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MANUTENÇÃO EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS EM EDIFÍCIOS

PÚBLICOS DESTINADOS A RECEBER PESSOAS PRIVADAS DE


LIBERDADE

Dr. Márcio Mendonça – Engenheiro Eletricista – UTFPR, Campus Cornélio Procópio.


http://lattes.cnpq.br/5415046018018708 mendonca@utfpr.edu.br

Me. Marco Antônio Ferreira Finocchio - Engenheiro Eletricista – UTFPR, Cornélio Procópio.
http://lattes.cnpq.br/8619727190271505, mafinocchio@utfpr.edu.br

Michelle Eliza Casagrande Rocha – Engenheira Eletricista.


http://lattes.cnpq/4411484670091641 melizacrocha@gmail.com

Resumo: Este trabalho tem como objetivo apresentar procedimentos de manutenção em


instalações elétricas para as edificações públicas, especificamente as que recebem pessoas
privadas de liberdade, ou de liberdade restrita. As construções prediais dos órgãos públicos,
na maioria dos casos, são deficientes quanto aos procedimentos de manutenção predial,
seja por falta de pessoal especializado, seja por falta de capacitação técnica das pessoas
que executam essas ações, falta de recursos materiais e/ou financeiros, entre outros
fatores. Instalações prediais elétricas, hidráulicas, sanitárias e de incêndio devem ser
inspecionadas periodicamente para oferecerem segurança patrimonial e das pessoas que
transladam nesses prédios em questão. Com relação às instalações elétricas, esse trabalho
sugere que deve ser realizada manutenção planejada periódica através de um plano de
manutenção com chek-list. A falta da manutenção de forma total ou parcial, principalmente
em edifícios antigos, ocasiona sobrecargas, curtos circuitos e até mesmo em situações mais
extremas, a perda do patrimônio.
Palavras-chave: manutenção predial; tipos de manutenção em instalações elétricas;
manutenção por meio de “chek-list” em edifícios públicos.

Abstract: This work aims to present maintenance procedures for electrical installations for
public buildings, specifically those receiving persons deprived of liberty, or restricted
freedom. The building constructions of a government department, in most cases, are
deficient with regard to building maintenance procedures, either by lack of skilled personnel,
either for lack of technical training of the people who perform these actions, lack of materials
and/or financial resources, among other factors. Electrical building installations, hydraulic,
sanitary and fire should be inspected periodically to provide asset security and people move
these buildings in question. With regard to electrical installation, this work suggests that

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should be performed regularly planned maintenance through a maintenance plan with chek-
list. Lack of maintenance in whole or in part, especially in old buildings, cause overloads,
short circuits and even in more extreme situations, the loss of heritage.
Keywords: building maintenance; types of maintenance on electrical systems; maintenance
by means of "chek-list" in public buildings.

1. Introdução

A tradicional administração brasileira vem tomando consciência de que não se pode


abandonar o que está velho pela justificativa de que não se pode gastar com a manutenção
de um bem. As empresas e os órgãos públicos têm despertado para a valorização
patrimonial, e neste conceito aparece o fator vital, o gerenciamento profissional de
atividades implícitas nesta valorização.
Muitas vezes no cotidiano das unidades onde abrigam pessoas em conflitos com a
lei, o serviço interno de manutenção tem sido considerado uma atividade restrita ao gasto de
recursos, sem uma visão clara do valor proporcionado por estas operações. Estes gastos,
considerados excessivos em algumas ocorrências, acontecem por ser uma manutenção
corretiva imprevista, não planejada. Nestas ocasiões compram-se peças mais caras, paga-
se por serviços de valor mais alto devido à situação emergencial.
O objetivo deste trabalho será conceituar a manutenção e as suas subdivisões,
propondo uma solução em forma de “chek-list” para orientar tecnicamente a rotina e os
procedimentos necessários para profissionais que executam tais atividades em edifícios
e/ou prédios públicos destinados a receber pessoas privadas de liberdade. Assim, faz-se
necessário conhecer como é executada a manutenção em instalações elétricas destinadas a
receber pessoas privadas de liberdade como as penitenciárias e centro socioeducativos
para menores em conflito com a lei.
As ações que os profissionais da manutenção desempenham têm impactos diretos
e indiretos nos serviços da empresa ou instituição. Assim, a manutenção malfeita ou
inexistente reduz lucros, faz aumentar o custo da mão de obra, produz clientes insatisfeitos
e produtos ou serviços de má qualidade. Em caso como as penitenciárias e centros
socioeducativos, a falta da manutenção nas instalações elétricas, podem gerar falta de
energia e comprometer a segurança do local.
Pode-se por meio de uma abstração até associar a prática da manutenção
preventiva com a certificação da NBR ISO 9001, onde em seus itens são mencionados que

