Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Desconforto respiratório em pacientes com Distrofia Muscular e Restrição Ventilatória Grave durante uma sessão de
hidroterapia
29
Universidade Presbiteriana Mackenzie
CCBS – Programa de Pós-Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento
Cadernos de Pós-Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento, São Paulo, v.12, n.2, p. 29-35, 2012
ISSN 1809-4139
Desconforto respiratório em pacientes com Distrofia Muscular e Restrição Ventilatória Grave durante uma sessão de
hidroterapia
10,2 cm, peso de 46,77 ± 14,3 Kg, CVF sentado de 36 ± 8 e PEmax de 30 ± 11,6 em cmH2O
em L de 1 ± 0,4, CVF sentado em % de 29,3 ± (Quadro 1 em anexo).
9, CVF supino em L de 1,13 ± 0,43, CVF
supino em % de 29,1 ± 10,7, PImax em cmH2O
Quadro 1: Caracterização da amostra de pacientes que não apresentaram sinais e/ou sintomas de
Desconforto respiratório em imersão, CVF L/%, Pimax – cmH2O e PEmax – cmHO.
Sujeitos Diag. Idade Altura Peso CVF L CVF % CVF L CVF % PImax PEmax
4 DMC 19 156 49 0,87 29 1,18 39,6 36 28
5 DMD 20 160 40 0,75 16,7 0,67 14,9 28 20
6 DMD 20 164 71 1,42 30 1,04 22 52 48
7 DMD 16 164 70,8 1,14 27,8 1,08 26,5 40 44
8 DMD 15 168 36 1,7 39,3 1,55 35,7 36 36
9 DMD 20 178 46 1,52 27,1 1,57 29 44 40
10 DFSH 28 165 50 1,35 36,2 1,91 51 40 12
11 DMCong 11 140 29 0,76 32,3 0,55 23,4 28 32
12 DMD 21 153 34 0,33 20,3 0,77 18,8 32 20
13 DMD 14 154 41,9 1,14 35,2 0,99 30,7 28 24
Média 18,4 160,2 46,8 1 29,3 1,13 29,1 36 30
Desvio Padrão 4,6 10,2 14,3 0,4 6,9 0,43 10,7 8 11,6
32
Universidade Presbiteriana Mackenzie
CCBS – Programa de Pós-Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento
Cadernos de Pós-Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento, São Paulo, v.12, n.2, p. 29-35, 2012
ISSN 1809-4139
Desconforto respiratório em pacientes com Distrofia Muscular e Restrição Ventilatória Grave durante uma sessão de
hidroterapia
Quadro 2: Caracterização da amostra de pacientes que apresentaram sinais e/ou sintomas de desconforto
respiratório em imersão, CVF%, Pimax – cmH2O e PEmax – cmH2O.
Sujeitos Diag. Idade Altura Peso CVF L CVF % CVF L CVF % PImax PEmax
1 DMD 16 183 53 1,71 32,2 1,71 32,1 44 36
2 DMD 18 140 44,1 0,94 31,3 0,62 20,5 48 36
3 DMB 31 160 65 0,96 23,1 0,58 14 24 28
Média 21,6 161 54 1,2 28,8 0,97 22,2 39 33
Desvio Padrão 8,1 21,5 10,4 0,4 5 0,64 7,4 13 4,6
função motora, porém devido aos princípios respiratória. Carvalho demonstra em seu estudo,
físicos e fisiológicos da imersão, promove que a PImáx em pacientes com DMD atingem
diminuição da capacidade pulmonar (DATTA, seu valor de pico por volta dos 11 anos. A partir
2006; CAMPION, 1997). Neste estudo, foi desse momento, a musculatura inspiratória
observado que 23% dos pacientes com distrofia apresenta um decréscimo na sua forca, o qual
muscular e restrição ventilatória grave pode ser explicado com o fato de que o paciente
apresentaram sinais e/ou sintomas de com DMD fica restrito a cadeira de rodas com
desconforto respiratório durante a fisioterapia uma idade media de 10 anos (CAROMANO,
aquática. 1998). Em nosso estudo, a média da idade dos
pacientes foi de 18,5.
A restrição ventilatória, causada pela fraqueza
progressiva dos músculos diafragma, A conduta dos fisioterapeutas atuantes na
intercostais e acessórios leva à diminuição da ABDIM, baseada na literatura científica, utiliza
amplitude da caixa torácica e da complacência como principais critérios para indicação de
pulmonar, com microatelectasias e diminuição ventilação não invasiva: desaturações < 95% em
de todos os volumes pulmonares. As mais de 50% do período total do sono e sinais e
deformidades de coluna também agravam a sintomas de hipoventilação na oximetria. Na
função pulmonar, visto que a cada 10º de amostra estudada, 7 (53,8%) pacientes faziam
escoliose resultará diminuição adicional de 4% uso de VNI.
da CVF (CAROMANO, 2003; RAMOS, 2008).
