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Sinopse

Sienna é uma lobisomem de dezenove anos com um segredo: ela é virgem. A única virgem do
bando. Ela está decidida a passar por Bruma deste ano sem ceder aos seus impulsos primitivos - mas
quando ela conhece Aiden, o alfa, ela se esquece de seu autocontrole.

Classificação etária: 18 +

E-book Produzido por: SBD e Os Lobos do Milênio

Esse Arquivo contém os Livros 1, 2 e 3


Livro 4 – Ainda não lançado!
Livro 1
Capítulo 1 - O Alfa do Rio
Sienna
Tudo que eu via era sexo.
Pra onde quer que eu me virasse, via corpos tremendo. Membros se deslocando. Bocas
gemendo.
Corri através de uma floresta, ofegante, tentando escapar dos fantasmas carnais ao meu redor,
que pareciam estar me convocando. Dizendo junte-se a nós...
Mas quanto mais para dentro da floresta eu corria, mais escura e mais escura e mais viva ela se
tornava.
Algumas árvores balançam como amantes, outras, com raízes nodosas e galhos espigados
pareciam predadores. Prendendo-me. Perseguindo-me.
Algo lá fora, no escuro, estava me perseguindo.
Alguma coisa desumana.
E agora as bocas não estavam gemendo. Elas estavam gritando.
Orgias grotescas por toda parte iam se tornando violentas. Sangrentas. Próximas da morte.
A qualquer momento, a escuridão ia me pegar.
O sexo ia me estrangular.
Ao sentir a raiz enrolar em minha perna, tropecei e caí em um buraco aberto no centro da
floresta, mas não, era um buraco.
Era uma boca. Com dentes afiados e uma língua preta, lambendo seus lábios, prestes a me
engolir inteira.
Eu tentei gritar, mas não tinha voz.
Eu caí.
Mais longe.
Mais fundo.
Até que eu me fundi com a loucura violenta e sexual... completamente consumida.
***
Pestanejei. Que diabos eu estava desenhando?
Sentada à beira do rio, livro de esboços na mão, olhei para baixo, incrédula, para o meu próprio
trabalho. Tinha desenhado uma visão muito perturbadora... e sexual.
Isso só podia significar uma coisa: A Bruma estava chegando.
Mas antes de pensar ou de desenhar outra coisa, o som de risadas próximas me distraiu. Virei-me
para ver um grupo de meninas, ao seu redor.
Aiden Norwood.
Eu nunca o tinha visto aqui antes. Não na margem do rio onde eu vou para desenhar e me
distrair, não há muitos de nós por aqui...
Por quê? Eu não sei.
Talvez seja a calma quando sempre se espera de nós que sejamos selvagens. Talvez seja a água
quando cada um de nós arde com um incêndio interno. Ou talvez seja apenas um lugar que eu só
tenha pensado como meu.
Um lugar secreto onde eu não sou só mais uma na matilha, onde sou apenas eu, Sienna Mercer,
uma artista autodidata ruiva de dezenove anos. Uma garota aparentemente normal.
O Alfa caminhou em direção a água, ignorando o bando de moças que o seguiam. Ele parecia
que queria ser deixado sozinho. Isso me deixou curiosa. Fez-me querer atrai-lo.
Claro, eu sabia que era um risco desenhar o Alfa.
Mas como eu poderia resistir?
Comecei a esboçá-lo. Com uma altura de 1,80m, cabelo preto desgrenhado e olhos verde-ouro
que parecia mudar de cor cada vez que ele virava a cabeça. Aiden era a definição de lindo de dar
água na boca.
Eu tinha começado a trabalhar nos olhos quando ele virou a cabeça e farejou.
Eu congelei, fiquei paralisada. Se ele me visse agora, se visse o que eu estava desenhando...
Mas então, para meu alívio, ele olhou para água, perdendo-se novamente em algum devaneio
escuro. Mesmo rodeado por outros, o Alfa estava sozinho. Então eu o desenhei sozinho.
Eu sempre o observava de longe. Eu nunca tinha estado tão perto, mas agora eu podia ver como
os bíceps dele saltavam de sua camisa, como sua coluna vertebral se curvava para acomodar sua
transformação.
Me perguntei o quão rapidamente ele poderia se transformar. Dobrado, com os olhos em busca,
como os de um animal selvagem, ele parecia neste caso, já na metade do caminho.
Um homem, sim. Mais que isso; um lobisomem.
Sua beleza me lembrou que a Bruma estava se aproximando rapidamente. Era a época do ano
em que todo lobisomem a partir dos dezesseis anos de idade enlouquece com a luxúria, a estação em
que todos e quero dizer todos trepam como loucos.
Uma ou duas vezes por ano, esta fome imprevisível, esta necessidade física infecta a todos até os
ossos...
Aqueles que não tinham companheiros encontram um parceiro temporário para se divertirem
com os outros.
Em outras palavras, não havia ninguém na matilha com mais de dezesseis anos que fosse virgem.
Olhando agora para Aiden eu me perguntava se os rumores que giravam em torno dele eram
verdadeiros.
Se por acaso era por isso que ele estava ali, ignorando as garotas, refletindo à beira do Rio.
Alguns disseram que haviam passado meses desde que Aiden havia levado qualquer mulher para
a cama, que ele estava se distanciando de todos.
Por quê? Uma companheira secreta? Não, as fofoqueiras da matilha já teriam descoberto.
Então, qual era o problema, o que seria do nosso Alfa se ele não tivesse nenhuma parceira
quando a bruma atacasse.
Não é da sua conta, eu mesma me repreendo. O que importa para mim quem Aiden comia?
Ele era 10 anos mais velho e, como a maioria dos lobisomens, só estava interessado em alguém
de sua própria idade.
Para Aiden Norwood, o alfa da segunda maior matilha nos Estados Unidos, eu não existia.
Colocando de lado minha paixonite de adolescente boba resolvi seguir sem pensar no assunto.
Michele, minha melhor amiga, estava decidida a me encontrar um pau amigo. Ela já tinha um
parceiro, coisa comum entre os lobos solteiros antes da bruma.
Tentando me arranjar com 3 amigos de seu irmão, todos que pareciam perfeitamente decentes e
que tinham sido diretos em me considerar boa para uma transa, Michelle não conseguia entender
porque eu tinha recusado cada um deles.
"Ugh.." Eu ouvi a voz de Michelle reverberando em minha cabeça.
"Por que você é sempre tão fresca, garota?"
Porque a verdade era que eu tinha um segredo.
Aos dezenove anos de idade, eu era a única Loba virgem em toda a nossa matilha. Tinha passado
por 3 estações, e por mais sedento por sexo que ficasse, nunca havia cedido aos meus desejos
carnais.
Eu sei. Muito pouco inteligente da minha parte em se preocupar com "sentimentos" e "primeiras
vezes", mas eu prezava os meus.
Não era que eu fosse uma puritana. Em nossa sociedade não havia tal coisa. Mas, ao contrário da
maioria das meninas, eu recusava a me entregar até encontrar meu companheiro.
Eu sabia que ia encontrá-lo.
Eu estava guardando minha virgindade para ele.
Quem quer que fosse.
Continuei a esboçar o alfa quando olhei para cima e vi, para minha surpresa e pavor repentino,
que ele não estava lá.
"Nada mal." Eu ouvi uma voz baixa ao meu lado.
"Mas os olhos podiam estar um pouco melhores."
Virei-me para o ver, parado bem ao meu lado, olhando para o meu esboço.
Aiden.
Norwood.
Porra.
Antes que eu pudesse recuperar meu fôlego, ele olhou para cima e nossos olhos se encontraram.
Eu arfei, muito ciente que estava fazendo contato visual direto. E imediatamente olhei para o lado.
Ninguém em seu perfeito juízo se atreve a olhar um alfa nos olhos.
Isso só poderia significar uma das duas coisas, ou você estava desafiando o domínio do Alfa,
praticamente uma tentativa de suicídio, ou você estava convidando o Alfa para o sexo.
Como eu também não tenho essa intenção, minha única opção era desviar o olhar antes que
fosse tarde demais e rezar para que ele não interpretasse mal o significado do encontro.
"Perdoe-me" eu disse calmamente, só para garantir "você me pegou de surpresa."
"Peço desculpas", ele disse. "Eu não quis te assustar."
Essa voz, mesmo dizendo as palavras mais educadas que se possa imaginar, elas soavam
carregadas de ameaça. Como se a qualquer segundo, ele pudesse cortar sua garganta mesmo com os
dentes em forma humana. "Tudo bem, mesmo", ele disse. "Eu não mordo... Só de vez em quando."
Eu estava tão perto que pude alcançar e tocar seus músculos ondulantes de sua pele dourada.
Levantei os olhos e pesquei.
Um rosto brutal, recortado, que não deveria ser bonito, mas era. Sobrancelhas grossas que
pareciam ásperas ao toque, como uma pitada de sua forma de lobisomem e um nariz, ainda que
ligeiramente torto — sem dúvida quebrado em alguma luta passada — não maculava em nada seu
sex appeal de tirar o fôlego.
O Alfa deu um passo mais próximo, como se fosse para me testar. Eu podia sentir cada pêlo em
meu corpo se eriçar com o nervosismo. Ou... será que era desejo?
"Da próxima vez que você me desenhar" disse Aiden, "chegue mais perto."
"Oh... ok" eu balbuciei como uma idiota.
Então, tão rapidamente quando ele apareceu, Aiden Norwood se virou e sumiu, deixando-me
junto ao rio, sozinha. Eu suspirei, sentindo cada músculo do meu corpo se acalmar.
Não era nada comum ver o Alfa fora da Casa da Matilha, a sede de todos os negócios dos
grupos. Na maioria das vezes, nós víamos o Alfa em reuniões ou bailes, sempre algo formal. O que
tinha acontecido hoje era raro.
Eu já podia ver, pelo olhar invejoso das fãs de adoradoras de Aiden que o haviam seguido até o
rio, apenas para serem ignoradas, que isso podia sair do controle.
Até mesmo o cheiro de interação com o Alfa. Especialmente para uma jovem plebeia como eu,
seria suficiente para mandar as novinhas mais histéricas à loucura, derrubando as paredes da Casa da
Matilha, só por mais um gostinho dele.
Um evento dessa magnitude certamente irritaria o Alfa e um Alfa estressado significava um alfa
disfuncional, o que significa uma alcateia disfuncional... deu para entender. Não ia ser bom para
ninguém.
Decidi, com a pouca luz que restava do dia, que terminaria de desenhar para me distrair, só eu e
o rio — em paz, mas tudo que pude ver foram os olhos de Aiden Norwood e como eu os tinha
desenhado muito mal, o alfa estava certo, eu podia fazer melhor.
Se eu pudesse chegar mais perto... mais perto, mas quando eu poderia estar tão perto outra vez?
Eu não sabia então o que sei agora, que dentro de algumas horas a Bruma estava prestes a
começar.
Que eu estava prestes a me tornar um animal parado por sexo e que Aiden Norwood, o Alfa da
matilha da Costa Leste, iria desempenhar um papel muito proeminente no meu despertar sexual. Só
a ideia era o bastante para fazer qualquer uma uivar.
Capítulo 2 - O Perigo
Mãe: Querida Sienna. Onde você está?
Sienna: Mãe, quantas vezes eu tenho que te dizer
Sienna: Você não precisa começar as msgs usando querida
Mãe: Mas é mais especial assim! Como uma carta só para você.
Sienna: emoji revirando os olhos
Mamãe: Vem logo para casa!
Mãe: Sua irmã está aqui.
Mãe: Trouxe o Jeremy
Mãe: Você sabe o que isso significa
Mãe: FOFOCA FRESQUINHA
Sienna: ... legal?
Sienna: Chego em breve
Mãe: Ótimo. Com amor, mamãe.

Sienna
Você não pode decidir quando e onde a Bruma ataca.
Dirigindo? É melhor encostar rápido ou você causará um engarrafamento de cinquenta carros.
No trabalho? Bata o ponto e corra para as colinas ou você e seu chefe podem se tornar muito
mais que colegas.
Quando me sentei para jantar, rezei para que ela não me atingisse enquanto estivesse com minha
família — o pior lugar possível, na minha opinião.
Enquanto ajudava a pôr a mesa e servia um prato de lasanha caseira para Selene, olhava para a
porta traseira, caso tivesse que fazer uma fuga improvisada.
Sentei-me para comer com toda família, que já estava no meio de uma conversa animada.
"O que é, Jeremy?" disse minha mãe, acenando com a cabeça para o companheiro da minha
irmã. "Você mal disse uma palavra desde que entrou. Como vai o trabalho?"
"Você não tem que responder a isso, conselheiro." disse Silene, disparando um brilho divertido
sobre a mãe.
"Bem" — Jeremy riu — "se você está pedindo fofoca sobre nossa liderança, Melissa, você sabe
que eu não posso divulgar essa informação.
"Nem um aceno de cabeça para confirmar ou negar?"
"Mãe." disse Silene. "Ele é o advogado principal da matilha, seu trabalho é guardar segredos."
"Mas..." A mãe suspirou, "Eu não preciso saber nada confidencial. Só um pouco de conversa.
Como... é verdade que nosso Alfa e Jocelyn não estão mais juntos agora ela estaria namorando com
seu beta, Josh?"
"Mãe", Selene e eu dissemos em uníssono.
Jeremy sorriu. "Tenho o direito de permanecer calado."
"Ah, mas vocês não têm graça nenhuma mesmo."
A mulher agia mais como uma adolescente do que as duas filhas juntas, mas nós a amávamos por
isso, quase sempre.
"Você poderia perguntar sobre o meu trabalho sabia", disse Selene.
"Eu perguntei não foi?" ela perguntou através de uma boca cheia de lasanha. "Tenho certeza que
sim." Selene rolou seus olhos. A mãe sempre quis que Selene seguisse uma carreira estável. A moda,
pensava minha mãe, não era uma profissão, era um hobby.
"Num dia está em alta, no outro, em baixa." ela diria "É assim com as roupas e toda a indústria,
Selene! Pense a longo prazo."
Bem, agora Selene havia conseguido, provando que anos de conselhos da mamãe estavam
errados, e estava trabalhando ativamente em uma das principais empresas de design de moda da
cidade.
Mas Selene sempre deixou os insultos da mamãe passarem batido. Em todos os níveis, ela era a
versão mais bonita, mais inteligente e mais bem sucedida de mim.
Sempre que eu dizia isto em voz alta, o que eu fazia — muitas vezes — a Selene me empurrava
suavemente e dizia apenas: "Você ainda é jovem, Si, dê tempo ao tempo."
Mas quando se tratava dos meus sonhos, da minha futura carreira como a maior artista do
mundo, eu nunca tinha sido paciente. Um dia, eu ia abrir minha própria galeria.
Um dia em breve, prometi a mim mesma. Eu não me importava com o que a mãe dizia. Selene
havia provado que ela não estava certa sobre tudo.
"Não tem problema mãe", disse Selene, mudando de assunto. "As fofocas são mais interessantes
mesmo... Por falar nisso…" Os olhos de Selene piscaram para mim, eu fiz que não com a cabeça
veementemente. Não. Não.
"Tem ideia de quem poderia ser seu parceiro para a temporada, Si?"
"Aaaah, sim", disse mamãe, voltando-se para mim. "O que eu devo dizer — quem está no
cardápio este ano?"
"Uma loba nunca revela seus segredos", disse eu, bancando a tímida.
Por um segundo, minha família realmente parecia que ia deixar para lá.
Eu tinha uma maneira de mudar essa conversa de direção, assumindo o controle, mantendo a
atenção em qualquer um, menos em mim, embora eu fosse a mais jovem, sempre tive essa
habilidade autoritária, mas minha mãe percebeu.
"Lá vai ela novamente" disse mamãe, balançando a cabeça. "Nossa pequena dominante sempre
nos obriga a submeter aos seus caprichos. Anda, Si, diga-nos, tem algum menino?"
"Alguns de nós gostamos de manter nossa vida privada, mãe", disse eu.
A mãe encolheu os ombros. "Não há nada a esconder. Eu sei que seu pai certamente está
ansioso pela Bruma deste ano, não é, querido?"
"Estou contando os segundos", disse papai, segurando seu copo de vinho, sorrindo
maliciosamente.
"Gente" POR FAVOR. Que nojo." Foi grosseiro, claro, mas essa não foi a razão pela qual isso
me incomodou tanto. Minha mãe sempre havia sido uma criatura sexualmente liberada. Não, o que
eu não gostava era da mentira.
Quando eu disse que minha virgindade era meu segredo, eu falava sério. Nem mesmo minha
mãe sabia.
O que era estranho por que sempre fomos tão abertos uns com os outros, sobre tudo, Ela nunca
me escondeu a verdade.
Não sobre como ela conheceu o pai, que era um humano. Não sobre como os dois tiveram sua
única filha, Selene. E certamente não sobre como eles me encontraram.
Eles não são de fato meus pais biológicos.
Fui descoberta em um carro abandonado em frente ao hospital onde minha mãe trabalhava. Não
que isso importasse, mamãe sempre tinha dito.
Eu estava prestes a mudar o assunto para qualquer outra coisa além da Bruma quando algo
aconteceu.
Eu congelei. Um calor derretido lento e pulsante inflamou-se dentro do meu ser, fazendo meu
corpo sentir como se estivesse em chamas.
A respiração tornou-se impossível, o suor cobriu cada centímetro da minha pele, e antes que eu
pudesse resistir, a costura do meu jeans apertou firmemente na minha virilha.
Eu tremia de desejo de forma repentina e insuportável.
CACETE
Um arfar forte deixou minha boca antes que eu pudesse pará-lo, e quando abri meus olhos, que
eu não conseguia lembrar de fechar, vi que todos na sala de jantar tiveram a mesma reação que eu.
Não, não, não.
Não aqui.
Não com a família
A maneira como minha irmã olhou fixamente para Jeremy. A maneira como minha mãe se
levantou de seu assento, inclinando-se para meu pai.
Eu não podia suportar isso. Corri da sala o mais rápido que meus pés podiam me levar.
A cozinha.
O corredor.
A porta da frente.
E na noite fria que eu desmaiei de joelhos.
A Bruma rastejou pelo meu corpo como uma cobra venenosa, meus mamilos enrijeceram e meu
estômago estremeceu, apertado de tanto desejo sexual. Minha garganta estava entupida e eu lutei
para respirar, mesmo na noite ventosa, minhas roupas estavam grudando na pele, eu queria me
despir.
Eu queria as mãos de alguém nos meus seios, na minha barriga, no meu sexo...
Oh, Deus. A Bruma nunca havia sido tão forte.
Foi provavelmente um acúmulo de todas as necessidades e frustrações sexuais que reprimi
durante as três últimas estações.
Eu devia ter esperado isso. É claro que isto ia acontecer. O que eu estava pensando? Eu não
estava. E agora eu estava pagando o preço.
Olhei atrás de mim em minha casa, um lugar onde normalmente eu encontraria segurança e
conforto, mas não nesse momento. De jeito nenhum. Meus pais provavelmente já estavam
aproveitando a Bruma ao máximo.
A ideia de Selene e Jeremy não foi muito melhor, mas eles agiam mais como pessoas, menos
como lobos, respeitando limites, privacidade, normas sociais. Provavelmente conseguiriam voltar ao
seu apartamento no centro da cidade antes de finalmente agirem em função do impulso.
Eu tirei todos da cabeça e corri para a trilha em direção ao bosque.
Passei por humanos, totalmente alheios, cuidando de seus próprios negócios, e alguns lobos que
estavam, como eu, na primeira etapa da bruma tentando se orientar, mas é fácil para eles, eles não
eram virgens, tinham tido muito sexo durante as estações passadas, eu não. Eu estava perdendo a
cabeça.
Na entrada da floresta, eu me despi. Eu não me importava se alguém me visse. Eu precisava me
transformar.
Aqui mesmo.
Agora mesmo.
Normalmente, eu só me transformava apenas quando gozava das faculdades mentais — não
quando a Haze estava assumindo o controle. Não. Eu não podia mais permanecer nesta forma
humana.
Fechei os olhos e senti o êxtase da mudança.
Normalmente, eu sentia cada pedaço da transformação: os membros se esticando, o corpo
crescendo alto, o pelo vermelho, que brotou da minha pele. Cobrindo-me por inteiro.
Mas não agora. Agora, eu não senti nada além da bruma.
Eu respirei e minha voz saiu como um rosnado. Meus dedos, agora garras pretas como carvão.
Através dos olhos de um lobo, tudo era mais agressivo, mais violento.
Especialmente agora. Quando a bruma estava só começando.
Agora em plena forma de lobo, eu corria para dentro da floresta.
O vento frio soprava meu pelo, o chão duro era úmido sobre minhas patas e os odores do
bosque enchiam meu focinho.
Um uivo ressoava na floresta. Do tipo livre. Do tipo que estava procurando um parceiro.
Eu me amaldiçoava interiormente. Na fúria da bruma, tinha me esquecido de pensar nas
implicações. Entrar na floresta no início da temporada foi como pedir para transar. Estes bosques
eram como um bar universitário, cheios de sede e impulsos estúpidos.
A qualquer momento, um lobo ia sentir meu cheiro e reconhecer que eu não tinha nenhum
apego. Eles iam me perseguir até que eu cedesse. Mais de um, eu tinha certeza disso.
Um jogo, um desafio, para quem poderia ganhar a loba sem parceiros, mesmo se meu corpo
implorasse para discordar, eu não cederia tão facilmente. Estes lobos poderiam ter o tanto de sexo
que quisessem, eu não estava julgando, mas eu estava esperando. Esperando aquele momento,
aquele instante, aquele súbito e indescritível olhar de reconhecimento quando duas pessoas fazem
contato visual e sabem que são companheiros para a vida.
Eu mal podia esperar para que isso acontecesse.
Mas aqui na floresta, no início da bruma? Era improvável, para dizer no mínimo.
Tornei-me hiper consciente dos lobos machos, de cada movimento, de cada cheiro.
Corri descaradamente, liberando feromônios no ar, atraindo-os para mais perto, e logo soube
que eles teriam me encurralado. Cinco deles. Todos lobos machos famintos.
Meu corpo gostou. Gostou de mais. Por um segundo, eu me perguntei se este seria o ano.
Será que eu finalmente cederia? Será que eu cederia a estes cinco machos, levando-os todos de
uma só vez? Será que eu finalmente perderia minha virgindade, ali mesmo, no meio da floresta?
Quando a bruma assumiu o controle e todos os meus desejos de esperar pelo meu companheiro
começaram a derreter, eu me perguntei: O que me impedia? Honestamente? Eu era o que eu queria.
Ou será que era?
Capítulo 3 - Um Convite
Sienna
Nunca na minha vida eu quis tanto sexo
Não só atrai os lobos com meu cheiro... Eu podia vê-los.
Vi um grande lobo loiro, uma visão estranha se você não soubesse que ele era loiro em forma
humana, contornando uma árvore, perseguindo lentamente na minha direção. Ele era grande, mas
não o suficiente para ser um alfa. Seus olhos, como a maioria dos lobos, eram de um ouro brilhante.
Eu era uma exceção, meus olhos eram tão azuis gelados em forma de lobo como em forma humana.
Pelo olhar de apreciação que o lobo loiro me deu, ele também reconheceu essa singularidade.
Vi os outros quatro circularem ao meu redor. Um chegou tão perto que pude sentir seu nariz no
meu traseiro, farejando minha excitação.
Os dois à minha direita estavam rosnando de luxúria sem esconder, o da minha esquerda
lambendo seus lábios, e o grande loiro a minha frente se agachou em antecipação, pronto para
atacar.
A maioria dos lobisomens prefere fazer sexo na forma humana, mas estes cinco estavam na
bruma e queriam agora.
Eu estava prestes a fechar os olhos e ceder a esta orgia violenta e animalesca.
Meu corpo gemeu enquanto o lobo atrás de mim lambia minha perna traseira. Eu queria que
estes machos me tomassem, que me comessem até eu esquecer quem eu era... até que me lembrei do
rosto dela.
O rosto de Emily.
Apenas um flash e foi o suficiente. Como um balde de água gelada derramado por todo meu
corpo, eu saí da névoa. Era apenas um calor tedioso no meu estômago agora.
Eu tinha o controle.
Eu rosnei o mais alto que pude, fazendo com que estes lobos soubessem que eu não estava
interessada, mas — típico de homem, aliás — eles não gostavam de seguir ordens. Eles continuaram
lambendo e se aproximando.
Cansada dessa merda, rosnei novamente. O tipo de rosnado que dizia: "Ponha uma pata em
mim, e você vai perdê-la."
O lobo loiro diante de mim podia ver minha expressão. Eu não estava brincando. Ele virou as
costas. Os três lobos para o meu lado perceberam um segundo depois e recuaram.
O único que parecia ter problema para entender sinais — ou melhor, de cheirar — sinais — era o
que estava atrás de mim. Aquele que tinha conseguido dar uma fungada. Ele se inclinou para frente
novamente.
É isso aí, pensei eu.
Eu me virei rapidamente e afundei meus dentes afiados em seu pescoço. Eu me fixei com força,
fazendo-o sangrar.
Ele gritou de dor, lutando para se afastar, mas eu não larguei. Este lobo aprendeu sua lição hoje.
Somente quando senti que estava prestes a rasgar sua jugular é que eu soltei. O lobo não para de
olhar fixamente.
Ele sabia quem estava no comando agora, virando e arrancando dali para fora. Quando olhei
para trás, os outros quatro tinham desaparecido.
Satisfeita, eu corri mais para dentro da floresta. Eu podia sentir o cheiro do sexo no ar.
Minha bruma começou a rastejar e eu continuei correndo, tentando reprimi-la. Não consegui
deixá-la sair. De novo não.
Quando voltei ao local onde havia jogado minhas roupas fora, me transformei de volta.
Desta vez, eu senti cada detalhe excruciante, os desbastes de ossos, o pescoço ficando esbelto, as
pernas traseiras se esticando, os braços dobrando e se desdobrando.
Tomei fôlego, arfante, ali parada, nua como no dia em que nasci. Agradecendo a Emily por ter
vindo em meu auxílio... por mais dolorosa que fosse aquela memória.
Eu não estava prestes a ir para lá. Agora não. Não, o que importava é que eu tinha resistido.
Minha virgindade estava intacta. Salva para quem eu chamaria de meu companheiro. Mesmo que
a bruma estivesse apenas começando...
"Deus", eu pensei e vesti rapidamente minhas roupas.

Selene: A barra está limpa, mana.


Selene: Um pouco surpresa porque foi bem rápido, pelo que eu ouvi.
Sienna: Eca
Sienna: Sem detalhes
Selene: Você é uma quadrada. Estou feliz que a mãe e o pai ainda...
Sienna: PARA. POR FAVOR...
Selene: Emogis de sexo
Sienna: Obg por isso
Sienna: Você não foi para casa?
Selene: Saindo agora
Selene: Você achou seu parceiro hj?
Sienna: Não é da sua conta
Selene: Tenho a sensação que você vai conhecer seu companheiro nessa
temporada.
Selene: Pode-se chamar de instinto loba.
Sienna: Duvido

Selene sempre teve um dom de ver o futuro, uma espécie de coisa do sexto sentido animal, mas
eu não via como esse futuro poderia ser possível.
Eu encontrar meu companheiro? Eu tinha passado a noite fora e não tinha encontrado um único
lobo que se encaixasse na descrição. Ainda havia tempo, é claro. Uma temporada inteira.
Quando cheguei em casa, meus pais já tinham resolvido as pendências para passar a noite.
Meu pai estava sentado na sala de estar, vendo as notícias locais, enquanto minha mãe dobrava a
roupa.
"Você mal comeu, hein?" perguntou papai.
"Estou bem", disse eu, dirigindo-me para as escadas.
"Ela está bem cheia... aposto", sorriu mamãe.
"Que nojo, mãe."
Mais uma vez, senti uma pontada de culpa por não dizer a verdade à minha mãe, sobre minha
virgindade, sobre tudo, mas eu me livrei disso.
"Por que Selena e Jeremy se apressaram? Eles acabaram de chegar aqui".
"Uma reunião urgente na casa da matilha", disse mamãe. "Ficou curiosa, não ficou?"
Pensei novamente no alfa, que eu tinha encontrado à beira do rio. Com seus olhos brilhantes. O
que estava acontecendo que eles precisavam para envolver Jeremy, o advogado da alcateia?
"Fico pensando", disse minha mãe com os olhos brilhando, "Você acha que as histórias são
verdadeiras? Sobre a vida do alfa? Isso explicaria por que ele anda tão estranho."
"Mãe. Pare de se intrometer na vida de outras pessoas."
"Ah, mas é tão divertido. Você deveria tentar um dia desses."
Com Aiden Norwood, tive que admitir o desejo de fofocar, de me intrometer, de saber tudo o
que havia para saber, fez minha imaginação correr solta, o próprio pensamento dele fez com que a
bruma ressuscitasse. Corando, eu subi as escadas.
"Eu vou para cama."
"Bons sonhos, minha querida" mamãe gritou. "Espero que sejam doces... se é que você me
entende." Eu revirei os meus olhos e não pude deixar de rir. Mas quando tranquei a porta, apaguei as
luzes e desmaiei na minha cama. Tudo o que pude imaginar foi Aiden Norwood.
Foi uma tortura. Ao adormecer, rezei para que eu nunca mais tivesse que ver o alfa.
***
Michelle: OMG. Você ouviu...
Siena: Ouviu o que?
Sienna: ????
Sienna: Você não pode enviar uma mensagem dessas e não falar mais nada.
Sienna: MICHELLE
Sienna: Olá?
Michelle: Convite para todo mundo para ir para a casa da matilha.
Siena: Não acredito. Mas não tem nenhum baile acontecendo.
Michelle: É um sorteio.
Michelle: Os convites já foram feitos.
Siena: Então só umas 5 famílias devem ir.
Michelle: Nunca se sabe.

Eu rolei meus lençóis desligando a tela do celular. Michelle era absolutamente obcecada — por
estar — por dentro das fofocas, dito isso, geralmente, os seus furos estavam mais para boato que
qualquer coisa...
Isto. Este foi um daqueles artigos que você nem leu, apenas escaneou enquanto continuava
bebericando seu café e adiando a ida ao trabalho ou à escola.
Quem se importava que o alfa tivesse algumas famílias aleatórias convidadas para a casa da
matilha?
Claro, era fora do comum, mas era apenas uma forma de a liderança mostrar que se importava
com todos os que estavam na alcateia.
Era política, imaginei. Nada além.
Nada digno de um texto das sete horas da manhã.
Fantástico, eu pensei. Agora eu não conseguiria voltar a dormir mesmo que tentasse. Michelle
tinha mesmo que trazer o alfa à tona.
Aiden e o perigo — Não é uma boa combinação.
Levantei-me desci as escadas, surpresa ao ver Selene, Jeremy, mamãe e papai reunidos em volta
da mesa da cozinha, todos olhando para alguma coisa.
"O que está acontecendo?" perguntei esfregando meus olhos, ainda grogue.
"Ah, nada", disse Selene. "Estamos aqui parados feito bobos por diversão."
"Do que você está falando?"
"Venha ver, boba."
Caminhei. Olhei para o centro da mesa e paralisei.
Sem chance.
Não podia ser.
Só poderia ser uma brincadeira.
Era um convite para a casa da matilha.
"Porquê... porque a gente?" era tudo que eu conseguia dizer.
"Você sabe como funciona", disse Selene. "É uma loteria. Isso ou... Jeremy manipulou."
"Eu nunca faria isso", disse Jeremy com uma risada.
Ocorreu-me então uma ideia irracional. Uma suspeita tola que não poderia ser verdadeira. Mas
que, por apenas um instante, parecia tão real que tinha que ser.
E se. Eu me perguntava... "E se Aiden Norwood manipulou a loteria só para me ver novamente."
Vamos lá. Quem eu estava enganando? Não havia como o alfa sequer se lembrar de mim, muito
menos chegar no extremo destes.
Eu era apenas uma garota que ele tinha pego desenhando-o... certo?
Mas quando olhei para Jeremy, havia algo que eu não conseguia ler em sua expressão algo
suspeito. Como se a coisa toda fosse relacionada a mim de alguma forma.
Mas como?
Não tive tempo de analisar demais o olhar de Jeremy porque a minha mãe agarrou eu e a Selene
pelos ombros transbordando de excitação.
"Dá para acreditar nisso? Uma audiência privada com alfa!".
"Não é bem privada", lembrou Jeremy. "Há algumas outras famílias vindo."
"Oh, qual é a diferença? Vai ser muito divertido. Quem sabe quão interessante essas coisas
podem ficar? Declarou ela se entusiasmando com o convite.
Diversão? Toda a minha família era louca? Não, não ia ser divertido.
Nós tínhamos acabado de começar a Bruma e enquanto meus pais e minha irmã tinham um
parceiro para, aham, e você-sabe-como, eu não tinha. Um fato que seria óbvio, para todos lobisomens
macho sem par dentro do meu radar de cheiro.
Eu não era anti-sexo. A única coisa que eu queria era encontrar meu companheiro, mas pensar o
que eu encontraria na casa da matilha, de todos os lugares? Por favor. É coisa demais para uma
pobre loba virgem suportar.
Eu não sabia sobre as outras famílias que estavam participando do jantar, que ia ter alguém
solteiro e à procura.
Eu engoli em seco. Ia ser um desastre.
Capítulo 4 - O Vestido
Aiden
Festas. Deus, eu odiava festas. Não me entenda mal. Elas têm sua importância. Dar à matilha
uma chance de conhecer seu líder? Conhecer, respeitar e temer seu Alfa?
Essencial.
Mas, normalmente, tínhamos que nos preocupar com apenas dois eventos por ano. O Baile de
Inverno e o Solstício de Verão. Este jantar foi ideia do meu beta, o Josh.
E, embora eu amasse o pentelho loiro, a última coisa que eu queria era planejar uma festa extra.
"Então, queremos a plataforma elevada ou não?" Josh perguntou, andando e olhando para sua
prancheta. "Por um lado, dar a você um assento acima dos plebeus vai cimentar ainda mais sua
superioridade. Por outro lado, estar no mesmo nível deles tornará sua relação mais familiar..."
"Josh, por favor." eu rosnei, balançando minha cabeça. "Podemos falar sobre outra coisa além da
disposição dos assentos?"
Josh parou, largou a prancheta e me olhou bem nos olhos.
Ele era provavelmente o único lobisomem em toda a matilha que tinha coragem suficiente para
fazer contato visual direto com seu Alfa, mas isso só acontecia porque quando Josh me encarava,
não era um olhar desafiador. Era o olhar do meu melhor amigo. Eu sabia a diferença.
"Normalmente, você gosta de repassar cada detalhe."
Era verdade. Eu me preocupo com os detalhes. Não sou implicante, mas se você é o Alfa, tem
que ser assertivo o tempo todo, em relação a tudo.
Mas agora?
"Só não estou no clima. Josh." eu disse. "Pode ser?"
"Claro. É só que... acho que esta noite será boa para você, para o moral da matilha. E, quem
sabe, talvez para alguma garota de sorte..." Ele sorriu maliciosamente.
"Você está bancando o casamenteiro comigo, de verdade? Ou foi ideia da Jocelyn?"
Notei o corpo de Josh enrijecer com a menção da sua parceira atual. Ela tinha sido minha na
temporada anterior, mas não havia ressentimentos. Nós dois éramos adultos.
Agora com uma ligação a mais.
Josh se sentou à minha frente, e eu soube pelos braços cruzados, que ele estava prestes a me dar
uma lição de moral, sua marca registrada. Ótimo.
"Olha. Aiden." disse ele, agitando os braços animadamente. "Eu sei que você tem passado por
muita coisa ultimamente, cara. A Matilha da Costa Leste enfrentou muitos desafios nos últimos
meses. Agora você está em outra temporada sem companheira. Cacete, você nem escolheu uma
nova parceira."
Eu senti meu lábio curvar. Josh deve ter notado porque olhou para baixo e mudou rapidamente
de assunto.
"A questão é", Josh continuou, "você não tem sido você mesmo ultimamente. Estou dizendo
isso não apenas como seu beta, mas como seu amigo, cara. Estou preocupado com você. Se você
não encontrar uma companheira logo... se sua vida amorosa está desequilibrada, então..."
Eu olhei para o lado. Josh estava certo em estar preocupado, quando os alfas não tinham uma
parceira durante a Bruma — mesmo que fosse uma amizade colorida — a liderança inteira ficava
abalada, mas, eventualmente, todos os alfas tiveram que achar uma parceira ou então seus poderes
enfraqueceriam lentamente e eles seriam substituídos por um alfa mais forte.
Mas Josh não sabia de tudo.
Eu tinha um segredo que valia a pena guardar nesta temporada. Um motivo para esperar.
"Entendo sua preocupação, Josh." eu disse, voltando-me para ele." Mas não meta seu nariz em
minha vida privada, entendeu? Estou falando agora como seu Alfa."
Então, eu encarei Josh nos olhos. Havia uma tensão palpável entre nós. Por um segundo, seu
olhar permaneceu. E não apenas como meu amigo.
Ele ousaria desafiar meu domínio?
Mas, finalmente, Josh olhou para baixo e acenou com a cabeça.
"Certo, meu Alfa", ele disse calmamente.
"Isso." eu disse, já me sentindo melhor.
Levantei-me e dei a volta na mesa para considerar a prancheta de Josh, dando uma olhada na
disposição dos assentos, uma ideia começando a tomar forma.
"Se estamos falando de detalhes, há um pequeno ajuste que eu gostaria de fazer..."

Sienna: Ok, pessoal.


Sienna: hora da confissão
Michelle: você foi convidada para a casa da matilha, todo mundo sabe
Sienna: O quê?? Como???
Erica: emoji de festa
Mia: AEEE MIGAAA
Michelle: foi mal, miga. Vc sabe que eu nunca fico de boca fechada
Sienna: Você é a pior, Michelle.
Mia: Então, já que estamos jogando as bombas
Mia: Harry e eu
Mia: é possível que a gente tenha... acasalado
Sienna: O QUÊ?!?
Michelle: ❤ ❤ ❤
Michelle: parabéns garota! (zero chocada mas ok)
Sienna: Tão feliz por você, Mia!!!
Erica: yay mia!
Erica: por que eu sou a única sem novidades
Mia: obrigada, pessoal.
Mia: Mas Si, é melhor você nos enviar atualizações esta noite.
Michelle: especialmente se for sobre o nosso alfa sexy...
Sienna
Eu sei que provavelmente deveria ter me distraído com o evento na casa da matilha, mas não
conseguia parar de pensar em Mia e Harry. Eu não podia acreditar.
Mia acasalou-se com o maldito Harry Milton.
Por anos, os dois foram melhores amigos. Cem por cento amizade sincera.
O fato de que agora, de repente, os dois não estavam apenas ficando... acasalados pra valer?
Era quase inédito.
Normalmente os companheiros sabiam na primeira vez que se olhavam nos olhos. Eles
reconheceram a conexão em algum nível animal mais profundo.
Isso acontecia com meus pais, com Jeremy e Selene, com quase todo mundo que eu conhecia.
Mesmo as pessoas que acabaram se tornando companheiros após anos sendo amantes eram mais
comuns do que o que aconteceu com Mia e Harry.
Que vaca sortuda, pensei.
Admito que fiquei com um pouco de inveja. Que sonho encontrar um companheiro que já sabia
tudo sobre você, em quem você confiava. Parecia tão lindamente simples.
Ao contrário da minha situação sem sexo, sem companheiro, totalmente nebulosa.
Abri meu armário e procurei algo para vestir no jantar. Eu não tinha nada nem perto de elegante
o suficiente.
Uma batida na porta do meu quarto chamou minha atenção.
"Eu sabia que você era um caso perdido, mana", Selene disse, entrando. "É por isso que vim
preparada..."
Em suas mãos estava um lindo vestido de noite, feito de seda verde-claro, tão longo que parecia
não ter fim. Eu só precisava dar uma olhada para saber que era perfeito.
"Como você..." eu disse.
"Comprei para um baile há dois anos, mas com o meu tom de pele? Simplesmente não ficou
bom. Eu nem usei. Então, eu guardei para uma eventualidade."
Eu podia ver por que não teria funcionado. Selene era uma loira platinada. Verde pedia cabelo
ruivo, como o meu.
"Bem", pressionou Selene", você vai ficar olhando o dia todo ou experimentá-lo?"
Eu não hesitei. Nunca tive vergonha de ficar nua perto da minha irmã, tirei minhas roupas e
coloquei o vestido. Parecia que tinha sido feito para mim.
Mesmo que Selene e eu fôssemos tamanhos diferentes. Ela era alta e esguia, enquanto eu era
mais curvilínea.
Então, como é que este vestido parecia ter sido embalado à vácuo?
"Eu fiz umas adaptações, só para você", Selene disse, piscando, como se estivesse lendo minha
mente.
Eu dei uma olhada no espelho e não pude acreditar no reflexo que olhou para mim.
O vestido terminava graciosamente nos meus tornozelos, com as costas generosamente abertas
afinando logo acima da minha bunda e a frente acentuando meu decote.
Eu estava certa sobre a cor. Meu cabelo ruivo e olhos azuis brilhantes faziam o verde se destacar
positivamente.
"Papai vai ter um ataque cardíaco." Selene riu. "Você está maravilhosa. Mas..."
Sim. Eu podia ver o que Selene estava dizendo. O vestido era inegavelmente sexy, mas agora, eu
não me importava. Nada parecia mais certo no mundo.
"É perfeito", eu disse.
Selene sorriu e me deu um abraço.
"Vamos, vamos mostrar à mamãe."
Não demorou muito para que mamãe e papai tivessem suas reações previsíveis.
"Vocês. Veja. PEDAÇO DE MAU CAMINHO!" Mamãe disse.
Eu fiz uma careta, essa escolha de palavras não poderia ser pior.
"Uh, sim", papai disse, olhando para qualquer lugar, menos para mim diretamente." Muito lindo.
Eu acabei de..."
"Tudo bem, pai. " Eu ri.
"Sabe", disse mamãe, dando um passo em minha direção", olhando para você assim, quase
consigo esquecer por um segundo que você tem apenas dezenove anos. Isso me faz pensar... se um
certo Alfa concordaria."
"Mãe", eu disse, revirando os olhos. "Esta é apenas uma chance para os locais conhecerem sua
liderança. Dá pra trocar o disco?"
Mais uma vez, meu domínio da conversa sobre a família parecia estar funcionando.
Eles já estavam perguntando a Selene o que ela estaria vestindo, mas então minha mãe sacudiu a
cabeça, lembrando-se de seu tópico favorito: fofoca.
"Sienna", ela disse, "sua mãe intrometida ouviu um pequeno boato, no entanto, essa é a razão
pela qual nosso amado Alfa estar convidando todos esses estranhos para a Casa da Matilha? É
encontrar uma amante para a temporada."
E assim meu humor murchou de uma vez.
A última coisa no mundo que eu precisava era Aiden Norwood procurando por uma amante esta
noite e se decidindo por mim. Especialmente depois de nosso encontro casual na margem do rio.
Eu não ia ficar na sombra de nenhum lobo, alfa ou não. Eu queria um companheiro para a vida
toda.
Eu fiz uma careta para minha mãe. "Sério, mãe? Só por uma vez, você não poderia..."
"Estou apenas dizendo!" ela disse, com as mãos para cima, na defensiva. "Ele não tem
companheira para esta temporada. É proibido sonhar agora, Sienna?"
Sim mãe. Estava errada, e não era uma fantasia. A ideia de estar com o Alfa era ridículo. Já
havíamos feito contato visual e nada havia acontecido. Então não tinha como ele ser meu
companheiro. Se qualquer coisa, ele só queria — PORRA. Agora, eu estava pensando na gente
transando.
Apenas a ideia por si só foi o suficiente para acender a Bruma adormecida. Estava silenciosa até
então — exatamente como eu gostaria que ela ficasse pelo resto da noite.
Eu não poderia aparecer na Casa da Matilha cheia de lobos famintos... daquele jeito.
"Eu preciso ir me trocar", gaguejei, virando-me e correndo para fora da sala.
"Espere. Sienna." minha mãe gritou atrás de mim. "Eu só estava brincando!"
Corri para o meu quarto e bati a porta, tentando tirar o vestido. Mas estava tão apertado. E eu
precisava de ar.
E...
E...
"Sienna." Eu ouvi a voz de Selene do outro lado da porta. "Não deixe a mamãe entrar na sua
mente. Vai dar tudo certo. Vai ser ótimo. Como você disse, é perfeito. Não é?"
"Certo." Eu disse, acalmando minha respiração. "Obrigada. Selene."
Peguei um xale, para cobrir no mínimo meus ombros e minimizar a sensualidade do vestido.
Eu só esperava que quando chegássemos à Casa da Matilha, a Bruma estivesse diminuindo...
Enquanto dirigíamos, para a enorme mansão, longe da atividade de nossa cidade, a única fonte
de iluminação no tranquilo campo, e minha família conversava ativamente, zumbindo de excitação,
aconteceu de novo.
A Bruma pulsou, cutucou e penetrou cada canto do meu ser. Como se soubesse, apenas por ver
a Casa da Matilha, o que aguardava lá dentro... Era um despertador e tanto.
Por favor, não faça isso, implorei ao meu corpo. Por favor, não aqui. Agora não, mas, como eu
estava prestes a descobrir, meu corpo tinha outros planos...
Capítulo 5 - A Festa
Sienna: Eu acho que não consigo
Sienna: Não posso entrar
Sienna: Estou perdendo o controle, Michelle
Michelle: ?!?
Michelle: tá falando sério doida?
Michelle: o mundo inteiro e a família MATARIAM para entrar na casa da matilha
Michelle: o que tá pegando?
Sienna: Esse vestido é um exagero
Sienna: E com a Bruma...
Michelle: miga, pare, você é tá gatíssima. vá lá e se divirta
Michelle: você pode até encontrar um parceiro para a temporada!
Michelle: qual a pior coisa que pode acontecer?

Sienna
O pior que poderia acontecer? Ah. Michelle. Você não tem ideia. pensei.
Tínhamos acabado de estacionar e estávamos caminhando em direção às altas portas da frente da
Casa da Matilha.
Todo mundo estava vestido com esmero. A cada passo, eu podia sentir minha condenação se
aproximando.
Eu queria dar meia-volta e correr para casa.
Sim. mesmo de salto. Eu estava tão desesperada.
"Ah. que maravilha para nossa posição na Matilha." mamãe disse, alheia. "Mal posso esperar para
conhecer o Alfa. Eu juro que se eu fosse alguns anos mais jovem..."
"Mãe, por favor." Eu implorei. "Pare."
Felizmente, minha mãe rapidamente se distraiu novamente e eu não tive que explicar por que eu
precisava que ela calasse a boca tanto.
A Bruma estava me dando trabalho agora. Durante todo o dia, tentei reprimi-la, mas agora...
Agora a Bruma decidiu que era uma boa hora para tentar se apossar do meu corpo.
No momento em que estávamos no jantar. Por favor, eu implorei mais uma vez ao meu corpo
aquecido. Eu não tenho tempo para isso.
Foda-se, meu corpo estalou de volta. Ugh. eu estava conversando com meu corpo agora. Estava
perdendo a cabeça. Maldita Bruma.
Uma recepcionista humana nos cumprimentou e nos conduziu até a sala de jantar.
Lustres, velhos retratos de antigos Alfas com uma dúzia de mesas com talheres de prata dignos
da realeza. Não para um bando de plebeus como nós.
Quando nos sentamos, percebi que nossa mesa era a mais próxima da mesa do Alfa.
Coincidência? Lembrei-me do olhar estranho e demorado de Jeremy quando ele trouxe o convite
para nossa casa, mas eu ignorei isso. Sim. Era uma coincidência. Tinha que ser.
Da minha cadeira, eu finalmente tive uma boa posição para julgar as outras mulheres presentes.
Eu definitivamente não era a mais bonita, disso eu tinha certeza. Havia outras mulheres jovens,
mais ou menos da idade do Alfa, em seus vinte e tantos anos, que eram simplesmente
deslumbrantes. Com suas pernas longas e delgadas, seus lábios carnudos e protuberantes e olhos
dourados cintilantes, eu sabia que não havia como comparar.
Eu tinha curvas. meu cabelo vermelho fogo caia descontroladamente nas minhas costas e meus
olhos azuis gelados eram menos comuns, eu acho, mas o que me faltava em sofisticação, eu sei que
compensava, em intensidade crua.
Ninguém naquela sala brilhava tanto, para melhor ou pior. "... o que uma garota assim está
fazendo aqui" Eu ouvi uma das mulheres sussurrar para suas amigas. Eles riram.
Vacas maldosas.
Não era como se eles fossem da realeza também. Simplesmente se enxergavam assim.
Eu sabia exatamente o que eu era, e não era uma loba me arrastando de quatro, implorando para
ser comida por um lobo importante da Casa da Matilha.
Na verdade, eu representava algo.
Em algum lugar lá fora, havia um companheiro pelo qual valia a pena esperar. Alguém que
olharia nos meus olhos e realmente me veria. Alguém que, à primeira vista, me amaria. E eu, a ele.
Aqui na Casa da Matilha? Não havia nada para ver.
Eu quase considerei ir embora, ali mesmo, quando notei um dos meninos em outra mesa
olhando meu decote. Não consigo explicar porque, mas fiquei lisonjeada.
Nesse momento, uma mulher apareceu pela porta e os olhos do menino se voltaram para ela
imediatamente. Todos, até as mulheres, olhavam para ela. Bronzeada, alta, com um pescoço longo,
ela usava seu vestido vermelho com a graça de uma rainha, não de uma loba.
"É ela! " Selene sussurrou. "Essa é Jocelyn, a ex de Aiden Norwood. E aí está seu novo homem."
Ao lado de Jocelyn estava um gostosão loiro de cabelo espetado que todos conheciam. Ele era o
Beta do Alfa, seu número dois. Josh Daniels. Ele a beijou na bochecha e sentou-se ao lado do Alfa.
Eu me perguntei se ele e Aiden ainda poderiam ser amigos, já que Josh estava namorando
Jocelyn agora.
O pensamento não demorou muito porque, a próxima coisa que vi, foi Selene e Jeremy me
pegando pela mão e me conduzindo.
O que?!
Por quê?!
Eu não tinha pedido para ser apresentada a ninguém.
"Jocelyn, você está radiante como sempre", Selene arrulhou.
"Oh. Selene, assim você me mima. Você está absolutamente deslumbrante nesse vestido,
respondeu Jocelyn. "E quem é essa garota linda? Sua irmã?"
Jocelyn agarrou minha mão e de repente me senti cheia da energia mais quente e assertiva que se
possa imaginar. Tanto que até minha Bruma deu uma aliviada.
"É um prazer conhecê-la." Ela sorriu. "Eu sou Jocelyn."
"Sienna." consegui dizer.
Eu sabia, por aquele toque, que Jocelyn devia ser uma curandeira. Apesar de sua beleza, ela era
duas vezes mais legal do que a maioria das garotas aqui, mas antes que pudéssemos continuar
falando, fomos interrompidos por suspiros por todos os lados.
Eu me virei para ver a vida da festa, o Sr. Aiden Norwood, Alfa da Matilha da Costa Leste,
entrou no salão.
Ele usava um smoking caro com uma gravata verde escuro, o que tornava o verde em seus olhos
dourados ainda mais evidente. Seu cabelo negro estava despenteado, como se ele tivesse acabado de
sair da cama. Sua mandíbula estava cerrada, em um sorriso agressivo.
Eu tinha que admitir... só de vê-lo ali foi o suficiente para me deixar molhada.
"Bem-vindos, meus membros do bando", ele disse, incapaz de esconder um pouco do rosnado
em sua garganta. "O jantar vai começar em breve, então, por favor, sentem-se."
Embora sua declaração tenha sido simples, até mesmo como um cavalheiro, eu senti uma
corrente ameaçadora dentro de cada palavra. Isso me deixou tensa. Isso me deixou com fome.
Isso fez com que a Bruma emergisse de seu sono temporário.
Com um sorriso torto, o Alfa se voltou para seu assento. Eu mal podia me controlar. Faíscas
percorreram meu corpo, colidindo entre minhas coxas, minha garganta secou, minhas bochechas
coraram com o calor renovado e eu tive que morder meu lábio para evitar ofegar.
Controle-se! Eu gritei dentro da minha cabeça. Você não vai perder o controle na frente de todos, entendeu?
Aiden se sentou ao lado de Josh e Jocelyn e, para minha surpresa, conversou calorosamente com
os dois. Portanto, os rumores não eram verdadeiros. Não foi isso que o torturou. Então o que?
Eu sabia uma ou duas coisas sobre tortura agora. A Bruma estava me destruindo
sorrateiramente. Durante a temporada, era de conhecimento comum que um lobisomem não casado
poderia farejar se alguém por perto estivesse na Bruma. Se eu não tomasse cuidado, se deixasse
minha Bruma assumir o controle, aqueles homens não acasalados começariam a me farejar.
Qualquer coisa menos isso, eu implorei mentalmente. Eu não posso suportar a humilhação. Estar na
Bruma em público era como dar ao mundo um convite para te foder.
Quando o primeiro prato foi servido, o lobisomem solteirão que servia a nossa mesa me cheirou
e seus olhos brilharam, o que significava que eu comecei a exalar o cheiro de Bruma.
Com o rosto em chamas, estreitei meus olhos em advertência e segurei seu olhar, mostrando a
ele que não estava interessada. Ele era bonitinho, não me entenda mal, mas eu não estava me
reservando para um garçom em um jantar.
Ele recuou imediatamente — cara inteligente — se distanciando de mim. Eu estava prestes a soltar
um suspiro de alívio quando senti os olhos de alguém em mim. Não ousei erguer os olhos.
Esse olhar, de onde quer que estivesse vindo, tinha uma atração poderosa, parecia estar
intensificando a Bruma, ampliando-a. Fazendo-me queimar ainda mais forte, se isso fosse possível.
Eu gemi, incapaz de suportar. Minha calcinha ficou melada de repente e meu estômago apertou,
fazendo todos os outros músculos do meu corpo ficarem tensos também.
"Você não vai comer?"
Quase pulei quando mamãe falou. Eu me virei para dar a ela um sorriso tenso e assenti, cerrando
os dentes.
"Já, já."
Mamãe, sem notar meu desespero, deu de ombros e deu uma mordida em seu salmão. Parecia
delicioso, mas minha fome era fixada em algo diferente de comida.
Os olhos ainda estavam em mim. Eu podia sentir. E pior, agora eu podia sentir outros me
olhando também. Meu cheiro estava flutuando por todo o corredor, atraindo a atenção de todos os
lobos não acasalados, exigindo um escape.
Eu não tive escolha.
Eu tinha que me retirar.
Agora.
Levantei-me e murmurei um tenso "com licença." deixando meu xale sobre a mesa e sai o mais
rápido que pude daquela maldita sala de jantar. Eu sabia que ia contra as regras pedir licença no meio
da refeição, especialmente na presença do Alfa. Era semelhante a um insulto a Sua Alteza Real.
Eu não dei a mínima.
Praticamente corri para o banheiro. Felizmente, estava vazio. Eu tranquei a porta do box e me
inclinei em sua parede, respirando pesadamente, a fina camada de seda que me cobria era demais.
Minha calcinha era demais. Tudo era demais. Antes que eu pudesse me conter, puxei a bainha do
vestido até a cintura. Eu deslizei minha mão sob a minha calcinha, e com o toque do meu dedo no
meu clitóris, quase explodiu.
Comecei a massagear e não conseguia parar. O calor era totalmente sufocante, por dentro e por
fora, me consumindo.
Eu já tinha me masturbado muitas vezes antes disso. Era a única maneira de passar por cada
Bruma sem perder a cabeça, mas sempre fiz isso na privacidade do meu quarto.
Nunca estava perto de tantos lobos famintos.
Nunca no banheiro da maldita Casa da Matilha.
Eu não pude segurar o gemido que escapou da minha boca com o toque dos meus lábios
molhados. A tensão, a necessidade, o fogo, era agonizante. Eu ia explodir — de verdade dessa vez.
Mas então eu ouvi. A porta do banheiro se abriu e os passos ecoaram no chão de ladrilhos. Não
o clique agudo dos saltos femininos. O baque surdo de... sapatos masculinos.
Eu congelei e meu coração bateu forte no meu peito.
Bem quando eu estava prestes a gritar com quem decidiu entrar no banheiro e dizer a eles para
me deixarem em paz. uma voz profunda e rouca me deu um soco.
"Consigo farejar seu gozo, fêmea."
Minha respiração parou. Ai. Caralho. O Alfa estava parado do lado de fora da cabine.
Capítulo 6 - A Marca
Sienna
Ele tinha me farejado no salão de baile. Ele sentiu o cheiro da Bruma e me seguiu até o banheiro,
mas será que Aiden Norwood podia farejar, agora, a um metro de distância, apenas separado por
uma frágil porta de metal, que eu estava sentada com minha calcinha em volta dos tornozelos, meus
dedos dentro de mim, bem pertinho do orgasmo?
"A Bruma pode atingir você nos lugares mais imprevisíveis", ele rosnou, mas havia uma diversão
casual em seu tom que me enfureceu. Antes que eu pudesse me conter, eu rosnei de volta. "E daí?"
Nossa, ninguém falava com o Alfa dessa maneira. Qual era o meu problema, queria morrer? Eu
lentamente puxei meus dedos. Meu corpo gemia de frustração, mas minha mente — graças a Deus
ainda funcionava — estava assumindo o controle.
Quando me inclinei para puxar minha calcinha, Aiden sussurrou, e foi como se não houvesse
nenhuma porta entre nós: "E então, mulher? Por que você não está resolvendo o problema?"
Mas ele não estava perguntando. Ele estava ordenando.
Um puro macho alfa do alto do seu pedestal, ordenando que um de seus membros de escalão
inferior entrasse na fila. Me chamando de "mulher" como se eu não tivesse nome. Condescendente.
Julgando.
Eu me endireitei, reajustando meu vestido, incapaz de controlar meu temperamento. "O que te
dá o direito de falar comigo dessa maneira?" Estava enfurecida. "Para entrar em um banheiro
feminino, me dizendo como devo me recompor? Quem diabos você pensa que é?!"
Não tive a chance de pensar duas vezes, de me arrepender de minhas palavras ou de implorar
perdão porque, a próxima coisa que percebi, a porta se abriu.
E lá estava ele.
Aiden Norwood, em toda a sua glória, aterrorizante e belo. Ele olhou fixamente, os olhos verde-
dourados brilhando, todo o seu comportamento cheirando a agressão.
Graças a Deus eu puxei minha calcinha a tempo, ou quem sabe o que teria acontecido. "Quem
eu acho que sou?" ele perguntou. "Preciso te lembrar?"
Agora, enquanto o cheirava, percebi que o Alfa não estava apenas irritado. Ele estava confuso.
As perguntas sacudiram meu cérebro, mas não houve tempo para respondê-las, porque a sua Bruma
fez a minha ressurgir com uma intensidade repentina e pulsante insuportável.
Logo minha raiva estava derretendo com o puro calor dela. Sucumbindo. Querendo,
implorando, precisando que ele se aproximasse.
Como se pudesse ler minha mente nublada, ele o fez, entrando na cabine.
Meu coração ameaçou abrir meu peito e minhas pernas ficaram bambas.
"Oq-o que você está fazendo? " Eu gaguejei.
"Você sabe quem eu sou", disse ele, dando mais um passo. "Diz."
"Você é o... o Alfa."
"O meu nome."
Será que eu ousaria? Ninguém deveria pronunciar esse nome além de seus conselheiros mais
próximos e parceiros sexuais.
Não. Eu balancei minha cabeça, me recusando a ceder. Forçando minha Bruma a resistir. Não.
Tentei desviá-lo da cabine e ele levantou a mão, me bloqueando.
"Do que você tem medo? " ele perguntou.
Tentei afastar sua mão e ele agarrou meu pulso.
Eu deveria estar com medo. Eu deveria estar apavorada, sendo encurralada por um lobisomem
— pelo Alfa, nada menos que isso — em um banheiro.
Mas, na verdade, não acho que Aiden Norwood pretendia me forçar a fazer nada contra a minha
vontade. Acho que ele podia sentir a necessidade absoluta de minha Bruma por ele.
Ele queria saber por que eu estava resistindo quando nenhuma garota havia resistido a ele antes.
"Por favor... me deixa ir", eu pedi, a voz trêmula.
"Você ousa dar ordens ao seu Alfa?"
"Eu disse por favor, não disse?"
Não pude acreditar na minha própria audácia.
Pela primeira vez, pude ver seu rosto de perto. O tormento nadou dentro daqueles olhos verdes
dourados. Parecia que ele estava realmente considerando meu pedido. Mas foi quando suas narinas
contraíram.
Ele trouxe meus dedos — os mesmos dedos que estiveram dentro de mim — até seu nariz.
Enquanto ele sentia o cheiro deles, eu senti sua Bruma pulsar dentro dele.
"Você estava... " ele começou.
"Tentando cuidar disso. Como você disse."
"Por que, quando um homem pode fazer muito mais?" Ele disse em um sussurro rouco. A
insinuação por si só fez meus olhos rolarem para trás. Eu não pude evitar.
Eu grunhi.
Isso foi o bastante.
Um segundo depois, o Alfa me prendeu contra a parede da cabine. Minhas pernas deixaram o
chão e se enrolaram em seu torso.
Ele me pressionou mais perto e eu senti seu volume intumescido.
Uma onda quente de excitação brutal tomou conta de mim. Esta foi a primeira vez que um
homem me tocou dessa maneira. Eu me sentia tonta e louca, fora de mim.
Então ele pressionou seus lábios no meu pescoço e, em vez de me beijar, ele lambeu. Cada gota
brilhante de suor que ele devorou.
Era demais para aguentar.
"Não... eu..."
Mas eu era impotente para resistir à névoa que nos prendeu.
Senti sua ereção pressionada contra minha calcinha úmida e gemi de prazer, de dor, em tudo
entre, minha mente embaçada com nada além de sexo.
As mãos dele. Deus, suas mãos. Eles deixaram meus pulsos, serpentearam sob meu vestido e
agarraram minha bunda nua.
Cada centímetro de suas mãos grandes, quentes e calejadas parecia que se encaixavam ali.
Antes que eu soubesse o que estava fazendo, minha parte inferior do corpo começou a investir
contra o dele, fazendo-o rosnar.
Meus braços em volta do pescoço. Eu precisava tocá-lo, abraçá-lo, pressionar cada parte de mim
contra ele.
Eu o queria como nunca quis nada no mundo antes.
E então eu vi em seus lábios: um sorriso malicioso. Um olhar de cumplicidade que parecia dizer:
Eu sabia que ia conseguir te dobrar. A satisfação, a presunção... quebrou o encanto, de uma vez.
Cega de raiva e nojo, rosnei e me esgueirei para fora de seus braços. A Bruma ainda estava acesa,
mas minha mente finalmente clareou. Eu conseguia pensar de novo.
"Qual é o problema, mulher?" ele rosnou, divertido. Mulher. Mais uma vez, fazendo de mim
apenas mais um ninguém com quem ele pudesse foder e se livrar.
"Me solta", eu disse entre os dentes cerrados. "Falo sério dessa vez."
"Você tem certeza?"
Mais uma vez, ele empurrou seu membro latejante para baixo de mim. Eu tive que resistir à
vontade de suspirar.
Aiden Norwood, o Alfa da Matilha Costa Leste, estava levando um fora meu, Sienna Mercer,
aqui em um banheiro da Casa da Matilha.
Como eu poderia ter me perdido assim? Por três anos de Brumas, fui capaz de me controlar. Me
focar e recusar toda tentação. Até agora.
Como eu poderia ter cedido, e com o Alfa, além de tudo?
Parte de mim se perguntou por que eu não podia simplesmente aproveitar o momento. Mas
outra parte, uma parte mais inteligente, sabia o motivo. Este homem não era meu companheiro.
Disso, eu tinha certeza.
"Eu sei que você é o Alfa", eu rosnei. "Eu sei que devo me submeter, mas —""Você não vai."
Ele sorriu. "Eu sei. É disso que eu gosto."
Eu fiz uma careta. Aquilo foi uma surpresa. Ainda mais surpreendente foi que, um momento
depois, ele de fato cedeu. Ele me deixou no chão e abriu a porta, gesticulando como se dissesse,
pode ir. Mas seus olhos disseram algo totalmente diferente. Eles pareciam dizer, isso está apenas
começando.
Não hesitei em interpretar o significado. Eu tinha conseguido uma fuga e ia aproveitar a chance.
Baixando os olhos e assumindo uma postura submissa, para mostrar meu respeito por sua
disposição de cooperar, endireitei meu vestido e corri para fora do banheiro.
Quando a porta se fechou, eu ainda podia sentir os olhos verdes dourados de Aiden Norwood
perfurando minhas costas. O que diabos tinha acontecido?
Quando voltei para o meu lugar, notei alguns olhos me seguindo com uma suspeita muda. O
fato de eu ter fugido da sala de jantar e o Alfa ter me seguido alguns minutos depois claramente não
tinha passado despercebido.
Minha mãe foi a primeira a me olhar de cima a baixo.
"O que foi que.... Querida, seu cabelo" — Merda! Com meus olhos no chão, eu não tive a chance
de avaliar meu reflexo e ter certeza de que estava... sei lá. Decente? Não como se eu tivesse acabado
de me atracar com o Alfa?
Envergonhada, prendendo fios de cabelo atrás das orelhas e olhando para o meu prato, tentei
forçar minha mãe a deixar a coisa passar, mas eu sabia que se ainda pudesse sentir o cheiro do Alfa
em mim, minha mãe provavelmente também podia.
"Podemos comer em silêncio?"
Depois de um segundo, felizmente, foi o que ela fez, me deixando em paz. E logo a sala estava
de volta a um ambiente barulhento, onde eu poderia desaparecer no fundo e fingir que nada tinha
acontecido.
Quando Aiden voltou para a sala, ninguém me deu atenção.
Talvez, eu pensei, eu escaparia desta Casa da Matilha com minha reputação e meu corpo ilesos.
Quem sabe...
Quando o jantar acabou e tínhamos concluído com algumas das formalidades, inclusive aquela
em que as famílias encontram o Alfa e seu Beta individualmente, o que evitei a todo custo, nossa
família se dirigiu para a saída.
Eu estava quase escapando impune.
Foi então que percebi que havia deixado meu xale na sala de jantar. Cacete!
"Gente, esqueci uma coisa. Eu já volto", eu disse a eles. "Podem ir ligando o carro."
"Claro, querida", disse meu pai.
Ele, minha mãe, Selene e Jeremy saíram enquanto eu corria de volta para pegar meu xale. Eu
estava morrendo de medo de que Aiden Norwood ainda estivesse no corredor, que eu teria que
encontrá-lo individualmente novamente.
Mas, para minha surpresa, a sala estava deserta.
Peguei meu xale e fiz meu caminho de volta para as portas da frente da Casa da Matilha.
O corredor que levava para fora estava vazio agora. Eu podia ouvir algumas das famílias, do
outro lado da porta, conversando entre si, prestes a voltar para casa.
Meus dedos tocaram a maçaneta da porta quando eu senti. Uma presença iminente diretamente
atrás de mim. Um cheiro que reconheci.
Não, não, não...
"Antes de ir", Aiden Norwood sussurrou em meu ouvido. "Eu tenho algo para você." Sentir seu
hálito quente no meu pescoço me fez estremecer de prazer e nojo.
"Eu disse a você", eu disse, prestes a me virar. "Eu não estou" — Mas antes que eu pudesse
dizer outra palavra, o Alfa trouxe sua boca para a curva do meu pescoço e ombro. E, antes que eu
pudesse impedi-lo, ele foi em frente.
Ele me mordeu.
O tipo de mordida que levaria meses para desaparecer.
O tipo de mordida que tornou óbvio para cada lobisomem no mundo exatamente a quem eu
pertencia. O tipo de mordida que gritava que eu pertencia a ele.
Aiden Norwood tinha acabado de me marcar. "Você é minha para a temporada", ele sussurrou.
"Outro homem toca em você e eu o matarei."
Então ele se virou e me deixou lá na entrada da Casa da Matilha.
Eu não sabia se queria fazer amor com ele ou matá-lo.
Uma coisa era certa; um dos dois ia acabar acontecendo.
Capítulo 7 - As Meninas
Sienna
Quando alguém sorri em público, sozinho, sem motivo aparente, sem nenhuma preocupação no mundo, isso só
pode significar uma coisa: paixão na certa.
Isso foi o que eu vi quando olhei para Emily, minha melhor amiga, sentada no ponto de ônibus, esperando por
mim, chutando seus sapatos distraidamente. Um grande sorriso bobo no rosto.
"Em!" Eu gritei, acenando.
Ela se virou, abalada por seus devaneios, e se levantou. Ela sorriu para mim, mas era um sorriso diferente. Um
sorriso mais moderado e familiar.
Nem perto do brilho do sorriso que ela guardou para si mesma.
"Ei, Si" ela disse, me dando um abraço rápido. "Então, o que está na agenda para hoje?"
"Uma nova galeria que estou morrendo de vontade de conferir. Vamos!"
Achei melhor interrogá-la no caminho. Dê-lhe um segundo para se orientar primeiro. Afinal, o amor não era uma
prioridade na minha vida atualmente. Eu tinha apenas quinze anos. A Bruma só começaria no ano seguinte. Nada
no mundo poderia me preocupar agora.
Mas isso não significa que eu não estava curiosa. Enquanto caminhávamos por um atalho panorâmico no meio da
cidade, descobri que não conseguia mais me conter
"Então", eu disse, olhando para Emily, "tem alguma coisa pra me contar, Em?"
"O quê? "Emily disse rápido demais. "Eu... não sei do que você está falando."
Nada convincente. Suas bochechas vermelhas e olhos penetrantes traíram qualquer segredo que ela estava
escondendo.
"Qual é, Em!" eu disse, cutucando-a. "Sou eu. Você sabe que pode me contar qualquer coisa"
Emily suspirou, olhos no chão, chutando uma pinha. Mas eu sabia que ela iria desabar. Éramos melhores
amigas. Nunca guardamos segredos. Por que Emily iria começar agora?
"Você jura não contar a ninguém?"
"Juro por tudo."
E eu falei sério. Os olhos de Emily finalmente encontraram os meus, e eu vi uma sugestão daquele sorriso radiante
nos cantos de sua boca. Ela mal conseguia se conter.
"Lembra como eu disse que queria dormir com alguém antes de começarmos o Trote?"
"Sim", eu disse. "Pra ser menos chocante, né?"
"Certo. Bem... acho que posso ter... conhecido alguém."
Eu parei, de queixo caído, agarrando o braço de Emily.
"Tá falando sério?! "Eu exclamei. "O QUÊ? Quando? Como? Quem? Eu quero detalhes".
"Eu vou te contar tudo, Si". Emily riu. "Uma coisa de cada vez."
Eu sabia, por aquele olhar no rosto de Emily antes, que havia alguém. Mas eu nunca teria esperado que fosse...
aquele tipo de pessoa. Do tipo com o qual você perde a virgindade.
"Só me diz uma coisa", eu disse, ficando séria.
"Tem certeza de que ele é o cara certo?"
"Não", Emily admitiu. "Mas ele é mais velho. Mais experiente, e isso me agrada. Porque isso significa que pelo
menos um de nós saberá o que estamos fazendo."
Nós rimos por um segundo e continuamos andando. Mas eu tinha tantas perguntas.
"Espera aí. Mais velho quanto, Em?"
"Dez anos?"
"Uau. Mais velho mesmo."
"Mas não importa. Ele é alto, bonito e tão confiante, meu Deus. Quando falo, é como se ele realmente ouvisse.
Com tanta... intensidade."
E eu pude ver pelo olhar de Emily, pelo sorriso em seu rosto, que ela estava certa. Sua idade não importava nem
um pouco.
Minha amiga estava se apaixonando.
E eu estaria lá para ela.
Eu agarrei a mão dela. "Estou tão feliz por você, Em". "Quero dizer, veremos", disse ela. "Quem sabe se ele
quer o mesmo."
"Olhe para você, Em", eu disse, empurrando seu braço de brincadeira. "Como ele pode resistir?"
"Olha só quem fala" disse ela, revirando os olhos. E agora nós duas estávamos rindo, de mãos dadas, em nosso
caminho para onde quer que a tarde nos levasse, nossos planos para ver a galeria, há muito esquecidos. Nós duas
éramos imparáveis. Juntas, deixaríamos nossa marca no mundo.

***
Acordei assustada, a cabeça ainda nublada com as lembranças. Minha mão imediatamente
disparou para meu pescoço, inchado e machucado.
Merda. Emily pode ter sido um sonho, mas essa marca não era. O maldito pesadelo era real.
Uma torrente de mensagens de texto iluminou meu telefone quando ele começou a vibrar como
um louco.

Michelle: garota!
Michelle: atenda já o maldito telefone!
Sienna: Ughh Michelle, tá cedo pra caramba
Sienna: O que é?
Michelle: você tem algumas explicações a dar
Sienna: ???
Michelle: pode correr para o Winston's

Eu rolei na cama, gemendo. A última coisa que eu queria fazer era enfrentar um interrogatório
das minhas amigas. Depois da noite passada, depois de ser marcada pelo Alfa...
Oh Deus. Como eu iria cobrir aquilo?!
Quando dei uma olhada no espelho, só a visão foi o suficiente para me fazer ofegar.
A mordida era uma mancha azul enorme e machucada em meu pescoço, maior do que qualquer
mordida que eu já tinha visto antes.
Não doeu. Na verdade, quase vibrou com uma sensação carnal. Cada vez que o tocava, podia
sentir os dentes de Aiden Norwood novamente. Sacudi a sensação e comecei a me vestir. Peguei o
maior lenço que encontrei e o enrolei no pescoço. No mínimo, ver Michelle e as meninas tiraria o
Alfa da minha mente. Uma distração era exatamente o que eu precisava agora.
Quando cheguei ao Winston's, a nossa lanchonete, vi que toda a tripulação já estava preparada.
Michelle, que tinha um novo parceiro a cada Bruma, estava conversando com as meninas sobre
sua última conquista. No momento, acho que o sortudo era...
Ralph?
Russell?
Não, Ross. Era isso. Difícil lembrar de todos quando se tratava de Michelle.
Não me entenda mal. Não era que Michelle fosse vagabunda.
Ela estava incrivelmente confortável com sua sexualidade e não deixava ninguém dizer o que ela
podia ou não fazer.
Foi Michelle quem tentou me arranjar três de seus amigos e que mantinha a fofoca sempre
correndo solta.
"Lá está ela! " Michelle exclamou quando entrei.
"E aí meninas", eu disse, sentando-me, ajeitando o cachecol sem graça.
Eu tinha conseguido escapar da Casa da Matilha sem ninguém perceber na noite passada e
pretendia manter a marca do Alfa em segredo enquanto eu pudesse.
Antes que eles pudessem começar a me interrogar sobre o evento, notei Mia. Ela estava
positivamente brilhando. Eu agarrei suas mãos.
"Mia, estou tão feliz por você e Harry."
"Obrigado, Si". Ela sorriu. "Eu mal posso acreditar que é real. Em um segundo vocês são
melhores amigos, no próximo..."
"Vocês estão se esfregando um no outro", provocou Michelle, cutucando as costelas de Mia.
Mia começou a empurrar os quadris, simulando sexo no meio da lanchonete. "Muito bem!"
"Então, quando é a cerimônia de acasalamento? Você já escolheu o lugar? " Eu perguntei.
"Alguns meses. Não estou realmente preocupada com isso. A família de Harry tem um monte de
propriedades. As vantagens de acasalar com o filho de um magnata do mercado imobiliário", ela
sorriu.
"Ruim não deve ser", eu disse, rindo.
"Isso com certeza", disse Erica, sem rir.
Erica nunca foi boa em esconder sua amargura. Outra temporada sem parceiro parecia estar
deixando-a mais frustrada sexualmente do que o normal.
Todos nós tentamos ignorá-la, sabendo que era apenas o efeito da Bruma. Normalmente, Erica
era a garota mais doce do mundo.
Não era fácil ficar sozinha durante a Bruma, disso eu sabia. Mas agora eu tinha problemas ainda
maiores. E parecia que Michelle estava prestes a descobri-los.
"Certo", disse Michelle, retomando a conversa. "Já evitamos o assunto por tempo suficiente.
Vamos, Sienna. Desembucha."
"Foi..." eu comecei, tentando descobrir minha melhor estratégia de deflexão. "Normal. Não
muito diferente do Baile de Inverno ou do Solstício de Verão. Apenas menos pessoas. Um pouco
mais íntimo."
"Íntimo, hein? " Michelle perguntou, sorrindo.
Eu não gostei do olhar penetrante dela. Mas não era como se ela pudesse saber. Ninguém soube.
Ninguém tinha visto o Alfa me marcar. Disso eu tinha certeza.
"Sim. Minha família teve algum tempo cara a cara com a liderança da Casa da Matilha. Foi bom
para a nossa posição. E só."
"Não foi isso que Michelle disse..." Erica cortou.
"Como assim? " Eu me virei para Michelle.
"Que droga, Erica", Michelle zombou. "Você não poderia simplesmente manter a boca fechada e
deixar Sienna nos contar por si mesma?"
"Contar O QUÊ?!"
Não percebi que estava gritando até que toda a lanchonete ficou em silêncio e se virou para olhar
para nós. Eu não estava brava. Eu estava furiosa. Como isso pôde acontecer? Como alguém poderia
saber?
"Sienna", disse Michelle suavemente. "Não é nada demais. Ouvimos dizer que você e o Alfa
podem ter tido um momento, só isso. Algumas pessoas viram vocês dois saindo do salão na mesma
hora e..."Eu estava com tanto calor que tive de afrouxar meu lenço e, ao fazer isso, vi os olhos de
Michelle se arregalarem.
"Opa", disse ela. "O que é isso?"
Merda! Como pude ser tão estúpida?
Eu devia ficar trancada no meu quarto pelo restante da Bruma. Sair em público com essa marca
enorme e feia no meu pescoço?
Eu poderia muito bem usar uma placa que dizia: "Estou ferrada, obrigado por perguntar."
A pior parte era que, enquanto eu estivesse marcada assim, a maioria dos lobos machos me
evitaria. Isso significava outra temporada sem encontrar meu verdadeiro companheiro.
Outra Bruma sem ninguém para chamar de meu. Com uma mordida, Aiden tirou tudo isso de
mim.
Percebendo que não conseguiria manter o disfarce por muito tempo, suspirei e lentamente
desembrulhei meu cachecol. Quando as meninas viram, todas se engasgaram e colocaram as mãos na
boca.
"Isso não é.. " Michelle começou, incrédula.
"Sim", eu disse. "O Alfa me marcou ontem à noite. Eu sou dele para a temporada. Sorte minha,
certo?"
Essa última parte eu disse pingando sarcasmo. Mas eu percebi pela expressão no rosto de Erica
que ela não gostou nadinha. Ela fez uma careta.
"Você poderia ser mais grata", disse Erica. "Ser marcada pelo Alfa entre todas as pessoas? Isso é
muito importante, Si."
"Eu sei, eu só…"
"Você está brincando, isso é INCRÍVEL! " Michelle exclamou.
"Droga, Sienna, sempre tentando me superar!" Mia provocou.
Suspirei, sem saber como explicar isso.
O problema era que nenhuma das meninas sabia meu segredo. Ninguém sabia que eu ainda era
virgem. Então, como eu poderia enquadrar isso de uma maneira que eles entendessem?
"Ele não perguntou", eu disse. "Ele só… me mordeu, como se eu fosse sua propriedade e ponto
final."
"Si", disse Michelle, balançando a cabeça. "Eu sei que você gosta de fazer suas próprias regras.
Mas, cara, eu mataria por uma chance de transar com o Alfa. Está brincando? Eu faria o que ele
quisesse. Além disso, agora que ele marcou você, não é como se você tivesse escolha, certo? Não há
ninguém com quem vocês possam dormir pelo resto da temporada."
E agora eu podia ver que, apesar de Michelle ser dupla com Ross para a Bruma, havia um pouco
de ciúme em seus olhos. Principalmente pelo status, imaginei.
Ninguém, nem Michelle, nem Mia, nem Erica, entenderia.
Eu estava tentando encontrar um jeito de mudar de assunto quando recebi um texto que deixou
tudo ainda pior.
Se isso fosse possível.

Selene: Adivinha o que acabou de chegar pelo correio, mana.


Selene: Um convite do Alfa dirigido a VOCÊ.
Selene: Eu falei pra mamãe parar, mas você sabe que ela é tão intrometida
Sienna: O que é?
Sienna: O que ele quer?
Selene: Si...
Selene: Ele quer que você vá morar com ele.

Eu não aguentei.
Antes que eu soubesse o que estava acontecendo, me levantei de um salto e corri da lanchonete
sem me despedir das meninas. Mesmo o ar frio lá fora não conseguia controlar a raiva crescendo
dentro de mim.
Primeiro, ele me marcou sem minha permissão. Ele tirou qualquer esperança que eu tivesse de
encontrar meu verdadeiro companheiro.
Então, ele me chamou como se eu fosse seu animal de estimação. O mundo estava virando de
cabeça para baixo e só eu parecia ser capaz de ver com clareza.
Por um segundo, pensei que poderia me transformar ali mesmo. Rasgar minhas roupas no meio
de um cruzamento movimentado. Tornar-me meu eu mais animal e violento.
Era assim que eu queria machucá-lo.
Eu podia imaginar minhas presas rasgando sua garganta.
Mas assim que comecei a me mexer, quando vi os cabelos começando a brotar em minhas mãos,
minhas unhas se alongando, minha espinha se dobrando, parei.
Não.
Eu iria enfrentar Aiden Norwood cara a cara em sua Casa da Matilha e colocar um fim nisso de
uma vez por todas. Ele era o Alfa, sim, mas isso não era desculpa.
O Alfa estava prestes a descobrir exatamente com quem ele estava se metendo.
Capítulo 8 - O Confronto
Sienna
Marchei direto para a Casa da Matilha, onde tinha certeza de encontrar Aiden. Quando cheguei
ao portão de entrada, parei para cheirar o ar.
Tudo cheirava a lobisomens e humanos, a vegetação e veículos fumacentos. Eu fiz uma careta.
Eu senti o cheiro de tudo, exceto o cheiro que eu estava procurando. Seu perfume.
Era possível que as fêmeas marcadas não pudessem farejar? Isso não seria uma bela cereja no
topo do já chauvinista mundo dos lobisomens?
O guarda me lançou um olhar desconfiado, então abri um sorriso feminino e fui até lá. "Com
licença", eu disse suavemente, "o Sr. Norwood está aqui?"
"Por que você quer saber?"
"Porque eu gostaria de vê-lo. "Normalmente, meu domínio de conversação, meu traço
dominante mais eficaz, teria feito o truque, mas este guarda parecia ter sido treinado para resistir a
isso.
"Você já marcou hora?" ele perguntou em um tom condescendente. "Muitas meninas querem
ver o Sr. Norwood."
Eu não tinha tempo para aquela conversa. "Você vai me deixar entrar", eu rosnei. "Agora."
Quando minha expressão escureceu, permiti que um dos meus dedos se transformasse em uma
longa garra negra. Eu não precisava ameaçá-lo. O guarda sabia exatamente com o que estava
lidando.
Atrapalhando-se para mostrar seu cartão-chave, o guarda abriu o portão. "Obrigada", eu
respondi, minha mão retornando à sua forma humana.
E com isso, passei por ele, entrando nas instalações da Casa da Matilha.
Eu invadi as portas da frente com uma nova raiva queimando dentro de mim, meus olhos de
lobo brilhando em azul dentro da minha forma humana.
Aiden saberia que ele marcou a mulher errada.
A multidão se separou enquanto eu me dirigia para as escadas. Antes de subir os degraus, parei e
farejei por ele novamente.
O primeiro cheiro a me atingir foi o odor estéril da sala, em seguida, os cheiros dos outros
lobisomens e humanos.
Soltei um rosnado frustrado até que, de repente, uma lufada de essência amadeirada, aroma de
grama e coquetel de frutas cítricas me atingiu. A fragrância era hipnotizante. Isso picou minha pele e
me deu água na boca, mas eu sacudi esses encantos aromáticos.
Aiden Norwood pensou que poderia me dar ordens como uma fã babona porque ele era o Alfa.
Ele não poderia estar mais errado.
Segui o cheiro até o terceiro andar, onde cheguei a uma grande porta de carvalho. Eu ouvi vozes
abafadas do outro lado. Eu coloquei meu ouvido na porta. Eu o tinha encontrado. O Alfa.
Aiden
Eu me inclinei na minha cadeira enquanto Josh andava pela sala, preparando-se para algum tipo
de grande discurso.
Eu estava apenas prestando atenção pela metade. Outra coisa havia estimulado meus sentidos.
Jocelyn, Nelson e Rhys olharam em silêncio. Eles sabiam que não deveriam interromper Josh
quando ele estava prestes a entrar em ação.
"Josh, desembucha", eu rosnei.
"Aiden", ele começou, inclinando-se na minha mesa", estamos preocupados com você, e não
somos apenas nós. Outros membros do bando estão começando a notar. Não são apenas boatos e
fofocas agora. As pessoas estão questionando sua capacidade de liderar. Eles acham que você está
comprometido. Um bando não pode funcionar quando seus membros começam a questionar seu
alfa."
Eu me mexi na cadeira, flexionando meus músculos, caso ele tivesse esquecido minha força. "
Josh, não há razão para se preocupar. Eu encontrei alguém."
"Você marcou uma garota de dezenove anos que mal conhece. Como não devo ficar preocupado
depois disso? Você deveria estar procurando uma companheira, não brincando com uma
adolescente deslumbrada."
"Você também não a conhece", interrompeu Jocelyn. "Não é justo para você julgá-la."
Josh olhou para Jocelyn, franzindo os lábios. "Não estou tentando colocar a garota em
julgamento. Só estou dizendo que o futuro da Matilha é mais importante que qualquer um de nós."
"Aiden faria qualquer coisa pela Manada. Você está questionando sua liderança? " perguntou
Rhys, ficando na defensiva.
Como sempre, Jocelyn foi rápida em acalmar a todos. "Duvido que Josh quisesse questionar a
lealdade de alguém, mas ele menciona um ponto importante. Aiden, o que você vai fazer?"
"Essa melancolia ficou para trás agora, eu prometo."
Pensei em dizer a eles a verdade, mas talvez ainda fosse cedo. Eu não podia me dar ao luxo de
deixar isso escapar. Mas eu conhecia Josh e não podia continuar contando com ele.
"Tudo que eu quero é que você seja honesto com a gente", respondeu Josh. "O que está
acontecendo com você ultimamente?"
Antes que eu pudesse responder, um estrondo estilhaçou o ar e a porta do escritório se abriu.
Sienna
Com meu lobo em total controle, entrei na sala. A vinte passos de distância, atrás de uma mesa
enorme, estava sentado o homem que eu vim ver. Ele não estava sozinho, mas eu não me importei.
Os olhos de todos se voltaram para mim, incluindo os de Aiden, que estavam lindos como
sempre.
Apesar da minha entrada, ele não parecia surpreendentemente surpreso com a minha chegada.
Ele deve ter me cheirado no momento em que entrei pelas portas da Casa da Matilha.
Minha raiva finalmente atingiu o ponto de ebulição e soltei um uivo feroz que sacudiu a sala.
"Você", eu rosnei, mostrando meus dentes e sustentando seu olhar, desafiando-o. Os olhos de
Aiden se estreitaram quando ele se levantou e saiu de trás da mesa para me encarar.
"Eu estava me perguntando quando você iria aparecer", disse ele. "Mais cedo do que eu previ.
Fico lisonjeado."
Se eu estivesse totalmente mudada, meu pelo teria arrepiado com sua arrogância. "Lisonjeado? É
isso que você pensa que é? Que estou aqui por você? "Eu rosnei, sem quebrar o contato visual.
"Por que mais você estaria aqui? No meu escritório? Cercado pela minha liderança?"
"Para te mostrar", cuspi", não tenho medo de você.
Agora, Aiden levantou uma sobrancelha, dando um passo lento para frente. "Não? " ele disse.
"Talvez você devesse ter."
Senti um tremor de mal-estar descer pela minha espinha. Os olhos do homem eram inebriantes.
Mas seu rosnado era o de um predador carnívoro. Eu não seria sua presa.
"Você pode ser o Alfa", eu disse lentamente, mas eu não pertenço a você."
"Essa marca em seu pescoço diz o contrário."
Eu tive o suficiente de seus jogos. Alfa ou não, ninguém falava assim comigo e se safava.
Minhas garras cortaram seu pescoço, mas ele agarrou meus pulsos antes que eu pudesse afundá-
los em seu pescoço. Eu estava prestes a jogar um joelho quando ele me girou e me prendeu em sua
mesa.
Seus quadris pressionaram contra mim enquanto uma mão segurava a minha e a outra segurava
minha mandíbula fechada.
"Fora", ele retrucou, e por um segundo, pensei que ele se referia a mim até que ouvi passos e me
lembrei de que havia outras pessoas na sala. Agora estávamos completamente sozinhos.
Ele se inclinou para que eu pudesse sentir o calor de sua respiração no meu pescoço. "Controle o
seu lobo", ele ordenou.
Eu não estava pronto para ceder e rosnei entre os dentes. Ele me agarrou com mais força e se
pressionou contra mim, fazendo minha Bruma ganhar vida.
"Mulher", ele murmurou, pairando seus lábios sobre a marca que ele me deu. "Eu disse que você
era minha, e foi pra valer. Aceite, desista."
Rosnei de novo, mas desta vez com menos convicção.
Ele podia sentir minha Bruma assumindo o controle e estendeu um dedo, provocando meu lábio
inferior.
Um suspiro suave escapou da minha boca. Meus olhos se fecharam enquanto a ponta do dedo
dançava em meus lábios molhados.
"Assim está melhor", ele começou novamente, engolindo minha marca com sua boca, fazendo
meu abdômen se contrair, endurecendo meus mamilos, me deixando em chamas.
Antes que eu percebesse, meu lobo havia recuado e tudo o que restou foi a Bruma e suas
demandas carnais. Maldito seja.
"Eu não quero lutar com você", disse ele, tirando os lábios da minha pele quente", mas nunca
me desafie publicamente novamente."
"Mas desafiá-lo em particular eu posso? "Eu murmurei, lutando contra os tremores que me
rasgaram enquanto a ereção crescente em suas calças esfregava contra o meu sexo dolorido.
Ele riu, o som inebriante e o arfar em seu peito enviando arrepios pelo meu corpo. "Ah, estou
contando com isso", disse ele, sua voz me acariciando em todos os tipos de lugares. "É por isso que
eu marquei você."
"Então, isso é apenas um jogo para você?" Eu atirei de volta, tentando me livrar de seu aperto.
"Você não está se divertindo?" Ele provocou, dando um beijo quente no meu pescoço.
Claro! Que idiota fui ao pensar que ele pode realmente estar interessado em mim quando a
realidade era que eu não era nada mais do que um novo desafio.
Outra mulher submissa para ele dominar e então se gabar para seus amigos. Bem, eu não estava
prestes a ser sua diversão pequena diversão para a temporada.
A Bruma que ganhou vida momentos atrás desvaneceu-se tão violentamente quanto havia
surgido. Se ele queria uma perseguição, ele conseguiria uma.
De agora em diante, era minha missão fazer de Aiden Norwood o lobisomem mais frustrado
sexualmente em toda a América do Norte. "Não, para falar a verdade, não estou", eu disse
rigidamente. "Solte-me."
Ele se apertou mais perto. "Você vai morar comigo?"
"Não." Que idiota.
Ele riu de novo, só que dessa vez me deu vontade de socar seu rosto. "Achei que não. Parece
que vou ter que pegar você primeiro."
"Pelo menos um de nós acha graça", respondi. "Agora saia de cima de mim. Não direi por favor
de novo."
"Como você deseja", disse ele, aliviando a pressão em meu corpo", mas mais cedo ou mais tarde,
a Bruma vai bater em você novamente e você desejará meu toque como nunca antes."
Eu me levantei e o empurrei para fora do caminho. Um leve sorriso em seu rosto me provocou.
"Você pode tentar me pegar, Alfa, mas não espere ter sucesso."
Eu me virei e saí pela porta, ouvindo-o me insultar enquanto eu saía.
"A caça começou..."
Capítulo 9 - A Visita Surpresa
Sienna
Quando cheguei em casa, minha mãe estava radiante. "Selene me disse que você fez uma
pequena visita à Casa da Matilha hoje para ver alguém especial."
Sim, ele certamente era especial. Um tipo especial de repulsivo. Se ela soubesse o idiota arrogante
que Aiden era na verdade.
"Você não deveria acreditar em tudo que Selene diz", eu respondi, fazendo uma pausa para o
meu quarto, mas não fui rápida o suficiente.
"O que é isso no seu pescoço? "minha mãe gritou.
Merda, eu tinha esquecido completamente de me cobrir antes de voltar para casa. "Eu... uh..."
"Oh, vamos lá, querida. Eu sou sua mãe. Eu sei de tudo." Ela riu.
"Michelle abriu o bocão, não foi? " Suspirei.
"Não culpe a Michelle. Eu teria preferido ouvir da minha própria filha, mas alguém anda cheia de
segredinhos ultimamente", ela repreendeu. "Mais alguma coisa que você gostaria de contar?"
Eu olhei para minha mãe, me odiando um pouco.
Ela só queria estar perto de mim, saber o que estava acontecendo no meu mundo. Era de seu
feitio ser sempre franca. Selene herdou esses genes 100 por cento.
Mas eu? Quando fui adotada, tinha alguns traços que eram completa e totalmente meus.
Isso incluía meu cabelo ruivo, meu hábito de guardar segredos, e, é claro, meu domínio não tão
sutil sobre as pessoas.
Quando pensei sobre essas diferenças entre mim e minha mãe, meu coração doeu um pouco.
Quem me fez assim? Meus pais misteriosos estavam por aí em algum lugar.
Eu me perguntei se eles eram igualmente ruivos. Eles também eram secretos? Mais importante
ainda, eles eram, como eu, excepcionalmente poderosos?
"Não tenho mais nada para contar", eu menti, deixando de lado todos esses pensamentos
dispersos.
Eu não estava prestes a revelar que era o "desafio" de Aiden Norwood para a temporada. Além
disso, pessoas suficientes tinham me visto invadir a Casa da Matilha pela metade que ela
provavelmente tinha uma boa ideia do que tinha acontecido.
"Por que você está tão mal-humorada? Você deveria estar radiante. Ser marcada pelo Alfa, é
grande coisa, e pouca gente tem chance de, bem, você sabe", ela disse, piscando.
"Eca, nojento", eu cuspi.
"Sienna, eu não entendo. Ele é tão lindo. Qual é o problema?"
"Então, por que você não vai fazer sexo com ele?" Eu retruquei, passando por ela e batendo a
porta da frente atrás de mim.
Eu precisava ficar longe de todos antes de explodir. Eles só conheciam o Aiden Norwood de
suas fantasias, aquele que viam à distância.
Nenhum deles o conhecia como eu. O Alfa egocêntrico que marcava garotas apenas para se
divertir. Sem mencionar essa Bruma estúpida que me fazia derreter sempre que ele chegava perto.
Queria voltar no tempo e nunca mais ir àquele jantar idiota. Minha vida tinha sido muito mais
fácil, meu segredo muito mais seguro.
Em tempos como esses, eu recuava para o rio para clarear minha cabeça, mas aquele era mais um
lugar que Aiden havia arruinado para mim.
Eu tinha apenas um refúgio para recorrer: a pequena galeria de arte na parte alta da cidade que
descobri com Emily durante uma de nossas caminhadas.
O lado de fora não era nada mais do que uma velha porta de metal com pintura azul escamosa.
Você passaria direto se não estivesse procurando por ele.
Corri para lá o mais rápido que minhas pernas conseguiram me levar.
Desabei no banco de couro vermelho da galeria, exausta. Meu peito arfou enquanto tentava
recuperar o fôlego. Eu comecei a tirar meu casaco quando meu bolso vibrou.

Michelle: ei! Você está bem?


Michelle: sua mãe disse que você saiu correndo de casa chateada
Sienna: Sim, estou bem.
Michelle: certeza? você estava mal-humorada no brunch
Michelle: você está me escondendo alguma coisa
Michelle: tem a ver com o Aiden, não é?
Sienna: Já falei, não quero falar sobre isso
Sienna: Minha mãe estava me fazendo todas essas perguntas
Sienna: E eu tive que fugir
Michelle: Sim, o que está pegando de verdade?
Michelle: pode me contar
Sienna: Vou estar melhor amanhã, prometo
Sienna: Só preciso esfriar a cabeça
Michelle: cadê você?
Sienna: Eu fui passear na parte alta da cidade
Michelle: vamos nos encontrar e conversar
Sienna: Eu meio que quero ficar sozinha agora
Michelle: mande-me uma mensagem quando chegar em casa, ok?
Sienna: Claro
Michelle: Estou aqui se precisar, vaca Bjs

Michelle tinha boas intenções, mas era alucinada demais por homem para entender. Foi por isso
que sempre gostei de ter Emily a quem recorrer.
Eu poderia dizer qualquer coisa a ela, e ela apenas ouviria. Nunca me senti sendo julgada quando
conversava com ela.
A arte na galeria era uma colagem de várias mídias diferentes. Alguns eram paisagens urbanas,
enquanto outros eram retratos abstratos de pessoas comuns.
Um em particular encapsulou perfeitamente minhas emoções atuais. Era uma litografia de uma
jovem em sua melhor roupa de domingo. Ela tinha um olhar distante que se conectou comigo, uma
confusão de lixo e objetos variados, que a artista havia colado na tela, jorrando de sua cabeça.
A porta se abriu atrás de mim e eu senti uma lufada de ar frio atingir minha pele. O cabelo da
minha nuca se arrepiou. "Que joia escondida", disse uma voz familiar.
Virei-me para ver Jocelyn, ainda tão radiante quanto no jantar da Casa da Matilha. Ela havia
trocado o vestido e os saltos por jeans e um casaco de inverno chique.
Eu me perguntei se ela estava usando isso quando entrei para confrontar Aiden. Eu estava
enfurecida demais para reparar. Seu cabelo castanho ondulado caía em cascata por seus ombros, e o
ar fresco do outono tingia suas bochechas fortes de um rosa sutil que acentuava seus lábios de
cereja.
"Não fique tão surpresa", disse ela, sentando-se ao meu lado no banco. "Rastrear lobos faz parte
do meu trabalho."
"Você estava procurando por mim? "Eu perguntei, sem saber o que alguém como Jocelyn iria
querer com alguém como eu.
"Eu não seria uma Curandeira lá muito boa se não soubesse que você precisava de alguém com
quem conversar depois do que acabou de acontecer."
Ela deu um sorriso lindo e de tirar o fôlego que imediatamente me deixou à vontade. Ela não
tinha vindo para me julgar. Ela tinha vindo para ouvir.
"O que ele te falou? "Eu perguntei, com vergonha de olhar nos olhos dela.
"Aiden não me disse nada. Mesmo se tivesse dito, seria apenas a versão dele."
Ela fez uma pausa, esperando que eu dissesse algo, mas eu não tinha certeza se estava pronta
para confiar nela completamente. Afinal, ela era a ex-amante de Aiden e ainda uma de suas
conselheiras de confiança.
"Você conseguiu colocá-lo na coleira, algo que nenhuma mulher jamais conseguiu fazer."
Eu pisquei. "Na coleira?"
Sua risada se intensificou. "Você tem noção, não é?"
Eu pausei. "Noção de que?"
Ela sorriu maliciosamente, o que estava fora de lugar em seu rosto normalmente compassivo.
"Está todo mundo falando de você", ela continuou. "Você é a primeira mulher a desafiar a
Bruma do Alfa."
O que ela quis dizer com "a primeira"? Certamente, se alguém como eu conseguia deixá-lo
irritado, ele devia estar enlouquecendo com uma mulher como Jocelyn.
"Não é todo mundo que sofre perigo na temporada?" Eu perguntei. "Como poderia ser a
primeira vez dele?"
O sorriso de Jocelyn se alargou. "A maioria das regras do lobisomem não se aplica aos alfas. Eu
curei alguns ao longo dos anos, e posso te dizer... no meio da temporada? Alfas tendem a não ser
afetados pela Bruma. Eles têm um controle de ferro, e mesmo se não o tivessem, as mulheres que
marcam quase sempre aliviam sua Bruma antes que fique crítica... Pelo menos em geral"
"Então, o que você está dizendo é que sou a primeira mulher a rejeitá-lo e agora ele está se
sentindo... frustrado?"
"Exatamente." Ela acenou com a cabeça. "Você se tornou uma espécie de lenda no círculo
interno. Depois daquele show no escritório? Josh e o resto da liderança mal podem esperar para
conhecê-la adequadamente. "Mas", ela continuou, seu rosto sério, "você não pode evitar a cama de
Aiden para sempre."
"Por que não? " Eu perguntei.
"Porque sua Bruma chegará a um ponto em que ele não poderá mais controlá-la, e quando
chegar no limite, bem..."
Ela não precisou entrar em detalhes. Aiden iria me caçar até que ele conseguisse o que queria.
Estremeci ao perceber que tinha perdido toda a ação sobre meu corpo no segundo que aquele filho
da mãe afundou os dentes em meu pescoço.
"Ele não deveria ter me marcado", eu disse, irada. "Ele deveria ter me conhecido primeiro e
pedido meu consentimento."
"Honestamente, ele geralmente conhece suas parceiras primeiro", respondeu Jocelyn. "Mas você
realmente deve ter mexido com os sentidos dele."
"Mesmo? " Meus olhos se arregalaram de descrença. "Então, por que essa temporada foi a
exceção? Ele ficava entediado com as mulheres se ajoelhando para ele sempre que queria?"
Eu vi um toque de dor nos olhos de Jocelyn e imediatamente me arrependi do que eu disse. "Me
desculpe, eu não quis dizer isso. Eu estou apenas..."
"Está tudo bem. Eu sei que você não quis dizer isso como um insulto. Estar com o Alfa é um
prato cheio, especialmente agora. Aiden não tem sido ele mesmo nos últimos meses. Tenho certeza
de que você já ouviu falar a respeito", disse Jocelyn.
"Sim, minha mãe é a fofoqueira da cidade", eu disse, revirando os olhos.
"O Alfa tem muito a fazer. E até que ele esteja acasalado, sua força, e a força de nossa matilha,
estará ameaçada."
"Mas Aiden e eu não somos companheiros", retruquei.
"Talvez, mas ele ainda tem uma Bruma que precisa ser controlada. É divertido vê-lo se
contorcer, eu sei, mas pense na Matilha."
"Isso é mesmo responsabilidade minha? "Eu perguntei, cética.
"Eu também me fiz a mesma pergunta, Sienna. Isso é você quem decide. Eu posso te dizer isso.
Eu amo meu Alfa e só quero o que é bom para ele. Ele é um bom homem. Você verá se der a ele
uma chance de provar isso."
A conversa não levou o rumo que eu esperava, mas eu poderia dizer que Jocelyn era sincera em
sua preocupação por Aiden.
Ainda assim, isso não desculpou sua atitude e o que ele disse para mim em seu escritório.
"Vou considerar o que você disse, mas ele precisa ceder também. Ele tem que me respeitar."
"Deixe-me falar com ele", respondeu Jocelyn. "Ele vai entrar na linha se tiver algum juízo. Tenho
a sensação de que você é diferente, Sienna." E antes que eu percebesse, Jocelyn tinha seus braços em
volta de mim em um abraço reconfortante.
"A gente se vê por aí", disse ela, levantando-se.
"Sim, eu tenho certeza."
Quando Jocelyn saiu, eu ainda me sentia quente por dentro. Seu toque de cura realmente fez
maravilhas. Se uma mulher como aquela pudesse ser amante de Aiden, ele não poderia ser de todo
mau.
Eu não iria perdoá-lo, ainda não, mas entendia a realidade da minha situação e, se tivesse que ir
até o fim, poderia muito bem me esforçar para conhecê-lo.
Meu telefone vibrou novamente. Desta vez foi minha mãe.

Mãe: Sienna, você precisa voltar para casa agora mesmo! É uma emergência.
Sienna: O que aconteceu? Papai está bem?
Mãe: Papai está bem, mas venha pra casa rápido
Sienna: Ok, estou na parte alta da cidade
Mãe: Te vejo em breve!

Minha mãe não chamava nada de emergência, a menos que fosse sério. Então decidi ir de táxi
para casa.
Quando paramos em minha casa, notei um Audi preto estacionado do lado de fora. Eu nunca
tinha visto isso antes e me perguntei a quem poderia pertencer.
Meu coração estava disparado enquanto corria para a porta da frente e a abri.
"Mamãe? Mamãe? Estou em casa. Onde você está?"
"Estamos aqui!" ela chamou da sala, bastante calma e agradável.
Tinha algo de estranho. Eu cheirei o ar, e um almíscar amadeirado perfurou minhas narinas,
fazendo uma erupção de calor entre minhas pernas. Virei a esquina e, com certeza, sentado no sofá
apreciando uma xícara de chá estava ninguém menos que Aiden Norwood.
Capítulo 10 - O Encontro
Sienna
"Achei que você tinha dito que era emergência", eu disse, fuzilando minha mãe com o olhar.
"E estragar a surpresa? Eu estava mostrando ao Sr. Norwood algumas das fotos de quando você
era bebê. Ela não era uma graça?"
"Sim, mesmo assim, você poderia dizer que ela cresceu para ser uma mulher forte e bonita", ele
respondeu, lançando seus hipnotizantes olhos verdes com listras douradas em minha direção. "Este
chá é delicioso, Sra. Mercer."
"Por favor, me chame de Melissa", ela respondeu com uma risadinha. Eu queria vomitar. Minha
própria mãe estava mais apaixonada pelo meu parceiro do que eu. Aposto que ela pensou que eu iria
acasalar com Aiden até o final da temporada, mas eu olhei em seus olhos várias vezes agora, e o
reconhecimento nunca ocorreu.
Ele estava apenas me usando, afinal.
"Se divertiu na parte alta da cidade?" ele perguntou, exibindo um sorriso diabolicamente bonito.
Por que ele se importou? Ele sabia sobre Jocelyn?
"Foi tudo bem", eu respondi, tentando não deixar sua aparência me hipnotizar.
Não ajudou que sua camisa agarrasse cada centímetro de seu peito largo e braços protuberantes
ou que sua calça jeans se ajustasse confortavelmente em torno de suas pernas poderosas e definidas.
Por seu sorriso maroto, eu poderia dizer que ele sabia que eu estava lutando para impedir que
minha Bruma explodisse. "Acho que nunca te vi de cabelo preso. Combina com você, especialmente
com a marca no seu pescoço."
Eu tinha esquecido completamente que puxei meu cabelo em um rabo de cavalo frouxo quando
cheguei à galeria. Fios crespos e varridos pelo vento estavam por toda parte. O suor seco grudou em
minhas têmporas.
Eu estava descabelada e feia, e ele sabia disso. E, claro, o filho da mãe arrogante estava
admirando o seu trabalho.
"O que você está fazendo aqui?" Eu perguntei, não me importando com as formalidades. Acho
que, depois desta tarde, seria inútil tentar agir civilizadamente. "Vim com uma missão", disse ele,
divertido. "Quero conhecer mais sobre você e sua família. Percebi esta tarde que mal nos
conhecemos."
Claro que não. Você me marcou do nada.
Ainda assim, essa mudança de tato me fez pensar que Jocelyn havia transmitido minha
mensagem de que era melhor ele se preparar. Foi bem rápido, pensei. Eu cruzei meus braços e dei a ele
um olhar irritado. "E qual é o plano?"
Com os olhos arregalados, vi quando ele se levantou e pegou minha mão. "Sienna, você gostaria
de se juntar a mim para jantar esta noite? O idiota estava me cortejando e, caramba, estava
funcionando.
De repente ele estava tão educado. Provavelmente por causa da presença da minha mãe. Ela
parecia que poderia ter morrido ali mesmo e ido para o céu. Minhas bochechas coraram e meu
coração bateu tão forte que ele provavelmente ouviu. Fiquei encantada. Profundamente encantada.
Talvez Jocelyn estivesse certa sobre ele.
Talvez Aiden Norwood merecesse uma chance.
"Não estou vestida para a ocasião", falei, tentando protestar.
"Nem eu", disse ele, sorrindo. "Nós cuidaremos disso. Vamos?"
Talvez possamos, pensei. Mas eu iria torturá-lo. Eu não ia desistir tão facilmente. Finalmente, eu
balancei a cabeça.
"Sim", respondi. Então, pensando que é melhor limitar minhas apostas. "Só desta vez." Aiden riu
e balançou a cabeça, divertido pela minha contenção contínua. Sem outra palavra, ele me conduziu
para fora em seu carro e partimos.
Eu sabia que não deveria deixar o Alfa me pegar. Mas, até então ele tinha sido educado, calmo,
até mesmo um cavalheiro. Para que complicar as coisas quando elas podiam ser simples?
O caminho foi silencioso e rápido. Aiden parou em uma boutique e entramos.
Eu ainda estava em guarda, mas achando mais fácil a cada segundo estar perto dele.
A vendedora deu um sorriso apaixonado. "Em que posso ajudá-lo, Sr. Norwood? " ela sibilou.
Nós duas nos encaramos, e seu sorriso mudou imediatamente para uma carranca.
Acho que alguém queria o Sr. Norwood só para ela.
Vinte minutos atrás, eu teria deixado ele para ela, mas me senti estranhamente possessiva por um
segundo. Antes que eu pudesse me conter, meu lábio se curvou em um rosnado.
A vendedora desviou o olhar rapidamente. Eu pisquei. O que havia de errado comigo? Não valia
a pena se preocupar com o alfa. Controle-se, Sienna!
"Você pode me ajudar a procurar algo?" Eu perguntei a ela, tentando oferecer uma bandeira
branca. Ela assentiu bruscamente e me levou a uma fileira de lindas peças de seda.
Escolhi um vestido azul marinho e fui para o vestiário. O vestido era justo, destacando todos os
meus atributos e complementando minha pele de marfim.
A vendedora empurrou um par de sapatos brancos por baixo da cortina. Eles se encaixaram
perfeitamente. Soltei meu cabelo e corri meus dedos por ele até que tudo estivesse domado.
Dei uma última olhada em mim mesma no espelho antes de sair. Eu estava ótima.
Os olhos de Aiden não pareciam se mover. Seu olhar fumegante percorreu meu corpo da cabeça
aos pés, demorando-se em meus quadris e peito por um segundo a mais.
"Você está... de tirar o fôlego", disse ele, os olhos brilhando.
Minha Bruma, graças a Deus, estava sob controle pela primeira vez. Não que isso fizesse sentido.
Nunca tínhamos compartilhado um momento como este antes.
Deveria estar em chamas. Mas, em vez disso, me vi corando e desviando o olhar. Não estava
excitada. Foi estranhamente... legal. Quase fofo. Foi quando percebi que Aiden também havia se
trocado.
Ele usava uma calça azul justa que deixava pouco para a imaginação e uma camisa branca de
colarinho feita à medida da perfeição. O homem era devastadoramente bonito.
Depois que ele pagou pelo vestido e pelos saltos, voltamos para o carro, dirigindo em direção ao
centro da cidade.
Estacionamos em frente ao restaurante mais badalado da cidade e, depois de abrir minha porta,
ele me conduziu para dentro com uma das mãos na nuca. No momento em que passamos pela
porta, os olhos de todos se voltaram para nós.
Alguns ficaram chocados, outros com inveja, mas eu realmente não me importei. Eu estava
gostando tanto da noite que não havia nada que pudesse me distrair.
A anfitriã nos levou a uma mesa íntima no canto mais distante, longe dos olhos curiosos dos
outros clientes.
Sentamos um em frente ao outro e meu corpo ficou tenso quando Aiden se aproximou.
"Tão ruim assim? " ele perguntou.
"Depende", eu disse, e ele ergueu uma sobrancelha, "de quão boa é a comida." E então rimos os
dois. E percebi o quanto precisava aprender sobre o Alfa. Eu nunca pensei que ele fosse capaz de
ser tão descontraído. Ele era um líder. Um homem a ser temido. Mas naquele momento, não.
Só então, Aiden pegou minha mão.
Eu hesitei por um segundo. Mas então eu o deixei pegar.
Nós dois estávamos no piloto automático, parecia. Não houve palavras, motivos ou agendas
claras para definir o que aconteceu a seguir.
Aiden trouxe minha mão até seus lábios macios e beijou as costas dela.
Eu respirei em choque, quando seu beijo fez a Bruma entrar em erupção, espalhando-se pelo
meu corpo, fazendo minha pele ficar tensa com antecipação, inchando meu sexo, umedecendo
minha calcinha.
Ele olhou para cima através de seus cílios, olhos cheios de surpresa e fome aparente, sua Bruma
faiscando com a minha.
Nenhum de nós planejou que acontecesse assim. Mas estava acontecendo. E agora eu não sabia
se seríamos capazes de pará-la.
"Sienna, você é..."
"Eu sei", eu respirei, lambendo meus lábios. "Você é muito... Sr. Norwood."
"Aiden", ele rosnou de fome "me chame de Aiden."
"Aiden." Eu provei seu nome na minha boca, fechando meus olhos e arfando. "Oh Deus, Aiden.
Estou com tanto calor."
Ele rosnou mais forte desta vez. "Se continuar assim não vamos passar nem do couvert."
Na verdade parecia boa ideia, mas algo dentro da minha cabeça continuava me incomodando,
cutucando, tentando me tirar da minha Bruma. Esta não era uma Bruma normal. Não, era como se
eu mal me reconhecesse agora.
Com um beijo na minha mão, Aiden apagou tudo que eu pensava como eu. Meu passado. Meus
desejos. Meus medos.
Todos eles se foram. Eu estava hipnotizada.
Uma parte de mim sabia que isso era errado, mas eu não queria que o sentimento parasse. Eu
não queria interromper a tensão que crescia dentro de mim enquanto sentia o cheiro desse homem
de dar água na boca.
Mal notamos quando o garçom que veio anotar nossos pedidos. Aiden pediu algo chique, mas o
único prato que eu queria provar não estava no menu.
Ele estava sentado à minha frente.
Pare! A voz de Emily estava de volta. Pare, Sienna! Guarde-se para o seu companheiro!
"Ah, pelo amor de Deus, cale a boca! " Eu disse em voz alta, sem querer.
Aiden me deu um olhar questionador. "Você está ficando louca?"
"Você me deixa louca", eu respondi sedutoramente, um conjunto de lábios se abrindo, o outro
apertando. "Então é assim?" ele disse, os olhos brilhando. "Eu pensei que você queria ser caçada."
Espere, ele pensou que eu queria ser caçada? Foi isso que ele entendeu da nossa conversa?
Antes que eu pudesse protestar, sua mão enrolou em volta do meu pulso e levou minha mão ao
rosto. Tudo em minha cabeça se espalhou ao vento. "Sua pele é tão macia", ele murmurou, beijando
minha palma. "Tão sedosa e macia. Quero colocar minha língua em cada centímetro do seu corpo."
Meu rosto corou e eu gemi quando ele deslizou um dos meus dedos em sua boca.
Algo está errado! Pare!
Como algo pode estar errado?
"Sienna." O som do meu nome me fez pular. "Mal posso esperar. Eu quero você agora."
Olhando em seus olhos, eu o queria também. Eu não me importava onde ou como, mas queria
cada centímetro dele. "Pode me levar."
Em um instante, fui arrancado da cadeira e tropecei em uma sala mal iluminada dos fundos.
Abrindo minhas pernas, ele envolveu suas mãos fortes sob minhas coxas e me prendeu na
parede. Sua boca massageou a mordida.
Eu nunca tinha sido beijada na boca antes na minha vida. Mas nos últimos dias, meu pescoço
estava recebendo atenção mais do que o suficiente para compensar isso.
Eu gemia de prazer quando uma das mãos de Aiden deslizou entre minhas pernas, as pontas dos
dedos provocando minha coxa.
Ele avançou mais e mais perto até que eu estava pronta para gritar. "O que você está esperando?
" Eu gemi, minhas pernas tremendo.
Seus dedos pressionaram contra minha calcinha molhada e uma onda de prazer turvou minha
visão.
Eu me toquei lá inúmeras vezes. Mas não era nada como sentir as mãos de um homem, as mãos
de Aiden, em mim.
Eu adentrei a Bruma mais forte que já experimentei quando a voz voltou, clamando em minha
mente.
Lembre-se da sua promessa!
Eu saí da minha Bruma como alguém saindo de um transe. O prazer que senti foi transformado
em puro terror quando empurrei Aiden de cima de mim e corri para fora da porta.
Cheguei à floresta e continuei andando pelo que pareceram quilômetros. Parei para descansar
quando cheguei a uma clareira nas árvores, mas minha trégua durou pouco. Uma rajada de vento
trouxe um cheiro familiar ao meu nariz.
Era Aiden, e ele estava vindo direto para mim.
Capítulo 11 - O Espectro
Sienna
Do outro lado da clareira, outro lobo irrompeu por entre as árvores. Ele era enorme, o maior
lobo que eu já tinha visto, e seus olhos castanhos dourados estavam fixos em mim.
Eu rosnei, mostrando meus dentes. Eu não me importava se despertasse sua ira. Ele não me
teria. Ele não se incomodou com minha exibição e se aproximou, tentando me fazer encolher com
sua enormidade.
Mas o medo que se apoderou de mim não teve nada a ver com seu tamanho ou minha
segurança. Tinha tudo a ver com a maneira como ele podia me controlar agora que eu estava
marcada. Lembrei-me de meus amigos falando sobre isso durante nossa primeira Bruma, mas
obviamente nunca tinha experimentado isso eu mesma.
Durante a temporada, uma fêmea marcada pode ser prejudicada de forma não natural por seu
macho marcador. Basta um toque especial e ele poderia tornar sua amante tão perigosa quanto ele.
No segundo em que Aiden beijou minha mão no restaurante, foi isso que aconteceu. Eu vi em seus
olhos.
Ele não se importou com os joguinhos, nem de me conquistar de forma justa. Tudo que ele
queria era me comer. Alfa típico.
Talvez fosse só isso que todo o encontro significava. Uma chance de me ter no meu estado mais
indefeso. Uma chance de liberar sua tensão para que ele pudesse voltar para suas responsabilidades
de Alfa.
A voz de Emily tinha sido forte o suficiente para me tirar da Bruma desta vez, mas e da próxima
vez? Como eu poderia escapar de sua cama se ele tinha tanto poder sobre mim? Aiden se aventurou
mais perto, esquecendo que eu não era uma de suas lobas domesticadas.
Eu não conhecia meu poder total ainda, mas sabia que não o queria mais perto.
Eu rosnei no fundo do peito do meu lobo. Cai fora, babaca. Cai fora.
Eu enrijeci meus músculos, esperando que ele atacasse.
Nós travamos os olhos, nenhum de nós recuando.
De repente, nossos ouvidos se animaram com o som de patas pisando no chão da floresta.
Um enorme lobo loiro saltou da linha das árvores atrás de Aiden com uma matilha de quatro
lobos logo atrás. Era Josh, e ele parecia tenso. Algo estava errado. O que eles estavam fazendo aqui?
O lobo de Josh olhou para Aiden. Fiquei surpresa que nenhum dos dois os farejou, mas,
novamente, estávamos focados nos cheiros um do outro.
Fosse o que fosse, deve ter sido importante porque, a princípio, Aiden ficou furioso ao ver seu
subordinado. Mas em segundos, ele estava circulando ao redor de sua Matilha, reunindo-os e se
comunicando através de grunhidos e olhares carregados. Ele era um líder natural.
Eu queria saber mais. Será que tinha a ver comigo?
Mas, ao mesmo tempo, eu não ficaria por aí para descobrir se Aiden ainda estava em perigo. Eu
vi minha oportunidade de escapar e fugi para a floresta.
Quando os últimos raios de sol se dissiparam entre as árvores, uma figura cintilante chamou
minha atenção enquanto eu corria. Estar na forma de lobo tornou minha visão muito mais aguçada
do que quando eu era humana, então parei e pude ver com grande clareza uma mulher com pele
branca perolada e olhos nebulosos de roxo elétrico, azul e cinza. Seu cabelo era preto como breu e
caía pelas costas em ondas angelicais.
Levei um momento para perceber que, enquanto eu estava olhando para ela, ela estava olhando
de volta para mim. Seu rosto de porcelana era hipnotizante.
Achei Jocelyn linda, mas essa mulher a superou sem sombra de dúvida.
Suas feições e simetria foram formadas com tal perfeição que ela deve ser algum ser sobrenatural
e imortal que desceu à Terra.
Apesar de sua beleza sobrenatural, seu traje era estranhamente mundano.
Ela usava calças largas com estampas de camuflagem e coturnos para combinar. Sua blusa era
uma camiseta cinza simples com uma jaqueta jeans desbotada jogada por cima.
Eu pensei que talvez ela fosse uma trekker, mas ela não tinha uma mochila ou qualquer outro
equipamento com ela.
Além do mais, não havia medo em seus olhos quando ela olhou para mim. Ela não era um
lobisomem, eu senti imediatamente, mas ela não cheirava como um humano também.
Quem era esta mulher?
De repente, toda a floresta ficou em silêncio e um tom monótono começou a ecoar em meus
ouvidos. Eu balancei minha cabeça, mas não parou o barulho.
Eu fechei os olhos novamente com a mulher encantadora. Minha cabeça doía como se estivesse
prestes a se abrir. Eu gritei e pensei que podia ouvir uma criança gritando em uníssono.
Minhas pupilas dilataram e duas sombras pairaram sobre mim. Eu não poderia dizer se eles
estavam me alcançando ou tentando me machucar, mas em um instante, eles se foram.
Eu olhei de volta para a mulher assim que ela também desapareceu na noite, lentamente se
tornando invisível como um espectro. O zumbido em meus ouvidos parou e os sons da floresta
voltaram.
A lua estava agora ascendendo ao seu trono noturno, e os sons da floresta se estabeleceram em
seus études noturnos.
Trotei cautelosamente até onde a mulher estivera e não consegui encontrar nenhum vestígio
dela. Eu coloquei meu focinho no ar, mas tudo que eu podia sentir o cheiro era o almíscar úmido da
floresta e as criaturas usuais que a habitavam.
Eu realmente tinha visto alguém ou minha mente estava me pregando uma peça?
Se ela fosse real, o que ela queria comigo? Por que ela se exporia e simplesmente desapareceria?
Nada fazia sentido.
Estremeci ao pensar o que teria acontecido se Josh e os outros lobos não tivessem aparecido ou
se tivessem chegado alguns minutos depois. A noite toda me lembrou o quão pouco eu sabia sobre
parceria e as regras que governam uma loba uma vez que ela é marcada.
Eu conhecia Bruma há apenas três temporadas, enquanto Aiden era um amante experiente que
conhecia todos os truques.
E acima de tudo, ele era um alfa, então seus poderes eram mais fortes do que os de um macho
típico.
Se eu ia ter alguma chance contra ele, precisava descobrir uma maneira de mantê-lo longe de
mim enquanto nos conhecíamos.
Nada disso colaborava com o fato de que eu estava me guardando para meu companheiro, e
Aiden era a coisa mais distante de um companheiro que eu poderia imaginar.
De que adiantava ter um alfa se ele não conseguia permanecer no poder sozinho?
Tudo soou um pouco dramático para mim, como uma desculpa elaborada para dormir com todo
mundo até que ele "decidisse" que havia encontrado sua companheira.
Eu gostaria de poder lutar contra minha natureza de lobo e nunca mais ter outra Bruma. Foi o
que levou Emily a fazer o que ela fez.
Eu nunca iria querer me tornar humano, mas durante a temporada, eu tinha inveja de seu estado
não afetado.
Mulheres humanas não precisavam aturar essa merda. Elas não tinham que se submeter a serem
marcadas e enganadas para dormir com alguém, amante ou não. Elas nunca se perdiam de si
mesmas.
O uivo de outros lobos me tirou dos meus pensamentos. Mesmo tendo um parceiro, ainda não
era seguro para mim estar sozinha em uma parte tão remota da floresta.
Apenas os machos mais desesperados e não pareados estavam rondando tão tarde da noite. Eu
sabia me cuidar. Eu tinha literalmente acabado de desafiar o Alfa, mas sabia que teria problemas se
mais de um aparecesse em busca de satisfação.
Da última vez, tive sorte. Era hora de ir embora.
Eu corri de volta para a floresta, em direção à minha casa.
Eu estava quase no limite da floresta quando me ocorreu que eu tinha rasgado o vestido que
Aiden tinha comprado para mim e jogado fora em algum lugar ao longo da estrada.
Em outras palavras, eu estaria nua quando voltasse.
Não era exatamente um tabu andar pela cidade na forma de lobo, mas também não era
encorajado.
Eu nunca tinha feito isso antes, mas depois de parar na Casa da Matilha meio transformada no
início do dia, eu percebi que poderia lidar com alguns olhares de desaprovação.
Ainda assim, não era da minha natureza chamar a atenção, então peguei estradas vicinais e me
mantive nas sombras até chegar à minha rua.
Quando me aproximei da esquina, as lâmpadas da rua começaram a pulsar e minha visão ficou
turva novamente. Fiquei desorientada, todos os meus sentidos embotados. O que aquela mulher fez
comigo?
Tentei pular a cerca para o nosso quintal, mas prendi minhas patas traseiras em uma ripa e caí
com um baque pesado. Eu olhei para cima para ver uma figura sombria se aproximando de mim.
Corri para a porta dos fundos e arranhei impotente, minhas patas incapazes de trabalhar a
maçaneta, sem tempo de voltar à forma humana.
Eu estava encurralada, sem ter para onde correr. Eu queria uivar, agarrar, lutar, mas estava
paralisada de medo.
Capítulo 12 - A Conversa
Sienna
Eu me senti como uma cadela covarde, mas minha mente estava queimando na floresta. Eu me
sentia como se tivesse sido drogada e o que quer que meu agressor estivesse prestes a fazer, eu não
tinha forças para impedi-lo.
A sombra se abaixou e começou a me envolver, mas parei de lutar ao sentir um abraço familiar.
"Sienna", a voz do meu pai sussurrou suavemente. "Acalme-se, querida. Aqui, eu trouxe um
manto para você. Vamos entrar."
Seus dedos correram pelo meu pelo e tudo começou a parecer normal novamente. Ele colocou o
manto sobre a minha forma de lobo trêmula, e eu me mexi, desabando em seus braços.
"O que aconteceu? Você foi atacada?" ele perguntou, preocupado.
Tinha sido? Eu honestamente não tinha certeza, mas parecia que minha mente tinha acabado de
travar algum tipo de guerra.
Eu me perguntei se isso tinha algo a ver com Aiden fugindo com sua matilha. Eles devem estar
conectados. Eu não conseguia pensar muito sobre isso agora, ou provavelmente desmaiaria.
"Estou bem, pai. Eu só preciso descansar. Foi uma noite longa e estranha", respondi.
Aiden
Meu escritório estava começando a parecer uma cela de prisão. Estava mais inquieto do que
nunca, mas não conseguia sair correndo sem que alguém percebesse.
Josh e eu tínhamos estado no local onde a patrulha havia perdido o cheiro do errante, mas não
consegui descobrir nenhuma pista de para onde ele tinha ido.
Admito que não parecia bom para mim vir de mãos vazias, mas a única alternativa era mentir
para Josh e os quatro soldados, e eu já estava fazendo mais do que gostaria.
Não era anormal ter um estranho cruzando o território da Matilha, mas o cheiro inexplicável e o
desaparecimento subsequente deixaram todos que sabiam a respeito agitados.
Até agora éramos apenas eu, Josh, Jocelyn, Nelson, Rhys e os quatro soldados.
Fiz o último grupo jurar silêncio até que pudéssemos descobrir quem era esse intruso e para
onde estava indo. Para ser cauteloso, despachei pequenos detalhes de guardas para qualquer lugar ou
pessoa que eu achasse importante.
Fosse o que fosse, estaríamos prontos quando surgisse e, com sorte, seríamos poderosos o
suficiente para enfrentá-lo.
Quando ficamos sozinhos. Josh cruzou os braços indignado. "E aí? " ele perguntou. "Vamos
apenas sentar aqui na Casa da Matilha e esperar?"
"O que mais você sugere? Não posso mandar todo mundo vasculhar a floresta se não souberem
o que procuram. Nós nem sabemos o que estamos procurando."
"Bem, de quem é a culpa? " Murmurou Josh enquanto começava a andar em seu caminho usual
no meu escritório. "Sua, tecnicamente", eu respondi, secamente. "Cabe ao Beta manter nossas
fronteiras seguras."
"Você não precisa me lembrar qual é o meu trabalho. Eu fiz exatamente o que deveria. Quando
ficou claro que estávamos lidando com algo novo, fui procurar você. Você é quem está se
esquecendo de seus deveres". "Pare de rodear o assunto e diga o que está pensando", eu disse,
ficando impaciente.
"Você está comprometido, Aiden. Um alfa com força total teria sido capaz de rastrear o errante".
Outra vez a ladainha. Sua persistência estava começando a me desgastar.
"Você mesmo disse que não sabemos com o que estamos lidando", respondi. "Se for poderoso o
suficiente para mascarar seu cheiro, é claro que faz meus poderes parecerem diminuídos em
comparação. Ou ainda é sobre Sienna?"
"Me diz você". "Eu perdi o controle da minha Bruma. Foi temporário."
"Meu ponto, exatamente. Você perdeu o controle. Isso nunca aconteceu com você antes. Se o
que você nos contou é verdade, por que não é honesto com ela? Você está perdendo o tempo dela e
o seu. Se você deixar as coisas continuarem assim, um de vocês vai se machucar. Você precisa estar
mais forte agora do que nunca. Não estou dizendo isso apenas pelo bem da Matilha, Aiden. Estou
falando como seu amigo."
"Aprecio sua preocupação, mas vou fazer do meu jeito."
Josh soltou um grunhido e bateu com o punho contra a minha mesa. "Droga, Aiden, podemos
estar sob ataque agora, e você só se preocupa com uma garota. Uma garota que está rejeitando seus
avanços até agora". "Cuidado, Josh". "A questão é, Aiden", Josh fumegou", estávamos tão perto de
descobrir algo novo. Eu sei que você farejou o que eu farejei. Não humano. E não lobisomem.
Então, se é algo novo, quais são seus pontos fortes? Quais são seus pontos fracos? Ele ainda tem
pontos fracos? Eu sinto que você não está levando essa ameaça a sério o suficiente."
Eu estava tão preocupado quanto Josh, mas não podia demonstrar. Ainda havia um abismo de
poder entre nós.
Por um momento, pensei no que meu irmão Aaron teria feito. Se ele estivesse aqui. Uma pontada
de dor passou por mim e eu empurrei essa memória de lado.
Não havia tempo para pensar no passado quando o presente era tão perigoso.
"A ideia do errante ser algo novo passou pela minha cabeça, mas não há nada a fazer a não ser
esperar. Seja o que for, a última coisa que quero é fazer com que pareça ameaçado. Se for pacífico,
quero que continue assim. Como você disse, não temos ideia de quais poderiam ser os poderes deste
errante." "E se não veio aqui a negócios pacíficos?"
"Ele já teria nos atacado se não fosse o caso. Provavelmente mascarou seu cheiro para evitar o
confronto."
"Ou está se preparando para um ataque surpresa."
"Já chega de teorias. Josh. Vá verificar as patrulhas e me avise se ouvir alguma informação nova."
"Como desejar, meu Alfa. Lembre-se, você tem um trabalho, além de fazer essa garota dormir
com você.
Não respondi, dispensando Josh com um simples aceno de cabeça. Ele estava certo em estar
preocupado, no entanto. Desde que marquei Sienna, minha cabeça estava nublada de desejo. Eu
nunca reprimi minha Bruma por tanto tempo, nem ela nunca foi tão forte quanto era quando eu
estava perto dela.
Talvez com uma distração, eu pudesse me reequilibrar. Este forasteiro era uma distração bem-
vinda.
Sienna
Eu estava sentada sozinha no escuro quando ouvi uma batida na minha porta. Sentei-me e tirei
os fones de ouvido. "Entre", eu disse.
"Ótimo, achei que você já tivesse adormecido", disse meu pai, fechando suavemente a porta
atrás de si. "Você se importa se eu sentar?" ele perguntou, apontando para a minha cama.
"Claro que não", respondi.
Ele costumava ser bem esbelto quando meus pais se conheceram — minha mãe me mostrou
fotos — mas envelhecer, casamento e duas filhas adicionaram alguns quilos ao seu corpo.
Quando ele se sentou ao meu lado, meu colchão arquejou sob a nova carga.
"Eu queria falar sobre mais cedo esta noite", ele começou, mudando seu olhar entre o chão e
meu rosto.
"Eu sei que sua mãe está animada por você ter feito uma parceria com o Alfa para a temporada."
"Esse é o eufemismo do século." Suspirei.
"Sim", disse ele rindo", ela não é muito discreta, é? "Houve um breve silêncio antes de ele
continuar." Sua mãe me contou sobre como você saiu correndo de casa hoje cedo e... bem, achei que
você poderia precisar de alguém para conversar sobre tudo o que está acontecendo."
"Pai" — "Agora, eu sei que não sou um lobisomem e não consigo entender exatamente o que
você está passando, mas estou por aí há tempo suficiente para saber que aparecer na casa em forma
de lobo não é normal. Você quer falar sobre o que aconteceu esta noite?"
De todas as pessoas na minha vida, a última em quem eu esperava abrir meu coração era meu
pai, mas ele estava certo. Minha cabeça estava uma bagunça e eu precisava deixar um pouco sair.
Peguei meu edredom, sem saber como começar.
"Algo aconteceu no jantar esta noite que, bem... parece que agora que fui marcada pelo alfa,
todos têm essas expectativas. Quer seja mamãe, ou meus amigos ou membros da Matilha, que eu
nem conheço, todos eles querem algo, e ninguém se importou em me perguntar o que eu quero."
Minha voz começou a tremer e eu podia sentir as lágrimas crescendo em meus olhos. "Sinto que
estou perdendo o controle e não gosto disso."
Finalmente, dizer em voz alta veio como uma liberação, como se um peso de mil quilos tivesse
sido tirado do meu peito.
As lágrimas brotaram dos meus olhos e escorreram pelo meu rosto. Meu pai me puxou para
perto e deixou meu rosto pingar em seu ombro.
"Está tudo bem", disse ele, esfregando minhas costas. "É perfeitamente normal sentir o que você
sente."
"Não, não é", eu engasguei. "Eu sou uma dominante. Dominantes não permitem que coisas
estúpidas como essa os afetem."
Eu geralmente não me chamo assim.
Eu sabia, no fundo, que era verdade, que eu tinha uma tendência dominante que não podia ser
domada. Era a razão de eu ter tido tanto sucesso em resistir aos avanços do Alfa até agora. Mas dizer
isso em voz alta quase o tornava menos real. Como se tivesse desvalorizado a verdade.
Talvez eu estivesse apenas me enganando e minha natureza fosse ser mais uma loba submissa
que fazia o que ele mandava.
Mas então meu pai colocou a mão sob meu queixo e forçou meus olhos a encontrar os dele.
"Eu não acho que o que você está sentindo é estúpido, Sienna", disse ele. "E dominante ou não,
todo mundo tem um coração."
A parte boa de ter um pai humano era que ele era muito mais sentimental do que mamãe e
Selene, ou qualquer lobisomem.
Normalmente, nós lobos olharíamos para isso como um sinal de fraqueza, mas no momento, eu
estava feliz por tê-lo lá.
"Sabe, quando trouxemos você para casa, eu logo soube que você era especial. Você tinha essa
confiança em tudo que fazia, mesmo quando era bebê. Assistindo você crescer, eu vi essa confiança
se manifestar em tudo, desde como você se comporta até a sua arte. Chorar não tira isso de você,
Sienna. Você ainda é a loba mais forte que conheço."
"Você não pensaria isso se visse o que aconteceu esta noite."
"Você quer me contar?"
"Tudo o que importa é que eu fiz papel de boba. Eu nunca mais quero vê-lo novamente. Eu
gostaria que ele nunca tivesse me marcado, pai. Eu gostaria que ele apenas tivesse me deixado em
paz.
Uma nova rodada de lágrimas derramou dos meus olhos.
"Você já pensou que talvez ele não possa te deixar em paz? Que talvez ele tenha visto a mesma
mulher bonita e poderosa que eu vi e foi tão dominado pela emoção que não teve escolha a não ser
marcar você?"
"É sua obrigação falar essas coisas. Você é meu pai."
"Estou falando sério, Sienna. Você não é covarde, então não deixe que ele a transforme em uma.
Como sua mãe diz, ele poderia ter qualquer mulher na Matilha, mas ele escolheu você. Lembre-se
disso. Você não precisa dele. Ele precisa de você."
O flash dos faróis inundou minhas janelas quando um carro parou na garagem. Meu pai e eu
olhamos para fora para ver Selene saindo de seu carro.
Nós não estávamos esperando por ela, e ela raramente aparecia sem avisar assim. Nós dois
descemos para cumprimentá-la.
Meu pai abriu a porta antes que ela tivesse a chance de bater e a envolveu em um grande abraço
que só os pais sabem dar.
"A que devemos este prazer? " perguntou papai, abrindo mais a porta da frente. "Está tudo
bem?"
Selene estava de pijama e trazia uma mochila nas costas. Era evidente que ela deixou sua casa
com pressa.
"Jeremy recebeu um telefonema da Casa da Matilha e teve que trabalhar. É algo grande. Ele não
me deu detalhes, a não ser que envolvia uma brecha na fronteira. A última vez que isso aconteceu, a
Matilha foi bloqueada. Desculpe por aparecer sem avisar assim, mas eu sabia que me sentiria mais
segura aqui do que sozinha no apartamento."
Violação na fronteira? Confinamento? Tudo isso soava bem sério.
O Alfa só prendeu a Matilha quando houve uma ameaça séria e ele teve que impor estado de
sítio. E por que eu estava ouvindo sobre isso de Selene?
Aiden não se importava com minha segurança?
Acho que não deveria ter ficado surpresa por ser apenas um pedaço de carne para ele, e um
pedaço descartável, aparentemente. Idiota.
A misteriosa mulher da clareira ainda nadava em volta da minha cabeça. Será que ela tinha algo a
ver com isso?
Por um momento pensei que deveria contar a Aiden o que tinha visto, mas se ele não achasse
necessário me manter informada, eu também ia tratá-lo com silêncio. Além disso, a perspectiva de
vê-lo, especialmente depois do que aconteceu esta noite, me abalou.
Eu não ia tomar a iniciativa. Se ele queria conversar, ele teria que vir me encontrar.
Capítulo 13 - As Cores
Sienna

Michelle: e aiiiii sienna, o que você fez ontem à noite?