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devem ser assegurados, como por exemplo, os requisitos para atendimento do propósito de
satisfação do cliente (no caso a edificação pública). Neste contexto as instituições devem
determinar prover e manter uma infraestrutura com as condições necessárias para seu
correto funcionamento. Dentre esses itens também se pode citar a necessidade de
planejamento e a prestação de serviços com condições controladas. De forma resumida, a
própria NBR ISO 9001 cita as ações de prevenção, ou seja, cita o que chamamos de
Manutenção Preventiva e designa uma importância para esta ação.
Os gastos com a manutenção preventiva planejada são previsíveis, podendo se
orçar os preços e programar seus pagamentos. A degradação dos equipamentos de uma
instalação vai acontecer, e será necessário fazer reparos ou substituições em algum tempo;
porém, sem a manutenção essa reparação acontecerá de forma inesperada, sem
programação. A manutenção cataloga as peças e equipamentos de toda uma instalação e
monitora sua vida útil, fazendo com que tal equipamento seja usado até o seu limite
programando uma troca logo após, de modo que o dono do imóvel possa orçá-lo em suas
despesas.
Os gastos com a manutenção preventiva planejada são previsíveis, podendo se
orçar os preços e programar seus pagamentos. A degradação dos equipamentos de uma
instalação acontece, e será necessário fazer alguma troca algum dia; porém, sem a
manutenção essa troca será reparada de forma inesperada, sem programação. A
manutenção cataloga as peças e equipamentos de toda uma instalação e monitora sua vida
útil, fazendo com que o equipamento seja usado até seu limite programando para
substituição (MOTTER, 2002).
A motivação e o objetivo desse trabalho são de que: os conceitos coletados foram
realizados nas instalações prediais e/ou edifícios que recebem pessoas com restrições de
liberdade, penitenciárias e centro socioeducativos. E, as suas sugestões e conclusões
deverão ser replicadas nos centros socioeducativos do Estado do Paraná.

2. Fundamentos e Definições da Manutenção

Segundo estudos apresentados pelos autores François Monchy (1989), Afonso


Gomes Bezerra (2011), Gil Branco Filho (2000), o conceito da manutenção vem se
modificado ao longo do tempo e as ações provocadas por estas mudanças podem ser
claramente observadas nos artigos, pesquisas e levantamentos por eles realizados.

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A manutenção acompanhou a evolução técnico-industrial da humanidade, se
desenvolveu conforme as mudanças no perfil da indústria e se estendeu até a construção
civil, bem como a manutenção de edificações públicas.
Azevedo (2007, apud BEZERRA, 2015, p. 1) destaca que “manutenção é a
atividade que visa manter as características técnicas de um equipamento ao nível do seu
desempenho especificado”.
Já Branco Filho (2006, apud BEZERRA, 2015, p. 3) define manutenção como
sendo “ações técnicas e administrativas que visem preservar o estado funcional de um
equipamento ou sistema, ou para recolocar o equipamento ou sistema de retorno a um
estado funcional no qual ele possa cumprir a função para qual foi adquirido ou projetado”.
Pela Norma Técnica Brasileira NBR 5.674/99 a definição de Manutenção é citada
como “conjunto de atividades a serem realizadas para conservar ou recuperar a capacidade
funcional da edificação e de suas partes constituintes e de atender as necessidades e
segurança dos usuários” (ABNT, 1999).
De forma abrangente, a manutenção dos equipamentos e edificações, tem de
envolver conhecimentos técnicos e procedimentos administrativos com a função de
conservar as características de funcionalidade, segurança, higiene, confiabilidade do padrão
de conforto, segundo a NBR 5.462/94 (ABNT, 1994).
Desse modo, é importante destacar os conceitos de defeito e falha, estritamente
relacionados à funcionalidade e confiabilidade:
- Defeito – qualquer desvio de uma característica de um item em relação aos seus
requisitos ou ocorrência em um item, pode ou não afetar o seu funcionamento como um
todo, no entanto, em um período de tempo isso pode acarretar indisponibilidade de uso do
equipamento ou edificação em questão;
- Falha – término da capacidade de um item em desempenhar a função requerida.
Depois da falha, o item terá uma pane. A falha é um evento; diferente de pane, que é um
estado. (TAVARES, 1987; ALMEIDA; RODRIGUEZ, 2001):
Desse modo, é importante definir o que é pane. Pane é o estado de um item
caracterizado pela incapacidade de desempenhar uma função requerida, excluindo a
incapacidade durante a manutenção ou outras ações planejadas, ou pela falta de recursos
externos.
Item é qualquer parte, componente, unidade funcional, equipamento, edificação que
pode ser considerado único. Um item pode, talvez, incluir pessoas. Não é o escopo desse
trabalho, porém neste contexto, deve-se citar a Norma NBR 5410 de forma resumida;

