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5 Pontos - Arminianismo & Calvinismo
5 Pontos - Arminianismo & Calvinismo
5 PONTOS
ARMINIANISMO & CALVINISMO
Atualmente os arminianos e calvinistas adotam acrósticos diferentes ao
representarem suas crenças, resumindo-as em cinco pontos específicos. Aos arminianos,
o acróstico adotado é F A C T S. Esses pontos remetem ao histórico Artigo da
Remonstrância (com algumas nuanças), os quais foram compostos em 1610 pelos
primeiros arminianos. Em resposta aos cinco pontos do arminianismo, no Sínodo de
Dort (1618-19), foi formulado o acróstico conhecido como os “cinco pontos do
calvinismo”, T U L I P.
Abaixo, uma tabela ilustrativa de ambos.
1. DEPRAVAÇÃO TOTAL
Os pensamentos das escolas teológicas arminiana e calvinista sobre a
sistematização da doutrina da Depravação Total são compreendidos como similares.
Ambos alegam que a queda dos primeiros pais (Adão e Eva) afetou toda raça humana, e
que o sentido do nome “depravação total” não significa que os seres humanos são tão
ruins quanto eles poderiam ser, mas a definição da depravação como “total”, em
primeiro lugar, é que ela atinge a toda raça humana. “Como os homens estão
corrompidos, eles geram filhos igualmente corrompidos, pois cada um produz o seu
igual (Jó 14.4; Mt 7.17,18; Lc 6.43)”.1 Em segundo lugar, que o pecado atinge cada
parte do ser de uma pessoa. Portanto, as descendências de Adão agora possuem uma
natureza pecaminosa, uma inclinação natural para o pecado (“total”, no sentido
1
MAIA, C. K. (2015). DEPRAVAÇÃO TOTAL. São Paulo: Reflexão; p. 48
1
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2
MAIA, Op. Cit., p. 43. (itálicos nossos).
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MOLINISMO PURO E SIMPLES
de ser consentido pelas boas razões e argumentos enunciados. Em outras palavras, antes
de sermos expostos à graça (preveniente) temos capacidade de assentimento para com a
verdade bíblica, assim como temos para qualquer outra proposição que nos for
apresentada, conquanto ela seja exposta de maneira cognoscível e razoável (plausível) 3,
contudo, (é importante que isso fique claro e bem estabelecido que) Molina destaca que,
esse "assentimento" não é suficiente para alcançar a salvação. 4 Mesmo que ele tenha
essa compreensão (que o ser humano natural seja capaz de assentir – ou compreender –
assuntos da fé, e isso quando há boas razões), ele reconhecia que o ser humano é
pecador por natureza devido à queda dos primeiros pais5 (devido ao pecado de Adão e
Eva), e que sem o auxílio especial divino não se alcança a salvação, nem mesmo algum
bem espiritual6. Veja um de seus comentários nesse sentido de sua compreensão sobre o
apóstolo Paulo:
Certamente, São Paulo também nega que, somente com a
assistência geral de Deus, os infiéis podem pronunciar o nome de
Jesus ou conceber de qualquer forma um bom pensamento; visto que
pretende apenas ensinar que, sem a ajuda especial e dom de Deus,
ninguém pode invocar e confessar com verdadeira fé nosso Senhor
Jesus Cristo, nem pensar em algo que, em grau e ordem, conduza a
um fim sobrenatural. (Concórdia 1.6.11)
Para Calvino “Adão perdeu o seu estado original”, embora “a imagem de Deus
não foi completamente erradicada, [...] ela foi, contudo, tão corrompida, que tudo o que
restou não passa de uma terrível deformação” e, a solução desse terrível estado é “por
intermédio de Cristo”7. Em seu entendimento Adão possuía livre-arbítrio e podia ter
permanecido em retidão, mas,
perdendo-se a si próprio, corrompeu todo o bem que nele havia. [...].