Mia: Sim, alguma coisa animada????
Erica: Prometemos não contar
Michelle: SIENNNAAAA
Michelle: emoji de carinha chorando
Erica: Se você não falar nada, vamos praí
Erica: Pegando minhas chaves...
Mia: Vou trazer a bebida!
Michelle: chegando em 5!
Sienna: OK! O que você quer saber?
Michelle: MUITA COISA!
Sienna: Ele me buscou e comprou um vestido
Sienna: Fomos jantar no centro
Sienna: Depois fui para casa
Mia: emoji com cara entediada
Erica: Entrando no carro...
Sienna: Já dei o que vocês queriam
Mia: Nah, você está escondendo coisas
Mia: Algo sobre vocês se atracarem em um almoxarifado???
Erica: Eu não tinha ouvido essa parte!
Sienna: Olha, a gente deu uns amassos
Sienna: mas não foi nada de especial
Michelle: pode ir dando detalhes
Michelle: ele é tão gostoso quanto parece?
Mia: figurinha de língua com um lobo
Sienna: Eca. PARE
Erica: É grande?
Sienna: Estou falando sério. Parem com isso
Erica: Lobinha sem parceiro aqui o!!!
Erica: Eu ficaria feliz em tomar conta dele por vc
Michelle: garota, o que há de errado?
Sienna: Nada, só não gosto de você transformar minha vida em uma novela
Michelle: desculpe, pensamos que você ficaria mais animada
Mia: O que você está fazendo agora?
Sienna: Estou pintando em casa
Mia: Venha nos encontrar no Winstons, vadia!
Sienna: Não estou com vontade
Mia: Vamos, Si, estamos planejando (emoticon de noiva)
Mia: Eu preciso do seu olho de artista
Erica: emoji de unicórnio
Mia: EXATAMENTE!
Sienna: Tudo bem, mas, por favor, sem mais perguntas
Mia: Prometo!
Erica: Prometo!
Michelle: ... prometo ;)

O Winston’s estava lotado como de costume. Mesmo que ninguém piscasse quando eu entrei,
ainda sentia que todos estavam me observando. No início, fiquei confusa sobre como as meninas
sabiam sobre o meu encontro, mas é claro que elas sabiam.
Não se vai ao centro da cidade com o Alfa sem ninguém perceber. Eu estava tão envergonhada,
repassando os eventos da noite passada na minha cabeça.
Definitivamente havia alguns membros da equipe que o viram deslizar meu dedo em sua boca, e
eu sabia que não fomos discretos em nossa fuga para a sala dos fundos.
Estremeci ao pensar no que minha mãe tinha ouvido. Felizmente, ela ainda estava no trabalho e
não voltaria, até mais tarde esta noite.
As meninas estavam amontoadas em torno de nossa mesa de costume com pilhas de revistas de
noivas e o laptop de Mia. Cerimônias de acasalamento eram como casamentos humanos, mas ainda
mais importantes porque os lobos acasalavam para o resto da vida.
A família de Mia era enorme, então ela teve bastante exposição às cerimônias de acasalamento, o
que achei que tornaria o planejamento dela um caso fácil.
Pela aparência das coisas, no entanto, ela estava perdida no abismo do planejamento.
Manchas de ketchup e mostarda pontilhavam as revistas, e algumas páginas estavam rasgadas e
espalhadas como amostras de tinta.
Mia e Erica estavam em seus telefones procurando arranjos e talheres, mostrando seus achados
para Mia, que apenas olhou para seus telefones e assentiu.
Seu cabelo caramelo não tinha condicionamento e estava preso em um rabo de cavalo
preguiçoso.
Mia sempre cuidou muito bem de seu cabelo, então seu estado desgrenhado era um claro
indicador de como ela estava estressada. "Aí está a nossa megera tímida", gritou Michelle com um
sorriso malicioso. " Erica, chega pra lá."
"Estou tão feliz que você chegou", disse Mia, agarrando sua cabeça. "Estou totalmente
sobrecarregada. Precisamos de alguém que saiba o que está fazendo."
Os gostos de Mia eram, como posso dizer isso bem, um pouco espalhafatosos.
Eu olhei para os esquemas de cores que ela havia puxado em seu computador e fiz o meu
melhor para apontar a direção certa.
Ela estava originalmente procurando cores quentes, que eu pensei que seriam inadequadas para
uma cerimônia de acasalamento de inverno, então, depois de muito discutir, eu fiz com que ela
decidisse por lilás, violeta e azul-petróleo.
Michelle protestou porque não achava que ela ficava bem com aquelas cores, mas eu a lembrei
que não era sua decisão e que ela ficava bem em qualquer cor que usasse, o que Erica e Mia
apoiaram, então todos saíram felizes.
Ajudar Mia me fez pensar sobre minha própria cerimônia e quanto tempo levaria até que eu
encontrasse meu par. Nem todo mundo teve tanta sorte quanto Mia e Harry.
Eu fantasiei que iria encontrar meu companheiro enquanto passeava por algum museu ou em
algum lugar em um parque. Suponho que foi onde conheci Aiden, mas depois de seu
comportamento na noite passada, prefiro simplesmente esquecê-lo. Pensar nele agora me deu
vontade de vomitar.
"Honestamente, Si, não acho que teríamos avançado nada se você não tivesse aparecido", disse
Mia, mentalmente exausta e estressada comendo batatas fritas.
"Quem diria que as cerimônias de acasalamento davam tanto trabalho?"
"Pelo menos você tem uma para planejar", lamentou Erica. "Por que um dos meus amigos não
consegue se apaixonar por mim de repente?"
"Eu nunca tive amigos homens de verdade. Eu me pergunto por que... " Mia pensou em voz
alta.
"Porque você transou com todos os seus amigos homens. " respondeu Erica.
"Não foi", Mia protestou.
"Foi sim", todos nós respondemos em uníssono.
"A vida de solteira ficou pra trás", disse Mia, torcendo o nariz para fingir refinamento. "Eu sou
uma mulher acasalada agora."
Todos nós rimos porque, mesmo antes de começarmos a ter nossa Bruma, Mia ia a festas com
caras mais velhos, procurando homens com quem ela pudesse fazer muitos "bebês fofos."
"Si, venha conosco esta noite", implorou Michelle. "Estamos celebrando o acasalamento
iminente de Mia. O irmão de Erica disse que pode nos levar a esta boate badalada. Se chama Lupin.
Vai ser noite das garotas."
O bloqueio havia sido cancelado, com certeza. Mas eu ainda estava exausta do dia anterior e não
tinha vontade de estar perto de pessoas ou enfiada em uma sala escura e cheia de vapor com música
tão alta que eu não conseguia me ouvir pensar.
Eu precisava ficar sozinha e pintar. Apreciei o gesto e sabia que Michelle tinha boas intenções,
mas não estava com vontade.
"Talvez outra noite", eu disse.
"Por que você não quer vir? Você tem outro encontro com o Sr. Alfa?"
"Não, só estou cansada."
"Cansada de uma longa noite de bate-papo no fundo dos restaurantes?" Michelle cortou de volta.
Eu poderia dizer pelo olhar que ela me deu que ela não estava mais brincando e estava realmente
começando a ficar chateada.
"Michelle, nós não fizemos sexo. Quantas vezes eu tenho que te dizer isso?"
"Então qual é o seu problema, Sienna? Por que você não quer vir?"
"Não dá pra deixar pra lá?"
"Somos suas amigas e quase não nos vemos. Você está saindo com o lobo mais foda de todos e
não nos conta nada. Você está envergonhada por nós porque não somos tão legais quanto todos os
amigos de Aiden da Casa da Matilha?"
"Não é nada disso, Michelle", respondi, tentando impedi-la de fazer uma cena, que ela sabia que
eu odiava. "Só não estou com disposição para sair."
As palavras mal tinham saído dos meus lábios quando meu telefone tocou na mesa.
Eu o peguei e me encolhi. Eu não queria provar que Michelle estava certa, mas, ao mesmo
tempo, queria saber o que diabos estava acontecendo.
"É ele?" perguntou Michelle.
"Sim, você se importa se eu..."
"Vá em frente", disse ela, misturando friamente o milk-shake com uma colher.
Levantei-me e fui até o balcão, onde havia um banquinho vazio, então abri meu telefone.

Aiden: Ei, sobre a noite passada. Sinto muito, Josh interrompeu.


Aiden: Você chegou em casa bem? Você fugiu de uma vez.
Sienna: Ah, olha só quem se importa agora
Aiden: Você acha que não?
Sienna: Eu acho que você está apenas tentando me comer.
Aiden: Posso ter deixado minha bruma sair do controle.
Aiden: Não vai acontecer de novo.
Sienna: Você está certo. Não vai
Aiden: Sienna, me desculpe.
Aiden: Em minha defesa você também estava interessada.
Sienna: Estava fora do meu controle
Sienna: Você não era o único com problemas de Bruma
Aiden: Acho que você sabia o que estava fazendo.
Sienna: E eu pensei que você fosse um cavalheiro, não um filho da puta.
Aiden: Como posso compensar você?
Sienna: Mostre-me que sou mais do que apenas um troféu
Aiden: O que você quiser.
Aiden: é só falar.
Sienna: Diga-me o que está acontecendo com a violação da fronteira
Sienna: Por que você de repente chamou todo mundo para a Casa da
Matilha?
Aiden: Como você ficou sabendo disso?
Sienna: Não importa. Se eu for mais que qualquer uma, você vai me dizer
Aiden: É complicado.
Aiden: Eu quero te contar mais, sério.
Sienna: Então, pelo menos me diga uma coisa
Sienna: Eu estava em perigo na noite passada?
Aiden: Eu nunca deixaria nada te machucar.
Sienna: Não foi isso que perguntei
Sienna: Eu estava em perigo?
Aiden: Não sei.
Aiden: Estou sendo honesto
Sienna: Tchau, Aiden

Eu não podia acreditar que já tinha o considerado atraente. Quero dizer, claro, ele tinha o corpo
mais delicioso que eu já coloquei os olhos, mas se não fosse por essa Bruma irritante, eu ficaria
muito enojada com seu comportamento para o querer perto de mim novamente.
Eu ainda estremeci ao pensar o que teria acontecido se Josh não tivesse aparecido. Eu
provavelmente corria mais perigo com Aiden lá, depois que ele saiu.
Eu definitivamente não contaria a ele nada sobre o desaparecimento da mulher agora também.
Ele era um idiota e eu precisava desabafar.
Capítulo 14 - O Clube
Sienna
Usei minha minissaia xadrez vermelha e preta nova em folha, com botas de couro preto de salto
alto, meia-calça preta e um top curto com uma jaqueta de couro preta por cima.
Pintei minhas unhas para combinar com o vermelho da minha saia e separei meu cabelo em
camadas bagunçadas que caíram pelas minhas costas e ombros como uma cachoeira de cobre.
Eu apliquei meu delineador, rímel e batom cor de vinho. Para terminar, coloquei meu ear cuff
preferido e brincos de prata junto com anéis combinando. Meu look era de pirigótica e eu estava
amando.
Quando as garotas me viram, elas me encheram de elogios.
Michelle até disse que eu era sexy o suficiente para morder, o que para os lobisomens era o
melhor elogio que você poderia receber.
Como Michelle disse no Winston's, Lupin só estava aberto há algumas semanas, mas todo o
hype em torno dele significava que todas as noites da semana havia longas filas de pessoas esperando
para entrar.
Erica, no entanto, tinha conseguido passes VIP — um de seus irmãos tinha conexões com todos
os seguranças do centro, incluindo o do Lupin — e nós entramos sem ter que esperar.
Sempre me senti um pouco culpada por pular a fila daquele jeito, especialmente quando as
pessoas que estavam esperando faziam cara feia para você com inveja, mas esta noite eu não me
importei.
Eu estava lá para me soltar e esquecer o lobisomem estúpido que colocou essa marca no meu
pescoço.
A entrada do clube tinha um teto baixo que dava a sensação de estar entrando em uma caverna.
A esquerda estava o bar, iluminado por LEDs que piscavam com a música em padrões suaves.
À direita ficava o guarda-roupas, onde deixamos nossos casacos, e uma escada que levava ao
mezanino que dava para a pista de dança.
Era de forma circular e se abria para um átrio, onde grandes gaiolas pendiam das vigas,
abrigando belas dançarinas que se contorciam sensualmente ao som da música.
Humanos e lobisomens se misturavam no enorme bar enquanto todos se acotovelavam para
pedir suas bebidas. Eu olhei para a pista de dança, que estava cheia de corpos se esfregando.
O DJ mixava faixas de house de seu palco com vista para a multidão, ocasionalmente incitando
os clientes a fazerem mais barulho.
Michelle abriu caminho até o bar e pediu uma rodada de doses de vodca.
"Você acha que deveríamos conseguir mais já que estamos aqui? " ela gritou por cima da música.
Já tínhamos começado a beber no táxi, mas Michelle nunca foi de ir devagar.
"Duas rodadas, pelo menos", respondeu Mia. "Estou fora do mercado agora! Vocês ouviram
isso, meninos? Você não tem chance com essa gostosura", disse ela, sacudindo os quadris.
Bebemos shots no bar antes de encontrar uma mesa de pé para nos amontoarmos com nosso
bowl cheio de Curaçao azul, gim, tequila, rum e vodca.
Fazendo a contagem regressiva juntas, cada um de nós pegou um canudo e chupou o máximo
que possível.
Michelle e eu duramos mais, mas eu venci. Ela se considerava a "garota festeira" do nosso grupo,
então foi um golpe para seu ego.
"Amanhã vai ser uma merda." Erica deu uma risadinha. "Eu sou fraca com bebida."
"Então vamos para a pista de dança enquanto você ainda pode ficar de pé", gritei, o que não era
típico de mim porque eu não era, de forma alguma, uma boa dançarina.
A única coisa em que eu era boa na vida era pintar, mas tinha ritmo suficiente para mover meus
pés e quadris com a batida.
Abrimos caminho até o meio da sala e começamos a nos exibir.
Os homens começaram a se aproximar de nós e a flertar com Erica, o que não era problema, já
que ela não estava marcada ou acasalada, mas para minha surpresa, os homens estavam me atacando
também.
Eles não me reconheceram ou não se importaram que eu tivesse a marca do Alfa na base do meu
pescoço.
Considerando os eventos recentes com Aiden, concluí, sem sombra de dúvida, que os homens
são porcos e estão dispostos a arriscar qualquer coisa, incluindo suas vidas, se isso significar transar.
"Não entendo", gritei por cima da música para Mia depois de enxotar outro homem. "Estou
marcada como você, então por que os caras ainda estão vindo em cima?"
Mia gritou de volta: "Porque minha marca é uma marca de acasalamento e a sua não."
Novamente, minha inexperiência em ter um amante durante a temporada significava que eu
perdi algum conhecimento comum.
"A marca de acasalamento é um vermelho suave em torno das bordas, enquanto a sua está mais
machucada e roxa. Lobisomens machos também podem sentir qual é qual, para evitar problemas
sérios", ela explicou.
Quer eu tivesse uma marca de acasalamento ou não, qualquer um desses caras teria sérios
problemas se Aiden descobrisse que eles estavam tentando me levar para casa. E eu adorei.
Depois de uma hora, Michelle levou Erica ao banheiro porque ela se sentiu mal.
Eu fiquei na pista de dança com Mia, jogando meu corpo como se estivesse em casa no meu
quarto sem ninguém olhando.
As bebidas tinham nos atingido fortemente agora.
Mia e eu estávamos constantemente nos agarrando uma à outra para manter o equilíbrio, e eu
estava feliz por não ter decidido usar salto. Do contrário, certamente teria torcido o tornozelo.
O DJ colocou um reggaeton sensual que fez todos formarem pares. Um cara veio até mim com
um sorriso sugestivo e estendeu a mão.
Ele era um lobisomem sem par que era claramente dominante, enquanto segurava meu olhar
sem problemas.
Ele também era muito gato, com cabelos dourados, olhos escuros sexy e um físico esguio e
talhado.
"Oi, mocinha sexy", disse ele, pegando minha mão e pressionando seus lábios perto da minha
orelha.
"Oi", respondi, olhando para Mia com o canto do olho.
Ela me deu uma piscadela e fugiu em direção ao bar, me deixando sozinha com este lobisomem
fofo. Eu não estava querendo muita privacidade.
Além disso, se ele tentasse qualquer coisa, eu poderia chutar sua bunda. Eu lutei contra cinco
homens sozinha na floresta. O que era um em um clube cheio de pessoas?
"Qual o seu nome? " ele perguntou, erguendo as sobrancelhas para mim em um convite aberto.
"Sem nomes", eu disse. Ele era simplesmente um rosto bonito de se olhar e um corpo bonito
para dançar. Eu queria manter assim.
Eu sei que provavelmente deveria ter recusado. Aiden só precisava dar uma cheirada na minha
pele para saber que outro homem tinha me tocado. O imbecil. Ele claramente queria muito comer,
mas não ia rolar.
Ele me girou e colocou as mãos nos meus quadris, puxando minha cintura contra sua virilha.
No começo foi divertido ter as mãos de outro homem em mim, mas quanto mais a música
tocava, mais insistente ela se tornava.
Não era como o toque de Aiden, que deixou minha pele em chamas e me fez doer. Eu não disse
nada, mas continuei dançando. Afinal, eu estava lá para me divertir, não para pegar ninguém.
Senti seu aperto se intensificar quando ele se pressionou contra mim com mais força, balançando
a parte inferior de seu corpo com o meu.
Quando sua ereção por debaixo do jeans cutucou em mim, eu sabia que era hora de parar.
Tentei me desvencilhar de seu aperto, mas ele não me soltou. Ele apenas me pressionou mais
forte e começou a puxar minha saia.
"Solte! " Eu gritei, meu grito abafado pelo baixo.
"Qual é o problema, gatinha? " ele perguntou, tentando continuar o jogo.
"Vai se foder, cretino!" Eu gritei.
"Por quê? " Sua voz estava sombria de luxúria.
"Estamos nos divertindo."
"Não estou me divertindo com você", rebati, o coração martelando no peito. "Então me solta,
porra!"
De repente, percebi que, enquanto estávamos dançando, ele nos arrastou em direção à borda da
pista de dança e agora me puxou para um canto escuro na saída dos fundos.
O sangue correu do meu rosto.
"Você devia ter pensado antes de provocar um homem na Bruma, gata", ele rosnou, e de repente
eu estava do lado de fora no ar frio de novembro, minha transpiração congelando, o que, junto com
a adrenalina bombeando por mim, fez meu corpo tremer incontrolavelmente.
Ele me pressionou contra a parede de tijolos do beco vazio, seus olhos luminosos e cheios de
luxúria.
Agora eu não conseguia mais esconder meu pânico. "O que você pensa que está fazendo?!" Eu
gritei.
"Qual é, relaxa", ele disse, suas mãos como tornos, cavando em meus lados.
"Eu quero voltar para dentro", eu atirei de volta.
"Não se preocupe, já voltamos. Vamos apenas ficar aqui um pouco, aproveitar o ar fresco... nos
conhecer."
Ele olhou para mim com uma intenção maliciosa. Eu sabia o que ele procurava e precisava me
afastar dele como pudesse.
"Estou com frio. Eu preciso voltar para as minhas amigas", eu respondi, tentando empurrá-lo.
Ele se inclinou, tentando me beijar. "Não!"
Ele enfiou a mão no meu seio e o apalpou violentamente. "Relaxe, querida, eu não vou te
machucar."
"Não! " Eu gritei, lutando contra seu aperto.
Tentei dar socos, cotovelos e joelhadas, mas ele era mais forte do que eu pensava, e os efeitos do
álcool me deixaram fraca e descoordenada.
Eu me senti impotente enquanto sua boca e mãos me violavam.
Ele apertou meu peito novamente e eu gritei. "Pare!"
Mas ele não estava parando agora e não estava falando. Ele só tinha uma coisa em mente.
Ele me ergueu contra a parede e rasgou minha meia-calça, sufocando minha boca com a mão.
As lágrimas queimaram meus olhos enquanto ele se atrapalhava com sua braguilha, olhos
selvagens.
Ninguém vai vir me salvar, pensei. As palavras me cortaram como o vento frio que soprava pelo
beco vazio.
Isso foi exatamente o que ela deve ter pensado.
Ninguém vem te salvar
E por um segundo, eu pude vê-la. Emily. Lutando, gritando, implorando por ajuda.
Fechei os olhos e tentei afastar a imagem, ignorar seus dedos gelados puxando minha pele,
queimando-me com pontadas viscerais de raiva, arrependimento e impotência.
Eu me senti deixar meu corpo, e quando olhei para baixo, era a forma de Emily ao invés da
minha.
Tentei gritar para o bastardo sair de cima dela, mas nenhum som saiu. Tentei acertá-lo, mas
minhas mãos passaram por seu corpo.
Emily. Não. De novo não. Estou aqui desta vez.
Eu voltei para o meu corpo. Alguém, qualquer um, me ajude!
Lutei para manter minhas pernas fechadas e enfiar minhas mãos sobre minhas partes íntimas,
mas ele usou sua coxa para separar a minha e puxou minha mão com facilidade.
De repente, um rosnado profundo e horrível encheu o ar, e eu senti o peso do corpo do meu
atacante desaparecer com um grito angustiante.
Eu abri meus olhos e engasguei em choque. Era ele, de verdade?
Capítulo 15 - O Conto de Fadas
Sienna
Eu nunca tinha visto Aiden parecer tão assustador - cabelo arrepiado na nuca, caninos saindo de
sua boca rosnando, curvado sobre meu atacante com sede de sangue em seus olhos.
O homem lutou de volta, mas Aiden facilmente o dominou, jogando-o contra a parede.
Ele socou as costelas daquele bastardo uma e outra vez em uma raiva animalesca até — BAM.
Eu engasguei em choque quando ouvi suas costelas quebrarem. Eu o observei cair no chão,
apenas um homem amassado e bagunçado agora — patético.
Lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto.
Emily. Oh meu Deus. Isso foi o que ela passou quatro anos atrás.
Completamente desamparada e com medo, paralisada e incapaz de pedir ajuda. Uma sensação de
escuridão total. Ninguém estava lá para ela. Eu não estava lá.
Enquanto eu observava Aiden arrastar o corpo inerte do homem pelo beco, quase me senti
culpada, culpada por ter sobrevivido e ela não.
Eu queria me levantar e sair correndo, mas duvidava que pudesse rastejar agora.
Emily, seu estuprador, meu agressor, todos eles continuavam piscando diante dos meus olhos.
Eu queria vomitar os sentimentos distorcidos dentro de mim.
Eu vacilei quando Aiden se ajoelhou e passou os braços em volta de mim. "Eu não vou te
machucar", ele disse suavemente.
Foi contra cada fibra do meu ser, mas eu o deixei me pegar e me levar para seu carro.
Eu nunca me senti mais vulnerável com ele, mas algo sobre o calor de seu peito e seu abraço
apertado me fez sentir segura.
Minha Bruma não estava queimando. Esse sentimento era algo diferente.
"Para onde você está me levando?" Eu perguntei, meu corpo ainda tremendo.
"Minha casa", ele respondeu calmamente. "Eu prometo que não tenho intenção de tirar
vantagem de você. Eu só quero te ajudar."
Minhas amigas ainda estavam no clube, sem noção dos horrores que acabaram de acontecer do
lado de fora, e eu preferia que continuasse assim. Eu não queria enfrentá-las esta noite. Ir para casa
também não era uma opção. Meus pais olhariam para mim e saberiam que algo estava errado. Eu
não estava pronta para as perguntas, a pena ou o julgamento.
Ir com Aiden foi minha melhor opção. Eu ainda não confiava nele, mas o que ele tinha feito por
mim... Me deixou doente pensar o que teria acontecido se ele não tivesse aparecido.
O comportamento de Aiden foi completamente mudado em relação ao homem feroz que atacou
meu atacante apenas alguns momentos atrás. Foi atencioso e gentil.
Por mais que eu o desprezasse por me marcar e me forçar a assumir a responsabilidade de ser
sua companheira, eu não podia negar que queria que ele estivesse lá para mim. Eu não sabia quanto
tempo duraria, já que essa coisa entre nós era imprevisível como o inferno, mas eu estava disposta a
lhe dar uma chance.
Ele disse que queria me ajudar? Tudo bem, eu o deixaria provar então.
Finalmente, cedi, deixando minha cabeça descansar em seu ombro. Ele me colocou
delicadamente no banco do passageiro e dirigimos em silêncio. Enquanto eu observava os edifícios
borrados e as árvores desaparecerem pela janela, tentei fazer as memórias desta noite desaparecerem
também, mas isso parecia impossível.
Se eu me senti assustada com o que aconteceu, Emily deve ter ficado absolutamente aterrorizada
com o que ela passou.
Cravei minhas unhas nos assentos de couro caros de Aiden. Nunca mais quis me sentir
impotente dessa forma. Eu nunca deixaria um homem me fazer sentir assim novamente.
Eu olhei de lado para Aiden e meu peito apertou. Eu não poderia mais estar naquele carro. Eu
precisava estar em outro lugar, em algum lugar seguro.
Assim que comecei a entrar em pânico, Aiden parou em sua garagem e parecia que tínhamos
acabado de entrar em um sonho, como se eu tivesse manifestado o espaço mais seguro e
convidativo que se possa imaginar.
Uma pequena ponte de paralelepípedos se estendia sobre um riacho, levando a uma mansão
modesta cercada por árvores frondosas e um jardim de flores perfeitamente cuidado. Era um conto
de fadas.
Talvez eu não soubesse tudo sobre Aiden, afinal? Ele deve ter percebido minha surpresa, porque
sorriu com minha expressão em transe.
"Não é o que você esperava?"
Eu não respondi, minha voz ainda estava presa na minha garganta.
Ele percebeu que eu não estava pronta para falar, então me ajudou a sair do carro e colocou a
mão nas minhas costas, gentilmente me guiando pela porta. Eu não me importei.
Sua proximidade realmente me fez sentir segura, o que nunca foi um sentimento que eu pensei
que extrairia de Aiden. Isso não parecia como se alguém estivesse tentando me controlar. Parecia
que alguém estava tentando me confortar.
O crepitar do café fervendo foi o único som que quebrou o silêncio ensurdecedor entre nós
enquanto nos sentávamos frente a frente sem fazer contato visual.
Claro que nenhum de nós sabia o que dizer. O que devo dizer a um homem que acabei de
assistir quebrar outro homem ao meio? O que ele disse a uma mulher que quase foi estuprada? As
palavras realmente tornariam alguma coisa melhor? Não, mas pelo menos sua presença era
reconfortante.
Finalmente, Aiden quebrou o silêncio, mas seria melhor ter continuado quieto.
"Por que você estava com aquele homem no clube?"
"O que você está perguntando exatamente? " Senti meu rosto esquentar.
"Você nunca deveria ter ficado sozinha com outro homem durante a Bruma. E a porra da
temporada. Por que você se colocaria nessa posição?" ele respondeu.
Eu me levantei de repente. "Você está falando sério? Você está insinuando que o que aconteceu
comigo foi minha culpa?"
"Não rosne para mim. Eu não estava dizendo ISSO.
‘"Como você me encontrou? Você estava me seguindo?"
"É minha função saber onde você está o tempo todo, Sienna. Como uma mulher marcada, você
não deveria ser..."
"E de quem é a culpa? " Eu joguei de volta. "Foi você quem me marcou! Contra minha vontade!
Você me forçou a entrar na Bruma, Aiden! Você pegou meu livre arbítrio e o torceu para atender às
suas próprias necessidades egoístas!"
"Você não entende que, uma vez que a temporada chegue e você seja marcada, a Bruma não irá
embora a menos que você ceda e faça sexo com aquele que a marcou?"
"Eu sei!" Eu rebati, furiosa agora. "E por isso que eu nunca quis ser marcada para começar!"
"Você me queria na Casa da Matilha. Não negue isso", ele rebateu.
Ele não estava vindo para cima de mim. Ele nunca ousaria depois do que aconteceu no clube.
Mas eu ainda estava me debatendo, incapaz de manter o passado e o presente em ordem.
Ele se moveu em minha direção, não de uma maneira agressiva, mas ainda parecia que eu estava
ficando sem espaço para escapar, me encontrando presa contra uma parede mais uma vez.
"Por favor, você está perto demais, você..." Eu chorei. A umidade encheu meus olhos e eu
desviei o olhar dele, com vergonha de mim mesma por me sentir tão fraca.
Aiden parou em seu caminho, parecendo surpreso. Sua mão agarrou meu queixo e o virou para
encará-lo novamente. Ele não estava se movendo em minha direção para me machucar ou me foder.
Ele estava se aproximando para me confortar.
"Sienna", disse ele. "Eu não vou tirar vantagem de você. Nem agora nem nunca. Tudo que eu
quero é proteger você."
Ele me puxou para um abraço e eu me rendi ao gesto. "Você não deveria ter me marcado", eu
disse, minha voz abafada por seu peito.
Ele suspirou e de repente me puxou para baixo até que eu estava sentada em seu colo e ele
estava me segurando ainda mais perto. "Há algo entre nós. Não podemos negar. Senti quando te
marquei, mas até senti na primeira vez que te vi, na margem do rio."
"Você lembra disso?" Eu perguntei, um pouco incrédula.
"Claro que sim", disse ele calmamente, apertando seu aperto em mim. "Eu senti seu poder desde
então. Seu cheiro irradiava uma força e sensualidade que eu não pude resistir."
Eu me retraí um pouco de seu aperto. "Eu não irradiei nenhuma força esta noite. Eu estava
fraca."
"Pare. O que eu disse um minuto atrás... eu estava errado. Deixe-me te contar algo. Seu cheiro
me atingiu no momento em que entrei naquele jantar. Não é algo que acontece na forma humana,
mas você me desequilibrou."
"A Bruma me atingiu, e eu tive que seguir você, para descobrir mais sobre você, para apenas
estar na sua presença. Eu nunca fui tão dominado por algo mais poderoso em minha vida. Essa é a
sua força, o tipo de poder você tem sobre mim. É por isso que eu marquei você."
Levantei-me de seu colo e olhei para ele como se estivesse olhando para um estranho.
O que diabos ele estava dizendo? Nenhum de nós estava na Bruma, mas ele estava olhando para
mim com desejo inconfundível em seus olhos, apenas um tipo diferente de desejo, um desejo de
estar perto de mim.
"Por que de repente você está me contando tudo isso?"
"Porque eu acho que você pode ser minha companheira."
Capítulo 16 – O Beijo
Sienna
O que Aiden disse não podia ser verdade, podia? O reconhecimento de seu companheiro
aconteceu no instante em que seu olhar se conectou com o outro. Meu olhar tinha se conectado
com o de Aiden dezenas de vezes, mas geralmente os únicos sentimentos despertados dentro de
mim eram raiva e arrependimento.
"Você está mentindo", eu soltei, minha garganta seca. "Eu sei como funciona o processo de
acasalamento, e se fôssemos companheiros, já saberíamos!"
"Eu sou o Alfa. As regras não se aplicam a mim. A única maneira de saber se você é minha
companheira é passar um tempo com você e ficar mais perto de você."
"Chegar mais perto de mim? Claro", respondi com ceticismo, "Na cama, suponho?"
"Quando um Alfa encontra seu companheiro em potencial, suas emoções ficam descontroladas.
Ele tem que confiar em seus sentidos e nada mais. Primeiro ele a marca, e então ele a deixa vir de
boa vontade para sua cama para sentir seu domínio e ver se ela é capaz de lidar com ele."
Meu coração começou a bater no meu peito quando Aiden se aproximou.
"Nós dois sabemos que você é mais do que forte o suficiente para liderar um bando. Você é
linda, dominante, e me faz dobrar como nunca ninguém conseguiu. Ninguém me faz curvar assim, a
não ser você."
Ele estava realmente sendo submisso a mim? Suas palavras estavam me tocando de uma forma
que me fez querer que ele me tocasse em todos os lugares.
O que havia de errado comigo? A Bruma estava se tornando insuportável.
Ele podia sentir minha necessidade física, mas ele também sabia o que eu tinha passado esta
noite. Ele gentilmente colocou os braços em volta da minha cintura.
"Você quer mais? " ele perguntou.
Sim, eu queria mais, porra. Eu estava cansada de reprimir tudo, mas esta era a Bruma, não eu.
Havia uma chance de que ele fosse meu companheiro, mas e se ele não fosse?
Quando comecei a me afastar, Aiden deve ter sentido minha apreensão, porque ele aliviou e
gentilmente me colocou na beira da cama, descansando a mão no meu rosto.
Sem aviso, ele se inclinou e seus lábios encontraram os meus. Tudo derreteu, e meu mundo se
tornou uma explosão sensorial de sentimentos enquanto cada um dos meus sentidos aguçados
enlouqueciam com o estímulo.
Foi tudo que eu esperava — meu primeiro beijo.
Fiquei emocionada, não só por causa do beijo, mas do clube, da Bruma, de tudo. Quando eu
desabei, Aiden me segurou.
Caímos de costas na cama e me aninhei em seu corpo até que as lágrimas correram. Minha
mente finalmente desligou, permitindo-me adormecer em seus braços.
Eu mantive minha distância de Aiden por vários dias após o incidente no clube. Eu precisava de
espaço para processar o que quase aconteceu comigo e, como a Bruma não se importava com o que
era apropriado, parecia a melhor decisão.
Mas depois daquele beijo, Aiden era tudo em que eu conseguia pensar. Eu realmente não tive a
chance de agradecê-lo depois que ele me trouxe para casa naquela noite, então agora eu me encontrei
na porta dele mais uma vez.
Antes que eu pudesse bater, ele abriu a porta.
"Sienna." Ele sorriu. "Eu pensei que tinha farejado!!!"
"Eu... uh... eu só vim agradecê-lo pela outra noite", gaguejei. "Você realmente me deu suporte
quando eu precisei de você."
Aiden me puxou pela porta e me pegou em seus braços. "Você não tem que me agradecer. Eu
nunca deixaria ninguém te machucar. Você precisa saber disso."
Eu pude ver que ele quis dizer isso. E eu queria agradecer a ele. Eu precisava agradecê-lo. Sem
palavras.
Então, desta vez, eu o beijei.
E agora sua boca estava na minha, lambendo, beliscando e me mordendo em um estado de
êxtase.
Quando eu abri, deixando-o entrar, sua língua roçou a minha e eu sucumbi ao calor poderoso.
O beijo começou lentamente, nossas bocas testando uma à outra, sentindo o que o outro
gostava, mas nenhum de nós poderia se conter mais, e antes que eu percebesse, estávamos nos
beijando como se fôssemos dois lobos famintos e vorazes.
Nós tropeçamos para trás no quarto, e ele me jogou na cama, rastejando sobre meu corpo com
pura luxúria em seus olhos. Seus movimentos eram lentos e metódicos, medindo meu corpo,
decidindo onde atacar em seguida. Ele acariciou a marca que havia feito no meu pescoço com seus
lábios macios. Os minúsculos cabelos do meu corpo se arrepiaram com a sensação dele flutuando
sobre a minha marca.
Ele deu um beijo na marca, em seguida, abriu a boca e deixou sua língua brincar ao redor do
hematoma, lambendo-o com golpes longos e profundos que fizeram meu corpo estremecer
incontrolavelmente.
Então ele mordeu, no mesmo lugar, e eu quase explodi com a sensação brutal da Bruma. Minha
visão ficou turva e gritei, não de dor, mas de prazer incomparável que percorreu meu corpo.
Eu tinha certeza de que esse tipo de sentimento só poderia vir do poder de um verdadeiro Alfa.
Perdi o controle do meu lobo e minhas unhas se transformaram em garras, que cavei em suas costas,
rasgando sua camisa, fazendo-o rosnar de surpresa.
Eu deixaria minhas próprias marcas, finas e vermelhas, em toda a suas costas.
Ele me virou de bruços em retaliação, subindo meu vestido até minha cintura e pressionando sua
protuberância contra minha bunda enquanto agarrava meus quadris. Sua mão voltou para o meio das
minhas pernas, deslizou minha calcinha de lado e entrou fundo desta vez.
Depois de anos me masturbando com meus próprios dedos, nunca percebi como seria melhor
quando os dedos de outra pessoa estivessem dentro de mim. Agora eu sabia o que estava perdendo.
O orgasmo me rasgou em dois, e isso foi apenas com seus dedos. De repente, estava ansiosa
para descobrir como seria a sensação de algo muito maior dentro de mim.
Deus, a Bruma estava me dominando completamente. Eu não estava pensando direito. Eu só
sabia que o prazer era tão bom que não queria que acabasse.
Por que não deixei isso acontecer antes? Minha mente estava tão confusa que não conseguia me
lembrar. Aiden começou a abrir o zíper de suas calças.
Seria esta a minha primeira vez?
Não, ele ainda não é meu companheiro.
Mas por que isso importa?
Minha cabeça começou a doer. Aiden começou a abrir minhas pernas e uma sensação de náusea
entrou na boca do meu estômago.
Não... Emily. Não assim.
"Não, pare... PARE. Não quero continuar", gritei.
Aiden ergueu a sobrancelha, pensando que ainda estávamos jogando. "Você ainda está confusa",
ele murmurou, se aproximando de mim novamente, sua boca a uma polegada de distância da minha,
"É eu também. Você não quer que eu te ajude a aliviá-la?"
"Não! Eu não sei se você é meu companheiro ainda, e eu não sei se você algum dia será!" Culpei
a Bruma por ser tão dura, mas não tive forças para lutar contra meu desejo naquele momento.
Aiden parecia um cachorrinho assustado quando me sentei ao acaso e tentei me recompor. Sua
surpresa rapidamente mudou para realização enquanto ele me olhava de cima a baixo.
"Sienna", ele rosnou, "você é virgem?"
Meu coração parou. Eu queria dizer a ele qualquer coisa, exceto a verdade naquele momento,
mas por algum motivo, abri minha boca e proferi um tímido "Sim."
Sua expressão de confusão disse tudo. Era inédito um lobisomem ser virgem na minha idade. O
sexo estava embutido em nossos próprios seres, mas eu tinha meus motivos para permanecer
virgem, e Aiden não precisava conhecê-los.
Esse era meu fardo a carregar, minha promessa de cumprir.
"Por quê?" ele perguntou de repente.
Baixei meu olhar para minhas palmas suadas. "Aiden..." eu disse hesitante.
"Responda minha pergunta, Sienna."
A névoa estava morrendo e minha clareza estava voltando, mas a resposta à pergunta de Aiden
nunca seria clara. Ele não conseguia entender o quão profundamente Emily me afetou e como eu fui
cúmplice do que aconteceu.
Fechei meus punhos com força, cravando minhas unhas em minha pele, tentando bloquear as
memórias amargas.
"Eu tenho me guardado para o meu companheiro", eu disse, não totalmente convincente. "Só
posso amar verdadeiramente meu cônjuge e não quero dar algo especial a alguém que não o é."
Ficou imediatamente claro que Aiden podia ver que eu não estava contando toda a história. Ele
se aproximou de mim e abriu minhas palmas. O sangue escorreu enquanto minhas garras se
retraíam. Ele olhou para mim com profunda preocupação, mas tudo que eu pude fazer foi me virar.
"Sienna, preciso que você me diga o que está acontecendo. Eu não vou conseguir deixar pra lá."
"Isso está claramente rasgando você por dentro, seja o que for isso", Aiden rosnou. "Como você
espera que eu ignore isso e finja que nada está errado?"
"Eu não sou sua companheira. Não é sua responsabilidade cuidar de mim", retruquei.
"Eu a tornei minha responsabilidade quando te marquei!"
Eu vi que ele não iria recuar, mas eu também não iria. Quando duas pessoas chegaram a um
impasse, uma teve que se comprometer e eu estava cansada.
"Olha, se você deixar pra lá, eu..." Hesitei. "Eu farei qualquer coisa."
"Mesmo?"
A contragosto, eu balancei a cabeça que sim.
"Você vai se mudar para cá amanhã para que eu possa ficar de olho em você. Sem desculpas,
sem atrasos. Amanhã."
"Eu não vou fazer sexo com você", eu disse a ele, apenas para que ele tirasse qualquer ideia de
sua mente confusa "Não até que saibamos se você é meu companheiro ou não. Além disso, você
não consegue me dominar. Eu não vou deixar você mandar em mim, então se você está pensando
que eu me torno sua propriedade ao me mudar, então as garras estão saindo e eu vou parar de jogar
bem."
Sua boca se curvou em um sorriso diabólico. "Não ia querer que fosse diferente."
Capítulo 17 – O Compromisso
Sienna
"Diga-me novamente por que isso tem que acontecer?" Meu pai questionou, nem mesmo
tentando esconder a preocupação em sua voz.
"Já falamos sobre isso, Peter." Minha mãe suspirou. "O Alfa não pode ser o companheiro de
Sienna se a mantivermos trancada aqui. Ela precisa de espaço para respirar."
"Nós não sabemos se ele é meu companheiro", eu a corrigi.
A escolha de palavras da minha mãe foi dolorosamente irônica, considerando que eu ficaria
muito mais sufocada e confinada na casa de Aiden do que aqui.
Meu pai me puxou para um abraço de urso. "Eu sei que você tem que descobrir se ele é seu
companheiro ou não, mas isso não significa que eu não vou ficar muito preocupado com a minha
garotinha. Eu gostaria que você ficasse."
Quanto mais eu pensava sobre isso, mas eu sabia que isso era algo que eu tinha que fazer,
quisesse ou não. Eu nunca saberia se Aiden e eu tínhamos uma chance real de um relacionamento se
eu pelo menos não desse uma chance, embora eu tivesse minhas dúvidas sobre suas intenções.
Abracei meus pais com força. "Vocês não precisam se preocupar comigo. Eu prometo."
"Sim, é claro... você vai ficar bem", disse mamãe, começando a chorar. "Minha última filha
saindo de casa e acasalando com um Alfa. Eu não posso acreditar que você está crescida!"
Lembrei-me de como meus pais agiram quando Selene se mudou. Foi exatamente a mesma
coisa. Mesmo que ela fosse sua filha de sangue e eu tivesse sido adotada, isso não fazia a menor
diferença para eles.
Isso me fez amá-los ainda mais por isso. Eu ia sentir falta deles. Pais biológicos ou não, eles eram
meus. E talvez minha mãe estivesse sendo melodramática, mas, agora, eu gostava disso.
"Volto logo, relaxe", eu disse, abraçando-os uma última vez. O abraço da minha mãe foi um
pouco apertado demais para meu conforto.
Felizmente, uma buzina de carro buzinou do lado de fora, oferecendo uma fuga.
"Deve ser meu motorista! Eu tenho que ir, mas eu amo muito vocês! "Eu gritei enquanto saía
pela porta.
Lá fora. Josh estava esperando por mim. Ele tinha um sorriso quase suspeito no rosto. Ele pegou
minhas duas malas e as colocou no porta-malas enquanto eu me sentei no banco do passageiro.
Josh entrou no carro e acelerou o motor como um garoto de fraternidade prestes a dar um
passeio. Embora eu duvidasse que seria um passeio agradável.
Nós dirigimos em um silêncio constrangedor por um tempo antes de Josh finalmente virar a
cabeça para olhar para mim.
"É um prazer conhecê-la oficialmente, Sienna Mercer", ele disse com aquele sorriso estranho.
"Eu sou Josh Daniels, o Beta da Matilha da Costa Leste."
"Sim. eu sei", eu disse, ainda tentando lê-lo. "Deve ser bom ser escolhido para essa posição."
"Deve ser bom estar na sua posição também", Josh disse com um tom acusatório. "Então,
enquanto estamos aqui, por que você não me diz como você fez isso?"
"Desculpe?" Eu sabia que havia algo estranho naquele sorriso falso.
"Não seja modesta." Sua voz estava encharcada de sarcasmo agora. Você precisa me dizer sua
técnica. Como você enganou o Alfa para marcá-la?"
Eu não ia sentar aqui e aceitar essa merda. "Enganá-lo? Eu nem tive escolha em nada disso. O
que lhe dá o direito de questionar meus motivos?"
"Eu sou o Beta. É meio que meu trabalho, e se você está se aproveitando dele quando ele está
em um estado vulnerável, eu serei o primeiro a saber sobre isso."
"Se você está tão curioso sobre mim, então por que não pergunta ao seu melhor amigo por que ele
me marcou?" Eu atirei de volta.
"Bem, eu faria, mas Aiden se recusa a responder qualquer uma das minhas perguntas sobre
você." Sua carranca se aprofundou. "Ele tem sido tão reservado sobre porque ele marcou você.
Todo mundo está perplexo."
Ele olhou para mim. "Eu me ofereci para buscá-la na esperança de que você me desse uma pista
sobre este pequeno relacionamento que vocês dois começaram."
"Se Aiden não te disse nada, então por que diabos eu contaria? Talvez você esteja apenas
tentando obter informações para usar contra ele."
Josh massageou sua têmpora em frustração. "Eu realmente deveria ter deixado Jocelyn lidar com
isso. Ela está acostumada a lidar com pessoas delirantes."
"Isso faz sentido, considerando o histórico de namoro dela", retruquei.
Josh estreitou os olhos para mim. "Vou ser franco com você. Eu não acho que você seja forte ou
madura o suficiente para lidar com um domínio tão poderoso quanto o dele, e não importa se você
pensa que é uma loba durona ou sei lá."
"Você está me subestimando", eu disse, desafiando-o.
"O tempo vai dizer. Agora saia do meu carro", Josh disse presunçosamente.
Durante nossa discussão, não percebi que já havíamos chegado à casa de Aiden.
Saí do carro de Josh, batendo a porta atrás de mim. Peguei minhas malas e atravessei a ponte
para o meu feriado Bruma do inferno.
Uma coisa era certa, porém. Eu não deixaria Josh ou qualquer outra pessoa me subestimar.

***
Quando Aiden abriu a porta, meus olhos foram imediatamente atraídos para seu peito brilhante
sem camisa. Seus músculos incharam com cada movimento menor.
Minha Bruma começou a brilhar.
Porra, isso já está realmente acontecendo?
Ele tentou me agarrar e me puxar para dentro, mas consegui passar por baixo de seu corpo
enorme e entrar na casa. Ele se achava inteligente, mas não me pegaria tão facilmente.
"Você pode trazer minha bagagem para o quarto de hóspedes". Eu disse timidamente enquanto
caminhava pelo saguão, certificando-me de estar vários passos à frente dele. "Você vai me mostrar o
tour ou terei que fazer tudo sozinha?"
"Oh, você tem feito tudo sozinha por muito tempo. É hora de você deixar outra pessoa te
ajudar", ele disse, sorrindo com aquele sorriso sexy e irritante.
Eu apenas rolei meus olhos. "Eu disse a você — nada de sexo. Isso fazia parte do nosso acordo."
"Nós concordamos que não faremos sexo", ele disse, começando a fazer uma carranca. "Isso não
significa que não podemos nos entregar a outras atividades."
Apesar de minhas tentativas de suprimi-lo, minha Bruma continuou a crescer. Eu estava
tentando o meu melhor, mas era quase impossível com seu cheiro por todo o lugar, e com ele sem
camisa e suado, a apenas alguns passos de distância.
Eu poderia muito bem ter apenas me entregado em uma bandeja de prata.
Isso não significava que eu não lutaria de volta, no entanto. "Aiden, estou falando sério", disse.
"Eu não vou dormir com você. Não somos companheiros e também não somos amantes. Preciso
do meu próprio quarto e isso não é negociável."
Nós travamos os olhos em uma batalha de vontades, ambos afirmando nosso domínio. Recusei-
me a recuar, especialmente depois do que Josh tinha dito. Para minha surpresa, Aiden, rosnando
levemente baixinho, pegou minhas malas e me levou para a sala mais próxima, jogando-as dentro.
Eu não conseguia acreditar nos meus olhos. Eu realmente tinha acabado de fazer Aiden se
comprometer sobre algo? Eu fiz o Alfa do Matilha da Costa Leste assumir um compromisso!
Talvez eu tivesse uma chance de sobreviver a isso, afinal. Acontece que minha empolgação foi
minha traição final. No entanto, a Bruma me atingiu com força total no meio da minha vertigem.
Os sentidos de Aiden explodiram imediatamente, e ele estava na Bruma. Foda-se, lá vamos nós.
Nós nos encontramos no meio da sala, e seus braços estavam em volta de mim em meros
segundos enquanto minhas mãos estavam agarrando seus cabelos negros desgrenhados. Ele me
empurrou na cama e caiu em cima de mim.
Ele puxou as alças do meu vestido, expondo meu sutiã, e começou a chupar minha marca, me
deixando louca. Sua boca desceu para os meus seios e eu engasguei quando senti sua língua e dentes
vagando em torno dos meus mamilos.
Eu queria que ele tirasse minha roupa. Eu queria que nós dois estivéssemos nus com nossa pele
suada se tocando. Era uma forma de tortura tê-lo tão perto, mas não perto o suficiente. Eu precisava
dele dentro de mim, e precisava agora.
Eu não podia esperar até descobrir se éramos companheiros. Eu tinha que tê-lo bem aqui, agora,
ou ficaria louca.
Merda, fique sob controle, Sienna! Eu finalmente ganhei a vantagem e fiz com que ele se
comprometesse. Eu não poderia simplesmente jogar isso fora agora.
"Pare!" Eu gritei. "Me larga! Por favor. Dê-me espaço para pensar."
Aiden parecia exasperado. "Sienna, você não pode continuar fazendo isso. É uma coisa natural
querer que seus desejos sexuais sejam realizados."
"Saia", eu ordenei enquanto as lágrimas brotaram em meus olhos.
"Esta é a minha casa", rosnou Aiden. "Você é só uma convidada aqui."
"Eu sou sua convidada?" Eu perguntei, engasgada. "Ou eu sou apenas uma prisioneira da porra
do seu ego de Alfa?"
Antes que ele pudesse responder, corri para o banheiro e tranquei a porta.
Tirei minhas roupas e sentei no chuveiro, deixando a água correr pelo meu rosto, escondendo
minhas lágrimas. Eu sabia que estava amaldiçoada por sempre me sentir assim por causa do passado.
E talvez eu merecesse essa maldição. Alfa ou não, ninguém poderia tirar esses demônios de mim.
Para piorar as coisas, agora eu tinha que estar perto de Aiden todos os dias. Eu não poderia
passar por isso novamente diariamente. Apenas alguns minutos se passaram desde que eu cheguei.
Se não pudéssemos sobreviver menos de uma hora juntos, como poderíamos sobreviver às
próximas semanas?
Em dez minutos, tínhamos conseguido lutar, inflamar nossa Bruma e ter uma sessão de rebatidas
secas e cheia de raiva da qual eu fugi com um ataque irregular.
Isso não era saudável.
Quando me levantei do chão do chuveiro, percebi uma linha fina de sangue circulando pelo ralo.
Senti uma pontada de esperança no peito.
Minha menstruação.
Eu pulei fora do chuveiro e rapidamente verifiquei meu calendário. Era aquela época do mês.
Minha menstruação significava sem sexo, e sem sexo significava manter minha virgindade e minha
sanidade intacta por mais uma semana sem ter que enfrentar as tentações de Aiden.
Nunca, em toda a minha vida, senti tanta gratidão pela Mamãe Natureza.
Capítulo 18 – A Ruptura
Sienna
A expressão no rosto de Aiden quando ele me cheirou quando saí do meu quarto à noite foi
hilária. Seu nariz estava enrugado em insatisfação, e ele rosnou, "Merda", antes de retornar para seu
próprio quarto e bater à porta.
Sangue era um problema óbvio para os lobisomens, mas por alguma razão, o sangue de
menstruação fazia os machos correrem para as colinas com o rabo entre as pernas. E por isso, eu
estava grata.
Pelo menos eu poderia evitar mais encontros sexuais por um tempo enquanto descobria um
novo plano, sem mencionar o bônus adicional de mexer com Aiden.
Enquanto apreciava minha pequena vitória, meu telefone começou a zumbir.

Michelle: Ei garota, você vem amanhã?


Sienna: Vem pra onde?
Michelle: Sienna...
Michelle: sério?
Sienna: Me desculpe, eu realmente não tenho ideia
Michelle: vamos comprar o vestido da cerimônia de acasalamento de Mia
Michelle: você sabe disso há muito tempo.
Sienna: Meu Deus, esqueci completamente
Sienna: As coisas têm estado tão agitadas
Sienna: Desde, você sabe...
Michelle: eu percebi...
Michelle: você não tem saído muito ultimamente
Sienna: Eu sei, eu sei
Sienna: É só
Sienna: Aiden
Sienna: e a Bruma
Sienna: e toda essa coisa de morar juntos
Sienna: Sinto que estou ficando louca
Michelle: entendi
Michelle: você tem muita coisa acontecendo
Michelle: estou bem por falar nisso
Sienna: O quê?
Michelle: nada
Michelle: Então você vem ou não?
Sienna: Vou tentar
Michelle: Sienna
Sienna: Ok, estou indo
Michelle: vejo você aí

Uma anfitriã humana nos serviu champanhe enquanto Mia experimentava vestidos diferentes em
uma boutique reconhecidamente chique. Erica e Michelle cuidaram de seu véu, elogiando suas
escolhas de estilo.
Fiquei sentada no canto, olhando para minha taça de champanhe como se fosse algum poço
mágico que contivesse todas as respostas para meus problemas.
"Ei, Terra para Sienna", Erica chamou do outro lado da sala. "Estamos entediando você?"
"Desculpe, só estou um pouco distraída", pedi desculpas.
Michelle estalou a língua em aborrecimento e começou a beber seu champanhe como se para
manter a boca ocupada para não dizer algo de que se arrependesse.
"Venha aqui e me ajude a tirar este vestido antes que eu desmaie", Mia resmungou, respirando
pesadamente. "Essa coisa é mais apertada do que minha amiguinha antes da minha primeira Bruma."
"Você já deu suas voltas, sem dúvida." Michelle riu. "Há algum homem nesta cidade em que
você não cravou suas garras em algum momento?"
"Ei, estou comprometida agora, ok?" Mia respondeu. "Pelo menos eu ainda posso viver através
de vocês, meninas. Principalmente Sienna. Você deve estar sendo devastada todas as noites por
aquele Alfa sexy. Estou com tanta inveja, você não tem ideia."
"Você está se unindo ao seu melhor amigo" Erica disse em tom de censura.
"Sim, eu acho que isso é bom também. Deixe-me fantasiar um pouco, certo?" Mia derramou seu
champanhe em um dos vestidos.
Eles não tinham ideia de quão desconfortável toda essa conversa de sexo me deixou, mas eu não
estava prestes a revelar que era virgem para um grupo de lobas embriagadas e loucas por sexo.
"Nossa, totalmente", tentei dizer de maneira convincente. "Quase não há um momento em que
Aiden não me deixe de quatro."
"Oh meu Deus, conte-nos tudo. " Erica praticamente desmaiou.
Droga, eu não tinha pensado nisso. Enquanto Mia se espremia para fora de seu vestido, notei um
unicórnio pintado olhando para mim de forma extravagante por cima de sua bunda. Oh, graças a
Deus pelas decisões erradas de Mia.
"Não, Mia precisa me contar tudo sobre aquela tatuagem, e eu preciso saber agora" eu gritei,
tentando mudar de assunto.
Mia ergueu as sobrancelhas sugestivamente. "Ei, o que acontece na feira do condado fica na feira
do condado. Talvez você e Aiden possam conseguir tatuagens iguais quando forem juntos este ano."
Prefiro morrer. "Deus, Mia, você é demais." Eu fingi rir.
"Por que você não nos conta por que você deixou o clube com Aiden durante a noite das
meninas sem nem mesmo dizer adeus", Michelle perguntou, fazendo com que toda a sala ficasse em
silêncio. Todos olharam para mim com expectativa, como se essa fosse uma discussão inevitável que
iria acontecer.
"Eu... eu uh, eu estava.."
Droga, eu não poderia contar a elas sobre como quase fui estuprada. Eu já estava diminuindo o
clima do jeito que estava. E isso apenas traria outras questões que eu não estava pronta para
responder. Então, eu acho que minha única opção era — "Aiden pode ser meu companheiro", eu
deixei escapar.
O queixo de Erica e Michelle caiu no chão.
"Cale a boca, porra", Mia gritou. "Você está falando sério? Oh meu Deus, isso explica tudo,
porque você tem estado tão distante e estranha ultimamente. Isso é SUPER IMPORTANTE."
"Sim, eu não tinha ideia. Essa é uma razão totalmente válida para nos abandonar", Erica falou
quando Michelle lançou-lhe um olhar sujo.
"Está tudo acontecendo tão rápido", eu disse, dando minha melhor impressão de Selene. "Eu
pensei que ia morrer quando ele me disse. Ainda estamos descobrindo."
"Parece que você pode ser a próxima no altar", provocou Erica.
"De jeito nenhum, definitivamente vai ser Michelle", eu disse, sorrindo, mas quando olhei para
ela, ela não estava sorrindo de volta.
Michelle agarrou sua bolsa e se levantou repentinamente. "Você está realmente vivendo em seu
próprio mundo atualmente, não é, Sienna? "Ela saiu da boutique, me deixando totalmente confusa.
"Michelle, espere! " Eu chamei por ela. "O que foi que eu disse?"
Mia e Erica trocaram olhares.
"Michelle está um pouco nervosa agora. Ela está tendo alguns problemas com Ross", explicou
Erica.
"Merda, eu não tinha ideia", eu disse. "Eles ficarão bem, certo?"
Mia apenas encolheu os ombros. "Talvez, mas você pode ver por que ela está brava. Se você
tivesse mais presente nas últimas semanas, saberia o que ela estava passando."
Droga, ela estava certa? Eu tinha estado tão absorta em tudo que acontecia que negligenciei
completamente minha melhor amiga? Doeu muito esconder a verdade das meninas, mas eu tinha
que fazer isso sozinha. Esperançosamente elas entenderiam em algum momento, mas agora
simplesmente não era a hora certa.
Eu estava cozinhando o jantar, pensando em Michelle, quando Aiden voltou do trabalho, ainda
com a mesma expressão irritada daquela manhã.
"Eu pensei que você não queria ser considerada uma mulher submissa que não fazia nada além
de cozinhar para seu homem", ele comentou secamente.
Eu atirei-lhe um olhar furioso. "Cozinhar não é um traço submisso. Se você não pode fazer sua
própria comida, é você quem depende de outra pessoa."
Ele sorriu como um lobo. "Estou te irritando, Sienna?" ele perguntou, um brilho malicioso em
seus olhos.
De repente, ele estava atrás de mim, as mãos na minha cintura, pressionadas contra minhas
costas. Seus lábios estavam roçando minha orelha quando ele disse: "Você quer punir o grande alfa
mau?"
Eu fiz, mas eu me conteria por enquanto. "Saia de cima de mim", eu rosnei, mas em vez disso,
ele me beijou. Desta vez, o beijo não foi tão apressado como antes.
Sua Bruma estava completamente sob seu controle e ele me deixou louca. Eu queria que ele
pressionasse com mais força, me empurrasse contra a ilha e me devorasse.
Ele provocou meus lábios para aceitar os seus, chupando e mordendo-os.
Quando estremeci e não consegui mais manter minha boca fechada, sua língua escorregadia
rompeu e zombou da minha, me deixando louca de paixão. De repente, ele parou e se afastou com
um sorriso no rosto.
"Eu acho que é o suficiente por esta noite", ele disse, ecoando minhas próprias palavras, que eu
usei contra ele várias vezes.
Esse idiota. Então é assim que ele queria jogar este jogo? Bem, bola pra frente, vadia. Ele não é o único
que tem controle sobre sua Bruma.
"Sente-se. O jantar está servido, eu disse bruscamente.
"Bem, olhe para você, uma dona de casa tão fofa. Combina com você..."
Aiden soltou um uivo agudo enquanto eu despejava uma pilha de espaguete à bolonhesa quente
em seu colo.
"Opa. desculpe, querido. Deixe-me limpar isso para você", eu sorri.
Enquanto pegava uma toalha e fingia limpar a comida em seu colo, fiz questão de dar atenção
especial à sua virilha. Eu o senti ficando duro, e sua Bruma explodiu quase imediatamente.
Eu o massageei cuidadosamente enquanto seus olhos se fechavam e um olhar de puro prazer
apareceu em seu rosto. Eu abruptamente parei de tocá-lo e joguei a toalha coberta de molho em seu
rosto.
"Você está um pouco bagunçado aí embaixo", zombei. "É melhor limpar isso. Não gostaria de
tocar em você durante a menstruação."
Aiden disparou, rosnando, e enfiou o garfo na mesa. Olhamos um para o outro, afirmando
nosso domínio ao mais alto grau até...
Minha boca se abriu quando Aiden abriu um sorriso enorme. Ele começou a rir histericamente,
dobrando-se e segurando o estômago. Sua risada foi baixa e grave, e foi tão contagiante que eu
mesma comecei a rir. O que diabos estávamos fazendo?
Quando a risada diminuiu, sorrimos um para o outro e pude ver seus olhos se suavizando. O
silêncio após as risadas foi o silêncio mais confortável que eu já senti com alguém, e enquanto nos
olhamos, sorrindo assim, parecia que tudo se encaixava.
Finalmente tudo fez sentido. Foi um momento surreal, mas não o questionaria.
Comemos no mesmo silêncio, nenhum de nós ousando quebrá-lo. Ele parecia adorar minha
comida pela maneira como devorava a refeição inteira e voltava por alguns segundos.
Assistir Aiden comer minha comida com tanta fome, tanta satisfação, foi um tipo diferente de
prazer.
Ele olhou para cima e encontrou meu olhar, olhos intensamente penetrantes nos meus, e meu
coração deu um pulo. Ele olhou profundamente nos meus olhos, como se tentasse me ler, me
apreciar, e eu me vi fazendo o mesmo com ele, tentando decifrar seu olhar repentinamente
inescrutável.
O que ele estava pensando? O que ele estava sentindo? Talvez um dia nós realmente nos
entendêssemos.
De repente, ele abriu um sorriso e voltou a atacar seu jantar.
"Bom apetite", eu sussurrei suavemente.
Capítulo 19 – Os Iguais
Aiden
Estou profundamente envolvido. Não há mais volta agora, não que tenha existido para mim.
Sienna tinha-me na coleira. Como um cachorro domesticado. Mas ela me odiava ou sentia algo por
mim?
Eu nunca poderia dizer com ela. Se ela finalmente decidiu me rejeitar...
Porra!
Passei minhas garras na minha mesa, jogando tudo, desde pilhas de documentos assinados até
velhos troféus de esportes, no chão com um barulho.
Josh se encolheu especialmente quando eu espalhei centenas de convites do Baile de Natal pela
sala, alguns deles batendo no ventilador de teto e caindo no esquecimento.
"Aquela garota", eu rosnei. "Eu não posso tirá-la da porra da minha cabeça. Ela assumiu
completamente cada pensamento meu, e isso está me deixando louco."
"Tenho certeza de que é apenas a Bruma", disse Josh com cautela, enquanto tentava recuperar o
que restava dos convites.
A maldita Bruma. Parecia sem fim. Eu provoquei Sienna implacavelmente sobre seu controle, mas
a verdade é que eu mal conseguia me controlar. Quando eu estava na presença dela, todo o resto
parecia turvo — eu não conseguia me concentrar.
Mas para eu me sentir assim quando ela nem estava por perto? Isso me fez querer arrancar meus
olhos.
"Como diabos você está lidando com isso? " Eu perguntei, andando em círculos. "Jocelyn não
distrai você de suas tarefas mais importantes, se enterra em seu cérebro como um parasita e faz você
querer rasgar algo ao meio, porra?"
"Uhhh..." Josh rapidamente puxou um mural vintage da minha árvore genealógica fora do meu
alcance.
Ele parou por um momento para pensar sobre minha pergunta. "Na verdade, não." disse ele,
parecendo um pouco confuso. "Quer dizer, Jocelyn é ótima e tudo, mas não posso dizer que senti
algo parecido com o que você está descrevendo."
"Bem, você tem sorte então", eu rosnei. " Porque isso é uma tortura."
Meu telefone começou a zumbir no bolso e eu o puxei com cautela, sabendo exatamente quem
seria.

Sienna: Olá Aiden


Sienna: Vi seu bilhete
Sienna: Espero que você tenha um bom dia no trabalho
Sienna: Parece ocupado
Sienna: Talvez eu possa encontrar uma maneira de tornar o seu dia menos
estressante

Eu joguei meu telefone do outro lado da sala quando minha Bruma começou a acender
novamente, vendo-o quebrar contra a parede.
"Josh, eu não tenho mais acesso ao meu planejador." eu disse sem um pingo de ironia. "O que
está na minha agenda para o resto do dia?"
"Só o almoço", respondeu Josh. "Você quer que eu cancele?"
"Inferno, não, isso é exatamente o que eu preciso. Uma sala cheia de testosterona. Sem mulheres
e especialmente sem Sienna."
Sienna
Acordei com uma casa vazia, mas o cheiro de Aiden ainda pairava no ar. Ele deixou um bilhete
preso por um ímã na geladeira. Dizia que ele tinha saído para algum negócio alfa e ficaria na Casa da
Matilha o dia todo e poderia não chegar em casa para o jantar.
Por algum motivo, um sorriso idiota se espalhou pelo meu rosto enquanto eu me vestia. Quando
me olhei no espelho e puxei meu cabelo ruivo para trás em um rabo de cavalo, vi minha marca sob
uma luz diferente.
Pela primeira vez, isso não me incomodou ou enfureceu. Na verdade, eu estava meio orgulhosa
disso.
Decidi enviar uma mensagem de texto para Aiden e dizer a ele para ter um bom dia no trabalho,
talvez até paquerar um pouco, mas depois de algumas mensagens, ele parou de atender e ele não
respondeu. Ele provavelmente estava sobrecarregado de trabalho e teve que desligar o telefone.
E se eu o surpreendesse na Casa da Matilha para o almoço? Parecia uma boa ideia, considerando
que ele não teria um momento livre de outra forma, hoje.
Eu estava praticamente radiante e queria tirar meu próprio sorriso bobo do rosto, mas talvez esse
sentimento não fosse tão ruim.

***
Quando cheguei ao portão, vi o guarda que estava lá da última vez que atravessei a Casa da
Matilha. Ele olhou para mim e ficou branco como um fantasma. Sem nem mesmo um "alô", ele
abriu o portão e me conduziu, tentando evitar o contato visual.
"Desculpe pela última vez", eu disse timidamente, fazendo-o pular.
"Posso ter alguns problemas de controle da raiva."
Com os olhos arregalados, ele sorriu nervosamente, balançando a cabeça como um boneco
quebrado. Talvez eu precise pagar por sua terapia.
Quando eu entrei, peguei o cheiro de Aiden, mas estava um tanto obscurecido por vários outros
cheiros masculinos. Eu me perguntei se ele poderia me cheirar ou se o meu também estava
mascarado? Enquanto estava farejando o ar, quase esbarrei em Jocelyn.
"Ei, Sienna", disse ela enquanto sorria. "O que você está fazendo aqui?"
Droga, eu sempre me esquecia de como ela era linda. "Ei, Jocelyn", eu disse, sorrindo
timidamente de volta.
Eu ainda não tinha certeza se podia confiar nela ou não. Michelle sempre me dizia que era
obscura, mas Jocelyn sempre foi gentil e prestativa comigo. Normalmente eu confiava no
julgamento de Michelle, mas desta vez não tinha tanta certeza.
Especialmente porque o momento da desconfiança de Michelle em Jocelyn se aliou ao fato de
ela namorar Josh, por quem tenho certeza de que Michelle tinha uma queda, apesar de nunca ter
conhecido oficialmente.
"Você está aqui por Aiden?" Ela perguntou maliciosamente.
"Ele está ocupado? Sempre posso voltar mais tarde."
"Não, ele está apenas no almoço da matilha.
"Homens apenas "ela disse, revirando os olhos." Josh também está lá."
"Parece importante", eu disse, começando a perder minha coragem. "Talvez eu não deva
interromper."
Jocelyn agarrou meu braço, rindo. "Eu acho que é exatamente o que você deve fazer. Espere,
tente isso."
Ela se inclinou e puxou meu cabelo para baixo do rabo de cavalo, brigando e bagunçando até
ficar com uma aparência sexy de que acabei de acordar. Droga, sua bela aparência era uma coisa, mas
ela também tinha um cheiro que poderia matar. Era absolutamente inebriante. Ela puxou para baixo
o ombro da minha camisa, expondo minha marca.
"Você tem certeza? " Eu perguntei.
"Sienna, Aiden é louco por você. E se o que Josh tem me contado for verdade, então ele pode
estar literalmente enlouquecendo por sua causa. Você é provavelmente a loba mais dominante que já
conheci, e está muito sexy agora. Abrace isso! Vá para aquele almoço e mostre a ele sua força."
Ela me deu um sorriso malicioso e colocou a mão acima do meu coração.
"Confie em mim... e boa sorte."
Enquanto ela se afastava, senti que realmente podia confiar nela implicitamente.
Um domínio de fogo começou a queimar dentro de mim assim que ela me tocou. Era como se
ela tivesse ativado algum poder enterrado dentro de mim.
Com o queixo para cima e o domínio irradiando de todos os meus poros, eu irrompi pelas
pesadas portas da sala de reuniões, caminhando em direção a Aiden e os outros homens com total
confiança.
Todos eles levantaram suas cabeças, perplexos, mandíbulas caindo e olhos cheios de luxúria,
exceto Josh, que apenas fez uma careta.
A Bruma de Aiden chamejou quando ele sentiu meu cheiro, mas havia um olhar voraz de
orgulho e posse em seus olhos que não tinha nada a ver com a Bruma.
Despertar Aiden na frente de seu bando foi uma das coisas mais arriscadas que eu já fiz, mas eu
poderia dizer que estava funcionando pelo jeito que ele estava suando e cravando suas garras na
mesa.
Foi uma jogada ousada, mas Jocelyn acertou o alvo. Não era qualquer um que poderia fazer isso.
Aiden tentou lutar contra sua Bruma, mas pela primeira vez, eu não queria que ele lutasse. Eu
queria que isso o engolisse completamente. Não era exatamente vingança — eu também o queria —
mas estava aproveitando cada doce segundo de seu desconforto.
Inclinei-me sobre a mesa e lambi meus lábios.
"Senti sua falta quando acordei esta manhã. Comecei a me tocar, mas não era tão divertido sem
você. Seus dedos são muito mais satisfatórios."
Isso era tudo que ele precisava. Antes mesmo que eu soubesse o que estava acontecendo, ele me
pegou e me jogou na mesa, fazendo com que o resto de sua matilha se sacudisse.
Ele rastejou sobre mim, rosnando em antecipação, enquanto eu estava deitada esparramada
sobre a mesa à vista de todos os outros.
"Fora", ele rosnou para sua matilha sem quebrar o contato visual comigo. "Todo mundo fora
AGORA."
O bando rapidamente se levantou da mesa e se dirigiu para a saída, mas Aiden estava em cima de
mim antes mesmo de eles terem saído.
Ele agarrou meus seios através da minha camisa, apertando quase dolorosamente. Eu o beijei de
volta, mas ao contrário dele, eu tinha controle sobre minha Bruma agora. Consegui provocar sua
boca até que um grunhido explodiu de sua garganta, fazendo seu peito roncar.
Estremeci com a sensação da vibração e ri baixinho. "Ah. alguém está com raiva", eu disse
sedutoramente.
"Você não tem ideia", ele rosnou e me beijou novamente. Desta vez, eu o deixei me beijar tão
possessivamente quanto ele queria enquanto eu envolvia meus braços em volta de seu pescoço e
colocava minhas pernas em volta de sua cintura. Eu agarrei um punhado de seu cabelo e puxei o
mais forte que pude até que ele mostrou suas presas.
"Me morda, porra", eu ordenei.
"O que?" ele respondeu, perplexo. " Desde quando você..."
"Faça o que eu digo a você. Crave seus dentes em mim!"
Aiden me pegou e me colocou suavemente na beirada da mesa, me examinando com
preocupação. "Sienna, o que está acontecendo?"
"O que você está falando? Você não me quer?" Eu respondi, irritada.
"Claro que sim", disse ele. "Mas não assim."
O que eu estava fazendo? Me jogando no Alfa? Esta foi uma ideia tão idiota.
A dúvida começou a afundar, e tudo o que Jocelyn tinha feito estava desaparecendo
rapidamente. Todas as minhas inseguranças vieram à tona.
"Você ao menos acha meu cheiro atraente? " Eu cuspi. "E se eu não fosse sua companheira em
potencial? Você prestaria atenção em mim? Você é um alfa, um pedigree diferente. Sou apenas uma
plebeia, uma garota que foi abandonada pelos pais. Eu não sou ninguém."
Eu comecei a chorar. "Eu não posso estar com alguém que é superior a mim. Não posso estar
em um relacionamento em que sempre me sinto insignificante e com o fardo de corresponder às
suas expectativas. Isso simplesmente não vai funcionar."
Aiden parecia atordoado, mas ele suavemente colocou a mão na minha bochecha e olhou
diretamente nos meus olhos.
"Sienna, eu não vejo você como uma plebeia que tem que se curvar a todos os meus caprichos."
Ele sorriu. "Eu vejo você como uma igual."
Agora, era eu que parecia atordoada. Uma igual?
"Olha, não posso explicar, mas... - disse Aiden, franzindo a testa. "Mas, ultimamente, me sinto
conectado a você, ao que você quer. Posso sentir seus desejos e suas dúvidas como se fossem meus.
E eu sei que você não quer isso aqui — em meu escritório, na mesa de conferência."
Aiden começou a andar agora, claramente nervoso, uma emoção que eu não pensei que Aiden
possuísse.
Isso era estranho como o inferno, e eu me senti completamente perplexa, sem saber o que viria a
seguir nesta peça de um homem só.
"O que estou tentando dizer é... " Ele se virou para mim com uma explosão de confiança. "Acho
que é hora de fugirmos."
Ai. Meu. Deus.
Capítulo 20 – A Fuga
Sienna: Ei, Selene
Sienna: Você está acordada?
Selene: Ugh, mais ou menos
Selene: É melhor ser vida ou morte
Selene: são 2 da manhã
Selene: O que está acontecendo?
Sienna: Quando você soube pela primeira vez
Selene: Soube o quê??
Sienna: Que você estava apaixonada por Jeremy
Selene: Espere, o quê?
Selene: Sienna...
Selene: Isso realmente não poderia esperar até amanhã?
Sienna: Aiden me pediu para fugir hoje à noite
Selene: O QUE
Selene: OH MEU DEUS
Selene: Por que você não começou com isso??
Selene: Eu estou hiperventilando aqui
Selene: Espera aí, deixa eu ir para a sala
Selene: Jeremy está roncando
Selene: emoji cara de tédio
Sienna: Hum, tudo bem, respire fundo
Sienna: Sou eu quem vai fugir
Selene: ENTÃO VOCÊ VAI??
Sienna: Sim, e preciso do seu conselho
Sienna: Tipo... agora
Selene: Ok. o que você precisa saber?
Sienna: Sua primeira fuga com Jeremy
Sienna: Como foi? O que você vestiu? Foi intenso ou íntimo?
Selene: Bem, foi mágico
Selene: E o que você veste não importa
Selene: Já que você vai tirar suas roupas
Selene: É íntimo e intenso
Selene: É realmente uma experiência espiritual mais do que qualquer coisa
Selene: Deixando o lobo assumir o controle e cedendo aos seus instintos mais
primitivos
Sienna: E se nossas formas de lobo não se conectarem?
Sienna: Isso pode arruinar tudo se não estivermos prontos
Selene: Eu não posso te dar uma resposta para isso
Selene: Mas se você já disse sim, acho que tem sua resposta
Selene: emoji de coração
Sienna: Obrigado, mana
Sienna: Tenho que ir
Sienna: Aiden acabou de entrar

Sienna
Eu olhei para o homem com quem eu estava prestes a sair em uma corrida — a experiência mais
íntima que dois lobisomens poderiam compartilhar — e de repente eu senti uma onda de ansiedade
nervosa.
Rumores diziam que uma corrida foi o que encerrou o relacionamento de Aiden e Jocelyn. Eles
não se conectaram de forma alguma na forma de lobo.
E se isso acontecer conosco também?
"Preparada?" Aiden perguntou.
Essa foi uma pergunta maldita carregada. Quando Aiden me pediu pela primeira vez para fugir,
meu lobo assumiu e eu deixei escapar "sim" antes mesmo que pudesse processar o peso desse
compromisso.
Sua expressão estava tão sinceramente satisfeita com a rapidez da minha resposta que não tive
coragem de desistir.
Agora minha cabeça gritava para que eu corresse o mais longe possível na outra direção
enquanto meu lobo uivava por cima, afogando minha apreensão e me dizendo para sair da minha
bunda e ir com ele.
Eu balancei a cabeça e me levantei enquanto ele pegava minha mão e me levava para fora da
floresta. Demos o primeiro passo juntos, cruzando o limiar para uma experiência sobrenatural que
mudaria tudo.
"Espere", gritei de repente. "Podemos caminhar um pouco primeiro?"
Aiden sorriu para minha ansiedade óbvia. " Claro."
Começamos a caminhar em silêncio pela floresta, minha inquietação começando a desaparecer
enquanto seguíamos o riacho mais fundo na floresta. Havia algo calmante na maneira como a água
fluía tão livremente.
Eu olhei para Aiden. Esta foi talvez a primeira vez que me senti livre para fazer minhas próprias
escolhas — sem pressão, sem manipulação. Aiden estava me deixando fazer isso no meu próprio
ritmo, do meu jeito.
Eu engasguei quando chegamos a um lago iluminado pelo luar. Suas bordas eram suaves e
musgosas, e o reflexo da luz fazia a água cintilar como um eco do céu estrelado.
Nós dois sabíamos que aquele era o lugar. Foi perfeito. Meu coração começou a bater forte no
meu peito.
Não houve mais protelação.
Já era tempo.
Aiden começou a tirar sua camisa, revelando seu abdômen perfeito. Ele se encostou em uma
árvore e sorriu enquanto eu agarrava minha própria camisa com mais força.
"Vire-se." eu disse, corando. "Eu não quero que você veja."
"Por que? "Ele riu." Eu vou te ver nua de uma forma ou de outra. É natural."
Ele estava certo. Era outro código não falado entre os lobos. A nudez antes e depois da mudança
era inevitável, então os lobisomens não faziam muito disso. Foi o mesmo que perder a virgindade
quando surgiu a primeira Bruma. Mas as regras tomaram-se diferentes para mim depois da Emily.
"Já estabelecemos que eu não sou como todas as outras lobas que você conhece", eu atirei de
volta enquanto me atrapalhava com o zíper da minha calça jeans.
"Acredite em mim, eu sei", disse Aiden, de repente olhando para mim com olhos calmantes.
Aquele olhar era puro Alfa, não de uma forma intimidante, mas tranquilizadora.
Ser um Alfa não era apenas uma questão de controle. Às vezes, tratava-se de manter a manada
lúcida. "Não se preocupe, você está linda."
Eu me virei, mas lentamente deslizei minhas calças até os tornozelos e tirei minha blusa. De pé
apenas com a minha calcinha, respirei fundo. Tirei meu sutiã e calcinha e me virei para enfrentar
Aiden.
Ele já estava nu, deixando tudo sair sem um pingo de vergonha. Afinal, ele era o Alfa. Ainda
assim, enquanto estávamos completamente nus, olhando os corpos um do outro, não parecia da
maneira que eu pensei que seria.
Não era uma aura de luxúria entre nós, mas de conexão. Éramos um e o mesmo.
Selene estava certa sobre ser uma experiência espiritual e eu estava começando a entender.
"Você primeiro", ele persuadiu.
Eu dei um passo à frente e fiquei diretamente sob o luar em cascata.
Deixando meu lobo me consumir, eu me transformei, pousando graciosamente de quatro. Eu
olhei para o meu reflexo na lagoa para ver minha pele marrom-avermelhada acesa como um fogo
ardente. Eu nunca tinha visto isso brilhar assim.
Aiden mudou em seguida, e sua forma de lobo era tão grande quanto eu lembrava.
Seu pêlo preto sedoso e olhos castanhos penetrantes eram lindos sob o céu noturno. Nossos
olhares permaneceram um no outro em reconhecimento, e quaisquer dúvidas que eu tinha sobre
nossos lobos não se conectando desapareceram em um instante.
Ele se virou regiamente e acenou com a cabeça para a floresta, e essa foi a minha deixa. Cravei
minhas patas na terra e corri para o mato. Agora eu só tinha que ter certeza de que ele não me
pegaria.
Era um jogo de intimidade, mas também um desafio. Eu tinha que mostrar a ele o quão
dominante eu era para provar que poderia me defender contra o Alfa.
As árvores ficaram borradas ao meu redor enquanto eu corria pela floresta, e o vento em minha
pele era estimulante. Se Aiden ia me pegar, eu não ia facilitar para ele. Eu sabia que a primeira coisa
que tinha que fazer era mascarar meu cheiro.
Eu mergulhei em uma poça de lama e rolei antes de me levantar rapidamente e mudar de
direção. Minha melhor aposta era confundi-lo e encobrir meus rastros da melhor maneira possível.
Enquanto eu disparava para frente e para trás, um uivo agudo penetrou no silêncio da noite.
Aiden queria que eu soubesse que ele estava se aproximando. Ele estava brincando comigo, mas
também me deu uma vantagem. Eu sabia sua localização agora.
Eu mergulhei no rio e remei para o outro lado. Com sorte, ele estava com vontade de se molhar.
Eu balancei meu pêlo para secar uma vez que estava na outra margem e continuei mais fundo na
floresta.
Horas se passaram desde que começamos nossa perseguição. Eu só podia imaginar a frustração
que ele estava sentindo. Alguns podem dizer que você deveria deixar seu parceiro sentir que ele
estava na liderança, mas foda-se, este era um jogo de dominação.
Encontrei uma colina rochosa onde não deixaria rastros. Subi até o topo e tentei me orientar.
Com todo o ziguezague, até eu havia me perdido um pouco.
Meus ouvidos dispararam quando, sem aviso, uma batida pesada começou a ecoar do leste, e
estava se aproximando rapidamente de mim. Aiden saltou para fora do arbusto, as garras cerradas, a
baba voando para fora de suas mandíbulas abertas.
Eu tive apenas um momento. Eu joguei meu corpo para o lado enquanto seus dentes beliscaram
meus calcanhares. Ele parecia selvagem e indomado, sujeira e detritos cobrindo seu pelo
anteriormente sedoso. Eu me perguntei o quanto eu também estava assim.
Começamos a fazer uma espécie de dança, circulando um ao outro, esperando para ver quem
daria o primeiro passo. Nós rosnamos de brincadeira um para o outro.
Finalmente, chegamos ao fim.
Um galho quebrou e eu me deixei distrair por apenas um milissegundo. Era tudo que Aiden
precisava. Ele investiu contra mim, me acertando bem nas costelas.
Nós dois caímos colina abaixo, quebrando pedras e amoreiras, caindo em uma pilha no fundo.
Ele se recuperou primeiro e imediatamente me imobilizou. Eu gritei e me debati, tentando
escapar, mas ele me tinha bem onde ele me queria. Seu rabo balançou de excitação enquanto ele
mostrava suas presas.
Ele soltou um uivo triunfante e cravou os dentes no meu ombro, bem onde minha marca estaria
em forma humana.
Este foi o ato final de uma fuga entre parceiros em potencial. Eu agora estava marcada tanto na
forma humana quanto na forma de lobo.
Eu era total e completamente dele agora. Um amante e um companheiro em potencial. Nenhum
outro homem ousaria se aproximar de mim durante a Bruma na minha marca. Olhamos um para o
outro sem nos mover, sem falar, sem fazer nada, na verdade.
Foi o momento mais íntimo e intenso de toda a minha vida — assim como Selene havia dito —
e eu nunca teria pensado em um milhão de anos que estaria compartilhando isso com Aiden
Norwood.
Ele me ajudou a ficar de pé e me conduziu até a água. Eu nem estava mais ciente da minha
nudez, apenas da minha conexão com Aiden.
Nós entramos profundamente no lago até a cintura, e ele suavemente lavou o sangue da minha
marca. Doeu, mas uma marca não era tanto uma dor física, mas uma conexão mental. O que eu senti
naquele momento, Aiden também sentiu.
E o que eu estava sentindo era meu coração sendo preenchido com um desejo por alguém como
nunca antes.
Eu me apaixonei pelo Alfa.
Capítulo 21 – Dura Realidade
Sienna
Três dias se passaram desde a fuga, e o período posterior foi como descer do alto, o que
significava que minhas emoções estavam uma bagunça.
Às vezes, eu sentia um lampejo de euforia, lembrando-me da emoção da perseguição, enquanto
outras vezes atingia um ponto fraco emocional, pensando que nunca mais me sentiria assim.
Aiden também sentiu. Ele ficou mais distante nos últimos dias, enterrando-se no trabalho. Selene
convenientemente deixou de fora que a melhor experiência da minha vida seria seguida por uma
sensação paralisante de mal-estar.
Eu precisava fazer algo para tirar nós dois do medo, então decidi assar para Aiden sua sobremesa
favorita, torta de maçã.
Jocelyn me disse que o Alfa gostava muito de doces e que eu ainda não tinha usado essa arma em
meu arsenal contra ele. Desta vez, porém, usaria comida para sempre.
Eu me encontrei cantarolando e movendo meus quadris enquanto vagava pela cozinha,
derramando farinha em todos os lugares. Eu não esperava que um coro de criaturas da floresta
aparecesse pela janela e começasse a me envolver em seda ou algo assim, mas essa sensação? Foi
ótimo pra caralho.
O cronômetro do forno apitou, sinalizando que a torta de maçã estava pronta. Cheirava a céu. Se
eu pudesse ter escolhido um perfume permanente para mim, seria este. Eu enviei uma mensagem de
texto com entusiasmo para Aiden para ver quando ele estaria em casa. Eu não sabia quanto tempo
eu poderia esperar para ver a expressão em seu rosto.

Sienna: Ei, você está vindo para casa?


Sienna: Eu tenho uma surpresa
Sienna: :)
Aiden: Ainda preso no trabalho
Aiden: Tivemos nossa própria surpresa hoje
Aiden: Um convidado VIP de última hora para o Baile de Inverno
Aiden: Vou trabalhar até tarde
Sienna: De novo?
Sienna: É a terceira vez esta semana
Aiden: Eu sei
Aiden: Não é ideal
Aiden: Mas é o momento
Aiden: O Baile de Inverno é em duas semanas
Aiden: Está o caos aqui
Sienna: Você pelo menos volta antes de eu dormir?
Aiden: Não sei
Aiden: Eu não esperaria acordado
Sienna: Tudo bem
Sienna: Falo com você mais tarde, eu acho

Todo o entusiasmo foi imediatamente drenado do meu corpo. De repente, fiquei furiosa. Com
raiva de mim mesma, por colocar tanto esforço na cozinha, como uma dona de casa submissa. Eu
não tinha nada melhor para fazer do que cozinhar para um homem? Para esperar por sua validação?
Mas eu estava tão brava com o quão chateada suas mensagens me deixavam. Que sua ausência
estava me afetando muito.
Eu costumava orar por esse tipo de distância entre nós. Inferno, às vezes eu desejava que
estivéssemos em lados opostos da Terra. Mas agora eu não aguentava estar longe dele por um dia
inteiro.
E eu não gostei.
À medida que o calor da torta de maçã diminuía, seu cheiro também diminuía. O odor
inconfundível de Aiden — uma mistura de amadeirado e viril — encheu a sala novamente.
Aparentemente, era forte o suficiente para fazer isso, mesmo quando ele não estava em casa.
O cheiro dele sozinho foi o suficiente para enviar uma pontada visceral de sentir falta dele através
de mim. Desde a corrida, quando chegamos perto como lobos, meu lobo interior tinha esse desejo
constante de estar perto dele. Era como se ele irradiasse algo que nos conectasse, e eu queria estar
amarrada a essa conexão o tempo todo.
Lágrimas inundaram meus olhos. Coloquei minha mão sobre minha marca enquanto meu corpo
tremia.
Eu sabia que estava sendo dramática. Eu me sentia uma adolescente tola. Mas não me importei.
Eu só queria ele aqui comigo, me segurando, me beijando, me dizendo que tudo daria certo entre
nós.
Mas em vez disso, eu estava aqui sozinha.
Aiden
Larguei meu telefone de volta na mesa. "Droga", eu murmurei baixinho.
Eu odiava fazer isso com Sienna. Eu mal a tinha visto nos últimos três dias porque parecia que
estava morando na Casa da Matilha. Tudo estava em completa desordem desde o anúncio surpresa
de que o Alfa do Milênio compareceria ao nosso Baile de Inverno.
Por um lado, foi uma honra ter um convidado deste calibre presente em nossa humilde
celebração. O Alfa do Milênio era o imperador de, bem, da porra toda. Ele era o farol de poder que
todos reverenciavam e agraciar-nos com sua presença era uma honra que talvez não recebêssemos
novamente.
Mas, por outro lado, era suspeito. Por que o Alfa do Milênio decidiria vir ao nosso Baile de
Inverno, e de última hora? Ele estava apenas interessado na celebração anual, em visitar nosso
bando, ou havia algo mais em seu motivo?
Não sabia dizer. Mas eu estava planejando manter meus sentidos aguçados até o baile terminar
para ter certeza de que estava preparado para qualquer coisa.
Já tinha ordenado que a segurança fosse multiplicada por dez, tanto no Baile como nos dias que
o antecederam. Ser o homem mais poderoso do mundo — e isso era o que o Alfa do Milênio era —
significava que você construía uma lista impressionante de inimigos. E com a recente violação do
perímetro, ficou claro que havia falhas em nosso sistema.
Eu certamente não iria correr nenhum risco.
Quando eu ordenei o aumento da segurança, alguns membros do bando me olharam como se eu
fosse paranoico. Mas estava disposto a lutar pelo time defensivo de que sabia que precisávamos.
Mesmo se tudo correr conforme o planejado, prefiro prevenir do que remediar.
Eu tinha total confiança em meu bando, em sua habilidade de seguir ordens e alcançar
resultados, mas ultimamente eu estava me perguntando se eles tinham a mesma confiança em mim.
Eu vi a maneira como seus olhos se conectavam quando eu dava ordens e ouvi os sussurros que
flutuavam ao meu redor de vez em quando.
Paranoico.
Não tão forte.
Solitário.
Não é que eles estivessem me desobedecendo ou desrespeitando. Isso teria sido inaceitável. Eles
teriam sido punidos e substituídos imediatamente. Eu era o Alfa e estava no comando.
Era mais... eles estavam preocupados comigo. Eles queriam o melhor para seu Alfa e não sabiam
como me ajudar a consegui-lo.
Sempre voltava para encontrar um companheiro. Isso estava claro. Os olhares, os sussurros,
nada disso aconteceria se eu já estivesse acasalado.
Mas, novamente, talvez eles estivessem certos em se preocupar comigo. Eu não podia deixar
minha mente vagar para Sienna por um minuto maldito. Eu deveria estar focado na Matilha, no
Baile de Inverno e no aparecimento do Alfa do Milênio, mas em vez disso, estava preocupado com
umas mensagens?
Meu lobo interior rosnou. Chega. Eu era o Alfa. O Alfa não se questiona.
Virei-me para olhar para a mesa da sala de reuniões, onde Josh estava lendo alguns documentos.
Tínhamos concordado em passar pelo processo legal e fazer as assinaturas, mas Jeremy estava
atrasado.
"Josh, esqueça a papelada. Chame uma reunião da Matilha. Temos algumas coisas para discutir."
Josh olhou para mim e acenou com a cabeça.
Ele caminhou até o telefone da sala, apertou um botão e gritou: "Conselho para a sala de
reuniões. Conselho para a diretoria. Ordens do Alfa."
Ordens do Alfa. Pode ter certeza.
Sienna
Eu já tinha me jogado debaixo das cobertas várias vezes, mas essa atividade pouco fez para me
confortar. Isso me fez sentir apenas mais isolada.
Eu precisava de alguém para conversar. Alguém que entenderia essa ansiedade de separação.
Normalmente, esse alguém seria Michelle, mas não tínhamos conversado desde que compramos o
vestido de cerimônia de acasalamento de Mia.
Eu brinquei com meu telefone por vários minutos, tentando criar coragem para mandar uma
mensagem de texto para Michelle. Meu lobo interior estava dando cambalhotas na minha cabeça.
Anda logo, vaca.

Sienna: Ei
Sienna: Como você está?

Eu pausei. Olhando para a tela. Um minuto se passou, depois dois. Eu sabia que não podia fingir
que nada tinha acontecido, como se não tivéssemos acabado de ter nossa maior briga. Eu tinha
certeza de que, se não pedisse desculpas agora, ela não responderia.
E então como eu recuperaria minha amiga?

Sienna: Mich, eu sei que não estamos nas melhores condições agora
Sienna: Mas estou com saudades
Sienna: Eu deveria ter estado lá para você
Sienna: sinto muito
Sienna: De verdade, sinto muito

Eu respirei fundo. Espera. Nada ainda. Então eu segui em frente, decidindo falar tudo de uma
vez. Eu não tinha mais nada a perder.

Sienna: Eu sei que não tenho o direito de pedir isso a você. Mas há tanta coisa
acontecendo entre mim e Aiden
Sienna: E eu só... preciso muito de um amigo

Larguei meu telefone na cama, puxando o cobertor sobre os olhos. Eu coloquei tudo em aberto,
mas parte de mim pensou que ela não iria responder, de qualquer maneira. Eu não estava lá para ela
quando ela realmente precisava de mim.
Eu fui muito egocêntrica para perceber que ela esteve.
Então, eu não tinha permissão para ficar surpresa, ou chateada, quando ela não estava lá para
mim também. Exatamente quando estava repetindo isso para mim mesma, senti meu telefone vibrar.
Meu coração saltou do meu peito. Peguei o telefone e virei, vendo a tela iluminada.

Michelle: desculpe, sienna


Michelle: eu preciso de um pouco de espaço agora

Meu estômago caiu como se eu estivesse em uma montanha-russa. Toda a esperança que brotou
dentro de mim... estourou. Como um balão.
Eu sabia que não podia culpá-la. Eu não me permitiria fazer isso. Mesmo assim, perceber que fui
eu quem a afastou... isso me fez sentir ainda mais isolada.
Era como se todos ao meu redor precisassem de espaço. Longe de mim.
Olhei para o canto, onde todos os meus materiais de arte não usados e pinturas semiacabadas
estavam acumulando poeira. Pelo menos meu material de arte estava lá para mim. Saí da cama,
estiquei uma nova tela e coloquei-a sobre um cavalete.
Se todas essas emoções estivessem girando dentro de mim, eu poderia muito bem colocá-las em
bom uso. Já fazia algum tempo desde que comecei uma nova peça.
Eu não tinha ideia do que aconteceria, mas pelo menos a pintura forneceria uma distração
temporária de como eu estava me sentindo péssima.
Comecei com preto, o que combinava com o que eu estava sentindo. Pinceladas longas e
onduladas.
Em seguida, um branco cremoso. Macio e delicado.
Roxo, eu precisava de roxo. Dois círculos. Pupilas penetrantes.
Por último, uma moldura esguia e esguia, iluminada pelo luar.
Eu dei um passo para trás. Eu pintei uma mulher. Uma mulher bonita, mas triste. Ela parecia
estranhamente familiar. Por que ela estava tão assombrada? Eu engasguei quando fiz a conexão.
Era a mulher misteriosa da floresta.
Eu quase me esqueci dela, então por que ela estava olhando para mim da minha tela agora? Parte
de mim se perguntou se ela era mesmo real. Talvez minha mente estivesse tão desesperada por
interconexão que estava fabricando alucinações que pareciam reais o suficiente para o resto de mim
acreditar.
Mas eu sabia melhor do que isso. Ela era real.
Eu podia senti-la, não fisicamente, mas sua energia. Havia algo único sobre ela. Algo que eu
nunca tinha sentido antes.
Aiden
Eu pulei na mesa da sala de reuniões que atualmente acomodava meus membros do bando.
Andei para frente e para trás olhando cada um deles nos olhos, afirmando meu domínio.
"Todo mundo, ouçam", eu ordenei. "As coisas vão mudar aqui a partir de agora. O Alfa do
Milênio está chegando, e eu preciso que esta Matilha seja uma frente coesa. Tão forte que nenhuma
ameaça pode romper. Entenderam?"
Eu olhei em volta, vendo os rostos solenes acenando de volta para mim. "Este bando sempre
terá minha atenção total, nunca duvidem. Mas se vocês não confiarem em minhas decisões, todos
estaremos em apuros. Se algum de vocês não sente que minha liderança é digna de sua obediência",
eu disse, apontando para a porta, "a saída é por ali."
Eu respirei enquanto olhava de rosto em rosto. Ninguém moveu um músculo. Então continuei.
"Se estamos divididos, somos fracos. E se estivermos fracos, algo como a violação do perímetro
acontecerá novamente. Isso não é uma possibilidade. Vocês entendem? Estamos falando do Alfa do
Milênio. Se não podemos protegê-lo, então não somos uma matilha de verdade." Eu lati.
Eu fui até o assento de Josh e me abaixei, então eu estava agachado. Olhei bem nos olhos dele.
"Josh, meu Beta. Preciso saber que você está totalmente comprometido com seu Alfa. Que você
seguirá minhas ordens, sem fazer perguntas."
Ele olhou ao redor da sala, tentando manter sua expressão neutra.
"Por que você está olhando para eles? Estou bem aqui", eu disse, rosnando.
"Sim, meu Alfa", ele disse, olhos finalmente fixos nos meus "Eu tenho plena confiança em você
como líder da Manada. Vou te seguir."
"Sem dúvida."
"Sem dúvida", ele repetiu.
"E o resto de vocês? " Eu perguntei, levantando-me e olhando ao redor da mesa.
"Sim, meu Alfa!" Eles gritaram.
"Qual Matilha é o mais forte de costa a costa? " Eu gritei, pisando forte na mesa.
"Matilha da Costa Leste", eles ecoaram, batendo os pés de volta.
"Mais alto, porra!"
"MATILHA DA COSTA LESTE!"
A Matilha uivou como os guerreiros que eram, e eu senti uma onda de orgulho que não sentia há
meses. Esta era a nossa casa, e nós a protegeríamos com nossas vidas.
Meu telefone começou a zumbir e eu o tirei, a adrenalina ainda pulsando em minhas veias.

Sienna: Um verdadeiro Alfa não deixaria sua mulher sozinha

Droga. Eu estava todo irritado, cercado por pura energia alimentada por lobo, pronto para ir para
a batalha. E lá estava ela, questionando meu domínio. Questionando minha masculinidade.
Eu não aceitaria.
"Josh, como Beta, você comandará a segurança do Baile de Inverno. Você está disposto a isso?
"Absolutamente. Com certeza. Alfa", ele gaguejou. Claramente ele não esperava uma promoção
depois do questionamento que eu acabei de empurrar para ele.
"Você tomou a iniciativa durante a violação e o bloqueio foi ideia sua. Você merece", eu disse
com um aceno de cabeça. Tinha que manter os soldados orgulhosos, supus.
"Não vou decepcionar você", respondeu ele.
"Você não vai", eu disse de volta. E com um aceno final para o resto do bando, saí da sala de
reuniões com minha cabeça erguida. Prestes a entrar em um outro tipo de batalha.
Capítulo 22 – A Torta de Maçã
Sienna
Assim que enviei a última mensagem, me enterrei mais profundamente sob suas cobertas. Não
tinha a intenção de acabar aqui, na cama dele, mas depois que terminei a pintura... comecei a vagar.
Parecia que eu não aguentava mais, o desejo dentro de mim de encontrá-lo, de mantê-lo ao meu
lado. Então enviei a maldita mensagem de texto. E agora eu estava em seu quarto, em sua cama,
porque era o mais perto que eu podia chegar dele agora.
O que está acontecendo comigo?
Eu estava enviando mensagens passivo-agressivas. Eu estava fantasiando sobre abraços. Eu me
tornei o tipo de garota que jurei que nunca seria — o tipo que depende de um cara. A verdade dessa
constatação fez com que as lágrimas começassem a cair. Ótimo. Eu sou ainda mais um clichê agora.
Eu estava virando o travesseiro, tentando me dar um recomeço e me acalmar um pouco, quando
a porta do quarto se abriu. Eu não tinha ouvido um carro estacionar na garagem. Eu não tinha
ouvido a porta da frente abrir ou fechar. Mas não importa.
Porque Aiden estava aqui.
Ele rosnou, e o som causou arrepios na minha espinha. Seus olhos castanhos estavam em mim,
eu podia senti-los, mas meus próprios olhos estavam fechados. Não que eu estivesse com medo de
enfrentá-lo depois do que enviei. Eu era um dominante. Eu sempre poderia me cuidar.
Não, era o constrangimento que eu não queria reconhecer. A vergonha que encheu a sala e
deixou o ar pesado, dificultando a respiração.
Porque agora não era só eu que sabia o quanto o Alfa me afetou. Não, agora o Alfa também
sabia.
E então ele estava perto de mim.
"Olhe para mim", ele rosnou novamente, e eu podia sentir o calor em suas mãos irradiando pelos
meus ombros enquanto ele me puxava para cima. Eu estava sentada agora, olhando diretamente para
ele, e ele não tinha deixado meus ombros fora de seu alcance. " Você está chorando." Limpei
imediatamente as lágrimas dos meus olhos, ou tentei, pelo menos. Eu sabia que se tentasse
responder, minha voz me trairia e ele ouviria a vergonha em alto e bom som. Então, eu apenas me
concentrei em seu rosto. Seu lindo rosto, aquele que era quase demais para se olhar.
Mas agora, com as mãos nos meus ombros, ele garantiu que meu olhar permanecesse nele.
Tentei olhar para baixo, mas ele colocou o polegar sob meu queixo e ergueu meu rosto de volta.
"Me conte", ele ordenou.
"Eu não deveria ter..."
"Você não deveria ter questionado minha masculinidade." Ele rosnou para mim, tão baixo, tão
sincero, que o peso do que eu fiz permaneceu entre nós. Eu havia questionado o Alfa.
"Mas o mais importante", ele continuou, "você não deveria ter estado aqui sozinha. Chorando.
Triste. Chega disso."
E em um instante, ele pulou sobre mim e me puxou para ele, de modo que ficamos deitados de
lado, pressionados um contra o outro. Seus braços me puxaram para perto dele e eu pude senti-lo
cheirar meu cabelo.
"Estou aqui. E estarei aqui." Sua voz estava bem no meu ouvido e me fez sentir como se todo o
meu corpo estivesse envolto em veludo. Tudo quente e suave.
Eu me mexi para que ficássemos de frente um para o outro, entrelaçando meus braços em suas
costas. Nossas bocas estavam a centímetros de distância. Nossos olhos estavam bem abertos, fixos
um no outro.
"Eu odeio isso", eu disse suavemente.
"Você.. odeia?" ele perguntou incrédulo.
Eu revirei meus olhos. "Isso não. Você não. Mas sim, isso. E sim, você. Eu não sou essa garota!
Eu nunca fui essa garota. E agora estou chorando, estou com saudades de você e não gosto dessa
sensação. De precisar de você."
"Precisar de mim não é a pior coisa do mundo."
"Com certeza parece."
"Bem, eu poderia ficar ofendido", disse ele, deslizando o dedo pelo meu nariz. O contato fez
meu corpo estremecer. "Mas, como um homem de verdade, direi apenas... que nunca vou deixar
minha mulher sozinha. De novo não. Eu prometo."
Algo sobre ouvir minhas palavras saindo de sua boca, sobre a proximidade de como éramos,
todos enredados em seus lençóis, fez a tristeza de antes desaparecer.
Era como se tudo dentro de mim estivesse me dizendo para deixá-lo entrar, confiar nele, me
entregar.
Ainda era assustador, mas parecia controlável agora. Como se eu pudesse superar o medo, desde
que ele estivesse ao meu redor. Eu olhei para ele novamente, me sentindo segura e robusta com um
homem que tinha sido um estranho poucas semanas atrás.
Cordialidade. Luz difusa. Envolvido em... alguma coisa.
"Mmmm. " Soltei o som antes que pudesse detê-lo, antes que meus olhos pudessem abrir. Era
tudo muito... muito delicioso. Como uma torta de maçã quente.
Meus olhos se abriram. Torta de maçã quente.
Tudo voltou para mim. As lágrimas, a mensagem, o rosnado. E o homem ao meu lado, ainda
enrolado em volta de mim, dormindo profundamente.
O sol brilhava pelo espaço da janela que a cortina não cobria. "Ei", eu disse, cutucando o bíceps
de Aiden. Ele parecia tão em paz, tão calmo, que eu não queria acordá-lo. Esta pode ter sido a
primeira vez que ele ficou mais vulnerável do que eu.
Mas eu sabia que ele havia saído do trabalho mais cedo para ficar comigo ontem e que tinha que
cuidar dos negócios.
Afinal, ele era o Alfa. "Aiden." Eu o cutuquei novamente, e desta vez ele se mexeu.
Seus olhos se abriram lentamente e ele soltou um grande suspiro, esticando os braços no ar.
"Bom dia", disse ele, e então me puxou de volta para ele.
"Eu não consigo... respirar..." eu disse, rindo e me contorcendo contra ele. Eu podia senti-lo
ficar animado enquanto movia meus quadris, tentando me libertar, mas ele apenas me segurou com
mais força. " Aiden! " Eu soltei e ele me soltou.
Eu me virei para ficar de frente para ele, para poder sentir sua respiração em minha bochecha.
"Você tem que ir trabalhar", eu disse suavemente, tentando esconder minhas emoções.
Eu tinha sido carente o suficiente na noite passada. Eu não queria que ele pensasse que eu seria
assim o tempo todo. E eu não queria pensar isso de mim também.
"Não, eu não sei", disse ele, saltando sobre mim. Ele estava montado em mim agora, prendendo
minhas mãos acima da minha cabeça.
"Você não quer?" Tentei lutar com as mãos dele, tentei me libertar de suas garras, mas era como
se ele fosse o Hulk. Ou um Alfa, pensei, rindo. Claro que ele era mais forte do que eu, mesmo se eu
fosse um dominante.
"Tirei o dia de folga. Eu te disse, não deixo minha mulher sozinha. " Ele se abaixou até o meu
pescoço e começou a beijar, passando os lábios pela minha marca.
Eu imediatamente senti a névoa começar a me atingir. Lentamente no início, mas continuou
crescendo, me importunando para reconhecê-lo.
"Você vai ter que sair em algum momento", eu disse como uma forma de me distrair, para
distraí-lo. Eu ainda estava menstruada e ainda não ia fazer sexo com ele.
Repita isso, eu me ordenei.
Eu ainda estou no meu período. Eu ainda não vou fazer sexo com ele.
Mas então ele agarrou a parte de trás da minha cabeça e me içou para que estivéssemos sentados
peito a peito. Ele arrastou os dedos pelo meu pescoço, ainda molhado com seus beijos, e pela minha
clavícula. Ele os moveu pelos meus braços, todo o caminho até a ponta dos dedos, e a suavidade de
seu toque me fez querer explodir.
"Aiden... " Eu parei, meus olhos fechando. E então ele estava perto da minha orelha,
mordiscando minha orelha.
"Sim?" ele rosnou. Mas não. Eu tive que pensar em uma distração. Então eu disse a primeira
coisa que me veio à mente.
"Eu fiz torta de maçã."

***
Torta de maçã no café da manhã. Em frente a um Alfa sem camisa. Eu poderia me acostumar com
isso, pensei.
"Está deliciosa", disse ele, enfiando o garfo em outra fatia, sua terceira fatia — eu estava
contando — mas não me importava que ele estivesse comendo a maior parte da torta. Eu estava
com fome de outra coisa.
Pare com isso, Sienna.
Eu o observei mastigar bocado após bocado, mal parando para respirar. Eu gostava de cozinhar
para ele. Gostei de vê-lo curtir as coisas que eu fiz. Parecia íntimo. Como se ele estivesse gostando
de mim.
"Sério, como você sabia que este era o meu favorito?" ele perguntou, já colocando outra fatia em
seu prato.
"Jocelyn me contou."
"Vocês duas andam fofocando sobre mim?" ele perguntou, mastigando, um sorriso no rosto.
"Tire suas conclusões. " Isso foi ousado, mesmo para mim, e Aiden deixou o garfo cair em seu
prato antes de pular sobre a mesa e me jogar no chão. Eu estava rindo tanto que não conseguia
recuperar o fôlego.
"Respondona hoje, né?"
Mais uma vez, minhas mãos estavam presas atrás de mim, mas desta vez ele tinha uma mão livre
para fazer cócegas em mim. Seus dedos cobriram minha caixa torácica e achei que fosse desmaiar.
"PARE! " Tentei gritar, mas soou mais como uma risada. " Se não..."
"Ou então o quê? " ele rosnou, e eu senti a névoa ressurgir.
Ele estava entre minhas pernas e comecei a mover meus quadris contra ele sem pensar nisso. Ele
percebeu, seus dedos fazendo cócegas diminuindo, me tocando de uma maneira diferente. Ele tirou
a alça da minha blusa do meu ombro e beijou o local onde estava.
Esta é minha chance. Com um movimento rápido, eu libertei minhas mãos de seu aperto
desavisado e nos virei para que eu fosse a única montada nele. Suas sobrancelhas se arquearam,
surpreso com minha força ou minha iniciativa ou qualquer outra coisa.
"Ou então isso " eu disse, me abaixando para beijá-lo. Eu o beijei suavemente, brevemente, e
então me movi mais abaixo de sua boca.
Suas mãos estavam nas minhas costas, me empurrando para mais perto dele, e a Bruma estava
torcendo por eles.
Não. pensei, então peguei suas mãos nas minhas e as tirei, desta vez prendendo suas mãos acima
dele. Algo sobre se sentir no controle estava me deixando ainda mais quente. E eu podia sentir que
isso tinha o mesmo efeito sobre ele.
"Sabe", ele começou, sua voz cheia de desejo", se você é realmente minha mulher, e eu realmente
sou seu homem, então você tem que me marcar também."
No próximo segundo eu estava em seu pescoço, meu instinto primordial garantindo que todos
soubessem que ele era meu. Quando terminei, olhei para o meu trabalho. Essa foi a primeira vez que
marquei alguém, e tinha sido um Alfa. Eu me sentia selvagem de orgulho e luxúria.
Então eu me abaixei ainda mais, deixando minhas mãos percorrerem seu peito musculoso, sobre
seu abdômen tenso. Comecei a beijar um caminho para baixo.
"Sienna", disse ele, em algum lugar entre um gemido e um aviso. Eu estava na cintura de sua
calça de moletom quando olhei para ele.
"Eu quero fazer isso. Por você."
O olhar que ele me deu depois que eu disse isso foi o suficiente para fazer uma lenha molhada
acender o fogo.
Capítulo 23 – A Feira
Sienna
Parte de mim não conseguia acreditar no que estava para acontecer. O que eu estava prestes a
fazer. Esta foi a primeira vez que estive tão perto de tocar um homem e me senti pronta.
Parecia certo.
"Eu quero fazer isso. Por você", eu disse, e seu olhar perfurou-se em mim. Bem dentro de mim.
Minha Bruma estava com fome e, se eu não conseguisse cumprir tudo, isso daria certo. Então eu
abaixei meus lábios em seus quadris e continuei deixando beijos suaves ao longo da borda de sua
calça de moletom. E então meus dedos lentamente puxaram o cós para baixo até que eu pudesse ver
tudo dele.
E quando eu pude, minha respiração engatou na minha garganta. Ele era grande e gordo,
exatamente o que você esperaria que um Alfa se parecesse. Eu já tinha assistido pornografia antes,
claro, então sabia o que era normal para as estrelas pornôs terem. Mas vendo de perto, com um
homem que eu conhecia — um homem de quem gostava — era diferente. Muito diferente.
Corri meus dedos ao longo dele primeiro, observando-o ficar cada vez mais duro.
- Merda, Sienna, — Aiden murmurou. " Você já...?"
"Não", eu disse suavemente, respirando ar quente nele. E então eu coloquei minha língua para
fora, provando-o. Eu ouvi Aiden soltar um suspiro e tomei isso como motivação para colocar o
topo dele em minha boca. Eu chupei suavemente por alguns momentos, e então tomei mais dele.
Tanto quanto pude.
Eu estava me movendo para cima e para baixo em um ritmo. Eu não tinha feito isso antes, por si
só, mas era uma garota de dezenove anos. Eu não era surda para ouvir histórias sobre sexo oral dos
meus amigos e, dessas, eram muitas. Então, eu tinha quase certeza de que sabia exatamente o que
fazer, e pelo jeito que ele estava respondendo, eu não estava nada mal.
Ele estava ficando mais alto. Eu gostava de ser responsável por isso. Era bom deixá-lo louco.
Depois de mais alguns minutos disso, senti suas mãos alcançarem minha nuca. Ele estava
tentando me tirar de cima dele. Eu sabia por quê.
Ele não queria que eu engolisse o que viria a seguir. Mas eu queria. Não, eu precisava. Eu queria
provar tudo dele, conhecer cada pedacinho do que ele era.
Então, dei um tapa em suas mãos e movi minha cabeça para cima e para baixo ainda mais rápido,
usando minha língua para girar em torno dele. Demorou apenas alguns segundos, mas então ele
estava gozando, e uma substância espessa e salgada, de gosto não ruim, encheu minha boca.
Eu engoli e olhei para ele, para o homem que foi o primeiro a entrar em minha boca daquele
jeito.
Ele estava recuperando o fôlego, mas seus olhos estavam dançando. Ele me puxou para perto
dele e colocou uma mecha de cabelo atrás da minha orelha.
"Você é espetacular", disse ele, a palavra de alguma forma contendo mais lisonja do que todos os
elogios que eu já recebi juntos.
***
Aiden

Josh: alfa se apresse


Josh: já estávamos todos aqui
Aiden: Estou indo
Josh: alfas não se atrasam
Josh: lol

Sienna tinha acabado de fazer minha cabeça explodir. Não havia outra maneira de expressar isso.
Claro, eu sabia que ela era gostosa pra cacete. Essa nunca foi a questão.
Mas sabendo o quão inexperiente ela era, o quão inocente ela parecia ser, eu não esperava isso.
Nem mesmo as garotas que já tinham muita experiência me fizeram me sentir assim.
Ela estava no quarto de hóspedes se preparando agora. Eu podia ouvi-la se mexendo ali, e minha
imaginação estava pensando nela se vestindo. A maneira como seu corpo parecia completamente
descoberto, a maneira como ela parecia enquanto puxava uma calcinha para cima...
Pare, eu me ordenei. Era como se eu não conseguisse me controlar quando estávamos na mesma
casa. Deve ser a Bruma.
Eu coloquei um suéter e depois me dirigi para o corredor, batendo uma vez na porta que Sienna
estava atrás. "Sienna? Pronta?"
Nem mesmo um segundo depois, a porta estava se abrindo e lá estava ela. Em uma blusa preta
elegante e jeans, o cabelo ruivo caindo sobre os ombros. Suas curvas... a maneira como o tecido se
agarrou a ela de todas as maneiras certas... era demais. Eu rosnei, puxando-a para mim.
"Não vamos. Vamos ficar aqui e... " Eu parei, minha sugestão persistindo entre nossas
respirações pesadas.
"Ok, Sr. Alfa." Ela revirou os olhos." Como se você pudesse perder a feira."
Ela estava certa. Eu não pude.
"Se dependesse de mim, ficaríamos aqui o dia todo. Foda-se a oportunidade de foto." Eu disse,
beijando-a.
"Foda-se a oportunidade de foto", disse ela de volta, olhando-me nos olhos. Mas não
conseguimos. Porque eu era o Alfa e a feira era o evento pré-baile de Inverno que reunia toda a
comunidade. E o que era uma comunidade sem seu líder?
Sienna
No segundo em que nos aproximamos da feira, senti meus nervos dançando na minha corrente
sanguínea. Eu nunca tinha sido uma pessoa tão nervosa, nunca em toda a minha maldita vida. Mas
eu estava segurando a mão do Alfa, morando em sua casa. Então, eu não era mais apenas uma
adolescente normal.
Eu era a garota ao lado de Aiden Norwood. A garota que seria examinada e observada, que seria
assunto de fofoca, até que todos parassem de se importar.
E eu aposto que demoraria um pouco para que todos parassem de se importar.
Tínhamos acabado de chegar aos jardins fora da feira, e fiquei surpresa. Alguém havia colocado
luzes por entre as árvores, dando ao céu do crepúsculo um lindo brilho.
Mesmo daqui eu podia ver como estava lotado. Enquanto o Baile de Inverno era o principal
evento da temporada de férias todos os anos, a feira era a versão para toda a família que levava todos
da cidade para beber chocolate quente e jogar carnaval. Algo sobre estar aqui sempre me fazia sentir
como uma criança.
Então eu senti minha mão sendo apertada e minha mente se voltou para o homem ao meu lado.
O homem que enviou arrepios na minha espinha uma e outra vez. E de repente eu não me sentia
mais criança.
"Está pronta?" ele perguntou, olhando para mim.
Eu dei a ele um aceno de cabeça. Eu estava pronta — Sienna Mercer, se apresentando para o
dever de papel cerimonial. E então ele estava me levando pelos jardins, por entre as pessoas de todas
as idades rindo e se amontoando, e me levando direto para a mesa sob a tenda de dossel.
A mesa que abrigava toda a elite da Matilha, incluindo Josh e Jocelyn.
Eu os vi dividindo uma cadeira — bem, Jocelyn tratando o colo de Josh como uma cadeira, mais
especificamente — e eles acenaram para nós.
"Finalmente. Eu me pergunto por que eles demoraram tanto." Josh piscou para Jocelyn e eu
senti minhas bochechas queimarem.
"Cuidado", Aiden ordenou a ele, colocando um braço protetor em volta dos meus ombros.
Aproximei-me dele, gostando do calor.
"Monica do Matilha News estava procurando por você. Ela quer uma entrevista", Josh disse para
Aiden, e Aiden apenas balançou a cabeça. Ele pegou algumas xícaras de chocolate quente do bar
atrás da mesa e me entregou uma antes de me guiar de volta ao centro da feira.
"Espero que você não se importe que estou puxando você comigo para fazer negócios", ele
rosnou em meu ouvido.
Algo sobre o jeito que ele disse fez parecer sexy, embora fosse um assunto bem mundano. Eu
olhei para ele, para a maneira como seu cabelo caía tão forte, para a nuca em suas bochechas.
Havia algo tão sexy sobre ele o tempo todo. E então ele me beijou, no meio da feira, rodeado de
famílias. E tudo que eu conseguia pensar era, deixe-os ver.
O flash da câmera me tirou do beijo. "Ei, Alfa, aqui!"
Virei-me para encontrar a origem da combinação flash-grito e vi uma mulher baixa, seu cabelo
escuro encaracolado parecendo um vulcão em erupção em todas as direções de seu couro cabeludo.
Mesmo que ela estivesse parada, eu poderia jurar que ela estava se movendo a uma milha por
minuto.
"Monica", Aiden a cumprimentou, estendendo a mão para um aperto. Ela apertou com gosto, e
eu pensei ter visto um rubor subindo por suas bochechas.
"Diga-me, diga-me", disse ela, olhando entre ele e eu. "É sério?"
"Achei que você queria uma entrevista sobre a feira?"
Ela acenou com esse sentimento. "Feiras vendem cacau. Sexo vende jornais." Ela soltou uma
piscadela e uma gargalhada de sua própria piada, e Aiden ergueu a sobrancelha para mim antes de se
virar para ela. Ele tirou a jaqueta e, puxando a gola do suéter para longe do pescoço, expôs a marca
que eu tinha dado a ele na noite anterior.
Monica engasgou e eu mal me impedi de fazer o mesmo. E então o calor subiu para minhas
bochechas, me enchendo com um tipo distinto de orgulho, que deixou claro que eu era desejada.
Pelo Alfa.
"Então, está fechado?" Monica pressionou. Eu endireitei meus ombros. Eu não estava revelando
nada. Este era o seu mundo, sua plataforma. Ele poderia dizer o que quisesse.
"Nada é certo neste mundo", disse Aiden.
"Então, pode haver espaço para outra dama?"
Com essa pergunta, Aiden me puxou para perto dele, envolvendo os braços em volta do meu
peito por trás. "Neste momento, esta é toda a dama de que preciso."
Monica rosnou — sim, rosnou — e antes que ela pudesse fazer outra pergunta, Aiden pegou
minha mão e me guiou para longe.
"Eu vou te encontrar mais tarde para essa entrevista! " ele falou por cima do ombro para ela.
E então estávamos na beira da feira, perto das árvores.
"Desculpe por isso", ele disse, seus olhos procurando os meus. "Você foi ótima."
"Eu? Eu não disse uma palavra."
"Exatamente. Foi profissional. Que tal eu compensar você?"
"E como você planeja fazer isso?"
Ele examinou a feira em busca de uma resposta e então me virou para que eu estivesse olhando
para a mesma coisa que ele. A roda gigante.
"A roda-gigante é, na verdade, minha favorita", eu disse. Era verdade. Todos os anos, era o que
eu mais esperava. Algo sobre estar acima do mundo, alto o suficiente para se sentir como se
estivesse acima de todos os perigos, todas as ameaças, era revigorante. " Você pode tirar sarro de
mim por isso, se quiser."
"Tirar sarro de você amando a roda-gigante?"
"Eu não disse que amei isso. Eu simplesmente gosto mais." Ele balançou a cabeça e sorriu para
mim, como se não pudesse acreditar que eu era um humano totalmente funcional.
"Vamos", disse ele, puxando-me para lá.
Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, vi algo com o canto do meu olho. De volta às
árvores.
Um rosto. O mesmo rosto que eu tinha visto antes na floresta.
A mulher com olhos roxos misteriosos, a beleza de outro mundo. O tipo de rosto que você não
pode simplesmente esquecer. Mas então, ela se foi.
"Você viu aquilo? " Eu perguntei, de repente sem fôlego.
Aiden apenas olhou ao redor com curiosidade. "O que?"
"A mulher!"
"Que mulher?"
"Ela estava bem ali!"
"Sienna, você está bem?"
Capítulo 24 – A Confissão
Sienna
Estávamos nos aproximando da roda-gigante e eu tentava tirar a imagem da mulher de olhos
roxos da minha cabeça. Aiden claramente não a tinha visto, e se eu a trouxesse de novo, tinha
certeza de que ele iria me internar em uma ala psiquiátrica ou algo assim.
''Vamos lá", eu disse, puxando Aiden até o adolescente que comandava a bilheteria da roda
gigante.
Enfiei a mão na bolsa para comprar uma carona para nós dois, mas o adolescente apenas ergueu
a mão.
"Alfa, cara, você é bom", disse ele para Aiden. Então ele acenou para mim. "Ela também."
Huh. Parecia que viajar com o Alfa tinha algumas vantagens.
O adolescente nos acompanhou além da linha — eu me virei para avaliar a reação de Aiden e ele
apenas deu de ombros — e então estávamos entrando em nosso próprio carro particular. Eu deslizei
pelo banco e Aiden veio se sentar ao meu lado. O adolescente nos ajudou a derrubar a barra,
certificando-se de que estávamos seguros.
"Aproveite a roda do amor", disse ele com uma piscadela, e então ele desapareceu de volta na
multidão.
"Não foi chamado de Roda do Amor no ano passado", eu disse a Aiden, sentindo um rubor
espalhar-se por minhas bochechas antes que eu pudesse impedir.
"Talvez algo esteja diferente este ano", ele disse, e sua mão se entrelaçou com a minha. Antes
que eu pudesse ler muito sobre isso, começamos a nos mover. Nosso carro subiu rapidamente até
que estávamos bem no topo da roda, olhando para a cidade abaixo de nós.
"É lindo."
"Isto é. " Eu olhei para ele quando ele disse isso e tive uma sensação esmagadora de que ele não
estava falando sobre a vista. Eu olhei para o meu colo. Eu ainda não estava confortável com toda a
atenção.
"Quem é Emily? " Ao som de seu nome, minha cabeça chicoteou para cima. "Eu ouvi você dizer
o nome dela enquanto você estava dormindo. Você ficava repetindo."
Seus olhos procuraram respostas em meu rosto, mas eu não estava pronta para falar sobre isso.
Eu não tinha falado sobre isso com ninguém antes.
"Eu não posso... " eu disse, não querendo mentir para ele.
Ele suspirou e olhou para a vista, e eu pensei que o tinha perdido. Mas então ele começou a falar.
Aiden
Eu ouvi Sienna choramingando em seu sono na noite passada, quando eu a estava segurando em
meus braços. Eu podia sentir seu corpo tremendo e não conseguia ver as lágrimas na escuridão, mas
não ficaria surpreso se houvesse algumas em suas bochechas.
Ela chamou por uma Emily, uma e outra vez, alto o suficiente para que eu fosse acordado. Eu
não me importei, é claro. Talvez fosse o Alfa em mim, mas eu gostava de me sentir necessário.
Eu a abracei com mais força e alisei seu cabelo até que ela parou de choramingar, e então caí no
sono. Eu tinha quase certeza de que ela tinha estado profundamente adormecida durante a coisa
toda, mas eu sabia que esse tipo de emoção inconsciente não vinha apenas de algum personagem
arbitrário em sua imaginação. Havia mais coisas sobre o que ela choramingava do que eu sabia, e
minha curiosidade me dominou.
Então, quando estávamos trancados em nosso carro com roda gigante, olhando para a feira, lá
embaixo, eu trouxe o assunto à tona. Algo mudou imediatamente dentro dela. Ela se afastou um
pouco de mim, mas não acho que ela fez de propósito. Acho que o instinto dela, quando alguém lhe
pergunta algo pessoal e importante, é criar espaço.
Sendo Alfa, eu aprendi há muito tempo como colocar aqueles ao meu redor à vontade. Uma
coisa que meu pai me ensinou quando eu era jovem foi nunca esperar nada de graça. " Dê algo para
conseguir algo", ele dizia, e essa ideia ficou comigo.
Então, na roda-gigante, preparei-me para dar algo.
"Eu tinha um irmão", comecei, olhando para longe. Eu podia sentir seu olhar cair sobre mim
quase imediatamente. "O nome dele era Aaron."
"Tinha?" ela engasgou. Eu olhei para ela agora, balançando a cabeça.
"Ele era mais velho do que eu. Por alguns anos. Ele sempre soube que eu o ultrapassaria como
um Alfa, disse que podia sentir isso o tempo todo que éramos crianças. Mas ele não se importou. Ele
me atacaria e vinha pra cima mesmo assim. " Eu sorri, lembrando-me dos tempos que passamos
juntos enquanto cresciam. Éramos apenas nós dois e nossos pais, então sempre fomos próximos.
"O que aconteceu? " Sienna sussurrou.
"Ele conheceu sua companheira", eu disse. "O nome dela era Jen. Ela era humana. Uma
cientista. Linda e inteligente, ela era sua combinação perfeita. Eu nunca o tinha visto tão feliz como
quando ele estava com ela."
Era verdade. Vê-los juntos foi o que me deu a inspiração para manter minha esperança intacta —
a esperança de que, um dia, eu encontraria minha companheira também.
"Então, um dia, no laboratório em que ela estava trabalhando, houve uma explosão. Estava na
estação ao lado dela, uma mistura de produtos químicos que não deveriam estar juntos. Um
acidente. Erro humano, eles disseram. Mas era tarde demais. Ela se foi."
Eu vi os olhos de Sienna se encherem de lágrimas. Ela estava esperando que eu terminasse, em
silêncio.
"Você sabe o que acontece quando perdemos nosso companheiro. O coração de Aaron não
aguentou. Quebrou-se em pedaços, desintegrando-se dia após dia, até não sobrar mais nada. E então
ele se foi também."
Sienna envolveu a mão na minha, puxando-a para o colo. Então ela olhou para mim, seus olhos
de alguma forma me proporcionando algum tipo de alívio. Como se ela estivesse acalmando minha
alma sem dizer uma palavra.
"Sinto muito", disse ela depois de um momento. E então ela respirou fundo, como se estivesse
se preparando para enfiar a cabeça em um novo mundo. Um que ela não tinha estado antes.
Sienna
Respirei fundo e seu rosto encheu minha cabeça. Algo sobre a maneira como Aiden tinha sido
tão aberto comigo, tão cru, deixou todas as minhas memórias livres. Como se ele tivesse sido capaz
de dizer a eles que estava tudo bem — não precisávamos ter medo, não mais.
A última vez que vi Emily, foi no dia seguinte. Eu não sabia por que ela estava com tanto frio
naquela manhã, por que ela estava hesitante sobre eu vir.
Ela teve um grande encontro na noite anterior, com o cara que ela estava por um tempo.
Ela estava nervosa, com certeza, mas tínhamos quinze anos. Que garota não estava nervosa para
ir a um encontro? Eu a ajudei a se preparar, garantindo que sua roupa fosse sexy o suficiente para
chamar sua atenção.
Eu até trouxe a loção com glitter da Selene, o tipo que, quando aplicado, deixava um rastro de
brilho para trás. Eu ajudei Emily a esfregar em seu pescoço e peito e então dei a ela um sorriso de
aprovação.
"Você tá super comível" eu disse, rindo. E então eu a mandei embora.
Ela me mandou uma mensagem algumas vezes quando eu estava jantando com minha família,
dizendo que ele estava sendo muito sensível, muito agressivo, mas eu não pensei em nada disso. Eu
era um dominante, então sempre pensei que todos ao meu redor deveriam ser também.
Quer dizer, eu não poderia imaginar um companheiro submisso. Na minha opinião, essa era a
pior opção possível.
Adormeci cedo e, quando acordei na manhã seguinte, meu telefone mostrou que tinha quatro
ligações perdidas dela. Novamente, eu não liguei muito. Achei que minha amiga quisesse falar sobre
como ela teve seu primeiro beijo ou como ele era sexy. E eu ainda não tinha uma queda por
ninguém, então não fiquei tão chateada por ter perdido as ligações.
Mas então eu apareci na casa dela, como fazia todos os sábados. E sua mãe me cumprimentou na
porta, dizendo que Emily não estava se sentindo muito bem. Mas eu fui para o quarto dela de
qualquer maneira, a vi escondida sob as cobertas, a maquiagem da noite passada por todo o rosto.
"O que foi?" Eu perguntei, correndo até ela.
"Nada." Sua voz estava cortada e seus olhos pareciam vagos. Mas então eles viraram para mim, e
ela empurrou os cobertores de cima dela. Meus olhos se moveram sobre o brilho em seu peito, mas
também vi as marcas de garras, o rastro de sangue seco.
"Emily!" Eu chorei, agarrando suas mãos. "Você está bem? O que aconteceu?"
"Ele pensou... " ela começou, e seus olhos se encheram de lágrimas. "Ele também me achou
comível."
Eu tinha deixado minha melhor amiga sair com um cara que queria uma coisa. E quando ela não
quis dar a ele, ele pegou de qualquer maneira.
"Ela foi estuprada", eu disse, finalmente olhando para Aiden. Descrevi os detalhes da minha
memória em voz alta, pela primeira vez. "Eu a incentivei a sair com o cara que a estuprou. E eu não
estava lá quando ela pediu ajuda."
Ele estendeu a mão para enxugar uma lágrima que havia caído. "Não é sua culpa", disse ele.
"Aquele lobisomem de merda é quem deveria estar chorando."
"Ela se matou. Dois dias depois." Eu olhei diretamente para Aiden, querendo ver como ele
reagiria. Era algo que eu mantive dentro por tanto tempo, e eu não sabia como compartilhar isso me
faria sentir.
Ele respirou fundo, fechando os olhos. Quando eles abriram novamente, eles estavam
vermelhos. Como se ele estivesse sentindo a dor junto comigo.
"Eu entendo", disse ele, e levou minha mão aos lábios. Ele a beijou suavemente, tão suavemente
que me perguntei se, se meus olhos estivessem fechados, eu teria sentido.
"O que?"
"Porque você está mantendo sua virgindade. É sagrado e deve ser respeitado. Vou respeitar isso,
Sienna. Vou respeitar você."
Eles não escrevem livros didáticos para esse tipo de conversa, mas se o fizessem, essa seria a
resposta que toda criança deveria memorizar.
Eu senti a facilidade surgir em mim, como se todo o estresse que eu estava nervosa em sentir na
primeira vez que tive a conversa com Emily tivesse desaparecido. E foi por causa do homem
sentado ao meu lado, segurando minha mão.
O Alfa.
O Alfa fez meu coração bater mais devagar, me fez sentir em casa em um carro a trinta metros
do chão. E quando a roda começou a girar, quando fomos baixados de volta para onde
pertencíamos, não pude deixar de pensar que Aiden...
Aiden talvez pudesse ser o companheiro que eu procurava.
Capítulo 25 – A Conexão
Sienna
"Sienna, você pode pegar o champanhe?"
Olhei para o outro lado da sala de jantar para Aiden, que estava trazendo um prato de queijo e
biscoitos para a mesa. Quase me belisquei. Parecia surreal. Estávamos dando um jantar, nosso
primeiro jantar, como um casal. Não um casal acasalado, é claro, mas um casal para a temporada.
A coisa toda de acasalamento... isso levaria um pouco mais de tempo para descobrir.
Eu ainda não tinha tido o momento ah-ha que estava procurando, aquele que sempre assumi que
viria quando visse meu companheiro. Selene disse que às vezes leva mais tempo para perceber.
Como com Mia e Harry. Eles foram melhores amigos por anos antes de acasalar. Mas eu
precisava ter certeza de que Aiden era meu companheiro ou não antes de decidir algo drástico. Eu
estava esperando por um sinal.
"Claro", eu gritei de volta para ele, entrando na cozinha e puxando uma garrafa de champanhe da
geladeira. Enquanto eu caminhava de volta para a sala de jantar, a campainha tocou.
"Lá vamos nós", ele gritou. E então ele abriu a porta.
Houve abraços e beijos, exclamações e risos, e quando a porta se fechou novamente, havia mais
quatro rostos familiares na sala.
"Sienna, querida", Jocelyn me cumprimentou.
"Você está linda."
Eu abracei Josh e então beijei Mia e Harry nas bochechas. " Gente, obrigado por terem vindo! "
Exclamei para o casal recém-acasalado.
"Não perderíamos", disse Harry, e eu não pude deixar de me sentir muito feliz por meu amigo.
Harry era um cara tão bom, e eu sabia que eles realmente deveriam ser. Nesse momento, Erica
agarrou meu braço, forçando-me a girar, e vi que ela havia localizado a garrafa de champanhe.
Em um movimento rápido, ela estourou, entregou a cada um de nós uma taça de champanhe e
despejou uma boa dose de espumante nos copos. "Saúde!" ela disse, e nós trouxemos nossas flute
juntas. Eu olhei para Mia e nós trocamos um olhar. Desde que Erica foi a única de nós a ficar sem
uma verdadeira captura para a temporada, ela tem bebido muito mais. Não achei que fosse motivo
de preocupação, mas ainda esperava que ela encontrasse alguém. Olhei por cima do ombro de Harry
e encontrei Aiden conversando com Rhys, um de seus amigos mais antigos.
"Ei, Aiden, temos champanhe aqui!" Eu gritei e observei enquanto seu pequeno grupo veio se
fundir com o nosso. As apresentações foram feitas, conforme meu plano. Aiden tinha mencionado
que Rhys estava solteiro para a temporada, então eu queria que ele e Erica conversassem.
"Erica, acho que Rhys quer uma bebida."
"Você?" Ela perguntou a ele. Ele sorriu para ela, pegando uma flute da mesa e a estendendo para
ela servir. Bom.
Senti um toque em meu ombro e me virei para encontrar Mia. "Onde está Michelle? " ela
perguntou.
"Não sei. Achei que ela estava vindo com vocês."
Mia balançou a cabeça." Ela deveria estar vindo com Ross. Tentei ligar para ela antes de sairmos,
mas ela não atendeu."
"Esquisito. Eles provavelmente vão se atrasar. Você sabe como eles são quando estão juntos."
"Não posso ficar cinco segundos sem..." Olhamos um para o outro e explodimos em risadas.
Algo sobre o champanhe e ter todos os meus amigos juntos, com Aiden, meio que me deixou tonta.

