva Fagundes y Gisele Sodré Rossales Lopes
au
m
Traducción: Flavia da Silva Fagundes y Gisele Sodré Rossales Lopes
se
do
En la casa éramos cuatro. Mi único hijo, mi nuera Airem
ha
que estaba embarazada y yo. En dos meses mi neto llegaría al
rtil
mundo, todos esperaban ansiosos por su nacimiento. Marcelo es-
pa
taba siempre ocupado, acompañaba de lejos el embarazo de su
m
esposa, era tranquilo y difícilmente hablaba de sí, él mí dejaba en
co
profundos cuestionamientos, todavía yo le amaba mucho.
r
-Estoy saliendo del país y supe que serás papá. Traje un re-
uto
Thomás.
ito
amigo se despidió.
Es
164
4
o.
mí vejez. La noche llegara silenciosa, era posible oír solamente
çã
los grillos cantando en el jardín, la lluvia inacabable quedó más
iza
fuerte, los rayos cortaban el cielo oscuro.
tor
Dormimos, preferimos no apagar la lámpara en la noche,
au
algo estaba pasando en nuestra casa y no pude saber qué era.
Amaneció y el sol estaba radiante golpeando a mi cara. Vi que la
m
puerta y las ventanas estaban abiertas, extraño, estaba segura de
se
haber cerrado y comprobado todo antes que nos acostáramos. Le
do
pregunté a Marcelo y a Airam si habían despertado temprano en
ha
la mañana, los dos me dijeron que no. La Casa amaneció abierta,
rtil
les dije abiertamente. Airam sospechaba que yo estaba con deli-
pa
rios de la edad, o que realmente yo no había cerrado la casa antes
de ir a la cama. Lo que era imposible, siempre repasaba, durante
m
co
años fue lo mismo. Miré por toda la casa, estaba en orden, pero
la habitación de invitados, cortinas rasgadas, parecía que alguien
r
se
había dormido en las camas, los armarios estaban con las puer-
tas abiertas.
de
po
bloqueada.
sA
165
5
o.
çã
- ¡Mamá, mamá!
iza
- Llamó la dulce voz de una mujer. ¿Quién había estado
aquí?
tor
au
m
se
do
ha
rtil
mpa
co
r
se
de
po
ão
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es
166
6
çã
iza
tor
Flávia da Silva Fagundes and Gisele Sodré Rossales Lopes
au
m
Translated by: Marina Lopes Galarce
se
do
In that house lived four people: my only child, my daugh-
ha
ter-in-law Ariam that was pregnant and me. In two months, my
rtil
granddaughter would be born. Everybody was excitedly expect-
pa
ing for her birth. Marcelo was always busy and accompanied his
m
wife’s pregnancy from a distance. He was calm and rarely spoke
co
about himself. He left me confused and with profound question-
ings, but I loved him very much.
r
se
shy, wore braces, was short and he had pimples in his face. But,
en
“Please, I’ll be very happy if you accept the gift. This mirror
te
167
o.
did not tell anybody, because it could be some type hallucination
çã
of old age. The night came silently. We could only hear the crick-
iza
ets chirping in the garden, the pouring rain falling harder. Bolts
of lightning cut the dark sky. I went to bed, but I decided not to
tor
turn off the lampshade. Something was happening in our house
au
and I did not know what. It dawned and the sun was shining
brightly on my face. I saw that the door and the windows open.
m
That was strange, because I was sure that I had closed everything
se
before going to bed. I asked Marcelo and Airam if they had awo-
do
ken earlier, but they had not.
ha
“The house was open in the morning”, they said. Airam
rtil
thought I was having hallucinations of old age or that I had for-
pa
gotten to close the house. But, it was impossible, because I had
m
always checked the doors before bedtime. I looked all over the
co
house and nothing was different, except for the guest room. The
curtains were torn, the bed was unmade as if someone had slept
r
se
The following night, we all checked the door locks and win-
ão
dows and our house was totally locked. According to the weather
en
feeling safe. After all, we had locked the house. It was hard for
ra
me. Inside it, I could see the eyes that stared at me. The face
s
mirror and broke it taking away the anguish that consumed me.
On the shattered glass, I could see my dripping face. I ran out of
ma
and the faucets were running. The floor seemed to open up.
Es
168
Es
te
ma
ter
ia lp
os
su
i Di
re
ito
sA
uto
ra
is
en
ão
169
po
de
se
r co
mpa
rtil
ha
do
se
m
au
tor
iza
çã
o.
03/08/2016 13:41:23
o.
Samy
çã
iza
tor
Laís Brum e Alexsandra Alves Rosa
au
m
Quando eu acordo pela manhã, a primeira coisa que vejo é
se
ele, estrategicamente posicionado aos pés de minha cama, o es-
do
pelho. Não lembro há quanto tempo o tenho ou há quanto tempo
ha
está aí no mesmo lugar, aos pés dos meus pesadelos. Meu pai
conta que o encontrou na rua, achou sua moldura bonita e o
rtil
trouxe para mim, já que era turvo, pensou que eu me divertiria
pa
com ele.
m
co
E, por certo tempo, foi assim. Antes eu passava muito tempo
brincando com a minha imagem distorcida no espelho. Às vezes,
r
se
comigo todas as noites, o que era bom, pois eu não tinha muitos
amigos nessa cidade. E ele veio. Passávamos boa parte da ma-
is
tratamentos. E todas as noites Samy estava lá. Cada dia ele tra-
su
ensinou a usar.
ial
170
o.
