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Artrópodes Parasitas e Animais Peçonhentos.
Artrópodes Parasitas e Animais Peçonhentos.
MÓDULO 1
MÓDULO 2
MÓDULO 3
CONCLUSÃO
DESCRIÇÃO
Principais gêneros dos artrópodes parasitas ou vetores de doenças e dos animais
peçonhentos.
PROPÓSITO
Conhecer as características morfológicas e ecológicas dos principais artrópodes
parasitas e que causam doenças, bem como dos animais peçonhentos, é primordial
para o estabelecimento de medidas de combate.
OBJETIVOS
Módulo 1
Descrever os principais insetos parasitas e causadores de doenças pertencentes à
ordem Hemiptera e Diptera
Módulo 2
Reconhecer os principais artrópodes parasitas causadores de doenças pertencentes
à ordem Siphonaptera, à subordem Anoplura e à subclasse Acari
Módulo 3
Descrever os principais acidentes causados pelos animais peçonhentos
INTRODUÇÃO
Os animais (metazoários) estão distribuídos pelos mais variados ambientes: no mar
ou na água doce, em águas rasas ou profundas e em terra firme, tanto em
ambientes muito úmidos como nos extremamente secos. Eles pertencem ao reino
Animalia (ou Metazoa), são seres vivos eucariontes, pluricelulares, heterotróficos,
participam do ecossistema como consumidores de diferentes tipos: herbívoros,
carnívoros, parasitas, saprófagos, predadores etc. e são divididos em invertebrados
(sem coluna vertebral) e vertebrados (com esqueleto cujo eixo principal é formado
por uma coluna constituída por vértebras que podem ser ósseas ou cartilaginosas).
MÓDULO 1
O sucesso evolutivo dessa classe está relacionado também a alguns fatores como:
Tamanho reduzido
Plasticidade genética
Alta capacidade sensorial e neuromotora
Diversidade de interações evolutivas com outros organismos
Desenvolvimento de metamorfose completa
Adultos alados
Conquista do ambiente terrestre
Eusocialismo
Seleção sexual
A morfologia desse grupo é bem característica, apresentando tagmatização, ou
seja, divisões bem definidas em cabeça, tórax e abdome, constituindo o que
chamamos de exoesqueleto. Esses organismos também são dotados de três pares
de pernas articuladas, peças bucais do tipo ectógnata, asas, inúmeras cerdas, um
par de olhos compostos e um par de antenas.
Tagmatização
de um inseto.
Você sabia
Por ser feita de quitina, a carapaça apresenta-se como uma forte armadura,
possibilitando maior resistência à temperatura, perda de água, ataques de
predadores etc.
Os insetos da ordem Hemiptera (do grego hemi = metade; pteron = asa, referência
ao aspecto diferente de seus pares de asas) estão presentes em todo o globo
terrestre, contabilizando cerca de 90 mil espécies, ou seja, 10% de todas as
espécies de insetos conhecidas.
Barbeiro (Reduviidae)
Com tamanho variando de 0,5 mm a 110 mm de comprimento, os percevejos
geralmente são ovíparos, possuem olho composto bem desenvolvido, são
majoritariamente fitófagos (alimentação de material vegetal como seiva),
considerados pragas de diversas plantas cultivadas.
Atenção
Contudo, no grupo Heteroptera, temos espécies predadoras, que são utilizadas
como controle biológico, e espécies hematófagas (alimentação do sangue de outros
animais), que atuam como vetores. A importância ecológica e econômica desse
grupo está associada aos danos que causam às culturas de plantas, que servem de
sustento ao homem, ou às doenças que são capazes de transmitir.
Percevejos e triatomíneos
As famílias hematófagas dentro dessa subordem são Cimicidae e Reduviidae.
O gênero Cimex apresenta maior importância, pois acredita-se que suas espécies
acompanham os seres humanos desde a época em que viviam em cavernas, com
morcegos, o que contribuiu para uma maior distribuição geográfica. Nesse grupo, as
espécies Cimex lectularius e Cimex hemipterus se destacam.