Michelle: estou aqui


Sienna: ??
Sienna: Entre, boba
Michelle: você pode sair
Sienna: Mich
Sienna: O que está acontecendo
Michelle: por favor, Siena
Michelle: eu preciso que você venha

Eu escapei da sala de jantar enquanto todos estavam se sentando à mesa, fechando a porta da
frente suavemente atrás de mim. "Michelle?" Gritei baixinho, não querendo que ninguém ficasse
preocupado.
Eu não vi ou ouvi nada no começo. Mas então, alguns segundos depois, vi algum movimento na
beira do gramado. Michelle saiu da sombra de uma árvore.
"Estou aqui", disse ela, e percebi que ela estava chorando. Imediatamente minha mente foi para
o pior — o que aconteceu com Emily e como eu tinha chegado tarde demais para isso também.
Corri até ela. "Você está bem? O que aconteceu?" Eu perguntei tão rapidamente que as palavras
eram incoerentes.
"Ele..."
"Shhh, venha aqui. Respire fundo", eu disse, guiando-a para a grande pedra ao lado da garagem.
Nós duas nos apoiamos nela enquanto eu esfregava suas costas. Observei Michelle, geralmente
muito segura, durona e franca amiga, levantar a mão trêmula para enxugar as lágrimas da bochecha.
"Ele te machucou?"
Ela olhou para mim, seus olhos cheios de dor, mas um tipo diferente de dor do que Emily tinha
sentido naquele dia.
"Ele me largou."
"O que?"
"Por outra garota. Ele disse que ela... ela é mais gostosa. E melhor na... na cama." Eu mal
conseguia entendê-la através das fungadas, mas sabia que era a pior coisa que Michelle podia ouvir.
Ela estava acostumada a conseguir o que queria, especialmente com os meninos e Ross era um cara
em quem ela confiava.
"Eu sinto muito. Sinto muito, Mich", eu disse, abraçando-a. Ela me abraçou de volta. Então ela
se afastou.
"Eu não acho que posso entrar..."
"Pare com isso. Claro que você vai entrar."
"Olha pra mim, estou um desastre."
"Se você for para casa, ele ganha. Você precisa ter uma noite divertida. Você merece."
Ela sorriu para mim. "Senti sua falta, Si", ela disse." Sinto muito por termos..."
"Sim. Eu também", eu disse, agarrando a mão dela. "Podemos não brigar mais? Nunca mais?"
"Prometo", ela disse, e nós duas rimos. Então ela se levantou, jogou os ombros para trás e tirou
o cabelo do rabo de cavalo.
"Como estou?"
"Linda", eu disse. E então voltamos para dentro.
Aiden
Não parecia que conhecia Sienna há apenas algumas semanas. Olhando ao redor da sala de
jantar, vendo todos os nossos amigos se misturando, parecia... normal. E agradável.
"Ei, cara, este gouda é goudci", Josh disse, batendo no meu ombro enquanto mastigava um
pedaço de queijo. Eu não pude deixar de rir. Algumas coisas mudaram, mas outras... nunca
mudariam.
"Você quer outra bebida? " Eu perguntei a Josh.
"Cerveja", ele respondeu, então me levantei para pegar algumas cervejas na geladeira. Josh era
meu amigo mais antigo, meu melhor amigo e, agora que deixamos algumas coisas claras na semana
passada, um Beta em que eu podia confiar.
Quero dizer, ele sempre foi um cara em quem eu podia confiar. Ele sabia tudo o que tinha
acontecido com Aaron, como isso me deixou confuso por um tempo.
Mas agora, com toda a estranheza acontecendo ao redor da Matilha — com o incidente com a
ameaça desconhecida e agora o surgimento do Alfa do Milênio — eu finalmente senti que seria
capaz de me apoiar nele de uma forma transparente para assuntos relacionados aos problemas de
trabalho também.
Ele era mais inteligente do que seu comportamento de lobisomem playboy deixava transparecer,
afinal.
Peguei algumas cervejas e as trouxe de volta para a mesa. Levamos as garrafas à boca — parte de
ser um lobisomem significava que você nunca precisava de um abridor de garrafas — e prendemos
nossos dentes em volta da tampa.
Josh abriu em menos de um segundo, mas por algum motivo, o meu não estava se mexendo.
"Qual é, mano, o que está acontecendo?"
Eu acenei para ele, tentando mexer a tampa, mas ainda nada. As pessoas estavam começando a
notar.
"Ele está fraco! " Josh berrou do assento ao meu lado, e agora todos na mesa estavam me
observando me contorcer contra a tampa.
"Vamos, Alfa! " Rhys gritou do outro lado da linha.
"Alfa versus tampinha! Alfa versus tampinha! " Josh cantou, batendo as mãos contra a mesa.
Agora eu estava chateado. Peguei a tampa entre meus molares traseiros e a arranquei, cuspindo-a
sobre a mesa. Josh me deu um tapinha nas costas.
"Olha só você, amigão. Achei que você estava realmente perdendo o seu poder por um
segundo." Eu olhei para ele antes que ele fosse mais longe. Claro, não estávamos no trabalho ou na
Casa da Matilha, mas eu ainda era seu maldito Alfa. Ele recuou para seu assento.
"Era uma garrafa quebrada", eu murmurei.
"Sim, ou talvez ela não seja sua companheira."
Antes que ele pudesse ir mais longe, eu estava em sua garganta." O que você me disse?"
Ele me olhou, meio nervoso, e então seu olhar disparou ao redor da mesa. Rhys tinha notado,
mas todos os outros ainda estavam conversando profundamente. Eu recuei, não querendo causar
uma cena.
Josh se inclinou. "Só estou dizendo, se ela fosse sua companheira, você teria toda a força que
você já teve. Você saberia."
Antes que eu pudesse responder, Sienna estava entrando na sala, sua amiga a reboque. E eu
percebi que não a via há algum tempo, que ela tinha saído da sala.
Para onde ela foi? Por que não percebi?
E assim, Josh entrou na minha mente. Me fazendo me questionar de um jeito que nunca tinha
acontecido antes.
Sienna
Levei Michelle para a sala de jantar, observando enquanto ela se transformava na garota que eu
conhecia. Aquela que mantinha a cabeça erguida em todas as situações, que se recusava a aceitar
qualquer merda de ninguém.
Eu travei o olhar nos olhos com Aiden. Eu sabia que deveria estar acostumada com sua
aparência agora, a forma como sua nuca iluminava seu queixo marcante e como sua boca se curvava
em um pequeno sorriso que fazia minhas borboletas dançarem.
Mas não estava. Ele ainda me dava arrepios.
"Michelle está aqui", eu disse a todos na mesa, e todos se viraram para ver. E então algo que não
consegui explicar bem aconteceu.
Foi como uma onda de eletricidade disparada pela sala, mas atingiu apenas duas pessoas.
O ar ficou mais rarefeito, todo o barulho ficou mudo e Michelle e Josh foram conectados por
alguma corrente de outro mundo. Seus olhos estavam fixos um no outro com uma intensidade tão
distinta que todos na sala imediatamente souberam o que tinha acontecido.
Michelle e Josh, a primeira vez que se viram, se acasalaram.
Eu não pude deixar de ficar feliz — um tanto egoísta, já que fui eu quem convenceu Michelle a
entrar, e agora eu faria parte de sua história de acasalamento para sempre. Olhei ao redor da sala,
querendo compartilhar minha alegria, mas então meus olhos pousaram em Jocelyn.
Caramba. Jocelyn.
Lentamente, mas com segurança, todos, exceto Michelle e Josh — cujos olhos ainda estavam
travados — desviaram sua atenção para ela. Ela sabia o que estava acontecendo. Ela não estava no
escuro. De jeito nenhum. Mas em vez da reação que esperávamos, com lágrimas, gritos ou dramas,
Jocelyn apenas se levantou.
Ela pegou a taça de champanhe em uma das mãos e a ergueu no ar. "Um brinde. Aos dois novos
companheiros", ela disse, sua voz elegante como uma cristal. Michelle e Josh tinham saído do transe,
e Josh correu ao redor da mesa para trazer uma taça de champanhe para Michelle.
"A Michelle e Josh", disse Aiden, e todos ergueram os copos, fazendo o mesmo.
Eu lancei outro olhar para Jocelyn depois que todos nós nos sentamos de volta, e eu não pude
deixar de me perguntar se havia algo menos elegante sob a superfície. Ela estava sorrindo e dizendo
as coisas certas, claro, mas o homem com quem ela tinha estado naquela temporada acabara de se
apaixonar por outra mulher, uma mulher que ele nem conhecia dez minutos atrás, bem na frente
dela.
Jocelyn pode ser uma curandeira, mas uma coisa que minha mãe sempre me disse é que você não
pode encher o copo de outra pessoa se o seu estiver vazio. E se o copo de Jocelyn estava vazio, eu
estava me perguntando quando ela notaria.
Eu esperava que fosse antes de quebrar.
Capítulo 26 - O Baile de Inverno
Sienna
Em vez de causar uma cena na noite passada depois que Josh e Michelle se acasalaram
publicamente, Jocelyn apenas aceitou. Ela se levantou à mesa e ergueu o copo, propondo um brinde
ao novo casal. E assim, todos ficaram à vontade.
A curandeira havia curado.
Mas quando acordei esta manhã, não senti nada curado de forma alguma. Porque havia um
espaço vazio ao meu lado, onde Aiden geralmente estava. Normalmente eu era a primeira a levantar,
então era mais do que estranho. Ele não tinha acabado de acordar. Ele foi embora.
E então me dei conta: hoje não era um dia qualquer. Hoje era o Baile de Inverno.
Aiden estaria na Casa da Matilha o dia todo se preparando, certificando-se de que tudo estava
preparado para o maior evento da cidade do ano. Este foi o baile para o qual todos com mais de
dezesseis anos foram convidados, tanto humanos quanto lobisomens. Era o evento festivo que
reuniu todos para celebrar o ano que passou e para ter esperança e alegria pelo ano que se aproxima.
E era um espetáculo. Todos se vestiam com esmero, certificando-se de que seus filhos /
acompanhantes / companheiros fizessem o mesmo. Era o lugar para ver e ser visto e um evento
especialmente popular para os jovens solteiros em busca de seus companheiros.
Mesmo que nos anos anteriores eu nunca tivesse realmente olhado, meu subconsciente tinha
ficado de olho, só para garantir. Mas este ano seria diferente. Este ano eu tinha uma mão para
segurar — a do Alfa. Se você tivesse me dito isso há um ano, eu teria rido da sua cara. Mas agora, o
pensamento parecia... certo.
Só então, meu telefone vibrou na mesa de cabeceira. Peguei-o, olhando para a tela.

Michelle: olá??
Michelle: estou aqui fora
Michelle: to batendo!!!

Ops. Pulei da cama e desci as escadas correndo, abrindo a porta da frente. Michelle olhou para
mim e se dobrou de tanto rir.
"Seu cabelo..."
"Cale-se!"
Fui até o espelho no corredor e, ao ver meu reflexo, comecei a rir também. "OK tudo bem. Tá
péssimo."
Meu cabelo estava caindo em tufos em todas as direções e eu tinha uma marca estranha na
minha bochecha. Devo ter adormecido na minha mão ou algo assim.
"Você acabou de acordar?"
Michelle me entregou um café e eu balancei a cabeça, tomando um gole agradecido.
"São dez e meia. Desde quando você dorme até tarde?"
Quase cuspi meu café." São dez e meia?! "Eu perguntei. Como isso aconteceu?
"Vamos, arraste sua bunda mole pro chuveiro. Selene estará aqui em breve com os vestidos, e
precisamos arrumar nosso cabelo com antecedência."
Estávamos subindo as escadas de volta quando me virei para Michelle e fiz a pergunta que vinha
pesando em minha mente desde o jantar. "Você conversou com Jocelyn?"
Michelle concordou com a cabeça. "Sim, fomos tomar um café."
"E?"
"Não sei o que há com aquela garota, Sienna. Ela é tão... adorável. Isso me mata."
"O que você quer dizer?"
"Quando Ross me largou, eu perdi o controle. Você me viu. Você deveria ter me visto quando
ele me disse. Eu estava tentando nocauteá-lo. Literalmente. Era tudo apenas raiva cega. Mas
Jocelyn... era como se ela tivesse essa sensação, como se ela tivesse previsto. Ela me disse que o
amor é a coisa mais importante para ela. Que ela está honestamente feliz por termos encontrado."
"Deus."
"Eu sei. Eu nunca poderia ser esse tipo."
"Não diga isso. Você é gentil", eu disse, pegando uma toalha e indo para o banheiro.
"Sim. Meio de uma vadia! " ela chamou do corredor. Eu não pude deixar de rir. Eu estava tão
feliz por minha amiga ter voltado a ser quem era. E que ela tinha encontrado seu par perfeito.
Tive um bom pressentimento sobre o baile. Quem sabe tudo daria certo.
"Você parece louca".
"Oh meu Deus, Sienna!"
"Deixe ela olhar!"
Michelle e Selene me fizeram evitar o espelho enquanto faziam minha maquiagem e me ajudaram
a colocar o vestido, mas agora estávamos todas em pé na frente dele. Bem, foi o que elas disseram,
de qualquer maneira. As mãos de Selene estavam cobrindo meus olhos.
"Ok, pronto? Um dois três! " Ela tirou as mãos.
De repente, pude me ver de novo e não pude acreditar no reflexo na minha frente. Era eu, eu
sabia que era, mas era muito mais... sofisticado. E sexy. Não, não só sexy.
Um show.
Michelle havia arrumado meu cabelo para que caísse em ondas suaves pelos meus ombros, e ela
conseguiu fazer meus cachos geralmente rebeldes caírem suavemente, sem frizz.
O estilo de alguma forma deixou meu cabelo ainda mais vermelho. Era naturalmente um
vermelho profundo, mas agora parecia veludo vermelho. E estalou contra minha pele.
Passei muitas noites sonhando em ter a pele bronzeada, mas minha tez nunca cooperou. Mas
agora eu não me importava com minha palidez porque parecia fazer tudo sobre mim se destacar.
Meus lábios pareciam extremamente vermelhos, devido ao batom que Selene havia escolhido
para combinar com meu cabelo. E meus olhos, meus olhos azuis, pareciam claros como sempre,
grandes e brilhantes. Michelle fez mágica com sua paleta de sombras neutras, fazendo meus cílios
parecerem centímetros mais longos do que antes, também.
E então havia o vestido.
Um dos designs originais de Selene, ela insistiu que eu o usasse esta noite. "Só não derrame nada
nele, ou eu vou te matar", ela avisou, mas então ela abriu o zíper da bolsa e eu soube que se eu
derramasse alguma coisa, eu me mataria antes que ela pudesse.
Foi tão lindo.
Era um azul profundo, como safira, e justo, com um decote de gola alta e sem mangas. A parte
de trás estava completamente aberta e o vestido era tão longo que batia no chão.
Acentuou minhas curvas como nada que eu usei antes. Ele se agarrou e caiu em todos os lugares
certos, e quando coloquei os sapatos de salto agulha combinando, me senti como uma pessoa
completamente diferente.
"Como você está se sentindo?" Selene perguntou, puxando meu cabelo para trás dos ombros.
Ambos os olhos delas ainda estavam em mim, mas, novamente, eu não conseguia tirar meus
próprios olhos de mim também.
"Parece que não sou eu."
"Oh, é você, Sienna", disse Michelle, com as mãos na cintura. "Aiden vai enlouquecer."
"Você é definitivamente a dama de um Alfa", Selene acrescentou, pegando sua bolsa da cadeira.
"Obrigada. Vocês duas", eu disse, finalmente me virando do espelho para encará-las. " Eu não
poderia ter feito nada disso sozinha."
Michelle estava calçando seus sapatos plataforma prateados, mas parou para me mandar um
beijo. Ela estava espetacular em um elegante vestido de cetim preto e um profundo batom cor de
vinho, o cabelo preso em um coque perfeito.
E Selene estava imaculada como sempre, usando um vestido rosa pastel com fendas ao longo da
caixa torácica que só ela poderia tirar.
"Estamos prontas, senhoras?" Selene perguntou, enxugando uma mancha final de blush em suas
maçãs do rosto salientes.
"Prontas!" Michelle exclamou, levantando-se.
As duas olharam para mim. Empurrei meus ombros para trás e ergui meu queixo.
''Vamos lá", eu disse.

Aiden: Não vou ter tempo de te ver antes


Aiden: Me encontre lá dentro?
Sienna: Claro

Eu estava tão feliz que nem me importei de entrar no baile sem Aiden. Eu me sentia invencível,
como se nada pudesse dar errado quando eu estava assim, quando tinha essas mulheres ao meu lado.
Nós estávamos no carro. Selene estava nos levando porque Jeremy e Josh já estavam na Casa da
Matilha também.
Passamos pela cabine do guarda de segurança e ele acenou para que continuássemos. Todos os
anos antes, estacionávamos no estacionamento normal, aquele pelo qual estávamos passando agora,
onde inúmeras famílias e encontros estavam começando a caminhada do carro para o salão de baile.
Mas este ano, Aiden arranjou para nós estacionarmos no estacionamento da Casa da Matilha. Era
muito mais perto do salão de baile, o que tornaria o andar com esses sapatos muito mais suportável.
Selene parou em uma vaga no estacionamento da Casa da Matilha e saímos do carro,
endireitando nossos vestidos. Já era tempo.
Poucos minutos depois, estávamos passando pelas portas do salão de baile. O lugar estava
incrível. Árvores de Natal alinhavam-se nas paredes e lustres brilhantes pendurados no teto. Cada
mesa tinha um candelabro magnífico no centro, e toda a sala tinha um brilho suave.
Selene encontrou Jeremy quase imediatamente, e ele a pegou em seus braços, beijando-a
intensamente. Então ouvi Michelle gritar e me virei para encontrá-la correndo em direção a Josh,
que vinha em nossa direção.
Eu podia ouvir o "droga!" Que ele deixou escapar de onde eu estava.
Senti uma pontada de ciúme, olhando em volta para ver se conseguia localizar meu Alfa. Mas eu
não conseguia vê-lo em lugar nenhum e, antes que pudesse perguntar a Josh, ele e Michelle
desapareceram na multidão.
Peguei meu telefone, pensando em mandar uma mensagem para ele, mas vi que não tinha
nenhum serviço lá dentro.
Eu voltei pelas portas, para fora, e estava andando para o lado do salão tentando encontrar um
sinal. Nada ainda.
Então eu andei alguns passos pelo beco ao lado do salão de baile — olhos grudados no meu
telefone — e foi quando eu vi algo.
Minha cabeça se levantou, mas não havia nada lá. Voltei minha atenção para o meu telefone. Mas
então, com o canto do olho, vi de novo. Eu girei minha cabeça e lá estava ela.
A mesma mulher com os olhos roxos que eu tinha visto na floresta e na feira.
Só que desta vez ela não desapareceu.
"Você", eu falei, sentindo que deveria estar com medo. Mas havia algo sobre ela que era
calmante. Como eu sabia, no fundo, ela não me machucaria.
"Sienna Mercer." Era como se suas palavras estivessem envoltas em cashmere.
"Como você sabe meu nome? Quem é você?"
Ela deu um passo em minha direção, a seda que envolvia seu corpo brilhando a cada
movimento. E então seu dedo estava sob meu queixo, e seus olhos estavam a centímetros dos meus.
"Quem eu sou não é importante. Mas quem você é... quem está atrás de você... isso é algo que
você deve saber."
Capítulo 27- A Mulher Misteriosa
Aiden
Eu estava na sala dos fundos, a única a que só eu, e quem quer que eu convidasse, tínhamos
acesso. Era uma espécie de sala entre uma biblioteca e um camarim, aonde eu poderia vir para me
arrumar ou ficar um momento sozinho durante os movimentados eventos de salão.
Eu estive no salão de baile brevemente esta noite, mas o Baile de Inverno tinha apenas
começado. Eu organizei e dirigi mais do que o meu quinhão de bailes, mas nesta noite havia mais em
jogo.
Esta noite, o Millenium Alfa estava aparecendo, por algum motivo, nenhum de nós sabia.
Foi por isso que tentei ir mais longe com os preparativos, porque estive trabalhando tantas horas
e me sentindo mais estressado com isso do que nunca. Não fazia sentido porque ele insistiu em vir
esta noite.
Claro, fiquei mais do que feliz em recebê-lo. Ele era o Alfa do Milênio. Havia um grau inerente
de orgulho ligado a ele querer vir ao meu baile.
Mesmo assim, parecia que algo não fazia sentido.
Eu ouvi uma batida, então parei de andar e caminhei até a porta, abrindo uma fresta. Quando vi
que era Josh, eu o deixei entrar.
"Cara, o que você ainda está fazendo aqui?"
"Ele está aqui?"
"Ainda não, mas vamos. As pessoas estão esperando." Foi quando notei os dois copos nas mãos
de Josh. Ambos continham uísque puro. Ele me entregou um. É para isso que serve um Beta,
pensei.
"Para o Baile de Inverno", eu disse.
"Para o baile."
Abaixamos as bebidas e Josh se virou para sair, mas eu agarrei seu ombro. "Josh", eu comecei,
deixando meus nervos mostrarem ao meu Beta pela primeira vez. " Por que ele está vindo? Por que
agora?"
Por um segundo, vi algo brilhar atrás de seus olhos, como se ele soubesse de algo que eu não
sabia. Mas então ele piscou e olhou para mim com o mesmo sorriso de sempre. — " Aiden, acalme-
se. Até o Alfa do Milênio adora um bom bar aberto."
Ele me deu um tapinha no ombro e passou pela porta, parando alguns passos no corredor para
esperar por mim. " Você vem ou o quê?"
Talvez ele estivesse certo. Talvez eu estivesse pensando demais nisso.
Coloquei o copo vazio sobre a mesa, fechei a porta da sala dos fundos atrás de mim e comecei a
ir para o salão de baile ao lado do meu Beta.
Sienna
Seu dedo ainda estava sob meu queixo. Parecia que estava lá há horas, como se tivesse estado lá
minha vida toda. Havia algo sobre seu toque, a maneira como ele permeou minha pele e alcançou
todo o caminho. Para minha mente.
"Calma agora. Não se preocupe."
"Não estou preocupada", eu disse, tentando manter meu nível de voz "Mas de onde você me
conhece?"
"Não nos conhecemos", disse ela, seus olhos viajando sobre minha figura e me deixando
constrangida por um motivo que não pude explicar. "Mas eu vim avisá-la. Uma ameaça está se
aproximando rapidamente."
"Uma ameaça? O que você está falando?"
"Cuidado. Ele não vai descansar até que você seja dele."
"Quem?" Eu sussurrei, de repente me sentindo desconfortável. Senti a cor sumir do meu rosto
quando meus olhos se concentraram nos dela, tentando encontrar uma resposta dentro deles. Mas
não consegui. Seus olhos eram tão roxos, tão infinitos, que seria necessária uma chave que eu não
precisasse destrancá-los.
"Você deve saber que tem poder. Poderes misteriosos."
"Por que... por que você está aqui?"
"Eu estou aqui", ela começou, cada palavra segurando sua própria força", pelo Alfa. " Um
arrepio percorreu meu corpo, dos dedos dos pés ao couro cabeludo.
Aiden.
"Mas não seu Alfa", ela declarou claramente.
"Por que — eu não entendo", eu disse, confusa. Mas a mulher apenas desviou o olhar, seus
olhos focalizando algo à distância.
Virei minha cabeça para ver o que ela estava olhando, mas não havia nada lá. Apenas uma
calçada vazia.
"Qual o seu nome? " Eu perguntei, voltando-me para ela, precisando de mais respostas. No
entanto, ela não estava mais lá. Era só eu no beco, sozinho.
Quando comecei a sair, parei quando ouvi um sussurro final de um nome ecoando no ar fresco
da noite...
"Eve."
Aiden
Eu estava cumprimentando os habitantes da cidade que haviam feito fila para me encontrar no
topo do salão de baile, em frente à mesa principal, quando ouvi meu nome ser falado na outra
direção.
Eu me virei e vi um cara confiante, de aparência atlética, com cabelo preto azeviche e um
carisma natural. Sem tentar, ele chamou a atenção de todos ao nosso redor. Algo que eu estava
acostumado a fazer, mas não a ver.
"Alfa do Milênio", eu disse, estendendo minha mão para ele.
"Alfa da Costa Leste", ele respondeu, e nos sacudimos. Em algum lugar ao longe, uma câmera
disparou.
"Bem-vindo", eu disse. " Estamos felizes por ter você no Baile de Inverno deste ano."
Ele sorriu, expondo dentes que não podiam ser tão brancos quanto eram naturalmente.
"É uma honra ver a beleza de seu bando", ele respondeu.
"Vamos pegar uma bebida para você. "Eu sorri para a fila de moradores da cidade esperando —
nenhuma explicação adicional era necessária, já que ele era o Alfa do Milênio — e então o guiei em
direção ao bar.
Com o canto do olho, vi Josh conversando com sua nova companheira, Michelle, e ele deve ter
sentido meu olhar sobre ele, porque me encarou instantaneamente. E então ele desviou o olhar.
Estranho.
Voltei minha atenção para o homem ao meu lado. "Então me diga, o que o traz aqui?"
"Além da festa?"
"Além da festa."
Ele suspirou. Olhou ao redor da sala. E então seus olhos pousaram de volta em mim.
"Serei direto com você. Alfa. Vim verificar a liderança da matilha."
"E o que isso significa exatamente?" Eu perguntei antes que pudesse morder minha língua. Mas
o Alfa do Milênio apenas sorriu, dando um tapinha no meu ombro e chamando a atenção do
barman.
"Primeiro as bebidas, depois os negócios", disse ele. E, como todo mundo, não tive escolha a
não ser cumprir suas ordens.
Sienna
Eu estava voltando para o salão de baile, minha cabeça ainda cambaleando com a conversa que
acabei de ter com a mulher de olhos roxos. Como ela sabia quem eu era? O que ela queria com
Aiden? E como ela simplesmente desapareceu?
Eu precisava encontrar Aiden, para dizer a ele o que ela disse. Que ela estava aqui para ele.
Eu sabia em meus ossos que ela era a ameaça que o bando havia sentido, aquela pela qual eles
estavam pirando. E se ela estivesse aqui para lhe causar mal?
Olhei em volta com urgência, tentando colocá-lo no meio de uma multidão de habitantes bem-
vestidos. Ele estaria vestindo um smoking, mas isso realmente não restringia para mim. Assim como
noventa por cento dos homens aqui.
Eu estava na ponta dos pés, tentando ver mais longe na sala, quando notei Josh e Michelle
conversando perto do DJ. Corri até eles, o mais rápido que meus pés vestidos de estilete
conseguiram me levar.
"Ei! " Exclamei assim que estava ao alcance da voz.
"Sienna!" Michelle cumprimentou. "Onde está Aiden?"
"Eu não sei, mas eu preciso encontrá-lo. Josh, você o viu?"
Josh terminou sua bebida com um gole. "Ele estava com o Alfa do Milênio da última vez que o
vi."
"Onde?" Eu perguntei, impaciente.
"Perto do bar. " Eu me virei, prestes a marchar, quando Josh agarrou meu braço. " Você não
pode interrompê-los. Esse é o Alfa do Milênio de que estamos falando."
"Eu sei, mas Aiden está com problemas. Josh. Eu tenho que avisá-lo."
"O que?"
"A mulher que vi lá fora disse…" Josh ergueu um dedo, sinalizando para eu segurar. Então ele se
virou para Michelle. " Nós já voltamos, gatinha, ok?"
"Ok", ela gritou, o gim com tônica em seu copo claramente a deixando feliz. Eu sabia que o gim-
tônica era o seu favorito. Mas então Josh estava me puxando para a frente do salão de baile, perto do
guarda-volumes. Longe de ouvidos curiosos.
"O que você estava dizendo?"
"Eu vi essa mulher. Lá fora, com olhos roxos. Ela parecia... assustadora. De alguma forma. E ela
disse que estava aqui por Aiden."
"Você tem certeza?"
Eu balancei a cabeça freneticamente." Eu senti essa... sensação dela, Josh. Eu tenho que avisá-lo."
"Eu vou fazer isso. Vou puxá-lo de lado agora mesmo."
"Por que não posso?"
"Eu sou o Beta dele, Sienna. É uma coisa política." Uma coisa política. Era uma grande besteira.
Mas isso era muito urgente para lutar, então deixei para lá.
"Tudo bem", eu disse. "Mas rápido." Ele estava prestes a ir quando se virou para olhar para mim.
Ele abriu a boca, como se estivesse prestes a dizer algo, mas fechou depois de um segundo e
balançou a cabeça.
"O que? " Eu perguntei.
"O que você quer com ele?"
"Com quem? Aiden?"
Josh acenou com a cabeça.
"O que você quer dizer com o que eu quero com ele?"
"Olha, você é jovem. Você não experimentou muito."
"Tenho a mesma idade que Michelle, se você está se esquecendo."
"Mas eu sei que ela é muito mais experiente do que você", ele disse com algum tipo de olhar
pomposo. Eu queria dar um tapa nele. " Só não quero ver você se machucar."
"Por que Aiden me machucaria?" Eu perguntei, ignorando a rotina de falso irmão mais velho que
Josh estava usando. Ele desviou o olhar para a pista de dança lotada e depois de volta para mim.
"Ele tem estado sob algum escrutínio. Do Pack."
"OK..."
"Sabe, quanto mais tempo um Alfa fica sem uma companheira, mais força ele perde. Alguns
acham que ele não é forte o suficiente para liderar, já que está sem uma companheira."
"Josh, você não está fazendo nenhum sentido."
"Você veio em um momento muito conveniente, Sienna. É tudo o que estou dizendo."
Meu estômago embrulhou. " Mas Aiden e eu nem estamos acasalados."
"Então é apenas diversão casual? Ele não falou com você sobre qualquer tipo de futuro?"
Olhei para o chão, com a sensação de que ia vomitar. Eu o deixei entrar. Eu disse a ele coisas
que nunca disse a ninguém antes. Eu dormi ao lado dele e cozinhei para ele e... e se ele estivesse
apenas me usando?
E se tudo fosse um show para seu bando?
Aiden
Eu estava bebendo com o Alfa do Milênio — e o homem podia beber, deixe-me dizer —
quando a vi.
Sienna.
Do outro lado do salão de baile, ela estava irradiando. Minha pulsação acelerou imediatamente e
eu senti uma atração tão magnética que pensei que seria carregado pela sala sem mover um músculo.
Eu podia ver a forma como seu corpo se curvava a partir daqui, a forma como seu cabelo caía
em mechas sedutoras. Eu queria correr minhas mãos por seus cabelos, descendo por seu corpo, em
todos os lugares. Ela estava me consumindo. Mas então eu vi que ela estava conversando com Josh,
e os dois estavam imersos na conversa.
Eu estava me perguntando o que poderia ser quando a vi olhar para mim. Mesmo a alguns
metros de distância, o poder de compartilhar um olhar com ela era inacreditável.
Mas era como se ela não sentisse ou não se importasse. Porque, sem outra palavra para Josh, ela
fugiu dele, correndo direto para fora das portas do salão de baile.
Capítulo 28 – A Questão
Sienna
Eu corri em direção às portas principais, correndo tão rápido quanto meus saltos altos podiam
coordenar. Corri pelas portas, para o gramado, passei pelo estacionamento da Casa da Matilha e saí
para a estrada.
Eu não pude acreditar. Eu tinha sido um adereço o tempo todo. Lá estava eu, tentando avisá-lo
sobre algum perigo iminente, e ele estava me usando como uma maldita boneca de pano.
Foi por isso que ele me fez morar com ele, porque ele me disse para ir para a feira. Foi tudo uma
oportunidade de foto gigante.
E eu era a adolescente idiota que se apaixonou por isso.
O ar fresco estava atingindo meu rosto, mas não estava ajudando muito. Minha dor — minha
raiva — ainda estava florescendo.
Olhei em volta, vendo a orla da floresta alguns metros à minha direita. Corri em direção a ela e
então parei para abrir o zíper do vestido de Selene com cuidado. Se algo acontecesse com ele, eu não
me perdoaria.
Mas eu precisava estar livre de tecido, livre de qualquer coisa remotamente humana.
Minhas emoções não seriam reprimidas, não mais. Eu precisava deixá-los sair.
Tirei o vestido e o pendurei no primeiro galho limpo que pude encontrar ao nível dos olhos, para
que a cauda não batesse no chão lamacento.
Então eu chutei os sapatos e deixei a raiva me consumir.
Senti meu corpo mudar enquanto corria. Eu zumbia por entre árvores e troncos, folhas e lama,
meus membros esticando e meus músculos tensos até que eu não estava mais correndo em dois pés,
mas nos quatro.
Senti minha cauda balançando atrás de mim e percebi o vento batendo no cabelo ruivo e espesso
que agora cobria cada centímetro de mim.
A donzela de vestido de baile se foi. Não, eu não era a porra da donzela em perigo.
Eu era um lobo.
Um dominante.
E a floresta estava prestes a ver o quão louca eu estava.
Aiden
Eu ainda estava no bar. Com o Alfa do Milênio. Eu assisti Sienna sair sete minutos atrás e sabia
que algo estava errado. Mas ele continuou falando, continuou nos pedindo outra rodada de bebidas.
Eu não poderia deixá-lo. Eu sabia disso... mas tinha que saber.
"Você me daria licença por alguns minutos? Meu Beta... aí embaixo, deixe-me apresentar vocês
dois. Ele é um grande parceiro de bebida", eu disse, apontando para a parede onde Josh estava se
misturando.
"Não há necessidade", o Alfa do Milênio disse, me impedindo de dar mais nenhum passo em
direção a Josh. " Eu vou com você."
"Eu estava indo para fora, pegar um pouco de ar fresco."
"Eu poderia usar um pouco também." Huh. Ele não estava se mexendo do meu lado.
"Ótimo", eu disse e o conduzi através do salão de baile e para fora das portas. Olhei em volta
quando saímos, mas não vi ninguém. Tentei fechar os olhos para senti-la — mas não consegui.
Pense.
Ela parecia chateada. Ela não teria saído do baile, não se não houvesse um motivo real. Se ela
estivesse realmente chateada, brava, ela mudaria. Na floresta.
"Como você se sente ao ver a floresta? É lindo nesta época do ano."
"Estou pronto para qualquer coisa." Ele encolheu os ombros. Então eu virei para a direita,
andamos até a orla da floresta e então continuamos, sentindo o cheiro distinto de carvalho e lama.
"Você está aqui por mim, não está?" Eu perguntei.
"Volte novamente?"
"Você vem ao Baile de Inverno sem nenhuma explicação... Desculpe minha franqueza. Alfa do
Milênio, estamos felizes em recebê-lo, mas não sabemos nada sobre sua visita. E você não saiu do
meu lado desde que chegou aqui. Você está aqui para descobrir algo sobre mim ou para descobrir
algo sobre mim. Isso está certo?"
Ele parou de andar, olhando-me bem nos olhos. Eu podia sentir seu poder através do olhar e
sabia que poderia muito bem ter cruzado os limites. Mas depois de um momento ele piscou e
começou a falar.
"Sim. Isso mesmo."
Suspirei. Mas o alívio que senti por estar certo não durou muito. Foi substituído por mais
perguntas.
"Quem te mandou?"
"Ninguém me enviou. Mas eu estava ouvindo coisas. Sobre a possibilidade de seu poder
diminuir." Soltei um grunhido antes que pudesse me conter.
Alguém em minha matilha estava indo pelas minhas costas, questionando minha força, para o
maldito Alfa do Milênio?!
"De quem? " Eu fervi.
"Isso não é importante. O importante é que estou aqui. Para sentir você, para ver se o problema
potencial é realmente um problema potencial." Ele fez uma pausa, olhando para as árvores antes de
se virar para mim. "Você está procurando?"
"Procurando?"
"Sua companheira."
Então era disso que se tratava. Minha força diminuindo, os rumores de que eu não era tão
dominante como costumava ser porque não tinha encontrado ninguém.
Mas eu tinha.
"Não há necessidade. Eu já a encontrei."
"Já?" o Alfa do Milênio perguntou ceticamente.
"Eu não sinto isso em você."
Agora eu olhei para o chão." Ela não sabe ainda. Somos um par, para a temporada. Mas estou
indo devagar. Para o bem dela."
Eu poderia jurar que sua expressão se suavizou, apenas por um segundo. "É por isso que você
não consumou. Eu posso sentir isso. Sua frustração, sua hostilidade. Isso é o que está interferindo
no seu domínio."
"Esta noite ia ser a noite", eu disse sem pensar " Mas ela... ela fugiu do baile. Algo deve ter
acontecido..." E então, naquele momento, eu a farejei. Tão claro como o cristal, eu tinha certeza de
que o aroma era dela. E ela estava perto.
"Ela está aqui. Ela partiu para a floresta. Eu só... tenho que encontrá-la. Eu tenho que dizer a
ela."
Ele me deu um aceno de cabeça, nada mais, nada menos.
"Obrigado, Alfa do Milênio."
"Aiden. É o Raphael. Te vejo lá dentro." E então ele se virou e começou a voltar pelo caminho
por onde tínhamos vindo. Sem perder mais um segundo, tirei cada artigo do meu smoking e me
mexi, dando uma cheirada mais profunda.
Soltei um uivo, deixando-a saber que eu estava perto. Mas ela não respondeu. Então comecei a
correr.
Depois de alguns metros, comecei a ver o vermelho de seu pelo na minha frente. Ela estava
cerca de meia milha à frente, então aumentei meu ritmo. Eu uivei de novo para que ela soubesse que
eu estava lá, mas isso só pareceu fazê-la correr mais rápido.
Em segundos, eu estava atrás dela, mas ela ainda não estava parando. Não importa o quanto eu
uivasse, ela não diminuiu a velocidade ou parou. Eu não tinha outra escolha, então me lancei para
frente e a agarrei.
Nós caímos por um tempo, seus membros tentando lutar contra mim, mas quando paramos, eu
a prendi embaixo de mim.
Eu rosnei. Shift. Ela balançou a cabeça. Não.
Eu rosnei mais alto. SHIFT! Mas ela apenas balançou a cabeça com mais força.
Eu apertei meu aperto em suas mãos e rosnei diretamente em seu rosto. Seus grandes olhos azuis
giraram em um círculo completo.
E então ela começou a mudar. Observei enquanto o pelo desaparecia, seus membros
condensavam e seus músculos se contraíam até a forma humana.
Ela estava embaixo de mim, nua, de costas no chão lamacento da floresta. Eu mudei também,
segurando-a como humana.
Foi quando vi as lágrimas.
"Você mentiu para mim. Você estava me usando para... convencer o Alfa do Milênio de que é
forte..."
"O que? O que você está falando?"
"Josh me disse... ele disse que você sabia que não era meu companheiro."
"Josh disse o quê?"
"Ele disse que você não é meu companheiro. Que você está apenas fingindo." Eu agarrei seu
rosto em minhas mãos, forçando-a a olhar diretamente para mim.
"Eu menti para você. Eu admito, eu fiz. Todo esse tempo." Mais lágrimas acumularam em seus
olhos e seu rosto ficou todo vermelho.
Eu continuei, minha voz falhando um pouco. "Porque eu sabia que você era minha companheira
no segundo em que coloquei os olhos em você, Sienna Mercer. Eu sabia quando você estava
desenhando perto do rio. E eu soube disso a cada segundo que estivemos juntos desde então.
O vermelho em suas bochechas lentamente desbotou para rosa, e eu pude ver a compreensão
passando por seus olhos." Se você está mentindo para mim, Aiden, juro por Deus, vou matá-lo."
Eu ri. Eu não pude evitar. "Eu sei. E é por isso que te amo."
Sienna
"Eu também te amo", respondi, e me senti bem. Como se fosse uma noção familiar, algo que
parecia em casa na minha língua.
E naquele momento, eu sabia que este homem não era apenas meu parceiro para a temporada ou
um alfa sexualmente frustrado.
Não, Aiden Norwood era meu companheiro.
Eu podia sentir a verdade daquelas palavras de todo o meu coração. Isso me fez explodir
positivamente de alegria e... necessidade dele.
Ele se inclinou para me beijar e eu pude sentir o gosto salgado de minhas velhas lágrimas nele.
Mas então algo mudou. Não estávamos nos beijando de uma forma feliz e doce. Estávamos nos
beijando em um eu preciso de você agora . Era urgente e perigoso e... quente.
Embora um dossel de folhas nos cobrisse, senti uma onda de excitação por estarmos
completamente expostos.
Empurrei quaisquer reservas profundamente nos recônditos da minha mente.
Normalmente, eu teria me sentido insegura sobre tomar uma decisão tão precipitada. Eu gostaria
que tudo fosse perfeito na minha primeira vez.
Mas naquele momento, tudo que eu conseguia pensar era como eu queria que Aiden
absolutamente devastasse meu corpo.
Ele me queria. E eu o queria. Cada maldito centímetro da minha pele estremeceu com seu toque.
Eu podia sentir ele ficando cada vez mais duro enquanto eu me contorcia em cima dele, nossos
corpos nus se movendo bem em cima da terra e raízes do chão da floresta.
Era tão natural, tão cru. Especialmente agora que eu sabia que éramos amigos. Meu corpo,
minha mente, meu coração, cada parte de mim ansiava por ele.
Suas mãos começaram a se mover em cima de mim, me esfregando, me apertando, e então eu as
senti na minha bunda, controlando o ritmo de como eu me movia sobre ele. Nas outras vezes,
tínhamos ido mais longe do que apenas transar a seco, tinha sido mais lento, mais intencional.
Mas agora eu precisava de uma liberação. Não tive tempo de esperar.
Oh meu Deus...
Estou realmente prestes a fazer isso?
Quando os olhos verde-dourados de Aiden se enterraram em minha alma, ele me fez a mesma
pergunta que eu estava me perguntando.
"Sienna... você está pronta?"
Capítulo 29 - A Promessa
Sienna
A resposta à pergunta de Aiden estava na ponta da minha língua.
Minha cabeça estava nadando com luxúria, desejo, paixão. Era uma combinação inebriante e fui
pego no redemoinho.
Eu sabia em meu coração o que eu queria, ou melhor, precisava.
Mas nenhuma palavra saiu da minha boca.
Então, em vez disso, agarrei o cabelo preto sedoso de Aiden e puxei com força enquanto puxava
sua cabeça para a minha.
Eu o beijei, não apenas com paixão, mas com um desejo insaciável.
Eu queria que nos uníssemos como um — para dar cada parte de nós um ao outro.
Aiden levantou minhas pernas e eu senti seu pau esfregar contra o meu sexo. A maneira como
isso me provocou era quase insuportável.
Quando meu sexo começou a se separar, gemi de êxtase.
"Aiden. espere..." murmurei, cravando minhas garras em suas costas.
"Você quer que eu pare? " ele perguntou, acariciando meu cabelo e me dando um olhar afetuoso.
"Eu... Sim... quero dizer, eu não sei", eu gaguejei, me sentindo em conflito.
Claro que eu não queria que ele parasse, mas ao mesmo tempo...
"Aqui, agora... Simplesmente não parece..."
Enquanto eu procurava as palavras certas, Aiden as encontrou para mim.
"Perfeito", disse ele calmamente. "Você tem razão. E a sua primeira vez. Eu quero que seja tão
especial quanto você."
O corpo de Aiden se afastou, e isso fez meu coração doer, embora eu soubesse que era o
melhor.
"Você me odeia por querer esperar?" Eu perguntei.
"Claro que não", respondeu ele. " Você já me fez esperar tanto tempo. Que tipo de alfa eu seria
se não pudesse esperar um pouco mais. Além disso, vale a pena esperar."
Eu beijei seus lábios com ternura, saboreando sua doce saliva enquanto nossas línguas rolavam
em uma.
Eu me afastei e sorri. "Depois da nossa cerimônia de acasalamento, eu prometo... sou toda sua."
"E eu posso prometer a você que será uma noite da qual você se lembrará para sempre", ele
disse em um rosnado suave.
Aiden me segurou em seus braços enquanto deitamos no chão musgoso da floresta. Fechei meus
olhos e ouvi o som de sua respiração estável.
Eu pensei no que o futuro reservava para Aiden e eu, e pela primeira vez eu não estava com
medo.
Na verdade, nunca me senti mais segura e protegida em toda a minha vida.
Com esse pensamento reconfortante, adormeci.
Duas Semanas Depois
"Puta merda", disse Aiden, seus olhos brilhantes olhando diretamente para os meus. Ele estava
do outro lado da sala e literalmente parou no meio do caminho.
"Puta merda." Eu repeti. Ele estava parecendo mais afiado do que uma maldita faca de carne.
Vestindo um smoking azul marinho e barbeado recentemente pela primeira vez que eu já vi. Suas
maçãs do rosto eram tão fortes quanto sua mandíbula, e ambas eram minhas. Todo meu, por toda a
eternidade.
Foi o dia da nossa cerimônia de acasalamento. Ao contrário dos humanos, nós não tínhamos os
mesmos rituais típicos de casamentos. Não havia nenhuma regra contra os companheiros se verem
antes de caminhar pelo corredor, razão pela qual Aiden estava no meu camarim.
Era por isso que ele estava vindo em minha direção neste exato momento, uma fome profunda
em seus olhos. Eu o encontrei no meio do caminho, no meio da sala, e nos abraçamos com tanta
intensidade que pensei que ele fosse me arrancar os lábios.
Não se eu morder primeiro, pensei.
"Você está espetacular", ele suspirou em meu ouvido. Eu também acreditei nele. Eu estava
usando outro Selene original, um vestido de cerimônia de acasalamento especialmente desenhado
que ela trabalhou horas extras para deixar pronto para o meu dia especial.
Tinha um corpete sem alças e um vestido esvoaçante que se movia sempre que eu o fazia. A
longa cauda na parte de trás me fez sentir como uma deusa.
Era ainda melhor do que o vestido que usei no Baile de Inverno, e pensei que seria impossível
vencê-lo.
"Você também não está muito maltrapilho", eu disse, me afastando. "Mas você tem que ir agora!
Está quase na hora de ir."
"Sim, senhora", disse ele e se dirigiu para a porta. Mas não antes de dar uma última olhada em
mim e soltar um assobio suave. Eu não pude deixar de sorrir, mesmo que meus olhos rolassem um
pouco também.
Ele saiu e eu respirei fundo, me preparando para o que estava prestes a ver. Um salão de baile
cheio de nossos amigos e familiares e os membros sortudos do bando que foram convidados para a
cerimônia de acasalamento do alfa.
Seriam muitos olhos, todos voltados para nós.
Respirei fundo novamente e observei meus pés, usando salto agulha cor de casca de ovo, dar um
passo cuidadoso de cada vez para fora do provador.
"Uau", ouvi na minha frente. Eu olhei para cima e vi meu pai, segurando a mão sobre a boca.
"Você está linda, querida", disse ele.
Ver meu pai ficar tão emocionado estava me deixando emocionada também.
Mesmo que ele não fosse meu pai biológico, ou mesmo um lobisomem, ele era o homem mais
importante da minha vida, ao lado de Aiden.
Eu ainda não tinha contado aos meus pais o que a senhora de olhos roxos havia dito. Eu não
tinha certeza de como eles reagiriam, ou se eles já sabiam.
Mas, novamente, eu sabia como eles me encontraram. Abandonada, em um beco. Como eles
poderiam saber que eu vim de alfas?
Independentemente disso, minha cerimônia de acasalamento definitivamente não era o
momento certo para trazer isso à tona. Ou mesmo para pensar sobre isso. Então corri até meu pai e
o abracei o mais forte que pude.
Eu estava sentindo as emoções começando a tomar conta, mas desejei que meus olhos
segurassem as lágrimas. Se eu estragasse a maquiagem que Michelle passara uma hora fazendo, ela
me mataria.
Meu pai agarrou minha mão e olhou nos meus olhos. "Você está pronta?"
Eu não pude evitar, mas deixei um sorriso enorme se espalhar pelo meu rosto enquanto eu
assentia. " Você está?"
"Claro, querida." E então ele abriu as portas do salão de baile, as mesmas portas que eu tinha
saído correndo apenas três semanas atrás.
Minha respiração engatou. O salão de baile estava perfeitamente arrumado. Havia um longo
tapete branco, pelo qual eu desceria, e uma plataforma elevada onde normalmente ficava a mesa
principal.
As árvores que ladeavam a sala eram cobertas por luzes brancas e fitas brancas, e cada mesa tinha
uma pequena peça central floral.
Queríamos trazer a floresta para dentro, para fazer deste nosso próprio país das maravilhas
florestais.
Papai prendeu o cotovelo no meu e, quando a música começou, começamos a andar. Eu sorri
para todos os rostos familiares nos bancos que foram arranjados.
Passei por Mia e Harry, que tinham acabado de fazer sua cerimônia de acasalamento na semana
passada, e Erica e Rhys, sentados ao lado deles.
Quando nos aproximamos da frente, vi mamãe, Selene e Jeremy, e ao lado deles estavam
Michelle e Josh.
Os bancos restantes da frente foram ocupados por outros membros da matilha de elite, e o resto
dos bancos cobrindo toda a sala foram ocupados pelo que parecia ser metade da cidade.
Aparentemente, o casamento do alfa foi um bilhete quente.
Cheguei à plataforma e papai beijou minha bochecha e apertou a mão de Aiden. E então Aiden
me ajudou a subir na plataforma.
"Eu quero devorar você", ele disse em meu ouvido para que só eu pudesse ouvir. Um rubor
imediatamente subiu por minhas bochechas.
"Estamos reunidos aqui hoje para celebrar o acasalamento do Alfa da Manada da Costa Leste,
Aiden Norwood e Sienna Mercer", começou o Alfa do Milênio.
Oh sim, eu mencionei que o Alfa do Milênio estava oficializando nossa cerimônia de
acasalamento?
***
Fui atacada com rosas, sim, rosas. Voando pelo ar, atingindo a mim e Aiden bem no rosto. Isso
era típico de cerimônias de acasalamento, especialmente aquelas que tinham tantos acompanhantes:
o ritual de jogar rosas no casal antes de seu primeiro beijo como companheiros.
"Ok, ok", o Alfa do Milênio berrou, rindo e erguendo as mãos. "Está na hora." A sala ficou em
silêncio e as rosas pararam de voar no ar." Companheiro Aiden Norwood. Alfa, você pode beijar sua
Sienna."
E então suas mãos grandes envolveram meu pescoço e seu queixo se inclinou para baixo. Seus
lábios macios estavam nos meus em um instante, e eu pensei que as borboletas dentro de mim
fossem explodir.
Todos nos bancos, todos que eu amava, com quem me importava, todos eles ficaram em
segundo plano. Eles não importavam. Não agora.
Quando paramos de nos beijar, Aiden agarrou minha mão e me puxou de volta para o tapete
branco. Ouvimos o que parecia ser uma torrente interminável de aplausos e gritos de ambos os
lados, e isso não diminuiu até que estávamos na pista de dança.
O DJ mudou dos instrumentais que tocava para a música que Aiden e eu escolhemos para nossa
primeira dança. Tudo começou e Aiden me girou. Ele pode ser bom em muitas coisas, mas dançar
não era uma delas.
Eu estava rindo tanto que pensei que ia desmaiar. E então a música terminou, e eu vi Michelle e
Josh aparecerem atrás de Aiden.
"Ei!" Eu exclamei. Aiden me soltou e Michelle beijou minhas duas bochechas.
"Eu nem sei. Si. Isso foi um conto de fadas. Parabéns! " ela gritou.
"Obrigada!" Eu gritei de volta. Eu não me importava que aparecêssemos desagradáveis. Era o dia
da minha cerimônia de acasalamento e eu poderia gritar se quisesse.
Eu estava prestes a perguntar a Aiden e Josh se eles se importariam se Michelle e eu
dançássemos a nova música, apenas nós, meninas, mas vi que eles já tinham ido para o bar. Clássico.
Aiden
Josh perguntou se eu queria beber alguma coisa, e eu não recusaria um brinde de uísque no dia
da minha cerimônia de acasalamento. Mesmo que fosse com meu suposto Beta, que sempre ficava
atrás de mim.
Eu não o confrontei. Ainda. Mesmo depois do que Sienna me contou na floresta e da sensação
que tive de que foi ele quem trouxe minha "força cada vez menor" para o Alfa do Milênio.
Eu tinha certeza de que era ele. Eu não sabia o que ele queria. Era porque ele queria ser alfa? O
ciúme o levaria tão longe que ele estava traindo a si mesmo?
"Para você e Sienna", disse ele, seu tiro no ar.
"Obrigada, Josh", eu disse, forçando um sorriso e aumentando minha chance também.
"Vamos, anime-se! Você está acasalado!" ele exclamou.
"Não podia estar mais feliz." Eu engoli a dose, sentindo-a queimar. Era estranho estar perto dele
assim, sabendo o que eu sabia. Eu deveria ter lidado com isso antes. Eu sabia que deveria. Mas eu
simplesmente... não consegui.
Eu estava nas nuvens com Sienna desde o Baile de Inverno. E eu não queria que nada me
distraísse disso, nem a vida profissional, nem a vida pessoal. Eu só queria pegar a onda de felicidade
em que estávamos.
"Vamos, outro! " Josh gritou comigo, desnecessariamente barulhento. Ele segurou mais duas
doses de uísque e projetou uma na minha direção.
"Você realmente precisa de outro? " Eu perguntei, olhando diretamente para o frasco em sua
cintura. Seus olhos se estreitaram.
"O que isso deveria significar?"
"Pense na sua idade, Josh", eu disse, virando-me para voltar para Sienna. Mas ele baixou os tiros
e agarrou meu braço, me puxando para trás.
"Isso porque você teve sua cerimônia e eu não? Eu sou tão adulto quanto você."
"Você está bêbado e a festa acabou de começar."
"Estou comemorando."
"Celebrando o quê? Agir pelas costas do seu alfa? Traindo seu amigo?" Eu não pude evitar. As
palavras simplesmente escaparam.
Seu rosto empalideceu imediatamente. "O que... do que você está falando?"
"Eu sei o que você disse a Sienna. Que eu estava apenas usando ela."
"Eu realmente não disse nada disso... merda... para machucar você. Eu sei que era sombrio. Eu
posso ver o quão inapropriado foi. Você é meu alfa, porra; " ele disse, e eu pude ver seus olhos
ficando vermelhos.
"Então por que você fez isso, Josh?" Ele estava olhando para seus sapatos. Depois de um
momento, seus olhos se ergueram para os meus. "Não sei. Quero que você tenha sucesso. Eu quero
que o bando tenha sucesso. Mas algo dentro de mim... apenas... queria levar a glória de ter algo que
você não tinha. Pela primeira vez na minha vida, a primeira vez desde que te conheci, Aiden, eu
tinha algo que você não tinha".
"Uma companheira", eu disse, de repente entendendo. Josh sempre se sentiu como se estivesse
na minha sombra, e talvez eu estivesse um pouco confortável demais mantendo-o ali, mesmo sendo
seu alfa.
"Eu só queria saber como seria. Ser o respeitado, aquele a quem todos recorrem para obter
respostas", disse.
Eu exalei. Lá estava — a admissão de culpa do meu Beta.
Mas então ele continuou. "Entenda que, mesmo quando eu estava me intrometendo, eu sabia
que era errado. Eu não me senti bem. Não me fez sentir melhor, de jeito nenhum. E eu entendo que
este não é o lugar para falar de negócios, que você terá que decidir o que fazer comigo com base no
que é melhor para o bando. Eu realmente sinto muito. Eu devia a você mais do que isso. Você
merece o melhor."
Depois de um momento, ele acenou com a cabeça e, em seguida, girou e caminhou de volta pelo
corredor.
Eu o deixei andar alguns passos antes de chamá-lo: "Josh".
Ele se virou e deu os passos em minha direção. "Você sabe que você fodeu tudo", eu disse, um
rosnado baixo escapando dos meus lábios.
"Sim, Alfa."
"Você jura por sua vida, pela vida da matilha, você nunca vai me trair ou a matilha novamente."
"Sim, Alfa", ele disse, e pude ver a seriedade em seus olhos.
Eu estendi minha mão e ele a pegou, mas eu o puxei para um abraço em vez disso. Foi preciso
um verdadeiro alfa para mostrar perdão.
Eu não conseguia ficar bravo com Josh — ele tem sido como um irmão para mim desde que
Aaron morreu.
"Amo você, cara. Mesmo que você seja um pé no saco às vezes", eu disse.
"Também te amo, mano. E isso não é só o uísque falando", respondeu ele.
Quando nos separamos, Josh me deu um soco no ombro, tentando aliviar o clima. — Ei, guarde
um pouco desse sentimento para Sienna. É a sua maldita noite da cerimônia de acasalamento."
Observei enquanto Sienna dançava com Michelle, sorrindo e girando, mais feliz do que nunca.
Ela estava radiante pra caralho. A criatura mais linda que eu já vi.
E ela finalmente era minha.
Sienna
Eu não conseguia parar de rir quando Michelle me mergulhou na pista de dança, depois me girou
e me puxou para que ficássemos peito a peito.
"Por que sou eu quem está guiando?" ela perguntou, arqueando a sobrancelha. "Você não
deveria ser um dominante?"
"Às vezes é bom deixar outra pessoa assumir o controle", respondi.
Quando Michelle me soltou, tropecei para trás, me sentindo tonta, mas fui imediatamente
estabilizado por um par de braços poderosos.
O cheiro de almíscar amadeirado e frutas cítricas de Aiden flutuou em meu nariz enquanto ele
pressionava em mim por trás.
"Encontro você mais tarde", disse Michelle, piscando para mim. " Devo ter certeza de que Josh
não está ficando muito bêbado."
Agora que ele me tinha só para ele, Aiden aumentou seu aperto, e eu podia sentir sua ereção
latejando através de suas calças.
"Vamos sair daqui", disse ele em um rosnado baixo.
"O que você tem em mente? " Eu perguntei sem fôlego quando senti meu sexo formigar.
Seu cheiro estava se tornando tão inebriante que me senti tonta.
As mãos ásperas de Aiden cavaram em meus quadris. Ele se inclinou para perto, de modo que
seus lábios estavam pairando perto da minha orelha.
"Você se lembra da promessa que fez sobre a nossa noite de cerimônia de acasalamento?" Ele
sussurrou, mas não perdeu seu tom dominador.
"Sim", respondi, engolindo em seco.
Meu coração estava batendo fora do meu peito, e uma sensação mais forte do que a Bruma
estava tomando conta do meu corpo. Meu sexo estava molhado de antecipação.
"Bom", ele rosnou, quase faminto. " Porque você estará uivando aos céus por misericórdia
quando eu terminar com você."
Capítulo 30 – A Noite de…
Sienna
Aiden me carregou como uma noiva em seus braços enquanto descia o caminho de
paralelepípedos que levava à nossa casa. Meu coração não tinha parado de bater desde que saímos da
recepção, e eu não sabia se pararia.
Minhas inseguranças eram como ondas crescentes, batendo contra as bordas da minha mente.
E se eu não for boa de cama?
E se eu não atender suas fantasias?
E se eu não conseguir satisfazer um alfa?
Aiden parou na porta da frente, como se sentisse meus medos. E talvez ele tenha. Os
companheiros estavam conectados de uma forma tão intensa que era quase indescritível.
"O que há de errado? " ele perguntou em um tom gentil que era incomum para ele.
"Eu... eu só não quero decepcionar você", murmurei. Naquele momento, eu nunca me senti
menos dominante em minha vida.
Para minha surpresa, Aiden riu. "Oh, Sienna... você não tem ideia..."
"Não tem ideia sobre o quê? " Eu perguntei, um pouco irritada com a risada dele.
"Não faz ideia de quanto poder você tem sobre mim."
Meu rosto ficou quente e um suspiro escapou dos meus lábios.
Ele continuou, segurando meu olhar. "Sim. eu marquei você. E sim, eu te fiz minha, mas..."
Aiden respirou fundo enquanto pressionava sua testa na minha.
"Você me fez seu também. Não se engane — eu não sou apenas seu alfa, sou seu companheiro.
E não há nada que vá jamais mudar isso. Seu amor me tornou mais forte do que qualquer sangue alfa
poderia."
O calor em minhas bochechas se espalhou pelo resto do meu corpo como um incêndio, e assim,
meu domínio voltou.
Eu amava Aiden mais do que palavras poderiam expressar. Então, eu não usaria minhas palavras.
Eu agarrei o cabelo da parte de trás de sua cabeça e pressionei febrilmente meus lábios nos dele.
Eu queria que meu fogo se espalhasse. Eu queria consumir tudo até que o mundo inteiro se
transformasse em cinzas e nós fôssemos os únicos de pé.
O paletó do smoking de Aiden estava explodindo nas costuras enquanto seus músculos
inchavam por baixo. Ele estava praticamente mudando quando deu um passo em direção à porta e
levantou a perna.
CRACK!
Aiden chutou a porta para fora de suas dobradiças, enviando madeira estilhaçada pelo chão de
mármore.
Ele passou por cima dos escombros, me trazendo para dentro.
Bem, essa é certamente uma maneira de carregar seu cônjuge além do limite...
Quando ele entrou em nosso quarto, Aiden me colocou no chão, em seguida, empurrou minhas
costas contra a parede. Nosso beijo febril recomeçou quando comecei a tirar seu smoking, peça por
peça.
Uma vez que seu torso estava nu, corri meus dedos pelas profundas cristas de seu abdômen, até
a fivela do cinto.
Os próprios dedos de Aiden estavam ocupados correndo para desamarrar meu espartilho. Ele
estava ficando frustrado, e eu não pude deixar de me divertir.
Finalmente, foi desamarrado e meu vestido caiu no chão. Eu tirei seu cinto através das alças em
um movimento rápido e, segundos depois, suas calças seguiram enquanto Aiden as arrancava e as
jogava do outro lado da sala.
Passamos um momento nos observando, oficialmente companheiros. Mas um momento era
tudo que estávamos dispostos a poupar. Nós dois esperamos o suficiente.
Aiden me pegou como se eu fosse mais leve do que uma pena, e envolvi minhas pernas em volta
de sua cintura.
Caímos na cama de uma vez. Havia mãos e bocas em todos os lugares, nós dois tentando agarrar
e morder tudo o que podíamos.
As garras de Aiden estavam cavando levemente em minha carne nua, e eu queria que elas
cavassem ainda mais fundo. Eu segurei seu pescoço com força, beijando-o, antes que meus beijos se
movessem para seu peito.
Eu deixei meus dentes rasparem em seu estômago, e quando cheguei em seu pênis rígido,
coloquei-o direto na minha boca sem hesitar.
Comecei a me mover devagar, deixando-o louco, e então aumentei meu ritmo até que ele
começou a gritar. Era tão grande que eu mal consegui conter, mas forcei mais fundo em minha
garganta.
Quando subi para respirar, minha saliva escorregou por seu pau grosso como uma teia de aranha
translúcida e prateada. Aiden enxugou minha boca com o polegar, em seguida, agarrou meu pescoço,
me empurrando de volta para baixo.
Eu poderia dizer por seus grunhidos de satisfação que ele estava sentindo pura felicidade. Mas
isso não foi suficiente. Eu queria levá-lo para a porra do Nirvana.
Eu saboreei seu sabor salgado e doce enquanto minha língua trabalhava na ponta, então coloquei
a coisa toda em minha boca novamente até chegar à base.
Meus lábios se apertaram em torno de seu pau enquanto eu os deslizava lentamente por seu
comprimento.
Ele separou minhas pernas tão rápido que me fez respirar fundo.
Aiden usou seus dedos para abrir meu sexo, então ele inseriu sua língua, habilmente sacudindo
ao redor e lambendo minhas áreas mais sensíveis.
Eu gemia enquanto meu corpo convulsionava com rapsódia. Era como se ele estivesse usando a
língua para compor uma sinfonia na minha boceta. E meus gritos involuntários de prazer eram o
coro.
Sua língua continuou a trabalhar enquanto seus dedos deslizavam dentro de mim, testando
minha flexibilidade, preparando-me para sua enorme masculinidade.
Enquanto seus dedos me exploravam, eu senti uma pontada de dor misturada com o prazer. Eu
só poderia imaginar o que estava reservado para mim em apenas um momento.
Uma emoção percorreu minha espinha com o pensamento de Aiden finalmente me penetrando.
Eu estava assustada e animada ao mesmo tempo.
Enquanto o pau de Aiden esfregava o exterior do meu sexo com força, seus beijos suaves
contrastavam com a aspereza.
"Você está pronta?" Aiden perguntou, tirando meu cabelo dos olhos e olhando para eles
profundamente.
Foi a mesma pergunta que ele me fez antes. Mas desta vez, eu sabia minha resposta sem sombra
de dúvida.
"Sim", eu sussurrei enquanto meus braços embalaram seu pescoço.
Minha respiração engatou quando Aiden finalmente deslizou dentro de mim.
No início, a tensão era quase insuportável, como se eu estivesse sendo separada, mas lentamente,
a dor se transformou em prazer. Quanto mais eu relaxava, mais nos tornávamos um ajuste perfeito
um para o outro.
"Está tudo bem?" Aiden perguntou, sem mover um músculo.
Eu balancei a cabeça, sorrindo com o quão sensível ele estava sendo às minhas necessidades.
Mas quanto mais ele ficava dentro de mim, mais eu tinha certeza...
Minha boceta não era feita de porcelana.
"Você disse que ia me fazer uivar para os céus", eu rosnei sensualmente. "Então, vamos. Alfa.
Mostre-me do que você é feito."
Os lábios de Aiden se curvaram em um sorriso perverso que quase me fez lamentar minhas
palavras.
Quase.
Ele puxou para fora, então empurrou de volta. Com força.
Eu gritei quando o senti ainda mais fundo dentro de mim. Meu sexo cada vez mais molhado o
aceitou com fervor enquanto ele começava a se mover cada vez mais rápido.
Mas ainda não foi o suficiente. Então eu o agarrei pelos ombros e rolei perfeitamente em cima
dele.
Agora eu estava montando nele, controlando o ritmo. Eu levantei meu cabelo da nuca e girei o
mais rápido que pude, certificando-me de que ele pudesse ouvir o quanto eu estava me divertindo.
Parecia que o atrito entre nós era suficiente para nos incendiar.
Então não era apenas construção — aquele fogo por dentro — estava vindo. Como um inferno
furioso.
"Porra, Sienna", Aiden gemeu, e eu estava lá com ele.
"Oh meu Deus! "Eu gritei, uma sensação envolvendo todo o meu corpo como uma explosão.
As luzes diante dos meus olhos estavam piscando como fogos de artifício, e eu senti como se
fosse desmaiar.
Aiden agarrou meus quadris e puxou, sua semente disparando no ar como um gêiser.
Eu desabei ao lado dele, ofegante e tentando processar a euforia que acabara de experimentar.
Ele agarrou minha mão na sua e levou-a à boca, beijando-a com ternura. "Você é inacreditável",
disse ele.
Viramos de lado e olhamos nos olhos um do outro. Tudo parecia exatamente certo.
"Eu te amo", eu disse sem fôlego.
"Eu te amo mais do que tudo", respondeu ele, igualmente sem fôlego. "Eu nem precisei te levar
para o céu... Você é o céu."
Enquanto seus olhos verde-dourados piscaram na luz fraca da lâmpada, cheios de adoração, eu
me perguntei como eu tinha chegado lá. Acasalado com o alfa.
Eu apenas me vi como uma garota normal, mas Aiden...
Ele me viu como uma deusa.
Eu mal podia esperar para começar o resto da minha vida com ele.

***
Quando acordei na manhã seguinte, ainda estava sentindo o barato da noite anterior com Aiden.
Meu corpo doía, mas de um jeito bom. Serei capaz de andar direito de novo?
Eu me virei para ver como Aiden estava se saindo e fiquei surpresa com a reentrância vazia ao
meu lado.
Onde ele poderia ter ido?
Meu telefone começou a zumbir na mesa de cabeceira e me estiquei para pegá-lo. Meu coração
saltou na minha garganta quando vi uma mensagem de Aiden.

Aiden: Tenho uma surpresa para você.


Aiden: Encontre-me na Avenida Furtaugh, 121.
Sienna: Uma surpresa??
Aiden: Quão rápido você consegue chegar aqui?
Sienna: To indo!

Aiden
Fiquei do lado de fora, esperando ansiosamente Sienna. Eu mal podia esperar para ver a
expressão em seu rosto quando ela visse a surpresa. O carro dela parou na frente e eu dei a volta
para abrir a porta para ela.
"Oi", ela disse, seus olhos brilhando enquanto ela pulava para me beijar.
"Oi, meu amor", eu disse, pegando sua mão e a guiando até a loja. Era um local vazio. A loja de
discos que costumava habitar havia acabado de fechar.
Um amigo meu no ramo imobiliário me contou sobre isso. Ele sabia que eu estava procurando
um espaço.
Abri a porta para ela e observei enquanto seus olhos se arregalaram, olhando para o piso de
madeira e as paredes vazias. "O que é?"
"Costumava ser uma loja de discos", eu disse. "O proprietário se aposentou e colocou o espaço à
venda."
"E daí? Vamos fazer um piquenique aqui?"
Eu passei meus braços em torno dela e puxei-a para perto de mim, inclinando-me para beijar sua
bochecha. "Podemos fazer um piquenique aqui, se quiser."
Ela se virou para que ficássemos cara a cara.
"Aiden Norwood, o que estamos fazendo aqui?"
Eu olhei profundamente em seus olhos, tentando esconder o sorriso puxando meus lábios.
"Sienna Mercer-Norwood, achei que você gostaria de ver sua nova galeria."
Sua boca formou um "o" mas nenhuma palavra saiu. Então sua cabeça girou, absorvendo o
espaço como se ela estivesse vendo pela primeira vez. Ela se virou para mim, os olhos ainda
arregalados.
"Feliz aniversário de uma semana, Sienna."
Ela gritou — eu nem sabia que sua voz poderia atingir aquela oitava — e então ela correu ao
redor de toda a circunferência da loja, olhando para cada parede por um momento antes de passar
para a próxima.
Algo dentro de mim brotou, algo feito de alegria e amor, de paixão e familiaridade, como se meu
coração finalmente estivesse batendo, batendo de verdade, pela primeira vez.
Então ela voltou para mim. "Não acredito que você fez isso... por mim", disse ela.
"Eu faria qualquer coisa por você."
Ela olhou para o chão e depois para mim. "Há algo que eu quero te dizer. Eu descobri algo.
Sobre meus... meus pais biológicos."
Eu sabia que Sienna tinha sido adotada por seus pais, mas nunca tínhamos conversado muito
sobre isso antes. Eu podia ver o quão importante isso era para ela, o quanto deixava seu corpo todo
tenso, como se ela estivesse tentando manter a informação dentro de você.
"Eles eram alfas."
Minha mente ficou em branco. Eu pisquei. "Nós estamos? Onde? Quando?"
"Eles se foram agora, mas... na Matilha Texana. Eles eram alfas, Aiden."
"Eles eram alfas", eu sussurrei de volta, e tudo começou a fazer sentido. Seu poder, a maneira
como podíamos nos comunicar, a maneira como ela se sentia, o ajuste mais perfeito. Eu a agarrei e
beijei porque hoje... não poderia ficar melhor.
Sienna
Eu fiquei tão animada com a nova galeria que Aiden insistiu em me dar algum tempo para
conhecê-la sozinha.
Ele provavelmente só quer fugir de todos os meus gritos.
Eu já tinha feito uma parada na casa dos meus pais para pegar alguns dos meus cadernos e
pinturas na garagem. Ele serviu como meu estúdio improvisado por um tempo, mas agora...
"Eu tenho minha própria merda de galeria" eu disse em voz alta para ninguém. Eu ainda não
conseguia acreditar que era real.
Peguei um dos meus velhos cadernos de desenho e comecei a folhear as páginas para ver se
havia algo com potencial.
Sorri quando vi um esboço inacabado de um homem bonito e musculoso, parecendo ter o peso
do mundo em seus ombros largos.
Foi desde a primeira vez que conheci Aiden.
Pensei naquele dia no rio. O dia que mudou tudo. Agora tudo estava tão diferente, mas parecia
que tudo tinha acontecido da maneira que deveria.
Ao passar para a próxima página, meu coração parou.
Era o outro esboço que eu havia desenhado naquele dia. A assombrosa visão sexual que pairava
sobre mim como uma nuvem negra.
Mas quando olhei para ele agora, não me encheu de pavor. Em vez disso, tive uma sensação de
paz.
Pensei em Emily e senti as lágrimas transbordando dos meus olhos. Eu finalmente encontrei
uma maneira de superar o passado. Eu sabia que Emily ficaria orgulhosa de mim.
Eu esperava que, apenas talvez, ela estivesse lá em cima cuidando de mim. Talvez minha paz
também pudesse ser dela.
Enxuguei as lágrimas e peguei um lápis, em seguida, virei para uma página em branco.
Um novo começo.
Enquanto estava sentada em minha galeria, observando meu lápis rabiscar sobre a página em
movimentos abstratos, tive um tipo diferente de determinação. Um que não foi alimentado por
nenhuma memória passada traumática ou arrependimentos ou julgamentos de outra pessoa.
Não, agora minha determinação era para o meu futuro.
Eu tinha uma galeria para preencher — minha própria galeria, com paredes tão vazias que
gritavam possibilidade. Então, prometi a mim mesma que ficaria aqui desenhando todas as manhãs
até não sobrar espaço na galeria para novos trabalhos.
De repente, senti uma rajada de vento me atingir, mas o frio que veio com ela durou muito
depois de ter passado. Eu deixei a porta aberta? Foi quando virei para a esquerda. E a vi.
A senhora de olhos roxos.
Ela estava de volta.
"Olá, Sienna." Ela caminhou em minha direção, cada um de seus movimentos mais graciosos do
que o anterior.
"Você nunca me disse seu nome", respondi, mantendo minha guarda alta. Algo sobre estar
acasalado com um alfa estava me deixando mais confiante em mim mesma.
"É Eve", ela disse, seus olhos roxos brilhando para mim. "Você estava linda em sua cerimônia de
acasalamento."
"Você estava lá?"
Ela apenas sorriu. Claro que ela estava lá. Ela estava em toda parte. Mas eu fiz a pergunta
errada...
"Por que você está aqui?"
"Estou saindo da cidade. Mas eu queria avisá-la sobre o caminho perigoso à frente, visto que fui
eu que a coloquei nele", ela respondeu enigmaticamente.
"Avisar? Qual caminho?"
"O caminho para encontrar a verdade sobre seus pais biológicos."
Fiquei atordoada em silêncio, mas Eve continuou falando." Basta ter cuidado com quem você
confia. Existem aqueles que não pensam nos seus melhores interesses."
"Como quem?" Eu perguntei, mas Eve já estava deslizando de volta para a porta. "Como faço
para encontrar a verdade?"
"Só você pode responder isso, Sienna. Você pode até descobrir que a resposta já está dentro de
você."
Com essas palavras finais, Eve desapareceu, me deixando mais confusa do que nunca.
Quando meus olhos voltaram para o meu caderno de desenho, aquela confusão se transformou
em um sentimento de mau agouro. O esboço abstrato no qual eu estava trabalhando quando Eve
entrou de repente tinha uma forma muito clara.
Uma figura sombria com presas alongadas.
Um vampiro.
Livro 2
Capítulo 31 - Tradições
Sienna
A água batia contra nossos corpos nus enquanto estávamos de frente um para o outro na chuva quente do verão.
Nossas silhuetas brilhantes foram banhadas por uma luz âmbar que bronzeou todo o pasto.
Os olhos dele vagavam pelas minhas curvas num desejo descarado.
Corei, não acostumada à atenção.
A corrida durou horas e nos levou ao topo de uma colina com vista para toda a ilha. Ao longe, mal se viam as
torres brilhantes do resto no horizonte.
Só paramos quando tivemos certeza de que estávamos completamente sozinhos.
"Venha aqui", ele acenou, estendendo sua mão.
O meu coração disparou enquanto eu andava em sua direção. O vapor subia por seus ombros salientes.
Senti sua mão áspera contra minha bochecha enquanto ele me puxava para um beijo.
Logo ele estava em cima de mim, nossos corpos deslizando um contra o outro sobre a grama macia, como se
estivéssemos tentando incendiar o lugar.
O volume dele se esfregava contra o exterior do meu sexo em um ritmo tentador, abrindo meus lábios, mas
recusando-se a entrar
Foi uma tortura que eu não pude suportar
Puxei-o para dentro de mim, ofegando de prazer e um pouco de dor. Ele estava mais fundo do que eu jamais
havia sentido antes.
Gemi de alegria, chamando seu nome, implorando para que ele não parasse enquanto a chuva caía sobre nós.

***
Eu fechei o registro, deixando os últimos rastros de água escaparem pelo meu peito.
Era inverno, e nossa lua-de-mel havia terminado há muito tempo, mas os banhos quentes ainda
me lembravam aquele dia na ilha com Aiden.
O vapor abraçou minha pele como um cobertor quente quando eu saí do chuveiro.
Foi engraçado pensar que, um ano atrás, eu tinha ficado no mesmo banheiro, furiosa por ter sido
enganada para ficar com Aiden, mas agora aqui estava eu, acasalada ao Alfa da Matilha da Costa
Leste e querendo estar em nenhum outro lugar a não ser nesta casa com o homem que eu amava.
"Você precisa de ajuda aí dentro?", perguntou ele através da porta com sua voz grave.
"Não, sou perfeitamente capaz de me secar sozinha, muito obrigada", respondi, sorrindo para
mim mesma.
Nos últimos doze meses, ele havia se tornado mais brincalhão, baixando sua guarda e me
mostrando um lado que era diferente daquele Alfa dominante que ele tinha que exibir para o resto
da matilha.
"Fico feliz em ajudar", continuou ele, com uma persistência encantadora que me fez rir. "Não é
problema algum".
"Senta, rapaz", disse eu, me embrulhando em uma toalha e rindo.
"Mas eu tenho sido tão bonzinho ", protestou ele.
"Quem espera sempre alcança", respondi, limpando o vapor do espelho e desembaraçando meus
cabelos úmidos.
Abri a porta e dei um passo à frente, pressionando meu corpo molhado contra seu peito aberto,
envolvendo meus braços em torno dele, e agarrando suas costas musculosas.
Ele inclinou a cabeça como se quisesse me beijar, e eu me afastei. "Eu disse que quem espera
sempre alcança... e você não esperou".
Eu o afastei e mergulhei dentro do meu armário, garantindo que ele tivesse uma boa visão da
minha bunda. Quando fiz a curva, tirei minha toalha para que ele visse que eu estava nua e fechei a
porta de correr.
Eu mal tinha vestido minha roupa íntima quando a porta se abriu e me vi envolta nos braços de
Aiden, seus lábios nos meus em uma paixão ardente.
Eu senti ele me puxando de novo, e caímos no colchão cheio de travesseiros. O peso de Aiden
pressionado contra mim com um forte desejo. Eu podia sentir como ele estava duro, e eu já estava
ficando molhada.
Ele rasgou sua camisa, revelando seu tronco definido e seus braços salientes. Seu peito pesado de
desejo e seus olhos verde-ouro cintilavam de luxúria.
Eu me inclinei e beijei meu Alfa. Seus lábios estavam macios e quentes, e cada vez que eu os
tocava, parecia que eu estava derretendo neles.
"Eu quero começar uma família com você, Sienna", disse ele de repente.
"Eu sei", eu respondi. "Nós vamos".
"Quero dizer, agora mesmo. Eu quero começar a tentar".
As palavras de Aiden me pegaram desprevenida. Eu sabia que eventualmente teríamos que falar
sobre isso, mas nos últimos seis meses eu tinha esquecido desse assunto.
Havia tanto para se acostumar depois de acasalar com o Alfa da segunda matilha mais poderosa
dos Estados Unidos. Eu não podia mais me vestir como antes, não podia sair em público sem
guarda-costas, e estava constantemente sob vigilância.
Chega de encontros espontâneos com as garotas na Winston's.
Chega de tardes tranquilas no parque, onde eu poderia ficar sozinha com meu caderno de
rascunho e meus pensamentos.
Eu tinha tarefas agora, como a que eu tinha que cumprir esta tarde. Era o primeiro dia do
Festival de Fertilidade, e a tradição da matilha exigia que eu me transformasse com Aiden na frente
da matilha inteira e o deixasse montar-me.
Pensei que Aiden estava brincando quando ele me contou pela primeira vez, mas acho que
quando você é criado como um Alfa, não questiona o status quo e as cerimônias ultrapassadas.
Mas eu não vim da realeza da matilha. Antes de ser sua cônjuge, eu era uma adotada de dezenove
anos com um pai humano e uma enorme aversão aos holofotes.
A ideia de ser tão vulnerável em um ambiente tão público era absurda, para não dizer
humilhante.
Eu havia tentado confrontar Aiden sobre isso, mas toda vez que eu tocava no assunto, ele
desconversava dizendo que isso não era grande coisa, mas que era importante para a matilha.
Não estávamos fazendo sexo nem nada, mas ainda assim o considerava como um caso bastante
íntimo e privado.
"Sienna? " perguntou Aiden, agarrando minha coxa.
"Sim, desculpe. Eu estava viajando."
"Você quer continuar?"
"Aiden, ainda não sei se estou pronta."
"O que você quer dizer? Já faz um ano. Alfas e seus companheiros devem começar a tentar os
filhotes no início da primeira Bruma depois de terem se acasalado. É uma tradição".
Houve essa palavra novamente. "Tradição".
Deus, como eu estava começando a odiar o som dela. E a Bruma, aquela loucura luxuriosa que
possuía todos os lobisomens durante a época do Acasalamento, estava prestes a piorar dez vezes a
situação.
"Podemos falar sobre isso mais tarde?" perguntei, tentando resgatar o momento romântico, que
estava rapidamente escapando.
"Claro, podemos conversar após a cerimônia", respondeu Aiden, olhando para mim com seus
olhos suaves e inocentes. Quanto mais eu olhava para eles, porém, mais confiante eu ficava de que
não poderia continuar com o ritual esta tarde.
Me matava fazer isso com ele, e eu sabia que era minha culpa por ter deixado passar tanto
tempo, mas algo dentro de mim não me parecia certo.
"Isso é algo mais que eu queria falar com você", disse eu, interrompendo o olhar dele.
"O que você quer dizer? Você está nervosa?", perguntou ele, acariciando meu braço.
Por que ele tem que ser tão doce logo agora?
Mas eu não poderia voltar atrás. Não havia mais tempo para adiar. Eu tinha que dizer a ele como
me sentia.
"Aiden, eu não quero fazer isso".
Um olhar confuso lhe passou pela cara, e eu esperava que pudéssemos resolver isso sem que isso
explodisse em uma briga.
"Por quê? E apenas uma pequena exposição para a matilha para que eles possam nos dar suas
bênçãos enquanto tentamos conceber".
"Se é só para a bênção da matilha, então por que precisamos nos transformar e fazer todas as
outras coisas"?
"É simbólico".
Eu esperava que Aiden tirasse um momento para ouvir a si mesmo e perceber o quão fraco era o
seu argumento, mas sua expressão era tão sincera que me fez soletrar minha objeção.
"Talvez para você, mas eu acho que é degradante".
"Minha mãe o fez, assim como a mãe de meu pai. Você é minha companheira, Sienna. Ninguém
vai te julgar..."
"Não é o que as outras pessoas pensam, Aiden. É com o que me sinto confortável".
"Escute", disse ele, saindo de baixo de mim e sentado em cima da cama. "Isto só acontece uma
ou duas vezes na vida". Vamos nos transformar por menos de um minuto. A tradição é o que
mantém a matilha unida. Sem ela, perdemos nossa identidade".
Lá vem aquela palavra estúpida de novo. "Sinto que estou perdendo minha identidade por ter que
seguir todas essas regras estúpidas", eu retruquei.
Coloquei um olhar severo no meu rosto, deixando-o saber que eu não mudaria de ideia "Olhe,
Sienna, esqueça a matilha. Você pode fazer isso por mim? E eu juro que nunca mais te pedirei para
fazer algo assim".
Aiden era meu mundo, e eu faria qualquer coisa para fazê-lo feliz, mas neste momento eu odiava
que ele não estivesse me ouvindo. Como um Alfa, ele não estava acostumado a comprometer-se,
mas se nosso relacionamento continuasse a crescer, ele precisaria descobrir como fazer isso.
"Você realmente não entende o meu lado?"
"É só desta vez, Sienna", respondeu ele. "Depois disto, você é que manda, meu amor". Eu tinha
certeza de que ele não ia ceder.
"Preciso terminar de me preparar", disse eu, saltando da cama e voltando para o armário.
"Você precisa de ajuda?" ele disse com um tom lúdico.
"Não, eu consigo me virar sozinha", respondi sem entusiasmo.
"Não demore muito", disse Aiden, pegando sua camisa e me mandando um beijo antes de sair
do quarto.
Vesti o vestido do festival e me olhei no espelho, pensando em todas as companheiras de Alfas
que suportaram isso antes de mim e me perguntando se elas se sentiam ou não tão enojadas quanto
eu.
É menos de um minuto, Sienna. É menos de um minuto.

***
O palco foi construído em uma clareira na floresta. Árvores gigantes tinham sido derrubadas e
seus corpos unidos para criar a gigantesca plataforma em que Aiden e eu agora estávamos. Atrás de
nós estava o resto do conselho e um convidado surpresa, Raphael Fernández, o Alfa do Milênio.
Não admira que Aiden não quisesse cancelar o festival.
Em todos os lugares, olhando para nós com excitação, estava praticamente toda a Matilha da
Costa Leste
Por um momento eu pensei ter visto um par de olhos roxos, mas deve ter sido apenas minha
imaginação.
Eu não tinha visto Eve desde que ela passou pela minha galeria há mais de seis meses.
Tampouco tinha recebido nenhum esclarecimento sobre aquele aviso vago sobre meus pais
biológicos com os quais ela me deixou.
Se meus pais realmente tivessem sido Alfas, eu me perguntava se eles também teriam que
participar deste ritual horrível.
Quando as declarações de abertura foram feitas, meu coração começou a bater. Eu não podia
acreditar que ia fazer isto. Eu fiquei pensando nisso dezenas de vezes enquanto dirigia para o
festival.
Senti a mão de Aiden agarrar a minha e apertá-la com tranquilidade. Ele então retirou seu manto,
revelando sua figura escura e estatuária, e começou a transformação.
É isso. Não tem mais volta.
Eu fiquei no lugar, sem me mover. Um suspiro ondulou através da multidão como uma onda.
O enorme lobo de Aiden agora estava ao meu lado, olhando com expectativa para a minha
forma humana.
Fui até o microfone e examinei os rostos estupefatos na multidão. Minha mão tremeu enquanto
eu puxava o microfone para baixo, apontando-o para meus lábios.
Não é tarde demais. Você ainda pode se transformar.
Não, você consegue, Sienna.
Eu tentei forçar as palavras, mas elas se recusaram a ceder. Minha adrenalina estava aumentando,
apertando minha garganta e todos os músculos do meu corpo.
Você também é uma Alfa, Sienna. Comece a agir como tal.
Fechei meus olhos, bloqueando o mar de pessoas e acalmando meus nervos. Minha garganta
relaxou, e as palavras saíram antes que eu tivesse a chance de pensar.
"Estarei com meu companheiro, mas apenas como seu igual, não como seu prêmio. Ainda peço
a sua bênção, mas não vou me transformar ".
Houve um momento de silêncio enquanto minhas palavras surtiam efeito, mas uivos furiosos
logo romperam em um tumulto crescente. Eu me afastei do pódio, sem saber o que fazer agora que
havia feito meu protesto.
Os gritos se intensificaram, e os rostos dos espectadores estavam repletos de malícia. Eu comecei
a me sentir assustada, ameaçada.
Teria eu acabado de cometer um grande erro?
Capítulo 32 – Ninguém Humilha a Matilha
Sienna
Eu senti um empurrão nas costas, me virei e vi Aiden ainda em forma de lobo.
"Sinto muito, não posso", disse eu, colocando minha mão em seu focinho. "Esta é uma tradição
que me recuso a manter".
Até mesmo os olhos de lobo do meu companheiro estavam cheios de desapontamento. Aquilo
apunhalou-me no coração como uma faca afiada. Era demais para aguentar. Tive que fugir antes de
me despedaçar completamente.
Virei e saí do palco o mais rápido que pude, sem correr.
Quando cheguei ao chão, Jocelyn estava lá esperando para me interceptar.
"Sienna, espere!"
"Jocelyn, não consigo. Eu preciso sair daqui".
"Certo", disse ela, olhando para mim e percebendo que eu não estava em condições de ouvir
nada do que ela tinha a dizer. "Venha comigo".
Ela pegou minha mão e me puxou para além das vans dos jornais. Já os repórteres e operadores
de câmera tinham começado a se aglomerar ao meu redor, com lentes e microfones.
Quando minha equipe de segurança nos alcançou, já tínhamos chegado aos carros da matilha.
Um dos seguranças abriu a porta de uma limusine e colocou nós duas lá dentro.
Fecharam a porta, e os sons do lado de fora foram instantaneamente silenciados. Enquanto
aceleramos, olhei para fora das janelas escurecidas para a multidão de lobos furiosos gritando para o
nosso carro. Acho que nunca havia me sentido tão odiada em minha vida.
Felizmente, eu ainda tinha a Jocelyn.
Como curandeira, ela não apenas curava feridas físicas, mas também emocionais.
Tínhamos nos tornado como irmãs no ano passado, e seu relacionamento anterior com Aiden
significava que ela o conhecia tão bem quanto eu, se não melhor.
Dito isto, eu tinha mantido minhas apreensões em segredo. Ela tinha sido criada no mesmo
mundo centrado em matilhas que Aiden, e se ela estava do lado dele, bem, eu decidi que preferia
continuar sozinha a correr o risco de rachar nossa amizade.
"Si, por que você não veio até mim?"
"Achei que você não entenderia. Pensei que você me diria o mesmo que Aiden ".
"O que ele disse?"
"Que não era nada demais. Que é importante para a matilha. Que eu estou exagerando. Mas
agora vejo como foi estúpido manter tudo entalado. E agora vocês dois me odeiam".
"Eu não te odeio, Sienna, e nem Aiden".
"Você não olhou nos olhos dele como eu olhei", respondi, repondo as lágrimas.
"Tenho certeza de que ele se sentiu envergonhado", respondeu Jocelyn. "E certamente a
presença do Alfa do Milênio não ajudou".
"Obrigada por me lembrar", eu chorei, enterrando meu rosto em minhas mãos.
Jocelyn colocou seu braço ao meu redor e acariciou meus cabelos, tentando me acalmar. Eu só
podia imaginar com o que Aiden estava lidando neste momento. Eu o havia abandonado ali, com a
multidão, com Raphael.
Eu era uma companheira horrenda.
"Posso dizer que se trata de mais do que apenas o ritual", disse Jocelyn em sua voz calmante de
curandeira.
Às vezes eu odiava como ela era boa em seu trabalho, mas acabara de testemunhar o que
aconteceu quando guardei as coisas para mim mesma.
Além disso, eu não tinha motivos para ter medo do julgamento de Jocelyn. Ela era minha melhor
amiga. Senti-me envergonhada de que o pensamento tivesse sequer entrado em minha mente.
"Aiden quer começar a tentar uma família agora, e eu não estou pronta de jeito nenhum".
"O que a faz sentir que não está pronta?"
"Eu não sei. É esta sensação que está pairando sobre mim. Eu não consigo explicar".
"Tem a ver com o Aiden?"
"Com certeza ele é uma parte importante. É como se ele só quisesse filhotes de cachorro porque
a tradição diz que começamos agora. Isso é uma loucura, certo? Você deveria querer ter filhos
porque quer ter filhos, não porque algumas regras ultrapassadas dizem que você deveria".
"Você disse isso a ele?"
"Não quero que ele pense que sou ingrata ou que não quero ter filhos com ele". O que eu quero
dizer é que acho que uma grande parte do mundo em que ele foi criado é uma grande bobagem".
"Talvez não deva usar essa palavra", respondeu Jocelyn, rindo, "mas todo relacionamento
saudável é baseado na comunicação aberta".
Sim, mas isso só funciona quando seu cônjuge está disposto a ouvir.
Me encolhi no banco frustrada, pensando na minha conversa com o Aiden antes de sairmos para
o festival, amaldiçoando-me por não ser mais assertiva.
"E a outra parte? " perguntou Jocelyn.
"O quê?" Eu respondi, voltando de meus pensamentos.
"Qual é a outra parte da sensação que está pairando sobre você?"
Eu não tinha certeza se sabia sequer, apenas que estava ali, pairando ameaçadoramente acima de
mim sempre que a conversa de ter filhos surgisse.
"É como este medo escondido no fundo da minha mente".
"Medo de quê?"
"Eu não sei. O desconhecido, eu acho".
"É normal ficar apreensiva quanto ao futuro. Si. Especialmente quando se trata de começar uma
família".
"Não, não se trata tanto do futuro, mas sim do passado de onde eu venho".
"Você quer dizer sua família?"
"Sim, mas não minha família adotiva, minha família biológica. Eu não sei nada sobre eles".
"E quanto isso te assusta?"
"Quero dizer, fui encontrada em uma carruagem. Eles podem ser qualquer um. Antes de passar
seus genes, você não acha que deveria saber o que eles estão carregando?"
"A família é mais do que genética, Sienna. Olhe para seus pais adotivos. Você acha que eles se
importaram com quem eram seus pais quando a levaram para casa?"
"Isso é diferente", eu protestei.
"Mas será?", respondeu Jocelyn.
"Claro que é. Fui literalmente empurrada nas mãos deles. Eles deveriam esperar por uma
checagem de antecedentes de meus pais antes de me trazerem para casa"?
"Si, eu acho que você está obcecada demais com isso. Qualquer criança que você tenha com
Aiden ficará bem. Você é uma loba perfeitamente saudável, amorosa, e ele é um Alfa. Eles também
recebem metade dos genes dele".
"Isso é fácil para você dizer. Você nem sequer acasalou ".
Lamentei imediatamente ter deixado sair as palavras da minha boca. Não ter acasalado era algo
que importava para Jocelyn, e embora eu não tenha dito por mal, eu sabia que tinha soado mal.
"Jocelyn, eu não queria dizer isso. Eu estava tentando..."
"Está tudo bem, Sienna. Eu sei que sua cabeça está em um milhão de lugares". Seu sorriso
reconfortante me fez saber que ela não tinha levado isso a sério. Eu respirei um suspiro de alívio.
"Você precisa falar com o Aiden, no entanto... sobre as duas partes ".
Como sempre, Jocelyn estava certa, mas como eu deveria abordá-lo depois do que acabara de
fazer?
"Bem, esse é o seu conselho sobre como reatar a relação com meu companheiro. O que você
prescreveria para reparar minha imagem com o resto da matilha"?
"Sou uma curandeira, não uma milagreira", respondeu Jocelyn, levantando suas mãos em
protesto.
Eu tinha silenciado meu telefone quando entramos no carro, ignorando uma enxurrada de
notificações, mas olhei para baixo e vi que tinha novas mensagens de minha mãe e Selene.
Além de Jocelyn, elas eram as únicas pessoas em minha vida com quem eu me sentia à vontade
para falar naquele momento. Eu sabia que elas não me julgariam pelo que eu tinha feito.
"Fale com elas", disse Jocelyn. "Acho que já dei todos os conselhos que tenho, seja como for".

Mãe: Querida, me ligue.


Mãe: Eu não estou com raiva. Eu só quero saber se você está bem.
Mãe: Não escute o que as pessoas horríveis da mídia estão dizendo.
Mãe: Si?
Sienna: OI
Sienna: Obrigada por perguntar, mãe
Sienna: Eu estou bem
Mãe: O que você fez foi tão corajoso.
Mãe: Seu pai e eu estamos aqui para você se precisar de nós. Nós te amamos.
Sienna: Obrigada. Isso significa muito
Mãe: Tudo isto está me mostrando muitas coisas sobre meus amigos.
Mãe: Patty veio na hora e começou a dizer algumas coisas não agradáveis.
Mãe: Acho que não vou mais falar com ela.

Minha mãe estava perdendo amigos por causa do que eu havia feito? Essa era a última coisa que
eu queria que acontecesse.
Eu não tinha a intenção de dividir a matilha. E o que a mídia estava dizendo sobre mim?

Selene: Irmã, todas as garotas no trabalho pensam que você é incrível


Selene: Estou tão orgulhosa de ser sua parente!
Selene: Não que eu não fosse antes rs
Sienna: Obrigada, mana (emoji de carinha rindo)
Sienna: Agradeço o apoio
Selene: Estou começando uma nova coleção
Selene: se chama "foda-se o "matriarcado"
Selene: exagerei?
Sienna: Muito bem, Cachinhos dourados

Então, eu estava destruindo amizades e liderando movimentos sociais.


Ótimo.

***
O carro nos deixou na Casa da Matilha. Pensei em ir para casa, mas as inúmeras mensagens de
Aiden deixaram claro que ele tinha que lidar com aquela situação e que estaria lá pelo resto do dia.
Aiden estava ao telefone quando cheguei em seu escritório. Ele ergueu um dedo para me avisar
que estaria livre em apenas um momento.
Fiquei confortada com o fato de que ele me olhou com o rosto de um homem mergulhado no
trabalho, não de um companheiro enraivecido.
Ainda assim, sua distância me aborreceu.
Comecei a pensar no que eu diria a ele quando ele desligasse o telefone. Como eu começaria? E
se ele dissesse que estava trabalhando até tarde e que eu deveria ir para casa sem ele?
"Olá, garotinha".
Ele já estava pronto? Eu ainda não tinha ideia de como deveria começar.
"Ei, Sr. Wolf," eu disse, empatando. "Eu queria saber se você precisava de uma carona para casa
hoje à noite".
O que? Uma carona para casa? Não, eu quero saber se podemos falar sobre como eu acabei de virar nossa vida de
cabeça para baixo.
"Depende de quem está dirigindo", respondeu ele, caminhando na minha direção com uma
sensualidade que me deixou com água na boca.
Foco, Sienna.
Ao invés de me beijar como eu queria, ele parou alguns passos e cruzou os braços, esperando
uma resposta.
Eu não podia suportar esta tensão entre nós. Era como se estivéssemos cada um esperando que
o outro tomasse uma atitude. Os flertes brincalhões daquela manhã pareceram como se fosse um
milênio atrás.
"Aiden, quero falar sobre esta tarde".
"O que que tem?"
"Não faça isso".
"O quê?"
"Não me faça soletrar. Você sabe que eu sinto muito por tudo isso. Não era minha intenção..."
"Olhe, Sienna, eu entendo porque você não se transformou.
"Então por que você está agindo com tanta frieza?"
"Eu não disse que concordava com isso", respondeu ele, mudando sua expressão para uma de
desdém.
Não conseguia descobrir o que me machucava mais, o fato de que ele entendia quanta dor aquilo
me causaria, ou que, mesmo após o fato, ele estava chateado com minha decisão.
Qualquer sentimento de reconciliação começou a evaporar e foi imediatamente substituído por
uma raiva fervente.
"Por que é tão difícil para você deixar de lado suas estúpidas tradições"? Eu gritei. "Você não vê
que eles estão nos despedaçando, Aiden? E para quê? Para que a matilha possa dormir feliz, sabendo
que seu Alfa e sua companheira estão em casa fodendo todas as noites, tentando conceber o
próximo Alfa?"
Eu não podia acreditar que ele quisesse deixar isso de lado como se fosse um item trivial em sua
agenda. Sua indiferença só alimentou o fogo que jorrava da minha boca.
"Ou falamos sobre isso agora ou você encontra outro lugar para dormir hoje à noite"!
Certamente ele saberia que eu estava falando sério agora.
"Vejo você pela manhã então", disse ele, sem hesitar.
Eu não podia acreditar que aquilo estava acontecendo.
O que foi que eu fiz?
Capítulo 33 - Visitantes Inesperados
Sienna
A noite anterior foi a primeira que passei sozinha desde que nos acasalamos.
Eu mal conseguia dormir, fiquei deitada na cama lembrando do que tinha acontecido no
escritório de Aiden. Eu queria poder voltar atrás e lidar com tudo de outra maneira.
Eu me sentia incompleta quando acordei naquela manhã. Eu mal conseguia comer. As pontadas
de arrependimento suprimiram qualquer apetite que eu pudesse ter.
Eu não conseguia nem mesmo me obrigar a ir para a Casa da Matilha. Em vez disso, passei o dia
na casa dos meus pais pintando.
Quando eu precisava endireitar minha cabeça, geralmente recuava para o estúdio anexo à minha
galeria, mas esses dois lugares eram presentes de Aiden, e eu não queria mais deixá-lo perturbar
minha mente.
Mas eu sabia que não poderia evitá-lo para sempre. Não só porque ele era meu companheiro,
mas porque naquela noite era o chá de bebê da minha irmã.
Ela e seu marido, Jeremy, estavam esperando seu primeiro filho, e Aiden e eu éramos os
padrinhos lunares, então nós dois tínhamos que comparecer.
Uma hora antes de termos que estar no restaurante, ele parou em nossa casa. Eu tinha voltado
para casa mais cedo, com a intenção de consertar as coisas e estava esperando por ele na cozinha.
A porta da garagem se abriu e ele entrou com a mesma expressão indiferente de ontem à noite,
antes de eu sair de seu escritório.
Ele me olhou, nem um pouco surpreso em me ver ali. "Você pintou alguma coisa de que
gostou?"
"Como você... " Então eu olhei para baixo e vi as pequenas manchas de tinta seca em minhas
calças. "Olha, Aiden, vamos só passar por essa noite?"
"Não acho que vamos ter problemas. Eu adoro bebês."
"Eu nunca disse que não queria um filho. Claramente, você não ouviu nada do que eu disse."
"Ser minha companheira significa que nossa família não é só você e eu; é a Matilha toda."
"Isso é engraçado vindo de um homem que nem fala com os próprios pais. Quanto tempo se
passou desde que eles navegaram em direção ao pôr do sol? Dez anos?"
"É complicado, Sienna."
"É isso não é? Acho extremamente hipócrita da sua parte querer uma família, considerando o
pouco esforço que faz para manter contato com a sua. Eles nem mesmo vieram para a nossa
cerimônia de acasalamento."
"Não vou cometer os mesmos erros que eles." Ele fez uma pausa, suspirando. "Se é assim que
vai ser, eu não acho que devo ir esta noite. Você pode dizer a eles que estou ocupado com o
trabalho."
"Eu não vou fazer isso porque, ao contrário de você, eu me preocupo em estar presente com a
família, e você vai ser o padrinho lunar da minha futura sobrinha, então você vai estar lá esta noite,
goste ou não. A Matilha pode ser minha família agora, mas vale para os dois lados, e Selene é sua
família agora também."
Eu não tinha notado até agora, mas minhas mãos estavam fechadas e minhas unhas estavam
cravadas nas minhas palmas.
Não tinha percebido até então que talvez a relação complicada de Aiden com seus pais fosse a
razão de ele ser tão inflexível sobre começar um relacionamento para o bem da Matilha.
Eles eram a coisa mais próxima de uma família que ele tivera até eu aparecer.
Talvez esta noite fosse algo bom para ele. Ele podia ver como uma família saudável funcionava
unida.
Eu só esperava que Selene e minha mãe não fossem tão loucas por bebês a ponto de ficarem do
lado de Aiden quando o assunto surgisse, o que eu sabia que aconteceria.
Nós dois nos transformamos em silêncio. Um contraste gritante com nossa brincadeira de duas
manhãs atrás.
Eu não pude deixar de olhar furtivamente enquanto ele puxava a calça por cima das coxas
rasgadas e da bunda forte e musculosa. Posso ter ficado com raiva dele, mas ele ainda era meu
companheiro, e essa distância estava me matando.
Eu o queria muito. Cada parte de mim ansiava por seu toque, fantasiava sobre o gosto de seus
lábios.
Quando a Bruma chegou, eu não sabia o que fazer. Aquilo nos transformou em animais
selvagens e completamente enlouquecidos por sexo. No ano passado, meu sexo praticamente
explodia sempre que Aiden olhava para mim.
"Você vai ficar me olhando a noite toda ou vai terminar de se arrumar?" ele perguntou, tirando-
me do meu devaneio.
"Não se iluda. Eu só queria ter certeza de que sua roupa estava bonita."
"Então agora sou um tirano e ainda por cima não me visto bem?"
"Pare com essa maldade" eu disse, ficando um pouco chateada.
"Ei, Sienna", disse ele, arrumando a gravata.
"O quê? " Eu disparei, esperando pelo próximo comentário sarcástico.
"Você está linda."
Por mais que tentasse, não pude evitar de corar. Meu deus, ele era um idiota, mas eu o amava por
isso.
"Depressa, vamos nos atrasar", eu disse, pegando meu casaco. "Vejo você no carro."

***
O lugar era um restaurante tailandês divertido, que, de acordo com Selene, ficava na cidade onde
ela e Jeremy conceberam minha futura sobrinha. Um fato que minha irmã fez questão de me dizer
quando ela estava planejando esta noite.
Selene estava sempre me dando informações demais, provavelmente porque ela sabia o quão
desconfortável me deixava ouvir sobre sua vida amorosa. Mas acho que irmãos são assim mesmo.
Aiden tinha um irmão mais velho também, Aaron, que morreu onze anos atrás depois que sua
companheira foi morta em um acidente de trabalho.
Esse era o poder do vínculo de acasalamento. Se um do par morresse, o outro o seguia logo
após. Um coração não poderia bater sem seu parceiro.
Isso foi na época em que ele parou de falar com seus pais.
Pelo que Aiden me disse, a morte de Aaron os afetou demais, os fazendo mergulhar em viagens
e extravagâncias para se distrair.
No que me dizia respeito, não me importava em não os ter por perto. Se eles foram capazes de
fazer uma lavagem cerebral em Aiden para seguir todas essas tradições idiotas da Matilha, só deus
sabe o que mais eles poderiam manipulá-lo a fazer.
Do lado de fora do carro, os postes da rua passavam e as luzes da cidade cortavam a noite como
aglomerados de vaga-lumes, congelados em prisões geométricas.
Virei-me para Aiden, seu rosto recém-barbeado piscando para dentro e para fora das sombras
enquanto avançávamos pela rua.
Ninguém me preparou para esse tipo de amor — o tipo em que você pode olhar para seu
parceiro por horas sem dizer uma única palavra e ficar totalmente satisfeito.
Fui dominada pelo desejo de tocá-lo, de me conectar com ele.
Eu deslizei minha mão sobre a dele enquanto ela descansava no câmbio.
Ele pareceu ignorar isso, e eu imediatamente me senti uma idiota. Comecei a me afastar quando
ele me parou.
"Continua", disse ele, suavemente, deixando meus dedos caírem entre os dele.

***
Antes que eu percebesse, estávamos no restaurante. Aiden deu ao manobrista a chave e nós
entramos.
Eu podia ouvir minha mãe antes de vê-la; sua risada foi imediatamente reconhecível e carregada
por pelo menos 400 metros.
Ela e Selene eram bem mais extrovertidas do que eu, mas acho que fazia sentido, visto que
Selene é sua filha biológica.
São pequenas coisas como essa que me deixam tão hesitante em ter meus próprios filhos.
O que será que eu vou passar para meus filhotes? Eu precisava saber.
"Sienna! Ah, você está tão linda", gritou minha mãe quando entramos na sala de jantar. "Aiden,
você está perfeito, como de costume."
"Tudo por você, Melissa", ele respondeu, beijando-a na bochecha.
"Calma aí, " disse meu pai, aproximando-se e dando um abraço em Aiden. "Eu posso ser
humano, mas ainda posso sentir quando alguém está dando em cima da minha companheira."
"Como vai, Robert? Ansioso para ser avô?"
"Sim, mas não tanto quanto Melissa está ansiosa para ser avó. Ela já transformou o antigo quarto
de Selene em um berçário e agora está adaptando a casa inteira para proteger os bebês."
"Ah, pare", minha mãe respondeu, batendo no braço do meu pai. "Você me faz parecer uma
pessoa maluca. Gosto de planejar com antecedência, só isso. Falando nisso, quais são as novidades
em relação ao bebê com..."
"Melissa, por que você não vem me ajudar com os presentes?" disse meu pai, agarrando-a pelo
braço. "Deixe-a dizer olá para Selene."
"Aí, tudo bem. Continuaremos isso mais tarde", minha mãe disse, tomando outro gole de vinho.
Meu pai me lançou um olhar compreensivo e agradeci a ele por garantir que evitássemos uma
conversa desconfortável. Ele sempre teve uma maneira estranha de saber como eu me sentia,
mesmo sem eu dizer nada.
"Mana!" gritou Selene, aproximando-se com sua barriga grande. Ela estava simplesmente
radiante. "Estou tão feliz por você estar aqui. Desculpe pela mamãe. Eu não estava controlando
quantos copos ela tomou."
"Está tudo bem", eu disse, rindo. "Deixe-a aproveitar a noite."
"Bem, ela vai poder fazer tudo de novo quando você tiver o seu. Não importa quando for."
"Obrigado por esclarecer." Eu revirei meus olhos.
A conversa na mesa era obviamente sobre bebês, e nas poucas vezes que começou a se desviar
em minha direção, Selene era hábil o suficiente para se intrometer.
Eu sabia que todos queriam perguntar sobre o festival, e acho que a única razão pela qual eles
não perguntaram foi porque Aiden estava sentado ao meu lado.
Os lobos fofocavam tanto quanto os humanos, mas era praticamente sentença de morte falar
sobre a companheira do alfa bem na frente dele.
Apesar de tudo que estava acontecendo entre nós, Aiden estava com seu jeito encantador de
sempre. Apreciava o esforço que ele fazia para sempre garantir que a minha família viesse em
primeiro lugar nesses eventos, nunca deixando-a ser superada por sua fama.
"Eu gostaria de fazer um brinde", disse Jeremy, pondo-se de pé. "A minha adorável esposa,
Selene, a futura mãe de nossa linda garotinha. Eu te amo, querida, e mal posso esperar para criar essa
lobinha tão especial com você."
"Olha só!" disse uma voz desconhecida.
Virei-me e dei de cara com um homem e uma mulher de meia-idade parados na porta.
Ela tinha cabelos pretos ondulados que iam até os ombros e usava calça pantalona vermelha e
um blusa azul-marinho despojada. Ele era enorme e usava um blazer xadrez com um ascot lilás
horroroso.
Havia algo em seu rosto que parecia familiar, mas não tinha ideia do que era.
"O que eles estão fazendo aqui?" disse Aiden.
"Você os conhece?" Eu perguntei um pouco confusa.
"Sim", respondeu ele, enrolando o guardanapo. "São os meus pais."
Capítulo 34 – Quanta Audácia
Sienna
Enquanto preparava o café, esforcei-me para ouvir qualquer boato que eles pudessem deixar
escapar enquanto eu estava fora da sala. O chá de bebê da Selene estava bem mais quente do que eu
imaginava.
Após o choque inicial, todos trocaram gentilezas; afinal, eles eram meus sogros.
Aiden, no entanto, rapidamente os levou para longe.
Ele queria me manter longe, mas eu queria ir junto. Eles claramente tinham um motivo para
aparecer do nada, e eu não queria ficar de fora.
Terminei de preparar a bandeja e levei para a sala, onde todos se sentaram. Eu sorri para a mãe
de Aiden, e ela retribuiu meu gesto com um sorriso educado. Eu sabia que ela estava me julgando.
"Charlotte, se você não se importa que eu pergunte, como você e Daniel souberam sobre o chá
de bebê da minha irmã?"
"Ah, querida, que pergunta mais boba," ela respondeu com uma risada tolerante. Ela bateu seus
óculos escuros de grife contra os lábios enquanto ria, como se ela achasse que isso a fazia parecer
pensativa.
"Nós sempre sabemos onde Aiden está", ela continuou, pegando a caneca de café como se
nunca tivesse visto uma antes. "Aiden, toda a sua porcelana está lavando?"
Eu queria gostar dessa mulher, queria mesmo, mas com ela agindo desse jeito, não tinha certeza
de quanto mais eu aguentaria.
"Onde vocês estão hospedados?" perguntou Aiden, tentando mudar de assunto.
"O que você quer dizer?" respondeu Daniel. "Você ainda tem a casa de hóspedes, não é?"
Nem por cima do meu cadáver Eu sutilmente movi meu pé sobre o de Aiden e pressionei seus dedos.
"Não tenho certeza se está de acordo com os padrões da mamãe", ele rebateu.
Bom menino.
"Ah, nós podemos cuidar disso'', respondeu Daniel, tomando um gole de café. "Além disso, ficar
em outro lugar iria anular o propósito de nossa visita."
"E qual seria o propósito?" Eu perguntei o mais inocentemente possível.
"Ora, para conhecê-la, querida," respondeu Charlotte. "Eu queria ver que tipo de mulher estava
acasalada com meu filho."
"Se você estivesse tão interessada, você poderia ter vindo para a nossa cerimônia de
acasalamento", disse Aiden severamente.
"Não se irrite, Addy. As cerimônias de acasalamento são um monte de pompa e lengalenga. Não
é como se você tivesse que se transformar ou algo assim."
Charlotte deixou as últimas palavras pingarem de sua língua como ácido.
Mas que bela vagabunda.
Então, tudo isso tinha a ver com o festival da fertilidade. Eu tinha causado um escândalo, e agora
ela queria ver quem tinha bagunçado o mundinho alfa e perfeito de seu filho.
"Você mesmo decorou este lugar ou contratou alguém?" Charlotte perguntou enquanto
examinava a sala.
"Eu mesma decorei", eu disse.
"Foi o que pensei", respondeu ela, levando a caneca aos lábios. "Hm", disse ela, sentindo o
cheiro.
"Algo está errado? Posso trazer outra coisa para você beber" eu ofereci.
"Não, isso está maravilhoso", respondeu ela, pousando a caneca. "Só acho que não estou mais
com disposição para líquidos. Addy, o que deu em você para comprar aquele quadro? É um pouco
amador, ou era essa a intenção?"
"Sienna pintou, na verdade", respondeu Aiden. "Ela tem sua própria galeria."
"Então, é isso que você faz quando não está nas manchetes", comentou Charlotte, ainda
mastigando seus estúpidos óculos de sol.
"Aiden, que tal você colocar esses músculos para trabalhar e me ajudar a trazer nossas malas",
disse Daniel, pondo-se de pé.
Aiden me lançou um olhar como se dissesse que não havia nada que ele pudesse fazer, e eu
respondi com um sorriso forçado.
Eu assisti ele e seu pai saírem da sala, e parecia que eu estava sendo abandonada em uma ilha
com uma leoa faminta.
"Você não tem ideia da sorte que tem", disse Charlotte, recostando-se na cadeira. "Eu tinha vinte
e quatro anos quando acasalei com Daniel. Quantos anos você tem mesmo?"
"Vinte."
"Então você tinha apenas dezenove anos? Que beleza, " ela disse, entusiasmada. "Agora tudo faz
sentido. Dezenove, meu deus."
"Desculpe?"
"Eu estava tentando descobrir por que você sentiu que era importante fazer o meu filho e toda a
nossa Matilha de bobo. Mas agora está claro que você não sabia de nada. Não se preocupe, vamos
esclarecer tudo agora mesmo."
"Na verdade, eu sabia exatamente o que estava fazendo", retruquei.
"E o que você achou que era, querida?"
"Protestar contra um ritual arcaico que me deixou extremamente desconfortável."
"Você já se perguntou por que, nos milhares de anos em que a Matilha existe, você foi a primeira
a recusar a se transformar?"
"As coisas mudam."
"Sim, minha querida, elas mudam, mas as pessoas não."
"Claramente", eu murmurei baixinho. "Talvez eu deva ir ver se Aiden e Daniel precisam de
ajuda."
"Não precisa", respondeu Aiden, carregando duas malas de couro ridiculamente grandes.
"Tem certeza? Posso colocar lençóis na cama."
"Não, eu posso fazer isso quando eu deixar essas malas", disse Aiden.
"Bem, nesse caso, se não precisam mais de mim, acho que vou dormir."
"São apenas nove e meia", protestou Daniel. "Eu estava prestes a fazer Manhattans para todos
nós."
"Podemos adiar para amanhã?"
"Claro. Vejo você de manhã, minha querida" ele respondeu.
"Quanto tempo você e mamãe vão ficar?" perguntou Aiden.
"Você já se cansou de nós? " disse Charlotte, brincando com seus óculos de sol novamente.
Eu juro que queria pegar aquele negócio idiota da mão dela e parti-lo ao meio. A audácia dessa
mulher, entrando em nossa casa e me dizendo que meu protesto era infantil.
Eu não me importava se ela era minha sogra; ela iria descobrir que tipo de mulher eu era.
"Sienna e eu temos muitas coisas para cuidar", disse Aiden. "Vocês sabem como é liderar a
Matilha. Só quero ter certeza de que vocês entendem que não estaremos por perto o tempo todo."
"Não se preocupe conosco, Addy. Seu pai e eu não precisamos de babá. Nós sabemos que você
já está cansado disso" ela disse, piscando seus olhos para mim.
Essa vaca está pedindo para apanhar.
"Boa noite a todos. Charlotte e Daniel, vejo vocês pela manhã."
"Eu te encontro daqui a pouco", disse Aiden. "Vou tentar não te acordar."
"Aiden, não se preocupe comigo, querido," eu respondi, agarrando-o pelo rosto e cravando meus
lábios nos dele. Eu fiz de tudo para que minha língua explorasse toda a sua boca antes de deixá-lo ir.
"Não demore muito."
Eu lancei um olhar presunçoso para Charlotte, que estava fervilhando silenciosamente.
Quando fechei a porta do quarto, sabia que não havia nenhuma maneira de ficar em casa no dia
seguinte.
Eu precisava encontrar uma desculpa para sair.

Sienna: O que você vai fazer amanhã?