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estabelece as regras para o projeto, execução e verificação das instalações elétricas de
baixa tensão. Essas regras são destinadas a garantir a segurança das pessoas, e dos bens
contra os perigos e os danos suscetíveis de ocorrer quando as instalações elétricas são
usadas de forma adequada e garantir o funcionamento correto de tais instalações.
A NBR 5410 é aplicável ao projeto, execução e verificação das instalações
elétricas, podendo ser citadas como exemplo as instalações de:
 Edificações de uso residencial;
 Edificações de uso comercial;
 Locais de afluência de público (foco desse trabalho);
 Estabelecimentos industriais;
 Estabelecimentos agrícolas e hortícolas;
 Edificações pré-fabricadas;
 Áreas de concentração de reboques, áreas de acampamento e instalações
análogas;
 Canteiros de obras, exposições, feiras e outras instalações temporárias;
 Marinas;
 Iluminação externa e instalações análogas;
 Estabelecimentos assistenciais de saúde; I) unidades móveis ou transportáveis;
 Instalações fotovoltaicas;
 Grupos geradores de baixa tensão;
 Compartimentos condutivos.

2.1 Fundamentos de Sistemas de Manutenção

Em um sistema de manutenção há um conjunto de procedimentos organizados


para gerenciar os serviços a serem feitos. Esta organização deve considerar as
características gerais e especificas do local, do equipamento ou edificação em que se dará a
manutenção. Dentre as características a serem objeto de observação ressalta-se:

 Tipo de uso do equipamento ou edificação;


 Dimensões e complexidade funcional;
 Desempenho mínimo que tal equipamento ou local da edificação deve cumprir;
 Prazo aceitável para paradas corretivas;
 Recursos financeiros, materiais e estruturais para tal manutenção;

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 Entre outros que a Engenharia ou Equipe de Manutenção envolvida julgue o
que é necessário ser feito.
Além de conhecer as características é conveniente ter a noção dos tipos existentes
de manutenção, pois isso indicará qual a melhor maneira de intervir no equipamento ou
local. Os tipos de manutenção apontam para qual a intervenção mais adequada a ser
realizada.

2.2 Tipos de Manutenção

2.2.1 Manutenção Não Planejada – manutenção corretiva imprevista

Caracterizada por serviços não previstos na manutenção, normalmente


emergencial, onde os consertos e reformas são realizados quando os acidentes ou paradas,
em máquinas, equipamentos ou no ambiente, já ocorreram. Intervenção imediata para
permitir a continuidade do uso da edificação ou evitar graves riscos ou prejuízos pessoais e
patrimoniais aos seus usuários ou proprietários. Neste tipo de manutenção o objetivo é
somente evitar outras consequências devido a situação emergencial, como por exemplo,
nas indústrias esse tipo de manutenção pode resultar em horas de processo perdidas.

2.2.2 Manutenção Planejada

O sistema de manutenção planejada é um método que tem como propósito permitir


a máxima disponibilidade, confiabilidade e desempenho dos equipamentos e sistemas por
ele abrangidos, através da otimização dos recursos disponíveis para a manutenção.
O sistema de Manutenção Planejada (SMP), constituído por instruções, listas (chek-
list) e detalhamento de tarefas e de recursos necessários a sua realização, constitui-se em
uma organização dentro do escopo da manutenção preventiva. Porém é necessária uma
resumida explanação dos tipos de manutenção planejada para a compreensão do problema
analisado.

