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31/03/2021 Cúmplices dos assassinos de João Alberto permanecem ilesos, por Hédio Silva Jr.

, por Hédio Silva Jr. e Ellen de Lima Souza | GGN

Cúmplices dos assassinos de João


Alberto permanecem ilesos, por
Hédio Silva Jr. e Ellen de Lima
Souza
Se a resposta ao massacre de João Alberto e milhares de outros jovens negros, uma
constante histórica, for tratada como efeméride, há lições resultantes de efemérides
recentes e outras nem tanto, que merecem atenção.

Por Jornal GGN O jornal de todos os Brasis - 8 de fevereiro de 2021

Cúmplices dos assassinos de João Alberto permanecem


ilesos

por Hédio Silva Jr. e Ellen de Lima Souza

O indiciamento e prisão dos autores imediatos do homicídio de João Alberto, nas


dependências do Carrefour de Porto Alegre, em 19 de novembro, sob nenhum
pretexto pode ensejar a divinização dos autores mediatos.

Há uma cadeia de responsabilidades que enlaça o próprio Carrefour, a Polícia


Federal, a Prefeitura de Porto Alegre, a Receita Federal, e, no limite, o Estado
brasileiro.

Ao contrário do que supõem alguns, o racismo brasileiro é exercido por agentes


perfeitamente identificáveis, orquestrados pelo Estado, sociedade, corporações e
indivíduos.

A ideia da terceirização de responsabilidades pode ser moralmente confortável e


render venda de livros e algumas moedas mas mantém intacta a engenhosa
máquina antinegro.

A Polícia Federal, por exemplo, responsável pela normatização e fiscalização das


empresas de segurança privada, embora tenha se prestado a rapidamente sair em
defesa da empresa terceirizada, faz vistas grossas à grade curricular da formação de
vigilantes que deveria tratar de práticas discriminatórias e do racismo.

Não há registros de iniciativas da Receita Federal para investigar a tributação do


pagamento, “por fora”, do PM que massacrou um pai de família a socos e pontapés.

Do mesmo modo, chama atenção o silêncio do próprio governo estadual a respeito


dos serviços “extras” prestados por seu servidor e ainda da prefeitura do município,
que ignorou por completo normativa da Lei Orgânica que determina a cassação do
alvará de funcionamento de empresas acusadas de racismo.

Já o Carrefour terceirizou sua responsabilidade para um comitê redentor e fugaz,


sem se preocupar em anunciar sequer as eventuais medidas tomadas em relação ao
gerente da loja e demais funcionários que, por ação ou omissão, colaboraram para a
imolação de João Alberto.

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31/03/2021 Cúmplices dos assassinos de João Alberto permanecem ilesos, por Hédio Silva Jr. e Ellen de Lima Souza | GGN

Se a resposta ao massacre de João Alberto e milhares de outros jovens negros, uma


constante histórica, for tratada como efeméride, há lições resultantes de efemérides
recentes e outras nem tanto, que merecem atenção.

Em 1951, o Congresso Nacional, por unanimidade, aprovou a revogada Lei Afonso


Arinos, que considerava o racismo mera contravenção penal.

Em 1988, a Constituição Federal tornou o racismo crime imprescritível e


inafiançável.

Mas o fato é que mudanças tangíveis emergiram com o sistema de ações afirmativas
no acesso ao ensino superior, ao serviço público federal, aos concursos da
magistratura, do Ministério Público, da Defensoria Pública e, mais recentemente, aos
cargos de direção das instâncias da OAB.

A moral da história, portanto, é que se as corporações pretendem alcançar


mudanças significativas na superação do racismo, devem adotar medidas de efeito
duradouro, que envolvam seus altos dirigentes e colaboradores mais humildes,
orgânicos ou terceirizados, mudando o sistema de valores, implementando políticas
cotidianas, consistentes, qualitativas e quantitativas.

O resto, diria o velho ditado popular, é política “prá inglês ver”!!!

E a atroz morte de João Alberto, tal como a de seus ancestrais lançados ao mar, terá
servido unicamente para manter tudo exatamente como está. Assim, passado quase
90 dias as “campanhas” contra a desigualdade racial giram em torno de reality

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show! Permanecemos aguardando a responsabilização dos assassinos de João


Alberto.

Prof. Dr. Hédio Silva Jr – Coordenador Executivo do IDAFRO – Instituto de


Defesa das Religiões Afro-Brasileiras

Profa. Dra. Ellen de Lima Souza – EFLCH-UNIFESP

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