Michelle: nada demais, na real
Michelle: pq?
Sienna: Os pais do Aiden apareceram no chá ontem
Michelle: O QUÊ?????
Michelle: mds, quer me ver agora?
Michelle: como eles são?
Sienna: Não, pode ser amanhã
Sienna: Pego você às 9
Sienna: O pai parece legal
Michelle: e a mãe?
Sienna: Te conto amanhã
Michelle: (emoji de boca aberta) AFF
Michelle: mal posso esperar

Sempre que Michelle e eu precisávamos de um momento só nosso, tínhamos que dispensar os


guarda-costas que me acompanhavam quando eu saía da minha casa ou da Casa da Matilha.
Eu achava que ter seguranças era bobagem, considerando que eu era uma loba dominante que
podia cuidar de mim mesma, mas agora que havia literalmente uma multidão fora da Casa da Matilha
querendo acasalar, eu não me importava de tê-los por perto.
Desde que Michelle se acasalou com o Beta de Aiden, Josh, nós duas tivemos que lidar com a
adaptação às nossas novas vidas. A transição dela foi muito mais fácil do que a minha, no entanto.
Michelle adorava todas as roupas elegantes e regras de etiqueta.
Ao contrário de mim, ela sempre gostou de ser o centro das atenções.
Na manhã seguinte, enquanto calçava os sapatos, preparei uma desculpa para não poder ficar
para o café da manhã, mas quando desci, Aiden me informou que seus pais já tinham saído, o que
para mim era ótimo.
Para mim, a mãe dele nem precisava voltar.
Quando cheguei à casa de Michelle, ela já estava esperando do lado de fora. Ela era movida a
fofoca e sabia que estava prestes a receber o suficiente para mantê-la satisfeita por um mês.
Ela se amontoou no banco de trás e imediatamente jogou os braços em volta de mim.
"Si! Eu literalmente não consegui dormir ontem depois das suas mensagens."
"Não é nada demais."
"Você está brincando? Isso é melhor do que quando Mia descobriu que estava grávida de
gêmeos!
"Todo mundo só quer saber de crianças?"
"Desculpe, desculpe! Eu esqueci."
"Para onde, senhoras?" perguntou meu guarda-costas. Eu gostaria muito que eles não fossem
trocados com tanta frequência, para que eu pudesse lembrar seus nomes.
"Na parte alta da cidade, por favor, vamos experimentar alguns vestidos", respondeu Michelle.
"Compra de vestidos? Não dava para ser mais criativa?"
"Você me avisou de última hora, Si. Fazer o quê."
"Vai ter que servir, " eu disse, sarcasticamente.
A loja de vestidos que Michelle escolheu era a mais feminina de todas. Meu guarda-costas estava
claramente desconfortável em pé entre as decorações floridas e os manequins extravagantes.
''Vamos experimentá-los", disse Michelle, pegando alguns vestidos de verão aleatórios da
prateleira.
Depois que sumimos de vista, uma das garotas que trabalhava lá se aproximou e Michelle
entregou-lhe os vestidos e uma nota de cinquenta dólares.
"Jas, finja que está pegando vestidos para nós, e depois de dez minutos, você pode dizer a eles
que desaparecemos para que você não tenha problemas."
"Não é um problema", respondeu a adolescente corajosa.
Eu normalmente me apressava sempre que estávamos prestes a escapar, mas desta vez tive um
mau pressentimento.
"Michelle, talvez devêssemos ficar com meu guarda-costas desta vez. Irritei muita gente no
festival. Eu não me importo se ele nos ouvir conversar."
"Si, por favor", respondeu Michelle, tirando da bolsa um gorro, um cachecol e um grande par de
óculos de sol.
"Você não achou que eu levaria sua segurança em consideração? A gente vai por apenas uma
hora ou duas. Não seja uma gatinha assustada, Madame Alfa."
Uma voz dentro da minha cabeça estava me dizendo para não ir, mas talvez eu estivesse sendo
cautelosa demais.
"Você está certa, vamos embora"’, eu disse, colocando o disfarce.
Jas nos conduziu pelo corredor e destrancou a saída de emergência.
"Ok, estou impressionada", disse eu enquanto corríamos para fora da loja, até a traseira de um
táxi em marcha lenta.
"Viu? Deixa comigo, garota."
"Mal posso esperar para que tudo isso passe."
"Eu que o diga. Josh ficou superirritado com isso, mas eu o acalmei."
"Você não precisava fazer isso, Michelle."
"Você está brincando? Quer dizer, se eu estivesse no seu lugar, teria deixado Josh montar a noite
toda em mim. Quanto mais pessoas, melhor. Eu gosto desse tipo de coisa. Mas cada um com seu
lobo. Isso que importa, certo?"
"Isso também", respondi, rindo. "Como estou?"
"Está acabada", disse Michelle com um sorriso.
Quando saímos do shopping, não pude evitar a sensação de que estávamos sendo seguidos.
Olhei pela janela traseira, mas não vi nada fora do comum.
Você está sendo paranoica. Relaxe.
"Então, Michelle, para onde estamos indo?"
"Onde você acha que vamos antes das onze em um dia de semana? mi-mo-saaaaas, caralho!"
Capítulo 35 - Entrando na Fila
Aiden
Eu não era idiota. Eu sabia que meus pais não tinham vindo para a cidade com o desejo de se
reconectar.
Depois que Aaron morreu, eles deixaram claro quais eram suas prioridades. Claro, eu era tão
culpado quanto eles por não manter contato, mas tinha dezoito anos quando eles começaram sua
jornada pelo mundo.
Eu havia perdido meu irmão e precisava deles mais do que nunca. Em vez de se certificarem de
que eu estava bem, eles me entregaram à Matilha e, ao mesmo tempo, me disseram adeus.
Posso ter sido o alfa, mas não significava que tinha todas as respostas.
Foi um alívio quando acordei e vi que o carro deles havia sumido.
Depois que Sienna foi para a cama ontem à noite, eu esperava algum tipo de conversa séria,
inferno, talvez até um pedido de desculpas. Em vez disso, acabamos de falar sobre suas viagens e
ouvi suas críticas e elogios a pessoas que nunca havia conhecido antes.
Por que eu estava ficando nervoso com isso? Não é como se eles fossem ficar para sempre. Dei a
eles uma semana no máximo antes que fossem obrigados a viajar novamente.
Talvez eu os visse novamente em mais dez anos. Até então, eu estava mais do que satisfeito em
receber um ou dois cartões postais aleatórios que eles mandariam.
Eu poderia lidar com tudo isso mais tarde esta noite, no entanto. Agora eu estava finalmente
sozinho e podia começar a trabalhar na montanha de papelada que estava na minha mesa.
Quando abri a primeira pasta da pilha, ouvi uma batida suave na porta do meu quarto.
"Sim? Entre" eu disse.
"Espero não estarmos interrompendo nada'’, começou minha mãe, entrando com meu pai como
se fossem os donos do lugar. "Quando você se livrou das secretárias? Eu me sinto tão rude em
aparecer sem alguém para me anunciar."
"Gosto do que você fez no escritório, filho", disse meu pai, examinando a sala. "Você contratou
alguém ou fez o trabalho sozinho?"
"Eu mesmo fiz. Acho que o papel de parede e as tapeçarias não combinavam muito comigo."
"Você não jogou fora as tapeçarias, jogou, Addy? Aquelas eram peças inestimáveis da herança da
Matilha."
É claro que essa foi a primeira coisa que lhe veio à mente. Foi ela quem fez com que eu crescesse
conhecendo cada pedaço da tradição e história da Matilha.
Quando eu era pequeno, ela me fazia recitar os nomes dos últimos vinte alfas e o que cada um
deles tinha feito para contribuir com nossa Matilha antes que eu pudesse jantar.
"Onde está aquela sua esposa cabeça quente?" perguntou Daniel.
"Não sei", respondi.
"Eu a controlaria com mais vontade se fosse você", respondeu ele. "Ela tem o pavio curto, e não
há como adivinhar que outras 'declarações' ela possa fazer"
"Eu não sou o dono dela, pai. Ela é uma mulher adulta."
"Bem, de acordo com as notícias, você deve ser o único que acha isso", interrompeu minha mãe.
"Aquela façanha no festival foi inescrupulosa. Mesmo estando do outro lado do mundo, nós ficamos
sabendo, pelo amor de deus.
"Ela e eu estamos conversando sobre isso, mãe. Eu não preciso que vocês interfiram."
"Pelo contrário, acho que é exatamente o que você precisa que façamos. É claro que ela não tem
conceito de dever ou tradição. Daniel, ajude a explicar ao nosso filho a importância do que está
acontecendo."
"Aiden, você tem que perceber que Sienna não cresceu como você. Sabemos que você não pode
escolher com quem acasalar, então não estamos dizendo que nada disso é culpa sua, mas ela é muito
jovem, filho.
"Ela simplesmente não entende o que significa estar à frente do grupo. Quando o deixamos no
comando, sabíamos que tudo estaria em boas mãos. Você foi preparado para isso. Ela não foi."
"E daí? Você está dizendo que as coisas não estão em boas mãos?" Eu perguntei, perplexo.
"Sinceramente, Addy, não estão. Esta família tem sido a cabeça da Matilha por cinco gerações, e
essa garota qualquer pode acabar manchando todo o nosso legado."
Eu estava farto de seus insultos. Eles eram meus pais, mas havia um limite que eu não os deixaria
ultrapassar.
"É da minha companheira que você está falando, mãe."
"Sim, tenho plena ciência disso. Suas origens humildes são de conhecimento comum, querido.
Não há necessidade de ficar irritado."
"Estamos aqui para ajudá-lo com esse pequeno problema, Aiden. Se você, sua mãe e eu nos
sentarmos com Sienna, sei que podemos fazê-la entender que a união da Matilha é mais importante
do que seus protestos fantasiosos.
"Pai, eu já disse, estamos trabalhando nisso juntos."
"E você acha que está dando certo?" minha mãe respondeu. — Você tem 29 anos, Addy. O que
você acha que acontece quando o alfa de uma Matilha chega aos trinta e ainda não tem filhotes? As
pessoas começam a ficar preocupadas. Outros alfas começam a observar seu território."
"Você precisa colocá-la sob controle e tentar criar uma família, Aiden. É sua responsabilidade
como alfa."
Antes que eu pudesse dizer outra palavra. Josh entrou pela porta, sem saber da briga que eu
estava tendo com meus pais. Ele os viu e então olhou para mim.
"Eu volto depois" ele disse, começando a recuar.
"Não, eles já estavam saindo", respondi, feliz por encerrar a conversa.
"Josh, é você?" perguntou minha mãe, radiante. "Ah, que homem bonito você se tornou. Eu
também ouvi que você acasalou."
"Olá, Sra. Norwood, Sr. Norwood. Sim, já faz um tempo. Na verdade, é por isso que estou aqui.
Aiden, nossas amáveis esposas escaparam do segurança de Sienna. Meus rapazes estão meio que
perdendo a paciência."
Ótimo, isso era exatamente o que eu precisava agora.
Olhei para minha mãe, que estava prestes a proferir algo presunçoso, como: "Eu te avisei". Nós
nos olhamos, e eu soube imediatamente que ela não ficaria em silêncio. O momento era bom demais
para ela desperdiçá-lo.
"Sim, parece que você tem total controle sobre sua companheira" ela disse, mordendo a ponta de
seus óculos de sol. "Bem, já que tudo está sob controle por aqui, acho que podemos encontrar um
lugar para almoçar, Daniel. Você não acha?"
"Sim, vamos deixar Aiden em paz. Veremos você e Sienna esta noite, filho. Manhattans às oito.
Sem desculpas."
Fiz questão de acompanhá-los até a porta e a fechei prontamente após sua saída.
Minha vida estava indo de mal a uma merda completa, mas a primeira coisa a fazer era ter
certeza de que Sienna estava segura.
Esta foi a quarta vez que ela e Michelle escaparam de seus guarda-costas. Insisti neles desde que
aquela mulher estranha, Eve, apareceu no Baile de Inverno do ano passado e disse a Sienna que ela
estava em perigo.
"Eu não sabia que seus pais estavam na cidade", disse Josh.
"Eu também não, até ontem à noite. E mal posso esperar que eles saiam."
"Você... quer falar sobre isso? " disse Josh, claramente se sentindo um pouco estranho, mas
também obrigado a perguntar. A comunicação interpessoal nunca foi seu ponto forte.
"Está tudo bem", respondi, para grande alívio de Josh. "No momento, precisamos descobrir
onde nossas esposas estão."
"Como é o horário nobre do brunch, e estamos em uma quinta-feira, tenho um bom palpite de
onde Michelle levou Sienna."
"Ótimo, você pode ir buscá-las? Preciso resolver algumas coisas aqui."
"Sim, sem problemas. Eu as trarei de volta aqui imediatamente."
"Mande Sienna direto para o meu escritório. Vou ter uma longa conversa com ela."
Sienna
A doçura borbulhante da mimosa era exatamente o que eu precisava. Mais um motivo para eu
estar feliz por não estar grávida.
"Então, como ela é? " perguntou Michelle.
"Ah, a Charlotte é um anjo, " eu respondi. "Ela basicamente falou na minha cara que acha que
sou muito jovem para estar com seu filho e que eu estava sendo imatura por não seguir o ritual.
Quem ela pensa que é para me julgar sendo que foi ela quem basicamente abandonou seu filho por
dez anos?"
"E eles vão ficar aqui?"
"Sim, na casa de hóspedes, embora eu duvide que eles vão ficar só lá."
"E o pai do Aiden?"
"Ele não é tão nojento quanto a mãe, mas tem uma mente muito fechada. Ela é literalmente a
pior."
"Caramba, lembre-me de dar um grande abraço na mãe de Josh quando eu a vir. A pior coisa que
Nancy já fez foi me dizer que achava que minhas batatas precisavam de mais sal."
"Eu nem quero ir para casa. Para você ver como é ruim, Michelle. Não há como aguentar essa
mulher. Ela está presa em uma máquina do tempo. É como se ela tivesse sofrido tanta lavagem
cerebral pela tradição que não tem ideia de como ela é louca."
"Por que não juntamos as garotas e fazemos uma viagem neste fim de semana? Isso manteria
você fora de casa."
"Não, ela vai pensar que estou fugindo. Eu não posso dar esse motivo para ela."
"E Aiden? O que ele pensa?"
"Na real, não tivemos um momento a sós desde que eles chegaram aqui."
"Sienna, querida, você precisa falar com ele", respondeu Michelle, virando outro copo. "Você
ainda nem resolveu toda a situação das crianças. Quanto mais você esperar, mais difícil vai ficar.
"Eu sei, eu sei", respondi, servindo-me de outra mimosa. "Eu só preciso que a Bruma aguarde
mais alguns dias."
"Fale por você", disse Michelle enquanto passava manteiga em um bolinho. "Mal posso esperar
pela minha primeira temporada com Josh. Tenho todos os tipos de surpresas sensuais planejadas
para ele. Coitado, mal vai ter tempo de dormir."
"Ai, Michelle, para," eu disse, rindo. "Minha imaginação é fértil."
"Quem sabe, você aprende alguma coisa", respondeu Michelle, dando uma mordida sedutora em
seu bolinho.
Eu estava me divertindo com Michelle, mas, ao mesmo tempo, não pude deixar de sentir que
estava passando a manhã inteira provando que Charlotte estava certa.
Uma mulher forte não teria fugido de seu guarda-costas para fazer um brunch. Uma mulher
forte a enfrentaria de frente, e era exatamente isso que eu pretendia fazer.
Michelle
Sinalizei para o garçom trazer outro jarro.
Eu amava Sienna, de verdade, mas às vezes ela tornava sua vida mais complicada do que
precisava ser.
No fim das contas, ela ainda estava acasalada com o alfa da matilha. Tipo, olá, quão ruins as
coisas podem realmente ser?
Claro, eu não poderia dizer isso a ela.
Agora, animá-la era a prioridade número um.
Razão pela qual eu me certifiquei de ficar longe de tudo relacionado à Matilha esta manhã. Além
disso, o suco de laranja e o champanhe curam todas as feridas.
"O que você está fazendo? " Eu perguntei, pegando Sienna olhando por cima do ombro.
"Nada, é só..."
"O que? Fale, garota." Sienna se inclinou sobre a mesa como se estivesse prestes a me contar um
segredo da Matilha. O espírito de fofoqueira que habita nela começou a surtar de empolgação.
"Desde que saímos da loja, estou com uma sensação estranha... como se estivéssemos sendo
observados."
Capítulo 36 – Aumentando as Apostas
Michelle
"Espera aí, você quer dizer que alguém está nos espionando?" Eu perguntei. "Tipo, agora?"
"Não tenho certeza, mas não consigo me livrar dessa sensação sinistra que começou assim que
entramos no táxi."
Eu examinei a área atrás de Sienna e não pude ver nada incomum além de uma mulher usando
tons pastéis fora da estação.
"Si, eu acho que você está sendo paranoica. Além disso, é impossível reconhecê-la com essa
roupa.
Antes que Sienna pudesse responder, meu telefone explodiu com notificações.
Porra, é o Josh.
Ele não é dos mais espertos, mas ele tinha uma habilidade incrível de saber quando eu estava
aprontando.
"Me dê um segundo. Acho que fomos pegas."
"Nossa sorte ia acabar uma hora", respondeu Sienna, virando sua taça de champanhe.
Sienna
Peguei o morango do fundo do copo e coloquei na boca, rolando-o na minha língua e deixando
as últimas gotas de suco de laranja e álcool vazarem antes de esmagá-lo entre os dentes.
A polpa doce tinha um gosto bom.
Pelo menos no meio de todo esse drama, eu ainda estava me lembrando de tomar minha
vitamina C.
Uma leve brisa agitou os guardanapos sobre a mesa e beijou meu nariz exposto. Apreciei o ar
fresco do inverno que envolvia a cidade nesta época do ano. Sempre me pareceu mais saudável por
algum motivo.
Observei as pessoas passando por trás de minhas lentes coloridas. Eu me perguntei se algum
deles tinha ideia de quem eu era. Todo o conceito de ser uma figura pública ainda me confundia.
Por que eu tive que mudar quem eu era para me conformar com este padrão que significava ser a
companheira de um alfa? Eu não me importava se todos me amavam. Não amo todo mundo e não
acho que seja natural.
Se as pessoas cuidassem de seus próprios negócios e gastassem tanto tempo focando em suas
próprias vidas quanto gastam na minha, o território seria preenchido com muitos lobos e humanos
mais felizes.
Pelo canto do olho, percebi uma figura se movendo mais rápido do que o resto das pessoas na
rua. Ele estava vestindo um sobretudo e escondendo algo em suas dobras.
Meu coração começou a acelerar e a adrenalina disparou em todos os cantos do meu corpo.
Eu me senti uma idiota por deixar Michelle me convencer a abandonar meu guarda-costas, mas
não podia perder tempo.
"Michelle, levante-se."
"Tá, espera."
"Não, levante-se agora! " Eu gritei.
Todos do lado de fora se viraram para olhar para nós, mas eu não tive tempo para me importar.
Havia uma pequena cerca separando a mesa da rua, então não pude confrontá-lo. Ele estava olhando
diretamente para mim agora, seu rosto contorcido em um sorriso diabólico.
Tudo entrou em câmera lenta quando ele puxou o casaco e eu me enrolei em Michelle.
Clique! Clique!
Clique! Clique! Clique!
"Sorria, Sienna!" chamou o homem por trás de sua câmera, tirando dezenas de fotos.
Levei um segundo para perceber o que estava acontecendo e, antes que eu percebesse, todos no
restaurante estavam com o telefone na mão e tirando fotos de Michelle e eu.
Eu ouvi o rugido alto de um motor quando um carro da Matilha parou, e Josh saltou com dois
homens. Eles empurraram a multidão e ergueram as mãos sobre as lentes do paparazzo.
"Entre agora!" ordenou Josh.
"Não grite conosco como se fôssemos crianças", rebateu Michelle.
"Onde está Aiden?" Eu perguntei.
"Ele disse que falaria com você quando chegarmos à Casa da Matilha. Espero que vocês duas
percebam quantos problemas vocês criaram."
Eu acho que Josh não queria parecer pouco profissional com os outros dois homens no carro,
então ele não falou muito no caminho. Mas pelos olhares que ele e Michelle trocavam, era óbvio que
uma discussão silenciosa estava ocorrendo dentro do carro.
Quando chegamos à Casa da Matilha, eu saltei do carro e marchei direto para o escritório de
Aiden. Parecia que eu estava me reportando ao escritório do diretor por faltar às aulas, mas, neste
caso, eu é que queria dar uma bronca nele.
"Tem um minuto para a sua companheira? " Eu disse, me intrometendo.
"Acho que posso dispensar dois ou três, na verdade", respondeu ele, deixando de lado alguns
documentos.
— "Chega de brincadeiras, Aiden. Por que você não veio com Josh esta tarde?"
"Eu não vi a necessidade."
"Eu sou sua companheira. Eu não preciso de outra pessoa me repreendendo por estragar tudo."
"Então você admite que deixar sua segurança para trás foi um erro?"
Caramba. Eu não queria falar disso. Foi o que ganhei por deixar meu temperamento controlar a
conversa.
"Olha, acho que você não lembra de tudo que desisti para ficar com você, Aiden. Quando nos
acasalamos, sua vida não mudou. Você continuou sendo o alfa. A minha foi virada de cabeça para
baixo. De repente, todos se importam com o que eu visto, como eu falo. Têm guarda-costas me
seguindo sempre que eu saio de casa."
"Eu tive que desistir de ser uma pessoa normal. E caso você não tenha notado, não sou do tipo
que gosta de holofotes. Esta... esta nova vida é muito difícil para mim. E quando você me
pressionou com o festival e todas as coisas de família, foi demais para mim. Preciso de tempo para
me ajustar."
"Você teve um ano, Sienna", Aiden disparou de volta. "Quanto tempo mais você precisa? Toda
matilha está revoltada com o que aconteceu no festival e agora meus pais estão aqui fungando no
meu cangote. Enquanto você estava bancando a coitadinha com a Michelle, sabe com o que eu
estava lidando?
"Meus pais decidiram fazer uma pequena inquisição aqui e me informaram que é meu dever
colocá-la na linha antes que você destrua a Matilha da Costa Leste e manche o nome Norwood", ele
rosnou. — E pensar que defendi você. Eu disse a eles que você era uma mulher adulta e não
precisava ser controlada, mas me parece que eu estava errado."
Coitadinha? Ele só podia estar brincando. Se seu plano era me deixar ainda mais irritada, estava
funcionando.
"Você realmente acha isso?" Eu perguntei, prestes a entrar em colapso.
"Eu acho que se você realmente se importasse comigo, você saberia que minha vida é a Matilha,
então quando você a desrespeita e as tradições sobre as quais ela se baseia, você me desrespeita." Eu
não podia acreditar que ele estava virando o jogo para sair como a vítima. Isso só pode ser resultado
de qualquer conversa que ele teve com seus pais naquela manhã.
"Sienna, você está me ouvindo?"
"Sim, eu ouvi cada palavra, Aiden."
"Isto não é um jogo, Sienna. A Matilha precisa saber que tem um herdeiro."
"É você falando ou é sua mãe?"
"Ei, também não gosto da maneira como ela tratou você, mas ela tem razão. Eles podem ser
indelicados, mas são sinceros. Eles só querem o melhor."
"Para nós ou para a Matilha?"
"Isso é o que você não entende, Sienna. E tudo a mesma coisa."
Eu estava cansada dessa conversa. Estava claro que ele não iria ceder, especialmente depois de
ser influenciado por seus pais.
Eu me virei e comecei a sair pela porta.
"Aonde você está indo?"
"Vou voltar para nossa casa. Eu prometi a seu pai que provaria os Manhattans."
"Eu acho que você deveria se acalmar antes de ir lá."
"Eu não vou arranjar uma briga com sua mãe, se é isso que você quer dizer" eu disse, irritada.
"Mesmo? Porque você explodiu comigo facilmente, e tudo que eu fiz foi tentar dialogar com
você."
Eu não estou acreditando nisso!
"Você chama isso de diálogo? Se não fosse por essas regras arbitrárias, você gostaria de ter
filhos? Quando foi a última vez que você realmente fez algo porque queria e não porque foi ditado
por algum livro empoeirado?"
Aiden fez uma careta para mim, e eu podia ouvir sua respiração aquecida escapando por suas
narinas dilatadas.
Ele se aproximou. Tive que inclinar minha cabeça para trás para poder olhar nos olhos dele. Nos
encaramos por um minuto inteiro, ambos esperando que o outro falasse, até que finalmente Aiden
quebrou o silêncio.
"Cresça, Sienna."
De todas as coisas que Aiden poderia ter dito, essa deve ter sido a que mais doeu.
Eu poderia lidar com seus pais e a mídia pensando que eu era uma criança mimada, mas ouvir
isso de meu companheiro, a única pessoa que pensei que sempre me amaria e me respeitaria, me
magoou demais.
Estava claro para mim agora que eu nunca o convenceria apenas com palavras. Eu precisava
fazer algo que chamasse sua atenção. Eu teria que cutucar a ferida.
Quando percebi seu olhar vagando pelo meu decote, eu encontrei a ferida.
"Escuta aqui. Eu me recuso a tolerar o desrespeito de seus pais por mais uma noite. Ou você diz
a eles para se adaptarem ou eu os quero fora de nossa casa. E se você acha que estou brincando, é
melhor se preparar..."
Espero que você esteja pronto, garotão.
"Até que você e eu cheguemos a um acordo sobre começar uma família e seus pais decidam se
atualizar ou permanecer no passado e nos enviar um cartão-postal de vez em quando, não faremos
sexo."
Aiden tentou manter a compostura enquanto olhava para mim, avaliando se eu estava falando
sério ou não.
"Você tá blefando. A Bruma vai chegar a qualquer momento."
"Eu passei por duas estações antes de te conhecer, Aiden. Tenho certeza de que aguento uma
terceira.
"Isso foi antes de você ter acasalado. A Bruma me permite fazer coisas com você, que você não
poderia imaginar."
"Você não me intimida. Fazemos amor há um ano inteiro. Mesmo se você tiver alguns truques
novos, eles não serão o suficiente para me encantar."
Aiden se inclinou para que seus lábios estivessem a centímetros da minha orelha. "Veremos,
então", ele sussurrou. "Cai dentro." eu respondi, cerrando meus dentes.
Capítulo 37 - Controle de Danos
Aiden
Então, isso é o que significa amar alguém...
Se qualquer outra pessoa tivesse criado tantas dores de cabeça quanto Sienna na semana passada,
eu já a teria chutado para fora da Matilha, mas não importa o que Sienna parecesse fazer, esta
pequena brasa de devoção ainda brilhava dentro de mim.
Olhei para o outro lado da mesa. Josh, Jocelyn, Rhys, Nelson e, claro, Sienna. Nossa, ela estava
bem mais gostosa, e eu sabia que era de propósito.
Todos os outros pareciam inquietos e evitaram fazer contato visual comigo. Eles podiam sentir a
tensão que pairava no ar.
Eu tinha convocado essa reunião de emergência depois que o jornal da tarde saiu. Eu sabia que
todos já tinham lido a notícia, mas arranjei uma cópia física, que agora estava enrolada em meu
punho cerrado.
Eu a bati contra a mesa e deslizei sobre a superfície de carvalho polido para que todos pudessem
ler a manchete impressa em negrito na primeira página:
COMPANHEIRA DE ALFA FOGE DE GUARDA-COSTAS E FAZ BRUNCH
ALCOÓLICO.
"Você está saindo pior do que a encomenda! " Eu rugi, olhando diretamente para Sienna. "Agora
temos que lidar com as consequências do festival e deste fiasco."
"Não é tão horrível assim, Aiden", disse Rhys hesitante. "O título é sensacional, mas se você ler
o artigo..."
"Quantas pessoas você acha que realmente leram o artigo?" Eu gritei. "E é horrível, sim, Rhys.
Deixe-me ler algumas linhas."
Dei a volta na mesa e peguei o papel, quase rasgando-o em dois quando o abri.
"Abre aspas: 'Tal desrespeito flagrante pelo protocolo da Matilha levaria qualquer lobo racional a
acreditar que Sienna Norwood não tem interesse em cumprir suas responsabilidades como
companheira de nosso alfa e, em vez disso, prefere passar seu tempo cedendo às vantagens de sua
posição.' Fecha aspas.
"Este artigo inteiro faz Sienna parecer uma loba qualquer, obcecada por festas e em gastar o
dinheiro da Matilha. Essas acusações não apenas destroem a imagem de Sienna, mas também
prejudicam todo este conselho. Cada um de vocês deveria estar tão furioso com isso quanto eu.
"Nós trabalhamos muito duro nesta Matilha, e eu não vou deixar um jornalista qualquer manchar
nossa reputação. Não é sobre Sienna ser minha companheira. É sobre como a nossa matilha é vista
pelo público."
"O que você acha que devemos fazer?" perguntou Josh.
"Não sei. E por isso que convoquei esta reunião, respondi, cruzando os braços. Eu odiava a raiva
que esse artigo estava me dando, mas foi a gota d’água que me levou ao limite.
Entre meus pais, a obstinação de Sienna e a confusão do festival, eu estava pronto para derrubar
uma parede no soco.
"A Matilha precisa saber que você apoia sua companheira. Você deve fazer uma declaração
defendendo as ações de Sienna" respondeu Jocelyn. "Se você ataca o jornal, só dá mais credibilidade
à história".
Claro que era isso que Jocelyn iria querer. Seria bom para Sienna e para mim, mas pioraria as
coisas com a imprensa.
Eu tinha evitado propositalmente fazer qualquer declaração que pudesse dar a eles uma pista de
como eu me sentia sobre as ações de Sienna no festival.
Isso deixaria tudo muito claro.
"Se ele fizer isso, vai parecer que Aiden é facilmente influenciado", rebateu Nelson.
Ele era um lobisomem magro e pálido que, apesar de sua estatura moderada, sempre defendia
qualquer opção que projetasse mais força. "Acho que você deveria negar as acusações e,
simultaneamente, anunciar algum projeto importante do qual Sienna se encarregará."
"Talvez possamos matar dois coelhos com uma cajadada só", acrescentou Josh. "Faça com que
eles acreditem que Sienna teria se encontrando com Michelle para anunciar secretamente que vocês
dois vão começar a tentar ter um filhote ou algo assim, sabe?
"Todos vão esquecer a história assim que souberem que você está tentando formar uma família.
As pessoas são loucas por bebês, então apenas dê a eles o que eles querem."
Josh tinha razão. Pelo menos isso acabaria com toda a pressão pública. Ou talvez apenas mudaria
seu foco. Dava para ver vans de noticiários fora de nossa casa, esperando para obter qualquer pista
de que estávamos transando. Até parece.
"Então, você quer que Aiden minta?" respondeu Jocelyn.
"Eu disse que eles vão 'começar a tentar'. Não que Sienna já está grávida" respondeu Josh,
irritado. "Além disso, foram esses tabloides que começaram. Por que não dar a eles um gostinho de
seu próprio remédio?"
"Vocês estão tentando?" perguntou Rhys. "Isso faria todo esse problema desaparecer em um
instante."
Sienna pigarreou com raiva. "Eu acho que tudo o que eu tenho a dizer não importa?"
Lá vamos nós. Eu não estava a fim de brigar.
"Eu não preciso que você ou qualquer outra pessoa fale por mim" ela continuou."
"Companheira de Alfa ou não, eles não têm o direito de se intrometer em nossa vida."
"Não funciona assim", respondi, cerrando os dentes.
Os olhos azuis de Sienna acenderam quando ela me encarou. Eu tinha certeza de que ela estava
prestes a explodir pelo jeito que ela umedeceu os lábios. Como um velocista se alongando antes de
uma corrida, ela estava os lubrificando antes de descarregar uma torrente de insultos em minha
direção.
Os outros podiam sentir o que estava por vir e imediatamente se calaram, desviando os olhares,
sem saber se deveriam sair ou ficar.
Jocelyn, que normalmente mediava qualquer desavença entre os membros do conselho, ficou em
silêncio como o resto. Este era um confronto entre companheiros, e apenas Sienna e eu poderíamos
resolver isso.
As dobradiças da porta do conselho rangeram atrás de mim.
"Volte mais tarde. Estamos em reunião! " Eu lati.
"É isso que você chama de decoro?" cantou a voz da minha mãe.
Ótimo. Era a última pessoa que eu precisava nessa porra de sala.
"Mãe, você pode esperar por mim em meu escritório. Temos alguns negócios para terminar."
"Se refere a como você vai responder a esse artigo terrível? Seu pai e eu já cuidamos disso."
"O que você quer dizer?"
"Ainda temos contatos no jornal, então ligamos para eles e tomamos a liberdade de divulgar um
comunicado em seu nome e de Sienna", ela respondeu, girando os óculos de sol contente.
"O que você disse? " Eu perguntei, enquanto um buraco começava a se formar no meu
estômago. Eu olhei para Sienna. Ela estava fervendo. Isso não ia acabar bem.
"Dissemos a eles que Sienna iria emitir um pedido público de desculpas por seu comportamento
recente e que ela concordou em refazer o ritual do festival da fertilidade durante a próxima lua
cheia."
O buraco no meu estômago se transformou em um desfiladeiro enquanto ela falava.
Eu sabia que ela e meu pai tinham um plano, mas nunca pensei que eles iriam passar por cima de
mim dessa forma. Eles podem ser meus pais, mas eu ainda era o alfa, caramba.
"Você deveria ter falado comigo primeiro", respondi, ansioso para interromper Sienna que estava
prestes a explodir.
"Sabemos como é importante agir rapidamente nessas situações, querido."
"Você não pensou em ligar, talvez mandar uma mensagem?"
"Ah, Addy, você sabe que nunca vou entender como mexer nesses smartphones. Por que parece
tão chateado? Você se opõe a algo que dissemos?"
Ela lançou um olhar confuso e inocente, mas ela sabia exatamente o que estava fazendo. Ela
estava me forçando a escolher lados na frente do meu conselho, na frente da Sienna.
Nos últimos dez anos, tornei-me indiferente em relação à minha mãe, mas nunca pensei que
ficaria ressentido com ela como eu estava.
Mesmo que nós dois quiséssemos as mesmas coisas, seus métodos para obtê-los eram baixos e
desonestos.
"Você não vai me oferecer um assento?" ela perguntou.
Eu podia sentir os olhos de Sienna em mim, como adagas pairando em volta da minha cabeça.
Não ousei olhar para ela.
"Claro," eu respondi. "Você pode sentar onde quiser."
Sienna se levantou, sua cadeira praticamente voando para trás contra a parede.
"Eu não vou sentar na mesma mesa que aquela mulher. Se você deixá-la sentar, você está
validando tudo o que ela fez para minar sua posição nesta matilha."
"Sienna", disparei de volta, "não tivemos a chance de discutir..."
"Não parece que nada do que ela disse está aberto para discutirmos, Aiden. Não vou emitir
nenhum pedido de desculpas e certamente não tenho intenção de seguir com o ritual de fertilidade
na próxima lua cheia."
Sienna voltou sua atenção para minha mãe, que calmamente fixou os olhos nos dela. "Quem
você pensa que é?"
"Alguém que está cuidando do bem-estar desta matilha, minha querida."
"Se isso é o que você realmente se preocupa, você não estaria tentando sabotar meu
relacionamento com seu filho", respondeu Sienna friamente. — Caso você tenha esquecido, sempre
estarei acasalada ao Aiden, então você pode aceitar isso ou dar o fora desta Casa e de nossas vidas.
"Só estou aqui por causa das escolhas erradas que você continua a fazer, querida. Talvez eu não
seja a única que tem dificuldade em aceitar os fatos. Sem esta matilha, você não é nada."
Os olhos de cada membro do conselho se voltaram para mim, implorando para que eu fizesse
alguma coisa antes que aquelas duas voassem na garganta uma da outra.
"Mãe, por que você não volta para casa. Podemos conversar sobre isso esta noite, em família."
"O jornal espera que Sienna faça uma declaração esta tarde, Addy."
"Sienna e eu cuidaremos disso."
"Não precisa, querido, eu já tenho um rascunho. Tudo que ela precisa fazer é ler" respondeu
Charlotte, puxando um pedaço de papel dobrado do bolso de seu casaco curto.
"Obrigado. você já fez o suficiente por um dia, mãe. O conselho tem outros negócios que
precisamos discutir."
"Oh, entendo", respondeu ela, visivelmente descontente. "Bem, vou deixar isso aqui para você
examinar. Acho que você descobrirá que não requer nenhuma alteração."
Ela colocou o papel na mesa e se virou para sair. Apenas mais alguns passos e ela estaria fora do
meu alcance por algumas horas enquanto eu controlava a Sienna.
"Pensando bem", ela disse, parando na porta, "você pode precisar fazer alguns ajustes para dar
conta de sua maneira rústica de falar. Ciao querido."
A porta se fechou com um clique gracioso da trava, mas o veneno de suas palavras agarrou-se a
todas as superfícies da sala.
Um olhar para Sienna e eu poderia dizer que as coisas iam ficar feias.
"Eu preciso de um momento a sós com Sienna."
"É claro", respondeu Josh, ansioso por qualquer desculpa para ir embora.
"Sim, estaremos em nossos escritórios", acrescentou Rhiys. "Vamos, Nelson."
"Tem certeza de que não quer que eu fique? " perguntou Jocelyn. Seus instintos de cura sabiam
quanta discórdia minha mãe havia semeado, mas este não era o momento de trazer uma terceira
pessoa para o nosso conflito.
"Sim, eu tenho certeza. Voltaremos a nos reunir depois do almoço."
Todos saíram da sala em ordem rápida, exceto Sienna, que permaneceu em pé na frente de sua
cadeira.
A chama em seus olhos havia diminuído, mas o resto de seu corpo estava tenso de agitação.
"E então?" ela perguntou, olhando para o papel e de volta para mim. Ela estava esperando para
ver se eu pegaria, esperando para ver de que lado eu ficaria.
Ambos eram complicados. Ambos exigiam sacrifícios.
Eu ponderei minhas opções, soltei um longo suspiro e fiz minha escolha.
Capítulo 38 - Fricção Aquecida
Sienna
Eu assisti calada e com ódio quando a mão de Aiden alcançou o papel que Charlotte tinha
deixado sobre a mesa. Só o fato de ele estar curioso para ler fez meu sangue ferver.
Ele estava realmente escolhendo sua mãe em vez de mim? Ele sabia que estaríamos acasalados
para o resto da vida, certo?
Com sorte, Charlotte tinha apenas mais alguns anos antes de bater as botas.
Dei um passo em sua direção e separei meus lábios, mas antes que uma única palavra pudesse
escapar, ele ergueu um dedo e caminhou até a cesta de lixo, deixando o papel dobrado cair dentro
dela.
"Isso não significa que eu tenha ficado do seu lado", disse ele friamente.
Fiquei atordoada, mas principalmente aliviada. Talvez ele não tenha sofrido uma lavagem
cerebral como eu pensava. Ainda assim, o fato de eu ter dúvidas sobre qual de nós ele apoiaria me
deixou furiosa. Eu precisava saber o que ele estava pensando.
"O que isso significa? " Eu perguntei.
"Sienna, eu te entendo, mas aquele artigo não te ajudou em nada."
"E nem seus pais", eu disparei.
"Deixe que eu cuido deles", ele disse, entrando no meu espaço.
Está bem, Aiden. Não é como se eles estivessem fazendo você de gato e sapato.
Era típico dele pensar que poderia me intimidar dessa maneira. Foi como ele lidou com qualquer
outra pessoa que o questionou, mas não funcionou comigo. Eu o conhecia por quem ele realmente
era.
Eu sabia de sua compaixão, sua doçura, e era por isso que todo esse drama entre nós estava me
matando.
Talvez se eu explicasse o meu ponto de vista, ele entenderia por que fui tão hostil com sua mãe.
"Aiden, você está sob o controle deles. Dê um passo para trás e veja todas as coisas que eles
estão pressionando você a fazer."
"Eu não acabei de jogar fora a declaração da minha mãe? " ele protestou. "Você acha que eu
gostei quando minha mãe me acusou de ser incompetente na frente de todo o meu conselho?"
Fala sério. Eu não conseguia acreditar que depois de toda aquela palhaçada, ele se preocupou
mais com a sua aparência na frente de seus amigos.
Talvez eu estivesse errada sobre haver esperança de que ele pudesse ver as coisas através da
minha perspectiva.
"Então, você acha que esse foi o problema? Não toda aquela história de prometer me submeter a
você na próxima lua cheia?"
"Ainda estou esperando que você proponha uma solução para esse problema", respondeu ele.
"Concordar em reagendar isso me pouparia muita dor de cabeça."
"Tirar seus pais da nossa cola pouparia nós dois de muita dor de cabeça," eu disse friamente.
"Não entendo por que você os deixou escapar impunes de tudo isso."
"No fim das contas, eles ainda são meus pais, Sienna. Achei que você, entre todas as pessoas,
entenderia isso."
É sério que ele estava me chamando de hipócrita?
Se seus pais fossem pessoas adoráveis e eu fosse uma companheira louca e ciumenta, tudo bem,
mas o relacionamento de Aiden com Charlotte e Daniel era tóxico. Me deixou completamente
perplexa saber que ele não percebia isso.
Aiden estava redondamente enganado se pensava que sua mãe merecia sair impune
simplesmente porque ela era da família.
"Me desculpe, eu entendo o que significa ter um relacionamento saudável com os pais. Um
baseado no respeito e na empatia, não em legados e política. Não é assim que famílias saudáveis
tratam umas às outras, Aiden."
Eu percebi que o estava deixando desconfortável. Talvez eu tenha pegado pesado demais.
Ele não tinha crescido em um lar amoroso como eu, e apesar do fato de eu não compartilhar
uma gota de sangue com o resto da minha família, eu sabia que eles me amavam de uma maneira que
Aiden não conseguia entender.
Quando nos acasalamos pela primeira vez, nosso relacionamento foi dominado pela luxúria e
paixão, mas conforme as semanas se transformaram em meses, descobri o vazio emocional que
existia no coração de Aiden.
Eu tinha feito o meu melhor para preenchê-lo, mostrando a ele o que significava ter alguém que
o amava incondicionalmente, que ele era valorizado e desejado por algo além de ser o alfa.
Talvez eu não tivesse feito um bom trabalho remendando ele. Ou talvez eu tivesse que enfrentar
o fato de que nunca poderia substituir o amor que ele buscava em seus pais.
Após meus últimos comentários, Aiden cruzou os braços e olhou pensativamente para seus
sapatos.
O silêncio estava começando a me incomodar.
"Sienna, desde que comecei a andar com seus pais e sua irmã, vi como uma família deve
funcionar. De certa forma, parece que seus pais também me adotaram.
"Eles me lembram da família que eu costumava ter, aquela antes de Aaron morrer. E agora que
meus pais estão aqui de novo, quero tanto fazer funcionar. Eu quero tê-los de volta na minha vida."
Eu podia ver a dor em seus olhos enquanto ele lutava para se abrir. Eu sabia que não era fácil
para ele.
Falar sobre rompimentos e paixões com as meninas era uma coisa, mas isso era um trauma
emocional sério. Eu me senti completamente perdida.
"Aiden, eles o abandonaram", respondi, decidindo ser franca. "O que o faz pensar que pode
fazer com que eles mudem agora?"
"Naquela primeira noite, quando você foi para a cama cedo, eles me disseram que queriam estar
aqui para cuidar de nossos filhos. Então, eu pensei que se eu dissesse a eles que estávamos
tentando..."
"Espere, você disse a eles que estávamos tentando engravidar para ganhar seu afeto? Aiden, por
que você não me disse isso?"
"O que você quer dizer?" ele respondeu amargamente. "Se eu te contasse, você teria surtado.
Achei que poderia ganhar tempo suficiente para fazer você mudar de ideia, mas então este artigo foi
publicado e virou tudo uma grande bagunça."
Ok, eu tinha que admitir que provavelmente teria surtado, mas ele não deveria estar fazendo
promessas por nós dois.
Deveríamos ser parceiros e, agora, eu me sentia mais como um aborrecimento do que como uma
parceira. Uma linda garota jovem que ele mantinha por perto para dar à luz bebês e ficar bonita em
eventos especiais.
"O amor não é condicional, Aiden. Você não deveria precisar prometer netos aos seus pais para
ganhar o afeto deles."
"Porque você não... Aiden parou abruptamente, segurando o peito. Sua respiração ficou pesada e
ele virou a cabeça para o lado. "Droga, está acontecendo."
Meu rosto ficou pálido quando o terror me atingiu.
O que ele quis dizer?
Ele estava tendo um ataque cardíaco?
"Aiden, o que está acontecendo? Diga-me! " Eu implorei, mas antes que ele pudesse responder,
eu tive minha resposta.
O calor pulsante e fundido da Bruma se acendeu dentro do meu peito e se espalhou por todo o
meu corpo como um incêndio. Minhas pernas formigaram e meus seios incharam. Quando o cheiro
de Aiden atingiu meu nariz, foi como derramar gasolina em chamas.
Eu olhei para ele com um desejo enlouquecido.
Eu precisava ter ele.
Eu ansiava por ele estar dentro de mim.
A maneira como ele olhou para mim, aqueles olhos verde-dourados em chamas de luxúria, me
mostraram que ele estava lutando contra os mesmos impulsos primitivos.
Seus músculos flexionaram e tensionaram enquanto ele tentava lutar contra isso, mas com cada
respiração, ele sentia mais e mais dos meus feromônios, tomado por uma fome violenta induzida
pela Bruma.
"Ainda quer tentar um desses truques de mágica?" Eu perguntei, tentando firmar minha
respiração.
"Pelo que parece, eu não preciso," ele disse com um sorriso irônico.
"Fale por si mesmo," eu disparei de volta, lutando com o desejo do meu corpo de me jogar
contra seus músculos protuberantes e começar a rasgar suas roupas.
Ele diminuiu a distância entre nós, para que eu pudesse sentir sua respiração no meu rosto.
Corri meus dedos por seus cachos negros bagunçados antes de torcer sua cabeça para o lado. Ele
cerrou os dentes em êxtase.
"Sinto muito, doeu?" Eu perguntei, de pirraça.
"Só fez cócegas."
"E isso aqui?" Eu disse, deslizando minha mão até sua virilha. Ele mordeu a língua e bateu com
o punho contra a parede.
"Isso é tudo que você tem? " ele gritou.
Eu sabia que tinha que ter cuidado com o quão longe eu levaria isso. A sensação de seu membro
rígido em minha mão estava quase me deixando louca também. Ele latejava com o meu toque e eu o
imaginei deslizando dentro de mim, me alargando.
"Você não vai mesmo fazer nada?" Eu perguntei, apertando com mais força.
"Você não é a única teimosa... nesta rela... relação, " ele conseguiu falar entre as respirações.
Quanto mais eu olhava para ele, mais perigoso meu jogo se tornava. Senti que estava ficando
molhada e o ar em meus pulmões esquentou. Eu mal conseguia respirar enquanto minhas roupas
apertavam contra meu corpo.
Mas eu não podia recuar agora. Para isso funcionar, ele tinha que dar o braço a torcer.
"Você está bem?" perguntou Aiden, soprando contra meu pescoço. "Você parece meio febril."
"Estou perfeitamente bem", respondi, com a voz trêmula.
"Tem certeza de que não precisa de uma mão?" ele perguntou, guiando sua mão para baixo,
entre as minhas pernas, segurando meu sexo. "Porque você está meio quente."
Seu toque enviou tremores pelo meu corpo e minhas coxas se apertaram em torno de sua mão.
Eu estava praticamente ofegante enquanto a Bruma me devastava.
"Não se iluda, querido. Isso é normal para a primeira onda da temporada."
Eu precisava virar o jogo antes de perder todo o controle. Comecei a esfregá-lo através das
calças.
Seu aperto na minha virilha afrouxou quando ele se dobrou sob o estímulo.
"Essa é apenas a minha mão. Imagina como seria bom com a minha boca" eu disse, lambendo
atrás de sua orelha. Senti sua mão começar a deslizar de volta para o meu sexo, mas não iria deixá-lo
lutar. Eu o tinha nas mãos; era hora do nocaute.
Em um movimento rápido, eu levantei sua camisa e mergulhei minha mão em suas calças. Não
havia barreira agora.
Meus dedos envolveram sua base lisa, deslizando suavemente para cima e para baixo em seu
comprimento.
O toque da minha pele contra a dele nos deixou em um frenesi. Aiden agarrou meu braço, me
empurrando contra a parede. Ele trouxe seus lábios para um beijo, mas eu me afastei.
Ele tentou colocar as mãos em meus seios, minha bunda, em qualquer lugar que pudesse ganhar
a vantagem, mas eu apenas acariciei cada vez mais rápido até que pude sentir que ele estava à beira
do clímax.
Só mais um pouquinho.
Aiden estava respirando com dificuldade, perdido no prazer da minha obra. Qualquer luta
restante nele havia desaparecido, e ele se entregou completamente à sua Bruma. Ele estava
exatamente onde eu o queria.
"Já é o suficiente" eu disse, puxando minha mão para fora de sua calça.
"É o melhor que você tem?" perguntou Aiden, o suor escorrendo pelo rosto.
"Nem perto, amor," eu respondi. "Estou apenas aquecendo."
Capítulo 39 - Lavagem de Roupas
Jocelyn
Desde aquela viagem de carro com Sienna, minha cabeça tinha virado uma teia emaranhada de
pensamentos e emoções. Tentei meditar, mas não consegui clarear minha consciência. Sempre que
ficava assim, tinha que apelar pros velhos hábitos.
Eu precisava de uma bebida.
O Housman's era o meu lugar preferido quando eu precisava fugir. Era um antigo bar escondido
em um beco. Não tinha nada do brilho e do glamour dos bares e clubes populares, mas isso que eu
amava nele.
Eu nunca tive que me preocupar com um lobo da Casa da Matilha entrando pela porta ou
qualquer outra pessoa que pudesse me reconhecer.
A mulher atrás do bar era uma doce senhora chamada Clementine. Ela me tratava como uma
filha, sempre fazendo questão de me agarrar pela mão e me perguntar como eu estava.
Ela sabia que eu só a visitava quando precisava resolver alguma coisa, e cara, eu tinha muita coisa
para resolver.
Sienna era como uma irmã mais nova para mim. Eu via muito de mim mesma nela, e quando ela
se acasalou com Aiden, meus sentidos de cura me disseram que ela precisava de alguém para ajudá-la
a viver na Matilha.
Eu cresci naquele mundo e podia ajudá-la de uma forma que sua mãe e sua irmã não
conseguiam.
Claro que a ironia não passou despercebida. Eu tinha 25 anos e não estava acasalada,
praticamente uma solteirona nos anos de lobisomem, aconselhando uma garota de 20 anos sobre
como planejar uma família e lidar com seu companheiro.
Depois de minhas aventuras fracassadas com Aiden e Josh, eu estava impaciente para encontrar
meu companheiro. A cura era um trabalho solitário. Fui a quem todos procuraram, mas para onde a
Curandeira deveria ir quando tinha problemas?
Era isso que eu estava tentando descobrir no Housman’s.
Tomei um gole da minha bebida.
Escorreu pela minha garganta e espalhou seu fogo pelo meu peito. Mas em vez de parar ali, seu
calor continuou descendo pelo meu corpo, estabelecendo-se entre minhas pernas em um inferno
inesperado.
Porra, a Bruma está perto.
Enquanto as explosões pulsavam na minha virilha, examinei o bar.
Nenhum dos homens estava me olhando.
A Bruma pode deixar as lobas com tesão, mas ainda deve haver alguma atração entre os amantes.
Eu me virei e examinei as cabines. O frio na barriga começou a percorrer todo o meu estômago.
Isso não poderia estar certo.
Eu estava olhando para um casal que estava se tocando. Eles não eram amigos, eu sabia disso,
mas por que minha Bruma estava me puxando em direção a eles?
Eles devem ter sentido o quão excitada eu estava ficando porque a mulher parou de beijar o
pescoço de seu parceiro e olhou em minha direção.
Nós nos olhamos, e então ela sussurrou no ouvido de seu homem. Ele me deu uma olhada e
sorriu antes de dar sua resposta.
A mulher se levantou e caminhou em minha direção. Ela tinha cabelos crespos e ruivos e uma
linda pele cor de café. Seus quadris balançavam de um lado para o outro em um ritmo hipnotizante.
Talvez ela queira apenas pedir uma bebida no bar. Olhe para a sua bebida. Não faça contato visual.
"Meu parceiro e eu não pudemos deixar de notar você."
Merda.
Meu rosto corou quando me virei para encará-la. "Eu sinto muito. Eu não queria ficar olhando."
"Gostou do que viu?" ela perguntou com um sorriso brincalhão.
Espere, o que ela quer dizer?
Antes que eu pudesse pensar em uma resposta, minha Bruma explodiu.
Eu agarrei o balcão para me manter de pé. Algo nessa mulher e no seu homem fez meu corpo
derreter. Olhei para o parceiro dela, um dominante alto e musculoso com cabelos castanhos
esvoaçantes e barba áspera.
Eles eram tão lindos e sexy. Eu nunca tinha feito nada assim antes, mas nada sobre isso parecia
errado.
"Gostei muito", respondi, tocando a mão da mulher.
Nós três caímos na cama, arrancando as roupas um do outro em um frenesi acalorado. Eu
agarrei o homem e comecei a beijá-lo, mas a pressão quente dos lábios da mulher em meus seios me
fez ofegar.
Antes que eu percebesse, entreguei meu corpo às suas mãos e lábios. Eu me torci e flexionei sob
o intenso prazer que agarrou cada músculo e terminação nervosa.
Eles se revezaram entrando em mim. Ele com seu pênis e ela com seus dedos e sua língua.
Senti tudo apertar e uma pressão começar a crescer dentro de mim.
Eu estava com tanto calor, quase delirando. Minha pele estava coberta de suor e eu mal
conseguia recuperar o fôlego.
"Eu vou gozar!" Eu gritei.
Eu agarrei a mulher e puxei seu rosto para o meu. Nós fechamos os lábios, nossas línguas se
tocaram alegremente, sensualmente.
Naquele instante, tudo foi liberado em uma violenta erupção e ondas de contrações quentes
sacudiram meu corpo. Todo o ar saiu correndo dos meus pulmões e minha boca se abriu, mas não
consegui gritar.
Agarrei-me a ela e ela me abraçou, olhando para mim com seus olhos escuros e reconfortantes.
O orgasmo me deixou completamente mole. Eu me sentia como se tivesse acabado de correr
uma maratona e as únicas partes de mim que ainda funcionassem eram o coração e os pulmões.
"Você se divertiu?" ela perguntou.
"Você está brincando?" Eu disse, ainda recuperando o fôlego. "Sim. Eu me diverti muito.
"Bom. Nós também, "ela respondeu, sorrindo. Ela e seu parceiro deitaram-se um de cada lado
meu e acariciaram meu corpo suavemente com a ponta dos dedos.
Fiquei lá por meia hora e os observei fazer amor enquanto recuperava minhas forças. Por alguma
razão, eu me sentia à vontade com eles de uma maneira que nunca havia experimentado com
nenhum de meus amantes anteriores.
Quando saí, os dois ofereceram um beijo de despedida.
"Talvez a gente volte a ver você", disse a mulher, puxando-me para seu abraço.
Eu a cheirei uma última vez.
Eu não queria ir embora.
"Sim, eu adoraria", respondi, segurando-a com força.
Josh
Eu não me importava de ter Sienna no conselho. Como companheira do Alfa, ela tinha todo o
direito de estar envolvida na governança da Matilha. O que me incomodava mesmo era todo o drama
que isso estava gerando.
Eu sempre me achei um Beta bem tranquilo, mas ainda precisava fazer a Matilha funcionar da
maneira mais tranquila e eficiente possível.
Não apenas porque era meu trabalho, mas também porque Aiden era meu melhor amigo, e se eu
me saísse bem, isso tornaria a vida dele um pouco mais fácil. Isso era o que os melhores amigos
faziam um pelo outro.
Toda essa sobreposição entre sua vida doméstica e a vida da Matilha, entretanto, estava causando
alguns problemas importantes.
Isso não quer dizer que eu achasse que Aiden e Sienna deviam varrer suas diferenças para baixo
do tapete, mas dado o arranjo atual, quando eles brigavam, a Matilha sofria.
"Aiden, você tem um minuto?" Eu perguntei, alcançando-o no corredor.
"Claro, Josh. O que aconteceu?"
"Eu estava procurando a lista de instituições de caridade para as quais vamos doar neste feriado,
e não consigo encontrar."
"Sienna está cuidando disso."
Isso ia ser mais difícil do que eu pensava. Como eu deveria dizer a ele que sua companheira
estava deixando a peteca cair sem irritá-lo?
"Ótimo, mas eu meio que preciso da lista até quarta-feira. Caso contrário, as doações não serão
entregues a tempo. Eu posso cuidar tranquilamente disso se ela estiver ocupada."
"Não, vou lembrá-la esta tarde."
Ele ainda não estava entendendo. Se ele tratava a Sienna assim, eu entenderia por que ela estava
chateada com ele. Acho que precisava ser mais direto.
"Acho que você a sobrecarregou com coisas demais, Aiden. Especialmente quando está claro
que a Matilha não é necessariamente sua prioridade número um. Se ela quiser reduzir seu
envolvimento, posso assumir o trabalho. Eu estava fazendo tudo antes de qualquer maneira."
Prendi a respiração, esperando para ver qual versão de Aiden eu estava prestes a encarar.
"Josh, ela precisa aprender que os negócios da Matilha são tão importantes quanto qualquer
outra coisa que ela faça. Ela é minha companheira, e isso faz parte de suas responsabilidades."
"Certo, mas dado tudo o que está acontecendo entre vocês dois..."
"Eu disse que vou falar com ela sobre isso esta tarde. Você receberá sua lista."
Eu sabia que não devia pressioná-lo quando ele ficava assim. Eu disse o que queria e saí antes
que ele explodisse.
Sienna
Winston's sempre foi o lugar onde meus amigos e eu frequentávamos antes de Michelle e eu nos
casarmos.
Era um restaurante mediano, sem nada demais, a não ser o fato de que era consistentemente
mediano.
No momento, Michelle e eu estávamos dividindo uma cesta de batatas fritas enquanto cada uma
de nós bebia um milk-shake. Depois de pintar no parque, decidi que precisava de Michelle para
minha dose de besteirol diária.
"Ter esses espantalhos por perto acaba com o clima", comentou Michelle enquanto balançava
uma batata em direção à nossa equipe de segurança. "Vocês querem um pouco? " ela perguntou,
oferecendo a cesta gordurosa de batatas fritas. "Se você vai ficar aí, é melhor entrar na conversa."
"Estou bem, senhora, obrigado", respondeu friamente um dos guarda-costas através de um
drone.
"Como quiser", disse Michelle, revirando os olhos. — "Então, Si, você e o Aiden já passaram
pela Bruma? Josh e eu perdemos o controle enquanto ele dirigia, então tivemos que parar e fazer ali
mesmo, na beira da estrada. Não sei se foi o espaço confinado, o fato de que as pessoas podiam nos
ver, ou apenas o fato de que eu estava montando no meu companheiro, mas foi o melhor sexo que
já fiz."
"Meu deus, Michelle, estamos em público."
"E daí? Quando você se tornou tão santa? ", disse ela, sorrindo.
A campainha pendurada acima da porta tocou, eu olhei para cima e encontrei um homem
elegante olhando ao redor curiosamente. Ao ver Michelle e eu, ele imediatamente se animou e se
dirigiu para a nossa mesa.
Pela primeira vez, fiquei grata por ter segurança. O homem mal conseguiu chegar a dez pés antes
de uma grande mão surgir e agarrá-lo.
"Nossa, sou apenas um mensageiro. Tenho uma carta para entregar a Sienna Norwood de sua
sogra", disse ele, segurando o envelope.
Ótimo, o que Charlotte queria comigo agora? O segurança pegou a carta e me entregou. Rasguei
a tampa e quase vomitei com o convite ostentoso.
"O que a velhota quer?" perguntou Michelle, saboreando o último pedaço de milk-shake de seu
copo.
"É um convite para um almoço amanhã à tarde," eu disse cautelosamente. "Ela quer que eu seja
a convidada de honra."
Capítulo 40 - Hora do Almoço
Aiden
"Mãe, este é exatamente o tipo de coisa que eu pedi para você não fazer."
"Não tenho a menor ideia a que você está se referindo, Addy. Estou simplesmente organizando
um bom almoço para sua companheira e alguns de seus amigos e familiares."
Ela sempre fez isso, reformulando as coisas para se adequar a sua visão, sua versão da realidade.
Ela fez isso quando Aaron morreu, e ela estava fazendo de novo agora.
Às vezes eu pensava que ela realmente acreditava, mas sempre houve uma parte de mim que
permaneceu cética. Ela era muito astuta para ser vítima de tais delírios obstinados.
O almoço foi uma completa surpresa para mim.
Depois que Sienna e eu tivemos nosso momento na câmara do conselho, conversei com meus
pais e eles concordaram em se mudar para um lugar na cidade. Certamente aliviou a tensão em casa,
mas também significava que eu não poderia controlá-los.
Naquele momento, eu estava observando o refeitório da Casa da Matilha se transformar com
talheres extravagantes e comidas que fariam você pensar que o Alfa do Milênio estava vindo nos
visitar.
"Isso fica aqui, querida", chamou minha mãe, apontando para um dos funcionários. "Quem
colocou esta colher? Você não viu que está manchada?"
Ela estava tramando alguma coisa, eu tinha certeza disso.
"Addy, xô! Este almoço é só para nós, garotas. Vá cuidar de sua Matilha."
Eu dei a ela uma última olhada, na esperança de flagrar qualquer truque que pudesse estar
escondido em seus olhos. Sienna pareceu estranhamente receptiva quando me contou sobre o
almoço, então talvez as duas estivessem dispostas a seguir em frente.
Se fosse esse o caso, eu não iria atrapalhar.
Sienna
Corri minhas mãos sobre minha saia, alisando-a antes de seguir pelo corredor em direção ao
refeitório.
Eu queria usar calças, mas Michelle me convenceu de que seria muito casual, então coloquei uma
meia-calça e encontrei o vestido de inverno mais pesado que eu tinha.
Ajudou o fato de Aiden manter a Casa da Matilha quentinha durante os meses de inverno, mas
eu ainda estava irritada sabendo que tinha me trocado por causa de Charlotte.
"Boa tarde, Sra. Norwood", disse a funcionária ansiosa parada do lado de fora da porta. Ela era
uma jovem garota de olhos arregalados com cabelo loiro escuro trançado em um coque elegante e
duas pintas em sua bochecha esquerda.
"Existe uma senha? " Eu perguntei depois que ela permaneceu imóvel.
"Aí, eu sinto muito, eu sou tão boba. Eu estava distraída com seu vestido. É tão bonito. Ai, meu
deus, será que falei demais? Eu sinto muito. Eu nunca sei quando calar a boca."
"Tudo bem. Não tem problema" eu respondi, sorrindo. "Obrigado pelo elogio. Eu adorei seu
penteado."
"Mesmo?" ela disse, radiante. "Obrigada. Sra. Norwood. É uma honra conhecê-la. Você é meu
ídolo."
"Como assim?"
"Tudo o que você está fazendo por jovens lobas. Informando-nos que podemos tomar nossas
próprias decisões. É empoderador ver nossa senhora alfa assumir a postura que você assumiu no
festival."
Eu não tinha certeza de como responder. A ideia de ser um modelo me pegou de surpresa.
Selene tinha brincado comigo sobre isso, mas eu nunca pensei em nada disso.
Além do mais, essa garota deveria ser só alguns anos mais nova do que eu. Como ela poderia me
admirar?
"Obrigado pelas adoráveis palavras", disse eu, "mas não quero deixá-los esperando ali."
"Claro, sinto muito ter atrasado você, Sra. Norwood," ela respondeu, abrindo a porta.
Eu esperava ver apenas Aiden e seus pais, mas em vez disso fui recebida por uma mesa cheia de
todas as minhas amigas mais próximas e familiares.
Minha mãe, Selene, Jocelyn, Michelle, Mia... até Erica estava lá.
"Bem, não fique aí parada como um poste, querida. Venha e tome o seu lugar como nossa
convidada de honra."
"O que vocês estão fazendo aqui? " Eu perguntei, caminhando em direção à mesa.
"Agora que somos uma família, achei que seria bom para todas nós, garotas, nos conhecermos.
Afinal, todos nós sabemos quem realmente comanda as coisas na Casa da Matilha" disse Charlotte
com um sorriso brincalhão. "Aqui, sente-se", disse ela, puxando minha cadeira.
Fiz uma careta para Michelle como se perguntasse "o que é que está acontecendo", mas ela
apenas deu de ombros.
"Agora, gostaria de fazer um brinde à minha nora", disse Charlotte, erguendo o copo.
"Sienna, querida, você passou por tanta coisa na semana passada, e eu admito que a chegada de
Daniel e eu foi... um pouco chocante.
"Eu gostaria de me desculpar por isso. Acho que todos poderíamos ter nos comportado melhor,
por isso organizei este encontro. Acho que é hora de começarmos do zero, Sienna. A novos
começos e ao futuro desta família."
Todos aplaudiram e brindaram com as taças. Eu acho que Aiden estava certo; talvez Charlotte
tivesse um lado sincero, afinal.
"Selene, querida, quando é o parto?" continuou Charlotte. "Você está uma grávida tão radiante".
"Ah, obrigada, Charlotte," Selene respondeu, corando. "Eu dou à luz em três semanas. Então
teremos mais uma mocinha para se juntar a nós na mesa."
"Tenho certeza de que você também está ansiosa, Melissa."
"Ansiosa é pouco", disse Selene.
"Ei, tenho sido muito boa em não meter o nariz nas coisas."
"Mãe, você almoça com meu obstetra três vezes por semana."
"Somos amigos médicos, Selene. Nem tudo gira ao seu redor" ela respondeu com um sorriso
culpado. "Mas, para responder à sua pergunta, Charlotte, mal posso esperar pela chegada da minha
primeira neta."
"O primeiro bebê de muitos, tenho certeza", respondeu Charlotte.
Quando os garçons saíram com o primeiro prato, Charlotte continuou sua conversa.
"E, Mia, você já tem um filhotinho, não é?"
"Sim, gêmeos, na verdade. Eles estão com quatro meses agora.
"Você deveria tê-los trazido", disse Michelle. "Eles são os bebês mais fofos que eu já vi na vida."
"Eles estão com o pai durante a tarde, então se eu estiver checando muito meu telefone, é por
isso."
"É muito corajosa por deixar Kyler e Emmett sozinhos com Harry."
"Eu sei, é por isso que estou voltando em duas horas. Estamos indo aos poucos."
"E você, Michelle?" disse Charlotte. "As crianças estão no seu radar?"
"Veremos. Josh e eu queremos muito, e agora que a Bruma chegou, eu não ficaria surpresa se
tivesse um anúncio a fazer antes do ano novo."
"Meu Deus, parece que pode haver um bando de pequeninos correndo por aqui em breve. Erica,
quais são seus planos?"
"Não estou acasalada", respondeu Erica, um pouco na defensiva.
'Entendo", respondeu Charlotte. "Bem, a temporada está chegando, minha querida. Talvez este
seja o seu ano de sorte. Jocelyn, querida, o que você estava me contando outro dia sobre como a
saúde de uma Matilha se baseia na preservação de sua posteridade?"
Eu lancei a Jocelyn um olhar interrogativo.
Ela tinha falado com Charlotte pelas minhas costas? Por que ela não mencionou nada quando fui
vê-la outro dia?
"Eu acho que você está interpretando minhas palavras um pouco fora do contexto, Charlotte,"
respondeu Jocelyn calmamente. "O que eu disse foi: a consciência coletiva de uma Matilha é
melhorada quando eles sabem que o futuro é estável, e parte dessa estabilidade envolve a criação de
um grupo saudável de filhotes."
"Sim, sim, mas resumindo, ter bebês é bom para a Matilha. Acho que todos nesta mesa
concordam. Você não acha, Sienna?"
Eu estava começando a ficar incomodada. Todo esse almoço não era para nos conhecermos,
mas sim para me lembrar de que todas ao meu redor estavam tendo bebês.
"Claro", respondi com cautela. "Estou feliz que minhas amigas e irmã tenham escolhido ter
filhos. É uma decisão bem significante."
"Eu concordo plenamente," respondeu Charlotte. "Muita coisa pode mudar quando você decide
ter filhos ou não."
Ela fez uma pausa para se certificar de que tinha toda a minha atenção, e de repente eu me senti
como se fôssemos as únicas duas pessoas na sala.
"Outras áreas da sua vida que você pode nem pensar que estão relacionadas podem ser afetadas.
Seu trabalho, seus hobbies... seu companheiro. Sim, começar uma família é uma decisão muito
significante.
Aquela foi a gota d’água. Eu podia ver que atrás daquela pele de cordeiro, havia uma loba.
Era impossível um mundo onde ela e eu nos reconciliássemos. Mesmo se eu engravidasse
amanhã, ela não daria a mínima para mim. Ela só queria ter um neto, um neto Norwood.
"Charlotte, você não precisa fingir que gosta de mim."
"O que você quer dizer querida?"
"Este teatrinho não vai funcionar. Você não vai me pressionar a ter um bebê me cercando de
mulheres que querem ser mães. Amo cada uma dessas mulheres de todo o coração e respeito suas
escolhas, mas elas nunca me pressionariam para começar uma família como você está tentando fazer
agora."
"Quando você vai parar de me ver como uma vilã, Sienna?"
"Quando você parar de agir como tal e começar a me respeitar".
"É difícil respeitar uma pessoa que só pensa em si mesma, querida."
"Engraçado" eu respondi. "A única razão pela qual você voltou aqui foi para se certificar de que
o legado de sua família não fosse manchado por uma novata que não tem medo de ser sincera."
"Sienna. Charlotte, por favor, parem com isso," implorou Melissa, pondo-se de pé.
"Tudo bem, você pode pensar que sou horrível, mas sempre serei a mãe de Aiden e sempre o
colocarei em primeiro lugar.
"Isso é o que significa ser acasalado, senhorita. Você faz sacrifícios. Aiden está fazendo de tudo
para atender às suas frívolas exigências, e o que você fez em troca? O envergonhou na frente de toda
a Matilha e o privou da maior alegria que um lobo pode ter. Você não merece meu filho e nunca vai
merecer."
As palavras de Charlotte me consumiram como ácido enquanto meu coração afundava em meu
estômago. Eu não ia dar a ela a satisfação de me ver chorar.
"Com licença, senhoras, mas acho que não posso continuar aqui."
Assim que saí do refeitório, corri para o meu escritório e tranquei a porta.
As lágrimas derramaram e eu deslizei para o chão, incapaz de controlar a dor que me dominou.
Eu não pude evitar, mas senti que havia um fiapo de verdade nas palavras de Charlotte.
Naquele momento, eu não queria ver ninguém, exceto Aiden. Eu queria senti-lo e ouvi-lo me
dizer que eu era o suficiente, que era sua companheira e que ele me amaria para sempre.
Capítulo 41 - Declarações
Sienna
Meu telefone vibrou sem parar pelo resto da tarde. Todo mundo estava tentando falar comigo
depois que eu fugi do almoço de Charlotte.
Achei que queria ficar sozinha, mas estava completamente enganada. Eu precisava falar com
alguém.
Pensei em Jocelyn, mas ainda não tinha certeza de qual era sua conexão com Charlotte, e
Michelle e Mia não entenderiam o que eu estava passando.
Eu precisava da minha mãe.

Sienna: Oi, mãe, posso passar aí?


Mãe: Sim! Claro!
Mãe: Eu vou estar em casa o dia todo.
Sienna: Obrigada. Em 20 minutos tô aí
Mãe: Combinado!
Mãe: Te amo, Si. Bjs

Antes mesmo que eu pudesse alcançar a porta, ela e Selene já estavam lá fora me abraçando.
"Aí. Si, eu sinto muito. Não tínhamos ideia de que isso iria acontecer. A gente tinha certeza de
que seria um almoço normal."
"Eu briguei com ela depois que você saiu, mas mamãe me fez parar", acrescentou Selene.
"Tudo bem", respondi. "Eu sei que você ficou tão surpresa quanto eu."
"Entre querida, e saia do frio. Tenho uma caneca grande de chocolate esperando por você."
A familiaridade de estar dentro da casa da minha infância já bastava para me fazer sentir melhor.
Não tinha que pensar duas vezes antes de falar ou olhar ao redor, como fazia na Casa da Matilha.
Eu me enrolei no sofá, e minha mãe me trouxe o chocolate e um prato de biscoitos enquanto
Selene me cobria com um cobertor.
"Pronto, maninha. Bem quentinha."
"Há mais alguma coisa que eu possa fazer por você?" Minha mãe perguntou.
"Não. Está perfeito. Eu só preciso saber que vocês duas não me odeiam."
"Nossa, Sienna, por que nós odiaríamos você?"
"Não sei. Eu vejo como você está animada com o bebê da Selene, e eu sinto que seria perfeito se
nós duas tivéssemos filhos na mesma época para que eles pudessem crescer juntos e..."
"Si, você está falando a maior bobagem" interrompeu Selene. "Você não deveria ter filhos
porque acha que seria fofo nossos bebês terem mais ou menos a mesma idade. Há um motivo pelo
qual Jeremy e eu esperamos até que o fizéssemos. Tínhamos outras coisas que queríamos fazer antes
de nos estabelecermos."
"Sim, e não pense que eu te amo menos porque você não está me dando um neto. Tudo o que
me importa é que você seja feliz com qualquer caminho que tomar na vida."
"Sim, não deixe aquela velha enrugada te perturbar, Si. Seu corpo, suas regras."
Eu estava muito grata por ter aquelas duas em minha vida. Passamos o resto da tarde assistindo a
filmes e sem falar nada sobre crianças ou a Matilha.
Aiden
Sienna voltou para casa com um humor incomum. Pela primeira vez desde o Festival, ela parecia
à vontade.
Jocelyn já tinha me contado o que aconteceu no almoço, e eu esperava que Sienna me desse
outro ultimato em relação à minha mãe, mas em vez disso, ela rastejou em meus braços e me
perguntou sobre o meu dia.
Eu não conseguia entender.
Simplesmente deitamos nos braços um do outro e conversamos. Conversamos sobre tudo e
qualquer coisa. Conversamos até o sol nascer.
Foi tão simples e fácil. Era como se reconectar com um velho amigo depois de passar décadas
separados.
Isso me lembrou o quão louco eu era por ela, que companheira perfeita ela era. Depois de ontem
à noite, eu nunca poderia imaginar uma vida sem ela ao meu lado.
Uma batida forte na minha porta me distraiu dos meus devaneios.
"Addy, a imprensa está aqui para você atualizá-los sobre o novo Festival."
"Sim, já vou, mãe."
"Bom. É péssimo manter a imprensa esperando. Mentes ociosas escrevem histórias fantásticas."
Ela sempre tinha que transmitir um pouco de sua sabedoria? Ela sempre tinha que dar a palavra final?
Caminhei em direção à sala de imprensa com o conflito se formando em minhas entranhas. Eu
não tinha certeza do que queria dizer, mas o que quer que eu dissesse, precisava aguardar. Um alfa
nunca vacila com suas palavras.
Cheguei para ver minha mãe, meu pai, Sienna e o resto do conselho flanqueando o pódio em
uma linha organizada. Os repórteres se amontoaram na sala como sardinhas.
Senti seus olhos em mim, rastreando todos os meus movimentos e expressões faciais.
Minha mãe e meu pai sorriram como se nada tivesse acontecido entre nós. Então eu flagrei o
olhar de Sienna, sua expressão mais reservada, mas dez vezes mais genuína.
Ia doer, mas eu já tinha decidido.
Coloquei minhas mãos em cada lado do pódio e inclinei-me para o buquê de microfones
apontado para meu rosto.
"Bom dia", comecei. "Há alguns dias, Sienna e eu anunciamos que concordamos em reagendar o
ritual do Festival da Fertilidade para a próxima lua cheia. Desde então, divulgamos muito poucas
informações a respeito."
Com o canto do olho, vi minha mãe balançando a cabeça. Tudo estava indo como ela havia
planejado.
''Bem, a razão para isso é porque eu decidi respeitar a decisão de minha companheira e adiar
indefinidamente o ritual.
"Quando Sienna e eu estivermos prontos para começar a ter filhos, nós avisaremos a Matilha,
mas por ora, nossa decisão de começar uma família não será ditada por nada, exceto por nossos
próprios desejos pessoais. Obrigado."
Uma ladainha de objeções disparou da multidão junto com mãos ansiosas, mas eu não tinha
intenção de responder às suas perguntas. Tudo o que me importava naquele momento era estar com
minha companheira.
Eu me virei para Sienna, que estava radiante. Ela murmurou um silencioso "eu te amo" que me
encheu de orgulho e alegria.
Todos, incluindo meu conselho, ficaram pasmos. Eu podia ver meus pais inquietos, seus olhos
tremendo, tentando não perder o rumo na frente das câmeras.
"Encontre-me no meu escritório em dez minutos," eu disse, beijando minha mãe na bochecha.
"Pai, você também está convidado." Os dois estavam furiosos demais para proferir uma resposta
adequada, mas eu não me importava se eles aparecessem.
Peguei Sienna pela mão e dei um beijo suave em seus lábios. "Sinto muito por ter demorado
tanto."

***
"Ah, Addy! Eu não posso acreditar que você foi tão tolo!"
"Esta não é a decisão de um alfa forte, filho. Você está estabelecendo um precedente perigoso."
Sentei-me em minha cadeira, encarando-os com uma alegria inesperada. Havia algo de engraçado
em como todas as críticas que eles estavam guardando, acabaram sendo disparadas de uma forma
desesperada.
"O que quer que aquela garota tenha feito com você", censurou minha mãe, apontando o dedo
para Sienna, "é o resultado de motivações egoístas. Ela não se importa nem um pouco com a
Matilha e com esta família."
"Sua mãe e eu tentamos tirar você da bagunça que ela criou, mas você simplesmente mergulhou
de cabeça dentro dela. Diga alguma coisa, inferno."
Eu contemplei as duas figuras fumegantes na minha frente.
Nada que eles pudessem fazer ou dizer me deixaria tão feliz quanto Sienna.
Nada que eles pudessem fornecer me faria sentir tão completo quanto eu me sentia quando
estava com ela.
"Mãe. pai, desde que vocês chegaram aqui, deixaram uma coisa bem clara para mim: sua
prioridade sempre será proteger o legado de nossa família. Achei que isso poderia ter mudado
quando mamãe ofereceu aquele almoço, mas estava claramente enganado."
"Vocês estão tão envolvidos com o que é melhor para a família que não têm ideia do que
significa ser família. Sienna é minha companheira. Ponto final. Fim da história."
"Não há mais ninguém neste mundo com quem eu queira viver. E nada vai comprometer nossa
parceria. Nem vocês, nem a matilha, e certamente nem se tivermos filhos ou quando tivermos.
"Não espero que vocês entendam, então direi de outra forma: Eu não quero ver nenhum de
vocês mais."
O rosto de meu pai ficou sério e ele apertou a mandíbula. Eu não me importei se ele estava
chateado. Ele mesmo havia causado isso; ambos tinham.
"Entendo perfeitamente", disse Daniel, colocando as mãos nos ombros de minha mãe. "Estou
feliz que Aaron não está por perto para ver que tipo de lobo você se tornou."
Os olhos da minha mãe lacrimejaram enquanto ela me olhava incrédula, balançando a cabeça.
"Addy... Aí, Addy. Estou tão desapontada."
Eles deixaram a sala rapidamente, mas fizeram questão de fechar a porta atrás deles com um
barulho frio e sem cerimônia.
Qualquer gota de culpa que eu pensei que pudesse ter falhou em se materializar. A tentativa de
meu pai de usar a morte de Aaron em seu benefício apenas tornou a decisão mais fácil.
Voltei minha atenção para Sienna, que, pela primeira vez na memória recente, estava sem
palavras.
"Eu não fiz isso apenas por você," eu disse, desconfortável com o silêncio dela." Já faz muito
tempo que preciso enfrentá-los."
Sienna caminhou em minha direção e deslizou a mão em volta da minha cintura, puxando-me
para um beijo apaixonado. Fechei meus olhos e me perdi em seu abraço.
Sienna
Eu senti seu cheiro enquanto nossos lábios se apertavam em uma fricção feroz.
Eu me afastei, ainda saboreando seu sabor.
Eu estava pronta para cumprir minha promessa. Eu raspei sua bochecha com meus dedos,
deixando meu polegar descansar em seus lábios escuros e deliciosos.
Ele abriu os olhos, silenciosamente implorando para libertá-lo dessa agonia.
Ele cedeu. Eu não precisava ouvi-lo dizer isso. Nós dois sabíamos.
Pressionei meu polegar em seus lábios e ele o deixou mergulhar em sua boca. Sua língua quente
engolfou meu dedo, enviando tremores pelo meu corpo.
Senti meus mamilos endurecerem e todo o meu corpo começou a formigar. Minha visão ficou
turva e senti minhas pernas cederem.
Quando desabei, senti seus braços fortes me envolverem, me puxando com força contra seu
corpo esculpido.
Cada centímetro de mim estava gritando por ele, e meu sexo doía em antecipação.
Ele passou a mão pelo meu cabelo, em seguida, puxou minha cabeça para o lado, expondo meu
pescoço nu. Eu engasguei quando seus dentes morderam minha pele e sua boca massageava a dor.
Eu me perdi no êxtase do toque de Aiden, rasgando sua camisa e espalhando os botões pelo
chão.
"É agora ou nunca," ordenei.
Aiden nunca teve problemas em seguir ordens desse tipo.
Ele agarrou a parte inferior da minha blusa e puxou pela minha cabeça. Tirando sua própria
camisa, ele me ergueu sobre a mesa de modo que minhas pernas pendessem para o lado, montando
nele.
"Anda logo" eu gemi.
"Paciência. Quem espera sempre alcança."
"Foda-se," eu protestei.
Uma de suas mãos agarrou minha perna e a outra puxou minha calcinha para o lado. Ele se
abaixou e pairou sua boca acima do meu sexo, seu hálito quente batendo contra a superfície.
Fechei meus olhos, esperando, ansiando.
Eu não aguentava mais. Eu o queria dentro de mim.
Agarrando-o pelos cabelos, puxei sua cabeça para trás para que travássemos os olhos.
"Venha aqui e me foda."
Sem dizer uma palavra, ele tirou as calças e subiu na mesa. Ela rangeu sob seu peso, mas não
importava se ela desmoronasse embaixo de nós.
Ele agarrou minha mão e a prendeu na minha cabeça. Antes que eu pudesse protestar, o senti
afundar em mim. A respiração voou para fora dos meus pulmões e minha boca se abriu, ofegando
por ar.
Suas estocadas poderosas me sacudiram e eu afundei meus dentes em seu ombro para não gritar.
Eu podia sentir ele ficando mais duro dentro de mim, e eu sabia que ele iria gozar.
Os golpes de Aiden ficaram cada vez mais rápidos enquanto nós dois crescíamos em um
orgasmo atômico que parecia que iria me dividir em dois. Aiden rugiu quando chegou ao clímax, e
eu gritei de tanto prazer.
Depois de me recompor, olhei para seu rosto suado e afastei o cabelo grudado em sua testa.
Eu não podia acreditar que este homem lindo e sensível era meu companheiro, e eu não via a
hora de passar o resto da minha vida com ele.
Capítulo 42 - Pânico no Paraíso
Sienna
O encontro na câmara do conselho ajudou Aiden e eu a redefinir nossa comunicação. Depois
que seus pais fizeram as malas e deixaram a cidade, passamos a semana seguinte reacendendo a
paixão que tínhamos antes de todo o drama do festival.
Deixamos nossas Brumas correr soltas, fazendo amor em todos os lugares que podíamos.
Realmente parecia que tinha meu companheiro de volta.
Uma coisa era certa; não podíamos usar sexo para resolver discussões.
Não apenas porque éramos loucos um pelo outro, mas não funcionou. Isso só fez Aiden e eu
nos ressentirmos.
Toda a experiência com o festival e os pais de Aiden realmente me forçou a crescer.
Seguindo em frente, se tivéssemos uma diferença de opinião, o consenso teria que vir de uma
compreensão verdadeira e a mudança tinha que vir do coração. Nada de ameaças maldosas.
Aiden tinha saído cedo, mas eu escolhi dormir. Meu corpo ainda estava dolorido das atividades
da noite anterior.
Eu comecei a adormecer novamente quando o som do meu telefone me acordou de repente.

Aiden: Acorda, dorminhoca


Sienna: Você não me beijou quando saiu
Sienna: Maldade
Aiden: Você estava tão relaxada
Aiden: Além disso, sei como você fica quando acorda
Aiden: emoji de diabo
Sienna: Experimenta
Aiden: Claro. Adoro te experimentar (emoji de língua)
Sienna: Não é o que eu quis dizer, idiota rs
Aiden: Vem logo, minha linda
Sienna: Quem espera, sempre alcança...
Aiden: emoji
Sienna: Não me faça voltar com a castidade

As mensagens de Aiden me deixaram com vontade de tomar uma dose matinal de Bruma.
Definitivamente não havia como voltar a dormir agora.
Ele iria se ver comigo. Eu ia garantir isso.
Saí da cama e fui ao banheiro escovar os dentes. Eu olhei para o relógio digital na prateleira.
Eram quase dez e meia.
Você precisa ir para a cama cedo esta noite, garota.
Cuspi minha pasta de dente e estava limpando minha boca quando olhei para o relógio
novamente e o horror tomou conta de mim.
A data. Isso estava certo? Não pode ser. Fui para o quarto e peguei meu telefone. A mesma data
apareceu na minha tela de bloqueio.
Meu estômago embrulhou e uma onda de pânico tomou conta de mim.
Minha menstruação estava atrasada.

Sienna: Você estará no seu escritório?


Jocelyn: Sienna, posso ir agora mesmo se precisar de mim
Sienna: Não, não se preocupa
Sienna: Não é uma emergência
Sienna: Só é meio pessoal, só isso
Jocelyn: Ok, se você diz
Jocelyn: Vejo você às 2 então! bjs
Sienna: Eu preciso pedir um favor
Jocelyn: Claro, o que é?
Sienna: Podemos falar pessoalmente?
Jocelyn: Estou livre depois das 2
Jocelyn: Quer passar aqui?
Sienna: Sim
Sienna: Você estará no seu escritório?
Jocelyn: Sim

Essa era a verdadeira beleza de Jocelyn. Ela podia olhar através do exterior das pessoas e focar
no que eles estavam passando por dentro.
Naquele momento, enquanto eu estava do lado de fora da porta de seu escritório, eu precisava
de seus serviços em dobro. Eu tinha muita coisa na cabeça que precisava botar para fora, e também
precisava que ela visse se alguma criaturinha havia pegado uma carona dentro de mim.
A porta se abriu e o cheiro reconfortante de incenso e jasmim fluiu em minhas narinas.
A ansiedade que tomou conta de mim durante toda a manhã começou a se dissipar quando
Jocelyn pegou minhas duas mãos nas dela e olhou para mim com seus olhos cor de avelã
esfumaçados, procurando o que poderia estar me incomodando.
"O que te traz a mim, deusa? " ela perguntou, me conduzindo para dentro. "Suas mensagens me
preocuparam."
Certifiquei-me de que a porta estava fechada antes de dizer a ela o motivo da minha visita.
"Minha menstruação atrasou, Jocelyn."
"Por quantos dias? A Bruma pode atrapalhar às vezes."
"Estou seis dias atrasada."
Jocelyn ficou quieta por um momento, então me convidou para sentar no sofá. "Eu estou
supondo que você e Aiden fizeram sexo recentemente."
Eu dei a ela um olhar como se dissesse: "Mentira, menina!". "Ei, eu tenho que fazer essas
perguntas," ela respondeu, sorrindo. "Estou feliz em saber que vocês dois conseguiram consertar as
coisas."
"Eu também. Quero dizer, estou feliz por Aiden ter progredido em toda a questão da família,
mas posso dizer que é difícil para ele. Ele ainda tem que lutar contra a vontade de brigar comigo às
vezes."
"Na verdade, sinto que há mais pressão agora porque ele é muito compreensivo. Eu quero dar a
ele o que ele quer, mas ainda tem toda aquela história sobre meus pais biológicos atrapalhando."
"Claro," respondeu Jocelyn, "você não é a primeira loba que veio até mim se sentindo
pressionada a começar uma família. O vínculo de acasalamento é uma coisa linda, e quando acontece
pela primeira vez, ambos os parceiros chegam a um pico de felicidade.
"E depois?"
"Depois os casais às vezes podem discordar sobre como manter essa emoção. Um pode levar
alguns anos para se ajustar ao acasalamento antes de começar uma família, enquanto o outro vê os
filhos como uma nova aventura maravilhosa."
"E em alguns casos, um deles pode não querer filhotes de jeito nenhum. O que estou tentando
dizer é que os dois querem o melhor para o relacionamento, mas podem não concordar sobre o que
é."
"Eu quero começar uma família com Aiden, Jocelyn, eu quero de verdade. Ele vai conseguir o
que quer. Eu só me sinto culpada por estar esperando o momento certo."
"Você não deveria. Aiden não está tentando enganar você."
"Eu sei," eu disse, me sentindo estúpida por ter sugerido que era esse o caso.
"Então, o que acontece com seus pais biológicos que você quer saber? Se eles realmente são o
único obstáculo à sua frente, o que lhe daria a paz de espírito que você está procurando?"
Eu tinha pensado na pergunta de Jocelyn mil vezes na semana anterior. Havia muito que eu
queria saber sobre eles, mas tudo se resumia a uma pergunta.
"Eu quero saber por que eles fizeram aquilo, Jocelyn. Preciso saber por que eles me
abandonaram naquela carruagem."
"E por que essa é a pergunta mais importante para você?"
"Olhe para os pais de Aiden e como eles o abandonaram. Veja como isso o deixou
emocionalmente confuso e olhe para mim. Não consigo nem me sentir confortável tendo filhos por
causa dos meus problemas. Se eu não descobrir por que eles me abandonaram, tenho medo de
acabar fazendo o mesmo."
"Sienna, você não vai abandonar seu filho", respondeu Jocelyn, apoiando a mão no meu joelho.
"Ao mesmo tempo, não vou mentir para você. Ser pai traz incertezas."
"É como qualquer outra decisão que você toma na vida. O resultado nunca pode ser garantido.
Então, se é isso que você está esperando, acho que nunca se sentirá pronta para começar uma
família."
Será que era isso? Eu estava usando meus pais como desculpa?
Mesmo se estivesse, não poderia evitar o fato de que a ideia de ter um filho não parecia certa
para mim. Não agora, pelo menos.
"Você acha que estou pronta?" Eu perguntei, captando o olhar de Jocelyn.
"Você é a única que pode responder a essa pergunta, Sienna."
"Mas você me conhece, Jocelyn. E se eu estiver grávida? Preciso saber se estou pronta."
"Está tudo bem se você não estiver," ela disse de forma tranquilizadora.
"É isso? E se minha mãe não estivesse pronta? E se for por isso que ela me abandonou?"
De repente, a ideia de ter um filho crescendo dentro de mim tornou-se assustadora. E se foi
assim que minha mãe ficou grávida de mim? Eu ficaria com ele? O que eu diria a Aiden?
As coisas estavam começando a melhorar.
Tudo isso estava errado.
Parecia errado.
Eu deveria estar muito feliz por estar grávida. Mas por que eu estava sentindo aterrorizada em
vez disso?
Isso não era normal. Por que eu não podia simplesmente me sentir feliz como deveria?
Comecei a hiperventilar.
"Calma, Sienna," Jocelyn disse, esfregando minhas costas. "Respire lentamente pela boca.
Respire fundo, enchendo sua barriga."
"Não estou pronta, Jocelyn, não estou. Vou ter esse bebê e não estou pronta."
"Você não precisa ter se não quiser, Sienna."
"O que você quer dizer? Eu não tenho escolha."
"Você sempre tem uma escolha. É o seu corpo."
Ela estava dizendo o que eu pensei que ela estava? Eu olhei em seus olhos para ter certeza.
"Como eu disse, você não é a primeira loba que veio até mim sem querer começar uma família."
Eu agarrei a mão de Jocelyn. Eu estava pronta para que ela me contasse o que eu já havia me
convencido de que era verdade. "Diga-me se estou grávida, Jocelyn."
"Tudo bem, deite no sofá", respondeu ela, colocando um travesseiro atrás da minha cabeça.
"Você precisa ficar quieta."
Observei enquanto Jocelyn levantava minha camisa e colocava as mãos logo abaixo do meu
umbigo. Suas mãos pareciam suaves e limpas contra minha pele. Eu tremi, não acostumada a ser
tocada tão clinicamente.
"Tente não se mover," ela repetiu, profundamente concentrada.
Senti a área sob suas mãos ficar dormente. Logo depois, um calor desconfortável irradiou entre
meus quadris.
Olhei para o teto, esperando que ela dissesse as palavras que eu temia, mas sabia que viriam.
Fiquei lá pelo que pareceu uma eternidade, minha mente pensando em tudo o que podia mudar
na minha vida.
Eu odiava a Bruma, odiava o que ela tinha feito comigo, o quão fraca eu tinha sido.
Quando percebi, Jocelyn estava enrolando minha camisa.
Ela olhou para mim e agarrou minha mão, seus olhos cheios de emoção.
Capítulo 43 – Um Tempo a Sós
Sienna
Não importa como eu me envolvia nos lençóis, eles se agarravam a mim como uma centena de
mãos indesejadas.
Mas quando os tirava, me sentia nua e com frio.
Eu vim direto para casa depois de deixar a casa de Jocelyn, na esperança de encontrar conforto
na minha cama. Mas tudo que eu fiz nas últimas horas foi vagar a esmo.
Eu não conseguia afastar a preocupação de que alguma parte da minha constituição biológica
pudesse ter predeterminado meu fracasso como mãe.
De repente, ouvi o carro de Aiden estacionar na garagem.
Eu não esperava que ele estivesse em casa até mais tarde. Eu não queria que ele me visse
reagindo dessa maneira.
E eu estava preocupada em não ser capaz de me comunicar direito porque estava sentindo esse
mal-estar.
Assim que ele abriu a porta, ele chamou meu nome.
"Estou aqui em cima", gritei, tentando me recompor antes que ele me visse.
Quando ele entrou na sala, olhei para ele e fiquei impressionada com o quão escultural e bonito
ele parecia.
Sua camisa de colarinho engomada se agarrava ao peito e se esticava ao redor de seus braços,
estreitando-se perfeitamente até a cintura fina. Seus cabelos negros selvagens descansavam
perfeitamente em cima de sua cabeça, implorando para que eu corresse meus dedos por eles.
E o rosto dele, aquele rosto único que era tudo que eu queria ver quando acordasse e antes de ir
para a cama... E eu estava completamente bagunçada, agarrada aos lençóis como uma criança.
"Você chegou em casa cedo," eu disse, tentando mantê-lo no foco.
"Você não estava atendendo ao telefone. Jocelyn disse que você poderia estar aqui."
"Eu precisava de um tempo sozinha. Me desculpe se preocupei você."
Aiden caminhou até a cama e se deitou ao meu lado, sua mão poderosa pousando no meu
quadril. "Diga-me o que há de errado, Sienna."
Aquele era o momento. Eu tinha que ser honesta com ele.
"Minha menstruação atrasou."
Seu rosto ficou em branco por um momento antes de processar as implicações. "Espere, você
está dizendo que..."
"Eu pensei que eu estava. Eu fui para Jocelyn. Ela não viu nada. Ela disse que é a Bruma
atrapalhando meu ciclo."
"Tem certeza? Quer dizer, talvez fosse muito pequeno para ela ver."
"Tenho certeza, Aiden."
A luz em seu rosto se apagou e ele olhou para o meu travesseiro.
Percebendo as manchas de lágrimas ali, ele disse: "Está tudo bem. Você não precisa ficar
chateada. Podemos tentar novamente."
"Não é por isso que estou chorando, Aiden. E se for minha culpa? E se eu não for mãe? Você já
desistiu de tanto por mim, eu não quero que você tenha que sacrificar crianças também."
"Claro, adoraria ter filhos com você um dia. Mas você é a coisa mais importante para mim. Além
disso, acho que você está esquecendo que somos amigos, Sienna. Você está presa a mim para o resto
da vida."
"Eu sei. E por isso que estou tão assustada, Aiden. E se houver algo na minha família biológica
que signifique que não posso ter filhos?"
"Não faria diferença, Sienna" — respondeu ele, sentando-se. "Você é minha principal prioridade.
Achei que tinha deixado isso bem claro."
Ele tinha, e eu sabia que era bobagem da minha parte pensar o contrário.
"Sei que você está nervosa por ter filhos, mas não estará sozinha, Sienna. Estou aqui; sua família
está aqui."
"Honestamente, também estou com medo, mas sei que mãe maravilhosa você será e que, juntos,
podemos resolver tudo."
Como ele poderia ter tanta certeza? Não havia como saber. Ele estava apenas me dizendo o que
eu queria ouvir para me acalmar?
Acho que ele percebeu a dúvida que pairava na minha expressão, porque ele estendeu a mão para
acariciar meu braço.
"Sienna, você não sabe o que levou seus pais a deixar você. Você nem sabe se foi decisão deles."
Ele tinha razão. Eu meio que parti direto para a pior hipótese possível. Eu simplesmente odiava
sentir que estava decepcionando Aiden.
"Você tem razão. Sinto muito", eu respondi.
Aiden deitou-se novamente e aninhou-se ao meu lado.
"Você não acha que eu sou como meus pais, acha? " ele perguntou.
"Claro que não!" Eu respondi, quase rindo de quão ridícula era essa pergunta.
Claro, ele tinha a mesma testa severa de seu pai e o gênio forte de sua mãe... mas Aiden não era
nada parecido com seus pais.
"Então, veja", disse ele, parecendo presunçoso, "não importa quem são seus pais biológicos ou
por que eles a deixaram. Você não é eles e vai ser uma mãe incrível, não importa quando isso
acontecer."
Eu rolei e beijei sua bochecha.
"Interessada em tentar isso agora? " disse ele, levantando uma sobrancelha.
Eu bati nele de brincadeira. Ele sempre tinha que estragar um bom momento com seus
comentários pervertidos.
"Era um momento fofo!" Eu disse, rolando para o outro lado.
Por um tempo, apenas ficamos ali deitados, com os braços pressionados um contra o outro.
Eu sabia que ele estava certo. Quem quer que fossem meus pais biológicos, não definia quem eu
era, ou que tipo de mãe eu seria.
Mas eu ainda sentia aquele espaço vazio em meu coração.
Eu ainda queria saber quem eles eram.

***
Nessa época do ano, as árvores do parque haviam perdido as folhas. Tudo o que restou foram
aglomerados de esqueletos finos amontoados para se aquecer.
Enquanto estava sentada pintando no parque, também me senti nua. Selene sempre me disse que
relacionamentos exigem trabalho duro, mas eu pensei que ela estava sendo dramática.
Ela e Jeremy eram constantemente felizes e agora, com o bebê a caminho, eles teriam a família
que sempre quiseram.
Eles esperaram, no entanto. Ela e Jeremy estavam casados há três anos antes de ela engravidar.
Talvez isso fosse tudo de que eu precisava para acalmar meus medos: um certo tempo para respirar.
Perdi-me nas pinceladas da minha aquarela. Foi relaxante ver os pigmentos se misturarem e
secarem.
Eu poderia escolher quais cores eu queria e os limites de onde elas se espalhavam, mas sempre
havia um grau de imprevisibilidade na forma como elas se misturavam.
Eu nunca estaria totalmente no controle.
Mas a pintura ainda era linda.
Talvez eu precisasse ser mais parecida com minhas aquarelas.
Eu ainda podia ditar as coisas maiores, mas tinha que aceitar que sempre haveria uma parte da
minha vida que eu não conseguia controlar, uma mistura de possibilidades.
A pintura à minha frente provou que nem sempre isso era ruim, que poderia levar a belos
resultados.
"Uau, seu trabalho é excelente", disse uma voz atrás de mim.
Eu me virei, esperando ver um dos muitos aposentados que visitavam o parque durante a
semana, mas em vez disso estava um homem bonito e bem-vestido.
Seu cabelo loiro-branco imaculado estava penteado para trás e seus penetrantes olhos cinza
quase me colocaram em transe.
Ele não podia ser muito mais velho do que Aiden, mas havia alguma característica nele que me
fez sentir como se ele já tivesse vivido uma vida inteira.
"Perdoe minha intrusão", disse ele, exibindo um sorriso arrojado. "Eu estava passando e algo
sobre a sua pintura me impressionou. Você é uma profissional?"
Este não foi o primeiro estranho a me elogiar, mas de alguma forma seus comentários pareciam
meio exagerados e propositais.
"Eu sou," eu respondi. "Quer dizer, eu vendo algumas peças de vez em quando."
"Mesmo? Onde posso ver mais do seu trabalho?"
"Eu tenho uma galeria em que você pode passar."
"Eu adoraria", ele respondeu calorosamente. "Este estará à venda?"
"Este?" Eu disse, corando. "Isso não é nada. Não é tão bom."
"Eu achei incrível", ele comentou. "Meu nome é Konstantin, a propósito."
"Sienna", respondi.
"Sienna, que nome adorável", disse ele, estendendo a mão enluvada.
Eu estendi a mão e sacudi.
"Acabei de me mudar para a cidade e tenho um apartamento com muitas paredes vazias. Eu
adoraria marcar uma visita à sua galeria algum dia.
"Aqui está meu cartão," disse ele, colocando a mão no bolso do casaco e tirando um pedaço de
papel cartão branco e elegante com letras em relevo. "Você encontrará meu número na parte
inferior."
"Sim, claro", respondi, sem saber o que fazer com seu intenso interesse pelo meu trabalho.
"Bom. Estou ansioso para ver o resto de sua arte, se for como este quadro."
Ele me deu um sorriso e saiu pelo caminho.
Havia algo estranho nele que eu não conseguia identificar, e isso me fez querer saber mais.
Ele se portava de uma maneira tão refinada, mas também tinha um ar misterioso.
Eu olhei para o cartão que ele me entregou e fiquei surpresa com o que estava impresso lá:
Konstantin, Doutor em Psicologia, Terapeuta.
Especialização em conexão de mentes e mapeamento de memória.
Sem dúvidas, parecia impressionante.
Eu tracei a borda de seu cartão com meu dedo indicador, pensando no que eu faria. Foi
emocionante ter um cliente potencial interessado no meu trabalho.
Mas havia algo estranho nele que eu não conseguia identificar...
Algo me diz que verei Konstantin novamente em breve.
Capítulo 44 - Arte Nebulosa
Sienna: Bom dia, Konstantin, aqui é Sienna
Sienna: A artista do parque
Konstantin: Claro! Como você está?
Sienna: Estou bem, obrigada
Sienna: Ainda tem interesse em passar na galeria?
Konstantin: Com certeza. Que horas é melhor para você?
Sienna: Hoje às 4?
Sienna: 1071 5th Ave
Konstantin: Perfeito. Até mais tarde, Sienna.

Sienna
Fiquei animada por conhecer um novo cliente, especialmente um com bom gosto. Era uma boa
distração de todos os meus pensamentos em torno de meus pais biológicos.
Dito isso, eu ainda tinha que pôr em dia todas as tarefas administrativas que havia atrasado,
como a lista de caridade que Josh sempre me pedia.
Ele era um cara muito legal fora do trabalho, mas quando se tratava de negócios da Matilha, acho
que ele levava seu trabalho um pouco a sério demais.
Eu tinha acabado de revisar as propostas e estava prestes a começar a minha lista quando senti
um formigamento estranho na minha coxa.
Parecia um espasmo muscular, mas não me lembrava de ter batido em nada no início do dia e
não fazia exercícios havia mais de uma semana.
Abaixei minha mão e comecei a massagear o local.
Ai, merda, então é isso.
O toque da minha mão contra a minha coxa desencadeou uma explosão de prazer que se
acumulou dentro do meu sexo e disparou pelo meu núcleo e em meus seios, endurecendo meus
mamilos e encurtando minha respiração.
Porra, cadê o Aiden? Não importa, eu não tenho tempo.
Eu voei para fora do meu escritório e me dirigi para as escadas, firmando-me contra a grade
enquanto seguia para os banheiros do porão. Não havia escritórios naquele andar e, a essa hora do
dia, todos haviam saído para almoçar.
Eu precisava de privacidade urgentemente, e esse era meu melhor plano.
Eu pensei em resolver isso no meu escritório, mas eu estava exalando hormônios, e toda a
Matilha levaria dois segundos para saber o que estava acontecendo atrás da minha porta.
O peso de cada passo foi ficando cada vez mais pesado, até que tive certeza de que desabaria no
chão.
Meu deus, essa escada ficou maior?
Eu tropecei no corredor e olhei para os dois lados do corredor de mármore silencioso. A área
estava limpa.
Naquela hora, minha pele estava em chamas, e todas as minhas partes sensíveis estavam
pulsando de tesão.
Encontrei o banheiro mais próximo e atravessei a porta.
"Olá?"
Perfeito, não havia ninguém aqui e, pela aparência e cheiro das coisas, todo o lugar tinha sido
limpo há menos de uma hora.
Eu me esforcei para entrar na cabine mais próxima e a fechei, então me esforcei para puxar meu
vestido para cima e tirar minha calcinha do caminho.
Merda, merda, merda.
Abrindo minhas pernas, mergulhei meus dedos profundamente em meus lábios molhados e gemi
na mesma hora.
Comecei a movimentar meus dedos para frente e para trás, acariciando meu clitóris. Eu me
segurei no vaso, massageando meus seios e imaginando Aiden em cima de mim, empurrando para
dentro, seus lábios dançando em meu pescoço.
Fechando meus olhos, eu poderia jurar que comecei a sentir o cheiro dele, seu almíscar flutuando
em meu nariz, me excitando ainda mais. Eu acelerei minha mão, esfregando-me desenfreadamente.
Isso! Porra! Isso!
"Eu sinto seu cheiro, mulher."
Minha mão parou. Prendi minha respiração. Aquilo era real?
Eu ouvi seus passos pesados se aproximando da porta.
"Você vai me deixar entrar?"
"Você vai ter que assoprar e assoprar se quiser que a porta se abra."
"Muito bem."
Em um instante, a porta foi arrancada de suas dobradiças e diante de mim estava Aiden, enorme,
as veias saltando de seus braços.
"Você está atrasado. " eu disse em um tom sexy. "Espero que não se importe por ter começado
sem você."
Um sorriso malicioso se espalhou pelo rosto de Aiden. "Tenho certeza de que posso encontrar
algo que me satisfaça."
● Ele se lançou para frente, mas eu fui mais rápida e o joguei contra a parede do box.
Eu estava com muita vontade.
Abaixei-me e agarrei seu volume. "Vejo que você veio preparado."
"Isso é um problema?"
"De jeito nenhum. " Eu puxei seu cabelo e pressionei meus lábios contra os dele, prendendo seu
lábio inferior entre meus dentes e mordendo.
Senti seu aperto em mim mais forte enquanto ele sentia a dor. Ele devolveu na mesma moeda
mordendo meu pescoço. Soltei um gemido e puxei sua cabeça para trás.
Agora era ele quem tinha me jogado contra a parede. Toda a estrutura estremeceu com o
impacto do meu corpo, mas não me importei.
Prazer e dor eram a mesma coisa para mim.
"Tire a camisa," eu ordenei, e enquanto Aiden a puxava pela cabeça, eu caí de joelhos e
desafivelei seu cinto.
Eu já podia ver sua ereção lutando contra suas calças, esperando que eu a libertasse.
Ele puxou minha cabeça para trás pelo meu cabelo, enquanto eu tirava sua calça e cueca. Eu o
agarrei pela base e coloquei sua ponta contra meus lábios. A respiração de Aiden estremeceu e eu o
senti enrijecer ainda mais em minha mão.
Eu o provoquei com minha língua, correndo ao longo de seu mastro, deliciando-me em como
seu rosto se contraiu sob a tortura.
Então eu coloquei tudo em minha boca, deslizando meus lábios para frente e para trás enquanto
acariciava com minha mão.
"Caralho, Sienna. É assim mesmo."
Eu adorava quando ele mostrava que estava gostando, mas não o deixaria terminar. Eu ainda
precisava dele para outras atividades.
Eu me levantei e lambi seu rosto. Ele rosnou e me empurrou de volta para a cabine.
Ele me levantou no corrimão e deslizou a mão entre minhas pernas. Apoiei um pé contra o vaso
sanitário enquanto ele enterrava seus dedos profundamente dentro de mim. Soltei um suspiro
quando ele começou a balançá-los para dentro e para fora.
"Mais forte," eu sussurrei em seu ouvido.
Eu estava ficando tão molhada que mal podia sentir seus dedos deslizando dentro de mim.
Aiden pegou o ritmo, pressionando seus dedos firmemente contra as paredes do meu sexo
enquanto seu braço inteiro balançava para frente e para trás.
Cada vez que sua palma batia contra meu clitóris, eu deixava escapar um grito de alegria.
Eu agarrei sua garganta.
Ele não vacilou.
Eu apertei com mais força.
"Isso é tudo que você tem? " ele gritou.
Enfurecida com o desafio de Aiden, eu empurrei seus dedos para fora de mim e o joguei na
tampa do vaso sanitário.
Eu joguei minha perna sobre seu colo, então eu estava montada nele e me agarrei aos corrimãos
que ficavam nas laterais da cabine. Comecei a balançar meus quadris, esfregando meu sexo molhado
contra o dele.
A cabine inteira começou a tremer e eu tinha certeza de que a parede iria cair.
Ele estava muito dentro de mim, nunca tinha estado tão profundo antes. Meus músculos se
contraíram enquanto eu me sentia cada vez mais perto de gozar.
Os dedos de Aiden cravaram em meus lados, e eu sabia que ele não estava muito longe também.
A pressão continuou a crescer dentro de mim, fervendo pelo meu corpo.
Meu coração disparou e senti minha pele começar a formigar.
Eu o montei ainda mais forte, jogando todo o meu peso contra ele em uma fúria estúpida.
"Aiden, não pare. Não pare!"
O orgasmo me rasgou como um raio.
Meus braços se transformaram em geleia e eu desabei sobre meu companheiro.
Aiden saiu com um grunhido e disparou seu fluido quente na minha coxa.
Ele pressionou seus lábios macios contra os meus e eu segurei seu beijo, não querendo que
acabasse.
Nós dois ficamos sentados ali, ofegantes, o suor escorrendo de nossos corpos exaustos.
Aiden colocou uma mecha de cabelo atrás da minha orelha e sorriu. "Devemos voltar ao
trabalho."
"Claro," eu respondi, deslizando para fora dele. "Eu não gostaria de privar a Matilha de seu alfa.
Vejo você mais tarde esta noite."
Eu dei um último beijo em sua bochecha e puxei meu vestido, então olhei no espelho e ri.
Eu definitivamente precisava ir para casa e me limpar antes de encontrar Konstantin na galeria.

***
Eu ainda estava organizando pinturas na parede quando ele entrou vestindo um sobretudo azul-
marinho elegante e um Fedora cor de carvão.
Cada vez que eu o via, ele parecia ter acabado de sair de um catálogo caro de roupas masculinas.
"Não cheguei cedo demais, certo?"
"Não, de forma alguma. Estou atrasada. Por favor, entre."
Sua colônia cheirava a rosas e especiarias e tinha uma odor quase inebriante.
Eu não sabia o que este homem tinha, mas ele não era como a maioria dos lobisomens que eu
conhecia. Na verdade, eu nem tinha certeza se ele era um lobisomem.
"Este seu pequeno espaço é adorável."
"Obrigado, foi um presente do meu companheiro.
"Sim, ouvi falar dele. O estimado alfa."
Bem, parece que ele está por dentro do mundo dos lobisomens...
"Como você... "
"Você esteve em todas as notícias. A menos que eu esteja lendo sobre sua irmã gêmea."
Claro, o que eu estava pensando? Eu tinha me desligado tanto daquela zona que tinha esquecido
que os jornais e blogs ainda estavam se recuperando da coletiva de imprensa de Aiden.
Ser instantaneamente reconhecida era algo com o qual ainda precisava me acostumar.
"Deve ser difícil", disse ele, lançando-me um olhar simpático. "Ter seu histórico familiar
examinado, ser desprezada, liderar uma Matilha sendo tão jovem; é demais para uma pessoa só."
De repente, lembrei-me de que o cartão de Konstantin dizia que ele era psicólogo e eu estava
começando a me sentir meio examinada.
Eu queria mudar de assunto.
Mesmo que sua análise estivesse certa.
"Eu tento ignorar os tabloides," eu disse, evitando contato visual.
Ele deve ter percebido meu desconforto com o assunto porque não o forçou mais.
"Você administra este lugar por conta própria? " ele perguntou.
"Por enquanto", respondi. "Talvez se eu começar a dedicar mais tempo, eu contrate ajudantes.
Agora é uma espécie de santuário pessoal."
"Adorável," ele respondeu, começando a caminhar ao longo da parede.
"Então, que tipo de peças você está procurando?"
"Como mencionei no parque, tenho uma cobertura que preciso decorar e estou procurando
algumas peças de destaque", respondeu ele, tirando o casaco e o chapéu para revelar um terno preto
ajustado.
Ele se aproximou de mim e começou a inspecionar as telas que eu acabara de pendurar na
parede.
"Você está procurando uma natureza-morta ou uma paisagem?" Eu perguntei.
"Espero algo mais abstrato. Provocante. Assim", disse ele, apontando para uma pintura no canto
posterior da galeria.
Fiquei surpresa com sua escolha.
A pintura era uma que eu tinha feito há algum tempo: uma linda mulher etérea com cabelos
negros e olhos roxos assustadores.
Eve.
Eu não a via desde aquela noite, mais de um ano atrás, quando ela passou na minha galeria. Eu
não conseguia nem me lembrar do que tínhamos falado.
"Por que esse aqui? " Eu perguntei.
Ele acariciou o queixo ao se aproximar da pintura e ficar na frente dela.
"Ela fala comigo", ele respondeu enigmaticamente. "Acho que consigo ver um pouco de mim
mesmo nela."
Eve era a pessoa mais misteriosa que eu já conheci, então isso me deixou ainda mais curiosa.
"Como assim?"
Konstantin se virou para mim e sorriu. Quando vi seus dentes, engasguei.
Presas.
"Pode-se dizer que há uma espécie de relação de sangue entre nós."
"Você... você é... um...", gaguejei.
Os olhos cinzentos de Konstantin brilharam entusiasmados.
"Eu sou um vampiro."
Capítulo 45 – O Elevador do Êxtase
Sienna
Fiquei parada na minha galeria, boquiaberta, enquanto Konstantin reprimia uma risada.
De repente, todas as peças daquele misterioso quebra-cabeça se encaixaram no lugar.
Seu comportamento atemporal...
Seu senso de estilo...
Seu nível de intuição quase psíquico...
Konstantin era um VAMPYRO.
"Vejo que deixei você sem palavras", disse ele, incapaz de conter a risada por mais tempo.
Corei, me sentindo uma tola.
"Desculpe, eu só... nunca conheci ninguém como você antes," eu respondi.
Konstantin olhou para trás, para a pintura de Eve. "Você tem certeza disso?"
"Espere, você quer dizer... ela era uma vampira também?"
Isso certamente explicaria muita coisa...
Konstantin assentiu. "Sim, mas ela é uma vampira com um i, não um y como eu.
"Qual é a diferença? " Eu perguntei, percebendo que não sabia quase nada sobre o mundo fora
da minha bolha de lobisomem.
"Os vampiros nascem com o gene, enquanto os vampyros são transformados por vampiros",
explicou ele.
"Então alguém transformou você," eu disse, pensando em longas presas afundando em meu
pescoço.
Eu imaginei que fosse uma experiência muito diferente de ser marcada por seu companheiro.
Konstantin sorriu melancolicamente. "Há muito tempo."
Eu estava morrendo de vontade de saber quantos anos ele tinha, mas não tive coragem de
perguntar. Eu não conhecia a etiqueta dos vampiros, e poderia ser uma pergunta rude.
Ainda assim, eu tinha muitas outras perguntas a fazer.
"O que te trouxe aqui?"
Os olhos cinzentos de Konstantin quase pareceram prateados por um momento, pois brilharam
com intensidade. Ele parecia estar considerando a resposta à minha pergunta, mas então ele
finalmente falou.
"Estou abrindo meu consultório aqui", disse ele. "Viajei por todo o mundo em busca de
conhecimento e agora só quero ajudar outras pessoas a encontrar o que procuram."
Ah, certo... Eu sempre esqueço que ele é um médico.
"Eu uso meus poderes para o bem", disse Konstantin. "Eu posso desbloquear coisas na mente
das pessoas que elas nem sabiam que estavam lá. Posso agendar uma sessão com você, se desejar."
Meu coração começou a bater mais rápido.
Havia tanto sobre meu próprio passado que eu ainda não sabia.
Tantas perguntas pairando sobre a minha cabeça. De onde — e de quem — eu vim.
Será que Konstantin poderia me ajudar a descobrir as respostas?

***
Deitei na cama olhando para o teto. Não conseguia parar de pensar na minha conversa com
Konstantin ontem.
Ele se ofereceu para me ajudar a resolver meus problemas como meu terapeuta, mas eu estava
meio insegura.
Eu nunca tinha pensado em fazer terapia.
Mas Konstantin não era um terapeuta comum...
Será que ele realmente poderia me ajudar a encontrar as respostas que eu estava procurando?
Suspirei, tirando as cobertas e saindo da cama. Eu precisava me preparar para uma reunião da
matilha.
Coloquei meu vestido da noite anterior, que estava largado no chão, e puxei-o sobre o meu
corpo. Aiden entrou exatamente quando eu estava fechando o zíper.
Ele se aproximou de mim por trás e puxou o zíper de volta para baixo.
"Aiden", eu disse em tom de censura. "É um milagre eu conseguir me arrumar tendo você como
meu companheiro."
Ele puxou a parte de cima do meu vestido para baixo e eu deixei meus braços caírem nas
mangas.
"Não vamos nos atrasar para a reunião?"
"Eles podem esperar", disse ele, colocando as mãos sobre meus seios expostos. Eu não estava
usando sutiã, e a sensação de suas mãos quentes contra meu corpo acendeu minha Bruma.
Seus dedos brincaram com meus mamilos, circulando-os, esfregando-os.
Senti minha pele sendo apertada e o calor envolvente da Bruma começou a me dominar.
Aiden trancou sua boca na minha e deixou nossas línguas dançarem uma com a outra. Ele
começou a me levar em direção à nossa cama.
Não tínhamos tempo para isso, mas meu corpo não deu a mínima para o que eu estava
pensando.
"Nós vamos nos atrasar," eu disse novamente.
"Vai ser rápido", respondeu ele, apertando minha bunda.
Meu vestido caiu no chão formando uma pilha novamente, e eu estava de volta ao ponto de
partida.
Em um movimento rápido, ele me empurrou para a cama e me prendeu sob seu corpo. Senti o
peso de seus quadris pressionando contra meu sexo.
Ele colocou sua boca em meus seios, sugando suavemente meus mamilos. Eu gemi em êxtase.
Meu deus, por que a Bruma sempre me faz perder a cabeça?
Envolvi minhas pernas em torno de Aiden enquanto ele distribuía beijos pelo meu abdômen até
chegar ao meu sexo.
Sua língua me lambeu e eu ficava mais molhada a cada segundo.
Então seus dedos começaram a brincar com meu clitóris e meu corpo parecia que estava voando
através das nuvens.
"Aiden... nós... temos... que... ir." Eu mal conseguia falar entre meus gemidos incontroláveis de
prazer.
Ele finalmente afastou o rosto do meu sexo e olhou para mim.
"Amor, quando a Bruma chega, não dá para ignorar."
"Olha, a Bruma vai ter que esperar desta vez porque eu realmente quero levar meus deveres a
sério," eu disse. "A matilha está finalmente começando a confiar em mim, e eu não quero perder
isso."
Aiden suspirou, sentando-se e apertando minha coxa com ternura. "Certo. Mas não diga que não
te avisei."
Aiden
Eu não gostava dessas reuniões inúteis. Eu preferia agradar minha companheira.
Josh, no entanto, insistiu nessas recapitulações semanais, onde todos no conselho atualizavam
uns aos outros sobre o que haviam conquistado durante a semana e mencionavam todos os tópicos
que gostariam de discutir com o grupo.
Eles eram normalmente monótonos e não tinham muito valor para mim, e era por isso que eu
não ligava se Sienna e eu estivéssemos alguns minutos atrasados.
Eu os tolerava porque podia sentir que Josh estava tentando provar a si mesmo.
Essas reuniões deram a ele um pouco de controle — algo que ele poderia possuir.
Eu não agi com nenhuma má vontade. Suas motivações faziam sentido.
Por grande parte de nossas vidas, ele era aquele a quem eu recorria quando precisava de um
conselho ou de alguém com quem desabafar. Mas isso mudou no ano passado, quando ele me traiu.
Agora eu tinha Sienna para preencher esse papel e percebi que às vezes ele se sentia posto de
lado.
"Sienna, você terminou a lista de caridade?" questionou Josh, erguendo os olhos da planilha.
Por todos nós, Sienna. Por favor, diga sim.
"Eu estava prestes a mandar para você, acabei me distraindo. Mas está praticamente pronta.
Amanhã cedo eu te entrego."
"O que te distraiu? " perguntou Josh.
Sienna corou e me lançou um olhar tímido. "Não me lembro exatamente."
"Tudo bem. Consegue enviá-la hoje antes de sair?"
"Claro."
"Se você precisar de ajuda para colocar em dia qualquer coisa, é só me avisar e eu te ajudarei."
"Combinado. Josh. Obrigada."
Eu tinha que dar o braço a torcer. Sienna havia aprendido a ambiguidade passivo-agressiva da
Casa da Matilha mais rápido do que o esperado. Era estranhamente atraente, na verdade.
"Terminou, Josh?" Eu perguntei, tentando acelerar as coisas para que eu pudesse levar Sienna
para casa e continuar de onde paramos.
"Sim, não tenho mais nada na minha lista, a menos que alguém tenha outros tópicos", respondeu
ele, olhando em volta. "Ótimo, nesse caso, reunião encerrada."
Josh
Achei que estava sendo bastante razoável, mas Sienna me irritou. Eu não sabia como ser mais
legal.
Eu dei a ela uma saída fácil. Por que ela não aceitou?
Era como se ela não levasse sua posição a sério.
Uma posição que costumava ser preenchida por mim.
Eu precisava de Michelle. Ela sempre soube como me acalmar quando eu ficava assim.

Josh: Ela ainda não tinha terminado a lista (emoji de raiva)


Michelle: Ah, relaxa rs
Josh: Foi mal, eu precisava desabafar
Josh: É como se Aiden nem se importasse
Josh: Eu tô dando o maior duro e ela não consegue fazer uma lista
Michelle: Muita coisa rolou com ela nos últimos meses
Josh: Eu sei, mas ela é a LUNA
Josh: Aparentemente, Aiden quer que ela seja sua nova beta também...
Josh: Eu gostaria que ele apenas dissesse
Michelle: você não foi o único que teve que se ajustar
Michelle: Si sempre foi quietinha, mas agora tá famosinha
Michelle: Eu basicamente vivo na sombra dela
Josh: Isso não é verdade
Josh: Você sempre será meu raio de sol
Michelle: para de graça
Josh: Você adora
Michelle: Vem logo pra casa. Eu tenho uma surpresa para você

Sienna
Eu não conseguia acreditar que estava fazendo isso. Josh não iria nem olhar para isso até de
manhã.
Na verdade, pelo jeito que ele estava me importunando, eu não tinha tanta certeza. Ele realmente
se importava em doar para instituições de caridade ou estava tentando me dar uma bronca na frente
de todos.
Tudo porque ele errou e estava tentando fazer as pazes.
Antes de Aiden e eu termos acasalado. Josh e eu já estávamos meio brigados. Eu o achava um
idiota, e ele me achava uma cabeça de vento.
Mas depois que passamos mais tempo juntos, aprendemos a tolerar um ao outro. Quer dizer, nós
fomos obrigados a isso.
Josh não era apenas o melhor amigo de Aiden, mas também estava acasalado com minha melhor
amiga, Michelle. Em outras palavras, nossos relacionamentos pessoais dependiam de nós dois nos
darmos bem.
E Josh não entendia que eu estava lidando com muitas dúvidas e inseguranças.
Ninguém entendeu, realmente — eu incluída.
Eu estava dando o meu melhor para ser uma boa Luna, mas precisava começar a aceitar ajuda.
Razão pela qual decidi que precisava finalmente confrontar meus problemas em vez de varrê-los
para debaixo do tapete.

Sienna: Oi Konstantin
Sienna: Sua oferta de agendarmos uma consulta ainda está de pé?
Konstantin: Claro!
Konstantin: Quando você pode?
Sienna: Você está livre agora?

Dentro do elevador, pressionei o botão da cobertura.


A julgar pelo hotel, o apartamento de Konstantin deveria ser mais luxuoso do que eu imaginava.
Quando o elevador começou a subir, comecei a sentir uma sensação de formigamento nas coxas.
Será que eu estava nervosa por causa da minha primeira sessão de terapia?
Você consegue, Sienna. Não há nada com que se preocupar
Além, é claro, do calor lento que começou a me derreter enquanto rastejava pelo meu corpo.
Meu estômago tremia e eu estava com dificuldade para respirar.
O rosto de Aiden brilhou diante de mim e eu o senti. Senti suas mãos acariciando meu pescoço,
meus seios, minha barriga... meu sexo.
Que porra é essa?
O elevador continuou subindo, chegando cada vez mais perto do apartamento de Konstantin.
Para meu horror, meu corpo abraçou o toque fantasma de Aiden.
Comecei a transpirar e me senti à disposição de suas carícias. Seu cheiro encheu meu nariz e seu
rosto preencheu minha imaginação. Eu não pude escapar disso. Eu não queria escapar disso.
Eu estava queimando em minhas roupas. Se eu não as tirasse, iria sufocar.
Eu desabotoei minha blusa enquanto desabava no chão, ofegando por ar.
As pontas dos dedos de Aiden dançaram ao longo da minha coxa e traçaram o lado de fora dos
meus lábios.
Eu estava ficando louca de desejo e não conseguia parar o que estava acontecendo.
Aiden estava certo antes...
Quando a Bruma chega, não dá para ignorar.
E agora minha Bruma estava ainda mais forte do que antes.
Tentei apertar minhas pernas o mais forte que pude, lutando contra a sensação do toque de
Aiden, mas minha calcinha estava ficando molhada.
O fogo estava ameaçando me consumir, e eu precisava de um alívio antes que eu explodisse.
Aqui não! Agora não, cacete!
DING!
Ai, meu deus...
O elevador chegou ao último andar e as portas se abriram.
E Konstantin estava bem na minha frente.
Capítulo 46 – Perguntas
Sienna
Eu estava sentada no chão do elevador, minhas pernas abertas, a blusa desabotoada, o suor
escorrendo pelo meu peito e em meu decote.
E meu novo terapeuta estava parado ali na minha frente, completamente confuso.
Tem como estar mais desesperada do que isso?
"Sienna... você está bem? " ele perguntou.
Eu me levantei, tentando ignorar as ondas de prazer implacáveis que ainda estavam me
balançando.
"Estou bem," eu disse rapidamente. "Posso usar seu banheiro?"
Mantenha a calma!
"Claro, fica no final do corredor, à esquerda", respondeu ele, ainda parecendo preocupado.
Passei por ele imediatamente, mas cada passo me deixava mais tonta.
Concentre-se em outra coisa!
A entrada da cobertura era adornada com estátuas de mármore grego, que pareciam ter sido
realmente importadas do Partenon.
Na verdade, todo o seu apartamento estava repleto de arte rara de diferentes épocas ao longo do
tempo.
Como ele conseguiu tudo isso?
Acho que ser um vampiro tem suas vantagens.
Virei à esquerda no final do corredor e dei de cara com o banheiro. Depois de entrar, fechei a
porta e tranquei-a.
A Bruma se espalhou por cada centímetro do meu corpo, me fazendo desistir.
Eu precisava de Aiden ao meu lado. Eu precisava de Aiden — dentro de mim.
Era difícil demais aguentar.
Eu deslizei para o chão e respirei fundo.
Tudo que eu queria fazer era mergulhar meus dedos no meu sexo e fazer ali mesmo, mas resisti.
1, 2, 3... e respira.
1, 2, 3... e respira.
1, 2, 3... e...
A Bruma finalmente começou a diminuir e, com ela, minha ansiedade.
Meu corpo parecia que tinha acabado de retomar da guerra — uma guerra que quase perdeu.
Essa é a ÚLTIMA vez que vou adiar o sexo durante a temporada.
Eu vim aqui para fazer terapia, não para criar mais razões para precisar dela.
Konstantin deve achar que sou louca.
Levantei-me e endireitei minhas roupas enquanto caminhava até o espelho. Eu estava
completamente bagunçada.
Eu rapidamente abotoei minha camisa e amarrei meu cabelo em um rabo de cavalo.
Dá pro gasto.
Eu destranquei a porta e voltei para o corredor. Eu vi Konstantin sentado no que parecia ser um
escritório. Era tão impressionante quanto sua entrada.
Quadros e artefatos adornavam as paredes. Os móveis pareciam ter vindo do Palácio de
Buckingham. As prateleiras estavam cheias de centenas de livros grossos.
"Você realmente leu tudo isso?" Eu perguntei, entrando no escritório e passando meu dedo pelas
lombadas do livro.
"Sou mais velho do que pareço", disse ele com uma risada. "Tive muito tempo."
Konstantin apontou para uma cadeira em frente a ele e eu me sentei.
"Você está... melhor?" ele perguntou hesitante.
"Sim, é que eu precisava muito fazer xixi," eu respondi, tentando me esquivar.
Konstantin sorriu para mim e juntou os dedos. "Desculpe pela inconveniência. Eu não tive a
chance de montar meu escritório ainda, então estou conduzindo minhas sessões em casa por
enquanto."
"Não precisa se desculpar. Este lugar é deslumbrante," eu disse.
Houve um momento de silêncio enquanto Konstantin me estudava. Era como se ele estivesse
tentando me ler, como se eu fosse um de seus livros.
"O que a traz aqui, Sienna?"
Bom, acho que vamos direto ao assunto.
Eu me sentia um pouco estranha por não saber como as sessões de terapia funcionavam.
"Eu... eu não tenho certeza," eu disse.
Konstantin assentiu. "Tudo bem. Não há respostas certas ou erradas. Na verdade, você não
precisa ter respostas. É por isso que você está aqui."
Isso me fez sentir um pouco melhor, mais à vontade.
"Acho que... me sinto perdida", eu disse.
"Como assim?"
"Bem, você meio que acertou em cheio quando estava na minha galeria outro dia."
Konstantin não falou, apenas ouviu, então continuei.
"Tornar-se Luna, forçada a ser o centro das atenções, sem saber quem são meus pais
biológicos..."
"Seus pais", disse Konstantin, me detendo. "Diga-me sobre eles."
"É esse o problema... eu não posso. Não sei nada sobre minha origem."
"Você não tem nenhuma memória deles?"
"Nenhuma", respondi. "Eu tentei cavar o mais fundo que pude para encontrar nem que seja um
fragmento de memória, mas nunca consegui."
"Isso deve ser frustrante," Konstantin disse, em um tom simpático.
"Eu sempre quis saber quem eram meus pais biológicos, mas não pensava muito nisso", disse eu.
"Mas quando me tornei Luna, esse meu desejo só aumentou."
"Você acha que esse desejo veio à tona como resultado de sua relação com a mídia?" Perguntou
Konstantin.
Eu concordei. "Quando eles começaram a fazer perguntas... surgiram todas aquelas que eu tinha
medo de fazer a mim mesma."
Konstantin já estava começando a chegar à raiz dos meus problemas.
Eu deixei isso me afetar por muito tempo, e só falar sobre isso já estava me deixando mais leve.
Inclinei-me para a frente e olhei Konstantin diretamente nos olhos. "Você disse antes que usa
seus poderes para ajudar a desbloquear a mente das pessoas. Para encontrar coisas que eles nem
sabiam que estavam lá."
"Sim", disse ele. "Mas não é tão fácil assim. O processo pode ser um pouco... intenso. Não é
para todos. Você deve ter certeza absoluta de que pode lidar com isso."
Eu não queria que isso me impedisse mais.
Eu precisava da verdade.
Mas será que eu estava pronta de verdade para isso?
Aiden
Minhas patas batiam no chão lamacento enquanto eu ziguezagueava para dentro e para fora da
floresta densa.
Adorei a sensação do vento soprando em minha pele.
A sensação dos meus sentidos em seu ponto máximo.
A emoção da caça.
Eu sempre tinha pressa em sair em patrulha com meu beta, mas ainda mais quando envolvia uma
perseguição — e esta noite, não tínhamos a menor ideia do que estávamos perseguindo.
"Josh, você está vendo alguma trilha?" Eu perguntei, me comunicando através de nossa conexão
mental.
"Nenhuma" respondeu ele, disparando de um arbusto próximo e se juntando a mim em minha
perseguição. "Não acho que essa coisa esteja a pé — se é que ela tem pés."
"Estou sentindo o cheiro de alguém logo à frente. Há mais de um cheiro," eu disse, farejando o ar. "Um é
definitivamente um lobisomem. Mas o outro...
No ano passado, eu me tornei ciente da existência de outras criaturas, algo anteriormente
conhecido apenas pelos Lobos do Milênio, e com o que Raphael me contou sobre o quão perigosos
os vampiros podem ser...
Eu estava pronto para tudo.
Seguimos em direção a uma clareira. "Estamos quase che..."
De repente, um raio de luz explodiu em toda a floresta, nos cegando completamente. Foi como
se o sol tivesse parado bem em cima de nós.
Perdi o equilíbrio e bati em uma árvore, rolando no chão. Eu ouvi Josh uivando; deveria ter
acontecido o mesmo com ele.
"Que porra foi essa? Josh, continue uivando para que eu possa te encontrar!"
O flash sumiu de repente, mas minha visão ainda estava se ajustando.
Quando meus olhos finalmente voltaram ao normal, eu vi que Josh já havia se transformado, ele
estava nu e deitado no chão. Me transformei na forma humana e o ajudei a se levantar.
"Você se machucou, amigo?"
"Apenas alguns arranhões." Josh sorriu. "Acho que precisamos informar que é proibido tirar
fotos com flash por aqui."
"Mantenha seus sentidos alertas. Podemos estar sob ataque" eu rosnei quando comecei a me
transformar novamente.
"Aiden, espere! " Josh me parou. "Atrás de você."
Eu me virei para ver o que Josh estava olhando.
Uma mulher, deitada sozinha na clareira, gravemente ferida e mal conseguindo sobreviver.
Jocelyn
Na maior parte do tempo, não me deixava desconfortável ver meus dois ex-namorados juntos.
Mas quando eles atravessaram a porta do meu escritório na Casa da Matilha completamente nus,
carregando uma mulher igualmente nua, eu fiquei mais desconfortável do que nunca.
"Jocelyn, precisamos de sua ajuda," Aiden gritou, colocando a mulher machucada e
ensanguentada na minha mesa. "Ela não está se movendo."
"O que foi que aconteceu?" Eu gritei.
"Não há tempo para explicar", respondeu Josh. "Ela está gravemente ferida. Ela não vai
sobreviver se você não fizer algo agora."
Ele estava certo. Não era hora de explicações. Eu entrei em ação e coloquei minhas mãos acima
de seu coração, transferindo um pouco da minha energia para ela.
Ok, pelo menos há batimento cardíaco.
Quem quer que a tenha atacado assim deveria ser um verdadeiro monstro.
Ao examiná-la em busca de mais ferimentos, percebi que, apesar de sua aparência selvagem, essa
mulher era incrivelmente bela.
Quando abri suas pálpebras para verificar suas pupilas, engasguei de surpresa. "Meu deus, ela
é..."
"O quê? " Aiden questionou.
"Ela é uma loba ômega."
Uma ladina. Uma loba sem Matilha.
Capítulo 47 - Deixe-me Entrar
Jocelyn
Terminei de colocar as folhas de sálvia em volta da loba ômega e coloquei um cristal de quartzo
na base de seus pés.
Minha mãe me ensinou esse ritual quando eu era apenas uma criança. Ela disse que se eu
estivesse perdida ou sozinha, isso me guiaria de volta a um lugar seguro.
Eu não sabia se o ritual dela se aplicava a esta situação, mas eu tentei de tudo nas últimas vinte e
quatro horas, e nada funcionou.
Aquela lobo ômega estava muito sozinha, e eu estava tentando trazê-la de volta à consciência,
então talvez isso bastasse. Ou talvez eu acabasse fazendo papel de tonta.
Os lobisomens se curavam rápido, mas esta havia levado uma surra. Eu não conseguia imaginar
o que tinha feito isso, mas Aiden e Josh estariam esperando respostas de mim, e agora, tudo que eu
tinha eram perguntas.
"Quem é você?" Expressei meu pensamento em voz alta. "Eu não posso simplesmente
continuar chamando você de loba ômega, posso? Aposto que você tem um nome lindo."
Esta mulher misteriosa me encantou. Eu me perguntei como ela soaria se pudesse falar.
Como ela corria em forma de lobo.
Qual era sua refeição favorita.
Sua flor favorita.
Deus, o que há de errado comigo? Talvez eu mesma precise ir ver um curandeiro.
Comecei a arrumar minhas coisas. Já estava tarde, ou melhor, cedo demais. Eu já estava delirando.
"Se eu continuar falando com pacientes inconscientes, posso ter meu status de curandeiro
revogado", disse a ninguém em particular.
"Bem, isso seria uma merda. Quem me faria companhia?"
Deixei cair minha bolsa, fazendo com que minhas ervas medicinais e pomadas se espalhassem
por todo o chão.
"Ai, meu deus, você é — você é...," gaguejei.
"Nina", disse ela, lutando para se apoiar em um cotovelo. "Ou você ainda prefere loba ômega?"
Nina. Que nome lindo.
O lençol fino que a cobria começou a deslizar por seu torso nu, e isso me fez corar.
Sua pele era escura e brilhante, como o céu noturno, e seus mamilos como estrelas cintilantes —
eu queria me perder em suas galáxias.
"Olá, chamando a Doutora Distraída. Meus olhos estão aqui" ela disse vacilante.
"Eu só estava... apenas examinando suas feridas" eu gaguejei rapidamente, tentando me
recompor. "Escute... você não deveria tentar se sentar. Você ainda está muito ferida."
"Ah, isso? É só um ferimento na carne" ela disse, apontando para um enorme corte em sua coxa.
"Nada que eu não possa..."
Nina estremeceu de dor ao tentar sair da cama e suas pernas se dobraram, mandando-a
diretamente para meus braços.
Eu tinha certeza de que todo o sangue em todo o meu corpo havia se deslocado para o meu
rosto enquanto eu segurava Nina em meus braços. Não tinha como ela não perceber o maldito rosto
cor de morango olhando para ela.
"Eu gostei do seu atendimento, doutora." Nina cerrou os dentes enquanto transferia seu peso
para mim e me permitia colocá-la de volta na cama.
"Você sempre faz piadas, mesmo quando está prestes a sangrar?" Eu perguntei em tom de
censura.
"Isso ajuda a esquecer da dor", ela respondeu. "Você tem alguma outra maneira de me distrair da
dor?"
Eu cruzei meus braços. "Se você está sugerindo drogas, saiba que eu não…"
"Eu ia sugerir que você se sentasse aqui e falasse comigo por um tempo". Nina sorriu.
"Ah, bem, ok. Acho que posso fazer isso", eu disse, me sentindo uma idiota.
Falar não era uma ideia tão ruim. Eu precisava descobrir quem era essa mulher pelo bem de
Aiden e pela segurança da matilha.
Ou eu estava apenas dizendo isso a mim mesma para justificar minha curiosidade? Eu não
conseguia tirar meus olhos de Nina desde que ela havia chegado.
"Então, quem começa? Você prefere verdade ou desafio?" Nina perguntou, felizmente se
cobrindo com um cobertor grosso.
"Eu começo, Nina, mas isso não é um jogo. Se você quer que eu continue tratando você, precisa
me dizer o que aconteceu", eu disse em um tom sério.
"Você quase morreu. Preciso saber o que fez isso com você e se ainda está por aí."
Nina rolou, evitando contato visual comigo. "Caçadores", ela murmurou.
"Caçadores Divinos?"
"Sim. eles estavam me rastreando — quase me pegaram. Seu alfa deve tê-los assustado", disse
ela. "Qual o nome dele?"
"Aiden", respondi, já querendo falar sobre qualquer coisa além do meu ex. "Conte-me mais
sobre os Caçadores."
"Apenas humanos comuns que odeiam o que não entendem," ela rosnou. Este foi o primeiro
indício de raiva que vi em Nina.
Sentei-me na beira da cama, de repente sentindo uma atração emocional por ela.
"Colocando minhas funções de curandeira de lado por um momento, posso te perguntar algo
pessoal?"
Nina parecia intrigada. "Claro, manda ver."
"O que aconteceu com sua mochila? Por que você está sozinha? Quer dizer, sozinha na selva.
Sem matilha."
Ela suspirou, parecendo desapontada.
Droga, eu poderia ter formulado isso de uma forma muito mais eloquente. Eu tinha mesmo que perguntar a
ela por que ela estava sozinha? Era uma pergunta que eu tinha que responder com muita frequência.
"O que você está realmente tentando perguntar é por que fui exilada, certo? Os lobos não
correm por aí sozinhos, a menos que sejam forçados."
"Se você não se sentir confortável em dizer, não vou me intrometer", eu disse, pensando em
como Aiden provavelmente a estaria interrogando em uma cela agora se soubesse que ela estava
consciente.
"Não, está bem. Eu serei honesta. Eu fui pega roubando. Eu sou uma ladra", ela disse
abruptamente. "E das boas. Não me orgulhoso disso —A ok, talvez me orgulhe um pouco — mas
fiz o que tinha que fazer para minha própria sobrevivência.
"Eu aprendi há muito tempo que ninguém vai cuidar de você, então é melhor você aprender a
fazer isso sozinho."
"Você não tinha alguns membros da família a quem pudesse recorrer para pedir ajuda?" Eu
perguntei, me aproximando dela.
Nina franziu a testa com a menção de família. "Eu estava morta para meus pais anos atrás, e eles
estão mortos para mim também. Eu não tenho família."
Aiden
Meu estômago roncou de expectativa com a propagação de macarrão e pães assados colocados
diante de mim.
A mãe de Sienna era uma cozinheira muito boa e, embora eu tenha protestado contra esses
jantares semanais em família inicialmente, sua família se tornou algo importante para mim.
Comecei a considerá-los como parte da minha.
Eu iria devorar o espaguete, mas Melissa bateu na minha mão.
"Calma, Aiden, temos que esperar por todos", disse ela com firmeza. "Selene e Jeremy ainda não
chegaram."
Se for para comer mais cedo, posso dar menos trabalho para o Jeremy na Casa da Matilha.
Eu me virei para Sienna, que estava perdida em pensamentos. Ela tinha estado assim o dia todo.
"Você está se sentindo bem?" Eu perguntei, colocando minha mão na dela.
"Estou bem. Apenas repassando algumas artes para um cliente na minha cabeça" ela disse,
forçando um sorriso.
Os sons da porta da frente batendo e de saltos altos batendo no chão de madeira ecoaram pelo
corredor.
Pronto, chegamos. Desculpe pelo atraso — bufou Selene, puxando Jeremy para a sala de jantar e
sentando-se em sua cadeira sem respirar.
Jeremy me deu um aceno estranho. Ele ainda não havia se acostumado com o fato de seu chefe
estar no jantar de família.
"Tudo bem, eu declaro oficialmente esta refeição iniciada." Robert sorriu. "Mandem ver!"
"Finalmente," eu rosnei. "A culinária da Melissa é uma obra de arte que necessita ser apreciada."
"Ah, pare," ela riu. "Você devoraria qualquer coisa que fosse colocada na sua frente."
Eu olhei para Sienna novamente. Ela mal tocava na comida.
O que diabos está acontecendo com ela hoje?
"Ei, mãe, pai, eu tenho uma pergunta", disse Sienna, falando com cuidado. "O que aconteceu
naquele dia em que você me encontrou abandonada do lado de fora do hospital?"
A sala ficou desconfortavelmente silenciosa e os pais de Sienna se entreolharam com apreensão.
"Por que perguntou isso do nada, querida? " Robert questionou.
Eu me perguntei o mesmo. Eu sabia que Sienna tinha pensado muito em seus pais biológicos
ultimamente, mas eu não tinha certeza se um jantar com sua família inteira era o lugar certo para
perguntar sobre eles.
"Eu só queria saber mais sobre de onde eu vim — de quem eu vim", ela disse calmamente.
"Meus pais... eles deixaram um bilhete? Eles se arrependeram de me abandonar? Você nunca me
contou detalhes."
Observei Melissa ficar tensa após Sienna usar a palavra pais para se referir a outras pessoas.
"Por que isso importa?" Eu perguntei, irritado. "Quem quer que tenham sido, eles foram uns
merdas abandonando você, e eles merecem morrer de arrependimento."
Os olhos de Sienna brilharam como um vulcão.
Foda-se.
Na verdade, esperava que as chamas começassem a sair de seus olhos a qualquer segundo.
Selene e Jeremy trocaram olhares.
"Você não sabe nada sobre eles — gritou Sienna." Só porque seus pais biológicos são um
pesadelo, não significa que os meus sejam."
Sienna empurrou a cadeira para trás, raspando-a no chão, e se levantou furiosa.
"Onde diabos você pensa que está indo?" Eu rosnei com raiva.
"Terapia! " ela gritou.
TERAPIA?!
Levantei-me para segui-la, mas ela já estava na metade do corredor. "Sienna, espere!"
Ela parou, mas não se virou. Quando coloquei minhas mãos em seus ombros, a senti relaxar ao
meu toque.
"Sinto muito", eu disse. "Não sabia que era um assunto tão delicado."
Sienna se virou para mim e ela tinha lágrimas nos olhos.
Eu a puxei para perto do meu corpo, segurando-a com força. "Diga-me o que se passa."
"Há muito tempo que estou lidando com essa dor sozinha", disse ela.
"E é por isso que você vai para a... " Foi difícil para mim dizer a palavra em voz alta por algum
motivo.
"Terapia", disse ela calmamente.
"É algo que eu fiz?" Eu perguntei. "Porque se eu …" — "Não, Aiden... não é sobre você. Eu
prometo."
Seu tom era reconfortante, mas eu ainda sentia que estava falhando com ela de alguma forma.
"Eu só preciso trabalhar alguns problemas e acho que a terapia é a melhor maneira", disse ela.
Eu levantei o queixo de Sienna para que eu pudesse olhar em seus olhos.
Eu queria tirar toda a sua dor e tristeza sozinho. Jamais queria ver lágrimas naqueles lindos olhos,
a menos que fossem de felicidade.
Mas talvez eu precisasse dar um passo para trás desta vez — deixar Sienna lidar com isso do seu
próprio jeito.
Suspirei e dei um beijo na testa dela. "Eu vou te apoiar, se isso é o que você acha melhor para
você."
Sienna agarrou meu colarinho e ficou na ponta dos pés, pressionando seus lábios contra os
meus.
Depois que ela finalmente se afastou, ela sorriu. "Obrigada."
Sienna
Eu estava sentada em frente a Konstantin em seu escritório novamente, mas desta vez eu sabia
por que estava aqui.
Eu sabia o que queria.
"Você tem certeza disso? " Perguntou
Konstantin. "Eu já avisei, isso vai ser intenso. Você pode não gostar do que encontrará —
mesmo estando na sua própria cabeça."
"Tenho certeza", respondi. "Ajude-me a desbloquear minhas memórias. Quero saber quem são
meus pais biológicos."
Konstantin assentiu e então fixou seu olhar no meu. Seus olhos brilharam com aquele prata
intenso que surgia quando ele estava focado.
"Muito bem, vamos começar. Primeiro, você deve abrir sua mente para mim."
Quase caí da cadeira quando a voz de Konstantin de repente ecoou em minha cabeça.
"Você tem que me deixar entrar."
Capítulo 48 - Mémorie
Sienna
A Torre Eiffel parecia absolutamente deslumbrante do meu ponto de vista do Rio Sena — a estrutura magnífica
brilhando no céu noturno.
Eu imaginei que o ar estava realmente fresco naquela noite. Todo mundo estava embrulhado em seus casacos e
cachecóis.
Eu estava apenas de jeans e uma camiseta, mas não conseguia sentir nada de qualquer maneira.
Ou cheirar.
Ou experimentar.
Foi uma sensação estranha, ser capaz de ver tudo, mas não ser capaz de sentir nada. Essa era a desvantagem de
estar na memória de outra pessoa.
Eu assisti enquanto Konstantin passeava de braço dado com uma bela mulher próximo ao Sena. Eu me perguntei
quem ela era.
Uma modelo?
Uma atriz?
Uma ex-amante, talvez?
Quando eles entraram em um beco, comecei a segui-los. Para onde eles poderiam estar indo, tão tarde da noite?
Antes que eu pudesse descobrir, fui arrancada do chão novamente e senti a terrível sensação de
ser forçada a passar por um buraco de fechadura.