çã
na noite seguinte me jogou da cama, mas eu simplesmente vol-
tava e deitava como se tivesse levantado para pegar um copo de
iza
água. Então uma noite ele não apareceu.
tor
Nunca havia dormido tão bem em toda a minha vida. Acor-
au
dei descansada e o dia parecia lindo, pois o quarto estava absolu-
m
tamente claro quando abri os olhos. Mas havia algo estranho. Eu
se
não sabia bem o que era, então sentei na cama e olhei ao redor.
do
Meu quarto estava ao contrário!
ha
Eu não conseguia entender como aquilo tinha aconteci-
rtil
do, ele estava normal quando adormeci. Corri para a porta, mas
pa
ela estava trancada. Gritei pelos meus pais, só que tudo parecia
quieto demais. Parecia que a casa estava vazia, ou melhor, que
m
co
não existia nada além daquela porta.
r
no espelho!
po
171
çã
iza
tor
Lais Brum y Alexsandra Alves Rosa
au
m
Traducción: Daniela Calheiro da Conceição Marques
se
do
Cuando me despierto por la mañana, lo primero que veo es
ha
él, estratégicamente colocado a los pies de la cama, el espejo. No
rtil
recuerdo cuánto tiempo hace que lo tengo o cuánto tiempo está
pa
ahí en el mismo lugar, a los pies de mis pesadillas.
m
Mi padre dice que lo encontró en la calle, encontró su marco
co
hermoso y lo trajo a mí, ya que era turbio, pensó me divertiría
r
con él.
se
y dijo que a partir de aquel día, vendría a jugar conmigo todas las
ra
esta ciudad.
sA
Y todas las noches Samy estaba allí. Todos los días traía
un objeto diferente para que jugáramos, tales como cuchillos,
ma
172
o.
y en pocos segundos papá ya estaba allí amonestándome como si
çã
fuera la única culpable. Gritó muchas cosas, una de ellas era que
iza
tenía que crecer y dejar de inventar que Samy existía. Recuerdo
haber llorado toda la noche.
tor
au
Después de esa noche, empecé a ignorar cuando Samy deja-
ba el espejo y me llamaba. Él comenzó a tirar mis mantas y en la
m
noche siguiente me echó de la cama, pero yo simplemente volvía
se
y me acostaba como si hubiera ido recoger un vaso de agua. En-
do
tonces, una noche él no vino.
ha
Nunca había dormido tan bien en mi vida. Me desperté des-
rtil
cansada y el día se veía hermoso porque la habitación estaba ab-
pa
solutamente clara cuando abrí los ojos. Pero había algo extraño.
m
No estaba segura de lo que era, así que me senté en la cama y
co
miré alrededor.
r
otro lado se diera cuenta, pero nadie apareció al otro lado. Hasta
ito
173
çã
iza
tor
Laís Brum and Alexsandra Alves Rosa
au
Translated by: Michelle Alexa Esquivel Contreras and
m
se
Henrique Muzykant Abreu
do
ha
When I wake up in the morning, the first thing I see is it,
rtil
strategically placed at the foot of my bed: the mirror. I don’t re-
pa
member how long I have had it or how long it has been in the
m
same place, at the foot of my nightmares. My father tells that he
co
found it on the street and thought its frame was so beautiful that
r
And, for some time, it was like that. Before that, I would
po
mine and a boy’s one. Daddy said that was insane, that the mir-
en
One night, the boy came out of the mirror and introduced
ra
would come to play with me every night, which was good because
sA
ing the head of my dolls and playing with dangerous things, like
ire
the time when we set fire in baby Noah’s bedroom while we played
iD
with matches.
su
our tricks. They thought Samy did not exist. I was sent to a psy-
po
our dog Lucky between chairs against the wall and we soon start-
ed to throw them. However, the old dog barked too much and in
174
o.
all night.
çã
After that night, I started ignoring when Samy came out of
iza
the mirror and called me. He started pulling my blanket and, the
tor
following night, he threw me out of bed. However, I would just go
au
back to bed and lie down as if I had gotten up to get some water.
And, then, one night, he did not show up.
m
se
I had never slept so well in my whole life. I woke up feeling
physically rested and the day looked beautiful, because the room
do
was completely clear when I opened my eyes. However, there was
ha
something weird. I did not know exactly what it was. So, I sat on
rtil
the bed and looked around.
pa
My room was inside out!
m
co
I did not understand how it had happened. It was normal
when I slept. I ran to the door but it was locked. I yelled at my
r
se
parents, but everything was too quiet. It seemed that the house
was empty or that there was nothing besides that door.
de
po
mirror!
en
eyes red...
sA
175
Es
te
ma
ter
ia lp
os
su
i Di
re
ito
sA
uto
ra
is
en
176
ão
po
de
se
r co
mpa
rtil
ha
do
se
m
au
tor
iza
çã
o.
03/08/2016 13:41:24
o.
O espelho milenar
çã
iza
tor
Tiago de Moraes Kieffer
au
m
Certo grau de ceticismo é dedicado para os amantes das
se
artes e do conhecimento científico. Por mais que a pessoa seja
do
criada na educação religiosa, ensinada desde pequena a perceber
ha
as obras feitas pela mão do divino, tudo o que se apresenta em
rtil
seu campo de visão é passível de questionamento e reflexão. Pe-
dro José era um homem desses. Lia de tudo, desde Adam Smith
pa
a Gramsci. De São Tomas de Aquino a Nietzsche. De Darwin aos
m
teóricos criacionistas. Nessas leituras, sobretudo as que falavam
co
sobre o discurso e a voz, Pedro aprendera a usar de sua lábia
r
do guichê do aeroporto.
ter
177
o.