Cimex lectularius
Cimex hemipterus
Atenção
Ambas as espécies vivem em residências humanas, escondendo-se em fendas e
rachaduras. São encontradas também em colchões e travesseiros, bem como no
peridomicílio, em áreas anexas, onde se encontram os animais domésticos ou
galinheiros. Esses organismos não causam doenças diretas ao homem, mas podem
provocar erupções cutâneas severas e espoliação sanguínea, desencadeando
anemia.
Saiba mais
São mais de 100 espécies no mundo capazes de provocar a doença de Chagas,
distribuídas nos gêneros Panstrongylus, Rhodnius e Triatoma. No Brasil, as
espécies de barbeiro que merecem destaque são: Triatoma infestans, Triatoma
dimidiata, Triatoma barberi, Triatoma brasiliensis, Triatoma maculata, Triatoma
pseudomaculata, Triatoma rubrovaria, Triatoma sórdida, Rhodnius prolixus,
Rhodnius ecuadoriensis, Rhodnius pallescens e Panstrongylus megistus.
Triatoma infestans.
ORDEM DIPTERA
Com sua origem datada de 250 milhões de anos atrás, a ordem Diptera é
constituída por aproximadamente 160 famílias e inclui os insetos holometábolos
conhecidos popularmente como moscas, mosquitos, mutucas, borrachudos,
maruins, entre outros.
Nematocera
Brachycera
A subordem Brachycera abriga os insetos conhecidos popularmente por moscas e
mutucas.
Inseto pertencente à
subfamília Phlebotominae.
Simulídeos
Os simulídeos são dípteros nematóceros conhecidos popularmente como
borrachudos, pertencentes à família Simuliidae e amplamente distribuídos ao redor
do planeta. Conhecidos como piuns na Região Norte, esses insetos medem de 1
mm a 5 mm de comprimento, apresentam corpo robusto e coloração escura.
Seu ciclo é holometabólico, como ocorre em todo o seu grupo, mas possui a
peculiaridade de desenvolver todo o estágio de ovo, larva e pupa exclusivamente
dentro da água corrente. As fêmeas depositam seus ovos em água corrente, de
maneira que toda a fase imatura desse inseto (ovo, larva e pupa) permanece na
água. Quando o organismo atinge a fase adulta, ele emerge e muda seu nicho para
o ambiente aéreo, conforme demonstramos no esquema a seguir.
Estágios do ciclo
de vida dos simulídeos.
Principais
estruturas da fêmea de simulídeo.
Mansonella ozzardi.
No Brasil, a oncocercose é a que mais se destaca e é transmitida pela picada da
fêmea do simulídeo contaminada com o filaídeo Onchocerca volvulus. Os pacientes
acometidos com essa doença podem ser assintomáticos ou apresentarem lesões
cutâneas e oculares graves.
Ceratopogonídeos
Conhecidos como mosquito pólvora ou maruins, os ceratopogonídeos (Família:
Ceratophogonidae) são dípteros diminutos, que medem de 1 mm a 5 mm de
comprimento e possuem ampla distribuição geográfica, incluindo o Brasil. As larvas
são encontradas em ambientes úmidos ou aquáticos e apresentam corpo alongado.
Os adultos podem ser encontrados próximos aos locais dos criadouros larvais.
Inseto
pertencente à família Ceratophogonidae.
A maioria das espécies dessa família possui o hábito crepuscular, sendo as fêmeas
hematófagas ou predadoras. A picada dessas fêmeas causa irritabilidade na pele e
muitas vezes é acompanhada de dor intensa. Dentre os gêneros, destaca-se o
Culicoide, pois são os principais vetores de filarias, protozoários sanguíneos e
alguns vírus.
2. Anopheles
Os anofelinos são mosquitos capazes de voar longas distâncias, e muitas espécies
são vetores da malária — uma doença crônica que pode ser fatal e é muito
frequente no Norte do Brasil, principalmente nas regiões amazônicas.
3. Culex
São os mosquitos conhecidos como pernilongos, muito presentes nas residências
humanas. Transmitem doenças como a encefalite e a febre do Oeste do Nilo.
Culex
Aedes
Anopheles
Saiba mais
Uma característica interessante dos anofelinos é que, quando estão em posição de
repouso, esses mosquitos ficam com o abdome apontado para cima, por isso são
conhecidos em algumas regiões como mosquito-prego.