Agora importa levar em conta apenas isto: que em sua condição
original o homem foi totalmente diferente de toda sua posteridade, a
qual, derivando a origem do corrupto, dele contraiu mácula
hereditária. (Institutas de Calvino, volume 1 Capítulo 15. 8)
Portanto, com tudo isso em mente, assim como o arminianismo e o calvinismo
amadureceu em sua teologia ao longo dos anos após a morte de seus idealizadores,
também é com o molinismo. Há um crescente movimento molinista na atualidade,
revivida pelo filósofo Alvin Plantinga, onde seus adeptos, já inteirados e convencidos da
3
Teólogos de renome parecem apontar para esse mesmo entendimento. Russel Shedd
(calvinista), por exemplo, em sua Bíblia de Estudo, comenta sobre 1Co 2.4,5 “Convicção baseada apenas
em argumentos racionais fica à mercê de melhores argumentos. Mas são necessários para captar o ouvido
do não crente...”, aqui o “captar” parece conter um sentido de certo assentimento que aguça o interesse;
também em 1Co 2.14-16 comenta: “Natural (gr psuchikos), "da alma", não regenerado. Entende as
palavras, mas rejeita os conceitos. O Espírito em nós fornece uma nova capacidade de discernimento (gr
anakrinetai)...”. Do mesmo modo Norman Geisler, contra a ideia que o não-regenerado não pode
entender o evangelho, argumenta: “o verbo “aceitar” (gr.: dekomaí) significa “dar as boas-vindas”. O
texto simplesmente afirma que, apesar de perceber a verdade (Rm 1.20), ele não a aceita. Não há
nenhuma disposição de dar boas-vindas no coração às coisas que ele conhece em sua mente. Ele tem a
verdade, mas a está detendo ou suprimindo (Rm 1.18). Não faz sentido algum dizer que o não-salvo não
pode entender o evangelho antes de ser salvo. ” (GEISLER, N. Eleitos, mas livres: uma perspectiva
equilibrada entre a eleição divina e o livre-arbítrio. Tradução: Heber Carlos de Campos; 2. ed.; São
Paulo: Editora Vida, 2005; p.69-70; cf.p.66); itálicos nossos.
4
Concórdia 1.7.2-5; 1.6.6,7
5
Concórdia 1.3.6; 1.4.10; 1.6.2
6
Concórdia 1.3.9; 1.4.10; 1.6.6, 7, 11
7
Institutas de Calvino, volume 1. Capítulo 15. 4
3
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8
Institutas de Calvino, volume 3 Capítulo 21.5 (itálicos nossos)
9
SHANK, R., (2015). ELEITOS NO FILHO – UM ESTUDO DA DOUTRINA DA ELEIÇÃO.
Tradução Vinicius Couto. São Paulo: Reflexão. p.31
10
Ibidem. p.36 (itálicos do autor)
4
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11
Ibidem p.162
12
Ibidem p.163
13
Vailatti, C. A. (2015). EXPIAÇÃO ILIMITADA. São Paulo: Reflexão. p.93 (itálicos do autor)
5
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10.19), uma fé viva (Tg 2.17,26; 2Tes. 2: 13), envolvida em verdadeiro amor (Jo 14.15,
21, 23; 1Jo 5.3).
É importante ressaltar que no que diz respeito à obra da salvação, não há o que o
homem possa fazer para ser salvo, porque Cristo já o fez, e nisso o homem não tem
mérito algum (Efésios 2.8-9). No entanto, toda ação ou mesmo palavra da parte de Deus
resultará em resposta do homem, seja positiva ou negativa, o que resultará em bênção
ou maldição (Dt 30.15-20; Hb 3.7-11; Ez 18.31; Jr 4.14) 14. “Na opinião de Molina, Deus
dá graça suficiente para a salvação de todos os homens, mas ela se torna
eficaz apenas na vida daqueles que respondem afirmativamente a ela”15.