Uma menina japonesa, que a julgar pela tecnologia do país era
çã
mais velha que Pedro. Todos eles só estavam ali por status. Para
iza
esbanjar que iam a leilões. Talvez seja algum fetiche emocional,
tor
mostrar ao mundo que se interessa por coisas em que só loucos
au
se interessam, tipo os historiadores.
- Vendido. Disse o leiloeiro. O senhor Pedro José leva para
m
se
casa esse espelho milenar.
do
Esses prêmios geralmente eram vendidos por um preço que
você, leitor, não poderia comprar, com exceção, é claro, se você
ha
for um empresário de grande sucesso. Pedro, porém, tinha con-
rtil
tatos, pessoas que o patrocinavam. Como era corriqueiro, o com-
pa
prador deveria conferir o produto que comprou. Assim, em uma
m
sala escura atrás do auditório de venda, Pedro José se aproximou
co
do espelho, tocou suas bordas e então o reflexo fosco, típico dos
espelhos antigos, tornou-se nítido e perfeito, só que com um de-
r
se
homem pobre, sem casa e sem bens, porém feliz. Um homem que
sA
dor. Sua consciência não tinha culpa dos golpes que ele aplicava,
iD
frente, mas não o seu “eu futuro” revelando-lhe o que ele era no
po
178
o.
çã
- Demorei anos para comprar uma peça que realmente fun-
iza
ciona, na qual posso cobrar uma fortuna. Por acaso o meu eu
futuro é louco?
tor
au
- Nos padrões humanos sou. Nos padrões sobrenaturais sou
o que todo mundo será.
m
se
- E por que você está de branco?
do
- Pois todos que compram essa peça vivem junto com iguais,
ha
homens que esperam a morte ansiosamente, que não diferenciam
a morte da vida. Minha mansão é um hospício. Mas o espelho é
rtil
meu, isso é o que importa.
pa
O vendedor, ouvindo isso, sentiu uma forte dor no peito e
desmaiou. Quando abriu os olhos, alguém lhe falou: m
co
r
lou:
po
é linda.
en
soviético.
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es
179
çã
iza
tor
Tiago de Moraes Kieffer
au
m
Traducción: Beatriz Frassão
se
do
Un grado de escepticismo está dedicado a los amantes del
ha
arte y del conocimiento científico. A pesar de que una persona
rtil
reciba la educación religiosa, enseñada desde pequeño para dar-
pa
se cuenta de los trabajos realizados por la mano de Dios, todo lo
que aparece en su campo de visión está sujeto a cuestionamiento
m
y reflexión. Pedro José era un hombre así. Ha leído todo, desde
co
Adam Smith a Gramsci. Santo De Tomás de Aquino a Nietzsche.
r
se
18
180
o.
Cuando llegó a la subasta, vio viejos conocidos de diferentes
çã
países.
iza
Un estadounidense presumido llamado Jones. Un ruso que
tor
derrochaba los colores de la URSS, conocido como Oso. Una niña
au
japonesa, que a juzgar por la tecnología del país era mayor que
Pedro. Todos estaban allí para el estatus. Despilfarrar que iban a
m
subasta. Tal vez sea cierto fetichismo emocional, mostrar al mun-
se
do que se interesan en cosas que sólo los locos están interesados,
do
como los historiadores.
ha
- Vendido. Dijo el subastador. D. Pedro José se lleva a casa
rtil
este antiguo espejo.
pa
Estos premios se suelen vender a un precio que usted, el
m
lector, no podía comprar, excepto, por supuesto, si usted es un
co
empresario de gran éxito. Pero Pedro tenía contactos, las perso-
r
los lados, fregó los ojos, pero siempre volvía a mirar en el espejo,
ra
caba, debido a que el valor del dinero sanaba todas las lástimas
ial
181
o.
- ¿Cómo voy a ser así?
çã
- Vas a comprar ese espejo, no lo venderás, se quedará con
iza
él para siempre. El hombre respondió.
tor
- Me llevó años comprar una pieza que realmente funciona,
au
por la cual puedo cobrar una fortuna. ¿Acaso mi yo futuro es
m
loco?
se
- En los patrones humanos lo soy. En los estándares sobre-
do
naturales soy lo que será todo el mundo.
ha
- ¿Y por qué vistes blanco?
rtil
- Pues todos los que compran esta pieza conviven juntos
pa
como iguales. Hombres que esperan con ansiedad la muerte, que
m
no diferencian la muerte de la vida. Mi mansión es una casa de
co
locos. Pero el espejo es mío, esto es lo que importa.
r
se
dijo:
en
linda.
ra
uto
182
çã
iza
tor
Tiago de Moraes Kieffer
au
m
Translated by: Luciana de Souza Oliveira and Évelin Rosa Ferreira
se
do
ha
A degree of skepticism is dedicated to lovers of art and sci-
entific knowledge. Although people can be raised with religious
rtil
education and be taught since the early age to realize the works
pa
done by the divine, everything that appears in their field of vision
m
can be subject to questioning and reflection. Pedro José da Silva
co
was such a man. He read everything from Adam Smith to Grams-
r
about the speech and voice, Pedro learned to use his talkative
po
those who bought them. And they were far from having a cheap
uto
price.
sA
the east, where they were auctioning a Chinese mirror that cu-
ire
riously had Christians symbols on it, like the Star of David, the
Yin-Yang of Taoism, the Islam Omkar among others. Curious-
iD
ly, the mirror was millenary, earlier than the religious symbols
su
mirror was a connection between the past and the future, a trav-
eler of the ages, and the person who owned it would be capable
ial
of such a feat.
ter
counter.
te
By the way, she was a beautiful girl, lovely, and she had an
Es
183
o.