1. Fêmea em
postura de repouso típica dos Anopheles, o corpo forma uma linha reta com o
abdômen erguido acima da cabeça.
2. As escamas no abdômen estão ausentes.
3. O abdômen é rombudo ou pontiagudo, dependendo da espécie.
Os mosquitos apresentam uma ampla distribuição geográfica, que vai desde regiões
temperadas a tropicais, além do Círculo Polar Ártico, com grande diversidade de
espécies. Uma elevada riqueza taxonômica é encontrada na região neotropical, com
aproximadamente 1.090 espécies conhecidas. No Brasil, há registros com 371
espécies, que abrangem 41% das ocorrências neotropicais. Muitos mosquitos
apresentam grande importância médica por serem vetores de arbovírus,
nematódeos e protozoários, que afetam o homem e outros animais.
Neste cenário de arboviroses causadas por mosquitos das espécies Aedes aegypti
e Aedes albopictus, destacam-se por serem as principais ou potenciais causadores
de enfermidades como dengue, zika, chikungunya e febre amarela. A febre amarela
no meio silvestre é causada exclusivamente por outros mosquitos, do gênero
Hemagogus e Sabethes.
Aedes aegypti
Aedes albopictus
Inseto do gênero Hemogagus
DENGUE
A dengue, que pode ser do tipo hemorrágica ou clássica, é uma doença provocada
pelos tipos de vírus DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4 da família Flaviviridae
(Gênero: Flavivirus). Além desses sintomas, é comum manifestações como dores
atrás dos olhos e coceira na pele.
ZIKA VÍRUS
Dentro da mesma família e do mesmo gênero viral, encontra-se também o zika vírus
(ZKV). Este apresenta como sintoma específico, além dos demais sintomas
relacionados à dengue, intensas dores nas articulações.
CHIKUNGUNYA
A febre chikungunya, que causa apenas os sintomas gerais de viroses comuns, é
provocada pelo vírus CHIKV da família Togaviridae (gênero: Alphavirus). Ela surge
como a arbovirose recém-descoberta, com seus primeiros registros no Brasil
datados de 2010. Diferentemente da febre amarela, que é causada também pelo
gênero viral Flavivirus (família: Flaviviridae) e que provoca insuficiência hepática e
renal.
MALÁRIA
A malária é causada por protozoários do gênero Plasmodium, que são transmitidos
pela picada de fêmeas do gênero Anopheles. Essa doença acomete centenas de
milhões de pessoas ao redor do mundo e já causou a morte de mais de um milhão
de pessoas. No Brasil, a malária ainda é um caso sério de saúde pública. Provoca
sintomas genéricos inicialmente, mas pode levar a um quadro de encefalopatia.
Essa enfermidade tem como principal vetor o Anopheles darlingi, e o Plasmodium
vivax é a espécie de protozoário detectada na maioria dos casos.
Haematopota
Pluvialis, inseto da infraordem Tabanomorpha.
Tabanomorpha
Abriga os insetos conhecidos popularmente como mutucas e está distribuída por
diferentes regiões do mundo, somando mais de 4.200 espécies conhecidas. Seu
hábito hematófago é influenciado diretamente por fatores ambientais (temperatura,
clima, umidade etc.) e é essencialmente silvestre. Entretanto, a diminuição da
fronteira mata/cidade com o desmatamento tornou possível maior proximidade
desses insetos com os seres humanos e os animais domésticos.
A picada desse inseto é bem dolorosa, causa irritação e espoliação sanguínea local.
No gado, é comum que se desencadeie anemia severa, causando graves
problemas econômicos pela perda de peso do animal, redução na produção de leite
etc. Apesar da grande importância econômica, esse grupo é pouco estudado. Nos
humanos, as doenças mais comuns são a tularemia, antraz, anaplasmose, febre Q,
vários tipos de tripanossomíases e filarioses.
Fêmea de
tabanídeo realizando o repasto sanguíneo.
Saiba mais
As mutucas podem causar mais de 30 possíveis enfermidades, principalmente pelo
fato de atuarem como vetor de bactérias, vírus, protozoários e helmintos.
