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Conhecendo A Vida Do Solo - Ecologia
Conhecendo A Vida Do Solo - Ecologia
Ecologia
VO LUME 6
UF L A
© 2017 by Maíra Akemi Toma, Rogério Custódio Vilas Boas e Fatima Maria de Souza Moreira
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, por qualquer meio ou forma,
sem a autorização escrita e prévia dos detentores do copyright.
Direitos de publicação reservados à Editora UFLA.
Impresso no Brasil – ISBN: 978-85-8127-070-8
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Comercial/Financeiro: Damiana Joana Geraldo Souza
ISBN: 978-85-8127-070-8
Ecologia
VO LU M E 6
AUTORES
Fernanda de Carvalho
Universidade Federal de Lavras | fernandacarva@gmail.com
Juliana Tuller
Universidade Federal de Lavras | julianatullerm@gmail.com
REVISÃO TÉCNICA
Lucas Del Bianco Faria
Universidade Federal de Lavras | lfaria@dbi.ufla.br
REVISÃO DE TEXTO
Paulo Roberto Ribeiro
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Uma população é definida como um grupo de organismos pertencentes a uma mesma
espécie que co-ocorrem em uma mesma área e ao mesmo tempo. Um nível acima, as co-
munidades são compostas por grupos de populações de diferentes espécies. Um conjun-
to de comunidades e sua interação com os fatores abióticos compõem um ecossistema.
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organismos, bem como a equitabi- nadas tanto pelas condições (carac-
lidade – distribuição de abundân- terísticas físicas e químicas) quan-
cias entre as espécies de uma comu- to pela disponibilidade de recursos
nidade – é definida por diversidade (abrigo, alimento, parceiros para
biológica. acasalamento). Essas características
A abundância e riqueza de orga- requeridas pelas espécies para so-
nismos, bem como a diversidade brevivência, crescimento e reprodu-
biológica em um local, são determi- ção compõem o conceito de nicho.
DESEQUILÍBRIO DO AMBIENT E
A aplicação de pesticidas é comumente utilizada para eliminar organismos que
causam danos econômicos a plantações, também conhecidos como pragas. No
entanto, a aplicação desses produtos pode eliminar espécies não-alvo e alterar a
equitabilidade da comunidade de organismos do solo gerando picos populacionais
de determinadas espécies causadoras de danos e/ou excluindo espécies de
predadores e parasitoides que poderiam auxiliar no controle de pragas.
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Nicho e especialização
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Interações
bióticas
A s interações bióticas são co-
nhecidas por qualquer relação
que ocorre entre organismos vivos
Quando as interações ocorrem en-
tre organismos de uma mesma espé-
cie, ela é conhecida como interação
e essas podem ocorrer de manei- intraespecífica. Já quando a intera-
ra direta ou indireta. As interações ção ocorre entre organismos de duas
diretas são mais fáceis de serem ob- ou mais espécies diferentes, é deno-
servadas, enquanto as indiretas são minada interação interespecífica.
menos comumente detectadas.
Interações indiretas
As interações indiretas só podem No diagrama a seguir, podem ser
ser percebidas após estudos mais observados os tipos mais comuns de
específicos, por serem menos per- interações indiretas. Cada bolinha
ceptíveis. Nesse tipo de interação, colorida representa um indivíduo
duas espécies não se relacionam de espécie diferente e as setas repre-
diretamente, mas através de uma sentam a direção do fluxo de ener-
terceira espécie que intermedeia a gia, ou seja, no sentido do recurso
interação. para o consumidor.
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Neste quadro estão representados os tipos de efeitos indiretos mais comumente encon-
trados em uma comunidade. Na competição por exploração, duas espécies de consumi-
dores (C1 e C2) interagem indiretamente a partir do compartilhamento do recurso (R).
O efeito de cascata trófico ocorre quando uma espécie de um determinado nível trófico
interfere em outra de um nível trófico não adjacente ao seu, sendo que pode ser do
tipo base-topo – o recurso (R) controla diretamente o consumidor (C) e indiretamente o
predador (P) – ou do tipo topo-base – o predador (P) controla diretamente o consumi-
dor (C) e indiretamente o recurso (R). Na competição aparente, dois recursos (R1 e R2)
interagem indiretamente através do compartilhamento do mesmo consumidor (C). No
mutualismo indireto por interferência, a interação direta de entre dois recursos (R1 e R2)
interfere indiretamente no consumidor de ambos os recursos (R1 e R2). No mutualismo
indireto por exploração, dois consumidores (C1 e C2) compartilham um único recurso
(R), o que acaba afetando indiretamente a espécie de predador do consumidor 1 (P1) e
de predador do consumidor 2 (P2).