When he arrived at the auction, he saw old acquaintances
çã
from different countries. A snobbish American called Jones. A
iza
Russia, known by the nickname ‘Bear’, n who wore extravagant
Russian colors. A Japanese girl who, by judging the country’s
tor
technology, was older than Pedro was. They were only there for
au
status, which is only to say that they went to auctions. Maybe it is
m
a kind of emotional fetish: showing the world they are interested
se
in things that only fools are interested in, like historians.
do
“Sold”, said the auctioneer. Mr. Silva takes home this mille-
ha
nary mirror.
rtil
These prizes were usually sold at a price that you, reader,
pa
could not afford, only if you are a businessperson of great suc-
cess, of course. However, Pedro had contacts, people who spon-
m
co
sored him. As usual, the buyer should check the product before
buying it. Therefore, in a dark room behind the sales auditorium,
r
se
Pedro José approached the mirror, touched its edges and, then,
the opacity of the reflection, typical of antique mirrors, turned
de
into a clear and perfect reflection, but with one more detail: there
po
was a person with Pedro. An old man, wearing a white suit and
ão
dirty clothes was smiling by his side. The black background of the
dark room made an uncomfortable color contrast in the salesper-
en
son’s eyes. He looked back and to both sides, rubbed his eyes,
is
learned the price of life. A man who recognized the lies and re-
turned everything to poor.
ire
iD
in front of him, but not his “future self” revealing to him what he
ter
was in the present. The mirror, he had realized, did connect the
present and the future. Somehow, he would change his habits
ma
stop lying, but as the young rich man, he would never sell all he
had and give to the poor. The word ‘poverty’ was not in his dic-
184
o.
“And how will I be like that?”
çã
“You will buy this mirror. You will not sell it, but keep it for-
iza
ever”, answered the man.
tor
“It took me years to buy something that really works, for
au
which I can charge a fortune. Is my future self crazy, by any
m
chance?”
se
“In human standards, yes, I am. In the supernatural stan-
do
dards, I am what everybody will be.”
ha
“And why are you wearing white?”
rtil
“Because everyone who buys this piece lives together as
pa
equal partners. Men anxiously waiting for death. Men who do not
m
differentiate between death and life. My mansion is a madhouse.
co
However, the mirror is mine. That is what really matters.
r
se
years later. Among his goods, was auctioned a mirror, with reli-
gious and political symbols, including an unprecedented symbol:
ito
185
Es
te
ma
ter
ia lp
os
su
i Di
re
ito
sA
uto
ra
is
en
186
ão
po
de
se
r co
mpa
rtil
ha
do
se
m
au
tor
iza
çã
o.
03/08/2016 13:41:26
o.
Uma noite na Fundação Cultural de Canoas
çã
iza
tor
Franclim Davila de Almeida e Jorge Eduardo Muniz Alves Santos
au
m
O céu relampejava, sentado no banco do ônibus, José olha-
se
va através da janela a rua molhada pela chuva que se derramava
do
como uma cachoeira. Mas o seu reflexo era o que mais aparecia,
ha
devido à escuridão lá fora e as luzes do ônibus, a janela tornou-
se por longos momentos um espelho. No sacolejar da condução,
rtil
como se estivesse num berço sendo embalado, alternava momen-
pa
tos de lucidez e rápidos cochilos. Num destes momentos de lu-
m
cidez, ao olhar para a janela, viu um reflexo que não era o seu,
co
mas um relâmpago apagou a imagem, revelando a rua e o telhado
r
e dizendo:
ito
- Meia hora antes, guerreiro! Meia hora antes. Sabe que são
ire
Estava dizendo José, mas foi interrompido por João que fa-
s
po
lava:
ial
com pressa, hoje tem jogo importante do timaço, e não quero che-
gar em cima da hora ao Boteco do Tonhão e pegar o pior lugar...
ma
187
7
o.
çã
- Aconchegante. Diz José em tom sarcástico.
iza
- Vai se acostumando. Seguinte, as normas do posto estão
na gaveta, o livro-ponto também - Diz João, já pegando sua bol-
tor
sa - Ah! E não se esquece de fazer o livro de ocorrências, mesmo
au
não tendo alteração nenhuma, faça assim mesmo, é só seguir o
m
modelo. Bem, tô indo, bom serviço pra você e até amanhã. Fui!!
se
- Bom descanso - Diz José ao colega, que de costas levanta
do
a mão num leve aceno.