***
"Por que você me tirou tão cedo?" Eu perguntei, aborrecida, quando me vi sentada em frente a
Konstantin em sua poltrona de veludo. "Eu queria ver mais de Paris. Foi incrível."
"Sim, sempre posso mostrar mais, Sienna. Posso mostrar a você quase qualquer lugar que você
possa imaginar. Existem poucos lugares neste mundo que eu não tenha conhecido", disse
Konstantin.
"Onde você estava indo com aquela mulher?" Eu perguntei. "Ela era linda."
"Ah, apenas uma festa, tenho certeza", disse ele, acenando com a mão como se não fosse nada.
"Parecia tão real," eu disse, ainda hipnotizada pela memória. "É assim que vai ser quando eu
entrar em minhas memórias?"
"Sim," Konstantin assentiu. "Eu queria mostrar a você como seria. Posso usar meus poderes
para ajudar a trazer memórias à vida, mas quando estivermos em sua cabeça, você será a única no
controle."
"Como vou saber que memória devo procurar?"
"Isso pode parecer bobagem, mas você seguirá seu coração — literalmente. Sua mente criará um
guia que assume a forma de alguém em quem você confia e que a levará ao que seu coração mais
deseja."
Minha cabeça estava girando. Essa coisa de vampiro era muito nova para mim, e mesmo para um
lobisomem, era meio fantástico.
"Eu nunca soube que vampiros eram tão... mágicos."
Konstantin riu da minha escolha de palavras. "Nem todo mundo pensa assim. Por anos, os
vampiros tiveram que viver nas sombras."
"Mesmo? Por quê?"
"Os lobos do milênio não se importavam muito com a minha espécie", respondeu ele.
Os lobos do milênio? Isso incluía Raphael?
"Ninguém deveria ter que esconder quem é", eu disse.
"As pessoas geralmente odeiam o que não entendem. Tem sido assim há séculos. Mas você não é
como a maioria das pessoas, não é, Sienna?"
Konstantin sorriu para mim e eu sorri de volta.
Ele me entendia porque ele também sabia como era se sentir excluído.
"Espero poder ajudá-la a encontrar as respostas que está procurando", disse ele.
Eu estava nervosa, mas também animada para finalmente descobrir de onde vim.
Eu precisava saber quem eles eram...
Meus pais.
Eles foram a razão de eu estar aqui em primeiro lugar. As viagens para Paris eram uma boa fuga
momentânea, um truque de mágica, mas não era isso que eu procurava.
"Estou preparada", eu disse. "Vamos examinar minhas memórias."
"Na hora certa, Sienna. Mas você deve ser paciente neste processo. Não será bom se você agir de
maneira muito rápida ou intensa".
"O que você quer dizer?"
"Quero dizer que a chave para encontrar seus pais está nas profundezas do seu subconsciente",
explicou ele. "E mergulhar tão fundo será difícil." Konstantin se levantou e se aproximou de mim,
passando suavemente o dedo pelo perímetro da minha cabeça, como se estivesse me marcando para
uma cirurgia.
"Por favor, me mostre outra memória," eu disse. "Não me sinto nem um pouco exausta."
"Muito bem, se você insiste," ele disse, suspirando.
Konstantin colocou a mão no topo da minha cabeça, com o polegar pressionando minha testa.
A sala começou a girar novamente, mas apenas por um momento, porque Konstantin de repente
desabou no chão, gritando em agonia.
"Konstantin", gritei, ajoelhando-me ao lado dele. "O que aconteceu? Você está bem?"
"Estou bem, estou bem... não precisa se preocupar comigo. É que... só consigo usar uma certa
quantidade de energia de cada vez, e hoje, infelizmente, estou esgotado."
Sua pele parecia mesmo mais pálida do que o normal. Eu o ajudei a sentar, desculpando-me.
"Eu sinto muito. Eu não teria insistido tanto se soubesse."
"Não, não se desculpe", disse ele. "Eu deveria saber meus limites."
"Espero que isso não o desencoraje de outra sessão", eu disse.
Konstantin balançou a cabeça e sorriu. "Não, claro que não. Eu prometo a você que da próxima
vez que nos encontrarmos... vamos investigar sua mente."
E espero encontrar as respostas de que preciso...
Aiden
"Ela não tem ninguém a quem recorrer. Ela está completamente sozinha", Jocelyn gritou na
minha cara. "Você só vai jogá-la de volta lá para se defender sozinha?"
"Ela se saiu bem sozinha até agora," eu rosnei. "De jeito nenhum vou deixar uma ladina correr
solta em meu domínio."
"Correr?" Jocelyn empacou. "Ela nem consegue andar direito."
"Esta é uma casa de Matilha, não um ponto de passagem para lobos solitários em busca de
esmola."
"Falou como um verdadeiro líder", Jocelyn disse sarcasticamente, me encarando. "Desde quando
a Matilha da Costa Leste se tornou tão egoísta?"
"Cuidado com o que fala", eu rosnei.
"Jocelyn, você confia facilmente nas pessoas. Não estou dizendo que isso é uma coisa ruim —
não mesmo — mas às vezes você acaba confiando demais, e esta pode ser uma dessas vezes", Josh
interrompeu.
"Não venha falar comigo sobre confiança, Josh. Ou você se esqueceu de quando chamou o Alfa
do Milênio porque não confiava em seu Alfa para fazer o trabalho dele? " Jocelyn retrucou.
Droga, ela estava com as garras de fora esta noite.
Eu tinha perdoado Josh por seu erro, mas com certeza não tinha esquecido disso. Ele me olhou
nervosamente, verificando minha reação.
"Sim, Josh pode ser um idiota, isso não é novidade para nenhum de nós, mas não tem nada a ver
com agora."
"A loba ômega precisa ir embora", disse Josh.
"O nome dela é Nina," Jocelyn rosnou.
Eu nunca tinha visto Jocelyn expor suas presas antes.
Nunca.
Isso era importante para ela.
"Nenhum lobo é exilado sem uma boa razão — você sabe disso. É um risco mantê-la aqui."
"É um risco pelo qual estou disposta a assumir a responsabilidade", disse Jocelyn, mantendo-se
firme.
"Como curandeira, tenho a obrigação de fazer o juramento de reabilitar qualquer lobo que venha
a mim e precise de ajuda, da melhor maneira possível."
Não adiantava discutir com ela depois da cartada do juramento. Eu tinha muito respeito por
Jocelyn, embora discordasse dela em relação a isso.
"Tudo bem, ela pode ficar — mas apenas até que ela esteja saudável o suficiente para ir embora.
E espero um relatório diário sobre esse progresso, junto com qualquer outra informação que você
possa obter."
"Combinado" ela respondeu, balançando a cabeça.
Espero que saiba o que está fazendo, Jocelyn.
Nina
"É um risco pelo qual estou disposta a assumir a responsabilidade," Jocelyn declarou enquanto
eu estava no corredor escutando sua conversa com o alfa.
Ah, Jocelyn — por que você é tão inocente? Isso torna as coisas muito mais difíceis.
Doía muito saber que ela confiava tanto em mim, sendo que eu era completamente indigna dessa
confiança. Não tinha como ser mais baixa do que eu.
Aquele anjo merecia o mundo, mas tudo que eu poderia dar a ela eram mentiras.
Eu escapei de volta para o meu quarto e estiquei meus membros.
Nossa, ficar deitada na cama o dia todo realmente deixa você dolorido.
Os poderes do meu benfeitor fizeram um bom trabalho. Esses ferimentos falsos pareciam reais.
Eles eram o suficiente para enganar até mesmo uma curandeira talentosa e um alfa.
Eu mesma teria acreditado que estava perto da morte, se esses hematomas e fraturas não fossem
completamente indolores.
Na verdade, gostaria que fossem reais.
Era o que eu merecia em reparação pelo que fui enviada para fazer aqui.
Mas eu não tinha escolha, não importa o que eu quisesse. Aquele era um trabalho que eu
precisava acompanhar até o fim.
E eu estava ficando sem tempo.
Capítulo 49 – Spotlight
Michelle: noite das garotas!!!!!
Mia: Nossa, eu preciso disso
Mia: Vocês vão ter que me carregar de volta pra casa
Erica: Nem a pau!
Erica: A gente prometeu se comportar, lembra?
Erica: (emoji de proibido) balada
Michelle: só vinho e jantar no Château
Erica: Ahhhhh, Château! Magnifique
Mia: Ok, em primeiro lugar
Mia: Se acham que não consigo dar P. T. com vinho
Mia: melhor se prepararem
Mia: Em segundo lugar
Mia: Vocês estão loucas achando que vamos entrar no Chateau em uma
sexta-feira
Erica: Pois é, eles não estão com agenda lotada, tipo, por vários meses?
Michelle: relaxem
Michelle: Eu tenho meus contatinhos
Mia: Cadê a Sienna? Tá viva, miga?
Sienna: Foi mal, galera
Sienna: Acabei de ver as mensagens
Sienna: Beleza, estarei lá, mas talvez eu atrase
Michelle: tá bom, gata, melhor não furar com a gente de novo!
Sienna: Não vou, prometo!
Michelle: chateauuuuu!!!!

Michelle
"Como assim não têm?" Eu disse desesperada.
"Como eu disse, não temos assentos disponíveis esta noite", disse o anfitrião, sorrindo por entre
os dentes. Apenas reservas"
"Eu te disse," Mia suspirou, reaplicando o batom pela quarta vez.
"Acabei de ver você deixar um casal entrar sem reserva", gritei.
"Ah, por que você não me disse que era o primeiro-ministro da França? Por aqui, senhorita", ele
zombou.
"Acho bom você saber que estou acasalada com o beta" eu sorri. Isso sempre funcionava.
O anfitrião colocou a mão sobre os olhos e semicerrou os olhos por cima de mim. "Ah sim,
onde ele está? Porque tudo que vejo são três lobas bêbadas."
"Não estamos bêbadas", Erica respondeu, indignada.
"Fale por você mesmo," Mia arrastou.
"Se meu companheiro, Josh, ficar sabendo disso, ele... ele fará com que você seja despedido."
"Bem, então você beta vá buscá-lo."
Eu queria socar aquele atrevido, mas aí é que não entraríamos.
Não grite.
Não dê show.
Respira fundo.
Eu me virei para as meninas, murchando. "O que fazemos agora? Eu tinha certeza de que a
gente iria entrar."
"Desculpe pelo atraso, pessoal!"
Sienna, saltando de um carro com chofer, correu até nós parecendo uma beldade sem fôlego.
Seu vestido estava coberto com strass requintados, e o colar que ficava em sua clavícula dizia: Ei,
pessoal, agora estou rica pra caralho.
Ela está usando um original Wolfric? Aquela vadia.
"Sienna, garota, você está linda! " Eu gritei, provavelmente um pouco alto demais.
"Obrigada, você também, Michelle! Adorei seus brincos", ela respondeu. "Podemos entrar?
Estou faminta."
"Então, sobre isso... " Erica começou.
Sienna passou por nós e se aproximou do anfitrião. "Reserva para quatro, Sienna Mercer-
Norwood."
"Ah sim, Sra. Mercer-Norwood, seu nome está bem aqui. Siga-me", ele disse, lançando um olhar
de soslaio para mim.
"Você tinha uma reserva? " Eu perguntei, pasma.
"Eu liguei no caminho até aqui e eles disseram que nos acomodariam em uma mesa da varanda.
Que sorte, não é? " ela disse com total sinceridade.
"Nossa, sim, quanta SORTE", eu disse.
Sra. Mercer-Norwood.

***
É difícil desfrutar de uma comida cinco estrelas quando seu estômago está embrulhado.
Ouvir como Mia e Erica bajulavam cada palavra que saía da boca de Sienna me deixava ainda
mais enjoada.
"O Baile de Inverno deste ano será o seu primeiro como companheira de Aiden. Vocês vão
descer a grande escadaria juntos! " Erica suspirou.
"Sua vida é tão romântica, Sienna. Eu não consigo lidar com isso", Mia jorrou.
Nem eu.
Não é que eu não estivesse feliz por Sienna. Ela era minha melhor amiga. Claro que estava.
Mas ser completamente ofuscada pela minha melhor amiga enquanto ela nem ligava para o seu
tratamento especial era totalmente frustrante.
Eu tinha conquistado muitas coisas no ano passado também, mas minhas realizações sempre
ficariam em segundo lugar ou como vice-campeãs em relação às de Sienna — até mesmo meu
marido, o beta.
Sienna nem apreciava a atenção. Ela ficou com os olhos grudados no telefone a noite toda,
mandando mensagens de texto para alguém, provavelmente para Aiden. Não poderia nem mesmo
ter uma noite longe dele.
Sienna se levantou abruptamente, me assustando. Por um momento, pensei que talvez ela
pudesse ler minha mente, e fiquei vermelha.
"Sinto muito interromper os trabalhos mais cedo, meninas, mas tenho uma reunião com um
cliente", desculpou-se Sienna.
"Você faz reuniões a esta hora? " Eu perguntei, levantando minhas sobrancelhas.
"Vá, seja brilhante, faça sua mágica", disse Erica, mandando beijos. "Estou orgulhosa de você,
amiga."
Acho que vou vomitar.
Meio bêbada, larguei minha bolsa no chão enquanto entrava cambaleando em casa. Josh estava
assistindo o Jornal da Matilha e nem mesmo ergueu os olhos quando entrei.
Típico.
Aposto que quando Sienna chegou em casa, Aiden encheu a calçada com rosas e a pegou em
seus braços na entrada, beijando-a, como em um conto de fadas do caralho.
Era completamente irracional para mim ficar com raiva de Josh, mas agora, eu não estava
pensando racionalmente.
"Josh, você vai apenas me deixar parada aqui? Me segura, caramba!"
Josh se virou, meio confuso. "Espere, o quê?"
"Por que você não faz algo. Porra, faça alguma coisa... Você sempre deixa os outros te deixarem
de fora", eu gritei.
"Ah, você só está bêbada", disse ele, Virando-se e me ignorando.
Eu marchei na frente da TV e encarei Josh. "Você está realmente contente em ser sempre o
segundo melhor? Sendo pisoteado enquanto outra pessoa o substitui?"
"Ah, já entendi. Isso nem tem a ver comigo. Tem a ver com você e Sienna", Josh respondeu
presunçosamente.
"Não, não tem" eu recusei. "Tem a ver com você virar homem e dizer ao Aiden que não quer
que Sienna assuma todas as suas responsabilidades, agora que ela está no conselho."
Josh saltou da cadeira, enfurecido. "Sabe de uma coisa, Michelle? Você é uma hipócrita do
caralho. Você está latindo para mim sobre confrontar Aiden quando você nem mesmo fala com
Sienna sobre como você se sente ofuscada." Ele estava certo. Nós dois estávamos nos sentindo
eclipsados e nenhum de nós estava fazendo nada a respeito.
De repente, o fogo e a raiva que eu sentia por Josh começaram a descer pelo meu corpo. Agarrei
meu sexo enquanto sentia um desejo ardente pelo meu companheiro.
Ele também sentiu — eu já podia ver que ele estava ficando excitado através das calças.
A Bruma estava nos chamando e não poderia ter vindo em melhor hora.
Eu queria que Josh me pegasse? Bom, ele me pegou pra caralho, me tirando do chão e me
empurrando contra a parede.
Ele levantou minha saia sobre meus quadris e pressionou seu pau enorme entre minhas pernas.
"Sem calcinha? " Josh sorriu.
"Cale a boca e coloca dentro de mim," eu rosnei, cravando minhas unhas em suas costas.
Quando ele deslizou dentro de mim, gritei em êxtase. Nossa, era tão bom. Eu não conseguia
nem lembrar por que estávamos brigando.
Com cada impulso, a Bruma se tomou mais intensa e meus gemidos ficaram mais altos. Os
braços volumosos de Josh me prendiam, e tudo que eu queria era que ele metesse —
"Mais forte!"
"Deixa comigo, amor" Josh disse enquanto começava a foder mais forte e mais rápido.
Isso.
Isso, porra.
Josh podia ser um beta, mas fodia como um alfa.
Sienna
"Você está pronta?"
Os olhos penetrantes de Konstantin olharam através de mim enquanto eu me sentava em frente
a ele na cobertura. Parecia que ele podia me ver de uma outra maneira que ninguém mais podia.
Será que eu estava pronta?
Parte de mim sentia que isso era errado — deixar alguém entrar em minha mente, meus
pensamentos mais íntimos que nem mesmo Aiden sabia.
Mas Konstantin era meu terapeuta e eu precisava aceitar que havia algumas coisas que eu não
poderia fazer sozinha.
Nada estava claro, mas se eu quisesse encontrar meus pais, tinha que confiar nele.
"Estou pronta", eu disse. "Me diga o que fazer."
"Feche os olhos."
Ele estava falando comigo telepaticamente novamente. Eu segui suas instruções.
"Agora, pegue minhas mãos."
Eu gentilmente agarrei suas mãos.
"Lembre-se... siga seu coração."
Sem nem mesmo uma ondulação, meu ambiente mudou completamente. Eu estava no que parecia ser um castelo,
vestindo um manto transparente sem nada por baixo.
Eu estremeci, meus mamilos endureceram sob o manto. Esta era definitivamente minha mente.
Na mente de Konstantin, eu não conseguia sentir nada, mas na minha, tudo parecia real — real até demais.
Comecei a descer uma escada à luz de velas, mas o caminho estava bloqueado por uma porta trancada. Quando
minha mão deslizou para o bolso do manto, encontrei uma chave.
Achei que essa fosse a minha mente. Por que eu não teria a chave?
Eu destranquei a porta e empurrei, tropeçando direto em um par de braços musculosos.
Eu olhei para cima e engasguei.
"Aiden?"
"Ah, aí está você. "Ele sorriu. "Eu estava me perguntando quando você viria me buscar."
Mas aquele não era o Aiden real — era o guia que minha mente havia criado, a pessoa em quem eu mais
confiava.
Eu olhei ao meu redor...
Estranho, esta sala parecia uma masmorra; a porta destrancada era a única saída.
"Para onde vamos? " Eu perguntei.
Aiden acenou com a cabeça silenciosamente em direção às escadas.
Enquanto subíamos a escada em espiral, percebi como meu manto era transparente.
Amaldiçoei minha mente por projetar essa roupa. Por que diabos eu escolhi isso? Eu estava praticamente nua.
Aiden não pareceu se importar, a julgar pela maneira como senti seus olhos seguindo minha bunda.
A escada parecia não ter fim, e de repente percebi que não tinha demorado tanto para descer.
"Sienna, acho que você está se segurando. Vamos continuar em um loop se você não se abrir.
"Sinto muito, minha mente está uma bagunça. Eu não sei como controlar..."
Meu corpo foi sacudido por uma onda de choque de eletricidade que se espalhou por cada centímetro da minha pele.
Ah não...
Não aqui.
Como isso está acontecendo aqui?
A Bruma me atingiu como um trem de carga. Ou alguma versão disso na minha cabeça.
Como eu poderia estar tão desconfortável e tão excitada ao mesmo tempo?
Meu manto começou a afrouxar e meu peito começou a arfar. Meu sexo ansiava por alguém estar dentro dele.
Aiden pareceu surpreso. "Sienna, o que está acontecendo? O que você está sentindo? Diga-me."
Eu estava sentindo...
Tudo.
E era bom pra caramba.
Capítulo 50 - Restrições
Sienna
Acordei de repente, suando e ofegante. Konstantin ainda estava segurando minhas mãos, e eu
rapidamente as afastei e coloquei sob meus braços para aquecê-las.
Eu estava bem molhada, mas não por causa de um orgasmo. Fora da minha mente, eu estava
úmida e encharcada de suor frio.
Konstantin correu para o meu lado, jogando um cobertor sobre meus ombros.
"F-foi a Bruma", eu disse, batendo os dentes. "Não entendo o que aconteceu."
"Fascinante", disse Konstantin, me estudando. "Então, é assim que isso se manifesta em sua
mente."
"O que você quer dizer?"
"Aquela não era a Bruma, pelo menos não a real. Sua mente vai tentar lutar com você. É natural.
Seu cérebro tem uma espécie de mecanismo de defesa — como glóbulos brancos do sangue — para
impedir que você vá longe demais."
"Não consigo controlar", tossi.
"Eu sei. É por isso que trabalharemos juntos, disse Konstantin com calma. "Este mecanismo de
defesa se manifesta de maneira diferente para cada indivíduo e, no seu caso, deve estar se
manifestando como uma Bruma."
É claro. Isso significava que toda vez que eu tentasse acessar minhas memórias, iria sentir uma
versão superintensa da Bruma.
Porra, que maravilha.
A última coisa que eu queria era ficar desconfortável e com tesão durante a terapia.
"É importante lembrar que, embora pareça muito real, nada do que está acontecendo em sua
mente está realmente acontecendo fisicamente no mundo real. Está tudo na sua imaginação."
"Por hoje já deu. É muita coisa para lidar."
"Eu entendo; amanhã continuamos. Eu não quero a pressionar se não estiver pronta", ele disse,
pegando minha jaqueta e me guiando até o elevador.
"Obrigada pela compreensão. " Eu sorri fracamente. "Eu me sinto envergonhada."
"Absurdo. Vá para casa e descanse um pouco. Tentaremos novamente amanhã. " A água quente
rolou pelas minhas costas enquanto eu estava no chuveiro, tentando entender o que estava
acontecendo comigo.
Por que minha mente me colocou em uma posição tão vulnerável?
O que eu estava escondendo de mim mesma?
Seja lá o que fosse, estava enterrado profundamente.
Enquanto eu espirrava água no rosto, ouvi a porta do chuveiro se abrir atrás de mim.
"Quer companhia?"
Eu me virei para encontrar Aiden, nu e totalmente ereto, sorrindo para mim com antecipação.
Era a Bruma.
O tipo real de Bruma.
Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele me prendeu contra a parede e estávamos nos
beijando.
Ele mordeu meus lábios e sua língua começou a se mover pelo meu pescoço, depois meu torso,
até que ele estava de joelhos e sua cabeça estava no meu sexo.
Eu estremeci de prazer quando sua língua sacudiu dentro de mim. Fechei meus olhos e cedi ao
meu desejo quando minha Bruma apareceu.
Aiden conseguia trazê-la à tona apenas olhando para mim da maneira certa, mas seu toque era
ainda melhor.
"Você adora quando estou dentro de você, não é, Sienna?" Aiden disse, olhando para mim.
"Nossa, sim," eu gemi.
Aiden se levantou e a cabeça de seu pau roçou meu sexo.
"Faz um tempinho que a gente não sente a Bruma" Aiden sussurrou em meu ouvido.
Tirando a Bruma que tinha aparecido na minha cabeça.
"Desculpa, tenho trabalhado tanto", disse Aiden, seu pau começando a violar meu sexo. "Deixe-
me compensar isso."
Eu gemia em aprovação quando sua ponta escorregou.
Aiden se afastou, então me agarrou pelos ombros e me virou, pressionando-me contra a parede.
Ele de repente entrou em mim por trás, e eu engasguei quando senti sua masculinidade me
preenchendo.
Caralho!
Eu coloquei minhas mãos na parede para me segurar quando Aiden começou a meter em mim
com sua força de alfa.
"Isso, me fode! " Eu gaguejei enquanto cada impulso me atingia exatamente no lugar certo.
Meu corpo inteiro tremia de desejo, implorando por mais.
Eu senti como se estivesse prestes a desmaiar de prazer.
Era exatamente o que eu precisava para limpar minha mente — ser fodida pelo meu
companheiro.

Aiden: Você não me deu atualizações hoje


Aiden: Ela já está saudável o suficiente para ir embora?
Aiden: Eu quero uma data e hora
Jocelyn: Aiden, estou cuidando dela, mas ela não vai se curar da noite para o
dia.
Jocelyn: Você precisa me deixar fazer meu trabalho.
Aiden: E você precisa me deixar fazer o meu hoje
Aiden: Ela já está saudável o suficiente para ir embora?
Aiden: Eu quero uma data e hora
Jocelyn: Aiden, estou cuidando dela, mas ela não vai se curar da noite para o
dia.
Jocelyn: Você precisa me deixar fazer meu trabalho.
Aiden: E você precisa me deixar fazer o meu
Aiden: Não podemos confiar nela

Jocelyn
Exasperada, coloquei meu telefone virado para baixo na minha mesa. Nina me lançou um olhar
curioso.
"Problemas com o namorado?" ela perguntou provocativamente.
"Ex-namorado, na verdade."
"É o beta ou o alfa que está fazendo você parecer que acabou de provar algo amargo?"
"Alfa," eu ri. "Espere, como você sabia sobre..."
"Você acha que não percebi toda a tensão no ar quando vocês três estão juntos em uma sala? O
clima fica tão tenso que não dá nem para respirar — disse Nina, segurando seu pescoço e fingindo
engasgar-se.
"Isso é passado. Não deu certo com nenhum deles.
"Alfa, beta... talvez você precise é de um ômega" Nina sorriu.
Eu me vi corando novamente. Por que isso sempre acontecia comigo quando eu estava perto
dela?
Ajudei Nina a se levantar e mancar até as barras paralelas para que pudéssemos trabalhar em sua
fisioterapia. Meu rubor só aumentou quando ela agarrou meu braço com força.
"O alfa não gosta que eu esteja aqui, não é? Ele quer que eu vá embora."
"Aiden é muito protetor com sua matilha, como um bom líder deve ser," eu respondi. "Ele nem
sempre é a pessoa mais aberta, mas geralmente se torna mais gentil com o tempo"
"Foi o que aconteceu com sua companheira? Qual era o nome dela? Ouvi dizer que eles têm um
romance de contos de fadas."
"Sienna — e onde você ouviu isso? Nos tabloides?" Eu perguntei cautelosamente.
"Quem me conhece sabe que eu leio umas revistas inúteis", admitiu Nina. "Então, qual é o
problema de Sienna? Eu não a vi na Casa da Matilha até agora. Ela não trabalha aqui?"
"Normalmente, sim, mas ela não veio nos últimos dias. Por que você está fazendo todas essas
perguntas sobre Aiden e Sienna?" Eu perguntei.
Nina de repente perdeu o equilíbrio e caiu no chão com um baque, gritando de dor.
"Nina!" Eu me joguei no chão e a ajudei a se levantar, inspecionando seu tornozelo; estava roxo.
"Acho que o torci. " Ela estremeceu.
"Nós tentamos muito cedo. Eu não deveria ter te pressionado tanto", eu me desculpei.
Nina colocou a mão na minha e olhou para mim com seus olhos encantadores.
Meu coração começou a bater no meu peito, mas eu não movi minha mão.
Por que é que eu não estou movendo minha mão?
Eu finalmente consegui me afastar e recuperar minha compostura. "Eu acho que devemos
continuar amanhã," eu disse, limpando minha garganta.
"Tudo bem", disse ela, desapontada. "Mas, Jocelyn, às vezes é bom insistir. Às vezes, você
precisa tentar para descobrir se está pronta."
Sienna
Depois que Aiden ajudou a limpar minha mente e lidar com a minha Bruma, me senti muito
mais confiante em tentar outra sessão com Konstantin.
"Você está pronta para tentar novamente? " ele perguntou, sentando na minha frente em seu
escritório.
"Acho que sim."
Eu respirei fundo.
"Eu tenho certeza."
"Aconteça o que acontecer, não lute. Entende? Você tem que ceder", disse Konstantin. "É a
única maneira de descobrir o que sua mente esconde."
"Vou fazer o meu melhor."
"Me dê suas mãos."
Um exuberante jardim cheio de arcos floridos e fontes jorrando abriu o caminho para uma linda mansão de
tijolos. Eu levantei meu vestido enquanto caminhava em direção a ele, tentando não sujá-lo.
Espere, o que eu estava fazendo? Isso não era real.
Enquanto eu acelerava meu ritmo, meus seios praticamente derramaram do corpete apertado que os estava
impulsionando.
Mais uma vez, isso foi obra da minha própria mente. Tudo na minha cabeça foi projetado por
mim. Da última vez, foi um castelo assustador, desta vez, uma encantadora propriedade rural no
período vitoriano.
Sinceramente, eu preferia este lugar
Quando cheguei à mansão, encontrei Aiden dentro, vestido com um terno elegante e gravata.
Minha mente, de alguma forma, o tornava ainda mais bonito.
"Para onde?" Eu perguntei, examinando a enorme mansão.
"Este é o seu cérebro," respondeu ele. "Siga seus instintos. Onde está dizendo para você ir?"
Sem pensar, comecei a subir a grande escadaria, com Aiden seguindo atrás. Passei por dezenas de portas, mas
sabia que nenhuma delas era a que eu estava procurando.
Corredores tortuosos.
Escadas mais estreitas.
Papéis de parede mudando constantemente.
Este lugar era mais um labirinto do que uma mansão. Eu estava começando a sentir como se algo estivesse
faltando até que me vi parando abruptamente no meio de um corredor.
"Acho que está aqui, mas não sei por quê," disse eu, confusa. "Não há nem portas neste corredor."
Eu instintivamente olhei para o teto e encontrei uma porta do sótão, ligeiramente entreaberta.
"É muito alto para alcançar. Dê-me um impulso."
Eu esperava de verdade que minha mente tivesse sido cortês o suficiente para me dar roupas íntimas desta vez.
Quando Aiden me levantou, comecei a sentir um formigamento por todo o meu corpo.
A maldita Bruma de novo, o mecanismo de defesa do meu corpo. Isso significa que devemos estar perto.
"Está acontecendo de novo", choraminguei.
O rosto de Aiden estava perigosamente perto da minha bunda.
"Não lute contra isso. Ceda a tudo o que sua mente lhe disser para fazer quando entrarmos naquela sala."
Consegui puxar a escada para baixo e subi-la, tentando não pensar em como estava me sentindo extremamente
excitada.
Quando vi o que havia dentro do sótão, meu queixo caiu.
"Que porra é essa?"
Acessórios BDSM artigos de madeira enchiam a sala, junto com muitos chicotes e correntes.
Eu tinha acabado de nos levar a uma maldita masmorra de sexo — exceto que era no sótão.
A Bruma se espalhou pelo meu corpo como um incêndio. Eu queria arrancar minhas roupas, e quando olhei para
Aiden, parecia que o mesmo pensamento passava por sua cabeça também.
Aproximei-me de uma das engenhocas de madeira, sem controle do meu próprio corpo, como se estivesse
sonâmbula.
Minha mente prendeu as alças em volta dos meus pulsos.
"O que você está fazendo?" Aiden perguntou com um sorriso malicioso.
"Sinceramente, não sei", eu disse, tentando não entrar em pânico.
Outra onda de Bruma me atingiu, e tudo que eu queria era sentir algo.
Sentir qualquer coisa.
"Pegue um chicote", ordenei.
Capítulo 51 – Mente Aberta
Sienna
Aiden desamarrou meu vestido até que minhas costas estivessem expostas, enquanto minhas mãos permaneciam
amarradas. Minha Bruma, ou melhor, meu subconsciente, queria tanto isso que doía.
Seus dedos traçaram minhas costas nuas. Havia luxúria em seu toque. Suas unhas estavam
cravadas em minha pele. Eu estava sedenta por algo maior do que apenas um leve arranhão.
Eu precisava sentir algo real.
"O chicote", eu disse novamente.
Aiden examinou a variedade de chicotes na parede e escolheu um com várias tiras. Ele brincou com meu corpo
antes de dar uma leve chicotada na minha bunda.
Ainda não era suficiente.
"Mais forte," exigi.
"Com prazer", respondeu ele, com um brilho diabólico nos olhos.
Ele bateu o chicote contra minha carne novamente. Doeu dessa vez, mas meu corpo queria mais.
"MAIS FORTE", gritei.
Quando ele desceu o chicote novamente, eu estremeci.
O que eu estava fazendo?
Isso não parecia certo. Aquela não era eu.
E aquele também não parecia Aiden.
O que estava acontecendo na minha cabeça?
Meus desejos mudaram. De repente eu não queria mais isso.
"Aiden, pare," eu disse, lutando contra as amarras em que me coloquei.
Mas ele não parou.
Ele me chicoteou com o chicote novamente.
E de novo.
"Aiden," eu gritei. "Ouça-me!"
"Não, não podemos parar."
CHICOTADA
"Temos que continuar..."
CHICOTADA
"Precisamos saber"
CHICOTADA
Eu estiquei meu pescoço para olhar para Aiden, e não pude nem reconhecê-lo.
Ele parecia tão intenso e determinado, mas seus lábios estavam curvados em um sorriso perturbador.
Ele estava gostando disso.
"Não lute contra isso," ele gritou.
Eu senti algo uivar dentro de mim — meu lobo interior. Ele começou a ficar cada vez mais alto até abafar todo
o resto.
A sala começou a girar Então tudo desapareceu.

***
"Que porra foi essa? " Eu perguntei, voltando à realidade.
Eu me levantei e me afastei de Konstantin.
"Sienna, acalme-se. Eu entendo que você esteja incomodada, mas não era real. Estava tudo na
sua cabeça, e só você tem o controle lá," disse Konstantin, erguendo as mãos e me dando espaço.
"Não me pareceu assim", disse eu.
"Esta foi apenas a sua maneira mental de pedir que você se submetesse. Se vamos descobrir o
que está nos recessos mais profundos do seu subconsciente, você terá que ceder a tudo o que está se
pedindo para fazer, mesmo que pareça insano."
Eu balancei minha cabeça, não querendo ouvir nada disso. "Ele... ele se transformou em algo...
vil," eu disse, com lágrimas nos olhos. "Eu nem o reconheci."
"Seu companheiro? " Perguntou Konstantin. "Aquilo era apenas sua imaginação."
"Já chega."
"Sienna, estamos tão perto. Eu posso sentir isso."
"Não, eu não posso fazer isso."
Konstantin tinha me avisado que seria intenso, mas o que eu tinha acabado de experimentar
estava em outro nível. Eu não fui feita para isso.
Peguei meu casaco e corri para o elevador, apertando o botão de descer até que a porta se abriu.
"Sienna, não fuja disso de novo", Konstantin gritou atrás de mim.
Quando o elevador fechou, jurei que esta seria a última vez que colocaria os pés na terapia.

***
Konstantin: Sienna, estou preocupado com você.
Konstantin: Já se passaram três dias.
Konstantin: Se você não retornar às nossas sessões, todo o nosso progresso será
perdido.
Konstantin: Eu entendo que você se sentiu vulnerável.
Konstantin: Mas a verdade sempre nos faz sentir assim.
Konstantin: Não desista ainda.

Eu olhei para a sequência de mensagens e as ignorei, assim como tinha feito nos últimos dias.
Eu sabia que ele tinha razão, mas simplesmente não conseguia voltar atrás.
Talvez eu não fosse tão forte e dominante quanto pensava...
Minhas sessões com ele exigiram mais de mim do que eu imaginava. Elas minaram minha
energia, meu impulso sexual e meu apetite e substituíram tudo por melancolia.
Eu fiquei na cama a maior parte dos últimos dias, me recuperando. Aiden até fez Jocelyn fazer
uma visita domiciliar, mas ela não conseguia perceber nada de errado comigo.
Eu não tinha como explicar que eu só estava com uma ressaca mental muito forte.
Eu ouvi uma batida suave na porta, e Aiden entrou e sentou-se na ponta da cama.
"Está se sentindo melhor hoje?"
"Estou me sentindo ótima. " Eu sorri.
"Bom, porque eu tenho uma surpresa para você", disse ele, lançando-me um sorriso de lobo.
Aiden
"Para onde você está me levando?" Sienna perguntou enquanto eu a conduzia pela floresta.
"Você não tem que trabalhar esta noite?"
Trabalho — eu estive profundamente envolvido ultimamente. E isso estava afetando Sienna. Eu
nunca a tinha visto tão emocionalmente distante antes.
Eu me sentia fraco pra caralho sabendo que eu não pude ajudá-la e ela teve que recorrer à
terapia.
Eu sabia que de alguma forma eu tinha culpa. Então talvez isso nos desse a chance de nos
reconectarmos.
"Tecnicamente, estou trabalhando. E você também", eu disse. "Estamos em patrulha."
"O que você quer dizer?" ela perguntou, cética. "A patrulha não é algo que você só faz com o
seu beta?"
"Normalmente, mas eu quero começar a fazer isso com você. Quero envolvê-la mais na minha
vida profissional."
Para minha surpresa, Sienna começou a tirar as roupas. Ela se virou e sorriu para mim.
"Bem, é melhor nós irmos então. Tire suas calças."
Ninguém teve que me dizer duas vezes para ficar nu. Eu amei a sensação de me livrar das roupas
antes de transformar.
Enquanto eu observava Sienna remover sua calcinha tão casualmente, comecei a ficar excitado.
Ela não tinha mais vergonha de seu corpo há um ano. Agora ela estava toda confiante e sexy pra
caralho.
Ela se virou e me deixou ver sua silhueta sob o luar.
Sua pele branca e macia.
Seus seios perfeitos e mamilos rosados.
"Pensei que era uma patrulha," ela riu, vendo que eu estava excitado. "Ou você está apenas nos
apontando em que direção devemos ir?"
Nós dois nos transformamos e começamos a nos comunicar por meio de nossa conexão.
"Tente acompanhar," incitei.
Sienna correu para a floresta em um piscar de olhos.
"O que você estava dizendo?"
Tudo bem, se era assim que ela queria brincar.
Corri atrás dela, alcançando-a e beliscando seus calcanhares, mas ela conseguiu manter um passo
à frente.
Ela correu mais rápido — muito mais rápido.
Lembrei-me de nossa primeira corrida enquanto ziguezagueávamos pela floresta. Eu nunca
esquecerei aquela perseguição emocionante — o jeito que Sienna me fez caçá-la por horas.
Agora, estávamos correndo lado a lado — companheiros alfa — e era perfeito.
De repente, Sienna me abordou com todo o seu peso e eu perdi o equilíbrio, rolando por uma
colina e caindo com toda força dentro de um rio.
Fiquei submerso por um momento e vi Sienna acima de mim, olhando para baixo.
Minha cabeça surgiu na superfície e eu remei até a costa. "Que porra foi essa? " Eu rosnei.
Sienna mudou de volta para a forma humana e começou a rir histericamente.
"Vingança, pela nossa primeira corrida."
Eu sacudi meu pelo molhado na direção dela antes de também me transformar.
"Ei, você está me molhando", ela gritou.
"Ainda não, não estou," eu disse, levantando-a e prendendo-a contra uma árvore. "Mas vou te
molhar pra caralho."
Começamos a nos beijar e morder como animais enquanto ela colocava as pernas em volta da
minha cintura.
Meu pau pressionou contra seu sexo, fazendo-a gemer, e isso me deixou louco.
A Bruma estava forte pra caralho, e tudo que eu queria era fazer ela se sentir tão bem quanto eu.
"Tá sentindo? " Eu olhei para ela, esperançosamente.
Sienna me empurrou para o chão e começou a montar em mim sem qualquer hesitação.
"Tô", disse ela com um sorriso.
Porra, foi incrível. Ela sabia exatamente como se mover quando estava em cima de mim.
"Aiden... Isso!" ela gritou.
Ela balançava para frente e para trás no meu pau, assumindo o controle.
Cravei meus dedos no chão enquanto ela deslizava pelo meu membro com precisão.
Isso, porra!
Ela estava louca de tesão.
E eu ia fazê-la sentir tesão...
A noite toda.
Jocelyn
Nina não estava progredindo da forma que eu esperava. Lobisomens curam muito mais rápido
do que humanos, mas os ferimentos de Nina me deixavam perplexa.
Por fora, os hematomas e cortes pareciam terrivelmente doloridos, mas meus sentidos me diziam
que algo estava errado.
Eu estava ficando mais perto de Nina a cada dia, mas não pude evitar de sentir que ela não
estava sendo completamente honesta comigo.
Havia uma maneira — uma técnica de cura arriscada — que eu poderia usar para descobrir a
verdade...
"O que você está pensando?" Nina perguntou, mancando lentamente até mim.
"Só estou tentando descobrir como podemos acelerar sua recuperação." Eu sorri, mas Nina não
retribuiu.
"Ih, você está ficando cansada de mim, né?
"Não, não estou me cansando de você. Eu só quero que você melhore", eu a tranquilizei. "Sinto
que não tenho feito tudo o que posso."
Ajudei Nina a se sentar à minha frente e agarrei suas mãos.
"Eu gostaria de tentar algo novo — se você me permitir".
Nina sorriu, interessada. "Estou sempre disposta a experimentar coisas novas."
Merda, esta pode ser a pior ideia que já tive, mas preciso saber.
Havia uma técnica antiga que permitia aos curandeiros absorver a dor de outro lobo em seus
próprios corpos.
Era perigoso, mas se ela estava realmente ferida, então talvez isso pudesse mudar as coisas, e se
ela não estivesse...
Coloquei minhas duas mãos em sua perna quebrada e concentrei toda a minha energia em seu
ferimento.
Em seguida, inverti o fluxo de sua energia em meu corpo.
As veias dos meus braços começaram a brilhar e me preparei para a dor excruciante que estava
prestes a se infiltrar dentro de mim, mas...
Nada.
Sem dor.
Eu olhei para Nina, permitindo que a traição aparecesse em meus olhos.
"Você mentiu para mim," eu disse, chocada. "Você nem mesmo está ferida. Você nem está com
dor, porra."
"O que você quer dizer? É claro que estou..." — " Não... sem mais mentiras, Nina. Você só vai
piorar as coisas. Eu posso sentir o que está dentro de você."
"Merda, Jocelyn. Eu queria te dizer", ela disse, enquanto seus olhos se arregalavam. "Por favor,
estou te implorando, não me odeie."
Sobre o que mais ela estava mentindo? Qual o real motivo de ela estar aqui?
"Você precisa ir embora," eu disse, as lágrimas começando a rolar pelo meu rosto. "Vá agora,
antes que eu conte a Aiden."
"Jocelyn, por favor, me escute," ela gritou, mas eu já estava pegando meu telefone.
Nina se lançou sobre mim e eu vacilei, fechando os olhos, mas congelei quando senti seus lábios
encontrarem os meus.
O que estava acontecendo?
Por que eu estava deixando isso acontecer?
Quando seus lábios macios se fecharam sobre os meus, senti uma onda de emoção.
Em vez de me afastar, inclinei-me e ela me beijou ainda mais forte. Cada pingo de raiva que eu
sentia um momento atrás desapareceu.
Abri os olhos e Nina também tinha lágrimas nos olhos.
"É por isso que eu não disse que já estava curada," ela disse, colocando a mão no meu rosto.
"Eu não queria que você me mandasse embora. Não antes de ter a chance de dizer o que
realmente sinto por você. Há uma conexão entre nós — é forte. Você sente isso também?"
"Sim," eu respondi, enxugando suas lágrimas. "Eu também sinto."
Capítulo 52 – Inseguranças
Sienna
Depois de um tempo longe de Konstantin, minha Bruma estava correndo solta, e Aiden e eu
estávamos mais próximos do que nas últimas semanas.
A questão dos meus pais ainda me incomodava, mas minha mente estava tão confusa que eu
precisava limpá-la para tentar tomar qualquer decisão racional.
Se meus pais estivessem por aí, eu encontraria uma maneira de rastreá-los — uma maneira que
não envolvesse exercícios mentais.
Claramente minha mente não ajudou, não importa o quanto eu quisesse.
Konstantin havia tentado o seu melhor, mas eu simplesmente não consegui.
Aiden girou em sua cadeira e passou os braços em volta de mim, me puxando para seu colo.
"O que podemos fazer hoje? " Aiden perguntou. "Que tal um encontro?"
"Aiden, esta é a primeira vez que trabalho no escritório durante toda a semana. Não posso sair
toda hora. As pessoas vão pensar que estou recebendo tratamento preferencial."
"Você é a companheira do alfa. Claro que você está recebendo tratamento especial. Na verdade,
acho que vou dar isso a você agora", ele disse, deslizando a mão pela minha perna e por baixo da
minha saia.
"Para, Aiden, agora não. Tenho tanta papelada para preencher", eu disse, mas não fiz nenhum
esforço para impedi-lo de puxar minha calcinha até meus tornozelos e calcanhares.
"Há algo que precisa ser preenchido bem aqui", ele rosnou, lentamente mergulhando seus dedos
profundamente no meu sexo.
Porra, era tão bom, e minha Bruma começou a atacar, deixando tudo ainda melhor.
Estava ficando tão quente no escritório de Aiden que comecei a desabotoar minha blusa,
revelando meu sutiã de renda.
Eu dei a ele um olhar de aprovação e, em um movimento rápido, ele limpou tudo de sua mesa e
me deitou.
Aiden rastejou sobre mim e começou a puxar para baixo suas calças, pronto para realizar sua
fantasia de escritório, mas eu tinha a minha própria.
"Espere." eu exclamei. "Eu quero tentar algo."
Virei Aiden e subi em cima dele, sentindo meu domínio emergir pelo meu corpo.
Inclinando-me o mais próximo possível de seu ouvido, sussurrei...
"Sou eu quem manda."
Michelle
"É um absurdo", gritei, andando de um lado para o outro no escritório de Josh. "Como ele pode
fazer isso com você?"
Josh apenas balançou a cabeça. "Ele a levou em patrulha quase todas as noites esta semana. Era
uma coisa nossa."
Ok, eu tive que admitir que o bromance do Josh com seu melhor amigo e subsequente
reclamação sobre ser deixado de lado era meio broxante...
Mas eu tinha meus próprios problemas com Sienna.
E agora ela estava interferindo no trabalho do meu companheiro também?
De jeito nenhum isso iria continuar.
"Josh, você tem que falar com Aiden hoje. Você é o beta dele, não Sienna, e tem se esforçado
tanto para mostrar seu valor. Você merece o melhor."
"Tudo bem, farei isso hoje — se você concordar em falar com Sienna e parar de ser tão passivo-
agressiva", disse Josh, cruzando os braços.
"Não sou passivo-agressiva", zombei.
Eu tinha que admitir que queria que as coisas melhorassem entre mim e Sienna, mas queria que
ela viesse até mim primeiro. Eu mal tinha ouvido falar dela nas últimas semanas.
Às vezes eu me perguntava se estava sendo mesquinha, mas realmente doía ver minha melhor
amiga de toda a vida se distanciando cada vez mais de mim.
Uma batida forte no escritório de Aiden na porta ao lado me tirou dos meus pensamentos e Josh
pulou da cadeira.
"Estamos sob ataque?" ele deixou escapar, rasgando sua camisa, pronto para se transformar.
Os sons inconfundíveis de gemidos e grunhidos começaram a sangrar pela parede como se ela
fosse feita de papel.
Meu queixo caiu. "Espere um segundo... eles estão?"
"Aiden."
"Ai, Aiden."
"Isso. Isso. Isso."
"AIDEN."
"Josh, temos que superá-los", gritei.
Ok, talvez eu fosse um pouco passivo-agressiva às vezes.
Empurrei Josh contra a parede e baixei suas calças. Ainda bem que ele estava literalmente sempre
pronto para agir.
Eu agarrei seu rosto e olhei profundamente em seus olhos.
"Eu quero que você me faça uivar, porra."
"Pode deixar", disse ele, rasgando minha camisa para que meus seios se espalhassem em seu
rosto. Comecei a gemer o mais alto que pude, bem contra a parede que dividia os escritórios de
Josh e Aiden.
"Michelle, ainda nem estou dentro de você", disse Josh, confuso.
"Bem, então se apresse," eu gritei impaciente.
Sério que ele não estava entendendo o que estávamos fazendo? Graças a deus ele era lindo.
Eu cravei minhas unhas no abdômen de Josh enquanto ele metia e a gente gemia loucamente.
Foi alucinante.
Quem diria que a foda competitiva induzida pela Bruma seria tão boa?
Saí do escritório de Josh, ofegando bastante, no momento exato em que Sienna saiu do de
Aiden.
"Ótimo", eu murmurei baixinho.
"Ah, Michelle... oi," Sienna gaguejou.
Nós duas nos olhamos de cima a baixo, ficando vermelhas. Estávamos completamente
bagunçadas — cabelos amassados, roupas rasgadas, ambas sem fôlego.
Percebi que minha calcinha estava pendurada no bolso da jaqueta e tentei escondê-la
discretamente.
Sienna ajustou a alça do sutiã que estava exposta por causa de vários botões faltando em sua
blusa.
Antes que eu percebesse, Sienna caiu na gargalhada e eu fiz o mesmo.
"Isso é estranho pra caralho". Eu estava chorando de rir.
"Não, é por isso que você é minha melhor amiga", respondeu Sienna.
Aquelas palavras me tocaram.
Talvez Josh estivesse certo. Era só eu falar com ela.
"Ei, e se a gente fosse..."
O telefone de Sienna tocou e ela o puxou, deixando escapar um suspiro pesado.
"Si, o que foi?" Eu perguntei, estendendo a mão para tocar seu ombro, mas ela se afastou.
"Desculpe, não é nada. Apenas uma coisa com um cliente. Só estou sendo dramática — disse
Sienna, se atrapalhando para puxar as chaves da bolsa. "Eu tenho que ir para a galeria."
Algo estava claramente errado.
Sem nem mesmo se despedir, Sienna entrou no elevador, os olhos grudados no telefone.
Eu olhei para a escada ao lado.
Eu estava cansada de segredos.
Eu iria descobrir o que estava acontecendo, quer Sienna quisesse confiar em mim ou não.

***
Konstantin: Sienna, você pensou no que eu disse?
Konstantin: Você estava tão perto de fazer uma descoberta.
Konstantin: Não quero que você jogue fora todo o seu progresso.
Sienna: Acho que não posso continuar com nossas sessões
Sienna: Não é saudável para mim
Sienna: Tem que haver outra maneira
Konstantin: Enfrentar seus medos é a única maneira.
Konstantin: Você não pode continuar correndo deles.
Konstantin: Prometo que se você voltar...
Konstantin: Farei tudo ao meu alcance para ajudá-la a encontrar as respostas
de que precisa.
Sienna: Não sei se sou forte o suficiente...
Konstantin: Você é.
Konstantin: Confie em mim.
Sienna: Ok...
Sienna: Vou tentar de novo. Mais uma vez.
Konstantin: Isso é tudo que você precisa.

Josh
Bati na porta de Aiden e entrei em seu escritório. Tudo que estava em cima de sua mesa estava
espalhado pelo chão, e o almíscar do sexo pairava no ar.
Ele ainda não tinha vestido a camisa e a gravata estava frouxa no pescoço.
Pelo menos ele estará de bom humor. Ele acabou de transar. "Ei, podemos conversar? " Eu perguntei
hesitante.
Esses momentos com Aiden sempre foram estranhos. Eu não sabia se deveria cumprimentá-lo
ou me curvar e chamá-lo de meu alfa.
Minha amizade com Aiden começou muito antes de ele se tornar o alfa da Matilha da Costa
Leste, mas na casa da Matilha, a linha entre nossa amizade e relacionamento profissional era confusa.
"Parece que nós dois tivemos tardes produtivas." Aiden sorriu.
"Pois é, acho que sim", eu disse, coçando minha nuca. "Na verdade, é sobre isso que eu queria
falar com você — minha produtividade."
"O quê, vai me dizer que está sobrecarregado? " Aiden riu. "Porque parece que Michelle estava
mantendo você bem ocupado."
"Você fez de Sienna seu novo beta", eu gritei, incapaz de segurar mais.
Aiden parecia atordoado.
Ele claramente não esperava aquela explosão.
"Isso tem a ver com a patrulha?" Aiden perguntou.
"Sim, mas não tem a ver só com a patrulha. Eu me um sinto inútil do caralho quando venho
trabalhar e vejo todas as minhas tarefas nas mãos da Sienna.
"Josh, para falar a verdade, tenho tentado envolver Sienna na minha vida profissional porque ela
tem estado distante ultimamente. Mas ela também tem sido um grande trunfo para a Casa da
Matilha."
"Eu tenho trabalhado tanto para mostrar a você que ainda me dedico a esta matilha e a você."
"Eu sei, Josh. E eu agradeço. Mas depois do que aconteceu com a Sienna no festival, preciso
provar que esses fanáticos estão errados e mostrar à matilha o quanto Sienna pode brilhar quando
tem a oportunidade."
Ele suspirou profundamente e recostou-se na cadeira da escrivaninha. "Com Sienna, estou
começando a ver um novo caminho para nossa Matilha que eu nunca teria visto por conta própria.
"Claro, mas onde me encaixo nessa visão do futuro? " Eu perguntei.
Houve um silêncio tenso entre nós.
Não importa se Aiden me perdoou ou não, as coisas estavam diferentes agora. E isso era difícil
de aceitar.
Michelle
Todas aquelas corridas com Aiden devem ter trabalhado bastante as pernas da Sienna, porque as
minhas estavam pegando fogo tentando acompanhar aquela garota.
Minha melhor amiga definitivamente estava guardando segredos. Ela não apenas não foi à
galeria, mas chamou um táxi em vez de usar o motorista de Aiden.
E de repente eu estava assistindo Sienna entrar no hotel mais caro da cidade, tentando passar
despercebida.
Graças a deus essa perseguição finalmente acabou, porque eu não fui feita para essa merda.
Eu me agachei atrás de uma cadeira no saguão enquanto a observava entrar no elevador. Eu
queria ter visto pelo menos para que andar essa vadia sorrateira estava indo.
"Que merda," eu murmurei para mim mesma quando a luz parou na cobertura.
Por que diabos ela estava encontrando alguém em um hotel, a menos...
Sienna
Mal pude conter minha ansiedade enquanto esperava o elevador do hotel de Konstantin. Eu
finalmente obteria as respostas que estava procurando.
Fechei meus olhos e respirei fundo.
Eu finalmente saberia de onde vim.
De quem eu vim.
E eu poderia perguntar na cara deles por que eles me abandonaram...
Mesmo que fosse doloroso, eu precisava saber...
Porque eu não era boa o suficiente.
Capítulo 53 – A Ópera
Aiden
Faltando apenas alguns dias para o Baile de Inverno, eu estava preso trabalhando até tarde no
escritório novamente.
Meu único consolo foi que não teríamos nenhum convidado surpresa este ano. O Alfa do
Milênio ficaria na Costa Oeste para as festividades deste ano.
Sienna me mandou uma mensagem dizendo que estava indo para uma sessão de terapia e depois
indo para a galeria, o que pelo menos me fez sentir menos culpado, mas eu não queria que essa fosse
a nossa vida — ambos trabalhando até tarde em lados opostos da cidade.
Eu não conseguia parar de pensar no que Josh havia me dito. Foi chocante ver meu amigo, que
sempre estava tranquilo, tão chateado e, embora eu não quisesse admitir, muito do que ele disse fazia
sentido.
Havia uma energia ruim no ar. Ela estava presente nas últimas semanas.
Não era algo que eu pudesse cheirar ou ver, mas podia sentir em meus ossos.
E estava afetando todos com quem eu me importava.
Talvez o Baile de Inverno fosse a coisa certa para tirar todo mundo desse clima. Ou talvez
acabasse sendo um desastre ainda maior do que o do ano passado.
Pelo menos uma coisa era certa: Sienna estaria linda.
Peguei uma caixa de vestido debaixo da minha mesa. Selene projetou isso exclusivamente para a
estreia de Sienna no Baile de Inverno como minha companheira.
Eu não sabia absolutamente nada sobre vestidos, mas Selene tinha me garantido que ela adoraria.
Quando apaguei as luzes do meu escritório, lembrei-me de que Sienna tinha saído correndo. É
melhor eu verificar se ela deixou alguma coisa para trás.

***
"Preciso de mais tempo."
Ao me aproximar do escritório de Sienna, percebi que a porta estava entreaberta, apesar das
luzes terem sido apagadas.
Havia alguém lá dentro, conversando, mas eu só conseguia ouvir uma voz, e não era a de Sienna.
Eu preparei minhas garras e rastejei silenciosamente até a borda da porta para ouvir.
"Isso não fazia parte do acordo... Faça seu próprio trabalho sujo... Por favor, deve haver outra
maneira... eu entendo."
O que era aquela baboseira? Era hora de acabar com aquilo.
Eu irrompi pela porta e encontrei Nina parada no meio da sala, sozinha.
Ela se virou para olhar para mim, assustada.
"O que diabos você está fazendo no escritório da minha companheira, loba ômega? " Eu rosnei.
"E-eu deve ter sido meu sonambulismo", ela balbuciou.
"Com quem você estava falando? Quem mais está aqui?" Eu cheirei o ar, mas o único cheiro na
sala era o de Nina.
"Juro, não sei como vim parar aqui", disse ela, começando a tremer.
"Mentira", eu cuspi, circulando-a. "Você é um ladrão. Então, o que você veio roubar aqui?"
"Cometi erros na minha vida, mas não sou assim", disse ela, chorando.
Eu não acredito nessas lágrimas de crocodilo nem por um segundo.
"De qual matilha você foi exilada? " Eu investiguei.
"A matilha da Colômbia", ela divulgou. "Você não faz ideia... você não sabe como era lá. Eu só
roubei para me manter viva."
Eu duvidava que fosse uma coincidência ela ter escolhido uma das matilhas mais distantes e
remotas possíveis. Levaria uma semana para verificar sua história.
"Volte para seus aposentos," eu rosnei. "Mas não se acostume. Você não vai ficar aqui por muito
mais tempo."
Enquanto ela mancava para fora do escritório de Sienna, ela se virou para mim. "Lamento ser
um inconveniente, meu alfa."
"Eu não sou seu alfa," eu cuspi. "Você pode ter enganado Jocelyn, mas sei quem você é de
verdade."
Sienna
Mais uma vez, encontrei-me sentada em frente a Konstantin enquanto ele olhava através de
mim, embora eu tivesse jurado nunca mais voltar aqui.
Ele conhecia meus medos mais profundos.
Meus maiores arrependimentos.
Meus desejos mais profundos.
Eu estava em desvantagem naquele jogo e nunca estive tão vulnerável quanto ficava em suas
sessões, mas se o que ele havia me dito fosse verdade, eu finalmente descobriria quem eram meus
pais.
"Você está pronta para entrar em suas memórias?" ele perguntou.
"Não, mas vamos fazer isso antes que eu mude de ideia," eu disse, suspirando. "Se eu der a você
acesso às minhas memórias, esta será a última vez."
"Sim, eu posso te prometer isso. Eu sei como isso deve ser cansativo para você."
Konstantin se inclinou e segurou minhas mãos. "Tudo bem, vamos descobrir a verdade..."
Comecei a perder a consciência.
"... juntos."
Uma casa de ópera italiana desta vez — um teatro do tamanho do Coliseu.
Eu estava em um camarote olhando o espetáculo no palco. Um caçador, em uma paisagem de inverno, estava de pé
ao lado de seu prêmio, berrando uma enxurrada de palavras melódicas que eu não entendia.
O simbolismo, entretanto, era dolorosamente claro — o prêmio daquele caçador?
Um lobo morto, sangrando de lado.
Meu cérebro não era sutil.
Senti meu lobo interior queimando dentro de mim. Isso me salvou da última vez que me perdi em minha própria
cabeça; talvez me protegesse desta vez também.
Usei meu mini binóculo para examinar a multidão, procurando por Aiden. Eu o localizei na primeira fila. Ele
estava indo para os bastidores.
Eu levantei meu vestido de baile magnífico e desci correndo as escadas enquanto ele se arrastava atrás de mim.
Quanto mais perto eu chegava do palco, mais começava a sentir a Bruma.
Força, Sienna. Lembre-se, isso não é real.
Enquanto eu tentava me convencer de que era apenas minha imaginação, o prazer avassalador que crescia em meu
sexo me dizia o contrário.
Eu preciso ser tocada — agora.
Atrás do palco, passei por fileiras de figurinos e adereços detalhados, em busca de Aiden. Ele apareceu por trás de
uma cortina, usando uma máscara meia face dourada.
"Sua mente sempre traz você para mim. Toda vez", ele disse suavemente. "Você sabe o que você quer, o que tem
que ser feito."
Aiden estalou os dedos e a cortina de veludo gigante caiu, deixando-nos expostos no palco na frente de milhares de
pessoas.
Os atores haviam sumido; éramos apenas nós.
Meu lobo interior tentou uivar, como se quisesse me avisar de algo, mas a orquestra começou a tocar e meu lobo foi
afogado.
Aiden estendeu a mão e nós dois começamos a dançar quando a neve caiu do teto e cobriu o palco.
Eu estava em transe, sem controle do meu próprio corpo, mas parecia uma adorável canção de ninar. Eu não
queria que acabasse.
Antes que eu soubesse o que estava acontecendo...
Nós nos beijamos.
Sob as luzes.
Na neve.
Com milhares de olhos em nós.
Era mágico.
"Você é realmente linda, Sienna. Agora, deixe-me entrar nessa bela mente."
Aiden me deitou suavemente em algumas peles escuras no meio do palco. Corri meus dedos por sua maciez
enquanto ele estava em cima de mim.
"Isso é real? "Eu perguntei, mergulhando mais fundo no meu subconsciente. "Parece um sonho."
"Sim, minha querida, é apenas um sonho," Aiden persuadiu, desabotoando as calças e rastejando em cima de
mim.
Ele começou a beijar meu pescoço, mas isso estava errado.
"Deixe-me entrar."
Eu não queria.
Ele não se parecia com Aiden. Seu toque era estranho.
Esses não poderiam ser meus desejos — com ou sem Bruma.
Eu virei minha cabeça para evitar seus beijos e...
Ai, meu deus.
Gritei a plenos pulmões.
Eu estava deitada sobre a pele de um lobo.
O lobo de Aiden.
Sua língua estava pendurada grotescamente para fora de sua boca, e seus olhos mortos me encararam com o vazio.
Quando me virei para Aiden, meu sangue gelou.
Meu coração afundou profundamente no buraco negro sem fim em que meu estômago se tornou.
Porque não era mais Aiden deitado em cima de mim...
Era Konstantin.
Suas presas estavam estendidas e ele estava se movendo em direção ao meu pescoço.
"Dê-me o que eu quero," disse ele nervoso e irritado.
Eu lutei embaixo dele, mas ele me prendeu.
"Pare com isso! "Eu gritei. "Por que você está fazendo isso?"
"Apenas me deixe entrar! " ele gritou. "E tudo isso vai acabar."
"Saia de perto de mim," gritei.
Mudei e saltei sobre Konstantin, afundando meus dentes em seu ombro.
Enquanto ele gritava, não fomos apenas arrancados do chão. Fomos jogados no que parecia um furacão.
Eu rompi nossa conexão.

***
Assim que recuperei a consciência, puxei minhas garras e passei-as pela pele de Konstantin.
"Desgraçada, meu rosto! " ele gritou.
Eu deveria ter mirado mais baixo — entre suas pernas.
"Esse tempo todo era você", eu disse com minha voz tremendo. "Minha mente nunca criou
Aiden como meu guia. Sempre foi você."
Nunca senti uma traição tão profunda e condenatória.
Minha cabeça estava girando. Tive vontade de vomitar.
"Você estava apenas me usando", eu disse.
Konstantin deu um passo em minha direção e eu imediatamente recuei.
"Por quê?" Eu perguntei enquanto meus olhos se enchiam de lágrimas.
"Porque você tem algo que eu quero", respondeu ele. "Bem no fundo de sua mente."
Sua voz e comportamento mudaram completamente, e eu sabia que não estava segura aqui.
Corri para o elevador enquanto ele tentava me seguir.
"Você não sabe o que está fazendo."
"Isso é porque você está mexendo com a minha cabeça, me manipulando," eu gritei, quase me
transformando.
As costuras do meu vestido começaram a estourar.
Enquanto Konstantin caminhava em minha direção, soltei um rugido tão poderoso que o
desequilibrou.
Como diabos eu fiz isso? Eu nunca tinha visto nem mesmo Aiden derrubar alguém antes.
"Nunca mais chegue perto de mim de novo", eu disse, com lágrimas escorrendo pelo rosto.
Assim que a porta do elevador estava para fechar, vi o rosto normalmente bonito de Konstantin
se contorcer em uma carranca feia, cheia de ódio.
Michelle
Finalmente, lá está ela!
Eu estava prestes a adormecer esperando para emboscar Sienna no hotel, mas pulei quando a vi
correndo para fora do elevador.
Espere, por que ela está correndo?
E... ela está chorando?
Ela passou correndo, sem nem mesmo me notar...
Um homem bonito e de aparência distinta saiu correndo de um elevador imediatamente depois,
limpando o sangue da boca e olhando ao redor do saguão com uma raiva selvagem nos olhos.
Que porra é essa?
Não era difícil de somar dois e dois.
Eu não me importava com os problemas que estava tendo com Sienna. Este homem tinha feito
algo à minha melhor amiga — e ele iria se arrepender.
Eu marchei até o homem, as garras em punho, pronto para uma luta.
Ele me olhou de cima a baixo com um sorriso sedutor. "Quem é você?"
"Que merda você fez com Sienna?" Eu rosnei.
"Por quê você se importa? " ele perguntou, divertido.
"Ela é minha melhor amiga, idiota. Agora me diga por que você a fez chorar, ou você é quem vai
chorar."
Ele sorriu calmamente e cravou as unhas no meu ombro, dando-me um olhar hipnotizante.
"Por que eu não mostro a você?"
Capítulo 54 - Yuletide
Sienna
"Sienna, aqui!"
"Não, aqui, Sra. Norwood!"
"Esse vestido é lindo. Quem o desenhou?"
"Dê-nos um sorriso!"
Um sorriso.
O tapete vermelho se estendeu na minha frente, parecendo que continuava por um milhão de
quilômetros.
Flashes ofuscantes, perguntas invasivas, observadores cobiçando.
Eu poderia lidar com tudo isso.
Sorrir parecia impossível agora.
O que aconteceu com Konstantin estava me consumindo por dentro, sua presença ainda
persistia em minha mente.
Ele estava me usando.
Por quê, eu não tinha certeza, mas ele era poderoso e tinha exercido algum nível de controle
sobre mim que eu nem tinha percebido.
Eu precisava contar a Aiden o que tinha acontecido, mas o Baile de Inverno não era o lugar. Ou
talvez fosse e eu estava com muito medo de reviver aquilo...
Aiden apertou minha mão. "Sienna, você está bem? Eu sei que isso é um pouco demais, mas
estaremos lá dentro antes que você perceba."
"Não, está tudo bem — você está certo," eu disse, forçando um sorriso. "Vamos."
Eu praticamente puxei Aiden ao longo do tapete vermelho, parando o mínimo de vezes possível.
Talvez se apenas entrássemos, tudo seria...
Dez vezes pior.
Quando entramos no Casa da Matilha no topo da escada, todos pararam o que estavam fazendo
e olharam para nós.
Todos.
Eu vi minha mãe puxando a manga do meu pai e apontando para mim e Aiden, parecendo que
ela estava prestes a ter um derrame de emoção ao ver sua filha fazer sua grande entrada no Baile de
Inverno.
Selene sorriu para mim. Eu esperava estar fazendo justiça ao vestido dela. Honestamente, foi a
peça de roupa mais elegante que eu já vi.
Um vestido decotado, longo com lantejoulas douradas, que deve ter levado semanas para ser
feito. Ela até fez para Aiden uma gravata dourada combinando.
Você realmente deveria ter passado mais tempo no tapete vermelho. Por que você é tão egoísta, Sienna? Apenas
pensando em si mesma.
Meu olhar começou a disparar para frente e para trás entre Mia, Erica, Josh e Michelle. Eu senti
como se todos eles pudessem ler minha mente, como se conhecessem meus segredos.
Do jeito que Konstantin fez.
Aguenta firme, Sienna.
Eu joguei minha cabeça para o alto e acenei para a multidão, segurando a mão de Aiden com
força com a minha outra mão enquanto descíamos a escada.
Eu sabia que poderia superar isso com ele ao meu lado.
Ele só está ao seu lado porque não sabe a verdade.
Que pensamentos horríveis que continuavam rastejando em minha cabeça? Minha ansiedade
estava gritando.
Quando chegamos ao fim da escada, a multidão voltou a tagarelar. Eu tinha que contar a Aiden
sobre Konstantin antes de explodir.
"Aiden, eu tenho algo para contar."
"Sienna, tenho que cumprimentar todos os dignitários e resolver alguns assuntos antes do
banquete. Você ficará bem por conta própria por um tempo?"
"Claro," eu disse, tentando sorrir. "Vou encontrar minha família."
Enquanto ele se afastava, a voz voltou:
Veja, ele não consegue nem ficar perto de você. Ele odeia a maneira como você tira toda a diversão e festividade da
festa com o seu desespero.
"Pare... pare de me atormentar," eu murmurei, segurando minhas mãos na minha cabeça.
Quando me virei, Michelle estava parada a poucos centímetros de mim e quase gritei.
"Ai, meu Deus, Michelle, você me assustou. Mas estou muito feliz em ver você," eu disse,
aliviada. "Estou quase enlouquecendo."
"Sienna, você é uma maravilha", disse Michelle, acariciando meu cabelo. "E esse vestido - ouro
puro."
"Selene que fez. Ela provavelmente faria algo para você se..."
"Sua irmã sabe que você é uma vagabunda?" Michelle perguntou abruptamente com um sorriso
meio estranho.
"Como é? " Eu disse, recuando.
"E quanto ao Aiden? Ele sabe onde você tem passado as noites?"
"Michelle, não sei o que você viu, mas posso explicar. Na verdade, eu preciso contar para
alguém."
"Me poupe, Sienna. Eu sei quem você realmente é. Seus segredos não permanecerão assim por
muito tempo. Em breve, todos conhecerão sua verdadeira natureza," disse ela.
Estreitando os olhos, ela apontou para a festa lotada cheia de minha família e amigos.
Por que ela estava sendo tão cruel? Aquilo não parecia ser minha melhor amiga de forma alguma.
A sala começou a parecer que estava se fechando sobre mim.
Todo mundo se tornou um borrão de lágrimas.
Eu não poderia estar ali. Eu não aguentaria.
Então eu corri.
É o que você faz de melhor.
Jocelyn
Tentei conter minha risada quando Nina me empurrou para a biblioteca e nosso champanhe
espirrou no chão.
"Nina, tenha cuidado. Este é um tapete persa. Você sabe como são caros? " Eu disse, rindo
enquanto tentava enxugá-lo com meu vestido.
"Não sabia. Obrigado pela dica." Nina sorriu. "Mas como vou colocá-lo na minha bolsa antes de
sair?"
"Para seus dias de ladra acabaram," eu disse, puxando-a para baixo no tapete ao meu lado. "Você
está no caminho de Deus agora."
"Hmm, definitivamente isso não é de Deus", disse ela, puxando-me para um beijo.
Cada vez que seus lábios tocavam os meus, parecia mágica. Eu gostaria de poder engarrafar
aquele sentimento e usá-lo como um remédio, porque parecia tornar tudo melhor — pelo menos
naquele momento.
"Tive uma ideia", anunciei, embriagada. "Aqui, me ajude com isso."
Arrastei o tapete persa para perto da lareira crepitante e agarrei o máximo de almofadas e
travesseiros que pude encontrar, criando um covil macio para desabarmos.
Nós seguramos as mãos e caímos para trás, caindo na pilha de travesseiros em um ataque de
risos.
"Obrigado por abandonar a festa comigo." Eu sorri. "Estou meio de saco cheio com os bailes de
inverno."
"Você não tem que me agradecer. Não sou uma garota que curte muito multidões — afinal, eu
sou uma ladina."
Nós nos viramos e olhamos uma para a outra. Os olhos ômega de Nina brilhavam com as
chamas dançantes e fizeram meu coração palpitar.
"Meus pais eram ambos ladinos", eu disse de repente. "Eu nunca disse isso a ninguém antes."
"É sério?" Nina perguntou, surpresa. "Por que eles foram exilados?"
"Eles eram soldados na milícia da matilha. Eles discordaram de seu alfa — pessoas inocentes
estavam sendo feridas e não podiam mais ser cúmplices.
"Então eles escolheram ser lobos ômega. Eles passaram a vida inteira tentando compensar os
erros do passado."
"Eles parecem pessoas boas, não como eu", disse Nina, virando-se.
"Todos cometemos erros, mas eles não nos definem. A Matilha da Costa Leste reconheceu isso e
os acolheu. Eles podem fazer o mesmo por você.
Pressionei meu corpo contra o de Nina e a beijei novamente. "Você não precisa mais ficar
sozinha."
"Nem você", disse ela, beijando-me apaixonadamente de volta.
Minha Bruma se acendeu com desejo e comecei a morder seus lábios enquanto suas mãos
acariciavam meus seios.
Eu montei nela e puxei meu vestido pela cabeça enquanto ela tirava o dela.
O calor do fogo no corpo nu de Nina aqueceu sua pele, e quando minha própria carne nua tocou
a dela, desejei que nos fundíssemos em um único ser.
Eu belisquei e chupei seus mamilos, provocando um gemido suave.
Eu estava por cima, mas não por muito tempo. Nina gostava de me dominar...
Ela assumiu o controle, me virando, deitando-me de costas e afastando meus joelhos.
Ela foi beijando minha barriga até chegar no meu sexo e começou a sacudir sua língua dentro de
mim com tal habilidade que instantaneamente me deixou molhada.
Comecei a gemer alto, incapaz de me controlar. Eu torcia para que ninguém estivesse passando
lá fora, ou eles poderiam ouvir.
Nina mergulhou seus dedos dentro de mim e começou a massagear partes do meu sexo que a
maioria dos homens nem sabia que existiam.
Enquanto ela movia os dedos ritmicamente, minha Bruma explodiu e comecei a ter um orgasmo.
"Porra! " Eu gritei em êxtase.
Naquele momento, toda a maldita festa provavelmente poderia me ouvir.
E eu não me importava nem um pouco.
Aiden
Embora Raphael tenha perdido o evento deste ano, muitos outros alfas notáveis estavam
presentes.
Normalmente ficávamos bêbados com as melhores garrafas de uísque e trocávamos histórias de
caça a noite toda, mas este ano foi diferente.
Eu estava acasalado, e era Sienna, não esses dignitários, com quem eu queria passar a noite.
"Aiden, seu cachorro velho, finalmente sossegou, hein? " George, o alfa da matilha canadense,
me deu um tapa nas costas. "Eu já estava ficando preocupado com você sozinho chegando perto
dos trinta."
Eu não estava com humor para aturar aquele idiota.
Notei Josh socializando com os outros betas, e uma ideia me ocorreu.
"Você me daria licença por um momento? " Eu disse, abandonando George e correndo até Josh.
"Josh, precisamos conversar — sobre as coisas que você disse no meu escritório outro dia."
"Ah, Aiden, ouça... Eu estava errado quando disse que você fez de Sienna seu novo beta, — Josh
se desculpou.
"Não, tenho pensado muito sobre o que você disse, e você está certo. Tenho tirado suas
responsabilidades a fim de tornar Sienna mais envolvida."
Josh parecia atordoado.
"Agora que estou acasalado, não posso viajar tanto quanto antes. Quero que você seja meu novo
embaixador — meu dignitário, que posso enviar ao exterior em meu lugar quando surgir a
oportunidade. O que acha disso?"
"Aiden, não sei o que dizer, seria uma honra", respondeu Josh, boquiaberto.
"Ótimo," eu disse, apertando seu ombro. "Porque eu preciso que você comece agora. Vá se
embebedar com todos aqueles dignitários estrangeiros em meu lugar e mantenha-os distraídos."
"Se esse é meu dever, então acho que não tenho escolha," Josh riu.
Enquanto eu inspecionava os alfas, um deles em particular chamou minha atenção — um
homem mais velho com pele marrom e uma túnica cerimonial amarela. Havia algo familiar sobre ele,
mas eu não conseguia identificá-lo.
"Josh, quem é aquele alfa de manto amarelo?"
"Aquele é Mateo, líder da matilha Colombiana."
A matilha Colombiana.
"Josh, venha comigo," eu disse, imediatamente marchando até Mateo.
"Mateo, já faz algum tempo que não vejo você no Baile de Inverno", cumprimentei-o, esperando
que não fosse óbvio que tinha esquecido quem ele era.
"Aiden, sim, é bom ver você. E uma grande jornada para mim com nossas Matilhas tão distantes
uma da outra", Mateo disse, apertando minha mão.
"Eu coincidentemente tive um encontro recentemente com um membro da sua matilha — bem,
um ex-membro na verdade. Eu queria saber se você poderia esclarecer algo para mim."
Mateo ergueu as sobrancelhas: "Um ex-membro? Um lobo ômega então. Qual é o nome dele?"
"O nome dela é Nina — uma loba. Você a exilou por roubo."
"Receio que você esteja enganado, Aiden... Ninguém com esse nome, ou por esse crime, jamais
foi exilado da matilha colombiana."
Capítulo 55 - Correndo
Sienna
O ar gelado do inverno feria minha pele nua enquanto eu corria pela rua com meu vestido e salto
alto. Estava difícil de respirar, mas era mais fácil do que no Baile de Inverno.
Lá, eu não conseguia respirar de jeito nenhum.
Minha mente estava me sufocando e eu precisava clarear a cabeça.
Aquelas vozes... as coisas horríveis que me disseram. Será que estavam certas? Eu fui a causa da
miséria de todos?
O que Michelle disse me assombrou mais — e a maneira como ela disse, com aquele sorriso
estampado no rosto.
Ela não era ela mesma. Não poderia ser...
Ou talvez você simplesmente não queira admitir que ela estava certa. Você é uma vagabunda.
"PARE," eu gritei. "Saia da minha cabeça."
As luzes da rua piscaram assustadoramente ao meu redor quando parei e segurei minha cabeça.
Eu acabei de fazer isso acontecer?
Eu não sabia mais o que era real e o que era fantasia.
Eu estava perdendo o controle da realidade.
A neve começou a cair enquanto eu prosseguia pela rua inquietantemente silenciosa. Aquilo era
real ou era outro truque que minha mente estava pregando em mim?
Eu me lembrei daquele pesadelo horrível na minha cabeça:
Dançando com Konstantin.
Debaixo das luzes.
Deitado sobre as peles — o lobo de Aiden.
Eu fiquei tonta. Olhei para cima e todas as luzes da rua pareciam estar me iluminando. Eu estava
de volta ao palco.
"Não," eu disse, balançando minha cabeça. "Aquilo não era real."
Mas parecia real.
Eu precisava estar em algum lugar seguro. Em algum lugar onde eu pudesse me esconder. Minha
galeria.
Corre, Sienna.
Meus calcanhares começaram a bater na neve recém-caída.
Continue correndo.
Nina
Apenas.
Continue.
Correndo.
Não pare. Não olhe para trás.
Meus pés estavam ficando cansados. Eu poderia correr muito mais rápido se estivesse transformada, mas não
poderia fazer isso enquanto carregava um artefato inestimável.
Merda, o corredor à minha frente estava começando a fechar. Que sorte a minha.
Eu fui extremamente estúpida por pensar que roubar de uma divindade seria uma tarefa fácil.
Foda-se. Eu não tinha escolha.
Me transformei em loba, arrancando minhas roupas.
Peguei minha mochila em minhas mandíbulas e corri enlouquecidamente até a luz no fim do túnel.
Eu estava por um triz.
Pressionei minhas patas traseiras no chão e saltei pela abertura, assim que as paredes se fecharam atrás de mim.
Eu rolei pela terra e caí em uma pilha na borda de uma floresta.
Eu me transformei em um humano e me levantei, olhando para trás, para o templo que quase tirou minha vida.
Sorrindo, levantei meu dedo do meio para o céu e mostrei minha língua.
"Chupem, deuses. Sobrevivi para roubar ainda mais."
O ar úmido parecia pegajoso contra meu corpo nu enquanto eu olhava ao redor, procurando por minha mochila
descartada. Eu a encontrei alojada em um arbusto próximo, enquanto o artefato captava o reflexo da luz do sol dentro
dela.
"Ai está você," eu disse, puxando meu prêmio.
A Balança de Llinos. Ela não parecia nada demais, mas era feita de ouro maciço. Uma balança como qualquer
outra.
Ela custaria um preço alto no Covil, o maior mercado negro para lobisomens da América do Sul.
Era um objeto sagrado, supostamente contendo algum tipo de poder divino, mas eu não acreditava nessa besteira.
Eu acreditava no que eu podia ver. No que eu poderia gastar.
O poder do dólar todo-poderoso foi o que me manteve viva, não orações a divindades.
Eu coloquei a balança em uma pedra e comecei a incliná-la para frente e para trás.
"Você vai determinar meu destino?" Eu perguntei ironicamente.
"Não, criança, mas eu vou," retumbou uma voz profunda, mas feminina atrás de mim.
Uma figura alta, esguia e encapuzada pairou sobre mim. Embora seu rosto estivesse obscurecido, seu corpo e
características eram andróginos.
"Quem — quem diabos é você? "Eu perguntei, segurando a balança no meu peito nu.
"Sou eu quem mantém este mundo equilibrado, você alterou esse equilíbrio", explicou ela.
As escamas dispararam de meus braços para a mão da mulher e fiquei paralisada. Não importa o quanto eu
tentasse, eu não conseguia me mover.
Será que era uma...
Ela colocou uma pedra em cada lado da balança. "A balança vai determinar se você viverá ou morrerá."
Eu assisti com horror quando eles balançaram para frente e para trás, até que finalmente o lado direito caiu.
Meu corpo descongelou e eu caí no chão. "O que — o que isso significa?"
"Significa que vou lhe conceder um favor. Você vive — por enquanto. Mas, para restaurar o
equilíbrio, você permanece em dívida comigo até que cumpra um favor em troca," ela respondeu.
"E que tipo de favor você está sugerindo?" Eu perguntei, tremendo.
"Qualquer indulgência que atenda às minhas necessidades. Vou visitá-la novamente quando chegar a hora," ela
disse enquanto desaparecia no ar denso, me deixando sozinha.

***
"No que você está pensando?" Jocelyn perguntou, acariciando meu rosto enquanto deitamos
perto da lareira. "Parece que você está em algum lugar longe."
"Eu estava por um minuto, mas estou de volta," eu disse, aconchegando-me ao lado dela. "Não
há nenhum lugar que eu prefira estar do que aqui, perto de você."
"Nina, aquele sexo foi..."
"Incrível? Surpreendente? O melhor que você já experimentou?" Eu disse, terminando a frase
dela.
"Que presunçosa", Jocelyn riu. "Eu ia dizer que... foi perfeito."
"Também achei", eu corei. Eu nunca corei.
"Sabe qual a melhor parte de ser mulher? " Jocelyn perguntou timidamente.
"Talvez, mas me diga mesmo assim."
"Orgasmos múltiplos", respondeu ela. "E sabe o que mais? Minha Bruma ainda está queimando."
"O que você está sugerindo, doutora?"
Jocelyn subiu em cima de mim e me deu um beijo longo e profundo — do tipo em que parecia
que sua alma estava deixando seu corpo por um plano superior.
Droga, como aquela garota beijava bem.
"Você está pronta para a segunda rodada? " ela perguntou, olhando nos meus olhos.
Porra, claro que estou.
Eu peguei Jocelyn enquanto ela colocava seus braços e pernas em volta de mim. Caímos de
costas em uma estante, derrubando dezenas de livros históricos no chão.
Comecei a dedilhar seu sexo, deixando-a ainda mais molhada enquanto continuava a empurrá-la
contra a prateleira. Jocelyn agarrou minhas costas e engasgou de alegria.
"Ai, meu Deus. Nossa. Esta é a melhor... a melhor sensação de todas", ela gritou.
Tá aí algo que eles podem adicionar aos livros de história da Matilha da Costa Leste.
Jocelyn se soltou de meus dedos e ficou de joelhos.
"É a sua vez", disse ela, beijando meu umbigo.
Ela colocou a língua no meu sexo e começou a movê-la como se estivesse falando a mil por
hora.
Ela está recitando o maldito juramento hipocrático do curandeiro lá embaixo?
O que quer que ela estivesse fazendo, era incrível.
"Não pare — continue," eu disse, agarrando seu cabelo.
Jocelyn começou a brincar com seu sexo enquanto me estimulava, e nós duas gritamos de prazer
em orgasmos simultâneos.
Caímos de volta no chão, rindo e respirando pesadamente ao mesmo tempo.
"Eu vou ter um ataque cardíaco," Jocelyn ofegou enquanto colocava sua calcinha de volta.
O jeito que ela me olhou com desejo enquanto eu prendia meu sutiã de volta no lugar... Eu
nunca tinha visto alguém me olhando assim antes, como se eu fosse realmente desejada.
Ela era tão linda, e eu não a merecia. Eu me perguntei o que ela diria se soubesse por que eu
realmente estava aqui.
Talvez fosse melhor se eu apenas concluísse minha tarefa esta noite — e desaparecesse como a covarde que sou...
Não importa o que eu fizesse, eu iria machucá-la.
"Nina, venha sentar-se comigo," Jocelyn me persuadiu com o sorriso mais fofo do mundo.
Sentei-me em frente a ela, e ela agarrou minhas mãos, corando em um tom forte de vermelho.
"Eu... eu quero, porra... eu não sei como dizer isso," ela disse, tropeçando em suas palavras.
Espere um segundo, ela estava prestes a dizer...
Jocelyn
Meu deus, eu parecia uma idiota. Por que eu ficava tão nervosa perto dela?
É que... eu nunca disse essas palavras a ninguém antes.
E se ela não retribuísse?
A verdade é que eu nem sabia se Nina era minha companheira. Não tínhamos tido aquele
momento de confirmação ainda — aquele momento de certeza.
Mas, apesar disso, havia uma coisa que se tornava cada vez mais clara para mim.
"Jocelyn...," ela começou.
"Nina, acho que estou me apaixonando por você", deixei escapar.
Ela estava atordoada, completamente silenciosa e imóvel.
Aí, diga alguma coisa — qualquer coisa. Isso é insuportável.
"Eu... eu, bem... " Ela trouxe seu olhar para o meu.
A última coisa que eu queria fazer era assustá-la, mas nossa conexão era tão forte que eu sabia
que ela também sentia.
Quando eu estava com Nina, era como se eu estivesse realmente viva. Ela acendeu um fogo em
meu coração, e estava queimando mais forte a cada dia.
Ela colocou a mão sobre a minha e apertou. "Jocelyn, eu estou..."
A porta da biblioteca se abriu e Aiden invadiu com Josh e um enxame de soldados.
"Jocelyn, saia de perto dela — Aiden rosnou. "Ela não é quem diz ser."
"Aiden, que merda você está falando? " Eu exigi. "Você não pode simplesmente invadir aqui e..."
"Ouça, Jocelyn," Josh avisou. "Ela está mentindo para nós esse tempo todo."
Dois soldados agarraram Nina e amarraram suas mãos atrás das costas enquanto eu olhava com
horror, incapaz de parar aquela loucura.
"Nina, o que está acontecendo?" Eu disse, engasgando.
"Sinto muito, Jocelyn. Sinto muito", ela disse, com lágrimas escorrendo pelo rosto.
Eles a arrastaram para fora da sala enquanto eu me sentava em nossa pilha de travesseiros,
soluçando.
Aiden olhou para mim enquanto fechava a porta, me deixando sozinha.
Eu sempre acabo sozinha.
Capítulo 56 - Caminhos da Mente
Sienna
Trancada com segurança em minha galeria, me retirei para meu estúdio pessoal nos fundos para
trabalhar em uma nova peça. Pintar sempre foi a melhor maneira de clarear minha cabeça.
Coloquei um avental sobre o vestido para evitar respingos de tinta nele. Selene me mataria se
soubesse que eu estava a menos de quinze metros do meu estúdio usando um de seus originais.
Com meu telefone desligado e sem janelas ao meu redor, me senti realmente isolada do resto do
mundo, e era exatamente disso que eu precisava agora.
Todas as minhas pinturas representavam memórias felizes, não toda aquela merda que estava
passando pela minha cabeça ultimamente.
Era bom ter um lembrete de que as coisas iriam melhorar eventualmente.
As coisas só vão piorar.
"Não," eu disse, balançando minha cabeça. "Isso não é verdade."
Ok, eu só precisava me concentrar, sair da minha própria cabeça.
De repente, estar em uma caixa isolada com apenas meus pensamentos para me fazer companhia
parecia a pior ideia que eu poderia ter.
Meu telefone começou a vibrar, mas era impossível. Ele estava desligado.
Eu cautelosamente estendi a mão até ele e abri as mensagens.

Konstantin: Estou na sua cabeça, Sienna.


Konstantin: Eu gosto bastante daqui.
Konstantin: Acho que vou ficar mais um pouco...

Joguei meu telefone longe e me virei, mas ainda estava sozinha.


"Saia da minha cabeça", gritei. "Eu não te dei permissão."
"Ah, mas você deu. Muitas vezes. E você ainda não me deu o que eu preciso."
"Então, vou ter que tomar à força."
Eu tropecei para trás, tropeçando em algumas telas e caindo em um balde de tinta.
Meu lindo vestido estava arruinado - manchado em um tom escuro de vermelho.
Mas aquilo não era tinta...
É sangue!
Eu gritei enquanto tentava enxugá-lo, mas momentos depois, não havia nada em mim.
"Você nem sabe mais o que é real."
A risada de Konstantin ecoou em minha cabeça.
"Isso tudo vai acabar se você me deixar ter o controle. Vou desbloquear partes de você que você nem sabia que
existiam."
"Nunca", gritei. "Esta é a MINHA mente e NÃO vou dar-lhe acesso a ela."
"Eu tentei ser bonzinho, Sienna, mas agora acabou. Você não tem escolha."
A sala começou a girar e minhas pernas ficaram bambas.
Não, não vou deixá-lo entrar de novo.
Pense, Sienna... como você pode bloqueá-lo?
São suas memórias.
São SUAS memórias.
As pinturas. Talvez se eu me concentrasse nas memórias das minhas pinturas, isso o forçaria
entrar em minhas boas memórias - e me manteria no controle.
Comecei a correr pelo estúdio, reunindo pinturas que representavam os melhores momentos da
minha vida e colocando-as lado a lado contra a parede.
"Você é fraca e está sozinha. Seja qual for seu plano tolo, não funcionará. Você apenas falhará de novo."
Dada a maneira como Konstantin começou a chiar, percebi que ele estava ficando nervoso.
Peguei a primeira pintura, minha casa de infância, e fechei os olhos.
Meu deus, espero que funcione.
"Você quer entrar? " Eu gritei. "Então venha, porra."

***
Eu estava no meu antigo quarto na casa da mamãe e do papai. Eu me vi sentada na cama chorando enquanto
meu pai me confortava.
De quando é essa memória? Foi no ano passado?
"Está tudo bem", disse papai, acariciando minhas costas. "É perfeitamente normal sentir-se assim."
"Não, não é," eu me ouvi dizer com raiva. "Eu sou uma dominante. Dominantes não permitem que coisas
estúpidas como essa os afetem."
Agora eu me lembrei - a noite em que Aiden me deixou sozinha na floresta.
"Eu não acho que o que você está sentindo é estúpido, Sienna," papai disse. "E dominante ou não, todo mundo
tem um coração.
"Sabe, quando trouxemos você para casa, eu pude perceber imediatamente que você era especial. Você tinha essa
confiança em tudo o que fazia, mesmo quando era bebê.
"Assistindo você crescer, eu vi essa confiança se manifestar em tudo, desde como você se comporta até a sua arte.
Chorar não tira isso de você, Sienna. Você ainda é a lobisomem mais forte que conheço."
Uma sensação de calor começou a irradiar por todo o meu corpo. Era boa - não, não apenas boa, era poderosa.
Eu nunca senti esse poder antes.
A sala se transformou em aquarelas e, à medida que ela foi sumindo, eu me vi vagando para outro lugar.

***
A Casa de Aiden. O quarto em que eu estava antes de nos acasalarmos.
"Há algo entre nós. Nenhum de nós pode negar. Eu senti quando te marquei, mas eu até senti na primeira vez
que te vi, na margem do rio", Aiden disse, me puxando parei seu colo.
Fiquei com ciúme ao vê-la sentindo seu caloroso abraço, mas só de ver essa memória se desenrolar me fez sentir
mais poderosa.
"Você se lembra disso? "Meu eu da memória perguntou, um pouco incrédulo.
"Claro que sim", Aiden disse calmamente. "Eu senti seu poder desde então. Seu cheiro irradiava uma força e
sensualidade que eu não pude resistir."
"Eu não irradiei nenhuma força esta noite. Eu estava fraco."
"Pare. O que eu disse um minuto atrás... eu estava errado. Deixe-me te contar algo. Seu cheiro me atingiu no
momento em que entrei naquele jantar Não é algo que acontece na forma humana, então você me desequilibrou.
"A Bruma me atingiu, e eu tive que segui-lo, para descobrir mais sobre você, apenas para estar em sua presença.
"Eu nunca fui tão dominado por algo mais poderoso em minha vida. Essa é a sua força, o tipo de poder que você
tem sobre mim. É por isso que te marquei."
As palavras de Aiden me atingiram como um raio e fui catapultada através da tinta pingando que começou a
formar uma nova paisagem.

***
Eu estava em uma clareira iluminada pela lua na floresta. Um riacho silencioso correu por ele enquanto dois lobos
lutavam um com o outro de brincadeira.
Ai meu Deus, isso foi...
Nossa primeira corrida.
Eu assisti quando Aiden soltou um uivo visceral e afundou seus dentes no ombro do meu lobo, bem onde minha
marca estaria em forma humana - o ato final de uma corrida entre parceiros em potencial.
Lembrei-me daquela noite como se fosse ontem. Cada detalhe.
Foi a noite mais íntima e intensa de toda a minha vida.
Eu assisti enquanto Aiden e eu nos transformamos e entramos na água para lavar um ao outro. Aquele momento
foi perfeito.
O mesmo sentimento que eu tinha em meu coração então... eu sentia agora.
O momento em que me apaixonei por Aiden pela primeira vez.

***
De repente, eu estava de volta à galeria.
Acabou?
Onde estava Konstantin?
As paredes - estavam todas vazias. As telas tinham sumido.
Não, deveria ser outra memória.
Um sino tocou quando a porta da galeria se abriu e eu me observei entrando no espaço vazio com Aiden.
"Aiden Norwood, o que estamos fazendo aqui?"
"Sienna Mercer-Norwood, achei que você gostaria de ver sua nova galeria."
Eu me vi gritar de alegria e começar a correr pela galeria, me atravessando eventualmente.
"Feliz aniversário de uma semana, Sienna. " Aiden sorriu.
"Eu não posso acreditar que você fez isso... por mim," eu disse.
"Eu faria qualquer coisa por você."
Eu murmurei as palavras junto com ele, e meu coração se encheu de poder
Foi como se eu tivesse desbloqueado algo profundo dentro de mim.

***
Eu estava de repente em outro espaço, algum tipo de laboratório, e Konstantin também, mas ele estava vestido de
forma diferente - e agindo como se eu não estivesse lá.
Isso era outra memória? Havia algo diferente das outras.
Uma porta se abriu e uma mulher entrou na sala, cumprimentando Konstantin.
"Quase deciframos as runas. Então vamos entender. Saberemos como aproveitar o poder.
"Isso é motivo para comemorar, Vanessa. " A boca de Konstantin se curvou em um sorriso.
Soltei um grito quando me virei para olhar para a mulher, mas ninguém teria ouvido de qualquer maneira.
Por um momento, pensei que estava olhando para mim mesma. Aquela mulher tinha cabelo vermelho-fogo, assim
como o meu, e os mesmos olhos intensos. Com a maneira como ela se movia pela sala, eu tinha certeza que ela era uma
dominante como eu também.
Seus olhos não eram mais ferozes. Eles estavam cheios de tristeza.
De repente, ocorreu-me - esta mulher... será que era minha...
"Mãe? " Eu gritei para o ar vazio.
"O que estamos fazendo... é uma blasfêmia. As divindades vão destruir a todos nós se não
abandonarmos essa loucura", disse ela.
Minha mãe caminhou direto em minha direção, e eu vacilei quando ela passou por mim como se eu fosse um
fantasma.
Quando me virei, ela estava balançando algo na frente dela. Enquanto me movia para olhar mais de perto, eu
engasguei.
Era um bebê, em um berço.
Era eu.
Esta ERA minha memória.
"Vanessa, as divindades não podem nos tocar se tivermos sucesso," Konstantin rebateu, esgueirando-se ao redor
dela como uma cobra. "Teremos tanto poder quanto eles."
"Não vou arriscar a vida da minha filha," afirmou ela. "Nenhuma quantidade de poder vale a vida dela."
Fui até minha mãe, um reflexo meu, e tentei segurar sua mão, para confortá-la, mas simplesmente passei por ela
novamente.
"O seu companheiro - o pai dela - tem algo a dizer sobre isso?"
"Konstantin... ele não é o pai", disse ela, sufocando as lágrimas.
"Então... quem? Quem é?" ele perguntou, horrorizado.
"O pai dela é... Rowan."
A reação de Konstantin foi extrema. Ele derrubou uma prateleira de frascos de vidro no chão quando quase caiu.
"Não, eu nunca vou deixar ela se envolver nisso. "Ela olhou feio. ‘‘Nunca."
Eu estava de volta ao meu estúdio - de verdade dessa vez. Todas as pinturas que reuni ainda
estavam encostadas na parede.
Que porra foi essa?
Eu finalmente fui capaz de alcançar as memórias que eu estava suprimindo?
Uma coisa era certa - Konstantin conhecia minha mãe. Ele estava mentindo para mim desde que
me conheceu.
Eles estavam trabalhando juntos em algo, mas ela não queria continuar.
Ela queria me proteger.
Mas de quem?
Meu pai?
Quem era Rowan?
Aproximei-me de uma pintura caída no chão e coloquei-a sobre um cavalete.
Quando eu pintei isso? Quando eu estava em minhas memórias?
Era o retrato de uma linda mulher com cabelo vermelho-fogo caindo sobre os ombros - minha
mãe biológica.
Fechei meus olhos mais uma vez e ouvi sua voz.
"Não vou arriscar a vida da minha filha", afirmou ela. "Nenhuma quantidade de poder vale a vida dela."
Abri meus olhos e senti como se eles estivessem brilhando. Eu estava irradiando um nível de
poder que nunca senti antes.
Eu não sabia o que era, mas não era comum para um lobisomem. Eu tinha certeza disso.
Quando voltei meu olhar para o retrato de minha mãe, seu rosto começou a derreter. As tintas a
óleo que usei estavam pingando no chão em uma poça e, à medida que sua carne derretia, seu rosto
foi substituído por um esqueleto apodrecido.
A risada de Konstantin começou a ecoar em minha cabeça novamente.
"Essa viagem por suas memórias deveriam me enfraquecer de alguma forma? Ou você só queria me mostrar
momentos patéticos de sua curta vida?
"Honestamente, Konstantin... aquilo não foi para você."
Eu convoquei todo o poder que pude reunir - toda a força que eu obtive das pessoas que
acreditaram em mim, me protegeram, me amaram - e eu o libertei como um ciclone.
Minhas pinturas voaram ao redor da sala quando senti a presença de Konstantin finalmente
deixar meu corpo.
Eu o vomitei em uma tela em uma pilha de lama preta.
"Você acha que ganhou? Vou voltar e tornar as coisas ainda mais difíceis. E não apenas parei você - parei seus
amigos e familiares também. Vou fazê-los sofrer."
"SAIA! " Um vento soprou pela minha galeria devastada e, depois de um momento, só havia
silêncio.
Minha mente parecia ter sido purgada de um veneno.
Eu desabei no chão, significativamente mais leve, mas ainda sobrecarregada por uma sombra
escura.
Konstantin finalmente se foi...
Mas por quanto tempo?
Capítulo 57 - Marionetistas
Nina
"Esse é seu melhor, bonitão? Tem medo de me bater com mais força e quebrar uma garra?"
TOMA!
Merda.
Ok, essa realmente doeu.
Não achei que o beta tivesse coragem.
O sangue escorria pelo meu queixo enquanto eu olhava para Josh. Aiden estava atrás dele,
encostado na parede, deixando sua cadela fazer o trabalho sujo.
"Quando você vai pular no ringue, Alfa? Não quer sujar as mãos? " Eu cuspi.
"Por que você não me desamarra e a gente cai no mano a mano. Uma luta real - não essa besteira
de tortura no porão. Alfa versus ômega."
Eu sabia que não deveria provocá-lo - eu era tecnicamente o inimigo, afinal - mas não pude
evitar. Falar demais fazia parte da minha natureza.
Aiden sorriu como um idiota arrogante.
Ele começou a me circundar com as mãos atrás das costas, perfeitamente composto. Ele estava
no controle e sabia disso.
"Você não vai querer deixar isso chegar ao ponto em que eu entre no ringue", Aiden desafiou.
"Seria uma luta mortal."
Eu me perguntei se esse alfa já havia matado alguém que o cruzou antes. Sinceramente, eu não
queria descobrir.
"Qual era o seu objetivo aqui?" Josh interrompeu. "Por que você estava manipulando Jocelyn?"
"Eu não estava-"
Porra, não dê a eles nenhuma informação.
"Jocelyn não teve nada a ver com isso, ok? Ela só me ofereceu uma boa foda ao longo do
caminho."
Sua mentirosa imunda. Você é a pessoa mais baixa de todas, Nina.
"Sua vadia de merda", Josh gritou, ecoando meus próprios pensamentos.
Ele balançou o punho para mim novamente, mas desta vez, Aiden o bloqueou antes que ele
pudesse se conectar.
"Que merda é essa? Josh gritou.
"Que merda é essa " digo eu. Desta vez, foram meus pensamentos ecoando os de Josh.
Por que Aiden parou aquele soco?
Será que ele percebeu que eu estava mentindo sobre meus verdadeiros sentimentos por Jocelyn?
"Por quê você está aqui? " Aiden perguntou, seu rosto pairando a apenas alguns centímetros do
meu.
"Bem, eu certamente não vim pelas acomodações," eu disse sarcasticamente, olhando ao redor
para a cela úmida da prisão em que eu estava algemada. "Vou dar uma estrela pra vocês no Uivo."
"Você é uma ladina, o que significa que ninguém virá atrás de você. Ninguém se importa se você
vive ou morre, - Aiden rosnou. "Então é melhor você começar a falar, ou vai passar o resto de sua
vida solitária e miserável nesta prisão."
"Vocês servem pelo menos um café da manhã básico?"
Aiden chegou perto de me bater, mas em vez disso soltou um rugido monstruoso e socou a
parede de tijolos, deixando um buraco em forma de punho.
Certo, acho que falei cedo demais sobre entrar no ringue com ele. Provavelmente estamos em
diferentes classes de peso. ~
"Vamos ver se você tem vontade de conversar depois que eu te deixar aqui embaixo por dois
dias na sua própria sujeira, como a rata fedorenta que você é", ele rosnou.
"Parece divertido", gritei quando ele saiu da cela.
Antes de Josh trancar a porta, ele se inclinou para trás e me encarou. "O que você fez com
Jocelyn... você é realmente desprezível. Espero que apodreça aqui."
A porta se fechou, deixando-me isolada.
Plateia exigente. Mas ele não estava errado sobre Jocelyn.
Estava me consumindo por dentro saber que eu havia a machucado e não havia nada que eu
pudesse fazer para consertar.
"Eu elogio você por sua resiliência, Nina. Você não é do tipo que se desestabiliza sob pressão."
Uma figura alta encapuzada emergiu das sombras.
"Ah, ótimo, é você," eu gemi. "Se estes são os tipos de visitas conjugais que vou receber, gostaria
de revogar meus privilégios de visitação."
"Seu trabalho ainda não está completo. Você não deve deixar de manter nosso acordo. Se você
perturbar o equilíbrio, seus grilhões aqui não serão páreo para as correntes que prenderão sua alma
na vida após a morte", ela respondeu sem se abalar.
Eu balancei a cabeça, cerrando meus dentes. Ela não estava me dando escolha. Estaríamos
unidas até que minha tarefa fosse concluída.
"Você tem as ferramentas necessárias para completar sua missão, então preste atenção ao meu
aviso - não falhe de novo," ela disse, desaparecendo no ar.
Senti algo se materializar em meu bolso.
A chave para minhas algemas.
Jocelyn
Eu sentia a dor de Nina. Mesmo que não estivéssemos acasaladas, eu a sentia fluindo em minhas
veias. Tínhamos algum tipo de conexão, um ligação que não compartilhei com mais ninguém.
Eu também sentia sua força. Ela era uma baita sobrevivente. O que quer que Aiden e Josh
estivessem fazendo com ela lá embaixo, ela havia lutado contra.
E o que exatamente aqueles dois idiotas teimosos estão fazendo lá embaixo?
Eu nunca perdoaria meus ex-namorados se eles machucassem minha namorada.
É isso que ela é?
Nossa, isso era complicado e fazia minha cabeça doer.
Eu só sabia que Nina era alguém por quem eu lutaria.
Aiden veio marchando pelo corredor e eu saí e bloqueei seu caminho.
"Aiden, que merda você fez?"
"Agora não, Jocelyn," ele rosnou.
"Agora, sim", eu rosnei de volta. "Eu mereço uma explicação."
"Ok, você quer que eu explique para você? " Aiden disse, furioso.
"Vou te dar uma dica, Jocelyn. Você foi usada. Por quê, eu não sei, porra, porque ela se recusa a
falar. Mas ela não dá a mínima para você. Você era apenas um alvo fácil para ela."
Lágrimas começaram a escorrer dos meus olhos. — Isso... isso não é verdade, Aiden. Você não a
conhece."
"Não. Jocelyn, você não a conhece — apenas as mentiras que ela lhe contou. Talvez se você não
tivesse pensado com sua buceta, não teríamos uma maldita espiã em nosso meio durante o evento
mais importante do ano."
Eu não conseguia parar. Comecei a soluçar descontroladamente. Aiden estava sendo cruel, e ele
sabia disso. Sempre odiei esse lado dele.
Ele parou de me atacar e pareceu genuinamente arrependido quando viu o quão afetada eu
estava.
"Jocelyn, escuta... eu não tive a intenção de ser tão duro. Não é sua culpa."
"Vá embora, Aiden. Eu quero ficar sozinha", eu disse bruscamente.
Enquanto caminhava pelo corredor, ele parou e se virou por um momento.
"A loba ômega, ela nos contou muitas mentiras, mas acho que uma delas foi quando ela disse
que não se importava com você. Eu podia sentir isso. Aquilo não era verdade."
Eu não sabia em que acreditar. Esses sentimentos ainda eram novos, mas eu precisava ver Nina
novamente e ouvir essas palavras por mim mesma.
Aiden
Eu sabia que o Baile de Inverno seria um desastre. Sempre foi.
Eu teria que voltar e fingir que estava tudo bem — que eu não tinha acabado de descobrir uma
espiã em uma festa cheia de alfas mais importantes do mundo.
Se alguém descobrisse, seria outro pesadelo de relações públicas para a Matilha da Costa Leste.
Sem falar no prejuízo que causaria às parcerias estrangeiras.
Aquela loba ômega poderia ter estado aqui para assassinar qualquer um deles.
Eu me senti horrível por partir para cima de Jocelyn daquele jeito. Meus nervos tinham me
dominado. Eu só queria que ela tivesse sido mais cuidadosa.
Ainda assim, não importa o quanto aquela ladina desgraçada me enfureceu, eu realmente senti
que ela se importava com Jocelyn. Havia mais sobre ela do que eu sabia, mas, por enquanto, estava
feliz por ela estar trancada em uma cela.
Enquanto eu voltava para o baile, examinei a sala em busca de Sienna. Mais do que qualquer
outra coisa, eu precisava ter certeza de que ela estava segura.
Eu já a tinha negligenciado por muito tempo, e ela fazia parte do conselho agora também. Ela
precisava saber o que estava acontecendo.
Avistei Selene perto do bar, cuidando de sua mãe embriagada.
"Ei, meninas, viram Sienna? " Eu perguntei, certificando-me de esconder qualquer preocupação
em minha voz.
"Pensando bem, não", respondeu Melissa. "Ela está perdendo a chance de beber com a mãe
dela."
"Selene? Alguma ideia?"
"A última vez que a vi, ela estava conversando com Michelle", respondeu Selene, levando
embora a bebida da mãe.
Antes mesmo de começar minha busca por Michelle, ela me encontrou.
"Aiden, o alfa da noite, apenas o homem que eu preciso", disse ela, passeando, balançando os
quadris.
Algo estava errado com Michelle esta noite e, pela maneira como Josh estava olhando para ela,
ele notou.
"Onde está Sienna? Você viu ela?"
"Ah, eu a vi, sim. Eu vi a prostituta da sua companheira saindo da cobertura de outro homem na
noite passada", Michelle disse, batendo seus cílios.
"Michelle, que merda você disse?" Selene perguntou com raiva. Melissa parecia branca como um
fantasma.
"Você quer dizer que nenhum de vocês sabe que Sienna tem recebido tratamento especial de seu
terapeuta?" Michelle estava saboreando cada palavra.
Essa não era a Michelle que eu conhecia.
"Amor, você está bêbada? Que merda é essa que você está dizendo?," Josh perguntou,
estupefato.
"Melhor ter cuidado com o que vai dizer a seguir, Michelle", avisei.
"Qual é, Aiden, você não é um idiota. Você notou como ela estava distante. As madrugadas na
galeria. A falta de vontade de transar — com você no caso."
"Você é uma puta mentirosa" eu rosnei. "Lobisomens não podem quebrar o vínculo de
acasalamento."
Por que ela está tentando me provocar?
Michelle sorriu de uma forma que fez meu cabelo se arrepiar.
"Tem certeza? " ela perguntou em uma voz profunda que não era a dela.
Que porra é essa...
Melissa largou a taça de champanhe e gritou quando Selene cobriu a boca de horror.
Eu agarrei Michelle, ou quem quer que seja, e comecei a sacudi-la.
"Onde está Sienna? Fala logo!"
Josh tentou me impedir, mas eu o empurrei.
"Ela está sozinha", provocou a voz, falando através de Michelle. "Mas não por muito tempo."
"Michelle, o que está acontecendo com você? O que é isso no seu pescoço? Josh perguntou,
agarrando-a.
Havia dois pequenos pontos — como picadas de cobra — na lateral do pescoço de Michelle.
Algo a marcou, e não era um lobisomem.
"Você gostou?" A boca de Michelle começou a espumar. "Talvez Sienna faça como eu e consiga
também."
Não.
Meu coração começou a bater no meu peito.
"Michelle, onde diabos está Sienna? " Eu gritei.
Seus olhos rolaram para a nuca e ela começou a ter convulsões nos braços de Josh.
"MICHELLE!" Josh gritou.
Quem quer que tenha feito isso com Michelle, iria atrás de Sienna em seguida.
Então, eu tenho que chegar até ela primeiro.
Capítulo 58 - Cortado
Jocelyn
O calabouço da Casa da Matilha era um resquício de outra época.
Enquanto os alfas anteriores o usavam sempre que alguém olhava de maneira errada para eles, eu
nunca tinha visto isso ser usado durante minha vivência na Matilha da Costa Leste.
Eu vaguei pelos corredores mal iluminados, deixando nossa conexão guiar o caminho através
dos túneis sinuosos que ficavam sob a Casa.
Os sentimentos que eu tinha por Nina em meu coração ainda eram fortes, embora minha cabeça
estivesse me dizendo que tudo o que eu sabia sobre ela era baseado em uma mentira.
Quando fiz a curva em um corredor, encontrei Nina algemada à parede de uma cela, coberta de
sujeira e sangue seco.
Passei os dedos pelas barras quando meus olhos começaram a lacrimejar. Eu odiava vê-la nesse
estado.
Eu não me importava com os motivos ocultos que ela tinha; ninguém merecia ser tratado assim.
Ela ergueu a cabeça e sorriu fracamente ao me ver.
"Jocelyn? Pensei ter sentido você aqui embaixo, mas não acreditei. Achei que você nunca mais
iria querer me ver..."
"Eu queria dar a você uma chance de me dizer como você realmente se sente. Nina, seja honesta
comigo, o que Aiden disse é verdade?"
"Ele disse que eu sou uma canalha, uma causa perdida da escória da terra? Porque se sim, então
sim, é verdade."
Normalmente Nina teria dito algo assim como uma piada, mas não havia nenhum pingo de
humor em sua voz. Apenas dor.
"Estou entrando," eu disse, destrancando a porta.
Ajoelhei-me na frente de Nina e tirei um pano e um antisséptico da minha bolsa de suprimentos
médicos.
"Deixe-me tratar este corte em seu rosto," eu disse, enxugando seu queixo enquanto ela
estremecia. "Quem fez isto com você?"
"Jocelyn, você sabe que eu não sou dedo-duro", brincou Nina.
Nada nessa situação era engraçado, mas seria melhor mesmo eu não saber quem tinha sido. Eu
deveria tirar as pessoas do hospital, não colocá-las nele.
"Eu imaginei que minha primeira vez usando algemas com você seria de uma forma muito mais
sexy do que essa", disse Nina, forçando um sorriso.
"Então, eu seria a dominante? Estou intrigada. " Coloquei minhas mãos acima do coração de
Nina. "Eu posso?"
Ela acenou positivamente com a cabeça.
Fechei meus olhos e foquei minha energia. Comecei a absorver a dor de Nina em meu corpo, e
desta vez realmente funcionou.
Minhas veias ficaram pretas e meu corpo começou a doer como se tivesse acabado de cair de um
penhasco.
"Pare, já chega", gritou Nina.
Eu caí para trás, esgotada, mas Nina parecia já estar em melhores condições. A cor estava
voltando a suas bochechas rosadas, e ela parecia tão selvagem e linda como sempre.
"Por que foi que você fez isso?"
"Porque você vai precisar de sua força... Estou te libertando."
"Jocelyn, não. Você vai ser presa por isso", ela protestou.
Coloquei minha mão no rosto de Nina. "Você ainda não percebeu que eu faria qualquer coisa
por você? " Eu a beijei suavemente e ela me beijou de volta.
"Eu só preciso encontrar algo para quebrar essas correntes", eu disse, procurando na cela.
"Na verdade... " Nina puxou uma chave do bolso.
"Espere... como? Por que você ainda esta aqui? " Eu suspirei.
"Não é óbvio? " ela perguntou. "Eu não ia sair sem te dar uma explicação."
"Nina, eu não preciso disso", eu disse, destravando suas algemas.
"Por favor, Jocelyn, eu tenho que te dizer."
Eu cruzei meus braços e desviei o olhar. "Certo, vá em frente."
"Primeiro, você tem que saber que meus sentimentos por você sempre foram reais. Nunca menti
sobre isso, nem por um segundo. Mas eu sou uma espiã. Fui enviada aqui... por alguém muito
poderoso", ela disse em um tom sério.
"Quem? Outra matilha?"
"Não, não é uma matilha, mas eu não posso dizer o nome. É para sua própria segurança. Mas
Jocelyn... sua amiga, Sienna... ela atraiu o interesse de alguém com quem não se brinca.
"Espere... Sienna? Você foi enviado aqui para espionar Sienna? " Eu perguntei, chocada.
"Sim, eu deveria vigiá-la e... se certos eventos acontecessem, eu deveria eliminá-la. Essas foram
as minhas ordens."
"Quem iria querer machucar Sienna? Que ameaça ela poderia representar?"
"Jocelyn, prometa-me que você vai ficar longe disso. Não suportaria ver você se machucar. Eu já
te machuquei o suficiente."
Nina me puxou para seus braços e colocou sua testa contra a minha.
"Eu tenho que ir, Jocelyn. Eu nunca poderia fazer o que me pedem, especialmente não para
alguém próximo a você. Mas quando eu quebrar meu vínculo com meu benfeitor, terei que enfrentar
as consequências.
"Então eu as enfrentarei com você. Nós iremos juntas", eu disse com firmeza.
"Eu tenho que enfrentar isso sozinha. Mas, Jocelyn, saiba que...," Nina ergueu meu queixo e
pressionou seus lábios contra os meus com toda sua paixão. "Você merece o mundo — e eu só
queria poder dá-lo a você."
"Não vá, Nina", eu disse, minha voz falhando.
Ela saiu da cela com lágrimas escorrendo pelo rosto. "Isto não é um adeus. Nós veremos
novamente."
Nina era uma boa mentirosa. Mas ela não podia mentir para mim.
Ela se foi.

***
Quando voltei para o Baile de Inverno, enxugando minhas lágrimas, ouvi barulho e gritos vindos
do salão de baile, ressaltados por Josh gritando a plenos pulmões.
"MICHELLE!"
Que merda estava acontecendo lá?
Eu me recompus e corri para o salão de baile para encontrar o caos. Todos os convidados
estavam se dispersando enquanto Michelle — Meu deus.
Ela estava suspensa no ar, meio deslocada, com mesas, cadeiras e talheres flutuando em um
vórtice ao seu redor.
Eu tinha lido histórias raras como essa em diários restritos de curandeiros, mas nunca pensei que
veria em toda a minha vida.
Possessão.
Corri até Josh, que estava tentando falar com ela.
"Michelle, ouça minha voz. Você pode lutar contra isso. Eu sei que você está aí", disse ele, com
lágrimas escorrendo pelo rosto.
"Josh, cuidado", eu gritei, empurrando-o assim que uma mesa voadora se chocou contra o local
onde ele estava.
"Jocelyn, eu não sei o que fazer", ele disse, desesperado.
"Eu acho que tenho uma ideia... mas você vai ter que me manter perto."
Sienna
Eu não poderia ficar aqui. Eu não estava segura.
Konstantin sabia minha localização, e só porque eu o bani da minha cabeça não significava que
ele não viria me procurar novamente.
Eu precisava chegar até Aiden na Casa da Matilha. Ele nem tinha ideia de que um vampiro estava
em nosso meio.
Um vampiro que eu convidei.
Konstantin era uma ameaça para a matilha, e ele esteve bem na minha frente o tempo todo.
Enquanto corria pela minha galeria, as luzes começaram a piscar.
Já era tarde demais.
Konstantin apareceu em uma nuvem de fumaça negra, bloqueando minha saída.
"Sienna, minha querida, você estava indo embora? Acabei de chegar aqui."
"Você está doente, eu nunca deveria ter confiado em você! " Eu cuspi.
"De que outra forma você iria encontrar seus pais? " ele zombou.
"Eu os encontrarei sozinha. Eu não preciso de você ou de seus poderes."
Konstantin soltou uma risada maligna e se materializou bem na minha frente.
"Eu tenho mais um presente para você, Sienna", disse ele, tocando minha testa antes que eu
pudesse impedi-lo.