Porém, no molinismo, os termos “predestinação” e “eleição”, assim como para
Calvino, não sofrem diferenciação. Veja! No conhecimento médio de Deus, Ele sabia
como cada pessoa possível, em qualquer circunstância concebível, responderia
livremente à sua graça e à atração do seu Espírito. Ele conhece quem aceitaria
livremente e quem rejeitaria livremente as suas iniciativas. Por exemplo, Ele conhece
sobre que circunstâncias Pedro responderia com fé, e, sobre quais circunstâncias ele
rejeitaria, à graça de Deus. Com esse conhecimento em mente, Ele (Deus) decide criar
um mundo com as circunstâncias quais os resultados lhe agradarão. Dessa forma, o
próprio ato de selecionar um mundo a ser criado é uma espécie de predestinação e/ou
eleição para a salvação. No entanto, não pode ser dito que ele elege pessoas só porque
Ele sabe quem irá crer. Não! Ele escolhe o mundo que Ele quer, e introduz nesse
mundo, em seu devido tempo, quem receberia livremente a Cristo. Nas palavras do
famoso molinista William Lane Craig
Os proponentes do conhecimento médio enfatizam que Deus
não predestina pessoas, porque Ele sabe que elas receberiam a Cristo e
perseverariam. Ele também não seleciona um mundo porque Ele sabe
que nele, por assim dizer, Pedro seria salvo [uma escolha arbitrária de
indivíduos]. Pelo contrário, Deus simplesmente escolhe o mundo que
Ele quer, e que esteja nesse mundo quem receberia livremente a
Cristo, pelo próprio ato de seleção de Deus desse mundo, o qual
predestinou a fazê-lo.16
Ou seja, para o molinista, Deus, livremente e soberanamente, determinou criar
um mundo qual as circunstâncias levarão livremente os eleitos (aqueles que em
determinadas circunstâncias iriam crer em Jesus) à salvação. Deus quer que cada
pessoa que Ele cria seja salva e dá graça suficiente para isso, se apenas a pessoa aceitá-
la. Assim, todos podem ser salvos. Deus somente sabia quem iria aceitar livremente a
Sua graça e quem iria rejeitá-la livremente. Pode muito bem ser o caso que um Deus
amoroso não recusaria a ninguém as circunstâncias que bastassem para trazê-lo
livremente à fé salvadora. Portanto, aqueles que não são salvos são os que rejeitaram
livremente Suas iniciativas, aqueles, quais Deus sabia (por seu conhecimento médio),
14
Para Robert Shank (Op. Cit., p.212-13) “o homem tem em si a faculdade de escolher se
permite ou não que Deus faça por ele o que precisa desesperadamente ser feito para sua salvação”, afirma
que “por toda a escritura podem ser encontradas duas verdades paralelas igualmente enfatizadas: a
segurança da iniciativa graciosa de Deus na salvação, e os apelos e exortações ardentes prescrevendo a
iniciativa das pessoas e a necessidade da resposta deliberada delas para a iniciativa anterior de Deus na
realização da salvação individual e pessoal.”
15
Craig, W. L. (1991). Disponível em <https://www.reasonablefaith.org/writings/scholarly-
writings/divine-omniscience/lest-anyone-should-fall-a-middle-knowledge-perspective-on-perseverance/>
Acesso em 13/out/2020 (itálicos nossos)
16
Craig, Willian Lane. O Único Deus Sábio: A Compatibilidade entre a Presciência Divina e a
Liberdade Humana. Tradução de Walson Sales. Maceió: Editora Sal Cultural, 2016. p.130 (palavras entre
colchetes são nossas)
6
MOLINISMO PURO E SIMPLES
17
Disponível em <http://www.monergismo.com/textos/credos/dort.htm> acesso em 10/dez/2020.