ha
José olha para dentro da Fundação e no seu pensamento,
rtil
decide que aquela construção, mesmo sendo toda nova, ainda pa-
pa
rece um mausoléu. Lembra-se de imediato da sua infância, e de
m
quando ali passava de ônibus, muito antes de começarem a obra
co
do Trensurb, e quão assustador era a velha estação de trem. En-
tão ele começa a ler as instruções e normas que deve seguir neste
r
se
ter que fazer uma pequena ronda pela Fundação, ele sente um
po
Ele pega seu celular e percebe que está desligado, tenta ligar e
ito
não consegue. Bateria não é, pensa ele, será que tem algo a ver
com o relâmpago? Pelo barulho e velocidade entre luz e som o raio
ire
caiu bem próximo. Enquanto pensa nestas coisas, ele ouve os ba-
iD
dadeiro caos para uma noite que a princípio seria tranquila. José
s
cedo, não que ele tenha medo de algo, mas ele sabe no seu íntimo,
ial
de uma frase lida num livro antigo “yo no creo em brujas, pero que
las hay, las hay.”
ma
188
o.
como este. Ao iniciar a subida das escadas, cada degrau que pisa
çã
geme sobre seu peso, o som é perturbador, deixando José inquie-
iza
to e sobressaltado com qualquer ruído. Antes mesmo de terminar
a subida, ele ouve o bater de madeira na madeira, uma janela
tor
aberta pensa, menos mal.
au
O segundo andar é inquietante, José encontra-se num com-
m
pleto breu, a única luz no local é da sua lanterna. Lentamente
se
avança pelo corredor que parece imenso devido à escuridão, ao
do
avançar, repara de canto de olho o brilho de sua lanterna refletir
ha
numa janela. Fica irrequieto. Parece que tem um rosto observan-
do-o. Corajosamente ele lança a luz da lanterna na janela e não
rtil
vê nada, ao virar-se novamente, ele toma um susto, o rosto de
pa
um homem, já de certa idade, observa-o com um olhar taciturno,
m
demora alguns instantes para perceber que na verdade, quem o
co
observa é uma pintura. Um quadro, mas esta experiência deixa-o
r
controu por ali. Ele volta a sua ronda. Encontra a janela que não
ão
das tábuas sobre seus pés, mas parecia que eram passos de duas
ito
pessoas, ele parou, mas não escutou nada além do ruído exter-
ire
não estava com medo, mas sentia no seu corpo um frio de gelar
su
até os ossos.
s
po
189
o.
A luz volta enquanto ele ainda está pensando sobre o ocor-
çã
rido, “- Será que é possível alguém bater a caçoleta por levar um
iza
susto, mas o que será que assustou este tal de Odair?”. Ele ba-
lança a cabeça, tentando tirar certas ideias perturbadoras, liga
tor
o rádio e sintoniza na estação de esporte e fica aguardando o
au
início do jogo. O tempo transcorre lentamente, o temporal ame-
m
niza, mas de repente um estouro na rua, o rádio silencia, tudo
se
fica escuro. É neste momento que José ouve o barulho de janela
batendo no segundo andar. Pega a lanterna e, receoso, começa a
do
subir a escada, cada passo é seguido de um lamurioso gemido.
ha
José fica estarrecido, ao ver que a janela aberta é a mesma
rtil
que ele sofreu o susto mais cedo, ele a fecha e tranca bem os
pa
ferrolhos. Ao virar, depara-se com o quadro destampado, mas o
m
que lhe tira do juízo perfeito é ver que o quadro está sem a figu-
co
ra, sem aquele homem de olhar taciturno. Em seguida, ouve um
r
céus que o salve. O barulho da batida fica cada vez mais forte, ele
uto
percebe que o seu fim está próximo; bem... pensa ele, pelo menos,
sA
190
çã
iza
tor
Franclim Davila de Almeida y Jorge Eduardo Muniz Alves Santos
au
m
Traducción: Franclin Almeida y Jorge Muniz Santos
se
do
El cielo brillaba con relámpagos, sentado en el banco del
ha
autobús José miró a través de la ventana a la calle mojada por la
rtil
lluvia que caía como una cascada. Pero su reflejo era lo que más
aparecía, debido a la oscuridad de la calle y las luces internas, la
pa
ventana del autobús parecía un espejo. En el sacudir de la con-
m
ducción, como si embalado en la cuna, alternando momentos de
co
lucidez y de sueño. En uno de esos momentos de lucidez, miran-
r
dad era tal, que parecía altas horas de la noche. Cruzó la pasarela
en
Debería haber llegado antes para recibir las instrucciones del ser-
vicio, pero no se pudo – No pasa nada – pensó. Al acercarse, Juan
ito
el reloj y diciendo:
iD
noce las reglas, porque hay que ir a las órdenes del servicio.
s
po
191
o.
aspecto incómodo, lo único que tiene apariencia moderna es el
çã
radio reloj que marca exactamente las diecinueve horas.
iza
- Acogedor! – José dice con sarcasmo.
tor
- Se acostumbrará. Las reglas del servicio están en el cajón,
au
la ficha de trabajo también – dice Juan mientras recoge sus co-
m
sas. – ¡Ah! Y no se olvide de hacer el libro de ocurrencias, aunque
se
no haya ninguna, hágalo aún así, sólo tienes que seguir el mode-
lo. Bien, buen servicio para usted. ¡Hasta mañana! ¡Adiós!
do
ha
- Buen descanso – dice José a su colega, que de espaldas
levanta una mano y un ligero saludo.
rtil
pa
José mira la fundación y en su pensamiento decide que
aquella construcción, aunque toda nueva, todavía se ve como un
m
co
mausoleo. Recuerda inmediatamente su infancia, y cuando pasa-
ba por allí en autobús, mucho antes de que comenzaran los tra-
r
se
sordecedor que hace vibrar las ventanas y las puertas del lugar.