2.2.2.1 Manutenção corretiva

É a correção de uma falha ou condição anormal por equipes de manutenção em


acontecimentos já ocorridos. A manutenção corretiva planejada pode ser definida como a
manutenção levada com o equipamento em situação de falha, ou o ambiente danificado e
ambos não exercendo a função para o qual foram designados.

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A motivação em se realizar este tipo de manutenção é poder ter como base vários
fatores como: data especifica para a parada pré-agendada com a equipe de operação,
garantia e maior durabilidade do espaço e/ou ferramental e peças, segurança patrimonial e
das pessoas nos ambientes e outros.

2.2.2.2 Manutenção preventiva

Pela NBR 5.432/94, a manutenção planejada preventiva é definida como uma


manutenção efetuada em intervalos predeterminados ou de acordo com critérios prescritos,
destinada a reduzir a probabilidade de falha ou a degradação do funcionamento de um item
(ABNT, 1994).
Existem várias vantagens em se fazer a manutenção planejada preventiva, dentre
elas:
 Melhorar o estado técnico operacional dos equipamentos;
 Continuidade segura do funcionamento do equipamento;
 Redução do envelhecimento ou degradação dos equipamentos e/ou
ambientes;
 Programação dos trabalhos de conservação;
 Atuação antecipada das intervenções corretivas que geram custo elevado.

3. Manutenção em Prédios Públicos.

3.1 Manutenção Predial

A longa vida útil de uma edificação é uma característica que faz a diferença de
outros bens. Eles são idealizados e projetados para que seu ciclo de vida seja duradouro e
devem apresentar condições convenientes de utilização reagindo às condições ambientais e
a agentes que possam modificar suas propriedades técnicas originais. Para tanto, é
fundamental que haja a prática da manutenção.
A manutenção predial é o conjunto de atividades e recursos que garante o melhor
desempenho da edificação para atender às necessidades dos usuários, com confiabilidade
e disponibilidade, ao menor custo possível, conforme citam Gomide et al,2006.
Apesar de ser utilizada no estudo de caso desse artigo, deve-se salientar que: uma
tendência de estratégia a ser adotada pelas empresas de um modo geral segundo Torres

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(2001) é a terceirização de todas as atividades que não têm relação direta com a empresa,
indústria ou mesmo uma instituição pública.
Vale alertar que a manutenção predial não tem como objetivo a execução de
reformas, melhorias ou mesmo alterações do existente em relação às anomalias surgidas de
concepção, projeto ou execução dos empreendimentos.
A manutenção predial é um quesito de cultura que precisa ser modificada dentro
dos órgãos públicos. Questões legais ou econômicas da manutenção devem ser
argumentos favoráveis para se gastar com manutenção nestes locais. Antes de tudo é
preciso ter em mente e também conscientizar os gestores públicos de que o dinheiro
utilizado na manutenção são investimentos, não despesas. Quando a manutenção é feita de
forma regular e eficiente, os gastos são menores.

3.2 Manutenção Predial – Instalações Elétricas

O objetivo de um projeto de instalação elétrica é garantir a transferência de energia,


desde a fonte, em geral a rede de distribuição das concessionárias, até os pontos de
utilização dentro do edifício. Para que isto aconteça de forma segura é importante que o
projeto seja pensado e elaborado, devendo ser observadas as normas técnicas vigentes.
As instalações elétricas são de certa forma, as mais perigosas de serem mantidas,
uma vez que não se pode ver a corrente elétrica atravessando o condutor. Assim, também o
responsável pela manutenção elétrica deve ter precaução e atenção em suas atividades
para que não sofra um sinistro e/ou acidente. A edificação onde as instalações estão
executadas precisa, portanto, ter cuidados específicos com elas.
A manutenção elétrica predial é questão de segurança para os seus usuários.
Verificações de rotina devem ser realizadas nas instalações de uma edificação. Prédios com
tempo maior de construção, por exemplo, com mais de 20 anos, já podem contar com as
instalações operando além de seu limite, principalmente pelo aumento de cargas na
instalação atual.