(itálicos nossos)
7
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18
Ibidem. (itálicos nossos)
19
CALVIN, John. (apud Vailatti, C. A. (2015). EXPIAÇÃO ILIMITADA. São Paulo: Reflexão.
p.115)
8
MOLINISMO PURO E SIMPLES
4) Princípios que a bíblia infere, como: que Deus não força a vontade de
ninguém, não “arromba a porta”, Ele espera que a pessoa tome a decisão de
abrir (Ap 3:20);
5) Ele é onibenevolente (todo bondoso), portanto deseja a salvação de todos (Lc
24.47; Atos 17.30; 1Tm 2.4) e a morte de Jesus é suficiente para pagar o
pecado de todos (ele quer e pode, porque não o faz? Talvez os pontos a
seguir nos esclareça);
6) Que a salvação é a reconciliação/retomada de um relacionamento entre o
homem e Deus – um relacionamento que envolve um verdadeiro amor;
7) Que a perfeição divina implica que ele seja honesto, verdadeiro, não agir
(nem querer que ajam) com falsidade. O próprio Jesus se diz ser "a verdade"
(Jo 14.6) e a Bíblia nos afirma que Deus não pode mentir (Tt 1.2; Nm 23.19;
2Tm 2.13). Portanto, se o desejo dele é ter um relacionamento, esse
relacionamento deve ser verdadeiro. Se ele deseja que suas criaturas o
amem, essas criaturas devem ter a possibilidade de verdadeiramente ama-lo.
O amor verdadeiro requer livre-arbítrio! Um relacionamento verdadeiro
implica o livre-arbítrio. Não se pode forçar alguém a amar, no máximo
pode-se forçar alguém a agir como se amasse. Portanto, para voltarmos a ter
um relacionamento com Deus, é necessário que desejemos/aceitemos ter este
relacionamento com ele;
8) Um entendimento correto sobre a onipotência divina, onde o fato de Deus
ser todo-poderoso não significa que ele possa fazer acontecer o que é
logicamente impossível, e, é logicamente impossível fazer alguém executar
algo por livre e espontânea vontade. Isso é tão logicamente impossível
quanto fazer um quadrado redondo. Logo, Deus quer um relacionamento de
amor com todos (a salvação de todos), porem cada um deve desejar tal
relacionamento, e, sendo livres, muitos optam por não ter esse
relacionamento com Ele, por isso muitos não são salvos.
Tendo tudo isso em mente, não é difícil chegar a conclusão (um raciocínio sadio,
lógico e sistemático nos aponta para isso) que Deus, em sua soberania, preferiu um
mundo onde ele agiria sinergicamente com suas criaturas, onde a salvação provida por
Jesus seja oferecida a todos, porém condicionada à fé.
É mister, não apenas lembrar do comentário de Calvino acima (qual vai na
contramão de muitos de seus seguidores), mas também considerar alguns comentários
de Russell Shedd (renomado pastor calvinista) sobre dois famosos versículos onde, no
primeiro, Jesus oferece a todos, chamando-os a tomarem seu jugo, e no segundo, João
relata o grande amor de Deus direcionado ao mundo. Comentários, esses, que apontam
para uma expiação que é oferecida a todos, ao invés de ser imputada apenas sobre
alguns irresistivelmente.
Mateus 11.28-30 Sobrecarregados. Os que levam o fardo dos
fariseus, as exigências da lei e as tradições para serem salvos (Mt
23.4). [...] "Vinde a mim". 1) O convite é para todos [...] para vir a
Jesus sem intermediários; [...] é para os aflitos; [...] O convite oferece-
nos descanso espiritual num Mestre verdadeiramente misericordioso. 20
João 3:16 O mundo dos homens, alienado e condenado recebe
no dom do amor (agape) de Deus a opção da vida eterna. • N. Hom.
20
Shedd, R. (2015). Bíblia Shedd. São Paulo: Vida Nova. Comentário sobre Mateus 11.28-30
(itálicos nossos).