ra
sin luz también, si no fuera por los faros de los coches, la oscuri-
ire
192
o.
las bocinas solo no es mayor que el ruido de la lluvia. El viento
çã
silba. Es una gran tempestad. No se recordaba de una tempestad
iza
tan fuerte. Cuando empezó la subida de las escaleras, siente el
gemido de la madera. Es perturbador. José se siente inquieto y
tor
asustado con los ruidos. Antes de llegar a la escalera escucha un
au
gran ruido y piensa que es una ventana abierta. Menos mal.
m
El segundo piso es inquietante. José se encuentra en la os-
se
curidad, y tiene solamente la luz de sur linterna. En total lentitud
do
avanza por el pasillo que parece inmenso debido a la oscuridad.
ha
Siguiendo la caminata mira el reflejo de la luz de la linterna en
una ventana. Se pone nervioso. Siente la impresión de que lo
rtil
están observando. Con mucho coraje, lanza la luz de la linterna
pa
a la ventana pero no nota nada. Cuando gira otra vez, sufre un
m
gran susto, una cara masculina, ya anciano, lo observa con una
co
mirada taciturna. Por fin, se da cuenta que era una pintura de
r
un ruido en las tablas bajo sus pies, sin embargo sus pasos eran
como los de dos personas caminando. Él paró de caminar, pero
ito
que está escrito dos días después. El compañero Odair fue encon-
Es
193
o.
perturbadoras, enciende la radio y sintoniza en la estación de los
çã
deportes y aguarda el principio del partido. El tiempo transcurre
iza
en su lentitud. La lluvia reduce. Un gran ruido en la calle. La ra-
dio silenció. En ese momento José escucha el ruido de la ventana
tor
en el segundo piso. Toma la linterna y con mucho miedo empieza
au
a tomar la escalera, sus pasos se siguen de muchos gemidos.
m
José se pone atónito cuando mira la ventana abierta, que
se
por supuesto es la misma que él había cerrado antes. José la
do
cierra y bloquea bien los cerrojos. En seguida se da cuenta que
ha
el cuadro está descubierto y no hay más el personaje de mirada
taciturna. Después escucha un ruido semejante un hierro araña-
rtil
do la madera. Mira en dirección de la escalera, hay allí la figura
pa
del hombre del cuadro en su delantera, con un hacha en la mano
m
caminando en su dirección. José corre pasillo adentro dejando
co
caer la linterna. Entra luego en la primera puerta. Afuera la cria-
r
194
çã
iza
tor
Franclim Davila de Almeida and Jorge Eduardo Muniz Alves Santos
au
m
Translated by: Rafaella Biffi Guimarães and Caroline Fossatti
se
dos Santos
do
ha
The sky flashed. Sitting on the bus seat, José was looking
rtil
through the window at the street that was wet by the rain that
pa
was pouring like a waterfall. But, his reflection was the thing that
m
appeared the most due to the darkness outside and the bus lights.
co
For a long time, the window became a mirror. In the rhythm of the
shaking bus, as if he were in a crib being rocked, he alternated
r
se
was not his. However, a lightening blew out the image, revealing
po
up quickly, pressed the stop signal button, got off, opened his
en
umbrella and started going up the footbridge. The rain was heavy
and in spite of being a quarter to seven, it was so dark that it
is
bus window.
sA
who was already waiting for him anxiously, looked at him tapping
su
know rules are rules, because I have to tell you the rules”, he
ial
said.
ter
“Sorry, pal, but because of the rain, the bus was late and…”
ma
195
o.
çã
made of hardwood and an apparently not comfortable chair. The
only thing that looked modern was the alarm clock that struck
iza
seven PM sharp.
tor
“Cozy”, said José with a bit of sarcasm.
au
“Get used to it. OK, the rules of this position are in the draw-
m
er as well as the clock in/clock out register book”, said João,
se
getting his bag.
do
“Ah! Do not forget to write in the report book, even if there is
ha
no change at all. Do it anyway. You just have to follow the exam-
rtil
ple there. Well, I am leaving. Have a good night at work and see
pa
you tomorrow. Bye!”
m
“Have a good night’s rest”, says José to his coworker who, on
co
his back, raises his hand as he says good-bye.
r
se
railway and how frightening the old train station was. Then, he
started reading the instructions and norms that had to be fol-
en
lowed in this position. One of the first norms was to make sure
that all the windows were closed and the lights were off. Think-
is
ra
ing about walking around the Foundation made him shiver from
uto
and doors shake. All the lights went out, and José was left in a
ito
and realized it was off. He tried to turn it on, but it did not work.
“It is not the battery”, he thought. “Is there anything to do with
ial
the lightning?” By the noise and speed between light and sound,
ter
the sound of horns on the street. The storm was bringing a real
chaos to a night that would be apparently calm. José decided to
te
walk around the place at that moment. It is better now that is still
Es
196
o.