4. Procedimentos de Manutenção Elétrica

Diante dos conceitos expostos e considerando especialmente os prédios públicos


que recebem pessoas com privação de liberdade como é o caso dos centros de
atendimentos socioeducativos (CENSE) que atendem adolescentes autores de atos
infracionais, penitenciárias e outros estabelecimentos penais, será descrito, a seguir, como

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são realizadas as ações de manutenção elétrica nestas edificações, tomando por base o
que foi observado durante visitas e troca de informações com os chefes da manutenção
elétrica dos locais mencionados.

4.1 caracterização dos locais da pesquisa.

Pelas Diretrizes Básicas para Arquitetura Penal, BRASIL, 2011, Penitenciárias são
“estabelecimentos penais destinados ao recolhimento de pessoas presas com condenação
à pena privativa de liberdade em regime fechado, dotadas de celas individuais e coletivas”.
Estas diretrizes estabelecem os padrões a serem seguidos na construção de
estabelecimentos penais bem como à elaboração de projetos que facilitem a administração
e manutenção do edifício proposto. Pode ser adotado qualquer tipo de sistema construtivo
desde que sejam garantidas a solidez e a segurança da edificação.
Em relação aos menores em conflito com lei, o SINASE – Sistema Nacional de
Atendimento Socioeducativo, BRASIL, 2006, recomenda que a arquitetura socioeducativa
deve ser concebida como espaço que permita a visão de um processo indicativo de
liberdade, não de castigos e nem da sua naturalização.
As recomendações apontadas para estas edificações contam com indicações
específicas e diferenciadas para as instalações elétricas e devem ser observadas que em
todas as dependências do estabelecimento precisa ser prevista iluminação artificial
interligada ao gerador de energia (GMG) para emergência que deverá entrar em
funcionamento caso a subestação de energia elétrica pare de funcionar. Ao contrário de
edificações de uso comum, as iluminações das celas, alojamentos e dos corredores devem
ser embutidas no forro ou em paredes e protegidas por materiais que bloqueiem o acesso
por parte da pessoa presa.
Fiação elétrica, quadros de energia, caixas de passagem enterradas, reservatórios
de água, caixas de incêndio e outros componentes da edificação devem ser protegidos com
trancas e cadeados de segurança e localizados em lugares de difícil acesso aos apenados.
Dentro das celas e alojamentos não devem ser inseridos chuveiros metálicos.
Desta maneira, para o banho aquecido é colocado no shaft - espaço ou cubículo na
construção por onde passam as instalações hidrossanitárias e elétricas do banheiro - uma
resistência elétrica externa junto ao sistema hidráulico. Esses shafts possibilitam as ações
de manutenção nos sistemas citados sem que seja necessária a quebra de paredes e
retirada de tubulações facilitando a troca de válvulas, registros e resistência elétrica, pois os
mesmos estão expostos dentro do shaft sem que a pessoa presa tenha acesso.

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4.2 Ferramentas para a manutenção em instalações elétrica.

Tendo em vista as informações obtidas na revisão de literatura, esta parte do


trabalho estabelece algumas ferramentas eficientes para a prática da manutenção
preventiva nas instalações elétricas dos edifícios públicos que atendem pessoas em
restrição de liberdade. O objetivo maior não é, no entanto, instruir a se fazer manutenção,
mas auxiliar no processo de “se fazer” a manutenção, apresentando ferramentas práticas
para a manutenção preventiva nas instalações e sistemas elétricos das edificações
mencionadas.
A NBR 5674/99 cita, em seu item 7, que o sistema de manutenção deve ter uma
estrutura de documentos e registro de informações que devem sempre ser utilizado e
atualizado para “propiciar economia na realização dos serviços de manutenção, reduzir
incerteza no projeto e execução de serviços de manutenção e auxiliar no planejamento de
serviços futuros” (ABNT, 1999).
Dentre as estruturas de documentos e registros, destacam-se:
 Programa (software) ou aplicativo;
 Plano de manutenção com chek list;

4.2.1. Aplicativo/Software a ser utilizado no Celular, Tablet ou Computador

Existem alguns softwares (programas de computador) e aplicativos para celular ou


tablets que ajudam na execução da manutenção em edificações. A função destes
programas é fixar um plano de manutenção para o item técnico da área elétrica tendo como
referência o próprio item. Em meio a vários tipos de softwares e/ou aplicativos que propiciam
esta finalidade encontram-se os que são específicos para a manutenção elétrica.
O impedimento para sua utilização é que a grande maioria destas ferramentas
precisa ser comprada por meio de licença de utilização. Muitos são provenientes de outros
países. Também há necessidade de se ter um equipamento informatizado (computador,
aparelho celular ou tablet) para o manuseio. No caso das edificações públicas mencionadas
neste trabalho há restrição para entrada de equipamentos eletrônicos nas áreas de
circulação de pessoas com restrição de liberdade devido à questão de segurança exigida.