Muscomorpha
Abriga as chamadas moscas, ou dípteros muscoides, grupo cujo porte varia de
médio a grande (em média 1,5 cm de comprimento), podendo apresentar variação
de cores metálicas com tons azulados, violáceos ou esverdeados, até cores opacas
ou escuras. Por depositarem seus ovos na matéria orgânica animal e vegetal em
decomposição (carcaças de animais, fezes, lixo etc.), esses insetos são tidos como
animais imundos e causam repulsa.
Inseto da família
Sarcophagidae e infraordem Muscomorpha.
Saiba mais
As famosas moscas domésticas (pertencentes ao gênero Musca) também
apresentam grande importância na saúde humana. Por serem altamente
antropofílicas, alimentam-se da matéria orgânica presente no lixo doméstico,
entrando diretamente em contato com os humanos.
Nesse grupo, destacam-se alguns gêneros: Glossina, Chrysomya, Musca e
Dermatobia, que podem transportar, por exemplo:
Exemplo
Os protozoários Trypanossoma brucei gambiense e Trypanossoma brucei
rhodesiense. Esta última espécie é a que mais se destaca para a saúde pública em
áreas rurais de países como a África. A chamada doença do sono (ou
tripanossomíase humana africana) acontece por meio da picada do inseto-vetor
pertencente ao gênero Glossina. As espécies de moscas transmissoras destes
protozoários são conhecidas como tsé-tsé.
Glossina
Mosca tsé-tsé
no início da alimentação (A) e completamente ingurgitada com sangue — é possível
ver suas traqueias graças ao inchaço (B).
Atenção
Outro vetor que também realiza a hematofagia, afetando diretamente a
bovinocultura, por causar problemas econômicos, é a mosca-dos-estábulos. Esse é
o nome popular da espécie Stomoxys calcitrans (Família: Muscidae), que realiza
seu repasto sanguíneo normalmente em bois e cavalos.
Stomoxys
calcitrans
Além dessas doenças, as moscas são responsáveis pela miíases (conhecida como
“bicheira”), uma infecção causada no homem e nos animais pela larva das moscas
da família Calliphoridae (principalmente), Muscidae e Sarcophagidae. Essa infecção
é classificada em primária ou secundária.
Miíase secundária.
Saiba mais
Algumas espécies desses gêneros podem atuar também como vetor forético da
espécie Dermatobia hominis. Essa é uma associação entre indivíduos de espécies
diferentes conhecida como forésia, em que uma espécie utiliza outra espécie para
dispersar seus ovos, sem causar prejuízos. Ela pode ser definida também como um
caso específico de comensalismo.
Você sabia
Normalmente, em caso de berne, o médico utiliza vaselina, esparadrapo ou toucinho
no local da ferida para impedir a entrada de ar pelo orifício. Assim, a larva precisará
migrar para a superfície em busca de oxigênio. Esse é o momento de “pinçá-la”.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. Aprendemos que os insetos da ordem Hemiptera, como percevejos e barbeiros,
apresentam uma grande importância médica e econômica. A seguir, são listadas
algumas características dessa ordem. Assinale a alternativa que não apresenta uma
característica dessa ordem:
Apresenta metamorfose completa.
Responder
Comentário
II. A malária, assim como outras arboviroses, apresenta como principais sintomas
febre, calafrio e indigestão e é causada por dípteras do gênero Anopheles.
II
III
I e II
II e III
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Comentário
MÓDULO 2
Os ectoparasitas são animais de diferentes espécies que vivem na pele e nos pelos
do hospedeiro. São considerados parasitas, pois se beneficiam dos nutrientes do
hospedeiro enquanto o prejudica. Diferenciam-se dos endoparasitas (como os
vermes), que se instalam no interior do corpo do hospedeiro.
Saiba mais
Estudos epidemiológicos apontam que até dois terços da população de
comunidades carentes nas grandes cidades e em áreas rurais são acometidas por
ao menos um tipo de ectoparasitose, sendo os mais comuns o piolho (Pediculus
humanus capitis), a sarna (ácaro Sarcoptes scabiei) ou a pulga (Tunga penetrans,
também conhecida como “bicho de pé”).
Sarcoptes scabiei
Podem ter seu ciclo completo em semanas ou meses, dependendo das condições
do ambiente no qual se encontrem.