A reposta ventilatória à imersão promove
Neste estudo, não foram avaliados os graus da
aumento de sangue intratorácico, de 700 ml,
escoliose dos pacientes. Esta informação
encharcando os capilares pulmonares, com
poderia ser importante para comparação entre os
consequente redução de 30 a 50% da
grupos que apresentaram e não apresentaram
complacência pulmonar estática e dinâmica.
sinais e/ou sintomas de desconforto respiratório
Adicionado ao aumento da pressão hidrostática
durante a fisioterapia aquática.
sobre o tórax, as alterações hemodinâmicas
Segundo INKEY; SMITH e LISSONI, a resultam em aumento de 65% do trabalho
fraqueza muscular inspiratória e progressiva já respiratório. Temos redução da capacidade vital
esta comprovada em pacientes com DMD, em média de 6%, da ventilação voluntária
assumindo-se que este é o fator mais importante máxima em 15%, e do volume de reserva
no desenvolvimento da insuficiência expiratório em média 66%, que resulta em
33
Universidade Presbiteriana Mackenzie
CCBS – Programa de Pós-Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento
Cadernos de Pós-Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento, São Paulo, v.12, n.2, p. 29-35, 2012
ISSN 1809-4139
Desconforto respiratório em pacientes com Distrofia Muscular e Restrição Ventilatória Grave durante uma sessão de
hidroterapia
O presente estudo mostrou que mais de 50% dos CAMPION, M.R. Hydrotherapy: principles
pacientes da amostra com distrofia muscular e and practice. Butterworth –Heinemann; 1997.
restrição ventilatória grave não apresentaram CAROMANO, F.A.; THEMUDO, M.R.;
sinais e/ou sintomas de desconforto respiratório CANDELORO, J.M. Efeitos fisiológicos da
em imersão, o que contradiz Campion (1997), imersão e do exercício na água. Fisioter Brasil.
que relata contra-indicação do procedimento 4(1):60-5,2003.
para indivíduos com CVF de 1 litro.
CAROMANO, F. A.; KUGA, L.S.;
É importante ressaltar que durante o PASSARELA, J.; SÁ, C.S.C. Efeitos
atendimento de fisioterapia aquática os fisiológicos de sessão de hidroterapia em
pacientes não permanecem o todo tempo ao crianças portadoras de distrofia muscular de
nível C7, ou seja, com tórax em imersão de Duchenne. Rev de Fisioter da Universidade de
acordo com o objetivo da atividade São Paulo. 1(5):49,1998.
desenvolvida e que a estrutura da piscina
também pode impedir que o paciente vivencie CAROMANO, F.A.; NOWOTNY, J.P.;
diferentes níveis de profundidade. Princípios físicos que fundamentam a
hidroterapia. Rev Fisioter Brasil. 3(6):394-
402,2002.
5- CONCLUSÃO CINTRA, F.P.; RAMOS, J.; VALLE, J.R.
Pacientes com distrofia muscular e restrição Atualização Terapêutica. Ed. Artes Médicas;
ventilatória grave não apresentaram sinais e/ou 2007.
sintomas de desconforto respiratório durante CRAIG, A.H.; HILLMAN, D.R. Daytime
uma sessão de hidroterapia. predictors of sleep hypoventilation in Duchenne
Visto não existir consenso na literatura quanto muscular dystrophy. Am J Respir Crit Care
aos limites de restrição ventilatória para contra- Med. 161:166-70,2000.
indicar a fisioterapia aquática em pacientes com DATTA, A.; TIPTON, M. Respiratory response
distrofia muscular e restrição ventilatória grave, to cold water immersion: neural pathways,
é importante a monitorização e apoio da equipe interactions and clinical consequences awake
multidisciplinar para a tomada de decisão and asleep. J Appl Physiol. 100:2057-64,2006.
clínica. Sugere-se que outros estudos
longitudinais sejam realizados, com um número EAGLE, M.; BOURKE, J.; BULLOK, R.;
maior de pacientes e sessões de fisioterapia GIBSON, M.; MEHTA, J.W.; GIDDINGS, D.
aquática. Managing Duchenne muscular dystrophy – The
additive effect of spinal surgery and home
34
Universidade Presbiteriana Mackenzie
CCBS – Programa de Pós-Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento
Cadernos de Pós-Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento, São Paulo, v.12, n.2, p. 29-35, 2012
ISSN 1809-4139
Desconforto respiratório em pacientes com Distrofia Muscular e Restrição Ventilatória Grave durante uma sessão de
hidroterapia
35
Universidade Presbiteriana Mackenzie
CCBS – Programa de Pós-Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento
Cadernos de Pós-Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento, São Paulo, v.12, n.2, p. 29-35, 2012