4.2.2. Plano de Manutenção com chek list.

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A manutenção de uma edificação deve ser realizada de maneira planejada. Para
isso é importante que se tenha um plano de manutenção a ser seguido. Esse plano deve ser
composto de um conjunto de informações a serem obtidos e procedimentos que orientam as
tarefas e as sequências de operação de sistemas, de acordo com a ação a ser atingida.
Para se contar com um plano de manutenção eficaz, com a necessidade e os tipos
de equipamentos e dispositivos existentes, é imprescindível conhecer em detalhes o sistema
elétrico da edificação.
Os principais aspectos a serem considerados são os seguintes:
- Manutenção: constatar as características construtivas, as especificações técnicas,
os aspectos de desempenho e vida útil de elementos construtivos, a resistência dos
materiais e do sistema como um todo. Mesmo se tratando de uma edificação antiga, da qual
usualmente não se encontram mais manuais dos equipamentos, projetos dos circuitos,
identificação da fiação e outros, deve-se tentar examinar os aspectos técnicos envolvidos
para chegar ao mais próximo do que seria o uso correto ou da própria manutenção do
mesmo;
- Função: atentar para as condições e utilização do sistema elétrico, atendimentos
aos aspectos quanto funcionamento dos sistemas e perspectivas dos usuários em relação
aos desempenhos apresentados;
- Operação: examinar as condições para uma manutenção efetiva, condições de
operação de sistemas e suas facilidades, condições seguras de operação, entre outros, uma
vez que o conhecimento da edificação e sua utilização são imprescindíveis para uma boa
funcionalidade da manutenção.
No caso da manutenção elétrica os itens a serem analisados para aplicabilidade de
um plano de manutenção são:
- Quadro de força
- Barramentos
- Quadro de distribuição de luz e força
- Iluminação
- Tomadas
- Grupo Gerador (GMG)
- Redes elétricas convencionais
- Sistemas de aterramento
- Quadro de transferência automática

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Para melhor orientar o plano de manutenção é aconselhável a aplicação de chek
list.
O chek list constitui-se em uma lista de procedimentos ou referências padronizadas
na quais são inseridas anotações das constatações técnicas e dos dados encontrados na
inspeção do sistema elétrico ou equipamento ou dispositivo. Esta lista tem como objetivo
primordial favorecer o levantamento dos resultados “in loco”, de forma a tornar a vistoria
dinâmica e proporcionar condição técnica de qualidade em suas condições construtivas, da
própria manutenção e de uso dos diversos sistemas construtivos interligados.
A utilização do chek list viabiliza o planejamento da vistoria, norteia a sequência de
procedimentos a serem executados e possibilita um histórico das informações coletadas,
fornecendo parâmetros para a qualidade da inspeção feita.
Não existe um modelo padrão e especifico, pois, cada tipo de edificação tem seus
procedimentos característicos. Este chek list ou formulário deve levar em consideração um
roteiro lógico de inspeção, os equipamentos e dispositivos (componentes) considerados
mais importantes na edificação, as formas de exibição dos dados esperados relacionados à
degradação do sistema da edificação.
As falhas ocorridas durante a manutenção devem ser relatadas no chek list,
contemplando também as ações que contrariem as recomendações constantes no manual
do fabricante e uso. Estas falhas devem ser classificadas como parte das intervenções
corretivas pela própria equipe de manutenção.
Um chek list mais completo pode avaliar quesitos de sustentabilidade predial e
segurança.
O estabelecimento da periodicidade da execução dos procedimentos do chek list é
de suma importância, pois alguns itens inspecionados exigem acompanhamento semanal,
quinzenal, mensal ou mesmo anual.

5. Aplicação do “Chek-list” em edifícios públicos destinados a receber pessoas


privadas de liberdade.