***
Eu estava na floresta à noite, mas não era nenhuma floresta que eu reconhecia.
Esta não era minha memória; era de Konstantin.
Eu ouvi galhos quebrando à distância e me preparei.
Eu tinha certeza de que Konstantin não poderia me machucar fisicamente quando estávamos mentalmente ligados
— caso contrário, ele já teria feito isso. Mas tudo o que ele quisesse me mostrar seria projetado para me machucar
psicologicamente.
Passos. Eles estavam se aproximando.
Minha mãe irrompeu na clareira, ofegante e sem fôlego. Ela estava fugindo de alguma coisa.
Uma nuvem familiar de fumaça negra desceu sobre a clareira, tornando impossível ver qualquer coisa, até que se
materializou em Konstantin.
Ele avançou em direção a minha mãe com uma intenção ameaçadora.
"Onde ela está? Onde está a criança, Vanessa?"
"Você nunca a encontrará, Konstantin. Eu tenho certeza disso.
"Mulher tola. Você permitiu que seu amor por uma criança anulasse seu bom senso. Poderíamos ter um poder
incalculável.
"Não, Konstantin. Você deixou seu desejo de poder destruir tudo o que havia de bom em você — se é que já
houve alguma algo bom."
"Vanessa, não há necessidade de você ter o mesmo destino que seu companheiro. Ele também não queria cooperar
— e você viu as consequências disso.
"Eu mereço qualquer destino que as divindades considerem adequado para mim depois do que fizemos. Aceito
minha penitência, mas minha filha não será um peão para você ou para eles. Ela merece uma vida normal."
Do que diabos ela estava falando? Eu estava tremendo.
Não havia nada que eu pudesse fazer a não ser assistir; Eu não conseguia sair dali.
"Você me decepcionou, Vanessa. Você tem sangue de alfa. O poder corre por ele. Mas se você se recusa a
reconhecer isso..."
Konstantin desapareceu e reapareceu atrás de minha mãe com uma lâmina em sua garganta.
"Não, seu desgraçado!" Eu gritei.
Ela fechou os olhos, um olhar pacífico em seu rosto.
Tudo que eu podia ver era vermelho.
Nossa conexão foi interrompida e eu caí no chão.
"Tudo o que você me disse era mentira", falei, sem fôlego.
Parecia que minha própria garganta tinha acabado de ser cortada.
"Você julgou mal minhas intenções. Eu sou o único tentando levá-la à verdade."
Konstantin se ajoelhou e ergueu meu queixo, então fui forçada a encontrar seu olhar. Eu estava
chocada demais para lutar.
"Você não tem ideia de quem realmente é, do poder que detém. Existem aqueles muito mais
perigosos do que eu que procuram destruí-la antes de desbloquear esse poder. Eu simplesmente
quero te ajudar."
Uma fumaça negra saiu da capa de Konstantin e me envolveu.
"Deixe-me aliviá-la de seu fardo."
Capítulo 59 - Desperta
Aiden
Se ele a machucar, eu vou...
Meu carro desviou na estrada gelada enquanto eu acelerava em direção à galeria de Sienna.
Era o primeiro lugar para onde ela iria se precisasse de espaço.
Ela tinha que estar lá.
Mas e se eu chegasse tarde demais? E se ele tivesse controle sobre ela como fez com Michelle?
Não, não havia como.
Sienna era forte. Ela resistiria. Ela lutaria com ele.
Mas esse poder... Eu nunca tinha visto nada parecido. Que tipo de criatura poderia fazer isso?
Conforme me aproximei da galeria de Sienna, pude senti-la. Ela ainda estava viva — e ainda era
ela mesma.
Mas também senti outra coisa.
Algo escuro.
Ele já está dentro.
Fiz uma curva fechada e a rua congelada me fez girar descontroladamente na frente da galeria.
Eu bati em um hidrante e fui arremessado para frente, batendo minha cabeça no para-brisa.
Quando a água jorrou do hidrante e começou a vazar pelas frestas da janela, lutei para me manter
consciente.
Tudo estava embaçado. O sangue escorria pelo meu rosto.
"Porra."
Sienna.
Chutei a porta do passageiro com tanta força que ela voou, raspando a calçada.
Sua galeria estava cheia de algum tipo de fumaça negra que obscurecia minha visão.
Estou indo atrás de você, filho da puta.
Eu dei um passo para trás e comecei a saltar para frente, meus músculos rasgando minha camisa
quando comecei a me mover.
Eu pulei e me transformei no ar, batendo na fachada de vidro grosso.
Um homem — não, algum tipo de demônio — pairava sobre o corpo de Sienna. Ele se virou
quando eu entrei rugindo e sibilou, revelando suas longas e protuberantes presas.
Era um vampiro; Eu tinha certeza disso. Raphael tinha me avisado sobre essa espécie.
Eu abri minhas mandíbulas, expondo minhas próprias presas, e uivei com todas as minhas
forças.
Eu ia mandar esse pálido filho da puta de volta para o inferno.
Jocelyn
Eu não tinha ideia se era forte o suficiente para fazer isso, mas tinha que tentar. Eu fui capaz de
absorver a dor de Nina, mas Michelle...
Ela não estava apenas com dor.
Ela estava possuída.
Os curandeiros eram resistentes à possessão — pelo menos foi o que eu li — mas a teoria era
diferente da prática.
Eu olhei para o vórtice rodopiante de móveis da Casa da Matilha que protegia Michelle de nós
chegarmos muito perto.
Selene e alguns outros ficaram presos atrás de um pódio do outro lado da sala, sem rota de fuga.
Fiz sinal para ela correr quando dei o sinal.
"Josh, preciso que você distraia Michelle enquanto tento chegar perto."
"Estou cuidando disso," ele gritou, avançando em direção a ela, usando suas garras para rasgar
qualquer coisa que voasse para ele.
"O beta finalmente deu um passo à frente", zombou o possuidor de Michelle. "Mas será que está
à altura da ocasião?"
Ela ergueu os braços no ar e Josh saltou contra um lustre, quicando como uma boneca de pano e
caindo no chão.
Selene correu para a porta com seu grupo, tentando colocá-los em segurança.
"Todo mundo corre. Não olhem para trás", Selene gritou.
"Onde você pensa que está indo?"
Selene gritou ao ser puxada para trás, deslizando pelo chão em direção a Michelle. Eu mergulhei
para frente e agarrei a mão dela.
"Jocelyn, por favor, não deixe ir," ela chorou.
Michelle era muito poderosa. Não tínhamos chance.
Precisamos de um milagre.
Aiden
Eu agarrei o vampiro por sua capa e o joguei contra a parede, arrastando-o pelas pinturas de
Sienna e jogando-o em uma escultura.
Quando eu era capaz de agarrá-lo, eu conseguia causar algum dano de verdade, mas ele estava
tão escorregadio, desaparecendo e reaparecendo em segundos.
Eu me lancei contra ele, e ele se dividiu em dois, me dando um olhar presunçoso. Antes que eu
pudesse decidir qual deles mutilar primeiro, eles se transformaram em minha mãe e meu pai.
"Você é um idiota. Você não sabe fazer nada certo", Charlotte chiou.
"Eu gostaria que você tivesse morrido em vez de Aaron", Daniel sussurrou em meu ouvido
enquanto ele girava ao meu redor.
Que merda! Como ele sabe tanto sobre mim?
"Sienna revelou todos os seus medos e desejos mais profundos para mim — e os seus também. "
Ele riu.
Ele se multiplicou em uma dúzia de versões de si mesmo, todas rindo em uníssono.
Este idiota era apenas um aspirante a mágico, cheio de truques baratos. Eu não cairia em seus
jogos mentais.
Peguei um balde de tinta com minhas mandíbulas e respinguei em toda a sala em todas as suas
cópias. Só ficou presa a um deles...
Eu aproveitei minha chance. Me lancei contra ele e mordi seu lado.
Jocelyn
Michelle gritou de dor, como se algo dentro dela estivesse pegando fogo. Todos os móveis
flutuantes caíram no chão, e ela própria começou a cair em queda livre.
Josh entrou em ação e a segurou, dando uma cambalhota e segurando-a com força.
Podemos não ter outra chance.
Eu corri em direção a Michelle. Seu corpo estava se contraindo e ela estava tentando se livrar de
Josh.
"Jocelyn, se apresse. Eu não posso segurá-la por muito mais tempo", Josh gritou.
"Selene, tire todo mundo daqui e tranque as portas atrás de você", eu ordenei.
Ela assentiu e começou a conduzir os convidados restantes até a saída.
Eu agarrei o rosto de Michelle enquanto Josh a segurava.
"Tudo bem, garota, vamos trazê-la de volta."
Comecei a absorver o que quer que estivesse dentro de Michelle em meu corpo. Puta merda, isso é
estranho.
Minhas veias começaram a ficar pretas de novo e eu suguei toda a escuridão até que a energia se
infiltrou ao longo do meu cérebro.
Meus olhos escureceram e de repente não consegui ver nada.
Comecei a vomitar, minha fisiologia de curandeira rejeitou o convidado indesejado.
De repente, cuspi um monte de gosma preta por todo o chão e minha visão voltou ao normal.
Que merda.
Parecia que tinha acabado de beber um galão de alcatrão.
Michelle estava deitada pacificamente nos braços de Josh.
"Eu... acho que ele se foi."
"Jocelyn... ela não está se movendo," Josh disse calmamente.
Eu imediatamente senti seu pulso. Ela estava...
Viva.
Graças a deus.
Viva, mas sem vida.
Tentei transferir minha energia para ela, mas seu corpo não aceitava.
A escuridão se foi, mas Michelle estava em coma e eu não tinha ideia de como trazê-la de volta.
Aiden
O vampiro estava ferido, mas eu senti que seu poder tinha ficado ainda mais forte. Ele não
estava brincando.
"Eu tentei estar em dois lugares ao mesmo tempo. Esse foi meu erro, mas não se engane, estou
por completo aqui agora", ele fervia.
Eu olhei para o corpo inconsciente de Sienna no meio da galeria. Eu precisava mantê-lo longe
dela a todo custo.
"Sienna."
"Sienna, você tem que acordar."
"Eu preciso de você."
Eu esperava que ela não estivesse muito longe, mas nossa conexão permanecia estática.
O vampiro disparou em minha direção como uma flecha, me derrubando e me fazendo derrapar
no chão.
Enquanto eu tentava ficar de pé, ele investiu contra mim repetidamente.
Minhas costelas quebraram com os golpes rápidos e eu gritei de agonia.
Ele me deixou caído no chão e voltou sua atenção para Sienna.
Não, não o deixe chegar perto dela!
Eu mudei de volta para minha forma humana e lutei para ficar de pé, segurando meu torso.
"Ei, idiota, se você quer mexer com a cabeça de alguém, por que não tenta a minha? No
momento, estou tendo ótimas ideias sobre como vou rasgá-lo ao meio."
Ele se virou e zombou de mim por tentar enfrentá-lo em minha forma humana ferida.
— "Se você insiste, Alfa, vou matá-lo primeiro com prazer. Então, posso repetir a memória de
arrancar sua cabeça na mente de Sienna, várias vezes.
Enquanto o vampiro avançava em minha direção, um lobo rosnou atrás dele.
Sienna.
Ela o agarrou e cravou suas presas profundamente em seu ombro em um movimento rápido.
Ele gritou quando ela puxou com toda a força e arrancou um pedaço de seu corpo, fazendo-o
evaporar no ar.
O resto dele começou a desaparecer também, e estava claro que ele não tinha controle sobre sua
desestabilização repentina.
"Não, ainda não, droga. Eu estava tão perto! " Sienna se mexeu e correu para mim, colocando
meu braço em volta do ombro dela, ajudando-me a me equilibrar. Nós dois o encaramos enquanto
ele virava pó.
"Não vou desaparecer para sempre, Sienna. Eu sempre estarei dentro de você. Você me
convidou para entrar e eu voltarei...," Konstantin berrou.
Seu corpo evaporou antes que ele pudesse terminar seu discurso.
Sienna me abraçou e se aninhou em meu ombro. Estremeci com as costelas quebradas, mas não
me importei.
Era tão bom abraçá-la, saber que ela estava segura em meus braços.
Sienna
Eu usava um avental de artista e um par de jeans e botas velhas de Aiden enquanto
caminhávamos para casa. Ele conseguiu salvar suas roupas depois da transformação, mas meu
vestido dourado não teve tanta sorte. E nem o carro de Aiden.
Caminhamos em silêncio, mas eu sabia que Aiden tinha um milhão de perguntas. Eu estava
pronta para respondê-las.
Eu desenterrei tantos segredos enterrados, e agora eles estavam me assombrando.
Havia muito para contar.
Sobre Konstantin.
Seus poderes.
Meus poderes, que eu ainda não compreendia.
Minha mãe.
Meu pai, Rowan, que ainda pode estar por aí em algum lugar.
Mas naquele momento, estava feliz por ele ter apenas segurado minha mão e caminhado em
silêncio.
Ele estava lá para me ajudar, e eu estava lá para ajudá-lo. Era assim que sempre seria.
Eu contaria tudo a ele quando estivéssemos sãos e salvos em casa.
Ao nos aproximarmos da casa, começou a nevar novamente, mas parecia quente demais para
neve.
A luz no horizonte estava laranja e percebi que não era neve...
Era cinza.
"Aiden..."
Ele correu na minha frente, sobre a ponte de paralelepípedos e por entre as árvores.
Eu sabia o que estava prestes a ver, mas quando a casa apareceu, eu ainda cobri minha boca em
descrença.
Nosso Lar.
Aceso, um inferno furioso.
Capítulo 60 – Família
Sienna
Depois do incêndio, nossa vida ficou um caos absoluto.
"Aiden, saia do maldito banheiro. Eu tenho que urinar! " Selene gritou, batendo na porta. "Eu
tenho um bebê inteiro pressionado contra minha bexiga, todo dia." "Selene, você pode por favor não
gritar com meu chefe?" Jeremy disse cautelosamente.
"Ele não é seu chefe aqui, Jeremy. Ele é família," minha mãe disse em um tom alegre enquanto
ela passava por mim com três cargas de roupa suja.
"Não, quando ele está no banheiro, ele é meu inimigo mortal," Selene amuou. "Aiden, SAIA."
Era um bom tipo de caos.
A porta do banheiro se abriu e Aiden estava parado na porta, recém-saído do chuveiro, vestindo
nada além de uma toalha, as gotas de água ainda grudadas em seu abdômen brilhante.
Graças a Deus, a Bruma passou.
"Minha nossa senhora dos lobos," Aiden rosnou. "Pronto. Dá pra relaxar?"
"Essa não", murmurou Jeremy baixinho. Os olhos de Selene saltaram tanto de sua cabeça que
pareciam que também estavam grávidos.
"Nunca. Diga a uma mulher grávida. Que está prestes a explodir. Para relaxar", ela quase uivou,
passando por ele e batendo a porta do banheiro atrás dela.
Aiden apenas encolheu os ombros. "Ah, Melissa, pode adicionar isso à sua pilha", disse ele,
puxando a toalha e jogando-a no cesto que ela carregava.
Ele caminhou pelo corredor completamente nu enquanto eu olhava, mortificada.
Era um caos bom, sim, mas eu não via a hora de nossa casa ficar pronta.
A casinha dos meus pais tinha ficado completamente lotada desde que Selene e Jeremy decidiram
ficar até o bebê nascer, o que aconteceria a qualquer momento.
"Sienna, venha me ajudar com os sanduíches," meu pai chamou da cozinha.
Quando me juntei a ele, ele me lançou um olhar de preocupação. Ele tem feito muito isso desde
que nos mudamos.
"Como você está, querida? Está tudo bem? Estamos tornando nossa casa confortável para você
e Aiden? Porque se você precisar de alguma coisa, apenas..."
"Pai, estou bem, de verdade. Vocês têm sido incríveis, abrindo sua casa para nós enquanto
reconstruímos a nossa."
Não tinha contado à minha família tudo o que aconteceu com Konstantin, mas eles sabiam o
suficiente.
Eu deixei de fora os detalhes sobre meus pais biológicos porque sabia que isso iria quebrar seus
corações e, honestamente, ainda não estava pronta para falar sobre isso.
Aiden, por outro lado, sabia de tudo.
Foi difícil no início reviver o que havia acontecido comigo. Eu me senti tão violada e traída pelo
que Konstantin fez.
Ele tinha me usado. Ele tentou me manipular, me destruir mentalmente, destruir Aiden
fisicamente, e ainda incendiou nossa casa inteirinha, mas no final das contas, nosso vínculo de
acasalamento era mais forte.
Não seremos destruídos tão facilmente; ele sabia disso agora.
E ele estava lá fora em algum lugar — em um estado enfraquecido, talvez, mas ainda escondido
nas sombras. Isso fazia meu sangue gelar.
Josh havia estabelecido uma força-tarefa anti-vampiro depois de tudo o que aconteceu.
Era uma quase obsessão para ele caçar Konstantin, mas até agora, haviam se passado quatro
semanas sem nem mesmo uma pista.
A vigilância de Josh me fez sentir mais segura, mas também triste. Ele costumava ter muito
tempo livre antes...
Enquanto eu silenciosamente cortava vegetais ao lado de meu pai, isso me fez pensar sobre o
paradeiro de meu pai biológico, seja ele quem for. Mas apenas por um momento.
Eu sorri para meu pai e apertei sua mão. Não precisei procurar meu pai. Ele estava bem do meu
lado.
Aiden entrou na cozinha, felizmente totalmente vestido, e abriu uma cerveja. "Quer uma,
Robert?"
Ele parecia mesmo estar gostando de todo esse tempo forçado em família. E eu não poderia
culpá-lo. Ele nunca tinha vivido isso.
"Eu adoraria", disse ele, pegando a cerveja e batendo contra a de Aiden.
"Ei, não me deixe fora disso," eu disse, pegando minha própria cerveja.
Selene entrou arrastando os pés com a ajuda de Jeremy e afundou na mesa.
Mamãe trouxe uma torta de maçã da sala de jantar que fez Aiden começar a babar.
"Resfriada recentemente no peitoril da janela, assim como minha mãe costumava fazer", disse
Aiden.
"Aiden, coloque essa língua de lado", eu ri. "Você não olha nem para mim desse jeito, a menos que
esteja sob efeito da Bruma."
"Todo mundo tem uma bebida?," meu pai perguntou enquanto levantávamos nossas garrafas no
ar.
"Eu bem que queria", suspirou Selene, segurando seu estômago.
"A que devemos brindar? " Aiden disse, olhando ao redor da sala.
Eu não sabia o que faria sem essas pessoas incríveis em minha vida. Eles me ancoraram e me
trouxeram de volta à costa quando Konstantin tentou me afogar.
As pessoas nesta sala eram de onde vinha minha verdadeira força.
"À família. " Eu sorri.
Enquanto me arrumava para dormir, olhei para meu reflexo no pequeno espelho que meus pais
haviam comprado para mim quando era uma garotinha. Eu me senti infantil ao usá-lo agora.
Tanta coisa mudou nos últimos dois anos.
Eu ainda não tinha me acostumado a ficar no meu quarto de infância com Aiden também, mas
ele estava totalmente fascinado por tudo isso...
Minhas pinturas em aquarela desleixadas da escola primária.
Minha extensa coleção de troféus de atletismo.
Os bichinhos de pelúcia que eu rasguei em pedaços quando era apenas um filhote.
Eu o peguei lendo um dos meus antigos diários quando nos mudamos pela primeira vez, e ele
quase se juntou àqueles pobres brinquedos de pelúcia em sua morte.
Mas agora, ele estava deitado na minha cama de samba-canção, olhando para o mural de estrelas
que eu pintei no teto quando tinha quinze anos. Sua sincera expressão de admiração me fez amá-lo
ainda mais.
Eu rastejei em cima dele e dei-lhe um beijo apaixonado.
A Bruma pode ter passado, mas eu ainda tinha necessidades.
"Tem gente procurando encrenca", ele rosnou, sorrindo e me erguendo contra a cabeceira da
cama.
"E eu sempre consigo encontrar" eu rosnei de volta, agarrando a tenda levantada em sua cueca.
Ele me jogou na cama e não perdeu tempo em puxar minha calcinha para baixo e espalhar
minhas pernas.
A barba por fazer de Aiden esfregou contra a parte interna das minhas coxas enquanto ele
mergulhava em meu sexo com sua língua.
"Isso, vai," eu murmurei, agarrando meus lençóis.
Aiden se sentou e empurrou minhas pernas abertas ainda mais, batendo seu pau duro contra a
minha entrada.
Ele provocou meu sexo, empurrando a ponta, em seguida, puxando de volta.
"Mais," eu disse sem fôlego.
"Você quem sabe" Aiden rosnou, colocando a mão levemente no meu pescoço.
Soltei um gemido suave, que se transformou em um grito agudo quando ele entrou em mim,
alargando e acertando todos os pontos certos.
Uma vez que ele entrou no ritmo, suas estocadas pareciam o paraíso. Minha boceta estava
prestes a explodir de prazer.
"Aiden, eu vou - porra - eu vou..."
Meu abdômen se contraiu e minhas costas arquearam enquanto eu gritava.
"Tô gozando. Caralho, tô gozando…"
"ESTÁ VINDO," minha mãe começou a gritar, batendo na porta do meu quarto.
"O BEBÊ - ESTÁ PARA NASCER!"
Apesar de minha sobrinha escolher o momento mais estranho possível para entrar neste mundo,
eu estava muito animada para conhecê-la.
Meus pais ansiosamente agarraram as mãos um do outro enquanto sentavam com Aiden e eu na
sala de espera. Já haviam se passado duas horas desde que Selene entrou em trabalho de parto.
"Sabia que a sala do zelador fica ali virando o corredor?" — sussurrou Aiden, deslizando a mão
pela minha perna. "Poderíamos terminar o que começamos."
Eu dei um tapa na mão dele. Homens. Sempre pensando em foder.
Embora eu tivesse que admitir que não seria a pior maneira de matar o tempo.
Jocelyn de repente empurrou as portas duplas de uniforme, sorrindo de orelha a orelha.
"Quais as novidades? " Minha mãe saltou da cadeira.
"Uma menina feliz e saudável. Ela está pronta para conhecê-los agora", Jocelyn disse, nos
levando para o quarto de Selene.
Jeremy pairava sobre sua esposa e filha com absoluta admiração e devoção em seus olhos. Selene
segurou sua linda garotinha — minha primeira sobrinha — nos braços. Seu rosto estava molhado de
lágrimas.
Eu caí no choro. Dominância que se dane. Fiquei muito feliz por ela.
Aiden agarrou minha mão. Ele quase parecia ter os olhos um pouco embrumados. Quase.
"Qual é o nome dela?" minha mãe arrulhou, observando o lindo pacote de uma neta na frente
dela.
"Meu deus, não pensamos em nenhum ainda", Selene disse, abruptamente explodindo em
lágrimas. "Ela não tem nome!"
"Querida, está tudo bem, não chore. Vamos pensar em um. Temos tempo", ele disse,
nervosamente tentando consolá-la e entender seus hormônios erráticos.
Uma visão de repente surgiu em minha mente — cabelos ruivos esvoaçantes, olhos ferozes.
Alguém importante, que merece ser homenageado.
"E se fosse... Vanessa? " Eu sugeri.
Os olhos de Selene brilharam. "Isso... esse é perfeito. É lindo. Mas por que Vanessa?"
"Por nada", eu disse enquanto Aiden me olhava, entendendo tudo. "Eu só acho que combina."
"Eu também," ela respondeu, bocejando, suas pálpebras ficando pesadas.
"Certo, a mamãe e a pequena Vanessa precisam descansar um pouco", Jocelyn ordenou. "Todos
nós podemos admirar a bebê de manhã."
Jocelyn tocou levemente meu ombro quando eu estava prestes a sair. "Tenho outro paciente que
preciso verificar, se você quiser se juntar a mim."
Eu balancei a cabeça enquanto meu estômago se retorceu em nós.
Ela parecia tão tranquila dormindo — exceto que ela não estava realmente dormindo, pelo
menos não por vontade própria.
Ah, Michelle, isso é tudo culpa minha.
Enquanto Michelle permanecia imóvel em sua cama de hospital, uma onda de culpa tomou conta
de mim. Se não fosse por mim, ela nunca teria ido para a casa de Konstantin em primeiro lugar e ele
nunca a teria usado para tentar me machucar.
Jocelyn agarrou minha mão quando comecei a chorar. "Não se culpe", disse ela. "Às vezes, as
pessoas entram em nossas vidas e mentem, e essas mentiras contaminam todos ao nosso redor."
"Mas e se eu tiver ajudado a espalhar essa doença?"
"Você estava apenas tentando encontrar respostas sobre o seu passado. Tenho certeza que Aiden
entende isso", ela respondeu, olhando para longe. "Ele não quer nada mais do que proteger você. "
"Talvez ela só estivesse tentando proteger você também", eu disse delicadamente enquanto
observava Jocelyn enrijecer.
"Não", Jocelyn respondeu vagamente. "Mas prefiro não falar sobre isso."
A porta se abriu e Josh entrou pesadamente, com uma expressão triste e cansada. Ele estava com
a barba cheia e olheiras.
Ele não havia desistido de procurar Konstantin por um momento sequer, desde que Michelle
entrara em coma.
"Ah, eu achei que não tinha ninguém aqui", Josh murmurou, sem fazer contato visual comigo.
"Nós vamos sair", Jocelyn disse suavemente. "Me avise se você precisar de alguma coisa."
Enquanto Jocelyn me conduzia para fora da sala, me virei por um segundo para ver Josh
encostar sua testa na de Michelle.
Eu não vou deixar você fazer isso sozinho, Josh. Nós o encontraremos. E nós a traremos de volta.

***
Aiden colocou o braço em volta do meu ombro enquanto caminhávamos pela garagem para a
casa dos meus pais. O sol estava começando a nascer sobre as copas das árvores.
"As coisas vão voltar ao normal, Sienna. Sua família sempre estará lá para ajudar, com as coisas
boas e ruins. Nossa família sempre estará lá para nos ajudar", Aiden me assegurou.
"Claro", eu disse, forçando um sorriso e inclinando minha cabeça em seu peito.
Nada dentro de mim parecia normal desde que Konstantin havia invadido minha mente e corpo,
mas eu não queria preocupar Aiden.
Eu sentia um poder desconhecido dentro de mim, um que eu não entendia...
E estava crescendo a cada dia.
Rowan
Quando os raios do sol nascente caíram sobre sua cabeça, seus magníficos cabelos ruivos ficaram
em chamas. Ela era linda, quase uma imagem espelhada.
Eu a observei caminhando com seu companheiro, e isso despertou em mim uma emoção que
estava adormecida há muito tempo.
"Ela se parece... com a mãe."
Livro 3
Capítulo 61 – De Volta à Vida
Sienna
Gemidos de êxtase ecoaram pelos corredores da Casa da Matilha.
Os vastos corredores estavam estranhamente vazios — nenhuma alma à vista.
Uma corrente de ar frio soprou pela minha camisola transparente, desencadeando uma onda de
arrepios na minha espinha. O ar carregava consigo o som da paixão — um fervor sexualmente
carregado cobrindo-se ao meu redor.
Me chamando.
Me atraindo.
De onde estava vindo?
Uma escada em espiral apareceu à frente e eu subi, girando e girando, até ficar tonta. Finalmente,
cheguei à entrada do salão de baile.
Abrindo as portas de carvalho centenárias, eu me vi iluminada por um brilho quente de uma
lareira próxima.
Uma cama com dossel estava no centro da pista de dança. Meus olhos estavam vidrados nela.
Sob lençóis vermelho-carmesim, três corpos nus se retorciam e se contorciam.
Apesar das chamas próximas lançando sombras escuras em suas peles brilhantes e
obscurecendo-os de vista, pude ver que havia um homem e duas mulheres, todos emaranhados.
Quando me aproximei cautelosamente, um rosto familiar ergueu os olhos de seus espasmos de
paixão. Seus olhos penetrantes fizeram meu coração parar de repente.
Konstantin.
Mas eu não conseguia me mover. Ele havia assumido o controle do meu corpo.
Assim como antes.
Não sendo mais capaz de desviar o olhar, observei enquanto o vampyro continuava penetrando
desenfreadamente uma das mulheres esparramada embaixo dele.
Os lençóis escorregaram lentamente, expondo suas coxas, cintura e seios até que ela jogou para
trás suas mechas de cabelo castanho ondulado...
Era Michelle.
Ela olhou para mim, consumida pelo prazer — sorrindo, como se estivesse apreciando a
audiência.
Ao lado dela, a outra mulher parecia jovem e dolorosamente vulnerável enquanto acariciava os
dois amantes entrelaçados.
Foi só quando ela olhou para mim que vi que era Emily.
Minha ex-amiga, que agora estava morta. E minha melhor amiga atual. Ambas estavam gritando
de dor e prazer enquanto as presas do vampyro deslizavam para fora.
Gritei para ele parar, mas nenhuma palavra saiu.
"Sienna..." Michelle gemeu, estendendo a mão na minha direção. "Você deixou isso acontecer..."
"Ela vai morrer, Sienna. E é sua culpa. Assim como eu..." disse Emily, tocando-se entre as coxas
abertas.
Em seguida, ela e Michelle começaram a chegar ao clímax, os olhos revirando assustadoramente
para o crânio.
A lama negra começou a escorrer de todos os poros do corpo de Emily, acumulando-se no chão.
E então uma onda de líquido preto tomou conta de mim enquanto o vampyro afundava os
dentes na garganta de Michelle.
Sentei-me na cama, tentando recuperar o fôlego. Demorei um pouco para me orientar.
O sol da manhã lançava raios brilhantes sobre a cama king-size do hotel, onde nossas malas
estavam abertas.
Fazia cerca de uma semana desde o desastroso Baile de Inverno, onde nosso vampyro amigo
Konstantin quase nos derrotou.
A casa dos meus pais tinha se tornado um pouco... lotada, para dizer o mínimo, então decidimos
ficar em outro lugar.
Para a sanidade de todos.
Aiden arrastou-se para fora do banheiro, úmido e vestindo uma toalha. Ele correu para o meu
lado.
"Ei, você está bem? " ele perguntou, gentilmente pegando minha mão.
"Sim..., " eu disse. "Foi apenas mais um sonho bizarro. "
Como sempre, o olhar do meu companheiro, seus olhos verdes cheios de amor e preocupação,
foram suficientes para desacelerar meu batimento cardíaco acelerado.
"Konstantin?" Ele parecia já saber a resposta.
Eu concordei. "Mas estou bem agora. Juro. "
Na luz da manhã, sua pele era dourada. Minhas pernas ficavam fracas só de olhar para ele... o
brilho em seus ombros... as linhas esculpidas de seu abdômen.
"Especialmente quando você vem me salvar vestindo isso", eu disse, sorrindo e olhando a toalha
em volta de sua cintura.
"Ah, essa coisa velha?" ele brincou.
Eu balancei a cabeça enquanto corria um dedo pelas gotas de água em seu pescoço.
Eu me exibi lambendo meus lábios.
Os olhos de Aiden escureceram, o desejo estava substituindo a diversão em seu rosto.
"Bem, eu acho que deveria usar isso com mais frequência," ele brincou.
Como uma chama fervente sob minha pele, minha Bruma se acendeu com tanta força que quase
me deixou sem fôlego.
Em pouco tempo, eu estava correndo meus dedos por seu abdômen, deslizando-os entre a
toalha e sua pele.
Pressionando minha boca contra seus lábios maleáveis, eu o beijei profundamente.
Aiden fez um ruído baixo em sua garganta, suas mãos encontrando o caminho por baixo da
minha camisola e até meus seios, segurando-os e apertando.
Nosso beijo se aprofundou e eu me perdi nele.
Aiden me agarrou pela cintura, abraçando minhas costas nuas em seu corpo úmido.
Eu respirei profundamente, sentindo seu toque mais uma vez banir todos os meus pensamentos
sombrios.
Se eu pudesse ficar ali, para sempre. Segura nos braços do meu companheiro.
Minha Bruma estava cantando em minhas veias.
Meus dedos percorreram o tanquinho dele, descendo até embaixo.
Aiden gemeu de prazer enquanto eu puxava a toalha.
Virando-me, ele puxou minha calcinha, revelando meu traseiro. Ele bateu duas vezes, me
fazendo ofegar.
Mais duas palmadas levaram minha Bruma às alturas.
Suas mãos quentes e calejadas deslizaram entre minhas coxas, contra os lábios molhados da
minha vagina.
Eu gemi, inclinando-me contra a outra mão que ele pressionava contra minha barriga para me
firmar.
Senti a cabeça do pênis dele então, deslizando, empurrando para encontrar minha abertura.
Minha respiração estava ofegante. Eu levantei um joelho, pressionando-o na cama. Balançando
meus quadris para trás, eu me ofereci a ele.
Não havia mais nenhum pesadelo. Nada poderia me machucar quando eu estava com Aiden.
Quando estávamos juntos.
Nós dois estávamos ofegantes.
Suas estocadas eram profundas e rítmicas. Fechei meus olhos, perdendo-me em minha Bruma e
as sensações que surgiam dentro de mim.
"Ai, Aiden," eu gemi. "Ai, meu deus, eu vou gozar..."
Seus movimentos se aceleraram em resposta.
Meu orgasmo veio de repente e eu gemi com ele, deixando-o me desvendar.
Aiden gozou logo depois de mim. Eu podia senti-lo derramando seu esperma dentro de mim.
Nós nos abraçamos por um longo momento, respirando o cheiro um do outro com nossa
luxúria saciada.
Quando voltei a mim, estávamos deitados juntos na cama. Eu nem tinha certeza de como
havíamos chegado ali.
Então o celular ao lado da cama tocou.
Relutantemente, me afastei dele e atendi.
"Olá?"
"Sra. Mercer-Norwood? Tem um grupo de pessoas esperando por você. " "Ah. sim, obrigada, "
eu disse, desligando.
Aiden ergueu as sobrancelhas.
"É a Curandeira Lowell. Acho que ela está lá embaixo", eu disse.
Meu coração apertou.
Ela estava aqui.
Talvez ela pudesse fazer algo para ajudá-la.
Para ajudar Michelle.
Uma imagem do meu sonho veio à tona. As pernas de minha melhor amiga envolviam os
quadris de Konstantin enquanto ela gozava. Ela gemia de luxúria.
Estremeci, mas tentei fingir que estava com frio.
Uma das Curandeiras Chefes do Retiro de Lawrence estava esperando no saguão.
Sharon Lowell raramente fazia visitas domiciliares, mas concordou em consultar Michelle a
pedido pessoal do Alfa.
Ela era uma mulher baixa e robusta com cabelos grisalhos presos em um coque realista, mas sua
voz estava calorosa e gentil quando nos cumprimentou.
"Alfa Norwood! " ela exclamou. "E Sra. Norwood! " Ela estendeu as mãos.
"Mercer-Norwood, " eu disse, sorrindo.
Peguei uma de suas mãos e Aiden pegou a outra. Ela deu uma pequena sacudida em cada um.
"Sra. Mercer-Norwood", ela disse com um aceno firme.
"Muito obrigado por ter vindo", disse Aiden. "Tem um carro vindo nos buscar. " Enquanto nos
dirigíamos para a frente do hotel, eu esperava fervorosamente que a Curandeira Lowell fosse capaz
de fazer o que Jocelyn não conseguiu:
Encontrar uma maneira de ajudar Michelle a acordar.
***
Jocelyn nos cumprimentou no saguão da Casa da Matilha, então liderou o caminho escada acima
para a suíte médica.
Quando todos entramos no quarto de Michelle, meus olhos foram imediatamente para minha
amiga.
Um monitor cardíaco apitou ao seu lado. Tubos presos em seu braço. Meu coração se apertou ao
vê-la — ela parecia tão pálida e magra.
Seus olhos não se abriram desde o ataque de Konstantin no Baile de Inverno.
Ninguém sabia se ela iria acordar.
A televisão no quarto de Michelle estava ligada e meus ouvidos se aguçaram ao ouvir meu nome.
"Já se passou mais de uma semana desde os acontecimentos assustadores em torno do Alfa
Aiden Norwood e sua companheira Sienna no Baile de Inverno deste ano", disse a repórter.
Ela era pequena, com cabelos castanhos encaracolados e um sorriso pronto para a câmera.
"E as autoridades ainda não estão nem perto de encontrar o culpado. Enquanto isso, a
companheira do Beta, Michelle Daniels, permanece em coma..."
Ela estava relatando de dentro da Casa da Matilha!
Notei o nome da repórter na parte inferior da tela. Monica Birch.
Enquanto tentava descobrir como ela havia entrado, notei que Josh desabou na poltrona ao lado
da cama de Michelle.
Ele parecia terrível — barba por fazer no rosto, cavidades escuras ao redor dos olhos...
Ele parecia atormentado pela culpa.
Peguei o controle remoto da TV e coloquei no mudo.
"Bom dia, Josh, " eu disse gentilmente.
Ele ergueu os olhos e olhou para mim com hostilidade.
Eu não poderia culpá-lo.
Nós dois sabíamos que o que acontecera com Michelle fora minha culpa.
Aiden
Incapaz de suportar a visão da forma imóvel de Michelle, conduzi Josh e Sienna para a área de
espera, deixando os curandeiros cuidando da paciente.
Eu falhei com Michelle. Eu falhei com todos quando deixei aquele vampyro desgraçado invadir
meu território. Minha família.
Eu admirava Konstantin.
Confiava nele e o respeitava.
Ele usou a dor pela morte do meu irmão Aaron contra mim.
Eu aceitei, ignorei os sinais de alerta porque estava tão desesperado para saber a verdade sobre
como a companheira de Aaron, Jen, havia morrido.
Bem, agora eu sabia.
Konstantin a matou quando explodiu o laboratório.
Konstantin havia matado a mãe biológica de Sienna também e, consequentemente, seu pai.
Ele tinha matado Jen e, consequentemente, Aaron — por causa do vínculo de acasalamento.
Ele havia posto fogo em nossa casa. Deixou a Michelle em coma.
Violou a mente de Sienna.
Na semana desde o Baile de Inverno, a necessidade de encontrá-lo, de matá-lo — de rasgá-lo
membro por membro. Só tinha crescido.
Eu poderia colocar a raiva pulsante, o desejo de vingança, de lado por curtos períodos.
Escondi bem de Sienna. Ela já tinha sofrido bastante. Ela não precisava da minha fúria para
controlar seu próprio trauma.
Os pesadelos — ela chorava durante a noite, todas as noites, me acordando sem parar.
Eu não acho que ela estava ciente de quantas vezes eu rolei e a acariciei, acalmando seus
gemidos, acalmando seus músculos tensos — confortando-a para que ela pudesse se livrar do medo
e dormir em paz.
Cada vez, eu fiz a ela o mesmo voto silencioso.
Konstantin pagaria pelo que fizera.
Sienna
A porta do quarto de Michelle se abriu.
Jocelyn e a curandeira Lowell olharam para nós. Seus rostos estavam sérios.
"Terminamos o exame", disse Jocelyn. "Melhor se sentar."
Ninguém se mexeu.
Isso não pode ser uma boa notícia.
"O resto da família de Michelle já chegou? Nós também podemos esperar por ... " "Não! Conte-
nos agora, "Josh insistiu.
Eles estão perguntando pela família de Michelle?
Soltei um suspiro profundo. Isso era muito mais sério do que eu imaginava.
Eu enrolei minhas mãos em punhos.
"Muito bem, " Jocelyn disse. "Michelle não dá sinais de recuperação. O que é pior, suas funções
vitais estão começando a falhar. " "O que... o que você quer dizer com 'começando a falhar?' " Josh
exigiu.
Peguei a mão de Aiden, apertando-a com força.
Jocelyn inclinou a cabeça. Ela estava claramente preocupada, as sobrancelhas franzidas, como se
tentando encontrar as palavras certas para dizer.
"Os órgãos de Michelle estão falhando."
Capítulo 62 - Ataque de Persuasão
Sienna
Os órgãos de Michelle estão falhando...
As palavras eram tão claras, mas eu não conseguia envolver minha cabeça em torno delas.
"Espere aí! O que você está dizendo? " Josh perguntou. Ele estava segurando a parede como se
fosse a única coisa que o mantinha de pé.
"Eu estou dizendo... ", disse Jocelyn, tocando a pulseira de prata ornamentada que ela usava em
seu pulso, "ela não vai sobreviver à noite."
O silêncio pairou sobre todos nós. Ninguém se mexeu.
"Mas e as máquinas? " Eu soltei.
"Nós a colocamos no ventilador por causa de sua respiração anormalmente rápida", disse
Jocelyn. "Mas seus rins e seu fígado são o verdadeiro problema."
"Ela está demonstrando oligúria", disse a Curandeira Lowell.
Ela olhou para nossas expressões em branco. "Ela não está produzindo urina suficiente, " ela
esclareceu.
Meu coração começou a bater mais forte.
"Sem os rins fazendo seu trabalho, eventualmente ela entrará em choque. " "Não entendo. Por
que isso está acontecendo? " Josh disse.
"O trauma que ela suportou causou uma quantidade significativa de danos internos, " Jocelyn
disse, sua voz gentil.
"Mas... você vai curá-la ou não? " Josh exigiu.
"Eu tentei ..." Jocelyn começou.
"Então continue tentando! " Josh rebateu.
A curandeira Lowell balançou a cabeça. "Eu vim aqui hoje para ajudar a realizar um ritual com
Jocelyn. Um que requer dois curandeiros de grande habilidade. Mas mesmo assim foi uma aposta e,
infelizmente, não teve sucesso."
"Não teve sucesso? " Josh ecoou.
"Michelle foi atacada por um vampyro", a Curandeira Lowell explicou.
"Sua companheira foi essencialmente envenenada por ele. A magia de cura do lobisomem... é
poderosa. Mas nós estamos lutando contra magia vampírica."
Josh fez um som de desgosto.
"Aquele vampyro era fora do comum" ela continuou. "Ele tinha um poder como nada que eu já
tenha visto. Um poder antigo, tenho certeza disso."
Meu Deus, Michelle.
"Então o que você está dizendo? " Josh exigiu, tremendo com sua voz zangada. "Você não pode
salvá-la?"
Jocelyn arregalou os olhos. "Existe um ritual "Não, não há, " a Curandeira Lowell a interrompeu,
sua voz repentinamente fria.
"Um ritual, " Jocelyn continuou, "mas é proibido..."
"É absolutamente proibido! E perigoso e vai contra a Doutrina do Curandeiro. É melhor tirar
isso da cabeça. Agora."
O comportamento caloroso da Curandeira Lowell agora estava rígido e tenso. Ela olhou
carrancuda para Jocelyn, que olhou para o chão.
Josh olhava desesperadamente de uma curandeira para a outra, desejando que um deles sugerisse
uma nova solução.
Mas eu entendi o que a Curandeira Lowell estava dizendo.
"Ela vai morrer, não é?"
Todos se voltaram para mim. O rosto de Josh perdeu toda a cor.
Então todos nós nos viramos para olhar para Jocelyn.
Ela estava balançando a cabeça. "Não, " ela disse. "Eu não vou deixar isso acontecer-"
"Sinto muito, mas não concordo", rebateu a Curandeira Lowell.
Todos nós olhamos para ela, horrorizados.
Ela encontrou nossos olhos sinceramente, um por um. "Não vou dar falsas esperanças a
ninguém. Não estou dizendo que Michelle não vai conseguir superar isso... mas agora, nós
curandeiras não temos o que fazer."
"Jocelyn quer que ela supere — todos nós queremos, " ela continuou. "Mas o que quero dizer é
que — para ela — é pessoal."
Jocelyn baixou os olhos.
A curandeira Lowell ergueu as mãos, gesticulando para que entrássemos no quarto de Michelle.
"Eu acho que seria sábio para todos vocês visitarem Michelle. Para se preparar. Talvez até para
dizer adeus."
Eu segurei o soluço que subiu em minha garganta.
Adeus? Michelle tem apenas 20 anos.
Como a vida dela pode ser encurtada tão tragicamente?
Emily tinha apenas quinze anos quando morreu.
Porque eu não tinha percebido que ela estava em apuros até que fosse tarde demais.
Ela foi estuprada por um homem violento e malvado e tirou a própria vida apenas dois dias
depois.
E eu estava impotente para ajudá-la.
Assim como Michelle. Ela estava presa e gritando dentro de sua própria mente, e eu nem tinha
percebido.
Afinal, Konstantin havia vencido.
"Não, " Josh engasgou.
A carranca da curandeira se aprofundou enquanto ela o considerava. "Eu sinto muito, Beta
Daniels. Mas acho que você precisa colocar seus negócios em ordem."
"Nós vamos fazer essas ligações agora, " Jocelyn administrou, e ela caminhou pelo corredor.
Com um breve e triste aceno de cabeça, a Curandeira Lowell a seguiu.
O resto de nós ficou parado na sala de espera, olhando um para o outro.
Josh
Eu cerrei meus dentes. Eu não poderia deixar o Alfa e sua companheira ver o ódio em meus
olhos.
Não podia deixá-los ver que os culpava — os dois — pelo que acontecera com Michelle.
Minha companheira estava naquela cama de hospital, lutando por sua vida, ligada a máquinas.
Isso foi minha culpa. Eu não a tinha protegido.
Mas nem o todo-poderoso Alfa da Costa Leste.
Não, ele levou aquele maldito vampyro direto para a Casa da Matilha.
"Se minha companheira morrer", eu disse, "eu mereço morrer também".
E todos vocês também.
"Josh... ", disse Aiden.
Eu falhei com Michelle. Falhei em protegê-la e falhei em punir quem a machucou.
Eu cerrei meus dentes ao tomar conhecimento disso.
Konstantin estava lá fora, e aqui estava eu, inútil.
"Ela estava com problemas", continuei. "Ela estava lutando contra aquilo — aquela coisa e o que
ele estava fazendo com ela.
"E eu apenas a deixei lidar com isso. Sozinha. " Eu nunca me perdoaria.
"Você estava investigando Konstantin", disse Aiden. "Você estava tentando nos proteger dele. É
minha culpa que Konstantin tenha ficado tão perto de todos nós, não sua, Josh.
Meus punhos cerraram-se.
Ele realmente não quis dizer isso. Ele não tinha ideia do que era ver minha companheira prestes
a morrer naquele quarto.
Eu queria atacar, mas uma voz profunda por trás parou minha mão.
"Você tem razão. E é sua culpa. Meu Alfa."
Aiden
Eu virei minha cabeça para ver a família de Michelle, os Pearces, vindo pelo corredor. Seu pai,
Owen, estava liderando o grupo.
Seu peito largo e estatura alta faziam dele uma figura imponente, até mesmo para mim.
Em seguida veio a mãe de Michelle, Irene, com seus cabelos curtos cor de âmbar.
Havia fúria em seus olhos.
Mas o que mais me surpreendeu não foi a chegada dos Pearces, mas o cinegrafista e a morena
com o microfone que se manifestaram do nada.
"Alfa Norwood! " a repórter gritou, empurrando seu microfone na minha cara. "Monica Birch,
Jornal da Matilha. Eu estava falando com a família de Michelle Daniels. Eles acham que você é o
culpado pelo estado de Michelle."
Fiquei surpreso. Acusações diretas raramente são feitas contra o Alfa de alguém — para não
mencionar publicamente.
"Espere um minuto... " eu comecei.
"Que sua negligência com as responsabilidades da Matilha a colocou, assim como a incontáveis
outros, em perigo. Importa-se de comentar?"
A luz da câmera estava ofuscante. Eu não conseguia pensar direito. Eu abri minha boca para
responder.
"Como você pôde! " Irene gritou acusadoramente, me interrompendo. Sua boca se retorceu de
tristeza. "Como você pôde deixar um vampyro à solta perto da minha garota?"
Eu balancei minha cabeça, levantei minhas mãos, e então as deixei cair desamparadamente.
"Eu cometi um erro, " eu disse com pesar. "Eu não sabia que ele era um vampyro."
"Não sabia! " Owen rosnou.
"Ele tinha um broche que mascarava seu cheiro", disse Sienna, deslizando sua mão na minha.
Eu apertei com gratidão.
Durante a maior parte da minha vida como Alfa, estive sozinho.
Às vezes ainda era difícil acreditar que agora tinha minha companheira para ficar ao meu lado.
E eu tinha que ficar ao lado dela.
"Ninguém te perguntou! " Owen zombou de Sienna.
O cameraman se aproximou para uma foto mais próxima.
O rosto de Sienna tinha se tornado uma máscara de tristeza.
Eu endireitei meus ombros. "Não grite com ela", eu disse, tentando ignorar a câmera. "Ela é tão
vítima quanto..."
"Besteira! " Owen zombou, então empalideceu quando lhe ocorreu que acabara de dizer isso a
seu Alfa.
Eu olhei para ele, e ele desviou o olhar.
"Eu entendo que você pode ter sido vítima de uma presa", disse Irene para Sienna, ainda
olhando para mim. "Você precisava de proteção também. Mas Michelle está em coma, e você me
parece muito bem."
"Uau. Palavras fortes", Monica interrompeu inadequadamente antes de se virar para a minha
companheira. "O que você tem a dizer sobre essas acusações?"
Sienna
Senti um ruído de asfixia sair da minha garganta.
O que eu tenho a dizer?
A mãe de Michelle, que havia me dado leite e biscoitos depois da escola durante anos, estava
acusando Aiden e eu de sermos responsáveis pela condição de quase morte de sua filha.
Aproveitei cada restinho do meu autocontrole para não fugir da sala de espera.
Meu corpo inteiro tremia, e então eu senti a presença quente de Aiden ao meu lado.
"Se você quiser falar com minha companheira, você pode agendar uma reunião com nosso
secretário de imprensa..."
Eu olhei para ele, então de volta para as câmeras.
Diga alguma coisa. Eu preciso DIZER algo.
Não posso permitir que Michelle simplesmente fique sem voz.
"Não, está tudo bem", eu disse, dando um passo ao lado de Aiden.
Reunindo minha coragem, me virei para Monica e os Pearces. "Você tem razão. Todos vocês.
Não é justo. Eu sinto muito."
Meu corpo inteiro estava tremendo.
Aiden colocou o braço em volta de mim. "Atacar minha companheira com certeza não vai
resolver o problema", disse ele, mas eu interrompi, totalmente ciente de que a câmera estava
gravando cada movimento meu. " Nada disso está ajudando Michelle. " "Talvez não", zombou Irene.
"Mas não vejo mais ninguém fazendo nada de útil."
"Onde está Konstantin agora? " Owen perguntou. "Em uma de suas masmorras? Ou melhor
ainda, decapitado?"
Seu tom incrédulo sugeria que ele sabia exatamente onde Konstantin realmente estava.
À solta. E provavelmente cada vez mais forte.
Uma onda de náusea tomou conta de mim.
"Você deixou Konstantin escapar, não foi Alfa Norwood? " Monica Birch perguntou
retoricamente. "E ele está à solta agora. Livre para atacar os membros inocentes da Manada da Costa
Leste."
Todos assistiram Aiden, esperando pela resposta do Alfa.
Eu podia sentir suas unhas em meu ombro começando a se transformar em garras.
Com um olhar para mim, Aiden respirou fundo.
"Você está certo", disse ele a Owen.
Eu olhei para o meu companheiro com surpresa.
"Eu vou encontrar aquele filho da puta. Eu ju..."
Mas Aiden foi cortado por um som estridente de alta frequência.
Alarmes.
Vindo do quarto de Michelle.
"O que é isso?! " Josh gritou. "O que está fazendo esse barulho?"
A câmera disparou em direção à origem do som.
Corri para a porta de Michelle. Aiden e os outros o seguiram rapidamente.
Minha mão foi para minha boca quando vi minha melhor amiga.
Michelle estava hiperventilando, seu corpo inteiro tremendo. O monitor cardíaco estava
enlouquecendo.
Monica, empunhando seu microfone, abriu caminho para dentro da sala.
"O que... o que está acontecendo? " Eu mal consegui gritar, mas Aiden estava tão sem palavras
quanto.
"Seus órgãos vitais... ", Jocelyn disse, vindo atrás de nós. "Eles estão falindo."
Capítulo 63 - Tempos de Desespero
Sienna
Meu estômago tremia com os alarmes estridentes do quarto de Michelle.
"Não", eu respirei.
Josh correu para o quarto de sua companheira, e todos nós o seguimos.
"Saiam! " Aiden rugiu para a equipe de notícias, que estava tentando se espremer atrás de nós.
Eles se foram antes que ele se repetisse.
Lá dentro, o bipe do monitor cardíaco estava disparando.
Michelle parecia estar lutando contra o ventilador. Por um momento, pensei que ela estava
acordada.
Mas seus movimentos estavam muito descontrolados, como se ela estivesse tendo algum tipo de
convulsão.
Josh agarrou a mão esquerda de Michelle, implorando. "Calma, amor. Tudo bem. Vamos. Você
tem que superar isso! " Enquanto eu observava, o corpo de Michelle se soltou e se imobilizou. Os
bipes do monitor cardíaco estavam diminuindo.
Jocelyn estava trabalhando rapidamente — fazendo o quê, eu não tinha ideia. Mas sua expressão
era sombria.
O monitor cardíaco continuou a apitar irregularmente, mesmo enquanto o corpo de Michelle
permanecia em repouso.
Sua frequência cardíaca aumentava e diminuía.
Rápido e lento.
Empurrei Irene para o outro lado de Michelle, agarrando sua mão direita.
"Michelle, estamos todos aqui. Amamos você, Michelle. Aguenta firme", eu implorei.
"Afaste-se dela", Irene disparou para mim.
Eu cambaleei para trás em estado de choque.
"Você deixou aquele vampyro chegar perto dela, Sienna. Você deveria ser amiga dela, e você
nem percebeu que ele a estava possuindo."
Ela se virou, fixando seus grandes olhos castanhos em Michelle. "Por favor, apenas... saia. Deixe-
me ficar com minha filha. Pela última vez."
Entorpecida, voltei para onde Aiden estava de pé contra a parede.
Percebi que o tempo todo, o olho fixo da câmera havia captado tudo.
Monica esperou do lado de fora do quarto do hospital, seu cameraman observando tudo.
Abutres imundos.
Pressionei minhas mãos em minhas bochechas, meus olhos ardendo.
Irene estava certa. Qualquer um poderia ver isso.
É minha culpa Michelle estar aqui.
Lutando por sua vida.
E perdendo a batalha.
Balançando a cabeça, observei enquanto o monitor apitava em uma rápida série de bipes
novamente.
Eu sabia que algo estava acontecendo.
Eu poderia dizer que algo estava errado.
A maneira como ela agiu.
O jeito que ela falou.
Eu deveria ter visto. As mil maneiras pelas quais Michelle havia chorado por ajuda.
Mas eu estava cega demais. Muito envolvida em meus próprios problemas egoístas.
Ah, claro, eu disse algo a Jocelyn sobre isso, mas nada útil.
Eu fiz soar como uma preocupação ridícula — não ser levada a sério.
Eu falhei em ajudá-la.
Falhei completamente.
Uma longa pausa nos bipes de repente encharcou a sala em um silêncio opressor. Prendi a
respiração e eles começaram de novo.
E naquele momento, busquei qualquer poder divino lá fora.
Qualquer um. Nada.
Por favor, orei.
Salve Michelle.
Faça alguma coisa. Qualquer coisa.
Eu não posso perder minha melhor amiga.
De novo não.
Aiden
A sala estava lotada demais.
Eu não era da família, e Michelle e eu nunca fomos muito próximos.
Eu saí da sala, tentando não chamar atenção para mim.
Até quase colidir com Monica Birch.
"Com licença, Alfa Norwood! " ela disse, olhando feio. "Você está bloqueando a visão."
Eu me virei para ela, toda a minha raiva inútil por não ser capaz de ajudar Michelle estava vindo
à tona.
"Saiam daqui. Agora! " Eu rosnei.
Em vez de obedecer, no entanto, Monica se virou para olhar para mim, seus olhos brilhantes e
penetrantes.
"Tem noção do tamanho da tragédia, Alfa Norwood? Se Michelle Daniels não se recuperar, o
número total de mortes na tragédia de Konstantin chega a três. Ou seja, três que conhecemos..."
"Michelle vai ficar bem! " Eu disparei de volta, mais emocional do que pretendia. "Ela vai se
recuperar."
"Mas se ela não..."
"Isso não vai acontecer! Não sob meu comando!"
Enfurecido, girei nos calcanhares e voltei para o quarto do hospital.
"E saiam do terreno da Casa da Matilha antes que eu os expulse! " Eu. "Temos passes de
imprensa por um motivo!"
Dentro do quarto de Michelle, todos estavam em um círculo tenso, a poucos metros da cama
para que os curandeiros pudessem trabalhar.
Jocelyn estava com as mãos no peito de Michelle, realizando a RCP.
A Curandeira Lowell estava se movendo, sentindo diferentes pontos — seus pulsos, sua barriga,
seus pés, gritando coisas que eram incompreensíveis para mim.
"Rigidez abdominal no quadrante inferior direito. " Ela correu algo que não consegui ver na sola
do pé de Michelle. "Resposta ascendente do hálux."
Jocelyn deu a ela um olhar alarmado.
Owen cobriu a boca com as mãos, afastando-se da cama.
Eu não aguentava ver tudo isso se desenrolar.
Com um olhar para Sienna — que estava congelada, olhando para sua amiga moribunda — eu
hesitei.
Se Michelle morresse, Sienna precisaria de mim.
Mas o que isso significa?
Estar ao lado de Sienna não significa focar em derrotar ameaças externas?
Ou significa ficar ao lado dela quando ela está perdida e temerosa por sua amiga?
O que um Alfa deve fazer quando dividido entre o dever para com sua matilha e o dever para
com sua companheira?
Eu estava no quarto do hospital, lutando comigo mesmo.
A melhor maneira de ajudar Sienna — ajudar a todos — é matar Konstantin.
Eu balancei a cabeça em meus próprios pensamentos.
Se Michelle morresse, seria um golpe devastador para Sienna, e eu não poderia abandoná-la
assim.
Mas se eu não saísse daqui e começasse a fazer algo sobre o vil assassino que já tinha feito tanto
para me prejudicar e aos meus entes queridos, eu iria enlouquecer.
Havia uma coisa que eu poderia fazer, mas eu tinha que fazer rapidamente para poder voltar aqui
o mais rápido possível.
Saí da sala.
Monica
Observei a família de luto de Michelle Daniels enquanto a jovem se debatia e resistia na cama
médica.
Eu soube então que meus instintos estavam certos.
Era isso. A matéria que solidificaria minha carreira.
"Ei, devemos parar de filmar? " meu cameraman, Curtis, perguntou, olhando para mim com o
canto do olho. "O Alfa acabou de nos expulsar da Casa da Matilha."
Como eu poderia desligar as câmeras agora, sendo que a companheira do Beta está prestes a bater as botas?
Era entretenimento puro.
Mas se Aiden Norwood nos visse no local depois de nos dizer para sairmos, isso poderia
interferir em meus planos maiores.
E isso não serviria de jeito nenhum.
"Guarde isso. Vamos sair daqui", eu disse decididamente, já me virando para sair.
"Mas e se ela morrer? " Curtis perguntou, baixando a câmera de seu ombro e seguindo atrás.
Meus sapatos de salto alto ecoaram alto nas escadas quando saímos da ala médica e fomos para o
gramado.
Dei de ombros. "Se ela morrer, ela morre. Encontraremos um novo ângulo."
Sempre há um novo ângulo.
"Não deveríamos falar com a matriz sobre isso? Na verdade, não temos permissão para estar
aqui. " Curtis parecia nervoso e revirei os olhos.
Se ele não criasse coragem — e logo — eu teria que encontrar um novo cinegrafista.
O que seria uma pena, porque Curtis não era péssimo na cama.
"Pare de ser molenga e confie em mim. Os Norwoods são o nosso bilhete de loteria".
Minha van estava esperando. Entramos e saímos para compilar as filmagens do dia.
Os caras do Jornal da Matilha iriam me amar.
E logo, o mundo também.
Quando tudo isso fosse dito e feito, Aiden Norwood se lembraria de mim para sempre.
Josh
Meu coração bateu forte contra minhas costelas enquanto eu observava Jocelyn e a outra
curandeira — Lowell — se moverem em tomo de Michelle.
Eu estava vagamente ciente de Aiden recuando para fora da sala e, em seguida, pelo corredor.
Onde ele está indo?
Para finalmente caçar Konstantin?
Eu deveria ir também.
Mas como eu poderia?
Eu não conseguia tirar meus olhos de Michelle.
O monitor ainda estava enlouquecendo.
"Precisamos do quarto! " Jocelyn latiu. "Por favor, todos, limpem a sala!"
"Por cima do meu cadáver", rugi.
Sem. Chance.
Eles teriam que me carregar chutando e gritando.
"Ela precisa de uma tomografia computadorizada e possivelmente uma ressonância magnética",
argumentou a Curandeira Lowell. "Temos que transferi-la da Casa da Matilha para um hospital
cirúrgico!"
"Ela não vai aguentar. Temos que estabilizá-la primeiro! " Jocelyn explodiu.
"Você não tem os recursos aqui, Jocelyn. Temos que transferi-la para uma instalação externa
imediatamente ", Lowell insistiu.
Jocelyn balançou a cabeça. "Eu não posso parar, ou ela pode ter uma parada cardíaca! " ela disse
novamente.
"Ninguém vai a lugar nenhum até que Michelle esteja estabilizada! " Eu gritei.
A Curandeira Lowell se virou para me encarar. "Você não entende, Beta Daniels. Jocelyn não
pode fazer muito. Michelle está mostrando sinais de uma lesão cerebral muito grave."
Minha respiração ficou presa na minha garganta.
Eu cavei minhas mãos em meu cabelo.
"Jocelyn está tentando estabilizar sua frequência cardíaca", Lowell continuou, "mas se o
problema se origina em seu cérebro, o que Jocelyn está fazendo não a salvará".
Eu não entendo isso.
Não entendo por que isso está acontecendo.
"Mas se eu parar durante o tempo suficiente para movê-la, ela pode sofrer uma parada cardíaca
assim que eu remover minhas mãos", argumentou Jocelyn.
"Você não pode entrar e... consertar o que quer que esteja errado com o cérebro dela? " Eu
perguntei, agarrando-me a qualquer esperança.
Lowell franziu os lábios e balançou a cabeça. "Não há tempo suficiente."
A finalidade de suas palavras retiniu na minha cabeça.
Eu estava prestes a assistir minha companheira morrer.
"Nenhuma de vocês pode fazer alguma coisa? " Eu perguntei, forçando-as a encontrar meus
olhos.
Os olhos de Jocelyn se estreitaram.
"Eu posso, " ela disse.
A Curandeira Lowell e eu nos viramos para olhar para ela.
"Não, você não pode", ela disse.
"O que? " Eu exigi. "O que você está falando? " "O ritual."
"É proibido por uma razão, Curandeira White. Não terei essa discussão novamente. Nem vou
participar. " A outra mulher parecia furiosa.
Nesse momento, o monitor cardíaco disparou com uma série de bipes estridentes, depois se
estabilizou.
"Talvez, " Jocelyn disse, sua voz tremendo. "Mas eu tenho que fazer algo. " "Não! " A Curandeira
mais velha saltou para frente, mas era tarde demais.
Jocelyn fechou os olhos, pressionando as palmas das mãos firmemente no peito de Michelle.
A Curandeira Lowell recuou.
Por um momento, nada aconteceu.
Em seguida, a sala foi envolvida por uma luz branca ofuscante.
Capítulo 64 - Olhos Brilhantes
Jocelyn
Reunindo toda a minha força e foco espiritual, eu mergulhei minha magia no corpo angustiado
de Michelle.
Eu nunca havia realizado o ritual que estava tentando agora.
Ninguém que eu conhecia tinha.
Foi ensinado apenas como um conto de advertência, porque qualquer curandeiro que tivesse
tentado antes havia sido prejudicado, tanto física quanto espiritualmente.
Era uma técnica que permitia ao curandeiro usar toda a sua magia de uma vez e então limpar o
sistema do paciente com ela.
Se for bem-sucedida, pode curar vários pontos de trauma de uma vez e reverter falhas sistêmicas
como a que Michelle estava sofrendo.
Mas levaria tudo o que o curandeiro tinha.
O drenaria completamente.
E se um curandeiro oferecesse mais do que podiam aguentar, eles morriam.
Mesmo que sobrevivessem, os danos eram irreversíveis.
Mas não tive escolha.
Não pude ficar parada e aceitar que o coração de Michelle havia parado de bater.
Eu não poderia recorrer a seus pais e pedir desculpas por ter falhado.
Eu não permitiria que ela morresse quando tive esta última chance de salvá-la.
A pulseira de prata em meu pulso tilintou suavemente.
Eu sou uma curandeira. Minha tarefa é curar.
Fechando meus olhos, lancei meu poder pelo corpo de Michelle. Em minha mente, eu o vi se
espalhar, arqueando e se dividindo tão rápido quanto um raio.
Meu poder encontrou as lesões em seu cérebro — ela teve vários ataques que só agora eu podia
perceber.
Seu coração também sofreu danos.
Seus rins.
Seu fígado.
Eu empurrei minha magia o mais longe que pude, arrancando cada gota do meu corpo,
afogando-a com ela.
Isso a encheu e se libertou de mim.
Abrindo meus olhos, tropecei para trás.
Josh
Jocelyn se afastou de Michelle e ergueu as mãos. Seus olhos se abriram; eles estavam brilhando
com uma luz misteriosa.
Então, abruptamente, a luz se apagou.
Voltei-me para Michelle.
Por favor, não esteja morta.
Mas o rosto de Michelle estava totalmente pálido e imóvel.
Não funcionou.
Um soluço áspero saiu da minha garganta.
Eu nem sequer pude dizer adeus.
Mas não se preocupe, meu amor Onde quer que você vá, estarei com você em breve.
Seus olhos se abriram.
Jocelyn desmaiou.
Por um instante, fiquei paralisado.
Então meus músculos se soltaram e corri para Michelle.
Seus olhos castanhos piscaram e se fixaram em mim, cheios de amor e reconhecimento.
Sienna
Eu não sabia para que lado me virar — correr para Jocelyn, que estava jogada no chão, ou para
Michelle, que estava acordada.
A Curandeira Lowell zumbia em torno de Michelle.
Eu fiquei parada, congelada, observando.
Por que Aiden havia ido embora? Onde ele estava?
Eu precisava dele. Eu estava sozinha, totalmente invisível.
Ok. Pensa. Como posso ajudar?
Jocelyn!
Corri para a curandeira, que estava caída no chão.
Pressionando um dedo em seu pescoço, tentei encontrar seu pulso.
Mas não havia nada. Minha cabeça pulsava enquanto eu me inclinava sobre seu rosto para checar
se havia ar saindo de seu nariz.
"Ela não está respirando", eu disse.
Irene se aproximou de Michelle, com Owen logo atrás dela.
Ninguém me notou.
"Ela não está respirando! " Eu repeti, gritando agora.
"Minha primeira responsabilidade é com Michelle", disse a Curandeira Lowell. "Jocelyn sabe
disso."
Meu sangue parecia água gelada.
Jocelyn acabara de se matar para salvar Michelle?
Como isso aconteceu?
Eu me agachei ao lado de Jocelyn, pegando sua mão na minha.
"Joce! Ei! Vamos, Joce, volte para nós ", disse eu. "Você conseguiu! Michelle está acordada."
Um momento depois, a Curandeira Lowell estava ao meu lado.
Ela me deu um sorriso e tirou a mão de Jocelyn da minha.
Vamos, Jocelyn.
Vamos, você tem que estar bem.
Jocelyn inalou abruptamente e começou a tossir. Sua cabeça caiu para o lado, suas pálpebras
tremulando brevemente.
Uma onda de alívio tomou conta de mim.
Mas seus olhos permaneceram fechados.
"Temos que levá-la para o Retiro do Curandeiro", disse a Curandeira Lowell.
Eu me levantei, me afastando do caminho deles.
Onde estava Aiden? Eu precisava que ele estivesse ali presente.
Olhando em volta, o que vi aqueceu e partiu meu coração ao mesmo tempo.
Josh estava olhando nos olhos de Michelle; seus próprios olhos estavam lacrimejando enquanto
sua boca se arqueava em um sorriso dolorido.
Eu sorri para ela, mas meu coração estava apertado.
"Ei" eu disse. "Você voltou."
Ela hesitou. Seu rosto permaneceu em branco, e então ela se virou para Josh e sorriu.
Ela sabe o que aconteceu?
"Oi, amor" ela disse a ele.
Ele pressionou os dedos dela contra a boca. "Estou aqui, querida. Estou aqui. Eu sempre estarei
ao seu lado."
Aiden
"Obrigado por ter vindo tão rápido", eu disse.
Sayyid Hamdi era um jovem alto e musculoso com cabelo curto e escuro. Ele ficou de frente
para a mesa em meu escritório.
Eu estava do outro lado, sem vontade de sentar.
Sayyid era membro da Polícia de Mahiganote, mas também servia como Caçador quando
necessário. Eu o conhecia desde que estudávamos juntos.
"Como você sabe, nossa Matilha foi atacada por um vampyro poderoso chamado Konstantin, "
eu disse, engolindo a culpa e a raiva que cresciam toda vez que eu era forçado a falar seu nome.
Ele possuiu Sienna, machucou-a. E eu não estive lá.
A única maneira que eu conhecia de ajudá-la, para acalmar os pesadelos que a assolavam todas as
noites, era caçar o vampyro e matá-lo.
Você a deixou novamente. Ela precisava de você no hospital e você saiu.
Sienna é inteligente, ela entende. Ela quer que Konstantin vá embora tanto quanto eu. Mais. Foi a mente dela
que ele invadiu.
Eu me senti mal, mas cerrei os dentes.
Só havia uma maneira de terminar isso.
"Estou formando um Esquadrão de Caçadores, " eu disse a ele. "Eu quero você nisso. Como
capitão. Tire quem você precisa de suas atribuições regulares."
Sayyid me deu um aceno de cabeça. "Como desejar, meu Alfa."
"Konstantin é extremamente perigoso", eu disse. "Não é um vampyro comum."
Abri o livro que Josh havia recebido da colônia de vampyros no Maine.
"Ele provavelmente é conhecido como um vampyro 'santo'. " Eu apontei um parágrafo dentro
das páginas do livro.
"É uma designação para vampyros muito antigos que alcançaram poderes especiais. Os poderes
de Konstantin parecem ser mentais, principalmente."
Eu olhei para Sayyid, mantendo contato visual.
"Ele é extremamente perigoso. Se ele morder alguém, ele pode dominá-lo. Você entende? Não o
subestime."
"Sim, senhor", Sayyid me deu outro aceno curto. Ele era um homem que não gostava de medir
palavras, e eu gostava disso.
Agora, mais do que nunca, quando o tempo era de extrema importância.
Eu peguei uma pasta de arquivos: "Tudo o que temos sobre sua recente estada em Mahiganote.
Também enviei links de documentos para o seu e-mail."
Sayyid pegou a pasta de mim.
"Encontre-o", eu disse. "É pra ontem, entendeu?"
Sayyid começou a se virar, mas então disse: "E quando o fizermos, meu Alfa, quais são nossas
ordens?"
Hesitei, pensando no que dizer.
Sayyid era eficaz e confiável.
Mas Konstantin era perigoso e nós o havíamos subestimado antes.
"Quando isso acontecer, entre em contato comigo", eu disse por fim.
"Não o enfrente sem mim."
Sienna
Michelle vai ficar bem agora.
Não vai ser como Emily. Michelle vai SOBREVIVER.
E Jocelyn também.
Eles vão levá-la para o Retiro do Curandeiro. Ela vai sobreviver.
Tudo vai ficar bem.
A Curandeira Lowell e dois paramédicos colocaram Jocelyn em uma maca.
Observei Michelle e Josh enquanto eles silenciosamente se abraçavam. Eu podia praticamente
sentir o amor de seu vínculo de acasalamento reacendendo.
Meu coração se apertou de culpa.
Se não fosse por mim, Konstantin nunca teria feito parte de nossas vidas.
Nada disso teria acontecido.
Enquanto eu observava seu feliz reencontro, de repente me senti perdida.
Devo sair?
Eu não sentia que era necessária ali. Eu senti como se estivesse me intrometendo.
Eu sentia falta do Aiden. Assistir a força do vínculo de Josh e Michelle me fez sentir saudades do
meu companheiro.
Mas se eu fosse embora, ficaria tudo bem?
"Posso pegar alguma coisa para você? " Eu disse finalmente. "Qualquer coisa? Alguém precisa de
um copo d'água?"
Josh olhou para mim por cima do ombro por um momento, então fixou seu olhar novamente
em sua companheira.
"Ninguém precisa de você aqui, Sienna" disse ele categoricamente.
Eu me encolhi com seu tom amargo, e as verdadeiras palavras encobertas por ele.
Pelo menos Michelle estava de volta. Isso era tudo o que importava agora.
Mesmo que minha amiga nunca pudesse me perdoar.
Michelle recostou-se no travesseiro, fechando os olhos.
Ela parecia exausta.
Agora não era hora de brigar por nada.
Assim que Jocelyn foi presa à maca, eles a levaram para fora da sala.
Sabendo que Michelle estava em boas mãos, fui atrás.

***
Durante todo o caminho para o aeroporto privado da matilha, Jocelyn permaneceu inconsciente.
A Curandeira Lowell continuou a cuidar de Jocelyn na parte de trás da ambulância, que estava
ultrapassando todos os limites de velocidade para chegar lá o mais rápido possível.
A pele de Jocelyn tinha adquirido um tom acinzentado que não gostei nem um pouco da
aparência.
"Tem alguma coisa que eu possa..., " comecei, mas ninguém estava ouvindo.
A curandeira estava colocando as duas mãos em Jocelyn, enviando energia de cura — pelo que
eu poderia dizer — encorajando suas células a se recuperarem.
Mas nada parecia estar acontecendo.
Ela ainda estava respirando, mas esse era o único consolo.
Estendi a mão para alisar seu cabelo, tentando dizer a ela de alguma forma o quanto eu estava
arrependida e grata pelo que ela fez.
Mas a Curandeira Lowell segurou minha mão.
"Desculpe, Sienna. Podemos cuidar dela agora", ela disse enquanto a ambulância estacionava no
aeroporto.
Uma equipe de curandeiros estava esperando perto de um helicóptero.
"Tem certeza? " Eu perguntei.
Michelle estava bem, mas agora Jocelyn pagaria o preço pela minha estupidez.
Eu tinha que fazer alguma coisa.
"Sim, querida, tenho certeza. Vamos cuidar dela. Você se saiu maravilhosamente bem", as
palavras da curandeira me deixaram mais calma, mas ela foi interrompida quando os médicos
começaram a colocar Jocelyn no helicóptero.
"Entrarei em contato", disse ela a caminho.
"Por favor, me diga que ela vai ficar bem! " Eu chorei.
Mas minhas palavras desapareceram no rugido das hélices do helicóptero enquanto ganhavam
vida.
Meu cabelo girou em tomo do meu rosto e eu recuei.
A aeronave decolou do solo.
Medo e esperança desesperada tomaram conta de mim enquanto ele subia para o céu nublado e
sumia de vista.
Quando fui deixada na Casa da Matilha, parei do lado de fora da porta da frente e cobri minha
boca com a mão.
Lágrimas picaram meus olhos quando me sentei nos degraus da frente.
Como tudo deu tão errado?
Michelle vai ficar bem, eu disse a mim mesma.
E Jocelyn também.
Ambas ficarão bem. Elas têm que ficar
Olhei para o terreno da Casa da Matilha e respirei fundo. Eu concordei.
Tudo voltará ao normal.
Exceto eu.
Não vou voltar a ser como era.
Naquele momento, sozinha e fria no ar amargo do inverno, fiz um voto desesperado e silencioso
a qualquer poder superior que se importasse em ouvir.
Eu seria melhor. Eu me concentraria nos outros em vez de em mim mesma.
Eu seria a melhor amiga, a melhor companheira, que qualquer um poderia pedir.
Não importa o que aconteça.
Capítulo 65 - Medidas Extremas
Jocelyn
Eu sabia que estava sonhando, porque Nina estava lá.
Sentamos em um barco a remo, à deriva enquanto ríamos, tentando recuperar um remo que
flutuava cada vez mais longe.
Mas mesmo enquanto ria, admirando seus lindos olhos e o brilho de ébano de sua pele, uma
parte de mim sofreu.
Eu não tinha visto ou ouvido falar de Nina desde que ela havia desaparecido do Baile de
Inverno.
Ela ficou e ajudou por um tempo.
E então ela fugiu, sem nem mesmo se despedir.
No sonho, o barco a remo se dividiu em dois.
Não entrou água — tornou-se apenas dois barcos separados.
Alcancei Nina do outro lado da água: "Pega na minha mão!"
Ela desviou o olhar de mim, ainda rindo.
Seu barco girou de modo que ela ficou de costas para mim.
"Nina! Nina, você está flutuando para longe!"
Mas ela não voltou.
"Nina, por favor! Não me deixe!"
Cravei meus dedos na borda do casco do barco.
E senti lençóis macios e sedosos.
Um aroma de lavanda.
Minha pulseira de prata pressionada na carne do meu braço.
Onde estou?
Meu corpo inteiro doía, como se todos os músculos do meu corpo tivessem sido esticados até o
ponto de ruptura.
Meus olhos se abriram.
Papel de parede rosa e branco.
Que lugar é esse?
Eu olhei em volta.
Sharon Lowell estava sentada na poltrona à minha esquerda.
"Olá Jocelyn, " ela disse. "Bem-vinda ao Retiro do Curandeiro de Lawrence."
Sienna
No dia seguinte, após os acontecimentos no hospital, voltei para minha galeria. Os sinos da
minha porta tilintaram quando entrei. Tranquei a porta atrás de mim.
Lá fora, uma pequena Matilha de repórteres grasnou para mim, liderados por ninguém menos
que Monica Birch, mas eu os ignorei.
Eles receberiam uma atualização oficial de Aiden em breve.
Pobre Aiden. Eu havia passado em seu escritório antes de vir para a galeria. Ele parecia cansado
e esgotado, murmurando para si mesmo sobre o possível paradeiro de Konstantin.
Eu sabia que meu companheiro não iria parar por nada para pegar o vampyro, e me deu um
imenso conforto saber o quão duro ele estava trabalhando.
Mas ainda assim, eu sentia falta dele.
Aquela era a primeira vez que fui ao meu estúdio desde os eventos desastrosos do Baile de
Inverno.
Tudo estava em perfeita ordem, mas estar de volta a este espaço me dava arrepios.
Konstantin e eu passamos várias horas juntos.
Eu ri e conversei com aquele vampyro, enquanto ele invadia a mente da minha amiga.
E a minha. Mas pelo menos eu consegui lutar contra ele.
De maneiras surpreendentes também, pensei, lembrando-me do incidente na floresta onde eu
joguei uma árvore no vampyro que estava atacando.
Eu ainda não tinha ideia de como tinha feito aquilo. Se não tivesse sido tão marcante, teria
pensado que tinha imaginado a coisa toda.
Mas Michelle não teve tanta sorte. O vampyro a possuiu inteiramente.
Eu não conseguia nem imaginar o que ela estava passando.
Eu me dirigi ao meu estúdio na sala dos fundos, me preparando para finalmente me reconectar
através da arte.
O que eu pintaria?
Algo representacional? Michelle na cama do hospital? Jocelyn lutando para salvá-la?
Jocelyn...
Ela quase se sacrificou para salvar a vida da minha melhor amiga. Ouvimos dizer que ela ainda
estava viva no Retiro do Curandeiro em Kansas, mas não havia notícias ainda sobre sua condição.
Pensei em pintar algo abstrato como uma forma de lidar com todos esses sentimentos.
Mas quando entrei em meu estúdio, todos os pensamentos sobre novas artes passaram
instantaneamente de minha mente para os pensamentos de Konstantin.
Meu coração martelou contra meu esterno enquanto a imagem de seus olhos vermelhos
brilhantes queimava em meu cérebro.
Você realmente vai sair da minha cabeça?
Será que algum dia estarei realmente livre de você?
Minha respiração parecia tensa, meu peito apertado.
Ai, Aiden. Eu queria que você estivesse aqui.
Quase havia perdido a batalha para me libertar de Konstantin.
Mesmo que eu tenha resistido a ele, o custo foi muito alto.
Com algumas respirações profundas, conectei meu celular ao sistema de som e coloquei uma
música relaxante.
Ainda inspirando e expirando conscientemente, coloquei uma tela em branco no cavalete e me
sentei no banquinho de madeira que estava diante dela.
Mas meu coração continuou a bater forte.
Movendo-me rapidamente, como se a pressa me permitisse superar minha crescente angústia, eu
espremi um pouco de azul escuro em uma paleta limpa.
Eu adicionei carmesim e âmbar queimado e agitei um pincel nas cores, misturando-as.
O que eu vou pintar?
Minha mente parecia em branco e vazia como a tela diante de mim.
O que eu estava fazendo aqui?
Minha melhor amiga estava no hospital, se recuperando de um ataque que quase a matou.
Minha outra boa amiga estava lutando pela sobrevivência no Kansas, depois de quase se
sacrificar para salvar Michelle.
E eu estava... enxugando tinta.
Eu guardei a paleta e me levantei do banquinho.
Devo ligar para Aiden?
Agora, a visão do rosto do meu companheiro, a sensação de seus lábios contra os meus, era tudo
o que eu ansiava no mundo.
Mas Aiden estava ocupado. Caçando o vampyro que começou tudo isso.
Eu não precisava incomodá-lo com meus problemas.
Eu torci minhas mãos e andei inquieta pelo estúdio.
Eu não conseguia respirar.
Este lugar cheirava a Konstantin.
Não literalmente — o vampyro sempre teve o cuidado de usar seu broche mágico quando
estávamos juntos.
Mas o estúdio que Aiden tinha me dado como presente de acasalamento, onde eu tinha tantas
memórias maravilhosas, agora parecia... contaminado.
Imundo.
Como eu.
Meus pensamentos estavam girando.
Controle-se, Sienna.
Eu me forcei a parar de andar.
Desistindo da arte terapia como uma causa perdida, saí da galeria pela porta dos fundos,
querendo evitar os membros da imprensa que ainda esperavam do lado de fora.
Eu precisava falar com alguém, mas definitivamente não com eles.
Mas Aiden estava ocupado. Eu tinha que deixá-lo trabalhar.
Meu coração disparou.
Pare de enlouquecer e pensar!
Você tem muitas pessoas no mundo que amam você. Não os exclua como da última vez.

Sienna: ei
Sienna: você está ocupada agora?
Selene: oi mana
Selene: mais ou menos. Tenho uma consulta com Vanessa
Sienna: ah sim
Sienna: espero que dê tudo certo. Ela vai tomar injeção?
Selene: sim: (
Sienna: aí, pobre bebê
Sienna: e pobre mamãe
Sienna: aguenta aí ok
Selene: vou tentar, mas quando ela chorar
Sienna: sim
Sienna: a gente se fala

Claro que minha irmã estava ocupada. Ela tinha um bebê recém-nascido.
Com um suspiro, tentei Erica.

Sienna: ei erica
Sienna: imagino que você não tenha algum tempo livre hoje
Erica: foi mal, não tenho haha
Erica: nesta sexta temos todas as aulas e depois vai ter um jogo
Sienna: ai que chatice
Erica: Eu tenho que vender ingressos rs
Sienna: sim, entendi
Erica: está tudo bem?
Sienna: claro
Sienna: a gente se fala

Mia? Talvez ela recebesse a minha visita para sair com ela e os gêmeos?

Sienna: ei Mia, como vão os gêmeos?


Mia: (emojis de merda e mamadeira)
Sienna: kkkkkk
Sienna: quer companhia?
Mia: A mãe do Harry acabou de chegar e vai me deixar tirar uma soneca
Mia: desculpa, amiga
Mia: outra hora?
Sienna: claro
Sienna: a gente se fala

No beco mal iluminado atrás do meu estúdio, eu caí contra a parede de tijolos ásperos.
Acho que estou sozinha.
Michelle
Minhas mãos tremiam. Eu as escondi debaixo do cobertor.
Estou bem. Estou bem.
Eu vinha repetindo esse mantra desde que acordei.
Talvez se eu dissesse isso várias vezes, seria verdade.
A maquiadora se sentou na beira da cama do hospital e retocou meu blush.
Era o final da manhã de sábado. Eu ainda estava me recuperando na suíte médica da Casa da
Matilha depois que Jocelyn me acordou no dia anterior.
Monica Birch, repórter do jornal da Matilha, ergueu um espelho e eu olhei para meu reflexo.
Nada mal. Ela conseguiu esconder as sombras sob meus olhos.
Eu não parecia estar me recuperando de um coma.
Quando a repórter apareceu esta manhã e sugeriu uma entrevista exclusiva no horário nobre
com a "valente sobrevivente do ataque de vampyros que cativou o mundo", eu não fui capaz de
recusar.
Se algo de bom pudesse resultar desse pesadelo, eu estava determinada a encontrá-lo.
Esta pode ser minha grande chance. Meu tiro nos corações e vidas da Manada da Costa Leste.
Monica já havia me falado o quanto eles me amavam.
E eu estava bem.
Totalmente bem.
Quanto mais cedo eu mostrar isso ao mundo, melhor
Eu encontrei os olhos de Josh. Ele estava encostado na parede, observando os preparativos.
Ele mal tirou os olhos de mim desde que acordei. Mesmo agora, a intensidade desesperada de
seu olhar era o suficiente para fazer meu coração pular de alegria.
Sorri para ele e disse: "Como estou?"
"Linda, " ele respondeu, seus olhos azuis brilhando.
Meu coração aqueceu. Só de olhar para o meu companheiro me fez sentir melhor.
Tínhamos chegado tão perto — tão perto — de perder um ao outro.
Por causa do vampyro. Porque Konstantin sugou meu sangue e me possuiu, deixando-me
incapaz de lutar contra ele por dias.
As lágrimas ameaçaram subir, mas eu pisquei de volta. Não podia mostrar fraqueza.
"Eu quero encontrar o equilíbrio certo", eu disse olhando para Monica. "Eu quero evocar...
simpatia, você sabe, pela provação que acabei de passar. Mas força também."
A testa de Josh franziu enquanto ele ouvia.
Eu sabia que ele achava que dar esta entrevista era muito cedo.
Você não entende, amor.
Eu quase morri.
Não vou deixar passar mais nenhuma chance como essa.
Essa coisa toda com Konstantin tinha sido um pesadelo horrível...
Mas eu encontraria uma maneira de transformar limões em limonada.
Monica havia me preparado sobre o que dizer quando a entrevista começou.
Isso iria surpreender a todos.
E me catapultar para o estrelato.
Mesmo que isso significasse jogar algumas pessoas na fogueira.
Monica
"Você vai se dar bem", assegurei a Michelle enquanto as câmeras se preparavam para filmar.
"Com licença por um momento."
Saí para o corredor para desamarrar meu cabelo do coque pela milionésima vez, prendendo-o
ainda mais forte.
Eu assisti pela porta enquanto Michelle fazia alguns ajustes finais em seu cabelo enquanto a
equipe de filmagem terminava de configurar.
Eu mal pude acreditar.
Uma entrevista exclusiva com a companheira do Beta.
Não poderia haver oportunidade mais perfeita.
Depois de quatro anos no Jornal da Matilha, era isso.
Eu podia imaginar. Monica Birch: Repórter Número Um da Matilha da Costa Leste.
E se Aiden Norwood ou sua pequena cadela ruiva tentassem ficar no meu caminho, eu os
derrubaria.
Eu olhei para a companheira do Beta em sua cama de hospital.
Ela estava tão desesperada por atenção. Tão ansiosa para ser amada.
Patética.
Mas eu tinha um pressentimento de que Michelle Daniels era exatamente a pessoa de quem eu
precisava me aproximar agora.
E eu sempre segui meus palpites.
Capítulo 66 - Para o Bem de Todos
Sienna
Na manhã de sábado, Aiden estava de pé e fora de casa às sete.
As responsabilidades de um Alfa eram infinitas.
Mas saber que ele estava fazendo o trabalho necessário não tornava a falta dele mais fácil.
Honestamente, eu não tinha ideia do que fazer comigo mesma.
A pintura não havia funcionado.
Nenhum dos dois tinha alcançado as pessoas, embora eu soubesse que era o que deveria tentar
fazer novamente.
Ligar para minha mãe ou meu pai — ou tentar Selene ou Mia novamente. Qualquer coisa menos
ficar neste quarto de hotel, enlouquecedor.
Em vez disso, peguei uma xícara de café e verifiquei meu celular, onde encontrei uma série de
notificações de mídia social.
Sir Fredsalot @allottaavocados
Essa entrevista com #MichelleDaniels é uma viagem
Marco Lupo @LupoAtor
#MichelleDaniels adoro ver sua entrevista contando sua história!
Entrevista?
Eu rolei para baixo, procurando por um latido que esclarecesse o resto.
Curtis Paul @CurtisJomaldaMatilha
Não perca a entrevista exclusiva do jornal da Matilha com #MichelleDaniels, a companheira do
Beta da Costa Leste! Ela saiu do coma e falando tudo. O que ela revelou vai te chocar!
Eu cliquei no link.
O vídeo começou.
Michelle estava sentada em sua cama de hospital, com as bochechas rosadas e bonitas.
Seu vestido de hospital era suspeitamente bem ajustado.
Mas nada conseguia esconder a palidez do rosto de Michelle, ou o fato de que ela estava
mordendo o lábio nervosamente.
Como foi que a imprensa teve permissão para vê-la tão cedo?
"Diga-nos, como você acabou em coma, em primeiro lugar? " Monica Birch, a repórter, disse.
"Quem é essa pessoa de quem todos temos ouvido falar desde o Baile de Inverno?"
"Konstantin? " Michelle respondeu.
Monica acenou com a cabeça. "Que papel Konstantin desempenhou?"
Um músculo saltou na bochecha de Michelle, mas ela sorriu para Monica.
"Konstantin era… é…"
"Um vampyro", Monica interrompeu. "Que se infiltrou na matilha. " Suas sobrancelhas se
arquearam, em falsa surpresa. "Como isso é possível?"
Michelle sorriu sem jeito para a câmera. Ela olhou para trás em direção a Monica, que deu a ela
um aceno encorajador.
"Muitas pessoas estão culpando o Alfa Norwood por permitir que Konstantin fizesse todos esses
estragos sem controle", disse Michelle. "Mas isso não é realmente justo ou preciso."
Meu coração aqueceu em sua defesa de Aiden.
"E por que isto? " Monica perguntou, pressionando.
Michelle parou por um longo tempo antes de dizer em voz baixa: "Porque foi a companheira
dele. Foi culpa de Sienna."
Eu pisquei.
"Sienna Norwood? " Monica engasgou com um choque exagerado.
"Isso mesmo", disse Michelle. "Ela é quem Konstantin estava realmente procurando. Algo a ver
com seus pais biológicos, que ninguém nunca conheceu — ou assim me disseram..."
Seus olhos caíram e ela começou a mexer no cabelo.
Eu sabia que nunca havia revelado essa informação a Michelle.
Ela só poderia ter aprendido com ...
"Konstantin. " Michelle continuou. "Ele a perseguiu... foi assim que ele acabou me atacando. Eu
estava cuidando da minha vida e me tornei a grande vítima."
Eu assisti, chocada.
Monica se inclinou. "E esse vampyro — ele ainda está solto. Ainda é um perigo para todos."
Isso foi uma pergunta ou uma afirmação?
O medo cintilou nos olhos de Michelle. Então ela acenou com a cabeça. "Isso mesmo. Eu... eu
acho que deveria haver algum tipo de anúncio público para alertar as pessoas para ficarem longe
dele."
"O Alfa Norwood não emitiu nenhum tipo de aviso, não é? " Monica pressionou.
Cravei minhas unhas em minhas palmas.
Michelle balançou a cabeça hesitantemente. "Não, ele não emitiu."
"Portanto, parece que ele está tentando varrer todo o escândalo para debaixo do tapete — em
detrimento da segurança de todos", continuou a repórter.
Isso não é verdade!
"Mas não temam meus telespectadores", disse Monica, dirigindo-se à câmera. A câmera havia
saído de Michelle, mas antes disso, percebi tristeza em seu rosto.
Eu já tinha visto essa tristeza antes.
No rosto de Emily, a última vez que a vi antes de ela se matar.
Meu estômago doeu de tristeza por minha amiga.
Por ambas.
"O Monica Birch Show não te decepcionará. Estamos aqui para mantê-lo atualizado sobre a
ameaça deste vampyro perigoso e o que isso significa para a sua segurança e da sua família", ela disse
de forma tranquilizadora, mas sugerindo interpretações sinistras.
Michelle
Mais tarde naquela tarde, mergulhei em um luxuoso banho.
Eu estava em casa. E era tão bom estar fora daquela cama de hospital e longe da família.
Josh estava na Casa da Matilha. Esta era a primeira vez que estive sozinha desde...
Quando foi a última vez que estive sozinha?
Konstantin foi uma presença constante em minha mente por muito tempo. Me controlando.
Mandando em mim.
Fazendo-me comer alimentos que engordam.
Respirei fundo, afundando mais nas bolhas.
Pegando meu celular para me distrair, eu rolei pelas minhas redes sociais, absorvendo os
comentários que as pessoas estavam fazendo sobre minha entrevista.
Foi glorioso.
Patriota Nancy @ECPdweller
OMG #MichelleDaniels é incrível NÃO POSSO acreditar no que ela passou, tão preocupada
com todos nós
Alfa Etienne Tremblay @CanadaAlfa
Fiquei surpreso ao saber da provação enfrentada por #MichelleDaniels hoje. Ela mostrou
verdadeira bravura e graça em sua entrevista. Você está em meus pensamentos durante este período
de recuperação, Michelle.
Foi o suficiente para dar a uma garota o gosto pela celebridade.
Ainda assim, a culpa corroeu meu estômago.
Quando Monica me contou sobre a entrevista, ela deixou claro que o público precisava de
alguém para culpar.
E se eles odiassem Sienna por um tempo, estaria tudo bem. Eles superariam isso.
Afinal, Sienna era a garota de ouro.
E de qualquer maneira, talvez fosse hora de outra pessoa assumir os holofotes.
Pousei o celular e sorri, voltando para a água quente e borbulhante.
Minhas mãos viajaram pelo meu corpo, leves formigamentos da Bruma enviando pequenos
choques de prazer ao meu corpo.
Passou pela minha cabeça chamar por Josh, mas desde que eu acordei, a preocupação por trás de
seus olhos me fez sentir...
Bem, isso me lembrou de como as coisas estavam ruins, e eu não queria pensar sobre isso.
Então fechei meus olhos e relaxei um pouco, sozinha.
Passei meus braços na água, sentindo-a bater na minha pele.
Minhas coxas esfregaram uma contra a outra, escorregadias e molhadas.
Lambi meus lábios, deixando minhas mãos vagarem sobre meus seios.
Esfregando meus mamilos.
A Bruma me aqueceu.
Assim que meus dedos deslizaram pela minha barriga, a porta do banheiro se abriu.
Josh ficou lá ofegante, seus olhos famintos vagando pela minha pele espumosa.
"Permita-me", disse ele.
Eu sorri, mordendo meu lábio inferior.
Josh foi a primeira pessoa que vi quando acordei. Eu o queria agora, mais do que nunca.
Sua mão mergulhou na banheira, encharcando sua manga enquanto seus dedos sensíveis
pressionavam contra meu sexo.
Recuperando o fôlego, encontrei seus olhos azuis.
Ele empurrou um dedo dentro de mim, a palma de sua mão esfregando a protuberância sensível
que ansiava por contato.
Eu agarrei seu braço, cavando minhas unhas.
Quando ele enfiou outro dedo, minhas unhas se transformaram em garras.
Josh começou a girar sua mão, massageando e empurrando contra mim — minhas paredes
apertando em torno dele.
Eu podia sentir o calor aumentando. Eu suprimi o máximo que pude, até não aguentar mais.
Eu balancei minha cabeça para trás e soltei um grito quando uma onda de euforia se espalhou
por cada centímetro do meu corpo.
Finalmente, por um breve momento emocionante, lembrei-me de como é estar viva.
Sienna
Um dia após a entrevista de Michelle chegar à internet, decidi voltar para minha galeria. Tentei
pintar novamente.
Mas assim que cheguei lá, tudo que pude fazer foi olhar para a minha tela e misturar cores que
nunca pareceram combinar.
Demorei-me por quarenta e cinco minutos, enxugando a tela, até que a influência da mídia social
finalmente venceu, me distraindo da minha arte e puxando meu ânimo para baixo.
Mas depois de rolar pelo que parecia ser uma infinidade de postagens negativas, soltei um longo
suspiro, enfiei meu celular na bolsa e saí da galeria.
Aiden ergueu os olhos de sua mesa com um sorriso quando me viu.
Eu segurei o saco de comida gordurosa que peguei no caminho para cá. "Com fome?"
"Como um lobo", ele disse.
Enquanto eu observava Aiden devorando seu hambúrguer, o desejo de contar a ele sobre como
eu não conseguia pintar, como estava me sentindo oprimida, me pressionava.
Mordisquei meu próprio sanduíche de frango, mas não estava com muita fome ultimamente.
"Então, como vão as coisas? " Eu perguntei.
"Uma loucura, " ele disse finalmente. "Fiquei fora por seis dias... e as coisas mais do que se
acumularam. Eles avançaram."
Passei a mão em sua coxa. "Parece estressante."
Eu queria contar a ele como me sentia, mas em comparação com o que ele estava enfrentando,
meus problemas pareciam triviais. Não era como se estivéssemos esperando mais ataques de
vampyros, certo?
O pensamento de que Konstantin ainda estava lá fora fez meu coração acelerar.
Eu podia sentir que batia cada vez mais rápido.
Fale com ele! Ele vai entender!
Mas assim que abri minha boca para contar a Aiden sobre como eu estava me sentindo
desequilibrada, Felix entrou no escritório.
"Sinto muito interromper, meu Alfa", disse ele em voz baixa.
Aiden ergueu as sobrancelhas para ele.
"É Georgina Tate", Felix disse. "Alugamos os grandes vasos da galeria dela para o Baile de
Inverno, aqueles que foram destruídos, e ela está lá e..."
Ele baixou a voz. "Ela está um pouco perturbada."
Aiden gemeu.
Felix não fez menção de sair.
"Sinto muito, Sienna, eu tenho que lidar com isso", disse Aiden, levantando-se.
"Na verdade, Aiden...?"
"Sim? " disse ele, voltando-se.
Comecei a falar, mas as palavras não saíam.
"Não é nada. Não se preocupe. " Eu finalmente respondi.
Ele percebeu que algo estava errado. Eu podia ver em seus olhos.
"Tem certeza? " ele perguntou.
"Claro", eu disse o mais alegremente que pude. "Vá fazer suas coisas de Alfa."
"Tudo bem, então", respondeu ele, sorrindo calorosamente para mim.
Forcei um sorriso de volta quando Aiden saiu.
Meu companheiro tinha tanta coisa para resolver, como eu poderia preocupá-lo com algo tão
ridículo quanto pintar?
Ainda assim, enquanto me dirigia para o meu carro, meu peito parecia apertado.
Eu não podia falar com meu companheiro sobre o que estava acontecendo. Não consegui falar
com ninguém.
Porque estava tudo na minha cabeça. E havia problemas reais com os quais precisávamos lidar.
Meu companheiro tinha tanta coisa para resolver, como eu poderia preocupá-lo com algo tão
ridículo quanto pintar?
Era hora de crescer e parar de se preocupar com besteiras triviais como arte.
Eu precisava melhorar.
Para mostrar a todos que eu poderia ser mais do que aquilo que leram na internet.
Que eu poderia ser uma verdadeira companheira para o Alfa.
Mas como?
De repente, me senti muito pequena e sozinha.
Capítulo 67- Bar do Sonny
Aiden
Josh entrou na Casa da Matilha por volta das cinco horas para falar comigo.
"Como está Michelle? " Eu perguntei, sabendo que ela voltaria para casa naquele dia.
Meu Beta tinha um olhar bobo em seu rosto que eu reconheci bem.
Minha própria Bruma estava fervendo em minhas veias, mas Sienna parecia tão retraída
ultimamente que não estávamos aproveitando a temporada tanto quanto costumávamos.
Mesmo assim, fiquei satisfeito por Josh. Ele e Michelle haviam passado por muita coisa
ultimamente.
Para dizer o mínimo.
O alívio também me atingiu. Se Michelle estivesse saudável o suficiente para atividades mais...
rigorosas, talvez ela realmente estivesse se recuperando por completo.
Uma morte a menos na minha consciência.
Passei a Josh uma cópia de um resumo das instruções da Delta Nelson e recostei-me enquanto
ele folheava as páginas.
Josh virou uma página, lendo.
Recebi uma chamada na linha do meu escritório.
"Sayyid Hamdi na linha 1 para você, meu Alfa, " Felix anunciou.
Com outro olhar para Josh, coloquei o telefone no viva-voz.
"Sayyid", eu disse.
"Nós temos uma dica sobre um caçador de vampyros que pode ter tido alguns negócios com
Konstantin", ele disse sem rodeios.
"Caçador de vampyros? " Eu ecoei. "Um Caçador Divino?"
Meu coração disparou.
Os Caçadores Divinos odiavam lobisomens e eram amplamente considerados uma organização
terrorista.
"Não, embora ele seja um humano", disse Sayyid. "Bobby Turner, cara branco, cinquenta e sete
anos. Sem antecedentes contra lobisomens, entretanto, apenas vampyros. Ele é suspeito de matar
pelo menos dois."
"Hm, " eu disse. Vampyros eram raros. E geralmente muito fortes, embora a maioria não se
comparasse a Konstantin. Como um humano — e alguém que está passando da idade de
aposentadoria — este caçador deveria entender bastante do assunto.
Sayyid continuou: "Ele foi visto pela última vez em um bar de motoqueiros em Crescent Grove".
Um farfalhar de páginas. "Bar do Sonny."
Jocelyn
"É bom ver você de pé novamente, Jocelyn", Sharon Lowell disse quando entrei na sala da
curandeira.
Eu só recentemente consegui ficar de pé novamente. Ficar acamada por tanto tempo quanto
estive era muito mais exaustivo do que eu poderia ter imaginado.
Quando fechei a porta, Sharon fez um gesto em direção à mesa de exame. "Por favor sente-se."
Eu mexi na pulseira em meu pulso.
"Essa bugiganga deve ser importante para você", disse a curandeira.
Eu concordei. "Minha mãe me deu quando fui aceita como curandeira da Matilha. Ela disse que
sempre me traria força."
A curandeira Lowell acenou com a cabeça, seu rosto ficando sério. "Você vai precisar de sua
força agora, Jocelyn."
Meu sangue gelou. "O que você quer dizer?"
"Foi um milagre termos conseguido reanimá-la depois de sua façanha na semana passada."
Meus olhos se voltaram para os dela. "Como está a Michelle?"
"Recuperando-se bem", disse Sharon, erguendo as sobrancelhas. "Graças à sua loucura. Você
teve muita, muita sorte, Jocelyn. Você sobreviveu, com sua mente intacta. Acho que nunca vi alguém
passar por esse ritual tão bem quanto você. " "... Mas? " "O que você fez foi contra a natureza,
Jocelyn", disse Sharon. "Se Michelle não pudesse ser salva naquele momento por meios de cura
aprovados, então era sua hora de morrer."
Eu balancei minha cabeça. Eu não podia aceitar isso.
"Não é direito do curandeiro prolongar a vida além do que temos o dom de curar. Jocelyn, o que
você fez, apesar de sua resiliência, traz consequências graves."
Eu encontrei seus olhos. "O que você quer dizer?"
"Sinto muito por ter que dizer isso, mas você se esgotou."
Uma onda de pavor me encheu.
"Eu não entendo", eu disse.
Sharon apertou as palmas das mãos, quase como se estivesse rezando. "Eu não posso detectar
nenhuma centelha de poder de cura dentro de você, Jocelyn. Se foi."
Eu respirei fundo.
Eu conhecia os riscos. Vou aceitar as consequências.
No entanto, um soluço sufocado saiu da minha boca quando a curandeira falou novamente.
"E tenho muito medo de que a perda seja permanente."
Josh
Bar do Sonny. Eu conhecia aquele lugar muito bem.
Era um dos lugares favoritos do meu pai. Era o único lugar que sabíamos que ele estaria quando
não voltava do trabalho.
Se misturando com humanos.
Ignorando sua família.
Pedaço de merda.
Eu dei a Aiden um aceno de cabeça e o deixei para encerrar a conversa com Sayyid.
Então eu fui para minha caminhonete. Minhas mãos tremiam de frio enquanto eu tirava um
frasco do porta-luvas e tomava um longo gole.
Aquele momento que eu compartilhei, no início do dia, com Michelle em seu banho...
Foi ótimo.
E eu sabia que ela estava emocionada com a forma como as pessoas estavam reagindo à sua
entrevista.
Mas por baixo de tudo isso, ela não estava bem.
Eu podia dizer — podia sentir isso. Ela era minha companheira.
Ela concordou com aquela entrevista por medo. Eu queria dizer algo, mas não sabia como.
Afinal, eu havia falhado com ela.
Michelle estava trabalhando muito para provar a todos — especialmente a si mesma — que
estava perfeitamente bem.
Mas ela estava com medo. Eu podia sentir isso, fervendo sob a superfície, pronto para
borbulhar.
Eu queria, mais do que tudo, fazê-la se sentir segura novamente.
Então vá para casa com ela. Segurá-la. Aproveite a Bruma.
Ajude-a a se curar.
Mas não consegui. Eu não podia sentar e fingir que tudo estava bem quando não estava.
Konstantin ainda estava lá fora.
E enquanto aquele vampyro imundo estivesse vivo, Michelle nunca estaria realmente bem.
Só havia uma coisa a fazer:
Destruir Konstantin.
Fazê-lo pagar.
Fazer com que ele nunca mais seja capaz de machucar ninguém.
Depois de mais um gole de uísque, liguei o Bronco.
Estou bebendo muito.
Mas o álcool ofereceu um calor muito necessário enquanto meu pé pressionava o pedal do
acelerador.
Eu tomei outro gole enquanto dirigia para o centro.
Devo esperar por Aiden?
Pode ser. Mas, ao mesmo tempo, eu queria respostas e as queria já.
Além disso, eu não tinha esquecido o papel do Alfa em tudo isso.
A maneira como ele defendeu aquele sugador de sangue...
Demorou cada grama de energia para manter a cabeça fria.
Soltei um suspiro.
Melhor não confiar em Aiden novamente. Ou qualquer um além de mim.
Eu girei o volante e me dirigi ao bairro de Crescent Grove.
Fachadas de lojas degradadas deram lugar a prédios grandes e quadrados cobertos de grafite.
Como Beta, essa área era familiar para mim. Estava repleto de crime e violência.
O Sonny's era o único bar a três quarteirões.
A fila de motocicletas estacionadas do lado de fora facilitou a localização.
Certificando-me de trancar minha caminhonete, fui até a porta do Sonny's Bar, terminando um
segundo frasco.
O cheiro forte e fermentado de álcool derramado pairava no ar como uma Bruma.
Cheirava a fracasso e promessas quebradas.
Mas também a possibilidades.
Este era um lugar onde você poderia obter respostas — desde que soubesse como perguntar.
O interior parecia uma cena de um filme dos anos 70.
Iluminação escura.
Placas de cerveja com luzes neon nas paredes.
Uma mesa de sinuca arranhada com feltro vermelho manchado.
Todos os caras que pararam o que estavam fazendo pareciam normais — todos barbudos e com
tatuagens suadas.
Humanos, todos eles.
Meu lábio se curvou enquanto eu examinava a sala.
Um desses idiotas sujos sabia sobre Konstantin.
Talvez ele o estivesse caçando. Talvez não.
Mas quem quer que fosse, encontrou Konstantin — e ele e o vampyro sobreviveram.
E isso tornou esse Bobby Turner meu suspeito.
"Eu sou Joshua Daniels, Beta da MCL", eu anunciei para a sala. "Eu preciso falar com Bobby
Turner. Ele vem silenciosamente, e vocês podem voltar a fazer o que vocês fazem de melhor."
Meus olhos vasculharam a cena, sem ceder um centímetro.
Um lugar como este precisava ser dominado.
"Bobby não está disponível", disse um negro magro, apoiado em um taco de sinuca.
Tentei olhar em volta dos corpos que estavam no caminho. "Você conhece Bobby Turner?"
Ele me olhou com desdém. Com desrespeito.
Como se ele não estivesse nem um pouco assustado.
Esse perdedor realmente não sabia que eu poderia rasgá-lo membro por membro?
"Eu te disse, Bobby não está disponível. Então, por que você simplesmente não vai se foder?"
O homem pressionou a ponta do taco de sinuca no centro do meu peito.
Eu cerrei meus punhos.
Então é assim que você quer brincar
Aiden
Eu podia ouvir os sons de gritos e vidros quebrando enquanto eu estacionava no Sonny's Bar.
Não era onde eu queria estar agora — fazia dias que não passava um tempo com Sienna, mas
Josh havia partido sem mim, e só agora eu havia conseguido alcançá-lo.
Amaldiçoando a falta de autocontrole do meu Beta, desci do meu novo BMW a tempo de ver
um homem atravessar a janela do bar.
Maldito Josh.
Só um lobisomem teria força para atirar um homem assim. E não qualquer lobisomem.
O homem caído, de pele escura, subiu em uma das motos, e então outro homem, um branco
com uma barba espessa, juntou-se a ele. Juntos, eles fugiram para longe.
Meus olhos seguiram as motos desaparecerem ao longe.
Em seguida, o som de garrafas quebrando voltou minha atenção para o bar.
Olhando para dentro, vi Josh lutando contra dois humanos enormes. Ele balançou um taco de
sinuca como se fosse um bastão de luta.
Senhor, me ajude.
Com um suspiro, mergulhei na luta, rasgando o terno que vestia enquanto me mexia.
Eu soltei um grunhido.
Josh me notou e mudou para seu lobo dourado pálido, rasgando sua calça jeans e camiseta.
Alguns estalos de minha mandíbula depois e os homens no bar estavam prontos para recuar,
segurando as palmas das mãos e resmungando.
Me transformando de volta, não fiz nenhum movimento para cobrir minha nudez.
"Qual de vocês é Bobby Turner? " Eu exigi.
"Ele e Raul simplesmente fugiram daqui", gritou um homem careca com tatuagens no crânio.
Eu ouvi o grito de raiva de Josh, e meus lábios se curvaram de raiva.
Meu Beta acabara de nos custar nossas melhores pistas.
Os dois homens que haviam partido nas motocicletas.
Capítulo 68 - Se você quiser que Algo seja Feito da
Maneira Certa
Aiden
"Merda! " Eu rosnei, olhando para Josh.
Ele estava de pé, nu, com uma cara carrancuda olhando para mim. "Eu estava dando conta de
tudo por aqui", disse ele com os dentes cerrados.
"Agora não", eu rebati, saindo do bar.
Josh me seguiu enquanto eu marchava até o porta-malas do meu BMW, onde sempre mantive
algumas mudas de roupa.
"Eles provavelmente estão mentindo", Josh disse enquanto eu empurrava uma camisa para ele.
"Provavelmente Bobby Turner ainda está dentro do bar. Eles não cooperaram desde o momento
que cheguei aqui ", disse ele, enquanto sua cabeça emergia da gola da camiseta.
"Mesmo? " Eu disse. "Alguma ideia do porquê disso?"
Josh fez uma careta. "Os humanos deveriam pensar duas vezes antes de serem arrogantes com o
Beta da porra da Matilha."
E meu Beta deveria pensar duas vezes antes de agir como um cachorrinho arrogante. Tenho problemas mais
importantes para lidar do que o ego dele.
Mordendo minha língua, passei por ele e entrei no bar.
Uma mulher vestida de couro com cabelo loiro oxigenado estava me olhando de uma mesa.
Levei um momento para imaginar como seria a aparência de Sienna vestindo nada além de uma
jaqueta de motociclista.
A Bruma passou pela minha virilha, mas me forcei a afastar a imagem da minha mente.
Eu tinha um trabalho a fazer.
Aproximando-me do barman careca, segurei uma nota de cinquenta. "Você tem alguma
informação sobre onde posso encontrar Bobby Turner?"
O barman pegou o dinheiro com um sorriso de escárnio e acenou com a mão na direção da
mesa de bilhar.
"Fala com o Cabeça de Chave", disse ele. "O cara de jaqueta de couro vermelha."
Com Josh atrás de mim, caminhei através do bar.
O homem de jaqueta de couro vermelha tinha uma barba de sete centímetros. Seu cabelo
castanho era pegajoso e tinha várias manchas.
Ele estava segurando um copo de uísque de centeio quase vazio.
"Cabeça de Chave? " Eu perguntei.
"Em carne e osso" ele disse, revelando uma grande lacuna entre seus dois dentes da frente.
"Você sabe alguma coisa sobre Bobby Turner? Ele estava caçando um vampyro que atende pelo
nome de Konstantin."
Sua boca torceu como se ele tivesse chupado um limão. "Bobby estava dolorido por causa
daquele vampyro. " "Dolorido? Como assim? " "A esposa de Bobby morreu há algum tempo. O
vampyro o fez vê-la como se ela estivesse viva e bem, depois ele o fez ver outras coisas, mas o
Bobby não me disse o quê."
Eu estremeci.
Ele me lançou um olhar calculista.
"Esse vampyro merece morrer. " O rosto do Cabeça de Chave ficou sombrio. "Quanto a Bobby,
tudo que sei é que ele disse algo sobre ir para o oeste. " "Oeste", ecoei. Que específico.
Cabeça de Chave deu de ombros, claramente não querendo divulgar mais detalhes.
"Obrigado pela ajuda, " eu disse sarcasticamente, lutando contra o desejo de soltar minhas garras.
Com um olhar furioso para Josh, segui para fora do bar.
Sienna
Aiden voltou para casa carrancudo. Decidi não preocupá-lo com meus problemas, então, em vez
disso, persuadi-o a ir para a cama e juntos assistimos a um filme, aninhados nos braços um do outro.
Na manhã seguinte, ele saiu às sete mais uma vez, uma garrafa térmica de café na mão.
Eu sentia falta de nossa casa.
Este quarto de hotel era luxuoso, com papel de parede novo e móveis elegantes e confortáveis,
mas parecia estéril e sem vida.
Então, quando ouvi uma batida na porta, dei as boas-vindas.
Era Michelle.
Eu dei um passo para trás quando a vi, lembrando do que ela disse no programa de Monica
Birch.
Ela deve ter lido a expressão no meu rosto, porque ela ficou vermelha.
"Ei, espero que você não esteja com raiva de..."
A verdade é que fiquei incrivelmente magoada por Michelle ter me usado como bode expiatório
ao vivo na televisão, mas tentei deixar isso de lado.
Minha amiga havia praticamente ressuscitado. Eu poderia dar uma folga para ela por enquanto.
Balançando minha cabeça, eu inalei profundamente. "Não, " eu menti. "Você estava apenas
dizendo a verdade."
Mas o que você fez ainda foi meio ruim.
Michelle tirou um pó compacto da bolsa e passou pó nas maçãs do rosto.
Pensei ter visto suas mãos tremendo, mas poderia ter sido minha imaginação, porque um
segundo depois ela fechou o estojo e olhou para mim, com seus olhos castanhos brilhando.
"Bom", disse ela. "Porque eu tenho novidades. " Ela virou a cabeça em direção à porta aberta.
"Pode entrar agora! " ela chamou.
Espere, ela convidou outra pessoa?
Antes que eu pudesse registrar minha confusão, Monica Birch entrou no meu quarto de hotel.
Meu queixo caiu.
"Olá, Srta. Mercer -Norwood, " ela disse. Seu sorriso era tão brilhante, não havia como ser
natural.
"O que está acontecendo? " Eu perguntei.
"Ok, antes de você dizer qualquer coisa, apenas nos escute, " Michelle disse rapidamente.
Suspirei — mas não tive saída.
"Por favor sente-se."
Fiz um gesto para a mesa redonda de vidro. Michelle e Monica se sentaram e eu fiz o mesmo.
Monica franziu os lábios, entrelaçando os dedos e me olhando por cima das unhas
meticulosamente cuidadas.
Eu inclinei minha cabeça. "Então? Acabe com o suspense."
"Eu decidi", disse Michelle, enquanto jogava o cabelo castanho ondulado por cima do ombro,
"trabalhar com Monica em um reality show que ela me apresentou".
"Um reality show? " Eu ecoei, olhando para frente e para trás entre elas em descrença.
Elas sorriram em uníssono com o meu choque.
Quando elas se tornaram tão próximas?
"Isso mesmo" Monica entrou na conversa, " Companheiras Reais da Costa Leste.
Piscando, eu disse: "Entendo."
"É — é exatamente o que eu sempre quis, Sienna", disse Michelle, e por um momento, percebi
uma pitada de vulnerabilidade em seus olhos.
Que ideia terrível. Michelle era muito frágil para isso.
Ela conversou com Josh sobre isso? Eu não podia acreditar que ele toparia.
Mas Josh estava tão distraído ultimamente...
"Depois do sucesso estrondoso de sua estreia", disse Monica, sorrindo para Michelle, "Fiquei
inspirada a olhar mais de perto todas as companheiras de nosso Conselho Interno da Costa Leste.
"E eu serei a estrela! Monica diz que sou natural na frente das câmeras! " Michelle interrompeu.
"Bem, se Sienna concordar, vocês seriam coadjuvantes! " Monica disse alegremente. "O que é
ainda melhor!"
"Sim, protagonistas! " Mas o sorriso de Michelle vacilou e o ciúme cintilou em suas feições.
Muita coisa aconteceu em dois minutos. Fiquei completamente surpresa.
Como Michelle poderia pensar que essa era uma boa ideia? Ela precisava descansar e se
recuperar depois de tudo o que havia passado, não ir galopando para algum reality show.
"Olha... Michelle tem certeza de que pensou bem sobre isso? " Eu perguntei.
"Eu disse a você que Sienna iria relutar", Monica murmurou para Michelle. "Mas não tem como
fazer o programa sem ela."
Michelle não deveria estar fazendo esse programa. Algo cheira mal sobre tudo isso.
"Por favor, Si? " Michelle perguntou. "Não é como se fosse uma coisa insuportável."
"Mas, estou muito ocupada. Eu tenho todas as minhas responsabilidades da Matilha."
"E prometemos não interferir em nada. Além disso, você recebe todas as vantagens!
Maquiadores, cartas de fãs..."
"E-mails de haters", acrescentei.
"E-mails de haters! Claro que não! " Monica acenou com a mão desdenhosa.
Michelle se contorceu desconfortavelmente, mas parecia firme.
Eu me perguntei novamente o quanto ela realmente queria isso, e o quanto Monica estava
apenas brincando com o desejo da minha amiga de ser o centro das atenções.
"Olha, eu disse a Monica que você não gostaria de fazer isso", disse Michelle, seu tom marcado
pela decepção. "Eu disse a ela que faria o que ela quisesse. Eu nem me importo. Mas você..."
Ela zombou e puxou o compacto de volta, retocando o rosto novamente.
Era como um pequeno escudo que ela segurava, pronto para desviar minha recusa em cooperar.
Eu realmente queria dizer não.
Mas eu a observei enquanto ela se arrumava.
Vi como ela estava desesperada.
"Eu sou normal. Eu sou bonita. Estou saudável ", disse. "Konstantin não deixou nenhuma
marca em mim."
Nenhuma marca visível.
Ah, Michelle. Ela estava tão determinada a não deixar ninguém ver o quão ferida ela estava.
E ela estava prestes a expor tudo isso ao vivo na TV.
Alguém tinha que protegê-la. E Josh e Aiden estavam ocupados rastreando Konstantin.
Eu falhei com Emily — falhei em estar lá quando ela precisava de mim.
Eu não poderia decepcionar Michelle também.
"Você quer fazer isso mesmo? " Eu perguntei a ela novamente.
"Mais do que tudo, Sienna. Por favor! " ela disse, com sua voz aumentando em um gemido.
Suspirei. Se Michelle estava determinada a fazer isso, eu tinha que concordar. Eu tinha que
encontrar uma maneira de reparar tudo o que a fiz passar.
"Eu topo", deixei escapar, antes que eu mudasse de ideia.
Michelle se virou para mim então, os olhos arregalados. "É sério?"
"É sério? " Monica ecoou igualmente surpresa.
Eu concordei. "Sim, " eu disse, tentando soar convincente.
"Não consigo acreditar", disse Michelle, genuinamente emocionada. "Obrigado, Sienna. Sério.
Eu... eu realmente preciso disso agora."
"Não vou decepcionar você", eu disse, desejando estar mais animada.
"Maravilhoso! Você não vai se arrepender", Monica disse, com os olhos arregalados.
Ela começou a falar sobre horários e contratos. Tentei ouvir, mas não pude evitar a sensação de
que ela havia preparado uma armadilha perfeita para eu cair.
E eu não tinha ideia do que esperar em seguida.
Aiden
"Chamada de Sayyid na linha 2", disse Felix pelo intercomunicador.
Atendi a ligação, recostando-me na cadeira giratória. "Sayyid. Alguma novidade sobre a caça ao
Konstantin?"
"Na verdade, sim, meu Alfa. Direcionamos a busca para o noroeste, como você disse, e
acertamos."
A caneta que eu estava batendo parou.
"Diga-me."
"Robert Turner em um caixa eletrônico em Columbus, Ohio. Quais as ordens?"
"Pegue o próximo voo para Columbus. Eu te encontro lá."
"Sim, meu Alfa."
Eu desliguei.
Agora, a questão era compartilhar ou não essa nova informação com Josh.
Ele era meu Beta. Segurança da matilha, aplicação da lei para todo o território — era
responsabilidade dele.
Além disso, se eu o deixasse cuidar disso, poderia ficar aqui em Mahiganote e cuidar de Sienna.
Na noite passada, ela acordou gritando de terror, e levou mais de uma hora para convencê-la a
voltar a dormir.
Mas a única maneira de realmente apagar os pesadelos da mente de Sienna era eliminar a ameaça
daquele vampyro.
E depois da maneira como Josh complicou tudo no Bar do Sonny...
Eu não o culpava. Ou pelo menos... tentava não culpar ele.
Ele ainda estava perturbado com o que acontecera com Michelle.
Claro, ele estava aliviado — em muito melhor forma do que antes — mas eu senti o cheiro de
álcool em seu hálito.
Ele precisava de mais tempo para se recuperar.
E no final das contas, o velho ditado era verdade.
Se você quer algo bem feito, faça você mesmo.
Capítulo 69 - Planejando um Programa
Aiden: e aí, gatinha
Sienna: oi
Aiden: Eu sinto muito, mas vou ter que cancelar nosso brunch. Estou indo para
Ohio
Sienna: o que
Sienna: OHIO???
Aiden: Tenho uma pista sobre Konstantin
Sienna:...
Aiden: quer vir me assistir fazer as malas?
Sienna: encontro você no hotel

Aiden
Sienna estava sentada em uma poltrona, olhando distraidamente pela janela, quando entrei em
nosso quarto de hotel.
Ela parecia tão cansada e pálida; meu coração apertou em preocupação.
Eu acariciei sua bochecha. "Ei, " eu disse. "Você está bem? " "Estou bem", disse ela com um
encolher de ombros. "Apenas preocupada. Você está indo atrás de Konstantin."
Coloquei suas mãos nas minhas. "Você não precisa se preocupar. Eu terei meu Esquadrão de
Caçadores como reforço. Vou tomar todas as precauções. " "Ele é tão perigoso, Aiden. Ele matou
meus pais... a companheira de Aaron. Ele pode tentar matar você também."
Virei seu queixo, captando seu olhar. "Eu não vou deixar isso acontecer, Sienna. " "Eu não quero
que você vá", ela sussurrou.
"Eu sei, " eu disse. Inclinei-me e beijei sua testa. "Mas você sabe tão bem quanto eu que ele deve
ser eliminado."
Apertando a mão dela, levantei-me e comecei a montar uma mala de viagem.
"Sinto muito, Sienna", eu disse com sinceridade. "Eu gostaria de não ter que ir. Provavelmente
vou ficar fora por um tempo também, a menos que tenhamos sorte logo de cara."
Sienna suspirou. "Bem, pelo menos Michelle vai me manter ocupada."
"Ah, é?"
— " Sim," — disse Sienna, mais uma vez olhando pela janela. "Tanta coisa para fazer e ela
inventou de me envolver em um reality show. Companheiras Reais da Costa Leste. Ela está muito feliz
com isso, é claro."
De onde veio isso?
"Não soa como o seu tipo de projeto", eu disse com um sorriso irônico.
"Não é. Mas ela está decidida a fazer isso, e eu não acho que ela deveria encarar sozinha. Ela está
tão frágil agora."
Ela não é a única.
"Tem certeza de que é uma boa ideia? Posso acabar com essa coisa toda, sabe?"
Sienna me deu um pequeno sorriso. "E decepcionar Michelle e sua multidão de fãs apaixonados?
Acho que ela iniciaria um golpe."
Ainda não convencido, levantei minhas sobrancelhas para ela.
Sienna acenou com a mão. "Tenho certeza de que não será nada. Só aquela mulher Monica nos
seguindo enquanto fazemos compras. Pode até ser divertido. " "Se você diz, " eu disse. "Sinta-se à
vontade para usar o cartão de crédito da MCL se quiser."
Sienna me lançou um olhar de indignação fingida. "Eu nunca desviaria fundos da Matilha, Alfa
Norwood! " "Ok, " eu admiti. "Use nossos cartões de crédito, então."
Seu rosto se iluminou. "Talvez eu use. " "Você definitivamente deveria. Arranja algum tipo de
roupa sexy e quando toda essa provação acabar, vou levá-la para passear na cidade, que tal?"
Ela se levantou e veio até mim, envolvendo os braços em volta do meu pescoço. "Parece.
Incrível."
Minhas necessidade de fazer as malas desapareceu enquanto eu a beijava, o toque suave de seus
lábios nos meus despertavam minha Bruma.
Senti a tensão escapando de seus ombros e costas enquanto ela relaxava no beijo.
Meu voo para Ohio de repente parecia sem importância. Columbus poderia esperar mais alguns
minutos enquanto eu passava algum tempo com minha companheira.
Gentilmente, eu a guiei para a cama.
Sienna
Aiden me despiu lentamente, beijando a pele que ele revelou.
Corri meus dedos por seu cabelo sedoso, fechando meus olhos e desejando que todas as minhas
preocupações fossem embora, apenas por agora.
Quando ele tirou minha calça jeans e calcinha, ele deu um beijo na minha virilha, arrepiando
todo o meu corpo.
Com um gesto suave, ele deslizou as mãos ao longo do interior das minhas pernas nuas,
separando minhas coxas.
Sua língua foi em direção ao meu sexo, quente e pulsante.
Com um suspiro, arqueei minhas costas, enquanto meus dedos penetravam seus cabelos.
"Aiden," eu sussurrei, enquanto minha respiração se tornava irregular.
Ele correu seus dedos ao longo da minha vagina enquanto sua língua me provocava e me dava
prazer.
Minha mente se esvaziou quando o tesão tomou conta, intensificado pela minha Bruma ardente.
Meu corpo estava implorando por liberdade.
Sua língua deslizou dentro de mim, atingindo os lugares certos várias vezes, me deixando louca.
Eu não aguentei e comecei a gritar.
Os braços de Aiden envolveram meus quadris enquanto eu balançava em êxtase.
Um momento depois, tudo acabou, e eu rastejei em seu abraço, saboreando mais um momento
de amor com meu companheiro antes que ele tivesse que ir.

Michelle: ei Si
Michelle: ocupada?
Sienna: não muito, o que foi?
Michelle: acho que devemos nos encontrar para falar sobre o programa
Michelle: já almoçou?
Sienna: ainda não
Sienna: onde você quer me encontrar? Winston's?
Michelle: no country club
Sienna:...
Sienna: claro
Michelle: chego em quinze

Olhei para o celular por mais um momento e suspirei.


Parte de mim realmente desejava que Michelle escolhesse uma maneira diferente de superar seu
trauma.
Mas ela era minha amiga e eu iria ajudá-la.
Tomei um banho rápido, tentando animar a mim mesma.
Pode não ser tão ruim.
Posso tentar focar a maior parte da atenção em Michelle.
Ela vai adorar isso.
Eu sorri, esperando que minhas previsões estivessem certas, e isso não fosse um pesadelo total.
Aiden
Meu celular vibrou assim que meu motorista entrou no aeroporto.
Sayyid estava na outra linha.
"Você vai ter que mudar seus planos de voo", disse ele de uma forma abrupta.
"E por que isto? " Eu perguntei.
"Temos uma filmagem de Turner passando um sinal vermelho em Chicago há 45 minutos."
"Entendo."
Fiz arranjos para encontrar Sayyid e o resto do Esquadrão de Caçadores em O'Hare.
Saindo do carro, acenei para Bertrand, o piloto do jato particular da Matilha da Costa Leste.
"Mudança de planos, capitão. Parece que estamos indo para Windy City."
Recostei-me na cadeira com um suspiro.
Essa caçada estava me levando cada vez mais longe de onde eu realmente precisava estar.
Que era em casa, com Sienna, antes que ela acabasse consigo mesma por conta da própria culpa.
Michelle
Entrei no Mahiganote Country Club sabendo que logo estaria fazendo isso com uma câmera
seguindo cada movimento meu.
Eu não via a hora.
Monica Birch já nos esperava na melhor mesa da casa. Ela sorriu quando Sienna e eu entramos.
Mas notei que seu olhar foi direto para Sienna, e havia um brilho em seus olhos.
Eu parei por um momento, uma carranca vindo ao meu rosto.
Sienna nem queria estar aqui. Fui eu quem sofreu, que merecia um pouco de atenção.
Que acordou ontem à noite suando frio apenas para encontrar a cama ao lado vazia, e então encontrou seu
companheiro caído no sofá abraçando uma garrafa de uísque pela metade.
Tanto faz. Espere até as câmeras começarem a rodar oficialmente. Vamos ver quem é a verdadeira estrela do
show.
Suavizando minha expressão, me sentei enquanto Monica corria para encontrar minha amiga,
estendendo as mãos como se fosse tentar abraçá-la.
"Sra. Mercer-Norwood! " Monica jorrou em um tom alegre e falso. "Eu não posso te dizer o
quão animada estou em trabalhar com você! " "Hm... sim. Obrigada — disse Sienna, mordendo o
lábio.
Eu sufoquei um suspiro de exasperação. Ela poderia pelo menos fingir estar animada.
Isso significa muito para mim. Por que ninguém vê isso?
"Então por onde começamos? " Eu perguntei depois que todas pediram suas bebidas.
"Este é o seu rodeio, Michelle. O que você tinha em mente? " Sienna respondeu.
"Eu estava pensando que poderíamos fazer algumas ligações e reunir as meninas para uma noite
na cidade! " Eu disse.
Sienna franziu a testa. "Quer dizer, seria ótimo ver as meninas, mas Mia e Selene estão muito
ocupadas com os bebês..."
"Mais um motivo para elas saírem de casa e aproveitarem uma noite com as garotas!"
"Senhoras, se me permitem, " Monica interrompeu, "Eu tenho uma ideia."
Pausando, eu olhei para ela com surpresa.
Monica me disse que minhas ideias teriam prioridade máxima. Esta foi a primeira vez que ouvi
sobre algum outro plano.
Monica sorriu, revelando seus dentes muito brancos. "Este show será uma série de oito
episódios, com muitos eventos de mídia social para acompanhar. " "Eventos de mídia social? "
Sienna ecoou.
"Sim, pequenos eventos únicos que podemos transmitir ao vivo", explicou Monica.
Dava para sentir a desconfiança de Sienna.
Meu coração parou. Se ela não concordasse, meu sonho de ser famosa estaria morto antes de
começar.
Já doía bastante ficar na sombra da minha melhor amiga, mas era melhor do que não ter
programa nenhum...
Diante das câmeras foi o único lugar em que me senti saudável e completa.
Eu não poderia perder isso.
Não tão cedo.
Meu estômago se apertou de ansiedade.
Monica ergueu as mãos como se estivesse emoldurando uma faixa no ar. "Você e Michelle vão
planejar e realizar um grande evento, com o próprio evento acontecendo no oitavo episódio."
"Que tipo de evento?"
"Ah, os detalhes não são tão importantes. O importante é mostrar a companheira do Alfa."
Eu enrijeci, e Monica deve ter notado porque ela rapidamente acrescentou: "E, claro, a
companheira do Beta e o resto do conselho interno."
Sienna franziu a testa e olhou para mim. "Michelle, tem certeza de que é isso que você quer?"
Eu pausei. Para ser honesto, "mostrar" minha melhor amiga já famosa era a última coisa que eu
queria.
Eu pensei que o show seria focado em mim, na minha jornada enquanto mostrava ao mundo
que estava mais forte do que nunca.
Mas agora era tarde demais para voltar atrás.
"Com certeza", eu disse.
"Ótimo", disse Monica, seu sorriso ainda mais largo. "Desta forma, todos no mundo conhecerão
a real Sienna Norwood."
Sienna
A "real " Sienna Norwood?
O que isso significa?
"E isso é... bom? " Eu perguntei.
"Pense na ótica! " Monica exclamou.
"Não tenho certeza se sei o que isso significa."
"Ela quer dizer que as pessoas formarão uma percepção de quem somos", disse Michelle.
"Que tipo de percepção? " Eu perguntei. Eu já tinha testemunhado o poder da mídia para
distorcer e manipular a verdade.
"O planejamento e a execução de uma grande festa são perfeitos", insistiu Monica, ignorando
minha pergunta. "É divertido. É emocionante. Vamos deixá-los esperando no final dos episódios,
quando as coisas derem errado. " "O que te dá tanta certeza de que as coisas vão dar errado? " Eu
perguntei.
"Bem, sempre dão errado", Monica riu. "Além disso, acho que um pouco de pressão de tempo
seria bom. O que você acha de lançar um Festival da Chama?"
"Um o quê?"
Michelle revirou os olhos. "Você sabe, Si. Aquela velha celebração onde eles abençoavam todas
as velas. Deve acontecer em 15 de janeiro."
"Ah, certo — espera, isso é daqui uma semana", eu suspirei.
Monica acenou com a cabeça. "O Festival da Chama costumava ser um feriado importante. Ele
saiu de moda — não foi celebrado nas últimas décadas em nenhuma Matilha que eu conheça."
"Pense desta forma", ela continuou. "Você lidou com algumas... reações adversas sobre a forma
como as coisas correram neste outono com o Festival da Fertilidade."
Pra dizer o mínimo.
"Revitalizar um antigo costume seria uma ótima maneira de acalmar as coisas com os
tradicionalistas", disse Monica, com os olhos brilhando.
Suspirei e olhei para Michelle. "O que você acha?"
Ela sorriu amplamente, mas a expressão não alcançou seus olhos.
Esta é uma ideia tão ruim.
Mas eu não estava prestes a atrapalhar o sonho da minha melhor amiga.
Eu devia muito a ela.
"Dar uma grande festa? Acho que devemos ir em frente! " Ela disse brilhantemente.
Tentei sorrir de volta, mas saiu mais como uma careta. "Tudo bem então", eu disse. "Vamos
fazer isso."
Capítulo 70 – Limite de Chicago
Aiden: Sienna, mudança de pianos
Sienna: você não vai mais???
Aiden: Desculpe, querida. Na verdade, agora vou pra Chicago, não pra
Columbus
Sienna: por quê?
Aiden: longa história. Câmera de trânsito... cara que estou perseguindo...
Aiden: explico tudo quando eu chegar em casa
Aiden: o que eu espero que aconteça em breve
Aiden: Estou com saudades
Sienna: Eu também tô
Sienna: obrigado por me avisar
Sienna: bom voo (emojis mandando beijo)

Sienna
As dez, encontrei Michelle, Monica e o cinegrafista de Monica, Curtis — acho que era esse o
nome dele — do lado de fora do Regency Cove Mall.
Estávamos indo às compras para o "Festival da Chama".
Não era bem o tipo de compra que eu tinha em mente quando estava conversando com Aiden,
mas teria que servir.
Ao me aproximar deles, endireitei meus ombros.
Minha primeira prioridade era garantir que essas pessoas do entretenimento não tirassem
proveito de Michelle.
Mas melhorar minha imagem como companheira do Alfa também poderia não ser uma ideia tão
ruim.
Decidi torcer para que desse tudo certo.
"Ei", cumprimentei Michelle. "Você tá linda."
Ela estava usando um vestido Vera Wang marrom com uma fenda na perna.
Eu, por outro lado, estava de suéter e jeans.
Uma de nós estava definitivamente mais adequada para a vida de celebridade.
O olhar no rosto de Michelle quando ela deu uma olhada na minha roupa apenas confirmou isso.
"Ei, pelo menos assim, a câmera vai te amar ainda mais em comparação", eu disse com uma
risada.
Michelle revirou os olhos, mas sorriu para mim.
"Bem", eu disse, "vamos?"
"Ah. temos que esperar mais um minuto, " disse Monica. "Há outro membro se juntando à
nossa pequena equipe."
Achei que ela quisesse dizer um técnico de som ou algo assim, mas então uma mulher afro-
americana chique se aproximou.
Era Blair King.
Claro. Ela era outra "companheira" da Manada da Costa Leste — acasalada com Nelson King,
Chefe do Bem-Estar Social.
Eu gostava da Blair, mas seu porte elegante podia ser intimidador. Não por culpa dela, ela
sempre me fez sentir como uma criança brincando de se vestir.
Eu vi Michelle olhando o vestido Chanel de Blair com inveja.
Aposto que ela aprecia minha falta de senso de moda agora, pensei ironicamente.
"Sienna, Michelle, que bom ver vocês" disse Blair com um sorriso caloroso.
Ela estendeu as mãos e cada um de nós pegou uma para apertar.
Todos trocaram beijos no ar — tudo isso estava sendo filmado.
Até agora tudo bem.
Exceto que sinto que não recebi o memorando sobre marcas de estilistas.
"Então, o Festival da Chama? " Disse Blair, erguendo as sobrancelhas para mim. "Estou
surpreso. Não consigo me lembrar da última vez que ouvi falar de uma matilha celebrando isso."
"1998", interrompeu Michelle. "O último que encontrei em uma pesquisa na web"
"Uau", disse Blair, olhando para mim com os olhos cheios de humor. "Não pensei em você
como alguém que reaviva as velhas tradições."
Dei de ombros. "Na verdade, não foi minha ideia."
"Sienna", Monica interrompeu, "Eu também esperava que sua irmã, Selene, comparecesse. Ela é
a companheira do advogado da Matilha, não é?"
"Ah, é... ", eu me atrapalhei.
"Você pode falar com ela por mim, não é? Ou sua mãe, por falar nisso. Já será o suficiente",
disse Monica. "Para a próxima vez."
Eu balancei a cabeça em concordância, mas, pessoalmente, duvidava que Selene tivesse energia
ou interesse, tendo um recém-nascido para cuidar.
E meus pais estavam ocupados ajudando com a bebê Vanessa.
Monica nos conduziu até o shopping, com as câmeras a reboque, e seguimos para a Clair de
Lune, uma loja de decoração de interiores de luxo.
O plano, pelo que entendi, era comprar muitas velas.
O que não era exatamente minha ideia de entretenimento televisivo, mas tanto faz.
Porém, quando entramos na loja, vi que ela havia sido reorganizada para acomodar a grande
câmera e o equipamento de iluminação, tudo centralizado em torno de três pódios bem iluminados.
"Ok. pessoal, tomem seus lugares! " Monica cantou quando entramos. Uma dúzia de
cinegrafistas correu para cumprir suas ordens.
Ela se virou para nós três. "Senhoras, se vocês me seguirem até seus pódios, combinamos um
joguinho para dar o pontapé inicial!"
"Que tipo de jogo? " Eu perguntei, lançando um olhar suspeito para Michelle. Mas minha amiga
estava muito ocupada verificando sua maquiagem em um pó compacto para notar.
"Um jogo divertido! Com um prêmio fabuloso para a vencedora! " Monica respondeu, sem olhar
para mim.
Fui a única que percebeu como raramente ela fazia contato visual com qualquer coisa que não
fosse a lente de uma câmera?
Do meu outro lado, Blair King parecia tranquila como sempre.
Tomamos nossos lugares atrás dos pódios de plástico, que exibiam listras amarelas e vermelhas,
como chamas. Pequenas campainhas vermelhas foram montadas no topo.
As câmeras foram apontadas diretamente para nós. O calor das lâmpadas estava fazendo com
que o suor pingasse no meu pescoço.
"Assim que estivermos prontas para começar, tudo o que vocês precisam fazer é responder a
algumas perguntas sobre o Festival da Chama. Após duas rodadas, o competidor com as respostas
mais corretas receberá um pacote de spa com tudo incluído em um resort cinco estrelas!"
"Aí, mal posso esperar! " Michelle disse animadamente.
As câmeras apontaram suas faces vazias para mim.
Como eu deveria responder a perguntas quando mal conseguia me lembrar por que estava ali?
Eu não sei nada sobre essas tradições velhas.
Minha garganta estava seca.
"Tudo bem, pessoal! " Monica disse: "Estamos ao vivo. Agora vamos começar nosso jogo de O
Show do Festival!"
Ela sorriu para nós três, alinhadas como competidoras de um programa de auditório.
"Primeira pergunta: por que as velas vermelhas são consideradas sagradas para o Festival das
Chamas?"
Eu não fazia ideia.
Mas minhas mãos suavam e meus dedos escorregaram para a campainha.
PLIM!
"Sienna!"
Uhhhhh, inventa alguma coisa logo!
"Porque... simboliza o sangue da fertilidade? " "Correto! " Monica gritou.
Michelle me encarou, mas Blair parecia impressionada.
Tentei disfarçar meu sorriso quando um ponto apareceu sob meu nome no placar.
"Próxima questão! Em que ano o primeiro Festival da Chama foi gravado?"
PLIM!
Desta vez, toquei a campainha de propósito, embora tivesse apenas cerca de vinte por cento de
certeza de que minha resposta estava correta.
"1547!"
"Correto! " Monica gritou.
"Acho que minha campainha não está funcionando direito", disse Michelle em seu pódio.
"Próxima pergunta, aqui no Show do Festival! " Monica disse como se Michelle não tivesse falado.
Eu vi a mandíbula da minha amiga apertar de tensão.
Ah, qual é, é apenas um jogo, pensei, começando a me divertir. E estou ganhando.
Mas então eu olhei de volta para Michelle, que estava olhando com um sorriso fixo e brilhante
demais para as câmeras.
Show do Festival
Eu pensei que isso deveria curar feridas, não causá-las.
Josh
Michelle me manteve acordado metade da noite falando sobre seu novo reality show.
Parte de mim sabia que deveria estar mais atento — minha companheira estava lutando para se
recompor e eu precisava apoiá-la.
Mas, ao mesmo tempo, não entendia como andar na frente de um monte de câmeras
supostamente curava alguma coisa.
Não quando Konstantin poderia estar tramando sua vingança.
Acabei levando uma garrafa de uísque para o meu escritório, onde me sentei sozinho, bebendo
até as primeiras horas da manhã.
Então, no início, eu estava de ressaca e chateado quando cheguei à Casa da Matilha na manhã de
segunda-feira.
Minhas garras coçavam para devorar alguma coisa, e eu esperava continuar a busca pelo
vampyro.
Exceto pelo fato de que me disseram que o Alfa não estava no escritório naquele dia.
"Bem, quando ele volta? " Eu perguntei a Felix, o assistente de Aiden.
Felix me deu seu habitual sorriso excessivamente afetado. "Ele mandou um e-mail para me
informar que havia pousado em Chicago na noite passada..."
"O que você está falando?"
Nelson desceu o corredor. "Ei, Josh, algum problema?"
Eu fiz uma careta. "Estou tentando entender o que Felix está me dizendo. Aiden está em
Chicago?"
Nelson me conduziu até seu escritório. "Aiden foi atrás de Konstantin."
Meu sangue começou a latejar em meus ouvidos. "Por que... por que só estou ouvindo sobre isso
agora? " Eu perguntei. Minha dor de cabeça estava rasgando o meu crânio.
Nelson parecia desconfortável. "Aiden sentiu que com tudo o que você tem para fazer... ele
preferia lidar com isso sozinho."
Minhas mãos cerradas em punhos. " Eu sou o Beta dele."
Nelson concordou. "Claro. Mas você está muito estressado ultimamente, Josh…"
"Já chega", eu lati e saí.
Eu não pude acreditar.
O desgraçado havia me deixado para trás.
Aiden
O sol estava nascendo sobre Chicago quando meu voo parou no portão.
Entre o fuso horário e a expectativa sobre a possibilidade de pegar Konstantin, eu estava
estranhamente nervoso.
Mas não havia tempo a perder. Assim que saí do avião, mandei uma mensagem para Sayyid.