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Interações diretas
As interações bióticas diretas po- duos envolvidos, são denominadas
dem ser classificadas de acordo interações desarmônicas, ao passo
com as consequências positivas ou que quando não é prejudicial para
negativas para os indivíduos envol- nenhum deles, são denominadas
vidos. Quando há um efeito negati- interações harmônicas.
vo para pelo menos um dos indiví-
Interações desarmônicas
Predação duo não é capaz de consumir a plan-
A predação ocorre quando um orga- ta toda, causando sua morte.
nismo consome uma parte ou por
inteiro um outro organismo vivo.
A espécie que comeu o outro orga-
nismo é chamada de predadora e o
organismo que foi morto (consumi-
do) é chamado de presa. Essa pode
ocorrer também entre indivíduos de
uma mesma espécie, sendo denomi-
nada canibalismo. Alguns organis-
mos consomem as plantas, sendo
denominados herbívoros e comu-
mente não são considerados como
predadores verdadeiros, já que, na Formigas são comumente encontradas
predando cupins e, às vezes, levando al-
maioria das vezes, um único indiví- guns para seu ninho.
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Parasitismo
Um dos indivíduos é chamado pa-
rasita, e é beneficiado quando esse
adquire nutrientes do outro indi-
víduo chamado de hospedeiro, que
tem suas funções vitais prejudica-
das, podendo até ser levado à morte
a médio ou longo prazo.
Alguns nematoides são parasitas
de insetos, geralmente larvas, sen-
do, muitas vezes, utilizados para o
controle de insetos-praga de planta-
ções (vide cartilha Microfauna).
CURIOSIDADE:
Há ainda um outro tipo de interação desarmônica chamada Parasitoidismo. Nessa relação, o
indivíduo que se beneficia é chamado parasitoide e o indivíduo que é parasitado chama-se
hospedeiro. O hospedeiro tem suas funções vitais prejudicadas quando o parasitoide fêmea
(inseto), coloca seu (s) ovo (s) dentro do hospedeiro (um inseto ou uma aranha), assim, quando
o ovo do parasitoide se desenvolve dentro do hospedeiro, a morte do hospedeiro torna-se
inevitável. Ex: Esta interação é muito aplicada no controle de hospedeiros praga de lavouras
através do uso de parasitoides, ação denominada controle biológico.
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Competição Amensalismo
Ocorre quando os recursos não es- Um dos indivíduos é chamado de
tão disponíveis em quantidade su- espécie inibidora e o outro é deno-
ficiente e os indivíduos começam minada amensal. A espécie inibido-
a disputá-los. Pode ocorrer tanto ra produz e libera substâncias que
entre indivíduos de uma mesma es- inibem o crescimento e a reprodu-
pécie (competição intraespecífica) ção da outra espécie, que é chama-
quanto entre indivíduos de espécies da de amensal.
diferentes (competição interespecí-
fica). Competição ocorre, por exem-
plo, quando duas plantas disputam
por nutrientes que estão presentes
no ambiente solo em baixas quanti-
dades. Assim, plantas que crescem
mais rapidamente absorvem mais
nutrientes, fazendo com que as ou-
tras plantas cresçam menos, devido
à quantidade reduzida de nutrien-
tes que ficaram disponíveis no solo Algumas bactérias podem inibir o cresci-
para serem utilizados. mento e a reprodução de fungos através
da liberação de antifúngicos.
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Interações harmônicas
Mutualismo conseguem completar o seu ciclo de
É quando temos dois indivíduos vida sem a interação mutualistica.
interagindo e ambos se beneficiam Como exemplo de um mutualis-
dessa interação. A união destes in- mo obrigatório, podemos citar a as-
divíduos pode ser obrigatória ou sociação entre os fungos micorrízi-
facultativa. Quando obrigatória os cos (do grego mykes significa fungo,
indivíduos de pelo menos uma das e rhiza, raiz) e raízes de plantas. As
espécies envolvidas na interação não hifas dos fungos aumentam a super-
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Bactérias fixadoras de nitrogênio, conhecidas vulgarmente como rizóbios, se desenvol-
vem nas raízes de plantas da família Leguminosae, como, por exemplo, o feijão e a soja.