çã
flashlight, he checked the windows, making sure that they were
all locked properly. Because the lights had gone out, he could not
iza
be sure the lights were out. On the street, the noise of the horns
tor
was not louder than the noise of the rain. The wind whistled. If it
au
were not the worst storm of the last years, decades or century, it
was certainly one of worst. He could not remember a rainstorm
m
as strong as this. As he started going up the stairs, each step
se
creaked because of his weight. The sound was disturbing, and
do
made José feel restless and scared with every single noise. Before
ha
he finished going up, he heard the sound of wood knocking on a
wood. “Luckily, an open window”, he thought.
rtil
pa
The second floor is disturbing. José found him-
m
self in complete darkness. The only light in the place was that of
co
his flashlight. He slowly walks through the corridor that looks
immense due to the darkness. Going forward, from the corner of
r
se
was watching him was a painting. That experience made him feel
is
shocked and made him get under his skin. He felt his heart beat-
ra
The noise of the rain and of the traffic outside was still loud, but
ire
only now he started to notice that again. The shock with that
iD
painting had messed with his pride. José could not wait to go
su
downstairs and shelter in the place that for him, at that moment,
was the safest: the uncomfortable small table and chair in the
s
po
sounded like the footsteps of two people. He stopped, but did not
ter
hear anything besides the outside noise of the rain and the traffic.
ma
He started to walk quickly again and went down the stairs even
more quickly. José claimed to himself that he was not scared, but
te
197
o.
coworker called Odair, on a duty night, scoured the whole Foun-
çã
dation trying to find an intruder that went in and out the place,
iza
but could not find him. The scary part was the information that
had been written two days after. Odair was found dead. Accord-
tor
ing to the coroner, he died of fright. Shocked, José stopped read-
au
ing and said aloud, “how can somebody die of fright?”.
m
The power was back on while he was still thinking about
se
what had happened, “Is it possible for someone to kick the bucket
do
because of fright? What could have scared Odair, anyway?”. He
ha
shook his head, trying to take certain disturbing thoughts out
of his mind. He turned on the radio and tuned in the sports sta-
rtil
tion, waiting for the beginning of the game. Time went by slowly.
pa
The storm eased, but suddenly there was a burst on the street.
m
The radio silenced. Everything turned dark. At this moment, José
co
heard the noise of the window beating on the second floor. He
r
José was astonished to see that the open window was the
po
the frame had no portrait. The man with the taciturn look was not
is
wood. He turned toward the stairs and saw the man of the portrait
uto
in front of him, holding an axe and coming towards him. José ran
into the hall and dropped the flashlight. He entered the first door
sA
he finds and locked himself there. Outside, the man who chased
ito
with the axe, laughing, or whatever that guttural noise was, The
sound it emitted, made José feel terrified. He closed his eyes,
iD
sound of the strokes got louder and he realized that his end was
s
floor, the sound of a window beating. The radio was off. A com-
ter
198
Es
te
ma
ter
ia lp
os
su
i Di
re
ito
sA
uto
ra
is
en
ão
199
po
de
se
r co
mpa
rtil
ha
do
se
m
au
tor
iza
çã
o.
03/08/2016 13:41:28
o.
O Gaiteiro
çã
iza
Paula de Carvalho Dias
tor
au
Relembram ainda sim, os mais velhos deste causo, mesmo
m
já tendo se passado muito do acontecimento, mas que em breve
se
nem os mais antigos estarão aqui para lhe contar o que se passou
naquele rincão, abaixo do rio Uruguai, perto de Bagé. Logo, este
do
acontecimento se esvanecerá na memória dos mais moços, mas
ha
quem sabe se tornará um mito, e de um mito uma lenda, para
rtil
que nunca mais se repita a desgraça repentina que se abateu na
pa
região.
m
Já vi, presenciei e participei de muita coisa feia durante
co
a minha vida, muitas das quais me arrependo, e de outras das
r
ali gastar seus patacões com bebidas, jogo e chinas, como era de
costume na época. Mas já lhes aviso, que ali não era lugar para
sA
dos dedos tortos, criado grudado na sua gaita, tocava uma vanera
s
po
20
200
o.
conhecido pelas lutas nas revoluções, desprende um talho de fa-
çã
cão do outro lado da mesa em que um gaúcho, desprevenido, que
iza
se estava ou não roubando nos carteados não sei, só sei que levou
o talho que lhe abriu a barriga e caiu por ali mesmo, para agoni-
tor
zar em seus últimos suspiros, e ali mesmo começou a desgraça.
au
Foi um ajuntamento sem tamanho, homens lutando e chi-
m
nas correndo, e nesse entrevero, iam sobrando tiros e talhos de
se
adagas e facões para tudo quanto é lado, as chinas que tentavam
do
em vão escapar, iam caindo ao chão, ao serem atingidas; e os ho-
ha
mens, revirando mesas e bancos, já não sabiam mais quem era
castelhano ou gaúcho, a violência tinha deixado-os cegos, e já na
rtil
noite fria daquele inverno, os barulhos dos gemidos e pedidos de
pa
socorro foram sufocados pelos berros de ódio e raiva que se apo-
m
derou daqueles viventes. Coisa que nunca vi, e espero que nunca
co
mais veja, pois não mais pareciam humanos e nem se importar
r
car, não parou nem um segundo, que gemia numa milonga, que
is
cada vez ia ficando mais tenebrosa. Mas como ele ainda tocava,
ra
aquele rincão, não por ser um antigo cemitério, nem por não mais
ter
poder se chegar pois o mato tomou conta do lugar. Mas isso não
ma
20
201
çã
iza
tor
Paula de Carvalho Dias
au
m
Traducción: Silvana Schauer
se
do
ha
Todavía recuerdan, las personas mayores involucradas en
rtil
lo ocurrido, incluso habiendo ya pasado mucho tiempo, pero que
pronto ni siquiera los ancianos estarán aquí para decirle lo que
pa
sucedió en ese rincón, abajo del río Uruguay, cerca de Bagé. Pron-
m
to, este evento se desvanecerá en la memoria de los más jóvenes,
co
pero quizá se convierta en un mito, y de un mito a una leyenda,
r
región.