Saiba mais
A peste-bubônica, que matou ⅓ da população europeia no século XIV, é transmitida
pela pulga do rato, quando infectada pela bactéria Yersinia pestis.
Nos humanos, esse sifonáptero é responsável por uma parasitose conhecida como
tungíase, que é causada por fêmeas grávidas de Tunga penetrans que habitam o
solo de zonas arenosas. A contaminação se dá no momento que a pessoa pisa no
solo arenoso sem nenhuma proteção nos pés. A fêmea grávida penetra na pele
humana com a cabeça e deposita seus ovos no exterior.
Ciclo de vida da
Tunga penetrans.
A maioria das lesões decorrentes da tungíase aparece nos pés, mas em alguns
casos, as mãos também podem ser afetadas. As lesões podem ocorrer de forma
isolada ou em elevado número, dependendo da quantidade de pulgas presentes no
solo. Uma típica lesão causada por essa espécie apresenta-se como uma pequena
pápula marrom escura com um halo fino e claro ao seu redor. É comum a
ocorrência de dor ou prurido. Em casos mais graves, pode ocorrer infecção
secundária e até abscessos no local de penetração.
Sola do pé com
típica lesão de tungíase.
Você sabia
Em caso de infecções secundárias, devemos tratar com antibioticoterapia tópica ou
sistêmica. A principal forma de prevenir a tungíase consiste basicamente em evitar
contato com solo contaminado e usar calçados fechados. A descontaminação do
local infestado, por meio de medidas sanitárias, também deve ser adotada.
01
02
Ciclo de vida do
P. humanus spp.
Saiba mais
Os piolhos adultos podem viver até 30 dias na cabeça de um hospedeiro e
costumam morrer em 2 dias quando fora dela.
A via de transmissão mais comum ocorre pelo contato de cabeça com cabeça.
Porém, ao contrário do que muitos pensam, não é fácil de ser transmitido. É
necessário contato repetido e prolongado para que taxas significantes de
transmissão sejam atingidas.
Atenção
O tratamento da pediculose se dá através da administração de ivermectina, porém a
droga só tem eficiência contra as formas adultas do parasito. É necessária a
repetição do tratamento ao longo dos dias. O tratamento baseado na aplicação de
substâncias tópicas (por resultar em baixa adesão do medicamento no couro
cabeludo) pode levar à dificuldade no tratamento e à resistência do parasita em
relação a várias dessas substâncias.
Destaca-se também a espécie Pediculus humanus var. corporis, os piolhos de
corpo, que são vetores importantes de epidemias como tifo, febre das trincheiras e
febre recorrente. Eles causam prurido e pequenas picadas vermelhas no corpo.
Phthirus púbis.
Você sabia
Carrapatos são animais extremamente antigos, registros fósseis sugerem sua
existência há pelo menos 90 milhões de anos. Há mais de 800 tipos.
Morfologia do
carrapato.
No Brasil, os carrapatos do gênero Amblyomma, principalmente a espécie
Amblyomma cajennense, são os principais reservatórios da bactéria Rickettsia
rickettsii, causadora de uma doença conhecida como febre maculosa. Apresentam
ampla distribuição por todo o território brasileiro e são conhecidos popularmente
como carrapato-estrela, carrapato-do-cavalo ou rodoleiro. Suas ninfas são
conhecidas por “vermelhinhos” e suas larvas por “carrapatinhos” ou “micuins”.
A DOENÇA
É uma doença infecciosa febril aguda, de gravidade variável, que pode se
manifestar nos seres humanos tanto de formas leves e atípicas como de formas
graves com elevada taxa de letalidade.
OCORRÊNCIA
Ocorre principalmente na região Sudeste do Brasil.
TRANSMISSÃO
A transmissão para o homem não ocorre de forma imediata, geralmente o artrópode
permanece aderido ao hospedeiro por um período de 4 a 6 horas para a bactéria ser
inoculada e não ocorre pelo contato homem-homem.