Aiden: acabei de pousar em O'Hare


Aiden: o que você sabe até agora?
Sayyid: Temos filmagens de Turner
Sayyid: o reconhecimento facial o sinalizou
Sayyid: eu também falei com o comissário de polícia local
Aiden: e?
Sayyid: Houve uma série de ataques na cidade
Aiden: que tipo de ataques?
Sayyid: Exsanguinações. Quase todos sem-teto
Aiden: quando foi o primeiro ataque?
Sayyid: cerca de uma semana atrás
Aiden: então é provável que Konstantin esteja em Chicago?
Sayyid: parece que sim
Aiden: Tudo bem. Isso é bom.
Aiden: significa que estamos na cola do desgraçado
Sayyid: sim meu Alfa
Sayyid: como você gostaria de proceder?
Aiden: primeiro, vamos encontrar Turner
Aiden: precisamos de toda a ajuda possível
Sayyid: Sim, meu alfa.

Sienna
PLIM
"Dezesseis! " Eu gritei. "Os lobisomens geralmente experimentam a Bruma pela primeira vez aos
dezesseis anos de idade."
"Correto! " Monica cantou.
Era a rodada final da competição, e Michelle e eu estávamos empatadas com quatro pontos cada.
Blair, que parecia achar que bater na campainha era um tanto indelicado, só tinha dois pontos e
se resignou ao terceiro lugar.
"Ok, Sienna e Michelle, temos uma pergunta final para desempate. A mulher que responder
corretamente receberá o pacote de spa com tudo incluso!"
Eu sorri para Michelle, curtindo a competição amistosa.
Mas seu olhar de resposta foi algo entre um rosnado e uma careta.
Monica estreitou os olhos. "Vamos lá: qual flor é tradicionalmente associada ao Festival da
Chama?"
Lírios-de-tigre! Puta merda, essa eu sei!
PLIM! Minha mão apertou a campainha, mas então fiz uma pausa antes de falar.
Michelle realmente quer ganhar isso.
Então, deixe-a vencer O que você tá fazendo?
Essa coisa toda era pra ajudar Michelle.
"Hm... petúnias? " Eu disse.
"Ah, infelizmente a resposta está incorreta", disse Monica. "Agora. Michelle, se você responder
corretamente, você ganha! Mas se você errar, a pergunta volta para Sienna para mais uma chance!"
Ok, Michelle. Você consegue.
Mas minha amiga estava mordendo o lábio inferior. "Eu acho que... Hm... Lírios-de-calla?"
"Errada! " Monica disse, parecendo encantada.
Seus olhos se voltaram para mim. "Ok, Sienna, esta é sua chance de conquistar a vitória. Se você
não acertar, teremos que fazer outra rodada."
A diversão do jogo tinha acabado e eu definitivamente não queria fazer outra rodada.
"Lírios-de-tigre", respondi com um suspiro.
"E nós temos uma vencedora! " Monica cantou com um brilho nos olhos. "Sienna Norwood, a
companheira do Alfa!"
Michelle parecia estar lutando para não chutar o pódio.
"Essa pergunta era muito difícil", eu disse, tentando suavizar as coisas.
Mas o puro veneno em seus olhos quando ela olhou para mim foi o suficiente para parar minha
língua.
"Nunca fui muito boa nesse tipo de jogo", concordou Blair.
"Então, Sienna, quando você vai aproveitar as vantagens de seu pacote de spa VIP exclusivo? "
Monica perguntou perto de uma câmera.
Olhei para Michelle e Blair e tive uma ideia. "Na verdade, acho que devemos ir todas juntas.
Algum tempo depois de terminar a filmagem. Será um prazer para mim!
Os lábios de Michelle se curvaram nos cantos e Blair assentiu graciosamente.
Mas com o canto do olho, vi o olhar de decepção de Monica.
Eu consegui evitar uma explosão com Michelle e garanti que Monica não pudesse filmar nosso
dia no spa.
Toma essa, pensei vitoriosamente.
Mas então Monica sorriu para mim e eu senti um arrepio percorrer minha espinha.
Aiden
Mandei Sayyid ao legista para fazer perguntas sobre os assassinatos.
Gostaria de verificar a cena do crime mais recente.
Ficava em um dos muitos túneis de carga abandonados onde os sem-teto costumavam se reunir
em Chicago.
A chuva começou a cair, escurecendo o céu assim que entrei nos trechos ainda mais escuros.
Uma cascata de água caía das grades da rua acima. Meus sapatos respingaram ruidosamente nas
poças crescentes.
Esses túneis de concreto foram ficando cada vez mais escuros e perigosos — quase todos foram
esquecidos, exceto por aqueles que foram forçados a procurá-los para se abrigar no frio inverno de
Chicago.
Trilhos enferrujados cortavam o solo em sua base.
O cheiro de mijo velho estava impregnado nas paredes.
Eu sentia falta do ar puro de Mahiganote, da paz da floresta.
Acima de tudo, sentia falta de Sienna.
Faça isso para que você possa ir para casa ficar com sua companheira.
Passei por um monte de abrigos, olhando para as caixas de papelão e tendas enquanto
caminhava.
As pessoas mal me olharam.
Pensei em parar para fazer perguntas, mas decidi fazê-lo no caminho de volta, depois de
examinar a área onde a polícia havia encontrado a vítima mais recente.
As paredes perto dos barracos eram coloridas com pichações, mas quando deixei a área habitada
para trás, elas tomaram-se cinza.
Meus passos ecoaram.
Alcancei a fita da cena do crime, totalmente amarela contra a cena opaca e sem cor.
Talvez por causa dos odores, ou por causa da falta de barulho, não percebi que mais alguém
estava ali comigo.
Até que ele atacou.
Capítulo 71 – Sienna pede Ajuda
Aiden
Dentes rangentes escaparam a centímetros de minha garganta.
Agora eu sentia o cheiro de vampyro — mas aquele não era Konstantin.
Ele era forte e tinha cabelos loiros desgrenhados.
Eu o tirei de cima de mim e mudei.
Minha forma de lobo elevou-se sobre ele. Eu rosnei e mostrei meus dentes.
Ele se lançou sobre mim e eu rugi, me contorcendo para tentar dar uma mordida em sua carne.
Ele puxou uma faca de algum lugar em suas roupas e me cortou, abrindo um ferimento em
minhas costelas.
Com um grito, pulei para longe dele, então circulei, estreitando meus olhos enquanto julgava em
que lado atacar.
Aquela maldita faca estava complicando as coisas.
Eu não queria simplesmente pular sobre o cara e arrancar sua garganta. Ele era um vampyro. Ele
poderia saber algo sobre Konstantin.
Mas ele tinha a intenção de me matar — sem dúvida.
Ele atacou, levantando a faca e mergulhando-a.
Esquivando-me, eu parti para cima dele.
"Largue a faca, Walter! " uma voz grisalha veio atrás de mim.
Eu me virei. Um homem branco envelhecido usando um boné de beisebol desbotado estava
apontando uma espingarda para o vampyro.
Quando me virei para o vampyro, notei uma sombra se movendo na penumbra atrás dele.
"Renda-se agora, Walter, e o bom Alfa aqui pode deixá-lo viver", disse o rapaz com boné de
beisebol com um aceno de cabeça para mim.
O vampyro não estava raciocinando, no entanto.
Ele cambaleou em direção ao cara com a espingarda, que puxou o gatilho, mas levantou o cano
para evitar matá-lo.
Os túneis amplificaram o barulho da explosão.
Foi muito alto para minhas orelhas de lobo, e eu vacilei. Explorando minha distração
momentânea, o vampyro me atacou novamente.
A adaga perfurou meu ombro e eu gritei de dor, então rosnei enquanto mordia seu braço.
Ele puxou a faca para fora, levantando-a para me esfaquear novamente.
BANG!
O cara de boné de beisebol disparou sua segunda bala no peito do vampyro.
O vampyro cambaleou e enquanto tropeçava, o humano negro que eu tinha visto do lado de fora
do Sonny's Bar emergiu das sombras atrás dele.
Com uma facilidade que só seria possível depois de anos de prática, ele balançou um facão no ar.
A cabeça do vampyro fez um som de esmagamento ao atingir o pavimento. Um momento
depois, seu cadáver sem cabeça caiu para frente.
Mudei de volta para a forma humana, o sangue jorrava do meu ombro e do corte ao longo das
minhas costelas.
"Eu gostaria que você não o tivesse matado", eu disse.
O rapaz de boné me deu um olhar azedo. "De nada! " ele disse.
Eu estava de joelhos, nu e sangrando no ar frio do inverno.
"O rapaz precisa de primeiros socorros", disse o cara do facão.
"Vou ficar bem", eu disse. "Cura de lobisomem."
"Você ainda precisa de pontos", disse o cara de boné. "Vamos. Vamos limpar você."

***
Meia hora depois, eu estava sentado em um caixote de madeira entre os abrigos enquanto Raul, o
rapaz negro, terminava de costurar meu ombro.
Bobby Turner, o homem de boné de beisebol, me entregou uma xícara de café quente.
"Eu coloquei uma gota de uísque aí" disse ele. "É, bom pra anestesiar.
"Obrigado", eu disse.
"É uma pena que seu belo terno esteja todo rasgado", disse Bobby.
Eu olhei para o tecido caro com pesar.
Sienna escolheu este temo, mas de alguma forma eu não acho que ela se importaria.
Não se eu trouxesse a cabeça de Konstantin como uma lembrança.
"Não se preocupe, eu dou um jeito", disse Raul, segurando uma mochila amassada.
"Por que você fugiu do bar? " Eu perguntei.
"Seu Beta parecia hostil", Raul disse brevemente.
Eu encarei meu café. "Josh fica um pouco... nervoso em relação às coisas a ver com o vampyro
Konstantin", eu admiti.
"O fato é que não gosto de admitir quando estou derrotado", disse Bobby. "Eu estava saindo da
cidade porque tinha desistido de caçar aquele filho da puta."
Eu levantei minhas sobrancelhas para ele.
"Konstantin é poderoso demais para um velhote como eu", disse ele. "Me mata admitir, mas
olhe para você."
Ele balançou sua cabeça. "Além disso, fiquei sem pistas. Mas você... eu aposto que você tem algo
que pode usar, se estiver realmente tentando encontrá-lo. " "Eu tenho? " Eu disse.
"Sim, " Bobby confirmou. "Aquele doente te atacou, não foi? Fez uma bagunça no seu baile de
Inverno chique? Eu vi no noticiário. " "Sim, e daí? " "Bem", disse Bobby. "Ele deixou alguma
daquela lama preta nojenta para trás?"
Sienna
Era terça-feira. Outro longo dia de filmagem estava à minha frente.
Pelo menos hoje eu teria algum reforço. Erica estava doente e a sogra de Mia estava cuidando
dos gêmeos pela manhã.
Tínhamos um compromisso para experimentar um bufê, e de jeito nenhum minhas amigas
perderiam a chance de provar comida gourmet grátis.
No estacionamento da Casa da Matilha, encontrei Mia, que usava um moletom roxo com
babados e um unicórnio-gato.
As câmeras já estavam esperando por nós, tornando tudo estranho, mas eu a abracei com força
mesmo assim.
Monica também estava esperando, um enorme sorriso falso estampado no rosto.
Ela parece um boneco de ventríloquo assustador
"Senhoras! " Monica se emocionou. "Que amável da sua parte finalmente se juntar a nós. " Ela
de alguma forma conseguiu soar animada e irritada ao mesmo tempo.
Eu lancei um olhar engraçado para Mia e não disse nada.
Monica nos conduziu à frente dela até uma grande sala de estar que havia sido totalmente
ocupada por equipamentos de câmera.
Uma luz ofuscante brilhou em luzes colocadas em vários intervalos, e uma cabine de entrevista
foi montada em um canto. Contra a parede estava uma mesa elegantemente posta onde presumi que
faríamos a degustação.
"Uau. Master Chef coma o quanto puder", Mia se engasgou.
Monica acenou com a cabeça. "E assim como aquele show, também vai ser uma competição",
disse ela. "Mas vocês serão as juradas. Sortudas!"
Curtis fixou a lente de sua câmera em mim enquanto Mia e eu nos dirigíamos para a mesa.
Michelle já estava no centro do palco, com Blair sentada à sua direita e Erica à sua esquerda.
Erica me deu um sorriso animado. "Isso é tão legal", disse ela. "Eu me sinto uma celebridade!"
Sentei-me do outro lado dela, mas então Monica decidiu que queria mudar a disposição da mesa.
Houve uma enxurrada de atividades enquanto eles reorganizavam tudo. Quando tudo foi
resolvido, Monica insistiu que eu me sentasse no meio.
Michelle parecia terrivelmente zangada, mas quando tentei protestar, Curtis empurrou a câmera
tão perto do meu rosto que quase encostou no meu nariz.
Perturbada, sentei-me no lugar que me foi atribuído.
Monica correu para a cozinha.
"O que você acha que eles vão nos servir? " Erica perguntou.
"Minha abuela faz uma refeição para o Dia de la Vela todos os anos", disse Mia. "É assim que ela
chama de Festival da Chama. Ela faz essas batatas picantes... é uma delícia."
"Talvez devêssemos chamar sua avó para cuidar do evento, " eu disse com uma risada.
"Ai, meu deus, Sienna! " Michelle explodiu.
A câmera girou em sua direção.
"Não seja ridícula. Monica tem três dos melhores fornecedores da cidade participando desta
competição."
A câmera se voltou para mim. A lente parecia um olho fixo.
"Eu — eu estava só brincando", eu disse hesitantemente.
"Bem, se você não se importa, alguns de nós estamos levando isso a sério", retrucou Michelle.
Olhei para Mia, que havia perdido o sorriso.
Blair sorriu para todos. "Tenho certeza de que a abuela da Mia faz as melhores batatas do
mundo", ela disse suavemente.
Todos ficaram em silêncio. Michelle deu um gole em uma taça de vinho branco, sem olhar para
nenhum de nós.
Felizmente, três fornecedores entraram um momento depois, quebrando a tensão.
"Isso tudo não parece maravilhoso? " Monica cantou. "Mandem ver!"
Tudo parecia delicioso, mas meu apetite tinha ido embora.
Decidi fazer esse programa para ajudar a cuidar de Michelle, mas minha amiga parecia
determinada a se exibir às minhas custas.
Por mais culpada que ainda me sentisse pelo que acontecera com Konstantin, não conseguia
imaginar semanas lidando com seus comentários passivo-agressivos toda vez que eu cometia um
erro.
Mia me cutucou por baixo da mesa. "Você está bem? " ela sussurrou.
Cutuquei meu queijo de cabra e couve. "Sim, mas prefiro batatas picantes do que isso. " "Eu
também", Mia riu.
Eu olhei para cima para ver a câmera fixada em nós. Os microfones supersensíveis de Monica
provavelmente haviam captado cada palavra.
Aquilo era uma loucura. Eu estava cansada de me sentir ridícula.
Levantei-me da mesa e me aproximei de Monica Birch, tentando não deixar minha antipatia por
ela transparecer em meu rosto.
"Podemos conversar um segundo? Em particular? " eu perguntei.
"É claro", ela acenou para Curtis capturar o espetáculo dramático da salada.
"Eu acho que você não deveria focar tanto em mim. Michelle é... " "Ah, Sienna. Não diga isso.
Você está indo muito bem..."
"Não é isso. É que... eu não sei muito sobre essas coisas, e ela parece muito animada, e..."
"Na verdade, você está absolutamente certa, Sienna", Monica disse, me cortando novamente.
"Estou?"
Isso foi fácil.
"É claro que você não conhece as tradições tão bem quanto deveria. Afinal, você é apenas uma
garota. É por isso que acho que precisamos trazer alguém com mais experiência."
"Hm, ok? " Eu disse, tentando não ficar ofendida.
"Alguém como Charlotte Norwood", Monica disse, se aproximando.
Meu queixo caiu. Eu não queria a mãe de Aiden a menos de trinta metros deste evento.
Ou de mim.
"Ela iria adorar planejar um evento assim", Monica continuou.
"Charlotte Norwood organizou inúmeros eventos enormes. Ela saberá tudo sobre as tradições
do Festival da Chama. Ela pode garantir que tudo esteja perfeito."
A facilidade com que ela sugeriu tudo isso me dizia que Monica já vinha preparando esse
argumento há algum tempo.
Do outro lado da sala, a câmera de Curtis estava me observando.
"Além disso", disse Monica. "Você está tentando mostrar ao mundo que é uma companheira
adequada para o Alfa, não está?"
Não. Claro que não.
Não há como você deixar essa mulher entrar de novo em sua vida.
Não depois da última vez.
"Acho que é uma ótima ideia! " Michelle disse da mesa. Ela e os outros pararam de conversar e
ficaram observando Monica e eu.
Eu olhei para minha amiga, surpresa. Michelle encolheu os ombros. "Ela sabe sobre essas coisas.
Você não quer passar vergonha no festival."
De novo. Eu praticamente pude ouvir o aborrecimento por trás de suas palavras.
"Quer dizer... talvez... " eu disse.
"Excelente! " Monica disse alegremente. "Por que você não liga para ela?"
"Agora? " Eu perguntei surpresa. Como ela sempre me convencia a fazer exatamente o que ela
queria?
"Não deixe para amanhã o que pode fazer hoje!"
Com um suspiro relutante, peguei meu celular.
Eu não posso acreditar que estou realmente fazendo isso.
"Alô", veio a voz esnobe inconfundível de Charlotte pelo alto-falante.
Desligue. Finja que ligou para o número errado.
"Charlotte", eu disse. "Sou eu, Sienna."
"Sienna? " ela repetiu, parecendo genuinamente chocada.
"Sim. Hm..."
Acaba logo com isso.
"Acho que preciso da sua ajuda."
Capítulo 72 – Queda Livre
Sienna: me diga que você não vai entrar naquele avião hoje
Aiden: vai ficar tudo bem amor
Sienna: Estou olhando a previsão. Nevascas em todos os estados do norte
Aiden: meu celular está com pouca bateria, esqueci de carregar
Sienna: Aiden.
Aiden: não se preocupe, vou ficar bem
Aiden: eu te amo
Sienna: Que droga, Aiden
Sienna: Aiden

Sienna
Que ótimo.
Eu fechei meu laptop depois de ver a previsão do tempo que me preocupava.
As chances de algo ruim acontecer são de cerca de um milhão.
Ainda assim, a ansiedade estava embrulhando meu estômago.
Eu descansei minha cabeça na superfície da mesa da cozinha.
Entre me preocupar com Aiden e me preocupar com o fato de que deveria encontrar Charlotte
Norwood esta tarde, eu senti que estava prestes a vomitar.
Eu gemi na madeira da mesa.
Pelo menos Aiden estaria em casa logo.
Aiden
Peguei meu assento no avião particular e imediatamente conectei meu celular.
O que quer que estivesse acontecendo naquele reality show insano, estava perturbando minha
companheira.
Eu percebia isso em sua voz cada vez que falávamos.
Pelo menos eu estaria em casa logo.
Isso se o avião não despencasse naquela tempestade de neve monstruosa.
Tentei afastar qualquer inquietação.
Quanto mais rápido eu chegasse em casa, mais cedo poderia envolver meus braços em volta da
minha companheira e beijar cada centímetro de seu corpo.
Além disso, Sayyid não parecia nem um pouco preocupado com a tempestade uivante, nem
Bertrand, o piloto.
Ele parecia ter certeza de que poderia levar o avião de volta para a Virgínia inteiro, embora
parecesse um pouco atordoado quando embarcamos.
Qualquer um estaria. A neve estava tão densa que era difícil ver a três metros de distância.
Vai ficar tudo bem e não há tempo a perder com preocupações inúteis.
Eu tinha que chegar em casa e desenterrar aquela lama de vampyro.
Revi o que Bobby Turner me disse.
A gosma preta deixada para trás na altercação com Konstantin no Baile de Inverno era uma
espécie de substância mágica.
Bobby se referiu àquilo como "ectoplasma", mas acho que era seu próprio termo pessoal, em
oposição a um rótulo científico.
O ectoplasma era aparentemente uma manifestação física do controle da mente de Konstantin
— espalhava-se dentro de sua vítima, permitindo-lhe assumir o controle.
Quando a vítima conseguia resistir à dominação do vampyro, eles vomitavam a substância.
A maior parte dele havia se dissipado, virando fumaça, mas algumas das coisas parecidas com
alcatrão foram deixadas para trás.
Nós as reunimos como evidência, armazenando-as no porão da Casa da Matilha com outros
resquícios do encontro.
Bobby disse que poderia ser usado para encantar um objeto. Ele recomendou uma bússola.
Então, o objeto me levaria a Konstantin.
Eu não tinha certeza de como fazer isso, mas estava ansioso para tentar.
Bertrand ligou os motores e o avião rugiu para a vida.
Eu me inclinei no meu assento, tentando não pensar sobre a forte tempestade de neve do outro
lado da janela.
Sienna
Charlotte e eu concordamos em nos encontrar na Casa da Matilha, onde Monica ainda tinha a
sala de estar preparada para as filmagens.
Eu originalmente queria evitar que Charlotte estivesse diretamente envolvida com o show, mas
ela foi surpreendentemente favorável à ideia.
Achei isso estranho no início. Pensei que Charlotte Norwood torceria o nariz para algo tão
"podre" como reality shows.
Mas pelo visto as pessoas ainda poderiam me surpreender, porque ela estava ansiosa para discutir
estratégias.
Eu assisti da janela do saguão quando uma limusine preta entrou na garagem da Casa da Matilha.
Com uma inspiração sibilante, eu me preparei.
Alguns momentos depois, Charlotte entrou no hall com seus olhos fixados nos meus, como os
de um predador.
Ela era uma dominante — mas eu também, lembrei a mim mesma.
"Charlotte, " eu consegui dizer. "Obrigada por ter vindo."
Em um instante, fomos cercados por câmeras, mas Charlotte parecia mais irritada do que
alarmada.
"Eu não cedi meus direitos de imagem", disse ela, acenando para que se afastassem e a tripulação
recuou.
— Você está completamente pálida, Sienna — ela continuou, voltando-se para mim. "Essa blusa
cinza não combina com a sua cor."
Estava demorando.
"Agora, leve-me ao set de filmagem que você mencionou. Vamos falar sobre Companheiras reais.
Mascarando minha surpresa contínua com seu interesse no show, eu a levei à sala de estar.
As câmeras continuaram a manter distância.
Bem, pelo menos por isso é bom tê-la aqui.
"Foi ideia da Michelle", eu disse. "Mas Monica queria que todas estivessem envolvidas."
"Entendo. Francamente, estou surpresa que você concordou. Depois daquele infeliz
acontecimento do Festival da Fertilidade..."
Eu mordi minha língua. Levaria muito tempo para explicar que eu só estava fazendo isso para ter
certeza de que minha amiga estava bem.
E eu não tenho que me justificar para ela.
Eu levantei meu queixo.
Quando entramos na sala de estar, Charlotte parou e observou tudo.
Luzes em suportes.
Cabos colados no chão.
As mesas ainda estavam em "V", por conta da competição do dia anterior.
"O menu foi decidido? " Charlotte perguntou como se já soubesse de tudo.
Eu pisquei para ela. "Ah, decidimos que La Grotta del Lupo fornecerá os refrescos no festival."
Charlotte deu um meio aceno de cabeça. "Não é uma escolha ruim. Ligarei para Marcelino mais
tarde e me certificarei de que as seleções reflitam os pratos tradicionais."
"Isso seria... ótimo, " eu disse sem jeito.
Do lado de fora das janelas da Casa da Matilha, a tempestade de neve continuava.
Fiz uma breve oração para que o voo de Aiden pousasse com segurança.
Eu precisava do meu companheiro agora mais do que nunca. Ele sabia melhor do que ninguém
o quanto sua mãe era difícil de lidar.
Charlotte foi até o confessionário, que Mônica havia inaugurado com cada um dos participantes
falando sobre os desafios que enfrentaram na competição.
Comecei a explicar isso a Charlotte, que ergueu a mão para me impedir.
"Eu sei como esses programas funcionam, Sienna. Não vivo debaixo de uma rocha."
"Desculpe", eu disse, surpresa. "Eu só queria ter certeza de que você não achava que era... eu não
sei. De mau gosto."
Certamente pensei que fosse. Eu acho que talvez uma parte de mim esperava que Charlotte
viesse e acabasse com tudo isso.
Mas ela parecia extasiada com a ideia.
Eu não conseguia entender isso.
"Bem, não é de tão mau gosto quanto você se permitir se envolver com um vampyro, " disse
Charlotte. Seus olhos eram como lascas de sílex.
Meu queixo caiu.
"Como eu disse, Sienna, eu não vivo debaixo de uma rocha. Eu vi várias matérias sobre a
situação, incluindo aquela entrevista horrível. " "Mas... foi... quero dizer... " Com o canto do olho, vi
Monica Birch e seu cameraman filmando nossa conversa.
Charlotte deu uma fungada altiva. "Eu não sei por que você parece tão surpresa. O mundo todo
sabe que ele foi capaz de penetrar no alto escalão da matilha graças a você."
Você foi quem o trouxe para Mahiganote em primeiro lugar! Eu queria gritar.
"Sienna, você tem alguma resposta a essas alegações? " Monica perguntou, vindo até nós com
Curtis e sua câmera atrás dele.
"O que ela pode dizer? " Charlotte perguntou a Monica. "Todo mundo sabe que se não fosse
por Sienna, Konstantin nunca teria procurado nossa Matilha em primeiro lugar."
As palavras eram como dardos envenenados, me atingindo uma após a outra.
O pior é que ela estava absolutamente certa.
Konstantin viera a Mahiganote por minha causa. Pelas habilidades Divinas que ele pensou que
poderia encontrar em meu sangue.
E ele usou as pessoas que eu mais amava para chegar até mim.
Lembre-se de por que você está aqui, Sienna. Isso não é sobre você. E sobre Michelle e ajudá-la a se levantar.
"Não estamos aqui para falar sobre Konstantin", eu disse, lutando para me controlar. "Eu só
quero ter certeza de que o Festival da Chama seja um sucesso."
"Bem, então, " Charlotte disse. "Você fez bem em me ligar."
Jocelyn
Eu vaguei pelo jardim gelado, perdida em pensamentos.
Se Sharon Lowell estivesse certa, eu nunca praticaria a cura novamente.
Cruzando meus braços sobre o peito, tentei segurar a dor que floresceu dentro de mim com o
pensamento.
A prata da minha pulseira estava fria contra meu braço. Tentei extrair forças daquilo, mas apenas
me senti esgotada.
Quem eu seria, se não fosse uma curandeira?
Ninguém. Simplesmente, ninguém.
Virei uma esquina no jardim e parei no meio do caminho.
Uma mulher de pele negra e cabelo encaracolado cuidava de um canteiro de flores quase vazio.
No início, não pude acreditar no que estava vendo.
Não podia ser.
Simplesmente não podia.
Então, ela se virou e nossos olhos se encontraram.
"Nina? " Seu nome deixou meus lábios em um sussurro.
Eu não conseguia respirar.
Ela parecia ainda mais bonita do que eu me lembrava.
Eu estava congelada.
"Jocelyn, " ela disse. Sua voz era baixa e rouca.
Eu engoli em seco ao vê-la.
"Jocelyn, " ela disse novamente. Ela se levantou e deu um passo em minha direção.
Não.
Eu não consigo.
Minha paralisia cedeu. Eu dei meia-volta e corri.
Aiden
O cabelo de Sienna fez cócegas no meu peito enquanto ela beijava seu caminho pelo meu
abdômen.
Estávamos ambos nus, nossos corpos brilhando de suor.
A Bruma nos tomou em suas garras escaldantes; minha pele formigava com eletricidade onde
quer que ela me tocasse.
Meu pau estava duro e dolorido de tanto que ela o apertava.
"Aiden," ela sussurrou, a uma polegada de distância da cabeça inchada.
"Eu preciso de você. " Então ela colocou em sua boca, engolindo profundamente.
Seus olhos verdes perfuraram os meus, levando minha Bruma a alturas cada vez mais
vertiginosas.
Então, sem aviso, ela se afastou.
"Cadê você, Aiden? " ela disse, com lágrimas escorrendo pelo rosto.
"Você me deixou..."
De repente, meu estômago deu uma guinada repentina.
Acordei com um solavanco quando o avião atingiu outra onda de turbulência.
Sob minhas calças, eu estava duro como uma rocha e desconfortável.
Os olhos de Sienna no meu sonho haviam me penetrado, inflamando minha Bruma.
Eu tinha que voltar para casa para ficar com minha companheira.
Enquanto isso, a turbulência estava... digamos... estimulante.
O vento sacudiu o casco, fazendo o avião chacoalhar como a pior montanha-russa do mundo.
Onde estamos? Já deveríamos ter chegado.
Tocando na tela do meu assento, abri o mapa do progresso do avião.
Como assim?
A essa altura, deveríamos estar em West Virginia, a cerca de vinte minutos de casa.
Mas em vez disso, o GPS estava nos mostrando voando sobre Nebraska.
Isso não pode estar certo.
Balançando a cabeça e fazendo uma careta, liguei meu celular e ativei o aplicativo GPS.
Nebraska.
Filho da puta.
O que diabos está acontecendo?
Sem aviso, o avião caiu. Um ruído de trituração veio de meus pés.
Bati no interfone da cabine, mas nada aconteceu.
Sayyid estava acordado e me observando.
"O que está acontecendo? " Eu perguntei.
Sayyid desafivelou o cinto de segurança e se levantou; corri para seguir o exemplo.
Fomos até a cabine e abrimos a porta.
Na cadeira do capitão, Bertrand olhava fixamente para fora da janela do avião.
No assento ao lado dele, o copiloto estava curvado sobre o painel de controle. O sangue escorria
de um corte profundo em sua testa.
Com um gesto mecânico e espasmódico, a cabeça de Bertrand se virou para mim.
Havia um vazio em seus olhos que me causou um arrepio pela minha espinha.
"Você nunca deveria ter vindo atrás de mim", ele disse na voz de Konstantin. "Adeus, Alfa
Norwood."
Ao meu lado, ouvi a respiração aguda de Sayyid.
Olhei pela janela para o campo, que se aproximava rapidamente.
Estávamos caindo.
Capítulo 73 – Trem da Meia-noite para Lawrence
Aiden
O chão sólido corria em nossa direção.
Sayyid arrancou o fone de ouvido da cabeça do piloto e o empurrou do assento.
Ele apontou para o copiloto caído. "Assuma o controle dele! " ele disse.
Eu empurrei o homem grande de sua cadeira e me sentei em seu lugar.
"Você tem licença de piloto? " Eu perguntei a Sayyid.
"Apenas um certificado de piloto esportivo", disse ele. "Não deveria voar acima de dez mil pés."
"Bem, em breve você não vai."
"Porra", Sayyid disse baixinho.
Coloquei o segundo fone de ouvido.
"Mayday, Mayday, " ele disse no fone de ouvido. "Esta é uma aeronave particular Um-zero-um
Echo Charlie Papa. Ambos os pilotos estão inconscientes. Os civis estão pilotando o avião."
Uma voz metálica respondeu. "Perdão... Pode repetir?"
Sayyid se repetiu, e o Controle de Tráfego Aéreo captou a mensagem.
Depois disso, não consegui acompanhar a conversa devido a todo o jargão técnico que eles
usaram.
Mas quando ele apontava para algo e me dizia para apertar um botão ou um interruptor, eu fazia
exatamente o que me foi dito.
O chão estava vindo tão rápido que cerrei meus dentes, meus dedos estavam cravados no
manche.
Sienna, eu te amo. Espero poder vê-la novamente.
E de repente...
BUM!
O avião pousou com força, nos sacudindo como uma montanha-russa.
Sayyid lutou com o manche.
Atravessamos campos nevados, demolindo cercas.
E, finalmente, paramos.
Piscando, eu olhei para ele.
Com um movimento lento, ele se virou e encontrou meus olhos.
"Estamos — estamos vivos? " ele respirou.
Eu joguei minha cabeça para trás e ri.
"Sim! " Eu exclamei. "Graças a você!"
A tempestade derrubou a torre de celular mais próxima.
Vasculhamos os compartimentos de armazenamento do jato até encontrar um mapa dos Estados
Unidos.
A menos que eu estivesse muito enganado, a cidade mais próxima era Lincoln, Nebraska.
Pela maneira como segurava a cabeça, Bertrand não parecia mais estar sob o controle de
Konstantin. E seu copiloto já estava começando a despertar.
Seus ferimentos não pareciam ser fatais e deveriam cicatrizar por conta própria.
Assim que tive certeza de que todos ficariam bem logo, mudei para a forma de lobo, fiz Sayyid
prender um pequeno saco nas minhas costas e corri para a tempestade.
Foi difícil, mas o tempo já estava começando a melhorar.
Quando cheguei à estação de trem em Lincoln, me vesti em um banheiro e tirei meu celular do
saco.

Aiden : Oi, amor


Aiden: tenho uma história pra te contar
ERRO: Sem sinal. Mensagem não enviada
ERRO: Sem sinal. Mensagem não enviada.

Droga.
Tentei fazer uma ligação e, depois do que pareceu um ano e meio, consegui entrar em contato
com os serviços de emergência por tempo suficiente para ordenar uma equipe de resgate para o
avião.
Então corri para um quiosque para comprar uma passagem para o primeiro trem de volta a
Mahiganote.
Estudando meu itinerário, mordi meu lábio.
Tinha que trocar de trem em Lawrence, Kansas.
Jocelyn estava no Retiro do Curandeiro em Lawrence.
Fiquei tentado a parar e verificar como ela estava.
A vontade de chegar em casa, envolver meus braços em volta de Sienna...
Encontrar o ectoplasma do vampyro...
Era forte.
Mas Jocelyn era a curandeira da minha matilha...
... uma das pessoas mais leais que já conheci...
... se feriu quando arriscou tudo para ajudar Michelle...

Aiden: não sei se a mensagem vai chegar, mas vou fazer uma parada em
Lawrence
Aiden: mas vou te segurar em meus braços assim que eu puder
Aiden: eu amo você, Sienna.
Então eu pulei no trem indo para o leste.
Nina
Ver Jocelyn mais cedo naquela manhã foi um choque, eu ainda não havia me recuperado.
Tentei falar com ela, mas ela saiu correndo.
De jeito nenhum eu poderia deixar aquilo ficar assim, no entanto.
Eu tinha que encontrá-la.
Tinha que falar com ela.
Para tentar explicar.
Então, eu estava do lado de fora da porta de seu quarto, parando entre batidas insistentes,
quando ouvi o telefone tocar em seu quarto.
Pressionando meu ouvido na porta, eu escutei.
"Não", eu a ouvi dizer. "Não, prefiro não receber visitantes hoje."
Ela diria a eles que eu estava do lado de fora, tentando fazer com que ela me deixasse entrar?
Os curandeiros aqui não sabiam nada sobre mim.
Eu tinha dado a eles um nome falso com documentos falsos, que eu tive que fazer um grande
favor para conseguir.
Se Jocelyn quisesse, ela poderia estragar tudo isso.
"O que? " ela estava dizendo. "Quem você disse...?"
Mas eu não podia fugir. De novo não. Eu tinha que tentar dizer a ela.
Eu esmaguei minha orelha contra a porta.
Ela disse: "Aqui? Tem certeza?"
Com quem ela estava falando?
Eu escolhi este lugar porque era o mais próximo que eu poderia chegar da fronteira do território
da MCL sem realmente cruzá-la.
O Alfa me mataria — ou talvez seu Beta o fizesse — se eles me encontrassem ainda dentro dos
limites da Matilha.
Mas também não queria ir muito longe.
E agora... ela estava aqui.
A porta se abriu. Jocelyn me agarrou, me puxando para dentro.
Fiquei tão atordoada que nenhuma palavra veio à mente.
O que quase nunca tinha acontecido comigo.
Os olhos de Jocelyn brilhavam de emoção. "Maldição, Nina. Eu juro por Deus. Você escolheu o
pior momento possível. Você só pode estar brincando comigo."
"Joce" falei, finalmente encontrando minha voz. "Joce, por favor, deixe-me explicar."
Mas ela estava me empurrando para o armário.
"Joce, o que você está fazendo?"
"Cale a boca, Nina", ela retrucou.
"Ei, não sei se posso voltar para o armário."
"Só cala a boca e fica aí, e pelo amor de tudo que é sagrado, fica quieta"
O pequeno espaço ficou escuro quando ela fechou a porta.
Um batimento cardíaco depois, houve uma batida na porta do lado de fora.
Prendendo a respiração, ouvi o barulho das dobradiças.
"Oi", disse um homem. "É tão bom ver você acordada, Jocelyn."
Eu conhecia aquela voz. Meu coração começou a martelar.
"Nossa", Jocelyn disse, parecendo nervosa enquanto ria. "Eu realmente não acreditei neles
quando disseram que era você, meu Alfa."
As duas últimas palavras soaram um pouco mais altas, como se ela as estivesse mirando em mim.
Minhas entranhas se transformaram em água.
"Acredita que eu estava na vizinhança? Como você está? " Aiden Norwood perguntou.
Porque, claro, era ele. Eu reconheci a voz agora.
"Eu estou — bem, " Jocelyn disse. "Ainda estou tentando aceitar tudo o que aconteceu, eu
acho."
Aceitar o quê? Ela tinha se machucado de alguma forma?
Sua voz sufocou e eu me esforcei para ouvir o resto da conversa.
Tentei controlar minha ansiedade crescente.
Então, algo que Jocelyn estava dizendo me deixou em pânico.
"Eu sei que é importante, Aiden, claro que é, mas vou ficar bem. Sienna depende de você. Não
se esqueça disso."
"Ela depende de mim para mantê-la segura, e isso significa matar Konstantin", disse Aiden.
Konstantin. Lembrei-me da noite selvagem e terrível do Baile de Inverno.
Ele havia escapado.
Mas eu tinha ficado. Ajudado. O que era incrível, não?
"Aiden, " Jocelyn disse naquela voz uniforme dela. "Você está se esquecendo de uma parte
importante. Sim, defender Sienna de danos físicos é... essencial. Mas isso não é tudo que ela precisa.
Não é tudo que ela precisa.
"Sienna tem enfrentado um trauma severo,"
Jocelyn continuou. "Todos nós temos."
Sua voz estava carregada de significado — eu sabia que ela não estava apenas falando sobre
Sienna.
"Ela deve estar mais vulnerável do que nunca, Aiden", disse Jocelyn. "Ela precisa de você agora
mais do que nunca."
Ela precisa de você agora mais do que nunca.
Jocelyn baixou a voz e ouvi o tilintar de metal.
Eu apurei meus ouvidos para pegar o final de sua frase.
"... diga a ela que ela é forte o suficiente para enfrentar qualquer coisa."
"Jocelyn... " Aiden parecia impressionado. "Tem certeza?"
"Sim, " ouvi sua resposta sussurrada. "Sienna precisa saber que as pessoas que ela ama não a
abandonaram."
A abandonaram.
Fechei meus olhos, pressionando meus dedos na minha boca.
Foi o que eu fiz.
Eu abandonei Jocelyn, quando ela estava se recuperando do ataque de Konstantin.
Quando ela precisava de mim mais do que nunca.
E agora, ela estava tentando me proteger de novo, apesar de tudo.
Ah, Jocelyn.
Você vai me perdoar?
Sienna
Quarta à noite. Apenas alguns dias até o Festival da Chama.
Eu não tinha ideia de quando Aiden estaria em casa. Eu recebi uma série de mensagens estranhas
dizendo algo sobre o Kansas, mas isso tinha sido horas atrás.
Michelle insistiu que jantássemos no Casa da Matilha, diante das câmeras, para discutir como as
coisas estavam indo.
Ela também "sugeriu" que eu convidasse Charlotte.
O que parecia tão divertido quanto jantar com uma cobra, mas eu concordei. Michelle parecia
tão... volátil ultimamente, era mais fácil simplesmente dar o que ela queria.
Mas, claro, nada nunca era tão simples.
"Então, eu estava pensando em praticar o ritual da vela após a sobremesa", sugeri.
Michelle encolheu os ombros. "Claro, é melhor acabar com isso. " "Porque eu estava
pensando..."
"Michelle? " Monica chamou da porta. "Posso falar com você um minuto?"
Michelle pediu licença. Ela e a repórter começaram a falar rapidamente em um sussurro abafado.
Observei enquanto Michelle parecia concordar com o que quer que Monica estivesse dizendo
antes de voltar.
"Então, eu estava dizendo... se mudarmos o ritual da vela para depois..."
"Ai, meu deus! " Michelle interrompeu. "Quem se importa com isso?"
Eu a encarei. "Achei que o objetivo do festival fosse a cerimônia de iluminação", eu disse,
confusa com sua mudança repentina de atitude.
Curtis foi para trás de Michelle, focalizando a lente em meu rosto.
Ela revirou os olhos. "Tem como ser mais chato?"
Cerrei os dentes e tentei não parecer irritada.
"Não entendo", disse à Michelle. "Não escolhemos o Festival da Chama porquê... porque você
queria algum tipo de... evento espalhafatoso? Acender velas não é a parte mais chamativa?"
Michelle tentou rir, mas pude ver a hesitação em seus olhos. Antes que ela tivesse a chance de
responder...
"Ai, sinceramente Sienna, " Charlotte disse, revirando os olhos.
"O quê? " Cravei minhas unhas em meu guardanapo.
"Como se o Festival da Chama fosse apenas feito de velas disse Charlotte.
"Exatamente! " Michelle entrou na conversa.
Sério, qual é o problema dela?
Lembre-se de por que você está fazendo isso.
"Se não é sobre velas, sobre o que é? " Eu perguntei, exasperada.
Charlotte deu um suspiro exagerado e olhou para mim. "O Festival da Chama encerra a Bruma,
Sienna. É uma celebração para abençoar e proteger as novas gestações, pelo amor de Deus."
Eu fiquei boquiaberta.
"Bem, isso é... novidade para mim", eu finalmente consegui dizer.
Senti, mais do que vi, Curtis dar um close em meu rosto.
"Mas honestamente eu não posso imaginar por que você escolheu isso", Charlotte disse. "Tão de
repente, e você também não está grávida, está?"
Eu pisquei.
''Qualquer casal saudável que tentar durante a Bruma é quase garantido que irão engravidar",
acrescentou ela.
A tensão na sala era tão densa quanto a Bruma.
Meu corpo inteiro estremeceu de raiva. E incerteza.
Porque as palavras de Charlotte continham um fundo de verdade.
Por que Aiden e eu não estamos grávidos?
"Você e Aiden estão tentando? " Michelle perguntou.
Eu não conseguia acreditar que ela estava dizendo isso. Na câmera.
"Ou ele não quis tocar em você desde que você deixou aquele vampyro te morder?"
Meu coração se contraiu.
Ouvi Monica Birch falhar em suprimir um grito de alegria.
Charlotte fungou, como se falar sobre a vida sexual do filho fosse uma vergonha.
"Ok, espere um pouco", eu disse, tentando controlar a situação. "Michelle, posso falar com você
um segundo?"
Ela parecia desconfortável. Bom.
"Só se as câmeras vierem também! " Monica gargalhou.
Eu podia sentir a tensão no ar. Todos os olhos e câmeras estavam em mim, esperando minha
reação.
Meu lobo interior estava implorando para ser liberado — para perder o controle de minhas
emoções e dizer a todos nesta sala exatamente o que eu pensava de todos eles.
Mas eu não fiz.
Em vez disso, respirei fundo, lutando para manter minha compostura.
"Michelle, você é minha melhor amiga e eu te amo. Mas você está completamente equivocada. O
vínculo entre Aiden e eu é mais forte do que qualquer coisa que você possa imaginar."
Continuei: "Se me insultar de alguma forma vai fazer você se sentir melhor, vá em frente. Não há
nada que você possa dizer que me faça duvidar de meu companheiro."
Minha voz tremeu um pouco enquanto eu falava, mas mantive a cabeça erguida.
Todo mundo ficou em silêncio. As bochechas de Michelle estavam vermelhas, mas Monica
parecia que tinha acabado de ganhar na loteria.
Charlotte apenas olhou para baixo em dúvida. Nada que eu pudesse dizer iria agradar aquela
mulher.
Mas eu não me importei mais. Senti minha confiança começar a crescer novamente.
"Bem, isso é uma declaração e tanto", disse uma voz atrás.
Todo mundo se virou. De pé na porta da sala de estar estava uma figura alta com olhos verdes
penetrantes.
"Aiden! " Eu chorei. Deixei de me importar com as câmeras quando me joguei em seus braços.
Antes que eu tivesse a chance de explicar o que tinha acontecido, seus lábios roçaram minha
orelha enquanto ele sussurrava...
"Eu quero você... agora."
Capítulo 74 – Um ou Dois Sonhos que Podem se
Tornar Realidade
Sienna
Michelle, Monica e Charlotte — para não mencionar a equipe de filmagem — estavam todos
assistindo da sala de estar enquanto Aiden e eu nos agarramos um ao outro.
Sem olhar para eles, ele me pegou em seus braços e me carregou de volta para seu escritório.
Ele trancou a porta.
"Me desculpe por ter partido por tanto tempo", ele murmurou em meu cabelo.
"Estou feliz que você esteja em casa", eu disse, erguendo meu queixo para beijá-lo
apaixonadamente.
Ele se afastou e olhou para mim com as sobrancelhas levantadas. "Por que é que minha mãe está
aqui?"
"É complicado."
Sua expressão ficou séria. "Sinto muito, Sienna", disse ele novamente. "Me desculpe por não
estar presente quando você precisava de mim."
Suas palavras me acalmaram, levando embora toda a confusão que eu vinha vivendo há dias.
Tudo: o programa de TV, minha distância de Michelle, meus medos tácitos sobre ela seguir o
mesmo caminho que Emily — tudo começou a desaparecer em segundo plano.
E então seus lábios terminaram o que suas palavras começaram.
Ele me levou para o sofá onde me enrolei em seus braços, saboreando o calor dele, a firmeza
suave de seu corpo.
Nós nos beijamos novamente e suas mãos começaram a viajar, alimentando minha fome
crescente por ele.
Subi em seu colo e ele desabotoou minha blusa, enterrando o rosto em meus seios.
Eu me atrapalhei com suas calças.
Suas mãos quentes alisaram minhas costas para cima e para baixo através da seda da minha blusa.
A alegria floresceu em meu coração quando o beijei profundamente e, em seguida, tirei sua
camisa.
Nossa, eu sentia tanta falta dele.
Fazia apenas alguns dias, mas estar com ele agora era tão bom, como se eu estivesse aquele
tempo todo sem um braço e nem mesmo percebesse isso.
Eu sabia que apenas estar com meu companheiro não poderia resolver todos os meus problemas
— só eu poderia fazer isso — mas naquele momento, tudo que eu queria era esquecê-los por um
tempo e me perder em seus braços.
Aiden deslizou meu jeans pela minha bunda e puxou para baixo.
Eu me levantei e tirei o resto das minhas roupas com impaciência.
Quando me dei conta, ele estava nu também.
Por um momento, apenas olhamos um para o outro, absorvendo a visão dos corpos um do
outro.
"Você significa tudo para mim, Sienna", disse ele.
Ele era tão lindo. Eu não tinha palavras para descrever a emoção que me enchia enquanto eu
olhava para ele.
Então ele sorriu e me agarrou.
Minhas mãos acariciaram seus bíceps enquanto ele me levantava e me pressionava contra a
parede.
Eu engatei minhas pernas e ele entrou em mim com uma estocada.
Eu engasguei quando ele mergulhou para dentro e para fora, mais e mais.
Eu finalmente me senti inteira novamente.
Apertando minhas pernas ao redor dele, o cheiro dele — citrino e cedro — me envolvendo, eu
empurrei de volta contra a parede, levando-o mais fundo.
Juntos, chegamos ao clímax, agarrando-nos com mais força, gritando de uma vez.
Nós aproveitamos a sensação enquanto nos espatifamos.
Segura em seus braços, todo o meu corpo se soltou.
Desabando no sofá, entrelaçamos nossos membros, tentando ficar o mais próximo possível.
E assim ficamos por muito tempo.
Aiden
Na manhã seguinte, fui com minha companheira até a imensa sala de jantar da Casa da Matilha.
Antes de sairmos, coloquei o pequeno item que Jocelyn havia me dado, agora cuidadosamente
embrulhado em um lenço grosso, no bolso do meu casaco.
Sienna tinha um ensaio para o programa de Monica Birch, e eu acompanhei para garantir que
mamãe não se transformasse em um monstro.
Pessoalmente, eu não tinha ideia de como Sienna concordou com o programa em primeiro lugar.
Ela nunca fora do tipo que buscava atenção desnecessária.
Mas quando chegamos lá e vi Michelle se envaidecendo diante de um espelho de maquiagem
cravejado de luz, comecei a entender.
"Tem certeza de que não quer que eu simplesmente acabe com todo este circo? " Eu perguntei a
ela baixinho.
"Não vai durar por muito mais tempo. Mas se Michelle fizer mais merda como ontem, vou
reconsiderar."
Eu balancei a cabeça severamente, e então Monica estava correndo com seu cameraman como
sempre.
"Bom dia, Alfa Norwood, Sienna", Monica jorrou. Ela sorriu para nós, mas então seu rosto ficou
sério.
"Tudo certo? " Sienna perguntou. Ela olhou em volta, procurando por alguém. "Onde está
Charlotte?"
"Isso é o que eu precisava te dizer", Monica disse com um rápido olhar para se certificar de que a
câmera estava nela.
"La Grotta caiu! Ela está tentando ver se consegue reservar um dos outros fornecedores."
O cara com a câmera se aproximou de Sienna, provavelmente esperando que ela começasse a
derreter.
Em vez disso, ela sorriu.
"Eu tenho uma ideia."
Momentos depois, ela estava com a avó de Mia ao celular e, em seguida, ligou para a de Winston.
Eu a observei, o orgulho enchendo meu coração.
"Você consegue", eu sussurrei quando ela terminou sua ligação.
Dei um beijo nela, que ela retribuiu.
Com o canto do olho, notei que eles tinham gravado a cena.
Bom. Deixe o mundo ver o quanto eu amo minha companheira.
Mas então eu a puxei de lado, fora da vista de olhos curiosos. Do bolso do meu casaco, tirei o
pequeno embrulho e entreguei a Sienna.
"Jocelyn queria que você ficasse com isso, " eu disse a ela. "Não abra agora, não onde todos
possam ver. Mas eu apenas pensei que você deveria saber que existem muitas pessoas por aí que se
preocupam com você."
Sienna olhou com ternura para o pacote embrulhado e o enfiou na bolsa.
"Aiden, estou bem agora," Sienna disse suavemente. Ela entrelaçou os dedos nos meus. "E o que
você estava fazendo... procurando Konstantin... é muito importante."
"Você também é muito importante", sussurrei. "Muito mais importante. " "Você sempre me faz
sentir assim", ela sorriu.
Então sua expressão ficou séria. "Mas eliminar Konstantin deve ser nossa maior prioridade.
Temos que terminar de uma vez por todas."
Eu dei a ela um aceno de cabeça. "Ok."
Estava na hora de encontrar aquela lama.
Sienna
Depois de passar a noite passada no abraço de Aiden e esta manhã resolvendo a crise do bufê, eu
estava me sentindo mais como antes.
E o peso suave do — presente de Jocelyn? Eu não tinha ideia do que havia no pacote fino — me
deu um impulso adicional.
Mesmo do Kansas, minha amiga queria que eu soubesse que ela estava pensando em mim.
Eu o abriria assim que chegasse em casa, mas primeiro tinha que terminar os preparativos para o
festival.
Eu coloquei a abuela de Mia no comando dos chefs do Winston’s.
Foi perfeito.
Teríamos um toque tão caloroso e pessoal, e a comida seria autêntica e tradicional.
Quando Charlotte chegou, ela agiu como se o incidente incômodo entre nós ontem nunca
tivesse acontecido — o que era diferente dela.
Eu nunca soube que minha sogra tivesse uma única opinião que ela não compartilhasse
imediatamente.
Ela apenas levantou uma sobrancelha quando mencionei minha escolha de bufê, claramente
mordendo a língua.
Felix trotou, segurando um telefone sem fio.
"Sra. Mercer-Norwood", ele disse com um sorriso. "Alguém de Miami quer falar com você. "
"Miami? " Eu ecoei, confusa.
"Sim", disse ele. "Eles têm uma proposta para você, Sra. Mercer-Norwood. Acho que vai se
interessar no que eles têm a dizer."
Com um aceno vago, aceitei o telefone.
"Alô? " Eu disse.
"Sra. Mercer-Norwood?"
"Sim."
Enquanto falava, notei Erica chegando. Ela veio para ajudar no ensaio e chegou na hora certa, já
que Curtis balançou a câmera para ela, dando-me um raro momento de privacidade.
"Quem fala é Scott Tyler, da Westport Interior Design de Miami", disse o homem na linha.
"Do que se trata?"
"Eu trabalho para a prefeitura, em um projeto de restauração do Senador, um hotel histórico no
centro da cidade. Estávamos interessados em falar com você sobre uma comissão."
"Não tenho certeza do que você quer dizer", respondi.
"Ficamos imaginando se você estaria interessado em criar uma nova série, especialmente para
nós."
Meu queixo caiu.
"Ah" foi tudo que consegui dizer.
"Nossa única condição é que precisamos que você venha a Miami imediatamente para se
encontrar conosco, pois precisamos mostrar-lhe o espaço. As coisas estão progredindo muito rápido
aqui, Sra. Mercer-Norwood."
"Imediatamente? " Eu respirei. O festival era amanhã à noite.
"Sim", disse Tyler. "Houve uma mudança de planos e agora estamos atrasados, por isso
precisamos de alguém que possa agir rapidamente. Queremos as pinturas dentro de duas semanas."
"Uau, isso é... pouco tempo", eu disse. "De quantas peças você precisa?"
"Pelo menos uma dúzia. Mas estaríamos dispostos a compensá-la pelo prazo tão curto, garanto-
lhe.
Houve uma pausa.
Minha cabeça estava girando. A excitação lutou contra a hesitação.
"Bem, " eu disse por fim, "deixe-me pensar sobre isso. Você já deixou seu número?"
"Sim", disse Tyler. "Mas, por favor, Sra.
Mercer-Norwood, você vai me ligar de volta no final do dia? Preciso avançar com outro artista
se o projeto não funcionar para você."
"Eu entendo", eu disse, e desliguei.
Fiquei de pé, segurando o telefone em uma das mãos, sentindo-me entorpecida, quando Erica se
aproximou de mim.
Curtis estava filmando Charlotte arrumando uma fileira de velas em um estrado que havia sido
montado na parede leste.
"E aí? " Erica sussurrou.
Contei a ela tudo sobre a ligação.
Seus olhos castanhos se arregalaram. "Isso é incrível!"
Era incrível. Mas também parecia bom demais para ser verdade.
E eu aprendi com a experiência a pensar antes de agir.
Piscando, eu não conseguia pensar no que fazer com o telefone, então continuei segurando-o.
"Ligue de volta para eles" pediu Erica. "Diga a eles, sim!"
Eu balancei minha cabeça. "Como eu posso fazer isso? " Eu perguntei. "O festival é amanhã e
concordei em filmar o programa por mais um mês!
"Sienna, esta é uma grande oportunidade para você!"
Eu não sabia como dizer a ela que estava apavorada com a ideia dessa responsabilidade. Eu não
tinha conseguido pintar nem um boneco de palito desde o ataque de Konstantin.
E eles queriam mais de uma dúzia de peças. E em apenas duas semanas.
Meu coração começou a bater forte enquanto observava Charlotte, que estava mudando a ordem
de algumas velas vermelhas e pretas.
"É que... não sei se consigo fazer isso."
"Sienna, esta é sua primeira grande comissão! Não é hora de duvidar de si mesma."
Mas eu me senti paralisada.
Só a ideia de pintar foi o suficiente para me causar um ataque de pânico.
E Michelle…
Michelle estava mais desestabilizada do que ela imaginava. Essa foi a única explicação que pude
pensar para seu comportamento ontem.
E se eu virasse as costas para ela agora — que tipo de amiga isso me tornaria?
O mesmo tipo de amiga que deixou Emily morrer...
Meu coração se apertou com um frio glacial.
Todo mundo está contando comigo.
Se eu desistisse agora, me faria parecer incrivelmente egoísta — e em rede nacional.
Eu havia sofrido o bastante com isso no ano anterior.
Além disso, minha amiga precisava de mim. Mesmo que ela não soubesse.
Como eu poderia decepcioná-la?
Aiden
Ver Sienna enfrentando Monica e aquele reality show ridículo me lembrava o quão longe ela
tinha ido desde que nos conhecemos.
Ela estava me deixando tão orgulhoso, estava tão confiante em seu lugar como minha
companheira.
Cabia a mim mostrar a ela esse mesmo respeito e carinho em troca.
Ver minha mãe me lembrou que eu não tive exatamente o melhor modelo de companheirismo
enquanto crescia.
Ela e meu pai só demonstravam afeto durante as coletivas de imprensa e, mesmo assim, era tudo
forjado para vender a imagem impecável que insistiam em projetar.
Eu tinha que ser melhor do que isso.
Mas por mais que eu quisesse garantir a felicidade de Sienna, eu não poderia fazer isso a menos
que soubesse que ela estava segura.
No porão da Casa da Matilha, tínhamos uma sala de armazenamento onde temporariamente
alojávamos qualquer coisa relacionada com as investigações do Esquadrão de Caçadores.
Eventualmente, as evidências eram descartadas ou entregues à polícia para serem armazenadas a
longo prazo.
Mas se uma investigação ainda estava aberta, elas eram mantidas nos arquivos da Casa da
Matilha.
É por isso que, quando vasculhei a sala, passando por todas as caixas marcadas com
"Konstantin", bem como algumas que não estavam, fiquei especialmente preocupado.
Olhei para cima e para baixo em busca da lama que havíamos coletado meticulosamente após o
ataque no Baile de Inverno.
Mas ela havia sumido.
Capítulo 75 – Minha Pequena Luz
Aiden
Minhas mãos tremiam enquanto eu mandava uma mensagem para o capitão do Esquadrão de
Caçadores.

Aiden: Você sabe de alguma evidência que esteja fora do arquivo da CM?
Sayyid: não
Aiden: a evidência sumiu
Sayyid: que evidência?
Aiden: a lama
Sayyid: foi armazenada em um balde na prateleira superior, quarta fileira

Encontrei o balde, mas estava vazio.


No andar de cima, minha companheira estava olhando para as câmeras — sem falar na minha
mãe.
E eu estava preso em uma busca implacável.

Aiden: verifiquei novamente, nada


Sayyid: Isso é preocupante. Você já viu a filmagem da câmera de segurança?
Aiden: Acho que é o que vou fazer a seguir.

Ao reproduzir a filmagem no meu laptop, eu não precisei assistir muito para ver um homem
familiar de cabelo loiro espetado entrar na sala de evidências.
Josh.
Mas como ele sabia que a lama era importante?

Aiden: Parece que o Beta Daniels pegou.


Sayyid: Bem, isso é um alívio.
Aiden: Você falou com ele sobre isso?
Sayyid: sim, ontem
Sayyid: Ele pediu uma atualização

Suspirei. Não havia razão para Sayyid se recusar a atualizar o Beta da MCL em uma investigação
em andamento.
Na verdade, era uma prática comum. Josh deveria ter conduzido a investigação em primeiro
lugar.
Ele estava apenas — envolvido demais.
Corri pela Casa da Matilha, mas não encontrei Josh.
Eu rosnei baixo.
Era exatamente por isso que eu estava preocupado em compartilhar informações com ele.
Ele foi atrás de Konstantin.
Sozinho.
Sienna
Monica tinha insistido que todos se preparassem para o Festival da Chama na Casa da Matilha.
"Diga-nos como você se sente sobre esta noite", Monica solicitou enquanto me arrastava para
uma cabine de entrevista antes que minha maquiagem terminasse.
"Nervosa", admiti, tentando não olhar diretamente para a câmera. "Eu realmente quero que tudo
isso aconteça sem problemas."
"Claro. Todos nós fazemos, "Monica disse, seus lábios se curvando em um sorriso.
Erica
Eles montaram cabines para gravar com o toque de um botão. Sentando-me em uma delas, com
um copo de hidromel tradicional na minha mão, dei uma olhada séria para a câmera.
"O que as pessoas não sabem", eu disse, "é o quanto Sienna está se sacrificando por este evento.
Para esta Matilha, sinceramente."
Tomei um gole da minha bebida.
"Foi-lhe oferecida uma comissão. Sienna é uma artista incrível. Eles a queriam para um conjunto
de pinturas em Miami! Teria sido uma grande oportunidade para ela."
"Mas ela recusou porque isso significaria abandonar este festival."
A cortina da cabine se abriu e Mia se sentou ao meu lado.
"Ah, isso mesmo! A comissão", disse ela, olhando para a câmera. "Sienna teria feito um ótimo
trabalho!"
"Você estava ouvindo? Essas cabines de confissão deveriam ser privadas!"
"Ah, relaxa! Onde você parou?"
Eu zombei dela. "Só que ela recusou a comissão porque não queria decepcionar todo mundo."
"Cara, isso é muito errado", disse Mia.
"E é tudo por causa da Michelle", eu finalmente expressei o pensamento mais sombrio que
estava guardando para mim mesma.
Os olhos de Mia se arregalaram. "O que você quer dizer?"
"Sienna se sente responsável pelo que aconteceu com Michelle, e Michelle está tirando proveito
disso tudo", eu disse.
Virei meu copo.
"Ela nem se importa com tudo o que isso está causando em Sienna, contanto que ela continue
sob os holofotes."
Michelle
Encontrei uma cabine vazia alguns minutos antes do início dos rituais e me acomodei.
Antes de apertar o botão "gravar", parei um momento para endireitar minha blusa Versace e
verificar minha maquiagem em um espelho de bolso.
Meus olhos pareciam brilhantes e um pouco febris. Bem, isso era de se esperar.
Não conseguia me lembrar da última vez que havia dormido durante a noite.
Mas não havia tempo para isso agora.
Aquela era a minha hora de brilhar, mesmo que eu tivesse que tirar minhas garras para fazer isso.
Eu ia dar a eles uma pequena entrevista que eu sabia que eles gostariam de usar.
"Isso é tão emocionante. Tudo está prestes a começar. Temos três rituais de velas planejados."
Peguei meu pó compacto e batom.
"Claro, Sienna vai liderar todos eles."
Meu estômago embrulhou desconfortavelmente. Eu ainda não tinha certeza de por que havia
apontado a falta de fertilidade de Sienna na frente de todos.
Eu estava tão... zangada. Como se houvesse uma fúria constante fervendo logo abaixo da minha
pele.
E quando Monica me disse que Sienna provavelmente nem sabia da importância por trás do
Festival da Chama...
Eu não pensei. Eu tinha falado coisas horríveis sobre minha amiga.
E o que é pior... Eu não havia me arrependido totalmente.
Fiz um show ao retocar meu batom, depois olhei diretamente para a câmera.
"É uma pena, realmente. Sienna simplesmente não tem os... gostos sofisticados de sua posição.
Quero dizer, essa ideia de chamar a Mia para fazer o bufê do evento."
Revirei os olhos, fechando o compacto.
"Mas eu acho que é assim que funciona. Estarei lá caso ela estrague tudo. Sempre posso resolver
as coisas se ela precisar de mim."
Piscando para a câmera, eu a desliguei e fui para a sala de jantar, endireitando meus ombros
enquanto ia.
Nunca deixe que eles vejam você vacilar.
Sienna
Eu esperei no estrado elevado ao lado de Blair.
Reunidos diante de nós, estavam mais de quinhentos membros da Manada da Costa Leste, a
maioria segurando longas velas cônicas com escudos de papel protegendo suas mãos.
O Festival da Chama estava prestes a começar.
Meu vestido justo era azul-noturno, com dezenas de pequenos cristais vermelhos e laranjas
costurados no corpete e caindo em cascata até a bainha.
Selene trouxe para mim naquela tarde, e eu não podia acreditar em quão bonita eu estava —
como se fosse feita de luz de vela.
Michelle saiu para se juntar a nós no estrado, e eu vi uma leve carranca cruzar seu rosto quando
ela viu sua posição marcada ao lado do palco.
Mas então ela se virou para posar para a câmera e eu me perguntei se eu tinha imaginado isso.
Não importava, Michelle teria uma pequena surpresa esta noite.
Todos teriam.
Eu chamei a atenção de Selene de onde ela estava no meio da multidão.
"Você está incrível ", ela murmurou baixinho.
Eu sorri para minha irmã. Significou muito para mim que ela estivesse ali, especialmente porque
significava deixar a pequena Vanessa em casa com a mamãe.
Pelo canto do olho, vi Monica e Charlotte, suas cabeças estavam inclinadas e próximas enquanto
falavam baixinho.
O que aquelas duas estavam tramando?
Eu não confiava nem um pouco nelas.
Então Monica recebeu um sinal de seu cameraman. Ela me deu um aceno de cabeça e eu dei um
passo à frente.
"Obrigada a todos por terem vindo", eu disse, dando à multidão um grande sorriso. "Estamos
muito felizes por vocês se juntarem a nós neste renascimento do Festival da Chama."
Todos aplaudiram.
Respirei fundo e comecei a recitar a Bênção da Chama tradicional.
"Chama divina, fértil e brilhante", eu disse de cabeça.
Enquanto eu falava, aqueles com velas formaram uma fila, vindo para a frente para acender seus
pavios em um pequeno braseiro que queimava ali.
Música instrumental formal começou a tocar em alto-falantes ocultos.
Eu olhei para Charlotte, que estava me observando com uma expressão satisfeita no rosto.
Porra, finalmente...
Continuei o versículo: "Dê a cada um de nós um brilho interior para nutrir as sementes à medida
que crescem..."
Ugh. Quem escreveu essa merda? Parece propaganda de culto.
Mas não permiti que a expressão serena sumisse do meu rosto.
Eu estava quase terminando. Faltava apenas um verso excessivamente meloso.
"Embora a Bruma tenha acabado, continuaremos amando."
Virei-me e acendi as duas velas na frente do estrado, uma vermelha e outra preta.
Então, olhei para Michelle.
Ela piscou para mim enquanto eu vinha em sua direção.
Nós não havíamos praticado isso.
Michelle
Sienna me entregou o acendedor de cabo longo. "Você faz o resto", ela sussurrou.
Para a multidão, ela se virou e disse: "Michelle Daniels acenderá nossa linha de velas porque
dedico o festival deste ano a ela e a nossa amizade".
Eu estremeci. Ela estava sendo sincera ou era apenas mais uma jogada para se fazer parecer
melhor do que eu?
Sienna continuou: "É minha esperança que as bênçãos dos ritos tornem nossa própria amizade
mais forte, assim como as bênçãos fortalecem as novas vidas que desejamos trazer ao mundo".
Um murmúrio se espalhou pela multidão.
As mulheres avançaram na fila, acendendo as velas.
Minha cabeça girava de alegria enquanto as câmeras seguiam cada movimento meu.
Acendi a última fileira de velas, deleitando-me com os holofotes.
Naquela noite estava tudo exatamente como eu esperava.
Graças a Sienna. Todo o resto desapareceu e eu não sentia nada além de amor por minha amiga.
Eu encontrei seus olhos enquanto ela estava ao lado de Aiden, sorrindo para mim.
Dando a ela um pequeno aceno de cabeça, acendi a próxima vela.
Foi tudo perfeito.
Sienna
Assim que pude, escapei para fora.
Os rituais terminaram e agora parecia uma recepção de casamento.
As pessoas se misturavam, comendo a comida deliciosa que a avó de Mia havia providenciado,
nos delicados pratos de porcelana que Charlotte escolhera para a ocasião.
Minha sogra ficou satisfeita. Ou pelo menos tão satisfeita quanto ela poderia estar, considerando
que ela tinha um pedaço de gelo no lugar do coração.
Michelle estava nas nuvens.
Então, por que meu peito estava tão apertado?
A coisa toda correu sem problemas.
Tudo tinha funcionado perfeitamente.
Eu não estraguei tudo. Michelle precisava ter os holofotes, um presente com o qual decidi
surpreendê-la naquela manhã.
Até Monica parecia feliz.
Mas eu não conseguia respirar.
Vá encontrar Aiden. Diga a ele como você está se sentindo.
Mas meu companheiro estava tão preocupado. Algo da investigação o estava incomodando,
embora ele não dissesse o quê.
Eu poderia lidar com isso.
Eu só precisava me controlar.
De pé no terraço, inalei o ar frio de janeiro, tentando me acalmar.
Minhas mãos estavam dormentes — mas não de frio.
Tudo que eu queria era correr, me transformar em meu lobo e atravessar a floresta coberta de
neve para um lugar onde não houvesse câmeras, nenhuma expectativa ridícula.
Nenhum sonho de uma vida inteira que eu tivesse rejeitado porque não conseguia encontrar a
centelha, a paixão pela arte que fazia parte de mim desde que eu conseguia me lembrar.
O vereador em Miami pareceu muito desapontado quando eu recusei trabalhar com ele.
Minha respiração ficou presa na minha garganta.
Tanto faz. Não é como se eu estivesse destinada a ser uma artista famosa.
Eu tenho uma ótima vida. Uma vida privilegiada. Eu deveria ser grata.
Mas eu não conseguia colocar ar suficiente em meus pulmões.
Minha visão começou a ficar turva.
Ok. Está tudo bem.
Mas e se eu nunca mais conseguir pintar?
E se Konstantin roubou isso de mim, junto com tantas outras coisas?
Corra.
Pare de se preocupar com o que todos vão pensar e corra.
Fui até o jardim e tirei meu vestido de coquetel.
Tremendo de frio, concentrei-me no meu lobo.
Mas depois de um minuto de tentativa, percebi que algo estava errado.
Nada estava acontecendo.
Eu olhei para as minhas mãos... os mesmos dez dedos de antes.
Meus pés, dentes, olhos... nada diferente.
Eu tentei me transformar mais uma vez, mas não importa o quanto eu tentava, continuava a
mesma.
Que merda está acontecendo?
O pânico explodiu atrás dos meus olhos quando a ficha caiu.
Eu estava presa.
Minha forma de lobo estava enterrada.
Eu não conseguia me transformar.
Capítulo 76 – Eu Vivo Pelos Aplausos
Alfa Etienne Tremblay @CanadaAlfa
Gostei muito do episódio do #MonicaBirchShow’s Festival da Chama. É bom ver as tradições
revividas! Isso nos enriquece. #FestivaldaChama
Liz @Timeywimeydoc
Eu adoro uma viagem no tempo! O #FestivaldaChama me lembrou dos meus avós e do
passado. São tantas emoções!
Michelle
Sentei-me à mesa da minha cozinha na noite após o festival, verificando todas as respostas ao
programa.
Os primeiros episódios já haviam ido ao ar, e eu estava me divertindo muito, procurando reações
nas redes sociais.
Quase todos os latidos sobre isso eram positivos. Vários me mencionaram, especificamente.
Raquel é uma diva @DivaRaquel
MDS @MichelleAwesomeDaniels, você estava tããão linda no #FestivaldaChama — aquele
Versace
Marco Lupo @LupoActor
Adoooro assistir a @MichelleAwesomeDaniels naquele palco. Pisa menos!
#FestivaldaChama
Mas muitos, muitos mais estavam falando sobre Sienna.
Alexa @ AlexaWilder91
Nunca estive tão orgulhosa de fazer parte da MCL do que quando #Sienna acendeu aquelas
velas e recitou a bênção. Quanta postura!
Eye for Fashion Show @EFF
A Sienna estava dando uma aula no #FestivaldaChama e a gente aprendeu direitinho!
Darla Sykes @DarlaSykes
Não estou vendo elogios o suficiente para #Sienna pela forma como ela honrou sua amizade no
#FestivaldaChama! Fiquei realmente comovida. Foi um gesto adorável e com certeza significou
muito para #Michelle.
Eu revirei meus olhos.
Sienna finalmente fez o óbvio, e agora ela estava recebendo elogios por isso?
A garota vivia a vida dos sonhos.
Eu gemi e fechei o laptop.
Qual era o propósito daquilo?
Talvez toda essa ideia de reality show tenha sido um grande erro.
Era para estar me ajudando a me sentir melhor, a me reconectar com o mundo depois de passar
tanto tempo como uma prisioneira em minha própria mente.
Mas me sentia mais perdida e ignorada do que nunca.
Minha melhor amiga estava me ofuscando, não importa o quanto eu lutasse contra.
Eu nem me lembrava da última vez que havia visto meu companheiro por mais de dez minutos.
E eu ainda não conseguia afastar a sensação de que nunca estaria tudo bem.
Que passaria o resto da minha vida como uma casa mal-assombrada.
Sienna
Esperei quase um dia antes de desabar e tentar encontrar uma curandeira.
Eu não disse a Aiden sobre minha incapacidade de me transformar. Eu não queria preocupá-lo
até que soubesse que havia algo com que me preocupar.
Além disso, saber que Josh havia retirado a lama da sala de evidências e estava ausente o deixou
progressivamente mais nervoso.
Eu contaria tudo a ele assim que soubesse o que havia de errado comigo — se é que havia algo.
Então fui em busca de uma curandeira.
Mas com Jocelyn ainda em Lawrence — e Aiden tinha me contado aquela notícia devastadora
sobre a perda de suas habilidades de cura — eu tinha que encontrar seu assistente.
Em uma noite de sábado, poderia ser complicado, mas tive sorte e encontrei Hanh inclinado
sobre um microscópio na ala médica.
"O que posso fazer por você, Sienna? " Hanh perguntou.
"Eu estava pensando... desculpe incomodá-lo... mas tenho um problema de saúde", gaguejei.
"Entendo", o curandeiro respondeu calmamente. Ele tinha uma presença reconfortante e eu
respirei fundo.
Mesmo assim, as palavras não saíram. Baixei os olhos para o colo, passando a ponta do dedo
pelas saliências da saia lápis de veludo cotelê.
"Eu... eu acho que estou com um problema" eu disse por fim.
Hanh olhou para mim com seus olhos escuros gentis.
Encorajada, eu disse: "Eu — eu não consigo me transformar".
Ele deu um breve aceno de cabeça. "Bem. Você notou mais alguma coisa errada? Alguma dor no
corpo? Febre? Visão embaçada?"
Hm... algumas semanas atrás, acho que fui dominada psiquicamente por um vampyro?
Mas Hanh não precisava saber disso.
Mais uma vez, ansiava pela presença reconfortante de Jocelyn.
Eu balancei minha cabeça, mas então curvei meus dedos em punhos no meu colo.
"Na verdade, tenho tido... ansiedade", disse eu.
"Não é surpreendente, realmente, dados os eventos recentes."
Dei de ombros, me preparando para a outra coisa que precisava discutir.
Desejei que Jocelyn estivesse aqui. Ela me confortou antes, durante uma situação semelhante.
"Além disso", eu continuei. "Receio que algo esteja errado... com minha fertilidade."
As sobrancelhas de Hanh se franziram. "O que te faz dizer isso?"
"Bem, Aiden e eu... nós estivemos... juntos nesta última Bruma. E eu não estou grávida."
"Mas vocês dois estão tentando ativamente?"
"Não, mas também não estamos prevenindo ativamente."
Hanh sorriu. "Bem, vamos dar uma olhada?"
Aiden
"Josh! " Eu lati.
Seu corpo inteiro estremeceu. Ele se virou e encontrou meus olhos. Daquela distância, eu não
tinha certeza, mas a maneira como ele curvou um ombro por apenas um segundo — aquilo era
culpa, eu poderia apostar que era.
Hm, eu me pergunto por quê?
Dois dias se passaram desde que eu percebi que Josh tinha pegado a lama que Konstantin deixou
para trás, mas ele não atendia ligações ou mensagens de texto.
Eu tive que recorrer ao uso do rastreador no celular de Josh, finalmente alcançando-o em um
hotel perto de Winston-Salem.
Eu estava exausto e uma dor de cabeça estava se formando na parte de trás do meu crânio.
Na noite anterior, Sienna acordou suando frio e correu para o banheiro para vomitar.
Eu tentei ajudá-la, mas ela apenas me disse para voltar para a cama.
Minha companheira estava sofrendo, e a única maneira de consertar aquilo era encontrar aquele
maldito vampyro.
Josh estava saindo com seu Bronco assim que eu cheguei, mas eu corri até que ele me visse,
gritando.
Eu marchei até ele com os punhos fechados.
Ele não parecia muito melhor do que quando Michelle ainda estava em coma.
E quando me aproximei, pude sentir o cheiro do álcool.
A preocupação guerreou com a frustração dentro de mim.
Josh claramente não estava bem. Essa coisa toda realmente o perturbou.
Mas ele também estava me sabotando com suas ações.
E ao fazer isso, ele estava colocando toda a matilha em risco.
Ele precisava se lembrar de seu lugar.
Josh
Eu olhei com raiva quando Aiden se aproximou da minha caminhonete.
Como ele me encontrou?
Então me lembrei do rastreador no meu celular.
Fui marcado como um pré-adolescente.
A raiva estava fervendo em minhas veias, mas me forcei a falar com calma.
"Oi, Aiden. O que você está fazendo aqui? " Eu perguntei, endireitando-me no banco.
"Procurando por você", disse ele brevemente. "Por que você não atendeu minhas ligações?"
Eu fiz uma careta, esfregando minha nuca. "Me desculpe, cara. Só não queria falar com ninguém
até ter algo sobre o que conversar. Algum tipo de resultado ou pista — qualquer coisa."
Aiden cruzou os braços.
Jesus Cristo, quem ele pensava que era, meu pai?
Na verdade, meu pai provavelmente teria aprovado minha atitude.
"Sei que você está caçando Konstantin por conta própria" disse Aiden friamente. "Qual é a
ideia? Por que deixar o Esquadrão de Caçadores de fora disso?"
"Eu não estava tentando deixar ninguém de fora", protestei. "Só queria ver se encontrava alguma
coisa. Você foi quem me deixou de fora da viagem a Chicago!"
"Você está muito envolvido nisso, Josh", disse Aiden. "Está afetando seu julgamento."
Minhas garras deslizaram um centímetro.
Ele está preocupado com o MEU julgamento? Depois de deixar um vampyro entrar em nossa matilha?
"Eu entro em uma briga de bar..."
"E você acaba com nossa única pista! " Aiden gritou. "Você pegou a lama, Josh! Eu estava indo
encontrá-la, para tentar usá-la para localizar Konstantin, e você já a havia removido do
armazenamento. Sem registrar, também!"
Eu esperava que ele não pudesse ver o sangue correndo pelo meu rosto.
"Maldição Sayyid. Você não consegue guardar um segredo por dois malditos segundos? "
Ok, fique calmo.
Eu dei a ele um olhar perplexo. "Por que você se importaria com isso?"
"O que você quer dizer? Sayyid me disse que atualizou você. A lama é nossa única esperança de
encontrar Konstantin."
Exatamente por isso não havia contado a Aiden sobre a lama, mesmo eu não entendo direito.
Tudo que eu sabia era que meu instinto estava me dizendo para não confiar nele.
Que Michelle quase morreu na última vez que confiei em Aiden Norwood.
Não consigo ficar calmo. Tente se esquivar.
Eu balancei minha cabeça. "Não foi isso que Sayyid disse! Aquele Bobby Turner afirmou que
poderia ser usado como um... dispositivo de rastreamento. Mas não pode!"
Aiden franziu a testa e eu aproveitei seu momento de dúvida.
Corri a mão timidamente pelo meu cabelo sujo. "Sayyid nunca disse que você queria tentar
utilizá-la; ele não me pareceu muito convencido sobre isso. Então resolvi tentar alguma coisa
enquanto você fazia todo o resto das coisas com as câmeras de trânsito."
Aiden fez uma careta. "Bobby Turner desistiu de procurar Konstantin porque não conseguiu
encontrá-lo — mas ele nos disse que tínhamos uma grande chance com a lama. Claro que quero
tentar utilizá-la."
Não dê a ele.
Eu sou o Beta. A segurança é minha responsabilidade.
Eu me balancei desconfortavelmente em meus pés.
"O que você quer dizer com não pode ser usado como um dispositivo de rastreamento? " Aiden
disse depois de um momento.
Esfreguei minhas têmporas, tentando parecer frustrado.
Felizmente, não foi difícil. "Eu tentei, Aiden. Coloquei em uma garrafa de vidro e tentei ver de
que maneira... gotejava. Mas eu fui até o inferno e voltei, e ainda não encontrei nenhum sinal dele."
Aiden abafou um gemido. "Turner disse que você tinha que colocá-lo em algo mecânico, como
uma bússola. É uma substância mágica e funcionará em algo assim."
"Ah", eu disse, irritado por ele saber tanto quanto eu sobre a lama misteriosa.
Ainda assim, eu não tinha intenção de entregá-lo a Aiden.
"Ok, bem, eu quero de volta", disse ele.
"Eu não parei de tentar, no entanto", eu insisti.
Por que ele não pode simplesmente confiar em mim pelo menos uma vez!?
O rosto de Aiden assumiu uma expressão teimosa que eu conhecia bem. "Josh, estou liderando
esta investigação. Passe para cá."
Eu podia ver que não venceria facilmente.
Eu rosnei baixo em minha garganta, me preparando para uma luta.
Monica
Eu assisti com uma das minhas câmeras escondidas instaladas secretamente enquanto Sienna
caminhava para a ala médica e silenciosamente entrava.
Ela estava torcendo as mãos nervosamente.
Um sorriso se espalhou pelo meu rosto.
Então, algo está errado com a companheira de nosso precioso Alfa.
Recostei-me na cadeira do escritório, olhando para a tela do meu computador.
Como eu poderia usar isso a meu favor?
Sempre havia uma maneira de usar algo a meu favor.
Mas por que ela estava lá?
Se fosse algo interessante o suficiente, poderia ser exatamente o que eu estava procurando.
Especialmente porque o Festival da Chama havia acabado.
Eu precisava de um novo ângulo.
O que significava que precisava de novas informações.
Com a curandeira da Matilha desaparecida — e pelo que eu ouvi, tendo perdido seus poderes —
Sienna teria que falar com o outro — o asiático quieto de óculos.
Eu estalei meus dedos quando uma ideia veio a mim.
Seria complicado, mas todas as peças já estavam no lugar.
E se eu pudesse fazer isso, seria a matéria do século.
Sienna
Hanh me fez deitar na cama do meu quarto de hotel enquanto colocava as mãos em mim.
Seu toque era firme e confiante, aquela energia de cura quente emanando enquanto ele me
examinava.
Ele me pediu para deitar-me com as costas para cima primeiro. Ele pressionou meus ombros,
minha nuca, minha parte inferior das costas, minhas coxas.
Então Hanh me fez rolar e fez o mesmo exame que Jocelyn fizera quando pensei que estava
grávida.
Finalmente, Hanh encontrou meus olhos com firmeza, depois apertou as mãos.
Se você tivesse me perguntado há um mês se eu queria filhos, não teria sido capaz de dar uma
resposta direta.
Eu ainda não tinha certeza se estava pronta para me tornar mãe em breve, mas enquanto
observava o rosto de Hanh, eu tinha certeza de uma coisa.
Se descobrisse que eu era realmente infértil, seria um golpe devastador diferente de tudo pelo
que já passei.
Eu esperei, sem fôlego de antecipação.
Hanh pigarreou, parecendo nervoso.
"Sienna. Tenho boas notícias e más notícias... Quais você quer ouvir primeiro?"
Capítulo 77 - Quando seu Veneno te Contamina
Sienna
Domingo de manhã. Eu estava atrasada para encontrar Michelle, Charlotte e Monica.
Era tradicional na semana após o Festival das Chamas que o companheiro do Alfa visitasse as
pessoas, abençoando suas velas e distribuindo doações.
Monica queria transmitir ao vivo.
Eu sabia como tudo isso era importante para Michelle, mas gostaria que ela pudesse fazer isso
sem mim.
E eu tive a sensação de que ela preferia fazer isso sem mim de qualquer maneira.
Depois da minha sessão com Hanh na noite anterior, foi difícil me controlar.
Eles esperaram por mim na Casa da Matilha, a ponta do sapato de Michelle batia na calçada de
tijolos do lado de fora.
Eu estava usando uma roupa feita pela Selene: uma jaqueta de cashmere azul-cobalto sobre
calças de seda preta.
Por fora, parecia elegante e equilibrada.
Por dentro, eu mal estava me segurando.
O que eu queria era estar enrolada no meu sofá em casa com um café, assistindo Loboflix.
Ou deitada na cama ao lado de Aiden, com suas mãos gentis acariciando minha pele.
Apenas acabe com isso, Sienna. Tudo isso acabará em algumas semanas, e a vida voltará ao normal.
Seja lá o que normal significasse àquela altura.
Tentei deixar minhas preocupações no fundo da minha mente.
Hora de ser a graciosa companheira do Alfa que todos esperam que eu seja.
Josh
Aiden passou a noite no motel, insistindo em examinar a lama.
Eu mal dormi. Estava tão cansado de dormir sozinho em camas estranhas.
Fazia muito tempo desde que eu tinha visto Michelle, desde que senti os lábios da minha
companheira contra os meus. Mandávamos mensagens de texto constantemente, mas não era a
mesma coisa.
Eu sabia que ela estava chateada por eu tê-la deixado enquanto ela estava fazendo o reality show,
e eu estava tentando me sentir culpado por isso.
Mas não entendia por que ninguém parecia levar essa investigação de Konstantin tão a sério
quanto eu.
Naquela noite, sonhei com meu pai.
Certa vez, quando estávamos em uma longa viagem, perguntei se poderia ir ao banheiro.
Meu pai — com uma garrafa de Bourbon firmemente presa entre suas coxas — me disse para
esperar.
Quando comecei a chorar, ele me chamou de bebê. Quando eu não parei, ele pisou no freio, me
arrastou para a rodovia e me deixou lá.
Ele finalmente voltou para me buscar uma hora depois.
Eu tinha quatro anos na época.
Mas em meu sonho, tudo que me lembrava eram as lanternas traseiras vermelhas desaparecendo
na distância e um profundo sentimento de abandono.
Quando meu alarme finalmente tocou, a primeira coisa que fiz foi dar um gole no frasco na
minha mesa de cabeceira.
Tomamos café da manhã em um café drive-thru. Eu dirigi e Aiden segurou a garrafa com a lama
preta em seu colo, observando-a escorrer.
Depois de dirigir pela cidade por horas, ele encolheu os ombros.
"Você está certo, não funciona assim", disse ele.
"Eu te disse."
"Leve-me de volta para o meu carro."
Suprimindo um suspiro irritado, obedeci.
Saímos no estacionamento do motel e Aiden ergueu a garrafa. "Vou levar para casa, Josh. Vou
tentar colocá-la em uma bússola e ver se é mais eficaz."
Eu levantei minhas mãos. "Tudo bem, Aiden. Faça o que quiser, você é o Alfa."
Ele ergueu uma sobrancelha com o meu tom, mas eu não estava arrependido. Ele estava me
excluindo desta investigação desde o início.
Aiden me deu um sorriso de lábios apertados e depois se dirigiu para seu Beamer.
Eu o observei ir embora.
Em seguida, fui para o meu quarto de motel.
Com mais uma rápida olhada no estacionamento apenas para ter certeza de que ele tinha ido
embora, fui até a cômoda.
Dentro, havia uma garrafa de gosma preta.
A verdadeira lama.
Obrigado por me avisar o que eu estava fazendo de errado, falei para Aiden em pensamento.
Precisava entrar em algo mecânico. Algo que pudesse encantar.
Uma bússola parecia a escolha mais lógica, mas eu não tinha uma bússola.
A coisa mais próxima disso foi o relógio chique que Michelle me deu.
Com cuidado, tirei o relógio e o coloquei na cômoda.
Tirando a tampa da lama, eu derramei lentamente no mostrador do relógio, esperando não estar
apenas desperdiçando o material.
Mas não aconteceu nada, além de deixar o relógio cheirando a vampyro.
Se eu acabasse tendo que levar o Rolex para uma limpeza ...
Prendi minha respiração.
A substância parecida com alcatrão escorregou como óleo fino para o visor do relógio, como se
fosse senciente.
Fiquei olhando intensamente enquanto ela preenchia o relógio e então recuei para que os
pequenos mostradores ainda estivessem visíveis.
E então, todos eles começaram a se virar.
Eu encarei o relógio.
Tinha funcionado.
Eu girei com o relógio, andando em círculo, e os ponteiros começaram a girar.
Eu circulei até que eu estava de frente para a janela.
As flechas pararam de se mover e permaneceram fixas.
Eles apontaram para onde o sol estava apenas começando sua descida no horizonte.
Oeste.
Konstantin estava em algum lugar a oeste.
Agora que eu sabia, iria encontrá-lo.
E iria matá-lo.
Nina
Encontrei Jocelyn escondida em um jardim lateral, embrulhada em um casaco pesado.
"Jocelyn, por favor."
Como antes, ela se virou.
Eu sabia desde o dia em que ela me escondeu em seu armário que ela ainda me amava.
Mas ela se recusou a atender sua porta sempre que eu ia falar com ela.
Ontem à noite foi a primeira vez que ela veio ao refeitório para uma refeição, e eu consegui não
estar no turno. Eu estava furiosa comigo mesma.
As pessoas na cozinha fofocavam sobre os pacientes no retiro, então eu ouvi sobre isso.
Todo mundo estava dizendo que ela não estava comendo. Que ela havia perdido a vontade de
viver junto com suas habilidades de cura.
Eu tinha que dizer alguma coisa. Para compartilhar sua dor. Mesmo que ela não quisesse nada
comigo. Eu precisava de uma chance para explicar.
Então, eu a rastreei naquela tarde. E eu estava determinada a fazê-la me ouvir.
"Jocelyn, eu não queria que isso acontecesse", eu disse a ela enquanto ela me encarava.
Mesmo muito magra, muito pálida — ela era linda.
Eu persistia: "Eu — eu queria estar perto de você — o mais próximo que eu pudesse, sem estar
em território da MCL, então escolhi este lugar... consegui um emprego. Mas nunca pensei que você
acabaria aqui também..."
Jocelyn fez um barulho de escárnio e se virou de costas para mim.
"Jocelyn, você tem que começar a comer. As pessoas estão dizendo que você não está mais
curando como deveria."
A jaqueta jeans que eu estava usando era inútil no frio do Kansas.
"Me desculpe, Jocelyn. Eu não consigo entender o que você está passando, mas eu só... Eu quero
te ajudar", eu disse, estendendo a mão para tocar seu ombro.
Ela o puxou para longe.
Continuei: "Por favor, acredite em mim. Eu nunca quis te machucar. Eu sou um lixo, eu sei
disso. Você não merece nenhuma dor que eu causei a você."
"Você desapareceu! " ela disse finalmente.
Meu coração deu um pulo.
"Eu sei", eu disse suavemente. "Quando vi que a batalha estava quase acabando... e você ia ficar
bem..."
"Você saiu ", Jocelyn terminou por mim.
"Eu estava com medo do que o Alfa faria comigo."
Jocelyn se virou para olhar para mim. "Você ajudou contra Konstantin. Ele teria te perdoado."
"Ele acha que eu tentei matar sua companheira, Jocelyn, ele não vai simplesmente ignorar isso."
Jocelyn balançou a cabeça, virando-se novamente. "Você nem disse adeus."
Eu respirei fundo.
"Nem deixou um bilhete", Jocelyn continuou, aborrecida. "Nem um e-mail."
Eu balancei minha cabeça. "Eu não poderia. Ele teria me rastreado."
"Com um bilhete?" Jocelyn zombou.
"Não tive tempo para escrever um bilhete! " Eu disse, implorando. "Tive de fugir, Joce. Eu sinto
muito!"
Jocelyn me lançou outro olhar.
A dor em seus olhos quebrou meu coração.
"O problema é, Nina, você mentiu para mim desde o início."
Assentindo, eu lancei meus olhos para baixo. "Eu sei."
"Você brincou comigo. " Meu rosto disparou e eu balancei minha cabeça vigorosamente. "Jocelyn,
não! Eu nunca fingi nenhum sentimento — tudo aquilo foi de verdade."
A boca de Jocelyn se torceu com amargura. "Como posso acreditar em qualquer coisa que você
diz, Nina? Você mentiu. Várias vezes."
Eu me abracei. Seu olhar estava mais frio do que o ar gelado.
"E agora você está aqui e quer que eu acredite que é algum tipo de coincidência?"
"Eu... não sei... ", eu travei.
No fundo do meu coração, a verdade era que não achei que fosse uma coincidência.
Por trás do velho cinismo que ainda vivia dentro de mim, mesmo depois de todas as coisas que
aconteceram, uma nova crença foi crescendo.
Não foi por acaso que vim a este lugar, de todas as localizações possíveis que eu poderia ter
escolhido ao longo da fronteira da MCL.
Talvez tenha sido obra de alguma divindade.
Talvez tenha sido o destino.
Mas eu deveria estar aqui quando Jocelyn chegasse.
Eu a machuquei muito.
E agora ela não estava comendo. Não estava curando.
Eu não achava que merecia estar com ela — eu a machuquei.
Mas talvez eu estivesse aqui para ajudá-la.
Para ter certeza de que ela se recuperou.
"Jocelyn, você tem todo o direito de estar com raiva. De me odiar", eu disse.
Ela estremeceu e desviou o olhar.
"Mas estou aqui agora", eu disse.
Seus ombros ficaram tensos.
"Vou garantir que você melhore", eu disse.
Houve uma longa pausa e então ela começou a se afastar.
Mas ela parou e olhou para trás uma vez.
"Você não pode me ajudar, Nina. Você é tóxica."
Sienna
Passamos o dia todo indo de casa em casa, com Monica fazendo streaming ao vivo em trechos.
Michelle olhava o Latter toda vez que íamos para o próximo lugar. Às vezes, ela parecia
satisfeita, lendo um latido enquanto a limusine nos levava para o próximo local.
"'Michelle Daniels está deslumbrante como de costume em seu casaco de espinha de peixe Yves
St. Laurent'", ela leu. "Esse é do 'Olho para a Moda'".
Mais tarde: "'Tão impressionado com a renovação desta tradição de doações. Um passarinho me
contou que toda a ideia do Festival da Chama veio de Michelle Daniels. Esse é do Etienne
Tremblay. Ele é o Alfa da Matilha do Canadá."
Ela parecia tão emocionada que melhorou um pouco meu humor.
Eu nunca teria imaginado que nosso Festival da Chama e esta turnê de bênçãos de velas, entre
todas as coisas, seria tão popular, mas as pessoas estavam adorando.
Eles não pareciam se cansar.
Mas depois da sétima visita, eu estava farta de sorrir para a câmera e conversar com estranhos.
Quando meu celular tocou, eu cambaleei para pegá-lo com gratidão.

Aiden: oi amor, voltei de Winston-Salem


Sienna: (emoji de carinha com olhos de coração)
Aiden: quer me encontrar para jantar no Dogstar?
Aiden: tô morrendo de vontade de comer um hambúrguer
Sienna: sim, podemos nos encontrar agora?
Sienna: jantar mais cedo?
Aiden: claro
Aiden: está tudo bem?
Sienna: mais ou menos
Aiden: que foi?
Sienna: Não quero falar sobre isso por mensagem de texto
Aiden: agora estou preocupado
Sienna: Conto quando te ver
Aiden: Sienna, eu vou ficar maluco
Aiden: Me dê uma ideia.
Sienna: Hanh me examinou. Eu tenho notícias.
Capítulo 78 – Museu Jalwitz
Aiden
Eu estava parado na frente do Dogstar quando a limusine parou e Sienna saiu.
Ela acenou para os outros clientes e se endireitou, de frente para mim. Felizmente, não havia
uma câmera ou jornalista à vista.
Eu agarrei suas mãos no segundo que a limusine saiu de vista. "Diga-me o que está errado agora,
Sienna. Não me faça esperar mais um segundo. " Ela balançou a cabeça. "Me desculpe, eu te
preocupei. Não é grande coisa. Bem, quero dizer. É meio que..."
"Sienna? " Eu estava ficando realmente preocupado agora.
"Podemos entrar? Está frio."
Segurei sua mão quando entramos na lanchonete. Seus dedos estavam como gelo.
Eu os esfreguei entre minhas mãos, me culpando por abandoná-la novamente.
E por nada. A lama estúpida acabou sendo um beco sem saída.
O anfitrião nos levou a uma cabine e eu deslizei ao lado de Sienna.
Ela olhou para mim e depois desviou o olhar.
Com um esforço de vontade, não a pressionei. Apenas esperei.
Ela deslizou seus dedos nos meus, observando nossas mãos se entrelaçarem enquanto ela o fazia.
"Então eu tive um... problema.. outro dia. No Festival."
Eu mantive minha boca fechada, ouvindo.
"Eu saí para tomar um pouco de ar. Eu precisava de uma pausa. " Sienna manteve os olhos na
mesa.
"E pensei que talvez uma corrida ajudasse, mas quando tentei me transformar... não consegui."
Eu pisquei. "Não conseguiu?"
Ela acenou com a cabeça e encontrou meus olhos. "Mas Hanh disse que está tudo bem. É
apenas temporário — por causa do estresse e tudo. Do ataque. É como... um pequeno estresse pós-
traumático."
Meu coração apertou. Aquele vampyro desgraçado vai pagar por isso.
Eu rasgaria aquele desgraçado membro por membro pelo que ele fez à minha companheira.
Sienna respirou fundo. "Mas não foi só isso que ele descobriu."
A raiva estava crescendo em minhas veias, mas com suas palavras, fiz uma pausa.
"Sua mãe comentou sobre como as pessoas engravidam durante a Bruma. E então Michelle meio
que continuou, e comecei a ficar nervosa, porque quero dizer... estamos sexualmente ativos..."
Ela ainda não estava encontrando meus olhos.
"E você pediu a Hanh para ver por que você não está grávida? " Imaginei.
Com um aceno lento, ela disse: "Sim."
"E o que ele descobriu?"
"Isso é o que é mais preocupante", disse Sienna.
"O quê?"
Sienna engoliu em seco e ergueu seus lindos olhos azuis claros para encontrar os meus. "Há uma
chance de eu ser infértil."
Josh
Tomando goles de meu cantil de uísque, dirigi para o oeste, através da floresta Cherokee até
Knoxville.
Os ponteiros do meu Rolex me levaram ao Museu de História de Jalwitz.
Passei por ele primeiro, mas os ponteiros me fizeram voltar.
Quando cheguei no estacionamento, eles começaram a girar em todas as direções, não
apontando mais para nenhum lugar específico.
Eu havia chegado.
Konstantin estava ali.
Michelle, eu o encontrei.
Aiden pensou que eu não conseguiria, mas eu consegui.
E agora vou matá-lo.
Para você, meu amor.
A adrenalina me encheu.
Minhas garras ameaçaram explodir de meus dedos.
Minhas presas empurraram contra meus lábios.
O desejo de me transformar me dominou. Para entrar no museu e destruir tudo em meu
caminho.
Quando deixei o Bronco no estacionamento e me aproximei do museu, minha testa franziu de
preocupação.
Eu esperava que as janelas estivessem escuras — era tarde da noite de domingo, afinal.
Mas, o que eu não esperava ver era uma fita de cena de crime.
Ela cercava o prédio e cruzava a porta da frente.
O Konstantin está se escondendo em um museu que é uma cena de crime?
Mesmo com o uísque enevoando meu cérebro, isso não parecia certo para mim.
Eu considerei ligar para Aiden.
A situação era muito estranha. Algo estava errado.
O relógio me trouxe aqui.
Devia significar que Konstantin estava lá dentro.
Talvez ele já tivesse machucado alguém.
Talvez quando os policiais responderam a uma chamada de emergência, Konstantin se escondeu
em algum lugar do museu.
Enquanto eu pensava no que fazer, lembrei-me da dor e do sofrimento de ver Michelle no
hospital — lutando por sua vida.
Eu quase a perdi.
Essa coisa quase a tirou de mim.
Minha raiva começou a disparar.
Já chega. Eu vou lá.
Eu iria descobrir onde aquele bastardo estava se escondendo.
Eu me certificaria de que ele nunca machucasse ninguém novamente.
Sienna
Não conversamos muito quando a comida chegou.
Nenhum de nós sabia exatamente o que dizer.
Aiden recostou-se na cabine. Ele cruzou as mãos sobre a mesa.
"Sienna, não importa o que Hanh disse, você sabe que eu te amo — eu sou o homem mais
sortudo do mundo por estar acasalado com você."
Mas ele não entendeu.
"Eu sou a mulher mais sortuda do mundo por estar acasalada com você, mas se eu sou infértil, isso
é um problema grave", eu disse, com lágrimas na garganta.
Aiden balançou a cabeça, enxugando a boca.
"Tudo isso, o show, o festival... parte de mim estava tentando mostrar que tinha virado uma
nova página. Que eu era madura o suficiente para ser a companheira do Alfa."
Aiden encontrou meus olhos e ergueu as sobrancelhas interrogativamente.
"A imprensa. As tradições. Tenho sido resistente."
"Então é por isso que você entrou nessa onda insana? É por isso que você ligou para minha
mãe?"
"Isso foi parcialmente ideia da Monica, " eu admiti. "E não foi só por causa disso. Eu também
estava tentando cuidar de Michelle. Mas acho que foi um erro. Ela não me quer lá."
Aiden suspirou. — "Sienna, foda-se esse programa idiota. E quanto ao que Hanh disse, eu não
acredito nem por um segundo."
"Mas e se for verdade? E se eu não puder ter filhos? Não puder fornecer herdeiros para a
Matilha. Você pode imaginar o que as pessoas vão dizer?"
"Desde quando você se importa com o que as pessoas dizem? " Aiden perguntou com um olhar
sério.
"Desde que eles começaram a observar cada movimento que eu faço!"
Pensando bem, eu sabia que costumava ser mais confiante em contrariar o sistema. Eu mantive
minha virgindade por anos — através de todas as Brumas — apesar das expectativas de todos.
Mas também escondi a verdade disso.
"O mundo inteiro está me observando", confessei. "E agora vou decepcionar todo mundo. Vou
falhar na única coisa que a companheira do Alfa precisa fazer acima de tudo! Procriar os herdeiros
do Alfa."
"Tudo bem, relaxa, Ana Bolena. Vamos com calma", disse Aiden, jogando algumas notas sobre a
mesa. "Vamos sair daqui. Dar uma volta."
Abandonamos nossos hambúrgueres comidos pela metade e saímos do restaurante.
Aiden pegou minha mão e me levou para os caminhos sinuosos e arborizados do Mahiganote
City Park.
— Sienna, não sabemos se Hanh está certo, não é? Afinal, ele é apenas o assistente de Jocelyn.
Suas habilidades não são nem de longe tão poderosas quanto as de Jocelyn são."
Como as de Jocelyn eram, eu percebi.
Meu coração se apertou de dor pela minha amiga. Eu não conseguia imaginar o que ela estava
passando.
Mas Aiden tinha razão. Hanh era um curandeiro dedicado, mas não era tão talentoso quanto
Jocelyn.
"Não", eu admiti enquanto observava a cena congelada. A neve caía no chão em manchas de
gelo.
"E se no fim das contas nós formos inférteis..."
Seu uso de "nós" tocou meu coração.
"Vamos enfrentar isso. Juntos."
Mas embora ele só estivesse dizendo verdades, eu não podia suportar.
Eu me afastei, encarando-o novamente.
"Está tudo errado! " Eu exclamei. "Eu sou um erro! Você merece alguém muito melhor!"
Os olhos de Aiden escureceram e ele agarrou meus braços, puxando-me para ele em um beijo
forte.
"Nunca diga isso! " ele sussurrou rispidamente contra meus lábios.
Ele me beijou de novo e, embora a Bruma de inverno tivesse terminado, meu corpo acendeu de
desejo.
Cravei minhas unhas em seus ombros, beijando-o de volta, meus lábios exigiam mais.
Ele pressionou minhas costas contra uma árvore, minha jaqueta de casimira grossa o suficiente
para me proteger da casca áspera.
Mas naquele momento, eu queria mais.
Eu queria sentir tudo. Nenhuma gentileza de Aiden. Nenhuma de suas carícias ternas.
Eu estava com tanta raiva de mim mesma.
Eu queria um castigo.
Mordendo seus lábios, eu o provoquei, provoquei ele.
Aiden sorriu e fez um ruído baixo rosnando em sua garganta.
Sua mão mergulhou em minha calça de seda, os dedos empurrando minha calcinha.
Eu estava molhada para ele e queria que ele me comesse — bem ali.
Sem me importar que o chão estava frio, com aquelas pequenas pilhas de neve cercando a base
das árvores, eu o arrastei para baixo em cima de mim, abrindo seu casaco e a camisa por baixo.
As calças soltas amontoaram-se enquanto as mãos de Aiden brincavam com a minha calcinha.
Não era o suficiente. Eu queria mais.
Eu o libertei de sua calça jeans, envolvendo uma mão em torno de seu eixo quente e duro.
Então, em um movimento rápido, me abaixei, envolvendo meus lábios em torno da ponta dele.
Aiden deixou escapar um suspiro de surpresa quando o tomei profundamente.
Ele me empurrou de volta contra a terra dura e eu encontrei seus olhos. Eles estavam escuros e
tempestuosos.
Ele pegou meu humor e combinou minha própria agressão com paixão sombria.
Suas mãos se transformaram em garras e ele rasgou a calcinha, jogando-a de lado.
Então ele agarrou minhas coxas, as pontas afiadas de suas garras cravando em minha pele.
Abrindo minhas pernas, com seus olhos escuros fixos nos meus, ele me penetrou.
Era enorme. Sua circunferência me alargou como nunca.
Eu gritei, arqueando minhas costas, sem me importar com a neve em meu cabelo.
Suas garras cravaram nas laterais das minhas coxas enquanto ele empurrava para dentro de mim.
Ele gemeu, sua voz misturando-se aos meus gemidos enquanto estávamos no cio, selvagens nas
árvores geladas.
Liberando uma perna inteiramente da calça, dobrei-a, envolvi-a em torno dele e o trouxe para
mais perto.
Ele mergulhou mais fundo.
Um aperto dentro de mim trouxe outro gemido dele, e isso era tudo que eu precisava.
Eu gozei, arqueando minhas costas novamente, agarrando seu peito, com um grito saindo da
minha garganta.
Seus quadris se moveram mais rápido, e um momento depois, ele engasgou quando o senti
jorrando em mim.
Seu corpo relaxou e ele passou os braços em volta de mim.
Mas mesmo quando o prazer em meu corpo desapareceu, parecia errado.
O que estou fazendo? Fugindo dos meus problemas, como sempre fiz.
Me permitindo esquecer como tudo está uma bagunça.
Eu sou um erro.
Eu me afastei dele.
As sobrancelhas de Aiden se juntaram em seu rosto preocupado.
Puxando minha calça, tentei pensar em algo para dizer, para tranquilizá-lo de que nada estava
errado, mas minha mente estava em branco.
Então meu celular tocou e olhei para o número.
Monica Birch.
Eu peguei. "Sim?"
"Sienna! Fiasco total! Meu cinegrafista idiota não conseguiu registrar uma das visitas domiciliares.
Temos que refazer tudo imediatamente para que possa ir ao ar hoje à noite.
Olhando para Aiden, eu disse: "Estou no Parque Mahiganote. Venha me buscar na entrada sul."
"Sienna... " disse Aiden, ainda sentado no chão seminu.
Eu terminei a ligação. "Sinto muito, Aiden. Tivemos um problema com o programa. Te vejo em
casa mais tarde, ok?"
"Sienna, você está bem? " Aiden perguntou.
Dei de ombros. "Não muito... Mas... eu não sei. Podemos falar mais sobre isso mais tarde? Só
não estou me sentindo muito..."
"Não precisa me explicar nada", ele disse, pegando minha mão de onde ele estava sentado. "Só
quando você estiver à vontade."
Meu coração deu um pulo. Foi muito importante ver que meu companheiro não me pressionou.
Eu queria contar a ele naquele momento tudo o que eu estava passando, mas não queria
preocupá-lo mais do que já havia feito — pelo menos não agora.
Melhorando a feição do meu rosto, inclinei-me e dei-lhe um beijo na testa. "Estou bem. Vejo
você mais tarde."
E eu fugi antes que ele pudesse ver as lágrimas brotando dos meus olhos.
Capítulo 79 – Você sabe quem eu sou?
Aiden
Quando Sienna voltou para casa depois de regravar com Monica e os outros, ela estava quieta,
mas por outro lado parecia bem.
Eu perguntei a ela várias vezes se ela estava bem — ou se ela queria conversar — e
eventualmente ela me lançou um olhar de "deixe isso pra lá", então eu deixei passar.
Mas não pude deixar de sentir que estava fazendo algo errado.
Como se eu não fosse o companheiro de Sienna que ela precisava agora.
Porra, como vou saber o que um bom companheiro faria?
Meus pais preferem nunca mencionar seus sentimentos pessoais.
E eu nunca conheci Aaron e Jen como amigos...
A única coisa que eu sabia fazer era manter Sienna o mais próxima possível.
Eu nunca deveria tê-la deixado por tanto tempo e não tinha intenção de fazê-lo novamente.
Nós nos enrolamos juntos em nossa enorme cama de hotel e adormecemos de conchinha.
Era uma das minhas coisas favoritas a fazer.
Mas quando acordei, percebi que o travesseiro de Sienna estava úmido, como se ela tivesse
chorado.
Meu coração apertou. Depois que conversamos ontem, eu esperava que ela estivesse se sentindo
melhor sobre a consulta com Hanh, mas claramente aquilo a estava incomodando mais do que eu
imaginava.
Sienna precisava de mim agora, e eu tinha que estar lá para ajudá-la.
Para protegê-la e mantê-la segura e feliz. Como um companheiro deveria fazer.
Eu fui para a Casa da Matilha em busca do meu Beta.
Foi errado excluir Josh da investigação.
Sim, ele era volátil.
Sim, ele estava muito envolvido aquilo tudo.
Mas, colocando-me no lugar dele, percebi como ficaria chateado se alguém tentasse se impedir
de encontrar Konstantin.
Além disso, se Josh assumisse algumas das responsabilidades de encontrar o vampyro, isso me
daria um tempo muito necessário com minha companheira.
Mas quando cheguei ao escritório de Josh, seu assistente Elijah disse: "Ele ainda não chegou."
Minha sobrancelha franziu. Ele deveria ter voltado de Winston-Salem na noite passada.
Talvez ele esteja dormindo?
A preocupação me incomodava, mas decidi dar a ele uma hora.
Nesse meio tempo, havia muito o que fazer — o trabalho se acumulou enquanto eu me
concentrava em encontrar Konstantin.
Por volta das dez horas, liguei para o escritório de Josh.
"Ainda não chegou", respondeu Elijah.
Minha boca ficou seca. Tive uma sensação terrível na boca do estômago.
"Ele disse a você onde estava indo?"
"Sinto muito, meu Alfa, ele não me disse.
Peguei meu celular.

Aiden: Josh, onde você está


Aiden: Eu preciso falar com você e temos coisas para fazer
Aiden: Me ligue quando ler isso.

Eu olhei para o meu celular, mas Josh não respondeu.


Depois de um momento, tentei uma tática diferente.

Aiden: Oi, Michelle. Eu preciso falar com Josh. Você pode dizer a ele para me
ligar?
Michelle: …
Michelle: Você que saiu dirigindo pelo país inteiro com ele
Michelle: sei lá onde ele tá

Fiquei preocupado.
Onde é que você se meteu, Josh?
Sienna
Eu tinha bebido duas xícaras da pequena cafeteira do hotel, mas peguei outra grande enquanto
caminhava pelo centro da cidade em direção à minha galeria.
Eu não tinha dormido muito na noite anterior.
Mesmo deitada na segurança quente dos braços de Aiden, eu não fui capaz de conter as lágrimas
que lentamente escorreram pelo meu rosto para o travesseiro.
Eu me sentia exausta. Moída.
E, ao mesmo tempo, completamente ligada. Minhas mãos tremiam enquanto seguravam o copo
de papel.
A cafeína não estava ajudando. Joguei o copo meio cheio em uma lixeira enquanto me
aproximava da porta da minha galeria.
Eu não voltava ali há mais de uma semana.
Parte de mim queria ficar longe, mas eu estava desesperada.
Minha incapacidade de mudar, minha provável infertilidade, minhas falhas, minha raiva interior...
Eu precisava encontrar uma maneira de processar tudo.
Coloque na tela.
Entrando, o cheiro familiar de lavanda e laranja doce das velas no balcão da frente me
cumprimentou.
Por um momento, meu coração saltou e a tensão em meus ombros diminuiu.
Olhei em volta e localizei a série de pinturas art déco na parede sul que me valeu aquela ligação
de Miami.
Minha respiração ficou presa olhando para eles.
Eles eram bons.
Sem pensar, me aproximei. Meus olhos viajavam pelas linhas.
Não acredito que recusei aquela comissão.
Será que algum dia terei outra chance como aquela de novo?
Pressionei minhas mãos em minhas bochechas, esfregando os ossos do meu rosto.
Meu cérebro parecia hiperativo, saltando descontroladamente de um pensamento para outro.
Eu precisava encontrar uma maneira de pintar novamente. Eu não aguentava todos esses
sentimentos trancados dentro de mim.
Talvez se eu tentar um novo método.
Usar uma esponja em vez de um pincel.
Ou pastéis em vez de óleos.
Entrei em meu estúdio, não me permitindo hesitar, e marchei até o cavalete com a tela em que
apliquei um pouco de cor da última vez.
Eu a tirei e coloquei uma tela em branco em seu lugar.
Depois de olhar para a tela em branco com a mente igualmente em branco por um minuto
inteiro, deixei meus olhos vagarem.
Eles pararam na pintura que eu fiz de uma chupeta.
Era uma peça confusa e expressionista que surgiu depois do chá de bebê de Selene — quando eu
pensei que poderia estar grávida.
Na época em que Konstantin invadiu minha vida e manipulou minha mente.
Estremeci, afastando-me da pintura.
Tudo parecia tão distante — eu tinha tanto medo de estar grávida. Agora eu estava com medo de
nunca ficar.
Foi necessária a ameaça de infertilidade para me fazer perceber o quanto eu queria ser mãe.
Cravei minhas unhas em minhas palmas enquanto olhava para a tela em branco.
Como posso pintar algo que expresse isso?
Oprimida pela gravidade de tudo isso, agarrei o frasco de gesso branco e destampei, em seguida,
joguei para o outro lado da sala.
Um respingo branco atingiu o chão e as paredes.
Gritei e derrubei o cavalete, depois pisei na tela, que se rasgou.
Perdendo todo o senso de controle, eu joguei tintas, pincéis, paletas.
Eu destruí meu estúdio, arrancando pinturas das paredes e jogando as empilhadas no chão por
todo o lugar.
Quando parecia que um furacão havia destruído a sala dos fundos, eu finalmente parei.
Josh
Esperei até a lua brilhar e depois voltei para Jalwitz.
Bati na porta até que uma senhora idosa a abriu.
"Você não pode estar aqui", disse ela com uma carranca.
"Afaste-se", eu ordenei, passando por ela. "Estou aqui para tratar de assuntos oficiais da MCL."
Ela gaguejou com indignação.
"O que há com a fita da cena do crime?"
"Houve um roubo! " ela exclamou. "A polícia não terminou a investigação."
"Senhora, eu sou a polícia", eu disse, entrando no foyer.
"Você precisa sair imediatamente ou vou chamar a polícia", disse a velha.
Eu a dispensei e marchei para a próxima sala.
Nenhuma das luzes das caixas estava acesa, mas pude ver que esta sala era dedicada à arte nativa
americana.
O lado oposto da sala tinha sido feito para parecer feito de terra e pedra. Acima da porta havia
uma placa que dizia: Sepulturas em caixa de pedra.
A fita da cena do crime o cruzava.
Parei e examinei uma placa pendurada na altura dos olhos, perto da porta.
" Túmulos de caixa de pedra eram um método de sepultamento empregado pelos nativos americanos da cultura do
Mississippi, no meio-oeste e sudeste americanos..."
Uma sensação arrepiante formigou nas minhas costas quando entrei na sala, esquivando-me da
fita.
Eles desenterraram túmulos e os colocaram em caixas de vidro.
No caso mais próximo de mim, lajes de pedra foram dispostas em uma caixa retangular no chão.
O material no fundo da caixa parecia cerâmica rachada.
Os ossos estavam dentro dela, dispostos em posição fetal, com pequenos objetos ao lado deles:
pontas de flechas, estatuetas e pérolas de água doce.
Eu não podia acreditar que eles desenterraram os locais de descanso das pessoas e os colocaram
sob um vidro naquele museu.
Foi assustador.
O que era pior, uma das caixas havia sido destruída.
Aproximei-me lentamente, esfregando meus polegares contra meus dedos, me sentindo enjoado.
Ao olhar para dentro, pude perceber imediatamente o que estava faltando.
Isso definitivamente não pode ser bom.
O som das sirenes ficou mais próximo quando cobri minha boca com a mão.

***
Horas depois, eu estava rangendo os dentes e ansioso para quebrar as malditas portas.
Eu não tinha tempo para essa merda.
Konstantin estava tramando algo.
E eu tinha que descobrir o que era.
Mas é claro que isso teria que esperar.
Aquela ressaca foi uma merda. Eu estremeci na cama de estrado fino.
Fiquei o mais imóvel possível, esperando que finalmente tivesse terminado de vomitar no
banheiro de alumínio que ficava em um canto.
Sinto muito, Michelle.
Eu não deveria estar aqui.
Eu deveria estar em casa com você. Com meu corpo enrolado em torno do seu.
Mas não. Em vez disso, eu estava em uma cela imunda que cheirava a décadas de urina
derramada.
"Ei, carcereiro, quero fazer minha ligação! " Eu gritei.
Capítulo 80 - Santa Sienna
Josh
Eu sabia que era apenas uma questão de tempo antes que alguém aparecesse para me tirar
daquele lugar.
Então, eu estava preparado quando acordei para ver Jeremy me encarando através das barras de
metal.
"E aí, cara? " Eu disse timidamente.
"Pegue suas coisas. Tenho que falar com o juiz e depois vamos embora."
Suas palavras foram diretas e concisas. Para um cara tão frio como Jeremy, isso significava que
ele estava chateado.
Eu não estava com humor para discutir com ele. Eu senti como se alguém tivesse cagado em
meu cérebro.
"Tá, pode deixar", eu disse, me levantando e tentando ignorar a náusea que só aumentava.
Jeremy se afastou e, um momento depois, ouvi o som das portas de segurança sendo abertas e
fechadas.
Então ouvi o clique de saltos altos no concreto.
Michelle apareceu.
Ela parecia cansada e pálida, seu cabelo castanho puxado para trás em um coque bagunçado e
seu rosto sem maquiagem.
Aquela era a verdadeira Michelle. A pessoa esperançosa, bonita e solitária que tão poucas pessoas
conheceram.
E pude ver em seus olhos que a tinha machucado.
Minha cabeça tombou.
"O que você está fazendo na prisão, Josh? " ela perguntou baixinho.
Eu já tinha ouvido essa pergunta antes. Mas dos lábios da minha mãe em vez dos da minha
companheira.
Por que você estava na prisão de novo, Carl? Ela dizia ao meu pai todas as noites em que ele voltava do
bar para casa.
Por que você não pode simplesmente controlar seu temperamento?
Você não é um companheiro, mas sim um bêbado inútil.
Isso tinha sido antes de ela deixá-lo. Deixar-nos.
Eu não poderia deixar isso acontecer. Eu tinha que tentar explicar.
"Konstantin. Eu fui matá-lo."
"Então você invade um museu de história e apavora uma velha maluca? " ela perguntou em
descrença.
"Mas ele deveria estar lá! " Eu insisti.
E ele estava lá pensei. Acabei chegando tarde demais.
De novo.
Michelle suspirou com cansaço. "Desculpe, Josh, mas você tem que me ajudar. Eu entendo que
você está tentando encontrar Konstantin. Mas o que te fez pensar que ele estava em um museu no
Tennessee?"
"Porque eu..." eu hesitei.
Devo contar a minha companheira sobre a lama?
Se ela soubesse que poderíamos rastrear o vampyro, isso poderia ajudá-la a dormir melhor à
noite.
Mas, por mais que eu amasse Michelle, tinha que admitir que ela não era a melhor em guardar
segredos.
E se ela acidentalmente tagarelasse sobre a lama, eu estaria em uma merda ainda mais profunda
do que já estava.
"Eu... recebi uma dica de uma fonte anônima. Eles deixaram uma mensagem em meu escritório."
"Parece uma pista muito frágil", disse ela.
"E daí! " Eu chorei, avançando para envolver minhas mãos em torno das barras.
Michelle colocou as mãos sobre as minhas e minha pele estremeceu com o toque.
"Eu não me importo quão frágil seja uma pista, quão desesperado eu esteja. Farei o que for
preciso para encontrar Konstantin, entendeu? " Eu podia ouvir minha voz ficando mais alta, mais
desesperada, mas não me importei.
"Michelle, você quase morreu", eu disse, estendendo a mão para acariciar sua bochecha
manchada de lágrimas. "Eu não posso parar. Eu não posso desistir. Não até eu saber que ele está
morto."
Ela acenou com a cabeça contra a minha palma.
"Obrigada, " ela sussurrou.
"Me desculpe, eu não tenho sido presente. Sinto muito por toda essa bagunça", eu disse.
"Está tudo bem", disse ela. Eu podia ouvir a mentira em sua voz. "Na verdade, estou me saindo
muito melhor."
"As coisas vão melhorar", prometi a ela. "Mas primeiro, temos que matar Konstantin."
"Mas você não pode continuar parando na prisão! " ela insistiu. "Aiden está furioso".
"Deixe-o ficar furioso. Ele não levou nada disso a sério desde o primeiro dia."
Só então, eu ouvi o som da porta de segurança se abrindo e depois se fechando.
"Jeremy está voltando", disse Michelle.
Eu apertei a mão dela.
"Vamos sair desse buraco."

Michelle: ei Si
Michelle: Monica quer que façamos mais alguns takes
Michelle: eu sei, meio tarde demais
Michelle: Si?

Sentada na minha cama em casa, esperei, mas Sienna não respondeu minhas mensagens.
Monica ligou de novo e eu deixei cair na caixa postal.
Não tive vontade de falar com ela. Ela ainda estava tentando me fazer dizer para onde eu tinha
ido no início daquela manhã.
Mas eu não tinha intenção de admitir que estava tirando meu companheiro da prisão.
Ou que eu adormeci em cima das cobertas na noite passada, depois de chorar por horas.
Isso não seria muito adequado para a câmera, seria?

Michelle: ei pessoal, vocês viram ou ouviram falar da Sienna?


Mia: não, mas também, estou 100% do tempo com o bebê
Erica: Não vejo Sienna desde o festival
Michelle: ela não está respondendo minhas mensagens
Erica: você estava mandando mensagem para ela sobre o programa?
Michelle:...
Michelle: sim
Erica: (emoji de boneca com as mão pro alto)
Michelle: o que você quer dizer
Erica: ah qual é, mich
Erica: você sabe
Michelle: eu não sei
Michelle: o que
Erica: Sienna não está gostando muito de fazer o programa, Michelle. Eu não
acredito que você realmente não sabe disso.

Eu olhei para o meu celular com cara de decepção.


Se Sienna está tão determinada a não se divertir, o que ela ainda está fazendo no programa?
Ela não entende o quão sortuda ela é? Todo mundo a ama, sendo que ela nem está fazendo nada.
Monica só sabia puxar o saco dela.
Todo mundo nas redes sociais estava distribuindo elogios a ela.
Como Sienna não gostava disso?
Porque é tudo apenas uma atuação. Nada disso realmente significa absolutamente nada.
Estremeci, tentando me livrar dos sentimentos de dúvida que vinham crescendo em mim desde
o Festival das Chamas.
Não.
Essa era minha chance.
Mas, como de costume, Sienna estava no meu caminho.
Ela não merecia. Não merecia nada daquilo.

Michelle: se ela não gosta, por que ela está fazendo


Erica: o meu deus (emoji de olhos virando)
Mia: Ela estava preocupada com você, Michelle
Michelle:???
Mia: você vai mesmo se fazer de idiota?
Erica: você acordou da porra de um COMA e disse "então, quero ser famosa"
Mia: Ela estava preocupada com você, Michelle
Erica: então ela aceitou
Erica: porque ela te ama
Erica: belo jeito de retribuir

Com um suspiro, joguei meu celular de lado.


Por baixo da minha irritação, senti uma pontada de preocupação.
Eu estava tão focada no programa, em garantir que eu ficasse bem para as câmeras, que disse
algumas coisas terríveis.
Liguei para o celular de Sienna e, como ela não atendeu, tentei seu hotel sem sucesso.
Talvez ela esteja em sua galeria.
Eu saí.

***
Quando cheguei à galeria dela, a placa dizia "Fechado", mas a porta estava destrancada.
Um formigamento inquieto rastejou sobre minhas costas quando entrei.
"Sienna? " Chamei.
Sem resposta. Eu entrei no local, olhando ao redor.
Tudo parecia normal. Imperturbável.
Eu ouvi um barulho vindo do fundo da galeria.
Por um momento, eu congelei, uma imagem de olhos vermelhos piscando em minha mente.
Minha respiração acelerou e meu coração martelou no meu peito.
Merda.
"Michelle?"
Era Sienna.
Ela veio pela porta da sala dos fundos.
Ela estava um caco.
Maquiagem arruinada por lágrimas, cabelo meio amarrado para trás, camisa respingada de tinta.
"Meu deus, Si", eu disse.
Ela tropeçou em minha direção e eu fui até ela, estendendo os braços.
Ela caiu sobre eles, soluçando.
"O que aconteceu? " Eu perguntei, ainda alarmada. "Alguém te machucou?"
Ela balançou a cabeça. "Eu sou um lixo. O maior lixo de todos."
Não importa o quão confusos meus sentimentos em relação a Sienna estivessem, eu não poderia
simplesmente deixá-la sozinha e chateada assim.
"Bem, isso eu posso consertar", eu disse, engatando a marcha.
Eu a levei até o banheiro e a ajudei a lavar o rosto.
Eu tinha maquiagem e uma escova de cabelo e comecei a arrumá-la.
"Não podemos deixar você com uma aparência tão assustadora" eu murmurei enquanto
trabalhava.
Sienna sentou-se docilmente, deixando-me limpá-la.
"Ventou pra caramba hoje, né...? " Eu brinquei.
"Não, " ela disse, sua voz suave. "Eu só... meio que perdi minha calma por um tempo. Eu
estava... frustrada com minha pintura."
Eu dei a ela um aceno de cabeça enquanto passei o corretivo ao redor de seus olhos. "Você e seu
temperamento artístico."
"Sim", disse ela com um sorriso fraco.
Recostei-me e olhei para minha obra. "Muito melhor" eu disse, então peguei suas duas mãos e as
apertei.
Ela olhou para mim; seus olhos estavam brilhantes, mas seu rosto estava em branco.
"Você tem que deixar tudo para trás, Si", eu disse.
A última coisa que eu queria fazer era falar sobre o que aconteceu.
Mas ela realmente precisava se recompor.
"Acabou. Ficou tudo para trás", eu disse a ela.
"Não consigo dormir à noite", confessou ela, com a voz trêmula. "Cada vez que fecho os olhos,
tudo o que vejo são..."
"Olhos vermelhos", eu terminei por ela.
Não pense nisso. Não pense nisso.
Meu pulso estava acelerado.
"Você tem o mesmo sonho? " Sienna perguntou, surpresa.
"Não como... de uma forma psíquica ou algo assim", eu disse, tentando rir disso.
Mas então eu balancei a cabeça. "Mas sempre sinto que alguém está me observando."
Então eu me cerco de câmeras. Pelo menos eu sei que as pessoas estão assistindo.
Mas eu não poderia dizer isso. Realmente não podia admitir que fosse verdade.
"Você realmente acha que Josh e Aiden vão pegá-lo? " ela perguntou, sua voz baixa.
Eu balancei a cabeça com firmeza. Foi a única coisa que pude fazer. "Claro que vão."
Sienna desviou o olhar.
Eu dei um pequeno aperto em sua mão. "Agora, vamos. Vamos almoçar. Aposto que você está
morrendo de fome depois de toda essa — arte."
"Claro", disse ela, voltando-se para mim com um sorriso. "Obrigada, Michelle."
"O prazer é meu", eu disse.
Jocelyn
Depois da cena com Nina no jardim, ela se afastou.
O que era bom. Era o que eu queria.
Mas quando eu a vi alguns dias depois, parecendo totalmente abatida enquanto ela estava sentada
sozinha no refeitório, meus pés agiram por conta própria.
Eu me sentei ao lado dela.
Os olhos de Nina se ergueram e se arregalaram de surpresa.
Não dissemos nada. Peguei a comida no meu prato, mas, como sempre, estava sem apetite.
Nina tirou um pedaço de torrada de seu prato e colocou algumas fatias de abacate por cima.
"Aqui. Coma. Seja millennial."
Meus lábios se curvaram em um sorriso. "Está forçando a barra, não acha?"
Eu olhei para ela, querendo muito cair em seus braços e perdoá-la por tudo.
"Desculpas são como perder a virgindade ", brincou Nina. "Tem hora e lugar certos."
Minha boca se curvou. "Acho que sim."
Levei a torrada à boca e dei uma mordida.
"Não é ruim", eu admiti.
"Bom. Coma. Você fica nervosa quando está com fome."
"Eu não!"
Nina ergueu uma sobrancelha e eu sorri. "Tudo bem, talvez às vezes. Um pouco."
"Tipo 'Se eu não comer pizza nos próximos cinco minutos, vou queimar essa mulher'."
"Cale a boca", eu disse, mas eu estava sorrindo completamente.
Suspirei profundamente, sentindo um peso ser retirado de meus ombros.
"Eu senti falta disso", admiti.
A máscara sarcástica de Nina desmoronou e sua boca torceu para o lado.
"Eu também", ela murmurou, estendendo a mão para colocar sua mão na minha.
Deixei lá e dei outra grande mordida na torrada.
Aiden
Depois de saber que Josh tinha acabado na prisão, eu estava pronto para seguir em frente na
investigação sem ele.
No entanto, só naquela noite tive tempo para fazer isso.
"E isso? " Sienna perguntou sem fôlego. Ela estava empoleirada na minha mesa, nervosamente
observando a garrafa de lama como se ela pudesse pular e atacá-la.
O que, pelo que sabíamos, poderia.
"Sim. Afaste-se", eu disse a ela enquanto destampava a garrafa.
Nós dois congelamos em antecipação, mas nada aconteceu.
Sienna soltou um suspiro.
"Ok, vamos ver o que essas coisas podem fazer", eu disse.
Pegando uma pequena bússola, derramei a gosma preta sobre a superfície.
Então esperamos.
Não fez nada — apenas cobriu a bússola com sujeira.
"O que deveria acontecer? " Sienna perguntou, chegando mais perto.
"Eu pensei que apontaria para a localização de Konstantin."
"Talvez só precise de algum tempo para funcionar?"
Então esperamos.
Cada um de nós orando ansiosamente para que os ponteiros começassem a girar.
Dez minutos se passaram.
Vinte.
Nada.
O ponteiro ficou apontando na mesma direção: norte.
A menos que Konstantin esteja no norte?
Mas nada aconteceu. Nenhuma indicação de que a lama teve qualquer efeito na bússola.
Com um suspiro, recostei-me na cadeira.
"Podemos tentar com outra bússola? Ou com... um GPS ou algo assim? " Sienna perguntou,
vindo se sentar na cadeira ao meu lado.
Peguei sua mão e esfreguei contra minha bochecha.
"Não sei. Mas temos que tentar algo."
Ela suspirou. "Eu sei. Mas eu sinto que não estamos chegando a lugar nenhum com isso."
Eu concordei.
As palavras ficaram no ar.
Konstantin ainda estava lá fora.
Decidido a alcançar minha companheira — a matá-la em sua luxúria por poder.
E não tínhamos ideia de quando ele poderia atacar novamente.
Capítulo 81 – Algum dia Você vai Respirar
Sienna
O céu lá fora estava totalmente branco e o dia parecia frio e sombrio.
O quarto de hotel parecia ecoar em sua esterilidade e seu vazio.
Aiden já estava no trabalho e eu realmente não queria ficar sozinha.