9
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4. GRAÇA SALVADORA
W. J Seaton (pastor calvinista), ao falar sobre seu entendimento a respeito da
“graça irresistível”, inicia afirmando que essa teologia é uma conclusão lógica advinda
dos outros pontos do calvinismo: devido à incapacidade do homem de salvar a si
próprio, e até mesmo de desejar o “bem espiritual”, e ao anseio de Cristo de salvar,
segue logicamente que Deus deve agir de maneira que supere a natureza degenerada do
homem agindo de forma forçosa, irresistível. Entendimento que, novamente, leva à
doutrina da dupla predestinação (uns predestinados para o céu, outros para o inferno).
Vemos o mesmo entendimento registrado nos Cânones de Dort, já citado apouco.
Deus, nessa vida, concede fé a alguns enquanto não concede
a outros. Isto procede do eterno decreto de Deus. [...] De acordo com
esse decreto, ele [Deus] graciosamente quebranta os corações dos
eleitos, por mais duro que sejam, e os inclina a crer. Pelo mesmo
decreto [...] ele deixa os não eleitos em sua própria maldade e dureza
de coração.22
Ainda sobre o calvinismo defendido por Seaton, ao dissertar sobre a graça
irresistível, ele traz à tona a questão do “chamado”: “Não somente há o chamado
exterior, existe também o chamado interior”23. O “chamado exterior” seria algo como o
evangelismo, que pode até “operar de modos diferentes em diferentes corações”, no
entanto, é um agir superficial. Em suas palavras, para “que seja forjada a obra de
salvação, o chamado exterior precisa ser acompanhado pelo chamado interior do
Espírito Santo de Deus”. Essa ação no interior do ser humano, “esse chamado é
irresistível: não pode ser frustrado, é a manifestação da graça irresistível de Deus.”24
Portanto, a TULIP está toda interligada com esse entendimento sobre a graça de Deus.
Resumidamente, pelo fato do ser humano conter uma natureza pecaminosa (T=
Depravação Total) ele não tem condições de responder favoravelmente à graça, somente
aqueles que Deus elegeu incondicionalmente (U= Eleição Incondicional) terão fé
salvadora, pois foi por estes que Cristo morreu (L= Expiação Limitada) e é sua graça
que opera todo esse esquema sobre os eleitos de maneira determinativa (I= Graça
Irresistível), ignorando os não eleitos, e também é ela (a graça irresistível) que faz com
que os eleitos perseverem na fé até o fim (P= Perseverança dos Santos) impossibilitando
que percam a salvação.
Já, no entendimento arminiano, como também no molinista, a graça é resistível!
Não é apenas para aqueles que são considerados como “eleitos”, ela é para todos. É
uma graça que capacita o ser humano “caído” (depravação total) a responder
positivamente o Evangelho.
Veja uma parte da afirmação arminiana sobre a graça de Deus a respeito da
salvação, por Brian Abasciano e Martin Glynn.
A graça salvadora é resistível, o que significa que ele
dispensa seu chamado, projeto, e graça capacitadora (que nos traria
21
Ibidem. Comentário sobre João 3:16 (itálicos nossos).
22
Os Cânones de Dort (apud Vaillat, C. A. (2015). EXPIAÇÃO ILIMITADA. São Paulo:
Reflexão p. 52)
23
Seaton, W. J. (2018). OS CINCO PONTOS DO CALVINISMO. São Paulo: PES. p. 16
24
Ibid p.17
10
MOLINISMO PURO E SIMPLES
25
Disponível em < Traduções Crédulas: Um esboço do FACTS arminiano contra o TULIP
calvinista – credulo (wordpress.com) >, acesso em 08/03/2021 (itálicos nossos)
26
Disponível em < https://www.reasonablefaith.org/media/reasonable-faith-podcast/is-molinism-biblical/
>, acesso em 08/03/2021, tradução livre (itálicos nossos)
11
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MOLINISMO PURO E SIMPLES
‘celestial’ na carta (cf. 3.1; 8.1-5) [...] também indicam que essa pessoa foi
genuinamente convertida."32 Keener, ainda lembra do texto de Tiago 5.19, 20 33 dizendo
que alguns autores se utilizam do versículo 6 fazendo referência àqueles que realmente
eram salvos, mas se apostataram intencionalmente e não se arrependem, não voltando à
fé, no entanto, não significa que Deus rejeitará os que tiverem arrependimento,
voltando-se para Cristo novamente.