SINAIS E SINTOMAS
Após o período de incubação de 2 a 14 dias, aparecem os primeiros sintomas não
muito específicos como febre (em geral alta), cefaleia, mialgia intensa, mal-estar
generalizado, náuseas e vômitos, podendo ser confundida com outras doenças. Na
maioria dos casos, entre o segundo e o quinto dia, surge o sinal clínico mais
importante: o exantema maculopapular (erupção na pele, geralmente de aspecto
avermelhado por causa da dilatação dos vasos sanguíneos ou inflamação, que pode
evoluir para equimoses) com o aparecimento de pápulas, ou lesões pequenas,
principalmente nos membros inferiores.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico da doença é difícil, sobretudo em sua fase inicial. No entanto, a
pessoa com suspeita de febre maculosa deve procurar um hospital imediatamente.
TRATAMENTO
O início do tratamento pode ser feito sem que se espere os resultados laboratoriais.
Se o paciente iniciar o tratamento nos primeiros cinco dias da infecção, a febre
geralmente regride entre 24 e 72 horas. Mesmo após o término da febre, o
tratamento deve ser mantido por três dias. O principal medicamento é o antibiótico
doxiciclina, que deve ser utilizado nos casos leves e moderados.
MEDIDAS DE PREVENÇÃO
Seguem algumas medidas de prevenção:
Usar calças compridas, inserindo a parte inferior por dentro de botas
(preferencialmente de cano longo e vedadas com fita adesiva de dupla face).
Retirar os carrapatos do corpo com uma pinça e não os esmagar com as
unhas, para evitar contaminação de outras partes do corpo com lesões.
A vigilância sanitária tem a obrigação de alertar a população sobre a
infestação de carrapatos em locais públicos.
Ácaros
Os ácaros são pequenos aracnídeos que podem ser encontrados com frequência
nas residências, principalmente em colchões, travesseiros e almofadas, onde se
alimentam de restos celulares oriundos da descamação da pele.
Microscopia
eletrônica de um ácaro.
Os ácaros apresentam corpo sem segmentação com extrema fusão dos segmentos
do corpo, formando o ideossoma. Já os outros aracnídeos apresentam o corpo
segmentando com o prossoma e opitossoma. Apresentam uma estrutura anterior
bem característica, chamada de gnatossoma, local onde estão localizadas as peças
bucais. Têm quatro pares de patas no estado adulto e geralmente tamanho muito
reduzido, os maiores com aproximadamente 0,75 mm — assim, os ácaros só
podem ser visualizados com auxílio de um microscópio e são facilmente carregados
pelo ar.
Morfologia
externa do ácaro.
Saiba mais
Os ácaros desencadeiam reações de hipersensibilidade na pele do hospedeiro,
causando dermatites. Ademais, estão relacionados com alergias respiratórias, como
asma e rinite alérgica. Entre as várias espécies existentes, a Sarcoptes scabiei
hominis é responsável pela principal dermatite causada por ácaros, a escabiose
humana, conhecida como sarna.
Sarcoptes
scabiei hominis.
O ciclo de vida dessa espécie apresenta os estágios de ovo, larva, ninfa e adultos.
As fêmeas adultas podem depositar até três ovos por dia. A fase larval, que ocorre
após a eclosão dos ovos, dura cerca de quatro dias, com as larvas apresentando
apenas três pares de pernas. Após a muda das larvas, são originadas as ninfas com
os quatro pares de pernas característicos dos aracnídeos.
Ciclo de vida do
Sarcoptes scabiei hominis e transmissão da sarna.
Lesões da
escabiose.
O ácaro pode afetar qualquer área do corpo, porém as regiões mais acometidas são
entre os dedos das mãos e dos pés, ao redor dos pulsos e cotovelos, nas axilas, na
dobra do joelho e ao redor da cintura. Em crianças pequenas e bebês, é comum
acometer as regiões da cabeça, pescoço e palmas das mãos.
O principal medicamento utilizado para o tratamento da sarna é a ivermectina. Além
disso, para o efetivo controle da escabiose, é necessário o tratamento de todos os
familiares e parceiros sexuais, mesmo daqueles que não manifestarem sintomas.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. As pulgas são ectoparasitas principalmente de mamíferos e aves que passam por
diferentes fases em seu desenvolvimento. Selecione a opção que corresponde ao
nome correto das espécies que acometem cão e gato e seres humanos, bem como
a ordem das etapas de seu ciclo de vida, respectivamente.