de
sangriento, que nunca pensé que podría haber una desgracia tal
ra
en la faz de la tierra.
uto
era habitual en la época, donde los hombres iban allí para pasar
ire
formaran una sola alma viviente. Mientras que uno estuviera res-
pirando el otro también tenía que estar. Era una cosa hermosa de
202
202
o.
del acordeón y del mulato. El espejo delante del gaitero parecía
çã
agrandar imágenes y sonido, aumentando la fiesta y el zumbido.
iza
Y te digo, que donde hay trago, dinero, mujeres y hombres,
tor
lo bueno nunca sale, es de esta forma que en una mesa de juego,
au
donde se ganaba y se perdía dinero, un castellano de los valien-
tes, conocido por las luchas en las revoluciones, hace un tajo
m
de machete encima de la mesa, donde un gaucho, desprevenido,
se
que, si estaba o no estaba robando en las cartas no lo sé, sólo sé
do
que tomó un tajo que se abrió el vientre y cayó allí mismo para
ha
agonizar en su último aliento, y allí comenzó la desgracia.
rtil
Fue una reunión sin medida, hombres luchando y mujeres
pa
corriendo, y en este cuerpo a cuerpo, sobraban disparos y tajos
m
de puñales y machetes arriba y abajo, las mujeres que intentaban
co
en vano escapar, fueron cayendo al suelo, y los hombres, revol-
viendo mesas y bancos, ya no sabían más que era castellano y
r
se
auxilio fueron ahogados por los gritos de odio y la ira que se apo-
po
ellos, que por suerte o no, sólo perdí un ojo y salí con vida.
is
Pero lo que más me asusta fue algo que conseguí ver y escu-
ra
que nunca más pudiera suceder algo semejante ahí. Hoy día el
te
203
203
o.
a irse por allí, y rápidamente volver a donde ocurrió la desgracia.
çã
iza
tor
au
m
se
do
ha
rtil
mpa
co
r
se
de
po
ão
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
po
ial
ter
ma
te
Es
204
204
çã
iza
tor
Paula de Carvalho Dias
au
m
Translated by: Pryscilla Mendonça Pilar
se
do
Even many years after the event, the old ones of this story
ha
still remember it. Very soon, not even the old ones will be here
rtil
to tell you what happened in that remote place, below Uruguay
River, near Bagé. This event will soon disappear in the memory
pa
of the youth. However, maybe, it will become a myth, and from a
m
myth into a legend, so that the sudden misfortune that happened
co
in that place never happens again.
r
se
place was not a place for decent people, because where there is
drinking, gambling and “chinas”, soon there will also be daggers
ire
and knives. That is because the man is a strange animal, and the
iD
crooked fingers, who grew up with his bagpipe, had been playing
a “vanerão” for hours with no pause, as usual. Even sleeping, he
ial
would not stop playing, as if he and his bagpipe were an only liv-
ter
ing soul. While one was breathing, the other also had to breathe.
ma
spread in the bar. That made people get together to listen and
Es
sing to the sound of the bagpiper and the mulatto. The mirror in
front of the bagpiper seemed to magnify the sounds and images,
205
205
o.
çã
gambling table, where people won and lost money, a bad Castil-
ian, known for fights in the revolutions, took a knife and stabbed
iza
an inattentive Gaucho at the other side of the table. If he was
tor
cheating the card game, I do not know. The only thing I know is
au
that the stab opened his abdomen and he fell right away, and ag-
onized and sighed his last sighs. Right on that place, the tragedy
m
started.
se
Many people swarmed. Men fighting and women running.
do
In addition, in the midst of all this, there were shots and stabs
ha
of dagger and knives everywhere. The Chinas tried to escape in
rtil
vain, and fell on the floor after being shot. Men, turning tables
pa
and stools, no more knew who was Castilian or who was Gau-
m
cho. Violence left them all blind. And, in that cold winter night,
co
the groan sounds and cries for help were suffocated by shouts of
hatred and anger that affected those people. It was something I
r
se
had never seen before, and I hope I will not see it again, because
they did not seem humans or did not seem to even mind about
de
could see and hear while I was bleeding and crowds were dying
on the floor. João, the mulatto, kept playing his bagpipe. He
is
did not stop for a second, while that “milonga” moaned. It was
ra
stained and soaked in red, had easily visible gun holes, which
had crossed the bagpipe and had hit the mulatto. He, with his
ito
people who had died in that bar because of that tragedy. The bag-
s
piper was buried together with his bagpipe. A tomb was made of
po
rocks. The bar was torn down and burned so that nothing similar
ial
er, people say that, in the cold winter nights, it is possible to lis-
Es
206
206
Contos-Horripilantes.indb 207
ter
ial
po
ssu
iD
ire
ito
sA
uto
ra
is
en
ão
207
207
po
de
se
r co
mpa
rtil
ha
do
se
m
au
tor
iza
çã
o.
03/08/2016 13:41:29
o.
çã
iza
tor
au
m
se
do
ha
rtil
mpa
co
r
se
de
po
ão
en
is
ra
uto
sA
ito
ire
iD
su
s
Editora Unilasalle
po
ial
editora@unilasalle.edu.br
ter
http://livrariavirtual.unilasalle.edu.br
ma
te
Es