Apresentaram-se alguns modelos de chek list a dois prédios públicos com a


especificação quanto à restrição de liberdade: um centro socioeducativo (CENSE) e uma
penitenciária, para análise e adequação dos procedimentos indicados para a rotina de
manutenção das respectivas unidades. Depois de algumas conversações, estabeleceram-se
os modelos padrões de chek lists. Com os modelos padrões definidos, os mesmos foram
aplicados em campo para a tomada dos dados.

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Os chek-lists consistem em seguir as instruções mencionadas, como inspecionar
visualmente a situação de uma lâmpada/luminária, testar seu funcionamento, verificar sua
ligação elétrica e nos casos de não estar funcionando efetuar a troca por uma nova
lâmpada, reator, verificar situação do disjuntor e anotar os eventos para que na futura
manutenção estes dados sejam levados em consideração. Há procedimentos para a cabine
de transformação, quadros elétricos e outros dispositivos e componentes que formam o
sistema elétrico.
De posse das informações levantadas e anotadas, constatou-se a falta de alguns
componentes elétricos e ferramentas. A dificuldade fica evidente em muitos momentos de
proceder à manutenção de uma forma coerente, correta e tecnicamente viável.
Por parte dos que executam a manutenção nestas unidades prisionais esta lista de
procedimentos foi de grande auxílio e o esclarecimento quanto a manutenção preventiva foi
bem aceita por eles.
Da mesma forma que em certos sistemas e equipamentos elétricos a segurança do
funcionamento é primordial, a manutenção deve ser realizada independentemente de um
defeito já ter ocorrido, seja pela deficiência de mão de obra qualificada ou por falta de peças
e/ou dispositivos para substituição.

6. CONCLUSÃO

De acordo com acompanhamento nas instalações citadas, foram constatadas


dificuldades de se obter materiais para reposição de elementos elétricos, ferramentas e até
mesmo a impossibilidade de se realizar alguns procedimentos devido às questões de
segurança que envolve os locais estudados. Desse modo, a função manutenção, embora
tenha um imprescindível papel no auxílio e apoio para as atividades de uma edificação, em
sua maior parte é carente de prestígio.
O segmento estudado, edifícios e/ou prédios públicos destinados a receber
pessoas privadas de liberdade, possuem deficiências quanto ao orçamento destinado à
manutenção predial. Isso aponta para a pouca conscientização do poder público para a
importância desta ação dentro dos edifícios e sua relação com a segurança do sistema
prisional.
As ações seriam seguidas por um chek-list e através do que foi definido, haveria
verificação in loco através do equipamento multímetro, e na visualização do dispositivo

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elétrico considerado (lâmpadas, quadros de distribuição de energia, tomadas, interruptores,
elementos da cabine de transformação de energia elétrica da Unidade).
O presente trabalho sugere a aplicação do chek-list. Para se avaliar essa proposta
utilizou-se o chek-list/modelo em datas aleatórias pelas equipes de manutenção e observou-
se que os dados medidos através do multímetro não apresentaram variação significativa. No
entanto, algumas ações não foram possíveis de serem executadas devido à falta de peças
ou mesmo de ferramentas. A manutenção praticada, na maioria das vezes, no período de
uso do chek-list, foi a manutenção não planejada corretiva.
As pessoas que fazem a manutenção nas unidades que recebem pessoas com
restrição de liberdade julgam importante a prática da manutenção preventiva, pois tal ação
facilitará as atividades desenvolvidas nestes locais e tornará o uso das instalações elétricas
em condições satisfatórias de segurança, além de propiciar economia e sustentabilidade,
quesitos que serão objetos de estudo em trabalhos futuros.
Como visto, a manutenção ideal é a manutenção planejada preventiva, por meio da
aplicação de chek-list para um funcionamento harmônico das instalações prediais
analisadas. Mesmo em meio à situação real, onde há instalações antigas, sistemas elétricos
deficientes e carência de mão de obra qualificada para tais procedimentos, e,
predominantemente são aplicadas manutenções corretivas.
Futuros endereçam à extensão e à aplicação dos conceitos apresentados nessa
pesquisa em outros estudos de caso. Como por exemplo, a manutenção industrial por meio
de dados e utilização de ferramentas de soft computing ou sistemas computacionais
inteligentes para previsão e predição de manutenção de máquinas.

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REFERÊNCIAS

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 5.674/99: Manutenção de


Edificações - Procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 1999.

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 5.462/94: Confiabilidade e


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