A dificuldade desse tema nos remonta à questão dos “eleitos para salvação”.
Esses eleitos, que Deus previu/decretou sua salvação antes da criação de todas as coisas,
podem perder a salvação? Deus pode ser enganado, ou ter se enganado? Ele não poderia
ter agido da mesma maneira com toda humanidade?
O molinismo não implica a doutrina da perseverança dos santos. O defensor do
conhecimento médio poderia sustentar que logicamente, antes da criação, Deus sabia
que não havia mundos viáveis para Ele criar em que todos os crentes perseverassem ou
que, se houvesse, tais mundos teriam deficiências primordiais em outros aspectos.
Porém, o molinista que defende a perseverança dos santos pode considerar que o mundo
qual Deus escolheu realizar, os eleitos sempre perseveram na fé. Talvez, tendo em vista
as numerosas passagens nas Escrituras que alertam os fiéis do perigo da apostasia
sejam um dos meios pelos quais Deus age a favor dessa perseverança. Ou seja, no
momento logicamente anterior à criação, Deus, por meio de Seu conhecimento
médio, sabia quem receberia a Cristo gratuitamente como Salvador e que tipo de
advertência contra a apostasia seria extrinsecamente eficaz (eficaz sem interferir no
livre-arbítrio humano) em impedi-los de cair. Portanto, quanto aos eleitos, Ele decretou
cria-los e também decretou em quais “tempos” e circunstâncias coloca-los e as
advertências que seriam necessárias para que, livremente, eles perseverassem. Por isso,
o eleito, podendo não perseverar, pois é livre, certamente perseverará, mas o
faz livremente, levando a sério as advertências que Deus lhe deu. Craig diz que
De acordo com Molina, a graça divina é extrinsecamente
eficaz, ou seja, torna-se eficaz quando combinada com a livre
cooperação da vontade das criaturas. Na opinião de Molina, Deus dá
graça suficiente para a salvação de todos os homens, mas ela se torna
eficaz apenas na vida daqueles que respondem afirmativamente a
ela34.
Quanto a pergunta se “Ele não poderia ter agido da mesma maneira com toda
humanidade? ” O molinista responderia que é possível que exista pessoas que, mesmo
diante do trabalho incessante do Espírito Santo em seus corações, não importando
quantas vezes ou maneiras foram advertidas e, até mesmo, terem presenciado
maravilhas da parte de Deus, ainda recusariam dar suas vidas para Jesus (novamente,
lembre dos israelitas durante o êxodo; cf. Ne 9.5-35). Desse modo, Deus não pode ser
culpado por criar um mundo no qual essas pessoas são perdidas.
Portanto, sobre o tema, sabemos que os primeiros arminianos e muitos de hoje
em dia, ficaram "encima do muro", entretanto, as advertências encontradas na bíblia
contra a apostasia representam uma dificuldade para os que creem que os crentes
perseverarão irresistivelmente, pois, ou as advertências parecem supérfluas, ou então
parece possível para o crente “cair da fé” depois de tudo. O entendimento na doutrina
32
Ibidem (itálicos nossos)
33
Ibidem (comentário sobre Hb 6.6)
34
Craig, W. L. (1991). Disponível em <https://www.reasonablefaith.org/writings/scholarly-
writings/divine-omniscience/lest-anyone-should-fall-a-middle-knowledge-perspective-on-perseverance/>
Acesso em 13/out/2020 (itálicos nossos)
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