Ctenocephalides felis e Tunga penetrans – ovos, larvas, pupa e inseto adultos.
Sarcoptes scabiei hominis e Sarcoptes scabiei ovis – ovo, ninfa e inseto adultos.
Ctenocephalides felis ovis e Sarcoptes scabiei hominis – ovo, ninfa e inseto adultos.
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MÓDULO 3
O veneno (ou peçonha) produzido por esses animais pode ser inoculado de
inúmeras formas. Nos ofídios, como as cobras e as serpentes, a inoculação do
veneno ocorre por meio de dentes especializados. Em aracnídeos, a forma de
inoculação é diferente: nos escorpiões, a peçonha é inoculada através do aguilhão,
estrutura bem característica desses animais, localizada na ponta de sua cauda. As
aranhas, por sua vez, utilizam suas quelíceras, apêndices responsáveis por injetar o
veneno. Já em insetos, como as abelhas africanizadas, o ferrão, localizado na ponta
do abdômen, é a estrutura inoculadora.
Naja siamensis
Parabuthus granulatus
Loxosceles reclusa
Animais peçonhentos possuem preferência por ambientes quentes e úmidos e são
encontrados em matas fechadas, trilhas e próximo a residências com lixo
acumulado. Manter a higiene do local e evitar acúmulo de coisas é a melhor forma
de prevenir acidentes desse tipo.
Atenção
Os acidentes causados por animais peçonhentos caracterizam-se como problema
de saúde pública no Brasil, por conta do elevado número de casos a cada ano e das
possíveis complicações advindas desses ataques. Costumam ser registrados, por
ano, aproximadamente 110.000 acidentes ocasionados por animais peçonhentos no
Brasil.
ABELHAS
As abelhas são animais invertebrados pertencentes à ordem Hymenoptera.
Diferenciam-se das vespas (também chamadas de marimbondos) por se
alimentarem de pólen e néctar.
Destaca-se nesse grupo a abelha africanizada chamada Apis mellifera, uma espécie
resultante do cruzamento de abelhas europeias com abelhas africanas, que foram
trazidas para o Brasil na década de 1950 com a intenção de potencializar a
produção de mel no país. Essa espécie vive muito bem no clima da região tropical e,
atualmente, são encontradas em todo o Brasil.
Apis mellifera.
Morfologia das
abelhas.
Atenção
As manifestações clínicas são locais e sistêmicas. As locais são dor, eritema
(vermelhidão) e edema (inchaço). As sistêmicas são prurido, rubor e calor
generalizado, podendo surgir pápulas e placas urticariformes disseminadas. Em
casos moderados, hipotensão, taquicardia, cefaleia, náuseas, vômito, cólicas
abdominais e broncoespasmos. Em casos graves, pode evoluir para choque
anafilático, insuficiência respiratória, rabdomiólise e hemólise, resultando em
anemia, icterícia e hemoglobinúria, com evolução para oligúria e insuficiência renal
aguda.
Como tratamento, os ferrões devem ser retirados o mais rápido possível e iniciar as
compressas frias. Quando sintomático, indicam-se a ingestão de analgésicos, o uso
de anti-inflamatórios não esteroidais e anti-histamínicos e corticoides, caso haja
inchaço.
ARACNÍDEOS
As aranhas e escorpiões, pertencentes à classe Arachnida, estão distribuídos em
todos os ecossistemas. Tanto os aracnídeos como os insetos fazem parte do filo
Arthropoda, ou seja, são conhecidos como animais artrópodes. No entanto, os
aracnídeos apresentam algumas diferenças em relação aos insetos, como a
presença de quatro pares de pernas, não são dotados de antenas e o corpo é
dividido em duas partes: cefalotórax e abdome.
Morfologia
externa de uma aranha.
Saiba mais
Conheça a morfologia externa do escorpião.
Aranhas
Apesar de as aranhas e os escorpiões serem excelentes predadores de insetos e
ostentarem um arsenal de substâncias tóxicas nocivas para suas presas, nem todos
são capazes de causar graves acidentes em humanos.