Estas bactérias formam estruturas, denominadas de nódulos, nas raízes das plantas onde
elas ficam alojadas e realizam a transformação do nitrogênio do ar para forma que pode
ser utilizada pela planta.
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Protocooperação ponibilizam matéria orgânica para
Ambos os indivíduos da interação o solo e, consequentemente, para
se beneficiam, mas as espécies con- as minhocas.
seguem viver separadas, isto é, a
associação entre esses dois indiví- Inquilinismo
duos não é obrigatória. A minhoca É uma relação em que uma espécie se
faz buracos no solo para possibili- beneficia e para a outra espécie essa
tar a aeração do solo, o que benefi- relação é neutra, isto é, não há des-
cia as plantas, enquanto essas dis- vantagem nem vantagem para ela.
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Comensalismo
Há uma espécie que se beneficia, CU RI OS ID AD E
sendo assim chamada de comen- Muitos fungos são capazes de
degradar
sal, e para a outra espécie essa in- a celulose em glicose; dessa
forma, na
teração é neutra, isto é, não a pre- rizosfera, onde há muitos nu
trientes no solo,
judica nem lhe confere nenhuma as bactérias crescem em gra
nde quantidade
vantagem. Entretanto, a espécie e utilizam a glicose resultan
te da degradação
comensal se aproxima da outra es- pelos fungos. Assim, a bactér
ia se beneficia
pécie devido ao seu hábito de ali- do processo realizado pelo fun
go, mas não
mentação. traz nenhum malefício a ele.
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A s teias alimentares são repre-
sentações ecológicas das rela-
ções existentes entre os organismos
outros organismos. Além da maté-
ria orgânica, fungos e bactérias, que
decompõem os restos de animais e
que habitam o mesmo local. No caso vegetais mortos, também são im-
da fauna de solo, a matéria orgâni- portantes fontes de alimento para
ca morta ou raízes são as principais a mesofauna e microfauna. Mesmo
fontes de alimentos para organis- que os fungos e bactérias pertençam
mos decompositores (que se alimen- a outra categoria de organismos
tam de matéria orgânica morta) ou (micro-organismos), eles tam-
fitófagos (que se alimentam de sei- bém podem interagir com a meso-
va de vegetais). Os decompositores fauna. E a mesofauna, por sua vez,
servirão de alimento para outros pode servir de alimento para orga-
organismos (predadores), e os pre- nismos maiores: a macrofauna (vide
dadores, por sua vez, quando mor- cartilha Macrofauna). Segue abaixo
rem podem servir de alimento para um exemplo de teia alimentar:
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A importância
das interações
O s seres vivos dependem de
energia, que é fundamental
para os processos vitais (sobrevi-
cia e permanência das espécies no
meio ambiente, levando a um equi-
líbrio no ecossistema. As interações
vência, crescimento e reprodução). desarmônicas podem ser maléficas
Com exceção dos produtores pri- para individuos, porém são benéfi-
mários, essa energia é adquirida cas para o ecossistema pois evitam
através da interação que possuem explosões populacionais e também
com outros organismos, seja atuan- exercem pressão seletiva sobre a
do como predadores, sejam como população do indivíduo que foi pre-
parasitas, entre outros, conforme judicado. Por exemplo, a excreção
mostrado nas interações anterior- de substâncias repelentes a outros
mente. Além da energia, indivíduos organismos, como modo de defe-
interagem pa ra obter proteção, sa, é resultante de pressão seletiva
transporte e reproduzir, podendo de predadores sobre as presas. Um
até regular o crescimento de popu- exemplo é o ácido fórmico excreta-
lações; sendo assim, as interações do por formigas e o odor desagra-
são importantes para a coexistên- dável dos gambás.
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A importância da
biodiversidade
do solo
na manutenção
dos ecossistemas
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do ecossistema, maior redundân- rem alguns grupos de organismos
cia funcional ele terá. Essa redun- que o executam, sempre existirão
dância funcional garante o poder outras espécies que poderão substi
de recuperação de um processo, tuí-las na realização desse processo,
pois se determinados distúrbios garantindo a sustentabilidade do
ambientais eliminarem ou inativa- ecossistema.
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Organismos maiores que a macrofauna também
habitam o solo e são chamados de megafauna
Os editores
ISBN 978-85-8127-070-8
9 788581 270708