Sienna: Oi Erica
Sienna: você ainda tem aula às terças de manhã?
Erica: sim rs
Sienna: se importa se eu for aí?
Erica: não, de boa, começa 15 pras 10

Ninguém iria me filmar aquele dia, então eu me entreguei a leggings de lã azul-marinho e um


suéter comprido na cor creme.
Quando entrei na sala de aula de Erica, ela pulou da mesa e correu, me dando um abraço.
"O que foi isso? " Eu perguntei com uma risada leve.
"Michelle comentou que você estava um pouco... chateada ontem."
Suspirei.
"Venha aqui", disse Erica, levando-me a uma área confortável que ela montou com pufes. Uma
placa sobre o espaço dizia: "Cantinho da Leitura".
"Tenho uma hora e meia para você", disse Erica, colocando uma mecha de cabelo castanho atrás
da orelha. "Me conta todas as coisas."
Então eu contei.
Eu disse a ela sobre não poder pintar.
Sobre não conseguir me transformar.
Sobre a infertilidade. O estresse e os sonhos.
Até sobre destruir meu estúdio.
Erica ouviu em silêncio com os braços cruzados sobre o peito.
"Nossa, Sienna", disse ela quando eu finalmente parei. "Quanta coisa."
Eu concordei. "Agora que eu disse tudo em voz alta, parece muita coisa mesmo."
"Você contou a Aiden sobre tudo isso? O pensamento do meu companheiro trouxe um sorriso
aos meus lábios, apesar das minhas preocupações. "Eu contei a ele um pouco disso. Ele tem sido
muito compreensivo."
"Por que você não contou tudo a ele?"
Eu não tinha uma boa resposta para isso — exceto que estava cansada de parecer fraca na frente
do meu companheiro, sendo que ele estava lidando com problemas reais.
"É que ele está... ocupado agora. Ele está se esforçando tanto para encontrar Konstantin."
Erica se aproximou e apertou minha mão. "Eu acho que é normal."
"Você acha?"
Ela acenou com a cabeça. "Qualquer um que já passou pelo mesmo que você... deve estar
estressado. Tendo dificuldade para fazer... as coisas voltarem ao normal. Veja o que Michelle está
fazendo!"
"Isso não é justo", eu disse automaticamente em defesa da minha melhor amiga.
Ela revirou os olhos. "Que seja. Eu só espero que os quinze minutos de fama a acalmem."
"Michelle está passando por um momento difícil, Erica. Precisamos ter empatia. Konstantin a
deixou em coma. E foi... " eu parei quando um soluço subiu na minha garganta.
"... E foi minha culpa. Pelo menos parcialmente. Eu deixei o vampyro entrar na minha vida, e ele
usou Michelle para se aproximar de mim."
Lágrimas correram pelo meu rosto. Erica me entregou um lenço de papel da caixa sobre a mesa.
"Fui estúpida e egoísta e Michelle quase morreu por causa disso", continuei, desabando
completamente.
Erica balançou a cabeça lentamente.
"Sienna, isso não faz sentido."
Puxei outro lenço de papel da caixa.
Erica se inclinou e pegou minha mão novamente. "Si, o que aconteceu com Konstantin não foi
sua culpa."
"Mas você não…"
Meu celular tocou.
Pisquei, assoei rapidamente o nariz com outro lenço de papel e peguei meu celular da bolsa.
Era Charlotte.
De alguma forma, meu coração conseguiu afundar ainda mais.
"Alô?"
"Onde você está? " Charlotte perguntou, com uma irritação evidente em seu tom de voz.
Limpei meu nariz com o lenço. "Estou com a Erica. Por quê?"
" Meu Deus, Sienna. Você deveria estar no hospital. Você esqueceu?"
Tudo se mexeu.
"Merda" eu soltei.
Iríamos filmar novamente — um segmento em que eu deveria ir à enfermaria de obstetrícia e
abençoar mulheres com gestações difíceis.
Com toda a coisa da infertilidade, eu não queria enfrentar isso.
Na verdade, eu tinha criado esse bloqueio.
"O que está acontecendo comigo? " Eu respirei.
Erica me lançou um olhar perplexo.
Eu disse: "Estarei aí assim que puder".
"Veja se você se apressa", Charlotte disse antes que eu pudesse desligar.
Deixei cair o celular no meu colo e cobri meu rosto, gemendo.
"O que foi? " Erica disse.
Eu expliquei o que estava acontecendo.
"Monica vai transmitir ao vivo", eu disse.
Erica estava balançando a cabeça. "Não acho que seja uma boa ideia, com tudo o que você está
passando agora, Sienna..."
"Eu disse a Charlotte que estaria lá o mais rápido possível."
"Ligue de volta e diga que você não pode ir. " Com um suspiro, eu disse: "Não. Não é grande
coisa. Eu vou lá e acabo com isso."
"Sienna..."
Eu dei um tapinha em seu braço. "Não, sério, Erica, está tudo bem. Eu realmente precisava
desabafar, me sinto cem vezes melhor. Obrigada. Essa conversa realmente ajudou."
Ela me olhou.
Então ela se levantou e foi até o telefone em sua mesa.
Apertando alguns botões, ela disse: "Meredith? Sim. É a Erica. Você tem aula no próximo
horário, certo?"
Uma pausa.
"Sim, isso seria ótimo. Te devo uma."
Erica desligou e olhou para mim.
"Eu vou com você", ela disse.
Aiden
Eu olhei para a bússola inútil como se pudesse magicamente fazê-la funcionar por pura força de
vontade sozinha.
Uma batida na porta do meu escritório interrompeu minha concentração. Sayyid entrou um
momento depois.
"Acho que temos algo, meu Alfa", disse ele. Ele estava segurando um tablet nas mãos.
"Diga-me", eu solicitei.
"Você tem que vir. Agora. Se partirmos imediatamente, podemos pegar Konstantin."
Sayyid deu a volta para o meu lado da mesa, segurando seu tablet.
Com alguns toques, ele tinha uma lista de números de telefone. Ele apontou para um. "Pelo que
sei, esta é a última pessoa que falou com Konstantin depois do Baile de Inverno", disse Sayyid.
"Quem é?"
"Dorothy Seaver. Ela é a proprietária e gerente do Triple Creek Hotel, a nordeste de
Mahiganote."
"Você acha que ele está lá? " Eu perguntei. "Você acha que ele está de volta a Mahiganote?"
Isso parece extremamente conveniente.
Por que ele voltaria quando sabe que o estamos caçando ativamente?
Algo não parecia certo.
Mas não era hora de ignorar uma pista em potencial.
Eu balancei a cabeça para Sayyid. "Vamos."
Sienna
Erica resmungou baixinho sobre Michelle durante todo o caminho até o hospital.
As duas nunca se deram muito bem, então tentei lidar com isso, mas meu estômago estava
dando piruetas quando chegamos à enfermaria de obstetrícia.
Este é o último lugar que eu queria estar agora.
E quando eu vi Michelle — com seu sorriso de cem watts estampado mais uma vez em seu rosto
e rindo com Charlotte Norwood — eu realmente me senti um pouco enjoada.
Foi preciso um grande esforço para respirar profundamente — especialmente quando elas
fizeram expressões idênticas de desdém quando me viram.
"Sienna, finalmente Charlotte disse, avançando.
O pessoal da câmera havia instalado luzes e equipamentos ao redor da sala, e havia uma fila de
mulheres em cadeiras de rodas esperando em uma grande porta em frente a nós.
Erica ficou ao meu lado como um guarda-costas.
Se eu não pudesse ter Aiden ao meu lado neste pesadelo, era bom saber que minha amiga estava
cuidando de mim.
Foi assim que toda essa confusão começou. Comigo tentando cuidar de uma amiga.
"Tudo bem, pessoal, vamos começar a filmar! " Disse Monica com seus cabelos cacheados
presos por uma mecha de cabelo.
Uma onda de tontura tomou conta de mim. Eu não estava pronta para aquilo.
"Espere", eu disse, mas Monica não estava prestando atenção.
Minha boca estava azeda. Eu limpei minha garganta. "Podemos... podemos esperar um minuto?"
"Esperar pelo quê? " Michelle perguntou.
Como vou explicar que se eu tentar falar com essas mulheres grávidas, posso vomitar nelas?
"Acho que devemos remarcar", disse Erica, segurando meu braço com delicadeza.
Charlotte olhou para ela como se ela fosse uma mosca irritante que adoraria matar.
"Não podemos", disse Michelle. "Monica tem planos de transmitir ao vivo algo novo todos os
dias desta semana."
Um enfermeiro empurrou uma mulher grávida para dentro e um dos câmeras ajustou as luzes no
local onde o enfermeiro parou.
Meus olhos percorreram a forma grávida da mulher.
Eu me imaginei sentada naquela cadeira de rodas, com medo e desesperada para preservar a vida
do meu filho.
Do filho de Aiden.
Mas eu não sabia se isso seria possível. Se eu era capaz de dar filhos a ele.
Era como se alguém tivesse projetado este evento para ser exatamente o que me enlouqueceria.
E se isso for exatamente o que eles fizeram?
Um operador de câmera veio até nós.
A luz vermelha da câmera estava estável.
Olhando para mim.
Como os olhos vermelhos brilhantes de Konstantin.
Meus joelhos ameaçaram ceder totalmente, mas tentei manter minha voz firme.
"Na verdade, Erica está certa. Eu não estou me sentindo bem."
"É por isso que você estava atrasada? " Charlotte perguntou.
"Não. Eu fui — eu fui para a minha galeria."
A mentira saiu da minha língua antes mesmo de saber por que estava contando.
Erica puxou meu braço e eu dei um passo para trás, olhando para a saída como se fosse água no
deserto.
"Ah, sua galeria " Charlotte zombou. "Ainda não consigo acreditar que Aiden se entregou a esse
hobby infantil. Você é a companheira do Alfa agora, Sienna. Você não terá tempo para aquarelas se
estiver desempenhando seu papel corretamente."
Fechei meus olhos para que Charlotte não os visse rolar para trás em minha cabeça. Quando os
abri, o cameraman se aproximou para tirar uma foto completa do meu rosto.
Eu queria empurrá-lo, pegar sua câmera idiota e esmagá-la contra a parede até que aquele olho
vermelho horrível parasse de brilhar para mim.
"Estamos indo embora", disse Erica, puxando meu braço.
Michelle avançou, carrancuda para ela. "Por que você simplesmente não some, Erica? Você nem
deveria estar aqui."
"Por que é que você está fazendo isso, Michelle? " Erica disse com veemência. "Ninguém
acredita mais nessa merda. Temos medicina moderna."
"Ninguém dá a mínima para o que você pensa", disse Michelle baixinho. Seus olhos estavam
brilhantes e vidrados enquanto disparavam nervosos para a câmera.
Charlotte ergueu o queixo. "A tradição é significativa para a maioria das pessoas", disse ela.
"Todas essas mulheres se ofereceram para serem abençoadas. Eu não acho que nenhuma delas diria
que é bobagem."
Erica se voltou para Michelle. "E por que você está aqui? Não me lembro de nenhuma
companheira de Beta estar tão envolvida nas bênçãos das chamas quando eu era criança."
Os olhos de Monica brilharam.
Aquilo provavelmente daria muita audiência.
Eu levantei minhas mãos. "Vocês podem parar? Estou feliz que vocês duas estejam aqui.
Michelle tem me ajudado bastante."
"Então por que você não deixa Michelle fazer as bênçãos e vamos sair daqui? " Ela disse.
Os olhos de Michelle brilharam.
"Seria uma boa..." eu comecei, feliz em encorajar minha amiga.
"Jamais", Charlotte interrompeu.
"Essas mulheres estão aqui para serem abençoadas pela companheira do Alfa," Monica
acrescentou.
Michelle parecia ter sido atingida no rosto.
Olhei para as mulheres grávidas, que estavam assistindo a tudo aquilo com os olhos arregalados.
Um músculo começou a se contrair na minha bochecha. Minha garganta estava apertada de
tensão.
"Tudo bem", eu disse. "Está bem."
Erica começou a discutir, mas Monica parecia triunfante.
"Tudo bem, pessoal", ela gritou, olhando para o relógio. "Iremos ao vivo em 5, 4, 3..."
Seus lábios formularam os dois últimos números enquanto suas mãos faziam a contagem
regressiva até zero.
Nós estávamos ao vivo.
Capítulo 82 – Quanta Sorte
Aiden
Sayyid e eu chegamos ao Triple Creek Hotel em quinze minutos.
A proprietária, uma mulher mais velha de cabelos grisalhos, me reconheceu quando me
aproximei da recepção.
"Alfa Norwood! " ela engasgou, colocando a mão enrugada no colarinho bordado.
"E você deve ser Dorothy Seaver", eu disse, estendendo a mão.
Ela corou enquanto a balançava.
"Eu preciso ver um de seus hóspedes" eu disse.
"Um senhor Konstantin", disse Sayyid.
" Ah, bem..." — disse Dorothy, inclinando a cabeça para o lado em um gesto de inquietação.
"Eu não costumo dar esse tipo de informação..."
"Você faria se um detetive de polícia viesse com um mandado, não é? " Sayyid disse. "E a palavra
do Alfa supera a de qualquer juiz, então..."
O rosto de Dorothy ficou em branco e ela assentiu. "Claro."
Ela ergueu uma chave.
"Ele está no quarto quatro. Passe por aquelas portas, siga para o pátio. Esta é a chave mestra.
Entrem."
Finalmente, disse a mim mesmo quando uma onda de alívio tomou conta de mim.
Sayyid e eu saímos pelas portas francesas que Dorothy indicou, entrando em um grande e
charmoso pátio de paralelepípedos além.
O momento finalmente chegou. Vou confrontar Konstantin e destruí-lo pelo que ele fez à Sienna. E a toda a
minha família.
A Michelle.
Uma pontada de culpa me fez parar.
Josh deveria estar aqui.
Mas não havia tempo a perder.
Esta era minha chance de acabar com Konstantin de uma vez por todas.
E eu não ia perder isso.
Josh
Depois de uma longa noite conversando com minha companheira, concordamos que era mais
importante para mim ir atrás de Konstantin do que participar do reality show.
Tirou um peso dos meus ombros, mas ainda me sentia culpado.
Como se eu não fosse o suficiente.
Inteligente o suficiente.
Forte o suficiente.
Capaz o suficiente para encontrar o vampyro sem ajuda.
Especialmente porque a porra do relógio estúpido não estava funcionando.
Quando me levou ao Museu Jalwitz, todas os ponteiros apontavam na mesma direção.
Em direção a Konstantin.
Mas naquele momento, era como se a lama estivesse... confusa ou algo assim. Ela continuava
oscilando, apontando às vezes para o norte, mas depois girando em um círculo e apontando
ligeiramente para o leste.
Então, tudo parava completamente. Era irritante.
Eu estava olhando para ele por quase vinte minutos, e estava prestes a quebrar a maldita coisa
com um martelo.
Mas no final, não pude resistir à tentação.
Não importaria se não desse em nada, eu tinha que verificar.
Peguei o relógio da minha mesa e me dirigi para a minha caminhonete.
Sienna
Todos os músculos do meu corpo pareciam tensos e frágeis.
O calor das luminárias recém-instaladas estava me fazendo suar.
Uma mulher com uma grande barriga de grávida estava sentada em uma cadeira de rodas no
centro da sala, esperando que eu viesse e a abençoasse.
Observei a fila de mulheres grávidas — ela fazia uma curva e não dava para enxergar o fim.
Eu não sabia o que era pior: o fato de que eu deveria interagir com mulheres grávidas, quando
ainda estava tentando encontrar uma maneira de lidar com a notícia de que poderia nunca ter meus
próprios filhos...
Ou o fato de que alguém pensou que eu poderia fazer qualquer coisa para ajudar essas mulheres.
Como se estar acasalada com Aiden me desse poderes mágicos ou algo assim.
Era tudo uma fraude.
Eu sou uma fraude.
Michelle agarrou meu braço e me puxou para longe de Erica, que parecia estar prestes a explodir
de raiva.
"Olha, só faça isso, Si", Michelle sussurrou impaciente. "Todo mundo está esperando por você."
Depois da nossa conversa no outro dia, achei que ela seria mais compreensiva.
Mas até eu pude ver que Michelle tinha simplesmente colocado uma nova camada de tinta na
máscara estilosa que ela estava usando sobre sua alma danificada.
Eu gostaria que ela não precisasse descontar suas ansiedades em mim e apenas em mim.
Eu estava ficando cansada de ser seu saco de pancadas.
Vamos acabar logo com isso.
Olhando para Michelle, depois para Charlotte, tentei me mover, mas o olho vermelho sempre
vigilante da câmera me paralisou.
"O que eu devo fazer?"
Michelle bufou e Charlotte balançou a cabeça exasperada. "Não é difícil. Você coloca suas mãos
no estômago, concentra sua vontade e recita a Bênção da Chama Sagrada."
"Concentrar sua vontade? " Erica murmurou do meu lado.
"Você quer dizer ’Chama divina, fértil e brilhante'?" — eu disse.
"Sim, embora você deva tentar personalizá-lo. Pegue o nome de cada mulher", disse Charlotte.
"Em vez de ’esta noite abençoe a luz de cada mãe’, diga algo como ’hoje abençoe a luz de fulano de
tal. ’"
Meu coração bateu forte. "Tem certeza de que Michelle não pode fazer isso?"
"Eu sei o ritual de cor, eu poderia... " Michelle começou.
"Jamais, " Charlotte disse enfaticamente.
"Sienna, todos estão esperando para ver você realizar essas bênçãos. Você não quer decepcionar
todos eles, quer? " Monica perguntou, olhando direto para a lente da câmera.
Não. Eu não.
Já tinha decepcionado muitas pessoas.
Michelle.
Aiden.
Emily.
Eu não podia simplesmente ir embora.
Mas de alguma forma, não parecia tão simples.
Jocelyn
Desde o almoço que compartilhamos no dia anterior, não parei de pensar em Nina.
Eu a tinha visto algumas vezes, embora ela apenas acenasse e sorrisse para mim.
Me dando espaço... ou me evitando?
Eu queria acreditar que estávamos em um lugar melhor do que o último, pelo menos.
Eu tinha ido ao refeitório no café da manhã, esperando que ela estivesse lá.
Eu me obriguei a comer, embora ela não estivesse lá.
Eu sabia que minha alimentação chegaria até ela através dos boatos dos funcionários da cozinha
e, de qualquer maneira, eu queria ficar mais forte.
Curar.
Mesmo que minhas próprias habilidades nunca voltassem.
Mesmo que a perda tirasse tudo que eu pensava que sabia sobre mim.
Mesmo que ninguém nunca olhasse para mim da mesma maneira.
Incluindo Nina...
Controle-se, Jocelyn.
Mas não pude evitar.
O sorriso de Nina, sua risada, suas piadas... e seus momentos mais raros sinceridade...
Eles a colocaram sob minha pele... e agora não havia como ignorá-la.
Ela me fascinava.
Eu ainda não sabia muito sobre ela.
Eu não entendia como ou por que ela havia se tornado uma ladina, depois uma ladra.
Será que algum dia terei a chance de descobrir mais sobre ela?
Quero realmente conhecê-la?
A ideia de que eu não faria isso — que eventualmente eu deixaria este lugar e Nina para trás —
era insuportável.
Especialmente porque eu não tinha absolutamente nenhuma ideia de qual era o meu propósito
na vida, agora que não podia mais ser uma curandeira.
Depois do café da manhã, dei uma caminhada pelo jardim congelado.
Eu esperava que ela me encontrasse lá, como ela havia feito antes, quando ela tentou se
desculpar.
Mas eu fiquei sozinha.
Balançando minha cabeça para mim mesma, eu abracei meus braços sobre meu peito,
observando minha nuvem de respiração na minha frente.
Eu gostaria de poder endurecer meu coração contra Nina completamente.
Ela é uma mentirosa.
Ela tentou machucar Sienna — em vez de pedir ajuda a alguém.
Mas ela também veio ajudar no Baile de Inverno, mesmo quando não precisava.
O que tornou a indignação mais difícil de segurar.
Nina estava desesperada e desacostumada a ser ajudada — isso estava claro para mim.
Ela havia aprendido a não confiar em ninguém além de si mesma.
E agora... agora eu estava com medo de que ela estivesse se afastando de mim.
Bem quando eu estava começando a acreditar que poderia perdoá-la.
Talvez fosse apenas um sinal de quanto eu era uma idiota.
Afinal, ela me deixou antes.
Oh, Joce. Você é o santo padroeiro das causas perdidas, não é?
Exceto que desta vez, tive a sensação de que a verdadeira causa perdida poderia ser meu próprio
coração.
Erica
Não estava gostando nada daquela situação.
Sienna estava frágil — emocionalmente.
E esse desempenho que as pessoas exigiam dela estava fadado a forçar sua resistência emocional
já estressada.
Quando Sienna se aproximou da mulher grávida na cadeira de rodas, os três cinegrafistas a
seguiram, tomando diferentes ângulos.
Era uma transmissão ao vivo. Minha ansiedade saltou só de pensar.
"Oi", disse Sienna, puxando um banquinho para se sentar em frente à mulher. "Sou Sienna
Mercer-Norwood."
"Carlene Lamar", disse a mulher. Ela tinha uma pele castanha clara e cachos de gengibre em uma
auréola ao redor de sua cabeça.
"O que a traz aqui para o hospital, Carlene? " Sienna perguntou gentilmente.
"Estou com placenta prévia", disse ela. "Eles disseram que pode se consertar, mas faltam apenas
um mês para o parto e ainda não aconteceu."
As costas de Sienna enrijeceram, quase sutilmente demais para que alguém pudesse ver.
"E você espera que minha bênção ajude? " ela disse suavemente.
Carlene acenou com a cabeça, seu rosto se contorcendo de medo. "Eu não quero fazer uma
cesariana. Estou com tanto medo de ser cortada."
Sienna engoliu em seco e acenou com a cabeça, seus olhos azuis disparando da barriga da mulher
para sua expressão.
Carlene se recostou, oferecendo a barriga para Sienna.
As câmeras se moveram para um close-up.
Sienna colocou as mãos na barriga arredondada de Carlene. "Chama divina, fértil e brilhante",
disse Sienna, sua voz ofegante.
Ela apertou os olhos e piscou, lutando contra as lágrimas.
As câmeras se aproximaram.
"Chama divina... " Sienna disse novamente. Ela sugou o lábio inferior e o soltou, balançando um
pouco.
Minhas mãos cerraram ao meu lado.
Enquanto observava, percebi que Sienna estava derretendo.
Sienna
Eles estão transmitindo ao vivo.
Eu tenho que me recompor.
Deus, eu queria que Aiden estivesse aqui.
Minhas mãos estavam dormentes.
A pressão esmagou meu peito.
A escuridão empurrou contra as bordas da minha visão.
Era como se eu estivesse olhando para Carlene através de um túnel.
Seu rosto doce, tão cheio de medo. Seus olhos imploravam por qualquer sinal de esperança.
Eu estava com tanto frio.
Lágrimas estavam se acumulando em meus olhos enquanto eu tentava me concentrar nas
palavras.
"Chama divina", eu disse pela terceira vez, mas era como se o resto delas tivesse me abandonado.
Como era? "Chama divina, fértil e brilhante..."
O suor brotou em todo o meu corpo. Minha respiração estava ficando muito rápida.
Meus ouvidos zumbiam enquanto a pressão em volta do meu peito piorava.
Eu senti como se estivesse tendo um ataque cardíaco.
Eu não posso me descontrolar agora — não na frente dessas pessoas.
Monica está transmitindo isso ao vivo.
Você consegue!
Mas o pânico tomou conta de mim com força, me tirando o fôlego.
Soluços vieram então: torcendo através de mim, torcendo minhas entranhas.
Eu me levantei, recuando para o banco, que rolou.
Carlene estava olhando para mim, chocada.
Os olhos de Michelle não paravam de ir de mim para a câmera — como se ela não tivesse
certeza de onde estava sua lealdade.
Ninguém iria me ajudar.
Pare com isso, Sienna!
Fique sob controle!
Mas não consegui.
Virando-me para frente e para trás, procurei desesperadamente por uma fuga.
Monica estava parada na porta, as mãos na cintura, me olhando com um brilho nos olhos.
Dois cinegrafistas bloquearam a outra porta.
Eu estava perdendo a cabeça e não conseguiria sair dali.
Eu estava presa.
Aiden
Sayyid deu alguns passos à minha frente enquanto caminhávamos silenciosamente pelo corredor
do hotel.
Ele já havia pedido reforços, mas ninguém havia chegado.
Eu estava preocupado que, se Konstantin tivesse o menor indício de problema, ele iria embora
antes que pudéssemos alcançá-lo.
Viramos uma esquina e Sayyid parou no meio do caminho. O sangue foi drenado de seu rosto.
Lá, parado do lado de fora da porta de seu quarto de hotel, estava um homem vestindo um terno
carvão de três peças.
Seus olhos escuros fixaram-se nos meus. Seus lábios estavam curvados na mais leve sugestão de
um sorriso.
"Saudações, Alfa Norwood", disse uma voz vinda de meus pesadelos. "A que devo o prazer?"
Capítulo 83 – Cheiro de Vitória
Sienna
Todo mundo estava olhando como se eles também estivessem paralisados pelo fato de que eu
estava tendo um colapso total ao vivo na televisão.
Meu peito estava pesado e as lágrimas escorriam pelo meu rosto.
"Ok. Por hoje é só. Já chega, "Erica disse finalmente. Ela tentou avançar, mas um cinegrafista a
bloqueou.
"Ei! " ela gritou.
"Ainda estamos filmando", disse Monica, bloqueando a saída.
Aquilo era um pesadelo e eu não sabia o que fazer.
Se eu tentasse fugir, as câmeras me seguiriam.
"Sinto muito", disse a Carlene, que estava olhando para mim como se estivesse preocupada que
eu pudesse a atacar.
" Sienna" — disse Erica, ignorando as câmeras e dando um passo em minha direção. "Tudo
bem. Apenas tente respirar fundo."
"Isso é inacreditável " Charlotte Norwood disse irritada. Uma das câmeras girou para focar nela.
"Você está envergonhando toda a MCL com essa performance horrenda!"
Meu corpo inteiro começou a tremer.
Achei que meus joelhos iriam ceder, mas então meus músculos do ombro se contraíram.
O suéter creme que eu estava usando começou a esticar, rachando nas costuras.
Meu corpo se retorceu e se contorceu, mas na minha mente eu me sentia em paz.
Pelo vermelho ardente brotou por todo o meu corpo.
Meu lobo assumiu, e eu não resisti por um instante.
Eu corri para fora da sala, jogando Monica para o lado.
Ela gritou para as câmeras me seguirem, mas fui rápida demais.
Eu corri para fora do hospital o mais rápido possível.
Aiden
Konstantin parecia o mesmo de sempre, em um terno de corte caro, cabelo bem cuidado e
sapatos engraxados que brilhavam como um espelho.
Um sorriso se espalhou por seu rosto enquanto ele olhava para Sayyid e eu.
"Por mais que eu adorasse ficar e conversar um pouco... " Sua voz era baixa e suave, assim como
eu me lembrava.
Sombras escuras rastejaram como gavinhas dos cantos de seu corpo, girando em tomo dele. "Até
a próxima vez, Alfa Norwood."
Mas fui mais rápido. Antes que ele pudesse desaparecer em fumaça preta, eu me transformei e
saltei para frente, caindo sobre quatro patas pretas.
Sayyid fez o mesmo. Seu lobo era cinza claro, menor que o meu.
Juntos, nós caminhamos em direção ao vampyro.
Konstantin tirou um objeto de dentro do paletó.
Eu mal tive tempo de notar que era uma pequena arma, mas Sayyid percebeu.
Ele saltou na minha frente.
BANG!
A arma disparou. Sayyid desabou no chão, um buraco de bala no centro da cabeça de lobo.
Não tive tempo de olhar para trás. Eu apenas reagi, lançando-me em Konstantin.
Minha mandíbula bateu no braço do vampyro, e a arma deslizou pelo corredor.
Minhas presas rasgaram a lã até a carne.
Soltei o braço e fui para o lado dele.
Konstantin era muito forte — ele me jogou de cima dele, mas eu consegui arrancar um pedaço
de seu torso. Fumaça preta saiu da ferida.
De seu outro bolso, ele retirou uma adaga brilhante.
Ele me atacou e eu me esquivei. A lâmina passou tão perto e tão rápido que eu pude senti-la
tocando o pelo da minha bochecha.
Eu me lancei contra Konstantin novamente, e ele cravou a lâmina em minhas costelas.
Enquanto rolavámos, eu gritei, mas não parei, golpeando seu rosto com meus dentes afiados.
Ele puxou a faca e eu senti sangue quente escorrer do ferimento.
De algum lugar próximo, ouvi gritos.
O reforço de Sayyid finalmente havia chegado.
Mas tarde demais.
Eu ataquei Konstantin novamente, jogando a faca para o lado.
Com um movimento rápido, eu arranquei a garganta do vampyro.
Ele caiu de joelhos e depois desabou de cara no tapete do hotel.
Por um momento, tudo ficou quieto.
Eu mudei de volta para um humano e agachei em um joelho.
Sangue carmesim jorrou da ferida em meu lado, e sangue negro jorrou do pescoço arruinado de
Konstantin.
Sua boca abriu e fechou, mas nenhum som saiu.
A poucos metros de distância, o lobo cinza de Sayyid estava morto.
Então Josh irrompeu no corredor, batendo ruidosamente a porta contra a parede.
Ele olhou ao redor freneticamente, observando a cena.
Josh nem ligou para Sayyid.
Cadê os reforços?
"Como você está aqui? " Eu perguntei, atordoado.
"O que foi que aconteceu? " ele exigiu, ignorando minha pergunta.
Senti uma dor aguda nas costelas onde Konstantin me apunhalou, mas já podia sentir a pele
rasgada se recompondo.
Baixei os olhos para o corpo de Sayyid e depois para o de Konstantin.
"Eles estão mortos. " Não consegui pensar em mais nada para dizer.
Konstantin estava morto, pelo menos.
Assim como um bom homem. Um bom lobo.
O que deveria ter sido uma vitória parecia algo vazio.
Eu olhei de volta para Josh, que estava fervendo.
Como meu Beta chegou?
Naquele momento, vendo a poça de sangue ao redor do cadáver de Sayyid, eu nem me importei.
Eu estava feliz por não estar sozinho.
Eu tenho que contar a todos. Tenho que contar a Sienna.
Pelo menos minha companheira poderia dormir melhor à noite sabendo que o vampyro que lhe
causou tanta dor estava finalmente morto.
Peguei meu celular no bolso do meu casaco rasgado.
Mas eu já tinha uma mensagem esperando por mim.

Erica: Aiden é a Erica

Eu franzi o rosto para o celular. Erica era amiga de Sienna. Ela nunca me mandou uma
mensagem.
Meu coração disparou.

Aiden: o que há de errado


Erica: É Sienna
Erica: Ela estava fazendo uma transmissão ao vivo para o show e...
Erica: eles forçaram muito a barra, Aiden
Erica: aquela babaca de repórter. E Michelle
Erica: Sienna tentou... mas...
Aiden: Erica. Vá direto ao ponto, por favor. Estou preocupado.
Erica: ela se transformou e saiu correndo
Aiden: ela se transformou?
Erica: sim, o que é bom, eu acho
Erica: mas não sei onde ela está
Erica: e ela deixou o celular para trás quando se transformou
Aiden: ok. Obrigado por me dizer
Aiden: Vou encontrá-la.

Uma nova culpa tomou conta de mim.


Um dos meus lobos mais leais estava morto.
E agora minha companheira estava desmoronando, e eu mal tinha notado que ela estava
sofrendo.
Eu a deixei sozinha.
Você fez o que tinha que fazer. Konstantin está morto.
Tudo ficará melhor agora.
Diga isso para Sayyid.
Eu estremeci.
Pegando minhas roupas rasgadas do chão, me virei para Josh. "Você pode assumir o comando?
Algo aconteceu com Sienna."
Eu vi meu Beta cerrar os dentes, mas ele acenou com a cabeça. "Claro."
Saindo do hotel, mudei de volta para o meu lobo.
Jocelyn havia me avisado. A própria Sienna me disse que não estava bem.
A questão sobre sua fertilidade a perturbou — claramente muito mais do que eu imaginava.
Eu tinha uma ideia de onde minha companheira poderia ir quando ela estivesse perturbada.
Eu saí correndo.
Josh
Lá vai ele, o poderoso líder da Manada da Costa Leste.
O Alfa mais pau-mandado que já existiu.
Mas, de certa forma, Sienna me fez um favor. Qualquer drama que ela estava passando desta vez
distraiu Aiden.
Ele não perguntou como eu acabara de aparecer no hotel. E se ele perguntasse mais tarde, eu
poderia dizer que Fiquei sabendo quando ele pediu reforços.
Porque eles estavam chegando agora para limpar sua bagunça.
O cadáver de Konstantin estava imóvel.
Então é realmente isso?
Toda a busca, a caça, a incerteza — terminou com um corte feito pela mandíbula do Alfa?
Eu não pude acreditar.
O corpo de Sayyid jazia em uma poça de sangue.
Isso foi culpa de Aiden. Ele deveria ter me envolvido desde o início.
Então talvez ninguém mais tivesse morrido.
O ferimento à bala me intrigou.
Desde quando vampyros poderosos usam armas?
Eu balancei minha cabeça, uma veia pulsando em minha têmpora.
Algo não parecia certo.
Esfregando a pele sob meus olhos, eu me agachei ao lado do corpo do vampyro enquanto ele
vazava seu sangue negro.
Usei uma caneta para cutucar o ferimento em sua garganta, mas não havia como negar:
Konstantin estava morto.
Deveria ter sido eu.
Eu deveria ter matado ele!
Por Michelle.
Uma onda de raiva passou por mim e empurrei seu ombro morto.
Uma chave com uma pequena etiqueta dourada caiu de seu bolso: número quatro.
Peguei a chave e me levantei.
Quando me tornei Beta, aprendi procedimentos investigativos e protocolos de aplicação da lei.
Talvez tenha sido isso que me impulsionou a usar a chave e entrar no quarto de hotel de
Konstantin.
O que ele estava fazendo aqui no Triple Creek Hotel?
Ele voltou para Mahiganote para terminar o que começou?
Matar minha companheira depois de falhar pela primeira vez? Tudo para chegar à preciosa Sienna Mercer?
Não havia nada de incomum na sala.
A cama estava feita.
O armário estava vazio.
Não havia mala.
Konstantin realmente tinha ficado neste quarto?
Havia uma escova de dente normal na pia do banheiro ao lado de um novo tubo de pasta de
dente.
Isso é muito absurdo.
Como terminou assim?
Bem, pelo menos ele estava morto.
Isso deveria ter sido um consolo, mas meu coração se apertou de amargura.
Deveria ter sido eu. pensei novamente.
Balançando a cabeça, voltei para o quarto.
Sem muita expectativa de encontrar algo, comecei a abrir as gavetas.
Quando cheguei à mesa de cabeceira, esperava encontrar uma Bíblia.
Em vez disso, havia uma carteira e uma garrafa de Jim Beam.
Eu instintivamente alcancei a garrafa, então hesitei.
Que porra é essa, Josh, Konstantin poderia ter feito uma centena de coisas vis para envenenar aquela garrafa.
Amaldiçoando-me, peguei a carteira e abri com uma carranca.
A carteira de motorista tinha a foto de um homem de meia-idade que parecia ser de ascendência
hispânica.
"Ernesto Ruis", dizia.
Havia duas notas de 20 na carteira, além de outra foto do cara da carteira, posando com uma
mulher e dois adolescentes.
Foto de família.
Eu encarei a carteira em minhas mãos, então cuidadosamente recoloquei todo o seu conteúdo.
Tinha sido deixado pelo ocupante antes de Konstantin?
Ele machucou o homem a quem pertencia?
Fui até a recepção e coloquei a carteira na frente da velha senhora.
Ela tinha um olhar arregalado que me disse que ela estava muito ciente da luta que acabara de
ocorrer em seu hotel.
Abri a carteira e mostrei a ela a identidade e a foto do cara com sua família.
"Você reconhece esse homem?"
Ela piscou para os itens, então olhou para mim antes que seu rosto perdesse o foco.
"Acho que já o vi antes", disse ela. "Mas não consigo identificá-lo."
"Acho que o nome dele é Ernesto Ruis. Algum hóspede fez check-in com esse nome?"
Ela fez uma cara de preocupação e digitou.
"Ah, " ela disse. "Por quê? Sim, ele fez. Mas... " Ela ficou quieta.
Inclinei-me e ela virou a tela para que eu pudesse ver.
"Ernesto Ruis é o nome da pessoa no quarto quatro agora", disse ela.
Ela fez uma careta e encontrou meus olhos. "Mas foi um Sr. Konstantin, não foi?"
Esfregando a mão sobre a boca, peguei a carteira para levar comigo.
Eu não sabia ao certo o que isso significava.
Nada sobre isso fazia sentido.
O homem lá fora no pátio parecia o vampyro Konstantin.
Mas, no fundo, o instinto me disse que nem tudo era o que parecia.
Aiden poderia pensar que Konstantin estava morto, mas eu não tinha tanta certeza.
Decidi ir ao fundo desse mistério.
Para ter certeza de que minha companheira estaria segura da ameaça do vampyro.
De uma vez por todas.
Capítulo 84 – Todos Merecem a Chance de Voar
Sienna
Corri para o rio, sentindo-me livre de uma forma que não sentia há semanas.
Era tão bom estar na minha forma de lobo novamente.
Eu cheirei o rio antes de vê-lo, mas agora, eu estava em território familiar.
O ar estava tão frio que praticamente crepitava. A neve abafou os sons usuais da floresta.
Mas eu estava exatamente onde queria estar. Em meio ao silêncio pacífico das árvores.
Ser selvagem — um lobo desfrutando de uma corrida pela floresta de inverno
Não a companheira do Alfa, não Sienna Mercer-Norwood — mas apenas um lobo.
Quando cheguei às margens do rio, pensei imediatamente em Aiden.
Naquele dia em que o desenhei perto deste mesmo lugar.
Nenhum de nós sabia naquele dia que estávamos destinados a ficar juntos.
Quando tudo ficou tão bagunçado?
Eu queria me aninhar ao lado dele, sentir a força e a segurança que me cercavam sempre que ele
estava por perto.
Eu permaneci na minha forma de lobo, feliz por evitar minha vida real por mais um tempo.
Para fingir que não tinha acabado de perder a cabeça na frente de uma plateia ao vivo.
Com um suspiro estremecido, mergulhei meu focinho na água e bebi.
Quando levantei minha cabeça novamente, ouvi um farfalhar nas folhas.
Meu corpo parou enquanto eu ouvia.
Então, como se eu o tivesse conjurado, ele emergiu sob um raio de sol do fim da tarde.
Um lobo enorme, seu pelo preto ondulando.
Aiden.
Minhas narinas dilataram. Eu senti cheiro de sangue.
Ele está ferido!
Eu caminhei até ele, choramingando.
Cheirando-o, encontrei o ferimento, um corte profundo em seu peito.
Ele se virou e me acariciou enquanto eu o lambia, meus olhos se enchendo de lágrimas.
Ele empurrou sua cabeça para o meu lado e eu esfreguei minha bochecha ao longo de sua nuca.
Eu queria que nós nos transformássemos de volta para que eu pudesse dar uma boa olhada no
ferimento, mas aquele não era o melhor lugar.
Nossa casa não fica muito longe.
Não tinha voltado desde que a encontramos queimando, na noite após a batalha com
Konstantin.
Eu cutuquei seu ombro ileso e saí correndo.
Ele seguiu.
Não demorou muito para chegar a nossa casa.
Os andaimes ficavam no lado leste, e folhas de plástico balançavam nas janelas quebradas.
Eu levei Aiden até a porta e me transformei, então girei a maçaneta.
Aiden se transformou um momento depois.
Conduzi-o para dentro de casa e fechei a porta. Ainda estava congelando lá dentro, mas pelo
menos não havia vento.
Meus mamilos endureceram com o frio.
E olhando para o seu corpo lindo, para ser honesta.
"Sienna", ele respirou. "Você está bem?"
"Eu? Não sou eu que tenho um corte do tamanho do Texas no peito."
Examinei a ferida e vi que já estava sarando.
Uma onda de alívio brotou em mim, e passei meus braços em volta do corpo quente e firme de
Aiden.
"O que aconteceu com você? " Eu perguntei.
Seus braços me envolveram. "Konstantin."
Meu coração apertou, mas então Aiden continuou.
"Eu o matei."
Minha cabeça se levantou para olhar para ele. Os olhos verdes de Aiden olharam de volta
abertamente, um triunfo sombrio brilhando neles.
Mas havia algo mais espreitando lá — uma dor sombria que ele estava tentando esconder.
"É verdade? " Eu perguntei. "Você o matou?"
Ele assentiu. "Com minhas próprias mandíbulas."
Soltei um suspiro de alívio, quase perdendo o equilíbrio.
Um peso, muito mais pesado do que eu imaginava, foi tirado de meus ombros.
"Ele está mesmo morto?
"Está", disse Aiden, mas então seu rosto se contorceu.
"Ele matou um dos meus homens na luta", continuou. "Sayyid Hamdi. Ele levou uma bala por
mim. Literalmente."
Eu olhei para ele confusa. "Konstantin atirou em você?"
"Isso me surpreendeu também", disse Aiden. "Eu nunca imaginei... mas deveria. Cometi muitos
erros, Sienna. Sayyid morreu por causa deles. E você... eu sinto muito por não ter te ajudado."
"O que você está falando? Você matou Konstantin!"
Eu quis dizer cada palavra. Eu senti muito a falta de Aiden nos últimos dias.
Mas Konstantin estava morto.
Para sempre.
"Você é incrível", eu respirei.
Ele também estava tremendo.
"Venha, vamos levá-lo para um banho quente", eu disse.
"Só se você vier comigo."
Aiden me beijou, suas mãos segurando meus braços com força.
Libertando-me, eu dei a ele um sorriso mais amplo, então o levei escada acima para o nosso
banheiro.
Passamos por paredes enegrecidas e um carpete arruinado, mas o banheiro estava relativamente
intocado.
Fechei a porta e liguei o chuveiro no máximo.
Aiden me puxou para baixo da água e eu ri, uma explosão de alegria borbulhando em meu peito.
Konstantin estava morto.
Ele nunca poderia me machucar — nunca poderia machucar ninguém novamente.
Pressionei meu corpo, já escorregadio com água quente, contra o de Aiden, envolvendo um
braço em volta de seu ombro ileso quando nossos lábios se encontraram.
Meu corpo ficou vermelho de calor. Tremores irradiaram dos meus dedos aos pés.
Aiden me puxou para ele pela cintura, sua excitação já evidente — uma protuberância dura
contra meu estômago.
Ele passou a mão pela minha bunda e, em seguida, levantou minha perna na coxa, expondo
meus lábios quentes.
A água ainda corria pelo meu corpo quando ele pressionou a cabeça contra a minha vulva.
Passei os dedos da minha mão livre sobre sua ferida, descendo por sua barriga, em seguida,
envolvi-os em tomo de seu pênis rígido, apreciando a umidade da água quente misturada com o
calor dele.
Aiden gemeu contra minha boca.
Corri meus dedos para cima e para baixo em seu comprimento, alisando meu polegar sobre sua
cabeça. A mão que segurava minha coxa apertou e ele me puxou para mais perto.
Sua outra mão segurou meu seio enquanto a água caía em cascata sobre nós dois.
Eu o puxei um pouco, pressionando pontos sensíveis enquanto acariciava sua ereção.
Com um grunhido, ele soltou minha perna e agarrou minha mão, prendendo meu pulso na
parede de azulejos.
Ele se curvou e levou um mamilo à boca, depois o outro.
Sua mão livre viajou pelo meu corpo, acariciando a pele úmida da minha barriga, meu quadril, até
meu sexo que estava quente.
Ele mergulhou dois dedos dentro de mim e eu me engasguei.
Colocando e tirando, ele fez meus joelhos fraquejarem enquanto eu me agarrava a ele.
"Ai, Aiden, eu quero você", murmurei.
Ele moveu seus lábios para minha boca, sua língua encontrou a minha enquanto seus dedos me
penetravam.
Então ele os tirou, sua mão espalhando minhas pernas e deslizando sob minha coxa novamente.
Ele pressionou seu pau contra meus lábios, em um pedido silencioso.
Eu balancei minha cabeça para trás, me oferecendo a ele, querendo-o tanto.
Finalmente, ele se empurrou para dentro de mim e eu gritei enquanto ele empurrava cada vez
mais fundo. O barulho constante do chuveiro se misturou com meus gemidos de prazer.
"Sienna", ele sussurrou em meu ouvido.
Ouvir meu nome em sua boca me fez derreter.
Enquanto seus músculos se contraíam, eu senti meus pés levantarem do chão. Larguei tudo,
confiando na força de seus braços.
O calor que jorrava de cima era incomparável com o fogo que ardia por dentro.
Eu me desmontei. A felicidade arrancou um grito de mim.
Os olhos de Aiden rolaram para trás enquanto seus movimentos se aceleravam, juntando-se à
minha liberação.
Nós gozamos juntos.
O chuveiro nos molhava enquanto tremíamos em êxtase.
Eu me afoguei no êxtase, fui tomada pela sensação.
Durou para sempre... ou assim parecia.
Então, finalmente, voltei a mim mesma, segurada com força nos braços de Aiden sob o fluxo do
chuveiro.
Nós nos enrolamos em enormes toalhas de banho e ficamos no banheiro para secar, ligando o
aquecedor de parede enquanto nos aconchegávamos no chão de costas para a banheira.
Aiden traçou um dedo sobre as linhas da minha palma. Estávamos ambos calados e pensativos.
Por seu olhar distraído, percebi que ambos estávamos pensando na morte de Konstantin. E no
assassinato de Sayyid.
O preço terrível que ele pagou para que pudéssemos ser livres.
Diante de tal tragédia, meu colapso anterior parecia totalmente sem importância.
Pela primeira vez — desde que eu conseguia me lembrar — parecia que estava pensando com
clareza.
Eu estava me punindo por crimes que não eram meus. Eles eram de Konstantin.
Todo o estresse e ansiedade que consumiram minha vida: o programa, que me fazia rastejar por
Michelle, por Monica, por Charlotte .
Meus medos sobre minha possível infertilidade .
Tudo remontava a Konstantin.
Minha culpa e medo por deixá-lo entrar em minha vida.
Era o mesmo tipo de culpa horrível e equivocada que senti depois da morte de Emily.
Em algum nível, eu pensei que se eu pudesse me tornar a companheira perfeita do Alfa, eu
evitaria cometer os erros que permitiram que o vampyro chegasse tão perto de mim.
Mas isso era irracional.
Konstantin mordera Michelle.
Ele se aproximou dela como uma cobra covarde.
Ninguém poderia ter evitado isso, não importa o quanto eu quisesse acreditar que seria capaz se
eu apenas tivesse sido mais vigilante.
Não foi sair com um amigo por mimosas que fez Konstantin nos atacar.
Não foi a tentativa de me tornar uma artista de sucesso que o fez invadir minha mente.
Ele usou meu desejo de sucesso contra mim?
Sim.
Mas isso significava que eu merecia perder minha arte para sempre?
Não.
E de repente, enquanto olhava para a parede em branco à nossa frente, senti a necessidade de
pintar.
Eu pintaria um mural ali mesmo. Eu já podia ver em minha mente.
Lobos. Um preto e um castanho-avermelhado — no rio, no inverno.
Eu começaria assim que as reformas fossem feitas.
E eu iria desistir daquele programa idiota.
Eu estava cansada de ser a estrela de Monica. Exausta de ser o saco de pancadas de Charlotte. E
Michelle...
Por mais que eu amasse Michelle, não poderia dar a ela o que ela queria. Eu não tinha certeza de
que alguém pudesse.
Mas eu estava cansada de tentar ser algo que não era.
Agora, com Jocelyn fora, não havia ninguém por perto para me curar.
Então, eu teria que me curar.
Será?
Assim que voltamos para o hotel, fucei minha bolsa de couro preto.
Eu não a carregava desde antes do Festival das Chamas, e tinha esquecido completamente do
pacote fino e embrulhado que ainda estava aninhado dentro.
Eu o retirei com reverência, desdobrando as camadas de lenço de seda que o cercavam.
Enfiado no meio estava uma pulseira trabalhada com ornamentos de prata martelada.
Eu já tinha visto isso muitas vezes antes no pulso da minha amiga e curandeira.
No centro da pulseira havia um pedaço de papel dobrado.
Lágrimas brilharam em meus olhos quando comecei a ler a mensagem curta.
Sienna,
Esta pulseira pertenceu à minha avó. Isso me trouxe força mais vezes do que posso contar.
Que isso lembre você do amor que a cerca.
E de todos aqueles que acreditam em você.
Agora, acabe com todos
Com amor,
Jocelyn.
Coloquei a pulseira em volta do meu pulso, sentindo uma energia quente se espalhar por todo o
meu corpo.
Eu era mais forte do que Monica Birch. Mais forte do que Charlotte Norwood.
E eu estava cansada de ser pressionada.
Josh
Hanh me encontrou em meu escritório na tarde seguinte.
"Eu terminei o teste de DNA que você pediu, Beta Daniels, " ele disse.
"E?"
"Os cabelos do corpo identificado como Konstantin correspondem ao DNA que tínhamos em
arquivo para ele."
Eu fiz uma cara de frustração.
"Obrigado. " Eu o dispensei.
Olhei para a tela do meu computador: Ernest Ruis foi dado como desaparecido por sua família
há duas semanas.
A evidência mostrou que Aiden matou Konstantin naquele hotel, mas meu instinto dizia que não
era Konstantin — apesar do que o DNA dizia.
Eu verifiquei meu celular e vi que eram quase seis horas.
Era para eu encontrar Michelle em nosso restaurante favorito mais tarde naquela noite.
Nós finalmente combinamos um horário para um encontro, e ela até concordou em deixar as
câmeras para trás por uma noite para que pudéssemos ficar realmente sozinhos.
Eu sorri com a ideia de passar uma noite romântica com minha companheira.
Mas algo estava me dando um frio na barriga — algum instinto profundo que me dizia que o
vampyro estava perto.
Que esta noite eu teria minha chance.
Abrindo a gaveta superior esquerda da minha mesa, peguei o relógio e olhei para o mostrador.
Os ponteiros não estavam mais confusos. Observei enquanto os dois apontavam
inabalavelmente na mesma direção.
Noroeste.
Por que o relógio funcionaria se Konstantin está morto?
Eu precisava descobrir o que estava acontecendo.
Mas se eu perdesse esse encontro, Michelle ficaria arrasada.
Merda.
Eu encarei o relógio, dilacerado pela indecisão.
Tudo que eu queria era ser um bom companheiro.
E às vezes isso significava fazer sacrifícios.
O que vou fazer?
Capítulo 85 – Desafiando a Gravidade
Michelle
Kristy @ KWaynel992
Puta merda, eu nunca vi um lobo enlouquecer com uma senhora grávida como aquela antes!
#Sienna com certeza perdeu a cabeça no #MonicaBirchShow. Sabe o que é zoado? Garotas tendo
colapsos emocionais. #Sienna ficou #descontrolada e ninguém sabe por quê! KKKKK Só sei que tô
amando o #MonicaBirchShow!
Etienne Tremblay @CanadaAlfa
Fiasco inacreditável no #MonicaBirchShow de ontem. Mais evidências de que #Sienna não foi
feita para ser a #CompanheiradoAlfa.
Eu coloquei meu celular na mesa do restaurante com nojo, olhando ao redor para os outros
clientes.
Eu me perguntei quantos deles tinham visto o vídeo, que se tornou viral no instante em que foi
ao ar.
Já era tarde naquela noite e eu estava esperando por Josh em um restaurante chique no centro da
cidade.
Tínhamos planejado um encontro noturno e eu mal podia esperar para mostrar a ele os latidos
que já estavam chegando.
Sienna não conseguiu abençoar algumas grávidas, pelo amor de Deus!
Eu me sentia péssima por ela e tal. Quer dizer, ela ainda era minha melhor amiga e eu não era
completamente sem coração.
Mas eu não era babá dela. Nem mãe.
E não foi minha culpa se ela não conseguiu se virar.
Até porque tudo que ela precisava fazer era dizer algumas palavras.
Eu poderia ter feito aquilo dormindo.
Mas ninguém me queria.
Eles só queriam Sienna.
E cadê o Josh?
Ele estava quase quarenta minutos atrasado para o nosso encontro e os garçons estavam
começando a estranhar.
Aquele olhar que dizia: "Coitadinha, levou um fora."
Eu olhei para eles.
Eu não preciso da sua pena.
Eu não preciso do meu companheiro.
Eu não preciso de ninguém.
Levantando-me da mesa, saí do restaurante.
De alguma forma, cheguei ao meu carro antes que as lágrimas começassem a escorrer pelo meu
rosto.
Josh
Meu frasco estava vazio.
Eu o atirei no banco do passageiro com nojo.
Eu me senti um completo idiota por ter dado o bolo na Michelle.
Mas ela me perdoaria.
Eu estava chegando mais perto.
E eu não poderia voltar atrás agora. Não agora que estava tão longe.
Se o relógio me mantivesse dirigindo por muito mais tempo, eu teria que abastecer. Eu
compraria uma garrafa então.
Eu realmente preciso parar de beber.
Se eu estava prestes a enfrentar Konstantin, precisava de minha inteligência.
Mas o uísque me mantinha ativo — me mantinha focado e determinado.
Aiden matou alguém ontem.
Alguém perigoso o suficiente para derrotar um capitão do Esquadrão de Caçadores como Sayyid
Hamdi.
O DNA mostrou que essa pessoa era Konstantin, mas não, algo não estava certo.
Por que Konstantin, um vampyro todo-poderoso, recorreria ao uso de uma arma?
Por que não usou seus poderes psíquicos?
Quem é Ernesto Ruis? Que papel ele desempenhou em tudo isso?
E qual é o significado dos ossos roubados?
Algo estava errado e eu iria descobrir o quê.
Pisei no acelerador com mais força, acelerando ainda mais pela rodovia.
Sienna
Se tudo tivesse corrido bem no dia anterior, eu teria me encontrado com Monica, Charlotte,
Michelle, Blair e Selene naquele dia.
Havia outro episódio ao vivo do Companheiras Reais esta tarde, em um chá de arrecadação de
fundos que Blair liderou para beneficiar a ala de obstetrícia do hospital.
Mas eles teriam que fazer isso sem mim.
Porque em vez de ir para o almoço, fui para a minha galeria.
O estúdio ainda estava destruído pelo acesso de raiva que eu tive alguns dias antes.
Balançando a cabeça, comecei a limpar a bagunça que fiz.
Eu me sinto melhor. Mais com os pés no chão.
Eu estava confiante de que havia tomado a decisão certa.
Por muito tempo, estive tentando me moldar em algo que não era.
Eu me deixei levar pelo medo e pela dúvida.
E Konstantin havia usado esse medo para me manipular.
Mas ele estava morto. A ameaça iminente do vampyro finalmente sumiu da minha vida. Da vida
de todos que ele machucou.
E eu podia ver a verdade.
Eu nunca seria uma companheira perfeita para o Alfa, pelo menos pelas definições de algumas
pessoas.
Mas no final, quer se encaixasse no meu papel ou não, eu tinha que ser eu.
Qualquer outra coisa era insustentável.
Joguei fora as telas rasgadas, derramei os potes de tinta e passei um esfregão no chão. Enquanto
eu limpava, contemplei a crise que enfrentei no dia anterior.
Eu sinto muito por aquelas mulheres. Elas esperavam que eu as ajudasse, e eu fugi delas sem
uma explicação.
Mas talvez houvesse algo mais que eu pudesse fazer por elas.
A ideia de minha possível infertilidade me irritava constantemente — como uma ferida aberta.
Mas isso não precisava ser algo ruim.
Com cuidado, tirei a linda pulseira de Jocelyn e coloquei no bolso. Não podia arriscar respingar
tinta em uma relíquia de família tão bonita.
Quando terminei a limpeza, montei uma série de pequenas telas e comecei a trabalhar nelas uma
após a outra.
Para cada uma dessas mulheres, eu criaria algo único.
Uma pintura — na qual coloquei todo o meu amor e esperança por elas.
Talvez não seja mágica. Talvez isso não as salvasse do jeito que elas sonharam que eu poderia.
Mas foi o melhor que pude fazer para abençoar cada um deles à minha maneira.
Conforme a tinta escorria do meu pincel, eu esperava que fizesse alguma diferença.
Aiden
Os membros do meu conselho interno entraram no meu escritório para nossas instruções
diárias.
Eu perguntei a Sienna se ela queria se juntar a nós — agora que Konstantin estava morto, eu
esperava envolvê-la mais na vida cotidiana da Matilha — mas ela disse que estava indo para a galeria.
Eu percebi uma nova leveza em seus passos — o que pode ter algo a ver com o fato de que ela
dormiu a noite toda pela primeira vez em semanas, toda envolta em meus braços.
Vamos torcer para que os pesadelos tenham ido embora para sempre.
Havia uma ausência notável na sala.
"Onde está o Josh? " Eu perguntei.
Ninguém respondeu.
Eu revirei meus olhos.
Agora que a ameaça de Konstantin havia sido resolvida, eu teria que ter uma conversa com meu
Beta sobre suas responsabilidades.
Chega de sumiços.
Todos se sentaram e percebi que Nelson estava impaciente para começar.
"Há algo de errado? " Eu perguntei.
"Recebi uma ligação do escritório do Alfa do Milênio", disse ele.
Eu me endireitei. "O que está acontecendo?"
Nelson pigarreou. "Ele está programado para ficar em Lumen até março, mas acho que ele está
abreviando a visita e... está vindo para cá."
A sala estava totalmente silenciosa. Todos olharam para mim.
Se Raphael Fernandez estava vindo para Mahiganote, isso só poderia significar uma coisa.
Houve algum problema.
"Ele disse por quê? " Eu perguntei.
Nelson se mexeu desconfortavelmente em sua cadeira, seu olhar caindo para o chão.
"O que foi? Alguém pode me explicar?"
"É por causa do programa", disse nossa secretária de imprensa Beatrice.
Eu dei a ela um olhar perplexo. "Quê?"
"Tem havido muito alvoroço nos círculos mais... tradicionalistas", ela continuou. "Você viu a
coletiva de imprensa com Etienne Tremblay?"
"O Alfa da Matilha do Canadá? " Beatrice concordou com a cabeça. "Tremblay teve muito a
dizer sobre o programa. E ele está falando bem alto. Para quem quiser ouvir."
"E daí? " Eu disse.
"Parece que Tremblay é quem informou o Único e Verdadeiro Alfa do que está acontecendo.
Ele também está voando para Mahiganote. Tremblay conseguiu convencer Fernandez de que é
algum tipo de farsa distorcida."
Isso provavelmente não demorou muito.
Já era hora de acabar com aquele circo. Já tinha passado da hora.
"Beatrice, ligue para a Monica Birch. Diga a ela que o programa está cancelado. Imediatamente."
"Mas e quanto..."
"Liberdade de imprensa? Como quiser. Mas não com minha companheira, e não em minha Casa
da Matilha."
Beatrice assentiu e saiu da sala. Eu olhei para todos os outros.
"Vocês, pobres coitados, vão me ajudar a descobrir como lidar com Raphael Fernandez. E
Nelson, consiga-me qualquer informação que puder sobre Tremblay."
Tentei me lembrar de qualquer coisa sobre o Alfa canadense. No geral, eu me lembrava dele
como um fanfarrão.
Mas se Raphael pensasse que meu domínio sobre a Matilha da Costa Leste estava diminuindo,
ele não hesitaria em vir aqui e acabar comigo.
E isso parecia ser exatamente o que estava para acontecer.
"Companheiras Reais da Costa Leste está oficialmente fora do ar", disse ao meu conselho.
"Agora, vamos descobrir como consertar essa bagunça."
Jocelyn
Sentei-me em frente ao fogo na biblioteca do Retiro do Curandeiro.
Um livro estava aberto no meu colo, mas eu olhava distraidamente para as chamas.
A pele nua do meu pulso parecia estranha e leve.
Mas Sienna precisava dessa força mais do que eu agora — eu sentia em meus ossos.
A Matilha da Costa Leste precisava de mim.
Eu não posso ficar aqui para sempre. Em algum momento, terei que voltar para minha vida.
Ou o que restou dela — agora que não sou mais uma curandeira.
Houve um ruído suave atrás de mim e, um momento depois, mãos escuras cobriram meus olhos.
Meu coração pulou.
"Ei", Nina disse, dando a volta e se empoleirando ao meu lado no sofá em que eu estava
enrolada.
"Oi", eu disse.
Eu estava um pouco insegura de como me comportar com ela.
Tínhamos tido aquele bom momento no refeitório, e então eu não a via há dias.
Puxei o cobertor que estava enrolado em meus ombros.
"Não acredito que você está com frio", Nina riu. "O fogo está realmente indo embora."
"Tem feito bastante frio ultimamente", eu disse incisivamente.
Ela suspirou e segurou minha mão. "Sinto muito, Jocelyn, " ela murmurou.
Ela encontrou meus olhos.
"Eu não sabia a coisa certa a fazer. Parecia que... talvez você não me odiasse tanto. Eu não queria
estragar tudo."
"Então você me evitou?"
Ela encolheu os ombros, olhando para baixo. "O que posso dizer? Eu meio que sou péssima
nesse tipo de coisa. Eu sou um tipo de garota que 'foge dos meus problemas'."
"Eu sou um problema?"
Seus olhos dispararam para encontrar os meus, se abrindo amplamente. "Não!"
Com um gemido, ela caiu para trás contra o sofá.
"Meu deus, eu sou terrível nisso. Não, Jocelyn, você não é um problema. Eu sou um problema.
Ou melhor, estou com problemas. Sempre consigo afastar as pessoas de quem gosto. Machucar
as pessoas que amo."
Prendi minha respiração.
Seus olhos dispararam em direção aos meus. "Merda", ela sussurrou.
"Pessoas que ama? " Eu disse baixinho.
"Por favor, não surte", ela disse suavemente.
A dormência que eu estava sentindo... o frio... diminuiu um pouco.
Ela ainda estava segurando minha mão e eu apertei meus dedos em torno dela.
Engolindo em seco, eu disse: "É por isso que você está tão assustada? Porque seus sentimentos
por mim são... intensos?"
Ela sustentou meu olhar e então, lentamente, ela balançou a cabeça.
O ar entre nós engrossou com a tensão.
Eu descansei o lado da minha cabeça no encosto do sofá.
Ela aproximou o rosto do meu e me beijou de leve na boca.
Eu sabia que Nina era malandra.
Eu sabia que ela havia mentido.
Mas o jeito que ela me beijou...
Eu sabia que aquilo era real.
Sienna
Eu tinha terminado a terceira pintura e comecei a quarta quando meu celular começou a tocar.
Era Charlotte Norwood.
Com uma respiração profunda, eu atendi. "Oi Charlotte. Eu não vou comparecer."
Houve uma pausa.
Então ela disse: "Precisamos conversar".
"Não, não precisamos. Estou fora do programa. Então, não vou precisar mais da sua ajuda."
Charlotte fez um barulho irritado.
"Isso não vai dar certo", disse ela.
Eu belisquei a ponta do meu nariz. "Bem, vai ter que acontecer."
"Você está me provocando", disse ela.
Eu franzi o rosto. O que ela quis dizer?
"Você deve se encontrar comigo, Sienna."
"Eu não tenho que fazer nada com você", eu disse, enquanto minha raiva aumentava.
"Você precisa", ela disse. "Se você quiser ficar com Aiden, você vai me encontrar
imediatamente."
Capítulo 86 – Geladura
Michelle
Eu encarei meu celular em descrença.
Cancelado.
Aiden Norwood cancelou o Companheiras Reais.
Lágrimas saltaram dos meus olhos.
Como isso pôde acontecer?

Michelle: há alguma chance de que volte?


Monica: que eu saiba não
Michelle: mas não pode acabar assim!
Monica: desculpe, mas é assim que as coisas são
Monica: estou muito ocupada, Michelle
Michelle: mas eles disseram POR QUE!!!??
Monica: estou muito ocupada, Michelle
Michelle: mas eles disseram POR QUE!!!??
Monica: …
Monica: espere. Você não sabia?
Michelle: não sobre o quê?
Monica: foi Sienna
Monica: ela não queria mais se envolver
Monica: então Aiden cancelou.

Joguei o celular na cama, me levantei e caminhei lenta e deliberadamente até o banheiro.


Eu encarei meu reflexo. Meus olhos brilhavam com lágrimas acumuladas.
Sienna. Ela não poderia me deixar conseguir isso.
Ela não conseguiu segurar a onda só por algumas semanas.
Quaisquer bons sentimentos que minha amiga e eu compartilhássemos recentemente tinham
evaporado, me deixando trêmula e furiosa.
Ela não merece ser a companheira do Alfa.
E eu? E quanto a mim?
Ninguém dava a mínima para mim.
Eu não era nada.
Com um grito áspero, atravessei o vidro com meu punho.
Sienna
Fui ao Posey Hotel, onde Charlotte e Daniel estavam hospedados.
Ou, pelo menos, onde Charlotte estava hospedada. Daniel Norwood ainda estava fora do país a
negócios.
A mãe de Aiden estava sentada em uma mesa no canto, sorrindo amigavelmente para ninguém
menos que Monica Birch.
Eu olhei ao redor. Sem câmeras. E eu não vi Michelle em lugar nenhum.
Algo estava errado. A inquietação subiu pela minha espinha, mas endireitei os ombros, tentando
esconder minha hesitação.
O que quer que aquelas duas tivessem planejado, não iria funcionar.
"Sienna, que gentileza de sua parte arranjar tempo para se juntar a nós", Charlotte falou
lentamente quando me aproximei.
"Estávamos começando a achar que você não compareceria", acrescentou Monica.
Eu olhei para ela. "Vamos acabar com isso. O que você quer?"
Monica deu um pequeno suspiro de surpresa. "Uau, Sienna, por que tanta hostilidade?"
"Eu já disse a Charlotte quando ela ligou: acabou", eu disse. "Estou fora do programa. Você e
Michelle podem continuar, eu não me importo, mas eu não faço mais parte do Companheiras Reais."
Os olhos de Monica se estreitaram. " Companheiras Reais foi cancelado. Sob a autoridade do Alfa.
Aiden não te contou?"
Meu queixo caiu. Eu não tinha visto Aiden desde aquela manhã; eu não tinha ouvido uma
palavra sobre o programa ter saído do ar.
"Claramente, meu filho não compartilha tudo com você, não é? " Charlotte disse suavemente.
Eu olhei pra ela. Sua pálpebra estava tremendo e seu rosto parecia abatido e tenso.
Por fora, ela parecia uma mulher se deleitando com a vitória.
Mas tive a sensação de que tudo não era exatamente o que parecia.
Eu a encarei. "Se o programa foi cancelado, por que estou aqui?"
Os lábios de Charlotte se curvaram em um sorriso. "Por causa de outra coisa que Aiden pode
não ter lhe contado: algumas das... complexidades da lei da Matilha."
"O que, diz em algum lugar que eu tenho que me ajoelhar e jurar submissão à minha sogra? " Eu
perguntei sarcasticamente.
Monica observou nós duas, parecendo positivamente alegre. Eu me perguntei se ela estava
filmando isso, mesmo agora, em algum tipo de câmera oculta.
Mas os olhos de Charlotte estavam mais frios. "Não. Mas diz que a companheira do Alfa deve
ser capaz de lhe dar filhos."
O silêncio ecoou após suas palavras.
Meu coração parou no meu peito.
"Já faz o quê, três temporadas de Bruma que você passou com meu filho? Outono passado,
primavera e este outono. E ainda, nada de gravidez."
"Isso não é da sua conta, porra", eu disse. Meu corpo inteiro parecia rígido, como se eu tivesse
sido transformada em pedra.
"Na verdade, é da conta de toda a Matilha da Costa Leste", Monica entrou na conversa. "Eles
têm o direito de saber se a companheira de seu Alfa é capaz de dar à luz um herdeiro."
"Afinal, é seu dever mais sagrado", acrescentou Charlotte.
Ela fungou com seu desdém esnobe de costume, mas, ao mesmo tempo, vi seus olhos se
voltarem nervosamente para Monica.
Suas palavras soavam como se elas tivessem ensaiado, e então tive certeza de que aquilo estava
sendo filmado.
Eu caí direto em uma emboscada.
Mas será que fui a única?
Por que Charlotte parece tão inquieta? Eu nunca a vi nem um pouco abalada.
"E está escrito na lei da Matilha que se a companheira de um Alfa é incapaz de ter filhos por
qualquer motivo, ela deve ser posta de lado."
Minha pulsação martelou em meus ouvidos. "Isso é impossível. Um vínculo de acasalamento não
pode ser quebrado."
Charlotte deu uma risada curta. "Ninguém está falando sobre quebrar o vínculo de acasalamento,
sua criança boba."
"Você sempre pode continuar como amante dele", Monica explicou. "Enquanto alguém mais..."
"Adequado, é encontrado para a posição de sua verdadeira companheira", Charlotte terminou
suavemente.
Monica olhou para ela e eu vi Charlotte se encolher visivelmente.
Agora eu tinha certeza disso. Charlotte pode querer que eu vá embora, mas não foi ideia dela.
Isso não mudou o fato de que suas palavras poderiam significar o fim do meu relacionamento
com Aiden.
Eles não têm nada sólido para seguir em frente.
Três Brumas sem gravidez é suspeito, mas não é prova de nada.
Eu me forcei a respirar. Para manter a calma.
"Você sabe de quem é o trabalho de defender a lei da matilha em situações como essas? "
Charlotte perguntou, cruzando as mãos sobre a mesa.
"Tenho certeza de que você vai me contar", respondi bruscamente.
"O Alfa do Milênio", ela respondeu suavemente. "E você sabe quem chegará a Mahiganote
amanhã?"
Sem esperar que eu respondesse, ela mesma respondeu: "Raphael Fernandez".
Eu a encarei.
Quando tudo isso aconteceu? E por que Aiden não me contou sobre isso?
"É por isso que Aiden cancelou Companheiras Reais. Mas acho que temos uma matéria muito mais
emocionante aqui", disse Monica, dando-me um sorriso de tubarão.
"E eu realmente acho que o Único e Verdadeiro Alfa ficará muito interessado no que eu tenho a
dizer a ele."
Com Monica filmando o tempo todo — transmitindo para uma audiência de milhões.
Eu me perguntei se ela estava planejando isso desde o início.
E de alguma forma envolveu Charlotte nisso.
Por isso ela insistiu tanto para que eu ligasse para minha sogra.
Ela deve ter planejado isso desde o início.
Não importa. Eles ainda não tinham evidências sólidas.
Eu me levantei da mesa. "Eu não vou ser intimidada por você. Qualquer uma de vocês. O que
faço no meu quarto não é da conta da Matilha. E você não manda na minha vida."
Eu me virei para ir embora, mas Monica tossiu e enfiou a mão na bolsa para pegar uma pasta de
documentos.
"Acho que você pode querer reconsiderar isso."
Monica
Acabou que foi fácil demais.
Sienna ficou imóvel enquanto o olhar de Charlotte caiu para seus pés.
Elas só rosnavam, mas não mordiam — especialmente a mais velha das duas. Bastou um
encontro oportuno com Charlotte Norwood para lembrá-la de que era do seu interesse continuar
cooperando.
Eu inicialmente a confrontei semanas atrás.
Ela se sentou na minha frente no pequeno café, olhando com horror em branco para as
declarações que eu fiz na frente dela.
"Como você encontrou isso? " ela perguntou.
"Ah, eu tenho meus métodos", eu respondi.
Um jornalista respeitável nunca revela suas fontes.
Especialmente quando essa fonte era um hacker freelance que paguei meses atrás para descobrir
os pobres de Charlotte e Daniel Norwood.
Acontece que a mãe do Alfa estava usando o cartão de crédito da MCL para coisas que não eram
exatamente relacionadas aos negócios.
A menos que fosse realmente necessário gastar US$ 400 mil em roupas de alta costura todos os
anos.
Eu soube quando vi aqueles números que Charlotte Norwood era meu bilhete premiado. E
assim que eu a deixei saber que eu exporia seus crimes para o mundo, ela ficou mais do que feliz em
ajudar.
Eu mal tive que insistir. Acho que teve algo a ver com o fato de que meu plano acabaria tirando
Sienna do jogo.
E Aiden Norwood teria uma nova companheira.
"Depois disso, recebo a cópia dos meus arquivos bancários, correto? " ela pressionou, derrotada,
mas disposta a fazer o seu papel.
"Claro. Eu sou uma mulher de palavra", eu menti.
E enquanto eu estava lá segurando o envelope na direção de Sienna, observei enquanto ela e
Charlotte lutavam para esconder o medo em seus olhos.
Elas estão nas minhas mãos.
Aiden
O sol do fim da tarde estava começando a escurecer quando Felix me chamou.
"Alfa Etienne Tremblay quer vê-lo, senhor", disse ele.
"Mande-o entrar."
Tremblay tinha um rosto comprido, olhos azuis caídos e cabelos grisalhos. Seu terno caro estava
bem esticado sobre sua considerável barriga.
"Aiden, é um prazer ver você", disse ele, dando um passo à frente e estendendo a mão.
Eu sacudi. "Bem-vindo a Mahiganote."
"É um prazer estar aqui! É quente em comparação com Ottawa. Quando saí, estava bem abaixo
de zero."
"Imagino que seja uma boa mudança".
"Sim. Em climas como esse, você tem que ter cuidado com geladuras.
Eu me perguntei o que ele queria.
Por que ele veio ao meu escritório agora, quando ele poderia ter se acomodado em seu hotel e esperado para me ver
junto com Raphael amanhã?
Etienne estava andando em um pequeno círculo ao redor do meu escritório, olhando para as
pinturas — todas de Sienna — nas minhas paredes.
Suspirei. "Mas duvido que você tenha vindo até aqui por causa do clima, Etienne."
Ele parou e se virou para olhar para mim. "Não, não foi por isso. Estou aqui porque — como
informei ao Único e Verdadeiro Alfa — estou profundamente preocupado com este reality show."
"O programa foi cancelado. Toda essa situação já foi resolvida. Você não acha que exagerou um
pouco, envolvendo Raphael?"
As narinas finas de Etienne dilataram-se. "Sua companheira está arrastando o nome dos Alfas
pela lama, e você precisa colocar uma coleira nela!"
A raiva cresceu em minhas veias. Eu me levantei da cadeira. De pé, eu era muito mais alto do
que Etienne, e seus olhos se arregalaram de surpresa.
Eu inclinei minha cabeça, olhando para ele. "Vou lhe dar uma chance de retirar o que disse."
Etienne sorriu e encontrou meu olhar furioso. "Claro, Alfa Norwood. Tenho certeza de que sua
companheira é... perfeitamente adequada para sua posição. Não há nenhum problema nisso."
Sua estranha escolha de palavras fez o cabelo da minha nuca se arrepiar.
"Tive uma conversa interessante com uma jovem chamada Monica Birch. Você a conhece, eu
acredito?"
Eu não disse nada, minha mandíbula cerrada com força.
"Ela me deu algumas... informações interessantes ontem. Foi parte da razão pela qual informei
Raphael sobre o problema em sua matilha."
"Ah, é mesmo?"
Etienne acenou com a cabeça. "Eu acho interessante que o Alfa do Milênio apareça aqui agora.
Ele pode ser necessário."
"E por que isto? " Meu tom de voz estava grave e perigoso.
Se Etienne tivesse um pouco de bom senso, ele já teria dado meia-volta e corrido.
Mas em vez disso, ele teve a audácia de sorrir para mim. "Vejo você amanhã, Aiden."
Eu o observei sair com uma sensação de mal-estar crescendo em meu peito.
Ele e Monica Birch...
Eles estavam tramando algo.
Mas o quê?
Sienna
Fiquei pairando entre a cadeira que empurrei e a mesa.
Percebi que Monica estava esperando que eu perguntasse o que havia no arquivo.
Olhamos uma para a outra. Minha boca ficou fechada.
Por fim, ela disse: "Este é um arquivo médico, Sienna".
Uma onda de tontura passou por mim.
"Qual arquivo médico? " Eu disse.
Monica sorriu afetadamente. "Seu, é claro."
Meu?
"Onde você conseguiu isso? Como você pôde..."
Levei um momento antes de perceber exatamente o que ela estava insinuando...
O exame de Hanh.
A prova de que posso ser infértil.
Ela sabia a verdade.
E Charlotte também.
Capítulo 87 – A Reflexão olha Diretamente para Você
Monica
Sienna parecia ter perdido a capacidade de se mover. Ou respirar. Ou falar.
Ótimo. Aquela vaca ruiva nunca calava a boca.
Eu relaxei na minha cadeira, segurando a pasta de documentos com meu bilhete da sorte.
As bochechas de Sienna ficaram vermelhas. "Você não pode ter isso. É confidencial."
"Sim, bastante confidencial. " Eu concordei. "Talvez até condenatório. Exatamente o tipo de
coisa que você não gostaria que caísse nas mãos do Alfa do Milênio."
"Permita-me deixar isso perfeitamente claro", disse Charlotte a Sienna. "Eu conheço meu filho.
Ele gosta de se considerar 'nobre'. Sua tendência seria simplesmente ignorar quaisquer problemas
com a lei."
"Mas ele não vai conseguir", terminei. "Não quando Raphael Fernandez receber este documento
logo pela manhã."
Comigo ali, esperando para capturar toda a cena.
Mais uma vez, silenciosamente agradeci a Sienna por ser ingênua o suficiente para convidar sua
sogra para participar do programa.
Charlotte Norwood foi minha chave para separar Aiden e Sienna.
E também, simultaneamente, para divulgar a maior história que a Manada da Costa Leste já tinha
visto.
No mês que vem, eu poderia ter meu próprio programa.
Daqui a um ano, minha própria rede.
As possibilidades eram infinitas.
No fim das contas, tinha sido mais fácil do que eu jamais imaginei.
Especialmente depois que eu descobri um certo segredo sobre a companheira de um certo Alfa.
Se houve uma coisa que aprendi em minha carreira, foi que informação é poder.
Isso tinha colocado Charlotte Norwood sob meu controle.
E estava prestes a derrubar Sienna.
Eu lancei um olhar para a câmera escondida que coloquei dentro do vaso de flores em nossa
mesa. Ele estava apontado corretamente, então capturou o olhar perplexo no rosto de Sienna.
"O que você quer de mim? " Sienna exigiu. "Presumo que seja algum tipo de chantagem?"
Charlotte fungou, como se essas coisas estivessem muito abaixo dela. "Certamente não. Estou
aqui para lhe dar a chance de deixar o cargo de companheira de Aiden enquanto você pode. Eu
realmente prefiro não arrastar o nome Norwood pela lama."
"Pelo menos" — ela olhou para Sienna com frio desdém — "não mais do que já foi."
Mordi meu lábio inferior para esconder minha expressão alegre.
Eu tinha todos exatamente onde eu queria.
Josh
O relógio me direcionou para o histórico Metropolitan Theatre em Morgantown, West Virginia.
Parado do lado de fora do teatro, os ponteiros do relógio começaram a girar em círculos
caóticos, não mais apontando em uma direção.
Eu tinha chegado.
As janelas do teatro estavam bem iluminadas. Uma faixa sobre as portas dizia:
O Fantasma da Opera de Andrew Lloyd Webber
Michelle adoraria isso.
Talvez depois de matar Konstantin, vou trazê-la aqui para assistir.
Ela pode usar um vestido colado no corpo. Vou me enfiar em um smoking.
Eu posso mostrar a ela o local exato onde eu o destruí.
Assim que ele estiver morto...
A pele da minha nuca arrepiou quando endireitei os ombros e marchei para o teatro.
Comprei uma passagem cara e fingi que ia para o meu lugar. Mas assim que o porteiro desviou o
olhar, deslizei por uma porta de palco e comecei minha caça.
Os ponteiros do relógio ainda giravam, então usei meu nariz, procurando pelo cheiro do
vampyro.
Ele não ia se esconder de mim.
Eu o peguei quase imediatamente enquanto corria pelo corredor lateral da casa.
Ele realmente estava aqui.
As luzes diminuíram e se apagaram, e a cortina se abriu.
Parei e olhei a cena, preso pela visão.
Musicais não eram realmente minha praia, mas eu duvidava que eles fossem geralmente tão
elaborados.
Uma série de painéis labirínticos pendurados no teto, juntos formavam um intrincado pano de
fundo que parecia o interior de um teatro.
O cheiro vinha dos bastidores.
Apressei-me em direção ao cheiro, mergulhando em uma alcova na parede quando pensei que
um porteiro poderia ter me visto.
Ele passou e eu saí correndo.
O cheiro vinha dos bastidores.
Havia uma porta na lateral do proscênio, que parecia levar aos bastidores.
Ninguém a estava guardando.
Eu me aproximei o mais silenciosamente possível e esperei a música aumentar em um crescendo
e os painéis das cortinas começarem a girar.
O público ficou fascinado.
Apenas a chance que eu precisava para escapar pela porta sem ser visto.
Os bastidores estavam escuros e desordenados, com ajudantes de palco vestidos de preto se
movendo.
Ninguém prestou atenção em mim e eu me apressei, tentando dar a impressão de que estava
ocupado e pertencia àquele lugar.
Então o conjunto começou a girar.
Eu parei no meio do caminho, chocado.
Era do tamanho da galeria da Casa da Matilha — ou seja, gigantesco — e tudo girou: os painéis das
cortinas e o lustre enfiados na parte de trás enquanto cenários parecidos com catacumbas se moviam
para o palco.
Havia uma terceira seção, percebi quando comecei a percorrer novamente: um labirinto de
espelhos em várias camadas.
Foi nesse labirinto que avistei um homem vestindo um smoking e uma máscara branca e lisa
cobrindo metade do rosto.
Se eu tivesse acreditado apenas nos meus olhos, poderia tê-lo confundido apenas com outro
ator.
Mas meu nariz revelou a verdade:
Konstantin.
O triunfo queimou em minhas veias.
Eu sabia que ele ainda estava vivo.
Minha garganta apertou e eu me aproximei. Então ele encontrou meu olhar.
Seus próprios olhos escuros tinham um fogo vermelho em suas profundezas.
Por um momento, fiquei paralisado.
Eu finalmente consegui desviar meu olhar. Mas quando olhei para trás, ele havia se multiplicado:
Uma dúzia de homens em smokings e máscaras olhou para mim.
Que porra?
Antes que eu tivesse tempo de reagir, o grupo se separou e correu por um labirinto de espelhos
próximo que fazia parte do cenário.
Reflexos. Ótimo.
Corri para dentro e bati na primeira imagem que vi, mas tudo que acertei foi o vidro.
Eu bati em outro, mas mais uma vez acertei um espelho.
"Porra! " Exclamei, furioso.
Mas então eu vi um movimento com o canto do olho. Sem pensar, estendi a mão e agarrei um
desses fantasmas.
Eu arranquei a máscara de seu rosto.
Era Konstantin, seus olhos estavam ardendo.
Ele não iria fugir desta vez.
Meus dentes se transformaram em presas de lobo, mas mesmo enquanto segurava Konstantin
em minhas mãos, o vi parado a três metros de distância.
E não era um reflexo. O segundo Konstantin me deu um aceno arrogante com dois dedos.
Meu aperto afrouxou na figura que eu segurava, e ela se afastou de mim.
Também era Konstantin.
Brasas vermelhas queimavam em ambos os olhos.
E então eu vi outro, idêntico aos dois antes de mim, subindo um lance de escada correndo.
E outro, movendo-se nas sombras atrás.
Minha mente girou. Eu não conseguia entender aquilo.
De repente, mãos fortes estavam me agarrando por trás.
Dedos se enrolaram em volta da minha garganta, expondo minha carne nua.
Michelle.
Sinto muito...
Tudo ficou preto.
Sienna
Encontrei Hanh na ala médica da Casa da Matilha.
Minhas pernas estavam rígidas de raiva quando entrei na sala.
"Sienna", disse Hanh, olhando para cima. "Está tudo bem?"
"Como você pôde? " Eu me engasguei.
Hanh se levantou.
"Não sei do que você está falando", disse ele.
"O que você ganhou com isso? Elas te pagaram? Prometeram algo a você? " Eu exigi.
A fúria queimou por mim, alimentada por um medo desesperado.
Eu tinha que fazer alguma coisa. Agora.
Me afastar. Eles queriam que eu me afastasse de Aiden.
Antes que Raphael Fernandez pudesse me remover devido à minha possível infertilidade.
Meu coração batia tão forte que doía.
Tudo o que eu conseguia pensar era em descobrir quem era o culpado por isso.
Que entregou meu segredo para Monica Birch.
"Sienna, posso ver que algo muito perturbador aconteceu, mas garanto-lhe que não tenho
ideia..."
"Besteira! Não faça papel de inocente! " Eu gritei.
Hanh tentou tocar meu braço e eu me afastei.
"Sienna", Hanh disse com calma autoridade, "você precisa se sentar agora."
Algo dentro de mim respondeu à ordem — os curandeiros tinham seu próprio tipo de domínio,
parecia. Minhas pernas dobraram e eu afundei em uma poltrona.
"Você está tendo um ataque de pânico", Hanh disse em uma voz firme. "Por favor, deixe-me
tocar em você, só por um momento."
Oprimida, eu dei um aceno curto.
Ele pressionou a mão no topo da minha cabeça e a outra nas minhas costas.
O calor se espalhou por mim.
A pressão diminuiu.
Minha respiração se acalmou.
Aquele confronto não estava acontecendo como eu imaginava.
Hanh me soltou.
"Agora, quando você estiver preparada, por que não começa do início? Do que se trata?"
Demorou mais um ou dois minutos antes que eu confiasse em mim mesma para falar.
"Meu arquivo médico. Monica Birch está com ele."
O rosto de Hanh ficou turvo. "O que você quer dizer?"
"Ela tem meu diagnóstico de infertilidade! Você deve ter dado a ela", eu disse.
Hanh balançou a cabeça lentamente. "Sienna, isso não pode estar certo."
"Por que não?"
Porque nunca escrevi nada sobre isso. Eu queria a opinião profissional de Jocelyn antes de
confirmar o diagnóstico. Nunca mencionei isso em seu arquivo médico."
Eu pisquei. "Bem, então como alguém poderia saber sobre isso?"
Hanh considerou. "Eu realmente não sei. Tem certeza de que Monica não estava blefando?"
"Se ela estava, ela é uma atriz melhor do que qualquer outra."
"Bem, esse pode ser o caso, a menos que... " Hanh parou. Seu queixo caiu e seus olhos focaram
em uma gaveta da escrivaninha.
Meu estômago embrulhou. "A não ser o quê?"
Hanh abriu a gaveta e olhou para baixo, incrédulo. "Meu diário. Sumiu."
Qualquer sentimento de calma que Hanh havia passado para mim evaporou. "Seu diário?"
"Sim. Sou apenas o assistente de Jocelyn. Tenho feito anotações detalhadas sobre cada paciente
que vejo. Para mostrar a ela quando — quando ela voltar..."
Era como se ondas de calor e frio estivessem passando por mim, uma após a outra.
"Este quarto não é mantido trancado? " Eu perguntei.
"Sim, mas às vezes... se eu tiver que sair rapidamente... Eu — Sienna, sinto muito. " Hanh
parecia chocado.
Eu balancei minha cabeça em descrença.
Aquela CADELA trapaceou, mentiu, roubou e manipulou.
"Há algo que eu possa fazer? " Hanh perguntou. Seu rosto era a imagem da angústia.
"Eu... eu não acho que haja nada que alguém possa fazer", eu disse. Minha voz soou muito baixa.
Estava tudo acabado agora.
Minha cabeça afundou em desespero, mas então eu apertei minhas mãos.
Não. Eu não vou perder tão facilmente.
Se Monica Birch podia jogar sujo, eu também podia.
Sienna você sabia?
Sienna
Michelle, você sabia o que Monica ia fazer??
Sienna
me responde agora!
Michelle
As mensagens foram chegando, uma após a outra. Deitei na cama, sem energia para me levantar
e me vestir.
Josh ainda não tinha voltado para casa.
Meu programa havia sido cancelado.
Então eu não precisava estar em lugar nenhum. Não mais.
Antes que eu pudesse começar a me perguntar de que merda Sienna estava falando, meu celular
começou a tocar.
Era Sienna.
Eu atendi, com a intenção de dizer a ela para parar de encher a porra do meu saco.
Mas, em vez disso, Sienna começou a falar em um tom baixo e urgente.
Eu escutei.
Quando ela finalmente ficou em silêncio, joguei as cobertas para trás e fui para o chuveiro.
Não pude acreditar nas palavras que saíram de sua boca.
Eu estava completamente furiosa.
Monica Birch tinha fodido com as garotas erradas.
Era hora de derrubá-la.
Capítulo 88 – Uma Mão Perdida
Monica
"Você não entende, Curtis? " Eu disse, andando pelo meu pequeno escritório.
Aquele lugar era minúsculo, e eu não ficaria ali por muito mais tempo.
Assim que pudesse, eu iria embora.
E levaria Curtis comigo. Pelo menos enquanto ele fosse útil.
"Eu me pergunto quanto tempo vai demorar para que as ofertas comecem a rolar", eu disse.
"WolfWideNews. InfoLobos. Cacete, em pouco tempo poderíamos ter nosso próprio canal!"
"Não gostei de roubar o diário daquele curandeiro", disse Curtis, nervoso.
Credo. Ele sempre foi tão molenga. Eu nunca conheci um lobo mais submisso.
Normalmente, isso era bom para meus objetivos. Mas às vezes eu queria que ele fosse mais
corajoso.
"Quem se importa, Curtis? Ninguém vai olhar para nós. Eles estarão muito ocupados assistindo
à separação das celebridades do século! E então estaremos entre os maiores!"
Curtis deu de ombros, mordendo o lábio como uma criança assustada. Seus olhos se voltaram
para os meus e então se afastaram apressadamente.
Eu amei que ele estava com medo de mim. Foi tão excitante.
Eu caminhei até ele e corri meu dedo na frente de sua camisa.
"É melhor não me questionar, Curtis", eu disse em seu ouvido.
"Pegamos o diário. A prova está aí. A cadelinha do Alfa vai cair fora. Charlotte pode continuar
com a roubalheira. Eu consigo o que quero. Está tudo dando certo."
Curtis gemeu quando coloquei minha mão em sua virilha e dei um aperto.
"Portanto, não há nada com que se preocupar. Nós vencemos."
"Mas ainda pode dar errado! " ele protestou. Seu rosto estava contorcido em um beicinho nada
atraente.
"Nada vai dar errado", eu disse. "Continue fazendo exatamente o que eu digo e seremos ricos."
Dei outro aperto em seu membro meio flácido através das calças.
Curtis deu um gemido baixo e suplicante.
Eu ri baixo em minha garganta e comecei a desafivelar seu cinto.
A porta do meu escritório se abriu, quase quebrando o vidro embaçado.
Eu me virei para ver quem era.
Ah, Sienna.
E sua amiguinha patética.
"Sua ladra imunda! " Sienna gritou.
Curtis ficou pálido e afastou minha mão de sua virilha.
"Você acha que pode se safar com isso? Se você tentar entregar aquele arquivo para Raphael, eu
direi a ele que você roubou de Hanh!"
"E ele vai cortar sua cabeça fora! " Michelle acrescentou.
Foi adorável a maneira como elas pensaram que poderiam me dominar.
Como se eu não tivesse planejado todas as possibilidades.
"Você tem provas de que eu roubei alguma coisa?" Eu perguntei a ela, minha voz doce como
açúcar.
"Você não teria nenhuma evidência! " ela rebateu com veemência.
"Ah, sim, não estou dizendo que não tenho as provas. Mas você tem alguma prova de que fui eu
que o peguei?"
Ela me encarou.
"Eu poderia ter encontrado o diário aberto sobre a mesa; nesse caso, não é roubo olhar para ele."
"Mas isso..."
"Ou eu poderia ter recebido de uma fonte anônima que estava preocupada com o futuro da
Matilha da Costa Leste."
"Mas você não fez isso! " Sienna disse. Seu rosto estava quase da cor daquele cabelo ruivo
assustador.
"Você roubou do escritório de Hanh! " Michelle disse. Eu olhei para ela.
Vagabunda ingrata. Eu dou a ela a única chance que ela terá na vida de ser famosa, e é assim que ela me
retribui?
Bem. Ela nunca foi mais do que um peão em meus esquemas, de qualquer maneira.
E peões são dispensáveis.
"Mas, como eu disse, você não tem provas. Sem filmagens de segurança. Sem testemunhas.
Nada. " Eu me certifiquei disso.
Porque Sienna tinha razão. Se Raphael descobrisse sobre minha falta ocasional de... integridade
jornalística, isso significaria um problema sério.
Mas não dá para fazer uma omelete sem quebrar alguns ovos, e não dá para chegar ao topo da
matilha sem correr alguns riscos.
Não deixei meu sorriso vacilar por um instante. "Acho que já deu. Mas vocês são fofas, meninas.
Muito fofas."
Sienna me lançou um olhar de puro ódio, depois permitiu que Michelle a puxasse para longe.
"Isso não acaba assim", ela disparou.
A porta se fechou atrás dela.
"Ah, mas acaba sim. Acabou para você, Sra. Norwood."
Voltei-me para Curtis. "Então, onde estávamos?"
Josh
A viagem para casa foi um pouco confusa.
Tudo que eu queria era voltar para casa, para Michelle.
Honestamente, eu não conseguia acreditar que estava vivo.
Eu acordei no chão nos bastidores, vários auxiliares de palco agrupados ao meu redor.
"O que aconteceu? " Eu perguntei enquanto corria a mão sobre minha garganta.
A pele do meu pescoço estava lisa e sem manchas. Eu tremi de alívio.
Eu não fui mordido.
"Havia um homem — ou — talvez, gêmeos? Ou trigêmeos? " um dos técnicos disse enquanto
me ajudava a sentar.
"Sheila e eu pensamos que era Ramon", disse outro técnico. "Ele é nosso Fantasma. Esses caras
estavam vestidos como ele."
"Ajude-me a levantar", eu disse.
"Precisamos chamar a polícia! " alguém disse.
"Devemos estar ao vivo em vinte minutos! " disse a ajudante de palco.
"E daí, Sheila? Um homem acabou de ser atacado!"
Eu levantei a palma da mão. "Não, ela está certa. O show tem que continuar."
E os policiais não vão fazer nada além de me atrasar.
Eu peguei a estrada e dirigi de volta para Mahiganote o mais rápido que pude.
Konstantin deve ter sido interrompido antes que pudesse me morder. Eu não tinha nenhuma
lembrança dele em minha mente — ou em meus sonhos.
O medo apertava forte meu coração. Eu precisava encontrar Michelle. Para ter certeza de que
minha companheira estava bem.
Mas quando cheguei em casa, ela não estava lá. Uma nota na mesa de cabeceira me informou que
ela estava com Sienna.
Uma onda de exaustão passou por mim e desabei em nossa cama.
Na manhã seguinte, fui para a Casa da Matilha, fui abordado por Elijah, meu assistente, quando
cheguei.
"Beta Daniels, preciso atualizá-lo imediatamente", disse ele.
Franzindo a testa, eu estava prestes a levá-lo ao meu escritório quando avistei uma linda mulher
com cabelo preto e olhos roxos passeando pelo corredor.
Eu me virei para Elijah. "Por que diabos Eve Knox está aqui? Raphael Fernandez também está
aqui?"
"Era isso que eu precisava te dizer", sibilou Elijah. "Você sumiu por dois dias! O Alfa do Milênio
está aqui. Junto com o líder da Matilha do Canadá."
"Alfa Norwood está procurando por você em todos os lugares. Ele está irritado."
Eu podia sentir meu sangue começar a ferver, mas então, quando olhei para Eve novamente,
prendi a respiração.
Sem outra palavra para Elijah, eu marchei até ela.
Eve Knox era uma vampira — não uma vampyra . Vampiros nasciam assim. Vampyros eram
transformados.
Mas isso ainda significava que ela poderia ter mais percepções sobre a insanidade dos últimos
dias do que eu poderia aprender sozinho.
"Com licença, Sra. Knox? " Eu disse, reunindo meu sorriso mais encantador.
Seu olhar violeta passou rapidamente por mim. Aqueles olhos me assustaram, mas tentei não
deixar transparecer.
"Você é o Beta da MCL", afirmou.
"Sim", eu disse com um sorriso. "Beta Josh Daniels."
"Você poderia fazer a gentileza de entrar no meu escritório por um momento? " Eu perguntei.
"Eu tenho uma pergunta que talvez só você possa responder."
Quando nos sentamos no sofá, contei tudo sobre a caça ao Konstantin.
"Aiden tem plena certeza de que matou Konstantin", eu disse a ela. "Ainda não contei a ele
sobre ontem, mas aposto que ele não vai acreditar em mim. Ele vai pensar que eu não vi o que vi."
Eve olhou para mim, seu rosto impassível. Arrepios subiram ao longo dos meus braços.
"Mas eu vi, Sra. Knox. Konstantin estava lá, mas havia pelo menos três dele."
Ela ainda não havia dito nada.
"E eu sei que o set estava cheio de espelhos, ok? Eu entendo que deve soar como... como se eu
estivesse errado..."
Enquanto falava, percebi como tudo aquilo parecia ridículo. Mas os olhos de Eve estavam alertas
e fixos em mim.
"O que mais havia no túmulo da caixa de pedra? " ela perguntou.
"Ah... " Fechei os olhos, tentando me lembrar. "Cerâmica. Algumas... bolsas de couro. Um arco
com penas — digo, era muito antigo..."
Eve acenou com a cabeça. "As bolsas de couro sugerem que provavelmente era um feiticeiro. O
que o povo daquela época teria considerado um xamã."
Meu rosto afrouxou. "Ele roubou os ossos de um feiticeiro?"
Outro aceno de cabeça. "E com os ossos de um feiticeiro, você pode fazer muitas coisas.
Executar muitos tipos diferentes de magia."
"Podem ser usados como um ingrediente? Em feitiços?"
"Isso mesmo", disse ela. "O que pode ser a explicação para o que você viu, Beta Daniels."
"Você está dizendo que ele realmente se duplicou? Que a pessoa que Aiden matou não era o
verdadeiro Konstantin?"
Eve levantou a mão. "Eu não disse isso. Não sei. Mas estou dizendo que parece possível."
Eu pisquei para ela.
Ela suspirou. "Existe magia que permitiria que a pessoa a usasse para transformar vítimas em...
simulacros de si mesmo — cópias semelhantes a clones, se você quiser. E com a habilidade de
Konstantin de dominar mentes..."
"Eu sabia, porra, " eu disse, me inclinando para trás e pressionando a mão na minha boca.
Eve me olhou. "Eu tentaria ir atrás de alguma evidência, no entanto", ela disse. "Porque agora,
tudo isso são suposições."
Merda, pensei.
Ela estava certa.
Sienna
Naquela noite, Michelle e eu fomos ao cemitério de Mahiganote.
A lua estava brilhante e levou apenas alguns minutos para encontrar o túmulo que
procurávamos.
Fazia tempo que não visitava aquele lugar. Muito tempo.
Estendi a mão e corri meus dedos sobre as letras gravadas de seu nome.
"Eu gostaria que você pudesse conhecê-la", eu disse a Michelle enquanto estávamos juntas na
frente da lápide de Emily.
"Imagina, eu era a maior vadia na escola. Nenhuma de vocês sairia comigo", disse Michelle
sobriamente.
Ela olhou e vi que seus olhos brilhavam ao luar. "Não que eu esteja muito melhor ultimamente.
Sinto muito. Sienna."
Eu balancei minha cabeça. Se eu aprendi alguma coisa, foi que perdoar a si mesmo por seu
passado era a única maneira de seguir em frente.
Eu não iria permitir que as tragédias que Emily e Michelle sofreram pesassem mais sobre mim.
Era hora de seguir em frente.
No instante em que desejei isso para mim mesma, senti o fardo que carregava por tanto tempo
finalmente ser retirado de meus ombros.
Eu me senti rejuvenescida... livre.
Eu sorri para Michelle. "Vamos apenas tentar ser melhores uma com a outra de agora em
diante."
"Prometo", ela respondeu.
Abraçamo-nos diante do túmulo de Emily e, no cemitério silencioso, achei que podia sentir
minha amiga sorrindo para nós.
Depois, congelando no ar do inverno, Michelle e eu voltamos para o meu quarto de hotel, onde
ficamos acordadas a noite toda, só conversando.
Sem equipes de maquiagem. Sem câmeras. Sem audiência ao vivo.
Apenas minha amiga e eu, tentando reconstruir nosso relacionamento fragilizado.
Nós resolvemos tudo.
Todas as nossas falhas, triunfos, fracassos e preocupações.
Tudo isso enquanto esperava à beira de um precipício, me perguntando se Monica Birch estava
realmente disposta a ir tão longe para conseguir o que queria.
Aiden sabia de tudo. Ele queria vir e ficar comigo, mas eu pedi a ele para ficar na Casa da
Matilha. Perto de Raphael Fernandez, caso algo acontecesse.
Então, Michelle e eu ficamos sozinhas, sentadas na cama do hotel e lembrando como era ser
amigas novamente.
Às vezes, eu chorava. Às vezes, Michelle chorava.
Depois de algumas horas, estávamos ambas completamente exaustas.
Eu não sabia para onde nossa amizade iria a partir dali. Havia muitas feridas para curar — em
ambos os lados.
Mas pelo menos estávamos nos ajudando.
Debatemos o que fazer com Monica Birch até as primeiras horas da manhã.
Nosso plano não era tão sólido.
Quem sabe se conseguiremos fazer isso?
E se eu falhasse... se Aiden fosse de alguma forma forçado a me colocar de lado e escolher outra
companheira "oficial"...
Nós nos recusamos a falar sobre isso.
Foi a única coisa que não foi dita.
Como se falar aquelas palavras terríveis fosse dar vida à ideia.
Na manhã seguinte, fui convocada para a Casa da Matilha para me encontrar com o Alfa do
Milênio.
Capítulo 89 – Amor é Lei
Aiden
O Alfa do Milênio estava sentado à mesa de jantar de mogno.
Etienne Tremblay estava sentado ao seu lado direito, parecendo presunçoso e ansioso.
Estávamos esperando minha companheira chegar.
Eu esperava que Raphael me desse uma bronca sobre o agora extinto reality show, mas eu não
esperava por isso — especialmente depois do que eu descobri recentemente.
Minha mãe tentou chantagear minha companheira. Para afastá-la.
E para piorar as coisas, ela estava desviando fundos da Casa da Matilha. Eu mesmo verifiquei os
registro.
Como minha mãe pode ser tão estúpida?
Minha culpa, por não perceber que ela estava se envolvendo em negócios suspeitos.
Eu tinha deixado a porta aberta para Monica Birch tentar tirar vantagem da situação.
Ainda assim, minha mãe deveria saber que deveria vir até mim antes de cooperar com uma vadia
golpista como Monica Birch.
E vamos encarar: ela adoraria ver Sienna dar o fora.
Ela se sentou alguns lugares depois de mim, com o queixo erguido. Mas ela ainda não tinha
encontrado meus olhos.
A notícia sobre a infertilidade potencial de Sienna interferindo na lei da Matilha me afetou
demais. Eu ainda mal conseguia envolver minha mente em torno disso.
Mas não havia nada, nem nas profundezas do inferno, que me afastaria de minha companheira.
Pouco importava se ela poderia nos gerar filhotes ou não. Ela era minha companheira, meu
amor, e ela lideraria ao meu lado.
Apesar de tudo, uma onda de calor tomou conta de mim quando Sienna entrou na sala de jantar.
Hanh Nguyen entrou logo atrás dela.
Ela me deu um pequeno sorriso, então olhou para o Único e Verdadeiro Alfa de cabeça erguida.
Raphael deu a ela um pequeno aceno de cabeça. "Certo. Comecemos. Eu voei até aqui hoje para
lidar com um pequeno problema, mas fui informado de algo muito mais importante."
Ao seu lado, Tremblay assentiu. "Francamente, estou chateado e perturbado pelos
acontecimentos na Manada da Costa Leste. E depois de falar com a Sra. Birch, estou ainda mais
preocupado."
"E eu não entendo como isso pode ser de sua conta. Principalmente porque você está tendo
acessos de raiva no Latter como se fosse um adolescente. Um comportamento não muito digno de
um Alfa", eu retruquei.
Eu passei horas tentando descobrir o que Tremblay tinha a ganhar com essa façanha.
Sua matilha era altamente tradicionalista; as mulheres tinham pouca liberdade pessoal e eram
encorajadas a encontrar seus companheiros com apenas quatorze anos.
Se ele visse minhas ideias progressistas para a Costa Leste como uma ameaça, fazia sentido que
tentasse me minar.
Mas me perguntei se até mesmo Tremblay sabia o quão longe ele teria que ir.
"É de minha conta, Alfa Norwood", Raphael disse. Ele se virou para Sienna. "Vamos começar
com a questão do reality show."
"Excelente. Por favor, mande-os entrar", disse Tremblay a Felix, meu assistente. Minhas garras
coçaram ao ouvi-lo dar ordens aos meus lobos, mas optei por não dizer nada.
A porta da sala de jantar se abriu e Michelle entrou, parecendo apavorada e olhando ao redor em
busca de Josh.
Mas depois que ele sumiu por dois dias, eu não o permiti na reunião também, então ela nem
mesmo tinha seu companheiro para contar com seu apoio.
Michelle foi seguida de perto por Monica Birch e seu cinegrafista. Mesmo naquele momento, ele
estava filmando tudo.
Enquanto eles se sentavam, lancei a Sienna um sorriso encorajador.
Ela parecia forte e confiante, mesmo enquanto enfrentava seus inimigos.
Meu coração batia forte de amor por ela, e eu jurei mais uma vez que ninguém jamais a tiraria do
meu lado.
Sienna
O rosto de Raphael permaneceu neutro.
Monica deu a todos na sala um sorriso brilhante enquanto se aproximava da mesa.
"Acho que todos podemos concordar que Companheiras Reais foi um experimento divertido. E se
eu tiver ido um pouco longe demais, foi pelo bem do entretenimento!"
Ela ergueu a mesma pasta de documentos que havia me mostrado antes. Meus dedos se
curvaram dolorosamente em minhas palmas.
"Aqui nós temos trechos do diário de um curandeiro de matilha, que descreve especificamente
Sienna Norwood como sendo infértil. Ela tentou esconder essa informação, mas minha investigação
revelou a verdade."
Ela continuou, "Por lei territorial conjunta..."
"'A companheira de um Alfa deve ser capaz de fornecer herdeiros, ou ela deverá ser afastada’.
Estou familiarizado com a lei. Vá direto ao ponto", o Alfa do Milênio declarou de maneira clara.
Eu toquei a pulseira de prata em meu pulso.
A pulseira de Jocelyn. Um talismã com a força e o apoio da minha amiga.
Sou forte o suficiente para vencê-los em seu próprio jogo.
Meus joelhos tremiam, mas levantei a mão. "Posso falar, meu Alfa?"
Raphael acenou com a cabeça, dando-me um olhar nivelado.
"A única evidência que Monica Birch tem contra mim vem do assistente de Jocelyn, Hanh
Nguyen."
Eu olhei para Hanh. "Ele é um curandeiro maravilhoso, mas é apenas um assistente, e suas
descobertas foram o resultado de um exame breve e não invasivo.
Então olhei para Monica, que estava presunçosamente sentada em sua cadeira. "Mas não
estaríamos discutindo nada disso se Monica Birch não tivesse roubado seu diário médico pessoal."
Eu esperava que as pessoas ofegassem em estado de choque, mas a sala permaneceu totalmente
silenciosa.
Só por um momento, no entanto.
"Essa é uma acusação ultrajante e completamente infundada! " Disse Monica. Sua indignação
estava bastante convincente depois de ter praticado com Michelle e eu na noite anterior. "Eu poderia
processá-la por calúnia!"
"Eu acho que você terá problemas maiores para lidar em breve", eu disse calmamente.
"Meu Alfa, não há prova disso. Eu recebi o diário de uma fonte anô..."
"Ela roubou. E eu posso provar isso", eu disse simplesmente, direcionando minhas palavras para
Raphael Fernandez.
Ele lentamente olhou em volta para o Alfa canadense. "Você está me dizendo que fui arrastado
até aqui porque a companheira do Alfa pode ser infértil?"
Etienne empalideceu. "Eu — ela — eu tinha certeza", Charlotte engoliu em seco, ficando com o
rosto vermelho. "Sienna não é adequada para ser a companheira de um Alfa! " ela deixou escapar.
"Vejam o fiasco do Festival da Fertilidade! Ela convidou um vampyro para a MCL. E ela mostrou
ao mundo inteiro quão imaturo, quão juvenil..."
Raphael só teve que levantar um dedo e a mandíbula da minha sogra se fechou.
Interiormente, suspirei. Mesmo agora, com Charlotte sendo chantageada por Monica, ainda
havia uma parte dela que não conseguia superar o quanto ela me desprezava.
Mas ela não sabia que Aiden e eu sabíamos seu segredo. Talvez seu tom mudasse se eu revelasse
que ela estava enchendo os bolsos com dinheiro da MCL.
Raphael se virou para olhar para mim novamente. "Você diz que tem provas de que seus direitos
pessoais foram violados?"
Peguei meu celular e toquei na tela para carregar o vídeo que Michelle e eu tínhamos filmado do
lado de fora do escritório de Monica ontem.
Entreguei o celular ao Alfa do Milênio, e ele o pegou com a testa franzida.
Duas figuras desfocadas começaram a falar.
"Eu me pergunto quanto tempo vai demorar para que as ofertas comecem a rolar... ", disse
Monica Birch na tela.
Eu olhei para ela do outro lado da mesa. Seu rosto estava mortalmente branco.
"Não gostei de roubar o diário daquele curandeiro", dizia a voz de Curtis.
O cameraman olhou para mim e deu um pequeno aceno de cabeça. Não foi nada difícil
convencê-lo a enganar Monica fazendo com que ela se entregasse enquanto filmávamos.
Não achei que ele fosse tão submisso quanto ela acreditava.
No vídeo, a voz de Monica estava presunçosa com a vitória. "Pegamos o diário. A prova está aí.
A cadelinha do Alfa vai cair fora. Está tudo dando certo"
"Há mais? " Raphael perguntou, olhando por cima da tela.
"É basicamente isso", eu respondi.
Ele me devolveu o celular e, em seguida, fixou o olhar em Monica Birch.
"Eu... hm... " seus olhos se voltaram para cada um de nós.
Então, sem aviso, ela saiu correndo da sala.
Seu cameraman ficou, e a luz vermelha estava piscando.
Imaginei que Monica iria fugir, então pedi a Curtis para ficar.
Afinal, não gostaríamos de atrapalhar a audiência ao vivo.
"Deixe-a ir", disse Aiden. "A segurança vai lidar com ela. Ainda há um problema maior que
precisamos resolver."
Aiden
"Não importa se a prova foi roubada. Ou se o diagnóstico do meu cônjuge é real ou não."
Olhei para Sienna, que havia bolado um plano para derrotar Monica em apenas um dia.
Meu coração ardia de amor por ela — por sua força e coragem.
"O problema é a própria lei."
Raphael ergueu as sobrancelhas, inclinando-se para trás enquanto ouvia.
"Mesmo séculos atrás, ela nunca deveria ter sido criada", eu continuei.
"Devido às trágicas mortes de companheiros acasalados, nossa sociedade tem uma quantidade
enorme de órfãos", eu disse. "Quem pode dizer que uma dessas crianças, criada por um Alfa, não
poderia ser um herdeiro adequado?"
Eu encontrei os olhos de Sienna. Eles estavam cheios de emoção quando ela olhou para mim.
"Eu amo minha companheira", eu disse. "Eu a amo mais do que minha própria vida. E você
gostaria que eu a abandonasse... e levasse outra mulher para a cama para ter filhotes?"
Inclinei-me para frente em direção a Raphael. "Você sabe melhor do que ninguém o que é
encontrar sua companheira depois de anos de procura. Conhecer a centelha divina — o dom único e
precioso desse compromisso."
"Como alguém poderia esperar que eu manchasse esse vínculo por algo tão político e sujo como
garantir uma linha de sucessão? Sienna foi feita para mim, e eu fui feito para ela."
Eu me levantei da minha cadeira e fui até minha companheira. Ela se levantou e deu um passo
em direção aos meus braços, que esperavam por ela.
"Ninguém vai me separar dela", eu disse. Rompendo com o abraço de Sienna, encarei Raphael
Fernandez de frente.
"Você tem o poder de derrubar esta lei. Eu peço que você faça isso agora. Hoje."
Raphael nos olhou com seu usual olhar calculista. "Essa é uma declaração bastante emotiva, Alfa
Norwood."
Prendi minha respiração. Ao meu lado, os dedos de Sienna se enroscaram nos meus.
"Alguém presente se opõe à remoção desta lei específica do regulamento da Matilha? " ele
perguntou com um olhar penetrante para Etienne Tremblay.
O Alfa da Matilha Canadá não disse nada, mas eu podia sentir a humilhação e submissão vindo
dele em ondas.
"Bem, então, Aiden, parece que a lei não existe mais", disse Raphael. Pela primeira vez, percebi
uma pitada de humor em seus olhos.
Ele se levantou e olhou para Etienne. "Tremblay, acredito que você e eu precisamos ter uma
conversa sobre o que constitui 'uma emergência moral'."
"Sim, meu Alfa", disse Etienne, visivelmente tremendo.
Eles saíram da sala. O mesmo fez Hanh, e um momento depois Michelle, que não tinha falado
uma única palavra, mas que eu senti torcendo por Sienna o tempo todo.
Virei-me para minha companheira e a beijei com todo o fervor que rugia em minhas veias.
Monica
"Você transmitiu ao vivo a coisa toda? " Gritei com Curtis. Eu ainda estava sendo mantida pela
segurança da Casa da Matilha, e ele tinha acabado de sair da sala de jantar.
Eu precisava dar o fora daqui e rápido. Aiden Norwood estaria procurando por mim.
"O que você estava pensando? " Eu disse a Curtis.
"Talvez ele tenha uma responsabilidade com seus telespectadores, Monica, " uma voz grave me
chamou por trás.
Meu coração parou.
Era o Alfa Norwood.
Eu me virei e o encarei, apertando minha mandíbula.
"Mostrar a eles a verdade de quem você realmente é", continuou Aiden.
Sienna estava ao lado dele. Eu queria voar para ela com minhas garras, arrancar seus malditos
olhos.
No entanto, me segurei.
Meu instinto de sobrevivência foi mais forte do que minha raiva.
Ele se aproximou com cada palavra. "Você. Vai. Sair. Do meu. Território."
Ele se inclinou. "Você. NUNCA. Irá. Voltar."
Tentei responder, mas engasguei com minhas palavras. Não saiu nada.
"Você nunca mais entrará em contato comigo, minha mãe ou qualquer pessoa da minha família
novamente."
Ele sabia sobre Charlotte...
Minha mente estava vazia de medo — uma emoção que eu não sentia há anos.
Aiden se inclinou, sussurrando. "E se você fizer isso, eu vou te matar. Ou melhor ainda, vou
deixar Sienna fazer isso."
Sienna
Meu celular vibrava enquanto mensagens de meus amigos começaram a chegar, me
parabenizando — eles tinham visto a coisa toda ao vivo.
Aiden e eu ficamos de mãos dadas quando ele se virou para voltar para a reunião, mas então
Charlotte apareceu.
Michelle a seguia de perto.
Minhas costas enrijeceram.
Aiden franziu a testa, olhando de mim para sua mãe.
"Parece que você está escondendo alguns segredos desagradáveis, mãe."
Charlotte empalideceu. "Como você soube?"
"Sienna ouviu Monica. Temos a filmagem, se você quiser ver. Mas, felizmente para você, Sienna
decidiu editar essa parte, então Raphael não descobriu o que você tem feito."
Sua boca abriu e fechou sem palavras.
"Eu disse para você ficar longe", disse Aiden.
Charlotte balançou a cabeça com as mãos levantadas. "Por favor, filho, eu só estava tentando
fazer o que é melhor para você. Essa garota... ela é simplesmente inadequada!"
Aiden deu-lhe um sorriso ameaçador. "De certa forma, estou feliz por você ter desviado
dinheiro. Isso significa que você nunca vai poder me dizer o que é 'apropriado' novamente."
Charlotte parecia dividida entre a vergonha e a raiva. Finalmente, ela baixou os olhos e me
coloquei entre eles.
"Você já fez o suficiente", eu disse a Charlotte. "E você já disse o suficiente. É hora de pegar seu
marido e partir para outra viagem ao Taiti ou a qualquer lugar que você preferir."
"Como ousa tentar me banir", Charlotte se irritou.
"Jamais", eu disse. "Você não está banida. Afinal, fui eu que a convidei de volta à minha vida."
"Mas aquilo foi um erro ", eu disse. "Um que eu não cometerei novamente. E se você quiser ter
alguma chance de um relacionamento com seu filho, estou lhe dizendo agora: desapareça por
enquanto"
Eu continuei, "E no futuro, você não vai me tratar como se eu estivesse abaixo de você. A
menos que você queira que a versão não editada da filmagem de Monica vaze por toda a Internet."
Ela olhou para mim por mais um momento, então ela deu meia-volta e saiu andando.
No corredor, mudando nervosamente de um pé para o outro, estava Michelle.
"Eu realmente não ajudei em nada", disse ela.
"Não importa", eu disse a ela. "É bom saber que você está do meu lado novamente."
"Claro", ela disse com um sorriso. "Melhores amigas para sempre, né?"
Eu a abracei com força, percebendo que Michelle ainda era muito magra e que o abraço dela
estava relutante.
"Eu acho que quero encontrar Josh", ela disse incerta.
Aqueles dois teriam algum trabalho a fazer para reparar seu relacionamento, mas eu sabia que
seu amor ainda era forte.
Assim como o de Aiden e o meu.
Eles ficariam bem, eventualmente.
"Ok. Depois eu te ligo", eu disse.
Michelle foi embora. Eu não tinha certeza se nossa amizade seria a mesma, mas eu fui sincera
com ela.
Ele pegou minha mão. "Vou pedir a Josh para lidar com isso. É hora de meu Beta começar a
assumir mais algumas responsabilidades na Casa da Matilha."
Então ele olhou para mim e seus olhos estavam ardendo. "Acho que precisamos sair daqui."
Eu sorri quando minha própria luxúria começou a aumentar. "Concordo totalmente com você."
Capítulo 90 – Torta de Maçã e Nudez
Sienna
Enquanto eu dirigia de volta para o nosso hotel, Aiden chamou o serviço de quarto e pediu torta
de maçã para ser entregue em nosso quarto.
Eu estava tonta — meu corpo vibrava de alegria enquanto eu liderava o caminho.
Pegamos nossos pratos e garfos e nos sentamos juntos na cama, sorrindo como idiotas enquanto
comíamos nossa torta da vitória.
Eu estava feliz demais para tomar cuidado e, em pouco tempo, um bocado de recheio de torta
caiu na minha camisa, bem no meu peito.
Os olhos de Aiden foram para ele, e ele jogou sua torta de lado, o prato batendo no pé da
estrutura da cama com um tilintar. Ele se inclinou para frente, um rosnado baixo soando de sua
garganta.
Meu coração começou a acelerar enquanto ele lambia o recheio.
Então, em meio a uma bagunça de roupas e mãos, nos despimos um ao outro.
Eu estava mais excitada do que nunca.
Meu companheiro.
Meu amor.
Para sempre.
Ninguém jamais poderia nos separar.
Sua boca estava na minha pele nua, na minha clavícula, nos meus seios, na minha barriga.
Ele se moveu para baixo, em seguida, espalhou minhas coxas e mergulhou sua língua dentro de
mim, percorrendo meus lábios enquanto eu enterrava meus dedos nas cobertas, arqueando minhas
costas.
Minha mão mergulhou em seu cabelo. Minha respiração vinha em suspiros rápidos enquanto ele
me dava prazer.
Então ele retirou sua boca, substituindo-a com os dedos enquanto levantava seu corpo sobre o
meu.
Eu o bebi com meus olhos — seus ombros fortes, peito largo, a ondulação em seus músculos
quando ele me ergueu no quadril.
"Você é minha", ele murmurou. "Ninguém pode tirar você de mim."
"Ninguém", eu concordei, hipnotizada pela intensidade de seu olhar.
Eu senti a cabeça do pênis dele empurrando contra meu sexo.
Eu alarguei minhas pernas, convidando-o a entrar.
Precisando dele.
Ele pairou um pouco mais, seus olhos viajando pelo meu corpo nu — eu podia senti-los como
uma carícia.
Minha carne respondeu, formigando com arrepios.
"Anda, Aiden, " eu implorei. "Por favor, agora."
"Você é minha", disse ele novamente enquanto se enterrava em meu sexo em um impulso
profundo que me fez ofegar.
Ambas as mãos seguraram minha bunda enquanto ele entrava em mim, mais forte com cada
impulso.
Eu o queria, tudo dele, e envolvi minhas pernas ao redor de seus quadris. Meus braços ao redor
de seu pescoço, eu me puxei contra ele, pele contra pele.
Enquanto meu êxtase aumentava, enterrei minhas garras quase transformadas em suas costas.
Eu era dele, sim.
Mas ele era meu também.
Uma onda de felicidade arrancou um grito da minha garganta e me agarrei a ele.
"Marque-me! " Eu ofeguei.
Ele olhou para mim em estado de choque.
"Faça de novo", eu implorei. "Por favor!"
Uma fome brilhou em seus olhos e, em um instante, senti seus caninos perfurarem a carne do
meu pescoço. Eu gritei quando um líquido quente escorreu pelo meu peito.
Eu mal conseguia respirar.
Mas eu não gozei. Gritando meu prazer em um uivo gutural, usei minha força restante para
mudar minhas próprias presas e perfurei o pescoço do meu companheiro em troca.
Ele soltou um gemido de dor e prazer e me mordeu ainda mais forte enquanto empurrava dentro
de mim uma última vez.
A emoção percorreu meu corpo enquanto íamos para frente e para trás, tremendo de euforia.
Eu gozei, e um momento depois, Aiden também.
Nós convulsionamos como um só ser. O êxtase queimava aquilo que nos separava — carne,
osso. Éramos uma só alma, fundidos.
Eu quero ser assim para sempre.
Unida a ele, para sempre.
E me ocorreu — Aiden estava certo.
Essa conexão era divina.
Quando finalmente o êxtase diminuiu, nós nos enrolamos juntos. Deitamos de lado, e ele passou
os braços em volta de mim, segurando meu seio por trás. Aiden adormeceu quase imediatamente.
Eu logo o segui, finalmente segura.
Passamos o resto do dia enfurnados em nosso quarto de hotel, solicitando serviço de quarto.
Na manhã seguinte, porém, toda aquela comida chique me fez mal — sem falar na torta. Eu me
senti enjoada enquanto tomava banho e me vestia.
Aiden sorriu e me beijou enquanto fazia o mesmo, é cedo demais, nós seguimos nossos
caminhos separados durante o dia.
Ele tinha negócios com a matilha e eu tinha algumas pinturas para fazer.
Encolhi os ombros para evitar a náusea e corri para a minha galeria.
Conforme eu misturava cores em minha paleta, olhando ao redor do meu estúdio, uma profunda
sensação de bem-estar me aqueceu.
Que vida boa eu tinha.
Fiquei muito, muito grata.
E pela primeira vez em muito tempo, mal podia esperar para ver o que o futuro me reservava.
Josh
Inalando profundamente, entrei no escritório de Aiden.
Ele estava lendo a pilha de documentos que eu coletei para ele na reunião que ele optou por
ignorar.
O aborrecimento com sua irresponsabilidade guerreou com a satisfação por ele ter me pedido
para ocupar seu lugar.
Por um tempo, sentado naquela mesa, eu tive uma amostra de como seria se Eu fosse o Alfa da
MCL.
Mas durou pouco tempo, e agora, ali estava eu, tendo que pedir a Aiden para fazer algo sobre o
que eu tinha aprendido sobre Konstantin e os ossos.
"O que posso fazer por você, Josh? " ele perguntou finalmente.
"Não acredito que Konstantin esteja realmente morto", eu disse.
E então me sentei e contei a ele tudo o que havia aprendido. Tudo sobre o Museu Jalwitz, a
sepultura de pedra, os clones no Morgantown Theatre e o que Eve havia dito.
Posso ter deixado de fora a parte sobre a lama e o relógio. Afinal, eu não queria ser despedido na
hora.
Aiden balançou a cabeça.
"Konstantin está morto", afirmou, apesar de tudo o que eu acabara de lhe dizer. "Eu o matei
com minhas próprias mandíbulas."
"Aiden..."
Ele ergueu a mão. "Josh, você pode relaxar agora. Michelle pode relaxar. Sienna também. Elas
estão seguras. Konstantin está morto."
"Mas os clones..."
"Você mesmo disse que havia espelhos por toda parte. E honestamente, Josh, você tem bebido
demais..."
Eu zombei e me levantei.
"Eu digo isso como seu amigo", Aiden prosseguiu, levantando-se também. "Fale com um
curandeiro. Talvez procure um programa de reabilitação..."
"Isto é inacreditável!"
Eu encontrei seus olhos e o encarei.
"Você não suporta a ideia de que pode estar errado! Que ele te enganou de novo! Tentando me
fazer parecer um alcoólatra..."
"Quantas bebidas você bebeu até agora? " Aiden perguntou, seus olhos frios.
Cerrei os dentes, recusando-me a responder.
"São dez horas da manhã, Josh, em uma maldita quinta-feira."
"Vai se foder, Aiden, " eu respirei.
Suas sobrancelhas se ergueram. "Perdão?"
Eu estava com muita raiva para tentar voltar atrás, mas sabia que tinha ultrapassado os limites.
Ele era meu Alfa — apesar de tudo.
Ele deu a volta na mesa, aproximando-se. "Eu vou dizer isso uma vez só, Josh, e é uma ordem.
Fale com um curandeiro. Procure saber sobre reabilitação. Ou vou encontrar um novo Beta."
Eu levantei minhas mãos e me virei, saindo da sala.

Jocelyn: Oi, Sienna.


Sienna: Joce!
Sienna: Meu Deus!
Sienna: Faz muito tempo que não nos falamos! Como você está??!
Jocelyn: Muito melhor.
Jocelyn: Eles disseram que estou fazendo um bom progresso
Jocelyn: Disseram-me que logo estarei bem o suficiente para voltar para casa.
Sienna: Que notícia maravilhosa!
Sienna: não sei se já tive a chance de agradecer direito
Sienna: Se não fosse por você, Michelle não estaria aqui.
Jocelyn: ; )
Sienna: Estou tão feliz que você esteja se sentindo melhor. Estou feliz que os
curandeiros cuidaram bem de você...
Jocelyn: Sim, bem... eles não são a única coisa que me trouxe de volta à vida.
Sienna: ?
Sienna (emoji de olhos arregalados)
Sienna: (adoro um suspense)
Jocelyn: Digamos que há alguém de volta na minha vida.
Jocelyn: que eu estou muito feliz de ter de volta na minha vida
Sienna: (emoji de boca aberta)
Jocelyn: Enfim, eu não posso usar celular aqui
Jocelyn: Só queria dizer oi e que estou viva.
Sienna: Ok! Foi ótimo falar com você!
Jocelyn: Com você também. Até logo.
Sienna: ❤

Fiquei muito feliz em ter notícias sobre Jocelyn novamente. Não sei o que teria feito se as coisas
tivessem piorado.

***
Naquela noite, Aiden e eu dirigimos para a casa dos meus pais para um jantar em família.
Mamãe nos cumprimentou na porta com abraços e beijos.
Ela sorriu para Aiden. "Fiquei muito orgulhosa com tudo o que você disse naquela reunião,
Aiden", disse ela. Lágrimas brilharam em seus olhos. "Significou muito."
Então ela me agarrou e me abraçou novamente.
"Eu não tinha ideia de que eles estavam tentando expulsar você", ela disse em meu cabelo. "Eu
teria esfolado aquela Monica Birch viva se eu soubesse!"
"Eu sei que você teria, mãe", eu disse, mesmo com ela me estrangulando.
Depois de me libertar, vi meu pai esperando atrás dela.
Eu sorri para ele e dei-lhe um grande abraço.
"Como você está, querida? " ele perguntou suavemente. "Passou por muita coisa difícil?"
Peguei suas mãos e encontrei seus olhos. "Foram difíceis por um tempo, mas as coisas estão
muito melhores agora."
"Fico feliz", disse ele, expirando.
Selene e Jeremy entraram no corredor. Jeremy estava segurando a bebê Vanessa, exibindo-a para
Aiden.
"Você nunca para de se preocupar com eles", papai disse a Jeremy, passando o braço pelo meu
ombro.
"É só a preocupação que muda", acrescentou ele com uma risada.
Eu estava sorrindo também, mas uma faísca de ansiedade me levou a deslizar minha mão na de
Aiden.
Será que algum dia conheceremos as alegrias e desafios da paternidade?
"Vamos, pessoal, vamos comer", disse papai, conduzindo-nos para a sala de jantar.
Meu estômago embrulhou com o cheiro da comida, no entanto, e eu fiquei para trás.
A náusea estava me incomodando o dia todo.
"Você está bem, irmã?" Selene perguntou, pegando meu braço quando eu soltei a mão de Aiden,
deixando-o ir para que ele pudesse se oferecer para ajudar a trazer comida da cozinha.
Eu sorri para ela enquanto estávamos no corredor de entrada. "Acho que sim. Estou me
sentindo um pouco tonta hoje. Provavelmente o resultado de todo aquele estresse."
Selene ergueu uma sobrancelha curiosa. "Você acha? Ou poderia ser algo mais?"
Eu olhei seriamente para ela, genuinamente insegura do que ela queria dizer.
"Será que você está grávida? " ela se inclinou e sussurrou.
Minha garganta se apertou. "Não", eu disse.
Selene balançou a cabeça. "Hanh não tinha certeza... Talvez você devesse fazer um teste."
Eu zombei, mas meus olhos estavam fixos nos dela.
"Você sabe que quer, " ela sorriu.
"Eu não — eu não tenho um teste para fazer..."
"Eu tenho. Um velho que está guardado no bolso lateral da minha bolsa por tipo, um ano,
mas..."
Ela agarrou a bolsa e tirou o teste, ainda na embalagem.
Eu pisquei para a coisa. Em sua embalagem, parecia um absorvente interno.
Mas não era um absorvente interno.
Este pequeno objeto me diria algo muito, muito importante.
E se sair negativo?
Então isso não significa nada. Respire fundo.
Eu respirei fundo, sentindo o cheiro de peixe frito enquanto Aiden o carregava. Meu estômago
embrulhou.
"Ok, tudo bem", eu disse. Peguei o teste da mão dela.
Enquanto eu caminhava para o banheiro do térreo, ouvi sua risada fraca.
Isso é bobagem. Eu tranquei a porta e puxei meu jeans. Estou me sentindo enjoada. Eu não estou grávida!
O resmungo pareceu ajudar a acalmar meus nervos, então continuei fazendo isso enquanto fazia
xixi no teste.
Selene é louca por bebês. Ela está vendo bebês em todos os lugares. Eu não estou grávida.
Colocando o teste no balcão, recusei-me a olhar para ele enquanto lavava as mãos.
De qualquer maneira, o teste provavelmente deve estar vencido por estar na bolsa de Selene por uma década. Não
vai mostrar nada. Independentemente, não estou grávida.
Mas então, depois de mais um minuto, olhei para o visor.
Um sinal de adição rosa.
Puta merda.
Estou grávida.
Continua no Livro 4…
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