Atenção
Na maioria dos casos, os membros inferiores são os mais acometidos, mas de
modo geral os acidentes apresentam gravidade leve, com poucos casos fatais. O
tratamento é feito com soro, observação, analgesia e, em alguns casos, anestesia
local e internação para melhor acompanhamento e cuidados.
Os sintomas da inoculação por viúva-negra são dor intensa irradiada pelo membro,
dor por todo corpo, agitação, contrações musculares e sudorese. Casos graves
podem ocasionar complicações, tais como pressão alta, taquicardia, retenção
urinária e choque anafilático.
Latrodectus sp.
Phoneutria sp.
Você sabia
As aranhas-caranguejeiras, embora sejam grandes e causem impacto visual, são
animais dóceis e não causam acidentes considerados graves. São frequentemente
encontradas em residências e jardins.
Aranha caranguejeira.
Saiba mais
Os acidentes por aranhas são tratados utilizando a soroterapia, a partir dos soros
antiaracnídicos.
Escorpiões
No Brasil, apenas duas espécies pertencentes ao gênero Tityus apresentam riscos
aos seres humanos, são eles: o escorpião amarelo (Tityus serrulatus) e o escorpião
marrom (Tityus bahiensis). Os acidentes causados pelos escorpiões são conhecidos
como escorpionismo. Em geral, ocorrem em zonas urbanas, e os membros
superiores são a parte do corpo mais acometida.
Tityus serrulatus
SERPENTES
Proteróglifas
Apresentam presas pequenas e fixas localizadas na região anterior da boca. Por
exemplo: cobra-coral verdadeira.
Opistóglifas
Têm presas pequenas, fixas e localizadas no fundo da boca, o que dificulta a
inoculação da peçonha. Por exemplo: cobra-verde.
Áglifas
Não possuem dentes modificados para injetar veneno e por isso são não
peçonhentas. Por exemplo: jiboias e sucuris. Mesmo não tendo veneno, a picada
dessas serpentes é altamente dolorosa e, além disso, são extremamente perigosas.
A jiboia, por exemplo, mata sua presa por constrição.
Bothrops jararaca.
Lachesis muta.
O risco de acidentes por serpentes pode ser reduzido tomando algumas medidas
gerais e bastante simples de prevenção:
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. As abelhas são animais peçonhentos que possuem como principais
características morfológicas a cabeça e o tórax com coloração enegrecida e os
anéis abdominais nas cores preta e amarela alternadamente. Além disso, elas têm o
hábito de viver em sociedade. Em relação às diferentes castas de abelhas, assinale
a alternativa correta:
A abelha-rainha é a responsável pela reprodução e por manter a colônia unida.
Comentário
2. Existe uma série de recomendações que devem ser seguidas a fim de evitar que
as lesões causadas por animais peçonhentos se intensifiquem. Assinale a opção
que indica algumas medidas que devemos seguir em casos de acidente com esses
animais:
No caso de acidente por abelhas, devemos retirar o ferrão com as mãos ou uma
pinça e só procurar o centro médico em caso de febre alta.
No caso de acidentes por serpentes, devemos lavar o local da picada com água e
sabão e manter o membro afetado elevado.
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Comentário
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar de todos os aspectos positivos que os artrópodes e as serpentes podem
oferecer ao meio ambiente e à sociedade, eles são responsáveis por transmitir
agentes patogênicos e causar inúmeras doenças.
Vimos, ao longo deste conteúdo, que desde minúsculos ácaros até grandes
serpentes possuem sua importância médica. Além disso, aprendemos que o animal
não é o responsável por causar a doença, como no caso dos mosquitos, mas
funcionam como vetor, uma ponte entre o parasita e seu hospedeiro definitivo.
Conhecer as principais características e a ecologia desses animais é de
fundamental importância para a implementação de medidas de controle, combate e
prevenção de acidentes.
PODCAST
Agora, a especialista Isabel Nogueira Carramaschi junto com Raquel Nascimento,
encerram o tema falando sobre as principais características epidemiológicas de
artrópodes parasitas e dos animais peçonhentos.
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REFERÊNCIAS
ANDRADE, A.; PINTO, S. C.; OLIVEIRA, R. S. (orgs.). Animais de laboratório:
criação e experimentação [on-line]. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2002. 388p.
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